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Como você define o que é o amor entre duas pessoas? Se ouvirmos todas as
definições que já foram feitas acerca do amor, ficaremos perdidos! Na arte ele é
visto como algo que é passageiro: “eterno enquanto dure”; na psicologia
evolutiva como um “fenômeno necessário à sobrevivência”; as ciências sociais
e políticas o enxergam como um “contrato social que organiza as relações e a
economia”; nas religiões ele é visto como “obrigação e dever”.
Mas uma coisa é certa: SABEMOS QUANDO ELE NÃO FUNCIONA! Quando vai
mal, o amor adoece, entristece e a mesma pessoa que no início da relação nos
fazia “ASCENDER AO CÉU”, termina nos fazendo “DESCER AO INFERNO”!!!
Sei bem o que é isso! Venho de uma família que há várias gerações o “amor não
deu certo”. Em minha árvore genealógica existe claramente um padrão
transgeracional de “divórcios”: avós, pais, irmãos, tios.
Claro, aqui não cabe nenhuma análise moralista (isso só gera mais culpa e
infelicidade), afinal, todo mundo casa cheio das melhores intenções e deseja
sinceramente ser feliz. Os que passam pela dor de uma separação merecem
tanto compaixão, quanto outra oportunidade de construir amor à longo prazo
com outra pessoa. Aliás, para mim esse é o sentido maior da vida: o amor!
Confesso que com todo esse meu histórico familiar de dor, eu tinha certeza que
encontraria muita dificuldade de permanecer casado e claro, BEM CASADO (um
bom casamento é mais que “permanecer e sobreviver”, mas sim “crescer e
desenvolver-se”). Como há uma tendência natural a repetição dos padrões
familiares, eu previa funestamente que não passaríamos de “1 ano” de relação.
E, vou ser ainda mais honesto: com 3 meses apenas de casamento a Fabiane fez
as malas e foi embora. Sim, passamos por momentos dificílimos, mas decidimos
prosseguir, aprender a nos relacionarmos, buscar conhecimento prático e acima
de tudo, decidimos que não iríamos desistir, mas perseverar!
Tem sido até aqui uma aventura e tanto: amando, sofrendo, aprendendo,
crescendo e também entendendo a importância de deixarmos um legado - A
Casamentologia!
Sim, é certo que as estatísticas não ajudam muito: a cada 3 casamentos, dois
terminarão em divórcio; num período de 40 anos 70% dos relacionamentos
acabarão. E, recasamentos têm ainda 10% a mais de chances de terminar.
O que eles fazem? Como sustentam e ainda conseguem fazer o amor tornar-se
mais especial e profundo com o passar do tempo? Seriam esses casais
“felizardos sortudos que acertaram na loteria do casamento”? Serão pessoas
melhor resolvidas? Teriam menos problemas que os demais mortais?
Absolutamente não! Tais casais são de “carne e osso” e enfrentam os mesmos
tipos de problemas que todos nós.
Dizer que “o casamento não funciona” é afirmar como naquela história que o
caminhão derrubou a ponte ao passar sobre ela, que ele era o culpado. Na
verdade, a ponte já tinha rachaduras, e a pressão do peso do caminhão apenas
as revelou, fazendo ela desabar. O caminhão é o casamento e a ponte são as
pessoas que se relacionam. Sim, a relação estável produz uma pressão natural
pelo tipo de intimidade única que se estabelece, no entanto, o problema maior
são as rachaduras que já trazemos em nós para dentro da relação, que são
nossas limitações emocionais e afetivas: desaprendemos as trilhas do amor e
nos perdemos do destino da felicidade relacional.
Se “curarmos” o ser humano, a intimidade do casamento não será apenas
suportável, mas promotora de felicidade e saúde autênticas! Casais felizes
vivem inclusive alguns anos a mais que casais infelizes, e também são mais
resistentes a doenças e mesmo ao temido câncer!
Mas, ainda antes de explicar as trilhas, deixe-me falar sobre a maior ameaça aos
relacionamentos estáveis que é o “POÇO DA NEGATIVIDADE”. Esse é o “lugar”
onde relações morrem pois o amor é envenenado pela toxicidade dessas
atitudes anti-amor: a crítica, desprezo, defensividade e o silencio sepulcral.
Gottman também as chamou de “Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse”, ou seja,
eles anunciam que o fim da relação se aproxima, na medida em que cada um
deles vão se instalando na relação. Cada um deles é ainda mais agourento que o
anterior, e juntos, servem para prever com mais de 94% de acerto que o casal
irá se separar em mais alguns anos, se não se “afastarem desse lugar medonho”
e retomarem o caminho seguro das quatro trilhas do amor.
Então, para cada um dos Quatro Cavaleiros do Apocalipse que levam o casal a se
perder do amor que os uniu, indo parar no poço da negatividade, temos as
Quatro Trilhas da Casamentologia, que conduzem de forma segura os parceiros
à fonte onde o amor se renova e floresce!
1ª TRILHA: PRESENÇA
“Amor se soletra A-T-E-N-Ç-Ã-O”. Isso mesmo, a pressa, mente agitada,
ansiedade desmedida fazem os amantes se perderem da estrada do amor.
Agitados, ainda que só mentalmente, afinal, existem os ‘falsos calmos’:
aparentemente calmos por fora, mas por dentro cheios de julgamentos,
presunções e inseguranças.
Por nossa formação ocidental ter privilegiado demais nossa dimensão “mental”,
nos desconectamos do corpo, da presença no aqui e agora. Ao tempo em que a
mente imaginativa e racional é um recurso, a mente agitada nos leva para
lugares distantes de onde estamos.
“Cegos, surdos e insensíveis para nosso corpo e nosso mundo interior, não
conseguimos compreender a nós mesmos, que dirá ao outro”. É a falta de
presença que nos leva a não perceber o impacto de nossa própria personalidade
em nosso relacionamento. Vemos o outro e seus “defeitos”, mas não
enxergamos os pontos cegos em nossa própria maneira de agir que afasta o
outro de nós.
Isso é PRESENÇA!
2ª TRILHA: PROPÓSITO
Trata-se do resgate da alma da relação, de um sentido de transcendência.
Muitos casamentos falham pela falta de uma espiritualidade da relação. É
comum, por exemplo, uma atitude do tipo “desejo me dar bem”, quando um
sentido e propósito na relação produzem a atitude tipo “desejo fazer o bem”.
Mais bens e dinheiro não nos farão mais felizes! Dinheiro e estrutura ajudam,
mas não trazem significância. Foi o grande psiquiatra vienense Viktor Frankl,
que perdeu toda a sua família no campo de concentração nazista, tendo ele
mesmo milagrosamente sobrevivido, que afirmou que “a felicidade é resultado
de nossa dedicação a algo maior que nós mesmos”. Felicidade real é maior que
o umbigo! É “ser alguém” para “alguém”!
Envolve perceber e cuidar da essência da relação, que é amar e ser amado. Para
isso é necessário vermos o outro como pessoa inteira, em seu valor intrínseco, e
não como um objeto.
É a partir disso tudo que encontramos o grande “porquê” que torna a relação
algo sagrado, que nos sacrificaremos para preservar e cuidar, que não
desistiremos fácil. Afinal, como se diz, “quem tem um ‘porquê’, encontra o
‘como’”.
São os valores e o propósito maior que nos fazem vivenciar a relação como uma
‘ESCOLA DE VIDA’ e não como ‘PORTAL DE FELICIDADE’. Pensar assim cria
bússulas e faróis para que o barco do amor não se despedace quando nos
aproximamos dos rochedos da problemática humana criada por nosso ego ou
personalidade. É no embate das personas que o maior câncer das relações se
manifesta: o EGOísmo. Somente um sentido de transcendência e de sagrado,
nos leva a resiliência necessária para atravessarmos os tempos difíceis pelos
quais qualquer relação passa, diante dos quais podemos não somente
sobreviver, mas nos tornarmos ainda mais efetivos e experientes na arte de
permanecermos juntos.
Em nosso cônjuge está a humanidade inteira. Como disse numa de suas canções
o músico Tom Zé, chamada “Unimultiplicidade”, ‘todo ser humano é a casa da
humanidade’. Como trato meu cônjuge reflete, no fundo, a maneira como trato
a todos os outros, inclusive a mim mesmo!
Não apenas nossos amigos e familiares torcem e desejam por nós e por si
mesmos que cresçamos em amor, mas o próprio universo está em suspenso
diante das encruzilhadas da relação: optaremos pelo rompimento ou pelo
crescimento? A decisão de amar nos une ao todo, afinal, é o amor compassivo
que sustenta toda a realidade, seja de nossas células ou mesmo das estrelas e
galáxias que nos rodeiam!
O seguinte raciocínio faz muito sentido para mim e é parte do que compõe o
grande ‘porquê’ de minha relação estável: um dia ‘devolverei ela para O
Criador, O universo (pode dar o nome com que mais se identifica), e desejo
entregá-la melhor, mais evoluída e curada do que quando a conheci’. E ela se
dispõe ao mesmo comigo. Sendo assim, a relação ganha um sentido de
evolução e potencial de crescimento, ganha grandeza e deixa de ser refém da
atitude infantil e egóica que diz “o que estou ganhando com isso?”.
Isso é PROPÓSITO!
3ª TRILHA: PAIXÃO
Aqui corremos o perigo de cair no engano do senso comum difundido pelos
filmes românticos de Hollywood e da indústria no cinema em geral, que mostra
o amor como uma “paixão obsessiva”. Esse conceito não é uma trilha segura,
mas um desvio da fonte do amor.
A ‘paixão’ a qual me refiro é a que se manifesta como fruto dos aspectos mais
fundamentais do amor saudável: amizade e respeito. Sim, esses dois elementos
geram a confiança e a confiabilidade necessárias para que nos entreguemos
cada vez mais a uma paixão sem limites, que é resultado da percepção que
temos de que o outro realmente deseja e trabalha para o meu bem-estar e de
nossa relação.
Alguém protestará e dirá: “Fabi e Filipe, mas nossa relação esfriou exatamente
porque nos tornamos apenas bons amigos”. Então, olha, você infelizmente
nunca viveu uma amizade de verdade ou se esqueceu como era. Um amigo é
alguém com quem vamos crescendo em confiança e vulnerabilidade. Por causa
da confiança que gera a intimidade, nos confessamos cada vez mais um ao
outro e simplesmente adoramos estar juntos, no muito ou no pouco. Um amigo
é alguém que protege, anima, encoraja chora junto e festeja nossas vitórias
como se fossem suas. Então, me responda: “vocês são realmente os melhores
amigos um do outro”?
Isso é PAIXÃO!
4ª TRILHA: POSITIVIDADE
É certo que ‘casar’ é quase sinônimo de ‘conflitar’. Colocou dois seres humanos
juntos, haverão disputas, discordâncias e divergências. Isso é de certa forma
natural e esperado. Casais brigam, como irmãos, colegas de trabalho, pais e
filhos, etc. É coisa de humanos!
Entende por que eles não caem facilmente no “Poço da Negatividade”? Eles se
mantem atentos ao GPS da “POSITIVIDADE” e dão passos firmes e precisos na
direção da “Fonte do Amor”! Eles são intencionais para buscar a “reparação”
quando erram: sorriso, desculpas, atos de gentileza, mensagem amorosa,
toques físicos não sexuais, bom humor, etc, etc, etc. A lista de atos que trazem
de volta a positividade a relação é infinita. As que trazem a negatividade é bem
limitada, mas altamente tóxica: CRÍTICA, DESPREZO, DEFENSIVIDADE E
SILÊNCIO.
Nos siga e apoie em nossas redes sociais para que nossa missão atinja muitas
pessoas em muitos lugares! Nada mais belo que um casal verdadeiramente feliz
e saudável! O amor reverbera e se espalha! Um bom casamento é o melhor
empreendimento da vida e se tiver o devido investimento, é o que no final fará
tudo ter valido a pena: amamos e fomos amados, aprendemos e crescemos, nos
apoiamos em nossa missão e sonhos, por fim, deixamos um legado que durará
eternamente e abençoará mil gerações!!!
Fabiane e Filipe