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AVALIAÇÃO COGNITIVA
NO TEA
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vivenciá-las e superá-las gradativamente, conforme as aptidões que se adquirem
ao longo do seu processo de aprendizagem. Segundo Cunha (2018, p. 30-31),
para a realidade pedagógica “o que é mais importante aprender naquele momento
deverá ser favorecido. Primeiro, trabalham-se algumas tarefas de maior facilidade
de execução até o pleno domínio. Posteriormente, acrescenta-se uma nova”.
Um dos instrumentos mais eficazes nesse processo de avaliação,
entretanto ainda pouco valorizado, é a observação. Com ele é possível verificar
como o individuo age em diferentes circunstâncias, seus gostos, seus desejos,
seus sonhos, o modo como se movimenta, a sua coordenação, os vínculos que
cria, entre outras características. O processo de observação “consiste em
perceber e registrar o que se vê, sem a preocupação inicial de interpretação de
dados. Essa imparcialidade conduz a uma avaliação isenta de pressupostos”
(Cunha, 2018, p. 76).
O processo de observação deve levar em conta alguns indicadores
pessoais que precisam ser registrados durante as atividades que podem ajudar a
verificar o desempenho do sujeito. Diante de tais dados, é necessário estar ciente
que “haverá conquistas e erros, muitas vezes mais erros do que conquistas, mas
o trabalho jamais será em vão” (Cunha, 2018, p. 29). Ademais, é preciso que o
educador perceba que o afeto deve ser a mola propulsora no processo de ensino
-aprendizagem. Dessa forma, ele pode incentivar e buscar novas oportunidades,
para que o sujeito com transtorno do espectro autista (TEA) enfrente os desafios
que se apresentam da sua vida.
Em algumas circunstâncias o ato de observar pode ser confundido com o
de avaliar. Entretanto, é preciso salientar que a avaliação com neutralidade, será
conquistada após observar e registrar o modo como o sujeito age naquele espaço.
Cunha (2018) aponta alguns itens que podem ser verificados para serem
registrados, são eles: motivação, ritmo, constância, atitude diante da frustração,
concentração, mudança de rotina, organização, participação, autonomia,
criatividade, comunicação, flexibilidade, vínculos, interesses, desenvolvimento
cognitivo e emocional, habilidade visório-motora e social e coordenação motora.
A observação, que nada mais é que uma etapa do trabalho pedagógico,
ajuda o educador a traçar os melhores caminhos que podem auxiliar a
contextualizar o processo educativo, ao conhecer as necessidades e as virtudes
do infante. “Todavia, não são as dificuldades que irão ter maios peso, mas as
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virtudes e as possibilidades sobre as quais virá o trabalho pedagógico” (Cunha,
2018, p. 76).
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educador é a de promover e dispor de uma série de condições educativas em um
ambiente expressamente preparado” (Cunha, 2017, p. 34).
O conteúdo acadêmico aprendido pelo autista deve ser observado.
Portanto, é preciso verificar a etapa em que ele se encontra e quais são as
aptidões necessárias em todas as áreas do conhecimento para aquela fase. Serra
(2018, p. 25) aponta que “os espaços escolares priorizam as atividades de vida
autônoma e a convivência social dos alunos com autismo, em detrimento dos
conteúdos escolares”. Dessa maneira, fica evidente que o aprendizado do
conteúdo formal fica relegado a segundo plano, uma vez que outras aptidões são
evidenciadas durante o processo de ensino-aprendizagem. No entanto, é
necessário avaliar o sujeito para oportunizar meios que levem ao aprendizado do
autista.
Um ponto que não é tão valorizado é a representação por meio de
desenhos, seja ela real ou imaginária. É imprescindível ensinar o autista a
desenhar, pois essa é uma forma de comunicação que demonstra as aptidões e
a criatividade do sujeito em seu processo de aprendizado. Além do mais, “a
capacidade de simbolizar está relacionada à linguagem e, de certa forma, às
expressões afetivas do indivíduo” (Cunha, 2017, p. 39). O educador pode propiciar
momentos para que o desenho seja aprendido pelo autista; dessa forma, ele
conseguirá simbolizar e se comunicar por meio do imagético. Caso o indivíduo
não consiga desenhar, podem ser oferecidas peças de uma figura humana, para
que ele possa montar a imagem. Há a possibilidade de organizar uma cena com
colagem. Essas ações colaboram com o aprendizado de conteúdos abstratos.
Outro fator que deve ser observado para oportunizar o aprendizado é a
percepção visual, uma vez que o autista tende a fixar em detalhes menores, ao
invés de observar o todo. Isso resulta em experiências fracionadas, sem a coesão
da experiência, que pode acarretar dificuldade de organizar os itens de forma
coerente. Cunha (2017, p. 37) afirma que “A inteligência espacial regula os
sentidos de lateralidade e direcionamento. Nos movimentos, o indivíduo
aperfeiçoa a coordenação motora e a percepção corporal, concedendo-lhe
orientação física”.
O repertório pedagógico de um sujeito com autismo deve “[...] propiciar
oportunidades para que ela descubra propriedades (que efetivamente há) para a
superação desses desafios. E para encontrar as oportunidades e revelar essas
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propriedades, será preciso observação” (Cunha, 2018, p. 58). Logo, é necessário
avaliar o autista para que tenha condições de desenvolver seu potencial.
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afinidade, é interessante observar quais foram as atitudes que o sujeito teve para
conquistar essa criança. Com esse dado, pode-se orientar os demais funcionários
a buscar meios que cativem o infante. Cunha (2018, p. 100) salienta que é
necessário utilizar “afetos naturais do aluno com autismo para educá-lo é canalizar
suas emoções para o processo pedagógico. É trazer para o campo da educação
o seu interesse e amor”.
A demonstração do afeto é um item que necessita ser avaliado em criança
com autismo. Algumas demonstram repulsa, outras gostam de ser tocadas. E até
mesmo o modo como reagem à demonstração da afetividade do adulto é
importante para o desenvolvimento do vínculo com a escola. É vital “trazer para o
campo da educação o seu interesse e amor. As emoções deflagram mecanismos
na memória que ajudam na conservação do aprendizado escolar” (Cunha, 2018,
p. 100).
O afeto está ligado ao modo como a criança se relaciona ao ambiente
escolar. Em alguns casos, o autista não demonstra interesse pela escola, “pois
ainda não descobriu que poderá explorar seus afetos no trabalho escolar. Alunos
com autismo, de quando em vez, desenvolvem resistência ao espaço escolar, pois
não se atraem por ele” (Cunha, 2018, p. 103). Por essa razão é imprescindível
avaliar quais são os pontos que atraem a atenção do infante para esse espaço,
para buscar o engajamento nas atividades que serão apresentadas. Caso o
sujeito não sinta motivado no ambiente escolar, a aprendizagem não ocorrerá da
melhor forma.
As ações emocionais que levam as relações são importantes para o
aprendizado da socialização. Por essa razão, a reciprocidade, o olhar e o sorriso
responsivo devem ser avaliados; por meio desses elementos é possível verificar
como está a sua relação com o próximo. Dessa forma, Cunha (2018, p. 100)
descreve os pontos que necessitam ser aprimorados no âmbito escolar:
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meio dele é possível adquirir conhecimentos sociais, culturais e o saber
acadêmico.
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das informações que estão a nossa volta. Durante a alfabetização, precisaremos
dessa habilidade para que o aluno visualize as atividades e propostas
pedagógicas” (Serra, 2018, p. 42). Dessa forma, é imprescindível avaliar se: o
aluno olhar para o local adequado enquanto faz as tarefas; o olhar se mantém;
consegue localizar o objeto solicitado pelo professor; mudar o olhar em diferentes
planos sem perder a atenção.
O sorriso responsivo também é importante. O sorriso é empregado pelo
bebê como forma de se comunicar sem utilizar as palavras. A troca de sorrisos
possibilita a leitura da expressão humana e responder a elas. Além disso,
possibilita a afetividade e a compreensão de tudo que está a sua volta. Serra
(2018, p. 44) aponta que “a capacidade de ler os estados mentais da fase do
interlocutor nos conduzirá aos efeitos mais sofisticados da interpretação de textos
e mensagem que é a inferência”.
Atenção compartilhada – essa aptidão refere-se a seguir “o olhar e o
apontar do adulto, com ou sem convite para esse gesto, que seja capaz de imitar
atos instrumentais e arbitrários, que tenha gestos imperativos, tais como entregar
algo e apontar, e aponte para mostrar algo que lhe desperte o interesse”. Essas
habilidades são limitadas em crianças com autismo, apesar de essencial para o
desenvolvimento da alfabetização, por isso deverão ser desenvolvidas por pais e
professores.
Outras avaliações podem ser conduzidas para observar quais habilidades
o autista possui e se compreende e expressa a linguagem. Para tanto é
necessário verificar se nomeia e/ou identifica objetos; compreende o significado
de pelo menos dez palavras, ouve histórias curtas; compreende ordens. Em
relação à percepção visual e à localização no espaço, é imprescindível verificar
se o sujeito percebe detalhes, monta quebra-cabeças e jogos de encaixe,
completa imagens ou letras, identifica semelhanças e diferenças. Também se faz
necessário observar se o sujeito consegue imaginar, memorizar e utilizar a
mensagem aprendida. Por isso, “procure observar e oferecer atividades ao
estudante para verificar como ele se comporta, pois esses aspectos costumam
ser alterados, dependendo da gravidade do TEA” (Serra, 2018, p. 49).
O professor precisa conhecer as habilidades que são importantes para a
alfabetização. Caso “[...] o educando não apresentar esses requisitos é necessário
começar a ensiná-los antes do ensino de habilidades de leitura” (Gomes, 2015, p.
18). Ao identificar as aptidões necessárias, o educador pode propiciar atividades
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que colaborem com o aprendizado de competências que ainda não foram
desenvolvidas, isso colabora com o desenvolvimento do aluno e há mais chances
de obter tal aprendizado. Por isso, é de suma importância essas avaliações no
meio escolar.
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de novas habilidades”. Sendo assim, conhecer as habilidades do TEA, para
direcionar para a exploração de suas habilidades podem ser o diferencial em seu
processo de aprendizagem. A partir do momento em que se conhecem as
aptidões e as limitações, devem-se oportunizar meios para o sujeito desenvolver
em diferentes âmbitos.
A avaliação do aspecto afetivo é fundamental para a aprendizagem. É
imprescindível observar as relações com os colegas, com os funcionários, a
linguagem afetiva e os vínculos com o meio. Ao observar o sujeito em suas
relações, faz-se necessário entender que o autista demonstra afetividade, e que
muitas vezes é visto como surpresa para algumas pessoas. Apesar da forma
como muitos se comportam, é possível melhorar os vínculos, quando “[...]
percebe-se que o amor dos pais e dos professores minimizam grandemente ou
até revertem esse quadro, criando receptividade a manifestações de afeto e
carinho” (Cunha, 2017, p. 49).
Observar e contribuir com aspectos sociais relativos à interação social,
trabalhar em grupos, identidade e pertencimento, e autonomia moral são
fundamentais para o desenvolvimento de qualquer pessoa, uma vez que é por
meio da percepção do outro que ocorre a aprendizagem; é importante ficar atento
para o modo como o outro age. Pode parecer algo difícil de ser ensinado para o
autista, no entanto, é preciso oferecer meios que ele possa aprender com isso.
Cunha (2017, p. 54) aponta que é necessário avaliar o modo como ele utiliza o
aspecto afetivo, para “propiciar ao autista experiência em grupo, por meio de
momentos de aprendizagem em sala de aula comum e no convívio diário com os
demais alunos, trabalhando a interação e a comunicação”.
A avaliação do aspecto psicomotor é fundamental no aprendizado escolar,
uma vez que é por meio dessa habilidade é desenvolvida o esquema corporal
(equilíbrio, lateralidade, percepções), sensibilidade para materiais e aceitação de
texturas, coordenação motora (ampla, fina e visomotora). Costuma-se trabalhar
com esses pontos na educação infantil, são importantes, pois influenciam no
aprendizado. Cunha (2017, p. 55) aponta que é preciso verificar quais os itens que
precisam ser aprimorados no autista “para estabelecer atividades que observem
sua história pessoal, comtemplando sua individualidade para o desenvolvimento
de habilidades como aprendiz no espaço escolar”.
Quando se trata de avaliação é preciso olhar as especificidades humanas
para oportunizar aprendizado adequado a esses sujeitos. Portanto, é de
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importância o olhar efetivo e afetivo para o autista. Dessa maneira, será possível
oportunizar as intervenções adequadas, que só podem ser realizadas após uma
avaliação de qualidade. Principalmente quando se trata do meio acadêmico, é
necessário oportunizar meios para o desenvolvimento integral do ser humano.
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REFERÊNCIAS
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