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Revista Eletrônica da Faculdade Metodista Granbery

http://re.granbery.edu.br - ISSN 1981 0377


Curso de Educação Física – N. 21, JUL/DEZ 2016

ATIVIDADE FÍSICA NA INFÂNCIA, SEUS BENEFÍCIOS E AS IMPLICAÇÕES NA


VIDA ADULTA.

LIDIANE CRISTINA DA SILVA1


ROBERTO CARLOS LACORDIA2

RESUMO

A infância é, sem dúvida, uma fase muito importante da vida, e é nela, que se
constroem os alicerces da existência: o desenvolvimento psicológico,
desenvolvimento de habilidades motoras, a descoberta das maiores paixões.
Também, da mesma maneira, é possível observar o desenvolvimento de hábitos que
criam consequências negativas e que podem seguir durante toda a vida. O presente
estudo pretende descrever quais os benefícios da atividade física praticada na
infância, e vida adulta, além de descrever quais são implicações de se ter uma vida
sedentária. Para isto, utilizou-se de uma pesquisa descritiva de caráter qualitativo
através da revisão bibliográfica de autores como Ariès (1981), De Rose Junior
(2009), Corazza (2002), Gallahue e Ozmun (2003), entre outros. Através da revisão
de diversos autores, percebe-se que a literatura é rica com relação a esse tema,
onde há trabalhos e artigos de diversas áreas do conhecimento além da Educação
Física, como a Medicina, Psicologia e a Pedagogia. Conclui-se que os benefícios da
atividade física são o auxílio ao crescimento e desenvolvimento, além da melhora no
convívio social entre crianças e também entre adultos. É durante a vida adulta que
se pode obter a resposta da atividade física praticada na infância, seja na
prevenção, na promoção da saúde e até no tratamento de inúmeras doenças.
Portanto, considera-se o sedentarismo fator de risco para os níveis de saúde.

Palavras-chave: Infância. Atividade Física. Sedentarismo. Vida adulta.

ABSTRACT
Childhood is, undoubtedly, a very important phase of life, and it is in it, that build the
foundations of existence: psychological development, development of motor skills,
the discovery of the greatest passions. Also, in the same way, it is possible to
observe the development of habits that create negative consequences and that they
can follow throughout life. The present study intended to des you want to describe
the benefits of physical activity practiced in childhood, and adult life, in addition to

1
Licenciada em Educação Física – Faculdade Metodista Granbery.
2
Prof. Orientador Ms em Educação Física- Faculdade Metodista Granbery.
1

describe what are the implications of having a sedentary life. For this, we used a
survey descriptive qualitative through the literature review of authors such as Ariès
(1981), De Rose Junior (2009), Corazza (2002), Gallahue and Ozmun (2003), among
others. Through a review of several authors reveals that the literature is rich with
regard to this theme, where there are papers and articles in different areas of
knowledge in addition to Physical Education, such as Medicine, Psychology and
Pedagogy. It is concluded that the benefits of physical activity are the aid, growth and
development, in addition to the improvement in the social interaction between
children and also between adults. It is during the adult life that if you can get the
response of the physical activity practiced in childhood, whether in prevention, in
health promotion and in the treatment of numerous diseases.

KEY WORDS: Childhood. Physical Activity. A sedentary. Adult life.

INTRODUÇÃO

Ao longo da vida o ser humano desenvolve habilidades e preferências


que podem ser modificadas ou não. Embora exista um processo de mudanças
constantes desde a concepção no útero materno até o momento da morte, deve-se
atentar aos primeiros anos de vida, pois neles são construídos os alicerces que vão
influenciar positivamente por toda a vida adulta.
A infância é vista por muitas pessoas como um período de muita alegria,
brincadeiras onde não existem preocupações, nem obrigações, porém, na realidade
atual, observa-se que muitas crianças podem não possuir esta infância considerada
por muitos como ideal. Percebe-se que muitas delas encontram-se em situação de
risco como: a miséria, a violência (inclusive sexual), entre outros tipos de situações,
que proporcionam às crianças, experiências muitas vezes traumáticas que vão
incidir de forma negativa em suas vidas.
Se por um lado tantas coisas podem acontecer e deixar marcas na
infância, existem também situações e pequenos gestos que podem levar as pessoas
a terem boas práticas ao longo da vida. Como por exemplo, uma alimentação
saudável, gosto pela leitura e pela prática de atividade física.
Um estilo de vida saudável está ligado a uma vida longe do sedentarismo
e também a outros fatores como uma boa alimentação e um sono adequado, por
exemplo. Sabe-se que a atividade física regular, quando bem orientada, pode ajudar
na prevenção e tratamento de inúmeras doenças, trazendo bem-estar para quem a
pratica, melhorando fatores sociais e psicológicos.
2

O objetivo deste texto é descrever os benefícios da atividade física


praticada na infância e vida adulta, além de descrever quais são implicações de se
ter uma vida sedentária.
Este estudo trata-se de uma pesquisa descritiva de caráter qualitativo,
através de revisão bibliográfica baseada em autores como Ariès (1981), De Rose
(2009), Corazza (2002), Gallahue e Ozmun (2001), Lazzoli et al (1998).
Intenciona-se, com este trabalho, auxiliar estudantes, professores e até
pais para que compreendam a importância de se manter uma vida ativa desde a
infância, cuja prática deve ser supervisionada por um profissional que fique atento às
necessidades dos alunos.
Salienta-se também que uma infância ativa não é garantia de saúde na
vida adulta, visto que são muitas as mudanças no processo de desenvolvimento de
um indivíduo, mas que a prática de atividade física deve ser constante na vida de
uma pessoa, uma vez que o sedentarismo é fator de risco para a saúde física e
mental.
Este estudo aborda a infância, suas características e peculiaridades, bem
como alguns aspectos históricos. Também expõe sobre os benefícios da atividade
física, a importância de uma vida ativa e os riscos do sedentarismo. Além disto,
discute a atividade física na infância, seus benefícios e quais são os cuidados ao
prescrever atividade física para crianças. Salienta-se também sobre a atividade
física na vida adulta e quais os benefícios que uma vida ativa pode trazer para o
indivíduo nesta idade.

CONSIDERAÇÕES SOBRE A INFÂNCIA

O ser humano ao longo de sua vida, desde a concepção no útero materno


até o momento de sua morte, sofre processos de mudança.
Segundo Gallahue e Ozmun (2001, p.6) “O desenvolvimento é um
processo contínuo que se inicia na concepção e cessa com a morte”, podendo ser
sobre mudanças físicas, gosto, aptidões, etc. Ainda segundo Gallahue e Ozmun
(2001, p. 15), a infância é compreendida entre o nascimento até os 24 meses
(primeira infância) e dos dois anos até os dez anos de idade que é o período
conhecido somente como infância.
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Para Andrade (2014, p. 08) “É na infância que as crianças aprendem as


bases necessárias para o seu desenvolvimento nos aspectos físicos, motor, social,
emocional, cognitivo, linguístico e o comunicacional”.
Na infância, aprendem-se os primeiros passos da vida, onde se conhece
e desenvolvem-se as principais habilidades. É através destas experiências e até dos
traumas vividos que se desenvolve também a personalidade da vida adulta. Deve-se
ter uma atenção especial para nos primeiros anos:
Os primeiros anos são um período de desenvolvimento cognitivo
importante e foram denominados de “fase pré-operacional do
raciocínio” por Piaget. Nesse período, as crianças desenvolvem
funções cognitivas que eventualmente resultarão em raciocínio lógico
e em formulação de conceitos. (GALLAHUE E OZMUM, 2001, p.
237)
Este desenvolvimento começa antes mesmo do nascimento

A construção deste sujeito humano criança começa antes mesmo de


ela nascer biologicamente. Antes de vir ao mundo, já é falada pelos
outros, já é marcada pelo desejo inconsciente dos pais e ocupa um
lugar no imaginário deles [...] e é inevitável pelo fato de o ser humano
pertencer a uma dada filiação, a uma dada sociedade, a uma dada
cultura. (DE ROSE Jr, 2009, p. 19)

Algumas atitudes das crianças são reflexos do que elas vivem e


aprendem no convívio com sua família, como por exemplo, seu vocabulário que é
formado pelas palavras que ouvem e aprendem através da repetição.
[...] pensadores como Rousseau, Madame d’Epinay e Pestalozzi
chamaram a atenção para a especificidade e as necessidades da
infância, denunciando práticas e métodos educativos inadequados
para a compreensão das crianças e para seu desenvolvimento físico,
moral e intelectual. Esses autores desenham uma nova imagem da
criança semelhante à semente de uma árvore, promessa de futuro,
contanto que bem orientada e conduzida [...] (DE ROSE Jr 2009, p.
13)

Porém, a criança não imita somente palavras,


Grande parte do que a criança aprende é por imitação, e esse
aprendizado não está restrito às ações evidentes. Sentimentos e
atitudes também podem ser aprendidos por imitação. Como
resultado, os estados de humor e as emoções de um adulto
importante afetam muitas atitudes e vários sentimentos que a criança
desenvolve. ( GALLAHUE E OZMUN, 2001, p. 391)

É também na família que se tem as primeiras experiências de convívio


social, conforme Serrano (1996, apud BURGOS et al, 2002, p.42) “ [...] com base na
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família, a relação da criança com o mundo a criança especifica-se, torna- se um


modo de vida que inflete em seus comportamentos e determina, por continuidade e
oposição, o que ela poderá ser no futuro. ”
Existem também outros fatores que podem influenciar no
desenvolvimento como, por exemplo, os meios de comunicação, para Burgos (2002,
p. 43), esses meios “[...] representam um papel central no que tange à inserção das
crianças e dos adolescentes na ideologia da sociedade global, no contato com
mundo e realidades longínquas e no acesso de determinados valores existentes na
sociedade”. Porém, não se sabe até que ponto esta influência desses meios de
comunicação podem ser positivas.
A criança é também uma multiplicadora de aprendizado, onde aprende
tudo o que lhe é ensinado com grande facilidade e da sua maneira consegue passar
para frente o que aprendeu, pois nesta fase existe um interesse muito grande em
mostrar o que se sabe, por exemplo, aos pais, familiares e na própria escola.
O pequeno conquistador dedica aos outros (pai-mãe ou quem
cumpre essas funções) sua produção [...] a criança necessita que
esses outros aprovem e afirmem esse fazer significante, essa
conquista [...]. Precisa demonstrar-lhes e demonstrar a si mesmo que
pode fazê-lo “por si só”, que pode saltar, correr, trepar, rodar, etc ...(
LEVIN, 1997, p. 121)

Essas conquistas que podem ser pequenas para os adultos, desenvolvem


um papel importante na vida das crianças, Gallahue e Ozmun (2001, p. 237),
descrevem que “[...] as crianças envolvem-se em novas experiências, como subir,
pular, correr e arremessar objetos, por conta própria e pela pura alegria de sentir e
de saber o que elas são capazes de fazer”.
Estar com uma criança, se dedicar e compreendê-la é muito mais do que
acha-la bonita e vibrar com suas conquistas, para Ariès (1981, p.99) “O sentimento
da infância não significa o mesmo que afeição pelas crianças: corresponde à
consciência da particularidade infantil, essa particularidade que distingue
essencialmente a criança do adulto.” Esta particularidade citada está em
compreender que não se trata da miniatura de um adulto, mas sim de um ser único e
com capacidades e limitações próprias.
As crianças são pessoas especiais que requerem muita atenção e
dedicação, sua visão e interpretação do mundo é diferente das de um adulto.
Andrade (2014, p.13) afirma que “O mundo da criança é repleto de descobertas e
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fantasias, num processo constante de mediação entre realidade e a sua


interpretação”, por isto cabe a todos, em certas ocasiões, ter certa sensibilidade na
forma de ver o mundo para conseguir interpretá-lo como uma criança o interpretaria.
É necessário dedicar, pesquisar, compreender esta fase da vida para que
se possa aperfeiçoar mais e observar, de maneira correta e concreta, o
desenvolvimento das crianças cujo objetivo é o de proporcionar a elas uma infância
de aprendizado e experiências que influenciarão suas vidas.
Mas nem sempre foi assim, Ariès (1981, p.17) cita como era até por volta
do século XII “A arte medieval desconhecia a infância ou não tentava representá-la.
É difícil crer que essa ausência se devesse à incompetência ou falta de habilidade. É
mais provável que não houvesse lugar para a infância neste mundo.”
Destaca-se esta informação de que não havia espaço para a infância
naquela época ao citar as palavras de Corazza (2002, p.84) “A iconografia alto-
medieval desconhecia a criança - não tentava representá-la, porque não a percebia;
ou, quando a representava, era sob a forma de um “homem em miniatura”, em
tamanho reduzido [...]”
Em outra passagem percebe-se que a infância era vista com pouca ou
quase nenhuma importância “era um período de transição, logo ultrapassado, e cuja
lembrança também era logo perdida” (ARIÈS, 1981, p. 18)
Pode-se ver enfatizado ainda mais este descaso com a infância
No começo, ninguém prestava atenção às gentes pequenas: suas
criaturas eram mais ou menos como fantasmas, das quais não se
falava que quase não se enxergava e que, por isso mesmo, não
incomodavam ninguém [...] viviam soltas pelos lugares: comiam e
bebiam do jeito que dava; dormiam onde tivesse uma beirada;
vestiam-se com as roupas que eram jogadas fora [...] morriam sem
que ninguém chorasse [...] muitas nem nome tinham; logo, logo
outras vinham e substituíam as que tinham morrido e ficava tudo
bem. Aquelas pequenas que não desapareciam, faziam as mesmas
coisas que as grandes faziam, sem que ninguém lhe pedisse algo
diferente [...] uns anõezinhos que ainda não tinham crescido...
(CORAZZA, 2002, p. 58)

É necessário compreender que a pouca importância que se dava à


criança pode estar ligada ao fato de que o conceito varia em cada período histórico,
bem como as características deste período da vida. Conforme cita as palavras de Le
Grand Propriétaire de tourtes choses:
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A primeira idade é a infância que planta os dentes, e essa idade


começa quando a criança nasce e dura até os sete anos, e nessa
idade aquilo que nasce é chamado de enfant (criança) que quer dizer
não falante, pois nesta idade a pessoa não pode falar bem nem
formar perfeitamente suas palavras, pois ainda não tem seus dentes
bem ordenados, nem firmes. (ARIES, 1981, p. 6)

Na mesma obra do autor encontra-se uma definição diferente para cada


fase da vida, datada do século XVIII, onde são atribuídas de acordo com o papel
social que desempenham.
Primeiro a idade dos brinquedos: as crianças brincam com um cavalo
de pau, uma boneca, um pequeno moinho ou pássaros amarrados.
Depois a idade da escola; os meninos aprendem a ler ou seguram
um livro e um estojo; as meninas aprendem a fiar. Em seguida as
idades do amor ou dos esportes da corte e da cavalaria. (ARIES,
1981, p. 9)

Existe uma necessidade de compreender que essas definições não podem


ser desclassificadas nem tampouco menosprezadas, para Ariès (1981, p.08) “Toda
esta terminologia que hoje nos parece tão oca traduzia noções que na época eram
científicas, e correspondia também a um sentimento popular e comum da vida. ”
Esta situação começou a mudar já no século XX onde os pais começaram a
prestar mais atenção na vida de seus filhos e se interessar mais por eles, segundo
Robertson (1995, apud CORAZZA, 2002, p.114) “[...] em contradição com os séculos
precedentes, os pais europeus passaram a encontrar alegria e prazer na criação e
nas relações com seus filhos”.
De certa forma, começou- se a estudar mais a infância, e hoje encontra-se
muitos estudos, ou seja, livros que tratam deste assunto. As crianças deixaram de
ser vistas como a miniatura de um adulto e passaram a ser consideradas como um
ser único, que precisa ser analisado, estudado e compreendido.
Existe também outro fator que pode ser muito bem analisado. Trata-se da
importância que a criança tem para o mercado de produtos. Hoje em dia existem
produtos de consumo dedicados a elas, brinquedos de todos os tipos, alimentos que
passaram a ser mais estudados, pomadas, produtos de higiene de uma forma geral,
dentre tantos outros.
Hoje os espaços que a criança ocupa se ampliaram. Ela pode ser
vista na escola, na rua, no parque de diversão, mas também em um
programa de televisão, na propaganda de um produto de consumo,
em um desfile de moda, em um filme de cinema. Nossa sociedade de
consumo vem percebendo que a criança pode ser um bom
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consumidor, e também, um excelente agente para induzir consumo.


(DE ROSE Jr, 2009, p. 25)

Esses produtos criados além de maiores pesquisas desenvolvidas no âmbito


da saúde e educação fizeram com que os adultos tivessem maior reconhecimento
em relação às características e especificidades das crianças. Neste contexto de
especificidade da criança existe algo que se torna imprescindível para o
desenvolvimento delas: o brincar.
Andrade (2014, p. 05) define o brincar como “atividade complexa onde se
interliga a ficção com a realidade, ou seja, ao brincar as crianças recebem estímulos
e informações do meio que as rodeiam.”
O brincar exerce papel fundamental na vida das crianças conforme cita
Arendt (1971, apud ALMEIDA, 2006, p. 543) que O classifica como “o modo mais
vívido e apropriado de comportamento da criança no mundo, por ser a única forma
de atividade que brota espontaneamente de sua existência”.
As brincadeiras podem ser muito mais do que uma simples diversão na vida
das crianças, podendo auxiliar no seu desenvolvimento, sendo consideradas por
alguns como parte fundamental para que este progresso ocorra, conforme citado por
Levin (1997, p. 255). Sem a dimensão do lúdico, não se dá a ligação, não existe
aprendizagem da língua, não há espaço nem tempos possíveis, não há estrutura
nem desenvolvimento. Não há infância nem sujeito falante. ”
Hoje, além do brincar, fato muito importante para o desenvolvimento, as
crianças têm praticado atividades variadas, aulas de música, de inglês, de desenho,
pintura e dentre outras, também, as atividades físicas.
Inúmeros benefícios já foram comprovados com relação à atividade física
quando praticada desde a infância. Dentre esses ganhos tem-se a diminuição de
sintomas depressivos e ansiedade, um efeito de proteção contra as doenças
crônico-degenerativas, especialmente as de origem cardiovascular (STEIN, 1999, p.
147).
Do ponto de vista de saúde pública e medicina preventiva, promover
a atividade física na infância e na adolescência significa estabelecer
uma base sólida para a redução da prevalência do sedentarismo na
idade adulta, contribuindo desta forma para uma melhor qualidade de
vida. (LAZZOLI et al 1998, p. 107)

Observa- se que a prática de atividade física pode trazer benefícios não só


físicos, mas também, psicológicos e até sociais.
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BENEFÍCIOS DA ATIVIDADE FÍSICA E OS RISCOS DO SEDENTARISMO

A busca por uma melhor qualidade de vida vem sendo constantemente


associada a uma vida não sedentária como ferramenta para promoção e/ou
manutenção da saúde. Conforme Burgos (2002, p.160) essa busca pela qualidade
de vida tem sido cada vez maior, e tem estreitado a relação saúde-atividade física
gerando mudanças no estilo de vida.

A prática regular de exercícios físicos, [...] produz uma série de


adaptações morfofuncionais no organismo. Essas adaptações
ocorrem em nível cardiovascular, osteomuscular esquelético,
pulmonar, endócrino, hematológico e imunológico, determinando a
melhoria da capacidade funcional a laborativa e redução da
morbimortalidade cardiovascular e geral. (GHORAYEB e
BARROS, 1999, p. 249)

Para a Sociedade Brasileira de Pediatria (2008, p. 04), os benefícios de


uma vida saudável podem ser vistos de forma imediata ou em longo prazo, como por
exemplo, o controle de peso, melhora da capacidade cardiorrespiratória e bem-estar
psicossocial.
Um estilo de vida ativo pode trazer muitos benefícios para quem o pratica.
Carvalho et al (1996, p. 79) afirma que a atividade física quando praticada
regularmente pode preservar a saúde do homem ou até melhorá-la. Esta afirmativa
pode ser complementada ainda mais, pois Souza (2010, p. 52) afirma que em
adultos a manutenção de uma vida ativa auxilia na prevenção das doenças crônicas
não transmissíveis.
Inúmeras patologias podem ser prevenidas, tratadas ou pelo menos
amenizadas se mantivermos um estilo de vida saudável. Para Carvalho et al (1996,
p.79) “ O incremento da atividade física contribui decisivamente para a saúde
pública, com forte impacto na redução dos custos com tratamentos, inclusive
hospitalares, uma das razões de seus consideráveis benefícios sociais. ”
Ao se falar de saúde não se está somente referindo à saúde física, mas
também à saúde mental, visto que uma atividade que gere satisfação e bem
orientada traz um bem-estar psicológico e sensação de prazer.
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Silva et al (2010, p.116) afirmam que a manutenção de uma vida ativa


além de agradável trazem inúmeros benefícios a quem pratica, que podem ser
identificados desde a diminuição do percentual de gordura corporal até o aumento
da autoestima. Pode trazer também a melhora do convívio social o que pode ser de
extrema importância para as pessoas
A atividade física é apontada também como aliada ao combate a outros
fatores que são prejudiciais à saúde, conforme cita Stein (1999, p.147) “O exercício
pode ter um impacto sobre o tabagismo, sobre a ingesta calórica inadequada, sobre
o estresse exagerado, além de poder atuar sobre a dependência do álcool e de
drogas psicoativas.”
Engana-se quem acredita que somente pode ser considerado não
sedentário aquele que está inscrito em algum programa como, por exemplo,
academias de ginástica, escolas de esporte, aulas de dança, etc. Atitudes básicas
do dia a dia já podem trazer grandes influências.
Benefícios significativos para a saúde, já podem ser obtidos com
atividade de intensidade relativamente baixa, comuns no cotidiano
como andar, subir escadas, pedalar e dançar. Portanto, não somente
os programas formais de exercícios físicos, mas, também atividades
informais que a incrementem, são interessantes. (CARVALHO et al,
1996, p. 80)

Embora esta valorização, de como um modo de viver não sedentário seja


ponto fundamental para uma vida saudável, tenha sido muito pesquisado e
estudado, ao pesquisar sobre o tema, é possível encontrar registros de que estes
benefícios já eram citados há muitos anos. Gualano e Tinucci (2011, p.37), citam
uma afirmação do filósofo grego Sócrates: “Na música, a simplicidade torna a alma
sábia; na ginástica, dá saúde ao corpo”.
Esta ideia ganhou mais força e veracidade com as palavras do filósofo
Hipócrates, conhecido como o pai da medicina, que diz “O que é utilizado
desenvolve-se, o que não é desgasta-se... se houver alguma deficiência de alimento
e exercício o corpo adoecerá”. (GUALANO E TINUCCI, 2011, p. 37)
Segundo Souza (2010), recomenda- se que os adultos pratiquem pelo
menos 30 minutos de atividade física diária, de forma moderada e todos os dias da
semana, ou 20 minutos de atividade física vigorosa em pelo menos três dias da
semana.
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Porém, mesmo sabendo de sua importância, estudos mostram que com o


avançar da idade, as pessoas vão se tornando mais sedentárias.

O avançar da idade é acompanhado de uma tendência a um declínio


do gasto energético médio diário à custa de uma menor atividade
física. Isso decorre basicamente de fatores comportamentais e
sociais como aumento de compromissos estudantis e/ou
profissionais. (LAZZOLI et al, 1998, p.107)

Seus benefícios podem ser vistos sobre vários aspectos, como aspectos
físicos, psicológicos, sociais, dentre outros. Do ponto de vista da saúde a prática de
atividade física está relacionada à prevenção ou até tratamento de inúmeras
doenças.

Muitos pesquisadores sugerem que o exercício físico regular seja


capaz de ter impacto significativo sobre a prevenção e/ ou controle
da hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus não insulino-
dependente, dislipidemia, obesidade, osteoporose, asma brônquica e
outras doenças pulmonares. (STEIN, 1999, p.148)

Carvalho et al (1996, p.79) apresenta as seguintes doenças que podem ser


combatidas pela prática regular de atividade física: doença aterosclerótica
coronariana, hipertensão arterial sistêmica, acidente vascular encefálico, doença
vascular periférica, obesidade, diabetes melitus tipo II, osteoporose e osteoartrose,
câncer de cólon, de mama, de próstata e de pulmão, além de ansiedade e
depressão. Como visto, do ponto de vista de saúde, a atividade física pode combater
inúmeras doenças consideradas como causa de morte de muitas pessoas, além
disto, combater doenças psicológicas muito habituais na sociedade atual como a
depressão.
Além dos benefícios ligados diretamente à saúde, o exercício consegue
também melhorar algumas capacidades do organismo, como cita Ghorayeb e Barros
(1999, p.173) “O consumo máximo de oxigênio (VO2 máx) [...] tem sido considerado
o melhor indicador da capacidade funcional e pode ser modificado pelo treinamento
físico em atletas, indivíduos saudáveis e até pacientes...”
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Em indivíduos com diabetes mellitus a atividade física pode diminuir o risco


de se desenvolver uma retinopatia diabética proliferativa devido ao seu efeito na
pressão sanguínea. Ghorayeb e Barros (1999).
Têm-se alguns benefícios da prática de atividade física em alguns
mecanismos do nosso corpo

Coração: Melhora o tônus da musculatura cardíaca proporcionando


maior “força de contração” e, em consequência, diminuição da
frequência cardíaca, condicionando menor trabalho para executar
esforços semelhantes em comparação com um organismo menos
exercitado. Circulação periférica: [...] a atividade física, intensificando
o mecanismo de contração muscular e o uso articular, aciona e
dinamiza a ação venosa, arterial e linfática, com melhora global na
circulação corpórea. Sistema excretor: Com o auxílio da sudorese,
provocada pelo exercício físico, conseguimos um importante aliado
ao trabalho renal e consequente diálise, proporcionando atividade
excretora mais eficiente. Sistema endócrino: A atividade física produz
melhor equilíbrio hormonal diminuindo os déficits metabólicos. “ No
obeso, queima a gordura excedente, e no diabético promove a
diminuição da necessidade da insulina exógena. ” Sistema
respiratório: Com as necessidades do grande e imediato aporte de
oxigênio, condicionamos melhor expansibilidade torácica,
promovendo mudanças equilibradas da frequência respiratória,
facilitando “o respirar”. Sistema locomotor: A melhora do tônus
muscular aprimora a função de equilíbrio e de movimento,
condicionando, ao final melhor postura. Melhora ainda, em nível
ósseo, as trocas iônicas, mantendo o equilíbrio cálcio-fósforo.[...] em
nível articular, modula os quesitos elasticidade e flexibilidade, tão
importantes para prolongar a vida articular. (GHORAYEB E
BARROS, 1999, p. 351)

Do ponto de vista emocional sabe- se que a atividade física gera um bem-


estar para quem a pratica.
[...] o exercício traz benefícios psicológicos para os participantes,
combatendo a ansiedade e a depressão e melhorando o estado
emocional geral do indivíduo. Estes efeitos antidepressivos e
antiansiolíticos dos exercícios têm sido observados em diferentes
tipos de atividades aeróbias [...] e não aeróbias [...] e são
independentes da idade e do sexo... (GHORAYEB E BARROS, 1999,
p. 244)

A prática de atividade física está também diretamente relacionada à imagem


corporal, sensação de viver uma vida ativa e em indivíduos mais próximos à velhice
está ligada a sensação de autonomia.
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Há ainda, duas outras razões pelas quais a atividade física regular


resulta benéfica para a saúde emocional das pessoas: o reforço à
autoestima relacionado a melhor imagem corporal e também à
sensação de estar vivendo um estilo de vida mais saudável, e ainda,
um grau maior de mobilidade física, o que, em alguns casos significa
maior autonomia. Esse último aspecto é especialmente relevante na
velhice, fase da vida na qual o enrijecimento das articulações
compromete a mobilidade física e, portanto, a autonomia do idoso.
(GHORAYEB E BARROS, 1999, p. 264)

Além das aqui citadas, existem outras dimensões da vida do ser humano
que podem ser afetadas diretamente pela manutenção de uma vida ativa, sendo
esses: social, intelectual e espiritual.
Alguém cujo corpo funciona bem e sente-se bem consigo mesmo e
com o que faz tenda a se relacionar melhor com as outras pessoas e
a produzir mais intelectualmente. O melhor relacionamento com as
pessoas introduz o indivíduo em uma agradável via de mão dupla:
quanto mais se dá aos outros, mais recebe deles [...] e esta maior
carga afetiva que recebe tende a reforçar a autoestima e o grau de
satisfação consigo próprio. Esse reforço por sua vez, melhora ainda
mais a relação com as outras pessoas e a capacidade intelectual.[...]
As pessoas que alcançam tal nível de felicidade e satisfação consigo
próprias tendem a uma visão positiva e otimista da vida, do mundo e
das outras pessoas, beneficiando pois a dimensão espiritual da sua
vida.( GHORAYEB E BARROS, 1999, p. 265)

Se por um lado a prática de atividade física pode trazer inúmeros benefícios,


sua ausência pode ser prejudicial à saúde e bem-estar das pessoas. Para Carvalho
et al (1996, p.79) o sedentarismo além de ser uma condição indesejável pode
representar inúmeros riscos para a saúde.
Fernandez et al (2004) afirma que o aumento do tecido adiposo, e como
consequência, a obesidade é fruto de um balanço energético desfavorável, uma vez
que a ingesta calórica é alta e com pouco gasto energético.
Esta inatividade física é fator fundamental para se contrair ou agravar a
situação de várias doenças. Para Silva et al (2010, p.116) “ A inatividade e um estilo
de vida sedentário estão relacionados a fatores de risco para o desenvolvimento ou
agravamento de certas condições médicas, tais como doença coronariana ou outras
alterações cardiovasculares e metabólicas”.
Enfatiza-se que embora não seja o único fator de interferência, a ausência
de atividade física pode acarretar diversos danos à saúde, inclusive muitas vezes é
comparada com vários outros fatores prejudiciais. Conforme Souza (2010, p.53) “A
inatividade física e baixo nível de condicionamento físico tem sido considerado
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fatores de risco para a mortalidade prematura tão importante quanto o fumo,


dislipidemia3 e hipertensão arterial”.
Ghorayeb e Barros (1999, p. 5) afirmam “Existem vários trabalhos
demonstrando que o músculo esquelético pode apresentar regressão funcional em
resposta ao sedentarismo”, ou seja, a falta de atividade física atinge diretamente a
capacidade funcional do indivíduo.
Em uma sociedade moderna pode-se destacar muitos fatores que levam um
indivíduo a se tornar sedentário, muitas vezes está associado à rotina de cada
pessoa, e os hábitos de vida que foram se alterando com o passar do tempo.
Com a introdução de novas tecnologias o homem moderno
transformou-se. Se em um passado não tão distante ele era um
indivíduo do campo, sendo fisicamente ativo, com as ondas
migratórias para as grandes cidades, passou a adotar um estilo de
vida urbano, com um comportamento tipicamente sedentário.
(STEIN, 1999, p. 147)

O desenvolvimento tecnológico surgiu com o intuito de facilitar algumas


tarefas do dia a dia, e por muitas vezes acabou auxiliando nos trabalhos cotidianos,
fazendo com que se utilize com o passar dos dias menos esforço e tempo para
determinadas tarefas, porém, deve-se salientar que nem sempre este auxílio é
utilizado de forma correta.
[...] a tecnologia é criada com fins de ser facilitador da sociedade, e
ainda como uma ferramenta para se economizar tempo nas ações
[...] em tese as pessoas deveriam ter mais tempo para cuidar de
outras coisas, como por exemplo, de saúde. Pelo contrário
percebemos que quanto mais tecnologia é criada, menos tempo a
pessoa tem para se dedicar a manutenção de sua saúde. (ALVES,
2007, p. 19)

A tecnologia nos torna ainda mais sedentários, pois quase tudo o que
precisamos necessita de pouco esforço,

O sedentarismo passa a ser uma grande preocupação de


praticamente todas as grandes nações do mundo, pois designa o
estilo de vida moderno, em que o ser humano, devido ao grande
avanço da tecnologia, precisa de pouco ou de quase nada de esforço
físico para conseguir meios necessários para a manutenção de sua
vida. (ALVES, 2007, p. 19)

3
Distúrbio dos níveis de lipídios no sangue, como colesterol e triglicerídeos.
14

O sedentarismo é condição totalmente indesejável para a nossa vida, que


inclusive, pode trazer inúmeros riscos para a nossa saúde. Os hábitos de vida
saudáveis devem ser estimulados desde a infância, pois assim evitamos que as
crianças sofram as consequências desta vida sedentária.

ATIVIDADE FÍSICA NA INFÂNCIA: BENEFÍCIOS E RECOMENDAÇÕES.

Independente da fase em que se encontra, a atividade física pode trazer


inúmeros benefícios para quem a pratica. Na infância, a atividade física pode
melhorar o desenvolvimento das crianças. Segundo a Sociedade Brasileira de
Pediatria (2008, p. 04) “A atividade física é o comportamento que juntamente com a
genética, nutrição e o ambiente, contribuem para que o indivíduo atinja seu potencial
de crescimento, desenvolva plenamente a aptidão física e tenha como resultante um
bom nível de saúde.”
Esta afirmação pode ser complementada com as palavras de De Rose Jr.
(2009) quando cita que as atividades físicas já trazem inúmeros benefícios quando
praticadas desde a infância, além de fazerem parte do desenvolvimento humano.
Este mesmo autor explica que a atividade física influencia diretamente no
desenvolvimento ósseo. Ele afirma que a atividade física de forma adequada é
essencial para o crescimento normal do osso e imprescindível para que o tal
crescimento siga o padrão genético estabelecido, sendo o sedentarismo prejudicial
para a estatura final do indivíduo. Conforme cita,
A atividade física regular e adequada promove o crescimento
saudável do esqueleto, fazendo com que ele siga seu curso genético
de aumento longitudinal e transversal. Já a ausência ou excesso de
atividades físicas pode prejudicar o crescimento em estatura e
promover deformações ósseas. (DE ROSE Jr, 2009, p. 163)

Além de fatores diretamente ligados ao crescimento e desenvolvimento, a


atividade física pode diminuir as chances de obesidade e do sedentarismo, fatores
indesejáveis para nós. Segundo Lazzoli et al (1998, p.107) “ Em crianças e
adolescentes, um maior nível de atividade física contribui para melhorar o perfil
lipídico e metabólico e reduzir a prevalência de obesidade. ”
De Rose Jr. (2009, p. 34) diz que além da obesidade outros problemas
crônicos como a hipertensão arterial podem ser evitados através da prática de
15

atividade física. Conforme se observa, manter uma vida ativa pode trazer inúmeros
benefícios para quem pratica. Alves e Lima (2008) citam benefícios como
[...] estímulo ao crescimento e desenvolvimento, prevenção da
obesidade, incremento da massa óssea, aumento da sensibilidade à
insulina, melhora do perfil lipídico, diminuição da pressão arterial,
desenvolvimento da socialização e da capacidade de trabalhar em
equipe. (ALVES E LIMA, 2008, p. 384)

De Rose Jr. (2009) afirma que as atividades físicas podem contribuir


inclusive para a melhora das atividades diárias.
Um dos benefícios imediatos de maior magnitude que a prática de
atividades físicas oferece para crianças e adolescentes é a melhora
na aptidão física relacionada à saúde. Benefícios advindos da
melhora na aptidão cardiorrespiratória, força muscular, flexibilidade e
composição corporal contribuem para e melhora das atividades da
vida diária nessa faixa etária. (DE ROSE Jr,2009, p. 30)

Além de benefícios ligados diretamente à saúde física, observa-se


também que através dessas atividades as crianças aumentam a socialização, visto
que em algumas práticas elas terão que conviver com outras crianças que talvez
nem conheçam, além da presença de um professor que pode ser uma figura
totalmente nova e significativa em suas vidas.
Segundo de Rose Jr. (2009, p. 212) “Acrescida aos benefícios para a
saúde, a atividade física oferece oportunidades de lazer e socialização, além de
agregar valores como autoestima, confiança e motivação para a participação futura
em programas de atividade física. ”
Segundo Silva e Costa Jr. (2011, p.43) “Em relação às crianças, a
atividade física desempenha papel fundamental sobre a condição física, psicológica
e mental. A prática da atividade física pode aumentar a autoestima, a aceitação
social e a sensação de bem-estar entre as crianças. ”
Dependendo da atividade proposta, elas aprendem a dividir, trabalhar em
equipe e muitas vezes através de pequenas competições, os alunos são
estimulados a aprenderem o perder e o ganhar respectivamente.
Segundo Lazzoli et al (1998, p.108) “ A competição esportiva pode trazer
benefícios do ponto de vista educacional e de socialização, uma vez que
proporciona experiências de atividade em equipe, colocando a criança frente a
situações de vitória e derrota. ”
16

Ghorayeb e Barros (1999, p. 352) afirmam que a atividade física


desempenha papel muito importante na parte psicológica “A atividade esportiva
descarrega o psiquismo explosivo, libera o introvertido, condiciona o agressivo, une
os extremos e ensina a vencer e perder. ”

A participação em atividades físicas proporciona contatos sociais, e


as crianças [...] aprendem que entre eles e o mundo existem outras
pessoas, que para a convivência social é preciso obedecer a regras
e ter determinados comportamentos, aprendem a conviver com
vitórias e derrotas, aprendem a vencer por meio do esforço pessoal,
desenvolvem a independência e a confiança em si mesmos e o
sentido de responsabilidade. (MARTINS 2002, apud DE ROSE Jr,
2009, p. 36)

A prática de atividade física na infância pode trazer benefícios também na


vida adulta, quando relacionado ao próprio processo de envelhecimento, pois
segundo De Rose Jr. (1999) a atividade física maximiza o pico de massa óssea, o
que é extremamente importante para a prevenção de doenças caracteristicamente
consideradas de indivíduos idosos, como a osteoporose.
Lazzoli et al (1998) afirma que,
Existe associação entre sedentarismo, obesidade e dislipidemias e
as crianças obesas provavelmente se tornarão adultos obesos.
Dessa forma, criar o hábito de vida ativo na infância e na
adolescência poderá reduzir a incidência de obesidade e doenças
cardiovasculares na vida adulta. A atividade física também pode
exercer outros efeitos benéficos em longo prazo, como aqueles
relacionados ao aparelho locomotor. A atividade física intensa,
principalmente quando envolve impacto, favorece um aumento da
massa óssea na adolescência e poderá reduzir o risco de
aparecimento de osteoporose em idades mais avançadas,
principalmente em mulheres pós- menopausa. (LAZZOLI, 1998,
p.107)

As crianças com baixos índices de AF parecem ser mais


susceptíveis para desenvolverem patologias degenerativas em idade
adulta; b) a AF nas crianças parece induzir alterações biomecânicas,
fisiológicas e psicológicas, as quais se manifestam como
adaptações crônicas benéficas, persistindo de forma vantajosa
durante a vida adulta; c) os hábitos da prática das atividades físicas
adquiridos na infância parecem persistir durante a vida adulta.
(SOUZA, 2010, p.53)

Da mesma forma, uma infância sedentária é associada a um desfecho


ruim para a saúde na vida adulta, como baixa aptidão cardiorrespiratória, maior
17

índice de massa corporal, aumento nos níveis de colesterol total e tabagismo. De


Rose Jr. (2009). Além disto, crianças sedentárias podem desenvolver coronariopatia,
(FRANCA E ALVES,2006).

A obesidade pode ser definida como o acúmulo excessivo de


gordura corporal que compromete a saúde, e ocorre, principalmente,
quando o consumo energético é superior ao dispêndio de energia.
Tem seu início, com frequência, na infância, e a probabilidade de
uma criança obesa desenvolver obesidade na vida adulta é muito
maior que em crianças com gordura corporal normal. (MCARDLE et
el 2003, apud PIERINE et al, 2006, p. 114)

De Rose Jr. cita de forma geral os benefícios que as crianças têm ao


praticar a atividade física (2009)
A prática de atividade física por crianças [...] contribui não apenas
para o controle de peso corporal, mas também para uma série de
fatores determinantes da saúde individual e coletiva. A promoção de
um estilo de vida ativo tem forte influência positiva no padrão de
crescimento e desenvolvimento; [...] previne ou retarda o
aparecimento de fatores de risco cardiovasculares; [...] melhora o
relacionamento em grupo; minimiza a depressão; e aumenta a
autoestima. Dessa forma, o desfecho para esse conjunto de
adaptações é um indivíduo com melhor qualidade de vida e bem-
estar. (DE ROSE Jr, 2009 p. 220)

Como visto, crianças ativas tem maior chance de se tornarem adultos ativos,
mas para que isto aconteça deve-se fazer com que esta atividade gere satisfação
para quem a pratica, além de mostrar aos alunos os benefícios que eles têm ao
fazer que esta atividade que está sendo praticada se torne um hábito em suas vidas.
Ao ministrar uma aula para crianças, deve-se atentar e tomar cuidado para
evitar transtornos ou até gerar traumas para as crianças. A atividade deve ser
prazerosa e com acompanhamento constante do professor que deve estar sempre
atento as dúvidas as crianças e a forma de execução da atividade proposta.
A execução dos movimentos não precisa ser perfeita, mas devem-se evitar
erros que podem ocasionar qualquer tipo de dor ou lesão as crianças, além de evitar
atividades em locais que venham a ser perigosos de alguma forma.
18

Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (2008, p. 10) “Quando a prática


de atividade física é inadequada, além das lesões físicas, podem ocorrer estresse,
distúrbios alimentares e psicológicos”
Vale ressaltar que ao prescrever qualquer atividade física para crianças, o
objetivo é fazer com que elas vivenciem a prática que está sendo proposta.
Devemos também criar condições favoráveis para que possam sentir gosto pela
atividade praticada, o que aumenta as chances de elas permanecerem na atividade
ao longo de sua vida.
Não se deve ver crianças como atletas, mas como pessoas que desejam
uma vida saudável e que necessitam conhecer e vivenciar os benefícios que a
atividade física pode proporcionar.
Profissionais de saúde e educadores devem desestimular a
especialização precoce em uma única atividade e a superação que
podem prejudicar o desenvolvimento normal do organismo em
crescimento. As atividades desportivas podem ser utilizadas para
incrementar a atividade física em crianças e adolescentes, desde que
não seja maximizado o componente competitivo inerente a elas, nem
seja estimulado a especialização precoce. O esporte será benéfico
se respeitar os limites fisiológicos de cada faixa etária. (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2008, p. 10)

Deve-se fazer com que as crianças mantenham o interesse pela atividade


oferecendo sempre alternativas para sua prática. Não pode esquecer-se de fornecer
aos alunos experiências motoras variadas além de contemplar os interesses
individuais e buscar suprir o objetivo do aluno ao ingressar nessa atividade física.
O objetivo principal da prescrição de atividade física na criança e no
adolescente é de criar o hábito e o interesse pela atividade física, e
não treinar visando o desempenho. Dessa forma deve- se priorizar a
inclusão de atividade física no cotidiano e valorizar a Educação
Física escolar que estimule a prática de atividade física para toda a
vida, de forma agradável e prazerosa, integrando as crianças e não
descriminando os menos aptos. (LAZZOLI et al, 1998, p. 108)

A atividade física para crianças, quando ministrada de forma inadequada,


pode trazer prejuízos para a maturação do indivíduo, conforme cita De Rose Jr.
(2009, p. 161) “condições extremas de treinamento, acompanhadas de outros
fatores negativos, muitas vezes presentes no esporte de alto rendimento, como
subnutrição e sobrecarga emocional, podem atrasar a maturação. ”
19

Alguns fatores podem interferir diretamente na não adesão à prática de


atividade física. Segundo Lazzoli et al (1998, p.107) entre esses fatores estão a
insegurança, a maior disponibilidade tecnológica e a diminuição de áreas livres nos
centros urbanos que é onde vivem muitas crianças.
Outro fator que pode interferir a não adesão de prática de atividade física
em crianças é citado por Silva e Costa Jr. (2011, p.45) “No entanto, o acesso
facilitado à televisão e videogame diminui a oportunidade de as crianças praticarem
atividades físicas”.
Nos dias atuais tem-se também maior acesso a outros equipamentos
eletrônicos que distraem as crianças e as deixam longe das práticas de atividade
física, como computadores, tablets e celulares, cada vez mais modernos e com mais
funções, jogos, entre outras funcionalidades, além de problemas como falta de
segurança nas ruas, e conforme citado por Koezuka (2006, apud SILVA E COSTA
Jr., 2011)
O acesso facilitado ao microcomputador, o desenvolvimento de
videogames mais interativos e instigantes, as atrações
disponibilizadas por canais de televisão e pela internet, bem como a
percepção de falta de segurança pública, retratada diariamente pela
mídia, constituem fatores para a mudança em relação às formas de
lazer de crianças e jovens. (SILVA E COSTA Jr, 2011, p. 47)

Conforme foi visto, a atividade física na infância confere alguns benefícios


que podem ser mantidos também na vida adulta, porém, para que tais benefícios
sejam aproveitados é necessário que se mantenha uma vida ativa durante todo o
processo de envelhecimento.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A infância é sem dúvida uma fase muito importante para o desenvolvimento


de habilidades e comportamentos que podem acompanhar as pessoas ao longo da
vida. A partir dela, constrói-se o alicerce para as outras fases da vida, podendo tal
fase influenciar de forma positiva ou negativa.
Às crianças deve-se dar a oportunidade de um desenvolvimento adequado.
Com um bom desenvolvimento motor, estimulação das habilidades motoras e
20

intelectuais. Além disto, um bom convívio social e afetivo com os pais, professores e
demais pessoas de sua convivência.
As atividades físicas são um importante aliado para tal desenvolvimento,
visto que através delas, conseguem-se benefícios que vão desde o desenvolvimento
em termos de crescimento e melhora de habilidades motoras, até socialização e
melhora do autoconceito.
De uma forma geral, as atividades físicas são avaliadas como um importante
aliado na prevenção e/ou tratamento de inúmeras patologias, sendo o sedentarismo
considerado uma ameaça para a saúde e o bem-estar das pessoas.
Quando desde a infância mantem-se uma vida longe do sedentarismo, além
dos benefícios que a prática oferece aumenta-se também a chance de se manter
hábitos saudáveis na vida adulta. Vale ressaltar que, a prática de atividade física
requer cuidados que vão desde a adesão a melhor atividade para determinada faixa
etária até os cuidados na prescrição, evitando-se a competição excessiva, a
especialização precoce, minimizando assim, os riscos de traumas físicos e
psicológicos.
Independente da fase em que o indivíduo se encontra, sendo ele criança ou
adulto, deve-se ter muito cuidado na prescrição e orientação das atividades. Uma
atividade física, como visto, é considerada um fator importante para a manutenção
de uma vida saudável, porém quando mal orientada, pode gerar lesões, traumas
físicos e psicológicos e o que era um fator de ajuda para o desenvolvimento passará
a ser um trauma ou até mesmo uma aversão à atividade física.
Finalmente, considera-se através deste trabalho, que o simples fato de se
manter uma infância ativa, não é garantia de saúde na vida adulta, mas já é um
começo, pois é possível despertar o gosto por uma vida ativa, além de ajudar no
crescimento, desenvolvimento físico e social além de ensinar as crianças o valor de
hábitos saudáveis e comportamentos que levem ao crescimento de suas
potencialidades.

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