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O

HOMEM E A COMUNICAÇÃO


O LIVRO DAS
TINTAS

RUTH ROCHA
OTÁVIO ROTH

CRIAÇÃO E PROJETO GRÁFICO
OTÁVIO ROTH

ILUSTRAÇÕES
RAQUEL COELHO


1992 – Prêmio Jabuti – Melhor Obra em Coleção,
Melhor Produção Editorial
1993 – Prêmio Monteiro Lobato para Literatura Infantil,
Academia Brasileira de Letras

As tintas já eram conhecidas pelos homens antes que eles aprendessem a escrever.
Desde os tempos mais remotos, os homens pintavam na pedra, pintavam suas roupas,
suas casas e até seu próprio corpo.
Os materiais que eles usavam eram os mais simples e acessíveis que se possa imaginar. Desde a
terra, que existe em toda parte e em muitas cores, até o sangue de animais, o carvão e plantas de
todo tipo.
Quando o homem começou a escrever, não usava tintas, apesar de já conhecê-las.
De fato, no Egito, na Mesopotâmia e em outros lugares mais, escrevia-se com estiletes, sobre
pedra, sobre barro, sobre madeira ou sobre metal, sem a utilização das tintas.
Atribui-se a um sábio chinês de nome Tien Tchu a invenção da primeira fórmula de tinta, no ano
2500 antes de Cristo.
Essa tinta, conhecida até hoje como tinta nanquim, era feita a partir da fuligem obtida com a
queima de caroços de pêssego misturada a colas vegetais.
Usou-se essa tinta primeiro para pintar e posteriormente para escrever.
A natureza fornece praticamente todos os elementos necessários para fazer as tintas.
Desde os extratos de frutas, flores ou folhas, as secreções de alguns animais ou a própria
terra, metais e pedras coloridas.
Os egípcios usavam, para escrever, basicamente duas cores: o vermelho e o preto.
A tinta vermelha era obtida de terra finamente peneirada e a preta a partir de fuligem de
carvão.
Eram ambas misturadas com água e goma-arábica, que é uma resina produzida por algumas
espécies de árvores.
A cor vermelha era reservada apenas para os títulos dos capítulos.
Os gregos e os romanos usavam, além da tinta feita de fuligem, uma tinta extraída de um
molusco – a sépia.
Essa tinta tem um tom marrom, que até hoje se chama sépia.
Outro tipo de molusco foi muito importante para a fabricação de tintas – a púrpura, que fornecia
a tinta do mesmo nome, tão valorizada entre os gregos e os romanos que era utilizada, numa certa
época, exclusivamente para tingir os mantos reais.
Na Idade Média, os livros eram ilustrados com desenhos e cores muito requintados.
Para isso, usavam-se tintas obtidas dos materiais mais preciosos: ouro, prata, bronze, pedras
semipreciosas, como turmalinas e lápis-lazúli, e até pedras preciosas, como rubis e esmeraldas.
Outros ingredientes muito curiosos foram usados na confecção de tintas.
Insetos moídos, como a cochonilha, leite coalhado, urina, sangue, os mais variados metais,
vinho, cerveja, vinagre, vidro moído e até – acredite se quiser – múmias trituradas, que forneciam
uma tinta com um tom muito especial de marrom – o marrom egípcio. Quando na Europa foi
descoberta a origem dessa tinta, ninguém mais quis usá-la.
O homem tem procurado através dos tempos fabricar tintas que tenham grande
durabilidade, para que seus documentos não desapareçam.
Há alguns anos foram descobertos numa caverna os Rolos do Mar Morto, que eram
pergaminhos nos quais estavam escritos, em aramaico, os livros da Bíblia.
Esses documentos, importantíssimos para as religiões e para o estudo da história, só
foram decifrados graças à qualidade da tinta usada há mais de dois mil anos, que se manteve
legível.
Mas existem situações em que o que mais interessa é justamente o contrário, isto é, é
importante que as tintas não estejam visíveis.
A espionagem, a diplomacia e até certas situações de namoro estimularam a criação das “tintas
simpáticas”, tintas que não apareciam, a não ser que fossem submetidas a um processo secreto de
revelação.

* Mensagem secreta invisível.
A ação da umidade e da luz tende a modificar as cores das tintas.
Muitas pinturas desapareceram e estão desaparecendo, em virtude dessas causas e até pela
poluição provocada pelo homem.
Algumas tintas resistem mais do que outras, principalmente quando o ambiente em que se
acham está mais protegido.
Por isso, algumas das pinturas das cavernas, dos túmulos egípcios e das ruínas de Pompeia
chegaram até nosso tempo.
A evolução da química tem permitido não só a fabricação de tintas cada vez mais duráveis, como
de tintas de cores cada vez mais surpreendentes.
Hoje são fabricadas inúmeras cores que não existem na natureza.
O exemplo mais marcante disso é a cor branca total, que só pôde ser obtida depois da
descoberta do poder alvejante do cloro.
Mas, afinal, o que é a tinta?
A tinta não passa de um corante dissolvido num líquido e fixado por uma cola.
O mundo de hoje não é mais o mundo que os homens primitivos viram.
É um mundo mais colorido e mais alegre, graças ao engenho e à persistência dos homens, que,
através dos séculos, misturam esses elementos de infinitas maneiras.
Ruth Rocha nasceu em 1931 na cidade de São Paulo. É uma das mais conhecidas escritoras brasileiras de livros infantis e
juvenis. Ganhou os mais importantes prêmios brasileiros destinados à literatura infantil: FNLIJ, Prêmio Jabuti, APCA e ABL,
entre outros. Atualmente é membro do Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta. Casada com Eduardo Rocha, tem
uma filha, Mariana, e dois netos, Miguel e Pedro.
Otávio Roth (1952-1993). Paulista reconhecido mundialmente por sua obra em papel artesanal e eventos de arte
participativa. Formou-se em Londres pelo Hornsey College of Art. Morou e trabalhou em Israel, Noruega e Estados Unidos.
Também recebeu vários prêmios de literatura infantojuvenil como ilustrador e escritor. Suas ilustrações da Carta de
Direitos Humanos estão em exposição permanente nas sedes da ONU em Genebra, Viena e Nova York. No Brasil foi
pioneiro na divulgação do papel artesanal por meio de cursos, oficinas, publicações e exposições. Seu trabalho de
reciclagem de papel e de elementos da natureza contribuiu para a construção da consciência ambiental.
Edição revisada conforme o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa

Ilustrações: Raquel Coelho
Texto © Ruth Rocha Serviços Editoriais S/C Ltda.
Representado por AMS Agenciamento Artístico, Cultural e Literário Ltda.
Criação e projeto gráfico: Otávio Roth
Conversão em epub: {kolekto}

Direitos de publicação:
© 1992 Cia. Melhoramentos de São Paulo
© 2002, 2009 Editora Melhoramentos Ltda.

1.ª edição digital, junho de 2014
ISBN: 978-85-06-07536-4 (digital)
ISBN: 978-85-06-05375-1 (impresso)

Atendimento ao consumidor:
Caixa Postal 11541 – CEP 05049-970
São Paulo – SP – Brasil
Tel.: (11) 3874-0880
www.editoramelhoramentos.com.br
sac@melhoramentos.com.br

O Livro da Escrita
Rocha, Ruth
9788506075296
32 páginas

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1992 - Prêmio Jabuti - Melhor Obra em Coleção, Melhor Produção Editorial 1993 - Prêmio Monteiro
Lobato para Literatura Infantil, Academia Brasileira de Letras Você sabe o que significam a escrita
pictográfica e a escrita ideográfica? Que povo teve a primeira escrita bem codificada? Para que o
mundo moderno precisa da escrita? De privilégio, a língua se transforma em necessidade e direito
de todos. Premiada em 1993 com o FNLIJ, o Jabuti de Melhor Obra em Coleção e Melhor Produção
Editorial e com o Prêmio Monteiro Lobato da Academia Brasileira de Letras para Literatura Infantil,
esta série oferece às crianças a maravilhosa história da evolução da humanidade. As ilustrações
utilizam recursos de colagem, criando imagens muito originais, com textura e relevo, que merecem
uma leitura crítica, observando-se a integração do verbal com o não verbal em um projeto gráfico
cuidadoso. Série vencedora também do Prêmio Fundação Conrado Wessel de Ciência e Cultura 2006
em literatura para a autora Ruth Rocha.

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Contos dos Meninos Índios
Donato, Hernâni
9788506071274
152 páginas

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A cultura e as tradições indígenas eram transmitidas de pai para filho por meio de histórias
contadas ao redor da fogueira, nas noites estreladas das florestas. Os contos aqui reunidos
transmitem a emoção desses momentos de união e magia. O leitor vai se divertir com as aventuras
da tartaruga, com a esperteza do jabuti e com a fúria da onça. Conhecerá lendas em que os índios
falam sobre a criação dos animais, a descoberta do fogo, o aparecimento das frutas e explicam, a
seu modo, os fenômenos da natureza e o comportamento dos homens.

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O Pequeno Livro de Hai-kais do Menino Maluquinho
Ziraldo
9788506069462
28 páginas

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"O Pequeno Livro de Hai-kais do Menino Maluquinho" é uma singela amostra gratuita dos poemas
que compõe o livro "Os Hai-kais do Menino Maluquinho". O hai-kai é uma pequena composição
poética de origem japonesa, constituída de três versos com cinco, sete e cinco sílabas, tendo como
tema as variações da natureza e a sua influência na alma do poeta. O poeta Ziraldo canta em hai-
kais as observações do seu mais famoso personagem, o Menino Maluquinho, sobre a natureza, as
relações com a família, com os amigos e consigo mesmo. As ilustrações completam a graça e a
poesia da obra, que propõe ao leitor que também faça sua reflexão sobre os temas.

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O Meu Pé de Laranja Lima – 50 Anos
de Vasconcelos, José Mauro
9788506082096
232 páginas

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✴ Mais de 2 MILHÕES de exemplares vendidos ✴ ✴ Mais de 150 EDIÇÕES no Brasil ✴ ✴ Traduzido


em 15 IDIOMAS ✴ ✴ Publicado em 23 PAÍSES ✴ Nova edição com suplemento de leitura e notas
explicativas de Luiz Antonio Aguiar. Um clássico da literatura brasileira, com adaptações para a
televisão, o cinema e o teatro, O Meu Pé de Laranja Lima é desses livros que marcam época.
Lançado em 1968, trata-se de uma história fortemente autobiográfica, que demonstra a mão de um
escritor experiente, ciente do efeito que pode provocar nos leitores com suas cenas e a composição
de seus personagens. O protagonista Zezé tem 6 anos e mora num bairro modesto, na zona norte do
Rio de Janeiro. O pai está desempregado, e a família passa por dificuldades. O menino vive
aprontando, sem jamais se conformar com as limitações que o mundo lhe impõe – viaja com sua
imaginação, brinca, explora, descobre, responde aos adultos, mete-se em confusões, causa pequenos
desastres. As surras que lhe aplicam seu pai e sua irmã mais velha são seu suplício, a ponto de fazê-
lo querer desistir da vida. No entanto, o apego ao mundo que criou felizmente sempre fala mais alto.
Só não há remédio para a dor, para a perda. E Zezé muito cedo descobrirá isso. A alegria e a tristeza
não poderiam estar mais bem combinadas do que nestas páginas. E isso, se não explica, justifica a
imensa popularidade alcançada pelo livro. José Mauro de Vasconcelos

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A mala de Hana
Levine, Karen
9788506007563
112 páginas

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"A Mala de Hana" é um retrato singelo, mas mostra como era cruel a vida das crianças submetidas
ao Holocausto. A história se desenrola em três continentes durante um período de quase setenta
anos. Envolve a experiência da garotinha Hana e de sua família na Tchecoslováquia (atual República
Tcheca), nas décadas de 1930 e 1940, uma jovem e um grupo de crianças em Tóquio, no Japão, e um
homem em Toronto, no Canadá, nos dias de hoje. Um relato que vai sensibilizar a todos para que
horrores semelhantes aos que atingiram Hana e outros inocentes nunca voltem a acontecer.

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