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DEBORA LAFAYENE DE ARAUJO BARBOSA (Unid.

PB)
GABRIELA COSTA CIMIRRO (Unid.Trajano)
PÂMELA MARQUES BOEIRA (Unid. Trajano)
THALIA DE MEDEIROS KNOTH (Unid. PB)
YESSAMIN DE MORAES (Unid. Trajano)

PRODUÇÃO TEXTUAL: UMA SÍNTESE DA UNIDADE DE APRENDIZAGEM DE


IDENTIFICAÇÃO DOS PROCESSOS DE CONSTITUIÇÃO DA SUBJETIVIDADE NO
CONTEXTO DAS RELAÇÕES SOCIAIS.

Florianópolis
2022
Este trabalho trata-se de uma produção textual acerca das temáticas apresentadas ao
longo da Unidade de Aprendizagem. Para melhor discorrer sobre os temas, decidiu-se colocá-
los em tópicos conforme a ordem em que foram apresentados no Plano de Ensino e pelo
Professor Dr. Felipe A. L. Tonial.
1. A psicologia moderna teve influência no passado e pode ser identificada em a em
teorias, métodos e resultados (HANG, 2011). A estética abordada na problematização
determina nossas prioridades e a contingência como uma dicotomia entre a experiência em
sociedade e a instauração da partilha que compete para alguns de uma forma e para outros de
maneira distinta.
O termo colonialismo, nesta temática como a subjugação de um determinado povo,
neste caso as Américas fixou o fenômeno mais duradouro que o colonialismo, uma vez que
esta tende a terminar. As relações de colonialidade permaneceram no que se trata de pessoas
até os dias de hoje e se estenderá. A hierarquização de diferentes entre humanos partindo dos
europeus aos habitantes das américas, nos séculos XV, resultou em um processo paulatino na
construção de superioridade e inferioridade, traçado pela colonialidade (QUIJANO, 2010).
2. A subjetividade nas relações contemporâneas possui uma co-dependência entre o
pensamento e o pensamento. A característica essencial da consciência reside na complexidade
da reflexão, no fato de que nem sempre resulta exato refletir, ou seja, pode haver alterações da
realidade, que ultrapassam os limites do visível e da experiência imediata, exigindo a busca
dos significados que não são observados diretamente. A subjetividade na sociedade é
produzida por discursos enunciadores (PRADO, 2007).
3. De acordo com Aníbal Quijano (2000, apud LAGUNOES, 2015) o gênero surge a
partir de um modelo padrão capitalista eurocêntrico e global, e se constitui por relações
sociais de dominação, exploração e competitividade pelo controle das áreas da vida humana.
Pode-se dizer que o conceito gênero e sexo, se constituiu a partir de uma organização da
colonialidade e modernidade, essa busca pelo controle vem de uma dominação heterossexual
imposta de uma forma obrigatória e patriarcal. Essa heterossexualidade presente na burguesia
é considerada cruel e opressora, por causar violações dos direitos de mulheres, as rebaixando
em peças para a reprodução (LUGONES, 2015).
4. O conceito de raça é um termo usado para classificar a diversidade humana, ao
passar do tempo o termo passa a ser usado entre as classes sociais, diferenciando a nobreza da
plebe, esse uso inapropriado resultou em uma hierarquização que desencadeou o racismo. A
cor de pele, um dos critérios adotados para dividir e classificar em três raças, branca, negra e
amarela, depois de um tempo foram adotando-se outros critérios que implementaram, como
formato do rosto, nariz, lábios e entre outras características que infelizmente classificam o ser
humano como superiores ou inferiores, e que dão início ao racismo, uma crença nessa
hierarquização das raças, onde o racista acredita que pessoas de outros grupos sociais, com
culturas ou religiões diferentes da dele se torne “inferior” (MUNANGA, 2003).
5. A dicotomia natureza-cultura, criada por filósofos e estudiosos, surge a partir da
perspectiva de que a história da natureza não possui um agente que atue sobre ela a partir do
conhecimento, costumes e demais fenômenos sociais (CHAKRABARTY, 2013). Contudo,
Chakrabarty (2013, apud ROBERTS, 2009) afirma que os conceitos das ciências naturais são
elaborados somente para propósitos humanos. Nesse sentido, devido a interação constante
entre o ser humano e a natureza, esta possui história relacionada à ação humana intencional,
uma vez que os conceitos que a permeiam estão relacionados aos interesses e propósitos
humanos, os quais transmitem a cultura, especialmente pela linguagem. As marcas deixadas
pelo homem na natureza, o desenvolvimento do conhecimento científico e as relações sociais,
econômicas, políticas e culturais possibilitam que as ações sobre o mundo se tornem mais
profundas, no sentido material, histórico, ideológico e simbólico.
6. Quando analisamos as estruturas: cultural, social, política e econômica, percebemos
determinadas rotulações que expressam o controle exercido pela sociedade sobre nós, como
uma espécie de “marcadores” socialmente construídos que delimitam, classificam,
hierarquizam e padronizam as diferenças entre os indivíduos, a partir das suas diferenças de
gênero, raça, etnia, sexualidade, idade/geração, localidade geográfica, classe, estado civil ou
conjugal, etc. (MELO e GONÇALVES, 2008). Sendo assim, Melo e Gonçalves (2012, apud
PISCITELLI, 2008) trazem a importância da noção de interseccionalidade, a fim de destacar
como esses “marcadores” funcionam como eixos de opressão, atingindo múltiplas diferenças
e desigualdades. A partir da interseccionalidade, pode-se perceber como a configuração da
sociedade, pautada nesses marcadores, afeta o acesso aos direitos, garantia de cidadania e
todo o contexto dos indivíduos vítimas dessa discriminação, trazendo diversos prejuízos.
7. Vimos também sobre o conceito de sofrimento ético-político, elucidado por Sawaia
(2008) como a dor mediada pelas injustiças sociais, especialmente caracterizada pelo
sentimento de desvalor, de subalternidade e de humilhação. Sawaia (2008) nos faz refletir que
as necessidades das pessoas que se encontram em situação de vulnerabilidade social, por
exemplo, vão além de suprir necessidades básicas de sobrevivência, sendo fundamental
considerar as emoções, sentimentos e os afetos que perpassam os indivíduos nestes contextos.
Considerando o papel do Estado nesses contextos, é preciso colocar como aspecto central a
humanidade e como temática o sujeito e a maneira como se relaciona com o social (família,
trabalho, lazer e sociedade), de modo que ao falar de exclusão, falar de desejo, temporalidade
e afetividade, bem como de poder, economia e direitos sociais (SAWAIA, 2008).
8. A Psicologia tem avançado ao longo do tempo e hoje é uma ciência que inclui e
considera os sujeitos em todas as suas formas de existir, podendo ser compreendida como
Psicologias, uma vez que são muitas as abordagens e teorias. Entretanto, no passado não era
assim, como pudemos analisar através do texto de Prado e Trisotto (2007), sobre o desserviço
da psicologia no enfrentamento à desigualdade social. A Psicologia fora utilizada para tratar
da “norma”, ou seja, de uma concepção de normatividade. Com isso, era usada para demarcar
o “normal” de “anormal”, onde eram excluídos os sujeitos que não se enquadravam nessa
suposta normatividade.
9. De acordo com Bock (1999), a partir de uma perspectiva ética, o psicólogo tem
como finalidade de atuação apontar transformações sociais e mudanças das condições de vida
da sociedade. Nesse sentido, o profissional necessita compreender o indivíduo em sua
totalidade, como um sujeito que está inserido em um contexto social, que influencia e é
influenciado. Além disso, o psicólogo deve assumir compromisso social, de modo a voltar-se
a intervenção crítica e transformadora, romper com as desigualdades presentes, questionar a
realidade atual, buscando saídas, e promover saúde na comunidade (BOCK, 1999).
10. Os psicólogos latino-americanos reconhecem a importância de desempenhar o seu
papel profissional a partir da situação histórica e necessidades do seu povo, ao invés de
prender-se em apenas uma ciência ou atividade específicas da psicologia (MARTIN-BARÓ,
1996). Os problemas que cada povo enfrenta são adversos, o que reflete diretamente na
atuação profissional do psicólogo social latino-americano, que considera as especificidades
sociais e culturais. Infelizmente, cada vez mais a estrutura da ordem social leva os indivíduos
a buscar a solução para os seus problemas de modo individual e “subjetivo”, e a psicologia
vem se tornando um instrumento para a reprodução do sistema (BRAUNSTEIN et al, 1979
apud MARTIN-BARÓ, 1996). Nesse sentido, ressalta-se a importância em considerar o
contexto em que o indivíduo está inserido para que atue conforme as singularidades de cada
um.
11. Inicialmente, estudos sobre subjetividade e identidade originaram-se pelo
pensamento europeu e voltava-se a esta população, logo, sem considerar as subjetividades e
identidades de sujeitos de outras raças e etnias. Em contraponto à visão hegemônica do
eurocentrismo, sua visão sobre o mundo, sobre a história, e sobre o ser humano, que
escondem determinações político-econômicas importantes, surgiu um pensamento crítico
denominado “decolonial”. Contribuindo, assim, para o rompimento da inviabilização de
outros povos e culturas, e a pensar na constituição dos sujeitos contemporâneos, bem como
em países periféricos e a subjetivação dos sujeitos que nascem e vivem nesses países
(ALVES, 2015).
12. Os movimentos sociais podem ser compreendidos como um sistema de ação entre
os indivíduos e identidades, possibilitando trânsito entre incomum e comum, raro e frequente,
fundamentais à constituição dos sujeitos, identidades e democratização (PRADO e COSTA,
2009). Conforme o artigo, a Psicologia Social e Política foi criticada devido a ambiguidade
conceitual e política, autores da chamada “psicologia das massas” demonstraram pouca
legitimidade à experiência das multidões, contudo, destacaram o pensar acerca da experiência
subjetiva da política. Portanto, atualmente, busca-se redefinir os conceitos analíticos e
políticos desses movimentos, visando enfrentar as ambiguidades (PRADO e COSTA, 2009).
13. A utilização da loucura como um objeto do discurso científico no brasil, surgiu
com o discurso manicomial, e passou a ser definida como uma patologia. O discurso
manicomial carrega a exclusão social da loucura e a isola em porões de hospitais, onde há
presença de maus tratos, repressão e más condições, fatores que levaram pacientes à morte.
No fim de 1980 surgiu o discurso de desinstitucionalização e o movimento dos trabalhadores
em saúde mental que atuavam em prol das políticas públicas na área de saúde mental,
buscando mudanças nas organizações e no entendimento sobre saúde mental (VECHI, 2004)
14. A psicologia social estuda a relação recíproca do meio social e o indivíduo; com
impacto que as pessoas têm sobre próximos e até desconhecidos versus o estudo da maneira
como cada um de nós somos influenciados pelos outros no que se trata de sentimentos,
experiências, comportamentos, atitudes dentre outros. (HARTMURT, 2006)
A discussão que se estende aos métodos da psicologia social aborda diversas questões,
há de se falar em diferentes enfoques metodológicos utilizados na pesquisa em
representações sociais também. A definição do que seja política social não é simples, ao
contrário, polêmicas não faltam, no entanto, é importante alinhar as possibilidades de
interpretações (BEHRING E BOSCHETTI, 2007).
Concluímos que os conteúdos estudados na UA contribuíram para nossa formação
acadêmica e para a futura atuação psicológica que exerceremos. Atuação esta que
assumimos o compromisso ético-político de oferta-la com base no respeito a todas as formas
de ser e existir no mundo, no acolhimento das diferenças, auxiliando na autonomia e na
emancipação humana, bem como combatendo toda forma de opressão e discriminação;
participando ativamente na luta pela garantia de direitos dos sujeitos, principalmente dos que
fogem da “normativa” socialmente imposta, incluindo os sujeitos invisibilizados que se
encontram à margem que divide nossa sociedade - sujeitos socialmente vulneráveis.
Por último deixamos o nosso sincero agradecimento ao professor Dr. Felipe, por
compartilhar do seu conhecimento e participar da construção das profissionais que seremos,
nos levando a refletir e debater sobre temáticas tão essenciais para a práxis.

REFERÊNCIAS

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