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Questões sobre o tema da Genética

1. Quais são os fatores responsáveis pela transmissão das características


genéticas?
Os principais responsáveis pela transmissão da informação genética hereditária
de geração em geração são as células germinativas (gâmetas). Estas formam-se
no momento da junção do óvulo com o espermatozoide, formando-se o ovo, a
primeira célula que constitui o indivíduo. Dentro de cada uma destas células,
encontram-se os cromossomas, que transportam os genes, as unidades
biológicas mais simples que contêm a informação genética determinante da
constituição orgânica do indivíduo.

2. Qual é o papel dos cromossomas e dos genes no processo genético?


Tanto os cromossomas como os genes desempenham um papel fundamental
no processo genético. Os cromossomas são constituídos por longos e finíssimos
filamentos enrolados, que contêm ADN e proteínas. Os cromossomas são o
suporte dos genes, são eles que armazenam toda a informação contida nesses
pequenos segmentos a que corresponde um código distinto, uma informação
para produzir uma determinada proteína ou controlar uma certa característica.
Ou seja, os cromossomas contêm vários genes, que são responsáveis por todas
as características físicas de um indivíduo.

3. Que tipos de cromossomas existem?


Além dos 22 pares de cromossomas comuns que cada indivíduo possui no
núcleo das suas células, existe também um par de cromossomas distinto. Trata-
se de um par de cromossomas sexuais, que é diferente nos dois sexos, sendo
XX na mulher e XY no homem, ou seja, é o pai quem define o sexo do bebé.

4. O que são genes de desenvolvimento?


Os genes não são todos iguais, tendo uns uma maior relevância que outros. Os
genes de desenvolvimento, ou também designados os genes comandantes, são
os que codificam a forma do organismo definido. Estes desempenham o padrão
do organismo, permitindo que se defina as dimensões e a forma dos órgãos,
determinando o número, a forma e a localização das células que os constituem.
Também se designam por “genes arquitetos” pois a sua expressão permite
definir a forma do indivíduo.

5. Qual é a estrutura do ADN?


O ADN é constituído por duas cadeias que são constituídas por nucleótido, um
conjunto formado por uma desoxirribose, uma base azotada e um grupo
fosfato. Ambas as cadeias formam uma dupla hélice.

6. Em que consiste o genoma?


O genoma consiste no conjunto de todos os genes que um indivíduo contém no
interior das suas células.

7. Distingue gene dominante de gene recessivo.


O gene dominante é aquele que se manifesta mesmo em dose simples no
genótipo, ou seja, produzem efeitos mesmo que estejam só presentes num dos
cromossomas do par. O gene recessivo é aquele que apenas se manifesta
apenas quando se encontra em dose dupla no genótipo, pois na presença de
um gene dominante, este torna-se inativo. Assim, o gene recessivo é aquele
que só produz efeitos se estiver presente nos dois cromossomas do par.

8. Explica de que modo a meiose promove a variabilidade genética.


A meiose consiste em duas divisões sucessivas do núcleo, onde ocorre a
redução do número de cromossomas para metade. Durante este processo, os
cromossomas homólogos separam-se aleatoriamente, o que contribui para o
aumento da variabilidade genética, ou seja, aumenta o conjunto de variações
genéticas que podem existir entre os membros de uma população.

9. Explica a diferença entre genótipo e fenótipo, explicitando a relação entre


eles.
O genótipo corresponde à coleção de genes de um indivíduo, e resulta do
conjunto de genes provenientes da mãe e do pai. É a constituição genética de
um indivíduo, o conjunto das determinações genéticas hereditárias que podem
ou não ser expressas, conforme as características do meio em que se
desenvolve. O fenótipo designa a aparência do indivíduo, ou seja, o conjunto
das características observáveis. O fenótipo é, assim, o conjunto de caracteres
individuais de origem genética que receberam modificações decorrentes da
relação com o meio. Ou seja, o fenótipo é a atualização do genótipo, a sua
manifestação e materialização.

10. O que se entende por hereditariedade? E por hereditariedade específica e


individual?
Hereditariedade é a transmissão biológica de caracteres e comportamentos dos
pais para os filhos. A hereditariedade individual corresponde à transmissão de
um conjunto único de características singulares que distingue quem as recebe
de todos os outros seres vivos pertencentes à mesma espécie. A
hereditariedade específica corresponde à transmissão dos progenitores à
geração seguinte dos caracteres comuns aos indivíduos de uma espécie e que
os distingue de espécies distintas.

11.Ontogénese e filogénese são noções diferentes, embora complementares.


Justifique esta afirmação.
Tanto a ontogénese como a filogénese são conceitos relacionados com a
evolução. A ontogénese designa o desenvolvimento do ser individual, desde o
embrião à velhice. A filogénese relaciona-se com a explicação dos mecanismos
de transição de uma espécie para a outra, desde o aparecimento da vida na
terra até ao aparecimento da espécie humana. Os processos filogenéticos
referem-se ao conjunto de processos biológicos de transformação e
diferenciação das espécies. Ambos estes conceitos se relacionam pois a
ontogénese leva à filogénese, ou seja, são as transformações individuais que
permitem a adaptação a um ambiente diferente, levando ao aparecimento de
espécies com diferentes características, ou seja, a filogénese é o resultado de
uma série de ontogéneses, ou seja de mutações ou transformações dos seres
vivos mais aptos. É a interação entre fatores genéticos e fatores ambientais que
permite a adaptação dos seres vivos ao meio ambiente, condição de garantia
da sua sobrevivência.

12. O homem é um programa fechado ou um programa aberto? Responda à


questão clarificando as noções referidas.
O homem é um programa aberto, pois não está programado a seguir de um
modo fixo a sua conduta. A noção de programa genético aberto define-se como
uma sequência de comportamentos que são construídos pela conjunção da
genética com os fatores do meio. O homem é um programa aberto pois está
sempre a trocar informação com o ambiente, sendo sensível a este e
integrando a sua influência. Os seres humanos não dependem de um conjunto
de instintos que definem o seu comportamento. O desenvolvimento da
inteligência, fruto da aprendizagem e do conhecimento, demonstram como o
ser humano é uma espécie eficaz na adaptação à mudança. Por outro lado, a
maioria dos restantes animais é um programa fechado, pois os seus
comportamentos são previstos de forma determinada. Os animais são têm, de
uma forma geral, especializações, adaptações ao meio específico em que se
encontram. No entanto, estas especializações constituem limitações, pois
funcionam apenas nos nichos ecológicos de uma determinada espécie, sendo
que essas capacidades de pouco servem num ambiente em mudança. A
ausência dessas especializações no ser humano constitui uma vantagem, pois a
não especialização dá ao Homem a capacidade para enfrentar situações
imprevistas e assim adaptar-se melhor ao meio em mudança.

13. Por que razão o processo de neotenia representa uma vantagem para a
espécie humana?
A neotenia designa o inacabamento biológico do ser humano no momento do
seu nascimento, o que implica que a infância humana seja tão longa, ou seja, o
processo de desenvolvimento continua mesmo após o nascimento. Esta
prematuridade do ser humano acaba por ser vantajosa em termos de
adaptação e desenvolvimento, pois a aprendizagem irá cumprir as tarefas que
nos animais são determinadas pela hereditariedade, ou seja, o ser humano tem
de aprender o que a hereditariedade propicia em outras espécies, como andar,
comer, falar etc. O inacabamento biológico torna o processo de adaptação ao
meio mais flexível, havendo uma maior versatilidade e plasticidade durante
esse processo. A necessidade de o Homem criar a sua própria adaptação, leva à
origem da cultura, que é depois transmitida de geração em geração.

14. Explica a determinação genética e epigenética do comportamento.


O comportamento do ser humano depende de múltiplos fatores que interagem
entre si, considerando-se que estes podem ser influenciados
predominantemente pela hereditariedade ou por um conjunto de fatores
decorrentes do meio.

Vantagens do inacabamento humano:


A neotenia é a capacidade dos seres humanos manterem, enquanto adultos,
características próprias da idade juvenil. O carácter neoténico dos seres humanos
representa o seu inacabamento (ou incompletude) biológico, o que acentua
diferenças entre a espécie humana e os outros animais. O ser humano demora
muito tempo a manifestar as características próprias da adultez, ao contrário dos
restantes animais, cujo período de maturação é relativamente curto. No homem,
parece existir uma duração interminável da infância, as crianças revelam uma
grande dependência dos adultos. No fundo, a neotenia é uma lentificação do
desenvolvimento, um adiamento da maturação que retarda a aquisição de
competências adequadas ao desempenho de papéis próprios do adulto. Ao
contrário dos restantes animais, cuja conduta implica a adopção de padrões fixos
de reacção e preformados (instinto), os seres humanos não se especializaram,
mantendo uma anatomia generalista. A neotenia acaba assim por ser uma
vantagem na evolução da espécie humana: somos dotados de uma plasticidade
comportamental, não nos confinamos a um único “habitat”. O atraso da
maturação permitiu o aparecimento de uma maior capacidade de aprendizagem e
a ampliação do cérebro, o desenvolvimento de instrumentos e conhecimentos
necessários à sobrevivência e a criação de uma complexidade sociocultural.
Através da notável capacidade de aprendizagem dos seres humanos que a
neotenia proporciona, há lugar para uma regressão dos instintos, por exemplo, ao
contrário dos restantes primatas, o comportamento sexual humano pode
acontecer em qualquer fase do ciclo da vida. A sexualidade humana, mais do que
um padrão biológico fixo, é cultural e socialmente regulada (o homem não tem um
período de “cio” como os restantes animais). A espécie humana está
“programada” para aprender continuamente, para ser capaz de imaginar soluções
para os problemas surgidos na adaptação. A neotenia está ligada directamente ao
desenvolvimento cerebral dos seres humanos, de modo que a capacidade de
aprender ao longo da vida liberta-nos da rigidez instintiva – é por isso que
representa uma vantagem na filogénese da humanidade. As condutas instintivas
tendem a ser substituídas por condutas aprendidas. No homem, a natureza é
cultura – o homem é um ser culturalizado. A neotenia permite compensar a
inferioridade biológica com a aprendizagem sociocultural. Deste modo, o ser
humano está programado geneticamente para um inacabamento, quando surge à
existência é ainda demasiado prematuro e extremamente dependente dos
cuidados maternos e paternos para sobreviver: a aprendizagem, que decorre num
longo processo de maturação, acaba por se revelar numa vantagem a longo prazo,
dado o carácter complexo do comportamento humano e a sua enorme
flexibilidade adaptativa.

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