Você está na página 1de 22

Augusto Armando Cossa

Carlos David Moiane


Francisco Fabiao Ngive
Jacob Cuamba
Jose Manuel Marrame
Juscelino Uamusse

Desenvolvimento humano e socialização

Licenciatura em Ensino de Física

Universidade Pedagógica de Maputo


Maputo
2023
Carlos David Moiane
Francisco Fabiao Ngive
Jacob Cuamba
Jose Manuel Marrame
Juscelino Uamusse

Desenvolvimento humano e socialização

Licenciatura em Ensino de Física

Trabalho apresentado à Universidade Pedagógica de


Maputo, Faculdade de Ciências Naturais e
Matemática, como parte das exigências do Módulo
de Psicologia Geral (PG) para a obtenção duma
classificação no grau académico de Licenciatura em
Ensino de Física, sob a orientação da Dra.Rosa
Muchuine

Universidade Pedagógica de Maputo


Maputo
2023

2
Índice
Introdução…………………………………………………………………………………….4
Desenvolvimento Humano ………………………………………………………………….5
Socialização ………………………………………………………………………………….8
Desenvolvimento humano segundo Jean Piaget e sua influência no desenvolvimento
humano………………………………………………………………………………………10
Desenvolvimento humano segundo S. Freud e sua influência no desenvolvimento
humano………………………………………………………………………………………15
Desenvolvimento humano segundo E.Erikson e sua influência no desenvolvimento
humano………………………………………………………………………………………18
Conclusão……………………………………………………………………………………21
Referencias Bibliográficas ……....…………………………………………………………22

3
Introdução

O desenvolvimento do ser humano em conjunto com o processo de aprendizagem esta muito


relacionada desde que a criança tem o contacto com mundo. É na interação com o meio social
e físico que a criança começa o seu desenvolvimento de forma mais eficiente. Isso significa
que quando começa a ter um envolvimento com o meio social e físico, vários processos
internos de desenvolvimento são desencadeados de forma a permitir um crescente grau de
desenvolvimento humano. E neste trabalho vai se abordar com mais detalhes todos estágios
do desenvolvimento humano.

4
1. Desenvolvimento Humano

Segundo Bruner e Zeltner (1994: 71) o desenvolvimento humano designa processos de


modificação de maneira, mais ou menos, continuada e em interacção mútua da forma e do
comportamento no decorrer da existência dos seres vivosEstes autores distinguem o
desenvolvimento filogenético e o desenvolvimento ontogenético.

1.1. Desenvolvimento filogenético

O desenvolvimento filogenético diz respeito ao processo da origem e evolução das espécies


dos seres vivos, por exemplo, a origem dos animais das células e sua evolução aos animais
actuais. No desenvolvimento filogenético também está incluído o da espécie humana, que,
em particular, se designa de desenvolvimento antropogenético.

1.2. Desenvolvimento antropogenético

A antropogénese compreende as modificações que se operaram na espécie humana desde o


seu antepassado mais remoto até ao Homem actual. A figura 1 a seguir ilustra o
desenvolvimento antropogenético.

Figura 1 Desenvolvimento antropogenético do Homem

O desenvolvimento ontogenético refere-se às modificações que ocorrem no indivíduo desde o


nascimento até à idade adulta. Devemos recordar que a Psicologia de Desenvolvimento tem
como objecto de estudo as modificações dos aspectos físico-motor, intelectual, afectivo-
emocional e social que têm lugar no indivíduo desde o nascimento até a idade adulta, isto é,
na Ontogénese.

5
1.3. Desenvolvimento ontogenético

O desenvolvimento ontogenético compreeende modificações quantitativas e qualitativas


como também os aspectos físico-motor, intelectual, afectivo-emocional e social que evoluem
do mais simples para o mais complexo. Para ilustrar este facto, podemos tomar como
exemplo a evolução da fala. O recém-nascido manifesta-se através do grito para exprimir o
choque inicial do nascimento, a dor, a fome, o mal-estar, a necessidade de companhia. O
balbuceio é que indica o início da pronúncia de sons. A criança passa a imitar uma série de
sons. Trata-se aqui de uma evolução quantitativa. A primeira palavra a ser pronunciada é
mamã. A criança passa a utilizar a palavra mamã para chamar a mãe, exprimir a dor, a fome,
o mal-estar. Trata-se de uma palavra-frase. Ao surgir a palavra frase, a fala da criança atingiu
um salto qualitativo. Depois, a criança passa por momentos de escuta e repetição de uma
série de palavras, e, então passa a construir frases de duas palavras. Os saltos qualitativos
aqui mencionados caracterizam a descontinuidade no desenvolvimento, a passagem de um
estágio de desenvolvimento de mudanças quantitativas para um estágio novo, de nível
superior. Estes factos caracterizam a continuidade e discontinuidade no desenvolvimento
ontogenético. É importante observar que os estágios de desenvolvimento compreendem
faixas etárias, isto é, grupos de idade, estão limitados temporalmente.

O biológico refere-se à hereditariedade e à maturação fisiológica e neurológica. A


hereditariedade compreende as características biologicamente transmitidas ao indivíduo de
seus antepassados codificados nos cromossomas.

Com efeito, o indivíduo herda particularidades anatómico-fisiológicas, a propriedade dos


órgãos dos sentidos, a estrutura e propriedade do sistema nervoso central e as particularidades
do sistema endócrino, os órgãos que influenciam a actividade psíquica. Estes factores
hereditários sofrem também a influência do meio em que se desenvolvem, desde a formação
do embrião até ao nascimento do bebé. A doença da mãe, como a malária, por exemplo, pode
afectar o desenvolvimento do sistema nervoso, a mal nutrição da mãe, o consumo da droga,
bem como estados de tensão emocional da mãe poderão conduzir a distúrbios de
comportamento da criança. Por outro lado, os factores hereditários poderão ser afectados no
momento do nascimento, por choques durante o parto, doenças venéreas como a gonorreia,
no que se refere ao sistema nervoso central e à visão. Daí que seja preferível falar de factores
que o indivíduo possui no momento do nascimento, ou seja, factores inatos, em vez de
factores hereditários puros. Do que acima foi exposto, pode-se concluir que, quando o

6
indivíduo nasce os factores hereditários sofrem a influência do desenvolvimento no ventre
materno e do momento do nascimento. Assim, fala-se de predisposições biológicas para
designar as características biológicas que o indivíduo possui no acto do nascimento. As
predisposições biológicas actuam como condições de desenvolvimento e, em casos extremos,
podem actuar de forma positiva ou negativa.

1.4. Maturação no desenvolvimento

A maturação é também um factor biológico que consiste em modificações psico-fisiológicas


na base de impulsos internos herdados, como, por exemplo, a ossificação, a mielinização, a
formação de capilares, a formação dos sistemas esquelético e muscular, a dentição, a
maturação dos órgãos sexuais.

A maturação decorre relativamente de forma independente em relação às actuações do


ambiente. Contudo, deve-se considerar que a maturação se realiza em determinadas
condições ambientais que podem agir de forma positiva ou negativa sobre o indivíduo.
Assim, por exemplo, a mal nutrição pode prejudicar o crescimento da criança, o início do
andar. Um factor importante que pode actuar positivamente na maturação é a aprendizagem,
por exemplo, o agarrar, o caminhar, o andar, o falar, o escrever só são possíveis como
resultado da unidade de fenómenos de maturação e de processos de aprendizagem. As
predisposições biológicas não predeterminam o desenvolvimento físico-motor, intelectual,
afectivo e social. As predisposições biológicas sofrem a influência de factores sociais e
culturais.

Borges (1987: 43) designa o grupo de factores sociais e culturais como sendo o meio físico-
social que rodeia a criança desde a concepção. Este meio físico-social que rodeia a criança
desde a sua concepção será por nós designado de ambiente. O ambiente no ventre materno,
no momento do nascimento e após o nascimento é uma condição de desenvolvimento que
pode actuar de forma positiva e negativa em condições extremas. O ambiente pode ser
inibidor ou estimulador do desenvolvimento do indivíduo. Tomemos para ilustrar os
exemplos que a seguir se apresentam.

O facto de a aprendizagem ser uma condição fundamental no factor ambiente, não significa
que ela se realiza de forma mecânica. A aprendizagem realiza-se de forma activa pela
criança, pelo jovem e pelo adulto. Ela depende também dos interesses, motivos do educando.

7
2. Socialização

Socialização é o processo de aprendizagem e de internalização dos valores, crenças e normas


do grupo social a que pertencemos, através do qual nos tornamos membros integrados da
sociedade:

– É um processo vitalício.

– É o canal de transmissão da cultura, através do tempo, entre gerações.

Cada individuo, ao nascer, segundo Strey (2002) “ encontra-se num sistema social criado
através de gerações já existentes e que é assimilado por meio de inter-relações sociais, que
incorpora normas, valores vigentes na familia, em seus pares, na sociedade.

A cultura e a sociedade encontram-se em cada indivíduo, mesmo quando esse indivíduo


explicitamente refuta algumas das suas normas de conduta.

2.1. Importância da Socialização

A socialização é o processo através do qual nós vamos interiorizando hábitos e


características que nos tornam membros de uma sociedade. A socialização é um processo
contínuo, que se inicia após o nascimento e se faz sentir ao longo de toda a nossa vida,
terminado apenas quando morremos porque o nosso cérebro deixa de funcionar.

Por este motivo, a socialização é o processo que permite a cada indivíduo desenvolver a
sua personalidade, permite a sua integração na sociedade. Se repararmos, dois indivíduos
reagem de forma completamente diferentes perante a mesma situação, porque cada indivíduo
é único e a sua personalidade também.

Como tal, resta apenas mencionar que é o facto de estarmos diariamente sujeitos a este
processo que nos torna seres integrados numa sociedade e nos torna aquilo que cada um é.

2.2. Agentes de socialização

São grupos sociais, instituições e indivíduos que proporcionam as situações estruturadas em


que a socialização ocorre: família, vizinhança, escola, pares, religião, local de trabalho, pares,
meios de comunicação de massa (jornais e revistas, rádio e televisão, internet-redes sociais).

8
2.3. O Processo de Socialização Humana

O processo de socialização Humana é processo pelo qual o indivíduo passa para adaptar-se as
regras impostas pelo meio social no qual está inserido.

O processo de socialização humana é processo complexo e é composto de três fases


(primária, secundária e terciária). O ser humano é um ser social, isto é, incapaz de viver
isoladamente longe de outro ser humano e além disso, precisa conviver com um maior
número possível de outros humanos para formar sua própria personalidade e visão de mundo,
tal busca pela construção de sua própria personalidade e visão de mundo é justamente o
processo de socialização.

2.3.1. Socialização primária – a socialização humana ocorre na infância, onde a criança

por não ter um mínimo de experiência de vida não tem a mínima condição de avaliar se tudo
oque lhe ensinam é verdadeiro ou não, é induzida a acreditar em tudo e em todos a sua volta
sem fazer qualquer tipo de questionamento, é a chamada aprendizagem incondicional ou
aprendizagem por imitação.

2.3.2. Socialização secundária – ocorre na idade adulta. Geralmente, nessa etapa, o

Indivíduo já se encontra com sua personalidade relativamente formada, o que caracteriza


certa estabilidade de comportamento. Isso faz com que a ação dos agentes seja mais
superficial, mas abalos estruturais podem ocorrer, gerando crises pessoais mais ou menos
intensas. Nesse momento, surgem outros grupos que se tornam agentes socializadores, como
grupo do trabalho;

2.3.3. Socialização terciária: ocorre na velhice. Pela própria fase de vida, o indivíduo

pode sofrer crises pessoais, haja vista que o mundo social do idoso muitas vezes se torna
restrito (deixa de pertencer a alguns grupos sociais) e monótono. Nessa fase, o indivíduo pode
sofrer uma dessocialização, em decorrência das alterações que ocorrem, em relação a critérios
e valores. E, concomitantemente, o indivíduo, nesta fase, começa um novo processo de
aprendizagem social para as possíveis adaptações a nova fase da vida, o que implica em uma
ressocialização.

9
3. Desenvolvimento humano segundo Piaget e sua influência no desenvolvimento
humano.
O ponto de partida para a definição de desenvolvimento de Piaget é a concepção de que o
indivíduo aspira a adaptação às condições ambientais com base na capacidade inata do
pensamento. O ponto de partida para esta adaptação é actividade reflexa já iniciada na vida
intra-uterina que o bebé desenvolve desde o nascimento. A adaptação é o resultado da acção
de dois mecanismos do pensamento que operam em simultâneo nomeadamente a assimilação
e a acomodação. Entende-se por assimilação, a aquisição de novos conhecimentos e novas
experiências integrando-os ou absorvendo-os nas estruturas ou esquemas existentes do
pensamento. A acomodação, por sua vez, designa as modificações que as novas experiências
provocam nos esquemas ou estruturas existentes de modo que haja adaptação. Para que haja
adaptação é necessário que haja equilíbrio outra assimilação e acomodação. O desequilíbrio
entre a assimilação e a acomodação provoca conflitos em outros patamares de equilíbrio de
nível superior. Ao tentar dominar activamente o ambiente, o sujeito constrói estruturas e
níveis superiores de conhecimentos, a partir dos elementos já formados pela maturação e pelo
meio. Para Piaget (Crain, 1992: 210) o desenvolvimento é um processo espontâneo que vem
do crescimento interno e do próprio esforço da criança em compreender a realidade. O papel
do mundo social é de promover o desenvolvimento, estimulando e desafiando o pensamento
da criança.

Jean Piaget foi biólogo suíço, que nasceu em 1896 e morreu em 1980. O objectivo principal
dos seus estudos era investigar como o ser humano constrói o conhecimento, dai que sua
teoria ficou conhecida como epistemologia ou génese do conhecimento.

Subsequentemente, Piaget preocupou-se em explicar como o homem vai construindo suas


estruturas cognitivas, partindo de um bebé, para níveis tão complexos que sejam capazes de
pensar abstractamente e produzindo avanços científicos.

Desta forma, Piaget estudou a evolução do pensamento e da moralidade, observando o modo


como crianças e adolescentes, em diferentes idades, solucionavam diversos testes,
experimentos e exercícios. Constatou, então, que a criança e o adulto embora possuam níveis
diferentes na capacidade de conhecer utilizam os mesmos mecanismos cognitivos.

Na opinião do Piaget, o conhecimento se refere a acção do sujeito de estruturar, organizar e


explicar o mundo, a partir das suas vivências e experiências, ou seja, não há conhecimento
sem a permanente interacção individuo-meio.

10
NB: quando Piaget fala de acção, refere-se não só ao movimento físico

3.1. Estágios de desenvolvimento de piaget conceito de estágio de


desenvolvimento

O estágio de desenvolvimento refere-se a uma faixa etária em que as crianças possuem


semelhanças típicas nos aspectos físico-motor, cognitivo, emocional-sentimental, volitivo, de
habilidades, hábitos, aptidões, possibilidades de realização e modos de comportamento. Estas
semelhanças típicas também se podem designar de particularidades de idade. Os estágios de
desevolvimento de Piaget colocam mais em evidência o pensamento das crianças. Assim, este
psicólogo distingue os seguintes estágios de desenvolvimento do pensamento: sensório-
motor, pré-operatório, operações concretas, operações formais.

3.1.1. O estágio sensório-motor

O estágio sensório-motor compreende as semelhanças típicas de crianças dos 0 aos 2 anos e


refere-se aos processos de assimilação e acomodação. Segundo Tran-Thong (Borges, 1987:
50) o estágio sensório-motor caracteriza-se por: − Exercícios reflexos, por exemplo,
movimentos de sucção durante o primeiro ano de vida; − A aquisição dos primeiros hábitos,
tais como sucção do polegar, exploração visual do ambiente, vocalizações repetidas, desde o
fim do primeiro mês até aos quatro meses e meio de idade;

A aquisição da coordenação da visão e preensão e reacções circulares, por exemplo, o agarrar


e agitar objectos, dos quatro aos, oito, nove meses de idade; − A procura de objectos
desaparecidos, o uso de instrumento para alcançar objectos dos oito, nove meses de idade aos
doze meses de idade; − Variação da acção iniciada ocasionalmente para obter novas relações
de causa e efeito, dos onze, doze meses aos dezoito meses; − Começo da interiorização de
esquemas e soluções de alguns problemas por dedução, com interrupção da acção e
compreensão brusca, numa espécie de descoberta brusca, dos 18 aos 24 meses de idade, por
exemplo, a criança já é capaz de utilizar um instrumento para alcançar um objecto afastado
sem fazer tentativas cegas, devido a compreensão da relação existente entre os objectos e da
sua representação mental.

3.1.2. O estágio do pensamento pré-operatório

O estágio do pensamento pré-operatório vai dos 2 anos aos 7/8 anos e caracteriza-se,
essencialmente, pelo aparecimento da função simbólica ou semiótica, a diferenciação entre
significado e significante (Borges, 1987: 86-91). A função simbólica ou semiótica surge com

11
o aparecimento das palavras para designar os objectos e acções vividas directamente. Mais
tarde, a criança vai compreender a palavra como representação de objectos e acções ausentes,
a distinguir o significado dos objectos, das coisas da própria palavra (signo, imagem). O
significado que a criança dá aos objectos percepção e comportamento, a sua linguagem, o
jogo e o desenho. Assim, no estágio do pensamento pré-operatório podemos distinguir os
seguintes momentos: a imitação diferenciada, o jogo simbólico, a evocação verbal ou
linguagem falada, a imagem gráfica ou desenho, a imagem mental. A imitação diferenciada
consiste na realização de acções como resultado da reprodução de gestos de outras pessoas.
Nos jogos simbólicos a criança tenta reproduzir o real, as actividades que observam no dia-a-
dia em brincadeiras. É assim que, por exemplo, a criança brinca com uma boneca, assumindo
o papel de mãe. A evocação verbal ou linguagem falada traduz o relato de cenas passadas a
troca de ideias com outras pessoas.

A imagem gráfica ou desenho consiste na representação plástica de objectos. De acordo com


Luquet apud Borges (1987: 87), o desenho infantil passa pelas seguintes fases na sua
evolução: garatuja; realismo fortuito; realismo falhado em que a criança não consegue
justapor os diversos elementos; o realismo intelectual em que a criança desenha o que
visualiza e não visualiza. A imagem que se apresenta a seguir ilustra a evolução do desenho
na criança.

A imagem mental é um sistema de símbolos resultantes das percepções, ponto de


partida figurativo. Deste modo, o pensamento da criança é predominantemente
intuitivo, isto é, é ditado pelos órgãos dos sentidos, pelas percepções. O pensamento
intuitivo da criança leva-a a julgar um acto como bom ou mau, de acordo com as
regras ditadas pelos adultos que detêm autoridade sobre ela, sem compreender as
consequências de seus actos. As características intuitivas do pensamento da criança
pré-escolar exigem que o professor conduza as crianças a aprenderem através da
manipulação de objectos, utilize material concretizador de diferentes cores, tamanhos
e formas, use histórias infantis, a representação teatral, o jogo no processo de esino-
aprendizagem. A sua Aprendizagem baseia-se nas suas experiências, nas coisas que
conhece e que pode considerar como reais, bem como iniciam as trocas entre crianças,
elas estão centradas em seus pontos de vista, ou seja, predomina o egocentrismo.

Nesse período, tem início o jogo simbólico, de imaginação e imitação muito comuns nas
brincadeiras infantis de faz de conta. Outra forma de expressão é o pensamento intuitivo

12
3.1.3. O estágio do pensamento das operações concretas

O estágio do pensamento das operações concretas compreende um período que vai dos 7 aos
11 anos de idade, caracterizado, essencialmente, por a criança partir do concreto, observação
directa, experiência directa, percepções directas para chegar a compreensão de características
semelhantes gerais, conceitos, regularidades (Borges, 1987: 112-122). É nesta base que a
criança aprende as noções de número, as operações básicas, as noções espaciais e temporais,
de velocidade entre outras. Com efeito, o estágio do pensamento das operações concretas
exige que o professor conduza as crianças a observarem e analisarem objectos e fenómenos
reais concretos, a manusearem objectos, para daí chegarem às características mais gerais e
essenciais no processo de ensino-aprendizagem. Este desenvolvimento cognitivo vai
incentivar o processo de socialização, as acções inter e intra-individuais, o que se manifesta
no surgimento dos jogos de regras implícitas, no predomínio do diálogo na comunicação, na
colaboração em acções comuns. É necessário notar que o desenvolvimento do pensamento
das operações concretas e a comunicação, a colaboração no grupo, vão permitir que a criança
seja capaz de se colocar no lugar de outras pessoas no julgamento de um acto bom ou mau,
basear-se nas apreciações de outras pessoas.

13
3.1.4. O ESTÁGIO DO PENSAMENTO DAS OPERAÇÕES FORMAIS

O estágio do pensamento das operações formais refere-se às características gerais das


estruturas cognitivas entre os dez, onze, catorze, quinze anos de idade (Borges, 1987: 144).
As operações formais do pensamento referidas por Piaget são a indução e dedução. Por
indução entende-se alcançar a conclusão do geral a partir do particular, por exemplo, a partir
do estudo de animais tais como lagartixa e jacaré concluir que eles são répteis. A dedução
consiste em concluir sobre o particular a partir do geral, por exemplo, se colocarmos a
descrição de uma tartaruga perante um indivíduo que aprendeu que o réptil é um animal que
tem sangue frio, a pele coberta de escamas e põe ovos, o indivíduo será capaz de concluir que
a tartaruga é um réptil. Neste caso, o indivíduo conclui o geral a partir de uma afirmação. A
indução e dedução são dois procedimentos lógicos do pensamento. É neste contexto que o
estágio do pensamento das operações formais também se designa de estágio do pensamento
lógico.

14
4. Desenvolvimento humano segundo S.Freud e sua influência no desenvolvimento
humano.
4.1. Fase oral

A primeira fase do desenvolvimento psicossexual é a fase oral, que vai desde o nascimento
até os 18 meses de idade, em que a boca da criança é o foco de gratificação libidinal derivado
do prazer de se alimentar no seio da mãe, e da exploração oral do seu ambiente, ou seja, a
tendência em colocar objetos na boca.

4.2. Fase anal

O estágio anal, na psicologia freudiana, é o período de desenvolvimento humano que ocorre


entre um e três anos de idade. Por volta dessa idade, a criança começa a aprender a utilizar o
banheiro, o que provoca o fascínio da criança na zona erógena do ânus. A zona erógena
concentra-se no controle do intestino e da bexiga. Portanto, Freud acreditava que a libido
estava principalmente focada em controlar os movimentos da bexiga e do intestino. O estágio
anal coincide com o início da capacidade da criança de controlar seu esfíncter anal e,
portanto, sua capacidade de passar ou reter as fezes à vontade. Se as crianças durante este
estágio puderem superar o conflito, isso resultará em um sentimento de realização e
independência.

4.3. Fase fálica

O estágio fálico pode ser definido da seguinte forma: Estágio de organização infantil da
libido que segue as fases oral e anal e é caracterizado por uma unificação dos impulsos
parciais sob a primazia dos órgãos genitais. Mas, ao contrário da organização genital puberal,
o menino ou menina não reconhece, nesta fase, mais do que um único órgão genital, o
masculino, e a oposição dos sexos é equivalente à oposição fálicocastrada. A fase fálica
corresponde ao momento culminante e ao declínio do complexo de Édipo; nele predomina o
complexo de castração.

Segundo a teoria do Sigmund Freud, a zona erógena é então genital e uretral, e o prazer está
ligado à exposição, ao voyeurismo relativo aos genitais. Este é o período mais marcado pela
angústia da castração e seu reconhecimento. Neste momento o sujeito reconhece para os dois
sexos apenas o único órgão genital masculino, o falo e sua ausência (fálico ou castrado). Essa
fase fálica pode levar ao reconhecimento do órgão genital feminino, levar à diferenciação dos
sexos (pênis ou vagina) e ao reconhecimento da identidade sexual (masculina ou feminina) e

15
da sexualidade. No entanto, também aparece um conflito relacionado à proibição do incesto
aspirado pelo complexo de Édipo: a criança quer possuir sua mãe, mas para isso ele deve
destruir seu pai, seu rival, ao mesmo tempo em que o ama e o admira. Esse sentimento cria
um conflito importante do qual a criança deve sair. Para ser dono de sua mãe, ele se
identificará com o pai, submetendo-se a sua autoridade; contudo, identificando-se com ele,
ele se separará de sua mãe. O pai que era rival torna-se o objeto a imitar para se apropriar de
seu poder.

4.4. Fase latente

O estágio latente é um conceito desenvolvido por Sigmund Freud que designa um estágio no
desenvolvimento psicossexual da criança.
A psicanálise propõe um desenvolvimento sexual em dois períodos: um primeiro período, do
nascimento ao chamado complexo de Édipo, e outro, da puberdade à maturidade sexual.
O período que medeia entre esses dois estágios é chamado de latência.
Período entre o declínio da sexualidade infantil (quinto ou sexto ano) e o início da puberdade,
e representa um estágio de detenção na evolução da sexualidade. Durante este período, uma
diminuição nas atividades sexuais, a dessexualização das relações objetais e de sentimentos
(especialmente a predominância da ternura sobre os desejos sexuais) e o surgimento de
sentimentos como a modéstia o desgosto e das aspirações morais e estéticas. Segundo a teoria
psicanalítica, o período de latência tem sua origem no declínio do complexo de Édipo;
corresponde a uma intensificação da repressão (que causa uma amnésia que cobre os
primeiros anos), uma transformação da catexia dos objetos em identificações com os pais e
um desenvolvimento de sublimações.

4.5. Fase genital

O estágio genital aparece quando os impulsos sexuais e agressivos retornaram. A fonte do


prazer sexual se expande para fora da mãe e do pai. Se durante o estágio fálico a criança foi
inconscientemente atraída pelo pai do mesmo sexo, então relacionamentos homossexuais
podem ocorrer durante esse estágio. No entanto, essa interpretação do estágio fálico é
incongruente com o que o estágio fálico basicamente entendido implica.

O complexo de Édipo, que é um dos componentes mais significativos do estágio fálico, pode
ser explicado como a necessidade de obter o máximo de uma resposta da figura parental que
é o principal objeto da libido. Deve ser esclarecido que é mais frequentemente a mãe quem dá
a gratificação em resposta a uma descarga manifestação da libido e é, portanto, o objeto da

16
libido infantil – não o pai. É menos provável que o sujeito tenha qualquer atração sexual
inconsciente pelo pai, porque o pai é a fonte da incapacidade do sujeito de possuir a mãe: o
sujeito ainda está focado em receber atenção da mãe. Além disso, toda atração sexual durante
o estágio fálico é puramente inconsciente.

17
5. Desenvolvimento humano segundo E.Erikson e sua influência no
desenvolvimento humano.

Para Erikson o processo do desenvolvimento humano da personalidade ocorre por meio do:
Processo biológico: organização dos sistemas orgânicos que constituem o corpo; Processo
psíquico: organiza os traços da experiência individual de síntese do ego. Processo social:
organização cultural e interdependência das pessoas.
O desenvolvimento psicossocial para o autor é sinônimo de desenvolvimento da
personalidade e decorre ao longo de oito estádios que, no seu conjunto, constituem o ciclo da
vida. Cada estádio corresponde à formação de um aspecto particular da personalidade.
Um dos conceitos fundamentais na teoria de Erikson é o de crise ou conflito que o indivíduo
vive ao longo dos períodos por que vai passando, desde o nascimento até ao final da vida.
Cada conflito tem de ser resolvido positiva ou negativamente pelo indivíduo.
Superar uma crise ajuda a determinar e a promover forças para ser bem-sucedido no estádio
seguinte. A resolução positiva traduz-se numa virtude, que é um ganho psicológico,
emocional e social: uma qualidade, um valor, um sentimento, em suma, uma característica de
personalidade que lhe confere equilíbrio mental e capacidade de um bom relacionamento
social. Se a resolução da crise for negativa , o indivíduo sentir-se-á socialmente desajustado e
tenderá a desenvolver sentimentos de ansiedade e de fracasso . Contudo, numa fase posterior,
a pessoa pode passar por vivências que lhe refaçam o equilíbrio e o compensem,
reconstruindo-lhe o seu autoconceito. Erikson acreditava que a construção da personalidade
não se limitava às fases cruciais da infância, mas por toda a vida. O foco de Erikson no ego
fez que ele considerasse fatores externos, ambientais e culturais, na formação psicossocial.

Fazes do desenvolvimento humano segundo Eric Erikson

1º Confiança X Desconfiança (0 meses até 2 anos)


Nesta fase o bebé integra com os seus cuidados próximos. Desde os primeiros atos de
socialização surge um sentimento de segurança que desenvolverá a confiança nas pessoas e
no ambiente. Os comportamentos de insegurança, disconfiaça e ansiedade seriam efeitos
colaterais de negligência nessa fase.
2º Autonomia x Vergonha e Dúvida (dos 2 à 3 anos).
A fase da aquisição da línguagem, a criança já tem algum controle de seus movimentos
musculares, então direciona sua energia às experiências ligadas à atividade exploratória e à

18
conquista da autonomia. Neste período a criança passa a ter controle de suas necessidades
fisiológicas e responder por sua higiene pessoal, o que dá a ela grande autonomia, confiança e
liberdade para tentar novas coisas sem medo de errar. Se, no entanto, for criticada ou
ridicularizada desenvolverá vergonha e dúvida quanto a sua capacidade de ser autônoma.

3º Estádio – Iniciativa x culpa (entre 4 à 5 anos)


Nesta fase a criança encontra-se mais avançada e mais organizada tanto a nível físico como
mental. É a capacidade de planejar as suas tarefas e metas a atingir que a define como
autônoma e, por consequência, a introduz nesta etapa. No entanto este estádio define-se
também como perigoso, pois a criança busca exaustivamente e de uma forma entusiasta
atingir as suas metas que implicam fantasias genitais e o uso de meios agressivos a
manipulativos para alcançar a essas metas.

4º Estádio – Diligência x Inferioridade (entre 7 à 11 anos)


Neste período a criança está sendo alfabetizada e frequentando escola, o que propicia o
convívio com pessoas que não são seus familiares, o que exigirá maior sociabilização,
trabalho em conjunto, aprendizagens escolares, a testar limites, a estabelecer os seus
objetivos e a fazer aprendizagens sociais, e a desenvolver um senso de cooperatividade dentre
outras habilidades necessárias em nossa cultura.

5º Estádio – Identidade x confusão de identidade (ocorre entre 12 à 19 anos)


O jovem experimenta uma série de desafios que envolve suas atitudes para consigo, com seus
amigos, com pessoas do sexo oposto, amores e a busca de uma carreira e de
profissionalização. Na medida que as pessoas à sua volta ajudam na resolução dessas
questões desenvolverá o sentimento de identidade pessoal, caso não encontre respostas para
suas questões pode se desorganizar, perdendo seu senso de referência. Toda a preocupação do
adolescente em encontrar um papel social provoca uma confusão de identidade, afinal, a
preocupação com a opinião alheia faz com que o adolescente modifique o tempo todo suas
atitudes, remodelando sua personalidade muitas vezes em um período muito curto, seguindo
o mesmo ritmo das transformações físicas que acontecem com ele.

6º Estádio – Intimidade x isolamento (ocorre entre os 20 a 30 anos)

19
Nesse fase da construção de relações profundas e duradouras, podendo vivenciar momentos
de grande intimidade e entrega afetiva. Caso ocorra uma decepção a tendência será o
isolamento temporário ou duradouro.

7º Estádio – Produtividade x estagnação (ocorre entre 35 a 60 anos )


Neste período, as pessoas procuram definir objetivos e motivações para o que querem
produzir nas suas vidas. Pode aparecer uma dedicação a sociedade à sua volta e realização de
valiosas contribuições, ou grande preocupação com o conforto físico e material.

8º Estádio – Integridade x desesperança (ocorre dos 60 anos eté o resto da vida)


É nesta fase que as pessoas fazem um balanço do seu percurso de vida. Assinala que chegou a
hora do balanço, da avaliação do que se fez na vida e sobretudo do que se fez da vida.

20
Conclusão

Após as investigações feitas, conclui-se que o processo de mudanças comportamentais e


afectivas embora sigam critérios semelhantes, eles seguem caminhos não uniformes, isto não
reside apenas no facto de cada autor distinguir as fases de forma diferente, dentro das
próprias fases de Piaget por exemplo, um certo individuo pode não adquirir todas as
habilidades pré-estabelecidas, e por exemplo adquirir habilidades no quarto estagio
(operações formais) com menos idade que o previsto, ou vice-versa, ou seja, o
desenvolvimento cognitivo-sócio-afectivo de cada individuo embora subordine do meio
ambiente, o genótipo, o código genético, entre outros, ele vai ter seu ‘ritmo’ de
aprendizagem.
No que refere a socialização concluímos que este factor influencia muito mais no nível
afectivo-social, o que não significa que este seja separado e neutro no aspecto de rege a
formação de estruturas cognitivas.

21
Referências bibliográficas

 ALVES, Leonardo Marcondes. Erik Erikson: os estágios psicossociais do


desenvolvimento, Ensaios e Notas, 2020;
 ARENDT, H. A condição humana. 8. ed. ver. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1997.
BASSOLS. O ciclo da vida humana: uma perspectiva psicodinâmica. Porto
Alegre: Artmed, 2001,
 BEE, H. O ciclo vital. Porto Alegre: Artmed, 1997
 BORGES, M.I.P.B. Introdução à Psicologia do Desenvolvimento. Porto, Edições
Jornal de Psicologia, 1987;
 TAVARES, J. E ALARCÃO, L. Psicologia de Desenvolvimento e de Aprendizagem.
Coimbra, Livraria Almedina, 1990.
 WINNICOTT, D.. A Adolescência. In: WINNICOTT, D. A família e o Desenvolvimento do
Indivíduo. Interlivros: Belo Horizonte, 1980
 Xavier, A. Silva. Nunes, Ana I. B. Lima. Psicologia do Desenvolvimento, 4 ed.
Fortaleza. Brasil

22

Você também pode gostar