Você está na página 1de 15

Genética

Gene

É um segmento de ADN a que corresponde um código específico, uma informação para determinar uma dada
característica, como, por exemplo, a cor dos olhos.

Cromossoma

Sendo portador e transmissor de ADN, contém vários genes que são


responsáveis por todas as características físicas do individuo,
transportando a informação genética que recebemos dos nossos
progenitores.

ADN

O ácido desoxirribonucleico (ADN) é o conjunto de todos os genes de


um organismo. Cada molécula de ADN contém informação necessária á
existência e ao desenvolvimento dos vários órgãos.

• É com a conceção que tudo começa. O óvulo é fecundado por um espermatozoide, dando origem a um ovo ou
zigoto, que é a primeira célula que constitui cada individuo. Esta célula tem toda a informação genética que
define cada um de nós, e por um processo que por sua vez também se subdividem. A esse processo se dá o
nome de mitose.

• A informação genética que herdamos está contida nos cromossomas. A espécie humana tem vinte e três pares
de cromossomas. Vinte e dois são comuns e só um, que define o nosso sexo, é destino nos dois sexos: na
mulher, o par é de dois cromossomas X, e no homem o par tem um cromossoma X e outro Y. É, portanto, o
homem quem define o sexo da criança.

• O cariótipo é o conjunto de cromossomas próprios de uma espécie. O cariótipo do ser humano, por exemplo,
tem quarenta e seis cromossomas. A Complexidade de cada espécie não deriva diretamente do seu número de
cromossomas.
A galinha, por exemplo, tem setenta e oito cromossomas, mas o seu programa genético é fechado,
contrariamente ao do ser humano que, caraterizando-se pela sua abertura, garantindo-se muito mais
complexidade.

De que dependem, então, as diferenças existentes entre os elementos de uma mesma espécie que se
reproduza sexuadamente- como é o ser humano?

Depende de um processo chamado meiose. Quando o espermatozoide e o óvulo (também chamados gâmetas ou
células sexuais) se fundem, estes, porque passaram pela divisão celular a que se dá o nome de meiose, dão origem a
um ovo com também quarenta e seis cromossomas, no caso do ser humano.

Se não tivesse ocorrido essa divisão celular, a meiose divide a célula em quatro novas células, o ovo do descendente
humano teria noventa e dois cromossomas, alterando as características da espécie ou do cariótipo humano.

A diferenciação genética continua depois da subdivisão celular do ovo.

1
Influências genéticas e epigenéticas no comportamento

Hereditariedade específica

É o processo de transmissão genética das características comuns á espécie. Refere-se ao conjunto dos genes que
herdamos e que nos definem como seres humanos. Corresponde ao conjunto de características que nos distingue
das demais espécies e que temos em comuns com todos os outros seres humanos.

Hereditariedade individual

É o processo de transmissão genética das características de cada individuo. Refere-se ao conjunto dos genes
herdados que nos conferem características individuais e singulares. Corresponde às características que nos
distinguem dos outros seres humanos.

• Referimo-nos, portanto, a características transversais á espécie e a características próprias de cada indivíduo, o


que permite distinguir a evolução da espécie do desenvolvimento individual.

• Partindo da perspetiva evolucionista, de acordo com a tese da Seleção Natural das espécies proposta por Charles
Darwin considera-se que cada espécie do reino animal cumpriu várias etapas até assumir a sua forma atual.
Segundo a conceção darwinista, um processo de seleção natural explica a sobrevivência dos organismos (ou
seres) que são aptos porque possuem determinadas características que lhes permitem responder eficazmente
aos desafios que o meio lhes coloca.

• As espécies não são imutáveis e evoluem no sentido gradual da resposta aos obstáculos externos, escrevendo-
se, assim, a história de cada espécie desde os seus ancestrais até á forma que hoje se pode observar. Esta
constatação está na base da distinção entre filogénese e ontogénese

Filogénese

É a história evolutiva de uma espécie. Refere-se aos processos, às etapas e ás transformações que conduziram ao
aparecimento das espécies e á sua diferenciação. A mais célebre das teorias que explica este processo é o
evolucionismo de Charles Darwin.

Ontogénese

É o desenvolvimento particular de cada indivíduo, a sua maturação desde a conceção até á morte.

• Uma das teorias mais famosas no estudo da relação entre filogénese e ontogénese pertence a Ernst Haeckel: a
teoria da recapitulação, que estabeleceu a ideia de que a ontogénese recapitula a filogénese.

• Haeckel procurou mostrar que, ainda na fase embrionária, as diferentes espécies têm estádios de
desenvolvimento comuns. No caso do ser humano, que é uma espécie mais avançada, os seus estádios
embrionários refletem os estádios adultos de espécies mais primitivas. Haeckel demonstrou isto com a
comparação entre diferentes animais ainda e estado embrionário. As similaridades entre embriões tornaram-se
uma prova fudamental de que provimos de um antepassado comum.
2
• Haeckel pretende realçar as relações entre a filogénese e ontogénese e, por outro lado, de alertar para ideia que
é determinante as perspetivas mais atuais: partilhamos ADN com outras espécies.

• A filogénese e a ontogénese são processos que se influenciam mutuamente. Aquilo que somos quando
nascemos, enquanto indivíduos, é determinado pelo momento evolutivo no qual a espécie á qual pertencemos
se encontra. De igual modo, a espécie altera-se através de múltiplas alterações ontogenéticas, isto é, mutações
individuais-aleatórias ou provocadas pelo meio- que são transmitidas aos descendentes, passando a fazer parte
da história evolutiva dessa espécie.

O património genético de cada um de nós é herdado dos nossos progenitores. Da combinação dos genes de cada um
deles (que carrega consigo os genes da espécie e a sua genética individual) recebemos o nosso genótipo. O fenótipo
resulta do modo como o meio atua sobre esses genes.

Genótipo

Conjunto dos genes que o indivíduo herda dos seus progenitores aquando da sua conceção. É a constituição genética
de cada individuo.

Fenótipo

Conjunto das características observáveis que resultam da interação do genótipo com o meio. São os caracteres
individuais que se manifestam após a atuação do meio sobre a base genética (ou genótipo).

• O meio desempenha um papel fundamental desde o momento da conceção do individuo, uma vez que dele
dependem os estímulos que atuam sobre a sua constituição genética (ou genótipo).

• Os nutrientes que recebe, a alimentação, o estilo de vida e os estados emocionais da mãe são, desde o primeiro
momento, fatores que influenciam o desenvolvimento do embrião.

• A distinção entre genótipo e fenótipo mostra também que nem todos os nossos genes se manifestam. Apesar
disso, podemos passar esses genes á nossa descendência.

• A interação entre genes e meio confirma os processos biológicos precisamente um processo, que não se dá á
partida, mas que vai concretizando e evoluindo com os estímulos externos.

Natureza ou meio?

• Na “equação” sobre a interação entre genes e meio tem sido um enigma saber qual dos fatores “pesa” mais
sobre o comportamento humano. Não poderíamos se o que somos e quem somos sem o respetivo património
genético, mas, do mesmo modo, não podemos saber quem ou como seríamos se vivêssemos sob um contexto,
ou num meio diferente daquele em que vivemos.

3
• Filósofos como René Descartes e David Hume, ou muitos séculos antes, Platão e Aristóteles, debateram-se com
este problema. A discussão foi importada para o campo das ciências.

• Neste sentido, é pertinente clarificar a distinção entre as conceções preformista e epigenética, que consideram
de modo distinto o impacto dos genes na evolução do indivíduo e na expressão das características físicas de cada
um.
Conceção preformista

• A perspetiva preformista destaca a natureza como fator determinante no desenvolvimento humano, declinando
a hipótese da influência ambiental.

• Antes do aparecimento da genética havia preformistas a afirmar que o indivíduo se encontrava pré-formado, ou
em miniatura, no espermatozoide.

• As teorias preformistas desconsideram o papel do meio, propondo o fenótipo como mera expansão do genótipo.

• Os genes inscritos no ovo são entendidos como determinantes e correspondem ao ser preformado em
miniatura, o que reduz o papel do meio a um simples “interruptor” que permite o seu crescimento.

• Trata-se, portanto, de uma forma de determinismo hereditário, ao estabelecer que, desde o omento da
conceção, o património genético que o sujeito herda dos seus progenitores lhe dita o rumo do seu
desenvolvimento e do seu comportamento.

Conceção epigenética

• A visão preformista perdeu a força com novas interpretações e estudos sobre o impacto do meio no
desenvolvimento humano.

• Atualmente, privilegia-se uma visão que considera o meio como elemento que condensa as condições que
permitem a expressão dos genes em características reais.

• A constituição genética constitui a predisposição que depende da interação com o meio para se manifestar, ou
seja é o meio que torna as possibilidades biológicas em características e capacidades reais. Cada ser humano
constrói-se na combinação destes dois fatores.

• Convém salientar que uma visão epigenética não ignora o papel do genótipo no desenvolvimento do ser
humano, apenas atribui ao meio uma função. Considera-se a relação inseparável entre o património genético
(genótipo) e o meio como um processo ao qual damos o nome da pessoa.

Perspetivas sobre o
desenvolvimento humano

Preformismo Epigénese

Determinismo O indivíduo é, desde a conceção, O individuo constrói-se na interação Construtivismo ou


biológico geneticamente pré-formado entre a base genética e o meio interacionismo

4
A visão atual do ser humano que é essencialmente construtivista, solidifica-se com aquilo que hoje se sabe sobre a
aprendizagem, a inteligência, a socialização ou o cérebro. A investigação sobre todos estes aspetos reforça a
indissociabilidade (não se pode separar) entre a hereditariedade e meio.

Inacabamento biológico

Por que motivo nascemos


biologicamente inacabados?

• Uma resposta a esta questão relaciona-se com o advento do bipedismo na nossa história filogenética.

• Somos, á nascença, um sistema aberto e “incompleto: aberto a uma interferência significativa do meio,
“incompleto” por não dispormos de mecanismos inatos ou biológicos de proteção que assegurem a sua
sobrevivência.

• Desprovida de hiperespecializações para se desenvolver determinados comportamentos que visem a sua


preservação, a espécie humana, diferentemente de outras espécies, tem de criativamente suprimir a falta que
deriva do seu inacabamento.

• O bipedismo, associado á libertação das mãos, parece ter sido um dos grandes triunfos evolutivos na história
evolutiva da Humanidade.

Programa genético

• Cada organismo vivo possui um programa genético ou biológico que determina comportamentos e delimita
possibilidades. Diz-se, portanto, que todos os seres vivos dispõem de um planeamento biológico a ser
cumprido para que cada ser se desenvolva. Este programa (ou planeamento) é o conjunto das instruções
inscritas nos genes que dota cada organismo de um tipo de funções e orienta o seu comportamento.

• Os animais não racionais possuem, de um modo geral um programa genético fechado. O programa genético
aberto caracteriza a espécie humana.

• No primeiro caso, considera-se a rigidez comportamental como consequência de um programa que fixa
instruções invariáveis, ou seja, o comportamento animal encontra-se geneticamente predefinido pelo seu
programa genético como ordens que visam a preservação da espécie. Neste sentido, esses animais possuem
especializações que lhes conferem aptidões para reagir com eficácia á pressão do meio, mas menor flexibilidade
comportamental. Um animal predador dispõe desse instinto como vocação inata; não dispõe da possibilidade de
deixar de o ser, pois não sobreviria.

5
• No segundo caso, a impreparação dos seres humanos á nascença contribuiu para outro aspeto fundamental da
nossa existência, aliado á predisposição para a aprendizagem: a predisposição para a sociabilidade e o
crescimento e a complexificação das relações sociais.

• Assim, a fragilidade do ser humano á nascença converte-se na sua maior vantagem: a possibilidade de escapar
ao determinismo biológico que advém de uma maior flexibilidade comportamental.

• Impreparados á nascença, sem recursos biológicos que lhe permitam fazer face aos desafios do meio, os seres
humanos são muito mais recetivos aos estímulos ambientais, estando abertos a uma multiplicidade de
alternativas ao longo do seu desenvolvimento.

• São, logo, mais autónomos e dotados de maior capacidade de adaptação do que qualquer outro animal.
Tornamo-nos, em virtude do nosso inacabamento biológico, seres capazes de aprendizagens, mas complexas
e, por isso, dotados de maior liberdade.

Prematuridade biológica

• A prematuridade biológica do ser humano traz consequências importantes na definição do que cada individuo é.

• O facto de nascermos biologicamente prematuros e incompletas obriga ao prolongamento do período no qual se


dão as aprendizagens básicas e que visam munir o sujeito de estratégias deliberadas de preservação da sua
existência.

• Aquilo que não dispomos á nascença é conquistado através da aprendizagem, substituindo-se na espécie
humana os mecanismos instintivos de sobrevivência pelas estratégias racionais que nos tornam aptos a
enfrentar os desafios naturais da existência.

• Precisamos de “aprender a viver” por não dispormos de um “manual de instruções biológico” que determina
comportamentos e dita orientações. São a educação, a cultura, a experiência o que nos fornece essas
orientações e que constituem o auxílio na tarefa de evoluir como individuo.

Neotenia

• A fragilidade do ser humano á nascença- ser dependente dos outros, sem especializações comportamentais ou e
capacidades de sobrevivência por si mesmo- revela-se posteriormente a maior vantagem de espécie, que
consiste no prolongamento do período da infância, e que se traduz no aumento exponencial das capacidades
intelectuais.

• A neotenia, que é a tendência para a preservação dos traços da infância durante um longo período, constitui
uma marca singular da espécie humana e possibilita o desenvolvimento de capacidades e competências
exclusivas, responsáveis pela maior adaptabilidade do ser humano.

• Somos seres neoténicos porque a prematuridade biológica da espécie a isso obriga, tornando-se a ausência de
autonomia á nascença o motor que impulsiona a autonomia futura.

6
O cérebro

• O nosso comportamento resulta, em larga medida, do que se passa no nosso sistema nervoso.

• Atos simples como apertar os atacadores de umas sapatilhas, carregar no botão certo do comando da televisão
para que possamos ver uma série ou, antes de tudo isso, tomar decisões que nos levam a empreender estes
atos, têm a sua origem no nosso cérebro, que integra uma parte especifica do nosso sistema nervoso: o sistema
nervoso central.

Mecanismos de ordem biológica

• A experiência torna-se fulcral ara que possamos agir, tendo o cérebro uma função crucial na nossa atuação.
Nestas circunstâncias, que mecanismos de ordem biológica tornam possível a ação? Distinguimos, ara o efeito,
três tipos de mecanismo:

→ Mecanismos de reação (recetores), que englobam, entre outros, os órgãos dos sentidos (visão, audião.
Etc.), recebem estímulos do meio externo e do meio interno.

→ Mecanismos de coordenação, que sãos o sistema nervoso central e o sistema nervoso periférico,
coordenam os dados recebidos pelos recetores e definem as respostas que os efetores levam a cabo.

→ Mecanismos de reação ou efetores são, sobretudo, os músculos e as glândulas, põem em marcha as


respostas definidas elos mecanismos de coordenação.

O que principalmente distingue estes dois sistemas, o central e o periférico, é o facto de


o primeiro ter á sua responsabilidade a definição de respostas, e de o ela segundo, como
o periférico, estar responsável pela sua condução para, entre outros mecanismos, os
músculos e as glândulas.

O Sistema nervoso central

Como todos os outros tecidos do organismo, também o sistema nervoso é constituído


por células. São dois os principais tipos de células que o constituem: neurónios e
células.

As células gliais, que, embora mais pequenas que os neurónios, são em número muito
superior, funcionam sobretudo como uma cola entre os neurónios, facultando-lhes
também nutrientes, como o oxigénio e glicose, facilitando a comunicação entre os
mesmos

Neurónio

Os neurónios correspondem às unidades básicas do sistema nervoso e são as células que nos permitem responder
aos estímulos do meio ambiente, processar informações e agir.

7
• O corpo celular, ou soma, é como a própria designação indica, onde se situa o
núcleo desta célula especializada, com a respetiva informação genética, sendo
também o elemento responsável pela produção das substâncias necessárias á
subsistência do neurónio.

• Dendrites são estruturas ramificadas que recebem informação dos neurónios


vizinhos e a transmitem ao corpo celular;

• O Axónio é prolongamento, frequentemente revestido por uma bainha de o


mielina e por nódulos de Ranvier, que conduz os impulsos do corpo celular para
outros neurónios

A insuficiência de mielina em torno do axónio esta na origem de doenças como a esclerose múltipla. Com a sua
diminuição, a comunicação entre neurónios torna-se mais lenta. Daí que se contém entre os sintomas desta doença
a perda de força nos músculos e dificuldades de coordenação motora.

Existem três tipos de neurónios. O número de neurónios que se presume existir no nosso organismo anda na ordem
dos cem mil milhões.

Neurónios

Aferentes ou Eferentes ou De conexão ou


sensoriais motores interneurónios

Recebem informação do meio Transmitem a resposta do Mantêm as associações entre


interno ou externo e sistema nervoso central aos neurónios e permitem a
conduzem-na ao sistema músculos ou glândulas interpretação da informação
nervoso central

Comunicação nervosa

• Existem no nosso corpo mais de 100 mil milhões de neurónios, ligados entre si numa rede complexa de
comunicação.

• A comunicação no interior do neurónio é, essencialmente, de natureza elétrica, estando dependente de


potenciais de ação.

• A comunicação entre neurónios é, fundamentalmente, de natureza química, ocorrendo através de sinapses, na


fenda sináptica, que é o espaço que existe entre dois neurónios.

8
Comunicação elétrica (potencial de ação)

• No potencial de ação, os impulsos elétricos viajam do corpo celular do neurónio até ao axónio como se fosse a
descarga de uma bateria.

• Ao longo do axónio, estes impulsos ganham velocidade na bainha de mielina, saltando pelos nódulos de ranvier
e garantindo respostas rápidas.

• Depois da descarga (despolarização), o neurónio recupera o seu balanço elétrico (voltando ao estado de
polarização, ou seja, ao potencial de repouso).

Comunicação química (sinapse)

• Na sinapse, a mensagem de natureza elétrica converte-se em mensagem química (através dos


neurotransmissores libertados na fenda sináptica), permitindo a comunicação entre o neurónio pré-sináptico
(emissor) e o neurónio pós-sináptico (recetor).

• Os neurotransmissores, armazenados em vesículas que estão localizadas nos terminais dos axónios, são
recetores sensíveis a determinados tipos de mensagens.

• Permitindo a eficiência de uma rede complexa de comunicação, os neurotransmissores são, contudo,


vulneráveis a algumas substâncias (como a nicotina, o álcool, a cocaína e os barbitúricos, entre outras).

Existe uma rede complexa Os neurónios são A comunicação no interior Entre neurónios a
de células nervosas no constituídos pelo corpo ou do neurónio é elétrica comunicação é química
nosso corpo soma, dendrites e axónio (potencial de ação) (sinapses)

O sistema nervoso central é constituído por dois elementos fundamentais: o encéfalo e a medula espinhal.

• A medula espinal, que se encontra no interior da coluna vertebral, é um prolongamento do cérebro até á
pélvis. Na sua constituição constam também neurónios com bainha de mielina. Tem duas funções
fundamentais: de condução e de coordenação.

Função de condução Função de coordenação

A medula espinal transmite mensagens Compete á medula espinal coordenar a


do cérebro para o resto do corpo, e atividade. Numa reação automática, ou
vice-versa. involuntária, em que, por exemplo,
Quando, por exemplo, sentimos alguém contraímos uma mão quando nos
a tocar-nos nas costas, essa sensação é queimamos, a informação do calor
transmitida através dos nervos excessivo vai dos nervos sensoriais á
sensoriais á medula espinal, e através medula espinal, que de imediato
desta chega ao cérebro. ordena o comportamento: contrair a
mão.

9
O funcionamento global do cérebro humano

• A nossa análise incide agora naquilo que vulgarmente se chama “massa cinzenta”: o cérebro.

• Protegido pelo crânio, o nosso cérebro é um conjunto de estruturas relativamente especializadas, coordenadas e
cooperantes para assegurar os comportamentos necessários á manutenção da vida e garantir, tanto quanto
possível, a nossa sobrevivência.

Corpo caloso: liga os dois hemisférios.

Hipotálamo: regula o sistema endócrino, é responsável pela


homeostasia (fome, sede temperatura do corpo, etc) e atua sobre
emoções, como a raiva ou prazer sexual.

Hipófise: é uma glândula que regula outras glândulas do sistema


endócrino, como a tiroide ou as suprarrenais.

Cerebelo: assegura o equilíbrio e coordena movimentos corporais.

Tálamo: conduz informação de e para o córtex cerebral.

Sistema nervoso

• O sistema nervoso é responsável pelo


funcionamento integrado de uma rede complexa, Sistema nervoso
organizando-se em sistema nervoso central (SNC) e
sistema nervoso periférico (SNP).

• O SNC, constituído pelo cérebro e pela medula


espinal, assume um papel fundamental no
processamento de informação, permitindo-te Sistema nervoso Sistema nervoso
pensar, sentir e agir. central periférico

• O SNP liga o SNC a todas as partes do teu organismo e transmite, através dos nervos, mensagens no sentido
aferente e eferente.

• O seu papel é informar sobre as situações que têm origem no meio externo ou interno e permitir respostas
adequadas.
Sistema nervoso
periférico (SNP)
• O SNP é composto pelo Sistema Nervoso Autónomo
(SNA) e pelo Sistema Nervoso Somático (SNS).

• O SNA garante o equilíbrio interno, controlando


funções involuntárias (por exemplo, a respiração e o Sistema nervoso Sistema nervoso
batimento cardíaco). autónomo (SNA) somático (SNS)

Sistema nervoso Sistema nervoso


simpático parassimpático

10
• O SNA envolve o sistema nervoso simpático (que prepara o corpo para agir em situações avaliadas como
perigosas) e o sistema nervoso parassimpático (que acalma o corpo e ajuda, em interação com a parte
simpática, a manter a homeostasia).

• O SNS facilita a interação entre o SNC e o meio exterior, através dos nervos sensoriais (aferentes) e dos nervos
motores (eferentes).

Medula espinal
A medula espinal, uma das estruturas que constitui o SNC, desempenha uma importante função de condução de
informação.

• Localizada no interior das vértebras, a espinal medula está


igualmente envolvida no ato reflexo, isto é, no desencadear de
respostas simples e automáticas, antes de a informação ser
processada pelo cérebro.

• Nestes casos, a medula desempenha uma função de


coordenação de respostas elementares.

• Como? Recebendo a informação pela via aferente (neurónios


sensoriais), interpretando-a através de neurónios de conexão (interneurónios) e enviando uma resposta pela via
eferente (neurónios motores).

Hemisférios cerebrais

• O cérebro corresponde ao nosso centro de processamento e decisão.

• Representando apenas cerca de 2% do nosso peso corporal, encerra um funcionamento sofisticado que nos
permite desempenhar inúmeras funções.

• Localização e lateralização são dois conceitos que nos permitem compreender melhor as propriedades
extraordinárias do único órgão que consegue pensar sobre si mesmo.

Localização

• Conhecer a organização estrutural e funcional do cérebro é uma tarefa ambiciosa que acompanha há muito o ser
humano.

• No século XVIII, a teoria das localizações cerebrais dava os seus primeiros passos com a criação da frenologia, um
sistema de cartografia que procurava associar funções (ou faculdades mentais, como a vaidade, por exemplo) a
áreas específicas do cérebro.

• Mitigado por insuficiência científica, o interesse pelo estudo do cérebro perdurou, contudo, ao longo do tempo.

• A evolução das técnicas de estudo da função e estrutura cerebrais permitiu a passagem de uma perspetiva
simplista, assente na ideia de área ou local, para uma noção mais complexa de sistema.

• Hoje, acredita-se que o funcionamento do cérebro é integrado e extremamente organizado.

• Se pensarmos que o nosso cérebro encerra 500 milhões de anos de evolução, podemos organizar as suas
estruturas anatómicas e funcionais em três cérebros diferentes: primitivo, intermédio e superior.

11
REPRESENTAÇÃO HIERÁRQUICA DA EVOLUÇÃO DO CÉREBRO E SUAS ESTRUTURAS
ANATÓMICAS E FUNCIONAIS

CÉREBRO PRIMITIVO CÉREBRO INTERMÉDIO CÉREBRO SUPERIOR


TRONCO SISTEMA FORMAÇÃO CÓRTEX CORPO
CEREBRAL CEREBELO LÍMBICO RETICULAR CEREBRAL CALOSO

• Todas as estruturas do nosso cérebro são complexas, mas podemos


dizer que o córtex cerebral, a porção mais externa dos hemisférios
cerebrais, é uma das mais complexas.

• Hoje, conhecem-se várias áreas anatómicas (lobos) e funcionais


(primárias e associativas) no córtex cerebral.

• Por apresentarem um significativo envolvimento em tarefas


específicas, as diferentes áreas permitem-nos falar em especialização cortical.

• Por exemplo, a área pré-frontal está associada a importantes funções, como a motivação, o juízo crítico, a
resolução de problemas, as emoções, etc.

• Uma lesão nesta área pode conduzir a vários sintomas, incluindo apatia, incapacidade para tomar decisões e
instabilidade emocional.

Lateralização

• A lateralização, um conceito complementar ao de localização e que nos permite compreender melhor a


complexidade do funcionamento do cérebro, corresponde à superioridade de um ou de outro hemisfério numa
determinada tarefa.

• Por estarem ambas envolvidas na linguagem e localizadas no hemisfério esquerdo, as áreas de Broca e Wernicke
são um exemplo de lateralização.

• A área de Broca (lobo frontal) está associada à produção de linguagem e a área de Wernicke (lobo temporal) à
receção da linguagem. Uma lesão na primeira conduz à afasia de Broca e uma lesão na segunda à afasia de
Wernicke.

Hemisfério cerebral esquerdo

Área de Broca Área de Wernicke


Zona inferior do lobo frontal Lobo temporal
Responsável pela produção de Responsável pela produção do
linguagem, de capacidade de falar, sentido na linguagem, pela
da programação dos músculos capacidade de compreender o que se
necessários á articulação do diz e o que se escreve.
discurso.
Uma lesão na área de Broca faz Uma lesão na área de Wernicke faz
com que, mesmo compreendendo com que, deixando intacto o
o discurso, o seu significado ou o discurso, com frases completas,
seu sentido, o paciente apresente ritmadas e bem entoadas, se
uma fala lenta, esforçada, produzam afirmações sem sentido,
dificilmente articulada e com desconexas ou ininteligíveis.
frases incompletas.

12
Lobos cerebrais

• A área dos lobos occipitais, situados na parte posterior do


córtex cerebral é conhecida por se o córtex visual. Sendo aí
processados os estímulos visuais, uma lesão nesta área pode
provocar cegueira ou agnosia (incapacidade de reconhecer e
identificar o que é visto).

• Os lobos temporais, que se situam junto às nossas orelhas,


são conhecidos no seu conjunto pelo córtex auditivo. Uma
lesão nesta área pode provocar agnosia auditiva.

• Os lobos parietais dividem-se em duas áreas: a área somatossensorial primária e a área somatossensorial
secundária. Ambas estão ligadas às sensações corporais, como o tato, a dor, o calor, o frio. Uma lesão na área
primária pode provocar anestesia cortical (incapacidade de receção de sensações táteis, como o calor ou frio).
Uma lesão na área secundária pode gerar agnosia somatossensorial (incapacidade, não de receção de
informação sensorial, mas de reconhecimento e identificação dos objetos em que se toca).

• Nos lobos frontais, inclui-se o córtex pré-frontal e o córtex motos. Uma lesão nesta área pode provocar paralisia
ou apraxia (incapacidade, não de executar movimentos, mas de realizar atividades que incluam atos
sequenciais). É também neste hemisfério que se situa a área de Broca.

A adaptação e plasticidade do cérebro humano

• No decurso do nosso desenvolvimento, a rede neural sofre modificações num processo conhecido como
maturação cerebral.

• A maturação cerebral corresponde à progressiva complexificação estrutural e funcional da rede neural.

• No ser humano, a maturação cerebral é mais lenta do que noutras espécies, sendo o córtex pré-frontal um
exemplo desta lentificação.

À nascença

• O cérebro tem um volume cerca de quatro vezes menor do que o do


adulto.
• Os processos iniciados durante a gestação prosseguem,
complexificando-se a rede de ligações entre neurónios.

1 ano

• A formação de sinapses continua.


• Certas conexões desaparecem e outras são reforçadas.

13
• Dá-se o aperfeiçoamento do córtex sensorial, do motor e do visual e inicia-se a maturação do córtex pré-frontal.

6 anos

• O cérebro atinge 90% do seu tamanho final.

• O desenvolvimento do córtex prossegue, mas de forma mais lenta.

• A matéria cinzenta continua em desenvolvimento nas áreas associativas do


córtex pré-frontal, do temporal e parietal (responsáveis pela gestão de
capacidades cognitivas superiores).

12 anos

• A substância cinzenta invade as áreas associativas.

• Prossegue o desenvolvimento do córtex pré-frontal, cuja maturação


atravessa toda a adolescência.

Plasticidade cerebral

• O desenvolvimento do cérebro humano, ainda que intrincado, preciso e programado geneticamente, é


fortemente influenciado pelo meio.

• Isto significa que o processo de maturação não ocorre de forma independente da experiência e que as nossas
aprendizagens (ou a sua ausência) têm um papel importante no desenvolvimento e na adaptação da nossa rede
neural.

• À capacidade de alteração e adaptação progressiva das nossas estruturas e funções neurais chamamos
plasticidade ou neuroplasticidade.

• Este importante mecanismo está relacionado com a neurogénese, isto é, com a capacidade que o ser humano
tem de criação de novos neurónios.

Neuroplasticidade

Plasticidade Função vicariante ou de


desenvolvimental suplência

• Ocorre durante o desenvolvimento cerebral • Ocorre como um mecanismo adaptativo


normal, quando o cérebro não maturado de compensação de funções perdidas ou
começa a processar a informação sensorial, de maximização de funções mantidas
até ao período adulto. em caso de lesão cerebral.

• Diz respeito à adaptação progressiva das • Permite que áreas não danificadas do
estruturas e funções neurais em virtude das nosso cérebro assumam as funções
experiências e aprendizagens. perdidas pela destruição de neurónios
14
ou nervos.
• Na medida em que permite que o nosso cérebro reforce ou recupere estruturas e funções, a plasticidade
desempenha um importante papel.

• No entanto, e embora o cérebro mantenha a capacidade de se reorganizar ao longo de toda a vida, a


plasticidade diminui progressivamente com a idade.

• Assim, é mais fácil que uma determinada função perdida em resultado de uma lesão seja recuperada numa
criança do que num adulto ou sénior.

15

Você também pode gostar