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Curso de Psicologia

Professora Msc. Mônica Cristina Combat Barbosa

Mestre em Educação Tecnológica pelo CEFET/MG


(Interface entre a Psicologia, a Educação e a Tecnologia)
Especialista em Gestão Estratégica em Recursos Humanos
Licenciatura plena em Psicologia (formação pedagógica)
Especialista em Psicologia Clínica: Gestalt Terapia e Análise
Existencial pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG
Professora de Pós-graduação
Professora Universitária e Supervisora de Estágios
Supervisora de Psicologia Clínica para profissionais formados
Psicóloga Clínica (Fenomenológico-existencial – psicoterapias e
psicoterapia breve) e do Trabalho

BH – MG

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Nosso plano de Ensino
Psicologia do Desenvolvimento

Tema 1 – Apresentação da disciplina


Tema 2 - O Estudo do Desenvolvimento Humano
Tema 3 - Concepção, Período Pré-natal e Perinatal
Tema 4 - Desenvolvimento na Infância
Tema 5 - Desenvolvimento na Adolescência
Tema 6 - Desenvolvimento na Idade Adulta e Terceira Idade

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Introdução a Psicologia do desenvolvimento
“... Estudo das formas de comportamento que,
por sua preferência e marcante incidência em
determinadas etapas da vida acabam por
caracterizar estas etapas e por si constituírem
em seus marcos referenciais”. (ENDERLE,
Carmem, 1990)

O desenvolvimento humano é a formação e o crescimento do


sujeito, influenciado por vários fatores, como características
genéticas, padrões intelectuais e emocionais, grupos de convívio,
crenças, aprendizagens, desenvolvimento físico etc. Seu estudo e
seu conhecimento são aplicados por vários profissionais que
trabalham com seres humanos em diversos contextos e práticas
profissionais.
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Segundo Marchesi e Palácios (2003), os primeiros pensadores que se
preocuparam com o desenvolvimento, articulando questões psicológicas,
são do final do século XIX e início do século XX. Entretanto, os autores
ressaltam que, mesmo antes disso, já nos séculos XVII e XVIII, alguns
filósofos, como John Locke (1632-1704), David Hume (1711-1776), Jean-
Jacques Rousseau (1712-1778) e Immanuel Kant (1724-1804),
apresentavam ideias que influenciariam a Psicologia do desenvolvimento.
Locke acreditava que a mente humana poderia ser comparada, desde o
nascimento, a uma tábula rasa ou a uma página em branco, e que o
ambiente “escreveria” nessa página, formando a psique. Rousseau e Kant
ressaltavam a existência de características inatas do ser humano. Rousseau
ainda dividia a infância em estágios com características próprias.

Todas essas perspectivas filosóficas influenciaram as teorias da Psicologia


que estudam o desenvolvimento.

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Por exemplo, hoje, é comum o entendimento de que o desenvolvimento
humano acontece durante toda a vida. A Psicologia considera que os
indivíduos passam por diferentes etapas do ciclo de vida: infância, juventude,
maturidade e velhice. Mas nem sempre foi assim. A compreensão de que a
adolescência é uma fase do desenvolvimento começa no início do século XX,
quando Stanley Hall (1846-1924) publicou Adolescence, considerado o
começo do estudo da adolescência como área de pesquisa científica (BERNI;
ROSO, 2014).

O estudo sobre o envelhecimento e suas características como uma fase do


desenvolvimento humano é recente. Até pelo menos metade do século XX, a
Psicologia entendia que os anos finais da vida eram de “involução”, e que o
estudo do desenvolvimento deveria focar nos períodos produtivos até a fase
adulta. De fato, durante muito tempo, nem se estudava o desenvolvimento após
a infância. Além disso, não havia articulação entre as diferentes áreas do saber
que estudavam o desenvolvimento. Cada uma estabelecia parâmetros e
critérios para o estudo, o que gerava pesquisas diferentes e eventualmente
contraditórias (VAN GEERT, 2003).
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As variações são imensas, na medida em que há de se considerar combinações
entre diferentes culturas, grupos, famílias, indivíduos, constituição genética,
alimentação, educação formal. Existem três fatores que influenciam o
desenvolvimento humano: hereditariedade, maturação e meio ambiente.

Hereditariedade

Conceituação histórica - Hereditariedade significa o fenômeno em que os genes


e as características dos pais são transmitidos aos seus filhos. São chamadas de
hereditárias as características genéticas e fenotípicas. Para ficar mais claro:
genótipo é o grupo de genes que é recebido do pai e da mãe. Quando juntamos
a combinação desses genes com as influências do meio ambiente, teremos o
fenótipo de um sujeito, as características físicas que podemos observar. A fusão
dos gametas explica a transmissão das características hereditárias nos seres
humanos: o espermatozoide (gameta masculino) e o ovócito secundário
(gameta feminino) contêm 23 cromossomos cada. Os 23 cromossomos do pai
se juntam aos 23 cromossomos da mãe, e assim se transformam no conjunto
cromossômico daquela nova célula que se tornará um novo ser.
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Fazendo um passeio pela história, o médico grego Hipócrates (460-370 a.C.), por
volta de 410 a.C., propôs a pangênese, que indicava uma produção de partículas
de todas as partes do organismo, as quais eram transmitidas no momento da
reprodução. Essa ideia foi bem aceita até o final do século XIX. Depois disso,
Aristóteles (384-322 a.C.) propôs que existia algum material no sêmen (usado no
sentido de gametas) produzido pelos pais que garantia a transmissão de
características.

Mendel (1822-1884) - Mendel é considerado o pai da genética por conta dos


resultados de seus estudos envolvendo ervilhas: após fazer um cruzamento de
variedades de ervilhas, ele analisava como as características eram passadas de
uma geração para outra. Antes mesmo de a estrutura e o funcionamento dos
cromossomos serem conhecidos, Mendel compreendeu os princípios básicos da
hereditariedade.

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Com base em seus estudos, Mendel propôs duas leis (ASTRAUSKAS et al.,
2009). São elas: Lei da Segregação ou Primeira Lei de Mendel.

Cada característica é condicionada por um par de fatores que se separam na


formação dos gametas. Os fatores seriam, de fato, os genes que temos
conhecimento hoje.

Lei da Segregação Independente ou Segunda Lei de Mendel - Os fatores que


determinam diferentes características distribuem-se de forma independente para
os gametas e se combinam ao acaso. As duas leis de Mendel explicam as
variações que existem na transmissão de algumas características, utilizando
regras simples de probabilidade. Elas serviram como base para a ampliação do
conhecimento genético e propuseram a ideia de herança particulada, que
demonstra que os pais passam adiante unidades herdáveis separadas
(atualmente, chamadas de genes). Mendel e seus estudos foram o ponto de
partida para a genética moderna e a compreensão da hereditariedade. Hoje, os
cientistas adotam uma perspectiva interacionista no estudo do desenvolvimento,
articulando as influências do ambiente e da genética (BUSSAB, 2000).
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Maturação - Etimologia - A palavra maturação refere-se a padrões de mudanças
determinados internamente, como tamanho do corpo, forma e habilidades que
começam na concepção e continuam até a morte (BEE; BOYD, 2011). O
desenvolvimento determinado pela maturação, em sua forma pura, ocorre
independentemente da prática ou do treinamento. É um processo inato,
geneticamente determinado e resistente à influência do meio ambiente.
Entretanto, há poucos casos de maturação pura. Mesmo alguns processos, como
ficar de pé na forma bípede, serão muito atrasados ou não existirão se a criança
não for estimulada.

Com apoio de alguns autores do desenvolvimento, podemos definir maturação


como o processo que leva o corpo humano à forma e às funções normais adultas
ou ao estado de completo desenvolvimento morfológico, fisiológico e
psicológico. Esse processo tem, necessariamente, influência da herança genética
e do ambiente (MATSUDO, S. M. M.; MATSUDO, V. K. R., 1991; MALINA;
BOUCHARD; BAR-OR, 2004; BAXTER-JONES; EISENMANN; SHERAR,
2005).

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Baxter-Jones, Eisenmann e Sherar (2005) afirmam que o processo de
maturação apresenta duas fases distintas: o timing e o tempo.

Timing = A idade em que os eventos maturacionais específicos acontecem


(menarca, espermarca, por exemplo) é o timing.

Tempo = Já o tempo diz respeito ao índice e à velocidade com que a maturação


avança e progride em direção ao estado maturacional adulto.

Segundo Malina e Bouchard (2002), as diferenças maturacionais são mais


visíveis entre os 9 e os 14 anos de idade, para o sexo feminino, e entre os 11 e
os 16 anos, para o sexo masculino.

O processo de crescimento, maturação e desenvolvimento humano interfere


diretamente nas relações afetivas, sociais e motoras dos jovens. Adequar os
estímulos ambientais em função desses fatores é fundamental.

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Influências ambientais - Como “meio” podemos entender um conjunto de
influências e estimulações ambientais que pode alterar os padrões de
comportamento do indivíduo. Podemos pensar, por exemplo, na alimentação
dos sujeitos. Desenvolvemos hábitos alimentares mais adequados a uma vida
saudável e ao crescimento em função da forma como somos ou não
estimulados, especialmente por nossa família, durante a formação desses
hábitos. Como nos lembram Rossi, Moreira e Rauen (2008), a escola, as redes
sociais (virtuais ou não), as condições socioeconômicas e culturais influenciam
o processo de construção dos hábitos alimentares da criança e,
consequentemente, do indivíduo adulto.

A ideia do condicionamento do psicólogo behaviorista norte-americano


Frederic Skinner (1904-1990) é uma tecnologia educacional, uma organização
das contingências de reforçamento, pois, considerando o sujeito ativo e
passível de transformação de acordo com sua ação no mundo, a ênfase é dada à
organização do ambiente e sua atuação sobre o sujeito.

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A proposta de tecnologia educacional foi amplamente apropriada pela educação
que ainda hoje se utiliza de premiações/punições para trabalhar
pedagogicamente com os alunos em instituições de ensino. O ambiente externo
constitui uma influência importante sobre o desenvolvimento. Utilizando o
referencial teórico do ciclo vital de Paul Baltes (1939-2006), os seres humanos
são seres sociais que, desde o início, desenvolvem-se dentro de um contexto
social e histórico.

De acordo com Neri (2006), os princípios básicos em sua abordagem do


desenvolvimento do ciclo da vida são:
•O desenvolvimento é vitalício;
•O desenvolvimento envolve ganho e perda;
•Há influências relativas de mudanças biológicas e culturais sobre o ciclo de
vida;
•O desenvolvimento envolve mudança na alocação de recursos;
•O desenvolvimento revela plasticidade;
•O desenvolvimento é influenciado pelo contexto histórico e cultural.

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O contexto de influências do meio mais imediato para o bebê é,
normalmente, a família. Mas o meio familiar também está sujeito
às influências mais amplas e sempre em transformação: do bairro,
da comunidade e da sociedade e, claro, da época histórica. Ao
longo da história, podemos observar diferentes configurações
familiares.

Famílias ampliadas, com muitos membros morando em uma


mesma casa ou em um mesmo terreno, era uma situação comum
em nossa cultura. Hoje, temos mães solo, famílias nucleares
mínimas, famílias com somente um genitor.

Não há, ainda hoje, respostas precisas sobre qual fator é mais
influente do que outro. Diferentes pesquisas destacam fatores
distintos, e nenhuma delas pode ser considerada “melhor” por
isso. 13
Podemos compreender essa questão verificando os estudos de
grandes autores, como Jean Piaget (1896-1980), Lev Vygotsky
(1896-1934) e Sigmund Freud (1856-1939). Cada um deles deu
ênfase a um fator ou a outro. Piaget estudou o desenvolvimento a
partir da intelectualidade, Vygotsky, a partir da socialização e da
influência da história social e da cultura, e Freud, a partir do
aspecto afetivo-emocional.

Existem recortes epistemológicos diferentes, cada teoria


particulariza um ou mais objetos de conhecimento e
investigação.

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Como disciplina científica, a Psicologia do desenvolvimento procura
explorar, descrever e explicar os padrões comportamentais de
estabilidade e mudança, expressos pelo indivíduo durante o seu curso
de vida. Foi instaurada ao longo do século XX, a partir da adoção de
paradigmas metodológicos inspirados no positivismo e nas ciências
naturais.

Inicialmente, o estudo do desenvolvimento humano focava na criança,


considerando o interesse existente, no final do século XIX e início do
século XX, pelos anos iniciais de vida e pela preocupação com os
cuidados e educação das crianças e com o próprio conceito de infância
como um período particular do desenvolvimento (BEE; BOYD, 2011).
Mas a infância, tal como a conhecemos atualmente, nem sempre foi
reconhecida como tal. No decorrer da história, as crianças receberam
diferentes representações. Assim, durante muito tempo, a infância não
“existia” ou não era considerada. Foi somente ao final do século XVIII
que essa fase da vida passou a ser considerada período fundamental
para o desenvolvimento posterior. 15
Hoje, há um consenso de que o estudo do desenvolvimento humano deve focar
em todo o ciclo vital, ou seja, observar o conjunto das fases da vida em que se
espera uma série de transições e superação de diversas provas e de crises.

As teorias do desenvolvimento humano ajudam a organizar os fatos desse


processo e a interpretar seus significados. Portanto, os pesquisadores formulam
essas teorias e precisam delas. As teorias contêm afirmações (princípios)
testáveis. A suscetibilidade a testes constitui um elemento essencial de
autocorreção das teorias do desenvolvimento humano. As teorias também são
generalizáveis entre os indivíduos e procuram explicar características da
natureza humana que sejam comuns a todos os indivíduos ou à grande parte
deles, o que ajuda a estabelecer um padrão e a dar informações importantes aos
profissionais que trabalham com o desenvolvimento. A elaboração de uma
teoria é o produto de uma sequência formal de passos, que teve início,
possivelmente, com a observação de um evento que interessava ao pesquisador,
envolvendo a formulação e o teste de hipóteses, bem como uma análise dos
dados obtidos.

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Em seu trabalho de revisão da construção histórica da Psicologia do
desenvolvimento até chegar à epistemologia qualitativa, Souza, Branco e Oliveira
(2008) analisam o estudo de três outros autores e agrupam as orientações
metodológicas da Psicologia do desenvolvimento em três fases. É um interessante
trabalho a ser considerado, tendo em vista a compreensão de como são definidas
as propostas metodológicas das pesquisas na área. As pesquisas também são
influenciadas por aquilo que chamamos de zeitgeist ou espírito científico da
época histórica em que ocorrem. Afinal, como muito bem nos informa Bock,
Furtado e Teixeira (2018), toda e qualquer produção humana, seja uma teoria seja
um computador, tem por trás a contribuição de inúmeros homens, que, em um
tempo anterior, fizeram pesquisas, realizaram descobertas, inventaram técnicas e
desenvolveram ideias, ou seja, por trás de tudo, existe a história. Entre o final do
século XIX e as primeiras décadas do século XX, é possível identificar alguns
teóricos que adotam uma Psicologia do desenvolvimento qualitativa, marcada
pelo pensamento universalizante. Suas explicações são limitadas, muitas vezes,
aos processos de maturação. Nessa fase, havia um foco nas relações e na
complexidade, sendo habitual o uso de observações detalhadas, diários e
entrevistas clínicas.
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Autores e achados científicos

Piaget

A mais famosa das teorias do desenvolvimento cognitivo foi desenvolvida por


Piaget, que criou um campo de investigação denominado Epistemologia Genética. A
partir do estudo das concepções infantis de tempo, espaço, causalidade física,
movimento e velocidade, o biólogo suíço apresentou uma teoria do conhecimento
centrada no desenvolvimento natural da criança. Segundo o estudioso, o pensamento
infantil passa por quatro estágios (sensório motor, pré-operatório, operatório
concreto, operatório formal), desde o nascimento até o início da adolescência,
quando a capacidade plena de raciocínio é atingida.

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Autores e achados científicos

Skinner

Já Skinner apresentou o conceito de comportamento operante: o sujeito ativo


age sobre o mundo e enfrenta as consequências de suas ações. Consequências
referem-se ao reforço: evento com possibilidade de fortalecer o comportamento.

Reforço positivo = O sujeito emite um comportamento, por exemplo, copiar


frase do quadro na escola, e o ambiente lhe dá uma “consequência” pelo seu
comportamento, como um elogio do professor. Essa consequência do seu
comportamento é definida como reforço positivo, ou seja, o fortalecimento de
uma resposta devido à apresentação de determinado estímulo a ela contingente.

Reforço negativo = Já o reforço negativo está relacionado ao aumento na


frequência de uma resposta por causa da remoção contingente de um estímulo.
Por exemplo, o sujeito emite o comportamento de copiar a frase no quadro, pois
assim evita levar uma reprimenda do professor (SKINNER, 1974).

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Autores e achados científicos

Vygotsky

Para Vygotsky (2013), aprendizagem e desenvolvimento têm uma relação complexa: a


aprendizagem nutre o desenvolvimento, e vice-versa. O desenvolvimento é tomado em
dimensão prospectiva, e o bom ensino passa adiante do desenvolvimento e o direciona,
contribuindo para o desenvolvimento das funções psicológicas superiores. Essa teoria
tem papel importante e inovador na descrição dos processos de desenvolvimento
cognitivo e aprendizagem e na concepção de programas de ensino. A consciência
humana é produto da história social. O desenvolvimento e a aprendizagem estão
interrelacionados desde o nascimento, pois o aprendizado movimenta o processo de
desenvolvimento (VYTOTSKY, 2013), diferentemente daquilo que acredita Piaget
(2014). Vygotsky (2013) esclarece a exata relação entre aprendizagem e
desenvolvimento quando afirma categoricamente que aprendizado não é
desenvolvimento. Qualquer aprendizado adequadamente organizado, entretanto, produz
um desenvolvimento mental superior por estimular processos que, de outra forma, não
são estimulados: “[...] o processo de desenvolvimento progride de forma mais lenta e
atrás do processo do aprendizado” (VYTOTSKY, 2013, p. 118-119).

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Autores e achados científicos

Freud

Freud foi o primeiro teórico a falar cientificamente sobre a sexualidade infantil.


Considerando o clima intelectual da época, ou zeitgeist, não era comum/esperado
relacionar a sexualidade à infância. A sexualidade é uma dimensão humana essencial
e deve ser entendida e estudada como tema e área de conhecimento. Ao descrever o
desenvolvimento da personalidade humana como psicossexual, o que se desenvolve
é a maneira pela qual a energia sexual do id (a parte mais primitiva da mente) se
acumula e é descarregada à medida que amadurecemos biologicamente. Freud
(1996) descreve o desenvolvimento da sexualidade e articula a infância dos sujeitos
na origem dos conflitos neuróticos. Apesar de não ter trabalhado diretamente com
crianças (suas propostas teóricas são fruto, fundamentalmente, de sua escuta clínica
dos adultos), suas ideias estão presentes hoje na nossa cultura. A Psicanálise de
Freud revolucionou as crenças científicas do século passado e continua produzindo
discussões acaloradas sobre as motivações do sujeito humano.

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Autores e achados científicos

Erik Erikson

Para o psicanalista alemão Erik Erikson (1902-1994), responsável pela teoria do


desenvolvimento psicossocial, a vida humana realiza-se no ciclo de vida,
entendido como processo de desenvolvimento que começa com a história dos
pais, tem continuidade na infância, passa pela idade adulta até a velhice.
Interessante perceber como fatores de antes mesmo do nosso nascimento, como
o desejo dos pais ou a falta de desejo, podem influenciar em nosso
desenvolvimento. Cada fase da vida se relaciona de forma articulada e
profunda com as outras, e cada período da vida tem os seus desafios e suas
conquistas. A vida é, portanto, entendida como intergeracional.

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Autores e achados científicos

Paul Baltes

Para Paul Baltes, o desenvolvimento é um processo contínuo, multidimensional


e multidirecional de mudanças, influenciado por fatores genético-biológicos e
socioculturais de natureza normativa (experimentado de modo semelhante pela
maioria das pessoas em um grupo) e não normativa (eventos incomuns que têm
grande impacto sobre vidas individuais), marcado por ganhos e perdas
concorrentes e pela interatividade indivíduo-cultura e entre os níveis e tempos
das influências. Segundo Neri (2006), a Psicologia do envelhecimento tem
ganhado espaço nas últimas décadas devido ao reconhecimento da teoria
lifespan (de desenvolvimento ao longo de toda a vida). Sua utilidade para os
estudos acerca do envelhecimento humano, destacando que o desenvolvimento é
um processo que ocorre ao longo de toda a vida, sempre equilibrando uma série
de ganhos e perdas.

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OBS: Não existe uma teoria do desenvolvimento única e
amplamente aceita como universal. Os teóricos enfatizam
aspectos diferentes, seus métodos de pesquisa, suas formas
de interpretar os dados e de construir suas considerações
definem um referencial, uma perspectiva teórica. As teorias
devem dialogar entre si.
É o estudo científico dos modos
qualitativos e quantitativos nos
quais as pessoas mudam ou não
Desenvolvimento
no decorrer do tempo quanto a
humano sua evolução enquanto ser
humano. A mudança qualitativa
refere-se ao surgimento de outras
características (fenômenos) não
previstos até o presente
momento.

OBS: As mudanças envolvem desenvolvimento e são


sistemáticas e adaptativas. 24
Mudanças quantitativas: mudança em quantidade
(número), aumento de peso, altura, aumento do número de
palavras na fala infantil

Mudanças qualitativas: mudança de tipo, estrutura de


organização e aquisição de novas características como o
andar, falar, pensar.

O estudo do desenvolvimento humano focaliza a


descrição, a explicação, a previsão e a modificação do
comportamento, conseqüentemente a modificação no
desenvolvimento para promover
um desenvolvimento ótimo.

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Conceito de sujeito - Ser humano = Sujeito biopsicossocial e espiritual

Bio = aspecto biológico, fisiológico (o corpo e seu complexo


metabolismo)

Psico = aspecto psicológico, aparelho psíquico, psique humana (alta


complexidade)

Social = aspecto cultural = Fatores, valores, normas e condutas relativas às


diferentes culturas. A importância da cultura e sobretudo as pesquisas que
abordam as questões culturais com relação ao desenvolvimento humano se
refere a descoberta de aspectos universais característicos e intrínsecos à
condição humana e os aspectos determinados culturalmente.

Espiritual = junção da razão X emoção transcendente a si mesmo

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Ciclos de vida = fases = estágios = períodos

Pré-natal – Infância – Adolescência – Adulto


(maturidade) – Terceira idade

Cada ciclo é influenciado pelo anterior e o próximo


estágio tem como base o momento atual de
desenvolvimento.

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ATENÇÃO: O desenvolvimento humano não ocorre de
forma fragmentada e nem “saltando” as etapas. Uma fase
não se fecha em outra, mas se altera processualmente,
se torna mais complexa, se enriquece. O
desenvolvimento é um processo contínuo.

OBS: Nenhuma etapa é mais importante que a outra, avalia-


se o momento em que a pessoa se encontra e é nele que se
devem priorizar mecanismos que proporcionem um
desenvolvimento ótimo.

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Áreas = Principais aspectos do desenvolvimento humano
(Cognitivo; Físico; Social; Emocional.

Em termos de sujeito (único e singular), os aspectos conferem


o caráter de complexidade do desenvolvimento humano.

Físico: Cérebro – capacidade sensorial – habilidades motoras

Cognitivo: memória, percepção, linguagem, pensamento

Psicossocial: forma de agir, comportar e sentir em relação a


si próprio e a outras pessoas de acordo com o contexto que a
pessoa está inserida e ainda é uma área determinada cultura.

Emocional: refere-se às emoções propriamente ditas, no


âmbito intrapsísquico ao interpsíquico.
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Quaisquer dúvidas fiquem à vontade.

Professora Msc. Mônica Combat


monicacombat@gmail.com

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