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Biologia

COLÉGIO MARCO DE REVOLUÇÃO


Aluno(a):
Professor: 1º Bimestre

Curso
De
Biologia

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Sumá rio
Introduçã o à Biologia - pá ginas: 4 a 13
Bioquímica - pá ginas: 13 a 46
Ecologia - pá ginas: 46 a 105
Citologia - pá ginas: 105 a 139
Respiraçã o Celular - pá ginas: 139 a 164
Citogenética - pá ginas: 164 a 189
Embriologia - pá ginas: 189 a 203
Evoluçã o - pá ginas: 203 a 234
Histologia - pá ginas: 234 a 277
Fisiologia - pá ginas: 277 a 351
Microbiologia - pá ginas: 351 a 394
Zoologia (Invertebrados) - pá ginas: 394 a 462
Zoologia (Vertebrados) - pá ginas: 462 a 501
Botâ nica - pá ginas: 501 a 524
Histologia Vegetal - pá ginas: 524 a 631

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Genética - pá ginas: 631 a 674
Engenharia Genética - pá ginas: 674 a 683

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Introduçã o à Biologia
Características dos seres vivos
Os seres vivos apresentam características gerais que permitem diferenciá-los dos seres não vivos.

Costumamos ouvir que os seres vivos nascem, crescem, reproduzem e morrem. Entretanto, existem
características ou funções fundamentais que em conjunto podem definir aquilo que chamamos de vida.

A seguir, descrevemos 12 das características que permitem identificar um ser vivo.

1. Organização celular
Os seres vivos são formados por células. Eles podem apresentar uma célula (seres unicelulares) ou várias
células (seres pluricelulares).

As células são estruturas altamente organizadas e funcionam coordenadamente. Nos seres


multicelulares, células semelhantes se combinam para formar os tecidos, que participam da construção
dos órgãos. Uma organização mais elevada é a formação dos sistemas de órgãos.

A maioria dos autores indicam que todos os seres vivos são formados por uma unidade funcional e
estrutural: a célula. De acordo com a estrutura celular, os organismos vivos podem ser simples, como
bactérias, ou complexos, como os seres humanos. Os vírus são considerados por muitos estudiosos
como seres vivos, mas são os únicos que não possuem células.

2. Composição química
Os seres vivos são formados basicamente por uma junção de elementos químicos, chamados de
bioelementos ou elementos biogênicos, que constituem a matéria viva.

A tabela periódica agrupa os 118 elementos químicos conhecidos e destes, carbono (C), oxigênio (O),
hidrogênio (H) e nitrogênio (N) são os bioelementos primários.

Os bioelementos primários mais fósforo (P) e enxofre (S) constituem aproximadamente 98% da massa
corporal de um ser vivo.

3. Metabolismo
Todos os seres vivos apresentam metabolismo, que corresponde à junção de todas as reações químicas
interligadas dentro de um organismo.

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O objetivo do metabolismo é controlar a energia e os recursos materiais para suprir as necessidades de
um ser vivo. As diversas reações em uma célula fazem com que ela se mantenha viva, com capacidade
de crescer e se dividir.

O metabolismo pode ser classificado em dois grandes processos: anabolismo (reações de síntese ou
construção) e catabolismo (reações de degradação ou quebra).

4. Crescimento e desenvolvimento
Os seres vivos crescem ao longo da vida e aumentam de tamanho ou massa seca (sem levar em
consideração a água do organismo). Consequentemente, o número de células no organismo aumenta.

O crescimento e o desenvolvimento seguem padrões, que envolvem genética, hormônios, nutrição e


metabolismo. As células podem passar por um aumento de volume (hipertrofia) ou multiplicação que
origina novas células (hiperplasia).

5. Reprodução
Os seres vivos são capazes de reproduzir e aumentar o número de componentes da sua espécie através
de seus descendentes. Essa capacidade de reprodução pode ocorrer de diferentes maneiras,
dependendo do organismo.

Seres unicelulares duplicam seu material genético e dividem-se, originando células novas a partir de
uma célula-mãe. Já os seres pluricelulares apresentam células especializadas em reprodução, que são
chamadas de células germinativas reprodutivas.

A reprodução pode ser classificada em sexuada, pela união de gametas dos progenitores, ou assexuada,
que forma organismos geneticamente idênticos.

6. Hereditariedade
A hereditariedade pode ser definida como a capacidade de transmitir informações genéticas entre os
indivíduos de uma mesma espécie para que suas características sejam mantidas de uma geração para
outra.

Essas informações são transmitidas através de genes, unidades funcionais da hereditariedade, que
consistem em fragmentos sequenciados de DNA.

7. Nutrição
Os organismos vivos precisam se alimentar para adquirir nutrientes e energia para sua sobrevivência. De
acordo com a nutrição, os seres vivos são classificados em autotróficos e heterotróficos.

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Os seres autotróficos conseguem produzir seu alimento a partir de materiais sem vida através de
processos como, por exemplo, fotossíntese e quimiossíntese. Já os seres heterotróficos são nutridos a
partir de outros seres vivos, retirando moléculas orgânicas.

8. Processamento de energia
Os seres vivos precisam de uma fonte de energia para sobreviver e realizar as atividades celulares.

A respiração celular é uma reação química que ocorre dentro das células e é responsável por liberar a
energia absorvida através dos alimentos.

Nesse processo, ocorre a quebra das moléculas de nutrientes e a energia liberada é aproveitada pela
célula para desempenhar suas funções.

Nas plantas, por exemplo, a energia absorvida do Sol é transformada em alimento através da
fotossíntese.

9. Irritabilidade
Os seres vivos são capazes de reagir a estímulos e detectar alterações no meio em que estão inseridos.
Essa característica recebe o nome de irritabilidade.

As respostas aos estímulos recebidos podem ser positivas, quando a resposta é dada em direção ao
estímulo, ou negativas, para que o ser se afaste do que foi detectado.

Sensibilidade é diferente de irritabilidade. A sensibilidade é uma característica exclusiva dos animais, que
podem responder de diferentes formas a um estímulo.

10. Movimento
Os seres vivos são capazes de se movimentar, sair de um local ou mudar de posição. Por exemplo, os
animais podem percorrer distâncias ao se locomoverem, e as plantas se curvam em direção ao Sol.

O movimento pode ser perceptível pela movimentação externa, como reação aos estímulos, ou pode
ocorrer com as estruturas dentro do próprio organismo. Por isso, o movimento é necessário para a
manutenção da vida.

11. Homeostase
A homeostase, interpretada como “estado estável”, é o mecanismo que garante que as condições
internas necessárias para o funcionamento do organismo sejam mantidas constantes.

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Temperatura e concentração de substâncias químicas são exemplos de fatores regulados nos seres
vivos.

12. Evolução e adaptação


A evolução biológica faz parte da adaptação dos seres vivos. Um ser vivo pode passar por um processo
de modificação para ajudá-lo a sobreviver no ambiente e dar continuidade à espécie.

A evolução está relacionada com a diversidade dos seres vivos, em um processo de desenvolvimento a
partir de um ancestral comum ou de seleção natural. A adaptação pode ser vista como uma estratégia
de defesa para manutenção da espécie, como é o caso da camuflagem.

Organizaçã o dos Seres Vivos


Entende-se por Biologia a ciência que "estuda a vida", desde a composição dos seres vivos até sua interação com
outros organismos e seu impacto em um determinado ambiente.

Dessa forma, sabendo que a Biologia engloba temas muito amplos e complexos, é necessário classificar os objetos
de estudo em níveis de organização, onde cada um se torna um campo a ser estudado dentro dessa ciência.

Como os seres vivos estão organizados?

Os níveis de organização dentro da Biologia podem ser ordenados em uma escala do menor componente para o
maior. É possível, ainda, dividi-los em duas escalas, conforme observado abaixo:

 Composição do indivíduo (organização dos seres vivos);

Organização Dos Seres


Vivos

 Composição da biosfera ou de interação entre indivíduos (organização entre indivíduos).

Organização Entre
Indivíduos

Compreende-se aqui toda a escala, desde o átomo como menor elemento até os sistemas, que compõem um único
indivíduo. Essa é a forma hierárquica das estruturas biológicas. Nessa forma de organização, entendemos que
existe uma estrutura base no nível mais baixo (átomo) que segue se organizando até o nível mais elevado
(biosfera).

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Ao longo de cada um desses níveis observamos as unidades do nível anterior, acrescidas em complexidade
organizacional. A interação aumenta de acordo com o nível. Por conta disso, podemos observar a existência de
diversos campos de estudo na biologia. Algumas das áreas responsáveis por esses campos de estudo são:

 Fisiologia (estudo dos sistemas fisiológicos);


 Histologia (estudo dos Tecidos);
 Citologia (estudo da Célula);
 Anatomia;
 Microbiologia;
 Bioquímica.

Níveis de organização do indivíduo


Para fins didáticos, usaremos o ser humano como modelo.

 Átomo: partícula que forma toda a matéria existente. Composto por prótons, elétrons e nêutrons. No corpo
humano, temos átomos de Carbono, Oxigênio, Hidrogênio, Fósforo etc.
 Molécula: formada a partir da junção dos átomos por ligações químicas, garantindo suas características químicas e
formando substâncias constituintes do corpo humano, como água (H2O), Fosfato (PO43-), Metano
(CH4), Proteínas, Carboidratos, etc.
 Organóide ou Organela Celular: estruturas que desempenham funções específicas no interior celular,
principalmente eucariontes. Formam compartimentos que garantem uma maior organização intracelular. São
formadas pela união de várias moléculas. Exemplos: ribossomos, presentes em seres eucariontes e procariontes e
que é responsável pela síntese protéica; mitocôndrias, presentes em eucariontes e que realizam a respiração
celular.
 Célula: é a menor unidade funcional de um organismo. É composta por moléculas e organelas (no caso dos
eucariontes) diferentes. Há indivíduos inteiros compostos por uma única célula e indivíduos compostos por várias
células. Neste último caso, cada célula desempenha funções diferentes. Existem os mais variados tipos celulares no
organismo humano. Cada um com sua especificidade, como os neurônios (células nervosas), células beta-
pancreáticas (presente no pâncreas responsável pela síntese a insulina), hemácias (células que transportam
oxigênio na corrente sanguínea) etc.
 Tecido: várias células semelhantes interagem entre si, formando os tecidos que desempenham uma função
específica no organismo. Os tecidos são visíveis e presentes em organismos vegetais e animais, como
a epiderme (camada da pele), por exemplo.
 Órgão: constituído por tecidos, os órgãos realizam funções específicas que garantem o funcionamento do
organismo, como o estômago, que auxilia na digestão e o coração, que bombeia sangue pelo corpo.
 Sistema: conjunto de órgãos que, ligados entre si, exercem uma função vital específica, garantindo o equilíbrio do
organismo e a manutenção da vida. Exemplos de sistemas são o Sistema Respiratório, que garante as trocas
gasosas e a obtenção de oxigênio, e o Sistema Nervoso, que é responsável por analisar e estabelecer uma rede de
comunicação dentro do organismo através de estímulos.
 Organismo ou Indivíduo: conjunto de sistemas que permite a formação de um indivíduo. Por exemplo, um ser
humano.

O esquema a seguir ilustra esses níveis de organização.

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Organização Dos Seres
Vivos
Níveis de organização entre indivíduos
O modo como os indivíduos, iguais ou não, interagem e causam impacto em determinado ecossistema é o campo
de estudo principal que utiliza essa escala.

A Ecologia é responsável pelo estudo envolvendo esse tipo de organização.

 Espécie: grupo de organismos biologicamente semelhantes entre si que, em condições naturais, conseguem se
reproduzir e gerar descendentes férteis.
 População: é o conjunto de organismos da mesma espécie que habitam, ao mesmo tempo, um mesmo local do
Globo, de forma que interajam entre si. Exemplo: um grupo de nativos indígenas que habitam uma mesma aldeia
na Floresta Amazônica.
 Comunidade: conjunto de populações diferentes (espécies diferentes) que habitam uma mesma região (habitat) ao
mesmo tempo, podendo existir uma interação entre essas populações. Também é chamada de fatores bióticos de
uma região ou cenobiose. Exemplo: Os nativos indígenas vivem na Floresta Amazônica, que é um local com várias
árvores e vários animais, como antas, onças etc. São diferentes populações que dividem o mesmo espaço.
 Ecossistema: conjunto de comunidades (fatores bióticos) presentes em um local específico, além dos fatores
abióticos desse local (como luz, temperatura, água, nutrientes do solo e outros). Exemplo: a Floresta Amazônica,
com todas as suas comunidades de nativos, animais, vegetais e fatores abióticos como a temperatura, incidência
de chuva, água etc.
 Biosfera: conjunto dos ecossistemas presentes no Planeta Terra, onde se encontra e se abriga formas de vida. A
Biosfera não é o planeta Terra, mas uma parte dele.

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Método Científico da Biologia
Entende-se por método científico o conjunto de normas e técnicas que devem ser empregadas a fim de se
obter resultados mais confiáveis de algum estudo científico.

Alguns cientistas e estudiosos entendem o método científico como uma lógica aplicada à ciência que deve ser
utilizada sempre que se deseja estudar ou comprovar algo.
O que é o método científico?
O método científico é um conjunto sistemático que serve como ferramenta para o progresso em uma pesquisa
específica, a fim de comprovar a veracidade e a reprodutibilidade de algum processo.

É fundamental um método científico bem estruturado para a comprovação ou postulação de teses e leis
científicas.

René Descartes é o principal contribuinte para a metodologia científica com a publicação do “Discurso do
Método”, seguindo a mesma linha de raciocínio de Francis Bacon.

Na obra, ele propôs que a obtenção de um resultado só é possível por meio da dúvida sistemática e da
decomposição do problema em pequenas partes, que podem ser analisadas e estudadas separadamente, fornecendo
material para compreender "o todo".

O método ficou conhecido como Determinismo ou Modelo Cartesiano, e a frase famosa proposta por ele diz que
"para compreender o todo, basta compreender as partes".

Quais são os tipos de método científico?


Embora o método proposto por Descartes tenha culminado na evolução da ciência e em propostas que permeiam
até os dias de hoje o meio científico, esse método recebeu contribuições de outros pensadores e modelos, passando
a ser dividido em algumas categorias.

Os tipos de método científico variam conforme os materiais que o pesquisador dispõe no momento da análise, o
ramo da ciência estudado e a forma de pensamento empregada:
Método indutivo
Também chamado de indução, esse tipo de raciocínio conclui uma verdade por meio de um número suficiente de
casos particulares observados. Portanto, com a observação, é possível chegar a uma base segura sobre um objeto
ou conhecimento que esteja sendo estudado ou construído. É um tipo de método utilizado nas ciências naturais,
matemática e estatística, por exemplo.
Método dedutivo
Raciocínio que utiliza da dedução para obter a conclusão a respeito de uma determinada hipótese. Resumidamente,
uma conclusão deve ser verdadeira se, e somente se, todas as premissas sejam verdadeiras e o raciocínio obedecer
a uma lógica. Um exemplo é deduzir que determinado peixe respira embaixo d'água, pois parte da premissa
verdadeira de que todo peixe respira debaixo d'água.
Método hipotético-dedutivo
Assim como o método dedutivo, esse tipo de raciocínio também utiliza a dedução para concluir determinado
estudo. A diferença nesse método está ao empregar propostas baseadas em hipóteses. Se as hipóteses são
verdadeiras, a proposta também é. Dessa forma, durante um estudo utilizando esse tipo de lógica, devem ser
realizados diversos testes de hipótese para verificar sua veracidade e confiabilidade.

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Método dialético
Geralmente empregado nas ciências humanas e na filosofia. O método dialético se desenvolve a partir do diálogo,
cujo foco é a contraposição ou contradição de ideias, levando à obtenção de outras ideias, que por fim, resultam na
conclusão de um estudo ou em sua explicação.
Método fenomenológico
Metodologia e corrente filosófica que se concentra nos fenômenos da consciência e sua importância. É geralmente
empregado na psicologia ou ciências sociais.

Quais são as etapas do método científico?


Para se chegar a uma conclusão ou postulação de uma lei ou de um estudo, é necessário que um conjunto de
procedimentos que compõem o método científico seja empregado.

O método científico é o passo a passo que deve ser seguido para se comprovar uma lei ou estudo, obedecendo
a uma ordem de sete etapas:
1- Observação
Descrição de um fenômeno por meio de sua quantificação e medição, geralmente sendo necessário o uso de
equipamentos cientificos quando se trata de um estudo das ciências naturais.

Exemplo: observou-se que determinadas plantas crescem mais durante o dia do que durante a noite.
2- Problema
É o item de maior importância daquilo que se deseja estudar. É por meio da determinação do problema que se
elaboram testes e metodologias.

Exemplo: a luz do dia age sobre o vegetal, possibilitando seu maior crescimento?
3- Levantamento de dados
Também chamada de revisão bibliográfica, essa etapa busca levantar informações pertinentes ao assunto estudado:
se essa é a dúvida de outros pesquisadores, se já foi sanada, se existem estudos levantando outra problemática,
entre outras.

Exemplo: estudos mostraram que a luz tem grande influência na formação de compostos orgânicos e,
posteriormente, no crescimento vegetal.
4- Hipótese
É a explicação dedutiva ou indutiva de determinado problema. É uma suposição ou um conjunto de suposições que
precisam ser provadas ou refutadas ao longo do estudo. A hipótese precisa ser testada, ou seja, submetida a
experimentos controlados e descritivos que comprovem a sua veracidade. Uma hipótese falsa é descartada, e uma
hipótese verdadeira pode ser utilizada para comprovar uma nova lei ou estudo.

Exemplo: a luz presente durante o dia age promovendo o crescimento vegetal.


5- Teste de hipótese
Experimentos controlados que irão comprovar se a hipótese é verdadeira ou falsa. Durante os testes, são
empregadas amostras “controle”, para servir como um padrão de comparação, e o grupo experimental.

Exemplo: vários espécimes do mesmo vegetal serão analisados em dias com incidências de luz diferentes
(ausência e presença de luz) e durante a noite, para que seja quantificada sua taxa de crescimento. Alguns desses
espécimes serão colocados sob a incidência de luz (grupo controle), e outros, ao mesmo tempo, serão colocados
em um local de sombra ou ausência de luz (grupo experimental), em todos os dias e noites de análise.

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6- Resultado
Etapa para verificar se a hipótese é verdadeira ou falsa, por meio da análise dos testes de hipótese.

Exemplo: os testes mostraram que as plantas colocadas sob a incidência de luz durante o dia cresceram mais do
que as plantas colocadas na sombra durante o dia e as plantas analisadas durante a noite.
7- Teoria ou conclusão
As observações da(s) hipótese(s) levantadas, permitindo uma constatação. Lembrando que uma teoria pode ser
refutada posteriormente por meio do emprego de outras hipóteses ou testes.

Exemplo de conclusão do estudo: a luz presente durante o dia age sob o vegetal, promovendo seu crescimento.

Etapas Do Método Científico

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Bioquímica
Vitaminas
As vitaminas são compostos orgânicos não sintetizados pelo organismo, sendo incorporados através da
alimentação.

Elas são essenciais para o funcionamento de importantes processos bioquímicos do organismo,


especialmente como catalisadoras de reações químicas.

As principais fontes de vitaminas são as frutas, verduras, legumes, carne, leite, ovos e cereais.

A carência parcial de vitaminas é chamada de hipovitaminose, enquanto que o excesso de ingestão de


vitaminas é denominado hipervitaminose. Avitaminose é a carência extrema ou total de vitaminais.

Existem ainda as pró-vitaminas, substâncias a partir das quais o organismo é capaz de sintetizar
vitaminas. Por exemplo: carotenos (pró-vitamina A) e esteróis (pró-vitamina D).

As vitaminas são encontradas em uma grande diversidade de


alimentos

Tipos
As vitaminas são divididas em dois grupos, conforme a substância na qual se dissolvem:

 Vitaminas lipossolúveis: São as vitaminas solúveis em gordura e por isso podem ser armazenadas. Fazem
parte deste grupo as vitaminas A, D, E e K.

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 Vitaminas hidrossolúveis: São as vitaminas do complexo B e a vitamina C, solúveis em água. Elas não podem
ser armazenadas no corpo, tornando raro os casos de hipervitaminose. Também são absorvidas e excretadas
rapidamente.

Vitaminas Lipossolúveis
Vitamina A (Retinol/Beta-Caroteno)

 Funções: Crescimento e desenvolvimento dos tecidos; ação antioxidante; funções reprodutivas; integridade dos
epitélios;importante para a visão.
 Fontes: Fígado, rim, nata, manteiga, leite integral, gema de ovo, queijo e peixes oleosos. Fontes de carotenos
presentes na cenoura, abobrinha, batata doce, manga, melão, mamão, pimentão vermelho, brócolis, agrião,
espinafre.
 Hipovitaminose: Queratinização das membranas de mucosas que revestem o trato respiratório, tubo digestivo
e trato urinário. Queratinização da pele e do epitélio do olho. Alterações na pele, insônia, acne, pele seca com
descamações, diminuição do paladar e apetite, cegueira noturna, úlceras na córnea, perda de apetite, inibição
do crescimento, fadiga, anormalidades ósseas, perda de peso, aumento da incidência de infecções.
 Hipervitaminose: Dores nas articulações, afinamento de ossos longos, perda de cabelo e icterícia.

Vitamina D

 Funções: Absorção de cálcio e fósforo. Auxilia o crescimento e a resistência dos ossos, dentes, músculos e
nervos;
 Fontes: Leite e derivados, margarinas e cereais enriquecidas, peixes gordos, ovos, levedo de cerveja.
 Hipovitaminose: Anormalidades ósseas, raquitismo, osteomalácia;
 Hipervitaminose: Hipercalemia, dor óssea, enfraquecimento, falhas no desenvolvimento, depósito de cálcio nos
rins;

Vitamina E (Tocoferol)

 Funções: Ação antioxidante, protege as células dos danos provocados pelos radicais livres, auxiliando na
prevenção de doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer.
 Fontes: Óleos vegetais, nozes, amêndoa, avelã, gérmen de trigo, abacate, aveia, batata doce, vegetais verde-
escuros.
 Hipovitaminose: Anemia hemolítica, distúrbios neurológicos, neuropatia periférica e miopatia esquelética.
 Hipervitaminose: Não existe toxicidade conhecida.

Vitamina K

 Funções: Catalisar a síntese dos fatores de coagulação do sangue no fígado. A vitamina K atua na produção de
protrombina, que combina com o cálcio para ajudar a produzir o efeito coagulante, além de ser necessária na
manutenção da saúde dos ossos.
 Fontes: Vegetais verdes folhosos, fígado, feijão, ervilha e cenoura.
 Hipovitaminose: Tendência a hemorragias.
 Hipervitaminose: Dispnéia e Hiperbilirrubinemia.

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Vitaminas Hidrossolúveis
Vitamina C

 Funções: Antioxidante, cicatrizante, atua no crescimento e manutenção dos tecidos corporais, incluindo matriz
óssea, cartilagem, colágeno e tecido conjuntivo.
 Fontes alimentares: Frutas cítricas, frutas vermelhas, maçã, tomate, batata inglesa, batata doce, repolho,
brócolis.
 Hipovitaminose: Pontos hemorrágicos na pele e nos ossos, capilares fracos, articulações frágeis, dificuldade de
cicatrização de feridas, sangramento de gengivas.

As frutas exóticas também são excelentes fontes de vitamina C.

Vitaminas do Complexo B
As vitaminas do complexo B compreendem oito vitaminas, são elas:

Tiamina (B1)

 Funções: Liberação de energia dos carboidratos, gorduras e álcool.


 Fontes: Gérmen de trigo, ervilha, levedura, cereais matinais fortificados, amendoim, fígado, batata, carne de
porco e vaca, fígado, grãos, leguminosas.
 Hipovitaminose: Beribéri (dor e paralisia das extremidades, alterações cardiovasculares e edema), anorexia,
indigestão, constipação, atonia gástrica, secreção insuficiente de ácido clorídrico, fadiga, apatia geral,
enfraquecimento do músculo cardíaco, edema, insuficiência cardíaca e dor crônica no sistema músculo-
esquelético.
 Hipervitaminose: Pode interferir na absorção de outras vitaminas do complexo B.

Riboflavina (B2)

 Funções: Disponibiliza a energia dos alimentos, crescimento em crianças, restauração e manutenção dos
tecidos.
 Fontes: Iogurte, leite, queijo, fígado, rim, coração, gérmen de trigo, cereais matinais vitaminados, grãos, peixes
oleosos, levedura, ovos, siri, amêndoa, semente de abóbora, vegetais.
 Hipovitaminose: Queilose (rachaduras nos cantos da boca), glossite (edema e vermelhidão da língua), visão
turva, fotofobia, descamação da pele, dermatite seborréica.

Niacina (B3)

 Funções: Necessária para a produção de energia nas células. Desempenha papel nas ações das enzimas no
metabolismo dos ácidos graxos, respiração dos tecidos e eliminação de toxinas.
 Fontes: Carnes magras, fígado, peixes oleosos, amendoim, cereais matinais vitaminados, leite, queijo cogumelo,
ervilha, vegetais folhosos verdes, ovos, alcachofra, batata, aspargos.
 Hipovitaminose: Fraqueza, pelagra, anorexia, indigestão, erupções na pele, confusão mental, apatia,
desorientação, neurite.

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Ácido Pantotênico (B5)

 Funções: Transformação da energia de gorduras, proteínas e carboidratos em substâncias essenciais como


hormônios e ácidos graxos.
 Fontes: Fígado, rim, gema do ovo, leite, gérmen de trigo, amendoim, nozes, cereais integrais, abacate.
 Hipovitaminose: Doenças neurológicas, cefaleia, cãibras e náuseas.

Piridoxina (B6)

 Funções: Desempenha papel no sistema nervoso central, participa no metabolismo dos lipídios, na estrutura da
fosforilase e no transporte de aminoácidos através da membrana celular.
 Fontes: Gérmen de trigo, batata, banana, vegetais crucíferos, castanhas, nozes, peixe, abacate, semente de
gergelim.
 Hipovitaminose: Anomalias do sistema nervoso central, desordens da pele, anemia, irritabilidade e convulsões.
 Hipervitaminose: Ataxia e neuropatia sensorial.

Biotina (B8)

 Funções: Produção de energia através dos alimentos, síntese de gorduras, excreção dos resíduos de proteínas.
 Fontes: Gema de ovo, fígado, rim, coração, tomate, levedura, aveia, feijão, soja, nozes, alcachofra, ervilha e
cogumelo.
 Hipovitaminose: Alterações cutâneas.

Folato (B9) - Ácido Fólico

 Funções: Atua como coenzima no metabolismo dos carboidratos, mantém a função do sistema imunológico,
juntamente com a vitamina B12, está presente na síntese de DNA e RNA, além de participar na formação e
maturação de células do sangue.
 Fontes: Vegetais folhosos verdes, fígado, beterraba, gérmen de trigo, cereais vitaminados, nozes, amendoim,
grãos, leguminosas.
 Hipovitaminose: Anemia megaloblástica, lesões de mucosas, má formação do tubo neural, problemas de
crescimento, transtornos gastrointestinais, alterações na morfologia nuclear celular.

Cobalamina (B12)

 Funções: Atua como coenzima no metabolismo dos aminoácidos e na formação da porção heme da
hemoglobina; essencial para a síntese de DNA e RNA; participa na formação de células vermelhas do sangue.
 Fontes: Alimentos de origem animal, fígado, rim, carne magra, leite, ovos, queijo, leveduras.
 Hipovitaminose: Anemia perniciosa, anemia megaloblástica, distúrbios gastrointestinais.

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Proteínas
As proteínas são as macromoléculas orgânicas mais abundantes das células, fundamentais para a
estrutura e função celular. Elas são encontradas em todos os tipos de células e nos vírus.

Elas são formadas por aminoácidos ligados entre si e unidos através de ligações peptídicas.

Aminoácidos
Os aminoácidos são moléculas orgânicas que possuem, pelo menos, um grupo amina - NH 2 e um grupo
carboxila - COOH em sua estrutura.

Estrutur
a geral do aminoácido

As proteínas são polímeros de aminoácidos ligados entre si por ligações peptídicas. Uma ligação
peptídica é a união do grupo amino (-NH 2) de um aminoácido com o grupo carboxila (-COOH) de outro
aminoácido.

Eles são as unidades fundamentais das proteínas. Todas as proteínas são formadas a partir da ligação
sequencial de 20 aminoácidos. Alguns aminoácidos especiais podem estar presentes em alguns tipos de
proteínas.

Composição das Proteínas

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De peso molecular extremamente elevado, as proteínas são compostas por carbono, hidrogênio,
nitrogênio e oxigênio, sendo que praticamente todas elas possuem enxofre. Elementos como ferro,
zinco e cobre também podem estar presentes.

Todas as proteínas são formadas por um conjunto de 20 aminoácidos, arranjados em sequências


específicas variadas.

Tipos de Proteínas
Dependendo da sua função no organismo, as proteínas são classificadas em dois grandes grupos:

 Proteínas Dinâmicas: Esse tipo de proteína realiza funções como defesa do organismo, transporte de
substâncias, catálise de reações, controle do metabolismo;
 Proteínas Estruturais: Como o próprio nome indica, sua função principal é a estruturação das células e dos
tecidos no corpo humano. O colágeno e a elastina são exemplos desse tipo de proteína.

Classificação das Proteínas


As proteínas podem ser classificadas das seguintes formas:

Quanto à Composição

 Proteínas Simples: Liberam apenas aminoácidos durante a hidrólise;


 Proteínas Conjugadas: Por hidrólise, liberam aminoácidos e um radical não peptídico, denominado grupo
prostético.

Quanto ao Número de Cadeias Polipeptídicas

 Proteínas Monoméricas: Formadas apenas por uma cadeia polipeptídica;


 Proteínas Oligoméricas: De estrutura e função mais complexas, são formadas por mais de uma cadeia
polipeptídica.

Quanto à Forma

 Proteínas Fibrosas: A maioria das proteínas fibrosas são insolúveis em meio aquosos e possuem pesos
moleculares bastante elevados. Normalmente são formadas por longas moléculas de formato quase retilíneo e
paralelas ao eixo da fibra. Fazem parte deste grupo as proteínas estruturais como o colágeno do tecido
conjuntivo, a queratina do cabelo, a miosina dos músculos, entre outras;
 Proteínas Globulares: Possuem estrutura espacial mais complexa e são esféricas. Geralmente são solúveis em
meio aquoso. São exemplos de proteínas globulares as proteínas ativas, como as enzimas, e as transportadoras,
como a hemoglobina.

Função das Proteínas


As principais funções das proteínas são:

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 Fornecimento de energia;
 Estruturação da célula;
 Catalisador de funções biológicas, na forma de enzimas;
 Regulação de processo metabólicos;
 Armazenamento de substâncias;
 Transporte de substâncias;
 Construção e reparação dos tecidos e músculos;
 Defesa do organismo, na forma de anticorpos;
 Produção de hormônios e neurotransmissores.

Alimentos ricos em proteínas

Alimentos ricos
em proteínas

Os alimentos ricos em proteínas são os de origem animal e em menor quantidade de origem vegetal:

 Alimentos de origem animal: Carnes em geral, peixes, ovos, leite e derivados;


 Alimentos de origem vegetal: Feijão, lentilha, soja, quinoa, trigo, ervilhas.

Carboidratos
Carboidrato é um composto formado basicamente por carbono (C), hidrogênio (H) e oxigênio (O). Por
isso, quimicamente, recebe o nome de hidrato de carbono, cuja fórmula geral é C x(H2O)y.

Tratam-se de abundantes biomoléculas na natureza, também chamadas de glicídios ou açúcares, que


compreendem desde o açúcar que utilizamos para adoçar até a celulose presente nas células vegetais.

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As 3 principais funções dos carboidratos
1. Fornecimento de energia
Os seres humanos obtêm energia através da alimentação. Quando ingerido, o carboidrato é
decomposto por enzimas específicas em unidades menores de açúcares até que se produza a glicose.

Nas células, a energia é obtida a partir da glicose, conforme a equação global a seguir.

C6H12O6 + 6 O2 → 6 CO2 + 6 H2O + energia

Essa energia liberada é utilizada, por exemplo, pelo sistema nervoso, sendo o cérebro o principal
consumidor. A energia dos neurônios é proveniente quase que exclusivamente da glicose.

2. Armazenamento energético
Plantas possuem um pigmento verde chamado de clorofila, que é capaz de absorver a energia luminosa
proveniente do Sol.

Utilizando o gás carbônico do ar e a água captada pelas raízes, as plantas são capazes de converter
energia solar em energia química no processo de fotossíntese.

A fotossíntese ocorre segundo a reação química a seguir.

6 CO2(g) + 6 H2O(l) + luz solar → C6H12O6(aq) + 6 O2(g)

As moléculas de glicose (C6H12O6) produzidas combinam-se e formam o amido, polissacarídeo


responsável pelo armazenamento energético em órgãos vegetais.

3. Estruturação celular
A célula vegetal é a unidade formadora do tecido das plantas, sendo constituída de organelas e material
genético, delimitados por uma parede celular.

O principal componente da parede celular é a celulose, um polissacarídeo composto por inúmeras


moléculas de glicose.

A celulose faz com que as células dos vegetais possuam uma estrutura fixa, que é responsável pela
proteção, sustentação e resistência. Esse carboidrato também regula o acesso de água na célula e a
interação entre células vizinhas.

Classificação dos carboidratos


De acordo com o tamanho da cadeia e sua complexidade, os carboidratos podem ser classificados em:

 Monossacarídeos
 Oligossacarídeos

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 Polissacarídeos

Os monossacarídeos, também chamados de oses, são carboidratos mais simples e, por isso, não sofrem
hidrólise. Já os oligossacarídeos e os polissacarídeos correspondem aos osídios, carboidratos
complexos que podem se transformar em moléculas menores quando são hidrolisados.

1. Monossacarídeos
São carboidratos constituídos por aldoses, que possuem o grupo aldeído (-CHO) na cadeia, e cetoses,
que possuem o grupo funcional cetona (C=O).

De acordo com o número de carbonos, os monossacarídeos são classificados em trioses (3C), tetroses
(4C), pentoses (5C), hexoses (6C) e heptoses (7C).

Exemplos:

A glicose é uma aldohexose produzida na fotossíntese. Já a frutose é uma cetohexose encontrada nas
frutas.

2. Oligossacarídeos
Os oligossacarídeos correspondem aos carboidratos solúveis formados por mais de um monossacarídeo
unidos por ligações O-glicosídicas.

Fazem parte desse grupo os dissacarídeos, junção de dois monossacarídeos, e os trissacarídeos, que
correspondem à união de três monossacarídeos em uma molécula.

Exemplos:

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A maltose é um dissacarídeo que faz parte do malte utilizado na produção de cerveja. A rafinose é um
trissacarídeo encontrado em alimentos, como o feijão.

3. Polissacarídeos
Os polissacarídeos são vários monossacarídeos unidos por ligações glicosídicas em uma longa cadeia
polimérica.

Exemplos:

 Amido: reserva energética dos vegetais.


 Glicogênio: reserva energética dos animais.
 Celulose: componente estrutural da parede celular dos vegetais.

Os três polissacarídeos acima são polímeros que possuem fórmula molecular (C 6H10O6)n, pois são
formados pela união de várias moléculas de glicose.

As principais fontes de carboidratos para alimentação


Os carboidratos são encontrados principalmente nos vegetais, já que são um dos produtos da
fotossíntese. Entretanto, produtos de origem animal podem conter carboidratos, como o leite que
possui o açúcar lactose.

Os carboidratos são um dos três grupos de macronutrientes, juntamente com proteínas e gorduras, que
precisam ser inseridos na dieta, já que o organismo não os produz. Independente de sua fonte, a cada 1
g de carboidrato consumido são fornecidos 4,02 kcal.

Na alimentação, as calorias consumidas durante um dia devem corresponder a 45% a 65% de


carboidratos. A quantidade diária recomendada é de 135 gramas. Essa ingestão varia se a pessoa sofre
de doenças, como diabetes, ou apresenta outras condições, como gravidez.

Carboidratos simples x carboidratos complexos

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Os carboidratos simples e complexos diferem na estrutura e, por isso, são absorvidos de maneiras
distintas pelo organismo. Os carboidratos simples, formados por um ou dois açúcares, geralmente, são
digeridos rapidamente, enquanto que os complexos levam mais tempo.

Os carboidratos simples estão presentes em alimentos classificados como processados, que não têm
vitaminas, minerais ou fibras. Por isso, são chamados de "calorias vazias" e podem acarretar o aumento
de peso. São eles:

 Bolo
 Doces
 Refrigerante
 Sorvete
 Batata frita

Os carboidratos complexos possuem mais de três açúcares e são ricos em amidos. Confira abaixo alguns
exemplos.

 Feijão
 Lentilha
 Batata
 Milho
 Cereais

Vale salientar que, por serem absorvidos rapidamente, os carboidratos simples provocam uma grande
quantidade de energia em pouco tempo, enquanto que os complexos têm a energia liberada
continuamente.

Carboidratos bons x carboidratos ruins


Geralmente, carboidratos são classificados em bons ou ruins pelo seu valor nutricional. Analisando a
composição dos alimentos, os carboidratos bons diferem dos carboidratos ruins por terem:

 Quantidade moderada de calorias


 Muitos nutrientes
 Muitas fibras
 Pouco sódio
 Pouca gordura saturada
 Ausência de gordura trans

Alimentos encontrados na natureza, como os vegetais, são associados aos carboidratos bons. Produtos
industrializados e ricos em açúcar, como refrigerantes, são classificados como carboidratos ruins.

Excesso de carboidratos x carência de carboidratos


O excesso de carboidratos na alimentação, principalmente os refinados, são decompostos pelas enzimas
no intestino e transformados em glicose rapidamente.

23
Isso pode se transformar em um ciclo vicioso no organismo, pois é estimulada a produção de insulina
devido à elevação da quantidade de açúcar no sangue. A insulina, por sua vez, diminui o nível de glicose
no sangue de forma rápida, o que pode gerar sensação de fraqueza e ainda mais fome.

Por outro lado, a carência de carboidratos no organismo faz com que a gordura corporal passe a ser
utilizada como fonte de energia.

Entretanto, o carboidrato é importante no processo de queima de gordura e, sem ele, o processo é


incompleto, fazendo com que haja a formação de toxinas que podem acarretar, por exemplo, na
diminuição do pH do sangue e desidratação.

Outra fonte de energia alternativa aos carboidratos são as proteínas, utilizadas para produção de
músculos. Quando o organismo utiliza as proteínas como combustível, isso pode acarretar em um
estresse nos rins.

Lipídios
Os lipídios ou gorduras são moléculas orgânicas insolúveis em água e solúveis em certas substâncias
orgânicas, tais como álcool, éter e acetona.

Também chamados lípidos ou lipídeos, essas biomoléculas são compostas por carbono, oxigênio e
hidrogênio.

Podem ser encontrados em alimentos de origem vegetal e de origem animal e seu consumo deve ser
feito de forma equilibrada.

Funções dos Lipídios


Os lipídios apresentam funções importantes para o organismo, confira a seguir:

 Reserva de energia: utilizada pelo organismo em momentos de necessidade, e está presente em animais e
vegetais;
 Isolante térmico: nos animais as células gordurosas formam uma camada que atua na manutenção na
temperatura corporal, sendo fundamental para animais que vivem em climas frios;
 Ácidos graxos: estão presentes nos óleos vegetais extraídos de sementes, como as de soja, de girassol, de
canola e de milho, que são usados na síntese de moléculas orgânicas e das membranas celulares.
 Absorção de vitaminas: auxiliam a absorção das vitaminas A, D, E e K que são lipossolúveis e se dissolvem nos
óleos. Como essas moléculas não são produzidas no corpo humano é importante o consumo desses óleos na
alimentação.

Estrutura dos Lipídios


Os lipídios são ésteres, isso quer dizer que são compostos por uma molécula de ácido (ácido graxo) e
uma de álcool (glicerol ou outro).

24
São insolúveis em água porque suas moléculas são
apolares, ou seja, não têm carga elétrica e por esse
motivo não possuem afinidade pelas moléculas
polares da água.

Tipos de Lipídios e Exemplos


Carotenoides
São pigmentos alaranjados presentes nas células de
todas as plantas que participam na fotossíntese
junto com a clorofila, porém desempenha papel
acessório.

Um exemplo de fonte de caroteno é a cenoura, que


ao ser ingerida, essa substância se torna precursora
da vitamina A, fundamental para a boa visão.

Os carotenoides também trazem benefícios para o


sistema imunológico e atuam como anti-inflamatório.

Ceras
Estão presentes nas superfícies das folhas de plantas, no corpo de alguns insetos, nas ceras de abelhas e
até mesmo aquela que há dentro do ouvido humano.

Esse tipo de lipídeo é altamente insolúvel e evita a perda de água por transpiração. São constituídas por
uma molécula de álcool (diferente do glicerol) e 1 ou mais ácidos graxos.

Fosfolipídios
São os principais componentes das membranas das células, é um glicerídeo (um glicerol unido a
ácidos graxos) combinado com um fosfato.

Glicerídeos
Podem ter de 1 a 3 ácidos graxos unidos a uma molécula de glicerol (um álcool, com 3 carbonos unidos
a hidroxilas-OH). O exemplo mais conhecido é o triglicerídeo, que é composto por três moléculas de
ácidos graxos.

Representação da estrutura da molécula de colesterol e do triglicerídio.

Esteroides
São compostos por 4 anéis de carbonos interligados, unidos a hidroxilas, oxigênio e cadeias carbônicas.

Como exemplos de esteroides, podemos citar os hormônios sexuais masculinos (testosterona), os


hormônios sexuais femininos (progesterona e estrogênio), outros hormônios presentes no corpo e
o colesterol.

25
Esquema
representando a estrutura das lipoproteínas HDL e LDL.

As moléculas de colesterol associam-se às proteínas sanguíneas (apoproteínas), formando as


lipoproteínas HDL ou LDL, que são responsáveis pelo transporte dos esteroides.

As lipoproteínas LDL carregam o colesterol, que se for consumido em excesso se acumula no sangue. Já
as lipoproteínas HDL retiram o excesso de colesterol do sangue e levam até o fígado, onde será
metabolizado. Por fazer esse papel de "limpeza" as HDL são chamadas de bom colesterol.

Alimentos ricos em lipídios

A ingestão de lipídios é fundamental, pois ele traz diversos


benefícios para a saúde auxiliando no funcionamento do
organismo. Os alimentos ricos em lipídios podem ser de
origem animal e vegetal.

Os alimentos de origem animal fontes de lipídios são:

 Carnes vermelhas
 Peixes
 Ovos
 Leite
 Manteiga

Os alimentos de origem vegetal fontes de lipídios são:

 Coco
 Abacate
 Oleaginosas como castanhas, nozes, amêndoas e gergelim

26
 Azeite de oliva

Á cidos Nucleicos (DNA)


Os ácidos nucleicos são macromoléculas constituídas por nucleotídeos e que formam dois importantes
componentes das células, o DNA e o RNA.

Eles recebem essa denominação pelo fato de possuírem caráter ácido e por serem encontrados no
núcleo da célula.

Os ácidos nucleicos são essenciais para todas as células, pois é a partir das moléculas de DNA e RNA
que são sintetizadas as proteínas, as células se multiplicam e ainda ocorre o mecanismo de transmissão
das características hereditárias.

Além disso, os nucleotídeos são importantes em diversos processos, como a síntese de alguns
carboidratos e lipídios e a regulação do metabolismo intermediário, ativando ou inibindo enzimas.

Estrutura
Como vimos, os ácidos nucleicos são formados por nucleotídeos, os quais apresentam três
componentes básicos: um grupo fosfato, uma pentose e uma base nitrogenada.

Estrutura do nucleotídeo

27
Os nucleotídeos unem-se através de ligações fosfodiéster entre o açúcar e o grupo fosfato. A pentose é
um açúcar com cinco carbonos, a do DNA é chamada de desoxirribose, enquanto a do RNA denomina-
se ribose.

Estrutura das pentoses

Quando existe apenas uma base nitrogenada ligada a um carboidrato do grupo das pentoses, forma-se
um nucleosídeo. Graças à adição do grupo fosfato aos nucleosídeos, as moléculas passam a ter cargas
negativas e tornam-se nucleotídios, apresentando o caráter ácido.

As bases nitrogenadas são estruturas cíclicas e existem em dois tipos: as púricas e as pirimídicas. Tanto o
DNA como o RNA possuem as mesmas purinas: a adenina (A) e a guanina (G). A mudança ocorre em
relação às pirimidinas, a citosina (C) é comum entre os dois, mas varia a segunda base, no DNA
há timina (T) e no RNA há uracila (U).

28
Por tanto, existem dois tipos de ácidos nucleicos: o ácido desoxirribonucleico ou
DNA (desoxirribonucleic acid) e o ácido ribonucleico ou RNA (ribonucleic acid). Ambos são
macromoléculas compostas por cadeias de centenas ou milhares de nucleotídios ligados.

Moléculas de DNA e RNA, mostrando as diferenças de bases


nitrogenadas presentes em cada uma

Á cidos Ribonucleicos (RNA)


O RNA (ácido ribonucleico) é uma molécula responsável pela síntese de proteínas das células do
corpo. Sua principal função é a produção de proteínas.

Por meio da molécula de DNA, o RNA é produzido no núcleo celular, sendo encontrado também no
citoplasma da célula. A sigla de RNA vem da língua inglesa: RiboNucleic Acid.

29
Estrutura do RNA

Fórmula estrutural da molécula de RNA

A molécula de RNA é composta por ribonucleotídeos, os quais são formados por uma ribose (açúcar),
um fosfato e as bases nitrogenadas.

As bases nitrogenadas são classificadas em:

 Adenina (A) e Guanina (G): purinas


 Citosina (C) e Uracila (U): pirimidinas

Tipos de RNA
 RNA Ribossômico (RNAr): recebe esse nome pois é o principal constituinte dos ribossomos. Ele possui o maior
peso, sendo o principal responsável pela síntese de proteínas.
 RNA Mensageiro (RNAm): junto ao RNA ribossômico, ele auxilia na síntese de proteínas, orientando a ordem
dos aminoácidos para a formação proteica. Ele é responsável por levar do núcleo celular até o citoplasma as
informações genéticas recebidas do DNA. Seu peso é menor que o RNA ribossômico.
 RNA Transportador (RNAt): seu nome já indica que sua função é transportar as moléculas de aminoácidos que
serão utilizados na síntese de proteínas. Ele transporta essas moléculas até os ribossomos, local em que se
unem e formam as proteínas. Comparado com os outros, este possui o menor peso.

RNA Polimerase
O RNA polimerase é o nome da enzima que auxilia na catalisação da síntese do RNA. A partir de uma
molécula de DNA ela é formada por um processo chamado de transcrição.

30
Etapas da expressão gênica ou genética

Ribozimas
As proteínas enzimáticas formadas por RNA
são chamadas de ribozimas.
Essas enzimas estão relacionadas com a
síntese de proteínas nas células.

Sua principal função é acelerar a velocidade


de algumas reações químicas permanecendo
quimicamente intactas após a reação.

Representação do
processo de síntese proteica que começa no núcleo e depois acontece no citoplasma

31
Diferença entre DNA e RNA
Tanto o DNA quanto o RNA são materiais genéticos responsáveis pela transmissão de caracteres
hereditários.

O DNA (ácido desoxirribonucleico) é uma molécula que carrega toda a informação genética de um
organismo e está presente no núcleo das células de todos os seres vivos.

Tem como função transmitir as informações genéticas para o RNA. Em relação à pentose que contém, o
RNA é formado por uma ribose, enquanto o DNA por uma desoxirribose.

Estrutura das pentoses de RNA e DNA

Em relação ao tamanho, o RNA é menor que o DNA. Isso porque o RNA é formado por uma cadeia
simples (ou seja, uma única fita), enquanto o DNA é composto de uma dupla hélice. Assim, o RNA é
formado a partir de uma fita do DNA.

Quanto à estrutura do DNA e do RNA, elas são semelhantes, no entanto, o filamento de DNA é formado
pelas seguintes bases nitrogenadas:

 Adenina (A)
 Guanina (G)
 Citosina (C)
 Timina (T)

32
Comparação entre uma molécula de DNA (fita dupla) e
uma de RNA (fita simples)

OBS: No RNA a timina é substituída pela uracila.

Você Sabia?
O Retrovírus da Aids, o HIV, é formado por RNA. Sendo
assim, sua informação genética está na forma de RNA.

Síntese Proteica
A síntese proteica é o mecanismo de produção de proteínas determinado pelo DNA, que acontece em
duas fases chamadas transcrição e tradução.

O processo acontece no citoplasma das células e envolve ainda RNA, ribossomos, enzimas específicas e
aminoácidos que auxiliarão na sequência da proteína a ser formada.

Etapas da expressão gênica ou genética.

33
Em resumo, o DNA é "transcrito" pelo RNA mensageiro (RNAm) e depois a informação é "traduzida"
pelos ribossomos (compostos RNA ribossômico e moléculas de proteínas) e pelo RNA transportador
(RNAt), que transporta os aminoácidos, cuja sequência determinará a proteína a ser formada.

Expressão Gênica
As etapas do processo de síntese das proteínas é regulado pelos genes. Expressão gênica é o nome do
processo pelo qual a informação contida nos genes (a sequência do DNA) gera produtos gênicos, que
são as moléculas de RNA (na etapa de transcrição gênica) e as proteínas (na etapa de tradução gênica).

Transcrição Gênica
Nessa primeira fase a molécula de DNA se abre, e os códigos presentes no gene são transcritos para a
molécula de RNA. A enzima polimerase do RNA se liga a uma das extremidades do gene, separando
as fitas de DNA e os ribonucleotídeos livres se emparelham com a fita de DNA que serve de molde.

A sequência das bases nitrogenadas do RNA seguem exatamente a sequência de bases do DNA,
segundo a seguinte regra:

 U com A (Uracila-RNA e Adenina-DNA),


 A com T (Adenina-RNA e Timina-DNA),
 C com G (Citosina-RNA e Guanina-DNA) e
 G com C (Guanina-RNA e Citosina-DNA).

O que determina o início e o fim do gene que será transcrito são sequências específicas de
nucleotídeos, o início é a região promotora do gene e o fim é a região terminal. A polimerase do RNA
se encaixa na região promotora do gene e vai até a região terminal.

Tradução Gênica
A cadeia polipeptídica é formada pela união de aminoácidos segundo a sequência de nucleotídeos do
RNAm. Essa sequência do RNAm, denominada códon, é determinada pela sequência de bases da fita do
DNA que serviu de molde. Desse modo, a síntese de proteínas é a tradução da informação contida no
gene, por isso se chama tradução gênica.

Código Genético: Códons e Aminoácidos


Existe uma correspondência entre a sequência de bases nitrogenadas, que compõem o códon do
RNAm, e os aminoácidos a ele associados que se denomina código genético. A combinação de trincas
de bases formam 64 códons diferentes aos quais correspondem 20 tipos de aminoácidos que comporão
as proteínas.

Veja na figura a seguir o círculo do código genético, que deve ser lido do meio para fora, assim por
exemplo: o códon AAA está associado ao aminoácido lisina (Lys), GGU é glicina (Gly) e UUC é
fenilalanina (Phe).

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Círculo do Código
Genético. O códon AUG, associado ao aminoácido Metionina é de iniciação e os códons UAA, UAG e
UGA sem aminoácidos associados, são de parada.

Diz-se do código genético que é "degenerado" porque muitos dos aminoácidos podem ser codificados
pelo mesmo códon, como a serina (Ser) associada aos códons UCU, UCC, UCA e UCG. Há no entanto o
aminoácido Metionina associado a apenas um códon AUG, que sinaliza o início da tradução, e
3 códons de parada (UAA, UAG e UGA) não associados a nenhum aminoácido, que sinalizam o fim da
síntese proteica.

35
Formação da Cadeia Polipeptídica

Representação
esquemática da associação entre o ribossomo, o RNAt e o RNAm, para a formação da proteína.

A síntese da proteína começa com a associação entre um RNAt, um ribossomo e um RNAm. Cada RNAt
transporta um aminoácido cuja sequência de bases, chamada anticódon, corresponde ao códon do
RNAm.

O RNAt trazendo uma metionina, orientado pelo ribossomo, se liga ao RNAm onde se encontra o códon
(AUG) correspondente dando início ao processo. Em seguida se desliga e outro RNAt se liga trazendo
outro aminoácido.

Essa operação é repetida várias vezes formando a cadeia polipeptídica, cuja sequência de aminoácidos é
determinada pelo RNAm. Quando enfim o ribossomo chega a região do RNAm onde há um códon de
parada, é determinado o fim do processo.

Quem participa da Síntese?

36
Comparação entre uma moléculas de DNA
(fita dupla) e uma de RNA (fita simples).

DNA
Os genes são partes específicas da
molécula de DNA, que possuem códigos
que serão transcritos para o RNA. Cada
gene determina a produção de uma
molécula específica de RNA.

Nem toda molécula de DNA contém


genes,há algumas que não tem as
informações para a transcrição gênica, são
DNA não-codificante, e sua função não é
bem conhecida.

RNA
As moléculas de RNA são produzidas a partir de um molde de DNA. O DNA é uma fita dupla, sendo que
apenas uma delas é usada para a transcrição do RNA.

No processo de transcrição participa a enzima polimerase do RNA. São produzidos 3 tipos diferentes,
cada qual com função específica: RNAm - RNA mensageiro, RNAt - RNA transportador e RNAr - RNA
ribossômico.

Ribossomos
Os ribossomos são estruturas presentes nas células eucarióticas e procarióticas, cuja função é sintetizar
proteínas. Não são organelas pois não possuem membranas, são espécies de grânulos, cuja estrutura é
composta da molécula de RNA ribossômico dobrado, associado a proteínas.

São formados por 2 subunidades e se localizam no citoplasma, livres ou associados ao retículo


endoplasmático rugoso.

Sais Minerais
Os Sais Minerais são substâncias inorgânicas essenciais para o bom funcionamento do corpo,
porém, não são produzidas pelo ser humano. Encontrados em diversos alimentos, a ingestão desses
minerais precisa ser em quantidades adequadas.

Na tabela abaixo estão listados os seguintes sais minerais: fósforo, ferro, magnésio, sódio, iodo,
cálcio, flúor, potássio, zinco, selênio, manganês, cobre, enxofre, cromo, além
de suas funções principais e as fontes alimentares onde são encontrados.

37
Importância dos Sais Minerais
SAL
PRINCIPAIS FUNÇÕES ALIMENTOS ONDE É ENCONTRADO
MINERAL

Componente das moléculas Encontrado no leite e derivados, ovos,


FÓSFORO de DNA e RNA, o fósforo auxilia na carnes, peixe, repolho, ervilha, feijão e
formação dos ossos e dos dentes. cereais.

Vegetais verdes, leite, ovos, carnes,


Auxilia na absorção e transporte de
FERRO fígado, gema de ovo, aveia, feijão,
oxigênio no corpo.
pinhão, aspargos.

Legumes, hortaliças de folhas verdes,


Auxilia nas reações químicas celulares e nozes, maçã, banana, figo, soja, gérmen
MAGNÉSIO
nos processos enzimáticos. de trigo, aveia, cereais, peixes, carnes,
ovos, feijão.

Auxilia na contração muscular e regula o Sal de cozinha, ovos, carnes, verduras,


SÓDIO
líquido do corpo. algas marinhas.

Componente de
alguns hormônios importantes para o Frutos do mar, peixes, sal de cozinha
IODO
organismo, como por exemplo, da iodado.
Tireoide.

Auxilia na calcificação e formação de


Leite e derivados, ovos, couve,
CÁLCIO ossos e dentes; coagulação do sangue,
espinafre, rúcula, brócolis, cereais.
contração muscular.

Auxilia na remineralização dos dentes, Verduras, carnes, peixes, arroz e feijão.


FLÚOR
protegendo da formação de cáries. É acrescentado na água encanada.

Carne, leite, ovos, cereais, banana,


Auxilia na contração muscular
POTÁSSIO melão, batata, feijão, ervilha,
e transmissão dos impulsos nervosos.
tomate, frutas cítricas.

ZINCO Auxilia no metabolismo da insulina. Carne, fígado, frango, peixe, mariscos,


ovos, germe de trigo, ervilha, castanha

38
SAL
PRINCIPAIS FUNÇÕES ALIMENTOS ONDE É ENCONTRADO
MINERAL

do Pará.

Carnes, ovos, tomate, milho, cereais,


SELÊNIO Auxilia no metabolismo de gorduras.
frutos do mar.

MANGANÊS Auxilia nos processos enzimáticos. Cereais integrais, legumes, café, chás.

Fígado, ovos, peixe, trigo integral,


COBRE Auxilia na produção de hemoglobina. ervilhas, amendoim, feijão, cereais
integrais, nozes.

Auxilia o metabolismo e estruturação Carnes, peixes, ovos, feijão, repolho,


ENXOFRE
das proteínas. brócolis, cebola, alho, germe de trigo.

Carnes, mariscos, cereais integrais,


CROMO Auxilia no metabolismo da glicose.
levedo de cerveja.

Á gua
A água é um recurso natural abundante no planeta, essencial para a existência e sobrevivência das
diferentes formas de vida.

Trata-se de uma substância química formada pela junção de dois átomos de hidrogênio (H) e um átomo
de oxigênio (O). Portanto, a fórmula da água é H2O.

A molécula da água é composta por um átomo de oxigênio (O) e dois átomos de hidrogênio (H)

Características da água
A água pode existir na natureza nos três estados físicos (sólido, líquido e gasoso). A mudança de estado
depende do seu aquecimento ou resfriamento.

Essa substância é tida como um solvente universal, capaz de dissolver diferentes materiais, que vão
desde os sais no mar até às moléculas indispensáveis para as atividades no corpo humano.

39
Esse recurso natural é capaz de manter a temperatura estável, pois tem a capacidade de armazenar calor
quando ocorrem mudanças de temperatura.

A forma como as moléculas se arranjam na superfície de uma quantidade de água faz com que se forme
uma película resistente, que é chamada de tensão superficial.

A água potável, que é própria para consumo, apresenta-se inodora, insípida, incolor e livre de
microrganismos prejudiciais à saúde.

Importância da água
A água é importante para manter a vida no planeta. Suas principais funções são: hidratar os seres vivos,
manter o equilíbrio da biodiversidade e permitir o desenvolvimento de atividades pelos seres humanos.

Para o planeta
A água no planeta forma os ecossistemas aquáticos, divididos em oceanos, rios, lagos e pequenos
corpos de água, permitindo a existência de diferentes tipos de animais e viabilizando as relações
ecológicas.

A água que se infiltra no solo é responsável pela sua umidificação. Isso favorece o crescimento e
desenvolvimento da vegetação. No meio ambiente, a água também é capaz de regular a temperatura,
tornando a sensação térmica mais agradável.

Para os seres vivos


Os seres vivos no planeta necessitam de água para sobreviver, pois ela desempenha diferentes funções,
por exemplo, regular a temperatura, dissolver substâncias, transportar materiais, eliminar resíduos e até
mesmo auxiliar na fabricação de alimentos, como nas plantas com a realização da fotossíntese.

A água também faz parte da composição dos seres vivos. Nos alimentos, a quantidade de água pode
variar e alcançar grandes porcentagens, como é o caso do pepino que é formado por 95% de água. A
água-viva é uma espécie animal em que 98% do peso do seu corpo corresponde à água.

Para o corpo humano


A maior parte de cada uma das células de nosso corpo possui água. Em um ser humano adulto, a água
representa cerca de 60% de seu peso corporal, sendo responsável por:

 Transportar nutrientes para as células através da corrente sanguínea;


 Manter os níveis de temperatura corporal dentro do padrão;
 Eliminar, através da dissolução em urina e fezes, resíduos que não foram digeridos pelo corpo;
 Proteger órgãos, como a medula espinhal e tecidos;
 Participar do metabolismo celular, pois inúmeras reações ocorrem em meio aquoso.

Distribuição de água

40
O planeta Terra tem cerca de 70% de sua superfície coberta por água, sendo que 97,5% dessa
quantidade é de água salgada e encontra-se em maior parte nos mares e oceanos.

A água doce representa apenas 2,5% e é dividida da seguinte forma:

 68,9% em geleiras e calotas polares;


 29,9% em águas subterrâneas;
 0,3% em rios e lagos;
 0,9% em outros locais, como pântanos e umidade do solo.

É preciso lembrar também que a água não é distribuída uniformemente no mundo. Em alguns lugares
da Terra há grande disponibilidade de água doce, em muitos outros, a escassez de água é uma
realidade, como nas regiões semiáridas e nos desertos.

Água no Brasil
O Brasil é o país que possui a maior reserva de água doce do planeta, com aproximadamente 13,7%.

Sobre a hidrografia brasileira podemos destacar o rio Amazonas, maior rio em volume de água do
mundo, e o Aquífero Guarani, que é a maior reserva de água doce subterrânea do mundo.

Usos da água
A maior parte da água disponível para utilização no planeta é utilizada na agricultura. Cerca de 69% da
água é usada na irrigação.

Em torno de 22% do consumo de água é destinado às indústrias. A água faz parte dos produtos, é
utilizada para resfriar e gerar vapor, limpar ambientes, entre outras utilidades.

A água ainda é utilizada para produção de energia elétrica. O potencial hidráulico da água é
aproveitado pelas usinas hidrelétricas para conversão de energia.

A água potável, que representa uma parcela de 8% do consumo, é a que abastece as nossas casas e está
presente no nosso dia a dia. Ela é indispensável, pois usamos para beber, para o preparo das refeições,
para a higiene pessoal e doméstica, etc.

Ciclo da água
O ciclo da água é um ciclo biogeoquímico, onde os materiais são reciclados pelas trocas entre os seres
vivos e o meio ambiente.

O "Ciclo da água" ou "Ciclo Hidrológico" é a transformação e circulação pelas quais a água passa. A
água está em permanente transformação, passando de um estado para outro (sólido, líquido e gasoso):

41
Etapas do ciclo da água
O ciclo da água segue as seguintes etapas:

1. O calor irradiado pelo Sol esquenta a água dos oceanos, mares, rios e lagos. Parte dela transforma-se em vapor
de água, que sobe para a atmosfera;
2. O vapor que se acumula nas partes mais altas da atmosfera, fica tão frio ao ponto de condensar em pequenas
gotinhas de água, flocos de neve e cristais de gelo que formam as nuvens. Se a temperatura atmosférica diminui
ainda mais, ocorrem chuvas, neves e granizo;
3. Parte das chuvas cai sobre os oceanos e mares. Outra parte atinge os continentes, podendo cair sobre o solo,
onde se infiltra e alimenta os lençóis subterrâneos;
4. Parte da água que se infiltrou no solo pode ser absorvida pelas plantas que, depois é devolvida à atmosfera por
meio da transpiração;
5. A água também pode evaporar ou escoar sobre o solo e correr para os rios, mares e oceanos, reiniciando o
ciclo.

Poluição e desperdício da água


A forma como a água vem sendo utilizada tem gerado preocupações em cientistas e ambientalistas,
sobretudo sobre a sua disponibilidade e qualidade para gerações futuras.

Ecossistemas aquáticos são prejudicados pela poluição desenfreada, principalmente pelo lançamento de
substâncias tóxicas nos lençóis freáticos, ainda mais quando se trata de substâncias não biodegradáveis,
que podem permanecer no ambiente por longos períodos.

Os produtos tóxicos ou poluentes mais perigosos contêm metais pesados, como o chumbo em grande
quantidade. Os derivados de petróleo (gasolina óleo e querosene), também poluem a água.

A água potável para o consumo humano deve ser isenta de substâncias e microrganismos prejudiciais à
saúde. Há inúmeras substâncias que podem contaminar a água, tornando-a perigosa para o consumo
dos seres vivos.

Entre os microrganismos nocivos encontram-se as bactérias e os protozoários em geral. Esses


microrganismos são originários de águas contaminadas pelas fezes de pessoas portadoras de doenças.
Eles contaminam a água através de esgotos despejados em rios e lagos.

Além disso, há também a questão do desperdício. A água está presente em inúmeros processos
industriais e, em muitos casos, pode ocorrer o desperdício. Para se ter uma noção, a produção de
apenas uma calça jeans utiliza cerca de 5 mil litros de água.

O desperdício também pode vir do mau uso pela população. Escovar os dentes com a torneira aberta
ou demorar muito no banho, podem fazer com que uma grande quantidade de água caia pelo ralo sem
ser utilizada.

42
Enzimas
As enzimas são proteínas que catalisam reações químicas as quais ocorrem em seres vivos.

Elas aceleram a velocidade das reações, o que contribui para o metabolismo. Sem as enzimas, muitas
reações seriam extremamente lentas.

Durante a reação, as enzimas não mudam sua composição e também não são consumidas. Assim, elas
podem participar várias vezes do mesmo tipo de reação, em um intervalo de tempo pequeno.

Quase todas as reações do metabolismo celular são catalisadas por enzimas.

Um exemplo da atividade das enzimas ocorre no processo de digestão. Graças à ação das enzimas
digestivas, as moléculas dos alimentos são quebradas em substâncias mais simples.

A eficiência de uma molécula de enzima é muito grande. Estima-se que, em geral, uma molécula de
enzima seja capaz de converter 1000 moléculas de substrato em seus respectivos produtos, isso em
apenas 1 minuto.

Como funcionam?
Cada enzima é específica para um tipo de reação. Ou seja, elas atuam somente em um determinado
composto e efetuam sempre o mesmo tipo de reação.

O composto sobre o qual a enzima age é genericamente denominado substrato. A grande


especificidade enzima-substrato está relacionada à forma tridimensional de ambos.

A enzima se liga a uma molécula de substrato em uma região específica denominada sítio de ligação.
Para isso, tanto a enzima quanto o substrato sofrem mudança de conformação para o encaixe.

Eles se encaixam perfeitamente como chaves em fechaduras. A esse comportamento damos o nome
de Teoria da Chave-Fechadura.

Funcionamento do modelo Chave-Fechadura

43
Entre os fatores que alteram a atividade das enzimas estão:

 Temperatura: A temperatura condiciona a velocidade da reação. Temperaturas extremamente altas


podem desnaturar as enzimas. Cada enzima atua sob uma temperatura ideal.
 pH: Cada enzima possui uma faixa de pH considerada ideal. Dentro desses valores a atividade é
máxima.
 Tempo: Quando mais tempo a enzima tiver contato com o substrato, mais produtos serão produzidos.
 Concentração da enzima e do substrato: Quanto maior a concentração da enzima e do substrato,
maior será a velocidade da reação.

Classificação
As enzimas são classificadas nos seguintes grupos, conforme o tipo de reação química que catalisam:

1. Oxido-redutases: reações de oxidação-redução ou transferência de elétrons. Exemplo:


Desidrogenases e Oxidases.
2. Transferases: transferência de grupos funcionais como amina, fosfato, acil e carboxi. Exemplo:
Quinases e Transaminases.
3. Hidrolases: reações de hidrólise de ligação covalente. Exemplo: Peptidases.
4. Liases: reações de quebra de ligações covalentes e a remoção de moléculas de água, amônia e gás
carbônico. Exemplo: Dehidratases e Descarboxilases.
5. Isomerases: reações de interconversão entre isômeros óticos ou geométricos. Exemplo: Epimerases.
6. Ligases: reações de formação de novas moléculas a partir da ligação entre duas pré-existentes.
Exemplo: Sintetases.

Exemplos e Tipos
As enzimas são formadas por uma parte protéica, chamada de apoenzima e outra parte não protéica,
chamada de co-fator.

Quando o co-fator é uma molécula orgânica, recebe a denominação de coenzima. Muitas coenzimas
são relacionadas com as vitaminas.

O conjunto da enzima + co-fator, é chamado de holoenzima.

Veja algumas das principais enzimas e suas ações:

 Catalase: decompõe o peróxido de hidrogênio;


 DNA polimerase ou Transcriptase Reversa: catalisa a duplicação do DNA;
 Lactase: facilita a hidrólise da lactose;
 Lipase: facilita a digestão de lipídios;
 Protease: atuam sobre as proteínas;
 Urease: facilita a degradação da ureia;

44
 Ptialina ou Amilase: atua na degradação do amido na boca, transformando-o em maltose (molécula
de menor tamanho);
 Pepsina ou Protease: atua sobre proteínas, degradando-as em moléculas menores;
 Tripsina: participa da degradação de proteínas que não foram digeridas no estômago.

Enzimas de Restrição
As enzimas de restrição ou endonucleases de restrição são produzidas por bactérias.

Elas são capazes de cortar o DNA em pontos específicos.

Podemos considerá-las tesouras moleculares. As enzimas de restrição são fundamentais para a


manipulação do DNA.

Ribozimas
Ribozimas são moléculas de RNA que atuam como enzimas. Muitas reações químicas que ocorrem
dentro das células são catalisadas pelo RNA.

Assim como as proteínas que atuam como enzimas, essas moléculas de RNA aceleram a velocidade de
certas reações químicas.

Elas também são altamente específicas quanto ao substrato e permanecem quimicamente intactas após
a reação.

A atuação dessas ribozimas está ligada a várias etapas da síntese de proteínas nas células.

Ecologia
Dinâ mica Populacional
As populações possuem diversas características próprias,
mensuráveis.

Cada membro de uma população pode nascer, crescer e morrer, mas


somente uma população como um todo possui taxas de natalidade e de
crescimento específicas, além de possuir um padrão de dispersão no
tempo e no espaço.

45
O tamanho de uma população pode ser avaliado pela sua densidade

A densidade populacional pode sofrer alterações. Mantendo-se fixa a


área de distribuição, a população pode aumentar devido
a nascimentos e imigrações. A diminuição da densidade pode ocorrer
como consequência de mortes ou de emigrações.

Curvas de crescimento

A curva S é a de crescimento populacional padrão, a esperada para a


maioria das populações existentes na natureza. Ela é caracterizada por
uma fase inicial de crescimento lento, em que ocorre o ajuste dos
organismos ao meio de vida. A seguir, ocorre um rápido crescimento,
do tipo exponencial, que culmina com uma fase de estabilização, na
qual a população não mais apresenta crescimento. Pequenas
oscilações em torno de um valor numérico máximo acontecem, e a
população, então permanece em estado de equilíbrio.

Observe o gráfico abaixo para ententer melhor:

As populações possuem diversas características próprias, mensuráveis.

Cada membro de uma população pode nascer, crescer e morrer, mas somente uma
população como um todo possui taxas de natalidade e de crescimento específicas,
além de possuir um padrão de dispersão no tempo e no espaço.

O tamanho de uma população pode ser avaliado pela sua densidade

A densidade populacional pode sofrer alterações. Mantendo-se fixa a área de


distribuição, a população pode aumentar devido a nascimentos e imigrações. A
diminuição da densidade pode ocorrer como consequência de mortes ou
de emigrações.

Curvas de crescimento
A curva S é a de crescimento populacional padrão, a esperada para a maioria das
populações existentes na natureza. Ela é caracterizada por uma fase inicial de
crescimento lento, em que ocorre o ajuste dos organismos ao meio de vida. A
seguir, ocorre um rápido crescimento, do tipo exponencial, que culmina com uma
fase de estabilização, na qual a população não mais apresenta crescimento.
Pequenas oscilações em torno de um valor numérico máximo acontecem, e a
população, então permanece em estado de equilíbrio.

46
Observe o gráfico abaixo para ententer melhor:

Fase A: crescimento lento, fase de adaptação da população ao ambiente, também


chamada de fase lag.
Fase B: crescimento acelerado ou exponencial, também chamada de fase log.
Fase C: a população está sujeita aos limites impostos pelo ambiente, a resistência
ambiental é maior sobre a população.
Fase D: estabilização do tamanho populacional, onde ocorre oscilações do
tamanho populacional em torno de uma média.
Fase E: é a curva teórica de crescimento populacional sem a interferência dos
fatores de resistência ambiental.

A curva J é típica de populações de algas, por exemplo, na qual há um


crescimento explosivo, geométrico, em função do aumento das disponibilidades de
nutrientes do meio. Esse crescimento explosivo é seguido de queda brusca do
número de indivíduos, pois, em decorrência do esgotamento dos recursos do meio,
a taxa de mortalidade é alta, podendo, inclusive, acarretar a extinção da população
do local.

Fatores que regulam o crescimento populacional

47
A fase geométrica do crescimento tende a ser ilimitada em função do potencial
biótico da espécie, ou seja, da capacidade que possuem os indivíduos de se
reproduzir e gerar descendentes em quantidade ilimitada.
Há porém, barreiras naturais a esse crescimento sem fim.

A disponibilidade de espaço e alimentos, o clima e a existência de predatismo e


parasitismo e competição são fatores de resistência ambiental (ou, do meio que
regulam o crescimento populacional.

O tamanho populacional acaba atingindo um valor numérico máximo permitido pelo


ambiente, a chamada capacidade limite, também denominada capacidade de
carga.

A curva (a) representa o potencial biótico da espécie; a curva (b) representa o


crescimento populacional padrão; (c) é a capacidade limite do meio. A área entre
(a) e (b) representa a resistência ambiental.

Fase A: crescimento lento, fase de adaptação da população ao


ambiente, também chamada de fase lag.
Fase B: crescimento acelerado ou exponencial, também chamada de
fase log.
Fase C: a população está sujeita aos limites impostos pelo ambiente, a
resistência ambiental é maior sobre a população.
Fase D: estabilização do tamanho populacional, onde ocorre
oscilações do tamanho populacional em torno de uma média.
Fase E: é a curva teórica de crescimento populacional sem a
interferência dos fatores de resistência ambiental.

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A curva J é típica de populações de algas, por exemplo, na qual há um
crescimento explosivo, geométrico, em função do aumento das
disponibilidades de nutrientes do meio. Esse crescimento explosivo é
seguido de queda brusca do número de indivíduos, pois, em
decorrência do esgotamento dos recursos do meio, a taxa de
mortalidade é alta, podendo, inclusive, acarretar a extinção da
população do local.

Fatores que regulam o crescimento populacional

A fase geométrica do crescimento tende a ser ilimitada em função do


potencial biótico da espécie, ou seja, da capacidade que possuem os
indivíduos de se reproduzir e gerar descendentes em quantidade
ilimitada.
Há porém, barreiras naturais a esse crescimento sem fim.

A disponibilidade de espaço e alimentos, o clima e a existência de


predatismo e parasitismo e competição são fatores de resistência
ambiental (ou, do meio que regulam o crescimento populacional.

O tamanho populacional acaba atingindo um valor numérico máximo


permitido pelo ambiente, a chamada capacidade limite, também
denominada capacidade de carga.

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A curva (a) representa o potencial biótico da espécie; a curva
(b) representa o crescimento populacional padrão; (c) é a capacidade
limite do meio. A área entre (a) e (b) representa a resistência
ambiental.

Potencial Bió tico


Após compreendermos a dinâmica de populações e os modelos de crescimento
populacional, temos uma base para que possamos estudar o que é potencial biótico, que
nada mais é do que a capacidade das populações aumentarem o seu número de
indivíduos nas condições ideais para o seu desenvolvimento.

O potencial biótico pode variar de espécie para espécie, podendo ser elevado para
algumas e baixo para outras. No entanto, as populações estão sujeitas à ação conjunta
dos fatores limitantes do crescimento.

Em outras palavras, a soma de todos os fatores que impedem uma população de se


desenvolver na velocidade máxima (apresentando seu potencial biótico) é denominada
resistência do meio ou resistência ambiental, no qual há a ação de predadores e
competidores (por alimento, reprodução e território, por exemplo), da limitação de
espaço e das condições climáticas.

Vamos imaginar uma porção de floresta que foi incendiada e agora está pronta para a
recolonização por certas espécies; dessa maneira, haverá um aumento das populações

50
nesse local. Entretanto, esse crescimento não será exponencial (sem limites, como
observado no gráfico anterior), pois chegará um momento em que os recursos
disponíveis atuarão como limitantes, promovendo uma resistência ao potencial biótico
(crescimento das populações).

Nesse sentido, fatores como a ação de predadores e/ou competidores, a limitação de


espaço e as condições climáticas, acabam limitando o potencial biótico dos organismos.
Dessa forma, quando a resistência do meio equilibra o crescimento, a população se
estabiliza.

Cadeia e Teias Alimentares


Cadeia alimentar é o percurso da transferência de matéria e energia quando um ser serve
de alimento para o outro. O conjunto de cadeias alimentares é chamado de teia
alimentar.

Portanto, a principal diferença entre cadeias e teias alimentares é a complexidade das


relações alimentares.

Enquanto na cadeia alimentar pode-se perceber o fluxo unidirecional, na teia alimentar


as diversas cadeias se entrecruzam formando uma rede.

Observe na imagem a seguir um exemplo de teia alimentar.

51
Esta teia alimentar apresenta quatro cadeias alimentares:

vegetais → camundongo → cobra → águia


vegetais → coelho → raposa → onça
vegetais → gafanhoto → lagarto → águia
vegetais → camundongo → raposa → onça
Diferença entre cadeia e teia alimentar

Na cadeia alimentar as setas seguem apenas um sentido e indicam o fluxo de energia.


Nessa representação é possível perceber a posição ocupada por cada ser vivo, ou seja,
seu nível trófico.

Já em uma teia alimentar, existem várias setas que indicam as interações entre os seres,
ou seja, as conexões entre as cadeias, assim como ocorre em um ecossistema, pois um
ser vivo pode se alimentar de muitos outros.

Por exemplo, um camundongo pode fazer parte de duas cadeias alimentares, pois serve
de alimento para cobras e raposas.

Além disso, a posição de um ser em uma teia alimentar, ao contrário do que acontece em
uma cadeia alimentar, não é fixa. Por exemplo, uma onça e uma raposa podem se
alimentar de um coelho. Nestes casos, as cadeias alimentares seriam:

52
Cadeia com 3 seres: Plantas → coelho → onça
Cadeia com 4 seres: Plantas → coelho → raposa → onça
Note que no primeiro exemplo a onça é um consumidor de segunda ordem e no
segundo exemplo este predador é um consumidor de terceira ordem.

Componentes das cadeias alimentares

Seres produtores
Os seres produtores são seres autotróficos e estão na base da cadeia alimentar porque
são capazes de produzir seu próprio alimento.

Nas cadeias alimentares terrestres as plantas são seres produtores e nas cadeias
aquáticas existem os fitoplânctons.

Seres consumidores
Os consumidores são seres heterotróficos, pois adquirem nutrientes e energia ao se
alimentarem de outros seres vivos.

Os consumidores de primeira ordem podem ser animais herbívoros, que se alimentam de


plantas, ou animais onívoros, que comem plantas e outros animais.

Os consumidores de segunda ordem se alimentam dos animais de primeira ordem e, por


fim, temos os consumidores de terceira ordem, também chamados de predadores, que
estão no topo da cadeia alimentar.

Seres decompositores
Quando todos os seres vivos morrem, a matéria orgânica serve de alimento para os seres
decompositores, como os fungos e bactérias presentes no solo.

Os decompositores fazem a reciclagem na cadeia alimentar e os nutrientes liberados


servem para fertilizar o solo, utilizado pelos seres produtores, que iniciam um novo ciclo.

Pirâ mides Ecoló gicas


As pirâmides ecológicas são representações gráficas das interações tróficas entre as
espécies em uma comunidade.

53
Elas representam o fluxo de energia e matéria entre os níveis tróficos, no decorrer da
cadeia alimentar.

Na base da pirâmide estão os produtores, seguidos dos herbívoros e carnívoros. No nível


mais alto da pirâmide estão os seres que ocupam o topo da cadeia alimentar.

As pirâmides ecológicas podem ser de três tipos: número, biomassa e energia.

Pirâmide de número

A pirâmide de número representa a quantidade de indivíduos em cada nível trófico.

Exemplo: se em uma comunidade temos 500.000 ervas (produtores), 50.000 roedores


herbívoros (consumidor primário), 10.000 serpentes (consumidor secundário) e 10 águias
(consumidor terciário), a pirâmide de número é a seguinte:

Pirâmide de número direta

Em algumas situações, a pirâmide de número pode ser invertida.

Exemplo: considere uma comunidade onde o número de produtores é baixo. Nesse


caso, uma única árvore de grande porte serve de alimento para um grande número de
herbívoros. Assim, temos a pirâmide de número invertida.

54
Pirâmide de número invertida

Pirâmide de biomassa

A pirâmide de biomassa representa a quantidade de matéria orgânica presente no corpo


dos organismos em cada nível trófico.

Exemplo: se em uma comunidade temos as seguintes quantidades de biomassa em cada


nível trófico, a pirâmide de biomassa será representada como na figura:

Pirâmide de biomassa

A pirâmide de biomassa também pode ser invertida.

Exemplo: Em um ecossistema aquático, o fitoplâncton é o principal produtor, ele se


reproduz rapidamente e possui ciclo de vida curto. Em alguns momentos, a biomassa do
fitoplâncton pode ser menor do que a biomassa dos seres de outros níveis tróficos, como
os zooplânctons e peixes. Essa situação, faz com que a pirâmide de biomassa seja
invertida.

Pirâmide de energia

A pirâmide de energia indica a magnitude energética das interações tróficas em uma


comunidade. Ela é a mais complexa entre os três tipos de pirâmides ecológicas e engloba
informações sobre a produção primária e secundária.

O fluxo de energia, através da cadeia alimentar, diminui em direção aos níveis tróficos
mais altos. Assim, a energia diminui da base para o topo, porque parte da energia é
incorporada por cada nível trófico e outra parte dissipada em forma de calor.

55
Por isso, quanto mais curta for a cadeia alimentar, mais energia será aproveitada.

Pirâmide de Energia

A pirâmide de energia nunca será invertida. Os produtores sempre armazenam a


maior quantidade de energia.

Produtividade nos Ecossistemas


A atividade de um ecossistema pode ser avaliada pela produtividade
primária bruta (PPB), que corresponde ao total de matéria orgânica
produzida em gramas, durante certo tempo, em uma certa área
ambiental:

PPB = massa de matéria orgânica produzida/tempo/área

Descontando desse total a quantidade de matéria orgânica consumida


pela comunidade, durante esse período, na respiração (R), temos
a produtividade primária líquida (PPL), que pode ser representada pela
equação:

PPL = PPB – R

A produtividade de um ecossistema depende de diversos fatores,


dentre os quais os mais importantes são a luz, a água, o gás carbônico
e a disponibilidade de nutrientes.

56
Em ecossistemas estáveis, com frequência a produção de (P) iguala o
consumo de (R). Nesse caso, vale a relação P/R = 1.

Produtividade Primária Bruta (PPB) = Taxa fotossintética total


Produtividade Primária Líquida (PPL) = PPB - Respiração dos autótrofos
Produtividade Líquida da comunidade (PLC) = PPL - Consumo por
herbívoros

Eficiência Ecológica

Eficiência ecológica é a porcentagem de energia transferida de um


nível trófico para o outro, em uma cadeia alimentar. De modo geral,
essa eficiência é, aproximadamente, de apenas 10%, ou seja, cerca de
90% da energia total disponível em um determinado nível trófico não
são transferidos para a seguinte, sendo consumidos na atividade
metabólica dos organismos do próprio nível ou perdidos como restos.
Em certas comunidades, porém a eficiência pode chegar a 20%.

Organizaçã o dos Seres Vivos na Ecologia

57
O modo como os indivíduos, iguais ou não, interagem e causam impacto em
determinado ecossistema é o campo de estudo principal que utiliza essa escala.

A Ecologia é responsável pelo estudo envolvendo esse tipo de organização.

 Espécie: grupo de organismos biologicamente semelhantes entre si que, em


condições naturais, conseguem se reproduzir e gerar descendentes férteis.
 População: é o conjunto de organismos da mesma espécie que habitam, ao
mesmo tempo, um mesmo local do Globo, de forma que interajam entre si.
Exemplo: um grupo de nativos indígenas que habitam uma mesma aldeia
na Floresta Amazônica.
 Comunidade: conjunto de populações diferentes (espécies diferentes) que
habitam uma mesma região (habitat) ao mesmo tempo, podendo existir uma
interação entre essas populações. Também é chamada de fatores bióticos de uma
região ou cenobiose. Exemplo: Os nativos indígenas vivem na Floresta
Amazônica, que é um local com várias árvores e vários animais, como antas,
onças etc. São diferentes populações que dividem o mesmo espaço.
 Ecossistema: conjunto de comunidades (fatores bióticos) presentes em um local
específico, além dos fatores abióticos desse local (como luz, temperatura, água,
nutrientes do solo e outros). Exemplo: a Floresta Amazônica, com todas as suas
comunidades de nativos, animais, vegetais e fatores abióticos como a
temperatura, incidência de chuva, água etc.
 Biosfera: conjunto dos ecossistemas presentes no Planeta Terra, onde se
encontra e se abriga formas de vida. A Biosfera não é o planeta Terra, mas uma
parte dele.

Mimetismo e Camuflagem
A camuflagem é uma estratégia de defesa na qual os seres vivos assemelham-se com o
ambiente em que vivem.

Nesse caso, os indivíduos de uma espécie podem apresentar coloração, formato ou


textura semelhante ao do ambiente e assim passar despercebidos por seu predador.

Porém, o mesmo mecanismo também pode ser utilizado por alguns predadores para
surpreender as suas presas.

A camuflagem é um resultado da seleção natural e representa uma adaptação que


garante a sobrevivência das espécies no ambiente.

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Existem dois tipos de camuflagem:

 Homocromia: Quando o indivíduo apresenta coloração semelhante a do ambiente.


 Homotipia: Quando o indivíduo apresenta a estrutura corporal que confunde-se com
elementos do ambiente.

Exemplos

Na natureza podemos encontrar diferentes exemplos de camuflagem, alguns casos são


bem curiosos por tamanha semelhança entre o ser vivo e o ambiente.

Conheça alguns exemplos:

Bicho-pau
O bicho-pau é um inseto e representa um exemplo de homotipia. Desse modo, ele pode
passar despercebido entre galhos de árvores.

O bicho-pau assemelha-se a pequenos gravetos de


madeira

Pássaro urutau
O pássaro urutau é uma ave noturna e com uma plumagem adaptada para a
camuflagem. Ele costuma ficar paralisado em troncos de árvores para não ser percebido
por seus predadores.

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O pássaro urutau pode permanecer horas imóvel
sob um tronco de árvore

Camaleão
O camaleão é um lagarto com excelente capacidade de se camuflar, representando um
dos melhores exemplos da natureza.

Eles podem alterar a sua coloração em função de sua temperatura ou de sua interação
com outros indivíduos, além da própria capacidade de camuflagem.

O camaleão é especialista em camuflagens

Corujas
As corujas podem facilmente se camuflar em troncos de árvores. O fato da coloração de
suas penas serem parecidas com o ambiente, faz com que a coruja passe despercebida.

60
Diversas espécies de corujas podem se camuflar

Camuflagem e mimetismo

Os conceitos de mimetismo e camuflagem são bastante confundidos. Entenda a


diferença entre eles:

 Mimetismo: Os seres assemelham-se uns com os outros para obter alguma


vantagem.
 Camuflagem: Os seres assemelham-se com o ambiente em que vivem para se
esconderem de predadores ou surpreender as presas.

O mimetismo é uma característica adaptativa de animais ou plantas de imitar outro


organismo e assim obter vantagens.

Da mesma forma como ocorre na camuflagem, o objetivo principal do mimetismo é a


defesa contra predadores.

Ciclos Biogeoquímicos
O ciclo da água é o permanente processo de transformação da água na natureza,
passando de um estado para outro (líquido, sólido ou gasoso).

A essa transformação e circulação da água dá-se o nome de ciclo da água ou ciclo


hidrológico, que se desenvolve através dos processos de evaporação, condensação,
precipitação, infiltração e transpiração.

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A água, indispensável para a manutenção da vida, é encontrada na natureza e está
distribuída nos rios, lagos, mares, oceanos e em camadas subterrâneas do solo ou em
geleiras.

O ciclo da água na natureza é fundamental para a manutenção da vida no planeta Terra,


visto que vai determinar a variação climática e interferir no nível dos rios, lagos, mares,
oceanos.

Ciclo da Água na Natureza

O ciclo da água é composto de cinco etapas:

Ciclo da Água

1. O calor irradiado pelo sol aquece a água dos rios, lagos, mares e oceanos ocorrendo o
fenômeno da Evaporação. Nesse momento, ocorre a transformação do estado líquido
da água para o seu estado gasoso, à medida que se desloca da superfície da Terra para
a atmosfera.
2. O vapor da água esfria, se acumula na atmosfera e se condensa na forma de gotículas,
que formarão as nuvens ou nevoeiros. Neste momento, ocorre o processo
de Condensação, ou seja, a transformação do estado gasoso da água para seu estado
líquido, sendo as nuvens, as gotículas de água líquida suspensas no ar.
3. Com muita água condensada na atmosfera, se inicia o processo de Precipitação, onde
as gotículas suspensas no ar se tornam pesadas e caem no solo na forma de chuva. Em
regiões muito frias a água condensada passa do estado gasoso para o líquido e
rapidamente para o estado sólido, formando a neve ou o granizo.
4. Quando o vapor de água condensado cai sobre a superfície terrestre, ocorre
a Infiltração de uma parte dessa água que vai alimentar os lençóis subterrâneos.

62
5. Parte da água que se infiltrou no solo pode ser absorvida pelas plantas que, depois de
utilizá-la a devolvem à atmosfera por meio do processo de Transpiração.

A água também pode evaporar ou escoar sobre o solo e abastecer os rios, que
deságuam em mares e oceanos, reiniciando todo o processo do ciclo da água.

Etapas do ciclo da água

O ciclo da água é caracterizado pelo movimento contínuo de água entre a atmosfera e a


superfície terrestre.

Para que o ciclo hidrológico ocorra uma série de etapas acontecem com o auxílio do
calor do sol, principal fonte de energia, e da força da gravidade.

Evaporação
A primeira etapa do ciclo da água é a evaporação. Nela, a água muda do estado líquido
para o gasoso.

A água da hidrosfera, sendo os oceanos a principal fonte, passa para a atmosfera ao


absorver energia térmica proveniente do sol e mudar para o estado gasoso, sendo a
principal fonte de umidade na atmosfera.

A evaporação da água é influenciada pela temperatura e radiação solar, que é lançada


para atmosfera ao atingir energia cinética suficiente.

Sublimação
A água no estado sólido também pode ser transferida para atmosfera na forma de vapor,
sem passar pelo estado líquido, e esse processo recebe o nome de sublimação.

Vale lembrar que a sublimação ocorre de maneira muito mais lenta que a evaporação e
geleiras no Polo Norte e Polo Sul são algumas das principais fontes de água em que
ocorre esse fenômeno.

Condensação
Quando o vapor d’água chega à atmosfera ocorre a condensação, ou seja, retorno para o
estado líquido.

63
A formação das nuvens ocorre pela aproximação das gotículas de água, pois em elevadas
altitudes a temperatura é menor. Além disso, as gotículas são tão pequenas que
conseguem flutuar no ar e formam a neblina.

As nuvens são o principal meio para a água retornar para a superfície terrestre. Quando
as gotas de água se juntam, tornando-se maiores e mais pesadas, elas caem como chuva.

Precipitação
A precipitação e a liberação de água pela as nuvens, mais conhecida como chuva. Os
vapores de água condensados na atmosfera retornam para a Terra pelas mudanças de
temperatura e ação do vento.

Quando a chuva cai, a água pode seguir diferentes caminhos dependendo de onde
ocorreu a precipitação. Ela cai diretamente nos recursos hídricos, infiltra-se no solo e em
fendas de rochas, pode ser absorvida pelas plantas, entre outros.

Além da chuva, a água também pode chegar a superfície da Terra na forma de neve ou
granizo. A água percorre o solo em um processo chamado de escoamento.

Infiltração
Quando a água que cai no solo não escoa para algum corpo d'água ela pode ser
absorvida pelo solo.

Os lençóis freáticos, reservatórios subterrâneos de água, são formados pela infiltração no


solo acima de camadas rochosas profundas que não permitem a passagem de água.

Transpiração
A água absorvida pelo solo é aproveitada pelas plantas entrando pelas raízes. Assim
como a evaporação, a transpiração é a transformação de água líquida em vapor d’água e
também participa da umidade do ar.

A água sai das plantas pelas folhas, que possuem aberturas muito pequenas e liberam a
água excedente, já que é nessa parte da planta que a água é direcionada para participar
da fotossíntese.

A combinação das etapas de evaporação e transpiração recebe o nome de


evapotranspiração e é responsável pelo movimento de água superficial para a atmosfera .

64
O nitrogênio é um gás encontrado em abundância no ar (cerca de 78%) na forma de N 2,
mas por ser pouco reativo quimicamente, permanece livre e não é facilmente assimilado
pelos seres. Também compõe as moléculas de proteína e os ácidos nucleicos das células,
sendo assim muito importante para todos os organismos.

Algumas plantas são capazes de fixar o nitrogênio do ar, através da associação com
algumas espécies de bactérias ditas fixadoras, que vivem em nódulos nas suas raízes.
Essas plantas são do grupo das leguminosas, como feijões, soja, lentilhas. Existem
também bactérias livres no solo que agem na transformação do N 2 em nitratos. Outro
meio de fixação do nitrogênio na natureza é através de raios. Vale ressaltar o papel das
bactérias no ciclo, pois atuam nas várias etapas.

Etapas do Ciclo

É importante perceber que como qualquer ciclo biogeoquímico, como o da água, ou do


oxigênio, o ciclo do nitrogênio representa um fluxo de matérias e energia que são
constantes na natureza e essenciais para o equilíbrio dos ecossistemas. As etapas a seguir
facilitam a compreensão do processo global.

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Fixação
Bactérias fixadoras livres no solo ou associadas a raízes de leguminosas transformam
nitrogênio do ar (N2) em amônia (NH4+) e nitratos (NO3-).

Amonificação
A ureia (NH2)2CO é um dos resíduos do metabolismo dos animais (eliminada pela urina)
é transformada em amônia por bactérias do solo.

Nitrificação
Bactérias nitrificantes do solo transformam a amônia em nitratos.

66
Desnitrificação
O nitrogênio é devolvido à atmosfera através de bactérias desnitrificantes que o
convertem a partir dos nitratos do solo.

Importância

A presença do nitrogênio é fundamental para garantir o bom desenvolvimento das


plantas e consequentemente dos animais que o obtêm, direta ou indiretamente através
dos vegetais, conforme sejam herbívoros ou carnívoros.

Não ocorrendo compostos nitrogenados suficientes para as plantas, geralmente são


utilizados fertilizantes industrializados, alguns usam o salitre do chile, nitrato de sódio ou
nitrato de potássio, que é encontrado naturalmente em alguns solos. Algumas soluções
alternativas são a rotação de culturas (alternando plantas que consomem e repõem o
nitrogênio) e a adubação verde (usar restos das leguminosas).

No entanto, o excesso de nitratos e amônios no solo pelo uso de fertilizantes e também


pela atividade animal, acaba por poluir corpos d'água através da lixiviação dos solos. Isso
provoca o aumento de nutrientes e crescimento elevado das algas, gerando um
desequilíbrio chamado de eutrofização ou eutroficação.

O Ciclo do carbono tem início quando as plantas e outros organismos autótrofos


absorvem o gás carbônico da atmosfera para utilizá-lo na fotossíntese.

Nesse processo, o carbono é devolvido ao meio na mesma velocidade em que é


sintetizado pelos produtores, pois a devolução de carbono ocorre continuamente por
meio da respiração durante a vida dos seres.

67
No ciclo biológico do Carbono, podemos ter a total renovação do carbono atmosférico
em até vinte anos.

Este processo ocorre na medida em que as plantas absorvem a energia solar e CO 2 da


atmosfera. Isso gera oxigênio e açúcares, como a glicose, por meio do processo
conhecido como fotossíntese, o qual é a alicerce para o crescimento das plantas.

Por sua vez, os animais e as plantas consomem a glicose durante o processo de


respiração, emitindo novamente CO2.

Com isso, a fotossíntese e a decomposição orgânica, por meio da respiração, renovam o


carbono da atmosfera.
Em termos de equação química destes processos temos:

 6CO2 + 6H2O + energia (luz solar) → C6H12O6 + 6O2 (fotossíntese)


 C6H12O6 (matéria orgânica) + 6O2 → 6CO2+ 6 H2O + energia (Respiração)

Com isso, a fotossíntese e a respiração, conduzem o carbono de sua fase inorgânica à


fase orgânica e de volta a fase inorgânica, concluindo o ciclo biogeoquímico.

68
Também faz parte do ciclo biológico a remoção de grande parte do carbono da
atmosfera excedendo os limites da respiração, quando a matéria orgânica acumula-se em
depósitos sedimentares que se decompõem em combustíveis fósseis.

Outra forma de acelerar ainda mais o ciclo rápido e adicionar CO 2 na atmosfera são os
incêndios naturais. Eles consomem a biomassa e matéria orgânica, transferindo mais
CO2 num ritmo maior do que aquele que remove naturalmente o Carbono a partir de sua
sedimentação.

Esse processo causa o aumento das concentrações atmosféricas de CO 2 rapidamente.

O Carbono e seu Ciclo

Como o quinto elemento mais abundante no Planeta, O Carbono (C) possui


necessariamente duas formas, uma orgânica, existente nos organismos vivos e mortos, e
outra inorgânica, presente nas rochas.

Assim, 99% desse carbono está na litosfera, a maior parte sob a forma inorgânica,
armazenada em rochas sedimentares em depósitos de combustíveis fósseis.

O Carbono circula pelos oceanos, na atmosfera e no interior da Terra, no ciclo de longa


duração definido "ciclo biogeoquímico". Esse processo está dividido em dois tipos. O
ciclo "lento" ou geológico, no qual o carbono é sedimentado e comprimido sob as
placas tectônicas, e, para o que nos interessa mais, o ciclo "rápido" ou biológico.

As Atividades Humanas e o Ciclo do Carbono

As ações humanas influenciam no ciclo global do carbono, uma vez que elas retiram o
carbono armazenado nos depósitos fósseis numa velocidade superior à da absorção do
carbono pelo ciclo.

Dessa forma, estamos potencializando o aumento das concentrações de CO 2 na


atmosfera, especialmente se considerarmos o fato de que este depósitos são queimados
como combustíveis, acelerando ainda mais o processo.

A concentração de dióxido de carbono na atmosfera tem crescido a uma taxa de 0,4% ao


ano. A extração e queima do petróleo, gás e carvão vem junto com destruição das
florestas e, portanto, reduzimos a capacidade de absorção ao mesmo tempo em que
aumentamos a emissão de Carbono.

69
Curiosidades

 Os oceanos são grandes depósitos de gás carbônico e realizam uma troca constante de
carbono com a atmosfera.
 A concentração do carbono na atmosférica é a menor, pois a maior parte está nos
oceanos e na crosta terrestre.
 A vida nos oceanos consome grandes quantidades de CO 2, uma vez que baixas
temperaturas no oceano aumentam a absorção do CO 2 atmosférico, enquanto
temperaturas mais altas podem causar a emissão de CO 2.
 O Efeito Estufa é um sintoma do ciclo do carbono, uma forma que a Terra tem para
manter sua temperatura constante.

O ciclo do oxigênio é um ciclo biogeoquímico (processo pelo qual elementos em


diferentes formas químicas passam do meio ambiente para os seres vivos e retornam ao
ambiente) que envolve o elemento oxigênio. Esse ciclo apresenta importantes
processos, como a fotossíntese e a respiração.
O oxigênio é um dos elementos mais abundantes do planeta, constituindo cerca de
21% da atmosfera. Por ser muito reagente, ele influencia diversos outros ciclos
biogeoquímicos, como o ciclo do carbono. Apresentaremos aqui como ocorre o ciclo do
oxigênio, bem como a importância e a origem desse elemento químico.

O oxigênio é um elemento de
extrema importância. Ele está presente na camada de ozônio e é essencial para a
existência da vida na Terra.
Como ocorre o ciclo do oxigênio

70
O ciclo do oxigênio permite que o oxigênio circule entre o meio ambiente e os seres
vivos. A principal forma de produção de oxigênio é a fotossíntese. Os organismos
fotossintetizantes assimilam o gás carbônico para a produção de matéria orgânica e
liberam o oxigênio, em sua forma gasosa (O2), no ambiente como um dos produtos
desse processo. O oxigênio, presente nas moléculas orgânicas produzidas, é transferido
aos demais organismos por meio das cadeias alimentares.
No ciclo do oxigênio, o oxigênio é produzido por meio
da fotossíntese e consumido pelo processo de
respiração.
O oxigênio gasoso da atmosfera (O2) é utilizado por
alguns organismos no processo de respiração
celular, um processo aeróbio de produção de energia.
Nesse processo, o oxigênio liga-se a átomos de
hidrogênio, formando água (H20). Parte dessa água é
utilizada em reações metabólicas e volta ao ambiente
por intermédio dos processos de respiração e
decomposição. Outra parte é eliminada
pela transpiração e excreção. No final da respiração, também se elimina CO 2 (dióxido
de carbono). É por essa razão que os ciclos do oxigênio e do carbono estão
interligados.
Origem do oxigênio
O oxigênio na Terra teve origem a partir da sua produção por organismos que
conseguiam utilizar a energia proveniente da radiação solar para produzir açúcares, a
partir de água e gás carbônico.
Esses organismos, cianobactérias, produziam o oxigênio, o qual reagia com íons de ferro
presentes na água, formando óxidos de ferro. Apenas quando a produção de oxigênio
superou a capacidade de oxidação do ferro, ele passou a se acumular na atmosfera.
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As cianobactérias mais antigas datam de cerca de 3,5 bilhões de anos, no entanto, o
acúmulo de oxigênio na atmosfera, o que levou a uma grande transformação na
atmosfera e permitiu que a vida se desenvolvesse como a conhecemos hoje, data de
cerca de 2 bilhões de anos.
O oxigênio e a camada de ozônio
O oxigênio faz parte da constituição da camada de ozônio, uma camada gasosa que
protege a Terra retendo parte dos raios ultravioleta emitidos pelo Sol e protegendo os

71
organismos contra seus efeitos nocivos. Na estratosfera, parte do gás oxigênio (O2) é
transformada em ozônio (O3) pela ação de alguns comprimentos de onda (menores que
200 nm) de raios ultravioleta. Uma reação contrária transforma o ozônio em oxigênio,
também por meio da ação de raios ultravioleta, de comprimentos diferentes (entre 200 e
300 nm), o que mantém um equilíbrio na camada.
No entanto, alguns gases lançados na atmosfera, como os clorofluorcarbonos (CFCs),
reagem com essa camada, transformando o ozônio em oxigênio, destruindo-a. A
destruição da camada de ozônio permite a passagem dos raios ultravioleta, o que pode
afetar diversos organismos.
Diante disso, em 1987, foi assinado o Protocolo de Montreal, que impunha algumas
obrigações para que a produção e consumo de produtos que destruíam a camada de
ozônio fossem reduzidos, até sua eliminação. Os países industrializados já reduziram
essas emissões em 97%. Alguns estudos mostram que a destruição da camada de
ozônio está contida, não apresentando expansão no buraco presente na camada.

A camada de
ozônio atua como uma barreira, retendo parte dos raios ultravioleta, que são prejudiciais
aos seres vivos.
Resumo do ciclo do oxigênio

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 O oxigênio é um dos elementos mais abundantes do planeta. Na atmosfera, ele pode ser
encontrado na forma de oxigênio gasoso (O2), ozônio (O3) e dióxido de carbono (CO2);
 O oxigênio começou a se acumular na atmosfera há cerca de 2 bilhões de anos;
 O oxigênio está presente na constituição da camada de ozônio e participa de importantes
processos, como a fotossíntese, respiração, decomposição e combustão;
 O ciclo do oxigênio envolve alguns processos. A sua liberação no ambiente ocorre
principalmente por meio da fotossíntese e sua assimilação pelos organismos ocorre pela
respiração

O ciclo biogeoquímico do fósforo é mais simples comparado aos de outros elementos,


como carbono e nitrogênio.

No ciclo do fósforo não há passagem desse elemento pela atmosfera.

O fósforo é o único macronutriente que não existe na atmosfera. É encontrado apenas


em sua forma sólida nas rochas.

Apenas um composto de fósforo é importante para os seres vivos - o íon fosfato.

O ciclo do fósforo é importante pois influencia no crescimento e sobrevivência de seres


vivos.

Etapas do Ciclo do Fósforo

O principal reservatório de fósforo na natureza são as rochas.

O ciclo tem início quando as rochas sofrem intemperismo e liberam o íon fosfato no solo.

Assim, esse composto pode ser carregado até os rios, oceanos e lagos ou incorporado
por seres vivos.

Quando são aproveitados pelos seres vivos, podem retornar à natureza durante a
decomposição da matéria orgânica.

As bactérias fosfolizantes atuam nesse processo e transformam o fósforo em um


composto solúvel, que pode ser facilmente dissolvido na água.

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O fósforo pode ser levado para rios, lagos e mares. Em ambientes aquáticos, o fósforo
pode ser aproveitado pelos seres vivos ou sedimenta-se e ser incorporado às rochas em
formação.

Com o passar do tempo, as rochas sofrem intemperismo e o ciclo recomeça.

Assim, o ciclo do fósforo pode ser diferenciado em dois aspectos relacionados a escalas
de tempo:

 Ciclo de tempo ecológico: ocorre em tempo relativamente curto. Acontece quando


uma parte dos átomos de fósforo é reciclada entre o solo, plantas, animais e
decompositores.
 Ciclo de tempo geológico: ocorre durante um longo tempo. Acontece quando outra
parte dos átomos de fósforo é sedimentada e incorporada às rochas.

Visão Geral do Ciclo do


Fósforo. O ciclo ocorre no ambiente terrestre e aquático.

74
Relaçõ es Ecoló gicas
As interações entre as comunidades bióticas que compõem um ecossistema são
chamadas de “Interações Biológicas” ou “Relações Ecológicas”.

Elas determinam as relações dos seres vivos entre si e o meio em que habitam para
sobreviverem e se reproduzirem.

Relações entre os Seres Vivos

Esta comunidade, formada por todos os indivíduos que fazem parte de um determinado
ecossistema, possui diversas formas de interações entre os seres que a constituem.
Geralmente, estão relacionadas com a obtenção de alimento, abrigo, proteção,
reprodução, etc.

As relações ecológicas podem ser classificadas da seguinte forma.

Segundo o nível de interdependência:

 Intraespecíficas ou Homotípicas: para seres da mesma espécie.


 Interespecíficas ou Heterotípicas: para seres de espécies diferentes.

Segundo os benefícios ou prejuízos que apresentam:

 Relações Harmônicas: quando o resultado da associação entre as espécies


é positiva, na qual um ou os dois são beneficiados sem o prejuízo de nenhum deles.
 Relações Desarmônicas: quando o resultado desta relação for negativo, ou seja, se
houver prejuízos para uma ou ambas as espécies envolvidas.

Tipos de Relações Ecológicas

As relações ecológicas podem ser:

Relações Intraespecíficas ou Homotípicas


Harmônicas:

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 Sociedade: indivíduos independentes, organizados e cooperando nos cuidados da prole
e manutenção do grupo. Exemplos: abelhas, formigas e cupins.
 Colônia: indivíduos associados anatomicamente e dependentes que repartem funções.
Exemplos: corais.

Desarmônicas:

Aranha fêmea come o macho após


acasalamento

 Canibalismo: alimenta-se daqueles da mesma espécie, geralmente acontece para


controlar a população ou garantir o aporte genético, por exemplo: a fêmea da aranha
come os machos após a cópula.

76
Peixes competindo pelo alimento em aquário

 Competição: disputa entre indivíduos da mesma espécie por territórios, parceiros


sexuais, comida, dentre outros. Acontece em quase todas as espécies. Exemplo: peixes
de cativeiro disputam a comida.

Relações Interespecíficas ou Heterotípicas


Harmônicas:

Líquen no galho da árvore

 Mutualismo: ambos se beneficiam da associação que é tão profunda que se torna


essencial a sua sobrevivência. Exemplo: liquens são associação mutualística entre algas e
fungos.
 Inquilinismo: uma espécie utiliza a outra como abrigo, sem prejudicá-la, pode ser
temporário ou permanente. Exemplo: acontece muito em plantas chamadas epífitas que
moram sobre árvores.
 Comensalismo: uma espécie se beneficia dos restos alimentares de outra. Exemplo:
urubus que comem os restos das presas deixados por outros animais e crustáceos que
se alimentam da pele da baleia franca

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 Protocooperação: as duas espécies envolvidas obtém benefícios, mas não é uma relação
obrigatória e as espécies podem viver de forma isolada. Exemplo: caranguejo-ermitão e
anêmonas-do-mar.

Desarmônicas:

 Amensalismo: uma espécie evita o desenvolvimento de outra, por exemplo: as raízes de


certas plantas liberam substâncias tóxicas que evitam o crescimento de outras na
região.

Leão predando um búfalo

 Predatismo: um animal predador caça e mata uma presa para se alimentar. Exemplo:
leão caça um búfalo.

Um verme platelminto vivendo no intestino


humano

 Parasitismo: o parasita extrai nutrientes da espécie hospedeira que é prejudicada, por


exemplo: vermes platelmintos que habitam o intestino humano.

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 Competição: disputa por recursos entre espécies diferentes, como território, presas e
abrigos. Exemplo: o leão compete por comida como o guepardo e a hiena, que têm
estratégias diferentes de caça.

Sucessã o Ecoló gica


A sucessão ecológica é o processo gradual de mudanças da estrutura e composição de
uma comunidade.

Representa um processo ordenado de mudanças no ecossistema, incluindo alterações no


ambiente físico pela comunidade biológica, até alcançar o fase de clímax.

Durante a sucessão ecológica, as comunidades mais simples vão com o passar do tempo
sendo substituídas por comunidades mais complexas.

A sucessão ecológica passa por três fases: a ecese, seral e clímax.

A ecese representa a comunidade pioneira. São os primeiros organismos a se instalarem


no ambiente, como líquens, gramíneas e insetos.

A seral é a comunidade intermediária. Representada pela vegetação de pequeno porte,


arbustiva e herbácea. Nessa fase ocorrem mudanças significativas na comunidade.

A última fase é o clímax, a comunidade estabilizada. A comunidade atinge elevado


número de espécies, os nichos ecológicos são ocupados e apresenta grande quantidade
de biomassa.

A comunidade tende a evoluir até clímax, quando é formada por populações em


equilíbrio com o meio.

79
As fases da sucessão ecológica

Sucessão autogênica e Sucessão alogênica

Conforme as forças que direcionam o processo, a sucessão pode ser dos seguintes tipos:

 Sucessão Autogênica: provocada por mudanças originadas por processos biológicos


internos ao ecossistema.
 Sucessão Alogênica: quando ocorrem mudanças por forças externas ao ecossistema,
como tempestades, incêndios e processos geológicos.

Tipos de Sucessão Ecológica

A sucessão ecológica pode ser classificada quanto à natureza do substrato que dá


origem ao processo em: sucessão primária e sucessão secundária.

Sucessão Primária
A sucessão primária tem início em uma área desabitada.

Ocorre em ambientes que não foram previamente ocupados por seres vivos, como
rochas nuas, lavas solidificadas, depósitos de areia, uma faixa recente de praia.

Os primeiros organismos a se instalarem são chamados de pioneiros.

As espécies pioneiras conseguem se estabelecer em locais inóspitos, sujeitas à diversas


condições ambientais e abrem caminho para o estabelecimento de novas espécies.

São exemplos de espécies pioneiras os líquens e as gramíneas.

80
A colonização de espécies pioneiras é importante para o processo de sucessão. A partir
das pioneiras, as condições originais do ambiente começam a ser alteradas.

Como exemplo, a cobertura vegetal das espécies vegetais pioneiras reduz mudanças
bruscas de temperatura do solo e contribuem para sua estabilização. Essas condições
favorecem a chegada de novas espécies para povoar a comunidade.

A sucessão primária é um processo lento. Um solo rochoso pode levar décadas até
abrigar uma vegetação de arbustos e herbáceas.

Sucessão Secundária
A sucessão secundária ocorre em substratos que já foram anteriormente ocupados por
uma comunidade biológica. Por isso, apresentam mais condições para o estabelecimento
de seres vivos.

Como exemplo estão as clareiras, as áreas desmatadas e os campos de cultivo


abandonados.

A sucessão secundária desenvolve-se mais rapidamente que a primária.

Uma razão é alguns organismos e sementes podem permanecer no solo, tornando o


substrato mais favorável à recolonização por outros seres vivos.

Biomas Brasileiros
São seis os grandes biomas brasileiros (continentais). Os biomas são conjuntos de
ecossistemas (vegetal e animal) com uma diversidade biológica própria.

Segundo o IBGE, no Brasil há seis tipos de biomas continentais e um bioma


marinho ou aquático. Quais são os biomas terrestres brasileiros, então?

 Amazônia
 Cerrado
 Caatinga
 Mata Atlântica

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 Pantanal
 Pampa

Mapa de Biomas do Brasil

Observe no mapa onde estão localizados os biomas terrestres brasileiros.

Biomas Terrestres do Brasil

Por suas dimensões continentais, o país abriga biomas tão distintos entre si como
florestas tropicais até a vegetação cerrada. Conheça um pouco mais dessa diversidade:

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Bioma Amazônia

Bioma Amazônia: rios, mata fechada e uma


diversidade biológica insuperável

Considerado o maior Bioma brasileiro e a maior reserva de diversidade biológica do


mundo, o bioma Amazônia corresponde a quase metade do território nacional.

Abrange os estados brasileiros do: Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Roraima; parte de
Rondônia, Mato Grosso, Maranhão e Tocantins.

O clima dessa região é quente e úmido e sua densa vegetação é caracterizada


pela floresta amazônica com árvores de grande porte.

Bioma Cerrado

O cerrado brasileiro só perde para a Amazônia em


termos de diversidade natural

O Cerrado é considerado o segundo maior bioma do Brasil em extensão. Ele abrange os


estados do: Maranhão, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e
Tocantins. Além disso, ocupa uma pequena área de outros seis estados.

83
O clima predominante no cerrado é tropical sazonal, com períodos de chuvas e de secas.
Já a sua vegetação, é caracterizada por árvores de troncos retorcidos, gramíneas e
arbustos. Em geral, as árvores são de pequeno porte e esparsas.

Bioma Caatinga

O Xique-xique
é um cacto típico da caatinga nordestina

A Caatinga ocupa grande parte da região nordeste do país. Ela abrange os estados do:
Ceará, Bahia, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Alagoas e Sergipe.

Além disso, há presença desse tipo de bioma em pequenas partes dos estados do
Maranhão e de Minas Gerais.

Típico do clima semi-árido, localizado no sertão nordestino, a caatinga apresenta uma


vegetação arbustiva de médio porte, com galhos retorcidos e folhas adaptadas para os
períodos de secas. Os cactus são característicos da Caatinga.

84
Bioma Mata Atlântica

As cachoeiras
e nascentes d'água fazem parte da paisagem das serras da Mata Atlântica

A Mata Atlântica ocupa a faixa litorânea de norte à sul do país. Assim, ela engloba a
totalidade de três estados brasileiros: Espírito Santo, Rio de Janeiro e Santa Catarina;
grande parte do Paraná e pequenas porções de onze estados.

O clima predominante é tropical-úmido com altas temperaturas e índice pluviométrico. A


vegetação nesse bioma é marcada pela presença de árvores de grande e médio-porte
formando uma floresta densa e fechada.

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Bioma Pantanal

O Jaburu é a
árvore-símbolo do Pantanal

O Bioma Pantanal, considerado o de menor extensão territorial do país, abrange dois


estados brasileiros, a saber: Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

O clima predominante é tropical continental com altas temperaturas e chuvas, de verão


chuvoso e inverno seco.

A vegetação do pantanal é marcada pelas gramíneas, árvores de médio porte, plantas


rasteiras e arbustos. O nome desse bioma remete às regiões alagadiças presentes, ou
seja, os pântanos.

86
Bioma Pampa

O Pampa
serve de pastagem natural para milhares de animais

O Pampa é o único bioma brasileiro presente somente numa unidade federativa. Ele
ocupa mais da metade do território do Rio Grande do Sul.

O clima é subtropical com as quatro estações do ano bem definidas e sua vegetação é
marcada pela presença de gramíneas, arbustos e árvores de pequeno porte.

Além disso, esse bioma é constituído de amplas áreas de pastagens, onde se


desenvolvem grandes rebanhos.

Biomas aquáticos

Os biomas aquáticos correspondem aos ambientes de água doce (lagos, rios, igarapés...)
e salgada (mares e oceanos). Eles são tão ricos em diversidade de espécies quanto os
terrestres e também precisam ser conservados.

87
A maior parte do nosso planeta, mais de 70%, é constituído por água salgada. O bioma
marinho é classificado conforme a profundidade da água e das regiões iluminadas ou
não pelos raios solares.

Já os biomas de água doce abrangem os córregos, lagos, lagoas, geleiras, reservatórios


subterrâneos e rios.

Curiosidades

 Juntos, os biomas da Amazônia e da Mata Atlântica ocupam 100% de oito estados


brasileiros.
 O Bioma Amazônia e o Bioma Pantanal ocupam juntos mais de metade do Brasil.
 A maior planície inundável do mundo é o pantanal mato-grossense.
 Atualmente, a Mata Atlântica corresponde a apenas 7% de sua área original

Biomas
Confira algumas características dos principais biomas do planeta Terra.

Tundra: bioma mais frio da terra, apresenta animais com densa pelagem e vegetação
esparsa.

Taiga: apresenta clima subártico, animais hibernantes e vegetação de floresta densa.

Savana: apresenta clima tropical, território geralmente plano, animais de grande porte e
vegetação rasteira.

Pradaria: apresenta clima temperado, em locais úmidos ou mais secos, relevo baixo e
vegetação rasteira.

Deserto: apresenta elevadas temperaturas durante o dia e baixas temperaturas a noite,


pouca chuva, solo pouco fértil e vegetação com gramíneas e arbustos.

Floresta Tropical: apresenta clima quente, muitas chuvas durante o ano, vegetação densa
e árvores altas.

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Floresta Temperada: apresenta clima temperado, com as estações do ano bem definidas,
e vegetação com árvores decíduas, cujas folhas mudam de cor no outono.

Importância e preservação dos biomas

Os biomas são constituídos de formas de vida importantes para a região onde se


localizam e, até mesmo, espécies que só existem naquele lugar. Por isso, é importante a
sua preservação.

Para preservar os biomas é necessário atenção às atividades humanas, a principal causa


de alterações, por gerar destruição, para construção de áreas de habitação e industrial,
exploração de seus recursos, como a madeira, e a poluição oriunda dessas atividades, e
as fontes de água doce.

Um dos biomas brasileiros mais ameaçados é a Mata Atlântica, que passou por
desmatamentos constantes, perdendo grande parte de sua vegetação original, restando
apenas 8%.

Ecossistemas Aquá ticos


Os ecossistemas aquáticos são os que abrangem os ambientes de água. Eles incluem
desde um pequeno corpo de água até os oceanos.

Da mesma forma como ocorre em ecossistemas terrestres, os aquáticos também


apresentam diversos tipos de relações ecológicas e interação entre os fatores bióticos e
abióticos.

Tipos

Os ecossistemas aquáticos são classificados conforme as características de: temperatura,


salinidade, movimentação da água, profundidade e incidência de raios solares.

Conheça os dois tipos principais de ecossistemas aquáticos:

89
Ecossistema marinho

O ecossistema marinho é rico em biodiversidade

Os ecossistemas marinhos incluem os mares e oceanos, os quais cobrem


aproximadamente 71% da superfície terrestre.

Eles podem ser classificados de acordo com a profundidade da água da seguinte forma:

 Zona litoral: região entre os limites das marés, ficando exposta periodicamente.
 Zona nerítica: região do mar sobre a plataforma continental que se estende até 200 m
de profundidade, sendo iluminada pela luz solar.
 Zona oceânica: região entre 200 a 2000 m de profundidade, não há iluminação da luz
solar e os animais tornam-se mais escassos.
 Zona bêntica: corresponde ao fundo do mar habitado por algumas espécies.

Os mares e oceanos também são classificados conforme as zonas que recebem ou não
os raios solares:

 Zona fótica: região que recebe luz do sol suficiente para a fotossíntese dos seres
produtores aquáticos.
 Zona afótica: região sem incidência de raios solares e habitada apenas por seres
heterotróficos.

90
Ecossistema de água doce

Representação de um ecossistema aquático de


água doce

Os ecossistemas de água doce englobam os córregos, lagos, lagoas, geleiras,


reservatórios subterrâneos e rios.

Eles são ser classificados nas seguintes zonas:

 Zona úmida ou alagados: áreas de solo saturado com água e que abrigam uma
vegetação característica. São exemplos os pântanos e brejos. Quando associado ao
ambiente marinho temos os manguezais.
 Zona lêntica: áreas de água com pouco fluxo ou paradas, como lagos, lagoas, poças e
reservatórios subterrâneos.
 Zona lótica: área com água doce corrente a exemplo dos rios, córregos e riachos.

Existem ainda os estuários encontrados na foz dos rios e que unem-se aos mares. Eles
apresentam como característica principal a mistura da água doce com a salgada.

Pelo fato de receberem nutrientes do rio e do mar, os estuários são ecossistemas


aquáticos de alta produtividade.

Cadeia alimentar aquática

A cadeia alimentar corresponde ao caminho da matéria e da energia que inicia com os


seres produtores e termina nos decompositores.

91
O fitoplâncton é um importante produtor primário dos ecossistemas aquáticos,
representando a base da cadeia alimentar e servindo de alimento para outros
organismos.

Exemplo de cadeia alimentar aquática

Importância e Ameaças

Os ecossistemas representam a unidade básica do estudo da Ecologia. Além disso, é nele


que se desenvolvem todas as relações ecológicas entre as espécies e a interação destas
com os fatores do ambiente.

Porém, as atividades humanas modificam drasticamente os ecossistemas aquáticos. Um


exemplo é a eutrofização, um processo que adiciona matéria orgânica aos ambientes
aquáticos em decorrência do escoamento de esgotos ou resíduos industriais.

Essa condição altera o funcionamento da cadeia alimentar, provocando um desequilíbrio


ao ecossistema e contaminando a água.

A poluição da água é outro fator que pode ocasionar a destruição de ecossistemas


aquáticos e desaparecimento de espécies.

Problemas Ambientais
Os problemas ambientais são decorrentes principalmente do crescimento e
desenvolvimento da sociedade.

As questões ambientais devem ser alvo de atenção, principalmente pelos impactos


socioambientais gerados.

92
Os principais problemas ambientais que afetam o Brasil e o mundo são:

 Desmatamento
 Mudanças climáticas
 Poluição do ar
 Poluição da água
 Degradação do solo
 Geração de resíduos
 Superpopulação
 Extinção de espécies
 Modificação genética

Desmatamento

Problema: eliminação total ou parcial da cobertura vegetal ocasionando um


desequilíbrio ao ambiente.

Causas: a atividade humana é a principal causa do desmatamento para, por exemplo,


explorar a madeira e outros produtos da floresta, criar pasto para pecuária e expandir
cidades.

Consequências: a retirada da vegetação de um local facilita a erosão do solo, diminui a


reciclagem de gás carbônico e afeta diretamente o clima, ocasionando mudanças
climáticas.

A floresta tropical é uma das mais devastadas do mundo. Segundo dados do Global
Forest Watch (GFW), só em 2018 12 milhões de hectares desse tipo de vegetação foram
perdidos.

Possíveis soluções: desenvolvimento sustentável, leis ambientais, cumprimento do


código florestal, aumento da fiscalização para conter o desmatamento ilegal e
monitoramento do desmatamento.

Mudanças climáticas

Problema: significativas alterações no clima do planeta Terra por causas naturais ou em


decorrência das ações humanas.

93
Causas: as mudanças na órbita da Terra e glaciações são exemplos de causas naturais. Já
a queima de combustíveis fósseis, como petróleo e gás natural, é uma das principais
fontes de lançamento de gases nocivos ao ambiente.

O acúmulo de gases na atmosfera intensifica o efeito estufa por reter na superfície o


calor proveniente da radiação solar. O agravamento dessa situação faz com que a
temperatura média da Terra aumente.

Consequências: acidificação dos oceanos, desequilíbrio dos ecossistemas, desastres


naturais, redução de produtividade na agricultura e extinção de espécies.

Possíveis soluções: investimento em energias renováveis, acordos para diminuição da


emissão de gases poluentes, preservação das florestas, entre outros.

Poluição do ar

Problema: elevação dos níveis de substâncias consideradas poluentes e que acarretam


um desequilíbrio ao meio ambiente.

Causas: a poluição do ar é causada principalmente por gases poluentes de fontes


naturais, como atividades vulcânicas, e atividades humanas, como industrialização e
queima de combustíveis fósseis nos veículos.

Consequências: o aumento de gases poluentes no ar compromete a sua qualidade e


pode gerar diversos problemas de saúde, principalmente respiratórios.

Diversos países, segundo a Organização Mundial da Saúde – OMS, apresentam a


poluição do ar acima do aceitável. Segundo relatório da entidade, só em 2016 a causa da
morte de 4,2 milhões de pessoas está relacionada com a poluição do ar.

Possíveis soluções: estabelecimento de limites para os níveis de emissão, utilização de


transportes alternativos, monitoramento da qualidade do ar e criação de tecnologias com
menor poder de poluição.

Poluição da água

Problema: alteração da qualidade da água tornando-a prejudicial para o ambiente e


imprópria para consumo, o que afeta diretamente a manutenção da vida no planeta.

94
Causas: descarte de produtos e dejetos em corpos d’água, resíduos de atividades
agrícolas, domésticas e industriais lançados na água sem o tratamento adequado.

Consequências: desequilíbrio dos ecossistemas, morte de espécies aquáticas,


proliferação de microrganismos nocivos e surgimento de doenças, eutrofização e efeito
acumulativo de metais pesados nos organismos.

Possíveis soluções: conscientização da população, tratamento de esgoto, leis que


delimitem os parâmetros para descarte dos resíduos, fiscalização e punições severas.

Degradação do solo

Problema: destruição do solo seja por causas naturais ou decorrente das atividades
humanas, inviabilizando a sua capacidade de produzir.

Causas: exploração em excesso sem rotatividade de culturas, contato com poluentes,


perda de nutrientes, salinização, acidificação, lixiviação e diminuição de matéria orgânica.

Consequências: perda de produtividade na agricultura, infertilidade, impactos


socioambientais, entre outros.

Possíveis soluções: rotação de plantio, controle da erosão, reflorestamento e manejo


adequado, com utilização de adubo e planejamento correto da cultura.

Geração de resíduos

Problema: aumento do número de materiais descartados na natureza. Seguindo no


ritmo atual, segundo a ONU, a geração de resíduos urbanos chegará a 4 bilhões de
toneladas por ano em 2050.

Causas: crescimento populacional, industrialização, aumento do consumo, utilização de


materiais que demoram a se decompor na natureza, descarte indevido pela população e
destinação final inadequada.

Consequências: acúmulo de lixo e geração de doenças, desequilíbrio ambiental, poluição


visual, alagamentos pelo entupimento de bueiros, contaminação do solo, da água e do
ar.

95
Possíveis soluções: reduzir a produção de lixo, coleta seletiva para destinação correta,
estimular a reutilização e a reciclagem são ações para diminuir a quantidade de resíduos
no ambiente.

Superpopulação

Problema: o número de pessoas do mundo aumenta a cada dia e os recursos disponíveis


podem não ser suficientes para todos e um desequilíbrio leve ao esgotamento dos
recursos naturais.

Causas: o fenômeno pode estar relacionado com o aumento da expectativa de vida,


diminuição da mortalidade infantil e desencorajamento do uso de métodos
contraceptivos.

Consequências: a superpopulação está relacionada diretamente com o aumento do


consumo e, consequentemente, a produção de resíduos. Quanto mais pessoas no
mundo, maior a demanda por água, comida, energia, entre outros.

Além disso, poluição, pobreza, destruição de florestas para construção de cidades,


aumento da desertificação pela degradação do solo e surgimento de epidemias são
acontecimentos mais propensos.

Possíveis soluções: conscientização da população, planejamento familiar e diminuição


da taxa de crescimento populacional.

Extinção de espécies

Problema: ameaça de desaparecimento de espécies no planeta.

Causas: embora a extinção seja algo que aconteceu em vários momentos no planeta,
outros fatores, como poluição, mudanças climáticas, destruição do habitat, caçadas e
desastres ambientais têm intensificado a ocorrência do fenômeno.

Consequências: alteração das cadeias alimentares, perda da biodiversidade, redução de


recursos alimentares, interferência na autorregulação do ambiente, entre outros.

Possíveis soluções: educação ambiental, preservação dos habitats, proteção das


espécies ameaçadas de extinção, combate ao tráfico principalmente de animais, entre
outros..

96
Modificação genética

Problema: os organismos geneticamente modificados, frutos da introdução de genes de


outras espécies, podem acarretar uma poluição genética no ambiente.

Causas: a busca para desenvolver espécies com características desejáveis, que de forma
natural não aconteceria, levou a criação das plantas transgênicas, cujos efeitos ainda são
difíceis de estimar com a liberação no ambiente.

Consequências: ameaça à biodiversidade, contaminação por transgenes, eliminação de


espécies, exposição à agentes tóxicos, surgimento de pragas.

Possíveis soluções: conscientização sobre os riscos, legislação atualizada, estudo do


impacto causado.

Eutrofizaçã o das Á guas


A eutrofização ou eutroficação é um processo natural decorrente da acumulação
excessiva de matéria orgânica provinda dos esgotos e pelo desenvolvimento de algas.

De modo resumido, consiste no acúmulo de matéria orgânica nos ambientes aquáticos,


especialmente, onde a água é pouco movimentada, como em rios, lagos e represas. Tal
situação resulta em mau odor e aspecto turvo à água.

A eutrofização pode ter origem natural ou antrópica:

 Eutrofização natural: Produzida pelos próprios elementos da natureza, ocorrendo de


forma espontânea e lenta.
 Eutrofização antrópica ou artificial: Quando é provocada pelo homem e tem como
principal causa a poluição das águas, falta de saneamento, acúmulo de lixo doméstico,
despejo de efluentes nas águas e uso de fertilizantes que contaminam o lençol freático.
Ocorre de forma rápida.

Como ocorre?

97
A
eutrofização altera as características da água
A matéria orgânica é decomposta naturalmente, o seu excesso, todavia, altera esse
processo fazendo com que as algas se desenvolvam e aumente a quantidade dos seres
decompositores, como as bactérias aeróbicas.

Esse processo ocorre em decorrência dos dejetos humanos e de animais e dos


fertilizantes dos solos, que chegam às águas aumentando a quantidade de nutrientes
disponíveis e fazendo proliferar as algas, que quando morrem tornam a água turva.

Quais as consequências?

As camadas que se criam sobre a água impedem a fotossíntese e sua oxigenação. Ao


mesmo tempo, os decompositores e algas se proliferam, aumentando também o
consumo de oxigênio, o que é chamado de DBO (demanda bioquímica de oxigênio).

A quantidade de oxigênio consumido pelas algas, bem como pelos decompositores, não
é suficiente para satisfazer os peixes, que acabam por morrer.

Em contrapartida, aumenta o número de seres que não necessitam de oxigênio, como é


o caso das bactérias anaeróbicas, que contaminam e provocam doenças.

98
Com a falta de oxigênio na água, o ecossistema aquático passa a ser habitado por
bactérias anaeróbicas, dado que essas não necessitam de oxigênio. A água fica, deste
modo, contaminada e a sua utilização e consumo provocam doenças.

Representaçã
o dos efeitos da eutrofização
Quais as soluções?

A solução para a eutrofização passa pelo combate à poluição, investindo em coleta e


tratamento de resíduos.

Para isso, o tratamento das águas é fundamental, pois evita o fornecimento de matéria
orgânica aos ambientes aquáticos.

Bioacumulaçã o e Magnificaçã o tró fica


A magnificação biológica, magnificação trófica, ou
ainda bioacumulação é um evento negativo originário de uma quantidade
significativa de resíduos ou substâncias tóxicas acumuladas em um nível
trófico da cadeia alimentar, com capacidade de atingir outros níveis tróficos
da cadeia, prejudicando o equilíbrio dos organismos envolvidos, pois eles irão
absorver essas substâncias futuramente.

99
Exemplo de bioacumulação / magnificação biológica: água contém 0,10 ppt
(partes por trilhão de mercurio). Esta concentração pode chegar a 4,8
milhões ppt em um ovo de uma ave que se alimenta de peixes.
Ilustração: USGS.gov
O excesso dessas substâncias representa uma ameaça direta para os
organismos vegetais e animais presentes no ambiente. A forma indireta
ocorre por meio da ingestão de alimentos contaminados. Na segunda situação
o homem também é prejudicado.

De forma resumida, a bioacumulação é o aumento de concentrações


de substâncias químicas em organismos biológicos ao longo do tempo.

Consideramos bioacumulação quando as células de um organismo começam a


absorver matéria não natural do ambiente. Existem alguns fatores que
podem aumentar o potencial químico das substâncias absorvidas. Substâncias
lipofílicas e hidrofóbicas são exemplos, em ambos os casos a mistura com a
água é prejudicada, o que diminui a capacidade de dispersão, porém mantém
o alto nível de concentração da substância.

Geralmente as substâncias químicas apresentam fácil capacidade de


dispersão na água, esse fator é determinante para o armazenamento de
substâncias na própria água. Metais pesados podem ser considerados
exceções.

O processo de eliminação dos organismos após sofrerem com a


bioacumulação é variado. Alguns organismos podem excretar o produto
absorvido, o modo com que seu metabolismo funciona e suas habilidades
individuais que irão determinar o quanto serão capazes. Substâncias químicas

100
que se dissolvem em gorduras geralmente são mais difíceis de serem
eliminadas do que as que se dissolvem na água.

A bioacumulação acontece com maior frequência nos ecossistemas aquáticos.


Existem alguns fatores importantes que contribuem para que esse evento
aconteça com maior frequência no ambiente aquático:

 As substâncias tóxicas envolvidas no processo de bioacumulação não


são biodegradáveis, o que representa uma grande ameaça aos seres
vivos, pois essas substâncias estarão percorrendo quilômetros de
distância por muitos anos e afetando diversos organismos em diferentes
níveis tróficos da cadeia.
 Algumas substâncias tóxicas são lipossolúveis (podem ser dissolvidas
em gorduras), podendo se fixar com facilidade em tecidos de
organismos vivos.

Dos poluentes não biodegradáveis que se acumulam ao longo da cadeia,


merecem destaque os metais pesados, como o mercúrio, o chumbo e
o cádmio, elementos frequentemente presentes em processos industriais,
no lixo eletrônico e garimpos irregulares (mercúrio). Também contribuem
para a magnificação biológica os compostos organoclorados, como o DDT e o
BHC (inseticidas), o cloreto de vinila, que são substâncias muito usadas na
indústria, principalmente na produção de plásticos e insumos agrícolas, e
os organofosforados, também utilizados na produção de pesticidas e são
altamente tóxicos. O uso de muitas dessas substâncias como o DDT, já foi
proibido por vários países, exatamente devido ao alto teor de toxidez.

Processo da bioacumulação ou magnificação biológica


O processo de bioacumulação não é totalmente natural, porém é um processo
normal e essencial para controle, crescimento e cultivo de organismos. O
processo de bioacumulação envolve também uma vasta gama de nutrientes
que são vitais para a vida, entre eles a vitamina A, D e K, alguns
minerais, aminoácidos e também gorduras.

Biociclos
Biociclo Terrestre ou Epinociclo

101
É constituído por diferentes Biomas que estão na dependência dos fatores
abióticos. Isto significa que dependendo dos fatores abióticos teremos um
tipo de Bioma.

Dos componentes abióticos a energia radiante recebida na Terra e o vapor


d'água são fatores importantes.

Considerando-se esse dois fatores fundamentais, podemos dividir os Biomas


terrestres em:

a) Tundra

Localiza-se no Círculo Polar Ártico. Compreende Norte do Alasca e do Canadá,


Groelândia, Noruega, Suécia, Finlândia, Sibéria.

Recebe pouca energia solar e pouca precipitação. esta ocorre geralmente sob
forma de neve e o solo permanece a maior parte do ano gelado. Durante a
curta estação quente (2 meses) ocorre o degelo da parte superior, rica em
matéria orgânica, permitindo o crescimento dos vegetais. O subsolo fica
permanentemente congelado (permafrost).

A Tundra caracteriza-se por apresentar poucas espécies capazes de suportar


as condições desfavoráveis.

Os produtores são responsáveis por capim rasteiro e com extensas áreas


cobertas por camadas baixas de liquens e musgos. Existem raras plantas
lenhosas como os salgueiros, mas são excessivamente baixas (rasteiras).

As plantas completam o ciclo de vida num espaço de tempo muito curto:


germinam as sementes, crescem, produzem grandes flores (comparadas com
o tamanho das plantas), são fecundadas e frutificam, dispersando
rapidamente as suas sementes.

No verão a Tundra fica mais cheia de animais: aves marinhas, roedores,


lobos, raposas, doninhas, renas, caribus, além de enxames de moscas e
mosquitos.

b) Taiga

Também chamada de floresta de coníferas ou floresta boreal. Localiza-se no


norte do Alasca, Canadá, sul da Groelândia, parte da Noruega, Suécia,
Finlândia e Sibéria.

102
Partindo-se da Tundra, à medida que se desloca para o sul a estação
favorável orna-se mais longa e o clima mais ameno.

Em conseqüência disso a vegetação é mais rica, surgindo a Taiga.

Na Taiga os abetos e os pinheiros formam uma densa cobertura, impedindo o


solo de receber luz intensa. A vegetação rasteira é pouco representada. O
período de crescimento dura 3 meses e as chuvas são poucas.

Os animais são representados por aves, alces, lobos, martas, linces, roedores
etc.

c) Floresta Caducifólia ou Floresta Decídua Temperada

Predomina no hemisfério norte, leste dos Estados Unidos, oeste da Europa,


leste da àsia, Coréia, Japão e partes da China.

A quantidade de energia radiante é maior e a pluviosidade atinge de 750 a


1.000 mm, distribuída durante todo o ano. Nítidas estações do ano. Neste
Bioma, a maioria dos arbustos e árvores perde as suas folhas no outono e os
animais migram, hibernam ou apresentam adaptações especiais para
suportar o frio intenso.

As plantas são representadas por árvores ditotiledôneas como nogueiras,


carvalhos, faias. Os animais são representados por esquilos, veados, muitos
insetos, aves insetívoras, ursos, lobos etc.

d) Floresta Tropical ou Floresta Pluvial ou Floresta Latifoliada

A floresta tropical situa-se na região intertropical. A maior área é a Amazônia,


a segunda nas Índias Orientais e a menor na Bacia do Congo (África).

O suprimento de energia é abundante e as chuvas são regulares e


abundantes, podendo ultrapassar 3.000 mm anuais.

A principal característica da floresta tropical é a sua estratificação. A parte


superior é formada por árvores que atingem 40 m de altura, formando um
dossel espesso de ramos e folhas. No topo a temperatura é alta e seca.

Debaixo desta cobertura ocorre outra camada de árvores, que chegam a 20


m de altura, outras a 10 m e 5 m de altura.

103
Este estrato médio é quente, mais escuro e mais úmido, apresentando
pequena vegetação.

O estrato médio caracteriza-se pela presença de cipós e epífitas. A


diversificação de espécies vegetais e animais é muito grande.

e) Campos

É um Bioma que se caracteriza por apresentar um único estrato de


vegetação. O número de espécies é muito grande, mas representado por
pequeno número de indivíduos de cada espécie.

A localização dos campos é muito variada: centro-oeste dos Estados Unidos,


centro-leste da Eurásia, parte da América do Sul (Brasil, Argentina) e
Austrália.

Durante o dia a temperatura é alta, porém a noite a temperatura é muito


baixa. Muita luz e vento, pouca umidade. Predominam as gramíneas. Os
animais, dependendo da região, podem ser: antílopes americanos e bisões,
roedores, muitos insetos, gaviões, corujas etc.

f) Deserto

Os desertos apresentam localização muito variada e se caracterizam por


apresentar vegetação muito esparsa.

O solo é muito árido e a pluviosidade baixa e irregular, abaixo de 250 mm de


água anuais. Durante o dia a temperatura é alta, mas à noite ocorre perda
rápida de calor, que se irradia para a atmosfera e a temperatura torna-se
excessivamente baixa. As plantas que se adaptam ao deserto geralmente
apresentam um ciclo de vida curto. Durante o período favorável (chuvoso)
germinam as sementes, crescem, florescem, frutificam, dispersam as
sementes e morrem.

As plantas perenes como os cactos apresentam sistemas radiculares


superficiais que cobrem grandes áreas. Estas raízes estão adaptadas para
absorver as águas das chuvas passageiras.

O armazenamento de água é muito grande (parênquimas aqüíferos). As


folhas são transformadas em espinhos e o caule passa a realizar fotossíntese.

Os consumidores são predominantemente roedores, obtendo água do próprio


alimento que ingerem ou do orvalho. No hemisfério norte é muito comum

104
encontrar-se, nos desertos, arbustos distribuídos uniformemente, como se
tivessem sido plantados em espaços regulares. Este fato explica-se como um
caso de amensalismo, isto é, os vegetais produzem substâncias que eliminam
outros indivíduos que crescem ao seu redor.

Citologia
Célula Eucarionte x Procarionte
As células são classificadas basicamente em eucariontes e procariontes. A principal
diferença entre esses dois tipos está na estrutura celular.

A célula procariótica caracteriza-se pela ausência de núcleo e estrutura simples. Já a


célula eucariótica tem núcleo definido e estrutura mais complexa.

Há mais de 3,5 bilhões de anos acredita-se que surgiu a primeira célula procariótica.
Durante muito tempo os organismos existentes foram formados por esse tipo celular até
que a evolução fez surgir a célula eucariótica há 1,7 bilhão de anos.

As principais diferenças entre células procariontes e eucariontes

Ao compararmos as células dos seres procariontes e eucariontes percebemos algumas


semelhanças, como a presença dos componentes básicos: material genético, citoplasma
e membrana celular.

Entretanto, esses tipos celulares diferem em muitos aspectos. Veja a tabela comparativa
com o resumo das diferenças.

Célula procarionte Célula eucarionte

Menor estrutura, cujo diâmetro Maior estrutura, cujo diâmetro máximo


máximo é de 5 μm. é de 100 μm.

Funcionamento simples. Funcionamento complexo.

105
Célula procarionte Célula eucarionte

Não há organelas membranosas. Possui organelas membranosas.

Material genético está dentro do


Material genético está no citoplasma.
núcleo.

Molécula de DNA circular. Molécula de DNA longa e filamentar.

Reproduzem-se por fissão binária


Reproduzem-se por mitose e meiose.
assexuada.

Constituem seres unicelulares. Formam seres uni ou pluricelulares.

Reinos Protista, Fungi, Plantae e


Reino Monera.
Animalia.

Bactérias e arqueias são seres Fungos, plantas e animais são seres


procariontes. eucariontes.

Você também pode se interessar por Citologia e Tipos de Células.

Célula procarionte

A célula procariótica é a célula primitiva. O significado do nome vem do grego pro (antes,
primeiro) e karyon (núcleo). Sendo assim, definição é "antes do núcleo".

Características da célula procarionte


Células procariontess são formadas por citoplasma, ribossomos e material genético. O
nucleoide é a região celular no citoplasma onde está disperso o material genético.
Células procarióticas possuem moléculas de DNA circular, os plasmídeos.

A respiração celular é realizada no citoplasma com o auxílio de enzimas localizadas na


membrana plasmática.

106
A reprodução ocorre por meio de um processo chamado de bipartição, onde a divisão
do DNA circular, seguida de um aumento da célula e um processo de dobra da
membrana celular para o interior da célula ocasiona a fissão e formação de duas células.

Estrutura da célula procarionte


As organelas que constituem a célula procariota possuem funções específicas. Confira
quais são e como atuam na atividade celular.

Cápsula Revestimento externo da célula.

Citoplasma Substância gelatinosa que mantém o formato da célula.

DNA Armazena o material genético.

Flagelo Responsável pela locomoção da célula.

Membrana plasmática Controla o fluxo de substâncias na célula.

Parede celular Cobertura externa que confere formato à célula.

107
Pilus Microfibrilas para fixar a bactéria ao meio.

Ribossomo Responsável pela produção de proteínas.

Exemplos de seres procariontes


Seres procariontes são unicelulares, ou seja, possuem uma única célula. Os domínios
Archaea e Bacteria são constituídos de organismos procariotos.

Sendo assim, bactérias e cianobactérias são formadas por células procariontes.

Para adquirir mais conhecimento, leia sobre a célula e diferença entre célula animal e
vegetal.

Célula eucarionte

A célula eucariótica é uma célula mais complexa que a célula procariótica. O significado
do nome vem do grego eu (verdadeiro) e karyon (núcleo). Sendo assim, sua definição é
"núcleo verdadeiro".

Trata-se de uma estrutura membranosa, chamada de carioteca, envolvendo um núcleo


que armazena o material genético.

Características da célula eucarionte


Por ser ter uma estrutura mais complexa, a célula eucariota possui muitas organelas
membranosas que além de fazerem parte da constituição celular possuem diferentes
funções.

A dimensão de uma célula eucariótica pode ser até 10 vezes maior que uma célula
procariótica.

Este tipo celular é capaz de originar órgãos e tecidos. Sua estrutura permite a produção
de diversos produtos necessários às atividades celulares.

108
Estrutura da célula eucarionte

Centríolo Auxiliam na divisão celular.

Citoesqueleto Atua na sustentação e resistência da célula.

Substância gelatinosa que estrutura a célula e


Citoplasma
mantém seu formato.

Complexo de Golgi Modifica e transporta as proteínas sintetizadas.

Lisossomo Digere substâncias para a célula.

Mitocôndria Produz a maior parte da energia das células.

Região onde se encontra o material genético da


Núcleo
célula.

Nucléolo Auxilia na produção de RNA.

109
Retículo endoplasmático
Realiza a síntese de lipídios.
liso

Retículo endoplasmático
Realiza a síntese de proteínas.
rugoso

Ribossomos Auxilia na síntese de proteínas.

Vesícula Armazena e transporta substâncias.

Exemplos de seres eucariontes


Seres eucariontes podem ser unicelulares, como amebas e paramécios, e pluricelulares,
como plantas e animais, pois ambos são formados por células eucariontes.

Célula Animal x Vegetal


A célula animal e vegetal são eucariontes, ou seja, pertencem ao tipo celular mais
complexo e que constituem a maior parte dos seres vivos.

Lembre-se, a célula eucarionte é aquela que possui núcleo individualizado, delimitado


por uma membrana celular.

Apesar dessa semelhança, as células animais e vegetais apresentam diferenças quanto à


estrutura, formato e componentes celulares.

Principais diferenças

Conheça as principais diferenças existentes entre as células animais e vegetais:

1. Estrutura e forma
A célula animal e vegetal apresentam formato diferenciado. A célula animal possui
formato irregular, enquanto a célula vegetal apresenta uma forma fixa.

As células animais podem apresentam cílios e flagelos, o que não ocorre na célula
vegetal.

110
Podemos observar um grande vacúolo na célula vegetal, que ocupa grande parte do seu
citoplasma. Isso deve-se a função da célula de armazenar seiva e realizar o controle da
entrada e saída de água.

Representaçã
o da célula animal e da célula vegetal

2. Parede Celular
A parede celular é uma estrutura exclusiva das células vegetais. Ela corresponde a um
envoltório externo à membrana plasmática, formado pelo polissacarídeo celulose.

A função da parede celular é oferecer sustentação, resistência e proteção contra


patógenos externos. Além disso, ela realiza a troca de substâncias entre células vizinhas e
controla a entrada de água na célula.

As células animais não apresentam parede celular.

3. Organelas
As organelas celulares são estruturas que realizam as funções essenciais para o
funcionamento das células. A célula animal e vegetal apresentam algumas organelas
específicas, conforme a atividade que realizam.

Veja as organelas existentes nas células animais e vegetais:

111
Célula Célula
Organela Função
Vegetal Animal

Mitocôndrias Presente Presente Respiração celular

Retículo
Presente Presente Síntese de lipídios
endoplasmático liso

Retículo
endoplasmático Presente Presente Síntese de proteínas
rugoso

Ribossomos Presente Presente Síntese de proteínas

Modificar, armazenar e exportar


Aparelho de Golgi Presente Presente
proteínas

Lisossomos Presente Presente Digestão de moléculas orgânicas

Peroxissomos Presente Presente Digestão de substâncias

Vacúolos Presente Ausente Armazenamento de substâncias

Armazenamento de substâncias
Plastos Presente Ausente
e pigmentos

Transformação de ácidos graxos


Glioxissomos Presente Ausente
em açúcares

Divisão celular. Só ocorre em


Centríolos Variável Presente células vegetais de briófitas e
pteridófitas.

É importante destacar que os plastos apresentam três tipos: leucoplastos, cromoplastos


e cloroplastos.

112
 Leucoplastos: Sem pigmento e armazenam amido como forma de reserva energética.
 Cromoplastos: Responsáveis pela cor de frutos, flores e folhas.
 Cloroplastos: De coloração verde por conta da clorofila, são responsáveis
pela fotossíntese.

Membrana Plasmá tica


A membrana plasmática ou membrana celular é uma categoria de organela celular. Trata-
se de um envoltório fino, poroso e microscópico. Ela reveste por fora as células dos seres
procariontes (bactérias) e os eucariontes (animais, vegetais, fungos e protozoários).

A membrana plasmática é uma estrutura semipermeável, responsável pelo transporte e


seleção de substâncias que entram e saem da célula. Por isso ela é de extrema
importância para o metabolismo celular.

Memb
rana Plasmática da célula eucariota

Funções associadas à membrana plasmática

Denominamos funções as vantagens adaptativas que a membrana plasmática garante


aos seres vivos. As funções da membrana plasmática são:

113
Permeabilidade osmótica
A membrana plasmática tem a capacidade de controlar a entrada e saída de água das
células.

O controle da quantidade de água que entra e sai das células é muito importante para a
sobrevivência da célula. Se entrar água demais ela pode explodir, se perder muita água
pode murchar e morrer. A membrana deixa a água entrar e sair livremente por pressão
osmótica que tende a equilibrar com o meio externo. Mas em alguns casos, como seres
que vivem no mar, proteínas de membrana específicas puxam água para dentro e fora
das células.

Permeabilidade Seletiva
A membrana plasmática permite e controla da entrada e saída de outras substâncias,
além da água, da célula.

Algumas células têm que trocar substâncias de modo rápido. Tanto para liberar
hormônios e transmissores para outras células. Mas também bombas de íons que são
proteínas transmembrana. As bombas de íons garantem que células especializadas como
neurônios e células musculares funcionem com precisão.

Proteção das estruturas celulares


Todas as estruturas e demais organelas celulares estão contidas internamente a
membrana, nada chega a elas que não tenha passado pela membrana.

Destacamos que o núcleo celular, que contém o DNA da célula, possui sua própria
membrana chamada Carioteca. Mas ela tem uma composição diferente da membrana
celular em relação à proteína transmembrana, poros, etc.

Delimitação do conteúdo intracelular e extracelular


A capacidade da membrana plasmática de delimitar o que fica dentro da célula e o que
está fora, garante a integridade da célula. Com isso, garante o metabolismo, o equilíbrio
químico e a sobrevivência da célula.

O metabolismo na célula tem uma natureza muito diferente do que está acontecendo
fora da célula. Isso vale para organismos unicelulares, mas também para células
corporais. Por exemplo, as células do tecido ósseo estão vivas, funcionando, enquanto
fora delas a matriz extracelular é dura e rígida.

114
Transporte ativo de substâncias
Algumas substâncias são vitais para o funcionamento das células, como a glicose, por
exemplo. Mas quando e quanto dessa substância vai entrar em casa célula é definido por
outras substâncias que "abrem as portas" para coordenar essas entradas. No caso da
glicose, quem permite que entre nas células é a insulina. Se a insulina não funcionar bem,
nossa célula não recebe a glicose que está disponível no sangue e ficamos diabéticos.

O transporte ativo de substâncias que não são naturalmente permeáveis à célula, custa
energia. Tanto para receber substâncias que vêm do meio quanto para expelir
substâncias produzidas pela célula.

Reconhecimento de substâncias específicas


A membrana plasmática consegue reconhecer substâncias específicas devido à presença
de receptores específicos na membrana.

Algumas substâncias, como hormônios ou neurotransmissores, têm afinidade com


proteínas de membrana. Ao reconhecer essas substâncias começam cascatas de reações
no interior das células, importantes para o metabolismo e a fisiologia do corpo. Muitos
medicamentos têm seu princípio ativo baseado nessas reações e ações das proteínas
presentes na membrana.

Resposta imunológica
A resposta imunológica do corpo, defesa contra parasitas e células estranhas começa
com o reconhecimento das proteínas de membrana plasmática nas células.

Todas as células têm alguma espécie defesa na membrana para evitar a entrada de vírus
ou ataque de bactérias. Mas especialmente as células do sistema imunológico,
macrófagos, por exemplo, têm proteínas de membrana que funcionam como sensores
para reconhecer invasões de parasitas, células ou substâncias estranhas. A partir dessa
resposta imune temos as nossas defesas contra parasitas, rejeição a implantes e até
alergias.

115
Repre
sentação tridimensional de membrana plasmática

Estrutura e composição da membrana plasmática

A membrana plasmática é quimicamente constituída por:

 lipídios — glicolipídeos, colesterol e os fosfolipídeos


 proteínas — glicoproteínas, proteínas de membrana, proteínas de canal etc

Por isso, é reconhecida por sua composição lipoproteica.

Os fosfolipídios apresentam uma porção polar e outra apolar. A porção polar é hidrofílica
(tem afinidade com a água) e volta-se para o exterior. A porção apolar é hidrofóbica
(repele a água) e voltada para o interior da membrana.

Os fosfolipídios estão dispostos em uma camada dupla, a chamada bicamada. Devido a


sua natureza química, eles movem-se como em trilhos, sem perder o contato. Isso
permite a flexibilidade e elasticidade da membrana. A descrição sobre esse modelo de
organização é denominado "mosaico fluido".

116
Ilustra
ção representando as porções polares e apolares de bicamada fosfolipídica e como esta se
organiza em mosaico fluido

O nome "mosaico fluido" deve-se pela presença de estruturas flexíveis e fluidas, com
grande poder de regeneração.

Além da bicamada de fosfolipídeos, existem outras gorduras e proteínas que compõem


as membranas celulares que garantem seu funcionamento.

Apenas células dos animais, há o colesterol que compõe e estabiliza sua estrutura. A
vantagem adaptativa do colesterol é manter a membrana fluida e sem congelar mesmo
em baixas temperaturas. Apenas as células animais que possuem colesterol, os outros
grupos de seres vivos não o sintetizam.

As proteínas presentes na membrana são podem ser de grupos diferentes como:


enzimas, glicoproteínas, proteínas transportadoras e antígenos. Nesse sentido, podemos
dividi-las em dois grupos principais:

 Proteínas transmembranas: atravessam a bicamada lipídica lado a lado.


 Proteínas periféricas: situam-se em apenas um dos lados da bicamada.

Cada uma dessas proteínas vai ter uma função diferente, tanto no transporte quanto ao
enviar e catalisar informações para dentro e para fora da célula.

117
Transporte de Substâncias na membrana plasmática

A membrana atua como um filtro, permitindo a passagem de substâncias pequenas e


impedindo ou dificultando a passagem de substâncias de grande porte. Essa propriedade
é chamada Permeabilidade Seletiva.

O transporte de substâncias através da membrana plasmática pode ser de modo passivo


ou ativo:

O transporte passivo ocorre sem gasto de energia. As substâncias deslocam-se do


meio mais concentrado para o menos concentrado. São exemplos:

 Difusão Simples — É a passagem de partículas de onde estão mais concentradas para


regiões em que sua concentração é menor.
 Difusão Facilitada — É a passagem, através da membrana, de substâncias que não se
dissolvem em lipídios, com ajuda das proteínas da bicamada lipídica da membrana.
 Osmose — É a passagem de água de um meio menos concentrado (hipotônico) para
outro mais concentrado (hipertônico). Osmose sempre acontece com a água, se a
substância que passar pela membrana for outra diferente, o nome é difusão simples.

O transporte ativo ocorre com gasto de energia. Isso significa que moléculas que
conservam a energia celular, conhecidas como ATP (adenosina tri-fosfato), serão
utilizadas no processo. As substâncias deslocam-se de menor para o de maior
concentração. São exemplos:

 Transporte em Bloco: Endocitose e Exocitose — Ocorre quando a célula transfere


grande quantidade de substâncias para dentro ou para fora do seu meio intracelular.
 Bomba de Sódio e Potássio — Passagem de íons sódio e potássio para a célula, devido
às diferenças de suas concentrações.

Como curiosidade final, destacamos que a membrana plasmática não é facilmente


visualizada em um microscópio ótico comum. Apenas com o desenvolvimento do
microscópio eletrônico foi possível a observação da membrana plasmática.

118
Osmose
A osmose é o movimento de água que ocorre dentro das células através de uma
membrana semipermeável.

Nesse processo as moléculas de água partem de um meio menos concentrado para um


meio mais concentrado.

Portanto, a osmose serve para equilibrar os dois lados da membrana, fazendo com que o
meio rico em soluto seja diluído pelo solvente, que é a água.

Como ocorre a osmose?

A osmose é considerada um transporte passivo, pois na passagem através da


membrana não ocorre gasto de energia.

No processo da osmose, a água, que é o solvente, tende a atravessar a membrana


semipermeável com o objetivo de equilibrar a concentração da solução. Essa ação é
realizada até que a pressão osmótica fique estabilizada.

Por isso, a água passa da região menos concentrada para a mais concentrada,
naturalmente.

Esquema
representativo da osmose

119
A passagem da água de um meio para outro é feita nas células com o auxílio de
proteínas transportadoras na membrana, as aquaporinas. Assim, a osmose ocorre sempre
que existe diferença de concentração entre o meio externo e interno da célula.

O resultado da osmose é usado nos processos de troca de nutrientes das células animais
e vegetais.

Solução hipotônica, isotônica e hipertônica


Como vimos, o processo de osmose tem como finalidade igualar as concentrações das
soluções, até que se atinja um equilíbrio. Para isso temos os seguintes tipos de solução:

 Solução hipertônica: apresenta maior pressão osmótica e concentração de soluto.


 Solução hipotônica: apresenta menor pressão osmótica e concentração de soluto.
 Solução isotônica: a concentração de soluto e a pressão osmótica são iguais, atingindo
assim o equilíbrio.

Portanto, a osmose ocorre entre um meio hipertônico (mais concentrado) e hipotônico


(menos concentrado) para gerar um equilíbrio.

Exemplos de osmose

Nas células a membrana plasmática é um envoltório formado por uma bicamada lipídica,
o que dificulta o movimento de água na célula. Entretanto, existem proteínas
especializadas em sua estrutura, as aquaporinas, que funcionam como canais que
facilitam a passagem das moléculas de água.

120
Em um meio hipertônico as células tendem a encolher, já que perdem água. Já uma
célula colocada em meio hipotônico pode inchar até romper, pois há movimento de água
para dentro da célula.

Confira a seguir como ocorre a osmose na célula animal e vegetal.

Osmose na célula animal


Quando uma célula animal, como as hemácias, são expostas a meios com concentrações
diferentes o movimento de água na célula ocorre da seguinte forma:

Quando o meio é rico em soluto, uma solução hipertônica em relação ao citoplasma, as


células perdem água para o meio e murcham.

Quando o meio é pobre em soluto, uma solução hipotônica, as moléculas de água


tendem a entrar na célula e, embora a membrana seja resistente, dependendo da
quantidade pode ocorrer o rompimento.

Osmose na célula vegetal


O movimento de água nas células vegetais ocorre entre o vacúolo celular e o meio
extracelular.

121
A célula vegetal apresenta, além da membrana plasmática, uma parede celular muito
resistente, que é formada por celulose.

Portanto, ao contrário da célula animal, a célula vegetal resiste ao rompimento quando


está inserida em um meio hipotônico, onde a água tende a entrar na célula. A célula
incha, aumentando seu volume, mas a parede celular evita a ruptura.

A perda de água por uma célula vegetal, que está inserida em um meio hipertônico,
recebe o nome de plasmólise. Já a entrada de água no vacúolo quando a célula está em
um meio hipotônico recebe o nome de turgência, quando há o aumento de volume da
célula.

Como a pressão osmótica influencia a osmose?

O soluto é qualquer substância que pode ser diluída em um solvente, como o açúcar
dissolvido na água. Enquanto que pressão osmótica é a pressão feita para que a água se
movimente.

Como a osmose é um processo que ocorre do meio menos concentrado (hipotônico)


para o mais concentrado (hipertônico) em busca do equilíbrio, a pressão osmótica é a
pressão exercida sobre um sistema para evitar que a osmose aconteça naturalmente.

122
Portanto, quanto maior a diferença de concentrações entre os meios hipertônico e
hipotônico, maior deverá ser a pressão osmótica aplicada sobre a solução mais
concentrada para evitar a osmose.

O que é e como funciona a osmose reversa

A osmose reversa consiste na passagem de água no sentido inverso ao da osmose.


Assim, a água movimenta-se da solução mais concentrada para uma menos concentrada.

A osmose reversa acontece mediante aplicação de uma pressão maior do que a pressão
osmótica natural.

Como a membrana semipermeável permite apenas a passagem de solvente (água pura),


ela retém os solutos.

Um exemplo de osmose reversa é a transformação de água salgada em água doce pelo


processo de dessalinização.

Diferença entre osmose e difusão

Difusão é a passagem de moléculas muito pequenas de gases e solutos dissolvidos em


água, através da membrana plasmática. Neste caso, as moléculas de soluto irão passar do
meio mais concentrado para o menos concentrado. Elas movimentam-se a favor de um
gradiente de concentração e espalham-se no espaço disponível.

A difusão facilitada é a passagem, através da membrana, de substâncias que não se


dissolvem em lipídios, com o auxílio de proteínas que permeiam a bicamada lipídica.

Assim como a osmose, a difusão também é considerada um transporte passivo, uma


vez que ocorre a favor de um gradiente de concentração.

Curiosidade

A expressão "aprender por osmose" é muito utilizada por estudantes que gostariam de
aprender novos conteúdos sem precisar estudar, ou seja, sem fazer esforço.

123
Citoplasma
O citoplasma é a região da célula onde se encontra o núcleo e as organelas, além de
outras estruturas com funções específicas. É constituído de substância fluida
denominada citosol.

Membrana, Citoplasma e Núcleo

Estrutura de uma célula eucariota, com


microfilamentos e microtúbulos que compõem o citoesqueleto.

O modelo básico de célula que se conhece desde os primeiros estudos da citologia é


composto dessas 3 estruturas: membrana, citoplasma e núcleo.

A membrana é o que delimita a substância fluida e viscosa, chamada citoplasma, onde


ficam as organelas e o núcleo, que por sua vez contem o material genético (DNA e
RNA).

Não devemos esquecer que nas células procariontes, típicas de bactérias e arqueas, não
há núcleo e o material genético fica espalhado pelo citoplasma.

124
Citosol e Citoesqueleto
Atualmente, com a evolução da biologia molecular, já se sabe que o citoplasma
de células eucariontes pode conter diversas estruturas com funções específicas. Desse
modo, sabemos que há duas regiões no citoplasma: o citosol e o citoesqueleto.

A região que é mais fluida chamada hialoplasma, é onde ficam mergulhadas muitas
estruturas membranosas chamadas organelas citoplasmáticas, além de grânulos
compostos de RNA e proteínas, os ribossomos.

E na região denominada citoesqueleto, está presente uma complexa estrutura de redes


formadas por microtúbulos e microfilamentos, que podem ser compostos de
moléculas de proteína ou de actina (como no caso dos músculos).

Funções

No citosol acontece a maior parte das atividades celulares, sempre associado às


organelas. A síntese de proteínas, por exemplo, é uma das reações mais importantes.

No processo de produção da cadeia polipeptídica, participam o ribossomo e as


moléculas de DNA e RNA. Outra atividade essencial é a respiração celular que produz a
energia que será utilizada pelas células do corpo, parte desse processo ocorre no
citoplasma e outra parte dentro das mitocôndrias, como no Ciclo de Krebs.

Os filamentos do citoesqueleto são uma espécie de armação ou esqueleto que tem como
funções dar forma à célula e permitir movimentos tanto de organelas como
da célula como um todo.

Composição Química

O citoplasma é composto em grande parte por água, mas também por moléculas
orgânicas, em especial macromoléculas como proteínas e enzimas. Além disso, também
estão presentes lipídios e polissacarídios. As enzimas têm papel essencial catalisando
diversas reações que acontecem no citosol.

125
Centríolos, Centrossomo e Citoesqueleto
Os centríolos são pequenas estruturas cilíndricas que estão presentes nas células
eucarióticas.

Trata-se de um tipo de organela citoplasmática que exerce uma função muito importante
nas células animais e em em células de vegetais inferiores (musgos e samambaias).

Função

Os centríolos são estruturas celulares que auxiliam na divisão celular (mitose e meiose).

Possuem, portanto, a capacidade de duplicação durante o ciclo da divisão celular,


organizando o fuso acromático.

Após o processo de duplicação, os centríolos migram em direção aos polos da célula.


Além disso, eles auxiliam na formação dos cílios e dos flagelos..

Estrutura

Os centríolos têm uma estrutura simples de formato cilíndrico não revestida de


membrana. São formados por nove microtúbulos triplos ocos.

Representação
dos Centríolos

126
Eles são constituídos de proteínas e estão localizados perto do núcleo, local denominado
centrossomo ou centro celular.

Centríolos, Cílios e Flagelos

Nos protozoários (ciliados e flagelados), os centríolos auxiliam na formação de dois


filamentos chamados cílios e flagelos.

Os cílios são estruturas filamentosas curtas e numerosas que auxiliam na locomoção. No


corpo humano, os cílios estão presentes na traqueia e têm o objetivo de captar e
remover as impurezas advindas da respiração.

Da mesma maneira, os flagelos auxiliam na locomoção e ainda na alimentação de alguns


protozoários (flagelados). No entanto, eles são menos numerosos que os cílios.

Representação de Protozoários Flagelado e


Ciliado

Os flagelos possuem uma forma alongada, que se assemelha a um chicote. No corpo


humano, os gametas masculinos (espermatozoides) são formados por flagelos.

Centrossomo ou centro celular é o local onde partem os microtúbulos do citoesqueleto,


é o centro organizador próximo do núcleo. Ele consiste de duas estruturas cilíndricas
compactas que são conhecidas como centríolos e o material que o circunda, nas células
animais. Tem importante função no processo de divisão celular, regulando a nucleação e
organização espacial dos microtúbulos. A primeira vez que esta estrutura foi descrita foi
em 1888, por Theodor Boveri.

O centrossomo se localiza no centro da célula, próximo ao núcleo e auxiliam na


organização interna e no funcionamento da célula. Para que o centrossomo fique na
posição correta é necessária uma rede de microtúbulos polarizada radialmente

127
no citoplasma. Para que esta organização aconteça, existem proteínas com função
estrutural que irão atuar na ligação física do centrossomo ao núcleo. Esta localização do
centrossomo na célula também interfere na localização das organelas, como o Complexo
de Golgi, que se localiza, na maioria das vezes, no centro da célula, junto ao núcleo e ao
centrossomo.

Devido à sua função nucleadora e organizadora de microtúbulos, o centrossomo ajuda a


regular a adesão celular durante a intérfase (é o período do ciclo celular em que
a célula aumenta o seu volume, tamanho e número de organelas), facilita a organização
dos fusos mitóticos durante a mitose. O centrossomo tem um papel fundamental na
manutenção da polaridade da célula, já que participa na manutenção da assimetria do
citoesqueleto durante a migração celular. O centrossomo também participa da fase final
da divisão celular, aonde o centríolo-mãe irá se movimentar para que aconteça a
separação das duas células.

Pode-se citar três classes diferentes de proteínas centrossomais: as proteínas de


ancoragem que formam uma interface entre as proteínas nucleadoras de microtúbulos e
as moléculas de regulação, as proteínas que estão envolvidas na nucleação dos
microtúbulos, como a γ-tubulina e as proteínas que mantêm a estrutura do centrossoma
e que são responsáveis por suster a associação de outras proteínas centrossomais.

Para que possa acontecer o crescimento em número de células, é necessário que ocorra
o ciclo celular, onde uma sequência de eventos irá levar à divisão de células. Essas
divisões ocorrem no DNA e no centrossomo que são duplicados uma vez a cada ciclo
celular.

A duplicação do centrossomo ocorre em quarto diferentes etapas: Fase G1, fase S, fase
G2 e no inicio da mitose. Os centrossomos recém-formados são compostos por um
centríolo-mãe e um centríolo-filho.

O citoesqueleto é uma estrutura filamentosa formada por fibras proteicas e que está
presente nas células eucariontes.

Estrutura

O citoesqueleto é uma estrutura dinâmica que está presente no citoplasma das células.
Ele se assemelha a uma rede, sendo formado por microtúbulos e microfilamentos
(intermediários e de actina) constituídos de proteínas.

128
Representação da estrutura do
citoesqueleto

Nos microtúbulos encontramos a proteína chamada de tubulina. Essas estruturas são as


maiores e mais grossas que formam o citoesqueleto, sendo longas, firmes e ocas.

Nos filamentos de actina (ou microfilamentos), encontramos a própria actina e outras


proteínas que estão ligadas a ela. São estruturas mais finas e flexíveis que atuam nos
movimentos celulares.

Por fim, nos filamentos intermediários encontramos algumas proteínas fibrosas


responsáveis pela estabilidade do tecido celular.

Funções

A principal função do citoesqueleto é dar sustentação e resistência. Além disso, ele está
relacionado com o movimento celular, uma vez que auxilia na locomoção da célula, por
exemplo das amebas (movimentos ameboides).

As proteínas presentes nos microtúbulos são responsáveis pela organização celular e


pela formação dos cílios e flagelos.

Quanto aos movimentos intracelulares (dentro das células), o citoesqueleto auxilia no


transporte das organelas dentro do citoplasma.

Quanto à sua função, ele se assemelha aos ossos e músculos do corpo posto que está
relacionado com o deslocamento e a contração muscular. Em outras palavras, ele é o
"esqueleto celular".

Sendo assim, o citoesqueleto colabora com a forma celular, o transporte de substâncias e


a organização das organelas presentes na célula.

129
Retículos, Golgi e Lisossomos
O retículo endoplasmático é uma organela que está relacionada com a síntese de
moléculas orgânicas. Existem 2 tipos de retículo: o liso e o rugoso, que tem formas e
funções diferentes.

O rugoso é associado aos ribossomos e à síntese de proteínas, enquanto o liso produz os


lipídios. Os retículos são estruturas membranosas compostas de sacos achatados e
localizados no citosol da célula.

Representação
do retículo endoplasmático liso e rugoso. Observe os ribossomos no rugoso e a ligação
com o núcleo celular.

130
Retículo Endoplasmático Rugoso (RER)

O retículo endoplasmático, quando associado aos ribossomos adquire uma aparência


áspera, motivo pelo qual é chamado de rugoso ou granuloso. Está localizado no
citoplasma, próximo ao núcleo, sendo a sua membrana uma continuação da membrana
nuclear externa.

Funções do RER
A proximidade com o núcleo torna a síntese de proteínas mais eficiente, uma vez que o
RER pode enviar rapidamente um sinal para o núcleo iniciar o processo de transcrição do
DNA, e ainda quando há proteínas deformadas ou desdobradas (inativas), há um sinal
específico para melhorar o processo, caso contrário, será sinalizado que a célula deve ser
encaminhada para uma morte programada (apoptose).

Retículo Endoplasmático Liso (REL)

O Retículo endoplasmático liso não possui ribossomos ligados à sua membrana e por
isso parece liso.

Funções do REL
A sua função é,basicamente, participar da produção de moléculas de lipídios, em
especial fosfolipídios que irão compor a membrana das células. No entanto,
dependendo do tipo de célula em que se encontra, o REL terá funções diferentes.
Assim, por exemplo, ele pode estar mais envolvido na produção dos hormônios
esteroides a partir do colesterol, ou com a regulação dos níveis de cálcio no
citoplasma de células musculares estriadas.

O Complexo de Golgi ou Aparelho de Golgi, ou ainda Complexo Golgiense, é


uma organela de células eucariontes, composta de discos membranosos achatados e
empilhados.

Suas funções são modificar, armazenar e exportar proteínas sintetizadas no retículo


endoplasmático rugoso e além disso, origina os lisossomos e os acrossomos dos
espermatozoides.

131
Estrutura de um
dictiossoma.

Funções

Na face cis da cisterna as vesículas recebidas do RER contém proteínas (produzidas pelos
ribossomos associados ao retículo) que serão modificadas e dobradas.

Algumas dessas proteínas são glicosiladas, ou seja, sofrem reação de adição de um


açúcar no RER. Esse processo é completado no Golgi, caso contrário, essas proteínas
podem se tornar inativas.

Na face trans as proteínas são "empacotadas" em vesículas membranosas. Desse


modo, são originadas muitas enzimas, bem como os lisossomos primários e os
peroxissomos.

Enquanto essas organelas ficam no citoplasma da célula, as proteínas são muitas vezes
enviadas para fora da célula.

Uma outra função do Complexo de Golgi é a formação do acrossomo que se localiza


na cabeça do espermatozoide.

132
O acrossomo é o resultado da fusão de vários lisossomos formando uma grande
vesícula, que contem enzimas digestivas para auxiliar na perfuração da membrana do
óvulo.

Estrutura

O Complexo de Golgi é composto de estruturas chamadas dictiossomas. Cada uma


dessas estruturas é constituída por dobras de membrana que formam pequenos sacos
achatados e empilhados chamados cisternas. As cisternas possuem duas
faces: cis e trans.

A face trans é côncava e direcionada para a membrana plasmática. Está ligada ao


Retículo Liso (REL), de quem recebe membranas para a formação de vesículas de
secreção que contem as substâncias armazenadas.

Essas vesículas saem da célula e atuam em diferentes locais do organismo. Por exemplo,
enzimas usadas na digestão, hormônios e muco são secretadas no Aparelho de Golgi.

A face cis é convexa e está associada com o Retículo Rugoso (RER), de quem
recebe vesículas de transição ou transferência contendo proteínas.

Mitocô ndria e Cloroplasto


As mitocôndrias são organelas celulares presentes praticamente em todas as células
eucarióticas e responsáveis pelo processo de respiração celular. Elas são
encontradas em maior número em células e nas regiões celulares em que há maior
gasto energético. As mitocôndrias originaram-se de organismos aeróbios, há cerca de 2,5
bilhões de anos, e apresentam algumas características peculiares, como a presença de
uma dupla membrana e um DNA circular.
O que são mitocôndrias?
As mitocôndrias são organelas encontradas na maioria das células eucarióticas,
as hemácias, por exemplo, não apresentam mitocôndrias. Essas organelas podem ser
arredondadas ou alongadas e apresentam entre 1 µm e 10 µm de comprimento e
entre 0,5 µm e 1,0 µm de largura. As mitocôndrias são as organelas responsáveis pelo
processo de respiração celular, um processo de obtenção de energia que acontece na
presença de oxigênio.

133
As mitocôndrias são organelas celulares
responsáveis pelo processo de respiração celular.
Assim, a quantidade de mitocôndrias na célula, bem
como a sua distribuição dentro dela, está
relacionada ao requerimento energético da célula,
sendo que, em células que há um maior gasto de
energia, essas organelas são encontradas em maior
quantidade e localizadas em regiões específicas,
nas quais ocorre esse gasto energético.
Além da produção de energia, essas organelas são
responsáveis, juntamente ao retículo
endoplasmático liso, pela regulação da concentração de alguns íons no citoplasma
das células.
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Constituição das mitocôndrias
As mitocôndrias são organelas membranosas e, assim como os cloroplastos, apresentam
duas características bem peculiares: a presença de dupla membrana e material
genético próprio. Nas mitocôndrias, as membranas externa e interna são separadas
por um espaço denominado de espaço intermembranoso, que apresenta entre 8 nm e
10 nm de espessura.
A membrana externa apresenta algumas enzimas e proteínas transmembranas, estas
permitem a passagem de algumas moléculas para o espaço intermembranoso, tornando
esse meio semelhante ao do citosol. No espaço intramembranoso, são encontrados
também prótons que atuam no transporte iônico através de complexos fosforilativos na
respiração celular.
A membrana interna apresenta cristas, que são projeções da membrana direcionadas
para o interior da organela, aumentando a sua superfície e delimitando esse espaço
interno, denominado de matriz mitocondrial. As cristas apresentam também alguns
componentes, como enzimas, que participam da fosforilação oxidativa e da cadeia
transportadora de elétrons no processo de respiração celular.
Na matriz mitocondrial são encontrados ribossomos, grânulos que armazenam alguns
cátions, RNA, enzimas, como as que participam do ciclo de Krebs (ou ciclo do ácido
cítrico), além de seu material genético.

134
Dentre as características das
mitocôndrias, podemos
destacar sua membrana
dupla e um DNA próprio.
As mitocôndrias apresentam
pequenas moléculas de
DNA, que se apresentam
como filamentos duplos e
circulares, carregando
alguns genes que são
transmitidos para as
organelas filhas após a sua
reprodução (fissão). O
processo de duplicação do DNA mitocondrial é independente da duplicação do DNA
presente no núcleo da célula. O DNA mitocondrial é uma herança materna, pois apenas
as mitocôndrias do gameta feminino são transmitidas ao embrião no processo
de fecundação.

Origem das mitocôndrias


A teoria mais aceita atualmente sobre a origem das mitocôndrias é denominada
de teoria endossimbiótica. Segundo ela, as mitocôndrias teriam surgido, há cerca de 2,5
bilhões de anos, de um processo de endossimbiose, em que um organismo menor,
denominado de simbionte, passa a viver dentro de outro, o hospedeiro, que é maior,
em uma relação benéfica.
De acordo com essa teoria, o hospedeiro deveria ser um organismo anaeróbio (não
utiliza oxigênio em seus processos para obtenção de energia), e o simbionte,
um procarionte aeróbio (utiliza oxigênio em seus processos para obtenção de energia,
obtendo um saldo energético maior do que nos processos anaeróbios).
Ao englobar o organismo aeróbio (acredita-se que tenha sido uma bactéria), sem digeri-
lo, o organismo hospedeiro conseguiu obter um maior aproveitamento energético de
seus alimentos, sendo que o organismo simbionte favoreceu-se da presença de
alimento, bem como do abrigo e proteção.
Assim, o surgimento da mitocôndria dá-se pelo fato de que o organismo aeróbio
tornou-se parte do organismo hospedeiro, perdendo a capacidade de viver de forma

135
independente e tornando-se necessário para a obtenção de energia pela célula
hospedeira.
Respiração celular
Na respiração celular, parte da
energia obtida será armazenada nas
moléculas de ATP.
A respiração celular é um processo
utilizado por alguns organismos para
a obtenção de energia. Esse termo
geralmente se refere ao processo
que ocorre na presença de
oxigênio nas mitocôndrias. O
processo de respiração celular consiste
na oxidação de uma molécula
orgânica, geralmente a glicose, obtida
através dos alimentos, liberando
energia.
Parte da energia obtida nesse
processo é armazenada na forma de
moléculas de Adenosina Trifosfato
(ATP) e será utilizada, posteriormente, nas mais diversas reações do organismo, e a
outra parte é liberada na forma de calor. A respiração celular pode ser dividida em três
etapas: a glicólise, o ciclo do ácido cítrico (ou ciclo de Krebs) e a fosforilação oxidativa.
Resumo sobre mitocôndrias
 As mitocôndrias são organelas celulares encontradas na maioria das células eucarióticas.

 As mitocôndrias são responsáveis pelo processo de respiração celular.


 As mitocôndrias apresentam membrana dupla e um DNA circular próprio.
 As mitocôndrias surgiram de um processo de endossimbiose entre um organismo aeróbico e
um anaeróbio.
 A respiração celular é um processo aeróbio para obtenção de energia.

136
Os cloroplastos são organelas presentes apenas em células de plantas e algas, nas
regiões que ficam iluminadas. Possuem cor verde devido à presença de clorofila e são
responsáveis pela realização da fotossíntese.

Podem ter formas e tamanhos diferentes, além do que, na célula pode haver apenas um
ou uma grande quantidade deles, isso varia de acordo com o tipo de planta.

Funções

Nos cloroplastos acontece a fotossíntese, processo responsável pela produção de


energia e de substâncias orgânicas. Além disso, os cloroplastos são capazes
de sintetizar aminoácidos e lipídeos, que constituem a sua membrana.

Fotossíntese
Durante a fotossíntese ocorrem dezenas de reações químicas que basicamente podem
ser divididas em 2 etapas:

Etapa fotoquímica, ou das reações de claro: como indicado pelo nome na primeira
etapa é necessário que haja a luz do sol, que é absorvida pela clorofila para
a fotofosforilação (produção de ATP) e fotólise da água (decomposição da água em
gás oxigênio e íons de hidrogênio).

Etapa química, ou das reações de escuro: ocorrem diversas reações em que são
produzidos glicídeos a partir de moléculas de CO2 (do ar), de hidrogênio e da energia
fornecida pelo ATP (ambos provenientes da primeira etapa).

Estrutura

Geralmente a forma do cloroplasto é arredondada e alongada, mas pode ter outros


formatos. Possui membrana lipoproteica dupla, sendo que a mais interna das
membranas forma lamelas, compostas por pilhas lamelares menores, cada uma como se
fosse uma pequena bolsa achatada, chamada tilacoide. Os tilacoides são interligados e
ficam empilhados, sendo o conjunto chamado granum (do latim,granum= grão).

137
A etapa clara (conversão da luz em energia) acontece na região das membranas dos
tilacoides, onde está concentrada a clorofila. Entre as membranas dos tilacoides há um
espaço preenchido por um fluido e enzimas, DNA, RNA e ribossomos, sendo
denominado estroma. É no estroma que acontece a etapa escura de produção dos
açucares.

Plastos

Os cloroplastos são um tipo de plastos, organelas citoplasmáticas presentes nas células


das plantas e algas. São originados nos proplastos ou proplastídios, células embrionárias
vegetais. Todos são capazes de se autoduplicar, bem como um pode se transformar no
outro, ou seja, um cloroplasto pode se tornar um leucoplasto e vice-versa.

Existem 2 tipos de plastos: os leucoplastos que são incolores e armazenam amido e


os cromoplastos cuja cor é determinada pelo pigmento que possuem, são eles que
colorem folhas, frutas e flores. Dentre os cromoplastos há os xantoplastos (amarelos),
os eritroplastos (vermelhos) e os cloroplastos (verdes).

Teoria Endossimbiótica

Segundo a endossimbiogênese ou teoria da endossimbiose, a origem evolutiva de


plastos e mitocôndrias está relacionada com antigos seres procarióticos que viviam em
simbiose dentro de seres eucarióticos.

Essa teoria, proposta por Lynn Margulis, se baseia em semelhanças genéticas e


bioquímicas que tais organelas possuem em comum com certas bactérias, especialmente
as cianobactérias.

Algumas das características dos cloroplastos que os aproximam de cianobactérias são a


presença de DNA, capacidade de autoduplicação, presença dos tilacoides e de alguns
tipos de pigmentos.

138
Respiraçã o Celular
Glicó lise
A glicólise é um processo que degrada a glicose em duas moléculas menores, sendo
essencial para a produção de energia dos organismos. Ela é dividida em duas fases, uma de
investimento energético e a outra de compensação energética. Ao final das duas etapas, o
saldo é de duas moléculas de ATP e duas moléculas de NADH. Tudo isso é realizado no
citosol das células.
O que é glicólise?

A glicose é degradada no processo de glicólise para a


obtenção de energia.

A glicólise é o processo de oxidação da glicose (carboidrato), principal fonte energética


dos seres vivos, que utilizam essa molécula para o funcionamento adequado do metabolismo.
Esse processo divide uma molécula de glicose, que é constituída por seis átomos de carbono,
em duas moléculas de piruvato, com três carbonos cada. Isso ocorre em duas etapas, no

139
citosol dos organismos procarióticos e eucarióticos: a primeira etapa ocorre com gasto de
energia e é denominada de investimento energético; já a segunda, denominada
de compensação energética, repõe o que foi consumido e ainda produz mais duas moléculas
de ATP.

A importância da glicólise
A glicose é produzida pelos organismos autótrofos e transferida aos heterótrofos por meio
das cadeias alimentares. No entanto, para que essa energia seja aproveitada pelos organismos,
essa molécula precisa ser degradada por meio da glicólise, que é a via metabólica comum a
todos os seres vivos, em que ocorre a decomposição parcial dessas moléculas na presença
ou ausência de oxigênio. Ao passo que a molécula de glicose é degradada, a energia liberada
é armazenada nas ligações fosfoanídricas de ATP.

Nos organismos que fazem respiração celular, após a glicólise, ocorrem novas etapas até a
degradação total da glicose e há um maior aproveitamento energético, com a produção de 32
moléculas de ATP.

Nos organismos que realizam processos anaeróbicos, como a fermentação, a glicólise é o


único processo de degradação da glicose, tendo um aproveitamento energético menor, de
apenas dois ATP. Além da produção de ATP, a glicólise é também responsável pela produção
de precursores de compostos como ácidos graxos no fígado.

Etapas da glicólise
A glicólise é um processo que ocorre por meio de uma série de 10 reações divididas em duas
etapas, que serão descritas a seguir:

→ 1ª etapa
Essa etapa, conhecida também por fase preparatória ou fase de investimento, consiste em
cinco reações:
1. Ocorre a fosforilação da molécula de glicose, em que ela recebe fosfato proveniente da
molécula de ATP, formando glicose 6-fosfato;
2. A molécula glicose 6-fosfato sofre um rearranjo e forma frutose 6-fosfato;
3. Outra molécula de ATP fornece fosfato à molécula de frutose 6-fosfato, dando origem à
frutose 1, 6 -difosfato;

140
4. A molécula de frutose 1, 6- difosfato sofre um rearranjo, com a abertura de seu anel
benzeno, originando duas moléculas com três carbonos cada uma: gliceraldeído 3-fosfato e di-
hidroaxetona fosfato;
5. A molécula de di-hidroaxetona sofre um rearranjo dando origem a outra molécula de
gliceraldeído 3-fosfato.
Pode-se observar que ao final dessa primeira fase, houve apenas gasto de energia, com a
conversão de duas moléculas de ATP em ADP.

→ 2ª etapa
Essa etapa, também conhecida como fase de lucro ou compensação energética, ocorre o
ganho energético e também é constituída por cinco etapas, descritas a seguir:
6. Duas moléculas de NAD+ (dinucleotídio nicotinamida e adenina) são reduzidas em duas
moléculas de NADH com os elétrons provenientes da oxidação de gliceraldeído 3-fosfato em
1,3 -difosfoglicerato;
7. Cada molécula de 1,3 – difosfoglicerato cede um fosfato a uma molécula de ADP originando,
assim, duas molécula de ATP e duas molécula de 3 – fosfoglicerato;
8. Ocorre um rearranjo das moléculas de 3 – fosfoglicerato, formando 2 – fosfoglicerato;
9. As moléculas de 2 – fosfoglicerato perdem uma molécula de H 2O, originando o
fosfoenolpiruvato;
10. As moléculas de fosfoenolpiruvato fornecem um fosfato a uma molécula de ADP,
originando duas moléculas de ATP e duas de piruvato.
O saldo energético da segunda fase da glicólise são duas moléculas de NADH e quatro
moléculas de ATP. Assim, o saldo final da glicólise, será de duas moléculas de piruvato, duas
moléculas de NADH e duas moléculas de ATP, produzidas a partir de uma molécula de glicose.

Fermentação e respiração celular


Após as etapas da glicólise, dependendo da presença ou ausência de oxigênio, o processo
de produção de energia segue mediante realização de processos, como a fermentação e a
respiração celular.
Na fermentação, um processo anaeróbio (ocorre sem a presença de oxigênio), o piruvato
permanece no citosol, recebe os elétrons do NADH, reciclando o NAD +, que pode ser utilizado
novamente na glicólise, e dando origem a um novo produto, dependendo do tipo de
organismo que realiza esse processo (lactato ou etanol e dióxido de carbono).

141
O saldo energético final da fermentação é de 2 ATP. Já na respiração celular, um processo
aeróbio (ocorre na presença de oxigênio), o piruvato entra nas mitocôndrias dando sequência a
uma série de reações e apresentará um saldo energético final de 32 moléculas de ATP.
Equação da glicólise

O processo de
respiração celular dá continuidade à degradação da glicose no interior da mitocôndria.

O processo de glicólise pode ser resumido na equação apresentada a seguir:

Glicose + 2 NAD+ +2ADP + 2Pi → 2 Piruvato + 2NADH + 2H+ +2ATP +2 H2O

Ciclo de Krebs
O ciclo de Krebs, também chamado de ciclo do ácido cítrico ou ciclo do ácido tricarboxílico, é
uma das etapas da respiração celular, um processo aeróbio para obtenção de energia que
ocorre nas células de diversos organismos. No ciclo de Krebs, ocorre a oxidação completa das
moléculas que são fontes de energia, como carboidratos e ácidos graxos.

142
Na oxidação da glicose, o ciclo de Krebs apresenta, ao final do processo, um saldo de seis
moléculas de NADH (nicotinamida adenina dinucleotídeo reduzido), duas moléculas de
FADH2 (flavina adenina nucleotídeo reduzido), duas moléculas de ATP (adenosina trifosfato) e
quatro moléculas de CO2 (dióxido de carbono). Apresentamos a seguir a importância desse
ciclo no processo de obtenção de energia, detalhando como ocorre cada uma de suas etapas.

O ciclo de Krebs apresenta como


produtos o CO2 e elétrons altamente energéticos, armazenados em moléculas carreadoras, como o NADH.

O que é o ciclo de Krebs?


O ciclo de Krebs é uma das etapas da respiração celular, processo de obtenção de energia
realizado na presença de oxigênio (processo aeróbio) pela maioria das células eucarióticas e
algumas procarióticas. Nesse processo, ocorre a degradação de uma molécula orgânica,
resultando em gás carbônico, água e energia como produtos finais. Essa energia é utilizada
nas mais diversas reações que ocorrem nas células.
No ciclo de Krebs, ocorre a oxidação de fontes energéticas, como carboidratos, ácidos
graxos e aminoácidos, e são produtos dessa etapa o CO2 e elétrons altamente energéticos,
armazenados em moléculas carreadoras de energia.

Importância e descoberta

143
O ciclo de Krebs é extremamente importante, pois ele é o principal responsável pela oxidação
de carbonos que ocorre na maiorias das células. Assim, alguns de seus produtos podem ser
transferidos ao citosol e ser usados em reações anabólicas, como a síntese de aminoácidos.
Tal ciclo recebe esse nome como uma forma de homenagear o pesquisador Hans Krebs,
chefe do grupo de pesquisa que trabalhou nessa via metabólica, elucidando esse ciclo, nos
anos de 1930. Por essa descoberta, Hans Krebs recebeu, em 1953, o Prêmio Nobel de
Fisiologia ou Medicina.

Glicólise e ciclo de Krebs


O ciclo de Krebs é responsável pela oxidação total da glicose no processo de respiração
celular. No entanto, essa oxidação inicia-se em uma etapa anterior da respiração celular,
a glicólise.
Na glicólise, a glicose, uma molécula constituída por seis átomos de carbono, é oxidada, dando
origem a duas moléculas com três átomos de carbono, denominadas de piruvato. A glicose
(carboidrato) é uma das principais fontes energéticas para a célula, sendo utilizada também na
síntese de outras moléculas orgânicas. O saldo final da glicólise é de duas moléculas de
piruvato, duas moléculas de ATP e duas de NADH.

Na presença de oxigênio, o piruvato é completamente oxidado. Em organismos procariontes,


esse processo de oxidação ocorre no citosol da célula. Em organismos eucariontes, o processo
ocorre nas mitocôndrias.
Cada molécula de piruvato que entra na mitocôndria é oxidada, formando grupo acetil (-
CH3CO) e sendo descarboxilada, liberando CO 2. Nessa etapa, são formadas também duas
moléculas de NADH. O grupo acetil liga-se à coenzima A (CoA), formando o acetilcoenzima A
ou acetil-CoA, que, em seguida, torna-se substrato para o ciclo do ácido cítrico ou ciclo de
Krebs.
O ciclo de Krebs inicia-se com a entrada do acetil-CoA no ciclo, e
cada uma de suas etapas é catalizada por enzimas específicas.

Etapas do ciclo de Krebs


O ciclo de Krebs inicia-se com a entrada do acetil-
CoA produzido anteriormente. O grupo acetil da
acetil-CoA reage com o oxaloacetato, um ácido
constituído por quatro carbonos, formando o citrato
(forma oxidada do ácido cítrico), que é constituído

144
por seis carbonos. A coenzima-A é, então, liberada para se ligar a um novo grupo acetil. A
seguir ocorrem reações que causam a degradação do citrato gradualmente. Nesse processo,
ocorrem a remoção e a oxidação de dois de seus átomos de carbono, formando CO 2. O
oxaloacetato é regenerado e pode reagir com outro acetil-CoA, iniciando novamente o ciclo. É
importante destacar que cada etapa do ciclo de Krebs é catalizada por uma
enzima específica.

À medida que ocorre a oxidação do citrato, energia é liberada e utilizada na produção de


moléculas carreadoras de energia. Em cada ciclo, para cada grupo acetil, uma molécula de
ADP é convertida em ATP; 3 NAD+ são reduzidas a NADH; a FAD recebe dois elétrons e dois
prótons, formando FADH2.

Algumas células animais podem formar também GTP (trifosfato de guanosina). Essa molécula
assemelha-se ao ATP, podendo ser utilizada para a produção de ATP ou diretamente pela
célula. Considerando que cada molécula de glicose produz dois acetil-CoA, ao final do ciclo de
Krebs, terão sido produzidos 6 NADH, 2 FADH2 e 2 ATP.

Equação geral do ciclo de Krebs


O ciclo de Krebs pode ser descrito por meio da seguinte equação geral:
Oxaloacetato + acetil-CoA + 3 H2O + ADP + Pi + 3 NAD+ + FAD → Oxaloacetato + 2CO2 + CoA+ ATP + 3N
FADH2

Cadeia Respirató ria


Também chamada de fosforilação oxidativa, a cadeia respiratória é a terceira etapa
da respiração celular ou aeróbica, e ocorre na membrana interna da mitocôndria. Nessa
etapa, os elétrons obtidos na quebra do átomo de hidrogênio são transportados através
do NADH e FADH2 até o oxigênio. Há várias substâncias transportadoras de elétrons na
membrana interna da mitocôndria, como proteínas que recebem elétrons do NADH,
compostos orgânicos e proteínas que possuem ferro ou cobre em sua composição. Elas
formam verdadeiros complexos chamados de cadeias transportadoras de elétrons, por
se encontrarem enfileiradas na membrana interna da mitocôndria.

145
À medida que vão sendo transferidos pela cadeia respiratória, os elétrons perdem
energia e, no final da cadeia, conseguem se combinar com o gás oxigênio, formando
água. É importante lembrar que, na respiração celular, o gás oxigênio só participa da
última etapa, mas, embora não esteja envolvido em nenhuma etapa do ciclo de Krebs, se
houver ausência desse gás no ciclo, ele será interrompido.

A energia liberada pelos elétrons através da quebra da glicose durante a cadeia


respiratória pode formar em torno de 26 moléculas de ATP. Se pegarmos essas 26
moléculas e somarmos com as duas moléculas de ATP produzidas na glicólise e as duas
do ciclo de Krebs, alcançaremos um total de 30 moléculas de ATP para uma molécula de
glicose. Essa taxa de ATP produzida é menor porque muitos hidrogênios se perdem
durante a cadeia respiratória, sendo que apenas 40% da energia proveniente da glicose é
armazenada no ATP, enquanto o restante é perdido na forma de calor.

Fermentaçã o
Fermentação é um processo realizado por alguns organismos para a obtenção de energia.
Esse ocorre na ausência de oxigênio e também não apresenta cadeia receptora de elétrons,
como ocorre na respiração anaeróbica.
O processo de fermentação é utilizado na produção de alimentos e medicamentos. A seguir,
detalharemos como ele ocorre, apresentaremos a sua diferença em relação aos processos
realizados na presença de oxigênio, além de sua importância econômica.

O que é fermentação?
A fermentação é um processo pelo qual a matéria orgânica é parcialmente degradada e a
energia química nela armazenada é liberada e utilizada na produção de moléculas de ATP
(adenosina trifosfato), em que ficará armazenada para ser utilizada posteriormente em diversas
reações do organismo.
Esse processo é realizado por algumas espécies de fungos, bactérias, protistas, bem como
por alguns tecidos animais e vegetais. A fermentação ocorre na ausência de oxigênio, ou
seja, é um processo anaeróbio, e seu saldo energético é menor do que o obtido por meio de
processos aeróbios (que ocorrem na presença de oxigênio), como veremos mais adiante.

Como ocorre a fermentação?

146
O processo de fermentação inicia-se com a degradação da molécula de glicose, constituída
por seis carbonos, em duas moléculas contendo três carbonos cada uma, denominadas
piruvatos. Esse processo é conhecido como glicólise, ocorre no citosol das células e consiste
em 10 reações que ocorrem em duas etapas.

Na primeira etapa, ocorre a fosforilação da glicose, que, ao receber fosfato proveniente de


duas moléculas de ATP, torna-se quimicamente ativa. Nessa fase há, então, gasto de energia.
Na segunda etapa, ocorre a oxidação da glicose, sendo o agente oxidante o
NAD+ (dinucleotídio nicotinamida e adenina), que será reduzido em NADH. A energia liberada
nesse processo é utilizada para a produção de quatro moléculas de ATP. Como foram gastos
dois ATP na primeira etapa, a glicólise apresenta um saldo energético final de dois ATP.

O piruvato permanece no citosol, recebe os elétrons do NADH e é convertido


em lactato ou etanol e dióxido de carbono, dependendo do organismo que estiver realizando
esse processo. Nele, o NAD+ é então reciclado e poderá ser utilizado novamente na glicólise.
Tipos de fermentação

A fermentação alcoólica
é utilizada, por exemplo, na fabricação de pães. O dióxido de carbono liberado é o responsável pelo crescimento da massa.

147
Mediante seu produto final, a fermentação pode ser classificada de diversas formas. As
principais formas de fermentação realizadas pelos organismos, sendo também as mais
utilizadas pelas indústrias, são:
 Fermentação alcoólica
Nela o piruvato é reduzido a etanol (álcool etílico) num processo constituído por duas etapas.
Na primeira, o piruvato é convertido em acetaldeído (constituído por dois átomos de carbono) e
ocorre a liberação de dióxido de carbono. Em seguida, o acetaldeído é reduzido a etanol
pelo NADH.
A fermentação alcoólica é realizada por algumas bactérias, fungos e células vegetais. A
equação balanceada da fermentação alcoólica é apresentada a seguir:
Glicose + 2ADP + 2Pi → 2 Etanol + 2CO2 + 2ATP + 2H2O
 Fermentação láctica
É realizada por algumas espécies de bactérias, fungos, protistas e células animais, por
exemplo, nas células musculares humanas, quando o oxigênio é escasso. Na fermentação
láctica, o piruvato é reduzido a lactato, um composto semelhante a ele. A equação balanceada
da fermentação láctica é apresentada a seguir:
Glicose + 2ADP + 2Pi → 2 Lactato + 2ATP + 2H2O

Importância econômica da fermentação

A fermentação é
utilizada pela indústria para a produção de diversos produtos, como medicamentos.

148
A fermentação é um processo utilizado há milhares de anos pelo ser humano. Mesmo antes da
compreensão de como ele ocorria, já era utilizado para a fabricação de bebidas, como vinho e
cerveja, e alimentos, como o pão.
Atualmente a fermentação ainda é utilizada na produção de alimentos, podemos destacar, por
exemplo, a utilização da fermentação láctica, na produção de iogurtes e queijos, e
a fermentação alcoólica, na fabricação de vinhos, cervejas e pães. A fabricação do vinagre
ocorre pela conversão de etanol em ácido acético e é conhecida como fermentação acética.
Além disso, a fermentação é utilizada também na fabricação de medicamentos, como
antibióticos, entre outros produtos, como etanol (combustível), acetona e butanol (solventes).

Diferença entre fermentação e respiração celular


A fermentação e a respiração celular são processos realizados pelos seres vivos para a obtenção
de energia. Embora ambos apresentem a mesma finalidade, ocorrem de formas diferentes. A
fermentação é um processo anaeróbio, enquanto a respiração celular é um processo aeróbio.
A fermentação não apresenta uma cadeia de transporte de elétrons, como ocorre na
respiração celular. O aceptor final de elétrons na fermentação é uma molécula orgânica, e na
respiração celular, é o oxigênio. O processo de fermentação ocorre em apenas uma etapa,
diferentemente da respiração celular, que ocorre em três.
O saldo energético final da fermentação, que é um processo de degradação parcial da
glicose, é de duas moléculas de ATP. Já a respiração celular, na qual ocorre a degradação
total da glicose, o saldo energético final é de 32 moléculas de ATP. Veja, a seguir, um quadro
comparativo entre esses dois processos.

149
Quimiossíntese
A Quimiossíntese também é conhecida como "fotossíntese bacteriana". Trata-se da
produção de matéria orgânica por meio da oxidação de substâncias minerais, sem
recorrer à luz solar.

Sem espanto, estas reações fazem parte do metabolismo de bactérias autótrofas que são
classificadas como quimiossintetizantes. Elas podem existir em ambientes totalmente
desprovidos de luz e matéria orgânica.

Isso porque
Quadro comparativo entre os processos de fermentação e respiração
obtêm a energia
celular
necessária para sua
Fermentação Respiração celular

Tipo de respiração Anaeróbio Aeróbio

Glicólise, ciclo do ácido


cítrico (ou ciclo de
Etapas Glicólise
Krebs) e fosforilação
oxidativa

Saldo energético (ATP) 2 32

sobrevivência por meio de oxidações inorgânicas, o que resulta na produção de matéria


orgânica a partir da oxidação de substâncias minerais.

Este fenômeno é realizado especialmente por bactérias do tipo ferrobactérias, oxidantes


de ferro, as sulfobactérias, oxidantes do enxofre e as nitrobactérias, oxidantes do
nitrogênio.

150
Note que esse é um processo pelo qual a produção de matéria orgânica é dada a partir
do gás carbônico, água e outras substâncias inorgânicas.

Comparada à fotossíntese, a produtividade da quimiossíntese pode ser considerada


como muito reduzida. Entretanto, este processo é crucial para realização do ciclo do
nitrogênio, onde este elemento é fixado no solo ou nas plantas, auxiliando na
manutenção destes seres vivos.

Exemplos de bactérias que fazem quimiossíntese:

Beggiatoa e Thiobacillus, que realizam seu metabolismo a partir de oxidação de


compostos de enxofre.

Nitrosomonas e Nitrobacter, que podem ser encontradas no solo e concretizam um


respeitável papel na reciclagem do nitrogênio.

Como Ocorre a Quimiossíntese

A quimiossíntese divide-se em duas etapas:

 Na Primeira etapa, a oxidação das substâncias inorgânicas libera prótons e elétrons, os


quais provocam a fosforilação do ADP em ATP e a redução do NADP+ em NADPH, que
por sua vez, constituirão a fase seguinte, aproveitando a energia ministrada por
determinadas reações químicas de oxirredução que acontecem no meio.

Resumo da primeira etapa:

Composto Inorgânico + O2 → Compostos Inorgânicos oxidados + Energia Química

 Na segunda fase, também chamada fase escura da fotossíntese, a redução de dióxido


de carbono conduz à síntese de substâncias orgânicas por meio do processo de
oxidação das substâncias inorgânicas, quando as bactérias obtêm energia suficiente
para reduzir o gás carbônico por meio de sua retenção e posterior fabricação de
substâncias orgânicas, as quais podem ser usadas na produção de outros compostos ou
em seu próprio metabolismo.

Resumo da Segunda etapa:

CO2 + H2O + Energia Química → Compostos Orgânicos + O2

151
Fotossíntese
A fotossíntese é um processo fotoquímico que consiste na produção de energia através
da luz solar e fixação de carbono proveniente da atmosfera.

Ela pode ser resumida como o processo de transformação da energia luminosa em


energia química. O termo fotossíntese tem como significado síntese pela luz.

Processo da fotossíntese

Representação do processo de fotossíntese

A fotossíntese é um processo que ocorre no interior da célula vegetal, a partir do


CO2 (dióxido de carbono) e H2O (água), como forma de produzir glicose.

As plantas, algas, cianobactérias e algumas bactérias realizam fotossíntese e são


denominados seres clorofilados, isso porque apresentam um pigmento essencial para o
processo, a clorofila.

A fotossíntese ocorre nos cloroplastos, uma organela presente apenas nas células
vegetais, e onde é encontrado o pigmento clorofila, responsável pela cor verde dos
vegetais.

Os pigmentos podem ser definidos como qualquer tipo de substância capaz de absorver
luz. A clorofila é o pigmento mais importante dos vegetais para a absorção da energia

152
dos fótons durante a fotossíntese. Outros pigmentos também participam do processo,
como os carotenoides e as ficobilinas.

A luz solar absorvida apresenta duas funções básicas no processo de fotossíntese:

 Impulsionar a transferência de elétrons através de compostos que doam e aceitam


elétrons.
 Gerar um gradiente de prótons necessário para síntese da ATP (Adenosina Trifosfato -
energia).

Equação da fotossíntese
Em resumo, podemos esclarecer o processo de fotossíntese através da seguinte reação:

A H2O e o CO2 são as substâncias necessárias para realização da fotossíntese. As


moléculas de clorofila absorvem a luz solar e quebram a H 2O, liberando O2 e hidrogênio.
O hidrogênio une-se ao CO2 e forma a glicose.

Esse processo resulta na equação geral da fotossíntese, a qual representa uma reação de
oxidação-redução. A H2O doa elétrons, como o hidrogênio, para a reduzir o CO 2 até
formar os carboidratos na forma de glicose (C 6H12O6).

Porém, o processo fotossintético é mais detalhado e ocorre em duas etapas, como


veremos a seguir.

Etapas da fotossíntese

A fotossíntese é dividida em duas etapas: a fase clara e a fase escura.

Fase clara
A fase clara, fotoquímica ou luminosa, como o próprio nome define, são reações que
ocorrem apenas na presença de luz e acontecem nas lamelas dos tilacoides do
cloroplasto.

A absorção de luz solar e a transferência de elétrons ocorre através dos fotossistemas,


que são conjuntos de proteínas, pigmentos e transportadores de elétrons, os quais
formam uma estrutura nas membranas dos tilacoides do cloroplasto.

Existem dois tipos de fotossistemas, cada um com cerca de 300 moléculas de clorofila:

153
 Fotossistema I: Contém um centro de reação P700 e absorve preferencialmente a luz de
comprimento de onda de 700 nm.
 Fotossistema II: Contém um centro de reação P680 e absorve a luz preferencialmente de
comprimento de onda em 680 nm.

Os dois fotossistemas estão ligados por uma cadeia transportadora de elétrons e atuam
de forma independente, mas complementar.

Dois processos importantes acontecem nessa fase: a fotofosforilação e a fotólise da água.

Os
fotossistemas são responsáveis pela absorção de luz e transporte de elétrons para a
produção de energia

Fotofosforilação
A fotofosforilação é basicamente a adição de um P (fósforo) ao ADP (Adenosina
difosfato), resultando na formação de ATP.

No momento em que um fóton de luz é capturado pelas moléculas antenas dos


fotossistemas, a sua energia é transferida para os centros de reação, onde é encontrada a
clorofila. Quando o fóton atinge a clorofila, ela torna-se energizada e libera elétrons que
passaram por diferentes aceptores e formaram, juntamente com H 2O, o ATP e NADPH.

154
A fotofosforilação pode ser de dois tipos:

 Fotofosforilação acíclica: Os elétrons que foram liberam pela clorofila não retornam
para ela e sim para a do outro fotossistema. Produz ATP e NADPH.
 Fotofosforilação cíclica: Os elétrons retornam para a mesma clorofila que os liberou.
Forma apenas ATP.

Fotólise da água
A fotólise da água consiste na quebra da molécula de água pela energia da luz do Sol. Os
elétrons liberados no processo são usados para substituir os elétrons perdidos pela
clorofila no fotossistema II e para produzir o oxigênio que respiramos.

A equação geral da fotólise ou reação de Hill é descrita da seguinte forma:

Assim, a molécula de água é a doadora final de elétrons. O ATP e NADPH formados serão
aproveitados para a síntese de carboidratos, a partir de CO 2. Porém, isso acontecerá na
etapa seguinte, a fase escura.

Fase escura
A fase escura, ciclo das pentoses ou ciclo de Calvin pode ocorrer na ausência e presença
de luz e acontece no estroma do cloroplasto. Durante essa fase, a glicose será formada a
partir de CO2. Assim, enquanto a fase luminosa fornece energia, na fase escura acontece
a fixação do carbono.

155
Esquema do ciclo de
Calvin

Confira um resumo de como ocorre o ciclo de Calvin:

1. Fixação do Carbono

 A cada volta do ciclo, uma molécula de CO2 é adicionada. Porém, são necessárias seis
voltas completas para produzir duas moléculas de gliceraldeído 3-fosfato e uma
molécula de glicose.
 Seis moléculas de ribulose difosfato (RuDP), com cinco carbonos, unem-se a seis
moléculas de CO2, produzindo 12 moléculas de ácido fosfoglicérico (PGA), com três
carbonos.

2. Produção de compostos orgânicos

 As 12 moléculas de ácido fosfoglicérico (PGAL) são reduzidas a 12 moléculas de aldeído


fosfoglicérico.

3. Regeneração da ribulose difosfato

 Das 12 moléculas de aldeído fosfoglicérico, 10 combinam-se entre si e formam 6


moléculas de RuDP.

156
 As duas moléculas de aldeído fosfoglicérico que sobraram servem para dar início a
síntese de amido e outros componentes celulares.

A glicose produzida ao final da fotossíntese é quebrada e a energia liberada permite a


realização do metabolismo celular. O processo de quebra da glicose é a respiração
celular.

Importância da fotossíntese

A fotossíntese é o processo básico de transformação de energia na biosfera. Ela sustenta


a base da cadeia alimentar, em que a alimentação de substâncias orgânicas
proporcionadas pelas plantas verdes produzirá o alimento para os seres heterótrofos.

Assim, a fotossíntese tem sua importância baseada em três principais fatores:

 Promove a captura do CO2 atmosférico;


 Realiza a renovação do O2 atmosférico;
 Conduz o fluxo de matéria e energia nos ecossistemas.

Fotossíntese e Quimiossíntese

Ao contrário da fotossíntese que necessita de luz para ocorrer, a quimiossíntese acontece


na ausência de luz. Ela consiste na produção de matéria orgânica a partir de substâncias
minerais.

É um processo realizado basicamente em duas etapas apenas por bactérias autotróficas


para obtenção de energia. Na primeira etapa substâncias inorgânicas são oxidadas e na
segunda etapa o gás carbônico passa por redução, levando à produção de compostos
orgânicos.

1ª etapa: Composto Inorgânico + O2 → Compostos Inorgânicos oxidados + Energia


Química
2ª etapa: CO2 + H2O + Energia Química → Compostos Orgânicos + O 2

Plantas: C3, C4 e CAM

157
A absorção de dióxido de carbono (CO2) é fundamental para que seja
realizada a fotossíntese – o processo de produção de energia necessária para
o metabolismo e sobrevivência dos vegetais.

Para saber mais sobre fotossíntese, sugiro que leia estes dois posts
(Fotossíntese: fase clara e escura e Fotossíntese: primeira fonte de energia
dos vegetais), pois neste post eu falarei somente sobre os tipos de plantas
C3, C4 e CAM e suas relações com o dióxido de carbono, o que não abrange
exatamente os processos de fotossíntese.

A absorção de carbono, através do CO2 ou dióxido de carbono, é também


chamada de fixação de carbono, nome mais comumente utilizado. Este
processo ocorre por meio do Ciclo de Calvin ou “fase escura” da fotossíntese,
originando basicamente um carboidrato CH2O através de uma reação de
redução.

Podemos, ao modo mais simples, dizer que este ciclo coleta moléculas de
CO2 simples e as utilizam para formar moléculas maiores e mais complexas,
como aminoácidos, ácidos graxos e carboidratos. Essas moléculas também
são utilizadas na fotossíntese, na “fase clara”, e originam novos compostos
que serão utilizados pela planta.

Durante estes processos há perda de água, principalmente por meio da


fotossíntese, tendo em vista que a radiação solar aumenta a velocidade das
reações químicas na planta por conta do calor que transmite. O calor da
radiação solar, juntamente com o calor gerado pelo aumento das reações
metabólicas, faz com que ocorra a perda de água.

Ao longo da evolução dos vegetais terrestres, surgiram 3 comportamentos


diferentes que os mesmos apresentaram em relação ao modo de fixação de
carbono e à perda de água, um recurso importantíssimo. Esses 3 tipos de
vegetais são chamados de C3, C4 e CAM.

PLANTAS C3

As plantas C3 recebem este nome por conta do ácido 3-fosfoglicérico formado


após a fixação das moléculas de CO2. Estes vegetais compreendem a maioria
das espécies terrestres, ocorrendo principalmente em regiões tropicais
úmidas.

158
As taxas de fotossíntese das plantas C3 são elevadas à todo o momento,
tendo em vista que a planta atinge as taxas máximas de fotossíntese (TMF)
em intensidades de radiação solar relativamente baixas. É por isso que são
consideradas espécies esbanjadoras de água. Ainda assim, este grupo vegetal
é altamente produtivo, contribuindo significativamente para o equilíbrio da
biodiversidade terrestre.

PLANTAS C4

As plantas C4 possuem grande afinidade com o CO2. Elas recebem este nome
devido ao fato do ácido oxalacético possuir 4 moléculas de carbono, formado
após o processo de fixação de carbono. Devido à alta afinidade com o CO2,
as plantas C4 apresentam uma grande vantagem em relação às plantas C3:
elas podem sobreviver em ambientes áridos. Isto se dá porque as plantas C4
só atingem as taxas máximas de fotossíntese sob elevadas intensidades de
radiação solar, fazendo com que fixem mais CO2 por unidade de água
perdida. Ou seja, elas são mais econômicas quanto ao uso da água, elas
perdem menos água que as C3 durante a fixação e a fotossíntese.

As plantas C4 são também conhecidas como “plantas de sol” por ocorrerem


em áreas muitas vezes sem sombra alguma. Elas também ocorrem em áreas
áridas com menores quantidades de água disponível nos solos.

PLANTAS CAM

As plantas CAM são ainda mais econômicas quanto ao uso da água do que as
plantas C4! Elas ocorrem em áreas desérticas ou intensivamente secas. A
abertura dos estômatos (estruturas que controlam a entrada e saída de gases
nas plantas) durante a noite, evitam a grande perda de água, ao mesmo
tempo em que o CO2 é fixado, por meio do ácido málico. Durante o dia, os
estômatos se fecham (não há grande perda de água) e o CO2 fixado é então
utilizado na realização da fotossíntese sob elevadas intensidades de radiação
solar. São também “plantas de sol”, assim como as C4.

Ponto de Compensaçã o Luminosa

159
Ponto de compensação fótico ocorre quando a taxa de fotossíntese iguala-se a taxa
de respiração. Fotossíntese é a produção de alimento e oxigênio enquanto que
respiração é o consumo desse alimento e desse oxigênio.

Fatores Limitantes à Fotossíntese


Há uma série de fatores ambientais físico-químicos, que estando em proporção
inadequada, impedirão que as reações da fotossíntese tenham seu melhor rendimento:
serão os fatores limitantes da fotossíntese. Dentre eles podemos lembrar: insuficiência
de água ou sais minerais no solo; concentração insuficiente de CO 2; fraca luminosidade;
temperatura inadequada.
Analisaremos três deles:
a) Importância da temperatura.

Qualquer temperatura abaixo ou acima da "ótima" resulta em condição limitante para


as reações de fotossíntese. Abaixo da temperatura "ótima" a energia cinética das
moléculas reagentes (CO2, H2O) é insuficiente para conseguir o rendimento químico.
Acima da "temperatura ótima" as enzimas vão se desnaturando, podendo até parar as
reações.

Plantas mantidas em condições ideais de luminosidade e concentração de gás carbônico


aumentam a taxa de fotossíntese à medida que aumenta a temperatura ambiental, até
próximo de 40oC. Acima desse limite de temperatura haverá drástica redução não só da
fotossíntese, como também da maioria das reações vitais.

b) Influência da concentração de CO2.

160
No ar atmosférico há uma mistura de gases: N2 78%; O2 21%; CO2 0,035%. Essa
concentração de CO2 é bem inferior à que a planta seria capaz de utilizar. Em condições
ideais de luminosidade e de temperatura, a taxa de fotossíntese aumenta
progressivamente em função do aumento na concentração de CO2 no ar, até atingir um
limite.
A construção do gráfico anterior utiliza dados obtidos em condições experimentais de
laboratório. Observa-se que a concentração ótima é atingida em 0,2% de CO2, pois
acima dessa concentração a taxa de fotossíntese já não poderá melhorar.

Consequentemente, qualquer concentração abaixo desse ótimo (0,2%) está


funcionando como limitante para o melhor rendimento do processo.

A concentração do CO2 no ar atmosférico exerce contribuição importante para


a temperatura ambiente. Os estudiosos estimam que se essa concentração chegar em
torno de 0,05% o calor será suficiente para descongelar parcela das calotas polares,
fazendo subir o nível dos mares, o que provocaria inundações catastróficas.

c) Intensidade luminosa.

161
Sendo a energia luminosa de natureza ondulatória eletromagnética, a frequência (ou
comprimento de onda) determina as diferenças de cores no espectro visível, enquanto a
amplitude é responsável pela intensidade luminosa forte ou fraca.

Durante o dia, entre 11 horas e 14 horas a intensidade luminosa é muito forte,


enquanto ao amanhecer ou ao entardecer essa intensidade é fraca.

O valor de intensidade luminosa a partir do qual a taxa de fotossíntese deixa de


aumentar é chamado ponto de saturação luminosa. A observação do gráfico acima
demonstra que as intensidades luminosas abaixo do ponto de saturação luminosa são
valores limitantes do processo fotossintético. Acima dessa "intensidade ótima" já não
haverá mais melhoria na taxa de rendimento.

Os fatores analisados estão todos presentes ao mesmo tempo no ambiente e os


componentes limitantes podem ser dois ou mais concomitantemente. O que se procura
analisar, nas condições naturais, é qual deles estará influindo de maneira mais decisiva
como fator limitante da fotossíntese.

Ponto de compensação fótica (P.C.F.)


O processo fotossintético é exclusivo das células com pigmentos (clorofilas, carotenoides,
etc), os quais se encontram no interior dos cloroplastos dos seres eucariontes.
As células executam suas atividades biológicas dispondo da energia do ATP que
produzem através da respiração. Assim, na presença de luz, as células que fazem
fotossíntese (produção da matéria orgânica) não deixam de respirar (queimar a
matéria orgânica):
Fotossíntese:

Respiração:

Se considerarmos somente os reagentes e os produtos finais, sem levar em conta as


etapas intermediárias, as reações de fotossíntese e respiração são inversas: o que é
produzido na fotossíntese será gasto na respiração e vice-versa!
Em condições experimentais, podemos analisar graficamente, fotossíntese
comparadacom a respiração da planta.

162
À intensidade luminosa em que a fotossíntese se iguala à respiração, chamaremos
de ponto de compensação fótica (P.C.F.).
Nesse ponto (P.C.F.), o que a planta produz na fotossíntese empata com o que ela
queima através da própria respiração.
Em intensidade luminosa acima do P.C.F. haverá uma produção fotossintética
superior ao que é gasto na respiração. O excesso de produção poderá ser armazenado
em parênquimas de raiz, caule e folhas. Essa reserva será queimada naquela horas do dia
ou do ano em que a planta está abaixo do P.C.F. ou mesmo não estiver realizando a
fotossíntese. Essa mesma reserva deverá ser utilizada para os processos de crescimento,
regeneração e reprodução.

O ponto de compensação fótica varia nas diferentes espécies de plantas. Espécies com
pontos de compensação fóticas elevados só conseguem viver em locais de alta
luminosidade. São por isso chamadas plantas de sol ou heliófilas (do grego helios, sol,
e philos, amigo). Espécies com ponto de compensação fótica baixo necessitam de
intensidades menores de luz e vivem em ambientes sombreados. São chamadas plantas
de sombra ou umbrófilas (do latim umbra, sombra).

163
Algumas considerações ambientais importantes:
1. Nas plantas aquáticas e vegetais dos extratos mais baixos de florestas tropicais,
geralmente a luz é o principal fator limitante.
2. Nas plantas do deserto a água pode ser fator limitante para crescimento ou
germinação.
3. Em plantas terrestres geralmente o CO2 é o maior responsável pela limitação.
Observação:
Além das grandes florestas tropicais (Amazônica, Mata Atlântica), ocorre
no Brasil uma outra formação de vegetação, cuja principal característica é a
presença de árvores baixas e espaçadas, com o predomínio dos arbustos na
paisagem:
- CERRADOS aspecto seco, pela falta de nutrientes no solo.
- CAATINGA aspecto seco, devido à carência de água.
Quem "impede" o desenvolvimento do cerrado para que ele não se torne "mais denso"?
Hipóteses
1) o fogo (em geral provocado por descargas elétricas).
2) o cerrado é vegetação clímax (= hipótese mais aceita), que não se torna floresta
devido às condições de clima e solo (falta de nutrientes essenciais e a grande presença
de alumínio seriam as responsáveis pela fisionomia característica dos cerrados)
existentes, tendo o fogo um papel secundário.
Considerações anatômicas (evolutivas) importantes:
1. As folhas precisam da luz para fazer fotossíntese, mas o excesso de luz pode
destruir a clorofila. Para isso elas contam com "defesas" contra o excesso de iluminação:
parênquima paliçádico, epiderme sem cloroplastos e cutícula brilhante.
2. Os raios solares decores azul e vermelha chegam atenuados à superfície do solo. O
azul é desviado por partículas da atmosfera e espalhado por ela (nossa atmosfera é azul)
e o vermelho é absorvido e refletido por gotículas de água da atmosfera.
3. Os raios solares de cor verde e amarela são radiações diretas e não são desviados na
atmosfera tanto quanto o azul e o vermelho.
Hipótese (análise evolutiva)
Os principais pigmentos fotossintetizantes (= clorofilas) "foram selecionados" ao longo
dos tempos como os mais aptos (eficientes), já que:
1) refletem muito as cores verde e amarela, que poderiam danificar (destruir) as clorofilas.
2) realizam o máximo de absorção para as cores que chegam mais atenuadas: vermelho e
azul.

164
Citogenética
Nú cleo Celular
O núcleo é a região da célula onde se encontra o material genético (DNA) dos
organismos tanto unicelulares como multicelulares.

O núcleo é o que caracteriza os organismos eucariontes e os diferencia dos


procariontes que não possuem núcleo.

Função

O núcleo é como o "cérebro" da célula, pois é a partir dele que partem as "decisões". É
onde se localizam os cromossomos compostos de moléculas de ácido
desoxirribonucleico, DNA, que carrega toda a informação sobre as características da
espécie e participa dos mecanismos hereditários.

Cada região do DNA é composto por genes que codificam as informações para a síntese
de proteínas, que ocorre nos ribossomos. De acordo com o gene codificado, será
sintetizada um tipo de proteína, que será usada para fins específicos.

165
Representação
do processo de síntese proteica que começa no núcleo e depois acontece no citoplasma.

Além disso, quando o organismo precisa crescer ou se reproduzir a célula passa por
divisões que acontecem também no núcleo.

Componentes do Núcleo

O núcleo contém nucleoplasma, substância onde fica mergulhado o material genético e


as estruturas que são importantes para que desempenhe suas funções, como os
nucléolos.

E também há a carioteca ou membrana celular, que delimita o núcleo e envolve o


material genético.

166
Representação
da estrutura do núcleo e sua ligação com o retículo e os ribossomos.

Carioteca
A membrana que envolve o núcleo é chamada de carioteca, tem natureza semelhante às
restante membranas celulares, ou seja, dupla camada de lipídios e proteínas.

A membrana mais externa está ligada ao retículo endoplasmático e muitas vezes possui
ribossomos aderidos.

No lado interno da membrana interior há uma rede de proteínas (lâmina nuclear) que
ajudam na sustentação da carioteca e participam do processo de divisão celular,
contribuindo para a fragmentação e reconstituição do núcleo.
Existem poros na carioteca que são importantes para controlar a entrada e saída de
substâncias.
Cromatina
As moléculas de DNA associadas às proteínas histonas compõem a cromatina. A
cromatina pode estar mais densa, mais enrolada, sendo chamada heterocromatina que se
diferencia da região de consistência mais frouxa, a eucromatina.

167
O conjuntos dos cromossomos que constituem cada espécie é o cariótipo; no ser
humano, por exemplo, são 22 pares de cromossomos autossômicos e 1 par de
cromossomos sexuais.

Os cromossomos humanos, por exemplo, têm forma e tamanho típicos o que facilita a
sua identificação.

Nucléolos
Os nucléolos são corpos densos e arredondados compostos de proteínas, com RNA e
DNA associados.

É nessa região do núcleo onde são fabricadas as moléculas de RNA ribossômico que se
associam a certas proteínas para formar as subunidades que compõem os ribossomos.

Essas subunidades ribossômicas ficam armazenadas no nucléolo e saem no momento de


realização da síntese proteica.

Divisão Celular

Nos organismos unicelulares a divisão celular representa a reprodução desses seres. Já


nos multicelulares a divisão é importante para o crescimento e desenvolvimento do
organismo. O surgimento de uma nova célula e todo processo de divisão é chamado de
ciclo celular.

Foto de mitoses que estão ocorrendo nas


células de cebola observadas ao microscópio.

A divisão celular em que a célula origina duas células-filhas idênticas é


denominado mitose. Os cromossomos se tornam tão condensados que podem inclusive

168
ser vistos ao microscópio. Depois ocorrem diversas fases: prófase, metáfase, anáfase e
telófase até que são originadas duas novas células.

Já quando na divisão a célula origina células-filhas com a metade do número de


cromossomos o processo é chamado de meiose. Na meiose acontecem dois ciclos de
divisões consecutivas, chamadas de Meiose I e Meiose II.

Cromossomos
Os cromossomos são filamentos de cromatina espiralados, presentes no núcleo de todas
as células.

A cromatina é formada por moléculas de DNA associadas com proteínas de duas classes,
as histonas e cromossômicas não-histonas.

A cromatina pode se apresentar sob a forma de eucromatina ou heterocromatina:

 Eucromatina: Consiste em DNA ativo que pode realizar a transcrição.


 Heterocromatina: Consiste em DNA bastante condensado, inativo que não pode
transcrever os genes.

Qual é a diferença entre o cromossomo e a cromatina?

As duas estruturas são compostas por DNA, a diferença entre eles é o estado em que se
encontram.

A cromatina corresponde a um longo e fino filamento de DNA, encontrado durante a


interfase, fase em que a célula não encontra-se em divisão.

Cada filamento de cromatina constitui um cromossomo. O cromossomo é a cromatina


"enrolada" sobre si mesma, tomando a forma espiralizada e condensada, quando a célula
entra em divisão.

Portanto, o cromossomo corresponde a cromatina condensada. Para se ter ideia do grau


de condensação, o cromossomo é a única estrutura visível durante a divisão celular.

169
Formação do cromossomo

Um cromossomo pode ser demarcado ao longo de seu comprimento em milhares de


regiões chamadas de genes.

A função dos cromossomos é controlar as funções das células. Além disso, eles carregam
as informações genéticas de um indivíduo, através dos genes.

Estrutura

O cromossomo apresenta uma unidade estrutural filamentosa de DNA em forma de


espiral, sendo envolvido por uma substância proteica denominada matriz.

170
Partes do Cromossomo

Estrutura do cromossomo

As partes do cromossomo são:

 Cromômeros: São engrossamentos bastante irregulares com aspecto de granulações,


presentes em toda a extensão da cromatina;
 Cromatídeos: São o resultado da divisão longitudinal do cromossomo durante a divisão
celular;
 Centrômero: Constrição primária que divide o cromossomo em 2 braços e influencia o
movimento durante a divisão celular. Em geral há um único centrômero por
cromossomo, embora haja organismos dicêntricos ou policêntricos;
 Satélite: Parte terminal de material cromossômico separado do cromossomo por uma
constrição secundária;
 Zona SAT: Porção do cromossomo relacionada com a formação do nucléolo durante a
telófase;
 Telômeros: Extremidades finais dos cromossomos que o protegem da degradação.

Na metáfase e anáfase da divisão celular, os filamentos dos cromossomos estão mais


compactos e condensados, sendo mais fácil o seu estudo.

DNA e Histonas
A associação entre DNA e as proteínas histonas é outro aspecto importante na estrutura
dos cromossomos.

Eles formam um complexo, uma vez que as histonas são carregadas positivamente e os
grupos fosfatados do DNA têm cargas negativas.

171
Existem 5 diferentes tipos de histonas (H1, 2 H2A, 2 H2B e 2 H3), que são distinguidas em
função da proporção lisina/arginina.

As histonas aumentam o diâmetro do DNA e alteram também as suas propriedades


físicas.

Por exemplo, a temperatura de fusão, na qual os fios de DNA mudam da forma de dupla
hélice regular para a forma de fio simples, é bastante aumentada devido às histonas.

Tipos de Cromossomos

A classificação dos cromossomos ocorre conforme a posição dos centrômeros.

 Metacêntrico: Centrômero em posição mediana. Os dois braços possuem o mesmo


tamanho.
 Acrocêntrico: Centrômero próximo de um dos extremos do cromossomo. Um dos
braços fica grande e o outro menor.
 Telocêntrico: Centrômero em uma das extremidades. O cromossomo apresenta um
único braço;
 Submetacêntrico: Centrômero pouco deslocado da região mediana. Os braços ficam
em tamanhos desiguais.

Tipos de Cromossomos

Cromossomos Humanos

Denomina-se cariótipo o conjunto de cromossomos de uma espécie.

Dessa forma, o cariótipo humano possui 23 pares de cromossomos. Em organismos


diploides, as células somáticas apresentam 2n cromossomos, porque 23 cromossomos
tiveram origem materna e os outros 23 de origem paterna.

172
Assim, totaliza-se 46 cromossomos recebidos. Destes, 44 são cromossomos
autossomos, encontrados em todas as células somáticas. Enquanto, 2 deles
são cromossomos sexuais, sendo "X" o cromossomo feminino e "Y" o cromossomo
masculino.

Entenda como ocorre a Herança ligada ao sexo.

As mulheres apresentam os pares "XX" e os homens "XY".

Cariótipo humano de um indivíduo do sexo masculino

Qualquer tipo de alteração no número e estrutura dos cromossomos, origina a mutação.

Um exemplo de mutação é a Síndrome de Down, causada pela presença de um


cromossomo extra no par 21, daí ser também conhecida como Trissomia 21.

173
Cromossomos Homólogos

Representação de cromossomos homólogos e


a localização (locus gênico) de alguns genes alelos, que determinam características
específicas.

Os cromossomos homólogos possuem o mesmo tamanho e mantêm a mesma posição


relativa dos centrômeros.

Os cromossomos homológos estão relacionados com os Genes Alelos. Esses genes


ocupam o mesmo lócus gênico em cromossomos homólogos e estão envolvidos na
determinação de um mesmo caráter.

Número de Cromossomos

Saiba o número de cromossomos existentes em algumas espécies. Note que o número


de cromossomos não tem nenhuma relação com a complexidade do indivíduo.

 Humanos: 46
 Cavalo: 66
 Gambá: 22
 Pepino: 14
 Mamão: 18
 Aveia: 42
 Cão: 78
 Batata: 48

174
Interfase
A interfase é uma das principais fases do ciclo celular e ocorre em três etapas: G1, S e G2.
Pode-se dizer que é o estágio de preparação da célula para a divisão, pois ocorre seu
crescimento e a duplicação do DNA.

No ciclo celular, a etapa S representa o período de síntese de DNA, enquanto que G1 e


G2 (G vem da palavra inglesa gap, traduzida como “intervalo”) constituem o espaço antes
e depois da produção do material genético.

A célula em interfase

A interfase (do latim inter, que significa no "meio") ocorre antes da divisão celular e, por
isso, é o espaço de tempo em que a célula não está se dividindo. Trata-se do maior
estágio no ciclo celular, que é formado pelo surgimento da célula, preparação para a
divisão e a divisão.

Embora as funções desempenhadas durante a interfase possam variar de uma célula para
outra, podemos destacar que as principais funções nos estágios interfásicos são:

 Duplicação do DNA;
 Aumento de tamanho e volume da célula;

175
 Produção de proteínas e outras moléculas importantes para a divisão celular;
 Armazenamento de energia para a divisão celular.

As três fases da interfase

A interfase é subdividida em três estágios: G1, S e G2.

Fase G1 (intervalo 1)
G1 é o período que antecede a duplicação do DNA e é caracterizado pelo aumento do
tamanho da célula e metabolismo celular normal.

Nessa etapa ativa da célula, há a síntese de RNA e produção de proteínas, inclusive as


proteínas sinalizadoras que indicarão quando a divisão celular começará.

Algumas células podem partir da etapa G1 e entrar em uma fase de repouso, chamada
de G0.

Fase S (síntese)
A etapa de síntese, chamada de S, é a que necessita de mais tempo para ocorrer, pois é
responsável pela duplicação semiconservativa do DNA.

Cada DNA replicado é formado por uma cadeia de polinucleotídeos da molécula-mãe e


se une a uma nova cadeia complementar.

A duplicação do material genético é uma importante parte do ciclo celular, pois garante
que na divisão celular as células-filhas sejam idênticas à célula-mãe.

Fase G2 (intervalo 2)
O intervalo G2 ocorre após a duplicação do DNA e antes da divisão celular. Assim como
em G1, há síntese de proteínas e de moléculas que participarão da divisão, além de um
crescimento adicional.

Tanto G1 quanto G2 apresentam pontos de checagem, feitos por moléculas de controle,


ou seja, há a verificação do que foi produzido na célula. Se, por exemplo, o DNA
apresentar algum dano ou erro, o ciclo celular age para corrigir o problema ou ocorre a
morte celular.

O que acontece depois da interfase?

176
Após a interfase no ciclo celular ocorre a divisão celular. Como o material genético
celular foi duplicado na interfase de uma célula inicial, há a formação de duas células-
filhas com o mesmo número de cromossomos.

Mitose
A mitose é um processo de divisão celular onde uma célula dá origem a duas outras
células geneticamente idênticas e ocorre em basicamente quatro etapas: prófase,
metáfase, anáfase e telófase.

1. Prófase
Ocorrem modificações no núcleo e no citoplasma da célula e, por isso, é a fase mais
longa da mitose. As principais alterações são: aumento do volume nuclear, condensação
ou espiralização dos cromossomos e rompimento da carioteca.

2. Metáfase
Na metáfase ocorre a condensação máxima dos cromossomos, e os centrômeros se
alinham na placa equatorial da célula, enquanto os pares de cromátides se separam.

3. Anáfase
Na anáfase ocorre a divisão do centrômero e separação das cromátides-irmãs, que se
deslocam paras os polos opostos da célula com o mesmo material genético.

4. Telófase
A telófase é última etapa da fase mitótica e consiste na reorganização da carioteca,
descondensação dos cromossomos e reaparecimento do núcleo.

Além disso, ocorre também a citocinese, que corresponde à divisão do citoplasma.


Posteriormente, a célula regressa à interfase.

Outro processo de divisão celular é a meiose, que difere da mitose por produzir quatro
células geneticamente modificadas.

Mitose
A mitose é um processo de divisão celular contínuo em células eucarióticas, onde uma
célula dá origem a duas outras células idênticas e com o mesmo número de

177
cromossomos porque antes da divisão mitótica o material genético da célula (nos
cromossomos) é duplicado.

A mitose apresenta quatro fases principais: Prófase, Metáfase, Anáfase e Telófase.

As principais funções da mitose são a formação dos gametas em vegetais,


desenvolvimento embrionário através de divisões do zigoto, crescimento, renovação e
cicatrização de tecidos.

A mitose ocorre em células somáticas, ou seja, na maioria das células do nosso corpo e
é um processo importante para regeneração celular, crescimento e desenvolvimento dos
organismos multicelulares e reprodução assexuada de organismos unicelulares.

Além da mitose existe outro processo de divisão celular chamado de meiose. A principal
diferença entre esses dois mecanismos é que a mitose é um processo equacional, que
gera duas células geneticamente idênticas, enquanto na meiose o processo é reducional,
pois as quatro células originadas apresentam metade do número de cromossomos da
célula-mãe.

Fases da Mitose

O ciclo celular corresponde ao período de vida de uma célula em que ocorre diversas
modificações. O período que célula está realizando suas atividades metabólicas e
desempenhando suas funções representa a maior parte do ciclo e recebe o nome de
interfase.

Em dado momento, as células iniciam a preparação para a divisão celular, com


crescimento celular e replicação do DNA, para que através da mitose se origine as
células-filhas.

178
Etapa 1: Prófase

A prófase é a fase mais longa da mitose. Nela se verificam alterações no núcleo e no


citoplasma celular.

De início ocorre uma modificação no núcleo pelo aumento do volume nuclear. Isso
ocorre porque o citoplasma cede água ao núcleo. Esse fato faz com que o citoplasma se
torne mais denso.

No começo da prófase cada cromossomo se apresenta constituído por dois filamentos


denominados cromátides, unidos pelo centrômero. À medida que a prófase progride, os
cromossomos tornam-se curtos e aumentam sua espessura. É a espiralização
cromossômica.

Enquanto os cromossomos estão se condensando, o nucléolo começa a se tornar menos


evidente, desaparecendo ao final da prófase.

O desaparecimento do nucléolo está relacionado ao fato de cessar a síntese de RNA nos


cromossomos. Sendo o nucléolo um local de intensa síntese de RNA-r, com a
condensação dos cromossomos essa síntese cessa e o nucléolo desaparece.

A modificação no citoplasma verifica-se na duplicação dos centríolos. Após duplicarem-


se, estes migram em direção aos polos da célula. Após chegarem aos polos são
envolvidos por fibras que constituem o áster. Entre os centríolos que se afastam,
aparecem asfibras do fuso mitótico.

179
Ocorrem dois tipos de fibras: as fibras contínuas, que vão de centríolos a centríolos e as
cromossômicas ou cinetocóricas, que só surgirão na prometáfase.

Prometáfase
A prometáfase começa com a desintegração da carioteca. Quando isso acontece, os
cromossomos caem no citoplasma e dirigem-se à região equatorial da célula, aonde vão
se prender as fibras do fuso por meio de centrômero.

Etapa 2: Metáfase

Na metáfase os cromossomos presos ao fuso pelo centrômero, encontram-se no plano


equatorial da célula formando a chamada placa metafásica ou equatorial.

Nessa fase da divisão celular, os cromossomos permanecem parados por um longo


tempo. Enquanto isso, no citoplasma, verifica-se intensa movimentação de partículas e
organelas, que se dirigem equitativamente para polos opostos da célula.

180
Etapa 3: Anáfase

A anáfase inicia-se no momento em que o centrômero de cada cromossomo duplicado


divide-se longitudinalmente, separando as cromátides-irmãs.

Assim que separam, as cromátides passam a ser chamadas de cromossomos-irmãos, e


são puxados para os polos opostos da célula, orientados pelas fibras do fuso.

Quando os cromossomos-irmãos atingem os polos da célula, termina a anáfase. Assim,


cada polo recebe o mesmo material cromossômico, uma vez que cada cromossomo-
irmão possui a mesma informação genética.

181
Etapa 4: Telófase

Telófase é a última fase da mitose. Nela ocorre praticamente o inverso do que ocorreu
na prófase e início da prometáfase.

A carioteca se reorganiza, os cromossomos se descondensam, o cinetócoro e as fibras


cimetocóricas desaparecem e o nucléolo se reorganiza (com a descondensação dos
cromossomos inicia-se a síntese de RNA e consequentemente o núcleo reaparece).

Os dois núcleos adquirem ao final da telófase o mesmo aspecto de um núcleo interfásico .

Meiose
A meiose é a divisão celular que ocorre na formação dos gametas, reduzindo o número
de cromossomos de uma espécie pela metade.

Assim, uma célula-mãe diploide origina 4 células-filhas haploides.

O processo ocorre por meio de duas etapas de divisões celulares sucessivas, dando
origem a quatro células:

 Meiose I: Etapa reducional, pois o número de cromossomos é reduzido pela metade.


 Meiose II: Etapa equacional, o número de cromossomos das células que se dividem
mantém-se o mesmo nas células que se formam.

182
A meiose ocorre quando a célula entra em fase de reprodução, sendo o processo
essencial para a formação de gametas, esporos e nas divisões do zigoto.

Fases da meiose

Meiose I
Na interfase os cromossomos são finos e cumpridos. Ocorre a duplicação do DNA e
dos cromossomos, formando assim as cromátides.

Após a duplicação inicia-se a divisão celular.

Prófase I
A prófase I é uma fase bastante complexa, sendo dividida em cinco sub-fases
consecutivas:

 Leptóteno: cada cromossomo é formado por duas cromátides. Pode-se notar a


presença de pequenas condensações, os cromômeros.
 Zigóteno: inicia-se o emparelhamento dos cromossomos homólogos, denominado de
sinapse, que se completa no paquíteno.
 Paquíteno: cada par de cromossomos homólogos possui quatro cromátides,
constituindo uma bivalente ou tétrade, formada por cromátides-irmãs: as que se
originam de um mesmo cromossomo e as cromátides homólogas: as que se originam
de cromossomos homólogos. Essas podem sofrer uma ruptura na mesma altura, e os

183
dois pedaços podem trocar de lugar, realizando uma permutação ou crossing over.
Como os cromossomos são portadores de genes, ocorre uma recombinação gênica.
 Diplóteno: os cromossomos homólogos começam a se afastar, mas permanecem
ligados pelas regiões onde ocorreu a permutação. Tais regiões constituem os quiasmas.
 Diacinese:continua ocorrendo condensação e separação dos cromossomos homólogos.
Com isso, os quiasmas vão escorregando para as pontas das cromátides, processo
denominado terminação dos quiasmas. À medida que as fases evoluem, o nucléolo e a
carioteca desaparecem.

Metáfase I
Na metáfase I, a membrana celular desaparece. Os pares de cromossomos homólogos se
organizam no plano equatorial da célula.

Os centrômeros do cromossomo homólogos se ligam a fibras que emergem


de centríolos opostos. Assim cada componente do par será puxado em direções opostas.

Anáfase I
Na anáfase I, não ocorre divisão dos centrômeros. Cada componente do par de
homólogos migra em direção a um dos polos da célula.

184
Telófase I
Na telófase, os cromossomos desespiralizam-se, a carioteca e o nucléolo reorganizam-se
e ocorre a citocinese, divisão do citoplasma. Desse modo, surgem duas novas células
haploides.

Meiose II
A meiose II é extremamente semelhante à mitose. A formação de células haploides a
partir de outras haploides só é possível porque ocorre durante a meiose II, a separação
das cromátides que formam as díades.

Cada cromátide de uma díade dirige-se para um polo diferente e já pode ser chamada
de cromossomo-irmão. As fases da meiose II são as seguintes:

Prófase II
Ocorre a condensação dos cromossomos e a duplicação dos centríolos. O nucléolo e a
carioteca voltam a desaparecer.

Metáfase II
Os centríolos estão prontos para serem duplicados e os cromossomos organizam-se na
região equatorial.

Anáfase II
As cromátides-irmãs separam-se se migram para cada um dos polos da célula, puxadas
pelas fibras do fuso.

Telófase II
As fibras do fuso desaparecem e os cromossomos já encontram-se nos polos da célula. A
carioteca surge novamente e o nucléolo se reorganiza. Por fim, ocorre a citocinese e o
surgimento de 4 células-filhas haploides.

185
Quais as diferenças entre a mitose e a meiose?

A mitose e a meiose correspondem aos dois tipos de divisão celular. Porém, algumas
características diferenciam os dois processos:

186
 A mitose origina duas células-filhas idênticas à célula-mãe. Enquanto isso, na meiose
são geradas 4 células-filhas com material genético diferente ao da célula-mãe. Além
disso, as células-filhas ainda apresentam metade do número de cromossomos da
célula-mãe.
 A meiose reduz pela metade o número de cromossomos nas células-filhas. Na mitose o
número de cromossomos é mantido entre a célula-mãe e as células-filhas.
 A mitose ocorre na maior parte da células somáticas do corpo. Já a meiose ocorre
somente nas células germinativas e esporos.

Espermatogênese
A espermatogênese é o processo pelo qual se formam os gametas masculinos, os
espermatozoides, e que ocorre nos tubos seminíferos dos testículos.

Como os testículos localizam-se fora da cavidade abdominal, na bolsa escrotal, eles


possuem temperatura de até 1 °C a menos do que a temperatura corporal. Isso garante a
temperatura ideal para a formação dos espermatozoides.

Este processo inicia-se na puberdade e prolonga-se por toda a vida do homem.

Testículos

Anatomia dos testículos

Cada testículo é constituído pelos túbulos seminíferos, em forma de U, finos e


enovelados. Eles são formados por epitélio seminífero, tecido especializado na produção
de espermatozoides.

187
Após a produção, os espermatozoides migram e ficam armazenados no epidídimo, onde
completam a sua maturação.

Fases da Espermatogênese

A espermatogênese compreende quatro fases sucessivas:

Fases da
espermatogênese

1. Fase Proliferativa ou de Multiplicação


O início da espermatogênese ocorre através das espermatogônias, células diploides (2n =
46 pares de cromossomos). Elas se multiplicam por mitose na parede dos túbulos
seminíferos e tornam-se abundantes.

As células de Sertoli, localizadas ao redor dos túbulos seminíferos, são responsáveis pela
nutrição e pela sustentação das espermatogônias.

A fase de multiplicação torna-se mais intensa a partir da puberdade e dura toda a vida
do homem.

188
2. Fase de Crescimento
Durante a fase de crescimento as espermatogônias crescem, ou seja, aumentam o
volume do seu citoplasma. A partir daí, se dividem por mitose, originando os
espermatócitos primários (espermatócitos I).

Os espermatócitos primários são também diploides (2n).

Leia também sobre os gametas.

3. Fase de Maturação
Na fase de maturação, os espermatócitos primários sofrem a primeira divisão por meiose,
originando 2 células-filhas haploides (n = 23 pares de cromossomos), chamadas
espermatócitos secundários (espermatócito II).

Como sofreram meiose, os espermatócitos secundários são haploides, porém, com


cromossomos ainda duplicados.

Somente após a segunda divisão meiótica, os dois espermatócitos secundários originam


quatro espermátides haploides (n).

4. Espermiogênese

Etapas da espermatogênese

A fase final da espermatogênese consiste na transformação das espermátides em


espermatozoides, um processo diferenciado chamado de espermiogênese e dividido em
quatro fases:

 Fase Golgi: inicio do desenvolvimento do acrossoma (a partir de grânulos do complexo


de Golgi) e da formação da cauda do espermatozoide.

189
 Fase do Capuz: o acrossoma forma uma capa sobre a porção anterior do núcleo e
inicia-se a projeção do flagelo.
 Fase do Acrossoma: acrossoma se redireciona e cobre cerca de 2/3 do núcleo.
 Fase de Maturação: condensação do núcleo e descarte de porções do citoplasma não
necessárias. As mitocôndrias se organizam na base do flagelo, garantindo a energia
necessária para movimentação do flagelo.

Todo o processo de espermatogênese pode demorar de 64 a 74 dias, divididos da


seguinte forma: 16 dias no período de mitoses das espermatogônias; 24 dias na primeira
meiose; 8h na segunda meiose, e cerca de 24 dias na espermiogênese.

Espermatozoide

Ao final da espermatogênese, têm-se como produto o espermatozoide, a célula


reprodutiva dos homens. Ele diferencia-se por ser uma célula móvel, capaz de se
locomover até encontrar um ovócito secundário feminino, o que assegurará
a fecundação.

A cauda do espermatozoide é dividida em três partes: peça intermediária, peça principal


e peça terminal. Essa estrutura permite a locomoção do gameta sexual masculino até o
óvulo.

O espermatozoide apresenta ainda o acrossoma, uma estrutura mais rígida que


representa a cabeça do espermatozoide. Ele possui enzimas que facilitam a penetração
no óvulo, além de conter o material genético para a transmissão das características
hereditárias de origem paterna.

Os testículos produzem cerca de 200 milhões de espermatozoides por dia.

Embriologia
Tipos de Zigoto
A classificação dos óvulos nos organismos animais varia de acordo com a quantidade e a
distribuição de vitelo (substância de reserva energética) presente em seu interior,

190
implicando no padrão de segmentação (ou clivagem) da célula ovo ou zigoto.

Quanto maior a quantidade de vitelo, menor é a velocidade do processo de


segmentação;
Quanto menor a quantidade de vitelo, maior a velocidade do processo de segmentação.

DESSA FORMA, OS ÓVULOS SÃO AGRUPADOS EM QUATRO TIPOS DISTINTOS:

Isolécito (oligolécito, alécito ou homolécito) → óvulos com baixa quantidade de vitelo,


dispersos homogeneamente no citoplasma da célula.
- Tipo de segmentação: holoblástica igual.
- Exemplo: equinidermos, espongiários, protocordados e mamíferos.

Heterolécito (mediolécito ou miolécito) → óvulos com muito vitelo dispersos pela célula,
formando uma região distinguindo o pólo animal (com pouco vitelo, contendo o núcleo)
e o pólo vegetativo (concentrada em vitelo).
- Tipo de segmentação: holoblástica desigual, formando após divisão, dois tipos de
células com tamanhos diferenciados (os micrômeros e os macrômeros).
- Exemplo: moluscos, platelmintos, anelídeos, anfíbios e alguns peixes.

Telolécito (megalécito) → óvulos maiores, contendo muito vitelo disperso na célula. O


núcleo fica localizado em uma região delimitada por uma cicatrícula que separa o pólo
animal do vegetal.
- Tipo de segmentação: Meroblástica discoidal.
- Exemplo: répteis, aves e alguns peixes.

Centrolécito → óvulo com vitelo concentrado na região central juntamente ao núcleo. O


vitelo nesse tipo de célula não se divide, porém o núcleo passa por diversas divisões com
posterior migração para a periferia.
- Tipo de segmentação: Meroblástica superficial.
- Exemplo: artrópodes.

191
Desenvolvimento Embrioná rio
O desenvolvimento do embrião humano começa com a formação do zigoto, que após
passar por muitas divisões celulares (mitoses), as clivagens, vai se fixar nas paredes do
útero (nidação).

Ali se formam novas estruturas (placenta, cordão umbilical, entre outros) e começa
a gestação do feto até o seu nascimento durante o parto.

Resumo das Etapas

O processo desde a fecundação até a nidação dura cerca de uma semana, sendo que a
primeira divisão do zigoto ocorre nas primeiras 24 horas a seguir da fertilização. Confira
as etapas a seguir:

Etapas iniciais
do desenvolvimento embrionário.

 Ovulação: A ovulação corresponde à primeira etapa do desenvolvimento embrionário.


Quando o ovário libera um óvulo (na verdade é um ovócito secundário) para a tuba
uterina, inicia o período fértil;

192
 Fertilização: Se durante o período fértil, houver contato sexual e os espermatozoides
encontrarem o óvulo, pode ser que um deles consiga fecundá-lo. Caso contrário, a
mulher irá ter sua menstruação e recomeçará o ciclo menstrual até a nova ovulação;
 Formação do Zigoto: Após a fertilização do óvulo há união do núcleos e do conteúdo
genético e a formação do zigoto, que acontece na tuba uterina;
 Clivagens do Zigoto: Em seguida, o zigoto passa por muitas divisões (mitoses) e se
encaminha para o útero;
 Nidação: Até chegar no estágio chamado blastocisto, quando irá se fixar nas paredes
do endométrio uterino, isso é chamado de nidação. Se a nidação for bem sucedida
iniciará a gestação do embrião. Se não for bem sucedida, o blastocisto será eliminado
na menstruação;
 Formação dos Anexos Embrionários: O embrião continua o seu desenvolvimento com
a formação do cório, do âmnio, do alantoide e do saco vitelínico, cujas funções são
proteger, nutrir e realizar as trocas entre o embrião e meio externo, através do corpo
materno;
 Organogênese: formam-se os folhetos embrionários, que são camadas de células que
originarão os tecidos e órgãos do embrião. O processo de formação dos órgãos recebe
o nome de organogênese.

Clivagens do Zigoto

Esquema detalhado da formação do


zigoto, das clivagens e da nidação.

193
O zigoto é a primeira célula do novo ser. Ele se forma pouco depois do óvulo ser
fertilizado pelo espermatozoide, quando os núcleos das duas células se fundem no
processo chamado cariogamia.

Em seguida, o zigoto passa por muitas divisões celulares (mitoses), originando muitas
células que permanecem unidas e formarão o embrião.

A divisão do zigoto, também chamada clivagem ou segmentação, origina inicialmente


duas células chamadas blastômeros.

Em seguida, os blastômeros de dividem novamente, formando 4 células, depois 8 e assim


segue até formar muitas células no estágio da mórula, assim chamada por se assemelhar
a uma amora.

Detalhe do blastocisto

A mórula passará por novas divisões formando o blastocisto, que se diferencia por
apresentar uma cavidade interna (blastocela).

Continua o desenvolvimento do blastocisto, que possui uma massa de células


germinativas no seu interior, é chamado de embrioblasto, e irá se fixar na parede do
útero.

Se tudo correr bem na implantação ou nidação do blastocisto, continuará o


desenvolvimento do embrião e terá início a gravidez.

Anexos Embrionários

194
Depois que o embrião se fixa na parede uterina, as células continuarão a se multiplicar
formando camadas celulares chamadas folhetos embrionários ou germinativos.

A partir das camadas celulares mais externas surgem dobras que formarão estruturas
com importantes funções durante a gestação, são chamadas de anexos embrionários.
São eles: o cório e o âmnio e o saco vitelínico.

O embrião com 2,6mm, cerca de 4 semanas e seus


anexos embrionários.

O cório e o âmnio se desenvolvem juntos, o espaço formado pelo âmnio será


preenchido pelo líquido amniótico que protegerá o feto de choques e permitirá que ele
se movimente.

O cório é intimamente ligado ao tecido uterino, depois forma projeções formando


as vilosidades coriônicas que penetram na parede uterina e por fim origina a placenta.
O saco vitelínico tem no começo da formação do embrião o papel de realizar a
circulação sanguínea.

Organogênese

A partir dos folhetos embrionários serão formados todos os órgãos do embrião, no


processo chamado organogênese. O folheto embrionário mais externo,
chamado ectoderma, é que formará o sistema nervoso e os órgãos dos sentidos.

195
Os primeiros órgãos que se formam são o encéfalo, a medula espinhal e a coluna
vertebral. Isso ocorre por volta da terceira semana de gestação, quando a mulher ainda
nem sabe que está grávida, há apenas suspeitas devido à falta da menstruação.

A camada intermediária, o mesoderma, origina a derme, os ossos e cartilagens, os


músculos e os sistemas circulatório, excretor e reprodutor.

Enquanto que a camada mais interna, o endoderma dá origem aos órgãos do sistema
digestivo, fígado, pâncreas, tubo digestivo e aos pulmões.

Esquema mostrando em que


período fetal se desenvolvem os órgãos.

Organogênese
O processo de formação dos órgãos e demais tecidos que compõem o organismo
ocorre dentro do estágio do desenvolvimento embrionário conhecido
como organogênese.

Após a formação dos folhetos embrionários e das estruturas características como


notocorda e arquêntero, as células do embrião passam pelo processo de diferenciação
celular.

Na diferenciação celular, sinalizadores são enviados e ativados nas células, de forma que
elas mudem sua morfologia e adquiram funções específicas. Após a diferenciação, as

196
células podem se agrupar para formar tecidos que, por sua vez, formam os órgãos do
indivíduo.

Portanto, a partir da gastrulação, o embrião entra na fase de organogênese, na qual


seus órgãos são formados. Essa fase permanece até o final do desenvolvimento
embrionário.

Os folhetos embrionários são as camadas primárias de células, com capacidade de


diferenciação que aparecem no embrião. A partir dos folhetos embrionários, também
chamados de folhetos germinativos, ou ainda camadas germinativas, é que serão
formados os demais tecidos e órgãos de um animal em desenvolvimento embrionário.

Os animais mais primitivos na escala evolutiva, como os poríferos e os cnidários,


apresentam apenas dois folhetos embrionários (ectoderma e endoderma) e são
chamados de seres diblásticos.

Os demais filos de animais apresentam, além do ectoderma e do endoderma, um terceiro


folheto, localizado entre os outros dois, chamado de mesoderma. São chamados
de triblásticos.

Os folhetos embrionários são formados na etapa de gastrulação do embrião, mas é na


organogênese que se diferenciam para formar os diversos órgãos e tecidos presentes em
um indivíduo.

Esquema De Formação Da
Gástrula: 1-Blástula; 2-Gástrula; Laranja: Ectoderma; Vermelho: Endoderma; Marrom:

197
Mesoderma.

Ectoderma
Folheto ou camada em contato com o meio externo e que é responsável por originar:

 Tecidos epiteliais e seus anexos como a pele, unhas e pelos;


 Sistema Nervoso;
 Glândulas mamárias;
 Retina;
 Hipófise;
 Células presentes nas cavidades, como as da mucosa bucal, nariz, orelhas e ânus;

Mesoderma
Folheto localizado entre o ectoderma e o endoderma, que forma:

 Músculo liso;
 Cartilagem e ossos;
 Tecidos conjuntivos;
 Vasos sanguíneos e linfáticos (Sistema Circulatório);
 Baço;
 Ovários e testículos (Sistema Reprodutor);
 Rins, bexiga e uretra (Sistema Excretor);
 Grande parte do sistema cardiovascular.

Endoderma
Folheto mais interno, responsável pela formação dos:

 Revestimentos internos, como os presentes nas vias respiratórias e no trato


gastrointestinal;
 Pulmão;
 Glândulas da tireóide e paratireóide;
 Timo;
 Fígado;
 Pâncreas;
 Tímpanos e outras estruturas auditivas.

198
Embrião De Um Vertebrado, Mostrando O Tubo Neural, Notocorda (Entre O Tubo Neural
E O Tubo Digestivo), Tubo Digestivo, Celoma E Os Folhetos Embrionários.
Quais são os anexos embrionários?
Na organogênese de alguns cordados, a partir dos folhetos embrionários, são finalizadas
as estruturas dos anexos embrionários. São estruturas que não fazem parte do embrião,
mas que possuem a função de auxiliar no seu desenvolvimento.

Esses anexos embrionários começam a ser formados no final da gastrulação, mas só são
finalizados e desempenham suas funções a partir da organogênese:

 Vesícula vitelina ou saco vitelínico ou vitelino: semelhante a uma bolsa, é


originada da endoderme e está relacionada com o armazenamento de nutrientes

199
para o desenvolvimento do embrião. É uma estrutura muito desenvolvida
em aves e pouco desenvolvida em mamíferos;
 Alantóide: originado no endoderma, tem a função de armazenar as excretas do
embrião, substâncias que precisam ser descartadas;
 Âmnio: também semelhante a uma bolsa, mas este é formado a partir do
ectoderma e possui função de hidratar o embrião e de protegê-lo frente a choques
e impactos mecânicos;
 Cório: membrana formada a partir do ectoderma, que tem a função de promover
as trocas gasosas, garantindo a respiração do embrião;
 Placenta: presente apenas em alguns mamíferos, chamados de placentários. Ela é
responsável por todas as funções dos outros anexos. Por isso, nos mamíferos, os
demais anexos são reduzidos ou atrofiados.

Anexos Embrioná rios


Os Anexos Embrionários (alantoide, âmnio, cório e vesícula vitelina) são estruturas que
se formam a partir dos folhetos embrionários ectoderma, endoderma e mesoderma.

Eles surgem durante a gestação, mas não fazem parte do embrião. Por esse motivo
também são chamados de estruturas extra embrionárias e desaparecem com o
nascimento.

Têm a função de auxiliar o desenvolvimento do embrião. Isso é feito mediante a cedência


de nutrientes, da proteção e da troca entre o embrião e o meio externo através do corpo
materno (respiração e excreção).

200
Anexos embrionários dos mamíferos

Vesícula Vitelina

A vesícula vitelina, também conhecida como saco vitelínico ou saco vitelino é o primeiro
anexo que é formado.

Apresenta aspecto de uma bolsa e surge da endoderma. Além da endoderma, a


mesoderma também participa da sua formação, uma vez que a mesoderma reveste a
endoderma.

Pelo fato de surgir da endoderma, que é o folheto embrionário que forma alguns órgãos
do sistema digestório, a vesícula vitelina está ligada ao intestino do embrião.

Dentro dela está o vitelo, que são os nutrientes que alimentam o embrião. A função da
vesícula vitelina é, portanto, nutrir o embrião.

Esse anexo embrionário é muito importante na nutrição das aves, dos peixes e dos
répteis. Nos mamíferos, sua função é reduzida, pelo fato de que nesses casos é a
placenta que assume esse papel.

Alantoide

O alantoide é uma bolsa que surge da endoderma. Logo, seu exterior é revestido de
mesoderma e, tal como a vesícula vitelina, está ligado ao intestino do embrião.

201
A função do alantoide é armazenar as excretas. As excretas surgem das sobras das
substâncias produzidas durante o metabolismo do embrião.

Âmnio

O âmnio tem o aspecto de uma bolsa e envolve todo o embrião. Surge da ectoderma e
da mesoderma.

A principal função do âmnio é garantir a hidratação e a proteção do embrião. Além de


hidratar, ele absorve o impacto de choques mecânicos e resguarda o embrião para que
ele não sofra deformações por aquilo que a Medicina chama de aderência.

Cório

Cório, córion ou serosa é o anexo embrionário que se localiza na parte mais exterior do
embrião. É uma membrana que envolve todos os anexos embrionários e que surge da
ectoderma e da mesoderma.

Nas aves, pode ser vista numa espécie de pele presente nos ovos.

A função do cório é promover as trocas gasosas, ou seja, garantir a respiração do


embrião. Além disso, ele protege o embrião e, no caso dos mamíferos, forma a placenta.

E a Placenta e o Cordão Umbilical?

A placenta e o cordão umbilical também são anexos embrionários, mas que estão
presentes apenas nos mamíferos.

A placenta é um órgão formado por associação entre tecidos maternos e tecidos


embrionários. Ela garante a passagem de nutrientes da mãe para o feto, a troca gasosa e
a remoção das excretas.

Tudo isso através do cordão umbilical, que liga a mãe ao feto.

202
Classificaçã o dos Animais
O metazoários (animais pluricelulares) podem ser classificados e caracterizados em
função dos seguintes critérios:Número de folhetos germinativos;Presença de
celoma;Evolução do blastóporo;Anexos embrionários.

1. Número de folhetos germinativos


Podem ser diblásticos e triblásticos.Diblásticos: 02 folhetos germinativos: ectoblasto e
endoblasto. Ex: espongiários.Triblásticos: 03 folhetos germinativos: endoblasto,
ectoblasto e mesoblasto. Ex:demais metazoários.

2. Presença de celoma Presença de celoma: acelomados, pseudocelomados e celomados.


Acelomados: não tem celoma; cavidade é preenchida por parênquima mesoblástico. Ex:
platelmintos.Pseudocelomado:cavidade corpórea não é totalmente revestida por
mesoblasto. Ex: nematelmintos.Celomados: apresentam verdadeiro celoma, cavidade
revestida pelo mesoblasto. Ex: anelídeos, artrópodes, moluscos, equinodermos e
cordados

3. Evolução do blastóporo
Com evolução do blastóporo podem ser:Protostômios: animais cuja boca é originada do
blastóporo. Ex: moluscos, artrópodes, anelídeos e asquelmintos.Deuterostômios: animais
que o blastóporo dá origem ao ânus e posteriormente a boca.Ex: equinodermas e
cordados.

4. Anexos embrionáriosEm relação a presença de anexos embrionários, os vertebrados se


dividem em:Amniotas e alantoidianos: vertebrados que formam âmnio e alantóide no
período embrionário. Ex: aves, répteis e mamíferos.Anamniótas e analantoidianos:
vertebrados desprovidos de âmnio e alantóide. Ex: peixes e anfíbios.

Em função da placenta os mamíferos podem ser:


1) prototérios: mamíferos sem placenta; ex: ornitorrinco.2) metatérios: mamíferos com
placenta primitiva; ex: canguru.3) eutérios: mamíferos com placenta; ex: maioria dos
animais.

203
Tipos de Gêmeos
Tipos de gêmeos
Existem dois tipos diferentes de gêmeos:
 Monozigóticos ou idênticos (MZ)
 Dizigóticos, fraternais ou não idênticos (DZ)
Gêmeos MZ se desenvolvem quando um óvulo é fertilizado por um único
espermatozoide e durante as duas primeiras semanas após a concepção, o embrião em
desenvolvimento se divide em dois. O resultado é o desenvolvimento de dois bebês
geneticamente idênticos.
Gêmeos DZ ocorrem quando dois óvulos são liberados em uma única ovulação e são
fecundados por dois espermatozoides diferentes. Esses dois óvulos fertilizados se
desenvolvem de forma independente no útero. Os gêmeos DZ possuem a mesma relação
genética que irmãos não gêmeos, por isso a nomenclatura gêmeos fraternos.

Evoluçã o
Lamarck
Jean-Baptiste de Lamarck foi um naturalista francês responsável pelas primeiras teorias
sobre a evolução dos seres vivos.

Lamarck nasceu no dia 1 de agosto de 1744 na cidade de Bazentin, na França. Ele faleceu
em 28 de dezembro de 1829, sem o reconhecimento de suas ideias.

204
Lamarck

Entre as suas ideias evolucionistas, Lamarck considerava que a evolução dos seres vivos
ocorria em decorrência das pressões do ambiente.

Segundo ele, os organismos reagiam às mudanças do ambiente e as modificações


originadas eram transmitidas aos descendentes.

Lamarck baseou sua teoria para a evolução dos seres vivos, a partir da seguinte
afirmação:

"A natureza, ao produzir sucessivamente todas as espécies de animais, e começando pelo


menos perfeito e mais simples, acaba o seu trabalho com o mais perfeito, gradualmente,
aumentando a sua complexidade".

Biografia

Lamarck é o último de onze filhos. Apesar de nascido em uma família de militares, seus
pais optaram por encaminhá-lo ao sacerdócio.

Assim, frequentou a escola jesuíta até 1759. Com a morte de seu pai e sem a vocação
religiosa, decidiu seguir a carreira militar.

Em 1761, Lamarck iniciou a carreira militar, como Cavaleiro de St. Martin. Ele participou
da Guerra dos Setes Anos e de várias operações nas fronteiras da França, momento em
que despertou seu interesse pela botânica.

205
Em 1768, abandonou o exército por contrair escrófula, um tipo de infecção nos gânglios
linfáticos na região submandibular e cervical. No caso de Lamarck, a infecção acometeu a
região do pescoço.

Após abandonar o exército, mudou-se para Paris, onde vivia com uma modesta pensão
de herança paterna. Começou a trabalhar como bancário e iniciou os seus estudos sobre
medicina e botânica.

Em 1778, publicou o livro “Flora Francesa”, uma obra composta por três volumes em que
descreve sobre as espécies de plantas da França. Com esse livro, Lamarck ganhou grande
notoriedade.

Devido ao prestígio alcançado com o seu livro, Lamarck assumiu o posto de assistente na
área de Botânica da Academia Francesa de Ciências.

Nesse posto, Lamarck alcançou posições mais altas, foi professor, realizou viagens por
várias instituições de pesquisas na Europa e recebeu aumentos salariais.

Após trabalhar vários anos na área da Botânica, em 1793, Lamarck é convidado para
assumir o cargo de professor de zoologia, no Museu Nacional de História Natural.

Em 1802, publica o livro “Investigações sobre a Organização dos Seres Vivos”.

Em 1809, publica o livro “Filosofia Zoológica”, no qual apresenta suas teorias sobre a
evolução.

Lamarck fundamentou sua teoria através de duas leis:

 Lei do Uso e Desuso


 Lei dos Caracteres Adquiridos

As suas teorias ficaram conhecidas como Lamarckismo.

Em 1815, Lamarck publicou o livro “História Natural dos Animais Invertebrados”, no qual
apresentou as características gerais dos invertebrados.

Lamarck foi o responsável por introduzir o termo “invertebrados”. Ele também foi o
primeiro a separar os grupos Crustacea, Arachnida e Annelida de Insecta. Antes de
Lamarck, todos eram reconhecidos como insetos.

206
Nos anos finais de sua vida, Lamarck ficou completamente cego, impossibilitando a
escrita.

Após ser viúvo por três vezes e ser pai de oito filhos, Lamarck passou a viver com uma
das filhas e morreu em 28 de dezembro de 1829, em Paris, sem prestígio e pobre.

As teorias evolucionistas de Lamarck não causaram grande impacto na comunidade


científica da época. Somente após a sua morte, alguns cientistas como Charles Darwin,
reconheceram a importância das teorias de Lamarck.

Charles Darwin na terceira edição de “A Origem das Espécies”, afirmou que Lamarck
contribuiu para a divulgação do conceito de evolução.

Darwin-Wallace
Descoberta de Wallace

Em fevereiro de 1858, durante uma jornada de pesquisa nas ilhas Molucas, Indonésia,
Wallace descobriu a seleção natural e passou suas idéias para o papel. A seguir, resolveu
enviar o manuscrito de sua descoberta para Darwin, naturalista a quem admirava e com
quem já havia trocado correspondência. Juntamente com esse texto, seguia uma carta
pessoal em que ele pedia ao colega uma avaliação do mérito de sua teoria, bem como o
encaminhamento da tese ao geólogo Charles Lyell, um proeminente cientista da época.

Para Darwin, tratava-se de uma surpresa nada agradável. Wallace lhe apresentava uma
teoria praticamente idêntica àquela em que o próprio Darwin vinha trabalhando há duas
décadas, com grande sigilo, pois estava certo do potencial de polêmica e até de
escândalo que ela trazia em si embutida. Desse modo, Darwin passava pelo pior pesadelo
de um cientista, a de ter perdido a precedência no descobrimento. Afinal, para a ciência,
não importa que Darwin estivesse trabalhando durante 20 anos: o crédito da descoberta
seria de quem a publicasse primeiro.

"Toda a minha originalidade será esmagada", escreveu Darwin numa carta a seu amigo

207
Charles Lyell. Para evitar que isso acontecesse, Lyell e o botânico Joseph Hooker -
também amigo de Darwin, além de homem influente no mundo científico - propuseram
que os trabalhos fossem apresentados simultaneamente à Sociedade Lineana, o mais
importante centro de estudos de história natural da Grã-Bretanha, como aconteceu a 1º
de julho.

Originalidade Darwiniana

Vale a pena registrar que os dois estudiosos não puderam comparecer ao prédio da
Sociedade, em Burlington House, Piccadilly, no centro de Londres. Darwin acabara de
perder seu filho mais novo, que morrera de escarlatina dois dias antes. Já Wallace
continuava suas pesquisas, agora na Nova Guiné, e até então não tinha sequer recebido
uma resposta à carta que enviara a Darwin. Isso só aconteceria alguns cerca de três
meses mais tarde, período que uma correspondência levava para chegar da capital do
Império britânico à Oceania.

É importante ressaltar que não faltam documentos ou provas de que Darwin fez a sua
descoberta antes de receber as informações de Wallace. Tudo, por incrível que pareça,
não passou de uma imensa coincidência ("Nunca vi coincidência tão impressionante",
disse Darwin na carta que enviou a Lyell). Portando-se como legítimo cavalheiro
britânico, Darwin dividiu as honras da descoberta com Wallace que, por sua vez, lhe
cedeu a primazia na publicação de "Origem das Espécies".

A história, porém, não foi tão gentil com Alfred Russel Wallace: poucos sabem quem ele
é hoje em dia, ao passo que o nome de Darwin se tornou célebre como o de um dos
maiores cientistas de todos os tempos. 2009 será comemorado como "ano de Darwin"
para lembrar o bicentenário de nascimento do naturalista, assim como os 150 anos de
publicação de sua obra fundamental.

Darwin x Lamarck
Lamarck e o Lamarckismo:

208
Jean-Baptiste de Lamarck, um naturalista francês, foi um dos primeiros cientistas a
propor ideias e teorias coesas sobre a evolução biológica.

Suas ideias foram materializadas em duas leis:

 Lei do Uso e Desuso: Segundo ela, um órgão pouco usado perde sua
funcionalidade e atrofia, deixando eventualmente de existir. Por outro lado, um
órgão mais usado passa a ser mais desenvolvido. Exemplo: animais de
determinada espécie que vivem entocados debaixo da terra, ou seja, em um
ambiente escuro, não utilizam suas visões e em algum momento, a perderão.
 Lei da Herança dos Caracteres Adquiridos: Com base na Lei do Uso e Desuso,
Lamarck propôs que todas as características adquiridas ou perdidas por uma
espécie seriam passadas adiante para as próximas gerações. Exemplo: os animais
do exemplo acima perderiam a visão e as gerações futuras nasceriam já cegas.

Lamarck dizia, então, que o ambiente induzia transformações nas espécies e essas
mudanças eram passadas adiante. Portanto, mudanças ambientais levariam a uma
necessidade de transformações das espécies. Ou seja, o morcego pela necessidade
de voar, criou asas; a baleia por necessidade de nadar, criou nadadeiras, etc.

Entretanto, hoje sabemos que Lamarck estava errado em muitos pontos, pois suas teorias
possuem vários furos, como por exemplo: se um homem malha muito, ele vai
desenvolver seus músculos e ficar extremamente forte, mas quando ele tiver um filho,
esse não nascerá malhado também, o que contradiz a Lei da Herança dos Caracteres
Adquiridos.

Darwin, o Darwinismo e o Neodarwinismo:

Charles Darwin, conhecido como pai da Seleção Natural, era um pesquisador da


evolução. Ele se guiou por estudos da geologia, pelas teorias de Malthus e por uma
viagem de quase 5 anos a bordo do Beagle que fez, em que pôde aprender sobre a
natureza, os seres vivos e seu comportamento. Com base em tudo isso, formulou
a Teoria da Seleção Natural.

Essa dizia que algumas características de certos indivíduos poderiam ser mais favoráveis
ao ambiente que vivem ou não. Quando elas fossem mais favoráveis, tal indivíduo possui
mais chances de sobreviver no ambiente e se reproduzir, repassando a característica
favorável para as gerações futuras. Em contrapartida, aqueles que possuem a

209
característica menos favorável não seriam capazes de se adaptar ao meio e morreriam,
sem deixar descendentes e diminuindo assim, a frequência de tal característica.

Ou seja, segundo Darwin, o ambiente seleciona os indivíduos mais bem adaptados. É


importante ressaltar que o Darwin deixou claro que as modificações herdadas pelas
espécies nem sempre são positivas, ou seja, não caminham para uma ´´melhora´´ das
espécies, só são as mais adaptadas aquele ambiente, naquele momento. Isso serve para
desmentir uma frase que já foi muito propagada, de que o ´´melhor sobrevive´´, isso está
ERRADO.

Entretanto, Darwin não sabia explicar o aparecimento de características, porque não


havia ainda o conceito de genética. Entretanto, com o aparecimento
do Neodarwinismo, agregou a seleção natural à genética, complementando as ideias
que Darwin não soube explicar. O Neodarwinismo descobriu que determinados eventos
podem alterar a frequência gênica de certas populações. Esses eventos seriam: mutação;
recombinação gênica (fecundação e crossing-over); migração; deriva genética; seleção
natural.

O clássico exemplo das girafas:

Nem Darwin, nem Lamarck usou exemplo de girafas em seus estudos, entretanto, para
diferenciá-los, é um dos casos mais didáticos. Então, vamos usá-los para acabar com as
dúvidas de uma vez por todas.

210
Vamos imaginar tal situação:

Um ambiente com vegetação rasteira, como arbustos, sofreu alterações ambientais e


perdeu esses arbustos, que eram a alimentação de girafas do local. Como elas evoluíram
a partir disso?

Para Lamarck: As girafas quando se alimentavam desses arbustos, possuíam pescoço


curto e, quando essa vegetação sumiu, elas precisaram procurar alimento em árvores. Por
serem altas, as girafas precisavam forçar seus pescoços, o que causou um alongamento
dos mesmos, ou seja, uma adaptação induzida pelo ambiente para o alcance de seu
alimento, que seria depois passada adiante para as próximas gerações.

Para Darwin: Existiam as girafas de pescoço curto e longo. Após o desaparecimento dos
arbustos, as girafas de pescoço curto não conseguiriam sobreviver e reproduzir, já as de
pescoço longo, sobreviveriam por serem as mais adaptadas àquela mudança ambiental e
reproduziriam, repassando a característica favorável adiante.

Teoria Sintética da Evoluçã o


Os mecanismos evolutivos propostos por Darwin continham uma lacuna: a explicação
para a origem da diversidade; sendo este um motivo para que algumas pessoas
questionassem sua obra. Apesar de tanto Mendel quanto Darwin terem vivido na mesma
época, esse não teve contato com as ideias do precursor da Genética. Aliás, algumas
fontes afirmam que Darwin possuía algumas publicações de Mendel em sua biblioteca
sem, no entanto, tê-las lido.

Mendel, ao contrário de Darwin, não era alguém de prestígio reconhecido. Dessa forma,
sua obra permaneceu quase que em anonimato por muito tempo, até ser redescoberta,
no início do século 19.

Em meados de 1930, alguns cientistas passaram a reconhecer a ligação entre seleção


natural e a genética; tendo Dobhansky (geneticista), Mayr (zoólogo), Simpson
(paleontólogo) e Stebbins (botânico) como os principais autores dessas ideias. Assim, foi

211
formulada a Teoria sintética da evolução, também conhecida como neodarwinismo, ou
Teoria neodarwinista, relacionando essas duas frentes da Biologia.

Essa teoria considera que as mutações, combinações gênicas, e seleção natural são os
fatores principais que culminam na evolução; sendo as combinações gênicas
consequências da segregação independente dos cromossomos, e permutações que
ocorrem durante a meiose. Tanto ela quanto as mutações estão relacionadas à
variabilidade genética da população.

Essas últimas ocorrem ao acaso, sendo que, por seleção natural, podem ser mantidas,
como características adaptativas; ou causar o fim de determinados indivíduos. Assim,
quando positiva (primeiro caso), este tipo de seleção permitirá que alguns representantes
de uma população tenham mais chances de sobrevivência, reproduzindo e dando origem
a indivíduos também mais bem adaptados, caso este fator seja hereditário.

A seleção natural, desta forma, elimina indivíduos que possuem aspectos desvantajosos
para uma determinada situação, sendo estes, portanto, menos adaptados a ela. Assim,
considerando que ambientes não são sistemas estáveis e constantes, diferentes pressões
seletivas podem ocorrer dentro de uma população, evitando a eliminação de
determinados alelos que não seriam mantidos caso o ambiente fosse homogêneo.

Especiação

Especiação é o processo de formação de novas espécies a partir de eventos de


separação de linhagem de espécies preexistentes. Com base na teoria comum que
estipula que todos os seres vivos são descendentes de um mesmo organismo ancestral,
eventos de especiação foram fundamentais para garantir a biodiversidade entre os
seres vivos.

Entende-se como espécie, um grupo de indivíduos similares fisiologicamente e que


possuem realmente ou potencialmente a capacidade de se reproduzir gerando
descendentes férteis.

212
Dessa forma, a especiação age separando linhagens dentro de uma espécie de modo
que fiquem impossibilitadas de se reproduzirem. Esses fatores de separação podem
ser físicos dentro de um ecossistema ou genéticos, devido a mutações e similares.

Portanto, resumidamente, a especiação é todo evento no qual novas espécies são


formadas a partir de linhagens de espécies antigas que, após a especiação, não se
interagem reprodutivamente.
Causas da Especiação
O processo de Especiação ocorre, geralmente, devido a condições adversas impostas
pelo ambiente. Resumidamente são atribuídas duas causas para que ocorra o processo:

 Isolamento Geográfico: Quando linhagens de uma espécie se separam do


restante da espécie por uma questão ambiental. É considerada a causa mais
comum para iniciar o evento de especiação. Mudança do curso de rios,
surgimento de cadeias montanhosas, continentes que se separam e migração de
espécies são algumas das condições ambientais que gera o isolamento geográfico;
 Redução do Fluxo Gênico: Geralmente atribuídas a espécies que povoam uma
extensa faixa territorial. Nesse caso, linhagens localizadas no extremo norte, por
exemplo, apresentaram certa dificuldade em se relacionar com linhagens presentes
no extremo sul, mesmo que não haja uma barreira isolando as duas linhagens.
Dessa forma, o fluxo gênico, isto é, a transferência de genes dentro de uma
população, acaba sendo reduzido.

Tipos de Especiação
A característica principal que finaliza o evento de especiação é a evolução de diferentes
genéticas de tal forma que o acasalamento entre as linhagens formadas passa a não
ocorrer, não gerar descendentes ou não gerar prole fértil em condições normais.

Os eventos de especiação podem ser classificados quanto ao lugar ocupado pela espécie
inicial dentro de um ecossistema, assim como as alterações ambientais que culminaram
no evento.

213
Comparação Dos Diferentes Tipos De
Especiação.
Especiação Alopátrica
Especiação mais comum e que ocorre devido a isolamento geográfico. Nesse caso, a
espécie inicial se divide em duas populações devido, principalmente, à alterações
ambientais como mudança de cursos de rios ou formação de cadeias montanhosas.

As duas linhagens, uma vez separadas, podem povoar agora locais com condições
ambientais (clima, umidade do ar, alimento, etc.) diferentes e, estando sujeitas aos
processos de seleção natural, podem apresentar alterações genotípicas (no genoma) ou
fenotípicas (de expressão e características) populacionais.

Além das alterações sujeitas a seleção natural, mudanças genéticas podem ocorrer ao
acaso, como na Deriva Genética, quando ocorrem mudanças nas frequências alélicas em
um dado cromossomo. Dessa forma, as duas linhagens separadas acabam se adaptando
aos diferentes ambientes e, mesmo que voltem a ocupar o mesmo habitat, não
conseguem se relacionar para gerar descendentes.

Um exemplo clássico do início do processo de especiação alopátrica foi observado por


Darwin em Galápagos ao estudar os Tentilhões. Essas aves mostravam diferenças
quanto ao formato do bico para captura de alimento e estavam isoladas umas das
outras em ilhas diferentes. Darwin analisou que as aves, embora apresentassem essas
diferenças, ainda faziam parte da mesma espécie, mas esse exemplo mostra o início do
evento de especiação.

214
Tentilhões Observados Por Darwin Com Seus Diferentes
Bicos.

Dentro desse tipo de especiação está um subgrupo específico chamado de “Efeito


Fundador” ou Peripátrica. Nesse tipo de especiação alopátrica, um pequeno grupo se
separa do restante da população por migração, por exemplo. Nesse caso, como é um
grupo pequeno, geralmente ocorre a extinção. Mas caso o grupo consiga se estabelecer,
os efeitos de deriva genética ocorrem mais rapidamente e a especiação também.
Especiação Parapátrica
Ocorre quando não há separação geográfica em uma população. Nesse caso, o
evento de especiação está relacionado com a diminuição do fluxo gênico. Mesmo não
havendo uma barreira separando duas linhagens, a população não cruza aleatoriamente.
Por exemplo, em uma espécie que ocupa uma grande área territorial, o acasalamento
ocorre entre indivíduos mais próximos e com isso o fluxo gênico diminui, pois não há
uma transferência de genes em toda a população, mas sim em grupos próximos.

Um exemplo de especiação parapátrica é observado em gramíneas Anthoxanthum


odoratum. Algumas linhagens dessa gramínea viviam em um solo contaminado com
metais pesados. Essas plantas foram selecionadas naturalmente para os genótipos de
tolerância ao metal pesado enquanto que as linhagens da gramínea que não estava em
contato com o solo contaminado não foram submetidas à seleção para essa condição.

215
Anthoxanthum Odoratum.

Especiação Simpátrica

Esse tipo de especiação não ocorre devido a isolamento geográfico ou espécie


povoando uma grande faixa territorial a ponto de diminuir o fluxo gênico. Tanto é que
alguns pesquisadores questionam a frequência com que esse tipo de especiação ocorre.

A especiação simpátrica ocorre quando grupos dentro de uma população exploram


um novo nicho ecológico. Isso pode ocorrer, por exemplo, em parasitas que
experimentam um novo hospedeiro ou em herbívoros que podem passar a se alimentar
e procurar uma nova planta para lhes abrigar (se for herbívoros de pequeno porte como
insetos, por exemplo).

Um exemplo desse tipo de especiação ocorreu com os ancestrais da mosca da fruta: a


mosca ancestral depositava seus ovos em espinheiros (plantas nativas da América) e em
macieiras domésticas (introduzidas na américa). As fêmeas geralmente procuram
depositar seus ovos na espécie de árvore que cresceu (espinheiros ou macieiras) e os
machos tendem a procurar as fêmeas para acasalar também nas árvores em que
cresceram. Dessa forma, moscas que cresceram em espinheiro tendem a se acasalar com
outras moscas de espinheiro e o mesmo ocorreu com as moscas que cresceram em
macieiras diminuindo assim o fluxo gênico nessa população.

216
Mosca Da Fruta.

Lineu – Taxonomia
A taxonomia é o ramo da biologia responsável por descrever, identificar e nomear os
seres vivos de acordo com os critérios estabelecidos, como aspectos morfológicos,
genéticos, fisiológicos e reprodutivos.

As sete categorias taxonômicas são: reino, filo, classe, ordem, família, gênero e espécie.

O termo taxonomia tem origem grega e é formado pela junção de taxis, que significa
arranjar, e nomos, cujo significado é regra.

Portanto, o sistema de classificação dos seres vivos é um meio de reunir e organizar as


informações da diversidade de indivíduos para viabilizar o estudo das espécies.

Carl von Linné é conhecido como pai da taxonomia moderna, pois seu livro Systema
naturae, publicado em 1735, foi indispensável para a classificação e a nomenclatura dos
seres vivos como conhecemos hoje.

Classificação taxonômica

217
As 7 principais categorias taxonômicas, também chamadas de táxons, dos seres vivos por
ordem decrescente (ou ordem hierárquica) são:

 Reino: categoria taxonômica mais abrangente e que reúne filos;


 Filo: categoria inferior ao reino e que reúne classes;
 Classe: categoria inferior ao filo e que reúne ordens;
 Ordem: categoria inferior à classe e que reúne famílias;
 Família: categoria inferior à ordem e que reúne gêneros;
 Gênero: categoria inferior à família e que reúne espécies;
 Espécie: nível taxonômico mais específico.

A espécie é a unidade fundamental de classificação dos seres vivos, onde estão inseridos
os seres com características exclusivas e que conseguem se reproduzir entre si gerando
descendentes também férteis em ambiente natural.

A classificação mais recente proposta foi a categoria de domínios, um grupo taxonômico


mais amplo que o reino. Os três domínios dos seres vivos são: Eukarya, dos organismos
eucariontes, Bacteria e Archaea, estes dois agrupam os seres procariontes.

Existem ainda grupos taxonômicos intermediários, como subfilo, subfamília, subgênero e


subespécie.

Por exemplo, cães e lobos pertencem à mesma espécie. Entretanto, uma classificação
mais específica permite distinguir o cão como uma subespécie do lobo. Por isso, o nome
científico do lobo é Canis lupus e do cão doméstico é Canis lupus familiaris.

Exemplos de classificação dos seres vivos

Confira a seguir três exemplos de seres que pertencem ao domínio Eukarya, ou seja, são
constituídos de células eucariontes, aquelas que apresentam núcleo separado do
citoplasma celular.

A baleia-azul é o maior animal do planeta, apresenta nome científico Balaenoptera


musculus e sua classificação taxonômica é:

Reino Filo Classe Ordem Família Gênero Espécie


Animali Chordat Mammali Cetace Balaenopterida Balaenopter B.
a a a a e a musculu

218
Reino Filo Classe Ordem Família Gênero Espécie
s
O mandacaru é uma planta nativa da Caatinga, apresenta nome científico Cereus
jamacaru e sua classificação taxonômica é:

Gêner
Reino Filo Classe Ordem Família Espécie
o
C.
Planta Magnoliophy Magnoliopsi Caryophyllal Cactacea
Cereus jamacar
e ta da es e
u
O cogumelo shitake é um tipo de fungo muito utilizado na alimentação, apresenta
nome científico Lentinulus edodes e sua classificação biológica é:

Rein Espéc
Filo Classe Ordem Família Gênero
o ie
L.
Fung Basidiomyc Homobasidiomyc Agarical Marasmiace Lentinul
edode
i ota etes es ae us
s
Diferença entre taxonomia, filogenia e sistemática

A taxonomia atua na descrição e classificação dos seres vivos em categorias de acordo


com as características semelhantes.

A filogenia estuda as hipóteses relacionadas com as histórias evolutivas dos seres vivos,
desde os seus ancestrais até os seres recentes.

A sistemática é um ramo que além de estudar a organização dos seres vivos considera a
relação evolutiva entre as espécies.

Portanto, a sistemática é uma área abrangente que estuda a diversidade biológica,


levando em consideração a descrição das espécies (taxonomia) e o parentesco evolutivo
(filogenia).

Nomenclatura biológica dos seres vivos

219
Carl von Linné formulou um método para nomear os seres vivos que ficou conhecido
como sistema binomial, pois é composto por dois nomes.

A língua escolhida para a nomenclatura é o latim, pois se tratando de uma “língua morta”
não sofreria alteração. Além disso, a escrita deve ser feita em itálico ou sublinhado, a fim
de destacá-la no texto.

Portanto, o nome científico de um ser vivo é formado de dois termos: gênero e espécie.

O gênero corresponde ao epíteto geral e sua primeira letra deve ser escrita em
maiúsculo. A espécie vem a seguir e corresponde ao epíteto específico.

Por exemplo, o nome popular do maior felino das Américas é onça-pintada, mas seu
nome científico, segundo a nomenclatura proposta por Lineu, é Panthera
onca, onde Panthera é o gênero e onca é a espécie.

Veja outros exemplos:

Nome popular Nome científico


Humano Homo sapiens
Leão Panthera leo
Tigre Panthera tigris
Milho Zea mays
Couve-flor Brassica oleracea
Batata-inglesa Solanum tuberosum
A nomenclatura trinomial é utilizada quando nos referimos a uma subespécie. Por
exemplo, o gato doméstico é tido por alguns estudiosos como uma subespécie do gato
silvestre e, por isso, seu nome científico é Felis silvestris catus.

História da classificação dos seres vivos

Os primeiros métodos de classificação dos seres vivos têm origem há milhares de anos.
As poucas espécies conhecidas eram divididas em plantas e animais.

220
O filósofo grego Aristóteles há mais de 2000 anos organizou subgrupos que
diferenciavam os animais em com e sem sangue, além de distribuir as plantas existentes
em árvores, arbustos e ervas.

A invenção do microscópio possibilitou a descoberta de novos seres e cada vez mais


espécies a partir do século XVIII foram identificadas.

O naturalista Carl von Linné criou um sistema que permitia a classificação de cerca de
100 mil espécies, de acordo com as características anatômicas e morfológicas, e publicou
seu material em 1735 no livro Systema naturae. Entretanto, a organização proposta por
Lineu não levava em consideração as relações evolutivas entre as espécies.

O biólogo alemão Ernst Haeckel em 1894 contribuiu para a organização dos seres vivos
com a criação de mais um reino chamado de Protista para somar aos conhecidos Plantae
e Animalia. Em 1936 o biólogo norte-americano Herbert Copeland propôs também a
inclusão do reino Monera.

Por fim, em 1959, o também biólogo norte-americano Robert Whittaker retomou os


estudos anteriores e definiu os cinco reinos dos seres vivos: Plantae, Animalia, Protista,
Monera e Fungi.

Os avanços tecnológicos e estudos da biologia molecular fizeram com que o


microbiologista norte-americano Carl Woese em 1977 determinasse que o reino Monera
deveria ser extinto para que os seres fossem divididos em reinos Bacteria e Archaea.

Em 1990, Woese ainda apresentou a classificação dos seres vivos em domínios, uma
categoria taxonômica superior ao reino. Portanto, os três domínios dos seres vivos
são: Bacteria, Archaea e Eukarya.

Filogenia e Cladogramas
A filogenia ou filogênese consiste em definir hipóteses sobre as histórias evolutivas das
espécies, desde os seus ancestrais até os seres recentes.

A Filogenia nasceu em 1966, a partir dos estudos de Willi Henning.

221
Com os princípios da teoria da evolução de Darwin, a determinação da história de vida
dos descendentes e a elaboração de cladogramas são fundamentais para elaborar um
sistema de classificação dos seres vivos. Daí a importância da filogenia.

Filogenia e Cladística

A filogenia é a história genealógica de uma espécie e de suas hipotéticas relações de


ancestrais e descendentes. Baseia-se em estudos morfológicos, comportamentais e
moleculares.

A cladística ou filogenética é o ramo da sistemática que reconstrói a filogenia. A


sistemática é a área da Biologia que se preocupa principalmente em compreender a
filogenia, ou seja, a história evolutiva das espécies.

Para estudos de sistemática, a descrição da espécie é fundamental. Assim, as


características genéticas, ecológicas, fisiológicas, evolutivas, entre outras, proporcionam
melhores resultados.

Cladogramas

O cladograma é um diagrama no qual são representadas as relações evolutivas entre os


seres vivos. Um cladograma é composto pela raiz, ramos, nós e terminais.

222
Cladograma
A raiz representa um provável grupo ou espécie ancestral.

O nó é o ponto de onde partem as ramificações, os ramos. Cada nó indica um evento


cladogenético.

Os ramos são as linhas do cladograma e conduzem a um ou mais grupos terminais. Os


grupos de seres vivos compõem os terminais nos cladogramas.

Grupo Poli, Para e Monofilético


Grupo monofilético (ou natural): Aquele que inclui a espécie ancestral comum (conhecida
ou hipotética) às espécies do grupo e todos os seus descendentes.

Grupo parafilético: Aquele que inclui a espécie ancestral comum (conhecida ou


hipotética) às espécies do grupo e apenas parte dos seus descendentes.

223
Grupo polifilético: Aquele formado por mais de uma espécie ancestral e seus respectivos
descendentes.

5 Reinos e 3 Domínios
Tradicionalmente, utilizamos a classificação dos seres vivos em cinco reinos: Reino
Monera, Reino Protista, Reino Fungi, Reino Plantae e Reino Animalia. Essa
classificação, apesar de ser bastante difundida, apresenta alguns problemas, como é o
caso da maioria dos sistemas de classificação. É por isso que novos sistemas são
frequentemente criados, a exemplo da classificação em três domínios, da qual trataremos
a seguir.

→ Classificação em três domínios

Os domínios são uma categoria superior a reino e dividem os seres vivos em três
grupos diferentes: dois grupos de procariontes e um grupo de eucariontes. Essa
classificação em domínios foi proposta por Carl Woese, em 1977, um pesquisador que
utilizava a filogenia molecular para apoiar suas conclusões.

De acordo com essa classificação, existem três domínios: o Domínio Archaea,


Domínio Bacteria e o Domínio Eukarya.

 Domínio Archaea: Nesse grupo, encontramos os procariontes que vivem em


ambientes extremos, motivo pelo qual são chamados de extremófilos. Esses
organismos são encontrados em locais com temperatura muito elevada ou, ainda,
locais ricos em metano ou enxofre. Entretanto, vale salientar que
existem Archaea em ambientes não extremos. Ainda nesse grupo, são encontrados
apenas organismos unicelulares, com nutrição autotrófica ou heterotrófica.

Inicialmente, acreditava-se que Archaea eram ancestrais das bactérias,


entretanto, hoje sabe-se que esse grupo é o mais próximo evolutivamente dos
eucariontes.

 Domínio Bacteria: existe, nesse grupo, uma grande quantidade de organismos


procariontes, os quais incluem as bactérias causadoras de doença em humanos e
aquelas encontradas no ambiente em geral, como água e solo. Nesse grupo,

224
encontramos apenas organismos unicelulares e que possuem nutrição autotrófica
ou heterotrófica.
 Domínio Eukarya: Nesse domínio, encontramos todos os seres eucariontes, ou
seja, os organismos que apresentam núcleo celular verdadeiro. Todos os
protozoários, algas, fungos, plantas e animais estão incluídos nesse grupo.
Encontramos nesse domínio, portanto, organismos uni ou pluricelulares, e com
nutrição autotrófica ou heterotrófica.

→ O que os domínios mudam na classificação em cinco reinos?

Utilizando a classificação de domínio, percebemos que o Reino Monera deixa de existir,


uma vez que ele foi dividido em dois domínios. Outro grupo que não é mais considerado
pelos pesquisadores é o chamado Reino Protista, porém o termo, que não significa uma
categoria taxonômica, pode ser usado para identificar os organismos eucariontes
unicelulares e as algas multicelulares.

Na Biologia, o reino é um tipo de organização utilizada para agrupar os indivíduos de


acordo com a semelhança entre as características estruturais, anatômicas e genéticas.

Os cinco reinos biológicos são:

 Reino Animal, Animalia ou Metazoa


 Reino Vegetal, Plantae ou Metaphyta
 Reino Protista ou Proctista
 Reino Fungi
 Reino Monera

A primeira organização dos seres vivos em reinos foi criada por Aristóteles, dividindo-os
em animais e plantas, o que foi confirmado por Carl von Linnée conforme a análise das
características.

Em 1866, o biólogo alemão Ernst Haeckel foi responsável pela criação do reino Protista e
em 1956 Herbert Copeland organizou o reino Monera. Por fim, em 1969, o biólogo R.H.
Whittaker propôs também a inclusão do reino dos fungos, totalizando cinco reinos.

225
Características dos seres vivos

Os seres vivos apresentam características que em conjunto os diferenciam dos seres não
vivos. Ao organizar os organismos de acordo com as semelhanças podemos agrupá-los
em reinos e, assim, distingui-los uns dos outros.

As principais características são:

O tipo de células divide os seres vivos que apresentam células eucariontes, com núcleo
celular bem definido, e células procariontes, onde o material genético fica disperso no
citoplasma.

A organização celular distingue os seres em unicelular, formados por uma única célula,
e pluricelulares, quando são constituídos de inúmeras delas.

A nutrição diferencia os seres autótrofos, capazes de produzir seu próprio alimento, dos
heterótrofos que se alimentam de outros seres.

A reprodução dos seres vivos pode ocorrer de forma sexuada, pela união de dois
membros de uma espécie, ou gerar descendentes por reprodução assexuada, onde um
único organismo é capaz de gerar outros.

A respiração é essencial e pode ser aeróbia para os seres que precisam de oxigênio para
sobreviver ou anaeróbia para os que não necessitam desse elemento.

226
Reino Animal

O reino animal é um reino que apresenta seres bastante distintos em anatomia e


fisiologia, mas que reúnem as seguintes características:

 Nutrição: são seres heterótrofos


 Tipo de célula: apresentam células eucariontes
 Organização celular: são seres pluricelulares
 Reprodução: a maioria se reproduz por reprodução sexuada
 Respiração: realizam respiração aeróbia

Exemplos de seres do reino animal


Os animais são classificados como vertebrados, do Filo dos Cordados, pela presença de
coluna vertebral. As classes com exemplos de animais são:

 Peixes: tubarão, sardinha e cavalo-marinho


 Anfíbios: sapo, salamandra e cobra-cega
 Répteis: cobra, jacaré e lagarto
 Aves: avestruz, pavão e galinha
 Mamíferos: gato, macaco e morcego

Existem ainda os animais invertebrados, que caracterizam-se pela ausência de coluna


dorsal e existem diversos filos que se enquadram nessa classificação. Alguns exemplos de
animais são: lulas, lesmas e minhocas.

Em uma cadeia alimentar os animais, que são heterotróficos por ingestão, estão inseridos
como consumidores, podendo se alimentar de seres autótrofos ou de outros animais.

Reino Vegetal

O reino vegetal apresenta seres vivos com as seguintes características:

 Nutrição: são seres autótrofos fotossintetizantes


 Tipo de célula: eucariontes
 Organização celular: pluricelulares
 Reprodução: sexuada ou assexuada, dependendo da planta
 Respiração: aeróbia

227
Embora os vegetais e animais apresentem o mesmo tipo celular, as células das plantas
apresentam estruturas diferentes, como vacúolos, cloroplastos e celulose na parede
celular.

Exemplos de seres do reino vegetal


Levando em consideração os vasos condutores de seiva, as plantas são classificadas em
vasculares, quando apresentam a estrutura, e avasculares, se não os tiverem.

São exemplos de plantas vasculares:

 Pteridófitas: samambaia, cavalinha e avenca


 Gimnospermas: pinheiro, araucárias e cedros
 Angiospermas: laranjeira, mangueira e coqueiro

As plantas avasculares são as briófitas, como os musgos, que são de pequeno porte e
crescem em locais úmidos e sem receber luz direta do Sol.

Existe também as plantas parasitas que apresentam uma nutrição diferente das demais,
pois necessitam de outras plantas para sobreviver e por isso são heterotróficas.

Reino Fungi

O reino fungi apresenta seres vivos macroscópicos e microscópicos com as seguintes


características:

 Nutrição: são seres heterótrofos


 Tipo de célula: eucariontes
 Organização celular: uni ou pluricelulares
 Reprodução: sexuada ou assexuada
 Respiração: aeróbia ou anaeróbia facultativa (em ambientes com pouco oxigênio)

Exemplos de seres do reino fungi


Muitos fungos macroscópicos são empregados na alimentação, como o cogumelo
champignon, e na produção de alimentos, como as leveduras utilizadas para fermentação
de bebidas e pães.

Outros exemplos de fungos são:

 Leveduras: fungos pluricelulares com hifas

228
 Bolores: fungos que surgem em matéria orgânica
 Líquens: espécies que surgem da associação de fungos com outros organismos, como
algas e cianobactérias.

Reino Monera

O reino monera apresenta seres vivos com as seguintes características:

 Nutrição: autótrofos ou heterotróficos


 Tipo de célula: procariontes
 Organização celular: unicelulares
 Reprodução: sexuada ou assexuada
 Respiração: aeróbia ou anaeróbia facultativa (com ou sem oxigênio)

Exemplos de seres do Reino Monera


O reino monera é constituído de seres microscópicos simples. Existem milhares de
bactérias, que vivem nos mais diversos ambientes. Esses seres são agrupados de acordo
com sua estrutura em cocos, bacilos, espirilos e vibriões.

As cianobactérias também fazem parte deste reino e são fotossintetizantes. As algas


azuis, ou cianofíceas, vivem isoladamente ou formam colônias.

Reino Protista

O reino protista apresenta seres vivos com as seguintes características:

 Nutrição: autótrofos ou heterótrofos


 Tipo de célula: eucariontes
 Organização celular: uni ou pluricelulares
 Reprodução: sexuada ou assexuada
 Respiração: a maioria realiza respiração aeróbia

Exemplos de seres do reino protista


Exemplos de protozoários, classificados de acordo com a locomoção, são:

 Sarcodíneos: amebas
 Ciliados: paramécio
 Flagelados: Trypanosoma cruzi
 Esporozoários: plasmódios causadores da malária

229
Já as algas são organismos autótrofos fotossintetizantes e por apresentarem estrutura
mais simples foram inseridos neste grupo. Pelo tipo de pigmento, as algas são
classificadas em verdes, vermelhas, pardas ou douradas.

Classificação atual dos seres vivos

A classificação em reinos é a mais abrangente para classificar os seres vivos. Para


distinguir as espécies, dentro de um reino existem outras categorias que agrupam os
organismos, as chamadas categorias taxonômicas:
Reino → Filo → Classe → Família → Gênero → Espécie
Existem ainda estudos que indicam a existência de pelo menos mais um reino, proposto
por Carl Woese, em 1977, além dos 5 citados anteriormente. Segundo o pesquisador, o
Reino Monera deve ser extinto e os seres divididos entre os reinos Bacteria e Archea.

Embora os organismos dos reinos Bacteria e Archea sejam procariontes e unicelulares, os


seres do reino Archea apresentam características mais próximas dos seres eucariontes.

Ó rgã os Homó logos e Aná logos


Ao observar o corpo de diversos animais de espécies diferentes, percebeu-se que
algumas características anatômicas e fisiológicas são comuns entre eles. Essas
características são consideradas evidências da evolução, uma vez que, segundo essa
teoria, os seres vivos apresentam ancestrais em comum.

Durante o processo de evolução, diversas características foram selecionadas e mantidas


porque elas favoreciam a sobrevivência de um ser em determinado ambiente. A
semelhança entre diversas estruturas anatômicas, por exemplo, evidencia que essas
características foram selecionadas e, consequentemente, passadas às futuras gerações.
Ao observar o desenvolvimento embrionário de diversos grupos de animais, percebemos
que existem poucas diferenças no início do crescimento. Essa também é uma evidência
de que, em algum ponto, todos possuíam um ancestral comum.

230
Observe a semelhança entre os embriões de diferentes vertebrados
Quando organismos de espécies diferentes apresentam órgãos que possuem a mesma
origem embrionária e desempenham a mesma função ou não, dizemos que os órgãos
são homólogos.
Um exemplo de órgão homólogo é a nadadeira dos golfinhos e as asas dos morcegos.
Apesar de possuírem origem embrionária semelhante e esqueletos com o mesmo plano
estrutural, as duas estruturas apresentam funções bastante distintas. Enquanto a
nadadeira ajuda na natação, as asas auxiliam no voo.
Os órgãos homólogos são bastante usados nos estudos para estabelecer uma relação de
parentesco entre os organismos, uma vez que é sugerido que esses seres apresentam um
ancestral comum. Quando as estruturas acabam assumindo diferentes funções em
resposta ao modo de vida de cada ser vivo, dizemos que houve uma divergência
evolutiva.

Existem ainda órgãos que desempenham a mesma função, mas não possuem a mesma
origem embrionária. Esses órgãos são chamados de análogos. Como exemplo, podemos
citar as asas do morcego em comparação às asas de insetos. Apesar de ambas ajudarem
no voo, as asas citadas apresentam origens embrionárias distintas.
Os órgãos análogos, diferentemente dos homólogos, não são utilizados em estudos que
estabelecem as relações filogenéticas entre os organismos, uma vez que eles não
revelam a descendência desses seres vivos. Eles são resultados de uma pressão evolutiva
similar, que acabou selecionando essas características. Quando isso acontece, dizemos
que ocorreu uma convergência evolutiva.
Resumindo:
Órgãos análogos: Mesma função e diferente origem embrionária.

231
Órgãos homólogos: Mesma função ou não e mesma origem embrionária.

Origem da Vida na Terra


A origem da vida Terra é um dos temas mais controversos e não totalmente resolvidos.
Por isso, muitos se dedicaram a estudar e tentar explicar como surgiram os seres vivos no
planeta.

As principais hipóteses são:

 Teoria criacionista: as diferentes formas de vida surgiram através de uma criação


divina.
 Biogênese: um ser vivo só pode ser originado a partir de um ser vivo preexistente.
 Abiogênese: alguns tipos de materiais possuem um tipo de “princípio ativo” capaz de
gerar vida.
 Panspermia: a vida na Terra foi trazida do espaço através de meteoros e cometas.
 Evolução química: compostos simples presentes na Terra primitiva passaram por
diversas reações e formaram compostos tão complexos ao ponto de conceber seres
vivos. Essa é a hipótese mais aceita atualmente.

Geração Espontânea ou Abiogênese

A teoria da geração espontânea ou abiogênese admite, em essência, o aparecimento dos


seres vivos a partir da matéria bruta de maneira contínua. Essa hipótese surgiu com
Aristóteles, há mais de 2 000 anos.

Para Aristóteles e seus seguidores, a matéria bruta apresentava um “princípio ativo”


responsável pela formação dos seres vivos quando as condições do meio fossem
favoráveis.

O princípio ativo era o grande responsável pelo desenvolvimento de um novo


organismo. A ideia da geração espontânea constituía a melhor forma de explicar as larvas
que surgiam na carne crua exposta ao ar livre e de girinos que surgiam em poças de
água.

232
Teoria da Biogênese

A teoria da biogênese admite que todos os seres vivos são originados de outros seres
vivos preexistentes.

Vários cientistas provaram que um ser vivo só se origina de outro ser vivo e contestaram
a abiogênese. Os principais defensores da biogênese foram: Ernest Haeckel, Thomas
Henry Hurley, Stanley Miller, Lázzaro Spallanzani, Francesco Redi e Louis Pasteur.

Experimento de Redi
Francesco Redi, médico e biólogo de Florença, por volta de 1660, começou a questionar
a teoria da abiogênese. Para isso, colocou pedaços de carne crua dentro de frascos,
deixando alguns abertos.

Depois de vários dias, as larvas só apareceram na carne do frasco aberto. Redi observou
que as moscas colocavam ovos sobre a carne e concluiu que a geração espontânea não
tinha validade.

Com a invenção do microscópio, o mundo dos microrganismos foi revelado,


empolgando os adeptos da geração espontânea e da biogênese, que buscavam a
explicação para a origem desses seres vivos.

Experimento de Pasteur
Por volta de 1860, o cientista francês Louis Pasteur conseguiu provar definitivamente que
os seres vivos se originam de outros seres vivos.

Ele realizou experimentos com balões do tipo pescoço de cisne, que mostrou que um
líquido ao ser fervido, não perde a chamada "força vital", como defendiam os adeptos da
abiogênese, pois quando o pescoço do balão é quebrado, após a fervura do líquido, há o
aparecimento dos seres vivos.

A partir dos experimentos de Pasteur, a teoria da biogênese passou a ter aceitação nos
meios científicos.

Teoria Criacionista

A teoria de que a vida teria sido uma criação divina é embasada por escritos religiosos.
As principais religiões que difundem suas versões criacionistas para explicar a origem dos
seres na Terra são: Cristianismo, Judaísmo e Islamismo.

233
A Bíblia Sagrada, especificamente no livro de Gênesis, explica que o homem, assim como
todas as coisas, foram criados por Deus. Já na mitologia grega o surgimento dos homens
é atribuído aos titãs, moldados no barro, semelhantemente ao que se vê na narrativa
bíblica.

O criacionismo se distingue das demais teorias por ter um caráter religioso, ou seja, está
fundamentado em crenças, embora alguns argumentos apresentem atributos científicos.
Já as demais hipóteses para a origem da vida possuem conclusões provenientes de
pesquisas científicas.

Teoria Cosmogênica (Panspermia Cósmica)

Segundo a Panspermia, palavra grega que significa “sementes em todos os lugares”, a


vida do planeta Terra teria surgido a partir de fragmentos de vida resistentes, como
esporos, vindos do espaço através de meteoritos e cometas.

Apesar das hipóteses para o surgimento de vida na Terra estarem relacionadas com a
transferência de matéria-prima, que se desenvolveram pelas condições favoráveis,
existem os que acreditam que a vida tem origem de uma civilização extraterrestre.

Anaxágoras, Jöns Jacob Berzelius, William Thomson e Svante Arrhenius são exemplos de
estudiosos que defenderam essa hipótese. Berzelius, por exemplo, chegou a detectar em
1830 a presença de compostos orgânicos em meteoritos.

Entretanto, essa teoria de propagação da vida não consegue explicar como a vida se
originou no local de onde veio e como sobreviveram até chegar ao planeta Terra.

Evolução Química (hipótese de Oparin e Haldane)

A evolução química é a hipótese mais aceita para a origem da vida no planeta. Segundo
essa hipótese, associações entre moléculas geraram agrupamentos cada vez mais
complexos até que promoveu o surgimento da vida.

Componentes da atmosfera primitiva (vapor d’água, amônia, hidrogênio e metano)


reagiam com descargas elétricas (raios), radiação proveniente principalmente do Sol e
atividades vulcânicas, fazendo surgir moléculas orgânicas que se aglomeravam em forma
de coacervados.

No interior desses pequenos grupos de moléculas, chamados de coacervados, ocorriam


diversas reações químicas, que foram os tornando mais complexos e estáveis.

234
Experimento de Miller
Para estudar o surgimento das primeiras moléculas orgânicas, o químico Stanley Miller
realizou um experimento que simulava a atmosfera primitiva e as condições que
permitiram o surgimento das primeiras moléculas orgânicas.

Utilizando materiais que continham os elementos carbono (C), hidrogênio (H), oxigênio
(O) e nitrogênio (N) e simulando a atmosfera primitiva, com aquecimento e descargas
elétricas, o cientista conseguiu produzir moléculas orgânicas.

Origem do Universo

Acredita-se que toda a matéria que compõe o Universo atual estivesse comprimida em
uma esfera extremamente pequena, que teria explodido, expandindo a matéria e
formado de uma só vez todo o Universo.

Essa grande explosão é denominada Big-Bang. Após o Big-Bang e a partir da matéria


proveniente dele, teria surgido o nosso Sistema Solar.

As primeiras células

Acredita-se que o primeiro ser vivo, ou seja, a primeira célula, tenha surgido há cerca de
3,5 bilhões de anos.

Essas células tinham estrutura e funcionamento muito simples, sendo formadas por uma
membrana plasmática delimitando um citoplasma, no qual estavam presentes as
moléculas de ácidos nucleicos.

Esses formavam uma estrutura denominada nucleoide. Células assim organizadas são
denominadas células procariotas e os organismos que as apresentam são os
procariontes.

Na Terra atual existem organismos descendentes dessas primeiras células: são as


bactérias e as algas azuis ou cianobactérias.

A partir dos procariontes anaeróbicos ancestrais, teriam derivado também os organismos


com estruturas celulares mais complexas: os eucariontes. Esses apresentam as células
chamadas eucariotas.

O surgimento dos eucariontes deve ter ocorrido há cerca de 1,5 bilhões de anos. A maior
parte dos organismos que vivem atualmente na Terra apresentam células eucariotas.

235
Histologia
Tecido Epitelial
O tecido epitelial é formado por células justapostas, ou seja, que estão intimamente
unidas umas às outras através de junções intercelulares ou proteínas integrais da
membrana.

Funções do Tecido Epitelial

A principal função do tecido epitelial é revestir a superfície externa do corpo, as


cavidades corporais internas e os órgãos. Ele também apresenta função secretora.

São funções do tecido epitelial:

 Proteção e revestimento (pele);


 Secreção (estômago);
 Secreção e absorção (intestino);
 Impermeabilização (bexiga urinária).

A estreita união entre as suas células fazem do tecido epitelial uma barreira eficiente
contra a entrada de agentes invasores e a perda de líquidos corporais.

Características do tecido epitelial

 Células muito próximas, com pouco material extracelular entre elas;


 Células unidas de forma bem organizada;
 Possui suprimento nervoso;
 Não possui vasos (avascular);
 Alta capacidade de renovação (mitose) e regeneração;
 Nutrição e oxigenação por difusão pela lâmina basal.

Tipos de Tecido Epitelial

236
De acordo com a sua função, existem dois tipos de tecido epitelial: de revestimento e
glandular. No entanto, pode haver células com função secretora no epitélio de
revestimento.

Tipos de
tecido epitelial

Tecido epitelial de revestimento


Os epitélios são constituídos por uma ou mais camadas de células com diferentes formas,
com pouco ou quase nenhum fluido intersticial (substância entre as células) e vasos entre
elas.

Porém, todo epitélio está situado sobre uma malha glicoproteica denominada lâmina
basal, que tem a função de promover a troca de nutrientes entre o tecido epitelial e
o tecido conjuntivo adjacente.

237
De acordo com as camadas celulares, os epitélios podem ser classificados em:

 Epitélio Simples: são formados por uma única camada de células;


 Epitélio Estratificado: possuem mais de uma camada de células;
 Epitélio Pseudo-Estratificado: são formados por uma única camada de células, mas
possui células com alturas diferentes, dando a impressão de ser estratificado.

O tecido epitelial da pele humana apresenta células bastante unidas, sendo este
um epitélio estratificado.

Isso porque a função da pele é evitar a entrada de corpos estranhos no organismo,


agindo como uma espécie de barreira protetora, além de proteger contra o atrito, raios
solares e produtos químicos.

Já o tecido epitelial que cobre os órgãos é simples, pois o tecido não pode ser tão
espesso devido à necessidade de trocas de substâncias.

Os epitélios também são classificados quanto à forma das células:

 Epitélio Pavimentoso: possui células achatadas;


 Epitélio Cúbico: as células apresentam-se em forma de cubo;
 Epitélio Prismático: as células são alongadas, em forma de coluna;
 Epitélio de Transição: a forma original das células é cúbica, mas ficam achatadas
devido ao estiramento provocado pela dilatação do órgão.

Tecido epitelial glandular


As células do tecido epitelial glandular possuem as mesmas características do epitélio de
revestimento, no entanto, ao contrário delas raramente são encontradas em camadas.

Portanto, suas células são muito unidas e geralmente dispostas em um única camada.

Os epitélios glandulares são tecidos com função secretora, que constituem órgãos
especializados chamados glândulas.

238
Formação
do tecido epitelial

As células epiteliais secretoras são capazes de sintetizar moléculas, a partir de moléculas


precursoras menores, ou modificá-las.

As células de secreção também podem estar isoladas entre as células do epitélio de


revestimento, ou formando esse epitélio. Por exemplo, revestindo a cavidade
do estômago ou parte do aparelho respiratório.

As glândulas e o tecido epitélio granular


A maioria das glândulas do corpo humano são formadas a partir do epitélio glandular.
Elas podem ser de dois tipos: exócrinas ou endócrinas.

Nas glândulas endócrinas a ligação com o epitélio de revestimento deixa de existir, as


células se reorganizam em folículos (tireoide) ou em cordões (adrenal, paratireoide,
ilhotas de Langerhans).

239
As glândulas exócrinas são formadas de duas partes: uma parte secretora (formada
pelas células de secreção) e um ducto excretor (composto de células epiteliais de
revestimento).

O ducto lança as secreções dentro de cavidades internas (glândulas salivares) ou para o


exterior do corpo (glândulas sudoríparas e sebáceas).

Tecido Conjuntivo
Tecido Conjuntivo é um tecido de conexão, composto de grande quantidade de matriz
extracelular, células e fibras.

Suas principais funções são fornecer sustentação e preencher espaços entre os tecidos,
além de nutri-los.

Existem tipos especiais de tecido conjuntivo, cada um com função específica. Isso varia,
principalmente, de acordo com a composição da matriz e do tipo de células presentes.

240
Representaçã
o dos tipos de tecidos

Tipos de Tecido Conjuntivo

A classificação dos diferentes tecidos conjuntivos pode ser feita de acordo com o
material e o tipo de células que o compõem.

A matriz extracelular, que é a substância entre as células, tem consistência variável. Ela
pode ser: gelatinosa (tecido conjuntivo frouxo e denso), líquida (sanguíneo), flexível
(cartilaginoso) ou rígida (ósseo).

Desse modo, pode ser dividido em tecido conjuntivo propriamente dito e em tecidos
conjuntivos de propriedades especiais, a saber: adiposo, cartilaginoso, ósseo e
sanguíneo.

241
Tecido Conjuntivo Propriamente Dito

Tecido
Conjuntivo Propriamente Dito

Esse tecido, como o nome indica, é o típico tecido de ligação. Ele atua na sustentação e
preenchimento dos tecidos e, dessa forma, contribui para que fiquem juntos,
estruturando os órgãos.

Sua matriz extracelular é abundante, composta de uma parte gelatinosa (polissacarídeo


hialuronato) e três tipos de fibras proteicas: colágenas, elásticas e reticulares.

Existem dois subtipos de tecido conjuntivo propriamente dito, classificados de acordo


com a quantidade de matriz presente, são eles:

Tecido Conjuntivo Frouxo


É constituído de pouca matriz extracelular, com muitas células e poucas fibras.

Isso torna o tecido flexível e pouco resistente às pressões mecânicas. Algumas células são
residentes, como os fibroblastos e macrófagos e e outras são transitórias, como:
linfócitos, neutrófilos, eosinófilos.

242
É encontrado pelo corpo todo, envolvendo órgãos. Além disso serve de passagem a
vasos sanguíneos, sendo assim importante na nutrição dos tecidos.

Tecido Conjuntivo Denso


Possui grande quantidade de matriz extracelular, com predominância das fibras
colágenas, dispostas sem grande organização. Há poucas células presentes, entre elas
os fibroblastos.

É encontrado abaixo do epitélio, na derme, conferindo resistência às pressões mecânicas,


graças às suas muitas fibras. Também é muito encontrado nos tendões.

Tecido Conjuntivo Adiposo


É um tipo de tecido conjuntivo de propriedades especiais. Sua função é de reserva
energética e também proteção contra o frio e impactos.

É constituído de pouca matriz extracelular, com quantidade considerável de fibras


reticulares e muitas células especiais, os adipócitos, que acumulam gordura.

243
Tecido Conjuntivo Cartilaginoso

Cartilagem
Elástica

É composto por grande quantidade de matriz extracelular, no entanto, ela é mais


rígida nesse tecido do que no conjuntivo propriamente dito. Isso ocorre devido à
presença de glicosaminoglicanas associadas às proteínas, além de finas fibras colágenas.

Nas cartilagens, constituídas desse tecido, estão presentes os condrócitos, células que
ficam alojadas dentro de lacunas na matriz.

Devido à sua consistência especial, o tecido cartilaginoso faz a sustentação de diversas


regiões do corpo, mas com certa flexibilidade.

244
Tecido Conjuntivo Ósseo

Tecido Ósseo
onde estão presentes células jovens (osteoblastos) e maduras (osteócitos)

É um tecido mais rígido, presente nos ossos e responsável pela sustentação e


movimentação.

É composto de abundante matriz extracelular, rica em fibras colágenas e moléculas


especiais (proteoglicanas e glicoproteínas). A matriz é calcificada pela deposição de
cristais (formados de fosfato de cálcio) sobre as fibras.

A célula especial do tecido, o osteócito, fica no interior de lacunas na matriz rígida. É


uma célula madura originada dos osteoblastos, células ósseas jovens.

245
Tecido Conjuntivo Sanguíneo

Células
sanguíneas. A célula diferente é um eosinófilo, um tipo de leucócito entre hemácias

É um tecido especial cuja matriz se encontra no estado líquido. Essa substância se


chama plasma, nele estão as células sanguíneas: glóbulos vermelhos (hemácias)
e glóbulos brancos (leucócitos) e as plaquetas (fragmentos celulares).

O tecido hematopoiético ou hemocitopoiético é responsável pela formação das células


sanguíneas e componentes do sangue. Ele está presente na medula óssea, localizada no
interior de alguns ossos.

Funções

Cada tipo de tecido conjuntivo possui tipos específicos de células e sua matriz
extracelular contém diferentes moléculas e fibras que determinam sua função.

 Preenche espaços entre os diferentes tecidos e estruturas;


 Participa na nutrição de células de outros tecidos que não possuem vascularização, uma
vez que facilita a difusão dos nutrientes, além de gases, entre o sangue e os tecidos;
 Reserva energética nas células adiposas;
 Atua na defesa do organismo através das suas células;

246
 Produz células sanguíneas na medula óssea.

Tecido Adiposo
O tecido adiposo é um tipo de tecido conjuntivo com propriedades especiais. Possui
muitos adipócitos, células especializadas, que têm função principal de reserva
energética para o organismo, entre outras.

No tecido adiposo
multilocular há várias gotas de gordura no citoplasma celular
Características

O tecido conjuntivo adiposo é composto por matriz extracelular e células adiposas, os


adipócitos.

A matriz é composta de fibras reticulares (colágeno tipo III) bem finas, que formam redes
e não se observam facilmente ao microscópio. Essa substância intercelular envolve os
inúmeros adipócitos presentes.

Os adipócitos são células que acumulam gordura no interior. Possuem vasos


sanguíneos, especialmente capilares.

247
Os lipídios ali encontrados são especialmente triglicerídeos (moléculas de glicerol
unidas a cadeias de ácidos graxos). Formam gotas suspensas no citoplasma e sem
membrana ao redor.

Funções

 Reserva Energética: a principal função do tecido é de reserva energética. O depósito de


gordura é feito nas células adiposas também chamadas adipócitos;
 Isolante Térmico: ajuda a regular a temperatura corporal, protegendo contra o frio;
 Preenchimento: é encontrado ao redor de órgãos e preenchendo espaços, de forma
que mantém as estruturas fixas no lugar.
 Proteção contra impactos: evita traumatismos, protegendo os órgãos internos.

Tecido Adiposo Unilocular

Geralmente, quando se fala da “gordura do corpo” é esse tecido que está sendo citado.
Ele é o principal reservatório de lipídios do corpo.

É o mais comumente encontrado, sendo distribuído por regiões como as camadas mais
profundas da pele e ao redor de órgãos da cavidade abdominal. Há diferenças de
distribuição entre homens e mulheres, definindo a forma do corpo.

As gotas de gordura se reúnem formando uma grande gota. Por isso recebe o nome de
unilocular. Também é conhecido como gordura amarela, coloração que se deve à
gordura, que contém pigmentos e vitaminas.

A gota de gordura ocupa quase todo espaço nos adipócitos, com isso o núcleo assume
posição mais periférica e há pouco citoplasma na célula.

Tecido Adiposo Multilocular

Esse tipo de tecido adiposo é responsável pela regulação da temperatura corporal. É


encontrado principalmente em animais que hibernam. Nos seres humanos está presente
em recém-nascidos, fica restrito a regiões específicas nos adultos.

Recebe o nome de multilocular por causa das várias gotas de gordura suspensas no
citoplasma dos adipócitos. Eles ficam com aparência esponjosa quando observados ao
microscópio. Também é conhecido como gordura marrom ou parda.

248
As gotas de gordura ocupam quase todo espaço da célula, restando pouco citoplasma ao
redor. O núcleo fica no centro ou na periferia. Também estão presentes muitas
mitocôndrias e capilares.

As mitocôndrias transformam a energia dos lipídios em energia térmica. Essa energia é


liberada no sangue, aumentando a temperatura corporal e ajudando a acordar os
animais em hibernação.

Tecido Cartilaginoso
A cartilagem ou tecido cartilaginoso é um tipo de tecido conjuntivo de consistência
rígida, mas flexível e elástico.

Esse tipo de tecido não possui vasos sanguíneos, vasos linfáticos ou nervos. Por isso, é
considerado um tecido avascular.

O tecido cartilaginoso apresenta uma coloração esbranquiçada ou cinzenta. É encontrado


em várias partes do corpo humano, como: nariz, traqueia, laringe, orelhas, cotovelos,
joelhos, tornozelos, dentre outras.

Pelo fato da cartilagem ser um tecido avascular, a nutrição das células cartilaginosas é
realizada por meio dos vasos sanguíneos do tecido conjuntivo adjacente, o pericôndrio,
através de difusão.

Por esse motivo, o tecido cartilaginoso possui uma lenta capacidade de cicatrização e
regeneração.

Funções

As principais funções das cartilagens são:

 Revestimento das articulações ósseas;


 Amortecimento de impactos e atrito entre os ossos;
 Auxílio nos movimentos corporais;
 Sustentação e proteção para algumas partes do corpo.

249
A presença do tecido cartilaginoso nas articulações responsáveis por sustentar pesos é
fundamental, uma vez que esse tecido admite uma grande quantidade de carga. Essa
situação ocorre nas regiões do quadril, joelhos e tornozelos.

O tecido cartilaginoso é predominante no sistema esquelético do embrião. Ele serve de


molde para os ossos em formação. Durante o proceso de desenvolvimento embrionário,
ele vai sendo substituído.

Características

O tecido conjuntivo cartilaginoso é constituído de fibras proteicas elásticas e colágenas.


Cerca de 60% é formado por colágeno.

Sua matriz extracelular é abundante e rica em proteínas associadas a um glicídio


(glicosaminoglicanas), que confere a consistência firme e flexível ao tecido. As células
cartilaginosas ficam imersas na matriz.

O pericôndrio (peri, ao redor e condros, cartilagem) é o tecido conjuntivo que envolve a


cartilagem.

Por possuir vasos sanguíneos, o pericôndrio também auxilia na obtenção e absorção dos
nutrientes trazidos pelo sangue. Eles são recebidos pela matriz e distribuídos entre as
células cartilaginosas.

Células do Tecido Cartilaginoso


A cartilagem é formada a partir de células mesenquimais (indiferenciadas), que originam
as células jovens, os condroblastos. Elas depois crescem e se transformam em células
maduras, os condrócitos.

Portanto, são dois tipos de células que compõem o tecido cartilaginoso:

1. Condrócitos: células adultas arredondadas (condros, cartilagem e citos, células) que


ficam localizadas dentro de lacunas da matriz. Essa região é uma substância amorfa,
com poucas fibras.
2. Condroblastos: células cartilaginosas jovens (condros, cartilagem e blastos, célula
jovem). São responsáveis pela produção da substância intercelular, que proporciona
resistência ao tecido cartilaginoso.

Tipos de Cartilagem

250
As cartilagens são classificadas de acordo com a textura e quantidade de fibras
presentes. Elas apresentam três tipos:

1. Cartilagem Hialina: É formada por fibras de colágeno tipo II, sendo a cartilagem de
revestimento ósseo mais abundante do corpo humano. É muito resistente e encontrada
na traqueia, na laringe e no septo nasal.
2. Cartilagem Fibrosa: Também chamada de fibrocartilagem, apresenta grande
quantidade de colágeno I e não possui pericôndrio. É encontrada na mandíbula, coluna
vertebral (entre as vértebras nos discos intervertebrais), menisco (joelho) e na
articulação do púbis.
3. Cartilagem Elástica: Cartilagem leve e flexível que apresenta grande quantidade de
fibras elásticas (elastina) e baixa quantidade de colágeno. É encontrada nos ouvidos,
epiglote e laringe.

Características dos tipos de cartilagens

Para saber mais, leia também:

 Histologia
 Tecidos do Corpo Humano

251
 Ossos do Corpo Humano

Doenças relacionadas à Cartilagem

Muitas doenças estão associadas ao desgaste da cartilagem. Como exemplos temos a


artrose, a osteoartrose e a osteoartrite. Essa última é a doença reumática mais comum,
provocada pela lesão da cartilagem articular, que altera sua espessura.

Observe que uma vez que a cartilagem não possui nervos, não causa dores. Esse fator
proporciona o avanço de diversas doenças relacionadas ao tecido cartilaginoso, como:
doença de Bessel-Hagem, que consiste no desenvolvimento anormal das cartilagens,
artrite reumatoide, dentre outras.

Tecido Ó sseo
O tecido ósseo é uma forma especializada de tecido conjuntivo, no qual as células ósseas
encontram-se em uma matriz extracelular rica em colágeno, fosfato de cálcio e íons.

É o principal constituinte do esqueleto.

Apesar de sua estrutura rígida, os ossos são elementos vivos e dinâmicos que estão em
constante remodelação.

Classificação do Tecido Ósseo

O tecido ósseo pode ser classificado quanto à sua estrutura macroscópica (observada a
olho nu) e microscópica.

Quanto à estrutura macroscópica, o tecido ósseo pode ser classificado em osso


compacto e osso esponjoso:

Osso Compacto
É formado por partes sem cavidades visíveis.

Estão tipos ósseos estão relacionados com proteção, suporte e resistência.

Geralmente, são encontrados nas diáfises (haste longa do osso).

252
Osso Esponjoso
É formado por partes com muitas cavidades intercomunicantes.

Representa a maior parte do tecido ósseo dos ossos curtos, chatos e irregulares.

A maior parte é encontrada nas epífises (as extremidades alargadas de um osso longo).

Quanto a estrutura microscópica, o tecido ósseo pode ser classificado


em primário e secundário:

Tecido ósseo primário


Também chamado de não-lamelar ou imaturo.

Apresenta disposição irregular das fibras de colágeno, não forma-se lamelas.

Possui menos minerais e maior quantidade de osteócitos, comparado com o tecido


ósseo secundário.

É o primeiro tipo de osso que se forma, ainda durante o desenvolvimento embrionário.


Este tecido é pouco frequente em adultos, persistindo em locais de intensa remodelação,
como os alvéolos dentários e regiões de inserção de tendões.

Tecido ósseo secundário


Também chamado de lamelar ou maduro, é encontrado nos adultos.

Apresenta as fibras colágenas organizadas em lamelas, que ficam paralelas umas às


outras. Os osteócitos se dispõem no interior ou na superfície de cada lamela.

Esse tipo de tecido é composto por um conjunto de camadas de lamelas circulares,


concêntricas e com diferentes diâmetros, chamadas de sistemas de Havers ou sistema
harvesiano.

253
Tecido ósseo secundário. Os pontos mais claros representam os sistemas de Havers e os
pontos pretos são osteócitos
Composição do Tecido Ósseo

O tecido ósseo é formado por células e material extracelular calcificado, a matriz óssea.

As células deste tecido podem ser de três tipos: osteoblastos, osteócitos e osteoclastos.

Os osteoblastos localizam-se periferia do osso e possuem longos prolongamentos


citoplasmáticos que tocam os osteoblastos vizinhos.

São responsáveis pela produção da matriz óssea que se deposita ao seu redor. Quando
aprisionados pela matriz recém-sintetizada, passam a ser chamados de osteócitos.

Os osteócitos são as células mais abundantes do tecido ósseo. Ao ficarem retidos na


matriz celular, as projeções citoplasmáticas de cada célula diminui. Assim, os canais onde
esses prolongamentos estavam situados servem de comunicação entre uma lacuna e
outra.

Também é através desses canais que as substâncias nutritivas e o gás oxigênio chegam
às células ósseas. Os canais ósseos constituem uma complexa rede, responsável pela
manutenção e vitalidade da matriz óssea.

Os osteoclastos são células volumosas e multinucleadas (6 a 50 núcleos). Originam-se da


fusão das células do sangue, os monócitos. Entram em atividade na fase de reabsorção
óssea, pois podem se mover nas superfícies ósseas e destruir áreas lesadas ou
envelhecidas.

254
Com isto, permitem a atividade dos osteoblastos que continuam a produção da matriz
óssea. A ação dos osteoblastos e osteoclastos faz com que os ossos estejam em contínua
remodelação.

A matriz óssea é composta por uma parte orgânica e inorgânica. A parte orgânica é
constituída por fibras colágenas, proteoglicanos e glicoproteínas. Enquanto, a parte
inorgânica é composta por íons de fosfato e cálcio. Além de outros íons em menor
quantidade, como o bicarbonato, magnésio, potássio, sódio e citrato.

Revestimentos dos Ossos

A superfície externa dos ossos é envolvida por uma camada de tecido conjuntivo, o
periósteo.

O tecido ósseo é altamente vascularizado. No periósteo existem vasos sanguíneos e


nervos que penetram nos ossos através de pequenos orifícios.

A superfície interna dos ossos é revestida pelo endósteo, formado por osteoblastos e
osteoclastos.

Funções do Tecido Ósseo

 Suporte para as partes moles e protege órgãos vitais;


 Locomoção do corpo;
 Reservatório de cálcio para o organismo.

Tecido Sanguíneo
O sangue, ou tecido sanguíneo, é formado no tecido hemocitopoético. Mais conhecido
como medula óssea vermelha, ele está localizado no interior de alguns ossos, como os
localizados na região pélvica, esterno, clavícula e costelas.
As funções do tecido sanguíneo incluem o transporte de hormônios até seu local de
atuação; transporte de gás oxigênio e nutrientes às células; captura de gás carbônico e
excreções celulares; e defesa a agentes estranhos. Uma pessoa adulta tem, em média,
cinco litros dessa substância em seu corpo.

255
A porção fluida do sangue é chamada plasma. Essa substância, de cor amarelada, é
responsável por aproximadamente 55% do volume total desse tecido. Ele é constituído
predominantemente por água (cerca de 90%); havendo ali também substâncias que são
transportadas pelo sangue, como hormônios, nutrientes, gases e excretas; além de sais
minerais, proteínas e as células sanguíneas.
As principais proteínas são as albuminas, responsáveis pela pressão osmótica
sanguínea e transporte de ácidos graxos e hormônios; globulinas, capazes de combater
infecções (gamaglobulina) e transportar lipídios (lipoproteínas); e fibrinogênio, que
auxilia no processo de coagulação sanguínea.
Quanto às células sanguíneas, são elas:
HEMÁCIAS
São também chamadas de glóbulos vermelhos, ou eritrócitos. Tais estruturas de forma
discoide, e achatadas no centro, apresentam núcleo – exceto no caso dos mamíferos.
Elas possuem em seu interior moléculas de uma proteína chamada hemoglobina, que é
a responsável pela coloração vermelha do sangue, e também pela captura de oxigênio
nos pulmões, transportando-o para as células do corpo. Quanto ao gás carbônico,
menos de 25% dele se une à hemoglobina, e o restante é transportado pelo plasma.
Em pessoas adultas, há cerca de 4,5 milhões dessas células em cada milímetro cúbico
de sangue. Pouco mais de 40% dele é constituído pelas hemácias.
LEUCÓCITOS
Também chamados de glóbulos brancos, são células de formato circular, dotadas de
núcleo. Desempenham funções de acordo com o tipo celular, embora a função de
defesa seja a principal. Correspondem a pouco mais de 1% do volume total sanguíneo.
Leucócitos podem ser granulosos ou agranulosos, de acordo com a presença ou não de
grânulos em seu citoplasma, ao ser visualizado ao microscópio. Assim, temos:
Leucócitos granulosos:
- Neutrófilos. Núcleo com três lóbulos, geralmente. Fagocitam micro-organismos
invasores e partículas estranhas. São os leucócitos mais abundantes.
- Eosinófilos. Também chamados de acidófilos, o núcleo geralmente se apresenta com
dois lóbulos. Graças principalmente a substâncias tóxicas liberadas por seus grânulos,
são capazes de combater parasitas de maior tamanho, tais como vermes. Além disso,
liberam anti-histamínicos, evitando a manifestação de processos alérgicos.

256
- Basófilos. Possuem núcleo disforme, e seus grânulos se apresentam maiores em
relação aos das duas células já citadas, geralmente mascarando seu núcleo. Ele é
responsável pela liberação de heparina, um anticoagulante; e de histamina: substância
que propicia maior eficiência na resposta dos anticorpos e neutrófilos a infecções, sendo
também responsável pela manifestação de sintomas típicos da alergia, como
vermelhidão e coriza.
Leucócitos agranulosos:
- Monócitos. Possuem tamanho maior que as demais células, apresentando núcleo com
formato semelhante ao de uma ferradura. Ficam por pouco tempo na corrente
sanguínea, migrando para tecidos específicos, como os do baço, pulmões, fígado e
encéfalo. Lá, transformam-se em células denominadas macrófagos, bastante eficientes
no processo fagocitário de agentes invasores, células mortas, e demais resíduos. No
tecido ósseo, os monócitos formam os osteoclastos, responsáveis pela reabsorção de
tecido ósseo, permitindo sua regeneração por células responsáveis por essa função (os
osteoblastos).
- Linfócitos. Essas células responsáveis pela defesa do corpo possuem núcleo muito
grande, quase ocupando todo o seu espaço. Podem ser de dois tipos: linfócitos T ou B.
Estes produzem os anticorpos, capazes de reconhecer e combater substâncias
estranhas e micro-organismos invasores. Já os linfócitos T atacam e destroem células
anormais, como aquelas infectadas por vírus ou cancerosas (linfócitos T citotóxicos, ou
CD8), ou estimulam a ação destes e dos linfócitos B (linfócitos T auxiliadores, ou CD4).
PLAQUETAS
Também chamadas de trombócitos, as plaquetas são fragmentos citoplasmáticos que
compõem menos de 1% do sangue. Elas são muito importantes no que diz respeito ao
processo de coagulação sanguínea, tanto na prevenção quanto na interrupção desses
eventos. Em um ferimento, elas se direcionam ao vaso sanguíneo rompido, formando
um tampão; e também propiciam a atuação de substâncias que auxiliam nesse
processo.

Plasma e Hemá cias


O Plasma é um dos componentes do sangue junto aos glóbulos brancos, glóbulos
vermelhos e as plaquetas.

257
É um líquido amarelado que constitui aproximadamente 55% do sangue, enquanto as
hemácias (glóbulos vermelhos) corresponde a 44% e os leucócitos (glóbulos brancos) e
plaquetas compõe 1% de sua totalidade.

Funções do Plasma

O plasma é um tecido especial porque é líquido e graças a isso pode cumprir a função
principal do sangue que é transportar substâncias pelo corpo.

As substâncias presentes no sangue são os nutrientes provenientes da alimentação,


resíduos de excreção, medicamentos que usamos e as células, como os glóbulos brancos
responsáveis pela defesa do corpo.

Resumindo, o plasma serve para:

 Transporte de substâncias: nutrientes, resíduos, hormônios, medicamentos e células;


 Controle da pressão osmótica intravascular;
 Proteção do organismo através dos leucócitos;
 Reserva de proteínas do organismo.

Proteínas Presentes no Plasma


As proteínas presentes no plasma corresponde aproximadamente 7% de sua composição
e são muito importantes para o transporte de substâncias, coagulação sanguínea e
defesa do organismo.

1. Albumina: presente em maior parte no plasma sanguíneo, essa proteína auxilia no


controle osmótico e no transporte dos ácidos graxos e hormônios.
2. Fibrinogênio: proteína responsável pela coagulação sanguínea.
3. Globulina: proteína responsável pela defesa do organismo, uma vez que participa na
composição dos anticorpos, além do transporte de substâncias.

Componentes do Plasma

O plasma é composto de:

 Água (aproximadamente 90%);


 Enzimas e Hormônios;
 Gases (oxigênio e gás carbônico);
 Glicose, Proteínas e Aminoácidos;

258
 Sais Minerais e Vitaminas.

Saiba tudo sobre o sangue, leia também:

 Sangue
 Hemácias
 Leucócitos
 Plaquetas
 Sistema ABO e Fator Rh

Transfusão de Sangue

Quando há doação de sangue, o líquido é dividido em três


componentes: Hemácias (glóbulos vermelhos) para tratar anemias; as Plaquetas para
tratar ou evitar sangramentos; e o Plasma que serve para tratar hemorragias.

A história da transfusão de sangue tem início em 1665, na Universidade de Oxford, na


Inglaterra, na medida em que o estudioso Richard Lower realiza o teste em animais.

Dois anos depois, em Paris, o professor Jean Baptiste Denis realiza o procedimento num
ser humano contudo, utilizando o sangue de animal. Dessa maneira, o estudioso
defendia a ideia de que o sangue do animal estaria mais limpo visto que não possuía
vícios.

No entanto, é no século XIX que James Blundell realiza a primeira transfusão de sangue
entre humanos numa mulher que apresentava hemorragia pós parto. Assim, depois de
muitas experimentações, conclui-se que o procedimento seria benéfico uma vez que
poderia salvar vidas.

As Hemácias são células circulares presentes no sangue que vivem no organismo


por 120 dias e, ademais, são formadas de hemoglobina e globulina. A hemoglobina,
uma proteína vermelha que contém ferro, é considerada a principal proteína intracelular
das hemácias, e sua função é transportar o oxigênio no sangue. Por outro lado,
a globulina é uma das proteínas presentes no plasma sanguíneo, junto da albumina e do
fibrinogênio e suas funções são basicamente o transporte e a coagulação do sangue.

As hemácias são também conhecidas pelos termos "glóbulos vermelhos" ou


"eritrócitos" e sua principal função é o transporte de oxigênio e de gás carbônico no
sangue. A quantidade de hemácias presentes no sangue de cada ser humano é variável,

259
por exemplo, quanto ao sexo: nas mulheres adultas são aproximadamente 4,8 milhões de
hemácias por milímetro cúbico, enquanto nos homens adultos há aproximadamente 5,5
milhões por milímetro cúbico.

Produção das Hemácias

Denominado de Eritropoiese, o processo de produção de eritrócitos ou hemácias ocorre


na medula óssea vermelha. Nesse processo, iniciado por uma célula-mãe que gera
quatro células, ocorre a síntese de DNA e de hemoglobina, mitoses e absorção do ferro.
Assim, no período de três dias, originarão hemácias maduras anucleadas, ou seja, sem
núcleo. Desde então, essas novas hemácias ou glóbulos vermelhos atuarão como
reservas energéticas responsáveis pelo transporte de oxigênio e gás carbônico e viverão
no organismo por 120 dias.

Doenças

Muitas doenças estão associadas à hemácias, por exemplo, a anemia. Assim, a


"Microcitose", corresponde a diminuição do tamanho dos eritrócitos e está intimamente
relacionada à deficiência de ferro, anemias sideroblásticas e talassemias.Por outro lado, a
denominada "Macrocitose", ou seja, o aumento de tamanho das hemácias no sangue
relaciona-se com a deficiência de vitamina B12, hipotireoidismo, anemia aplástica e
doenças hepáticas.

As anemias são doenças caracterizadas pela diminuição das hemácias no sangue e


consequentemente pela dificuldade no transporte de oxigênio. Alguns tipos de anemias
são: anemia falciforme, anemia ferropénica, anemia hemolítica, anemia perniciosa,
anemia aplástica, esferocitose, eritrocitoses e talassemia.

Plaquetas e Coagulaçã o Sanguínea


As plaquetas sanguíneas são fragmentos citoplasmáticos anucleares presentes no
sangue, originados na medula óssea.

Sua principal função está relacionada ao processo de coagulação sanguínea.

Função das plaquetas

260
As plaquetas são responsáveis pela coagulação, que envolve uma complexa cadeia de
reações enzimáticas.

Como exemplo, podemos pensar num ferimento que aos poucos vai deixando de liberar
sangue formando o coágulo ou trombo, por isso as plaquetas são também chamadas
trombócitos.

Esse processo de regeneração dos tecidos lesionados é realizado por meio do trabalho
das plaquetas e seus fatores plaquetários e por diversas substâncias chamadas fatores de
coagulação, presentes no plasma sanguíneo e envolvidas na cascata de reações
enzimáticas.

Também estimulam a vasoconstricção, ou seja, a contração do vaso diminuindo o seu


diâmetro.

Como acontece a coagulação?


As plaquetas liberam a enzima tromboplastina ou tromboquinase, também liberada pelas
células da superfície interna do vaso rompido. Com isso, a protombina torna-se ativa e se
transforma em trombina, que também depende da presença de íons cálcio e da vitamina
K.

Por fim, ocorre a transformação do fibrinogênio em filamentos de fibrina formando uma


rede, que favorece o fechamento do local ao reter as hemácias e outros elementos
figurados do sangue.

A rede de fibrina origina o coágulo, evitando, dessa maneira, a perda excessiva de


sangue (hemorragia).

Contagem de Plaquetas

As plaquetas estão presentes em cada gota de sangue e seu número é de


aproximadamente 150.000 a 400.000 plaquetas por milímetro cúbico em condições
normais de saúde.

Além disso, as plaquetas estão presentes no sangue aproximadamente 10 dias e


terminam no baço, órgão linfático, responsável por sua destruição.

Muitas doenças estão relacionadas à diminuição e ao aumento do número de plaquetas


no sangue, o que pode ser detectado em exames de sangue específicos.

261
Plaquetas Baixas ou Plaquetas Altas: o que pode ser?
Assim, quando há a diminuição das plaquetas na circulação sanguínea, ocorrerá
a plaquetopenia (trombocitopenia) e pode indicar a presença de algumas doenças
como: dengue, anemia perniciosa, lúpus, leucemia, infecção ativa, dentre outras.

Por outro lado, quando houver o aumento das plaquetas, ocorre a


chamada plaquetose (trombocitoce) e podem indicar a presença de algumas doenças
como: anemia ferropriva, artrite reumatoide, leucemia, linfoma, tumor sólido, policitemia
vera, pós-esplenectomia (retirada do baço).

Doenças Genéticas

 Hemofilia: é uma doença hereditária ligada ao cromossomo X, que ocorre quase que
exclusivamente nos homens, sendo as mulheres portadoras. O tipo mais comum
caracteriza-se pela deficiência no fator de coagulação VIII (hemofilia A), o outro tipo
deve-se à deficiência do fator IX (hemofilia B). O principal sintoma é a hemorragia
causada por traumas, geralmente em regiões cutâneo-mucosas (gengivas), musculares,
de tecidos moles, articulares e viscerais.
 Doença de Von Willebrand: disfunção da proteína denominada fator de von
Willebrand (FvW) essa doença é caracterizada por uma deficiência hereditária que
dificulta o estancamento do sangue. Por isso, pacientes que possuem esse tipo de
disfunção sangram demasiado quando apresentam algum ferimento. A doença de von
Willebrand não tem cura, contudo o problema pode ser atenuado com o uso de
medicamentos.
 Síndrome de Bernard-Soulier: Doença rara e hereditária causada pela presença de
plaquetas gigantes no sangue. Assim, pessoas que tem essa síndrome apresentam
problemas como o excesso de sangramento (nas mucosas, gengivas, nariz), facilidade
em ter hematomas, menorragia, bem como as hemorragias prolongadas.
 Síndrome de Aarskog: Conhecida também pelos nomes "Síndrome de Aarskog-Scott",
"Displasia Faciogenital" e "Síndrome Faciodigitogenital", essa rara doença é
caracterizada por uma síndrome genética recessiva ligada ao cromossomo X, e seus
portadores, em sua maioria homens, podem apresentar problemas como: anomalias
(faciais, esqueléticas, genitais), baixa estatura, déficit de atenção, hiperatividade,
crescimento lento, deficiência mental, dentre outras.
 Trombastenia de Glanzmann: Doença genética hemorrágica caracterizada por um
distúrbio de coagulação crônica ocasionado pela deficiência da proteína fibrinogênio

262
responsável pela formação de coagulação sanguínea. O tratamento é feito à base de
medicamentos e transfusão de plaquetas.

A coagulação sanguínea pode ser definida como uma série de eventos que provocam a
formação de um coágulo. Ela é de extrema importância para o funcionamento do
organismo, pois impede, por exemplo, que uma grande quantidade de sangue seja
perdida em hemorragias. Ela contribui, portanto, para a hemostasia (processos que
contribuem para a fluidez do sangue pelo vaso).

→ Modelo clássico da coagulação sanguínea

O modelo clássico de cascata de coagulação foi proposto por Macfarlane, Davie e


Ratnoff em 1964. Esse modelo, apesar de muito difundido, não representa todos os
eventos relacionados com a coagulação do sangue.

De acordo com o modelo clássico, a coagulação ocorre em duas vias: uma que envolve
elementos do sangue e aqueles que não estão presentes no espaço intravascular (via
extrínseca) e outra via que apresenta componentes presentes no espaço intravascular
(via intrínseca). O processo se dá pela ativação de diferentes fatores, que são
representados por algarismos romanos de I a XII.

Inicialmente, na via extrínseca, o fator VII plasmático é ativado pelo cofator FT (fator
tecidual), dando origem ao complexo fator VII ativado/FT. Esse complexo ativa o fator X.
Na via intrínseca, ocorre inicialmente a ativação do fator XII após o contato com
superfícies (ativação por contato). O fator XII ativa o fator XI, que ativa o fator IX. Esse
último, na presença do fator VIII ativado e íons cálcio, ativa o fator X. Após a ativação do
fator X, as duas vias convergem para o mesmo ponto: a ativação do fator X. O fator X
desencadeia a produção de trombina e fibrina.

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→ Novo modelo de coagulação

O novo modelo de coagulação leva em conta as superfícies celulares e aparece em


substituição ao modelo da cascata. Segundo esse modelo, a coagulação ocorre em
quatro fases:

1. Iniciação: ocorre a pertubação do endotélio vascular e das células do sangue. Em


seguida, há a interação entre o Fator VIIa e o FT, formando o complexo FVIIa/FT;

263
2. Amplificação: A trombina ativa plaquetas, cofatores V e VIII e o fator XI na
superfície das plaquetas. Inicia-se aí o processo que forma o tampão plaquetário
inicial;
3. Propagação: A produção de trombina é aumentada e forma-se um tampão estável
no local da lesão. Essa fase destaca-se pelo acúmulo de plaquetas;
4. Finalização: surgem medidas para evitar a disseminação da ativação da
coagulação. Esse processo de limitação evita a oclusão trombótica do vaso.

→ Hemofilia

A hemofilia é um problema genético que afeta diretamente a coagulação do


sangue, aumentando as chances de hemorragias. Esse problema genético ocorre em
virtude da ausência ou diminuição de um dos fatores de coagulação, que são
essenciais para a formação e estabilização de um coágulo.

Esse distúrbio afeta principalmente homens e desencadeia sangramentos prolongados.


Para tratar a hemofilia, um distúrbio que não possui cura, o paciente necessita repor o
fator deficiente. A medicação pode ser conseguida gratuitamente nos postos de
atendimento do Sistema Único de Saúde.

Leucó citos
Os leucócitos, também chamados de glóbulos brancos, são células sanguíneas
produzidas na medula óssea e nos linfonodos.

São os principais agentes do sistema imunológico do nosso corpo, sendo que seu
número varia entre 4 500 mil a 11 000 mil por milímetro cúbico de sangue em um adulto.

Pela ação dos linfócitos, agentes infecciosos, como as bactérias, os vírus e as substâncias
tóxicas que atacam o nosso corpo, são impedidos de causar infecções e outras doenças.

Características dos Leucócitos

Os leucócitos são células incolores, que possuem diferentes tipos, distinguidos pela
forma de seus núcleos e modo de atuação.

Esses glóbulos brancos atuam na defesa do organismo da seguinte forma:

264
 Fagocitose (defesa ativa): captura de partículas identificadas como antígenos (corpos
estranhos). Nesse processo, as células sanguíneas de defesa englobam, digerem e
destroem os microrganismos invasores;
 Defesa passiva: fabricação de anticorpos, proteínas especiais, para neutralizar os
antígenos e as substâncias tóxicas produzidas pelos seres invasores ou presentes em
alimentos e substâncias diversas;
 Diapedese: propriedade de atravessar os vasos sanguíneos, sair pelas paredes capilares
e migrarem para os tecidos próximos.

Os leucócitos apresentam proteínas que atuam como “marcadores de identidade celular”,


trata-se do sistema Antígenos Leucocitários Humanos (em inglês, Human leukocyte
antigen - HLA), que é capaz de identificar corpos estranhos e impedir que se espalhem
pelo organismo.

Das células sanguíneas, os leucócitos (glóbulos brancos) são maiores que


as hemácias (glóbulos vermelhos), embora estejam em menor número no sangue.

Tipos de Leucócitos

No sangue, há vários leucócitos de diferentes formatos, tamanhos, formas de núcleos e


funções, sendo os principais tipos:

 Neutrófilos
 Eosinófilos
 Basófilos
 Linfócitos
 Monócitos

265
Leucócitos granulares
Fazem parte desse grupo os neutrófilos, eosinófilos e basófilos. Eles podem ser
reconhecidos pelo uso de microscópio óptico devido à presença de grânulos, fazendo
com que, através de métodos de coloração, esses tipos apresentem cores distintas.

Neutrófilos
São ativos e numerosos (55% a 65%) e, por isso, são os primeiros a agirem quando há
uma infecção. Entretanto, morrem rapidamente após fagocitarem o invasor. São também
chamados de piócitos ou corpúsculos de pus.

Eosinófilos
São comuns na mucosa intestinal (2% a 4%). Seu número aumenta muito no sangue em
processos alérgicos e infecções parasitárias, atuando como uma resposta primária.

Basófilos
São os menos numerosos (1% a 2%) e produzem heparina, um anticoagulante, e
histamina, uma substância vasodilatadora liberada nos estados alérgicos.

Leucócitos agranulares
São os tipos que não apresentam grânulos, ou seja, as vesículas citoplasmáticas
evidentes. Fazem parte desse grupo linfócitos e monócitos, pequenos leucócitos que
não são vistos com uso de microscópio e corantes.

Linfócitos
Os linfócitos são ativos (25% a 35%) nas reações a antígenos, relacionando-se à
produção de anticorpos. Participam também dos mecanismos de rejeição de enxertos,
sendo chamadas de células de rejeição, encontram-se em maior quantidade no sistema
linfático.

Monócitos
São leucócitos grandes, de intensa atividade fagocitária (3% a 5%). Podem concentrar-se
em maior número em regiões de focos infecciosos. A ação é mais demorada que a
resposta dada pelos neutrófilos, porém tem um tempo de vida maior.

A importância dos leucócitos: o que indicam sobre a saúde de alguém?

266
O leucograma faz parte do hemograma, exame que analisa a composição do sangue. No
leucograma é realizada a contagem de leucócitos e, consequentemente, a avaliação do
sistema imunológico e defesa do organismo.

O número alto ou baixo de leucócitos pode indicar a ocorrência


da leucocitose ou leucopenia. A contagem diferencial de leucócitos determina qual o
tipo que teve sua quantidade aumentada ou diminuída.

Leucocitose
Quando os leucócitos estão com níveis aumentados, ou seja, superior a 11 000 chama-se
de leucocitose.

Entende-se que o organismo está atuando, por exemplo, contra algum estresse
provocado por organismos invasores, efeito colateral de um medicamento ou alergia. Em
doenças infecciosas, como pneumonia e meningite, a contagem de glóbulos brancos no
sangue costuma aumentar.

Leucopenia
Quando os níveis de leucócitos estão abaixo de 4 500 no exame de sangue chama-se de
leucopenia.

Essa anormalidade pode ser causada, por exemplo, pelo uso de antibióticos, anemia ou
quimioterapia. Em certas infecções virais, como o sarampo, a contagem de glóbulos
brancos no sangue pode diminuir.

Tecido Muscular
O tecido muscular relaciona-se com a locomoção e outros movimentos do corpo.

Entre as suas principais características estão: excitabilidade, contratilidade, extensibilidade


e elasticidade.

Os músculos representam 40% da massa corporal. Por isso, em muitos animais o tecido
muscular é o mais abundante.

267
As células do tecido muscular são alongadas e recebem o nome de fibras musculares ou
miócitos. São ricas em duas proteínas: actina e miosina.

No estudo do tecido muscular, os seus elementos estruturais recebem uma denominação


diferenciada. Entenda cada uma delas:

Célula = Fibra Muscular;


Membrana Plasmática = Sarcolema;
Citoplasma = Sarcoplasma;
Retículo Endoplasmático Liso = Retículo Sarcoplasmático
Funções do Tecido Muscular

 Movimento do corpo
 Estabilização e postura
 Regulação do volume dos órgãos
 Produção de calor

O tecido muscular é classificado em três tipos: estriado esquelético, estriado


cardíaco e liso ou não-estriado.

Cada tecido é formado por fibras musculares que possuem características morfológicas e
funcionais particulares, como veremos a seguir:

Tecido Muscular Estriado Esquelético

O termo esquelético deve-se à sua localização, pois está ligado ao esqueleto.

O tecido muscular estriado esquelético possui contração voluntária e rápida.

Cada fibra muscular contém várias miofibrilas, filamentos de proteínas (actina, miosina e
outras).

A organização desses elementos faz com que se observem estriações transversais ao


microscópio de luz, o que conferiu o nome estriado ao tecido.

As fibras musculares estriadas esqueléticas possuem forma de longos cilindros, que


podem ter o comprimento do músculo a que pertencem. São multinucleadas e os
núcleos se situam na periferia da fibra, junto à membrana celular.

268
Corte longitudinal das fibras esqueléticas, onde é possível observar suas estriações
A fibra muscular e a contração
A contração muscular permite a locomoção e os demais movimentos do corpo.

As fibras musculares contraem-se devido ao encurtamento das miofibrilas, filamentos


citoplasmáticos ricos em proteínas actina e miosina, dispostas ao longo de seu
comprimento.

Esses filamentos podem ser observados em microscópio óptico, Nele podem ser
observadas a presença de estriações transversais pela alternância de faixas claras (Banda
I, miofilamentos de actina) e faixas escuras (Banda A, miofilamentos de miosina).

A essa estrutura dá-se o nome de sarcômero, que representa a unidade funcional da


contração muscular.

Uma célula muscular tem entre dezenas e centenas de sarcômeros arranjados na


miofibrila. Cada sarcômero é delimitado por dois discos transversais, chamados de linhas
Z.

269
O sarcômero e sua atuação durante a
contração muscular

De forma resumida, a contração muscular refere-se ao deslizamento da actina sobre a


miosina.

Isso porque a actina e miosina formam filamentos organizados que permite o


deslizamento de uns sobre os outros, encurtando as miofibrilas e levando à contração
muscular.

No citoplasma da fibra muscular é possível encontrar diversas mitocôndrias, que


garantem a energia necessária para a contração muscular e grânulos de glicogênio.

As fibras musculares são mantidas unidas devido ao tecido conjuntivo. Este tecido
permite que a força de contração, gerada por cada fibra individualmente, atue sobre o
músculo inteiro.

Além disso, o tecido conjuntivo nutre e oxigena as células musculares e transmite a força
gerada na contração aos tecidos vizinhos.

Tecido Muscular Estriado Cardíaco

É o principal tecido do coração.

Este tecido possui contração involuntária, vigorosa e rítmica.

270
É constituído por células alongadas e ramificadas, dotadas de um núcleo ou dois núcleos
centrais.

Apresentam estrias transversais, seguindo o padrão de organização dos filamentos de


actina e miosina. Porém, não se agrupam em miofibrilas.

Diferencia-se do tecido muscular estriado esquelético por suas estriações serem mais
curtas e não tão evidentes.

Tecido Muscular Cardíaco em corte longitudinal. As estriações são menos aparentes


As fibras cardíacas são envolvidas por um envoltório de filamentos de proteínas, o
endomísio. Não há perimísio e nem epimísio.

As células estão unidas entre si, através de suas extremidades, por estruturas
especializadas: os discos intercalares. Estas junções permitem a adesão entre as fibras e a
passagem de íons ou pequenas moléculas de uma célula a outra.

Quase metade do volume celular é ocupado por mitocôndrias, o que reflete a


dependência do metabolismo aeróbico e a necessidade contínua de ATP.

O tecido conjuntivo preenche os espaços entre as células e os seus capilares sanguíneos


oferecem oxigênio e nutrientes.

Os batimentos cardíacos são controlados por um conjunto de células musculares


cardíacas modificadas, denominado de marca-passo cardíaco ou nó sinoatrial. A cada
segundo, aproximadamente, um sinal elétrico se propaga pela musculatura cardíaca,
gerando a contração.

271
Tecido Muscular Liso ou Não-Estriado

Sua principal característica é a ausência de estriações.

Presente nos órgãos viscerais (estômago, intestino, bexiga, útero, ductos de glândulas e
paredes dos vasos sanguíneos).

Constitui a parede de muitos órgãos, sendo responsável por movimentos internos como
o movimento dos alimentos através do tubo digestivo.

Este tecido possui contração involuntária e lenta.

As células são uninucleadas, alongadas e com extremidades afiadas.

Ao contrário dos tecidos estriado esquelético e cardíaco, o tecido muscular liso não
apresenta estriações. Isto porque, os filamentos de actina e miosina não se organizam no
padrão regular apresentado por células estriadas.

Tecido Muscular Liso e a ausência de estriações


As células estão unidas por meio de junções do tipo gap e de zonas de oclusão.

No tecido muscular liso não é encontrado perimísio e nem epimísio.

Tecido Nervoso

272
O tecido nervoso é um tecido de comunicação, capaz de receber, interpretar e responder
aos estímulos.

As células do tecido nervoso são altamente especializadas no processamento de


informações.

Os neurônios transmitem os impulsos nervosos e as células da glia atuam junto com eles.

Função

A função do tecido nervoso é fazer as comunicações entre os órgãos do corpo e o meio


externo.

Tudo acontece de forma muito rápida. Através dos neurônios, o sistema nervoso recebe
estímulos, decodifica as mensagens e elabora respostas.

Por exemplo: o frio (estímulo externo) é recebido pelos receptores da pele, transmitido
por neurônios sensitivos e interpretado no sistema nervoso central.

Células Nervosas

As células do tecido nervoso podem ser de dois tipos: neurônios e células gliais.

273
Representação de um neurônio e de células da glia. Observe o oligodendrócito que
envolve o axônio neuronal

Neurônios
Os neurônios transmitem informações através de mediadores químicos,
os neurotransmissores, e de impulsos elétricos.

Podemos identificar três regiões na maioria dos neurônios, são elas:

 Corpo celular: nele se localizam o núcleo e as organelas, por exemplo, mitocôndrias.


 Axônio: é um prolongamento longo do corpo celular, geralmente único, de espessura
constante. É envolvido por macroglias de dois tipos: Oligodendrócitos e Células de
Schwann.
 Dendritos: são prolongamentos curtos do corpo celular, com muitas ramificações que
se afinam nas pontas.

Podem ser de vários tipos e classificados da seguinte maneira:

 Segundo a forma: Neurônios Multipolares, Bipolares e Unipolares


 Segundo a função: Neurônios Sensitivos, Motores e Integradores

Células da Glia
As células da glia, ou neuróglias, são muito mais numerosas do os neurônios. Sua função
é nutrir e proteger o sistema nervoso.

Além disso, ajudam na regulação das sinapses e transmissão dos impulsos elétricos.

Existem dois tipos de células gliais, a saber:

 Microglias: protegem o sistema nervoso, agindo de forma semelhante aos macrófagos.


 Macroglias: há quatro subtipos, cada uma com função específica, ajudando na
transmissão dos impulsos nervosos. São elas: os astrócitos, os oligodendrócitos, os
ependimócitos e as células de Schwann.

Características

O tecido nervoso constitui os órgãos do sistema nervoso, que pode ser classificado em
dois:

274
Sistema Nervoso Central

Corte histológico do Cerebelo. Na parte central, em rosa, ficam os prolongamentos dos


neurônios formando a substância branca. Na parte externa (córtex) ficam os corpos
celulares, formando a substância cinzenta.

Formado pelo encéfalo, que fica dentro da caixa craniana, e pela medula espinhal.

No cérebro e cerebelo, que compõem o encéfalo, os corpos celulares dos neurônios se


concentram na região mais externa (córtex) formando a substância cinzenta.

Os prolongamentos (axônios) formam a região mais interna chamada substância branca.

Enquanto que na medula espinhal, a substância branca é mais externa e a cinzenta é


interna

Sistema Nervoso Periférico


Formado pelos nervos e gânglios. Os nervos são compostos de fibras nervosas.

As fibras, por sua vez, são constituídas pelos axônios e pelas células de Schwann, que os
revestem.

Os gânglios são porções dilatadas dos nervos, onde se concentram corpos celulares dos
neurônios.

275
Impulsos Nervosos e Sinapses
A transmissão do impulso nervoso é a forma de comunicação dos neurônios. Os
impulsos são fenômenos de natureza eletroquímica, uma vez que envolvem substâncias
químicas e a propagação de sinais elétricos.

As sinapses ocorrem entre os prolongamentos dos neurônios (axônio de uma célula e


dendritos da vizinha). Ocorrem devido a substâncias químicas, os mediadores
chamados neurotransmissores.

Os sinais elétricos geram um potencial de ação nas membranas dos neurônios, isso quer
dizer, que há mudança de cargas elétricas.

Sinapses
Sinapse é a região localizada entre neurônios onde agem os neurotransmissores
(mediadores químicos), transmitindo o impulso nervoso de um neurônio a outro, ou de
um neurônio para uma célula muscular ou glandular.

Neurotransmissores transmitindo o sinal


entre neurônios

276
O que são Sinapses?

As sinapses são junções entre a terminação de um neurônio e a membrana de outro


neurônio. São elas que fazem a conexão entre células vizinhas, dando continuidade à
propagação do impulso nervoso por toda a rede neuronal.

Os neurônios fazem a comunicação entre os órgãos do corpo e o meio externo, isso


acontece através de sinais elétricos. Os impulsos elétricos percorrem toda a extensão do
neurônio, indo do corpo celular aos axônios, mas não podem passar de um neurônio a
outro.

Representação da sinapse

O espaço entre as membranas das células é chamado fenda sináptica. A membrana do


axônio que gera o sinal e libera as vesículas na fenda é chamada pré-sináptica,
enquanto que a membrana que recebe o estímulo através dos neurotransmissores é
chamada pós-sináptica.

Como Ocorrem as Sinapses?

Geralmente a sinapse ocorre entre o axônio de um neurônio e o dendrito do neurônio


seguinte, mas também pode ocorrer do axônio diretamente para o corpo celular, ou
entre do axônio do neurônio para uma célula muscular.

277
Os impulsos nervosos são sinais elétricos que afetam os íons da membrana do
neurônio. O estímulo ocorrido em algum ponto do neurônio é transmitido através de
mudanças bruscas de carga elétrica, fenômeno chamado potencial de ação, que
percorre todo o neurônio.

Ao chegar na terminação do axônio o sinal elétrico é transmitido por meio de vesículas


contendo neurotransmissores, substâncias químicas encarregadas de levar esse estímulo
à célula vizinha.

Os neurotransmissores fazem com que íons (partículas com carga elétrica) sejam levados
de uma célula a outra, alterando o potencial elétrico e gerando o potencial de ação.

Tipos de Sinapses

Existem dois tipos de sinapses: química e elétrica. As sinapses químicas são as mais
comuns nos seres humanos e outros mamíferos. As sinapses elétricas são mais comuns
em organismos invertebrados, nos humanos geralmente não ocorrem em neurônios,
apenas nas células gliais ou musculares.

Sinapses Químicas
Essas sinapses iniciam no terminal do axônio (uma região pouco mais alargada formando
um botão) da célula pré-sináptica.

As vesículas contendo neurotransmissores são liberadas na fenda sináptica e


reconhecidas por receptores químicos (proteínas específicas) na membrana da célula
pós-sináptica.

A seguir se fundem com a membrana e liberam o seu conteúdo. A ligação química entre
o neurotransmissor e o receptor do neurônio seguinte gera mudanças que irão fazer com
que o sinal elétrico seja transmitido.

Sinapse Excitatória ou Inibitória


As sinapses químicas podem ser excitatórias ou inibitórias, de acordo com o tipo de sinal
que conduzem.

Se o sinal produzido na membrana pós-sináptica for a despolarização, iniciando o


potencial de ação, então será uma sinapse excitatória.

278
Se o sinal produzido na membrana pós-sináptica for de hiperpolarização, a ação
resultante será inibitória do potencial de ação, portanto nesse caso há uma sinapse
inibitória.

Sinapses Elétricas
Nessas sinapses não há participação de neurotransmissores, o sinal elétrico é conduzido
diretamente de uma célula a outra através de junções comunicantes (gap junctions). Essas
junções são canais que conduzem íons, obtendo respostas quase imediatas, isso quer
dizer que o potencial de ação é gerado diretamente.

Fisiologia
Sistema Digestó rio
O Sistema Digestório é também conhecido como Sistema Digestivo ou Aparelho
Digestivo. Ele é formado por um conjunto de órgãos que atuam no corpo humano.

A ação desses órgãos está relacionada ao processo de transformação do alimento, que


tem o objetivo de ajudar na absorção dos nutrientes.

Tudo isso acontece por meio de processos mecânicos e químicos.

279
Órgãos do
corpo humano relacionado ao sistema digestório

Componentes do Sistema Digestório

O Sistema Digestório (nova nomenclatura) divide-se em duas partes.

Uma delas é o tubo digestório (propriamente dito), antes conhecido como tubo
digestivo. Ele se divide em três partes: alto, médio e baixo. A outra parte corresponde
aos órgãos anexos.

Veja no quadro abaixo os órgãos que compõem cada parte do Sistema Digestório.

Partes Descrição

Tubo digestório Boca, faringe e esôfago.

280
Partes Descrição

alto

Tubo digestório
Estômago e intestino delgado (duodeno, jejuno e íleo).
médio

Tubo digestório Intestino grosso (ceco, cólon ascendente, transverso,


baixo descendente, a curva sigmoide e o reto).

Glândulas salivares, dentes, língua, pâncreas, fígado e


Órgãos anexos
vesícula biliar.

A seguir estão apresentadas mais informações e detalhes sobre cada um dos


componentes do Sistema Digestório.

Tubo Digestório Alto

Órgãos e
anexos do trato digestório alto

O tubo digestório alto é formado pela boca, faringe e esôfago.

Conheça a seguir mais detalhes sobre cada um desses órgãos.

281
Boca

A boca é o local onde inicia o


sistema digestório

A boca é a porta de entrada dos alimentos no tubo digestivo. Ela corresponde a uma
cavidade forrada por mucosa, onde os alimentos são umidificados pela saliva, produzida
pelas glândulas salivares.

Na boca ocorre a mastigação, que corresponde ao primeiro momento do processo da


digestão mecânica. Ela acontece com os dentes e a língua.

Em um segundo momento entra em ação a atividade enzimática da ptialina, que é


amilase salivar. Ela atua sobre o amido encontrado na batata, farinha de trigo, arroz e o
transformando em moléculas menores de maltose.

282
Faringe

A faringe é o
órgão que faz a ligação entre o sistema digestório e o sistema respiratório

A faringe é um tubo muscular membranoso que se comunica com a boca, através do


istmo da garganta e na outra extremidade com o esôfago.

Para chegar ao esôfago, o alimento, depois de mastigado, percorre toda a faringe, que é
um canal comum para o sistema digestório e o sistema respiratório.

No processo de deglutição, o palato mole é retraído para cima e a língua empurra o


alimento para dentro da faringe, que se contrai voluntariamente e leva o alimento para o
esôfago.

A penetração do alimento nas vias respiratórias é impedida pela ação da epiglote, que
fecha o orifício de comunicação com a laringe.

283
Esôfago

Movimento
peristálticos do esôfago

O esôfago é um conduto musculoso, controlado pelo sistema nervoso autônomo.

É por meio de ondas de contrações, conhecidas como peristaltismo ou movimentos


peristálticos, o conduto musculoso vai espremendo os alimentos e levando-os em
direção ao estômago.

Tubo Digestório Médio


O tubo digestório médio é formado pelo estômago e intestino delgado (duodeno, jejuno
e íleo).

Conheça sobre cada um deles a seguir.

284
Estômago

Anatomia do
estômago sadio e de um estômago com úlcera

O estômago é uma grande bolsa que se localiza no abdômen, sendo responsável pela
digestão das proteínas.

A entrada do órgão recebe o nome de cárdia, porque fica muito próxima ao coração,
separada dele somente pelo diafragma.

Ele possui uma pequena curvatura superior e uma grande curvatura inferior. A parte mais
dilatada recebe o nome de "região fúndica", enquanto a parte final, uma região estreita,
recebe o nome de "piloro".

O simples movimento de mastigação dos alimentos já ativa a produção do ácido


clorídrico no estômago. Contudo, é somente com a presença do alimento, de natureza
proteica, que se inicia a produção do suco gástrico. Este suco é uma solução aquosa,
composta de água, sais, enzimas e ácido clorídrico.

A mucosa gástrica é recoberta por uma camada de muco que a protege de agressões do
suco gástrico, uma vez que ele é bastante corrosivo. Por isso, quando ocorre um
desequilíbrio na proteção, o resultado é uma inflamação da mucosa (gastrite) ou o
surgimento de feridas (úlcera gástrica).

A pepsina é a enzima mais potente do suco gástrico e é regulada pela ação de um


hormônio, a gastrina.

285
A gastrina é produzida no próprio estômago no momento em que moléculas de
proteínas dos alimentos entram em contato com a parede do órgão. Assim, a pepsina
quebra as moléculas grandes de proteína e as transformam em moléculas menores. Estas
são as proteoses e peptonas.

Por fim, a digestão gástrica dura, em média, de duas a quatro horas. Nesse processo, o
estômago sofre contrações que forçam o alimento contra o piloro, que se abre e fecha,
permitindo que, em pequenas porções, o quimo (massa branca e espumosa), chegue ao
intestino delgado.

Intestino delgado

Órgãos
anexos que participam do processo digestivo no intestino

O intestino delgado é revestido por uma mucosa enrugada que apresenta inúmeras
projeções. Está localizado entre o estômago e o intestino grosso e tem a função de
segregar as várias enzimas digestivas. Isto dá origem a moléculas pequenas e solúveis: a
glicose, aminoácidos, glicerol, etc.

O intestino delgado está dividido em três porções: o duodeno, o jejuno e o íleo.

286
O duodeno é a primeira porção do intestino delgado a receber o quimo que vem do
estômago, que ainda está muito ácido, sendo irritante à mucosa duodenal.

Logo em seguida, o quimo é banhado pela bile. A bile é secretada pelo fígado e
armazenada na vesícula biliar, contendo bicarbonato de sódio e sais biliares, que
emulsificam os lipídios, fragmentando suas gotas em milhares de micro gotículas.

Além disso, o quimo recebe também o suco pancreático, produzido no pâncreas. Ele
contém enzimas, água e grande quantidade de bicarbonato de sódio, pois dessa forma
favorece a neutralização do quimo.

Assim, em pouco tempo, a “papa” alimentar do duodeno vai se tornando alcalina e


gerando condições necessárias para ocorrer a digestão intra-intestinal.

Já o jejuno e o íleo são considerados a parte do intestino delgado onde o trânsito do


bolo alimentar é rápido, ficando a maior parte do tempo vazio, durante o processo
digestivo.

Por fim, ao longo do intestino delgado, depois que todos os nutrientes foram absorvidos,
sobra uma pasta grossa formada por detritos não assimilados e com bactérias. Esta
pasta, já fermentada, segue para o intestino grosso.

Tubo Digestório Baixo


O tubo digestório baixo é formado pelo intestino grosso, que possui os seguintes
componentes: ceco, cólon ascendente, transverso, descendente, a curva sigmoide e o
reto.

287
Intestino grosso

O intestino grosso é o último órgão


que atua no sistema digestório

O intestino grosso mede cerca de 1,5 m de comprimento e 6 cm de diâmetro. É local de


absorção de água (tanto a ingerida quanto a das secreções digestivas), de
armazenamento e de eliminação dos resíduos digestivos.

Ele está dividido em três partes: o ceco, o cólon (que se subdivide em ascendente,
transverso, descendente e a curva sigmoide) e reto.

No ceco, a primeira porção do intestino grosso, os resíduos alimentares, já constituindo o


“bolo fecal”, passam ao cólon ascendente, depois ao transverso e em seguida ao
descendente. Nesta porção, o bolo fecal permanece estagnado por muitas horas,
preenchendo as porções da curva sigmoide e do reto.

O reto é a parte final do intestino grosso, que termina com o canal anal e o ânus, por
onde são eliminadas as fezes.

Para facilitar a passagem do bolo fecal, as glândulas da mucosa do intestino grosso


secretam muco a fim de lubrificar o bolo fecal, facilitando seu trânsito e sua eliminação.

Note que as fibras vegetais não são digeridas nem absorvidas pelo sistema digestivo,
passam por todo tubo digestivo e formam uma porcentagem significativa da massa fecal.
Sendo, portanto, importante incluir as fibras na alimentação para auxiliar a formação das
fezes.

288
Sistema Respirató rio
O sistema respiratório é o conjunto dos órgãos responsáveis pela absorção do oxigênio
do ar pelo organismo e da eliminação do gás carbônico retirado das células.

Ele é formado pelas vias respiratórias e pelos pulmões. Os órgãos que compõem as vias
respiratórias são: cavidades nasais, faringe, laringe, traqueia e brônquios.

Órgãos que
compõem o Sistema Respiratório

Funções do Sistema Respiratório

Cada um dos órgãos do Sistema Respiratório ajuda a manter o equilíbrio do organismo.


Conheça a seguir as funções desenvolvidas pelo Sistema Respiratório.

Troca gasosa
Quando inspiramos o ar atmosférico, que contém oxigênio e outros elementos químicos,
ele passa pelas vias respiratórias e chega aos pulmões.

289
É nos pulmões que acontece a troca do dióxido de carbono pelo oxigênio. E, graças aos
músculos respiratórios que este órgão cria forças para o ar fluir. Tudo isso a partir de
estímulos e comandos emitidos pelo Sistema Nervoso Central.

Equilíbrio ácido-base
O equilíbrio ácido-base corresponde à remoção do excesso de CO 2 do organismo.

Nesta função, novamente temos a atuação do Sistema Nervoso, que é responsável por
enviar informações para os controladores da respiração.

Produção de sons
A produção e emissão de sons é realizada pela ação conjunta do Sistema Nervoso e dos
músculos que trabalham na respiração.

São eles que permitem o fluxo do ar das cordas vocais e da boca.

Defesa pulmonar
Ao respirar, é praticamente impossível eliminar as impurezas contidas no ambiente
atmosférico. A inspiração de microrganismos se torna inevitável.

Para evitar problemas de saúde, o Sistema Respiratório apresenta mecanismos de defesa,


que por sua vez, são realizados a partir da atuação dos diferentes órgãos.

Conheça a seguir quais são os órgãos do Sistema Respiratório e como eles atuam no
nosso corpo.

Órgãos do Sistema Respiratório

290
Diversos órgãos
atuam no Sistema Respiratório

Cavidades Nasais
As cavidades nasais são dois condutos paralelos revestidos de mucosa e separados por
um septo cartilaginoso, que começam nas narinas e terminam na faringe.

No interior das cavidades nasais, existem pelos que atuam como filtro de ar, retendo
impurezas e germes, garantindo que o ar chegue limpo aos pulmões.

291
A membrana que reveste as cavidades nasais contém células produtoras de muco que
umidificam o ar. Ela é rica em vasos sanguíneos que aquecem o ar que entra no nariz.

Faringe
A faringe é um tubo que serve de passagem tanto para os alimentos quanto para o ar,
portanto, faz parte do sistema respiratório e do sistema digestório.

Sua extremidade superior se comunica com as cavidades nasais e com a boca, na


extremidade inferior se comunica com a laringe e o esôfago. Suas paredes são
musculosas e revestidas de mucosa.

Laringe
A laringe é o órgão que liga a faringe à traqueia. Na parte superior da laringe está a
epiglote, a válvula que se fecha durante a deglutição.

Este é também o principal órgão da fala. Nela estão localizadas as cordas vocais.

Traqueia
A traqueia é um tubo situado abaixo da laringe e formado por quinze a vinte anéis
cartilaginosos que a mantêm aberta.

Este órgão é revestido por uma membrana mucosa, e nela o ar é aquecido, umidificado e
filtrado.

292
Brônquios

A traqueia, o
brônquio, os bronquíolos e os alvéolos desempenham importantes funções

Os brônquios são duas ramificações da traqueia formados também por anéis


cartilaginosos.

Cada brônquio penetra em um dos pulmões e divide-se em diversos ramos menores, que
se distribuem por todo o órgão formando os bronquíolos.

Os brônquios se ramificam e subdividem-se várias vezes, formando a árvore brônquica.

293
Pulmões

Detalhes dos
Brônquios, Bronquíolos e Alvéolos e das trocas gasosas

O sistema respiratório é composto por dois pulmões, órgãos esponjosos situados na


caixa torácica. Eles são responsáveis pela troca do oxigênio em gás carbônico, através da
respiração.

Cada pulmão é envolvido por uma membrana dupla, chamada pleura. Internamente,
cada pulmão apresenta cerca de 200 milhões de estruturas muito pequenas, em forma
de cacho de uva e que se enche de ar, chamados de alvéolos pulmonares.

Cada alvéolo recebe ramificações de um bronquíolo. Nos alvéolos, realizam-se as trocas


gasosas entre o ambiente, denominada hematose. Tudo isso acontece graças às
membranas muito finas que os revestem e abrigam inúmeros vasos sanguíneos bem
finos, os capilares.

294
Doenças do Sistema Respiratório

Os pulmões podem ser atacados por diversas doenças, as quais pode ser infecciosas ou
alérgicas.

Doenças infecciosas do Sistema Respiratório


As doenças infecciosas são resultado de uma inflamação em determinados órgãos. Elas
são provocadas por microrganismos, tais como vírus, bactérias, entre outros parasitas.

O processo infeccioso também pode ser desencadeado por substâncias tóxicas, como a
fumaça tóxica do cigarro, é o que acontece no enfisema, doença degenerativa crônica,
geralmente desencadeada pelo tabagismo.

Dentre as doenças infecciosas mais conhecidas destacam-se: gripe, resfriado,


tuberculose, pneumonia e enfisema pulmonar.

Doenças alérgicas do Sistema Respiratório


O sistema respiratório é também atacado por doenças alérgicas, que resultam da
hipersensibilidade do organismo a determinado agente: poeira, medicamentos,
cosméticos, pólen etc.

Como exemplo de doenças alérgicas, destacam-se: rinite, bronquite e asma.

Curiosidade sobre o Sistema Respiratório

Nenhum Sistema do nosso organismo atua sozinho. Em situações de perigo, por


exemplo, o Sistema Respiratório e o Sistema Nervoso atuam em conjunto.

Em situações de perigo, nosso corpo reage de diferentes formas, uma delas é a


respiração acelerada. Isso acontece porque o organismo tem necessidade de captar mais
oxigênio.

O sistema nervoso simpático libera adrenalina e noradrenalina e, em paralelo, acontece a


produção de hormônios pela hipófise, causando essas sensações e reações no corpo.

295
Sistema Circulató rio
O sistema circulatório ou cardiovascular, formado pelo coração e vasos sanguíneos, é
responsável pelo transporte de nutrientes e oxigênio para as diversas partes do corpo.

A circulação sanguínea corresponde a todo o percurso do sistema circulatório que o


sangue realiza no corpo humano, de modo que no percurso completo, o sangue passa
duas vezes pelo coração.

Esses circuitos são chamados de pequena circulação e grande circulação. Vamos


conhecer um pouco mais sobre cada um deles:

Pequena circulação

A pequena circulação ou circulação pulmonar consiste no caminho que o sangue


percorre do coração aos pulmões, e dos pulmões ao coração.

Esquema da pequena circulação

Assim, o sangue venoso é bombeado do ventrículo direito para a artéria pulmonar, que
se ramifica de maneira que uma segue para o pulmão direito e outra para o pulmão
esquerdo.

Já nos pulmões, o sangue presente nos capilares dos alvéolos libera o gás carbônico e
absorve o gás oxigênio. Por fim, o sangue arterial (oxigenado) é levado dos pulmões ao
coração, através das veias pulmonares, que se conectam no átrio esquerdo.

Grande circulação

A grande circulação ou circulação sistêmica é o caminho do sangue, que sai do coração


até as demais células do corpo e vice-versa.

296
No coração, o sangue arterial vindo dos pulmões, é bombeado do átrio esquerdo para o
ventrículo esquerdo. Do ventrículo passa para a artéria aorta, que é responsável por
transportar esse sangue para os diversos tecidos do corpo.

Assim, quando esse sangue oxigenado chega aos tecidos, os vasos capilares refazem as
trocas dos gases: absorvem o gás oxigênio e liberam o gás carbônico, tornando o sangue
venoso.

Por fim, o sangue venoso faz o caminho de volta ao coração e chega ao átrio direito
pelas veias cavas superiores e inferiores, completando o sistema circulatório.

Componentes

O sistema circulatório é constituído pelos seguintes componentes:

Sangue
O sangue é um tecido líquido e exerce papel fundamental no sistema circulatório. É pela
corrente sanguínea que o oxigênio e nutrientes chegam até as células.

Desse modo, ele retira dos tecidos as sobras das atividades celulares, como o gás
carbônico produzido na respiração celular e conduz os hormônios pelo organismo.

Coração
O coração é um órgão muscular, que se localiza na caixa torácica, entre os pulmões.
Funciona como uma bomba dupla, de modo que o lado esquerdo bombeia o sangue
arterial para as diversas partes do corpo, enquanto o lado direito bombeia o sangue
venoso para os pulmões.

O coração funciona impulsionando o sangue por meio de dois movimentos: contração


ou sístole e relaxamento ou diástole.

As principais estruturas do coração são:

 Pericárdio: membrana que reveste o exterior do coração.


 Endocárdio: membrana que reveste o interior do coração.
 Miocárdio: músculo situado entre o pericárdio e o endocárdio, responsável pelas
contrações do coração.
 Átrios ou aurículas: cavidades superiores por onde o sangue chega ao coração.
 Ventrículos: cavidades inferiores por onde o sangue sai do coração.

297
 Válvula tricúspide: impede o refluxo de sangue do átrio direito para o ventrículo
direito.
 Válvula mitral: impede o refluxo de sangue do átrio esquerdo para o ventrículo
esquerdo.

Leia também sobre miocárdio e sístole e diástole.

Vasos Sanguíneos
Os vasos sanguíneos são tubos do sistema circulatório, distribuídos por todo o corpo,
por onde circula o sangue. São formados por uma rede de artérias e veias que se
ramificam formado os capilares.

Artérias

As artérias são vasos do sistema circulatório, que saem do coração e transportam o


sangue para as outras partes do corpo. A parede da artéria é espessa, formada de tecido
muscular e elástico, que suporta a pressão do sangue.

O sangue venoso, rico em gás carbônico, é bombeado do coração para os pulmões


através das artérias pulmonares. Enquanto o sangue arterial, rico em gás oxigênio, é
bombeado do coração para os tecidos do corpo através da artéria aorta.

As artérias se ramificam pelo corpo, ficam mais finas, formam as arteríolas, que se
ramificam ainda mais, originando os capilares.

Veias

As veias são vasos do sistema circulatório, que transportam o sangue de volta dos
tecidos do corpo para o coração. Suas paredes são mais finas que as artérias.

A maior parte das veias transporta o sangue venoso, ou seja, rico em gás carbônico.
Contudo, as veias pulmonares transportam o sangue arterial, oxigenado, dos pulmões
para o coração.

Capilares

Os capilares são ramificações microscópicas de artérias e veias do sistema circulatório.


Suas paredes apresentam apenas uma camada de células, que permitem a troca de
substâncias entre o sangue e as células. Os capilares se ligam às veias, levando o sangue
de volta para o coração.

298
Pelo corpo de uma pessoa adulta circula, em média, seis litros de sangue, numa ampla
rede de vasos sanguíneos, bombeados pelo coração.

Tipos

O sistema circulatório é classificado em dois tipos:

 Sistema circulatório aberto ou lacunar: O líquido circulante (hemolinfa) percorre


cavidades e lacunas dos tecidos, estando em contato direto com as células. Nesse caso,
não há vasos sanguíneos. Presente em alguns invertebrados.
 Sistema circulatório fechado: O sangue circula dentro de vasos, de onde percorre
todo o corpo. É um processo mais eficiente do que a circulação aberta, por acontecer
de forma mais rápida. Ocorre em anelídeos, cefalópodes e todos os vertebrados.

Sistema circulatório dos demais vertebrados

Os animais vertebrados tem um coração que bombeia o sangue para os vasos


sanguíneos, que se ramificam formando uma ampla rede de vasos muito finos. Essa rica
vascularização favorece as trocas gasosas e de nutrientes.

O coração musculoso apresenta dois tipos de câmaras intercomunicadas: o átrio ou


aurícula, que recebe o sangue trazido pelas veias, e o ventrículo, que recebe sangue do
átrio e o bombeia para as artérias. O sangue passa de uma cavidade a outra através de
valvas cardíacas.

Ilustração do coração dos vertebrados, mostrando as


separações dos átrios e ventrículos

Aves e mamíferos
Nas aves e mamíferos o coração possui quatro câmaras, sendo dois átrios e dois
ventrículos, completamente separados.

299
A circulação sanguínea é assim separada da circulação arterial, não havendo nenhuma
mistura do sangue venoso com o arterial. É uma circulação muito eficiente.

Répteis
Os répteis, em sua maioria, possuem um coração com três câmaras. O ventrículo é
parcialmente dividido, há mistura do sangue, mas em menor quantidade.

Nos répteis crocodilianos a divisão dos ventrículos é completa e a circulação é mais


complexa.

Anfíbios
Nos anfíbios há três câmaras no coração: dois átrios e um ventrículo. O sangue venoso
entra pelo átrio direito e o sangue arterial pelo esquerdo, em seguida passam para o
ventrículo, onde ocorre a mistura dos dois tipos de sangue.

Peixes
Nos peixes, o coração tem apenas duas câmaras, um átrio e um ventrículo. O sangue
venoso entra pelo átrio passa ao ventrículo e dali é bombeado para as brânquias, onde
será oxigenado.

Sistema circulatório dos invertebrados

Alguns filos de animais invertebrados possuem um sistema circulatório fechado com um


"coração" rudimentar que ajuda a bombear o líquido sanguíneo e vasos ramificados que
o fazem chegar às diversas partes do corpo. Enquanto que em outros o sistema é aberto
ou ausente.

Abaixo estão alguns exemplos:

Moluscos
Os moluscos possuem um sistema circulatório simples. Em algumas classes é fechado
com um “coração”, situado dentro da cavidade pericárdica, que bombeia o líquido
sanguíneo (hemolinfa), fazendo-o circular das artérias às diversas partes do corpo.

Em outros, o sistema circulatório é aberto, com o líquido sanguíneo passando das


artérias para cavidades entre os tecidos denominadas hemocelas. A hemolinfa possui o
pigmento hemocianina, semelhante à hemoglobina que faz o transporte das substâncias.

300
Anelídeos
O sistema circulatório dos anelídeos é fechado, com vários "corações" na parte anterior
do corpo, que são vasos cujas paredes musculosas bombeiam o líquido sanguíneo. Há
um pigmento semelhante à hemoglobina, mas que não está dentro de células e sim
dissolvido no líquido sanguíneo.

Artrópodes
Possuem um coração tubular dorsal dividido internamente em câmaras com válvulas que
as separam, chamadas de óstios. Alguns insetos tem corações acessórios.

Sistema Excretor
O sistema excretor tem a função de eliminar os resíduos das reações químicas que
ocorrem dentro das células, no processo de metabolismo.

Dessa maneira, muitas substâncias que não são aproveitadas no organismo,


principalmente as tóxicas, são excretadas do corpo.

Importante ressaltar que o sistema excretor é encarregado de muito mais que apenas a
eliminação de resíduos. Trata-se do principal responsável pelo controle da composição
química do ambiente interno.

Como funciona o Sistema Excretor

301
A excreção da
urina é realizada pelos rins

A eliminação de substâncias prejudiciais ou que estão em excesso em nosso corpo é


chamada de excreção, processo que permite o equilíbrio interno do nosso organismo.

Os produtos da excreção são denominados "excretas", que são lançadas das células para
o líquido que as banha (líquido intersticial), e daí são passadas para a linfa e para o
sangue.

No processo de degradação de glicídios e lipídeos são produzidos gás carbônico e água.


As proteínas também são metabolizadas, e do seu metabolismo resultam substâncias
prejudiciais ao organismo entre elas, o gás carbônico e os produtos nitrogenados, como
a amônia, a ureia e o ácido úrico.

302
Há também a água e os sais minerais, com destaque para o cloreto de sódio (o principal
componente do sal de cozinha).

Para eliminar essas substâncias, a excreção é realizada através da urina, da respiração e


do suor. Entenda, na sequência, como é feita a excreção desses resíduos.

Excreção da Urina
A excreção através da urina inicia em um processo realizado pelos rins. Eles funcionam
como um filtro que retém as impurezas do sangue e o deixa em condições de circular
pelo organismo.

Os rins participam do controle das concentrações plásmicas de íons, como sódio,


potássio, bicarbonato, cálcio e cloretos.

De acordo com as concentrações no sangue, esses íons podem ser eliminados em maior
ou menor quantidade na urina, através do sistema urinário. As principais substâncias que
formam a urina são ureia, ácido úrico e amônia.

303
Excreção do Gás Carbônico

A respiração
é fundamental para a excreção do gás carbônico

A excreção do gás carbônico é realizada através dos órgãos do sistema respiratório. A


eliminação deste elemento é o produto final do metabolismo dos glicídios (carboidratos
ou açúcares) e lipídios (gorduras) no processo de respiração celular.

Além disso, a água também é eliminada sob a forma de vapor, por meio da expiração.

304
Excreção do Suor

As glândulas
sudoríparas atuam na excreção do suor

A produção de suor não está relacionada ao processo de excreção e sim da regulação de


temperatura no organismo.

No entanto através do suor são eliminados sais minerais, como o cloreto de sódio, e
água sendo que, devido a sua enorme importância para a célula, ela fica conservada em
grande parte no organismo.

Órgãos que atuam no Sistema Excretor

Para eliminar os resíduos das reações químicas que nosso corpo produz, diferentes
órgãos desempenham funções de extrema importância.

Conheça a seguir quais são esses órgãos e como eles atuam no sistema excretor.

Rins
Os rins são órgãos do sistema urinário, porém que atuam diretamente na eliminação de
resíduos que resultam da ação do metabolismo do organismo.

305
Considerando as substâncias eliminadas pelos rins destacam-se a ureia, a creatina e
toxinas do sangue.

Além dessa função, ele também atua na regulação do volume de líquidos do organismo
e no controle da pressão arterial sanguínea.

Néfrons
Os néfrons são estruturas presentes nos rins e que tem como principal ação a formação
da urina. Ele filtra os elementos do plasma sanguíneo para então eliminar na urina.

Localizados nos rins, eles estão presentes em grandes quantidades no corpo humano,
sendo aproximadamente 1.200.000 néfrons em cada rim.

Ureteres
O ureter é um tubo que liga o rim à bexiga, ou seja, ele transporta a urina dos rins para a
bexiga, sendo um ureter para cada rim. Ele é um dos elementos do sistema urinário e que
auxiliam na excreção das substâncias indesejadas.

Para desempenhar sua função, ele realiza movimentos peristálticos que auxiliam a
condução da urina até a bexiga. Para isso, sua parede é formada por três camadas
diferentes, sendo estas formadas por uma camada mucosa, uma muscular e outra
adventícia.

Bexiga urinária
A bexiga urinária é o órgão responsável por armazenar a urina produzida pelos rins e
transportada pelos ureteres. Além do armazenamento é ela quem elimina a urina.

Este é um órgão muscular com alta capacidade elástica, visto que pode armazenar até
800 ml de urina.

Uretra
A uretra é o canal responsável por conduzir o caminho da urina para fora do corpo. Ela
está ligada à bexiga urinária.

Nos homens a uretra termina no pênis, já nas mulheres termina na vulva.

306
Sistema Linfá tico
O sistema linfático é o principal sistema de defesa do organismo. Ele é constituído pelos
nódulos linfáticos (linfonodos), ou seja, uma rede complexa de vasos, responsável por
transportar a linfa dos tecidos para o sistema circulatório.

Além disso, ele possui outras funções como a proteção de células imunes, pois atua junto
ao sistema imunológico. Outro importante papel do sistema linfático está na absorção
dos ácidos graxos e no equilíbrio dos fluidos (líquidos) nos tecidos.

Formação do
sistema linfático

Como funciona o Sistema Linfático?

307
Para desempenhar sua função de eliminar as impurezas do nosso corpo, o sistema
linfático trabalha junto com o sistema imunológico.

O sistema linfático atua em conjunto com diversos órgãos e elementos do organismo. É


dessa forma que ele consegue alcançar todas as parte do corpo para filtrar o líquido
tissular que nutriu, oxigenou os capilares sanguíneos e saiu levando gás carbônio e
excreções.

Vasos
linfáticos

Diferente do sangue que é impulsionado pela força do coração, no sistema linfático a


linfa se movimenta de forma lenta e com baixa pressão. Ela depende da compressão dos
movimentos dos músculos para pressionar o líquido.

É a partir da contração realizada pelo movimento dos músculos que o fluído é


transportado para os vasos linfáticos. Como eles são maiores acabam se acumulam no
ducto linfático direito e no ducto torácico, percorrendo assim para o resto do corpo.

Componentes do Sistema Linfático

308
Componentes
do sistema linfático

O sistema linfático é formado por diferentes componente e órgãos. Veja a seguir quais
são e como cada um deles atua no organismo.

Linfonodos
Os linfonodos (gânglios linfáticos) são chamados de nódulos linfáticos. Eles são
pequenos órgãos (com até 2 cm) presentes no pescoço, no tórax, no abdômen, na axila e
na virilha.

Formados por tecido linfoide e distribuídos pelo corpo, os linfonodos são responsáveis
por filtrarem a linfa antes dela retornar ao sangue. Além disso eles também atuam na
defesa do organismo, impedindo a permanência de partículas estranhas no corpo.

Linfa
A linfa é um líquido transparente e alcalino semelhante ao sangue e que circula pelos
vasos linfáticos. Porém, ele não possui hemácias e, por isso, apresenta um aspecto
esbranquiçado e leitoso.

309
Responsável pela eliminação das impurezas, a linfa é produzida pelo intestino delgado e
fígado. Seu transporte é feito pelos vasos linfáticos num único sentido (unidirecional),
filtrada pelos linfonodos e lançada no sangue.

Vasos linfáticos
Os vasos linfáticos são canais, distribuídos pelo organismo, os quais possuem válvulas
que transportam a linfa na corrente sanguínea num único sentido, impedindo assim o
refluxo.

Eles atuam no sistema de defesa do organismo, visto que retiram células mortas e
transportam os linfócitos (glóbulos brancos) que combatem as infecções no organismo.

Baço
Maior dos órgão linfáticos, o baço é um órgão de ovalado, localizado abaixo do
diafragma e atrás do estômago.

Ele é responsável pela defesa do organismo e exerce as seguintes funções: produção de


anticorpos (linfócitos T e B) e hemácias (hematopoiese), armazenamento de sangue e
liberação de hormônios.

Timo
O timo é um órgão localizado na cavidade torácica, próximo do coração.

Além de produzir as substâncias como a timosina e a timina, o timo produz anticorpos


(linfócito T), atuando, dessa maneira, na defesa do organismo.

É curioso notar que o timo é um órgão que ao longo da vida diminui de tamanho.

Tonsilas palatinas
Popularmente, esses dois órgãos localizados na garganta, são conhecidos como amídalas
ou amígdalas palatinas.

Elas são responsáveis pela seleção dos microrganismos que penetram no corpo,
principalmente pela boca. Nesse caso, auxiliam no processo de defesa do organismo
visto que produzem linfócitos.

Algumas Doenças do Sistema Linfático

310
Elefantíase
A filaríase ou filariose é conhecida como “doença tropical infecciosa” e corresponde à
inflamação dos vasos linfáticos transmitida por inseto (mosquito culex).

Seu nome está associado com a retenção de líquido ou o inchaço dos membros, fazendo
com que as pernas dos doentes tenham aspecto de elefante.

Linfedema
Caracterizada pela inflamação e obstrução dos vasos linfáticos, a linfedema leva ao
inchaço excessivo dos membros.

Curiosidades sobre o sistema linfático

 Outras doenças associadas ao sistema linfático são a celulite (acúmulo de gordura),


amenizada com o tratamento da drenagem linfática; a íngua (inchaço dos gânglios
linfáticos) e alguns tipos de câncer (linfoma), por exemplo o câncer de mama.
 No corpo humano, a linfa é mais abundante do que o sangue.

Ó rgã os Linfá ticos


 Linfonodos. Os linfonodos são órgãos, do tamanho de feijões, constituídos
principalmente de linfócitos e encontrados por todo o corpo (tórax, abdome
e pelve). Os linfonodos estão ligados por um sistema de vasos linfáticos.

 Baço. O baço é um órgão localizado na parte inferior da caixa torácica, do


lado esquerdo do corpo. O baço produz os linfócitos e outras células do
sistema imunológico que atuam no combate das infecções, além disso,
armazena as células saudáveis do sangue e filtra as células sanguíneas
danificadas, bactérias, e outros resíduos celulares.

 Medula óssea. A medula óssea é o tecido esponjoso dentro dos ossos. É


onde as novas células sanguíneas (incluindo alguns linfócitos) são
produzidas.

 Timo. O timo é um pequeno órgão localizado na parte superior do tórax e


em frente ao coração. É importante no desenvolvimento dos linfócitos T.

311
 Adenoides e amígdalas. São coleções de tecido linfático localizadas na
parte posterior da garganta. Elas produzem anticorpos contra os germes
que podem ser inalados ou ingeridos.

 Trato digestivo. O estômago e os intestinos, assim como muitos outros


órgãos, também são constituídos por tecido linfoide.

Sistema Uriná rio


O Sistema Urinário ou Aparelho Urinário é responsável pela produção e eliminação da
urina, possui a função de filtrar as "impurezas" do sangue que circula no organismo.

O Sistema Urinário é composto por dois rins e pelas vias urinárias, formada por dois
ureteres, a bexiga urinária e a uretra.

Rins

Os rins são órgãos que se situam na parte posterior da cavidade abdominal, localizados
um em cada lado da coluna vertebral. São de cor vermelho - escuro e têm o formato
semelhante ao de um grão de feijão e do tamanho aproximado de uma mão fechada.

Os rins se ligam ao sistema circulatório através da artéria renal e da veia renal, e com as
vias urinárias pelos ureteres. As artérias renais são ramificações muito finas que formam
pequenos emaranhados chamados glomérulos. Cada glomérulo é envolvido por uma
estrutura arredondada, chamada cápsula glomerular ou cápsula de Bowman.

312
Detalhe de um
Rim, mostrando em detalhe o Néfron.

Por conseguinte, a unidade básica de filtragem do sangue é chamada néfron, que é


formada pelos glomérulos, pela cápsula glomerular e pelo túbulo renal.

Forçado pela pressão sanguínea, parte do plasma (água e partículas pequenas nela
dissolvidas, como sais minerais, ureia, ácido úrico, glicose) sai dos capilares que formam
os glomérulos e cai na cápsula glomerular. Em seguida passa para o túbulo renal.

Substâncias úteis como água, glicose e sais minerais, contidas nesse líquido, atravessam a
parede do túbulo renal e retornam à circulação sanguínea. Assim, o que resta nos túbulos
é uma pequena quantidade de água e resíduos, como a ureia, ácido úrico e amônia: é
a urina, que segue para as vias urinárias. Observe no esquema a seguir as fases de
formação da urina dentro no néfron.

313
Vias Urinárias

As vias urinárias são formadas por bexiga, ureteres e uretra.

314
Bexiga Urinária
Órgão muscular elástico, uma espécie de bolsa, que está situada na parte inferior do
abdome com a função de acumular a urina que chega dos ureteres. Portanto, a bexiga
recebe e armazena temporariamente a urina e quando o volume chega a mais ou menos
300 ml, os sensores nervosos da parede da bexiga enviam mensagens ao sistema
nervoso, fazendo com que tenhamos vontade de urinar.

Na parte inferior da bexiga, encontra-se um esfíncter - músculo circular que fecha a


uretra e controla a micção. Quando a bexiga está cheia o esfíncter se contrai,
empurrando a urina em direção a uretra, de onde então é lançada para fora do corpo. A
capacidade máxima de urina na bexiga é de aproximadamente 1 litro.

Ureteres
São dois tubos de aproximadamente 20 cm de comprimento cada, que conduz a urina
dos rins para a bexiga.

Uretra
Tubo muscular, que conduz a urina da bexiga para fora do corpo. A uretra feminina mede
cerca de 5 cm de comprimento e transporta somente a urina. A uretra masculina mede
cerca de 20 cm e transporta a urina para fora do corpo, e também o esperma.

Sistema Urinário Masculino

315
Anatomia
Masculina mostrando os órgãos do sistema urinário e reprodutivo.

O sistema urinário masculino, difere do feminino na medida em que a uretra, canal que
conduz a urina da bexiga para o exterior, também é utilizado para liberação do
esperma no ato da ejaculação. Dividida em três partes: prostática, cavernosa e
membranosa, a uretra masculina mede aproximadamente 20 cm e estende-se do orifício
uretral interno na bexiga urinária até o orifício uretral externa na extremidade do pênis.

Sistema Urinário Feminino

316
Anatomia
feminina mostrando órgãos do sistema urinário e reprodutivo.

O canal da uretra no sistema urinário feminino, que estende-se da bexiga ao orifício


externo no vestíbulo, é bem menor que o masculino, medindo aproximadamente 5 cm.
Essa característica da anatomia feminina, canal da uretra curto, facilita a ocorrência de
infecções urinárias nas mulheres.

Doenças do Sistema Urinário

Muitas doenças estão associadas ao sistema urinário seja nos rins ou nas vias urinárias
(ureteres, bexiga e uretra).

Doenças Renais
Nefrite
A nefrite é uma infecção dos néfrons, resultado de diversos fatores, por exemplo, a
superdosagem de medicamentos e a presença no organismo de algumas substâncias
tóxicas, como o mercúrio, o que pode lesar ou destruir os néfrons, causando dores,
redução da produção da urina, aparência turva da urina e o aumento da pressão.

317
Hipertensão Arterial e Problemas Renais
Quando os rins não funcionam de modo eficiente, os sais e a água em excesso se
acumulam no sangue, provocando aumento da pressão arterial. O processo de filtragem
renal nas pessoas hipertensas é deficiente, o que pode resultar no desenvolvimento de
doenças renais.

Infecções Bacterianas
Em especial a bactéria Escherichia coli, que pode penetrar no sistema urinário por meio
da uretra causando infecção bacteriana.

Doenças nas Vias Urinárias


Cálculos Renais

Esquema da
formação e localização de um cálculo no rim.

Popularmente conhecido como "pedra nos rins", os cálculos renais podem se alojar nos
rins, nos ureteres ou na bexiga. São formados na medida em que ocorre alta

318
concentração de cálcio ou de outros tipos de sal contidos nos líquidos do organismo (no
caso a urina).

Cistite
A Cistite é uma infecção ou inflamação na bexiga urinária. O doente sente ardor na uretra
no ato de urinar e por não conseguir reter a urina, libera em pouca quantidade.

Uretite
A Uretite é uma infecção na uretra desenvolvida por bactérias que ocorre normalmente
junto com a cistite.

Sistema Nervoso
O sistema nervoso representa uma rede de comunicações do organismo.

É formado por um conjunto de órgãos do corpo humano que possuem a função de


captar as mensagens, estímulos do ambiente, "interpretá-los" e "arquivá-los".

Consequentemente, ele elabora respostas, as quais podem ser dadas na forma de


movimentos, sensações ou constatações.

319
Nervos que
compõem o sistema nervoso

O Sistema Nervoso está dividido em duas partes fundamentais: sistema nervoso


central e sistema nervoso periférico

Sistema Nervoso Central

O Sistema Nervoso Central é constituído pelo encéfalo e pela medula espinhal, ambos
envolvidos e protegidos por três membranas denominadas meninges.

Encéfalo
O encéfalo, que pesa aproximadamente 1,5 quilo, está localizado na caixa craniana e
apresenta três órgãos principais: o cérebro, o cerebelo e o tronco encefálico;

320
Cérebro
É o órgão mais importante do sistema nervoso. Considerado o órgão mais volumoso,
pois ocupa a maior parte do encéfalo, o cérebro está dividido em duas partes simétricas:
o hemisfério direito e o hemisfério esquerdo.

Assim, a camada mais externa do cérebro e cheia de reentrâncias, chama-se córtex


cerebral, o responsável pelo pensamento, visão, audição, tato, paladar, fala, escrita, etc.

Ademais, é sede dos atos conscientes e inconscientes, da memória, do raciocínio, da


inteligência e da imaginação, e controla ainda, os movimentos voluntários do corpo.

Cerebelo
Está situado na parte posterior e abaixo do cérebro, o cerebelo coordena os
movimentos precisos do corpo, além de manter o equilíbrio. Além disso, regula o
tônus muscular, ou seja, regula o grau de contração dos músculos em repouso.

Tronco Encefálico
Localizado na parte inferior do encéfalo, o tronco encefálico conduz os impulsos
nervosos do cérebro para a medula espinhal e vice-versa.

Além disso, produz os estímulos nervosos que controlam as atividades vitais como
os movimentos respiratórios, os batimentos cardíacos e os reflexos, como a tosse, o
espirro e a deglutição.

Medula Espinhal
A medula espinhal é um cordão de tecido nervoso situado dentro da coluna vertebral.
Na parte superior está conectada ao tronco encefálico.

Sua função é conduzir os impulsos nervosos do restante do corpo para o cérebro e


coordenar os atos involuntários (reflexos).

Sistema Nervoso Periférico

O sistema nervoso periférico é formado por nervos que se originam no encéfalo e na


medula espinhal.

Sua função é conectar o sistema nervoso central ao resto do corpo. Importante destacar
que existem dois tipos de nervos: os cranianos e os raquidianos.

321
 Nervos Cranianos: distribuem-se em 12 pares que saem do encéfalo, e sua função é
transmitir mensagens sensoriais ou motoras, especialmente para as áreas da cabeça e
do pescoço.
 Nervos Raquidianos: são 31 pares de nervos que saem da medula espinhal. São
formados de neurônios sensoriais, que recebem estímulos do ambiente; e neurônios
motores que levam impulsos do sistema nervoso central para os músculos ou para as
glândulas.

De acordo com a sua atuação, o sistema nervoso periférico pode ser dividido
em sistema nervoso somático e sistema nervoso autônomo.

 Sistema Nervoso Somático: regula as ações voluntárias, ou seja, que estão sob o
controle da nossa vontade bem como regula a musculatura esquelética de todo o
corpo.
 Sistema Nervoso Autônomo: atua de modo integrado com o sistema nervoso central e
apresenta duas subdivisões: o sistema nervoso simpático, que estimula o
funcionamento dos órgãos, e o sistema nervoso parassimpático que inibe o seu
funcionamento.

De maneira geral, esses dois sistemas têm funções contrárias. Enquanto o sistema
nervoso simpático dilata a pupila e aumenta a frequência cardíaca, o parassimpático,
por sua vez, contrai a pupila e diminui os batimentos cardíacos.

Enfim, a função do sistema nervoso autônomo é regular as funções orgânicas, para que
as condições internas do organismo se mantenham constantes.

Sistema Imunoló gico


O sistema imunológico, sistema imune ou imunitário é um conjunto de elementos
existentes no corpo humano.

Esses elementos interagem entre si e têm como objetivo defender o corpo contra
doenças, vírus, bactérias, micróbios e outros.

322
O sistema imunológico humano serve como uma proteção, um escudo ou uma barreira
que nos protege de seres indesejáveis, os antígenos, que tentam invadir o nosso corpo.
Assim, representa a defesa do corpo humano.

Resposta Imune

Tipos de
respostas imunes do organismo

O processo de defesa do corpo através do sistema imunológico é chamado de resposta


imune.

Existem dois tipos de respostas imunes: a inata, natural ou não específica e a adquirida,
adaptativa ou específica. Conheça sobre cada tipo de resposta imune nas explicações
abaixo.

Imunidade inata, natural ou não específica


A imunidade inata ou natural é a nossa primeira linha de defesa. Esse tipo de imunidade
já nasce com a pessoa, representada por barreiras físicas, químicas e biológicas.

Veja no quadro a seguir quais são e como elas atuam na defesa do nosso organismo.

Barreira Ação no organismo

Pele É a principal barreira que o corpo tem contra agentes patogênicos.

Cílios Ajudam a proteger os olhos, impedindo a entrada de pequenas

323
Barreira Ação no organismo

partículas e em alguns casos até pequenos insetos.

Faz a limpeza e lubrificação dos olhos ajudando a proteger o globo


Lágrima
ocular de infecções.

E um fluído produzido pelo organismo que tem a função de


Muco impedir que microrganismos entrem no sistema respiratório, por
exemplo.

Atuam na coagulação do sangue que, diante de um ferimento, por


Plaquetas exemplo, elas produzem uma rede de fios para impedir a passagem
das hemácias reter o sangue.

Ela possui uma substância que mantém a lubrificação da boca e


Saliva ajuda a proteger contra vírus que podem invadir os órgãos do
sistema respiratório e digestivo.

É um líquido produzido pelo estômago que atua no processo de


Suco
digestão dos alimentos. Devido sua acidez elevada, ele impede a
gástrico
proliferação de microrganismos.

Possui ácidos graxos que ajudam a pele a impedir a entrada de


Suor
fungos pela pele.

A imunidade nata também é representada pelas células de defesa, como leucócitos,


neutrófilos e macrófagos, que está descrita logo abaixo.

Os principais mecanismos da imunidade inata são fagocitose, liberação de mediadores


inflamatórios e ativação de proteínas.

Se a imunidade inata não funciona ou não é suficiente, a imunidade adquirida entra em


ação.

324
Imunidade adquirida, adaptativa ou específica
A imunidade adaptativa é a defesa adquirida ao longo da vida, tais como anticorpos e
vacinas.

Constitui mecanismos desenvolvidos para expor as pessoas com o objetivo de fazer


evoluir as defesas do corpo. A imunidade adaptativa age diante de algum problema
específico.

Por isso, depende da ativação de células especializadas, os linfócitos.

Existem dois tipos de imunidade adquirida:

 Imunidade humoral: depende do reconhecimento dos antígenos, através dos linfócitos


B.
 Imunidade celular: mecanismo de defesa mediado por células, através dos linfócitos T.

Células e órgãos

O sistema imunológico humano é formado por diversos tipos de células e órgãos, que
são divididos da seguinte forma:

Tipos de
células e órgãos do sistema imunológico

Conheça abaixo detalhes como cada uma dessas células e órgãos atuam na defesa do
organismo.

325
Células
As células de defesa do corpo são os leucócitos, linfócitos e macrófagos.

Leucócitos
Os leucócitos ou glóbulos brancos são células produzidas pela medula óssea e
linfonodos. Eles têm a função de produzir anticorpos para proteger o organismo contra
os patógenos.

Os leucócitos são o principal agente do sistema imunológico do nosso corpo.

São leucócitos:

 Neutrófilos: envolve as células doentes e as destroem.


 Eosinófilos: agem contra parasitas.
 Basófilos: relacionado com as alergias.
 Fagócitos: realizam fagocitose de patógenos.
 Monócitos: penetram os tecidos para os defender dos patógenos.

Linfócitos
Os linfócitos são um tipo de leucócito ou glóbulo branco do sangue, responsáveis pelo
reconhecimento e destruição de microrganismos infecciosos como bactérias e vírus.

Existem os linfócitos B e linfócitos T.

Macrófagos
Os macrófagos são células derivadas dos monócitos. Sua função principal é fagocitar
partículas, como restos celulares, ou microrganismos.

Eles são os responsáveis por iniciar a resposta imunitária.

326
Órgãos

Órgãos do sistema imunológico

Os órgãos do sistema imunológico são divididos em órgãos imunitários primários e


secundários.

Órgãos do
sistema imunológico

327
Órgãos imunitários primários
Nestes órgãos ocorre a produção dos linfócitos:

 Medula óssea: tecido mole que preenche o interior dos ossos. Local de produção dos
elementos figurados do sangue, como hemácias, leucócitos e plaquetas.
 Timo: glândula localizada na cavidade torácica, no mediastino. Sua função é o
promover o desenvolvimento dos linfócitos T.

Órgãos imunitários secundários


Nestes órgãos é iniciada a resposta imune:

 Linfonodos: pequenas estruturas formadas por tecido linfoide, que se encontram no


trajeto dos vasos linfáticos e estão espalhadas pelo corpo. Eles realizam a filtragem da
linfa.
 Baço: filtra o sangue, expondo-o aos macrófagos e linfócitos que, através da fagocitose,
destroem partículas estranhas, microrganismos invasores, hemácias e demais células
sanguíneas mortas.
 Tonsilas: constituídas por tecido linfoide, ricas em glóbulos brancos.
 Apêndice: pequeno órgão linfático, com grande concentração de glóbulos brancos.
 Placas de Peyer: acúmulo de tecido linfoide que está associado ao intestino.

Sistema imunológico baixo

Quando o sistema imunológico não funciona adequadamente, ele diminui a sua


capacidade de defender o nosso corpo.

Assim, ficamos mais vulneráveis às doenças, tais como amigdalites ou


estomatites, candidíase, infecções na pele, otites, herpes, gripes e resfriados.

Para fortalecer o sistema imunológico e evitar problemas com baixa imunidade, é preciso
atenção especial com a alimentação. Algumas frutas ajudam no aumento da imunidade,
como a maçã, laranja e kiwi, que são frutas cítricas. A ingestão de ômega 3 também é um
aliado para o sistema imunológico.

É importante, ainda, praticar exercícios, beber água e tomar sol com moderação.

328
Sistema Endó crino
O Sistema Endócrino é o conjunto de glândulas responsáveis pela produção dos
hormônios que são lançados no sangue e percorrem o corpo até chegar aos órgãos-alvo
sobre os quais atuam.

Junto com o sistema nervoso, o sistema endócrino coordena todas as funções do nosso
corpo. O hipotálamo, um grupo de células nervosas localizadas na base do encéfalo, faz a
integração entre esses dois sistemas.

Glândulas do Sistema Endócrino

As glândulas endócrinas estão localizadas em diferentes partes do


corpo: hipófise, tireoide e paratireoides, timo, suprarrenais, pâncreas e as glândulas
sexuais.

329
Hipófise
A hipófise está localizada no centro da cabeça, logo abaixo do cérebro. Produz diversos
hormônios, entre eles, o hormônio do crescimento.

É considerada a glândula mestre do nosso corpo, pois estimula o funcionamento de


outras glândulas, como a tireoide e as glândulas sexuais.

O excesso da produção desse hormônio causa o gigantismo (crescimento exagerado) e


a falta provoca o nanismo.

Outro hormônio produzido pela hipófise é o antidiurético (ADH), substância que


permite ao corpo economizar água na excreção (formação da urina).

Tireoide
A tireoide está localizada no pescoço, produz a tiroxina, hormônio que controla a
velocidade do metabolismo celular, na manutenção do peso e do calor corporal, no
crescimento e no ritmo cardíaco.

O hipertireoidismo, funcionamento exagerado da tireoide, acelera todo o metabolismo: o


coração bate mais rápido, a temperatura do corpo fica mais alta do que o normal, a
pessoa emagrece por gastar mais energia.

Esse quadro favorece o aparecimento de doenças cardíacas e vasculares, pois o sangue


circula com mais pressão. Se não tratada pode provocar o surgimento do bócio (inchaço
no pescoço), e também a exoftalmia (olhos saltados).

O hipotireoidismo é quando a tireoide trabalha menos e produz menos tiroxina. Assim, o


metabolismo se torna mais lento, algumas regiões do corpo ficam inchadas, o coração
bate mais vagarosamente, o sangue circula mais lentamente, a pessoa gasta menos
energia, tende a engordar e as respostas físicas e mentais tornam-se mais lentas e se não
tratada pode ocorrer o bócio.

Paratireoides
As paratireoides são quatro pequenas glândulas, localizadas atrás da tireoide, que
produzem o paratormônio, hormônio que regula a quantidade de cálcio e fósforo no
sangue.

A diminuição desse hormônio reduz a quantidade de cálcio no sangue e faz com que os
músculos se contraiam violentamente.

330
Esse sintoma é chamado de tetania, pois é semelhante ao que ocorre em pessoas com
tétano. Por sua vez, o aumento da produção desse hormônio, transfere parte do cálcio
para o sangue, de modo que enfraquece os ossos, tornando-os quebradiços.

Timo
O timo está situado entre os pulmões. Produz um hormônio que atua na defesa do
organismo do recém-nascido contra infecções.

Nessa fase, apresenta um volume acentuado, crescendo normalmente até a adolescência,


quando começa a atrofiar. Na idade adulta diminui de tamanho, pois tem suas funções
reduzidas.

Suprarrenais
As glândulas suprarrenais situam-se acima dos rins e produzem a adrenalina, hormônio
que prepara o corpo para a ação. Os efeitos da adrenalina no organismo são:

 Taquicardia: o coração dispara e impulsiona mais sangue para as pernas e braços,


aumentando a capacidade de correr ou de se exaltar em situações tensas;
 Aumento da frequência respiratória e da taxa de glicose no sangue, liberando mais
energia para as células;
 Contração dos vasos sanguíneos da pele, de modo que o organismo envia mais sangue
para os músculos esqueléticos e, por isso, ficamos “pálidos de susto” e também
“gelados de medo”.

Pâncreas
O pâncreas é uma glândula mista pois além de hormônios (insulina e o glucagon)
produz também o suco pancreático, que é lançado no intestino delgado e desempenha
importante papel na digestão.

A insulina controla a entrada da glicose nas células (onde será utilizada na liberação de
energia) e o armazenamento no fígado, na forma de glicogênio.

A falta ou a baixa produção de insulina provoca o diabetes, doença caracterizada pelo


excesso de glicose no sangue (hiperglicemia).

O glucagon funciona de maneira oposta à insulina. Quando o organismo fica muitas


horas sem se alimentar, a taxa de açúcar no sangue cai muito e a pessoa pode
ter hipoglicemia, que gera a sensação de fraqueza, tontura, levando, em muitos caso, ao
desmaio.

331
Nesse caso o pâncreas produz o glucagon, que age no fígado, estimulando a "quebra"
do glicogênio em moléculas de glicose. Por fim, a glicose é enviada para o sangue
normalizando a hipoglicemia.

Glândulas sexuais
As glândulas sexuais são os ovários e os testículos, que fazem parte do sistema
reprodutor feminino e do sistema reprodutor masculino respectivamente.

Os ovários e os testículos são estimulados por hormônios produzidos pela hipófise.


Assim, enquanto os ovários produzem o estrogênio e a progesterona, os testículos
produzem diversos hormônios, entre eles a testosterona, responsável pelo aparecimento
das características sexuais secundárias masculinas: barba, voz grave, ombros volumosos
etc.

Sistema Locomotor
O sistema locomotor é formado pelos ossos, articulações e músculos esqueléticos e
representa a integração entre o Sistema Esquelético e o Sistema Muscular.

O sistema locomotor responsável pela sustentação, locomoção e movimentação do


corpo.

Vamos aprender sobre os dois sistemas que compõem o Sistema Locomotor:

Sistema Esquelético
O sistema esquelético tem como função a sustentação do corpo, a proteção de órgãos
internos, armazenamento de minerais e íons e produção de células sanguíneas.

Esqueleto
O esqueleto é constituído por diversos ossos e estruturas associadas, como as
cartilagens, tendões e ligamentos.

O crânio é a estrutura mais complexa do esqueleto.

332
A coluna vertebral dá a sustentação ao corpo. É formada pelas vértebras, que se alternam
com discos intervertebrais.

O esqueleto é dividido em dois grandes conjuntos ósseos:

 Esqueleto Axial: constituído pelos ossos da cabeça e da coluna vertebral;


 Esqueleto Apendicular: constituído pelos ossos dos braços e pernas.

Principais ossos do corpo humano

Quer saber mais sobre o esqueleto e os ossos? Leia também Sistema Esquelético.

Os ossos podem se unir uns aos outros através das articulações.

As articulações consistem na área de contato entre dois ossos distintos, mediados por
diferentes tipos de tecido conjuntivo.

Podem ser do tipo: Imóveis, Semimóveis ou Móveis.

333
Em uma articulação móvel, os ossos mantêm-se no lugar, devido aos ligamentos,
cordões resistentes, constituídos por tecido conjuntivo fibroso.

Sistema Muscular

O sistema muscular é representado pelos músculos.

O sistema muscular é responsável pela estabilidade corporal, produção de movimentos,


manutenção da temperatura corporal e sustentação do corpo.

Principais músculos do corpo humano

Músculos e Contração Muscular


Os músculos são constituídos por tecido muscular, cujas células possuem capacidade de
contração.

334
Uma das principais propriedades dos músculos é a capacidade de se contrair. É isso, que
possibilita os movimentos.

A contração muscular pode ser do tipo isotônica ou isométrica. A isotônica ocorre


quando o músculo se encurta durante a contração. Se não ocorrer encurtamento, a
contração é isométrica.

Tipos de Músculos
Os músculos podem ser de três tipos: estriado esquelético, estriado cardíaco e liso.

O músculo estriado esquelético constitui grande parte da massa muscular do corpo


humano.

As suas extremidades costumam ser afiadas e terminam em cordões fibrosos de tecido


conjuntivo denso modelado, os tendões.

Esse músculo possui contração voluntária e vigorosa.

O músculo estriado cardíaco, é o músculo do coração. Possui contração involuntária e


rítmica.

O músculo liso encontra-se nos órgãos viscerais, como estômago, intestino, bexiga,
útero, entre outros. Possui contração involuntária e lenta.

Audiçã o e Posicionamento
A audição é um dos cinco sentidos do corpo humano e nos permite ouvir. Os
seus principais órgãos são as orelhas (antes designadas “ouvidos”).

O fato de possuirmos uma orelha de cada lado da cabeça, nos ajuda a ter uma melhor
percepção da localização da origem do som.

A Orelha

335
Anatomia da orelha

A orelha humana é dividida em três segmentos: orelha externa, orelha média e orelha
interna. As suas principais partes são:

 Pavilhão Auricular: parte mais externa da orelha, formada por cartilagens, por onde as
ondas sonoras entram no canal auditivo.
 Canal Auditivo: faz a ligação entre a orelha média e o exterior.
 Martelo: pequeno osso localizado na orelha média, que em uma extremidade está
ligado ao tímpano e em outra, à bigorna. Recebe a vibração sonora e a transmite à
orelha interna.
 Bigorna: pequeno osso localizado na orelha média que em uma extremidade está
ligado ao martelo e em outra, ao estribo.
 Estribo: pequeno osso localizado na orelha média, que em uma extremidade está
ligado à bigorna e em outra à janela oval.
 Tímpano: membrana extremamente fina que separa a orelha externa da orelha média.
Transmite a vibração das ondas sonoras aos pequenos ossos localizados na orelha
média (bigorna, estribo e martelo).
 Cóclea: também chamada de “caracol”, está localizada na orelha interna. É um órgão
receptor sensível às diferentes alturas de som. É responsável por converter a vibração
das ondas sonoras em impulsos elétricos.
 Janela Oval: abertura que liga a orelha média à orelha interna.
 Nervo Auditivo: transmite informações ao cérebro que depois de interpretadas
permitem a percepção do som.

336
Orelha externa de mulher

A orelha externa, é a que chamamos comumente de “orelha”. Através dela são captadas
as ondas sonoras do ar, que seguem pelo canal auditivo e logo a seguir passam pela
orelha média, localizada mais internamente, fazendo vibrar o tímpano e os três pequenos
ossos da orelha média: martelo, bigorna e estribo.

Essa vibração chega até a janela oval, que faz a ligação entre a orelha média e a orelha
interna, que como o próprio nome diz, é a que está localizada na parte mais interna do
ouvido.

Na orelha interna, também conhecida como “labirinto”, a vibração chega até a cóclea,
órgão cujo interior possui líquidos e pequenos pelos.

Com a vibração, os líquidos e os pelos estimulam o nervo auditivo, causando impulsos


elétricos que são interpretados pelo cérebro como som.

Doenças da Audição

 Doenças do Labirinto: geralmente chamamos tudo labirintite, mas existe também a


doença de Ménière e outros tipos de vertigem. Causam tontura, dor de cabeça,
desequilíbrio e mal-estar;
 Otite: infecção do ouvido médio com inflamação e acúmulo de líquidos. Causa muitas
dores e se forem frequentes podem levar à surdez;
 Presbiacusia: perda auditiva relacionada com o envelhecimento;
 Surdez: ausência ou diminuição considerável da audição;
 Zumbido: ruídos que só a pessoa ouve, como "sons fantasmas", que podem ser como
som de abelhas ou chiados. Geralmente associado à perda auditiva.

Podem Afetar a Audição

337
 Exposição à sons muito altos;
 Poluição Sonora;
 Perfuração do tímpano;
 Otite na orelha média;
 Fratura dos ossos da orelha média;
 Traumas com ferimentos na cabeça.

Visã o
Um dos cinco sentidos, a visão é a responsável por enxergarmos e tem como órgãos
principais os olhos.

O Olho

Nos seres humanos, o olho é uma esfera com cerca de 3 centímetros de diâmetro, onde
as principais partes são:

 Córnea: é uma membrana transparente que está presa à esclera na parte da frente do
olho. Permite a entrada da luz e, juntamente com o cristalino, faz com que ela seja
focada para a retina. A transparência e a curvatura da córnea são essências para
assegurar uma visão nítida.
 Coroide: é a camada do meio do olho, formada por um tecido constituído de vasos
sanguíneos e nervos, que tem como funções manter a temperatura do globo ocular,
nutri-lo e conduzir o fluxo sanguíneo.
 Cristalino: é uma estrutura de consistência elástica que fica mais espessa para a visão
do que está próximo e mais fina para a visão do que está mais distante, permitindo
assim ajustar o foco do que é visualizado de acordo com a distância. Cresce ao longo de
toda a vida do ser humano e funciona como uma lente que, juntamente com a córnea,
direciona a passagem da luz até a retina.
 Esclera: comumente chamada de “branco do olho”, é a camada mais externa do olho,
constituída de um tecido fibroso bastante denso e resistente, e tem como função
proteger o globo ocular. À ela estão ligados os músculos que controlam os movimentos
dos olhos.
 Humor aquoso: fluido que está situado entre a córnea e o cristalino, preenchendo
assim a câmara anterior do olho.

338
 Humor vítreo: fluido gelatinoso que está situado entre o cristalino e a retina,
preenchendo assim a câmara posterior do olho.
 Íris: é a parte colorida do olho e está situada entre a córnea e o cristalino. É uma
musculatura retrátil que se expande e se contrai, regulando a quantidade de luz que
entra no olho através de um orifício designado pupila.
 Nervo ótico: está ligado à retina. É através dele que são transmitidos os impulsos
elétricos ao cérebro, que posteriormente os interpreta gerando assim a imagem que
visualizamos.
 Pupila: é a parte escura localizada no centro da íris. Apesar de muitos pensarem tratar-
se de um pequeno círculo de pigmentação escura, é na verdade um orifício. A sua
dimensão é aumentada ou reduzida pela íris, consoante a quantidade de luz recebida.
Quando a luminosidade é baixa, a íris dilata a pupila para que seja captada a maior
quantidade de luz possível, e quando a quantidade de luz é muita, a dimensão da
pupila é reduzida pela íris, diminuindo assim a entrada de luz e evitando que o
indivíduo seja ofuscado.
 Retina: é camada mais interna do olho, constituída por dois tipos de células
designados bastonetes (células muito sensíveis à luz que permitem a visão em
condições de baixa luminosidade e detectam apenas tonalidades de cinza)
e cones (células menos sensíveis à luz, que distinguem cores e tonalidades.

Quando se olha para algo ou alguém, este objeto ou ser reflete raios de luz. Essa luz
entra nos olhos através da córnea e, chegando ao cristalino, é focada de forma nítida
sobre a retina.

Como resultado desse processo, é formada na retina uma imagem invertida daquilo que
é focado. Neste momento, os cones e os bastonetes enviam mensagens ao cérebro e isso
desencadeia impulsos elétricos que são transmitidos ao cérebro pelo nervo ótico. O
cérebro então interpreta a imagem recebida e está concluído o processo da visão.

Doenças da Visão

 Miopia: dificuldade de ver o que está distante.


 Hipermetropia: dificuldade de ver o que está perto.
 Astigmatismo: visão distorcida.
 Presbiopia: conhecida como "vista cansada", é uma dificuldade, geralmente causada
pela idade, de ver com nitidez o que está perto.
 Catarata: visão turva

339
 Glaucoma: aumento da pressão intra-ocular que pode ocasionar a diminuição da
acuidade visual e até mesmo a cegueira.
 Estrabismo: desalinhamento ocular que faz com que o indivíduo não consiga direcionar
os dois olhos para um mesmo ponto. Esse desalinhamento pode ser para cima, para
baixo ou para os lados.
 Retinopatia: causa alterações nos pequenos vasos sanguíneos da retina, o que pode
interferir com a qualidade visual do indivíduo podendo até mesmo levá-lo à cegueira.

Podem Afetar a Visão

 Diabetes.
 Pressão arterial elevada.
 Uso excessivo de computadores, tablets e videogames.

Tato
O tato é um dos cinco sentidos e é através dele que podemos perceber
texturas, temperaturas e sensações de dor.

Diferentemente dos outros sentidos, que estão concentrados em uma única parte do
corpo, o tato pode ser percebido em todo o corpo humano, visto que o seu órgão
principal é a pele.

As sensações permitidas pelo tato estão majoritariamente associadas ao toque com as


mãos, mas na realidade elas podem ser percebidas sempre que há contato da pele,
independentemente da parte do corpo que ela reveste, com um corpo físico.

A Pele

Além de ser o órgão principal do sentido do tato, a pele é também o maior órgão do
corpo humano. Ela é composta por duas camadas que estão unidas entre si: a epiderme,
que é a camada exterior e a derme, que é a camada interior.

Toda a superfície da pele é coberta por terminações nervosas. Essas terminações são
responsáveis por captar as sensações e transmiti-las aos nervos. No entanto, a maior
parte dessas terminações capta uma sensação específica:

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 Receptores de Meissner: sensibilidade a toques leves
 Discos de Merkel: sensibilidade tátil e de pressão
 Receptores de Krause: receptores térmicos de frio
 Receptores de Ruffini: receptores térmicos de calor
 Receptores de Vater Pacini: captam estímulos vibratórios
 Terminação nervosa livre: sensibilidade a estímulos mecânicos, térmicos e dolorosos.

Ao receber as sensações, esses receptores transmitem a informação do toque ao cérebro


que os interpreta permitindo assim a nossa percepção de textura, temperatura ou dor.

O Tato e o Alfabeto Braile

O alfabeto Braile foi desenvolvido para possibilitar a experiência de leitura por parte dos
deficientes visuais. Trata-se de um sistema de escrita onde cada conjunto de pontos em
relevo representam um caractere. Esses caracteres podem ser descodificados com a
ponta dos dedos, o que apenas é possível graças ao sentido do tato.

Podem Afetar o Tato

 Hanseníase
 Lesão na medula espinhal
 Micose

Olfato e Paladar
O olfato é um dos cinco sentidos e é através dele que os odores podem ser percebidos e
distinguidos.

O órgão responsável pelo olfato varia de acordo com as espécies. Enquanto os seres
humanos utilizam o nariz para perceber os odores, os insetos utilizam as antenas.

De extrema utilidade, o olfato auxilia na sobrevivência dos animais, que conseguem


sentir o cheiro do seu predador para fugir. Já para os seres humanos, o olfato pode evitar
acidentes ao sentir o cheiro de gás vazando.

341
Como funciona o olfato?

Olfato

Diferentemente da visão, que consegue notar uma série de cores ao mesmo tempo, o
olfato é capaz de identificar apenas um odor de cada vez, mesmo que esse seja uma
combinação de vários odores.

Se dois odores coexistirem em um mesmo local, predominará o mais intenso, e no caso


de ambos serem intensos, a percepção do cheiro alternará entre um e outro odor.

O processo de percepção dos odores acontece quando o ar que possui as moléculas


aromáticas passa pelas fossas nasais e entra em contato com a mucosa olfativa (também
conhecida como mucosa amarela).

Mucosa Olfativa
A mucosa olfativa, ou mucosa amarela, está localizada no alto da cavidade nasal e é rica
em terminações nervosas. Essas terminações possuem células olfativas que enviam

342
impulsos ao cérebro para que estes sejam interpretados. O resultado desse processo é a
identificação dos cheiros.

A mucosa amarela é sensível a ponto de ser estimulada a produzir impulsos, mesmo com
uma quantidade muito pequena de moléculas aromáticas.

No entanto, quanto maior for a quantidade dessas moléculas no ar, maior será a
quantidade de estímulos transmitidos ao cérebro e consequentemente, maior a
sensação/percepção do odor.

Essa sensação, mesmo quando muito intensa, é rapidamente assimilada pelo olfato. Ou
seja, ele "acostuma-se" ao odor intenso passado pouco tempo e passa a senti-lo de
forma mais amena.

Mucosa Vermelha
Na parte inferior da cavidade nasal, está localizada a mucosa vermelha, que recebe este
nome por ser composta por diversos vasos sanguíneos.

Além disso, a mucosa vermelha também é formada por glândulas secretoras de muco,
que por sua vez são responsáveis por manter a região úmida.

Durante um resfriado, por exemplo, essas glândulas produzem muco em excesso fazendo
assim com que o nariz fique entupido.

Relação entre olfato e paladar

Relação entre olfato e paladar

Apesar de ser o sentido relacionado com os odores, o olfato é fundamental também para
o paladar.

343
As papilas gustativas, localizadas majoritariamente na língua e responsáveis pela
percepção dos sabores, identificam os sabores, distinguindo entre doce, salgado, amargo
e ácido.

Os odores, por sua vez, são identificados pelos nervos que estão localizados no nariz.
Dessa forma, as sensações são transmitidas ao cérebro de modo que os sabores possam
ser reconhecidos.

Somente alguns sabores mais complexos, que misturam ácido e doce, por exemplo,
exigem tanto o paladar quanto o olfato.

Muitas vezes os odores são fundamentais para identificar gostos diferentes entre sabores
iguais. É possível diferenciar, por exemplo, o sabor de uma maçã do de uma pera, apesar
de ambas terem sabor doce.

Quando a capacidade olfativa não está funcionando corretamente, o paladar também


fica comprometido fazendo com que tenhamos a sensação de que aquilo que ingerimos
está “sem gosto”.

O olfato dos animais

O olfato humano é bem menos desenvolvido que o olfato dos animais. Para se ter uma
ideia, nos seres humanos, as células olfativas cobrem 10 cm 2 do nariz, nos cachorros 25
cm2 e nos tubarões 60 cm2.

Enquanto uma pessoa tem cerca de 20 milhões de células sensoriais, cada uma com 6
pelos sensoriais, um cachorro, por exemplo, possui mais de 100 milhões de células
sensoriais, cada uma com pelo menos 100 pelos sensoriais.

Para um cachorro sentir um determinado cheiro ele necessita de cerca de 200 mil
moléculas de uma substância por metro cúbico do ar. Já para o ser humano, é preciso
mais de 500 milhões de moléculas dessa substância por metro cúbico para que o odor
possa ser sentido.

Isso explica a capacidade que os animais têm de sentir odores imperceptíveis pelos
humanos. Além disso, justifica o fato de sentirem odores que estão a quilômetros de
distância e que as pessoas só conseguem sentir quando já estão mais próximos.

Doenças do olfato

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O olfato pode apresentar alguns distúrbios que afetam a sensibilidade e capacidade de
percepção de cheiros e odores.

As doenças do olfato podem interferir na degustação dos aromas de bebidas e comidas,


ou ainda na identificação de substâncias químicas e gases que podem gerar graves
consequências.

Essa sensibilidade podem ser causadas por algum fator externo ou estarem relacionadas
a algum distúrbio do organismo.

 Anosmia: representa a perda total ou parcial do olfato e atinge cerca de 1% de toda


população mundial. Pessoas com anosmia não conseguem distinguir sabores
específicos, somente reconhecer determinadas substâncias.
 Hiposmia: é a baixa sensibilidade olfativa.
 Hiperosmia: é a sensibilidade excessiva aos odores, afetando principalmente as mulher
grávidas.

Veja a seguir o que pode causar a distorção do sentindo do olfato:

 Infecções dos seios paranasais


 Infecções bucais
 Higiene oral insuficiente
 Dano dos nervos olfatórios
 Depressão

Algumas doenças específicas podem influenciar a percepção dos cheiros e odores,


comprometendo o olfato. São elas:

 Alzheimer
 Doenças endócrinas
 Distúrbios neurológicos
 Distúrbios nutricionais
 Intoxicação por chumbo
 Parkinson
 Problemas respiratórios
 Traqueostomia
 Traumatismos da face ou base do crânio
 Tumores no nariz ou cérebro

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É importante destacar que os idosos apresentam diminuição do olfato, pois a a partir dos
50 anos de idade a capacidade de sentir cheiros e sabores passa a decrescer
gradualmente. Essa mudança se justifica pela deterioração dos nervos responsáveis pelo
olfato.

O paladar (ou gustação) é um dos cinco sentidos e é através dele que são percebidos os
sabores.

A língua, órgão principal desse sentido, possui em sua superfície a maior parte
das papilas gustativas ou papilas linguais, que são pequenas elevações repletas de
células sensoriais cujas terminações nervosas recebem os sabores dos alimentos e os
comunicam ao cérebro, desencadeando assim impulsos nervosos que têm como
resultado sensações gustatórias.

As substâncias que não desencadeiam impulsos nervosos que resultam nessas sensações
são consideradas insípidas, como é o caso da água.

Antes, acreditava-se que cada papila era responsável por perceber apenas uma
das sensações gustatórias primárias (doce, salgado, azedo e amargo).

Hoje em dia, sabe-se que essas sensações, bem como centenas de outras derivadas de
combinações entre elas, podem ser percebidas por todas as papilas, variando apenas o
grau de intensidade de percepção de cada uma de acordo com a região da língua.

Fatores Importantes na Percepção do Paladar

 Estado: as papilas apenas conseguem receber o sabor de substâncias no estado líquido.


 Olfato: está diretamente relacionado com a percepção das sensações gustatórias. As
substâncias, quando na boca, liberam odores que se espalham pelo nariz e auxiliam na
percepção de sabores específicos entre substâncias de um mesmo sabor. Ajuda, por
exemplo, a diferenciar o sabor de uma maçã do de uma pera, mesmo ambas tendo
sabor doce. Quando temos o nariz entupido, notamos uma redução de sensibilidade no
nosso paladar, o que muitas vezes faz parecer que mesmo a comida mais saborosa está
“sem gosto”.
 O odor de um alimento pode ser também suficiente para estimular a produção de
saliva.
 Saliva: atua dissolvendo as substâncias sólidas para que essas possam ter o seu sabor
recebido pelas papilas.

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 Temperatura: tem influência direta na percepção dos sabores, visto que o sabor azedo
torna-se mais evidente em substâncias frias, assim como o sabor doce é melhor
percebido em substâncias quentes.

Doenças do Paladar

 Ageusia: redução ou perda do paladar.


 Disgeusia: distorção ou diminuição do paladar, podendo mesmo atingir a perda total
do sentido do sabor.

Podem Afetar o Paladar

 Afta
 Deficiência de vitamina B12
 Deficiência de zinco
 Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE)
 Herpes
 Ingestão de medicamentos
 Nariz entupido
 Problemas de saúde bucal
 Tabagismo

Sistema Sensorial
O sistema sensorial integra uma parte do sistema nervoso e é formado por um conjunto
de órgãos que apresentam receptores sensoriais capazes de identificar e transmitir
estímulos.

Portanto, a função desse sistema é captar estímulos, tanto do ambiente externo quanto
do próprio corpo, e converter em impulsos elétricos que são encaminhados para o
sistema nervoso central. Essas informações são interpretadas e transformadas em
sensações, como resposta após o processamento dos estímulos recebidos.

São exemplos de tipos de estímulos captados pelo sistema sensorial: toque, pressão,
temperatura, substâncias químicas, luz e dor.

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Órgãos e sentidos do sistema sensorial

Os órgãos sensoriais pele, língua, olhos, nariz e ouvido são responsáveis,


respectivamente, pelos sentidos sensoriais tato, paladar, visão, olfato e audição.

Os olhos e a visão
Os olhos são órgãos responsáveis pelo sentido da visão através da recepção de estímulos
luminosos.

Os olhos recebem a luz e as informações são processadas na retina, onde se localiza os


fotorreceptores cones, que interpretam cores e tonalidades, e os bastonetes que são
sensíveis à intensidade da luz e permite enxergamos com baixa luminosidade. O nervo
óptico transmite as informações ao cérebro, que processa a imagem que vemos.

A pele e o tato
A pele é o maior órgão do corpo humano e responsável principalmente pelo sentido do
tato através da recepção dos estímulos táteis.

Existem corpúsculos nervosos na derme, camada inferior à epiderme, que identifica a


temperatura (termorreceptores), toque e pressão (mecanorrepectores) e dor
(nocirreceptores).

Alguns receptores e sensações específicas identificadas na pele são:

 Receptores de Meissner: captação de toques leves


 Discos de Merkel: sensibilidade tátil e de pressão
 Receptores de Krause: captação de frio
 Receptores de Ruffini: captação de calor
 Receptores de Vater Pacini: identificam estímulos vibratórios
 Terminação nervosa livre: captam estímulos mecânicos, térmicos e dolorosos

O nariz e o olfato
O nariz é responsável pelo sentido do olfato através da recepção dos estímulos olfativos
e através disso podemos perceber e distinguir os odores.

As células quimiorreceptoras localizadas no epitélio olfativo são capazes de identificar as


substâncias químicas presentes no ambiente. A umidade dentro do nariz é necessária
para dissolver essas partículas.

348
O órgão receptor do olfato pode variar de acordo com a espécie. Insetos, por exemplo,
utilizam suas antenas para captar os estímulos.

A língua e o paladar
A língua é responsável pelo sentido paladar ou gustação através da recepção dos
estímulos que nos fazem diferenciar os sabores.

As células quimiorreceptoras estão presentes nas papilas gustativas e identificam o sabor


doce, salgado, azedo, amargo e umami. O olfato também é fundamental para a
percepção dos sabores, assim como a saliva que dissolve as substâncias e a temperatura.

A água, por exemplo, é considerada uma substância insípida, pois não desencadeia
nenhuma sensação no paladar.

O ouvido e a audição
O ouvido é responsável pelo sentido da audição através da recepção dos estímulos
sonoros.

O som é convertido em estímulos que serão encaminhados ao sistema nervoso central.


As ondas sonoras fazem com que os cílios das células ciliadas no ouvido interno vibrem e
pelo nervo auditivo encaminhem as informações para o cérebro.

Como funciona o sistema sensorial?

O sistema nervoso central é formado pela medula espinhal e o encéfalo, este último
recebe as informações captadas de receptores nos órgãos sensoriais.

Os receptores podem ser formados por terminações nervosas dos neurônios, células do
sistema nervoso, ou por células epiteliais especializadas e são classificados em três tipos:

 Exteroceptores: captam estímulos externos ao corpo, como frio, calor e pressão.


 Interoceptores: captam estímulos internos do corpo, como pH, pressão arterial e
osmótica.
 Propioceptores: estão localizados nos músculos, ligamentos, articulações e tendões,
permitindo assim perceber a posição.

Nos animais, os estímulos que serão transformados em sinais neurais são captados por
receptores, que quanto ao tipo de estímulo podem ser:

349
 Mecanorreceptores: ativados por estímulos mecânicos, como a pressão e tato.
 Termorreceptores: ativados pela variação de temperatura.
 Quimiorreceptores: ativados por substâncias químicas.
 Fotorreceptores: ativados pela luz.
 Nocirreceptores: ativados pela dor.

Sistema Reprodutor
O Sistema Reprodutor Feminino ou Aparelho Reprodutor Feminino é o sistema
responsável pela reprodução humana.

Ele cumpre diversos papéis importantes:

 produz os gametas femininos (óvulos);


 fornece um local apropriado para a ocorrência da fecundação;
 permite a implantação de embrião;
 oferece ao embrião condições para seu desenvolvimento;
 executa atividade motora suficiente para expelir o novo ser quando ele completa sua
formação.

Anatomia do Sistema Reprodutor Feminino

350
O sistema
reprodutor feminino é composto por diferentes órgãos

O sistema reprodutor feminino é formado pelos seguintes órgãos: ovários, tubas


uterinas, útero e vagina.

Ovários

A ovulação é
o momento que o ovário liberar os óvulos produzidos

351
Os ovários são dois órgãos de forma oval que medem de 3 a 4 cm de comprimento. Eles
são responsáveis pela produção dos hormônios sexuais da mulher, o progesterona e o
estrogênio. Nos ovários também são armazenadas as células sexuais femininas, os
óvulos.

Assim, durante a fase fértil da mulher, aproximadamente uma vez por mês, um dos
ovários lança um óvulo na tuba uterina: é a chamada ovulação.

Tubas Uterinas

A tuba uterina representa o


caminho percorrido pelo óvulo fecundado até chegar no útero

Tubas uterinas são dois tubos, com aproximadamente 10 cm de comprimento, que unem
os ovários ao útero. A partir disso, o óvulo amadurecido sai do ovário e penetra na tuba.

Se o óvulo for fecundado por um espermatozoide, forma-se uma célula-ovo ou zigoto,


que se encaminha para o útero, local onde se fixa e desenvolve, originando um novo ser.

352
Útero

O útero é o órgão que acomoda o


embrião

O útero é um órgão muscular oco de grande elasticidade, do tamanho e forma


semelhante a uma pera. Sua principal função é acomodar o feto até o nascimento do
bebê.

Na gravidez ele se expande, acomodando o embrião que se desenvolve até o


nascimento. A mucosa uterina é chamada de endométrio, que passa por um processo de
descamação durante o período da menstruação.

Vagina

A vagina é o órgão que desenvolve diversas funções


no sistema reprodutor feminino

A vagina é o órgão sexual feminino e atua como o canal que faz a comunicação do útero
com o meio excretor. Ela possui aproximadamente 8 cm de comprimento e 2,5 cm de
diâmetro.

353
Suas paredes são franjadas e com glândulas secretoras de muco. Suas funções estão
relacionadas à passagem do sangue durante a menstruação, a penetração do pênis
durante a relação sexual e o principal canal do parte, sendo este local por onde sai o
bebê.

Menstruação

A menstruação representa o início da vida fértil de uma mulher, isto é, o período em que
a mulher atinge sua maturidade e já pode engravidar.

Ela corresponde, portanto, à eliminação pelo corpo feminino do material resultante da


descamação da mucosa uterina e do sangue resultante do rompimento dos vasos
sanguíneos. Ela ocorre quando não há fecundação do óvulo.

Ciclo Menstrual

O ciclo menstrual é o período entre o início de uma menstruação e outra. Esse período
dura, em média, 28 dias, mas pode ser mais curto ou mais longo.

A primeira menstruação chama-se “menarca” e na maioria das vezes, ocorre entre os 12 e


os 13 anos. Por volta dos 50 anos, fase é chamada de "menopausa", o óvulos se esgotam
e cessam as menstruações e a fertilidade da mulher.

Microbiologia
Vírus
Vírus são seres microscópicos constituídos de DNA ou RNA e protegidos por uma capa
formada de proteínas.

São considerados parasitas intracelulares e, por isso, suas funções só podem ser
desempenhadas quando entram em uma célula viva para utilizar todos os seus recursos.

Tipos de Vírus

354
Os vírus são classificados de acordo com o tipo de ácido nucleico, de acordo com a
forma do capsídeo e também pelos organismos que eles são capazes de infectar. Veja os
exemplos a seguir.

 Adenovírus: formados por DNA, por exemplo o vírus da pneumonia.


 Retrovírus: formados por RNA, por exemplo o vírus HIV.
 Arbovírus: transmitidos por insetos, por exemplo o vírus da dengue.
 Bacteriófagos: vírus que infectam bactérias.
 Micófagos: vírus que infectam fungos.

Uma informação importante sobre os vírus é que eles podem utilizar agentes
transmissores em uma infecção. Por exemplo, as plantas podem ser infectadas por vírus
através de insetos ou outros organismos que se alimentam delas.

Características dos vírus

As principais características dos vírus são:

 São seres acelulares, ou seja, não possuem células;


 Suas dimensões variam de 17 nm até 300 nm;
 São seres diversificados e, portanto, não possuem um padrão;
 São capazes de sofrer mutações;
 Fora de um organismo hospedeiro cristalizam-se como os minerais;
 Não possuem metabolismo próprio e, por isso, a reprodução ocorre em uma célula viva.

Muito se discute sobre os vírus serem considerados seres vivos ou não. Enquanto para
alguns estudiosos eles são apenas partículas infecciosas, para outros, uma vez que se
reproduzem e sofrem mutações genéticas, estão inclusos na categoria dos seres vivos.

Estrutura do Vírus

Os vírus são formados por ácidos nucleicos, RNA (ácido ribonucleico) ou DNA (ácido
desoxirribonucleico), envolvidos por uma capa proteica chamada de capsídeo. Além
desses componentes, alguns vírus ainda podem ser revestidos por uma película de
gordura e proteína.

355
Estrut
ura do vírus causador da Hepatite C

 Ácidos nucleicos (RNA e DNA): são as informações contidas no vírus que deverão ser
utilizadas para sintetizar proteínas na célula invadida;
 Capsídeo: envolve e protege o ácido nucleico viral da digestão por enzimas. Além disso,
possui regiões que permitem a passagem do ácido nucleico para injetar no citoplasma
da célula hospedeira;
 Envelope de glicoproteínas: revestimento formado por lipídios e proteínas ao redor do
capsídeo, que são utilizadas para invadir a membrana celular e se ligar a ela, facilitando
a fixação do vírus.

Como os vírus se reproduzem?

Os vírus são capazes de invadir diferentes tipos de células, principalmente bactérias,


plantas e animais.

No ciclo de reprodução, geralmente os vírus rompem a parede celular, entram, replicam-


se e partem para infectar novas células.

Há também os vírus que não precisam entrar em uma célula para se reproduzirem, eles
apenas injetam seu genoma na célula hospedeira.

356
O material genético viral inserido em uma célula é traduzido e replicado à medida que a
célula se multiplica.

Geralmente, os vírus utilizam os ribossomos das células eucarióticas para traduzir o RNA
mensageiro viram e, assim, produzirem proteínas virais dentro da célula.

O ciclo reprodutivo desses organismos pode então ser dividido em 4 etapas:

 Entrada do vírus na célula hospedeira;


 Eclipse (inatividade do vírus);
 Multiplicação do material viral (cópias da matriz);
 Liberação dos novos vírus.

Em outras palavras, no processo de reprodução dos vírus há a duplicação do material


genético viral e a síntese das proteínas na medida em que ele inibe o funcionamento
normal da célula.

Viroses: doenças causadas por vírus

As doenças causadas por vírus são chamadas de viroses. Confira alguns exemplos a
seguir.

 Gripe
 Gripe espanhola
 Sarampo
 Varíola
 Rubéola
 Meningite
 Pneumonia
 Poliomielite
 AIDS

Note que, os vírus podem infectar tanto as células dos animais, fungos, vegetais
(eucarióticas), quanto das bactérias (procarióticas) e, nesse caso, são chamados de
bacteriófagos.

Como os vírus foram descobertos?

357
Louis Pasteur (1822 – 1895) foi o primeiro a utilizar o termo vírus para explicar o que seria
o agente causador da doença raiva. A técnica de filtração foi sua aliada nessa descoberta,
pois o filtro utilizado retia bactérias e deixava passar seres ainda menores.

Em 1892, o vírus causador de doenças nas folhas de tabaco foi caracterizado pelo
botânico Dmitry Ivanovski (1864 – 1920). Estudando a mesma planta, em 1899, o
botânico Mariunus Willen Beijerinck (1851 – 1931) conseguiu transmitir a doença para
uma unidade sadia. Entre 1915 e 1917 foram descobertos os vírus que “comem
bactérias”.

Embora tenham ocorrido descobertas importantes, até o século XX a natureza dos vírus
não era compreendida.

O estudo dos seres microscópicos, como os vírus, tornou-se possível com a invenção do
microscópio. Além disso, os avanços na cultura de células em laboratório e os avanços na
área da genética fizeram com que as informações sobre os vírus melhorassem
drasticamente.

Curiosidades

 A palavra "vírus", do latim, significa toxina, fluido venenoso.


 O “vírion” corresponde a partícula viral quando ela se encontra fora da célula
hospedeira.
 O termo “vírus de computador” surgiu por analogia ao vírus biológico marcado por sua
característica parasitária.

Viroses
As doenças causadas por vírus, também chamadas de viroses, são aquelas que tem
como agente etiológico diversos vírus.

Algumas das doenças virais, se não forem tratadas podem levar o paciente ao óbito.
Geralmente, não possuem um tratamento específico, visto que o corpo produz
anticorpos para combater o vírus.

Confira abaixo uma lista com 20 das principais doenças virais.

358
 AIDS (SIDA)
 Catapora
 Caxumba
 COVID-19
 Dengue
 Ebola
 Febre amarela
 Febre Chikungunya
 Febre Zika
 Gripe
 Hepatites virais
 Herpes
 HPV
 Meningite
 Pneumonia
 Poliomielite
 Raiva
 Rubéola
 Sarampo
 Varíola

1. AIDS (SIDA)

A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida é causada pelo vírus da imunodeficiência


humana (HIV), que ataca os sistemas circulatório e imunológico.

A doença é transmitida pelo contato sexual, pelo sangue e de mãe para filho. Como afeta
o sistema imunológico, outras doenças podem surgir num estágio mais avançado como
câncer, meningite, tuberculose, etc.

2. Catapora

A catapora, também chamada de varicela, é causada pelo vírus varicela zoster (VZV), que
causa uma infecção na pele. A transmissão acontece através do contato com as secreções
dos portadores da doença.

É característico da doença o aparecimento de bolhas vermelhas no corpo e coceira.


Dessa forma, o uso de alguns medicamentos que diminuam a coceira são indicados pelos
especialistas.

359
3. Caxumba

A caxumba é causada pelo vírus do gênero Paramyxovirus, que ataca principalmente o


sistema digestório. A transmissão ocorre pelo contato com secreções do doente e, ainda,
ao compartilhar de objetos.

Embora seja comum o ataque às glândulas salivares, a caxumba pode acometer outras
partes do corpo, como testículos, ovários e pâncreas.

4. COVID-19

COVID-19 é uma síndrome respiratória aguda, doença associada ao sistema respiratório


e causada pelo SARS-CoV-2, um vírus da família coronavírus. Em 2020, o surto da doença
foi classificado como uma pandemia, devido ao seu alto grau de disseminação.

Quando o coronavírus ataca o organismo causa manifestações que vão desde uma gripe
comum até uma pneumonia fatal. Outros coronavírus também podem causar doenças
respiratórias, é o caso do vírus SARS-CoV, que causou uma epidemia entre 2002 e 2003.

5. Dengue

A dengue é causada pelos vírus Den I ao IV do gênero Flavivírus, que atacam os sistemas
circulatório e imunológico. A transmissão ocorre através da picada do mosquito Aedes
aegypti, principal vetor.

A dengue hemorrágica é a manifestação mais grave da doença, quando o paciente


apresenta hemorragia, problemas de circulação e aumento do fígado (hepatomegalia).

6. Ebola

A febre hemorrágica é causada pelo vírus ebola, que ataca os sistemas circulatório e
imunológico. Esse vírus pode ser transferido através do contato entre os seres humanos,
animais e materiais infectados.

Acredita-se que os morcegos são o reservatório mais provável da doença do vírus Ebola.
Essa zoonose tornou-se uma epidemia nos países da África Ocidental entre 2014 e 2015.

7. Febre Amarela

360
A febre amarela é causada pelo vírus do gênero Flavivírus, que ataca os sistemas
circulatório e imunológico. A transmissão ocorre pela picada dos mosquitos
vetores Aedes aegypti e Haemogogus.

Trata-se de uma doença infeciosa aguda, que é classificada como silvestre, quando
ocorre em regiões florestais, ou urbana.

8. Febre Chikungunya

A doença é causada pelo vírus Chikungunya (CHIKV), que ataca os sistemas circulatório e
imunológico. A transmissão ocorre pela picada do mosquito Aedes aegypti ou o Aedes
albopictus.

Com o tempo, o nosso sistema imunológico produz anticorpos que combatem o vírus.
Medicamentos como analgésicos e antitérmicos podem ser indicados para aliviar os
sintomas.

9. Febre Zika

O Zika vírus (ZKV) é o vírus causador da febre Zika. A transmissão do agente é feita pela
picada dos mosquitos Aedes aegypti e o Aedes albopictus.

Para prevenção é recomendado o uso de repelentes. Telas antimosquito e cuidado com


os locais de transmissão (água parada, por exemplo), podem prevenir contra a doença.

10. Gripe Comum

A gripe comum é causada pelo vírus Influenza, que ataca o sistema respiratório. A sua
transmissão ocorre pelo contato direto com os portadores do vírus ou pelo
compartilhamento de objetos.

A ingestão de líquidos para hidratação e uma alimentação rica em vitaminas (sobretudo a


C) são eficazes no tratamento da gripe. Existe também a vacina contra a gripe que pode
ser tomada anualmente.

11. Hepatites virais

As hepatites virais são causadas pelos Hepatitis virus (A, B, C, D, E), que atacam o sistema
digestório. A transmissão está relacionada com o consumo excessivo de álcool, consumo
de alimentos contaminados e contato com portadores da doença.

361
As hepatites B e C podem ser transmitidas pelo sangue e contato sexual e, por isso, é
importante usar preservativo durante o ato. No caso da hepatite B, existe uma vacina.

12. Herpes

O herpes é uma doença associada à pele e ao sistema genital. O herpes labial é causada
pelo herpes simplex I e o herpes genital pelo herpes simplex II.

A transmissão ocorre pelo contacto com fluidos corporais ou feridas de uma pessoa
infetada. Além disso, pode ser passada de mãe para filho e pelo contato sexual.

13. HPV

A infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV) ataca o sistema genital. A transmissão


ocorre pelo contato sexual com uma pessoa infectada.

O uso de preservativos é o método mais eficaz contra a doença. Fazer exame de rotina é
muito importante para detectar a doença em sua fase inicial.

14. Meningite

As meningites virais são causadas por diferentes vírus, entre eles, enterovírus, arbovírus,
vírus do sarampo e vírus da caxumba. A transmissão ocorre pelo contato com os
portadores da doença.

Além dos vírus, muitas bactérias podem causar a meningite e, por isso, existe também a
meningite bacteriana.

15. Pneumonia

A pneumonia viral acomete o sistema respiratório, quando os vírus se instalam nos


pulmões. Adenovírus, Varicela-zóster e Influenza são exemplos de vírus causadores da
pneumonia.

A transmissão ocorre pelo ar e pelo contato com secreções de pessoas infectadas.


Também pode ser transmitida pelo compartilhamento de objetos.

16. Poliomielite

A poliomielite, também chamada de paralisia infantil, é uma doença causada por um


Poliovírus do gênero Enterovírus e da família Picornaviridae. A transmissão ocorre pela

362
falta de saneamento básico, como água e alimentos contaminados. Pode também ser
transmitida pelas secreções e fezes dos contaminados.

A prevenção é feita por meio da vacinação e evitar contato com as pessoas portadoras
do vírus. Lavar bem as mãos, os alimentos e consumir água tratada também podem
evitar o contágio.

17. Raiva

A doença viral raiva que acomete seres humanos, também chamada de hidrofobia, é
causada pelo Lyssavirus e afeta o sistema nervoso.

Animais, como cães, gatos e morcegos podem ser reservatórios da doença e a


contaminação ocorre principalmente pela mordida, pois faz com que se tenha contato
com a saliva do animal doente.

18. Rubéola

A rubéola é causada associada à pele, causada por vírus do gênero Rubivírus e


família Togaviridae.

A transmissão ocorre pelo contato com as secreções dos portadores da doença e a


prevenção é feita por meio das vacinas dupla viral ou tríplice viral, ambas tomadas na
infância.

19. Sarampo

O sarampo é uma doença associada à pele, causada por vírus pertencente ao gênero
Morbillivirus e família Paramyxoviridae. A transmissão ocorre pelo contato com as
secreções do portador da doença, e ainda, pelo compartilhamento de objetos.

Durante a infância, a prevenção da doença é realizada através das vacinas tetra viral e a
tríplice viral.

20. Varíola

A varíola é uma doença associada à pele, causada por vírus do gênero Orthopoxvirus e
família Poxviridae.

363
A transmissão ocorre pelas secreções e saliva da pessoa infectada e, ainda, pelo
compartilhamento de objetos. A prevenção é feita por meio da vacina contra varíola.

Sintomas de viroses

Quando o organismo é invadido por um vírus causador de doença, os sintomas mais


comuns para a virose são: dores musculares e de cabeça, febre, perda de apetite, vômito,
diarreia e fraqueza.

Além dos sintomas gerais, as doenças podem se manifestar apresentando sintomas


específicos, como:

 Tosse, coriza e congestão nasal (gripe comum);


 Inchaço na região do pescoço (caxumba);
 Manchas avermelhadas e coceira (sarampo);
 Pele e olhos amarelados (hepatite);
 Verrugas, lesões e manchas na pele (HPV).

Vale ressaltar que para a identificação correta da doença e realização de um tratamento


eficaz é necessário sempre a avaliação médica.

Tratamento para viroses

O tratamento das doenças causadas pelos vírus é realizado de acordo com o agente
infecioso e a região do corpo afetada.

Para muitas viroses não existem vacinas e remédios contra ou um tratamento específico.
Sendo assim, o próprio sistema imunológico cria anticorpos para combater o vírus.

Recomenda-se sempre uma boa alimentação, hidratação e repouso do paciente.


Entretanto, medicamentos para aliviar os sintomas também podem ser receitados pelos
médicos, como analgésicos, antitérmicos e antivirais.

Reino Monera
O Reino Monera é um dos reinos dos seres vivos, caracterizado por organismos
procariontes, unicelulares, autótrofos ou heterótrofos.

364
O grupo do monera compreende as bactérias e as cianobactérias (algas azuis ou
cianofíceas).

Os primeiros fósseis encontrados na natureza são de procariontes: micro fósseis de


cianobactérias, presentes na Austrália, com 3,5 bilhões de anos e também de bactérias,
na África do Sul, com idade estimada em 3 bilhões e 100 milhões de anos.

Bactérias

As bactérias são microrganismos unicelulares que estão entre os menores, mais simples e
mais abundantes organismos do planeta. A maioria não ultrapassa um micrômetro – a
milésima parte do milímetro.

Elas são encontradas em um grande diversidade de ambientes, como no solo, na água


doce, no mar, no ar, na superfície e no interior dos organismos e nos materiais em
decomposição.

As bactérias podem viver isoladamente ou construir agrupamentos coloniais de diversos


formatos. De acordo com a forma que apresentam recebem uma denominação
específica:

 Bacilos: apresentam formas alongadas;


 Cocos: com formas esféricas. Porém, eles podem se associar formando diversos tipos de
colônias: diplococos, estafilococos, estreptococos, pneumococos e tétrade.
 Espirilos: apresentam forma de espiral;
 Vibriões: em forma de vírgula.

365
Formatos e
organização das bactérias
Muitas bactérias são úteis ao homem, como o ácido acético, usado para a fabricação do
vinagre, os lactobacilos usados na fabricação de iogurtes, queijos e coalhadas, como
também as que vivem no trato digestivo e produzem vitaminas essenciais à saúde.

As bactérias decompositoras permitem a decomposição da matéria orgânica morta,


colaborando na reciclagem de diversos elementos.

Cianobactérias

As
cianobactérias apresentam diversos formatos e podem realizar fotossíntese

366
As cianobactérias são organismos unicelulares, que podem viver isoladamente ou em
colônias. Elas medem apenas alguns micrômetros, só podendo ser visualizados com a
ajuda de um microscópio.

Elas realizam fotossíntese, mas a clorofila não está organizada nos cloroplastos como nas
plantas, e sim dispersa pelo citoplasma assim com outros pigmentos.

Os formatos das cianobactérias variam entre esferas, bastões ou filamentos e podem ser
encontradas no solo úmido, na água doce e no mar. O acúmulo de matéria orgânica
nesses ambientes favorece o aparecimento e desenvolvimento das cianobactérias, que se
proliferam rapidamente produzindo um fenômeno chamado de eutrofização.

Algumas espécies produzem e liberam toxinas na água, as hepatotoxinas e neurotoxinas,


que podem causar o envenenamento de animais que vivem no mesmo ambiente, e até
mesmo causar doenças ao ser humano que utilizar essa água.

Monera ou Eubactérias e Arqueobactérias?

A classificação dos seres vivos mudou muito ao longo do tempo, e principalmente depois
que se conheceu mais a respeito da estrutura dos organismos, a origem e evolução das
espécies.

Importante notar que dependendo do sistema de classificação adotado, o Reino Monera


atualmente é considerado por uns e desconsiderado por outros cientistas.

Assim, e alguns estudos, o Reino Monera poderia ser substituído por dois grupos:

 Eubactérias: Engloba as bactérias verdadeiras e cianobactérias;


 Arqueobactérias ou arqueas: Algumas espécies que vivem em ambientes extremos.

Doenças causadas por bactérias

Como vimos, as bactérias podem causar problemas de saúde. As Doenças Causadas por
Bactérias ocorrem através da transmissão por alimentos contaminados ou contato com
pessoas doentes.

Alguns exemplos são:

 Botulismo: causada pela bactéria Clostridium botulinum, encontrada no solo e em


alimentos de origem vegetal e animal.

367
 Brucelose: infecção causada por bactérias do gênero Brucella.
 Clamídia: é uma doença sexualmente transmissível (DST) causada pela
bactéria Chlamydia trachomatis, que afeta os órgãos genitais masculinos e femininos.
 Cólera: doença infectocontagiosa causada pela bactéria Vibrio cholerae.
 Coqueluche: doença respiratória infectocontagiosa causada pela bactéria Bordetella
pertussis.
 Difteria: é uma doença infectocontagiosa causada pela bactéria Corynebacterium
diphtheriae.
 Febre Tifoide: é uma doença aguda causada pela bactéria Salmonella
enterica sorotipo Typhi.
 Hanseníase: doença crônica causada pela bactéria Mycobacterium leprae.
 Pneumonia: doença respiratória causada pela bactéria Streptococcus pneumoniae.

Bacterioses
As doenças causadas por bactérias, também conhecidas por bacterioses, tanto podem
ser facilmente tratadas através de antibióticos, como o seu agravamento pode levar à
morte.

A maior parte das bactérias é transmitida pela ingestão de alimentos contaminados ou


em contato com pessoas doentes.

Os sintomas são variados, conforme o tipo de doença. A prevenção, muitas vezes, é


baseada em cuidados simples como a lavagem das mãos e dos alimentos e vacinação.

Veja abaixo a lista das principais doenças causadas por bactérias:

Botulismo

O botulismo é causado pela bactéria Clostridium botulinum. Os primeiros casos da


doença foram registrados pelo consumo de salsichas contaminadas e outros derivados
da carne enlatados.

 Transmissão: ingestão de alimentos contaminados.

368
 Sintomas: prisão de ventre, tontura, visão distorcida e dificuldade de abrir os olhos na
claridade. O agravamento da doença pode levar o doente à morte na sequência da
paralisia dos músculos respiratórios.
 Tratamento: o doente deve ser internado para que seja ministrado o tratamento para
eliminação da bactéria.
 Prevenção: cuidado na escolha de alimentos enlatados, atentando para que a lata não
tenha ferrugem ou esteja estufada.

Brucelose

A brucelose é uma infecção causada por bactérias do gênero Brucella.

 Transmissão: contato com animais infectados ou ingestão de alimentos de origem


animal que estejam contaminados.
 Sintomas: calafrio, dor de cabeça, cansaço, febre.
 Tratamento: deve ser administrado antibiótico, além de repouso e hidratação.
 Prevenção: usar luvas ou lavar as mãos após ter contato com animais, comer carne bem
passada, ferver o leite antes de beber.

Cistite

A cistite é uma doença crônica caracterizada por uma irritação ou inflamação da parede
da bexiga.

Na maioria dos casos, é causada pela bactéria Escherichia coli, naturalmente presente no
intestino.

 Transmissão: o fato de beber pouca água pode deixar de limpar as bactérias presentes
na bexiga, tal como o uso de roupas íntimas apertadas.
 Sintomas: vontade frequente de urinar, ardor ao urinar, febre.
 Tratamento: uso de antibiótico.
 Prevenção: beber água muitas vezes, urinar logo que tiver necessidade, evitar roupas
íntimas apertadas.

Clamídia

A clamídia é uma doença sexualmente transmissível (DST) causada pela


bactéria Chlamydia trachomatis.

 Transmissão: relações sexuais; de mãe para filho no parto.

369
 Sintomas: ardor ao urinar; vontade frequente de urinar; testículos doloridos e inchados,
em homens; dor no baixo ventre, no caso das mulheres.
 Tratamento: administração de antibióticos para o casal, evitando a reinfecção.
 Prevenção: uso de preservativo.

Cólera

A cólera é uma doença infectocontagiosa causada pela bactéria Vibrio cholerae. Caso não
seja tratada, pode levar o paciente à morte por conta da intensa desidratação que ela
causa.

 Transmissão: ingestão de água ou alimentos contaminados.


 Sintomas: diarreia, desidratação, vômitos, fraqueza, perda de peso e cólicas
abdominais.
 Tratamento: hidratação e uso de antibióticos.
 Prevenção: lavar muito bem frutas e legumes antes de consumi-los, bem como lavar
muito bem as mãos antes das refeições e melhoria do saneamento básico.

Coqueluche

A coqueluche é uma doença respiratória infectocontagiosa causada pela


bactéria Bordetella pertussis.

 Transmissão: através de espirro, saliva e tosse de pessoas infectadas.


 Sintomas: febre, espirro, mal-estar, tosse seca prolongada e falta de ar.
 Tratamento: além de beber muitos líquidos, devem ser administrados analgésicos e
anti-inflamatórios aos doentes, que devem ser isolados para que não transmitam a
doença para outras pessoas.
 Prevenção: vacinação infantil.

Difteria

A difteria é uma doença infectocontagiosa causada pela


bactéria Corynebacterium diphtheriae. Sua principal característica é a inflamação da
garganta, o que causa um inchaço na região do pescoço.

 Transmissão: contato com pessoas infectadas, através da saliva ou lesões da pele.

370
 Sintomas: dor de garganta, aparecimento de placas nas amígdalas, febre e mal-estar,
tosse, febre, calafrios e coriza nasal. O agravamento da doença pode levar à morte por
asfixia.
 Tratamento: os doentes devem ser isolados e o controle da doença pode ser feito
através de antibióticos.
 Prevenção: vacinação infantil.

Escarlatina

A escarlatina é uma doença infectocontagiosa causada pela bactéria Streptococcus


pyogenes. É característica pelo surgimento de erupções vermelho-escarlate na pele.

 Transmissão: contato com pessoas infectadas, através da saliva ou da secreção nasal.


 Sintomas: manchas vermelhas na pele, febre alta, dor de garganta, dores musculares,
coceira no corpo, náuseas e vômitos.
 Tratamento: deve ser administrada a penicilina, exceto aos alérgicos, para os quais é
dado outro tipo de antibiótico.
 Prevenção: evitar contato com outros doentes e boa higienização.

Febre Tifoide

A febre tifoide é uma doença bacteriana aguda causada pela bactéria Salmonella
enterica sorotipo Typhi.

Ela é associada a baixos níveis socioeconômicos e más condições de saneamento básico,


higiene ambiental e pessoal.

 Transmissão: ingestão de água ou alimentos contaminados.


 Sintomas: febre alta prolongada, dor de cabeça, náuseas, falta de apetite, mal-estar
geral e vômitos. Em alguns casos, prisão de ventre, enquanto em outros diarreia. Com o
agravamento da doença, há risco de hemorragias abdominais e infecção generalizada,
podendo resultar na morte.
 Tratamento: repouso e alimentação à base de líquidos, principalmente. Além desses
cuidados, devem ser administrados antibióticos aos doentes.
 Prevenção: manter hábitos de higiene, lavar e cozinhar bem os alimentos antes do seu
consumo, evitar ou prevenir-se em viagens para locais propensos à doença.

Gonorreia

371
A gonorreia é uma doença sexualmente transmissível, causada pela bactéria Neisseria
gonorrheae.

 Transmissão: relações sexuais; de mãe para filho no parto.


 Sintomas: dor e ardor ao urinar, sangramentos, corrimento amarelado e com forte
odor.
 Tratamento: deve ser administrado antibiótico aos doentes.
 Prevenção: usar preservativos.

Hanseníase

A hanseníase é uma doença crônica, conhecida antigamente como lepra. É causada pela
bactéria Mycobacterium leprae, também conhecido como bacilo de Hansen.

 Transmissão: através de espirro, saliva e tosse de pessoas infectadas.


 Sintomas: manchas na pele, no local das manchas a temperatura aumenta mais do que
no restante do corpo. Surgem também caroços nos cotovelos, nas mãos e nas orelhas.
Inchaço nas mãos e pés. Perda de força muscular e dor nas articulações.
 Tratamento: deve ser administrado antibiótico aos doentes, cuja duração pode variar
entre 6 meses a 1 ano, conforme o tipo de lepra.
 Prevenção: ir ao médico para fazer diagnóstico quando houver contato com pessoas
doentes.

Impetigo

Impetigo é uma infecção da camada mais superficial da pele que atinge sobretudo
crianças, causada por bactérias Staphylococcus aureus e Streptococcus do grupo A.

Apresenta duas formas: impetigo bolhoso e impetigo não bolhoso.

 Transmissão: contato com feridas, através da secreção nasal ou utensílios utilizados dos
doentes.
 Sintomas: No caso do impetigo bolhoso: bolhas nos braços, no peito e nas nádegas,
febre e coceira. No impetigo não bolhoso: dor em decorrência do aparecimento de
úlceras com pus, principalmente nas pernas.
 Tratamento: deve ser administrado antibiótico aos doentes e pomadas nas feridas.
 Prevenção: lavar muito bem as mãos quando estiver próximo ao doente e evitar pegar
em utensílios usados pelo mesmo. Isso porque essa doença tem um nível de contágio
bastante elevado.

372
Leptospirose

A leptospirose é uma doença bacteriana que afeta seres humanos e animais. É causada
por bactérias do gênero Leptospira.

Existe risco de morte em 40% dos casos, caso não seja tratada adequadamente. Isso
porque pode causar danos aos rins, inflamação na membrana que envolve o cérebro,
insuficiência hepática e insuficiência respiratória.

 Transmissão: contato com água ou objetos que tenham urina de animais infectados.
 Sintomas: febre alta, dor muscular, mal-estar, tosse, olhos vermelhos e manchas
vermelhas pelo corpo.
 Tratamento: os doentes devem ser hidratados e tomar antibióticos.
 Prevenção: lavar bem os alimentos antes de consumi-los, fechar caixas d’água, vacinar
os animais.

Meningite

A meningite é uma inflamação das meninges, as membranas que envolvem e protegem o


encéfalo e a medula espinhal. Ela pode ser provocada por bactérias, vírus ou fungos.

A meningite bacteriana pode levar à morte se não for diagnosticada a tempo. Os 3 tipos
de meningites bacterianas mais comuns são causadas pelas bactérias: meningococos,
pneumococos e Haemophylus.

 Transmissão: através de espirro, saliva e tosse.


 Sintomas: dor de cabeça e no pescoço, rigidez na nuca, febre alta e manchas
vermelhas.
 Tratamento: deve ser administrado antibiótico aos doentes, na veia, o mais rápido
possível. Isso porque a doença pode resultar em surdez ou até na morte.
 Prevenção: vacinação e evitar contato com doentes.

Pneumonia

Pneumonia é uma infecção pulmonar causada por bactérias, vírus, fungos ou outros
parasitas. A forma mais comum ocorre pela bactéria Streptococcus pneumoniae.

 Transmissão: através de espirro, saliva e tosse de pessoas infectadas.


 Sintomas: dor no corpo, falta de ar persistente, febre alta, tosse, fraqueza e cansaço.

373
 Tratamento: deve ser administrado antibiótico aos doentes. Com a evolução da
doença, é necessário o internamento.
 Prevenção: evitar o excesso de exposição ao ar-condicionado e cuidar adequadamente
dos resfriados para que não evoluam para um quadro mais grave que resulte na
pneumonia.

Salmonelose

A salmonelose é uma infecção gastrointestinal provocada por bactérias do


gênero Salmonella e família Enterobacteriaceae.

 Transmissão: ingestão de alimentos contaminados, especialmente carnes de aves mal-


passadas, ovos e água.
 Sintomas: cólica, diarreia, dor de cabeça e abdominal, febre e vômito.
 Tratamento: hidratação do doente e, no seu agravamento, administração de
antibiótico.
 Prevenção: consumir alimentos bem lavados e cozidos, beber leite fervido, lavar bem as
mãos antes das refeições.

Terçol

Terçol ou hordéolo é uma inflamação das glândulas sebáceas de Zeiss e Mol, localizadas
na pálpebra, perto das raízes dos cílios. Ocorre devido a infecção de bactérias,
geralmente estafilococos.

 Transmissão: através do toque na lesão ou contato com a lágrima do doente.


 Sintomas: inchaço nas pálpebras, coceira, vermelhidão, sensibilidade à luz e dor ao
piscar.
 Tratamento: administração de colírio ou pomada.
 Prevenção: lavar bem as mãos ao ter contato com os olhos, não dormir com
maquiagens, falta de higiene em lentes de contato e evitar passar as mãos no local da
lesão.

Tétano

O tétano é uma doença infecciosa causada pela bactéria Clostridium tetani. Ataca o
sistema nervoso central.

Se não for tratada, pode levar a pessoa à morte.

374
 Transmissão: através de pequenos cortes ou feridas que entrem em contato com fezes,
plantas, objetos enferrujados e que podem ter a bactéria.
 Sintomas: rigidez dos músculos, febre, dor de cabeça, espasmos musculares e
dificuldade para abrir a boca.
 Tratamento: administração de relaxante muscular e antibiótico.
 Prevenção: vacinação, limpeza cuidadosa de feridas.

Tracoma

O tracoma é uma doença inflamatória, crônica e recidivante que afeta os olhos. É causada
pela bactéria Chlamydia trachomatis.

 Transmissão: contato com pessoas que tenham tracoma ou com objetos utilizados por
elas.
 Sintomas: ardor nos olhos, aumento da pupila, coceira e lacrimejamento.
 Tratamento: administração de colírio ou pomada à base de antibiótico.
 Prevenção: não utilizar utensílios usados pelo doente, lavar bem as mãos.

Tuberculose

A tuberculose ou tísica pulmonar é uma doença infectocontagiosa causada pela


bactéria Mycobacterium tuberculosis, também chamada de Bacilo de Koch (BK).

 Transmissão: aproximação com pessoas doentes que se encontram em ambientes


fechados.
 Sintomas: fadiga, febre, tosse, emagrecimento, falta de apetite, sudorese, rouquidão e
expectoração com sangue, nos casos mais graves.
 Tratamento: administração de três tipos de medicamentos, num tratamento que leva
meses.
 Prevenção: vacinação infantil, alimentação adequada, cuidados de higiene rigorosos no
contato com pessoas doentes.

Reino Fungi
O Reino Fungi é representado por organismos eucariontes unicelulares ou pluricelulares,
sendo encontrados nos mais diversos tipos de ambientes.

375
Entre os fungos, incluem-se os cogumelos, mofos, orelhas de pau, líquens, entre outros
organismos.

Por algum tempo, os fungos foram classificados no reino vegetal, por possuírem
características semelhantes as das plantas, no entanto diferem fundamentalmente por
não apresentarem clorofila ou qualquer outro pigmento fotossintetizante, portanto são
heterotróficos.

Características gerais

Os fungos apresentam diversos formatos

A maioria dos fungos são


pluricelulares, com o corpo constituído
de hifas, mas há alguns unicelulares,
cujo principal exemplo são as
leveduras. Sua reprodução pode ser
sexuada ou assexuada.

Os fungos são basicamente compostos


por um emaranhado de tubos,
ramificados e envolvidos por uma parede de quitina (polissacarídeo também presente no
exoesqueleto dos artrópodes). Esse emaranhado é chamado de micélio e os tubos que o
compõem são as hifas.

As hifas são filamentos microscópicos onde está contido o material genético dos fungos.
Elas podem ser de dois tipos:

 Hifas cenocíticas: quando não possuem paredes transversais, chamadas de septos,


ficando os núcleos espalhados pelo citoplasma;
 Hifas septadas: quando há delimitação de compartimentos celulares pelos septos,
formando células com um (monocarioticas) ou dois núcleos (dicarioticas). Todavia, a
compartimentação é incompleta porque os septos possuem poros que permite a
comunicação entre células vizinhas.

376
Tipos de hifas
Os fungos crescem sobre um substrato que pode ser um pão ou uma fruta podre, um
tronco de madeira, ou até mesmo outro fungo.

Nos organismos mais complexos o micélio forma um talo ou corpo de frutificação com
forma bem definida que caracteriza as diferentes espécies. Quando vemos um cogumelo
ou o mofo nos alimentos, vemos o talo, entretanto, no interior do substrato onde se
encontra, já há uma imensa rede de hifas enraizada.

Os fungos são heterotróficos por absorção, ou seja, eles absorvem os nutrientes que são
difundidos no interior de suas células. Para isso, utilizam enzimas que fazem a digestão
das substâncias encontradas no ambiente.

Reprodução
Em fungos mais simples como a levedura a reprodução acontece
por gemulação ou brotamento. Nesse caso, são originados gêmulas ou brotos que
podem se separar da célula original ou permanecer grudados formando cadeias de
células.

377
Leveduras
realizando brotamento

Em muitos outros fungos a reprodução é feita através dos esporos, que são células
haploides (apenas um cromossomo). Os esporos liberados pelo fungo no ambiente, ao
encontrar condições propícias, germinam e originam um novo micélio, completando o
ciclo assexuado. Essa forma de reprodução assexuada é chamada de esporulação.

378
Ciclo de vida
de um fungo com esporulação

Enquanto isso, os fungos mais complexos fazem reprodução sexuada, que é dividida em
fases.

As hifas são monocarioticas e haploides, quando iniciam o processo reprodutivo se unem


formando hifas dicarióticas com os núcleos organizados em pares, essa etapa se chama
plasmogamia.

Depois acontece a cariogamia na qual os pares de núcleos se fundem e formam núcleos


diploides, logo em seguida se dividem por meiose originando esporos, que germinam e
originam o micélio, completando o ciclo. Esses esporos são chamados "esporos sexuais"
para diferenciar daqueles formados assexuadamente.

Exemplos

Dentre as espécies conhecidas muitas afetam a vida humana. Muitas são usadas na
alimentação, como as quase 200 espécies de cogumelos comestíveis, sendo algumas
delas largamente cultivadas, como o shitake, o shimeji e o champignon.

379
Cogumelos
comestíveis

As leveduras são empregadas na fermentação de pães, bebidas alcoólicas, entre outros.


Algumas espécies são aproveitadas na produção dos queijos roquefort e camembert. E
há ainda os fungos utilizados pela indústria farmacêutica para a fabricação de
antibióticos, a exemplo do gênero Penicillium.

O aspecto negativo dos fungos são as doenças causadas por eles, já que algumas
espécies são parasitas. No ser humano, provocam micoses e candidíase, entre outras e
nas plantas provocam doenças como a ferrugem do cafeeiro.

380
Candida
albicans, fungo causador das candidíases

Associações Mutualísticas

Certas espécies de fungos fazem associações com outros organismos, em que ambos são
beneficiados, sendo essa relação chamada de mutualismo.

Líquens
Quando os fungos (principalmente do grupo ascomiceto) se associam com espécies de
algas ou cianobactérias formam os líquens. A associação é tão íntima que não
conseguem viver separados, e permite que habitem locais onde poucos organismos
conseguiriam como rochas duras.

Micorrizas
Quando associados às raízes de certas plantas, os fungos obtêm nutrientes como
carboidratos e aminoácidos. As plantas, por sua vez, absorvem melhor os sais minerais
do solo graças às hifas que envolvem suas raízes.

Essa associação é chamada micorriza, palavra derivada do grego: mykos, significa fungo
e rhizos é raiz.

381
Importância ecológica

O Reino Fungi é um grupo com ampla distribuição no planeta e ainda pouco conhecido,
já que se estima que haja 1,5 milhão de espécies, das quais menos de 100 mil estão
classificadas e devidamente estudadas.

Os fungos são muito importantes no equilíbrio dos ecossistemas pois participam da


reciclagem da matéria orgânica, fazendo a decomposição das mesmas. Portanto, eles
ocupam o último nível trófico nas cadeias alimentares, atuando como decompositores.

Reino Protoctista: Protozoá rios


O Reino Protista é um dos reinos dos seres vivos, caracterizado por organismos
eucariontes, autótrofos ou heterótrofos e unicelulares ou pluricelulares.

Os protistas compreendem os protozoários e as algas. Existem ainda os mixomicetos,


organismos semelhantes aos fungos, mas classificados como protistas.

Protozoários

Giardia lamblia, um protozoário


que apresenta flagelos para
locomoção

Os protozoários são seres


unicelulares e eucariontes,
com estrutura que garante
seu funcionamento,
realizando as mesmas tarefas
básicas de um animal, como
respiração, digestão,
circulação, excreção, em
alguns até uma primitiva
coordenação.

382
Antigamente eram classificados no reino animal, por realizarem essas funções e serem
heterótrofos, no entanto, por serem unicelulares, alguns taxonomistas criaram o reino
protista para reunir esses filos de organismos mais simples.

Apresentam grande variedade de formas e ocupam ambientes úmidos (os que têm vida
livre) ou o interior de outros organismos. Alguns são parasitas, causadores de doenças.

Classificação
Os protozoários são divididos em quatro grupos, de acordo com as estruturas
locomotoras que apresentam:

Sarcodinos
Os sarcodinos são representados pelas amebas que se locomovem por meio de
pseudópodes.

A Entamoeba coli, por exemplo, é um morador habitual do intestino grosso humano,


onde obtém abrigo e alimento sem acarretar prejuízo ou benefício para seu hospedeiro.
Enquanto a Entamoeba histolytica é parasita do intestino grosso do ser humano.

Mastigóforos
Os mastigóforos locomovem-se por meio de flagelos. Alguns são parasitas, ou seja,
obtêm alimento a partir da associação com outros seres vivos.

Alguns exemplos são: a giardia que parasita o intestino delgado do ser humano e
o Trypanosoma cruzi, que instala-se em tecidos humanos e de outros animais, como na
musculatura do coração ou na parede do tubo digestivo.

Esporozoários
Os esporozoários não possuem estrutura locomotora. Um exemplo é o agente
transmissor da malária.

Ciliados
Os ciliados locomovem-se por meio de cílios. Alguns exemplos
são: Vorticella, Balantidium coli, porém, o mais conhecido é o paramécio, organismo de
vida livre.

Algas

383
Alga verde

As algas são organismos autótrofos, pois têm clorofila, além de outros pigmentos, logo,
realizam fotossíntese.

Por algum tempo, foram classificadas no reino vegetal, pela semelhança com as células
vegetais, mas como são organismos mais simples e não possuem tecidos organizados,
foram reagrupadas no reino protista.

Elas são fundamentais na biosfera, pois constituem a base da cadeia alimentar aquática e
realizam a maior parte da fotossíntese do planeta. Muitas são também utilizadas como
alimento pelo ser humano, pois apresentam alto teor de proteínas, vitaminas e sais
minerais.

As mais abundantes são unicelulares, embora existam algas marinhas com mais de 30
metros de comprimento.

Classificação
As algas são divididas em cinco grupos, de acordo com os pigmentos intracelulares:

384
Algas verdes ou Clorofíceas
As algas verdes se caracterizam pela presença de clorofilas A e B e carotenoides, reservas
de amido, parede celular de celulose. Podem ser uni ou pluricelulares. Há espécies
comestíveis.

Algas vermelhas ou Rodofíceas


As algas vermelhas apresentam clorofila A e ficobilina, uni ou pluricelulares, filamentosas
e fixadas a substratos. Existem espécies comestíveis.

Certas algas vermelhas têm nas paredes de suas células, um material de consistência
gelatinosa, denominado ágar, que é acrescentado a vários alimentos, como balas e
doces. Tem ainda grande utilidade em técnicas laboratoriais, sendo empregado como
componente de meios de cultura para microrganismos.

Algas Pardas ou Feofíceas


As algas pardas se caracterizam pela presença de clorofilas A e C, carotenoides e
fucoxantina, parede celular com um polissacarídio, a algina. Elas são pluricelulares e
existem espécies comestíveis.

O alginato, material preparado a partir da algina, é bastante empregado na fabricação de


cosméticos, sorvetes e massa de modelagem utilizada na odontologia.

Algas Douradas ou Crisofíceas


As algas douradas possuem formas unicelulares isoladas ou coloniais, sendo importantes
componentes do plâncton.

Um exemplo é a diatomácea, que contêm o diatomito. Formado por sílica, o diatomito


apresenta consistência porosa, sendo empregado como componente de filtros. Quando
pulverizado, ele pode ser adicionado como abrasivo a polidores de metal e a cremes
dentais.

Pirrofíceas
As pirrofíceas são algas unicelulares isoladas ou coloniais. Elas fazem parte
do fitoplâncton e incluem também os dinoflagelados, responsáveis pelo fenômeno da
maré vermelha.

Mixomicetos

385
Mixomicetos
são organismos semelhantes aos fungos e com classificação controversa

Os mixomicetos são organismos que têm aspecto de fungo, e crescem nos solos ricos em
nutrientes orgânicos, sendo comuns em bosques e florestas.

Eles não são parasitas, não produzem toxinas, nem são prejudiciais às plantas ou animais,
mas quando surgem na água é um forte indício de algum desequilíbrio no ambiente,
como excesso de matéria orgânica.

Existem muitas controvérsias sobre esse grupo, que foi durante muito tempo classificado
no reino fungi por sua semelhança externa com aqueles organismos. Os dados ainda não
são conclusivos, alguns classificam no reino protista, enquanto outros consideram que
deveriam compor um reino à parte.

Protozooses
As protozooses são doenças transmitidas por protozoários. Apesar de serem organismos
de vida livre, na maioria dos casos, alguns protozoários são parasitas de animais e dos

386
seres humanos. Amebíase, Giardíase, Malária, Doença de Chagas são algumas dessas
protozooses.

Os parasitos são geralmente transmitidos por água e alimentos contaminados por fezes,
que contém os cistos desses microrganismos.

Os cistos são uma forma inativa, que permite aos protozoários resistir por longos
períodos no ambiente, sendo ativados no corpo do hospedeiro.

Alguns dos parasitos


causadores das protozooses

A malária é uma exceção, pois o protozoário é transmitido pela picada de um inseto. A


maior ocorrência dessas doenças é nos países pobres, onde falta saneamento básico e
tratamento eficiente da água. Além disso, a falta de hábitos de higiene contribui para a
disseminação.

Doença de Chagas

A contaminação ocorre principalmente por ingestão de alimentos contaminados com as


fezes do inseto.

Também pode ser por meio de transfusão de sangue, transplante de órgãos


contaminados ou ainda ser transmitida da mãe ao bebê durante a gestação (congênita).

387
Estima-se que no Brasil cerca de 3 milhões de pessoas apresentem essa doença. Causada
pelo Trypanossoma cruzi, que é um protozoário flagelado que parasita animais selvagens
como o tatu.

Outra espécie desse protozoário causa a doença do sono, que é muito comum na África.
Cerca de 95% dos casos é provocado pelo Trypanossoma brucei gambiense, que ocorre
nas regiões central e oeste da África. Há também o Trypanosoma brucei rhodesiense, no
leste e sul da África.

Malária

Plasmódio (amarelo) infectando células


sanguíneas

Causada por diferentes espécies de protozoários do tipo plasmódio, sendo mais comum
no Brasil o Plasmodium vivax.

A malária é transmitida ao homem através da picada do mosquito do


gênero Anopheles. Também pode ser transmitida por transfusão de sangue.

A malária ainda hoje mata centenas de milhares de pessoas no mundo. Especialmente


em países pobres, onde há menos investimentos em pesquisas para erradicar a doença.

Amebíase

A transmissão da doença ocorre principalmente por meio da ingestão da água ou dos


alimentos contaminados pelas fezes contendo cistos de amebas. Também pode ser via
sexual, através do contato oral-anal, mas isso é mais raro.

388
A amebíase ou disenteria amebiana é provocada pela forma patogênica da ameba,
chamada Entamoeba histolytica. Ocorre muito em países mais pobres, estimando que
50% das pessoas sejam contaminadas por ano.

Giardíase

A infecção se dá tanto pela ingestão de água e alimentos contaminados, como pelo


contato direto das mãos com objetos contaminados pelos cistos.

O agente causador da giardíase é o protozoário flagelado Giardia lamblia, cujos cistos


são eliminados nas fezes das pessoas contaminadas.

Tricomoníase

A tricomoníase é uma doença sexualmente transmissível causada pelo Trichomonas


vaginalis. É comumente transmitida entre parceiros que não utilizam proteção adequada
(camisinha) e pode atingir tanto homens quanto mulheres.

Toxoplasmose

A toxoplasmose é uma doença causada pelo protozoário Toxoplasma gondii encontrado


nas fezes de gatos.

O ser humano é contaminado ao consumir carne de aves e mamíferos mau passadas e


com os cistos dos parasitas.

A doença pode ainda ser congênita, resultado da infecção da mãe durante a gestação.

Algas
As algas são seres protistas, eucariontes e autotróficos fotossintetizantes.

Elas são fundamentais para a manutenção da vida na Terra porque liberam grande
quantidade de oxigênio para a atmosfera.

Além disso, são consideradas como os principais seres produtores dos ambientes
aquáticos.

389
Características

As algas são seres eucariontes, fotossintetizantes, clorofiladas, unicelulares ou


pluricelulares.

Elas podem viver em ambientes terrestres úmidos e aquáticos de água doce ou salgada.

Apesar de algumas delas se parecerem com plantas, as algas não apresentam folhas,
caules ou raízes. Assim, elas são organismos bem mais simples do que as plantas.

Reprodução
As algas podem se reproduzir de forma assexuada e sexuada.

A reprodução assexuada pode ocorrer das seguintes formas:

 Divisão binária, em algas unicelulares;


 Fragmentação, em algas filamentosas.

Existem ainda algumas algas multicelulares que produzem células flageladas, os


zoósporos, as quais se reproduzem por zoosporia.

Porém, a maioria das algas se reproduz de modo sexuado por fusão celular, conjugação
e alternância de gerações.

Tipos de algas

As algas dividem-se em grupos, de acordo com o pigmento que possuem. Os principais


filos das algas são:

390
Filo Chrysophyta

Algas douradas

O filo Chrysophyta compreende as algas douradas ou crisofíceas e as diatomáceas, as


quais habitam ambientes de água doce ou salgada.

O grupo abrange aproximadamente 500 espécies que podem ser unicelulares ou


multicelulares, algumas podem formar colônias.

Filo Dinophyta

Os dinoflagelados são algas unicelulares

391
O filo Dinophyta abrange os dinoflagelados, algas unicelulares dotadas de dois flagelos.

A maior parte dessas algas são de ambiente marinho e apenas poucas espécies vivem em
água doce.

As algas dinoflageladas são responsáveis pela maré vermelha, um fenômeno natural que
ocorre nos mares e ambientes de água doce.

Filo Euglenophyta

As euglenófitas são exclusivamente unicelulares

O filo Euglenophyta é composto por algas unicelulares, autotróficas ou heterotróficas e


que apresentam dois flagelos. Nesse grupo existem cerca de 900 espécies.

As euglenófitas ocorrem em ambiente de água doce e rico em matéria orgânica. Poucas


espécies habitam o ambiente marinho.

Filo Chlorophyta

Algas verdes

392
O filo Chlorophyta abrange as algas verdes ou clorofíceas, encontradas em ambiente
terrestre úmido ou aquático.

Esse é o grupo de algas mais diversificado, com cerca de 17000 espécies,


predominantemente de água doce.

Filo Phaeophyta

Algas pardas encontradas na praia

O filo Phaeophyta compreende as algas pardas ou feofíceas, abundantes no Brasil.

Elas ocorrem em maior parte no ambiente marinho e todas são multicelulares. As algas
pardas podem atingir até 60 cm de comprimento e são chamadas de kelp.

393
Filo Rhodophyta

Algas vermelhas

O filo Rhodophyta abrange as algas vermelhas ou rodofíceas. Elas são


predominantemente marinhas e multicelulares.

A principal diferença desse grupo com as demais algas multicelulares é que as algas
vermelhas não apresentam células flageladas.

Fitoplâncton

O fitoplâncton abrange as algas microscópicas fotossintetizantes e unicelulares que


habitam os ecossistemas aquáticos.

Ele representa a base da cadeia alimentar dos ecossistemas aquáticos, sendo encontrado
“flutuando” em águas abertas.

Os grupos mais abundantes e representativos no fitoplâncton são as algas dinoflageladas


e as diatomáceas.

Reprodução Assexuada

Nas algas, há dois tipos básicos de reprodução assexuada:

 divisão binária: comum nas formas unicelulares, que ocorrem à mitose para
efetuar a divisão da célula.

394
 zoosporia: comum em algas multicelulares aquáticas. Cada zoósporo, dispersando-
se pelo meio, é capaz de gerar nova alga.

Zoosporia das algas

Reprodução Sexuada

Os gametas e os ciclos reprodutivos:

Em muitas algas aquáticas há a produção de gametas que, fundindo-se, originarão


zigotos. Esses zigotos, após curto período de dormência, sofrem meiose com produção
de quatro células (zoósporos). Cada uma dessas células originará nova alga,
necessariamente haploide. Note que, neste caso temos um ciclo reprodutivo no qual o
organismo adulto é haploide.

395
O ciclo é chamado de haplobionte (ou haplonte). A meiose ocorre na fase de zigoto,
sendo chamada zigótica. Também é chamada de meiose inicial, uma vez que cada célula
iniciará a formação de novo organismo adulto.

Em outras algas, a geração adulta é diploide e produz gametas por meiose. Do encontro
de gametas, na fecundação, surge um zigoto que acaba originando um adulto diploide.
O ciclo reprodutivo é diplobionte (ou diplonte). A meiose é gamética, pois serviu para
formar gametas. Também é chamada de meiose final por que ocorre no fim do período
de desenvolvimento do indivíduo adulto diploide.

Alternância de gerações

A maioria das algas multicelulares apresentam alternância de gerações, ou seja, em seu


ciclo de vida alternam–se gerações de indivíduos haploides e diploides.

Ex: Alga verde talosa do gênero Ulva

396
O ciclo haplodiplobionte ocorre também nas algas e pode ser visto na página que trata
de Gimnospermas.

Quanto aos gametas produzidos pelas algas, há casos de:

 Isogamia - gametas masculinos e femininos iguais;


 Heterogamia - gametas masculinos e femininos móveis, flagelados, porém o
masculino bem menor em tamanho que o feminino.
 Oogamia- gameta masculino é pequeno e móvel e o gameta feminino é grande e
imóvel.

A conjugação

Em algumas algas filamentosos de água doce ocorre pareamento de dois indivíduos com
a passagem, por um canal de comunicação, de células inteiras de um para outro
filamento. As células são haploides e após se juntarem originam zigotos. Os zigotos
dividem-se por meiose e a cada célula formada será capaz de originar novo filamento
haploide. Note que essa conjugação faz parte do ciclo haplobionte e a meiose do zigoto
contribui para o surgimento de variabilidade.

397
Zoologia (Invertebrados)
Poríferos
Os poríferos, também chamados de esponjas ou espongiários, são animais invertebrados
aquáticos e fixos em um substrato. O nome do grupo deve-se pela presença de poros
pelo corpo.

Os poríferos pertencem ao filo Porifera. Eles possuem as mais variadas formas, tamanhos
e cores. Apresentam um padrão corporal básico, em formato de vaso, tubo ou barril.

398
Poríferos
Características

Habitat
O habitat da maioria das espécies é o ambiente marinho, poucas vivem em água doce. As
esponjas são encontradas fixas no fundo do mar, em rochas, conchas e areia. Podem
viver de forma solitária ou em colônias.

Estrutura Corporal
Os poríferos possuem paredes perfuradas por poros e, em seu interior encontra-se uma
cavidade denominada átrio ou espongiocele. Na extremidade oposta à base de seu
corpo, há uma abertura chamada ósculo.

Externamente, são revestidos pelos pinacócitos, células achadas e unidas. A parede


externa dos poríferos é chamada de pinacorderme.

A cavidade interna é revestida pelos coanócitos, células ovoides e com flagelos. O


movimento dos flagelos permite a circulação e representa sistema circulatório das
esponjas.

Existem ainda os amebócitos, células livres presentes entre as camadas de pinacócitos e


coanócitos.

O esqueleto das esponjas é interno e composto por espículas calcárias ou silicosas. Pode
ainda ser orgânico, formado por fibras de colágenos, denominadas de esponginas.

As esponjas não apresentam sistema nervoso e tecidos.

399
Esponjas em forma de vasos

Respiração e Alimentação
Os poríferos são animais filtradores. Eles promovem uma corrente de água que entra
pelos poros, passa pelo átrio e sai pelo ósculo. Ao entrar, a água fornece oxigênio e ao
sair, carrega dióxido de carbono e resíduos. Assim, ocorre a respiração, através das
trocas gasosas por difusão.

A alimentação se dá através de partículas alimentares suspensas na água, como


protozoários e algas unicelulares. As partículas absorvidas são capturadas pelos
coanócitos, que digere parte das substâncias. A outra parte é digerida pelos amebócitos,
sendo posteriormente distribuída a todas as células.

Reprodução

A reprodução dos poríferos pode ser assexuada e sexuada:

Reprodução assexuada

 Brotamento ou gemiparidade:ocorre em algumas esponjas, que ocupando um


ambiente adequado em termos de temperatura, de oferta de oxigênio e de alimento,
crescem bastante e podem desenvolver brotos laterais.
 Gemulação: ocorre quando algumas esponjas de água doce ficam sujeitas à escassez
de água. Nessa condição, elas geram pequenas bolsas, com células em atividade
metabólica quase nula e protegidas por um revestimento resistente. Quando as
condições voltam a ser favoráveis, forma-se uma nova esponja.

400
 Regeneração: as esponjas possuem enorme capacidade de regeneração. Quando
cortadas em vários fragmentos e colocadas em condições favoráveis, cada fragmento
pode originar um novo indivíduo.

Reprodução sexuada
No mesênquima (porção gelatinosa de seu interior) as esponjas podem formar células
reprodutoras.

Os espermatozoides são produzidos a partir de amebócitos e lançados na cavidade


central. Esses espermatozoides podem entrar em outra esponja através dos poros e
capturados pelos coanócitos, que auxiliam na fecundação do óvulo.

Forma-se então um zigoto que forma uma larva móvel, que nada até se fixar em um
substrato, dando origem a nova esponja.

Tipos e Classificação

Existem três tipos de esponjas. Aprenda sobre cada uma delas:

 Áscon - São as esponjas mais simples. Apresentam forma semelhante a um cilindro oco,
com uma abertura superior, o ósculo.
 Sícon - Esponjas com uma complexidade intermediária. Apresentam o aspecto de um
vaso fixo a um substrato.
 Lêucon - É a forma mais complexa. O átrio é reduzido e a parede do corpo apresenta
um sistema de canais e câmaras.

Quanto a classificação, o filo Porifera apresenta três classes, conforme as caracteristicas


das espículas e organização celular.

 Classe Calcarea - Agrupa as esponjas com espículas calcárias. Podem ser dos tipos
áscon, sícon ou lêucon;
 Classe Hexactinellida - Grupo das esponjas com espículas de sílicas. Podem ser sícon
ou lêucon;
 Classe Demospongiae - Esponjas com esqueleto de esponjina, silicioso ou misto.
Apenas do tipo lêucon.

Curiosidades

 Acredita-se que existam mais de 10 mil espécies de esponjas em todo o mundo;

401
 Antes da criação das esponjas sintéticas, as esponjas naturais eram usadas no banho;
 Alguns tipos de substâncias produzidas pelos poríferos podem ser usadas para
fabricação de antibióticos.
 A sobrevivência das esponjas depende do movimento da água em seu interior. Uma
esponja com 10 cm de altura e 1 cm de diâmetro chega a movimentar mais de 20 litros
de água por dia.

Cnidá rios
Cnidários ou celenterados (filo Cnidaria) são organismos pluricelulares que vivem em
ambientes aquáticos, sendo a grande maioria marinha.

Existem mais de 11.000 espécies de cnidários em todo o mundo. Os principais


representantes do grupo são as águas-vivas, os corais, as anêmonas-do-mar, as hidras e
as caravelas.

Características Gerais

O habitat principal dos cnidários é o ambiente marinho de águas tropicais rasas. Poucas
espécies vivem em água doce. Nenhum é terrestre.

Os cnidários apresentam um tipo específico de célula em seus tentáculos, o cnidócito.


Essas células lançam o nematocisto, uma espécie de cápsula que contém um filamento
com espinhos e um líquido urticante.

O nematocisto é responsável por injetar substâncias tóxicas que auxiliam na captura de


presa e na defesa. Em humanos, pode causar queimaduras.

Os cnidários apresentam dois tipos morfológicos, as medusas e os pólipos. Algumas


espécies podem apresentar as duas formas em diferentes períodos da vida.

As medusas são representadas pelos organismos natantes, como as águas-vivas.


Apresentam um corpo gelatinoso em forma de sino, com tentáculos em sua margem e a
boca central.

Os pólipos constituem os organismos sésseis, ou seja, fixos a um substrato. Apresentam


formato tubular, como as anêmonas-do-mar. Eles podem viver em colônias ou isolados.

402
Os cnidários não apresentam sistema circulatório, digestório e respiratório.

Alimentação
Os cnidários apresentam sistema digestório incompleto, eles não apresentam ânus.

O sistema digestivo dos cnidários é constituído por uma cavidade dotada de uma única
abertura. Esse local serve tanto para a entrada de alimentos como para a saída de
dejetos.

Ao capturarem o alimento, com auxílio dos tentáculos, o introduzem na cavidade


digestiva. Daí, são parcialmente fracionados por ação das enzimas, sendo os nutrientes
distribuídos por todas as partes do corpo.

O animal só volta a se alimentar depois de eliminar os dejetos.

Os cnidários são carnívoros. Alimentam-se de partículas em suspensão na água e


pequenos animais aquáticos.

Respiração
Os cnidários não possuem sistema respiratório. As trocas gasosas ocorrem diretamente
entre cada célula e o meio, através de difusão.

Sistema Nervoso
Os cnidários são os primeiros animais a apresentar neurônios, as células nervosas. Porém,
o seu sistema nervoso é bastante simples. É caracterizado por ser do tipo difuso, as
células nervosas formam uma rede que fica em contato direto com as células sensorias e
contráteis.

Reprodução
Os cnidários podem apresentar reprodução assexuada e sexuada.

A reprodução assexuada ocorre por brotamento. Na superfície do corpo existem brotos


que ao se desenvolverem, desprendem-se e originam novos indivíduos. Esse tipo de
reprodução é comum em hidras de água doce e em algumas anêmonas marinhas.

A reprodução sexuada é possível graças a existência de cnidários dióicos (sexos


separados) ou monóicos (hermafroditas).

403
Nesse tipo de reprodução, há formação de gametas masculinos e femininos. O macho
libera seus espermatozóides na água, os quais fecundam o óvulo feminino, presente na
superfície corporal.

Porém, o mais comum é os gametas se encontrarem na água, ocorrendo a fecundação


externa. O zigoto se desenvolve e não existe fase larval.

Alguns cnidários podem apresentar alternância de gerações. Eles apresentam uma fase
de pólipo, em que apresentam reprodução assexuada e outra fase de medusa, com
reprodução sexuada.

Classes

Os cnidários são divididos em quatro classes: Anthozoa, Hydrozoa, Scyphozoa e


Cubozoa.

Anthozoa

Anêmona-do-mar
A classe Anthozoa é a com o maior número de espécies. Neste grupo só existem pólipos
marinhos. O principal representante do grupo é a anêmona-do-mar, um animal cilíndrico,
cuja base é fixa em algum substrato. Na extremidade oposta fica a boca, rodeada por
tentáculos flexíveis.

Os corais também pertencem a essa classe. Eles são colônias de pólipos que podem
conter até 100 mil indivíduos. Por isso, os corais são caracterizados pela elevada
biodiversidade.

404
Hydrozoa

Hidra

As hidras habitualmente permanecem imóveis, podendo ser confundida com a


vegetação, principalmente pela cor esverdeada de seu corpo, a qual se deve pela
presença de algas verdes unicelulares no seu interior.

Movimentando seus tentáculos, capturam suas presas, entre elas a pulga d’água. As
poucas espécies de água doce pertencem a classe hydrozoa.

Scyphozoa

Água-viva

A água-viva tem um aspecto de um prato invertido, com a boca em posição inferior e as


bordas dotadas de muitos tentáculos.

405
Apresenta de 2 a 40 cm de diâmetro e as mais variadas cores. É móvel e possui o corpo
bastante mole. Seus tentáculos não devem ser tocados, pois podem causar queimaduras
graves.

Caravela

As caravelas têm uma estrutura flutuante semelhante a uma bolsa de gás, com mais de
20 cm de diâmetro. Os tentáculos podem medir até 9 m de comprimento.

Eles possuem células urticantes, que podem causar uma dolorosa queimadura na pele ou
até provocar a morte de alguns animais.

Cubozoa
Os cubozoários são cnidários na forma de medusas de corpo incolor, altamente
venenosos. São animais predadores e bons nadadores.

É o grupo menos estudado. Possuem apenas 20 espécies.

O representante mais conhecido é a vespa-do-mar (Chironex fleckeri), o animal com o


veneno mais letal do mundo. Acredita-se que a sua toxina seja capaz de matar 60
humanos adultos.

406
Chironex fleckeri

Cnidários e Poríferos

Os Poríferos representam outro grupo de animais invertebrados e aquáticos, que podem


viver fixos em um substrato. Eles também são chamados de esponjas ou espongiários.

Assim como os cnidários, os poríferos também apresentam poucas espécies de água


doce.

Platelmintos
Platelmintos (filo Platyhelminthes) são vermes de corpo achatado e de pouca espessura.

Há diversas espécies de vida livre, que se desenvolvem na água, com poucos centímetros
de comprimento, e outras maiores, de meio terrestre úmido. Muitos deles são parasitas.

Características dos platelmintos

407
Estrutura
Os platelmintos são animais dotados de órgãos definidos. Possuem o mesoderma, uma
terceira camada de tecidos localizada entre a epiderme e o revestimento interno do
intestino.

O mesoderma dá origem aos órgãos e sistemas diferenciados, como os músculos, o


sistema reprodutor e o sistema excretor.

Na região anterior, correspondente à cabeça, encontram-se estruturas sensoriais.

Digestão
Possuem cavidade digestiva dotada de apenas uma abertura – a boca, que serve tanto
para a entrada de alimento como para a eliminação de materiais não digeridos. Trata-se
de um sistema digestivo incompleto.

Reprodução
Entre os platelmintos, encontram-se padrões de reprodução assexuada e sexuada. Além
dos platelmintos, estes tipos de vermes, estão distribuídos ainda entre os anelídeos e
os nematelmintos.

Classificação dos platelmintos

 Turbellaria – planárias
 Trematoda – esquistossomos
 Cestoda – tênia

Planárias

São animais de vida livre. Há espécies aquáticas, com poucos centímetros de


comprimento e outros maiores, de meio terrestre úmido.

408
A Geoplana é uma planária que alcança 20 centímetros de comprimento, vive sob as
folhas e pedaços de madeira, sendo muitas vezes confundida com uma grande lesma.

A reprodução das plenárias é assexuada. Tornando-se bastante grandes, algumas


plenárias fixam a extremidade anterior a um substrato e sofrem um estrangulamento na
região média do corpo. Com isso, ela divide-se em duas partes e cada uma gera um novo
indivíduo.

A planária, ao se alimentar, distende sua faringe sobre o alimento e inicia a ingestão.


Transcorrida a digestão, os nutrientes são distribuídos pelo corpo por meio de intestino
ramificado.

Esquistossomos

Parasita causador da esquistossomose ou (barriga d’água) é o Schistosoma mansoni.


É dióico e apresenta nítido dimorfismo sexual.

O macho possui um canal - o canal ginecóforo, onde a fêmea, mais longa e delgada,
permanece alojada. O hospedeiro intermediário é o caramujo, um molusco do
gênero Biomphalaria. Os caramujos vivem em águas de lagoas e de córregos com pouca
correnteza.

O contato das pessoas com águas contaminadas torna a infecção quase obrigatória. O
local da penetração é na pele, podendo apresentar vermelhidão e prurido.

A fase aguda da doença pode evoluir de forma grave, com mau funcionamento do
fígado, estado de coma e morte.

Acredita-se que o parasita causador da esquistossomose, originário da África, tenha


chegado à América com os escravos. Apenas nesses dois continentes, e em pequena
região da Ásia, a doença é encontrada.

409
Tênia

Parasita do tubo digestivo, conhecida por solitária, uma vez que cada pessoa é parasitada
por apenas um exemplar da tênia. Pode chegar a 15 m de comprimento.

As tênias Não possuem sistema digestivo. Absorvem os nutrientes, previamente


digeridos pelo hospedeiro, através da superfície do corpo. Têm ação espoliativa e podem
causar deficiência nutricional.

A pessoa parasitada elimina, com as fezes, proglotes grávidas. Essas se rompem no meio
externo, liberando ovos. Em condições favoráveis esses ovos mantêm sua viabilidade por
vários meses.

O hospedeiro intermediário da taenia suginata é o boi; da taenia solium é o porco. A


contaminação se dá através da carne crua ou malpassada. No Brasil, a taenia solium é a
responsável pela maioria dos casos de teníase.

Teníase e Cisticercose
Ambas as doenças são causadas pelo mesma espécie de parasita: Taenia
solium ou Taenia saginata (apenas teníase).

A teníase (também conhecida como ‘solitária') é provocada pela presença do parasita no


intestino delgado. Geralmente é assintomática, mas pode causar dores abdominais,
náuseas, debilidade, perda de peso, flatulência, diarreia ou constipação.

410
Já a cisticercose é caracterizada pela presença da larva da Taenia solium nos tecidos. Suas
manifestações dependem do local atingido, da quantidade de larvas, da fase de
desenvolvimento dos cisticercos e da resposta imunológica do hospedeiro.

As formas mais graves estão localizadas no sistema nervoso central e se manifestam por
meio de convulsões, distúrbio de comportamento, hipertensão intra-craniana e sintomas
oftalmológicos.

Hospedeiros

O hospedeiro definitivo da T. solium e da T. saginata é o homem. O hospedeiro


intermediário da T. solium é o porco ou o javali, e da T. saginata, o boi.

Como se adquire

A teníase é adquirida por meio da ingestão de carne bovina ou suína mal cozinha e com
larvas. Enquanto a cisticercose se desenvolve a partir da ingestão de ovos do parasita por
meio, por exemplo, de verduras e legumes mal lavados ou água contaminada.

Possíveis complicações

Teníase: obstrução do apêndice, colédoco, ducto pancreático.

Cisticercose: deficiência visual, loucura, epilepsia, entre outras.

Diagnóstico

Teníase: Coleta-se material da região anal e, por meio do microscópio, diferencia-se


morfologicamente os ovos da tênia dos demais parasitas. Além disso, pode ser feito pela
observação do paciente, que elimina proglotes espontaneamente nas fezes.

411
Cisticercose: Exames de imagem, como raios X (identifica apenas cisticercos calcificados),
tomografia computadorizada e ressonância nuclear magnética (identificam cisticercos em
várias fases de desenvolvimento) apontam suspeitas de cisticercose, a qual pode ser
confirmada através de estudos sorológicos específicos (fixação do complemento,
imunofluorescência e hemaglutinação) no soro e líquido cefalorraquiano.

Tratamento

Teníase: Mebendazol: 200mg, 2 vezes ao dia, por 3 dias, VO; Niclosamida ou


Clorossalicilamida: adulto e criança com 8 anos ou mais, 2g, e crianças de 2 a 8 anos, 1g,
VO, dividida em 2 tomadas; Praziquantel, VO, dose única, 5 a 10mg/kg de peso corporal;
Albendazol, 400mg/dia, durante 3 dias.

Neurocisticercose: Praziquantel, na dose de 50mg/kg/dia, associado a Dexametasona,


para reduzir a resposta inflamatória, consequente a morte dos cisticercos. Pode-se,
também, usar Albendazol, 15mg/dia, associado a 100mg de Metilprednisolona, no
primeiro dia de tratamento, a partir do qual se mantém 20mg/dia, durante 30 dias.

Prevenção

• Não ingerir carne crua ou insuficientemente cozida, ou proveniente de abate


clandestino, sem inspeção oficial.

• Consumir apenas água tratada, fervida ou de fonte segura.

• Lavar bem as mãos, principalmente após usar o banheiro e antes das refeições.

• Lavar bem os alimentos, como verduras, frutas e hortaliças, com água limpa.

412
• Irrigar hortas e pastagens com água limpa e não adubar com fezes humanas.

• Construir sanitários com fossa séptica.

• Realizar o tratamento dos efluentes de esgotos de forma adequada para que estes não
contaminem o solo, a água e os alimentos.

• Fazer periodicamente exames de fezes em moradores de área rurais.

Esquistossomose
É uma doença parasitária, diretamente relacionada ao saneamento
precário, causada pelo Schistosoma mansoni. A pessoa adquire a
infecção quando entra em contato com água doce onde existam
caramujos infectados pelos vermes causadores da
esquistossomose. No Brasil, a esquistossomose é conhecida
popularmente como “xistose”, “barriga d’água” ou “doença dos
caramujos”. O período de incubação, ou seja, tempo que os primeiros
sintomas começam a aparecer a partir da infecção, é de duas a seis
semanas. A magnitude de sua prevalência, associada à severidade das
formas clínicas e a sua evolução, conferem a esquistossomose uma
grande relevância como problema de saúde pública.
A transmissão da esquistossomose ocorre quando o indivíduo,
hospedeiro definitivo, infectado elimina os ovos do verme por meio das
fezes humanas. Em contato com a água, os ovos eclodem e liberam
larvas que infectam os caramujos, hospedeiros intermediários que
vivem nas águas doces. Após quatro semanas, as larvas abandonam o
caramujo na forma de cercarias e ficam livres nas águas naturais. O ser
humano adquire a doença pelo contato com essas águas.
Importante: Destaca-se que a transmissão da esquistossomose não
ocorre por meio do contato direto com o doente. Também não ocorre
“autoinfecção”.
Qualquer pessoa, de qualquer faixa etária e sexo, pode ser infectada
com o parasita da esquistossomose, mas as situações abaixo são
grandes fatores de risco para se contrair a infecção:
 Existência do caramujo transmissor;

413
 Contato com a água contaminada;
 Fazer tarefas domésticas em águas contaminadas, como lavar roupas;
 Morar em região onde há falta de saneamento básico;
 Morar em regiões onde não há água potável.

Nematelmintos
Nematelmintos ou nematódeos (filo Nematoda) são vermes cilíndricos, não
segmentados, que incluem várias formas de parasitas, como as lombrigas ou Ascaris e os
vermes ancilóstomos, causadores do amarelão e da elefantíase.

Muitos dos nematelmintos se desenvolvem na água e no solo úmido. Além dos


nematelmintos, estes tipos de vermes estão distribuídos ainda entre os anelídeos e os
platelmintos.

Características dos Nematelmintos

Os nematelmintos possuem uma ampla cavidade cheia de líquido entre o tubo digestivo
e a parede corporal.

Serve como “esqueleto hidrostático”, que mantém a forma do animal e proporciona


alguma sustentação. O líquido que ocupa a cavidade corporal permite a distribuição de
várias substâncias, como nutrientes, resíduos e gases.

 Digestão – os nematelmintos possuem um tubo digestivo completo, com boca e ânus,


permitindo o animal ingerir alimentos que tenham partículas, que são processadas no
interior do tubo digestivo.

414
 Revestimento do corpo – possuem uma epiderme uni-estratificada, isto é, formada por
uma única camada de células. Tem uma cutícula espessa e pouco distensível, que nos
parasitas, os protege da ação das enzimas digestivas do hospedeiro. Sob a epiderme há
uma camada muscular, cujas fibras se dispõem longitudinalmente.
 Sistema nervoso – do tipo ganglionar, é formado por dois cordões longitudinais, um
dorsal e outro ventral.
 Sistema excretor – é formado por dois canais longitudinais, dispostos um em cada
lado do tubo digestivo.
 Reprodução – na cavidade corporal, alojam-se as gônadas: testículos ou ovários. O
sistema reprodutor da lombriga é bastante desenvolvido, podendo produzir milhões de
óvulos. Não têm nenhum tipo de cílio e os espermatozoides deslocam-se por
movimentos ameboides.

Doenças transmitidas pelos nematelmintos

 Ascaridíase – o parasita é o Ascaris lumbricoides, que mede, 15 cm a 30 cm. Habita no


intestino delgado, onde vive dos alimentos ingeridos pela pessoa parasitada. O ser
humano infectado elimina ovos para o meio ambiente. A infecção ocorre pela ingestão
de água e de alimentos, principalmente verduras contendo ovos embrionários.
 Ancilostomíase (amarelão) – os parasitas são o Ancylostoma duodenale e Necator
americanus, que medem cerca de 10 mm. Vivem aderidos à mucosa do intestino
delgado da pessoa parasitada, onde se alimentam do sangue. Os ovos são eliminados
pela pessoa parasitada, se transformam em larvas. Penetram através da pele, alcançam
as veias e chegam ao coração, daí seguem para os pulmões. A anemia é o principal
sintoma dessa parasitose.
 Filariose ou elefantíase– o parasita é o Wuchereria bancrofti. Os vermes adultos
provocam inflamação dos vasos linfáticos, impedindo a drenagem de linfa. O acúmulo
de linfa produz inchaço nos pés, pernas, mamas e bolsa escrotal. É transmitida pelo
mosquito, que ao picar uma pessoa infectada, espalha as larvas para outras pessoas.
 Bicho-geográfico(Larva migrans cutânea) – transmitida pelo parasita Ancylostoma
brasiliense. Parasita do intestino de gatos e cães. Os ovos eclodem na areia e podem
penetrar na pele humana sem, contudo atingir a circulação. A larva provoca lesão de
contorno irregular, semelhante a um mapa.

Ascaridíase

415
Ascaridíase é a doença causada pelo verme Ascaris lumbricoides,
mais conhecido como lombriga, que pode chegar a medir até 40 cm.

As crianças adquirem a doença ao ingerir alimentos contaminados com


os ovos do verme, principalmente frutas e verduras que não tenham
sido lavadas adequadamente. Além disso, é comum a contaminação ao
brincar na terra e levar as mãos sujas à boca.
São medidas fundamentais para a prevenção: beber somente água
filtrada ou fervida, lavar bem as mãos e os alimentos antes de comer e
lavar as mãos após ir ao banheiro ou trocar fraldas das crianças.
Os sintomas incluem dor de barriga, enjoos e vômitos. Quando as
larvas passam pelos pulmões, podem provocar tosse, febre, dor no
peito e catarro com sangue. Em casos de infestação maciça é possível
a eliminação dos vermes pela boca ou nariz. O diagnóstico é realizado
com o exame parasitológico de fezes (EPF). Já o tratamento é feito
com medicamentos antiparasitários apenas em pacientes sintomáticos
para evitar complicações da doença e diminuir a disseminação dos
ovos pelo ambiente.

Ancilostomose
O que é ancilostomose?
A ancilostomose é uma parasitose intestinal, popularmente conhecida como amarelão.
O que causa a ancilostomose?
A ancilostomose pode ser causada por 2 tipos de parasitas: Ancylostoma
duodenale ou Necator americanus. A contração da doença acontece pela penetração do
parasita na pele, ao caminhar descalço em solo contaminado com larvas no estágio
infectante. Países com clima quente e úmido e más condições de saneamento básico e
higiene têm maiores índices de contaminação, já que os ovos deste parasita são
eliminados na evacuação de um organismo contaminado.

416
Quais são os sintomas da ancilostomose?
Um dos primeiros sintomas da ancilostomose é a presença de uma pequena lesão
vermelha, que coça bastante, no local em que o parasita entra na pele. No entanto, este
parasita, ao entrar no organismo, segue pela corrente sanguínea e se espalha para
outros órgãos. Quando isso acontece, outros sinais e sintomas podem aparecer, como:
dor de barriga, diarreia, perda de peso e apetite, tosse, respiração com ruído, cansaço
excessivo, fraqueza, fezes escuras e mais malcheirosas que o normal, febre, anemia e
palidez.

Quais são as formas de tratamento da ancilostomose?


Ancilostomose tem cura e o tratamento tem o objetivo de eliminar o parasita e aliviar os
sintomas. O tratamento, geralmente, começa com a suplementação férrica para tratar a
anemia. Quando os níveis de ferro no sangue aumentam, inicia-se o tratamento à base
de antiparasitários. Assim que alguns dos sintomas aparecerem, consulte um médico,
para que seja possível fazer o diagnóstico e evitar a progressão da doença e o
surgimento de complicações.

Filariose
A filariose é uma doença parasitária causada por vermes e transmitida através da picada
de insetos. Ela também é conhecida por filariose linfática ou elefantíase.

É reconhecida como uma doença tropical, ou seja, típica das regiões tropicais e
subtropicais do planeta.

No Brasil, a cidade de Recife possui o maior número de casos de doentes do país. A


doença também já foi notificada nos estados do Amazonas, Alagoas, Bahia, Maranhão,
Pará e Santa Catarina.

Transmissão da filariose

A filariose é causada por várias espécies de vermes. No Brasil, o principal causador da


doença é o nematódeo Wuchereria bancrofti.

A transmissão não ocorre de pessoa para pessoa, é necessário um vetor, o qual pode ser
um mosquito ou mosca. O vetor mais conhecido no Brasil é o Culex
quiquefasciatus (pernilongo ou muriçoca).

417
Também são vetores da doença a Chrysomya (mosca varejeira) e algumas espécies do
mosquito Anopheles, infectados pelas larvas do verme.

Quando ocorre a picada do mosquito fêmea, as larvas penetram na pele e migram até
os linfonodos, onde ficam até chegar a fase adulta.

Ao atingir a sua maturidade, os vermes adultos já diferenciados em machos e fêmeas,


irão originar microfilárias, as quais também habitarão a corrente sanguínea.

O mosquito se contamina ao picar as pessoas infectadas, iniciando um novo ciclo de


transmissão.

Ciclo de
transmissão da filariose

Sintomas da filariose

Em alguns casos a filariose é assintomática, ou seja, não apresenta sintomas. Quando eles
surgem são:

 Inchaço na virilha;

418
 Febre;
 Aumento de tamanho do membro afetado;
 Dores musculares;
 Mal estar;
 Dor de cabeça;
 Presença de gordura na urina.

Como os vermes vivem nos vasos linfáticos da pessoa infectada, eles bloqueiam e afetam
a circulação. Tal situação leva ao inchaço dos membros, mamas e testículos. Em casos
mais avançados, pode ocorrer deformação dos membros.

Membros
afetados pela elefantíase

Por isso, a doença também é conhecida como elefantíase, pois os membros inferiores
inchados se assemelham a uma pata de elefante.

Tratamento da filariose

Quando descoberta no início, a filariose tem cura e o tratamento consiste no uso de


medicamentos prescritos pelo médico. O medicamento destrói grande parte das
microfilárias presentes no sangue.

419
Em casos mais avançados não é possível a cura da doença. Entretanto, o tratamento é
fundamental para evitar a proliferação dos vermes e consequentes inchaços e
deformações.

Ainda existem casos em que os vermes adultos precisam ser retirados do organismo
através de cirurgia.

No Brasil, o tratamento da filariose é gratuito e garantido através do Sistema Único de


Saúde (SUS). O tratamento é longo e não deve ser interrompido.

Como se prevenir da filariose?

A melhor forma de prevenir a filariose é interromper a sua transmissão. Assim, deve-se


evitar o contato com o mosquito transmissor da doença, através do uso de mosquiteiros
e repelentes, instalação de telas em portas e janelas das casas e evitar a exposição
prolongada em áreas de risco de contaminação.

O tratamento das pessoas doentes também é fundamental para evitar novas


transmissões, interrompendo o ciclo de transmissão da doença.

Oxiurose
A oxiurose, também conhecida como enterobiose, enterobíase, oxiuríase, é uma
verminose que atinge o mundo todo e é causada pelo nematódeo Enterobius
vermiculares, a partir da eliminação dos ovos pela fêmea. Esses vermes podem ser
chamados de oxiúros.

Tendo como origem o continente africano, acredita-se que sua dispersão ocorreu a partir
das migrações de pessoas entre os continentes.

Transmissão da oxiurose

420
Ciclo biológico do Enterobius vermicularis

A transmissão da oxiurose normalmente acontece por falta de medidas e ações de


higiene, sendo muito comum em crianças.

Existem três formas diferentes de transmissão da doença.

 Transmissão de forma direta: quando a pessoa leva o parasita do ânus até a boca, ou
seja, quando surge coceira na região anal e a pessoa leva a mão ao local e depois não
lava as mãos adequadamente.
 Transmissão de forma indireta: é quando a água ou alimento ingerido estão
infectados, ou ainda quando uma pessoa que está com os ovos do verme na mão
cumprimenta outra pessoa. Além disso, em locais em que o saneamento básico é
precário ou que existe pouca higiene, os ovos podem ser encontrados nas roupas,
aumentando também esta forma de transmissão.
 Transmissão por retro-infestação: é quando as larvas eclodem da região anal e
migram para o ceco, contribuindo assim para que o ciclo reinicie no organismo da
pessoa.

421
Ciclo biológico do agente transmissor da oxiurose

Enterobius
vermiculares

O Enterobius vermicularis apresenta um ciclo biológico que tem início na ingestão do ovo
pela pessoa. Ao ser ingerido, ele segue até o intestino delgado.

Quando alocados no órgão, as larvas eclodem e seguem para o ceco, local utilizado para
reprodução. As larvas podem ter de 2 a 13 milímetros de comprimento quando adultas,
sendo que o macho é sempre maior que a fêmea.

Após a reprodução das larvas, o macho é eliminado nas fezes. Já as fêmeas migram para
a região perianal e morrem logo após colocarem os ovos.

Todo o ciclo do oxiúros dura aproximadamente 40 dias.

Sintomas da oxiurose

422
Ciclo noturno
do Enterobius vermicularis

A oxiurose pode causar diferentes sintomas que variam de acordo com a intensidade da
doença.

Por atingir a região intestinal, tem-se como sintoma mais comum a coceira anal,
especialmente no período noturno, pois é quando os vermes se movimentam entre o
intestino e a região genital.

Outros sintomas também são comuns, como:

 Dor na barriga;
 Vômito;
 Diarreia;
 Enjoo;
 Cólica intestinal;
 Sangue nas fezes.

No caso das mulheres, é possível o surgimento de vaginites devido à proximidade


da vagina com o ânus.

423
Diagnóstico e tratamento da oxiurose

O diagnóstico da oxiurose é feito a partir de exame laboratorial e tem como objetivo


detectar a presença do verme e de possíveis ovos da fêmea.

É feita uma coleta de material no ânus, o qual é realizado o método conhecido como fita
gomada, que consiste na colagem de uma fita celofane adesiva especial.

O tratamento deve ser feito com ingestão oral de vermífugos prescritos por orientação
médica, bem como higienização do ambiente e cuidados pessoais. Além disso, em alguns
casos pode ser indicado o uso de pomadas para potencializar a reação do remédio no
organismo.

A medicação pode variar de acordo com o caso, podendo ser indicado uma dose única
ou por um período pré-definido. Além disso, também pode ser necessário repetir o
tratamento após duas semanas da descoberta da doença.

Prevenção da oxiurose

As ações para prevenir a oxiurose estão relacionadas à higiene, destacando as seguintes


precauções:

 Ter hábitos de higiene;


 Manter as unhas das crianças cortadas;
 Lavar as mãos antes de preparar alimentos e após usar o vaso sanitário;
 No caso de pessoas infectadas, ferver suas roupas.

Moluscos
Os moluscos são animais de corpo mole, geralmente envoltos por uma concha.

A concha é presente em ostras, mariscos, caracol e caramujo. Em alguns, como a lula, a


concha é interna e em outros, é ausente, como no polvo.

As conchas são importantes para proteger o corpo mole dos moluscos e evitar a perda
de água.

424
Os moluscos vivem em ambientes aquáticos marinho ou de água doce e no meio
terrestre úmido.

O filo Mollusca é o segundo maior em número de espécies, aproximadamente 50 mil,


atrás apenas dos artrópodes.

Características

Esses animais apresentam o corpo dividido em: cabeça, pé e massa visceral. Na cabeça
são encontrados os órgãos dos sentidos.

O pé é responsável pelos movimentos e, em alguns animais, como o polvo, pode ser


substituído pelos tentáculos. A massa visceral é onde encontram-se todos os órgãos.

Alimentação e Sistema Digestório


Os moluscos possuem um sistema digestivo completo, com boca e ânus. O alimento é
conduzido pelo tubo digestivo, onde sofre a ação de enzimas. Os nutrientes são
absorvidos e distribuídos pelo corpo por meio do sangue.

Os cefalópodes e gastrópodes apresentam a rádula, uma espécie de língua com dentes


afiados, usada para raspar os alimentos.

Respiração
Pelo fato dos moluscos serem encontrados em uma grande variedade de ambientes, eles
apresentam diferentes tipos de respiração.

 A respiração branquial é realizada pelos moluscos que vivem na água, como os polvos,
lulas e ostras.
 A respiração pulmonar está presente em moluscos que vivem em ambiente terrestre,
como os caracóis.
 A respiração cutânea ocorre com as lesmas que também vivem em ambiente terrestre,
sob o solo e em árvores.

Sistema Circulatório
O sistema circulatório distribui os nutrientes e oxigênio dos sistemas digestivo e
respiratório. O sistema excretor retira resíduos metabólicos e os elimina.

425
O sistema circulatório é aberto, e o coração situa-se dorsalmente na massa visceral. As
contrações do coração enviam para o corpo, o sangue que flui para os vasos e depois
por lacunas situadas entre os tecidos.

Reprodução
Os moluscos apresentam reprodução sexuada, com fecundação interna ou externa. A
maioria dos moluscos apresenta sexos separados, com exceção dos bivalves que são
hermafroditas.

Na fecundação externa, os machos liberam os espermatozóides e as fêmeas liberam os


óvulos diretamente na água, onde os dois gametas se encontram.

No caso da fecundação interna, os espermatozoides são liberados dentro do corpo da


fêmea.

Classificação

Os moluscos são animais que apresentam grande diversidade de formas e tamanhos.


Eles distribuem-se em três classes principais: gastrópodes, bivalves e cefalópodes.

Gastrópodes

Os gastrópodes são os moluscos que possuem concha em espiral constituída por uma
única peça. São exemplos de gastrópodes os caracóis, caramujos e lesmas. Eles
representam o maior grupo dos moluscos.

A sua massa visceral fica no interior da concha, constituindo uma única peça. Usam os
pés para a locomoção.

Os gastrópodes são animais invertebrados terrestres.

426
Bivalves ou Pelecípodes

Os bivalves são moluscos de ambiente marinho, formados por duas conchas articuladas e
unidas por um ligamento. São exemplos de bivalves os mariscos, ostras e vieiras.

Entre as duas conchas fica o corpo do animal, constituído pelo pé e pela massa visceral.
O pé é pequeno ou ausente.

Cefalópodes

Os cefalópodes não apresentam concha ou esta é interna. São exemplos de cefalópodes


o polvo, lula e náutilos.

São os moluscos mais complexos, dotados de sistema nervoso bastante desenvolvido e


de olhos semelhantes aos dos vertebrados.

Da cabeça partem tentáculos, em número de oito nos polvos e de dez nas lulas. Os
tentáculos têm ventosas que podem servir para capturar uma presa ou prender o animal
a um substrato, como uma rocha.

427
O polvo possui, ligada ao intestino, a glândula de tinta. Quando o animal é atacado, a
glândula expele tinta confundindo o predador e facilitando a fuga do polvo.

Os cefalópodes e bivalves são animais invertebrados aquáticos.

Curiosidades

 No Oceano Pacífico, existem mariscos imensos, com mais de 1 metro de diâmetro e


cerca de 300 quilos.
 As lulas pode chegar a 15 metros de comprimento.
 O escargot, um tipo de caracol muito apreciado como alimento, é criado com cuidados
especiais quanto a alimentação, a temperatura e a umidade do ambiente.
 A produção de pérolas, pelas ostras, tem grande importância econômica. As conchas
podem servir para a fabricação de botões, pentes e outros objetos.
 Os anelídeos possuem algumas características semelhantes com os moluscos. Ambos
possuem o corpo mole e habitam ambientes úmidos. Entretanto, os anelídeos não
apresentam nenhum tipo de concha protetora .

Artró podes
Artrópodes (filo Arthropoda) são animais dotados de patas articuladas e que possuem
esqueleto externo (exoesqueleto) nitidamente segmentado. Entre eles, besouros,
borboletas, aranhas, camarão, centopeia e piolho de cobra.

428
O grupo dos insetos tem a maior diversidade entre os
animais, sendo os besouros os mais comuns. Abaixo, exemplos dos outros grupos:
escorpião (aracnídeos), lagosta (crustáceos), lacraia (quilópodes) e piolho-de-cobra
(diplópodes).

Características Gerais

429
Todos os artrópodes possuem o corpo dotado de vários segmentos e apêndices
articulados, como patas e antenas, que possibilita movimentos. Essa é a
sua característica diagnóstica (identifica e diferencia os artrópodes dos outros) e que dá
o nome ao grupo, do grego arthros: articulação e podos:pés.

Além disso, esses invertebrados tem o exoesqueleto que confere rigidez (permite
sustentar o corpo) e impermeabilidade (tem uma camada de cera em sua superfície, o
que lhe permite viver em locais secos). O exoesqueleto é constituído de quitina, um
polissacarídio nitrogenado, e nos crustáceos recebe deposições de carbonato de cálcio,
tornando-se ainda mais resistente.

Possuem corpo dividido em cefalotórax e abdome (crustáceos e quelicerados) ou


em cabeça, tórax e abdome (insetos e miriápodes), de acordo com o grupo.

Anatomia e Fisiologia

Representação do sistema digestório de


uma barata, com tubo digestório e os cecos gástricos que auxiliam a digestão.

 O sistema digestório é completo (boca e ânus), com peças bucais (mandíbulas,


quelíceras, entre outras) adaptadas à alimentação, tubo digestório com regiões
diferenciadas e glândulas acessórias. A digestão é extracelular;

430
Representação do sistema circulatório
aberto de uma barata

 O sistema circulatório é aberto (lacunar), com um coração dorsal que bombeia a


hemolinfa (líquido sanguíneo) por espaços dentro do corpo;
 O sistema respiratório está presente e varia de acordo com o grupo: nos crustáceos é
feita por brânquias realizando as trocas gasosas entre a água e a hemolinfa, nos insetos
é por traqueias, que levam o ar direto aos tecidos e nos aracnídeos por filotraqueias;
 O sistema nervoso é constituído por um par de gânglios cerebrais e um cordão
nervoso ventral com pares de gânglios distribuídos por segmento;
 O sistema excretor nos insetos é constituído pelos túbulos de Malpighi, nos crustáceos
por glândulas antenais (glândulas verdes) e nos aracnídeos além dos túbulos de
Malpighi há glândulas coxais;
 O sistema sensorial dos artrópodes é bem desenvolvido, todos possuem pelos
quimiorreceptores no corpo com função táctil, as antenas também tem função táctil e
os insetos e crustáceos possuem olhos compostos;
 A reprodução é sexuada (com presença de gametas) e a maioria dos artrópodes é
dioica (sexos separados). Em geral, nos crustáceos a fecundação é externa e o
desenvolvimento pode ser direto ou indireto com vários estágios larvais, nos insetos e
aracnídeos a fecundação é interna, sendo que nos insetos o desenvolvimento pode ser
direto ou indireto com ocorrência de metamorfose completa ou gradual.

431
Classificação dos Artrópodes

Dependendo da classificação adotada, o filo Arthropoda pode ser dividido em categorias


que reúnem os animais segundo características anatômicas como números de patas e
antenas.

Atualmente, se utiliza também informações genéticas e de parentesco evolutivo, sendo


os artrópodes divididos em 3 subfilos: Crustacea (separa os crustáceos em classes),
Chelicerata (classe dos aracnídeos), Hexapoda (classe dos insetos) e Myriapoda (classe
dos diplópodes e dos quilópodes).

Veja a seguir esses grupos:

 Hexápodes – a principal classe desse subfilo é a dos insetos, grupo com maior
diversidade entre os animais, que possui cerca de 900 mil espécies. Possuem 3 pares de
patas e 2 pares de antenas, além de 1 ou 2 pares de asas. Exemplos:abelha, mariposa,
gafanhoto, pulga, traça, barbeiro, mosquito;
 Quelicerados – a classe dos aracnídeos é composta de animais com 4 pares de patas e
sem antenas, no lugar de mandíbulas possuem quelíceras e palpos, sendo assim
chamados quelicerados,entre eles, Exemplos: aranha, carrapato, escorpião, ácaro;
 Crustáceos – o subfilo é dividido em muitas classes, como a malacostraca, entre eles,
camarão, lagosta e caranguejo e a cirripedia, das cracas. São animais marinhos, na sua
maioria, e possuem geralmente 5 pares de patas e 2 pares de antenas;
 Miriápodes – esse grupo é constituído de animais com muitas patas, sendo mais
conhecidas a classe dos diplópodes, entre eles, piolho de cobra ou embuá (animais que
têm entre 25 e 100 patas, sendo duas por segmento), e dos quilópodes (entre 15 e 170
patas ), entre eles, a lacraia ou centopeia.

Crescimento e Mudas

Os artrópodes mudam de exoesqueleto constantemente para poderem crescer, a que se


dá o nome de muda ou ecdise. Na fase de crescimento o exoesqueleto dos artrópodes
se descola da epiderme e uma nova cobertura é produzida sob a antiga.

Quando a nova carapaça está pronta, o exoesqueleto antigo se rompe dorsalmente e o


animal o abandona, nessa fase o animal fica temporariamente envolto por uma cobertura
pouco espessa e mole. Depois de completado o crescimento, a nova carapaça se
estabiliza, até a chegada de nova fase de crescimento.

432
Crustá ceos
Os crustáceos são animais invertebrados pertencentes ao filo dos artrópodes.
Exemplos são os camarões, as lagostas, as cracas, os caranguejos e siris, que vivem
em ambiente aquático (água doce ou salgada). Algumas espécies podem viver em
ambiente terrestre como os tatuzinhos-de-jardim ou bichos-de-conta.

São muito apreciados na alimentação em todo mundo, mas também têm


grande importância ecológica. São os organismos mais abundantes no plâncton, que
constitui a base da cadeia alimentar nos ecossistemas marinhos.

Nas fotos a seguir, a partir de cima à esquerda: caranguejo da Indonésia, lagosta, siri e
copépodos (animais microscópicos do plâncton).

Que são os Crustáceos?

São animais invertebrados, ou seja, não possuem coluna vertebral ou crânio, mas sim
um exoesqueleto, que é uma espécie de armadura constituída de proteínas e um
polissacarídeo nitrogenado, a quitina. Nos crustáceos, o exoesqueleto é ainda mais rígido
pois contém substâncias calcárias.

433
Como outros artrópodes possuem o corpo segmentado e apêndices articulados. Por
outro lado, o que diferencia os crustáceos de outros artrópodes é a quantidade de
apêndices: geralmente são cinco pares de patas e dois pares de antenas.

Características Gerais

 Corpo segmentado e dividido em cefalotórax (cabeça fundida ao toráx) e abdome;


 Presença de dois pares de antenas com função sensorial (tato e paladar) e de
equilíbrio;
 Presença de apêndices locomotores, além de mandíbulas e maxilas;
 Hábitos alimentares diversos: há os herbívoros, os carnívoros, os detritívoros e os
filtradores, como as cracas;
 A maioria dos crustáceos é dióica (sexos separados) e a reprodução é
sexuada com fecundação externa;
 O desenvolvimento dos jovens pode ser direto (nascem iguais aos adultos) ou indireto
(passam por vários estágios larvais);
 Há crustáceos que são sésseis, como as cracas que vivem presas a um substrato, outros
são bentônicos, caminham no fundo do mar, ou ainda vivem em tocas ou enterrados na
areia ou lodo.

Cracas presas a um galho na praia.

Classificação

A classificação é uma forma de facilitar a identificação e estudo dos seres vivos. A forma
de classificar tem mudado muito ao longo do tempo, sendo considerado principalmente
o parentesco evolutivo.

Atualmente os crustáceos compreendem um subfilo dentro do filo Arthropoda, que por


sua vez agrupa muitas classes, como se vê a seguir:

434
- Reino Animalia

 Filo Arthropoda

o Subfilo Crustacea

 Classe Branchiopoda - dáfnias e artêmias


 SuperClasse Multicrustacea
 SubClasse Copepoda - copépodos
 Subclasse Thecostraca - cracas
 Classe Malacostraca - lagosta, camarão, caranguejo, tatuí, krill, paguros ou
caranguejos-eremitas, tatuzinhos-de-jardim, etc.

O Krill serve de alimento para as baleias.

Como funciona o corpo dos crustáceos?

O corpo é composto por sistemas simples com órgãos que realizam as funções vitais.
Veja a seguir:

 O sistema digestório é completo: começa na boca, segue pelo tubo digestório onde
há uma espécie de estômago com enzimas digestivas que auxiliam na digestão (que
ocorre fora das células). Os restos não aproveitados saem pelo ânus.
 O sistema respiratório dos animais aquáticos é composto de brânquias
filamentosas localizadas na base dos apêndices locomotores.
 O sistema nervoso é composto de gânglios cerebrais que se conectam através de um
tubo nervoso na região ventral do corpo.
 O sistema sensorial é desenvolvido, alguns possuem olhos compostos como os
insetos. Possuem órgãos de equilíbrio, chamados estatocistos que ajudam o animal a
se localizar.

435
 O sistema circulatório é aberto, no qual a hemolinfa (líquido sanguíneo) é bombeada
por um coração tubular através dos vasos até os tecidos e depois retorna. A hemolinfa
contém pigmentos respiratórios para o transporte do oxigênio, também transporta
nutrientes e excreções.

Importância Ecológica

As dáfnias ou pulgas d'água são organismos


microscópicos que fazem parte do plâncton.

Os microcrustáceos são os organismos mais abundantes no plâncton. São as dáfnias ou


pulgas d'água , os copépodos e estágios larvais de espécies de camarão, siris, entre
outros, que são pelágicos, ou seja, vivem flutuando livremente na massa d'água.

Algumas espécies de crustáceos, como Cyamus ovalis, C. erraticus e C. gracilis são


encontrados nas calosidades da baleia franca, no qual se alimentam de sua pele.

436
Eles se alimentam de fitoplâncton e servem de alimento para muitas espécies de animais,
sendo portanto a base da cadeia alimentar nos ecossistemas aquáticos.

Aracnídeos
Aracnídeos são um grupo de animais invertebrados representado pelas aranhas,
escorpiões, opiliões, ácaros e carrapatos. São agrupados na classe Arachnida, pertencente
ao filo Arthropoda, diferindo das outras classes de artrópodes (insetos, crustáceos e etc)
por não apresentarem antenas e mandíbulas e sim quelíceras, sendo assim
chamados quelicerados.

437
As aranhas têm o abdome não segmentado e globuloso. As quelíceras podem ser
formadas por dois artículos paralelos entre si ou formando um ângulo, e associadas a
glândulas de veneno ou não. Apresentam fiandeiras que são apêndices abdominais
modificados que segregam a seda para formar a teia.

438
Os escorpiões são o grupo mais primitivo, tem o abdome segmentado, com estruturas
sensoriais no terceiro segmento, denominadas pentes. Os pedipalpos apresentam
grandes pinças. Possuem pós-abdome articulado, com um ferrão no último articulo que
inocula o veneno nas presas.

Características Gerais do Corpo dos Aracnídeos

Aracnídeos / Ácaros e
Aranhas Escorpiões
Características carrapatos
Pinças ou
Ferrões inoculadores Pequenas pinças
Quelíceras estiletes
de veneno preensoras
perfurantes
Órgãos sensoriais. Nos
Pedipalpos ou Grandes pinças Filamentares,
machos tem função
palpos preensoras simples
copuladora
Patas Quatro pares Quatro pares Quatro pares
Abdome Fiandeiras Pentes Sem apêndices
Pós-abdome Ausente Com seis Ausente
artículos, o último

439
é o ferrão
Respiração

Os aracnídeos respiram por meio de filotraqueias (pulmões foliáceos) que são estruturas
laminares, cuja parte externa está em contato direto com o ar. Através das paredes das
lâminas ocorre a troca dos gases, sendo o oxigênio transportado pelo sangue no interior
de lacunas (isso não ocorre com os insetos que não apresentam o pigmento responsável
pelo transporte de gases no sangue). Aranhas respiram tanto por filotraqueias como por
traqueias como os insetos.

Sistema Nervoso e Órgãos Sensoriais

É um sistema simples com um gânglio maior acima do esôfago, considerado como o


cérebro e outros gânglios ou feixes de nervos emparelhados. Há pelos táteis espalhados
pelo corpo, mas especialmente nas patas que são importantes órgãos sensoriais,
detectando as vibrações do ambiente.

Detalhe da Tarântula
mostrando os pares de olhos e pelos táteis

As aranhas possuem até 8 pares de olhos simples, enquanto os escorpiões têm até 5
pares nas laterais do exoesqueleto, essas estruturas podem perceber movimentos.

Reprodução

440
Ocorre fecundação interna e o desenvolvimento é direto (sem presença de larva e
metamorfose). Logo que nascem os aracnídeos são pequenos e têm o exoesqueleto
menos endurecido, eles passam por diversas mudas para poderem crescer. Há
dimorfismo sexual (sexos diferenciados) e eles podem ser ovíparos ou vivíparos.

Na maioria das espécies de aranha, o macho faz a corte para a fêmea, depois a coloca a
seu lado e transfere para o seu corpo o espermatóforo, que é uma cápsula gelatinosa
onde ficam os espermatozoides. Isso acontece geralmente através dos pedipalpos (já que
o macho não tem pênis) que introduzem o espermatóforo no orifício genital feminino no
momento da cópula. Depois de fertilizados no corpo da fêmea, ela faz a postura dos
ovos que ao eclodir liberam filhotes imaturos.

Nos escorpiões a fêmea é vivípara, ou seja, carrega os ovos fertilizados dentro do seu
corpo. Quando nascem, em alguns casos, os pequenos escorpiões imaturos são
carregados nas costas da mãe até passarem pela primeira muda.

Hábitos Alimentares e Digestão

Aranhas e escorpiões são animais carnívoros e excelentes predadores que capturam


desde insetos até pequenos anfíbios. Já os carrapatos são parasitas e sugam o sangue
de suas vítimas. Os ácaros se alimentam de restos de alimentos, de pele morta
(proveniente de descamação), de pelos, entre outros resíduos.

A digestão é extracorpórea, isto é, acontece fora do corpo. Isso porque muitas aranhas
e escorpiões possuem venenos poderosos que paralisam suas presas, em seguida
injetam sucos digestivos nos seus corpos e sugam o conteúdo. O tubo digestivo inicia na
boca, abaixo das quelíceras que atuam como mandíbulas agarrando e destroçando as
presas. O alimento segue pela faringe e esôfago até chegar em um estômago com fortes
músculos. Tal musculatura ajuda a bombear o alimento, já parcialmente digerido por
enzimas até o intestino grosso onde se acumulam os restos não aproveitados, seguindo
depois caminho até o ânus onde os restos serão eliminados.

Excreção

Há duas formas de excreção nos aracnídeos. A mais comum é através dos túbulos de
Malpighi, como ocorre nos insetos, que são finos e longos tubos que enviam os resíduos
ao intestino para serem eliminados junto com as fezes.

441
A outra forma é por meio das glândulas coxais que têm uma abertura na base das
patas. Em ambos os casos são eliminados excretas nitrogenados como guanina e ácido
úrico que evita desperdício de água.

Habitat e Comportamento

Os escorpiões gostam de viver debaixo de cascas de árvores e pedras e perto de


domicílios, gostando de ficar dentro de sapatos. Têm hábitos noturnos e durante o dia se
escondem nos seus locais preferidos. Picam usando a cauda, que inocula o veneno
através do ferrão. No Brasil, há duas espécies do gênero Tityus, o escorpião amarelo e o
preto ou marrom, que podem provocar acidentes principalmente com crianças e pessoas
debilitadas. A picada provoca dor intensa no local e se espalha pelo corpo, provocando
formigamentos, suor, vômitos e em casos mais graves pode haver paralisias.

As aranhas são frequentemente encontradas nas residências, em telhados, cantos de


paredes ou próximo delas, em lugares onde há lixos, entulhos, restos de construção. O
veneno é inoculado pelo ferrão das quelíceras, que é o último artículo recurvado.

Aranhas Venenosas do Brasil

A aranha marrom e a viúva-negra (destacadas nas imagens acima) são duas espécies
de aranhas venenosas que temos em território brasileiro. No Brasil são encontradas 5
espécies venenosas:

 Armadeira (Phoneutria): aranha grande atinge até 17cm e extremamente agressiva,


arma o “bote” e por isso tem esse nome. Muito encontrada próximo de bananais, tem
hábitos noturnos, quando sai para caçar. Seu veneno pode ser perigoso em crianças e
idosos, sendo necessário nesses casos o soro antiaracnídico.
 Aranha-marrom (Loxoceles): aranhas pequenas com 2 a 4 cm e hábitos noturnos. Não
são agressivas e os acidentes são menos comuns, mas graves. É usado soro específico.

442
 Viúva-negra (Latrodectus): são pequenas com 3 a 5 cm e de hábito diurno, vive em
vegetação rasteira, arbustos e barrancos. Acidentes não são comuns no Brasil.
 Aranha de grama, de jardim ou tarantulas (Lycosa): não são agressivas e até correm
quando são perturbadas. Os acidentes são comuns, mas sem gravidade.
 Caranguejeiras: são grandes com até 25 cm e temidas, mas não são agressivas, nem
representam risco para as pessoas. Quando ameaçadas lançam cerdas que irritam a
pele, causando reação alérgica.

Insetos
Os insetos são animais invertebrados artrópodes, pertencentes ao Filo Arthropoda e
Classe Insecta.

Eles representam o grupo com a maior diversidade entre todos os animais do planeta.

São cerca de 950 mil espécies conhecidas, das quais mais de 109 mil são encontradas no
Brasil.

São exemplos de insetos: besouros, borboletas, percevejos, mosquitos, gafanhotos, entre


tantos outros.

Principais características

Conheça as principais características dos insetos:

Estrutura corporal

Anatomia corporal dos insetos

443
Os insetos possuem corpo dividido em:

 cabeça;
 tórax e abdome;
 um par de antenas;
 três pares de patas;
 um ou dois pares de asas.

Sistema circulatório
O sistema circulatório dos insetos é aberto.

O líquido incolor sanguíneo, chamado hemolinfa, é bombeado de um coração dorsal


passando dos vasos para cavidades do corpo, denominadas de hemocelas.

Alguns insetos têm corações acessórios para ajudar a bombear a hemolinfa até as asas. A
hemolinfa pode conter ou não os pigmentos respiratórios como a hemoglobina ou
hemocianina.

Sistema digestório
O sistema digestório dos insetos é completo. O tubo digestório apresenta glândulas
acessórias (glândula salivar, cecos gástricos) e presença de mandíbulas e peças bucais
para auxiliar a manipular e triturar o alimento.

A digestão é extracelular, através de enzimas secretadas pelo ceco gástrico. Os


nutrientes são absorvidos pelas células do intestino e distribuídos pela hemolinfa para o
resto do corpo.

Sistema respiratório
Os insetos apresentam respiração traqueal. O ar entra no corpo através de espiráculos,
presentes na superfície corporal, e através das traqueias, que são tubos ramificados,
chegando até as células do corpo.

Sistema nervoso e excretor


O sistema nervoso dos insetos é composto por gânglios cerebrais que consiste na união
de vários gânglios nervosos, além de vários nervos ventrais.

As excretas são eliminadas por meio dos Túbulos de Malpighi. Eles são responsáveis por
retirar as excreções da hemolinfa e liberar na cavidade intestinal, sendo eliminadas juntas
com os restos da digestão pelo ânus.

444
Reprodução e desenvolvimento

A reprodução dos insetos é sexuada, as espécies são dioicas, ou seja, com os dois sexos
separados.

O macho libera os espermatozoides dentro do corpo da fêmea, que ficam armazenados


na espermateca e depois são fecundados, portanto a fecundação é interna. Porém, em
algumas espécies também pode ser externa.

O desenvolvimento dos animais pode ser direto (ametábolos) ou indireto (metábolos).

Nos insetos ametábolos, ao eclodir o ovo nasce um animal semelhante ao adulto.


Enquanto os metábolos passam por metamorfose para chegar à fase adulta.

De acordo com a metamorfose, existem dois tipos de insetos:

 Holometábolos: animais que apresentam a metamorfose completa.


 Hemimetábolos: animais que apresentam a metamorfose incompleta.

Os holometábolos saem do ovo na forma de larva, que é bastante ativa e voraz. Após
isso, passam pela fase de pupa, também chamada crisálida ou casulo, quando ficam
imóveis e finalmente chegam ao estágio adulto.

Ciclo de vida de uma joaninha, um inseto


holometábolo.

Os hemimetábolos nascem semelhantes aos adultos, na forma de ninfas e gradualmente


vão adquirindo todas as características.

445
Desenvolvimento da borboleta, um inseto
hemimetábolo

Portanto, existem três formas de desenvolvimento: direto, indireto com metamorfose


incompleta e indireto com metamorfose completa.

Classificação

A classe dos insetos pode ser subdividida em diversas ordens.

Os nomes das ordem terminam com termo ptera, derivado do grego, e relaciona-se com
o tipo de asas.

Por ser um grupo bastante diversificado, os insetos são bem diferentes. Eles variam os
tipos de asas, mas possuem em comum as características gerais que são: cabeça, tórax e
abdome, um par de antenas e 3 pares de patas. Nem todos os insetos possuem asas.

446
Ordem Coleoptera: besouros e joaninhas

A ordem coleoptera é bastante diversificada

A Ordem Coleoptera é a mais numerosa, com cerca de 400 mil espécies conhecidas.

Os seus representantes possuem 2 pares de asas, sendo as externas rígidas e as internas


finas e membranosas.

Ordem Hymenoptera: abelhas, vespas, cupins e formigas

As abelhas vivem em sociedade

A Ordem Hymenoptera apresenta cerca de 200 mil espécies, com 2 pares de asas finas e
membranosas, além de algumas que não têm asas.

Alguns representantes desse grupo vivem em sociedades, com grande nível de


organização social, como é o caso das abelhas e cupins.

447
Ordem Lepidoptera: borboletas e mariposas

As borboletas apresentam diversos formatos e


cores

A Ordem Lepidoptera apresenta mais de 100 mil espécies, com 2 pares de asas
membranosas e aparelho bucal especializado para sugar o néctar das flores.

Ordem Diptera: moscas e mosquitos

A mosca apresenta apenas um par de asas

A Ordem Diptera contém cerca de 95 mil espécies, as quais apresentam um par de asas
finas.

448
Ordem Hemyptera: percevejos

Percevejo

A Ordem Hemyptera apresenta cerca de 50 mil espécies, a maioria com 2 pares de asas,
sendo o par anterior rígido na base e membranoso na extremidade.

Geralmente, eles são animais parasitas de outros animais e de plantas.

Ordem Homoptera: cigarras e pulgões

Pulgões

A Ordem Homoptera contém cerca de 25 mil espécies, a maioria com dois pares de asas
e algumas sem asas.

449
Ordem Orthoptera: gafanhotos e grilos

Gafanhoto

A Ordem Orthoptera possui mais de 11 mil espécies, sendo a maioria com dois pares de
asas.

Ordem Odonata: libélulas

As libélulas apresentam asas com o mesmo


tamanho

A Ordem Odonata apresenta cerca de 5 mil espécies. Possuem olhos grandes, 2 pares de
asas finas e transparentes.

Os seus representantes são predadores de outros animais.

450
Ordem Thysanura: traças-dos-livros

Traça-dos-livros

A Ordem Thysanura possui cerca de 500 espécies sem asas, com um par de antenas
longas e três longas caudas.

Anelídeos
Os anelídeos são animais invertebrados de corpo mole, alongado, cilíndrico e dividido
em anéis, apresentando uma nítida segmentação.

O filo Annelida apresenta 15 mil espécies, encontradas na água doce ou salgada e em


solo úmido.

Os principais representantes dos anelídeos são as minhocas e as sanguessugas.

Características Gerais

Os anelídeos são animais triblásticos, celomados e com simetria bilateral.

Estrutura Corporal
O corpo dos anelídeos é composto por anéis (metâmeros) e revestido por celoma.

451
O celoma é uma cavidade corporal que se localiza no interior da mesoderme. É
preenchido por um líquido chamado de fluido celômico, onde se alojam as vísceras do
animal.

Na ausência de esqueleto, o celoma fornece a sustentação do corpo e auxilia na


locomoção.

Sistema Digestório
Os anelídeos apresentam sistema digestório completo. Os órgãos digestivos em
sequência são: a boca, o papo, a moela, o intestino e o ânus.

O alimento fica armazenado no papo, segue para a moela onde é triturado e no intestino
ocorre a absorção dos nutrientes.

O modo de alimentação varia conforme a espécie, mas podem ser herbívoros, carnívoros
e hematófagos.

Sistema Circulatório e Excretor


Os anelídeos possuem sistema circulatório fechado. Isso quer dizer que o sangue corre
dentro de vasos. No sangue encontra-se a proteína hemoglobina, porém sem hemáceas.

O sistema circulatório é composto por dois vasos, um dorsal e outro ventral, além de um
conjunto de vasos contráteis, que podem ser comparados aos corações.

Esses animais apresentam um par de nefrídios por segmento, os quais são responsáveis
por retirar as excretas do sangue e do celoma.

Respiração
A pele fina e úmida dos anelídeos permite as trocas gasosas com o ambiente, o que
caracteriza a respiração cutânea.

Os anelídeos aquáticos realizam a respiração branquial.

Sistema Nervoso
O sistema nervoso é do tipo ganglionar. É composto por um par de gânglios cerebrais,
de onde partem dois cordões nervosos ventrais.

Ao longo dos cordões, há um par de gânglios em cada anel.

452
Reprodução
A reprodução dos anelídeos pode ser de forma assexuada ou sexuada.

Com exceção dos poliquetos que são dióicos, os demais anelídeos são monóicos
(hermafroditas).

No caso dos monóicos, como a minhoca, existe uma porção do corpo que auxilia na
reprodução, o clitelo.

O clitelo é um anel mais claro que libera um muco que ajuda na fixação de duas
minhocas no momento da fecundação.

Saiba como ocorre a reprodução:

1. As minhocas se colocam lado a lado e se unem, com as extremidades opostas, ou seja,


orifício genital masculino com receptáculos seminais de cada uma;
2. Nessa posição, os espermatozoides são liberados diretamente no receptáculo seminal;
3. As minhocas se separam, cada uma carregando os espermatozoides da outra;
4. Enquanto isso, os óvulos amadurecem e são eliminados no casulo, formado pelo muco
secretado pelo clitelo;
5. O casulo recobre a região do clitelo e conforme o movimento do animal, começa a se
deslocar para a extremidade anterior;
6. Ao passar pelo receptáculo seminal, os espermatozoides que estavam armazenados são
eliminados sobre os óvulos, ocorrendo a fecundação;
7. Após isso, o casulo termina de se deslocar e desprende-se do corpo da minhoca e
fecha-se;
8. No casulo que foi liberado os ovos desenvolvem-se dando origem as novas minhocas.

Classificação

Os anelídeos são classificados em três grupos, conforme a presença e ausência de cerdas.

 Oligoquetas: Apresentam cerdas curtas e em pouca quantidade. São hermafroditas,


encontrados meio terrestre úmido ou aquático. Exemplos: minhocas, tubifex e
minhocuçu.
 Hirudíneos ou Aquetas: Não apresentam cerdas. Vivem em meio aquático ou terrestre
úmido. São hermafroditas. Exemplo: sanguessuga.
 Poliquetas: Apresentam cerdas evidentes. Vivem em meio aquático. Exemplos: nereis e
tubícolas.

453
Representantes

Conheça os principais representantes dos anelídeos:

Minhoca
As minhocas apresentam pele fina e úmida. Alguns anéis mais próximos da boca
apresentam coloração mais clara e constitui o clitelo, utilizado na reprodução.

As minhocas vivem em solo úmido

A respiração das minhocas é cutânea. Na parte ventral, percebe-se certa aspereza pela
presença de cerdas minúsculas, que servem de ponto de apoio quando o animal se
desloca no solo.

As minhocas são hermafroditas e apresentam fecundação cruzada. Na época da


reprodução, saem da terra à noite e, emparelhando seus corpos em sentido contrário,
prendem-se com o auxílio de cerdas e do clitelo, realizando a troca simultânea do
espermatozoide.

Importância ecológica da minhoca


As minhocas vivem no solo, especialmente em áreas com cobertura vegetal, matéria
orgânica abundante e muita umidade.

Elas são reconhecidas pela sua importância no solo, pois cavam túneis e galerias que
permitem a penetração do ar e da água no terra. Isso facilita o desenvolvimento das
raízes das plantas.

Além de ingerirem material orgânico do solo, também eliminam as fezes, contribuindo


para a fertilidade com a produção do húmus.

454
Conheça também os Invertebrados Aquáticos e Invertebrados Terrestres.

Minhocuçu
O minhocuçu é uma espécie de minhoca que pode alcançar até dois metros de
comprimento. Pode-se dizer que é uma minhoca gigante.

Minhocuçu conhecido por minhoca gigante

Apresenta coloração que varia de preto a vermelho. Na reprodução, cada ovo pode gerar
de dois a três filhotes.

Tubifex
O tubifex é um gênero de anelídeos de água doce, também encontrados em águas
poluídas e pouco oxigenadas. Eles medem em torno de 1 cm e podem formar colônias.

Tubifex vivendo em colônias

Alimentam-se de detritos que se depositam no fundo dessas águas. Eles são utilizados
como alimento para peixes ornamentais.

455
Sanguessuga
A sanguessuga vive no meio aquático e se alimenta do sangue de outros animais. Pode
alimentar-se por bastante tempo sem ser notada, pois produz uma substância de ação
anestésica.

Possui duas ventosas, uma na região da boca e outra na região anal, que garantem
fixação enquanto se alimenta.

A sanguessuga pode ser usada em


tratamentos médicos

Importância medicinal da sanguessuga


As sanguessugas já foram utilizadas para realizar sangrias. Elas costumavam ser aplicadas
durante um tempo na pele dos pacientes, a fim de que sugassem uma quantidade
suficiente de sangue e depois eram retiradas. Usava-se para o tratamento de hipertensão
arterial e do enfisema pulmonar.

Nereis
O nereis é um predador que se desloca no fundo do mar, por movimentos laterais, a
procura de pequenos animais.

Têm na cabeça várias estruturas sensoriais e um par de mandíbulas, localizadas próximo


à faringe.

456
Conheça também sobre os Moluscos, outro grupo de animais invertebrados e com corpo
mole.

Miriá podes
Os miriápodes são artrópodes chamados de unirremes, por não possuírem apêndices
ramificados. As mandíbulas não são articuladas. Possui um par de antenas, as trocas
gasosas são feitas pelas traquéias e os órgãos excretores são os túbulos de Malpighi. São
terrestres, não existindo representantes aquáticos.

Os miriápodes possuem uma cabeça e um tronco alongado, com muitos segmentos, que
possuem pernas. Habitam locais terrestres úmidos, pois não possuem cutícula. Vivem
escondidos embaixo de pedras, troncos e rochas. Na cabeça há ocelos, alguns
representantes possuem olhos compostos, peças bucais na região ventral, voltadas para
frente.

Estes animais precisam evitar a perda de água, por isso em seu sistema traqueal os
estigmas ficam fechados. O coração é um tubo dorsal. O sistema nervoso consiste de um
cordão nervoso ventral que tem um gânglio em cada segmento.

Classe Chilopoda (Quilópodes)

457
Nesta classe estão as centopéias, que estão distribuídas por todo o mundo, com cerca de
3000 espécies descritas. A maior centopéia do mundo mede 26 centímetros. Têm o
hábito de viver escondidas, não só de predadores, mas também para evitar a dessecação,
portanto, possuem hábitos noturnos.

As centopéias possuem um par de pernas por segmento, garras de veneno para se


proteger e o último par de patas pode ser usado para defesa, dando tipo uns “beliscões”.
O par de patas do 1o segmento do corpo é transformado em forcípula, estrutura que
possui glândulas de veneno. Algumas espécies produzem glândulas repugnatórias, que
são chutadas contra o inimigo, e expelem gotas adesivas.

As centopéias são adaptadas para correr, sendo as pernas das corredoras mais longas.
Também são adaptadas para cavar, e a força é obtida por contrações do tronco.

São predadoras de pequenos artrópodes, mas algumas espécies se alimentam de


minhocas e caracóis.

A transmissão de espermatozóides é indireta. Frequentemente há um ritual de


acasalamento e o macho libera o espermatóforo, e a fêmea apanha-o. A fêmea guarda os
ovos até o momento da eclosão. O desenvolvimento é direto.

Classe Diplopoda (Diplópodes)

Nesta classe estão os piolhos-de-cobra. Possuem 2 pares de patas por segmento, são
animais herbívoros e detritívoros, não possuindo forcípula. Costumam viver escondidos
da luz para evitar dessecação. Existem cerca de 75.000 espécies descritas.

458
O tegumento destes animais está impregnado com sais de cálcio. Normalmente a
superfície é lisa, mas alguns animais têm cristas, tubérculos, cerdas ou espinhos. A
coloração da maioria dos diplópodes é preta e marrom, existindo representantes
vermelhos, alaranjados e até manchados.

Não costumam serem animais ágeis, pois se locomovem lentamente. Porém as pernas
têm força suficiente para abrir caminhos no solo. Como não são ágeis, as espécies mais
frágeis foram sendo eliminadas por seleção natural, restando aquelas que contavam com
mecanismos para sua defesa, como um esqueleto rígido e podem enrolar o corpo, como
um espiral. Algumas espécies possuem glândulas repugnatórias, havendo 1 par de
glândulas por segmento. Esta secreção pode ser tóxica ou repelente.

Em algumas espécies os olhos podem estar ausentes. As antenas possuem pêlos táteis.

A transferência de espermatozóides é indireta, havendo a presença de um


espermatóforo, mas não em todas as espécies. Os ovos são depositados em

ninhos e depois de alguns dias eclodem os jovens. Algumas espécies têm partenogênese.

Equinodermos
Os equinodermos (filo Echinodermata) são animais invertebrados e exclusivamente
marinhos.

O seu corpo é organizado, geralmente, em cinco partes simétricas que se distribuem na


forma dos raios de uma circunferência.

Equinodermos

Características Gerais

459
Os equinodermos são triblásticos, celomados e deuterostômios. Durante a fase larval
apresentam simetria bilateral e na fase adulta, a simetria é radial.

Os animais equinodermos apresentam uma grande diversidade de formas, tamanhos e


modos de vida.

São animais de vida livre e isolados, poucas espécies vivem fixas a um substrato. Um
exemplo de equinodermo séssil é o lírio-do-mar.

Lírio-do-mar, um equinodermo séssil

Quase todos os sistemas de um equinodermo, como o digestivo, o nervoso e o


reprodutor, ficam dentro do esqueleto calcário. Esse é recoberto por uma fina camada de
epiderme.

Algumas espécies podem apresentar espinhos na superfície do corpo.

Sistema circulatório e excretor


O sistema circulatório ocorre através do sistema aquífero ou ambulacrário.Ele realiza a
circulação de água dentro do corpo, permitindo o transporte de substâncias e a
locomoção.

Ao mesmo tempo, também permite a excreção, pois carrega as substâncias que precisam
ser eliminadas do corpo.

Como os equinodermos se locomovem?


Os equinodermos locomovem-se através dos pés ambulacrais, que são projeções do
sistema ambulacrário, algumas vezes com ventosas nas extremidades.

460
O sistema conta com uma placa madrepórica, através da qual a água do mar entra no
corpo do animal.

Com a entrada de água, os canais das ampolas do sistema ambulacrário se contraem e


levam a água até o pé que se alonga e fixa-se ao substrato. Nesse momento, as ventosas
auxiliam na fixação.

Para deixar o substrato, a água retorna para as ampolas e relaxa a musculatura do pé,
permitindo que se solte.

Anatomia da estrela-do-mar e os pés ambulacrários

Sistema respiratório
A respiração dos equinodermos ocorre através das brânquias que ficam próximas à boca.
O sistema ambulacrário também contribui com a respiração, através de difusão.

Sistema digestório
Os equinodermos apresentam sistema digestório completo com boca, esôfago, intestino
e ânus. O estômago é encontrado apenas em equinodermos carnívoros.

A maioria das espécies alimentam-se de algas marinhas. Para isso, contam com a
lanterna de Aristóteles, que consiste em um aparelho bucal que raspa o alimento.

As espécies carnívoras, como a estrela-do-mar, alimentam-se de pequenos animais.


Nesse caso, a digestão ocorre fora do corpo.

461
A estrela-do-mar projeta o seu estômago e enzimas digestivas sobre o alimento, que
começa a ser digerido. Somente depois, ele é conduzido para o interior do seu corpo, de
modo a finalizar a digestão.

Reprodução
A reprodução é sexuada. Os equinodermos são, em sua maioria, animais dióicos.

A fecundação externa ocorre através dos orifícios das placas genitais, de onde os
gametas saem para a água.

Os zigotos formados geram larvas, que nadam durante algum tempo, fixando-se a um
substrato e, por meio de metamorfose, originam os adultos. Por isso, o desenvolvimento
é indireto.

Classificação dos Equinodermos

Estima-se que existam 7.000 espécies de equinodermos divididas em cinco classes:

Asteroides

Estrela-do-mar

O representante típico do grupo é a estrela-do-mar possui cinco braços dispostos como


raios. Algumas chegam a ter quarenta braços.

Na parte em contato com o substrato, os braços são formados por duas fileiras de pés
ambulacrários, que permitem a movimentação e fixação.

Na extremidade de cada braço se encontram olhos rudimentares, que permitem localizar


suas presas, como anelídeos, crustáceos e ostras.

462
As estrelas do mar podem realizar autotomia, ou seja, a recuperação de um braço
perdido. Além de que a regeneração de um braço cortado pode formar uma nova estrela
do mar.

Ofiuroides

Serpente do mar

Um exemplo é a serpente do mar que possui um disco central do qual partem cinco
braços dotados de movimentos ondulantes, que facilitam o deslocamento.

A serpente do mar tem a boca na parte inferior, que fica em contato com o substrato,
enquanto o ânus se localiza na face oposta.

Seu alimento é constituído por moluscos, pequenos crustáceos e detritos sedimentares


do fundo do mar.

Crinoides

Lírio do mar

463
Um representante do grupo do crinoides é o lírio do mar. Ele possui uma base presa a
um substrato, de onde saem cinco braços ramificados que dão ao animal o aspecto de
planta.

Utiliza como alimento os detritos que permanentemente caem em seus braços, que são
cobertos por prolongamentos capazes de levar as partículas até a sua boca.

Holoturoides

Pepino do mar

O pepino do mar ou holotúria tem o corpo cilíndrico, dotado de minúsculas placas não
unidas, que lhe dão uma consistência menos rígida.

A maioria tem entre 5 e 30 cm, com alguns exemplares podendo chegar a dois metros de
comprimento.

Quando atacado, pode eliminar parte de suas vísceras, como o intestino e as gônadas. O
predador distraído permite a fuga do pepino do mar, que depois de um tempo tem suas
partes regeneradas.

464
Equinoides

Ouriço do mar

Um representante desse grupo é o ouriço do mar ou pindá. Ele apresenta corpo


recoberto por espinhos venenosos, móveis, que são usados para seu deslocamento.

Junto à boca, ele possui uma armação de cinco dentes chamada lanterna de Aristóteles.
Com isso, ele raspa as rochas em busca de algas, formando buracos onde esses animais
se alojam.

Apesar dos espinhos pode ser atacado por diversos predadores como peixes, estrela do
mar e caranguejos.

Bolacha da praia

Outro representante do grupo dos equinoides é a bolacha da praia ou corrupio. O


animal possui o corpo achatado, como um disco, apresentando na região dorsal o
desenho de uma estrela.

465
Esse animal enterra-se superficialmente na areia, onde obtém alimento constituído por
partículas orgânicas.

Curiosidades

 A estrela-do-mar apresenta uma excelente capacidade de regeneração. Se perder um


dos seus braços, em poucos meses o membro é regenerado.
 Não existem equinodermos de água doce.

Zoologia (Vertebrados)
Cordados
Os cordados representam o grupo de animais do filo Chordata. São representados por
alguns invertebrados aquáticos e todos os vertebrados: peixes, anfíbios, répteis, aves e
mamíferos.

A característica principal deste filo é que durante a fase embrionária todos apresentam
tubo nervoso dorsal, notocorda, fendas faringianas e cauda pós-anal.

Além disso, são animais triblásticos, enterocelomados, metamerizados, deuterostômios,


com simetria lateral e apresentam sistema digestório completo.

Classificação dos Cordados

Existem cerca de 45 mil espécies de cordados conhecidas, distribuídas em três


subfilos: Urochordata (Urocordados), Cephalochordata (Cefalocordados) e Craniata ou
Vertebrata.

Os urocordados e cefalocordados não possuem crânio e coluna vertebral, são


invertebrados. Provavelmente, são os cordados mais primitivos e podem ser chamados
de Protocordados (do grego protos, primeiro, primitivo).

Os craniatas são todos os vertebrados e representam cerca de 98% das espécies deste
filo.

466
Sub-filo Urochordata (Urocordados)

São animais marinhos sésseis que podem viver isolados ou em colônias. Geralmente, são
encontrados grudados em rochas ou em algas maiores. Seu tamanho pode variar de
alguns milímetros até 10 centímetros.

Seus representantes são as salpas e ascídias.

Salpas

Ascídias

467
Anatomia
O corpo é revestido por um envoltório espesso, denominado de túnica, constituída do
polissacarídeo tunicina. Devido este revestimento também podem ser chamados de
tunicados.

A túnica apresenta duas aberturas: o sifão inalante, por onde a água penetra o corpo do
animal e o sifão exalante, por onde a água retorna ao ambiente.

Alimentação
Para a alimentação filtram plânctons do ambiente, que aderem a um muco produzido em
um sulco da faringe, o endóstilo, e dirigem-se até o estômago e intestino, onde os
nutrientes são absorvidos. Os resíduos são eliminados pelo ânus, que abrem-se no sifão
exalante.

Respiração e Circulação
Através dos sifões a água passa continuamente pelo corpo, transportando oxigênio aos
tecidos corporais e levando o gás carbônico e excreções para o exterior.

O sistema circulatório é parcialmente aberto e o sangue penetra em grandes bolsas


sanguíneas, denominadas sinusóides, onde acontecem as trocas gasosas.

Sistema Nervoso
Durante a fase de larva existe o tubo nervoso, localizado dorsalmente, de onde partem
nervos para diversos órgãos. Na fase adulta, esta estrutura reduz-se a um gânglio
nervoso localizado sob a faringe, de onde partem os nervos.

Reprodução
Apresentam reprodução sexuada, sendo a maior parte da espécies monóica
(hermafrodita). Algumas podem ter reprodução assexuada por brotamento.

Subfilo Cephalochordata (Cefalocordados)

São animais marinhos de corpo achatado lateralmente e afilado nas extremidades.


Medem poucos centímetros. Enterram-se na areia, em posição vertical e deixam apenas a
boca exposta, mas podem nadar em águas rasas.

Em geral, sua anatomia se assemelha a de um peixe. Porém, não possuem uma cabeça
diferenciada.

468
Uma característica marcante deste grupo é a presença de uma boca, rodeada por
filamentos, chamados de cirros bucais.

Anfioxo
Alimentação
Os cefalocordados filtram a água que passa pelo seu corpo através da faringe. As
partículas de alimentos presentes na água aderem ao muco produzido em um sulco da
faringe, o endóstilo. Este muco, com o auxílio de células ciliadas segue até o intestino,
onde ocorre a digestão, já que não existe estômago.

Respiração e Circulação
Os cefalocordados possuem sistema circulatório fechado. A nutrição e oxigenação das
células são garantidas pela presença de um coração na região ventral, dos capilares
sanguíneos juntos aos tecidos e dos sinusóides.

Quando o sangue circula pela rede de capilares ocorrem as trocas gasosas com a água
que passa pelas fendas faringianas. O gás oxigênio e alimentos são distribuídos às células
e o gás carbônico e excreções são recolhidos.

Sistema Nervoso
Consiste em um tubo nervoso dorsal de onde partem ramificações para todo o corpo.

Reprodução
Apresentam reprodução sexuada e são dióicos. As gônadas não possuem ductos, assim,
quando maduras rompem e liberam os gametas em uma cavidade denominada átrio,
entre o tubo digestório e a cavidade do corpo.

469
A partir daí, os gametas saem do corpo e ocorre a fecundação externa.

Subfilo Craniata

São os animais vertebrados. Uma característica marcante dos craniados é a presença de


um endoesqueleto. Esta estrutura protege o sistema nervoso central e permite a
movimentação do corpo, integrando-se ao sistema muscular.

Classificação do Subfilo Craniata


A classificação dos vertebrados não é uma unanimidade entre os cientistas.

Tradicionalmente, existem duas superclasses:

A Agnatha (animais sem mandíbula na boca), com poucas espécies e duas classes:

 Myxine (peixes-bruxas)
 Petromyzontida (lampreias).

E Gnathostomata (animais com mandíbula), com variadas espécies.

Entre os gnatostomados as principais classes são:

 Chondricthyes: peixes cartilaginosos (tubarões, raias, cações e quimeras);


 Actinopterygii ou Osteicthyes: peixes ósseos (sardinha, cavalo-marinho, bagre, baiacu,
entre outros);
 Actinistia ou Sarcopterygii: peixes de nadadeiras lobadas (celacantos);
 Dipnoi: peixes pulmonados (piramboia);
 Amphibia: anfíbios (sapos, rãs, pererecas, salamandras);
 Reptilia: répteis (cobras, lagartos, jacarés, tartarugas, entre outros);
 Aves: aves (galinhas, tucanos, avestruz, patos, entre outros)
 Mammalia: mamíferos (macacos, cavalos, bois, elefantes, cães, seres humanos, entre
outros).

Urocordados
Os protocordados são animais cordados invertebrados. O grupo possui poucos
representantes e todos são pequenos animais marinhos.

470
Os protocordados representam os cordados mais primitivos. O termo protocordado
deriva do grego, protos "primeiro, primitivo".

São exemplos de protocordados as ascídias, as salpas e o anfioxo.

O grupo dos cordados inclui os protocordados e todos os animais vertebrados. Durante


a fase embrionária, todos os cordados apresentam tubo nervoso dorsal, notocorda,
fendas faringianas e cauda pós-anal.

Características Gerais

A principal característica dos protocordados é a ausência de crânio e coluna vertebral, ou


seja, são invertebrados.

Os protocordados não apresentam uma cabeça diferenciada. Alguns, como o anfioxo,


possuem o formato do corpo que lembra ao de peixes.

Os protocordados costumam viver no litoral, enterrados na areia ou fixos às rochas e


algas. Podem ser encontrados em vida livre ou formando colônias.

Os protocordados realizam reprodução sexuada com fecundação externa. Em alguns


casos, como ocorre em ascídias, podem apresentam reprodução assexuada por
brotamento.

Urocordados e Cefalocordados

Os protocordados são divididos em dois sub-filos: Urochordata e Cephalocordata. Veja


as principais características desses grupos:

Urochordata (Urocordados ou Tunicados)

 Representados pelas ascídias e salpas. Quando adultos, pouco se parecem com os


cordados;
 Apresentam notocorda na região caudal durante a fase larval;
 São animais marinhos sésseis que podem viver isolados ou em colônias;
 São revestidos por uma túnica protetora, formada de tunicina. Daí o nome do grupo;
 Alimentam-se por filtração;
 Sistema circulatório parcialmente aberto;
 O sistema nervoso diferencia-se durante as fases da vida. Quando larva, consiste em um
tubo nervoso. Em adultos, reduz-se a um glânglio nervoso sob a faringe.

471
Cephalocordata (Cefalocordados)

 Representado pelo anfioxo, um pequeno animal transparente, com corpo em forma de


lança;
 Possuem notocorda durante toda a vida, que serve como um esqueleto flexível;
 A boca é rodeada por filamentos, chamados de cirros bucais;
 Alimentam-se por filtração;
 Sistema circulatório fechado;
 O sistema nervoso consiste em um tubo nervoso dorsal;
 São animais dióicos.

Peixes
"Os peixes sã o encontrados nos mais variados ambientes aquá ticos e caracterizam-se por
ser o grupo mais numeroso e diversificado nos vertebrados. Nesse grupo de animais, temos
representantes com corpo tipicamente fusiforme; respiraçã o, geralmente, do tipo branquial;
presença de nadadeiras; e ectotermia. Esse grupo inclui peixes cartilaginosos, que possuem
esqueleto formado por cartilagem, e peixes ó sseos, que possuem o esqueleto ó sseo.

Vale salientar que muitas modificaçõ es ocorreram na classificaçã o dos animais apó s adoçã o
da metodologia cladística e aprimoramento das técnicas de aná lise de DNA. Estudos
recentes demonstram, por exemplo, o monofiletismo dos Agnatha e dos Chondrichthyes,
porém nã o a dos Osteichthyes, que se trata de um grupo parafilético.

O significado taxonô mico de Osteichthyes nos dias atuais é bem diferente do que havia no
passado, quando se referia aos peixes ó sseos e excluía o grupo dos tetrá podes. Hoje os
sistematas incluem os tetrá podes no clado Osteichthyes. No nosso texto, no entanto,
optamos por utilizar os termos no seu sentido clá ssico, pois essa forma é a abordada nos
livros didá ticos e a cobrada nos processos seletivos.

472
Os peixes sã o animais de há bitos aquá ticos que apresentam nadadeiras e respiraçã o, na
maioria dos casos, branquial.

Tó picos deste artigo

1 - Características gerais dos peixes

2 - Adaptaçõ es dos peixes ao ambiente aquá tico

3 - Peixes ó sseos e cartilaginosos

Características gerais dos peixes

Os peixes sã o animais vertebrados que vivem exclusivamente no ambiente aquá tico.


Possuem diferentes tamanhos, formatos e cores, sendo animais de grande importâ ncia
econô mica, uma vez que sã o usados na nossa alimentaçã o, em prá ticas como pesca esportiva
e também na criaçã o em aquá rios, por exemplo.

Os peixes possuem um sistema digestó rio completo, com intestino terminando em cloaca
nos peixes cartilaginosos e em â nus nos peixes ó sseos. O sistema excretor desses animais é
formado por um par de rins. Nos peixes cartilaginosos, é excretado principalmente ureia, e,
nos peixes ó sseos, observa-se a eliminaçã o de amô nia.

O sistema circulató rio é fechado, e observa-se a presença de um coraçã o com duas


cavidades: um á trio e um ventrículo. Nesse importante ó rgã o bombeador de sangue, circula
apenas sangue rico em gá s carbô nico (venoso). A circulaçã o nos peixes é simples, uma vez
que o sangue passa pelo coraçã o apenas uma vez, em cada circuito completo, pelo corpo do
animal. O sangue entra no coraçã o pelo á trio, segue para o ventrículo e é bombeado em
direçã o à s brâ nquias, nas quais é oxigenado. Esse sangue é entã o levado para o corpo do
animal.

Os peixes sã o animais que apresentam grande variedade de formas, tamanhos e cores.

Nã o podemos deixar de citar os peixes pulmonados (Dipnoi). Atualmente esse grupo


apresenta apenas seis espécies, as quais sã o encontradas apenas em á gua doce da América
do Sul, Á frica e Austrá lia. A espécie de peixe pulmonado existente no Brasil é conhecida
como piramboia. Ela é capaz de construir galerias, que utilizam como abrigo para proteger-
se da seca e dos predadores.

473
Os peixes têm poderosos e eficientes ó rgã os sensoriais, como a linha lateral. Essas
estruturas, localizadas lateralmente no peixe, permitem que o animal consiga captar
movimentos na á gua e, consequentemente, evitar predadores. Além das linhas laterais, os
peixes contam com lobos olfativos desenvolvidos, que permitem a percepçã o de cheiros, e
com as ampolas de Lorenzini, que permitem a captaçã o de correntes elétricas produzidas
por outros animais. Essas ampolas sã o encontradas apenas em peixes cartilaginosos.

Os peixes, de maneira geral, sã o animais ectotérmicos, ou seja, sã o incapazes de manter a


temperatura do seu corpo constante utilizando mecanismos fisioló gicos. Algumas espécies,
no entanto, sã o capazes de manter partes do seu corpo mais aquecidas do que outras
(heterotermia regional), conseguindo elevar a temperatura por meio da produçã o
endotérmica de calor. Atuns e alguns tubarõ es apresentam essa capacidade.

A reproduçã o dos peixes varia de grupo para grupo. Nos cartilaginosos, ocorre fecundaçã o
interna; já na maioria dos peixes ó sseos, ocorre fecundaçã o externa. Nos peixes ó sseos,
pode-se observar, em algumas espécies, o desenvolvimento indireto, com a formaçã o de
larvas, e o desenvolvimento de uma fase denominada alevino.

Adaptaçõ es dos peixes ao ambiente aquá tico

Para viver no meio aquá tico, os peixes apresentam grande quantidade de adaptaçõ es,
destacando-se a presença de brâ nquias.

Esses ó rgã os em formato de lâ mina e ricamente vascularizados permitem a troca gasosa


entre a á gua do meio e o sangue do animal, o que constitui a respiraçã o branquial. A á gua
inicialmente entra pela boca, passa pelas fendas na faringe, segue para as brâ nquias, e entã o
sai do corpo do animal. Movimentos coordenados do opérculo e das mandíbulas permitem
que a á gua chegue à s brâ nquias. O movimento do nado pode também ser usado para
garantir a ventilaçã o das brâ nquias.

474
A movimentaçã o conjunta do opérculo e da boca ajuda a garantir que a á gua atinja as
brâ nquias.

Além da presença de brâ nquias, os peixes possuem um corpo com formato hidrodinâ mico,
que auxilia a movimentaçã o na á gua. Normalmente os peixes apresentam o corpo fusiforme,
ou seja, alongado e com as extremidades afiladas, o que possibilita melhor nataçã o. Peixes
com formato fusiforme podem conseguir alta velocidade de nataçã o.

Além do formato característico, os peixes possuem grande quantidade de muco em sua pele,
o que ajuda a diminuir o atrito com a á gua. O muco, assim como as escamas, também possui
papel importante na proteçã o do peixe contra pató genos.

Destaca-se também a presença de nadadeiras, que variam em forma, tamanho e posiçã o em


cada espécie de peixe. Essas estruturas possuem como principais funçõ es: manter o
equilíbrio do peixe, ajudar na mudança de direçã o e profundidade, e atuar como
propulsoras, como é o caso da nadadeira caudal.

Além de apresentarem adaptaçõ es para facilitar a nataçã o, os peixes possuem estratégias


para evitar o afundamento, uma vez que possuem densidade maior do que a da á gua. A
flutuaçã o é garantida em peixes cartilaginosos pela presença de um fígado desenvolvido e
com grande quantidade de gordura. Já em peixes ó sseos, existe uma bexiga natató ria, um
ó rgã o hidrostá tico que permite que o peixe nade para o fundo e para a superfície.

Peixes ó sseos e cartilaginosos

Na figura é possível notar algumas características dos peixes cartilaginosos: boca ventral e
ausência de opérculo.

Os peixes podem ser divididos tradicionalmente em dois grandes grupos: os peixes


cartilaginosos (Chondrichthyes) e os peixes ó sseos (Osteichthyes). Os peixes cartilaginosos
recebem essa denominaçã o por nã o apresentarem ossos formando seu esqueleto, o qual é

475
constituído predominantemente de cartilagem. Tubarõ es, arraias e quimeras sã o
representantes desse grupo de peixes, sendo a maior parte das espécies marinhas.

Outra característica desse grupo é a presença de placas semelhantes a dentes que revestem
o corpo desses animais, as chamadas escamas placoides. Nos tubarõ es e arraias, as escamas
placoides revestem grande parte dos seus corpos, nas quimeras, no entanto, elas estã o
presentes em porçõ es específicas.

Os peixes cartilaginosos possuem, ainda, uma característica bastante marcante, que é a


presença do clá sper, uma modificaçã o de parte dos raios das nadadeiras pélvicas dos
machos, que atuam na reproduçã o. Nos peixes cartilaginosos, a fecundaçã o é exclusivamente
interna. Outras características existentes nesse grupo de peixes e que permitem sua
diferenciaçã o dos peixes ó sseos sã o: boca ventral, presença de cloaca, excreçã o da ureia e
ausência de bexiga natató ria.

Os peixes ó sseos apresentam opérculo, e a boca localiza-se anteriormente ao corpo.

Os peixes ó sseos, assim como o nome sugere, apresentam um esqueleto ó sseo. Nesses
animais, a brâ nquias estã o cobertas pelo opérculo, uma espécie de aba ó ssea que protege
essas estruturas. Nos peixes ó sseos, observa-se a presença da bexiga natató ria. Outras
características que podem ser citadas sã o: boca na extremidade anterior, intestino
terminado em â nus e excreçã o da amô nia."

Anfíbios
Anfíbios são animais vertebrados que vivem entre o meio aquático e o ambiente
terrestre.

Eles mantêm uma forte vinculação com a água e dela não se afastam, pois precisam
manter a pele úmida.

A fecundação desses animais geralmente é externa e ocorre na água.

476
Características gerais dos anfíbios

Os anfíbios vivem em água doce, entretanto há duas exceções: a rã comedora de


caranguejos, que vive em ambiente marinho, e a rã-aguadeira, do Deserto Australiano. As
principais características são:

 Pulmões onde ocorrem trocas gasosas;


 Pele permeável, que também executam trocas gasosas;
 Coração, com dois átrios e um ventrículo, aumentando a eficiência de transporte de
sangue;
 Tímpano, uma membrana que vibra com o som e remete estímulos para as estruturas
nervosas do ouvido;
 Pálpebras que protegem os olhos e realizam sua limpeza;
 Patas bem definidas.

Digestão dos Anfíbios


A digestão dos anfíbios é processada no estômago e no intestino. Embora possam ter
duas fileiras de dentes, os anfíbios não mastigam suas presas.

A língua bem desenvolvida é usada na captura de insetos, que é envolto em um muco


que o lubrifica, facilitando sua passagem no tubo digestivo.

Pele dos Anfíbios


A pele dos anfíbios é lisa, vascularizada e permeável. Os anfíbios não ingerem água, ela é
obtida através da pele, que também executa a troca gasosa entre o sangue e o ar.

É rica em glândulas e está sempre úmida. Os sapos possuem um par de glândulas


chamadas paratóides, que contêm veneno e constituem defesa contra os predadores.

Respiração dos Anfíbios


A respiração nos anfíbios adultos ocorre por meio de três estruturas: os pulmões, a pele e
na mucosa da boca e da faringe.

Os pulmões são formados por dois sacos, sem divisão interna. As narinas abrem-se na
cavidade da boca. Enquanto estão na fase larval, aquática, respiram por meio de
brânquias.

477
Reprodução dos Anfíbios
A reprodução é sexuada, geralmente com fecundação externa, onde a fêmea elimina os
óvulos na água e o macho despeja os espermatozoides sobre eles.

Os embriões se desenvolvem em forma de larvas, que passam pela metamorfose,


originando os adultos.

Grupos dos anfíbios (com exemplos)

Anuros
Quando adultos, possuem patas e não apresentam cauda: sapos, rãs e pererecas.

O sapotem pele seca e enrugada.

A rã tem pele úmida e lisa.

478
A perereca tem “ventosas” nos dedos, que facilitam sua adesão a pedras, paredes etc.

Urodelos
Possuem corpo alongado, patas laterais e uma longa cauda: salamandras e tritões.

As salamandras nadam movimentando a cauda.

Ápodes
Têm corpo cilíndrico e não possuem patas. As cobras-cegas, vivem enterradas no solo e
são mais ativas à noite. Com olhos bem reduzidos. Lembram grandes minhocas, mas
possuem osso e cabeça bem delimitada.

Répteis
Os répteis são animais vertebrados que pertencem ao Reino Animalia, Filo Chordata e
Classe Reptilia.

Na história evolutiva, os répteis foram os primeiros animais vertebrados a conquistarem


o ambiente terrestre.

479
São exemplos de répteis: tartaruga, jabuti, cágado, cobra, serpente, jacaré, crocodilo,
camaleão, iguana e lagarto.

O grupo dos répteis é bastante diversificado

Características

Conheça as principais características do grupo dos répteis:

Anatomia

Anatomia do crocodilo

O corpo dos répteis é formado por cabeça, pescoço, tronco e cauda.

Eles possuem dois pares de membros locomotores, cada um com cinco dedos acabados
em garras e pernas reduzidas em alguns lagartos, mas ausentes em outros, como as
cobras.

Eles podem ser animais rastejantes ou nadadores, como as tartarugas marinhas que
possuem patas em forma de remos.

A pele é ressecada e resistente, coberta por escamas de origem epidérmica, o que a


torna queratinizada e praticamente impermeável.

480
Porém, alguns animais, como as tartarugas e jabutis, também podem apresentar placas
ósseas de origem dérmica.

Temperatura corporal
Os répteis são animais pecilotérmicos, ou seja, são incapazes de manter a sua
temperatura corporal constante. Assim, eles necessitam do calor do ambiente para
regulação da temperatura corporal.

Essa condição limita sua localização dos seus habitats aos trópicos e subtrópicos do
planeta, onde as temperaturas favorecem o seu metabolismo. Por isso, não encontramos
répteis na Antártica.

Reprodução

A maioria dos répteis são ovíparos

A maior parte dos répteis são ovíparos. Apenas algumas cobras e lagartos
são ovovivíparas.

Apresentam fecundação interna, onde o macho introduz os espermatozoides no interior


do corpo da fêmea.

O desenvolvimento do embrião ocorre dentro dos ovos, os quais são revestidos por
cascas córneas ou calcárias.

Essa característica protege o embrião da dessecação, importante para a conquista do


ambiente terrestre.

O ovo apresenta os seguintes anexos embrionários: âmnio, cório, saco vitelino e


alantoide.

481
Quando os filhotes nascem assemelham-se aos adultos, pois o desenvolvimento é direto.

Sistema digestório e alimentação


O sistema digestório é completo. Eles apresentam boca, faringe, esôfago, estômago,
intestino e cloaca. Além disso, possuem fígado e pâncreas.

A maioria dos répteis são carnívoros. Algumas poucas espécies são herbívoras e onívoras.

Alguns répteis, como o jacaré e a matamatá, são animais predadores e ocupam o topo da
cadeia alimentar.

Sistema Circulatório
A circulação é fechada, dupla e completa.

O coração de serpentes e tartarugas apresenta dois átrios e um ventrículo


incompletamente separado. Enquanto os crocodilianos apresenta dois átrios e dois
ventrículos bem definidos.

Sistema Respiratório
Os répteis apresentam respiração pulmonar. Os pulmões apresentam alvéolos
pulmonares tornando eficiente as trocas gasosas.

Sistema Sensorial
O órgão olfativo dos répteis lhes permite sentir o gosto e o cheiro, sendo que a maioria
dos répteis é capaz de ouvir sons.

A visão não é privilegiada, mas os olhos possuem pálpebras e membrana nictitante para
protegê-los quando submersos.

Quando estão em terra, são hidratados por glândulas lacrimais, dai a expressão “lágrimas
de crocodilo”, uma vez que aqueles animais “choram” com frequência.

As serpentes apresentam a fosseta loreal, um orifício entre o olho e a narina com função
de termorrecepção.

Grupos

Existem mais de 7000 espécies conhecidas e subdivididos em quatro ordens:

482
Ordem Crocodilia

Crocodilo

Os crocodilianos representam a maior parte dos répteis que existem atualmente.

As principais características dos crocodilianos são:

 Corpo revestido por placas córneas.


 Presença de quatro patas curtas e uma cauda.
 Dentes grandes e afiados.
 Coração com quatro cavidades completamente separadas.

Ordem Rhynchocephalia

Tuatara, uma espécie ameaçada de extinção

A ordem Rhynchocephalia é o grupo de réptil mais primitivo. Por isso, as tuataras são os
únicos representantes vivos da ordem. Elas são encontradas na Nova Zelândia e podem
habitar ambientes frios.

483
São animais carnívoros, os seus dentes estão fundidos ao maxilar. Os indivíduos de
tuataras podem chegar até aos 100 anos de idade.

Ordem Squamata

A cobra é representante do grupo dos ofídios

Também conhecidos como escamados, pois possuem corpo recoberto por escamas. Eles
são representados pela cobras e lagartos.

As principais características da ordem Squamata são:

 Divididos em Lacertílios (lagartos) e Ofídios (cobras).


 Os lagartos apresentam quatro patas e as cobras são ápodes, ou seja, sem membros.
 Algumas espécies de serpente são animais peçonhentos.

Ordem Testudinata

Tartaruga-da-Amazônia

484
Também chamados de quelônios, são representados pelas tartarugas, cágados e jabutis.
As tartarugas vivem em ambiente de água doce e salgada. Os cágados são encontrados
em água doce e os jabutis em terra firme.

As principais características dos quelônios são:

 Presença de armadura óssea (casco ou carapaça), a qual confere proteção ao corpo


contra choques mecânicos e ataques de predadores.
 Ausência de dentes e presença de um bico com lâminas córneas, permitindo capturar e
cortar os alimentos.

Curiosidades

 Os dinossauros, pertencentes à superordem Dinosauria, pertenceram a classe dos


répteis.
 O Brasil é o quarto país do mundo com o maior número de espécies de répteis.
 Herpetologia é o ramo da biologia que estuda os répteis.

Serpentes
As serpentes pertencem à linhagem Lepidosauria (Lepisidos =
escamas; sayros = lagartos) e à ordem Squamata, uma linhagem irmã
dos crocodilos e aves, assim como os lagartos, e juntos formam a maior
linhagem de répteis não-avianos. Atualmente são conhecidas cerca de 3300
espécies. Possuem ancestralidade em comum com os lagartos, e a hipótese é
de que as cobras descendem de lagartos fossoriais com olhos reduzidos, ou
seja, lagartos que costumavam viver abaixo do nível do solo. Sendo assim,
por viverem abaixo do solo não haveria necessidade aparente de membros,
logo, as linhagens de lagartos com membros cada vez menores foram sendo
selecionadas até que a linhagem sem membros se tornou a predominante. É
importante lembrar, que não é só a ausência de membros que separam as
serpentes do lagartos, até porquê existem lagartos que não possuem
membros e nem por isso são serpentes.

Uma das características mais evidentes das serpentes é ter a pele coberta
de escamas, que podem variar de cor e tamanho dependendo da espécie.
Essas escamas tornam a pele das cobras praticamente impermeável, e
também, confere proteção mecânica.

485
O corpo é alongado e completamente desprovido de membros e o tamanho,
pode variar de 10 cm (Leptotyphlops carlae) à 10 metros. Em tempos pré-
históricos existiram serpentes maiores ainda, como a Titanoboa, com mais de
13 metros e mais de uma tonelada.

A sucuri (Eunectes murinus) com seu corpo massivo, alongado e coberto de


escamas . Foto: Patrick K. Campbell / Shutterstock.com
As serpentes possuem adaptações na mandíbula para que possam engolir
presas grandes, o que é uma consequência do seu crânio, mais flexível que
de um lagarto. O crânio de uma serpente possui oito pontos de
apoio com articulações que permitem a rotação. Além disso o crânio das
serpentes não possui uma das barras temporais, tornando-o ainda mais
flexível.

As serpentes são predominantemente terrestres, no entanto existem


serpentes aquáticas. Inclusive, uma das serpentes com veneno mais potente
do mundo é marinha, a serpente-marinha-de-bico (Hydrophis belcheri), que uma
pequena porção da sua toxina é suficiente para matar 1000 pessoas.

Atualmente existem oito linhagens de serpentes no


mundo: Leptotyphlopidae (com 117
espécies), Typhlopidae (369), Boidae (52), Pythonidae (41), Viperidae (
305), Elapidae (347), Lamprophilidae (299) e Colubridae (1755). A única
que não possui nenhum representante no Brasil é a Pythonidae.

486
Comportamento
As serpentes possuem quimiorreceptores, ou seja, conseguem fazer uma
interpretação química do ambientes. Elas movimentam a língua bífida (com
duas pontas) para dentro e para fora da boca coletando moléculas de ar e do
solo. Ao retrair a língua elas levam para os órgãos vomeronasais localizados
no céu da boca (também chamado de órgão de Jacobson) e aí conseguem
avaliar o terreno. Elas também podem se orientar e localizar as presas por
meio da visão, especialmente as serpentes arborícolas. As serpentes
fossoriais, ou seja, as que vivem no subsolo, possuem olhos pouco funcionais
e cabeças adaptadas para escavar.

A língua bífida auxilia na interpretação do terreno. Foto: Pranita Thorat /


iStock.com
As serpentes-marinhas possuem a cauda em forma de remo, achatada
lateralmente, o que amplifica a sua capacidade natatória e as narinas são
localizadas na região dorsal, ao contrário das espécies terrestres que
possuem na região lateral e frontal, além de possuírem válvulas que
expulsam a água que entra nas narinas.

Apresentam quatro formas de locomoção:

487
 Ondulação lateral: a serpente se locomove movendo a cabeça para os
lados e formando curvas com o corpo, sendo assim as curvas geram
impulso muscular que a projeta para frente.
 Locomoção retilínia: a serpente se projeta para frente através
da contração muscular da metade dorsal de seu corpo. Quando os
músculos traseiros relaxam ela contrai os dianteiros para que a onda
muscular gere a movimentação.
 Locomoção concertina: usada em passagens estreitas. A serpente faz
alças com o corpo contra as paredes dos buracos e impulsiona a parte
anterior do corpo, criando novas alças.
 Locomoção lateral: bastante usada por serpentes do deserto, uma vez
que devido à ação do vento, o ponto de apoio das serpentes, no caso a
areia, muda constantemente. A serpente forma alças com o corpo e as
oscila lateralmente.

Reprodução
Serpentes podem ser ovíparas, o que significa que elas botam ovos e os
filhotes saem dos mesmos. Vivíparas, ou seja, dão à luz à filhotes já
formados e ovovivíparas, nesse caso os ovos são formados mas
permanecem dentro da serpente até que os filhotes rompam a casca e saiam
dos mesmos.

Hábitos alimentares
As serpentes podem matar suas presas por dois métodos: envenenamento e
constrição.

Constrição: a serpente captura e presa com a boca e vai gradativamente se


enrolando na mesma. Cada vez que a presa exala e esvazia os pulmões, a
serpente aperta um pouco mais causando sufocamento ou parada cardíaca na
presa.

Envenenamento: provavelmente, essa estratégia de envenenar as presas


surgiu durante o período do Mioceno, onde havia uma grande abundância
de roedores, e esses representavam um risco para as serpentes por poderem
arranhá-las e mordê-las durante a constrição, sendo assim uma estratégia
mais eficaz seria envenená-los com uma mordida e depois segui-los até
encontrá-los mortos.

As serpentes podem ser divididas em quatro tipos de acordo com a posição


das presas:

488
 Opistóglifas: serpentes cujas presas inoculadoras ficam na parte
posterior da mandíbula, ou seja, atrás dos outros dentes.
 Proteróglifas: serpentes cujas presas inoculadoras ficam na parte
frontal da maxila. As presas não se movimentam e são relativamente
pequenas, ainda assim maiores que os outros dentes.
 Solenóglifa: serpentes cujas presas inoculadoras se localizam na região
anterior da maxila, mas nesse caso as presas são móveis e de tamanho
muito maior que os outros dentes. Essa mobilidade permite que as
presas dobrem para trás quando a cobra fecha a boca.
 Áglifas: serpentes que não possuem presas inoculadores de veneno, ou
seja, toda a dentição é uniforme.

As serpentes possuem uma variedade de dieta muito grande, podendo se


alimentar de invertebrados até de vertebrados de grande porte. No entanto,
todas as espécies são carnívoras, ou seja, se alimentam de outros animais.
Virtualmente, uma serpente pode comer tudo que caiba na sua boca,
inclusive ovos.

Mitos
As serpentes sempre estiveram presentes na cultura popular, pelo fascínio e
receio que elas geram nos humanos, sendo assim vários mitos foram criados
sobre esses magníficos animais, como os seguintes:

“Toda serpente peçonhenta tem cabeça triangular”. FALSO. Jiboias tem


cabeça triangular e não são peçonhentas e serpentes da família Elapidae,
como as najas e as corais são extremamente peçonhentas e possuem cabeça
arredondada.

“Para retirar o veneno, basta sugar o local da mordida”. FALSO. O


veneno vai direto para a corrente sanguínea e/ou outros tecidos, sugar o
local não vai retirá-lo do corpo da vítima.

Ameaças
Atualmente, as maiores ameaças às serpentes são o desmatamento e nosso
próprio medo. É importante lembrar que não é necessário temê-las, apenas
respeitá-las. Então, se você ver uma serpente não tente pegá-la ou
incomodá-la, apenas saia do caminho dela e siga o seu. Serpentes tem uma
enorme importância ecológica, principalmente no controle de outras
populações de animais, como roedores, logo, matar uma serpente
simplesmente por medo, pode causar um grande problema à natureza.

489
Aves
As aves são animais vertebrados, de sangue quente (homeotérmicos), que possuem o
corpo revestido de penas.

Com cerca de 9000 espécies conhecidas, elas ocupam vários tipos de ambientes e, de
maneira geral, dominam o ar.

Características Gerais das Aves

Conheça a seguir as principais características relacionadas às aves.

Temperatura corporal
Aves são animais de sangue quente, também
chamados homeotérmicos ou endotérmicos, por sua capacidade de manter a
temperatura corporal constante. Para isso, elas apresentam um metabolismo elevado,
necessitando de muita energia.

Penas

Pavão se exibindo

As penas são uma característica exclusiva das aves. Elas permitem o voo, são isolantes
térmicos (importante para a homeotermia) e funcionam para a camuflagem e como
atrativo sexual. Habitualmente, é o macho que possui uma plumagem exuberante, como
o pavão.

490
Voo
O voo é uma importante adaptação das aves, que lhes permite:

 Habitar diversos ambientes;


 Fugir dos predadores;
 Buscar novas fontes de alimentos;
 Aumentar o campo visual;
 Realizar migrações quando as condições ambientais se tornam desfavoráveis, como no
período de inverno.

A capacidade de voar que as aves apresentam, podem ser divididas em carinatas e


ratitas.

As carinatas são aves que apresentam uma quilha no osso esterno, chamada carena.
Possuem músculos peitorais desenvolvidos que são responsáveis pelo batimento das
asas.

Muitas podem voar, outras fazem apenas voos curtos, como a galinha. Algumas aves
como os pinguins, sofreram modificações em suas asas, que as tornaram aptas apenas
para a natação.

As ratitas são aves que não apresentam carena no esterno, e são incapazes de voar,
como a ema e o avestruz.

491
Pele

Glândula uropigial

A pele das aves é queratinizada, seca e impermeável. Algumas possuem glândulas


uropigianas,situadas sobre a região posterior do corpo, acima da cauda, que auxiliam na
hidratação da pele ao secretar um óleo.

Os patos, por exemplo, viram a cabeça até a cauda e esfregam o bico no restante do
corpo, impermeabilizando as penas antes de entrarem nas lagoas, o que facilita a sua
flutuação.

Canto

Rouxinol cantando para atrair a fêmea

492
Outra característica das aves é o canto, gerado por um órgão fonador, que é a siringe. O
canto pode servir como elemento de comunicação, envolvendo atração sexual,
advertência, demarcação de território, dentre outros.

A participação das aves na cadeia alimentar auxilia a controlar populações de insetos e


roedores.

Anatomia e Fisiologia das Aves

Principais
órgãos da galinha

493
Sistema Respiratório das Aves

Sistema
respiratório das aves

A respiração das aves é realizada pelos pulmões, que não possuem alvéolos, são
formados por vários para-bronquíolos, onde ocorrem as trocas gasosas.

Além disso, os pulmões se interligam por projeções chamadas sacos aéreos, que passam
por todo corpo do animal, inclusive no interior dos ossos.

494
Sistema Digestório das Aves

Sistema
digestório das aves

As aves têm bico rígido e devido a ausência de dentes, o alimento não passa por
trituração na boca.

O tubo digestivo apresenta algumas adaptações, como presença de papo e


de moela (onde o alimento fica um tempo sendo amolecido - papo - e é triturado -
moela).

Após passar pelo intestino, as fezes são eliminadas pela cloaca, que faz parte tanto do
sistema digestório, quanto do reprodutivo.

495
Sistema Reprodutivo das Aves

Sistema
reprodutor das aves

As aves são animais ovíparos, ou seja, produzem ovos. A casca é formada por carbonato
de cálcio e por ser porosa permite a troca gasosa entre o embrião e o ambiente. A cloaca
é o órgão responsável pela postura dos ovos.

A fecundação é interna e ocorre antes que o óvulo seja revestido pela casca calcária. No
interior do ovo, há membranas protetoras e reservas alimentares na forma de gema e
clara.

496
Sistema Circulatório das Aves

Sistema
circulatório das aves

O sistema circulatório das aves apresenta um coração com quatro câmaras: dois átrios e
dois ventrículos.

Funciona como duas bombas distintas, onde as câmaras direitas impulsionam sangue
não oxigenado e as da esquerda, sangue oxigenado.

497
Sistema Nervoso das Aves

Estrutura
ocular das aves

O cérebro das aves é responsável pela coordenação e pelo equilíbrio sendo bastante
volumoso, o que permite a movimentação em três dimensões durante o voo.

Possuem geralmente a visão bastante desenvolvida. Aves marinhas, por exemplo,


conseguem ver dentro e fora da água. Aves de rapina são capazes de detectar presas
através de sua sensibilidade à luz ultravioleta.

Curiosidades sobre as aves

 Algumas aves transmitem doenças aos seres humanos. As fezes dos pombos
transmitem histoplasmose, criptococose (meningite fúngica) e salmonelose; as fezes do
papagaio transmitem psitacose (pneumonia atípica).
 Nas florestas da Austrália e da Nova Guiné, vive o “casuar”, ave que tem a altura de uma
pessoa adulta. Apresenta uma crista óssea, que o ajuda a abrir caminho na floresta.
Quando acuado, pode dar coices e causar ferimentos graves.
 O peso dos ossos de um albatroz, ave cuja envergadura das asas de um adulto é
superior a 3 metros, é menor que o peso de suas penas.

498
Mamíferos
Os mamíferos são animais vertebrados pertencentes ao Domínio Eukaryota, Reino
Animalia, Filo Chordata, Sub-filo Vertebrata e Classe Mammalia.

Estima-se que existam mais de 5 mil espécies de mamíferos, encontrados em quase


todos os biomas do planeta. Eles são animais terrestres, aquáticos e voadores, como os
morcegos.

Exemplos de
animais mamíferos

Características dos mamíferos

Conheça as principais características dos mamíferos:

499
Habitats
Os mamíferos são seres altamente adaptáveis e podem ser encontrados por todo
planeta.

Isso ocorre porque muitos mamíferos vivem em sociedades e dedicam cuidado aos seus
filhotes até o momento em que se tornam independentes.

Além disso, muitos mamíferos foram domesticados pelo homem e hoje convivem com os
mesmos.

Aspectos corporais

Alguns
mamíferos possuem o corpo coberto por pelos

Os mamíferos se caracterizam pela presença de pelos pelo corpo e de glândulas


mamárias nas fêmeas.

A quantidade de pelos no corpo varia de espécie para espécie. As baleias, por exemplo,
apresentam pouquíssimos pelos ao redor do focinho, sendo a pele predominantemente
lisa.

O pelo funciona como um isolante dificultando a dissipação do calor da superfície da


pele para o ambiente. Essa característica permite que a temperatura corporal dos
mamíferos se mantenha constante.

500
Eles ainda mantém a sua temperatura corporal constante graças à sua pele, a qual é
formada por duas camadas principais (epiderme e derme), onde se encontram glândulas
sebáceas e sudoríparas que auxiliam a regular a temperatura.

O seu corpo é sustentado por um endosqueleto totalmente ossificado com cabeça


tronco e quatro patas (exceto cetáceos) com até 5 dedos, em espécies quadrúpedes (a
maioria) e outras bípedes, (cangurus e homem).

Alimentação
Os mamíferos apresentam uma variedade de modos de alimentação. A presença dos
dentes contribui para que possam explorar diversos tipos de alimentos.

Conforme o tipo de alimentação os mamíferos são classificados em:

 Carnívoros: Possuem dentes caninos bem desenvolvidos e sua dieta se baseia no


consumo de proteína e lipídios. Exemplos: raposa, cães, onças e leões.
 Herbívoros: Possuem dentes caninos rudimentares ou ausentes e os molares bem
desenvolvidos. Alimentam-se de vegetais e apresentam adaptações para a digestão de
celulose. Exemplos: hipopótamo, girafa, boi, canguru e zebra.
 Onívoros: Apresentam a dieta mais diversificada, alimentando-se de fontes animais e
vegetais. Exemplos: urso, primatas e porcos.

Sistema Respiratório e Circulatório


O tronco dos mamíferos exibe costelas acopladas ao esterno, formando uma caixa
torácica que lhes confere os movimentos respiratórios devido à presença do
músculo diafragma.

A respiração dos mamíferos é exclusivamente pulmonar, ou seja, ocorre através dos


pulmões. Isso ocorre mesmo com os mamíferos aquáticos.

O sistema circulatório é fechado, incluindo o coração com quatro câmaras. Além disso,
não há mistura entre o sangue venoso e arterial.

Sistema Nervoso
O sistema nervoso dos mamíferos é altamente complexo e o mais avançado dentre todos
os vertebrados.

Ademais, o cérebro dos mamíferos é proporcionalmente maior que dos outros animais,
permitindo uma inteligência maior.

501
Reprodução

Os filhotes
são alimentados com leite materno produzido pelas glândulas mamárias

Nos mamíferos os sexos são separados, ou seja, existem machos e fêmeas. Assim, a
reprodução é sexuada.

Grande parte dos mamíferos apresentam períodos de reprodução definidos, ou seja,


épocas que favorecem a origem de filhotes.

A fecundação dos mamíferos é interna. Após o nascimento, os filhotes recebem o leite


materno originado das glândulas mamárias das mães.

O tempo de gestação e a quantidade de filhotes originados a cada ciclo reprodutivo varia


conforme a espécie. Por exemplos, os gambás podem originar até 13 filhotes em uma
única ninhada.

Classificação dos mamíferos

Os mamíferos são subdivididos em vários grupos, conforme algumas de suas


características.

502
1. Ambiente em que vivem:
Os mamíferos são classificados em aquáticos e terrestres.

São exemplos de mamíferos aquáticos: baleia orca, peixe-boi, golfinho, baleia jubarte,
baleia azul, boto, leão-marinho, lontra e foca.

São exemplos de mamíferos terrestres: ser humano, cachorros, girafa, leão, tigre, macaco,
boi, urso, tamanduá, raposa, gato, onça, camelo, ovelha, jaguatirica.

Existem ainda os morcegos que são animais mamíferos aéreos. O urso polar também é
um mamífero, porém com habilidade de natação.

2. Padrões reprodutivos:
Os mamíferos se diferenciam também pela forma como ocorre o desenvolvimento da
gestação.

Existem os mamíferos placentários, em que toda a gestação se desenvolve no interior do


corpo da mãe. E os marsupiais, que parte da gestação é no interior do corpo materno e
após isso, o filhote se desenvolve no interior de uma bolsa chamada de marsúpio.

Ainda existem os mamíferos que colocam ovos, conhecidos como monotremados.


Porém, o ovo permanece por um bom tempo dentro do corpo materno, onde recebe os
nutrientes necessários ao seu desenvolvimento. Um exemplo de monotremado é o
ornitorrinco.

503
O
ornitorrinco é um exemplo de mamífero que põe ovos

Curiosidades sobre os mamíferos

 O cão, o gato e o rato não possuem glândulas sudoríparas.


 Os mamíferos são os únicos animais com capacidade de brincar.
 A baleia-azul é o maior mamífero do Planeta, enquanto os elefantes são os maiores
mamíferos terrestres.
 Os únicos mamíferos capazes de voar são os morcegos.
 O menor mamífero do mundo é o morcego de Kitti, ele pesa cerca de 1,5g.
 Os mamíferos surgimos de uma evolução de um grupo de répteis chamados
terapsídeos, que viveram no período Triássico (225 M.a. atrás).
 Horas de sono por mamíferos: Baleia - 1 hora; Boi - 4 horas; Cão - 10 horas; Cavalo - 3
horas; Elefante - 3 horas; Foca - 6 horas; Gato - 15 horas; Girafa - 2 horas; Golfinho - 10
horas; Leão - 18 horas; Morcego - 19 horas; Porco - 8 horas; Preguiça - 20 horas; Rato -
13 horas; Zebra - 3 horas.

504
Botâ nica
Brió fitas
As Briófitas são plantas que não possuem vasos condutores de seiva, portanto, são
avasculares. Vivem, geralmente, em ambientes úmidos e formam “tapetes” verdes sobre
rochas, troncos ou outras superfícies. Seus principais representantes são
os Musgos, Hepáticas e Antóceros. Assim como as Pteridófitas, não possuem sementes,
propagando-se por esporos.

Briófit
as: gametófito (verde) e esporófito (marrom / amarelo).
Características Importantes

 São plantas avasculares, portanto não possuem vasos condutores de seiva (xilema e
floema);
 O transporte de sais minerais, água e seiva ocorre de célula em célula;
 Não possuem raiz, caule ou folha e sim estruturas primitivas
chamadas rizoide, cauloide e filoide, respectivamente;

505
 Nas Briófitas a reprodução acontece por alternância de geração ou metagênese. Ou
seja, dentro do ciclo reprodutivo ocorrem etapas assexuada e sexuada;
 A maioria das Briófitas são dioicas, pois possuem fêmeas e machos, todavia existem
espécies monoicas, isto é, hermafroditas;
 Precisam de água para sua reprodução;
 Habitam, preferencialmente, ambientes úmidos, todavia existem espécies em locais de
calor e frio extremos;
 São plantas de pequeno porte, geralmente atingem entre 5 a 40 centímetros.

Briófit
as: "Tapete" de Musgos em interior de floresta.
Exemplos de Briófitas

O grupo das Briófitas possui três Filos, o Marchantiophyta, o Bryophyta e


o Anthocerophyta, representados pelas Hepáticas, os Musgos e os Antóceros,
respectivamente.

As Hepáticas possuem aproximadamente 5.200 espécies e receberam esse nome, pois


seus gametófitos são similares a um fígado (Hepar).

506
Briófit
as: Hepáticas.
Os Musgos são os maiores representantes das Briófitas, suas principais Classes
são Sphagnidae, Andreaeidae e Bryidae. Apresentam mais de 10.000 espécies.

Briófit
as: Musgos.

507
Os Antóceros representam um pouco mais de 300 espécies e é o grupo menos
diversificado das Briófitas. O termo antócero significa semelhante a chifres.

Briófit
as: Antóceros.
Reprodução das Briófitas

A reprodução assexuada pode diferir entre as espécies de Briófitas. Algumas darão


origem a clones através da fragmentação, outras por gemas produzidas em regiões
específicas do organismo, os conceptáculos.

Na reprodução sexuada o gametângio masculino, conhecido por anterídio, produz


gametas masculinos, os anterozoides. No gametângio feminino, chamado
de arquegônio, está o gameta feminino, a oosfera.

508
Esque
ma do ciclo reprodutivo das Briófitas.
Em presença de água, o anterídio libera gametas masculinos (anterozoides), que “nadam”
até encontrarem o arquegônio, onde está o gameta feminino (oosfera).

509
Por atração química, o anterozoide se funde à oosfera, gerando um zigoto, ou seja, uma
célula fecundada. O zigoto dará origem ao esporófito.

Briófit
as: esporófitos com gotículas de água.
O esporófito é composto pela seta (haste) e uma bolsa chamada cápsula. Dentro da
cápsula, células nomeadas esporócitos originam esporos por meiose (divisão celular
reducional). Quando maduros, os esporos são liberados no ambiente para originarem
novos indivíduos.

510
Briófit
as: Seta (avermelhada) e cápsula (na extremidade).

Pteridó fitas
As pteridófitas são plantas vasculares ou traqueófitas, ou seja, que possuem tecidos
condutores e criptógamas pois não possuem sementes. Os exemplos mais conhecidos
são as samambaias, avencas e cavalinhas, muito utilizadas como plantas ornamentais.

Diferem das briófitas principalmente por causa dos tecidos condutores e


na alternância das gerações, já que nas pteridófitas o esporófito é a fase dominante e
nas briófitas é o gametófito.

Cavalinha, um exemplo de pteridófita


Esporângio da cavalinha em detalhe.

511
Características Gerais

 São plantas criptógamas (sem sementes) e traqueófitas (possuem floema e xilema). A


presença dos tecidos condutores é uma novidade evolutiva em relação às briófitas;
 Habitam ambientes terrestres úmidos, algumas espécies conseguem viver em
ambientes secos, e há poucas de água doce;
 Ocorre a alternância de gerações na reprodução sexuada, sendo o esporófito (fase
diplóide) a geração duradoura. A água é essencial, pois os gametas dependem dela
para se movimentar.

Samambaias na natureza.

Estrutura Corporal: Caule, Raízes e Folhas


Possuem corpo organizado em caule, raiz e folhas. O caule é a estrutura que sustenta as
folhas e faz o transporte da seiva através dos tecidos condutores pela planta. Em muitas
samambaias ele cresce subterrâneo ou paralelo à superfície do solo, sendo
chamado rizoma.

As raízes fixam a planta e absorvem água e sais minerais do solo, em geral são
subterrâneas, mas algumas são aéreas e crescem fora do solo. As folhas são laminares
com células ricas em cloroplastos, cuja função é fazer a fotossíntese, processo pelo qual
são elaborados compostos orgânicos, especialmente açúcares.

Plantas Traqueófitas: Presença de Tecidos Condutores


As pteridófitas são chamadas traqueófitas ou plantas vasculares, o que é uma novidade
evolutiva em relação às briófitas. Isso quer dizer que têm dois tecidos condutores
diferenciados: o xilema e o floema.

O xilema, ou vasos lenhosos, é responsável por transportar a seiva bruta, uma solução
de água e sais minerais, das raízes às folhas. Enquanto que os vasos
liberianos, ou floema, transportam compostos orgânicos (seiva elaborada) produzidos
nas folhas até as outras partes da planta.

Reprodução Assexuada e Sexuada

512
As pteridófitas se reproduzem assexuadamente por brotamento. Com o
desenvolvimento dos rizomas, se formam brotos em pontos espaçados, são
os estolões ou estolhos. A partir desses pontos crescem folhas e raízes. Ocorre a seguir
a fragmentação ou decomposição do rizoma nos espaços entre os brotos, que torna as
plantas separadas.

Essas bolinhas na superfície da folha são os soros. Eles abrigam os


esporângios, onde se desenvolvem os esporos.

As samambaias quando atingem a maturidade sexual, desenvolvem os esporos que são


originados por meioses, a partir de células localizadas dentro dos esporângios. Os
esporângios, por sua vez, são reunidos dentro de estruturas chamadas soros, que se
localizam na superfície inferior das folhas das samambaias.

Quando o esporo encontra condições favoráveis (solo úmido) origina o prótalo, que é
um gametófito hermafrodita (haploide), pois lá estão as estruturas reprodutivas
masculina (anterídio) e feminina (arquegônio).

513
Ciclo de vida
das samambaias.

Quando estiver maduro o gametófito e em situações que o tornem umedecido (uma


chuva, por exemplo), os anterozoides (gametas masculinos), que foram liberados do
anterídio, nadam até a entrada do arquegônio e lá dentro encontram a oosfera (gameta
feminino). Acontece a fecundação e se forma um zigoto dentro do arquegônio.

O zigoto irá se desenvolver e formar uma nova plantinha, um esporófito jovem (diplóide),
que originará uma pteridófita adulta. O ciclo recomeça quando a planta fica madura e
produz novos esporos.

514
Gimnospermas
As gimnospermas são plantas terrestres que possuem sementes, mas não produzem
frutos.

O nome do grupo deriva das palavras gregas gymmos "nu" e sperma "semente", ou seja,
significa semente nua. Isso porque, as sementes das gimnospermas não encontram-se no
interior dos frutos, ficando expostas ou nuas.

São exemplos de gimnospermas as araucárias, cedros, cicas, ciprestes, pinheiros e


sequóias.

Araucária

Em geral, essas plantas adaptam-se melhor em climas mais frios e temperados. Acredita-
se que existam cerca de 750 espécies de gimnospermas.

Características

As plantas gimnospermas possuem raiz, caule, folhas e sementes. Não existem flores e
frutos. Apresentam, ainda, vasos condutores, xilema e floema.

O desenvolvimento das sementes e do grão de pólen foi uma grande conquista evolutiva
das gimnospermas. Esse fato fez com que as plantas dominassem definitivamente o
ambiente terrestre, pois ficaram independentes da água para a fecundação.

515
Atualmente, esse grupo de plantas pode ser encontrado em vários tipos de ambientes.
Um exemplo é o pinheiro-do-paraná ou araucária, que pode ser encontrado na Mata das
Araucárias, no Sul do Brasil.

Estrutura Reprodutiva
A estrutura reprodutiva das gimnospermas é o estróbilo, também conhecido como cone,
daí a denominação conífera para as gimnospermas.

Os estróbilos são formados por folhas modificadas que se agrupam e formam essa
estrutura. Essas folhas são férteis e não realizam fotossíntese.

Estróbilo

Os estróbilos podem ser masculinos ou femininos. Isso permite que as gimnospermas


possam ser monóicas ou dióicas. Quando monóicas possuem estróbilos masculinos e
femininos. Quando dióicas possuem apenas um dos tipos de estróbilo.

Os estróbilos masculinos, também chamados de microstróbilos, são pequenos. Em seu


interior são produzidos os esporos masculinos (micrósporos), através dos
microsporângios.

Os estróbilos femininos, também chamados de megastróbilos, são maiores e


conhecidos popularmente como pinhas. Eles produzem os esporos femininos
(megásporos), através dos megasporângios.

Ciclo de Vida

516
Para compreender o ciclo de vida das gimnospermas, vamos considerar o exemplo de
um pinheiro, um representante típico desse grupo.

No momento da reprodução, as folhas modificam-se e originam os estróbilos masculinos


(microstróbilos) e estróbilos femininos (megastróbilo). Lembre-se que algumas espécies
podem ter estróbilos masculinos ou femininos, são dióicas.

Nos megastróbilos são produzidos, por meiose, os megásporos. Eles ficam retidos nos
megasporângios, onde desenvolvem-se no interior do óvulo e originam o gametófito
feminino. A partir do gametófito feminino surgem dois ou mais arquegônios, em cada
um diferencia-se uma oosfera, o gameta feminino.

Nos microstróbilos, os microsporângios produzem, por meiose, os micrósporos. Desses


micrósporos surgem os grãos-de-pólen, também chamados de gametófitos masculinos.
Eles ficam armazenados no microstróbilo até serem liberados no ar.

Nesse momento, ocorre a polinização realizada pelo vento (anemofílica). Os grãos-de-


pólen viajam pelo ar até encontrar a abertura do óvulo. Quando isso ocorre, eles
germinam e originam o tubo polínico que cresce e alcança o arquegônio. Isso possibilita
que os gametas masculinos fecundem a oosfera e originem o zigoto.

Desse processo surge o pinhão, que é a semente, ou seja, o portador do óvulo


fecundado, o embrião.

Angiospermas
As angiospermas também são plantas terrestres. A grande diferença entre as
angiospermas e as gimnospermas é em relação à estrutura. As angiospermas possuem
flor e fruto. Isso faz com que a sua semente seja protegida pelo fruto, o que não ocorre
com as gimnospermas.

Assim, as angiospermas são plantas complexas que apresentam raiz, caule, folhas, flores,
frutos e sementes.

517
Angiospermas
As angiospermas são plantas complexas que apresentam raiz, caule, folhas, flores, frutos
e sementes.

Elas representam o grupo mais diversificado de plantas, com mais de 250 mil espécies. As
angiospermas ocorrem nos mais variados tipos de habitats, desde ambientes aquáticos
até áridos.

O termo angiosperma deriva do grego angeios, bolsa e sperma, semente.

Angiospermas são plantas que apresentam flores e frutos, como a laranjeira

Características Gerais

As angiospermas caracterizam-se pela presença de flores e dos frutos que envolvem a


semente.

Estrutura
As plantas angiospermas são as mais complexas da natureza. Por isso, elas apresentam
diversas estruturas.

Raiz, Folhas e Caule


As angiospermas apresentam diversos tipos de raízes, como pivotantes, fasciculadas,
tuberosas, tubulares, pneumatóforos e sugadoras.

518
As folhas estão envolvidas com os processos de fotossíntese, respiração e transpiração.
As plantas angiospermas apresentam folhas com diversos formatos e tamanhos.

Os principais tipos de caules aéreos das angiospermas são: tronco lenhoso (árvores),
haste (herbáceas), estipe (palmeiras), colmo (bambu) e suculento (cactos).

Flores
A flor é considerada a estrutura reprodutiva da planta.

As flores são formadas por folhas modificadas e especializadas. Elas são compostas por
quatro tipos de estruturas: sépalas, pétalas, estames e carpelos.

 Sépalas: Normalmente de coloração verde, localizam-se abaixo das pétalas. Elas


protegem a flor imatura, envolvendo-a e formando o botão floral. Em conjunto formam
o cálice.
 Pétalas: Porção colorida com a função de atrair os polinizadores. Em conjunto formam
a corola.
 Estame: Estrutura masculina da flor. Apresenta uma porção alongada, o filete e uma
porção terminal, a antera. A antera apresenta 4 sacos polínicos, os microsporângios,
onde são produzidos os grãos de pólen. O conjunto forma o androceu.
 Carpelo: Estrutura feminina da flor. É formado pelo estigma e ovário. O estigma é local
que recebe o grão de pólen e no ovário encontram-se um ou mais óvulos. Cada óvulo
contém um megasporângio. Uma flor pode ter mais de um carpelo, separados ou
fundidos. Quando estão fundidos formam o pistilo. Todas as estruturas do carpelo
formam o gineceu.

519
Estrutura da flor de uma angiosperma

Frutos
O fruto é uma estrutura exclusiva das angiospermas. É uma porção carnosa que
desenvolve-se a partir do ovário, após a fecundação.

Todas as partes do fruto são derivadas da flor. O fruto é resultado do desenvolvimento


do ovário e a semente do desenvolvimento do óvulo depois da fecundação. Por isso, se
um fruto apresenta uma semente é porque o ovário tinha apenas um óvulo. E se o ovário
tiver mais de um óvulo, o fruto terá mais de uma semente.

As funções do fruto são a propagação da espécie e a proteção da semente.

Ciclo de Vida e Reprodução

A reprodução das angiospermas inicia com a polinização. A polinização é o transporte do


grão de pólen da antera até o estigma, onde se forma o tubo polínico.

Ao se instalar no estigma, o grão de pólen germina e forma o tubo polínico. Este cresce,
através do estilete, até atingir o óvulo, no ovário.

O óvulo apresenta dois tegumentos e uma grande célula-mãe de megásporo (2n) que
sofre meiose e origina quatro células (n), das quais três se degeneram e uma forma o
megásporo funcional (n).

520
O megásporo funcional sofre mitose e origina o saco embrionário com as seguintes
células: uma oosfera, duas sinérgides, três antípodas e uma célula central com dois
núcleos polares.

Enquanto isso, no interior do tubo polínico podem ser encontrados três núcleos: dois são
núcleos espermáticos (gametas) e o outro é o núcleo do tubo que controla o seu
crescimento.

Quando atinge o óvulo, o tubo polínico libera os seus dois núcleos espermáticos. Um
núcleo espermático (n) fecunda a oosfera (gameta feminino - n) e forma um zigoto (2n)
que dará ao embrião.

O outro núcleo espermático se une aos dois núcleos polares do óvulo, formando um
núcleo triploide, que dará origem ao endosperma secundário que irá nutrir o embrião.
Após a fecundação, o saco embrionário é chamado de endosperma secundário.

Como vimos, ocorrem duas fecundações. Por isso, as angiospermas


apresentam fecundação dupla, uma característica exclusiva desse grupo.

Enquanto ocorre a dupla fecundação, os tegumentos do óvulo formam uma casca, que
contendo o endosperma secundário e o embrião, formam a semente. Os hormônios
produzidos pelo embrião, estimulam o desenvolvimento do fruto a partir do ovário.

Grupos das Angiospermas

As angiospermas são divididas em dois grandes grupos, as monocotiledôneas e


dicotiledôneas. Tal classificação baseia-se no número de cotilédones. Os cotilédones são
folhas embrionárias modificadas, responsáveis pelo transferência de nutrientes para as
plantas, durante os estágios iniciais de seu desenvolvimento.

As monocotiledôneas apresentam apenas um cotilédone na semente. Exemplos: Alho,


cebola, grama, arroz, trigo, aveia, cana-de-açúcar, milho, aspargo, abacaxi, bambu,
gengibre e palmeiras em geral: coco-da-baía e babaçu.

As dicotiledôneas apresentam dois cotilédones na semente. Exemplos: Pera, maçã, feijão,


ervilha, goiaba, vitória-régia, eucalipto, abacate, rosa, morango, batata, mate, tomate,
jacarandá, jabuticaba, algodão, cacau, limão, maracujá, cacto, mamona, mandioca,
seringueira, café, abóbora e melancia.

521
Diferenças entre Monocotiledôneas e Dicotiledôneas
Semente

 Monocotiledôneas: Sementes com um cotilédone;


 Dicotiledôneas: Sementes com 2 cotilédones.

Folhas

 Monocotiledôneas: Folhas com nervuras paralelas (paralelinérvias);


 Dicotiledôneas: Folhas com nervuras reticuladas ou em forma de pena (reticulinérvias
ou peninérvias).

Caule

 Monocotiledôneas: Disposição desordenada dos vasos condutores de seiva no caule;


 Dicotiledôneas: Disposição cilíndrica dos vasos condutores de seiva no caule.

Flores

 Monocotiledôneas: Flores trímeras;


 Dicotiledôneas: Flores dímeras, tetrâmeras ou pentâmeras.

Raiz

 Monocotiledôneas: Raiz fasciculada ou em cabeleira;


 Dicotiledôneas: Raiz pivotante ou axial ou principal.

Monocotiledô neas e Dicotiledô neas


Monocotiledôneas são as plantas angiospermas que possuem apenas um cotilédone na
semente. Os cotilédones são as folhas embrionárias modificadas que a planta apresenta.

Durante os estágios iniciais de seu desenvolvimento, o cotilédone é responsável pela


transferência de nutrientes para as plantas.

522
O grupo das monocotiledôneas corresponde a cerca de 2% do total das angiospermas,
sendo estes representados por flores como as orquídeas e lírios, além de gramas,
coqueiros e bananeiras.

Características das Monocotiledôneas

Conheça a seguir as características e exemplos das monocotiledôneas em cada uma das


partes da planta.

Flor

A orquídea é uma flor monocotiledônea

A principal característica das flores das monocotiledôneas é que elas são trímeras, ou
seja, apresentam três pétalas ou múltiplas de três.

Um exemplo que ajuda a compreender a divisão das pétalas das monocotiledôneas são
as orquídeas e lírios.

Semente

O milho é um exemplo de semente


monocotiledônea

523
As sementes das plantas monocotiledôneas são caracterizadas pelo fato de possuir
somente um cotilédone. Isso quer dizer que a nutrição do embrião acontece a partir de
uma região única.

Para visualizar e compreender o cotilédone das monocotiledôneas, observe a parte


branca do grão do milho.

Folhas

A cana-de-açúcar é um exemplo de planta


monocotiledônea

As folhas das monocotiledôneas são paralelinérveas, pois suas nervuras estão paralelas
entre si.

Para visualizar as folhas das monocotiledôneas, observe como exemplo a cana-de-açúcar


e a bananeira.

Raiz

O milho possui raiz do tipo fasciculada

524
A raiz da planta monocotiledônea tem como característica ser fasciculada, que também é
chamada de cabeleira. Esse tipo de raiz forma um conjunto de raízes finas que têm
origem em um único ponto.

O pé de milho é um exemplo de planta monocotiledônea com este tipo de raiz.

Caule

O caule do coqueiro é do tipo de plantas


monocotiledôneas

O caule das angiospermas tem como principal característica a distribuição dos vasos de
forma desordenada. Seus feixes vasiculares são dispostos aleatoriamente.

Outra característica do caule das monocotiledôneas é que o crescimento de galhos é


raro.

Para compreender como é o caule das planta monocotiledôneas, observe como exemplo
os coqueiros e as palmeiras.

Monocotiledôneas e Dicotiledôneas

As plantas angiospermas são divididas em monocotiledôneas e dicotiledôneas.

Veja as principais diferenças entre monocotiledôneas e dicotiledôneas:

Características Monocotiledôneas Dicotiledôneas

Semente 1 cotilédone 2 cotilédones

525
Características Monocotiledôneas Dicotiledôneas

Flores dímeras, tetrâmeras ou


Flor Flores trímeras
pentâmeras

Folhas com nervuras reticuladas


Folhas Folhas paralelinérveas ou em forma de pena
(reticulinérvias ou peninérvias)

Raiz Fasciculada Pivotante ou axial

Grama, cana-de-açúcar,
Eucalipto; abacate; morango;
Exemplos milho, arroz, coqueiros, maçã; pera; feijão; ervilha;
palmeiras mamona; jacarandá; batata

As dicotiledôneas são plantas angiospermas que possuem dois cotilédones na semente.

Em plantas dicotiledôneas, os cotilédones armazenam as substâncias necessárias para o seu


desenvolvimento.

Dicotiledôneas e Eudicotiledôneas
No sistema de classificação antigo, as plantas angiospermas eram divididas em
monocotiledôneas e dicotiledôneas.

Atualmente, as angiospermas estão divididas em três


grupos: monocotiledôneas, eudicotiledôneas e dicotiledôneas basais.

As dicotiledôneas basais correspondem a apenas 3% do total das angiospermas. Além


disso, apresentam traços mais primitivos e são consideradas remanescentes do grupo
que originou as monocotiledôneas e eudicotiledôneas.

Características das Dicotiledôneas

526
Flor: Como se diferencia as flores em plantas monocotiledôneas e dicotiledôneas?. As
flores de monocotiledôneas são trímeras. Enquanto, as dicotiledôneas apresentam flores
dímeras, tetrâmeras ou pentâmeras.

Flor tetrâmera de uma dicotiledônea


Folhas: Folhas com nervuras reticuladas ou em forma de pena (reticulinérvias ou
peninérvias). Em monocotiledôneas, as nervuras são paralelas.

Caule: Disposição cilíndrica dos vasos condutores de seiva no caule. Nas


monocotiledôneas, os feixes libero-lenhosos são espalhados.

Raiz: Raiz pivotante ou axial. Em monocotiledôneas, a raiz é fasciculada.

Exemplos de Dicotiledôneas

São exemplos de dicotiledôneas: feijão, amendoim, soja,pau-brasil, ipê, peroba, mogno,


cerejeira, abacateiro, acerola, roseira, pereira, macieira, algodoeiro, café, margarida,
cactos e vitória-régia.

527
Histologia Vegetal
Caule
O caule é uma parte da planta que tem principalmente a função de condução de
substâncias e sustentação. É um órgão que junto com as folhas compõe o sistema
caulinar.

Os caules e suas folhas são intimamente associados em seu desenvolvimento. As folhas


brotam na região periférica do caule e são dispostas de acordo com a organização do
seu sistema vascular.

A planta pode crescer por toda sua vida, graças aos meristemas. O crescimento primário
ocorre no sentido longitudinal, alongando a planta, e o crescimento secundário promove
o aumento da largura.

Tipos de Caule

 Tronco é o caule vertical. Encontrados nas árvores, plantas de maior porte.


 Rizomas são subterrâneos e crescem horizontalmente. São longos e delicados.
 Estolões são alongados e crescem horizontalmente ao longo da superfície do solo.
 Tubérculos têm função de armazenagem. A batata inglesa é um exemplo bem
conhecido de tubérculo. Na sua superfície há pequenas depressões de onde surgem
protuberâncias, são as gemas.
 Bulbos são caules pequenos que têm forma de cone. Possuem uma gema grande e
muitas folhas modificadas. Exemplos são a cebola e o lírio.
 Gavinhas são uma modificação bastante comum do caule (em alguns casos da folha).
Auxiliam na sustentação, se enrolando em volta da estrutura principal de suporte. As
videiras são um exemplo.

Função

O caule possui duas funções principais: suporte e condução de substâncias, mas também
pode servir como reserva nutritiva.

 Condução: as substâncias produzidas nas folhas (seiva elaborada) são transportadas


pelo caule, através do floema. Esses compostos são levados para todas as partes da

528
planta, onde serão consumidos. O transporte da seiva bruta (água e sais minerais) é
feito pelo xilema, indo das raízes até as folhas.
 Suporte: O caule sustenta as folhas, de modo que elas ficam em condições de receber
mais luz para realizar a fotossíntese.
 Armazenagem: alguns caules subterrâneos são adaptados à armazenagem, como é o
caso da batata inglesa.

Estrutura e Desenvolvimento

A estrutura caulinar possui crescimento apical, em outras palavras, o caule cresce a


partir do ápice que é um meristema primário.

O meristema é um tecido que produz células indiferenciadas que são usadas para o
crescimento da planta, ele também é chamado gema.

Estrutura do sistema caulinar de uma planta

O embrião da planta (antes de germinar) é constituído de um caule, uma ou mais folhas


rudimentares e um meristema apical. Com o seu desenvolvimento, são formadas novas
folhas a partir da gema apical e o caule cresce.

À medida que o caule se alonga, diferenciam-se os nós e entrenós. Os nós são as regiões
do caule de onde saem as folhas. Os espaços entre um nó e outro é chamado entrenó.

Neste ponto, surgem gemas laterais nas axilas das folhas. São protuberâncias que
originarão os ramos laterais do caule.

529
Raiz
As plantas apresentam diferentes tipos de raízes como resultado das mudanças
adaptativas que sofrem para permanecer no ambiente.

Tipos

Conheça os principais tipos de raízes das plantas:

Raiz subterrânea
As raízes subterrâneas são divididas em fasciculadas e pivotantes:

Raízes fasciculadas
As raízes fasciculadas são encontradas nas plantas monocotiledôneas. Elas originam-se
de um ponto de onde partem ramificações finas e aproximadamente do mesmo
tamanho.

Exemplos: cana, milho e grama.

Raízes pivotantes
As raízes pivotantes ou axiais são caracterizadas por uma raiz principal maior, de onde
partem raízes laterais. Elas são encontradas em plantas dicotiledôneas.

Exemplos: feijão, café, ipê.

530
Adaptações das raízes
As raízes também podem apresentar determinadas especializações que contribuem para
a realização de suas funções.

Raízes tuberosas

A mandioca é uma planta que apresenta raiz


tuberosa

As raízes tuberosas armazenam grande quantidade de substâncias de reserva,


especialmente o amido. Por essa característica, algumas delas são comestíveis.

Exemplos: batata-doce, cenoura, beterraba, inhame, mandioca.

Raízes sugadoras

As raízes sugadoras retiram a seiva de outras


plantas

As raízes sugadores ou haustórios ocorrem em plantas parasitas. Elas recebem esse nome
porque penetram no tronco de outra planta para retirar a sua seiva.

531
Exemplos: erva passarinho e cipó-chumbo.

Raízes escoras

Raízes escoras no manguezal

As raízes escoras possuem o caule como ponto de partida. Sua estrutura se fixa no solo,
o que facilita o aumento da área de absorção da planta.

Elas são comumente encontradas em solos encharcados, como nos mangues.

Exemplo: figueira.

Raízes tabulares

A raiz tabular aumenta a estabilidade da planta no


solo

As raízes tabulares são achatadas e assemelham-se a tábuas. Elas possuem como função
de aumentar a estabilidade da planta no solo e são comuns em árvores de grande porte.

532
Exemplos: chichá do cerrado.

Raiz aquática

As raízes aquáticas se desenvolvem na água

As raízes aquáticas são encontradas em plantas que vivem na água. Elas auxiliam na
absorção de nutrientes.

Exemplos: vitória-régia e aguapé.

Funções da Raiz

A raiz da planta possui as seguintes funções:

 Fixação da planta no solo;


 Absorção de nutrientes, minerais e água;
 Reserva de água e nutrientes.

Partes da raiz

533
 Coifa: Função de proteger a raiz do atrito com o solo e o ataque de micro-organismos.
É caracterizada pela existência de pequenas células com a capacidade de rápida
multiplicação. Esse é o mecanismo de crescimento da raiz.
 Zona lisa: Também denominada zona de crescimento, é a parte onde ocorre o
alongamento vertical e crescimento da raiz.
 Zona pilífera: Denominada também como zona de absorção. Tem a função de absorver
água e sais minerais do solo que formarão a seiva da planta. É caracterizada pela
presença de pelos responsáveis pela absorção.
 Zona suberosa: É a ramificação da raiz, responsável pelo aumento da área de absorção.
A partir dela são formadas as raízes secundárias, que têm a função de fixar a planta ao
solo.
 Coleto ou colo: É a parte de transição da raiz para o caule.

Folha
A folha é um órgão vegetal que faz parte das plantas terrestres. Ela surge do caule e nela
é realizada a fotossíntese, ou seja, onde o alimento para as plantas é produzido.

Além disso, as folhas libertam o oxigênio necessário para a respiração dos seres vivos. É
justamente essa a sua principal função.

As Partes das Folhas

As folhas podem ser formadas por 4 partes (limbo, pecíolo, estípula e bainha). Isso quer
dizer que, embora existam 4 partes, nem todas as folhas apresentam a mesma estrutura:

 Limbo - é a parte mais conhecida da folha, que é considerada a folha propriamente


dita.
 Pecíolo - é a parte estreita que fica localizada entre o limbo e o caule.
 Estípula - é uma pequena parte que protege o pecíolo.
 Bainha - é a parte inferior da folha. Ela protege a estípula.

534
Tipos de Folhas

Existem vários tipos de folhas. Além das folhas completas (aquelas que apresentam
limbo, pecíolo e bainha) e das folhas incompletas (as que não apresentam uma destas 3
partes), basicamente elas podem ser simples ou compostas.

 Folhas simples - folhas que têm apenas um limbo. São as mais comuns.
 Folhas compostas - folhas cujo limbo é dividido. Dessa divisão surgem os folíolos.

Folha simples
Folha composta

535
Na botânica, as folhas podem ser classificadas conforme a forma do limbo. Elas também
podem ser classificadas de acordo com a disposição dos seus folíolos (no caso das
folhas compostas):

 Imparipenadas e Paripenadas - Quando o número de folíolos presente na folha é


ímpar ou par, respectivamente.

Folha imparipenada

Folha paripenada

 Palmadas ou Digitadas - Quando todos os folíolos surgem de um mesmo pecíolo.

536
Folha palmada ou digitada

 Recompostas - Quando os folíolos são divididos em outros folíolos.

Folha recomposta

No interior das folhas existem nervuras, que são as ramificações que vemos no seu
limbo.

De acordo com o número de nervuras e a sua forma, as folhas podem ser classificadas
em:

 Uninérvea - Quando a folha tem apenas uma nervura, tal como a folha da palmeira.
 Paralelinérvea - Quando a folha tem várias nervuras dispostas de forma paralela, tal
como a folha de milho.

537
 Peninérvea - Quando a folha tem uma nervura principal de onde surgem outras
nervuras, tal como a folha das rosas.

Funções das Folhas

A folha tem a função de produzir o alimento das plantas (fotossíntese), bem como de
libertar oxigênio, o que acontece através do processo de transpiração e respiração.

Além disso, a função das folhas é a de ser alimento para muitos animais e até mesmo de
habitação de outros.

Mas, a utilidade das folhas não para por aí. As folhas são utilizadas também na
farmacologia e na cosmética.

Tecidos de Revestimento
As plantas apresentam os tecidos de revestimento para a proteção de folhas, raízes e
caules.

Os tecidos de revestimento são a epiderme e a periderme (súber, felogênio e feloderme).

A epiderme é constituída por uma camada de células vivas intimamente ligadas e


clorofiladas. Nas folhas, as células da epiderme secretam a substância cutina, que forma
uma cutícula de lipídios e impede a perda de água excessiva por transpiração.

A epiderme pode apresentar alguns tipos de anexos:

 Estômatos: permite a troca gasosa com o ambiente durante a fotossíntese e respiração.


 Hidatódios: estruturas localizadas nas bordas das folhas que eliminam o excesso de
água da planta.
 Tricomas: presentes em plantas xerófitas, reduzem a perda de água pelos estômatos,
quando se abrem para realizar as trocas gasosas.
 Pêlos absorventes: encontrados na zona pilífera da raiz, auxiliam na absorção de água
e sais minerais.
 Acúleos: estruturas pontiagudas e rígidas, muitas vezes confundidas com espinhos, que
conferem proteção à planta.

538
A periderme é um tecido vivo. Representa o revestimento das raízes com crescimento
secundário. É constituída pelos tecidos dérmicos súber, felogênio e feloderme.

Entre as estruturas da periderme estão: as lenticelas e o ritidoma. As lenticelas são


aberturas na periderme que permitem a circulação do ar. Os ritidomas constituem as
camadas mais superficiais da periderme, que quando morta, se destaca do caule da
planta.

Tecidos de Preenchimento
São tecidos formados por células que preenchem os espaços entre os tecidos de
revestimento e os tecidos condutores.

Os tecidos de preenchimento são representados pelos parênquimas, encontrados em


todos os órgãos da planta.

O parênquima é formado por células vivas com grande capacidade de diferenciação e


podem ter variados tipos:

Parênquima de Preenchimento: realiza o preenchimento entre os tecidos. Exemplo:


Córtex e medula do caule.

Parênquima Clorofiliano: auxilia no processo de fotossíntese. É encontrado nas folhas e


pode ser de dois tipos, o paliçádico e o esponjoso.

Parênquima de Reserva: armazena substâncias, como amido, óleos e proteínas.

De acordo, com a substância armazenada, têm-se denominações diferenciadas:

Quando armazena amido, chama-se parênquima amilífero. Exemplo: tubérculos, como


a batata.

Quando armazena água, chama-se parênquima aquífero. Esse tecido é comum em


plantas xerófitas.

Quando armazena ar, chama-se parênquima aerífero. Um exemplo são as plantas


aquáticas. É o parênquima aerífero que permite que essas plantas possam flutuar.

539
Localização do parênquima, procâmbio
e epiderme

Parênquima, Colênquima e Esclerênquima


O parênquima é o tecido composto pelas células que desempenham a função específica
no órgão onde se encontram. Nos animais, o parênquima forma a parte funcional de
órgãos como os rins, pulmões ou cérebro e nas plantas são tecidos fundamentais ou de
preenchimento, encontrados na parte interna de vários órgãos, embora possam
realizar diversas funções.

O Parênquima Vegetal: Tipos e Funções

540
Esquema da
estrutura interna da folha.

Os parênquimas ou tecidos parenquimatosos são encontrados praticamente em todos


os órgãos da planta. São um tipo de tecido vegetal, chamado fundamental ou de
preenchimento, compostos por células vivas que possuem apenas parede
primária (parede celulósica fina). Entre as células dos parênquimas há espaços cheios de
ar que facilita a chegada do gás oxigênio até as células mais internas das plantas.

Parênquimas de Preenchimento
Sua função é preencher espaços entre os tecidos internos. As células desse tecido são
grandes, não especializadas e com paredes finas. Estão presentes em grande quantidade
no córtex e na medula de raízes e caules. O

Parênquimas de Assimilação
Também chamados parênquimas clorofilianos ou clorênquima, as células desse tecido
são ricas em cloroplastos e por consequência sua função é realizar a fotossíntese. São
encontrados nas folhas, preenchendo o espaço entre a epiderme superior e inferior.
Existem dois tipos de parênquima clorofilianos: o paliçádico e o lacunoso.

O parênquima paliçádico possui células alongadas e ricas em cloroplastos. As células


estão presas umas às outras e dispostas perpendicularmente à superfície das folhas,

541
formando uma estrutura semelhante à paliçada. O parênquima paliçádico é o principal
responsável pela realização da fotossíntese nas plantas vasculares.

O parênquima lacunoso ou esponjoso possui células isodiamétricas, com poucos


cloroplastos. As células são dispostas frouxamente e no espaço entre elas, circulam
substâncias diversas.

Parênquimas de Reserva
Nos tecidos vegetais cujas células possuem plastos com amido, o parênquima tem a
função de reserva. São chamados amilíferos e encontrados nas raízes e caules
subterrâneos. Os plastos podem conter outras substâncias como proteínas e outros
açúcares.

Há também parênquimas aeríferos ou aerênquimas, constituídos por células com


grandes espaços entre elas, que formam cavidades preenchidas de ar. Estão presentes
em plantas aquáticas que torna-as mais leves, facilitando a flutuação e ainda a troca de
gases nas partes submersas da planta.

Em plantas de ambientes secos encontra-se um parênquima aquífero que tem o papel


de reserva de água, importante para esses vegetais.

O colênquima, ou tecido colenquimático, é um dos tecidos de sustentação das


plantas e apresenta suas células reunidas em cordões ou formando um cilindro sob a
epiderme na periferia de caules, pecíolos, peças florais, frutos e raramente em raízes.
Algumas eudicotiledôneas apresentam colênquima margeando as nervuras de
suas folhas. Algumas monocotiledôneas apresentam ausência de colênquima em
folhas e caules.
As células do colênquima são alongadas e vivas – mesmo na maturidade
–, resistentes, com paredes primárias espessadas e não lignificadas, o que confere
certa flexibilidade a elas e permite o crescimento da planta. No entanto, em alguns
casos, o colênquima pode lignificar-se e converter-se em esclerênquima.
O colênquima é bastante encontrado em partes jovens da planta e órgãos que
apresentam crescimento primário. É encontrado também em áreas frequentemente
atacadas por outros organismos e que requerem regeneração, pois o colênquima
apresenta a capacidade de voltar à atividade meristemática e dividir-se novamente,
formando uma nova camada de tecido.

542
O colênquima pode ser classificado de quatro formas de acordo com o espessamento
tangencial da parede celular:
 Colênquima angular: é o tipo mais comum. Apresenta um formato triangular em seção

transversal e espessamento nos pontos em que se encontram três ou mais células;


 Colênquima lamelar: apresenta espessamento nas paredes tangenciais;

 Colênquima lacunar: apresenta espessamentos nas paredes celulares que delimitam espaços

intercelulares desenvolvidos;
 Colênquima anelar: apresenta um espessamento uniforme das paredes celulares.

O tecido esclerenquimático, ou esclerênquima, é responsável pela sustentação das


plantas e é constituído, geralmente, por células mortas, com protoplasto ausente nas
células mais maduras e espessamento homogêneo da parede secundária.
As células desse tecido estão distribuídas separadamente ou formando agregados nas
mais diversas partes da planta, sejam em regiões mais superficiais ou em camadas mais
internas. Elas podem ser encontradas nas folhas, raízes, caule, frutos, entre outros.
Uma característica marcante desse tecido é a lignificação da parede secundária de
suas células. Com isso, raramente são encontradas células do esclerênquima que não
estejam lignificadas. A lignina é formada pela polimerização de diversos álcoois e, por
ser uma substância inerte, confere maior sustentação e também proteção às plantas
contra a herbivoria, já que os animais não conseguem digeri-la.
Podemos observar dois tipos de células no esclerênquima:
→ Fibras: células que se apresentam mais longas que largas, com suas extremidades
afiladas. Geralmente, elas são encontradas formando cordões ou feixes na parte mais
interior do caule e da raiz.

→ Esclereides: células geralmente curtas e ramificadas que ocorrem isoladamente ou


em agrupamentos. Elas apresentam pontoações (locais sem deposição de parede
secundária) simples e em maior número que nas fibras. Como apresentam
diversas formas, as esclereides podem ser classificadas como:
 Braquiesclereídes: também chamadas de células pétreas, elas apresentam um formato

isodiamétrico (com diâmetro igual);


 Macroesclereídes: também chamadas de Malpighi, são células colunares;

 Tricoesclereídes: células alongadas que podem ser ramificadas e assemelhar-se a tricomas;

 Osteoesclereídes: também são células alongadas, no entanto, suas extremidades são

alargadas, o que remete à forma de um osso. Daí a origem de seu nome;

543
 Astroesclereídes: são células que apresentam formato estrelado.

Tecidos de Conduçã o de Seiva


Xilema e Floema são tecidos vegetais responsáveis pela condução da seiva através do
caule. A principal diferença entre esses vasos condutores é que o xilema transporta a
água (seiva bruta) e o floema conduz substâncias orgânicas (seiva elaborada).

Xilema

O xilema ou lenho, conduz a seiva bruta (água e minerais), além de substâncias de


reserva. Ele é o principal responsável pela condução de água nas plantas vasculares.

As principais células que constituem o xilema são as traqueídes e os elementos de vaso.


Também chamadas elementos traqueais, são células alongadas, com paredes
secundárias, que morrem quando se tornam maduras.

Os elementos de vaso possuem perfurações em suas paredes, especialmente nas


extremidades. São unidos através desses orifícios em colunas contínuas e longas
chamadas vasos.

As traqueídes não possuem perfurações e sim pontoações, que são regiões mais finas,
sem parede secundária.

Por sua estrutura, os elementos de vaso são mais eficientes pois o fluxo de água através
das perfurações é mais fácil. No entanto, nas traqueídes a passagem da água através da
membrana evita que bolhas circulem pela planta. Sendo assim, é mais segura para a
planta.

No xilema há também células do parênquima, que armazenam diversas


substâncias, esclereídes e fibras.

Xilema Primário e Secundário


O xilema primário é formado a partir do procâmbio (meristema primário) durante o
período de crescimento primário, ou seja, quando a planta cresce em comprimento.

544
As células são alongadas, com citoplasma denso e núcleo bem definido. Possuem parede
primária, que é uma camada celulósica que se deposita externamente à parede celular
durante o crescimento.

O xilema primário pode ser de dois tipos: protoxilema (se forma primeiro)
e metaxilema (se diferencia mais tardiamente).

O xilema secundário se origina do câmbio vascular. Isso ocorre quando a planta tem
crescimento secundário, ou seja, quando cresce lateralmente aumentando sua espessura.

Tabela Comparativa - Xilema e Floema

XILEMA FLOEMA

FUNÇÃO Conduz a seiva bruta (água e Conduz seiva elaborada


minerais) (compostos orgânicos)
Os elementos crivados são
Os elementos traqueais são células vivas na maturidade.
PRINCIPAIS células alongadas, que morrem na Possuem poros nas
TIPOS maturidade. Podem ser de dois extremidades das paredes.
CELULARES tipos:Traqueídes e Elementos de Há dois tipos: Células
Vaso Crivadas e Elementos de
Tubo Crivados
Floema Primário: se
Xilema Primário - se origina do
CRESCIMENTO origina do Procâmbio. Pode
Procâmbio. Pode ser de dois tipos:
PRIMÁRIO ser de dois tipos:
protoxilema e metaxilema
protofloema e metafloema.
CRESCIMENTO Xilema Secundário - se forma a Floema Secundário: deriva
SECUNDÁRIO partir do Câmbio Vascular do Câmbio Vascular
Floema

O floema ou liber conduz a seiva elaborada, ou seja, os compostos orgânicos


produzidos na folha através da fotossíntese. De forma que é o principal tecido condutor
de nutrientes nas plantas vasculares.

545
As células mais importantes do floema são os elementos crivados, que são assim
chamados devido aos poros que se aglomeram especialmente em suas extremidades.

Através desses poros, elementos vizinhos se conectam por seus protoplastos. Os


elementos crivados podem ser de dois tipos: células crivadas ou elementos de tubo
crivados.

Nas células crivadas os poros são mais estreitos e uniformes do que nos elementos de
tubo crivados. Nesses últimos os poros maiores se localizam numa região da parede
chamada placa crivada.

Floema Primário e Secundário


O floema primário da mesma forma que o xilema primário é formado a partir
do procâmbio (meristema primário) no crescimento primário da planta.

É diferenciado em protofloema (se forma primeiro) e metafloema (se diferencia mais


tardiamente).

O floema secundário deriva do câmbio vascular, no crescimento secundário.

Corte da raiz de uma planta do gênero Salix. Perceba que houve crescimento secundário,
uma vez que há xilema e floema secundários

546
Organologia da Raiz
A raiz é um órgão vegetativo, aclorofilado, geralmente subterrâneo com fototropismo negativo e
geotropismo positivo. É responsável pela fixação do vegetal, absorção da seiva e armazenamento de
substâncias.

A extremidade da raiz é envolta por um capuz de células denominado coifa, cuja função é proteger o
meristema radicular, um tecido em que as células estão se multiplicando ativamente por mitose.

Logo após a extremidade, localiza-se a zona de distensão, onde as células surgidas por mitose crescem.
Após a zona de distensão, está situada a zona pilífera da raiz, que se caracteriza por apresentar células
epidérmicas dotadas de projeções citoplasmáticas finas e alongadas, os pelos absorventes. É através
desses pelos que a raiz absorve a maior parte da água e dos sais minerais de que precisa.

Já a região de ramos secundário sé aquela que se nota o brotamento de novas raízes que surgem de
regiões internas da raiz principal.

547
Tipos de raízes

 Axial (ou pivotante) – possui um eixo principal de onde partem raízes laterais secundárias. É típica das
angiospermas dicotiledôneas e das gimnospermas.

 Fasciculada (ou em cabeleira) – não há um eixo principal, apenas raízes secundárias bem desenvolvidas. É
comum em angiospermas monocotiledôneas. É uma raiz ramificada que se fixa bem às camadas
superficiais do solo, evitando erosão.

*Raízes especiais:

 Tuberosa – armazenam substância de reserva (amido) e por isso ficam intumescidas. Ex: batata-doce,
mandioca, cenoura, beterraba, nabo, rabanete.

548
 Tabular – grandes e bem desenvolvidas. Aumentam a estabilidade da planta e atuam também como raízes
respiratórias. Ex: figueira (plantas de grande porte).

 Escora (adventícia) – saem diretamente do caule da planta rizófora e auxiliam a fixação de vegetais de
ambientes lodosos como manguezais.

549
 Pneumatóforo (respiratórias) – com geotropismo negativo. Possui orifícios por onde realiza trocas
gasosas. Presente em plantas de locais pobres em oxigênio como terrenos alagadiços (manguezais). Ex:
avicênia.

 Haustório (sugadora) – em plantas parasitas, são finas e penetram o caule da hospedeira retirando a seiva.
Ex: erva-de-passarinho suga seiva bruta (Hemiparasita); cipó-chumbo suga seiva elaborada (Holoparasita).

550
 Aéreas – encontradas em epífitas, absorvem água e sais minerais através do velame. Podem originar cipós
ou lianas. Ex.: orquídeas e samambaias.

 Grampiformes – raízes aéreas em forma de grampos que auxiliam na fixação. Ex.: trepadeiras e heras.

551
 Aquáticas – sem zona pilífera, com parênquima aerífero (flutuação), sem coifa. Ex: água-pé.

Organologia do Caule
Geralmente é aéreo com fototropismo positivo e geotropismo negativo. É a parte das plantas que
sustenta a copa (ramos, folhas, flores e frutos). Conduz as seivas que nutrem as plantas, e quando verde
realiza fotossíntese, pode também armazenar substâncias de reserva (amido).

Na extremidade superior do caule, existe a gema apical, formada por meristema primário. Lateralmente
ficam as gemas axilares que originam os galhos. Internamente o caule tem a estrutura parecida com a
da raiz, mas existem diferenças entre caules de plantas herbáceas e lenhosas.

Em corte transversal, o caule apresenta: epiderme na forma de cutícula composta por células revestidas
por cutina; córtex ou casca em camada de colênquima e parênquima; e cilindro vascular central com
vasos liberianos e vasos lenhosos. No caule lenhoso, há formação de madeira comercial a partir do
xilema secundário.

552
Tipos de caules

Aéreos

 Tronco – estrutura lenhosa e reta, muito desenvolvido, com crescimento secundário, muito
resistente. Ex: dicotiledônea e gimnosperma.

553
 Haste – pequeno, pouco desenvolvido, delgado, muito flexível e clorofilado. Ex: ervas, feijoeiro.

 Colmo – cilíndrico, com nós e entrenós bem definidos, sem crescimento secundário e sem
ramificações.

554
Ex. 1: Oco – bambu

Ex. 2: Cheio – cana-de-açúcar.

 Estipe – alongado, lenhoso, cilíndrico, sem crescimento secundário, sem ramificações, com folhas
apenas na ponta. Ex: palmeira.

555
 Estolão – rastejante que produz raízes e ramos aéreos a partir dos nós que tocam o solo. Ex:
morangueiro, grama e melancia.

556
Subterrâneos

 Rizoma – desenvolve-se paralelamente à superfície, de onde emergem folhas. Ex: samambaia,


bananeira.

 Tubérculo – armazenam substâncias de reserva (amido) por isso tornam-se intumescidos. Ex:
Batata-inglesa, inhame, cará.

557
 Aquáticos – ricos em parênquima aerífero (flutuação). Muitos são verdes e fotossintetizantes. Ex:
vitória-régia, elódia.

Morfoses de Caules

 Bulbo – caule corresponde à região basal chamado prato, caule e folhas subterrâneos. Ex: cebola,
alho.

558
 Cladódio – caule modificado em forma de folha. Ex: cactos.

 Gavinha – enrolam-se em estruturas sustentando o caule. Ex: uva, maracujá.

559
Morfologia da Folha
As folhas são órgãos e, por isso, apresentam tecidos diferentes com funções específicas. Através de um
corte histológico em uma folha é possível analisar microscopicamente cada estrutura presente:
Epiderme
Composta geralmente por uma camada única de células que oferecem função de revestimento e proteção
dos demais tecidos. Possui geralmente uma fina camada chamada de cutícula que possui função
impermeabilizante, evitando a perda excessiva de água.

Algumas plantas chamadas xerófitas, que vivem em ambiente semiárido, apresentam cutícula espessa e
epiderme formada por várias camadas de células para evitar a perda de água.

A epiderme está nos dois lados da folha. A epiderme superior é chamada de epiderme adaxial e
a epiderme inferior é chamada de epiderme abaxial. Esta última apresenta estruturas especializadas
chamadas estômatos, que se assemelham a dois feijões que podem se fechar e se abrir permitindo assim
as trocas gasosas entre o vegetal e o meio. As células guardas são aquelas localizadas próximas aos
estômatos.
Mesófilo
Localizado abaixo da epiderme, essa região é composta por células parenquimáticas que geralmente são
responsáveis pelo preenchimento de órgãos vegetais. Nesse caso, as células do mesófilo possuem
elevada concentração de cloroplastos, sendo chamadas também de clorênquima, e sua função é
justamente produzir, através da fotossíntese, a matéria orgânica utilizada pelo vegetal nos seus diversos
processos metabólicos.

O mesófilo pode ser dividido em duas camadas. A camada mais próxima da epiderme superior é composta
por células alongadas e justapostas e é chamada de parênquima paliçádico.

Abaixo do parênquima paliçádico e mais próximo da epiderme inferior há uma camada de células mais
arredondadas e separadas uma das outras chamada parênquima lacunoso. Ambas as camadas possuem
função de realizar a fotossíntese.

560
Feixes Vasculares
Compostos pelos tecidos condutores que compõem as nervuras das folhas formando os desenhos da
estrutura foliar.

O xilema se localiza no centro da folha e está voltado para a parte superior da folha. É responsável
pela condução de seiva bruta ou inorgânica que é composta por sais minerais e água que são
absorvidos pela raiz e então transportados para as folhas.

Voltado para a parte inferior da folha está o floema, responsável pela condução de seiva elaborada ou
seiva orgânica. A seiva elaborada carrega os produtos orgânicos produzidos na fotossíntese no sentido
das folhas, onde são produzidos, para o restante do vegetal.

Os feixes vasculares se sustentam em fibras esclerenquimáticas que compõem o esclerênquima, tecido


resistente que dá suporte e sustentação aos demais tecidos.

Estruturas Internas Da Folha.

A disposição das nervuras nas folhas é um dos fatores característicos que diferencia as monocotiledôneas
das dicotiledôneas.

 Monocotiledôneas: Possuem nervuras dispostas de formas paralela. A folha que apresenta esse tipo de
nervura é chamada de paralelinérveas.
 Dicotiledôneas: As nervuras partem de um ponto e vão se ramificando em feixes menores. As folhas com
essa disposição são chamadas de peninérveas ou reticuladas.

Morfologia Externa
Externamente a folha apresenta estruturas visíveis naturalmente.

 Limbo: É a folha em si. Região laminar da folha onde estão presentes as nervuras, estômatos, etc. O
formato laminar é para aumentar a eficiência da captação solar;
 Pecíolo: O cabo que liga a folha ao caule, dando suporte e sustentação;
 Bainha: Encontrada geralmente nas monocotiledôneas. É uma expansão da folha que se liga ao caule
podendo até recobrir o pecíolo.
 Estípulas: Projeções do pecíolo presente apenas em alguns vegetais.

561
Morfologia Externa Da Folha Com Limbo, Pecíolo E
Bainha.

Filotaxia
A filotaxia (Filo=folha, taxis=arranjo) refere-se ao arranjo foliar ao longo do eixo caulinar, ou seja, como
essas folhas estão dispostas e são encontradas ao redor do caule.

As folhas nascem a partir das gemas axiais presentes no caule, na região chamada de nó. A forma com
que elas se dispõem nesse nó é determinada para classificar a planta quanto a filotaxia.
Alternada
As folhas vão se alternando ao longo do eixo do caule se projetando a partir dos nós. De cada nó sai uma
única folha. A roseira possui esse tipo de filotaxia.
Oposta
Mais de uma folha se projeta do mesmo nó e se dispõem de forma oposta uma das outras. Subdividem-se
em dois padrões:

 Dística: Duas folhas partem do mesmo nó, se dispõem de forma oposta, mas fazendo parte do mesmo
plano. As folhas do araçá se dispõem dessa forma.
 Cruzada: Duas folhas partem do mesmo nó e se dispõem de forma oposta, porém quando comparadas com
as folhas projetadas do nó adjacente, elas se cruzam formando um ângulo de 90° entre os pares de folhas.
Portanto, os pares de folhas de um nós não fazem parte do mesmo plano que as os pares de folhas do nó
subseqüente. Um exemplo de plantas com essa disposição é a quaresmeira.

Verticilada
Várias folhas (mais de duas) se projetam de um mesmo nó. A espirradeira é um exemplo de planta
verticilada.

562
Disposição Das Folhas Ao Longo
Do Caule: A) Alternadas;
B) Opostas Cruzadas; C) Opostas Dísticas; D) Verticiladas.

Tipos de Folhas
As folhas apresentam variações de acordo com a espécie e podem ser classificadas em características
diferentes. As folhas inicialmente podem ser classificadas em completas, quando possuem todas as
estruturas foliares (bainha, limbo e pecíolo), ou em incompletas, quando não apresentam alguma das
estruturas.

Podem ainda serem classificadas quanto a quantidade de limbo que possuem.

 Simples: Possuem limbo unitário.


 Compostas: Possuem limbo subdividido em folíolos, apresentando pecíolos que se unem e fixam em um
pecíolo comum. Como o arranjo inteiro está associado a uma gema lateral, todo esse conjunto de folíolos
forma uma única folha.

As folhas simples podem ainda ser subdivididas conforme o formato de alguma estrutura.

Quanto ao formato do limbo, as folhas simples podem ser subdivididas em:

 Arredondada: Forma mais comum;


 Obovada: Folha com a parte mais estreita do limbo em contato com o pecíolo e a extremidade
arredondada.
 Ovada: Folha com a parte mais larga em contato com o pecíolo;
 Acicular: Folha em forma de agulha (diferente de espinhos);
 Alongada: Folhas finas, longas e dobráveis como as presentes em gramíneas;
 Lanceolada: Folha pontiaguda, longa e com a base farpada em formato de lança.

563
Formato Foliar.

Na forma da margem, as folhas simples podem ser classificadas em:

 Lisa: Margem lisa, sem estriamento;


 Ciliada: Com cílios nas margens;
 Dentada: Margem com cortes finos e pontudos;
 Crenada: Margem com cortes ondulados;
 Lobada: Dividida em lobos;
 Fendida: Com fendas, podendo chegar até a nervura central. Nesse caso, são chamadas de sectas;

Forma Da Margem.

As folhas compostas podem ser subdivididas de acordo com a organização dos seus folíolos em:

 Imparipenadas: folha composta por um número ímpar de folíolos. Exemplo: Jacarandá (Jacaranda
mimosifolia).
 Paripenadas: folha composta por um número par de folíolos, possuindo dois folíolos terminais. Exemplo:
Ingá (Inga edulis).
 Palmadas: Também chamadas de Digitadas, nesse tipo de folhas os folíolos partem de uma base comum,
ou seja, possuem um único pecíolo e vários folíolos ligados. Exemplo: Guaraperê (Lamanonia speciosa).
 Recompostas: Folha subdividida em folíolos em que cada folíolo também é subdividido em porções
menores, sendo, portanto, uma folha duplamente composta. Exemplo: Flamboyant (Delonix regia).

564
Formato Das Folhas Compostas.

Adaptações Foliares
As folhas podem sofrer processos de diferenciação tornando folhas modificadas que desempenham
funções específicas como atração, proteção ou outras funções que não são encontradas na maioria das
folhas comuns.
Brácteas
Folhas coloridas, às vezes confundidas com as pétalas das flores, presentes na base do receptáculo floral
ou junto de uma inflorescência.

Geralmente estão presentes em plantas que possuem flores pequenas e discretas possuindo a função de
atrair os agentes polinizadores que muitas vezes pode não enxergar as flores pequenas.

A buganvília (Bougainvillea glabra) possui essas folhas modificadas que rodeiam suas flores que são
pequenas e amarelas.

Buganvília (Bougainvillea Glabra).

Carnívoras
As plantas carnívoras apresentam folhas modificadas e sensíveis que possuem a função de auxiliar na
alimentação do vegetal, atuando como verdadeiras armadilhas que capturam insetos que servirão de
alimento para a planta.

565
O processo geralmente envolve a exalação de odores atrativos para os insetos que quando pousam nas
folhas ativam o mecanismo sensível das mesmas de modo que elas se fecham ou mudam sua conformação
capturando o inseto;

Dionéia (Flytrap Dionaea).

Espinhos
Folhas modificadas, podendo brotar do caule ou de algumas folhas. Possuem função de defesa ou
auxiliar na fixação de trepadeiras em outras plantas. Os cactos presentes nas regiões semiáridas, ao
longo do processo evolutivo, modificaram suas folhas para diminuir a perda de água, e essas folhas
acabaram se originando em espinhos.

Exemplo De Cactáceas.

Organologia da Flor
A flor é o órgão reprodutivo das plantas gimnospermas e angiospermas, desenvolvido a
partir de folhas modificadas. As flores das diferentes espécies podem ser hermafroditas
ou dióicas. Seu desenvolvimento permitiu a fecundação independente da água e uma
maior atração dos agentes polinizadores. Nas gimnospermas surgiram as flores. Porém,
essas são diferentes das observadas nas angiospermas.

566
Suas “flores” são os estróbilos, conhecidos como pinhas. Já
uma flor hermafrodita de angiosperma geralmente é constituída por quatro conjuntos de
folhas modificadas, os verticilos florais: cálice, corola, androceu e gineceu.

Os verticilos se inserem em um ramo especializado, denominadoreceptáculo floral. Uma


flor completa possui o receptáculo floral e um pedúnculo. O pedúnculo é o eixo de
sustentação da flor. Todos estes elementos e funcionalidades estão na Organologia
Vegetal.

O cálice é um conjunto formado por folhas modificadas, geralmente verdes,


denominadas sépalas. Já a corola é formada por um conjunto de folhas modificadas,
geralmente coloridas, denominadas pétalas. O conjunto formado pelos dois é chamado
de perianto. Quando possuem coloração e textura bastante semelhantes são chamadas

de tépalas.

Verticilos de reprodução – O androceu é o sistema masculino de reprodução,


constituído por um conjunto de estames. Os estames são os esporofilos masculinos, ou
seja, as folhas modificadas produzem os micrósporos (grãos de pólen). Cada estame

567
possui: antera, conectivo e filete. Na antera ficam os sacos polínicos
com células-mãe diplóides (2n) que sofrem meiose e originam quatro micrósporos
haplóides (n).

A Mitose e o Grão de Pólen

 O núcleo de cada micrósporo sofre mitose e se diferencia em grão de pólen.


 Ao final, cada grão de pólen possui um núcleo vegetativo e um núcleo reprodutivo,
ambos haplóides.

 O gineceu é o sistema feminino de reprodução, constituído por carpelos ou pistilos.

568
 Cada carpelo possui: estigma, estilete e ovário.

O estigma é a porção apical, responsável por receber o pólen. O estilete é o eixo de


sustentação do estigma e o ovário fica na porção basal globosa que produz e armazena
óvulos. Cada óvulo é um megasporângio portador de uma célula-mãe diplóide (2n), que
sofre meiose e origina quatro células haplóides (n). Três dessas células degeneram e
apenas uma é o megásporo funcional. O megásporo cresce e ocupa quase todo o
megasporângio. Depois o núcleo do megásporo (n) passa por três mitoses, originando
oito células (n), das quais: três núcleos formam as células antípodas, situadas na abertura
do óvulo, dois núcleos formam as sinérgides na outra extremidade, dois núcleos ficam na
região central e são chamados núcleos polares e um núcleo forma a oosfera, que é o
gameta feminino de fato.

569
Processo reprodutivo das Angiospermas

Polinização

Consiste na condução do grão de pólen da antera até o estigma.

Quando o grão de pólen cai sobre o estigma:

Da mesma flor = autopolinização (direta)

Não há transporte do pólen. Produz organismos geneticamente semelhantes aos


originais, não sendo evolutivamente vantajoso. Existem mecanismos que evitam a
autopolinização:

a. Heterostilia: quando o estigma fica acima da antera e impossibilita que o pólen da


própria flor entre em contato com a sua oosfera.

b. Hercogamia: quando órgãos masculinos e femininos das flores estão separados no


espaço, criando uma barreira mecânica que evita que o pólen caia sobre o estigma da
mesma flor.

c. Dicogamia: amadurecimento dos sexos em épocas diferentes – Protoginia (1º


feminino) e Protandria (1º masculino).

d. Dioicia: flores dióicas, cada árvore com flor de um sexo apenas.

De flor diferente = polinização cruzada (indireta)

Há transporte do pólen por agentes polinizadores.

a. Vento – anemofilia, o pólen deve ser seco e em grande quantidade.

b. Pássaro – ornitofilia, flor vistosa com nectários abundantes ou glândulas odoríferas.

c. Inseto – entomofilia, a flor geralmente é vistosa com nectários abundantes.

d. Morcego – quiropterofilia, flor noturna com glândulas odoríferas.

Germinação do pólen

570
Quando depositado sobre o estigma o grão de pólen germina, isto é, emite um
prolongamento, o tubo polínico, que cresce através do estilete em direção à micrópila do
óvulo. O núcleo vegetativo fica na frente do tubo e orienta o crescimento. O núcleo
reprodutivo fica logo atrás e antes de chegar ao óvulo, dividi-se em dois núcleos
espermáticos haplóides, os gametas masculinos. O tubo polínico constitui o gametófito
masculino.

Fecundação

O tubo polínico penetra no óvulo pela micrópila e chega ao saco embrionário. Neste
momento o núcleo vegetativo já se degenerou e os dois gametas masculinos iniciam o
processo de fertilização. A fertilização ocorre com apenas um dos núcleo espermáticos e
com uma oosfera, resultando em um zigoto (2n).

O zigoto passa por inúmeras mitoses e forma o embrião da nova planta. O outro núcleo
espermático masculino se funde com os núcleos polares femininos e o núcleo triplóide
formado dá origem a um tecido rico em reservas, o endosperma ou albúmen.

O intenso desenvolvimento do óvulo resulta na semente, enquanto o crescimento do


ovário origina o fruto. O fruto geralmente participa da propagação das sementes e em

571
condições favoráveis o embrião se desenvolve em um novo indivíduo, reiniciando o ciclo
reprodutivo.

A fecundação nas angiospermas ocorre no interior do saco embrionário e é dupla (forma


zigoto+núcleo triplóide). Nas gimnospermas, a fecundação é simples, somente um dos
núcleos espermáticos participa do processo, o outro degenera.

Organologia do Fruto
Corresponde ao ovário fecundado e desenvolvido, presente apenas em angiospermas.
Tem como função, proteger, nutrir e auxiliar na disseminação da semente.

Os frutos de modo geral se estruturam em um pericarpo dividido em: epicarpo,


mesocarpo e endocarpo e as sementes.

572
Os frutos podem ser classificados:

1. Quanto à consistência.

 carnoso – com pericarpo suculento. Ex: tomate, chuchu.

 seco – com pericarpo seco. Ex: amendoim, feijão, milho, arroz.

573
2. Quanto à deiscência (como o fruto libera a semente):

 a) deiscente – libera naturalmente a semente. Ex: vagem de feijão e ervilha.

 indeiscente – só libera a semente quando o pericarpo apodrece. Ex: mamão, milho,


girassol.

574
Tipos de frutos

1. Carnoso Deiscente. Tipo raro de fruto. Ex: pepino selvagem, beijo-de-frade.

2. Carnoso Indeiscente. É a grande maioria dos carnosos.

 Baga – semente facilmente destacável do fruto. Ex: laranja, melancia, uva, mamão,
abóbora, tomate.

575
 Drupa – tegumento da semente está fundido ao endocarpo do fruto. Semente de
difícil destaque do fruto. Ex: azeitona, manga, pêssego, ameixa, cereja, coco.

3. Seco Deiscente. Ex: feijão, ervilha, soja.

576
4. Seco Indeiscente. Ex: grama, trigo, milho, arroz, avelã.

Frutos partenocárpicos

Frutos formados através do desenvolvimento do ovário pela ação de fitormônios sem


que haja fecundação. Logo, são sem semente. Ex: banana, laranja Bahia, limão Taiti.

577
578
Pseudofrutos

A parte carnosa, com substância de reserva não é originada em sua maioria do ovário,
mas de outras estruturas florais. Tipos:

a. SIMPLES – parte comestível origina-se a partir do desenvolvimento do:

 Receptáculo. Ex: maçã, pêra (fruto está dentro da parte comestível).

579
 Pedúnculo. Ex: caju (a castanha é o fruto).

b. Compostos – parte comestível origina-se do desenvolvimento do receptáculo de uma


flor com vários ovários. Ex: morango, framboesa.

580
c. Múltiplos (Infrutescência) – originado de uma inflorescência. Ex: abacaxi, amora, figo.

581
Semente

Corresponde ao óvulo fecundado e desenvolvido. Presente me gimnosperma e


angiosperma. Toda a semente possui um envoltório, mais ou menos rígido, um embrião
inativo da futura planta originado da fecundação do primeiro núcleo espermático com a
oosfera e um material de reserva alimentar chamado endosperma ou albúmen formado
pela fecundação do segundo núcleo espermático com os 2 núcleos polares.

Em condições ambientais favoráveis, principalmente de umidade, ocorre a hidratação da


semente e pode ser iniciada a germinação.

Todo o embrião contido em uma semente de angiosperma possui uma radícula que dará
origem à raiz, um caulículo que formará a porção basal do caule, uma gêmula que
origina a porção apical do caule e os cotilédones que são folhas modificadas associadas
à nutrição. Algumas angiospermas possuem dois cotilédones (dicotiledôneas), outras

582
possuem apenas um (monocotiledôneas). A casca é formada pelo espessamento das
camadas mais externas do óvulo após sua fecundação. Possui função protetora.

Dispersão

O transporte de sementes ou frutos é bastante vantajoso, quanto maior a área atingida,


maior a possibilidade de sucesso da germinação.

Formas de dispersão (“coria” não confundir com “filia” que designa polinização):

1. Anemocoria – Vento. Sementes ou frutos leves, com pêlos e expansões aladas que
facilitam o transporte pelo vento. Ex: dente-de-leão.

583
2. Zoocoria – Animais. Podem ser transportadas dentro do trato digestivo do animal (ex:
pitanga), ou podem ir presas no corpo do animal (ex: picão, carrapicho).

3. Hidrocoria – Água. Sementes ou frutos que retêm ar para flutuação, facilitando o


transporte pela água. Ex: coco-da-baía.

584
4. Autocoria – a própria planta dispersa as sementes através da deiscência dos frutos.
Frutos explosivos. Ex: mamona.

Seiva bruta
A seiva bruta (xilémica) é uma solução aquosa de sais minerais e de uma reduzida
quantidade de compostos orgânicos, transportada pelo xilema das raízes para as
partes aéreas da planta.
A água e os sais minerais absorvidos pelo sistema radicular são transportados
radialmente desde os tecidos periféricos da raiz até à zona central onde se encontram

585
os tecidos vasculares (floema e xilema). Este movimento radial da água pode ser
realizado por via apoplástica (por fora das células), simplástica (por dentro das células,
através dos plasmodesmos) ou ainda por uma via transmembranar em que a água tem
que atravessar a membrana plasmática. Para além de sais minerais, alguns
aminoácidos, compostos azotados e hormonas vegetais (e.g. ácido abscísico) podem
também fazer parte da seiva xilémica. Uma vez ultrapassada a endoderme, tecido que
faz uma espécie de fronteira entre os tecidos corticais da raiz e os tecidos vasculares
(Figura 1) e que, pelas características da parede celular das suas células, exerce um
controlo sobre o movimento dos elementos minerais, a água e os minerais atingem as
células condutoras do xilema (elementos de vaso em angiospérmicas, traqueídos em
gimnospérmicas) de onde serão transportados para a parte aérea da planta. Em muitas
espécies arbóreas a distância a ultrapassar atinge proporções consideráveis, pois em
algumas espécies a seiva tem que percorrer no tronco várias dezenas de metros e, em
algumas árvores, como as sequoias e os eucaliptos, a distância pode ser mesmo
superior a 100m. Para que a seiva possa ascender no xilema, a força capaz de provocar
a sua subida tem que ser superior às forças de sinal contrário, nomeadamente a
gravidade e a resistência do xilema. Dados experimentais têm permitido verificar que
a teoria da tensão-coesão, é o único modelo que permite explicar a ascensão da seiva
nas plantas. No entanto, outros processos como a pressão radicular e a capilaridade
contribuem também para a ascensão da água, especialmente quando as distâncias a
percorrer são curtas e quando se verificam determinadas condições ambientais
(humidade atmosférica elevada, solos com muita água), no caso da pressão radicular.

586
Estô mato
Os estômatos são estruturas da epiderme da planta localizadas nas folhas e responsáveis
pelas trocas gasosas e pela transpiração.

O que são Estômatos?

Foto de um corte de planta ao microscópio


com os estômatos.

587
São aberturas na superfície da epiderme vegetal por onde passam gases e vapor de
água. Eles são formados por duas células alongadas, cujo formato é semelhantes ao grão
de feijão ou aos halteres dependendo da espécie.
Essas células são denominadas células-guarda, e no meio delas há uma fenda
chamada ostíolo.
Abertura e Fechamento

A abertura do ostíolo depende de uma situação especial da planta chamada turgescência


celular, relacionada com a entrada e saída de água nos vacúolos da célula-guarda.

Representação da
abertura e fechamento dos estômatos.

Se a célula vegetal estiver em um meio hipotônico, absorve água por osmose e isso faz
com que aumente de volume. A água entra até que a célula atinja um estado de
equilíbrio, momento em que a pressão da parede celular equivale à quantidade de água
absorvida. Esse equilíbrio é chamado de turgescência, momento em que célula
ficou túrgida.

588
Mecanismo de osmorregulação na
célula. Observe a célula túrgida e flácida

O mecanismo é semelhante ao que acontece quando enchemos de ar uma boia, quanto


mais cheia ela estiver, maior será a pressão do ar interno sobre as paredes da boia
tornando-a mais rígida.

Para que servem ?

Os estômatos fazem as trocas entre o meio externo e interno da planta. Eles regulam o
tamanho da abertura, assim é possível aumentar ou diminuir a taxa de transpiração da
planta.

Onde se localizam?

589
Esquema de
estrutura da folha. Observe as células-guarda e os ostíolos, localizados na epiderme
inferior.

Os estômatos são localizados, geralmente, na parte inferior da folha, mas em plantas


aquáticas como a vitória-régia ficam na parte superior e ainda, em plantas de
crescimento vertical estão nos dois lados.

Seiva elaborada
Seiva Elaborada

A seiva elaborada é formada, principalmente, por glicose (produzida no processo de


fotossíntese). Através dos vasos do floema, a seiva elaborada é levada para todos os
tecidos da planta, possibilitando a alimentação das células.

Uso da seiva

A seiva de vários vegetais é usada há séculos pelos seres humanos para diversas
funções. A seiva da seringueira, por exemplo, é usada na fabricação de borracha.

590
Curiosidade:

- Muitos animais, principalmente insetos, se alimentam da seiva de algumas espécies de


vegetais.

Auxinas
As auxinas são os hormônios vegetais mais importantes. Elas apresentam efeitos em
diversas funções fisiológicas das plantas.

Charles Darwin foi o precursor da descoberta das auxinas, quando estudou o


fototropismo em alpiste.

Os estudos de Darwin e de outros pesquisadores demonstraram que o crescimento em


curvatura em resposta à luz era influenciado por uma substância química produzida no
ápice do coleóptilo. Esse fato, culminou com a descoberta da auxina, em 1926, pelo
holandês Fritz Went.

Pelo fato da substância promover o alongamento de células do coleóptilo, foi


denominada de auxina, palavra derivada do grego que significa “crescer”.

Apenas na década de 1930, os pesquisadores identificaram a auxina como sendo o ácido


indolacético (AIA). O ácido indolacético é a auxina natural mais encontrada nos vegetais.

Características da Auxinas

Em geral, a produção de auxinas está associada com os locais de divisão celular rápida. A
maior produção de auxinas ocorre no meristema apical do caule, nas folhas jovens, nos
frutos em desenvolvimento e em sementes.

Do mesmo modo que as auxinas, as giberelinas, também hormônios vegetais, controlam


vários aspectos do crescimento e desenvolvimento das plantas.

As auxinas sintéticas, produzidas em laboratórios, promovem efeitos fisiológicos


parecidos com os das auxinas naturais. Elas também podem ser usadas como herbicidas.

591
Quanto ao transporte, as auxinas movem-se do ápice para a base dos vegetais, ou seja,
do ápice da parte aérea para a raiz (transporte polar). A auxina é o único hormônio
vegetal transportado desta forma.

Efeitos das auxinas na fisiologia vegetal

O efeito das auxinas depende da sua concentração e do local onde atua. De modo geral,
várias atividades fisiológicas são controladas pelas auxinas. Saiba as principais:

Divisão Celular: As auxinas estimulam a proliferação da grande maioria de tipos de


células.

Alongamento Celular: As auxinas atuam sobre a parede celular do vegetal, promovendo


sua distensão e consequentemente, o alongamento celular. Essa função promove o
crescimento das partes da planta.

Dominância Apical: Corresponde ao crescimento da gema apical e inibição do


desenvolvimento das gemas laterais. A auxina pode agir como substituto para a
dominância apical, por manter a inibição de gemas laterais. Quando o ápice caulinar é
podado, elimina-se a produção de auxinas e as gemas laterais se desenvolvem formando
novos ramos.

Crescimento de raízes, flores e frutos: A auxina estimula o desenvolvimento de raízes


adventícias em caules.

O crescimento dos frutos é estimulado pela auxina liberada pelas sementes em formação.

Partenocarpia: Corresponde ao desenvolvimento de frutos na ausência de polinização e


fertilização. Os frutos formados são chamados de partenocárpicos e não possuem
sementes.

Essa situação também pode ser realizada artificialmente. Alguns agricultores, retiram os
estames das flores e aplicam auxinas nos ovários. Assim, obtêm frutos sem sementes. É
uma prática comum em uvas, mamão, melancias e tomates.

Fototropismo: Corresponde ao crescimento das plantas orientado em direção ao


estímulo luminoso.

592
A ação das auxinas nos vegetais é influenciada pela luz. A luz provoca a migração da
auxina para o lado mais escuro ou sombreado da planta. Nessa região, a auxina promove
o alongamento celular e crescimento vegetal.

Giberelinas e Citocinas
A giberelina é um hormônio vegetal que pode ser encontrado nas raízes e folhas jovens,
nas sementes em fase de germinação, nos frutos e meristemas. Foi isolada pela primeira
vez em 1930 por pesquisadores japoneses que estudavam o fungo Gibberella fujikuroi.
Em 1950, descobriu-se que as plantas também produziam esse hormônio, que,
geralmente, atua com a auxina. Entre as suas diversas funções, pode-se destacar o
alongamento do caule, crescimento do fruto e germinação de sementes.
Alongamento do caule
As giberelinas promovem o alongamento e divisão celular. Acredita-se que essa
substância ative enzimas que afrouxam as paredes das células, permitindo, assim, a
entrada de proteínas expansivas.
Observou-se que plantas de variedades anãs apresentaram um maior desenvolvimento
após tratamento com esse hormônio.
Crescimento do fruto
Assim como no alongamento dos caules, as giberelinas atuam nos frutos promovendo o
seu desenvolvimento. Um exemplo é a utilização na produção de uvas Thompson sem
sementes, o que resulta em frutos com bagas maiores.
Germinação de sementes
As giberelinas atuam na germinação das sementes promovendo a quebra
da dormência por intermédio da produção de enzimas que permitem a utilização de
substâncias de reserva. As enzimas hidrolíticas digerem as reservas nutritivas e
deslocam os produtos para regiões de crescimento do embrião. Algumas sementes que
necessitam de condições especiais para a quebra de dormência, como a presença de
luz, quebram a dormência se tratadas com esse hormônio.

As citocininas são hormônios vegetais descobertos na década de 1940 por Johannes van
Overbeek por meio da realização de experimentos em busca de um aditivo químico para

593
aumentar o desenvolvimento de células vegetais. No entanto, sua natureza química só
foi identificada anos mais tarde por Miller e colaboradores.
Esses hormônios têm como função atuar no crescimento de gemas laterais e na
germinação de sementes, retardar o envelhecimento das folhas, entre outras. O nome
citocinina está relacionado com uma de suas funções, que é estimular a citocinese ou
divisão celular.
As citocininas são sintetizadas principalmente no ápice das raízes, embora possam ser
sintetizadas também, mas em menor quantidade, em outros tecidos em crescimento.
São distribuídas pela planta, das raízes até os brotos, pelo xilema.
→ Divisão celular
As citocininas dividem essa função com a auxina, pois, quando as concentrações dos
dois hormônios estão de certa forma balanceadas, pode ocorrer o crescimento da
célula sem que ela se divida. No entanto, quando a concentração
de citocinina aumenta, ocorre o crescimento de gemas na parte aérea; quando
a auxina aumenta, ocorre a formação de raízes.
→ Senescência das folhas
As citocininas atuam retardando o envelhecimento (senescência) das folhas, pois
estimulam a síntese de RNA e de proteínas, além de inibir a degradação destas.
→ Desenvolvimento apical
Diversos hormônios interagem no controle da dominância apical. Acredita-se que a
auxina inibe o crescimento das gemas laterais e estimule o crescimento do eixo principal
do caule. Assim, na ausência desse hormônio e ação das citocininas, ocorre o
crescimento dos ramos laterais. Isso pode ser demonstrado por meio da remoção da
gema apical de uma planta – que é a sua principal fonte de auxina –, o que desencadeia
a ramificação da planta.

Á cido Abscísico e Etileno


O ácido abscísico é um hormônio vegetal também conhecido pela sigla ABA. O nome
desse hormônio, às vezes, leva a algumas confusões. Ao ler “ácido abscísico”, você pode
pensar erroneamente na função de abscisão. Entretanto, ele não está diretamente ligado
a esse processo.

594
Esse hormônio é produzido a partir do ácido mevalônico nos cloroplastos e em outros
plastídios. Sua síntese é alta em folhas maduras e sementes, sendo que seu transporte
ocorre normalmente via floema.

Esse fitormônio, diferentemente da auxina e citocinina, possui uma característica


inibitória no que diz respeito ao crescimento. Ele é responsável por cessar o crescimento
de algumas plantas em determinadas épocas do ano. Isso, sem dúvidas, é fundamental
para que uma espécie consiga se estabelecer em ambientes com climas extremos.

Podemos atribuir também ao ácido abscísico a função de retardar a germinação de


sementes. Normalmente o acúmulo desse hormônio acontece no início do
desenvolvimento de algumas sementes e está relacionado com o atraso da germinação.
Além disso, ele atua aumentando a produção de proteínas de reserva, que serão
fundamentais para o desenvolvimento do embrião. O ABA também confere uma
tolerância à desidratação e ao frio, sendo este um papel fundamental, pois evita a
destruição de componentes das células, como as membranas.

Em algumas plantas, a quebra de dormência relaciona-se à queda dos níveis do


hormônio ABA. Isso significa que elas irão germinar somente quando ocorrer uma queda
acentuada nos níveis desse hormônio.

O controle da dormência é muito importante, pois evita que uma semente germine em
condições desfavoráveis, como um inverno extremamente rigoroso. Além da dormência
em sementes, o ABA também garante a dormência das gemas.

Além de controlar o crescimento, o ABA está relacionado ao mecanismo de abertura e


fechamento estomático. Os estômatos são estruturas responsáveis por controlar a
entrada e saída de gases da planta, sendo importantes, portanto, no processo de
transpiração, fotossíntese e respiração. Além disso, a abertura dos estômatos (ostíolo) é
uma porta de entrada de alguns patógenos, como fungos.

O estômato mantém-se aberto ou fechado em razão da pressão de turgor das células-


guarda. Um estômato mantém-se aberto quando as células-guarda estão túrgidas, mas
se fecha quando elas ficam flácidas. O ABA atua reduzindo a pressão de turgor e,
consequentemente, fechando o estômato.

O fechamento dos estômatos está diretamente relacionado ao papel do ABA de


responder a estresses. Ao fechar o estômato, a planta diminui a perda de água e,
consequentemente, protege-a em casos de estresse hídrico.

595
O etileno, um hormônio vegetal (fitormônio) gasoso e incolor, é produzido por diversos
órgãos vegetais e distribuído pela planta por difusão a partir do local onde é produzido.
Pode ser produzido como resposta a fatores de estresse, como a seca, bem como
durante o amadurecimento de frutos.
→ Função do etileno
Alguns efeitos atribuídos à auxina podem estar, na verdade, relacionados com o
aumento da produção do etileno. No entanto, as suas principais ações estão
relacionadas com o amadurecimento de frutos e abscisão de folhas de árvores decíduas
(que perdem a folhagem em determinado período do ano).
 Amadurecimento de frutos
O aumento da produção de etileno desencadeia o processo
de amadurecimento de frutos, que se inicia com a digestão enzimática da pectina, um
dos principais componentes da parede celular, amolecendo o fruto. Nesse período,
ocorre também a conversão de grãos de amido e ácidos orgânicos em açúcares,
tornando os frutos doces e palatáveis.
Quanto mais maduras estiverem as células de um fruto, maior será a produção de
etileno, o que causa o amadurecimento dos frutos ao redor.
 Abscisão de folhas

O aumento da temperatura e o encurtamento dos dias durante o outono levam ao


aumento da produção do etileno e diminuição da concentração de auxina. Assim,
as células da camada de abscisão – camada de células parenquimáticas que se
desenvolve na base do pecíolo –, sensíveis ao etileno, produzem enzimas que digerem
a celulose e outros componentes das paredes celulares, tornando essa camada
enfraquecida. Assim, o próprio peso das folhas ou a ação do vento causam a separação
dentro da camada e a queda da folha.
A mudança na coloração das folhas nessa época do ano deve-se à decomposição
da clorofila e à síntese de carotenoides e antocianinas. A perda das folhas no outono por
parte das plantas decíduas é uma preparação para o inverno, quando a disponibilidade
de água para a planta é menor.
Curiosidade: O etileno tem grande valor econômico, pois pode ser utilizado para induzir o
amadurecimento de frutos mesmo após a colheita. Com o avanço da engenharia genética, formas
mutantes do gene do receptor do etileno em algumas espécies vêm sendo utilizadas para retardar
a senescência (envelhecimento dos tecidos do organismo) ou o murchamento de flores.

596
Tropismos
Tropismos são movimentos de crescimento das plantas em resposta a um estímulo
externo.

O crescimento da planta pode ser direcionado ao estímulo ou contrário a ele. Quando o


crescimento ocorre em direção ao estímulo, é denominado de tropismo positivo.
Quando ocorre em sentido contrário, é considerado como tropismo negativo.

O tropismo é controlado pelas auxinas, hormônios vegetais. A auxina estimula o


alongamento celular, controlando a direção do crescimento.

Tipos de Tropismo

Os tipos de tropismos são determinados pela natureza do estímulo. Os principais são o


fototropismo e o gravitropismo.

O fototropismo é o crescimento em resposta à direção da luz. Os caules apresentam


fototropismo positivo, pois crescem em direção a fonte de luz. Enquanto as raízes
apresentam fototropismo negativo, crescendo em sentido contrário ao da fonte de luz.

Fototropismo. Crescimento em direção à fonte de luz.

O fototropismo positivo é resultado da ação direta de auxinas sobre o alongamento


celular. Quando uma planta é exposta a uma fonte de luz, a auxina migra para o lado
escuro do caule. Isso porque a luz direciona a auxina para o lado mais sombreado. Como

597
resultado, as células do lado escuro do caule se alongam mais que as do lado claro e, por
isso, o caule se curva.

O gravitropismo, também chamado de geotropismo, corresponde ao crescimento das


plantas orientado pela gravidade. O caule apresenta geotropismo negativo, contra o
sentido da gravidade. Nas raízes, o geotropismo é positivo.

Outro tipo de tropismo é o tigmotropismo. Nesse caso, o estímulo ao crescimento


ocorre ao entrar em contato com um objeto. Um exemplo são as gavinhas, que se
enrolam sobre suportes físicos.

Movimentos Vegetais

Nessa altura, você deve estar se perguntando: as plantas se movimentam?. A resposta é


sim. Apesar dos movimentos não serem comparados aos dos animais, as plantas também
se movimentam, porém, de modo mais lento e menos dinâmico.

As plantas podem apresentar três tipos de


movimentos: tropismos, tactismos e nastismos.

Como já vimos, o tropismo é relacionado aos movimentos de crescimento em resposta a


um estímulo.

O tactismo envolve movimentos de deslocamento de células em direção a um estímulo.


Assim como os tropismos, podem ser positivos ou negativos.

O nastismo corresponde a movimentos relacionados a alterações relativamente rápidas


no turgor de determinadas células. Ao contrário do tropismo, o nastismo não envolve
crescimento e são movimentos reversíveis.

Um exemplo de nastismo ocorre com a planta dormideira (Mimosa pudica). Ao ser


tocada, fecha suas folhas em resposta a um estímulo externo.

598
Nastismos e Tactismos
Também conhecido como movimento nástico, ocorre em resposta a um estímulo.
Entretanto, sua direção independe da direção do estímulo. Pode ser dividido em:

A sensitiva fecha suas folhas em resposta a uma estimulação mecânica

 Nictinastia: esse movimento é chamado de movimento de dormir das folhas e


acontece por causa das mudanças no turgor das células motoras presentes no pulvino
(espessamento na base do pecíolo de uma folha).
 Tigmonastia: esse movimento ocorre em consequência de estimulação mecânica e
pode ser observado no fechamento das folhas da sensitiva ou ainda da planta
carnívora dioneia. Assim como na nictinastia, é resultado de mudanças no turgor das
células motoras presentes no pulvino.

→ Heliotropismo

599
Esse movimento é conhecido também por rastreamento solar e, como o nome indica, diz
respeito à orientação dos vegetais em relação aos raios solares durante o dia. Esse
mecanismo ainda não é bem explicado.

Girassol realiza rastreamento solar

→ Tactismo

O cloroplasto desloca-se na célula em direção à luz

600
O tactismo é um movimento orientado de deslocamento de uma organela, célula ou
organismo unicelular em relação a um agente externo. Podemos observar o tactismo
quando os cloroplastos se deslocam dentro da célula vegetal em direção à luz.

Fitocromos e Germinaçã o
Os fitocromos são pigmentos proteicos responsáveis pela absorção de energia
da luz e influenciam a floração e a germinação das sementes. Existem dois tipos de
fitocromos:
→ Fitocromo FV: absorve comprimentos de ondas de cerca de 660 nanômetros, que
são correspondentes à luz vermelha;
→ Fitocromo FVE: absorve comprimentos de ondas de 730 nanômetros, que são
correspondentes à luz vermelha extrema;
Os fitocromos ocorrem nas plantas em uma quantidade bem inferior em relação a
outros pigmentos, como a clorofila. Eles são sintetizados no escuro na forma FV e
convertem-se em FVE quando expostos à luz vermelha, presente na luz solar.
Reações de fotoconversão
As reações de fotoconversão são as mudanças que ocorrem quando uma molécula
de FV absorve um fóton de luz de 660 nm e é convertida a FVE e quando uma molécula
de FVE absorve um fóton de luz de 730 nm e é convertida a FV.
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Na presença de luz solar, a concentração dos fitocromos tende a manter um equilíbrio,
já que há a presença dos dois comprimentos de onda.
Foi observado em eudicotiledôneas que esse processo de conversão
do FVE em FV também pode ocorrer no escuro. Todavia, no escuro, pode haver também
o processo de destruição do FVE.
A forma FVE é biologicamente ativa e, na concentração adequada, desencadeia
respostas biológicas, como a germinação de sementes e floração de plantas de dia
longo. A forma FV é inativa.
Assim, os fotorreceptores funcionam como interruptores biológicos, ligando e
desligando as respostas biológicas. Quando o FVE retorna à forma FV, as respostas
biológicas que foram induzidas podem ser revertidas.

601
A germinação da semente é o processo de retomada do crescimento do embrião. Para
que esse crescimento ativo volte acontecer, a semente deve ser submetida a alguns
processos, como a embebição, que se caracteriza pela entrada de água na semente. As
sementes estão presentes exclusivamente em gimnospermas e em angiospermas e
consistem basicamente em um embrião, uma reserva nutritiva e um envoltório.
Vale destacar que o termo germinação não é usado apenas para se referir às sementes,
sendo utilizado para se referir ao início ou retomada de crescimento também de gemas
e esporos. Neste texto, porém, trataremos apenas da germinação das sementes.
Resumo sobre germinação

 A germinação da semente é o processo de retomada do crescimento do embrião.


 Para que o embrião volte a crescer, a semente deve ser submetida a certos fatores
externos, como água, oxigênio e temperatura em níveis adequados.
 Sementes são observadas em gimnospermas e angiospermas.
 Uma semente consiste em um embrião, uma reserva nutritiva e um envoltório.
 Quando a germinação acontece, a raiz é, geralmente, a primeira a emergir.
 De acordo com a maneira como o sistema caulinar emerge da semente, a
germinação pode ser chamada de epígea ou hipógea.
Características da semente

Para compreendermos melhor como ocorre a germinação de uma semente, devemos


conhecer as principais partes dessa estrutura. Sementes são estruturas encontradas
exclusivamente em gimnospermas e angiospermas e formadas a partir do
desenvolvimento do óvulo após o processo de fecundação. Elas consistem em:
 um embrião;
 uma reserva nutritiva;
 um envoltório, o qual confere proteção ao novo indivíduo e é formado a partir do
tegumento do óvulo.
As sementes apresentam algumas variações a depender da espécie estudada.
Consideraremos, a princípio, uma semente de feijão, uma angiosperma eudicotiledônea,
mas, para isso, é preciso saber que as plantas monocotiledôneas se diferenciam das
eudicotiledôneas no número de cotilédones, pois:
 uma monocotiledônea apresenta apenas um cotilédone;
 uma eudicotiledônea apresenta dois cotilédones.
Os cotilédones são as primeiras folhas da planta e estão relacionados com o
fornecimento de nutrientes para o embrião. Em algumas sementes, os cotilédones são
grandes, carnosos e armazenadores de reservas, o que é necessário para nutrir o

602
embrião quando este retoma seu crescimento. Em outras sementes, os cotilédones são
membranáceos e finos e atuam absorvendo as reservas nutritivas que estão
armazenadas no endosperma.

Ob
serve as principais estruturas presentes em uma semente de feijão.

No feijão, podemos observar a presença de um embrião alongado ligado a dois


cotilédones bem desenvolvidos. A região acima do ponto de inserção dos
cotilédones é chamada de epicótilo. A primeira gema que se desenvolve nesse
sistema caulinar embrionário, por sua vez, recebe o nome de plúmula. A região que se
encontra abaixo do ponto de inserção dos cotilédones é denominada hipocótilo. Na
extremidade inferior do hipocótilo está presente a radícula, que é uma raiz embrionária.
Quando consideramos a semente de uma monocotiledônea, como o milho, apenas um
cotilédone é encontrado. Nas gramíneas, o cotilédone é maciço e recebe o nome de
escutelo. Ainda nesse grupo de plantas, podemos observar que tanto a radícula quanto
a plúmula estão envolvidas por uma bainha protetora. A bainha protetora da radícula
recebe o nome de coleorriza e a da plúmula recebe o nome de coleóptilo.
Fatores que interferem na germinação da semente

Como dito anteriormente, a germinação consiste na retomada do crescimento do


embrião. Para que o embrião volte a crescer, no entanto, a semente deve ser

603
submetida a fatores externos específicos, como água, oxigênio e temperatura em
níveis ideais.
A semente madura apresenta uma pequena quantidade de água, uma vez que durante a
maturação ela sofre dessecação, perdendo cerca de 90% ou mais da água que
possuía. Devido à falta de água, o metabolismo no interior da semente
cai consideravelmente, permitindo que o embrião permaneça viável por um longo
período.
Para que o desenvolvimento seja retomado, no entanto, é necessário que ocorra a
absorção de água (embebição). Essa água será necessária para que as atividades
metabólicas sejam retomadas e as enzimas da semente sejam
ativadas. Enzimas garantirão a digestão e a utilização das reservas
nutritivas necessárias para o crescimento da planta. Além de garantir que a semente
volte a ter um metabolismo ativo, a embebição provoca a expansão da semente e o
rompimento de sua casca.
É necessário também que a semente receba oxigênio. O oxigênio é fundamental para
a quebra da glicose. Em solos pantanosos, por exemplo, a quantidade de oxigênio
disponível pode não ser suficiente para a completa oxidação da glicose e o
desenvolvimento da nova planta. Outro fator importante é a temperatura. Cada
semente apresenta uma faixa de temperatura ideal específica, germinando apenas
dentro desse nível.
 Dormência

Em algumas situações, as sementes não são capazes de germinar mesmo em


condições adequadas. Dizemos que essas sementes estão dormentes, e apenas
sinais específicos são capazes de fazê-las germinar. A dormência, apesar de parecer
prejudicial para o desenvolvimento de uma nova planta, é muito importante para
aumentar a chance de desenvolvimento do vegetal, garantindo que a germinação ocorra
apenas na época e no local adequado.
Podemos verificar essa importância quando analisamos plantas do deserto. Suas
sementes só germinam após receberem uma quantidade considerável de chuva. A
água, nessas espécies, é fundamental para remover inibidores presentes em seu
envoltório. Porém, elas não germinam quando submetidas a chuva leve, pois, nesse
caso, a água disponível pode não ser suficiente para sustentar a planta em
desenvolvimento.
Outra situação interessante são as sementes que só germinam após passarem
pelo trato digestório de um animal. Essa ação garante que ocorra a dispersão das
sementes, evitando a competição com a planta-mãe e garantindo que a espécie se
espalhe pelo ambiente.

604
Germinação da semente e início do desenvolvimento da planta

O processo de germinação da semente caracteriza-se pela retomada do crescimento


do embrião. É a partir da germinação que a planta se fixará no substrato e iniciará o
seu desenvolvimento até se tornar uma planta adulta. Quando a germinação acontece, a
primeira estrutura a emergir, na maioria das sementes, é a raiz. Ela é fundamental para
fixar a planta ao substrato e garantir a absorção de água.
A primeira raiz da planta é chamada de raiz primária ou pivotante, e, à medida que
ela vai se desenvolvendo, raízes laterais vão surgindo, formando um sistema de raízes
ramificado. Em plantas monocotiledôneas, geralmente, a raiz principal possui uma vida
curta, sendo observadas em plantas adultas raízes adventícias.

605
Observe a diferença entre as
germinações epígea e hipógea

De acordo com a maneira que o sistema caulinar emerge da semente, a germinação


pode ser classificada em:
 Epígea: o hipocótilo se alonga e forma uma curvatura, também chamada de gancho.
Esse gancho alcança a superfície do solo e se estica, levando para a superfície a
plúmula e os cotilédones. Esse tipo de germinação pode ser observada no feijão.
 Hipógea: o gancho é formado pelo epicótilo. Quando ele chega à superfície, se
estica e projeta a plúmula para a superfície. Nesse caso, como o epicótilo está acima

606
dos cotilédones, estes permanecem no solo. Esse tipo de germinação pode ser
observada na ervilha.
O milho é uma espécie com um embrião muito diferenciado, logo, a estratégia do
milho para atingir a superfície do solo é diferente. Nesse caso, o coleóptilo alonga-se
e rompe a superfície do solo. Após atingir a superfície, ele interrompe seu alongamento,
e as primeiras folhas da plúmula surgem através de uma abertura presente na sua
extremidade.

Fisiologia Animal
Digestã o Comparada
Os mamíferos necessitam de uma dieta nutritiva e abundante pois os
custos metabólicos da manutenção de temperatura são muito
elevados, mas de acordo com o regime alimentar, o tubo digestivo pode
apresentar adaptações específicas.

Nos carnívoros o aparelho digestivo é simples pois as proteínas,


lípidios e sais minerais que se encontram na carne não necessitam de
digestão especializada. Nos onívoros o estômago é um saco de
paredes musculosas e com glândulas produtoras de ácido clorídrico e
enzimas. A parede do estômago não é destruída por estes fluidos
devido à proteção da mucina, outra secreção gástrica. As plantas
contêm glícidios complexos, como a celulose. Assim, nos herbívoros o
intestino é proporcionalmente maior, pois os vegetais são menos
nutritivos e de digestão difícil. Dado que nenhum vertebrado produz
enzimas capazes de hidrolisar este polissacárideo, muitos
herbívoros albergam bactérias em diversos compartimentos,
nomeadamente no ceco ou no próprio estômago, que nesse caso é
subcompartimentado:

 rúmen – onde se localizam as bactérias capazes de fermentar a


celulose, que se reproduzem a uma taxa suficientemente elevada
para compensar as que são "perdidas" com a deslocação do bolo
alimentar. O conteúdo deste compartimento (bactérias e material
vegetal) é regurgitado regularmente para a boca, quando o animal,

607
num local seguro, mastiga demoradamente o alimento ingerido
apressadamente;
 retículo - igualmente rico em bactérias fermentativas, recebe o
bolo alimentar depois de remastigado na boca, permitindo uma
maior área de ataque às celulases bacterianas;
 omaso - a pasta alimentar contendo enorme quantidade de
bactérias fermentativas é "concentrada", devido à reabsorção de
água;
 abomaso - compartimento correspondente ao estômago nos
restantes mamíferos, secreta ácidos e proteases que completam a
digestão da forma tradicional.

Deste modo, estes animais ingerem maiores quantidades de alimentos,


que permanecem muito tempo no tubo digestivo. Este método digestivo
é muito eficiente para uma dieta pobre em proteínas, pois as próprias
bactérias são igualmente digeridas tornando-se uma fonte de proteínas
para o ruminante (uma vaca pode obter cerca de 100 g de proteínas por
dia da digestão das suas bactérias endossimbióticas).

Alguns herbívoros não ruminantes, como os coelhos e lebres, também


contêm a sua própria flora fermentativa, geralmente em divertículos
especializados - ceco. No entanto, como o ceco abre no intestino
grosso a absorção de nutrientes digeridos pelos microrganismos é
pouco eficaz e incompleta. Para o compensar, muitos destes animais
ingerem as suas fezes - coprofagia. Existem geralmente dois tipos de
fezes nestes casos, um composto exclusivamente por detritos e outro,
que é ingerido diretamente do ânus, composto por material cecal, que

608
irá então passar pelo estômago e intestino delgado, sendo os seus
nutrientes absorvidos.

O dióxido de carbono e o metano são produtos secundários do


metabolismo fermentativo destas bactérias, podendo um ruminante
típico (uma vaca, por exemplo) produzir até 400 litros de metano por
dia. Este fato torna o gado doméstico a segunda mais importante causa
do efeito de estufa na Terra (logo após a indústria).

O tamanho do animal é decisivo no tipo de dieta, e, logo, no tipo de


sistema digestivo que irá apresentar. Nos pequenos mamíferos a razão
área/volume é elevada, significando que perdem grande quantidade de
calor para o meio. Assim, devem apresentar grandes necessidades
calóricas e metabolismo elevado. Como não poderão tolerar uma
digestão lenta como a dos herbívoros, os mamíferos com menos de 500
g são quase todos insetívoros.

Pelo contrário, os mamíferos de maior porte geram mais calor e perdem


menos calor, tolerando um processo de recolha de alimento mais
demorado (carnívoros que atacam presas de grande porte) ou uma
digestão lenta (herbívoros).

609
Além disso, animais com mais de 500 g não conseguiriam recolher uma
quantidade de insetos suficiente durante o dia. A única exceção são os
mamíferos que se alimentam de grandes quantidades de insetos
coloniais (formigas ou térmitas).

O tubo digestivo humano pode ser considerado típico da classe dos


mamíferos. O alimento introduzido na boca progride no tubo pelos
movimentos peristálticos involuntários. Embora a digestão se inicie na
boca, é no estômago e intestino delgado que ela se processa, com
intervenção de grande variedade de enzimas. Estas são produzidas por
glândulas gástricas e intestinais, além de órgãos anexos como as
glândulas salivares, pâncreas e fígado (a bílis não apresenta, no
entanto, enzimas). A absorção é facilitada pela presença no intestino
delgado de pregas cobertas com vilosidades intestinais em forma de
dedo de luva, cujas células epiteliais ainda apresentam
microvilosidades. Todo este conjunto aumenta grandemente a área de
contato entre os alimentos e a parede, facilitando a absorção, que se
realiza por difusão ou por transporte ativo.

Tubo
Tipo de
Animal Habitat digestiv Compartimentos Órgãos anexos
digestão
o
Intra e
Água Incompl
Platelmintes Cavidade gastrovascular - extracelul
doce eto
ar
Aquático Faringe, esôfago, papo,
Complet Extracelul
Anelídeos ou moela, intestino com -
o ar
terrestre tiflosole
Faringe, esôfago, papo, Glândulas
Complet Extracelul
Insetos Terrestre estômago, intestino e salivares,
o ar
reto cecos gástricos
Faringe, esôfago, Glândulas
Peixes
Água Complet estômago, intestino salivares, Extracelul
cartilaginoso
salgada o delgado e intestino fígado e ar
s
grosso pâncreas
Faringe, esôfago,
Peixes Complet estômago, intestino Fígado e Extracelul
Aquático
ósseos o delgado e intestino pâncreas ar
grosso
Anfíbios Água Complet Faringe, esôfago, Fígado e Extracelul

610
estômago, intestino
doce e
o delgado e intestino pâncreas ar
terrestre
grosso
Faringe, esôfago, Glândulas
Complet estômago, intestino salivares, Extracelul
Répteis Terrestre
o delgado e intestino fígado e ar
grosso pâncreas
Glândulas
Faringe, esôfago, papo, salivares,
Complet proventrículo, moela, cecos Extracelul
Aves Terrestre
o intestino delgado e intestinais, ar
intestino grosso fígado e
pâncreas
Glândulas
Faringe, esôfago, salivares,
Aquático
Complet estômago, intestino cecos
Mamíferos ou Extracelul
o delgado e intestino intestinais,
terrestre
grosso fígado e
pâncreas

Respiraçã o Comparada
Entende-se por respiração, o processo de trocas gasosas realizadas por um organismo
vivo com o meio ambiente inalando gases importantes para os seus processos
metabólicos e exalando gases que são subprodutos dos processos fisiológicos realizados
e que precisa ser descartado para o meio externo.

As trocas gasosas podem ocorrer de diversas formas dependendo do organismo, mas os


gases trocados são o oxigênio (O2), captado do meio externo, e o dióxido de
carbono (CO2), lançado para fora do organismo.

Ao longo da evolução, os organismos passaram a aumentar a eficiência do processo


respiratório de modo que atualmente a maior parte dos organismos possuem sistemas
específicos para garantir a respiração de forma adequada. Este sistema, quando presente,
é chamado de sistema respiratório. Muito embora, ainda existam organismos que
possuem formas primitivas de trocas gasosas, não possuindo órgãos especializados
nesse processo.

611
Nos seres humanos, o sistema respiratório é composto pelas cavidades nasais e
pela boca, por onde o oxigênio entra no organismo e o dióxido de carbono é exalado
para o meio externo, seguida pela faringe, canal presente tanto no sistema respiratório
quanto no sistema digestório que é por onde o ar ou o alimento passam para serem
conduzidos até o próximo órgão, que no caso do sistema digestório é o estômago, e no
sistema respiratório é a laringe, que impede a entrada de alimento nos órgãos
respiratórios posteriores.

Após a faringe, o ar passa pelas traquéias que conduz o ar até


os pulmões pelo brônquios. O pulmão é o órgão que armazena o ar e também o local
onde ocorrem as trocas de gases através dos alvéolos e dos capilares sanguíneos.

Órgãos Que Compõem O Sistema Respiratório

Nos capilares sanguíneos, o dióxido de carbono presente no sangue é lançado para o


pulmão enquanto o oxigênio presente nos pulmões se liga nas hemoglobinas,
complexos protéicos presentes nas hemácias, células responsáveis pelo transporte de
oxigênio.

É muito importante que as hemácias estejam acessíveis ao oxigênio, se não toda a


respiração do organismo é comprometida. Eventos de queimadas que lançam elevada
quantidade de monóxido de carbono (CO) na atmosfera apresentam um risco a saúde
dos animais que apresentam hemoglobina, pois uma vez inalado o monóxido de

612
carbono, este se liga de forma permanente nas hemoglobinas, não permitindo que as
mesmas se liguem com moléculas de oxigênio para transportá-lo. Um organismo que
não consegue transportar oxigênio no corpo acaba morrendo por asfixia.
Relação entre sistema circulatório e respiratório
Os gases trocados durante a respiração são transportados através do sangue do animal,
seja dentro de vasos ou fora deles. De qualquer forma, isso mostra como os sistemas
respiratório e circulatório estão intimamente relacionados.

O sistema circulatório depende do sistema circulatório para ter oxigênio e,


posteriormente, dióxido de carbono para ser transportado para os tecidos ou para os
pulmões. Da mesma forma, o sistema respiratório precisa de todo processo de transporte
desempenhado pelo sistema circulatório.

Um exemplo dessa relação entre os dois sistemas é com relação às hemácias, células
sanguíneas que possuem a função de transportar oxigênio oriundo da respiração pelos
tecidos do corpo, como já dito.
Respiração Celular
A Respiração Celular é o processo de geração de energia dentro de uma célula através da
formação de ATP em um conjunto de reações dependentes de Oxigênio. A respiração
celular pode ser dividida em três etapas relacionadas que, além da molécula de ATP, gera
também Dióxido de Carbono (CO2) e Água (H2O).

A síntese de ATP é um dos processos celulares mais importantes, pois praticamente


todas as demais reações metabólicas dependem da energia contida nessas moléculas.
Sua síntese pode ocorrer de forma aeróbica (dependendo de O2), como na Respiração
Celular, ou ainda de forma anaeróbica (não dependendo de O2), através de processos
fermentativos.

A primeira fase da respiração é chamada de Glicólise e ocorre no citosol celular. As


demais etapas da respiração vão acontecer dentro das mitocôndrias, organelas
compostas de duas membranas e que são responsáveis pela síntese de ATP.

A segunda etapa é chamada de Ciclo de Krebs e ocorre na região chamada de Matriz


Mitocondrial, o espaço interno da organela, dentro das duas membranas.

A terceira etapa conhecida como Cadeia Transportadora de Elétrons vai acontecer nas
invaginações contidas na membrana interna da mitocôndria em uma região chamada de
cristas mitocondriais.

613
A respiração celular é, portanto, o processo de obtenção de energia na forma de
ATP que ocorre a nível molecular nas células dos organismos e depende de oxigênio
que pode vir oriundo da respiração sistêmica.
Respiração Cutânea
A respiração cutânea ocorre através da pele de um organismo. No tegumento, região
da pele ou da epiderme, ocorrem as trocas gasosas. Para isso, essa região dos
organismos deve ser preparada e constantemente umedecida para facilitar a entrada do
oxigênio e saída do dióxido de carbono, uma vez que essas substâncias precisam estar
dissolvidas para passar pela membrana.

Esse tipo de respiração está presente nos animais mais primitivos e pode ser classificada
em dois tipos.
Respiração cutânea direta
Também chamada de respiração cutânea simples. É o tipo mais primitivo de processo
de trocas gasosas que ocorre por difusão diretamente na pele do animal em direção às
células. Está presente no filo dos Poríferos, Cnidários, Platelmintos e Nematelmintos.
Respiração cutânea indireta
Respiração que ocorre nos anelídeos, como as minhocas e nos estágios adultos
dos anfíbios. Esse tipo de respiração, embora ocorra também por difusão a partir da pele
do animal, apresenta um transporte de gases mais eficiente, com as substâncias
sendo transportadas a partir do sistema circulatório.

Esses animais possuem células da epiderme especializadas na produção e secreção


de muco, substância que garantirá umidade para facilitar as trocas gasosas na pele. Os

614
anfíbios adultos utilizam a respiração cutânea para complementar a respiração pulmonar
que não é ainda eficiente.
Respiração Traqueal
Ocorre nos artrópodes terrestres. Esse tipo de respiração necessita de um sistema
complexo de túbulos chamados de traqueias, por onde o oxigênio é levado até onde
circula a hemolinfa (substância com a mesma finalidade que o sangue presente nos
demais filos de animais).

É na hemolinfa onde ocorrem as trocas gasosas, diretamente nos tecidos. Os insetos


possuem uma elevada taxa de consumo de oxigênio que é suprida por buracos presentes
no abdômen do animal chamados de espiráculos. Nos aracnídeos especificamente, há
um sistema traqueal mais especializado chamado de filotraquéias ou pulmões
foliáceos, estrutura onde ocorrem as trocas gasosas de forma mais eficiente.
Respiração Branquial
Ocorre nos peixes que possuem estruturas chamadas de brânquias que apresentam a
capacidade de retirar o oxigênio presente na água e que estão localizadas próximas à
boca, sendo protegidas por uma estrutura óssea chamada de opérculo.

Dessa forma, os peixes absorvem a água pela boca que ao fechar, força a saída de água
pelas brânquias, onde ocorrem as trocas gasosas em que o sangue rico em gás carbônico
vindo do coração passa pelas brânquias deixando o CO2 e retirando o O2, este sangue
então rico em oxigênio vai em direção aos tecidos que dependem do O2 para seus
processos fisiológicos, principalmente a Respiração Celular.
Respiração Pulmonar
Os anfíbios apresentam pulmão primitivo na fase adulta que não é eficiente o bastante
para ser a única forma de respiração do animal, que é suprida pela respiração cutânea.
Dessa forma, anfíbios adultos apresentam respiração pulmonar e respiração cutânea.

Os répteis e mamíferos apresentam pulmão alveolar (contendo dobras ao longo do


órgão que aumenta a eficiência da respiração). O ar entra através da traquéia, passa
pelos brônquios e nos alvéolos ocorrem as trocas gasosas, onde o sangue venoso se
concentra próximo ao alvéolo transferindo o CO2 para o interior dos pulmões e
recebendo o O2 contido nos pulmões inspirado pelo organismo. Uma vez que o O2 se
liga as hemoglobinas do sangue, o sangue, agora arterial, flui em direção ao coração
para ser transportado para os demais órgãos e tecidos do corpo.

As aves, embora também apresentem respiração pulmonar, possuem o pulmão diferente


quando comparado com o pulmão dos mamíferos ou dos répteis, isto porque o pulmão

615
das aves apresenta estruturas chamadas de sacos alveolares que auxiliam na capacidade
de vôo das aves. Dessa forma, o ar vai em direção aos pulmões através da traqueia e
preenchem, além, dos pulmões, esses sacos alveolares, diminuindo assim a densidade
total das aves. A troca gasosa ocorre da mesma forma que as demais classes que
possuem respiração pulmonar, mas ao inspirar o ar, as aves ficam "mais leves" facilitando,
assim, o vôo.
Respiração das Plantas
Nos organismos do reino Vegetal, apenas plantas vasculares apresentam aparelho
respiratório verdadeiro. Esse sistema é formado pelos estômatos, pequenos orifícios
presentes nas folhas que possuem a capacidade de se abrir e fechar, dessa forma,
trocando gases com o meio externo.

Plantas avasculares trocam gases com o meio externo por difusão, seja com o oxigênio
atmosférico, seja com oxigênio dissolvido na água em um processo similar ao dos
organismos que realizam respiração cutânea direta.

Estômatos Abertos Em Uma Folha.

616
Tabela Mostrando
Os Filos Do Reino Animal E Sua Respectiva Forma De Respiração.

Circulaçã o Comparada
Introdução
O sistema circulatório, também chamado de sistema cardiovascular, é o conjunto de
órgãos e células que possuem a função de garantir o transporte de substâncias, como
nutrientes e oxigênio, pelos diversos tecidos de um organismo.

Isso ocorre através do sangue, que se desloca ao longo de vasos sanguíneos (veias,
artérias e vasos capilares) seguindo o fluxo a partir do coração, o qual, por sua vez,
funciona como uma bomba que impulsiona o sangue e as substâncias levadas.

617
O sistema circulatório se desenvolveu, portanto, para garantir maior eficiência no
transporte de nutrientes e, principalmente, de oxigênio, através do corpo. Ao longo da
evolução, esse sistema passou por diversas adaptações, de modo que, atualmente,
existem diferentes tipos de circulação e de sistema circulatório, a depender do
organismo.

Sistema Circulatório Humano. Em Vermelho, Está


O Sangue Arterial, E, Em Azul, O Sangue Venoso.
Sangue venoso e sangue arterial
Para compreender melhor o funcionamento e, principalmente, o fluxo de sangue no
sistema circulatório, o sangue encontrado nos organismos mais complexos,
evolutivamente falando, pode ser classificado em dois tipos:

 Sangue venoso: aquele que caminha dos tecidos do corpo para o pulmão. É um
sangue rico em gás carbônico (CO2), pois já depositou o oxigênio necessário para

618
a atividade dos tecidos e agora as hemáceas (células especializadas no transporte
de gases, contendo o complexo proteico hemoglobina) passam a transportar o
CO2 gerado nos tecidos e órgãos para ser exalado do organismo;
 Sangue Arterial: Sangue rico em oxigênio (O2) que caminha no sentido dos
pulmões, onde o oxigênio se conecta às hemoglobinas presentes nas hemácias,
para os diversos tecidos e órgãos do corpo.

Ausência de sistema circulatório


Os organismos mais primitivos evolutivamente não possuem sistema circulatório,
mantendo formas mais simples de transporte de substâncias no contato célula-célula.

Nos animais, como os pertencentes ao filo


dos Poríferos, Cnidários, Platelmintos e Nematelmintos, o sistema circulatório é, portanto,
ausente e as substâncias são transportadas por difusão ao longo do corpo desses
organismos.
Sistema circulatório não verdadeiro
O filo dos equinodermos apresenta um tipo específico de circulação. Na verdade, esses
organismos apresentam um sistema próprio de transporte chamado de sistema
ambulacral. Esse tipo específico de circulação envolve a passagem de água pelas fendas
do organismo transportando com ela nutrientes e gases por todo o corpo do animal.
Circulação aberta e circulação fechada
A partir dos Anelídeos, se desenvolveram os órgãos especializados no transporte e na
circulação de substâncias. Os sistemas circulatórios a partir desse filo passaram a
apresentar diferenças quando comparados aos demais, e passou-se a classificar a
circulação presente em seus organismos com base na movimentação do sangue dentro
e fora dos vasos sanguíneos.

Dessa forma, um filo pode apresentar:

 Circulação aberta: Quando o sangue não circula apenas no interior de vasos


sanguíneos. O coração bombeia o sangue no interior de vasos sanguíneos até os
capilares, que são abertos, e o sangue passa a ser despejado nas células e órgãos,
mais especificamente, em cavidades entre células chamadas de hemoceles. Esse
tipo de circulação está presente nos Moluscos, com exceção dos Cefalópodes
(polvos e lulas), e nos Artrópodes. Ocorre em baixa pressão e em baixa
velocidade de fluxo sanguíneo, apresentando, portanto, baixa eficiência no
transporte de substâncias.

619
 Circulação fechada: Quando o sangue circula somente no interior dos vasos
sanguíneos. O coração bombeia o sangue no interior dos vasos sanguíneos até os
capilares, mas estes se encontram fechados, embora bem próximos das células. A
troca de substâncias ocorre através da parede dos capilares. É um sistema mais
eficiente quando comparado ao sistema de circulação aberta, pois
apresenta maior pressão e velocidade do fluxo
sanguíneo. Anelídeos, Cordados e Moluscos cefalópodes apresentam esse tipo de
circulação.

Anatomia Do
Cephalochordate Amphioxus, Um Cordado. Em Ordem, Tem-Se: 1: Medula Espinhal; 2:
Corda Dorsal; 3: Cordão Nervoso Dorsal; 4: Cauda Pós Anal; 5: Ânus; 6: Aparelho
Digestório; 7: Sistema Circulatório; 8: Atrióporo; 9: Espaço Acima Da Faringe; 10: Fenda
Da Faringe (Brânquia); 11: Faringe; 12: Vestíbulo; 13: Cílio Oral; 14: Abertura Da Boca; 15:
Gônada (Ovário/Testículo); 16: Sensor De Luz; 17: Nervo; 18: Metapleura; 19: Fígado.
Circulação simples e circulação dupla
No filo dos Cordados há, ainda, outras formas de classificar o sistema circulatório, além
de ser um sistema de circulação fechada.

Nos peixes, o sangue passa apenas uma vez pelo coração. A partir do coração, o
sangue é bombeado para as brânquias, onde adquire caráter arterial (com elevada
concentração de O2) e parte para os tecidos para depositar esse O2 transportado. A
partir dos tecidos, o sangue se torna venoso (com elevada concentração de CO2) e parte
para o coração, onde o ciclo se inicia novamente. Esse tipo de circulação, na
qual o sangue passa apenas uma vez pelo coração, é chamada de circulação simples.

Nas demais classes de cordados, como os anfíbios, répteis, aves e mamíferos, o sangue
passa pelo coração duas vezes. O sangue venoso migra dos tecidos em direção ao átrio
direito (uma das cavidades do coração), enquanto o sangue arterial migra dos pulmões
para o átrio esquerdo. Para que ambos os tipos de sangue sejam bombeados e para que
ocorram as trocas gasosas, o sangue arterial segue em direção aos tecidos, e, o sangue

620
venoso, em direção aos pulmões. Esse tipo de circulação, em que o sangue passa pelo
coração duas vezes, uma vinda dos tecidos e outra vinda dos pulmões, é chamada
de circulação dupla.
Circulação completa e circulação incompleta
A circulação nos cordados pode, ainda, ser dividida com relação ao tipo de coração e à
capacidade do sistema circulatório separar o sangue venoso do sangue arterial.

Nos peixes, o coração apresenta apenas duas cavidades (um átrio e um ventrículo),
sendo chamado de coração bicavitário.

Nos anfíbios e répteis, o coração apresenta três cavidades (um átrio direito, um átrio
esquerdo e um único ventrículo), sendo chamado de tricavitário. O sangue venoso que
chega no coração pelo átrio direito e o sangue arterial que chega pelo átrio esquerdo
são bombeados para o ventrículo único, havendo, assim, uma mistura entre sangue
venoso e arterial que compromete a eficiência do transporte de oxigênio e gás
carbônico. Esse tipo de circulação, em que há a mistura entre sangue venoso e arterial,
é chamada de circulação incompleta.

Já nas aves e nos mamíferos, o coração é tetracavitário, apresentando, assim, quatro


cavidades: um átrio direito, um átrio esquerdo, um ventrículo direito e um ventrículo
esquerdo. O sangue venoso presente no átrio direito é bombeado para o ventrículo
direito e, posteriormente, para os pulmões, enquanto o sangue arterial presente no átrio
esquerdo é bombeado para o ventrículo esquerdo para, em seguida, levar oxigênio para
os tecidos e órgãos do corpo do animal. Assim, não há contato direto entre sangue
venoso e sangue arterial. Esse tipo de circulação, em que o sangue venoso e o sangue
arterial não se misturam, é chamada de circulação completa.

A tabela abaixo mostra os filos e algumas classes do reino animal e suas respectivas
formas de circulação sanguínea:

621
Sistema Excretor Comparado
Tipos de rins

Para entender as diferenças entre as excretas animais, é preciso antes entender as


diferenças entre os tipos de rins, órgãos responsáveis pela filtração do sangue e
eliminação de excretas nitrogenadas. Um cordado comum tem três regiões do corpo:
cabeça, tórax e abdome. Um rim que fica na região mais próxima da cabeça, é chamado
de pronefro. O rim que fica na região central do tórax, é chamado de mesonefro. E, por
fim, o rim que fica na região abdominal é chamado de metanefro. Os rins do tipo
pronefro drenam celoma, os rins do tipo mesonefro drenam celoma e sangue, enquanto
os rins do tipo metanefro drenam apenas sangue.

622
Você se lembra que no estudo dos animais dividimos os cordados em protocordados e
eucordados (animais com crânio). Pois bem, dentro dos eucordados (humanos incluídos
aqui), precisamos entender quais animais possuem qual tipo de rim. Os pronefros são
encontrados nos agnatos. Os mesonefros são encontrados em peixes e anfíbios. E, por
último, os metanefros são encontrados em aves, répteis e mamíferos.

Cordados

Tipos de excretas

Excretas são resíduos metabólicos das células do organismo, são substâncias


produzidas pelo próprio organismo. É um erro comum acreditar que fezes são excretas,
mas as fezes não são produzidas pelo próprio organismo, são restos do alimento
digerido. As excretas são resíduos produzidos no metabolismo das células. Essas excretas
são transportadas no sangue até os rins, onde são filtradas e eliminadas na forma
de urina. Outro exemplo de excreta é o gás carbônico, que é derivado da respiração
celular. No entanto, o gás carbônico é excretado pela respiração. Agora, vamos falar dos
compostos excretados pelos rins.

623
As chamadas excretas nitrogenadas são resíduos da metabolização das proteínas.
Como sabemos, as proteínas são formadas por aminoácidos. Esses aminoácidos, durante
o metabolismo proteico, sofrem uma reação de desaminação, onde perdem o radical
amina, sobrando apenas um composto denominado amônia. A amônia é um composto
extremamente tóxico, que precisa ser excretado imediatamente.

Amônia

A amônia é um composto nitrogenado muito tóxico, que precisa ser excretada com
urgência. A excreção de amônia gasta grande quantidade de água. Para evitar que o
corpo perca grandes quantidades de água na excreção da amônia, o fígado pega esse
composto e o transforma em outras substâncias, menos tóxicas e que são excretadas
com maior facilidade: a uréia e o ácido úrico. Todos os animais produzem amônia,
alguns a transformam em uréia, e alguns a transformam em ácido úrico (ou ambos).

Amônia (NH3)

624
Os animais que excretam amônia são chamados de amoniotélicos. Os amoniotélicos
precisam ingerir muita água, logo, são animais que vivem em ambiente aquático. Como
exemplos de amoniotélicos, temos os agnatos, peixes ósseos e anfíbios em estado
larval.

Uréia

A uréia não é tão tóxica quanto a amônia, porém mais tóxica que o ácido úrico. Necessita
de menos água para ser eliminada, quando comparada à amônia, e de mais água quando
comparada ao ácido úrico.

Uréia

Os animais que excretam ureia são chamados de ureotélicos. Dentre eles, temos
os peixes cartilaginosos (tubarão), mamíferos e anfíbios adultos.

Ácido úrico

O ácido úrico é o composto nitrogenado menos tóxico dos três, e sua eliminação
quase não requer gasto de água, pois se trata de um composto insolúvel em água. Os
animais que excretam ácido úrico são chamados de uricotélicos. São animais que não
podem ter muita água nos tecidos, pois vivem em ambiente terrestre. Como exemplos,
temos as aves e os répteis. As aves, aliás, precisam ser leves para voar, logo, não
poderiam carregar água nos tecidos, e não poderiam excretar outro tipo de substância
que não o ácido úrico.

Sistema locomotor Comparado

625
Quando falamos de sistema locomotor, pensamos prontamente em movimento. No
entanto, movimento não significa necessariamente em deslocamento. Alguns animais
sésseis conseguem se movimentar sem se deslocar. Para isso, precisamos voltar às ideias
de metabolismo, alimentação e processos de digestão. É a glicose, transformada em
energia, que se traduz em movimento. Esse movimento pode ser o movimento da célula
ou de estruturas.

Relação superfície-volume

Animais pequenos utilizam cílios e flagelos para se movimentar, estruturas celulares cuja
superfície é maior que o volume. Já os animais grandes precisam de musculatura para se
movimentar.

Movimentação celular

As células conseguem se movimentar por meio de correntes citoplasmáticas, ou se


utilizando do citoesqueleto de actina e miosina. Amebas, leucócitos, amebócitos e
células musculares utilizando da actina e miosina para se movimentar.

626
Actina e miosina amebas

Movimento ciliar e flagelar

Algumas células utilizam de cílios e flagelos para se movimentar. Estas são estruturas
internas idênticas, com o objetivo de locomoção celular. A diferença entre ambos está no
tamanho, número de estruturas e padrões de batimentos. Os flagelos geralmente são
maiores e em menor quantidade, dispostos em locais específicos das células. Já
os cílios costumam ser pequenos, em grandes quantidades, dispersos por toda a
extensão da membrana da célula. Além disso, os cílios movem o animal paralelamente à
superfície, enquanto os flagelos ajudam a célula a se movimentar em fluido, como se
estivesse “nadando”. Um belo exemplo de célula flagelada é o espermatozóide, além de
diversos protozoários.

Musculatura

Entrando no estudo dos animais bilaterais, com tecido muscular, precisamos entender
como se dá a contração da célula muscular (miócito). Os grupos musculares
geralmente estão associados a placas nervosas, chamadas de junção neuromuscular.
Essa junção conecta a fibra muscular ao neurônio motor. Quando ocorre um estímulo
nervoso, com liberação de cálcio e ATP, ocorre um deslizamento dos filamentos de actina
sobre os filamentos de miosina, causando a contração da fibra muscular. Essa contração,

627
inclusive, pode ser voluntária ou involuntária. A contração voluntária geralmente se dá
na musculatura estriada esquelética, enquanto a contração involuntária se dá nas
musculaturas lisas.

Contração muscular

Após o gasto de ATP, o sarcômero se encurta. Um conjunto de sarcômeros se


encurtando em conjunto, encurta a fibra muscular, causando a contração daquele
músculo. Essa contração pode causar o movimento de um osso, ou movimento do corpo.

Imagem: Infoescola

Musculatura circular

Alguns animais, como os anelídeos, utilizam de musculatura circular. Essa musculatura


circular se contrai, estreitando o canal do corpo do animal, e relaxa, aumentando o
diâmetro. Essa contração circular é utilizada também em esfíncteres, além de causar
um jato-propulsão em animais aquáticos, como as medusas e lulas.

628
Esses animais podem também utilizar-se da musculatura longitudinal, que encurta ou
dobra o próprio corpo, a fim de se locomover em linha reta. É outro tipo de contração
muscular utilizada pelos anelídeos, além de platelmintos, para se movimentar.

Movimentação associada à esqueletos

Alguns animais conseguiram, por meio dos processo evolutivos, desenvolver um tipo
de esqueleto hidráulico, que permite o movimento por meio de pressões hidráulicas. É
o caso dos cnidários, anelídeos, blastocelomados e moluscos.

Esqueleto hidráulico das aranhas

Aranhas possuem um exoesqueleto rígido. No entanto, o movimento das suas pernas se


dá por um mecanismo hidráulico. Na imagem acima vemos uma demonstração disso. Ao
injetar líquido no corpo de uma aranha morta, suas pernas se abrem, pela expansão do
líquido. Ao puxar o líquido da seringa, suas pernas se fecham, devido à pressão negativa
no interior dos membros.

Imagem: Mashable Sea

629
Outros animais já desenvolveram esqueletos rígidos, geralmente formados a partir de
calcificação de tecidos cartilaginosos. Os artrópodes e alguns moluscos (conchas)
desenvolveram uma forma de exoesqueleto. No entanto, o exoesqueleto, por ser rígido,
muitas vezes não suporta o crescimento do organismo, sendo necessário que esses
bichos realizem mudança de exoesqueleto de tempos em tempos (ecdise). Os cordados
vertebrados possuem esqueletos rígidos internos (endoesqueletos). Esse esqueleto serve
para moldar o corpo e sustentar a musculatura.

Musculatura dos vertebrados

Os vertebrados possuem três tipos de tecido muscular: estriado esquelético, estriado


cardíaco e liso. A musculatura estriada esquelética é uma musculatura associada ao
esqueleto, e tem movimento voluntário, associada às junções neuromusculares.
A musculatura estriada cardíaca é a musculatura presente no coração e nos vasos
arteriais, também involuntária. A musculatura lisa é encontrada nas vísceras, como
bexiga e intestino. É uma musculatura involuntária, controlada não por junções
neuromusculares (não é controlada por neurônios motores que saem da medula) mas
sim pelo sistema nervoso autônomo simpático e parassimpático. O controle das
musculaturas lisas se dá, além da via neural, principalmente pela via hormonal,
respondendo à acetilcolina e à norepinefrina/noradrenalina.

630
Sistema Nervoso Comparado
Sistema nervoso e hormonal comparado dos animais

Os processos fisiológicos dos animais precisam ser controlados e integrados. O controle


e integração nervosa se dá por um efeito localizado e rápido, enquanto o controle e
integração hormonal é sistêmico.

Sistema nervoso

Os sistemas nervosos possuem componentes básicos muito semelhantes para todos os


animais triploblásticos. O neurônio é a unidade básica de todos os sistemas nervosos. O
neurônio possui corpo celular, dendritos e axônios. Os dendritos são responsáveis pela
percepção de estímulos químicos e elétricos, transmitindo esses impulsos nervosos
pelo corpo celular até os axônios, que são responsáveis pela transmissão do impulso.

631
Morfologia do neurônio

Imagem: César Sezar Caldini

Na fenda do axônio, são liberados neurotransmissores, capazes de estimular ações nos


tecidos, como o tecido muscular por exemplo. Além disso, o neurônio pode repassar o
impulso para outro neurônio, criando entre eles uma fenda sináptica, onde um neurônio
libera neurotransmissores que irão transmitir o impulso para os dendritos do próximo
neurônio.

632
Ilustração de uma sinapse entre dois neurônios

imagem: Mais Soja

Velocidade de condução dos impulsos

Em alguns vertebrados, os neurônios podem possuir bainhas de mielina, os chamados


nós de Ranvier, que aceleram bastante a condução do impulso elétrico.

Bainha de Mielina

633
Um conjunto de corpos celulares forma gânglios nervosos. E o conjunto de axônios
forma os nervos. Nosso cérebro, por exemplo, é um “grande gânglio nervoso”.

Sistemas nervosos comparados

Poríferos não possuem sistema nervoso, esse sistema só surge nos cnidários.
Os cnidários possuem sistema nervoso difuso em rede, ou seja, seus neurônios são
dispostos em forma de rede, sem formar gânglios. A partir dos platelmintos, até os
cordados, todos possuem um sistema nervoso centralizado, com gânglio cerebral, isto é,
com um agrupamento de neurônios em algum local do corpo, formando um “cérebro”.

Sistema nervoso e hormonal

No sistema nervoso, os impulsos são repassados de um neurônio para outro. No sistema


endócrino, glândula secretam hormônios no sistema circulatório, que são transportados
pelo corpo até o sítio de ação desejado, em outro tecido do organismo. O sistema
hormonal funciona de forma mais lenta, porém sistêmica.

Sistema hormonal dos vertebrados

No cérebro existe uma estrutura chamada de hipotálamo, que controla a secreção de


hormônios da hipófise (ou glândula pituitária). A hipófise é uma glândula dominante do
sistema endócrino, responsável pela regulação de quase todas as outras glândulas do
organismo. A hipófise é dividida em neuro-hipófise e adeno-hipófise. A neuro-hipófise é
responsável pelo armazenamento e liberação de hormônios produzidos em neurônios.
A adeno-hipófise é responsável pela produção e liberação de diversos hormônios na
corrente sanguínea. O hormônio antidiurético (ADH) afeta os néfrons,a ocitocina afeta o
útero, a prolactina afeta as mamas, o ACTH afeta as suprarrenais, FSH e LH afetam os
ovários, o TSH afeta a tireóide

634
Adeno-hipófise

Regulação endócrina dos invertebrados

A regulação endócrina dos invertebrados é feita por órgãos chamados de neuro-hemais,


geralmente associados às estruturas vasculares dos animais, por onde os hormônios são
distribuídos. Os órgãos neuro-hemais podem controlar diversos processos fisiológicos,
como reprodução, metabolismo, muda, pigmentação, dentre outros.

Os hormônios dos invertebrados se diferem muito dos hormônios dos vertebrados. A


maioria desses hormônios são fundamentais para os processos de crescimento, muda,
fase de pupa e metamorfose. Aparentemente, os hormônios são iguais para
hemimetábolos e holometábolos. Nesse organismos, a ecdisona é responsável pela
regulação do processo de muda (ecdise), e o hormônio juvenil ajuda esses organismos
a manter as características de ninfa até chegar o momento de atingir sua forma adulta
final.

635
Hormônios dos invertebrados

Genética
1º Lei de Mendel
A Primeira Lei de Mendel ou Lei da Segregação dos Fatores determina que cada
característica é condicionada por dois fatores que se separam na formação dos gametas.

A segregação é consequência da localização dos genes nos cromossomos e do


comportamento desses durante a formação dos gametas, através do processo de
meiose.

O monge Gregor Mendel realizou seus estudos com objetivo de compreender como as
diferentes características eram transmitidas de uma geração para outra.

Experimentos com Ervilhas

Gregor Mendel conduziu seus experimentos utilizando ervilhas pelos seguintes motivos:

 Planta de fácil cultivo e desenvolvimento em curto período;

636
 Produção de muitas sementes;
 Rápido ciclo reprodutivo;
 Facilidade de controlar a fecundação das plantas;
 Capacidade de realizar autofecundação.

Os seus experimentos analisaram sete características das ervilhas: cor da flor, posição da
flor no caule, cor da semente, textura da semente, forma da vagem, cor da vagem e
altura da planta.

Ervilhas e as
características estudadas por Gregor Mendel em seus experimentos genéticos

Ao observar a cor das sementes, Mendel percebeu que a linhagem de sementes amarelas
sempre produziam 100% dos seus descendentes com sementes amarelas. E o mesmo
acontecia com as sementes verdes.

As linhagens não apresentavam variações, constituindo linhagens puras. Ou seja, as


linhagens puras mantinham suas características ao longo das gerações.

Os achados de Gregor Mendel são considerados o marco inicial para os estudos


genéticos. A sua contribuição para a área foi imensa, o que levou a ser considerado o
"pai da Genética".

Cruzamentos

637
Como estava interessado em saber como as características eram passadas de uma
geração para outra, Mendel realizou outro tipo experimento.

Dessa vez, realizou o cruzamento entre linhagens puras de sementes amarelas e


sementes verdes, o que constituiu a Geração Parental.

Como resultado desse cruzamento, 100% das sementes eram amarelas - Geração F1.

Mendel concluiu que a semente amarela apresentou dominância sobre a semente verde.
Surgia, assim, o conceito de genes dominantes e recessivos na genética.

Como todas as sementes geradas eram amarelas (Geração F1), Mendel realizou a
autofecundação entre elas.

Os resultados surpreenderam Mendel, na nova linhagem (Geração F2) surgiram


novamente as sementes verdes, na proporção 3:1 (amarelas:verdes). Ou seja, foi
observado que a cada quatro plantas, três apresentavam a característica dominante e
uma a característica recessiva.

Cruzamento
s da Primeira Lei de Mendel

Mendel concluiu que a cor das sementes era determinada por dois fatores: um fator para
gerar sementes amarelas, que é dominante, e outro fator para gerar sementes verdes,
recessivo.

Assim, a 1ª Lei de Mendel pode ser enunciada como a seguir:

638
“Todas as características de um indivíduo são determinadas por genes que separam-se,
durante a formação dos gametas, sendo que, assim, pai e mãe transmitem apenas um
gene para seus descendentes”.

Primeira e Segunda Lei de Mendel

A Primeira Lei de Mendel diz que cada característica é condicionada por dois fatores que
se separam na formação dos gametas.

Nesse caso, Mendel estudou apenas a transmissão de uma única característica. Por
exemplo, cruzou sementes amarelas com sementes verdes.

A Segunda Lei de Mendel baseia-se na transmissão combinada de duas ou mais


características. Por exemplo, ele realizou cruzamentos de sementes verdes e rugosas com
sementes amarelas e lisas.

Em conjunto, as Leis de Mendel explicam como as características hereditárias são


transmitidas de uma geração à outra.

Por meio dos estudos de cruzamento de plantas com características diferentes foi
possível comprovar que as mesmas mantém sua integridade ao longo das gerações.

Heredogramas
Heredogramas são representações do mecanismo de transmissão das características
dentro de uma família. Em outras palavras, são usados diagramas para representar as
relações de parentesco onde cada indivíduo é representado por um símbolo.

Por meio dos heredogramas fica mais fácil identificar os tipos de herança genética e as
probabilidades de uma pessoa apresentar uma característica ou doença hereditária.

Como Fazer um Heredograma?

Para montar um heredograma são utilizados símbolos específicos que representam a


genealogia familiar. Ou seja, as relações de parentesco e as características presentes na
família. Observe alguns símbolos mais comuns utilizados em heredogramas no quadro a
seguir.

639
A partir do heredograma é possível conhecer certos padrões ao longo das gerações,
determinando a probabilidade de uma certa característica se expressar e o tipo de
herança genética que condiciona essa característica.

Exemplo de Heredograma

Nos heredogramas cada linha representa uma geração. No modelo abaixo há três: na
geração I há um casal, na geração II estão os seus filhos e na geração III os seus netos.

A característica representada nesse caso é o lobo da orelha preso ou solto, considerando


que no casal da primeira geração no homem é preso e na mulher é solto (veja fotos). O
casal teve três filhos: um homem (nº2) e duas mulheres (nº3 e nº4), sendo que o homem
e a mulher 4 são iguais à mãe, e a mulher 3 é igual ao pai.

640
Modelo de
Heredograma

O filho (nº2) se casou com uma mulher (nº1) que tem lobo da orelha preso e tiveram três
filhos, uma mulher (nº1) e dois homens (nº 2 e nº3). Todos iguais à mãe. Enquanto a filha
(nº4) casou com um homem (nº5) igual a ela com lobo da orelha solto e tiveram 2 filhos
iguais (nº 4 e 5) e 3 filhos diferentes, ou seja, com lobo da orelha preso (nº6,7 e 8).

Como Interpretar esse Heredograma?


A primeira coisa a ser identificada em um heredograma é se a herança é dominante ou
recessiva. Mas como saber isso?

Uma forma de tentar perceber esse dado é observando se há casais com a mesma
característica que têm filhos diferentes. Isso é um indício de que a característica não
presente no filho é determinada por genes recessivos.

641
Interpretação do
heredograma. Observe os filhos diferentes dos pais

Se observarmos na geração III veremos que há filhos diferentes (nº6,7 e 8) dos pais (II-
nº4 e 5) que são iguais. Portanto, esse é um indício de que esses indivíduos da geração III
sejam homozigotos recessivos, sendo os seus genes representados por aa.

Interpretação do
heredograma. Definição do genótipo da família a partir dos filhos recessivos

Dessa forma, sendo os filhos homozigotos recessivos (aa), os pais devem


ser heterozigotos dominantes (Aa), uma vez que possuem outros filhos com a
característica dominante (nº4 e 5). Para eles, no entanto, não é possível determinar se são
homozigotos (AA) ou heterozigotos (Aa), pois as duas formas seriam possíveis ao
combinar os genes do pai e da mãe. Na dúvida, eles são representados por A_.

642
Interpretação do
heredograma. Definição do genótipo familiar

A partir dessa parte da família é possível inferir o genótipo de todos os representantes,


seguindo a premissa de que o lobo da orelha preso é uma característica recessiva e
lobo da orelha solto é uma característica dominante.

Alelos Letais
Alguns alelos, formas alternativas de um mesmo gene, causam a morte de seus
portadores e, por isso, são chamados de letais. Os alelos letais podem ser completos,
quando matam seus portadores antes da idade reprodutiva, ou semiletais, quando os
portadores sobrevivem além da idade reprodutiva.
→ Como os alelos letais foram descobertos?
Os alelos letais, como muitas informações importantes das ciências, foram descobertos
ao acaso. Um geneticista, Lucien Cuenot, estudava a cor da pelagem em camundongos
em 1904 quando percebeu que era impossível conseguir linhagem pura desses animais
com fenótipo amarelo.
Diante desses resultados, o geneticista resolveu realizar alguns cruzamentos-teste.
Nesses cruzamentos, ele utilizou dois indivíduos amarelos, e o resultado sempre era 2/3
de camundongos amarelos e 1/3 de camundongos cinza.

643
Ao observar a proporção de 2:1, Cuenot percebeu que indivíduos homozigóticos para a
pelagem amarela não se desenvolviam e que o alelo condicionante provavelmente era
letal. Sendo assim, todo camundongo amarelo deveria ser obrigatoriamente
heterozigoto.
Para ter certeza de sua descoberta, o geneticista resolveu testar sua hipótese. Para isso,
cruzou um camundongo amarelo com um camundongo cinza e obteve metade dos
descendentes amarelos e a outra metade cinza. Esse resultado confirmou, então, sua
teoria.
→ Exemplos de alelos letais
Existem diversos casos de alelos que, em homozigose, causam a morte do indivíduo,
inclusive na espécie humana. Um desses alelos é responsável pela Tay-Sachs, isto é, uma
doença neurodegenerativa que provoca degeneração física e mental intensa e
normalmente ocasiona a morte do indivíduo antes dos cinco anos de vida.
Além da doença de Tay-Sachs, a acondroplasia também é um exemplo de problema
desencadeado por um alelo letal. Se os alelos para acondroplasia, que são dominantes,
aparecerem em homozigose, o embrião morrerá antes mesmo do nascimento. Se o alelo
aparecer em dose simples, ocorrerá o nanismo.
Podemos citar ainda a fibrose cística, que é causada por um gene autossômico recessivo.
O gene causador dessa doença afeta as glândulas exócrinas, o que desencadeia
problemas na produção de secreções, que se tornam espessas e apresentam-se em
maior quantidade, afetando o desenvolvimento de alguns órgãos, como os pulmões.
Podemos citar ainda casos de genes letais que ocorrem em outros organismos, como é o
caso de plantas. No milho, por exemplo, podem nascer plantas homozigóticas recessivas
completamente desprovidas de clorofila. Sem esse pigmento, as plantas não realizam
fotossíntese e, consequentemente, morrem.

Dominâ ncia Incompleta e Co-Dominâ ncia


Quando falamos em dominância e recessividade, logo nos lembramos de situações
em que um alelo domina em relação a outro, expressando-se mesmo quando em
heterozigose. Entretanto, nem sempre a dominância ocorre dessa forma. A seguir,
vamos diferenciar a dominância completa, a dominância incompleta e a codominância.

644
→ Dominância completa

A dominância completa é aquela mais simples, em que um alelo suprime a


manifestação de outro quando em heterozigose. Isso faz com que o fenótipo de um
indivíduo em heterozigose seja igual ao fenótipo de um indivíduo homozigoto
dominante.

O exemplo mais clássico de dominância é o albinismo, uma desordem genética em que


se observa um defeito na produção de melanina, pigmento responsável pela cor da pele
e dos pelos. O alelo A determina a produção de melanina, e o alelo a define a sua não
produção. Indivíduos Aa produzem melanina, assim como indivíduos AA. Somente
indivíduos aa não produzem melanina, sendo, portanto, albinos.

→ Dominância incompleta

Na dominância incompleta, os alelos expressam-se em heterozigose, porém o


fenótipo produzido é intermediário, uma vez que nenhum é completamente
dominante. Enquanto na dominância completa o fenótipo é igual ao do homozigoto
dominante, na dominância incompleta, expressa-se um fenótipo completamente distinto
dos homozigotos.

Na planta conhecida como boca de leão, por exemplo, o alelo B determina a cor
vermelha, e o b determina a cor branca. Os indivíduos BB são vermelhos e os indivíduos
bb são brancos. Em organismos Bb, no entanto, não temos indivíduos vermelhos, e sim
indivíduos de coloração rosa, com menos pigmento que os homozigotos dominantes.

→ Codominância

A codominância ocorre quando os dois alelos expressam-se em heterozigose e,


diferentemente da dominância incompleta, não é formado um fenótipo
intermediário. Nesse caso, o fenótipo apresenta características dos dois alelos, que
estão ativos e independem um do outro.

O exemplo mais conhecido de codominância é o sistema ABO, que apresenta três


alelos envolvidos (IA, IB e i). Existe uma relação de dominância entre os alelos I A e i, e IB e i,
entretanto, entre IA e IB essa relação não é observada. Os genótipos I Ai e IAIA determinam o
sangue A, os genótipos IBi e IBIB determinam sangue B, e o ii determina o sangue O.
Quando o indivíduo apresenta sangue I AIB, o sangue é AB, pois os dois alelos expressam-
se, não existindo relação de dominância entre eles.

645
Alelos Mú ltiplos
Os alelos múltiplos ou polialelia ocorrem quando os genes apresentam mais de duas
formas alélicas.

No caso dos alelos múltiplos, três ou mais alelos estão presentes na determinação de
um caráter da população.

Lembre-se, um alelo é cada uma das várias formas alternativas do mesmo gene que
ocupa um locus no cromossomos e atuam na determinação do mesmo caráter.

Os indivíduos diploides sempre apresentam dois alelos de cada gene. Um de origem do


pai e o outro da mãe.

Quando um locus no cromossomo pode ser ocupado por uma série de alelos múltiplos,
aumenta-se a variabilidade genética da população. Isto porque, a quantidade de
combinações possíveis entre os alelos para cada locus passa a ser maior.

Como os alelos múltiplos surgem na população?

Os alelos múltiplos são resultado do processo de mutação que ocorre nos genes.

Casos de Alelos Múltiplos

Cor da pelagem de coelhos


Para a determinação da cor da pelagem de coelhos podemos observar a manifestação
genética de quatro genes alelos.

Como os alelos ocorrem aos pares nos indivíduos, há 10 tipos possíveis de genótipos em
coelhos quanto a esse gene, e 4 tipos de fenótipos:

Genótipos e Fenótipos na cor da pelagem em coelhos

Genótipos Fenótipos

CC, ccch, Cch, Cc Selvagem

646
Genótipos e Fenótipos na cor da pelagem em coelhos

Genótipos Fenótipos

cchcch, cchch e cchc Chinchila

chch e chc Himalaia

cc Albino

O gene C é dominante sobre todos os outros três, o C ch, dominante em relação ao


himalaia e ao albino.

Heranças de grupos sanguíneos na espécie humana


Um exemplo de polialelia nos humanos refere-se ao gene que determina os grupos
sanguíneos do sistema ABO.

Sistema ABO
O Sistema ABO representa um grupo sanguíneo importante na determinação da
compatibilidade entre os tipos de sangue.

A descoberta do sistema ABO aconteceu em 1901 e deve-se ao médico Karl Landsteiner


(1868 - 1943). Ele e sua equipe perceberam que quando alguns tipos de sangue eram
misturados ocorria a aglutinação das hemácias, o que é chamado de incompatibilidade
sanguínea.

Desse modo, foi verificado que existiam alguns tipos sanguíneos, os quais foram
denominados de A, B, AB e O. Daí surgiu o sistema ABO.

A determinação dos tipos sanguíneos é uma condição genética, constituindo um caso de


alelos múltiplos, determinada por três alelos: I A, IB, i.

Tipos sanguíneos

647
Existem quatro tipos de sangue: A, B, AB e O. Cada um deles é determinado pela
presença ou ausência de aglutinogênios e aglutininas:

 Os aglutinogênios são antígenos encontrados na superfície das hemácias. Existem dois


tipos de aglutinogênios: A e B.
 As aglutininas são anticorpos presentes no plasma sanguíneo e existem em dois tipos:
anti-A e anti-B.

Transfusões sanguíneas
As aglutininas reagem com os antígenos, daí a importância de reconhecer os tipos
sanguíneos no momento de uma transfusão. Para que ocorra de forma correta deve
existir compatibilidade entre as hemácias do doador e o plasma do receptor, ou seja, as
aglutininas não devem reagir contra os aglutinogênios.

A incompatibilidade sanguínea em casos de transfusões causa a aglutinação das


hemácias, ou seja, formam-se aglomerados como se fossem coágulos. Essa situação
resulta no entupimento dos capilares sanguíneos, comprometendo a circulação
sanguínea.

Por exemplo, uma pessoa com sangue do tipo A ao doar sangue para outra pessoa do
tipo B provoca a aglutinação das hemácias devido a presença do anti-A.

648
O mesmo acontece em um indivíduo com sangue tipo B, ele apresenta hemácias com
antígenos B e anticorpos anti-A, rejeitando o sangue tipo A.

Compatibilidade entre os tipos


sanguíneos

Os quadros de incompatibilidade sanguínea são considerados graves e podem levar a


sérias complicações de saúde e até a morte. Por isso, uma pessoa que recebeu um tipo
de sangue incompatível com o seu durante uma transfusão deve receber imediato
atendimento médico.

Sistema Rh e Tipagem Sanguínea


O fator Rh é um sistema de grupos sanguíneos, descoberto a partir do sangue do
macaco Rhesus. Ele indica se o sangue é positivo ou negativo.

Descoberta do fator Rh

O fator Rh foi descoberto em 1940, pelos cientistas Landsteiner e Wiener, através de


experimentos envolvendo coelhos e macacos do gênero Rhesus, daí a origem do nome
do fator Rh.

Eles descobriram que ao injetar o sangue do macaco nos coelhos, começava a produção
de anticorpos para combater as hemácias que foram introduzidas. Esses anticorpos

649
foram denominados de anti-Rh e eram os responsáveis por aglutinar as hemácias do
macaco Rhesus.

Em testes com o sangue humano, as pesquisas demostraram que determinados tipos de


sangue possuem ausência do fator Rh, uma vez que os indivíduos que apresentaram as
hemácias aglutinadas pelo anticorpo Rh.

Descoberta
do fator Rh

Assim, surgiu a classificação como Rh positivas (Rh+), enquanto que as hemácias que não
se aglutinaram, foram classificadas como Rh negativas (Rh-).

Assim, nem todas as pessoas possuem o antígeno Rh. Para saber se uma pessoa possui
Rh+ ou Rh-, é realizado um exame no qual se mistura o amostra de sangue em uma
solução de Rh. Se ocorre aglutinação das hemácias, o sangue é do tipo Rh+, se não
ocorrer é porque a pessoa é Rh-.

Genética do fator Rh

A determinação do sistema Rh é feita por um par de alelos com dominância completa,


sendo o alelo R o dominante e o alelo r recessivo.

Assim, os genótipos do fator Rh são os seguintes:

650
Genética do Fator Rh

Fator Rh Hemácias Genótipo

Rh+ Antígeno Rh RR ou Rr

Rh- Sem antígeno Rh rr

Fator Rh na gravidez

Eritroblastos
e fetal

É importante reconhecer o fator Rh no momento de transfusões sanguíneas. Por


exemplo, uma pessoa com Rh- não deve entrar em contato com o sangue Rh+.

Isso ocorre porque o organismo tentará destruir as substâncias não conhecidas presente
no sangue recebido.

Existe também risco de problemas de incompatibilidade sanguínea durante a gravidez.


Considere uma mulher com Rh- grávida de uma bebê com Rh+, nesse caso, as hemácias
do bebê, vistas como um agente estranho, poderão ser destruídas pelo sistema de defesa
do organismo da mãe.

651
Essa condição é conhecida por eritroblastose fetal e pode causar a morte do bebê
durante a gestação ou depois do nascimento.

No conjunto de Rh não haverá anticorpos anti-Rh já prontos no plasma. Esses anticorpos


só são produzidos se uma pessoa Rh- acabar recebendo sangue de uma pessoa Rh+.

Grupos sanguíneos

Os tipos ou grupos sanguíneos foram descobertos no início do século XX, ao misturar


amostras de sangues de diversas pessoas. Observou-se que em alguns casos as hemácias
se aglutinavam, concluindo que existiam diferentes tipos de sangue com reações entre
eles indicando a incompatibilidade.

Os mais importantes tipos sanguíneos da espécie humana são o Sistema ABO e o Fator
Rh.

No Sistema ABO existem quatro tipos de sangue: A, B, AB e O. Cada um deles é


determinado pela presença ou ausência de aglutinogênios e aglutininas.

A incompatibilidade sanguínea pode ocorrer as aglutininas reagem com os antígenos.


Assim, é importante reconhecer os tipos sanguíneos no momento de uma transfusão.

Confira a tabela de compatibilidade entre os tipos sanguíneos:

652
Eritroblastose Fetal
A eritroblastose fetal, ou doença hemolítica do recém-nascido (DHRN), é causada
pela incompatibilidade sanguínea entre mãe e feto relacionada ao fator Rh, que é
determinado pela presença do antígeno Rh nas hemácias. Essa doença pode ocorrer
quando a mãe não apresenta o fator Rh (nesse caso, chamado de Rh-) e o filho
apresenta o fator Rh (chamado de Rh+).
Eventualmente, pode haver uma pequena passagem de sangue fetal para o organismo
da mãe por causa do rompimento de capilares presentes na placenta, principalmente na
hora do parto, o que estimulará a produção de anticorpos contra o antígeno
Rh presente no sangue do feto. Como essa produção é lenta, no caso de ser uma
primeira gestação, a criança pode não ser afetada.
Em uma segunda gestação de uma criança Rh +, a mãe que já foi sensibilizada ao final da
primeira gravidez apresenta os anticorpos no sangue, que atravessam a placenta,
penetram na circulação fetal e causam a destruição das hemácias. Em seguida, os órgãos

653
produtores de sangue do feto lançam na corrente sanguínea hemácias ainda jovens,
denominadas eritroblastos.
Essa doença também pode ocorrer em casos em que a mãe de fator Rh - recebe sangue
Rh+ em uma transfusão sanguínea. Assim, em gestações de fetos Rh +, há o risco de
desenvolvimento de eritroblastose.
Complicações
Ao nascer, a criança com essa doença apresenta anemia e icterícia. A icterícia é causada
pelo acúmulo de bilirrubina – um pigmento amarelo produzido a partir da hemoglobina
da hemácia destruída – nos tecidos, o que deixa o bebê com a pele amarelada. Esse
pigmento também pode acumular-se no cérebro e, assim, causar surdez e problemas
mentais. A eritroblastose fetal pode levar também ao aborto espontâneo.

Tratamento
Após o nascimento da criança, realiza-se a troca gradativa de seu sangue por sangue
Rh-, pois as hemácias desse tipo de sangue não são destruídas pelos anticorpos da mãe
presentes em seu corpo. Com o passar do tempo, os anticorpos são eliminados e novas
hemácias Rh+ são produzidas, substituindo gradativamente as Rh -.
Prevenção
A prevenção da eritroblastose fetal inicia-se com a realização de exames de tipagem
sanguínea dos pais, antes mesmo do início da gestação, para que se possa verificar a
possibilidade de a mãe de Rh - gerar uma criança de Rh+. Havendo essa possibilidade,
entre a 28ª semana e a 30ª semana de gestação, ou até 72 horas após o parto, a mãe
deve receber injeção de anticorpos anti-Rh. Esses anticorpos destroem
as hemácias Rh+ deixadas pelo feto no organismo materno. Com o passar do tempo,
esses anticorpos também são eliminados, deixando o organismo materno pronto para
uma nova gestação.

2º Lei de Mendel
A Segunda Lei de Mendel ou Lei da Segregação Independente baseia-se na
transmissão combinada de duas ou mais características.

654
Mendel iniciou os estudos com ervilhas acompanhando a expressão de genes de modo
isolado. Esse fato deu origem a Primeira Lei de Mendel.

Posteriormente, Mendel começou a estudar a segregação de dois genes


simultaneamente. Por exemplo, ele realizou cruzamentos de sementes verdes e rugosas
com sementes amarelas e lisas.

O objetivo de Mendel era descobrir se essas características estavam relacionadas, ou seja,


uma semente amarela necessariamente precisa ser lisa?.

Para responder essa questão, Mendel realizou cruzamentos para analisar a transmissão
de características relacionadas a cor e a textura das sementes.

A 2ª Lei de Mendel conclui que os genes de dois ou mais caracteres são transmitidos aos
gametas de forma independente.

Experimento com Ervilhas

Mendel realizou o cruzamento entre sementes amarelas e lisas com sementes verdes e
rugosas (Geração Parental). O acompanhamento simultâneo de dois pares de genes
alelos se chama diibridismo.

As sementes amarelas e lisas têm genótipo VVRR e só possuem a possibilidade de formar


gametas VR.

As sementes verdes e rugosas têm genótipo vvrr e só possuem a possibilidade de formar


gametas vr.

 O alelo V condiciona ervilhas amarelas;


 O alelo v condiciona ervilhas verdes;
 O alelo R condiciona ervilhas lisas;
 O alelo r condiciona ervilhas rugosas.

O cruzamento entre as duas sementes resultou em 100% de sementes amarelas e lisas


(Geração F1). Então, Mendel realizou a autofecundação entre as sementes da Geração F1.

655
Genótipos do cruzamento entre ervilhas amarelas lisas e verdes rugosas

A geração F2 é constituída pela seguinte proporção fenotípica: 9 amarelas e lisas, 3


amarelas e rugosas; 3 verdes e lisas; 1 verde e rugosa.

Mendel concluiu que a herança da cor era independente da herança de textura.

Como resultado, a 2ª Lei de Mendel pode ser enunciada da seguinte maneira:

“Os fatores para duas ou mais características segregam-se no híbrido, distribuindo-se


independentemente para os gametas, onde se combinam ao acaso”.

656
Interaçã o Gênica
A interação gênica ocorre quando dois ou mais genes, localizados ou não no mesmo
cromossomo, interagem e controlam uma característica.

Muitas características dos seres vivos resultam da interação de vários genes.

Casos de Interações Gênicas

1. Interação gênica epistática


Também chamada de epistasia.

Ocorre quando uma característica é condicionada por dois ou mais genes, mas um dos
alelos impede a expressão de outro.

Neste caso, temos dois tipos de genes: o gene epistático, que exerce a ação inibitória e
o gene hipostático, que sofre a inibição.

Com base nesses dois tipos de genes, a epistasia pode ser:

 Epistasia Dominante: quando a presença de um único alelo epistático for suficiente


para causar a inibição.

Exemplo: Determinação da coloração da pelagem de galinhas

Genótipos e Fenótipos - Pelagem de Galinhas

Genótipos Fenótipos

C_ii Coloridas

C_I; ccI_;ccii Brancas

O alelo C condiciona pelagem colorida. O alelo c condiciona a pelagem branca.

Enquanto isso, o alelo I impede a pigmentação. O alelo I é o gene epistático e comporta-


se como dominante.

Assim, para apresentar a pelagem colorida, as galinhas não podem apresentar o alelo I.

657
 Epistasia Recessiva: quando o alelo que determina a epistasia atuar somente em dose
dupla.

Exemplo: Determinação da coloração da pelagem de camundongos

Genótipos e Fenótipos - Pelagem em Camundongos

Genótipos Fenótipos

A_P_ Aguti

aaP_ Preto

A_pp ou aapp Albino

O alelo P condiciona pelagem aguti. O alelo A permite a expressão de P e p.

O alelo a é epistático e sua presença em dose dupla determina a ausência de pigmentos,


caráter albino.

2. Interação gênica não epistática


Ocorre quando dois ou mais genes interagem para expressar uma determinada
característica, mas nenhum alelo impede a expressão do outro.

Exemplo: Determinação da crista em galináceos

As combinações entre os diferentes alelos podem produzir quatro tipos de crista: rosa,
ervilha, noz e simples.

Genótipos e Fenótipos - Cristas de Galinhas

Genótipos Fenótipos

R_E_ Noz

R_ee Rosa

rrE_ Ervilha

658
Genótipos e Fenótipos - Cristas de Galinhas

Genótipos Fenótipos

rree Simples

3. Herança Quantitativa ou Poligenia


Ocorre quando dois ou mais pares de alelos somam ou acumulam seus efeitos, o que
permite uma série de fenótipos diferentes entre si.

Em geral, as características podem sofrer a ação de fatores do ambiente.

São exemplos de Herança Quantitativa: a determinação da cor da semente do trigo; da


cor dos olhos e da pele humana; e altura e peso da espécie humana.

Interação Gênica e Pleiotropia

A pleiotropia ocorre quando um único gene tem efeito simultâneo sobre várias
características.

Esse gene é denominado de pleiotrópico.

A pleiotropia é um fenômeno inverso à interação gênica.

Epistasia
A epistasia ocorre quando um gene inibe a ação de outro, que pode estar ou não no
mesmo cromossomo. Portanto, ocorre quando um gene mascara a ação de outro.

É um caso de interação gênica, quando dois ou mais genes, localizados ou não no


mesmo cromossomo, interagem e controlam uma característica.

O termo epistasia deriva das palavras gregas epi (sobre) e stasia (inibição), ou seja,
inibição sobre algo.

659
Para que isso ocorra, existem dois tipos de genes:

 Gene epistático: Aquele que exerce a ação inibitória.


 Gene hipostático: Aquele que sofre a inibição.

Na natureza existem vários exemplos de epistasia tanto em animais como vegetais.

Epistasia dominante

A epistasia dominante ocorre quando o gene epistático ocorre em forma simples. Desse
modo, apenas um alelo é capaz de causar a inibição.

Um exemplo ocorre na determinação da coloração da pelagem de galinhas. Enquanto o


alelo C condiciona pelagem colorida, o alelo c condiciona a pelagem branca. Por sua vez,
o alelo I impede a pigmentação, sendo o gene epistático e comporta-se como
dominante.

Assim, para apresentar a pelagem colorida, as galinhas não podem apresentar o alelo I.

A coloração
das galinhas é um caso de epistasia dominante

Epistasia recessiva

660
O alelo que atua na epistasia só se manifesta em forma dupla. Um exemplo é a
determinação da coloração da pelagem de camundongos.

O alelo P condiciona pelagem aguti. O alelo A permite a expressão de P e p. Enquanto, o


alelo a é epistático e sua presença em dose dupla determina a ausência de pigmentos,
caráter albino.

Assim, vemos que somente em dose dupla do alelo a é possível inibir a ação dos outros
alelos.

Outro exemplo é a coloração dos cães labradores, os quais podem apresentar três tipos:
preta, marrom ou dourada. Essas condições são determinadas pelos genes “A” e “B”, da
seguinte forma: o alelo A condiciona cor preta, o alelo B condiciona a cor marrom e os
alelos bb condicionam a cor dourada.

Os alelos bb são epistáticos e condicionam a coloração dourada mesmo na presença dos


alelos A ou a.

Epistasia
recessiva em cães labradores

661
Herança Quantitativa
A herança quantitativa ou poligênica é um tipo de interação gênica. Ocorre quando dois
ou mais pares de alelos somam ou acumulam seus efeitos, produzindo uma série de
fenótipos diferentes entre si.

As características podem ainda sofrer a ação de fatores do ambiente, o que aumenta a


variação fenotípica.

Na herança quantitativa, o número de fenótipos encontrados depende do número de


alelos envolvidos. A quantidade de fenótipos segue esta expressão: número de alelos +
1.

Exemplo: Se houver 4 alelos envolvidos, originam-se 5 fenótipos; Se houver 6 alelos,


originam-se 7 fenótipos. E, assim por diante.

São exemplos de herança quantitativa, as características de altura, peso e cor da pele e


olhos de humanos.

Herança da cor da pele na espécie humana

A cor da pele de humanos segue o padrão da herança quantitativa, em que os alelos de


cada gene somam seus efeitos.

A cor da pele classifica as pessoas em cinco fenótipos básicos: negro, mulato escuro,
mulato médio, mulato claro e branco.

Esses fenótipos são controlados por dois pares de alelos (Aa e Bb).

Os alelos maiúsculos (AB) condicionam a produção de grande quantidade de melanina.


Os alelos minúsculos (ab) são menos ativos na produção de melanina.

Conforme a interação entre esses quatro genes, localizados em cromossomos


homólogos diferentes, temos os seguintes genótipos e fenótipos:

Genótipos Fenótipos

AABB Negro

662
Genótipos Fenótipos

AABb ou AaBB Mulato escuro

AAbb, aaBB ou AaBb Mulato médio

Aabb ou aaBb Mulato claro

aabb Branco

A cor dos olhos de humanos também segue o padrão da herança quantitativa. As


diferentes cores dos olhos são produzidas devido a diferentes quantidades de melanina.

Uma variedade de genes influenciam na produção de melanina e, consequentemente, na


coloração dos olhos.

O que diferencia a herança quantitativa das demais heranças genéticas?

 Variação gradual do fenótipo:

Usando como exemplo a cor da pele, existem dois fenótipos extremos: o branco e o
negro. Entretanto, entre esses dois extremos existem diversos fenótipos intermediários.

 Distribuição dos fenótipos em curva normal ou de Gauss:

Os fenótipos extremos são encontrados em menor quantidade. Enquanto que os


fenótipos intermediários são observados com mais frequência. Esse padrão de
distribuição estabelece uma curva normal, chamada de curva de Gauss.

Herança Sexual
A herança ligada ao sexo refere-se aos genes localizados em cromossomos sexuais que
estão envolvidos na determinação de características.

663
Na espécie humana, o cromossomo sexual masculino Y apresenta poucos genes. Já, o
cromossomo sexual feminino X possui grande quantidade de genes envolvidos na
determinação de várias características.

Os cromossomos XY apresentam pequenas regiões homólogas em suas extremidades.


Assim, praticamente não há recombinação entre os seus genes.

Os genes localizados no cromossomo X que têm alelo correspondente no cromossomo


Y, seguem o padrão da herança ligada ao sexo.

Assim, a herança ligada ao sexo está restrita aos cromossomos sexuais. Enquanto,
a herança autossômica é a que ocorre nos cromossomos autossômicos.

Os tipos de herança ligada ao sexo são:

 Herança ligada ao cromossomo X;


 Herança restrita ao sexo;
 Herança influenciada pelo sexo.

Herança ligada ao cromossomo X

Quando o gene alterado está no cromossomo X. Esse tipo de herança tem o padrão
recessivo.

É a herança materna. Nesse caso, os filhos homens herdam genes do cromossomo X


apenas da mãe. Enquanto, as filhas mulheres herdam um do pai e outro da mãe.

As manifestações vão estar presentes nos machos pois apresentam apenas um


cromossomo X, ou seja, não apresentam nenhum gene normal para aquela característica.

Algumas doenças relacionadas ao cromossomo X


Daltonismo ou cegueira a cores

O daltonismo é a incapacidade de distinguir as cores vermelha e verde. Acomete 5% a


8% dos homens e 0,04% das mulheres.

664
A pessoa daltônica não consegue diferenciar as
cores da imagem

É determinado por um gene recessivo ligado ao sexo, sendo representado pelo alelo X d .
O alelo dominante XD condiciona a visão normal.

Uma mulher só será daltônica se o seu pai for e se a mãe for portadora do alelo
recessivo.

Os homens afetados transmitem o gene a todas as suas filhas, enquanto os filhos não
são afetados.

Existe 50% de chance da mãe portadora passar o gene afetado a um filho ou filha.

Hemofilia

A hemofilia é uma doença hereditária em que há uma falha no sistema de coagulação do


sangue. Os acometidos pela doença apresentam hemorragias abundantes, mesmo em
pequenos ferimentos.

Essa anomalia é condicionada por um gene recessivo X h ligado ao sexo. O seu alelo
dominante XH condiciona a normalidade.

A hemofilia é mais comum nos homens e rara entre as mulheres.

Se um homem hemofílico tiver filhos com uma mulher sem hemofilia (X H XH), os filhos
não terão hemofilia. Porém, as filhas serão portadoras do gene (X H Xh).

Herança restrita ao sexo

665
Esse tipo de herança corresponde aos poucos genes localizados no cromossomo Y,
denominados de genes holândricos. Esses genes são herdados de pai para filho.

Um exemplo de gene holândrico é o SRY, responsável pela diferenciação dos testículos


nos embriões de mamíferos.

Um exemplo de herança restrita ao sexo é a hipertricose, que se caracteriza pela


presença de pelos grossos e longos nas orelhas masculinas.

Herança influenciada pelo sexo

Esse tipo de herança ocorre quando alguns genes expressam-se em ambos os sexos, mas
comportam-se de modo diferente em homens e mulheres.

Um exemplo dessa herança é a calvície. O gene que condiciona essa característica


encontra-se em um alelo autossômico e comporta-se como dominante no homem e
recessivo nas mulheres.

Para a mulher ser calva é necessário que seja homozigota recessiva. Enquanto, o homem
precisa de apenas um alelo dominante.

Essa diferença de comportamento é devido ao ambiente hormonal de cada indivíduo.

Linkage
Linkage ou ligação gênica é a presença de dois ou mais genes em um
mesmo cromossomo. A ligação gênica pode ser classificada em total, quando não ocorre
recombinação gênica, e parcial, quando ocorre. A recombinação gênica é responsável
por gerar, naturalmente, variabilidade genética dentro das espécies.

O que é linkage ou ligação gênica?


Linkage ou ligação gênica é a presença de dois ou mais genes em um mesmo
cromossomo. Esses genes, dependendo da distância em que se encontram uns dos
outros no cromossomo, podem permanecer unidos durante a formação de gametas,
sendo transmitidos em conjunto – o que os diferencia da segunda lei de Mendel, que
apresenta segregação independente – ou podem se separar mediante processos de

666
recombinação gênica (permutação ou crossing-over). A ligação gênica pode ser
denominada de completa, quando não ocorre recombinação gênica, ou parcial, quando
ocorre a recombinação gênica.

Recombinação gênica, permutação ou crossing-over


A recombinação gênica é um processo natural e de grande importância, pois permite o
aumento da variabilidade genética dentro da espécie. Também chamada de permutação
ou crossing-over, ela ocorre durante o processo de divisão
celular denominado meiose, processo esse que ocorre na formação, por exemplo, dos
gametas humanos.

Na recombinação gênica ocorrem quebras nos cromossomos e trocas de pedaços


entre as cromátides homólogas. Essas quebras podem ocorrer em qualquer ponto ao
longo do cromossomo e com igual probabilidade. Assim, quando falamos em genes
ligados, quanto maior a distância entres eles, maior a chance de recombinação gênica,
pois existem muitos pontos possíveis para que ocorra a quebra.

A porcentagem, frequência ou taxa de permutação ou de recombinação entre os


genes é determinada pela porcentagem dos gametas que apresentam novos arranjos
gênicos e varia entre 0% e 50%. Esse valor é também proporcional à distância entre os
gametas no cromossomo e, por convenção, determinou-se que 1% de gametas
recombinantes é igual a uma unidade de recombinação (UR), um morganídeo (em
homenagem ao geneticista Thomas Hunt Morgan) ou centimorgan (cM). Os
descendentes que apresentam os mesmos fenótipos dos pais são denominados de tipos
parentais, já os que apresentam fenótipos diferentes são denominados de tipos
recombinantes.

Uma taxa de recombinação de 8%


corresponde a uma distância de 8 unidades de recombinação.

667
Representação de linkage ou ligação gênica
Uma situação em que ocorra linkage pode ser representada basicamente de duas
formas:
 Cis

Nessa forma, que também é denominada de associação, os alelos dominantes, em um


indivíduo heterozigoto, estarão em um cromossomo e os alelos recessivos estarão no
outro cromossomo.

Na representação cis, os alelos dominantes


encontram-se em um cromossomo, e os recessivos, em outro.

 Trans
Nessa forma, também denominada de repulsão, um alelo dominante e um alelo
recessivo, em um indivíduo heterozigoto, encontram-se em um cromossomo, e um alelo
dominante e um alelo recessivo estão no outro cromossomo.

Na representação trans, há um alelo dominante e


um recessivo em cada cromossomo.

Exemplo de linkage ou ligação gênica


O uso dessa espécie nesse tipo de estudo é vantajoso porque elas apresentam ciclo de
vida curto, número de cromossomos reduzidos e as características hereditárias são
facilmente identificáveis. O cruzamento de uma fêmea de drosófila que apresentava
asas longas (Aa) e olhos normais (Cc) com um macho que possuía asas vestigiais (aa)
e olhos lobados (cc) gerou o seguinte resultado:

668
Morgan, em seus
estudos, utilizou moscas da Drosophila melanogaster para a realização de experimentos.

Como dito anteriormente, os tipos parentais apresentam os mesmos fenótipos dos


pais, assim, asas longas/olhos normais (47,5%) e asas vestigiais/olhos lobados (47,5%)
são os tipos parentais. Os tipos recombinantes, que apresentam fenótipos diferentes,
nesse exemplo são asas longas/olhos lobados (2,5%) e asas vestigiais/olhos
normais(2,5%).
Como a porcentagem, frequência ou taxa de permutação ou de recombinação entre os
genes é determinada pela porcentagem dos gametas que apresentam novos arranjos,
neste exemplo ela será de 5%. Esse valor também determina a distância relativa – neste
caso, a distância é de 5 unidades de recombinação ou 5 morganídeo ou 5 centimorgan.

669
Equilíbrio de Hardy-Weinberg

O equilíbrio de Hardy-Weinberg ou princípio de Hardy-Weinberg permite verificar se


uma população está evoluindo por meio da avaliação da frequência de um alelo em
determinado instante. Se não há mudança nas frequências dos alelos e do genótipo da
população ao longo do tempo, diz-se que a população está em equilíbrio de Hardy-Weinberg.
Alguns fatores que podem atuar alterando a frequência dos alelos são a seleção
natural, mutação, migração e oscilações genéticas.

O que é equilíbrio de Hardy-Weinberg?


A mudança na frequência de um determinado alelo de um gene na população ao longo do
tempo pode ser um indício de que esteja ocorrendo evolução. Quando a população não
apresenta essa alteração, diz-se que ela está em equilíbrio de Hardy-Weinberg, o qual foi
proposto, de forma independente, no ano de 1908, pelo matemático inglês Godfrey Hardy e
pelo médico alemão Wilhelm Weinberg.
Uma população encontra-se em equilíbrio de Hardy-Weinberg quando sobre ela apenas estão
agindo a segregação mendeliana e a recombinação de alelos – não atuando, assim, outros
fatores evolutivos –, e a população não apresenta alteração na frequência de alelos ao
longo das gerações.

670
Uma população em
equilíbrio de Hardy-Weinberg não sofre ação de fatores evolutivos.

Para que ocorra o equilíbrio de Hardy-Weinberg, algumas condições são necessárias, como:

 A população deve ser suficientemente grande;


 Os cruzamentos entre os indivíduos devem ocorrer ao acaso;
 Não pode haver ação de fatores evolutivos, como migração e seleção natural;
 As taxas de mutação dos genes devem ser equivalentes.

Assim, podemos observar que o equilíbrio de Hardy-Weinberg não ocorre em populações reais,
pois essas são constantemente afetadas por diversos fatores evolutivos, como veremos a
seguir.
Fatores que alteram o equilíbrio de Hardy-Weinberg
O equilíbrio de Hardy-Weinberg não ocorre em populações reais, pois elas são afetadas
constantemente por fatores que influenciam as frequências alélicas e genotípicas, o que altera
o seu equilíbrio. Alterações nas frequências alélicas e genotípicas ao longo do tempo levam
à evolução.

671
As mutações
permitem o surgimento de novos alelos nas populações.

Os fatores evolutivos que alteram o equilíbrio de Hardy-Weinberg são:

 Migração: a chegada e a saída de indivíduos podem provocar mudanças nas frequências alélicas e
genotípicas da população, pois genes estão sendo retirados e introduzidos. Assim, os indivíduos que
estão chegando podem apresentar diferentes taxas de determinados genes e afetar as taxas que
estavam presentes na população original.
 Mutação: ocorrem ao acaso, sendo responsáveis pelo surgimento de novos alelos. Por meio delas,
um alelo (A), por exemplo, pode dar origem a um novo alelo (a). Se esse alelo (a) apresentar uma
maior viabilidade, ele será transmitido aos descendentes e se tornará mais frequente na população
que o alelo (A).
 Seleção natural: dentro de uma mesma população, os indivíduos apresentam variações nas suas
características herdáveis. Indivíduos que apresentam características mais adequadas ao ambiente
tendem a produzir uma maior prole do que aqueles sem essas características, que tendem a ser
eliminados.
 Oscilação gênica ou deriva genética: são alterações nas taxas de genes que ocorrem ao acaso, não
por mutação ou pressão seletiva, em populações pequenas.

672

Equação do equilíbrio de Hardy-Weinberg
As frequências genotípicas dentro de uma população podem ser expressas pelo binômio (p +
q)² = 1, que pode ser desenvolvido e representado pela seguinte equação:

p² + 2pq + q² = 1
p = frequência do alelo dominante;

q = frequência do alelo recessivo;

p² = frequência do genótipo homozigoto dominante;

2pq = frequência do genótipo heterozigoto;

q² = frequência do genótipo homozigoto recessivo.


Exemplo de equilíbrio de Hardy-Weinberg
Tomemos como exemplo hipotético uma população com 100 gatos. Dentre eles, 36 são da
cor laranja e homozigotos, 48 são da cor laranja e heterozigotos e 16 são da cor cinza e
homozigotos. Sabe-se que o gene para a cor laranja (C) é dominante sobre o gene para a cor
cinza (c) e que a frequência do gene recessivo na população é de 16%.
Segundo o equilíbrio de Hardy-Weinberg, essa população se cruzará ao acaso e os gametas C
e c serão produzidos sempre na mesma proporção, para manter as frequências dos genótipos
CC, Cc e cc constantes.

De acordo com a equação p² + 2pq + q² = 1, q é a frequência do alelo recessivo. Segundo o


nosso exemplo, q²= 0,16 (16%), assim, q = 0,4. Se p + q = 1, temos:
p + 0,4 = 1

p = 0,6

Diante disso, temos:

Gametas p(C) = 0,6 q(c) = 0,4

p(C) = 0,6 p² (CC)= 0,36 pq(Cc)= 0,24

q(c) = 0,4 pq(Cc)= 0,24 q²(cc) = 0,16

Ainda de acordo com a equação apresentada (p² + 2pq + q² = 1), teremos a seguinte
distribuição de genótipos:

673
CC = 0,36 = 36%

Cc = 0,48 = 48%

cc = 0,16 = 16%

Mutaçõ es Gênicas
Mutações gênicas são alterações que acontecem dentro da estrutura
do DNA, o material hereditário da vida. Quando se pensa em mutação
associa-se imediatamente aos aspectos ruins, mas elas também podem
trazer benefícios e favorecer a adaptação e evolução de determinadas
espécies. As mutações gênicas têm origem de forma espontânea ou
induzida. A primeira acontece em todas as células e se desenvolve na
falta de qualquer agente. A segunda, por sua vez, refere-se aos fatores
físicos ou químicos relacionados com a origem das mutações.

Conceito de Mutação

Mutação é uma modificação brusca que ocorre na estrutura do material


genético, podendo ser transmitida para as suas gerações. Essa
alteração leva, muitas vezes, a uma mudança no fenótipo
(características observáveis) do indivíduo.

Na biologia, o conceito de mutação surgiu no século XX, através das


observações levantadas pelo biólogo Hugo de Vries. Ao fazer uma
avaliação de um determinado grupo de plantas e sua descendência,
Vries entendeu que surgiu características novas que antes não eram
visíveis em seus antepassados.

O biólogo descobriu que tratava-se de mudanças aleatórias e


imprevistas na estrutura genética dessas plantas e, possivelmente,
poderiam ser passadas para os seus descendentes.

674
Classificação das mutações

As mutações podem ser classificadas de acordo com a linhagem


celular, isto é, em qual célula a alteração acontece. Em organismos
pluricelulares, as mutações genéticas são divididas em:

Mutação Somática: acontece nas células dos tecidos e dos órgãos. Em


geral, são mutações que não são transmitidas aos seus descendentes.
Um exemplo desse tipo de doença genética é a Heterocromia de Íris,
que consiste em duas íris de cores distintas ou somente uma parte dela
é de cor diferente do restante.

Mutação Germinativa: ocorre nas células que originam os gametas


(óvulos e espermatozoides). Podem ser erros que sucedem na
replicação do DNA ou agentes mutagênicos químicos e físicos. A
mutação germinativa, diferente da mutação somática, pode ser
transmitida aos seus descendentes

Existem dois tipos principais de mutação quanto à sua extensão:


mutações gênicas e mutações cromossômicas. Veja abaixo as suas
principais características.

Tipos de Mutações

Mutações gênicas

Alteram a sequência de nucleotídeos do DNA. Ocorrem através da


adição, substituição e subtração de um gene. Em relação à adição ou
subtração, as mutações gênicas são capazes de alterar o material
genético, acrescentando uma ou mais bases ao DNA. Quanto à
substituição, há uma troca de bases, isto é, a base nitrogenada purina
(adenina e guanina) é alterada por outra purina ou uma pirimidina
(citosina e timina) por outra pirimidina.

Doenças causadas por mutações gênicas

675
- Fibrose Quística: é uma doença hereditária que ocorre pela
deficiência das glândulas exócrinas do organismo.

-Doença de Huntington ou Coreia de Huntington: é uma doença


neurodegenerativa que se manifesta, geralmente, entre 35 e 45 anos. É
uma perda gradativa das habilidades intelectuais e motoras.

- Daltonismo: é uma das anomalias mais comuns. Tem mais incidência


nos homens do que nas mulheres e consiste na incapacidade de
distinguir determinadas cores.

- Mutação cromossômica: também conhecida como aberrações


cromossômicas, são mutações que atingem os cromossomos quanto ao
seu número e sua estrutura.

Doenças causadas por mutações cromossômicas

A Síndrome de Down apresenta um cromossomo a mais no par de


cromossomos 21, chamado de trissomia. Os indivíduos com esse tipo
de mutação possuem uma baixa estatura, pálpebras características,
boca pequena e atraso mental em graus diferentes.

676
Representação dos três cromossomos presentes no par 21. Essa anomalia é conhecida
como Síndrome de Down. ( Foto: Wikimedia Commons)

A Síndrome de Turner, causada pela monossomia (perda de um


cromossomo), possui apenas um cromossomo X no par sexual. Afeta
somente as mulheres. Indivíduos com essa anomalia apresentam altura
mais baixa que a média e não desenvolvem caracteres sexuais
secundários.

A Síndrome de Klinefelter ocorre geralmente em meninos, devido à


presença de um cromossomo X extra no par sexual. Nesse caso, os
homens são mais afetados. São indivíduos mais altos que a
média. Apresentam órgão peniano com desenvolvimento normal, mas
os testículos não tão desenvolvidos.

677
A Síndrome de Patau consiste na presença de três cromossomos no
par de número treze. Esta anomalia afeta o desenvolvimento do
coração, rins, cérebro, face e membros.

Em relação à mutação quanto à estrutura, quando ela é modificada,


pode acontecer a retirada ou a introdução de um grupo de genes
naquele cromossomo. A síndrome de “Cri du Chat”, mais conhecida
como Miado do Gato, é um exemplo de mutação quanto à estrutura. É
um erro no material genético que causa anomalias faciais e retardo
mental.

Origem e causa das mutações


As mutações de origens são espontâneas, como o próprio nome já diz,
ocorrem ao acaso. São erros que acontecem durante a replicação do
DNA ou durante a divisão celular. Quando o DNA está no processo de
duplicação, ele se desmembra em duas fitas gerando cópias. Ao
ocorrer essa duplicação pode acontecer erro na formação de novas
fitas, alterar a proteína ou mesmo não formá-la. É muito comum
acontecer erros no número de cromossomos durante a divisão celular.

As mutações também podem ser induzidas, provocadas por


substâncias químicas como as usadas em quimioterapia, por exemplo,
além de radiações solares e ionizantes.

Um dos grandes causadores do surgimento das mutações provém dos


fatores ambientais. A poluição do ar, exposição a raio X; exposição à
luz ultravioleta; tabagismo, além do corante presente em alguns
alimentos estão entre os principais agentes mutagênicos. As mutações
também podem ocorrer devido à hereditariedade, ou seja, passada de
pais para filhos.

678
Mutaçõ es Cromossô micas
A mutação pode ser definida como qualquer alteração no material genético de um
organismo.

Essa alteração pode ocasionar uma mudança correspondente no fenótipo do indivíduo.

As mutações podem ocorrer de forma espontânea ou de forma induzida.

De forma espontânea, ocorre devido a erros na replicação do DNA. E de forma induzida,


quando o organismo é exposto a um agente mutagênico, como a radiação.

As mutações podem ocorrer em células somáticas ou germinativas.

Tipos de Mutação

As mutações podem ser de dois tipos: gênica ou cromossômica.

Mutação Gênica
A mutação gênica é caracterizada por alterações do código de bases nitrogenadas do
DNA, que originam novas versões dos genes. Essa condição pode produzir novas
características nos portadores da mutação.

Na mutação gênica pode ocorrer substituição, eliminação ou inserção de uma ou várias


bases na cadeia de DNA.

Tipos de mutações gênicas por:

 Substituição: ocorre a troca de um ou mais pares de bases;


 Inserção: quando uma ou mais bases são adicionadas ao DNA, modificando a ordem de
leitura da molécula durante a replicação ou a transcrição.
 Deleção: ocorre quando uma ou mais bases são retiradas do DNA, modificando a
ordem da leitura, durante a replicação ou a transcrição.

A mutação gênica pode, ainda, ser do tipo silenciosa. Essa mutação ocorre quando a
substituição de um determinado nucleotídeo do DNA não provoca alterações nos
aminoácidos sintetizados.

679
Mutação Cromossômica
A mutação cromossômica refere-se a qualquer alteração no número ou estrutura
dos cromossomos.

A mutação cromossômica pode ser de dois tipos:

Mutações numéricas: podem ser classificadas em aneuploidias e euploidias. Também


chamadas de aberrações numéricas.

 Aneuploidia ocorre quando há perda ou acréscimo de um ou mais cromossomos,


devido a erros na distribuição dos cromossomos durante a mitose ou meiose. Este tipo
de mutação é responsável por causar distúrbios e doenças em humanos,como
a Síndrome de Down, Síndrome de Turner e Síndrome de Klinefelter.
 Euploidia ocorre quando há perda ou acréscimo de genomas completos. Surge quando
os cromossomos se duplicam e a célula não se divide. Neste tipo de mutação podem
ser formados indivíduos triplóides (3n), tetraplóides (4n), entre outros casos de
poliploidia.

Mutações estruturais: São alterações que afetam a estrutura dos cromossomos, ou seja,
o número ou o arranjo dos genes nos cromossomos.

Podem ser classificadas em alguns tipos:

 Deficiência ou deleção: quando falta um pedaço ao cromossomo;


 Duplicação: quando o cromossomo tem um pedaço repetido;
 Inversão: quando o cromossomo tem um pedaço invertido;
 Translocação: quando um cromossomo tem um pedaço proveniente de um outro
cromossomo.

Engenharia Genética
Transgênicos
Transgênicos são organismos geneticamente modificados, que receberam fragmentos
de material genético de outro organismo, que pode ser da mesma espécie ou até de

680
outra. No entanto, se um organismo tiver modificações em seu genoma, sem
receber material genético de outro organismo, ele é chamado OGM, é um organismo
geneticamente modificado, sem ser um transgênico.

Os vegetais são amplamente utilizados em pesquisas com transgênicos, sendo os mais


comuns a soja e o milho. Legumes mais nutritivos, incrementados com super proteínas,
verduras e grãos resistentes a agrotóxicos, alimentos com menos gordura e mais
saudáveis, plantas que amadurecem melhor e não sofrem com o mau tempo, são
desenvolvidos por cientistas e têm gerado intensas discussões, pois ainda não se sabe se
esses alimentos prejudicam ou não a saúde depois de serem ingeridos a longo prazo.

Clonagem
A clonagem é o processo, feito em laboratório, de reprodução de espécies
geneticamente iguais. O primeiro mamífero clonado foi a ovelha Dolly, em 1996, no
Reino Unido, que viveu durante seis anos. No Brasil, o primeiro mamífero clonado foi a
bezerra Vitória, que nasceu em 2001.

A clonagem reprodutiva tem como finalidade reproduzir um novo ser, idêntico a um


que já existe. Em linhas gerais, no processo de clonagem retira-se uma célula de um
organismo adulto e dela se extrai o núcleo (que contém o material genético). Esse núcleo
é inserido num óvulo sem núcleo, dessa forma não há combinação entre heranças
genéticas diferentes.

Quando o óvulo começa a se dividir, forma-se um embrião. O embrião é em seguida


implantado no útero de uma fêmea da mesma espécie do organismo que foi clonado. O
resultado será o clone, uma cópia do organismo do qual foi retirado o material genético.

A clonagem terapêutica é a formação de células de determinado órgão (coração, rim,


fígado, cérebro), chamadas células-tronco, para substituir células doentes desses órgãos
e fazê-los voltar a funcionar normalmente.

Células-Tronco

681
Células-tronco têm a capacidade de originar diferentes células do corpo humano e
portanto, diferentes tecidos. Elas podem ser encontradas em embriões (células-tronco
embrionárias), no cordão umbilical e em vários outros órgãos e tecidos humanos, como
a medula óssea e a pele (células-tronco adultas).

As células de um embrião com até catorze dias de desenvolvimento ainda não se


especializaram e podem originar qualquer tipo de célula de um adulto. No processo o
núcleo e uma célula do indivíduo, cujo órgão não funciona adequadamente, é retirado e
transferido para um óvulo sem núcleo, promovendo-se o seu desenvolvimento até certo
estágio. Em seguida, a massa celular formada é retirada e transferida para um meio de
cultura, no qual, com estímulos adequados pode formar as células desejadas.

As células-tronco do sangue do cordão umbilical do recém-nascido tem hoje o uso


clínico comprovado para o transplante de medula óssea.

Teste de DNA (fingerprint)


O exame de DNA, também chamado de teste de DNA ou, ainda, de mapeamento
genético, é um procedimento laboratorial que compara amostras de material genético
de indivíduos diferentes. A partir dessa análise, é possível determinar graus de
semelhança entre as amostras coletadas e, dessa forma, pode ser utilizado para
comprovar o parentesco, geralmente a paternidade, entre dois indivíduos.

O teste de paternidade é utilizado como prova do vínculo biológico entre indivíduos,


principalmente em questões judiciais, como reivindicação de herança, direitos paternos,
benefícios sociais, entre outras. Contudo, apenas apresenta validade jurídica se a coleta
do material genético obedecer a padrões bem estabelecidos tanto de coleta, quanto de
transporte e armazenamento da amostra.

O grau de confiabilidade do exame de DNA é bastante alto, estabelecendo


uma certeza de 99,9% de que o resultado encontrado esteja correto. Outra aplicação do
mapeamento genético é na medicina forense, para identificar suspeitos utilizando
amostras de material genético encontradas em cenas de crimes.
Ácido Desoxirribonucleico (DNA)

682
O Ácido Desoxirribonucleico (DNA) é encontrado em todos os organismos existentes,
podendo ser localizado no interior do núcleo dos eucariontes, ou no
próprio citoplasma dos procariontes.

Estruturalmente, o DNA é constituído por duas longas cadeias polinucleotídicas formadas


a partir de monômeros chamados nucleotídeos. Os nucleotídeos são formados através
da ligação entre um íon fosfato, o açúcar desoxirribose e uma base nitrogenada que
pode ser timina, guanina, adenina e citosina. As bases nitrogenadas se pareiam através
de ligações de hidrogênio de forma altamente específica, a adenina se pareia com a
timina e a guanina com a citosina, formando a estrutura tridimensional conhecida como
DNA: uma escada em espiral ou uma dupla hélice.

Fórmula tridimensional do DNA.

A estrutura do DNA é altamente conservada entre os organismos, inclusive com longos


trechos idênticos. Essa conservação da molécula está relacionada à sua função, que é a
de armazenar informações genéticas.

O DNA é como um manual contendo todas as características de um indivíduo. Essas


características são determinadas através da sequência de bases nitrogenadas contidas

683
em uma fita. Nos trechos de DNA, as informações contidas em trechos, chamados de
genes, são reescritas na forma de RNA, através do processo de Transcrição. Após a
síntese de RNA, o mesmo leva a informação aos ribossomos, para a síntese protéica pelo
processo de tradução.

Além de armazenar as informações genéticas, o DNA também é responsável


por transmitir essa informação genética para os descendentes. Em reproduções
sexuadas, os gametas (células reprodutoras) levam parte do código genético na forma de
DNA, o qual, após a fecundação, forma o DNA completo do descendente, que passa a se
desenvolver. Metade do DNA de um ser humano é de origem paterna, enquanto a outra
metade é herdada da mãe. É devido a essa herança de trechos de DNA que é possível
determinar a paternidade de indivíduos.

Dentro da molécula de DNA dos mamíferos, existem pequenas sequências chamadas


de VNTR (Variable Number of Tandem Repeats: repetições de sequências de números
variáveis) e cada pessoa tem um padrão específico de repetição dessas unidades, que
é herdado dos pais. Portanto, um dos métodos de identificação do parentesco entre
duas ou mais pessoas é analisar esse padrão repetitivo herdado através de sondas
capazes de detectar essas sequências.

O uso das VNTR diminuiu o tempo de espera para o resultado do exame, já que diminuiu
a quantidade de DNA para ser analisado. Atualmente, não é preciso analisar todo o
genoma dos indivíduos que serão submetidos ao mapeamento genético, mas
apenas as regiões VNTR.
Etapas do Exame de DNA
O processo experimental é chamado de DNA fingerprint. A primeira etapa do exame de
DNA consiste na coleta das amostras de todos os indivíduos relacionados. No caso, de
um exame de paternidade, é preciso coletar não só amostras de material genético do(s)
suposto(s) pai(s) e do(s) filho(s), como também da mãe, já que metade do material
genético do filho é herdado da mãe.

A amostra pode ser sangue, pêlos e fios de cabelo contendo raiz, pedaços de pele,
esperma e todo e qualquer material que contenha células dos indivíduos. Atualmente o
método mais utilizado é o esfregaço da mucosa bucal com uma haste flexível para
coletar células da boca.

684
Uma vez coletadas as amostras, elas passam por processos de extração e purificação do
DNA, a fim de que, ao final dos processos, apenas o DNA dos indivíduos possa ser
submetido às demais etapas.

Após a purificação, o DNA de cada indivíduo é colocado, separadamente, em contato


com enzimas de restrição muito utilizadas na Engenharia Genética. Essas enzimas
possuem a capacidade de clivar (quebrar) a molécula de DNA ao encontrar sequências
específicas de pares de base, formando, assim, um conjunto de moléculas de DNA
separadas em vários pedaços de tamanhos variados.

É muito importante que seja usada a mesma classe de enzimas de restrição em cada
amostra de DNA dos indivíduos. Como metade do material genético é herdado do pai e
metade é herdado da mãe, espera-se que o padrão de fragmentos encontrado na
amostra do(s) suposto(s) filho(s) seja similar aos fragmentos encontrados na amostra de
DNA materno e do(s) suposto(s) pai(s).

Uma vez que o DNA de todos os indivíduos esteja fragmentado, as amostras são
submetidas a um processo de separação chamado eletroforese. A eletroforese faz com
que moléculas carregadas migrem de um pólo a outro dentro um gel de eletroforese
quando submetidas a uma corrente elétrica. Ao longo dessa migração, ou "corrida
eletroforética", as moléculas menores de DNA tendem a "correr" mais rapidamente para
o polo oposto, enquanto as moléculas maiores, devido a dificuldade em se
movimentarem com o pulso elétrico, acabam não correndo tão rapidamente.

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Equipamento de Eletroforese em Gel.

Ao final da corrida, as moléculas menores tendem a se localizar na região mais baixa


do gel, enquanto as moléculas maiores tendem a se concentrar na região inicial da
corrida, localizada na parte superior do gel. As concentrações dessas moléculas
formam bandas ao longo do gel que, ao ser corado com corantes específicos e
submetido à luz UV, pode ser analisado.

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Exemplo De Um Gel De Eletroforese Corado. As Bandas Localizadas Na Parte Superior Do
Gel São Fragmentos Maiores De DNA E As Bandas Localizadas Na Região Inferior Do Gel
São De Fragmentos Menores De DNA.
Interpretação do Exame de DNA
Sabendo que o padrão observado na coluna do DNA do(s) suposto(s) filho(s) deve ser
encontrado do DNA materno e/ou na coluna do DNA do(s) suposto(s) pai(s), os cientistas
analisam banda por banda do gel encontrado.

A banda que não for similar entre a mãe e o filho (a mãe possui uma banda e o filho não
ou o filho possui uma banda e a mãe não) é, então, comparada entre o filho e o suposto
pai. Se as bandas forem semelhantes, isto é, se os indivíduos possuírem o mesmo padrão
(ausência ou presença de banda), significa que o DNA é complementar e, portanto,
apresenta um grau de parentesco.

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Exemplo De Um Gel De Eletroforese Para Exame De
Paternidade. Nesse Gel O Filho Recebeu Um Alelo Marcado Em Verde Da Mãe E Recebeu
Um Alelo Marcado Em Verde Do Pai.

As faixas observadas são únicas para cada pessoa e são geradas a partir união do DNA
materno presente no óvulo e do DNA paterno presente no espermatozóide no momento
da fecundação, por isso, esse processo também é conhecido como impressão digital
genética.

Alguns fatores podem interferir no resultado do teste de DNA:

 Caso algum dos indivíduos já tenha feito transfusão de sangue, isso deve ser
avisado no laboratório;
 Erros na manipulação da amostra podem acusar falso-negativos (quando o
resultado do teste é negativo, mas deveria ser positivo);
 Outro motivo para falso-negativos é a incidência de mutação, mas é um fato muito
raro de ocorrer;
 Um resultado falso-positivo (quando o resultado deu positivo, mas não deveria)
ocorre apenas por erros na interpretação ou uso de técnica inadequada, usando
poucos marcadores genéticos.

No caso de gêmeos univitelinos, quando o DNA de ambos os irmãos é idêntico, o


procedimento para conseguir diferenciar um DNA do outro é mais complexo e
demorado. Praticamente todo o genoma precisa ser analisado de ambos os irmãos a fim
de buscar mutações que possam ser semelhantes a da amostra comparada. Enquanto o
processo de DNA fingerprint leva aproximadamente 24 horas para dar o resultado, no
caso de gêmeos univitelinos, o processo pode demorar até 30 dias.

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