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A Genética: Conteúdos

1. Hereditariedade específica e individual


Hereditariedade: conjunto de características físicas, psicológicas e comportamentais
biologicamente transmitidas pelos ascendentes à sua descendência.
Há 2 tipos de características que se transmitem geneticamente. Umas comuns a toda a
espécie, e que se manifestam em todos os indivíduos. Outras, mais originais, e que são
próprias de cada indivíduo. Daí se falar de:
Hereditariedade específica: conjunto de características comuns aos indivíduos de uma
espécie transmitidas pelos pais à sua descendência. São as instruções biológicas
comuns a todos os membros da nossa espécie fazendo de cada um de nós humanos.
Exemplos destas características: posição ereta e polegar oponível.
Hereditariedade individual: conjunto de características biológicas únicas que nos
tornam indivíduos. Exemplos destas características: cor e tamanho dos olhos, tipo e
cor do cabelo, altura…

2. Genótipo e Fenótipo
Genótipo: conjunto de genes (genes herdados dos nossos progenitores) que
constituem o nosso património/programa genético.
Fenótipo: conjunto de características físicas e comportamentais observáveis no
indivíduo que são, em parte, o resultado do seu genótipo (parte observável do
genótipo). Isto é, aquilo em que nos tornamos ao longo do nosso desenvolvimento.
Nota: A maior parte dos genes existentes nos organismos não se traduz em
características observáveis.
A especificidade genética humana necessita da influência do meio para se manifestar.
Por exemplo, mesmo gémeos monozigóticos (partilham o mesmo genótipo) terão um
fenótipo diferente ao terem uma vida, um conjunto de experiências e uma interação
com o meio diferenciados.
O meio desempenha uma importante influência na transmissão, expressão e mutação
dos nossos genes. A genética comportamental estuda: gémeos, famílias, adoções e
anomalias genéticas.

3. Programa aberto
Todo o ser vivo está geneticamente programado, isto é, todos os animais cumprem um
programa genético que os leva no seu desenvolvimento a exibirem certas
características e certos comportamentos.
Todo o ser vivo é também um sistema aberto, no sentido em que as capacidades e
características que recebeu hereditariamente só se manifestam se o meio for
apropriado.
Em comparação com os outros animais, o programa aberto no ser humano faz-se
sentir de forma significativa.
Programa Aberto: programa em que a definição de uma série de comportamentos é
feita pela interação entre o património genético e o meio ambiente.
Qual é a vantagem do ser humano ter um programa “tão” aberto?
Somos capazes de nos adaptar às diferentes circunstâncias. Temos uma:
Adaptação ativa: quando a natureza muda, o ser humano controla essa mudança;
outros animais “contornam” a mudança. Por exemplo, se a direção de um rio muda, o
ser humano constrói barragens ou pontes, outros animais deslocam-se para um sítio
diferente.
Uma das desvantagens é o caso dos bebés humanos que são completamente
dependentes das comunidades para sobreviverem.
A importante relação entre a abertura da nossa programação genética e a interação
com o meio faz com que a nossa capacidade de adaptação seja muito elevada e
versátil.

4. Inacabamento biológico: Prematuridade e Neotenia


Na psicologia considera-se que as principais diferenças entre o homem e os animais
incidem numa espécie de inacabamento biológico da nossa espécie, pois as outras
revelam um acabamento desde muito cedo.
Por um lado, os animais apresentam um ritmo acelerado de desenvolvimento,
autonomia que os liberta relativamente aos adultos; pois revelam-se precoces na
manifestação de características adultas.
Distintamente, o homem demora vários anos a comportar-se como adulto; ao nascer
apresenta-se como prematuro, destituído de capacidades desenvolvidas, sendo que
mesmo em adulto continua a manifestar traços juvenis.
O inacabamento biológico humano manifesta-se:
- Na prematuridade humana: O ser humano nasce muito incompleto, não
apresentando as suas características, capacidades e competências quase nada
desenvolvidas.
- Na neotenia (ou juvenilização): mesmo em adultos, mantemos sempre características
físicas e comportamentais juvenis. Por exemplo, somos criativos, curiosos e capazes de
aprender durante toda a vida.
- No prolongamento da infância: levámos muito mais tempo a atingir o pleno
desenvolvimento das nossas capacidades do que as outras espécies.
Vantagens do inacabamento biológico:
- Escapa à fixidez instintiva: possibilidade de uma maior variedade e novidade
comportamental.
- Plasticidade (adaptabilidade) comportamental: maior capacidade de adaptação
comportamental a uma diversidade de ambientes e a situações imprevistas.
- Possibilidade de construir o seu próprio meio e adaptação: a cultura.
O inacabamento biológico, ainda que nos torne, à nascença, mais frágeis e
dependentes do que outras espécies, constitui, ao mesmo tempo, o maior trunfo da
espécie humana. Não possuindo fixidez biológica, aumenta a flexibilidade, a aptidão e
necessidade de aprender, de interagir, comunicar e inovar.

5. Filogénese e Ontogénese
O ser humano é um ser em evolução e também o resultado de uma longo processo
evolutivo. A aquisição de estruturas organizacionais e formas de comportamento cada
vez mais complexas e afastadas das dos outros animais foram conquistas progressivas
ao longo da evolução. Dividimos a evolução em:
Filogénese: evolução coletiva das espécies (remete para os processos pelos quais os
seres se foram modificando desde as formas mais elementares até às mais complexas);
diz respeito à história evolutiva da nossa espécie.
Ontogénese: evolução individual; desenvolvimento do indivíduo ao longo da vida,
desde o momento da fecundação até à morte.
A filogénese depende da ontogénese; são as características individuais, de cada um
(ontogenia), que vão determinar as características da espécie (filogenia) – Relação
entre ontogénese e filogénese.
Nota: É o meio que seleciona as características biológicas que, num determinado
ecossistema, se revelam mais favoráveis à sobrevivência da espécie (evolução: seleção
natural).

6. Preformismo vs Epigénese
Duas posições relativamente ao papel da genética na determinação do
desenvolvimento fenotípico dos organismos.
Preformismo: defensores de um determinismo biológico que considera os indivíduos
preformados ao nascer, não considerando o papel da interação com o meio no seu
desenvolvimento; o desenvolvimento segue um curso predeterminado em virtude da
programação inscrita no código genético. Em suma:
- Desenvolvimento = crescimento;
- Recusa o papel do meio;
Epigénese: tese segundo a qual o desenvolvimento se processa através de uma de
uma ação recíproca entre o meio e os genes. Por exemplo, a nossa educação e hábitos
são alguns fatores epigenéticos que vão determinar o nosso desenvolvimento.
Fatores epigenéticos: aspetos do meio (pré fetais, fetais e pós-fetais) que influenciam
o desenvolvimento de um organismo.

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