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AULA 6

AVALIAÇÃO COGNITIVA
NO TEA

Profª Grazielle Tavares


TEMA 1 – AVALIAÇÃO DE APRENDIZAGEM

A avaliação referente ao processo de ensino-aprendizagem de uma criança


com diferentes especificidades precisa ser verificada com cautela e muita
atenção. Para tanto, faz-se necessário observar o sujeito para identificar os
indícios que demonstram suas potencialidades e suas limitações para intervir com
eficácia e buscar ações que levem ao desenvolvimento do autista.

1.1 Processo educativo da pessoa com autismo

O desenvolvimento da pessoa com autismo recai para diferentes terapias,


que colaboram com o aprendizado da criança em diversos aspectos. Contudo,
quando o infante adentra o ambiente escolar, os pais percebem a necessidade de
desenvolver outras especificidades para que o sujeito consiga avançar no
ambiente acadêmico. Nesse momento, há a necessidade de verificar alguns
pontos, conforme a sua faixa etária. Ou seja, “o primeiro passo está na avaliação
para saber quais habilidades necessitam ser conquistadas e quais aptidões
básicas, motoras e acadêmicas necessitam ser desenvolvidas” (Cunha, 2018, p.
29).
Ao sair do meio familiar e adentrar o escolar, os pais percebem diferentes
habilidades que devem ser desenvolvidas para que o sujeito consiga tornar-se
autônomo nas tarefas cotidianas, para posteriormente desenvolver a leitura e a
escrita. O ato de aprender no âmbito escolar difere do terapêutico, pois o autista
estará convivendo com os seus pares, isso pode ajudá-lo no vínculo, no
engajamento das atividades e a imitar seus colegas. Dessa forma, será priorizado
“uma série de afazeres ligados ao seu cotidiano, concernentes à sua
independência que podem ir da higiene pessoal à linguagem escrita, da
alimentação à matemática” (Cunha, 2018, p. 29).
A identificação das habilidades das crianças com autismo difere-se da
aplicada com as típicas. Para Cunha (2018), o primeiro passo é verificar quais as
aptidões básicas, motoras e acadêmicas precisam ser conquistadas. Ficar atento
ao modo como ocorre a interação, o vínculo e a comunicação dessas crianças.
Deve-se priorizar o desenvolvimento das habilidades naturais, para
posteriormente focar o aprendizado elaborado.
O professor pode observar o aluno, para identificar suas potencialidades e
propiciar demandas adequadas, para que o sujeito tenha a possibilidade de

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vivenciá-las e superá-las gradativamente, conforme as aptidões que se adquirem
ao longo do seu processo de aprendizagem. Segundo Cunha (2018, p. 30-31),
para a realidade pedagógica “o que é mais importante aprender naquele momento
deverá ser favorecido. Primeiro, trabalham-se algumas tarefas de maior facilidade
de execução até o pleno domínio. Posteriormente, acrescenta-se uma nova”.
Um dos instrumentos mais eficazes nesse processo de avaliação,
entretanto ainda pouco valorizado, é a observação. Com ele é possível verificar
como o individuo age em diferentes circunstâncias, seus gostos, seus desejos,
seus sonhos, o modo como se movimenta, a sua coordenação, os vínculos que
cria, entre outras características. O processo de observação “consiste em
perceber e registrar o que se vê, sem a preocupação inicial de interpretação de
dados. Essa imparcialidade conduz a uma avaliação isenta de pressupostos”
(Cunha, 2018, p. 76).
O processo de observação deve levar em conta alguns indicadores
pessoais que precisam ser registrados durante as atividades que podem ajudar a
verificar o desempenho do sujeito. Diante de tais dados, é necessário estar ciente
que “haverá conquistas e erros, muitas vezes mais erros do que conquistas, mas
o trabalho jamais será em vão” (Cunha, 2018, p. 29). Ademais, é preciso que o
educador perceba que o afeto deve ser a mola propulsora no processo de ensino
-aprendizagem. Dessa forma, ele pode incentivar e buscar novas oportunidades,
para que o sujeito com transtorno do espectro autista (TEA) enfrente os desafios
que se apresentam da sua vida.
Em algumas circunstâncias o ato de observar pode ser confundido com o
de avaliar. Entretanto, é preciso salientar que a avaliação com neutralidade, será
conquistada após observar e registrar o modo como o sujeito age naquele espaço.
Cunha (2018) aponta alguns itens que podem ser verificados para serem
registrados, são eles: motivação, ritmo, constância, atitude diante da frustração,
concentração, mudança de rotina, organização, participação, autonomia,
criatividade, comunicação, flexibilidade, vínculos, interesses, desenvolvimento
cognitivo e emocional, habilidade visório-motora e social e coordenação motora.
A observação, que nada mais é que uma etapa do trabalho pedagógico,
ajuda o educador a traçar os melhores caminhos que podem auxiliar a
contextualizar o processo educativo, ao conhecer as necessidades e as virtudes
do infante. “Todavia, não são as dificuldades que irão ter maios peso, mas as

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virtudes e as possibilidades sobre as quais virá o trabalho pedagógico” (Cunha,
2018, p. 76).

TEMA 2 – AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO PEDAGÓGICO

Os conhecimentos dos aspectos pedagógicos são de suma importância no


processo de aprendizagem escolar, uma vez que o currículo foi elaborado para
atender as especificidades daquela sociedade. Por essa razão, é fundamental
propiciar avaliações diagnósticas para verificar como está o desenvolvimento do
sujeito dentro de uma área específica. Dessa forma, buscar meios de auxiliá-lo
em seu processo de ensino-aprendizagem.

2.1 Como analisar o repertório pedagógico

Aprender na escola não se refere somente ao processo de leitura e escrita,


principalmente quando se refere à educação infantil. O fazer pedagógico é
composto por outras especificidades que perpassam o aprendizado na primeira
infância. Dessa forma, é essencial oportunizar ao aluno diferentes materiais, bem
como ferramentas que poderão ser empregadas em seu cotidiano. Além disso, é
imprescindível o desenvolvimento de habilidades sociais, emocionais e cognitivas,
para que o sujeito possa viver em sociedade.
O primeiro ponto que deve ser observado refere-se ao currículo e ao
aprendizado do autista. Logo, deve-se verificar se a criança acompanha o
currículo do ano em que ela está inserida, ou se o docente precisa realizar
adaptações curriculares para que o infante possa aprender. Serra (2018, p. 26)
salienta que “O conceito de inclusão educacional costuma ser reduzido à
convivência, sem que a aprendizagem formal com adaptações curriculares e a
formulação de um Plano Educacional Individualizado ocupem as prioridades nos
planos pedagógicos”.
Em seguida, deve ser verificado se o autista possui alguma restrição em
relação ao material utilizado, tal como a textura ou a espessura. Essa pode ser
uma pergunta direcionada para a família, mas também é um fato que deve ser
observado. Por isso, a educação infantil é muito importante, uma vez que propicia
o acesso a diferentes elementos que ajudam no aprendizado do sujeito. Vale
ressaltar que o aprendizado pode não acontecer pelo fato de o indivíduo ter
aversão ao material oferecido para ele. Vale ressaltar que a “atribuição do

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educador é a de promover e dispor de uma série de condições educativas em um
ambiente expressamente preparado” (Cunha, 2017, p. 34).
O conteúdo acadêmico aprendido pelo autista deve ser observado.
Portanto, é preciso verificar a etapa em que ele se encontra e quais são as
aptidões necessárias em todas as áreas do conhecimento para aquela fase. Serra
(2018, p. 25) aponta que “os espaços escolares priorizam as atividades de vida
autônoma e a convivência social dos alunos com autismo, em detrimento dos
conteúdos escolares”. Dessa maneira, fica evidente que o aprendizado do
conteúdo formal fica relegado a segundo plano, uma vez que outras aptidões são
evidenciadas durante o processo de ensino-aprendizagem. No entanto, é
necessário avaliar o sujeito para oportunizar meios que levem ao aprendizado do
autista.
Um ponto que não é tão valorizado é a representação por meio de
desenhos, seja ela real ou imaginária. É imprescindível ensinar o autista a
desenhar, pois essa é uma forma de comunicação que demonstra as aptidões e
a criatividade do sujeito em seu processo de aprendizado. Além do mais, “a
capacidade de simbolizar está relacionada à linguagem e, de certa forma, às
expressões afetivas do indivíduo” (Cunha, 2017, p. 39). O educador pode propiciar
momentos para que o desenho seja aprendido pelo autista; dessa forma, ele
conseguirá simbolizar e se comunicar por meio do imagético. Caso o indivíduo
não consiga desenhar, podem ser oferecidas peças de uma figura humana, para
que ele possa montar a imagem. Há a possibilidade de organizar uma cena com
colagem. Essas ações colaboram com o aprendizado de conteúdos abstratos.
Outro fator que deve ser observado para oportunizar o aprendizado é a
percepção visual, uma vez que o autista tende a fixar em detalhes menores, ao
invés de observar o todo. Isso resulta em experiências fracionadas, sem a coesão
da experiência, que pode acarretar dificuldade de organizar os itens de forma
coerente. Cunha (2017, p. 37) afirma que “A inteligência espacial regula os
sentidos de lateralidade e direcionamento. Nos movimentos, o indivíduo
aperfeiçoa a coordenação motora e a percepção corporal, concedendo-lhe
orientação física”.
O repertório pedagógico de um sujeito com autismo deve “[...] propiciar
oportunidades para que ela descubra propriedades (que efetivamente há) para a
superação desses desafios. E para encontrar as oportunidades e revelar essas

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propriedades, será preciso observação” (Cunha, 2018, p. 58). Logo, é necessário
avaliar o autista para que tenha condições de desenvolver seu potencial.

TEMA 3 – AVALIAÇÃO DO VÍNCULO COM A APRENDIZAGEM

Avaliar como o autista se relaciona com a aprendizagem é essencial no


processo escolar, uma vez que é por meio do vínculo com o ato de aprender que
qualquer pessoa desenvolve repulsa ou apreço. Dessa maneira, faz-se
necessário verificar como se dá esse processo, bem como o modo como ele se
constitui para o engajamento com o âmbito acadêmico. Ademais, é preciso
identificar as áreas de maior interesse para esse público.

3.1 Vínculo e aspecto acadêmico

É possível avaliar o vínculo com o processo acadêmico em um autista,


mesmo ele não sendo verbal, por meio de suas atitudes. O sujeito indica que não
quer permanecer na escola, pois frequentemente sai da sala, e permanece por
longo tempo fora desse local. Ou então, quando o aluno chega na instituição e
chora para entrar. Esses são alguns indícios que não há afinidade com o ambiente
de aprendizagem. Cunha (2018, p. 117) corrobora ao afirmar que “Após observá-
lo para conhecê-lo melhor, podemos elaborar um conjunto de atividades
pedagógicas que lhe sejam funcionais, isto é, nas quais ele encontre sentido para
aprender”.
A interação é um ponto bem importante que deve ser observado no
processo escolar. Quando o infante não brinca com as outras crianças, mas brinca
ao mesmo tempo que essas outras crianças, é possível verificar que não houve o
engajamento com o ambiente em que está inserido. Alguns exemplos que podem
ser observados em relação ao vínculo com o ambiente escolar são: buscam o
isolamento, ou então fazem atividades diferentes do restante da turma, preferem
manter-se distante dos demais e não aceitam dividir seus brinquedos. Para
superar tais empecilhos “O professor pode propor atividades e formas de
comunicação que todos compartilhem. Adaptar currículo, práticas pedagógicas e
materiais de desenvolvimento [...]” (Cunha, 2018, p. 116).
O vínculo com o ambiente em que o sujeito está inserido é um dos pontos
que devem ser observados; o autista pode demonstrar afeto ou satisfação na
presença de algum profissional da escola. Quando identificar que há essa

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afinidade, é interessante observar quais foram as atitudes que o sujeito teve para
conquistar essa criança. Com esse dado, pode-se orientar os demais funcionários
a buscar meios que cativem o infante. Cunha (2018, p. 100) salienta que é
necessário utilizar “afetos naturais do aluno com autismo para educá-lo é canalizar
suas emoções para o processo pedagógico. É trazer para o campo da educação
o seu interesse e amor”.
A demonstração do afeto é um item que necessita ser avaliado em criança
com autismo. Algumas demonstram repulsa, outras gostam de ser tocadas. E até
mesmo o modo como reagem à demonstração da afetividade do adulto é
importante para o desenvolvimento do vínculo com a escola. É vital “trazer para o
campo da educação o seu interesse e amor. As emoções deflagram mecanismos
na memória que ajudam na conservação do aprendizado escolar” (Cunha, 2018,
p. 100).
O afeto está ligado ao modo como a criança se relaciona ao ambiente
escolar. Em alguns casos, o autista não demonstra interesse pela escola, “pois
ainda não descobriu que poderá explorar seus afetos no trabalho escolar. Alunos
com autismo, de quando em vez, desenvolvem resistência ao espaço escolar, pois
não se atraem por ele” (Cunha, 2018, p. 103). Por essa razão é imprescindível
avaliar quais são os pontos que atraem a atenção do infante para esse espaço,
para buscar o engajamento nas atividades que serão apresentadas. Caso o
sujeito não sinta motivado no ambiente escolar, a aprendizagem não ocorrerá da
melhor forma.
As ações emocionais que levam as relações são importantes para o
aprendizado da socialização. Por essa razão, a reciprocidade, o olhar e o sorriso
responsivo devem ser avaliados; por meio desses elementos é possível verificar
como está a sua relação com o próximo. Dessa forma, Cunha (2018, p. 100)
descreve os pontos que necessitam ser aprimorados no âmbito escolar:

Não é de bom tom que a prática escolar seja orientada pelo


conhecimento medido em testes, em uma sistematização do passado
com pouca inclinação à vida. Uma pedagogia assim faz com que o
prazer, quando deveriam ter melhor destaque, porque são motores da
aprendizagem.

A avaliação do sujeito deve perpassar o meio sistematizado, diferentes


pontos devem ser verificados, como: adesão ao ambiente, comportamentos
disruptivos, automutilação, birra, desejo de ficar fora da sala, entre outros. Vale
ressaltar que o comportamento é um item indispensável para o aprendizado, por

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meio dele é possível adquirir conhecimentos sociais, culturais e o saber
acadêmico.

TEMA 4 – AVALIAÇÃO PARA A ALFABETIZAÇÃO

A leitura e a escrita são conhecimentos necessários para a vida em


sociedade. Por essa razão, muitos pais esperam esse momento e ficam satisfeitos
quando ele acontece com seus filhos. Contudo, há casos que o processo de
alfabetização demora mais para acontecer, como de algumas crianças com
autismo. No entanto, é necessário saber quais são as habilidades que antecedem
esse processo, para avaliar se esses sujeitos possuem tais saberes.

4.1 Avaliação de habilidades que antecedem a alfabetização

O processo de alfabetização é visto como uma das habilidades de grande


importância para inserção social, por isso pais investem nessa fase por
reconhecerem seu valor. Como há uma variedade de perfis de autista, é preciso
averiguar se esses indivíduos possuem algumas habilidades que são essenciais
para o ensino da leitura. Infelizmente, nem todas as pessoas dentro do espectro
conseguirão adquirir esse conhecimento, mas vale perguntar se esse saber será
fundamental para a sua autonomia, comunicação e interação social.
Quando se observa que o sujeito obterá ganhos significativos pelo
processo de alfabetização, é interessante iniciar o aprendizado dos requisitos
básicos na tenra idade, uma vez que o processo de alfabetização necessita de
subsídios de outras áreas para iniciar. Caso o indivíduo não possua essas
habilidades, é interessante começar a ensiná-las antes das letras. Deve-se
começar ao “avaliar o que o aprendiz é capaz de fazer é importante para saber
por onde começar e para onde seguir” (Gomes, 2015, p.18).
Conhecer os precursores indispensáveis ao processo de alfabetização é
de suma importância, uma vez que são indispensáveis para o desenvolvimento
da leitura e da escrita. Serra (2018) aponta pontos que necessitam ser observados
para verificar se o candidato à alfabetização apresenta tais aptidões para obter o
aprendizado. Ela aponta que esses precursores são pré-requisitos para o
processo de alfabetização. A seguir serão esmiuçados cada um desses pontos.
Olhar é um ponto muito importante para a recepção de informações e para
o desenvolvimento visomotora. “O olhar é também a primeira fonte de absorção

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das informações que estão a nossa volta. Durante a alfabetização, precisaremos
dessa habilidade para que o aluno visualize as atividades e propostas
pedagógicas” (Serra, 2018, p. 42). Dessa forma, é imprescindível avaliar se: o
aluno olhar para o local adequado enquanto faz as tarefas; o olhar se mantém;
consegue localizar o objeto solicitado pelo professor; mudar o olhar em diferentes
planos sem perder a atenção.
O sorriso responsivo também é importante. O sorriso é empregado pelo
bebê como forma de se comunicar sem utilizar as palavras. A troca de sorrisos
possibilita a leitura da expressão humana e responder a elas. Além disso,
possibilita a afetividade e a compreensão de tudo que está a sua volta. Serra
(2018, p. 44) aponta que “a capacidade de ler os estados mentais da fase do
interlocutor nos conduzirá aos efeitos mais sofisticados da interpretação de textos
e mensagem que é a inferência”.
Atenção compartilhada – essa aptidão refere-se a seguir “o olhar e o
apontar do adulto, com ou sem convite para esse gesto, que seja capaz de imitar
atos instrumentais e arbitrários, que tenha gestos imperativos, tais como entregar
algo e apontar, e aponte para mostrar algo que lhe desperte o interesse”. Essas
habilidades são limitadas em crianças com autismo, apesar de essencial para o
desenvolvimento da alfabetização, por isso deverão ser desenvolvidas por pais e
professores.
Outras avaliações podem ser conduzidas para observar quais habilidades
o autista possui e se compreende e expressa a linguagem. Para tanto é
necessário verificar se nomeia e/ou identifica objetos; compreende o significado
de pelo menos dez palavras, ouve histórias curtas; compreende ordens. Em
relação à percepção visual e à localização no espaço, é imprescindível verificar
se o sujeito percebe detalhes, monta quebra-cabeças e jogos de encaixe,
completa imagens ou letras, identifica semelhanças e diferenças. Também se faz
necessário observar se o sujeito consegue imaginar, memorizar e utilizar a
mensagem aprendida. Por isso, “procure observar e oferecer atividades ao
estudante para verificar como ele se comporta, pois esses aspectos costumam
ser alterados, dependendo da gravidade do TEA” (Serra, 2018, p. 49).
O professor precisa conhecer as habilidades que são importantes para a
alfabetização. Caso “[...] o educando não apresentar esses requisitos é necessário
começar a ensiná-los antes do ensino de habilidades de leitura” (Gomes, 2015, p.
18). Ao identificar as aptidões necessárias, o educador pode propiciar atividades

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que colaborem com o aprendizado de competências que ainda não foram
desenvolvidas, isso colabora com o desenvolvimento do aluno e há mais chances
de obter tal aprendizado. Por isso, é de suma importância essas avaliações no
meio escolar.

TEMA 5 – AVALIAÇÃO POR HABILIDADES E COMPETÊNCIAS

Perspectivas diferenciadas devem ser avaliadas em um sujeito com


autismo, para que se possa identificar as habilidades e as competências que
constituem o ato de aprender. Nessa perspectiva, devem ser observadas as
habilidades e as deficiências próprias de cada sujeito. Para colaborar no
aprendizado, faz-se necessário verificar o aspecto cognitivo, o afetivo, os
psicomotores e os sociais.

5.1 Avaliação de diferentes aspectos

O aprendizado é permeado por diferentes aspectos, que devem ser


observados para oportunizar diferentes experiências que possibilitam aos sujeitos
vivenciarem ações práticas educativas que serão levadas para o seu cotidiano.
Independentemente das limitações, o ato de aprender deve perpassar os muros
escolares e sobrepujar as atividades que a vida proporciona.
Como há diferentes aspectos que necessitam ser avaliados, faz-se
necessário verificar cada item isoladamente, como forma didática de aprendizado.
Contudo, esses itens não estão dissociados, ou seja, eles não são encontrados
de maneira isolada no sujeito. Ao observar um sujeito com TEA, é possível
verificar o cognitivo. “Obviamente, no autismo, há a limitação de alguns processos
cognitivos naturais em razão da dificuldade de interação social e de comunicação,
além da incidência de atividades restrito-repetitivas” (Cunha, 2017, p. 42).
Os pontos que devem ser observados em sujeito com autismo são a
capacidade de imitar, a percepção, o raciocínio, a memória, a atenção, a
criatividade, a linguagem e a autonomia para aprender. A avaliação desses itens
inicia por olhar com atenção o indivíduo, perceber o modo como executa as ações
propostas. Dessa forma, é possível verificar como ocorre o processo de
aprendizagem. Cunha (2017, p. 43) recomenda que “Como em toda a educação,
em qualquer circunstância, o foco deverá ser o indivíduo, especificamente no caso
do autista, as aptidões que ele possui serve como propulsores para a aquisição

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de novas habilidades”. Sendo assim, conhecer as habilidades do TEA, para
direcionar para a exploração de suas habilidades podem ser o diferencial em seu
processo de aprendizagem. A partir do momento em que se conhecem as
aptidões e as limitações, devem-se oportunizar meios para o sujeito desenvolver
em diferentes âmbitos.
A avaliação do aspecto afetivo é fundamental para a aprendizagem. É
imprescindível observar as relações com os colegas, com os funcionários, a
linguagem afetiva e os vínculos com o meio. Ao observar o sujeito em suas
relações, faz-se necessário entender que o autista demonstra afetividade, e que
muitas vezes é visto como surpresa para algumas pessoas. Apesar da forma
como muitos se comportam, é possível melhorar os vínculos, quando “[...]
percebe-se que o amor dos pais e dos professores minimizam grandemente ou
até revertem esse quadro, criando receptividade a manifestações de afeto e
carinho” (Cunha, 2017, p. 49).
Observar e contribuir com aspectos sociais relativos à interação social,
trabalhar em grupos, identidade e pertencimento, e autonomia moral são
fundamentais para o desenvolvimento de qualquer pessoa, uma vez que é por
meio da percepção do outro que ocorre a aprendizagem; é importante ficar atento
para o modo como o outro age. Pode parecer algo difícil de ser ensinado para o
autista, no entanto, é preciso oferecer meios que ele possa aprender com isso.
Cunha (2017, p. 54) aponta que é necessário avaliar o modo como ele utiliza o
aspecto afetivo, para “propiciar ao autista experiência em grupo, por meio de
momentos de aprendizagem em sala de aula comum e no convívio diário com os
demais alunos, trabalhando a interação e a comunicação”.
A avaliação do aspecto psicomotor é fundamental no aprendizado escolar,
uma vez que é por meio dessa habilidade é desenvolvida o esquema corporal
(equilíbrio, lateralidade, percepções), sensibilidade para materiais e aceitação de
texturas, coordenação motora (ampla, fina e visomotora). Costuma-se trabalhar
com esses pontos na educação infantil, são importantes, pois influenciam no
aprendizado. Cunha (2017, p. 55) aponta que é preciso verificar quais os itens que
precisam ser aprimorados no autista “para estabelecer atividades que observem
sua história pessoal, comtemplando sua individualidade para o desenvolvimento
de habilidades como aprendiz no espaço escolar”.
Quando se trata de avaliação é preciso olhar as especificidades humanas
para oportunizar aprendizado adequado a esses sujeitos. Portanto, é de

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importância o olhar efetivo e afetivo para o autista. Dessa maneira, será possível
oportunizar as intervenções adequadas, que só podem ser realizadas após uma
avaliação de qualidade. Principalmente quando se trata do meio acadêmico, é
necessário oportunizar meios para o desenvolvimento integral do ser humano.

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REFERÊNCIAS

CUNHA, E. Autismo na escola: psicopedagogia e práticas educativas na escola


e na família. 7. ed. Rio de Janeiro: WAK, 2017.

_____. Autismo e inclusão e diversidade. 7. ed. Rio de Janeiro: WAK, 2018.

_____. Práticas pedagógicas para inclusão e diversidade. 7. ed. Rio de


Janeiro: WAK, 2018.

GOMES, C. G. S. Ensino de leitura para pessoas com autismo. Curitiba:


Appris, 2015.

SERRA, D. Alfabetização de alunos com TEA. Rio de Janeiro: E-Nuppes, 2018.

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