Você está na página 1de 19

Escola Secundária Dr.

Joaquim de Carvalho, Figueira da Foz


DGEstE – DIREÇÃO DE SERVIÇOS DA REGIÃO CENTRO

Escola Secundária Dr. Joaquim de Carvalho, Figueira da Foz

Trabalho de investigação-1ºperíodo

Psicologia B 12ºH

Professor: Fernando Lopes

Trabalho realizado por: Inês Andrade

1
Escola Secundária Dr. Joaquim de Carvalho, Figueira da Foz
DGEstE – DIREÇÃO DE SERVIÇOS DA REGIÃO CENTRO

Índice

1. Introdução........................................................................................................3

2. Desenvolvimento..............................................................................................4

2.1. Genética……………………………………………………………………4

2.1.1. Os agentes responsáveis pela transmissão das


características genéticas………………………………………………4

2.1.2. As influências genéticas e ambientais no


comportamento…………………………………………………………5

2.1.3. A relação entre a complexidade dos ser humano e o seu


inacabamento biológico………………………………………………..7

2.2. A cultura……………………………………………………………………9

2.2.1. Fatores fundamentais no processo de tornar-se


humano….......................................................................................9

2.2.2. A história pessoal como um contínuo de organização entre


fatores internos e externos…………………………………………..12

2.2.3. A riqueza da diversidade humana……………………………14

3. Conclusão......................................................................................................16

4. Iconografia.....................................................................................................17

5. Bibliografia…………………………………………………………………………18

1
Escola Secundária Dr. Joaquim de Carvalho, Figueira da Foz
DGEstE – DIREÇÃO DE SERVIÇOS DA REGIÃO CENTRO

1. Introdução

Ao longo deste trabalho vou tentar explicar o que pode definir o Homem como
um ser programado e ainda descobrir se o Homem é capaz de realizar
comportamentos não inatos, com a ajuda de algumas palavras-chaves referidas
pelo professor.

O que pode definir o Homem como um ser programado são os seus


comportamentos, esses podem ser inatos ou não inatos. O comportamento inato
é uma atividade que se sabe fazer desde o seu nascimento enquanto que o
comportamento não inato tem que ser aprendido. Ao contrário dos animais e das
plantas que nascem programados para fazer o que fazem, nós seres humanos
apenas nascemos programados como seres e não como humanos, isto é, nós
nascemos com o objetivo de vivermos como vivemos, mas temos que ser nós
próprios a programar a nossa parte humana, porque a parte humana tem que
ser ensinada se não nós nascíamos já a saber andar, falar, ler, escrever, etc.
Portanto o próprio ser humano tem que ser capaz de realizar comportamentos
não inatos.

1
Escola Secundária Dr. Joaquim de Carvalho, Figueira da Foz
DGEstE – DIREÇÃO DE SERVIÇOS DA REGIÃO CENTRO

2. Desenvolvimento

2.1. A genética

Neste trabalho pretendo descobrir as características genéticas


diferenciais da espécie humana, para isso vou começar por caracterizar os
agentes responsáveis pela transmissão das características genéticas, depois
vou explicar as influências genéticas e ambientais no comportamento e, por fim,
analisar a relação entre a complexidade do ser humano e o seu inacabamento
biológico.

2.1.1. Os agentes responsáveis pela transmissão das


características genéticas

O principal agente responsável pela transmissão das características


genéticas é a Hereditariedade que é um conjunto de processos que assegura
que cada ser vivo recebe e transmite informações genéticas através da
reprodução. Portanto, tudo começa na fecundação do óvulo pelo
espermatozoide e na criação do ovo ou zigoto. O óvulo e o espermatozoide são
os responsáveis pela transmissão das características genéticas. O ovo ou zigoto
contêm toda a nossa informação sobre as características biológicas que
herdamos dos nossos progenitores, esta informação está contida nos
cromossomas, o ser humano tem, no total,
46 cromossomas, 23 herdados da mãe e 23
herdados do pai, formando o cariótipo
humano. Cada um dos 46 cromossomas
contém milhares de genes. Os genes são
segmentos indivisíveis que formam uma
macromolécula em dupla hélice, o ADN, os
genes são os responsáveis pela transmissão
genética. No interior do ADN a comunicação
é feita através de um código genético que Figura 1: cariótipo humano

contém essencialmente quatro elementos que são as bases azotadas.

1
Escola Secundária Dr. Joaquim de Carvalho, Figueira da Foz
DGEstE – DIREÇÃO DE SERVIÇOS DA REGIÃO CENTRO

2.1.2. As influências genéticas e ambientais no comportamento

Explicando, agora, as influências genéticas e ambientais no


comportamento, algumas investigações mostraram que a maior parte das
características que herdamos são poligénicas, ou seja, são uma combinação
complexa de vários genes e que a sua expressão é influenciada por fatores
ambientais. Isto traduz a constituição genética de um indivíduo que é
determinada pelo genótipo e pelo fenótipo. O genótipo é a composição genética
de um organismo relativamente a uma ou várias características hereditárias, ele
está inscrito nos cromossomas e inclui informação que se manifesta - o fenótipo
- e informação que não se manifesta. O fenótipo é o modo como o património
genético se expressa e torna o indivíduo como um ser único, por este se tratar
quanto à aparência do indivíduo, isto é, ao conjunto de caracteres observáveis.

Além da importância da herança


genética, é também importante considerar a
revelante contribuição do meio ambiente para
o desenvolvimento do fenótipo de cada
indivíduo. Para tentar compreender melhor o
papel da hereditariedade e do ambiente, os
cientistas da genética comportamental Figura 2: gêmeos monozigóticos
exploram as influências que cada uma
destas forças tem no ser humano recorrendo
a quatro métodos de investigação: estudos
de gémeos, estudos de famílias, estudos de
adoção e estudos de anomalias genéticas. É
interessante estudar os gémeos, porque, por
exemplo, se a hereditariedade influencia Figura 3: gêmeos dizigóticos
determinada característica, ela tenderá a
estar mais marcada em gémeos monozigóticos (idênticos) do que em gémeos
dizigóticos (fraternos). Então os estudos com gémeos que foram separados
muito precocemente e criados e ambientes diferentes são ainda mais valiosos.

1
Escola Secundária Dr. Joaquim de Carvalho, Figueira da Foz
DGEstE – DIREÇÃO DE SERVIÇOS DA REGIÃO CENTRO

Os estudos com famílias têm revelado que há muitos traços, e até


perturbações mentais, que tendem a manter.se ao longo de gerações. Contudo,
as investigações não permitem gerar provas conclusivas sobre a influência da
hereditariedade, dado que as famílias partilham, normalmente, ambientes
semelhantes. Investigar, em situações de adoção, se há maiores semelhanças
entre a criança e os pais biológicos ou os pais adotivos pode fornecer pistas
importantes sobre a influência da genética e do meio. Se as características
estudadas demonstram maior proximidade com os pais biológicos, com quem
partilha herança genética, mas não o mesmo ambiente, então a genética tem
maior influência. Se houver maior semelhança com a família adotiva, com quem
não há relação genética, mas partilha de ambiente, então os fatores ambientais
são mais predominantes. A pesquisa da genética comportamental também
procura compreender o funcionamento atípico dos genes e a sua expressão em
doenças e perturbações nos indivíduos e nas famílias. Os efeitos da anomalia
genética variam muito consoante os casos, dependendo da extensão da cópia
extra, da restante informação genética do indivíduo, de fatores ambientais, etc.

Figura 4

Complementando a genética comportamental, a psicologia evolutiva


preocupa-se do modo como a evolução da espécie humana afeta os nossos
comportamentos e processos mentais. Assim, enquanto os especialistas da
genética comportamental se focam na hereditariedade individual, os
especialistas da psicologia evolutiva concentram-se em questões ligadas à
hereditariedade específica. A hereditariedade específica é aquela que determina
a espécie, ou seja, é aquela que permite afirmar sermos humanos e a
hereditariedade individual é aquela que determina cada individuo pertencente a
uma determinada espécie, isto é, permite afirmar sermos únicos.

1
Escola Secundária Dr. Joaquim de Carvalho, Figueira da Foz
DGEstE – DIREÇÃO DE SERVIÇOS DA REGIÃO CENTRO

2.1.3. A relação entre a complexidade do ser humano e o seu


inacabamento biológico

O ser humano é caracterizado pela sua capacidade evolutiva, a aquisição


de estruturas organizacionais e formas de comportamento cada vez mais
complexas e afastadas das dos outros animais foram conquistas progressivas
ao longo da evolução. O conceito de evolução tem então dois significados:
filogenético e ontogenético. A filogénese diz respeito à origem e evolução das
espécies desde as formas mais elementares de vida até ao aparecimento de
seres mais complexos, como é o caso do ser
humano. O biólogo britânico Charles Darwin
fala da evolução defendendo este conceito.
Já a ontogénese refere-se ao
desenvolvimento do indivíduo ao longo da
vida, desde a fase da embriogénese até à
morte. Em relação a estes dois conceitos
surgiram várias questões, como por exemplo,
se havia alguma relação entre a filogénese e
ontogénese. A resposta é sim, no passado
acreditava-se na teoria da recapitulação, no Figura 5: Charles Darwin

entanto, atualmente, acredita-se na teoria contrária. A teoria da recapitulação


apareceu no início do século XX pelo biólogo e filósofo Ernst Haeckel. Esta teoria
afirmava que “a ontogénese recapitula a filogénese”, isto é, ao observarmos as
várias fases da embriogénese de um ser, poderíamos verificar as fases de
evolução da espécie a que pertence. Assim, o desenvolvimento embrionário
recapitularia a filogénese da espécie, acabando por a ontogénese ser
determinada pela filogénese. Haeckel tentou então provar esta teoria
comparando embriões de várias espécies. No entanto, os estudos de Haeckel
foram manipulados para se encaixarem na teoria. Atualmente, a teoria que prova
que existe uma relação entre filogénese e ontogénese é a contrária à teoria da
recapitulação, dizendo que a filogénese não pode determinar a ontogénese mas
sim o contrário, isto porque, são as transformações ontogenéticas que ocorrem

1
Escola Secundária Dr. Joaquim de Carvalho, Figueira da Foz
DGEstE – DIREÇÃO DE SERVIÇOS DA REGIÃO CENTRO

no processo evolutivo que permitem a adaptação ao meio ambiente. Assim, é a


filogénese que depende da ontogénese.

O preformismo foi uma teoria que apareceu


no final do século XVII, nesta altura, formaram-se
dois grupos de cientistas que defendiam duas
visões distintas desta teoria. Um grupo defendia
que existia um ser em miniatura no interior do
espermatozoide e o outro grupo defendia que o
novo ser miniatura existia no óvulo e, assim, o seu
desenvolvimento limitava-se ao aumento de
tamanho do novo ser. A teoria da epigénese tenta
explicar o desenvolvimento individual de um
organismo e foi criada por Aristóteles, negando a
existência de estruturas pré formadas no ovo que Figura 6: teoria do preformismo

se desenvolvem posteriormente. O desenvolvimento é o resultado de um


processo gradual de crescimento e modificação constante em interação com o
meio onde o indivíduo se desenvolve.

Todos os seres vivos estão geneticamente programados, ou seja, todos


os seres vivos têm um programa genético que os leva a exibirem certas
características e certos comportamentos. O zoólogo e etologista Kornad Lorenz
criou os conceitos de programa aberto e programa fechado para distinguir as
espécies em que a capacidade de aprender é muito limitada, daqueles cujo
conjunto de comportamentos é suscetível de se ampliar por meio de
aprendizagens. O programa fechado define, de um modo mais rígido, um
conjunto de comportamentos, como por exemplo, comportamentos
especializados e não aprendidos. O programa aberto implica apenas uma
programação básica, fazendo com que o ser possa evoluir de forma distinta,
possa ter comportamentos não inatos e possa adaptar-se em casos de
alterações ambientais. O ser humano tem um programa aberto, por isso não
reage através dos instintos, nem tem um comportamento e um desenvolvimento
pré determinados. O ser humano é um ser prematuro, visto que, quando nasce

1
Escola Secundária Dr. Joaquim de Carvalho, Figueira da Foz
DGEstE – DIREÇÃO DE SERVIÇOS DA REGIÃO CENTRO

ainda não apresenta as suas características e as suas capacidades bem


desenvolvidas, como por exemplo o cérebro. Um bebé, como não tem as suas
características quase nada desenvolvidas, é um ser inacabado, por isso, a
infância humana tem de ser extensa para amadurecer o desenvolvimento que
foi iniciado na fecundação. Contudo, é a prematuridade que permite ao Homem
adaptar-se ao meio, uma vez que ele se vai formando ao longo da infância.
Neotenia é o nome a que se dá ao atraso no desenvolvimento, que faz com que
o indivíduo se desenvolva mais devagar e esteja dependente de adultos. Um
reflexo da neotenia é o facto de o adulto possuir ainda traços da infância e da
adolescência. O inacabamento biológico tem a possibilidade de uma maior
variedade comportamental, maior capacidade de adaptação comportamental a
uma diversidade de ambientes e a situações imprevistas e ainda a possibilidade
de construir o seu próprio meio e adaptação, este último traduz-se na cultura.

2.2. A cultura

Através do programa genético do ser humano as hipóteses de


sobrevivências dos ser humanos aumentaram devido à capacidade humana de
adaptação ao meio. Esta capacidade criou a necessidade de cooperação e
coordenação entre os seres humanos, bem como as capacidades de
comunicação através da escrita, pintura, etc. O ser humano constrói com os
outros um mundo inter-humano com habitações, transportes, ferramentas, um
mundo construído que oferece aos humanos suporte e proteção para as suas
formas de vida. Os seres humanos organizam sociedades e criam várias
culturas.

2.2.1. Fatores fundamentais no processo de tornar-se humano

A cultura é uma herança social constituída por atitudes, valores, normas,


crenças, hábitos, etc. É adquirida após o nascimento e transmite-se de geração
em geração. Á medida que as regras de conduta da tradição social começam a
influenciar o indivíduo, as repostas naturais e instintivas vão sendo substituídas
por outras menos naturais, por exemplo, por crenças e costumes próprios do
contexto social em que o indivíduo se desenvolve.

1
Escola Secundária Dr. Joaquim de Carvalho, Figueira da Foz
DGEstE – DIREÇÃO DE SERVIÇOS DA REGIÃO CENTRO

O antropólogo Edward Burnett Tylor dizia que a


cultura era "todo aquele complexo que inclui o
conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os
costumes e todos os outros hábitos e capacidades
adquiridos pelo homem como membro de uma
sociedade". Esta definição de Edward tornou a palavra
“cultura” num conceito extremamente complexo e
impossível de ser fixado de modo único, pois esta
Figura 7: Edward Tylor
definição tem sido problematizada e reformulada
constantemente. Podemos encontrar dois conjuntos de elementos que estão
presentes em todas as culturas:

✓ Elementos da cultura material: são os objetos físicos de uma determinada


sociedade, por exemplo, obras de arte, trajes e monumentos.
✓ Elementos da cultura imaterial: são elementos intangíveis e espirituais
que podem ser partilhados entre os membros de uma sociedade, como
por exemplo, as crenças, a linguagem e a culinária.

Por causa de cada sociedade ter as suas regras culturais sobre o que é
aceitável numa determinada cultura faz com que exista padrões culturais. Os
padrões culturais são regras coletivas de comportamentos de acordo com as
tradições, costumes, hábitos, crenças, etc. de uma determinada sociedade. O
facto de as comunidades obedecerem a padrões culturais contribui para as
pessoas de uma cultura se assemelharem mais, diferenciando-as das pessoas
de outras culturas.

1
Escola Secundária Dr. Joaquim de Carvalho, Figueira da Foz
DGEstE – DIREÇÃO DE SERVIÇOS DA REGIÃO CENTRO

Figura 8

Cada cultura tem um enquadramento geográfico, social e histórico próprio,


assim sendo, os membros que lhe pertencem apresentam formas de
comportamentos específicas. Os padrões culturais são extramente importantes
no comportamento individual, pois influenciam atividades, relacionamentos e
atitudes. Através dos padrões culturais podemos descobrir o significado de um
dado comportamento naquela cultura. Contudo, o papel dos padrões culturais
nem sempre é reconhecido. São tão banais e constantes que nem tomamos
consciência da sua existência. A nossa forma de falar, agir e de pensar está
relacionada com o meio em que estamos inseridos e, consequentemente, com
os padrões culturais a que obedecemos. Os padrões apresentam várias
vantagens:

✓ Contribuem para facilitar a adaptação dos indivíduos à comunidade;


✓ São úteis pelo seu poder cognitivo;
✓ Dão-nos um conhecimento antecipado;
✓ O seu conhecimento é a chave do êxito de muitos empreendimentos e
relacionamentos interpessoais.

Socialização é o processo pelo qual o indivíduo se integra no grupo social,


adquirindo as atitudes, as crenças e os valores mais significativos da cultura
desse grupo e assumindo-os como seus. A socialização permite a relação entre
o indivíduo e um grupo social que mistura normas e valores. Estes grupos são
chamados de agentes de socialização. Estes podem ser a família, a escola ou
as empresas. Existem dois tipos de socialização: a socialização primária e a

1
Escola Secundária Dr. Joaquim de Carvalho, Figueira da Foz
DGEstE – DIREÇÃO DE SERVIÇOS DA REGIÃO CENTRO

socialização secundária. A socialização primária é responsável pelas


aprendizagens mais básicas da vida, como a aprendizagem dos
comportamentos considerados adequados e reconhecidos como formas de
pensar, sentir e fazer. Envolve regras de relacionamento entre pessoas, os
hábitos de cuidado com o corpo, as regras da linguagem, etc., que são
adquiridas através das intervenções com agentes de socialização primários. A
socialização primária ocorre geralmente durante a infância e a adolescência. A
socialização secundária ocorre sempre que a pessoa tem de se adaptar em
situações específicas, novas para o indivíduo.

Ao longo da vida das pessoas, diferentes acontecimentos, diferentes tipos de


relações implicam intensificações no processo de socialização. Alguns exemplos
são casar, ter filho, mudar de profissão, etc.

2.2.2. A história pessoal como um contínuo de organização entre


fatores internos e externos

As crianças selvagens são um dos maiores exemplos para provar que o ser
humano depende das relações sociais para que a humanidade e a identidade se
construam. As crianças selvagens são crianças que cresceram privadas de todo
o contacto humano, estas crianças, que podem ter sido abandonadas ou
perdidas, sobreviveram em isolamento ou na companhia de animais até terem
sido encontradas ou recolhidas por outros seres humanos. Existem, pelo menos,
três tipos de crianças selvagens:

✓ As que terão sobrevivido por si mesmas, como é o caso de Victor de


Aveyron;
✓ As que parecem ter sido criadas e auxiliadas por animais, como por
exemplo as irmãs Amala e Kamala;
✓ As que cresceram confinadas ao isolamento, como é o caso de Genie.

1
Escola Secundária Dr. Joaquim de Carvalho, Figueira da Foz
DGEstE – DIREÇÃO DE SERVIÇOS DA REGIÃO CENTRO

Victor de Aveyron foi uma criança selvagem


que foi encontrado na França em 1798, sendo,
posteriormente, adotado por um educador
francês. Com características peculiares para um
ser humano, o rapaz baixo parecia um macaco;
apesar de conseguir manter uma postura direita,
escalava árvores e habitualmente caminhava Figura 9: Victor Aveyron
como um quadrupede.

Amala e Kamala foram duas crianças selvagens encontradas na Índia em


1920. Amala tinha um ano e meio e faleceu um ano mais tarde. Kamala, no
entanto, já tinha oito anos de idade, e viveu até aos 17 anos. Elas agiam como
filhas de lobo, de forma incomum. Suas idades presumíveis eram por volta de 2
e 8 anos. Depois de encontrá-las, o Reverendo Singh levou-as para o orfanato
que mantinha na cidade de Midnapur. Foi lá que ele iniciou o processo de
socialização das duas irmãs. Elas não falavam, não sorriam e andavam de
quatro.

Genie foi uma criança selvagem estadunidense que foi vítima de abusos
graves, negligência e isolamento social. Quando ela tinha aproximadamente 20
meses de idade, o seu pai começou a mantê-la em um quarto trancado. Durante
esse período, ele amarrava-a a um berço com os braços e as pernas
imobilizados, proibia qualquer pessoa de interagir com ela e deixava-a
gravemente desidratada. A extensão de seu isolamento impediu-a de aprender
a falar durante a infância.

Um outro caso é Isabel Santos. Esta


portuguesa habitava um galinheiro onde
supostamente a mãe a terá colocado algum
tempo após o seu nascimento. Aí viveu
durante oito anos da sua infância tendo como
companhia as galinhas. Alimentava-a de
milho, couves cortadas e uma caneca de café. Figura 10: Isabel Santos

1
Escola Secundária Dr. Joaquim de Carvalho, Figueira da Foz
DGEstE – DIREÇÃO DE SERVIÇOS DA REGIÃO CENTRO

O caso de Isabel foi divulgado pela comunicação social no início de 1980,


quando tinha a idade de 9 anos e tinha vivido cerca de oito anos num galinheiro.

Com estes exemplos percebemos que as relações interpessoais são


fundamentais para a construção da identidade pessoal e da história de vida, isto
é, a maneira como sentimos, pensamos e auto-organizamos as nossas
experiências, ou seja, a maneira como atribuímos significado à nossa história
pessoal. A história pessoal é um conjunto de experiências vividas com os outros.
Estas experiências deixam marcas na nossa forma única de ser, que nos
distingue dos outros, e que fazem parte da nossa história pessoal. A construção
da nossa história pessoal implica encontrarmos significados para o que se vai
sucedendo, para maneira como acontece, para as suas ações e as dos outros,
para aquilo que pensa e sente relativamente a tudo isto. O ser humano age de
forma a criar ordem e sentido a partir das experiências vividas sendo, então um
ser auto-organizado. O Homem tem a capacidade de integrar as experiências na
sua história pessoal, de as organizar e de lhes atribuir um significado. Sendo um
ser auto-organizado, o Homem adquire um sentido de coerência e de
continuidade a partir da diversidade de experiências e significados.

O ser humano possui uma identidade multifacetada. Temos a identidade


específica, sociocultural e individual. A identidade específica permite que o ser
humano se veja como pertencente à espécie humana, dotado de características
semelhantes a outras espécies mas é capaz de distinguir. A identidade
sociocultural refere que os seres humanos podem pertencer a uma determinada
cultura ou sociedade. A identidade individual leva-nos a pensar em cada um de
nós como um singularidade irrepetível, dotada de características que nos
diferenciam de todos os outros.

2.2.3. A riqueza da diversidade humana

A diversidade humana refere-se ao facto de nenhum ser humano ser igual


a outro. A diversidade em todos os seus aspetos é a condição essencial para
que as pessoas construam a sua história pessoal, atribuindo significados a tudo
o que acontece. Se juntarmos as diferenças estruturais e funcionais da biologia,
a heterogeneidade dos elementos culturais, a diversidade dos contextos sociais

1
Escola Secundária Dr. Joaquim de Carvalho, Figueira da Foz
DGEstE – DIREÇÃO DE SERVIÇOS DA REGIÃO CENTRO

e as experiências significativas aí ocorridas, o conjunto de diversidade amplia-


se, mostrando como é possível as pessoas manifestarem características que as
individualizam, tendo cada uma a sua forma de ser, estar e sentir.

A diversidade humana apresenta várias vantagens, entre elas:

✓ É um fator de aprendizagem, vito que, o convívio com pessoas diferentes


multiplica as hipóteses de efetuar novas aprendizagens;
✓ É um fator de abertura e tolerância, pois o convívio com outras pessoas
explora horizontes novos, levando-nos à descoberta de valores que nos
deixarão mais ricos;
✓ É um fator de desenvolvimento intelectual, uma vez que, a coexistência
com pessoas oferece um número superior de possibilidades de exercitar
as nossas competências mentais;
✓ É um fator de progresso cultural, porque a diversidade possibilita a
renovação em todas as culturas.

1
Escola Secundária Dr. Joaquim de Carvalho, Figueira da Foz
DGEstE – DIREÇÃO DE SERVIÇOS DA REGIÃO CENTRO

3. Conclusão

Respondendo às questões iniciais propostas pelo professor, segundo o


que foi anteriormente referido no desenvolvimento, o que pode definir o Homem
como um ser programado é a genética, mais concretamente o facto de o ser
humano ter um programa genético aberto, o que implica que o Homem tenha
comportamentos não inatos, ou seja, não reage através de instintos e não tem
um comportamento pré-determinado, isto é, quando nasce tem que ter a
capacidade de aprender. Isto leva à segunda questão que é como se elaborou o
Homem capaz de realizar comportamentos não inatos. A resposta é a cultura,
as respostas instintivas foram sendo substituídas por crenças e padrões culturais
da sociedade em que a pessoa se encontra, fazendo com que os
comportamentos do ser humano fossem influenciados pela cultura da sociedade
em que se encontra.

1
Escola Secundária Dr. Joaquim de Carvalho, Figueira da Foz
DGEstE – DIREÇÃO DE SERVIÇOS DA REGIÃO CENTRO

4. Iconografia

Capa: https://static.biologianet.com/conteudo/images/a-transmissao-dos-genes-depende-
processo-duplicacao-dna-5874ec6375748.jpg

http://www.todoestudo.com.br/wp-content/uploads/2016/07/cromossomos.jpg

https://portaldrauziovarella.nyc3.digitaloceanspaces.com/wp-
content/uploads/2011/04/30232841/Depositphotos_181591008_s-2019-e1576105004827.jpg

https://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2009/05/genetica.jpg

Foto 1: https://static.biologianet.com/conteudo/images/o-cariotipo-homem-apresenta-22-
pares-autossomos-1-par-cromossomo-sexual-xy-5a0ee392a157d.jpg

Foto 2: https://static.todamateria.com.br/upload/55/cd/55cd1d1d28564-como-se-formam-os-
gemeos-inserir-imagens.jpg

Foto 3: https://www.abc.med.br/fmfiles/index.asp/::places::/abcmed/Irmaos-gemeos-em-que-
eles-se-parecem-e-em-que-eles-se-diferenciam-.jpg

Foto 4: https://dglab.com.br/wp-content/uploads/2022/02/genotipo-fenotipo.png

Foto 5: https://www.estudarfora.org.br/wp-content/uploads/2022/06/Charles-Darwin.jpg

Foto 6: https://l450v.alamy.com/450ves/2bdy12t/preformationism-siglo-xviii-2bdy12t.jpg

Foto 7: https://prabook.com/web/show-photo.jpg?id=1571743

Foto 8 : https://static.todamateria.com.br/upload/oq/ue/o-que-e-cultura-og.jpg

Foto 9: https://miro.medium.com/max/1200/1*aGVDVlcJuEHiS547_hXH5g.jpeg

Foto 10: https://imagens.mdig.com.br/thbs/45178mn.jpg

1
Escola Secundária Dr. Joaquim de Carvalho, Figueira da Foz
DGEstE – DIREÇÃO DE SERVIÇOS DA REGIÃO CENTRO

5. Bibliografia

Manual escolar

https://prezi.com/xhu7ida6pgxs/a-complexidade-do-ser-humano-e-o-seu-
inacabamento-biologico/

http://filosofiaepsicologianaesars.weebly.com/uploads/8/7/9/5/8795646/a_complexi
dade_e_o_inacabamento_humanos.pdf

https://paulohorta-psicb.webnode.pt/conceitos/cerebro/genetica/prematuridade-e-
neotenia-/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Epigénese

https://pt.wikipedia.org/wiki/Preformismo

https://pt.scribd.com/doc/25312389/Factores-No-Processo-de-Tornar-se-Humano

https://prezi.com/anhxqultfc08/os-fatores-fundamentais-no-processo-de-tornar-se-
humano/

https://prezi.com/er1xw5hewqhh/fatores-fundamentais-no-processo-de-tornar-se-
humano/

https://07435604f9.cbaul-
cdnwnd.com/8e3c208d6477d33de62e5c6563ab4cc0/200000146-
6041d6237f/fatores%20importantes%20no%20processo%20de%20tornar-
se%20humano.pdf

https://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura

https://www.todamateria.com.br/o-que-e-cultura/

https://maestrovirtuale.com/o-que-sao-padroes-culturais/

https://diogomadeirapsi.webnode.pt/materia-lecionada/cultura/

http://www.sociologia.com.br/a-socializacao-e-os-agentes-de-socializacao/

1
Escola Secundária Dr. Joaquim de Carvalho, Figueira da Foz
DGEstE – DIREÇÃO DE SERVIÇOS DA REGIÃO CENTRO

https://pt.wikipedia.org/wiki/Amala_e_Kamala

https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/fugas-e-reeducacao-
victor-de-aveyron-o-garoto-selvagem-frances.phtml

https://pt.wikipedia.org/wiki/Genie_(criança_selvagem)

https://www.geopalavras.pt/2010/12/criancas-selvagens.html

https://notapositiva.com/cultura/

https://adriana-psy.webnode.pt/cultura/a-riqueza-da-diversidade-humana/

Você também pode gostar