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Psicomotricidade e sua relação com a educação como fator fundamental para o desenvolvimento em

seus aspectos cognitivos, físicos e sociais da criança. Por meio de atividades lúdicas as crianças,
além de se divertir, criam, interpretam e interagem com o mundo em que vivem, considerando a
relação do movimento e da aprendizagem, e a desarmonia entre ambos pode ser prejudicial à
criança.

A psicomotricidade é caracterizada como uma área do conhecimento que utiliza os movimentos


físicos para atingir outras aquisições mais elaboradas, como as intelectuais, e durante o processo de
ensino, os elementos básicos da psicomotricidade são utilizados com frequência, e cujo
desenvolvimento psicomotor é mal constituído, poderá apresentar problemas na escrita, na leitura,
na direção gráfica, na distinção de letras (ex:b/d), na ordenação de sílabas, no pensamento abstrato
(matemática), na análise gramatical, dentre outras.

Assim os movimentos físicos são muito importantes para o desenvolvimento humano, transmitindo
sentimentos, emoções e pensamentos, ampliando as possibilidades do uso de gestos e posturas
corporais, que auxiliarão no processo de ensino-aprendizagem, considerando que um bom
desenvolvimento psicomotor proporciona ao aluno algumas habilidades e um bom desempenho
escolar.

Neste sentido é importante refletir sobre a história, os conceitos e fundamentos a psicomotricidade,


e os benefícios dessa prática para o desenvolvimento integral da criança, o surgimento da
psicomotricidade no Brasil.

Estudo sobre os três pioneiros do desenvolvimento psicomotor: Ajuriaguerra, Wallon, Piaget, assim
sendo possível formular a hipótese de que a psicomotricidade interfere na aprendizagem dos alunos
e no desenvolvimento integral.

Para Le Boulch, a educação psicomotora deve ser uma formação de base indispensável para toda
criança.

Assim, é importante uma analise a fim de buscar os motivos das dificuldades encontradas no
processo de ensino-aprendizagem, que não estão ligadas às questões patológicas, e acabam se
tornando uma problemática educacional nas etapas da vida escolar da criança. Desta maneira
destaca-se e a importância para o professor em conhecer a história da psicomotricidade e seus
fundamentos, a fim de compreender de fato como ela está ligada à educação e refletir sobre a
importância da área psicomotora no desenvolvimento motor e cognitivo.

Um Breve Histórico, Conceitos e Fundamentos da Psicomotricidade

o termo “Psicomotricidade” apareceu pela primeira vez no discurso médico, no campo da


neurologia, tendo como pioneiro o neurologista francês Ernest Dupré (1862 – 1921), que no século
XIX constatou disfunções graves evidenciadas no corpo sem que o cérebro tivesse nenhuma lesão.
a prática psicomotora começou em 1935, com Eduard Guilmain, que elaborou protocolos de
exames para medir e diagnosticar transtornos psicomotores. Passa-se a ter uma visão integral do
indivíduo, de forma a respeitar suas limitações e necessidades, trabalhando-o integralmente o físico,
cognitivo e o afetivo.

A psicomotricidade é sustentada por três conhecimentos básicos: o movimento, o intelecto e o afeto.


Sendo estruturada por três pilares: o querer fazer (emocional) – sistema límbico, o poder fazer
(motor) – sistema reticular e o saber fazer (cognitivo). Sendo importante que ocorra o equilíbrio
entre eles, caso ao contrário pode acarretar uma desestruturação no processo de aprendizagem da
criança.
A motricidade tem a função de levar as experiências vivenciadas até o cérebro, que fará a
decodificação de cada estimulo enviado e armazenará as informações sensoriais, afetivas e
perceptivas que o individuo presenciou. De acordo com a Associação Brasileira de
Psicomotricidade, a mesma pode ser definida como:
... a ciência que tem como objetivo de estudo o homem por meio do seu corpo em movimento e em
relação ao seu mundo interno e externo, bem como suas possibilidades de perceber, atuar e agir com
o outro, com os objetos, e consigo mesmo. Está relacionada ao processo de maturação, onde o corpo
é a origem das aquisições cognitivas, afetivas, e orgânicas.

Neste sentido Dupré, foi um dos autores que influenciaram fortemente a Psicomotricidade, assim
como Wallon, Piaget, Guilmain, Ajuriaguerra entre outros, que estudaram e comprovaram a relação
entre o movimento e a aprendizagem.

As funções motoras (movimento) não podem ser separadas do desenvolvimento intelectual


(memória, atenção, raciocínio) nem da afetividade (emoções e sentimentos). Para que o ato de ler e
escrever se processe adequadamente, é indispensável o domínio de habilidades a ele relacionado,
considerando que as habilidades são fundamentais manifestações psicomotoras.

No enfoque das pesquisas de Levin (1995), “há uma diferença entre os pensamentos de Wallon e
Dupré”; para Wallon, o movimento está relacionado ao afeto, à emoção, ao meio ambiente e aos
hábitos das crianças; para Dupré, a motricidade está relacionada inteligência. Assim é possível
observar que no início a psicomotricidade tinha seus estudos voltados para a patologia. Porém
Wallon, Piaget e Ajuriaguerra aprofundaram seus estudos voltados para o campo do
desenvolvimento, nesta perspectiva Wallon se preocupou com a relação psicomotora, afeto e
emoção, já Piaget se preocupou com a relação evolutiva da psicomotricidade com a inteligência e
Ajuriaguerra consolida as bases da evolução psicomotora, de forma mais específica para o corpo e
sua relação com o meio. Para ele, a evolução da criança está na conscientização do seu corpo.

Assim para a psicomotricidade o indivíduo, para aprender, precisa sentir, pensar e agir, a
psicomotricidade é a expressão de um pensamento pelo ato motor preciso, econômico e
harmonioso. (AJURIAGUERRA, 1983)

O corpo é eixo comum na prática da psicomotricidade, podendo ser trabalhados através da


reeducação, porém o profissional de educação deve se apropriar deste recurso para aplicá-lo nas
rotinas educacionais.

O papel da psicomotricidade na educação é estimular o desenvolvimento das percepções da criança


e seu esquema corporal. O ato de movimentar-se fisicamente é privilegiado com o trabalho
psicomotor, porém leva-o ao trabalho mental, onde é aprendido a ouvir, interpretar, imaginar,
organizar, representar e passar do abstrato para o concreto. O desenvolvimento é adquirido através
de suas tentativas e erros. Ela transforma seus erros em aprendizado. Portanto a atividade motora é
de extrema importância no desenvolvimento da criança.

Muitos estudos tem na psicomotricidade um olhar apenas para o corpo e o movimento, porém vai
além. É responsável também pela contribuição mental e pelo comportamento, neste sentido
podemos observar que:

A criança não nasce pronta, tudo se constrói aos poucos, por meio das próprias ações, cada ser tem
seu eixo corporal que ao decorrer do tempo é adquirido pelo movimento e as experiências vividas.
O ser humano necessita através do seu corpo, perceber as coisas que estão ao seu redor, adquirindo
as noções de em cima, embaixo, perto, longe, na frente e atrás, sendo sempre estimulada a se auto-
independe. No entanto esses desenvolvimentos variam de criança para criança, pois cada uma
apresenta competências diferentes.

A psicomotricidade trabalha os movimentos da criança, motiva a capacidade sensitiva, cultiva a


capacidade perceptiva através da resposta corporal, organiza a capacidade dos movimentos,
utilizando objetos reais e imaginários, amplia e valoriza a identidade própria, cria segurança e
respeito aos espaços dos demais.

Os estudos baseados na psicomotricidade nos auxiliam a entender a importância do corpo para o


desenvolvimento global do ser humano, associando dinamicamente o ato ao pensamento, o gesto à
palavra, o símbolo ao conceito, e está relacionada ao processo de maturação.

No Brasil, a Psicomotricidade foi introduzida em meados da década de 70, trazida por profissionais
oriundos da Europa. Nesta época, as práticas eram direcionadas a Educação e Reeducação
Psicomotora. E em 1976, foi introduzida a Terapia Psicomotora que propunha a substituição das
técnicas instrumentais por atividades mais livres, valorizando o jogo e o brincar. Assim, em 1980 foi
fundada a Sociedade Brasileira de Psicomotricidade. O início da Psicomotricidade no Brasil ocorreu
com profissionais que foram para a França especializar-se em clínica infantil e, depois, em
psicomotricidade com Ajuriaguerra - psiquiatra e professor.

De acordo com Negrine (2002), os primeiros trabalhos relacionados à psicomotricidade no Brasil


foram realizados por professores das disciplinas ligadas ao ensino de educação física na educação
infantil, em cursos superiores de educação física. Esses professores lutaram para que a
psicomotricidade fosse uma disciplina integrante do currículo dos cursos de educação física e
pedagogia. Antes que isso acontecesse, a psicomotricidade já era desenvolvida dentro de clínicas
privadas de reeducação.

A psicomotricidade evidencia três vertentes: a reeducativa, terapêutica e educativa.


A Reeducação atende individualmente, ou em pequenos grupos, que apresentam sintomas de ordem
psicomotora.
A Terapia Psicomotora é realizada individualmente ou em pequenos grupos que apresentam grandes
perturbações de ordem patológica, tem como objetivo uma ação diagnóstica dos atrasos
psicomotores ou características da personalidade com a utilização do corpo, com seus movimentos e
sua expressividade.

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