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ROTA ASSESSORIA EDUCACIONAL

DESENVOLVIMENTO E A APRENDIZAGEM NA ETAPA DE 0 A 6 ANOS

Objetivou-se mostrar que a criança tem necessidade de se expressar,


cabendo aos pais e professores entendê-las e apoiá-la orientando-a sempre,
para que haja assim, uma melhor expressão afetiva, particularmente, nos
primeiros anos de vida. Enfatizou-se ainda, num breve relato, o papel da escola
frente às necessidades e realidades da criança, cabendo à escola esforçar-se
para oferecer um ambiente estável e seguro facilitador da aprendizagem. Os
professores devem, assim, compreender o desenvolvimento afetivo e o seu
papel na aprendizagem.

INTRODUÇÃO

Algum momento de nossa vida, uma relação próxima com crianças pequenas.
Essa relação ocorre por motivos diversos e proporciona-nos diferentes níveis
de conhecimento do mundo infantil. De toda maneira, provavelmente
estaremos de acordo que, no decorrer do período que vai desde o nascimento
até os seis anos, ocorrem mudanças evidentes, espetaculares, bastante visíveis,
que nos permitem considerar que as crianças pequenas cada vez mais formam
parte de nossa cultura e de nossa comunidade e que, a cada dia, vão-se
tomando mais parecidas com as pessoas adultas.

O que provavelmente se tornaria mais difícil para a maioria das pessoas seria
explicar por que e como ocorrem tais mudanças nas crianças pequenas; qual é
o papel e a influência das pessoas adultas que as rodeiam; ou qual é o papel da
herança nas capacidades que uma criança de seis anos manifesta. Essas são
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algumas das questões que encontramos como objetos de estudo da psicologia


evolutiva e da psicologia da educação; a seguir, faremos uma referência aos
fatores que intervêm no desenvolvimento, sempre os abordando a partir de
uma perspectiva construtivista. Organizamos o capítulo atendendo a critérios
de utilidade para os leitores interessados sobre a intervenção nessa etapa.

Na primeira parte desta pesquisa bibliográfica, são apresentadas algumas


questões a respeito do desenvolvimento e da aprendizagem nos primeiros seis
anos de vida.

A segunda parte, ocupa-se dos grandes marcos do desenvolvimento nas


diversas áreas (motora, cognitiva, afetiva).

A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO DE 0 A 6 ANOS.

As experiências vivenciadas de 0 a 6 anos de idade são fundamentais na


formação do ser humano. É um fato que o que se aprende nessa fase pode
deixar marcas para o resto da vida. Mas a verdade é que o atendimento
educacional a essa faixa sempre primou pela improvisação.

Embora a Constituição de 1988 garanta a educação infantil, colocando-a como


obrigação dos municípios, ao lado do ensino fundamental, só agora se atina
para a importância de profissionalizá-la. Mas, se esse olhar mais atento não for
acompanhado por ações efetivas de melhoria e qualificação de professores e
estabelecimentos, continuaremos perdendo a chance preciosa de preparar
milhões de crianças para uma infância mais sadia, educada dentro de princípios
de respeito ao semelhante, ao meio-ambiente e a si mesma.

Há quatro décadas, com a inserção maior das mulheres no mercado de


trabalho, a procura por creches e pré-escolas aumentou sensivelmente. Nestas,
só no último ano, verificou-se aumento de 2,9 por cento de matrículas. São 4,2
milhões de crianças (2,8 milhões na rede municipal). Para detalhar melhor as
necessidades dessa clientela em expansão, o MEC promete censo específico
para a educação infantil no próximo ano. As diretrizes curriculares já foram
lançadas e se reconhece a urgência de especializar os 204 mil professores que
atuam nessa área, muitos absolutamente leigos.

Mas ainda não se nota um consenso geral de que se deve exigir a mesma
qualidade na educação infantil quanto de qualquer outro nível de ensino. A
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bem da verdade, as próprias famílias costumam encarar as “escolinhas” apenas


como locais onde podem deixar os filhos durante o dia.

Esse descompromisso em relação ao que se oferece às crianças pequenas não é


privilégio brasileiro. Mesmo os países desenvolvidos, como os Estados Unidos,
só agora acordam para a necessidade de mais atenção a essa faixa.
Recentemente, a Associação Americana Para o Progresso da Ciência divulgou
um estudo realizado por duas décadas com dois grupos, ambos de
comunidades carentes – um deles formado por pessoas que receberam
cuidados educacionais de alta qualidade desde o primeiro ano de vida.

Estas, como era de se esperar, tiveram mais sucesso na escola até o início da
vida adulta. Com isso, os pesquisadores forneceram provas científicas de que a
educação infantil favorece as conquistas educacionais. Resta convencer as
autoridades a investirem nessa modalidade, para que não se desperdice a
oportunidade de desenvolvimento oferecida pelos primeiros anos, ou meses de
vida.

Levando em conta que é nas creches e pré-escolas que muitas crianças passam
a maior parte do dia, é essencial que sejam atendidas por profissionais que
lidem bem com todas as nuances da educação infantil, que saibam o que (e
como) estimular numa criança em determinada idade. É preciso, sobretudo,
chamar os pais à escola, fazê-los participar do processo, para que eduquem
seus filhos com maior segurança e sintam sua responsabilidade dividida com
gente que entende do riscado.

Sabe-se, por exemplo, que, aos três anos, a criança já tenta comer e se vestir
sem ajuda, coopera em algumas tarefas e apreende o sentido de palavras
estrangeiras. Aos quatro, espontaneamente se socializa. Aos cinco, assume
responsabilidades, auxilia na arrumação da casa ou sala de aula e se torna
curiosa pelo mundo à sua volta. Aos seis, toma conta de crianças menores,
canta e conta histórias.

Em resumo, o que se espera de uma instituição de educação infantil é que,


através das brincadeiras e situações do cotidiano, estimule o desenvolvimento
geral do aluno: dos cinco sentidos, do raciocínio lógico, da capacidade de
comunicação e de socialização com os colegas e adultos. É a fase certa para
incentivar autoconfiança e criatividade, e passar uma noção de limites e
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respeito ao próximo. É a hora de ensinar-lhe a ajudar, cooperar e participar de


um grupo. É o momento adequado para que aprenda a respeitar o meio-
ambiente, através de regras bem simples como não maltratar animais, ou
sempre jogar papéis usados na cesta de lixo.

Parece uma tarefa sem maiores segredos, mas nem todos os professores, por
culpa de sua formação precária, sabem como fazer. Além disso, não são poucas
as creches e pré-escolas de bairros pobres ou municípios distantes que
sobrevivem como podem, às custas da boa vontade de pessoas cuja função se
resume a olhar as crianças enquanto a mãe trabalha. Até que elas são jogadas
na primeira série do ensino fundamental onde, muitas vezes, ficam retidas, por
terem faltado os primeiros estímulos necessários à aprendizagem. Mas isso se
tornará coisa do passado assim que governo e sociedade se conscientizarem de
que crianças não nascem aos sete anos de idade, e reconhecerem a educação
infantil como a primeira, e fundamental, etapa da educação básica.

DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA DE 0 A 6 ANOS

Para poder avançar na explicação de uma determinada maneira de entender o


desenvolvimento, convém esclarecer alguns conceitos que utilizamos
seguidamente e que, às vezes, podem gerar confusões, se não forem utilizados
da maneira como o leitor ou a leitora foi avisado para fazê-lo. São destacados
três conceitos muito relacionados: maturação, desenvolvimento e
aprendizagem.

Quando se fala de maturação, refere-se às mudanças que ocorrem ao longo da


evolução dos indivíduos, as quais se fundamentam na variação da estrutura e
da função das células. Assim, pode-se falar, por exemplo, de maturação do
sistema nervoso central, mediante a qual são criadas as condições para que
haja mais e melhores conexões nervosas que permitam uma resposta mais
adaptada às necessidades crescentes do indivíduo. A maturação está
estritamente ligada ao crescimento (que corresponderia basicamente às
mudanças quantitativas: alongamento dos ossos, aumento de peso corporal,
etc) e, portanto. aos aspectos biológicos, físicos, evolutivos das pessoas.
Quando se trata de desenvolvimento. refere-se explicitamente à formação
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progressiva das funções propriamente humanas (linguagem, raciocínio,


memória, atenção, estima).

Trata-se do processo mediante o qual se põem em andamento as


potencialidades dos seres humanos. Consideramos que é um processo
interminável, no qual se produz uma série de saltos qualitativos que leva.m de
um estado de menos capacidade (mais dependência de outras pessoas, menos
possibilidades de respostas, etc.) para um de maior capacidade (mais
autonomia. mais possibilidades de resolução de problemas de diferentes tipos,
mais capacidade de criar, etc.). Finalmente, tem-se o objetivo de destacar as
características do conceito de aprendizagem.

Mediante os processos de aprendizagem, incorporamos novos conhecimentos,


valores, habilidades que são próprias da cultura e da sociedade em que
vivemos. As aprendizagens que incorporamos fazem pessoas mudarem de
condutas, de maneiras de agir, de maneiras de responder, e são produto da
educação que outros indivíduos, da nossa sociedade, planejaram e
organizaram, ou melhor, do contato menos planificado, não tão direto com as
pessoas com quem nos relacionarmos.

A partir dessas definições. pode-se expor comas pessoas entendem que se


desenvolvem os meninos e as meninas dessas idades e qual é o papel da escola
na potencialização desse desenvolvimento.

De zero a seis anos, ocorre um processo de complexidade do ser humano que


não se repetirá durante seu desenvolvimento. As crianças, quando nascem,
necessitam de cuidados mínimos e de atenção não muito complexa (comer e
dormir certas horas e receber atenção às demandas a que o recém-nascido
começa a fazer).

À medida que vão crescendo, aumenta a complexidade de suas demandas


(choram porque têm vontade ou mal-estar, ou não querem estar sozinhas, ou
querem estar com uma outra pessoa, etc.) e também aumenta sua capacidade
de resposta (começam a ter critérios próprios em alguns aspectos e, portanto,
mediante o uso de linguagem podem pedir o que querem). Também se tornam
mais complexas as realidades em que vivem essas crianças: passam do âmbito
relacional reduzido ao estabelecimento de relações com pessoas mais alheias e
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desconhecidas, a ter necessidade de valer-se por si mesmas, de garantir-se sem


a presença constante das pessoas mais próximas.

A complexidade é consubstancial ao processo de desenvolvimento dos seres


humanos. Esse desenvolvimento é caracterizado pelo seu caráter único com
relação às outras espécies vivas: o ser humano é o único ser vivo que pode
planejar sua ação, pôr em andamento uma atividade psíquica que lhe permita
realizar ações criadoras. Também é necessário destacar que a diversidade é
uma característica do ser humano, pois todas as pessoas são diferentes em
suas particularidades físicas e psíquicas: cada uma recebe, por meio de
herança, determinadas características físicas e determinadas potencialidades,
que se desenvolvem em um determinado ambiente. Tudo isso exige-nos a
necessidade de falar simultaneamente das características de unicidade e de
diversidade do ser humano.

Quando uma criança nasce, recebe de seu pai e de sua mãe uma informação
genética que lhe permite fazer parte da espécie humana: traços morfológicos,
um sexo definido, algumas capacidades de desenvolvimento que estão inscritas
em determinada constituição do cérebro e um calendário de maturação. Todos
os recém-nascidos têm duas pernas, dois braços, traços faciais de seres
humanos e um sexo determinado. Esses são os traços característicos que
externamente o identificam como um ser humano.

Também nascem com um cérebro, que está preparado para crescer e


desenvolver-se de modo espetacular. A informação que o cérebro contém é
caracterizada pelo fato de que marca todas as possibilidades de
desenvolvimento que tem o ser humano, mas não impõe limitações. Assim, por
exemplo, o cérebro contém todas as informações para que uma criança possa
falar, porém não determina em que língua o fará. nem o grau de aquisição que
atingirá. Isso dependerá do contexto linguístico em que essa criança passe a
conviver e a mover-se, do grau de correção de linguagem que se fala em sua
volta e de suas experiências para utilizar a linguagem com diferentes
finalidades. Nosso código genético contém uma informação que denominamos
de calendário de maturação.

Com esse conceito, pode-se referir a uma série de informações geneticamente


estabelecidas por meio das quais se sabe que os seres humanos passam por
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uma sequencia de desenvolvimento que sempre é igual para todos (caminhar


aproximadamente ao final do primeiro ano de vida, falar aos dois anos, etc.) e
que, em seus traços característicos básicos, não se realizam com grandes
variações (por exemplo, uma criança não poderá caminhar aos seis meses,
porque nessa idade ainda não tem um desenvolvimento motor que lhe permite
fazê-la; consegue somente permanecer sentada). Essa sequencia determina
que coisas são possíveis em diferentes momentos.

Esse calendário de maturação é especialmente indicativo das possibilidades e


da sequencia de desenvolvimento nos dois primeiros anos de vida, já que está
muito relacionado a uma maturação neurológica essencial. Depois disso, as
aquisições estarão marcadas por outros aspectos, como a estimulação e a
ajuda recebidas do exterior.

A compreensão da influência hereditária no desenvolvimento do ser humano


está bem esclarecida na diferenciação, apresentada por F. Jacob e registrada
em Palácios (1979), entre a parte aberta e a parte fechada do código genético.
A parte fechada do código genético é aquela que impõe uma determinada
informação genética que será necessariamente cumprida. Trata-se da
informação genética que estabelece um ciclo de vida determinado para os
seres humanos, alguns reflexos no momento do nascimento, algumas
características genéticas determinadas.

A parte aberta do código genético, ao contrário, estabelece um conjunto de


potencialidades que não se desenvolvem totalmente sem influência do meio,
sem a estimulação das pessoas com as quais convivem. Trata-se, por exemplo,
das possibilidades de utilização da linguagem, das capacidades de
estabelecimento de vínculos emocionais e da resolução de problemas. Em cada
uma dessas funções e capacidades, há um predomínio específico da parte
aberta ou da parte fechada do código genético. Assim, é esse grau de
predominância do código que explica as diferenças entre umas e outras
capacidades infantis.

Por exemplo, podemos constatar que, em relação ao desenvolvimento das


capacidades motrizes, todos os meninos e as meninas conseguem caminhar
concretamente por volta do primeiro ano, sem necessidade de que se faça uma
estimulação específica nesse sentido, uma vez que essas capacidades estão
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fortemente moduladas pela parte fechada do código genético. Por outro lado,
é difícil que todas as crianças consigam um desenvolvimento da linguagem em
toda a sua amplitude sem estimulação do meio que permite a sua utilização em
todas as suas funções e usos, já que a linguagem está regulada pela parte
aberta do código genético.

Assim, constata-se que a herança recebida dá-nos uma série de


possibilidades e indica-nos em que momento aproximado estará disponível. O
grau de aquisição e as características de tal aquisição dependerão das inter-
relações que a criança faz em experimentações com as pessoas de seu
convívio. Podemos destacar que. no decorrer do primeiro ano, os bebês têm a
capacidade de começar a estabelecer fortes vínculos com as pessoas que os
cuidam. O fato de estabelecerem ou não esses vínculos, que lhes proporcionam
segurança ou que constituem vínculos instáveis e inseguros, dependerá das
características das relações que o bebê vai tecendo durante seu primeiro ano
de vida.

O desenvolvimento da espécie humana é, portanto, o resultado de uma


interação entre o programa de maturação (inscrito geneticamente) e a
estimulação social e pessoal que a criança recebe das pessoas que a cuidam.
Logo, entende-se que os aspectos psicológicos de desenvolvimento não estão
predeterminados. mas que são adquiridos mediante a interação com o meio
físico e social que envolve as crianças desde o seu nascimento.

Para entender as aquisições que os meninos e as meninas podem fazer no


decorrer dos anos da educação infantil, convém definir como consideramos o
processo de aprendizagem das crianças e, também, as relações que se pode
descascar entre a aprendizagem e o desenvolvimento.

Nessas idades, sobretudo na fase da creche, considera-se, muitas vezes, que


os meninos e as meninas não podem aprender, se não tiverem desenvolvido
previamente algumas características consideradas imprescindíveis. Um dos
exemplos mais típicos e conhecidos nas escolas é o fato de dizer que v crianças
de quatro ou cinco anos não se pode ensinar os numerais, porque elas não têm
a noção e o conceito de número corretamente estabelecido. Isso ilustra
claramente a tendência em subordinar a aprendizagem ao desenvolvimento,
no sentido de entender que primeiro se desenvolve uma série de capacidades
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cognitivas e depois se pode iniciar o ensino de conceitos que envolvam tais


capacidades.

O fato de que a escola estabelece esse tipo de decisões está diretamente


relacionado com o que a psicologia diz em relação a esses aspectos. Nesse
sentido, destacamos que algumas das abordagens fundamentais feitas pela
psicologia genética de Jean Piaget estão rigidamente aplicadas na escola e,
então, ocorrem comportamentos práticos educativos discutíveis como
promotores de uma. boa aprendizagem.

A perspectiva que Vygotsky (1984) abordou em relação à aprendizagem escolar


é fundamental para que se possa raciocinar e entender qual é a natureza da
aprendizagem e do ensino escolar e sobre que relações seria conveniente
estabelecer o desenvolvimento da criança. Segundo o psicólogo russo, para
que possa haver desenvolvimento é necessário que se produza uma série de
aprendizagens, as quais, de certo modo, são condições prévias. Assim, voltando
ao exemplo que apresentamos antes, é necessária uma série de aprendizagens
em relação a situações de contar, de lembrar, recordar a seriação numérica,
experiências contatos com coisas possíveis de contar e outras incontáveis. etc.,
para a criança poder chegar a conceitualizar a noção de um nome, como a
inclusão de todos os outros (o cinco incluiu o quatro, o três. o dois, o um),
independentemente de questões perspectivas (a disposição espacial dos
objetos não influencia a quantidade).

A partir disso, entende-se que a maturação por si só não seria capaz de


produzir as funções psicológicas próprias dos seres humanos: é a aprendizagem
na interação com outras pessoas que nos dá a possibilidade de avançar em
nosso desenvolvimento psicológico. Esses processos de interação com outras
pessoas permitem o estabelecimento das funções psicológicas superiores.
Assim, as crianças, começam a utilizar a linguagem como um veículo de
comunicação, controle e regulação das ações das outras pessoas, e somente
depois de tê-la utilizado interagindo com as outras pessoas é que a linguagem
converte-se em um instrumento idôneo para planejar a ação, ou melhor, a
linguagem transforma-se em pensamento.

Começamos, então, a delinear a importância fundamental que têm as pessoas


mais capazes da espécie no processo de desenvolvimento das crianças e, as
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mães. os pais, os professores de educação infantil e também os meninos e as


meninas mais velhas. A criança pequena, quando atua juntamente com uma
pessoa mais capaz, pode chegar a fazer algumas coisas que não consegue fazer
em um momento em que esteja sozinha.

Assim, por exemplo, um menino de um ano pode colocar uma peça em cima da
outra e fazer uma torre somente se a pessoa mais capaz do que ela
acompanhar sua mão. Ou, então, uma menina de dois anos poderá contar os
dois pedaços de carne que tem para comer, se a pessoa mais capaz ajudar-lhe.
contando com ela. Ou, ainda, um menino de três anos poderá pôr a mesa, na
escola, se sua professora disser como deve proceder.

Também um menino de quatro anos poderá reconhecer o seu nome, quando


vê a professora escrevê-la. Uma menina de cinco anos poderá explicar um
conto literário, se a professora, a mãe ou o pai derem a ela diferentes pistas
que a ajudem a ordenar os dados. As crianças poderão realizar todas essas
atividades sozinhas, mais adiante, sem prescindir da ajuda de outra pessoa
mais capaz ou de um adulto para indicar os processos, como apresentado nos
exemplos anteriores. Nesses processos, as crianças pequenas interiorizam os
objetivos, os procedimentos e as regulações que vão compartilhando com a
outra pessoa mais capaz, o que as tornam capazes de fazê-lo automaticamente.

A partir desses exemplos, podemos dizer que tudo o que a criança pequena
sabe fazer com a ajuda, a orientação e a colaboração de pessoas mais capazes
é o que Vygotsky denomina nível de desenvolvimento potencial. Aquilo que a
criança pequena já é capaz de fazer sozinha no mesmo momento pode ser
considerado o nível de desenvolvimento efetivo. Aquilo que a criança pequena
sabe trazer com a ajuda de outras pessoas mais capazes e não sozinha,
Vygotsky destaca que acontece porque algumas funções não estão totalmente
desenvolvidas, mas estão em desenvolvimento; portanto, a aprendizagem que
a criança pequena faz, praticando esses aspectos juntamente com uma pessoa
mais capaz, é o que lhe permitirá chegar a desenvolver algumas capacidades
pessoais que poderá exercer sozinha mais adiante.

Nesses conceitos vygotskianos. encontramos uma definição satisfatória


referente às relações entre aprendizagem e desenvolvimento. Pode-se
destacar que a aprendizagem facilita e promove o desenvolvimento através da
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criação de zonas de desenvolvimento potencial, as quais, segundo o que já


mencionamos, podemos definir como a “distância entre o nível atual de
desenvolvimento, determinado pela capacidade de resolver
independentemente um problema, e o nível de desenvolvimento potencial
determinado através da resolução de um problema sob a orientação de uma
pessoa adulta ou com a colaboração de um companheiro mais capaz”
(Vygotsky, citado por Riviere, 1981).

Atuando com outra pessoa na zona de desenvolvimento próximo, a criança


interiorizar a ajuda proporcionada, incorporando, assim, aos seus
conhecimentos e às suas ações novas dimensões que a farão mais funcional,
mais complexa e mais capaz de resolver problemas.

Finalmente, podemos destacar que, no processo de ajuda, de cuidado dedicado


a uma criança pequena, os educadores e os pais atuam de uma maneira ou
outra, conforme entendem implicitamente que seja seu papel no processo de
estimulação dessa criança: para que ela desenvolva suas aptidões e até possa
antecipar suas capacidades, a partir de um processo de observação constante
dos aspectos que esteja incorporando, para conseguir melhorar essas suas
capacidades. Nessa atuação conjunta, pais e educadores ajudam a criança
pequena em seu avanço pessoal.

Todos esses aspectos estão integrando concepção construtivista do


desenvolvimento e da aprendizagem (Coll, 1986, 1990) e, a partir dessa
perspectiva, entende-se que o desenvolvimento não surge do nada. Mas é uma
construção sobre a base de desenvolvimento que existe previamente, sendo
uma construção que exige o envolvimento tanto do menino ou da menina
como daqueles que se inter-relacionam com ele ou ela, tratando-se de
processos modulados pelo contexto cultural em que vivem

É necessário destacar que, nos últimos anos. tem havido entre os


investigadores e estudiosos da psicologia evolutiva e da educação, em :nosso
contexto cultural, o que poderíamos nomear de um certo “acordo
construtivista”, já que seus fundamentos teóricos sustentam várias explicações
dadas sobre o desenvolvimento do ser humano.
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O currículo proporciona informações referentes a que, quando e como ensinar


e avaliar. É necessário revisar alguns aspectos importantes pelo modo como se
relacionam a cada uma dessas questões.

No decorrer da etapa da educação infantil, há uma série de saberes culturais


que devem ser conhecidos e de aspectos que ajudam a desenvolvê-los. Quando
se fala de tudo isso, refere-se aos conteúdos educativos. Eles têm sido uma
fonte de mal-entendidos em educação e, sobretudo, em educação infantil.
Julgava-se que falar de aprendizagem de conteúdos nessa etapa,
necessariamente, queria dizer não considerar as particularidades da etapa e
“escolarizar” (no mau sentido da palavra) a creche e a pré-escola.

No auge da reforma educativa, dá-se muita importância aos conteúdos, porque


é o que se aprende, sobre o que atua a atividade auto-estruturante das
crianças: é a partir dos conteúdos que somos capazes de desenvolver as nossas
capacidades e converter-nos, gradativamente, em pessoas com mais recursos,
com uma inteligência que nos permite o confronto com outras situações, etc.
Por exemplo, para que a criança construa a sua noção de identidade –
conteúdo conceitual – é preciso fazer diferentes atividades que lhe permitam
diferenciar-se de outras pessoas: aprender o seu nome e os dos outros
membros da família, saber que é um menino ou uma menina, etc.

Os conteúdos, objetos de aprendizagem, ordenam-se e organizam-se em torno


das áreas curriculares que, na educação infantil, são âmbitos de experiência
muito próxima da criança:

A descoberta de si mesma.

A descoberta do meio social e natural.

A intercomunicação e as linguagens.

O conceito de conteúdo é entendido de maneira mais ampla do que


anteriormente; em geral. têm-se identificado conteúdo com dados ou
conceitos que a criança precisa aprender. Atualmente, identificamos como
conteúdos de aprendizagem todos os aspectos que as crianças precisam
conhecer, saber fazer, ou melhor, saber como se comportar. Assim, fala-se de
três tipos de conteúdos: conceituais, procedimentais e atitudinais.
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É preciso destacar que essa é uma terminologia muito útil para o ensino
fundamental e também interessante para a educação infantil . Às vezes,
porém. apresenta algumas dificuldades nos conteúdos trabalhados na creche e
na pré-escola. Em termos gerais, para todo o sistema educativo, tem a
vantagem de permitir ir mais além na polêmica de “se a escola deve ensinar
conceitos ou incidir nos processos de aprendizagem”.

Conhecer a existência de coisas, poder dizer características e estabelecer


relações. implica aprender fatos e conceitos.

Na creche e na pré-escola. existem basicamente fatos: as cores, nome da


criança, as partes do seu corpo, saber que se podem conseguir coisas através
da linguagem. conhecer o nome das coisas e alguns conceitos iniciais: os
conceitos que elabora em torno do que é um animal, a escola, a noite, a
televisão; uma representação que o menino ou a menina faz da realidade a
partir de cenas e planuras vividas – sempre que signifiquem a representação do
que se apresenta – que lhe permitam antecipar e prever.

Os procedimentos podem ser mais abertos, como as estratégias (conjunto de


ações ordenadas para facilitar a resolução de problemas diversos).

É necessário motivar a interação entre a criança e o adulto para motivá-la a


atuar, a assumir novos caminhos, a relacionar-se, a colocar as dúvidas e a
buscar soluções. É preciso facilitar contextos ricos que permitam à criança
defrontar-se com novas experiências que lhe sejam interessantes e nas quais
possa experimentar, manipular. observar, etc. A relação ótima entre a
professora e as crianças é aquela que estabelece através de situações de
comunicação real, que permite à menina ou ao menino criarem novos
significados. com os quais poderão dar sentido a suas novas aprendizagens. A
professora deverá facilitar as ferramentas para conhecer a realidade e para
ajudar a fazer uma memorização abrangente dos aspectos que vi-venciam na
escola.

Os meninos e as meninas dessa idade apresentam necessidades educativas


diversas, as quais a professora deverá conhecer para poder ajustar à sua ajuda,
conforme as capacidades manifestadas. É importante utilizar metodologias
diversas que incorporem diferentes tipos de situações de interação; nesses
momentos, a professora poderá proporcionar a ajuda que cada criança
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necessita, considerando as suas capacidades e as suas dificuldades. Em


conseqüência, não se trata de prescrever um só método, mas de utilizar as
estratégias que sejam adequadas para dar o tratamento educativo que cada
menino ou menina necessita.

A relação com as famílias. O objetivo prioritário da colaboração entre


professores e pais é o de ajudar a desenvolver todas as capacidades das
crianças. É preciso buscar canais de comunicação entre ambos, que permitam
incentivar ao máximo essas capacidades. Particularmente na etapa da
educação infantil, é importante uma boa comunicação entre a escola e a
família para facilitar a adaptação das crianças aos novos contextos e, em
conseqüência, às novas demandas, exigências e possíveis dificuldades. A
comunicação entre as famílias e a escola normalmente é estabelecida através
dos seguintes canais: as entrevistas pessoais, os informes, as reuniões das
turmas de cada ciclo, os escritos informativos, a celebração de atividades e de
festas conjuntas e a colaboração nas tarefas educativas.

BIBLIOGRAFIA

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educação da primeira infância. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.

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Autores Associados, 1999.

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infantil. Petrópolis: Vozes. 2.ª ed., 1995.

GARCIA, R.L. Em defesa da educação infantil. Rio de Janeiro: DP&A, 2001.

GARDNER, H. A criança pré-escolar: como pensa e como a escola pode ensiná-


la. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.

LAROSSA, J. O enigma da infância: ou o que vai do impossível ao verdadeiro. In


Pedagogia profana: danças, piruetas e mascaradas. Porto Alegre: Contra Bando,
1998.
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SÉRIE ESPECIAL – NOVA ESCOLA-

Jean Piaget: desenvolvimento e aprendizagem

Sujeito epistêmico
Esse conceito reúne saberes da Biologia, da Psicologia e da Filosofia para
explicar como todos podem aprender e como a inteligência se desenvolve

Esquemas de ação
São as formas como o ser humano interage com o mundo. Nesse processo, ele
organiza mentalmente a realidade para entendê-la, desenvolvendo a
inteligência.

Conhecimento prévio
A expressão designa os saberes que os alunos possuem e que são essenciais
para o aprendizado. Não pode ser confundido com pré-requisito

Adaptação e equilibração
Os termos se referem ao processo de ampliação de conhecimentos, resultado de
duas etapas indissociáveis: a assimilação e a acomodação

A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL

1. RESUMO

O presente artigo visa analisara importância do brincar no desenvolvimento e


aprendizagem na educação infantil. Tem como objetivo conhecer o significado
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do brincar, conceituar os principais termos utilizados para designar o ato de


brincar, tornando-se também fundamental compreender o universo lúdico, onde
a criança comunica-se consigo mesma e com o mundo, aceita a existência dos
outros, estabelece relações sociais, constrói conhecimentos, desenvolvendo-se
integralmente, e ainda, os benefícios que o brincar proporciona no ensino-
aprendizagem infantil. Ainda este estudo traz algumas considerações sobre os
jogos, brincadeiras e brinquedos e como influenciam na socialização das
crianças. Portanto, para realizar este trabalho, utilizamos a pesquisa
bibliográfica, fundamentada na reflexão de leitura de livros, artigos, revistas e
sites, bem como pesquisa de grandes autores referente a este tema. Desta forma,
este estudo proporcionará uma leitura mais consciente acerca da importância do
brincar na vida do ser humano, e, em especial na vida da criança.

Palavras-chave: Brincar, aprendizagem e desenvolvimento infantil, educação


infantil.
2. INTRODUÇÃO

Brincar é uma importante forma de comunicação, é por meio deste ato que a
criança pode reproduzir o seu cotidiano.O ato de brincar possibilita o processo
de aprendizagem da criança, pois facilita a construção da reflexão, da autonomia
e da criatividade, estabelecendo, desta forma, uma relação estreita entre jogo e
aprendizagem.

Para definir a brincadeira infantil, ressaltamos a importância do brincar para o


desenvolvimento integral do ser humano nos aspectos físico, social, cultural,
afetivo, emocional e cognitivo. Para tanto, se faz necessário conscientizar os
pais, educadores e sociedade em geral sobre à ludicidade que deve estar sendo
vivenciada na infância, ou seja, de que o brincar faz parte de uma aprendizagem
prazerosa não sendo somente lazer, mas sim, um ato de aprendizagem. Neste
contexto, o brincar na educação infantil proporciona a criança estabelecer regras
constituídas por si e em grupo, contribuindo na integração do indivíduo na
sociedade. Deste modo, à criança estará resolvendo conflitos e hipóteses de
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conhecimento e, ao mesmo tempo, desenvolvendo a capacidade de compreender


pontos de vista diferentes, de fazer-se entender e de demonstrar sua opinião em
relação aos outros. É importante perceber e incentivar a capacidade criadora das
crianças, pois esta se constitui numa das formas de relacionamento e recriação
do mundo, na perspectiva da lógica infantil.

Neste sentido, o objetivo central deste estudo é analisar a importância do brincar


na Educação Infantil,pois, segundo os autores pesquisados, este é um período
fundamental para a criança no que diz respeito ao seu desenvolvimento e
aprendizagem de forma significativa.

3. AS IMPLICAÇÕES DO ATO DE BRINCAR NO DESENVOLVIMENTO


INFANTIL

Brincar, segundo o dicionário Aurélio (2003), é "divertir-se, recrear-se, entreter-


se, distrair-se, folgar", também pode ser "entreter-se com jogos infantis", ou
seja, brincar é algo muito presente nas nossas vidas, ou pelo menos deveria ser.

Segundo Oliveira (2000) o brincar não significa apenas recrear, é muito mais,
caracterizando-se como uma das formas mais complexas que a criança tem de
comunicar-se consigo mesma e com o mundo, ou seja, o desenvolvimento
acontece através de trocas recíprocas que se estabelecem durante toda sua
vida.Assim, através do brincar a criança pode desenvolver capacidades
importantes como a atenção, a memória, a imitação, a imaginação, ainda
propiciando à criança o desenvolvimento de áreas da personalidade como
afetividade, motricidade, inteligência, sociabilidade e criatividade.

Vygotsky (1998), um dos representantes mais importantes da psicologia


histórico-cultural, partiu do princípio que o sujeito se constitui nas relações com
os outros, por meio de atividades caracteristicamente humanas, que são
mediadas por ferramentas técnicas e semióticas. Nesta perspectiva, a brincadeira
infantil assume uma posição privilegiada para a análise do processo de
constituição do sujeito, rompendo com a visão tradicional de que ela é uma
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atividade natural de satisfação de instintos infantis. Ainda, o autor refere-se à


brincadeira como uma maneira de expressão e apropriação do mundo das
relações, das atividades e dos papéis dos adultos. A capacidade para imaginar,
fazer planos, apropriar-se de novos conhecimentos surge, nas crianças, através
do brincar. A criança por intermédio da brincadeira, das atividades lúdicas, atua,
mesmo que simbolicamente, nas diferentes situações vividas pelo ser humano,
reelaborando sentimentos, conhecimentos, significados e atitudes.

De acordo com o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil


(BRASIL, 1998, p. 27, v.01):

O principal indicador da brincadeira, entre as crianças, é o


papel que assumem enquanto brincam. Ao adotar outros
papéis na brincadeira, as crianças agem frente à realidade de
maneira não-literal, transferindo e substituindo suas ações
cotidianas pelas ações e características do papel assumido,
utilizando-se de objetos substitutos.

Zanluchi (2005, p. 89) reafirma que “Quando brinca, a criança prepara-se a vida,
pois é através de sua atividade lúdica que ela vai tendo contato com o mundo
físico e social, bem como vai compreendendo como são e como funcionam as
coisas.” Assim, destacamos que quando a criança brinca, parece mais madura,
pois entra, mesmo que de forma simbólica, no mundo adulto que cada vez se
abre para que ela lide com as diversas situações.

Portanto, a brincadeira é de fundamental importância para o desenvolvimento


infantil na medida em que a criança pode transformar e produzir novos
significados. Nas situações em que a criança é estimulada, é possível observar
que rompe com a relação de subordinação ao objeto, atribuindo-lhe um novo
significado, o que expressa seu caráter ativo, no curso de seu próprio
desenvolvimento.
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4. A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NO UNIVERSO LÚDICO (JOGOS,


BRINCADEIRAS E BRINQUEDOS)

O ato de brincar acontece em determinados momentos do cotidiano infantil,


neste contexto, Oliveira (2000) aponta o ato de brincar, como sendo um
processo de humanização, no qual a criança aprende a conciliar a brincadeira de
forma efetiva, criando vínculos mais duradouros. Assim, as crianças
desenvolvem sua capacidade de raciocinar, de julgar, de argumentar, de como
chegar a um consenso, reconhecendo o quanto isto é importante para dar início à
atividade em si.

O brincar se torna importante no desenvolvimento da criança de maneira que as


brincadeiras e jogos que vão surgindo gradativamente na vida da criança desde
os mais funcionais até os de regras. Estes são elementos elaborados que
proporcionarão experiências, possibilitando a conquista e a formação da sua
identidade. Como podemos perceber, os brinquedos e as brincadeiras são fontes
inesgotáveis de interação lúdica e afetiva. Para uma aprendizagem eficaz é
preciso que o aluno construa o conhecimento, assimile os conteúdos. E o jogo é
um excelente recurso para facilitar a aprendizagem, neste sentido, Carvalho
(1992, p.14) afirma que:

(...) desde muito cedo o jogo na vida da criança é de


fundamental importância, pois quando ela brinca, explora e
manuseia tudo aquilo que está a sua volta, através de
esforços físicos se mentais e sem se sentir coagida pelo
adulto, começa a ter sentimentos de liberdade, portanto,
real valor e atenção as atividades vivenciadas naquele
instante.
Carvalho (1992, p.28) acrescenta, mais adiante:

(...) o ensino absorvido de maneira lúdica, passa a adquirir


um aspecto significativo e afetivo no curso do
desenvolvimento da inteligência da criança, já que ela se
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modifica de ato puramente transmissor a ato transformador


em ludicidade, denotando-se, portanto em jogo.
As ações com o jogo devem ser criadas e recriadas, para que sejam sempre uma
nova descoberta e sempre se transformem em um novo jogo, em uma nova
forma de jogar. Quando a criança brinca, sem saber fornece várias informações
a seu respeito, no entanto, o brincar pode ser útil para estimular seu
desenvolvimento integral, tanto no ambiente familiar, quanto no ambiente
escolar.

É brincando também que a criança aprende a respeitar regras, a ampliar o seu


relacionamento social e a respeitar a si mesma e ao outro. Por meio da
ludicidade a criança começa a expressar-se com maior facilidade, ouvir,
respeitar e discordar de opiniões, exercendo sua liderança, e sendo liderados e
compartilhando sua alegria de brincar. Em contrapartida, em um ambiente sério
e sem motivações, os educandos acabam evitando expressar seus pensamentos e
sentimentos e realizar qualquer outra atitude com medo de serem constrangidos.
Zanluchi (2005, p.91) afirma que “A criança brinca daquilo que vive; extrai sua
imaginação lúdica de seu dia-a-dia.”, portanto, as crianças, tendo a oportunidade
de brincar, estarão mais preparadas emocionalmente para controlar suas atitudes
e emoções dentro do contexto social, obtendo assim melhores resultados gerais
no desenrolar da sua vida.

Entretanto, Vygotsky (1998) toma como ponto de partida a existência de uma


relação entre um determinado nível de desenvolvimento e a capacidade
potencial de aprendizagem. Defende a ideia de que, para verificar o nível de
desenvolvimento da criança, temos que determinar pelo menos, dois níveis de
desenvolvimento. O primeiro deles seria o nível de desenvolvimento efetivo,
que se faz através dos testes que estabelecem a idade mental, isto é, aqueles que
a criança é capaz de realizar por si mesma, já o segundo deles se constituiria na
área de desenvolvimento potencial, que se refere a tudo aquilo que a criança é
capaz de fazer com a ajuda dos demais, seja por imitação, demonstração, entre
outros. O que a criança pode fazer hoje com a ajuda dos adultos ou dos iguais
certamente fará amanhã sozinha. Assim, isso significa que se pode examinar,
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não somente o que foi produzido por seu desenvolvimento, mas também o que
se produzira durante o processo de maturação.

Para Vygotsky, citado por Baquero (1998), a brincadeira, o jogo são atividades
específicas da infância, na quais a criança recria a realidade usando sistemas
simbólicos. É uma atividade com contexto cultural e social. O autor relata sobre
a zona de desenvolvimento proximal que é a distância entre o nível atual de
desenvolvimento, determinado pela capacidade de resolver, independentemente,
um problema, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da
resolução de um problema, sob a orientação de um adulto, ou de um
companheiro mais capaz.

Na visão de Vygotsky (1998) o jogo simbólico é como uma atividade típica da


infância e essencial ao desenvolvimento infantil, ocorrendo a partir da aquisição
da representação simbólica, impulsionada pela imitação. Desta maneira, o jogo
pode ser considerado uma atividade muito importante, pois através dele a
criança cria uma zona de desenvolvimento proximal, com funções que ainda não
amadureceram, mas que se encontram em processo de maturação, ou seja, o que
a criança irá alcançar em um futuro próximo. Aprendizado e desenvolvimento
estão inter-relacionados desde o primeiro dia de vida, é fácil concluir que o
aprendizado da criança começa muito antes de ela freqüentar a escola. Todas as
situações de aprendizado que são interpretadas pelas crianças na escola já têm
uma história prévia, isto é, a criança já se deparou com algo relacionado do qual
pode tirar experiências.

Vygotsky (1998, p. 137) ainda afirma “A essência do brinquedo é a criação de


uma nova relação entre o campo do significado e o campo da percepção visual,
ou seja, entre situações no pensamento e situações reais”. Essas relações irão
permear toda a atividade lúdica da criança, serão também importantes
indicadores do desenvolvimento da mesma, influenciando sua forma de encarar
o mundo e suas ações futuras.

Santos (2002, p. 90) relata que “(...) os jogos simbólicos, também chamados
brincadeira simbólica ou faz-de-conta, são jogos através dos quais a criança
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expressa capacidade de representar dramaticamente.” Assim, a criança


experimenta diferentes papéis e funções sociais generalizadas a partir da
observação do mundo dos adultos. Neste brincar a criança age em um mundo
imaginário, regido por regras semelhantes ao mundo adulto real, sendo a
submissão às regras de comportamento e normas sociais a razão do prazer que
ela experimenta no brincar.

De acordo com Vygotsky (1998), ao discutir o papel do brinquedo, refere-se


especificamente à brincadeira de faz-de-conta, como brincar de casinha, brincar
de escolinha, brincar com um cabo de vassoura como se fosse um cavalo. Faz
referência a outros tipos de brinquedo, mas a brincadeira faz-de-conta é
privilegiada em sua discussão sobre o papel do brinquedo no desenvolvimento.
No brinquedo, a criança sempre se comporta além do comportamento habitual, o
mesmo contém todas as tendências do desenvolvimento sob forma condensada,
sendo ele mesmo uma grande fonte de desenvolvimento.

A criança se torna menos dependente da sua percepção e da situação que a afeta


de imediato, passando a dirigir seu comportamento também por meio do
significado dessa situação, Vygotsky (1998, p.127) relata que “ No brinquedo,
no entanto, os objetos perdem sua força determinadora. A criança vê um objeto,
mas age de maneira diferente em relação àquilo que vê. Assim, é alcançada uma
condição em que a criança começa a agir independentemente daquilo que vê.”
No brincar, a criança consegue separar pensamento, ou seja, significado de uma
palavra de objetos, e a ação surge das idéias, não das coisas.

Segundo Craidy & Kaercher (2001) Vygotsky relata novamente que quando
uma criança coloca várias cadeiras uma através da outra e diz que é um trem,
percebe-se que ela já é capaz de simbolizar, esta capacidade representa um passo
importante para o desenvolvimento do pensamento da criança. Brincando, a
criança exercita suas potencialidades e se desenvolve, pois há todo um desafio,
contido nas situações lúdicas, que provoca o pensamento e leva as crianças a
alcançarem níveis de desenvolvimento que só as ações por motivações
essenciais conseguem. Elas passam a agir e esforça-se sem sentir cansaço, não
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ficam estressadas porque estão livres de cobranças, avançam, ousam,


descobrem, realizam com alegria, sentindo-se mais capazes e, portanto, mais
confiantes em si mesmas e predispostas a aprender. Conforme afirma Oliveira
(2000, p. 19):

O brincar, por ser uma atividade livre que não inibe a


fantasia, favorece o fortalecimento da autonomia da criança
e contribui para a não formação e até quebra de estruturas
defensivas. Ao brincar de que é a mãe da boneca, por
exemplo, a menina não apenas imita e se identifica com a
figura materna, mas realmente vive intensamente a situação
de poder gerar filhos, e de ser uma mãe boa, forte e
confiável.

Nesse caso, a brincadeira favorece o desenvolvimento individual da criança,


ajuda a internalizar as normas sociais e a assumir comportamentos mais
avançados que aqueles vivenciados no cotidiano, aprofundando o seu
conhecimento sobre as dimensões da vida social.

Segundo Vygotsky, Luria & Leontiev (1998, p. 125) O brinquedo “(...) surge a
partir de sua necessidade de agir em relação não apenas ao mundo mais amplo
dos adultos.”, entretanto, a ação passa a ser guiada pela maneira como a criança
observa os outros agirem ou de como lhe disseram, e assim por diante. À medida
que cresce, sustentada pelas imagens mentais que já se formou, a criança utiliza-
se do jogo simbólico para criar significados para objetos e espaços.

Assim, seguindo este estudo os processos de desenvolvimento infantil apontam


que o brincar é um importante processo psicológico, fonte de desenvolvimento e
aprendizagem. De acordo com Vygotsky (1998), um dos principais
representantes dessa visão, o brincar é uma atividade humana criadora, na qual
imaginação, fantasia e realidade interagem na produção de novas formas de
construir relações sociais com outros sujeitos, crianças e/ou adultos. Tal
concepção se afasta da visão predominante da brincadeira como atividade
restrita à assimilação de códigos e papéis sociais e culturais, cuja função
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principal seria facilitar o processo de socialização da criança e a sua integração à


sociedade.

5. ENSINO-APRENDIZAGEM ATRAVÉS DO BRINCAR NA INFÂNCIA

Na educação de modo geral, e principalmente na Educação Infantil o brincar é


um potente veículo de aprendizagem experiencial, visto que permite, através do
lúdico, vivenciar a aprendizagem como processo social. A proposta do lúdico é
promover uma alfabetização significativa na prática educacional, é incorporar o
conhecimento através das características do conhecimento do mundo. O lúdico
promove o rendimento escolar além do conhecimento, oralidade, pensamento e
o sentido. Assim, Goés (2008, p 37), afirma ainda que:

(...) a atividade lúdica, o jogo, o brinquedo, a brincadeira,


precisam ser melhorado, compreendidos e encontrar maior
espaço para ser entendido como educação. Na medida em
que os professores compreenderem toda sua capacidade
potencial de contribuir no desenvolvimento infantil, grandes
mudanças irão acontecer na educação e nos sujeitos que
estão inseridos nesse processo.

Contudo, compreender a relevância do brincar possibilita aos professores


intervir de maneira apropriada, não interferindo e descaracterizando o prazer que
o lúdico proporciona. Portanto, o brincarutilizado como recurso pedagógico não
deve ser dissociado da atividade lúdica que o compõe, sob o risco de
descaracterizar-se, afinal, a vida escolar regida por normas e tempos
determinados, por si só já favorece este mesmo processo, fazendo do brincar na
escola um brincar diferente das outras ocasiões. A incorporação de brincadeiras,
jogos e brinquedos na prática pedagógica, podem desenvolver diferentes
atividades que contribuem para inúmeras aprendizagens e para a ampliação da
rede de significados construtivos tanto para crianças como para os jovens.
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Para Vygotsky (1998), o educador poderá fazer o uso de jogos, brincadeiras,


histórias e outros, para que de forma lúdica a criança seja desafiada a pensar e
resolver situações problemáticas, para que imite e recrie regras utilizadas pelo
adulto.

O lúdico pode ser utilizado como uma estratégia de ensino e aprendizagem,


assim o ato de brincar na escola sob a perspectiva de Lima (2005) está
relacionada ao professor que deve apropriar-se de subsídios teóricos que
consigam convencê-lo e sensibilizá-lo sobre a importância dessa atividade para
aprendizagem e para o desenvolvimento da criança. Oliveira (1997, p. 57)
acrescenta o fato que a:

Aprendizagem é o processo pelo qual o indivíduo adquire


informações, habilidades, atitudes, valores, etc. a partir de
seu contato com a realidade, o meio ambiente, as outras
pessoas. É um processo que se diferencia dos fatores inatos
(a capacidade de digestão, por exemplo, que já nasce com o
indivíduo) e dos processos de maturação do organismo,
independentes da informação do ambiente (a maturação
sexual, por exemplo). Em Vygotsky, justamente por sua
ênfase nos processos sócio-históricos, a idéia de
aprendizado inclui a interdependência dos indivíduos
envolvidos no processo. (...) o conceito em Vygotsky tem
um significado mais abrangente, sempre envolvendo
interação social.

Com isso, é possível entender que o brincar auxilia a criança no processo de


aprendizagem. Ele vai proporcionar situações imaginárias em que ocorrerá no
desenvolvimento cognitivo e facilitando a interação com pessoas, as quais
contribuirão para um acréscimo de conhecimento.

A essas ideias associamos nossas convicções sobre o brincar como prática


pedagógica, sendo um recurso que pode contribuir não só para o
desenvolvimento infantil, como também para o cultural. Brincar não é apenas ter
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um momento reservado para deixar a criança à vontade em um espaço com ou


sem brinquedos e sim um momento que podemos ensinar e aprender muito com
elas. A atividade lúdica permite que a criança se prepare para a vida, entre o
mundo físico e social. Observamos, deste modo que a vida da criança gira em
torno do brincar, é por essa razão que pedagogos têm utilizado a brincadeira na
educação, por ser uma peça importante na formação da personalidade, tornando-
se uma forma de construção de conhecimento.

Finalizando Gonzaga (2009, p. 39), aponta:

(...) a essência do bom professor está na habilidade de


planejar metas para aprendizagem das crianças, mediar suas
experiências, auxiliar no uso das diferentes linguagens,
realizar intervenções e mudar a rota quando necessário.
Talvez, os bons professores sejam os que respeitam as
crianças e por isso levam qualidade lúdica para a sua prática
pedagógica.

Importante para o desenvolvimento, físico, intelectual e social, o jogo vem


ampliando sua importância deixando de ser um simples divertimento e tornando-
se ponte entre a infância e a vida adulta. Vygotsky (1998) afirma que o jogo
infantil transforma a criança, graças à imaginação, os objetivos produzidos
socialmente. Assim, seu uso é favorecido pelo contexto lúdico, oferecendo à
criança a oportunidade de utilizar a criatividade, o domínio de si, à firmação da
personalidade, e o imprevisível.

De acordo com Kishimoto (2002) o jogo é considerado uma atividade lúdica


que tem valor educacional, a utilização do mesmo no ambiente escolar traz
muitas vantagens para o processo de ensino aprendizagem, o jogo é um impulso
natural da criança funcionando, como um grande motivador, é através do jogo
obtém prazer e realiza um esforço espontâneo e voluntário para atingir o
objetivo, o jogo mobiliza esquemas mentais, e estimula o pensamento, a
ordenação de tempo e espaço, integra várias dimensões da personalidade,
afetiva, social, motora e cognitiva.
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O desenvolvimento da criança e seu consequente aprendizado ocorrem quando


participa ativamente, seja discutindo as regras do jogo, seja propondo soluções
para resolvê-los. É de extrema importância que o professor também participe e
que proponha desafios em busca de uma solução e de participação coletiva, o
papel do educador neste caso será de incentivador da atividade. A intervenção
do professor é necessária e conveniente no processo de ensino-aprendizagem,
além da interação social, ser indispensável para o desenvolvimento do
conhecimento.

De acordo com o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil


(BRASIL, 1998, p. 23, v.01):

Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidado,


brincadeiras e aprendizagem orientadas de forma integrada e
que possam contribuir para o desenvolvimento das
capacidades infantis de relação interpessoal de ser e estar
com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito
e confiança, e o acesso, pelas crianças aos conhecimentos
mais amplos da realidade social e cultural.

Por isso o educador é a peça fundamental nesse processo, devendo ser um


elemento essencial. Educar não se limita em repassar informações ou mostrar
apenas um caminho, mas ajudar a criança a tomar consciência de si mesmo, e da
sociedade. É oferecer várias ferramentas para que a pessoa possa escolher
caminhos, aquele que for compatível com seus valores, sua visão de mundo e
com as circunstâncias adversas que cada um irá encontrar. Nessa perspectiva,
segundo o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (BRASIL,
1998, p. 30, v.01):

O professor é mediador entre as crianças e os objetos de


conhecimento, organizando e propiciando espaços e
situações de aprendizagens que articulem os recursos e
capacidades afetivas, emocionais, sociais e cognitivas de
cada criança aos seus conhecimentos prévios e aos
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conteúdos referentes aos diferentes campos de


conhecimento humano. Na instituição de educação infantil o
professor constitui-se, portanto, no parceiro mais experiente,
por excelência, cuja função é propiciar e garantir um
ambiente rico, prazeroso, saudável e não discriminatório de
experiências educativas e sociais variadas.

Educar é acima de tudo a inter-relação entre os sentimentos, os afetos e a


construção do conhecimento. Segundo este processo educativo, a afetividade
ganha destaque, pois acreditamos que a interação afetiva ajuda mais a
compreender e modificar o raciocínio do aluno. E muitos educadores têm a
concepção que se aprende através da repetição, não tendo criatividade e nem
vontade de tornar a aula mais alegre e interessante, fazendo com que os alunos
mantenham distantes, perdendo com isso a afetividade e o carinho que são
necessários para a educação.

A criança necessita de estabilidade emocional para se envolver com a


aprendizagem. O afeto pode ser uma maneira eficaz de aproximar o sujeito e a
ludicidade em parceria com professor-aluno, ajuda a enriquecer o processo de
ensino-aprendizagem. E quando o educador dá ênfase às metodologias que
alicerçam as atividades lúdicas, percebe-se um maior encantamento do aluno,
pois se aprende brincando.

Santos (2002) refere-se ao significado da palavra ludicidade que vem do


latimludus e significa brincar. Onde neste brincar estão incluídos os jogos,
brinquedos e divertimentos, tendo como função educativa do jogo o
aperfeiçoamento da aprendizagem do indivíduo.
Assim, a ludicidade tem conquistado um espaço na educação infantil. O
brinquedo é a essência da infância e permite um trabalho pedagógico que
possibilita a produção de conhecimento da criança. Ela estabelece com o
brinquedo uma relação natural e consegue extravasar suas angústias e
entusiasmos, suas alegrias e tristezas, suas agressividades e passividades.

Ainda Santos (2002, p. 12) relata sobre a ludicidade como sendo:


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“(...) uma necessidade do ser humano em qualquer idade e


não pode ser vista apenas como diversão. O
desenvolvimento do aspecto lúdico facilita a aprendizagem,
o desenvolvimento pessoal, social e cultural, colabora para
uma boa saúde mental, prepara para um estado interior
fértil, facilita os processos de socialização, comunicação,
expressão e construção de conhecimento.”

Ao assumir a função lúdica e educativa, a brincadeira propicia diversão, prazer,


potencializa a exploração e a construção do conhecimento. Brincar é uma
experiência fundamental para qualquer idade, principalmente para as crianças da
Educação Infantil.

Dessa forma, a brincadeira já não deve ser mais atividade utilizada pelo
professor apenas para recrear as crianças, mas como atividade em si mesma, que
faça parte do plano de aula da escola. Pois, de acordo com Vygotsky (1998) é no
brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva. Porque ela
transfere para o mesmo sua imaginação e, além disso, cria seu imaginário do
mundo de faz de conta.

Portanto, cabe ao educador criar um ambiente que reúna os elementos de


motivação para as crianças. Criar atividades que proporcionam conceitos que
preparam para a leitura, para os números, conceitos de lógica que envolve
classificação, ordenação, dentre outros. Motivar os alunos a trabalhar em equipe
na resolução de problemas, aprendendo assim expressar seus próprios pontos de
vista em relação ao outro.

Oliveira (1997, p. 61) afirma que:

A implicação dessa concepção de Vygotsky para o ensino


escolar é imediata. Se o aprendizado impulsiona o
desenvolvimento, então a escola tem um papel essencial na
construção do ser psicológico adulto dos indivíduos que
vivem em sociedades escolarizadas. Mas o desempenho
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desse papel só se dará adequadamente quando, conhecendo


o nível de desenvolvimento dos alunos, a escola dirigir o
ensino não para as etapas de desenvolvimento ainda não
incorporados pelos alunos, funcionando realmente como um
motor de novas conquistas psicológicas. Para a criança que
freqüenta a escola, o aprendizado escolar é elemento central
no seu desenvolvimento.

O processo de ensino e aprendizagem na escola deve ser construído, então,


tomando como ponto de partida o nível de desenvolvimento real da criança, num
dado momento e com sua relação a um determinado conteúdo a ser
desenvolvido, e como ponto de chegada os objetivos estabelecidos pela escola,
supostamente adequados à faixa etária e ao nível de conhecimentos e
habilidades de cada grupo de crianças. O percurso a ser seguido nesse processo
estará demarcado pelas possibilidades das crianças, isto é, pelo seu nível de
desenvolvimento potencial.

Enfim, estar ao lado do aluno, acompanhando seu desenvolvimento, para


levantar problemas que o leve a formular hipóteses. Brinquedos adequados para
idade, com objetivo de proporcionar o desenvolvimento infantil e a aquisição de
conhecimentos em todos os aspectos.

A partir da leitura desses autores podemos verificar que a ludicidade, as


brincadeiras, os brinquedos e os jogos são meios que a criança utiliza para se
relacionar com o ambiente físico e social de onde vive, despertando sua
curiosidade e ampliando seus conhecimentos e suas habilidades, nos aspectos
físico, social, cultural, afetivo, emocional e cognitivo, e assim, temos os
fundamentos teóricos para deduzirmos a importância que deve ser dada à
experiência da educação infantil.
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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir de pesquisa bibliográfica vemos que a criança aprende enquanto brinca.


De alguma forma a brincadeira se faz presente e acrescenta elementos
indispensáveis ao relacionamento com outras pessoas. Assim, a criança
estabelece com os jogos e as brincadeiras uma relação natural e consegue
extravasar suas tristezas e alegrias, angústias, entusiasmos, passividades e
agressividades, é por meio da brincadeira que a criança envolve-se no jogo e
partilha com o outro, se conhece e conhece o outro.

Além da interação, a brincadeira, o brinquedo e o jogo proporcionam, são


fundamentais como mecanismo para desenvolver a memória, a linguagem, a
atenção, a percepção, a criatividade e habilidade para melhor desenvolver a
aprendizagem. Brincando e jogando a criança terá oportunidade de desenvolver
capacidades indispensáveis a sua futura atuação profissional, tais como atenção,
afetividade, o hábito de concentrar-se, dentre outras habilidades. Nessa
perspectiva, as brincadeiras, os brinquedos e os jogos vêm contribuir
significamente para o importante desenvolvimento das estruturas psicológicas e
cognitivas do aluno.

Vemos que a ludicidade é uma necessidade do ser humano em qualquer idade,


mas principalmente na infância, na qual ela deve ser vivenciada, não apenas
como diversão, mas com objetivo de desenvolver as potencialidades da criança,
visto que o conhecimento é construído pelas relações inter-pessoais e trocas
recíprocas que se estabelecem durante toda a formação integral da criança.

Portanto, a introdução de jogos e atividades lúdicas no cotidiano escolar é muito


importante, devido à influencia que os mesmos exercem frente aos alunos, pois
quando eles estão envolvidos emocionalmente na ação, torna-se mais fácil e
dinâmico o processo de ensino e aprendizagem.

Conclui-se que o aspecto lúdico voltado para as crianças facilita a aprendizagem


e o desenvolvimento integral nos aspectos físico, social, cultural, afetivo e
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cognitivo. Enfim, desenvolve o indivíduo como um todo, sendo assim, a


educação infantil deve considerar o lúdico como parceiro e utilizá-lo
amplamente para atuar no desenvolvimento e na aprendizagem da criança.

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