Como Fazer Seu Relacionamento Dar Certo

COMO FAZER
seu relacionamento
DAR CERTO
CARLA S. CAMPOS
LIVRO 1 - Série
LIVRO 1 - Série
2018 © Carla S. Campos
Autora: Carla S. Campos

Diagramação e Arte: Aderivaldo Santos
Revisão: Priscila Dantas
Impressão: Editora Alicerce
FICHA CATALOGRÁFICA
Carla S. Campos
COMO FAZER SEU RELACIONAMENTO DAR
CERTO / Carla S. Campos: Belo Horizonte - 2018.
72 p.
1.Cultural. I.Título.
2018
Impresso no Brasil
Todos os direitos reservados
Carla S.Campos
LIVRO 1 - Série
Belo Horizonte/MG
2018
CARLA S. CAMPOS
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COMO FAZER O SEU RELACIONAMENTO DAR CERTO
Índice
INTRODUÇÃO ....................................................................... 9
MITOS E VERDADES SOBRE A VIDA A DOIS ..................... 11
CAPÍTULO 1
1 – EXISTE A OUTRA METADE DA LARANJA? .................. 13
CAPÍTULO 2
2 – SERÁ QUE O PRÍNCIPE PODE VIRAR SAPO? ............ 17
CAPÍTULO 3
3 – EXISTE INCOMPATIBILIDADE DE GÊNIOS? ............... 27
CAPÍTULO 4
4 – OS OPOSTOS SE ATRAEM OU SÃO IGUAIS? ............ 43
CAPÍTULO 5
5 – O COMPLEXO DE CINDERELA .................................... 55
5
CARLA S. CAMPOS
6
Dedicatória
D edico este livro à Deus por ter nos enviado seu

único filho Jesus Cristo, para nos ensinar como
deveríamos nos relacionarmos com Ele, com o próximo
e com nós mesmos de forma correta e saudável. Ao
meu amado José Campos, sem ele nada disso seria
possível, além de ser fonte de inspiração, motivação, é
com ele que pratico meus aprendizados relacionais
diários.
Sarah, minha filha que é a luz expressa de Jesus, vejo
isso em seu olhar. Ághata, outra filha que é pura fonte
de energia, habilidade e inteligência e ambas são a
expressão de amor, alegria,carinho e aprendizado
constante.
A todas as pessoas que tem sido inspiração para
escrever cada linha, aos pacientes do consultório, aos
irmãos dentro e fora da igreja, aos participantes das
palestras, cursos, seminários e mídias sociais, a toda a
grande família Silva, aos amigos de perto e de longe,
dedico estes e os outros livros que escreverei por
inspiração do Espírito Santo e creio que irão nos instruir,
fazer reconhecer e ter consciência de nós mesmos, do
outro, nos guiar para ações que produzam mudanças no
corpo, alma e espírito.
7
CARLA S. CAMPOS
8
Introdução
E m nossa sociedade pós-moderna, são

inúmeros os desafios para alcançar a felicidade a dois, e
a tendência é que o vínculo amoroso se torne cada vez
mais líquido.
Exatamente nesse contexto, muitas vezes marcado
pela superficialidade das relações, emergem milhares
de casais que contrariam essa tendência. É o que nos
mostram as agendas de muitas igrejas lotadas de
casamentos de pessoas que buscam se casar com todos
os ritos cerimoniais do matrimônio, e até mesmo
preservando a intimidade sexual para o período pós-
casamento.
Não se trata de um grupo alienado da sociedade,
mas sim pessoas que decidiram fazer escolhas diferentes
daquelas ditadas pela mídia ou por determinados grupos
sociais “na moda”.
Nada é mais estruturante para a psique humana,
e saudável do ponto de vista emocional e também
9
CARLA S. CAMPOS
espiritual, do que uma pessoa estar consciente de suas

escolhas, não deixando ser manipulada, mas assumindo
as responsabilidades de suas escolhas, principalmente,
sem culpa.
Assim, diante dos desafios de uma vida a dois,
nosso desejo é escrever uma série de conteúdos
relacionados à temática “como fazer seu relacionamento
dar certo”, que auxiliará no desenvolvimento de relações
saudáveis, e contribuirá param sua felicidade, lembrando
que em nossa perspectiva, felicidade é uma construção
diária, com tijolos de valores e o cimento do amor, que
com boas escolhas, dedicação e investimento
aperfeiçoará seu projeto de “felizes para sempre” para o
futuro.
Excelente leitura.
Carla I. S. Campos.
10
MITOS E VERDADES SOBRE

UMA VIDA A DOIS
Carla Campos
O relacionamento a dois sempre existiu e

existirá em todas as esferas da vida, seja ele afetivo
emocional, sexual, nas relações de afeto familiar, nos
vínculos escolares, profissionais, pessoais, sociais, e
esses podem ser saudáveis ou podem causar traumas,
feridas, dores, sofrimentos, distorções de autoimagem.
Do ponto vista antropológico e psicológico, o ser humano
desde a sua origem é um ser que na sua busca de uma
completude elege mitos, lendas, heróis e seres
superdotados que vem na direção de seus anseios por
proteção, amparo e significado. As histórias infantis
somente se sustentam por estarem constantemente
sendo reforçadas pelos adultos, que projetam nas
crianças seus anseios de preenchimento existencial.
Quando pensamos na união de duas pessoas

adultas, nem sempre estas fantasias foram superadas,
11
CARLA S. CAMPOS
pois quando os estágios emocionais não foram

adequadamente amadurecidos, podemos encontrar
pessoas ainda sustentando em suas emoções o desejo
de um príncipe ou princesa idealizados para estarem
somente nos contos de fadas infantis, porém, enquanto
esta ponte segura da maturidade física e emocional não
chega, o que muitas vezes ainda dá significado e
sustentação psíquica são as histórias da infância,
repaginadas e coloridas com as tintas possíveis da
emoções vivenciadas hoje.
O ideal é fechar as etapas para construir outras,

nosso propósito neste livro, é contribuir para que a sua
história pessoal possa ser inundada pela contribuição do
amor autêntico da outra pessoa e que juntos vocês
possam ir desnudando a alma, até encontrarem a
verdadeira essência que os uniu, eis alguns mitos que
iremos abordar:
1 - Existe a outra metade da laranja?
2 - Será que o príncipe pode virar um sapo?
3 - Existe incompatibilidade de gênios?
4 - Os opostos se atraem, ou são os iguais?
5 - O que significa o complexo de Cinderela?
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Capítulo 1
1 - EXISTE A OUTRA
METADE DA LARANJA?
Não são poucas as vezes que ouvimos ou
percebemos o quanto muitas pessoas desejam encontrar
num outro alguém que as complete, como se existisse
uma outra parte que lhes faltasse na vida para fazê-las
completamente felizes. Percebe-se, mesmo que
inconscientemente, uma busca pela outra metade da
laranja perdida que tanto faz falta, mas isso realmente
existe? O outro pode fazer com que encontremos nossa
felicidade? Esta nesse outro alguém a minha condição
de completude?
Uma das certezas que temos é que somos
diferentes, e quando se trata de homem e mulher
13
CARLA S. CAMPOS
então, o “trem” fica ainda mais difícil, como dizemos

aqui em Minas Gerais. Porém, ser diferente não significa
que é necessário um outro para haver completude. O
outro é necessário sim, para que haja aprendizado e
continuidade da existência, pois se a união entre homem
e mulher perder o valor, nossa existência se extinguiria
em poucas décadas, e não mais dominaríamos a Terra,
em razão de os elementos formantes necessários para a
reprodução do ser humano estarem no homem e na
mulher.
Por mais que estejamos progredindo em vários
aspectos, com os avanços tecnológicos, cibernéticos,
da medicina, da psicologia, da neurociência, da biologia,
e outros, o que sempre foi sempre haverá de ser.
Pensemos que no corpo MASCULINO está a CHAVE e
no corpo FEMININO está a FECHADURA, juntos os dois
abrem a porta para uma nova vida, formando um ou
mais seres humanos. Esses dois bem ajustados podem
criar uma família que seja harmoniosa, agradável,
saudável, podendo refletir aqui na terra a harmonia e a
paz existentes no céu. A mente humana, quando está
equilibrada, oferece a possibilidade de encontrar um
caminho que conduz à tão desejada vida feliz e
abundante, sendo que esta última não diz respeito apenas
à quantidade, mas, principalmente, a qualidade de vida.
14
Agora cabe a cada um de nós, antes de ter

colocado a chave na fechadura, procurar CONHECER o
outro, porque dessa maneira poderemos aprender a lidar
com o que é diferente de nós, e assim o relacionamento
só terá a ganhar.
Cada ser humano é único e inteiro, e cada pessoa
por si mesma deve estar sempre buscando preencher
as suas próprias lacunas, sanar as faltas, curar as feridas,
encontrar as respostas, se conhecer, se autoavaliar, nos
contextos físico, espiritual e psíquico.
Somos seres integrais dotados de um CORPO,
uma ALMA e um ESPÍRITO. Um ser integral que deve
estar inteiro para ser capaz de viver um relacionamento
saudável com o outro.
*CORPO - nossa parte física, matéria visível e
palpável, tais como cabeça, ombro, joelho, pés, mãos,
órgãos, os cinco sentidos, nossa pele.
*ALMA - nossa mente, nossa psique, dotada de
emoções, sentimentos (amor, ódio, felicidade, tristeza,
tranquilidade, angústia); pensamentos (tudo aquilo que
passa em sua mente); comportamentos (como age,
reage, e responde aos pensamentos que a todo instante
surgem na mente). A psique é formada de desejos,
vontades, consciência e inconsciência, razão e juízo
crítico. Em nossa alma está a capacidade de escolhas
15
CARLA S. CAMPOS
para o espírito e para o corpo, e o poder de decisão

pessoal pelo qual direcionamos nossa vida, nossos
vínculos e traçamos nosso futuro. Mesmo não sendo
possível tocá-la, pois é invisível, ela é mais real que
muitas coisas que se vê.
*ESPÍRITO - tudo o que transcende nosso EU.
Diz respeito ao sobrenatural, a essência de Deus em
nós. O nosso espírito busca pelo infinito e pelo eterno,
por uma força e poder que extrapola os sentidos humanos.
Assim, esse ser integral se une a outro ser também
integral, e o desejável é que ambos estejam saudáveis e
equilibrados, para que sejam capazes de construir uma
VIDA a dois melhor do que a vivida individualmente .
Dessa forma, na matemática de Deus 1+1 é igual
a 1: um ser inteiro mais outro ser inteiro. É um erro
pensar que o outro pode completar você, nenhum ser
humano tem esse poder. O outro pode ser companhia,
ajudar com auxílio, orientação, proteção, segurança,
estímulo, paciência, presença, ensino, paz, e tudo isso
regado com muito AMOR mútuo. Ambos aprendendo e
crescendo dia após dia com as dificuldades, as aflições,
as dores, as quedas, as abdicações e as diferenças,
mas também percebendo que quanto mais se vive junto,
mais se tornam parecidos, a ponto de não mais saber
viver sem ter o outro ao lado.
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Capítulo 2
2 - SERÁ QUE O PRÍNCIPE

PODE VIRAR SAPO?
Às vezes, a imagem idealizada de um possível
companheiro está mais ligada ao imaginário infantil dos
contos de fada, onde um príncipe ou uma princesa, ambos
encantados e belos, viverão felizes para sempre.
A primeira crença que deve ser confrontada é que
na vida de ninguém deve haver encantamento, podemos
sim ter milagres, porém, eles são possíveis por intermédio
da FÉ, que no meu caso, está em Jesus, não em um
príncipe encantado.
Outro mito que quero jogar por terra é o do “viveram
felizes para sempre”. Não existe felicidade para sempre
nesta Terra. Conquistas geram felicidade, momentos
17
CARLA S. CAMPOS
proporcionam felicidades, pensamentos trazem a nossa

memória sensações de felicidade, enfim, a felicidade está
na trajetória e muito ligada a nossa mente, não ao outro.
Um dia você pode estar feliz com a sua vida, e em outro
nem tanto assim, depende muito mais da maneira que
você está percebendo a sua vida, que do mundo ao seu
redor. Assim, uma boa dica para se ter uma vida feliz é:
em tudo dai GRAÇAS, seja agradecido por tudo o que
tem.
Outro aspecto dos contos de fada é que o sapo
poderia ser desencantado por um beijo e se transformar
em um lindo príncipe. Mas, e se aquele(a) que você
escolheu para ser SEU, de repente passa a ser mais
parecido com um sapo do que com o príncipe? O que
antes era lindo aos seus olhos, diante de algumas
frustrações, decepções, e situações fazem sua mente e
coração acharem que você escolheu errado. Porém, o
que você não pode jamais esquecer é que a outra pessoa
traz em sua bagagem um histórico de vida que já existia
antes e independente de você, motivo pelo qual a vida a
dois apresenta desafios e sempre deve passar por
processo de ajustes.
A formação da identidade de uma pessoa é
influenciada por vários fatores tais como: a capacidade
única da pessoa, a genética, o ambiente, a família, e
tudo isso pode tanto adequar, fortalecer, quanto danificar,
18
lesar ou distorcer a percepção de si mesmo. Logo, são

várias as contribuições na formação da estruturação da
identidade e na formação da personalidade, e esses
construtos podem ser mudados com o auxílio de um
outro alguém.
Outro aspecto importante são os relacionamentos
familiares. Nosso primeiro relacionamento é com os
nossos pais. Eles serão referências para os demais
relacionamentos e os modelarão. Deles vêm os rótulos
que nos identificam, como: “você é muito inteligente igual
seu avô”; “tem o gênio da tia”. Uma palavra dita várias
vezes, por dias e meses, para uma criança tem muito
significado, e pode danificar e determinar um ser por
toda uma vida. Temos que tomar muito cuidado com as
nomeações e classificações, pois podem lesar, danificar,
traumatizar toda uma vida, principalmente, quando
estamos na condição de autoridade, ou seja, pais, avós,
professores, líderes. Diante disso, podemos, muitas
vezes, perceber uma imagem distorcida de uma pessoa
com relação a si mesma, por vários motivos e
experiências.
Assim sendo, acho pertinente apresentar a você
o princípio do determinismo na perspectiva psicanalítica,
em que na mente nada acontece por acaso, mas cada
episódio psíquico gera outro, que são determinados por
outros que o precederam. Podemos pensar que não há
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CARLA S. CAMPOS
descontinuidade, mas sim uma rede de conexões que

irá produzir efeitos conscientes ou inconscientes, gerando
sintomas. Então, chega-se a vida adulta com
determinismos observados individualmente em cada
pessoa, porém isso não é imutável, podendo ser
adaptado, ressignificado ou reprocessado. Por isso não
descarte o outro porque não era do jeito que você
imaginou. Isso não significa que a beleza antes vista na
pessoa por você se desfaça em uma pele grossa e
enrugada de um sapo.
Logo, o determinismo atribui à pessoa papéis,
personagens, posições e posturas que são depositadas
sobre uma vida no contexto familiar, rotulando-a como:
“ovelha negra”; “a coitadinha”; “a forte”; “inteligente”; “a
doente”; “o responsável”; “você é minha vida”, e assim
por diante. Qualquer rotulação, principalmente em
momentos de grande teor emocional, envolve o self (si
mesmo) ou os estados de ego (papéis que o EU
representa em suas várias fases de desenvolvimento), e
pode dar rumos trágicos ou até mesmo causar
aprisionamentos por toda uma vida. Mas a boa notícia é
isso pode ser avaliado, questionado, reprocessado e
ressignificado, e assim você pode se reposicionar e fazer
um processamento adaptativo da informação aprendida,
passando a se ver como realmente você quer ser, e não
como disseram que você é, ou fizeram você acreditar
20
que fosse.
Vamos a um exemplo:
Meu marido, desde quando eu o conheci, foi a
pessoa que mais me elogiou, me incentivou e me ajudou.
Dizia e diz até hoje: “ela é linda”; “ela é linda”; “ela é
linda”; “você é muito inteligente” (risos). Mas eu não
acreditava nas coisas que ele dizia, pois soava falso aos
meus ouvidos. Ele podia até me chamar de princesa,
mas na realidade eu me sentia como um sapo. Ás vezes
podia até me vestir com roupagens de princesa, me portar
como uma, mas dentro de mim havia uma vozinha que
repetia: “você não é inteligente”; “não é princesa”. Mas
hoje sei que isso começou a existir em mim muito tempo
atrás.
Quando eu era ainda uma criança, por várias
vezes, passei pelo constrangimento, que reconheço ter
sido uma experiência traumática, no qual professores
diziam que eu era “burra” e que nunca conseguiria
aprender. Essas frases ecoaram anos e anos a fio em
minha mente. Formou-se em mim um sistema de crenças
negativo de que “eu não era capaz”; “que as coisas eram
muito difíceis para mim”; “eu não iria aprender nunca”;
“eu era mesmo burra”; “que eu não conseguia aprender”
e “eu só era esperta e conseguia enganar os professores”.
Essas crenças começaram em minha vida na infância, e
21
CARLA S. CAMPOS
à medida que eu crescia, reforçava-se a crença, a qual

se tornasse dia após dia mais verdadeira, e internamente
eu reproduzia e reafirmava a distorcida crença aprendida,
atualizando-a aos longos dos anos. Mesmo já na
faculdade de psicologia, tendo conseguido me graduar
sem nunca ter sido reprovada em nenhuma matéria,
mesmo tendo ao meu lado amigas e amigos muito
inteligentes, e que me colocavam no mesmo nível deles,
eu continuava com aquele sentimento que eu era uma
fraude. E até mesmo nas relações afetivo emocionais,
eu não sentia que poderia ter o ótimo ou o muito bom,
pois acreditava que o ideal não era para mim. Eu sempre
me autossabotava e mantinha o mais ou menos, pois
pensava que isso seria o melhor que eu poderia ter,
achando que eu estava no lucro, ”pegando o boi”, como
no ditado popular.
Eu pensava que estava enganando a todos. Eu
passava de ano, mas na realidade repetia para mim
mesma “você é burra e nunca vai conseguir aprender”, e
essa sensação me acompanhava mesmo já tendo
concluído minha graduação, sendo especialista em
psicologia esportiva, com mestrado concluído em teologia,
e por incrível que pareça nada tirava esse desconforto
em relação a mim mesma, em razão daquela declaração
de autoridade da professora em frente a todos os colegas
de classe quando eu era criança.
22
No ano de 2007, resolvi, com apoio e estímulo do

meu amado marido José Campos, fazer uma pós-
graduação em psicologia médica. Um professor de
psicossomática, que além de médico era psicanalista,
disse que no início do semestre seguinte iria presentear
os melhores alunos com um Manual Diagnóstico e
Estatístico de Transtornos Mentais - DSM-IV, e os pré-
requisitos avaliados seriam vários, tais como: participação
nas aulas, boas notas, trabalhos feitos com excelência,
presença nas aulas e contribuições da clínica pessoal.
Quando chegou o início do semestre seguinte, lá
estava o doutor com alguns exemplares na mão do
manual que havia prometido aos alunos no semestre
anterior. Eu, no meu coração e mente, tinha a certeza
que não ganharia, porque me sentia “a burra que nunca
iria aprender nada”. Mas qual não foi a minha surpresa
ao ouvir o primeiro nome a ser chamado pelo doutor. Eu
fiquei parada olhando para ele e achando que tinha outra
Carla na sala de aula, então ele falou o meu nome
completo, e eu em estado de choque, fui até a frente
daquela sala para buscar o manual. Eu caminhava em
direção ao meu “Oscar”, não existia maior troféu do que
aquele, o da certeza de ser capaz, vencedora e
merecedora.
A partir daquele momento, um novo rumo passou
a existir na minha história. Comecei a me ver com outros
23
CARLA S. CAMPOS
olhos, a acreditar em mim, a acreditar no que o meu

marido dizia a meu respeito, e ter certeza de que se
tinha alguém errado nessa história não era eu. Passei a
me enxergar diferente, e a refletir sobre o que estava
congelado em mim durante anos. Dessa maneira,
reprocessei a informação, pensando o seguinte:
Se havia alguém errado nessa história não era
eu, mas sim aquela professora;
Se existia alguma incompetência, ela estava em
quem falou algo que não era real.
Aquela fala lançada sobre mim por uma pessoa
que detinha autoridade continha percepções e distorções
sobre meu EU que repercutiram durante anos na minha
vida estudantil, e na vida como um todo.
Porém, no momento que aquele professor me
chamou, foi remontada toda uma estrutura preexistente,
e eu passei a valorizar, a conhecer, e a desvendar a
capacidade que eu tenho de aprender. Senti-me acessível
à absorção de novos conhecimentos, à criação, à
inovação, a mudanças, não apenas para mim, mas para
todos os que estão a minha volta.
Do mesmo modo, em relação aos relacionamentos,
nós podemos fazer que o outro enxergue a beleza que
vimos nele. Não devemos ficar com os olhos nas
24
diferenças, nem ficar realçando ou falando o tempo todo

dos erros ou fracassos cometidos. A solução está em
conseguirmos ver além das aparências do momento, mas
no potencial e a na capacidade que nos fascinou e atraiu
no início da relação, mesmo que isso ainda esteja oculto
aos olhos do outro(a). Não devemos transformar “príncipe
ou princesa” em sapos, mas sim auxiliar e apoiar o
parceiro(a), para que ele possa perceber a potência e a
capacidade que Deus quer expressar por intermédio
dele(a). Porém, infelizmente, tenho visto muita gente
fazendo o oposto.
Se hoje estou escrevendo este livro para você, é
porque eu rompi, eu superei. Além do episódio com meu
professor, o meu relacionamento com meu esposo
também foi peça fundamental para isso. E se você tem
algum tipo de crença negativa que foi determinada em
alguma época da sua vida, não tenha dúvida que ela
pode ser ressignificada. Tenho certeza, que dentro de
você existe um potencial, um talento, uma habilidade,
uma inteligência, uma capacidade única, que ninguém
nunca viu ou irá ver se VOCÊ não se dispuser a dar ao
mundo esta potência máxima e única que é VOCÊ.
Aprenda a romper com os desafios, os medos, as
inseguranças, os traumas, as dores. Todos nós temos
os nossos “fantasmas” do passado, o que varia é a
intensidade e o quanto isso influencia seu presente. Então,
25
CARLA S. CAMPOS
não fique preso às garras afiadas do passado. Uma fala,

uma ação errada, uma palavra, atitudes, gestos, crenças
e experiências negativas podem escravizar uma vida e
impedi-la de seguir adiante. Comece a encarar quem
você é, e rompa com suas dificuldades, porque uma
coisa eu posso garantir, existe um propósito para sua
existência, Deus não fez você por descuido, sem ser
desejado, planejado e sonhado. Ele criou você com um
propósito, e isso diz respeito a você e ao mundo a sua
volta. Ele é o REI, e esse Rei tem um reino eterno, que
já existe hoje, e é constituído por príncipes e princesas
que são sua imagem e semelhança. Creia nisso, e saiba
que o resto é propaganda enganosa.
26
Capítulo 3
3 - EXISTE INCOMPATIBILIDADE
DE GÊNIOS?
Incompatibilidade é algo que não combina,

que tem divergências de pensamentos. Nesse caso
quando abordamos o termo gênio falamos de tipos
diferentes de personalidade, de temperamento.
A incompatibilidade de gênios é utilizada na

rotina das ações jurídicas para justificar o fracasso
em um relacionamento a dois que iniciou com um
casamento. Essas ações reconhecem essa premissa
como verdadeira, já que são envoltas em dores, perdas,
sofrimentos, desencontros, distanciamento, negação,
enfim, gigantescos muros que as partes levantam, e
27
CARLA S. CAMPOS
que em sua maioria impedem o direito cível de transpor.

Porém, não a percebemos assim.
A relação a dois é uma oportunidade para

construir novos alicerces em nossa alma. Aquele(a)
que escolhemos para estar ao nosso lado, com toda
certeza, tem habilidades, dons, talentos e perfis
comportamentais diferentes dos nossos. Estas
diferenças são benefícios, são exatamente para nos
ajudar a alcançar algo que ainda não temos e não
está desenvolvido em nós, mas com certeza irá criar
atritos que geralmente só aparecem depois de uma
jornada diária de vínculo. Porém, o outro deve ser
visto como alguém diferente e não como totalmente
incompatível.
Assim, nesse processo, quem pode sair ganhado

é VOCÊ, porque você vai APRENDER a conhecer e
entender o outro como ele é, e não como você pensava
que ele fosse. Saber qual é nossa tendência
comportamental e a do outro facilita, e muito, a
comunicação mútua. É como se cada tendência fosse
um “idioma comportamental”. Aquele que praticamos
há mais tempo e com maior intensidade irá prevalecer
e influenciar nossas decisões e escolhas. Isso facilita
a exposição dos contextos, dos projetos e dos planos,
28
e, também, ajuda saber o que podemos ou não fazer,

e no que podemos contar com o outro. Ter
conhecimento da realidade em que o outro está inserido
nos esclarece e nos orienta no que nós podemos mudar
e para quê mudar.
Por incrível que pareça, ter o conhecimento

dessas habilidades pode facilitar e ajudar a
compreender, em muitos casos, a origem dos conflitos,
e conquistar um relacionamento que seja saudável.
Saber qual a linguagem, ou idioma, do outro e qual é
a nossa é um dos passos que pode dar sentido ao
viver bem. Mesmo com todas as nossas diferenças,
sabemos que é possível alcançar nos relacionamento
uma convivência satisfatória. Até nos casos em que a
pessoa tenha tendências comportamentais diferentes
da sua, e agregado a isso possa existir um quadro
mais grave, como uma patologia ou doença, (o que
não é a pauta para este texto, mas pode ser um
possível tema para o futuro), fica mais fácil lidar com
o outro quando se tem o mínimo de conhecimento
sobre o perfil comportamental, o que torna possível
um contato razoável, já que você consegue discernir
o que difere em vocês.
O outro existe para nos ajudar a crescer, em
29
CARLA S. CAMPOS
quaisquer ambiente e situação, seja em nossa casa,

no nosso trabalho, na sociedade, na igreja, em nosso
país, no nosso mundo, a riqueza que há na interação
nos ajuda a emergir uma nova estrutura. Julgo
pertinente explicar o que é estrutura dentro do conceito
psicanalítico. Tal conceito não é algo inflexível como
a estrutura de um prédio ou uma casa. No contexto
psíquico, estrutura é um conjunto de elementos que,
separadamente, tem funções específicas, porém são
indissociadas entre si, interagem permanentemente e
influenciam-se reciprocamente. (Cf. ZIMERMAN,
2001, p.131).
Vamos a um exemplo:
Nossa personalidade vista por algumas vertentes

da psicologia é construída por várias influências, e
uma delas são os estados de ego. Temos vários
estados de ego que representam as experiências das
pessoas em suas várias fases do processo de
desenvolvimento, que vão desde a primeira infância,
pré-adolescência, adolescência, até a vida adulta. É
um cenário com vários atores em cena, muitos deles
como atores principais e outros como coadjuvantes. É
uma galera enorme que mora dentro de você e pode
muitas vezes interagir com o seu ser adulto. Em
30
situações específicas, por exemplo, podemos perceber

claramente essa intervenção: como quando você teima
em não fazer algo que é necessário, seja lá por qual
motivo for, e começa reagir de uma maneira mais
parecida com o comportamento de uma criança ou
um adolescente do que a de um adulto: cruza os braços
e sai pisando duro e/ou sai fazendo ”birra”; bate a
porta; sai correndo; evita falar do problema; isola-se
no quarto diante de um problema ou desafio e por aí
vai. Essas ações podem representar a influência
psíquica de um ou vários estados de ego que não
foram adequadamente desenvolvidos ou amadurecidos.
O processo de amadurecimento é um contínuo,

e quanto mais se tem conhecimento dele, mais fácil
fica o processo de reciprocidade, na mesma
intensidade que se é influenciado, pode-se influenciar.
Essa influência pode se dar de formas direta ou
indireta, pode ser consigo mesmo ou com o outro. A
estrutura do ser humano irá determinar o modo dele
agir em todas as circunstâncias, com base nas
experiências vividas. A partir delas, pode-se ter uma
visão de que modo fluirão os comportamentos, as
atitudes, as ações e as reações, como o indivíduo se
percebe, percebe o outro e o mundo.
31
CARLA S. CAMPOS
Por isso a vida é um processo de constante

aprendizado. Nunca estaremos prontos, porque nunca
somos os mesmos, estamos em constante mudança e
transformação, graças a Deus! Se isso não estiver
acontecendo, pode saber que a morte está batendo a
sua porta. O pior é que eu tenho visto muita gente
viva, agindo como se estivesse morta, e o cheiro da
morte rodeando as várias áreas da vida da pessoa.
Bom mesmo é quando podemos aprender com

o perfeito que é Jesus. Nele a morte foi vencida por
completo. Ele venceu a morte, para que juntos
possamos vencer também. Ele tem a chave nas mãos,
chave que ELE mesmo arrancou das mãos dela: a
horrorosa dona morte. ELE MORREU E
RESSUSCITOU para que tenhamos uma vida
abundante.
A vida é um maravilhoso processo de construção

psíquica, física e emocional. É como se estivéssemos
em um grande canteiro de obras onde diariamente
fazemos escolhas, tomamos decisões e agimos.
Sempre buscando viver da melhor forma possível, para
alcançar a felicidade e a vida em abundância. Porém,
para conquistarmos isso de uma forma plena e
sustentável, mesmo em tempos de angústia e dor,
32
acredito que Jesus Cristo e seu evangelho precisam

fazer parte do processo.
Perfeito como referencial humano para nós só

existe um: JESUS, 100% homem e 100% Deus. Ele
veio como homem para termos ELE por modelo e
exemplo a ser seguido. Com toda certeza alcançamos
várias conquistas e realizações, claro que sim, porque
o próprio Deus colocou essas habilidades em todo ser
humano, por isso podemos ter uma vida abundante.
Além disso, podemos colocar em prática o que
aprendemos nos livros e nas ciências, mas a VIDA
MAIS QUE ABUNDANTE proposta por Jesus, além
de trazer algo para nós que nem fama, dinheiro,
sucesso, beleza, conquistas podem dar, traz também
a paz e a convicção de que os valores corretos estão
além do que se toca e se vê, e transcende nosso ego.
POESIA
...livre de mim...
Livre ser
Asas do alvorecer
Livre do ontem que fui
Livre para o hoje que sou
33
CARLA S. CAMPOS
Em contato entrar
Meu eu ontem encontrar
Limpar, sarar, curar...
Ressignificar e reprocessar
Tirar o peso do ontem

Que vem hoje como raio
Me atravessa
e me leva a dissociar..
Apagar sem dormir, fingir que não vi
congelei
Deus me livre de mim
Meu hoje curando meu ontem
Meu ser renascer
sem dor
curar o que lá atrás ocorreu
Fico livre para ser EU.
... Leve ... hoje
Posso voar
Mirando o futuro
alvo a alcançar
Posso
simplesmente voar...
Carla I. S. Campos, 13/12/2016
34
Em relação à nossa herança familiar, não adianta

dizer que será diferente do seu pai ou da sua mãe se
você fechar os olhos para seu passado, pensando que
o tempo irá apagar tudo aquilo que aconteceu na sua
história. Não adianta fugir de si mesmo e continuar
negando aquela lembrança, que quando não está nítida
em sua mente e coração, aparece em seus sonhos
ou pesadelos, disfarçados de monstros, de desastres
naturais, de desabamentos, de uma imensidão
de situações caóticas que surgem enquanto você
dorme, levando você a viver sobressaltado e
angustiado.
Nossas histórias, nosso passado de dores,

nossas lembranças, nossos pensamentos de fatos que
ocorreram há muitos anos atrás aparecerão no
presente. Tudo aquilo que aconteceu com cada um de
nós na infância vai refletir no adulto que você se tornou.
E por mais que o tempo passe, por maior que seja a
distância entre o hoje e o passado, se este não foi
resolvido, entendido e ressignificado, o tempo só
serviu para empoeirar ainda mais lixos armazenados
dentro da sua mente e do seu coração. Assim, o que
ainda não foi resolvido, solucionado e sarado está na
hora de ser.
35
CARLA S. CAMPOS
• Como foi a sua história familiar?
• O que seus pais deram ou dão de referência e

exemplo como casal?
• O que você viu, ouviu e sentiu ao longo de

sua história?
• Quais foram os relatos de como eram seus

avós, bisavós e seus antepassados?
Se existe algo de maravilhoso, fantástico e, que

eu arrisco a dizer, “divino” é o cérebro do ser humano.
Ele é tão maravilhoso que por intermédio do potencial
existente dentro dele, o homem já foi a lua, temos
aviões que nos levam a outros continentes, temos
celulares, Skype, Facebook, WhatsApp que nos
permitem falar em tempo real com quem quisermos,
em qualquer cidade, estado ou país. Esse cérebro
fascinante nos faz recordar do primeiro beijo, do
primeiro amor, daquele aniversário maravilhoso, das
festas com amigos, dos momentos em família, das
festas de Natal, Ano novo. Mas ele também guardou,
arquivou, escondeu aquele barulho assustador no
quarto dos seus pais, que na realidade você não sabia
bem se era uma briga, maus tratos ou outra coisa que
você não entendia, porque tinha apenas seis anos de
36
idade, e você sozinho do lado de fora do quarto,

totalmente tomado pelo medo e sem entender nada.
Não sei qual é a sua história de vida, mas de

uma coisa eu sei o seu cérebro guardou todas as
impressões e sensações das experiências que você
teve, sejam elas reais ou não, e estão todas arquivadas
no seu consciente ou inconsciente. Quero que você
preste bem atenção no que estou escrevendo: A
PERCEPÇÃO, A SENSAÇÃO, E A IMPRESSÃO que
você teve quando era criança em relação aos seus
pais, e em todas as etapas da sua vida, TUDO o que
você viu, percebeu, sentiu, sendo verdade ou não, se
não foi esclarecido, explicado, decodificado por algum
adulto, responsável ou por seus pais está arquivado
do jeitinho que aconteceu na época e se mantém assim
até hoje, e só terá uma reedição quando isso for
acessado.
Os medos, dores, inseguranças, sofrimentos,

abandonos, rejeições, sensações de desproteção, os
olhares, os toques, o som dos passos, os cheiros, os
barulhos, o silêncio que passam na mente e no coração
de uma criança, a qual precisa de acompanhamento,
atenção, cuidado e ensino, se não forem esclarecidos,
não se apagam com o tempo nem se resolvem
37
CARLA S. CAMPOS
sozinhos, e se não houver a possibilidade de

compreender e reprocessar tais impressões e
informações, elas poderão ficar no íntimo da pessoa
por toda a vida.
Por isso o universo infantil precisa de proteção

e direcionamento constante, porque a infância é uma
fase vulnerável do indivíduo. É claro que a capacidade
de inteligência em nosso cérebro existe desde quando
nascemos, mas ele não aprende por osmose, nem é
autônomo. Ele precisa de uma base de informação,
ensino, orientações para ordenar tudo internamente.
Criança sem um adulto morre ou se perde. Precisamos
ter a consciência de que não é porque a capacidade
cognitiva e de aprendizado de nossas crianças está
aumentando a cada dia, como digo para meus
pacientes: parece que as crianças já nascem com um
chip no cérebro, que elas não precisam de
esclarecimento, equilíbrio, desenvolver suas emoções,
aprender a ser gente, a lidar com gente, serem
educadas, pacientes, saber distinguir quem é
autoridade, quem é o adulto. O adulto precisa mostrar
para a criança o caminho que ela deve andar, e o que
pode e o que não pode. E por mais que se converse,
ainda assim, muitas coisas passarão despercebidas
aos olhos dos pais mais atentos, carinhosos e
38
cuidadosos, porque somos humanos, falhos e

imperfeitos, e aí pode morar o perigo.
O adulto de hoje tem dentro dele a criança de

ontem, isso é inegável, e por melhores pais que se
tenha tido, existem lacunas internas em todos nós.
Então, pensemos: quais foram os registros
armazenados no seu lindo e maravilhoso mundo
infantil? “Você é lerdo”; “não tem jeito para você”;
“endiabrado”; “infeliz”; “nada dá certo contigo”; “esta
família não tem jeito”; “a vida é só dificuldade”; “não
sei por que inventei de casar”; “tal pai tal filho”; “você
é igualzinho ao seu tio”; “você é seu avô cuspido e
escarrado”; “isso é hereditário, seu bisavô era assim”;
“nada do que você faz sai bem feito”. Se eu for
continuar relatando os registros arquivados dentro de
cada um, acho que daria um livro só dessas falas.
Mas meu objetivo aqui é que você esteja atento àquilo
que seus pais foram para você e ao que foi dito sobre
você. Para fazer uma alteração em sua história,
você terá que processar situações vivenciadas por
você, suas crenças, seus pensamentos, suas
experiências, e o que ainda é mais triste, geralmente,
a memória retroalimentada as emoções negativas dos
acontecimentos. São elas que repercutem até hoje em
sua vida, impedindo você de viver bem o presente e
39
CARLA S. CAMPOS
planejar de forma satisfatória o seu futuro. Muitas

memórias negativas no seu histórico familiar podem
estar alimentando o seu casamento e sua relação a
dois. E sabe por quê? Porque essa foi a realidade de
vida experimentada por você, e foi isso que você viu,
ouviu e sentiu ao longo de sua existência.
Está na hora de reprogramar o seu cérebro e

reprocessar suas informações. Você pode começar
confrontando, avaliando, questionando e duvidando das
crenças que estão dentro de você, por exemplo: “Nada
do que você faz sai bem feito”. Você pode ter ouvido
isso várias vezes. Então você deve questionar:
• É verdade isso? Eu nunca fiz nada bem feito?
- Não, olha o meu trabalho da escola, está

impecável, e ganhei nota total.
• Será que não conseguirei conquistar nada

mesmo?
- Claro que não, já tenho minha carteira de

motorista, me mantenho sozinho, e ajudo minha mãe
com as contas.
É como se você estivesse conversando com você

mesmo. O você de hoje confrontando o você de ontem,
que está com a cabeça repleta de registros arquivados
40
ao longo dos anos. Volte a cada cena à medida que

cada situação emergir, e faça do registro anterior uma
base de confronto para se colocar um novo registro. É
como fazer uma edição de texto, o original está
desatualizado e fora do contexto. Você deve agora
procurar permitir que seu cérebro de hoje entre em
contato com o seu cérebro de ontem, e faça uma
nova edição daquilo que estava escrito. As crenças
negativas devem ser repensadas, e os valores devem
ser verificados. Comece fazendo uma lista do que você
quer para a sua vida nos próximos anos, e veja se vai
de encontro com aquilo que você aprendeu ao longo
da vida com os seus pais.
O conhecimento é a base para o

desenvolvimento e para a transformação. O estímulo
por novas descobertas, a busca por exposição a
situações e o contato com pessoas diferentes serão
experiências enriquecedoras para o desenvolvimento
da inteligência, compreendida não apenas como
potencial intelectual, mas, também, como interação
com o ambiente. Tudo isso é ótimo para ajudar você a
encontrar novos caminhos para trilhar, e transformar
suas percepções internas e externas, melhorando as
relações a sua volta. Além disso, seus pensamentos,
suas crenças, seu sistema de valores devem ser
41
CARLA S. CAMPOS
testados para ver se eles seguem regras ditadas por

seus antepassados, ou se é algo que você escolheu
para ser e viver. Então não perca mais tempo, comece
agora a questionar os pensamentos que surgem em
sua cabeça, veja se eles são condizentes com quem
você realmente é agora. Duvide, critique e avalie para
só depois fazer a sua escolha, porque os pensamentos
estão em você, mas pode não ter sido você que os
colocou aí, eles vêm da junção de sistema de crenças
da família, da cultura, de aprendizados, da herança
familiar durante seu processo de formação. Então,
assuma a direção da sua vida, tomando as rédeas de
sua mente. A escolha está em suas mãos, e não mais
dos seus pensamentos e emoções arquivados dentro
de você.
42
Capítulo 4
4 - OS OPOSTOS SE ATRAEM OU
SÃO OS IGUAIS?
Não tem como negar que nos agrada mais
aquela pessoa que age e pensa como nós, que apoia
nossas posições, emoções e pensamentos do que aquela
que é diferente de nós. Como é bom conversar com
alguém que pensa como a gente, que tem os mesmos
valores, as mesmas crenças, que gosta dos mesmos
artistas e enchem o nosso pen drive com as músicas
que gostamos. Pensemos o tanto que é agradável
comentar e discorrer sobre o tema de um livro ou um
filme que a outra pessoa também leu ou viu. Sem sombra
de dúvidas, os iguais se atraem, seja pela
forma descolada de vestir, pelos planos e projetos do
futuro, pela mente inteligente que discursa facilmente
43
CARLA S. CAMPOS
sobre filosofia, teologia, plantas, animais, viagens ou

sobre um prato especial que sabe preparar. Isso sem
falar dos hábitos, tais como a preguiça de sair da cama,
o dormir até tarde, e ficar o final de semana ou feriado
em casa, comendo pipoca e jogando conversa fora. Sim,
os iguais é que ficam horas a fio ao telefone e no
WhatsApp e também em nossas boas lembranças.
Porém, somente as aparentes igualdades não contribuirão
para nosso crescimento ou para melhorar os nossos
relacionamentos, ou muito menos preservá-los. Em algum
momento, surgirão as diferenças, por mais parecido que
o outro seja conosco.
Nenhum ser humano é igual ao outro, porque Deus

nos criou únicos e nos dotou de imensa criatividade e
talentos individuais. Por mais familiar que alguém pareça
ser, as diferenças irão surgir, seja em um comportamento
inoportuno ou em, algo que assusta você. Nessas
situações você pode pensar: “como alguém que me fez
sentir atraído por ele(a) está tão diferente do que eu
imaginava?” Diante disso, você começa a se sentir traído,
ingênuo e enganado.
Eu gosto muito de fazer comparativos. Sentir-se

atraído por alguém é algo tão marcante como o cheiro
de um pequi, e para quem gosta do cheiro desse fruto,
ele automaticamente resgata o sabor, o paladar, a cor, a
44
textura, e a boca imediatamente começa a salivar. O

mesmo ocorre nos relacionamentos. Você é atraído por
um olhar, uma forma de agir, uma gargalhada, o jeito de
passar as mãos nos cabelos. As maneiras que podem
lhe agradar são infinitas. Mas o conhecedor de pequi
sabe que deve ter cuidado, porque apesar da cor e sabor
marcantes, ele é fibroso e têm espinhos. Somente após
passar por esses obstáculos é que chegamos a uma
deliciosa amêndoa. Três fases de uma mesma espécie
que não podem ser ignoradas. Assim, cada ser humano
também tem suas peculiaridades, personalidade,
temperamento e perfil comportamental que divergem das
demais pessoas, e serão desvendados mais cedo ou
mais tarde.
Como já mencionei, todo processo de formação

da psique recebe influências de várias maneiras, e tudo
isso é registrado no seu interior. Mesmo quando se é
educado pelos mesmos pais, a percepção e entendimento
de algo são percebidos do jeito de cada um,
individualmente, pois a experiência é pessoal. Assim,
não podemos deduzir que o outro sente da mesma
maneira que nós sentimos ao ver algo. Isso porque
quando existe um disparador (uma cena, imagem,
situação) no presente faz seu cérebro associá-lo às
memórias arquivadas em você, de acordo com
determinada temática e percepção, o que acontece em
45
CARLA S. CAMPOS
milésimos de segundos. Dessa forma, mesmo que você

ache que uma pessoa se parece com você e tenha um
perfil comportamental compatível, ela pode ter uma
percepção de mundo totalmente diferente da sua. Assim,
a primeira certeza que se deve ter é esta: não sabemos
o que se passa dentro da cabeça do outro.
Agora vamos para o lado bom da história. Pare e

pense que você tem ao seu lado alguém que é como
uma mina de diamantes com pedras preciosas únicas e
inesgotáveis. Por mais que você pense que já explorou
tudo, sempre terá um diamante novo a ser descoberto.
Você deve aprender a renovar sua mente e não ver o
outro como um problema, mas sim, uma oportunidade
de aprendizado, crescimento e desenvolvimento. Porém,
para fazer isso, é necessária uma mente madura, com
juízo crítico e poder de escolha. Estamos falando de um
ser adulto que se relaciona com outro ser adulto, e devem
estar no controle da situação, tanto da atração quanto
da continuidade a relação. Alerto sobre esse tema porque
todos têm os seus desejos internos inconscientes desde
a infância, como aquele que sonha com o príncipe e a
princesa encantados, pois não há como impedir seu
cérebro de fazer associações a fases remotas de sua
vida, e muitos desses desejos podem não ter sido
satisfeitos. Porém, quando se cresce, quem toma as
rédeas da vida é o ser adulto, mas, infelizmente, percebe-
46
se muita criança interna agindo no lugar do adulto,

principalmente diante de determinadas circunstâncias
como medo, ansiedade, insegurança, o desconhecido, o
que é natural acontecer conosco quando somos crianças.
A intenção é que o adulto assuma o controle das

dificuldades no relacionamento diante das diferenças,
com base no que você é hoje e não com a mentalidade
da criança que você já foi. Criança não pode dar palpite
em assunto de gente grande. A dica é: avalie, desconfie,
critique, questione seus pensamentos antes de tomar
uma atitude, antes de gritar, e deixar as emoções fazerem
com que você cometa deslizes e danos, gerando
arrependimento mais tarde. Confronte o que passa na
sua cabeça, e perceba se você está avaliando a situação
com sensatez, equilíbrio e domínio próprio.
A interação entre homem e mulher é algo divino,

não tenho a menor dúvida disso, obra do próprio criador,
e essa união envolve pessoas diferentes, e no
relacionamento de indivíduos diferentes, irá emergir
desconfortos. Porém, como foi Deus que criou esse
vínculo e disse para os dois seguirem juntos e se
multiplicarem, o processo é para dar certo. É interessante
pensar o porquê de Deus classificar a criação do homem
e da mulher de “muito bom”. Essa união envolve se
multiplicarem em vários sentidos, seja a continuidade da
47
CARLA S. CAMPOS
espécie, como também das descobertas de ciências

subjetivas e exatas, das invenções, enfim, de uma
infinidade de criação e de domínio sobre a Terra, por
ELE também criada. Então, pensando sobre essa ótica,
me vem uma pergunta: como fazer com que tal união
seja saudável, agradável, leve e gostosa, com tantas
diferenças? Acreditamos que para sermos felizes, temos
que APRENDER a nos relacionar com os diferentes e
para aprender, primeiramente, precisamos conhecer.
Mas conhecer quem?
O outro ou a mim?
A resposta é: conhecer ambos. O próprio Deus

nos alerta que o conhecimento e a verdade nos libertam.
Então, o ideal é que cada pessoa procure conhecer a si
mesmo e o outro, para saber o que os difere, e o quanto
são parecidos, pois essa consciência dará mais domínio
de nós mesmos. O igual pode atrai, mas o oposto ajudará
na trajetória rumo a um relacionamento saudável e feliz,
além do amor que é o ingrediente fundamental para “essa
mistura” dar certo.
Eu percebo o amor em três dimensões. Assim

como somos corpo, alma e espírito, o amor também pode
se apresentar em três aspectos:
48
1) EMOCIONAL: o amor é uma emoção, porém é

algo que vai além do sentimento, juntamente com uma
infinidade de sensações e percepções sensoriais. Aquilo
que sentimos de bom e/ou de ruim como alegria, tristeza,
raiva, felicidade, medo são as respostas que damos a
cada emoção. Por isso, é importante a clareza do que
estamos sentido, para melhor domínio diante das
situações, antes de manifestarmos comportamentos e
ações inapropriados ou indesejados, e assim termos o
controle de nossas vidas. Somos nós que devemos
comandar nosso cérebro, e não os impulsos primários,
ou irracionais. Se existe algo que devemos dar graças a
Deus por termos conquistado é o desenvolvimento da
nossa racionalidade, da capacidade de sermos seres
civilizados, inteligentes, com habilidades cerebrais
maravilhosas, além do acesso ao conhecimento e às
informações, que podem nos tirar da ignorância, e assim,
deixarmos de ser “ogros” e “ogras” na vida.
Emoção: palavra de origem latina: “emovere”: e =

energia + movere que significa movimento. O amor é
uma energia em movimento. Essa energia se move no
corpo e é uma resposta química e neural que surge
quando o cérebro recebe um estímulo externo associado
às redes de memórias neurais existentes arquivadas no
sistema nervoso de cada pessoa. A vida é um movimento
constante e as emoções fazem com que a vida flua e
49
CARLA S. CAMPOS
oscile pelas energias negativas e positivas

experimentadas por cada emoção.
2) COGNITIVO: quando não se racionaliza o amor,

ele pode se tornar desequilibrado, sufocante, manipulador
e até dominador, trazendo prejuízos à relação. O saudável
é nos conscientizarmos da emoção que emerge de cada
sentimento experimentado, para que possamos neutralizar
e impedir nossa movimentação em direção a uma emoção
permeada de sentimentos negativos. Vamos para um
exemplo: se a raiva for alimentada, permitindo seguir o
seu percurso neural anteriormente memorizado, dará ao
cérebro um estímulo primário para uma reação de ódio
que foi armazenado em nosso cérebro reptiliano (animal,
irracional, bruto, original). A raiva alimentada gera o ódio,
e o resultado é desastroso, pois afetará quem está a
sua volta e a você também, produzindo dores e doenças
em seu corpo, em seu coração, em sua pele, em seu
estômago, até no sistema imunológico, o que pode
danificar você por inteiro.
NOSSAS EMOÇÕES SÃO REAÇÕES NÃO

CONSCIENTES. Elas se iniciam quando estamos ainda
no ventre de nossa mãe. Elas estão lá até mesmo para
garantir o desenvolvimento na vida intrauterina, e traz
também o histórico familiar, o que chamamos de
transgeracionalidade. Algo que você recebeu de seus
50
pais, que eles receberam dos pais deles, que receberam

dos pais dos pais deles, e assim sucessivamente. Essa
herança se associa ao que você vive e experimenta ao
longo do seu processo de formação, juntamente com
suas emoções que também englobam as percepções,
sensações, experiências, lembranças e não lembranças
de experiências, ficando tudo arquivado no seu sistema
nervoso, guardado no seu cérebro consciente e
inconsciente.
Encontrar o equilíbrio fazendo uma leitura racional

- com hemisfério esquerdo do nosso cérebro, onde está
a razão, e não com o hemisfério direito, no qual estão as
emoções - permitirá uma porção de racionalidade em
nossos sentimentos e emoções, que é o nosso desafio.
3) ESPIRITUAL: o amor também é algo profundo,

porque O AMOR É DEUS, atingindo um nível infindável,
sobrenatural e inexplicável. Do ponto de vista cristão,
Ele é a personificação do amor perfeito. Deus é integral:
Deus Pai, Deus filho Jesus, vindo em carne e Deus
Espírito Santo escolheram nos amar e nos dar o amor,
que é na realidade a Sua própria essência. O mais
fantástico disso tudo, é que ELE escolheu nos criar a
sua imagem e semelhança. No primeiro livro da Bíblia:
Gênesis no capítulo primeiro, versículo 26 (Gn.1:26), a
trindade chega a um acordo e decidem: Façamos os
51
CARLA S. CAMPOS
seres humanos como NÓS, semelhantes a nós. Eles não

serão como nossas demais criações. No versículo 27
(Gn.1:27) diz que “Ele os criou parecidos com Ele. ELE
os criou homem e mulher e os abençoou dizendo:
Tenham muito e muitos filhos; espalhem-se por toda a
terra e a DOMINEM.” ELE deu aos seres humanos o
poder de domínio sobre todas as coisas que ELE criou,
como animais, plantas, oceanos, mares, enfim, toda a
criação está sob nosso domínio. Porém, em momento
algum houve uma ordem para o ser humano dominar
sobre o outro ser humano, mas sim amá-lo como se
ama a si mesmo. Deus quer que alcancemos a totalidade
Dele para nós, por meio do AMOR, que é ELE próprio,
por meio de um relacionamento saudável, feliz,
harmonioso, doador, paciente, sereno, com domínio
próprio e paz. Ele nos amou primeiro, como está escrito
em I João, capítulo 4, verso 19 (I Jo 4:19), e nós só
teremos condições de amar por meio Dele, porque
sozinhos o máximo que conseguiremos é um amor
egocêntrico.
NELE temos um modelo, uma a fórmula, a

condição de amar com um amor que vai além dos nossos
sentimentos e de nossas emoções. Esse amor vem do
próprio Espírito Santo de Deus para o nosso espírito.
Assim podemos atingir um nível de amor que nunca se
esgota e ultrapassa a existência humana, e que é eterno.
52
Tudo supera, tudo crê, tudo espera, que suporta as

diferenças do outro, e que deve ser percebido como
oportunidade de crescimento mútuo.
O amor na dimensão de Deus se personifica em

quem Ele é, e existe para nos conduz a uma dignidade
especial. Nós fomos criados com um propósito de refleti-
lo e sermos parecidos com Deus, e também termos ELE
como o nosso PAI. Mas não como os pais terrenos
incapazes de perfeição, mas um PAI de amor perfeito
que nos capacita a cumprir e viver o propósito de sermos
filhos parecidos com o pai celeste. Esse amor se
apresenta como:
Q Pessoal = quer se relacionar individualmente com

você;
Q Racional = dotado de inteligência e vontade;
Q Criativo = traz a existência coisas que não
existem;
Q Competente = governa o mundo que criou;
Q Esplêndido e magnífico = não tem fim, e tudo
que criou é bom, muito bom.
Ele te amou tanto que se deu, enviando o seu

próprio filho para que nossos pecados (errar o alvo)
fossem perdoados. Por isso, devemos aprender a ter
um relacionamento de amor com Ele, pois esse amor
53
CARLA S. CAMPOS
pode suprir nossas carências, falhas e faltas, e após

passar pela experiência do AMOR divino, você terá
condições de amar a si mesmo e ao próximo com o
amor aprendido com Deus. Dessa forma, as diferenças
passam a ser processo de crescimento e vida.
54
Capítulo 5
5 - O COMPLEXO DE CINDERELA
Pode existir uma mulher, descolada, estudada,

capaz, bem sucedida nos negócios, bonita, mas que
tem medo de ser independente e autônoma?
Seria possível, nos tempos atuais, no qual os

próprios genitores e a ordenança do presente século
promovem e preparam as mulheres para serem “donas
do seu próprio nariz” e “não depender de nada nem de
ninguém”, mas isso acabar gerando dor, conflito e
sofrimento?
A resposta é sim. Infelizmente, não são poucas

as mulheres que sofrem e se sentem culpadas,
despersonalizadas, fracas, que quanto mais se dão mais
55
CARLA S. CAMPOS
acham que ainda é pouco, que não são capazes de

assumir seu sucesso e têm baixa autoestima. Mulheres
que são incapazes de reconhecer seu talento,
competência e esforço. Sentem-se dependentes do outro
e não conseguem atribuir a elas mesmas sua força e
capacidade, porque a crença negativa em suas mentes
em relação ao seu trabalho bem feito é que: tudo é obra
do acaso, da sorte ou o outro que é merecedor dos
aplausos e conquistas. Mulheres Cinderelas que
depositam no outro sua dependência e se acham
incapazes de viver sem seus príncipes, que muitas vezes
são verdadeiros sapos. Isso acontece porque geralmente
foram criadas de forma a depender sempre do outro ou
a perceber exageradamente o poder masculino. São
desestimuladas em relação às conquistas pessoais, tendo
sempre em mente que a mulher precisa de um outro
alguém para ser completa e que é incapaz de se dar
bem por si mesma. Em suas mentes existe a certeza de
que sozinhas não são capazes, e que a liberdade e a
autonomia não estão nelas mesmas.
No entanto, as histórias infantis assumem um papel

positivo em relação ao aprendizado das crianças, pois
durante o processo de aprendizagem percebem-se
lacunas na compreensão de muitas situações, e por mais
que o adulto tente explicar as coisas, nunca conseguirá
satisfazer plenamente às curiosidades do cérebro de uma
56
criança antenada a tudo o tempo todo. Assim, o imaginário

infantil com suas histórias e sonhos mágicos são fortes
colaboradores e aliados desse pequeno cérebro, tão ávido
por conhecimento, ajudando-o a “encontrar saídas” em
momentos de aflições, medos, anseios, inseguranças.
Não são poucos os fantasmas, desejos de cuidado e
proteção existentes na mente infantil, e no contexto
feminino é ainda mais intensificado.
Dessa forma, em se tratando da menina X mulher

não se pode ignorar os aprendizados durante sua infância.
Quando ela é uma menina frágil e dócil pode ser tratada
com indiferença, desproteção, maus tratos e abandono,
o que nos lembra da Cinderela do conto de fadas, que
após perder, primeiramente, a sua mãe e depois o seu
pai, se vê nas garras da malvada madrasta que a trata
com inferioridade em relação às irmãs, sendo maltratada
por elas e passando a viver com um desejo de que um
príncipe venha salvá-la e libertá-la, livrando-a de seu
cativeiro de dor e sofrimento. Percebe-se, assim, que a
mulher que mantém um imaginário infantil cria a
expectativa de que a oportunidade de libertação está
fora de si, em um outro alguém, o que gera um problema.
O complexo de Cinderela fala dos desejos

reprimidos e de uma prisão psíquica referente ao anseio
de encontrar um outro alguém forte, poderoso e lindo,
57
CARLA S. CAMPOS
de preferência que seja capaz de fazer a pobre e sofredora

princesa ser liberta das garras dos seus algozes,
conservando inconscientemente o desejo de realização
e de conquista pessoal em seu príncipe encantado.
As bases que sustentam esse dilema entre a

dependência de um outro ou a autonomia vêm de séculos
de repressão e aprisionamentos passados de geração
em geração. Durante muito tempo a mulher foi educada
para depender do homem como o mais forte, tendo nele
proteção e amparo, exercendo somente o papel de esposa
e mãe que a completaria. Não que isso seja errado, a
mulher pode sonhar com o casamento, em ter sua família,
sua casa, seus filhos e ser muito feliz. O que não pode
é ela se sentir completa apenas se ou quando isso
acontecer, sendo realizada somente quando sua vida
estiver vinculada a um homem.
Todos têm seus desejos, sonhos e habilidades

para ser capaz de atingir suas metas uma a uma, mas é
importante ter em mente que nem todas serão possíveis
de realização, e que na trajetória das conquistas podem
acontecer frustrações, decepções e perdas,
compreendendo que na vida existem também aflições e
provas para a maturidade entrar em cena.
58
Assim, o principal problema do complexo de

Cinderela está em depositar no OUTRO a oportunidade
de alcançar a liberdade, a autonomia e a felicidade.
A culpa é um forte aliado desse complexo. Ela vem
pela dependência psicológica que a mulher carrega,
acreditando que só poderá ser plena e feliz se estiver
vivendo em função “de” e na dependência “de” outro,
seja o marido, o filho ou a família. Porém, a única forma
de ser plenamente realizada como mulher é perceber e
usufruir seu próprio potencial.
A mulher, nos dias atuais, assumiu uma nova

mentalidade em relação a sua vida profissional, tanto de
ir para o mercado de trabalho, quanto assumir a casa,
os filhos e o marido, mas está na hora de pensar esse
novo modelo de uma forma muito pessoal e única. A
mulher de hoje precisa desenvolver e desenhar
internamente o seu próprio limite, criando o seu modelo
de vida, porque não existe um modelo pronto. A mulher
atual e inteligente, que luta por seus direitos e
desempenha vários papéis na sociedade com excelência
e eficácia, é capaz de desenvolver sua criatividade e
potencialidade, mas deve confrontar os modelos
anteriores aprendidos, e deixar de pensar que está no
homem a sua salvação, e que ele detém o poder para
transformar a sua vida. Libertação o ser humano só tem
59
CARLA S. CAMPOS
em uma pessoa: se o Cristo vos libertar verdadeiramente

sereis livres. Esse sim é o ensinamento de um príncipe
de verdade, que morreu, dando sua vida em resgate de
sua noiva. Ele é o único e o perfeito, que tem um cavalo
branco e um dia buscará a sua noiva para juntos
festejarem as bodas do Cordeiro pela eternidade e reinar
com ELE. Mas Ele quer que no presente possamos
usufruir dessa liberdade conquistada por ELE. Essa
condição vem em um contexto espiritual, mas alcança o
psíquico e o físico. É o convite do príncipe Jesus para a
mulher contemporânea, para que ela se veja, se encontre
e se liberte das amarras das prisões do passado e vá
rumo ao seu propósito, seja ele o casamento ou o
mercado de trabalho, com certeza da igualdade que ela
tem como filha de Deus, o Rei dos reis e Senhor dos
senhores, pois não será uma fada madrinha com sua
varinha de condão que fará essa mulher se transformar,
mas é saber que em Jesus Cristo você é mais que
vencedora.
Livrar-se do complexo de Cinderela é sair do lugar

de aprisionamento psíquico que impede você ser quem
você foi criada para se. É poder atingir mais, mesmo
tendo menos. É sair do mundo das fantasias e de
comparações. É assumir o que não se gosta e dizer não
aos excessos. É você procurar atingir o seu melhor, o
seu máximo independentemente do outro. É apropriar-
60
se da liderança de sua vida e de sua capacidade, sem

querer se sobrepor ao seu marido, nem a ninguém, por
se ter plena consciência de ser livre. É saber
conscientemente o que está fazendo, e até mesmo abrir
mão de algo, porque só quem é livre pode escolher viver
em paz com seu próximo e nos seus relacionamentos, e
isso requer abdicação e uma entrega consciente e
madura.
A mulher livre do complexo de Cinderela deve

abandonar os desejos da menina, e caso esta pequena
Cinderela insista em ser gata borralheira, que a mulher
adulta possa acolher a sua parte fragilizada e insegura e
dizer para ela não mais se preocupar, porque agora você
cresceu e está pronta para proteger todas as partes
infantis abandonadas, vulneráveis e fragilizadas
escondidas em um inconsciente indefeso que não teve
condições de amadurecer, por falta de orientação.
A mulher que reconhece o seu real valor sabe o

que lhe cabe e mesmo que as mídias sociais e as
propagandas enganosas de photoshop lhe mostrem um
mundo perfeito da Disney, vendendo imagens falsas ou
transitórias de belezas e poder, que a mulher adulta entre
em cena e não se deixa intimidar ou ser levada pelos
apelos virtuais tão distorcidos dos reais. A mulher crescida
e sadia sabe o que é possível e coerente com a sua real
61
CARLA S. CAMPOS
situação.
A mulher que não se deixa conduzir pelo complexo

de Cinderela não se entristece pelo sucesso de outras
mulheres, nem se sente inferiorizada, pois sabe o que
merece e é capaz, porque tem consciência da força,
capacidade e beleza que possui, sabe que é única e
pode conquistar, manter ou modificar o que quiser em
sua vida.
Não sei seu propósito de vida, mas tenho certeza

que diz respeito a ELE, a você mesmo e ao outro, e por
piores que as coisas possam parecer agora, se lembre
de uma coisa: tudo tem dia e hora para acabar. Não há
dor, sofrimentos, dificuldades ou problemas que durem
para sempre. Tudo da mesma forma que veio, vai embora.
Então, não transforme a dor e o sofrimento em bichinho
de estimação, corte as correntes que prendem você ao
passado. Jesus nos disse que uma das razões pela qual
Ele veio ao mundo foi para libertar os cativos, e tirar os
encarcerados das prisões, então creia que sua hora
chegou. Saia do cativeiro da sua mente e arranque as
cadeias que mantêm você presa neste lugar terrível de
dor, sofrimento, e falta de desenvolvimento.
Faço um convite a você agora: olhe para tudo o

que você tem de bom, veja quantas coisas boas você é
62
capaz de realizar, observe como seu corpo funciona bem.

Tire o foco do ruim, pois não existe nenhuma dor que
dure para sempre, senão você nem existiria mais,
concorda comigo? Então faça uma escolha diferente hoje,
procure centrar-se no que é bom, no que tem valor, e no
que merece ser honrado. Permita que seu cérebro, suas
emoções, seus pensamentos, seu corpo funcionem em
harmonia, sem fixação nas disfuncionalidades. Volte a
sua atenção para o que está bem.
SEJA FORTALECIDO PELAS COISAS BOAS

QUE TRAZEM ESPERANÇA.
Você nem precisa pedir ou pensar para que seus

órgãos trabalhem, nem se lembrar de respirar. Esse é o
fôlego de vida de Deus entrando e saindo de você 24
horas por dia. Então por alguns instantes passe a valorizar
o ar que entra por suas narinas, desce por sua garganta,
vai a até os seus pulmões e traz vida para todo o seu
corpo. Às vezes, só valorizamos o que perdemos, e nos
fixamos no que é ruim, que nem notamos o tanto de
saúde e equilíbrio existentes neste exato instante em cada
um de nós.
Observe o ar saindo e entrando por suas narinas,

perceba somente isto: o ar entrando e saindo em
você. Seu corpo merece descanso, não só nos momentos
63
CARLA S. CAMPOS
de sono, mas também em alguns instantes durante o

seu dia.
1- Alongue seus braços, sacuda-os, como que

balançando;
2- Faça o mesmo com a sua perna direita e depois
com a esquerda;
3- Com a mão direita puxe sua cabeça lentamente,

inclinando seu pescoço, em direção ao ombro
direito.
4- Depois faça o mesmo movimento para o lado

esquerdo.
Vamos fazer outro exercício, o da respiração

diafragmática.
Você pode seguir as instruções seguintes:
1 - Sente-se em uma cadeira, cama, sofá

ou mesmo em um tapete no chão.
2 - Relaxe os seus braços, pescoço e ombros;
3 - Com sua mão direita puxe a cabeça em direção

ao seu ombro direito, lentamente, e sinta as
musculaturas do ombro e coluna se alongando;
64
4 - Com a mão esquerda, faça o

mesmo movimento, só que agora, para o lado
esquerdo;
5 - Puxe lentamente a respiração, tendo por base

o seu diafragma, ele está abaixo do seu peito,
um pouco acima da sua barriga, para saber mais
ao certo, basta simular que você está enchendo
um balão de festa de aniversário. Sopre como se
estivesse soprando o balão para que ele se
encher. Ok?
6 - PUXE o ar, contando em sua mente até três;
Um - Dois - Três
Agora SEGURE o ar contando até três;

Um - Dois - Três
E por último SOLTE o ar contando até três;
Um - Dois - Três
Faça a mesma sequência por três vezes. A
intenção é deixar seu cérebro bem oxigenado.
Após fazer esse exercício, perceba como você se

sente. Talvez não consiga se sentir bem logo de primeira,
mas não desista, seu cérebro é muito inteligente e irá
65
CARLA S. CAMPOS
aprender o que você quer alcançar quando repetir o

exercício várias vezes. Há muita gente correndo tanto
de um lado para o outro, com tantas coisas na cabeça,
que já nem sabem mais o que é respirar tranquilamente.
Não tem mais tempo de por alguns instantes apenas,
receber e curtir esse bem tão maravilhoso que o Pai nos
dá sem pagarmos para tê-lo, talvez, por isso, até
desaprendemos a usufruir dele, porque é de graça.
Com pequenas ações, como esse exercício,

garanto que você em pouco tempo estará aprendendo e
resgatando outras coisas importantes e valiosas para a
conquista do seu bem-estar integral, basta querer e
usufruir.
Procurar ser feliz hoje é uma escolha.
A vida a dois deve ser primeiro uma conquista de

equilíbrio, ajuste no seu SELF, ou seja, consigo mesmo.
Um self saudável irá contribuir muito para o NÓS. Você
precisa ver o que em você não está em ordem, como:
“porque você não consegue ser empático”; “porque não
consegue incluir o outro nas suas particularidades”; “qual
a dificuldade em estarem juntos”; Essas são questões
do Eu que interferem no NÓS.
Quanto ao NÓS, cada inteiro bem ajustado

possibilitará uma vida relacional saudável, mesmo com
66
as diferenças. Porém não adianta ignorar a existência

pessoal e o histórico da pessoa, ou querer que o outro
as resolva. Tenho certeza de que é possível viver uma
vida a dois maravilhosa, mas sem ignorar que existe um
EU que precisa se ajustar para construir com o NÓS, a
fim de ter harmonia e prazer na trajetória.
67
CARLA S. CAMPOS
Nosso próximo Livro 2, terá como tema:

AS MENINAS CURAM E OS MENINOS MATAM
68
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ARAÚJO, Marília. Espinhos em Plantas - Botânica Info-Escola.

Disponível em: https://www.infoescola.com/biologia/
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CARLA S. CAMPOS
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ZIMERMAN. David E. Vocabulário contemporâneo de

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70
Carla I. S. Campos - Psicóloga Clínica
* Graduada em Psicologia – 1991.

* Especialista em Psicologia Esportiva- 1996.
* Mestre em Teologia – 2006.
* Pós-graduada em psicologia médica pela
faculdade medicina UFMG – 2008.
* Terapeuta certificada em EMDR (Eye Movement
Desensitization and Reprocessing) pelo EMDR
Brasil e EMDR Ibero-americana – 2011.
* Terapeuta Comportamental Cognitiva pelo IPq
HC-FMUSP e CESDE . 2013.
* Pastora, Escritora, Poeta, Preletora em cursos,
congressos, seminários e palestras.
* Diretora de pesquisa e desenvolvimento do
COMPORT4
71
Contatos:
Site: www.comport4.com.br
Clínica: +55 31 3426-7718
Mídias Sociais:
Canal do YouTube = Carla Campos psicóloga
Instagram: carlacamposcomport4
Blog: @carlacamposcomport4
Facebook: Carla Campos psicóloga

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COMO FAZER

2018 © Carla S. Campos

Autora: Carla S. Campos

MITOS E VERDADES SOBRE A VIDA A DOIS ..................... 11

D edico este livro à Deus por ter nos enviado seu

E m nossa sociedade pós-moderna, são

espiritual, do que uma pessoa estar consciente de suas

MITOS E VERDADES SOBRE

O relacionamento a dois sempre existiu e

Quando pensamos na união de duas pessoas

pois quando os estágios emocionais não foram

O ideal é fechar as etapas para construir outras,

então, o “trem” fica ainda mais difícil, como dizemos

Agora cabe a cada um de nós, antes de ter

para o espírito e para o corpo, e o poder de decisão

2 - SERÁ QUE O PRÍNCIPE

proporcionam felicidades, pensamentos trazem a nossa

lesar ou distorcer a percepção de si mesmo. Logo, são

descontinuidade, mas sim uma rede de conexões que

à medida que eu crescia, reforçava-se a crença, a qual

No ano de 2007, resolvi, com apoio e estímulo do

olhos, a acreditar em mim, a acreditar no que o meu

diferenças, nem ficar realçando ou falando o tempo todo

não fique preso às garras afiadas do passado. Uma fala,

Incompatibilidade é algo que não combina,

A incompatibilidade de gênios é utilizada na

que em sua maioria impedem o direito cível de transpor.

A relação a dois é uma oportunidade para

Assim, nesse processo, quem pode sair ganhado

e, também, ajuda saber o que podemos ou não fazer,

Por incrível que pareça, ter o conhecimento

O outro existe para nos ajudar a crescer, em

quaisquer ambiente e situação, seja em nossa casa,

Nossa personalidade vista por algumas vertentes

situações específicas, por exemplo, podemos perceber

O processo de amadurecimento é um contínuo,

Por isso a vida é um processo de constante

Bom mesmo é quando podemos aprender com

A vida é um maravilhoso processo de construção

acredito que Jesus Cristo e seu evangelho precisam

Perfeito como referencial humano para nós só

Tirar o peso do ontem

Carla I. S. Campos, 13/12/2016

Em relação à nossa herança familiar, não adianta

Nossas histórias, nosso passado de dores,

• Como foi a sua história familiar?

• O que seus pais deram ou dão de referência e

• O que você viu, ouviu e sentiu ao longo de

• Quais foram os relatos de como eram seus

Se existe algo de maravilhoso, fantástico e, que

idade, e você sozinho do lado de fora do quarto,

Não sei qual é a sua história de vida, mas de

Os medos, dores, inseguranças, sofrimentos,

sozinhos, e se não houver a possibilidade de

Por isso o universo infantil precisa de proteção

cuidadosos, porque somos humanos, falhos e

O adulto de hoje tem dentro dele a criança de

planejar de forma satisfatória o seu futuro. Muitas

Está na hora de reprogramar o seu cérebro e

• É verdade isso? Eu nunca fiz nada bem feito?

- Não, olha o meu trabalho da escola, está

• Será que não conseguirei conquistar nada

- Claro que não, já tenho minha carteira de