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DESENVOLVIMENTO COGNITIVO

CONCEITOS PIAGETIANOS

Prof. Dr. Carlos Augusto de Carvalho Filho


2024
Considerações importantes
• Ao longo de suas obras, Piaget expõe que os atos cognitivos são atos de
organização e adaptação ao meio, sendo então considerado desenvolvimento
cognitivo os processos mentais que estão permanentemente envolvidos na
aquisição de conhecimentos do indivíduo.

• São mudanças quantitativas e qualitativas das estruturas cognitivas,


denominados de esquemas (estruturas pelas quais os indivíduos intelectualmente
vão se adaptando e se organizando ao meio). Esses esquemas são
constantemente mudados, por meio dos processos de assimilação, acomodação
e equilibração.
CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO
Assimilação e Acomodação (PIAGET, J.)

ASSIMILAÇÃO:
• O que constitui conhecimento não é apenas uma simples associação entre objetos, mas
assimilação dos objetos aos esquemas do indivíduo. A assimilação cognitiva também é
realizada dessa forma. É necessário um esquema que permita a assimilação do objeto do
conhecimento.

(Miranda, 2001)
• A assimilação refere-se ao processo em que não o organismo, mas o objeto é que é
transformado e se torna parte do organismo.

(Biaggio, 1985)
ASSIMILAÇÃO

• “inteligência é assimilação, na medida que incorpora nos seus


quadros todo e qualquer dado da experiência”.
(Piaget, J., 1975)

• Assimilação é “a aplicação de determinados esquemas de ação aos


objetos para poder compreendê-los e interpretá-los”.

(Coll, C., 1999)


ACOMODAÇÃO
• A partir da assimilação dos objetos, a ação e o pensamento se acomodam a estes, reajustando-
se. Há, portanto, segundo Piaget, uma adaptação quando ocorre equilíbrio entre assimilações e
acomodações. Os mecanismos de assimilação são gerais e encontram-se nos diferentes níveis
do pensamento científico.

(Miranda, 2001)

• A acomodação refere-se a mudanças que o organismo faz em suas estruturas a fim de poder
lidar com estímulos ambientais. Na acomodação o organismo se transforma para poder lidar
com o ambiente.

• (Biaggio, 1985)
ACOMODAÇÃO

Ao incorporar os novos elementos nos


esquemas anteriores, a inteligência modifica
incessantemente os últimos para ajustá-los
aos novos dados”.

(Piaget, 1975)
Fases: Cognitiva; Associativa e Autônoma (Aprendizado motor)

• Fase Cognitiva: Movimentos descoordenados, sem eficiência, sem


fluência; requer muita atenção na execução dos novos padrões propostos.
• Fase Associativa: Padrão motor mais estável; erros moderados;
desempenho relativamente consistente.

• Fase Autônoma: elevado nível de precisão; capaz de detectar e corrigir


os próprios erros; automatismo.

(Fitts & Posner, 1968)


Correlações entre as teorias anteriores

• Fase Cognitiva = Assimilação

• Fase Associativa = Assimilação

• Fase Autônoma = Acomodação/Equilibração


Psicologia – conceitos e considerações
• Estudo Científico do Comportamento e das funções mentais do indivíduo (considerando
suas interações com o meio físico e social);

• Psyquê = alma Logos/Logia (razão-conhecimento-estudo)


• Objetiva compreender as funções mentais no comportamento individual e social;

• Estuda os processos Fisiológicos e Biológicos que acompanham os comportamentos e


funções cognitivas;

• Os Psicólogos praticam papéis terapêuticos (Psicologia Clínica/Acompanhamento


Psicológico)
• Campos: Educacional – Esportivo – Saúde – Desenvolvimento – Jurídica – Social, etc.
• (Brasil Escola, 2020 e Sociedade Brasileira de Psicologia)
DESENVOLVIMENTO DA INTELIGÊNCIA

Estágios do Desenvolvimento Cognitivo


(Piaget, Jean, 1969 e 1975)

Prof. Dr. Carlos Augusto de Carvalho Filho


2022
Estágios do Desenvolvimento
• Segundo Piaget (1975), grande estudioso do desenvolvimento infantil em seus
aspectos cognitivos, postulou tal desenvolvimento através de estágios:

• O sensório-motor (0 a 2 anos);

• O pré-operacional (2 a 7 anos);

• O operatório-concreto (7 a 11 anos);

• O operatório formal (12 anos em diante).


Fundamentação
• O desenvolvimento psíquico tem início quando nascemos e termina na idade adulta, sendo
comparável ao crescimento orgânico - evolução - crescimento e maturidade dos órgãos.

• O desenvolvimento mental pode ser entendido como uma equilibração progressiva, uma
passagem de menor equilíbrio para um estado de equilíbrio superior.

• Do ponto de vista do equilíbrio, em relação à criança e ao adolescente, o desenvolvimento mental


é considerado uma construção contínua comparável à edificação de um grande prédio que se
solidifica.
Fundamentação
• A ação humana consiste neste movimento contínuo e perpétuo de
reajustamento ou de equilibração (Piaget, 1969)

• Assim, a aquisição da inteligência depende das sucessivas desequilibrações e


equilibrações que passa o ser humano constantemente em suas ações.

• O indivíduo vai construindo o seu próprio conhecimento a partir de estruturas


pré-formadas.
Estágio Sensório-Motor (0-2 anos)
• Desde as primeiras adaptações sensório-motoras da criança, o processo
de construção do conhecimento ou estruturação da bagagem cognitiva,
começa a se formar a partir dos reflexos e das primeiras interações do
bebê.

• A Coordenação das ações irá proporcionar o surgimento do


pensamento;
Estágio Sensório-Motor (0-2 anos)
O estágio sensório-motor é de fundamental importância no desenvolvimento cognitivo da criança:

• Os movimentos fornecem sensações, que integradas, resultam na percepção, desenvolvendo


desta maneira a cognição, estabelecendo-se um círculo evolutivo;

• Neste período, a criança não internaliza representações mentais. Vai apresentando sensações
e movimentos que servirão como base para o estágio seguinte.

• Não tem capacidade de abstração. A atividade intelectual é de natureza sensorial e motora. A


criança percebe o ambiente e age sobre ele.
Estágio Sensório-Motor (0-2 anos)
• Piaget considera a importância dessas atividades como base para toda atividade
intelectual superior futura, enfatizando a importância do brincar no
desenvolvimento intelectual, e não somente sócio-emocional como se acredita.

• Atribui grande importância à estimulação ambiental como essencial à


progressão intelectual de estágio para estágio - considera a estimulação visual,
auditiva, tátil, manipulação de objetos, locomoção, etc., essenciais ao
desenvolvimento da inteligência.
Estágio Pré-operatório (2/3-7anos)
• O principal progresso desse período em relação ao anterior, é o desenvolvimento da capacidade simbólica;

• A criança passa a não depender unicamente de suas sensações e de seus movimentos;

• Passa a distinguir um significador (imagem, palavra ou símbolo) daquilo que ele significa (o objeto ausente), o
significado;

• Este Estágio é marcado pela época em que há uma verdadeira explosão linguística com a criança;

• Egocentrismo (incapacidade de descentração do pensamento – não consegue se colocar na posição do


outro), centralização (se concentra apenas em um foco, apenas a dimensão do estímulo), estados e
transformações (“não consegue juntar uma totalidade de coisas sucessivas em um todo coerente e
integrado”);
Estágio Pré-operatório (2/3-7anos)
• Irreversibilidade (incapacidade da criança entender fenômenos que são reversíveis);

• Raciocínio transdutivo (a criança chega a conclusões partindo do particular e chegando no particular- o


mundo visto a partir de seus próprios desejos); Aplicação de uma mesma explicação a situações
parecidas ou várias situações (castigo do Papai do céu – trovão, etc.);

• Realismo (atitude concreta – sonhos, nomes e pensamentos são percebidos como entidades tangíveis
(que se pode tocar corporalmente); Tendência de atribuir a realidades psiocológicas (desejos, medos,
fantasia), uma existência física. A fada madrinha, o Lobo mau e o Papai Noel não são ficções.

• Animismo (animar ou atribuir vida a seres inanimados);

• Antropomorfismo (atribuição de características humanas em seres que não são humanos).


Estágio Operatório-concreto (7-11 anos)
• Marcado por grandes aquisições intelectuais, ocorrendo também um crescente incremento do pensamento lógico.

• A criança passa a ter um conhecimento real, correto e adequado de objetos e situações externas, podendo trabalhar com eles de
modo lógico. Porém, operações mentais dizem respeito à realidade e aos objetos suscetíveis de serem manipulados em

experiências efetivas.

• O egocentrismo começa a entrar em declínio neste período. Vão surgindo e ganhando destaque dentro do indivíduo a

cooperação, socialização e alterações no comportamento coletivo necessários nos jogos com regras.

• Pensamento que demonstra uma organização assimilativa, rica e integrada e funciona em equilíbrio com um mecanismo de

acomodação.
Estágio Operatório-concreto (7-11 anos)
• Possui em seu comando um sistema cognitivo coerente e integrado com o
qual organiza e manipula o mundo. A criança é capaz de entender relações
que lhe são apresentadas concretamente.

• As operações (qualquer ato representacional que é parte de um conjunto


de atos interrelacionados) são típicas deste período: operações lógicas de
adição, subtração, multiplicação e divisão; correspondência de termos,
classificação, mensuração, tempo, espaço e mesmo operações que dizem
respeito a sistemas de valores e interação interpessoal.
Estágio Operatório-concreto (7-11 anos)
• O pensamento infantil chega a uma primeira forma de equilíbrio. A criança pode assimilar o real segundo as
próprias leis universais que regem os fenômenos físicos, o entendimento das leis da natureza e baseado
também em leis lógicas do entendimento das relações entre objetos/proposições.

• O conhecimento é adquirido através da interação entre sujeito e objeto.

• O saber vai sendo adquirido à medida que as estruturas do sujeito vão se construindo ao mesmo tempo em
que o objeto é construído por ele. Este interacionismo exerce um papel fundamental no decorrer de todo
desenvolvimento cognitivo. A criança, para poder fazer operações, transformar mentalmente e aprender
fenômenos físicos e lógicos, necessita da capacidade de compreender as conservações.
Estágio Formal ou Abstrato (12 anos em diante)
• Nesse Estágio o adolescente se torna capaz de resolver problemas a respeito de todas as relações possíveis entre eventos. É capaz de
pensar de maneira abstrata, formulando hipóteses e testando-as sistematicamente. Já possui a capacidade de pensar em termos de
possibilidades e possui elementos necessários para utilizar o método experimental da ciência, refletindo-se também em suas preocupações
com problemas abstratos de valores, ideologias e preocupações com o futuro.

• Após os 11 ou 12 anos, o pensamento formal torna-se possível, isto é, as operações lógicas começam a ser transpostas do plano da
manipulação concreta para o das ideias, expressas em linguagem qualquer (a linguagem das palavras ou dos símbolos matemáticos, etc.),
mas sem o apoio da percepção, da experiência, nem mesmo da crença. (PIAGET, 1969, p. 63)

• Este pensamento formal torna possível a construção dos sistemas que caracterizam a adolescência, atribuindo ao pensamento um novo
poder, que se destaca e se liberta do real, permitindo assim, construir de modo próprio as suas reflexões e teorias. Este momento é marcado
pela libertação do pensamento.

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