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ENFERMAGEM NA

EDUCAÇÃO PELO
QUIMIOTERAPIA
MOVIMENTO E
E NA
PSICOMOTRICIDADE
RADIOTERAPIA

COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
EDUCAÇÃO PELO MOVIMENTO E PSICOMOTRICIDADE

CONTEÚDO DO LIVRO
O Ministério da Educação através dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), provê que a
educação brasileira, nos níveis fundamental e médio, deve proporcionar ao educando a
formação necessária ao desenvolvimento das suas potencialidades como elemento de auto
realização, preparação para o trabalho é para o exercício consciente da cidadania (BRASIL,
1997, p. 13). O brincar é um recurso que pode auxiliar os profissionais da educação e da saúde
a desenvolverem as potencialidades e habilidades das crianças. Desta forma, a utilização do
brincar nas escolas é de suma relevância, uma vez que o objetivo das escolas, como visto nos
PCNs, não é apenas a transmissão de conteúdos escolares, mas também a formação e o
desenvolvimento de um cidadão de forma integral.
Além do brincar proporcionar-lhe prazer e as mais diversas interações e tomando novamente
por base as orientações dos PCNs, observamos que novas vertentes surgiram em oposição à
ala mais tecnicista, esportivista e biologicista da Educação Física, entre elas a abordagem
psicomotora. Nela o envolvimento da Educação Física é com o desenvolvimento da criança,
com o ato de aprender, com os processos cognitivos, afetivos e psicomotores, ou seja,
buscando garantir a formação integral do aluno (BRASIL, 1997).
Desse modo, a prática da Educação Física sob a influência da Psicomotricidade lança o
profissional da disciplina a possuir responsabilidades pedagógicas, valorizar o processo de
aprendizagem e não apenas o ato motor (BRASIL, 1997).

EDUCAÇÃO PELO MOVIMENTO


Segundo Gonçalves (1994 apud Galvão, 1995), a Educação Física como práxis educativas - que
leva em consideração o desenvolvimento pessoal e a questão social - possui como objetivo a
formação da personalidade do aluno, através da atividade física, lidando com o corpo e o
movimento integrado na totalidade do ser humano, essa (a Educação Física) atuaria nas
camadas mais profundas da personalidade, onde se formam os interesses, as inclinações, as
aspirações e pensamentos.
Outros aspectos importantes destacados dessa relação (Educação Física Transformadora -
personalidade) seriam as oportunidades de autoconhecimento, auto avaliação, autoestima,
interação social e desempenho de papéis que a Educação Física proporciona e que tem
importância ímpar no desenvolvimento da personalidade.
Para Thomas (1983 apud Galvão, 1995), o conhecimento dos problemas que envolve a
motivação é importante, principalmente, para o professor de Educação Física Escolar já que
ele, diferente do técnico desportivo, não lida com alunos altamente motivados para a
performance, e sim com alunos obrigados a participar das aulas. O professor não pode usar da
premissa de que todos os seus alunos encontrem prazer e estejam interessados nas atividades
oferecidas através de seu modo de transmissão didático-metodológico.
A Educação Física Transformadora, que tem por objetivo a conscientização, deve estar
relacionada com a motivação intrínseca, ou seja, os motivos que levam o indivíduo a realizar as
atividades devem ser liberados de dentro para fora. Não existe uma prática consciente
imposta por motivos extrínsecos. A conscientização surge da necessidade pessoal, interna de
interferência da realidade (GALVÃO, 1995).
Na opinião de Galvão (1005) não existe uma única abordagem, uma concepção ideal, que dê
conta das necessidades da Educação Física, deve existir sim, a intenção, o objetivo de avançar
nos caminhos para a valorização do ser humano. A Educação Física enquanto transformadora
não pode ser encarada como um discurso ideológico, ela é possível, desde que o educador
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tenha consciência do seu papel na sociedade e reconheça que também está se transformando,
se educando na medida em que educa. Os discursos não bastam na Educação Física, o
pensamento crítico deve fazer parte da prática do professor em suas aulas.
Quando falamos aqui em educação física transformadora, estamos nos reportando, mesmo
que indiretamente à educação pelo movimento, não uma simples aula de educação física,
obrigatória, mas sem objetivos reais e qualitativos.

PSICOMOTRICIDADE VERSUS EDUCAÇÃO FÍSICA


Sempre que se fala em Psicomotricidade o primeiro pensamento que vem à mente relaciona-
se à motricidade, ou seja, a capacidade que o ser humano tem de realizar movimento e, por
conseguinte, o desenvolvimento do corpo.
Mas, na realidade, a Psicomotricidade é uma ciência mais profunda, que está relacionada ao
processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e
orgânicas, sendo, deste modo, sustentada por três conhecimentos básicos: o movimento, o
intelecto e o afeto.
Psicomotricidade, portanto, é um termo empregado para uma concepção de movimento
organizado e integrado, em função das experiências vividas pelo sujeito cuja ação é resultante
de sua individualidade, sua linguagem e sua socialização (ISPE, 2007).

A história da psicomotricidade – a escola francesa


Historicamente os estudos referentes a psicomotricidade aparecem no final do século XIX,
quando o discurso médico começa a nomear as zonas do córtex cerebral situada nas regiões
motoras (PIOL, 2006).
Esse campo do conhecimento começa a se desenvolver após a descoberta da Neurofisiologia,
no final do século XIX, e é definido no início do século XX, com Dupré, quando este estuda
clinicamente casos de debilidade motora, tomando corpo a partir daí com as contribuições de
Henry Wallon, Edouard Guilmaim, Julian de Ajuriaguerra, que delimitam, já na década de 1960,
os transtornos psicomotores (PIOL, 2006).
No Brasil, a história da Psicomotricidade segue os passos da escola francesa, que naquela
época, tinha em Dupré um estudioso das crianças com dificuldades escolares. Era clara e nítida
a influência marcante da Escola Francesa de Psiquiatria Infantil e da Psicologia na época da 1ª
Guerra Mundial em todo mundo. O Brasil foi também invadido, ainda que tardiamente, pelos
primeiros ventos da Pedagogia e da Psicologia. Nos países europeus, pesquisadores se
organizavam em grupos de trabalho: era preciso responder as aspirações e necessidades da
sociedade industrial, que levava as mulheres ao trabalho formal, deixando as crianças em
creches (ISPE, 2007a).
Sobre as finalidades da Psicomotricidade, pode-se inferir que surgiu como um meio de
combater a inadaptação psicomotora, pois apresenta uma finalidade reorganizadora nos
processos de aprendizagem de gestos motores.
Nesse sentido, é de suma importância a atividade lúdica, realizada através de atividades
psicomotoras, no sentido de colaborar para o desenvolvimento integral da criança, e para que
ela possa sedimentar bem esses pré-requisitos, fundamentais também para a sua vida escolar.

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Alterações psicomotoras
Muito já foi falado até o momento sobre a psicomotricidade e que ela reflete um estado de
vontade do ser humano, o que é correspondido pela execução dos movimentos.
Segundo Loureiro Filho (2002) esses movimentos podem ser voluntários ou involuntários,
ainda subdivididos em inatos e adquiridos, chamados de automatismos elementares.
Pois bem, quando há alterações de psicomotricidade, encontram-se os quadros abaixo:
Estupor (ou acinesia) é a perda da atividade espontânea englobando simultaneamente, a
fala, a mímica, os gestos, a marcha etc... Vem e vai bruscamente em crises de agitação
psicomotora. É o caso do estupor catatônico (nos esquizofrênicos) e o depressivo (na
depressão).
Agitação e Inibição Psicomotora são graus de determinado estado psicomotor. Quando há
pequeno aumento ou diminuição dos movimentos são designados como inquietação e
lentificação psicomotoras, respectivamente.
Maneirismos ocorrem em esquizofrênicos, oligofrênicos e histéricos, e são caracterizados
por gestos artificiais, ou linguagem e escrita rebuscada, com uso de preciosismo verbal,
floreados estilísticos e caligráficos, etc...
Ecopraxia também ocorre em esquizofrênicos, oligofrênicos e histéricos (principalmente nos
primeiros), onde há imitação de um comportamento, sem propósito (gestos, atitudes etc...).
Pode haver ecolalia (sons), ecomimia (mímica) e ecografia (escrita).
Estereotipias são as características do catatonismo onde há repetição automática de
movimentos, frases e palavras (verbigeração), ou busca de posições e atitudes, sem nenhum
propósito. As estereotipias cinéticas são confundidas com os tiques nervosos, porém esses são
elementares, de fundo neurótico.
Negativismo é a oposição ativa ou passiva às solicitações externas. Na passiva a pessoa
simplesmente deixa de fazer o que se pede sendo característico o mutismo e a sitiofobia
(medo de se comprometer, de ser internado, de ser envenenado).
Obediência Automática que é o oposto ao negativismo, onde o paciente tem extrema
sugestionabilidade e faz tudo o que é mandado. Ocorre na esquizofrenia e quadros
demenciais.
Catalepsia, Pseudo-Flexibilidade Cérea ocorre devido a hipertonia do tônus postural. Ocorre
na histeria, esquizofrenia e parkinsonismo. A flexibilidade cérea é a conservação de uma
posição, ocorrendo no parkinsonismo, enquanto que nos esquizofrênicos e histéricos há
pseudo-flexibilidade cérea, devido a influência de fatores psicogênicos.
Extravagâncias Cinéticas, comum da conduta esquizofrênica. Pode ser descrito como a perda
da gracilidade, ou seja, da naturalidade, espontaneidade, proporcionalidade dos gestos e
atitudes; como a rigidez facial (o pregueamento da testa em “M” é característico da catatonia);
paratimias (a mímica não está em concordância com o pensamento verbalizado); focinho
catatônico (protusão permanente dos lábios); interceptações cinéticas (interrupção brusca de
um gesto apenas esboçado), etc (LOUREIRO FILHO, 2002).

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A psicomotricidade na escola
De acordo com Le Boulch (1983, p. 24), a educação psicomotora deve ser considerada como
uma educação de base na escola primária. Ela condiciona todos os aprendizados escolares;
leva a criança a tomar a consciência de seu corpo, da lateralidade, a situar-se no espaço, a
dominar seu tempo, a adquirir a coordenação de seus movimentos.
Vygotsky (1998 apud Ferreira, 2007) afirma a importância do brincar como ferramenta
principal para a aquisição das capacidades intelectuais do indivíduo. A autora também cita
Fonseca (1996), que destaca a aplicação das práticas corporais como fundamentais, a fim de se
evitar problemas escolares.

As funções da escola
À escola cabe a função político-social de possibilitar a conservação e a renovação dos
conhecimentos produzidos e acumulados, para que as novas gerações assumam a
responsabilidade de continuarem a construção de uma sociedade, que no nosso caso, se
identifica com valores humanistas e democráticos.
Essa condição da escola leva a inferir que a mesma deve selecionar os conteúdos necessários à
formação do cidadão autônomo, crítico e criativo, para que este possa participar, intervir e
comprometer-se com os rumos da sociedade possível, portanto, é função da escola
desenvolver a personalidade e as potencialidades dos indivíduos, pautar-se em valores nobres
de justiça, de tolerância às diferenças, de pluralidade, de liberdade, de igualdade de condições
e oportunidades (RESENDE E SOARES, 1997).
Enfim, a escola deve instrumentalizar seus alunos para participar plenamente na vida pública,
como cidadãos e nesse contexto, a educação física deve ser considerada uma prática
sociocultural importante para o processo de construção da cidadania dos indivíduos.
Ela reúne um rico patrimônio cultural tanto de dimensões universais (esportes e ginásticas
institucionalizadas, etc.), quanto particulares (jogos e brincadeiras populares, esportes locais,
etc.).
Ainda segundo Resende e Soares (1997) acrescenta-se o fato de que o ensino sistematizado da
educação física, além de possibilitar o aumento do repertório de conhecimentos e habilidades,
bem como a compreensão e a reflexão sobre a cultura corporal, é entendida como uma das
formas de linguagem e expressão comunicativa que, como qualquer prática social, é eivada de
significados, sentidos, códigos e valores, que influenciam a formação do ser humano.
A prática psicomotora auxilia o indivíduo em vários aspectos como: afetividade, conhecimento,
motricidade e a própria reflexão (SANTOS et al, 2007).
A psicomotricidade trabalha respeitando o potencial de cada ser dando a ele o direito de ter
um lugar na sociedade, lembrando sempre que o corpo e a mente têm limites que devem ser
respeitados e trabalhados de acordo com as potencialidades de cada indivíduo.
A criança quando tem a oportunidade de desenvolver suas habilidades psicomotoras tem uma
personalidade própria e é capaz de se organizar fisicamente e mentalmente com mais
facilidade, sabe diferenciar diversos conceitos como: o correto do errado; o quente do frio e
outros tantos.

A bateria psicomotora de Vítor da Fonseca


Graduado em Educação Física, em 1971, pela Universidade técnica de Lisboa, em 1976, Vítor
da Fonseca recebeu o título de Mestre em Ciências da Educação pela Universidade de

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Northwestern Evanston (EUA) e em 1985, recebeu o título de doutor em Educação Especial e


Reabilitação pela Universidade Técnica de Lisboa.
Foi em sua tese de doutorado, intitulada como “construção de um Modelo Neuropsicológico
de reabilitação Psicomotora”, que Fonseca desenvolveu um instrumento de avaliação
psicomotora que visava detectar as dificuldades de aprendizagens das crianças. Esse
instrumento recebeu o nome de Bateria Psicomotora (BPM) que tem sido muito utilizada por
vários profissionais.
São sete os fatores psicomotores que compõem a BPM de Fonseca, e através destes fatores
tem-se a possibilidade de desenhar um modelo psico-educacional de reabilitação psicomotora.
Os fatores psicomotores são sete, divididos em 26 subfatores, constituindo-se de 42 tarefas
(PEREIRA, 2005). De acordo com o quadro abaixo, a divisão é dos fatores e suas ramificações
são as seguintes:

Cada tarefa aplicada é pontuada por uma escala de um a quatro pontos, sendo que cada ponto
classifica o desempenho da criança. Dividindo o valor total obtido nos subfatores pelo número
de tarefas correspondentes a cada fator, obtêm-se valores que variam de um a quatro,
correspondendo, portanto, ao perfil psicomotor (PEREIRA, 2005).

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