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29/11/2017

A RELAÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA COM A PSICOMOTRICIDADE POR MEIO DO


BRINCAR PARA O DESENVOLVIMENTO INTEGRAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL

THE RELATIONSHIP OF PHYSICAL EDUCATION WITH PSYCHOMOTRICITY


BY PLAYING FOR INTEGRAL DEVELOPMENT IN CHILD EDUCATION

OLIVEIRA, Ligia da Silva; ARAÚJO, Edivane dos Santos; COSTA, Jonatha Feliciano;
ROCHA, Gustavo Fiais da; SILVA, Bruno Alves da; SILVA, Diogo dos Santos;
[1]Orientador: OKUHARA, Eduardo[2]

RESUMO

O presente trabalho teve como propósito a realização de pesquisa sobre conceitos e


características da psicomotricidade e da ludicidade buscando compreender sua relação
no desenvolvimento integral. O objetivo deste estudo foi apresentar as brincadeiras
como instrumento para o desenvolvimento integral da criança no ensino infantil, por
meio da psicomotricidade na educação física. Esta pesquisa tem caráter teórico e seus
procedimentos metodológicos baseados em revisão literária, livros e artigos científicos.
Quando aplicado às brincadeiras de maneira lúdica na educação infantil, a oportunidade
do desenvolvimento no aspecto motor, social e cognitivo é maior para o indivíduo,
iniciando desde as habilidades básicas de movimento as mais complexas, além da
interação, entendimento de regras e responsabilidades sociais, e a formação das
capacidades intelectuais.

 Palavras-chave: Psicomotricidade, Desenvolvimento, Ensino Infantil, Educação


Física, Brincadeiras.

ABSTRACT

The present work had the purpose of conducting research on concepts and
characteristics of psychomotricity and playfulness seeking to understand their
relationship in integral development. The objective of this study was to present the
games as an instrument for the integral development of the child in the infantile
education, through the psychomotricity in the physical education. This research has
theoretical character and its methodological procedures based on literary revision, books
and scientific articles. When applied to play in a playful way in early childhood
education, the opportunity for development in the motor, social and cognitive aspect is
greater for the individual, starting from the most complex basic movement skills,
besides the interaction, understanding of social rules and responsibilities, and the
formation of intellectual capacities.

Keywords: Psychomotricity, Development, Early Childhood Education, Physical


Education, Jokes.
 INTRODUÇÃO

            O propósito da psicomotricidade na educação física é desenvolver o corpo de


modo integral, tendo sua característica à união do corpo, mente e sentimento, tudo
relacionado ao mundo interno e externo do indivíduo, devendo este desenvolvimento ser
iniciado na educação infantil para que a criança inicie a formação por completa.
(XISTO; BENETTI, 2012)

Por meio das atividades lúdicas como jogos, brinquedos, brincadeiras é possível
desenvolver integralmente a aprendizagem da criança, ampliando as capacidades como
afetividade, concentração e percepção motora, fazendo com que o indivíduo se envolva
com outros por meio de jogos, potencializando e testando seus limites e emoções. Sua
prática pode ser vista tanto na escola quanto no cotidiano da criança, devendo ser
estimulada pelo professor de educação física que entrará como mediador, intervindo
para o desenvolvimento. (CAMARGOS; MACIEL, 2016)

            Todos os recursos disponíveis devem ser utilizados dentro da educação física,
visando à formação da criança, haja vista que, muitos problemas desenvolvidos na
aprendizagem podem estar relacionados a um campo da psicomotricidade mal
desenvolvido ou pouco estimulado. (RAMOS; FERNANDES, 2011)

            Este estudo tem como objetivo apresentar as brincadeiras como instrumento para
o desenvolvimento integral da criança no ensino infantil, por meio da psicomotricidade
na educação física. A metodologia utilizada foi à revisão de literatura, onde foram
levantados dados sobre a psicomotricidade e sua relação com o brincar e a educação
física. A pesquisa foi realizada em livros, bases on-line e repositórios de universidades
brasileiras disponíveis na internet: RBFF, UEM, UERJ, Uninove, UFMS, FAEMA
Luzimarteixeira, EFDeportes, PBWorks, UNESP, UFSM, Nucleo do Conhecimento,
sendo combinados de várias formas as palavras chaves: psicomotricidade, educação
física, brincadeiras, desenvolvimento, ensino infantil. Pretendeu-se com o resultado,
demonstrar a importância de se desenvolver plenamente a criança por meio do lúdico.

 PSICOMOTRICIDADE: HISTÓRIA, CONCEITO E OS ELEMENTOS


PSICOMOTORES PARA O DESENVOLVIMENTO

            A psicomotricidade aplicada na educação física teve sua origem na França, em


1966, com o intuito de desenvolver a integralidade do corpo na educação. Ainda cita
que os professores tinham como objetivo pedagógico principal, a excelência dos
movimentos de uma forma mecânica. (XISTO; BENETTI, 2012)

            Por volta da década de 80, surge um questionamento sobre o papel da educação


física dentro da escola, e com isso o surgimento de novas propostas teóricas
pedagógicas específicas da educação física e, a abordagem psicomotora é uma delas,
tendo como principal representante Jean Le Boulch. (FERREIRA; SAMPAIO, 2013)

            A psicomotricidade sendo a ciência que tem como objeto de estudo o homem
através do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo. Está
relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições
cognitivas, afetivas e orgânicas. É sustentada por três conhecimentos básicos: o
movimento, o intelecto e o afeto[3].
            Na escola primária, a educação psicomotora deve ser vista como a base do
ensino, uma vez que desenvolve a consciência corporal, lateralidade, domínio do tempo,
coordenação de movimentos e a situar-se no espaço. (LE BOULCH, 2001).

            É o processo de desenvolvimento psicomotor, em conjunto de todos os


elementos motor, intelectual, emocional e expressivo é divido em primeira infância (0 a
3 anos) e segunda infância (3 a 7 anos), tendo sua maturação concluída
aproximadamente aos 8 anos. (BUENO, 1998)

            O mundo exterior é mais interessante entre os 15 meses aos 3 anos, permitindo a
formação do seu lado afetivo e expressivo, estabilizando o seu lado espontâneo e
controlado, permitindo um ajustamento das funções o levando a um bom
desenvolvimento. Entre os 3 e 6 anos o processo de formação passa a ser o mundo
interno, formação do espaço temporal e esquema corporal do indivíduo e este processo
na psicomotricidade não pode ser formado com rupturas entre o mundo ilusório e o
mundo que reina uma organização e estrutura. (LE BOULCH, 2001)

          Sendo assim, a psicomotricidade aplicada pelos educadores físicos em seu


método pedagógico no ensino infantil, são atividades lúdicas como as brincadeiras, para
o desenvolvimento da criança. (CAMARGO; MACIEL, 2016). Molinari e Sens (2003)
complementam a relação da psicomotricidade com a educação física, como estratégia
didática, para uma melhor conduta comportamental do indivíduo e seu movimento
harmonioso.

Beckert (2015) ainda cita que, a relação do corpo e mente possui dois fins, a
ampliação dos movimentos corporais baseado em suas funções e o auxilio do
crescimento no campo afetivo por meio do mundo externo.

           O movimento corporal é uma forma de comunicação e de relação com outros e o


mundo. O corpo é capaz de comunicar-se com ele próprio e ao meio ambiente do
indivíduo através de expressões, seja adulto ou criança. Mas nas crianças, o processo de
interação corpo, mente e sentimento está em estado de transformação, devendo ser
trabalhado na educação infantil por vias da psicomotricidade. (RAMOS; FERNANDES,
2011)

            As mudanças ocorridas na capacidade mental, como aprendizagem, a linguagem,


memória, pensamento e raciocínio, estão relacionados ao desenvolvimento cognitivo. A
formação da personalidade e atributos próprios do indivíduo por meio de relações
sociais está relacionada ao desenvolvimento social e afetivo. (PAPALIA; OLDS, 2000)

        Juntamente com o desenvolvimento intelectual e social, existem elementos


psicomotores que caracterizam a psicomotricidade. Estes elementos permitem o
movimento do corpo e o reconhecimento do indivíduo sobre si, como as atividades
motoras, a coordenação motora ampla e fina, o equilíbrio postural, ritmo, lateralidade,
conhecimento corporal, todas trabalham em conjunto e tem suas características, como
citado na quadro a baixo. (AQUINO et al., 2012)
Quadro 1 – Elementos Psicomotores. Fonte: (AQUINO et al., 2012, p. 248)

            A aprendizagem esta em conjunto das ordens físicas, psíquica e sociocultural,


capacitando a criança a ser, a aprender, a fazer e a ter, organizando e equilibrando sua
relação com os diferentes meios e se relacionando com o mundo, devendo ser
estimulada durante o início do seu desenvolvimento. (SEARA; ZAGO, 2010)

            Ao formar o indivíduo por meio da aplicação da psicomotricidade, o professor


estará estruturando os movimentos corporais, afetivos e lógicos. As situações e
expressões criadas pela criança junto com outras, desenvolve seu lado social.
(MOLINARI; SENS 2003). O profissional de educação física deve compreender o valor
da psicomotricidade na evolução dos elementos intelectuais e físicos do aluno.
(BECKERT, 2015)

            A não aplicação ou falta de estimulo dos elementos psicomotores de base


durante o desenvolvimento infantil, acarretará para a criança dificuldades em sua
evolução física, psíquica e social, como dificuldade em criar, expressar, socializar com
outros, possibilitando problemas na aprendizagem da escrita, leitura, direção, podendo
torná-la insegura, tímida, além das restrições nas capacidades motoras. (KAMILA et al.,
2010)

            Silva et al. (2017) ainda cita que, os problemas encontrados na formação escolar
não refere-se ao nível de classe onde encontra-se a criança, mas que a raiz do problema
esta na estruturação dos elementos de base.

            Le Boulch (1986, p. 25) afirma:


Muitos dos problemas de reeducação, não seriam mais colocados, se, ao lado
da leitura, da escrita, da aritmética, uma parte do tempo escolar fosse
reservado a uma educação psicomotora cujo material principal seria o
movimento, associado a exercícios gráficos e as manipulações.

            É necessário o respeito da faixa etária de cada indivíduo e suas dificuldades


dentro do ensino, permitindo a formação da personalidade sem limitação, transformando
em um ser crítico, capaz de agir perante o meio em que vive, buscando a felicidade.
(BECKERT, 2015)

 A IMPORTÂNCIA DAS BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO FÍSICA

            De acordo com as Diretrizes Curriculares para Educação Infantil de 2010, o


currículo pedagógico deve ser estruturado e direcionado pela prática de brincadeiras e
interações, que proporcione diversidade de experiências, adquirindo conhecimentos
sobre si e o mundo, possibilitando o desenvolvimento do indivíduo de modo integral.

            Para o desenvolvimento das capacidades físicas, mentais, sociais e afetivas de


uma criança, o professor de educação física deve buscar formas de envolvê-la, com
atividades que gere a vontade e o prazer em praticar. Propondo aulas onde a criança se
movimente, socialize, exponha sentimentos e emoções, possibilitando a capacidade de
pensar, criar e recriar. E as atividades lúdicas como as brincadeiras, brinquedos e jogos
entram como aliadas para esse processo pedagógico na educação física. (AQUINO et al.
2012; SEARA; ZAGO, 2010)

A ludicidade está intrínseca no ser humano desde a pré-história. O ato de


brincar é a mais pura forma da criança se expressar, é brincando que ela
expressa o que está sentindo e também interioriza o mundo ao seu redor.
Porém, o ato de brincar vai muito além, é neste momento que os jogos
começam a apresentar-se, e será através deles que a criança desenvolverá boa
parte de suas habilidades motoros e cognitivas. (ZAFFALON JÚNIOR, 2009,
apud REIS et al. 2015, p. 3)

            Para melhor compreensão sobre a relação do desenvolvimento da criança por


meio de brincadeiras, se faz necessário conhecer alguns conceitos a respeito do lúdico,
jogo, brinquedo e brincadeira:

            Segundo Almeida e Shigunov (2000, p. 70):

a brincadeira refere-se ao comportamento espontâneo ao realizar uma


atividade das mais diversas. O jogo, é uma brincadeira que envolve certas
regras, estipuladas pelos próprios participantes. O brinquedo é identificado
como o objeto de brincadeira. A atividade lúdica compreende todos os
conceitos anteriores. (grifo do autor)

            Cordazzo e Vieira (2007, p. 93) tem a seguinte definição sobre estas atividades:

A palavra em português que indica a ação lúdica infantil é caracterizada pelos


verbos brincar e jogar, sendo que brincar indica atividade lúdica não
estruturada e jogar, atividade que envolve os jogos de regras propriamente
ditos. [...] a função do brinquedo é a brincadeira. O brinquedo tem como
princípio estimular a brincadeira e convidar a criança para esta atividade. A
brincadeira é definida como uma atividade livre, que não pode ser delimitada
e que, ao gerar prazer, possui um fim em si mesmo.
            Jogos, brinquedos e brincadeiras estão respectivamente ligados ao lúdico,
vinculado à alegria, ao prazer, espontaneidade, gerando prazer e satisfação ao realizar
alguma atividade. Visto de forma cultural, o lúdico é caracterizado como a forma da
criança assimilar e interpretar o mundo, a cultura, objetos, as relações e afetividade com
outras pessoas, podendo desta maneira, o lúdico estar vinculado tanto a cultura da
criança quanto ao prazer. (CORDAZZO; VIEIRA, 2007)

            A utilização de jogos dentro do ensino, além de proporcionar o prazer, alegria e


divertimento na realização da atividade, formará o conhecimento de regras que devem
ser seguidas, desenvolvendo a competição e sensação de perda, vitória, conquista e
derrota e a possibilidade em trabalhar em equipe, desenvolverá a socialização. Já as
brincadeiras estão atreladas a criatividade, que possibilita mudanças através da criação
do novo (ALMEIDA; SHIGUNOV, 2000). Um estímulo para auxiliar na evolução
psíquica, a brincadeira deve ser vista como um instrumento de grande importância para
o desenvolvimento infantil (ROLIM; GUERRA; TASSIGNY, 2008).

O jogo pelo ponto de vista educacional significa divertimento, brincadeira,


passatempo, pois em nossa cultura o termo jogo é confundido com
competição. Os jogos infantis pode até incluir uma ou outra competição, mas
visando sempre a estimular o crescimento e aprendizagem com relação
interpessoal, entre duas ou mais pessoas realizada através de determinadas
regras, ainda que jogo seja uma brincadeira que envolve regras.
(FANTACHOLI, 2011, p. 3)

            Tavares e Souza Junior (2010), afirmam que as atividades por meio da


brincadeira devem ser trabalhadas de forma livre e espontânea, permitindo que a criança
se conheça por meio das suas escolhas e ações, desenvolvendo sua personalidade e
autonomia, tendo o professor como aliado para a orientação do desenvolvimento
promovendo a preparação para conhecimentos mais difíceis, por meio da interação entre
professor e aluno. Ao utilizar a prática das brincadeiras dentro da educação física, como
método de ensino/aprendizagem, é possível perceber as necessidades de cada criança, os
níveis de seu desenvolvimento e sua organização. Silveira (2011) ressalva que, o brincar
desenvolve várias habilidades, tendo a possiblidade de vivenciar novos conhecimentos,
por tanto é necessário sua aplicação.

            As brincadeiras devem ser resgatadas, de forma que os próprios alunos tragam
para a educação física novas experiências de atividades vivenciadas tanto na escola
como em seu cotidiano, fazendo com que tenham mais opções de atividades e
brincadeiras e que estas, proporcione satisfação, já que simula a vivência do dia-a-dia
do aluno. Desta forma, observa-se que, as brincadeiras são fortes influências para o
processo de aprendizagem e desenvolvimento da criança, sendo praticadas dentro ou
fora da escola. (TAVARES; SOUZA JUNIOR, 2010)

 APLICAÇÃO DAS BRINCADEIRAS PARA DESENVOLVIMENTO DA


PSICOMOTRICIADE DE MODO INTEGRAL

         Com a prática das brincadeiras dentro do ambiente escolar, a criança vivência


experiências corporais, que a possibilita de criar conceitos e organizar esquemas. O
professor tem o papel de intermediador do desenvolvimento, possibilitando a
capacidade de aprender, por meio de descobertas ao propor situações e estímulos
variados, proporcionando experiências concretas, vividas com seu corpo de forma geral.
(BECKERT, 2015)

            Ramos e Fernandes (2011) propõem que, para o desenvolvimento integral da


criança dentro do ambiente escolar, além do professor ser comprometido, deve haver
um planejamento antecipado que visa alcançar um objetivo, e que este planejamento
seja sempre reavaliado, traçando novas metas, por meio de observações feitas durante as
atividades, onde o desenvolvimento do aluno seja avaliado, tanto o motor quanto social
e emocional, os recursos não precisam ser modernos e sofisticados, mas que disponha
de um espaço onde consiga desenvolver a aprendizagem da criança.

            Diante desta opinião, AQUINO et al. (2012); KAMILA et al. (2010) e RAMOS
e FERNANDES (2011), propõem algumas atividades e brincadeiras que podem ser
utilizadas para se trabalhar os elementos psicomotores de base, contribuindo para o
desenvolvimento da criança:

          Coordenação Motora Ampla – brincar de rolar, balançar, dar cambalhota,


amarelinha, futebol, rodar pneu de borracha, morto ou vivo, estátua, passar a bola,
passar anel, esconde-esconde, ciranda, jogar bexiga no alto sem deixar cair no chão,
pular corda e saco, brincar de queimada, rouba bandeira e fazer mimica;

          Coordenação Motora Fina – recortes de papel, pinturas com tinta e giz, pegar
bola de gude utilizando os dedos como pinça, desenho de figuras geométricas na areia,
fazer bolinha de crepon, amarrar e desamarrar, tampar e destampar garrafa pet,
equilibrar ovo na colher, queimada, rouba bandeira, boliche e tiro ao alvo.

            Lateralidade – corda, rodas e cirandas, dobradura, futebol de botão, caça ao


tesouro, amarelinha e manuseio de bolas com as mãos direita e depois esquerda;

            Equilíbrio – caminhar por cima de cordas ou tacos, correr ou pular entre


degraus de escada, andar sobre prancha de equilíbrio e permanecer com um pé e voltar a
andar;

          Estruturação Espacial – qualquer atividade onde a criança deva se localizar: à


frente, atrás, ao lado, à direita, à esquerda, embaixo, em cima, acima, para frente, para
trás, para cima/baixo, fora/dentro, perto/longe. Pode ser desenvolvido brincando de
cabra-cega, tiro ao alvo, estafetas com arcos e pular saco.

            Orientação Temporal – qualquer atividade a qual se tenha a percepção do


movimento: rápido/lento, forte/franco, primeiro/seguinte/ultimo, deslocamento por
marcação de batidas de pés e mãos ou outro instrumento, cantar cantigas, queimada,
boliche e tiro ao alvo;

            Ritmo – praticar sons por meio de instrumentos confeccionados por materiais


recicláveis: chocalhos (latas), pratos (tampa de panela), tambores (lata de tinta). Por
meio de música: o professor toca um instrumento e as crianças caminham de acordo
com a pulsação;

           Esquema Corporal – brincadeiras de cabra-cega, adoleta, bambolê, morto ou


vivo, jogos de imitação, danças livres, de rua, circulares; Juntar partes de boneco
desmontável, desenhar o contorno do corpo de outra criança no chão, brincadeiras na
frente do espelho e mimica.

          Além dos elementos psicomotores Ramos e Fernandes (2011) e Bueno (1998),


propõem outros desenvolvimentos perceptíveis, que são capacidades do indivíduo e que
também devem ser estimulados visando sua formação:

          Percepção Olfativa – reconhecer os perfumes de flores, ou diferenciar cheiros do


cotidiano, pó de café, perfume, produtos de limpeza;

          Percepção Gustativa – reconhecimento dos sabores, texturas, consistência:


comer alimentos diferentes que nunca haviam provado. Comer de olhos fechados,
diferenciar entre doce e salgado, azedo ou amargo, quente e frio;

         Percepção Auditiva – criar sons fracos e fortes com o mesmo instrumento


(palmas, latas), descobrir entre dois sons qual o mais forte.

          Percepção Visual – identificar e juntar objetos iguais, como tampinhas, bolinhas,


latinhas, agrupar objetos pelas formas, cor ou tamanho;

           Percepção Tátil – apalpar vários tipos de tecidos, algodão, madeira, papel. Fazer
a criança andar por cima de vários objetos de consistência dura, jogados em um tapete,
de olhos vendados, para que reconheça sua consistência por contraste do tapete macio.

            Por meio das brincadeiras utilizadas para o desenvolvimento, Ferreira e Rubio


(2012), defendem a importância da utilização das músicas como um instrumento
sonoro, que serve de estimulo para a movimentação do corpo e formação do esquema
corporal, além de outras áreas como a afetiva/emocional.

            Diversos aspectos relacionados à vida da criança podem ser desenvolvidos pela


prática das brincadeiras. Visando não apenas o aspecto motor, Almeida e Shigunov
(2000, p. 72), destacam outros aspectos que são desenvolvimentos por meio de
atividades lúdicas, e que contribuem para formação da criança: 

Aspecto Social – brincadeiras com bonecas e carrinhos, a criança manifesta


representações sociais, tendo como resultado a socialização; Aspecto
Educacional – quebra cabeça, jogos de montar e caça ao tesouro: tem como
objetivo a ampliação dos conhecimentos específicos e habilidades cognitivas
e psicomotoras; Aspecto psicológico – jogos de confronto e competições:
tem o objetivo de compreender as emoções e a personalidade, tendo como
possíveis resultados o medo, cooperação, a sensação de perder e ganhar;
Aspecto Antropológico – brincar de casinha: a reprodução de atividades dos
adultos objetiva o reflexo de costumes, e resulta no conhecimento de cada
cultura e suas características. Aspecto Folclórico – brincar de pião, cavalo de
pau, amarelinha, que objetiva o conhecimento de tradições e costumes, como
resultado a sua manutenção.

            Ao trabalhar as brincadeiras na educação física, o professor deve visar objetivos


para a formação da criança, como torná-la independente, segura, confiante, conhecedora
de seu corpo, valorização dos seus hábitos, a saúde, gerando curiosidade para o
desconhecido, explorando o ambiente visando à cooperação para conservar. Por meio
destas atividades lúdicas é possível provocar estímulos que desenvolvam as emoções,
desejos e necessidades, estabelecendo relações sociais, formando seus interesses e
pontos de vista, utilizando as variadas formas de linguagem, como corporal, musical,
oral e escrita, contribuindo para exposição de suas ideias e para uma formação
significativa da criança. (AQUINO et al., 2012)

 CONSIDERAÇÕES FINAIS

            Conclui-se após o estudo, que há uma concordância na literatura de que a prática
de atividades psicomotoras e brincadeiras auxiliam a criança na sua formação.

A psicomotricidade como campo de estudo, visa o desenvolvimento integral da


criança, por meio da integração entre corpo e mente, levando em consideração o
crescimento afetivo, social e intelectual da criança e sua intervenção nas atividades
lúdicas, aplicadas dentro da educação infantil, trás resultados positivos para a formação
da criança, contribuindo para o seu desenvolvimento.

            Quando aplicadas, a oportunidade do desenvolvimento no aspecto motor, social


e cognitivo é maior para o individuo, iniciando desde as habilidades básicas de
movimento as mais complexas, além da formação da interação com outros,
entendimento de regras e responsabilidades sociais, e a formação das capacidades
intelectuais. Por meio das brincadeiras e jogos, a criança se movimenta, cria, expressa
sentimentos e constrói relacionamentos com outros. Em uma brincadeira de caça ao
tesouro ou rouba bandeira, a criança será estimulada a pensar, desenvolvendo seu
raciocínio e quando estas brincadeiras são trabalhadas em conjunto de outras crianças,
desenvolve a socialização, formando sua identidade como ser humano.

            Na educação infantil, os alunos são crianças de pouca idade, devendo ser
envolvidas por meio de atividades recreativas, não devendo as brincadeiras ser
menosprezadas, pois é partir de sua prática que as crianças respondem a estímulos,
sentindo e reconhecendo o seu corpo. O professor, na educação física, deve estar
preparado e em busca de atividades que envolva o interesse e que contribua para o
desenvolvimento da criança, visando potencializar seus aspectos positivos ou diminuir
ou eliminar aspectos negativos.

 REFERÊNCIAS

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[1] Graduandos do curso de Licenciatura em Educação Física do Centro Universitário Ítalo Brasileiro.

[2] Docente do curso de Educação Física do Centro Universitário Ítalo Brasileiro.

[3] Associação Brasileira de Psicomotricidade (ABP). Disponível em: <https://psicomotricidade.com.br/>


Acesso em: 22 nov. 2017.

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