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- Alcoolismo
c. O novo saber da pessoa sobre sua realidade circundante a leva a um novo saber sobre
si mesma e sobre sua identidade social. A pessoa começa a se descobrir em seu domínio
sobre a natureza, em sua ação transformadora das coisas, em seu papel ativo nas
relações com os demais. Tudo isso lhe permite não só descobrir as raízes do que é, mas
também o horizonte do que pode chegar a ser. Assim, a recuperação de sua memória
histórica oferece a base para uma determinação mais autônoma do seu futuro.
O psicólogo social conceitua em sua obra o termo "fatalismo", que diz respeito a um
sistema ideológico originado das estruturas sociopolíticas e favorecedor das classes
dominantes. Ele se enraíza na estrutura psíquica dos indivíduos das comunidades e os
induz à aceitação de sua realidade social. A ideia fatalista faz com que acontecimentos
sociais se tornem fenômenos naturais sem quase nenhuma possibilidade de mudança.
Ele é prejudicial pois leva o sujeito a crer que não pode ser transformador da própria
história.
Feito esse apanhado teórico embasado na obra de Martín-Baró (que posteriormente teve
contribuição de diversos outros teóricos da psicologia social), e guiando-se pelos
“princípios norteadores e respectivas categorias conceituais para formar a práxis em
Psicologia Social Comunitária” postulados por Maria de Fátima Quintal de Freitas
(2015), pode-se começar a pensar agora mais claramente no foco do trabalho do
psicólogo e na intervenção e ação prática na comunidade introduzida na canção "Fim de
Semana no Parque" dos Racionais MC’s.
A começar pelas demandas psicossociais da comunidade, que envolvem problemas
como: a facilidade do acesso das crianças e jovens às drogas e bebidas, a falta de
estrutura e investimento no lazer, e a violência e morte dos jovens da periferia.
Para realizar isso, criar uma rede de apoio envolvendo profissionais e estudantes de
psicologia, serviço social, educação física, músicos, artesãs, professores e pedagogos.
Iniciando projetos de pesquisas com esse objetivo e ofertando estágios não remunerados
nessas áreas como incentivo aos alunos e oportunidade de experiência de campo para os
profissionais. Melhorar a estrutura do centro com mutirões que envolvam também os
membros da comunidade, com pintura e revitalização de quadra esportiva e parquinho
(ou a construção deles, caso não existam). Dentro da proposta também está a de
convocar ongs que trabalhem com esse foco e possam auxiliar nesses projetos
comunitários.
A psicóloga social Silvia Lane (1996) em uma entrevista à revista Psicologia &
Sociedade, deu essa fala sobre psicologia comunitária e nos leva a seguinte reflexão:
- O homem é um ser ativo, social e histórico: a relação do homem com a natureza e com
os outros homens, conforme pratica suas atividades é o que constitui o ser humano. A
atividade sobre esse mundo é um processo histórico e constante, e a relação com os
outros é um processo social. Na música isso se verifica nos versos em que ele fala das
pessoas da sua comunidade e seu fim de semana dada sua realidade: “Automaticamente
eu imagino / A molecada lá da área como é que tá/ Provavelmente correndo pra lá e pra
cá / Jogando bola descalços nas ruas de terra / É, brincam do jeito que dá”
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FREITAS, Maria de Fatima Quintal de. (2015). Práxis e formação em Psicologia Social
Comunitária: exigências e desafios ético-políticos. Estudos de Psicologia (Campinas),
32(3), 521-532. https://doi.org/10.1590/0103-166X2015000300017
Ansara, S. & Dantas, B. S. A. (2010). Intervenções psicossociais na comunidade:
desafios e práticas. Psicologia & Sociedade, 22(1), 95-103.
Quintal, M. (2016). Desafios atuais e antigas sutilezas nas práticas da psicologia social
comunitária. Psicología, Conocimiento y Sociedad, 6(1), 131-163. Recuperado de
http://revista.psico.edu.uy/index.php/revpsicologia
Lane, S. T. M. (1996b). Parar para pensar e depois fazer. Entrevista. Psicologia &
Sociedade. São Paulo, 8(1), 3-15.