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DE APRENDIZAGEM
AULA 1
2
424/61 e na LDBEN 5692/71, sendo que a valorização da dignidade da pessoa
humana e da educação também está contemplada na Constituição de 1988, que,
no artigo 205, Capítulo III, assegura a educação como direito a todos os
indivíduos. Já o artigo 214 apregoa a erradicação do analfabetismo; a
universalização do atendimento escolar; a melhoria da qualidade do ensino; a
formação para o trabalho; e a promoção humanística, científica e tecnológica do
país (Brasil, 1988).
Com a democratização brasileira do final da década de 1980 e início da
década de 1990, e com as iniciativas externas, como a Declaração Mundial
sobre Educação para Todos (Unicef, 1990) e a Declaração de Salamanca
(Brasil, 1994), novamente o Brasil avançou no sentido de assegurar o acesso e
permanência na escola, rompendo com os paradigmas excludentes e buscando
uma sociedade e uma escola inclusiva. Dessa intenção derivam as leis 7853/89
e 8069/90 (ECA), a LDBEN 9394/96 – que visa “assegurar formação
indispensável para o exercício da cidadania (progresso no trabalho e estudos)”
– e a Resolução CNE/CEB n. 2101 – Diretrizes Nacionais para a Educação
Especial na Educação Básica.
Nessa perspectiva, a educação torna-se não somente um direito de todos,
mas uma responsabilidade da sociedade, escola e poder público, conforme o
artigo 5º da Constituição de 1988. Neste sentido, Cury (2007) pondera que a
educação é não apenas um direito do cidadão, mas também um dever do
Estado, acarretando em prerrogativas de se gozar de algo que lhes pertence e
de obrigações que devem ser respeitadas.
Entretanto, para que não haja mais os paradigmas excludentes, faz-se
necessário romper com os estereótipos e rótulos de anormalidade, enfrentados
por aqueles que não se enquadram no padrão sociocultural de normalidade,
superando o preconceito por meio de propostas educativas que valorizem as
potencialidades do sujeito, e não suas dificuldades.
3
Os primeiros estudos sobre as dificuldades de aprendizagem nos
remetem ao século XIX, apesar de não haver uma rigorosa sistematização ou
consolidação de pesquisas nesse assunto. Em seus estudos, Sanches (1998)
pontua que os estudos do campo das dificuldades de aprendizagem deram-se
em três períodos: o de fundação; o dos primeiros anos do campo; e o de
projeção.
4
avanços, permitindo que paradigmas fossem rompidos e que o indivíduo fosse
percebido levando em consideração suas particularidades (Sánchez, 1998).
5
esquemas de assimilação e acomodação, caracterizados pelo tipo de estímulo
recebido, entretanto, a ordem de sucessão dos estágios é imutável (La Taille;
Oliveira; Dantas, 1992).
6
2.1.4 Burrhus Frederic Skinner (1904-1990)
7
3.1 Dificuldades de aprendizagem com maior incidência
8
Conhecer as teorias da aprendizagem é importante para que se perceba
as condições necessárias à aprendizagem, entre elas a inferência do meio e do
outro (Freitas et al., 2006).
9
composta por homens, ela também se interliga. Em seu processo de
desenvolvimento, o homem age sobre a natureza para produzir sua subsistência,
modificando-a e também modificando a si mesmo e a sociedade.
Esse processo de ação e modificação da natureza se dá por meio do
trabalho, e a essa interação dinâmica, ou seja, ao movimento dos homens, da
realidade objetiva e de suas modificações, dá-se o nome de dialética. É
importante pontuar que “a dialética é a ciência das leis mais gerais do movimento
e do desenvolvimento da natureza, da sociedade e do pensamento, a ciência da
ligação universal de todos os fenômenos que existem no mundo” (Spirkine;
Yakhot, 1975, p. 20).
Conforme já mencionamos, Vygotsky cunhou sua teoria sobre a
aprendizagem com base nos conceitos materialistas, apregoados por Karl Marx,
o que se comprova pela citação feita por Vygotsky a Karl Marx em conferência
realizada em Moscou. A principal influência marxista na teoria vygotskyana está
presente nos estudos sobre o comportamento consciente, que, segundo
Vygotsky, se origina nas relações sociais, no mundo exterior (Luria, 2006;
Duarte, 2001).
Alexander Romanovich Luria (1902‐1977) e Alexei Nikolaievich Leontiev
(1904‐1979) contribuíram com Vygostky para o rompimento de paradigmas
vigentes (inatista e ambientalista), estudando a aprendizagem com base na
realidade, como síntese de múltiplas relações – históricas, culturais, biológicas
e sociais, explicando a gênese das funções mentais superiores (Rego, 2011).
10
capacidades permite a elaboração e ampliação de conceitos e a expansão da
tomada de consciência e de demais funções psíquicas (Vygotsky, 2010).
NA PRÁTICA
FINALIZANDO
11
REFERÊNCIAS
12
FONSECA, V. Introdução às dificuldades de aprendizagem. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1995.
PURDIE, N.; HATTIE, J. Cultural differences in the use of strategy for self-
regulated learning. American Educational Research Journal, 33, 845-871.
1996.
13
______. Psicologia pedagógica. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2010.
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DIFICULDADES E DISTÚRBIOS
DE APRENDIZAGEM
AULA 2
2
TEMA 1 – A INFLUÊNCIA DO PROCESSO HISTÓRICO PARA O
DESENVOLVIMENTO DO INDIVÍDUO
3
a definição de estratégias para a solução de problemas diversos, mesmo os
que ainda não se materializaram, organizando as experiências (Vygotsky,
2007).
4
De acordo com Vygotsky, o desenvolvimento humano tem duas
vertentes, os processos de natureza espontânea, de origem biológica e de
estruturas naturais, denominadas por ele funções elementares da psique
humana, e as originadas pela estrutura cultural, denominadas por ele de
funções psicológicas superiores, devido a sua complexidade (Vygotsky, 2000).
As funções elementares evoluem para funções superiores, durante o
desenvolvimento, a partir da interiorização dos signos. A intencionalidade com
que se dá “a mudança estrutural da consciência” permite o desenvolvimento
das funções psicológicas superiores (Vygotsky, 2009, p. 285).
5
unidade palavra e pensamento permite a atribuição de significados atingindo as
principais funções da linguagem, o pensamento generalizante e o intercâmbio
social.
6
3.2 A relação natureza-cultura-aprendizagem e o ambiente apropriado
para a aprendizagem
7
desenvolvimento produzindo “avanços que não ocorreriam espontaneamente”
(Oliveira, 1995, p. 11).
8
onde cabe a imitação. […]. O ensino deve orientar-se não ao ontem, mas sim
ao amanhã do desenvolvimento infantil. Somente então poderá a instrução
provocar os processos de desenvolvimento que se acham agora na zona de
desenvolvimento próximo” (Vygotsky, 1991, p. 242).
As situações lúdicas de imitação são uma importante maneira de
mediação do processo de construção de conhecimento infantil. Assim sendo, a
brincadeira é uma ferramenta importante para o desenvolvimento da zona de
desenvolvimento proximal, permitindo a internalização dos elementos da
cultura de seu grupo social (Rego, 2014).
Pode-se perceber, assim, a importância atribuída por Vygotsky à
mediação para a aprendizagem, que despertará os processos de
desenvolvimento, demonstrando o respeito ao processo de desenvolvimento
do indivíduo.
9
5.2 O professor e a mediação do conhecimento científico
NA PRÁTICA
FINALIZANDO
10
dos instrumentos e da operação com signos e da plasticidade cerebral, assim
como das zonas de desenvolvimento.
Também aprendemos que o processo de escolarização é extremamente
importante para a aquisição dos conceitos científicos, porque possibilita ao
sujeito a aquisição de saberes culturais, historicamente adquiridos.
11
REFERÊNCIAS
12
REGO, T. C. Vigotski: uma perspectiva histórico-cultural da educação. 25. ed.
Petrópolis: Vozes, 2014.
VAN DER VEER, R.; VALSINER, J. Vygotsky: uma síntese. Trad. Cecília C.
Bartalotti. São Paulo: Loyola, 1996.
13
DIFICULDADES E DISTÚRBIOS
DE APRENDIZAGEM
AULA 3
1. Cuidado na nomenclatura;
2. A corrente psicanalítica e as dificuldades de aprendizagem no Brasil;
3. Os distúrbios específicos da aprendizagem e a leitura;
4. Os transtornos específicos da aprendizagem: matemática;
5. As dificuldades de aprendizagem e sua interface social.
2
Ora se priorizou a carga genética, por acreditar que seu desempenho e
comportamento já estavam determinados desde o seu nascimento, ora se
privilegiou a influência do meio, por se acreditar que as experiências vividas no
meio em que a criança está inserida seriam determinantes para seu processo de
desenvolvimento e aprendizagem.
Nascemos, sim, com um aparato orgânico, biológico para a
aprendizagem. O meio, certamente, tem grande influência na constituição de
nossa personalidade, entretanto é importante clarificar que não existe fator
determinante para nosso comportamento e aprendizagem. De acordo com o
Dicionário Aurélio, o vocábulo determinar, entre outros significados, indica
“delimitar, fixar, definir, precisar” (Ferreira, 2008, p. 314). Com base nessas
definições, não há dúvidas de que não existe nenhum fator que determine a
aprendizagem, porém a articulação de todos os fatores que envolvem o indivíduo
(internos e externos) e a intervenção pedagógica que contemple a
sistematização dos conteúdos historicamente acumulados pela humanidade
auxiliarão nos processos de ensino, levando o indivíduo à aprendizagem.
Muitas vezes ouvimos referência às dificuldades, distúrbios e transtornos
de aprendizagem como sendo a mesma incidência. Embora os autores não
tenham consenso a respeito dessas terminologias, há autores que buscam a
separação entre o que seria denominado problema, dificuldade ou distúrbio de
aprendizagem. As condições intrínsecas, indicadoras dos distúrbios de
aprendizagem, ou as condições extrínsecas, via de regra as dificuldades de
aprendizagem, diferenciam os problemas de aprendizagem (Ciasca, 2003).
3
1.2 Distúrbios de aprendizagem
4
TEMA 2 – A RELAÇÃO DA CORRENTE PSICANALÍTICA COM AS
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
5
necessidades; o ego, instância diferenciada do Id, servindo como intermediário
entre desejo e realidade; e o superego é responsável pelos valores morais e
intenalização das normas (Freud, 2011).
6
Apesar de a interação com o grupo social auxiliar no processo de
aquisição da linguagem, a intervenção pedagógica por meio de atividades
direcionadas auxiliarão no desenvolvimento e aperfeiçoamento da leitura e da
escrita (Santos; Navas, 2002, p. 220).
3.2.1 Dislexia
7
habilidades acadêmicas comprometidas, devido à importância da leitura para as
demais aprendizagens.
A Associação Brasileira de Dislexia (ABD) caracteriza a dislexia pela
dificuldade apresentada no reconhecimento de letras, números e no processo
de alfabetização de forma geral, sendo a maior dificuldade do disléxico a
aquisição da fala e o reconhecimento dos números, letras, símbolos, ordenação
de palavras, bem como no reconhecimento e leitura de palavras longas. O
quadro da dislexia também traz alguns embaraços cognitivos, como dificuldades
na memorização de sequências e na organização espaço-temporal, incluindo a
distinção entre direita e esquerda.
A dislexia é um distúrbio com o qual o indivíduo precisará trabalhar ao
longo de sua vida e cujos sintomas são amenizados por meio de um tratamento
com uma equipe multidisciplinar: fonoaudiólogo, psicopedagogo, pedagogo,
psicólogo, entre outros.
3.2.2 Disgrafia
3.2.3 Disortografia
8
TEMA 4 – OS DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM RELACIONADOS ÀS
OPERAÇÕES MATEMÁTICAS
4.1 Acalculia
4.2 Discalculia
9
Dificuldade em lidar com cálculos, numerais e quantidade,
prejudicando as atividades da vida diária, que envolvem estas
habilidades e conceitos. De acordo com o DSM-IV, em indivíduos com
transtorno da Matemática, a capacidade para a realização de
operações aritméticas cálculo e raciocínio matemático encontra-se
substancialmente inferior à média esperada para a idade cronológica,
capacidade intelectual e nível de escolaridade do indivíduo. (Glat;
Fernandes, 2005, p. 70)
10
5.1 Dificuldades e distúrbios de aprendizagem: a importância do
diagnóstico
A escola, como não se sente responsável por condições que são alheias
a ela, permite-se transferir a responsabilidade da não aprendizagem para causas
externas. Considerando que ela tem apresentado apertos para dar conta de
alunos ditos “normais”, é ainda mais um desafio incluir os alunos que apresentam
dificuldades específicas de aprendizagem.
A escola inclusiva sugere uma educação de qualidade para todos,
reconhecendo a diversidade presente na sociedade e buscando adaptar-se às
singularidades de seus alunos. Portanto, essa escola proporciona condições de
dar suporte aos alunos que apresentam dificuldades no processo de
aprendizagem.
Sendo assim, a escola precisa organizar-se para ter as condições
propícias à aprendizagem de todos. Isso só será possível se a escola fizer uma
revisão de sua gestão e do que é estabelecido em seu projeto político-
pedagógico, além de condições de trabalho e salários dos educadores. Assim, é
preciso ressignificar todo o conceito de aprendizagem, como também o papel de
educadores e demais envolvidos no processo em uma sociedade inclusiva.
11
NA PRÁTICA
FINALIZANDO
12
REFERÊNCIAS
13
_____. O futuro de uma ilusão. In: _____. Edição standard brasileira das obras
psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996b, v.
21.
15
DIFICULDADES E DISTÚRBIOS
DE APRENDIZAGEM
AULA 4
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TEMA 1 – FRACASSO ESCOLAR: VÁRIAS CAUSAS
3
Entretanto, para o autor, a educação é trabalho não material, que deve
ser compreendido a partir dos condicionantes sociais e das contradições da
sociedade. A aula é a produção de um ato de consumo (Saviani, 2008).
O avanço das forças produtivas (pós-Revolução Industrial) fez com que a
educação se tornasse uma necessidade no mundo do trabalho, uma vez que o
avanço técnico das máquinas trouxe a necessidade de trabalho intelectual para
operar a maquinaria, pois as máquinas são as responsáveis pelo processo
manual, legando à escola o papel de produzir a socialização dos indivíduos,
adequando-os à máquina (Saviani, 2007).
A partir desse momento, a educação passa a assumir um caráter dualista,
ou seja, de natureza prática para as profissões manuais e de domínio teórico
para as elites, futuros dirigentes, nos diversos setores sociais, quando deveria
ser politécnica, unindo “trabalho intelectual e trabalho material” (Saviani, 2007,
p. 161), dominando princípios tecnicocientíficos.
Nessa perspectiva, a função da escola é legar a seus alunos o saber
elaborado, o conhecimento científico, o saber erudito e a cultura, historicamente
construídos pela humanidade, democratizando o conhecimento, permitindo
assim a transformação e a superação das desigualdades.
4
dialética, na qual tanto professores quanto alunos sejam valorizados (Saviani,
2008).
5
9394, de 20 de dezembro de 1996, que destina um capítulo específico aos
profissionais da educação, trazendo a formação de professores em nível
superior como prioridade, o que privilegia a reflexão a partir do acesso a
conhecimentos de cunho teórico-práticos (Gatti, 2009).
A preocupação com a formalização dos saberes docentes é “uma das
condições essenciais a toda profissão, é a formalização dos saberes necessários
à execução das tarefas que lhes são próprias” (Gauthier, 1998, p. 20).
Apesar das modificações na formação inicial docente impostas pelas
novas políticas, ainda permanece a distância entre a formação acadêmica do
professor e a prática concreta em sala de aula, pois sua formação ainda privilegia
a técnica e as questões voltadas a prática, segundo a qual o ensino é frontal,
desconsiderando a caminhada já realizada pelos educandos (Schön, 2000).
6
TEMA 3 – A CONTRIBUIÇÃO DA NEUROCIÊNCIA PARA A EDUCAÇÃO
7
permitindo que o indivíduo recorra “às suas experiências passadas a fim de usar
essas informações no presente” (Sternberg, 2000, p. 204).
Ao exercitar a memória, a partir da aquisição de um novo conhecimento,
a quantidade de neurotransmissores se amplia, uma vez que o número de
neurônios que se articulam para formar esse conhecimento se expandem,
fortalecendo as relações sinápticas entre eles (Sternberg, 2000). Desta maneira,
ao se repetir a atividade, possibilitamos que as ligações de uma rede se
fortaleçam, envolvendo um maior número de neurônios.
8
Dentre as questões importantes que o professor perceba para que as
situações de aprendizagem se efetivem, está compreender a aprendizagem
como processo, que envolve mais de um sujeito, o aprendente e o ensinante.
Nesse processo é preciso que o aprendente confie no ensinante, a fim de permitir
a este auxiliar a ressignificação e a transformação do conhecimento em
aprendizagem (Pain, 1987).
9
Na compreensão e na realização do processo de ensino-aprendizagem,
é preciso trabalhar equilibradamente as dimensões humana (do ser), técnica (do
fazer) e política (da análise de contexto), uma vez que a combinação desses
enfoques permite estruturar o “ter didática” (Candau, 1988).
10
Dividem-se em seis tipos: adaptações de acesso ao currículo, adaptações
de objetivos, adaptações de conteúdo, adaptações de método de ensino e da
organização didática, adaptações do sistema de avaliação e adaptações de
temporalidade (Brasil, 2001).
NA PRÁTICA
FINALIZANDO
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podem garantir a aprendizagem de todos, inclusive dos que possuem
deficiências ou acentuadas dificuldades de aprendizagem.
As contribuições da pesquisa e da neurociência aplicadas à educação
auxiliaram no desenvolvimento de novas práticas e novos métodos de ensino,
mas o professor ainda é imprescindível para a vida do aluno, na medida em que
ele é o mediador do conhecimento e o agende de mudanças nas práticas
pedagógicas.
12
REFERÊNCIAS
13
FERREIRA, F. I. Reformas educativas, formação e subjetividades dos
professores. Revista Brasileira de Educação, v. 13, n. 38, 2008, p 239.
Disponível em: <www.anped.org.br>. Acesso em: 1 set. 2019.
_____. O currículo: uma reflexão sobre a prática. 3. ed. Porto Alegre: ArtMed,
2000.
ROSE, N.; ABI-RACHED, J. Neuro: the new brain sciences and the management
of the mind. Princeton: Princeton University Press, 2013.
15
DIFICULDADES E DISTÚRBIOS
DE APRENDIZAGEM
AULA 5
1. A construção do TDAH;
2. A atenção como ferramenta na educação;
3. A medicalização na educação;
4. TDAH e as implicações na vida e na escola;
5. O processo ensino e aprendizagem para a criança com TDAH.
2
hipercinético da infância – DSM-II (1968), TDAH – DSM-III (1980), TDAH – DID-
10 (1983), TDAH – DSM-IV (1987) (Poeta; Rosa Neto, 2004).
As crianças que não aprendiam eram rotuladas como anormais e
incapazes. Acreditava-se que o comportamento excessivamente ativo e
impulsivo (tanto físico quanto mental) e a pouca capacidade de atenção de
algumas crianças eram ocasionados por lesões internas originadas antes ou
depois do nascimento (Barkley, 2008).
Após o aparecimento dos primeiros diagnósticos de TDAH em adultos, na
década de 1980, caiu por terra a noção de disfunção infantil, mas a rotulação
persistia. Na década de 1990, o TDAH ainda era visto como transtorno de
comportamento, e os adultos diagnosticados eram rotulados como de baixa
produtividade, impulsivos, criminosos, sendo vistos como perigosos e
inadequados à sociedade (Caliman, 2009; 2010).
3
incidência de acidentes, quebrando objetos e brinquedos e machucando-se com
freqüência (Andrade, 2003).
Observa-se também que os indivíduos com TDAH apresentam-se
inconstantes no exercício de tarefas, com dificuldades para sua conclusão, com
comportamento agitado e sem paciência para esperar sua vez, adiantando as
respostas. Frequentemente apresentam falta de atenção e dificuldades de
memória, perdendo seus objetos (Benczik, 2000).
Alguns sintomas do TDAH são comuns a muitos indivíduos, o que pode
dever-se ao stress vivenciado na atualidade, especialmente nas crianças com
responsabilidades excessivas, levando à hiperatividade mental e física, fazendo-
os sofrer com os sintomas e com as implicações do transtorno, sem
patologicamente ter o transtorno.
Embora considerado um transtorno com base neurobiológica, o
diagnóstico do TDAH não é feito por meio de exames clínicos, mas sim
comportamentais. Além disso, o referencial atualmente utilizado para descrever
o TDAH está no Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM-
V) de 2013.
4
O desempenho da atenção abrange o substrato orgânico mental (conjunto
de estruturas microanatômicas e macroanatômicas que suportam a atenção) e
seus componentes psíquicos (linguagem, memória, pensamento e afetividade),
sendo uma função cognitiva altamente complexa por implicar processos e
subprocessos, como a percepção, a ação e a intenção (Campos-Castelló, 1998;
2000).
5
é adequada, os indivíduos com TDAH se mostram focados na atividade,
inclusive com hiperconcentração. Se não houver estímulo para a aprendizagem,
o rendimento da atenção desses sujeitos cai significativamente, tendo seu foco
de atenção desviado por qualquer outro estímulo do ambiente (APA, 2002).
A atenção se processa baseada na seletividade de estímulos no que diz
respeito ao volume da atenção, à sua estabilidade e a suas oscilações. O volume
diz respeito à quantidade de estímulos recebidos e a suas associações. Ao
receber os estímulos, o indivíduo prioriza os que têm maior volume. A
estabilidade refere-se a quanto tempo o estímulo dominante dura, considerando-
se aqui que há oscilações. Por esse motivo, é necessário treinar a atenção, já
que alguns conteúdos da atividade consciente, mesmo que de caráter
dominante, por vezes se perdem (Luria, 1979).
O TDAH não acomete a inteligência ou a criatividade do indivíduo, mas
dificulta a utilização de seu pleno potencial devido à dificuldade em focar em uma
atividade sem que seus pensamentos sejam levados para outro lugar. Também
é difícil para a criança com TDAH organizar seus pensamentos e os aspectos do
ambiente que a circunda, apresentando constantes falhas na sequência de
tarefas, muitas vezes não conseguindo concluí-las. É importante que o educador
analise as condições de atenção dos alunos e verifique se o ambiente de
aprendizagem é favorável.
6
nossas potencialidades em algumas áreas específicas, o que nos torna únicos
(Ratey; Johnson, 1997).
Durante muito tempo houve uma insistente busca pela perfeição e por
uma normalidade inexistente, principalmente no que diz respeito ao
funcionamento cerebral, mas possivelmente não existe um cérebro perfeito,
cujas áreas e funções tenham um desempenho homogêneo e com o máximo de
suas capacidades (Silva, 2003, p. 33).
A imprecisão do diagnóstico do TDAH tem gerado críticas à sua
medicalização, uma vez que não há exames laboratoriais que comprovem o
diagnóstico, sendo este realizado por meio de questionários e anamnese, o que
pode acarretar em erros (Moysés; Collares, 2010).
Após o diagnóstico, quase sempre o tratamento é realizado utilizando-se
de medicamentos, que agem diretamente, estimulando o sistema nervoso
7
central, sendo os mais usados os com princípio ativo metilfenidato, equivalentes
às anfetaminas (Garrido; Moysés, 2010; Eidt; Tuleski, 2010).
As principais críticas à medicalização de escolares diz respeito ao
aumento na prescrição desses remédios, bem como os efeitos colaterais que os
acompanham e os possíveis danos que a medicalização pode causar no futuro
(Garrido; Moysés, 2010; Eidt; Tuleski, 2010).
Outro fator preocupante é transferir para a medicina questões de cunho
social e educacional, deslocando “o eixo de uma discussão político-pedagógica
para causas e soluções pretensamente médicas, portanto inacessíveis à
educação” (Souza; Cunha, 2010, p. 225), isentando dessa maneira tanto a
instituição escolar quanto o Estado da responsabilidade pela questão.
8
abalando, muitas vezes, as relações e a estrutura familiar (Barkley, 2000;
Oswald; Kappler, 2010; Benczik, 2000; Poeta; Rosa Neto, 2004; Wells, 2000).
9
Ao mesmo tempo em que há necessidades educacionais comuns,
independentes da condição social, cultural e pessoal, há também uma bagagem
pessoal, da qual fazem parte crenças, visão do mundo e interesses distintos,
inerentes à cultura de origem do aluno. Entretanto não podemos incorrer no erro
de aceitar o relativismo, pois é preciso defender determinados valores e
princípios em prol do progresso do aluno, integrando as diferentes culturas e
garantindo o acesso a um currículo comum. Para que isso seja possível, é
preciso que as dificuldades e transtornos de aprendizagem sejam
diagnosticados e trabalhados de forma a permitir ao aluno os meios de acesso
ao currículo, respeitando o tempo de cada aluno e a capacidade de assimilação
individual, não o privando do conhecimento, mas procurando estratégias de
ensino diferenciadas para atingir os objetivos propostos no currículo (Sacristán,
2002).
10
5.2 O lúdico como recurso pedagógico para crianças com TDAH
NA PRÁTICA
FINALIZANDO
11
medicamentos, que acaba por interferir no desenvolvimento normal da criança,
chegando a tolher as particularidades de sua personalidade.
Conclui-se que atualmente são muitos os casos de diagnóstico de
crianças com TDAH, sendo, portanto, importante que pais, professores,
psicopedagogos, médicos e sociedade em geral estejam atentos às
especificidades de cada um, às melhores formas de intervenção, combatendo
os estigmas e estereótipos.
12
REFERÊNCIAS
_____. Taking charge of ADHD: the complete, authoritative guide for parents.
New York: Guilford Press; 2000.
BETTELHEIM, B. Uma vida para seu filho. Rio de Janeiro: Campus, 1988.
13
COLLARES, C. L.; MOISÉS, M. A. A. A transformação do espaço pedagógico
em espaço clínico (A patologização da educação). Série Ideias, n. 23, São
Paulo, FDE, 1994, p. 25-31.
14
MORENO, M. M. O aluno com TDAH no processo ensino-aprendizagem.
In:_____. O professor PDE e os desafios da escola pública paranaense:
produção didático-pedagógica – 2010. Jacarezinho: PDE; UENP/PR, 2010. v. II.
Disponível em:
<http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/produco
es_pde/2010/2010_uenp_edespecial_pdp_magali_moedinger_moreno.pdf>.
Acesso em: 2 set. 2019.
15
ROHDE, L. A. et al. ADHD in a school sample of brazilian adolescents: a study
of prevalence, comorbid conditions, and impairments. Journal of the American
Academy of Child and Adolescent Psychiatry, v. 38, n. 6, p. 716-722, 1999.
16
WUO, R. H. O déficit de atenção e a importante função de escutar.
Psicopedagogia – Revista da Associação Brasileira de Psicopedagogia, v.
18, n. 48, 1999.
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DIFICULDADES E DISTÚRBIOS
DE APRENDIZAGEM
AULA 6
2
e a aprendizagem do indivíduo com disortografia e discalculia; 5) Estratégias
para o ensino e a aprendizagem do indivíduo com TDAH.
3
A dinâmica da sociedade muitas vezes impõe dificuldades para que a
instituição escolar cumpra sua função social, de transmitir, de maneira
sistematizada, o conhecimento científico acumulado historicamente, produzindo,
dessa maneira, “direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular, a
humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos
homens” (Saviani, 2011, p. 13). Ao que se observa que a eficiência por parte da
instituição escolar no tocante a este objetivo está deficitária.
A instituição escolar está demarcada pelas demandas dos períodos em
que foi institucionalizada, mas seu principal objetivo sempre foi transmitir o
conhecimento (Mendonça, 2011). Dadas as contradições da realidade que
emerge do momento histórico e social em que está inserida, a escola deve
mediar as manifestações sociais, influenciando a sociedade.
4
Compreendemos que educação de qualidade é aquela que permite o
acesso de todos, com ensino que oportunize os domínios necessários para o
desenvolvimento das potencialidades para a aprendizagem, estando “implícito à
educação e ao ensino” (Libâneo, 2007, p. 117-118).
5
O professor é, portanto, aquele que guia todo o processo, escolhendo as
melhores estratégias para que a aprendizagem se efetive. E como saber qual é
a melhor estratégia? Sem dúvida, a melhor tática é a que permite ao aluno sentir-
se desafiado para a aprendizagem; no caso do aluno com dificuldades, é
importante contribuir para que ele se sinta capaz de aprender, criando confiança
em si mesmo. Para tal, é preciso que as atividades tenham como ponto de
partida os conteúdos, mas também que sejam organizadas, adequadas e
aplicáveis. Essa postura docente incentiva os alunos a se apropriarem dos
conteúdos, construindo-os e reconstruindo-os (Boruchovitch, 2002).
3.1 Dislexia
3.2 Disgrafia
4.1 Disortografia
8
É necessário intervir enfatizando o ensino alfabético, a função e o uso das
palavras, a consciência fonológica, devendo-se ensinar gradativamente as
regras ortográficas e morfológicas, bem como a relação fonema-grafema. É
importante também oferecer maior tempo para o desempenho das atividades,
partindo-se sempre dos textos produzidos pela criança (Fernandez, 2010).
4.2 Discalculia
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TEMA 5 – ESTRATÉGIAS PARA O ENSINO-APRENDIZAGEM DO INDIVÍDUO
COM TDAH
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Poeta e Rosa Neto (2005, p. 113) orientam a utilização de atividades
psicomotora como estratégia para a aprendizagem, uma vez que:
NA PRÁTICA
Com base nos pontos abordados nesta aula, elabore um texto a respeito
do papel docente diante da criação de estratégias para assegurar a
aprendizagem.
FINALIZANDO
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aprendizagem, mais capaz será de intervir da forma correta para que todos
aprendam.
Discutiu-se, ainda, sobre a necessidade de que cada integrante do
processo de ensino e aprendizagem responsabilize-se pelo processo de
desenvolvimento acadêmico de todas as crianças.
Neste sentido, é importante considerar que a escola é o lugar onde o
aprendizado deve acontecer, mesmo que, para isso, o professor utilize-se de
estratégias de ensino diversas.
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REFERÊNCIAS
13
3, p. 196-209, 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rcefac/v12n3/196-
09.pdf>. Acesso em: 04 set. 2019.
14
POETA, L. S.; NETO, F. R. Intervenção motora em uma criança com transtorno
do déficit de atenção/hiperatividade (TDAH). Revista Digital EFDeportes,
Buenos Aires, 2005.
15
SILVA, M. O. Protocolo para prescrição ou adaptação de recursos
pedagógicos para alunos com paralisia cerebral. Dissertação (Mestrado em
Educação) – Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista,
Marília, 2010.
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