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O Inatismo
Todos os teóricos inatistas enfatizam a importância de factores endógenos. Por exemplo, sob
o ponto de vista da Filosofia afirmase a existência de idéias inatas e, na linguística, destaca-se
que os conhecimentos essenciais para o domínio da linguagem não são adquiridos, pois já
fazem parte da estrutura cognitiva que é comum em toda a espécie humana. O pensamento
inatista tem dupla origem: a) Na Teologia – a partir da ideia de que Deus é o Criador do Ser
Humano e tudo o que o indivíduo tem depende da “Graça Divina” e; b) Nas Teorias
Evolucionistas – de Darwin, Embrionária e Genética. Para Darwin o papel do ambiente no
desenvolvimento humano é limitado, as mudanças graduais e cumulativas no
desenvolvimento das espécies decorreriam de “variações hereditárias que fornecem vantagens
adaptativas em relação às condições ambientais prevalecentes (...) só os mais aptos de uma
determinada espécie – aqueles capazes de se adaptar ao meio sobreviveriam” (DAVIS e
OLIVEIRA, 1994:28). Porém, a teoria de Darwin teria sido mal interpretada pelos inatistas
que a usaram como base de sua fundamentação teórica, suprimindo dela as experiências
individuais, que são fruto de contextos socioculturais. Os conhecimentos de embriologia
também alimentaram o pensamento inatista. A embriologia considera que as sequências do
desenvolvimento seriam praticamente invariáveis e “(...) reguladas por factores endógenos, ou
seja, de origem interna” (idem). E isso supõe que o desenvolvimento intra-uterino ocorre em
um ambiente fisiológico relativamente constante e isolado de estimulações externas. E,
consequentemente, após o nascimento, consideram os inatistas que toda a experiência
individual não teria impacto sobre o organismo, podendo ser desprezada. E, os inatistas
encontram sua sustentação teórica na Genética ao se referir que “(...) todos os traços
psicológicos eram transmitidos directamente pelos genes, de geração para geração”. (idem,
p.30) e, portanto, nada poderia ser acrescido a partir de factores externos ao indivíduo. No
campo da Psicologia a concepção inatista parte do pressuposto de que tudo o que ocorre após
o nascimento não influi no desenvolvimento do indivíduo. Sendo assim, a educação e o
ambiente em geral não exerceriam qualquer impacto no processo de desenvolvimento
espontâneo do indivíduo. Isso porque se considera que o ser humano nasce pronto, a educação
e o ambiente apenas aprimoram aquilo que ele virá a ser. Nessa perspectiva: As qualidades e
capacidades básicas de cada ser humano – sua personalidade, seus valores, hábitos e crenças,
sua forma de pensar, suas reações emocionais e mesmo sua conduta social – já se
encontrariam basicamente prontas e em sua forma final por ocasião do nascimento, sofrendo
pouca diferenciação qualitativa e quase nenhuma transformação ao longo da existência
(DAVIS e OLIVEIRA, 1994:27). O que quer dizer que os seres humanos nascem com todas
as predisposições para tudo o que irão ser. É a lei do destino.
Será que o desenvolvimento humano é nato, apenas? Ou é fruto somente da acção do meio?
Neste unidade, será explica a teoria que estabelce a relação dialética dos factores endógenos e
exógenos no desenvolvimento humano, a concepção interaccionista do desenvolvimento. De
entre vários interacionistas como Vygotsky, Bruner, Ausebel, tomamos em conta a teoria
interaccionista de Piaget como suporte teórico. Desenvolvimento como fruto da interacção
entre o Organismo e o Meio Para os interaccionistas o desenvolvimento humano não é apenas
inato, nem apenas fruto da ação do meio, eles destacam que “(...) o organismo e o meio
exercem ação recíproca. Um influencia o outro e essa interação acarreta mudanças sobre o
indivíduo” (DAVIS e OLIVEIRA, 1994:36). A concepção interaccionista de desenvolvimento
apóia-se, portanto, na idéia de interação entre organismo e meio e vê a aquisição de
conhecimento como um processo construído pelo indivíduo durante toda a sua vida, não
estando pronto ao nascer nem sendo adquirido passivamente graças às pressões do meio.
Essa concepção é secundada por Jean Piaget que sustenta que o desenvolvimento envolve um
processo contínuo de trocas entre o organismo vivo e o meio ambiente.