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Disciplina: Neuropsicopedagogia e o Desenvolvimento Humano

Autores: M.e Willyans Maciel

Revisão de Conteúdos: Esp. Larissa Carla Costa

Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso

Ano: 2017

Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas


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Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em
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Willyans Maciel

Neuropsicopedagogia e o
Desenvolvimento Humano
1ª Edição

2017

Curitiba, PR
Editora São Braz

2
FICHA CATALOGRÁFICA

Maciel, Willyans
Neuropsicopedagogia e o Desenvolvimento Humano / Willyans Maciel.
– Curitiba, 2017.
45 p.
Revisão de Conteúdos: Larissa Carla Costa

Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso.

Material didático da disciplina de Neuropsicopedagogia e o


Desenvolvimento Humano – Faculdade São Braz (FSB), 2017.
ISBN: 978-85-94439-72-7

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PALAVRA DA INSTITUIÇÃO

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estudantes.

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Apresentação da disciplina

Para a compreensão do processo de aprendizagem ao longo do ciclo de


vida dos indivíduos, o desenvolvimento humano é um dos mais fundamentais e
prioritários elementos a serem entendidos. Com a adequada compreensão de
como se dá este desenvolvimento e de seus aspectos fisiológicos, socioculturais
e psicológicos, seremos capazes de interagir de modo mais amplo com o
potencial e as dificuldades de aprendizagem de estudantes em todos os níveis
de ensino e fases da vida.
Nesta disciplina serão exploradas as relações entre os aspectos
fisiológicos, psicológicos e socioculturais do desenvolvimento humano,
buscando compreender em especial, a relação entre o conceito de
neuroplasticidade e a educação, para expandir nossa visão acerca das
dificuldades de aprendizagem e os fatores que as motivam. Neste contexto,
exploraremos os distúrbios e deficiências que podem influenciar no
desenvolvimento típico dos indivíduos, focando nas implicações
neuropsicopatológicas e sociais dessas condições.
Entendendo o indivíduo como uma unidade, os aspectos fisiológicos,
psicológicos e socioculturais estão presentes em toda a disciplina, como
norteadores para a prática educacional.

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Aula 1 – Aspectos do desenvolvimento humano

Apresentação da aula

Nesta aula serão abordados os aspectos fisiológicos, psicológicos e


socioculturais do desenvolvimento humano, explorando as suas oito fases e
buscando uma melhor compreensão do papel de cada um dos aspectos ao longo
do ciclo de vida, para assim, relacionar este processo com a educação. Serão
abordadas também, as questões que podem influenciar o indivíduo do ponto de
vista ambiental, mesmo na fase de formação, desde a vida no útero até a vida
adulta tardia.
Humanos são complexos, e, embora o processo de desenvolvimento seja
unitário e se integre na vida de uma pessoa, é impossível abordá-lo sem
distinguir os seus aspectos, sob o risco de não compreendermos claramente
como cada um deles influencia o resultado.

Fonte: http://diasmind.com.br/o-desenvolvimento-humano/

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1.1 Aspectos do desenvolvimento humano

Para esta aula será utilizada uma divisão em três aspectos: fisiológico,
sociocultural e psicológico.
O aspecto sociocultural, trata da relação das pessoas com outras e
grupos. Esse aspecto inicia-se com a relação entre o feto e a mãe,
desenvolvendo-se para os pais e familiares nos primeiros anos de vida e
expandindo-se a partir da escolarização, momento em que a criança terá contato
com outras visões de mundo para além daquela que lhe é apresentada no seio
familiar.
A cultura de uma sociedade também influenciará nesse aspecto,
manifestando-se na maneira como o comportamento se apresenta frente às
situações que envolvem outras pessoas. Esse aspecto é normalmente mais
evidente quando se é exposto a uma cultura que não é aquela na qual foi
educado, por exemplo, em uma mudança de país.
O aspecto fisiológico, por outro lado, trata do desenvolvimento das
capacidades motoras, do sistema nervoso e especialmente do cérebro. Esse
desenvolvimento influenciará a capacidade de memória, aprendizagem e
linguagem. Inclui ainda parte da capacidade intelectual de cada um, uma vez
que depende, em grande medida, da saúde do cérebro e seu desenvolvimento.
Essa capacidade refere-se à forma como o indivíduo reage a estímulos,
pensa e age na resolução de problemas. Envolve ainda a capacidade cognitiva
durante todo o desenvolvimento.
Aspectos psicológicos serão particularmente ligados à capacidade
afetiva emocional, influenciados pelo ambiente e estímulos recebidos ao longo
da vida. Como nos anteriores, os primeiros anos são de extrema relevância para
o bom desenvolvimento desse aspecto e irão influenciar todo o ciclo de vida do
indivíduo.
As pessoas com “desenvolvimento típico” desse aspecto, serão capazes
de integrar suas experiências afetivas formando a estrutura emocional que será
referência para comportamentos cotidianos. Como exemplos de elementos
influenciados diretamente por esse aspecto, temos a impulsividade,
agressividade e sexualidade.

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Nenhum desses aspectos aparece sozinho, normalmente em nossa vida
em sociedade, somos influenciados por mais de um ao mesmo tempo, pois eles
compõem a nossa interação com o meio. Ao conhecermos uma pessoa, por
exemplo, temos de considerar os três aspectos desse encontro.
O aspecto psicológico trata particularmente do modo como se reage a um
encontro, por exemplo, qual o humor e o quanto se identifica com a pessoa, o
aspecto fisiológico, se está em condições de atender às expectativas daquele
encontro, se há lembranças, por exemplo, de já ter encontrado àquela pessoa
ou se será capaz de levantar e apertar-lhe a mão, ou ao menos lembrar de seu
nome ao longo da conversa. Também o aspecto sociocultural, se esta pessoa
faz parte da mesma comunidade, se é um imigrante, diferenças culturais
possíveis, diferenças religiosas ou de hábitos alimentares.
Com todos esses aspectos em conjunto, forma-se a experiência de
conhecer uma pessoa. Da mesma forma, esta unicidade dos três aspectos se
manifesta em todas as relações da nossa vida e mesmo na relação consigo
mesmo, em uma atitude reflexiva ou de avaliação.

1.2 Fases do desenvolvimento humano

Agora que tem-se uma visão ampla de como o cérebro influencia no


processo de desenvolvimento humano, pode-se explorar as fases e como os
aspectos socioculturais, fisiológicos e psicológicos se relacionam ao longo deste
processo.
Por ser um processo continuado ao longo da vida de cada um, o estímulo
é fundamental para o desenvolvimento biológico, especialmente no primeiro ano
de vida. Não obstante, o desenvolvimento humano se divide em oito fases. Essas
fases podem ser demarcadas por idades de modo arbitrário, para facilitar a
identificação de acordo com o desenvolvimento típico. Porém é preciso manter
em mente que podemos encontrar variações em algumas fases, enquanto outras
são muito bem definidas. A passagem da fase pré-natal para a primeira infância,
por exemplo, é evidente e não comporta muitas variações. O início e fim da vida
adulta intermediária, por outro lado, pode sofrer grandes variações. As fases são:

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Pré-natal: compreende o período de formação do feto,
ainda no útero da mãe.

Primeira infância: inicia-se no nascimento, estendendo-se


até a idade de três anos.

Segunda infância: de três a seis anos de idade.

Terceira infância: ocorre entre seis e onze anos.

Adolescência: marcada pelo início da puberdade.

Início da vida adulta: em torno de vinte anos, estendendo-


se até por volta dos quarenta anos.

Vida adulta intermediária: Esta fase inicia-se por volta dos


quarenta anos e se estende até os sessenta e cinco.

Vida adulta tardia: inicia-se por volta dos sessenta e


cinco anos e estendendo-se pelo restante dos anos de
vida, o que pode variar de acordo com a expectativa de
vida.

Fonte: Elaborado pelo DI.

1.3 Fase pré-natal e infância

Embora tenhamos a tendência de explorar a formação e educação


humanas apenas a partir do nascimento, o período de nove meses ou menos
(que antecedem o nascimento) tem influência crucial para o desenvolvimento
futuro dos seres humanos. Ainda, a combinação da fase pré-natal e infância
estão entre as fases mais relevantes em termos educacionais, justamente por
serem as fases de mais intensa formação.
Na fase pré-natal a estrutura do cérebro, e do corpo em geral, ainda está
em formação e as características genéticas começam a interagir com o meio,
especialmente com o contato com a mãe, período em que o feto responde aos
estímulos da voz materna, preferindo-a pela adaptação e hábito.
No desenvolvimento da pessoa, a nutrição é crucial, assim como evitar
hábitos não saudáveis e sabidamente prejudiciais, como o uso de drogas e

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abuso de álcool. Após o nascimento, considera-se o início da primeira infância,
mas isso não muda muito as necessidades de estímulos e nutrição,
especialmente nos primeiros meses, quando os sentidos da criança começam a
se desenvolver aceleradamente. A capacidade de aprendizado aparece desde
os primeiros meses e a memória, que como visto anteriormente, é crucial para
esse processo, que já está em pleno funcionamento. Em torno de dois anos de
vida a criança já possui a capacidade de resolução de problemas simples e
compreensão rudimentar de símbolos.
Por razões evolutivas, seres humanos instintivamente sabem que recém-
nascidos precisam de carinho, cuidado e atenção. Isto é particularmente
importante, pois é na primeira infância que a criança começa a criar vínculos
fortes com os pais e outras crianças presentes no seu cotidiano. Quanto melhor
a qualidade e constância dos estímulos, melhor o ambiente para o
desenvolvimento desse novo ser humano, tanto em termos fisiológicos quanto
socioculturais. A base para as etapas posteriores é desenvolvida pela boa
nutrição e cuidados na fase pré-natal, bem como nos primeiros anos.
Desenvolvendo um aluno tão saudável quanto possível, facilitamos o trabalho de
educação que virá a seguir, proporcionando os elementos necessários para
constituição do cérebro, bem como capacidades motoras e cognitivas básicas.
Na segunda infância, que se inicia por volta dos três anos, o indivíduo
tende a ter um maior desenvolvimento do corpo e aspectos motores. É
caracterizada pelo início de uma fase mais eficiente do cérebro em que a criança
começa a formular raciocínios lógicos e abstratos, ainda sem muita ordenação.
Elementos das fases anteriores como o cuidado materno, atenção e
outras formas de estimulação sensorial, irão se refletir nesta fase com um
aceleramento do desenvolvimento e fortalecimento sináptico, promovendo
aceleramento do desenvolvimento cognitivo, equilíbrio emocional e a capacidade
de responder positivamente às novas experiências.
Com aproximadamente cinco anos sob cuidados adequados, temos um
amadurecimento suficiente para capacitar o indivíduo para a educação formal,
tirando máximo proveito dessa ferramenta. No entanto, quanto antes a criança
for exposto à educação, melhor será o seu desempenho.
Por outro lado, se proporcionamos um ambiente que não promove os
elementos necessários a um ambiente saudável, teremos também

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consequências que afetarão o desenvolvimento dela. Entre os exemplos de
ambientes não benéficos ao desenvolvimento humano nos primeiros anos de
vida, temos os lares violentos, ambientes afetados por familiares corrompidos
pelo consumo excessivo de álcool e drogas, que podem incluir ou não
intimidações, manipulações e agressões físicas ou psicológicas.
Tais ambientes influenciam os padrões e associações realizadas ao longo
do desenvolvimento cognitivo da criança, podendo constituir-se em traumas
arraigados e difíceis de trabalhar, especialmente porque, estando a criança em
desenvolvimento, pode ainda não ser capaz de expressar tais traumas de modo
a poderem ser direcionados e trabalhados por profissionais qualificados. Nesses
casos, os sinais socioambientais são de relevância crucial para um diagnóstico
adequado, bem como para o tratamento ou direcionamento neuropsicopedagó-
gico. Para além desse exemplo mais radical temos ainda outros casos que
afetam a saúde e desenvolvimento da criança, entre eles: a Síndrome Alcoólica
Fetal, que causará danos diretamente ao desenvolvimento do feto, da mesma
forma que pode causar a pessoas adultas; gestantes que apresentam casos de
subnutrição, casos nos quais o feto não terá abundancia dos elementos
nutricionais necessários para seu desenvolvimento; e anemia, que produz
efeitos profundos nas funções motoras e cognitivas.

Saiba Mais
A Síndrome Alcoólica Fetal (SAF) é o transtorno mais grave
do espectro de desordens fetais alcoólicas (fetal alcohol
spectrum disorders – FASD) e constitui um complexo quadro
clínico de manifestações diversas, que podem ocorrer em
quem cuja mãe consumiu bebida alcoólica durante a
gestação. Os efeitos decorrem da interferência na formação
cerebral, em especial na proliferação normal e migração dos
neurônios que não se desenvolvem completamente em
certas estruturas e podem acarretar alterações congênitas,
anomalias do sistema nervoso central, retardo no
crescimento e prejuízos no desenvolvimento cognitivo e
comportamental.

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1.4 A terceira infância e a escolarização

Considerando que o processo tenha corrido de maneira típica até aqui,


quando atinge a terceira infância a criança já deve estar no ambiente escolar.
Nesta fase o crescimento físico diminui e a escolarização auxilia na diminuição
do egocentrismo, típico da criança que ainda estava a descobrir o mundo e, até
pouco antes de adentrar o ambiente escolar, tinha toda a atenção para si. A
escola auxilia ainda no desenvolvimento da linguagem e memória, pelo estímulo
típico dos conteúdos estudados. Os aspectos de memória e linguagem
desenvolvem-se mesmo sem o estímulo escolar.
Normalmente esta é a fase na qual se apresentam as dificuldades de
aprendizagem, bem como aptidões específicas. Ambos os casos exigem
cuidados, para extrair-se o potencial de tais crianças, de acordo com as suas
necessidades e limitações.
A criança é também estimulada pelo convívio com outras crianças de
idades próximas, apresentando os primeiros conflitos culturais e
comportamentais, entre o que é aprendido no seio familiar de cada criança em
relação às outras. Embora possa ser percebido negativamente, esse conflito é a
base para o desenvolvimento da compreensão da vida em sociedade e do
diálogo.
Assim, desenvolve-se o conceito de si mesmo como pessoa, mas também
o conceito de coletivo, e esse processo, combinado com a relação com os
colegas, pode ter efeitos na autoestima e autopercepção.

1.5 Adolescência

O conceito de “adolescência” é relativamente recente e sua divisão por


idade não é unanime. Entende-se, porém, que acontece em sincronia com a
puberdade e, portanto, com a maturidade reprodutiva. É preciso lembrar que esta
divisão da vida e desenvolvimento humano em fases é arbitrária, em períodos
anteriores da história o conceito de adolescência não existia; em parte porque a
expectativa de vida era tão inferior a atual que não havia muito sentido em se
subdividir a infância e vida adulta em mais uma fase, em parte por fatores de
estrutura social e trabalho.

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A palavra “adolescente” vem do latim adolescere, significando “crescer”.
Entende-se a aplicação do termo ao indivíduo humano que está em processo de
tornar-se adulto (crescido).
Além da maturidade reprodutiva, que pode criar novas preocupações no
ambiente educacional, acontece ainda a exploração acelerada do mundo que
cerca esses adolescentes, bem como um interesse renovado pela exploração,
investigação e experimentação. Essa fase pode ser muito bem direcionada para
a investigação de temas relevantes no contexto dos estudos, mas pode ser
também uma fase de desvios para o uso de drogas e transtornos alimentares.
A autodescoberta desses adolescentes como indivíduos autônomos, cria
dificuldades para o ambiente familiar e escolar. Culturalmente, algumas famílias
tendem a esperar das escolas uma educação que ofereça soluções para o
comportamento desses indivíduos, enquanto outras trabalharão estas questões
em casa, entendendo que a função da escola é mais instrutiva do que corretiva.
Ainda em termos cognitivos, a capacidade de abstração atinge seu
potencial típico e desenvolve-se em capacidade de utilizar o raciocínio científico,
o que em conjunto com o interesse de adolescentes pela experimentação e
descoberta, pode ser muito bem direcionado para projetos e temas de interesse.
Mas, mesmo com um direcionamento adequado a temas de interesse, o
pensamento ainda pode manifestar-se imaturo e sujeito a insegurança,
refletindo-se em comportamentos, atitudes e juízos.

1.6 Vida adulta

A vida adulta caracteriza-se socialmente pela ideia de progressão para os


níveis mais elevados de estudos e ingresso no mercado de trabalho, também
pela constituição de sua própria unidade familiar. Embora diversos aspectos
desse complexo social possam ser rejeitados por indivíduos específicos, o
complexo ainda compõe a visão geral da nossa sociedade em relação à vida
adulta.
Em termos fisiológicos, essa fase caracteriza-se pelo auge da condição
física, mas também pelo início do seu declínio, caso não exista um cuidado e
atenção específica, como a prática de exercícios físicos e esportes.

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Inicia-se com um período exploratório, no qual somos expostos aos novos
níveis de educação, com cursos técnicos, faculdades e universidades, com o
ingresso no mercado de trabalho, ou seu desenvolvimento, considerando que
muitos indivíduos procuram ingressar no mercado antes dessa fase,
antecipando-se as demandas da vida adulta.
Uma vez que os juízos morais e a qualidade dos pensamentos são
influenciados pela educação, genética e desenvolvimento individual, esses se
tornarão mais complexos, com maior capacidade de direcionar as decisões
desses indivíduos, sem a necessidade de supervisão das ações baseadas
nesses juízos. O que, supondo um desenvolvimento típico, dispensa a existência
de tutores.
Em termos psicológicos, no início da vida adulta, os traços de
personalidade manifestam-se de modo mais marcante, evidente e estável.
Muitas famílias são constituídas nesta fase, porque os indivíduos estão mais
propensos a tomarem decisões em relação a sua intimidade, dado o nível de
autonomia que se espera atingir nessa fase.
Apesar disto, a adolescência pode prolongar-se e misturar-se a aspectos
da vida adulta. Isto acontece porque os critérios para definir o fim da
adolescência não são claros e em sua maioria, são circunstanciais e relativos a
casos específicos, como o primeiro trabalho, a constituição da família ou o
ingresso na faculdade. Nenhum desses elementos pode ser considerado
universal para que se estabeleça um critério objetivo para definir em que
momento termina a adolescência e começa a vida adulta.
A vida adulta intermediária por outro lado, é mais específica. Começando
por volta dos quarenta anos, é caracterizada especialmente por mudanças
significativas nas condições físicas, especialmente em termos de vigor e saúde.
Não obstante, diferentes pessoas podem apresentar grandes variações em
relação a esta fase, especialmente entre homens e mulheres. Enquanto as
mulheres entram na menopausa, os homens sentem menos efeitos de
mudanças hormonais, mas podem sofrer grandes declínios com a andropausa.
Em termos cognitivos, a criatividade pode sofrer declínio quantitativo, mas
com ampliação qualitativa, pois nessa fase atinge-se o auge das capacidades
mentais, especialmente em termos de solução de problemas práticos.

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Em termos socioculturais, a maior parte da nossa sociedade irá lidar com
o crescimento dos filhos e o envelhecimento dos pais, enquanto em termos
profissionais, podem experimentar o sucesso ou o esgotamento da carreira.

1.7 Vida adulta tardia

A vida adulta tardia inicia-se por volta dos sessenta e cinco anos. Nesta
fase, embora exista um declínio em termos de saúde e capacidade física, a
maioria das pessoas ainda está ativa e relativamente saudável.
Em termos fisiológicos, o tempo de reação mais lento afeta os movimentos
funcionais cotidianos, mas ainda não afeta a capacidade cognitiva para a maioria
das pessoas que entram nessa fase.
Exceto nos casos de desenvolvimento de patologias específicas, a
inteligência e memória declinam levemente, mas são compensados por outros
mecanismos. Atualmente, com o aumento da expectativa de vida e saúde,
mesmo nessa fase, muitos indivíduos continuam a agir em suas vidas como se
estivessem ainda na vida adulta intermediária, o que chama atenção para a
possibilidade de revisão futura dessa fase.

Entendemos que o desenvolvimento humano, ao longo de toda


a vida, está intimamente ligado aos fatores socioculturais,
fisiológicos e psicológicos, podendo sofrer grandes variações
entre diferentes de pessoa para pessoa, dependendo das
relações e experiências que esses possuem, tanto nas fases
iniciais quanto nas fases tardias do desenvolvimento.

Converse Com Seus Colegas


Considerando que os juízos morais são em grande medida
influenciados pela educação, genética e desenvolvimento
individual, discuta com seus colegas sobre a relevância da
adolescência para a boa formação na vida adulta.

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Resumo da Aula

Nesta aula foram apresentados os aspectos socioculturais e psicológicos


do desenvolvimento humano, passando pelas fases do desenvolvimento, desde
a vida intrauterina até a vida adulta tardia. Apresentou-se ainda os
comportamentos que podem apresentar prejuízos para o desenvolvimento nos
primeiros anos de vida e como isto se reflete na criança quando esse atinge a
idade de escolarização.

Atividade de Aprendizagem
O desenvolvimento humano possui três aspectos: o fisiológico,
psicológico e cultural. Discorra sobre cada um deles.

Aula 2 – O cérebro e a neuroplasticidade

Apresentação da aula

Nesta aula será explorada a estrutura básica do cérebro e o conceito de


neuroplasticidade. O cérebro constituirá o principal elemento do aspecto
fisiológico, pois oferece influência sobre a linguagem, funções motoras,
memória, atenção e diversos outros aspectos relevantes para a educação,
oferecendo também grande influência no aspecto psicológico. Ao explorar o
conceito da plasticidade, busca-se uma melhor compreensão do papel do
cérebro no processo de educação e sua relação com as patologias e
dificuldades, para então criar um ambiente propício à investigação desses
aspectos.
Ao buscar a compreensão da aprendizagem e comportamento humano
ao longo da vida, é fundamental adquirir conhecimento acerca das funções e
estruturas do cérebro, em especial a neuroplasticidade. Isso porque o cérebro é
o órgão que organiza o conhecimento humano, bem como a nossa relação com
os conteúdos do conhecimento, influenciando, entre outras coisas, nosso
comportamento moral, a forma como nos relacionamos em sociedade e a nossa
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capacidade de aprendizado. O cérebro oferece influência não apenas nos
aspectos fisiológicos, mas relaciona-se com os aspectos psicológicos e
socioculturais, fundamentais para compreender o desenvolvimento humano.

2.1 O cérebro como principal aspecto fisiológico

O cérebro humano é uma máquina extremamente complexa. Possui


aproximadamente cem milhões de neurônios. Cada um desses neurônios está
conectado a outros dez mil neurônios. Não deveria ser surpresa que a nutrição
e cuidado durante a gestação oferecem grande influência no desenvolvimento
do cérebro do feto, uma vez que diariamente o cérebro consome cerca de 550
kcal, mesmo que o corpo passe o dia em repouso.
É dependente de uma das redes de vasos sanguíneos mais complexas e
bem irrigadas do corpo, composta por, além de artérias, veias e vasos capilares,
recebendo cerca de 20 a 25 por cento do sangue do corpo a cada batimento
cardíaco. A mesma porcentagem se aplica a necessidade de oxigênio. O cérebro
utiliza entre 20 e 25 por cento do oxigênio presente no sangue humano,
dependendo do tipo de esforço mental/cognitivo que realizamos.
Mas o cérebro humano não se resume a neurônios e irrigação, além das
muitas estruturas que compõe esse importante órgão humano nos intrigam as
suas relações com a mente, aspectos psicológicos, habilidades motoras e outros
aspectos humanos.
Os primeiros avanços no sentido de compreender o papel do cérebro no
desenvolvimento humano e sua relação com as patologias e dificuldades de
aprendizagem, surgem em 1800, pelas mãos do médico alemão Franz J. Gall,
primeiro a oferecer uma explicação para as localizações das funções cerebrais.
Gall pretendeu oferecer um mapeamento de como as faculdades mentais e
características psicológicas se relacionam com as regiões (localizações) do
cérebro. Guardadas as proporções e a evolução tecnológica, essa é a origem do
conceito de mapeamento do cérebro em busca de evidências para os estados
mentais.

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Saiba Mais
Frenologia de Gall: Desenvolvida pelo médico alemão Franz
Gall, foi muito popular no século XIX. Atualmente,
desacreditada em aplicações práticas como uma pseudo-
ciência, a frenologia recebe crédito histórico por ser uma
protociência, uma vez que contribuiu para a neurociência do
século XX com as ideias de que:
1. O cérebro é o órgão da mente.
2. Áreas específicas do cérebro se relacionam com funções
da mente e comportamento humano.

Em 1891, o médico e anatomista francês Paul Broca, descreveu a


correlação entre uma lesão cerebral e sintomas, de maneira positiva pela
primeira vez na história da humanidade. Broca pretendia demonstrar que a afasia
motora está associada a lesões no terço posterior do girofrontal esquerdo
inferior, sugerindo assim que esta área específica do cérebro humano atua como
um centro para imagens motoras relacionadas às palavras, de modo que lesões
em tal área causariam afasia, necessariamente.
O psiquiatra alemão Karl Wenicke por outro lado, foi bem sucedido em
demonstrar que lesões no terço posterior do giro temporal superior esquerdo
causam afasia do tipo sensorial, que leva o paciente a ser incapaz de
compreender as palavras faladas.

2.2 Unidades funcionais: A contribuição de Luria

Na década de 1930, o psicólogo russo Alexander Romanovich Luria


(1902-1977) apresentou uma coleção de dados baseados em estudos realizados
na Ásia Central que permitiram o desenvolvimento da compreensão da
organização básica neuropsicológica da cognição. Essa compreensão do
funcionamento da cognição, aperfeiçoada por estudos posteriores, é
considerada um modelo basal para a educação e reabilitação, tendo sido
expandida para tratar especialmente dos casos de limitação da capacidade
cognitiva.

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Saiba Mais
Alexander Romanovich Luria, um dos mais influentes
psicólogos do século XX, é conhecimento como o pioneiro
na coleta de dados para a compreensão do processo de
desenvolvimento da linguagem e pensamento, limitações
cognitivas e na organização de processos mentais de alta
complexidade. Influenciou ainda os estudos sobre como as
diferenças culturais influenciam o pensamento.

Luria é particularmente importante para compreendermos os aspectos


fisiológicos e socioculturais do desenvolvimento humano.
Em seus estudos na Universidade de Moscow, desenvolveu a Teoria do
Sistema Funcional, entendendo o cérebro como sendo composto por complexos
sistemas funcionais (ou unidades funcionais), cujo desenvolvimento está
relacionado à cultura e experiências vivenciadas pelo indivíduo, sendo assim
responsável pelas funções superiores. Nesses estudos identificou três unidades
funcionais.
I. Unidade reguladora do sono e vigília.
II. Unidade que obtém, processa e armazena informações.
III. Unidade responsável por programar, regular e verificar atividade
mental.

Figura 1.1: Unidades Funcionais


Fonte:https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/301895/mod_resource/content/1/Teoria_
do_Sistema_Funcional

Assim, defendeu Luria, grande parte dos processamentos que ocorrem no


cérebro humano estão ligados à nossa experiência do mundo exterior, a história

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que vivenciamos e nosso relacionamento interpessoal. Somos afetados pela
maneira como nos relacionamos com o ambiente e a cultura local, através da 2ª
unidade funcional. As informações obtidas por esta unidade são processadas e
armazenadas na forma de memórias e padrões comportamentais considerados
adequados naquele ambiente.
Por sua vez, a 3ª unidade funcional é responsável por realizar o processo
reflexivo sobre os conteúdos armazenados, assim, especialmente no caso de
comportamentos, verifica-se a sua adequação e efetividade no ambiente em que
se vive, decidindo pela continuidade ou não de tais comportamentos.
Para realizar tais atividades, essas unidades funcionais são compostas
por conjuntos de áreas corticais. Os conjuntos de partes do córtex (áreas
corticais) constituem as unidades funcionais, atuando em conjunto naquela
prioridade que é função de cada área. As unidades funcionais por sua vez
constituem entre si um grande sistema, responsável pela aprendizagem
humana. Como consequência disto, a aprendizagem será o fruto do
desenvolvimento dessas unidades funcionais ao longo da vida.

Figura 2.1: Áreas corticais


Fonte: http://www.grupopsicopedagogiando.com.br/pneuropsicopedagogia.html

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Dentro de cada unidade funcional, as áreas corticais possuem uma
hierarquia, baseada em sua relação com a informação:
1. Áreas primárias: São responsáveis pela projeção, recebem os
impulsos da periferia do sistema nervoso e também respondem a
essa periferia. Desta forma temos um relacionamento direto com
os estímulos externos e com o mundo exterior de modo geral.
2. Áreas secundárias: Realizam a relação projeção-associação, é
onde as informações são programadas ou processadas.
3. Áreas terciárias: São responsáveis pela sobreposição, também
chamadas de funções integrativas.

2.3 Investigação do processo de aprendizagem e memória

Entre as muitas funções da neurociência atual, está a investigação do


processo de aprendizagem e memória. Ao longo dessa investigação constata-
se que estados mentais e representações na mente estão relacionados com a
formação de padrões de atividade neural, de tal modo que podemos dizer que
esses padrões são correspondentes aos estados mentais.
A cognição é a capacidade do ser humano de processar informações
brutas, adquiridas pelos sentidos, transformando-as em conhecimento, ao
mesmo tempo em que processa conhecimento para originar novos
conhecimentos. Se desejarmos utilizar a Teoria dos Sistemas Funcionais, esse
processo pode ser associado à segunda unidade de Luria.
Mas Sternberg (2000), diz de que há um processo ainda mais profundo,
chamado metacognição, que pode ser associado à terceira unidade funcional de
Luria. Nesse processo o ser humano revisa, monitora e regula os processos
cognitivos, sendo capaz de verificar o estado de sua capacidade cognitiva, ou
seja, quão eficiente é o seu processamento de informações e conversão em
conhecimento.
Em termos de aprendizagem, um currículo baseado no conhecimento da
estrutura da cognição humana, permite desenvolver funções que constituem a
origem do processo de aprendizagem, ao melhorar a cognição e motivação para
aprender.

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A metacognição é um processo reflexivo que tem como função o
monitoramento dos comportamentos, verificando sua adequação e eficiência
quando comparados às exigências e demandas do mundo no qual vivemos.

Para Refletir
A civilização humana é composta de diferentes culturas.
Como essas diferenças influenciam na formação da visão de
mundo de cada pessoa?

Esse monitoramento pode ser realizado não apenas pela própria pessoa,
mas através de mapas conceituais podem ser acessados por profissionais
interessados em estimular o desenvolvimento humano, especialmente em
crianças, que ainda estão em desenvolvimento quanto a sua capacidade crítica
e compreensão dos próprios processos cognitivos.
Um importante aspecto social do desenvolvimento humano, em termos de
metacognição, será o quanto estímulo em direção à aprendizagem e
aperfeiçoamento será oferecido às crianças, desde o útero até a primeira
infância.
Naturalmente esse processo continua por toda a vida, em períodos de
desenvolvimento mais acelerado e menos acelerado, mas na primeira infância o
processo é mais evidente. Nesta fase desenvolve-se o pensamento crítico
básico, a capacidade de desenvolver ideias antes de realizar as ações,
estabelecer um mapeamento de consequências de suas ações, compreendendo
o funcionamento da causalidade, e compreender o papel da aprendizagem.

2.4 Descoberta e funcionamento da neuroplasticidade

Surgindo na década de 1990, o conceito de neuroplasticidade, ou


plasticidade neuronal, refere-se à capacidade dos neurônios de constantemente
formar novas conexões. Anteriormente, acreditava-se que os neurônios não
possuíam essa capacidade, mas através de observações da recuperação,
especialmente de pacientes com perda de massa encefálica, concluiu-se que
não apenas os neurônios possuem tal capacidade, como no caso de crianças a
recuperação pode ser tão ampla a ponto de chegarem a vida adulta sem
22
qualquer sequela, mesmo nos casos de acidentes em que há déficits motores,
visuais, auditivos e de fala, havendo ou não perda de massa encefálica.
A recuperação de funções em pacientes com danos cerebrais não poderia
ser explicada pela teoria que não considerava a capacidade dos neurônios de
formar novas conexões. Para justificar essa recuperação, foi proposto do
conceito de "reorganização funcional" ou "substituição funcional do sistema
nervoso central".
Estudos posteriores foram capazes de demonstrar que os neurônios
remanescentes a uma lesão no sistema nervoso central, formam contatos
funcionais com regiões privadas de suas aderências originais por meio de um
processo de brotamento de sistemas axonais, um grande centro medular
formado por fibras axonais. Essas são conhecidas como a “substância branca”
do cérebro, em oposição aos neurônios, que são corpos celulares constituintes
do que chamamos de “substância cinzenta”. Ou seja, os neurônios crescem
caminhos (pathways) para recuperar as capacidades perdidas com a lesão.
Esse processo não é isolado ou exclusivo de algumas pessoas ou grupos
sob determinadas condições, mas é um processo universal em seres humanos,
o que releva seu caráter evolutivo e sua relevância desses novos contatos como
substrato neural, responsável pelo processo de reorganização funcional.

2.5 Tipos de plasticidade

A neuroplasticidade é uma característica do cérebro, ou seja, o cérebro


humano tem a capacidade de se alterar e adaptar de acordo com fatores internos
e externos. Desse modo, podemos entender a neuroplasticidade, e suas
alterações, como um processo que acontece ao longo de toda a vida de uma
pessoa, seja como resposta a estímulos positivos ou como resposta a fatores
que agridem o cérebro. Os tipos básicos de neuroplasticidade são três:
1. Formação durante o desenvolvimento do cérebro normal. Migração
celular, modificações neuroquímicas e plasticidade sináptica.
2. Ocorrência de plasticidade como resposta à experiências
vivenciadas pelo indivíduo. Reação aos estímulos ambientais,
educacionais e socioculturais.

23
3. Reação a uma lesão. Tentativa de reorganização do sistema
nervoso central e periférico.

Pesquise
Conceitos que aparecem sempre conectados a ideia de
neuroplasticidade são o Sistema Nervoso Central e o
Sistema Nervoso Periférico. Não precisamos saber tudo
sobre eles para aplicar o conceito de neuroplasticidade, mas
você encontrará boas informações ao pesquisar e
aprofundar-se nestes temas.

2.6 Aspectos negativos da neuroplasticidade

Da mesma forma que auxilia na progressão do cérebro humano, a


neuroplasticidade pode também adaptar-se ao um decaimento, esse é o
caso já citado das lesões decorrentes de acidentes, mas também é o caso
de patologias adquiridas e agressões não acidentais, como alcoolismo e
uso de drogas que podem afetar diretamente a pessoa ou o feto, no caso
de mulheres grávidas.

Figura 3.1: Neuroplasticidade e decaimento


Fonte: http://www.teklamatik.com.br/wp-content/uploads/2015/06/inteligencia-
emocional.jpg

24
Em comparação com o cérebro de um idoso “normal” (Painel A), os
sulcos mais largos e as cristas mais estreitas dos cérebros nos painéis B e C
refletem o encolhimento do tecido cerebral visto na doença de Alzheimer e no
alcoolismo.

2.7 Função em relação à aprendizagem

A neuroplasticidade refere-se à capacidade do sistema nervoso de alterar


algumas das propriedades morfológicas e funcionais em resposta a alterações
do ambiente, é a adaptação e reorganização da dinâmica do sistema nervoso
frente às alterações. A plasticidade nervosa não ocorre apenas em processos
patológicos, mas assume também funções extremamente importantes no
funcionamento normal do indivíduo. Um das definições possíveis para
plasticidade neural é ainda a mudança duradoura apresentada pelas
propriedades funcionais ou morfológicas do córtex cerebral, que se apresenta
como uma resposta a fatores e mudanças ambientais ou lesões.
Essa definição busca a evidência e o caráter universal da neuroplas-
ticidade. Ao compreender esse caráter universal, percebemos que a plasticidade
neuronal é um aspecto da nossa estrutura neural de relevância crucial para os
processos de educação e aprendizagem, particularmente no que diz respeito à
memória e capacidade de aprendizagem. Participa ainda do processo de
restauração funcional seguido a lesões cerebrais e apresenta-se relevante para
a habilitação de crianças com disfunções, déficits e dificuldades de
aprendizagem.
Mas embora a neuroplasticidade seja universal, ela se manifesta
individualmente, pois o cérebro de cada um é único. Ao considerarmos isto
temos de entender que esta individualidade na neuroplasticidade também se
reflete na forma como cada indivíduo se relaciona com a educação. Por exemplo,
ao esperar que todas as crianças em uma classe se desenvolvam da mesma
maneira e progridam nos sistema educacional. No entanto, diferentes crianças
são oriundas de diferentes contextos e apresentam diferentes formações e
influencias. Haverá aquelas crianças oriundas de lares estruturados e que
receberam muito estímulo de suas famílias, enquanto haverão aquelas crianças

25
que vem de situações de risco, oriundas de ambientes que não estimulam
positivamente os aspectos psicológicos do desenvolvimento humano.
Assim, não apenas as crianças com alguma deficiência ou limitação
cognitiva apresentarão dificuldades de aprendizagem, mas também todas
aquelas que não se adequarem aos ritmos que tentarmos impor para sua
educação.
Se entender essas crianças em sua individualidade, respeitando seu ritmo
e características individuais, conhecendo seus contextos e buscando
alternativas para sua integração e desenvolvimento, elas surpreenderão com os
resultados.
O conceito de neuroplasticidade permitiu grandes avanços em relação à
compreensão do funcionamento dos neurônios e do sistema nervoso como um
todo, mas especialmente contribuiu para grandes avanços na reabilitação de
pacientes e na habilitação de crianças com disfunções, déficits e transtornos.
Sabe-se que é possível reabilitar pacientes com lesões encefálicas e educar
crianças em condições que anteriormente poderiam ser ignoradas, trazendo
esperança para esses indivíduos e progresso para nossa civilização. A
compreender que a possibilidade de recuperação ou habilitação/desenvol-
vimento existe, podemos testar e estudar técnicas mais eficientes de promovê-
la, realizando um trabalho mais eficaz com esses pacientes ou educandos.

Resumo da Aula

Nesta aula foi explorada a estrutura básica do cérebro, como o principal


elemento do aspecto fisiológico do desenvolvimento humano. Abordou-se em
especial, a neuroplasticidade e sua relação com a educação e com as condições
caracterizadoras do funcionamento típico, bem como das dificuldades de
aprendizagem, para criar um ambiente propício para a compreensão dessas
dificuldades.

26
Atividade de Aprendizagem
O cérebro humano é o órgão mais complexo do corpo,
constituindo-se no principal elemento do desenvolvimento
humano quanto ao aspecto fisiológico. Oferece influência
sobre a linguagem, funções motoras, memória, atenção e
diversos outros aspectos relevantes para a educação. Com
base nos estudos e levando em conta o conceito de
neuroplasticidade, descreva como a formação e desenvol-
vimento do cérebro influencia os outros aspectos do
desenvolvimento humano, psicológico e sociocultural, tanto
direta quanto indiretamente.

Aula 3 – Dificuldades de aprendizagem

Apresentação da aula

Nesta aula serão trabalhadas as distinções entre distúrbios e dificuldades


de aprendizagem. Em especial, às dificuldades, caracterizando especialmente a
relação entre elas, como se desenvolve a cadeia progressiva das dificuldades,
quando uma dificuldade específica pode somar-se às outras e como a
neuroplasticidade e os aspectos fisiológico, sociocultural e psicológico podem
influenciar esse processo, seja positiva ou negativamente.

Fonte: http://pbcamp.com.br/dificuldades-de-aprendizagem/

3.1 Classificações: distúrbios cognitivos e dificuldades de aprendizagem

Existem duas classificações: os distúrbios e as dificuldades. Ao longo da


história, e ainda hoje em muitos casos, esses termos foram utilizados como
sinônimos, o que gerou confusões e dificuldade de compreensão quanto à forma
como devemos trabalhar com cada indivíduo, dependendo se esse possui um

27
distúrbio ou uma dificuldade de aprendizagem e de qual tipo seria esse distúrbio
ou dificuldade.
O termo “dificuldade de aprendizagem" é o termo amplo que engloba
dificuldades relacionadas ao aluno que aprende, mas também ao ambiente físico
no qual o aprendizado acontece ao método de ensino utilizado, ao professor,
conteúdos específicos, contexto escolar e cultural. Ou seja, problemas que
afetam o indivíduo, mas tem origem mais ligada a aspectos psicopedagógicos e
socioculturais.
Os distúrbios ou disfunções, por outro lado, estão relacionados a um
grupo de dificuldades pontuais e específicas. Essas dificuldades são
caracterizadas pela existência de uma disfunção neurológica, ou
comprometimento neurológico, em funções corticais específicas.
Naturalmente, o distúrbio irá se refletir em uma dificuldade de
aprendizagem, mas não se confunde com ela. Enquanto uma dificuldade de
aprendizagem pode ter sua causa em um distúrbio ou em outros fatores,
podendo inclusive ter múltiplas causas, os distúrbios são mais específicos.
Segundo Lefèvre (1975), os distúrbios de aprendizagem seriam
adequadamente definidos como:

Síndrome que se refere à criança de inteligência próxima à média,


média ou superior à média, com problemas de aprendizagem e/ou
certos distúrbios do comportamento de grau leve a severo, associados
a discretos desvios de funcionamento do Sistema Nervoso Central
(SNC), que podem ser caracterizados por várias combinações de
déficit na percepção, conceituação, linguagem, memória, atenção e na
função motora. (LEFÈVRE 1975, pg. 41)

Quando Lefèvre apresentou essa definição o conceito de


neuroplasticidade, ainda não havia sido desenvolvido, mas a forma como a
definição de distúrbio se apresenta, nos permite relacionar ao conceito. Com a
sua descoberta na década de 1990, passou-se a compreender que a forma como
o cérebro se altera influencia os distúrbios, tanto para desenvolvê-los quanto
para reabilitar um paciente ou habilitar um estudante.
Embora tenha bases neurológicas, o distúrbio, no entanto não se
confunde com a deficiência mental, na medida em que os indivíduos demonstram
inteligência normal e ausência de limitações físicas, emocionais ou sociais.
Esses indivíduos não seriam incapazes de aprender, mas teriam dificuldade de

28
apreensão de conteúdos. Uma dificuldade que ao menos teoricamente poderia
ser revertida.
De modo geral, não limitado a crianças, como é o caso de Lefèvre (1975),
as disfunções cognitivas podem ser de seis tipos principais:
1) Distúrbios da memória, como Korsakoff, Alzheimer, demência
vascular.
2) Disfunções executivas, como comportamentos desorganizados
ou fora dos padrões.
3) Distúrbios visoespaciais, aqueles que afetam a escrita e a
locomoção.
4) Afasias.
5) Agnosia, a incapacidade de reconhecer objetos ou sons.
6) Aprazia, incapacidade de obedecer comandos motores.
As dificuldades de aprendizagem, por outro lado e como destacado
anteriormente, podem ter uma gama de origens mais diversificada, entre elas
destacam-se as seguintes causas possíveis:
1. Déficits sensoriais ou físicos.
2. Fatores cognitivos/intelectuais.
3. Fatores afetivo-emocionais.
4. Inadequação de currículos, programas de aprendizagem, métodos
de avaliação, sistemas de ensino e até mesmo o relacionamento
professor/aluno.
5. Desenvolvimento da linguagem.
6. Diferenças culturais.
7. Fatores ambientais como a nutrição e a saúde.
8. Dislexia.
9. Deficiências não verbais.

3.2 Implicações neuropsicopatológicas e sociais

Ao entrar em contato com uma criança com dificuldade de aprendizagem,


o que se vê é na verdade, um fragmento de uma extensa rede de relações
socioculturais, fisiológicas e psicológicas, que começa na forma de ver e
relacionar-se com o mundo, passa pelas relações interpessoais que o aluno

29
experimenta no ambiente escolar, familiar e sociedade, envolve o estado da sua
saúde, especialmente a nutrição atual e a nutrição pré-natal e nos primeiros
anos, possíveis diferenças entre a cultura no ambiente escolar e no seio familiar,
entre outros elementos.
Se olharmos apenas para a dificuldade específica, não seremos capazes
de compreender a sua origem ou as formas de trabalhar com esta criança, mas
ao individualizarmos a análise e considerar o contexto no qual o indivíduo está
inserido, seremos capazes de visualizar as razões e possíveis soluções para as
dificuldades. As nove dificuldades de aprendizagem, elencadas na sessão
anterior, funcionam em um encadeamento e dificilmente temos apenas uma
causa isolada das outras, o que acontece é mais um acúmulo de causas que se
manifestam individualmente.

3.3 A dislexia e a cadeia de dificuldades

Um caso emblemático do desenvolvimento da compreensão das


dificuldades de aprendizagem é a dislexia, ou transtorno da leitura. Esta já foi
considerada um distúrbio, mas hoje é vista como uma condição, uma forma de
aprendizado. É antes uma má interpretação do padrão de pensamento do
indivíduo e da maneira como esse se relaciona com a leitura e o mundo a sua
volta e não um transtorno ou deficiência.
Embora a dislexia seja uma condição inerente ao indivíduo e portanto
mantenha-se por toda a vida, como aconteceria com uma característica física
visível, não é considerada uma deficiência, uma vez que o indivíduo disléxico
não possui limitação real em sua capacidade, mas apenas um padrão de
funcionamento diferente do típico.
Ainda assim, é considerada uma dificuldade de aprendizagem devido ao
currículo escolar ser pensado para estudantes não disléxicos e, portanto ser
mais desafiador para o estudante disléxico, uma vez que a sociedade e cultura
é composta por indivíduos majoritariamente não disléxicos, é natural que os
modelos de ensino e aprendizagem sejam baseados neste padrão típico.
Ao compreendermos a origem da dificuldade, podemos realizar
adaptações e individualizar as expectativas do aluno disléxico, considerando as
áreas em que este tem maior dificuldade. Assim, dados os estímulos adequados,

30
estudantes disléxicos desenvolvem-se em igual ou até melhor medida que outros
estudantes, dependendo de suas capacidades individuais.
Em termos fisiológicos, ainda busca-se compreender todos os fatores que
formam a mente disléxica, mas sabe-se que fatores genéticos e da forma como
se desenvolveu a neuroplasticidade influenciam, uma vez que trata-se de uma
variação na estrutura típica de funcionamento cognitivo.
Em especial, a neuroplasticidade influencia nas dificuldades de
aprendizagem não apenas no desenvolvimento, mas também na habilitação dos
estudantes. Uma vez que o cérebro está aberto a alterações e mudanças para
comportar novos padrões, conhecimento e memória, com o estímulo adequado
é possível influenciar positivamente para adaptar-se ao aprendizado e
desenvolver novas conexões que permitam a superação da dificuldade.
Apesar do nome clássico, transtorno da leitura, a dislexia se manifesta de
modo muito mais amplo do que apenas na leitura. As dificuldades específicas se
manifestarão a leitura, cálculos matemáticos, linguagem corporal, soletração,
escrita, linguagem expressiva e receptiva, bem como na interação social com os
colegas. Dessa forma, o aspecto psicológico é mais evidente como
consequência do que como causa, uma vez que a dificuldade de interação e as
dificuldades específicas nas disciplinas podem afetar a autoestima do estudante
causando-lhe um isolamento em relação aos colegas.
Por outro lado, indivíduos disléxicos tendem a ser mais introvertidos, o
que muitas vezes é confundido com uma situação de isolamento, quando na
verdade o indivíduo apenas tem propensão por afastar-se de algumas
atividades.
O equilíbrio entre o estímulo à integração social e o respeito aos aspectos
individuais, é crucial para evitar uma rejeição à comunidade, o que prejudicaria
a interação durante o aprendizado e a progressão nos conteúdos.
Para além das dificuldades típicas da dislexia, uma abordagem
inadequada pode criar ainda mais dificuldades para o estudante, neste aspecto
destaca-se a inadequação de currículos, programas de aprendizagem, métodos
de avaliação, sistemas de ensino e até mesmo o relacionamento
professor/aluno.

31
Para Refletir
Pode-se estar de posse de ótimos currículos e estratégias
exemplares para trabalhar com uma criança com dislexia,
mas levando em consideração que o cérebro, fundamental
para o processo de aprendizagem, é uma das estruturas do
corpo que mais requer energia para funcionar, será que
essas estratégias funcionarão com uma criança com grave
quadro de desnutrição?

Precisa-se considerar o contexto sociocultural dessa criança, apelar para


o diálogo com a família e outras estratégias que vão além do currículo escolar e
da estrutura básica das disciplinas curriculares.

Na dislexia e condições semelhantes, como a disgrafia e


discalculia, não há comprometimento neurológico ou intelectual,
por essa razão, não são consideradas distúrbios ou
deficiências, apenas o seu resultado quanto ao desempenho
das habilidades adquiridas com a linguagem são afetados e
considerados dificuldades de aprendizagem.

3.4 Distúrbios e falsos distúrbios

A inter-relação e encadeamento do distúrbio e falso distúrbio, não se


limitam apenas ao relacionamento entre as dificuldades de aprendizagem, os
distúrbios também se relacionam com as dificuldades para produzir novas
dificuldades. O lado positivo dessa relação é que uma vez compreendidas as
dificuldades, podemos rastreá-las até os distúrbios e assim oferecer um trabalho
mais adequado para aquele indivíduo.
Mas um aspecto importante dessa relação é que muitas dificuldades de
aprendizagem se manifestam como falsos distúrbios, ou seja, o indivíduo possui
a condição para aprendizagem típica, porém, devido a fatores socioculturais não
teve acesso as situações que desenvolveriam estas condições em capacidades
e habilidades, e ao deparar-se com situações que exigem tais habilidades, não
é capaz de manifestá-las.

32
Entre as condições que podem influenciar nessas dificuldades estão o
acesso a livros, diferenças de valores, crenças, costumes, o nível intelectual e
educacional da família, a exposição precoce à educação entre outros fatores.
Quando uma criança que não teve acesso a tais elementos é incluída em uma
classe com outras crianças que tiveram acesso a esses elementos, naturalmente
ela manifestará um atraso em relação aos colegas.
Este atraso não identifica um distúrbio de ordem neuropsicopatológica
com relação à linguagem, mas apenas a inexistência de experiência prévia que
fundamente a experiência atual.
Embora exista uma diferença conceitual e fisiológica importante entre
dificuldades e distúrbios, ambos os tipos de condições geralmente somam-se
para criar complexas situações que exigem atenção individual e autocrítica dos
envolvidos no ambiente educacional, considerando que os três aspectos que
influenciam o desenvolvimento humano, fisiológico, sociocultural e psicológico,
nunca funcionam isoladamente. Dessa forma, é crucial considerar a
neuroplasticidade, o desenvolvimento da criança na primeira infância, possíveis
traumas e estímulos, seu contexto e o modelo educacional utilizado de forma
integrada para o bom direcionamento e identificação das dificuldades de
aprendizagem.

Resumo da Aula

Nesta aula explorou-se os conceitos de distúrbio (disfunção) e dificuldade


de aprendizagem, procurando estabelecer uma distinção adequada entre eles,
que nos permita identificar mais facilmente o caso de cada estudante, de modo
a entender as implicações socioculturais e neuropsicopatológicas dessas
condições. Relacionamos ainda esses conceitos com o conceito de
neuroplasticidade e os três aspectos do desenvolvimento humano, fisiológico,
sociocultural e psicológico, na busca de uma melhor compreensão do
direcionamento a ser dado no processo de análise das condições e suas
implicações.

33
Atividade de Aprendizagem
A confusão entre distúrbios e dificuldades de aprendizagem
tem sido um grande problema na identificação das limitações
e direcionamento adequado de estudantes. Com base nos
estudos, descreva como podemos distinguir dificuldades de
distúrbios e como esta distinção se manifesta no ambiente
escolar.

Aula 4 – Distúrbios, Deficiências e os Transtornos Globais do


Desenvolvimento

Apresentação da aula

Nesta aula será estudado o conceito de deficiência, abordando seus


diversos tipos, física, sensorial e mental, distinguindo-as dos distúrbios e
transtornos em forma e modo de tratamento. Ainda será visto como se
relacionam as dificuldades de aprendizagem, a neuroplasticidade e qual deve
ser o direcionamento para o trabalho com as pessoas com deficiências.

4.1 Distúrbios e Deficiências

A sociedade conecta o sucesso individual com o bom desempenho


escolar e por isso famílias e alunos podem sentir-se constrangidos pelas
dificuldades enfrentadas pelo estudante, sem saber como lidar com elas e como
podem contribuir. Essa percepção tem contribuído para o aumento dos casos de
diagnóstico de distúrbios nas escolas. O que levanta a questão: “será que tem-
se experimentando um aumento significativo dos casos de distúrbios de
aprendizagem ou é a percepção acerca desses distúrbios que leva a encontrar
um aumento na quantidade de diagnósticos?”
O que aproxima os casos de distúrbio e deficiência é que mesmo em
condições favoráveis, o estudante apresenta alguma limitação em seu
aprendizado. Por outro lado, distúrbios e deficiências são distinguidos
particularmente pela duração, origem e reversibilidade. Embora alguns distúrbios
possam ter relação com condições adquiridas durante o período pré-natal,
podem também originar-se e desaparecer ao longo da vida, enquanto as
34
deficiências, segundo a compreensão médica e psicológica atual, se originam de
má formação e problemas graves durante o parto ou gestação.

A aplicação de rótulos baseados na má compreensão das


dificuldades, distúrbios e deficiências pode gerar sentimento de
temor e culpa nos estudantes, o que prejudica ainda mais seu
desenvolvimento.

No que concerne às deficiências físicas, a classificação é menos


conectada a ideia de má formação ou problemas na gestação e parto, uma vez
que deficiências físicas e sensoriais podem ser adquiridas. Nesse caso sua
caracterização como tal se dá pelo caráter permanente de tais injúrias, o que
poderá contribuir para o desenvolvimento de dificuldades de aprendizagem e
mesmo distúrbios, que deverão ser identificados individualmente e direcionados
como tal.
Nessa classificação, o Alzheimer, por exemplo, seria considerado um
distúrbio. Ele pode ser incapacitante, mas não atenderia aos critérios para ser
considerado uma deficiência mental.
Especificamente no aspecto cognitivo, é preciso distinguir muito
claramente o distúrbio da deficiência mental, na medida em que os indivíduos
demonstram inteligência normal, próxima da normal ou mesmo superior e
ausência de limitações físicas, emocionais ou sociais graves. Essas pessoas não
seriam incapazes de aprender, mas teriam dificuldade de apreensão de
conteúdos. Uma dificuldade que ao menos teoricamente poderia ser revertida.
A deficiência mental, segundo a Associação Americana de Deficiência
Mental - AAMD, é uma condição manifesta antes do final da adolescência,
caracterizando-se pelo funcionamento intelectual abaixo da média de modo
significativo. Também, limitações em duas ou mais áreas da capacidade do
indivíduo em responder às demandas da sociedade, especialmente no ambiente
escolar, em que muitas das deficiências são identificadas, ou de sua conduta
adaptativa.
No Brasil, a legislação inclui uma definição de deficiência:

Toda perda ou anomalia de uma estrutura ou função psicológica,


fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de

35
atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano.
(BRASIL, Decreto 3.298/99)

As deficiências podem ser classificadas de duas formas, em níveis de


comprometimento das capacidades intelectuais e produtivas e em possibilidades
de educabilidade, com implicações sociais e neuropsicopatológicas.
Classificação em níveis:
Leve: A deficiência não é tão grave a ponto de incapacitar o aprendizado
e são capazes de gerir sua própria vida, embora possam precisar de auxílio em
situações que fogem ao seu cotidiano. Em geral, com o apoio adequado, são
capazes de desenvolver habilidades escolares e profissionais.
Moderado: É capaz de manter-se economicamente, exercendo
atividades profissionais supervisionadas, mas sua capacidade de
desenvolvimento social é considerada insuficiente para uma vida completamente
autônoma.
Severo: Em ambientes controlados esses indivíduos podem exercer
atividades e contribuir economicamente, mas o desenvolvimento motor é afetado
e o desenvolvimento da linguagem é mínimo.
Profundo: A capacidade sensorial neste nível é mínima, embora
possam adquirir capacidade de realizar cuidados mínimos em relação a si
mesmos, os indivíduos classificados no nível severo normalmente não são
capazes de realizar atividades produtivas.
Para a neuropsicopedagogia, interessa mais a segunda classificação,
quanto à educabilidade, por levar em conta as implicações sociais da deficiência:
Educáveis: São capazes de apreender e interagir com os conteúdos
escolares, particularmente com os conteúdos dos primeiros anos da educação
básica. Esses indivíduos tem maior chance de adquirir capacidade de ter uma
vida independente e exercer alguma forma de trabalho. Geralmente associa-se
ao nível leve ou no máximo moderado.
Treináveis: A limitação os torna incapazes de apreender os conteúdos
da educação básica formal. O foco da educação é a socialização e condutas
básicas sociais. Assim, procura-se oferecer o mínimo de independência
cotidiana, considerando que não serão capazes de realizar atividades
profissionais independentes. Podem no entanto, realizar as chamadas

36
“pseudoatividades produtivas” em sua fase adulta. Associa-se ao nível
moderado e parcialmente ao severo, raramente ao leve.
Dependentes: Comprometimento neurológico grave, impossibilitando
sua participação em atividades de trabalho e educacionais. Tais indivíduos
dependem de auxílio para as atividades mais fundamentais, como a
alimentação. Associa-se ao nível profundo e eventualmente ao severo.

4.2 Como a distinção aparece nos contextos escolares

Certamente a melhor compreensão do que são distúrbios e do que são


dificuldades de aprendizagem, contribui para facilitar e acelerar os diagnósticos,
mas os múltiplos e complexos fatores envolvidos adicionam dificuldades
inerentes ao processo de ensino e aprendizagem, um desses fatores, são as
deficiências, por vezes confundidas com os distúrbios.
Considerando que a aprendizagem envolve a incorporação de
informações adquiridas de um meio de acordo com o interesse e as
necessidades de um indivíduo, podemos explorar um exemplo, começando uma
investigação sobre um dos principais transtornos estudados na atualidade, o
autismo.
Estudantes com transtorno do espectro autistas tendem a optar por suas
áreas de interesse com muito maior frequência do que por suas áreas de
necessidade. Enquanto crianças que não se encontram no espectro terão uma
facilidade maior de deslocar a atenção para uma informação que supre
necessidades cotidianas, a criança do espectro autista precisa ser muito mais
estimulada a interessar-se por aquela informação, por vezes sendo necessário
relacionar a informação da necessidade com uma área de interesse da criança,
sob o risco de vermos fracassados os esforços de ensino.
Se considerar que todos os estudantes são iguais e aprendem no mesmo
ritmo, não haverá dificuldade em planejar as aulas, dinâmicas e projetos. No
entanto, esta expectativa é frustrada pelo próprio conceito de aprendizagem.
A aprendizagem apresenta elementos que podem variar entre as
pessoas. A depender do desenvolvimento e da cultura, as experiências e a
maneira de processar as informações, que podem variar. Distúrbios específicos
em relação à memória também podem atrapalhar o processo, exigindo

37
adaptação dos métodos. A execução das atividades propostas ou que se espera
sejam apreendidas, pode variar ou mesmo ser impossibilitada por deficiências
físicas, motoras ou sensoriais.

Para Refletir
Como pode-se adaptar o ensino das cores para estudantes
com deficiência visual parcial?

Os distúrbios de aprendizagem caracterizam-se pela existência de algum


comprometimento neurológico em funções específicas ou variadas, podendo
levar ao comprometimento do processamento de informações. Embora sejam
consideradas alterações patológicas, os distúrbios não são considerados
condições decorrentes de deficiências, podendo ser prevenidos, remediados ou
mesmo corrigidos.
Como exemplo disso pode-se citar os distúrbios de falas, em que
apresentam dificuldades de pronuncia, mas não apresentam limitação de
compreensão ou raciocínio.
Entre os mecanismos utilizados para correção e prevenção de distúrbios,
encontramos a psicomotricidade, conforme descreve Bessa:

A prática psicomotora na Educação é uma atividade de caráter


essencialmente educativo e preventivo. Esta se utiliza do movimento
corporal e de atividades lúdicas para estimular o desenvolvimento
psicomotor, promover a integração dos aspectos motores, cognitivos e
socioafetivos, além de preparar as crianças para aprendizagens
futuras, favorecendo consideravelmente a alfabetização e prevenindo
distúrbios de aprendizagem. ( BESSA 2010, pg. 83)

Saiba Mais
No texto Diferentes Deficiências e seus Conceitos, são
explorados diversos tipos de deficiências, transtornos e
disfunções.
Disponível em:
http://www.ppd.mppr.mp.br/modules/conteudo/conteudo.ph
p?conteudo=17

38
4.3 Transtornos globais do desenvolvimento (TGD)

O desenvolvimento humano possui ao menos três aspectos: fisiológico


(com ênfase para a cognição, capacidade motora e estrutura neurológica),
sociocultural (relação interpessoal, cultura, contexto) e psicológico
(especialmente afetivo e emocional). Quando dois ou mais desses aspectos são
afetados ou apresentam sintomas de distúrbios, começa-se a pensar em
condições mais globais que afetam o desenvolvimento humano.
Os transtornos globais do desenvolvimento são uma classificação cuja
origem remete à existência de, por exemplo, uma deficiência mental, Síndrome
de Kanner, Síndrome de Rett, Transtornos do Espectro Autista, psicoses infantis,
Síndrome de Asperger e outras alterações que se apresentam como mais graves
e duradouras do que os distúrbios simples. Dependendo da gravidade da
condição do indivíduo as condições podem aparecer em maior ou menor grau
em todos os aspectos do desenvolvimento.
Tendem a manifestarem-se nos primeiros cinco anos do ciclo de vida,
portanto, quando a criança ingressa no ambiente escolar costuma-se estar
ciente da existência do transtorno. Em termos práticos, suas principais
características aparecem como padrões de comunicação repetitivos e
estereotipados, estreitamento nas atividades e tópicos de interesse.
O aspecto do desenvolvimento mais evidentemente afetado é o
sociocultural, especialmente quanto à interação social e relações interpessoais.
Os indivíduos apresentam dificuldades para iniciar e manter conversas, evitando
o contato visual e contato físico, preferindo, em muitos casos o isolamento.
Durante as brincadeiras infantis preferem objetos estáticos ao deslocamento e
estabelecem contato não verbal. Essas características podem variar em cada
indivíduo em presença e intensidade.
É comum o uso de gestos e entonação mecânica para expressão, bem
como a ecolalia, fenômeno caracterizado pela repetição da fala de outras
pessoas.
Tais comportamentos podem ser a manifestação das variações de
aprendizado, atenção, coordenação motora e concentração, que são afetados
na maioria dos casos de transtornos globais do desenvolvimento. Tais variações

39
podem manifestar-se de modo claro também no aspecto psicológico, com
acessos de agressividade ou impulsividade, mas também de interesse e até
aproximação com outras pessoas, em casos menos comuns.
Em muitos casos um dos três estilos de aprendizagem torna-se
dominante, podendo levar a criança a manifestar seu interesse de maneira
diferente da maneira típica, por exemplo, pela observação de objetos sem
interesse no toque ou pela fixação de atenção em uma única atividade repetitiva.

4.4 TGD e a educação básica

Naturalmente todos os estudantes precisam de atenção individualizada,


mas as pessoas com transtornos globais do desenvolvimento requerem atenção
especialmente nas áreas de interação social, comportamento e comunicação. A
legislação brasileira orienta que, mesmo considerando a diferença no tempo
requerido para aprendizagem, essas crianças devem ser inseridas nas classes
adequadas para sua faixa etária. Isso proporciona novos desafios para o
professor, mas cria um ambiente propício ao aprendizado das habilidades
esperadas daquela faixa etária, o que pode ser positivo para a criança com TGD.
Regras de convívio social e rotinas em grupo auxiliam no aspecto mais
importante a ser desenvolvido nessas crianças, a capacidade de viver uma vida
independente.
Em termos de atividades específicas do currículo é preciso entender os
três estilos de aprendizagem: visual, cinestésico e verbal; identificando qual é
predominante na criança, para poder apresentar os conteúdos e atividades
previstas no currículo de maneira mais acessível para aquele estudante em
particular. Nesse aspecto é dever do profissional de Atendimento Educacional
Especializado (AEE), auxiliar o professor.
É comum que as crianças com TGD procurem pessoas de referência nos
ambientes nos quais estão inseridos, isto pode ser uma capacidade evolutiva de
lidar com as próprias limitações, identificando um indivíduo confiável cujo
comportamento pode ser copiado e a quem se pode recorrer, por isso cabe ao
professor, que está em convívio mais cotidiano com o estudante, a identificação
das potencialidades de cada um, investindo em ações que estimulem a
autonomia e confiança.

40
4.5 Realismo acerca das contribuições possíveis da neurociência

A neurociência nos concede algumas premissas básicas, que possibilitam


a compreensão da aprendizagem e desenvolvimento de alguns parâmetros para
adaptação e execução de currículos, avaliações e interações em sala de aula.
Como parte das atividades sociais e culturais de qualquer pessoa
pertencente a nossa sociedade, e em última análise à nossa civilização, a
aprendizagem e as atividades educacionais em geral, devem facilitar que as
pessoas exponham seus sentimentos, estimulem sua memória e desenvolvam
o controle de suas emoções.

Para Refletir
No início do século XXI surgiu a ideia do fator Mozart, a
alegação de que estudos de neurociência foram capazes de
comprovar que ouvir Mozart desenvolvia a capacidade
sináptica das crianças, fazendo com que seus cérebros
funcionassem melhor. Isto é um mito, os estudos nunca
foram conclusivos sobre Mozart e, pelo contrário, apontam
que todos os estímulos culturais favorecem a sofisticação
sináptica.
O que pode-se concluir disso?

Um dos erros mais comuns é o uso de resultados antecipados ou


inconclusivos em aplicações práticas. A neurociência pode oferecer parâmetros
não especulativos de estudo, que nos auxiliam a compreender a razão de
algumas estratégias serem mais eficazes do que outras. Contudo, não pode
oferecer currículos estruturados para demandas individuais de alunos, pois este
trabalho é uma diligência a ser solucionada pelos profissionais que trabalham
em contato direto com as pessoas que apresentam dificuldades de
aprendizagem.
Tais profissionais deverão compreender como a dificuldade se manifesta
e influencia o desenvolvimento e aprendizagem, utilizando os parâmetros da
neurociência para selecionar as melhores estratégias e assim desenvolver o
currículo e elementos ambientais, bem como a relação professor/aluno, para
possibilitar a melhor experiência de aprendizagem, considerando as limitações
e capacidades próprias de cada aluno.

41
4.6 Premissas da neurociência para a educação

Sabemos que o cérebro se altera, fisiologicamente e estruturalmente de


acordo com as experiências de cada pessoa, graças à compreensão do conceito
de neuroplasticidade.
Importa notar, neste ponto, que uma maior sinaptogênese, ou seja, maior
densidade sináptica, não se relaciona necessariamente com maior capacidade
generalizada de aprendizado, o que pode ser relevante ao pensarmos
estudantes com menor sinaptogênese.

Vocabulario
Sinaptogênese é o processo de formação de sinapses entre
os neurônios dos sistema nervoso central. Embora ele
ocorra durante o decorrer da vida de um ser humano
saudável, há esmagadora maioria do processo de
sinaptogênese ocorre no início do desenvolvimento do
sistema nervoso, ainda intra-útero, e também no início da
vida, quando a criança está aprendendo a se relacionar com
o mundo exterior.

Estudantes que se sentem detentores do conhecimento que lhes é


transmitido, tendem a fixar melhor o conteúdo das atividades e temas dos quais
participam, entendendo-os como relevantes para suas vidas. Esse aspecto é
particularmente importante no caso de estudantes com distúrbios, em que o
principal objetivo da educação é capacitá-los para uma vida independente, como
nos casos graves do espectro autista.
Atividades em que o estudante tem a possibilidade de escolha aumentam
seu senso de responsabilidade, fazendo com que se sinta envolvido e
responsável pelo desempenho em tal atividade, o que funciona como estímulo
para o esforço e memorização.
Essas atividades são facilitadas pelo uso de situações contextualizadas,
que remetam a vida cotidiana do aluno, de modo que ele possa relacionar
conhecimentos prévios aos novos conhecimentos obtidos no processo de
aprendizagem.
Resoluções de problemas e estudos de casos contextualizados, bem
como simulações, oferecem um desafio maior para a capacidade do cérebro,

42
sem que esse desafio seja percebido como um obstáculo pelo estudante,
desenvolvendo assim a capacidade de estabelecimento de critérios, que
poderão ser utilizados de maneiras variadas, realizando reversibilidade.
Alinhamento da atenção com uma memória estimulada e um ambiente
menos propenso a distrações, é a melhor maneira de controlar o potencial de
aprendizagem geral, associado ao desenvolvimento humano, seja em crianças
com desenvolvimento típico ou naquelas com dificuldades de aprendizagem.
Incerteza e falta de controle levam o cérebro a exaustão.
A partir das premissas oferecidas pela neurociência e de uma melhor
compreensão da distinção entre distúrbios e deficiências, observa-se como
ambos influenciam nas dificuldades de aprendizagem, e a partir disso, podem-
se desenvolver alguns parâmetros, que permitirão promover adaptações e
modos de acesso aos alunos com dificuldades de aprendizagem, e melhor
identificando não apenas os distúrbios, deficiências e dificuldades, mas também
oferecendo modos de aperfeiçoamento para estes indivíduos, com base em
critérios objetivos e bem fundamentados.

Resumo da Aula

Nesta aula estudou-se o conceito de deficiência e como se relaciona ou


difere do conceito de distúrbio, explorou ainda como essas duas condições se
manifestam na forma de dificuldades de aprendizagem e qual o possível
direcionamento que a neurociência, em especial através do conceito de
neuroplasticidade, pode oferecer. Em particular focou-se nas implicações
neuropsicopatológicas e sociais de tais deficiências e distúrbios, procurando
compreender as pessoas com deficiência em seus contextos fisiológicos,
socioculturais e psicológicos.

43
Atividade de Aprendizagem
Distúrbios (disfunções) relacionam-se a um grupo de
dificuldades individuais pontuais e específicas, podendo
aparecer em diversos períodos da vida. Essas dificuldades
são caracterizadas pela existência de uma disfunção
neurológica, de caráter leve a moderado, que não incapacita
o aprendizado. As deficiências mentais, por outro lado,
caracterizam-se pelo funcionamento intelectual signi-
ficativamente abaixo da média, havendo limitação na
capacidade de aprendizado e inteligência. Com limitações em
duas ou mais áreas das atividades humanas, manifestando-
se antes dos dezoito anos. Com base nos estudos e nesta
distinção, descreva como os aspectos nos quais os distúrbios
se assemelham as deficiências e os aspectos nos quais se
distinguem, enfatizando a forma como isto aparece no
ambiente escolar.

Resumo da disciplina

Ao longo desta disciplina, explorou-se o desenvolvimento humano, em


seus aspectos fisiológicos, psicológicos e socioculturais, em todas as oito fases
do ciclo de vida. Buscou-se ainda uma melhor compreensão da relação entre o
conceito de neuroplasticidade e a educação, para expandir nossa visão acerca
das dificuldades de aprendizagem e dos fatores que motivam tais dificuldades e
seus encadeamentos. Para melhor caracterizar as condições, distinguiu-se entre
distúrbios e deficiências, explorando ainda como esses podem influenciar o
desenvolvimento típico dos indivíduos, focando nas implicações neuropsicopa-
tológicas e sociais dessas condições.

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Referências

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Linguagens Oral e Escrita: Letramento e inclusão. Curitiba, PR: IESDE Brasil,
2009.

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