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Faculdade de Motricidade Humana

Licenciatura em Reabilitação Psicomotora

Ano Letivo: 2012/2013

Resumos frequência OP
PIAGET
Inteligência - capacidade de resolver problemas, ou seja de identificar um problema e tomar
decisões. A inteligência está dependente da equilibração, da adaptação e da resposta a um
problema contribuindo para a construção continua do eu. É resultado da experiencia do individuo
porque é através da experiencia/motricidade que o individuo transforma o seu mundo interior
transformando-se nele próprio. A inteligência é uma adaptação biológica especifica do ser ao
envolvimento. Caracteriza-se na adaptação do homem ao mundo exterior através de duas
componentes (que fornecem uma conceção geral sobre o desenvolvimento cognitivo):

Assimilação (função implicadora) – a criança aplica o que já conhece ou adquiriu, interpreta o


mundo exterior (vai do mundo exterior para a criança); coordenação e integração de dados,
incorporalização de estímulos. Há 4 formas de assimilação a funcional (consolidação do esquema),
a generalizadora (aplicação do esquema a vários objetos), a recognitiva (discriminação dos
diferentes objetos aos quais foi aplicado o mesmo esquema), e reciproca (um esquema pode
tomar o domínio do outro).

Após a assimilação a inteligência modifica as situações para as ajustar a novos dados

Acomodação (função explicadora) – a criança ajusta o conhecimento em resposta às


características especiais de um objeto (vai da criança para o mundo exterior); organização das
ações, adaptação das estruturas a realidade, elabora um conjunto de respostas.

A relação com o mundo exterior está dependente por isso da assimilação (circularidade entre
perceções) e acomodação (circularidade entre ações)

Ação (experiencia)  inteligência prática (sensorio-motora)

Noção(conhecimento)  inteligência reflexica (gnósica)

AÇÃO/PERCEPÇÃO

 O vivido e integrado pela experiencia é resultado de uma introspeção e projeção do


mundo, a inteligência transforma o objeto e o real. Então a ação tem um aspeto
operacional e a imagem um aspeto figurativo.
 Imagem – emerge da ação, a criança só tem uma imagem de um objeto se puder
experimentá-lo, inicialmente é estática e depois trona-se dinâmica a medida que forem
reconhecidos os detalhes do objeto
 Motricidade e Jogo – essenciais para uma componente corporal e cinestésica em qualquer
aprendizagem.
 Função simbólica - capacidade adquirida pela criança a partir do ano e meio, para
representar qualquer coisa por um símbolo ou um signo; Gera linguagem, e está na origem
da representação do pensamento humano, é o prolongamento da ação e da experiencia.
As condutas que marcam o aparecimento da função simbólica são a linguagem, imagens
mentais, jogo simbólico, desenho e imitação diferida.

Inteligencia (conjunto de operações)

Operações (conjunto de
coordenações)

Coordenações
(conjunto de ações)
Açõe
s
(conj
unto
de
movi
men
tos
 Operação – conjunto de coordenações/ações organizadas de forma logica com vista atingir
um fim, é uma tomada de consciência da ação que transporta para o plano consciente
certos elementos do inconsciente.

NOÇÃO DE OBJETO/ ESQUEMA DE AÇÃO

Objeto – só faz parte da criança quando integrado em esquemas de ação porque só através dos
esquemas se estabelecem trocas e interações essenciais para que a criança adquira conhecimento
e compreenda a função do objeto. Logo a inteligência evolui para a assimilação do mundo e dos
objetos.

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PERCEPÇÃO/APRENDIZAGEM

 Aprendizagem - Consiste em relacionar os esquemas sensório-motores e a ssenta em estruturas


que se vão progressivamente organizando por fases. Supõe um sistema de implicações e
significações secundarias que permitam à inteligência a adaptação concreta ao meio.
Advém de um período de repetições e de experiencias acumuladas.
Há duas formas de conhecimento, a empírica (perceção/aprendizagem) e a logico-
matemática (linguagem). A ação é solidária com a aprendizagem e o alicerce da linguagem
e conhecimento.
 Perceção – conhecimento imediato de uma realidade exterior.

COMPREENSÃO/ORGANIZAÇÃO

A aprendizagem de estruturas logicas assenta num conjunto de estruturas que se vão equilibrando
e organizando fazendo emergir novas propriedades. Em cada estádio surgem novas estruturas que
estão parcialmente antecipadas nos estados anteriores. Logo há ação  sobre os objetos;
coordenação estruturas logico-matemáticas; abstração propriedades dos objetos.

A criança só aprende o objeto experimentando-o

ESTÁDIOS DE DESENVOLVIMENTO

1. A ordem das aquisições depende da experiencia;


2. As estruturas cognitivas de uma idade assentam sob as anteriores
3. Um estádio é uma estrutura de conjunto integrada
4. Refletem um nível de organização
5. A continuidade é resultante de processos de formação/génese

 Estádio sensório-motor (0-2 anos)


Reações circulares
Primárias – reposta de um estimulo a uma reação (Ex: sucção)
Secundárias – repetição de esquemas sensório-motores dirigido para os objetos
Terciárias – procura ativa de ações por um processo de repetições múltiplas
 Estádio pré-operacional (2-7)
Interiorização
Acesso à função simbólica
Descentração
Egocentrismo intelectual
 Estádio operacional (7-12)
Reversibilidade e dedução
Noções de volume, peso e quantidade de matéria

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Seriação e classificação
 Estádio das operações formais (+ 12 anos)
Raciocínio hipotético-dedutivo

POSTURA - O controlo postural e o sistema vestibular estão envolvidos no desenvolvimento motor


e mental dos primeiros meses de vida. O equilíbrio majorante e o esquema de ação só se
entendem à luz da informação vestibular e do controlo postural

NOÇÃO DE OBJETO PERMANENTE – habilidade/competência da criança quando percebe que o


objeto existe mesmo quando fora do campo de visão.

PRAXIA – conjunto de movimentos coordenados e sequencializados em função de um resultado a


atingir, com determinado fim. A praxia tem um aspeto motor e um aspeto perceptivo-cognitivo.

APRAXIA – incapacidade de expressão motora devido a lesão cerebral.

O mundo exterior é agido/experimentado para depois ser integrado/pensado, a inteligência


coordena a motricidade e exige uma imaginação permanente. Não pode privar-se o contexto socio
histórico e cultural que a envolve e estimula.

A reflexão teórica de Piaget compreende uma fase pré-científica, empírica e cientifica.

Conclusão: O desenvolvimento intelectual na criança para junção da ação (fonte biológica) com a
linguagem (fonte social).

WALLON
(Tónus, emoção, social)
Ideias principais de Wallon:

 A maturação do sistema nervos é a base do desenvolvimento e integração de experiencias;


 As funções nervosas encontram-se hierarquizadas desde as automáticas e reflexas até as
voluntárias;
 A inteligência evolui por uma diferenciação que parte do desenvolvimento em que a
criança confunde imaginação com realidade exterior para o pensamento objetivo.

A essência do movimento são as relações sociais/ as relações sociais determinam o


desenvolvimento
O que diferencia o comportamento humano do animal é a dimensão social
(sociomotricidade)

Movimento depende dos músculos estriados - Função tónica (tónus que suporta a estrutura e a
atividade e clónica (suporte tónico para o movimento)

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A resposta coordenada exige estabilidade:

Interoceptiva Nutrição, respiração Reflexos Bulbo


Tonicidade visceral
Choro-riso, carência-satisfação

Proprioceptiva Noção de superfície Postura Vias extra- piramidais,


Evolução motora Àrea 6
Sentido quinestésico
Exteroceptiva Relação com o espaço envolvente Mov. Vias piramid.
Evolução perceptiva-motora voluntários Àrea 4

Os recetores são:

 Intereceptividade visual (necessidade fisiológica)


 Proprioceptividade (noção de corpo estimula estruturas ligadas a sensibilidade articular) –
sistema vestibular
 Exteroceptivos (recetores à distancia) –visão/audição

IMITAÇÃO – tem origem na tentativa de realização de movimentos, na integração de modelos, na


reprodução de um modelo social e na recriação de um modelo (gestos originais). A imitação
promove a cognição, quando imitamos certificamos, valorizamos, temos um modelo que pode ser
relacionado com outro e transparecemos a ideia do “eu quero ser igual a ti”. A imitação e o jogo
depende de circuitos sensoriomotores e preceptivo motores (estruturas do SN em movimento) e o
Jogo e a imitação promovem a maleinização de estruturas nervosas. Imitar é repetir-se a si próprio
e aos outros:

- ecolália (representação/desvocalização);

- ecopraxia (representação das ações);

O desenvolvimento da inteligência:

 Prática (pela interiorização do ato surge o pensamento interior)


 A imitação
 Perceção do eu psicocorporal
 Dialogo tónico (comunicação baseada na motricidade)
 Exprime emoções e prepara o desenvolvimento da linguagem.

O desenvolvimento do pensamento categorial:

As descobertas intelectuais passam por jogos de oposição qualitativos antes de serem


quantitativos, (ex:grande/pequeno). O pensamento antes de ser categorizado prende-se a opostos

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ESTÁDIOS DA PERSONALIDADE

* Centrífugos – se virados para o exterior e para as relações objetivas, suportados por


processos de dispêndio energético – correspondem à assimilação piagetiana.
Estádio emocional
Estádio personalismo
Estádio da adolescência
* Centrípetos – virados para o interior e para as relações de construção, suportados por
processos de absorções fisiológicas e sociais (há momentos em que estamos + virados para
a sociedade e outros para nos próprios – corresponde à acomodação piagetiana.
Estádio impulsivo
Estádio sensoriomotor
Estádio categorial

Estádio impulsivo (0-6meses) – respostas descoordenadas, motricidade automática, inaptidão


motora (dependência social do adulto), estabelecimento dos primeiros vínculos, papel da díade (o
outro como ação na organização da vida psíquica), construção do eu, emerge de uma simbiose
fisiológica para uma simbiose afetiva.

Estádio emocional (6-12 meses) – o bebé senta-se manipula liberta a visão, começa a locomoção e
preensão, reações expressivas, e gestos mais coordenados.

Estádio sensório-motor (12-24 meses) – descoberta do mundo (eu exploro-me explorando-me,


reações circulares, coordenação visuo-motora, individualização do eu, reconhecimento de objetos.

Estádio do personalismo (2-3 anos) – atitude projetiva a palavra repete duplica o gesto, qualquer
pensamento pode projetar-se em ações, imitação como a fusão com o outro e a descoberta.

Estádio personalístico (3-6 anos) – fase das birras e dos porquês, o comportamento evolui da
oposição para a imitação, composto pela crise da oposição (quero/não quero), fase da sedução
(necessidade de ser admirado) e fase da identificação (copia quem admira).  Construção da
personalidade e afirmação social.

Estádio categorial (6-11 anos) – pensamento categorial, capacidade de autodisciplina, noções de


volume ordem.

Adolescência (11-18 anos) – nova crise de identidade, afirmação da vontade própria, mais
autonomia, conquista, diferenciação sexual, entrada no mundo adulto.

TIPOS DE DESLOCAMENTOS:

 Passivos – dependência dos outros, há uma simbiose fisiológica e afetiva, dialogo tónico-
vinculativo, contágio emocional – interoceptividade dominante.
 Ativos – maturação do SN, motricidade mais integrada, equilibração – proprioceptividade
dominante.

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 Práxicos – motricidade organizada, tónus como suporte da motricidade e cognição,
somatognosia (noção de corpo fundamental para organizar as ações) – exteroceptividade
dominante.

VINCULAÇÃO
Temperamento  MãePaiAmbiente

Teoria do apego (Bowlby) – perante uma necessidade ou situação ameaçadora a criança procura a
proximidade para explorar o mundo e não se assusta como o desconhecido/ameaçador.

Circulo de segurança – a criança tem como base segura o outro que lá esta e ao explorar sabe que
o outro está a ver o que ela faz, e que se precisar de ajuda alguém a conforta, recebe, percebe e
organiza os seus sentimentos.

Construção do apego:

1. Confiança de base
2. Contacto com objetos numa situação antecipatória repetida
3. Coordenação postural e motora
4. Eixo corporal em equilíbrio dinâmico
5. Viver o próprio corpo como primeiro espaço psíquico

No recém-nascido há uma indiferenciação das funções motoras e específicas, uma indistinção


entre o próprio corpo e o da mãe e uma amálgama indefinida de tensões.

Sistema tónico inato – funciona por distinção entre o agradável/desagradável, reciprocidade entre
descontração e prazer, a angústia é uma dor psicocorporal, e o apagar do sofrimento depende da
ajuda do outro.

Do nascimento até aos 6 meses a motricidade global é reflexa e depois passa a voluntária
dividindo-se em 3 níveis de organização (motricidade, postura e linguagem) que definem o papel
adaptativo e as bases do pensamento e da comunicação. A comunicação, os gestos e os
movimentos expressivos são carregados de emoção (o corpo é o 1º meio expressivo e a 1º
linguagem utilizada com intencionalidade)

Boa situação relacional promove:

 Interiorização do objeto e das regras de comunicação


 Continuidade do pensamento
 Constituição inicial da unidade corporal

O processo de vinculação oscila entre as necessidades do bebé, os seus sorrisos vocalizações e


movimentos, a figura de vinculação, a proximidade de segurança e a prestação de cuidados e os
modelos operantes internos (modelo de si e do outro).

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Bowlby define quatro estádios:

 Até aos 3 meses – orientação de sinais, numa descrição limite de figuras (só a mãe),
dificuldade de autorregulação, interações sociais de grande intenção.
 Dos 2 aos 3 meses – orientação e sinais dirigidos para uma ou mais figuras discriminadas,
maior variedade e complexidade de trocas afetivas.
 Dos 6 aos 24 meses – manutenção da proximidade através da locomoção e sinais
 Dos 24 aos 30 meses – formação de uma relação reciproca

Influencias na vinculação

Características da mãe:

Qualidade da presença/ausência

Saúde psicológica e bem estar, características de personalidade

Auto confiança, independencia,alegria, adaptabilidade, afetividade

Surge insegurança quando a mãe se mostra ansiosa na fase pré-natal

Características do pai:

1º ano de sensibilidade paterna na vinculação

Na infância o pai tem um papel relevante na exploração do meio e situações de jogo e nas
interações sociais com irmãos, pares mantendo um comportamento social e emocional
adequados.

Como se avalia a vinculação  através de comportamentos interativos

Situação estranha de Mary Ainsworth:

a) Organização segura - o bebe procura a proximidade da FV quando obtém o contacto


mantem o seu evitamento, se ela vai embora pode ter alguns manifestos.
b) Organização insegura-evitante – o bebe afasta-se e ignora a FV na ausência protesta e a
figura estranha é tratada da mesma forma que a FV
c) Organização ambivalente-resistente – há comportamentos de fuga de contacto, inibindo a
exploração do meio, revela passividade
d) Organização desorganizada-desorientada – comportamentos contraditórios bebe
apreensão à FV, esta trás insegurança. (crianças que sofrem de maus tratos)

A vinculação proporciona:

 Relações de maior qualidade com a escola, amigos e pares


 Autonomia em relação ao cuidador autoestima e autoconfiança
 Jogo simbólico, mais entusiasmo e persistência /competências emocionais e linguagem

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TONICIDADE
Tonicidade – papel da função tónica, da emoção nos processos da atividade de relação, são
processos básicos de intervenção. A postura e a atividade sensoriomotora(esquema
sensoriomotor, é interiorizado, armazenado e representado), são como pontos de partida da
atividade intelectual. - Tónus de repouso/ de ação e de atitude

A atividade tónica é uma atividade muscular que prepara a atividade fásica (emoções, reações
posturais, representação mental e tomada de consciência do eu).

Lúria  3 unidades funcionais

1) Regula o tónus, estados de vigília e atenção  base estruturas subcorticais


2) Obtém, capta processa e armazena a informação vinda do exteriorlobos (oxi, temp, par)
3) Programa, regula, e verifica a atividade neocortex

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AUTORES AMERICANOS
Conceção preceptivo motora:

 Importância que o desenvolvimento motor tem no desenvolvimento percetivo


 A informação percetiva é significativa a partir do momento em que se relaciona com
informação motora aprendida
 A informação percetiva deve ser agrupada e categorizada com informação motora

Conclusão: A perceção pode surgir como uma distorção do real quando não convertida com info
motora

Permitir a vivência Generaliza-la Desenvolvercomplexificar

A criança deve ser colocada em situações que desenvolvam a perceção e a precisão do movimento
antes de aprender a ler, os aspetos como ler tender a se integrados para poderem progredir.

KEPHART – A importância do conhecimento do corpo espaço e tempo. É importante a relação


integrada do conhecimento do corpo, e dos objetos caso contrario a aprendizagem fica
comprometida. O desenvolvimento motor antevede o desenvolvimento percetivo, por exemplo:

Leitura implica  descodificação visuo-auditiva

Escrita implica descodificação gráfico-motora

Calculo implica  associação logico espacial

Escrita = imagem + som + grafismo + padrão motor+motricidade fina =PALAVRA

Kephart introduz 3 conceitos:

 Aquisição motora – ação com precisão e controlo para um resultado especifico = praxia
 Padrão motor – ação motora com adaptações de varias ações (Ex lançar a bola a um cesto
o gesto e apenas lançar mas adequado às circunstancias)
 Generalização motora – combinação de padrões mais amplos que o padrão motor –
generalizam o ato de lançar varias coisas)

Logo: Não propor movimentos isolados mas de coordenação motora é muito importante. A
aptidão motora exige a combinação de muitos padrões e os movimentos complexos exigem a
combinação de capacidades motoras.

Capacidades motoras básicas:

 Lateralidade – a nível simbólico é a perceção da direita esquerda segundo o eixo e a


simetria e aprende-se por consciencialização/integração/experiencia; a nível neurológico
tem de haver um hemisfério predominante em relação ao outro.

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 Postura – padrão motor que suporta toda a motricidade, ponto de origem de todas as
direções, controla o centro de gravidade e é o ponto de intersecção das 3 dimensões do
espaço, os ajustamentos posturais dão-nos a consciência do corpo e a noção de
descontrolo
 Direccionalidade – Discriminação da noção esquerda e direita nos objetos está depende do
controlo visual e da informação vestibular, é muito importante a integração da linha media
dos corpo, as relações espaciais evoluem de proximais para distais.
 Noção de corpo – capacidade de organização neurológica integrada das capacidades
motoras anteriores, representa a diferenciação funcional das diversas partes do corpo e
fornece uma consciencialização para explorar o mundo externo.
 Imagem

Generalizações motoras  necessárias para que a criança esteja disponível para o mundo exterior

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