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Desenvolvimento Infantil: Aspectos Gerais
Ariádny Abbud

O campo do desenvolvimento humano concentra-se no seu estudo


científico dos processos sistemáticos da mudança e estabilidade que ocorrem
nas pessoas (células, bebê, criança, adulto).
Os cientistas do desenvolvimento buscam identificar essas mudanças e
estabilidades por meio de pesquisas, e as variáveis que influenciam no
desenvolvimento.
À medida que foi crescendo os estudos, os objetivos dos pesquisadores
passaram a incluir: descrição, explicação, previsão e intervenção.
Para descrever quando a maioria das crianças pronúncia sua primeira
palavra ou qual o tamanho do vocabulário numa certa idade, os cientistas
observavam grandes grupos de crianças e estabeleceram normas, ou médias,
para o comportamento em várias idades (Papalia; Feldman, 2013).

Domínios do Desenvolvimento
Os domínios do desenvolvimento são: físico, cognitivo e psicossocial.
Eles se interrelacionam, e se afetam.

Crescimento do corpo e do cérebro, capacidades


FÍSICO sensoriais, habilidades motoras e a saúde.

Aprendizagem, atenção, memória, linguagem,


COGNTIVO pensamento, raciocínio e criatividade.

PSICOSSOCIAL Emoções, personalidade e relações sociais

(Papalia; Feldman, 2013).

Períodos do Ciclo de Vida


A divisão do ciclo em períodos é uma construção social. Não há nenhum
momento objetivamente definível em que uma criança se torna adulta ou um
jovem se torna velho. O próprio conceito de infância é uma CONSTRUÇÃO
SOCIAL. (Papalia; Feldman, 2013).

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Primeira, Segunda, e Terceira Infância é um conceito construído.

“Embora existam diferenças individuais na maneira como as pessoas


lidam com eventos e questões características de cada período, os
cientistas do desenvolvimento sugerem que certas necessidades
básicas precisam ser satisfeitas e certas tarefas precisam ser
dominadas para que ocorra um desenvolvimento normal.” (Papalia;
Feldman, 2013).

Hereditariedade e Ambiente

“Algumas influências sobre o desenvolvimento têm origem


principalmente na hereditariedade: traços inatos ou características
herdadas dos pais biológicos. Outras influências vêm em grande
parte do ambiente: o mundo que está do lado de fora do eu, e a
aprendizagem relacionada à experiência” (Papalia; Feldman, 2013).

Qual desses dois fatores causa maior impacto sobre o desenvolvimento?


A genética ou o ambiente?
Não se tem uma resposta exata para isso ainda. Os cientistas até
encontraram meios para medir com mais precisão numa determinada
população, porém considerando uma determinada pessoa, a pesquisa relativa
a quase todas suas características aponta para uma combinação de
hereditariedade e experiência.
Por exemplo: A inteligência

“Embora a inteligência seja fortemente influenciada pela


hereditariedade, a estimulação parental, a educação, a influência dos
amigos e outras variáveis, também afetam” (Papalia; Feldman, 2013).

Teóricos e pesquisadores contemporâneos estão mais


interessados em descobrir meios de explicar como a genética e ambiente
operam juntos do que argumentar sobre qual é mais importante.

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“Para entender o desenvolvimento humano, portanto, precisamos
considerar as características herdadas que dão a cada pessoa um
ponto de partida especial na vida, e precisamos levar em conta os
muitos fatores ambientais, ou experiências que afetam o
desenvolvimento” (Papalia; Feldman, 2013).

Epigenética
A epigenética é uma ciência que busca compreender como alterações
na expressão de genes ocorrem sem alterações nas letras do alfabeto do DNA.
Por muitos anos, considerou-se que os genes eram os únicos responsáveis
por passar as características biológicas de uma geração à outra. (Araújo,
2017).
Entretanto, esse conceito tem mudado e hoje os cientistas sabem que
variações não-genéticas (ou epigenéticas) adquiridas durante a vida de um
organismo podem frequentemente serem passadas aos seus descendentes
(Araújo, 2017).
As modificações epigenéticas podem ser herdadas no momento da
divisão celular (mitose) e irão ter um profundo efeito na biologia do organismo,
definindo diferentes fenótipos (i.e., morfologia, desenvolvimento,
comportamento etc.) (Araújo, 2017).
DNA trabalha com muitos parceiros epigenéticos. A metilação do DNA,
por exemplo, influencia a forma que os genes são expressos sem alterar a
sequência de DNA subjacente. Outros eventos epigenéticos, como
modificações pós-tradução em histonas e microRNAs interagem, regulando a
abertura da cromatina e leitura (transcrição) do DNA. A herança epigenética
depende de pequenas mudanças químicas no DNA e em proteínas que
envolvem o DNA (Marx, 2012).
Existem evidências científicas mostrando que hábitos da vida e o
ambiente social em que uma pessoa está inserida podem modificar o
funcionamento de seus genes. Tais características fazem da epigenética uma
importante moduladora do processo de desenvolvimento humano e uma área
em grande expansão na última década (Vieira, 2017).

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Diferença em Genótipo e Fenótipo
Fundamentalmente, o processo epigenético caracteriza-se por contribuir
com diferentes fenótipos alternativos emergindo em um organismo a partir de
seu genótipo. Esses fenótipos alternativos podem ser induzidos por
determinados cenários ambientais (interno ou externo ao organismo) que, por
sua vez, influenciam diferentes estados epigenéticos, de um ou mais lócus do
genoma do organismo (Vieira, 2017).
Genótipo refere-se à composição genética de uma célula. Para cada
característica individual, como forma do cabelo ou cor dos olhos, uma célula
contém instruções sobre dois alelos, que são formas alternativas do gene
obtidos da mãe e do pai. O genótipo de um indivíduo se refere à combinação
desses dois alelos e pode ser homozigoto (onde os alelos são iguais) ou
heterozigotos (quando os alelos são diferentes) (Vieira, 2017).
Já o fenótipo refere-se a um traço que pode ser observado, na forma de
características físicas ou comportamento. O genótipo de um indivíduo inclui
suas todas as suas informações hereditárias, mesmo que não sejam expressas
no fenótipo. Esta informação é determinada pelos genes transmitidos pelos
pais durante a concepção. Já o fenótipo de um indivíduo inclui apenas os
genes expressos. Por exemplo, se um indivíduo tem um alelo de “olhos azuis”
e um alelo de “olhos castanhos”, mas ele nasceu com olhos azuis, o fenótipo
inclui apenas o gene expresso "olhos azuis”. (Vieira, 2017).
O Fenótipo de um indivíduo pode mudar durante sua vida, dependendo
de como o ambiente os afeta e quais genes são expressos. Por exemplo, uma
criança pode nascer com olhos azuis e seus olhos se tornarem verdes depois
de um tempo. Sabe-se ainda que a herança epigenética viabiliza a transmissão
de informações que não são codificadas pelos genes de uma célula-mãe para
a célula-filha, ou de geração para geração. (Vieira, 2017).

Como Ocorre o Processo Epigenético


A formação do embrião depende da captação de sinais pelas células,
sinais estes que podem vir de dentro das próprias células, de células vizinhas
(incluindo as células da mãe) e do meio externo (do ambiente). Os sinais
recebidos pelas células irão determinar não somente a morfologia e fisiologia

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do futuro embrião e indivíduo, mas também o seu comportamento (Vieira,
2017).
Nesse sentido, as células respondem a nutrientes e hormônios, mas
também a sinais físicos, como calor e frio, e comportamentais, como estresse e
carinho.
Para que todos esses sinais tenham reflexos na molécula de DNA sob a
forma de modificações epigenéticas, eles precisam alcançar um compartimento
crucial da célula, o núcleo. (Marx, 2012).

O núcleo é responsável por abrigar o DNA, entre outras moléculas (i.e.,


proteínas e RNA). Entretanto, sabemos que a molécula de DNA é infinitamente
maior do que o próprio núcleo; sendo assim, as histonas se especializaram
para empacotar a molécula de DNA numa estrutura chamada de nucleossomas
para que coubessem no núcleo da célula.
O DNA é composto pelos genes, e que muitos dos genes precisam ser
expressos (ou seja, eles precisam decodificar suas sequências na forma de
proteínas, que efetivamente são as moléculas que fazem as células
funcionarem). Se o DNA permanecesse totalmente enrolado dentro do núcleo
da célula, os genes não seriam capazes de serem expressos na forma de
proteínas. É justamente nesse momento que entra a epigenética. As histonas

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ficam responsáveis por “desempacotar" o DNA para que os genes fiquem
acessíveis à ação de proteínas (os fatores de transcrição, que efetivamente
disparam a ativação dos genes), e possam ser expressos. Depois “empacotar"
para ficarem guardados no núcleo da célula novamente. (Araújo, 2017).

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Referências Bibliográficas

ARAÚJO, L. A. L. Evolução Biológica: da pesquisa ao ensino. Editora Fi. 177-


212. (2017)

CECIL, C., WALTON, E., JAFFEE, S., O'Connor, T., Maughan, B., Relton, C.,
BARKER, E. Neonatal DNA methylation and early-onset conduct problems:
A genome-wide, prospective study. Development and Psychopathology, 30(2),
383-397. doi:10.1017/S095457941700092X (2018).

JUNIOR, A. J. P. F., DE TOLEDO NERIS, A. R. M., & DE OLIVEIRA, I. P.


Epigenética e Psicologia: Uma Possibilidade de Encontro entre o Social e o
Biológico. Revista Internacional em Língua Portuguesa, (34), 15-36. (2018).

NORO, Grazielle, & GON, Márcia Cristina Caserta. Epigenética, Cuidados


Maternais e Vulnerabilidade ao Estresse: Conceitos Básicos e
Aplicabilidade. Psicologia: Reflexão e Crítica, 28(4), 829-839. (2015).

MARX V. Epigenetics: Reading the second genomic code. Nature. 2012;


1;491(7422):143-7.

PAPALIA, D. E.; FELDMAN, R. D. Desenvolvimento Humano. Editora


Artmed. (2013)

VIEIRA, G. C. Admirável mundo novo: epigenética. Evolução Biológica: da


pesquisa ao ensino. Porto Alegre, Editora Fi, 177-212. (2017).

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