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PSICOLOGIA 12º ano

Agentes responsáveis pela transmissão genética

Hereditariedade: conjunto de processos biológicos que presidem à transmissão das


características dos pais à sua descendência.
Genética: estudo da variabilidade dos carateres individuais e a sua transmissão a geração
seguinte.

 Células Germinais
O óvulo e o espermatozoide são células germinais/reprodutoras originárias, respetivamente,
da mãe e do pai. São o veículo das características recebidas dos nossos ascendentes.

 Ovo
Primeira célula do indivíduo, resultante da fecundação do óvulo, efetuada por um
espermatozoide. É no momento da formação do ovo que recebemos todo o nosso património
hereditário.

 Cromossomas
Elementos integrantes do núcleo de cada célula, transportadores de genes, que são as
unidades básicas da hereditariedade.

 Genes
Os genes estão alojados nos cromossomas e são as unidades básicas da hereditariedade. Têm
a função de armazenamento do património genético, bem como a sua transmissão. Contêm a
informação responsável pela constituição orgânica do ser vivo.
Recentemente foram identificados os genes de desenvolvimento, que codificam a forma do
organismo definindo, por exemplo, a pertença a uma dada espécie. São estes genes que
desenham o plano, o padrão do organismo. É este tipo de genes que define as dimensões e as
formas dos diferentes órgãos determinando o número, a forma e a localização das células que
os formam. São, por isso, designados também por “genes arquitetos”, dado que a sua
expressão permite construir o organismo do indivíduo.
O padrão de desenvolvimento do organismo não está preestabelecido. Apesar de a natureza
das células não mudar, podem originar um ou outro órgão como consequência de mutações,
de modificações no plano de organização, de construção do organismo.
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Gémeos verdadeiros (monozigóticos) - têm origem num único ovo que se divide em dois,
originando dois embriões idênticos.
Gémeos falsos (dizigóticos) – provêm de dois óvulos fecundados por dois espermatozoides
diferentes; possuem cada um a sua própria identidade.

 ADN (ácido desoxirribonucleico): molécula complexa formada por subestruturas de


fosfatos, bases e açúcares, cuja sequência determina toda a informação genética transmitida
pelos cromossomas.
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Influências genéticas e epigenéticas no comportamento

 Hereditariedade específica e individual


Há dois tipos de características que se transmitem geneticamente de pais para filhos: umas
comuns a toda a espécie, manifestam-se em todos os indivíduos; outras mais originais, são
próprias de cada um deles.
Hereditariedade específica: transmissão à geração de características comuns a todos os
indivíduos duma espécie e que os diferencia de todas as outras espécies
Hereditariedade individual: conjunto único de características herdades por um indivíduo e que
o distingue de todos os que integram a sua espécie.

Gene dominante: aquele que produz efeito mesmo que esteja presente em apenas um dos
cromossomas do par
Gene recessivo: aquele que só produz efeito quando está presente nos dois cromossomas do
par
Genótipo: coleção/conjunto de genes que constituem o património hereditário de cada
indivíduo
Fenótipo: (aparência) conjunto de características fisiológicas, psicológicas e comportamentais
que se manifestam como resultado do genótipo em interação com o meio ambiente

 Preformismo e epigénese
O preformismo é uma teoria que sustenta a ideia de que no ovo já estão presentes todas as
características futuras do indivíduo, independente do meio em que decorra o seu
desenvolvimento. Assume uma posição determinista de desenvolvimento, não admitindo que
haja lugar para o aparecimento de carateres resultantes da ação do meio. Admite assim que o
ser humano se constitui em obediência a um programa geneticamente preestabelecido.
Preformismo: tese segundo a qual o desenvolvimento individual prossegue um rumo
predeterminado, em virtude da programação inscrita no código genético.
Contrariamente, a epigénese assume uma posição construtivista do desenvolvimento,
considerando-o como resultante da combinação integrada de fatores genéticos e ambientais,
em que os genes não são exclusivos na determinação das características do ser humano.
Epigénese: tese segundo a qual o desenvolvimento do indivíduo se processa através da ação
recíproca estabelecida entre genética e ambiente.
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 Ambiente e desenvolvimento epigenético


Muito daquilo que nos constitui resulta da interação de fatores genéticos com fatores
ambientais.
Meio pré-natal: ainda na vida intrauterina, muitos fatores ambientais se fazem sentir sobre o
embrião. Em muitos casos, o tabaco provoca partos prematuros e hipertrofia do feto. Outros
fatores, como a toxicodependência, as más condições de higiene, a precária saúde da mãe, a
deficiente alimentação ou perturbações emocionais, também ameaçam o ser em formação.
Meio pós-natal: existe um potencial genético para a estatura, para o peso, para a inteligência
e, de uma maneira geral, para todas as características fisiológicas e psicológicas. Porém, estes
fatores só adquirem expressão no indivíduo com a intervenção de elementos epigenéticos.
Exp: em meios economicamente pobres e intelectualmente pouco estimulantes, as pessoas
têm, em média, um Q.I. mais baixo
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A complexidade do ser humano e o seu inacabamento biológico

O homem é uma estrutura complexa. A cerebralização foi-se processando e a complexidade


foi-se instalando, traduzindo-se em modos de organização fisiológica e psicológica. Os seres
humanos não seguem todos a mesma direção, como se estivessem programados a percorrer
um caminho único na vida.

 Filogénese e ontogénese
Filogénese: conjunto de processos de evolução dos seres vivos desde os mais elementares aos
mais complexos; é o conjunto dos processos biológicos de transformação que explicam o
aparecimento das espécies e a sua diferenciação. A filogénese é a história evolutiva de uma
espécie, de um grupo específico de organismos.
Ontogénese: designa o desenvolvimento do indivíduo desde a fecundação até à velhice
(desenvolvimento individual)
Seleção natural: eliminação de seres vivos que carecem de qualidades para se adaptar.
Transmitidas às gerações futuras, as capacidades adaptativas dos resistentes permitem a
continuidade da espécie.

 Programa fechado e programa aberto


Programa fechado: sequência organizada de comportamentos rígidos, predefinidos no
património genético da espécie e apenas atualizados por mecanismos inaptos.
Todo o saber dos animais está inscrito na sua natureza, isto é, resulta do código genético
próprio de cada espécie, o qual determina a conduta a efetuar pelos indivíduos com vista à
sobrevivência e à continuidade da espécie. Os animais fazem o que devem fazer, através de
condutas devidamente ajustadas às situações. Carecem de originalidade no modo como
reagem às situações ambientais. As suas condutas são estáveis e uniformes, não variando de
indivíduo para indivíduo dentro de cada espécie.
Programa aberto: sequência de comportamentos a definir pelo homem na interação do
património genético com o meio ambiente e com aquilo que aprendeu.
O homem não é hábil nem especialista nas suas condutas como os animais, tendo de aprender
ou de inovar eternamente, em busca de uma forma mais adequada para realizar as atividades
a que se lança. Não tendo nascido com capacidades ficas e definitivas para reagir
estereotipadamente, cada ser humano dispões de uma margem de liberdade que lhe
possibilita comportamentos originais.
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 Prematuridade e neotenia
Enquanto os animais são precoces na manifestação de características próprias de “adultos”, o
ser humano demora muitos anos a comportar-se como tal. Ao nascer, apresenta-se
prematuro, carecendo de capacidades desenvolvidas e, mesmo chegando a adulto, continua a
manifestar traços juvenis, numa eterna perpetuação da infância de que proveio. Enquanto
neoténico, o ser humano manifesta, um certo retardamento na evolução, no desenvolvimento
do cérebro, prolongando a sua morfologia juvenil até à idade adulta.
Neotenia: atraso no desenvolvimento que determina que as características juvenis se
mantenham na idade adulta.
O ser humano é um ser prematuro, nasce inacabado. A sua imaturidade explica por
que razão a infância humana é tão longa: é o período de acabamento do processo de
desenvolvimento que decorreu na vida intrauterina. O caráter embrionário do bebe torna-se
uma vantagem, porque o longo período de imaturidade é essencial para a sobrevivência e
adaptação da espécie.

 Vantagens do inacabamento biológico


O conceito de neotenia afirma que o homem é “um ser aberto ao mundo”: o seu
inacabamento biológico, a sua prematuridade, explica a ausência de uma programação
biológica tão rígida como a que existe nos outros animais. A aprendizagem irá cumprir as
tarefas que nos animais são destinadas pela hereditariedade: o ser humano tem de aprender o
que a hereditariedade propicia a outras espécies.
A sua natureza biológica torna mais flexível o processo de adaptação ao meio. Cria a
necessidade de o Homem criar a sua própria adaptação, a cultura, que transmite de geração
em geração. O estatuto humano só é atingido através da aprendizagem. O caráter inacabado
confere ao cérebro humano plasticidade, tornando-o apto para desenvolver uma
multiplicidade de aprendizagens.
Em conclusão, inacabamento biológico do ser humano e a sua prematuridade
implicam um prolongamento da infância e da adolescência, condição necessária para o seu
processo de adaptação e desenvolvimento. Esta aparente falta vai constituir uma vantagem ao
permitir a possibilidade de uma maior capacidade para aprender no contexto do seu
ambiente, da sua cultura.

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