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SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO

SERVIÇO SOCIAL

JOVELICE DE JESUS PEREIRA

A REALIDADE DE MÃES ADOLESCENTES


O Papel do Assistente Social na Saúde Publica

Poções - BA
2016
JOVELICE DE JESUS PEREIRA

A REALIDADE DE MÃES ADOLESCENTES


O Papel do Assistente Social na Saúde Pública

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como
requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel
em Serviço Social.

Orientador: Prof. Maria Angela Santini

Poções - BA
2016
Dedico este trabalho á todas as mães
adolescentes, por sua força e determinação em
ter um filho nesta fase da vida.
AGRADECIMENTOS

Acima de tudo a Deus, pai misericordioso que sempre esta ao meu


lado e por me privilegiar de exercer uma profissão magnifica.

“Algumas pessoas marcam a nossa vida para sempre, umas porque nos vão
ajudando na construção, outras porque nos apresentam projetos de sonho e outras
ainda porque nos desafiam a construí-los”.
Deus me enviou à terra com uma missão, só
ele pode me deter, os homens nunca poderão.

(Bob Marley)
PEREIRA. Jovelice de Jesus. A REALIDADE DE MÃES ADOLESCENTES: O Papel
do Assistente Social na Saúde Publica. 2016. 41 páginas. Trabalho de Conclusão de
Curso Graduação em Serviço Social – Universidade Norte do Paraná, Poções - BA,
2016.

RESUMO

A adolescência é uma fase da vida de profundas modificações físicas, psíquicas e


sociais. As profundas modificações do corpo acarretam mudanças no plano
psicossocial da adolescente, exigindo aceitação do novo esquema corporal e
redefinição de sua identidade, gerando a crise da adolescência. O desenvolvimento
do corpo, na adolescência, é vivido com muita agressividade e culpa, com avanços e
regressões. A adolescência é uma fase de transição gradual entre a infância e a
idade adulta, marcada por profundas mudanças físicas, psicológicas e
comportamentais (ABDALLA et al, 1998). É o ponto de partida para uma tomada de
posição social, familiar, sexual e entre o grupo a que pertence. É um período crítico
para a formação de valores e padrões de comportamento; é distinguido por rebeldia,
busca de independência e visão diferenciada da vida. É nessa fase também em que
o jovem toma consciência das dificuldades que terão de enfrentar para se
desenvolver no futuro, mas ainda está sujeito ao amparo dos pais, principalmente
sob o aspecto econômico (LOPES, 2005).

Palavras – chave: Gravidez. Adolescência. Assistente Social


PEREIRA. Jovelice de Jesus. A REALIDADE DE MÃES ADOLESCENTES: O Papel
do Assistente Social na Saúde Publica. 2016. 41 páginas. Trabalho de Conclusão de
Curso Graduação em Serviço Social – Universidade Norte do Paraná, Poções - BA,
2016.

ABSTRACT

A Teenagers' da uma life stage modificações deep physical, mental and sociais . As
corporate acarretam deep Mudanças modificações do not give up psicossocial teen
aceitação do novo exigindo body schema and redefinição of sua identidade ,
Gerando to crise da adolescence. O Desenvolvimento do corpo , na Adolescence,
with its wide agressividade é lived and guilt, and regressões Avanços com . A
Teenagers' transição uma gradual phase enters idade ea infância adult Mudanças
marked by profound physical, psychological and comportamentais ( ABDALLA et al,
1998) . É o ponto starting to uma posição taken of social, familial , sexual and
between or group to which belongs . É um formação critical period for a stock and
Padrões of comportamento : and distinguished for rebellion , seeking differentiated
visão independência and gives life. Nessa É também phase jovem em or give
dificuldades consciência takes to face that Terao not develop future for yourself , but
is sujeito ao ainda under two country , mainly econômico sob or aspect ( LOPES ,
2005 ) .

Key-words: Pregnancy. Adolescence. Social Worker


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO
........................................................................................................13

2 ADOLESCENCIA.................................................................................................15
2.1 Fatores de risco na adolescencia......................................................................18

3 SEXUALIDADE NA ADOLESCENCIA................................................................21
3.1 Desenvolvimento da sexualidade......................................................................23
3.2 Educar para a Sexualidade...............................................................................23

4 SEXUALIDADE NA CONTEMPORANEIDADE...................................................25

5 GRAVIDEZ NA ADOLESCENCIA........................................................................29
5.1 Gravidez precoce...............................................................................................30
5.2 Prevenção da Gravidez na adolescencia...........................................................32

6 O PAPEL DA FAMILIA DIANTE DA GRAVIDEZ NA ADOLESCENCIA............34

7 AS POLITICAS PUBLICAS PARA OS ADOLESCENTES ................................38


7.1 Saúde do adolescente ......................................................................................39

8 A INTERVENÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL...................................................42


8.1 Formas de Enfrentamento.................................................................................43
8.2 Estratégias de Controle.....................................................................................46

9 O PAPEL DO ASSISTENTE SOCIAL NA SAUDE.............................................48

CONCLUSÃO.........................................................................................................52

REFERENCIAS......................................................................................................54
13

1 INTRODUÇÃO

O Presente Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) tem seu tema


voltado para a gravidez na adolescência.
Segundo Caridade (1997), a maior parte dos teóricos descreve a
adolescência como sendo uma etapa de crise. Crise de identidade, crise relacional,
familiar, crise de autoestima, de falta de sentido para a vida. A referência maior é a
de que este é um estágio atravessado por conflitos, dúvidas, inquietação e mal-
estar. De acordo com a autora, a crise é algo próprio do sujeito, quando nele se
operam intensas transformações. Neste sentido, a crise da adolescência é
expressiva do crescimento marcado por desorganizações físicas, hormonais,
psíquicas, emocionais e por conseguintes reorganizações.
A família transmite para o adolescente desde criança, as normas, os
costumes, os valores dominantes na sociedade, que são modelos interpretados em
função da classe social, da crença religiosa e das diferentes subculturas às quais a
família pertence, sendo assim um elo de grande valor.
Por esse motivo, em relação à sexualidade, o adolescente vive
angustiado e culposo porque se comporta ou tem anseios diferentes dos anseios
dos pais e daquilo que os mesmos recomendam em relação ao sexo. Esse conflito
dificulta a vivência da sexualidade para o desenvolvimento e o prazer, e
principalmente para a prática de uma sexualidade responsável. Não podemos tratar
da sexualidade sem considerar as implicações do gênero subjacentes à mesma, em
virtude das distinções necessárias à compreensão dos termos (SUPLICY, 2000).
Este trabalho pretende abordar um tema atual no mundo das
sociedades modernas, muitas vezes sendo visto pelas próprias famílias como um
problema social – a gravidez na adolescência.

1.1 OBJETIVOS:

Objetivo Geral: discutir as relações e implicações decorrentes de uma gravidez na


adolescência.

Objetivos Específicos:
14

 Buscar melhor entendimento sobre a gravidez na adolescência;


 Em quais contextos ocorre;
 Quais suas consequências, tanto materiais como mentais, para
a mãe, filho e famílias.

1.2 JUSTIFICATIVA:

Pretende-se com a realização do estudo identificar algumas das causas


e consequências da gravidez na adolescência, além de debater/refletir as ideias e
concepções circundantes sobre a atividade sexual na adolescência. Trazendo a
discussão para o atual mecanismo de proteção à infância e a adolescência, de
forma que seja possível constatar as lacunas das atuais políticas públicas para a
juventude no que tange a proteção de adolescentes envolvidos no processo de
maternidade/paternidade.

1.3 METODOLOGIA:

Para realização desse Trabalho de Conclusão de Curso utilizou-se


pesquisas bibliográficas.
15

2. ADOLESCENCIA:

De acordo com a OMS “a adolescência compreende um período


entre os 11 e 19 anos de idade, desencadeado por mudanças corporais e
fisiológicas”. Wong (1999) descreve a adolescência como “o período de transição
entre a infância e a vida adulta – um período de rápida maturação física, cognitiva,
social e emocional”. Porém, Ferreira apud Gomes et al (2003), define adolescência
“como o período da vida humana que sucede a infância, começa com a puberdade e
se caracteriza por uma série de mudanças corporais e psicológicas”. Para Rosa
apud Gomes et al (2003), “(...) o fim da adolescência são os ajustamentos normais
do indivíduo aos padrões de expectativa da sociedade, com relação às populações
adultas”.
A ausência de oportunidade para refletir, construir um projeto de vida
e concretizá-lo pode colocar qualquer adolescente em situação de risco,
dependendo da situação social em que se encontra. É necessário, portanto, que as
ações sejam dirigidas a todos os adolescentes por meio de uma rede de apoio que
estimule o autocuidado e o seu potencial criativo e resolutivo. Entretanto, deverão
ser identificados e aplicados nos adolescentes que já se encontram em situação
considerada de risco, como:
Tenham iniciado a atividade sexual precocemente, sem proteção
para DST/Aids e gravidez; Tenham irmãs grávidas adolescentes ou que foram mães
adolescentes; Inseridos em famílias desestruturadas; Estejam sofrendo ou em risco
de sofrer violência doméstica Adolescentes com gravidez precoce não planejada;
Estejam fazendo uso/abuso de substancias lícitas ou ilícitas com destaque ao uso
de tabaco e do álcool; Sejam vítimas de exploração sexual ou que tenha sofrido
abuso sexual; Fogem com frequência de casa ou se encontrem morando nas ruas.
Ações Inter setoriais específicas devem ser desenvolvidas entre
adolescentes pertencentes ás condições sociais mais desfavoráveis, para diminuir o
risco de problemas de saúde física e mental, decorrentes, principalmente, da falta de
saneamento básico, de desemprego, da violência, da evasão escolar e do tráfico de
drogas.
O termo puberdade é utilizado para designar especificamente as
transformações corporais decorrentes da ação dos hormônios do eixo hipotálamo-
hipófise-gonadal. A adolescência tem início com a eclosão pubertária, com intensas
16

modificações biológicas, sendo os seus primeiros eventos, o aparecimento do broto


mamário nas meninas (telarca) e o aumento do volume testicular nos meninos. O
seu inicio acontece entre os 08 e os 13 anos para o sexo feminino e entre 09 e 14
anos, para o sexo masculino.
GOMES (1993) define o adolescente como:
“O indivíduo que vivencia uma fase evolutiva, única e exclusiva da espécie
humana, em que acontecem intensas e profundas transformações físicas,
mentais e sociais, que, inexoravelmente, o conduzirão a exibir
características de homem ou de mulher adultos” (GOMES, 1993)

Essas transformações, em ritmos diferentes, conforme uma série de


fatores tornou adolescentes vulneráveis a uma série de situações. As
transformações físicas, durante o processo pubertário, levarão a criança á função
biológica de reprodução. Sua evolução psíquica, com todos os sinais e sintomas
apresentados, mostram polos de comportamento tais como: ora ri, ora chora;
introvertido ou extrovertido; detesta família e adora a família; esconde o que pensa e
fala o que não deve; altruísta e egoísta; quer aprender e detesta estudar; sono
tranquilo e sono agitado; quer ser ele mesmo e imitam os outros; acha-se lindo e
acha-se feio; antecipa o que é de seu interesse e posterga o que não é.
Autores procuram estabelecer características psicológicas comuns à
adolescência, destacando-se especialmente a reestruturação ou busca de uma nova
identidade. ABERASTURY (1983) ressalta que o adolescente, ao perder a condição
de criança, busca uma nova identidade que é constituída, consciente e
inconscientemente, em um processo lento e doloroso de elaboração do luto pela
perda do corpo de criança, da identidade infantil e da relação com os pais da
infância. KNOBEL (1992), mediante a evolução psíquica que se processa, descreve
a “Síndrome da Adolescência Normal”, um conjunto de itens apresentados pelos
adolescentes durante o processo em questão, itens considerados normais e
características dessa faixa etária.
Após anos de descrição da síndrome inicial, KNOBEL (2000)
constata que o pensamento, a conduta, o conceito de valores e o estilo de vida do
adolescente foram mudando. A interação sociedade, família, indivíduo, é significativo
para a desenvoltura do jovem pré-adolescente. O chamado “modernismo” e o “pós-
modernismo”, considerados eufemismos produtos da incapacidade de lidar com as
mudanças internas e externas de nosso mundo, obrigam-nos a observações
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diversas deste ângulo, que nos proporcionam diferentes perspectivas do que


podemos chamar de “fenômenos humanos”. Os autores citados enfatizam o caráter
sócio histórico da conceituação de adolescentes e, consequentemente, a existência
de uma diversidade de formas de lidar com esta fase, entre sociedades e culturas
distintas. Como analisado por ARIÈS (1979), o conceito de adolescência, em sua
complexibilidade, surgiu como parte de um processo histórico relativamente recente
na sociedade moderna.
A dificuldade e a polêmica da definição da adolescência são antigas,
pois dentro de uma mesma sociedade pode ocorrer uma variedade de experiências
e de situações de vida, apontando que a distinção entre as gerações não seria só a
faixa etária que as delimita, mas principalmente o conteúdo que elas representam,
em cada época. Assim, o contexto social e familiar no qual o adolescente está
inserido representa um papel fundamental nesta etapa da vida, fornecendo valores,
regras e expectativas, bem como os meios concretos para a viabilização de seu
projeto de vida.
A adolescência é uma fase bastante conturbada na maioria das
vezes, em razão das descobertas, das ideias e opiniões opostas aos pais e dos
irmãos, formação de identidade, fase na qual as conversas envolvem namoros,
brincadeiras e tabus, um momento extremamente delicado que está entre a infância
e a fase adulta. A gravidez é o período de crescimento e desenvolvimento do
embrião, fase também bastante conturbada para uma mulher biologicamente
preparada para gestação, com fortes transformações e alterações psicológicas e
físicas.
A adolescência é um período de transição entre a infância e a idade
adulta, que corresponde á segunda década da existência, e que continua um
processo dinâmico de evolução da vida, iniciando mesmo antes do nascimento.
Situa o ser humano entre os limites da dependência infantil e da autonomia do
adulto, envolve a evolução do desenvolvimento cognitivo até o florescimento pleno
das faculdades mentais e engloba as transformações da sexualidade e suas
vicissitudes até a sua maturidade. Ela contém, nas suas manifestações, a síntese
das conquistas e vicissitudes da infância e as reformulações de caráter social,
sexual, ideológico e vocacional, impostos por uma completa e radical transformação
corporal, que impõe ao indivíduo um estatuto de adulto.
18

2.1 FATORES DE RISCO NA ADOLESCÊNCIA:

DROGAS
Drogas lícitas e ilícitas estão cada vez mais presentes na vida das
crianças e adolescentes. Pela própria necessidade do inusitado, da busca de novas
sensações, poderão experimentar ou mesmo ingressar em práticas destrutivas. Isso
se aplica ao uso de fumo e drogas entre as quais o álcool. Os jovens devem ser
alertados e informados dos riscos, em discussões claras e abertas. Convém lembrar
que o diálogo com familiares bem como a estrutura dos indivíduos já vem sendo
estabelecidos antes da adolescência, sendo de pouca valia tentativas intempestivas
de mudança. Em alguns casos, são de grande ajuda outras figuras, como
professores e profissionais de saúde para o esclarecimento de dúvidas e discussões
dos problemas. (MARCONDES, 1982).
Alguns motivos para o uso de drogas devem ser lembrados:
curiosidades, busca do prazer, tentações do proibido, rebeldia, insegurança,
fascinação por estado alterado de consciência e influência de amigos.
O adolescente de risco deverá ser objeto constante das propostas
de prevenção, não sendo fácil, por vezes, identifica-lo. Pode ser que isso possa ser
feito por meio de uma percepção mais presente ou de uma escuta mais atenta, ou
um pedido de socorro expresso por uma dor ou outras queixas constante para as
quais não se acham causas orgânicas. (LEAL, 1997).

VIOLÊNCIA
A agressividade é sempre um tema da atualidade, especialmente a
agressividade juvenil, atualmente relacionada às ações das gangues, dos franco-
atiradores de escolas, dos queimadores de mendigos, dos homicidas de grupos
étnicos, ou simplesmente dos agressivos intrafamiliares. (MARCONDES, 1982).
Não devemos acreditar que a violência infanto-juvenil restringe-se
aos internos da FEBEM ou às classes menos favorecidas da sociedade. Existe uma
população de delinquentes em outras classes sociais mais protegidas, seja pelos
muros dos condomínios de luxo, seja por estatutos sociais não escritos que zelam
dos "bons hábitos familiares", enfim, existe uma população de delinquentes que
raramente é punida e cujos atos nunca chegam aos nossos ouvidos.
Os adolescentes e jovens que se destacam pela hostilidade
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exagerada, podem ter um histórico de condutas agressivas que remonta a idades


muito mais precoces, como no período pré-escolar, por exemplo, quando os avós,
pais e "amigos" achavam que era apenas um "excesso de energia" ou uma
travessura própria da infância. (PINTO, 1984).
A conduta agressiva entre os pré-escolares e escolares é
influenciada por fatores individuais, familiares e ambientais. Entre os fatores
individuais encontramos a questão do temperamento, do sexo, da condição biológica
e da condição cognitiva.
A família influi através do vínculo, do contexto interacional (das
interações entre seus membros), da eventual psicopatologia e/ou desajuste dos pais
e do modelo educacional doméstico. A televisão, os videogames, a escola e a
situação socioeconômica podem ser os elementos ambientais relacionados à
conduta agressiva. Embora esses três fatores (individuais, familiares e ambientais)
sejam inegavelmente influentes, eles não atingem todas as pessoas por igual e nem
submete todos à mesma situação de risco. (COLLI, 1991).

ACIDENTES
Os acidentes constituem a principal causa de mortalidade da
população adolescente. Ocorre com maior frequência no sexo masculino e são
representados particularmente em acidentes de trânsito e de trabalho; há, além
disso, um contingente importante resultante de atividades esportivas e recreativas
(AGUIAR, 2001).
As características psicossociais do adolescente - a necessidade de
romper às ligações familiares, a necessidade de se sentir forte e atraente, a procura
de novas emoções, a busca de uma identidade grupal, a relativa imaturidade de
enfrentar algumas situações de risco – são fatores etiológicos importantes da
problemática de acidentes nesse período. A esses aspectos associam-se o
marcante desenvolvimento físico, resultando, portanto, em uma participação
crescente em atividades extradomiciliares.
Em regiões onde há mão de obra de jovens é muito utilizada, a
inadequação entre o tipo de trabalho e o grau de desenvolvimento físico e
psicológico e a falta de medidas de proteção podem representar condições
predisponentes para taxas maiores de acidentes. A necessidade, portanto, de
sistemas e programas de prevenção envolvendo os diversos setores em que os
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acidentes possam ocorrer e também de programa e recursos adequados para


reabilitação de adolescentes que apresentam sequelas. (AGUIAR, 2001).
Nos acidentes automobilísticos com adolescentes, devem ser
cuidadosamente consideradas medidas preventivas em relações aos fatores
predisponentes – uso habitual ou esporádico de veículos sem a proteção adequada,
insuficiente aplicação das leis e falta de responsabilidades dos adultos
desinformados ou muito permissivos (AGUIAR, 2001).
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3. SEXUALIDADE NA ADOLESCÊNCIA

O primeiro relato sobre sexualidade na adolescência no Brasil data


do século XVI, foi feito pelo escrivão Pero Vaz de Caminha, que na segunda parte
da sua carta ao rei Dom Manuel, dias após desembarcarem em Porto Seguro,
descreve com riqueza de detalhes, quatro índias, “bem, novinhas e gentis, com
cabelos pretos e compridos pelas costas, e suas vergonhas tão altas tão cerradinhas
e tão limpas das cabeleiras que, de as nós muito bem olharmos, não se
envergonham” (MARTINS9, 1977 apud PEREIRA, 2009, p.7).
O casamento em 1875, do Príncipe João de Orleans e Bragança aos
18 anos de idade com a princesa Carlota Joaquina, de apenas 10 anos, filha do rei
Carlos IV de Espanha, foi comemorado pelo povo brasileiro com grande festejo
popular, incluindo missa solene e queima de fogos de artifício sobre a Baía de
Guanabara (PEREIRA, 2009). O que mudou na sociedade brasileira que ocasionou
na mudança de mentalidade e fez surgir o fenômeno da gravidez na adolescência
como elemento perturbador do desenvolvimento ideal juvenil? Uma resposta
possível, é que, o que mudou, foi à valoração da virgindade.
Segundo Heilborn, Aquino, Bozon e Knauth (2009) foi a partir da
segunda metade do século XX com o início do processo de separação entre sexo e
procriação, que os comportamentos de homens e mulheres sofreram uma profunda
alteração. Com a mudança nos costumes propiciada pela entrada da mulher no
mercado de trabalho, a criação da pílula anticoncepcional, e a liberação feminina
proposta pelos movimentos sociais feministas, a preservação da virgindade até o
casamento foi perdendo o seu significado moral (ou porque não dizer, social). As
relações sexuais antes, ou mesmo fora do casamento, deixaram de ser privilégio
exclusivo dos homens. O casamento deixou de ocupar a centralidade das relações
sociais e passou a ser adiado, por tempo indeterminado (HEILBORN, ET al. in
MONTEIRO; TRAJANO & BASTOS, 2009).
A política de separação dos sexos em lugares públicos que visava
encerrar as mulheres e moças num papel exclusivamente sexual e reprodutivo, de
donas-de-casa e mães, restringindo o papel feminino aos afazeres domésticos e
difundindo a ideia de que o lugar de mulher é em casa, perderam sua força com as
transformações iniciadas no século XX (DADOORIAN, 2000). A primeira experiência
sexual é marcada por uma recorrente diferença de idade entre parceiros: as
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mulheres têm companheiros mais velhos e mais experientes, o oposto foi relatado
pelos homens, mais da metade alegou ter tido sua iniciação sexual com uma
parceira eventual ou uma prostituta.
A sexualidade marca todos os momentos da vida humana, estando
presente desde o nascimento á velhice, sendo considerada a energia de vida,
expressão do desejo, da escolha e do amor.
É uma forma de comunicação entre os seres humanos, não se
limitando só á possibilidade de obtenção do prazer genital, advindo dos órgãos
genitais, mas como tudo que diz a respeito do corpo, seus prazeres e suas dores. A
sua vivência engloba aspectos afetivos, eróticos e amorosos, relacionados á
construção da identidade, á história da vida e a valores culturais, morais, sociais e
religiosos de cada um. De uma maneira geral, os relacionamentos, o equilíbrio
emocional e a manifestação de sentimentos do indivíduo adulto, dependem da
evolução da sexualidade durante as etapas da infância e da adolescência. (MINAS
GERAIS. Secretaria de Estado de Saúde. Atenção á saúde do adolescente, pg.98).
Descobrir a vida pode ser uma tarefa muito excitante, pois, o
adolescente experimenta a sua sexualidade na rapidez, na leveza e na diversidade.
A expressão da sexualidade envolve múltiplas dimensões da experiência humana,
como aspectos biológicos, afetivos, sociais e culturais. É uma fase muito dinâmica e
sua complexidade reside na característica de que, ao mesmo tempo em que o
adolescente está voltado para se mesmo, como uma forma de reconhecer-se,
também está envolvido com a tarefa de identificar-se socialmente com o grupo.
Buscando assim a se abrir para a dimensão do sexo propriamente dito. Isto significa
adaptar-se ao novo corpo, ás novas sensações e tensões, que os colocam diante de
situações novas.
A adolescência é um período de vida típico e conhecido como a fase
da autoafirmação. Portanto, as vivencias da sexualidade e as formas como ela
evoluem é de extrema importância para os relacionamentos, o equilíbrio emocional e
a manifestação dos sentimentos do individuo adulto.

3.1 O DESENVOLVIMENTO DA SEXUALIDADE

O adolescente começa a definir lentamente sua identidade sexual,


23

por meio do aprendizado decorrente das experiências dos relacionamentos com


ambos os sexos, no decorrer da infância e adolescência, sendo definida mais
claramente ao alcançar a maturidade. Entretanto, vale ressaltar que a adolescência
é um momento decisivo no desenvolvimento sexual humano, pois é nela que a
sexualidade se genitaliza, ocorrendo intensas transformações biopsicossociais que
dão ao adolescente a possibilidade de repensar identificações e aquisições
anteriores, reestruturando assim a sua própria identidade (SAS/MG, 2006, p. 99).
Ao longo dos tempos, a sociedade vem se familiarizando e
compreendendo as diferentes formas de expressão da sexualidade durante o
decorrer da vida. Sexualidade esta que evolui segundo Freud, de acordo com etapas
de desenvolvimento, que ele denominou de fase oral, fase anal, fase fálica, período
de latência e fase genital, que acontecem de acordo com as regiões corporais
(zonas erógenas) para as quais a libido (energia sexual) está mais dirigida com o
objetivo de obter prazer (SAS/MG, 2006, p. 99).
O desenvolvimento da sexualidade acontece durante toda a vida do
indivíduo e a maneira como ela se desenvolve pode variar conforme a cultura, a
época e as pessoas. É a partir deste conhecimento das diferenças que se criam as
ideias sobre o que é homem e mulher, o que é masculino e feminino. No entanto, ao
pensar desta maneira, construímos condições para selecionar, incluir ou excluir. O
que vem reforçar a ideia que a organização social da sexualidade é dinâmica, pois o
que se pensa sobre sexo em uma sociedade pode não existir em outras (SAS/MG,
2006, p. 100).

3.2 EDUCAR PARA A SEXUALIDADE

A educação sexual da criança e do adolescente deve ser iniciada


com os pais e ser complementada pela escola, profissionais da área de saúde e
assistência social. A educação sexual de qualidade é de extrema importância para o
desenvolvimento da sexualidade do adolescente, pois é através dela que ele poderá
ter uma visão positiva de sua sexualidade, e desenvolver uma comunicação clara
nas relações interpessoais; compreendendo o seu comportamento e do outro e
escolhendo o momento adequado para o início da vida sexual segura, saudável e
prazerosa. É importante ressaltar que esse é um processo que acontece com base
nas diferenças e nas semelhanças de cada indivíduo e demanda um aprendizado
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constante, estando diretamente vinculado a sua formação.


Lidar com seres humanos, jovens em formação é ter consciência de
que a atuação do educador é promover respeito mútuo, buscando ainda acolher e
ouvir os adolescentes, pois é uma responsabilidade para consigo mesmo, com a sua
profissão e com o outro. Assim, cabe ao profissional vincular um trabalho educativo
á família dos adolescentes, com orientações para com os pais, tornando-os
competentes no processo de educação para a sexualidade. Lembrando que o
exercício da sexualidade se faz por opção, com maturidade, com responsabilidade,
com o conhecimento do corpo (seu e do parceiro), com conhecimentos dos métodos
contraceptivos, com segurança, afetividade e principalmente com amor.
Como orientar sobre a sexualidade, segundo a Secretaria do Estado
de Saúde de Minas Gerais (2007):
Mostrando que a sexualidade não é sinônimo de sexo ou atividade
sexual; Ajudando o adolescente a tomar decisões a partir de
reflexões sobre o “porque sim” e o “porque não”, com base no
respeito a si mesmo e ao outro; Oferecendo informações claras e
verdadeiras; Ajudando a superar os tabus e os preconceitos;
Facilitando os canais de comunicação entre pais e filhos; tendo
cuidado de não transmitir seus preconceitos e referenciais para o
adolescente (Secretaria do Estado de Minas Gerais, 2007, p. 104).

As novas gerações se encarregam de destruir muitos mitos e


preconceitos e implementar novos conceitos em relação à sexualidade e o
relacionamento entre as pessoas. A busca da liberdade individual, da possibilidade
de tomar decisões e definir o que é ou não adequado, tem sido preponderante e
principalmente discutido na sociedade atual.
Porém, a sociedade como um todo ainda tem dificuldade em aceitar
mudanças na concepção de sexualidade e principalmente não sabe como
acompanhá-la de forma adequada.
Se por um lado tenta orientar no sentido da liberdade com
responsabilidade, por outro estimula os jovens a priorizarem os aspectos físicos e o
prazer, valores como o respeito, limites e o amor não são devidamente abordados,
por medo ou por falta de conhecimento.
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1 SEXUALIDADE NA CONTEMPORANEIDADE

Diversos autores têm abordado a questão da sexualidade na


contemporaneidade, apontando modificações oriundas da chamada "revolução" ou
"liberação" sexual, que trouxeram diversas mudanças no campo da sexualidade,
especialmente no que diz respeito às mulheres (Werebe, Kehl e Chauí, 1981).
Entretanto, embora estas modificações sejam vistas como avanços
na área do comportamento e dos direitos sexuais, algumas delas podem ser vistas
como trazendo diversas distorções na relação das pessoas com seus corpos, com
sua sexualidade, com seus sentimentos e com as outras pessoas.
Feuerstein (1994), por seu lado, caracteriza a época contemporânea
como era da confusão sexual e utiliza o termo terra inculta, em substituição à
expressão deserto sexual de Packard, para descrever o sentimento de perplexidade
geral em relação ao sexo e às suas consequências morais na década de 90.
Segundo este autor, o termo proposto por ele é mais adequado, tendo em vista que,
mais do que estar simplesmente confusas sexualmente, as pessoas encontram-se
perdidas em uma paisagem cultural que parece não ser capaz de sustentá-las moral
e espiritualmente. Enquanto no passado, a tradição dizia como elas deviam se
comportar e o que deveriam pensar, nos dias atuais, em vez disso, elas são
bombardeadas com muitas opções e, aparentemente, estão mais livres do que
nunca diante das escolhas que podem fazer. Contudo, conforme ele aponta, parece
que as pessoas perderam o dom de fazer bom uso desta liberdade, o que as tem
enredado em confusão e sofrimento.
Para compreendermos de que forma estrutura-se a sexualidade na
adolescência tem que se levar em conta os aspectos da maturação fisiológica que
ocorre na puberdade, as mudanças psíquicas e comportamentais que se dão neste
período da vida, a cultura sexual da sociedade em que o adolescente se constituiu e
encontra-se inserido e a forma como estes três aspectos se inter-relacionam. A
adolescência, assim como a sexualidade, mais do que fenômenos universais e
transculturais, são fenômenos moldados por influências econômicas e políticas
(Paiva, 1996: 215).
A sexualidade vivida pelo adolescente ganha a feição do contexto
cultural em que ele se insere. A sexualidade é plasmada pela linguagem e pelos
valores vigentes nessa época. Não há uma determinação biológica que mantenha
26

um definitivo acerca do sexual. Nada está definitivamente estabelecido. Costa diz:


"Tudo está permanentemente sujeito a revisão, pois cada sociedade inventa a
sexualidade que pode inventar” (in Catonné, 1994).
O adolescente contemporâneo vive sua sexualidade em meio às
referências que invadem seu imaginário. Ele é ator integrante do espetacular de
nossa cultura. Como tal, é continuamente convocado a consumir imagens mais que
a refletir, a elaborar, ou a pensar. Com isso é empurrado a permanecer na periferia
de si mesmo, e nesse embotamento reflexivo, é difícil construir projetos pessoais,
que lhe possibilitem reconhecer-se como alguém de valor. Sem projetos, fica sem
motivo para valorizar a si mesmo e a vida. Na autodesvalorização, ele banaliza
também o outro. A prática clínica vem identificando um incremento dessa
banalização do eu e da vida, através dos sintomas que trata. É cada vez maior a
presença de depressões, fobias, pânico e tentativas de suicídio, que vêm
apresentando-se em camadas cada vez mais jovens da população.
A sexualidade é uma das principais esferas da vida que provoca o
jovem a buscar e criar uma autonomia individual relativamente a família de origem. A
construção desse espaço privado necessita o aprendizado de como se estabelece
um relacionamento afetivo e sexual. (Brandão, 2003).
Por mais que seja naturalmente estabelecido que a sexualidade
aconteça através de um impulso, trata-se, na verdade, de um processo de
aproximação: como” reconhecer o significado de estados internos, organizar a
sequência dos atos especificamente sexuais, decodificar situações, estabelecer
limites nas respostas sexuais e vincular significados de aspectos não sexuais da
vida para a experiência propriamente dita” (Gagnon e Simon, [1973] 2005: 13 apud
Heilborn, 2006).
O aprendizado da sexualidade nada mais é que a vivência da
mesma, ou seja, a experimentação do próprio corpo e de impregnação pela cultura
sexual do grupo, que aumenta nessa fase da vida. O aprendizado constitui-se na
familiarização de representações, valores, papéis de gênero, rituais de interação e
de práticas, presentes na noção de interação sexual (Heilborn, 2006). Nesse
contexto, a sexualidade tem sido objeto de atenção em nossa sociedade. O início da
atividade sexual ocorre, na maioria das vezes, durante a juventude, tornando-se
necessário avaliar as atitudes e, consequentemente, a vulnerabilidade desse grupo
social.
27

O adolescente, de forma geral, quando discute o tema sexualidade,


trás consigo componentes genéticos e biológicos, conhecimentos e valores
construídos ao longo de suas experiências de vida, além de uma estrutura
psicoemocional e potencial para questionamento e criação (Mandú, 2001).
O inicio da vida afetivo-sexual dos indivíduos nos mostra as
diferentes posições e atuações sociais sobre a criação da sua própria personalidade
e o relacionamento com o outro, particularmente a partir do processo de
“socialização do gênero” (Heilborn, 2006). Para os jovens, esse é um processo lento
e gradativo, novas sensações são descobertas e a aproximação entre os parceiros é
“permeada por carícias íntimas, desvelamento gradativo do próprio corpo e do corpo
do parceiro, conversas, dúvidas e medos” (Brandão, 2003: 87).
O amadurecimento sexual do adolescente, de acordo com Tiba
(1996), acontece de forma rápida, simultaneamente ao amadurecimento emocional e
intelectivo, iniciando então, o processar na formação dos valores de independência,
que acaba por gerar pensamentos e atitudes contraditórios, especialmente quanto a
parceiros e profissões.
Aberastury (1983) diz se tratar de uma luta difícil para o adolescente
encontrar uma identidade, que ocorre num processo de longa duração, além de
lento, neste período, em que os jovens vão construindo a base final da
personalidade, de seu perfil adulto. Este processo acontece por meio de tentativa e
erro, em sua maior parte, buscando o verdadeiro eu, e acaba por sofrer agonias e
dúvidas, querendo ser diferente do que fora em sua infância, num buscar uma
identificação própria e diferente.
O comportamento sexual do adolescente é classificado de acordo
com o grau de seriedade. Vai desde o “ficar até o namorar”. Ficar é um tipo de
relacionamento íntimo sem compromisso de fidelidade entre os parceiros. Nesta
relação pode acontecer beijos, abraços, colar de corpos e até uma relação sexual
completa, desde que ambos queiram. Em bom número de vezes o casal começa
“ficando” e evoluem para o namoro. No namoro a fidelidade é considerada muito
importante. O namoro estabelece uma relação verdadeira com o parceiro sexual.
Na puberdade, o interesse sexual coincide com a vontade de
namorar e, segundo pesquisas, esse despertar sexual tem surgido cada vez mais
cedo entre os adolescentes. O adolescente, impulsionado pela força de seus
instintos, juntamente com a necessidade de provar a si mesmo sua virilidade e sua
28

independência, determinação em conquistar outra pessoa do sexo oposto, contraria


com facilidade, as normas tradicionais da sociedade e os aconselhamentos
familiares e começa, avidamente, o exercício de sua sexualidade (BALLONE, 2004).
29

2 A GRAVIDEZ NA ADOLESCENCIA

No Brasil atual, a gravidez precoce tem se transformado num grande


problema de saúde pública. Com poucas informações e uma vida sexual ativa cada
vez mais precoce, muitas adolescentes estão engravidando numa época da vida em
que se encontram despreparadas para assumir as responsabilidades de mãe. Ao se
tornarem mães, estas adolescentes acabam deixando de lado uma importante fase
de desenvolvimento (algumas até mesmo abandonam os estudos). Mais
preocupantes são aquelas que buscam o aborto, tirando a vida de um ser e
colocando em risco suas próprias vidas (OMS, 2000).
A gravidez precoce é uma das ocorrências mais preocupantes
relacionadas á sexualidade da adolescência, com sérias consequências para a vida
dos adolescentes envolvidos, de seus filhos que nascerão e de suas famílias
(BALLONE, 2004). A gravidez na adolescência tem sérias implicações biológicas,
familiares, emocionas e econômicas, além das jurídico-sociais, que atingem o
indivíduo isoladamente e a sociedade como um todo, limitando ou mesmo adiando
as possibilidades de desenvolvimento e engajamento dessas jovens na sociedade.
Devido às repercussões sobre a mãe e sobre o concepto é considerada de alto risco
pela OMS (1997, 1978), porém, atualmente postula-se que o risco seja mais social
do que o biológico (VITALLE & AMÂNCIO, 2001).
Entre os motivos mencionados pelas adolescentes sobre a gravidez
precoce é a falta do uso de métodos contraceptivos, está a pouca informação a
respeito da contracepção e da reprodução, bem como o uso correto dos métodos
anticonceptivos. Além disso, em muitos casos existe dificuldade de dialogar com o
parceiro sexual sobre contracepção. Em geral adolescentes provenientes de famílias
disfuncionais, pobres, de pouca instrução e cujas mães tiveram precocemente seu
primeiro filho, correm um risco maior de engravidar.
Ainda, famílias com história de violência, abuso de drogas e doença
crônica de um dos pais podem predispor as adolescentes a uma relação sexual
prematura. Aquelas meninas que possuem baixa autoestima, baixo rendimento
escolar e falta de aspirações profissionais também constituem um grupo de risco
(NEINSTEIN E COLS, 1991, ROMERO E COLS. 1991 apud AMAZARRAY, 1998, p.
431 – 440).
A atividade sexual da adolescente é, geralmente, eventual,
30

justificando para muitas a falta de uso rotineiro de anticoncepcionais. A grande


maioria delas também não assume diante da família a sua sexualidade, nem a
posse do anticoncepcional, que denuncia uma vida sexual ativa. As adolescentes
grávidas estão inseridas num contexto de conflito: criança ou mulher, filha ou mãe,
não sabendo se comportar diante da gravidez e sem saber que atitude adotar diante
da sociedade e consigo mesma.
A gravidez prematura engloba aspectos significativos, que são o
abandono da escola para cuidar do seu filho e que o sexo na adolescência se não
for de forma segura pode ocasionar doenças sexualmente transmissíveis e gravidez
de risco para mãe e para criança.

2.1 GRAVIDEZ PRECOCE

A adolescência chega e muitas vezes com ela as primeiras


experiências sexuais. Nem todo mundo sabe, mas o despertar da sexualidade nada
tem a ver com a genitalidade, normalmente acentuada nesta fase da vida. Quando o
ser humano nasce, já começa a desenvolver sua própria sexualidade. Entretanto,
em uma sociedade que erotizou o sexo, incentivando sua prática a qualquer custo,
as pessoas perderam o referencial. Muitas acreditam que os únicos riscos do sexo
são físicos, como uma gravidez indesejada ou a contaminação pelo vírus HIV
(BIBLIOMED, 2013).
Os especialistas, no entanto, alertam que viver plenamente as
experiências sexuais pode trazer outros problemas: traumas que, sem tratamento
adequado, serão carregados por toda a vida, porém, a inserção e a participação do
adolescente na escola são prioridades para a construção de um projeto de vida
educacional e profissional, proporcionando alternativas de vida distintas do uso de
entorpecentes e da maternidade e da paternidade precoces.
A gravidez precoce está se tornando cada vez mais comum na
sociedade contemporânea, pois os adolescentes estão iniciando a vida sexual muito
cedo. Nos últimos anos tem aumentado significativamente a preocupação de
diversos setores da sociedade pelo fenômeno da gravidez na adolescência, fatos
que se traduz em políticas públicas e programas voltado para essa problemática
com investimentos, crescentes recursos humanos e econômicos
31

Muitos autores (Coates & Sant’anna, 2201; Pinto & Silva, 2001)
focalizam a gravidez na adolescência como um problema de saúde ou social. Mas a
gravidez na adolescência é multe social e sua etiologia está relacionada a uma série
de aspectos como: fatores biológicos de ordem familiar, sociais, psicológicos e
contracepção. Por isso é importante ressaltar que a gravidez na adolescência é um
assunto que deve envolver diferentes setores de nossa sociedade tais com: os
setores de comunicação social, sistema educacional e outros espaços comunitários,
principalmente se falarmos de prevenção, pois muitas vezes os casos chegam ao
setor saúde para uma intervenção posterior e uma prevenção futura. Sendo que
esse fator é preocupante por que a gravidez na adolescência há muitas internações
obstétricas do Sistema Único de Saúde e tem havido ultimamente um aumento de
incidência.
Esse fenômeno está presente nas diferentes classes sociais, porém
tem maior incidência nas mais pobres. As reações da adolescência a gravidez
podem manifestar-se de diferente maneira, dependendo das experiências anteriores
e da aceitação do novo papel antes adolescentes e agora ser adolescente gestante.
É importante ressaltar a importância do dialogo entre os pais, profissionais e o
próprio adolescente, como forma de esclarecimento e informações.
Para alguns grupos, a gravidez na adolescência faz parte do seu
modo de vida, de sua trajetória de vida para formar uma família. Para outros grupos,
a gravidez na adolescência é vista e vivida como uma saída, mesmo que falsa, em
muitas em ocasiões, para problemas de violência familiar e abuso, ou mesmo como
uma forma de adquirir valor social, “ter um lugar ao sol”, ou um papel a
desempenhar nessa sociedade. Assim, as verdadeiras razões pelas quais a
gravidez constitui um problema social não são, como se supõe, a sua suposta
colaboração para o crescimento descontrolado do número de gravidez, as péssimas
condições de saúde e a pobreza da população, mas para o aumento e a
vulnerabilidade da população adolescente, para a persistência das condições de
pobreza da população e para a falta de oportunidade para as mulheres.
A gravidez precoce põe em risco de vida tanto a mãe quanto o
recém-nascido. Na faixa dos 14 anos a mulher ainda não tem uma estrutura óssea e
muscular adequada para o parto e isso significa uma alta probabilidade de risco para
ela e para o feto, o resultado mais comum em uma gestação precoce é o
nascimento de um bebê com peso abaixo do normal o que exige cuidados médicos
32

especiais de acompanhamento do recém-nascido. A mãe adolescente tem maior


morbidade e mortalidade por complicações da gravidez, do parto e do puerpério. A
taxa de mortalidade é 2 vezes maior que entre gestantes adultas. As piores
complicações do parto tendem a acometer meninas com menos de 15 anos e, são
piores ainda em menores de 13 anos.
Geralmente a adolescente grávida passa a ser rodeada de
conselhos, críticas, sugestões e advertências. Todos parecem ter algo a dizer;
alguns amigos querem contribuir para o crescimento do filho, professores e parentes
procedem com críticas amargas e dissimuladas, familiares mais próximos com
veementes censuras, e todos de uma forma ou outra, contribuem para que a
adolescente sinta-se mais insegura. A maioria da gravidez na adolescência não é
planejada, acontecem sem intenção, causadas por diferentes fatores individuais ou
sociais.
As adolescentes, mesmo conhecendo métodos como a pílula, não
os usam, tem receio dos efeitos colaterais, acreditam que são imunes à gravidez,
não conhecem o próprio corpo, não conseguem colocar o assunto em discussão na
família e tampouco recebem qualquer orientação na escola, pois persiste o mito de
que falar de sexo estimula a prática.
Lembrando que a adolescente não fica grávida sozinha, é
fundamental que os adolescentes homens participem de todo o processo, e nos
cuidados necessários que devem ser tomados durante e após a gravidez.

2.2 PREVENÇÃO DA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

Segundo o Ministério da Saúde o número de partos no Brasil vem


decrescendo nos últimos 5 anos. Entretanto, estes mesmos dados apontam que
esta diminuição é por conta de mulheres acima de 20 anos de idade. A partir do
dado citado acima compreendemos que a gravidez na adolescência é um fato que
vem acontecendo numa crescentemente, devendo por isto, ser visto com mais
atenção. Entendemos ainda que este fato deva ser discutido junto aos adolescentes
abordando principalmente, as ações preventivas.
Para evitar a gravidez, é possível adotar ainda métodos como o coito
interrompido, a temperatura basal e a tabelinha. No entanto, são opções menos
33

confiáveis. Os métodos chamados de barreiras são o preservativo masculino e


feminino, o diafragma e o Dispositivo Intrauterino (DIU).
Há ainda os anticoncepcionais orais (pílula) e os injetáveis (mensal e
trimestral), além da laqueadura tubária e a vasectomia. Atualmente, a mídia tem sido
o meio mais feroz de incentivo à vida sexual. No entanto, este incentivo tem uma
proporção infinitamente mais voltada para o lado negativo. “Na televisão, por
exemplo, são muitas horas voltadas para o desrespeito ao próximo, para o incentivo
de receber mais do que dar; e poucos minutos de orientação sexual adequada,
principalmente para os adolescentes”.
34

3 O PAPEL DA FAMILIA DIANTE DA GRAVIDEZ NA ADOLESCENCIA

Vivemos em uma sociedade de novas tecnologias e de globalização,


ao mesmo tempo presenciamos um aumento no processo de desigualdade social
que acaba refletindo diretamente na base familiar, fazendo com que as famílias se
adaptem de forma desestruturada. Tratando da família como base da sociedade, o
Artigo 226 e 227 afirmam que a criança ou adolescente tem direito à “convivência
familiar e comunitária”, a Constituição Federal (1988) reforça o papel da família na
vida da criança e do adolescente como elemento fundamental dentro do processo de
proteção integral e como parceira do Estado nessa proteção.
A gravidez na adolescência tem causado grande impacto familiar, a
partir do momento de sua descoberta, sendo observada cada vez mais como uma
questão que afeta, na maioria das vezes, a mãe da adolescente no primeiro
momento, por ser um acontecimento inesperado, mas que, com o passar do tempo,
apresenta efeitos progressivamente positivos, fazendo com que passe a ter uma boa
repercussão e aceitação por parte de todos os membros da família.
Uma das funções da família, na sociedade capitalista, é de uma
unidade de renda e de consumo. Ela não produz mais o que o grupo precisa para
sobreviver, mas com o pagamento advindo de seu trabalho, compra no mercado o
necessário para cada um dos seus membros. A família passa então a ser um grupo
que compartilha um orçamento, com entradas em dinheiro e saídas em gastos.
Nesse sentido, a família é também uma soma de rendimentos. (CAYRES 2008).
Mas pode representar também uma individualização de rendimentos, no qual várias
pessoas podem trabalhar dentro de uma mesma família, ou ainda apenas uma é
responsável pela manutenção material desta.
Segundo Cayres (2008) a família representa o lócus inicial de
referência de proteção e socialização dos indivíduos. Contemporaneamente
apresenta diferentes arranjos em sua composição, mas continua sendo a instituição
onde se inicia e aprende-se sobre afetos e relações sociais.
É através de sua função socializadora que a família prepara a
criança para ingressar na vida em sociedade, transmitindo heranças culturais e
sociais através da educação dos filhos. Além de transmitir, através da forma de
educar seus filhos, suas ideologias a partir de costumes, hábitos, comportamentos,
valores, que podem se apresentar diferenciados dependendo do status social da
35

família. (CAYRES 2008).


A família nuclear tradicional composta por pai, mãe e filhos estão
desaparecendo, dando lugar a diferentes arranjos familiares, como famílias
monoparentais que são aquelas chefiadas por pai ou mãe, famílias extensas que
incluem mais de duas gerações, famílias recompostas, várias pessoas que vivem
juntas sem laços legais, enfim famílias compostas por diferentes arranjos.

Dessa forma, a família pode ser definida como um núcleo de


pessoas que convivem em determinado lugar, durante um lapso de
tempo mais ou menos longo e que se acham unidas (ou não) por
laços consanguíneos. Ele tem como tarefa primordial o cuidado e a
proteção de seus membros, e se encontra dialeticamente articulado
com a estrutura social na qual está inserido. (MIOTO, 1997, p.114).

Esta é uma nova forma de conceituar família, acompanhando as


mudanças ocorridas onde já não se pode mais considerar família apenas pai, mãe e
filhos, mas contempla uma gama maior de pessoas unidas ou não por laços
consanguíneos.
Falar sobre sexualidade ainda hoje é um tabu em muitas famílias.
Apesar de a sexualidade ser algo inerente a vida humana, a sociedade
historicamente foi marcada pela repressão a este tema, considerando as relações
sexuais apenas para reprodução. Além destas, outras questões fizeram com que
este tema por muitos anos fosse reprimido na sociedade e de modo especial que
aqui será tratado no cotidiano das famílias brasileiras. A sexualidade ficava restrita a
vida conjugal não podia ser discutida e em muitos momentos sequer mencionada
devido a valores religiosos, como os advindos do catolicismo que impunham estas
restrições. Mas este cenário vem se modificando concomitantemente com outras
mudanças na sociedade.
Segundo Lima (2007), culturalmente em nossa sociedade ocidental
os homens e mulheres recebem uma criação distinta. Desde a infância as meninas
são repreendidas em qualquer atitude ou comportamento considerado inadequado
para uma mulher. Muitas vezes ainda são criadas para ter um papel de submissão
aos homens, além de outras características, como: saber se comportar para não
chamar a atenção, ter postura ao se sentar, cuidados na forma de vestir-se e ainda,
em grande parte das famílias, que iniciem sua vida sexual o mais tarde possível ou
até mesmo apenas após o casamento. O menino, apoiado em uma cultura machista,
36

tem que estar a todo o momento se mostrando forte, macho, não deve mostrar
delicadeza e quanto antes tiver relações sexuais mais cedo provará que realmente é
homem.
No entanto, embora tenhamos situações como exemplificado
anteriormente, contraditoriamente vemos crescer um forte apelo sexual
potencializado pela mídia, novelas, propagandas, filmes com grande conotação
sexual como forma de atingir audiência e comercializar produtos, marcas de uma
sociedade capitalista. As famílias são atingidas nesta relação, pois, este apelo
sexual é passado de qualquer forma, sem consideração da idade de quem assiste, e
a censura fica a cargo da família novamente. Os pais na maioria das vezes não têm
como controlar o que os filhos estão assistindo, pois como foi dito anteriormente,
devido às novas configurações do mundo do trabalho, não acompanham os filhos
cotidianamente, ficam impossibilitados de exercer este controle. Diante de tais fatos
as famílias estão submetidas ao dilema que varia entre reprimir a sexualidade
explícita, mas ao mesmo tempo, sentem-se impotentes para exercer ações que
possibilite selecionar o que seus filhos estão assistindo veiculado na mídia.
As crianças e os adolescentes e de um modo especial os últimos,
são os grandes atingidos, pois estão vivendo uma fase de curiosidades e dúvidas e
a sexualidade se expressa mais concretamente neste período. Essas dúvidas, no
entanto, muitas vezes não são esclarecidas no âmbito familiar. Uma ampla camada
das famílias não transmite às suas crianças e adolescentes uma orientação clara a
respeito de sexualidade e estes, por sua vez, sofrem os mais diferentes estímulos e
apelos o que enfatizam a sexualidade de forma liberalizada.
Vale ressaltar, no entanto, que mesmo não havendo uma orientação
sexual sistematizada no âmbito das famílias, desde o nosso nascimento recebemos
uma educação sexual mesmo que não seja de forma intencional. As formas como
nossos pais nos repreendem ou nos estimulam diante de alguma atitude que
envolva sexualidade é uma forma de nos educar sexualmente, mesmo sem haver
um diálogo ou orientação, mas isto, por si só, não é condição para que
obrigatoriamente mesmo na ausência dos pais, os filhos deixem de assistir ou
praticar hábitos que os pais repreenderiam como, por exemplo, deixar de assistir
uma novela com cenas que envolvem sexo, porque se seus pais estivessem
presentes não permitiriam.
A relação entre pais e filhos que historicamente foi marcada pela
37

autoridade e obediência, atualmente ganha um novo sentido, onde existem


negociações em torno desta relação, na qual os adolescentes passam a ter direito
de fazer suas próprias escolhas. Diante deste cenário aparecem situações
inesperadas no seio das famílias. Um fato recorrente é a gravidez na adolescência,
considerada por muitas famílias como um problema a ser resolvido.
Conforme Freire (1996), quando os filhos passarem da fase da
infância para a adolescência devem ser orientados pelos pais, mas estes não devem
tomar decisões por eles. Os pais devem orientar e indicar o caminho que
consideram certo, deixando os filhos livres para fazerem suas escolhas, tendo
autonomia para isso. Mas é preciso saber quais as reais possibilidades que os pais
têm de orientar seus filhos. Há a necessidade de que as políticas públicas voltadas
para as famílias ofereçam aos pais os conhecimentos necessários para que os
mesmos possam contribuir na prevenção da gravidez na adolescência. Pois muitas
vezes eles se veem perdidos diante das grandes modificações que estão ocorrendo
na sociedade, sem saber qual a melhor forma de lidar com isso.
Cobliner (apud Pereira, 2009) explica que um dos motivos que tem
levado a uma maior incidência de gravidez na adolescência, é o fato de que no
decorrer dos anos as famílias estão diminuindo as formas de controle sobre os
filhos, os pais diminuem a repressão para não se tornarem inconvenientes ou
obstáculos na vida dos filhos. Desta forma não participam de eventos com os filhos,
não os acompanham cotidianamente e os filhos que estão na fase de ação dos
hormônios sexuais começam a ter relações de forma desordenada, há uma
liberalização sexual, aumentando a incidência de gravidez indesejada além do
aumento de DSTs/ AIDS (PEREIRA, 2009).
Então é necessário verificar a realidade em que estão situados estes
indivíduos, a fim de que sejam elaboradas ações socioeducativas que alcancem sua
realidade, tratando-os como sujeitos de suas práticas também no que concerne a
educação de seus filhos. Sem deixar de compreender que a realidade em que estes
estão inseridos vai interferir diretamente em suas relações, tanto com os outros
sujeitos, quanto com o meio em que vivem.
38

7. AS POLITICAS PÚBLICAS PARA OS ADOLESCENTES

Revisa-se e reformula-se, a partir de 1988, o modelo de atenção à


criança e ao adolescente, gerando a admissão de um modelo descentralizado e
desarticulado, com foco na criação de uma rede de apoio de diversos órgãos para o
atendimento integral e prioritário destes segmentos. Exemplos dessas principais
iniciativas são atividades que têm caráter de formação profissional e serviços
especiais, uma vez que não havia tradição de políticas sistemáticas destinadas
especificamente aos jovens.
Em compensação, o Brasil detém uma das legislações mais
aprofundadas no que se refere aos princípios de proteção integral de crianças e
adolescentes e no campo das políticas relacionadas à saúde do jovem (Abramo,
1997).
A Saúde e os Direitos Sexuais e Reprodutivos tem sido pauta
prioritária em alguns setores dos movimentos sociais, da academia
e dos governos, adquirindo status mundial de questão de saúde
pública e, assim, esforços para o tratamento e endereçamento das
questões relacionadas (Oliveira; Lyra, 2008, p. 01)

Sendo assim, podemos considerar que as políticas são respostas


dadas pelo governo a certos problemas públicos. Em determinado momento,
percebemos qual questão ou problema está em pauta, e, por conseguinte,
reconhecemos aqueles geradores de políticas.
Nesse sentido, destaca-se a elaboração e aprovação do Estatuto da
Criança e do Adolescente (1990). Além do Estatuto, outras leis foram criadas para
garantir os direitos sociais no país, como a Lei Orgânica da Saúde (1990), que
regulamenta a disposição constitucional que concedeu a saúde como um direito
social, independentemente de contribuição, criando o Sistema Único de Saúde
(SUS); a Lei Orgânica da Assistência Social (1993) que regulamenta o direito
constitucional à assistência social do Estado e garante a proteção especial à
adolescência e o amparo aos adolescentes carentes; e a Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Brasileira (1996) que regulamenta o direito à educação também como
direito público subjetivo de todo cidadão (BRASIL, MS, 2001).
Kerbauy (2005) afirma que:
39

[...] Um importante referencial sobre a infância e a adolescência no


Brasil é o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Desde a sua
publicação, em 1990, passou-se a considerar crianças e
adolescentes como cidadãos em desenvolvimento, ancorados numa
concepção plena de direitos. No entanto, a juventude não surge,
nesse contexto, como protagonista com identidade própria, uma vez
que parece reforçar a imagem do jovem como um problema,
especialmente em questões relacionadas à violência, ao crime, à
exploração sexual, à “droga dição”, à saúde e ao desemprego. A
partir dessa concepção limitada, os programas governamentais
procuraram apenas – e nem sempre com sucesso – minimizar a
potencial ameaça que os jovens parecem representar para a
sociedade (KERBAUY, 2005, p. 194).

7.1 Saúde do Adolescente


Em outubro de 1988, diante das novas prioridades, o Ministério da
Saúde (MS) oficializou o Programa de Atenção à Saúde do Adolescente (PROSAD),
um conjunto de ações básicas que se baseia em uma política de promoção de
saúde, identificação de grupo de risco, detecção precoce de doenças, tratamento
adequado e reabilitação. Foram consideradas áreas prioritárias o acompanhamento
do crescimento e do desenvolvimento, a sexualidade, a saúde bucal, a saúde
mental, a saúde reprodutiva, a saúde do escolar adolescente, a prevenção de
acidentes, o trabalho cultural, o lazer e o esporte. O MS estende o programa para
indivíduos até 24 anos de idade.
Tendo como fio condutor ações que tenham caráter de integralidade,
perspectiva preventiva e educativa, isto é, estratégias preventivas e curativas de
forma articulada através de uma equipe multiprofissional e uma rede entre os
setores e instituições.
A prevenção propõe o fortalecimento de todos os fatores que visem
à proteção, ou seja, evitando ou controlando os riscos, atuando de forma a mudar e
manter os hábitos saudáveis nos jovens, utilizando-se como recursos ações
educativas, no qual possibilite a criação e recriação do conhecimento.
Sendo assim, orientações aos familiares, desenvolve atividades
entre todos os setores que constituem a vivência do jovem, como a escola, esporte,
cultura, entre outros, são ações de prevenção.
Na atenção primária, o objetivo é evitar o aparecimento ou o efeito
de fatores ou agentes causais específicos. Exemplos claros dessas ações são
imunizações e métodos contraceptivos. Por exemplo, se ocorreu a gravidez, as
40

medidas são voltadas para evitar complicações, constituindo o nível secundário.


Cabe aqui o uso de ações curativas, além de persistirem as preventivas. No
exemplo a ação seria iniciar o pré-natal o mais precocemente possível.
Quando as ações preventivas até então falham ou são inexistentes,
é necessário contar com níveis mais complexos de serviços, visando prevenir o
resultado a morte ou sequelas irreversíveis. Portanto, intervenções em serviços de
alto nível de especificidade são necessários, constituindo a prevenção terciária.
Tratamentos hospitalares, internações em alas de cuidados especiais e reabilitação,
são as medidas centrais desse nível final da cadeia de ações.
Segundo Souza Leão (2005), a criação do Prosad pode ser
interpretada como sinal de uma maior importância que os adolescentes passam a ter
no âmbito da política de saúde, um grupo que mal era nomeado nesse campo
começa a receber relativa atenção. No entanto, desde 1999 o formato desse
Programa vem sofrendo reestruturações. Dentre essas revisões, questiona-se o
próprio lugar do Prosad, uma vez que esse nasceu como um serviço calcado no
âmbito do Estado e suas ações estariam contrariando a mais nobre diretriz do SUS:
a descentralização dos serviços com ênfase nos municípios (SOUZA LEÃO, 2005 p
35).
Tradicionalmente, o problema de saúde do jovem foi pouco visível
nas políticas de saúde, uma vez que há a crença de que este período é considerado
relativamente saudável. Grande parte das políticas de saúde se orienta pelo eixo
saúde-doença. Porém, as diversas transformações ocorridas no âmbito social,
econômico, cultural e demográfico vêm chamando a atenção para as
particularidades da demanda desse grupo.
Ao mesmo tempo em que os adolescentes mostram-se reticentes
em se aproximar das instituições de saúde, estas, por sua vez, apresentam
dificuldades para receber os adolescentes que a procuram, principalmente quando a
demanda transpõe as doenças e patologias centradas no corpo físico.
Ayres (1990) colabora com a afirmação acima, ao apontar que: De
fato, excetuando-se a condição específica da gravidez, o grupo etário situado entre
os dez e vinte anos, em média, apresenta um baixo grau de objetivação do ponto de
vista do instrumental clássico da medicina. Isto é, a faixa adolescente, e poderíamos
estender esta observação para a infância tardia e os adultos jovens, utiliza pouco o
serviço de saúde porque são poucas as necessidades interpretadas por esses
41

serviços de saúde para ela. Quer pelas condições concretas de estrutura biológica e
das condições objetivas de existência, quer pelas características do processo de
trabalho no modelo clínico, o fato é que não há nos serviços de saúde um recorte
mais acabado e próprio do grupo enquanto objeto para o trabalho (1990, p.152)
No caso da saúde sexual e reprodutiva, os programas ainda
permanecem com o eixo central nas mulheres, dificultando que a discussão sobre as
questões de gênero envolvidas nas negociações entre os parceiros, principalmente
no uso do preservativo, auxilie os adolescentes a exercerem sua sexualidade de
forma mais segura.
Sendo assim, aponta-se como necessidade de suma importância
políticas públicas eficazes no campo da sexualidade, direitos sociais e direitos
reprodutivos dos jovens.

8. A INTERVENÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL

Na contradição da sociedade capitalista, a riqueza é produzida pela


42

maior parte da população, mas é apropriada por uma pequena parte expressando
uma distribuição desigual da riqueza marcada por uma sociedade dividida em
classes. Divisão na qual estão presentes a exploração, a dominação e a exclusão
dos sujeitos sociais, que demonstram a construção e manutenção de subalternidade
de alguns sujeitos. Nesta relação às contradições das desigualdades sociais são
naturalizadas, como que sendo uma parte da característica humana, e não como
algo que foi construído social e culturalmente pela sociedade capitalista.
(FERREIRA, 2010).
Nesta sociedade as famílias que vivem em condição de
vulnerabilidade social têm dificuldades no acesso a vários tipos de serviços como
saúde, educação, trabalho, dentre outros que prejudicam ainda mais sua condição.
Neste contexto insere-se o trabalho do assistente social, que tem sua intervenção
situada nas variadas expressões da questão social. Expressas nas áreas da família,
saúde, habitação, assistência social pública, etc. (IAMAMOTO, 1998, p. 27).
A questão social se materializa em consequências que são
desastrosas para a classe que vive da venda de sua força de trabalho pois a
contradição da sociedade capitalista em uma visão maior expressa o desemprego,
precarização nas relações de trabalho causando insegurança para os trabalhadores
devido aos baixos salários, falta de estabilidade, enfim situações e problemas que
exigem uma intervenção profissional.
Segundo Iamamoto, (1998), o assistente social precisa garantir uma
sintonia do Serviço Social com os tempos atuais, rompendo com a visão focalizada,
presa nos limites profissionais e institucionais. Além de ter que desenvolver a
capacidade de decifrar a realidade, construindo intervenções criativas para efetivar
direitos, de modo que seja propositivo e não somente executivo. Mas, para que isso
aconteça, e até mesmo o mercado de trabalho demanda isto, o profissional de
Serviço Social, além de executor precisa trabalhar na formulação e gestão de
políticas públicas e sociais.
Com este intuito é necessário romper com visões simplistas mas
considerar a totalidade das relações a fim de compreender a realidade social
entendendo seus significados, as atividades que envolvem as dinâmicas das
relações, os atos, as expressões das pessoas. Para assim se obter uma visão de
totalidade, compreendendo a realidade em suas múltiplas relações. (FERREIRA
2010).
43

O papel dos assistentes sociais é de suma importância. A


intervenção do Serviço social é fundamental numa abordagem sistemática tentando
envolver e trabalhar a família para aceitar a grávida e futuramente o bebê criando
assim condições para que a jovem não seja marginalizada, reunindo esforços para
que a mesma se torne uma experiência agradável, pois isso irá condicionar a
relação mãe e filho.
A construção da autonomia do adolescente pode ser desenvolvida
através de um projeto de vida, envolvendo várias dimensões, como; autocuidado
corporal e nutricional, estudo, trabalho, amizades, lazer, namoro, esporte, atividades
artísticas e culturais, planos em relação á vida profissional e afetiva. Pois com os
adolescentes é indispensável e eficaz.
O Serviço Social pode e deve organizar diversas estratégias de
prevenção que podem ser desenvolvidas pelas diferentes secretarias de maneira
integrada, envolvendo grupos de adolescentes como protagonistas, nas oficinas em
unidades de saúde, atividades esportivas e culturais, profissionalização de
adolescente, participação em atividades comunitárias entre outras.
A discussão não se limita a anatomia e o funcionamento dos órgãos
reprodutivos, aos métodos contraceptivos, DST/AIDS, ou o acesso a camisinha, mas
envolve uma participação ativa do adolescente no sentido de refletir sobre os
caminhos que pode seguir em sua vida, desenvolvendo assim sua autonomia e sua
responsabilidade. A gravidez na adolescência antigamente podia-se pensar que era
por falta de informação, más hoje todos sabem que existem muitos métodos para
evitar a gravidez indesejada, será que as informações têm sido passadas apenas de
forma informativa como prevenção? Os adolescentes têm muitas informações, são
surpreendentes, eles sabem muitas coisas, mas, em contrapartida, não sabem o que
fazer com a informação.
É importante que nós da equipe de serviço social procuremos fazer
com que os pais, professores e profissionais da saúde percebam que o adolescente
não consegue transformar a informação em educação. Informação por informação
não serve para nada. Temos visto muitas campanhas veiculadas pela mídia sobre o
uso de preservativos e cada vez mais se tem constatado o aumento de adolescentes
contaminados pelo HIV, aumento da gravidez precoce etc., Por isso temos que rever
o termo orientar, pois orientação não resolve, temos que educar nossos
adolescentes para a atividade sexual.
44

Educar demanda algo que é mais complexo, ou seja, um processo


com os adolescentes têm que se pensar em termos de um projeto de educação
sexual, não basta campanhas. Nesse projeto, é importante entender que são
praticamente as crianças que estão se relacionando através do ato sexual, pois, já
vimos casos de meninas de dez anos de idade tendo bebê, isto significa que com
apenas nove anos ela se relacionou. Está faltando todo um investimento em
educação sexual, para que a sociedade possa entender que a liberdade sexual não
significa que a gente libera tudo a qualquer tempo, nesse processo deve existir
normas, regras e limites.
A sexualidade é uma dimensão do ser humano e se manifesta em
tudo o que fazemos e em tudo o que somos o tempo todo. O ato sexual é uma forma
de nos relacionarmos sexualmente, mas não a única forma, na medida em que isso
fica claro, é possível fazer um trabalho de educação sexual. Na educação sexual
não serve o ditado: “faça o que eu digo e não faça o que eu faço”. Educamos muito
pelas as nossas atitudes, elas pesam mais neste processo de educação do que o
próprio discurso.

8.1 Formas de Enfrentamento

O que se pode sugerir dentro desse contexto de impulso social que


se entrelaça cada vez mais com impulso sexual é que surjam serviços públicos e
privados mais amplos e com campanhas que orientem nossos jovens sobre seus
problemas e conflitos cotidianos durante essa fase de modificações e descobertas
que bem vividos o transformaram em um adulto saudável.
No entanto é válido lembrar que a carência desse tipo de serviço
sócio educacional para o adolescente culmina com diversos fatores como o
desconhecimento do próprio corpo, a omissão do papel da família na educação
sexual, a omissão da escola em relação a assuntos tão pertinentes o que já foi
citado acima o pouco envolvimento do serviço publico e privado, o bombardeamento
da mídia ao qual estão expostos, como programas de televisão, novelas e até
propagandas apelando para o sexo, fazem com que o jovem inicie precocemente
suas atividades sexuais, não estando consciente das implicações de sua vida sexual
ativa.
Existem diferenças básicas entre rapazes e moças, sobretudo, na
45

forma de amar, desejar e no impulso sexual. Para os rapazes os impulsos sexuais


são inicialmente bastante separados da noção de amor, enquanto para moças o
amor é prioridade. O mais agravante nesta questão é o atual quadro da atividade
sexual que se inicia cada vez mais cedo, com numero alarmante de gestações
precoces e doenças sexualmente transmissíveis (DST’s), caracteriza-se assim a
falta de conhecimento e informação dos adolescentes. A adolescência e a gravidez,
quando ocorrem juntas, podem acarretar sérias consequências para todos os
familiares, mas principalmente para os adolescentes envolvidos, pois envolvem
crises e conflitos.
O que acontece é que esses jovens não estão preparados
emocionalmente, fisicamente e nem financeiramente para assumir tamanha
responsabilidade, fazendo com que muitos desses adolescentes saiam de casa,
cometam abortos, deixem os estudos ou abandonem as crianças após o parto sem
saber o que fazer, tentando fugir da própria realidade. Para muitos desses jovens,
não há perspectiva no futuro, não há planos de vida. Tudo isso aliado, a falta de
orientação sexual ou até mesmo a má orientação dessas informações tão
pertinentes, a mídia que passa claramente aos jovens a ideia de sensualidade,
beleza e liberdade sexual, o que é muito ruim para uma fase onde tudo é feito por
impulso, sem pensar nas consequências, sendo a mídia também colaboradora do
aumento da incidência de gestação juvenil.
É visível em todo quadro nacional o despreparo dos familiares, mais
principalmente dos pais destes jovens para lidar com a problemática da gravidez
precoce, apesar de ser algo que esta se tornando cada vez mais comum sendo que
cresce, em todo país, o número de partos feitos em adolescentes com idade entre
10 e 19 anos. Assustada com a gravidez, a adolescente tenta escondê-la, negá-la, e
isto faz com que ela entre mais tardiamente no sistema de assistência pré-natal, que
objetiva a atenção à saúde da mãe e da criança. Mesmo tendo acesso ao sistema
único de saúde, esse acesso está na dependência da aceitação da gestação pela
adolescente e pela família.
O Direito à saúde está regulamentado na Lei Orgânica da Saúde
(LOS) nº 8.080, de setembro de 1990; na Lei nº 8142/1990 - que dispõe sobre a
participação da comunidade na gestão do SUS e sobre a transferência de recursos
entre as diferentes instâncias de governo; nas Normas Operacionais Básicas
(NOBs) de 1993 e 1996; na Norma Operacional da Assistência à Saúde - NOAS-
46

SUS, 01/2001. Integra ainda a legislação da saúde, as Constituições Estaduais, as


Leis Orgânicas dos Municípios, os Princípios e as Diretrizes para a NOB de
Recursos Humanos - NOB/RH-SUS - de dezembro de 2000. A atenção à saúde, que
encerra todo o conjunto de ações levadas a efeito pelo SUS, em todos os níveis de
governo, para o atendimento das demandas pessoais e das exigências ambientais,
compreende três grandes campos, a saber:
 O da assistência, em que as atividades são dirigidas às pessoas,
individual ou coletivamente, e que é prestada no âmbito
ambulatorial e hospitalar, bem como em outros espaços,
especialmente o domiciliar;
 O das intervenções ambientais, no seu sentido mais amplo,
incluindo as relações e as condições sanitárias nos ambientes de
vida e de trabalho, o controle de vetores e hospedeiros e a
operação de sistemas de saneamento ambiental (mediante o pacto
de interesses, as normalizações, as fiscalizações e outros);
 O das políticas externas ao setor saúde, que interferem nos
determinantes sociais do processo saúde-doença das
coletividades, de que são partes importantes as questões relativas
às políticas macroeconômicas, ao emprego, à habitação, à
educação, ao lazer e à disponibilidade e qualidade dos alimentos
(NOB/RH – SUS, 2000)

O Estatuto da criança e Adolescente, Lei 8.669/ 90 em seu Art. 4º É


dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público
assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à
saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à
cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
Assim a atuação do Assistente Social tem importância na orientação
à mulher no que diz respeito às garantias relacionadas ao cuidado com sua saúde.
O trabalho desenvolve ações que têm como objetivo assegurar os direitos sociais da
mulher, criando condições para promover sua autonomia, integração e participação
efetiva na sociedade incentivando a socialização da mulher em sua própria
comunidade.

8.2 Estratégias de Controle

Cabe à assistência social tornar visíveis e contáveis os que dela


demandam ações e soluções para suas demandas. A prática deixa claro que não se
47

pretende respeitar a singularidade das famílias de modo a trabalhar seu


empoderamento e protagonismo, mas sim facilitar sua inserção, permanência e
acesso às políticas de mercado. E, para que isso ocorra, criam-se políticas públicas
de inclusão, o tema também é de fundamental importância à análise acadêmico-
profissional, pois discute as Leis que regulamentam os direitos de atendimento a
saúde da mulher, destacando ações desenvolvidas pelo profissional de Serviço
Social na atuação no dia-a-dia.
Por ser uma política pública e definida como um direito de todos,
conforme o artigo 203 da Constituição Federal de 1988, “a assistência social será
prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade
social” (BRASIL, 2007). Tendo como perspectiva o provimento de serviços, ações,
programas, projetos e benefícios pautados na lógica da proteção que entende que a
família atendida pela assistência social está “em risco”, e partindo da premissa de
que a proteção implica não somente assistir, mas também “prevenir riscos”, a PNAS
dividiu-se em Proteção Social Básica e Proteção Social Especial.
O Centro de Referência de Assistência Social – CRAS é uma
unidade pública estatal de base territorial, localizado em áreas de vulnerabilidade
social, que abrange um total de até 1.000 famílias/ano. Executa serviços de proteção
social básica, organiza e coordena a rede de serviços sócio assistenciais locais da
política de assistência social [...]. O CRAS atua com famílias e indivíduos em seu
contexto comunitário, visando a orientação e o convívio sócio familiar e comunitário
(BRASIL, 2004, p. 35).
Ainda citando o Estatuto da criança e Adolescente o Art. 5º
Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei
qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.
O Serviço Social institucionaliza-se na sociedade capitalista como
ação interventiva de cunho socioeducativo, inscrita no campo político-ideológico,
executando políticas sociais públicas e privadas, respondendo a interesses
contraditórios das classes sociais, que estão em luta permanente. (VASCONCELOS,
2001).
O Serviço Social tem juntado às questões sociais análises e atuação
em várias áreas, dentre elas a de atendimento a saúde da mulher, que se torna um
traço fundamental de orientação e acompanhamento. Sua intervenção tem se
48

ampliando e se consolidado diante da concepção de que o processo saúde-doença


é determinado socialmente e reforçado pelo conceito de saúde.
As diversas discriminações que a mulher enfrenta estão ligadas a
seus afazeres como cuidar de casa e da família. Em meio a tantas mudanças
sociais, principalmente no mundo do trabalho, a mulher conseguiu traçar seu espaço
e desenhar outra imagem na sociedade: superar suas dificuldades e ainda
administrar seu tempo a favor delas, para que as questões familiares não entrem em
conflito com questões como é o caso da gravidez na adolescência.
A saúde da mulher é prioridade no contexto da gestão federal do
SUS, em acordo com as diretrizes do Pacto pela Saúde, das Metas do Milênio e
diversos acordos nacionais e internacionais.
Nesse sentido, observa-se que o Serviço Social, na área da saúde Publica, atua no
enfrentamento das diversas expressões da questão social, que determinam os
níveis de saúde, através de ações que priorizem o controle social, a prevenção de
doenças, danos, agravos e riscos, a promoção, a proteção e a recuperação da
saúde facilitando e contribuindo para a realização integrada das ações assistenciais
e das atividades preventivas.

9. O PAPEL DO ASSISTENTE SOCIAL NA SAÚDE PÚBLICA

Na contradição da sociedade capitalista, a riqueza é produzida pela


49

maior parte da população, mas é apropriada por uma pequena parte expressando
uma distribuição desigual da riqueza marcada por uma sociedade dividida em
classes. Divisão na qual estão presentes a exploração, a dominação e a exclusão
dos sujeitos sociais, que demonstram a construção e manutenção de subalternidade
de alguns sujeitos. Nesta relação às contradições das desigualdades sociais são
naturalizadas, como que sendo uma parte da característica humana, e não como
algo que foi construído social e culturalmente pela sociedade capitalista.
(FERREIRA, 2010).
Nesta sociedade as famílias que vivem em condição de
vulnerabilidade social têm dificuldades no acesso a vários tipos de serviços como
saúde, educação, trabalho, dentre outros que prejudicam ainda mais sua condição.
Neste contexto insere-se o trabalho do assistente social, que tem
sua intervenção situada nas variadas expressões da questão social. Expressas nas
áreas da família, saúde, habitação, assistência social pública, etc. (IAMAMOTO,
1998, p. 27).
A questão social se materializa em consequências que são
desastrosas para a classe que vive da venda de sua força de trabalho pois a
contradição da sociedade capitalista em uma visão maior expressa o desemprego,
precarização nas relações de trabalho causando insegurança para os trabalhadores
devido aos baixos salários, falta de estabilidade, enfim situações e problemas que
exigem uma intervenção profissional. O Serviço Social como profissão, em sete
décadas de existência no Brasil e no mundo, ampliou e vem ampliando o seu raio
ocupacional para todos os espaços e recantos onde a questão social explode com
repercussões no campo dos direitos, na educação, dos (as) idosos (as), da criança e
dos (as) adolescentes, de grupos étnicos que enfrentam a investida avassaladora do
preconceito, da expropriação da terra, das questões ambientais resultantes da
socialização do ônus do setor produtivo, da discriminação de gênero, raça, etnia
entre outras formas de violação dos direitos. (SILVA, 2010 apud CONSELHO
FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL, 2009, p.9).
Tendo como referência o tema desta pesquisa, cabe aos
profissionais, responsáveis pela formulação de políticas públicas dentre os quais
estão os assistentes sociais, considerarem estas realidades, a fim de que possam
intervir diretamente nas questões que mais expressam os motivos pelos quais, ainda
hoje, nessa sociedade da informatização muitas adolescentes ficam grávidas por
50

desejarem ou não, mas na maioria das vezes sem um planejamento.


Segundo Iamamoto, (1998), o assistente social precisa garantir uma
sintonia do Serviço Social com os tempos atuais, rompendo com a visão focalizada,
presa nos limites profissionais e institucionais. Além de ter que desenvolver a
capacidade de decifrar a realidade, construindo intervenções criativas para efetivar
direitos, de modo que seja propositivo e não somente executivo. Mas, para que isso
aconteça, e até mesmo o mercado de trabalho demanda isto, o profissional de
Serviço Social, além de executor precisa trabalhar na formulação e gestão de
políticas públicas e sociais.
Com este intuito é necessário romper com visões simplistas, mas
considerar a totalidade das relações a fim de compreender a realidade social
entendendo seus significados, as atividades que envolvem as dinâmicas das
relações, os atos, as expressões das pessoas. Para assim se obter uma visão de
totalidade, compreendendo a realidade em suas múltiplas relações. (FERREIRA
2010).
Sendo assim, o Assistente social deve estar sempre atento aos
acontecimentos cotidianos, ou seja, buscando sempre se atualizar para acompanhar
a evolução da sociedade. Desta forma poderá desenvolver suas habilidades e
intervir na realidade social de forma efetiva. Sendo comprometido com seu projeto
ético político com este segmento da população com o qual tem a função de lidar.
Ao reconhecer a saúde como resultado das condições econômicas,
políticas, sociais e culturais, o Serviço Social passa a fazer parte do conjunto de
profissões necessárias à identificação e análise dos fatores que intervém no
processo saúde/doença. Outro fato que vem contribuir para a ampliação da inserção
do assistente social no campo foi a mudança no processo de gestão da política de
saúde, tendo na descentralização político e administrativa a principal estratégia.
Com a crescente municipalização da política de saúde os municípios tiveram que
contratar diversos profissionais para garantir a gestão local da política, dentre eles, o
assistente social.
O Serviço Social com uma adolescente gravida é a abordagem
utilizada com os sujeitos que apresentam problemas de inter-relacionamento com o
meio social em que se enquadram as dificuldades de ajustamento e integração.
Procura-se ajudar os indivíduos a resolver os seus próprios problemas, quer através
dos seus próprios recursos promovendo a mudança de atitude, quer através da
51

mobilização dos recursos da família individuo aprende com o meio, mas também
pode transformá-lo em sua ação social.
Pode-se dizer que o Serviço Social caracteriza-se pelo estudo
sistemático do comportamento social do ser humano. Ao mesmo tempo tem por
objetivo ampliar o conhecimento sobre o ser humano em suas interações sociais e
estudar a ação social em suas diversas dimensões.
Ao realizar esse objetivo o Serviço Social contribui para um melhor
entendimento da sociedade em que vivemos, fornecendo instrumentos que podem
ajudar a transformá-la. A prática se dá através do acompanhamento às famílias das
adolescentes grávidas, buscando assim o fortalecimento de seus vínculos e à
garantia de seus direitos. Para essa prática ser completa o profissional deve utilizar
vários instrumentais como entrevistas, visitas domiciliares, contatos
interinstitucionais, fortalecendo laços.
A atenção à saúde da Adolescente grávida depende de apoio de
familiares para a prevenção de doenças, à identificação de sintomas e ao
encaminhamento para tratamento quando necessário. Um instrumento básico de
acompanhamento da saúde da mulher grávida é o Cartão da vacina no qual são
anotadas informações do pré-natal, do desenvolvimento e das vacinas recebidas.
Em pesquisa realizada no Centro de Atenção Integral à Saúde da
Mulher da Unicamp, Estado de São Paulo, os pesquisadores mostraram que as
adolescentes brasileiras têm informação sobre os riscos do sexo sem preservativo
ou dos métodos de controle da gravidez, mas não utilizam essa informação (Folha
On Line, 2001). Essa situação apenas mostra a fragilidade do adolescente, fazendo
assim necessário o acompanhamento dos familiares.
A assistência à saúde da mulher ocupa hoje um espaço de reflexão
entre os profissionais da área da saúde, por suas questões problemáticas como
incidência alarmante de câncer de colo uterino e de mama, mortalidade materna e
gravidez na adolescência.
Durante a gravidez, é importante a imunização antitetânica da
gestante para prevenir o tétano neonatal, que representa sério risco de vida para o
bebê. A doença decorre da contaminação por instrumentos usados no corte do
cordão umbilical. Outro fator de risco avaliado é o consumo de tabaco e bebida
alcoólica durante a gestação. A presença de um familiar ao lado da mãe é um fator
importante para reduzir a ansiedade materna da adolescente e garantir melhor
52

assistência ao parto humanizado.


Quando somos informados pelos meios de comunicação sobre mães
que abandonam seus filhos ou, ainda, quando o Assistente Social no campo de
atuação se depara com essas e outras práticas que rompem com o modelo
idealizado de família, muitas vezes se questionam sobre o que houve com a família,
ou, o que faz uma mãe ser capaz de abandonar seu próprio Filho, quais motivos
levam a família a não ser mais o cerne do cuidado “idealizado”.
A mãe adolescente é muitas vezes tida como desnaturada, à família
é considerada desestruturada, sendo esse um discurso presente no saber popular e
afirmado pelos especialistas. Fazendo um breve contexto social a família derivada
do latim, a família (famulus) medieval caracterizava-se como um conjunto de
domésticos, servidores, escravos, comitiva, cortejo (HOUAISS, 2001)
Tal família encontrava-se inserida numa sociedade em que o
sentimento que existia era ligado aos laços consanguíneos, independente da
coabitação e da intimidade.
A área de atuação do Assistente Social se faz presente em várias
expressões, principalmente às relacionadas à: desemprego, aprisionados, crianças
em situação de rua e em situação de risco, portadores de necessidades especiais,
conflitos familiares, como no caso da gravidez na Adolescência, doentes, idosos,
famílias de baixa renda, dentre outros problemas relacionados às questões sociais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante da pesquisa bibliográfica realizada podemos concluir que, os


53

adolescentes, neste período da vida considerado de transição, passam por


dificuldades relativas ao seu crescimento físico, e amadurecimento psicológico,
sexualidade, relacionamento familiar, crise econômica, violência, uso ou abuso de
drogas, inserção no mercado de trabalho e outras.
Para abranger todas estas questões, uma diversidade de ações
conjuntas entre Instituições Governamentais e Não Governamentais são
necessários para seu desenvolvimento na sociedade, e atender suas necessidades
de educação, saúde, cultura e participação na comunidade, tanto no sentido da
prevenção, como da assistência dos dias atuais, a necessidade de implantação de
Politicas Publicas para a adolescência tornou-se obrigatória, considerando-se 50
milhões de adolescentes e de jovens no Brasil, a importância do desenvolvimento
integral de suas potencialidades e a prevenção as situações de riscos nesta faixa
etária.
É importante organizar a atenção integral a saúde do adolescente, e
isto, tem sido um desafio para a saúde e para a sociedade em geral.
Enquanto a adolescência inicial coincide com as primeiras
modificações corporais da puberdade, a adolescência final tanto na pratica como na
teoria, não estabelece critérios rígidos. Essa transição esta relacionada a aquisição
de uma maior autonomia e independência em diversos campos da vida.
Assim, torna-se legítima a atuação dos assistentes sociais dentro de
instituições direcionadas ao tratamento de adolescentes grávidas, pois segundo o
Ministério da saúde essa nova forma de atenção psicossocial a dimensão social
também deve ser considerada para que o objetivo do tratamento em saúde da
mulher e em especial em situação de vulnerabilidade social seja a produção da
saúde com direitos e dignidade.
A Elaboração e escolha desse tema têm como finalidade básica
promover mais conhecimento sobre a origem e a realidade dos nossos jovens e a
atuação do Assistente Social da área da saúde e dos serviços sociais oferecidos à
população carente, sofrida e dependente de tais competências sociais de saúde,
especificamente, em interiores do nosso país. Mediante o exposto pode-se concluir
que este trabalho tem relevante importância para o universo acadêmico, ele visa
resgatar aspectos sobre a gravidez na adolescência que se relaciona a questão
social mostrando que a gravidez na adolescência é ocasionada por uma série de
fatores biopsicossociais.
54

Assim se faz urgente a conscientização das famílias em suas


responsabilidades quanto aos cuidados ao adolescente como já citado não apenas a
mulher. Portanto, o controle da natalidade é urgente de acordo com os preceitos do
Ministério da saúde, não é mais o objetivo exclusivo do Estado, mas a junção da
família, professores e profissionais da área de proteção social através da luta por
uma vida mais digna para todos.
Podemos concluir percebendo a importância do tema abordado e
reconhecendo a necessidade de aperfeiçoamento das políticas de saúde e
Educação. Essa é uma questão que se tem campo amplo de atuação para o
profissional de Assistência Social, mas que muitas vezes esbarra em questões
burocráticas. No que tange a articulação vigente, existe necessidade de
melhoramento no campo de acolhimento enquanto instituições referentes.
A nova configuração da saúde pública no Brasil implica no trabalho
do assistente social em diversas dimensões, nas condições de trabalho, na
formação profissional, nas influências teóricas, na ampliação da demanda e na
relação com os demais profissionais e movimentos sociais.
Nessa conjuntura, as entidades do Serviço Social têm por desafio
articular com os demais profissionais de saúde e movimentos sociais em defesa do
direito a saúde pública.
Dessa forma os assistentes sociais têm o desafio de encarar a
defesa da democracia, das politicas publicas e desenvolver um trabalho em seu
cotidiano e na articulação com outros sujeitos que partilhem desse principio.
O assistente social tem um papel muito importante, no diagnóstico e
discussão das condições sociais dos indivíduos e de comunidades, sempre
trabalhando em conjunto com outros profissionais com o objetivo de atuar na
garantia de direitos e acesso, nesse caso, aos serviços de saúde à população.
55

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