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O que se entende por comportamento?

Em sentido restrito, significa um conjunto de atos diretamente observáveis, como falar alto,
correr, corar, etc.
O que se entende por processos mentais?
São fenómenos ou factos que não são exteriormente observáveis, como o pensamento, os
raciocínios, os sonhos, a sensação e perceção, os comportamentos, as atitudes, etc.

→Os psicólogos pretendem descrever comportamentos e processos mentais com base na


observação sistemática, explicar porque razão ocorrem tais comportamentos e processos
mentais, predizer acontecimentos futuros com base em acontecimentos passados, modificar
comportamentos e processos mentais de modo a torna-los mais corretos e adaptativos.
O que é a genética?
A genética é o estudo do modo como se dá a passagem de traços ou características de uma
geração para a seguinte.
O que é a genética comportamental?
É o estudo da influência dos genes no comportamento de um determinado individuo.

→Os progenitores, através das células reprodutoras-óvulo e espermatozoide-, transmitem à sua


descendência informação genética, contida nos 46 cromossomas do cariotipo humano. Os
cromossomas organizam-se em pares. Cada progenitor contribui com um cromossoma para cada
par. Estes filamentos são constituídos por sequencias de moléculas de DNA (constituinte
essencial do núcleo celular dos cromossomas, uma vez que armazena o património genético e
assegura a sua transmissão no processo de divisão celular), tendo cada molécula dezenas de
milhar de genes, a unidade básica da hereditariedade. Algumas características biológicas podem
ser explicadas apenas pela informação contida num único par de genes (nestes casos, falamos de
características mendelianas). A maioria implica, todavia, uma combinação complexa de vários
genes (nestas circunstâncias, dizemos que estamos perante uma característica poligénica).
Meiose- processo de divisão celular que ocorre na formação das gametas. Permite que o ovulo e
espermatozoide contenha apenas metade dos cromossomas.
Mitose- Processo de divisão celular que permite que o zigoto dê origem a milhares de milhões
de células. Cada célula copia a informação genética contida nos cromossomas da célula mãe.
O genótipo é o conjunto de todos os genes que um organismo herda dos seus progenitores, ou
seja, é o património genético de um organismo. Por outro lado, o fenótipo é o conjunto de
características de um indivíduo que se manifestam, sendo observáveis, decorrentes da interação
dos genes entre si e com o ambiente onde o organismo se desenvolve.
Existem 3 tipos de genes: recessivos, dominantes, codominantes. Os genes recessivos não se
manifestam caso haja um alelo com instruções contrárias no cromossoma homologo. Os genes
dominantes manifestam-se ainda que haja um alelo com instruções contrárias no cromossoma
homologo. Chamamos de genes codominantes, quando dois genes dominantes se manifestam.
A hereditariedade específica é o conjunto de genes que caracterizam uma espécie (o que nos
torna humanos)
A hereditariedade individual é o património genético que contém a combinação única das
características de cada individuo (o que nos torna únicos).
O meio ambiente é um fator tão importante como a herança genética na definição do que somos
e no desenvolvimento de capacidades que nos tornam únicos. As influências da hereditariedade
e do meio ambiente têm sido estudadas por cientistas da genética comportamental. São
utilizados, essencialmente, quatro métodos, de investigação no estudo da importância do inato
vs. Adquirido: o estudo dos gémeos; o estudo de famílias; o estudo da adoção; o estudo de
anomalias genéticas.
A filogénese é a história da origem e evolução de uma espécie, ou seja, o conjunto de processos
que deu origem e permitiu a evolução de uma dada espécie ou grupo de organismos. Quando
abordamos o ser humano sob esta perspetiva, percebemos como o desenvolvimento do cérebro
(encefalização) e as mudanças no comportamento (o bipedismo, por exemplo) permitiram
adquirir vantagens únicas que nos diferenciam de todas as restantes espécies.
A ontogénese é a história do desenvolvimento de um organismo particular, desde a
embriogénese até à morte. Por palavras menos complexas, a ontogénese consiste nas aquisições
próprias de cada indivíduo, mas essas aquisições verificam-se dentro dos limites impostos pela
espécie, uma vez que a noção de ontogénese tem que ser enquadrada pela filogénese.
Preformismo defende que o desenvolvimento do individuo não é mais do que o crescimento de
um embrião preformo à partida.
Epigénese defende que o desenvolvimento do indivíduo está dependente da interação entre
influências genéticas (inatas) e influências ambientais (adquiridas). Assim, podemos concluir
que para cada uma das nossas características físicas e psicológicas, existe um potencial genético
que vai depender da influência de certos fatores epigenéticos para se manifestar com maior ou
menor intensidade.
Ao nascer, o novo ser humano é um sistema biologicamente inacabado e frágil. Este tipo de
programa genético permite uma maior diversidade de respostas perante as mesmas situações,
visto que a reprogramação que cada organismo sofre por ação das suas experiências de vida
molda-o de uma forma única e singular. O inacabamento biológico é a indeterminação genética
da espécie humana que implica uma prematuridade e consequente incapacidade de
sobrevivência autónoma, à nascença e nos primeiros anos de vida. Por este motivo, precisamos
de algum tempo para aprender a sobreviver sozinhos, o que tem como consequência o
prolongamento da infância. Contudo, esta aparente desvantagem biológica que caracteriza os
nossos primeiros anos de vida acaba por se traduzir numa grande flexibilidade, numa
plasticidade cerebral que permite a aprendizagem de comportamentos complexos e em
capacidades de adaptação, de inovação e de aprendizagem que se mantem na idade adulta. A
esta tendência de preservar os traços juvenis em períodos prolongados do desenvolvimento
chamamos de neotenia.

Processos Biológicos:
O caso de Phineas Gage: O caso de Phineas Gage atualmente é considerado uma das primeiras
evidências científicas que apontavam que lesões nos lóbulos frontais eram capazes de alterar as
emoções, interações sociais e até mesmo a personalidade de um indivíduo. Após o acidente, os
lobos frontais, passaram a ser associados às funções mentais e emocionais que ficaram
alteradas. O médico que o estudou pós-morte acreditava que, "o equilíbrio entre as faculdades
intelectuais e as propensões animais pareciam ter sido destruídas”.

O cérebro não trabalho sozinho, há um número incontável de conexões que os neurónios


estabelecem entre si e que garantem que o bom funcionamento do organismo. A estas ligações
chamamos de sistema nervoso. O sistema nervoso tem como função assegurar o nosso
equilíbrio interno e externo, ou seja, assegurar o funcionamento adequado do nosso organismo
bem como a sua orientação e integração no meio ambiente. Dividindo se em sistema nervoso
central e sistema nervoso periférico. O SNP é composto pelos nervos e é responsável pelas
tarefas ligadas à condução e à circulação de informações de e para o sistema nervoso central, é
constituído pelo sistema nervoso simpático e sistema nervoso parassimpático e ainda pelo
sistema nervoso somático. Já o SNC é constituído pela espinal medula e pelo cérebro e tem
como função tarefas associadas à condução, processamento e coordenação de informações.
Recebe as informações oriundas dos sentidos (visão audição, paladar, etc.) e emite ordens
destinadas aos músculos e às glândulas.
A espinal medula é responsável pela coordenação de respostas elementares como a atividade
reflexa (desencadeamento de respostas simples e automáticas, antes da informação ser
processada no cérebro) e pelo transporte de informações. Já o cérebro, tem como
responsabilidade o processamento e a coordenação de informações mais complexas e
detalhadas.
Todo o sistema nervoso é constituído por neurónios. Os neurónios são unidades estruturais e
funcionais básicas do sistema nervoso. São as células responsáveis pela receção, pelo
processamento, condução e transmissão de informação do cérebro. Os neurónios são
constituídos, por um corpo celular (centro metabólico do neurónio), no interior do qual se
encontra o núcleo. Possuem uma série de prolongamentos, um deles mais comprido que os
restantes, ao qual damos o nome de Axónio (o axónio termina num conjunto de ramificações
chamadas de telodendrites e em alguns neurónios, é revestido por uma bainha de mielina, que
serve de proteção ao axónio e permite uma maior velocidade na circulação de mensagens). Os
restantes prolongamentos, chamamos de dendrites (recebem informação de outros neurónios) e
axónio (conduz o impulso nervoso a outros neurónios). A principal função dos neurónios é a
transmissão de impulsos nervosos (passagem de carga elétrica das telodendrites de um neurónio
para as dendrites de outro), que se trata de uma ligação funcional de natureza eletroquímica a
que se dá o nome de sinapses (interconexão que medeiam a transferência entre neurónios
através de substâncias químicas: os neurotransmissores).
Considerando a sua função, os neurónios podem ser sensoriais ou aferentes (recolhem a
informação dos órgãos dos sentidos e dos órgãos internos e conduzem-na ao sistema nervoso
central). Motores ou eferentes (responsáveis pela transmissão de informações do sistema
nervoso central aos músculos, órgãos e glândulas) e interneurónios ou de conexão (interpretam
informação, fazem a conexão e mantem associações entre os neurónios sensoriais motores e
interneurónios)
Os neurónios espelho são ativados quer quando observamos uma ação, quer quando
desempenhamos uma ação, têm por isso um papel importante na aprendizagem e na capacidade
de anteciparmos as intenções e sermos empáticos com os outros.
O Cérebro:
Córtex cerebral: O córtex cerebral é uma massa cinzenta de aspeto enrugado que é responsável
por grande parte das nossas faculdades intelectuais, criativas e linguísticas, como, por exemplo,
a nossa capacidade de aprendizagem, de produção e interpretação de símbolos, de resolução de
problemas, de cálculo, de pensamento reflexivo, etc.
O nosso cérebro é atravessado por uma fenda longitudinal, que o divide em duas metades quase
simétricas, os hemisférios cerebrais. Cada hemisfério cerebral é responsável pelo controlo
sensorial e motor do lado oposto do corpo. Embora, de um ponto de vista anatómico, os dois
hemisférios sejam semelhantes, estes apresentam funções distintas: Enquanto o hemisfério
esquerdo é especializado em simbologia e lógica, ocupando-se do pensamento analítico, linear e
verbal, o hemisfério direito é responsável pela nossa perceção espacial e encarrega-se do
pensamento sintético (associa as ideias), holístico (encontra relações num só passo,
intuitivamente) e imagístico (rege-se por imagens). Apesar das diferenças constatadas, os
estudos revelam que os dois hemisférios têm funções e agem de forma autónoma, mas os dois
cooperam e interagem de forma sistémica e integrada, desempenhando papeis complementares.
Esta sintonia funcional é dada devido ao corpo caloso (uma faixa de fibras nervosas que liga os
dois hemisférios e que unifica o estado de consciência e atenção). Além da fissura central que
divide o cérebro em dois hemisférios, existem outros enrugamentos que nos permitem
subdividir cada um dos hemisférios em 4 regiões, ou lobos cerebrais: o lobo occipital, o lobo
temporal, o lobo parietal e o lobo frontal. O lobo occipital é responsável pelo processamento de
estímulos visuais. O lobo temporal é responsável pelo processamento de estímulos auditivos e
pela compreensão do discurso. O lobo parietal é responsável pelo processamento das sensações
provenientes das diferentes partes do nosso corpo. Já o lobo frontal é responsável pela
coordenação motora, pelo pensamento abstrato e pelas nossas capacidades de cálculo,
planeamento e produção de discurso.
Uma área cortical que merece especial destaque é o córtex pré-frontal, já que este é o
responsável pela formação de conceitos morais e para o planeamento do futuro, estando
implicada no controlo da atenção e do humor, na memoria, na tomada de decisão, no
comportamento social ajustado e na personalidade.
Especialização funcional: diferentes áreas do cérebro são especializadas em diferentes funções.
A ideia de especialização funcional implica que cada função ou capacidade do sistema nervoso
é controlada por um grupo específico de neurónios numa área específica do cérebro. No entanto,
nenhuma área do cérebro funciona de modo completamente independente, pois a maioria dos
nossos comportamentos envolvem a ativação de várias regiões cerebrais, como é o exemplo da
realização de tarefas complexas como a linguagem, a aprendizagem e a memória. Assim
podemos concluir que na realidade o cérebro funciona como um todo e não de forma estanque e
compartimentada, ou seja trata-se de uma unidade funcional constituída por partes cujas
interações concorrem para a manutenção do seu equilíbrio funcional como unidade ou sistema,
ou seja todas as áreas cerebrais trabalham de modo diversificado, mas coordenado, com vista a
uma finalidade comum.
O cérebro possui uma função vicariante ou de suplência, através da qual outras áreas podem
assegurar funções que determinadas áreas deixaram de poder exercer. A esta capacidade de
reorganizar redes neuronais ao longo do tempo em função das necessidades e dos estímulos do
ambiente dá-se o nome de plasticidade cerebral. A plasticidade cerebral traduz-se numa
enorme disponibilidade para a aprendizagem, que embora mais notória nos primeiros anos do
nosso desenvolvimento, se mantem ao longo de toda a nossa vida. Ocorre naturalmente em
consequência das novas experiências e da aprendizagem ou como um mecanismo adaptativo de
compensação de funções perdidas ou de maximização de funções mantidas em caso de lesão
cerebral. Neste último caso, falamos de mecanismo de suplência ou função vicariante.
A importância do cérebro humano:
Ao contrário das restantes espécies de animais o ser humano apresenta um programa genético
aberto, ou seja, ao comparado com outras espécies que se encontram aptos para sobreviver
sozinhas poucas horas após o nascimento, o ser humano encontra-se dependente dos seus
progenitores nos primeiros anos do seu desenvolvimento. Deste modo, o cérebro humano
desenvolve-se consoante os fatores do ambiente à sua volta. O ser humano tem uma tendência a
preservar alguns traços juvenis na sua idade adulta, o que se denomina, neotenia.
O conjunto dos dois processos referidos garante plasticidade ao cérebro, ou seja, uma
capacidade de adaptação a diversos fatores, incluindo a falta ou danificação de uma parte do
cérebro. Isto é verificável através dos dois exemplos presentes no texto: A mulher de 24 anos
viveu toda a sua vida sem cerebelo, algo que só é possível se outras partes do cérebro, à medida
do seu desenvolvimento tenham assegurado a função do cerebelo; da mesma forma o caso do
rapaz cujo hemisfério esquerdo foi retirado quando este tinha apenas dois anos reflete a
capacidade de adaptação do nosso cérebro, uma vez que aos 17 anos este já tinha recuperado a
quase totalidade da competência da fala.
Em ambos os casos, podemos verificar que a qualidade de vida dos indivíduos só foi assegurada
devido a estes não terem partes do cérebro desde muito novos (no caso da mulher, desde o seu
nascimento). Isto deve-se à lentificação, ou seja, o desenvolvimento do nosso cérebro, estende-
se por um longo período de tempo, que permite que o nosso cérebro, adquira, plasticidade que,
consequentemente, torna possível a complexificação, processo no qual diferentes áreas do nosso
cérebro podem assegurar as funções de uma área danificada. A junção destes processos leva à
individualização, processo que permite que cada individuo apresente características únicas.
Deste modo, considero o cérebro humano um órgão de extrema importância para a
sobrevivência do ser humano, dado que através do seu desenvolvimento prolongado, adquire
plasticidade que permite que, mesmo uma área sendo danificada, outras assegurem as suas
funções minimizando as consequências dessa danificação na vida do individuo.

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