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A psicologia social é a ciência que procura compreender a influência do contexto

histórico-social na subjetividade dos indivíduos e como isso afeta as suas relações


sociais. A subjetividade pode ser vista como “um processo que congrega as experiências
dos sujeitos individuais e sociais, sendo ao mesmo tempo, consequência e condição
dessas experiências” (BOCK; GONÇALVES, 2009, p. 142). Portanto, de acordo com
Bock, é importante compreender que ao tratar da subjetividade não podemos ignorar a
objetividade na qual os indivíduos vivem, pois é a partir dela que a subjetividade
humana se constitui em um processo no qual o homem modifica o mundo e é
modificado por ele (BOCK, 2015).

Visto que a questão das relações raciais é um produto da sociedade como um todo e que
contribuem nas representações sociais e na subjetividade dos seres humanos, torna-se
imprescindível discuti-la na área de psicologia social para obter uma compreensão
melhor sobre como o preconceito, o racismo e a discriminação afetam a saúde mental
das pessoas.

Sobre a importância de discutir as relações étnico-raciais na psicologia, os autores


Martins, Santos e Colosso defendem que:

A implantação e consolidação de práticas de promoção da igualdade étnico-


racial dependem do conhecimento produzido sobre os condicionantes e a
dinâmica de funcionamento dos comportamentos e modos de produção de
subjetividades que sustentam e perpetuam o preconceito, a discriminação e o
racismo, assim como da formação de profissionais qualificados para atuar na
desinstrumentalização desses processos na vida cotidiana, pois de nada valerão
leis e políticas se as relações intersubjetivas entre indivíduos e grupos no país
continuarem reproduzindo modos de pensar e viver a alteridade do período
pós-abolição. Assim, a psicologia tem um grande desafio: exercer um papel
decisivo na superação das desigualdades no Brasil (Martins, Santos e Colosso,
p. 130).

Além de ser crucial para a superação das desigualdades, a psicologia social procurará
compreender os efeitos psicossociais: como a raça pode moldar o cotidiano das pessoas
e pode ser um fator estressante que é capaz de desencadear depressão naqueles que
sofrem racismo como visto no trabalho de Molina e James (2016), no qual os autores
investigaram os impactos do racismo e constataram que as pessoas que sofreram com
ele desenvolveram problemas de saúde mental.
Santos, Sara Pereira dos. Dimensão subjetiva das relações raciais na vivência do
processo de escolarização. 2019. 155 f. Dissertação (Mestrado em Educação: Psicologia
da Educação) - Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação: Psicologia da
Educação, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2019.

BOCK, A. M. B; GONÇALVES, M. G. M. A dimensão subjetiva da realidade: uma leitura sócio-


histórica. São Paulo: Cortez, 2009.

Santos, A. O., Ortega, A. K. (2015). Relações étnico-raciais, preconceito e discriminação no


cotidiano de trabalho de psicólogos(as) que atuam em serviços de imigração. In: XII Congresso
Luso-Afro-Brasileiro (CONLAB), Lisboa, 2015. Livro de Atas do 1º Congresso da Associação
Internacional das Ciências Sociais e Humanas em Língua Portuguesa, v.1. Lisboa: Leading
Congressos, 9971-9983.

Martins, E., Santos, A. O., & Colosso, M. (2013). Relações étnico-raciais e psicologia:
publicações em periódicos da SciELO e Lilacs. Revista Psicologia: Teoria e Prática, v.15, n.3. São
Paulo, p. 118-133.

Molina, K. M., & James, D. (2016). Discrimination, internalized racism, and depression: A
comparative study of African American and Afro-Caribbean adults in the US. Group Processes
& Intergroup Relations, v.19, n.4, 439-461.

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