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EXPEDIENTE

Universidade Federal de Goiás


Edward Madureira Brasil – Reitor
Sandramara Matias Chaves - Vice-Reitora
Jaqueline Araujo Civardi – Pró-Reitora de Graduação
Laerte Guimarães Ferreira Júnior – Pró-Reitor de Pós-Graduação
Jesiel Freitas Carvalho – Pró-Reitor de Pesquisa e Inovação
Lucilene Maria de Sousa – Pró-Reitora de Extensão e Cultura
Robson Maia Geraldine – Pró-Reitor de Administração e Finanças
Everton Wirbitzki da Silveira – Pró-Reitor de Gestão de Pessoas Maísa Miralva da Silva – Pró-Reitora de Assuntos
Estudantis

Regional Catalão
Roselma Lucchese – Diretora
Cláudio Lopes Maia – Vice-Diretor
Fernanda Ferreira Belo – Coordenadora de Graduação
José Júlio de Cerqueira Pituba – Coordenador de Pesquisa, Pós Graduação e Inovação
Neila Coelho de Sousa – Coordenadora de Extensão e Cultura
Heber Martins de Paula – Coordenador de Administração e Finanças
Emerson Gervásio de Almeida – Coordenador de Assuntos da Comunidade Universitária
Moisés Fernandes Lemos – Coordenador de Gestão com Pessoas e Desenvolvimento Institucional

Presidente da Comissão Organizadora do Evento


Fernanda Ferreira Belo

Comissão Organizadora do Evento

Cacildo Galdino Ribeiro José Júlio de Cerqueira Pituba


Carolina de Fátima Guimarães Laurita de Queiroz Bomdespacho
Cláudio Lopes Maia Lucas P. Pereira Wanderley
Dione Alvares de Moura e Silva Barichello Moisés Fernandes Lemos
Fernanda Ferreira Belo Neila Coelho de Sousa
Francisco Vieira dos Santos Régia Pires de Oliveira
Grenissa Bonvino Stafuzza Roselma Lucchese
Heber Martins de Paula Samuel Henrique França Leite
Ivânia Vera Thaís Aparecida dos Santos
Jackeline Jennifer Esteva Rezende Thierry dos Santos de Almeida
Jean Tomáz da Silva

Comitê Científico da II Mostra de Graduação (TCC e outros), V Mostra do Programa de Licenciatura -


PROLICEN, III Mostra do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência - PIBID e do Programa de
Monitoria

Absolon Carvalho da Silva Júnior Débora Machado Corrêa


Anna Paula de Mendonça Barros Dênis Rezende de Jesus
Ana Paula Pinheiro Zago Domingos Lopes de Silva Júnior
Ana Paula Novais Pires Koga Elaine Rosechrer Carbonero
Antover Panazzolo Sarmento Eliane Aparecida Justino
Bruno Franceschini Fernanda Ferreira Belo
Carmem Lúcia Costa Getúlio Nascentes da Cunha
Cláudia Tavares do Amaral Henrique Senna Diniz Pinto
Cláudio José Bertazzo Ismar da Silva Costa
Cristiane Alves Jalusa Andreia Storch
Cristiano Morita Barrado Jocélia Pereira de Carvalho Oliveira
Dayse Silveira de Almeida José de Lima Soares

Anais · 5o CONPEEX - Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão · RC/UFG · 29/10 a 01/11/2019 · ISSN 2447-4134 · i
Juliana Bernardes Borges da Cunha Nayline Martins Pereira
Keila Aparecida Marques Neila Maria Mendes Borges
Lana Ferreira de Lima Odelfa Rosa
Leomar Cardoso Arruda Paulo Eduardo Gonçalves de Assis
Leonardo Vieira Fernandes Ricardo Couto Antunes da Rocha
Luípa Michele Silva Cabral Ricardo Cruvinel Dornelas
Luiz do Nascimento Carvalho Ricardo Ribeiro Moura
Márcia Helena da Silva Sheila de Carvalho P. Gonçalves
Marcio Roberto Rocha Ribeiro Tânia Maria Nunes Gonçalves
Marcos Bueno Tércio Alberto dos Santos Filho
Maria Rita de Cássia Campos Tiago Ribeiro Nunes
Mario Godinho Junior Vanessa Alves Pinhal
Mirian Souza Moreira Wellington Andrade da Silva
Moisés Fernandes Lemos

Comitê Científico da I Mostra de Residência Pedagógica

Anna Paula de Mendonça Barros


Tânia Maia Barcelos
Maria Zenaide Alves
Poliana Rodrigues Alves Duarte
Ivânia Vera

Comitê Científico da II Mostra de Trabalhos de Estágios Curriculares

Lígia Maria Maia de Souza


Carolina de Almeida Ito Brum
Nayline Martins Pereira
Nunila Ferreira de Oliveira
Fernanda Vieira Rodovalho Callegari
Natália Silva Mesquita
Ivânia Vera
Révora Silvério de Mendonça

Comitê Científico da VI Mostra de Extensão e Cultura e Alunos PROBEC/PROVEC

Cacildo Galdino Ribeiro


Jackeline Jennifer Esteva Rezende
Coordenação das Mostras Científicas do Evento

Cacildo Galdino Ribeiro


VI Mostra de Extensão e Cultura e alunos PROBEC/PROVEC

Ivânia Vera
II Mostra de Trabalhos de Estágios Curriculares

Fernanda Ferreira Belo


I Mostra de Graduação
IV Mostra do Programa de Licenciatura - PROLICEN
II Mostra do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência - PIBID e do Programa de Monitoria

Anais · 5o CONPEEX - Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão · RC/UFG · 29/10 a 01/11/2019 · ISSN 2447-4134 · ii
Direção de Arte: Frederico Aldama

Editoração: André Luiz Galdino

Periodicidade: Anual
Idioma: Português
Ano de publicação (online): 2019

Universidade Federal de Goiás


Regional Catalão
Avenida Dr. Lamartine Pinto de Avelar, 1120, Setor Universitário
CEP 75704-020 - Catalão (GO)
Fone: (64) 3441-5300

Os artigos foram transcritos de acordo com os originais enviados à comissão organizadora do evento, sendo, portanto, de
inteira responsabilidade de seus autores e autoras os conceitos, a formatação, as imagens e todos os demais conteúdos
neles veiculados.

ISSN 2447-4134

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Sumário

Mostra de Extensão e Cultura 1


2 CORPO E LUDICIDADE: VIVÊNCIAS CORPORAIS PARA IDOSOS EM INSTITUIÇÕES DE LONGA
PERMANÊNCIA
Anny Rocknelle Porto Miranda, Lidiene Policena Santos, Cristiane da Silva Santos, Mayara Sabline Santos
Pereira, Raphael Antony Silva Sampaio
6 PERCEPÇÕES DE IDOSOS QUE PARTICIPAM DO GRUPO DE CONVIVÊNCIA E O IMPACTO DESTE
NA SUA SAÚDE
Arielly Luiza Nunes Silva, Calíope Pilger, Myla Aparecida Costa Carneiro, Victor Rodrigues Gianelli Lemos
Silvano, Lana Ferreira Lima, Emilse Terezinha Naves
10 QUALIFICAÇÃO DA INTERAÇÃO PARENTAL NA PRIMEIRA INFÂNCIA - PRIMEIRAS IMPRESSÕES
Francisco Magela de Oliveira Franco Filho, Augusto César Fonseca Neto, Révora Silvério Mendonça,
Gabriel Siqueira Cunha, Gabriel de Castro Ribeiro, Ana Carolina Silva Busse, Maristela Vicente de Paula,
Paula de Campos Morais
15 ORIENTAÇÃO A QUEIXA ESCOLAR À LUZ DA PSICOLOGIA HISTÓRICO-CULTURAL
Beatrice Verdelho Lodovico, Janaina Cassiano Silva, Luana Rocha Brick, Ana Clara Porto Carneiro, Janine
Silva Fernandes, Luisa Guimarães Moreira, Ângela Cristina Oliveira, Yohanna Rosa Braga e Silva
18 A DANÇA CONTEMPORÂNEA E O BREAKDANCE COMO FERRAMENTAS DE PROMOÇÃO DA
SAÚDE
Bruno Martins, Jalusa Andréia Storch Díaz, Gabriel Siqueira Cunha, Phablo G.S. Santana, Calíope Pilger,
Nayline Martins
23 POR UMA UNIVERSIDADE PARA TODOS: FORTALECENDO A POLÍTICA DE COTAS ÉTNICO-
RACIAIS NA UFG/RC
Carmelice da Cunha Santos, Mônica Luiz de Lima Ribeiro, Camila da Cruz Santos de Sousa, Daniel Vitor
Nunes de Melo, Karoline Martins de Lima, Ludmila Jardim da Conceição, Matheus Vinícius Oliveira das
Neves, Ulisses Isac Dantas Fonseca
26 A IMPLANTAÇÃO DAS PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES EM SAÚDE NA ATENÇÃO
BÁSICA DO MUNICÍPIO DE CATALÃO - GO
Deisiane Serrano da Silva, Calíope Pilger, Jéssica Lopes Mota, Eduardo Viana Silva
30 O PAPEL DA LIGA ACADÊMICA DE PRÁTICAS INTEGRATIVAS E DO PROJETO REIKI NA UNI-
VERSIDADE NA VIDA DOS ESTUDANTES
Eduardo Viana da Silva, Calíope Pilger, Nayline Martins Pereira, Deisiane Serrano da Silva
34 BRINQUEDOTECA HOSPITALAR
Elaine Lara Ferreira, Juliana Martins Souza, Letícia José Silva, Debora Cristina Araujo, Natália Barbosa
Policeno, Rafaela Renero Santos, Joyce Daiana Rodrigues Silva, Thainá Lessa Quadros
39 PROJETO INTEGRAR – ESCOLA E MATEMÁTICA: APLICAÇÃO DE ATIVIDADES E JOGOS NO
ENSINO
Glayton Ricardo Germano Martins, Juliana Bernardes Borges da Cunha, Luis Felipe Gondim Ferreira,
Mychelle Alves de Oliveira, Rafaella de Moura Rosa, Regina Rodrigues dos Santos, Vanilton Rodrigues de
Sousa, Vinicius Nolasco Marra
44 LUDOTECA UNIVERSITÁRIA: ATENDIMENTO BRINCANTE E PAPEL DO BRINQUEDISTA
Iuri Silva Eziquiel, Maria do Carmo Morales Pinheiro
48 PROJETO DE EXTENSÃO ESPIRITUALIDADE E SAÚDE NA UFG/RC
Carla Storck, Jalusa Andréia Storch Díaz, Caroline Storck, Maycon Correa
52 CICLO DE CURSOS DE CAPACITAÇÃO EM ENGENHARIA
João Pedro Pereira Neto, Antonio Nilson Zamunér Filho
56 A INSERÇÃO DAS PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES EM UMA UNIDADE BÁSICA
DE SAÚDE DA FAMÍLIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Keteriny Daniela Borges Fernandes, Calíope Pilger, Maríllia Gomes Dias, Ana Isabela Almeida Egídio,
Jalusa Andréia Storch Díaz, Nayline Martins Pereira

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61 AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO E ESCUTA TERAPÊUTICA DE PESSOAS COM DIABETES MEL-
LITUS: AÇÕES E TRAJETÓRIA NA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA
Larissa Faria de Andrade, Maurício Campos, Nunila Ferreira de Oliveira, Fabrício Gonçalves Ferreira,
Maria Rita Soares Luiz, Gabriela Ferreira Mendes, Giuliana de Souza Tosta, Fernanda Palhares Vasconcelos
67 A (RE) CONSTRUÇÃO DE CONHECIMENTOS PROMOVIDA PELA PESQUISA ATRAVÉS DAS FEIRAS
DE CIÊNCIAS DA UFG/RC
Leonardo Oliveira Costa, Simara Maria Tavares Nunes
71 OFICINA TERAPÊUTICA DE ESCRITA COM ADOLESCENTES: A ELABORAÇÃO DE UMA TRAV-
ESSIA
Lorena Peixoto Silva, Emilse Terezinha Naves
77 AUTOEXTERMÍNIO EM CATALÃO E CIDADES CIRCUNVIZINHAS: DADOS E POSSIBILIDADES
DE MUDANÇA
Lucas Weilor Batista Leite de Paula, Maurício Campos, Guilherme Luiz Rocha
83 MÃOS À OBRA: DICIONÁRIOS NAS SALAS DE AULAS
Ludmila Marques, Cacildo Galdino Ribeiro
87 LUTAS – CULTURA CORPORAL E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS/ 2019
Maristela Vicente de Paula, Jamilson Aires da Silva, Raul Mendes da Silva, Augusto César da Fonseca Neto,
Leonardo Ribeiro da Silva, Ânella Naves Camacho Sanches
92 PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES: FERRAMENTAS DE EDUCAÇÃO E PROMOÇÃO
DA SAÚDE PARA PROFISSIONAIS E USUÁRIOS DOS SERVIÇOS DE SAÚDE
Maryana Freire Rodrigues da Cruz, Nayline Martins Pereira, Jalusa Andréia Storch Díaz, Calíope Pilger,
Pollyana Sousa Almeida, Eduardo Viana da Silva
95 DANÇO E ME LIBERTO! RELATO DE EXPERIÊNCIA NO EMPODERAMENTO DE ESTUDANTES
Heuller Ruan Cedro da Silva, João Paulo Nepomuceno dos Santos, Patrícia do Prado
101 I FÓRUM DE PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES DE SAÚDE: UM RELATO DE EX-
PERIÊNCIA
Pollyana Sousa Almeida, Nayline Martins Pereira, Jalusa Andréia Storch Díaz, Calíope Pilger, Eduardo
Viana da Silva
105 RELATO DE EXPERIÊNCIA CLUBE DE ASTRONOMIA PROMETHEUS
Rafael Bernardino Silva, Jalles Franco Ribeiro Cunha, Lucas Jardel Alves Silva
110 A EXPERIÊNCIA DO CURSINHO POPULAR PAULO FREIRE
Raquel Costa Guimarães Nascimento, Maria Zenaide Alves, Andréa Ferreira Souto
114 REFLEXÕES TEÓRICO-PRÁTICAS ACERCA DA PSICOLOGIA INSERIDA NA COMUNIDADE
Romildo Rodrigues Neves Junior, Fernando César Paulino-Pereira, Libna Raquel Barbosa Souza
120 JOGOS E BRINCADEIRAS COMO ESTRATÉGIA MEDIADORA DA PROMOÇÃO DA SAÚDE EM
UM GRUPO DE CONVIVÊNCIA
Victor Rodrigues Gianelli Lemos Silvano, Lana Ferreira de Lima, Naiara Pereira Caixeta de Campos, Myla
Aparecida Costa Carneiro, Arielly Luiza Nunes Silva, Emilse Terezinha Naves, Calíope Pilger
125 PERCEPÇÕES DE ACADÊMICOS SOBRE O PROGRAMA DE EDUCAÇÃO PELO TRABALHO PARA
A SAÚDE – PET SAÚDE E INTERPROFISSIONALIDADE
Gabriel Siqueira Cunha, Calíope Pilger, Jalusa Andréia Storch Díaz, Nayline Martins Pereira, Eduardo
Viana da Silva, Yandra Carol da Silva
129 CLÍNICA ABERTA COM IDOSOS NA COMUNIDADE
Daise Martins Silva, Maria Paula Machado, Emilse Terezinha Naves, João Marcos Silva Barboza, Ana
Lúcia Cândido Mariano, Keteriny Daniela Borges Fernandes
133 DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL DOCENTE PARA PRÁTICA DE METODOLOGIAS INOVADO-
RAS DE ENSINO
Yohanna Lawanda Bringel, Maria Paulina de Assis, Isabella Farias Batista, Giselly Stefhany Ferreira
Jardim, Juliane de Brito Araujo, Laura Gaspar Rasmussem, Luana Maraisa Barbosa Diniz

Mostra de Estágio 138

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139 ESTÁGIO EM ENGENHARIA CIVIL – ACOMPANHAMENTO DA CONSTRUÇÃO DA CASA DO ES-
TUDANTE UNIVERSITÁRIA
José Vitor Silva de Carvalho, Matheus Henrique Morato de Moraes, Lucas Salomão Rael de Morais, Ana
Larissa Dal Piva Argenta
145 PRÁTICAS LÚDICAS NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM GEOGRAFIA
Leonoura Katarina Santos, Giovanny Alves Barbosa, Robério Francisco de Macedo, Alex Lourenço dos
Santos, Claudio José Bertazzo
150 CARTILHA DE PLANTAS MEDICINAIS NA PREVENÇÃO E TRATAMENTO NA ATENÇÃO BÁSICA
Leticia Aparecida Araújo da Paixão, Gabriel Vieira de Aguiar, Keteriny Daniela Borges Fernandes, Calíope
Pilger
154 MODELAGEM E CUBAGEM DO DEPÓSITO DE REJEITO DRENADO DE NIÓBIO
Lucas Alves Correa, Cibele Tunussi, Alexandre Martins Lourenço, Bruno Palhares Milanezi
160 RELATO DE EXPERIÊNCIA: FORMAÇÃO DE GRUPO PARA IDOSOS NO CRAS
Maria Rita Soares Luiz, Ingrid Xavier Rodrigues, Maurício Campos
165 CONCATENAÇÃO DO CONHECIMENTO TEÓRICO E PRÁTICO APLICADO EM ACOMPANHAMENTO
DE OBRA
Matheus Henrique Morato de Moraes, José Vitor Silva de Carvalho, Wanderlei Malaquias Pereira Júnior,
Múcio Bonifácio Guimarães Filho, Hewerton Renato Fleury Silva
171 O USO DE MATERIAL DIDÁTICO MANIPULÁVEL NO ENSINO DE FRAÇÕES
Muriell Francisco da Costa, Rafaella de Moura Rosa, Fernando da Costa Barbosa
175 RELATO DE EXPERIÊNCIA: ESTÁGIO EM FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE PSICOLOGIA II
Nathalia Silva Damasceno, Larissa Faria de Andrade, Karinne Régis Duarte

Mostra de Graduação 180


181 A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE EM FAMÍLIAS INTER-RACIAIS: O RACISMO COMO CAUSA
DO SOFRIMENTO PSICOSSOCIAL
Maria Vitória Ferreira, Daviane Rodrigues Ribeiro
187 A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO AMBIENTAL EM UMA EMPRESA
Fabrício Freitas, Mirian Sousa Moreira, Fernando Henrique Silva, Guilherme Otávio Tome Silva, João
Victor Alves Silva, Vitor Hugo Borges Carmo
191 A MEDIAÇÃO FAMILIAR E A PSICOLOGIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Leon Denis Martins dos Santos, Daviane Rodrigues Ribeiro, Arthur Victor Gomes da Silva Barros, Lucas
Weilor Batista de Paula, Welen Sandy Franco dos Santos, Bruno Duarte Opiopari, Hemerson da Silva Rocha
197 A SEGURANÇA DO PACIENTE INSERIDA NA GESTÃO DA QUALIDADE DOS SERVIÇOS DE SAÚDE:
UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Isabela Moraes Peres Rodrigues, Nayline Martins Pereira, Françoise Mesquita
202 ADIÇÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL E DA MINERAÇÃO NAS CAMADAS DO PAVI-
MENTO FLEXÍVEL
Mariana de Oliveira, Paola Mundim Souza
208 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA GERENCIAL: REVISÃO TEÓRICA
Larissa Juliana Patrocínio da Silva, Laura Helena Naves, André Vasconcelos da Silva, Paulo Henrique
Santana de Oliveira, Rejane Arruda de Souza, Vanessa Gonçalves da Silva
213 ANÁLISE DE UMA HISTÓRIA DE VIDA ATRAVÉS DA PSICOLOGIA SOCIAL LATINO-AMERICANA
Keytli Cardoso Paulino, Vítor Luiz Neto, Isabela Victória Teixeira, Uilma Viuhene Soares dos Santos, Bár-
bara Lúcia Moraes
219 ANÁLISE QUANTITATIVA E SÓCIO DEMOGRÁFICA DOS HOMICÍDIOS EM CATALÃO E AD-
JACÊNCIAS
Guilherme Luiz da Rocha, Marcelo Rocha Campos
223 APLICAÇÃO DE ANÁLISE DE SENTIMENTO EM POSTAGENS DO TWITTER PARA PREVISÃO DO
RESULTADO DE ELEIÇÕES POLÍTICAS
Larissa Pereira Carneiro dos Santos, Márcio de Souza Dias

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227 BIOECONOMIA: A POSSIBILIDADE DA PARCERIA PÚBLICO-PRIVADA COMO FORMA DE IM-
PLEMENTAÇÃO DE UM PARQUE INCLUSIVO NA CIDADE DE CATALÃO - GO.
Natanael Costa Teles, Emerson Gervásio de Almeida, Ânella Camacho Sanches
233 CÁLCULO DO CUSTO DIRETO EM ORÇAMENTO DE OBRAS: UM ESTUDO APLICADO
Ricardo Cruvinel Dornelas, Thais Lopes Lustosa Sousa
239 CARACTERIZAÇÃO MORFOMÉTRICA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO VERÍSSIMO, GOIÁS
José Vitor Silva de Carvalho, Antover Panazzolo Sarmento
245 CINEMATOGRAFIA DA RESISTÊNCIA: O CINEMA DE LÚCIA MURAT E A TRAJETÓRIA DAS
MULHERES QUE RESISTIRAM A DITADURA CIVIL-MILITAR
Angelina Maria Santos de Alencar, Lilian Marta Grisolio
250 CONCEITOS GEOMÉTRICOS DOS ALUNOS DAS TURMAS DO 3O ANO DO ENSINO MÉDIO DE
UMA ESCOLA PÚBLICA: DADOS E DILEMAS
Tiago Martins Pereira de Carvalho, Lucas dos Santos Passos, Geovana Magalhães de Melo, João Lucas da
Silva Ribeiro
256 CONTABILIDADE PÚBLICA: LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL COMO FERRAMENTA PARA
O CONTROLE DOS GASTOS PÚBLICOS
Kenia Nascimento, Simone Hilário da Silva Brasileiro, Andressa Carneiro Oliveira, Mirian Sousa Moreira
262 EMOÇÃO E ATRAÇÃO POR TRAGÉDIAS COMPARTILHADAS NAS REDES SOCIAIS: UMA RE-
VISÃO DE LITERATURA
Natália Oliveira de Souza, Laiane Grabielle Marques, Jackeliny Dias da Silva
268 ERRO DE MEDICAÇÃO ASSOCIADA A SOBRECARGA DE TRABALHO: UMA REVISÃO INTE-
GRATIVA
Larissa Azevedo dos Santos, Nayline Martins Pereira, Michelle Silva Campos, Bruna Magalhães Souza,
Maria Fernanda Gomes Troncha Costa, Isabela Rodrigues Peres Moraes
276 ESTUDO DA VIABILIADE DA UTILIZAÇÃO DE RESIDUOS NA PRODUÇÃO DE BLOCOS ECOLÓGI-
COS
Ânella Camacho Sanches, Ricardo Cruvinel Dornelas, Natanael Costa Teles
281 ESTUDO DAS MACRÓFITAS COMO ADUBO ORGÂNICO
Mateus Ferreira de Castro, Antover Panazzolo Sarmento, Paula Campos Perini
286 ESTUDO DO SEQUENCIAMENTO DA PRODUÇÃO APLICADO A UMA EMPRESA DO RAMO TÊX-
TIL COM AMBIENTE FLOWSHOP PARA A MINIMIZAÇÃO DO MAKESPAN
Vanessa Aparecida de Oliveira Rosa, Mariana Marçal Avelar, Rayanne Silva Dias, Thainara Danielle Bar-
bosa Marçal, Thais Nunes Diniz
291 ESTUDO NUMÉRICO DA INTERAÇÃO DINÂMICA SOLO-ESTRUTURA EM BARRAGEM DE GRAVI-
DADE
Giovanna Aparecida Alves Rosa, Davidson de Oliveira França Júnior, Rhayanne Rafaela Rodrigues Ribeiro
297 ESTUDO SOBRE EFLUENTES E RESÍDUOS REALIZADO NA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
– REGIONAL CATALÃO
Ananda Gianotto Veiga, Nilson José Fernandes
303 IMPORTÂNCIA E DESAFIOS: INDICADORES DO CONTROLE VETORIAL DA DOENÇA DE CHA-
GAS NO SUDESTE GOIANO
Maria Amélia Cândida Machado, Heliana Batista Oliveira
309 INFLUÊNCIA DO ESTILO DE VIDA SOBRE AS DORES MUSCULOESQUELÉTICAS EM PROFIS-
SIONAIS DE LIMPEZA DA UFG/RC
Felipe Graciano Pena, Jalusa Andréia Storch Díaz, Bruno Martins Borges, Cristiane da Silva Santos, Neila
Maria Mendes Borges
314 LITERATURA COMO FONTE DE (R)EXISTÊNCIA: HOMOFOBIA FAMILIAR NA NARRATIVA JU-
VENIL UM MILHÃO DE FINAIS FELIZES (2018), DE VITOR MARTINS1
Yuri Pereira de Amorim, Silvana Augusta Barbosa Carrijo
319 MAQUETE TÁTIL DE FENÔNEMOS FISICOS PARA ALUNOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL
Wellington Barboza Paula, Ana Rita Pereira, Marciel Ferreira Olimpio Silva, Mironaldo Batista Mota Filho

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323 MOBILIDADE URBANA E APLICATIVOS DE TRANSPORTE: UM OLHAR SOBRE CATALÃO/GO
Nadyne Furquim Goulart de Oliveira, Emerson Gervásio de Almeida
329 NOVO SIMPLES NACIONAL: CONTEXTO E MUDANÇAS NO ANO DE 2018
Andressa Carneiro Oliveira, Simone Hilário da Silva Brasileiro, Mirian Sousa Moreira
335 O LÚDICO NO ENSINO DE GEOGRAFIA: PRÁTICAS E VIVÊNCIAS EM CATALÃO (GO)
Leonoura Katarina Santos, Odelfa Rosa
341 PATOLOGIAS EM REVESTIMENTOS ARGAMASSADOS DE UMA EDIFICAÇÃO
Anna Luisa Alves Cordeiro e Silva, Mariana de Oliveira, Ricardo Cruvinel Dornelas
347 POSSIBILIDADES DE INTERVENÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA SÍNDROME DE PATAU
Lucas Martins Mesquita, Jalusa Andréia Storch Diaz, Leandro Gomes Rodrigues, Rosana Farias Lima Pires,
Leomar Cardoso Arruda
352 PRÁTICAS EM SAÚDE: ANÁLISE DA SÉRIE UNIDADE BÁSICA SOB A PERSPECTIVA DA PSI-
COLOGIA HOSPITALAR
Gabriella de Carvalho Siqueira, Maurício Campos, Gabriella Layssa Nunes Martins, Efigenia de Fátima
Barbosa, Laura Rafaella Ramos Silva, Júlia Paz Nascimento, Fernanda Caixeta Silva
357 PREVISÃO DE DEMANDA POR MÉTODO QUANTITATIVO EM UMA EMPRESA DO RAMO ALI-
MENTÍCIO
Bruno Gonçalves Soares, Vanessa Aparecida de Oliveira Rosa, Cid Gustavo Alves da Silva Interamnense,
Elismar da Silva Neto, Jéssica Cristina Camargo
363 PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA PRODUÇÃO ENXUTA: UM ESTUDO DE CASO EM UMA
EMPRESA DE MANUFATURA
Vinicius Silva Lemos Bernardes, Eduarda Rezende de Moraes, Naiara Faiad Sebba Calife
369 RELATO DE EXPERIÊNCIA DA ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL PSICÓLOGO NA UNIDADE DE
PRONTO ATENDIMENTO (UPA)
Raissa Ellen Pereira da Silva, Daviane Rodrigues Ribeiro, Jordanna Leonel de Andrade
374 RELATO DE EXPERIÊNCIA: REFLEXÕES SOBRE A MORTE A PARTIR DE UMA VISITA AO CEMITÉRIO
Isabela Victória Teixeira, Maurício Campos, Gabriela Ferreira Mendes, Keytli Cardoso Paulino, Tatiane
Pinto da Silva
379 RESOLVENDO SISTEMA POLINOMIAL COM BASE DE GRÖBNER
Willian Pessoa de Abreu, Jairo Menezes e Sousa
384 SOBRE A MORTE E A VIVÊNCIA DO LUTO: ANÁLISE DE UMA VISITA AO CEMITÉRIO PELA
PSICOLOGIA HOSPITALAR
Ana Carolina Marques Ribeiro, Maurício Campos, Daniela Caldeira Belchior, Maria Vitória Ferreira
388 UM ESTUDO SOBRE CRESCIMENTO E ABERTURA DO E-COMMERCE
Guilherme Antonio Pinheiro, Mirian Sousa Moreira, Matheus José Vaz Santos, Matheus Rodrigues Neiva
392 UM ESTUDO SOBRE ENERGIA RENOVÁVEL E PLACAS FOTOVOLTAICAS
Lidia Freire da Cunha, Mirian Sousa Moreira, Beatriz Santos Silva, Frederico Dantas Soares, Robson
Caique Lucas Nunes, Anna Carolina de Melo Monteiro
396 UMA REVISÃO SOBRE OS ASPECTOS DE PROJETO DE PEÇAS PRÉ-FABRICADAS
Matheus Henrique Morato de Moraes Moraes, Wanderlei Malaquias Pereira Júnior, Geraldo Magela Gonçalves
Filho, Rafael Diman, Gustavo Gonçalves da Costa, Sylvia Regina Mesquita de Almeida
402 USO DE MONTÍCULO DE CUPIM PARA TIJOLOS DE SOLO CIMENTO E ADOBE
Larissa Beatriz Dieckow Massirer, Ricardo Cruvinel Dornelas, Benedito Jaime Melo Junior Moares
406 VIOLÊNCIA CONTRA MULHER E SEUS EFEITOS PSICOSSOCIAIS – UM RELATO DE EXPERÊN-
CIA
Kayanna Harumi Miura, Daviane Rodrigues Ribeiro, Ana Paula Dias Pires, Laura Rafaela Ramos Silva
411 A TEORIA CLÁSSICA E SUA APLICAÇÃO NO ATUAL MERCADO DE TRABALHO
Beatriz Magalhães Camargo, Mirian Sousa Moreira, Daiany Nunes Silva, Geane Muricy Sousa, Ivanna
Rosa Pereira Guimarães, Jéssica Kerolaine Pereira Machado
417 EXIGÊNCIAS LEGAIS AMBIENTAIS PARA A EXECUÇÃO DE PROJETOS EM OBRAS CIVIS
Gilberto Teixeira Soares, Emerson Gervásio Almeida

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423 A INFLUÊNCIA DO MARKETING NAS COMPRAS
Maria Eduarda Backes Pires, Mirian Sousa Moreira, Marla Martins Leonel, André Barra Neto, Sulamita
da Silva Lucas
427 PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NO CENTRO DE ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO
SANTA CLARA (CAEE) – INTERVENÇÃO COGNITIVO COMPORTAMENTAL
Camilla Carneiro Silva Queija, Paula Almeida Andrade
431 APLICAÇÃO DE HEURÍSTICAS DE SEQUENCIMENTO DA PRODUÇÃO EM AMBIENTE FLOW
SHOP: ESTUDO DE CASO EM UMA SERRALHERIA
Júlia Thiazu Song, Vanessa Aparecida de Oliveira Rosa, Priscila Kaori Oikawa Santiago, Ronan Machado
da Silva Júnior, Tatiane de Castro Caixeta
436 PROCESSO DE GESTÃO DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO: UM ESTUDO APLICADO
Marcelo Henrique de Souza Aguiar, Ricardo Cruvinel Dornelas, Vinícius Martins Boaventura, Yan de Pádua
Castro Metsavaht

Mostra do PIBID 443


444 A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO PARA A IMERSÃO DOS ALUNOS NO PROCESSO DE LETRA-
MENTO LITERÁRIO
Andressa Dias Vaz, Gabriela Assunção Santos, Vânia Rodrigues, Silvana Augusta Barbosa Carrijo
449 A IMPORTÂNCIA DO PROGAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA
(PIBID) NA FORMAÇÃO DE FUTUROS PROFESSORES
Jamilson Aires, Heliany Pereira dos Santos
453 A INSERÇÃO DE ATIVIDADES EXPERIMENTAIS NO ENSINO DE CIÊNCIAS: EXPERIMENTAÇÃO
COMO METODOLOGIA FACILITADORA DE APRENDIZAGEM EM NÍVEL FUNDAMENTAL
Patrícia Firmino de Avelar, Domingos Lopes Silva Junior, Natália Cristina Araújo Barros, Gabriel Henrique
Godinho, Lucas Matheus Cardoso Lamin, Lucas Borges Lopes, Rosana Sales dos Santos, Maria Aparecida
Rodrigues
459 A TEORIA E PRÁTICA NA FORMAÇÃO DOCENTE: VIVÊNCIAS PIBIDIANAS
Luis Paulo da Silva Dias, Jucileia da Silva Fonseca, Camila da Silva Guimarães, Thaís Regina Alves de
Resende
464 APRENDIZAGEM DA DOCÊNCIA NO ÂMBITO DO PIBID: DESENVOLVENDO A LEITURA E A
ESCRITA
Adrielly Cassia Rosa Pires, Juciléia Fonseca, Michael Douglas de Jesus Pereira Rosa, Maikon Douglas
Silva Rodrigues
468 AULAS EXPERIMENTAIS DE FÍSICA COM BAIXO CUSTO PARA INTERVENÇÃO CIENTÍFICA NA
REDE PÚBLICA DE EDUCAÇÃO
Ruan Carlo Schneider, Domingos Lopes Silva Junior, Ruan Alves Araújo, Thaís Vaz de Araújo
472 AULAS EXPERIMENTAIS DE FÍSICA PARA INTERVENÇÃO CIENTÍFICA
Gabriel Fonseca Barbosa, Domingos Lopes Silva Junior, Leidiane de França Guimarães, Vitoria de França
Guimarães
475 COMO MOTIVAR ADOLESCENTES NA PRÁTICA DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR SOB O OL-
HAR DE UM DISCENTE DO PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO À DOCÊN-
CIA
Gabrielle dos Santos Rosa, Heliany Pereira Santos, Raquel de Almeida Santos
481 CONTRIBUIÇÃO DO PIBID GEOGRAFIA PARA O ENSINO FUNDAMENTAL DA ESCOLA PROFES-
SORA ZUZU,MUNICIPIO DE CATALÃO (GO)
Genivaldo Clemente Borges, Patrícia Francisca Matos, Luciane Ferreira Santos, Edineia Santos Ribeiro
485 DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIAS ASSISTIVAS PARA ALUNOS COM NECESSIDADES ES-
PECIAIS
Guilherme Hiroki Tsujii, Domingos Lopes Silva Junior, Michele Cristina Silva, Jean Paulo Alves, Wellington
Barboza de Paula
489 EXPERIMENTAÇÃO PEDAGÓGICA DO PIBID EDUCAÇÃO FÍSICA:ATLETISMO NO ENSINO FUN-
DAMENTAL
Luciene da Conceicao Lima Santos, Maria do Carmo Morales Pinheiro, Isabela Cândido Vasconcelos Gomes

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496 HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA CIÊNCIA NO ENSINO DE FÍSICA
Wellington B. Paula, Domingos L. S. Junior, Guilherme R. Tsujii, Jean Paulo Alves
500 MONITORIA DE GEOLOGIA GERAL PARA O CURSO DE ENGENHARIA DE MINAS: UM RELATO
DE EXPERIÊNCIA
Marcos Henrique Pacheco, Cibele Tunussi
504 O HUMANISMO E O ENSINO DE FÍSICA POR MEIO DA PRÁTICA EXPERIMENTAL
Lyandro Barbosa Vieira de Melo, Domingos Lopes da Silva Júnior, Keila Apolinário Vieira Costa, Thiago
Sebastião Oliveira Santos, José Felipe Santos Lauxen, Joana Carla Evangelista Cruz, Josianne Ribeiro da
Silva
508 O LÚDICO E EXPERIMENTAL NO ENSINO E APRENDIZAGEM DE FÍSICA NAS ESCOLAS PÚBLI-
CAS.
Lorraine Aguiar Gondim, Domingos Lopes Silva Junior, Vinicio Alexandre Vieira, Gustavo Dias Santos,
Vinicios Pereira Oliveira
513 O PIBID COMO FERRAMENTA DE EMANCIPAÇÃO NA FORMAÇÃO DOCENTE: IMPLICAÇÕES
PEDAGÓGICAS
Bianca Barros da Silva, Bruna Cristina Ferreira Alves, Odelfa Rosa
518 O PIBID NO PROCESSO DE TORNAR-SE PROFESSORA DE EDUCAÇÃO FÍSICA
Caroline Matos Storck, Maria do Carmo Morales Pinheiro, Sara Rayane Oliveira
524 O QUE APRENDI SENDO MONITOR DA DISCIPLINA DE FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS E SÓCIO
HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO?
Romildo Rodrigues Neves Júnior, Manoel Messias Oliveira
527 PIBID NO ENSINO FUNDAMENTAL: ESTRATÉGIAS PARA O APRENDIZADO DE GEOGRAFIA
EM CATALÃO-GO
Ana Cleide Nunes Lopes, Odelfa Rosa
531 PIBID: OPORTUNIDADES QUE TRANSFORMAM VIDAS
Alef Jose Pereira, Antônio Fernandes Junior, Ianka Borges Duarte, Mirele Rosa de Aráujo
536 PRÁTICAS DE LEITURA E REESCRITA DO TEXTO LITERÁRIO: ATUAÇÃO DO PIBID
Matheus Leite, João Batista Cardoso, Ulysses Rocha Filho, Laila Lorrane Lima, Kayce Ane Santos Ribeiro
542 RECREIO ESCOLAR: O BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Matheus Oliveira Lobo, Heliany Pereira dos Santos, Guilherme Borges de Oliveira
547 RELATO DE EXPERIÊNCIA DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS PELO PIBID/GEOGRAFIA NE
ESCOLA ESTADUAL PROFESSORA ZUZU EM CATALÃO/GO
Gabriel Stéfano de Oliveira Marques, Patrícia Francisca de Matos, Geovanna Viana de Jesus, Jéssica
Rayanne Bernardes Martins
550 RELATO DE EXPERIÊNCIA: O PIBID COMO FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES NA EDU-
CAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
Heuller Ruan Cedro da Silva, Heliany Pereira dos Santos, Lucas Gabriel Marques
554 ROMPENDO AS FRONTEIRAS DO CONSUMISMO E DESCOBRINDO A EXISTÊNCIA HUMANA
POR MEIO DA LITERATURA
Igor D’Aguiar Siqueira De Lemos , Antônio Fernandes Júnior
557 SUSTENTABILIDADE EM MORADIAS POPULARES
Rigley Cesar Matias Gonçalves, Emerson de Almeida Gervásio, Meirilaine Silveria Rodrigues
561 PIBID E O USO DE ATIVIDADES LÚDICAS NO PROCESSO DE ENSINO NA GEOGRAFIA
Deise Silva, Odelfa Rosa, Danilo Pereira
565 LETRAMENTO LITERÁRIO E ENSINO DA CULTURA INGLESA ATRAVÉS DO HALLOWEEN
Giovana Guimarães, Silvana Carrijo, Thaís Botelho, Amanda Duarte
569 MONITORIA EM CLIMATOLOGIA DINÂMICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Natália Souza Santos, Rafael de Ávila Rodrigues

Mostra do PROLICEN 572


573 A CONSTRUÇÃO DAS CONCEPÇÕES E ESTIGMAS DA SEXUALIDADE NA ADOLESCÊNCIA
Elane Andrade de Oliveira, Gleyce Alves Machado, Ana Flávia Vigário

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579 CONSIDERAÇÕES SOBRE A NOVA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR,O NOVO ENSINO
MÉDIO E O ENSINO DE GEOGRAFIA
Gustavo Henrique Camargo Eufrasio, Carmem Lúcia Costa
583 ENSINO DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA E AFRICANA E OS IMPACTOS DA LEI 10.639/03 NOS
CURSOS DE LICENCIATURA EM LETRAS DA UFG/REGIONAL CATALÃO
Carolina Faleiros Felício, Maria Helena de Paula
589 ERA UMA VEZ O OUTRO LADO DA HISTÓRIA: ANÁLISES DO CONTO “O JUDEU NO MEIO DOS
ESPINHOS” DOS IRMÃOS GRIMM
Aline de Fátima Camargo da Silva, Fabianna Simão Bellizzi Carneiro
593 O IMAGINÁRIO UTÓPICO APLICADO À CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO NAS ESCOLAS
Bruna Caroline Machado Gomes, Rogério Bianchi de Araújo
603 O LIVRO DIDÁTICO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA – INGLÊS – UMA ANÁLISE ATRAVÉZ DO SIS-
TEMA DE AVALIATIVIDADE
Welison de Camargo Vieira, Fabíola Aparecida Sartin Dutra Almeida
607 O TEMA “REVOLUÇÃO” NOS LIVROS DIDÁTICOS DE HISTÓRIA
Frederico Costa, Lilian Grisolio
613 PÁGINAS ENVELHECIDAS PELO TEMPO OU COM FRESCOR DE VIÇO NOVO? - ANÁLISE DA ES-
COLARIZAÇÃO DA LEITURA LITERÁRIA POR MANUAIS DIDÁTICOS DE LÍNGUA PORTUGUESA.
Elenita Aparecida da Silva Pires, Silvana Augusta Barbosa Carrijo
618 PRODUÇÃO DE MATERIAL CARTOGRÁFICO NAS SÉRIES INICIAS DO ENSINO FUNDAMENTAL
NO MUNICÍPIO DE CATALÃO (GO)
Robério Francisco de Macedo, João Donizete Lima, Odelfa Rosa
622 APONTAMENTOS INICIAIS SOBRE A DIMENSÃO AMBIENTAL EM CURSOS DE CIÊNCIAS DA
NATUREZA DA UFG//RC
Edna Aparecida Molina, Simara Maria Tavares Nunes

Mostra de Residência Pedagógica 628


629 MUNDO DAS CORES E SENSAÇÕES: ENTENDENDO A NATUREZA DA LUZ
Brenda Ribeiro Silva, Marciel Ferreira Olimpio da Silva, Leonardo Machado Silva, Alessandro de Souza
Carneiro, Ana Paula da Graça
633 AULA CONSTRUTIVISTA NO ENSINO DE FÍSICA
Eduardo Batista Neto, Alessandro de Souza Carneiro, Clayton Pirez Vaz
637 INTRODUÇÃO AO CONHECIMENTO BÁSICO DE FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL
Elvis Victor da Silva Santos, Alessandro de Souza Carneiro, Ana Paula da Graça
640 ACOMPANHAMENTO PEDAGÓGICO PARA ALUNOS DO ENSINO SUPLETIVO
Erivaldo Pereira Rodrigues Junior, Brendow Ferreira Vaz, Alessandro de Souza Carneiro, Clayton Pires de
Avelar Vaz
643 O ENSINO DE FÍSICA ATRAVÉS DA ESPECTROSCOPIA
Marciel Ferreira Olimpio da Silva, Christiano Landi dos Reis, Ludmilla Lourenço da Silva, Alessandro de
Souza Carneiro, Clayton Pires de Avelar Vaz
647 A IMPORTÂNCIA DO REFORÇO EM AULAS DE CIÊNCIA NAS ESCOLAS PÚBLICAS
Rafael Bernardino da Silva, Lucas Jardel Alves Silva, Alessandro de Souza Carneiro

Lista de Autores 651

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Mostra de Extensão e Cultura

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CORPO E LUDICIDADE: VIVÊNCIAS CORPORAIS PARA IDOSOS
EM INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA
Santos, Cristiane da Silva, crisfrutal@hotmail.com1
Miranda, Anny Rocknelle Porto, rocknelleporto@gmail.com1
Pereira, Mayara Sabline Santos, mayarasabline@outlook.com1
Sampaio, Raphael Antony Silva, lyidydedo@gmail.com1
Santos, Lidiene Policena, lidienedosantos@hotmail.com1
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Biotecnologia

Resumo: Os idosos que vivem em Instituições de Longa Permanência (ILP) têm um estilo de vida mais sedentário
do que os que vivem em seus lares, visto que não podem frequentar academias, fazer caminhadas nos locais
disponíveis na cidade, participar dos eventos organizados, dentre outros. Nesse sentido o presente projeto de
extensão teve como objetivo proporcionar vivências corporais aos idosos que residem na Fundação Espírita
Antero da Costa Carvalho na cidade de Catalão-GO. Atualmente, essa Fundação abriga 31 idosos de ambos os
sexos com diferentes faixas etárias. O projeto foi desenvolvido às quintas-feiras das 13h30min às 15h00min. As
vivências corporais foram realizadas por meio de músicas; contos; jogos e brincadeiras; danças; atividades de
coordenação motora e raciocínio (pinturas, desenhos, colagens, quebra-cabeça, blocos de montagem, dentre
outras) que resgatam a história de vida dos idosos e potencializam esses corpos por meio da expressão, da alegria,
do lúdico, do sorriso. A prática de atividade física na ILP é um momento marcado pela brincadeira, integração e
satisfação social, instantes alegres e de convivência com outras pessoas, como as alunas do curso de Educação
Física, que representa um momento em que o idoso se sentirá visitado, estimulando assim no aluno a consciência
crítica-sócio-cultural no que se refere ao idoso na sociedade. As vivências corporais realizadas nos mostram a
vivacidade e as potencialidades que fluem nesses corpos-idosos que são imobilizados e desacreditados por falta
de políticas públicas que garantam e efetivam os diretos dessas pessoas que ainda são vistas como pessoas de
assistência, de cuidados.

Palavras-chave: Corpo e Ludicidade. Instituição de Longa Permanência. Idosos.

__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO O envelhecimento populacional é um fenômeno


mundial e as causas para o aumento do número de
No Brasil, em termos demográficos, há um idosos estão relacionadas às menores taxas de
crescimento elevado da população idosa em relação natalidade e mortalidade, à descoberta de cura para
aos demais grupos etários (GUIMARÃES et al, várias doenças, às vacinas, à urbanização das
2016). O sonho de uma vida longa deixou de ser cidades, ao saneamento básico e à mudança de
apenas um desejo e se tornou uma realidade em comportamento em relação à saúde e principalmente
âmbito mundial de forma que “[...] em todo o ao estilo de vida (alimentação e atividade física)
mundo, nunca tantos viveram tanto tempo” (CARVALHO; BARBOSA, 2003).
(COTES, 2006, p. 52 apud SANTOS, 2008, p. 1). As alterações relacionadas ao envelhecimento
Em todos os países vem ocorrendo um processo de são devidas primariamente ao estilo de vida, então a
envelhecimento populacional. É nessa perspectiva manutenção de uma atividade física regular torna-se
que Chaimowics (2009) salienta que nos próximos fator primordial, ao longo do processo de
quarenta anos a proporção de idosos no Brasil irá envelhecimento, uma vez que, a realização de
triplicar e afirma que no ranking dos países com exercícios físicos, esportes e atividades como a
maiores populações de idosos do mundo o Brasil dança, ioga, alongamento, ginástica geral,
saltará da 16ª posição para a sétima em 2025, sendo musculação, natação, jogos recreativos e
que até o ano de 2020 a proporção de idosos passará brincadeiras lúdicas possibilitam ao idoso expressar
de 5% para 10%, a expectativa de vida chegará a os sentimentos, conhecer a movimentação e os
setenta anos para homens e 76 para mulheres e, até limites do próprio corpo, melhorar a autonomia
2050, 38 milhões de brasileiros terão mais de 65 funcional e a autoestima, ocupar o tempo em prol de
anos, o que corresponderá a 18% da população si mesmo, possibilitando que se distraia das
(GOMES; SANTOS, 2014). incertezas, angústias e dos medos. Portanto,
possibilitam não somente a prática corporal em si,

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mas também o processo de intervenção na saúde, idosos que residem nessas instituições ficam na
propiciando aos idosos momentos de lazer, diversão maioria de seu tempo livre, sem uma prática de lazer
e recordação dos momentos marcantes que ao longo ou esporte, o que nos permite afirmar, conforme
da vida foram sendo esquecidos pela ausência de Souza (1999, p.23), que “os idosos ficam a maior
estímulos e falta de interesses, chegando a promover parte do dia em ociosidade sentados ou deitados,
resultados superiores à utilização de medicamentos permanecendo introspectivos por longas horas de
em muitas situações médicas comuns como a silêncio. Parece-se que os idosos não possuem outra
pressão alta (GOMES; SANTOS, 2014). alternativa senão aguardar a morte”.
Além disso, deve-se considerar que as mudanças Anacleto (2004 apud MOURÃO; SILVA, 2010,
na capacidade física de idosos decorrentes de uma p. 331), “ao realizar uma pesquisa sobre instituições
vida ativa, por meio da prática regular de atividades de longa permanência para idosos, observou que
físicas, favorecem que os mesmos consigam realizar, alguns fatores físicos, psicológicos e sociais criavam
com maior facilidade, as atividades da vida diária - vazios, espaços que ficavam entre a perda dos
AVDs como, por exemplo, caminhar, subir escadas e amigos e familiares e o ajustamento ao novo
carregar sacolas (GOMES; SANTOS, 2014). ambiente asilar. Entre esses fatores, a perda da
Assim, se partirmos do entendimento de que o identidade, a diminuição de atividades laborativas,
processo de envelhecimento está associado à problemas de saúde e o sedentarismo contribuíam
redução da capacidade aeróbia máxima, da força para a instalação de um baixo grau de autoestima
muscular, das respostas motoras mais eficientes e da entre idosos asilados”.
capacidade funcional que leva a incapacidade para a Ser geronte em uma Instituição de Longa
realização das atividades da vida diária como Permanência é “ainda mais delicado em virtude da
carregar peso, caminhar alguns metros, etc, podemos maior tendência em viver de forma menos ativa
avaliar que os idosos são o grupo que mais se (Vieira, Aprile & Paulino, 2014). Langoni,
beneficiam com a prática da atividade física regular, Borsatto,Valmorbida e Resende (2013) alertam
favorecendo os aspectos físicos e motores como sobre o sedentarismo dos idosos institucionalizados,
maior equilíbrio pessoal, estimula os reflexos, levando-os a apresentar um condicionamento físico
proporciona agilidade, contribui para a melhora da reduzido e possibilidade de aumento de doenças em
flexibilidade, permite ainda o estabelecimento de virtude da falta de atividades físicas. Tal fato pode
relações interpessoais; a melhora no estado de ser minimizado por meio da prática de exercício
ânimo; o aumento da autoestima; melhora da físico, tendo como foco a promoção de saúde para
imagem corporal; contribui para romper situações de essa população (Teixeira et al.,2011)”
solidão e reduzir os níveis de depressão, bem como (GUIMARÃES et al, 2016, p. 445).
possibilita ao indivíduo compartilhar objetivos de Nessa perspectiva, a realidade das ILPs em
vida, opiniões, momentos de alegria com outras nosso País está mais para o assistencialismo do que
pessoas haja vista que o círculo de amizades e para garantir, efetivamente, os direitos do cidadão
relações do idoso também é ampliado (SANTOS, idoso no que se refere, por exemplo, a integração
2008). com a comunidade, bem como o acesso aos serviços
A manutenção de uma vida ativa ao longo do públicos de qualidade e a atividade físicas e de lazer.
processo de envelhecimento humano está O direito a atividade física do idoso é garantido
relacionada com uma melhor qualidade de vida a no terceiro artigo do Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741
qual é influenciada pelo estilo de vida de cada pessoa de 01/12/ 2003). Esse artigo expressa que é
e um estilo de vida saudável inclui a realização de obrigação da família, da comunidade, da sociedade e
atividades físicas regulares (GOMES; SANTOS, do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta
2014). prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à
Entretanto, os dados apontam que a inatividade alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao
física é mais presente nos idosos do que em qualquer lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à
outra faixa etária e, como sabemos, tal fato pode dignidade, ao respeito e à convivência familiar e
colaborar para uma perda de independência em idade comunitária (BRASIL, 2003).
mais avançada. Entendemos ainda que os idosos que Nesse sentido o presente projeto de extensão
residem em Instituições de Longa Permanência visou proporcionar vivências corporais, bem como
(ILP) têm um estilo de vida mais sedentário do que palestras visando a melhora da qualidade de vida, o
os que vivem em seus lares, visto que não podem bem estar físico, social e emocional dos idosos que
frequentar academias, fazer caminhadas nos locais residem na Fundação Espírita Antero da Costa
disponíveis na cidade, participar dos eventos Carvalho na cidade de Catalão-GO. Mais
organizados. especificamente pretendeu-se: a) Resgatar a partir da
Se considerarmos a realidade brasileira veremos música e de contos a história de vida dos idosos; b)
que as ILPs ora não desenvolvem um programa de Prescrever, aplicar e orientar um programa de
atividade física para esses sujeitos, ora, em sua vivências corporais (alongamento, jogos,
maioria, oferecem um precário atendimento aos brincadeiras, ginástica adaptada, dança e atividades
idosos no que se refere ao desenvolvimento de de coordenação motora) conforme as necessidades e
programas de atividades ocupacionais, educacionais, interesses dos idosos; c) Promover eventos e
bem como de atividades físicas e de lazer. Assim, os palestras sobre temas relacionados à atividade física

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e terceira idade; d) Promover eventos e atividades los nos quartos em que se encontram quando
que envolvam a participação dos familiares e amigos chegamos à instituição. Todas as quintas eles nos
dos idosos. e) Estimular nos alunos a consciência recebem no portão da instituição com beijos e
crítica-sócio-cultural no que se refere ao idoso na sorrisos, falando que sentiram a nossa falta.
sociedade; f) Estimular nos alunos a produção de Atualmente a atividade que eles mais gostam é de
conhecimentos e a participação dos mesmos em colorir e percebemos por meio das atividades
eventos científicos e comunitários sobre o tema da manuais uma melhora bastante significativa na
terceira idade e atividade física. coordenação motora fina, bem como na interação
social do grupo.
2. METODOLOGIA Essas vivências resgatam a história de vida dos
idosos, colocando–os em contato com a lembrança,
A metodologia utilizada está voltada ao trabalho com a memória, com os afetos, bem como
social de caráter exploratório realizado com os proporciona viver novamente esses momentos
idosos da Fundação Espírita Antero da Costa esquecidos por falta de estímulo, potencializando
Carvalho da cidade de Catalão-GO. Atualmente, esses corpos por meio da expressão, da ludicidade,
essa Fundação abriga 31 idosos de ambos os sexos, da criatividade, da interação social entre eles e os
sendo que a maioria deles apresenta mobilidade participantes do projeto marcadas por momentos de
reduzida e/ou utiliza cadeira de rodas. alegria e de sorrisos nos rostos.
Para elaborar e orientar o programa de Ao dançar os idosos se constituem como produtores
vivenciais corporais, inicialmente foi realizado uma de cultura, pois ao realizar essa atividade expressam
análise de conjuntura da Instituição e o levantamento ritmos, marcações de uma dança realizada em
dos seguintes dados dos idosos: sexo, faixa etária, tempos antes do ingresso a ILP. Expande-se a vida,
utilização de medicamentos, patologias, pressão traz à tona as potencialidades, os desejos desses
arterial (PA), frequência cardíaca (FC), dentre outros corpos que ficam imobilizados na maior parte no
com vistas a identificar suas necessidades. tempo nessas instituições. Corpo, que respira, pulsa
Os alunos assim como os professores e se movimenta.
responsáveis a partir das vivências corporais
realizadas elaboram e entregam relatórios das 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
atividades desenvolvidas. Para tanto são realizadas
quinzenalmente reuniões de planejamento e Consideramos que os objetivos propostos foram
avaliação do projeto. alcançados com o desenvolvimento do projeto, tendo
O acompanhamento e a avaliação do projeto, no em vista que a cada dia mais idosos estão aderindo
tocante aos idosos, são realizados por meio da às vivências corporais realizadas. Além disso, no ano
frequência, fichas de avaliação física e da de 2018, por meio de um trabalho de conclusão de
participação destes nas atividades desenvolvidas curso defendido no curso de Educação Física da
(jogos, ginástica, brincadeiras, danças, caminhada, Regional Catalão, constatamos que o projeto de
etc). Também são elaborados relatórios de extensão tem cumprido seu papel tanto em relação
acompanhamento e avaliação dos idosos, por parte aos objetivos da extensão universitária junto a
da equipe executora do projeto, com vistas a comunidade externa e a formação dos discentes
produzir material para futuras análises e elaboração envolvidos quanto a proporcionar vivências
de novas atividades. As avaliações físicas dos idosos corporais aos idosos, momento de experiência de
são realizadas no início do projeto para identificar retomar as memórias e se sentirem visitados.
suas necessidades e no final do projeto com o A prática de vivências corporais no asilo é um
objetivo de acompanhar a evolução dos mesmos com momento marcado pela brincadeira, movimento,
o programa desenvolvido. memória, interação e satisfação social, instantes
As atividades de vivências corporais foram alegres e de convivência com outras pessoas
realizadas as quintas-feiras das 13h30min às abrigadas e com os alunos e professores do curso de
15h00min. Escolhemos esse horário, pois assim Educação Física; representa um momento em que o
podemos participar com eles no momento do lanche, idoso se sente visitado, visto que muitos são
bem como auxiliar as cuidadoras da instituição. abandonados por familiares e amigos, estimulando
As vivências corporais são realizadas por meio assim nos alunos a consciência crítica-sócio-cultural
de músicas; contos; jogos e brincadeiras; danças; no que se refere ao idoso na sociedade.
atividades de coordenação motora e raciocínio As atividades lúdicas “vêm contribuir de forma
(pinturas, desenhos, colagens, quebra-cabeça, blocos fundamental para a melhoria da autoestima. De
de montagem, jogos motores, dentre outras). acordo com o estudo de Jesus e Jorge (1999), podem
Procuramos também adequar essas vivências as proporcionar vários benefícios, como trabalhar as
diversas datas comemorativas: Festa Junina, Dias emoções, desenvolver a afetividade, estimular a
dos Namorados, Páscoa, Natal dentre outras. convivência, diminuir o nível de ansiedade e de
No início da realização do projeto em 2013 angústia, além de exercitar as funções psíquicas e
poucos participavam das atividades propostas, a cognitivas” (GUIMARÃES et al, 2016, p. 445).
partir de 2014 essa participação aumentou, As vivências corporais realizadas nos mostram
considerando que passamos a estimulá-los e busca- a vivacidade e as potencialidades que fluem nesses

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corpos-idosos que são imobilizados e desacreditados REFERÊNCIAS
por falta de políticas públicas que garantam e
efetivem os diretos dessas pessoas que ainda são
BRASIL. LEI No 10.741, DE 1º DE OUTUBRO
vistas como pessoas de assistência, de cuidados.
DE 2003. Estatuto do idoso. 2003. Disponível em:
Uma característica marcante dos esforços
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/
direcionados ao idoso institucionalizado “é a
L10.741.htm>. Acesso em: 10 fev. 2016.
priorização de suas enfermidades ou limitações.
Raramente são consideradas suas capacidades, CARVALHO, R. B. da; BARBOSA, R. M. dos S.
habilidades, potencialidades ou mesmo interesses, P.. O envelhecimento e a atividade Física. In:
vontades e experiência de vida. Em especial, DUARTE, Edison; LIMA, S. M. T.. Atividade
desconsiderados são seus interesses em descanso, Física para pessoas com necessidades especiais:
divertimento, prazer e desenvolvimento de experiências e intervenções pedagógicas. Rio de
habilidades que promovam forças e virtudes. Não é Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. p. 47-62.
levado em conta que, mesmo diante de limitações,
dificuldades ou enfermidades, as pessoas possam CHAIMOWICS, F. Saúde do idoso. 2. ed., Belo
experimentar entretenimento, descanso e Horizonte: NESCON UFMG, 2009. 167 p.
desenvolvimento”. (MOURA; SOUZA, 2013, p. 3) GUIMARAES, A. C. et al. Atividades grupais com
O “corpo, afastado daquilo que pode, perde sua idosos institucionalizados: exercícios físicos
capacidade revolucionária e se torna doente, perde funcionais e lúdicos em ação transdisciplinar,
sua capacidade de criar o real para aceitar a vida Pesquisas e Práticas Psicossociais, São João del-
medíocre que lhe dão” (TRINDADE, 2013, p. 2). Rei, v.1, n. p. 443-452. Jul-Dez, 2016.
Experimentar é a condição essencial para a produção
das intensidades e potencialidades dos corpos até GOMES, A. R.; SANTOS, C. S. Aspectos
então imobilizados pela rotina em cuidado e motivacionais que levam os idosos a
alimentação. O corpo antes anestesiado pela rotina participarem das atividades físicas no núcleo de
pode perceber que está vivo, acordado, que pode convivência da terceira idade “João Fayad” da
sentir, experimentar, produzir, afetar e ser afetado cidade de Catalão-go. 2014. Trabalho de
(TRINDADE, 2013). Conclusão de Curso. (Graduação em Educação
É preciso crer que os corpos-idosos conseguem Física), Curso de Educação Física da Regional
participar dessas atividades e responder Catalão/UFG, Catalão –GO. 2014.
afirmativamente ao que elas desencadeiam neles. MOURA, G. A. de.; SOUZA, l. k. de. Lazer e idoso
institucionalizado: tendências, problemas e
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS perspectivas. Licere, Belo Horizonte , v. 16 , n .2 ,
jun /2013.
A relevância deste projeto está em identificar as
necessidades dos idosos com vistas a fornecer MOURÃO, C. A.; SILVA, N. M. Influência de um
informações para serem utilizados pelos acadêmicos programa de atividades físicas recreativas na
do Curso de Educação Física a fim de elaborar autoestima de idosos institucionalizados. RBCEH,
programas de vivências corporais que venham Passo Fundo, v. 7, n. 3, p. 324-334, set./dez. 2010.
proporcionar benefícios físicos, sociais e SANTOS, C. da. S. Atividade física-recreativa
psicológicos. para idosos de instituições asilares. 2008.
Entendemos que o projeto de extensão poderá Cadastro SIEC da Regional Catalão da
contribuir sobremaneira, como elemento Universidade Federal de Goiás.
impulsionador para a formação inicial do aluno na
área da pesquisa, ensino e extensão estimulando-os SOUZA, M. C. F.. Políticas públicas de lazer
para a continuidade de seus estudos em nível de para a terceira idade: realidade ou utopia? 1999.
mestrado e doutorado. 65f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação
Além disso, permite o aluno aplicar os em Educação Física) – Universidade Federal de
conhecimentos adquiridos no curso de Educação Goiás. Campus Catalão, Catalão, 1999.
Física de forma interdisciplinar, tendo em vista que TRINDADE, R. Deleuze: corpo sem órgãos. 2013.
as atividades a serem desenvolvidas necessitam dos Disponível em:
conhecimentos das disciplinas de treinamento <https://razaoinadequada.com/2013/04/14/deleuze-
esportivo, Educação Física Especial, Jogos e corpo-sem-orgaos/>. Acesso em: 12 maio. 2016.
brincadeiras, dentre outras.

RESPONSABILIDADE AUTORAL

“Os autores são os únicos responsáveis pelo


conteúdo deste trabalho”.

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PERCEPÇÕES DE IDOSOS QUE PARTICIPAM DO GRUPO DE
CONVIVÊNCIA E O IMPACTO DESTE NA SUA SAÚDE

Pilger, Calíope, email: caliopepilger@hotmail.com


Silva, Arielly Luiza Nunes, email: ariellynunesufg@gmail.com1
Carneiro, Myla Aparecida Costa1
Silvano, Victor Rodrigues Gianelli Lemos¹
Lima, Lana Ferreira¹
Naves, Emilse Terezinha¹
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/IBIOTEC

Resumo: Um dos recursos de assistência em saúde e cuidados com a promoção e garantia da qualidade de vida
ao idoso é a implementação e consolidação de Grupos de Convivência (GC) na AB. Este trabalho é uma
pesquisa descritiva, exploratória, com abordagem qualitativa. Os participantes do estudo foram os idosos que
participam de um Projeto de Extensão vinculado à Universidade Federal de Goiás, Regional Catalão, que
intitula-se “Promoção e manutenção da saúde e prevenção de doenças para idosos na comunidade”, realizado
desde o ano 2014, e atualmente consolidado na Unidade de Estratégia de Saúde da Família (UBSF) Caic,
localizada no município desde o ano de 2016. A participação nesse projeto despertou a iniciativa da realização
de pesquisas científicas de abordagem qualitativa e quantitativa, com o objetivo de validar e promover novas
ações nesse cenário. Com este trabalho pode-se perceber a importância de analisar o processo de
envelhecimento de forma integral e singular, visto que o mesmo buscou-se perceber e valorizar as percepções
pessoais de cada idoso e promover ações para um enfrentamento melhor sobre o envelhecimento, estimulando a
interação social e o envelhecer ativo.

Palavras-chave: Idoso. Grupo de Convivência. Universidade. Envelhecimento ativo. Qualidade de vida.

1. INTRODUÇÃO Grupos de Convivência (GC) na AB. Alguns grupos


de saúde estão acessíveis à população idosa atendida
A progressiva expectativa de vida resulta na AB, vinculados ao SUS, com apoio nas Políticas
no Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Públicas de Promoção da Saúde e Saúde do Idoso,
Geografia e Estatística (IBGE), em uma população cujo objetivo propõe a sociabilização entre idosos
idosa de aproximadamente 25 milhões de indivíduos que recebem orientações acerca de variados assuntos
que, em grande parte, são assistidas pelas redes de além de prevenção de complicações de doenças
saúde ligadas ao Sistema Único de Saúde (SUS), crônicas associadas ao idoso (VARGAS; LARA;
principalmente na Atenção Básica (AB) (BRASIL, MELLO-CARPES, 2014).
2017). A educação em saúde na AB por meio de
Nessa perspectiva, a Organização Mundial práticas grupais têm sido vastamente utilizadas por
de Saúde (OMS) preconiza a necessidade de se profissionais da área da saúde de forma inter e
estabelecer políticas públicas de saúde voltadas para multidisciplinar como estratégia para as práticas de
essa parcela da população, por meio de ações para o saúde. E ainda possui como objetivo promover
envelhecimento ativo considerando os inúmeros novas ferramentas do cuidado em saúde por meio do
determinantes em saúde de forma a ampliar o acesso conhecimento da população, podendo agir de forma
a ações para a promoção da saúde e melhoria das pontual nas necessidades dessa, promovendo
condições de vida (ROCHA et al., 2015). qualidade de vida e prevenção de doenças (ROCHA
et al., 2015).
Um dos recursos de assistência em saúde e
cuidados com a promoção e garantia da qualidade de Esse estudo tem como objetivo analisar a
vida ao idoso é a implementação e consolidação de percepção dos idosos do grupo de convivência sobre

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sua participação e inserção no GC e os impactos sua Os resultados foram analisados segundo a
saúde. análise temática de conteúdo de Bardin (2011),
amplamente usada em pesquisas qualitativas ou
2. METODOLOGIA análises estatísticas descritivas e inferenciais para
estudos quantitativos (BARDIN, 2011).
Este trabalho é uma pesquisa descritiva, Tal análise é uma das técnicas de
exploratória, com abordagem qualitativa. tratamento de dados em pesquisas qualitativas, no
Os participantes do estudo foram os idosos qual Bardin (2011) destaca três importantes etapas:
que participam de um Projeto de Extensão pré-análise, exploração do material e tratamento dos
vinculado à Universidade Federal de Goiás, resultados, e a interpretação BARDIN (2011).
Regional Catalão, que intitula-se “Promoção e Assim, foi possível construir núcleos de sentido em
manutenção da saúde e prevenção de doenças para comum entre as entrevistas, podendo-se perceber e
idosos na comunidade”, realizado desde o ano 2014, discutir a importância das vivências do grupo em
e atualmente consolidado na Unidade de Estratégia questão e seu impacto na qualidade de vida deste.
de Saúde da Família (UBSF) Caic, localizada no Para manter o anonimato dos participantes
município desde o ano de 2016. da pesquisa, os mesmos receberam codinomes de
Tal projeto conta com a participação de pássaros: Canário, Agapornis, Pavão, Papagaio,
discentes e docentes de três cursos da Universidade Fênix, Coruja, Bem-te-vi, Calopsita, Cacatua, Beija-
supracitada, que são: Enfermagem, Educação Física flor, Periquito e Pica-pau.
e Psicologia. As reuniões, acontecem semanalmente, A coleta de dados foi realizada após
em período letivo, com o apoio da UBS envolvida e aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da
da escola municipal localizadas em um mesmo Universidade Federal de Goiás- Regional Catalão,
complexo territorial. com número 3.199.161/2019.
A participação nesse projeto despertou a
iniciativa da realização de pesquisas científicas de 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
abordagem qualitativa e quantitativa, com o objetivo
de validar e promover novas ações nesse cenário. Durante as entrevistas foi perceptível que os
Outro objeto que despertou com o desenvolver do idosos sentiam-se valorizados por estarem
grupo, foi a importância de “dar voz” aos idosos participando da pesquisa e principalmente por esta
sobre o grupo, seja por meio das falas durante os ser vinculada ao projeto de extensão supracitado.
encontros ou em entrevistas nos domicílios, que Nas falas nota-se que eles se sentem ouvidos,
pode ser uma forma de valorizar a dedicação e a respeitados e inseridos positivamente no grupo de
participação dos mesmos no grupo, além de motivá- convivência.
los.
Quando se trata da pergunta 1, todos os
Assim, vinculado ao projeto, realizaram-se participantes relataram se sentir bem e felizes
entrevistas com questionários semiestruturados em inseridos no GC, isso pode ser observado quando
ambiente domiciliar e na unidade, com questões analisa-se as respostas “Nossa! Maior alegria,
relacionadas a percepção dos idosos sobre o CG e os parece que tudo é nova vida, sabe. É nova vida.
impactos destes na sua saúde. Também foi utilizado Tudo. Pra mim é a coisa mais linda que existe.
como coleta de dados, as falas dos idosos durante os Vocês, todas as meninas, todos nós que reunimos
encontros. ali...pra mim é a coisa mais maravilhosa que existe.
As falas utilizadas nesse relato são oriundas (Canário)” ; “Eu me sinto maravilhosamente bem,
de três perguntas: 1) “Como o (a) senhor (a) se sente eu gosto de estar aqui no meio de vocês, me sinto
inserido(a) no grupo de convivência? Quem é o (a) alegre (Pavão).”
senhor (a) dentro do grupo?” ; 2) “O(a) senhor(a) As atividades realizadas em grupo têm
sente que o grupo de convivência lhe ajuda? como principal objetivo a construção das relações
Como?”; 3) “O(a) senhor(a) acha que o grupo sociais, estimulando assim o desenvolvimento
melhora a sua qualidade de vida? De que forma o(a) contínuo da autonomia dos seus integrantes. Além
senhor(a) acha que isso interfere?”. disso, os grupos atuam na construção da rede de
As entrevistas foram gravadas e transcritas atenção, promovendo a participação popular e a
na íntegra, e realizadas no período de outubro de educação em saúde (FRIEDRICH et al., 2017).
2018 a dezembro de 2018.

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Já nas falas referentes à pergunta 2, Essa estratégia possibilita a construção de
observa-se que o grupo possui um caráter vínculos muito fortes, tanto de equipe e idosos,
terapêutico e que trás momentos prazerosos de quanto entre os próprios participantes. Esse vinculo
aprendizado e alegria, além de atuar reinserindo-os enriquece o aprendizado e o compartilhamento na
na sociedade e isso pode ser afirmado nas falas exploração de potencialidades, além de propiciar um
“Ajuda. Ajuda como eu te falei, eu era uma pessoa melhor enfrentamento de problemas pessoais,
muito tímida... e hoje não, hoje eu já me sinto bem, tratamento e prevenção de doenças. Portanto, é de
assim, já sei misturar com as pessoas... tá me suma importância o incentivo e valorização deste
fazendo muito bem. (Coruja). tipo de grupo social (SILVA,2018).
; “Ajuda. Ajuda espiritualmente. Ajuda
moralmente. No meu modo de viver. No meu modo
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
de aprender. Porque eu to aprendendo muito. Eu
estou aprendendo. Você já pensou, depois de certa
idade, aprendendo lindas coisas boas, né.. não é Com este trabalho pode-se perceber a
importância de analisar o processo de
bom? Pra mim é um prazer. (Canário)”
envelhecimento de forma integral e singular, visto
Schoffen e Santos (2018), também que o mesmo buscou-se perceber e valorizar as
afirmam que os grupos em saúde mobilizam as percepções pessoais de cada idoso e promover
pessoas como uma rede de apoio, incentivando a ações para um enfrentamento melhor sobre o
busca pela autonomia, autoestima, resiliência e envelhecimento, estimulando a interação social e o
atuam na redução da vulnerabilidade a partir dos envelhecer ativo.
vínculos criados e a inclusão social (SCHOFFEN;
SANTOS., 2018). Cada fala em cada entrevista reafirma o
impacto do grupo de convivência sobre a promoção
Sobre a qualidade de vida questionada na e manutenção da saúde e isto está intimamente
pergunta 3, pode-se afirmar a partir das falas que o relacionado à qualidade de vida desta população.
grupo de convivência contribui de maneira positiva Nesse sentido, é interessante que este tipo de
para a melhora da qualidade de vida dos idosos projeto seja estimulado e apoiado, uma vez que
participantes. Essa afirmação se dá ao avaliar tais essa população infelizmente é pouco assistida em
falas “Melhora sim. Muito. Ali eu aprendi a viver, relação a ações de promoção, prevenção e
sabe.... Dar valor na vida” ; “Melhora demais. No manutenção da saúde.
dia que eu venho pra cá eu chego lá em casa
aliviada, as pernas tá boa, apesar de eu andar o Além disso, é crescente a expectativa de
tanto que eu ando. Mas eu chego lá as pernas tá vida no país, sendo assim, é importante focar no
maravilhosamente bem (Pavão)” envelhecimento ativo. Ações como o grupo de
convivência são estratégias acessíveis aos
e “Melhora sim. Por isso assim..eu me sinto mais profissionais; financeiramente interessantes, pois
forte para enfrentar as tribulações da vida. Eu me não necessitam de grande investimento financeiro e
sinto mais fortalecida. Ele me faz assim..ter mais o mais importante, podem refletir na sociedade e
aceitação, mais compreensão.. pro que der e vier. no bem-estar de cada indivíduo.
(Beija-flor).”
Os determinantes para a qualidade de vida REFERÊNCIAS
e envelhecimento ativo e saudável do idoso estão
relacionados não somente a aspectos biológicos, BARDIN, L. Análise de conteúdo. São
mas também estão envolvidos com as relações Paulo: Edições 70, 2011.
interpessoais e a participação social e estes podem BRASIL, IBGE. Censo Demográfico, 2017.
ser alcançados por meio da participação em Disponível em:<www.ibge.gov.br>. Acesso em:
atividades grupais (SANTOS et al.,2015). 27 ago. 2017.
Os grupos de convivência são fortemente FRIEDRICH, T.L.; PETERMANN,X.B.; MIOLO,
vinculados ao envelhecimento saudável, qualidade S.B.; PIVETTA, H.M.F. Motivações para práticas
de vida e socialização, mas, pode-se observar coletivas na Atenção Básica: percepção de usuários
relações que ultrapassam essa ideia. O grupo e profissionais. Interface – comunicação, saúde e
proporciona ao idoso uma nova identidade social. educação. RS. 2017.
As atividades realizadas nas reuniões e o convívio
com outros indivíduos oferecem o olhar
diversificado sobre a vida e o modo de enxergar o
mundo (SILVA,2018).

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ROCHA, V.D.; VIEIRA, S.N.S.; SANTOS, A.T.;
LONGUINIERE, A.C.F.; VIEIRA, D.S.; SILVA,
J.M. Educação em saúde em um grupo de
convivência da terceira idade: experiência
vivenciada. RITEC, v. 1, n. 1, p. 173-180, 2015.
SANTOS, L.F.; OLIVEIRA, L.M.A.C.; BARBOSA,
M.A.; NUNES, D.P.; BRASIL, V.V. Qualidade de
vida de idosos que participam de grupo de promoção
da saúde. Enfermería Global. 2015.
SCHOFFEN,L.L.; SANTOS,W.L. A importância
dos grupos de convivência para os idosos como
instrumento para manutenção da saúde. Rev. Cient.
Sena Aires. 2018.
SILVA,R.D. Grupo de convivência: percepção dos
idosos em uma unidade básica de saúde. Revista
Família, Ciclos de Vida e Saúde no Contexto
Social. Universidade Federal do Triângulo
Mineiro,2018.
VARGAS, L. Da. S. De.; LARA, M. V. S. De.;
MELLO-CARPES, P. B. Influência da diabetes e a
prática de exercício físico e atividades cognitivas e
recreativas sobre a função cognitiva e emotividade
em grupos de terceira idade. Rev. Bras. Geriatr.
Gerontol., Rio de Janeiro, v. 17, n. 4, p. 867-878,
2014.

RESPONSABILIDADE AUTORAL

“O(s) autor(es) é(são) o(s) único(s) responsável(is)


pelo conteúdo deste trabalho”.

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QUALIFICAÇÃO DA INTERAÇÃO PARENTAL NA PRIMEIRA
INFÂNCIA - PRIMEIRAS IMPRESSÕES
FONSECA NETO, Augusto César, augusto.cesar.fonseca@gmail.com1
FRANCO FILHO, Francisco Magela de Oliveira, franciscofilh2019@gmail.com1
MENDONÇA, Révora Silvério1
CUNHA, Gabriel Siqueira1
RIBEIRO, Gabriel de Castro1
BUSSE, Ana Carolina Silva1
VICENTE DE PAULA, Maristela2
MORAIS, Paula de Campos3
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Biotecnologia /
Curso de Medicina
2
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Biotecnologia /
Curso de Educação Física
3
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão

Resumo: A primeira infância é um período de grande vulnerabilidade e é essencial se ter familiaridade com as
conquistas que a criança pode alcançar nesta fase e com os principais problemas que podem impactar na sua
trajetória de vida. O presente projeto tem como finalidade proporcionar, como parte da formação em saúde,
melhoria na interação entre as crianças e seus familiares, brinquedos e pares através de intervenções dos alunos
ligados ao projeto, com consequente melhoria da saúde destas populações. A metodologia utilizada será a
problematização através do arco de Maguerez com as observações e intervenções ocorrendo no Projeto Brincar
nas dependências da Associação Laços de Bem no Bairro Bela Vista em Catalão, Goiás. As primeiras impressões
dos participantes do projeto sobre as crianças foram analisadas e apontam que as crianças do projeto se sentem
independentes e proativas em relação ao uso dos espaços e recursos onde é desenvolvido o projeto.

Palavras-chave: brincadeira, infância, educação em saúde.


____________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO de conversa e palestras, promover um padrão de


interação mais qualificado da interação e função
O presente estudo trata do Projeto de Extensão parental.
denominado Intervenção para qualificação da Espera-se que os alunos da área da saúde em
interação parental na primeira infância. O projeto foi formação envolvidos no projeto possam desenvolver
criado no curso de Medicina da Universidade Federal um olhar crítico e sensível da realidade e colabore na
de Goiás/Regional Catalão/IBiotec, com vistas a sua formação como agentes promotores de saúde.
proporcionar que a formação em saúde se dê em
envolvimento com a comunidade, assim define como 2. RECONHECIMENTO DE CAMPO
objetivo central: - promover a saúde através da
melhoria na relação entre criança, o brinquedo, os O Bairro Bela Vista de Catalão/GO, surgiu
pares e os cuidadores. inicialmente, a partir da migração de famílias que
A proposta do projeto prevê, que os acadêmicos vieram de variados estados do nordeste e do note de
participantes sejam responsáveis por mediar as minas gerais para a cidade de Catalão/GO em busca
atividades lúdicas nos espaços qualificados de de melhores condições de vida e trabalho.
brincadeira que existem no Bairro Bela Vista do Sua localização delimitava o fim de um lado da
município de Catalão/GO chamado Projeto Brincar, cidade, mas atualmente encontra-se rodeado por
com o propósito de observar e registrar a relação da outros dez bairros circunvizinhos, que contam com
criança com as pessoas, objetos e lugares a fim de duas escolas de ensino fundamental (somente uma
acompanhar o surgimento e desenvolvimento das dispões de quadra poliesportiva) e duas escolas de
conquistas motoras, cognitivas e afetivas que o educação infantil, em funcionamento.
processo promove bem como o padrão de A região também conta com um posto municipal
interação que ela e sua família assume quando a de saúde, que atende a toda a região com uma única
criança está brincando, a fim de que possa, em rodas equipe de saúde da família. Anexo ao posto de saúde

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localiza-se de um espaço com equipamentos para educação ambiental e de reaproveitamento de
prática de exercícios (Programa Academia ao ar livre) materiais descartados.
que não consegue suprir a falta de praças e outro b) Brinquedoteca - A brinquedoteca é o ambiente
espaço qualificado para atividades esportivas de lazer onde são apresentados, prioritariamente para crianças
ou lúdicas. de zero à sete anos, um ambiente com brinquedos que
Este bairro e os bairros vizinhos, frequentemente se agrupam em três possibilidades principais: casinha,
são noticiados pela mídia por constantes episódios de contendo mobiliário em miniatura (cozinha,
violência, envolvendo tentativas e assassinatos, em geladeira, pia, tabua e ferro de passar roupa, berço,
que as vítimas são principalmente jovens e mulheres carrinho de bebê), representação de utensílios
(BLOG ZAP CATALÃO NOTÍCIAS, 2018); domésticos, alimentos e também as bonecas. Em
(PORTAL CATALÃO, 2019); (MATOS, 2016). outro canto da sala encontram-se as fantasias,
A precariedade da oferta de serviços públicos, acessórios (perucas, óculos, chapéus e outros). Em
junto a insuficiência de instrumentos públicos de outro lado da sala, estão dispostos jogos de mesa
intervenção no bairro, impactam muito em todos os apropriados para essa faixa etária (quebra cabeça,
aspectos da vida dos moradores, principalmente das jogo da memória, blocos e encaixes). A sala conta
crianças e adolescentes que moram na região. também com, carrinhos, pelúcias, cabanas, bolinhas,
Segundo o relato delas e dos cuidadores, problemas fazendinha, miniaturas de personagens e outros.
de aprendizado, de relacionamento com pares, de Neste ambiente as crianças exploram estes recursos
relacionamento com seus responsáveis, envolvimento espontaneamente, sob acompanhamento de adultos
com a criminalidade e outros, são alguns dos que também brincam com elas quando convidados,
prejuízos que tem relação direta, ao menos parcial, ou quando seja necessário propor/apresentar
com essa contexto. possibilidades de brincadeiras. Frequentemente, as
A realidade do bairro e da região, moveu um crianças se fantasiam na brinquedoteca com os
grupo de voluntários no ano de 2008 a criar o Projeto personagens por eles escolhidos e vão para a sala de
Brincar, que nasceu de uma parceria com o projeto de contação de histórias para ler ou ouvir as histórias que
extensão Oficinas Corporais, Jogos, Brinquedos e estão representando.
Brincadeiras, cadastrado na Universidade Federal de c) Sala de Leitura e Contação de Histórias - O
Goiás/ Regional Catalão. O Projeto Brincar tem espaço da leitura e contação de histórias, conta com
como proposta oferecer espaço qualificado e acesso livros, revistas e gibis, com fantoches, cenário para
por livre demanda de brinquedos, jogos e brincadeiras fantoches, desenhos e lápis de colorir. Os livros são
para crianças e adolescente em suposta situação de dispostos em recipientes diversos, provocando a
risco social. O projeto conta com o trabalho curiosidade dos leitores, como em cestas, caixas,
voluntário de aproximadamente 20 pessoas, que pendurados como móbile, ou como varal. As crianças
interagem com cerca de 100 crianças e adolescentes e ocupam tapetes, almofadas, pufes, para ler os livros
seus responsáveis. escolhidos ou para ouvir as histórias contadas/lidas,
Neste projeto, são oferecidas atividades em por algum monitor da sala. Outros preferem ocupar a
diferentes oficinas que atendem a manifestações da mesa para desenhar ou colorir, enquanto ouvem
cultura do brincar sem restrições de períodos ou histórias. E outras crianças, organizam-se para contar
matrículas para frequentar o projeto, sem obrigação histórias com os fantoches, lendo-as ou as
de manter frequência, e as crianças podem escolher inventando/improvisando.
que atividades farão no dia e por quanto tempo d) Sala de Jogos - Na sala de jogos as crianças e
pretendem fazer as mesmas, sendo estimuladas a adolescentes tomam contato com diferentes
retornar e convidar outras crianças para vir ao projeto, modalidades de jogos como, jogos de tabuleiro, entre
e, independente do padrão de frequência, todas que eles, xadrez, dama, War, Batalha Naval, Banco
chegam são acolhidas e apresentadas as atividades Imobiliário, futebol de botão, bem com quebra cabeça
propostas, que são as seguintes: de diferentes níveis de dificuldade. As atividades são
a) Oficina de Artes - A oficina de artes, tem como desenvolvidas em um ambiente com mesas, que são
propósito possibilitar a experimentação e o uso de ocupadas pelos participantes acompanhados por
diferentes superfícies como lousas, papéis de tipos e monitores que incentivam, orientam e mediam as
tamanhos diferentes, utilizando lápis coloridos, giz de relações que se estabelecem na dinâmica dos jogos.
cera, pincéis e tintas, bem como, outros materiais, Os jogos possibilitam experiências diversificadas de
inclusive reaproveitados (sucata), incentivando-os a competição, cooperação, raciocínio, atenção,
produzir um expressão no campo da arte. A cada ludicidade e alguns que reúnem mais de uma dessas
encontro é apresentada uma proposta de trabalho qualidades.
como de origami, decoupage, pintura em várias e) Oficinas Corporais - As oficinas corporais
superfícies, produção de objetos de decoração e envolvem jogos, brincadeiras, elementos dos
utensílios. Essa oficina, explora conceitos relativos à esportes, da ginástica e da dança. As crianças e
adolescente apropriam-se das áreas ao ar livre ou de

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uma sala específica, para desenvolver atividades adolescentes membros da comunidade que se
corporais a partir de construções mediadas por oferecem para o trabalho voluntário no projeto e,
orientadores. Procura-se agregar aos participantes acompanhados por adultos, as crianças e
independentemente de gênero e faixa etária, sendo adolescentes.
necessário articular com o grupo as condições para o A existência do projeto frequentado por uma
acesso de todos os interessados e convidados. As população que o tem como elemento de seu cotidiano,
atividades nascem de situações diversas elaboradas cria uma oportunidade de observação e intervenção
previamente ou não, sendo priorizado que o grupo que teriam impacto direto nas relações entre as
possa se organizar em torno do movimento e da crianças e relações delas com o brinquedo, a
expressão corporal, a partir de um contexto de grupo instituição e seus cuidadores.
democrático, em que cada participante traz seu
arcabouço de conhecimento e compartilha com o 3. METODOLOGIA
grupo que se apropria dele e o reelabora. Para essa
oficina são disponibilizadas materiais como bolas, A metodologia utilizada é a metodologia da
cordas, cones, bambolês, elástico e aparelho de som e problematização com o arco de Maguerez, que é um
outros. método criado pelo francês Charles Maguerez e
f) Oficina de Beleza – Nesta oficina, as crianças trazida por ele ao Brasil em 1968. A metodologia
e adolescentes são convidadas a experimentar sofreu modificações por outros estudiosos e
cuidados com as unhas, cabelos e maquiagem. influências de Paulo Freire sendo usado amplamente
Buscando uma referência estética que não conflitue no ensino superior das áreas de saúde
com sua faixa etária e que valorize o momento (BERBEL,2012). Esta metodologia permite ao aluno
específico do seu desenvolvimento. A sala ser agente de seu próprio aprendizado, e, partir da
disponibiliza, mesas, espelhos e material necessário observação da realidade sob diversos ângulos. - no
para higiene e pintura/embelezamento das unhas, bem caso, os comportamentos da criança até 6 anos -
como de maquiagem. Os participantes da sala tanto refletir sobre o problema que se apresenta, definindo
recebem os cuidados, quanto os realiza em si mesmo pontos chave e as compreensões que tem sobre ele,
ou em outros. A sala é animada com conversas para, então, em momento à parte, estudar sobre os
envolvendo questões de gênero e identidade. pontos chave que observou e fazer hipóteses para o
g) Parquinho – Nesta oficina, que ocorre numa que foi observado, retornando à realidade para aplicar
estrutura de madeira com piso de areia, que tem os conhecimentos que adquiriu neste processo, em
agregado um escorregador, escada de corda e de nova observação qualificada (VIEIRA, 2015).
madeira e um balanço de pneu, as crianças interagem As crianças são observadas nos espaços do
com as estruturas, experimentando subir, escorregar, projeto que elegem frequentar. A observação pode
equilibrar, dependurar, bem como construir ocorrer tanto a uma certa distância, quanto em
brincadeiras na área. interação com os acadêmicos na brincadeira.
h) Jardim – Nesta oficina, as crianças são Para atender ao objetivo central do projeto
convidadas a participar dos cuidados com as plantas voltado para promover a saúde através da melhoria na
dos jardins da instituição, seja varrendo e dando relação entre a criança, o brinquedo, os pares e os
destino às folhas, aprendendo a fazer pequenas podas, cuidadores, as observações serão registradas em
identificando plantas frutíferas e colhendo seus portfólio e socializadas no grupo de intervenção, para
frutos, (amoreira, limoeiro, goiabeira, jabuticabeira, avaliar através da evolução do padrão de interação da
pitangueira, mamoeiro). criança, com o brinquedo, nos meses finais de
i) Videoteca – Trata-se de um acervo de vídeos observação em comparação com os meses iniciais.
disponibilizado para empréstimo. As crianças e A observar dos padrões interacionais da criança
adolescentes com cadastro podem escolher um filme com todos os elementos integrantes de ambientes de
e permanecer com ele por uma semana, sendo ela brincar, serão avaliado através do registro de
própria responsável por cuidar e devolver o vídeo intercorrências inter pares durante a período da
escolhido. observação.
Este projeto já foi objeto de estudos e trabalhos E por fim, o projeto pretende promover o estudo
de conclusão e curso de alunos da Educação física da e intervenção sistemática com as criança e seus
UFG Regional Catalão (SANTOS, 2010); cuidadores a partir de espaços qualificados para o
(PEREIRA, 2012); (CANEDO, 2013); (BELÉM, brinquedo e a brincadeira. O que será avaliado através
2015) e (VAZ,2016) nos quais foram explorados da qualidade dos registros do portfólio, a quantidade
diferentes aspectos da infância e a relação com a e a qualidade das referências utilizadas pelos alunos
brincadeira, como a educação e a cultura e trabalho na avaliação das situações observadas, podendo assim
infantil. Os estudos realizados foram importantes para avaliar o efeito das intervenções junto aos cuidadores
nortear reflexões e rumos mais adequados para as na melhora das relações com as crianças, através do
ações propostas, colaborando para integrar

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padrão discursivo dos cuidadores quando se referem Discente 8 “As crianças possuem liberdade para
às crianças nas rodas de conversa. permanecer na atividade que mais
Na fase inicial do projeto, quando as observações lhes agrade sem que ninguém o
começaram os autores escolheram avaliar o discurso pressione a permanecer...nossa
dos participantes do projeto sobre as crianças através presença não as incomoda ou as
da análise das falas de sua primeira impressão sobre impressionava… as crianças
as crianças no projeto, pedida no primeiro momento brincavam com a gente como se
após a sua primeira observação. Os resultados obtidos fossemos parte de suas brincadeiras.”
são os que seguem.
Discente 9 “[...] curiosidade quanto quem eram
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO as pessoas novas no local [...]
capacidade de cuidado uns com os
O discurso dos participantes está apresentado no outros.”
quadro 1. Fonte: registros nos portfólios.
Quadro 1- Impressões dos discentes
Participante Impressão relatada A análise do discurso dos acadêmicos
participantes indica a percepção deles que as crianças
Discente 1 “[...] contam histórias não muito do projeto entendem aquele espaço como deles e
presentes no mundo infantil e trazem todos ali não como censores ou controladores mas
realidades que as impedem de brincar elementos disponíveis para a interação lúdica numa
e estudar sem interferências percepção de proatividade das crianças no processo:
externas.” “somos apenas parte do cenário”, “agiam
Discente 2 “[...] as crianças sentem que ...é sua normalmente”, “eram bastante independentes”,
propriedade… somos apenas uma “nossa presença não as incomoda”.
peça no cenário...ver a variedade das Alguns discentes apontaram uma percepção
idades e diversas brincadeiras me passiva das criança “chegam bastante receptivas e
deixou nostálgico sobre minha dispostas a participar das brincadeiras e atividades”,
infância.” como se elas precisassem que algo fosse proposto a
elas, diferente da percepção proativa que os demais
Discente 3 “Vi que as crianças eram bastante perceberam.
independentes e se sentiam à vontade O predomínio de relatos que apontam a postura
estando lá.” proativa e autônoma das crianças do projeto em
Discente 4 “Fiquei surpreso com o nível de relação aos recursos de brincar e brincadeira
organização ... a quantidade e presentes ali é coerente com os objetivos do projeto
qualidade dos brinquedos, não vi que prevê oferecer espaço qualificado de brinquedo e
nenhum brinquedo quebrado ou brincadeira e promover nas crianças a autonomia e
danificado, a quantidade de materiais senso de liberdade de escolha e a imagem dos
para colorir… as crianças chegam encarregados da oficina como elementos disponíveis
bastante receptivas e dispostas a para esta interação qualificada.
participar das brincadeiras e
atividades.” 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Discente 5 “Pude observar a capacidade de LF, 6 A partir do reconhecimento do campo de
anos, de contar, comunicar, obedecer intervenção e os primeiros contatos que
regras [...] estas habilidades se proporcionou, podemos avaliar a riqueza de
tornarem perceptíveis em meio a possibilidades de estudo e de prováveis modificação
brincadeiras.” da realidade individual de cada criança, pelo acesso
Discente 6 “[...] com pouco tempo de jogo, LF espontâneo que os mesmo tem através da sua inserção
deixou um pouco a timidez e começou no Projeto Brincar.
a demonstrar competitividade e A brincadeira como linguagem que intermedia as
planejamento para vencer as rodadas relações com as crianças, caracteriza-se como
de jogo.” elemento fundamental para que se possa conhecer as
crianças, sujeitos desse estudo, pois que nesse
Discente 7 “[...] elas (as crianças) agiram ambiente favorável se relacionam com os problemas
normalmente quando tiveram o e desafios da realidade dando respostas possíveis a
primeiro contato comigo.”

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elas, mas ao mesmo tempo estão suscetíveis de se vulnerabilidades na infância e adolescência e as
apropriarem de novas alternativas. políticas públicas brasileiras de intervenção, Revista
O projeto aponta para expectativas muito Paulista de Pediatria, 31(2) 258-64, 2013
favoráveis de aprendizado para formação em saúde na
MATOS, MARCLEY, Triplo homicídio nesta
construção da saúde da infância, como também é uma
madrugada em Catalão, 10/6/2016, disponível na
expectativa de colaborar para tornar a vida nessa
internet em
comunidade um pouco melhor pela promoção dos
https://diariodegoias.com.br/cidades/26799-triplo-
sujeitos em favor da saúde.
homicidio-nesta-madrugada-em-catalao consultado
dia 30/3/2016 ás 20h10min.
REFERÊNCIAS
PEREIRA, Bruna Kely da Silva; PAULA, Maristela
CONANDA, Plano Nacional pela Primeira Vicente de. A brincadeiras na vida das crianças
Infância, Brasília, 2O10 do projeto: Oficinas corporais, jogos,
brincadeiras e brinquedos com crianças em
BELÉM, Wesley Assis de Belém; PAULA, situação de risco em Catalão/GO. Trabalho de
Maristela Vicente de. O trabalho infantil: com a conclusão de curso de graduação em Educação
palavra as crianças e adolescentes do Projeto Física. Universidade Federal de Goiás/Regional
Brincar. Trabalho de conclusão de curso de Catalão, 2012.
graduação em Educação Física. Universidade
Federal de Goiás/Regional Catalão, 2015. PORTALCATALÃO, Homem é assassinado a
tiros no Bairro Castelo Branco II, em Catalão,
BERBEL, NANB, A metodologia da 14/312019 disponível na internel em
problematização com o Arco de Maguerez – uma http://portalcatalao.com.br/portal/noticias/seguranca/
reflexão teórico epistemológica, EDUEL, homem-e-assassinado-a-tiros-no-bairro-castelo-
Londrina, 2012 branco-ii-em-catalao,MjA4MDI.html consultado dia
BLOG ZAP CATALÃO NOTÍCIAS, Homem é 30/3/2019 ás 20h05min.
morto a tiros no Bairro castelo Branco, RAINE, A. O cruel quebra cabeça biossocial in
30/06/2018 disponível em: RAINE, A, A anatomia da violência – as raízes
http://www.zapcatalao.com.br/2018/06/30/homem- biológicas da criminalidade – Artmed, 2015.
e-morto-a-tiros-no-bairro-castelo-branco-em-
catalao/ consultado dia 30/3/2019 ás 20h SANTOS, Luara Faria dos; PAULA, Maristela
Vicente de. A inserção da indústria cultural no
BRASIL, Síntese de evidências parapolíticas de contexto de crianças e adolescentes em situação
saúde: promovendo o desenvolvimento na de risco. Trabalho de conclusão de curso de
primeira infância / Ministério da Saúde, Secretaria graduação em Educação Física. Universidade
de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Federal de Goiás/Regional Catalão, 2010.
Departamento de Ciência e Tecnologia. – Brasília:
VAZ, Priscila Marinho; PAULA, Maristela Vicente
Ministério da Saúde, 2016. _______, Decreto Lei de. O projeto brincar na formação cultural de
No 13.257, DE 8 DE MARÇO DE 2016 _______, crianças e adolescentes em situação de risco na
Decreto no 8.869, de 5 de outubro de 2016 cidade Catalão/GO. Trabalho de conclusão de
CANEDO, Samara Rodrigues; PAULA, Maristela curso de graduação em Educação Física.
Vicente de. A brinquedoteca em um contexto de Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão,
vulnerabilidade social. Trabalho de conclusão de 2016.
curso de graduação em Educação Física. VIEIRA, Marta Nevez Campanelli; PANNÚCIO-
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão, PINTO, Maria Paula. A metodologia da
2013. problematização como estratégia de integração
CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO ensino serviço em cursos na área de saúde,
SOCIAL(CFESS), Nota Pública –Porque dizer MEDICINA (Ribeirão Preto) 48(3)241-248 2015.
não ao programa criança Feliz, Brasília 7 de
março 2017. RESPONSABILIDADE AUTORAL

FONSECA, Franciele Fagundes; SENA, Ramony “Os autores são os únicos responsáveis pelo
Kris R.; Rocky Lane A. dos; SANTOS, Orlene conteúdo deste trabalho”.
Veloso Dias; COSTA; Simone de Melo. As

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ORIENTAÇÃO A QUEIXA ESCOLAR À LUZ DA PSICOLOGIA
HISTÓRICO-CULTURAL
Silva, Janaina Cassiano, janacassiano@ufg.br1
Lodovico, Beatrice Verdelho, beverdelhol@gmail.com1
Brick, Luana Rocha1
Carneiro, Ana Clara Porto1
Fernandes, Janine Silva1
Moreira, Luisa Guimarães1
Oliveira, Ângela Cristina1
Silva, Yohanna Rosa Braga e1
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/IBIOTEC- Curso de Psicologia.

Resumo: O objetivo deste resumo é apresentar as atividades desenvolvidas entre julho de 2018 a agosto de
2019 no projeto de extensão intitulado “Orientação à queixa escolar à luz da Psicologia Histórico-Cultural”.
Trata-se de um atendimento psicológico em rede que busca uma ressignificação das dificuldades no processo
de escolarização de crianças de 7 a 12 anos. São realizados grupos com as crianças e os pais e rodas de
conversa nas escolas destas crianças. Os grupos acontecem semanalmente no Centro de Estudos Aplicados em
Psicologia-CEAPSI da Universidade Federal de Goiás/ Regional Catalão. Por entender o sujeito como um ser
social, histórico e dialético, pontua-se a importância do trabalho voltado não apenas para a criança com
dificuldades escolares, mas também com a realidade que a cerca, como a família e a escola. Destacamos que
durante os atendimentos foi possível perceber a melhora no desempenho escolar das crianças e na
compreensão dos pais sobre as condições de aprendizado delas. Além disso, com o acompanhamento nas
escolas é possível discutirmos estas dificuldades apresentadas pelas crianças no próprio espaço escolar.

Palavras-chave: Queixa escolar. Atendimento Psicológico. Criança.


________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO O objetivo geral é problematizar a demanda da


queixa escolar no Centro de Estudos Aplicados em
Este trabalho é resultado das atividades Psicologia- CEAPSI da UFG/ Regional Catalão,
desenvolvidas no projeto de pesquisa e extensão visando realizar projetos de pesquisa e extensão que
“Orientação à Queixa Escolar à luz da Psicologia tenham como foco a criança encaminhada ao
Histórico-Cultural”. O atendimento tem como foco CEAPSI com queixa escolar decorrente dos
as crianças com queixa escolar resultante dos processos de ensino/aprendizagem nas escolas.
processos de ensino/aprendizagem nas escolas, bem
como suas relações familiares e contexto social. A ideia é formar uma rede colaborativa que
Como ponto importante deste atendimento, tenha o intuito de discutir e refletir de modo
pretendemos superar o atendimento de crianças com interdisciplinar os problemas oriundos das escolas.
queixas escolares, compreendidas na concepção de Nesse sentido, busca-se uma articulação entre os
sujeito abstrato, adoecido em si e por si, patenteado profissionais da UFG/ Regional Catalão com as
pela clínica tradicional. crianças, os pais/acompanhantes, os diretores das
escolas, os professores, entendendo a importância da
A partir do referencial teórico da Teoria compreensão do fenômeno da queixa escolar de
Histórico-Cultural, iniciamos o projeto norteados modo dialético.
pelo texto “Orientação à queixa escolar:
Considerando a dimensão social” de Souza (2006), 2. REFERENCIAL TEÓRICO
assim como outros textos que abarcavam a mesma
temática: questões acerca da queixa escolar, desde a A Psicologia é uma área do saber que tem
abordagem, realização da triagem para o projeto, passado por diversas transformações ao longo de sua
encontro com alunos e a interlocução com a escola. história. De acordo com Loureiro (1997) desde sua
Isso nos possibilitou o entendimento sobre o que regulamentação no Brasil, enquanto profissão, em
seria realizado no primeiro semestre do projeto. 1962 a Psicologia foi fortemente influenciada por
uma perspectiva de caráter clínico, voltada ao
atendimento individual. Fato este evidenciado na

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formação profissional do psicólogo, ao acentuar cotidiano contém sua vida e nela seu trabalho, suas
disciplinas como o Psicodiagnóstico, as múltiplas atividades, os vários sentidos que possui
Psicoterapias e as Técnicas de Exame Psicológico. cada situação particular” (SOUZA, 2009, p.127).
Ainda segundo o autor, ao priorizar tais disciplinas a
formação do profissional de psicologia ficou 3. METODOLOGIA
propensa ao atendimento individual e atrofiada em
diversas áreas, como as organizações e a escolar, A metodologia adotada no projeto é pautada na
campos historicamente anteriores a própria prática Psicologia Histórico-Cultural, considerando a
clínica. multiplicidade de fatores da construção da queixa
escolar e por isso atua em rede no enfrentamento da
Ao se basear nesse estilo de formação, queixa. Inicialmente, foi realizado um levantamento
Loureiro (1997) destaca que por um bom tempo a de crianças dentro da faixa etária 6-10 anos, na lista
Psicologia Escolar foi tida como uma muleta da de espera do CEAPSI, e efetuadas entrevistas de
educação e o psicólogo adentrou o espaço da escola triagem com os pais para identificar crianças com
para ocupar o lugar de psicometrista, abstendo-se de dificuldades no processo de escolarização (queixa
um posicionamento crítico que coloca em questão as escolar). As crianças identificadas com queixa
práticas positivistas instituídas pela escola. Ao escolar participam semanalmente de grupos lúdicos
assumir tal postura, o psicólogo escolar voltou-se com foco em aspectos escolares; sentido e
para uma concepção adaptacionista e psicologizante significado da escola; diminuição de timidez,
do sujeito, que remete às dificuldades de desenvolvimento de autoconfiança, auto-estima e
aprendizagem da própria criança e justifica o percepção da própria capacidade de aprendizagem.
fracasso escolar através da teoria da carência Simultaneamente, os familiares participam de rodas
cultural. Apesar disso, Souza (2009) ressalta que a de conversa com foco em orientação de como
Psicologia Escolar é tida como uma das primeiras auxiliar a criança no processo de escolarização. O
áreas a questionar esse modelo de formação baseado terceiro foco de atuação é nas escolas de algumas
no atendimento individual, que não leva em crianças atendidas pelo projeto, os estagiários
consideração os aspectos sociais e institucionais que realizam visitas às escolas, conversam com
perpassam o sujeito. funcionários, observam o comportamento das
A autora também propõe que foi através dos crianças na escola e realizam grupos com as crianças
trabalhos de Maria Helena Souza Patto, que se no contra turno com as turmas de reforço.
iniciou a discussão acerca da Psicologia centrada no
positivismo e do modelo clínico, psicoterapêutico e 4. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
reeducativo de atuação psicológica no atendimento à
queixa escolar. Ao motivar tais discussões, Patto Após realizarmos as triagens, 10 crianças
(1997) impulsionou a ruptura epistemológica com as foram selecionadas por se adequarem aos critérios
ideias adaptativas da Psicologia em prol de uma do atendimento e a partir disso organizamos dois
Psicologia Crítica, que compreenda os fenômenos do grupos, um que era realizado às segundas-feiras e o
processo de escolarização constituídos a partir das outro às terças-feiras, ambos as 20h, de frequência
dimensões institucional, pedagógica e relacional, semanal.
além de considerar a necessidade do Nas conversas em grupo com os pais foram
desenvolvimento de instrumentos psicológicos tratados os seguintes temas: Queixas, história escolar
capazes de compreender a complexidade dos e de vida das crianças, auxílio nas atividades
fenômenos educativos. escolares, funcionamento e mudanças da escola,
Deste modo, apropriar-se de uma leitura crítica como se sentem frente aos filhos, e o significado de
no que tange à queixa escolar significa acatar a um laudo médico que atesta a dificuldade de
crítica no interior da própria Psicologia, desnudando aprendizagem.
seus enfoques ideológicos e as relações de poder Nos grupos com as crianças foram trabalhadas
nela existentes. Demanda também, a redefinição das atividades de apresentação, integração, construção e
“concepções e práticas do psicólogo voltadas para consolidação de regras. Em um segundo momento
um outro compromisso: com o humano genérico, foram tratados os seguintes temas: autonomia,
como nos fala Heller, ou com o oprimido, como relacionamentos interpessoais, diferenças, trabalho
aponta Freire, ou ainda com o excluído, como em equipe e tolerância e a significação da escola;
analisa Malta Campos” (SOUZA, 2009, p. 121). Isto para isso foram desenvolvidas atividades como
é, um compromisso com o aluno, que não o objetive confecção de crachás, desenhos, colagem, jogos de
em sua vida cotidiana e seja capaz de compreendê-lo carta, dominó, mini futebol, livros ilustrados, e
no conjunto de atividades que o atravessam. Com brincadeiras interativas.
isso, “para esses sujeitos, o pequeno mundo

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Uma das escolas que foi acompanhada pelo compreender seus processos psicológicos e de
projeto recebeu 4 visitas, em duas turmas de reforço ensino/aprendizagem.
uma do segundo e outra do terceiro ano. Foram
realizadas as atividades de observação do cotidiano De modo geral as atividades propostas foram
escolar; atividades de desenho; jogos como dominó realizadas de modo satisfatório, atendendo aos
e quebra cabeça. Essas atividades foram objetivos propostos pelo projeto. Conseguimos um
desenvolvidas com o objetivo de compreender as bom envolvimento de todos os setores que
dificuldades e impasses no processo de influenciam nas condições de aprendizagem da
ensino/aprendizagem, além de observar como cada criança: escola, família e a própria criança.
criança enxerga a si mesmo e seu meio escolar. Na
outra escola acompanhada pelo projeto não 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
realizamos atividades, pois o aluno participante do
projeto estava de atestado médico. Existem diversas problemáticas que estão
inclusas no processo de escolarização e que vão para
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO além da escola. Portanto, faz-se de suma importância
o papel do psicólogo no âmbito escolar, não só
Dos atendimentos realizados na clínica que pensando no aluno, como também em todo corpo
iniciaram com 5 crianças apenas 3 crianças (e seus docente. Desse modo, foi possível desenvolvermos
familiares) se mantiveram frequentes em cada um habilidades de suma importância para a formação
dos dois grupos. De acordo com as regras do profissional. Também tivemos a oportunidade de
CEAPSI os pacientes que deixam de frequentar o vivenciar de forma crítica práticas psicológicas
atendimento são excluídos do atendimento para que voltadas para a humanização e emancipação
se abram vagas para novo pacientes. humana.

Nos grupos infantis surgiram questões de REFERÊNCIAS


gênero, uso exagerado de tecnologia, diferentes
formas de comunicação, autonomia e trabalho em LOUREIRO, M. C. S. Psicologia escolar: mera
equipe, além de um movimento de ressignificação aplicação de diferentes psicologias à educação? In:
da escola e do processo de aprendizagem, todas as PATTO, M. H. S. (org). Introdução à psicologia
crianças foram mantidas para continuar no escolar. 3.ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1997.
atendimento no segundo semestre de 2019. p. 449- 458.
Nos grupos de familiares foi possível notar SOUZA, M. P. R. Psicologia Escolar e Educacional
certo movimento, em que os participantes passaram em busca de novas perspectivas. Revista Semestral
a se perceberem enquanto grupo, e peças da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e
fundamentais do processo escolar dos filhos. Muitos Educacional (ABRAPEE), v. 13, n. 1, p. 179-182,
pais questionaram a postura da escola frente à jan./jun., 2009.
queixa de seus filhos, fato que oportunizou uma
maior participação dos pais dentro da escola e um SOUZA, B. de P. Orientação à queixa escolar:
fortalecimento das relações entre pais e educadores. considerando a dimensão social. Psicologia Ciência
Ponto esse de fundamental importância. e Profissão, v. 26, n.2, p. 312-319, 2006.
As estagiárias atuantes na escola perceberam PATTO, M. H. S. O sistema escolar brasileiro: notas
que as crianças têm dificuldades na leitura e escrita, sobre a visão oficial. In:______. Introdução à
confundindo algumas letras do alfabeto. Também psicologia escolar. 3.ed. São Paulo: Casa do
observaram que as crianças interagem bem como Psicólogo, 1997. p.15- 23.
grupo, se auxiliando e participando bem das
atividades propostas. Todos demonstraram interesse RESPONSABILIDADE AUTORAL
na disciplina de artes, sendo assim o trabalho lúdico
com desenhos é uma boa forma de acessá-los e “Os autores são os únicos responsáveis pelo
conteúdo deste trabalho”.

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A DANÇA CONTEMPORÂNEA E O BREAKDANCE COMO
FERRAMENTAS DE PROMOÇÃO DA SAÚDE
DÍAZ, Jalusa Andréia Storch – Professora Orientadora, jalusastorch@yahoo.com.br
MARTINS, Bruno, brunomatins80@gmail.com1
CUNHA, Gabriel Siqueira, gasicunha@gmail.com1
SANTANA, Phablo G.S., phablo.santana@outlook.com1
PILGER, Calíope, caliopepilger@hotmail.com1
MARTINS, Nayline, nailineptu@hotmail.com1
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial IBIOTEC

Resumo: A dança é considerada um componente das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde - PICS,
sendo de fácil aplicação em diferentes espaços. O objetivo geral deste trabalho foi relatar as experiências de uma
vivência sobre Dança Contemporânea e Breakdance realizada com participantes do grupo PET Saúde da
UFG/RC. A metodologia utilizada foi o Relato de Experiência centrado na observação de dez participantes, entre
eles alunos e docentes que participam do Projeto PET Saúde da Linha 2 - PICS. Foi proposta uma vivência
centrada na Dança Contemporânea e Breakdance, subdivididas em quatro momentos: a) contextualização
teórica; b) atividades de aquecimento; c) atividade principal; d) relaxamento. Os dados foram coletados mediante
observação e relato dos participantes ao final da atividade. Os resultados demonstraram que a estruturação da
vivência foi válida respeitando quatro momentos bem definidos (a, b, c, d). As observações ressaltaram
comportamentos distintos dos participantes em relação ao ritmo das músicas, variando desde a agitação até o
relaxamento corporal. Encontramos que a vivência do “espelho”, nos diferentes planos e eixos de movimento
propiciaram o sentimento de contato e socialização entre os participantes. Os relatos oriundos dos participantes
demonstraram a viabilidade de implementar a dança em diferentes contextos. Por tudo isto, este relato de
experiência reforça o compromisso do Grupo PET em implementar vivências de danças nas UBSs da cidade de
Catalão-GO, com vistas a melhoria das condições de saúde de doentes crônicos da cidade, a qual poderá ser
utilizada como recurso complementar de promoção a saúde em nosso município.

Palavras-chave: Dança, Dança Contemporânea, Breakdance, Saúde, Extensão.


__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO – regional Catalão (UFG/RC). A vivência das


danças no contexto das PICS foram divididas em
A dança é considerada uma das Práticas Integrativas quatro momentos: a) contextualização teórica; b)
e Complementares (PICS) instituídas no Brasil pelo aquecimento para a dança; c) atividade principal de
Ministério da Saúde, entrando na Política Nacional das dança; d) relaxamento, cuja dinâmica será
PICS como Biodança. A dança no contexto das PICS apresentada no transcurso dos resultados.
visa a reduzir o estresse e reestabelecer vínculos afetivos Partindo do exposto, o objetivo geral do
através dos movimentos corporais segundo um ritmo presente estudo foi relatar as experiências exitosas
(BRASIL, 2019). de uma vivência da Dança Contemporânea e
A dança pode ser utilizada em diferentes contextos Breakdance realizada com os participantes do
(escolas, centros de convivência, unidades básicas de grupo PET Saúde e Interprofissionalidade da
saúde, hospitais, etc...) e se desdobrar em objetivos UFG/RC, da linha 2 – Prática Integrativas e
distintos, tais como: melhorar as condições de saúde Complementares em Saúde. Secundariamente, o
física, mental, social e espiritual, promover o bem-estar intento foi observar os efeitos das atividades
e qualidade de vida, ser uma ferramenta para controle e práticas das danças e obter ao final da vivência o
prevenção de sintomas ligados a doenças crônicas não relato dos participantes acerca da experiência
transmissíveis (DCNTs). ofertada.
Considerando as diferentes possibilidades da dança,
buscamos nesse estudo abordar elementos práticos e 2. REVISÃO DE LITERATURA
teóricos com o propósito de apresentar duas
modalidades específicas da dança: a dança A dança contemporânea é considerada uma
contemporânea e o Breakdance para os participantes do Prática Integrativa e Complementar e possui
Projeto de Educação pelo Trabalho – PET Saúde e diferentes desdobramentos, tal como a Dança
Interprofissionalidade da Universidade Federal de Goiás Contemporânea e o Breakdance.

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A respeito da Dança Contemporânea entendemos pela abordagem qualitativa mediante análise
que ela é a produção artística que acontece “hoje”, ou narrativa dos fatos transcorridos no momento da
seja, apresenta uma relação singular com o próprio vivência.
tempo. A dança contemporânea surgiu no segmento da A vivência das danças Contemporânea e
dança moderna e não apresenta uma única técnica, estilo Breakdance no contexto das PICS foram divididas
ou vestimenta definida (SÃO JOSÉ, 2011). Foi criada em quatro momentos: a) contextualização teórica;
nos Estados Unidos como uma forma de rompimento b) aquecimento para a dança; c) atividade principal
com a cultura clássica. de dança; d) relaxamento pós-dança, cuja dinâmica
De outra parte, o Breakdance é um dos elementos será apresentada no transcurso dos resultados.
que compõem a cultura hip-hop e teve em seus marcos Os propósitos das vivências foram integrar a
históricos uma grande contribuição para a modificação teoria da dança ao contexto prático das PICS, bem
do meio onde foi criada, nos subúrbios de Nova Iorque como produzir os efeitos das danças relacionados
em 1970, trazendo grandes benefícios ao seu local de ao alongamento, trabalho cardiorrespiratório,
origem, tais como o respeito ao próximo, a inclusão e a relaxamento muscular e mental dos participantes
diminuição da criminalidade. da atividade. Como efeitos sociais, buscou-se a
Anos mais tarde, em 1982, essa cultura se deu no interação social e a felicidade do trabalho em
Brasil no centro São Paulo, na rua 24 de maio -coração grupo. Ao final foi realizado um feedback das
da cidade, onde foram dados os primeiros passos do atividades, por meio dos relatos pessoais sobre a
Breakdance pelos percussores da cultura no país. O reflexão e avaliação da atividade.
impacto desta dança foi tão grande que ela não se limitou
apenas no centro de São Paulo e se espalhou 4. RESULTADOS
rapidamente por todo o país, difundindo sua filosofia e
seus passos de dança. A filosofia desta dança centra-se Os resultados abaixo apresentados obedecerão
na inclusão dos praticantes que se propõem a praticá-la, a sequência das atividades das danças
fazendo a pessoa sentir-se como parte do meio, Contemporâneas e Breakdance centradas no
trabalhando não somente seu corpo, mas a mente e contexto das PICS, as quais foram aplicadas aos
espírito. participantes do Projeto PET Saúde e
De modo geral, tanto a Dança Contemporânea Interprofissionalidade.
quanto o Breakdance trazem grandes benefícios ao
praticante, trabalhando o alongamento, flexibilidade, a) Contextualização teórica sobre a Dança
força muscular e musicalidade (ritmo, tempo e Contemporânea e o Breakdance:
contratempo), coordenação motora, além da melhora da
autoestima do praticante. Inicialmente os alunos organizadores da
vivência trouxeram aos participantes uma
3. METODOLOGIA contextualização teórica sobre a história da dança,
a importância da dança, sua aplicação e propósitos,
Apresenta o delineamento metodológico do relato os locais em que essa prática pode ser
de experiência, partindo das vivências de uma atividade desenvolvida. Também reforçaram a importância
em grupo realizada para participantes do Projeto PET da dança no contexto da saúde, seus benefícios e
Saúde e Interprofissionalidade, mais especificamente na suas formas de implementação para pessoas
Linha 2 – Práticas Integrativas e Complementares em hígidas e para aquelas que apresentam alguma
Saúde e Educação Popular em Saúde, tendo como local deficiência.
o campus da UFG/RC. Como subsídio para fundamentação teórica
Participaram dessa ação dez pessoas, sendo elas das vivências em dança no contexto das PICS,
alunos do Projeto PET, docentes da UFG/RC que atuam foram utilizados referências científicas que
como coordenador e tutores do Projeto PET. As nortearam as práticas, considerando a dança para
atividades transcorreram no dia 27 de junho de 2019, diferentes populações, em diferentes
quinta feria, no horário das 18:30 as 19:30 bloco 1, sala circunstâncias.
209. Três alunos participantes do Projeto PET, oriundos Por sua vez, as vivências práticas das danças
de três cursos de saúde da UFG-RC (Educação Física, Contemporânea e Breakdance foram divididas em
Medicina e Psicologia) foram os responsáveis por três momentos: b) aquecimento para a dança; c)
organizar a vivência e implementar as atividades atividade principal de dança; d) relaxamento, cuja
práticas com os participantes. Utilizaram como dinâmica será apresentada nas linhas seguintes.
materiais um computador e uma caixa de som para
proporcionar um ambiente agradável centrado nos b) Atividades de aquecimento para a dança:
ritmos das Danças Contemporânea e Breakdance.
Os dados foram coletados mediante observação e O aquecimento tem como propósito elevar a
registros fotográficos. Os resultados foram apresentados temperatura central corporal, aumentar o

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metabolismo e vascularização capilar para preparar o
corpo para a atividade principal – neste caso a Dança No prosseguimento da atividade, passamos
Contemporânea e Breakdance. para a próxima atividade que foi utilizar músicas
Inicialmente foi realizada a ‘’dança das cadeiras’’ contemporâneas em uma dinâmica em duplas
como proposta de dança “quebra-gelo”. Após isto, foi chamada ‘’espelho’’. Essa dinâmica foi dividida
desenvolvida uma prática que introduziu o Breakdance, em quatro fases em diferentes planos de
envolvendo uma corrida leve, seguida da corrida lateral, movimento corporal: alto, médio e baixo e
corrida frontal e corrida de costas, e em momentos era ‘’livre’’.
pedido para que os alunos pulassem e gritassem a A dinâmica ‘’espelho’’ consistiu em instruir
palavra ‘’break’’. O propósito dessa atividade era um integrante da dupla a ser o condutor dos
familiarizar os participantes aos movimentos centrados movimentos e o outro integrante a ser o repetidor
nos três planos e eixos corporais: sagital, coronal e dos movimentos. Ou seja, a estratégia era que um
transverso, envolvendo movimentos de flexo-extensão, dos participantes da dupla repetisse os movimentos
abdução e adução, além de rotações de membros de seu companheiro de forma espelhada, porém,
superiores, tronco e membros inferiores. uma regra foi adicionada para a dinâmica que os
Nesta etapa inicial era visivelmente notável a alegria participantes não deveriam de forma alguma
dos alunos pois todos estavam entusiasmados e um perder o contato com as mãos do colega.
pouco cansados devido a corrida e aos saltos do Sendo assim, todos os movimentos realizados
aquecimento. Ao final do aquecimento o instrutor nos planos alto, médio, baixo e livre deveriam estar
passou alguns passos do breakdance para os alunos, com em contato permanente com as mãos de seu colega
o objetivo de ser usados no decorrer das dinâmicas, de dupla. Nesse momento, as atividades foram
conhecidos como ‘’TOP-ROCKS’’. instruídas por um dos condutores da vivência.
Quando todos os top-rocks foram repassados e os A última dinâmica do “espelho” consistia em
alunos já não tiveram mais nenhuma dúvida em sua realizar o estilo livre, em que os alunos poderiam
execução, prosseguimos para o momento da dança em transitar entres os planos alto, médio e baixo.
estilo livre. Nesta etapa, os alunos escutaram músicas de Nesse momento as duplas puderam transitar
diferentes ritmos e usaram os passos de break livremente com seus movimentos corporais pelo
anteriormente ensinados e com os que eles já trouxeram espaço, e ainda o condutor da vivência dava o
consigo durante sua vida. direcionamento sobre qual aluno deveria ser o
espelho. Nesse momento as duplas de participantes
c) Atividade principal de dança – ênfase da Dança também foram trocadas para promover maior
Contemporânea e Breakdance interação e diferenciação no contato com os
movimentos corporais na dança.
Após a preparação do corpo durante o aquecimento
e a familiarização dos movimentos nos três planos e Foto 1 – Dança com o elemento “espelho” em
eixos corporais, foram instituídas atividades mais plano alto
dinâmicas e de maior gasto energético.
Assim, o próximo passo foi instituir vivências
centradas em Danças Contemporâneas como o forró,
sertanejo, música eletrônica e música pop, alternado o
ritmo da música, além da agilidade e rapidez na
execução dos passos.
Observamos nesta etapa que todos os participantes
se movimentaram sem dificuldades nos diferentes
ritmos musicais e intuitivamente fizeram duplas e
dançaram, despertando assim o a coletividade e a
proximidade emocional que a música intrinsicamente
gerar nos corpos.
Jás nas músicas eletrônicas e na popmusic, os
participantes dançaram sozinhos, utilizando pulos e os
passos do Breakdance aprendidos no aquecimento.
Pudemos observar nesse momento que os participantes
utilizaram esses ritmos para pronunciar sorrisos,
aumentaram o humor, alterando os sentimentos
Fonte: Dados dos pesquisadores (2019)
anteriores de calmos e compassivos, por sorrisos
intensos e agitação.
Foto 2 – Dança com o elemento “espelho” em
d) Relaxamento – a dinâmica do “espelho” plano baixo

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praticantes, independente da faixa etária e da
condição de saúde.
Esse fato pontua algo importante neste relato,
uma vez que as intenções do Grupo 2 do Projeto
PET Saúde e Interprofissionalidade da UFG/RC é
de proporcionar a implementação da Dança para
pessoas com doenças crônicas atendidas Unidades
Básicas de Saúde (UBS) da cidade de Catalão/GO,
considerada como uma alternativa complementar
aos tratamentos de saúde utilizados pelos usuários
nestes espaços.
Desse modo, entendemos que a experiência
aqui descrita propiciará um modo de proporcionar
maior qualidade de atendimento, sendo uma nova
possibilidade de terapias complementares que
atenta-se também ao cuidado dos próprios
funcionários que trabalham nas UBSs, trazendo
como consequência uma melhor condição de
trabalho nestes espaços.
Fonte: Dados dos pesquisadores (2019)
A dança demonstra-se como uma prática de
autoconhecimento (COSTA, et al, 2004),
Observamos neste momento do estilo livre que os
colocando as pessoas em contato com os próprios
participantes se comportaram de modo compassivo,
corpos, alcançando memórias, sentimentos,
especialmente quando foi tocada a música “A Thousand
reflexões acerca da sua postura e personalidade.
Years” de Christina Perri, na qual era perceptível a
Aspectos pessoais externalizados pela dança
emoção e os sentimentos empregado pelos alunos.
dão vazão à expressividade dos participantes,
Ao final do relaxamento e das atividades práticas da
abrindo uma nova oportunidade a esta terapêutica
Dança, realizamos uma avaliação pautada na
já inclusa na Política Nacional de Práticas
autopercepção dos participantes acerca das modalidades
Integrativas e complementares (PNPIC) (BRASIL,
das danças apresentadas nesta vivência – Dança
2019) – reforçando a potencialidade terapêutica
Contemporânea e o Breakdance. Verificamos que os
dessa prática.
apontamentos dos participantes estiveram centrados nos
A possibilidade de se expressar o subjetivo
efeitos físicos, mentais e sociais, com ênfase para o
através da dança ainda é reforçada por Reis e
estímulo cardiorrespiratório, além do relaxamento
Ferracini (2016), que demonstraram a capacidade
corporal, alívio da tensão, do estresse e um maior
expressiva da dança, permitindo que o
contato consigo mesmos.
subconsciente se concretize na forma da dança e
Os participantes também relataram as memórias
permite uma observação mais ampla da pessoa,
trazidas em função dos ritmos musicais, o ambiente
reforçando, mais uma vez, o caráter integral desse
agitado em contraste com o calmo, além da importância
tipo de prática terapêutica.
do toque – das mãos dadas com o parceiro, resultando
Costa et al (2004) evidenciam o uso da dança
em sensações de alívio das tensões. Durante essa
com um viés de socialização, capaz de integrar a
avaliação percebeu-se o relaxamento indireto por meio
grupos, conhecer a si mesmo e a sua posição dentro
do tom e o volume da voz usada pelos participantes
do grupo, remetendo, também, a prática da daça
durante o relato final da atividade.
circular, outra prática também presente dentro da
PNPICS (BRASIL, 2019). A função da dança
5. DISCUSSÃO
também se mostrou presente na experiência e pode
se mostrar útil na integração dos funcionários da
Pelo exposto anteriormente, verificamos que a
própria unidade, podendo propiciar um ambiente
dança se destaca em sua capacidade terapêutica por se
de trabalho mais saudável e cooperativo,
tratar de um método holístico de cuidado em saúde
favorecendo, inclusive, o trabalho dos diferentes
(LIMA; SILVA; TESSER, 2014), oferecendo não
profissionais da unidade – a interprofissionalidade,
apenas um cuidado biológico, mas também, psicológico,
aspecto do trabalho em saúde que tem se mostrado
social e espiritual. Desse modo, entendemos que a dança
de extrema importância na proposta de
pode ser considerada uma ferramenta importante no
integralidade no cuidado e saúde (Costa et al,
contexto das PICS, a qual oferece um cuidado amplo e
2018).
integral a saúde, sendo potencializada devido à
A partir das experiências aqui presentes,
facilidade de aplicação, o que viabiliza sua utilização em
observa-se o potencial da dança no cuidado a
uma maior amplitude de espaços, contextos e
saúde, abarcando várias das facetas da saúde

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(aspectos biológicos, físicos, sociais, espirituais e AGRADECIMENTOS
energéticos) – estando de acordo com a base holística
dessa terapia, fato que evidencia a valia de sua utilização Agradecemos ao programa PET Saúde pela
nas unidades básicas, ambientes em que elas podem ser concessão das bolsas de estudo que subsidiaram a
usadas tanto como modo cuidar indivíduo quanto como construção do presente trabalho, aos professores
de cuidado para com os funcionários da atenção básica que em todo momento nos apoiaram e nos
que poderão, assim, estar mais bem preparados para o estimularam a construir este trabalho.
cuidado com o usuário do serviço de saúde, tanto para a
aplicação da técnica quanto para o cuidado próprio. REFERÊNCIAS

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS BRASIL, Ministério da Saúde. Práticas


Integrativas e Complementares (PICS): quais
Durante a avaliação final foi possível constatar que são e para que servem. Disponível em:
o objetivo da intervenção prática com a dança para o <http://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/praticas-
grupo PET Saúde e Interprofissionalidade da UFG/RC integrativas-e-complementares>. Acessado em
foi alcançado, o qual era propiciar a vivência da Dança 22/08/2019.
Contemporânea e Breakdance para os participantes do
grupo PET, além de observar os efeitos da dança e obter LIMA, K.M.S.V.; SILVA, K.L.; TESSER, C.D.
ao final da vivência o relato dos participantes. Práticas integrativas e complementares e relação
Quanto a vivência, verificamos que foi válida a com promoção da saúde: experiência de um
estruturação das atividades em quatro etapas – serviço municipal de saúde. Interface, v.18, n.49,
contextualização teórica da dança; aquecimento; pp.261-272. 2014.
atividade principal; relaxamento. Quanto as
observações, verificamos comportamentos distintos em COSTA, A.G.M. et al. A dança como meio de
relação ao ritmo das músicas, variando desde a agitação conhecimento do corpo para promoção da saúde
para as músicas com ritmos mais intensos e a sensação dos adolescentes. DST – J Bras Doenças Sex
de relaxamento nas músicas mais lentas. Encontramos Transm, v.16, n.3, p.: 43-49, 2009.
que a vivência do “espelho”, nos diferentes planos e
eixos de movimento propiciaram o sentimento de REIS, B.M.; FERRACINI, R. Dança e Saúde
contato e socialização entre os participantes, com Mental: ações de potência. ARJ – Art Research
partilha de sentimos. Por fim, os relatos obtidos foram Journal / Revista de Pesquisa em Artes, v. 3, n.1,
positivos, visto a viabilidade a facilidade de p. 129-141, 2016.
implementar a dança em diferentes contextos, a qual
reforça o compromisso do Grupo PET em implementar SÃO JOSÉ, A.M. Dança contemporânea: um
vivências de danças nas UBSs da cidade de Catalão-GO, conceito possível? Colóquio Internacional de
tendo como alvo a melhora das condições e promoção Contemporaneidade. 2011.
da saúde a doentes crônicos da cidade, servido como um
recurso complementar aos tratamentos e reduzir os RESPONSABILIDADE AUTORAL
custos com a saúde em nosso município. “Os autores são os únicos responsáveis pelo
conteúdo deste trabalho”.

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POR UMA UNIVERSIDADE PARA TODOS: FORTALECENDO A
POLÍTICA DE COTAS ÉTNICO-RACIAIS NA UFG/RC
RIBEIRO, Mônica Luiz de Lima, monicaribeiroufg@gmail.com
SANTOS, Carmelice da Cunha, cunha.carmeliceufg@gmail.com
SOUSA, Camila da Cruz Santos de, camiladacruz.cs@gmail.com
MELO, Daniel Vitor Nunes de, melo-daniel@hotmail.com
LIMA, Karoline Martins de, karolmdl96@gmail.com
CONCEIÇÃO, Ludmila Jardim da, ludmila.jardim@outlook.com
NEVES, Matheus Vinícius Oliveira das, matheusvinicyus@hotmail.com
FONSECA, Ulisses Isac Dantas, ulissesisac@gmail.com

Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/ Unidade Acadêmica


Especial de História e Ciências Sociais

Resumo: O projeto teve o objetivo de integrar universidade e sociedade no debate acerca das políticas de cotas
raciais na UFG/RC, buscando cumprir com preceitos constitucionais em superar as desigualdades étnico-raciais,
promovendo transformação e justiça social, fortalecendo o regime democrático e ampliando o acesso de pretos,
pardos, quilombolas e indígenas no ensino superior. Durante o desenvolvimento do projeto junto com a Comissão
de heteroidentificação/RC promovemos e participamos de oficinas, conferências, rodas de conversas, além de
visitar algumas escolas públicas de ensino médio de Catalão. Os resultados alcançados foram: abertura de
diálogo com o Ministério Público da Bahia e com outras Instituições Federais de Educação Superior, como o
Instituto Federal Goiano, o Instituto Federal de Goiás, a Regional Goiás/UFG, a Universidade Federal do ABC,
Universidade Federal de Uberlândia; aproximação com a comunidade externa. Apesar de existir limitações e
desafios, as ações executadas possibilitaram experiências com grande aquisição de conhecimentos acerca das
questões étnico-raciais. A partir das atividades desenvolvidas através do projeto de extensão, vivenciamos
experiências únicas de suma importância para a formação acadêmica e pessoal.

Palavras-chave: Universidade. Políticas de Ações Afirmativas. Comissão de Heteroidentificação.


___________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO transformação e justiça social, fortalecendo o regime


democrático.
Este projeto teve como base a Lei 12.711 (Lei de Além disso, propôs, por meio de processos
Cotas), de 29 de agosto de 2012, e a necessidade de educativos, a emancipação dos sujeitos que têm o
discutir sobre esta política pública de redução de direito à entrada no ensino superior por meio das
desigualdades raciais, este teve por objetivo realizar cotas raciais.
ações de conscientização acerca da política de cotas Na UFG/RC, com a instituição e atuação das
raciais junto à comunidade institucional, local e Comissões de Verificação da Autodeclaração, hoje
regional, com o intuito de ampliar o número de Comissão de Heteroidentificação, no processo de
estudantes ingressantes na UFG por meio das vagas matrícula dos cursos de graduação no início de 2018
reservadas para pretos, pardos, quilombolas e foi possível perceber a necessidade de dialogar com
indígenas. a sociedade sobre a política de cotas raciais e sobre
A Lei de Cotas faz parte das Políticas de Ações qual parcela da sociedade realmente tem o direito a
Afirmativas, que envolvem práticas temporárias elas.
promovidas pelo Estado para garantir a reparação Nesse sentido, foi essencial a Universidade
social e econômica de grupos populacionais que têm debater com a sociedade sobre esta política pública e
sido, historicamente, excluídos dos direitos no realizar deste debate, além de fomentar a
concedidos a apenas parte da população. discussão, escutar os saberes da sociedade, para
Assim, este projeto, buscou a integração da juntos fortalecermos a efetivação do direito da
universidade com a sociedade no debate acerca das educação para todos.
políticas de cotas raciais na UFG/RC, cumprindo O objetivo geral deste projeto foi o de integrar
com os preceitos constitucionais em superar as universidade e sociedade no debate acerca das
desigualdades étnico-raciais, promovendo políticas de cotas étnico-raciais na UFG/RC,
procurando cumprir com preceitos constitucionais

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em superar as desigualdades étnico-raciais, Santana e Sant’Anna e a Assessoria da Promotoria
promovendo transformação e justiça social, de Justiça Francine Cardoso dos Santos;
fortalecendo o regime democrático e ampliando o g) roda de conversa “Racismo e Educação” com o
acesso de pretos, pardos, quilombolas e indígenas no professor e Coordenador do NEAB-UFU Guimes
ensino superior. Rodrigues Filho;
Os objetivos específicos foram: h) relato de experiência “A Experiência da Comissão
a) desenvolver ações educativas que discutam a de Verificação de Autodeclaração da UFU –
política de cotas étnico-raciais na Regional Catalão composição, desafios e perspectivas” com Régis
da UFG, ampliando o conhecimento da comunidade Rodrigues Elísio (estudante do curso de
acadêmica acerca desta política; História/UFU), Alexsandro Souza Mariano (analista
b) desenvolver ações educativas para alunos da de tecnologia da informação da PROGRAD/UFU) e
educação básica do ensino médio e da educação de Guimes Rodrigues Filho (professor e coordenador
jovens e adultos da rede pública de ensino de Catalão do NEAB-UFU);
e região, para membros de movimentos sociais, i) participação no Espaço das Profissões da Regional
membros de movimentos negros e para comunidades Catalão, com a realização de oficinas e rodas de
quilombolas e indígenas, com o intuito de discutir a conversa;
política de cotas étnico-raciais na Regional Catalão j) organização e apoio no Processo Seletivo Sisu
da UFG, ampliando o acesso de pretos, pardos, UFG 2019 e UFGInclui 2019, com a criação de um
quilombolas e indígenas no ensino superior; espaço fomativo para divulgar e ajudar a esclarecer
c) criar página virtual no sistema WEBY da UFG, a política de cotas raciais junto à comunidade
vinculada à Regional Catalão, que contenha institucional, local e regional.
conteúdo relativo à política de cotas na UFG, que k) visitas e breves debates acerca da política de cotas
divulgue ações internas e externas relacionadas à raciais nos seguintes colégios: Colégio Estadual
temática da promoção da igualdade racial e do Anice Cecílio Pedreiro; Colégio Estadual Dona Iayá;
enfrentamento ao racismo e que registre as Colégio Estadual João Netto de Campos; Instituto de
atividades deste projeto, por meio de fotografias, Educação Matilde Margon Vaz; Colégio Estadual
relatos, relatórios e outros registros. Rita Paranhos Bretas.
l) criação, manutenção e alimentação da página
2. METODOLOGIA WEBY (ppqi.catalao.ufg.br) com conteúdos
relativos à política de cotas raciais na UFG, com
Para alcançar os objetivos deste projeto, notícias que divulguem ações internas e externas
executamos o planejamento, a organização e relacionadas à temática da promoção da igualdade
realização de oficinas, palestras, conferências e racial e do enfrentamento ao racismo, com os
rodas de conversas envolvendo a comunidade registros das atividades deste projeto.
interna e externa, cujo tema abordou as questões
étnico-raciais e as políticas de cotas raciais na UFG. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nessa direção, apoiamos na organização e
participamos dos seguintes eventos junto com a Os resultados alcançados foram: abertura de
Comissão de Heteroidentificação/RC: diálogo com o Ministério Público da Bahia e com
a) roda de conversa com estudantes cotistas que outras Instituições Federais de Educação Superior,
ingressaram nos cursos de graduação no ano 2018; como o Instituto Federal Goiano, o Instituto Federal
b) conferência “Comissões de verificação da de Goiás, Regional Goiás/UFG, a Universidade
autodeclaração étnico-racial: contra as fraudes e pela Federal do ABC e a Universidade Federal de
garantia da lei de cotas” com o Prof. Dr. Acácio Uberlândia; aproximação com a comunidade
Sidinei Almeida Santos, Pró-Reitor de Assuntos externa, pois os eventos promovidos contaram com
Comunitários e Políticas Afirmativas da UFABC; a participação de professores da rede municipal e
c) oficina “Formação para comissões de verificação estadual de educação, de membros da comunidade
de autodeclaração étnico-racial” com o Prof. Dr. interessados na temática e divulgação na imprensa
Acácio Sidinei Almeida Santos; local; ampliação das discussões sobre políticas
d) roda de conversa “Educação para as relações afirmativas raciais, com alcance presencial total de
étnico-raciais” com a Profa. Tatiana Maria Moura; cerca de 700 (setecentos) pessoas da comunidade
e) conferência “Racismo Institucional e Direito”, interna e externa, e com alcance virtual, por meio da
com a Promotora de Justiça do Ministério Público do publicação da gravação de alguns eventos na rede
Estado da Bahia, Lívia Maria Santana e Sant’Anna; social Facebook, de cerca de 2000 (duas mil)
f) roda de conversa “As Comissões de Verificação pessoas; aprimoramento da compreensão acerca dos
como Instrumento de Concretização das Cotas beneficiários das políticas afirmativas raciais, que
Raciais” com a Promotora de Justiça Lívia Maria devem ter como foco as pessoas socialmente
reconhecidas como negras e que apresentem

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características fenotípicas visíveis de uma pessoa experiências únicas de suma importância para a
negra. formação acadêmica e pessoal, através das
Todo esse debate, levou a discussão sobre a atividades desenvolvidas, tais como: rodas de
necessidade da criação de um Núcleo de Estudos conversa, palestra, oficina, conferência, participação
Étnico-Raciais de Catalão, como espaço de reflexão no espaço das profissões da Regional Catalão, entre
e pensamento para embasar e fortalecer as atividades outros.
de ensino, pesquisa e extensão acerca da temática A partir do desenvolvimento deste projeto de
racial na UFG/RC; pois entende-se que deve ser extensão, abriu-se caminhos para projetos de
discutida a efetiva inclusão, permanência e iniciação científica e ampliação da discussão da
acompanhamento do público-alvo das cotas raciais, questão racial no desenvolvimento dos estágios
uma vez que o contato com a realidade dos curriculares obrigatórios supervisionados.
estudantes cotistas permitiu a percepção da difícil
realidade financeira à qual estão submetidos, sendo AGRADECIMENTOS
fundamental a criação de uma Secretaria de Inclusão,
Permanência e Acompanhamento.
A compreensão da mister criação de uma Pró- Agradecemos ao Thimóteo Pereira Cruz, que
Reitoria de Direitos Humanos e Diversidade, ou acreditou neste Projeto de extensão, dando início ao
órgão similar, na estrutura da Universidade Federal mesmo.
de Catalão, que abrigaria as Secretarias de Políticas Agradecemos todos os membros da Comissão de
Afirmativas Raciais (atual Comissão de Heteroidentificação/RC pela parceria.
Heteroidentificação), de Inclusão, Permanência e Agradecemos a Coordenação de Extensão e
Acompanhamento, de Acessibilidade (atual Núcleo Cultura/RC pela bolsa PROBEC.
de Acessibilidade), e de Direitos Humanos (atual Agradecemos à Direção/RC por fomentar
Comissão de Assédio); pois teria-se um lugar para financeiramente todos os eventos promovidos
discutir a questão jurídica das cotas raciais, sendo um durante o desenvolvimento do projeto.
espaço formativo em favor das políticas de cotas
raciais na Regional Catalão. REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei nº 12.711, de 29 de agosto de 2012.


4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Dispõe sobre o ingresso nas universidades federais e
O projeto de extensão desenvolvido nos nas instituições federais de ensino técnico de nível
proporcionou vivenciar o tripé que move a médio e dá outras providências. Diário Oficial [da
universidade pública e gratuita, a saber: ensino, República Federativa do Brasil], Brasília, 30 ago.
pesquisa e extensão. Essa extensão universitária 2012.
possibilitou o compartilhamento, com o público
interno e externo, do conhecimento adquirido por RESPONSABILIDADE AUTORAL
meio do ensino e da pesquisa desenvolvidos também
na instituição, servindo como instrumento de Os autores são os únicos responsáveis pelo conteúdo
inserção social, aproximando a academia das deste trabalho.
comunidades adjacentes. Outra função importante
que esse projeto proporcionou, que também é uma
função social da Universidade, foi de discutir e
articular políticas públicas por meio da participação
e organização de eventos.
Dessa forma, entendemos que as atividades e
objetivos deste projeto foram realizadas e alcançadas
a contento.
Contudo, ainda, não foi possível realizar
algumas atividades em sua totalidade, como visita
em todas as escolas públicas da educação básica e
em comunidades indígenas e quilombolas de Catalão
e região, devido a contratempos, sobrecarga de
atividades e disponibilidade orçamentária.
Apesar de existir limitações e desafios, as ações
executadas possibilitaram experiências com grande
aquisição de conhecimentos acerca das questões
étnico-raciais. A partir das atividades desenvolvidas
através do projeto de extensão, vivenciamos

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A IMPLANTAÇÃO DAS PRÁTICAS INTEGRATIVAS E
COMPLEMENTARES EM SAÚDE NA ATENÇÃO BÁSICA DO
MUNICÍPIO DE CATALÃO - GO
Pilger, Calíope, cpilger@ufg.br¹
Serrano Da Silva, Deisiane, deisianeserrano@gmail.com¹
Mota, Jéssica Lopes¹
Silva, Eduardo Viana¹

¹Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Biotecnologia

Resumo: Como instituído pela Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS), a
implantação das PICS é de extrema importância para a Saúde Pública e para a qualidade de vida da população,
tendo em vista, que visa o fortalecimento e a implementação das práticas no Sistema Único de Saúde e incentiva
o desenvolvimento de estratégias que visam capacitar os profissionais da Rede de saúde para atender usuários
do sistema. O objetivo do presente trabalho é descrever a experiência da implantação das PICS na Atenção Básica
do município de Catalão - GO e os desafios e dificuldades encontrados neste percurso. Esta implantação teve
início com a sensibilização de acadêmicos e profissionais da Universidade Federal de Goiás - Regional Catalão,
junto a Liga Acadêmica de PICS (LAPIC), que possibilitou abertura e desenvolvimentos de projetos de extensão,
pesquisa e outros programas como o PET - Saúde. Após este período percebe-se que é de extrema importância
que profissionais tenham conhecimento sobre as PICS e as políticas que a regem, tanto para buscar insumos que
auxiliem a implantá-las nos serviços, quanto para obterem apoio dos gestores de saúde. A coparticipação Inter
setorial também é relevante para o cumprimento da política, pois auxilia os profissionais da saúde a alcançarem
os objetivos propostos.

Palavras-chave: Práticas Integrativas e Complementares. Saúde Pública. Unidade Básica de Saúde. Sistema
Único de Saúde, Políticas de Saúde.

___________________________________________________________________________

complementares (PIC). Essa


1. INTRODUÇÃO denominação difundiu-se
desde a aprovação da Política
As Práticas Integrativas e Complementares em Nacional de Práticas
Saúde (PICS) são definidas como tratamentos de Integrativas e Complementares
saúde complementares e terapêuticos, baseados em (PNPIC), em 2006, na qual se
saberes populares e científicos. Tais práticas são incluem, em seu escopo: a
utilizadas para promoção da saúde, prevenção de medicina tradicional chinesa
agravos e tratamento de doenças crônicas não (sobretudo, a acupuntura),
transmissíveis ou cuidados paliativos (BRASIL, homeopática e antroposófica,
2019). A Organização Mundial de Saúde (OMS) as plantas medicinais
denomina como Medicinas (fitoterapia) e o termalismo
Tradicionais/Complementares e Alternativas: social (crenoterapia) (LIMA;
(LIMA; SILVA; TESSER, 2014) SILVA; TESSER, p.2, 2014).

Em 03 de maio de 2006, foi aprovado a Política


(...) o conjunto de práticas e
Nacional de Práticas Integrativas e Complementares
ações terapêuticas que não
(PNPIC), no Sistema Único de Saúde (SUS), por
estão presentes na
meio da portaria nº 971, em que carrega em suas
biomedicina. Na literatura,
diretrizes o fortalecimento e a implementação das
encontram-se diferentes
práticas no SUS, o incentivo para o desenvolvimento
denominações para as práticas
de estratégias que visam capacitar os profissionais da
terapêuticas, entretanto, no
Rede para atender usuários do sistema, divulgação
Brasil, usa-se a expressão
da oferta de atendimento, estímulo de ações Inter
práticas integrativas e
setoriais, além de fortalecer os princípios
organizacionais e doutrinários do SUS, incentivo a

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pesquisas relacionadas à temática, desenvolvimento Atenção Básica do município de Catalão - GO e os
de ações que acompanhem e avaliem a terapia desafios e dificuldades encontrados neste percurso.
ofertada, entre outros (BRASIL, 2006). Hoje no
SUS estão regulamentadas 29 práticas, reconhecidas 2. METODOLOGIA
por meio das Portarias nº 702 (Brasil; 2018) e nº 849
(Brasil; 2017), como: Acupuntura, Apiterapia, O presente trabalho trata-se de um relato de
Aromaterapia, Arteterapia, Ayurveda, Biodança, experiência sobre o processo de implantação das
Bioenergética, Constelação Familiar, Cromoterapia, PICs na Atenção Básica do município de Catalão -
Dança Circular, Geoterapia, Hipnoterapia, GO. De acordo com o Instituto Brasileiro de
Homeopatia, Imposição de Mãos, Medicina Geografia e Estatística (IBGE), o município de
Antroposófica/Antroposofia aplicada à saúde, Catalão - GO, localizado no sudeste goiano, faz parte
Meditação, Musicoterapia, Naturopatia, Osteopatia, da macrorregião Centro Sudeste e região de saúde
Ozonioterapia, Fitoterapia, Quiropraxia, Estrada de Ferro, apresenta uma população estimada
Reflexoterapia, Reiki, Shantala, Terapia (2018) de 106.618 pessoas com taxa de mortalidade
Comunitária Integrativa, Terapia de Florais, de 9.47 para 1.000 nascidos vivos e internação por
Crenoterapia e Yoga (BRASIL, 2019). diarreia de 0.7 para cada 1.000 habitantes (IBGE,
Com a instituição das PICS no âmbito do SUS, 2017). No quesito de Atenção Básica, conta com 14
novas e importantes ferramentas para o cuidar foram UBS.
agregadas à promoção da saúde, prevenção de A implantação das PICS no município de
agravos e reabilitação, estendo à população serviços Catalão teve início com a sensibilização de
terapêuticos que antes só eram disponibilizados em acadêmicos e profissionais da Universidade Federal
instituições privadas. A humanização, cuidado de Goiás - Regional Catalão, junto a Liga Acadêmica
integral e multidisciplinar também obteve melhora de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde
nesse quesito. (AZEVEDO et. al, 2019). (LAPIC). Estes, com apoio das EAB, iniciaram o
De acordo com Reis, Esteves & Greco (2018), processo de implementação das PICS, apresentando
diversos são os problemas que dificultam a vivências de práticas em primeiro momento.
implantação das PICS no SUS, como: “Os desafios Após estas vivências, ampliação do
atuais estão nos entraves relacionados a pouca conhecimento e divulgação das PICS, no ano de
formação profissional, má gestão do Sistema e 2018 o Reiki, foi inserido na Unidade Básica de
concepções enraizadas na medicina alopática, que Saúde da Família (UBSF) CAIC, este processo
permanecem e dificultam a ampliação das PICs no iniciou por meio de reuniões com a Equipe de Saúde
país (REIS; ESTEVES; GRECO, p. 361, 2018)”. da UBSF, para discutirem sobre a implantação da
Como estratégia para sanar diversos problemas PNPIC no serviço, e explicação sobre esta prática.
encontrados na Atenção Básica, incluindo a Após a sensibilização da equipe sobre a
dificuldade para implantação das PICS, foi criado importância da implantação da PNPIC e do Reiki,
em 2011 o Programa Nacional de Melhoria do iniciou-se os atendimentos aos funcionários da
Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ- UBSF, com aplicação desta técnica, por intermédio
AB), que visa incentivar a melhoria e a qualidade dos de estudantes, voluntários e capacitados, do curso de
serviços e seus gestores, além de estratégias para Enfermagem, além de participantes da LAPIC, que
qualificar, acompanhar e avaliar os serviços se disponibilizaram em participar deste processo. As
prestados pelas Equipes da Atenção Básica (EAB), sessões eram realizadas uma vez por semana, com
oferecendo gratificações condizentes com o duração de 30 a 40 minutos. Após a sensibilização
desempenho da (EAB) (LOSSO; FREITAS, 2017). dos funcionários, a médica da Unidade passou a
Em conformidade aos fatos expostos, pode ser prescrever a terapia aos idosos do grupo de
evidenciado que a implantação das PICS é de convivência da terceira idade. Em seguida as
extrema importância para a Saúde Pública e para a prescrições foram destinadas às demais faixas
qualidade de vida da população, contribuindo etárias, com foco em pacientes com depressão,
grandemente com suas terapias e tratamentos na insônia, ansiedade ou Hipertensão.
porta de entrada para o SUS, por intermédio da Também foram realizadas vivências de
Atenção Básica. Portanto, é de extrema importância automassagem, relaxamento com imagem guiada,
que profissionais e estudantes da área das Ciências dança circular e discussões sobre as plantas
da Saúde, além de terapeutas holísticos, influenciem, medicinais nos grupos de saúde da UBS.
apoiem e acompanhem este processo de
implementação das PICS no âmbito do SUS. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Diante deste contexto, surgiu o interesse em
realizar este trabalho que possui como objetivo é Após a implantação das PICS na Unidade
descrever a experiência da implantação das PICs na Básica de Saúde da Família (UBSF) CAIC, outras
Unidades do município manifestaram interesse em

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participar do processo. O segundo local a receber a ver os problemas mundiais de
implantação das PICS foi a UBSF Albino da Silva escassez de recursos,
Barbosa, onde iniciou-se o atendimento das terapias desemprego, guerras, meio-
Reiki, Auriculoterapia, Automassagem e Dança ambiente, nos quais as
Circular. organizações governamentais
O Reiki consiste em uma prática de imposição se mostram incapazes de
de mãos, terapêutica, que promove o equilíbrio sozinhas resolverem.
energético, bem-estar físico e mental por meio da Atualmente é imprescindível o
canalização da energia vital universal. A dança planejamento, a execução e a
circular, é uma prática que geralmente acontece em avaliação de uma política
grupo e em roda, inspirada em diversas culturas do públicas em termos de
mundo, com o intuito de ofertar a promoção e efetividade e eficiência nos
integração humana, a fim de gerar bem-estar físico, mecanismos de controle social,
mental, emocional e social, através dos passos que pode ser potencializado na
sincronizados entre os participantes, melodias e medida em que se
movimentos que variam entre delicados e profundos compartilham saberes,
(BRASIL, 2019). conhecimentos, técnicas e
A Auriculoterapia é descrita como uma terapia experiências de forma
que visa obter o alívio/tratamento de dores por integrada. As políticas sociais
causas adversas, físicas ou psicológicas, com a públicas necessitam atender os
estimulação de pontos específicos com sementes de pressupostos da
mostarda, objetos metálicos, magnéticos ou agulhas. intersetorialidade e da
A automassagem é uma terapia auto-realizada, pela descentralização em
própria pessoa, com a finalidade de aumentar a colaboração com a sociedade
circulação e equilíbrio de energia em um ponto para a construção de
específico ou em todo o corpo, resultando em estratégias comuns para a
benefícios ou restabelecimento para a saúde resolução dos problemas
(COFFITO, 2017). sociais que afetam a todos
No dia 6 de maio de 2019, a Liga Acadêmica de (CUSTÓDIO; SILVA, p. 14,
Práticas Integrativas e Complementares (LAPIC), 2015).
juntamente com o departamento de Enfermagem da
Universidade Federal de Goiás - Regional Catalão, Por meio da implantação das PICS na UBSF
Programa de Educação para o Trabalho em Saúde CAIC, pode ser explicitado que um dos principais
(PET Saúde) e Secretaria Municipal de Saúde, motivos de tais práticas serem pouco difundidas, se
realizaram o I Fórum de Práticas Integrativas e dá pelo desconhecimento da PNPIC e pela falta de
Complementares em Saúde: Desafios e articulação com os gestores, seja ele a nível
Potencialidades para Implantação das PICS nos municipal, estadual ou federal, além da escassez de
serviços do Município. Este evento, fruto da profissionais formados na área de atuação das PICS
implantação realizada na UBSF CAIC e do (ISCHKANIAN; PELICIONI, 2012).
movimento de inserção das PICs no município,
reuniu profissionais de diferentes UBS, além da 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
gestão municipal, com o intuito de discutir sobre a
importância das práticas no serviço, abordando os Diante do contexto, pautado em evidências
desafios e potencialidades deste processo e a científicas e políticas, pode ser evidenciado que a
parceria multidisciplinar e interprofissional entre a não implantação da PNPIC no SUS retrata uma
universidade, discentes voluntários e bolsistas, liga grande fronteira em saúde, no quesito terapêutico e
acadêmica, projetos de extensão, Secretaria biológico, pois subtrai ferramentas que fortalecem a
Municipal e serviços de saúde da comunidade. autonomia e o bem-estar do paciente e promovem
A busca de parcerias Inter setoriais é de extrema sua saúde. Portanto, é de extrema importância que os
importância na implementação de Políticas Públicas profissionais tenham conhecimento sobre as PICs e
na Sociedade Contemporânea, pois não é tão válido as políticas que a regem, tanto para buscar insumos
atribuir as dificuldades e falta de efetivação de tais que auxiliem a implantá-las no serviço, quanto para
políticas apenas aos governantes ou órgãos públicos, obterem apoio dos gestores de saúde.
como descreve Custódio e Silva (2015): Assim, o presente trabalho demonstra como se
iniciou a implantação das PICS na Atenção Básica
Atribuir toda responsabilidade do município de Catalão - GO, os desafios,
aos agentes governamentais é dificuldades e possíveis soluções para resolubilidade
uma ideia já fragilizada, basta dos problemas encontrados. A parceria entre a

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Universidade e os serviços de saúde do município GERHARDT, T. E.; SILVEIRA, D. T. Métodos de
resultou também em organização e apoio da gestão pesquisa. Porto Alegre: Editora da UFRGS, p.114,
para capacitação de servidores da rede em práticas 2009.
como Reiki, Auriculoterapia, Automassagem e IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e
Massagem shantala. Logo, a coparticipação Inter Estatística. Panorama do município de Catalão -
setorial, e de outros setores da sociedade proveram GO. 2017. Disponível em:
benefícios aos usuários do SUS e comunidade. https://cidades.ibge.gov.br/brasil/go/catalao/panora
ma.
REFERÊNCIAS ISCHKANIAN, P. C.; PELICIONI, M. C. F.
DESAFIOS DAS PRÁTICAS INTEGRATIVAS E
AZEVEDO, C. et al. Práticas integrativas e COMPLEMENTARES NO SUS VISANDO A
complementares no âmbito da enfermagem: PROMOÇÃO DA SAÚDE. Rev Brasileira de
aspectos legais e panorama acadêmico-assistencial. Crescimento Desenvolvimento Humano, São
Esc. Anna Nery, Rio de Janeiro, v. 23, n. 2, 2019. Paulo, v. 1, n. 22, p.233-238, dez. 2012.
Disponível em: LIMA, K. M. S. V.; SILVA, K. L.; TESSER, C. D.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext& Práticas integrativas e complementares e relação
pid=S1414- com promoção da saúde: experiência de um serviço
81452019000200226&lng=en&nrm=iso. municipal de saúde. Interface - Comunicação,
BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Saúde, Educação, v. 18, n. 49, p.261-272, 10 mar.
Ministro. Portaria nº 849, de 27 de março de 2017. 2014.
Inclui a Arteterapia, Ayurveda, Biodança, Dança LOSSO, L. N.; FREITAS, S. F. T. Avaliação do
Circular, Meditação, Musicoterapia, Naturopatia, grau da implantação das práticas integrativas e
Osteopatia, Quiropraxia, Reflexoterapia, Reiki, complementares na Atenção Básica em Santa
Shantala, Terapia Comunitária Integrativa e Yoga à Catarina, Brasil. Saúde em Debate, v. 41, n. 3,
Política Nacional de Práticas Integrativas e p.171-187, set. 2017.
Complementares. Diário Oficial da União, REIS, B. O.; ESTEVES, L. R.; GRECO, R. M.
Brasília, DF, 27 mar. 2018. AVANÇOS E DESAFIOS PARA A
______. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. IMPLEMENTAÇÃO DAS PRÁTICAS
Portaria nº 702, de 21 de março de 2018. Altera a INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES NO
Portaria de Consolidação nº 2/GM/MS, de 28 de BRASIL. Rev. Aps., Juíz de Fora, v. 3, n. 21,
setembro de 2017, para incluir novas práticas na p.355-364, set. 2018.
Política Nacional de Práticas Integrativas e
Complementares - PNPIC. Diário Oficial da RESPONSABILIDADE AUTORAL
União, Brasília, DF, 21 mar. 2018, Seção 1, p. 74. “Os autores são os únicos responsáveis pelo
______. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. conteúdo deste trabalho”.
Portaria nº 971, de 03 de maio de 2006. Aprova a
Política Nacional de Práticas Integrativas e
Complementares (PNPIC) no Sistema Único de
Saúde. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 06
mar. 2006. p. 64.
______. Práticas Integrativas e Complementares
(PICS): quais são e para que servem. Disponível
em: http://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/praticas-
integrativas-e-complementares. Acesso em: 19 ago.
2019.
COFFITO, CONSELHO FEDERAL DE
FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL.
Ministério da Saúde amplia oferta de PICS:
arteterapia, Quiropraxia e Osteopatia são incluídas
nas Práticas Integrativas e Complementares. 2017.
Disponível em:
https://www.coffito.gov.br/nsite/?p=6267.
CUSTÓDIO, A. V.; SILVA, C. R. C. A
intersetorialidade nas políticas sociais públicas.
Seminário Nacional Demandas Sociais e
Políticas Públicas na Sociedade Contemporânea,
2015.

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O PAPEL DA LIGA ACADÊMICA DE PRÁTICAS INTEGRATIVAS E
DO PROJETO REIKI NA UNIVERSIDADE NA VIDA DOS
ESTUDANTES

Pilger, Calíope, cpilger@ufg.br1


Silva, Eduardo Viana da, eduardovianaufg@gmail.com1
Pereira, Nayline Martins¹
Serrano da Silva, Deisiane¹
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Biotecnologia

Resumo: No processo de graduação em uma universidade várias são as mudanças que acontecem na vida do
estudante acarretando em uma diminuição em sua qualidade de vida e surgimento de estresse e ansiedade. As
práticas Integrativas e Complementares em saúde são recursos terapêuticos importantes para a promoção da
saúde e prevenção de doenças, e podem contribuir positivamente na vida dos estudantes. Este relato de
experiência tem como objetivo relatar a experiência frente às atividades desenvolvidas pela Liga Acadêmica
de Práticas Integrativas e Complementares- LAPIC e pelo projeto Reiki na Universidade ofertado pelo curso
de enfermagem da Universidade Federal de Goiás - Regional Catalão (UFG-RC) no período de 2016-2019.
Os resultados demonstram a integração entre os indivíduos, a produção do conhecimento interdisciplinar, o
benefício por parte dos estudantes em participar dessas atividades e o fortalecimento das ações de extensão
entre universidade e comunidade.

Palavras-chave: Terapias Complementares. Universidades. Estudantes. Qualidade de Vida.

________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO Complementares – LAPIC. A qual iniciou em 2014,


e oferece atividades e vivências práticas das PICs.
Os alunos durante a graduação possuem uma As Práticas Integrativas e Complementares em
vida movimentada pela quantidade de obrigações a saúde (PICs) tema de estudo da liga supracitada e
serem cumpridas. Dessa forma estão sujeitos ao utilizada no processo de cuidar oportunizado pela
esgotamento físico e emocional, sendo que a mesma por meio de suas atividades, se fundamentam
adequação dessa rotina é particular de cada na medicina de povos antigos, como a medicina
estudante. Essas condições influenciam de forma tradicional chinesa e a medicina antroposófica
desfavorável na qualidade de vida dos alunos, sendo (BRASIL, 2006). No Brasil, essas práticas são
um gatilho para o aparecimento do estresse reconhecidas pelo Ministério da Saúde e
(BORINE; WANDERLEY; BASSITT, 2015). regulamentadas pela Política Nacional de Práticas
Uma das possibilidades de atividades que Integrativas e Complementares (PNPIC) publicada
interagem com os estudantes e proporcionam em 2006, além da Portaria N° 849, de 27 de março
ambientes de troca de conhecimentos e experiências de 2017 e da Portaria N° 702, de 21 de março de
dentro da universidade são as Ligas Acadêmicas que 2018 que acrescentam novas práticas no contexto do
abrangem ensino, extensão e pesquisa, onde são Sistema Único de Saúde (SUS).
realizadas aulas, discussões, atividades práticas, etc. Entre as PICs, mais estudadas e presentes na
(TEDESCHI et al., 2018). Estudantes que estão academia e serviços de saúde, em especial na
inseridos em atividades extracurriculares como a atenção primária, está o Reiki. Esta é uma prática
liga acadêmica, possuem melhor chance de terapêutica que visa restaurar o equilíbrio energético,
desenvolver seus conhecimentos teóricos e práticos, e se fundamenta no princípio da energia vital e da
refletindo em sua futura atuação profissional harmonização do corpo, mente e espírito de uma
(SOUZA; NOGUCHI; ALVARES, 2019). forma integrada. A realização da técnica “auxilia no
Há Ligas Acadêmicas de diversas temáticas, na estresse, depressão, ansiedade, promove o equilíbrio
UFG – Regional Catalão. Em especial o curso de da energia vital” (BRASIL, 2017).
enfermagem, possui duas ligas, dentre elas a Liga O Reiki tem seu fundamento no sistema de
Acadêmica de Práticas Integrativas e autorresponsabilidade conscientizando o indivíduo
pela sua própria saúde, e contando com a

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participação ativa do mesmo nesse processo. Essa Universidade. Os encontros são capazes de ampliar
terapia oferece ao indivíduo energia suficiente para o o conhecimento dos envolvidos, posto que são
reequilíbrio do corpo, da mente e das emoções pautados em fundamentação teórica e prática.
(SALOMÉ, 2009). Mediante a vivência prática com algumas das PICs
Nesse contexto, o objetivo deste trabalho é durante as atividades, é possível conhecer melhor o
relatar a experiência frente às atividades outro e a si além, de ter um momento de
desenvolvidas pela LAPIC e pelo projeto Reiki na autocuidado.
Universidade ofertadas pelo curso de Enfermagem As PICs e a relação com o autocuidado tem a
da Universidade Federal de Goiás - Regional capacidade de promover um novo significado nas
Catalão (UFG-RC) no período de 2016-2019. pessoas perante o cuidado, estimulando a construção
de bem-estar, qualidade de vida, sociabilidade e
2. METODOLOGIA experiências compartilhadas (GOMES, 2018).
A universidade em seu papel com a sociedade,
Trata-se de um relato de experiência referente às às vezes é reduzida a campos de estágio e atividades
atividades desenvolvidas pela LAPIC via projeto assistenciais, ainda assim dispõe capacidade para
Reiki na Universidade no período de 2016-2019. modificar o meio social formando profissionais
O relato de experiência é um método científico capazes de planejar atividades que alterem
utilizado para descrever experiências profissionais, positivamente na qualidade de vida dos cidadãos.
tendo o intuito de promover o conhecimento de Dessa forma, as ações extensionistas tem o
determinada categoria profissional (LAKATOS; papel de aprimorar a atuação de estudantes e
MARCONI, 2010). docentes, no que tange a integração entre
A LAPIC originou-se por meio do interesse dos universidade e comunidade (FERNANDES et al.,
acadêmicos do curso de Enfermagem e de docentes, 2012). Dito isto, notório o mérito da extensão
no ano de 2014, a partir de uma Oficina de universitária isto posto, importância das ações da
Automassagem na Semana da Calourada. O objetivo LAPIC e do projeto Reiki na Universidade, onde
da liga é difundir o conhecimento das PICs entre os ambos favorecem essa ponte entre universidade e
estudantes, professores, profissionais da saúde, e comunidade.
para toda população, com intuito de proporcionar o A Liga é composta por estudantes e docentes de
crescimento e visibilidade de outras ferramentas do cursos e formações distintas, além dos participantes
cuidado e autocuidado. da comunidade externa. Isso resulta em atividades
As atividades da LAPIC acontecem na UFG-RC interdisciplinares e interprofissionais em razão da
de forma quinzenal e são abertas à comunidade construção conjunta do conhecimento entre pessoas
acadêmica e comunidade externa. Nos encontros são de várias áreas que se assemelham em prol da
desenvolvidas discussões teóricas, em seguida mesma finalidade (BONFIM et al., 2015), neste caso
vivências práticas. As atividades são desenvolvidas em especifico, as PICs.
pelos próprios integrantes da liga e contam com a As PICs surgem como aporte para a Promoção
participação de convidados especiais e externos de da Saúde favorecendo que o indivíduo seja
acordo com cada proposta. Além disso, a mesma encarregado pela sua própria saúde, procurando a
desenvolve trabalhos de ensino e extensão abertos à harmonia entre corpo, mente e espírito
comunidade, sendo realizados em creches, escolas, (MONTEIRO, 2012). O Reiki como uma dessas
serviços de saúde e eventos sociais. práticas promove diversos benefícios para a saúde,
O projeto Reiki na Universidade, sendo um dos de forma integral.
projetos da liga, acontece na UFG-RC desde o ano Um estudo feito por Freitag, Andrade e Badke
2016. Trata-se de um projeto de extensão com o (2015), constatou que o Reiki teve efeito positivo na
objetivo de oferecer Reiki aos estudantes, diminuição da ansiedade e na intensidade de dor.
funcionários e pessoas da comunidade externa. Os Outro estudo realizado por Kurebayashi e
horários de atendimento variam de acordo com cada colaboradores (2016), demonstrou o efeito da
semestre acadêmico. Os participantes da LAPIC associação do Reiki com a Massagem, tendo como
recebem a capacitação em algumas práticas, resultado a diminuição dos níveis de estresse e da
incluindo o Reiki, desta maneira podendo atuar de ansiedade. Um estudo mais recente feito por Freitag
forma ativa e efetiva no projeto. e colaboradores (2019), evidenciaram que o Reiki
promove melhora da melhoria na capacidade de
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO concentração e memória, além de estimular a
autorreflexão.
Identificou-se durante a experiência uma No ambiente acadêmico as transformações
integração entre estudantes, professores e físicas, mentais, sociais contribuem provavelmente
comunidade durante as atividades desenvolvidas para o comprometimento da saúde mental. Sendo
pela LAPIC, assim como no projeto Reiki na assim, os acadêmicos são considerados grupo de

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risco para desenvolver ansiedade (SILVA et al., BORINE, R. C. C.; WANDERLEY, K. S.;
2018). BASSITT, D. P. Relação entre a qualidade de vida e
Isto posto, a LAPIC e o projeto Reiki na o estresse em acadêmicos da área da saúde. Est.
Universidade são vistos como ferramentas que Inter. Psicol., v. 6, n. 1, p. 100-118, 2015.
auxiliam nesse processo, pois de acordo com relato BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do
dos participantes os projetos promovem bem-estar, Ministro. PORTARIA N° 702, DE 21 DE MARÇO
relaxamento e melhora a qualidade de vida. DE 2018. Altera a Portaria de Consolidação nº
Além das atividades práticas e vivenciais destes 2/GM/MS, de 28 de setembro de 2017, para incluir
projetos, resultaram pesquisas científicas, com novas práticas na Política Nacional de Práticas
delineamento experimental (ensaio clínico) e quase Integrativas e Complementares - PNPIC. Diário
experimental (pesquisa de intervenção) como “O Oficial da União. Brasília, 21 mar. 2018.
efeito do Reiki na ansiedade de acadêmicos de _____. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro.
enfermagem”, e “Efeito no Reiki na qualidade de PORTARIA N° 849, DE 27 DE MARÇO DE 2017.
vida e ansiedade de acadêmicos e funcionários de Inclui a Arteterapia, Ayurveda, Biodança, Dança
uma Universidade Federal”. O que fomenta a Circular, Meditação, Musicoterapia, Naturopatia,
importância da extensão para o suscitar problemas Osteopatia, Quiropraxia, Reflexoterapia, Reiki,
de pesquisa, e evidenciar os achados. Shantala, Terapia Comunitária Integrativa e Yoga à
A essência da universidade está na relação Política Nacional de Práticas Integrativas e
ensino-pesquisa-extensão. Quando ocorrer a Complementares. Diário Oficial da União. Brasília,
dissociação entre essas vertentes a universidade 27 mar. 2017.
estará debilitada, posto que o ensino e a pesquisa são _____. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro.
componentes que quando atuam de forma conjunta, PORTARIA N° 971, DE 21 DE MARÇO DE 2006.
ampliam de maneira perceptível a formação do Aprova a Política Nacional de Práticas Integrativas e
conhecimento (SLEUTJES, 1999). São poucas as Complementares (PNPIC) no Sistema Único de
universidades no Brasil direcionadas para o ensino e Saúde. Diário Oficial da União. Brasília, 03 mai.
pesquisa. Essa associação é adotada por 2006.
universidade que não tem como propósito o FERNANDES, M. C. et al. Universidade e a
atendimento às demandas do mercado e as instâncias extensão universitária: a visão dos moradores das
da sociedade. comunidades circunvizinhas. Educ. rev., v. 28, n. 4,
p. 169-194, 2012.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS FREITAG, V. L.; ANDRADE, A. B.; ROSSATO,
M. O Reiki como forma terapêutica no cuidado à
Considera-se que as PICs podem e devem estar saúde: uma revisão narrativa da literatura.
inseridas em diversos contextos, incluindo a Enfermería Global, n. 38, p. 346-356, 2015.
universidade. Por meio de ligas e projetos é possível GOMES, T. D. Autocuidado e práticas
promover uma maior integração entre a comunidade integrativas e complementares. 2018. 140p.
acadêmica e externa e proporcionar trocas de Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de
aprendizados e vivências por meio de ações Campinas, Faculdade de Ciências Médicas,
extramuros. Dessa maneira, a Universidade cumpre Campinas, SP. Disponível em:
o seu papel de ensino, pesquisa e extensão http://repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/33
promovendo práticas terapêuticas e de ensino em 1779/1/Gomes_ThaisDaCunha_M.pdf. Acesso em:
saúde para toda população, tendo como atores 25/08/2019.
principais os próprios estudantes e os membros da KUREBAYASHI, L. F. S. et al. Massagem e Reiki
comunidade. para redução de estresse e ansiedade: Ensaio Clínico
Mediante as ações da LAPIC e do projeto Reiki Randomizado. Rev. Latino-Am. Enfermagem, v.
na Universidade percebe-se a importância e o quanto 24, p. 1-8, 2016.
é possível difundir ações e ferramentas de cuidado, LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos
como as PICs, na universidade. E que esta possui um de metodologia científica. 7. ed. São Paulo: Atlas,
grande papel de transformação social, quebra de 2010.
paradigmas e de produção de ciência. MONTEIRO, M. M. S. Práticas Integrativas e
Complementares no Brasil – Revisão Sistemática.
REFERÊNCIAS 2012. 36 p. Monografia (Especialização em Gestão
de Sistemas e Serviços em Saúde) - Centro de
BONFIM, D. A. et al. A interdisciplinaridade, Pesquisas Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo
construção do conhecimento de do saber ambiental. Cruz, Recife. Disponível em:
REMEA, v. 32, n. 1, p. 344-357, 2015. http://www.cpqam.fiocruz.br/bibpdf/2012monteiro-
mms.pdf.

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PEREIRA, E. M. A. A universidade da pesquisa-extensão. RAP, v. 33, n. 3, p. 100-111,
modernidade nos tempos atuais. Avaliação 1999.
(Campinas), v. 14, n. 1, p. 29-52, 2009. SOUZA, A. S.; NOGUCHI, C. S.; ALVARES, L. B.
SALOMÉ, G. M. Sentimentos vivenciados pelos Uma nova possibilidade de construção do
profissionais de enfermagem que atuam em Unidade conhecimento em psicologia. Est. Inter. Psicol., v.
Terapia Intensiva após aplicação do Reiki. Saúde 4, n. 2, p. 237-251, 2019.
Coletiva, v. 6, n. 28, p. 54-58, 2009. TEDESCHI, L, T. et al. A experiência de uma Liga
SILVA, D. R. et al. Ansiedade em universitários: Acadêmica: impacto positivo no conhecimento sobre
fatores de risco associados e intervenções - uma trauma e emergência. Rev Col Bras Cir., v. 45, n. 1,
revisão crítica da literatura. Psicologia - Saberes & p. 1-8, 2018.
Práticas, n.2, v.1, p. 1-10, 2018.
SLEUTJES, M. H. S. C. Refletindo sobre os três RESPONSABILIDADE AUTORAL
pilares de sustentação das universidades: ensino-
“Os autores são os únicos responsáveis pelo
conteúdo deste trabalho”.

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BRINQUEDOTECA HOSPITALAR
Souza, Juliana Martins, jmartins@ufg.br1
Ferreira, Elaine Lara, elainelarad@gmail.com2
Silva, Letícia José, leticia-jsilva@hotmail.com2
Araujo, Debora Cristina, Araujodebora.psicologia@gmail.com2
Policeno, Natália Barbosa, nataliabpoliceno@gmail.com2
Santos, Rafaela Renero, rafaelarenero@hotmail.com2
Silva, Joyce Daiana Rodrigues, silva_joycedaiana_r@hotmail.com2
Quadros, Thainá Lessa, tlessa63@gmail.com2

1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Biotecnologia,
Curso de Enfermagem
2
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Biotecnologia,
Curso de Psicologia

Resumo: A brinquedoteca hospitalar tem como objetivo promover o lúdico, bem como humanizar a saúde. A
instalação da brinquedoteca no hospital faz com que a criança hospitalizada seja acolhida e tenha seus
sintomas aliviados, proporcionando a elas atenção, cuidado e diversão, além de proporcionar uma
socialização entre as crianças que se encontram internadas. O ato de brincar é fundamental para o
desenvolvimento infantil, quando hospitalizadas a criança afasta de suas atividades, no entanto a instalação
da brinquedoteca hospitalar é importante para que a criança continue suas atividades motoras e cognitivas. O
lúdico permite que a criança se expresse física e psicologicamente, e afasta da criança a atenção para a dor
que lhe incomoda, e retira a tensão do ambiente e o torna mais acolhedor e alegre, no entanto, o lúdico no
hospital é um processo que ajuda majoritariamente na recuperação da saúde da criança, como também da
família, pois os mesmos se sentem mal frente ao sofrimento da criança. Sendo importante que os pais
interajam com os filhos neste momento, através dos jogos e brincadeira para retirar a aflição que sentem e
essa aproximação permite bem-estar para ambos. A brinquedoteca hospitalar possui uma variedade de
brinquedos para que seja adequado a individualidade de cada criança, assim respeitando seus limites e
escolhas, valorizando a saúde, o brincar e a cidadania. A brincadeira no ambiente hospitalar traz para a
criança o prazer para a vida, minimizando seu sofrimento e resgatando sua identidade, seu sorriso.

Palavras-chave: Infância. Criança Hospitalizada. Brinquedoteca.

________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO as outras, que são os mediadores. A função


mediadora pode ser exercida por qualquer pessoa
A infância é uma etapa fundamental para o próxima de uma criança, de forma a auxiliar naquilo
desenvolvimento global. Ao brincar, a criança que não se desenvolve espontaneamente. Desta
aprende, expressa sua realidade, organiza, constrói forma, ocorre a internalização do que é exterior,
significados que auxilia na constituição de si. ensinando-a a compreender os valores, situações,
Piaget (1974) diz que os jogos não são apenas regras e modos de pensar. As maiores aquisições de
uma forma de desafogo ou entretenimento para uma criança são conseguidas no brinquedo,
gastar energia das crianças, mas meios que aquisições que no futuro tornar-se-ão seu nível
contribuem e enriquecem o desenvolvimento básico de ação real e moralidade (VYGOTSKY,
intelectual. A brincadeira seria uma ação espontânea 1989). Assim, a brincadeira, seja com um objeto, ou
que parte da vontade da criança. Neste sentido, é por não, funciona como um meio de comunicação da
intermédio do brincar que ocorre o processo de criança com o mundo e seus familiares.
assimilação do mundo, promovendo o Consequentemente, se a criança é impossibilitada do
desenvolvimento físico, cognitivo, intelectual, ato de brincar, pode entrar em um processo
afetivo, social e motor. Conversar com a boneca, regressão, o que afeta todo seu desenvolvimento e
brincar de médico, imitar bichos, se fantasiar, são sua conduta. Uma vez que a brincadeira é
brincadeiras de grande intensidade afetiva. Assim compreendida como parte essencial do
que as brincadeiras vão se aproximando mais do real desenvolvimento infantil, faz se necessário
(a partir de quatro anos), o símbolo começa a incentivá-la nas mais diferentes situações.
representar a realidade, imitando-a: a criança cria Diante disso, vê-se a relevância do brincar
histórias nas quais há grande preocupação em seguir enquanto uma das atividades essenciais para o
a sequência que ela conhece na sua realidade. desenvolvimento físico, emocional e social da
Portanto, não se trata apenas da manipulação de criança. Nesse aspecto, a utilização do lúdico no
objetos, mas também da representação mental das contexto hospitalar, como ferramenta de
crianças. enfrentamento do processo de internação, mostra-se
Freitas (1996) traz que, o conhecimento não é de grande valia. A hospitalização possui papel
construído pela pessoa sozinha, mas em parceria com importante na manutenção da saúde de crianças

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doentes, contudo, essa realidade provoca estresse e Enfermagem e Pedagogia. A equipe do projeto
sofrimento físico e emocional, que dificultam a objetiva inserir o brincar no contexto hospitalar.
adaptação a esse contexto. A internação modifica a O desenvolvimento das brincadeiras acontecem
dinâmica de vida da criança, visto que, além do em um espaço reorganizado na pediatria de um
sofrimento gerado pela doença, ela é afastada da hospital filantrópico do município que foi adaptado
família, da escola e dos seus objetos pessoais, para a realização das atividades e a interação entre as
podendo levar a perda das suas referências. Ademais, crianças. É incluso no ambiente mesas, cadeiras,
muitas crianças não conseguem verbalizar os televisão, 2 armários com brinquedos e decorações
sentimentos gerados pela internação e essa situação para deixar o espaço propício e adequado permitindo
pode criar ameaças, reais ou imaginárias, que são distrações para os pacientes.
expressas por meio de sentimentos como As atividades ocorrem de segunda a sábado no
agressividade, medo dos médicos, choro, dentre período matutino e vespertino, no horário de
outros. Frente a isso, o brincar é essencial para a 9h00min às 12h00min e 14h00min às 17h00min.Os
criança hospitalizada, uma vez que, auxilia na voluntários e bolsistas são divididos em uma escala
compreensão da internação e dos procedimentos, semanal, a fim de não comprometer outras atividades
amenizando o medo, a ansiedade e exercendo efeitos acadêmicas.
positivos sobre a recuperação do paciente (ANGELO A rotina é caracterizada por verificar no
e VIEIRA, 2010). prontuário o nome, idade, informações sobre a
Oliveira (1993) destaca que a criança doente saúde, as quais são essenciais para desenvolver
utiliza o brincar como uma forma de viver, o que brincadeiras. Antes de iniciar as atividades é
demonstra que as atividades lúdicas podem ter efeito realizada a limpeza do mobiliário, mesas e cadeiras
terapêutico, pois, é por meio das brincadeiras que a e em seguida é ofertado a cada criança a
criança expressa seus sentimentos frente a oportunidade de brincar, no leito ou no espaço da
enfermidade, tornando o brincar fundamental no brinquedoteca, respeitando seus limites e interesses,
processo de desenvolvimento emocional e utilizando brinquedos adequados para faixa etária.
psicológico que possibilita a restauração e Ao final da atividade é realizada a desinfecção dos
manutenção da saúde. O brincar para a criança brinquedos utilizados com álcool 70%. Ao finalizar
hospitalizada faz com que esta permanência se torne a atividade diária o brinquedo é recolhido e
menos hostil, demonstrando sua importância, higienizado, podendo ficar com a criança caso o
enquanto recurso que possibilita a criança o resgate brinquedo seja do armário que fica aberto e
da sua vida antes da internação além de favorecer a disponível para uso dos pacientes todo tempo de
sociabilidade e interação, melhorando a relação com internação, mas caso o brinquedo seja do armário
o profissional e com o atendimento prestado. que fica trancado, deve ser recolhido e deve manter
Castro & Almeida (2006) argumenta que o o controle dos brinquedos disponível no mesmo.
brinquedo é uma valiosa ferramenta de comunicação Como também, por fim, é registrado no caderno do
que possibilita a estimulação intelectual e o projeto o nome dos pacientes, idade, e quais
fortalecimento de laços afetivos, principalmente na brincadeiras foram desenvolvidas com cada criança,
relação entre o adulto e a criança. Dessa forma, o assim servindo como comunicação entre os
brincar é percebido como instrumento de adesão ao brinquedistas.
tratamento que por envolver diversos meios São realizadas quinzenalmente reuniões entre os
criativos, como a imaginação, propicia melhora no participantes do projeto, para discussões sobre o
ambiente hospitalar e a qualidade de vida da criança desenrolar das atividades e acontecimentos dentro
diante do tratamento influenciando de forma positiva do ambiente hospitalar, bem como, realização de
seu comportamento, desenvolvimento e reabilitação. discussões sobre temas pertinentes ao projeto e para
Desse modo, a brinquedoteca hospitalar surge como programar novas atividades para serem realizadas
espaço preparado à criança internada, tendo como nas datas comemorativas.
finalidade resgatar o brincar como elemento
essencial no processo de recuperação da criança. 2.1 Atividades Permanentes
Proporciona um ambiente mais acolhedor, seguro a
criança, preserva a saúde emocional, possibilita a
oportunidade de brincar, jogar, preparar a criança Por meio do brincar, a prática do projeto
para as situações novas e auxilia no seu intitulado “Brinquedoteca Hospitalar” efetiva a
desenvolvimento global (MELO e VALLE, 2010). garantia dos direitos humanos e a promoção dos
Visto a importância da brinquedoteca hospitalar, direitos da criança e do adolescente. O espaço
foi proposto o projeto de extensão intitulado destinado a Brinquedoteca Hospitalar objetiva a
“Brinquedoteca Hospitalar”. O objetivo deste contribuição para a prevenção e resiliência de
trabalho é descrever o funcionamento do projeto de situações. Assim, ao viabilizar a atividade lúdica, há
extensão “Brinquedoteca Hospitalar” e as atividades integração do tratamento de saúde com o sistema de
realizadas até o momento, compartilhando as garantia de direitos, possibilitando o melhor
vivências de acadêmicos da Universidade Federal de atendimento desta população.
Goiás/Regional Catalão (UFG/RC). Em prol do bem-estar e saúde das crianças e dos
integrantes do projeto, há cuidados pertinentes no
tocante à higienização no ambiente hospitalar que
2. METODOLOGIA incluem regras e práticas que visam o cuidado e a
prevenção da contaminação dos integrantes e dos
O projeto iniciou-se em 2014 e participam materiais relacionados ao processo lúdico. Portanto,
alunos da UFG - Catalão dos cursos de Psicologia, o registro das crianças/adolescentes, dos brinquedos

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usados e a higienização destes e das mesas do 2.2 Atividades Festivas
espaço com álcool etílico são atividades constantes
presentes no cotidiano da prática em questão. O projeto constitui-se enquanto um espaço lúdico
Nesse sentido, é indispensável o uso de calças e confortável diante a um ambiente que no
longas, sapatos fechados, cabelos presos, unhas imaginário infantil caracteriza-se como hostil,
curtas, nenhum acessório que possam alojar desconhecido, traumatizante e que inviabiliza a
bactérias e o uso dos aventais destinados vivência cotidiana. Assim, o brincar na
exclusivamente aos integrantes do projeto. Assim, a brinquedoteca hospitalar, possibilita à criança
manutenção e limpeza destes aventais também aceitação melhor as mudanças, criatividade e
constituem enquanto atividade permanente da representação de suas experiências com relação ao
brinquedoteca. seu adoecimento (MELO e VALLE, 2010).
Ademais, vale ressaltar que além das limpezas e Em convergência com a proposta do projeto, a
higienizações diárias dos brinquedos e instalações da realização de comemorações de datas festivas, tais
brinquedoteca (mesas e cadeiras), deve ocorrer como o natal, a páscoa, festas juninas e dia das
semanalmente a limpeza terminal, ou seja, todos os crianças, proporcionam para além do enfrentamento
brinquedos, mesmo os não utilizados no dia em de situações de adoecimento, dor, doença, a
questão, devem ser higienizados. No entanto, este é socialização, a integração e confraternização de
um fator importante a ser discutido uma vez que, crianças e adolescentes.
seja em função da quantidade de membros do Em decorrência de diversas ordens e fatores, os
projeto, por diversos fatores e circunstâncias, é discentes e docentes participantes do projeto
cabível a nem todas as semanas a limpeza terminal é “Brinquedoteca Hospitalar” realizaram apenas um
efetivada. evento festivo no ano de 2018, a semana da criança.
No que se refere à disposição e organização dos Dentre tais ocorrências, destaca-se o calendário
brinquedos pertencentes à brinquedoteca, há dois letivo do ano de 2018 da UFG/RC que compromete
armários destinados a tais: o intitulado “armário maiores transições dos envolvidos na brinquedoteca
branco” dispõe de brinquedos para uso dos usuários e impossibilita ações festivas efetivas.
do serviço de saúde sem que necessariamente Contudo, as comemorações festivas da semana
integrantes do projeto esteja em atividade; o da criança foram organizadas pelos integrantes e
“armário cinza”, no entanto, possui cadeado e os contou também com a participação das crianças não
brinquedos deste são administrados pelos hospitalizadas, filhos dos funcionários do hospital.
integrantes, a fim de organização e de não danificá- Ao compor as atividades, os colaboradores
los. procuraram integrar junto às crianças a
A catalogação e classificação dos itens do acessibilidade, a socialização e o contexto social
“armário cinza” foram alteradas de uma envolvido.
organização que prioriza as idades destinadas a cada Nesse sentido, a atividade foi dividida em grupos
brinquedo para uma organização que integra todo e matutinos e vespertinos ao longo de toda a semana,
qualquer brinquedo, já que se acredita que estes são entre os dias 01/10/2018 à 06/10/2018, devido ao
para qualquer idade, ao qual, o brinquedista irá feriado na data comemorativa, o evento foi realizado
auxiliar no momento lúdico, não se limitando o na semana anterior. Assim, o cronograma foi
brincar. composto por gincanas, oficinas de desenhos e
Os brinquedos são classificados considerando massinhas, cantinho da leitura, cine pipoca, oficina
suas peças de fácil remoção ou não e o seu manuseio de música, caça ao tesouro e cirandas, nos
de diversas maneiras possíveis. Além disso, em caracterizamos com máscaras, chapéus e pinturas
função do acesso rápido aos brinquedos e pela nos rostos.
facilidade de locomoção, a organização do “armário É cabível ressaltar que todos os materiais usados
cinza” é realizada através de caixas transparentes, foram provenientes de doações ou confeccionados
com tampas coloridas que indicam a classificação de pelos próprios responsáveis pelas atividades
cada qual. envolvidas. Além disso, os mesmos foram
Evidencia ainda, entre as atividades responsáveis pela decoração no local destinado a
desenvolvidas no projeto as reuniões periódicas com brinquedoteca e pediatria na tentativa de
os brinquedistas e coordenadoras. Os encontros têm proporcionar um espaço descontraído e divertido, na
como objetivo o acompanhamento das ações medida em que no imaginário infantil, o ambiente
realizadas, a proposta de mudanças e melhorias caso hospitalar é definido um lugar que acolhe com uma
seja necessária. O projeto desenvolve ainda, o grupo forma mais prazerosa, possibilitando a permanência
de estudo interdisciplinar sobre o brincar de forma menos angustiante longe de suas casas, brinquedos,
ativa, com a participação de todos os brinquedistas, em um momento de sofrimento e dor.
em que propôs discutir sobre temáticas em relação
aos desafios e possibilidades encontrados na 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
dinâmica da prática e no ambiente hospitalar,
buscando estratégias que compreende os objetivos No período de agosto de 2018 a julho de 2019,
da brinquedoteca hospitalar integrando a equipe foram atendidas aproximadamente 650 crianças. As
multiprofissional do hospital, criança hospitalizada e faixas etárias predominantes foram os infantes de 1 a
família. 3 anos, pré-escolares de 3 a 5 anos e escolares de 7 a
13 anos, com predominância dos diagnósticos
médicos: febre, pneumonia, infecção, fraturas,
dengue, virose. Os brinquedos mais utilizados foram

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volante musical, lego, panelinhas, desenhos e jogos REFERÊNCIAS
(de cartas, tabuleiro, memória, quebra-cabeça).
Assegurar à criança o direito de brincar nos ARAGÃO, Rita Márcia. AZEVEDO, Maria Rita Z.
hospitais é essencial. O brinquedo e a brincadeira S. O Brincar no Hospital: Análise de Estratégias e
têm um efeito terapêutico, propicia modos de superar Recursos Lúdicos Utilizados com Crianças. Scielo,
as dificuldades, conflitos emocionais, físicos e 2001. Disponível em:
sociais da criança. Ao associar esse momento lúdico <http://www.scielo.br/pdf/estpsi/v18n3/03.pdf>.
com a situação ao qual está inserida da internação Acesso em: 22 de jul. de 2019.
hospitalar, a criança/adolescente terá como encontrar
formas de expressar suas fantasias, experimentar os ANGELO, T. S.; VIEIRA, M. R. R. Brinquedoteca
limites, elaborar e desenvolver estratégias de hospitalar: da teoria à prática. Arq Ciênc Saúde,
enfrentamento com relação ao sofrimento, abr/jun; 17(2), 2010, p. 84-90.
adoecimento, dor (BRITO e PERINOTTO, 2014).
Com esta finalidade, o projeto conta com BRITO, Luciana Santos; PERINOTTO, André Riani
oficinas (desenho, pintura, histórias), jogos (bola, Costa. O brincar como promoção à saúde: a
boliche, dominó, dama, quebra-cabeça, encaixar importância da brinquedoteca hospitalar no processo
peças, jogo da memória, banco mobiliário, poketapa, de recuperação de crianças hospitalizadas. Revista
liga 4, memomímico, puxa - puxa batatinha, Hospitalidade. São Paulo, v. XI, n.2, p. 291 - 315,
brinquedos musicais, como piano de animais, dez. 2014.
volante, placa de som), brincadeiras de carrinhos, kit
médico, casinha, panelinhas, bonecas, dinossauro, CASTRO, A. E. V.; ALMEIDA, A. P. Utilização do
velocipe, além de momentos com músicas e filmes brinquedo terapêutico na assistência de enfermagem
infantis. As recreações são realizadas no próprio à clientela. In: SILVA, A. P. A. et al. Instituto da
leito do paciente, no espaço da brinquedoteca ou no criança 30 anos: ações atuais na atenção
espaço exterior que contém uma praça, buscando interdisciplinar em pediatria. São Caetano do Sul:
respeitar a vontade de cada criança e suas limitações. Yendis, 2006.
A brinquedoteca no ambiente hospitalar auxilia
no tratamento da criança em adoecimento, visto que FREITAS, M. A. de. Uma análise das primeiras
“A criança hospitalizada não deixa de ser criança e análises de abordagem de ensino do professor de
precisa brincar, pois, o papel dos jogos e língua estrangeira. Campinas: 1996. 261 f.
brincadeiras é garantir o seu equilíbrio emocional e Dissertação (Mestrado em Lingüística Aplicada) –
intelectual” (SILVA; MATOS, 2009, p. 10604). Instituto de Estudos da Linguagem – UNICAMP,
Neste sentido, contribui na aceitação dos Campinas, 1996.
procedimentos realizados pela equipe de saúde,
melhora na assistência hospitalar, possibilitando um MEDEIROS, C. M. L. LACERDA, O. R. M.
acolhimento, afetividade e vínculo da SOUZA, I. V. B. LUCENA, A. L. R. MARQUES,
criança/adolescente, equipe de saúde e família. D. K.A. O Lúdico no Enfrentamento da
O brinquedo, no hospital, assume diversas funções Hospitalização: percepção da família. Facene, 2013.
que são desempenhadas entre adultos e crianças, Disponível em:
com recursos específicos para melhor aplicabilidade, <http://www.facene.com.br/wpcontent/uploads/2010
fazendo com que a criança expresse suas emoções, /11/O-1%C3%BAdico-noenfrentamento-
com significados próprios (OLIVEIRA; DIAS; dahospitaliza%C3%A7%C3%A3%o.pdf>. Acesso
ROAZZI, 2003). em: 22 de jul. de 2019.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS MELLO, Andressa R. N. RAMAZOTTI, Keila
Maria. A Importância do Brincar no Ambiente
Portanto, é indubitável a importância do Hospitalar. Semana Acadêmica, 2015. Disponível
projeto “Brinquedoteca Hospitalar”, não somente em:
por abarcar um direito da criança, mas também por <https://semanaacademica.org.br/artigo/importanciad
ampliar a concepção de hospital e, mais do que isso, o-brincar-no-ambiente-hospitalar>. Acesso em: 22
proporcionar maior conforto e bem-estar, para assim de jul. de 2019.
propiciar uma melhor estadia da criança internada.
Além disso, o brincar vem a ser essencial para o
desenvolvimento como um todo e torna a MELO, L. L.; VALLE, E. R. M. A Brinquedoteca
recuperação do paciente uma experiência mais como possibilidade para desvelar o cotidiano da
criativa, lúdica e terapêutica. criança com câncer em tratamento ambulatorial. Ver
Como supracitado, o brincar, diferentemente Esc Enferm USP, 2010; 44(2), p. 517-525.
do que se pensa comumente, não é uma atividade
desvinculada da realidade, pelo contrário, tem papel OLIVEIRA, J. A. A enfermidade sob o olhar da
crucial no contexto real e concreto da criança, criança hospitalizada. Cad. Saúde Públ., Rio de
necessitando de mediadores adultos que lhe Janeiro, 9 (3), jul/set, 1993, p. 326-332.
transmitam o “mundo” e os conhecimentos
adquiridos pela humanidade através, dentre outras OLIVEIRA, S. S. G.; DIAS, M.G.B.B.; ROAZZI, A.
ações, o brincar. O Lúdico e suas Implicações nas Estratégias de
Regulação das Emoções em Crianças Hospitalizadas.

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Psicologia: Reflexão e Crítica, n. 16(1), 2003, p. 1-
13.

PIAGET, Jean. O Direito à Educação no Mundo


Atual. In: __. Para Onde Vai a Educação? Trad.
Ivette Braga. Rio de Janeiro: José Olympio, 1974.
SILVA, T. M. A; MATOS, E. L. M. Brinquedoteca
Hospitalar: Uma realidade de Humanização pa/ra
atender crianças hospitalizadas. IX Congresso
Nacional de Educação- EDUCERE III Encontro
Sul Brasileiro de Psicopedagogia, 26 a 29 de
outubro, 2009 – PUCPR, PR, p. 10602-10612.

VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente.


São Paulo: Martins Fontes, 1999. ____. Pensamento
e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1989.

RESPONSABILIDADE AUTORAL
“O(s) autores são os únicos responsáveis pelo
conteúdo deste trabalho”.

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PROJETO INTEGRAR – ESCOLA E MATEMÁTICA: APLICAÇÃO DE
ATIVIDADES E JOGOS NO ENSINO

Cunha, Juliana Bernardes Borges da, julianabborges@gmail.com


Martins, Glayton Ricardo Germano, gr.martins@outlook.com1
Ferreira, Luis Felipe Gondim, luisgondim01@hotmail.com1
Oliveira, Mychelle Alves de, mychelle.alvesdeoliveira04@gmail.com1
Rosa, Rafaella de Moura, rafaella.de.moura.rosa@gmail.com1
Santos, Regina Rodrigues dos, reginards123@gmail.com1
Sousa, Vanilton Rodrigues de, vanih.2016@gmail.com1
Marra, Vinicius Nolasco, viniciusnolasco16@gmail.com1
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Matemática e
Tecnologia

Resumo: O projeto Integrar – Escola e Matemática visa desenvolver atividades e jogos, que quando aplicados,
proporcionam aos alunos do ensino básico um aprendizado mais dinâmico e divertido do conteúdo matemático,
além disso, o projeto incentiva o professor das crianças a utilizar novas metodologias de ensino. A aplicação
do projeto é dividida em duas etapas: desenvolvimento de novas atividades lúdicas e aplicação das atividades
desenvolvidas. Este trabalho mostra os resultados da aplicação do projeto no período de agosto de 2018 a julho
de 2019.

Palavras-chave: Atividades. Jogos. Matemática. Integrar.


__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO visitas de turmas do ensino básico de escolas da rede


pública da cidade de Catalão e região à
A matemática é vista como uma linha de MATEMATECA (laboratório de pesquisa e ensino
conhecimento complexa, e por conta disto, muitos de matemática localizado na UFG regional Catalão).
indivíduos criam uma enorme barreira que bloqueia Em cada visita, são aplicadas diversas atividades
ou dificulta o aprendizado dos conteúdos dessa (previamente desenvolvidas) que se adequam ao
disciplina. Uma alternativa para facilitar o ensino e o conteúdo programático estabelecido pelas diretrizes
aprendizado da disciplina é o uso de jogos dos Parâmetros Curriculares Nacionais. No ano de
matemáticos. (ARANÃO, 1996). 2019 o projeto atendeu crianças do 3º e 5º ano do
Dentro de uma situação de jogo, os alunos ensino fundamental.
apresentam um melhor rendimento e atitudes mais A aplicação dos jogos é feita com o intuito de
positivas frente a seus processos de aprendizagem. exemplificar em situações práticas do dia-a-dia o uso
(Borin, 1996). das operações, formulas, expressões, dentre outros
Tendo em vista que a aprendizagem por meio de tópicos de cunho matemático, mostrando assim, que
jogos é muito mais divertida e atrativa, surge a aquilo que inicialmente parecia algo distante e
necessidade da criação de um projeto para realizar abstrato, na verdade é aplicável no cotidiano das
tais atividades, assim surge o projeto Integrar - Escola crianças.
e Matemática.
Neste trabalho, será feita uma breve apresentação 3. METODOLOGIA
do projeto e serão mostrados os resultados da
aplicação do mesmo no período de agosto de 2018 a A grande maioria dos jogos utilizados no projeto
julho de 2019. são desenvolvidos pela equipe responsável. Além dos
jogos criados no projeto, também são utilizados jogos
2. PROJETO INTEGRAR - ESCOLA E comercializados e popularmente conhecidos.
MATEMÁTICA
3.1. Desenvolvimento de Novos Jogos
O projeto integrar surgiu com o intuito de
incentivar pesquisas e práticas inovadoras em no O primeiro passo para o desenvolvimento dos
ensino de matemática na educação básica, e também, jogos foi dividir os 8 graduandos responsáveis pelo
estreitar as barreiras da universidade com a projeto em duplas. A cada dupla foi designado uma
comunidade. O projeto ocorre através de um ciclo de série do ensino básico (3º ao 6º ano).

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Após a divisão dos grupos, pesquisa-se o 4.1. Jogos Desenvolvidos
conteúdo programático atual da séria designada, a
partir desse conteúdo, deve-se criar o projeto de 2 Na primeira etapa do projeto foram
jogos que atendam os tópicos estudados em sala pelas confeccionados os jogos Futebol de Operações,
crianças. Triângulo dos Nove, Coordenadas Matemáticas, Una
Após o desenvolvimento do projeto dos jogos, os Pontinhos, Pinte Obedecendo as Regras.
apresentam-se as propostas. O grupo juntamente com
a coordenadora responsável pelo projeto seleciona os 4.1.1. Futebol de Operações
melhores jogos.
Como o projeto atende em média 30 crianças por O jogo Futebol de Operações foi criado para se
visita, deve-se criar vários exemplares dos jogos para adaptar ao conteúdo visto desde as turmas do 3º ano
que todas as crianças sejam atendidas. até o conteúdo abordados nas turmas do 6º ano.
O jogo foi aplicado com 6 crianças por campo, mas a
3.2. Busca Jogos no Acervo do Projeto para quantidade de crianças pode ser ajustada de acordo
Complementar o Conteúdo Programático. com a necessidade do grupo. Para jogar, as crianças
do grupo devem ser divididas em 2 times. Cada time
Após a confecção dos jogos, afim de assume um lado do campo. O monitor responsável
complementar o conteúdo oferecido pelo projeto, pelo grupo deve montar na linha de 4 quadrados uma
selecionou-se jogos guardados nos acervos da expressão matemática baseada no grau de instrução
MATEMATECA. Os jogos selecionados nos acervos das crianças. A resolução da linha superior deve gerar
abordam assuntos que os jogos confeccionados não se uma nova expressão na linha posterior, ou seja, a
aprofundaram. resolução da equação da linha com 4 quadrados deve
gerar uma nova expressão na linha de 3 quadrados,
3.3. Agendamento de Visitas e Execução do que por sua vez, quando resolvida, gera uma nova
projeto expressão na linha de 2 quadrados. A resolução da
linha de 2 quadrados gera uma resposta final que será
No período de março a julho de 2019, marcaram- colocada no ultimo quadrado do campo,
se visitas semanais com as escolas atendidas pelo simbolizando um gol. Os times começam a realizar as
projeto. operações juntos. Vence o jogo o time que alcançar o
Nas visitas, inicialmente ocorre a recepção das número de gols estabelecido no início do jogo
crianças. Durante a recepção, a equipe responsável primeiro (no início do jogo, o monitor deve
pelo projeto é apresentada as crianças. Além disso, as estabelecer um número máximo de gols).
crianças são divididas em grupos, cada grupo recebe
um monitor. Tudo isso deve ser feito de uma forma Figura 1. Campo do jogo Futebol de Operações.
muito dinâmica, estimulando sempre a participação Dimensões: campo 62 cm x 45 cm, linhas de demarcação 1
das crianças, buscando maneiras de mantê-las focadas cm de largura contornando todo o campo, raio interno do
e interessadas nas atividades. meio de campo 4 cm, ponto central 1cm de raio, quadrados
5 cm x 3 cm. Materiais utilizados: papelão (Estrutura do
Antes de começar a jogar com as crianças, deve- campo), papel cartão (gramado) e papel sulfite branco
se aplica uma atividade com exercícios que abordem (linhas e quadrados), cola branca.
o conteúdo que será trabalho no dia, essa atividade foi
denominada como Atividade de Avaliação de
desempenho.
A aplicação dos jogos no projeto segue o seguinte
roteiro:
• Breve revisão do conteúdo abordado
pelo jogo a ser aplicado;
• Apresentação das regras do jogo;
• Execução das atividades.
O roteiro descrito acima ocorre antes da
aplicação de cada jogo.
Após a execução dos jogos, aplica-se novamente
a atividade de avaliação de desempenho.
Comparando as respostas dos exercícios resolvidos
antes e depois dos jogos, verifica-se como as crianças
reagiram as atividades do projeto.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Fonte: Autoral

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cálculo, uma criança do time adversário irá sortear
4.1.2. Triangulo dos Nove novas coordenadas com os dados, obterá dois
números e realizará o cálculo com a mesma operação
O jogo triângulo dos nove foi criado para ser que a criança do outro time calculou. Cada acerto gera
aplicado em turmas do 4º ano, mas por abordar um ponto para o time da criança que acertou. Ganha
somente raciocínio lógico e a operação de soma, o o time que completar três rodadas com mais pontos.
mesmo pode ser aplicado com crianças do 3º ao 6º Caso haja empate, novas rodadas deverão ser
ano. efetuadas até que haja um campeão.
Para jogar, inicialmente cada criança recebe um
triângulo e as fichas com números indo do 1 ao 6. O Figura 3. Coordenadas Matemáticas. Dimensões: tabuleiro
jogo consiste em dispor as fichas de um modo que a 37 cm x 51 cm, retângulos internos 5 cm x 7 cm, margens
soma de cada lado do triângulo valha 9. Caso 1 cm. Os dados utilizados no sorteio das coordenadas foram
desejado, a competição entre as crianças também pesquisados na internet.
pode ser instigada.

Figura 2. Triangulo dos Nove. Dimensões: Triângulo


equilátero verde 30 cm, triângulo equilátero amarelo 9 cm,
ficha com os números raio 2 cm. Materiais utilizados:
papel cartão nas cores correspondentes e cola branca. Os
círculos não estão fixados, são soltos, e em sua construção
foi utilizado EVA e canetinha.

Fonte: Autoral.

4.1.4. Una os Pontinhos

O Jogo Una os Pontinhos foi criado para reforçar


as operações com frações e deve ser aplicado a
crianças do 5º e 6º ano. Além de reforçar operações
com frações, o jogo também exige raciocínio lógico e
Fonte: Autoral
estratégia.
4.1.3. Coordenadas Matemáticas A proposta inicial é de que o jogo seja jogado em
duplas, mas o game pode ser adaptado para qualquer
O Jogo Coordenadas Matemáticas foi criado para numero de jogadores, desde que o número de
reforçar as operações básicas e ensinar as crianças a jogadores seja maior do que dois. Para jogar, as
crianças devem unir dois pontos com uma linha. Não
lidar com coordenadas. O jogo foi desenvolvido para
é valido unir pontos na diagonal, somente na vertical
ser trabalhado com crianças do 4º ano, mas também
pode ser trabalhado com turmas de outras séries. ou na horizontal. Os pontos unidos devem estar
Para jogar, as crianças devem ser dispostas em imediatamente posteriores, anteriores, superiores ou
times com quantidades iguais de integrantes. Após a inferiores um ao outro. O intuído do jogo é fechar
divisão dos times, uma criança (tirar par ou ímpar pra quadrados, não importa se quem fez a maioria dos
traços foi outra pessoa, a dona do quadrado é a que o
ver que time começa) deve jogar o dado que possui
letras em suas faces e posteriormente o dado com concluiu. Para identificar quem fechou o quadrado, a
números nas faces, encontrando assim uma letra inicial do nome da criança deve ser colocada
coordenada com um número. O processo deve ser dentro dele assim que ela o fechar. Dentro de cada
repetido mais uma vez pela mesma criança. Após quadrado haverá uma fração. Quando toda a ficha do
isso a criança deve efetuar a operação matemática jogo for preenchida, as crianças devem somar as
frações contidas dentro dos quadrados que ela fechou.
com o número sorteado. As operações matemáticas
seguem a seguinte ordem: adição, multiplicação, Vence o jogo a criança que obtiver a maior soma.
subtração e divisão, logo, a primeira criança do time
irá efetuar uma soma, a segunda uma multiplicação, e
assim por diante. Após a primeira criança realizar o

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Figura 4. Uma os Pontinhos. Distância entre os pontinhos
1,5 cm. Os pontinhos e as frações foram feitos em um editor 4.2. Jogos do Acervo
de texto e impressos. Para melhorar a estética do jogo,
bordas e desenhos podem ser adicionados. Após a Foram selecionados 7 jogos do acervo do projeto.
impressão, a folha com os pontinhos foi colada em papel
cartão.
Os 7 jogos selecionados são comerciais e suas regras
estão disponíveis na internet. Os jogos selecionados
foram: Jogo da Vida, Tabuada Divertida, Dominó da
Divisão, Senha, Pega-Pega Tabuada, 4 Operações,
Blocos de Encaixe.
Os jogos citados acima foram utilizados para
complementar os jogos desenvolvidos pela equipe
executora.

4.3. Visitas Recebidas

No período de março a julho de 2019 foram


recebidas 2 turmas do 3º ano e 7 turmas do 5º ano na
MATEMATECA.
Com as turmas do 3º ano não foram aplicadas as
Fonte: Autoral. atividades de avaliação de desempenho. Apesar de
não possuir nenhum dado em relação ao desempenho
4.1.5. Pinte Obedecendo as Regras das crianças, os professores deram um feedback
positivo quanto ao desempenho das crianças após a
O Jogo Pinte Obedecendo as regras, foi criado execução do projeto.
para trabalhar o raciocínio lógico das crianças do Com as turmas do 5º ano, a atividade de avaliação
terceiro ano. de desempenho foi aplicada. Foram recebidas 130
crianças, desse total, na primeira aplicação da
Figura 5. Pinte Obedecendo as Regras. Dimensões: 16 cm avaliação de desempenho 25,38% das crianças
x 16 cm. Cada quadradinho possui dimensões 2 cm x 2 cm acertaram todas as questões, 32,31% acertaram 3
e foram feitos em um editor de texto e impressos. Além da questões, 14,62% acertaram 2 questões, 15,38
folha quadriculada, utiliza-se lápis de cor. acertaram 1 questão e 12,31% não acertaram
nenhuma questão.
Após a aplicação dos jogos, 37,70% das crianças
acertaram todas as questões, 40,77% acertaram 3
questões, 15,38% acertaram 2 questões, 2,31%
acertaram somente uma questão e 3,85% não
acertaram nenhuma questão.
Além dos números expressivos, os professores
das crianças relataram melhoria no em sala de aula.

Figura 6. Gráfico dos resultados da aplicação da atividade


de avaliação de desempenho.

Fonte: Autoral. 60
Total de Crianças

A proposta é de que o jogo deve ser jogado com


40
6 crianças por folha quadriculada. Para jogar, cada
criança recebe um lápis de cor, as cores devem ser 20
diferentes. As crianças devem pintar um quadradinho
por vez. A ideia é de que após uma criança pintar um 0
quadradinho, a folha quadriculada deve ser passada 4 3 2 1 0
para outra criança, isso se repetirá até que todos
tenham pintado, finalizando assim a primeira rodada.
Quando a primeira rodada terminar, uma nova deve Número de Acertos
Antes dos Jogos Depois dos Jogos
ser iniciada, isso se repete até ocorrer o
preenchimento da folha. O objetivo do jogo é, pintar
todos os quadradinhos, sem que nenhum quadrado Fonte: Autoral.
vizinho (vertical, horizontal ou diagonal) tenha a
mesma cor, ou seja, não pode haver quadrados com a 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
mesma cor encostados um no outro.

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Após a execução do projeto, nota-se que o uso de BORIN, Júlian. Jogos e resolução de problemas:
jogos nas práticas do ensino torna o aprendizado mais uma estratégia para as aulas de matemática. 6.
dinâmico e interativo, isso faz com que as crianças ed. São Paulo: IME-USP, 1996.
absorvam melhor o conteúdo que está sendo
ARANÃO, Ivana Valéria Denófrio. A matemática
ministrado. Além disso, por meio dos jogos a criança
através de brincadeiras e jogos. Campinas, SP:
consegue associar o conteúdo com atividades do
Papirus, 1996.
cotidiano, isso mostra para a criança que o conteúdo
em questão tem importância e é aplicável. Além da
RESPONSABILIDADE AUTORAL
melhoria quanto ao aprendizado, os jogos também
causam uma melhoria comportamental nas crianças
“O(s) autor(es) é(são) o(s) único(s) responsável(is)
durante.
pelo conteúdo deste trabalho”.
REFERÊNCIAS

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LUDOTECA UNIVERSITÁRIA: ATENDIMENTO BRINCANTE E
PAPEL DO BRINQUEDISTA1
PINHEIRO, Maria do Carmo Morales; carmopin@gmail.com2
EZIQUIEL, Iuri Silva; iuriezequiel@gmail.com3
1
Este trabalho é produto do Projeto de extensão “Ludoteca Universitária: lugar-tempo de
experimentação do corpo e de produção de subjetividade a partir do brincar”, do curso de Educação
Física da UAE de Biotecnologia/Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão (UFG/RC).
2
Professora do Curso de Educação Física/UAE de Biotecnologia/UFG/RC. Coordenadora da
Ação.
3
Acadêmico do curso de Educação Física UFG/RC. Bolsista PROBEC 2018-2019/2019-2020.

Resumo: O objetivo deste trabalho é apresentar a Ludoteca UFG/RC e seu funcionamento, bem como relatar
algumas situações brincantes vivenciadas pelas crianças e pelo brinquedista que é atual bolsista do projeto de
extensão “Ludoteca Universitária: lugar-tempo de experimentação do corpo e produção de subjetividade a
partir do brincar”. É a partir de autores tais como Santos (2014); Pinheiro (2018) e Finco (2003), que buscamos
entender o brincar como um processo pertinente à aprendizagem e ao desenvolvimento das crianças. Com base
nisso, destacamos duas cenas brincantes que se passam em nossa ludoteca e que buscamos analisar, sobretudo,
fazendo um recorte da questão do gênero no brincar.

Palavras-chave: Ludoteca. Infância. Brincar. Experimentação. Brinquedista.


__________________________________________________________________________________

interna da UFG/RC (crianças vinculadas à


1- INTRODUÇÃO servidores e estudantes) e para a comunidade
externa (escolas, vizinhança, abrigos, centros
A Ludoteca Universitária da UFG/RC é um
especializados de atendimento, órgãos
laboratório do curso de Educação Física, em comunitários), possibilitando seu acesso à
funcionamento desde 2010, cujo início se deu com o produção lúdica contemporânea e tradicional
planejamento, preparação e captação de recursos para por meio do acervo disponibilizado pela
compor o ambiente ao qual a ação extensionista ora Ludoteca. Além disso, possibilitar o acesso
em foco, se liga. desse acervo aos estudantes de graduação da
Regional Catalão; 2. Articular ensino, pesquisa
A ação extensionista citada se intitula “Ludoteca e extensão na formação acadêmica a partir das
Universitária: lugar-tempo de experimentação do ações desenvolvidas na Ludoteca, atentando-se
corpo e de produção de subjetividade a partir do para a produção infantil como material de
brincar” e objetiva, sobretudo, possibilitar a existência investigação e de produção de conhecimentos;
de um ambiente de lazer-arte-educação no interior da 3. Tratar a Ludoteca como ambiente de
universidade, que possa ser acessado, sobretudo, por formação de professores-
crianças. educadoresbrinquedistas, sobretudo, os
estudantes da graduação, fomentando debates,
Falar em educação/formação requer falar de reflexões e investigações (PINHEIRO, 2019,
desafios, estes que estão atravessados o tempo todo p.6).
em nosso caminho. É a partir deles que buscamos a
superação e a vontade de crescer, de fazer ciência e Em sendo uma ação que busca a articulação entre
arte, transformando os ambientes universitários em ensino, extensão e pesquisa, ou seja, que privilegia a
lugares nos quais também as crianças brincantes produção de conhecimentos, buscamos, além de
possam ter contato com a cultura por meio da receber e atender as crianças para que possam brincar,
ludicidade. registrar de algum modo esses momentos, com fotos,
diários de campo e vídeos (para os quais temos um
Nessa direção, a ação extensionista aqui em foco termo de concordância dos seus responsáveis).
visa inúmeros objetivos, dentre os quais,
destacaremos três: Dito isso, enfatizamos que neste texto, visamos
apresentar algumas experimentações brincantes dos
1. Criar, na Regional Catalão, um ambiente de corpos-crianças que atendemos, e aspectos que nos
cultura e de arte-educação para a comunidade
chamaram atenção, sobretudo acerca da temática do

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gênero no brincar, quer dizer, de como meninos Enfatizamos que as fichas de cadastro das crianças
brincam livremente de papeis estereotipados de são um instrumento importante de vínculo da nossa
gênero, de modo muito espontâneo e leve. ludoteca com os responsáveis pelas crianças, pois as
informações nela contidas nos permitem avisá-los em
2- A LUDOTECA UNIVERSITÁRIA qualquer situação necessária.
UFG/RC: CONCEPÇÃO E
A sala é toda colorida e agradável, chamando
FUNCIONAMENTO
atenção de quem passa pelo corredor; está equipada
com jogos variados nos cantos de brincar: da fantasia,
Normalmente, os ambientes que agregam
piscina de bolinhas, pebolim, livros de literatura
brinquedos e a atividade do brincar – em
infantil, equipamentos eletrônicos, pelúcias e
universidades brasileiras tanto quanto em outros
bonecas, brinquedos de madeira/tradicionais, casinha
espaços sociais – são denominados Brinquedotecas.
de boneca, mecânico maluco, cozinha de madeira,
No Brasil, inclusive há uma Associação Nacional de
dentre outros. Além disso, há diversos outros
Brinquedotecas, que visa dar organicidade às mais de
materiais para uso diário dos ludotecários.
500 brinquedotecas brasileiras existentes
(KISHIMOTO, 2012), disponibilizando cursos de As crianças são o principal público-alvo do projeto
formação de brinquedistas, material bibliográfico, extensionista, mas sempre recebemos visitas de
orientações para a montagem e condução de pessoas de todas as faixas etárias, que veem a ludoteca
brinquedotecas, dentre outros serviços de apoio. como um lugar para, simplesmente, brincar. São
muitos os graduandos, de diversos cursos, que tem
Em nosso caso, optamos por usar o termo Ludoteca
frequentado assiduamente a ludoteca, acreditamos
por compreender que:
que em função de sua temporária localização no Bloco
(...) o termo Brinquedoteca remete ao objeto Didático I, onde ocorrem as aulas da instituição. Esse
brinquedo de modo estrito, e, como somos oriundos é um processo novo para nós, que vemos o potencial
da área de Educação Física, consideramos o Corpo do ambiente Ludoteca para atrair e contagiar não
como primeiro (e sempre presente) objeto apenas as crianças, mas todo o qualquer ser humano
brincante, motivo pelo qual múltiplas brincadeiras
podem acontecer sem contar, necessariamente, com
interessado em fruir lazer, arte e cultura.
a presença de um objeto externo a ele. Além disso, Para um estudante de Licenciatura em Educação
[pensamos] a ludicidade como Eixo a partir do qual Física (EF), entender o brincar como um mecanismo
os seres humanos produzem significado, sentido e,
de aprendizagem é de extrema importância, uma vez
desse modo, subjetividades. Assim, consideramos
que o termo Ludoteca soa mais amplo e responde
que autores como Pinheiro (2018); Santos (2014);
melhor à concepção que sustenta o trabalho deste Kishimoto (2012), dentre outros, destacam a questão
Laboratório, uma vez que o corpo é para nós, o do brincar como um disparador de aprendizagem.
primeiro objeto do brincar. É a partir do próprio Nesse sentido, nem sempre é necessário ensinar a
corpo que a criança começa a se desenvolver e brincar, pois os momentos brincantes são momentos
conhecer a si mesma (PINHEIRO, 2018, p. 2). de expressão singular, em que as crianças
Compreendemos a Ludoteca como um ambiente de experimentam as imagens que tem do mundo,
formação e informação tanto para os ludotecários invertendo-as, e, com isso, há aprendizagem e
(nome do responsável pelos atendimentos da crescimento, intelectual e pessoal.
ludoteca), quanto para os adultos e crianças que a São realizados atendimentos no período noturno
visitam diariamente. três vezes por semana: de segunda à quarta feira, das
O laboratório recebe diariamente crianças que 19h30 às 22h30, onde são atendidas cerca de seis
possuem vínculos com pessoas oriundas da crianças por noite, dentre os quais, meninos e
comunidade acadêmica, como servidores públicos meninas. O número de atendimentos neste semestre
e/ou estudantes universitários; mas também agenda foi menor, provavelmente, devido a mudança de local
visitas da comunidade externa, constituída por consequente da reforma do bloco D.
instituições como escolas ou outras que atendam a Nesses atendimentos, são realizadas atividades tais
infância. como: pinturas, brincadeiras (individuais e
São cadastradas crianças de 0 a 12 anos de idade acompanhadas) com pelúcias, bonecas, com e sem
que fazem da ludoteca um lugar encantador, pois nela, fantasia, dentre outras. É importante ressaltar que os
independente da idade ou classe social, podem ser o adultos que visitam a ludoteca parecem se sentir
que quiserem, assim como alude o regimento da crianças quando estão aqui, sendo livres para
ludoteca (2012) “A ludoteca caracteriza-se por ser um brincarem do que quiserem, uma vez que a ludoteca é
lugar livre de brincar”. É também a partir das um espaço do livre brincar. Ou seja, os brincantes tem
situações brincantes que as crianças começam a a total liberdade de quais objetos lúdicos pegarão para
conhecer si mesmas, desde que sejam feitas as fazer suas brincadeiras, como vão brincar com os
mediações necessárias para isso. mesmos, e os temas de suas brincadeiras, além de
decidirem se querem brincar sozinhos (unicamente

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com os brinquedos escolhidos) ou acompanhados (de ou apenas está reproduzindo algo que presenciou em
outras crianças ou pelo brinquedista). casa.
É importante ressaltar que todas as crianças e Um menino (V.) de oito anos de idade é uma das
adultos que brincam em nosso laboratório, com o crianças mais frequentes na Ludoteca nos últimos
passar dos dias passam a entender a rotina de uso dos meses. Ele é sobrinho de uma servidora terceirizada
objetos, ou seja, eles brincam e depois devolvem os que cuida da manutenção e limpeza da universidade e
objetos nos lugares. Nesse momento é sempre vai com ele nos horários em que a ludoteca
reponsabilidade do brinquedista, ou seja, da pessoa está aberta. Certa vez o menino estava brincando com
que cuida da ludoteca, orientar esse processo, de a mini cozinha infantil que faz parte do acervo da
cuidado dos materiais lúdicos e devolução dos ludoteca, e o questionamos acerca do que brincava ali
brinquedos nas estantes ou cantos de brincar, naquele canto. Sua resposta foi óbvia. “Estou
ajudando com informações sobre os locais onde cada brincando de fazer comida, estou fazendo um omelete
brinquedo deve ser devolvido. muito gostoso”. Nesse momento a criança simulava
de fato que estava fazendo um “delicioso omelete”
Portanto, é importante enfatizar a questão da
(Diário de Campo, 2019, p.2), e jogava o ovo para
liberdade da criança dentro do ambiente da ludoteca,
cima, aparava com a frigideira e, logo após, o comia.
na qual se chega e brinca do que quiser, quando quiser
e com quem quiser. Este fato nos chamou muita atenção pelo fato de
ser uma criança do gênero masculino que brincava na
É aqui que o brincar livre faz sentido, meninos
cozinha de fazer comidinha, ação que vemos
brincam de fazer comida e meninas brincam de
acontecer, normalmente, com meninas.
carrinho; fazem isso, claro, desde que se sintam à
vontade e com vontade de brincar com esses objetos Para definir o conceito de gênero citamos Finco
que já nos aparecem tão demarcados por papeis de (2003, p. 91) que apresenta o gênero como
gênero que, nesse caso, não parecem ter relevância
“construção social que uma determinada cultura
para os brincantes.
estabelece ou elege em relação a homens e mulheres”.
3- BRINCADEIRAS INFANTIS: CORPO E Enquanto estudante e pesquisador, acreditamos
GÊNERO que as brincadeiras dentro e fora dos espaços
universitários, proveniente de ações extensionistas
A ludoteca é, para o brinquedista em processo de não têm gênero, pois a ludicidade está presente em
constituição, um elemento a mais na formação todas elas. As brincadeiras são exercícios de papeis
acadêmica. As vivências práticas oferecidas pelo sociais, muitas vezes reproduzidos, mas também
laboratório requerem, para o seu bom funcionamento, questionados pelas crianças nesses momentos.
a realização de estudos, pesquisas, leituras e rodas de
Nessa direção, Finco (2003, p. 6) afirma que há
conversas que envolvam temáticas praticadas no
uma variedade de brinquedos e as diversas opções de
ambiente da ludoteca. A criança, o brinquedo, a
brincadeiras que “as crianças brincam
brincadeira e a arte de brincar nos são temas essenciais
espontaneamente com os brinquedos que escolhem
pois através dos estudos é que somos capazes de
sem constrangimentos”.
responder e levantar alguns questionamentos: Quem
brinca? Como brinca? De que se brinca? E é a partir Outra situação interessante que também marcou
destes questionamentos que nossos estudos são nossas observações em uma brincadeira, foi o fato de
realizados. um outro menino, de 11 anos, estar brincando com
uma boneca, que, ao final da brincadeira, descobrimos
As visitas à ludoteca são sempre recheadas de
juntos ser um boneco. Mas qual foi a situação
diversas brincadeiras, pois é só entrarem nesse
instigante para que descobríssemos que se tratava de
ambiente que as próprias crianças, sujeitos das ações,
uma boneca ou boneco?
pedem para brincar. Ou melhor, se dirigem aos locais
que de algum modo lhes provocam, e começam suas O brinquedo estava na prateleira e estava sem
cenas brincantes. Assim, é notório que elas sempre roupas. O menino de 11 anos pegou a boneca e andou
chegam com as brincadeiras planejadas, o que nos faz com ela para lá e para cá, questionando ao
entender que possivelmente já fazem parte de seus brinquedista qual era o nome daquele objeto. A
cotidianos, como por exemplo brincar de fazer resposta que obteve foi a de que se tratava de uma
comida, na mini cozinha de nossa ludoteca. boneca. Logo após a resposta do brinquedista, veio
outro questionamento no qual a criança perguntava o
Se observamos o próximo parágrafo deste texto,
porquê de ser uma boneca e ter o órgão genital
podemos perceber que, não na sua maioria, mas que
masculino. Nesse momento, experimentamos uma
em algumas situações as brincadeiras vem para dentro
sensação de surpresa e tensão, e ao mesmo tempo,
da ludoteca como uma forma de herança trazida de
comicidade. Perplexos diante da situação, ao mesmo
casa, pois são situações que a criança mesmo brincou
tempo em que risonhos, ao final de nosso diálogo,

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consideramos que se tratava de um boneco, e não uma KISHIMOTO, T. M. A brinquedoteca no contexto
boneca. educativo brasileiro e internacional. In:
A questão das duas brincadeiras nos leva a refletir OLIVEIRA, V.B de. Brinquedoteca: uma visão
que os dois meninos lidaram tranquilamente, na internacional. Petrópolis: Vozes, 2011.
situação lúdica, com objetos que culturalmente
PINHEIRO, Maria do C. M. Ludoteca: lugartempo
consideramos de meninas: uma boneca
de produção de subjetividade a partir do brincar.
(inicialmente) e uma cozinha, sobretudo, um fogão.
Projeto de Extensão cadastrado no SIGAA-UFG.
Ou seja, as masculinidades podem ser produzidas de
Goiânia, 2018
modo diferente, quebrando estereótipos e rótulos, de
que coisas e modos de ser de homens, precisam ser SANTOS, Thayane Luiza Fernandes dos;
rudes e grotescos, que não podem acolher atitudes de PINHEIRO, Maria do Carmo Morales. O fantástico
cuidado (com os outros, com a alimentação, com a mundo do brincar: extensão universitária em
vida). uma ludoteca. 21f. 2016. Trabalho de Conclusão de
curso, Curso de Educação Física, UAE de
Esses acontecimentos são importantes na formação
Biotecnologia, Universidade Federal de Goiás,
do brinquedista, uma vez que situações como as duas
Catalão/GO, 2016.
aqui citadas podem acontecer durante a brincação,
inclusive nas aulas de Educação Física escolar, e o REGIMENTO INTERNO DA LUDOTECA
professor precisa estar preparado para ler tais UFG/RC. Catalão/Go: Regional
acontecimentos da forma mais sensível e acolhedora Catalão/Universidade Federal de Goiás, 2012.
possível.
Observemos que nas duas situações foram RESPONSABILIDADE AUTORAL
destacadas experiências vivenciadas por duas pessoas
do sexo masculino em situações que geralmente são “O(s) autor(es) é(são) o(s) único(s) responsável(is)
vivenciadas por meninas. Portanto, podemos perceber pelo conteúdo deste trabalho”
que nas duas situações ambos se sentiram livres para
brincar, seja de boneca ou de fazer comida, ou seja,
são os adultos que determinam o que é de menino ou
menina, e Finco (2003, p. 7), traz estes relatos em seu
artigo quando diz que “são os adultos que esperam que
as meninas sejam de um jeito e os meninos de outro”.
Mas, as próprias crianças, só querem mesmo, é
brincar.
4- CONCLUSÃO
O projeto de extensão aqui apresentado e discutido
se caracteriza por ser um espaço onde através das
brincadeiras possamos adquirir conhecimentos e
desenvolvimento pessoal e intelectual a todo
momento, em cada criança, atendimento e cada
atividade proposta pela ludoteca universitária.
É justamente por entender que o projeto
proporciona tamanha riqueza que compreendemos
este brincar como elemento essencial na formação do
licenciando em Educação Física, pois o brincar fará
parte de todo processo educacional dos alunos da rede
básica de ensino, desde a educação infantil até o
ensino médio, onde pode-se trabalhar a educação
física a partir dos jogos e brincadeiras.
REFERÊNCIAS

FINCO, Daniela. Relações de gênero nas


brincadeiras de meninos e meninas na educação
infantil. Pro-Posiçães. v. 14, n. 3 (42) - set./dez.
2003

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PROJETO DE EXTENSÃO ESPIRITUALIDADE E SAÚDE NA UFG/RC
DÍAZ, Jalusa Andréia Storch – professora orientadora, jalusastorch@yahoo.com.br 1

STORCK, Carla, carlastorck2@gmail.com 1


STORCK, Caroline, cstoorck@gmail.com 1
CORREA, Maycon, samircorrea115@gmail.com1
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Biotecnologia-
IBIOTec

Resumo: A complexidade dos processos de doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs) no período
contemporâneo traz à luz novos desafios para os profissionais de saúde, de modo a integrar os conceitos
entre saúde e espiritualidade. Partindo do exposto, o objetivo deste trabalho é apresentar as ações do Projeto
Espiritualidade e Saúde no âmbito da UFG/RC e UBS, cujo foco é promover o autoconhecimento humano e
que repercuta na adoção de um estilo de vida favorável, na minimização de sinais e sintomas de DCNTs, na
promoção da saúde e no fortalecimento dos participantes. A metodologia das nossas ações serão definidas
pela pesquisa ação, rodas de conversa Catalão-GO. O projeto transcorrerá semanalmente nas dependências
da UFG/RC e nas UBSs, durante as quartas- feiras a partir das 13:30 horas. As atividades consistem no
estudo dos temas Espiritualidade, Cristianismo e Fé. Como resultados gerais, esperamos integrar os serviços
entre UFG/RC e a rede de atenção primária de saúde do município de Catalão/GO, por meio do estudo e
desenvolvimento de atividades de apoio a promoção da saúde na atenção primária e prevenção de DCNTs.
Para os acadêmicos, contribuir com a formação inicial em saúde coletiva sob a ótica da Espiritualidade e
Saúde, cujo tema é pouco tratado no currículo tradicional da UFG/RC. Para os servidores da UFG/RC e
participantes das UBSs, desejamos promover uma melhor reflexão sobre o enfrentamento do cotidiano, do
estilo de vida inadequado e das DCNTs, em que a espiritualidade poderá ser tida como um elemento
promotor do autoconhecimento e fortalecimento humano.

Palavras-chave: Espiritualidade, Saúde, Fé, Doenças crônicas não transmissíveis.


__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO resiliência para superar as adversidades cotidianas


aduba um terreno fértil desencadeador de transtornos
O ideal deste trabalho visa apresentar a proposta físicos, psíquicos e/ou comportamentais como dores
de desenvolvimento de um projeto de extensão para articulares e musculares, crises de ansiedade,
acadêmicos, servidores da UFG/RC e comunidade estresse, depressão e síndrome do pânico (KING,
atendida nas Unidades Básicas de Atendimento KOENIG, 2009).
(UBSs) da cidade de Catalão/GO, utilizando a Como consequência, a adoção de um estilo de
Espiritualidade, com base na crença do Cristianismo vida inadequado resulta em um “ato de escape”,
e na Fé como elementos que favoreçam o tornando a pessoa refém de uma alimentação
autoconhecimento, a promoção a saúde, a prevenção inadequada, sedentarismo, uso compulsivo do
de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs) álcool, cigarro e substâncias ilícitas. Ao final, o
e fortalecimento dos seres humanos na atenção somatório de fatores intrínsecos (geneticamente
primária. determinados) e extrínsecos (originados pelo meio)
A inquietação que resultou no desenvolvimento podem eclodir no desenvolvimento das DCNTs,
deste projeto originou-se a partir das conversas dentre elas a Hipertensão Arterial Sistêmica,
informais com discentes, docentes e servidores da Diabetes Mellitus, Dislipidemias, Câncer, Doenças
UFG/RC sobre as situações difíceis da vida, em Cardiovasculares, Cerebrovasculares e Respiratórias
função dos enfrentamentos diários sofridos pela Crônicas.
demanda de estudos, trabalho e uso de tecnologias A Epidemiologia das DCNTs vêm sendo
eletrônicas, mídia eletrônica, Whatsapp, Facebook, intensamente estudada pela Organização Mundial da
Twitter, Instagran), crises de relacionamentos Saúde (OMS). As estatísticas produzidas pelo
familiares e interpessoais. relatório de 2014 demonstrou que as DCNTs foram
As mazelas psíquicas e sociais do mundo responsáveis por 16 milhões de mortes/ano no
moderno tendem a gerar sinais e sintomas mundo e 70% dos óbitos no mundo (WHO, 2014).
específicos no corpo humano, como a fadiga Mais especificamente no Brasil, os dados apontaram
coporal, dores musculoesqueléticas, cefaléias, para o ano de 2016 o aumento da Diabetes Mellitus
enxaquecas, insônia e baixa autoestima. A falta de (61,8%), Hipertensão Arterial (14,2%) e Obesidade

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(18,9% dos brasileiros são obesos) (VIGITEL, participantes sobre as boas práticas em saúde:
2016). alimentação balanceada, combate do sedentarismo,
As atuais políticas públicas de promoção a alcoolismo, tabagismo e uso de substâncias ilícitas.
saúde e prevenção de DCNTs pela OMS preconizam Assim, acreditamos que este projeto será capaz
a restrição no consumo de tabaco, álcool, dietas de ensinar os participantes a aprimorar a resiliência
pouco saudáveis, sedentarismo e a ampliação da na superação das adversidades cotidianas, além de
atenção primária à saúde, integrando-as a ações refletirem sobre a necessidade do domínio próprio e
preventivas e curativas de atenção primária a a consciência dos próprios atos em relação aos bons
indivíduos e comunidades (WHO, 2014; VIGITEL, hábitos em saúde, colaborando no combate do estilo
2016). de vida inadequado e na prevenção dos sinais e
Face ao exposto, o Projeto de Extensão sintomas ligados as DCNTs na rede de atenção
Espiritualidade e Saúde tem a finalidade de integrar primária de saúde em Catalão/GO.
os serviços de extensão da UFG/RC e a rede de De outra parte, acreditamos que o tema suscita o
atenção primária de saúde do município de Catalão, debate entre os acadêmicos e servidores da
atuando em UBSs da cidade de Catalão /GO. A UFG/RC, visando dirimir dúvidas conceituais e
equipe executora do projeto (docente responsável, atenuar os distanciamentos entre as religiões. Vemos
acadêmicos de graduação e servidores da UFG/RC, este projeto como uma ampliação das oportunidades
os quais terão a função de transferir os educacionais, na formação e qualificação do futuro
conhecimentos sobre o tema Espiritualidade, profissional, visto que disciplinas relacionadas ao
Cristianismo e fé na promoção da saúde da tema Espiritualidade e Saúde são limitadas nos
sociedade. cursos de graduação e pós-graduação da nossa
Estudar a doutrina cristã e fortalecer a crença da universidade.
fé em Jesus Cristo revela-se como uma oportunidade Diante do exposto, o objetivo deste trabalho será
de aprimorar o autoconhecimento do ser humano por de apresentar as iniciativas do Projeto
meio do desenvolvimento de uma crença – a fé, com Espiritualidade e Saúde, com intuito de discutir e
algo que não se experimenta no plano material. implementar ações centradas na Espiritualidade,
Promover a espiritualidade significa permitir que a Cristianismo e Fé, com foco numa crença capaz de
pessoa conhecer a própria essência, ensinando o desenvolver o autoconhecimento humano e que
domínio de si em relação aos pensamentos, desejos, repercuta na adoção de um estilo de vida favorável,
esperanças, atitudes, enfrentamentos, frustrações e na minimização de sinais e sintomas de DCNTs, na
valores de vida. promoção da saúde e no fortalecimento dos
Segundo Dal-Farrar e Geremia (2010) e Gross participantes.
(2013), a pessoa espiritualizada é capaz de buscar
um significado para a vida com conceitos que 2. METODOLOGIA
transcendem o tangível, desenvolvendo a crença do
sagrado, em que a conexão com algo maior que si Metodologicamente, definimos nossas
próprio terá o papel transformador da realidade intervenções como uma pesquisa-ação, em função de
existente. que a investigação será baseada numa autorreflexão
O autoconhecimento humano será o foco das empreendida pelos participantes, visando a melhora
nossas intervenções e os meios serão desenvolvidos da racionalidade do próprio “eu“ (auto-
a partir de encontros coletivos / grupos focais e conhecimento) e as práticas individuais e coletivas
trabalhos comunitários integrativos. As intervenções em saúde (melhora do estilo de vida inadequado e
serão especialmente projetadas para permitir espaços prevenção de DCNTs na comunidade) (THOMAS,
de escuta, conversa, ajuda mútua, orientação e NELSON, SILVERMAN, 2012).
cooperação sobre os enfrentamentos físicos, Utilizamos a técnica das Rodas de Conversa, a
psíquicos, emocionais e sociais vivenciados pelos qual visa a participação e a reflexão dos
participantes e comunidade, decorrentes das participantes a respeito da Espiritualidade e Saúde,
situações díficeis da vida (trabalho, estudo e oportunizando condições de diálogo, escuta e
tecnologias eletrônicas) que conduzem a um estilo circulação da palavra bem como com o uso de
de vida inadequado e ao desenvolvimento de sinais e técnicas de dinamização de grupo. Esta técnica
sintomas ligados as DCNTs. metodológica representa uma proposta de construção
Neste quesito reside o impacto social do projeto, e a reconstrução da realidade que buscaremos atingir
visto que o autoconhecimento proporcionado pela a relação da Espiritualidade no processo Saúde
espiritualidade é entendido como um agente de Doença, por meio do ato educativo reflexivo que
transformação positiva do estilo de vida. Por meio acontece tanto pela fala quanto pela escuta, além da
de palestras e orientações conduzidas por discussão e participação. Isso permite os
profissionais da saúde, trataremos das políticas participantes entrarem em contato com outros
públicas de prevenção da OMS, orientando os contextos de vida, realidades diferentes e novas

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interações, almejando oportunidades de atenção primária. O intuito é tratar da
ressignificação das temáticas que são discutidas Espiritualidade, fundamentada no Cristianismo e na
(AFONSO; ABADE, 2015). Fé, como elementos capazes de promover o
Buscaremos atingir primeiramente os autoconhecimento e fortalecimento dos seres
acadêmicos de graduação, pós-graduação e humanos.
servidores da UFG/RC. No segundo momentos as
ações extensionistas serão direcionadas aos REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
pacientes atendidos em Unidades Básicas de
Atendimento (UBS) situados na cidade de AFONSO, M. L. M.; ABADE, F. L. Para
Catalão/GO. reinventar as Rodas. Belo Horizonte: Rede de
As ações serão inicialmente desenvolvidas Cidadania Mateus Afonso Medeiros (RECIMAM),
durante as quartas-feiras, a partir das 13:30 horas na 2015.
UFG/RC. Após a capacitação da equipe executora, BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de
as atividades também serão implementadas nas Vigilância em Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.
UBSs com datas e horários a serem definidos. Política Nacional de Promoção da Saúde: PNPS:
Anexo I da Portaria de Consolidação nº 2, de 28 de
3. RESULTADOS ESPERADOS setembro de 2017, que consolida as normas sobre as
políticas nacionais de saúde do SUS/ Ministério da
Para os acadêmicos, contribuir com a formação Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Secretaria
inicial em saúde coletiva sob a ótica do tema Saúde de Atenção à Saúde. Brasília, 2018.
e Espiritualidade, promovendo vivências BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. SUS das
interprofissionais e experiências de estudo, pesquisa práticas integrativas: Terapia Comunitária.
e extensão na comunidade. Além disso, se Disponível em
beneficiarão da complementação à formação http://dab.saude.gov.br/portaldab/noticias.php?conte
profissional com fundamentações teóricas sobre udo=_&cod=2408, acessado em 30 de março de
espiritualidade, a qual é pouco tratada no currículo 2019.
tradicional da UFG/RC.
Para os acadêmicos, servidores e pacientes das DALGALARRONDO, P. et al., Religião e uso de
UBSs esperamos promover a reflexão que os drogas por adolescentes. Rev Bras Psiquiatr v.26,
enfrentamento do cotidiano, do estilo de vida n.2, p.:82-90, 2004.
inadequado e das DCNTs podem ser aliviados com o DAL-FARRAR, R. A.; GEREMIA, C. Educação em
desenvolvimento da espiritualidade de cada pessoa, Saúde e Espiritualidade: Proposições Metodológicas.
empoderando-a para que seja a construtora de sua Rev Bras de Edu Médica, v.34, n.4, p.587-597,
própria história de vida. Acreditamos convictamente 2010.
que o autoconhecimento promovido pela GROSS, E. O conceito de Fé em Paul Tillich.
espiritualidade seja capaz de prevenir o estilo de Revista Eletrônica Correlatio. v.12, n. 23, jun.
vida inadequado, fazendo os participantes terem 2013.
consciência da importância de uma boa alimentação, KING, M.B., KOENIG, H. G. Conceptualising
realização de atividades físicas regulares, controle spirituality for medical research and health service
ou abandono de hábitos do tabagismo,alcoolismo e provision. BMC Health Serv, Res. 2009.
uso de substâncias ilíticas, além das tecnologias KOENIG, H. HAROLD, A. Spirituality and Health
eletrônicas especialmente nos momentos de Care. Koenig, Harold. Medicina , Religião e Saúde
descanso e lazer. - o Encontro da Ciência e da Espiritualidade,
Ao final, desejamos que o Projeto de Extensão 2012.
possibilite o resgate da espiritualidade como uma
ferramenta de enfrentamento dos comportamentos KOENIG, H. G. Espiritualidade no Cuidado com
que são discutidos como patológicos pela o Paciente. São Paulo: FE. Editora Jornallística
Organização Mundial de Saúde e que desenvolva o Ltda, 2005.
autoconhecimento e fortalecimennto humano, a LIPP, M. E. N. ISSL - Inventario de Sintomas de
promoção da saúde e a prevenção de DCNTs. Stress para Adultos. São Paulo: Pearson, 3 ed,
2005.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS MOREIRA-ALMEIDA, A.; LOTUFO NETO, F.;
KOENIG, H. Religious-ness and mental health: a
De modo geral, esperamos com este projeto review. Rev Bras de Psiquiatr, v.28, n.3, p.:242-50,
integrar os serviços entre UFG/RC e a rede de 2006.
atenção primária de saúde do município de NAHAS, M. V.; BARROS, M. V. G.;
Catalão/GO, por meio do estudo e desenvolvimento FRANCALACCI, V. O pentáculo do bem-estar -
de atividades de apoio a promoção da saúde na base conceitual para avaliação do estilo de vida

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de indivíduos ou grupos. Rev. Bras. Ativ. Fís.
Saúde, v.5, n.2, 2000.
ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE
(OPAS). Plano estratégico da Organização
Panamericana de Saúde 2014-2019. Disponível em
https://www.paho.org/hq/dmdocuments/2017/pahost
rategic-plan-por-2014-2019.pdf, acessado em 05
de março de 2019.
SOUZA, M. A. A influência da fé no processo
saúde-doença sob a percepção de líderes religiosos
cristãos. Dissertação de mestrado. Programa de
Pós-Graduação em Enfermagem. Universidade
Federal de Goiás (UFG), 2008, 99p.
STROPPA, A., MOREIRA-ALMEIDA, A.
Religiosidade e saúde. In: Salgado MI, Freire G,
organizadores. Saúde e espiritualidade: uma nova
visão da medicina. Belo Horizonte: Inede; 2008.
TILLICH, Paul. Dynamics of faith. New York :
Harper, 1957.
THOMAS, J. R.; NELSON, J. K.; SILVERMAN,
S. J. Métodos de pesquisa em atividade física e
saúde. Artmed: Porto Alegre, 6ª ed, 2012.
VASCONCELOS, E. M (Org.). A espiritualidade
no trabalho em saúde. São Paulo: Hucitec, 2006
VIGITEL BRASIL 2016. Hábitos dos brasileiros
impactam no crescimento da obesidade e
aumenta prevalência de diabetes e hipertensão.
Disponível em
http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2017/a
bril/17/Vigitel.pdf, acessado em 04 de março de
2019.
WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO).
Amendments to the Constitution. April, 7th; 1999.
WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO).
Global status report on noncommunicable
diseases 2014. Disponível em:
https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/148
114/9789241564854_eng.pdf;jsessionid=F97DA20E
81D3DF4FE952CBD7229336C9?sequence=1,
acessado em 04 de março de 2019.

RESPONSABILIDADE AUTORAL

“Os autores são os únicos responsáveis pelo


conteúdo deste trabalho”.

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CICLO DE CURSOS DE CAPACITAÇÃO EM ENGENHARIA

Zamunér Filho, Antonio Nilson, antoniozamuner@ufg.com


Pereira Neto, João Pedro, joaopedroneto39@gmail.com1
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Engenharia

Resumo: O objetivo deste trabalho é proporcionar uma ferramenta de extensão universitária que visa capacitar
a comunidade em assuntos técnicos, sendo um elo entre a Universidade e a Sociedade, promovendo a educação
continuada dos profissionais e a troca de saberes sobre os assuntos relacionados à Engenharia. O curso de
Softwares de Mineração e Geologia (DATAMINE) foi ministrado pelo Prof. Dr. Carlos Cordeiro Ribeiro e
proporcionou aos alunos conhecimentos sobre softwares aplicados em Engenharia de minas e Geologia. A
divulgação do curso foi feita via cartazes e mídias digitais, como sites e comunidades virtuais. O fôlder foi
elaborado de modo a conter as principais informações relacionadas ao curso. Com seu término, se enviou um
questionário aos participantes para que eles pudessem relatar suas experiências, bem como opiniões e questões
envolvendo todo o processo de execução do curso. Notou-se a demanda para uma nova turma. Cumpriu-se o que
havia sido proposto inicialmente pelo projeto dentro das limitações para execução do mesmo. Houve retorno
positivo por parte dos participantes e por parte da equipe executora do curso. Com os resultados obtidos pelo
questionário, pode-se aperfeiçoar todo o processo de realização e execução destes de modo a minimizar as falhas
e proporcionar uma formação complementar e diferencial, a qual se destacará, atraindo a atenção do público.

Palavras-chave: Engenharia. Extensão. Softwares de Mineração.


__________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO capacidade de criar e produzir bens influencia de


maneira direta e efetiva o mundo globalizado, seja no
A Universidade vem demonstrando um papel aspecto econômico ou socioeducacional. A inovação
essencial dentro da sociedade, sendo esse a aplicação é uma das características dos seus profissionais, com
dos conhecimentos para conseguir evoluções isso os cursos de Engenharias devem sempre estar
importantes. A pesquisa, dentro da Universidade, atentos aos novos conhecimentos e se adaptarem as
começou a ser entendida como uma busca sistemática novas tecnologias (SILVA FILHO, 2012).
e metodológica dos problemas intrínsecos aos
processos educativos e tecnológicos (TUBINO et al., Tendo em vista esses aspectos, o Ciclo de Cursos
1985). de Capacitação em Engenharia surgiu como uma
A extensão universitária, dentro desse âmbito de ferramenta de extensão universitária que visa
pesquisa, já foi apresentada em 1976 com duas capacitar a comunidade em assuntos técnicos, ou seja,
concepções: “projeção da Universidade ao meio” e ser uma conexão entre a Universidade e a Sociedade,
“formação humana do acadêmico e prestação de promovendo a educação continuada dos profissionais
serviços à comunidade”. Já em 1983 ela foi e um contato mais próximo da sociedade com os
apresentada como atitude de abertura da assuntos relacionados à Engenharia.
Universidade à comunidade (SOUZA, 2000).
2. METODOLOGIA
Na atualidade, continua sendo vista como uma
ligação entre a Universidade e a Sociedade. Porém, Após analisado e aprovado pelo corpo
suas ações têm sido pouco valorizadas dentro das responsável, foi necessário realizar a abertura de uma
instituições acadêmicas. A concepção arcaica de que conta conjunta à Fundação de Apoio à Pesquisa-UFG
os “detentores de conhecimento” (universidade) (FUNAPE) seguindo os trâmites legais, a qual teve o
ensinam e “ignorantes” (sociedade) aprendem, tem papel de armazenar o fundo arrecado pelos cursos
sido um ponto importante na contribuição de sua ofertados durante todo o período de duração do
desvalorização. Todavia, a extensão é importante, projeto de extensão. A abertura da conta possibilitou
pois contribui, de fato, como parte da formação do ao coordenador da ação acesso à página da FUNAPE
cidadão (SOUZA e CARVALHO, 2016). através de um login pessoal, para realizar tanto a
emissão de boletos quanto a verificação de
A Engenharia é um dos principais mobilizadores pagamentos deles. Sendo que esses boletos referentes
da evolução e da criação de novas tecnologias, aos valores previstos de cada curso.
contribuindo de maneira significativa no
desenvolvimento econômico das nações. A

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A divulgação do curso foi realizada por meio de  O motivo da realização do curso;
cartazes, envio do folder por e-mail às empresas, além  O meio pelo qual o aluno ficou sabendo
da utilização do aplicativo de mensagens WhatsApp sobre os cursos ofertados pelo projeto pelo;
e divulgação oral, por meio de visitas a centros  Opinião sobre o projeto "CICLO DE
acadêmicos e polos técnicos. CURSOS DE CAPACITAÇÃO EM
ENGENHARIA" se o mesmo atingiu tanto a
O fôlder, Fig. 1, foi elaborado utilizando software
comunidade acadêmica quanto a sociedade
de edição. Este contém as principais informações
não vinculada;
relacionadas ao curso como o número de vagas, a
carga horária, o valor do curso, as datas de realização,  Grau de satisfação com o curso;
o horário, a programação, a localização e os telefones  Se a carga horária foi satisfatória;
de contato.  Se as instalações foram satisfatórias;
 Qual nota a ser atribuída ao instrutor; e
Figura 1. Folder – Softwares de Mineração e Geologia  E um comentário, crítica ou até um elogio
(DATAMINE) sobre todo o processo de realização do
curso, desde a matrícula até a entrega do
certificado.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após a realização do curso e a sua conclusão foi


notável que o objetivo proposto foi alcançado. No
início houve uma grande procura, pois era um curso
muito almejado e aguardado e com a intensificação
da divulgação, o número de inscritos atingiu a
quantidade máxima de vagas, sendo que uma lista de
espera foi gerada, caso surgisse vaga ou até mesmo
Fonte: Autoria própria, (2019). para uma futura oferta do curso.

As inscrições dos alunos foram realizadas por O curso de Softwares de Mineração e Geologia
meio de um formulário de inscrição disponibilizado (DATAMINE) foi ministrado pelo Prof. Dr. Carlos
em uma plataforma online utilizando o formulário Cordeiro Ribeiro e proporcionou aos alunos uma
eletrônico Google docs, tornando mais flexível às noção de utilização de softwares voltados para
pessoas interessadas em participar do curso. Sendo engenharia e geologia, abordando os seguintes
que esse formulário solicitava informações tais como, tópicos: DATAMINE RM – Geologia; Modelamento
nome, CPF, qual categoria o candidato se encaixava, Geológico; Geoestatística; e Estimação de Teores.
aluno ou colaborador de empresa, e-mail, endereço e DATAMINE OP – Construção das cavas manual e
sua instituição de origem ou empresa que trabalha. automática; e Planejamento de curto prazo.
Após o preenchimento do formulário, um e-mail de DATAMINE UG – Desenvolvimento de Mina
confirmação da reserva da vaga era enviado ao Subterrânea; e Planejamento de curto prazo. NPV
solicitante. Scheduler – Planejamento de Mina de longo prazo;
Otimização de cavas; e Sequenciamento anual da
Para a realização do curso foi necessário reservar lavra.
o laboratório do prédio das engenharias, sendo que o
mesmo comportava a quantidade de vagas. Após a Foi obtido um retorno positivo da parte dos
reserva, houve a instalação, nos computadores, do alunos que o cursaram. Notou-se a demanda para uma
programa necessário para a execução do curso. nova turma, conforme já esperado, pois alguns alunos
que não conseguiram vaga já haviam solicitado novas
Com o término do curso houve o envio de um turmas.
questionário aos alunos para coletar informações e
opiniões sobre a execução do mesmo, pontos de Os alunos que responderam o questionário
melhoria, a opinião do aluno sobre a didática do corresponderam a aproximadamente 55% (22 alunos)
professor e também se as instalações estavam do pessoal que realizou o curso. Sendo todos
adequadas para a execução do curso, além de verificar pertencentes à comunidade acadêmica, com anseios
se o curso atendeu as expectativas do público. Esse de adquirir novos conhecimentos.
questionário consistia em nove perguntas:
O Gráfico 1 mostra como os alunos ficaram
 A qual comunidade acadêmica o aluno sabendo sobre os cursos ofertados. Podemos perceber
pertence; que mais da metade ficou sabendo por meio de

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amigos e que a divulgação do curso por meio de poucos alunos que não ficaram satisfeitos ou acharam
folder também foi representativa. regular.

Gráfico 1. Meios de divulgação do curso O Gráfico 5 traz a opinião sobre a carga horária.
Percebe-se que a maioria dos alunos (81,8%),
concorda que ela foi satisfatória.

Gráfico 5. Opinião se a carga horária foi adequada

Fonte: Autoria própria, (2019).

O Gráfico 2 mostra que alguns alunos pensam


que o projeto não abarcou toda a comunidade. Porém
Fonte: Autoria própria, (2019).
essa porcentagem foi pouca dentro do todo, mas é um
ponto a melhorar.
O Gráfico 6 mostra as opiniões sobre as
Gráfico 2. Opinião dos participantes sobre o alcance do
instalações. Alguns alunos acharam que as
projeto: “Projeto atingiu tanto a comunidade acadêmica instalações não eram adequadas, contudo a maior
quanto a sociedade não vinculada?” parte afirma que foram adequadas.

Gráfico 6. Opinião se as instalações eram adequadas

Fonte: Autoria própria, (2019).


Fonte: Autoria própria, (2019).
Os Gráficos 3 e 4 mostram o grau de satisfação
dos alunos com o curso e com o instrutor, Por fim, a pergunta aberta aos alunos, para que
respectivamente. Nestes gráficos a escala adotada eles expusessem comentários, críticas e talvez
varia entre 0 (insatisfeito) e 5 (muito satisfeito). agradecimentos, foi um ponto importante, pois deu a
oportunidade da contribuição dos participantes. As
Gráfico 3. Grau de satisfação com o curso passagens abaixo mostram as respostas obtidas:
 “A iniciativa é ótima, leva ao aluno a sair da
zona de conforto e se dedicar ainda mais,
com temas que podem engrandecer o
currículo e claro, o conhecimento. A entrega
do certificado foi demorada. ”
Fonte: Autoria própria, (2019).
 “O modo de exposição das aulas poderia ser
melhorado, bem como a didática do
Gráfico 4. Grau de satisfação com o instrutor instrutor. ”
 “Acho que a turma tinha que ser menor, para
que o instrutor pudesse dar atenção a todos
os alunos. ”

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Fonte: Autoria própria, (2019). Cumpriu-se o que havia sido proposto


inicialmente pelo projeto dentro das limitações para
Pode-se perceber que os alunos ficaram execução do mesmo. Houve um retorno positivo por
satisfeitos com o curso e com o instrutor, havendo parte dos alunos e também por parte da equipe

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executora do curso. Além disso, o curso foi executado benefícios, como adequações do laboratório, compra
de forma correta, com responsabilidade e com de materiais e equipamentos, dentre outros.
qualidade por parte do instrutor.
REFERÊNCIAS
Espera-se promover mais cursos com o projeto os
quais visarão atingir grandes resultados dentro dos SILVA FILHO, R. L. L. “Para que devem ser
objetivos propostos. Tendo como princípio formados os novos engenheiros?”. São Paulo,
fundamental, oferecer cursos relacionados à 2012. 19 p. Disponível em: <
Engenharia, pois, isso ajudará a criar um senso mais http://educacao.estadao.com.br/noticias/geral,artigo-
crítico em inovação, competitividade e para-que-devem-ser-formados-os-novos-
sustentabilidade dentro do mercado. engenheiros,838027>.
Com os resultados obtidos pelo questionário, SOUSA, A. L. L. A história da extensão
proporcionando um feedback do curso, pode-se universitária. 1. ed. Campinas: Ed. Alínea, 2000.
aperfeiçoar todo o processo de realização e execução 138 p.
do curso para exaurir as falhas e proporcionar um
diferencial que chamará ainda mais a atenção do SOUZA, M. M. O.; CARVALHO, G. O. Extensão
público. E, também, uma evolução contínua para que Universitária: Metodologia e experiências.
sempre possa melhorar os próximos cursos. Goiânia: Ed. PUC Goiás, 2016. 224 p.
TUBINO, M. J. G. et al. A Universidade ontem e
Uma importante ressalva foi a pouca ou quase
nula procura por outros cursos. Isso se deve ao fato hoje. São Paulo: IBRASA, 1985. 181 p.
de que o mercado está desaquecido e a sociedade
enfrenta um momento de crise econômica. RESPONSABILIDADE AUTORAL

Vale ressaltar, ainda, que parte do dinheiro “Os autores são os únicos responsáveis pelo conteúdo
arrecadado é direcionada como fundo para a Unidade deste trabalho”.
Acadêmica Especial de Engenharia, em forma de

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A INSERÇÃO DAS PRÁTICAS INTEGRATIVAS E
COMPLEMENTARES EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DA
FAMÍLIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA

PILGER, Calíope, cpilger@ufg.br


FERNANDES, Keteriny Daniela Borges, keteriny_daniela@hotmail.com
DIAS, Maríllia Gomes
EGÍDIO, Ana Isabela Almeida
DÍAZ, Jalusa Andréia Storch
PEREIRA, Nayline Martins
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Biotecnologia
2
Secretaria Municipal de Saúde - Unidade Básica de Saúde Caic

Resumo: O presente trabalho tem como objetivo descrever as ações desenvolvidas pela Liga Acadêmica de
Práticas Integrativas e Complementares (LAPIC) e pelo grupo de Trabalho das Práticas Integrativas e
Complementares em Saúde- PICs do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) na
Unidade Básica de Saúde da Família (UBSF) CAIC, no ano de 2019. O estudo pautou-se em um relato de
experiência sobre as PICS a partir das percepções dos idealizadores das atividades de uma UBSF localizada
na cidade de Catalão/GO. Os resultados apontaram que por meio das vivências da Dança Circular, Reiki,
Florais de Bach e Automassagem, percebeu-se que os usuários sentiram-se relaxados, tranquilos, com
sensações de bem-estar, e alívio de algumas das dores e ansiedade, e ainda, notou-se o aumento do vínculo
entre os usuários e equipe de saúde da UBSF. Por tudo isto, acredita-se que a finalidade de implementação
das PICS nas UBSF reside na promoção do cuidado integral, longitudinal e não invasivo do sujeito, e de
modo mais amplo, vem contribuir no cuidado na Atenção Primária em Saúde e redução das despesas com os
tratamentos clínicos.

Palavras-chave: Dança Circular. Reiki. Florais de Bach. Automassagem. Práticas Integrativas e


Complementares.

________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO Interprofissionalidade, por meio do Grupo de


Trabalho 2 – Práticas Integrativas e Complementares
O município de Catalão está localizado no e Educação Popular em Saúde, como ferramentas
Sudeste Goiano, possui atualmente 106.618 para estruturação de grupos de promoção de saúde.
habitantes e aproximadamente 3778 km² de área. O As atuais práticas extensionistas desenvolvidas para
município conta com 14 Unidades Básicas de Saúde a comunidade nas UBSFs de Catalão são a Dança
e sua distribuição é concretizada a partir do modelo Circular, Reiki, Florais de Bach e Automassagem.
das Redes de Atenção à Saúde, de modo que os A respeito das PICS, em 1976 a Organização
princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) sejam Mundial da Saúde (OMS), declarou que todos os
efetivados, principalmente o de Regionalização e Estados membros deveriam integrar as práticas da
Descentralização – Princípios Organizacionais do medicina alternativa nos processos de cuidado aos
SUS (IBGE, 2019). pacientes (SUÁREZ; DÍAZ; MACHADO, 2013).
A inserção das Práticas Integrativas e Então, em 2006 o governo brasileiro integrou a
Complementares (PICS) na Unidade Básica de Política Nacional de Práticas Integrativas e
Saúde da Família (UBSF) do município iniciou-se Complementares (PNPIC), de modo que as práticas
através da articulação ensino-serviço-comunidade fossem vinculadas a Saúde Pública do país. As PICs
entre o curso de Enfermagem da UFG/RC e a são aplicadas há mais de 5 mil anos por povos
Secretaria do Município de Catalão/GO. As ações orientais. E, além do bem-estar biopsicossocial que
extensionistas foram promovidas pelo curso de elas empregam, é possível reduzir gastos e a
Enfermagem inicialmente por meio da LAPIC (Liga quantidade de medicamentos prescritos aos
Acadêmica de Práticas Integrativas e pacientes (ALVES et al., 2017).
Complementares). Atualmente, estas ações também No ano de 2017, através da portaria 849, foram
estão atreladas ao Programa PET-Saúde e incluídas 14 PICs na Política Nacional de Práticas

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Integrativas e Complementares. Já em 2018, na despertar o sentimento de pertencimento e permitir o
portaria 702, de 21 de março, acrescentou-se 10 compartilhamento de experiências. Ademias é um
novas PICs (BRASIL, 2017; BRASIL, 2018). ótimo recurso para auxiliar no combate a timidez,
Partindo do exposto, o presente trabalho tem o ansiedade, depressão (OSTETTO, 2009).
propósito de descrever as ações desenvolvidas pela Para Rodrigues (2002), apud Ostetto (2009)
LAPIC e pelo grupo de Trabalho das PICs do “as pessoas que dançam podem
Programa PET-Saúde na UBSF CAIC, no ano de perceber as mudanças que ocorrem
2019. De modo específico, contextualizar a em si mesmas, não somente do
aplicação das PICs, como: Dança Circular, Reiki, corpo físico, como também ele se
Florais de Bach e Automassagem na UBSF torna mais leve, ágil, alegre, mas
supracitada. também a alma, pois, assim como
nos tornamos mais flexíveis para
2. PRÁTICAS OFERTADAS NA UBSF as articulações.”

2.1. Dança Circular 2.2. Reiki

A Dança Circular é uma Prática Integrativa que O Reiki é uma Prática Integrativa e
consiste em formar uma roda com um grupo de Complementar reconhecida pela PNPIC (BRASIL,
pessoas de mãos dadas voltadas para o centro que 2015). Utiliza-se da imposição de mãos de forma
vão fazendo movimentos ordenados, previamente consciente e não intrusa a fim de auxiliar possíveis
ensaiados, no ritmo da música. Nesse contexto, métodos convencionais no combate as dores
destaca-se que o círculo é uma das figuras mais crônicas e agudas (MARTA et al., 2010).
antigas utilizadas pelo homem, sua simbologia está Autores destacam a contribuição do Reiki nos
relacionada com a fluidez, flexibilidade e ciclo das quadros de patologias como depressão, além de
coisas (OSTETTO, 2009). estresse e ansiedade através do toque terapêutico.
A Dança Circular foi inserida inicialmente na Ademais, nota-se outros pontos positivos no
UBSF no grupo de convivência de idosos, no ano de tratamento, como: melhora da qualidade do sono e
2016, possibilitando a integração dos participantes, aumento do apetite (MARTA et al., 2010).
constituindo apoio mútuo e vivências singulares. O projeto de extensão “Reiki” na atenção básica
Posteriormente, foi levada para outros espaços como referida iniciou-se em 2018 por iniciativa da
Hiperdia, educação em saúde em sala de espera e coordenação da unidade descrita e professores da
outras atividades coletivas. Ela foi implementada nas Universidade Federal. Inicialmente, trabalhou-se
atividades, nos últimos três anos, da UBSF e após o essa temática com os profissionais de saúde da
término desta prática percebe-se como uma UBSF, por meio de palestras, rodas de conversas e
atividade que promove tranquilidade, bem-estar e a aplicação de Reiki a fim de sensibilizá-los quanto
união do grupo de usuários dos serviços que aos benefícios e para que os mesmos pudessem
recebem tratamentos clínicos no local. compartilhar a respeito com a comunidade.
Além disso, a Dança Circular é uma prática A partir dessas ações, começou-se a divulgar o
simples, em que pessoas de todas as idades podem Reiki na unidade de saúde, especialmente entre as
participar, mesmo que não tenham habilidade. A Agentes Comunitárias de Saúde (ACS), que
coreografia consiste em passos simples e ensaiados convidaram os usuários das microáreas cadastradas
na hora da prática, não há plateia, por isso os para participarem. Os resultados apontados pelos
participantes não precisam ficar tímidos usuários do SUS, de acordo com a enfermeira
(OSTETTO, 2009). responsável pela UBSF, foi a melhora na saúde,
Vale salientar que a Dança Circular é uma especialmente no aumento da consciência corporal
tradição milenar, vista como sagrada em algumas para o tempo presente, relaxamento e maior
culturas. Os povos indígenas, por exemplo, a qualidade no sono, diminuição de sinais e sintomas
realizam como ritual para comemorar a chuva, o de doenças, melhora da pressão arterial e frequência
plantio, a colheita, o nascimento. Ao longo do cardíaca.
tempo, essa prática se espalhou pelo mundo, Como estratégia para fomentar o Reiki na
alcançando países como a Grécia, Albânia, cidade de Catalão, a LAPIC e o Programa de
Romênia, Iugoslávia, Bulgária, Hungria, Macedônia, Educação para o Trabalho em Saúde (PET-Saúde) –
Israel, Escócia, Irlanda, Rússia, Índia, Brasil, Países Grupo 02 que abordam as PICs – ofertaram no mês
Bálticos, Povos Celtas e da América do Sul de agosto/2019 a oitava edição do curso de
(OSTETTO, 2009). Formação em Reiki Nível I, com intuito de aumentar
Os benefícios da Dança Circular, que é o número de profissionais capacitados a aplicar essa
considerada uma meditação em movimento, são prática na comunidade. Esses resultados
promover conexão e harmonia entre o grupo, sensibilizaram posteriormente a Enfermeira e a

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Médica Geriatra dessa unidade, as quais passaram a como depressão, pressão alta, artrose, arritmia, dores
prescrever sessões de Reiki em seus planos de no corpo. Ademais, melhora também a capacidade
cuidados de acordo com a necessidade dos usuários de concentração dos usuários, visto que a
do serviço. Automassagem exige uma conexão entre mente e
corpo (BARBOSA et al., 2014).
2.3. Florais de Bach Portanto, apesar de todos os benefícios, a
Automassagem não substitui o acompanhamento
Terapia floral faz parte de um campo chamado médico, pois ela apenas complementa o tratamento
terapias vibracionais de características não de patologias e busca trazer melhoria à qualidade de
invasivas, feitas a partir de plantas silvestres, flores e vida e bem-estar do usuário (BARBOSA et al.,
árvores do campo. Tratam as desordens da 2014).
personalidade, campo emocional, e não das
condições físicas (SALLES; SILVA, 2012). Figura 01 – Vivência de automassagem na UBSF
O nome Florais de Bach advém do médico CAIC – 08/05/2019
Edward Bach, que desenvolveu essa prática em
1930, a partir do seu ideal de que as enfermidades de
determinada pessoa estavam intimamente
relacionadas ao seu próprio estilo de vida (SALLES;
SILVA, 2012).
Os mesmos profissionais que aplicam Reiki na
UBSF convidaram também, no ano de 2019, os
usuários e os funcionários para conhecerem os
Florais de Bach. As consultas de Florais despertaram
o interesse de muitas pessoas da comunidade e dessa
forma passaram a ser oferecidas com mais
frequência. Pretende-se incluir esta prática na
agenda local da unidade para que outras pessoas
possam usufruir dos benefícios.
Fonte: Arquivo pessoal dos autores.
2.4. Automassagem
3. METODOLOGIA
A Automassagem destaca-se por ser uma PIC
realizada há milhões de anos na Medicina Trata-se de um relato de experiência das
Tradicional Chinesa (MTC), que consiste em uma vivências e percepções sobre a implementação das
sequência de movimentos realizada pelo próprio PICs em uma Unidade Básica de Saúde da Família
usuário em seu corpo. Esse método visa estimular (UBSF) em um município do sudeste goiano.
pontos específicos para restabelecer o equilíbrio Participaram das vivências os profissionais,
orgânico. Além disso, é uma atividade pouco funcionários e os usuários dos serviços de saúde
complexa e fácil de aprender, o que a torna mais atendidos na UBSF CAIC, situada no município de
acessível ao uso frequente na população Catalão/GO. Os resultados foram estruturados por
(BARBOSA et al., 2014). meio das percepções feitas pelos acadêmicos,
No ano de 2019, foi ofertada uma vivência de professores e enfermeira da unidade.
Automassagem organizada pelos participantes do Os relatos das percepções foram analisados
PET-Saúde (Figura 01). Os resultados demonstraram qualitativamente por meio da narrativa analítica,
que teve uma ótima aceitação, por ser de fácil sendo possível consolidar as vivências praticadas na
aplicação, que não requer uso de materiais UBSF, uma vez que, os artigos estudados relataram
específicos e que geraram uma sensação de conforto, variados benefícios acerca do uso das PICs nos
redução da dor e da ansiedade, relaxamento e bem- diversos ciclos de vida e estados patológicos e não
estar a todos os participantes. patológicos.
Foi sugerido pelos usuários a criação de um
grupo de Automassagem semanal na unidade. Para 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
atender esta demanda está sendo estudada a
implantação de um grupo capacitado que ofereça, Atrelado a realização destas práticas e vivências
não apenas a técnica, mas também outras PICs que na comunidade, o grupo de trabalho 2 do PET-Saúde
possam ser realizadas de forma coletiva e individual. juntamente com o Núcleo de Estudos e Pesquisas em
É importante ressaltar ainda, que a prática PICs (NEPPICs) estão desenvolvendo pesquisas
regular dessa atividade atua na manutenção da para quantificar o efeito das mesmas sobre a
saúde, na prevenção e no tratamento de doenças prevenção de doenças, promoção, manutenção e

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recuperação da saúde dos usuários do serviço e dos 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
profissionais de saúde no município de Catalão/GO,
com objetivo de evidenciar cientificamente o efeitos A partir desse relato, pôde-se concluir que as
das PICs na qualidade de vida e bem-estar da PICs surgem de forma a contribuir, e não substituir,
população. a medicina convencional.
A inclusão das práticas integrativas e Com objetivo de promover um cuidado integral,
complementares na UBSF contribuiu para o longitudinal e não invasivo, as PICs contribuem para
fortalecimento da prevenção, promoção, manutenção o cuidado na Atenção Primária, esta que, por sua
e recuperação da saúde dos usuários do serviço e dos vez, não se restringe somente às Unidades Básicas
profissionais de saúde, colaborando de forma de Saúde. Entretanto, este é o ambiente em que as
humanizada para a melhor qualidade de vida dos PICs são comumente encontradas. Há poucos
mesmos, além de garantir o acesso a serviços que estudos da inserção das PICs a nível hospitalar,
anteriormente não eram ofertados pelo SUS, restritas comparado aos encontrados na Atenção Básica.
a cunho privado. Os múltiplos efeitos promovidos pela Dança
Acredita-se que essas práticas trouxeram maior Circular, Reiki, Florais de Bach e Automassagem
aproximação dos discentes e docentes da UFG/RC, encontrados na literatura e que pode-se perceber nas
dos gestores da Secretaria Municipal de Saúde, da vivências foram o relaxamento, bem-estar, alívio das
equipe multiprofissional das UBSFs com pacientes dores, redução da ansiedade.
atendidos na área de cobertura das unidades, A finalidade das PICS reside na promoção do
incrementando assim o vínculo entre os usuários e a cuidado integral, longitudinal, acolhedor e
equipe de saúde, além do aumento significativo da humanizado. E ainda, estudos trazem que as PICs
procura pelas PICs disponíveis. possam resultar em redução das despesas clínicas do
Dentre os benefícios percebidos durante a município e na redução dos custos do próprio
prática foi o relaxamento e bem-estar, alívio de paciente com medicamentos.
algumas dores e ansiedade. Dessa forma, observou- Para, além disso, recomenda-se usufruir das
se a satisfação dos usuários, com descrição de PICs também, aqueles que não apresentam nenhuma
melhora da saúde na esfera física e/ou mental. patologia, em busca de reconexão e harmonização
Além de promover descontração, troca de consigo mesmo, a fim de prevenir futuras doenças e
experiências, apoio e um ambiente acolhedor, de promover o cuidado nos variados determinantes
também possibilita que seja realizado um cuidado de biopsicossociais.
forma integral, trabalhando várias dimensões da Nesse contexto, pode-se perceber o quanto as
saúde da pessoa, pois por meio dos métodos de PICs podem ser efetivas no cuidado quando
tratamento das PICs, o olhar volta-se para o cuidado inseridas nesta unidade de saúde, onde além de
como um todo, não fragmentado e não tratando promover o cuidado de forma integral aos pacientes,
apenas das doenças e seus sintomas físicos. faz-se possível o compartilhamento dessas vivências
Percebe-se que a iniciativa entre a Universidade em conjunto, em que há uma grande participação de
e a UBSF representou uma estratégia de cuidado e idosos. Com o princípio da coletividade empregado
de sensibilização para a implementação das PICs em em algumas práticas, nota-se que os participantes se
Saúde, tendo em vista que, a partir dessa iniciativa sentem passíveis de boas risadas e isentos de
outras unidades de saúde se sentiram motivadas a estresse, medo ou vergonha.
fazer uso dessas práticas. Cabe ressaltar que devido
as atividades realizadas na UBSF, Catalão entrou na 4. REFERÊNCIAS
lista dos municípios goianos que ofertam as PICs.
ALVES, Mônica Rocha Rodrigues; JÚNIOR, José
Alves Xavier; SÁ, Romeika Barbosa Cartaxo Pires
de; BARROS, Kilma Cunha de. Práticas Integrativas
e Complementares no SUS: revisão integrativa sobre
a concretização e a integralidade do cuidado em
saúde. Rev. Cuidado é Fundamental. p. 179-182.
Rio de Janeiro, 2017.

BARBOSA, Françoise Vieira; BATISTA, Aline


Nunes; GALVÃO, Mayra Gabriela Mendes;

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BARBOSA, Eduardo Carvalho Horta; PAULO, SALLES, Léia Fortes; SILVA, Maria Júlia Paes da.
Georgiana Pontes. Automassagem sob a perspectiva Efeito das essências florais em indivíduos ansiosos.
da educação em saúde: análise e intervenção. Rev. Rev. Acta Paulista de Enfermagem, v. 25, n. 2.
APS. Escola Superior de Ciências da Saúde, 2014. São Paulo, 2012.
p. 450-458.
SUÁREZ, Saira Rivas; DÍAZ, Ariamna Valido;
BRASIL, Ministério da Saúde. Portaria GM/MS n° MACHADO, Freiman Blanco. Estudio preclínico
849/2017. del efecto de las esencias florales de Bach en la
inflamación aguda. Rev. Revista Cubana de
BRASIL, Ministério da Saúde. Portaria GM/MS n° Investigaciones Biomédicas, v. 32, n. 1. Ciudad de
702/2017. la Habana, 2013.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. RESPONSABILIDADE AUTORAL


Catalão. Panorama. Disponível em:
<https://cidades.ibge.gov.br/brasil/go/catalao/panora “Os autores são os únicos responsáveis pelo
ma>. Acesso em: 21/08/2019. conteúdo deste trabalho”.

MARTA, Ilda Estefani Ribeiro, et al. Efetividade do


Toque Terapêutico sobre a dor, depressão e sono em
pacientes com dor crônica: ensaio clínico. Rev.
Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 44,
n. 4. São Paulo, 2010.
.
OSTETTO, Luciana Esmeralda. Na dança e na
educação: o círculo como princípio. Rev. Educação
e Pesquisa. v. 35, n. 1. São Paulo, 2009. p. 165-176.

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AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO E ESCUTA TERAPÊUTICA
DE PESSOAS COM DIABETES MELLITUS: AÇÕES E
TRAJETÓRIA NA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA
Campos, Maurício, mcampos1975@yahoo.com.br ¹
Oliveira, Nunila Ferreira de, nunilaferreira@gmail.com¹
Andrade, Larissa Faria de, larissa.fandrade@outlook.com¹
Ferreira, Fabrício Gonçalves, fabriciogoncalves914@gmail.com¹
Luiz, Maria Rita Soares, mariaritasoaresl@hotmail.com ¹
Mendes, Gabriela Ferreira, gabrielaferreiramendes3@gmail.com¹
Tosta, Giuliana de Souza, giulianatosta@gmail.com ¹
Vasconcelos, Fernanda Palhares, palharesfernanda@hotmail.com ¹

¹ Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de


Biotecnologia.

Resumo: O presente trabalho possui como objetivo apresentar as atividades desenvolvidas pelo projeto de
extensão “Avaliação do conhecimento e escuta terapêutica de pessoas com Diabetes Mellitus internadas nos
hospitais de Catalão-GO”, vinculado aos cursos de Enfermagem e Psicologia e ao Programa de Voluntários de
Extensão e Cultura da Universidade Federal de Goiás - Regional Catalão, ao longo do ano 2018/2019. A
ferramenta metodológica usada no projeto foi à escuta qualificada em ambientes de saúde, do nível primário e
terciário. O projeto passou por uma reestruturação dos campos de atuação, deixando os hospitais privados
devido a percepção de pouca demanda em contraposição ao setor público, o qual apresentava mais demandas.
A Unidade Básica de Saúde, como porta de entrada do sistema de saúde, oportuniza a realização de escuta
qualificada como parte das estratégias de prevenção e promoção de saúde realizadas junto à comunidade. Além
disso, escuta e acolhimento foram feitos aos pacientes que aguardavam para serem atendidos no consultório do
endocrinologista que atende usuários do Sistema Único de Saúde, visando um maior vínculo e acesso a esses
sujeitos.

Palavras-chave: Diabetes Mellitus. Escuta Terapêutica. Multidisciplinaridade. Saúde.


________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO complicações - o que justifica a importância do


trabalho desenvolvido pelo grupo com estes pacientes
A Diabetes Mellitus (DM) é uma doença que (BRASIL, 2013).
causa uma disfunção na secreção do hormônio O cuidado em saúde se dá de diversas maneiras,
insulina pelo pâncreas ou uma disfunção da ação da seja ele através da informação sobre o diagnóstico,
insulina pelo organismo, resultando numa grande hábitos alimentares e modificação da rotina familiar,
concentração plasmática de glicose, dando origem à uma vez que, não só o paciente é afetado pelo
degenerações e falência de diversos órgãos, como diagnóstico, mas a família também sente e se
olhos, rins, nervos e coração (FERREIRA et al., preocupa, por isso, é importante que tanto paciente
2011). como família estejam informados sobre as possíveis
A Diabetes é categorizada mais frequentemente complicações, restrições e mudanças do quadro
entre tipos 1 e 2. A de tipo 1 compreende cerca de clínico. Em se tratando de cuidado no contexto da
10% dos casos, acometendo jovens entre 10 – 14 anos cronicidade, pensa-se no que o sujeito faz para si, e
de idade. Nesta ocorre uma ausência na produção de como ele se relaciona com a demanda do controle da
insulina, o que leva seus pacientes a se tornarem doença, ou seja, dando ao indivíduo o poder de
insulinodependentes (BRASIL, 2013). Na DM tipo 2, escolha e discutindo os caminhos que podem ser
que compreende cerca de 90% dos casos, ocorre tomados em relação ao funcionamento do tratamento.
deficiência na produção e/ou dificuldade do Nesse sentido, a educação em saúde é importante para
organismo de agir perante o hormônio (BRASIL, que se pense em qual é a melhor maneira individual
2013). É importante destacar que pacientes com DM do sujeito lidar com a doença.
tipo 2 podem, a depender da severidade da doença ou Apesar da importância das ações de Educação em
da adesão ao tratamento recomendado, desenvolver Saúde, diversas são as dificuldades para um sujeito

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com um diagnóstico de Diabetes seguir o tratamento Tabela 1: Locais das atividades desenvolvidas pelo
de maneira plena, como a rotina de trabalho e o acesso projeto de extensão no período de 2018
à informação e medicamentos, que são oferecidos
pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Iquise et al. Hospital São Nicolau ago/2018 a dez/2018
(2017) afirma em seus estudos que é importante Hospital Nasr Faiad ago/2018 a dez/2018
pensar não só os cuidados, mas também observar a Hospital Santa Casa ago/2018 a jul/2019
cultura onde o sujeito se insere. Assim, entende-se Org. pelos autores, 2019.
mais sobre as dificuldades e empecilhos encontrados
pelos pacientes na adesão do tratamento. Tabela 2: Locais das atividades desenvolvidas pelo
Nesse sentido, a interdisciplinaridade é um projeto de extensão no período de 2019
aspecto importante quando se pensa a DM. Os
diversos profissionais que em conjunto, atendem as UBS Divano Elias mar/2019 a mai/2019
pessoas, são capazes de lidar com a condição UBS João M. de Castro mai/2019 a jul/2019
patológica de forma complementar e abordar junto Consultório
com o paciente sobre cuidados básicos, e ao mesmo mai/2019 a jul/2019
Endocrinologista
tempo cada área do conhecimento é capaz de abarcar Org. pelos autores, 2019.
noções mais específicas sobre o tratamento. Médicos,
enfermeiros, nutricionistas, educadores físicos, Nos seis locais descritos, foram desenvolvidas
assistentes sociais e psicólogos são alguns dos atividades de avaliação do conhecimento e escuta. Na
profissionais que podem trazer benefícios para o maioria das vezes, o trabalho foi feito em duplas ou
indivíduo que teve o diagnóstico. Leite et al. (2001) trios formados por estudantes de diferentes cursos. Os
demonstram que os planos de saúde que possuem casos atendidos foram relatados em supervisões
uma equipe multiprofissional acompanhando os grupais, que ocorriam semanalmente, a fim de serem
pacientes têm menor custo do que aqueles pacientes discutidos, encaminhados e gerar conhecimento para
que não seguem um tratamento, apenas quando há todos os integrantes do projeto, de forma
complicações. multidisciplinar.
Este trabalho tem como objetivo apresentar os
resultados do projeto de extensão “Avaliação do 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
conhecimento e escuta terapêutica de pessoas com
Diabetes Mellitus internadas nos hospitais de 3.1. Estruturação do projeto
Catalão-GO”, vinculado ao Programa de Voluntários
de Extensão e Cultura da Universidade Federal de Entre os meses de agosto e dezembro de 2018, a
Goiás - Regional Catalão, ao longo de um ano. equipe do projeto continuou realizando as atividades
nos três hospitais do município de Catalão-GO, como
2. METODOLOGIA já vinha realizando nos anos anteriores. No entanto, a
metodologia utilizada passou de educação em saúde
A estratégia metodológica utilizada no projeto foi com uso de instrumentos de coleta de dados para
a da escuta terapêutica em contextos de saúde. A escuta qualificada e acolhimento dos pacientes,
escuta terapêutica pode ser definida como um método permanecendo a perspectiva de cuidado a pessoas
ativo de comunicação, a qual exige um ouvir atento com Diabetes Mellitus.
dos profissionais de saúde perante a fala de seus O acolhimento e a escuta qualificada podem ser
pacientes, fomentando um espaço para a expressão considerados alicerces para o cuidado integral, uma
dos seus sentimentos e queixas, bem como vez que trabalham no sentido de valorizar a fala do
propiciando uma melhor relação interpessoal paciente, demonstra interesse na compreensão de suas
(SOUZA, PEREIRA, KANTORSKI, 2003 apud demandas, reduz o sofrimento do mesmo e
MESQUITA, CARVALHO, 2014). possibilitam a valorização das necessidades de saúde
No período de agosto/2018 a julho/2019, fizeram do usuário, ajustando às ofertas de cuidado do serviço
parte do projeto de extensão dois professores doutores de saúde (SOUZA, MISHIMA, MERHY, 2018).
e dezenove estudantes dos quais 5 eram do curso de Essa metodologia exige o desenvolvimento de
Enfermagem e 14 do curso de Psicologia da habilidades do profissional, como a disposição para o
Universidade Federal de Goiás – Regional Catalão. diálogo, o estar consciente e presente ao ouvir a fala
Foram realizadas atividades em seis locais, em do outro, assim como a percepção dos aspectos não
períodos distintos, apresentados na Tab. 1 e Tab. 2. verbais expressados. Para o paciente, ser ouvido pode
gerar alívio de suas angústias e auxílio para pensar em
possibilidades de resolver seus problemas, enquanto
para os profissionais pode significar um modo de
estabelecer relacionamentos mais humanizados
(MESQUITA, CARVALHO, 2014).

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Poucos atendimentos foram realizados nos dois com DM e da população em geral como forma de
hospitais privados em 2018. Não foi encontrado um prevenção.
número significante de pacientes internados que A UBS, como porta de entrada do sistema de
possuíam a DM nesses locais, além disso, o projeto saúde, oportuniza a realização de escuta qualificada
não foi autorizado a acessar todas as alas desses como parte das ações de prevenção e promoção de
hospitais, limitando a atuação. No início do ano de saúde da comunidade. O consultório do especialista,
2019, foi decidido que o projeto deixaria as por sua vez, contempla os usuários do SUS que
instituições particulares (Hospitais Nasr Faiad e São realizam, de alguma forma, o acompanhamento da
Nicolau), com a intenção de direcionar as ações para Diabetes, e que também demandam cuidado tendo em
o público atendido no Sistema Único de Saúde (SUS), vista a difícil tarefa de mudança de estilo de vida que
tendo em vista a demanda crescente de atendimentos a DM exige.
e a possibilidade de ampliar o foco de atuação para De acordo com Costa et al. (2011), cerca de 50%
outros níveis do sistema. dos pacientes portadores de doenças crônicas como a
Segundo Resolução CONSUNI Nº 03/2018 do DM não obtém sucesso com o tratamento da doença
Ministério da Educação, um dos objetivos das ações devido às grandes mudanças necessárias no estilo de
de extensão é “promover, entre a universidade e a vida, além da rotina medicamentosa. Desta forma,
sociedade, a interação dos saberes” (BRASIL, 2008), pensar na lógica da prevenção de complicações é se
ou seja, levar para a comunidade o conhecimento atentar não apenas ao indivíduo de forma isolada, mas
produzido na Universidade, contribuindo para seu sim tomar em consideração aspectos sociais,
desenvolvimento e construindo saberes a partir dela. econômicos e sociais que o circundam (COSTA et al.,
Sendo assim, foi preciso fazer adaptações ao projeto 2011).
para que conseguisse ter mais acesso a essa
comunidade, contemplando sua dinamicidade. 3.2 Inserções nos campos e atividades
O projeto, então, se manteve apenas em âmbito desenvolvidas
público, com visitas a Santa Casa e expansão para
Unidades Básicas de Saúde (UBS). Outra proposta Nos hospitais, foram realizados acolhimentos de
também adotada foi realizar atendimentos na sala de pacientes com Diabetes Mellitus, com prevalência de
espera do médico endocrinologista (um dos internações com perfil idoso. A maioria dos pacientes
especialistas do SUS no município), pois poderíamos não estava no local devido a complicações da DM,
entrar em contato com o público alvo do projeto mais mas a quadros clínicos diversos. Em relação ao
diretamente. acompanhamento da DM, a maioria dos pacientes o
Essa nova estratégia partiu das diversas reflexões faz na UBS ou na Associação dos Diabéticos do
realizadas em supervisão sobre a necessidade de Sudeste Goiano (ADISGO), alguns frequentam
abarcar não só o setor terciário de saúde, mas incluir médicos particulares ou recebem atendimento
os demais setores. Nos hospitais, os pacientes eram domiciliar. Outros relataram não fazer nenhum tipo
encontrados em condições de fragilidade que, muitas de acompanhamento, sendo instruídos pelos
vezes dificultava o acesso dos integrantes do projeto membros do projeto a buscarem auxílio nos serviços
para falar sobre a Diabetes, uma vez que as demandas de saúde disponíveis.
de sofrimento eram em muitos casos diferentes dessa Importante destacar essa condição de pessoas
condição que é o foco do projeto. E assim o assunto, com Diabetes, internadas por complicações de saúde,
muitas vezes, foi além da doença, um fator importante não estarem vinculadas a nenhum serviço de
quando se trata de cuidado e escuta terapêutica. No assistência. Considerando que o Diabetes é uma
entanto, ainda há a necessidade de falar mais sobre a doença que requer seguimento de cuidados a
DM, já que os números da doença têm aumentado e abordagem do projeto vai além da escuta qualificada,
muitos não realizam o cuidado de forma efetiva. mas tenta também discutir com essa pessoa
Iser et al. (2015) apresentam dados significativos estratégias para que ela se vincule a algum serviço da
que contribuem para pensar a realidade sobre a Atenção Básica após a alta hospitalar (BRASIL,
Diabetes no Brasil, quando salientam que apesar da 2013). Dessa forma, a escuta é um procedimento
diminuição em anos anteriores, a doença no ano de ativo, de atenção e cuidado conforme as demandas
2011 determinou 5,3% dos falecimentos, o que que se apresentam a cada caso e deve ser executada
representa 33,7 em 100 mil habitantes. por todos os membros da equipe de saúde
Segundo pesquisas da Federação Internacional (MESQUITA; CARVALHO, 2014).
do Diabetes (IDF), até o ano de 2035 o número de De modo geral, as temáticas recorrentes nos
pessoas com Diabetes na América Central e do Sul diálogos realizados foram as dificuldades de mudar a
pode sofrer um aumento de 60% (ISER et al., 2015). alimentação e seguir as dietas recomendadas pelos
Esses dados confirmam a necessidade de investir em profissionais, baixa adesão a prática de atividades
pesquisas e ações voltadas para o cuidado da pessoa físicas, a saudade dos familiares e de estar em casa,
sensação de causar incômodo nas pessoas próximas

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devido aos cuidados exigidos para o tratamento da para sanar as dúvidas desses sujeitos. Desta forma,
doença, a morte de familiares e amigos portadores de mesmo que a educação em saúde deixou de ser o
DM e o medo da própria morte. Foi realizada, objetivo principal do projeto, ela permeia a prática da
também, escuta dos acompanhantes desses pacientes, equipe, uma vez que são percebidas essas demandas
que também apresentavam algum tipo de sofrimento durante o acolhimento dos participantes.
em relação ao ambiente hospitalar, à quebra da rotina Um dos objetivos do projeto é divulgar os
e ao adoecimento do familiar. conhecimentos construídos através da atuação na área
Quanto à atuação na UBS João Moreira de da saúde. Assim, quatro integrantes do projeto
Castro, a inserção foi pautada na autorização e apoio criaram o Jogo (Tiabetes), com objetivo de expor de
da enfermeira responsável pela unidade. A instituição forma lúdica o que foi apresentado na oficina e
funciona como ambulatório, diferente das outras UBS participaram do IV Congresso de Pesquisa, Ensino e
do município. Há uma sala destinada ao serviço de Extensão da Regional Catalão – CONPEEX,
Psicologia no local que foi disponibilizada as ministrando um minicurso (Conceitos Básicos Sobre
atividades do projeto. o Diabetes mellitus tipo 2: complicações e
Seguindo a busca de parcerias, com objetivo de orientações básicas) que tinha como atividade
localizar os serviços que atendem as pessoas com DM principal aplicar o Jogo “Tiabetes” de perguntas e
no município, o projeto foi apresentado para o respostas, além de debates sobre o tema e
endocrinologista que é referência para as demandas apresentação do projeto para a comunidade. As
do SUS, sendo estabelecida uma parceria para que ele perguntas foram baseadas no questionário DKN-A
encaminhasse à UBS João Moreira de Castro os (TORRES, HOSTALE, SCHALL, 2005), usado no
pacientes que apresentem a necessidade de início do projeto, tendo como objetivo informar e
acompanhamento e apoio frente à Diabetes. São casos averiguar a veracidade das informações que são
como: dificuldade na adesão do tratamento, relação recebidas pelos portadores de DM. Trinta pessoas
de não cuidado consigo mesmo, recém- participaram do minicurso e a maioria delas
diagnosticados ou que apresentavam dificuldades demonstrou interesse em conhecer mais sobre o tema
frente ao diagnóstico. Foi estabelecida uma escala, e, por possuir algum familiar que tenha sido
durante três dias da semana, os integrantes do projeto diagnosticado com DM.
vão até a unidade para acolher essas demandas e Esse mesmo jogo foi desenvolvido novamente
realizar busca ativa com os pacientes do próprio local. por uma integrante do projeto na UBS irmã Yolanda
Através dessa busca, foi possível entender a Vaz Mendonça. A atividade foi proposta para
realidade das pessoas que frequentam a UBS, acontecer durante o Hiperdia, que é uma atividade
conversar acerca da Diabetes: tirar dúvidas, conhecer coletiva de educação em saúde, realizada
casos diversos, falar sobre alimentação e sobre o periodicamente nos serviços da Atenção Básica em
cuidado em relação a DM, incentivar a medição do Catalão, onde há trocas de receitas, controle de taxas
índice glicêmico, orientar sobre a importância de glicêmicas e aferição de pressão dos pacientes
estar sempre atento e buscar atendimento. Histórias portadores de diabetes e hipertensão. O grupo foi
de vida permeadas pela doença, carregadas de formado pela maioria feminina idosa. O jogo
angústia e medo, foram ouvidas e acolhidas. A contribuiu para que os participantes ficassem mais
proposta é desenvolver também outras atividades, ambientados com o tema e que apresentassem suas
como a orientação da aplicação de insulina pelos dúvidas e suas vivências. Os pacientes não só
alunos da Enfermagem, além da realização de grupos trouxeram suas angústias como também aquelas que
que envolvam a vivência com DM. Como previsto, a relacionam com a patologia do outro, como um filho
atuação do projeto na UBS se caracterizou de forma ou um marido que não estavam presentes. Foi
preventiva, possibilitando reflexão e informação interessante perceber a diferença da aplicação do
sobre a doença antes que a situação se agrave. jogo: no congresso o intuito era a informação, já na
Um grupo de integrantes iniciou, também, a UBS, a prática foi para que os pacientes se sentissem
escuta e o acolhimento dos pacientes que aguardam mais confortáveis para falar sobre as suas
para serem atendidos no consultório do dificuldades.
endocrinologista, visando um maior vínculo com essa A escuta do grupo nas duas situações, em
comunidade para inseri-los na rede de saúde, realizar contextos diferentes, gerou resultados peculiares
encaminhamento para a UBS quando necessário e relacionados às demandas e características das
apresentar as atividades do projeto, buscando torná- pessoas envolvidas, mesmo utilizando-se como
lo referência no cuidado do público com Diabetes disparador a mesma estratégia - o jogo. Importante
Mellitus. Foi percebida grande demanda de mencionar a riqueza de conceder às pessoas que
informações sobre a doença e sobre o autocuidado, vivenciam situações de vulnerabilidade,
podendo ser vinculada ao pouco tempo oportunidade de ventilar emoções, compartilhar
disponibilizado para atendimento médico sentimentos e agregar acolhimento em grupo -
especializado desses pacientes, o qual é insuficiente cuidados importantes e, muitas vezes pouco

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acessados e valorizados no contexto da saúde diferentes serviços e níveis da rede de atenção à
(SOUZA, MISHIMA, MERHY, 2018). saúde.
Também houve uma tentativa de inserção na
UBS Divano Elias, com a proposta de realização de 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
grupos terapêuticos. Os integrantes do projeto
participaram do Hiperdia, que acontece mensalmente Conforme as mudanças ocorridas no decorrer do
no local, com o objetivo de fazer o levantamento dos projeto, podemos destacar como pontos positivos a
pacientes portadores de Diabetes. O jogo novamente maior abrangência da rede pública e o maior vínculo
foi desenvolvido com um grupo formado por pessoas com a comunidade. Com o foco no acolhimento e na
de ambos os sexos, majoritariamente idosos. Alguns escuta terapêutica o sujeito foi considerado como ser
integrantes falaram um pouco sobre suas vivências, biopsicosocioespiritual e não apenas como portador
enquanto outros esperavam ansiosos pela troca de de uma patologia.
receitas – ora ou outra demonstravam interesse pelo Apesar de a nova perspectiva e a nova
assunto DM, visto que a maioria ali era apenas metodologia serem consideradas satisfatórias, alguns
hipertenso. O intuito era aproveitar este momento de impasses foram encontrados, como dificuldade de
conversa para convidar os pacientes a participarem do acesso a alguns pacientes, dados incompletos e/ou
grupo terapêutico, que teria seis encontros, e visava desatualizados nos cadastros e baixa adesão da
prevenção e promoção de saúde. Uma primeira população a algumas atividades propostas. Outra
atividade foi estruturada para iniciar o grupo, no dificuldade foi realizar o trabalho de forma
entanto, nenhum paciente foi ao campo. Buscou-se, interdisciplinar – um aspecto relevante quando
então, entrar em contato com os pacientes com consideramos que essa é a proposta do projeto e não
Diabetes listados em um levantamento feito pela tem sido colocada em pratica de forma efetiva.
UBS. Mas não houve sucesso: dos números Segundo Péres et al. (2007), “o diabético vive em
disponíveis, a maioria não atendeu ou o contato busca de sentidos para sua condição, que lhe
estava errado. Sendo assim, as atividades foram permitam construir esse ser diabético”. A vivência
voltadas para os outros campos de atuação e destes sujeitos, a adesão aos tratamentos e a mudança
encerrou-se a proposta de formação de grupo do estilo de vida dependem de como o sujeito de
terapêutico nesse contexto. posiciona frente a doença crônica e dos significados
Outra proposta do projeto foi o acompanhamento que ele constrói a partir dela. (PÉRES et al., 2007).
dos pacientes atendidos nos hospitais via contato Cabe ao projeto, como ação de extensão voltada
telefônico e possível realização de grupos com esses ao público diabético, divulgar esses conhecimentos,
pacientes no Centro de Estudos Aplicados em permitir o acesso a informação adequada e
Psicologia (CEAPSI) da Universidade Federal de oportunizar o cuidado da pessoa com Diabetes. Mas
Goiás-Regional Catalão. No entanto, o acesso aos cabe ao próprio sujeito aceitar esse trabalho e esse
pacientes não foi possível pelo mesmo aspecto cuidado, a partir da sua realidade e da sua experiência
encontrado na UBS Divano Elias: os telefones do com a doença. Tendo em vista as dificuldades
registro não estavam corretos ou não eram atendidos encontradas no período do projeto, o não cuidado
na maioria das vezes. Aqueles que foram contatados ainda é um aspecto muito comum e muito relevante,
não tinham interesse em participar. que justifica a continuidade das atividades do projeto
No ano de vigência do PROVEC (agosto de 2018 na tentativa de transformar essa realidade pela via da
a junho de 2019), o projeto que já existe há mais de 3 escuta, do acolhimento, da informação e do diálogo.
anos passou por mudanças operadas por muitas
reflexões compartilhadas nos momentos de REFERÊNCIAS
supervisão, ampliando possibilidades de atuação e
aproximando-se da realidade de vida das pessoas com BRASIL. Caderno de atenção básica, nº 16, 2006.
DM. Dessa forma, destaca-se também a importância
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretária de Atenção
da escuta nos momentos de supervisão, como
à Saúde. Departamento de Atenção Básica.
estratégia de acompanhamento, avaliação e
Estratégias para o cuidado da pessoa com Doença
planejamento das ações propostas no projeto.
Crônica: diabetes mellitus. Brasília: Ministério da
Enquanto característica de projeto de extensão,
Saúde, 2013. 160 p. (Cadernos de Atenção Básica,
que segue as dinâmicas do território e ações
n36)
disponibilizadas pela rede de atenção à saúde para a
população, nesse período o grupo também teve a BRASIL. Ministério da Educação. Resolução
experiência de se ver desterritorializado no seu CONSUNI Nº 03/2008.
planejamento, com as modificações propostas,
provocando desafios, frustrações e a necessidade de COSTA, J. A. et al. Promoção de saúde e diabetes:
novas conexões, contatos, readequação de escalas e discutindo a adesão e a motivação de indivíduos
diabéticos participantes de programas de saúde.
agenda para operacionalizar o fluxo de atuação em

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RESPONSABILIDADE AUTORAL
id=S0004-27302001000500012&lng=en&nrm=iso.
Acesso em: 14 ago. 2019.
“Os autores são os únicos responsáveis pelo
conteúdo deste trabalho”.

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A (RE) CONSTRUÇÃO DE CONHECIMENTOS PROMOVIDA PELA
PESQUISA ATRAVÉS DAS FEIRAS DE CIÊNCIAS DA UFG/RC
NUNES, Simara Maria Tavares, simaramn@gmail.com1
COSTA, Leonardo Oliveira, leonardo.oliveirac1@gmail.com2
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Educação
2
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Química

Resumo: Neste trabalho, venho relatar minha experiência na participação da organização da 7° Feira de
Ciências da Universidade Federal de Goiás Regional Catalão. Demonstro relatos de uma pesquisa qualitativa
na modalidade narrativa na qual procurei investigar em que medida as Feiras de Ciências contribuem para a
formação e desenvolvimento de alunos e professores e até que ponto as mesmas constituem oportunidades de
socialização e interação com a comunidade. Para tanto, analiso entrevistas semi-estruturadas que desenvolvi
com os alunos participantes do evento, no caso alunos do ensino fundamental e de ensino médio, todos de
escolas públicas. Durante a realização do evento, pude perceber através dos relatos dos participantes
diferentes oportunidades formativas advindas das experiências por eles vividas / compartilhadas nas Feiras de
Ciências. Acredito que as Feiras de Ciências podem contribuir para a socialização e troca de experiências de
ensino-aprendizagem-conhecimentos com alunos e professores e também com a comunidade, possibilitando
uma ampliação da visão de mundo dos participantes, expositores e visitantes da Feira, permitindo assim a
divulgação dos resultados das pesquisas, troca de experiências como forma de validação do conhecimento.
Ainda ressalto a importância das Feiras de Ciências no papel de desenvolver a curiosidade indagadora;
privilegia a opção por conteúdos socialmente significativos; contribuem para elaboração constante de
questionamentos; proporciona (re) construção e socialização do conhecimento; permite a resolução de
problemas reais na / da comunidade; exige tomada de decisão; proporciona desenvolvimento profissional;
desenvolve a habilidade de aprender a aprender e promove (trans) formação dos sujeitos.

Palavras-chave: Feiras de Ciências. Ensino aprendizagem. Construção de conhecimento. Formação


continuada. Interdisciplinaridade.
__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO representarem a Ciência como um conhecimento


dinâmico, possuindo muitas vezes um caráter
As Feiras de Ciências começaram a ganhar interdisciplinar e contextualizado de acordo com a
impulso mais rapidamente depois da Segunda realidade das comunidades escolares (BRASIL,
Guerra Mundial e, em 1950, celebrou-se, na 2006).
Filadélfia (EUA), a realização da primeira Feira Para Pavão (2006), as Feiras de Ciências podem
de Ciências, que incluiu trabalhos de 13 outras ser utilizadas para repetição de experiências
Feiras de Ciências do país (NETTO, 2003). realizadas em sala de aula; montagem de
Segundo o mesmo autor (NETTO, 2003), o exposições com fins demonstrativos; como
sucesso do evento acarretou na realização de estímulo para aprofundar estudos e busca de novos
outros eventos, atraindo expositores de mais de conhecimentos; oportunidade de proximidade
200 Feiras estaduais e esse movimento culminou com a comunidade científica; espaço para
com o desenvolvimento das Feiras de Ciências em iniciação científica; desenvolvimento do espírito
âmbito internacional. criativo; discussão de problemas sociais e
No Brasil, as primeiras Feiras de Ciências integração escola-sociedade. Mas o autor ressalta
começaram a aparecer na década de 60, que acima de tudo, a Feira deve estar integrada ao
coincidindo com o surgimento dos primeiros currículo, sendo preparada desde o início do
Centros de Ciências do país e foram aos poucos período letivo para que o momento da
tornando-se parceiras e ferramentas essenciais apresentação seja o coroamento de todo um
para o crescimento mais acelerado dos mesmos. trabalho (PAVÃO, 2006).
(MANCUSO,1993). Segundo Nunes et. al. (2016), a participação dos
Desde esse momento o movimento das Feiras de alunos nas Feiras de Ciências ajudam a construir o
Ciências ganhou força no Brasil, sendo integrante conhecimento de forma efetiva e ativa, ainda
das estratégias educacionais de grande parte dos relacionando estes conhecimentos com suas relativas
Estados. Os eventos têm a característica de aplicações no cotidiano. Sendo assim, são instigados

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à construção de conhecimento de forma lúdica e Ensino Fundamental 1, Ensino Fundamental 2,
prazerosa, pois se acredita que é possível classificar Ensino Médio, Técnico e EJA). Foram 54 trabalhos
as Feiras de Ciências como uma atividade lúdica, inscritos nesta 7ª edição, distribuídos entre Educação
desde que a mesma esteja relacionada com a Infantil (4 trabalhos); Ensino Fundamental 1 (7
diversão e a liberdade de aprender por prazer. Neste trabalhos); Ensino Fundamental 2 (24 trabalhos) e
contexto, a fim de se motivar a construção do Ensino Médio (19 trabalhos), envolvendo 140 alunos
conhecimento de forma ativa, reflexiva e prazerosa, e 54 professores orientadores. Participaram do
tem-se realizado Feiras de Ciências a nível regional evento 30 escolas de Catalão e Região.
denominadas de Feiras de Ciências da Universidade No dia em que aconteceu o evento, os
Federal de Goiás / Regional Catalão (UFG/RC). expositores mostraram seus trabalhos e dialogaram
Estas acontecem desde o ano de 2012, tendo com o público entre 08:00 e 12:00 horas. No período
chegado no ano de 2018 a sua sétima edição. da tarde os alunos participaram de algumas oficinas
Sendo assim, este trabalho visa relatar a vivência e visitas guiadas como a Oficina de Rochas no
que tive durante todo o processo de organização, Laboratório de geologia, a realização de alguns
elaboração e desenvolvimento das Feiras de experimentos nos laboratórios de Química e
Ciências da UFG/R, além de analisar o papel das Microbiologia da UFG/RC, dentre outros. No final
mesmas na formação docente continuada, em busca do dia (às 17:00 horas), realizamos a cerimônia de
de adquirir um novo olhar como futuro educador. premiação e encerramento do evento, fechando com
chave de ouro com um espetáculo dos alunos do
2. METODOLOGIA Curso de Física da UFG/RC, o show do “Física no
Palco”, um espetáculo fantástico que deixou os
Durante a minha participação na organização da alunos e os demais que estavam assistindo
7ª Feira de Ciências da UFG/RC, um dos primeiros empolgados.
desafios que encontrei juntamente com a Comissão Dessa forma, neste trabalho, analisar-se-á o
Organizadora do evento foi o de incluir a mesma no impacto de minha vivência durante todo o período
planejamento anual das escolas de Educação Básica de organização e realização da 7ª Feira de Ciências
de Catalão e Região. Assim, a divulgação foi da UFG/RC e os conhecimentos adquiridos para a
realizada nas escolas inicialmente no retorno do ano minha formação pessoal e profissional na 7ª edição
letivo e, mais precisamente, foi realizada logo na das Feiras de Ciências da UFG/RC.
semana de planejamento junto aos professores,
diretores e coordenadores para posteriormente ser 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
divulgada de sala em sala para os alunos. A
divulgação foi realizada através de cartazes e Trabalhar com projetos investigativos nas
distribuição de folders e regulamentos do evento, escolas, ao meu ver muda a perspectiva de como
que foram fixados nos murais de recados das escolas funciona a dinâmica de trabalho entre professores
e entregues à direção, coordenação, professores e e alunos. O professor deixa de ser um mero
alunos da Educação Básica, ao mesmo tempo em transmissor de conhecimentos prontos e acabados
que foram expostos os objetivos da sétima edição do e o aluno deixa de ser apenas um receptor desse
evento e sua temática. conhecimento, passando a ter uma participação
Sempre busquei frisar, no momento da ativa, interessada e criativa na construção de seus
divulgação nas salas de aula, a importância que as conhecimentos. E, no educar pela pesquisa, a
Feiras possuem no processo de ensino aprendizagem busca constante pelo conhecimento e sua (re)
para alunos e professores, além de serem de extrema construção denotam o quanto ele pode ser
importância para divulgarem a ciência para a superado. Neste contexto, Galiazzi (2002) se
comunidade local. Sendo assim, estabelecemos que manifesta nos seguintes termos: “O educar pela
a participação nas Feiras de Ciências da UFG/R pesquisa, enquanto pressupõe, também alimenta a
ocorre através da inscrição e seleção de projetos em capacidade de entender-se incompleto, de que
grupo (no mínimo dois e no máximo três estudantes todo conhecimento e prática podem sempre ser
e um professor orientador), privilegiando-se assim o aperfeiçoados. As oportunidades de aprendizagem
trabalho em grupo e a troca de ideias e experiências são novos momentos para reiniciar e completar a
entre os integrantes dos grupos e entre estes e o própria formação. A partir disto o aprendiz se
professor orientador do trabalho. Os professores integra em um movimento dialético em que
responsáveis puderam orientar mais de uma equipe, continuamente pode superar-se e superar seus
num total de 10 trabalhos por escola. Os trabalhos conhecimentos e suas práticas”.
deveriam estar inseridos nas diversas áreas de Considero importante ressaltar que faz parte
conhecimento ou serem uma associação necessariamente da educação para a cidadania que
multidisciplinar entre elas, sendo divididos e o aluno consiga adquirir na escola a capacidade de
avaliados em níveis de ensino (Educação Infantil, entender e de participar social e politicamente dos

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problemas da comunidade e saiba posicionar-se Acredito que um dos caminhos possíveis na
de maneira crítica, responsável e construtiva com formação docente e desenvolvimento profissional
relação aos problemas científicos e tecnológicos como professor passam pela reflexão e
que afetam toda a sociedade. Também concordo que investigação da própria prática (SCHÖN, 1992;
deveriam ser induzidos a propor metas que podem ser IMBERNÓN, 2000). E, no caso das Feiras de
conquistadas tanto na sala de aula como fora dela, Ciências, percebi no momento das entrevistas dos
através do diálogo como forma de mediar sujeitos que ao se reportarem às Feiras,
conflitos e de tomar decisões coletivas ressaltavam experiências vivenciadas como
(MORTINER, 2004). alunos e que foram sobremaneira marcantes, quer
Ao longo deste trabalho, procurei investigar com tenham sido consideradas positivas, quer não.
o apoio de vários autores o caráter formativo das Para finalizar, vou recorrer às palavras de
Feiras de Ciências e as oportunidades de Chassot (2003), que nos convida a buscar construir
socialização e interação possibilitadas por esses novas/outras histórias: nós ajudamos a escrever a
eventos. As experiências de professores e alunos História a cada dia e por isso temos responsabilidade
participantes da 7ª edição e suas histórias sobre as com o nosso passado. Cada um de nós é
Feiras de Ciências foram (com) partilhadas continuamente convidado a reescrever uma nova
comigo, revelando perspectivas de História, buscando um novo diferencial para mudar
desenvolvimento e formação profissional, bem o cenário que estamos vivendo na educação, e,
como, a socialização de conhecimentos para a acredito que as Feiras de Ciências podem atuar
comunidade, numa perspectiva social da como uma ferramenta crucial nesse processo.
comunicação dos conhecimentos construídos.
Acredito que a principal ferramenta deste 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
processo contínuo de (re) construção do
conhecimento possa ser alicerçada na pesquisa Através da minha vivência na organização da 7ª
como prática cotidiana dentro e fora da escola, edição das Feiras de Ciências da UFG/RC concluo
possibilitando a professores e alunos maior que a pesquisa no ensino desenvolve a curiosidade
autonomia na (re) elaboração de conhecimentos indagadora, privilegia a opção por conteúdos
próprios, baseados em problemáticas locais e socialmente significativos, contribui para a
encaminhamento de resolução de problemas elaboração constante de questionamentos,
existentes na comunidade em que a escola está proporciona (re)construção e socialização do
inserida. conhecimento, permite a resolução de problemas
Cabe ao professor ser o agente transformador e reais na/da comunidade, exige tomadas de decisões;
provocador de mudanças na problemática proporciona desenvolvimento profissional;
educacional (ZANON, 2004). Para tanto, fazem - desenvolve a habilidade de aprender a aprender e
se necessárias (trans) formações do próprio promove (trans)formação dos sujeitos. Com respeito
professor, que deixe a posição “cômoda” de às Feiras de Ciências, podemos concluir que são
professor-tradicional-copiador e busque a percebidas como oportunidades de comunicação
inquirição, em lugar de grandes volumes de social das investigações realizadas e espaços de
conteúdos para memorização, com elaboração de divulgação científica às comunidades escolares e
questionamentos socialmente relevantes. não-escolares.
Também é de extrema importância ressaltar o Vale ressaltar ainda que ainda restam diversas
papel dos cursos de formação inicial e continuada lacunas a serem preenchidas. Por exemplo: A voz
nesta (trans) formação do professor. Trazendo da comunidade que deveriam visitar mais as
discussões que aproximem o professor da Feiras, o que significam esses eventos para eles?
realidade da sala de aula, com todas as Acredito que a realização de pesquisas posteriores
dificuldades e entraves do ensino público possa esclarecer tais questões. São
brasileiro, possibilitando um referencial teórico questionamentos ainda em aberto, a serem
que auxilie o questionamento, a busca por respondidos por outras pesquisas. Assim como
soluções e a tomada de decisões, adquirindo este trabalho foi inspirado em leituras de autores
competência argumentativa (MORAES, 2002). que se dedicam a Educação pela pesquisa, à
Acredito que, como professores/futuros, não formação de professores, ao processo de ensino e
podemos cobrar os nossos alunos a fazerem de aprendizagem, espero que de algum modo ele
pesquisa se nós não fazemos se não o ensinamos também sirva como ponto de partida para outras
como fazer... Muito menos cobrar que nossos investigações e novos esclarecimentos.
alunos sejam questionadores, tomem suas próprias
decisões, sejam cidadãos críticos e politizados, se AGRADECIMENTOS
assim não formos. Paulo Freire (1999), nos alerta a
ensinar a ensinar pelo exemplo próprio.

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Agradeço aqui, a minha orientadora Simara MANCUSO, R. A. Evolução do Programa de
Maria Tavares Nunes por todo o empenho em Feiras de Ciências do Rio Grande do Sul.
desenvolver este projeto. Seus ensinamentos foram Avaliação Tradicional X Avaliação
muito valiosos na minha formação como futuro Participativa. Florianópolis: Dissertação
docente. Muito obrigado! Agradeço também ao (Mestrado em Educação)- Universidade Federal
PROBEC (Programa de Bolsas de Extensão e de Santa Catarina, 1993.
Cultura) e ao CNPq (Chamada
CNPq/CAPES/MEC/MCTIC/SEPED Nº 25/2017) MORTIMER, E.F. Uma agenda para a pesquisa em
pelo auxílio financeiro concedido. educação em ciências. Revista da ABRAPEC,
2004.
REFERÊNCIAS
MORAES, R; GALIAZZI, LIMA, V. M. do R.
ANON. B. L, HAMES, C e STUMM, C.L. Pesquisa em sala de aula: fundamentos e
Interações intersubjetivas na formação para o pressupostos. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2002.
ensino em ciências. In: Educação em Ciências:
Produção de currículos e formação de professores. NETTO, L. F. Feira de Ciências e trabalhos
2004. escolares: técnicas, normas e sugestões. <
disponível em: acesso em 02/04/2019>.
BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO (MEC).
Secretaria de Educação Básica. Programa Nacional NUNES, S. M. T., LOBATO, D. F., ADAMS, F. W.
de Apoio às Feiras de Ciências da Educação As Feiras de Ciências da UFG/RC: Construindo
Básica: Fenaceb. Brasília: MEC/SEB, 2006. Conhecimentos Interdisciplinares de Forma
Prazerosa. REDEQUIM, v.2, n.2 (ESP), Set, 2016.
CHASSOT, A. I. Alfabetização Científica:
Questões e desafios para a Educação.. 3ed. Ijuí: PAVÃO, A. C. Feiras de Ciências: Revolução
Ed. Unijuí, 2003. Pedagógica. <Disponível em:
www.espacçciencia.pe.gov.br. Acesso em
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes 03/09/2019>.
necessários à prática educativa. Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 1999. SCHÖN, D. A. La Formación de Profesionales
Reflexivos. Hacia un nuevo diseño de
GALIAZZI M.C.; MORAES, R. Educação pela laenseñanza y el aprendizaje en las profesiones.
pesquisa como modo, tempo e espaço de Barcelona: Paidós, 1992.
qualificação da formação de Professores de ciências
Ciência & Educação. V. 8, n. 2, p. 237-252, 2002. RESPONSABILIDADE AUTORAL

IMBERNÓN, F La formación y el desarrollo “Os autores são os únicos responsáveis pelo


profesional del profesorado. Hacia uma nueva conteúdo deste trabalho”.
cultura profesional Barcelona: Ed. Graó, 1994.

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OFICINA TERAPÊUTICA DE ESCRITA COM ADOLESCENTES:
A ELABORAÇÃO DE UMA TRAVESSIA
Naves, Emilse Terezinha, emilsenaves@yahoo.com.br
Silva, Lorena Peixoto, lorena_peixoto8@hotmail.com

Universidade Federal de Goiás- Regional Catalão/ Unidade Acadêmica Especial de Biotecnologia


(IBIOTEC)

RESUMO- Esse artigo origina-se de uma oficina terapêutica de escrita com adolescentes no Centro de
Convivência do Pequeno Aprendiz (CCPA) na cidade de Catalão-GO, cujo objetivo é possibilitar uma escuta
psicanalítica dirigida aos adolescentes da referida instituição. Ao longo do artigo destaca-se alguns conceitos
teóricos referentes a adolescência, propondo um enlace entre as experiências desenvolvidas e as construções
psicanalíticas. A oficina foi realizada durante o segundo semestre de 2018 e o primeiro semestre de 2019.

Palavras-chave: Adolescência, Oficina Terapêutica, Psicanálise.

1. INTRODUÇÃO sobre questões inerentes adolescência na


contemporaneidade, como por exemplo, a
Este trabalho origina-se do projeto de automutilação a ideação suicida e o declínio da
Extensão “Escrita da Adolescência: Oficina de metáfora paterna.
Traços e Vozes na Elaboração de uma Travessia”
da Universidade Federal de Goiás- Regional 2. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A
Catalão (UFG), onde é desenvolvida uma oficina ADOLESCÊNCIA
terapêutica de escrita com adolescentes no Centro
de Convivência do Pequeno Aprendiz (CCPA) na A adolescência de acordo com Papalia e
cidade de Catalão- GO. O CCPA é uma instituição Feldman (2013, p. 386) é “uma transição no
subsidiada pela Prefeitura Municipal e visa ofertar desenvolvimento que envolve mudanças físicas,
aos seus usuários de 9 a 22 anos a aprendizagem de cognitivas, emocionais e sociais e assume formas
ofícios como os de artesão, corte de cabelo, variadas em diferentes contextos sociais, culturais,
maquiagem e micropigmentação, dança, inglês e o e econômicos”. Não obstante, a adolescência nem
curso de auxiliar administrativo. sempre teve a conotação adquirida na atualidade.
A oficina terapêutica de escrita objetiva De acordo com Ariès (1978) a
criar um lugar de fala e escrita, no qual, os adolescência com suas características peculiares e
adolescentes possam compartilhar suas experiências únicas surge no século XX, com a modernidade e
e possibilitar a elaboração de seus conflitos e após a implantação da concepção da infância como
angústias, além de contribuir para a construção de um momento da vida distinto da idade adulta e que
laços sociais e para a constituição dos processos necessita de atenção e cuidados diferenciados. Uma
identificatórios. das condições que também favoreceram o
No período da adolescência a relação com surgimento da concepção de adolescência no século
a linguagem é de transformação e reconstrução do XX foi a necessidade de se dedicar mais tempo a
que se compreende como sendo próprio, assim, há formação profissional especializada, o que fez com
um reinventar-se constante. Desse modo, o objetivo que os jovens demorassem mais tempo para entrar
desse estudo é construir uma discussão teórico e no mercado de trabalho, ou seja, mais tempo sob a
prática, por meio, dos construtos psicanalíticos e da tutela dos pais.
experiência obtida durante a oficina terapêutica. De acordo com Papalia e Feldman (2013),
Considerando o processo da escrita, no contexto da alguns pesquisadores atribuem a intensidade
adolescência, como um processo de produção de emotiva e a instabilidade de humor no inaugurar da
um espaço que vai além do âmbito familiar e adolescência aos desenvolvimentos hormonais. Há,
possibilita um espaço próprio que viabiliza a contudo, uma diferença entre a adolescência e a
construção de uma assinatura, uma singularidade, a puberdade, a última envolve alterações físicas, visto
apropriação de algo seu, a partir da identificação que, ocorre um aumento na produção do hormônio
com os traços maternos e paternos. Além disso, a liberador de gonadotrofina (GnRH) no hipotálamo,
produção da escrita de si faz emergir discussões o que “leva a uma elevação em dois hormônios

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reprodutivos fundamentais: o hormônio luteinizante readquirida pelo Complexo de Édipo nesta ocasião
(LH) e o hormônio estimulador dos folículos e a possível vivência de sedução ou de perseguição
(FSH)” (PAPALIA; FELDMAN, 2013, p. 387). por parte dos objetos (internos) parentais
Não obstante, a adolescência se situa contribuem para que o sujeito sinta-se violentado na
principalmente no campo social e tem sua adolescência.” (SAVIETTO; CARDOSO, p.19,
singularidade constituída a partir do meio, no qual, 2006).
está inserida. Salles entende que as “condições Desse modo, a adolescência demonstra-se
históricas, políticas e culturais diferentes produzem um momento conturbado, visto que, além da
transformações não só na representação social da retomada do complexo de Édipo o adolescente deve
criança e do adolescente, mas também na sua fazer um duplo luto pelo corpo: “o de seu corpo de
interioridade” (2005, p.34). Sendo assim, a criança, quando caracteres sexuais secundários
adolescência “deve ser pensada como uma colocam-no ante a evidência de seu novo status e o
categoria que se constrói, se exercita e se reconstrói aparecimento da menstruação na menina e do
dentro de uma história e tempo específicos”. sêmen no menino, que lhe impõem o testemunho
(FROTA, 2007, p. 154). [...] do papel que terão que assumir.”
(ABERASTURY; KNOBEL, p.14, 1981). Esses
2.1. Adolescência: um olhar psicanalítico processos vividos na adolescência abalam
fortemente as bases narcísicas.
A adolescência refere-se a um campo de A concepção do Ego é formada a partir do
investigação amplo nos estudos psicanalíticos, narcisismo, Freud em Introdução ao Narcisismo
tendo em vista que não submetida aos preceitos (1914) chama atenção para esse fenômeno
biológicos da puberdade, em psicanálise “a tônica é propondo que ele é indispensável a todos os
colocada nas repercussões psíquicas geradas pela sujeitos, desse modo, o narcisismo torna-se um
chegada do sujeito a essa etapa de sua vida.” estágio comum no desenvolvimento sexual
(SAVIETTO; CARDOSO, p.17, 2006). humano. A primeira relação que estabelecemos ao
De acordo com Oliveira “na adolescência nascer é com a figura materna, pessoa que cuida e
retornam-se as questões de identidade: quem sou supre as necessidades. O bebê em seus primeiros
eu. Trata-se de um replay dos estágios iniciais do meses de vida está extremamente dependente do
desenvolvimento, dependência relativa rumo à desejo dos pais e não experiencia perdas, “esse
independência, isto é, um segundo desafio” (2009, estado paradisíaco de perfeição e completude,
p.94). Desse modo, o desamparo que a princípio entretanto, está fadado a ser interrompido sob pena
referia-se a insuficiência psicomotora do bebê, de a criança não ascender ao estatuto de sujeito.”
significa na adolescência a “insuficiência do (ARAÚJO, p.80-81, 2010).
aparelho psíquico em dar conta do excesso de Com o tempo a criança passa a
excitação pulsional.” (SAVIETTO; CARDOSO, compreender que não é o objeto de desejo da mãe,
p.24, 2006). essa ferida narcísica primária faz com que o sujeito
Não obstante, na adolescência o se esforce para reatar com essa plenitude perdida,
desamparo retorna acrescido de arrogância, tentando reconquistar o seu amor. Isso faz com que
hostilidade e a necessidade de apoio e conforto a criança entre no segundo estágio do narcisismo
social, tendo em vista que, “na fantasia “ao qual Freud denominou de narcisismo do ego ou
inconsciente, crescer é, inerentemente, um ato narcisismo secundário, porque foi retirado dos
agressivo” (WINNICOTT, 1975, p.195), o objetos a partir dos processos de identificação com
adolescente sente que “está sozinho nesta busca de as figuras parentais ou seus representantes.”
conhecer-se, nesta construção de uma subjetividade (ARAÚJO, p.81, 2010). Savietto e Cardoso
própria, nesta reinstalação do seu si-mesmo.” apontam que “as falhas narcísicas que se
(FROTA, 2006, p.60) desenvolvem a partir do início da subjetivação
Freud em Os três ensaios sobre a teoria da também vão ressurgir por ocasião da adolescência,
sexualidade (1905) aponta que “como advento da quando está em jogo a tensão entre dependência e
puberdade, introduzem-se as mudança que levarão autonomia.” (p.21, 2006).
a vida sexual infantil à sua configuração definitiva O apoio dos pais torna-se indispensável
normal. O instinto sexual, que era nesse processo de desenvolvimento conturbado da
predominantemente autoerótico, encontra agora um adolescência, tendo em vista que, é necessária a
objeto sexual.” (FREUD, 1905/2010, p.121). presença dos pais para que os filhos sejam capazes
Diante da obtenção das capacidades reprodutivas de se desvincularem deles ou não, “o suporte
ocorre na adolescência uma reedição das vivências parental é, portanto, crucial para que a transação
do complexo de Édipo, adormecido no período de narcísica seja efetivada pelo adolescente. Isto
latência devido à impotência do corpo infantil para significa que, para serem capazes de investir em
efetivar o ato sexual incestuoso. Logo, “a força novos objetos, os filhos adolescentes têm que

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abandonar seus pais como objetos de desejo.” desesperado de um gesto de nominação que não
(SAVIETTO; CARDOSO, p.21, 2006). A renúncia carrega nada em si.” (BIDAUD, 2010, p. 179)
aos desejos incestuosos propicia uma mudança Logo, as condutas adolescentes de auto-mutilação,
significativa nos referencial identificatório. Desse inscrição no corpo sem nenhum endereçamento,
modo, para que o adolescente possa realizar parece indicar uma insistência em permanecer no
investimentos objetais secundários é indispensável agir para se proteger do encontro com a divisão
que ele se desvincule do modelo parental. Essa subjetiva entre o eu e o Outro.
reorganização impõe um luto da figura protetora Devido ao luto que deve ser realizado
dos pais. quanto ao corpo infantil, o adolescente, “parece
Para Winnicott (1975, p.194) “na época do encontrar-se ameaçado no seu valor de traço, dado
crescimento adolescente, meninos e meninas que seus antigos contornos modificam-se,” (LIMA,
canhestra e desordenadamente emergem da infância 2006, p. 68). Logo, o advento da adolescência exige
e se afastam da dependência, tateando em busca do um “retorno do estádio do espelho, quer dizer um
status adulto”. Paradoxalmente a imaturidade é uma “re-jogo” de troca de olhares, [que] engaja os
parte importante da adolescência, pois “nela estão sujeitos num posicionamento (a busca de sua
contidos os aspectos mais excitantes do pensamento posição) em sua relação à sua imagem própria e a
criador, sentimentos novos e diferentes, ideias de imagem do Outro.” (BIDAUD, 2010, p. 177).
um novo viver.” (WINNICOTT, 1975, p.198). Esse Desse modo, a adolescência pressupõe uma crise na
deslocamento entre a realidade interna e externa escrita, para a construção de novos traços e de uma
e/ou a alienação e a separação do Outro são parte assinatura que “tem a ver com o reconhecimento de
fundamental na constituição da subjetividade. um sujeito que é nomeado e que pode se contar
Transitividade essa que no campo da “abordagem entre outros” (BIDAUD, 2010, p. 177).
winnicottiana, envolve o exercício da dimensão de
transicionalidade, ou seja, do encontro com objetos 3. METODOLOGIA
da cultura intermediários que possam ser
apropriados e utilizados de forma singular por cada O projeto de Extensão “Escrita da
sujeito.” (COUTINHO; ROCHA, 2007, p. 75). Adolescência: Oficina de Traços e Vozes na
Elaboração de uma Travessia” propõe como
2.2. Adolescência e escrita metodologia a realização oficinas semanalmente no
Centro de Convivência do Pequeno Aprendiz
A mãe é o primeiro objeto de amor da (CCPA) da cidade de Catalão- GO, com duração de
criança, desse modo, nos primeiros momentos de uma hora, coordenada por duas alunas do curso de
vida “o que a criança busca, como desejo de desejo, Psicologia. A oficina foi composta por dez
é poder satisfazer o desejo da mãe. (LACAN, participantes, e mesmo sendo aberto a ambos os
1958/1999, p.197). Tendo isso em vista, Lacan sexos, foi composto exclusivamente por mulheres.
(1958) introduz como ponto axial do progresso do Sua dinâmica de funcionamento consiste no
complexo de Édipo a metáfora paterna que é um acolhimento inicial e em seguida na escrita livre
significante metafórico similar à castração apontada sobre o tema que vier à mente das participantes,
por Freud (1933), ela possibilita que a criança não desse modo, posteriormente são realizadas
se fixe na relação com a mãe construindo novos reflexões e pontuações quanto ao material
laços. Portanto, a metáfora paterna “propõe o produzido.
advento do recalcamento como marca do São realizadas supervisões semanais com
aparecimento da escrita.” (LIMA, 2006, p.64). as estagiárias a partir dos relatos que elas elaboram
Desse modo, a lei do pai possibilita a após o término de cada oficina terapêutica.
identificação com um novo traço que não o materno Para os objetivos desse estudo, tendo
e a constituição da noção do Eu. Esse “traço não como base o material clínico e os relatórios obtidos
aponta para uma unidade – já que ela é imaginária – na realização das oficinas foi realizado uma
, mas para a possibilidade de contar-se um entre os pesquisa bibliográfica de autores psicanalíticos para
semelhantes, assim como de marcar sua diferença compreender a constituição da adolescência, a
pelo seu traço, que é um, e, consequentemente, escrita e as oficinas terapêuticas, visando
singular.” (LIMA, 2006, p.65). desenvolver uma análise da escrita e das falas das
Bidaud (2010) aponta que uma das participantes a fim de compreender o alcance desse
assinaturas que marcam os sujeitos na dispositivo terapêutico no cuidado com a
contemporaneidade são as inscrições sobre o adolescência.
próprio corpo. Os cortes feitos pelos adolescentes
parecem testemunhar uma “falta em significar em
relação ao Outro. Elas são a marca cicatrizada de 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
uma escrita sem endereçamento, anúncio pobre e

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4.1. A Oficina Terapêutica- Caminhos para a que, como numa bola de neve, tem cada vez mais
construção de uma travessia dificuldade de conseguir.” (ALBERTI, 2010, p.
22).
A adolescência é um “longo trabalho de Nessa tentativa de reatar a relação perdida
elaboração de escolhas e um longo trabalho de com os pais as adolescentes, algumas vezes,
elaboração da falta no Outro.” (ALBERTI, 2010, p. encontram-se em uma encruzilhada, entre seus
10). De acordo com Coutinho e Rocha “neste re- desejos e o desejo do Outro, situação geradora de
encontro com o Outro na adolescência, é consenso angústia, visto que, “quando a integridade egóica é
entre os psicanalistas que trabalham com ameaçada, o sujeito é sinalizado por meio de
adolescentes a importância do espaço de grupo sensações de angústia.” (COSTA apud SAVIETTO;
como espaço de fala, de reconhecimento e de CARDOSO, 2006, p. 20). Nesse sentido, esse
suporte para novas identificações” (2007, p.77) desencontro e, consequente distanciamento,
Logo, a oficina terapêutica torna-se “um lugar de dificulta ao adolescente encontrar os caminhos para
sustentação psíquica, do holding, base para a dar vez aos processos de desindentificação e
reedificação do ‘espaço potencial’ – área alcance de novas identificações, podendo culminar
intermediária entre a realidade interna e externa; em em atuações desastrosas para sua vida.
outras palavras, lugar das experiências ligadas aos Logo, a fala e a escrita no espaço potencial
fenômenos e objetos transicionais.” (CARVALHO, que é a oficina terapêutica torna-se um meio pelo
2015, p. 93). Assim, as oficinas terapêuticas são um qual as adolescentes encontram a possibilidade de
setting com locus privilegiado, pois promovem um expressar-se e construir caminhos de mediação
espaço confiável e não invasivo. entre o ideal do eu e o eu ideal, efeito similar ao
De acordo com Coutinho e Rocha “o ocasionado pelos objetos transicionais no bebê.
grupo promove um fechamento em torno de um Winnicott aponta que “na relação com o objeto
sintoma, de uma fantasia, alimentada pelas transicional, o bebê passa do controle onipotente
identificações horizontais entre seus integrantes, de (mágico) para o controle pela manipulação
forma que o que surge dentro do grupo se constitui (envolvendo o erotismo muscular e o prazer de
em formações do inconsciente grupal.” (2007, coordenação).” (1975, p.23). Desse modo, o objeto
p.76). Frente a isso, o psicanalista se posiciona transicional permite que a criança suporte a
como um facilitador do processo de alienação e separação da mãe e caminhe da total dependência
separação constituintes do Eu na adolescência, em direção a uma dependência parcial.
desse modo, atuando na encruzilhada entre o desejo Na adolescência, quando ressurgem
do sujeito e o desejo do Outro. questões identitárias da primeira infância esse
Tal processo de identificação e processo de separação da figura dos pais retorna
desidentificação causa a sensação de desamparo, com maior vividez se intensificando, o que faz
insuficiência e abandono, algo que é recorrente na ressurgir também a necessidade de mecanismos que
fala e na escrita das adolescentes e que aponta para auxiliem o adolescente a elaborar e suportar a falta
um desencontro entre elas e os pais, desenlace que do Outro para constituir-se como sujeitos. Frente a
ocorre porque elas não conseguem suprir seus isso, a escrita pode adquirir status de objeto
desejos e expectativas. Desse modo, encontra-se transicional, visto que, torna-se de suma
presente na escrita das adolescentes frases como: importância para a constituição da subjetividade,
“minha mãe me xinga todo dia, fala que eu não pois, além de aliviar as tensões presentes frente ao
presto e que cada dia que passa ela desgosta de encontro com a realidade ela permite que o sujeito
mim” (M.L, 14 anos). “sabe quando você faz tudo adquira o sentimento de self.
para agradar as pessoas mas não é o suficiente, Lima aponta que “do declínio vertiginoso
então, eu passei esses últimos dias tentando agradar da metáfora paterna, o adolescente, pela escrita,
a minha mãe mas ela nunca estava feliz, eu tento apela à construção de imagens para o trabalho de
parar de fazer o que eu gosto só pra agradar ela e modelagem de contornos que lhe possibilitem
nunca está bom e nunca é suficiente” (M. 14 anos) existir.” (2006, p.70) Logo, a linguagem possibilita
O desencontro entre as expectativas e uma relação com o objeto perdido, estabelecida na
desejos dos pais e os desejos dos seus filhos fazem sua ausência e, que não apenas indica sua perda,
com que por diversas vezes ocorra um mas a construção de sentido. Assim, as
distanciamento entre eles. Uma das adolescentes adolescentes, por meio, da escrita na oficina
chega a relatar: “meu pai sumiu da minha vida” (M. terapêutica podem construir significados para seus
14 anos). O efeito da desistência dos pais em afetos.
relação aos filhos é devastador, visto que, Os relatos de automutilação, ideação
“desesperado e perdido, o adolescente então inicia suicida e tentativas efetivas de suicídio também são
uma busca que pode ser uma completa catástrofe na frequentes nas oficinas. “Tem dias que eu acordo
tentativa de alcançar novamente a mão dos pais, o com muita vontade de morrer” (K, 15 anos).

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“Tentei me matar, tomei vários remédios, tudo que contemporaneidade, torna-se cada vez mais
você pensar eu tomei, eu só queria morrer em paz.” indispensável a construção de espaços que
(B. 16 anos). Macedo e Werlang apontam que a possibilitem a expressão dos sentimentos e afetos
passagem ao ato ocorre, pois, “dor, compulsão à que perpassam essa fase.
repetição e ato se confundem na busca de dar fim a
algo que atormenta o sujeito. (2007, p.102) REFERÊNCIAS
A incapacidade de atribuir sentido à
angústia na adolescência faz com que muitas vezes ABERASTURY, A; KNOBEL, M. Adolescência
não se sintam escutadas e compreendidas. K. (15 Normal: Um enfoque psicanalítico. Porto Alegre:
anos) afirma:“ninguém nunca entenderá o que passa Artmed, 1981.
na mente de uma pessoa suicida, só ela entende o ALBERTI, S. O adolescente e o Outro. Rio de
que aquela confusão está causando ali dentro, nem Janeiro: Zahar, 2010.
sempre um suicida quer acabar com sua vida [...] ARAÚJO. M. G. Considerações sobre o
queremos é acabar com tudo de uma vez." A narcisismo. Estudos de Psicanálise.Aracaju, n. 34,
passagem ao ato está relacionado a incapacidade de p. 79-82, 2010.
atribuir sentido a algo que ingressou no psiquismo ARAÚJO, C. A. S. O autismo na teoria do
(MACEDO; WERLANG, 2007). Logo, a amadurecimento de Winnicott. Natureza
desesperança, a sensação de ser incompreendida e Humana. São Paulo. v.5, p.39-58. 2003.
de abandono feito pelos responsáveis, por vezes ARIÈS, P. História social da criança e da família.
torna-se “companheira e motor de combustão para a Rio de Janeiro: Zahar, 1978.
busca de fim.” (MACEDO; WERLANG, 2007, BIDAUD, E. O adolescente e sua assinatura ou a
p.102). Nesses contextos, nos quais, o ato toma o reescrita do adolescente (2010). In: Escrita e
lugar da fala a escuta psicanalítica torna-se urgente, Psicanálise II. Curitiba, Editora CRV, 2010, p.
pois, pela via da transferência atua na repetição 175-182.
possibilitando a construção de palavras que CARVALHO, A. G. Adolescentes e Facebook: do
transformem o excesso pulsional. espaço potencial e ambiente suficientemente
bom à possibilidade de brincar na rede . Estudos
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS de Psicanálise. Belo Horizonte, n. 44, p. 91–100,
2015
A partir da experiência no Centro de COSTA, T. Psicanálise com crianças. 3 ed. Rio de
Convivência do Pequeno Aprendiz (CCPA) da Janeiro: Zahar, 2010
cidade de Catalão-GO é possível constatar que as COUTINHO, L. G; ROCHA, A. P. R. Grupos de
oficinas de escrita com adolescentes favorecem a reflexão com adolescentes; elementos para uma
construção de um trabalho grupal que é igualmente escuta psicanalítica na escola. Psicologia Clínica.
subjetivo e singular, podendo “favorecer a Rio de Janeiro. vol.15, n.2, p. 71-85, 2003.
circulação de sentidos e os deslizamentos FREUD, S. Três ensaios sobre a sexualidade. In:
significantes, com alguma repercussão possível nos Três ensaios sobre a teoria da sexualidade,
modos de gozo dos sujeitos que delas participam, análise fragmentária de uma histeria (“o caso
atrelados às identificações e aos “lugares” ocupados Dora”) e outros textos (1901-1905). Obras
por eles no campo da cultura.” (COUTINHO; completas, vol. 6. Tradução de Paulo César de
ROCHA, 2007, p.81) Souza. 4 ª ed. São Paulo: Companhia das Letras,
A escuta psicanalítica nesse campo deve 2010. p. 20-155.
ser crítica e transformadora, preocupando-se com FREUD, S. Introdução ao Narcisismo. In:
manejo da transferência e o uso das palavras. Introdução ao Narcisismo, ensaios de
Mediando a construção de um espaço que propicie metapsicologia e outros textos (1914-1916). Obras
a elaboração dos afetos, desejos, anseios e vontades completas, vol. 12. Tradução de Paulo César de
dos participantes viabilizando a elaboração de Souza. 4 ª ed. São Paulo: Companhia das Letras,
novas saídas, novas identificações e novas 2010. p. 11-37.
possibilidades. FROTA, A. M. M. C. Diferentes concepções da
Por fim, almeja-se com esse estudo infância e adolescência: a importância da
contribuir para as discussões quanto à realização de historicidade para sua construção. Estudos e
oficinas terapêuticas com adolescentes. Não Pesquisas em Psicologia. Rio de Janeiro, v. 1, n. 1,
obstante, apesar dos resultados positivos, essa p. 144-157. 2007
experiência é apenas um recorte da realidade de FROTA, A. M. A reinstalação do si-mesmo: uma
algumas adolescentes da cidade de Catalão-GO, o compreensão fenomenológica da adolescência à
que leva a apontar a necessidade de mais pesquisas luz da teoria do amadurecimento de Winnicott.
sobre o tema, tendo em vista que diante das Arquivos Brasileiros de Psicologia. Rio de Janeiro.
questões que envolvem adolescência e v. 58, n. 2, p.51-66. 2006.

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LIMA, M. C. P. Sobre a escrita adolescente.
Estilos da Clínica, São Paulo. v. XI, n. 20, p.58-71.
2006.
MACEDO, M. M. K. WERLANG, B, S, G.
Trauma, dor e ato: o olhar da psicanálise sobre
uma tentativa de suicídio. Ágora, Rio de Janeiro,
v. XX, n. 1. p. 89-106. 2007.
OLIVEIRA, D. M. Contribuições para o estudo
da adolescência sob a ótica de Winnicott para a
educação. 2009. Dissertação (Mestrado em
Psicologia) - Centro de Ciência da Vida, PUC-
Campinas, Campinas.
OLIVEIRA, H. M; HANKE, B. C. Adolescer na
contemporaneidade: Uma crise dentro da crise.
Ágora, Rio de Janeiro. v. XX , n. 2, p. 295-310,
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PAPALIA, D. E; FELDMAN,R. D.
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SAFATLE, V. Depois da culpabilidade: figuras do
supereu na sociedade de consumo. In: DUNKER,
C.; PRADO, L. A. (orgs.). Zizek crítico: política e
psicanálise na era do multiculturalismo. São Paulo:
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SALLES, L. M. F. Infância e adolescência na
sociedade contemporânea: alguns apontamentos.
Estudos de Psicologia. Campinas, v. 22, n.,p. 33-41,
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SAVIETTO, B. B; CARDOSO, M. R.
Adolescência: ato e atualidade. Revista mal-estar
e subjetividade. Fortaleza, v.VI, n.1, p.15-43, mar.
2006.
SILVA, B. O. G; SATO, H. T; DALPIAZ, S. C.
Trabalhando com oficinas terapêuticas em estágio
profissionalizante em saúde mental: criando o
espaço potencial.
WINNICOTT, D. W. Um homem encara a
maternidade(1982). A criança e o seu mundo.
Tradução de Álvaro Cabral. 6 ed. Rio de Janeiro:
LTC Editora, 1982. p.15-19.
WINNICOTT, D. W. Objetos Transicionais e
Fenômenos Transicionais. (1975). In: O brincar e
a realidade. Tradução de José Octávio de Aguiar
Abreu e Vanede Nobre. Rio de janeiro: Imago,
1975. p. 13-44.
WINNICOTT, D. W. Conceitos Contemporâneos
de Desenvolvimento Adolescente e suas
implicações para a Educação. (1975). In: O brincar
e a realidade. Tradução de José Octávio de Aguiar
Abreu e Vanede Nobre. Rio de janeiro: Imago,
1975. p. 187-202.

RESPONSABILIDADE AUTORAL

“Os autores são os únicos responsáveis pelo


conteúdo deste trabalho”

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AUTOEXTERMÍNIO EM CATALÃO E CIDADES CIRCUNVIZINHAS:
DADOS E POSSIBILIDADES DE MUDANÇA.
Campos, Maurício, mcampos1975@gmail.com
Rocha, Guilherme Luiz, guilherme.avep@gmail.com 1
De Paula, Lucas Weilor Batista Leite, lucasweilor@gmail.com 2

1
Centro Universitário Una SANTA CRUZ
2
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Biotecnologia.

Resumo: O presente estudo analisou dados sobre o autoextermínio e as tentativas de autoextermínio na cidade
de Catalão – GO e cidades vizinhas. A pesquisa está vinculada ao projeto de extensão da Universidade
Federal de Goiás – RC, do curso de psicologia na Polícia Técnico Científica (PTC), em Catalão-GO. O
objetivo da pesquisa fundamentou-se em coletar dados sociodemográficos sobre o autoextermínio e tentativas
de autoextermínio em Catalão e cidades circunvizinhas, fazendo um comparativo com pesquisas nacionais do
Ministério da Saúde, entre outros órgãos. Deste modo, revisou dados bibliográficos sobre o tema para suporte
teórico e foi feito o levantamento de dados por meio de uma análise dos documentos no banco de dados do
Instituto Médico Legal nos anos de 2016 a 2018, e análise de documentos na Secretaria de Saúde Municipal
na cidade de Catalão, no departamento do Núcleo de Vigilância Epidemiológica (NVE), e comparou-se com
dados nacionais. Para coleta de dados foram realizadas visitas à PTC e NVE. Os dados obtidos mostram uma
elevada taxa nos números de autoextermínio no ano de 2016, taxa de autoextermínio superior a nacional, e
vêm acompanhando uma baixa em relação aos anos seguintes, porém, mantendo taxas acima da média
nacional, exceto no ano de 2018, que apresentou média abaixo. Os dados revelam que majoritariamente são
homens que cometem suicídio. Já as tentativas revelam que mulheres e adolescentes estão mais expostos a
comportamentos suicidas e que o meio mais comum de tentativa é por intoxicação exógena e ingestão de
produtos de limpeza doméstica.

Palavras-chave: Autoextermínio. Suicídio. Tentativa de Suicídio.

1. INTRODUÇÃO Segundo a Organização Mundial de Saúde -


OMS (2016), em 2012, aconteceram mais de 800 mil
Cloves Antonio e Amissis Amorim (2015) suicídios no mundo, representando 1,4% de todas as
ao resenhar uma obra de Botega (2015) intitulada de mortes do mundo, sendo a segunda maior causa de
“Crise Suicida: Avaliação e Manejo” discorre que morte entre jovens de 15 a 29 anos. Ainda segundo a
“Em geral, lutamos pela vida e pensamos na morte OMS, a cada suicídio existem de dez a vinte tentativas
de forma genérica e abstrata, como algo distante. ” Já de autoextermínio. Os três países que apresentam
o paciente considerado suicida “é ameaçador, fere maior taxa de suicídio no mundo são: Sri Lanka
devoções e expectativas. Ao trazer a morte para mais (35,3/100 mil hab.), Lituânia (32,7/100 mil hab.) e
perto, ele desafia subterfúgios existenciais de quem o Coréia do Sul (32,0/100 mil hab.).
atende.” Sendo assim, o autor defende a ideia de que
mecanismos de defesa do aparelho psicológico são O Brasil apresenta uma taxa de suicídios
dispostos a fim de “evitar a percepção desse drama efetivados de 5,5/100 mil habitantes, segundo o
humano e proteger-nos”, desta forma “entram os Ministério da Saúde (2015). Em números absolutos, o
preconceitos, as crenças, a repulsa automática”, além Brasil figura entre os dez países com mais suicídios
da “noção que construímos a respeito do que deve no mundo (BOTEGA, 2013). Segundo o Ministério da
permanecer fora de nossa responsabilidade Saúde (2017) entre os anos de 2011 a 2015 o Brasil
profissional”. (Botega apud Amorim, 2015, p.2). teve 55.649 mil óbitos por suicídio, sendo que, os
homens têm quatro vezes mais chances de se matarem
É importante ressaltar que, o suicídio trata- do que as mulheres (8,7/100mil hab. x 2,4/100mil
se de um comportamento, pois, o autoextermínio não hab. respectivamente). Também foi constatado que
é um ato por si, sem sinais ou gatilhos; esses são independentemente do sexo, são os idosos que
manifestos na vida do suicida em diversos momentos obtiveram as maiores taxas relativas de suicídio
e de várias formas distintas, até as tentativas e o ato (8,9/100 mil hab.), sendo que os homens,
final, depois de muito sofrimento e pedidos velados principalmente solteiros ou viúvos continuam sendo
ou não de ajuda. (Bertolote et al. 2010. p. 588). os que mais cometem suicídio nessa faixa etária

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(17,1/100mil hab.) e as mulheres idosas (3,8/100mil analisados pelos extensionistas no ano de 2019 por
hab.). meio de três visitas à Polícia Técnico Científica (PTC)
de Catalão – GO, e seis visitas à Secretaria de Saúde
No entanto, é importante ressaltar que as Municipal na cidade de Catalão, no departamento do
mulheres, tentaram substancialmente mais vezes Núcleo de Vigilância Epidemiológica (NVE). As
contra a própria vida, além de apresentarem maior visitas tiveram duração de aproximadamente três
índice em comportamentos autolesivos, fator de risco horas para que fosse possível transcrever os dados. Os
importe para o comportamento suicida. dados foram transcritos para folhas para poderem ser
analisadas posteriormente. Os dados sobre
No período de 2011 a 2016, foram autoextermínio foram extraídos da PTC e os dados
notificados no Sinan 1.173.418 casos de violências sobre tentativas de autoextermínio foram extraídos do
interpessoais ou autoprovocadas. Desse total, NVE. A partir da coleta de dados dos anos de 2016 a
176.226 (15,0%) foram relativos à prática de lesão 2018, foi possível fazer a comparação com dados
autoprovocada, sendo 116.113 65,9%) casos em nacionais. Para tanto, fez-se comparação aos dados do
mulheres e 60.098 (34,1%) casos em homens. Ministério da Saúde do ano de 2018. A presente
Considerando-se somente a ocorrência de lesão pesquisa teve por base para suporte teórico autores
autoprovocada, identificaram-se 48.204 (27,4%) referência no assunto sobre o suicídio, como Neury
casos de tentativa de suicídio, sendo 33.269 (69,0%) José Botega, reconhecido nacionalmente sobre o tema
em mulheres e 14.931 (31,0%) em homens. (Boletim da tanatologia e o suicídio.
Epidemiológico, Secretaria de Vigilância em Saúde,
Ministério da Saúde. 2017).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Catalão e região que abrange quinze
Como falado anteriormente, Catalão atende
municípios com uma população total estimada em
uma demanda populacional total estimada em 210,435
210,435 habitantes (IBGE. 2019) apresentou uma
habitantes, abrangendo quinze municípios em sua
taxa decrescente de suicídios de 2016 a 2018. Mesmo
contagem. (IBGE. 2019) No ano de 2016, Catalão
assim, as taxas chamam a atenção, considerando a
registrou um alto índice de suicídios. Já nos anos
taxa nacional de 5,5 suicídios a cada 100 mil
seguintes, em 2017 e 2018 apresentou uma taxa
habitantes. Catalão no ano de 2016 registrou uma
decrescente de suicídios. A Polícia Técnico Científica
taxa de 11,4 suicídios a cada 100 mil habitantes. Em
de Catalão-GO, que anteriormente abrangia quinze
2017 e 2018 as taxas decresceram, mas ainda no ano
municípios, a partir de 2018 reduziu-se para onze,
de 2017, a taxa de suicídios do município estava
resultando em uma população estimada de 164,576
maior que a taxa nacional. Os dados obtidos sobre as
(IBGE, 2019).
tentativas de suicídio mostram uma taxa alta e
crescente nos anos de 2016 a 2018, com 42 tentativas
O levantamento de dados feito junto à PTC
em 2016; 85 em 2017 e 104 em 2018.
de Catalão, como mostra a figura 1, mostra que em
2016, foram registrados 24 suicídios com uma taxa de
Os dados nacionais e internacionais são
11,4/ 100 mil hab. estando acima da média nacional
relevantes para demonstrar a gravidade do problema
que foi de 5,8/ 100 mil hab. no mesmo ano (BRASIL.
e produzir discussões desestigmatizadoras a respeito
2018). Em 2017, foram 14 suicídios com uma taxa de
do tema, levando as pessoas a pensar sem
6,6/100 mil hab. Em 2018 foram 8 suicídios na região,
preconceitos, pois, o julgamento só piora a sensação
contabilizando uma taxa de 4,8/100 mil hab.
de deslocamento do suicida, potencializando seu
sofrimento e por fim o ato final. (Botega et al, 2006, Figura 1. Suicídios por ano.
p. 219).
Suicídios em Catalão
Portanto, esta pesquisa e discussão têm
relevância acadêmica e social, proporcionando uma 40
noção da realidade de Catalão e região e oferecendo
aos psicólogos, profissionais da saúde e educação e 20
autoridades municipais, dados importantes para se 0
pensar políticas públicas e iniciativas populares para
2016 2017 2018
tratar o tema.
Suicídios em Catalão
2. METODOLOGIA
Fonte: Polícia Técnico Científica de Catalão, Goiás. 2019
Os dados obtidos para esta pesquisa foram
Os dados nacionais não são divulgados

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anualmente, portanto, o último ano que possui dados Figura 4. Suicídio por meses.
oficiais é o ano de 2016. Desta forma, serão
apresentados e discutidos dados em conjunto com
gráficos para melhor dinâmica de apresentação,
referentes ao ano de 2016 (com uma taxa de 24
suicídios; representando 11,4/ 100 mil hab.).

A figura 2 mostra a relação de gênero. Foi


discutido na introdução que as mulheres possuem
taxas maiores em relação às tentativas de
autoextermínio. Já os homens possuem as taxas de
suicídio mais elevadas. Fonte: Polícia Técnico Científica de Catalão, Goiás. 2019
Figura 2. Suicídios por gênero.
Figura 5. Suicídio por cidades

Fonte: Polícia Técnico Científica de Catalão, Goiás. 2019


Fonte: Polícia Técnico Científica de Catalão, Goiás. 2019.
Dando sequência aos gráficos relacionados
ao ano de 2016, em Catalão, apresentamos na figura Outro dado importante a ser notado está na
3 a variável da idade. Meses do ano na figura 4. figura 6, cujo meio pelo qual o autoextermínio
Depois, município de residência da vítima na figura ocorreu. Segundo os dados analisados, 91,6% das
5. É possível observar uma alta taxa por idade entre mortes foram realizadas por meio da asfixia mecânica.
27 e 31 anos, com 9 suicídios, e taxas de 4 suicídios Por outro lado, as tentativas de autoextermínio foram
entre as idades de 22 a 26 anos e 42 a 46 anos. Além realizadas por meio de medicamentos.
de 2 suicídios na idade de 72 e acima. O restante,
uma taxa de 1 suicídio por idade apresentada. É Figura 6. Meio utilizado para suicídio
possível observar na figura 4, que os meses com mais
elevada taxa de suicídio foram os meses de Agosto e
Novembro, e em sequência Março e Dezembro. O
município com maior índice de suicídios foi o de
Catalão, com 9, seguido por Pires do Rio e Ipameri.
Figura 3. Suicídio por idade.

Fonte: Polícia Técnico Científica de Catalão, Goiás. 2019

Partindo para os dados obtidos sobre as


tentativas de autoextermínio, deve ser lembrado que
as fichas analisadas eram exclusivas de residentes da
cidade de Catalão. As vítimas de tentativas chegam
Fonte: Polícia Técnico Científica de Catalão, Goiás. 2019 aos hospitais e na Unidade de Pronto Atendimento
(UPA).
Segundo os dados obtidos, houve uma
crescente nas tentativas de autoextermínio entre os
anos de 2016 e 2018. No ano de 2016 foi notificado
42 tentativas de autoextermínio, o que é um número

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relativamente baixo considerando a taxa de suicídio Figura 8. Meios mais utilizados em tentativas de suicídio.
no mesmo ano e as tentativas nos anos seguintes. Os
motivos são desconhecidos, podendo ser um número
verídico ou ainda ter ocorrido uma subnotificação
dos casos. No ano de 2017, as tentativas dobraram
em relação ao ano anterior e chegaram ao número de
85 tentativas. Já no ano de 2018, o número de
tentativas chegou a 104.

Os dados mostram que são as mulheres que


mais tentam, vide figura 7. Assim, no ano de 2016,
69% das tentativas ocorreram com mulheres; em
2017, 75%, e em 2018 foram 63%. O meio mais Fonte: Núcleo de Vigilância epidemiológica de Catalão,
comum utilizado foi através de medicamentos, 2019.
raticida e agrotóxico. A faixa etária que mais fizeram
tentativas foi entre as idades de 16 e 35 anos. Os Os gráficos relacionados à idade,
meses com mais tentativas foram os meses de representados na figura 9, mostram que no ano de
outubro e dezembro. E o local das tentativas foi a sua 2016, 15 das tentativas estão na casa dos 21 aos 25
própria residência. anos; em sequência 9 e 7 tentativas nas idades de 31 a
35 e 16 aos 20 anos. Em 2017 a faixa etária com mais
Figura 7. Tentativas de suicídio por gênero. tentativas foi a dos 31 aos 35 anos com 19 tentativas.
No mesmo ano, houve um aumento na taxa de
tentativas com idades menores, de 11 a 15 anos, 16 a
20, e 21 a 25 anos, com 12, 14 e 10 tentativas
respectivamente. Já em 2018, as idades menores
também apresentou uma alta ocorrência, a maior taxa
de tentativas por faixa etária foi dos 16 aos 20 anos
com 26 tentativas e na sequência, 18 tentativas dos 26
a 30 anos; 15 tentativas dos 21 aos 25 anos e 13
tentativas dos 31 aos 35 anos. As maiores idades ou a
terceira idade, apresentou um crescente, com 1
Fonte: Núcleo de Vigilância epidemiológica de Catalão, tentativa em 2016, 6 em 2017 e 9 em 2018.
2019.
Figura 9. Tentativas de suicídio separadas por idade.
Na sequência, os gráficos sobre os meios
mais utilizados e a idade, correspondentes às figuras
8 e 9, respectivamente. Colocaremos agora o gráfico
do ano de 2018 e discutiremos os dados numéricos
dos anos anteriores. O meio mais utilizado durante a
análise dos três anos foi a intoxicação exógena, aqui
por meio de medicamentos. Em 2016, das 42
tentativas, 30 delas foram por meio de
medicamentos, representando uma porcentagem de
71,4%. No ano de 2017, 85 tentativas, das quais 61
foram por meio de medicamentos, representando
71,7%. Já em 2018, das 104 tentativas, 68 foram por
meio de medicamentos, representando 65,3%. Os
outros meios mais utilizados nas tentativas foram por
meio do uso de raticidas e agrotóxicos. Alguns outros
Fonte: Núcleo de Vigilância epidemiológica de Catalão,
meios foram menos utilizados, como os acidentes 2019.
autoprovocados, automutilação, ingestão de
domissanitários e drogas, entre outros e não O último dado que apresentaremos aqui são
informados. os meses do ano em que mais houve tentativas,
apresentados na figura 10. No ano de 2016, o mês
com mais tentativas foi em dezembro, com 12
tentativas; em seguida os meses de agosto com 7
tentativas, julho e novembro com 5 tentativas. Em

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2017 o mês com mais tentativas foi em outubro com para homens. Percebe-se também que a taxa de
15; janeiro vem logo depois com 13 tentativas e os tentativas possui um número mais elevado sobre os
meses de fevereiro, março e julho com 12 tentativas números de suicídios, mesmo que a proporção não
em cada. No ano de 2018 o mês com mais tentativas chega a ser a mesma de acordo com a OMS de 10
foi novamente o mês de outubro com 17 tentativas; tentativas para cada 1 suicídio. É possível identificar
em seguida, julho e dezembro com 11 e 10 junto à análise dos dados um perfil ou um padrão de
tentativas; janeiro, setembro e novembro com 9 quem está em algum arranjo mais propenso a sofrer as
tentativas cada. tentativas e até o ato final, o suicídio. Para o suicídio é
identificado o padrão de homens com idades de 22 a
Figura 10. Tentativas de suicídio por mês. 31 anos por meio da asfixia mecânica. Para as
tentativas, o padrão são as mulheres com idade dos 16
aos 35 anos e o meio utilizado para tanto é feito por
meio de medicamentos.

Apresentamos dados obtidos junto à análise


dos documentos internos da PTC e do NVE. Esses
dados apresentados de forma quantitativa sem uma
discussão aprofundada sobre as variáveis.

Entendemos que o suicídio não é brincadeira.


A prevenção existe e deve ser feita por profissionais
especializados. Aos que se sentem desamparados ou
com pensamentos/ideações suicidas recomendamos
que procure ajuda especializada.
Fonte: Núcleo de Vigilância epidemiológica de Catalão,
2019. AGRADECIMENTOS
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Secretaria Municipal de Saúde que abriu
as portas e deu todo apoio necessário a coleta de
Foi possível observar diante os dados que o
dados imprescindível para a realização desse trabalho.
município de Catalão, em Goiás, possui índices de
suicídio elevados em relação à média nacional. Entre
A Polícia Técnico Científica que também
os anos analisados, o ano de 2016 foi o mais elevado,
disponibilizou de forma ética e responsável os dados
acompanhando uma baixa até o ano de 2018 nas
sobre os suicídios da região.
taxas de suicídio.
A todos que em algum momento se
Percebe-se uma queda importante nos
dispuseram a colaborar com esta pesquisa.
suicídios na região, em números absolutos e
relativos. Em 2016 e 2017 com taxas de 11,4 e 6,6
REFERÊNCIAS
estando acima da média nacional que é 5, 5 a cada
100mil habitantes, e 2018 com taxa menor que a
BERTOLOTE, J. M. MELLO-SANTOS, C.
média nacional com 4,8. Em contrapartida, os
BOTEGA, N. J. Detecção do risco de suicídio nos
números das tentativas de autoextermínio cresceram
serviços de emergência psiquiátrica. Revista
em relação ao ano de 2016. Foram de 42 tentativas
Brasileira de Psiquiatria. Vol. 32. Out 2010 pg. 587-
em 2016 para 104 tentativas em 2018.
595.
Faz-se necessário uma pesquisa qualitativa
BOTEGA, N. J. WERLANG, B.S.G. CAIS, C. F.S.
para entender quais fatores foram decisivos nessa
MACEDO, M. M. K. Prevenção do comportamento
diminuição dos óbitos por autoextermínio, além do
suicida. Revista Psico. Porto Alegre-RS. Nº37 set/dez
aumento das tentativas de autoextermínio. As causas
2006. pg. 213-220
podem ser variadas.
AMORIM, C. A. A. Crise Suicida: avaliação e
Foi possível identificar dois fatores que
manejo. Psicologia Argumento. Nº33. Jan/mai 2015.
citamos na introdução desta pesquisa. A taxa de
pg. 221-223
suicídios e tentativas de suicídio por gênero, na qual,
as taxas de suicídio são mais elevadas para homens e
BRASIL, Ministério da Saúde. Manual dirigido a
mais baixas para as mulheres, enquanto as taxas de
profissionais das equipes de saúde mental.
tentativas são mais altas para mulheres e mais baixas

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Secretaria de Atenção à Saúde. Out. 2006
OPAS, Brasil. Folha Informativa – Suicídio. Setor BRASIL, Ministério da Saúde. Boletim
de Embaixadas Norte. Ago. 2018. Disponível em: Epidemiológico. Secretaria de Vigilância em Saúde.
>https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_ Vol. 48. Nº30. 2017.
content&view=article&id=5671:folha-informativa-
suicidio&Itemid=839/< RESPONSABILIDADE AUTORAL
BRASIL, Ministério da Saúde. Prevenção do Os autores Maurício Campos, Guilherme
Suicídio: sinais para saber agir. Disponível em: Luiz Rocha e Lucas Weilor Batista Leite de Paula são
>http://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/suicidio< os únicos responsáveis pelo conteúdo desse trabalho.

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MÃOS À OBRA: DICIONÁRIOS NAS SALAS DE AULAS
Galdino Ribeiro, Cacildo, gal_rib@hotmail.com1
Marques, Ludmila, ludmilamarques88@gmail.com2
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Coordenação de Extensão e Cultura/Orientador
2
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Educação

Resumo: O dicionário é um expediente didático privilegiado para o ensino da língua materna, porém utilizado
de modo limitado no ensino. Tendo em vista facilitar e qualificar o trabalho com dicionários em sala de aula,
este projeto tem por objetivo contribuir com a formação dos professores das escolas da rede municipal de
Catalão e consequentemente com a ampliação do conhecimento lexical dos alunos. Enfim, configura-se como
uma ação transformadora, viabilizando a transferência de conhecimento e a ampliação de oportunidades
educacionais, facilitando o acesso à cultura e ao processo de formação e de qualificação.
Palavras-chave: Léxico. Aquisição Lexical. Dicionário. Formação de Professores.
__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO Há vários tipos de dicionários, entre eles:


dicionário geral que tem por finalidade contribuir
com os seus consulentes sobre explicações e
O dicionário é uma obra lexicográfica que abarca significados das palavras de uma língua; o dicionário
o léxico de uma língua. Consoante Biderman (1998, infantil ilustrado serve para facilitar a assimilação das
p.91) crianças em relação ao significado das palavras; o
dicionário histórico, segundo Coelho (2008, p.30),
“o léxico de uma língua constitui uma propõe o registro do léxico de uma língua em tempos
forma de registrar o conhecimento do anteriores; os dicionários escolares são obras curtas
universo. Ao dar nomes aos referentes, o em descrição e tamanho, tendo como objetivo ser
homem os classifica simultaneamente. companheiro diário dos alunos no ambiente escolar.
Assim, a nomeação da realidade pode ser O dicionário escolar é uma ferramenta
considerada como a etapa primeira no pedagógica, um expediente didático para ser utilizado
percurso científico do espírito humano de no ensino da língua, embora seu uso seja de modo
conhecimento do universo”. limitado nas salas de aulas. Conforme Krieger
(2004/2005, p. 102),
Deste modo, a ampliação lexical também
qualifica as pessoas conforme elas vão tendo “Apesar do reconhecimento unânime de
consciência do que o léxico reflete na cultura em que suas funções didáticas, este tipo de obra é
estão inseridas. ainda um objeto bastante desconhecido e
O léxico pode ser observado a partir do falante, mesmo pouco explorado no ensino da
cada palavra representa uma realidade ou conceito língua materna”.
sobre algo, uma classe gramatical que servem para a
construção de frases, orações e textos a serem O Ministério da Educação disponibilizou às
materializados na fala ou escrita no intuito de se escolas públicas, por meio do Programa Nacional do
manter a comunicação entre as pessoas. Segundo o Livro Didático (PNLD) quatro acervos de dicionários
PNLD (2012) escolares, que contempla um Tipo de obra destinadas
às diversas etapas de ensino, que são: (BRASIL,
“Por sua proposta lexicográfica, um 2012. p. 19)
dicionário pode ser um instrumento
bastante valioso para a aquisição de Tipo 1 — para o 1º ano do EF;
vocabulário e para o ensino e a Tipo 2 — para o período entre o 2º e o 5º
aprendizagem da leitura e da escrita; e isso, ano do EF;
para todas as áreas e para todas as horas, já Tipo 3 — para o segundo segmento do EF;
que ler e escrever, dentro e fora da escola, Tipo 4 — para o EM.
fazem parte de muitas outras atividades”.
(BRASIL, 2012. p. 18) Os diferentes tipos de conhecimentos incluídos
ou inscritos nos dicionários, podem colaborar de

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forma significativa no processo de ensino e graduação em Estudos da Linguagem, pesquisadores,
aprendizagem, especificamente no que tange o e contou com a colaboração de alunos da graduação
desenvolvimento dos métodos de letramento e dos cursos de letras e pedagogia, promovendo,
aquisição da escrita (RANGEL, 2011, p. 51). portanto, o processo educativo, cultural e científico,
Neste sentido, o projeto Mãos à obra: dicionários pois articulara o ensino, a pesquisa e a extensão de
nas salas de aulas, surgiu de um estudo feito pelo forma indissociável.
coordenador do mesmo no ano de 2013/2014 que As oficinas foram divididas em cinco etapas: 1 -
percebeu a pouca utilização do dicionário durante as Léxico como sistema inventário da língua com as
aulas nas escolas públicas de Catalão/GO, assim este professoras Vanessa Regina Duarte Xavier e Maria
projeto propôs qualificar os professores da rede Gabriela Gomes Pires; 2 – Lexicologia e suas
municipal de educação acerca do léxico, lexicologia, interfaces composição e uso dos dicionários
lexicografia, motivando-os ao uso do dicionário nas ministrados pelas professoras Mayara Aparecida
aulas, contribuindo com a sua formação para serem Ribeiro de Almeida e Gabriela Guimarães Jeronimo
capazes de elaborarem atividades e aulas que e professora Luana Duarte Silva; 3 – Lexicografia
contribuam no aprendizado lexical dos alunos. Cabe com os professores Jozimar Luciovanio Bernardo e
ao professor analisar e compreender as propostas Rayne Mesquita de Rezende; 4 – Estrutura dos
pedagógicas dos dicionários. Segundo Antunes “o dicionários e ensino com a professora Maria Helena
dicionário é reduzido a um “guia ortográfico”, a um de Paula e com o coordenador Cacildo Galdino
“tira – dúvidas” sobre a grafia de ‘s’, ‘ss’, ‘ç’, ‘sc’, Ribeiro; 5 – Ludicidade e modelos de atividades
entre outros” (ANTUNES, 2012, p138/139). Deste lúdicas para o ensino do léxico. A paráfrase como
modo, o dicionário ainda não obteve o espaço que ferramenta para o ensino do léxico: modelo de
merece como ferramenta didática no ensino da língua atividades ministrado pela professora Eliana Dias.
materna. A ferramenta de avaliação e coleta de dados
Assim, foram ministradas oficinas para os utilizada foi o questionário aberto. Aplicamos de
professores que atuam na rede municipal de 02(dois) questionários, o quais foram aprovados pelo
educação, e, posteriormente, os dados coletados por Comitê de Ética. A aplicação do questionário 01
meio de questionários, foram analisados para serem ocorreu no início do curso, para aferirmos os
publicados, podendo assim, contribuir para futuras conhecimentos dos professores acerca do ensino do
pesquisas quanto ao uso do dicionário. Este é um léxico via dicionários; a aplicação do questionário 02
projeto de extensão e pesquisa pois, o projeto de aconteceu ao final do curso para aferir os
extensão precisa ser uma forma de intervenção e de conhecimentos dos professores após as oficinas,
conteúdos elaborados o qual pretende compartilhar sendo o questionário 01 com 23 questões e o
conhecimento entre a comunidade interna e externa, questionário 02 com 21questoes, todas relacionadas
e houve troca de saberes com a comunidade externa ao dicionário.
como também a coleta de dados para análises e Todo material bibliográfico impresso utilizado
publicação de resultados. nas oficinas foi disponibilizado gratuitamente aos
professores, foram utilizadas pesquisas de: Antunes,
2. METODOLOGIA 2012, p. 142; Batista, 2011, p. 21; Biderman, 1984,
p.139; Biderman, 2006, p.35-36; Brasil, 2012;
O projeto previu a disponibilização de 70 vagas Carvalho, 2011; Haensh, 1982; Houaiss, 2009; entre
para serem preenchidas por professores da rede outras.
municipal de ensino de Catalão, do 4º e 5º anos do As atividades ministradas para os professores nas
Ensino Fundamental I, entretanto, somente 32 oficinas aconteceram no primeiro semestre do ano de
professores se inscreveram, 15 participaram das 2019, abordando os seguintes temas:
oficinas e 10 finalizaram o curso. 1 - Léxico como sistema inventário da língua com as
No período de agosto de 2018 a julho de 2019 a professoras Vanessa Regina Duarte Xavier e Maria
equipe executora do projeto se ocupou da leitura e Gabriela Gomes Pires, em que a língua é constituída
seleção de bibliografias acerca dos eixos temáticos por meio da nomeação, apresentando o texto
que seriam trabalhados em cada etapa da formação “Marcelo, marmelo, martelo, da autora Ruth Rocha”,
dos professores. a leitura é muito importante para conhecer novas
A formação dos professores foi realizada no palavras, além da interação com as outras pessoas,
formato de oficinas, realizadas nos Auditórios Profa. pois, o léxico é todo vocabulário da língua e que pode
Sirlene Duarte e Profa. Lívia Abrahão, nas datas: 16 ser observado pelos falantes.
e 23 de fevereiro; 16 e 23 de março; 13 e 27 de abril; 2 – Lexicologia e suas interfaces composição e uso
18 e 25 de maio e 08 de junho de 2019, portanto aos dos dicionários ministrados pelas professoras Mayara
sábados, das 8h às 12h. Aparecida Ribeiro de Almeida e Gabriela Guimarães
Os conteúdos foram ministrados por professores Jeronimo e professora Luana Duarte Silva,
do curso de letras, alunos do programa de pós- ministraram que a língua é um sistema em contato

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constante com o mundo, pois ela interpreta a já no questionário 02 na mesma questão a resposta já
realidade do homem, seja sua cultura ou seu modo de foi diferente: “Dicionário escolar”.
viver. O participante 05-5 no questionário 01 na
3 – Lexicografia com os professores Jozimar pergunta: Você sabe o que é lexicologia? Sua resposta
Luciovanio Bernardo e Rayne Mesquita de Rezende, foi: “Fiquei em dúvida, mas acho que se relaciona a
apresentaram tipos de obras lexicográficas, para que formação e significado das palavras”, já no
os professores pudessem conhecer e manuseá-los, questionário 02 não havia, mais dúvida, pois sua
tomando conhecimento de como é a composição de resposta foi “ Palavras de uma língua em todos os seus
um dicionário, pois, o dicionário é um auxílio para se aspectos (etimologia, formação de palavras...) está
compreender o sentido das palavras. próximo da semântica”.
4 – Estrutura dos dicionários e ensino com a O participante 07-5 no questionário 01 na
professora Maria Helena de Paula e com o questão: Você sabe o que é léxico? Sua resposta foi:
coordenador Cacildo Galdino Ribeiro, como é a “Não. Bem confuso. Kkk”. Na mesma pergunta do
estrutura, políticas, formas de uso dos dicionários questionário 02 respondeu o seguinte: “Conjunto de
escolares. palavras”.
5 – Ludicidade e modelos de atividades lúdicas para O participante 04-5 na questão: Você sabe o que
o ensino do léxico; A paráfrase como ferramenta para é verbete? Do questionário 01, apresentou a resposta:
o ensino do léxico: modelo de atividades com a “Anotação, comentário”, no questionário 02
professora Eliana Dias, da Universidade Federal de respondeu: “Texto escrito, de caráter informativo,
Uberlândia, que apresentou aos professores exemplos destinado a explicar um conceito”.
de atividades que suas alunas de mestrado Perante as analises, verifica-se que o número de
desenvolveram durante o estudo, e que obteve professores que antes não havia ouvido falar de léxico
grandes resultados. compreendia 11 questionários, e somente 01 havia
Ao final de cada oficina houve também estudado sobre o assunto nas disciplinas do curso de
atividades lúdicas para que os professores pudessem letras. Portanto, após o termino do projeto todos
complementar o aprendizado e assim colocar em obtiveram resultados positivos quanto ao estudo do
prática na sala de aula, atividades como: cruzadinhas; léxico.
quebra-cabeça; jogo da memória; criar palavras e As atividades realizadas ao final de cada oficina
definir o seu significado, como se fosse um proporcionaram momentos de interação entre os
dicionário; atividades que proporcionaram momentos participantes que perceberam o quanto o lúdico é
de interação não somente entre o grupo, mas entre os importante para ampliação lexical de seus alunos, que
profissionais também. a cada momento o léxico se amplia e está em
constante movimento, acompanhando a realidade, e
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO também, que os exercícios com palavras soltas não
ampliam o vocabulário do aluno.
As atividades do projeto possibilitaram aos Entre as atividades propostas, uma delas
professores, quanto ao papel do professor no processo propunha que os participantes fizessem duplas, cada
de ensino e aprendizado do léxico, bem como utilizar participante deveria dizer uma palavra, esta seria
o dicionário de maneira lúdica em sala de aula, nas definida pelo seu par, como fosse um dicionário. As
atividades de leituras, produção de textos e duplas revezavam as posições de perguntas e
comunicação, portanto, uma ferramenta pedagógica respostas. Em outra atividade os participantes
eficaz no aprendizado da língua, aumentando assim o puderam reconhecer a importância do dicionário
vocabulário do aluno. escolar, por meio da leitura de um texto com palavras
O número de professores inscritos nas oficinas desconhecidas, a utilização do dicionário seria um
foi de 32(trinta e dois), porém iniciamos com excelente recurso didático para o esclarecimento de
15(quinze) professores, e no decorrer do curso houve dúvidas sobre os significados das palavras.
desistência de 05(cinco) educadores. Ao analisar os Portanto, segundo Coroa (2011, p. 72)
questionários verificamos que os professores
compreenderam o estudo acerca do léxico, “Livros didáticos, dicionários e outros
lexicografia, lexicologia, e como utilizar o dicionário materiais que dão suporte às atividades
nas aulas, visto que, ao iniciar o curso alguns até didáticos-pedagógicas trazem para sala de
disseram que nunca tinham ouvido falar a respeito do aula diálogos com a história, com a
léxico. diversidade social, com instituições
Como podemos perceber nas respostas dos nacionais e com experiências pessoais”.
professores, por exemplo o participante 11-4 no
questionário 01 na pergunta: Qual tipo de dicionário Neste sentido, o dicionário utilizado em sala de
você utiliza em sala de aula? A resposta foi “Não sei”, aula possibilita ao aluno complementar as

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informações que o livro didático não oferece nas BIDERMAN, Maria Tereza Camargo. Dimensões da
atividades de leitura e produção de texto. palavra. Filologia e Linguística Portuguesa, n. 2, p.
81-118, 1998.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS BIDERMAN, Maria Teresa Camargo. O dicionário
padrão da língua. Alfa, v.28, p. 27-43, 1984.
Considerando as leituras realizadas, as oficinas BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de
oferecidas, tivemos a oportunidade de aprimorar o Educação Básica. Com direito à palavra:
nosso conhecimento sobre uma ferramenta dicionários em sala de aula / [elaboração Egon
pedagógica que é bastante eficaz na ampliação do Rangel]. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria
vocabulário dos alunos, bem como utilizá-la de de Educação Básica, 2012.
maneira lúdica em sala de aula, e, também COELHO, Braz José. Linguagem – lexicologia e
compartilhar com os colegas da escola. ensino de português. Catalão: Kaio Gráfica e Editora
Vale ressaltar que não há cursos sobre esta Ltda, 2008, p. 13-43.
temática nas graduações na Universidade Federal de COROA, Maria Luiza. Para que serve um
Goiás - Regional Catalão, assim, as oficinas dicionário? In: CARVALHO, Orlene Lúcia de
propiciaram aos participantes conhecimento acerca Sabóia; BAGNO, Marcos (org.). Dicionários
do léxico e consequentemente ampliar o escolares: políticas, formas e usos. São Paulo:
conhecimento lexical dos alunos, por meio de Parábola Editorial, 2011. p. 61-72.
atividades com uso frequente do dicionário em sala KRIEGER, Maria da Graça. Dicionários para o
de aula. ensino de língua materna: princípios e critérios de
escolha. In: Revista Língua e Literatura. 2004/2005.
AGRADECIMENTOS v.6 e 7. n. 10/11. p. 101-112.
RANGEL, Egon de Oliveira. Dicionários Escolares
Agradeço ao coordenador Cacildo Galdino e Políticas Públicas em Educação: a relevância da
Ribeiro, pela oportunidade de ter participado deste “proposta lexicográfica”. In: CARVALHO, Orlene;
projeto, pela grande contribuição em minha formação BAGNO, Marcos. (Orgs.). Dicionários Escolares:
acadêmica. políticas, formas e usos. São Paulo: Parábola
Editorial, 2011. p. 37 - 60.
REFERÊNCIAS
RESPONSABILIDADE AUTORAL
ANTUNES, Irandé. Território das palavras -
estudo do léxico em sala de aula. São Paulo: “O autor é o único responsável pelo conteúdo deste
Parábola Editorial, 2012. p. 135-150. trabalho”.

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LUTAS – CULTURA CORPORAL E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS/ 2019

Vicente de Paula, Maristela1, maristela.vicente.paula@gmail.com


Aires da Silva, Jamilson1 jamil.aires@hotmail.com
Mendes da Silva, Raul1
da Fonseca Neto, Augusto César2
Ribeiro da Silva, Leonardo3
Naves Camacho Sanches, Ânella 4
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de
Biotecnologia/Curso de Educação Física
2
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de
Biotecnologia/Curso de Medicina
3
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de História e Ciências
Sociais/Mestrado Profissional em História
4
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Engenharia/Curso
de Engenharia Civil

Resumo: O Projeto Lutas – Cultura Corporal e Práticas Pedagógicas, tem como propósito propiciar o acesso de
crianças, jovens e adultos, às diversas modalidades de Lutas que sejam possíveis de oferecer no espaço do
Laboratório de Lutas do Curso de Educação Física/ UFG-RC/IBiotec, bem como também, proporcionar um
espaço de formação e qualificação de professores para trabalhar com a temática das Lutas principalmente no
âmbito da escola formal, como conteúdo das aulas de Educação Física. Tal projeto busca divulgar os saberes que
são inerentes as Lutas, propiciando práticas pertinentes a formação humana e práticas pedagógicas do âmbito
do saber do professor de Educação Física. São oferecidas as modalidades de Lutas conforme a disponibilidade
de horários e de colaboradores para ministrar as aulas. No ano de 2019 o projeto está oferecendo as modalidade
Capoeira, Jiu Jitsu, Judô e Muay Thai.

Palavras-chave: Lutas. Cultura Corporal. Prática Pedagógica


___________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO oportunidade de formação em diferentes expressões


dos sistemas de Lutas, na perspectiva de ampliação de
O presente estudo trata do projeto de extensão e seus repertórios da cultura corporal, na busca de
cultura chamado Lutas – Cultura Corporal e Práticas favorecer sua presença na escola, colaborando com o
Pedagógicas, foi criado para atender demandas de processo de formação inicial de professores, dando
democratização do ensino das Lutas, considerando as suporte a proposta de ensino de Lutas desenvolvido
dificuldades de acesso tanto da comunidade externa na disciplina de Metodologia de Ensino e Pesquisa
quanto da comunidade interna da universidade a esses em Lutas, oferecida no 6º período do Curso de
conhecimentos e práticas, uma vez que o processo de Licenciatura em Educação Física da UFG/Regional
ensino-aprendizado ainda está muito limitado as Catalão/ IBiotec.
escolas de Lutas que são de domínio privado.
Entendendo a importância cultural, artística e 2. O DESAFIO DO ENSINO DAS LUTAS
também o papel que exerce sobre a formação humana,
o projeto abre espaço para as diversas manifestações As Lutas, são sistemas complexos de combate
de Lutas, estimulando que o maior número possível elaborados ao longo da história da humanidade por
de pessoas de todas as idades possam vivencia-las e diferentes povos e culturas, que na
se possível cultivá-las como um componente contemporaneidade foram difundidos em decorrência
importante para sua formação ao longo de sua dos avanços tecnológicos que dinamizaram as formas
trajetória de vida, aprendendo não somente seu de locomoção e os meios de comunicação de massa,
gestual, mas sobre sua origem, seus valores, sua tornando-os conhecidos popularmente, contudo,
importância para seu povo de origem e para a ainda são de pouco acesso enquanto cultura corporal
humanidade. na composição dos saberes relevantes para a
Especialmente, o projeto busca também propiciar formação humana.
aos acadêmicos do curso de Educação Física

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Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) da Noronha e Pinto (2004) sistematizam experiências
Educação Física, preveem o ensino do conteúdo de bem sucedidas do ensino do conteúdo de Capoeira na
Lutas na escola, reconhecendo seu inestimável valor escola, durante a formação de professores através da
cultural, defendendo a ocupação sistemática desse disciplina de Estágio, garantido o percurso de uma
conteúdo na aula de Educação Física e não somente temática que envolveu todo o processo histórico, a
como treinamento opcional como tradicionalmente é violência contra o povo africano escravizado no
incorporado nas escolas, principalmente particulares, Brasil, a musicalidade e a gestualidade que compõem
pois, nas escolas públicas tem se configurado a Capoeira, apresentando um caminho viável para o
simplesmente como ausente. ensino das Lutas na escola.
Antes mesmo do lançamento dos PCN, Soares et Na pesquisa realizada por Bertazzoli; Alves;
al (1992) já afirmava a cultura corporal como Amaral (2008) buscou-se a viabilidade de aplicação
conhecimento a ser tratado na escola pela disciplina de instrumentos metodológicos para o ensino da
Educação Física, que utiliza a linguagem corporal capoeira numa perspectiva crítica. Como método de
como forma de expressão e que tematiza, a ginástica, investigação utilizou-se a observação participante e
a dança, os esportes, os jogos e as lutas como os em seguida sistematizam uma metodologia de ensino
conhecimentos pertinentes a serem tratados na cujo eixo norteador foi a socialização articulada as
educação formal. ações, na perspectiva de levar à solução de
Estudos como o de Nascimento e Almeida (2007) problemas, à criação de movimentos e à reflexão
mostram as restrições e possibilidades que o conteúdo coletiva.
de Lutas vem enfrentando para ocupar o seu lugar no Cartaxo (2011) também aponta os jogos de
âmbito da cultura corporal na escola. Os autores combate como conteúdo e procedimento
apontam como principal fator limitante de seu ensino, metodológico favorável para o ensino das Luta,
a deficiência na formação dos professores de principalmente para crianças, entendendo a
Educação Física que não se sentem qualificados para necessidade de proceder tratamento pedagógico
trabalhar esse conteúdo na escola, uma vez que o adequado a melhor apropriação do conteúdo das
mesmo não pertenceu a sua formação nem anterior, Lutas nessa faixa etária, possibilitando a descoberta
nem posterior a graduação, e na licenciatura, a de fundamentos das Lutas em atividades de caráter
formação oferecida tem por vezes se mostrado eminentemente lúdicos.
insuficiente. Os autores apontam também como Nessa mesma direção Cazetto (2008),
problema enfrentado, a associação das Lutas a problematiza o processo de construção do ensino das
violência, aspecto que leva a exclusão desse lutas na escola, superando os preconceitos existentes
conteúdo, pela não compreensão da sua em torno da ideia de que motive a violência,
ressignificação na contemporaneidade e indicando um percurso de conscientização e
desconhecimento das regras de conduta que são formação básica fundamental para a cultura das lutas
inerentes as diferentes práticas de Lutas. e sua participação em sua sociedade, mais elaborada
Fonseca; Franchini; Del Vecchio (2013) e enriquecida por bens culturais.
pesquisam o conhecimento declarado pelos docentes A preocupação central de Gomes et al (2010) foi
sobre a prática de lutas nas aulas de educação física, de classificar e identificar princípios comuns no
que em maioria manifestaram que não se sentem ensino das lutas, foram aplicadas entrevistas
qualificados para o trato desse conhecimento na semiestruturadas com professores de educação física
escola, demandando políticas de formação inicial e que atuam em distintas modalidades de lutas, através
continuada que considerem a necessidade de de uma investigação qualitativa de caráter descritivo
capacitação para os professores. e analítico. Concluem que existem princípios comuns
Ueno e Sousa, (2014) ao realizar uma pesquisa de norteadores para o ensino global das lutas e apontam
cunho qualitativo que aborda as percepções de para a possibilidade do ensino de modo ampliado das
estudantes de uma escola estadual da cidade de Lutas, antes da prática especializada, permitindo o
Goiânia/GO sobre a relação agressividade e lutas desenvolvimento mais amplo e consciente do aluno.
tematizadas nas aulas de educação física, concluiu Silva (2011) em seu estudo sobre a formação de
que há uma distorção na representação das lutas e professores continuada para o trato do ensino das
uma associação com a temática violência. Conforme Lutas na escola, aponta as dificuldades que se
os resultados da pesquisa, os autores indicam a apresentam na formação inicial e indica a necessidade
necessidade do trato pedagógico, pela disciplina da construção para o ensino-aprendizado que
educação física, buscando de forma a provocar o compreendam interações gestuais no contexto da
debate qualificado em torno do tema na perspectiva experiência com a capoeira, como uma das
de superação da visão, que se constrói diante da expressões do conteúdo de Lutas na escola.
ausência desse conteúdo na escola. Carvalho, Santos e Paula (2017) realizaram um
Embora a falta de material pedagógico específico estudo sobre a produção científica (2006-2016) que
também seja apontado como um fator limitante, envolve o ensino das lutas nas aulas de educação

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física por meio dos artigos publicados em revistas de e Artes Marciais Mistas, nos seus aspectos de
grande expressão da área, tendo como objetivo fundamentação técnica, histórica, cultural e ética,
elaborar um panorama sobre a produção científica como vistas a proporcionar elementos de formação
que contemple o ensino das lutas na escola. Os para temáticas pertinentes as lutas, tanto quanto da
autores concluem que a produção científica vem vivência do gestual próprio de cada uma delas; 2)
superando uma fase de denúncia da ausência do ampliar a formação dos alunos da licenciatura sobre
conteúdo lutas e aponta estratégias e metodologias uma temática das lutas, possibilitando o exercício da
para o ensino, articulado a formação continuada e a prática pedagógica; 3) estimular vivencias voltadas
realidade escolar, o que demostra um novo momento para a saúde e qualidade de vida a partir de práticas
da produção da área sobre a temática que avança no corporais experimentadas através das lutas.
sentido de compartilhar experiências de sucesso nas Assim, o Laboratório de Lutas, através do Projeto
práticas pedagógicas no ensino da lutas na escola. de Extensão, tem possibilitado ação e reflexão
Como pode-se observar, o trabalho de Fabiani; pedagógica, bem como o exercício da estética das
Scaglia; Almeida (2016) tematiza os processos de Lutas, na sua linguagem corporal que fala da história
ensino, vivência e aprendizagem da Luta para de povos, que remonta sua cultura e valores, em parte
crianças por meio do jogo. Trata-se de uma preservados, em parte modificados pelas estruturas do
proposição fundamentada no referencial histórico- tempo e dos interesses que perpassam o processo
cultural que apresenta estratégias pedagógicas que histórico.
valorizam o jogo de faz de conta como mediador dos
processos de aprendizagem, criando um universo 3. METODOLOGIA
contextualizado para o ensino da Luta.
Como o debate acadêmico constata a participação O projeto Lutas – Cultura Corporal e Práticas
ainda inexpressiva do conteúdo das Lutas na escola, Pedagógicas é desenvolvido no Laboratório de Lutas
pode-se presumir que esse seja a causa e também a do Curso de Educação Física – UFG/RC/IBiotec.
consequência do desconhecimento da grande massa Embora em outros anos tenha sido oferecidos outras
da população brasileira acerca dos saberes e das modalidades de Lutas, no ano de 2019 o projeto está
práticas que envolvem as Lutas. Mesmo a Capoeira, disponibilizando o ensino gratuito das seguintes
considerada uma Luta originalmente brasileira, modalidade de Lutas: Jiu Jitsu, Judô, Muay Thai,
enfrentou e ainda enfrenta, preconceitos de várias Capoeira e Grapling. As modalidades são oferecidas
naturezas, envolvendo aspectos de etnia, de acordo com a disponibilidade de monitores
religiosidade e em certa medida, até mesmo voluntários que se envolvem o projeto.
diferenças de classe social. A comunidade interna e externa é convidada a se
Esses aspectos nos fazem refletir o desafio que matricular nas modalidades de Lutas oferecidas pelo
está colocado para que a população brasileira tenha projeto, de acordo com seu interesse e conformidade
acesso as Lutas, como conhecimento produzido pela com os horários disponibilizados. As modalidades
humanidade, uma vez que, por excelência, o espaço oferecem, aulas duas a três vezes por semana, com
da escola que deve proceder a maior democratização duração entre uma e duas horas cada. As aulas são
do conhecimento, ainda enfrenta muitas barreiras ministradas por acadêmicos do Curso de Educação
com relação ao ensino das Lutas e não identificamos Física e de outras cursos, contando também com
outra política pública que ofereça gratuitamente o voluntários da comunidade externa com formação
ensino das Lutas, possibilitando assim o acesso de específica em uma modalidade de Lutas, uma vez que
todos(as). existe o entendimento que no Brasil a formação de
Assim, torna-se de fundamental importância, professores de Lutas se dá pelas entidades que os
propiciar espaços de ensino-aprendizagem do representam, sejam Confederações ou Federações.
conhecimento das Lutas, propiciando, ao mesmo No caso, o Curso de Licenciatura em Educação
tempo, acesso ao arcabouço de conhecimentos Física, cabe a formação de professores para atuar em
gestuais, históricos e culturais dessas manifestações, espaços de ensino, principalmente da Educação
além de propiciar o exercício da prática pedagógica formal, no qual o conteúdo das Lutas deve ser
na formação de professores de Educação Física que garantido junto aos demais previstos.
ora podem ocupam o lugar de aprendizes, ora podem Realizamos divulgação do projeto através de
assumir a docência em formação. cartazes e panfletos. Foram divulgados em salas de
As atividades do Projeto Lutas – Cultura Corporal e aula da UFG/Regional Catalão e de escolas da rede
Práticas Pedagógicas estão sistematizadas a partir dos estadual e municipal no entorno da universidade. Os
seguintes objetivos: 1) Promover o acesso da encontros para planejamento e estudo concentraram-
comunidade interna e externa, sem restrição de idade, se principalmente em sistematizar as ações descritas
as noções básicas de lutas envolvendo modalidades e providenciar as condições necessárias as
com o Judô, o Taekwondo, o Karatê, o Muay Thai, apresentações.
Capoeira, Kickboxing, Kung Fu, Jiu Jitsu, Grapling.

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Estamos realizando levantamento das produções aos conhecimentos e práticas de Lutas, para o que se
acadêmicas que tematizam o conteúdo das lutas, espera que a médio prazo modifique sensivelmente a
nesse primeiro momento privilegiando aquelas que percepção ainda equivocada e por vezes
abordam as lutas na escola e práticas pedagógicas, preconceituosa, no senso comum, em torno da Lutas
com perspectiva de montar um pequeno banco com na comunidade local, buscando também construir
esses arquivos para o acesso e fundamentação do uma identidade em torno da prática das Lutas, sendo
projeto. ético e de comprometimento com o próprio processo
Assim, o presente projeto tem papel na de aprendizagem dessas que são manifestações
articulação da relação, ensino, pesquisa e extensão culturais com raízes milenares.
que compõe o processo de formação acadêmica de Entende-se que os desafios que se apresentam
professores de Educação Física, verticalizando os ainda são significativos para que pessoas de grupos
conhecimentos sobre as Lutas tratados na grade sociais e etários diferentes busquem o conhecimento
curricular da graduação pela disciplina Fundamentos e a prática das Lutas como uma forma de exercitação
sócio-históricos da Lutas na Educação Física, bem corporal e também de formação humana, uma vez
como propicia ambiente favorável a produção de que, a forma mais intensa de divulgação das Lutas
estudos sobre a temática. continuam sendo a mídia, que as apresenta segundo
seus interesses comercias. Contudo, a
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO obrigatoriedade do ensino das Lutas na escola, vem
provocando uma demanda cada vez mais expressiva
O processo de ensino aprendizado das Lutas da necessidade de proporcionar o ensino das Lutas na
enfrenta dificuldades em diferentes campos, se por escola e por consequência, a eminência da preparação
um aspecto ainda encontra-se envolvido em de professores para realizar sua prática pedagógica
preconceitos e problemas com relação ao domínio do sem reproduzir a modelos de ensino que se
conhecimento pelos professores de Educação Física, apresentam nos espaços não formais de educação
por outro aspecto, também lida com as questões onde se praticam as Lutas em nossa sociedade.
metodológicas de ensino de cada uma das
modalidades de Lutas que historicamente REFERÊNCIAS
construíram seus saberes em torno das formas de
ensinar e treinar os diferentes sistemas de Lutas. BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais:
Assim, apresenta-se como um grande desafio a Educação física / Secretaria de Educação
construção de processos pedagógicos que Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1997.
proporcionem o aprendizado das Lutas a partir das
BERTAZZOLI, B. F.; ALVES, D. A.; AMARAL, S.
pedagogias críticas da educação, considerando o
C. F. Uma Abordagem Pedagógica para a
processo de aprender como processo ativo e
Capoeira. Movimento. Porto Alegre, v. 14, n. 02, p.
reflexivo, ao mesmo tempo que o gesto é
207-229, mai/ago. 2008.
experimentado, reconstruído e treinado na
perspectiva da compreensão de seu significado e de CARTAXO, C.A. Jogos de Combate – atividades
suas aplicações, podendo ser comparado a outras recreativas e psicomotoras. Teoria e Prática.
manifestações da cultura corporal. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.
Não se trata de reinventar as Lutas, mas de
CARVALHO, Ana Carla Dias; SANTOS, Luara
elaborar outras formas de ensinar e praticar, que
promovam um esforço reflexivo mais intenso e por Faria dos; PAULA, Maristela Vicente de. O ensino
consequência propicie uma apropriação significativa das lutas na educação física escolar - a produção
científica (2006-2016) das revistas RBCE,
e ativa de seu aprendizado.
Movimento e Pensar a Prática. Anais do XX
O projeto se encontra em momento de
CONBRACE E VII CONICE. Goiânia/GO, 2017.
levantamento de dados sobre o público que acessa
essa proposta, entendendo que seja possível CAZETTO. Fabiano Filier. Lutas e Artes Marciais
proporcionar trocas mais efetivas não somente sobre na Escola: “Das Brigas aos Jogos com regras”, de
as modalidades específicas que se esteja vinculado, Jean-Claude Olivier [Porto Alegre: Artmed, 2000].
mas também entre as demais modalidades oferecidas, Revista Motrivivência. Ano XX, Nº 31, P. 251-255
ampliando assim os saberes sobre o campo que Dez./2008.
envolve o conhecimento das Lutas.
FONSECA, J. M. C.; FRANCHINI, Emerson; D.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS VECCHIO, F. B. Conhecimento declarativo de
docentes sobre a prática de lutas, artes marciais e
modalidades esportivas de combate nas aulas de
O principal objetivo do Projeto Lutas – Cultura
Educação Física escolar em Pelotas, Rio Grande do
Corporal e Práticas Pedagógicas, vem sendo
alcançado à medida que possibilita o acesso gratuito

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Sul. Pensar a Prática, Goiânia, v. 16, n. 2, p. 320618, SILVA, P. C. da C. Capoeira nas aulas de educação
abr./jun. 2013. física: alguns apontamentos sobre processos de
ensino-aprendizado de professores. Revista
GOMES, M. S. P. et al. Ensino das lutas: dos
Brasileira de Ciências do Esporte, Florianópolis, v.
princípios condicionais aos grupos situacionais.
33, n. 4, p. 889-903, out./dez. 2011.
Movimento, Porto Alegre, v. 16, n. 02, p. 207-227,
abr/jun. 2010. SOARES C. L. et al Metodologia do Ensino de
Educação Física. São Paula, Cortez, 1992.
NASCIMENTO, Paulo Rogério Barbosa do;
ALMEIDA, Luciano de. Tematização das lutas na UENO, V. L. F.; SOUSA, M. F. de. Agressividade,
Educação Física Escolar: restrições e possibilidades. violência e judô: temas da Educação Física em uma
Revista Movimeto, Porto Alegre, v 13, n.03, p. 91- escola estadual em Goiânia. Pensar a Prática,
110. Setembro/dezembro de 2007. Goiânia, v. 17, n. 4, out./dez. 2014.
NORONHA F.D.A.; PINTO, R.N. Capoeira nas
aulas de Educação Física: uma proposta de RESPONSABILIDADE AUTORAL
intervenção. Pensar a Prática: revista da pós-
graduação em Educação Física / UFG, Faculdade de “Os autores são os únicos responsáveis pelo
Educação Física. V.7, n.2, jul./dez.2004. conteúdo deste trabalho”.

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PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES:
FERRAMENTAS DE EDUCAÇÃO E PROMOÇÃO DA SAÚDE PARA
PROFISSIONAIS E USUÁRIOS DOS SERVIÇOS DE SAÚDE
Pereira, Nayline Martins, naylinemartins@ufg.br1
Cruz, Maryana Freire Rodrigues da, mfrc250@gmail.com2
Díaz, Jalusa Andréia Storch1
Pilger, Calíope1
Almeida, Pollyana Sousa1
Silva, Eduardo Viana da1
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Biotecnologia
2
Unidade Básica de Saúde Albino da Silva Barbosa / Catalão – GO

Resumo: O presente trabalho objetivou descrever a experiência profissional vivenciada acerca da inserção
das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde na Unidade Básica de Saúde Albino da Silva Barbosa
localizada no município de Catalão-Goiás. O estudo pautou-se em um relato de experiência sob a ótica
profissional referente à inserção das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde na unidade básica.
Através da realização da atividade verificou-se a importância da implementação das práticas nos serviços de
saúde, por promoverem um cuidado que alcança o ser humano como um ser biopsicossocial.

Palavras-chave: Unidade básica de saúde. Práticas Integrativas e Complementares em Saúde. Educação em


Saúde.

______________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO Com objetivo de promover um cuidado integral,


longitudinal e não invasivo, as PICs contribuem para
O progresso e a complexidade da medicina têm o cuidado na Atenção Primária, esta que, por sua
proporcionado grandes avanços, em compensação é vez, não se restringe somente às Unidades Básicas
possível identificar a dificuldade e a incapacidade do de Saúde. Entretanto, este é o ambiente em que as
modelo biomédico de conceder resoluções PICs são comumente encontradas.
adequadas para todas as dimensões do ser humano, e A atenção primária desenvolve o seu trabalho
outros níveis complementam determinada baseado em eixos fundamentais, sendo eles “a
enfermidade (BARROS, 2002). promoção da saúde, a prevenção de agravos, o
De modo a complementar a medicina diagnóstico, o tratamento e a manutenção da saúde”
convencional, as Práticas Integrativas e (BRASIL, 2006). Correlacionando com os objetivos
Complementares em Saúde (PICs) surgem com uma da Política Nacional de Práticas Integrativas e
perspectiva generalizada no que tange a relação Complementares (PNPIC) que estabelece a
saúde-doença e a integralidade do ser humano efetivação das PICs no Sistema Único de Saúde
(BRASIL, 2015). As PICs tem o objetivo de (SUS) principalmente na Atenção Básica, as práticas
prevenir doenças e promover a reabilitação da saúde, ofertadas e regulamentadas auxiliam na prevenção
através de processos naturais eficientes, “com ênfase de doenças, promoção da saúde e na reabilitação de
na escuta acolhedora, no desenvolvimento do agravos (BRASIL, 2006).
vínculo terapêutico e na integração do ser humano Isto posto, em um estudo recente Lima (2018)
com o meio ambiente e a sociedade” (BRASIL, empregou o uso das PICs como ferramenta para o
2006). autocuidado em Agentes Comunitários de Saúde
A respeito das PICS, em 1976 a Organização (ACS), reforçando o uso de plantas medicinais e
Mundial da Saúde (OMS), declarou que todos os ressaltando a importância da estimulação das PICs
Estados membros deveriam integrar as práticas da no Sistema Único de Saúde (SUS).
medicina alternativa nos processos de cuidado aos Com base nisso, o objetivo deste trabalho
pacientes (SUÁREZ; DÍAZ; MACHADO, 2013). descrever a experiência profissional vivenciada
acerca da inserção das Práticas Integrativas e

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Complementares em Saúde na Unidade Básica de atividades contribuiu para um melhor entendimento
Saúde Albino da Silva Barbosa localizada no dos métodos abordados pela medicina integrativa e
município de Catalão-Goiás. complementar, resultando no interesse tardio pela
vivência da prática.
2. METODOLOGIA Percebeu-se que após o segundo momento os
resultados foram satisfatórios, muitos dos
Trata-se de um relato de experiência sob a ótica trabalhadores relataram melhora nos quadros de
profissional referente à inserção das PICs em uma ansiedade e de dores musculares que os afligiam.
Unidade Básica de Saúde (UBS) localizada no Através de um relato de experiência Jesus e
município de Catalão-Goiás. colaboradores (2017), perceberam a importância da
A experiência relatada sucedeu-se em dois realização de pesquisas voltadas à saúde do
momentos com a colaboração de discentes e trabalhador e ao desenvolvimento de protocolos
docentes do grupo 2 do Programa de Educação pelo voltados à implementação das práticas nos setores de
Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) efetivo na saúde.
Universidade Federal de Goiás - Regional Catalão. Neste sentido, podemos perceber os benefícios
A atividade inicial foi realizada no mês de maio que as práticas podem proporcionar à Saúde do
de 2019 e teve como finalidade uma ação de Trabalhador, na perspectiva física e emocional. Pois
educação continuada sobre PICs, com a participação pode-se perceber que proporcionou uma melhora
de recepcionistas, auxiliar de saúde bucal, técnica de significativa no relacionamento interpessoal da
enfermagem, agentes comunitárias de saúde e equipe, posto que os encontros possibilitaram o
enfermeira que atuam nesta unidade. A condução contato entre os trabalhadores, discentes e docentes.
dessa parte introdutória foi realizada por meio de Essa relação reflete positivamente nas ações
aparelhos audiovisuais prezando uma exposição extensionistas da universidade ocasionando um
dialogada entre os envolvidos, buscando apresentar momento de troca e fortalecimento de vínculo entre
aos profissionais conceitos, técnicas, aplicações ensino e serviço.
acerca das PICs. No ano de 2006 no Brasil foi publicada a
O segundo momento foi realizado no mês de Política Nacional de Práticas Integrativas e
junho de 2019 com uma atividade prática onde Complementares no SUS que estabeleceu no âmbito
discentes, docentes e colaboradores, externos da público o acesso a outras práticas em saúde que
UFG, capacitados desenvolveram vivências envolvem processos complexos e terapêuticos
envolvendo o Reiki, a Auriculoterapia, (BRASIL, 2006). Recentemente no SUS pela
Automassagem e Dança Circular. Portaria N° 849, de 27 de março de 2017 e na
Portaria N° 702, de 21 de março de 2018 foram
incluídas novas práticas no âmbito do SUS. Esses
marcos fundamentam e regulamentam as PICs.
Existem diversos desafios para implementação
das PICs nos serviços de saúde, um deles é o
desconhecimento por parte dos profissionais
(ANDRADE et al., 2018). Fato que aconteceu na
UBS em questão. Se os trabalhadores desconhecem
essas práticas como seria possível ofertar esse
serviço para a população?. Gontijo e Nunes (2017)
Figura 1 - Vivência de automassagem na UBSF
em seu estudo demonstraram que os profissionais
Básica de Saúde Albino da Silva Barbosa / Catalão –
que possuem esse conhecimento tiveram outros
GO.
meios de aprendizado que não ocorreu pela
graduação, e consideraram importante a
Os profissionais puderam vivenciar tais práticas
implementação das PICs durante a graduação
de acordo com o seu interesse pessoal. A realização
(GONTIJO; NUNES, 2017). O que auxiliaria nesse
da Automassagem e dança circular foi feita em
problema.
grupo com todos os trabalhadores, já o Reiki e a
É nítida a necessidade e a relevância das PICs
Auriculoterapia foram desenvolvidas de forma
nos serviços de saúde. Para tanto, Carvalho e
individual considerando o princípio de cada técnica.
Nóbrega (2017) sugerem uma maior aplicação na
capacitação dos profissionais com o objetivo de
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
serem qualificados para desenvolvimento das PICs
nos serviços de saúde proporcionando um cuidado
Identificou-se durante as atividades o interesse
extra com uma visão holística.
dos profissionais pelas práticas desenvolvidas, algo
Em contrapartida, Dacal e Silva (2018)
que até então era desconhecido. O intervalo entre as
apresentam que existe uma grande procura das PICs

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por partes dos usuários dos serviços de saúde, por ______. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro.
conhecerem os efeitos físicos, mentais e emocionais PORTARIA N° 849, DE 27 DE MARÇO DE 2017.
positivos dessas práticas. Situação que aconteceu Inclui a Arteterapia, Ayurveda, Biodança, Dança
também na UBS em questão, em razão da procura Circular, Meditação, Musicoterapia, Naturopatia,
por novas vivências pelos trabalhadores da unidade. Osteopatia, Quiropraxia, Reflexoterapia, Reiki,
Deste modo, essa experiência contribuiu para a Shantala, Terapia Comunitária Integrativa e Yoga à
qualificação e conhecimento dos trabalhadores dessa Política Nacional de Práticas Integrativas e
unidade. Assim consequentemente contribuindo para Complementares. Diário Oficial da União. Brasília,
a disseminação das PICs para os usuários do serviço 27 mar. 2017.
naquele território e na própria comunidade. ______. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro.
PORTARIA N° 971, DE 21 DE MARÇO DE 2006.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Aprova a Política Nacional de Práticas Integrativas e
Complementares (PNPIC) no Sistema Único de
Com a realização dessa proposta é possível Saúde. Diário Oficial da União. Brasília, 03 mai.
verificar a importância das PICs nos serviços de 2006.
saúde, por promoverem um cuidado que alcança o CARVALHO, J. L. S.; NÓBREGA, M. P. S; S.
ser humano como um ser biopsicossocial e também Práticas integrativas e complementares como recurso
como ferramentas de autocuidado. de saúde mental na Atenção Básica. Rev Gaúcha
É possível identificar uma fragilidade sobre a Enferm, v. 38, n. 4, p. 1-9, 2017.
temática nos serviços de saúde, em função disso é GONTIJO, M. B. A.; NUNES, M. F. Práticas
imprescindível à atuação conjunta da universidade integrativas e complementares: conhecimento e
nesses contextos, para promoção de atividades de credibilidade de profissionais do serviço público de
educação e promoção da saúde para profissionais e saúde. Trab, educ. saúde, v. 15, n.1, 2017.
toda a comunidade. JESUS, S. G. C. et al. “cuidar de quem cuida”: as
Sendo relevante também a participação do grupo pics aplicadas aos trabalhadores do contexto
2 do Programa PET saúde Interprofissionalidade, hospitalar, relato de experiência. In: Anais do I
visando a articulação ensino-serviço para CONGRESSO NACIONAL DE PICS e III
implantação das atividades de promoção da saúde, ENCONTRO NORDESTINO DE PICS, 2017,
PICs e fortalecimento das ações de saúde na atenção Natal. Anais eletrônicos... Natal: editora realize, v.
básica do município de Catalão - GO. 1, 2017. p. 1-5.
LIMA, A. M. V. Práticas integrativas e
REFERÊNCIAS complementares: utilização por agentes
comunitários de saúde no autocuidado. Rev Bras
ANDRADE, L. P. et al. Percepção dos Profissionais Enferm, v. 71, p. 2842-8, 2018.
das Unidades Básicas de Saúde sobre as Práticas SUÁREZ, S. R.; DÍAZ, A. V.; MACHADO, F. B.
Integrativas e Complementares. Rev. Mult. Psic, v. Estudio preclínico del efecto de las esencias florales
12, n. 42, p. 718-727, 2018. de Bach en la inflamación aguda. Rev. Revista
BARROS, J. A. C. Pensando o processo saúde Cubana de Investigaciones Biomédicas, n. 1, v.
doença: a que responde o modelo biomédico?. 32, P. XX-XX. Ciudad de la Habana, 2013.
Saúde e Sociedade, v. 11, n. 1, p. 67-84, 2002.
BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de RESPONSABILIDADE AUTORAL
Práticas Integrativas e Complementares no SUS :
atitude de ampliação de acesso. Departamento de “Os autores são os únicos responsáveis pelo
Atenção Básica. – 2. ed. – Brasília : Ministério da conteúdo deste trabalho.”
Saúde, 2015.
______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção
à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política
Nacional de Atenção Básica. Departamento de
Atenção à Saúde. – Brasília : Ministério da Saúde,
2006.
______. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro.
PORTARIA N° 702, DE 21 DE MARÇO DE 2018.
Altera a Portaria de Consolidação nº 2/GM/MS, de
28 de setembro de 2017, para incluir novas práticas
na Política Nacional de Práticas Integrativas e
Complementares - PNPIC. Diário Oficial da União.
Brasília, 21 mar. 2018.

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DANÇO E ME LIBERTO! RELATO DE EXPERIÊNCIA NO
EMPODERAMENTO DE ESTUDANTES
PRADO, Patrícia do/Orientadora, patipra77@gmail.com.br
SILVA, Heuller Ruan Cedro da, heuller05@gmail.com¹
SANTOS, João Paulo Nepomuceno dos, npaaulo2015@gmail.com¹
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de
Biotecnologia/Curso de Educação Física

Resumo: relato de experiência no campo da metodologia de ensino em educação física, por meio da dança-
educação, cuja temática “empoderamento feminino” permitiu uma maior reflexão do papel da mulher na
sociedade atual. A contribuição recai na importância do tema para a transformação social a partir da reflexão
na formação de estudantes como futuros professores na área.

Palavras-chave: empoderamento feminino; dança-educação; metodologia de ensino em educação física.


___________________________________________________________________________
1. INTRODUÇÃO ser tratada pedagogicamente nos espaços de
formação escolar e sociais (clubes, associações,
Por que a mulher é destinada ao lar, sendo academias, escolas de dança, dentre outros).
que “por dentro” somos todos iguais; apenas
Neste sentido, o relato que apresentamos diz
seres humanos?
respeito ao despertar para o empoderamento
(Muniz Sodré)
feminino, a partir da nossa realidade como
estudantes universitários, pois pensamos logo em
A mulher em quase a totalidade da história
colegas que compunham nosso grupo de trabalho3
humana esteve às sombras da sociedade e num dado
frente a demanda de criação e apresentação pública
momento da história brasileira, onde o militarismo
de uma composição coreográfica na disciplina de
comandava o país (1964-1985), elas restabeleceram
Metodologia de Ensino e Pesquisa em Dança-
sua força, e assim, começaram a ganhar a
Educação II, do Curso de Educação Física
visibilidade necessária para que pesquisadores se
(UFG/RC/IBIOTEC), pois sendo uma mulher
interessassem por aquele momento e por aquela
lésbica e uma outra “fora dos padrões”, as colegas
história que estava começando (e continuando...) a
não se sentiam seguras com o desafio proposto.
ser escrita por elas1.
Ambas, com problemas de autoestima, e
Entendendo este fato histórico que foi um consequentemente, não se sentiam empoderadas ou
início da publicização dos movimentos de lutas das donas de si o suficiente para que conseguissem ser o
mulheres no Brasil, que mais tarde dariam força ao que são, e mostrar que mesmo com todas as
feminismo, pudemos traçar uma linha do tempo com diferenças, podem sim fazer o que desejam e
o momento em que as mulheres se fizeram ser acreditam para suas vidas. E assim sendo, poderiam
notadas até os dias atuais2, onde o movimento enfrentar uma composição coreográfica mais
feminista está bem forte e consolidado e com várias complexa e um público que poderia estar
vertentes aos quais buscam dar voz e vez a todas as completamente entregue a elas.
mulheres. E por isso, é importante falar sobre o
E é por meio disso que iremos elucidar neste
empoderamento feminino e mostrar do que são
trabalho alguns pontos acerca do empoderamento
capazes de fazer, de ser e de viver, partindo da
feminino em sociedade e trazer alguns
formação de professores de Educação Física, no
questionamentos acerca do que seria empoderar uma
contexto da dança-educação como prática corporal a
mulher: seria somente dar poder às mulheres?
Oferecer direitos a ela? Ou empoderar a mulher é
1 ceder à compreensão de que como ser humano, ela
http://memoriasdaditadura.org.br/cnv-e-mulheres/,
acesso em 22/08/2019. tem os mesmos direitos e modos de vida social como
2
Marcha das margaridas, é um movimento de mulheres
que acontece a cada quatro anos que visam reunir
3
demandas de políticas públicas, e a marcha mais recente Composto por cinco integrantes: Heuller Ruan Cedro da
aconteceu em 14 de Agosto de 2019. Silva (autor), Lucas Gabriel Marques; João Paulo
Nepomuceno dos Santos (autor), Maria Carolina Rosa de
Macedo, Naiara Pereira Caixeta de Campos.

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os homens? Ou será que, a partir das lutas femininas com fins pedagógicos, podendo ou não serem
em relação aos modos de vida e de uso do corpo em articulados de modo transdisciplinar, a exemplo,
sociedade, a mulher pode vir a decidir o que quer contagem de tempo rítmico associada a contagem
para si mesma? Será que a cultura vivida retrata numérica para crianças pequenas); como
possibilidades de reflexão sobre o poder feminino na aprendizagem de valores sociais (comemorações
sociedade brasileira do século XXI? De que modo a festivas de aniversário da escola; valorização da
dança como manifestação cultural pode contribuir mulher como mãe; festas cívicas, dentre outras).
para o empoderamento feminino na escola e na
Isto posto, o grupo reuniu-se e optou pela
vida?
temática do empoderamento da mulher. Mas, antes
Tais questões não se esgotam nas reflexões precisamos entender conceitualmente o que é
abaixo, mas apontam uma experiência de possível empoderamento.
superação de determinados enquadramentos sociais,
Embora a utilização crescente do
vividos pelas colegas e relatados no decorrer da
termo empowerment tenha se dado
construção do trabalho, que puderam servir de
a partir dos movimentos
posição inicial4 e de dinâmicas capazes de
emancipatórios relacionados ao
transformar esse corpo oprimido pela sociedade.
exercício de cidadania –
Sendo assim, buscamos ao dar poder às colegas,
movimento dos negros, das
suscitar a sua forte presença perante o atual papel,
mulheres, dos homossexuais,
levando em questão a imposição de paradigmas da
movimentos pelos direitos da
sociedade impostos sobre “quem somos” e “o que
pessoa deficiente – nos Estados
fazemos” em nossa cultura, assumindo e
Unidos, na segunda metade do
subvertendo papéis de mulher e de homem.
século XX, a Tradição do
Empowerment (Empowerment
1. NA METODOLOGIA DA DANÇA: ENTRE
Tradition) tem suas raízes na
RITMOS, CONCEITOS E MOVIMENTOS
Reforma Protestante, iniciada por
Durante o processo de construção da Lutero no séc. XVI, na Europa,
produção artística, fora proposto a escolha de dois num movimento de protagonismo
ritmos, onde consequentemente os dois deveriam se na luta por justiça social
complementar. Propusemos então, abrir um diálogo (HERRIGER apud BAQUERO,
acerca dos componentes do grupo, para que 2012, p.174)
pudéssemos a partir disso, elucidar a temática a ser Desta forma, conseguimos compreender que
explorada e desenvolvida. Sendo assim abrangendo- o empoderamento é algo que vem causando extrema
se a realidade de nossos componentes, pudemos mudança na vida das pessoas, bem como, em tudo o
abraçar a causa, a luta e o diálogo sobre o que toca. E por isso é importante que sua abordagem
empoderamento feminino em sociedade; trazendo esteja presente e em evidência para desenvolver que
questionamentos acerca das suas lutas, os percalços as pessoas possam agir em prol do que acreditam
encontrados para que assim possamos elucidar o que frente aos obstáculos sociais.
as mesmas passam, o que elas vivem, o que elas se
submetem diariamente em seu modo de vida social. Conceitualmente, empoderar é um verbo que
se refere ao ato de dar ou conceder poder para si
Nos estudos desenvolvidos na disciplina próprio ou para outrém. Empoderar em forma de
MEPDE II, identificamos que a dança representa um debates, vem acontecendo em vários campos, em
importante fenômeno a ser estudado em diversas várias áreas artísticas, bem como em inúmeras
linhas: como manifestação ritualística (danças produções midiáticas e centros de debates de forma
sagradas); como expressão de cada povo no mundo intensiva.
(samba no Brasil: tango na Argentina; haka, na
Austrália, dentre outros); como forma de estudo do Posto isso, percebemos que a partir do seu
movimento corporal (estudos labanianos); como sentido figurado, empoderar representa a ação de
educação (articulação de diversos e inúmeros temas atribuir domínio ou poder sobre determinada
situação, condição ou característica.
4 Também podemos entender o ato de
“Posição inicial” é um termo bastante utilizado na
empoderar a partir de uma atitude social que
metodologia de ensino na área de Educação Física
consiste na conscientização dos variados grupos
para determinar início de movimentação corporal
sociais, principalmente as minorias, sobre a
numa dada “dinâmica” solicitada no contexto da
importância do seu posicionamento e visibilidade
prática pedagógica.
como meio para lutar por seus direitos. Um dos atos
de empoderar mais conhecido é o empoderamento

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feminino, ou seja, quando há a conscientização das "viver bem"; "ao viver novo"... Ao viver
mulheres de reivindicarem socialmente por respeitando!
igualdades de direito entre os diferentes gêneros.
No processo de construção da composição
Entre alguns dos principais sinônimos de coreográfica, ao pesquisar músicas para a produção
empoderar estão: “dar poder, conceder poder, dar artística, o grupo encontrou as músicas “Triste, louca
autoridade, investir autoridade, dar autonomia, ou má”, do artista Francisco, el Hombre e a música
habilitar, desenvolver capacidades, promover, “Run the world”, da cantora Beyoncé, pois era regra
promover influência, afirmação, entre outros.”5 da construção coreográfica mesclar um ritmo
nacional com outro internacional. Deste modo, as
Destacamos que a entidade das Nações Unidas
músicas suscitaram em nós, a reflexão sobre o
para a Igualdade de Gênero e Empoderamento das
empoderamento feminino e sua forma perante o
Mulheres (ONU Mulheres), desenvolveu uma lista
atual papel da mulher, questionando paradigmas da
com 7 princípios básicos do empoderamento
sociedade sobre o que é ser mulher e o que fazemos
feminino no âmbito social e profissional:
como mulher.
- Estabelecer liderança corporativa
Segundo o dicionário Aurélio (2019),
sensível à igualdade de gênero, no
paradigma significa: Exemplo ou padrão a ser
mais alto nível.
seguido; modelo: paradigma político. Sabendo
- Tratar todas as mulheres e
disso, apontamos os paradigmas impostos às
homens de forma justa no
mulheres, padrões estes que não vieram de ontem, e
trabalho, respeitando e apoiando
sim de toda uma construção social, a qual elas estão
os direitos humanos e a não-
em uma busca incessante, para que assim deixe de
discriminação.
ser uma realidade problemática em suas vidas.
- Garantir a saúde, segurança e
bem-estar de todas as mulheres e Durante compreensão desta realidade,
homens que trabalham na passamos entender os conceitos empregados ao
empresa. papel da mulher e as suas modificações em
- Promover educação, capacitação sociedade, onde fora mostrado que as correlações
e desenvolvimento profissional homens e mulheres sempre foram exercidas a partir
para as mulheres. de sua amplitude social, sempre situada na forma
- Apoiar empreendedorismo de como Sodré (1983) nos evidencia, onde “O fato é
mulheres e promover políticas de que todo ser humano concreto, sempre se situa de
empoderamento das mulheres um modo singular” (p.01), ou seja, a mulher por
através das cadeias de suprimentos muitos anos teve uma educação diferenciada da
e marketing. educação dada ao homem.
- Promover a igualdade de gênero
O papel social construído durante séculos sobre
através de iniciativas voltadas à
as distinções de gênero, todavia propôs articular uma
comunidade e ao ativismo social.
visão social constituída, onde a mulher era
- Medir, documentar e publicar os
concebida como um indivíduo inferior, entendida
progressos da empresa na
como um sujeito menos desenvolvido, visto que
promoção da igualdade de
numa escala construída socialmente, o homem
gênero.6
detinha valores pertencentes a lealdade, a proteção
A prática do empoderamento feminino não da família, a garantia da reputação social e
deve ser apenas das mulheres, os homens também profissional. A mulher detinha valores capazes de
precisam se certificar de que haja uma ampla gerir a casa, cuidar do esposo, cuidar dos filhos, ser
igualdade entre o posicionamento e participação de recatada e ser decente. Mas o que significa ser
ambos os gêneros na sociedade e suas demais recatada e decente? É importante dizer que a
camadas. Bem como enfatizar que não vivemos por moralidade de um povo reflete seu contexto
apenas uma luta diária, mas assim, por uma busca de histórico, político e social e, diante de uma
respeito e de significâncias sempre respeitando o que sociedade de extrema opressão como foi o período
foram construídos ao longo de nossa história; como de ditaduras no mundo, cabe a questão: como a
povo e como cultura. Todos unidos e adeptos ao mulher poderia ser diferente num contexto de
ditadura política, de controle do corpo e frente a
crescente dominação e expansão religiosa daquele
5
http://www.significados.com.br/empoderamento- período, cujo objetivo maior era o controle da
feminino, acesso em: 22 08 2019. sociedade por seus mecanismos intrínsecos? Dito
isso, ao longo de nossa formação, foi possível
6
Idem, ibidem. compreendermos a (re)existência da realidade

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feminina a partir de seus múltiplos aspectos orientadora e organizado pelos estudantes sob sua
concebidos ao longo de sua história. supervisão.
Diante do desafio que nosso grupo começa a Tal produção artística possibilitou aprofundar
reconhecer a importância do tema que decidimos na reflexão acerca do papel feminino em nossa
defender, fomentamos a utilização das músicas cultura, como forma de (re)existir por meio da arte
citadas para que pudéssemos proporcionar a da dança, empoderando a mulher. Pudemos trazer
princípio, às colegas envolvidas, e depois ao questões do nosso próprio cotidiano, seja no
público, inúmeras provocações acerca do que: “A convívio com as estudantes ou do papel do feminino
dança enquanto arte do/com/pelo corpo, quer seja em nossas vidas.
em situação educacional, educativa ou pedagógica
E assim, compreender a arte como
carrega em si mesma o potencial de transformação
resistência e como possibilidade de revolucionar os
dos cenários cotidianos sociais (MARQUES, 2007
sentidos construídos pela existência. E,
apud MARQUES, 2010, p.28)
consequentemente, qual é a dança que norteia a
Mesmo com tal transformação, conseguimos caracterização do próprio grupo. Ou seja, com estas
ainda enxergar vários resquícios de uma sociedade provocações próprias, encontramos formas de
antiquada, machista e misógina. Mesmo com toda ampliar a abrangência pessoal para o cunho social,
evolução tecnológica e de tantos outros meios considerando a educação por meio da dança.
educativos, bem como a facilidade de acesso ao
Deste modo,
conhecimento, ainda assim, é possível reconhecer
limites da consciência humana em sociedades A educação dialógica, fruto e
ultrapassadas e preconceitos em relação ao poder condição para a construção de
feminino. Contudo, propusemos entender por meio relações entre seres humanos que
da expressão da dança como processo educativo que se humanizam por meio da
o nosso dever enquanto professor é estabelecer educação implica encontro,
estratégias e fortalecer a luta por meio deste encontro dialógico: temporal,
fenômeno, não apenas como uma simples dança, transcendente, conseqüente e
mas como uma sociabilidade capaz de transformar o crítico. O encontro entre a dança e
ser humano e de desconstruir os gêneros, a educação, se dialógico,
ressignificando seu papel social e possibilitando a estabelecerá relações entre essas
reflexão e possível transfiguração desta visão duas áreas de conhecimento,
machista em nossa sociedade. Trazer para/com a geradoras de no mínimo dois pólos
dança, questionamentos acerca do papel social de atuação profissional; entre dois
constituído a mulher e poder instigar, traçando-a modos de ser e estar em sociedade,
como a autora Marques (2010) evidencia: “As de conviver, de estar com, de
relações proporcionam aprofundamento, ampliação, viver, de ver, que podem
crítica e transformação do conhecimento” (2010, impregnar de sentido as ações
p.30), e assim, seríamos capazes de causar cotidianas, que podem dançar,
indagações que comprovam que a mulher está viva, educar e transformar.
resistente e presente! (MARQUES, 2010, p.36).
Deste modo, utilizamos as músicas, cujas Portanto, a ação dialógica de refletir sobre o
mensagens levavam aos espectadores a veracidade tema empoderamento feminino e levá-lo para o
do papel da mulher em sociedade. Antes de mais movimento corporal sendo expresso pela dança,
nada, buscamos abordar alguns paradigmas acerca possibilitou construir sentidos e significados para o
da evidência do que a sociedade impõe, pressupondo corpo que dança e, também para o público que
o contexto histórico opressor para levar o público à assistiu. Ou seja, ao experimentar a expressividade
reflexão de porquê “O homem te define? Sua casa te do tema criando movimentos corporais e uma
define? Sua carne te define?” (letra da música) composição coreográfica, cujas músicas foram
relevantes para nós todos, possibilitou dar
Refletindo por meio da arte da dança como
visibilidade ao ser feminino na sociedade.
coeducação do ser humano (educação para homens e
Possivelmente contribuindo para um novo olhar de
mulheres), a composição coreográfica inicial
empoderamento feminino a quem vivenciou estas
transformou-se numa produção artística que foi
apresentações de dança.
apresentada em 2018, no evento cultural III MEX –
Mostra de Expressões do Corpo – Diversidade de Ao longo dos tempos, temos observado as
Ritmos Nacionais e Internacionais: (re)existência relevantes mudanças em relação às mulheres, tendo
por meio da arte, evento idealizado pela professora em vista que elas vem crescendo em vários aspectos,
conquistando lugares que antes eram somente

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destinados ao público masculino, vem disso, entendam que estes direitos até então foram
transparecendo que são mais capazes do que se conquistados com bastante luta, e com isso elas tem
pensavam e demonstram isso categoricamente. se empoderado, pois afinal, se autoempoderar é se
Entretanto, em estudos do IBGE (2014), é possível conhecer a partir das lutas, do acesso aos saberes, do
constatar que ainda há uma discrepância entre os conhecimento.
ganhos de homens e mulheres; dados apontam que
Por fim, a dança como elemento
mulheres ganham apenas 63,4% dos ganhos
desencadeador do empoderamento feminino nesta
masculinos, ou seja, ainda há uma enorme diferença
experiência e, das pessoas em geral, que aceitarem o
entre os ganhos. Isso falando de dados de pessoas
desafio do baile da vida, desejamos que possam
que conseguiram concluir o nível superior, sem
ampliar o potencial humano diminuindo assim as
distinguir a raça.
injustiças sociais e o poder opressor que cada
De uma forma geral, o caminho sociedade vive ao longo do seu desenvolvimento
a ser percorrido em direção à histórico. E este, é o NOSSO tempo histórico da
igualdade de gênero, ou seja, dança e da transformação de sentidos e significados
em um cenário onde homens e enquanto estudantes e futuros professores!
mulheres gozem dos mesmos
direitos e oportunidades em REFERÊNCIAS
todas as dimensões aqui
analisadas, ainda é longo para BAQUERO, Rute Vivian Angelo. Empoderamento:
as mulheres e ainda mais instrumento de emancipação social? Uma discussão
tortuoso se esta for preta ou conceitual. Revista debates, 6.1, 2012, p.173.
parda e residir fora dos centros
IBGE. Estatísticas sociais de administração
urbanos das Regiões Sul e
pública e participação política. Características da
Sudeste. (IBGE, dados de
inserção das mulheres no mercado de trabalho.
2018, p.12)
Disponível em:
Ao longo destas reflexões históricas do https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/administ
período militar, de elementos que perpassam o corpo racao-publica-e-participacao-politica/19902-
que dança e destes dados relativos a que tipo de suplementos-pme3.html?edicao=17959, acesso em
sociedade somos em termos desigualdade de gênero 22 08 2019.
em geral e também no campo do trabalho, como
IBGE. Estatísticas de gênero: uma análise dos
acima demonstrado, contribuem para que nossa
resultados do censo demográfico 2010. Rio de
formação em Educação Física, possa replicar tais
Janeiro: IBGE, 2014. 162 p. (Estudos e pesquisas.
temas com nossos futuros estudantes, onde quer que
Informação demográfica e socioeconômica, n. 33).
atuemos (escola, academia, clube, empresa, dentre
Acima do título: Sistema Nacional de Informações
outros). E deste modo, possamos contribuir para que
de Gênero. Disponível em:
esta sociedade seja menos injusta em relação às
https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv1
mulheres.
01551_informativo.pdf, acesso em 22 08 2019.
CONSIDERAÇÕES FINAIS KNOWELS, Beyoncé. Run the World (Girls). A
single from the album (4) 2011.
Assim sendo, pudemos notar o privilégio do
MARINHO, Paloma Abelin Saldanha,
homem sobre a mulher (seja no mundo do trabalho,
GONÇALVES, Hebe Signorini. Práticas de
na vida religiosa, no âmbito social), gerando uma
grande diferença durante a história, e a qual empoderamento feminino na América Latina,
devemos todos trabalhar arduamente para que tal Revista de Estudios Sociales [En línea], 56 | Abril
2016, Publicado el 01 abril 2016, consultado el 29
diferença seja minimizada a ponto de que a mesma
agosto 2019. Disponivel em:
deixe de reproduzir obstáculos em relação ao acesso
http://journals.openedition.org/revestudsoc/9863.
aos direitos, bem como homens e mulheres sejam
tratados com o mesmo respeito ao ser histórico, MARQUES, Isabel A. Dança-educação ou dança e
político e social. Para que assim, consigamos chegar educação? Dos contatos às relações. Algumas
a um momento da história onde todos tenham perguntas sobre dança e educação. Joinville: Nova
consciência do que podem fazer e se utilizem destes Letra, p. 23-37, 2010.
benefícios sem a necessidade de
inferiorizar/minimizar/ menosprezar pessoas por SODRÉ, Muniz. A verdade seduzida: por um
gênero, raça ou orientação sexual, afinal, conceito de cultura no Brasil. 2.ed. Rio de Janeiro:
“empoderar a mulher não é dar poder a elas e sim CODECRI, 1983.
dar direitos.” (SODRÉ, 1983, p.01). E que a partir

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STRASSACAPA, Juliana. Triste, louca ou má. http://www.significados.com.br/empoderamento-
Álbum Soltas Bruxas. In: Francisco el Hombre, feminino, acesso em: 22 08 2019.
turnê# VaiPraCuba, 2016.
RESPONSABILIDADE AUTORAL Os autores
Sites: são os únicos responsáveis pelo conteúdo deste
trabalho.
https://www.dicio.com.br/aurelio-2/, acesso em 20
08 2019.
https://memoriasdaditadura.org.br/cnv-e-mulheres/,
acesso em 22 08 2019.

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I FÓRUM DE PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES DE
SAÚDE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
PEREIRA, Nayline Martins, naylinemartins@ufg.br1
ALMEIDA, Pollyana Sousa, pollyanasousaalmeida@gmail.com1
DÍAZ, Jalusa Andréia Storch1
PILGER, Calíope1
SILVA, Eduardo Viana da1
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Biotecnologia

Resumo: Este trabalho tem como objetivo relatar a experiência da estruturação do I Fórum de Práticas
Integrativas e Complementares de Saúde (PICS): Desafios e potencialidades para implementação das PICS nos
serviços de saúde do município de Catalão e descrever os resultados obtidos. Este fórum foi uma iniciativa do
Programa de Educação para o Trabalho em Saúde Interdisciplinaridade (PET-saúde), do Grupo 2, como forma
de disseminar as novas formas de cuidar da saúde e potencializá-las nos serviços de Atenção Básica (AB) de
Catalão- GO. As PICS são práticas essencialmente terapêuticas que se baseiam em uma nova forma de
aprender e cuidar da saúde, não concorrem com os tratamentos convencionais, apenas complementam e
possibilitam um olhar integrativo na saúde, visando atender as dimensões físicas, mentais, emocionais,
energéticas e espirituais do indivíduo. Mesmo com a instituição da Política Nacional de Práticas Integrativas e
Complementares (PNPIC) em 2006, o seu processo de implantação tem sido lento. Nesse sentido, objetivou-se
com a realização do evento supracitado discutir os desafios e potencialidades da implantação das PICS e
ampliar o diálogo sobre a importância da inserção destas práticas nos serviços de saúde do município.

Palavras-chave: Terapias complementares. Promoção da Saúde. Atenção Básica. Interação.


_________________________________________________________________________________

“abordagens que buscam estimular os mecanismos


1. INTRODUÇÃO naturais de prevenção de agravos e recuperação da
saúde por meio de tecnologias eficazes e seguras”
O I Fórum de Práticas Integrativas e (BRASIL, 2006, pg. 10).
Complementares de Saúde: Desafios e A partir da criação da PNPIC no ano de 2006,
potencialidades para implementação das PICS nos as práticas foram ganhando cada vez mais espaço
serviços de saúde do município de Catalão, foi uma no Sistema Único de Saúde (SUS), totalizando 29
inciativa do Programa de Educação para o Trabalho práticas atualmente, e é reconhecida como uma
em Saúde Interdisciplinaridade (PET-saúde), do forma eficaz de economia de gastos pela
Grupo 2, como forma de disseminar as novas efetividade da promoção da saúde e prevenção de
maneiras de cuidar da saúde e potencializá-las nos doenças, melhorando os possíveis agravos e
serviços de Atenção Básica (AB) de Catalão. evitando o encaminhamento para altas
As Práticas Integrativas e Complementares de complexidades (BRASIL, 2006; BRASIL, 2017;
Saúde (PICS) são práticas essencialmente BRASIL, 2018).
terapêuticas que oferecem melhora em vários Nesse cenário de construção de uma nova
aspectos, de modo que contribuem para um cuidado cultura complementar de cuidado, evidenciam-se
mais íntegro, complementando o cuidado potencialidades e dificuldades em torno desse
tradicional. Além de proporcionar um olhar processo de implantação (SIMONI;BENEVIDES;
holístico ao indivíduo, atuando em vários níveis BARROS, 2008; HABIMORD et al., 2018). Os
como, por exemplo, o físico, mental, emocional, desafios se destacam principalmente:
energético e espiritual (BRASIL, 2006). 1) Na oferta de formação e capacitação de
As PICS são “avanços que podem ser profissionais que atuem com as PICS,
entendidos como expressão de um movimento que alcançando um número adequado destes
se identifica com novos modos de aprender e para atuarem nos serviços do SUS, visto
praticar a saúde” (JÚNIOR, 2016, p.99). Dessa que em muitos serviços a presença das
forma, o Ministério de Saúde (MS) regulamenta por práticas dependem unicamente de um
meio da Política Nacional de Práticas Integrativas e profissional, ou seja, caso este deixe de
Complementares de Saúde (PNPIC), pela Portaria trabalhar neste serviço, as PICS não são
nº 971 de 03 de maio de 2006, definindo como mais oferecidas, causando um déficit

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naquele ambiente. (SIMONI; preceptores do PET-Saúde, docentes, profissionais
BENEVIDES; BARROS, 2008; TESSER; da saúde e palestrante. Ao final do evento,
SOUSA; NASCIMENTO, 2018); vivências de meditação e automassagem.
2) No acesso ao conhecimento sobre PICS e
aceitação dos usuários como práticas de 2. RESULTADOS E DISCUSSÃO
saúde (HABIMORAD et al., 2018);
3) Na capacitação de gestores e profissionais O evento teve como intuito instruir formas de
em relação à PNPIC (HABIMORAD et implementação das terapias complementares na
al., 2018). atenção básica, demonstrando experiências exitosas
das PICS no serviço de saúde de Uberlândia, além
Nessa perspectiva que o Grupo 2 - “Práticas da articulação no ensino, serviço e comunidade
Integrativas e Complementares e educação popular como ferramenta para esse processo.
em saúde como ferramentas para estruturação de Muitas iniciativas de implantação das PICS se
grupos de promoção da saúde” do PET-saúde baseiam na análise da efetivação satisfatória das
interdisciplinaridade, organizou o I Fórum das práticas nos serviços de Atenção Primária em
PICS, para discutir os desafios e potencialidades da outros municípios (SANTOS; TESSER, 2012).
implantação das PICS e ampliar o diálogo sobre a Nessa perspectiva que objetivou-se trazer a
importância da inserção destas práticas nos serviços palestrante de Uberlândia-MG, relatando sobre as
de saúde do município. Diante deste contexto, o experiências exitosas do município com relação a
objetivo deste trabalho é relatar a experiência da implantação das PICS.
estruturação do I Fórum de PICS: Desafios e O reconhecimento dos entraves para a
potencialidades para implementação das PICS nos implementação das PICS é o primeiro passo para
serviços de saúde do município de Catalão e que ocorra em si a institucionalização desse
descrever os resultados obtidos. cuidado integrativo e complementar. Dentre as
dificuldades encontradas, se resumem
1. METODOLOGIA particularmente na má qualidade de gestão, o
déficit na formação dos profissionais, além de
Este estudo trata-se de um relato de experiência concepções errôneas e enraizadas da medicina
do I Fórum de Práticas Integrativas e tradicional. Os autores, Reis; Esteves e Grecos
Complementares de Saúde: Desafios e (2018), descrevem que tais processos precisam ser
potencialidades para implementação das PICS nos desmistificados para promover a ampliação das
serviços de saúde do município de Catalão, PICS no Brasil.
realizado durante a Semana Nacional de PICS, no Uma questão relacionada à gestão e desafios de
dia 06 de maio de 2019, no Auditório Sirlene implantação das PICS, se resumem principalmente
Duarte da Universidade Federal de Goiás, Regional na falta de conhecimentos sobre essas práticas dos
Catalão. próprios gestores e a disponibilização de insumos
O evento fez parte de uma das atividades nos serviços para a realização das PICS
realizadas durante a Semana Nacional de PICS, (ISCHKANIAN; PELICIONI 2012;
como iniciativa do PET-saúde, juntamente com a HABIMORAD et al., 2018; TESSER; SOUSA;
Liga Acadêmica de Práticas Integrativas e NASCIMENTO, 2018).
Complementares (LAPIC). Estando presentes Outra questão que envolve a gestão e é
docentes do curso de enfermagem, psicologia e limitadora, são as ações das PICS relacionadas, em
educação física, profissionais externos a UFG, bem alguns municípios, como uma tendência eleitoral,
como enfermeiros da rede municipal de Catalão, política, no qual não ocorre uma aplicabilidade
contanto com preceptores do PET-saúde constante daquele serviço, quando o gestor não está
interprofissionalidade, e discentes do curso de mais em seu cargo (TESSER; SOUSA;
enfermagem, psicologia, medicina, biologia e NASCIMENTO, 2018). O que se faz necessário é
educação física. que se “construa sustentabilidade cultural,
A garantia da participação no evento ocorreu administrativa e política junto à instituição, seus
por meio de inscrições digitais e presencial, profissionais e a sociedade civil” (TESSER;
contabilizando 100 inscritos. SOUSA; NASCIMENTO, 2018, p. 3013), para ter
O evento teve início com apresentações continuidade dos serviços das práticas sem que haja
culturais por parte dos acadêmicos dos cursos de envolvimento com a duração de um determinado
enfermagem e educação física, fazendo referência à governante na gestão.
algumas práticas integrativas como a dançaterapia e A precariedade de conhecimento e formação
a musicoterapia. Logo após às apresentações, dos profissionais de saúde sobre as PICS, assim
iniciou-se a palestra com a convidada e como o conhecimento da população de tais práticas,
posteriormente teve a roda de conversa com são pontos a serem avaliados. Dessa forma, o I

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Fórum de PICS discutiu sobre as possíveis ações Integrativas e Complementares (PNPIC) no
que podem facilitar o processo de implantação Sistema Único de Saúde. Diário Oficial da União.
baseado na articulação no ensino, serviço e Brasília, 03 mai. 2006.
comunidade.
Com base nas necessidades de expansão da DE SIMONI, C. BENEVIDES, I., BARROS, NF.
formação das PICS entre profissionais que atuam As Práticas Integrativas e Complementares no SUS:
no SUS, a articulação do ensino e pesquisa da Realidade e desafios após dois anos de publicação
universidade desencadeia de forma estimuladora o da PNPIC. Rev Bras Saúde Família, (ed esp), p.
processo de formação e conhecimento em PICS 70-76, 2008. Disponível em:
(HABIMORAD et al., 2018). A articulação entre http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/revistas
ensino, serviço e comunidade interage entre os /revista_saude_familia18_especial.pdf. Acessado
saberes e as práticas o meio acadêmico, profissional em: 26/08/19.
e popular, reintegrando dessa maneira condições de
formulações críticas e reflexivas dos problemas FARIA, L. et al. Integração ensino-serviço-
baseados nas demandas da comunidade (FARIA et comunidade nos cenários de práticas na formação
al. 2018). interdisciplinar em Saúde: uma experiência do
Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde
CONSIDERAÇÕES FINAIS (PET-Saúde) no sul da Bahia, Brasil. Interface, v.
22, n. 67, 2018. Disponível em:
Compreende-se que o processo de implantação https://www.scielosp.org/article/icse/2018.nahead/1
das PICS é repleto de desafios para sua efetivação 0.1590/1807-57622017.0226/#. Acesso em:
em determinados ambientes. Entretanto, tais 02/09/2019.
desafios têm resolutividade e podem servir como
reestruturação dos processos de gestão dos serviços HABIMORAD, P. H. L., et al. Potencialidades e
e na formação de profissionais e acadêmicos. fragilidades de implantação da Política Nacional de
A articulação do ensino, serviço e comunidade Práticas Integrativas e Complementares. Cien
na efetivação das PICS se apresentam concretas, na Saude Colet, v. 23, n. 6, 2018. Disponível em:
maneira em que assumem a junção do http://www.cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/po
conhecimento, teorização com a prática dentro dos tencialidades-e-fragilidades-de-implantacao-da-
serviços de saúde, atuando na comunidade. Essa politica-nacional-de-praticas-integrativas-e-
estratégia permite reconhecer além da efetivação da complementares/16816?id=16816. Acessado em
implantação das práticas, promover o vínculo entre 18/08/19.
o ensino e serviço, contribuindo assim para a
Educação Permanente em Saúde. ISCHKANIAN, P. C., PELICIONI, M. C. F.
Com a realização do Fórum, pode-se incentivar Desafios das práticas integrativas e complementares
e demonstrar meios para a real inserção das PICS no SUS visando a promoção da saúde. Rev. bras.
no município de Catalão. Além de promover crescimento desenvolv. hum., v. 22, n. 2, 2012.
vínculos com a comunidade externa para que esse Disponível em:
processo de articulação entre ensino, serviço e http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S0104-
comunidade possa acontecer e dar início na 12822012000200016&script=sci_arttext&tlng=pt.
efetivação das PICS no município. Acesso em 02/09/2019.

REFERÊNCIAS JÚNIOR, E. T. Práticas integrativas e


complementares em saúde uma nova eficácia para o
BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do SUS. Estud. av., v. 30, n. 86, 2016. Disponível em:
Ministro. PORTARIA N° 849, DE 27 DE MARÇO http://www.scielo.br/pdf/ea/v30n86/0103-4014-ea-
DE 2017. Inclui a Arteterapia, Ayurveda, 30-86-00099.pdf. Acessado em 19/08/19.
Biodança, Dança Circular, Meditação,
Musicoterapia, Naturopatia, Osteopatia, REIS, B. O., ESTEVES, L. R., GRECO, R. M.
Quiropraxia, Reflexoterapia, Reiki, Shantala, Avanços e desafios para a implementação das
Terapia Comunitária Integrativa e Yoga à Práticas Integrativas e Complementares no Brasil.
Política Nacional de Práticas Integrativas e Rev. APS., v. 21, n. 3, 2018.
Complementares. Diário Oficial da União.
Brasília, 27 mar. 2017. SANTOS, M. C., TESSER, C. D. Um método para
a implantação e promoção de acesso às Práticas
BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Integrativas e Complementares na Atenção
Ministro. PORTARIA N° 971, DE 21 DE MARÇO Primária à Saúde. Ciência & Saúde Coletiva, v.
DE 2006. Aprova a Política Nacional de Práticas 17, n. 11, 2012. Disponível em:

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http://www.scielo.br/pdf/csc/v17n11/v17n11a17.pd
f. Acesso em: 02/09/19.

RESPONSABILIDADE AUTORAL

“Os autores são os únicos responsáveis pelo


conteúdo deste trabalho”.

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RELATO DE EXPERIÊNCIA
CLUBE DE ASTRONOMIA PROMETHEUS

Cunha, Jalles Franco Ribeiro, jallesfranco@gmail.com


Silva, Rafael Bernardino, Rafaelpdr59@gmail.com1
Silva, Lucas Jardel Alves2
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Física
2
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Física

Resumo: Durante uma conversa entre colegas de sala, percebeu-se que o ensino de astronomia nas escolas de
ensino básico e médio da rede pública é inexistente, assim foi fundado o Clube de Astronomia Prometheus. Este
artigo apresenta um relato de experiência de alunos do curso de licenciatura em física da Universidade Federal
de Goiás - Regional Catalão, sendo participantes no Programa de Bolsas de Extensão e Cultura – PROBEC. O
relato refere-se a uma iniciativa de alunos do ensino superior para mudar o cenário de precariedade do saber
cientifico nas escolas de ensino fundamental e médio da rede pública de ensino na cidade de Catalão – GO.

Palavras-chave: Conhecimento astronômico; Prática de ensino; Divulgação científica.


__________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO pública de ensino do nosso país não oferece aos


alunos nenhuma disciplina relacionada ao assunto
Nos primórdios da civilização humana, olhar o Astronomia.
céu noturno era imprescindível tanto para o plantio e
Dados de 2016, relacionados ao Programa
colheita dos alimentos, quanto para as navegações
Internacional de Avaliação dos Estudantes (PISA),
que ligavam continentes atrás de novas terras e
apresentam a má colocação relativa dos estudantes
produtos. Durante anos na Grécia antiga, observar os
brasileiros nas áreas de ciência, matemática e leitura,
astros apenas por fascínio se tornou insuficiente para
posicionando o Brasil nos últimos lugares dos 70
os pensadores, era necessário entender como os
países analisados. Os dados evidenciam a
mesmos se comportavam, como os ciclos dos
dificuldade, ou até mesmo a falta de interesse, dos
planetas eram regidos e onde estávamos nesse
alunos frente a disciplinas que são as mais
imenso universo conhecido até o momento.
importantes da formação fundamental no processo
Estudiosos da astronomia como Cláudio de aprendizagem. E quais as formas de mudar esse
Ptolomeu, criador do modelo geocêntrico, tentava cenário? “Nesse contexto, o uso da tecnologia e de
entender como era o caminho do sol, da lua e dos metodologias ativas é capaz de despertar a
planetas. Séculos mais tarde, Nicolau Copérnico curiosidade do aluno, bem como incentivar uma
introduziu a teoria heliocêntrica a qual refutava as maior participação nas atividades escolares”
afirmações de Ptolomeu e colocava o sol como o (OLIVEIRA, 2019, grifo do autor).
centro do universo tendo os planetas em sua órbita.
O objetivo do presente artigo é relatar a
Cientistas viriam a realizaram contribuições para o
experiência de alunos do curso de física no
modelo e um dos mais notórios foi Galileu Galilei
desenvolvimento de a um projeto de extensão que
que no ano de 1609 apontou pela primeira vez um
visa a divulgação de conceitos astronômicos em
telescópio para a lua e vislumbrou suas crateras.
escolas da rede pública da cidade de Catalão – GO e
Estava dado início a uma nova era de descobertas
cidades vizinhas. O projeto de extensão, Clube de
astronômicas que serviriam de combustível para um
astronomia Prometheus, visou aumentar o interesse
crescimento exponencial do conhecimento
da comunidade local pela ciência e a compreensão
astronômico.
do planeta e do universo em que os mesmos vivem.
O ser humano sempre foi fascinado por
descobertas, assim está sempre em busca de 1.1. Clube de Astronomia Prometheus
entender o universo em que vive. A astronomia
(SAGAN, 1977) nos mostra que em algum lugar, O Clube de Astronomia Prometheus nasceu da
algo incrível está esperando para ser descoberto. Os iniciativa de diversos alunos de graduação do curso
alunos das escolas públicas encontram uma barreira de Física da Universidade Federal de Goiás da
enorme para saciar o seu desejo natural de Regional Catalão. O Clube conta atualmente com
compreender o cosmos e seus fenômenos pois a rede cerca de vinte membros. Os alunos, movidos por sua

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fascinação pelos mistérios do universo, elaboraram Foto 1: Telescópio
atividades de aprendizagem, com intuito de serem
por eles mesmos utilizadas, sobre o estado atual
investigação de fenômenos celestes e sobre sua
história de desenvolvimento. As atividades
incluíram construção de telescópios, reuniões para
discutir tópicos de pesquisa atuais em Astrofísica,
observação de eventos astronômicos notáveis como
chuvas de meteoros e eclipses, palestras sobre temas
específicos proferidas por pesquisadores da UFG,
etc. Após conversas com o professor Jalles F. R. da
Cunha do curso Física, a proposta de se tornar um
projeto de extensão mostrou promissora e o clube de
astronomia iniciou suas atividades de divulgação
científica e ensino. Nosso projeto visava uma
ferramenta que possibilitasse despertar a curiosidade
do público alvo e partindo dessa premissa
construímos, com poucos recursos, um telescópio Fonte: SILVA, 2018
Newtoniano1. Foi utilizado na construção materiais Foto 2: Lua registrada pelo telescópio
de baixo custo. construído
2. METODOLOGIA

A atividade foi planejada de maneira a


demonstrar que qualquer pessoa, independentemente
do nível de conhecimento e poder aquisitivo, pode
construir seu próprio instrumento de observação
astronômica.
O processo de construção do equipamento
demorou um ano. Durante o início contava-se com a
participação de seis alunos voluntários no projeto de
bolsas de extensão e cultura (PROBEC) entretanto,
no decorrer do tempo, esse número se reduziu para Fonte: SILVA, 2018
três, sendo dois voluntários e um bolsista. Os
materiais utilizados como mencionado acima, foram Para atingir um maior número de interessados
encontrados em lotes baldios e alguns tiveram que nesse projeto, a metodologia de construção,
ser comprados com o intuito de deixar o resultado materiais usados e cálculos necessários foram
final o mais próximo da perfeição possível. O que disponibilizados em formato PDF em uma rede
pode ser observado na foto 1 e 2 é o resultado de social. Contudo, apenas possuir um telescópio não é
meses de trabalho dos estudantes vinculados ao suficiente para ter acesso ao conhecimento sobre os
projeto e fica evidente que a proposta de se construir fenômenos observados, para suprir a necessidade de
um aparelho óptico de alta qualidade está ao alcance esclarecimento objetivo sobre a realidade observada
de todos. através das lentes do telescópio foi planejada e
executada uma série de aulas e palestras ministradas
para alunos das escolas da cidade e região. Em
conjunto com as aulas e palestras, uma atividade
observacional direcionada à população da cidade foi
realizada uma vez ao mês, onde moradores tiveram a
oportunidade de participar de observações
astronômicas realizadas em locais específicos da
cidade que possibilitou aos moradores dos bairros de
Catalão aprender um pouco sobre conceitos básicos
de astronomia e astrofísica.
1
O telescópio Newtoniano usa espelhos ao O conteúdo programático foi trabalhado com o
contrário de outros modelos que usam lente. Recebe auxílio do orientador com o objetivo de introduzir,
esse nome em homenagem a seu criador Isaac de forma coerente e simples, as primeiras noções
Newton. sobre astronomia. O programa das palestras e

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minicursos abrangeu em inicialmente as definições Foto 4: Palestra sobre sistema solar
do que é ciência dos conceitos de teoria científica.
Foi enfatizado o caráter operacional do método
científico e sua oposição lógica ao misticismo e a
pseudociência.
Foi realizada uma aula (01/11) sobre
Astronáutica na Escola Senai de Catalão, a aula
serviu como fonte de informação para alunos que
iriam participar de uma olimpíada de montagem e
lançamento de foguetes. Como pode-se ver na foto2
3, todos os conceitos de propulsão aeroespacial
foram abordados e ao final foi realizado uma oficina
com maquetes de foguetes espaciais.
Foto 3: Aula sobre astronáutica Fonte: SILVA, 2018
Durante as atividades do projeto, no mês de
outubro de 2018, ocorreu o IV Congresso de
Pesquisa e Extensão – CONPEEX com a temática “
Ciência para a diminuição das desigualdades”,
decidiu-se que os alunos envolvidos no projeto
deveriam apresentar um minicurso abordando
conceitos da construção do telescópio como
justificativa de ser um projeto de integração e
direcionado a aproximar a ciência da população. O
tema do evento validando o objetivo do projeto, o
minicurso intitulado “O conhecimento astronômico
ao alcance de todos” foi apresentado durante 3 horas
de evento a metodologia de construção e manuseio
Fonte: SILVA, 2018. de um telescópio Newtoniano assim como outros
A primeira apresentação do nosso projeto foi modelos de telescópios.
realizada no Colégio Estadual Adelino Antônio Dentre as várias atividades do projeto ocorreu
Gomide, localizado na cidade de Anhanguera – GO, um convite de uma aluna do curso de Física, natural
que dista cerca de 35 km da cidade de Catalão. A de Corumbaíba, para que lá fosse realizado um
escola conta com alunos de ensino médio e evento do projeto, os alunos participantes do projeto
fundamental, a palestra foi realizada em duas dirigiram-se a cidade de Corumbaíba – GO cerca de
sessões. A primeira com alunos do ensino médio e a 83 km de Catalão, para realizar uma palestra junto
segunda com alunos do ensino fundamental. A aos alunos do Colégio Simon Bolívar. O tema da
temática abordou temas como pseudociência e o palestra foi o mesmo realizado na cidade de
sistema solar, (foto 4). Ao final da apresentação os Anhanguera, contudo outras discussões pertinentes
alunos foram direcionados a um campo de futebol apareceram durante a narrativa, como dúvidas sobre
local para realizar uma observação astronômica, buracos negros e possível vida inteligente em outros
entretanto as condições meteorológicas estavam lugares do cosmos. Nota-se na foto 5 que o público
desfavoráveis para vislumbrar algum astro, assim presente foi numeroso e contando inclusive com
realizou-se no local uma atividade prática para moradores da cidade externos ao colégio.
montagem e regulagem de telescópio e luneta.
Assim como métodos de se encontrar no espaço Foto 5: Palestra no auditório da Colégio Simon
usando coordenadas astronômicas. Bolívar.

2
As imagens mostradas nesse artigo são de
domínio do escritor e as pessoas que nelas aparecem
estão de acordo com o uso e publicação das mesmas.

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Fonte: SILVA, 2019 para os integrantes do projeto a oportunidade de
aumentar seu conhecimento e praticar o discurso
Com a perspectiva de introduzir os alunos das
usado em palestras.
escolas públicas no meio astronômico, foram
realizadas visitas em todas as escolas da cidade de
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS ou
Catalão divulgando a prova da Olimpíada Brasileira
CONCLUSÕES
de Astronomia e Astronáutica (OBA) de 2019. O
intuito das visitas era o de despertar o interesse em
O conhecimento pode mudar a vida de um
participar da prova sob tutela do professor escolhido
estudante, independente do seu grau de formação. O
pela diretoria da escola. Os alunos do projeto Clube
projeto tem a intenção de mudar as estatísticas que
de Astronomia Prometheus se disponibilizaram a
demonstram o quão ruim estão os índices de
realizar treinamentos com os alunos que mostrassem
aprendizado dos alunos da rede pública do país, e
interesse, entretanto não houve um aluno sequer da
despertar a curiosidade para o desconhecido. Como
rede pública de ensino para desenvolver as
disse Albert Einstein, um dos mais importantes
atividades de treinamento para OBA. Realizou-se
físicos da história:
uma aula com os alunos da Escola Senai de catalão
sobre aspectos e o que esperar da prova, a atividade Eu acredito na
foi realizada com cerca de 15 alunos que intuição e na inspiração.
representariam a escola na olimpíada que se realizou A imaginação é mais
no dia 15/05, (sex). importante que o
conhecimento. O
Como última ação dentro do quadro vigente do
conhecimento é
projeto realizou-se uma aula sobre planetas do
limitado, enquanto a
sistema solar com alunos do ensino primário da
imaginação abraça o
Escola Aprovkids. O convite foi feito por pais dos
mundo inteiro,
alunos, a proposta se mostrou muito promissora pois
estimulando o
trabalhar ciência com crianças de faixa etária entre
progresso, dando à luz à
os 7 e 9 anos de idade como mostra a foto 6, pode
evolução. Ela é,
despertar a curiosidade nos primeiros anos de
rigorosamente falando,
aprendizagem e com isso extirpar um possível
um fator real na
desinteresse pela ciência.
pesquisa científica.
Foto 6: Alunos Aprovkids (EINSTEIN, 1900 apud
SEABRA, 2012).
A porta de entrada para o saber astronômico está
diante de todos, basta que se tenha curiosidade para
abri-la e vontade de aprender. Sabe-se que a
educação brasileira está longe de ser a melhor e a
atenção dos líderes políticos está voltada para outros
lados que os mesmos julgam mais importantes,
dessa forma a educação se torna objeto de segundo
plano para aqueles que detém o poder de fazer as
mudanças necessárias para que estudantes possam
ter acesso a uma educação de qualidade.
O projeto levou um pouco do conhecimento
astronômico adquirido por cientistas durante os anos
até as maiores descobertas feitas por incríveis
organizações que mapeiam e tentam entender a
magnitude do universo em sua essência e
complexidade. Espera-se que mais projetos como
esse possam ser desenvolvidos para que mais
Fonte: SILVA, 2019. pessoas compreendam como é fascinante nosso
planeta e percebam que “o cosmos é tudo que existe,
A pedido do orientador, iniciou-se uma reunião existiu e existirá” (SANGAN, 1980).
semanal aberta a membros do projeto e a outros
cursos para que pudesse ser realizado discussões Acredita-se que o objetivo foi alcançado com
temáticas e leitura de livro texto sobre astronomia. êxito, a partir da primeira atividade astronômica na
Essa reunião foi pensada para atrair estudantes da cidade, muitos cidadãos mostraram interesse em
universidade que possuem interesse pelo assunto e participar de outras observações com telescópios e

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lunetas. Essa interação entre as partes agrega educacao-mundial-posicao-do-brasil/. Acesso em:
conhecimento para ambas as partes, tanto para quem 22 ago. 19.
ensina e pode ter a vivência de uma pessoa que
Olimpíada brasileira de astronomia e
passa o conhecimento que possui tanto para quem
astronáutica. Disponível em:
recebe e pode perceber que a curiosidade pode abrir
http://www.oba.org.br/site/. Acesso em: 23 ago. 19.
inúmeras portas e que a universidade está mais
próxima de si, contrariando a ideia que o SANGAN, C. COSMOS. Estados Unidos da
conhecimento superior é algo inatingível. América: Random House, 1980.
SEABRA, M. Conhecimento é melhor que
REFERÊNCIAS
educação? Disponível em:
https://www.meioemensagem.com.br/home/marketi
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
ng/ponto_de_vista/2012/10/24/imaginacao-e-
TÉCNICAS. Informação e documentação –
melhor-que-conhecimento.html. Acesso em: 22 ago.
citações em documentos – apresentação: NBR
19.
10520. Rio de Janeiro, ago. 2002. 24 p.
OLIVEIRA, Diego. Ranking de educação RESPONSABILIDADE AUTORAL
mundial: entenda os dados do Brasil. Disponível
em: https://blog.lyceum.com.br/ranking-de- “O(s) autor(es) é(são) o(s) único(s)
responsável(is) pelo conteúdo deste trabalho”.

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A EXPERIÊNCIA DO CURSINHO POPULAR PAULO FREIRE

ALVES, Maria Zenaide, zenpiaui@yahoo.com.br (Orientadora)


SOUTO, Andréa Ferreira, aandreasouto@gmail.com1
NASCIMENTO, Raquel Costa Guimarães, raquelcostaguimares@gmail.com1
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão

Resumo: Este trabalho tem como objetivo apresentar e refletir sobre a experiência do Cursinho Popular "Paulo
Freire" que tem como alvo, na perspectiva da Educação Popular, contribuir com a formação de sujeitos que
pretendem ingressar nas universidades através do ENEM. Visa ainda promover atividades de iniciação à docência
aos estudantes de graduação que irão atuar como educadores populares e dos professores da Educação Básica
envolvidos no desenvolvimento da proposta. Esta atuação contribui para a formação dos discentes de graduação e
pós- graduação e permite a conexão da Universidade e a comunidade da região.

Palavras-chave: Cursinho Popular. Educação Popular. ENEM. Extensão.


__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO prova concorrida, classificatória e difícil que exige tanto


a revisão dos conteúdos aprendidos ao longo de toda a
O acesso à educação superior no Brasil, em trajetória escolar do aluno quanto o controle emocional
relação às instituições públicas, mesmo tendo obtido por parte daqueles que a realizam. (D’Avila & Soares,
nos últimos anos aumento na oferta de vagas, ainda é 2003).
muito aquém para atender as reais demandas da maioria
É a partir dessa interdependência dos
da população. Percebe-se que programas de promoção
vestibulares, atualmente pelo Exame Nacional do ensino
do acesso ao ensino superior para estudantes de baixa-
Médio - ENEM e o acesso à universidade que emergem
renda, como o PROUNI (Programa Universidade para
nos últimos anos no país os cursinhos populares ou
Todos), criado pela Medida Provisória nº 213/2004),
comunitários. Houve uma preocupação com os efeitos
busca preencher as vagas excedentes das universidades
da desigualdade social e por isso, buscam promover a
privadas, enquanto que a escassez de vagas públicas e
aprendizagem e a preparação para o vestibular/ENEM
gratuitas continua sendo uma realidade no sistema
apresentando baixas mensalidades ou mesmo sua
educacional brasileiro.
isenção (Bacchetto, 2003; Bonfim, 2003). Em 2017 o
A esse respeito, Carvalho (2006) explica que Diretório Acadêmico dos Curso de Catalão – DACC
embora o PROUNI possa promover certa ascensão junto a departamento de Letras, professores da UFG e
social para o grupo seleto de estudantes que conseguir da cidade, realizaram uma semana com aulas
um lugar nos bancos escolares das universidades preparatórias para estudantes que iriam realizar o Enem
privadas de qualidade, a grande maioria deve continuar naquele ano. O cursinho também busca a formação dos
à mercê de programas educacionais ineficientes e jovens para além dos conteúdos escolares, numa
precários. Com o Programa de Apoio a Planos de perspectiva da educação popular e crítica, pretende ser
Reestruturação e Expansão das Universidades Federais um espaço de formação para a vida. É um espaço de
(Reuni), o governo aumentou não apenas a oferta de formação para nossos estudantes das licenciaturas que
vagas nas universidades federais, mas também além do contato com os referenciais teóricos
promoveu a expansão física, acadêmica e pedagógica metodológicos da Educação Popular que pode
nestas instituições, e por decorrência, incentivou contribuir diretamente na construção de pesquisas no
populações em situação de vulnerabilidade campo, poderão ainda desenvolver aspectos ligados à
socioeconômica a realizar o ingresso no ensino superior didática, gestão e organização do trabalho pedagógico,
em uma instituição federal. fundamentos da educação e política educacional em um
contato direto, prático, com situações educacionais
No entanto, os alunos das camadas populares
típicas dos processos educativos.
concluintes do ensino médio ainda sonham e anseiam
pela universidade pública, o que lhes parece a melhor
opção para graduar-se e, assim, buscar uma melhor 1.2. EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA
oportunidade de trabalho no mercado cada vez mais
competitivo (D’Avila, 2006). do cada vez mais A extensão universitária é uma atividade
competitivo (D’Avila, 2006). O acesso as universidades acadêmica que pressupõe integrar a comunidade
públicas ainda é predominantemente o ENEM. Uma universitária e a sociedade, através de programas,

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projetos, cursos, eventos, publicações dentre outros a comunidade externa, sem a qual o projeto de
métodos. Como função acadêmica presente na extensão não se efetiva. O Art. 8º determina que as
universidade, a extensão tem como objetivo integrar ações de extensão e cultura podem ser efetivadas
ensino-pesquisa contribuindo para prestação de “por meio de programas, projetos, cursos, eventos e
serviços junto à comunidade. A partir das demandas prestações de serviços.” (BRASIL, 2008 [sp]), e
sociais, a extensão promove o intercâmbio entre define, conforme os graus de cada caso, a
universidade e sociedade, promovendo benefícios responsabilidade de acompanhamento do trabalho
para ambos os lados (Rodrigues et.al. 2013). pode ser do coordenador da ação, da presidência da
Comissão de Interação com a Sociedade – CIS, ou
O processo que permite a troca dos diversos
da da direção da Unidade ou Órgão.
saberes populares e acadêmicos possibilita, a prática
da teoria com a realidade, proporcionando uma O capítulo III - da coordenação das ações de
maior democratização do conhecimento acadêmico e Extensão e Cultura, ordena que compete à CIS, ou
a participação da comunidade na atuação da ao órgão gestor observar se o projeto comtempla
universidade (RENEX, 2001). conteúdo técnico e/ou artístico; o período para
execução; a carga horária dos participantes; assim
A iniciativa de reestruturar o Cursinho Popular
como o público beneficiado; se existe a participação
na recém emancipada Universidade Federal de
de servidores e discentes – fator determinante para a
Catalão – UFCAT vem da urgente necessidade de
realização do mesmo; se a transferência de
contribuir político e socialmente no enfrentamento
tecnologia e conhecimentos se efetiva e qual a
das desigualdades de oportunidades de acesso à
relevância social da extensão no atendimento a
universidade pública que marca a história da
demandas da sociedade. O artigo 13º ordena que o
educação no nosso país. Só recentemente (na última
coordenador do projeto deverá ser um servidor,
década) a partir de políticas reparatórias, como as
docente ou técnico-administrativo da UFG
Cotas, o SISU e o PROUNI, houve uma ampliação
(BRASIL, 2008, [sp]).
desse quadro, e pela primeira vez na história
nacional, as universidades brasileiras passaram O Capítulo IV - do cadastro e da tramitação das
receber grupos historicamente excluídos. propostas de ações de Extensão e Cultura, trata as
ordenações processuais para inscrição de um projeto
na Pró-Reitoria de extensão e cultura. O capítulo V -
1.3. AS NORMATIVAS QUE REGULAM A
dos relatórios e avaliações das ações de Extensão e
EXTENSÃO NA UFG
Cultura, orienta, entre outras coisas, que o
coordenador do projeto deverá apresentar relatórios,
O regimento que regula as ações de extensão e
que, por sua vez, serão analisados pela CIS ou pela
cultura foi promulgado em 2008, pelo Conselho
direção da unidade.
Universitário da Universidade Federal de Goiás,
revogando a resolução anterior, que havia sido O capítulo VI - Dos recursos financeiros e
criada em 2002. Essa resolução define projeto como materiais das ações de Extensão e Cultura - trata das
“Ação processual e contínua de caráter educativo, eventuais necessidades financeiras ou de materiais
social, cultural, científico ou tecnológico, com arrecadados pelo projeto. O capítulo VII - do
objetivo específico e prazo determinado.” (BRASIL, programa de bolsas de Extensão e Cultura –
2008, [sp]). Dividido em sete capítulos, a resolução PROBEC, normatiza a possibilidade de alunos
define as normativas das ações de Extensão e regulares da UFG se inscreverem no programa de
Cultura na Universidade Federal de Goiás. Bolsas Da extensão e cultura.
O capitulo 1- Dos objetivos das ações de
2. METODOLOGIA
Extensão e Cultura - no artigo 2º que “o objetivo
geral das ações de extensão e cultura é promover,
O Cursinho Popular Paulo Freire é realizado nas
entre a universidade e a sociedade, a interação dos
dependências da Universidade, utilizando duas salas
saberes, procurando, nesse processo, socializar a
(uma para o vespertino e outra para o noturno) a
cultura e o conhecimento acadêmicos” (BRASIL,
partir do apoio do Diretório Acadêmico dos Cursos
2008, [sp]). Com base nessa prerrogativa, tendo
de Catalão (DACC), entidade estudantil, e do
como objetivos aumentar e fortalecer a relação entre
esforço despendido pela atual gestão da Regional
Universidade e sociedade, promovendo a articulação
Catalão da UFG. São divididas as áreas de acordo
entre pesquisa e ensino com as demandas sociais e
com as disciplinas do ENEM onde alunos da
culturais da população.
graduação Licenciatura e Bacharelado e ou
O capítulo 2 - Das ações de Extensão e Cultura professores lecionam os conteúdos cobrados no
reforça o caráter de interação entre as ações edital do ENEM.
científicas, culturais e educativas da Universidade e

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Deveriam ser selecionados alunos dos diversos aspectos, aliado ao preconceito e à prepotência
cursos relacionados as disciplinas a serem presente em ambientes acadêmicos podem ser
ministradas da UFG, Catalão. Através dos meios de fatores de repulsão de estudantes das camadas
divulgação impressos, tv, rádio e redes sociais populares do ambiente universitário. Portanto, ao
ocorreria a divulgação para adesão da população citar a democratização da universidade, a
interessada em assistir as aulas do projeto. Haveria preocupação deve ir além do ingresso neste
uma montagem da grade horária do cursinho, ambiente, também deve focar-se na permanência
elaboração dos temas independentes por equipe. destes jovens no ambiente universitário. E os
estudantes ainda precisam resistir uma vez que essa
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO presença pode ser incômoda para os elitistas e deve
combater às atitudes preconceituosas e a
As aulas iniciaram-se em março de 2019, discriminatórias que possam estar atreladas a esse
regularmente de segunda a sexta, das 14:00 às processo.
17h:00 e noturno das 19:00 às 22:00. O Cursinho
conseguiu atingir um público de cinquenta pessoas, 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
em dois turnos: matutino e vespertino.
A experiência com este projeto tem confirmado
O projeto obteve até o momento, a participação
que a extensão se mostra como elemento
de cerca de 60 voluntários que possuem vínculo com
fundamental para preparar profissionais não apenas
a UFG, Catalão, das áreas de Língua Portuguesa,
com a leitura e discussão de textos em sala por
Matemática, Sociologia, Filosofia, História,
alunos da universidade, mas também com a
Geografia, Biologia, Química e Física, cuja atuação
elaboração da prática voltada para a sociedade,
se desenvolve em aulas semanais organizadas em
confirmando que o verdadeiro conhecimento só é
horário previamente organizado e disponibilizado
adquirido com a execução desses dois elementos
pela Coordenação do Projeto. Em alguns cursos, são
(SILVA, 1996). Além do aspecto formativo
realizados revezamento das aulas entre os alunos da
relacionado aos conteúdos programados para a prova
instituição. Houve a participação de 2 alunos já
de Vestibular, a lista de frequência ao Cursinho
graduados, sendo um da Geografia e uma da
Popular Paulo Freire, que é assinada diariamente
Biologia. As atividades desenvolvidas no âmbito do
pelos alunos representa a consolidação de um espaço
Cursinho Popular são avaliadas coletivamente em
democrático, plural e diverso, no qual cada aluno
reuniões periódicas, nas quais toda a equipe se reúne
tem contato diário com o ambiente universitário
para avaliar atividades realizadas, considerar o
obtendo a oportunidade de participar ativamente dos
rendimento das aulas, as condições de frequência e
sentidos coletivos de acesso e uso do espaço público
permanência; nestas reuniões são também planejadas
e gratuito na formação superior brasileira.
as atividades futuras a serem implementadas no
âmbito do Projeto. A Equipe vinculada ao Projeto entende a experiência
como fundamental para a sustentação do valor
Houveram até o momento atividades extras
democrático e público da Universidade brasileira, e,
como Aulões Pré-ENEM gratuitos abertos a
ainda, considera o espaço universitário como parte
comunidade em geral através de instituições
do relevante processo formativo para a graduação da
parceiras, um simulado e Aulões de Atualidades
Instituição, em especial aos cursos de licenciatura. A
promovidos pelos alunos. É realizada uma lista de
luta pela democratização do acesso ao ensino
frequência diária nas salas.
superior abre um debate sobre o próprio sistema de
As questões acerca da igualdade do acesso ao ensino, pois sua progressiva universalização ainda
Ensino Superior foi tema de um relatório feito em contrasta com a qualidade do ensino ofertado à
2008 pela Organização para Cooperação e juventude brasileira. É preciso haver mais
Desenvolvimento Econômico (OCDE), intitulado alternativas teóricas e práticas para a construção de
Ensino Superior na a Sociedade do Conhecimento. um ambiente educacional que fomente o
Para a OCDE, a justiça social deveria sempre crescimento econômico e tecnológico do país com
prevalecer, o que implica assegurar que questões justiça social.
étnicas, de gênero e as condições socioeconômicas
não sejam obstáculos para ter acesso à educação REFERÊNCIAS
Enquanto a OCDE relata ser positiva a articulação
do Ensino Superior com o Ensino Médio, vivemos BONFIM, Talma Alzira; PINTO, José Marcelino de
um período de transformações na realidade escolar Rezende. O CAPE em nossas vidas: a visão de um
que não caminha nesse sentido. grupo de alunos, ex-alunos e colaboradores sobre
um curso pré-vestibular gratuito.
O ambiente muitas vezes elitista, distante da
realidade da maioria da população em muitos

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2003.Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, tos/Plano-nacional-de-extensao-universitaria-
2003. editado.pdf > Acesso em: 06 set. 2019
D’ÁVILA, Gerusa. Tavares. (2006). O ensino RODRIGUES, Andreia Lilian.; DO AMARAL
superior como projeto profissional para “ser COSTA; C. L. N.; PRATA, M. S.; BATALHA, T.
alguém”: repercussões de um cursinho pré- B. S.; NETO, I. D. F. P. Contribuições da extensão
vestibular popular na vida dos estudantes. universitária na sociedade. Cadernos de
Dissertação de Mestrado, Programa de Pós- Graduação – Ciências Humanas e Sociais - UNIT,
Graduação em Psicologia, Universidade Federal de v.1, n.16, p.141-148, 2013.
Santa Catarina, Florianópolis, SC. (2003).
SILVA, Oberdan Dias da. O que é extensão
MINISTERIO DA EDUCAÇÃO. UNIVERSIDADE universitária?(1996). Acesso em: 08 set.2019.
FEDERAL DE GOIÁS. Resolução CONSUNI Nº
TURATO, E. R. Decidindo quais indivíduos estudar.
03/2008. Disponível em:
In: ______. Tratado da metodologia da pesquisa
https://www.proec.ufg.br/up/694/o/Resolucao_CON
clínico-qualitativa. Petrópolis: Vozes, 2003. p. 351-
SUNI_2008_0003.pdf Acesso em: 06 set. 2019
368.
RENEX - Fórum de Pró-Reitores de Extensão das
Universidades Públicas Brasileiras. Plano nacional RESPONSABILIDADE AUTORAL
de extensão. Brasília: FORPROEX. 2001.
Disponível em “O(s) autor(es) é(são) o(s) único(s) responsável(is)
<https://www.ufmg.br/proex/renex/images/documen pelo conteúdo deste trabalho”.

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REFLEXÕES TEÓRICO-PRÁTICAS ACERCA DA
PSICOLOGIA INSERIDA NA COMUNIDADE
PAULINO-PEREIRA, Fernando Cesar. epifania.cps@gmail.com1
JUNIOR, Romildo Rodrigues Neves. romildoufg@hotmail.com1
SOUZA, Libna Raquel Barbosa2

Universidade Federal de Goiás/RC/Unidade Acadêmica Especial de Biotecnologia1


Universidade Federal de Goiás/Campus Samambaia 2

Resumo: O Projeto de Extensão "Psicologia na Comunidade" é desenvolvido pelos discentes de psicologia da


Universidade Federal de Catalão e supervisionado pelo professor-orientador em reuniões que acontecem
semanalmente. O projeto consiste em atender à comunidade externa de zona periférica da cidade de Catalão-
GO com objetivo de proporcionar à comunidade saúde e bem-estar além de promover reflexões sobre aspectos
da vida cotidiana. O trabalho é realizado semanalmente por três estudantes em horário fixo, esses encontros se
dão em um salão, comumente, chamado "Casa da Sopa". Assim, o presente ensaio possui como objetivo realizar
um relato de experiência do trabalho desenvolvido na comunidade, bem como realizar a integração entre a
teoria e prática do psicólogo neste contexto. É notória a importância do psi cólogo na comunidade atend en d o a
demanda e atuando conjuntamente com os demais profissionais da equipe de saúde do bairro. Em se tratando
de uma cidade do interior de Goiás, onde a profissão do psicólogo é pouco enaltecida, faz -se necessário levar
esse saber psicológico à comunidade ratificando o trabalho profícuo que a psicologia, tem a oferecer.

Palavras-chave: PSICOLOGIA SOCIAL. PSICOLOGIA COMUNITÁRIA.

1. INTRODUÇÃO bairro da cidade de Catalão/GO, bem como


realizar a integração entre a teoria e prática do
psicólogo neste contexto.
A Psicologia por muito tempo ocupou
espaços privilegiados em relação a seus locais de Enquanto objetivos específicos:a) demonstrar
atuação, entre clínicas particulares e instituições. No por meio desse estudo o papel da Psicologia na
entanto, ultimamente o psicólogo tem se inserido comunidade; b) estreitar os laços entre Universidade e
em espaços nos quais anteriormente não existia a Comunidade; e, c) destacar a relevância da Extensão
presença deste profissional. Um desses lugares é a acadêmica; Este trabalho justifica -se
comunidade. Sendo assim, se faz necessário cientificamente, uma vez que se faz importante o
construir novos fazeres que atendam as dema n das desenvolvimento da Psicologia no que tange aos
desses novos locais de atuação. Embasando-se no estudos e práticas em contextos fora dos muros
materialismo histórico dialético, Lucília Augusta da Universidade, alcançando a população que n ã o
Reboredo (1983) apresenta uma concepção de tem acesso a tais serviços, bem como possibilitar
pesquisador, na qual deve-se atuar visando a construção de novos saberes para a área enquanto
transformação social. Assim, o pesquisador inserido ciência e profissão. Porta nto, visamos uma
nessa nova forma de fazer ciência deve ser Psicologia que esteja a serviço da comunidade,
também um “interventor da realidade social” a fim atuando e intervindo na vida cotidiana das pessoas,
de utilizar o conhecimento para transformar o para que possa, Através de sua intervenção,
mundo de forma ativa, e não apenas tentar proporcionar um espaço de fala, escuta,
explicar ou descrevê-lo. transformação e conscientização política e social d a
população. No que tange à prática dos estudantes
Consoante Reboredo (1983) é necessário
na comunidade, a mesma se deu por meio de
redefinir as práticas dos psicólogos sociais, para que
esta volte seu interesse para os estudos e ações encontros com a comunidade nas segundas-feiras à
noite, com duração de aproximadamente duas
na vida cotidiana, buscando assim novas
horas. Esses encontros acontecem na “Casa da
metodologias de intervenção, visto que é nesta
Sopa”, assim denominada por distribuir
que acontece a relação entre indivíduo e
gratuitamente à comunidade uma refeição aos
sociedade.
sábados. Atualmente, a “Casa da Sopa” funciona
Assim, esse artigo tem por como objetivos
como um bazar e está sendo o espaço para os
gerais realizar um relato de experiência do
encontros com os extensionistas do curso de
trabalho desenvolvido na comunidade em um

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Psicologia da UFG/RC. familiar, rodeado de significado que a criança irá
Nesses encontros são discutidos interiorizar o mundo que a rodeia, formando sua
assuntos/temas que dizem respeito ao cotidiano identidade e auto-imagem. A segunda forma de
dos moradores do bairro, variando de acordo com socialização se dará através das instituições, como
a demanda do grupo. Temas como política, saúde, a escola, são essas que implicarão na vida
sociedade, educação, o outro, o eu, e o bem cotidiana dos indivíduos, passando a estes a
comum da comunidade tem ganhado pauta nas funcionalidade e os modos de funcionamento da
discussões. Ouvindo cada pessoa, o grupo sociedade. (BERGER; LUCKMANN, 1999).
movimenta -se num sentido de des-construção de Lane (2012) afirma que ao realizar uma análise
saberes cristalizados, preconceitos e discriminação. do indivíduo é necessário se atentar ao grupo ao
qual ele pertence, sua classe social, bem como, a
2. REFERENCIAL TEÓRICO relação dialética entre outros aspectos. Assim, a
autora propõe quatro pontos fundamentais para
O processo de se estudar a sociedade de uma análise do indivíduo inserido num processo grupal,
forma crítica teve sua notoriedade nas décadas de de acordo com o materialismo dialético: o
1970 e 1980, segundo Lane (2012) nessas primeiro deles é considerar o fato de que o
décadas ocorreram movimentos mais amplos da homem é em sua essência alienado, se atendendo
avaliação crítica do papel social das ciências, que existem dois níveis operando: o da vivência
onde anteriormente a este movimento o subjetiva, que reproduz a ideologia do capitalismo
pesquisa dor se deparava com o paradigma da através do individualismo, e o da realidade
neutralidade científica, e cabia a ele a não objetiva que é carregada de papeis sociais já
inserção de modo profundo no seu objeto de cristalizados e amalgamados na intenção da
estudo. Com este novo modo de se ler a manutenção do status quo. O segundo ponto
sociedade, averiguou se que as práticas de ação importante a ser considerado na análise do sujeito é
se equivalia m às elaboradas nas instituições e o fato de que todo grupo só existe a partir de
consultórios. É necessário ressaltar ainda que a instituições, seja a família, a fábrica, a igreja, a
sociedade é constituída de grupos e subgrupos e é Universidade e até mesmo o próprio Estado.
por meio deles que acontece a mediação Assim, é necessário considerar o tipo de inserção
indivíduo/sociedade. do grupo em tais instituições. Em terceiro lugar é
É relevante destacar que o psicólogo social necessário considerar que a história de vida de cada
deve trazer consigo uma visão do todo, da membro é fundamental no decorrer do processo
história e da dialética, portanto visão em grupal. O quarto ponto levantado pela autora é a
paralaxe, vitando cair na cristalização sobre o que a dia lética se desenvolverá sempre ancorada
grupo, visto que ele “[...] não é mais considerado no nível das determinações concretas, pois é nessa
como algo dicotômico em relação ao indivíd uo, que ocorre o desempenho de papeis que
mais sim como condições necessárias para reproduzem relações de dominação e exclusão. É
conhecer as determinações sociais que agem sobre através das determinações concretas que se pode atuar
o indivíduo”. (LANE, 2012, p.78). Assim, o grupo é para a desconstrução de ideologias e papeis pré-
a condição para a compreensão dos determinantes determinados.
sociais que atuam sob o sujeito. É através d os Nesse sentido, o grupo social é a condição
grupos que se compreendes o papel do indivíduo para a conscientização do indivíduo, bem como, as
na sociedade, bem como sua forma de atuação no mediações institucionais que produzem relações
mundo. É a partir da vivência em grupo que o sujeit o sociais cristalizadas com objetivo de manutenção
se expressa, se representa e se constrói. das relações de produção.
Para compreender o sentido da ação grupal é Martins (2007) toma como base a concepção
necessário abarcar sua perspectiva histórica, histórica e dialética do processo grupal presente na
considerando suas determinações econômicas, obra de Lane (2012) e afirma que o conceito de
institucionais e ideológicas. Nesse sentido, “o grupo não é baseado somente em um agrupamento
próprio grupo só poderá ser conhecido enquanto de pessoas que carregam regras e metas comuns.
processo histórico, e neste sentido talvez fosse Para a autora, é necessário compreender o grupo
mais correto falarmos em processo grupal em vez como um conjunto de vínculos e relações entre
de grupo” (LANE, 2012, p. 81). pessoas “com necessidades individuais e/ou interesses
O indivíduo está intimamente ligado ao coletivos que se expressam no cotidiano da prática
grupo, é dentro destes que o processo de social”. (MARTINS, 2007, p 77). Portanto, o grupo
socialização se dá. A socialização pode ser não é tão somente definido a partir da soma de seus
entendida como primária e secundária; a primeira membros, o processo grupal envolve, além disso,
corresponde aos valores e costumes, transmitidos ao relações de poder, assim como, a identidade
indivíduo pela família, e é sob esse ponto de vista grupal.

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Sendo assim, Martins (2007) afirma que um Terror, período que o grupo passa pela tensão da
dos papeis que a psicologia social pode quebra do grupo; e por último,Institucionalização,
desenvolver é o de estudar o indivíduo mediado de período em que enfatiza a estrutura e organização.
suas relações sociais e determinado pelas relações Vale destacar que o processo não ocorre em espiral
de produção. Nesse mesmo sentido, a Psicologia crescente, isolado e de maneira única, pelo contrário,
Comunitária apresenta a possibilidade da educação e ele se deriva de momentos progressivos e
desenvolvimento da consciência social no interior regressivos. (REBOREDO, 1995).
dos mais diversos grupos. É no interior dos grupos Além disso, Paulino-Pereira (2011) postula
que os indivíduos passam a perceber problemas e ações norteadoras para se trabalhar com processo s
situações comunitárias advindos de sua própria grupais, com objetivo de compreender a
realidade social e condições de vida, assim, passam movimentação dos sujeitos, assim como do próprio
a enxergar tais problemas não como questões grupo nos campos: afetivo, valorativo e operativo.
individuais, mas ultrapassam para um nível Podemos dizer que o campo afetivo está
coletivo, e a organização social, diferente da ação associando com a qualidade das relações
individual isolada, pode propiciar a resolução de interpessoais, uma vez que, essas só existem
parte desses problemas e sanar as necessidades quando os membros do grupo reconhecem a
comuns. importância uns dos outros. Por outro lado, o
Consoantes Peters; Paulino-Pereira; Soares campo Operativo, está relacionado com as
(2007) para que ocorra a superação da serialidade habilidades desenvolvidas pelo grupo para
e da alienação, institui se a práxis do grupo, o que concretização de seus objetivos, isto é, a forma
gera um movimento de unificação das liberdades, que os sujeitos se organizam para cumprir
e, com ela, a relação de reciprocidade. Pois a determinada tarefa. Por fim, o campo Valorativo diz
lógica de ação grupal, não é possível pensar o respeito a um conjunto de valores éticos, morais e
processo grupal como algo que está totalmente religiosos, que tem como objetivo criar valores
pronto e acabado, ele é sempre um processo comuns de acordo com a necessidade do grupo, a
histórico e dialético. partir da identidade de seus membros.
Percorrendo esse caminho da inquietação, o É a partir do campo operativo em que o
movimento grupal evolui sobre a tensão de pólos grupo se movimenta e se mobiliza a fim de
contrários “[...] a dispersão e a alienação, relação atingir seus objetivos comuns, ligado a causas
do Eu e Tu e o grupo organizado que é mais concretas. Assim, o papel do psicólogo na
convivência comunitária, a relação de Nós”. comunidade é promover a conscientização do
(PETERS; PAULINO-PEREIRA; SOARES, 2007. p. grupo, para que este se movimente de forma
18). autônoma a alcançar o bem comum, integrando
Dentro dos grupos, sempre estaremos teoria e prática, promovendo assim uma reflexão
representando algum papel social. Estes são de “terapêutica -educativa”.
grande relevância, pois é por meio deles que o Além da integração teoria e prática através
indivíduo representa o seu Eu, se fazendo do processo de conscientização de grupos e
conhecido e conhecendo os outros, enquanto comunidades, a ação do psicólogo deve promover
constituinte da sociedade, e não menos que a práxis, colaborando com a organização e
produto e produtor da mesma. Sartre apresenta fortalecimento dos mesmos, através de uma atuação
uma didática de movimento de humanização que baseada no compromisso com a transformação
corre na mediação do grupo, formando práxis que social, bem como a conscientização dos sujeitos,
cria possibilidades de emancipação. conforme afirma Paulino-Pereira (2011, p. 14) “o
Dentro desse mesmo pensamento sartreano, o psicólogo social crítico deve ter como meta
filósofo aponta duas vertentes grupais no que diz contribuir para o fortalecimento de mecanismos
respeito ao indivíduo dentro do grupo. A primeira que permitam a organização e a conscientização d a s
é a passagem do homem -serial ao homem-grupal pessoas”.
e a segunda, práxis grupal, que conduzem à O trabalho do psicólogo deve estar voltado
práxis individuais formadoras dos conjuntos para a transformação social emancipatória e
humanos. Visto que a dialética apresenta uma politizada, dando voz ao sujeito, usando de base dest e
movimentação que busca conscientizar o sujeito, o empoderamento as políticas públicas que legitima
processo é pensando da seguinte maneira: a sua ação. Assim, é necessário que o psicólogo
Serialidade, período em que o sujeito está alienado inserido na comunidade contribua de forma a
a sua situação; Fusão, período em que se luta promover conscientização e transformação social.
pela liberdade; Juramento, período em que os Como já fora apontado, é por meio dos
sujeitos se vêem como “irmão de causa”; grupos que se dá o contato com a comunidade,
Organização, período em que o grupo se reuni para a além do mais os grupos estão organizados em
solução de uma problemática comum; Fraternidade- escolas, instituições, empresas, bairros, famílias, etc.

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Maria de Fátima Quintal Freitas (1996, p.194) comunidade.
afirma que “a psicologia comunitária, apoiando-se Para registro e material de análise, utilizamos
nas formulações teóricas da psicologia social, do diário de campo (DC) a fim de não perdemos pa ra
prioriza a atuação junto aos grupos, de m aneira a o tempo detalhes importantes que surgiram e se
viabilizar o advento de consciências críticas e de destacaram no campo. Consoante Araújo et al. (201 3 ,
identidades que se guiem por concepções éticas p. 54), o diário de campo tem sido muito utilizado,
solidárias”. Onde se faz relevante discutir os pois permite a “[...] apresentação, descrição e
processos psíquicos formados pelo o grupo, ou ordenação das vivências e narrativas dos sujeitos
seja, socialmente construído, havendo uma junção do estudo. O diário também é utilizado para
de aspectosbiológicos e culturais que se retratar os procedimentos de análise do material
estabelece em constante articulação. empírico, as reflexões dos pesquisadores e as
O trabalho em comunidades muitas vezes é decisões na condução da pesquisa [...]. ” Assim, por
marcado por carências materiais e financeiras, meio do DC, nós conseguimos levar de modo
nesse sentido, Scisleski, Maraschin e Tittoni detalhado, as nossas impressões bem como a
(2006) salientam que o trabalho do psicólogo prática exercida. Foi por meio dele que o professor
social, não deve se sujeitar a lógica orientador ficou a par dos acontecimentos,
assistencialista, o que não significa ignorar os apresentando medidas e propostas que iria nos
aspectos sociais que atravessam a comunidade, orientar durante as próximas ações a serem
pelo contrário, são questões que devem ser executadas no campo.
consideradas para a construção da atuação neste
contexto. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3. METODOLOGIA Através da psicologia comunitária, os


psicólogos operam entre o individual e o coletivo,
Para tanto, a pesquisa é de caráter qualitativa e por que ambas as estruturas corroboram para a
utilizará de mecanismos como a pesquisa ação como formação do comunitário, onde ocorre o processo
forma de transformação social do local de inserção, e de produção e transformação dos significados por
o diário de campo como instrumentos de registro e sentidos dos sujeitos pertencentes a este ciclo da
coleta de dados. Além da intersecção entre a sociedade. Devemos nos atentar não apenas para o
teoria e prática realizada no campo de prática. quê o sujeito apresenta no presente, mas também o
Segundo B. Miranda (2008), a pesquisa que ele já passou, para que assim possamos
qualitativa é um tipo de investigação indutivo e acompanhar a historicidade do sujeito de uma forma
descritivo, na medida em que o investigador completa, e que permite o uso de artifícios que
desenvolve conceitos, ideias e entendimentos a facilite o diálogo entre esses indivíduos que ao
partir de padrões encontrados nos dados. mesmo tempo são individuais e sociais, visando a
De acordo com Reboredo (1983), a pesquisa colaboração dos mesmos para uma reflexão q u e gere
ação orienta e norteia o pesquisador, pois permite o uma transformação das condições enquanto grupo.
contato “sujeito-sujeito”, estabelecendo como b a se As intervenções grupais aconteciam a partir de
um compromisso social com eles. Na pesquisa - técnicas grupais ou vivências. As técnicas grupais
ação o indivíduo é compreendido de forma de acordo com Reboredo (1995), contribuem de
dialética, ativo e passivo, pois provoca e sofre forma positiva no caminhar do grupo, uma vez
ações nas relações sociais. É um sujeito que age de que proporcionam um espaço lúdico e aberto para
maneira ativa na sociedade, sendo produto e produtor o diálogo e discussão. Assim, as vivências são
da mesma. levadas a fim de mediar as movimentações dos
Para a obtenção do aporte teórico e sujeitos no campo afetivo, valorativo e operativo. As
conceitual que nos dará suporte na pesquisa técnicas são utilizadas como recursos mediadores e
utilizaremos os recursos da pesquisa bibliográfica. facilitadores da qualidade de vida, assim como,
Essa técnica nos permite tomar conhecimento do das relações sociais. Ainda segundo a autora
material científico já produzido por outros supracitada, as técnicas devem ser escolhidas de
pesquisadores a respeito de um determinado tema, acordo com a intenciona lidade teórica dos
assunto ou tese/problema que possa ser pesquisa d o , coordenadores e o diagnóstico situacional do
o qual nos possibilita estabelecer um diálogo com grupo a partir do levantamento de demandas.
as diversas fontes e interpretar os dados ali Nesse sentido, as vivências grupais eram
colhidos. (LAKATOS; MARCONI, 2001). Dessa realizadas tendo em vista os seguintes momentos:
forma, nosso procedimento é recorrer a textos, 1) Quebra-gelo - a partir de recursos lúdicos e
bem como livros, capítulos, artigos científicos, técnicas grupais; Vivência - realização de uma
dissertações e teses, que tratam da psicologia técnica norteadora para discussão posterior; 3)
comunitária e da prática do psicólogo na Roda de conversa - espaço para partilha de afet o s,

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emoções e percepções diante das intervenções diante de suas ações. O trabalho era realizado de
realizadas. É a partir do terceiro momento, que se forma contínua e conjunta com a comunidade,
abre o espaço para reflexão, questionamentos e numa relação “sujeito-sujeito” (REBOREDO, 1983),
transformação da realidade. na qual a distância e objetivismo não faziam pa rt e
Portanto, no decorrer dos encontros foi da relação.
possível discutir e trabalhar questões sobre: Outro ponto de atenção, que discutimos e
autocuidado, coletividade, política, apoio mútuo, que se apresentou ser eficaz e efetivo foi
saúde, educação dentre outros. Tais temáticas desconstruir a visão comum que o grupo tinha de quê
eram discutidas a partir das demandas dos na comunidade era cada um por si, regia um
participantes diante das intervenções. Assim, cada sentimento de individualidade que aparecia
encontro possibilitava um caminho para o constantemente durante as vivências. A ordem
encontro seguinte, visto que através da escuta sistêmica é a de que cada indivíduo siga só, haja sem
ativa, eram percebidos as necessidades e a organização do grupo ou consciência da
demandas grupais. realidade que o rodeia. É mais fácil para o capital
Por meio dessa ação na comunidade, foi controlar, manipular e oprimir quando estão
possível visualizar de perto como os indivíduos lidando com indivíduos serializados, reconhecidos
passam por agruras e estão desassistidos pelas apenas por sua singularidade e alienação.
políticas públicas e ações que deveriam Assim como a comunidade se autoproduz no
resguardar os direitos fundamentais do ser movimento grupal, o psicólogo (a) também
humano, como direito à saúde, lazer e educação. constrói a si mesmo na interação com o grupo
Houve momentos no grupo que percebíamos a sujeito. A atuação em um campo diferente
necessidade de as pessoas falarem de questões daqueles já estabelecidos, proporciona a criação de
internas que resultaram numa crise de ansiedade ou novos espaços de intervenção para o profissional,
depressão, fazendo com o quê esses sintomas as trazendo a psicologia para a comunidade,
impedissem de trabalhar, vivenciar o lazer, contribuindo com suas intervenções, para a
socializar, assim, vivências grupais deram espaço e transformação e mobilização social.
momento de fala e acolhimento para lidarem com Ao fim, a relevância de nosso trabalho foi
tais dificuldades. Ademais, quando necessário, sendo explicitamente apresentada na medida em que
realizávamos encaminhamentos e orientações pa ra a os próprios moradores da comunidade se dirigia a
busca de um acompanhamento psicológico nós para narrar os benefícios e a superação dos
individual, na clínica escola de Psicologia da momentos de aflição. Conciliar todo o
Universidade, bem como nas Unidades de Saúde conhecimento adquirido no decorrer da graduação e
do município. colocá -lo em prática é algo que nós, estudantes de
Portanto, no decorrer dos encontros psicologia devemos fazer, sobretudo quando os
promovidos na comunidade a partir dos grupos, resultados começam a aparecer concretam ente
foi possível perceber a movimentação dos sujeitos diante de nós.
nos campos afetivo, valorativo e operativo. Os Entendemos o conhecimento como
participantes compartilhavam ali seus afetos, interdisciplinar, portanto, são campos que dialogam
desafetos, traziam seus valores e os integravam na em função do bem comum. A psicologia tem
ação do grupo, criando assim, estratégias de muito a contribuir nas mais diversas áreas e está
enfrentamento e resistência frente às condições em disposta a promover reflexões que integre a
que viviam. participação popular nas políticas que almejam a
Nesse sentido, além da história do grupo, emancipação da sociedade.
muitas vezes as histórias pessoais dos
participantes eram foco da discussão, sendo que os 5. CONSIDERAÇÕE S FINAIS
mesmos realizavam a intersecção com a situação
discutida naquele encontro. Nesses momentos, No início do projeto, nós encontramos
realizávamos o acolhimento e a escuta, a fim de algumas dificuldades, como a aceitação e
legitimar e reconhecer a importância da história participação da comunidade e ausência dos
de vida daquele sujeito para o grupo como um moradores nos grupos. Apesar desses fatores, não
todo. abandonamos a nossa prática, pelo contrário,
Assim, através da escuta das dificuldades e encaramos como desa fios e entraves a serem
necessidades do grupo, as intervenções eram superados. Hoje afirmamos que o nosso objetivo
realizadas a fim de promover a autoria do tem sido alcançado com êxito, pois a
mesmo, de modo que os próprios participantes comunidade faz questão de nos dar um feedback
conduziam e direcionavam o foco das discussões. acerca de como eles tem se posicionado
Cabendo a nós coordenadores o papel de apont a r mediante alguns problemas políticos que
as contradições, possibilidades e responsabilidades acontecem dentro da comunidade. Ter esse olhar

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voltado para o outro e suas relações na sociedade
foi nossa preocupação desde o início. MIRANDA, B. Método Quantitativo versus
Destarte, os objetivos iniciais da pesquisa Método Qualitativo, 2008.
foram cumpridos, uma vez que foi realizada a
integração entre a teoria e prática, através da PAULINO-PEREIRA, F. C. Psicologia Crítica:
intersecção das experiências vivenciadas, com o Integração entre teoria e prática na comunidade.
aporte teórico da Psicologia Social Goiânia, Editora da PUC-GO. 2011.
Comunitária,realizando a discussão e análise do PETERS, S; PAULINO-PEREIRA, F; SOARES, S.
fazer do psicólogo inserido na comunidade. R. Intervenção em processos grupais e a questão da
Além disso, foi evidenciado o papel da psicologia identidade de adolescentes em situação de pobreza.
inserida na comunidade, como agente de Travessias: pesquisa em Educação, Cultura e
transformação social. Através da atuação foi linguagem e Arte, v.1. 2007.
possível estabelecer uma ponte entre
Universidade e Comunidade, bem como, REBOREDO, L. A. De Eu e Tu a Nós: o grupoem
fortalecer a importância da pesquisa, ensino e movimento como espaço de transformação das
extensão universitária como forma de possibilit a r relações sociais. Ed. 2º Piracicaba. Unimep, 1995.
a comunidade local o acesso aos frutos dessa
tríade. _____. A Transformação de um bairro operário
numa comunidade: um estudo da psicologia social
do cotidiano. São Paulo, PUC, 1983. (Tese de
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ARAÚJO, L. F. S. de; DOLINA, J. V.; PETEAN, RESPONSABILIDADE AUTORAL


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LUCIETTO, G. C. Diário de pesquisa e suas conteúdo deste trabalho”.
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JOGOS E BRINCADEIRAS COMO ESTRATÉGIA MEDIADORA DA
PROMOÇÃO DA SAÚDE EM UM GRUPO DE CONVIVÊNCIA
Lima, Lana Ferreira de, e-mail: lanafl2002@gmail.com
Silvano, Victor Rodrigues Gianelli Lemos, e-mail: victor-do-lc@hotmail.com
Campos, Naiara Pereira Caixeta de¹
Carneiro, Myla Aparecida Costa¹
Silva, Arielly Luiza Nunes¹
Naves, Emilse Terezinha¹
Pilger, Calíope¹

¹Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/IBIOTEC

Resumo: O aumento no número de pessoas com mais de sessenta anos de idade é um aspecto que marca a
sociedade do século XXI tornando necessária a criação de novos espaços de convivência e participação social
para os idosos. Nos últimos anos tem crescido o número de grupos de convivência (GC) por se configurarem
como uma estratégia de cuidado que proporciona a interação, a inclusão social, o resgate da autonomia, do
viver com dignidade e da saúde de idosos. Objetiva-se com esse trabalho relatar a experiência na utilização de
jogos e brincadeiras como estratégia de educação em saúde e integração social em um GC desenvolvido por
docentes e discentes dos cursos de Enfermagem, Psicologia e Educação Física da UFG/Regional Catalão. Os
encontros do GC ocorrem semanalmente, com duração de 1h30min, contando com a participação de idosos na
faixa etária de sessenta a oitenta anos de idade. Durante os encontros são desenvolvidas atividades como
dinâmicas de grupo, jogos, brincadeiras e alongamentos. Observa-se que os participantes do GC percebem que
as atividades promovem movimentos semelhantes àqueles realizados pelo corpo durante a execução de
exercícios físicos regulares de modo que muitos passam a se sentir mais animados ao notarem que ainda são
capazes de jogar e obter êxito, tal como antes quando eram jovens, o que os leva a ter opiniões positivas acerca
das atividades desenvolvidas, visto que vivenciá-las lhes proporciona bem estar físico, social e emocional por
possibilitarem, por meio do exercício do corpo e da mente, emergir sentimentos de alegria e prazer.

Palavras-chave: Idoso. Grupo de Convivência. Jogos. Brincadeiras. Saúde.

1. INTRODUÇÃO população idosa é a que mais cresce em todo o


mundo atualmente, motivo pelo qual os idosos são
Envelhecer é um processo resultante de considerados a “nova” população (CEDENHO,
alterações no organismo humano que se manifesta 2014).
de forma variável e individual, podendo “[...] se Assim, no contexto atual “[...] envelhecer
referir a um fenômeno fisiológico, de deixou de ser característica de países desenvolvidos,
comportamento social, ou ainda cronológico, isto é, pois cerca da metade dos idosos do mundo vive em
a velhice surge com a progressão do tempo, da idade países em desenvolvimento” (MEIRELES et al.,
adulta até o fim da vida” (MEIRELES et al., 2007, 2007, p. 70). A este respeito Kalache (1987, p. 218)
p. 70). O envelhecer é um processo natural que afirma que o rápido processo de envelhecimento que
ocorre na vida do homem por meio de mudanças temos observado
multifatoriais (físicas, fisiológicas, psicológicas e
sociais). [...] não é, naturalmente, uma característica
Desse modo, pode-se dizer que a sociedade específica do Brasil, sendo compartilhado,
sempre esteve às voltas com a questão do de modo mais ou menos acentuado, por
envelhecimento humano de modo que ao longo dos diversos outros países em
desenvolvimento. Desta maneira, o
diferentes períodos da história da humanidade e nas envelhecimento populacional, que
diferentes culturas, o processo em si tornou-se caracteriza, hoje, as populações dos países
objeto de estudos e reflexões. Mais recentemente o industrializados, passará, em futuro breve,
aumento da expectativa de vida e, por conseguinte, a ser uma característica também nossa. Na
do número de pessoas com mais de sessenta anos de verdade, já hoje, a maioria das pessoas
idade são aspectos que passaram a marcar a idosas vive em países não-desenvolvidos e
sociedade do século XXI. Pode-se dizer que a dentro de poucos anos, na passagem do

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século, mais de três quartos daqueles, com aumentou de 74,1 para 74,6 anos, um considerável
mais de 60 anos, serão habitantes do acréscimo de cinco meses e onze dias; se hoje o País
Terceiro Mundo. conta com cerca de vinte milhões de idosos a
E é nesta perspectiva que Cedenho (2014) previsão é que em 2025 ultrapassemos o patamar de
salienta que um fato notório é o envelhecimento com 32 milhões de pessoas idosas (CEDENHO, 2014).
maior velocidade da população nos países menos A respeito do aumento da população idosa e
desenvolvidos e, portanto, que têm menos condições seus impactos na sociedade, Meireles et al. (2007,
do que os países desenvolvidos para construir p.70-71) destacam que o mesmo influencia no modo
infraestrutura e fazer frente a esta importante e de gestão da atenção à saúde por ocasionar o
significativa transição/transformação social. aumento da demanda por serviços de saúde e sociais,
Autores como Meireles et al. (2007) e pois as internações nessa faixa etária, bem como o
Cedenho (2014) consideram que no Brasil, nas tempo de ocupação do leito, são mais elevadas.
últimas décadas, iniciou-se um processo de inversão Portanto, torna-se necessária a adequação “[...] dos
na característica populacional haja vista o valores culturais, das políticas sociais e de saúde, de
decréscimo nas taxas de natalidade e mortalidade maneira a atender às necessidades e aos problemas
que vem ocorrendo e que tem ocasionado um decorrentes do envelhecimento populacional”.
aumento considerável da população da faixa etária Nessa linha de raciocínio, pensar o
de sessenta anos ou mais. envelhecimento no contexto atual nos demanda
Pode-se dizer, portanto, que o pensar não apenas nos dados estatísticos, mas em
envelhecimento populacional decorre de fatores novas possibilidades de vivências, conhecimentos,
como: queda da fecundidade; avanços científicos e sentimentos e de participação dos idosos na
tecnológicos; melhores condições de higiene e sociedade, pois já não cabe na atualidade pensar na
saneamento básico, que reduziram, por exemplo, as figura da pessoa idosa como alguém que fica
mortes por doenças infecto-contagiosas; diminuição somente em casa a tricotar, a cuidar dos netos e dos
relativa do contingente populacional nas faixas afazeres da casa. Isso implica em considerar que a
etárias mais jovens de zero a quatorze anos; imagem do idoso sedentário e acomodado está
ampliação da população na faixa etária de quinze a ficando no passado, tendo em vista que cada vez
59 anos; acréscimo na faixa de sessenta anos ou mais as pessoas com sessenta ou mais anos estão
mais (MEIRELES et al., 2007). Assim, conforme mais ativas e sociáveis buscando sempre mais serem
salienta Kalache (1987, p.217) participativas, ativas e produtivas na sociedade.
Os fatores determinantes do Tal aspecto torna necessária a criação de
envelhecimento, a nível da população de
um país, são, fundamentalmente, ditados
novos espaços de convivência e participação social
pelo comportamento de suas taxas de para as pessoas idosas a fim de que estas não fiquem
fertilidade e, de modo menos importante, somente restritas aos afazeres domésticos e
de suas taxas de mortalidade. Para que familiares. Diante desse fato nos últimos anos tem
uma população envelheça, é necessário, crescido o número de grupos de convivência da
primeiro, que haja uma queda da terceira idade que se configuram como uma
fertilidade; um menor ingresso de crianças estratégia de cuidado bastante estimulada em todo o
na população faz com que a proporção de Brasil por proporcionarem aos idosos a interação, a
jovens, na mesma, diminua. Se, simultânea inclusão social e o resgate da autonomia e do viver
ou posteriormente, há também uma
redução das taxas de mortalidade (fazendo
com dignidade e saúde.
com que a expectativa de vida da A respeito da constituição de grupos de
população, como um todo, torne-se maior), convivência voltados para a população idosa,
o processo de envelhecimento de tal Wichmann et al. (2013, p.823) apontam que tais
população torna-se ainda mais acentuado. grupos “[...] são uma forma de interação, inclusão
Tal processo é dinâmico, estabelece-se em social e uma maneira de resgatar a autonomia, de
etapas sucessivas e é, comumente, viver com dignidade e dentro do âmbito de ser e
conhecido como "transição epidemiológica estar saudável”. Além disso, “[...] estimulam o
ou demográfica". indivíduo a adquirir maior autonomia, melhorar sua
Meireles et al. (2007) destacam que no autoestima, qualidade de vida, senso de humor e
Brasil, até meados do século passado a promover sua inclusão social”.
probabilidade de morrerem brasileiros na idade Frente ao exposto este trabalho objetiva
produtiva era um fato bastante concreto. Entretanto, relatar a experiência na utilização de jogos e
no contexto atual a expectativa de vida vem brincadeiras como estratégia de educação em saúde
aumentando de modo que ocorreu um crescimento e integração social com idosos em um GC de idosos
de dezessete por cento da população idosa brasileira desenvolvido por docentes e discentes dos cursos de
da década de 1990 para a década de 2000 e de 2012 Enfermagem, Psicologia e Educação Física da
para 2013 a expectativa de vida do brasileiro Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão

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(UFG/RC), em uma Estratégia de Saúde da Família combinações, em que se dispõe habilidade, destreza
(ESF), da cidade de Catalão – GO. ou astúcia” a brincadeira se configura como “um
elemento lúdico e da cultura, que pode proporcionar
2. METODOLOGIA uma riqueza de sentimentos que tem a possibilidade
de traduzir-se em prazer, satisfação, alegria, vontade
A UFG/RC iniciou em 2014 o Projeto de de viver, amor próprio e autoconfiança” (Ibidem.,
Extensão “Promoção e manutenção da saúde e p.9). Nesse sentido, jogar e brincar são atividades
prevenção de doenças para idosos na comunidade”, que proporcionam prazer, equilíbrio emocional ao
de caráter multidisciplinar, pois envolve docentes e mesmo tempo em promovem o desenvolvimento
discentes dos cursos de Psicologia, Enfermagem e social e uma maior autonomia do indivíduo sobre
Educação Física, perspectivando a estruturação de seus atos e pensamentos (Ibidem.).
um GC com idosos, consolidado desde o ano de Pode-se considerar, nessa perspectiva, que a
2016 na Unidade de Estratégia de Saúde da Família atividade lúdica pode ser um dentre os vários
(UBSF) CAIC. aspectos favoráveis à melhora da qualidade de vida e
O grupo é composto por um total de quinze da saúde da pessoa idosa, podendo ser alcançada via
idosos, de ambos os sexos, havendo predominância o desenvolvimento de jogos e brincadeiras que
do sexo feminino, na faixa etária que varia de promovam situações estimulantes e instigantes que
sessenta a oitenta anos. favoreçam a diminuição das resistências ao tato, ao
Semanalmente os idosos são contatados, via contato, ao movimento e ao prazer pela vida
telefone, por uma monitora do projeto de extensão. (ANDRADE et al., 2012).
Objetiva-se com essa ação obter informações sobre Considerando que o idoso traz uma
como foi a semana e como está a saúde de cada um bagagem da infância, da vivência de sua
dos/as participantes do grupo; lembrá-los/as do dia e adolescência, da juventude e da fase adulta bem
horário da reunião do grupo; e fortalecer o vínculo como de sua experiência atual da velhice, pode-se
dos/as idosos/as com os monitores e docentes da avaliar que o mesmo possui um significado do
Universidade. Destaca-se que em média participam lúdico. Por outro lado uma nova significação
das reuniões do grupo de cinco a dez idosos. A não positiva do lúdico durante a chamada terceira idade
regularidade dos idosos às reuniões do grupo decorre pode ser uma forma agradável e dinâmica de ter um
do fato dos mesmos em algumas semanas crescimento emocional, social, e mais, uma
assumirem, no horário das reuniões, compromissos oportunidade de vivenciar os benefícios dessas
familiares, sociais, religiosos e de saúde, os quais os atividades (ANDRADE et al., 2012).
impede de manter uma frequência e participação Com vistas a promover a valorização de
regular. cada um dos idosos, a interação dos mesmos com os
Pautado na Política Nacional do Idoso, na demais membros do GC e assim contribuir para
Política do Envelhecimento Ativo e na Política estimular a participação dos mesmos na sociedade,
Nacional de Promoção da Saúde, o grupo de são desenvolvidos nas reuniões do grupo de
convivência realiza encontros semanais, com convivência jogos e brincadeiras. Para garantir o
duração de uma hora e meia (1h30min), durante os êxito das atividades a serem realizada durante os
quais são desenvolvidas as seguintes atividades: - encontros semanais do grupo de convivência estas,
aferição da Pressão Arterial Média (PAM) e exame assim como os materiais didáticos e pedagógicos,
de glicemia capilar; - Práticas Integrativas e são cuidadosamente planejados e pensados
Complementares (fitoterapia, musicoterapia, yoga, considerando as características e individualidades de
técnicas de relaxamento e respiração, cada um dos idosos, ação esta que vai ao encontro
automassagem); - rodas de conversa sobre temas do preconizado por Mota e Munari (2006) que
diversos; - oficinas de artesanato; - manutenção de destacam que o planejamento meticuloso das ações a
horta comunitária; - festas em comemoração a datas serem desenvolvidas em grupos de qualquer
festivas; - alongamentos; - danças; - ginástica; - natureza é uma forma de respeito aos membros do
dinâmicas de grupo; e, jogos e brincadeiras. mesmo.
Esse cuidado no planejamento dos jogos
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO lúdicos e recreativos decorre, ainda, da compreensão
de que ao vivenciá-las é possível experenciar a
O ser humano, desde as épocas mais interação entre as pessoas do grupo, a convivência, a
remotas, joga e brinca, o que nos permite considerar autoestima, a autonomia e a autoexpressão ao
que tal como a linguagem e a escrita, também o jogo mesmo tempo em que são fortalecidos laços
e a brincadeira sempre fizeram parte da história da afetivos, amizades e autoconfiança fazendo com que
humanidade (MATOS, 2006). Entende-se desse a participação social do idoso seja mais ativa.
modo, que enquanto o jogo “é um exercício ou Tal compreensão vai ao encontro da
passatempo recreativo sujeito a certas regras ou ponderação de Fernandes, Oliveira e Canani (2011,

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p.16448) que afirmam que ao se promover a tendem a quebrar barreiras e auxiliar no aprendizado
vivência de jogos e brincadeiras objetiva-se e na relação com o outro e a sociedade.
proporcionar entretenimento, cooperação,
socialização, alegria e prazer para ajudar a eliminar 5. REFERÊNCIAS
inibições, contudo estes devem possuir poucas
regras e dar oportunidade para o exercício da ANDRADE, T. P. et al. Projeto Conviver: Estímulo
criatividade e da cidadania dos participantes criando à Convivência entre Idosos do Catete, Ouro Preto,
assim oportunidades a dar um novo significado aos MG. Revista Brasileira de Educação Médica,
conhecimentos já adquiridos durante a vida. Londrina-PR, n. 36 (1 Supl. 1), p. 81-85, 2012.
Dessa forma, como forma de introdução das Disponível em:
atividades do GC são realizados, no primeiro <http://www.scielo.br/pdf/rbem/v36n1s1/v36n1s1a1
momento das reuniões, jogos e brincadeiras com
1.pdf>. Acesso em: 12 jun.2018.
duração máxima de quinze minutos com e sem bola
(boliche, voleibol de toalha, estafetas), bem como CEDENHO, A.C. O idoso como novo personagem
atividades ritmadas com música e movimentos da atual sociedade: o Estatuto do Idoso e as
gestuais, visando com essa ação abranger um maior diretrizes para o envelhecimento no Brasil. Revista
número de gostos pessoais. do Curso de Direito da Faculdade de
O que se observa no tocante a participação Humanidades e Direito, São Paulo, vol. 11, n. 11,
dos idosos (incluindo aqueles que se mantém
p. 9-45, 2014. Disponível em:
sentados) nos jogos lúdicos e recreativos é que os
<https://www.metodista.br/revistas/revistas-
mesmos percebem que as atividades proporcionadas
promovem movimentos semelhantes ou próximos ims/index.php/RFD/index>. Acesso em: 08
àqueles executados pelo corpo durante a execução jun.2018.
de exercícios físicos regulares de modo que muitos KALACHE, A. Envelhecimento populacional no
passam a se sentir mais animados ao perceberem que Brasil: uma realidade nova. Cadernos de Saúde
ainda são capazes de jogar e obter êxito nos jogos,
Pública, Rio de Janeiro , vol. 3, n. 3, p. 217-220,
tal como antes quando eram jovens.
set. 1987. Disponível em:
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext
&pid=S0102-
No decorrer do GC notou-se, por relatos e 311X1987000300001&lng=en&nrm=iso>. Acesso
atitudes, que os idosos têm opiniões positivas acerca em: 08 jun.2018.
do grupo e das atividades desenvolvidas,
MATOS, N. M. de. O significado do lúdico para os
visualizando-os como um espaço no qual suas vozes
idosos. 2006. 168 f. Dissertação (Mestrado em
são ouvidas e onde ocorre um processo de ensino-
aprendizagem entre os participantes, equipe da ESF Gerontologia) - Universidade Católica de Brasília,
e a Universidade. Brasília-DF. 2006. Disponível em:
Percebe-se, também, que vivenciar os jogos <https://bdtd.ucb.br:8443/jspui/handle/123456789/1
lúdicos e brincadeiras proporciona aos participantes, 226>. Acesso em: 13 jun.2018.
sejam estes sedentários ou não, bem estar físico, MEIRELES, V. C. et al. Características dos Idosos
social e emocional o que nos remete a associar tais em Área de Abrangência do Programa Saúde da
atividades com a melhoria da qualidade de vida e da Família na Região Noroeste do Paraná:
saúde daqueles que as experenciam. O que decorre
contribuições para a gestão do cuidado em
do fato de tais atividades possibilitarem, por meio do
enfermagem. Saúde e Sociedade, São Paulo, vol.16,
exercício do corpo e da mente, emergir sentimentos
de alegria e prazer nos participantes. n.1, p.69-80, jan-abr 2007. Disponível em:
Salienta-se, desse modo, os grupos de <http://www.scielo.br/pdf/sausoc/v16n1/07/pdf>.
convivência, para que os jogos e atividades Acesso em: 08 jun.2018.
recreativas, sejam vivenciados pelo idoso, se MOTA, K. A. M. B.; MUNARI, D. B. Um olhar
apresentam como uma válida alternativa de
para a dinâmica do coordenador de grupos. Revista
promoção à saúde e que o elemento lúdico se
Eletrônica de Enfermagem, Goiânia, vol. 8, n. 1, p.
configura como uma estratégia mediadora da
construção e do repasse do conhecimento de modo 150-161, 2006. Disponível em:
agradável, interessante e, principalmente, <https://www.fen.ufg.br/revista/revista8_1/atualizac
significativa para os participantes. ao.htm>. Acesso em: 08 jun.2018.
Assim, as vivências no grupo de WICHMANN, F. M. A. et al. Grupos de
convivência, quando se dão em um espaço lúdico,
convivência como suporte ao idoso na melhoria da

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saúde. Revista Brasileira de Geriatria e
Gerontologia, Rio de Janeiro, vol. 16, n. 4, 821-832, RESPONSABILIDADE AUTORAL
2013. Disponível em: < “O(s) autor(es) é(são) o(s) único(s) responsável(is)
http://www.scielo.br/pdf/rbgg/v16n4/1809-9823- pelo conteúdo deste trabalho”.
rbgg-16-04-00821.pdf>. Acesso em: 09 jun.2018.

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PERCEPÇÕES DE ACADÊMICOS SOBRE O PROGRAMA DE EDUCAÇÃO PELO
TRABALHO PARA A SAÚDE – PET SAÚDE E INTERPROFISSIONALIDADE

Pilger, Calíope, professora orientadora, cpilger@ufg.br1


Cunha, Gabriel Siqueira, gasicunha@gmail.com1
Díaz, Jalusa Andréia Storch, jalusastorch@yahoo.com.br1
Pereira, Nayline Martins, naylinemartins@ufg.br1
Silva, Eduardo Viana da1
Silva, Yandra Carol da1
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Biotecnologia

Resumo: Este estudo trata-se de um relato de experiência acerca das atividades desenvolvidas pelo grupo de
Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICs) e Educação Popular em Saúde como ferramentas
para estruturação de grupos de Promoção de Saúde inseridos no programa PET-Saúde Interprofissionalidade
da Universidade Federal de Goiás - Regional de Catalão. O objetivo do relato é descrever a experiência
vivenciada pelos participantes do programa, de modo a avaliar os desafios e os benefícios da educação
interprofissional e da implantação das PICs e educação popular em saúde no município. Como estratégia de
trabalho houve articulação com projetos de extensão e pesquisa já existentes na universidade, como a Liga
Acadêmica de Práticas Integrativas e Complementares (LAPIC) e o Núcleo de Estudos e Pesquisa em PICs
(NEPPICS), junto com ações de extensão em Unidades Básicas de Saúde (UBS) que permitiram o contato teórico
e prático dos integrantes do grupo com as atividades e os conhecimentos específicos de cada um dos
cursos/profissões dos integrantes. A partir dessas atividades desenvolvidas dentro do programa, observou-se os
desafio do trabalho interprofissional, uma vez que envolve um conjunto de linguagens, técnicas e conhecimentos
diferentes,assim como vantagens ao agregar todos esses conhecimentos nos cuidados dos usuários, além de
evidenciar a potencialidade do uso das PICs na atenção básica.

Palavras-chave: Colaboração Intersetorial. Terapias Complementares. Universidade. Serviços de Saúde.


__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO usuário do serviço de saúde, a fim de proporcionar um


melhor tratamento, de forma a alcançar a
Segundo a Organização Mundial de Saúde integralidade no cuidado aos usuários (CHIC, 2010).
(OMS) a definição de saúde é “um completo bem- Assim, pautamos os ideias do grupo da Práticas
estar físico, mental e social e não apenas a ausência Integrativas e Complementares em Saúde e Educação
de doença ou enfermidade” (OMS, 2006). Entretanto, Popular em Saúde, o qual está vinculado ao Programa
é percebido que para atender as demandas atuais de de Educação pelo Trabalho para a Saúde – Programa
saúde é necessário não só uma maior integralidade PET Saúde e Interprofissionalidade, desenvolvido no
entre os serviços e a equipe de saúde como também ano de 2019 na cidade de Catalão/GO.
investir na formação e capacitação de novos O Programa de Educação pelo Trabalho para a
profissionais a fim de desenvolver habilidades de Saúde (PET-Saúde), dada à perspectiva
trabalho interprofissional e colaborativo (BARROS; interprofissional, promove a união de estudantes,
SPADACIO; COSTA, 2018). professores e trabalhadores de diversas áreas da
Neste sentido, através das Portarias GM/MS N° saúde, proporcionando uma formação técnica,
421 e N° 422, de 03 de março de 2010, o Ministério científica, tecnológica e acadêmica de qualidade,
da Saúde criou o Programa de Educação pelo fundamentada pela indissociabilidade entre ensino,
Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) para qualificação pesquisa e extensão (BRASIL, 2008).
dos profissionais em saúde e estudantes de graduação No entanto, práticas e projetos que envolvem o
da área. O PET- Saúde se fundamenta na educação ensino da interprofissionalidade na graduação em
pelo trabalho e dessa forma integra ações em saúde ainda são escassas,ou estão em processo de
serviçoensino-comunidade usando da abordagem de implantação. Nesse sentido, é imprescindível
Educação Interprofissional (EI) (BRASIL, 2010). conhecer e avaliar esses tipos de iniciativas. Desta
A Educação Interprofissional busca proporcionar maneira, objetivo deste relato é descrever a percepção
a formação de profissionais de saúde que estejam dos acadêmicos da Universidade Federal de Goiás -
preparados para as práticas colaborativas, que Regional Catalão (UFG-RC) na perspectiva do
incluem tanto melhores práticas dentro da equipe Programa PET Saúde e Interprofissionalidade.
multiprofissional quanto o relacionamento com o

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2. METODOLOGIA 2, como a existência de outros projetos existentes que
já trabalhavam com PICs na Universidade, NEPPICS
Trata-se de um relato de experiência referente à e LAPIC, e consequente parceria desses com o Grupo
percepção dos acadêmicos diante a participação no PET. Por intermédio da LAPIC o grupo 2 pôde entrar
programa PET-Saúde/Interprofissionalidade. O em contato com inúmeras práticas como o reiki,
programa foi implantado na Universidade Federal de auriculoterapia, fitoterapia/plantas medicinais,
Goiás - Regional Catalão no ano de 2019, tendo o automassagem, shantala, dançaterapia e
processo seletivo dos acadêmicos no mês fevereiro, e musicoterapia. Deste modo, os integrantes
início das atividades em março. Os cursos desenvolveram um arcabouço teórico e prático sobre
contemplados pelo programa foram Enfermagem, as PICs o que auxiliou no crescimento coletivo,
Medicina, Psicologia e Educação física. O PET- aprofundamento científico e implementação das
Saúde/ Interprofissionalidade da Regional Catalão é ações do grupo.
dividido em cinco áreas e os discentes selecionados Já se tratandodo núcleo de pesquisa (NEPPICS),
foram inseridos nos seguintes grupos: 1- Núcleo sendo o mesmo composto por membros do
Ampliado de Saúde da Família (NASF): uma PETSaúde, discentes e docentes de diversos cursos, .é
experiência piloto para intento de consolidação; 2- estruturadoem duas linhas de pesquisas: 1) As PICs,
Práticas Integrativas e Complementares e Educação espiritualidade e saúde como ferramentas de cuidado
Popular em Saúde como ferramentas para no contexto da saúde e 2)Educação Popular e PICs.
estruturação de grupos de Promoção De Saúde; 3- Ambascontam com a integração dos diferentes
HIPERDIA: Interprofissionalidade no fortalecimento saberes de cada profissão.
da atenção às pessoas com Hipertensão Arterial e Nas ações conjuntas do grupo PET, o trabalho
Diabetes Mellitus; 4- Atenção à Saúde da Mulher, da colaborativo suscitou muitos desafios, pois, por se
Criança e Adolescente; 5- Fortalecimento das Redes tratar de estudantes de cursos e períodos distintos, que
em Atenção à Saúde: foco na transição do cuidado. trabalham com técnicas e linguagens diferentes,
No grupo concernente às Práticas Integrativas e evidenciou o quão complexo é reunir conceitos e
Complementares, grupo 2, ao qual fazem parte os ideias e crenças nas diversas ações que fomenta, de
autores deste relato de experiência, as atividades modo que todos possam contribuir. Entretanto,
iniciaram-se a partir de fundamentação teórica por vencer essas barreiras é importante para o
meio de leituras e rodas de conversa simultaneamente fortalecimento do grupo, fazendo das diferenças
a vivências práticas proporcionando um primeiro encontradas, uma excelente e potencializadora
contato satisfatório. As atividades do grupo são ferramenta de trabalho.
vinculadas a dois grupos já existentes na No decorrer do semestre foram desenvolvidas
Universidade, a Liga Acadêmica de Práticas atividades no âmbito da universidade como: I Fórum
Integrativas e Complementares (LAPIC) e o Núcleo de PICs por meio de uma articulação da LAPIC com
de Pesquisa em Práticas Integrativas e o PET-Saúde, tendo como objetivo discutir os
Complementares em Saúde (NEPPICS), além das desafios e potencialidades para implantação destas
atividades que são específicas do grupo de trabalho práticas nos serviços de saúde. Bem como, foram
dois do projeto PET Saúde. desenvolvidas atividades extensionistas na
As atividades são desenvolvidas no decorrer da comunidade por meio de vivências teóricas e práticas
semana cumprindo a carga horária de 8 horas, que aconteceram nas Unidades Básicas de Saúde
permeando atividades que envolvem rodas de (UBS) Albino da Silva Barbosa e UBS CAIC, tendo
conversa, estudo, atividades na LAPIC e NEPPICS, como objetivo disseminar as PICs nos serviços de
além de ações extensionistas realizadas na saúde e principalmente para a população do
universidade, na comunidade e nos serviços de saúde. município.
Muitas vezes nos serviços de saúde os
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO profissionais desconhecem a interdisciplinaridade,
fato que é justificado pela própria formação
Com base nesse primeiro semestre de atividades acadêmica do profissional que desprovê essa relação
desenvolvidas no PET- Saúde/Interprofissionalidade interdisciplinar tanto no quesito teórico quanto
é possível identificar o quão rico é esse programa prático(BISPO; TAVARES; TOMAZ, 2014). Dito
proposto pelo Ministério da Saúde. As atividades isso, é necessário reafirmar a importância do
orientadas são capazes de proporcionar aos alunos programa PET-Saúde, posto que estimula uma
ensinamentos e experiências sob a ótica do ensino, da formação integrada, baseada no trabalho em equipe,
extensão e da pesquisa reforçando o papel da e na interprofissionalidade.
universidade perante a sociedade, frente às temáticas: A interprofissionalidade pode ser entendida
Interprofissionalidade, PICs, Educação Popular em como a relação de interdependência, interação e
Saúde e Promoção da Saúde. colaboração entre diferentes domínios e profissionais
Alguns fatores auxiliaram positivamente o grupo em prol de um objetivo comum (COSTA et al., 2018).

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O PET-Saúde trabalha intimamente esse conceito em que o aprendizado e o saber adquirido nessa ocasião
sua dinâmica de funcionamento,percebe-se no poderá ter um impacto positivo futuramente nas
programa a importância da troca de saberes entre os condutas profissionais de cada integrante do grupoe
cursos de graduação envolvidos, direcionando os houver, esta seção deve ser colocada antes da lista de
alunos, professores e profissionais da rede a uma referências.
mudança na lógica de trabalho que favoreça respostas
mais assertivas e integrais do grupo na medida em que REFERÊNCIAS
aprendem com, para e entre si.
O conhecimento interdisciplinar é baseado em AGRELI, H. F.; PEDUZZO, M.; SILVA, M. C.
fundamentos de várias áreas, pensando nisso as Atenção centrada no paciente na prática
competências de cada categoria profissional são interprofissional colaborativa. Interface, v. 20, n.
sistematizadas em obrigações, ou seja, afazeres 59, p. 905-916, 2016.
(SILVA et al., 2015; apud AGRELI et al., 2016). BARROS, N. F.; SPADACIO, C.; COSTA, M. V.
Nesse contexto, as PICs são capazes de Trabalho interprofissional e as Práticas Integrativas
ultrapassar limites exigindo a diversidade e Complementares no contexto da Atenção Primária
interdisciplinar (JÚNIOR, 2016). Através das à Saúde: potenciais e desafios. Saúde debate, v. 42,
experiências vivenciadas pelo grupo PET -Saúde na n. 1, p. 163-173, 2018.
universidade e na comunidade percebeu-se no ______. Informação edocumentação –trabalhos
decorrer do semestre o quanto a utilização das PICs acadêmicos – apresentação: NBISPO, E. P. F.;
são benéficas até mesmo para aos próprios integrantes TAVARES, C. H. F.; TOMAZ, J. M. T.
do projeto, visto que proporcionaram relaxamento, e Interdisciplinaridade no ensino em saúde: o olhar do
um melhor desempenho das atividades acadêmicas. preceptor na Saúde da Família. Interface, v. 18, n.
Apesar da demanda e da carga horária que é preciso 49, p. 337-350, 2014.
cumprir dentro do projeto, o grupo não é considerado BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do
como uma obrigação acadêmica, mas sim como um Ministro. PORTARIA N° 1. 802, DE 26 DE
momento também de autocuidado, em que são AGOSTO DE 2008. Institui o Programa de
fortalecidos os vínculos entre os estudantes, docentes, Educação pelo Trabalho para a Saúde - PET -
profissionais da saúde e comunidade. Saúde. Diário Oficial da União. Brasília, 26 ago.
As PICs são recursos importantes para promoção 2008.
de saúde, principalmente, porque trazem uma nova BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do
visão do processo saúde-doença, em que se ressalta a Ministro. PORTARIA N° 421, DE 3 DE MARÇO
integralidade e empoderamento pessoal, DE 2010. Institui o Programa de Educação pelo
sensibilizando os indivíduos(LIMA; SILVA; Trabalho para a Saúde (PET Saúde) e dá outras
TESSER, 2014). Assim, as PICs são mecanismos de providências. Diário Oficial da União. Brasília, 03
cuidado, autonomia e mudança de vida não só para os mar. 2010.
usuários do serviço e, mas também aos profissionais BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do
que executam as terapias. Ministro. PORTARIA N° 422, DE 3 DE MARÇO
DE 2010. Estabelece orientações e diretrizes
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS técnico-administrativas para a execução do
Programa de Educação pelo Trabalho para a
A partir das vivências e trabalhos realizados pelo Saúde - PET Saúde, instituído no âmbito do
grupo, tornou-se mais evidente não apenas a Ministério da Saúde e do Ministério da Educação.
importância da aplicação das PICs visando o cuidado Diário Oficial da União. Brasília, 03 mar. 2010.
integral do indivíduo, mas também o quão importante CANADIAN INTERPROFESSIONAL HEALTH
é o trabalho interprofissional, suas barreiras e suas COLLABORATIVE (CIHC). A
vantagens dentro do ideal de integralidade. nationalinterprofessionalcompetency framework.
Desse modo, o projeto promove um retorno Vancouver, BC: CanadianInterprofessional Health
social em vários âmbitos,, seja com a formação de Collaborative, 2010. Disponível em:
profissionais capazes de desenvolver um cuidado https://www.cihc.ca/files/CIHC_IPCompetencies_Fe
integral, seja por meio da utilização das PICs e b1210.pdf. Acesso em: 29/08/2019.
educação popular em saúde, em uma formação COSTA, M. V. et al. Educação Interprofissional
interprofissional que atua na relação ensino-serviço, em Saúde. RN: UFRN, 2018. 85 p. ISBN 978-85-
ou seja com a formulação de ações de extensão que 7064054-3.
oferecem benefícios para a saúde da comunidade. JÚNIOR, E. T. Práticas integrativas e
Vale ressaltar que oportunidades como essa complementares em saúde, uma nova eficácia
durante a graduação, faz com que os integrantes para o SUS. Estudos Avançados, v. 30, n. 86, p. 99-
obtenham conhecimento e se tornem aptos para o 112, 2016.
desenvolvimento de práticas interdisciplinares, visto LIMA, Karla M. V; SILVA, Kênia L.; TESSER,

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Charles D. Práticas integrativas e complementares e http://www.who.int/governance/eb/who_constitution
relação com promoção da saúde: experiência de um _sp.pdf. Acesso: 19/09/2019.
serviço municipal de saúde. Interface: SILVA, J. A. M.; PEDUZZI, M.; ORCHARD, C.;
Comunicação, Saúde, Educação, São Paulo - SP, LEONELLO, V. M. Educação interprofissional e
2014. DOI 10.1590/1807-57622013.0133. prática colaborativa na Atenção Primária à Saúde.
Disponível em: RevEscEnferm, v. 49, p.16-24, 2015.
https://www.scielosp.org/pdf/icse/2014.v18n49/2612
72/pt. Acesso em: 20 ago. 2019. RESPONSABILIDADE AUTORAL
Organização Mundial da Saúde. Constituição da
Organização Mundial da Saúde. Documentos “O(s) autor(es) é(são) o(s) único(s) responsável(is)
básicos, suplemento da 45ª edição, outubro de 2006. pelo conteúdo deste trabalho”.
Disponível em espanhol em:

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CLÍNICA ABERTA COM IDOSOS NA COMUNIDADE

MACHADO, Maria Paula, mariapaulamp07@hotmail.com1


SILVA, Daise Martins 1
NAVES, Emilse Terezinha1
BARBOZA, João Marcos Silva1
MARIANO, Ana Lúcia Cândido2
FERNANDES, Keteriny Daniela Borges3
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Biotecnologia
2
Médica geriatra na Estratégia Saúde da Família CAIC/Catalão – GO
3
Enfermeira na Estratégia Saúde da Família CAIC/Catalão – GO

Resumo: O crescente envelhecimento da população é um fenômeno recente e que demanda atenção específica.
Assim, esse trabalho tem o intuito de discutir acerca de um projeto de extensão realizado em uma unidade de
Estratégia Saúde da Família (ESF) na cidade de Catalão- GO. O projeto foi realizado em parceria com a geriatra
da rede pública do município de Catalão, a qual está inserida no Programa de Saúde do Idoso, referindo a
atendimentos clínicos com idosos previamente encaminhados pela ESF. Deste modo, o presente trabalho trata-se
de um relato de experiência das acadêmicas que realizavam os atendimentos, apresentando assim, impasses e
possibilidades sobre a clínica com idosos.

Palavras-chave: Idosos. Envelhecimento. Psicanálise

______________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO transformação da qualidade de vida, logo, as


estratégias e ferramentas para esse objetivo são
A população idosa cresce significativamente na construídas em conjunto a cada encontro entre
atualidade, assim como as estatísticas apontam uma profissional e usuário, isto é, não se limitando apenas
alta significativa do número dessa população no a cura de doenças (BRASIL, 2013).
Brasil. Os dados do IBGE, indicam para uma inversão Deste modo, esse trabalho tem o intuito de
discutir um projeto de extensão intitulado “Clínica
da pirâmide etária, com o declínio de nascimentos e
com idosos” desenvolvido em uma unidade de
jovens e consequentemente, o aumento da expectativa
Estratégia Saúde da Família (ESF), popularmente
de vida, assim, culmina também no aumento de conhecida como ESF do CAIC. As atividades
pessoas acima de 60 anos de idade. De acordo com desenvolvidas visam a proteção, promoção e
dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), prevenção de agravos a saúde do idoso. Uma vez que,
espera-se que até 2025, o Brasil seja o sexto país do é necessário pensar como os idosos estão vivenciando
mundo com maior número de pessoas idosas esse período da vida, frente ao reconhecimento que
(CIOSAK, 2010). Frente a tal fato deve-se pensar em não há uma estabilidade do sujeito e sim alternância
políticas que vão garantir a essa população um ao longo da vida, ou seja, as pessoas mudam seu
envelhecimento saudável, afinal, não basta somente modo de ser e agir com o tempo.
pensar na longevidade, mas também na qualidade de Posto isso, notou-se a importância de criar
vida. Posto isso, a Atenção Básica deve estar voltada meios para que os idosos possam ressignificarem
para políticas de prevenção e cuidados com o questões referentes ao próprio processo de
envelhecimento, bem como um espaço de cuidado em
envelhecimento e a saúde da pessoa idosa. “Em 2006,
que os velhos possam ser ouvidos. Assim, a partir da
foi implementada a Política Nacional de Saúde da demanda de uma médica geriatra do município de
Pessoa Idosa (PNSPI) que define a Atenção Básica Catalão-GO, em que inicialmente ela observou casos
(BA) como porta de entrada para a atenção à saúde do de idosos em situações de vulnerabilidade, quadros
idoso e a referência para a rede de serviços depressivos e solidão. Ademais, dentre os motivos
especializados” (CIOSAK, 2010, p. 438). que levaram os idosos ao serviço de saúde mental
Nesse sentido, as intervenções em saúde havia questões acerca da sexualidade, a perda do
mental visam abrir possibilidades para a cônjuge, conflitos com os filhos, a queixa de um vazio

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ocasionado por esta fase, a perda do status realiza atendimentos médicos na unidade de
profissional, a perda de autonomia e inclusive o medo Estratégia Saúde da Família do CAIC. Assim, os
da própria morte. Afinal, muitas vezes, os idosos não idosos que demandavam um atendimento, eram
conseguem lidar com suas perdas e seu vazio encaminhados pela geriatra para o atendimento
sozinhos, neste ponto se torna importante o auxílio de psicológico individual.
um psicólogo. Inicialmente, foi realizado uma triagem dos
Posto isso, foi necessário trabalhar a
idosos que aguardavam atendimento médico e/ou que
autoestima dos idosos por meio do reforçamento
estavam em situação de risco e vulnerabilidade, ou
egóico. Deste modo, a psicoterapia tem como
estratégia poder ajudar o idoso a elaborar, se seja, foi estabelecido uma hierarquia de modo a
posicionar frente aos lutos e perdas, bem como atender inicialmente casos urgentes. Os atendimentos
construir alternativas para estes (SILVA, s/a). psicológicos foram realizados na unidade de saúde do
Logo, foi estruturado um projeto com o CAIC da cidade de Catalão-GO, por estagiárias do
intuito de realizar um trabalho multidisciplinar entre nono e décimo período do curso de Psicologia da
a área médica e a psicológica, pois além da consulta Universidade Federal de Goiás/ Regional Catalão,
médica, notou-se a importância de atendimentos supervisionadas semanalmente pela docente,
individualizados para essa população no intuito de coordenadora do projeto. Os atendimentos com os
proporcionar um espaço em que os velhos possam idosos acontecem semanalmente, com duração de
falar e elaborar suas próprias questões. Isto é, a aproximadamente 50 minutos, variando de acordo
psicoterapia busca desfazer a imagem cristalizada que com a demanda de cada paciente. Além disso, alguns
o próprio idoso possui sobre a velhice, além da
casos eram discutidos com a médica geriatra e com a
responsabilização por suas configurações de relação
e pelo próprio desejo. enfermeira chefe da unidade, prevalecendo o cuidado
Posto isso, é importante pensar como a singular, integral e multidisciplinar do paciente.
psicologia na Atenção Básica, especificamente,
inserida dentro do Programa de Saúde do Idoso do 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
município de Catalão, em parceria com a geriatria,
pode vir a somar na busca por saúde e prevenção de A partir da psicoterapia com os idosos, foi
doenças desta população. Deste modo, busca-se possível observar que a maioria dos pacientes
realizar atendimentos individualizados aos idosos atendidos se enquadravam em um quadro de
cadastrados no Programa de Saúde do Idoso, para melancolia causada pelo próprio processo de
auxiliá-los a lidar com suas questões e, ao mesmo envelhecimento, uma vez que, devido a
tempo, permite a eles a oportunidade de reconstrução aposentadoria, afrouxamento dos vínculos e laços
de sentidos, contribuindo, assim, para o bem-estar
sociais, foram perdendo seu espaço social e aos
mental.
poucos se isolando, além do sentimento de menos
Deste modo, o presente estudo tem como objetivo
relatar a experiência das acadêmicas acerca da valia. Logo, muitos dos idosos atendidos não
realização dos atendimentos psicológicos com a conseguiram fazer o luto acerca do processo de
população idosa na rede pública de saúde de Catalão- envelhecimento e a escuta clínica possibilita a esses
GO no intuito de apresentar a importância de tal sujeitos condições para a elaboração desses lutos,
serviço e a implicação do mesmo na vida do usuário. amenizando seus sofrimentos.
Ressaltando que esta atividade é desenvolvida por Outro ponto observado, foi a presença de
alunos e uma docente do curso de Psicologia da questões ligadas ao corpo e à sexualidade, em que
Universidade Federal de Goiás, - Regional Catalão, esses idosos estão frente a um corpo com marcas do
em parceria com o Programa Saúde do Idoso do tempo, o que é inegável, mas ao mesmo tempo “a
Município de Catalão –G0. velhice não apaga o desejo e a libido, mas estes são
inscritos em maneiras diferes” (MUCIDA, 2009,
2. METODOLOGIA
p144). Com isso, a escuta analítica propiciou um
importante lugar de fala para refletir e fazer o luto
O presente trabalho trata-se de um relato de
acerca das mudanças ocorridas no corpo em
experiência vivenciado por extencionistas de um
decorrência do envelhecimento e de outras situações,
Projeto de Extensão pertencente ao curso de
como as percepções e angústias diante da experiência
Psicologia da Universidade Federal de Goiás –
da sexualidade nesse momento da vida.
Regional Catalão durante o ano de 2019. A proposta
Cotidianamente, percebemos estigmas e
baseou em realizar um trabalho multidisciplinar e
preconceito acerca da sexualidade do idoso, como se
conjunto com o Programa Saúde do Idoso de Catalão-
estes fossem assexuados. Contudo, como aponta
GO, após o convite da geriatra do município que
Vieira, Coutinho e Saraiva (2016), as relações sexuais

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entre esta população é uma realidade que, por sua vez, Alguns idosos com os atendimentos se sentiram mais
leva a satisfação física e mental. Posto isso, as autoras encorajados e buscaram realizar atividades que até
acrescentam que a velhice não define a ausência do então não puderam ou lhe foram permitidas, como
desejo sexual, mas há a transformação libidinal, aprender a tocar violão, viajar e descobrir um dom no
afinal, os investimentos se alteram com o passar do artesanato. Passaram a buscar modos de ressignificar
tempo, o que se reflete na diferença em que a suas histórias, isto é, a construírem alternativas frente
sexualidade é vivida na juventude comparada a as suas angústias,
velhice.
Ao narrar seus sofrimentos e angústias o sujeito 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ou
passa a ter a possibilidade de escutar a si mesmo CONCLUSÕES
enquanto fala, o que abre possibilidade para o idoso
olhar a forma como se movimenta nas suas escolhas Por meio dos atendimentos psicológicos
e na vida, bem como dar forma e significados as suas realizados na ESF, é notório a melhoria do bem-estar
vivências (BRASIL, 2013). mental e emocional do idosos. Ademais, é evidente
A maioria dos idosos atendidos aderiu a também a troca de ações entre educação, promovidas
psicoterapia e relataram que depois dessa experiência pelo meio acadêmico, isto é, a parceria entre a
clínica tem lidado melhor com determinadas Universidade Federal de Catalão e a Secretaria de
situações da vida. No entanto, um número Saúde do município podem beneficiar a população
significativo de pacientes não deram continuidade a local.
proposta de cuidado. Além disso, o trabalho com idoso ultrapassa o
A clínica com idosos de certo modo se mostrou consultório, pois, há o envolvimento de uma rede de
instável e apresenta desafios, uma vez que, por profissionais pensando e buscando o bem-estar do
questões sociais, familiares e de saúde não puderam usuário do serviço. Deste modo, é necessário pensar
se locomover até a unidade. Posto isso, é importante em novos paradigmas técnicos e clínicos no trabalho
salientar que as ações universitárias ampliam a psicoterápico com idosos, visto que, esta população
dimensão do cuidado, mas é de suma importância possui particularidades e necessidades especiais,
compreender as condições de saúde, expectativas e além do mais, vêm buscando mais cuidados. Logo, é
necessidades desta população (SILVA et al., 2017). de suma importância aos profissionais da saúde
Muitos idosos no decorrer dos atendimentos se mental repensarem suas práticas no contexto clínico,
queixaram sobre a falta de autonomia perante os bem como buscarem parcerias com outros campos da
filhos, muitas vezes, as decisões sobre a própria vida saúde, de modo a abranger as necessidades desta
do idoso não são se quer perguntadas a eles, se sentem população e incentivando o cuidado integral.
infantilizados, acreditando que os papéis de mãe/pai
e filho foram invertidos. Outra demanda apresentada AGRADECIMENTOS
seria o sentimento de solidão e tristeza desencadeados
pela morte do cônjuge. Alguns se queixam que após Agradecemos a equipe da unidade de Estratégia
o falecimento do companheiro (a), a vida perdeu o Saúde da Família do CAIC, em especial a enfermeira
sentido, se sentem estagnados e se apegam a objetos Keteriny Daniela Borges Fernandes e a Drª Ana Lúcia
deixados por ele (a). O que demostra a necessidade de Cândido Mariano que possibilitaram a execução do
elaboração do luto. trabalho. Deixamos nosso apreço também à
Há ainda aqueles que lamentam e se emocionam professora Drª. Emilse Terezinha Naves
ao narrar que já conseguem exercer o mesmo trabalho coordenadora e supervisora da ação de extensão pela
que antes realizavam na zona rural, visto que, este oportunidade e apoio na realização do projeto.
estava voltado ao trabalho braçal, em que era exigido
agilidade e força. Porém, com as limitações REFERÊNCIAS
ocasionadas por problemas de saúde já não se é mais
permitido, e hoje, estranham tamanha modernização BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção
e relatam não conseguirem acompanhar os avanços à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Cadernos
tecnológicos. de Atenção Básica: Saúde mental. Brasília: 2013.
Como a maioria dos idosos não tiveram CIOSAK, Suely Itsuko et al. Atenção integral na
oportunidade de terminar o ensino fundamental ou se saúde do idoso no Programa Saúde da Família: visão
quer puderam frequentar a escola, as intervenções dos profissionais de saúde. Revista da Escola de
consistiram em ser mais simples, de modo a facilitar Enfermagem da USP, v. 44, n. 2, p. 437-444, 2010.
o entendimento, sendo mais curtas e objetivas.

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Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). SILVA, José Maurício. As particularidades da clínica
Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios psicanalítica com idosos. II Congresso Nacional de
(Pnad), 2010. Disponível em: Envelhecimento Humano (CNEH), 2018.
<https://ww2.ibge.gov.br/home/estatistica/pesquisas/
SILVA, Willames. Ações educativas vivenciadas
pesquisa_resultados.php?id_pesquisa=40> Acessado
com idosos: um relato de experiência. Revista de
em: 17 de Agosto de 2018.
Ciências da Saúde Nova Esperança, v. 15, n. 3, p.
KAY, Francis Leal Vieira; COUTINHO, Maria da 31-36, 2017.
Penha de Lima; SARAIVA, Evelyn Rúbia de
Albuquerque. A sexualidade na velhice: RESPONSABILIDADE AUTORAL
representações sociais de idosos frequentadores de
um grupo de convivência. Psicologia: Ciência e “O(s) autor(es) é(são) o(s) único(s) responsável(is)
Profissão, v. 36, n. 1, p. 196-209, jan./mar. 2016.. pelo conteúdo deste trabalho”.
MUCIDA, A. Escrita de uma memória que não se
apaga: envelhecimento e velhice. Belo Horizonte:
Autentica, 2009.

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DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL DOCENTE PARA PRÁTICA
DE METODOLOGIAS INOVADORAS DE ENSINO
Assis, Maria Paulina de, paulina@ufg.br
Bringel, Yohanna Lawanda, yohaa.bringel@hotmail.com 1
Batista, Isabella Farias, 2
Jardim, Giselly Stefhany Ferreira, ³
Araujo, Juliane de Brito, 4
Rasmussem, Laura Gaspar, ³
Diniz, Luana Maraisa Barbosa, 2
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Biotecnologia
2
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de História e
Ciências Sociais
3
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Engenharia
4
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Gestão e Negócios

Resumo: Este estudo teve por objetivo promover oficinas e produzir materiais sobre métodos e técnicas sobre
metodologias inovadoras de ensino, afim de estimular o desenvolvimento dos futuros professores atendidos
através de um processo que incentive a autonomia intelectual e a visão crítica. Entende-se a importância das
metodologias de ensino para a eficácia do processo educativo e também para a criação de um pensamento crítico,
desenvolvendo cidadãos para além da reprodução dos sistemas e normas atuais, mas sujeitos emancipados,
capazes de criar, inventar, construir e modificar seus modos de vida, assim como a cultura e a sociedade. Para
isso, esse projeto de extensão possibilitou debates e estudos acerca das metodologias de ensino. Utilizando o
modelo de desing instrucional (DI), têm-se trabalhado em um manual de metodologias de ensino e desenvolveu-
se uma palestra, em parceria com docentes especialistas na área, para ampliar e difundir os conhecimentos e
pesquisas mais atuais sobre as metodologias inovadoras de ensino, suas possibilidades e quais os impactos elas
podem causar no desenvolvimento profissional dos docentes e futuros professores dos mais diversos cursos de
licenciatura. Têm-se concluído que as metodologias inovadoras de ensino podem ser ferramentas de grande
potencial na construção de uma nova educação para o nosso país, a qual se distancia da tradicionalidade do
ensino, se propondo a instigar uma nova forma de estudar, gerando maior emancipação e autonomia na
construção de conhecimento.

Palavras-chave: Educação. Metodologia inovadora de ensino. Docência.

__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO aprender fazendo (learning by doing). (DEWEY,


1938; 2007; DEWEY e CUNHA, 2007). Ele criticou
Neste começo de um novo milênio, a educação de forma contundente a obediência e submissão
apresenta-se numa dupla encruzilhada: de um lado, o cultivadas nas escolas. Na visão de Dewey essas
desempenho do sistema escolar não tem dado conta da condutas se configuravam como obstáculos à
universalização da educação básica de qualidade; de educação. E, para superar tais posturas, Dewey
outro, as novas matrizes teóricas não apresentam defendia a iniciativa, originalidade e cooperação
ainda a consistência global necessária para indicar como formas de libertar as potencialidades dos
caminhos realmente seguros numa época de profundas indivíduos, demandando, para isso, métodos ativos e
e rápidas transformações (GADOTTI, 2000, p.6). criativos, que fossem centrados e se desenvolvessem
a partir das suas necessidades (DEWEY, 2007).
Diante desta dupla encruzilhada, recorrer ao
legado de Paulo Freire (1921-1997) através do seu A educação, para Dewey, é o processo de
Projeto de Escola Cidadã – de uma pedagogia da reconstrução e reorganização da experiência, é o
autonomia - e ao de John Dewey (1859-1952) fenômeno direto da vida. Essa contínua reconstrução
defensor da educação pela experiência pode oferecer tem por fim imediato melhorar pela inteligência a
algumas alternativas ricas de saberes e de qualidade da experiência. Por essa definição nota-se
possibilidades. que, para o pedagogo, o resultado da educação se
identifica com seus meios, do mesmo modo que os
Dewey - filósofo, psicólogo e pedagogo fins da vida se identificam com o processo de viver
norteamericano - formulou um ideal pedagógico (WESTBROOK; e TEIXEIRA, 2010).
segundo o qual a aprendizagem ocorre pela ação, o

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Freire, por sua vez, estimulou o desenvolvimento aprender a ser. (a) Aprender a conhecer: Isto é adquirir
de uma Pedagogia os instrumentos da compreensão. Isso supõe uma
cultura geral, o que não prejudica o domínio de certos
Problematizadora, em que o educador e o educando assuntos especializados. Extrapola-se o sentido de
aprendem juntos, num processo de constante ‘aprender a aprender’, além de beneficiar-se das
aperfeiçoamento. “Quem forma se forma e re-forma oportunidades oferecidas pela educação ao longo de
ao formar e quem é formado forma-se e forma ao ser toda a vida e pensar o que já foi dito, é necessário
formado” (FREIRE, 2005, p. 25). Ou seja, não existe pensar o novo, reinventar o pensar e construir novas
ensinar sem aprender e tampouco aprender sem possibilidades de futuro.
ensinar. De acordo com o autor, “ensinar não é
transferir conhecimento, mas criar as possibilidades (b) Aprender a fazer, a fim de formar indivíduos
para a sua própria produção ou a sua construção” capazes de agir sobre o meio envolvente. Isto é
(FREIRE, 2005, p. 47). adquirir não somente uma qualificação profissional,
mas de uma maneira mais ampla, competências que
Além disso, para o pedagogo e filósofo brasileiro, tornem a pessoa apta a enfrentar numerosas situações
a educação não é neutra, mas sempre um ato político. e a trabalhar em equipe. Diante dessa nova
Partindo dessa perspectiva, ele trabalha com a ideia de perspectiva, a flexibilidade e capacidade de adaptarse
conscientização, ou seja, que a educação deve partir é essencial. (c) Aprender a viver juntos desenvolvendo
em direção a uma formação da autonomia intelectual a compreensão do outro, a fim de participar e cooperar
do cidadão, de modo que este venha a intervir sobre a com os outros em todas as atividades humanas. Ter
realidade. A autonomia, enquanto amadurecimento do prazer no esforço comum.
indivíduo, é um processo e, portanto, deve estar
centrada em experiências estimuladoras da decisão e Além disso, implica a percepção das
da responsabilidade, respeitosas da liberdade interdependências no respeito pelos valores do
(BERBEL, 2012). pluralismo, da compreensão mútua e da paz.
Para Freire, uma educação voltada para o futuro (d) Aprender a ser, via essencial, integra todos os
deve se consolidar como uma educação contestadora, demais pilares. Se relaciona com o melhor
muito mais direcionada para a transformação social do desenvolvimento das personalidades, e construindo
que para a transmissão cultural. Trata-se de uma uma maior capacidade de autonomia, discernimento e
tática, um meio, ela não tem fim em si mesma, antes de responsabilidade pessoal. Para isso a educação
se constitui como estratégia para a libertação, para a deve se atentar, de forma consistente e responsável, as
humanização de todos (GADOTTI, 2000). potencialidades de cada indivíduo. A aprendizagem
precisa ser integral, e não apenas lógico-matemática e
Ambas as propostas, de Dewey e de Freire, linguística. Os autores destacam ainda que estas
apresentam uma visão bem mais ampla e interativa quatro vias do saber constituem apenas uma em sua
acerca da aprendizagem. Elas não se limitam a uma totalidade, dado que existem entre elas múltiplos
perspectiva escolar da educação, pelo contrário, são pontos de contato, de relacionamento e de permuta.
abordagens que repensam o papel do estudante como
indivíduo social e o direciona caminhos que objetivem Apesar disso, o ensino formal se orienta, em sua
o seu desenvolvimento global. essência, para o aprender a conhecer e, em menor
escala, para o aprender a fazer. Os dois outros pilares
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA - aprender a viver juntos e aprender a ser - são
comumente reduzidos a ações pontuais e
Em relatório publicado pela OCDE no ano 2000, circunstanciais, sem perspectivas estruturadas para
salienta-se, de forma contundente, a responsabilidade continuidade. No século XXI deve-se concentrar
que cabe à escola no desenvolvimento de indivíduos especial atenção à imaginação e a criatividade, uma
capazes de responder a uma sociedade que sustenta vez que um dos principais motores desse mundo em
como novos valores determinantes para o sucesso o mudança parece ser a inovação, social e econômica.
conhecimento, a criatividade e a inovação. Jacques “Na escola, a arte e a poesia deveriam ocupar um lugar
Delors et al. (1998) no livro Educação: um tesouro a mais importante do que aquele que lhes é concedido,
descobrir, destaca como princípio norteador para em muitos países, por um ensino tornado mais
construção de sistemas educacionais no século XXI a utilitarista do que cultural”. (DELORS, 1998, p. 100).
busca de uma aprendizagem ao longo de todo a vida
(Lifelong Learning). A padronização de comportamentos individuais
tende a comprometer esse processo, ao inibir essas
Delors et al. (1998) fundamentam a aprendizagem claras manifestações da liberdade humana. Coutinho
ao longo da vida em quatro pilares: aprender a e Lisbôa (2011) defendem que esses pilares –
conhecer; aprender a fazer, aprender a viver juntos, simultaneamente pilares do conhecimento e da

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formação continuada - podem ser utilizados como para os alunos e encorajavam a iniciativa através de
bússola no sentido de orientar quanto ao futuro e as uma abordagem de comunicação não controladora.
possibilidades da educação. A capacidade de
continuar a aprender depois de terminada a formação Nessa mesma linha, Reeve (2009) apresenta
escolar, esquecendo-se para isso da dicotomia entre como condição básica para a promoção da autonomia
adquirir conhecimento (na escola) e aplicar o que o professor deve adotar a perspectiva dos alunos.
conhecimento (no local de trabalho) é talvez, para o Mais especificamente, esse deve nutrir os recursos
aspecto mais central na construção de uma nova motivacionais internos dos alunos, a partir dos
ordem social. (COUTINHO; E LISBÔA, 2011). interesses pessoais destes; explicar racionalmente a
necessidade do estudo de determinado conteúdo ou a
Para os autores, a aprendizagem ao longo da vida realização de determinada atividade; usar de
é essencial, uma necessidade, e não uma possibilidade linguagem informacional; ser paciente com os
de luxo a ser considerada. Esse entendimento acerca diferentes ritmos de aprendizagem; reconhecer e
do processo educativo é hábito que deve ser adquirido, aceitar as expressões de pensamentos e sentimentos
uma vez que cria o desafio de compreender, explorar dos alunos, inclusive pensamentos e sentimentos
e apoiar novas dimensões essenciais da aprendizagem, negativos.
tais como: aprendizagem autodirigida, aprendizagem
por demanda, aprendizagem colaborativa e Berbel (2012) defende que esses comportamentos
aprendizagem organizacional. por parte dos professores podem ser estimulados por
meio de metodologias ativas, dado que elas fortalecem
Dentro desse novo contexto social, com os mais a percepção de ser o aluno, suas experiências, e não as
diversos tipos de conhecimento a serem adquiridos e do educador, o ponto de partida para o processo de
habilidades a serem construídas, a escola deve atuar aprendizagem. Ao considerar como mola
no sentido de promover o desenvolvimento humano, impulsionadora da aprendizagem a superação de
possibilitando a conquista de níveis complexos de desafios, a resolução de problemas e a construção de
pensamento e de comprometimento nas ações dos conhecimento novo a partir de saberes prévios do
alunos (GADOTTI, 2000). E o professor, como indivíduo, a teoria desenvolvida por Freire (1996)
grande intermediador desse trabalho, pode contribuir dialoga de forma direta e clara com os princípios
tanto para a promoção da autonomia dos estudantes norteadores das metodologias ativas.
como para a manutenção de comportamentos de
controle sobre eles (DELORS et al., 1998). Para As metodologias ativas baseiam-se em formas de
Rogers (1973), os seres humanos “têm natural desenvolver o processo de aprender, utilizando
potencialidade de aprender, são curiosos a respeito do experiências reais ou simuladas. Elas têm o potencial
mundo em que vivem, até que a menos que, tal de despertar a curiosidade, à medida que os alunos se
curiosidade seja entorpecida por nosso sistema inserem na teorização e trazem elementos novos, que
educacional”. Segundo o autor, essas potencialidades normalmente seriam desconsiderados em uma sala de
podem e devem ser libertadas sob condições aula direcionada por modelos pedagógicos
apropriadas, que levem em consideração os interesses conservadores (BERBEL, 2012).
e desejos de aprender dos alunos. Ele afirma que a Para Berbel (2012), nesse caminho, o professor
única aprendizagem que influi significativamente atua como facilitador ou orientador para que o
sobre comportamento, ou seja, a única aprendizagem estudante faça pesquisas, reflita e decida de forma
de fato significativa, é a que for autodescoberta e auto autônoma. Este direcionamento tem o objetivo de
apropriada. Nesta, o estudante percebe que a matéria oferecer as condições para que o aluno consiga
e conteúdo que deve aprender se relaciona, de alguma intervir, com sucesso, nos desafios advindos das
forma, consigo, com seus projetos ou objetivos, práticas sociais, nos mais diversos contextos.
quando aprendem “coisas que percebem implicarem
na manutenção ou na elevação de si” (ROGERS, De acordo com Rogers (1973), esta aprendizagem
1973, p.160). facilitada o aluno participa de forma responsável do
processo, escolhe suas direções, descobre e investiga
Guimarães (2010) identificou, em um curso de a partir de recursos próprios de aprendizado, decide
formação de professores, algumas práticas comuns quanto ao curso da ação e vive as consequências
dos participantes caracterizados como promotores da dessas escolhas. “A aprendizagem mais eficaz é a da
autonomia, diferentemente dos que primavam por pessoa que se deixa envolver, totalmente, por si
utilizar técnicas de controle. Destacou-se o fato de que mesma. Não se trata de aprendizagem só do pescoço
em suas interações eles ouviam os alunos com mais para cima. É um tipo de aprendizagem em nível
frequência, permitiam que estes lidassem de modo visceral, profunda e impregnante” (ROGERS, 1973,
pessoal com materiais e ideias, assumiam com p.164). Diante disso, fica claro o papel central que o
empatia o ponto de vista deles, direcionavam o foco professor ocupa, e a relevância de como conduz a aula,

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como interage com os alunos e quais as percepções sistemas de avaliação, métodos e materiais
que possui sobre estes para que experiências instrucionais. Tradicionalmente, tem sido vinculado à
transformadoras de ensino sejam, de fato, alcançadas. produção de materiais didáticos, mais especificamente
à produção de materiais analógicos. Com a
As propostas de Dewey e de Freire, de uma incorporação das tecnologias de informação e
educação que ocorra através da experiência, que tenha comunicação, em especial a Internet, ao processo de
como objetivo a autonomia do estudante e a formação ensino-aprendizagem, faz-se necessária uma ação
de indivíduos conscientes, capazes de intervir no sistemática de planejamento e a implementação de
mundo em que vivem, encontram ressonância nos novas estratégias didáticas e metodologias de ensino-
princípios de educação, ao partirem de uma visão aprendizagem.
educativa complexa, envolvente, e que aconteça ao
longo de toda a vida. Além disso, essas abordagens 3.2 Procedimento
são viáveis quando capazes de ressignificar os papeis
de aluno e professor, direcionando o foco do ensino Está em andamento a criação de um material
para o aprendente. didático, que seguirá o modelo de Design instrucional,
Este trabalho teve por objetivo promover oficinas contendo os passos para aplicação dessa metodologia:
sobre métodos e técnicas sobre metodologias A- Análise: Análise da necessidade de aprendizagem;
inovadoras de ensino, afim de estimular o D – Design: Planejamento da solução para a
desenvolvimento dos futuros professores atendidos necessidade de aprendizagem utilizando um modelo
através de um processo que incentive a autonomia conceitual; D - Desenvolvimento: Desenvolvimento
intelectual e a visão crítica. Também visa a produção da solução; I – Implementação: Implementação da
de materiais que possam auxiliar na construção solução; A- Avaliação: Avaliação da solução
didática dos profissionais e estudantes de licenciatura, implementada.
os envolvendo e aprofundando seus conhecimentos Além disso, também será ministrada um
acerca das metodologias ativas e suas possibilidades. workshop sobre metodologias de ensino, com foco de
atingir os alunos dos cursos de licenciatura da
3. MÉTODO universidade. Serão trabalhadas a gamificação e
storytelling.
3.1 Metodologia
3.3 Participantes
A metodologia utilizada neste projeto foi a do
Design Instrucional (DI) explicada brevemente a O foco do Workshop será, prioritariamente,
seguir. O DI compreende um processo de tradução de estudantes dos cursos de licenciatura da Universidade
princípios da aprendizagem para o planejamento de Federal de Goiás/Regional Catalão.
atividades didáticas, materiais e processos de No entanto, as atividades desenvolvidas serão
avaliação e recursos para ensino e aprendizagem destinadas a um número maior de estudantes e
(SMITH; RAGAN, 1999). Trata-se de uma profissionais, devido o manual de metodologias
metodologia orientada por resultados de pesquisas em ativas, criado durante os grupos de estudo do projeto.
Psicologia, Educação e Comunicação, desta forma, Por ser um material digital, pretende-se facilitar o
considera múltiplos fatores na elaboração, condução e acesso e ampliar o contato de profissionais e futuros
avaliação de ações de ensino e capacitação profissionais da educação.
profissional.
Segundo Smith e Ragan (1999), as vantagens do 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
DI sobre outras metodologias incluem: considerar o
aluno como centro do processo de ensino e Foram realizados encontros para aprofundamento
aprendizagem; utilizar de maneira integrada o em metodologias ativas e pesquisa e tradução do site
trabalho de diferentes profissionais que atuam na de apoio e auxílio a professores “The teacher toolkit”
criação de cursos e programas, tais como designers – o kit de ferramentas do professor, em tradução livre.
instrucionais, designers gráficos, instrutores, Tais momentos foram fundamentais para
diretores, em equipes colaborativas realizando um consolidação dos assuntos que serão em breve
trabalho sistemático. Para Filatro e Piconez (2004, apresentados para a comunidade acadêmica e externa.
p.2).
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em um nível macro, o Design Instrucional é
compreendido como o planejamento do ensino O projeto e suas respectivas atividades ainda
aprendizagem, incluindo atividades, estratégias, estão em desenvolvimento. No entanto, espera-se

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que o conhecimento e compreensão dessas
experiências desde já vivenciadas, sejam fontes de
referência para educadores e os inspirem quanto a
implementação de práticas capazes de
transformar os sistemas e modelos tradicionais de
educação.

REFERÊNCIAS

BERBEL, N. A. N. As metodologias ativas e a


promoção da autonomia de estudantes. Semina:
Ciências Sociais e Humanas, v. 32, n. 1, p. 25-40,
2012. ISSN 1679-0383.
COUTINHO, C. P.; LISBÔA, E. S. Sociedade da
informação, do conhecimento e da aprendizagem:
desafios para educação no século XXI. Revista de
Educação, v. 18, n. 1, p. 5-22, 2011.
DELORS, J. et al. Educação: um tesouro a
descobrir: relatório para a Unesco da Comissão
Internacional sobre Educação para o século XXI.
1998. ISBN 9724117758.
DEWEY, J. Experience and Education. New York:
Touchstone, 1938. ______. Democracy aEducation.
Teddington: The Echo Library, 2007.
DEWEY, J.; CUNHA, M. V. Democracia e
Educação: capítulos essenciais/John Dewey. São
Paulo: Ática, 2007.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido: saberes
necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e
Terra, 1996.
GADOTTI, M. Perspectivas atuais da educação.
São Paulo em perspectiva, v. 14, n. 2, p. 03-11, 2000.
ROGERS, Carl R. Liberdade para aprender. 2* ed.
Belo Hori-zonte: Interlivros, 1973.
WESTBROOK, R. B.; TEIXEIRA, A. John Dewey.
Fundação Joaquim Nabuco, 2010.

RESPONSABILIDADE AUTORAL

“O(s) autor(es) é(são) o(s) único(s) responsável(is)


pelo conteúdo deste trabalho”.

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Mostra de Estágio

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ESTÁGIO EM ENGENHARIA CIVIL – ACOMPANHAMENTO DA CONSTRUÇÃO
DA CASA DO ESTUDANTE UNIVERSITÁRIA

CARVALHO, José Vitor Silva, josevitor_carvalho@outlook.com¹


MORAES, Matheus Henrique Morato de¹
MORAIS, Lucas Salomão Rael de²
ARGENTA, Ana Larissa Dal Piva¹

1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Engenharia
2
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Departamento de Infraestrutura

Resumo: Introdução: O estágio representa a consolidação dos conhecimentos teóricos provenientes da


graduação, aliado à aquisição de conhecimentos profissionais práticos indispensáveis ao mercado da construção
civil, para formação do perfil e caráter profissional. Objetivo: Buscou-se relatar as diversas experiências
vivenciadas durante a execução da obra da Casa do Estudante Universitária. Metodologia: Tais experiências
foram possibilitadas pela realização do estágio não obrigatório no Departamento de Infraestrutura da
Universidade Federal de Goiás - Regional Catalão, com foco voltado à fiscalização de obras. Resultados: As
atividades desenvolvidas foram embasadas em leis e manuais que regem contratos e fiscalizações em obras
públicas, e envolveram acompanhamento de atividades de fiscalização de projetos e etapas da obra por meio de
vistorias, conferência e elaboração de documentos. Considerações Finais: Através da prática do estágio, foi
oportunizado ao graduando o enriquecimento do perfil profissional, além de contribuições ao crescimento pessoal .

Palavras-chave: Estágio. Experiência. Casa do Estudante Universitária. Fiscalização.

_____________________________________________________________________________________

1- INTRODUÇÃO uma obrigatoriedade, conforme art. 58 da Lei n°


8.666 (BRASIL, 1993), que versa sobre normas de
licitação e contratos da administração pública.
Trabalho refere-se às complexas atividades Os procedimentos contratuais e de fiscalização a
humanas desempenhadas que apresentam natureza serem realizados e aplicados às obras públicas são
reflexiva, estratégica, instrumental e moral, de norteados pelo manual de obras públicas elaborado
enorme importância ao desenvolvimento do homem pelo Tribunal de Contas da União (TCU). O TCU
(COUTINHO, 2009). A inserção do indivíduo no (2014) define como fiscalização a atividade a ser
mercado de trabalho se dá muitas vezes através do realizada de forma sistemática pelo contratante com
estágio, definido pela Lei n° 11.788 (BRASIL, 2008) finalidade de verificar o cumprimento dos termos
como o ato educativo escolar supervisionado contratuais, técnicos e administrativos.
desenvolvido no ambiente de trabalho para
preparação ao trabalho produtivo. O desenvolvimento destas atividades foi voltado
à obra pública: Casa do Estudante Universitária de
As atividades a serem relatadas neste artigo, Catalão (CEU), que trata-se de um empreendimento
desenvolvidas no estágio, tratam-se principalmente que objetiva a disponibilização de moradia àqueles
de temas envolvendo fiscalização de obras, uma área alunos de baixa renda que não conseguem arcar com
fundamental e imprescindível à engenharia civil. No custos de habitação. A construção tem capacidade
âmbito das obras públicas, a fiscalização torna-se para abrigar em torno de 132 estudantes e está orçada

O trabalho foi revisado pela orientadora do estágio, professora Ana Larissa Dal Piva Argenta
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em R$ 5.030.000,00. As operações no canteiro de O DINFRA atua em atividades que envolvam a
obra iniciaram-se em 07 de janeiro de 2019, com conservação e ampliação do espaço físico, como a
previsão de término para 11 de março de 2020. gerência de serviços de manutenção, planejamento,
desenvolvimento de projetos, realização de pequenas
Objetiva-se por meio deste artigo relatar a obras e fiscalização. Das diversas atividades
experiência prática adquirida e proporcionada pelo desenvolvidas pelo departamento, destaca-se, pela
Departamento de Infraestrutura da Universidade importância social e impacto à comunidade
Federal de Goiás – Regional Catalão, ambiente no acadêmica, a fiscalização da construção da Casa do
qual se desenvolveram as atividades, através da Estudante Universitária de Catalão, situada na Rua D,
resolução de problemas que demandaram n° 2010, Equipamentos Comunitários 03,
conhecimentos teóricos provenientes da graduação Loteamento Copacabana II.
aliados à realidade profissional da construção da
CEU. O Departamento de Infraestrutura da Regional
Catalão, em relação à casa do estudante, exerce a
função de órgão fiscalizador, responsável pelo
2- METODOLOGIA andamento contratual, pela realização das medições,
de serviços e acompanhamento da qualidade das
diversas etapas da obra. Dos procedimentos dispostos
pelo TCU em relação às obras públicas, representados
O presente relato foi desenvolvido com base em
na Fig. 1, o DINFRA realiza serviços das fases IV e
experiências obtidas durante a realização de estágio
V, sendo o foco deste trabalho a abordagem das
na modalidade não obrigatória no Departamento de
etapas 1 e 2 da fase IV, ou etapas de contrato e
Infraestrutura da Universidade Federal de Goiás –
fiscalização da obra na fase contratual.
Regional Catalão (DINFRA – RC), unidade
responsável pela gestão do espaço físico dos campi 1 Figura 1. Fluxograma de procedimentos em relação a
e 2, além de outros espaços pertencentes a obras públicas.
Universidade Federal de Goiás – Regional Catalão,
como a Casa do Estudante Universitária (CEU).

Os dados sobre o estágio e o graduando em


Engenharia Civil pela Universidade Federal de Goiás
– Regional Catalão encontram-se na Tabela 1.

Tabela 1. Informações sobre o estágio.

Nome José Vitor Silva de Carvalho

Curso Engenharia Civil


Fonte: TCU (2014, p. 10).
Ana Larissa Dal Piva
Prof. Orientador
Argenta As principais atividades supervisionadas pelo
engenheiro civil do Departamento, e também
Supervisor de Lucas Salomão Rael de
supervisor de estágio, Lucas Salomão Rael de Morais
estágio Morais
(CREA:1015908110D-GO), tratam-se do:
Local do Estágio DINFRA/RC • Acompanhamento das atividades de
Data de início do fiscalização das etapas da obra;
contrato
09/05/2019 • Acompanhamento das atividades de
fiscalização dos projetos e documentos gerados
Data de término pela construtora contratada;
08/05/2020
do contrato • Auxílio nas atividades de medições;
• Auxílio na elaboração de planilhas, documentos
Carga horária 20 horas semanais e atividades administrativas para controle e
Fonte: Próprio Autor (2019).
fiscalização da obra.

3- RESULTADOS e DISCUSSÃO

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Para construção da CEU, empreendimento que Conclui
apresenta 2.492,25 m² de área a ser construída 8 Esquadrias 405.913,68
divididas entre um pavimento térreo e 3 pavimentos
9 Vidros 5.829,12
tipos, fez-se necessário a realização de uma licitação
para que uma empresa especializada, que cumprisse 10 Cobertura 69.790,82
todos os critérios e exigências técnicas presentes no 11 Impermeabilização 78.615,20
edital de concorrência, pudesse assumir a empreitada. 12 Revestimentos de forros 52.783,61
Revestimentos de paredes
O processo licitatório foi desenvolvido conforme 13 335.086,84
internas/ externas
a Lei n° 8.666 (BRASIL, 1993), que dispõe acerca
14 Pisos 251.727,20
das normas gerais de licitações e contratos
Instalações hidrossanitárias
administrativos, pertinentes a obras e serviços no 15 337.312,19
e de incêndio
âmbito dos poderes da união. A licitação de n° 6/2018
Instalações Elétricas e
foi publicada em 20/12/2018 na modalidade de 16 622.320,60
Especiais
concorrência. A empresa vencedora da licitação, e
17 Pintura 170.535,08
que atualmente executa a construção da obra, trata-se
18 Diversos 445.820,02
da construtora Conceito Engenharia LTDA.
Pavimentação /
19 118.860,00
O contrato entre a construtora Conceito urbanização
Engenharia e a Universidade Federal de Goiás, de n° 20 Limpeza 4.486,07
126/2018, estabelece medidas para o pagamento da 21 Administração da obra 596.700,00
obra mediante etapas ou tarefas executadas pela Total 5.030.000,00
construtora, estritamente de acordo com os projetos e Fonte: DINFRA (2019).
por meio de aprovação da qualidade de execução pelo
DINFRA. Esta forma de pagamento mediante Durante a realização do estágio, fez-se possível o
fiscalização denomina-se medição, e está prevista nas acompanhamento de somente quatro das sete
recomendações do TCU referentes a obras públicas. medições, devido a vigência do contrato que se
O órgão dispõe que as medições devem ser baseadas iniciou em 09 de maio de 2019. As datas das
em relatórios periódicos elaborados pelo contratado, medições assim como o valor pago à construtora
com registros dos levantamentos dos serviços encontram-se disponibilizados na Tabela 3.
efetivamente executados respeitando rigorosamente o
contrato. Tabela 3. Informações acerca das medições referentes
à CEU.
O documento específico que orienta as medições
trata-se do cronograma físico financeiro. Neste Medições Valor (R$) Acumulado Data
encontra-se a descrição das etapas a serem executadas 1 213.580,87 4,25% 14/02/2019
da obra, quando serão executadas e seus respectivos
2 187.042,70 7,96% 14/03/2019
valores. O cronograma físico financeiro da CEU
apresenta 21 tipos de serviços (Tabela 2) a serem 3 174.766,87 11,44% 14/04/2019
executados, divididos em 15 etapas de medição. Até 4 167.019,03 14,76% 15/05/2019
o presente momento foram realizadas 7 medições.
5 257.298,94 19,87% 18/06/2019
Tabela 2. Serviços a serem executados na CEU.
6 99.568,15 21,85% 16/07/2019
Item Descrição Valor (R$) 7 100.388,16 23,85% 15/08/2019
1 Serviços e despesas gerais 18.806,50 Fonte: DINFRA (2019).
Instalação do canteiro /
2 27.000,00 Dentro de um prazo de 220 dias a primeira e
demolições
3 Movimento de terra 90.858,39 sétima medição, foram executados serviços no valor
de R$ 1.199.664,72.
4 Serviços gerais internos 63.063,60
5 Infraestrutura 330.763,79
6 Superestrutura 699.374,69
3.1 Medições
7 Paredes / divisórias /painéis 304.352,59
Continua

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A primeira medição acompanhada tratou-se da Figura 3. Armação e instalações prediais das lajes.
quarta medição. Previamente a esta etapa, haviam
sido inteiramente executados os serviços de
instalação do canteiro e demolições e movimentação
de terra para a implantação da obra, além de grande
parte de serviços e despesas iniciais e infraestrutura.

Os serviços executados nesta medição, realizada


de 15 de abril a 15 de maio de 2019, foram a
confecção de formas para vigas e pilares, armação e
concretagem das vigas e dos pilares (Figura 2),
totalizando no cronograma físico financeiro 14,65%
do item superestrutura, além de desforma de pilares e
outros pequenos serviços. Foi empregado nesta etapa
o montante de R$ 167.019,03. Uma das atividades
supervisionadas desenvolvidas neste período de
Fonte: DINFRA (2019).
medição tratou-se de visitas de fiscalização para
elaboração da medição acompanhadas pelo Na sexta medição, realizada entre as datas de 19
engenheiro. de junho a 16 de julho, e sétima medição, realizada
entre 17 de julho a 15 de agosto, empregou-se o total
Figura 2. Armação e concretagem dos pilares no
de R$ 199.956,31, e foram executados serviços de
pavimento térreo da CEU.
armação e concretagem de vigas e pilares, além da
execução das instalações elétricas e concretagem das
vigas e pilares do 3° pavimento (Figura 4).

Figura 4. Armação e concretagem dos pilares no 3°


pavimento da CEU.

Fonte: DINFRA (2019).

A quinta medição, realizada no período de 16 de


maio a 18 de junho de 2019, abrangeu a execução de
serviços como parte da instalação elétrica,
computando 2,90% de execução em relação ao item
Fonte: DINFRA (2019).
16 da Tab. 2, que trata-se de um conjunto de serviços
de instalações prediais. Executou-se também a Realizou-se na sexta e sétima medições 17,30%
armação e concretagem das lajes pré-moldadas de dos serviços de superestrutura, ou 64,23% no
concreto armado do primeiro e segundo pavimentos, acumulado. Até a data da sétima medição, pagou-se à
totalizando 26,09% do item superestrutura. Nesta construtora R$ 1.199.664,72, equivalente a 23,85%
etapa foram desenvolvidas atividades do valor total da obra. Os serviços já executados ou
supervisionadas de acompanhamento à vistoria do em andamento até o momento da sétima medição
edifício para elaboração do relatório das medições, tratam-se dos: Serviços Iniciais (97,98%), Instalação
durante a execução dos serviços de instalações do canteiro e demolições (100%), Movimentação de
elétricas e armação da laje (Figura 3). Até este terra (96,29%), Infraestrutura (76,48%),
momento, foram empregados R$ 999.708,41. Superestrutura (64,23%), Impermeabilização
(4,35%), Instalações hidrossanitárias e de Incêndio

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(4,42%), Pavimentação e Urbanização (30,29%) e Conclui
Administração da obra (47,16%). 13 Revestimentos de paredes intern./ extern.
15 Instalações hidrossanitárias e de incêndio
Um pouco após o início das obras, constatou-se a 16 Instalações Elétricas e Especiais
necessidade da alteração de alguns parâmetros no 17 Pintura
projeto desenvolvido para enquadramento ao código 18 Diversos
de obras de cidade de Catalão (Lei n° 2.215/2004), 21 Administração da obra
como por exemplo a alteração do pé direito dos Fonte: DINFRA (2019).
apartamentos, que trata-se da dimensão entre o piso e
o forro de um pavimento. O pé direito, anteriormente A conferência dos quantitativos baseou-se na
com valor de 2,60 m, passou para 2,94 m, maior que comparação entre os projetos antes da alteração do pé
o mínimo previsto na normativa municipal de 2,80 m. direito e depois da alteração, como por exemplo a
Tal alteração do projeto não ocasionou atrasos ou comparação do projeto estrutural original, elaborado
necessidades de modificações aos serviços já em novembro de 2018, e a alteração feita em maio de
realizados, contudo, houve impactos nos 2019. Como resultado, observou-se variações nas
quantitativos dos serviços que precisaram ser quantidades de alguns elementos referentes a pilares
conferidos e recalculados. e vigas, que dizem respeito à superestrutura. Ao total
constatou-se alteração em oito serviços a serem
executados no item 6, como representado na Tab. 5.

3.2 Aditivo Tabela 5. Serviços que necessitaram de alteração de


quantitativo referentes ao item superestrutura.

Devido a necessidade da alteração do pé direito


Estrutura Em Qtd. Qtd.
do edifício, houve o aumento de quantitativos 6.1 Unidade
Concreto Armado Antes Depois
principalmente em relação aos elementos com
Fôrma para
dimensões verticais, como por exemplo, paredes, estruturas de
pintura das paredes, cabeamento, prumadas de concreto em chapa
tubulações, revestimentos, além de vigas e pilares. de madeira
6.1.1 3.169,66 3.263,30 m²
compensada
Desta forma, o aumento destes quantitativos implicou plastificada, esp. =
no acréscimo do valor empregado à construção da 17 mm, 07
CEU. Para o aumento do valor de contrato da CEU, utilizações.
utilizou-se um aditivo contratual, que trata-se de um Aço CA-60 - 5,0
6.1.2 3.684,50 3.806,50 kg
evento legalmente previsto e amparado na Lei n° mm
8.666 por meio do Art. 65, inciso primeiro, alínea ‘a’,
que dispõe que os contratos podem ser alterados Aço CA 50-a - 8,0
6.1.3 1.845,80 1.864,00 kg
quando houver modificações de projeto ou mm
especificações para melhoria das adequações
técnicas. 6.1.4
Aço CA 50-a - 10,0
4.235,40 4.497,00 kg
mm
Concomitantemente à realização das vistorias e
medições no empreendimento, ficou a cargo do Aço CA 50-a - 12,5
6.1.5 12.609,60 13.080,60 kg
graduando auxiliar no desenvolvimento do mm
levantamento dos novos quantitativos, para que se
tivesse o valor a ser aditivado à obra. Os itens que Aço CA 50-a - 16,0
6.1.6 2.634,80 2.800,70 kg
sofreram alteração de quantidade encontram-se mm
representados na Tabela 4. Concreto usinado
bombeado fck = 30
Tabela 4. Serviços que necessitaram de alteração de MPa, incluso
6.1.7 216,91 222,78 m³
quantitativo. lançamento,
adensamento e
Item Descrição controle tecnológico
6 Superestrutura Fonte: DINFRA (2019).
7 Paredes / divisórias / painéis A variação nos quantitativos destes itens
12 Revestimentos de forros
corresponderam a um aumento de 1,58% do valor
Continua

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total do item superestrutura, ou seja, um montante de o assunto com rigor e responsabilidade, pois envolve
R$ 11.072,60. dinheiro público, e o produto final destes
empreendimentos gera um impacto significativo à
O item superestrutura, foi o único elemento que toda comunidade.
necessitou de uma reelaboração do projeto estrutural
devido ao aumento das solicitações estruturais. Para As experiências obtidas durante a realização do
o cálculo dos quantitativos dos demais itens da Tab. estágio mostraram-se de grande importância na
4, foram realizadas a soma direta ou indireta do consolidação dos conhecimentos teóricos adquiridos
acréscimo da dimensão vertical, como por exemplo o na graduação, além de aquisição de amplos
cálculo das novas áreas de paredes a serem conhecimentos práticos indispensáveis à atuação
construídas, revestidas e pintadas (Tabela 6). profissional.

Tabela 6. Acréscimo do valor de alguns itens a serem


aditivados.
5- REFERÊNCIAS
Item Descrição Acréscimo
6 Superestrutura R$ 11.072,60
BRASIL. Lei n° 8.666 de 21 de junho de 1993.
Paredes / divisórias /
7 R$ 21.300,90 Institui normas para licitações e contratos da
painéis
Administração Pública e dá outras providências.
Revestimentos de paredes
13 R$ 36.515,87 Disponível em: <
internas/ externas
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666cons.
17 Pintura R$ 13.913,41 htm>. Acesso em: 01 set. 2019.
Fonte: DINFRA (2019).
BRASIL. Lei n° 11.788 de 25 de setembro de 2008.
O processo do cálculo dos aditivos encontra-se Dispõe sobre o estágio de estudantes; altera a redação
ainda em andamento, contudo, estima-se que haja o do art. 428 da Consolidação das Leis do Trabalho –
acréscimo em torno de 10% do valor original do CLT e dá outras providências. Disponível em:
contrato. <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2008/lei/l11788.htm>. Acesso em: 01 set 2019.

CATALÃO. Lei n° 2.215 de 05 de agosto de 2004.


4- CONSIDERAÇÕES FINAIS Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável e
Ambiental de Catalão. Disponível em: <
http://www.catalao.go.gov.br/site/v4/uploads/leismu
Através das atividades desenvolvidas no estágio nicipais/Plano%20Diretor%202004/lei_2215-
não obrigatório realizado no Departamento de 2004_codigo_de_obras.pdf>. Acesso em: 01 set
Infraestrutura da Universidade Federal de Goiás - 2019.
Regional Catalão, pôde-se conhecer as múltiplas
faces do mercado profissional da construção civil. COUTINHO, M. C. Sentidos do trabalho
contemporâneo: as trajetórias identitárias como
O contato com atuantes da área, nas mais estratégia de investigação. Cadernos de Psicologia
variadas funções ou cargos, oportunizou ao Social do Trabalho, v. 12, n. 2, p. 189-202, 2009.
graduando o desenvolvimento de inúmeras TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. Obras
competências que dizem respeito ao desenvolvimento Públicas: Recomendações Básicas para a
e fortalecimento do perfil profissional, como por Contratação e Fiscalização de Obras de Edificações
exemplo: análise e pensamento crítico, visão holística Públicas. Brasília, 4° ed., 2014.
e melhora na capacidade de comunicação. Diante da
convivência com os colegas de trabalho, pôde-se
aprender com os mesmos características
RESPONSABILIDADE AUTORAL
fundamentais que aplicam-se também fora do
ambiente do trabalho, como respeito, dedicação e
responsabilidade. “Os autores são os únicos responsáveis pelo
conteúdo deste trabalho”.
Em relação à temática que envolve fiscalização
de obras públicas, nota-se que deve-se sempre tratar

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PRÁTICAS LÚDICAS NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM GEOGRAFIA

SANTOS, Leonoura Katarina, leonourakatarina@hotmail.com1


BARBOSA, Giovanny Alvescom1
MACEDO, Robério Francisco de1
SANTOS, Alex Lourenço dos2
BERTAZZO, Claudio José 31
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Geografia.
2
Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Esporte de Goiás. Professor Supervisor do Estágio
Supervisionado
3
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Geografia. Dr. Em
Geografia - Professor Orientador do Estágio Supervisionado

Resumo: Introdução: Este relato de experiência, informa as experiências acerca de uma Oficina de Geologia
planejada pelos alunos do 7° período do curso de Licenciatura em Geografia da UFG/RC, discentes da disciplina
de Estágio Supervisionado em Geografia III. A proposta foi direcionada à turma de 7º ano do Instituto de
Educação Matilde Margon Vaz, situado em Catalão/GO. A idealização da oficina deu-se pela observação durante
o estágio de um Ensino de Geografia incipiente promulgado deveras apenas pelo uso exclusivo do livro didático,
com ausências de práticas lúdicas e recursos não-convencionais e uma mediação didática sem significado.
Objetivos: Objetivou-se com este trabalho apresentar aos alunos e professores novas formas de apreender
Geografia, especialmente por meio de metodologias pouco usuais no ensino da educação básica. No caso desse
informe, primou-se pelo o uso do lúdico, a fim de elucidar com maior clareza as transformações frente ao espaço
geográfico e cotidiano dos alunos. Metodologia: A metodologia da oficina foi planejada em três aulas baseadas
na técnica expositivo-dialógica, segundo o modelo dos diálogos socráticos/Maiêutica, consistindo em uma
pesquisa qualitativa e de campo. Resultados: Como resultado obteve-se um aporte a mediação lúdica, que foi
contemplada pela maturação dos conhecimentos pré-existentes dos alunos em conciliação com o conteúdo do
currículo e o vivido e percebido do aluno em seu espaço de vivência, sendo este, a própria cidade de Catalão.
Considerações finais: ressalta-se que a metodologia utilizada demonstrou-se eficaz pois houve participação
massiva por parte dos alunos, os quais ao interagirem com os temas debatidos, assumindo a construção do próprio
conhecimento com autonomia e destreza.

Palavras-chave: Estágio Supervisionado. Ensino de Geografia. Ludicidade. Oficina de Geologia. Mediação.


__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO pelos alunos, na paisagem da cidade de Catalão/GO.


Em sequência, se estabeleceu premissas ao
O presente trabalho, trata-se de um relato de conhecimento geográfico de cunho local, estendendo-
experiência realizado na disciplina de Geografia e se ao panorama global.
direcionado à turma de 7º ano do Ensino Fundamental Visto que as aulas de Geografia podem ser
II, no Instituto de Educação Matilde Margon Vaz em ministradas de inúmeras maneiras diferentes,
Catalão-GO. As experiências vivenciadas em sala de proporcionando que os alunos protagonizem
aula, ocorreram a partir da disciplina de Estágio discussões sobre as transformações do espaço em que
Supervisionado em Geografia III do curso de estão inseridos. A elaboração da oficina pelos
licenciatura em Geografia da UFG-Regional Catalão. estagiários objetivou possibilitar que os discentes
Tendo a premissa de concretizar-se como proposta compreendessem a estrutura/camadas internas do
frente em utilizar-se metodologias de cunho não Planeta Terra desde um ponto de vista local, no caso
convencionais, como jogos nas aulas de Geografia, o município de Catalão, para o global. A oficina foi
baseou-se principalmente no desenvolvimento de planejada em três aulas baseadas na técnica
uma aprendizagem significativa a partir de uma expositivo-dialógica, segundo o modelo dos diálogos
Oficina de Geologia, por meio da qual trabalhou-se socráticos/Maiêutica e momentos de Instrução direta
os conteúdos do currículo escolar e também dialogou- em que as imagens e os conceitos eram apresentados
se relacionando o conteúdo com o vivido e percebido como forma de proporcionar que os alunos

3
Professor Orientador do Estágio Supervisionado III em Geografia. Responsável pela revisão deste trabalho.

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internalizassem os conhecimentos por meio das Partindo do conhecimento prévio trazidos por eles
conexões com os saberes que já dominavam. sobre as ocorrências geológicas e geomorfológicas da
Praticamente, buscou-se a partir dos conhecimentos cidade de Catalão para explicar as rochas magmáticas
prévios dos alunos, construir competências e exercitar levando exemplares de rochas intrusivas e extrusivas
habilidades. como o granito e o basalto coletados no próprio
Como ferramenta para o exercício prático, após município. Exibiu-se também exemplares de rochas
esta oficina, os alunos participaram de um jogo sedimentares e metamórficas para ilustrar e construir
designado de Racha Cuca Geológico, respondendo o conceito do ciclo das rochas. A seguir, utilizou-se o
perguntas em equipe, cujos desafios/questões eram relevo da região Centro-Oeste como base para
projetados pelo Data show. Tal prática além de exemplificar a dinâmica interna e externa do planeta.
proporcionar uma revisão dos conceitos construídos, Demonstrou-se a formação de grandes cordilheiras
garante a socialização dos alunos entre si, dialogando como os Andes e o Himalaia, e as ocorrências de
e entrando em consenso para que respondessem as terremotos e tsunamis recorrentes no Japão para
perguntas. Diante disto, observou-se que a esclarecer sobre os processos mais comuns que se
participação dos alunos ocorreu abundantemente, sucedem nos limites das placas tectônicas, a evoluir-
bem maiores do que em relação as aulas se de uma escala global para uma local. E, a fim de
convencionais, onde comprovou-se que a técnica do fazer uma mediação didática em que os escolares
lúdico/jogo didático, proporcionou e proporciona um pudessem reflexionar, questionar, abstrair e
meio apropriado para ultrapassar as limitações de internalizar os conteúdos, por meio de suas vivências,
ensino e aprendizagem, desde que conciliado ao lançou-se mão da estratégia de ensino dos jogos
planejamento em uma mediação didática com didáticos, baseando em concepções trazidas por
estratégias e materiais de apoio diversificado. Almeida & Passini (1998); Bertazzo, Silva (2013);
Cavalcanti (2005, 2008); Castrogiovanni & Costella
2. METODOLOGIA (2006); Freire (2000); Libâneo (1994); Perrenoud
(2000) Pontuschka (2007); Oliveira (1989);
A iniciativa da oficina veio a pedido do professor Vygotsky (1987) e dentre outros. Desta forma, no
supervisor de estágio, que ao supervisionar a oficina desenvolvimento das aulas utilizou-se a seguinte
com a mesma temática que foi realizada no 6° ano sequência metodológica:
“B”, observou possibilidade de pleiteá-la para o 7°
ano. Desta forma a proposta realizou-se com os 35 1° passo: Apresentar o conteúdo;
alunos, no período de 3 aulas de 50 minutos cada. 2° passo: Fazer questionamentos fazendo uso
Assim, o intuito da oficina foi o de trabalhar da Maiêutica;
conteúdos de Geografia/Geologia com os alunos do 3° passo: Explanar sobre os temas, levantando
7º ano do ensino fundamental II do Instituto de provocações, instigando a participação dos alunos e
Educação Matilde Margon Vaz em Catalão/GO. esclarecendo dúvidas;
Foram ministradas três aulas sobre a temática: O 4° passo: Utilizar exemplares de rochas como
Planeta Terra. O fundamento da oficina baseou-se em meio para construir conceitos sobre os três tipos de
realizar uma mediação didática significativa do rochas e depois identificar a litologia do município de
conteúdo geográfico, por meio de construção e Catalão, visualizando exemplares de rochas locais;
desconstrução de conceitos e aprendizagem 5° passo: Jogar o Racha Cuca Geológico;
embasada nos conhecimentos prévios dos alunos. 6° passo: Finalizar o conteúdo estudado por
Assim, trabalhou-se o conteúdo geográfico de uma meio de uma revisão e de um diálogo aberto com
forma não opressiva, demonstrando-se que a todos os alunos.
Geografia está presente em nosso cotidiano e é
dinâmica e holística. Nesta direção, proporcionou-se Todas as aulas foram ministradas no dia 30 de
aos alunos uma aula diferenciada, onde o professor e abril na sala de vídeo da instituição, com o uso do
alunos foram elaborando os conceitos por meio de Data show para projetar os slides e 6 animações em
questionamentos e exame de ideias e teorias sobre o 3D entre 30 e 50 segundos. Com uma diversidade de
planeta Terra. Ao se fazer uso de recursos não- imagens e mapas que destacavam as placas tectônicas
convencionais como, por exemplo, as atividades e a compartimentação dos continentes desde a
lúdicas como apoio pedagógico, para realizar uma Pangeia. Todas aulas foram supervisionadas pelo
aula que superasse o uso exclusivo do Livro Didático, professor da escola. As principais bibliografias para
estimulou-se a aprendizagem coletiva e colaborativa elaboração da aula: Para entender a Terra, dos
por meio de todas essas atividades. autores Press & Grotzinger (2013), Geomorfologia
Construiu-se com os alunos, a partir do exame de do autor Valter Casseti (2005) e Geologia do Brasil
imagens e vídeos, os conceitos sobre: Teoria da Hasui et. al. (2012).
deriva continental, teoria da tectônica de placas, os A primeira aula contemplou no plano de aula o
tipos de rochas e a dinâmica interna e externa da terra. 1°, 2° e 3° passo da sequência metodológica. Dessa

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forma, após a apresentação dos estagiários aos alunos, atuantes no interior da terra, especificamente no
começou-se a se perguntar de forma geral o que eles manto.
entendiam sobre os aspectos geológicos da terra e do Para tais explicações recorria-se a exemplos que
Município de Catalão. Provocando-se, assim, facilitassem o entendimento, partindo de recortes
questionamentos a partir do que era comum aos conhecidos aos alunos como aspectos do Planalto
escolares e seu local de vivência, como: Como vocês Central Brasileiro com enfoque referente aos
imaginam que seja o interior do nosso planeta? Ele acontecimentos no final do período terciário como a
tem camadas? É dinâmico? No Município de Catalão formação dos Andes, epirogênese do Planalto Central
tem-se duas formações dômicas que são as fontes das e geologia local do Município de Catalão. Isto posto,
jazidas minerais. Vocês acham que houve algum tipo partiu-se a explicação dos limites de placas,
de atividade vulcânica no passado? A maioria dos utilizando imagens para ressaltar como ocorrem os
alunos mesmo tendo visto os aspectos geológicos no limites convergentes, divergentes e transformantes.
6° ano, não se atentaram em responder inicialmente Apontando para os limites convergentes exemplos
as perguntas apenas posteriormente passaram a como o orógeno colisional dos Andes e o Himalaia.
interagir com os interlocutores. Foi apresentada, Para os limites divergentes a dorsal mesoatlântica e o
como exemplo, a formação dômica de Caldas Novas rift vale na África. E por fim, os limites
para explicar esse tipo de relevo a partir das distintas transformantes foram explanados a partir da falha de
concepções de Valter Casseti e Ab’Saber. San Andres. Todas estas explicações foram auxiliadas
Explicitando as formações dômicas locais, por com o uso de imagens via satélite de cada formação
intrusão magmática (Catalão) e por dobramentos geológica.
(Caldas Novas). Posteriormente, ao se trabalhar com o tema do
Inicialmente o diálogo partiu da Teoria do Big ciclo das rochas, recorreu-se a litologia do Município
Bang seguindo para a Tectônicas de Placas. A de Catalão, mostrando-se aos alunos cada tipo de
temática chamou bastante atenção, pois os alunos do rocha a partir de exemplares coletados na região.
7° ano, no decorrer do diálogo, fizeram inúmeros Como exemplo o basalto comum no município, que
questionamentos e, quando eram indagados, uma pode ser observado na canalização de umas das
considerável parte debatia sobre a temática. O principais avenidas da cidade. Como também:
alunado desta turma se mostraram um pouco granito, gnaisse, calcário e um geodo coletado na
inquietos, entretanto buscou-se debater o conteúdo cidade de Cristalina, esses recursos tornaram-se
com todos dialogando e elaborando questionamentos objeto de investigação e curiosidade dos alunos.
a todo momento. No decorrer da aula foram Realizando assim o 4° passo da sequência
projetadas 3 animações curtas: A Teoria do Big Bang, metodológica.
Tectônica de Placas e o Tempo Geológico. Alguns A última aula constituiu o 5° e 6°passo. A partir disto,
questionaram como era possível identificar as começou o Racha Cuca Geológico (conforme Figura
camadas da terra, então fez-se algumas considerações 01).
sobre a possibilidade de inferir-se tais camadas a
partir de estudos do campo eletromagnético da terra Figura 01 - Painel do Racha Cuca Geológico
gerado a partir do núcleo de ferro fundido. Com as
animações para explicar a Teoria do Big Bang e as
camadas da terra, os alunos ficaram bem atentos
sempre pedindo para retomar os vídeos.
Na segunda aula, realizou-se uma breve análise
do que foi exposto anteriormente, e em seguida
mostrou-se uma sequência de imagens sobre a Teoria
da Deriva Continental, comparando as espécies
encontradas no Brasil e na África, e como foram
feitos os estudos que fundamentaram essa teoria,
utilizando o mapa Mundi para identificar as partes
encaixantes dos continentes. Foi projetado, Org.: MACEDO, R. F. & SANTOS, L. K., 2019.
igualmente, um mapa seguido de uma animação 3D
que revelava a fragmentação de Pangeia nos últimos Como pode-se observar na figura acima, o jogo é
250 milhões de anos. Os alunos se mostraram composto por 40 quarenta questões e foi construindo
surpresos questionando os estagiários a todo a partir do programa Power Point com a efetivação da
momento sobre Pangeia, Laurásia e Gondwana. ferramenta Hiperlink, com alternativas de “A” à “D”
Dessa forma, reforçou-se essa fragmentação pela e questões discursivas, sendo projetado no Data
ação das placas tectônicas que se movem pela Show. Um exemplo dessas questões está exposto na
astenosfera. Em seguida foi exibida uma animação Figura 02.
que aclarava a teoria sobre as correntes de convecção,

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reconhecendo que “o aluno é o sujeito ativo de seu
processo de formação e de desenvolvimento
Figura 02 - Pergunta do Racha Cuca Geológico intelectual, afetivo e social”. Sendo então o professor
aquele que faz a mediação deste processo de
formação.
Conforme observa-se na Figura 04 abaixo, os
alunos divididos em grupos, dialogam e interagem
com os estágiairos, entretidos e empolgados com a
dinâmica do Racha Cuca Geológico.

Figura 04 - Oficina de Geologia

Org.: MACEDO, R. F. & SANTOS, L. K., 2019.

Para realização da atividade dividiu-se a turma


em 4 grupos. Desta forma, o grupo escolhia um
número ao clicar sobre ele, e era direcionada a uma
pergunta. Para animar a participação na atividade
foram inseridos memes do Facebook conforme pode-
se observar na figura abaixo.

Figura 03 - Perguntas do Racha Cuca Fonte: SANTOS, L. K., 2019.

Desta forma, todos os estagiários cumpriram este


objetivo sempre se colocando como mediadores da
aprendizagem, e restou evidente a posição dos alunos
como atores principais no processo de ensino-
aprendizagem.
A elaboração de um plano de aula com sequência
metodológica interativa proporcionou aulas com
leveza, boa fluidez e uma boa construção teórica com
muitos diálogos. Os alunos por vezes, demostraram a
preocupação em decorar, e contrapôs-se que não
Org.: MACEDO, R. F. & SANTOS, L. K., 2019. havia tal necessidade. No começo dos
questionamentos poucos responderam, porém ao
Conforme acontecia a dinâmica, eram feitas as decorrer da aula houve uma maior participação dos
resoluções das dúvidas esclarecendo as questões. alunos, não sendo todos que se dispuseram a
Como o jogo possuía muitas questões discursivas os participar alguns alunos estavam dispersos.
alunos às vezes demoravam a responder, então Entretanto, sempre se buscou incentivá-los trazendo-
esclarecia-se que poderiam fazer as resoluções os para o debate.
conforme entenderam as explicações, dessa forma ao O ponto forte da aula foi o Racha Cuca
fim de cada resposta independentemente de certo ou Geológico, nessa etapa a grande maioria até os que
errado, discutíamos mais uma vez sobre a questão não se mostraram tão ativos durante as aulas
escolhida. participaram de forma empolgada, pois como elucida
Vygotsky (1994, p.54) “a brincadeira tem um papel
3. RESULTADOS e DISCUSSÃO fundamental no desenvolvimento do próprio
pensamento da criança”. Da mesma forma que em
A oficina de Geologia foi concebida para conjunto, discutiam e analisavam as perguntas a fim
proporcionar uma mediação didática com estratégias de respondê-las, partindo do interacionismo e a
nos jogos didáticos, utilizando largamente o diálogo sociabilidade entre estes em função das suas zonas de
com o alunado. Como afirma Cavalcanti (2005) desenvolvimento real e proximal. Dessa forma,
quando ressalta que papel do professor é de mediador conseguiu-se realizar as 40 questões do jogo,
que propicia a inter-relação entre o sujeito e o exercitando o trabalho em grupo, os alunos se
conteúdo escolar sendo a mediação didática a mais organizaram para responder as perguntas não ficando
importante dimensão da construção do saber. Essa nenhum de fora da dinâmica. Mostrando-se
autora (2005, p. 198) complementa sua ideia

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empolgados e inebriados com o jogo em estado de CASTROGIOVANNI, A. C. & COSTELLA, R. Z.
plenitude. Brincar e cartografar com os diferentes mundos
geográficos: a alfabetização espacial. Porto Alegre:
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS EDIPUCRS, 2006.

Por meio de alternativas metodológicas das quais CAVALCANTI, L. de S. Ensino de geografia e


cita-se aqui os recursos lúdicos, esse, torna-se um diversidade: construção de conhecimentos
diferencial quando utilizado na sala de aula. Com a geográficos escolares e atribuição de significados
gama de ferramentas audiovisuais, digitais pelos diversos sujeitos do processo de ensino. In:
disponíveis, quando incorporadas ao planejamento do CASTELLAR, Sonia (org.) Educação geográfica:
professor, permite potencializar as aulas para um teorias e práticas docentes. São Paulo: contexto,
modelo atrativo e assim, contribuindo para a 2005.
aquisição do conhecimento.
Nesse sentindo, o trabalho aqui exposto buscou a CAVALCANTI, L.S. de. A geografia escolar e a
partir das experiências vivenciadas pelos os alunos de cidade: ensaios sobre o ensino de geografia para a
estágio em Geografia, desenvolver em sala de aula vida urbana cotidiana. Campinas: Papirus, 2008.
uma mediação didática significativa, com o intuito de
propiciar aulas mais dinâmicas pois, ao proporcionar FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes
o contato do alunado com outros recursos e materiais necessários à prática educativa. 29. ed. São Paulo: Paz
de apoio permitindo-se conceder espaço para e Terra, 2000.
questionamentos, discussões, tendo em vista que
professores e alunos construíram toda aula para além HASUI Y., CARNEIRO C.D.R., ALMEIDA
do livro didático. É notório, que como discutido por F.F.M.de, Bartorelli A. Geologia do Brasil. São
autores apresentados nesse texto no qual discorrem Paulo: Ed. Beca, 2012.
sobre mediação didática, mesmo com o uso de
metodologias ativas, o professor será o responsável LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez
em atribuir esse caráter a aula. Por mais que o 1994.
desenvolvimento da aula se apresente como
expositivo, os estagiários em seu momento de OLIVEIRA, A. U (Org). Para onde vai o ensino de
experiência buscaram trabalhar os conceitos da Geografia? São Paulo: Contexto, 1989. p. 135-144.
ciência geográfica de forma significativa, fazendo PERRENOUD, Philippe. Dez novas competências
sempre uma ligação com os alunos entre o seu local para ensinar: convite à viagem. Porto Alegre:
de vivência e o global. Com esse propósito, observou- ArtMed, 2000.
se que os escolares participaram ativamente da
oficina desenvolvida pelos acadêmicos de Geografia, PONTUSCHKA, N. N.; PAGANELLI, T.
obtendo uma maior participação na aula com I; CACETE, N.H. Para Ensinar e Aprender
perguntas e relatos. Geografia. São Paulo: Ed. Cortez, 2007.
Destaca-se que o lúdico entrelaçado ao conteúdo
está longe de ser apenas um momento de brincadeira PRESS, F.; SIEVER, R.; GROTZINGER, J.;
sem significado, pois contribui para o JORDAN, T. H. Para entender a Terra. 4. ed.
desenvolvimento cognitivo do sujeito, propiciando a Bookman. Porto Alegre: 2006.
aquisição do conhecimento por meio de habilidades,
da criatividade não somente do aluno, mais ainda do SILVA, L. C.; BERTAZZO, C. J. . O lúdico, a
professor. Portanto, a partir da ludicidade aos alunos Geografia e a mediação didática. Revista
ofertou-se uma ação ativa em toda a oficina e durante Geoaraguaia, v. 3, p. 343-358, 2013.
o jogo. Em suma, a consolidação do conhecimento a
partir de uma mediação didática lúdica e significativa, VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente: o
mostrou-se como uma via necessária para ultrapassar desenvolvimento dos processos psicológicos
as limitações do ensino e aprendizagem. superiores. Michael Cole et AL (Org.). 4 Ed. São
Paulo: Martins Fontes, 1987.
5. REFERÊNCIAS
RESPONSABILIDADE AUTORAL
ALMEIDA, Rosângela Doin de. PASSINI, Elza
Yasuko. O espaço geográfico: ensino e “Os autores: Leonoura Katarina Santos, Giovanny
representação. 12 ed. São Paulo: Contexto, 2015. Alves Barbosa, Robério Francisco de Macedo, Alex
CASSETI, Valter. Geomorfologia. [S.l.]: [2005]. Lourenço dos Santos e Claudio José Bertazzo são os
únicos responsáveis pelo conteúdo deste trabalho.

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CARTILHA DE PLANTAS MEDICINAIS NA PREVENÇÃO E TRATAMENTO
NA ATENÇÃO BÁSICA

Paixão, Leticia Aparecida Araujo da, leticiapaixãoufg@gmail.com1


Aguiar, Gabriel Vieira de¹
Fernandes, Keteriny Daniela Borges2
Pilger, Calíope1
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Biotecnologia.
² Secretaria Municipal de Saúde de Catalão

Resumo: Introdução: O investimento em pesquisas e no desenvolvimento do setor de plantas medicinias pode


se caracterizar como uma estratégia de enfrentamento de desigualdades em saúde. Objetivo: Relatar a
estruturação uma cartilha sobre o uso de plantas medicinais no tratamento da diabetes mellitus e da
hipertensão arterial sistêmica, a partir do conhecimento popular dos usuários da UBS CAIC. Método: Trata-
se de um relato de experiência sobre o processo de construção de uma cartilha por meio do conhecimento
popular durante atividade de estágio curricular obrigatório. Para conhecer quais as plantas utilizadas para
o tratamento das patologias, realizou-se a técnica de entrevista com aplicação de um instrumento semi-
estruturado, com dois usuários dos serviços de saúde e uma agente comunitária de saúde (ACS), referência
no território pelo uso das plantas medicinais. Sua distribuição ocorreu durante as atividades do grupo
Hiperdia, visando atingir o grupo alvo. Resultados/Discussões: Notou-se durante o trabalho que a população
utiliza em seu dia-a-dia as plantas medicinais, entretanto, sem conhecimento sobre alguns aspectos
importantes, como: dose recomendada e contra-indicações, o que pode representar um risco a saúde. Após a
entrega da cartilha foi verificado o interesse da população em saber mais sobre as PICS, o uso das plantas
medicinais e a necessidade de conhecer um local para poder buscar estas informações. Conclusão: A
população tem interesse e utilizam as plantas medicinais e as PICS, entretanto, os profissionais, assim como
os usuários necessitam de mais informações para divulgar e ampliar o conhecimento sobre esta temática.

Palavras-chave: Plantas medicinais. Terapias complementares. Promoção da saúde. Autocuidado.

1- INTRODUÇÃO: forma segura, eficaz e com qualidade (BRASIL, 2018;


BRASIL, 2016).
O Brasil abrange a maior biodiversidade do planeta, Atualmente, o Ministério da Saúde reconhece,
possuindo, aproximadamente, 24% das plantas cientificamente, o potencial de ação de 71 plantas
superiores existentes. Além de uma rica flora, também medicinais. Esse reconhecimento amplia as opções
possui uma rica diversidade étnica e cultural, que terapêuticas dos usuários melhorando a atenção a
carrega uma gama imensurável de conhecimentos saúde de toda população, além de promover o uso
populares/tradicionais, dentre eles, o conhecimento sustentável da biodiversidade, aumentando sua cadeia
sobre o manejo e uso de plantas medicinais (PM’s) na produtiva e valorizando a cultura popular (BRASIL,
produção de remédios caseiros e comunitários 2016).
(BRASIL, 2016). Grande parcela da população de países em
Nas últimas décadas, a busca por terapias naturais desenvolvimento depende da utilização da medicina
expandiu-se consideravelmente nos países popular nos seus cuidados básicos de saúde (80%), e
industrializados, consequentemente o uso de plantas dentre estes 85% utilizam as PM’s. Desta forma, o
medicinais também aumentou chamando a atenção de investimento em pesquisas e no desenvolvimento do
seus governantes (TELES JUNIOR, 2016; WHO, setor de PM’s pode se caracterizar como uma
2003). estratégia de enfrentamento de desigualdades em
Levando em consideração o quadro apontado saúde (BRASIL, 2016).
anteriormente, no Brasil, foi desenvolvida a Política e As PM´s podem ser utilizadas para várias patologias,
o Programa Nacional de Plantas Medicinais e como a Hipertensão Arterial Sistemica (HAS), que é
Fitoterápicos e a Política Nacional de Práticas caracterizada pela elevação da pressão arterial
Integrativas e Complementares, com o intuito de sistólica a 140 mmHg ou mais e da pressão diastólica
garantir o acesso a esta modalidade de cuidado de a 90 mmHg ou mais, e a Diabetes Mellitus (DM),

Este trabalho foi revisado pela orientadora do estágio: Prof. Dr. Calíope Pilger.

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caracterizada pela disfunção insulínica, resultando na plantas medicinais, como: qual planta e que parte
elevação da glicemia sérica, ambas doenças crônicas utiliza, qual sua indicação, dose, forma de preparo,
que se não controladas podem evoluir drasticamente nomenclatura botânica, possíveis reações adversas e
afetando múltiplos órgãos (SBD, 2019; SBH, 2019; contraindicações. Ao final as plantas eram
BRASIL, 2016). fotografadas para realizar a ilustração da cartilha.
Existem plantas, com efeito cientificamente provados,
que atuam como hipoglicemiantes, hepatoprotetoras, Para a coleta de informações técnicas, que os
antiulcerativas, antioxidantes, redutoras de ganho de entrevistados não souberam responder, e que foram
peso, hipotensivas, diuréticas e vasodilatadoras, ou julgadas importantes para a cartilha, como:
seja, com grande utilidade no tratamento da DM e da nomenclatura botânica, reações adversas, contra-
HAS (FARIAS et al., 2016; FEIJÓ et al., 2012). indicações, entre outras, foram realizadas buscas nas
No intuito de valorizar o conhecimento tradicional dos bases de dados: US National Library of Medicine
usuários da Unidade Básica de Saúde (UBS) CAIC, e National Institutes of Health (PUBMED), Literatura
do promotores de saúde do território, além de Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde
desenvolver novas alternativas de cuidado à saúde, (LILACS), Scientific Electronic Library Online
seguras, eficazes e de qualidade, e ainda orientar a (SCIELO) e Medical Literature Analysis and Retrieval
população e os profissionais da saúde sobre esta Sistem on line (MEDLINE) e na Biblioteca Virtual em
temática este trabalho tem por objetivo relatar a Saúde em Medicinas Tradicionais, Complementares e
estruturação uma cartilha sobre o uso de plantas Integrativas (BVS MTCI), em materiais
medicinais no tratamento da diabetes mellitus e da disponibilizados pelo Ministério da Saúde e
hipertensão arterial sistêmica, a partir do Secretarias de Saúde; e em livros didáticos.
conhecimento popular dos usuários da UBS CAIC.
As plantas medicinais citadas para tratamento da DM
2- METODOLOGIA: e HAS foram: Capim cidreira (Cymbopogon citratus),
Saião (Kalanchoë brasiliensis), Chuchu (Sechium
Trata-se de um relato de experiência do processo de edule), Margaridão (Tithonia diversifolia), Pata de
construção da cartilha supracitada. Este trabalho foi vaca (Bauhinia forficata Link), Canela (Cinnamomum
realizado na UBS CAIC, localizada –no Jardim Zeylanicum Blume) e Limão (Citrus limon). Para
Primavera, do município de Catalão durante a proteger a identidade dos educadores populares lhes
disciplina de Estágio Curricular Obrigatório Atenção foram atribuídos codinomes de flores, são eles:
Básica, do curso de Enfermagem da Universidade Hortênsia, Orquídea e Lírio.
Federal de Goiás – Regional Catalão. Após a coleta, ocorreu sua confecção através do
O território da Unidade abrange os bairros Jardim programa de edição de imagem Canva, na qual foi
Primavera, São José, Monsenhor Souza, Vale do Sol, subdividida em: capa, apresentação, breve introdução
Vila União, Teotônio Vilela e Bairro dos Lucas, sobre o que são plantas medicinais, o que é DM, HAS,
subdivididos em 9 microáreas. Atualmente trabalham as receitas com o uso das plantas e referências. A
na unidade 4 agentes comunitárias de saúde, cobrindo impressão e montagem final foram realizadas na
apenas 4 microáreas do território. Somente nesta própria UBS (preto e branco), entretanto, buscará
pequena parcela do território, temos 399 usuários com patrocínio ou parceria com a Secretaria Municipal de
HAS, 86 usuários com DM e 139 usuários com as duas Saúde, com objetivo de imprimi-la em gráfica
patologias, segundo levantamento realizado no mês de colorida.
março de 2019. Sua distribuição aos usuários da ESF CAIC ocorreu
As informações empregadas na cartilha foram durante as atividades do grupo Hiperdia, programa
coletadas a partir da técnica de entrevista com desenvolvido pelo Ministério da Saúde a fim de
aplicação de um instrumento semi-estruturado, com cadastrar e acompanhar os portadores de hipertensão
dois usuários da unidade de saúde e uma agente arterial e/ou diabetes mellitus atendidos pelo SUS
comunitária de saúde que praticam o uso de plantas (BRASIL, 2019). Na UBS CAIC este grupo acontece
medicinais e que são referências no território. As mensalmente, com temas e atividades diversas.
entrevistas aconteceram através de visitas domiciliares Este trabalho possui aprovação do Comitê de ética em
pré-agendadas com os educadores populares. Pesquisa da UFG – Regional Catalão, com parecer n°
A proposta de elaboração da cartilha era apresentada 3.199.161/2019.
aos educadores populares e após aceitação em
participar do projeto era iniciada a entrevista. A coleta 3- RESULTADOS/DISCUSSÕES:
de dados se iniciava através da apresentação dos
educadores, onde eram coletadas as seguintes Na atividade estavam presentes uma média de 50
informações: nome, sexo, idade, profissão, além de participantes diagnosticados com DM e/ou HAS. Foi
onde, quando e através de quem aprendeu a utilizar as abordado no grupo do Hiperdia, por meio de uma roda
plantas. Após eram coletadas as informações sobre as de conversa, a definição das práticas integrativas e

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complementares em saúde (PICS), que são 2019. Disponível
regulamentadas pela Política de Práticas Integrativas e em:<http://datasus.saude.gov.br/sistemas-e-
Complementares (PNPIC), e que contribuem aplicativos/epidemiologicos/hiperdia>. Acesso
positivamente para a melhora da qualidade de vida dos em: 25 de abril de 2019.
indivíduos acometidos com DM e HAS. E sobre as
BRASIL. Ministério da Saúde. Educação
plantas medicinais.
Notou-se que a população do território faz uso das popular em saúde. 2017. Disponível em: <
práticas, mas não a conhecem por esta nomenclatura, http://www.saude.gov.br/participacao-e-
e que este acesso é de forma particular, e não controle-social/gestao-participativa-em-
disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS). saude/educacao-popular-em-saude>. Acesso em:
Devido o interesse dos usuários, sua eficácia 19 de outubro de 2019.
comprovada e seu baixo custo, a implementação da BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de
PNPIC no município traria grandes avanços em seu Atenção à Saúde. Departamento de Atenção
sistema de saúde e em sua economia, desta forma Básica. Política nacional de práticas integrativas
destaco a importância dos gestores conhecê-la e complementares no SUS : atitude de ampliação
(BRASIL, 2018).
de acesso / Ministério da Saúde. Secretaria de
O desconhecimento não é apenas por parte da
população, as plantas medicinais ainda precisam ser Atenção à Saúde. Departamento de Atenção
estudadas. Notou-se durante o trabalho que a Básica. – 2. ed., 1. reimpr. – Brasília : Ministério
população utiliza em seu dia a dia as plantas da Saúde, 2018.
medicinais, contudo, sem conhecimento sobre alguns BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de
aspectos importantes, como: dose recomendada e Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos.
contra-indicações, o que é pode ser um risco a saúde Departamento de Assistência Farmacêutica.
existem diversas plantas que são utilizadas no dia a dia Política e Programa Nacional de Plantas
da população e que não existem informações claras Medicinais e Fitoterápicos / Ministério da
sobre suas potencialidades e risco na literatura Saúde, Secretaria de Ciência, Tecnologia e
(BRASIL, 2016; TELES JUNIOR, 2016).
Insumos Estratégicos, Departamento de
Após a entrega da cartilha foi verificado o interesse da
população em saber mais sobre as PICS, o uso das Assistência Farmacêutica. – Brasília: Ministério
plantas medicinais e a necessidade de conhecer um da Saúde, 2016.
local para poder buscar estas informações. Os FARIAS, D. S.; FERREIRA, P. A.; OLIVEIRA,
profissionais de saúde muitas vezes não estão V. J . S.; BRITO, N. M. Uso de plantas
preparados para respondê-las, o que está relacionado a medicinais e fitoterápicos como forma
uma grande lacuna em nossa formação complementar no controle da hipertensão
(NASCIMENTO JÚNIOR et al., 2016). arterial. Journal of Biology & Pharmacy and
O vínculo de educadores populares, unidade de saúde Agricultural Managenent. v.12, n. 03, 2016.
e usuário garante uma grande melhoria na qualidade Disponível em: <
de vida da população, pois através da troca de saberes
http://revista.uepb.edu.br/index.php/biofarm/arti
e experiências se constrói um esquema de cuidado
mais abrangente e completo (BRASIL, 2017). cle/view/3127/1813>. Acesso em 04 de julho de
2019.
4- CONCLUSÃO: FEIJÓ, A.M.I; BUENO, M.E.N.I; CEOLIN, T.I;
LINCK, C.L.I; SCHWARTZ, E.I; LANGE, C.I;
A população tem interesse e utilizam as plantas MEINCKE, S.M.K.I; HECK, R.M.I;
medicinais e as PICS, entretanto, os profissionais, BARBIERI, R.L.II; HEIDEN, G. Plantas
assim como os usuários necessitam de mais medicinais utilizadas por idosos com diagnóstico
informações. Espera-se que o material auxilie a de Diabetes mellitus no tratamento dos sintomas
população-alvo em seu processo de tratamento, da doença. Rev. bras. plantas med. v.14, n.1,
contribuindo para a redução das complicações das
2012. Disponível em: <
doenças. Além de ser um instrumento que norteie os
profissionais da unidade a indicar o uso das plantas http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_artte
como uma forma integrativa e complementar de xt&pid=S1516-05722012000100008>. Acesso
cuidado. em: 04 de julho de 2019.
NASCIMENTO JUNIOR, B. J.; TÍNEL, L. O.;
5- REFERÊNCIAS SILVA, E. S.; RODRIGUES, L. A.; FREITAS,
T. O. N.; NUNES, X. P.; AMORIM, E. L. C.
BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Avaliação do conhecimento e percepção dos
Informática do SUS. DATASUS. Hiperdia. profissionais da estratégia de saúde da família

Anais · 5o CONPEEX - Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão · RC/UFG · 29/10 a 01/11/2019 · ISSN 2447-4134 · 152
sobre o uso de plantas medicinais e fitoterapia
em Petrolina-PE, Brasil. Rev. Bras. Pl. Med.,
Campinas, v.18, n.1, 2016. Disponível em: <
http://www.scielo.br/pdf/rbpm/v18n1/1516-
0572-rbpm-18-1-0057.pdf>. Acesso em: 16 de
outubro de 2019.
TELESI JUNIOR, E. Práticas integrativas e
complementares em saúde, uma nova eficácia
para o SUS. Estud. av. v.30, n.86, 2016.
Disponível em:<
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-
40142016000100099&script=sci_arttext>.
Acesso em: 01 de julho de 2019.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Guidelines
on good agricultural and collection practices (GACP)
for medicinal plants. 2003. Disponivel em:<
http://apps.who.int/medicinedocs/pdf/s4928e/s4928e.
pdf>. Acesso em: 25 de abril de 2019.

RESPONSABILIDADE AUTORAL
“Os autores são os únicos responsáveis pelo conteúdo
deste trabalho”.

Anais · 5o CONPEEX - Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão · RC/UFG · 29/10 a 01/11/2019 · ISSN 2447-4134 · 153
MODELAGEM E CUBAGEM DO DEPÓSITO DE REJEITO DRENADO DE NIÓBIO

Correa, Lucas Alves, lucas.eng.ufg@gmail.com¹


Tunussi, Cibele¹
Lourenço, Alexandre Martins²
Milanezi, Bruno Palhares²
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Engenharia
2
CMOC International Brasil, Ouvidor - GO

Resumo: Introdução: Os rejeitos são uma parcela de material recusado pela usina de processamento de minério
e o rejeito do processo de concentração de nióbio na empresa Cmoc International Brasil apresenta-se em projeto
de empilhamento. Metodologia: O modelamento tridimensional e a estimativa de volume e massa desse depósito
de rejeito drenado (DRD2) foi uma atividade desenvolvida durante o período de estágio curricular obrigatório 1
na empresa Cmoc International Brasil no município de Ouvidor – GO. Resultados: Utilizou-se o software
Datamine Studio OP© para realizar a modelagem do depósito e o cálculo de massa e volume. Após a definição
da superfície atual e final do depósito, foram utilizados três algoritmos distintos disponíveis no software para essa
estimativa, resultando em três valores para massa e volume para o depósito atual e para o depósito projetado. Os
objetivos das modelagens e das estimativas das massas/volumes da fase atual e final do depósito de rejeito drenado
DRD2 foram alcançados. Considerações finais: A diferença entre os resultados entre os algoritmos WVO,
TONGRAD e EVW, na cubagem do depósito atual, foi aproximadamente 2%. Em relação a cubagem do depósito
final a diferença foi menor que 1,5%. As atividades de modelagem e cubagem de depósitos cumprem com a
proposta de inserção do estudante nas atividades profissionais relativas à sua formação, segundo o Projeto
Pedagógico do Curso de Engenharia de Minas da UFG – Regional Catalão.

Palavras-chave: Depósito de rejeito. Modelo tridimensional. Cubagem. Datamine.

__________________________________________________________________________________________

1- INTRODUÇÃO concentração das usinas, torna-se importante por


minimizar impactos ao meio ambiente e visa também
Uma das principais preocupações das empresas o melhor aproveitamento do bem mineral. O fim da
de mineração nos dias atuais é com relação à vida útil das reservas minerais também influencia
disposição de seus resíduos. Na mina, o material decisão de recuperar rejeitos (FERRANTE, 2014).
estéril, e na usina, os rejeitos que, via de regra, são
dispostos em barragens. O desafio é grande, primeiro O Plano Nacional de Mineração 2030 (PNM -
em função das demandas dos processos de 2030) entende como mineral estratégico, entre outros,
licenciamentos ambiental e mineral, cada dia mais minerais que o Brasil apresenta vantagens
rigorosos, e segundo, pela maior pressão da sociedade comparativas naturais e conquistou liderança
pela redução de impactos ambientais. Para as internacional como o nióbio. A importância
mineradoras, há ainda, os custos envolvidos, e a econômica do minério também é um fator que
necessidade de garantir a viabilidade econômica do contribui para se elaborar estudos de aproveitamento
empreendimento, além, é claro, das questões de a partir do rejeito.
segurança operacional.
Os rejeitos são convencionalmente dispostos em
Os rejeitos são uma parcela de material recusado bacias de acumulação. A necessidade de desativação
pela usina na etapa de concentração e contém uma (decommissioning) sugere uma nova forma de
fração de massa de minério da mina (CHAVES, disposição desse material. O empilhamento drenado
2012). Com o avanço tecnológico no tratamento de é uma das alternativas pela vantagem da obtenção de
minérios, pode-se viabilizar alternativas de maciço não saturado, mais estável, com menor
recuperação de teores descartados da planta de potencial de danos por rupturas apresentando
beneficiamento. A necessidade de recuperar os teores adequado fechamento de mina com menor custo de
de minério no material rejeitado pelo processo de reabilitação ambiental. (GUEDES, 2018)
Supervisor: Alexandre Martins Lourenço.
Este trabalho foi revisado pela orientadora Cibele Tunussi.

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A modelagem tridimensional de estruturas de uma superfície de topo. A partir dessas duas gerou-se
mineração utiliza um processo computacional um volume de intersecção entre as duas superfícies.
chamado triangularização. De acordo com Ferreira
(2006), essa metodologia é altamente precisa de Quadro 1. Relação de atividades realizadas no
dados tridimensionais e possui grande aplicação na estágio, Ouvidor – GO, abril, maio e junho de 2019.
modelagem de depósitos minerais, topografias,
Cronograma de Atividades
escavações mineiras arcabouço hidrológico de Estágio Curricular Obrigatório 1
subterrâneo, e etc.
Abril Maio Junho
O objetivo deste trabalho é apresentar o Semanas
desenvolvimento da modelagem 3D de um depósito


de rejeito drenado de nióbio e a estimativa do volume
desse depósito que será reprocessado pela empresa. A 1. Integração Meio
Ambiente, Segurança e
sua modelagem e cubagem, serão apresentadas como Saúde Ocupacional
atividade de estágio.
2. Diálogo Diário
de Segurança

2- METODOLOGIA
3. Visita à Mina Boa
Vista da Niobras
A disciplina de Estágio Curricular Obrigatório 1
no curso de Engenharia de Minas representa as 4. Modelagem e
atividades práticas desenvolvidas em empresas de cubagem do Depósito
de Rejeito Drenado de
mineração acompanhadas pelo engenheiro supervisor Nióbio
na empresa e o professor orientador no curso de Fonte: Autoria própria.
Engenharia de Minas. O local do estágio foi a
Copebras, empresa pertencente a CMOC A cubagem do modelo tridimensional do
International Brasil, no período referente aos meses depósito foi executada por três métodos diferentes a
de abril, maio e junho de 2019. partir dos algoritmos disponíveis no software
Datamine Studio OP©, sendo: EVW – evaluate
O estágio foi realizado na área de Planejamento wireframe, WVO – wireframe volume e TONGRAD.
de Mina de Longo Prazo da Gerência Técnica,
responsável pela realização de estudos técnicos;
projetos; geologia e planejamento de lavra de longo
prazo das empresas Copebras e Niobras. O foco do 3- RESULTADOS e DISCUSSÃO:
estágio consistiu no acompanhamento do projeto de
reaproveitamento do rejeito drenado de Nióbio. Além Aos arquivos de linhas e pontos da geomembrana
desse projeto, as atividades de integração ao meio e as curvas de nível do depósito referentes ao arranjo
ambiente, saúde e segurança operacional, bem como geral executivo e ao levantamento feito em junho de
participação dos diálogos diários de segurança foram 2019 foram importados para o programa Datamine
essenciais para desenvolvimento das atividades com Studio OP© (Figuras 1, 2 e 3).
segurança (Quadro 1).
Figura 1 - Curvas de nível e pontos primitivos da
Uma das etapas do projeto de reaproveitamento geomembrana
do rejeito de nióbio foi a modelagem 3D e o cálculo
do volume de material empilhado no depósito
denominado DRD2 utilizando o software Datamine
Studio OP©. Para a criação do modelo 3D do
depósito utilizou-se os dados topográficos de linhas e
pontos do DRD2, no sistema de referência SIRGAS
2000, disponibilizados pela equipe de engenharia.
Estes dados referem-se a arquivos em formato DXF
(exportados do software AutoCAD©) das curvas de
nível e pontos da geomembrana, do DRD2 atualizada
em junho de 2019 e do arranjo geral executivo. Os
processos para a criação dos sólidos foram a geração Fonte: Arquivos do projeto.
de uma superfície de base do depósito e a geração de

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Figura 2 - Curvas de nível do depósito DRD2, Figura 5 – Superfície de topo do depósito DRD2,
segundo levantamento realizado em junho de 2019 segundo levantamento realizado em junho de 2019

Fonte: Arquivos do projeto. Fonte: Arquivos do projeto.

Figura 3 - Curvas de nível do depósito DRD2, Figura 6 - Superfície de topo do depósito DRD2,
conforme arranjo geral executivo conforme arranjo geral executivo

Fonte: Arquivos do projeto.

Fonte: Arquivos do projeto. O resultado final dos sólidos (wireframes) do


depósito de rejeito drenado de nióbio atualizado e
A partir desses arquivos criou-se as superfícies projetado foi obtido através da projeção das
da geomembrana, do depósito atualizado e do arranjo superfícies utilizando a ferramenta wireframe surface
geral executivo, conforme figuras 4, 5 e 6. Para a project (PDV). Primeiro realizou-se a projeção da
superfície da geomembrana realizou-se uma projeção superfície da geomembrana para a cota Z=1000
da mesma em 1 metro (m) no eixo Z como fator de metros e a projeção da superfície do depósito
segurança para que o plano de sondagem que será atualizada para o eixo Z=700. Com o comando WIN
realizado no depósito não atinja essa camada. extraiu-se a intersecção entre as projeções. Esta
intersecção corresponde a wireframe do depósito
Figura 4 – Superfície de base da geomembrana atual. O mesmo processo foi realizado para obter o
projetada em 1 m no eixo Z sólido do arranjo geral executivo da do depósito.

Após a criação dos sólidos, o mesmo foi


preenchido com blocos de tamanhos regulares,
utilizando o comando WIREFILL. As figuras 7 e 8
mostram o resultado do processo. Os parâmetros
utilizados nesse processo referem-se as dimensões
máximas e mínimas dos blocos e sub-blocos que
preenchem o sólido. As células de dimensões
mínimas (sub-blocos) permitem a aderência desse
modelo de blocos ao volume do depósito (Fig. 9).

Fonte: Arquivos do projeto.

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Figura 7 - Preenchimento do volume do depósito O algoritmo EVW calculou o volume e tonelagem
DRD2 atualizada com blocos. utilizando a superfície dos sólidos do depósito e os
modelos de blocos respectivos, de acordo com as
figuras 10 e 11. Segundo o próprio programa
utilizado, pode haver divergências nos resultados com
o modelo real por esse método, por isso há uma
margem de diferença aceitável de até 2%.

Figura 10 - Tonelagem e volume do depósito atual.

Fonte: Arquivos do projeto.

Figura 8 - Preenchimento do volume do depósito


DRD2 conforme arranjo geral executivo com blocos.

Fonte: Arquivos do projeto.

Figura 11 - Tonelagem e volume do depósito final.

Fonte: Arquivos do projeto..

Figura 9 - Parâmetros para a criação do modelo de


blocos.
Fonte: Arquivos do projeto.

O segundo algoritmo utilizado, WVO, calculou o


volume e a massa através da superfície do sólido tanto
para o depósito na sua configuração atual como o
projetado (Figuras 12 e 13).

Figura 12 - Sumário das propriedades da wireframe


do depósito atual.

Fonte: Arquivos do projeto.

Para atender o futuro plano de reprocessamento


do material depositado fez-se necessário o
conhecimento dos parâmetros de volume e
tonelagem. Segundo relatório interno da empresa a
densidade do material depositado é de 1,69 m³/t
(metros cúbicos por tonelada). O software utilizado
possui alguns algoritmos para calcular esses
parâmetros.
Fonte: Arquivos do projeto.

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Figura 13 - Sumário das propriedades da wireframe Tabela 1. Comparação dos resultados dos três
do depósito final. métodos para o depósito atual.

Volume Densidade Massa


Método
(m³) (m³/t) (t)
EVW 813.122,13 1,69 1.379.246,40
WVO 830.021,94 1,69 1.412.877,94
TONGRAD 836.025,00 1,69 1.412.882,25
Fonte: Autoria própria.

Tabela 2. Comparação dos resultados dos três


métodos para o depósito final.

Volume Densidade Massa


Método
(m³) (m³/t) (t)
EVW 1.574.355,10 1,69 2.660.660,12
WVO 1.595.113,97 1,69 2.695.742,71
Fonte: Arquivos do projeto.
TONGRAD 1.595.255,50 1,69 2.695.981,80
O algoritmo TONGRAD utilizou os modelos de Fonte: Autoria própria.
blocos para calcular as informações de massa e
volume do depósito na situação atual e final,
conforme figuras 14 e 15.
4- CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Figura 14 - Resultados do TONGRAD para o sólido
Os objetivos das modelagens e das estimativas
do depósito atual.
das massas/volumes (cubagens) atual e final do
depósito de rejeito drenado DRD2 foram alcançados.
Uma vez que foram obtidos com relativa facilidade
pelo emprego de um software adequado e habilidade
do usuário de operar as ferramentas adequadas desse
software. As diferentes metodologias de cubagem
utilizadas empregando-se o mesmo software, levam a
resultados bem próximos. Para a cubagem do
Fonte: Arquivos do projeto. depósito atual a diferença entre os resultados entre as
ferramentas WVO/TONGRAD e EVW foi
Figura 15 - Resultados do TONGRAD para a aproximadamente 2%. Em relação a cubagem do
wireframe do depósito final. depósito final foi menor que 1,5%.

A geração do sólido 3D e a cubagem para


estimativa do volume final do depósito DRD2,
volume esse que a Cmoc pretende reprocessar
integralmente no futuro, para reaproveitamento
econômico do nióbio residual contido, são as duas
primeiras etapas do trabalho do planejamento. As
demais etapas são:
Fonte: Arquivos do projeto.
• Sondagem da pilha;
Os métodos são utilizados para cálculo de
volume/tonelagem e teor de depósitos nos trabalhos • Análise química dos testemunhos coletados;
de planejamento de mina e geologia. As tabelas 1 e 2
a seguir, mostram uma comparação dos resultados • Interpretação dos dados, modelagem
gerados por cada método. geológica e geração de modelo
geometalúrgico;

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• Sequenciamento da retomada racional do contidos em barragens. 2014. 85 f. Dissertação
depósito; (Mestrado em Engenharia de Materiais) –
Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto,
• Dimensionamento da frota de equipamentos 2014.
necessária;
FERREIRA, M. S. Modelagem tridimensional de
• Avaliação econômica. depósitos minerais. 2006. 111 f. Dissertação
(Mestrado) - Curso de Engenharia de Minas,
De acordo com o Projeto Pedagógico do Curso Departamento de Engenharia de Minas, Universidade
de engenharia o estágio compreende atividades Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2006. Disponível
profissionais programadas e vivenciadas pelo em:
estudante quando da sua participação em situações <http://www.repositorio.ufop.br/handle/123456789/
reais no campo de trabalho, sob orientação e 2450>. Acesso em: 02 set. 2019.
supervisão de profissionais habilitados. As atividades
de modelagem e cubagem de depósitos cumprem com GUEDES, G. B.; SCHNEIDER, C. L. Disposição de
a proposta de inserção do estudante nas atividades rejeitos de mineração: as opções tecnológicas para
profissionais relativas à sua formação. a redução dos riscos em barragens. 2018. Disponível
em:<http://mineralis.cetem.gov.br/bitstream/cetem/2
229/1/SED-95.pdf>. Acesso em: 02 set. 2019.

5- AGRADECIMENTOS MME, M. d. Plano Nacional de Mineração 2030-


Geologia, Mineração e Transformação Mineral.
Agradecimentos a Universidade Federal de Goiás Brasília: Secretaria de Geologia, Mineração e
– Regional Catalão, a minha orientadora Profª. Ma. Transformação Mineral-SGM, 2011. Disponível em:
Cibele Tunussi, por contribuir com minha formação <http://www.mme.gov.br/documents/1138775/1732
acadêmica, a empresa Cmoc International Brasil pela 821/Book_PNM_2030_2.pdf/f7cc76c1-2d3b-4490-
oportunidade de desenvolvimento profissional e aos 9d45-d725801c3522>. Acesso em: 02 set. 2019.
meus coordenadores Alexandre e Bruno pelo
compartilhamento de experiências na mineração. UNIVERSIDADE Federal de Goiás. Projeto
Pedagógico Do Curso De Engenharia De Minas Da
Universidade Federal De Goiás Campus Catalão.
Catalão. 2013.
REFERÊNCIAS

CHAVES, Arthur Pinto (Org.). Teoria e Prática do


Tratamento de Minérios: Manuseio de sólidos RESPONSABILIDADE AUTORAL
granulados. 2. ed. São Paulo: Oficina de Textos,
2012. 384 p. 5 v. “Os autores são os únicos responsáveis pelo conteúdo
deste trabalho”.
FERRANTE, F. Estudo de viabilidade para
recuperação de minério de ferro em rejeitos

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RELATO DE EXPERIÊNCIA: FORMAÇÃO DE GRUPO PARA IDOSOS NO CRAS
Luiz, Maria Rita Soares, mariaritasoaresl@hotmail.com - orientando1
Rodrigues, Ingrid Xavier, ingridxr@live.com - orientando1
Campos, Maurício, mcampos1975@yahoo.com.br – orientador1
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Biotecnologia

Resumo: Objetivo: O presente trabalho relata a elaboração , implementação de um grupo voltado para a terceira
idade, conduzido por estagiárias de Psicologia, no Cemtro de Referência de Assistência Social (CRAS) no
Município de Goiandira, desde o período de abril à julho de 2019, afim de contribuir para o desenvolvimento
pessoal, estimulando as relações e os processos identitários. Metodologia: O grupo adquire caráter terapêutico
e aberto, ocorrendo uma vez por semana, durante uma hora. Teve-se como desafio iniciar um grupo antes
inexistente, aplicando conhecimentos teóricos e práticos que favoreçam o desenvolvimento de um espaço de escuta
qualificada, reflexiva e promotor de saúde mental. Resultados/Discussão: Os resultados mostram que embora a
experiência tenha evidenciado dificuldades em seu percurso, a criação do espaço permitiu que temas por vezes
esquecidos fossem postos à tona e a desconstrução de mitos acerca da velhice fossem questionados, permitindo
aprendizados baseados na diversidade de discussões, reflexões e trocas de experiência. Neste cenário, podemos
perceber como o resgate de memórias e a comunicação promovida naquele espaço possibilitaram aos (as) idosos
(as) uma ressignificação de diversos acontecimentos, promovendo assim, reflexões sobre o mundo e sobre si
mesmo, permitindo aos idosos, rever seu lugar na sociedade. Tal fato é fundamental, visto que em uma sociedade
que tem a juventude como valor central, os (as) idosos (as) são negligenciados. Conclusões: A experiência revela
a grande importância para a formação enquanto profissionais de psicologia em adentrar-se a um campo que por
vezes passa esquecido e na construção prática destas oficinas.

Palavras-chave: Psicologia. Terceira Idade. Grupos. Qualidade de vida.


__________________________________________________________________________________________

1- INTRODUÇÃO ressignificar como lidamos com isso, faz parte do


ciclo da vida e pode mudar a forma na qual
O aumento da expectativa de vida, bem como, do caminhamos em sentido à finitude.
número total de idosos no país é um fenômeno que
vem sendo representativo na sociedade Dentre os retratos de uma fase que por vezes não
contemporânea. Dados como os apontados pelo IBGE se dedica tanta atenção, Bosi (2012) salienta que
(2018) trazem o indicativo de um crescimento de 18% velhice quando compreendida em sua complexidade,
em 5 anos, atingindo atualmente, o maior crescimento carrega consigo um apanhado de histórias, que
em detrimento de qualquer outra faixa etária reúnem filosofias, marcas do tempo, identidade,
existente. No entanto, falar sobre o aumento desses angústias, memórias, perdas, sendo fonte de
índices nem sempre é atrelar a existência de uma, conhecimento e subjetividade. Tendo que o
proporcionalmente melhor, qualidade de vida. crescimento dessa população é cada vez maior, é
necessário que nos atentemos cada vez mais aos
Apesar do envelhecimento ser uma verdade cuidados destinados à ela.
máxima na vida humana, já que convivemos com ele
desde o nascimento, passar por ele nos afeta Em direção contrária do que se espera do idoso,
significativamente. Bem como elucida Rizzolli e em situação de marginalização e eminente
Surdi (2010), envelhecer nos remete à renúncias e sofrimento, vemos hoje o envelhecimento ativo como
perdas, de vitalidade, de tempo e de nós mesmos. A uma das estratégias de promoção de qualidade de vida
autora reintera que entender esse processo e na terceira idade como salientam Baldin e Fortes

1
O trabalho foi revisado pelo orientador de estágio

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(2008). Os autores ainda destacam que atualmente Bosi (2012) traz em seus trabalhos a relação da
tem crescido a participação desses indivíduos em memória atrelada ao idoso e a magnitude que esta
espaços sociais que estimulem a convivência em atinge, ao passo que por mais que todas as pessoas
grupos para o compartilhamento de histórias de vida, detém a atividade da memória, na velhice que
promoção e ressignificação de memória, como perpassa os atravessamentos de um tempo, estes
formas de promoção de bem estar na velhice. carregam uma história social diferente do que
crianças, jovens e adultos possuem. É destinado as
No que se refere a importância da ocupação de pessoas idosas então um papel social que se remete a
espaços pela terceira idade, ao frequentar grupos que transmitir histórias, um papel importante na
estimulem a convivência e o bem estar desses construção de uma memória coletiva.
sujeitos, Rizzolli e Surdi (2010) apresentam que a
ideia de que as pessoas idosas não são produtivas A memória social do
ainda permanece enraizado no imaginário social, que idoso permite a
não destina atenção à eles. Para os autores, é manutenção da
necessário que haja reflexão social para que o idoso identidade grupal,
passe a ocupar o seu devido espaço, inclusive, mostrando-se como elo
participando de grupos de idosos que agreguem aos vivo entre gerações,
mesmos aprendizados, compartilhamento de ideias e transmitindo a história
experiências que modifiquem a realidade e a de um passado vivido e
mesmidade em que eles estão imersos. experimentado.
(OLIVEIRA, 2017 apud.
Um dos fatores essenciais para serem trabalhados
BARROS & BARROS,
em grupo de idosos é a memória. Para Halbwachs
2014, p.7).
(2004) a memória divide-se em individual e coletiva
e estão correlacionadas. A individual remete-se a Articulando as ideias expostas com as
memória interior e a coletiva apoia-se no apresentadas por Halbwachs em seus apontamentos
social/histórico. Ainda segundo o autor, a memória sobre a mémoria, Schmidt e Mahfoud (1993),
coletiva é construida coletivamente, tendo no grupo apresentam que as lembranças configuram-se como
uma condição para a sua existência, mas também uma reconhecimento, ao passo que sentimentos do que foi
atividade desempenhada pelo próprio sujeito. Isso vivido são atribuídos a ela, e reconstrução, uma vez
parte da condição que o grupo pertence a uma que se ocorre o resgate das vivências no passado
instituição de linguagens e pensamentos, o que diante um contexto de ideações particulares. "A
permite que o indivíduo retorne lembranças memória é este trabalho de reconhecimento e
construidas como membro ali. Uma vez que se reconstrução que atualiza os "quadros sociais" nos
estabelece identificações com o funcionamento deste quais as lembranças podem permanecer e, então,
e as relações sociais. articular-se entre si" (SCHMIDT E MAHFOUD,
“A lembrança é 1993, p.4)
uma imagem que É na narração das lembranças das pessoas idosas
ininterruptamente está que um legado de transformações histórico/sociais,
junto com outras institucional, de papeis sociais são transmitidas e
imagens e é, em larga redimensionadas as próximas gerações (BOSI, 2012).
medida, uma Ao outro é permitido conhecer um mundo vasto e
reconstrução do passado constantemente modificado e ao idoso, é permitido
que é feita com a ajuda resgatar um histórico de vida, repensar o que viveu e
de dados emprestados do reconstruir sua identidade. Trata-se de uma tentativa
presente” (OLIVEIRA, de oferecer escuta e, ainda mais de dar voz àqueles
2017, p.5). cujos discursos foi calado ou teve pouca influência no
discurso dominante. (OLIVEIRA, 2017 apud.
SILVA, et al. 2007).
Embora ao recordarmos de experiências vividas
como algo particular a nossa vida, as lembranças É permitir que essa interação com o que foi
pessoais de cada indivíduo estão inseridas em um vivido e o que ainda há para se viver o transforme, é
campo social, ou seja, suscetíveis a influência dos conseguir compreender o que fez naquela época e
espaços e pessoas com o qual estabelece algum tipo descobrir implicações na vida presente. É dar a eles a
de contato. Esta memória constitui a memória possibilidade de se reinventar e não apenas assumir
coletiva, ou seja, ela é resultado da relação dos uma categoria que lhes foi atribuída de contador de
indivíduos em seus grupos sociais (OLIVEIRA, 2017 histórias.
apud. HALBWACHS, 2012).

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Portanto, entende-se que a formação do grupo Fora realizado a confecção de cartazes, contendo
tem como finalidade trazer sentido a vivência desses informações acerca do início do grupo, a fim de
indivíduos, contribuir com o desenvolvimento convidar a comunidade idosa a participar. Este
pessoal e a estimulação das melhorias em relações material foi distribuído entre as Unidades Básicas de
pessoais, como forma de reativação de identidade, Saúde (UBS) do município e no próprio painel do
maior participação social e engajamento, como CRAS. Logo após, iniciaram as atividades na sede.
elucida Rabelo e Neri (2013). Dessa forma,
associando as questões que permeiam os grupos na Além dos grupos terapêuticos, onde o papel das
terceira idade, e a partir do interesse pela intersecção estagiárias foi mediar o grupo, respeitando as
entre a memória e velhice, pauta de interesse deste questões que eram colocadas, porém, sempre
estudo, houve a criação de um grupo terapêutico pontuando e contribuindo conforme se discorria. As
voltado para a terceira idade no Centro de Referência estágiarias, além de exercerem o papel de mediadoras
de Assistência Social – CRAS, no Município de no grupo, participaram também do encontrão da
Goiandira, que possibilitou identificar e trabalhar os Terceira Idade, realizado dentro do próprio
diversos acontecimentos que transpassam a velhice. Município.

2- METODOLOGIA Ao fim de cada encontro fora redigido diários de


campo que continham observações referentes ao
O presente estudo é de caráter descritivo, do tipo desenvolvimento do grupo, temas principais e
relato de experiência, elaborado no contexto da intervenções realizadas, sob o olhar de cada
disciplina Estágio Curricular Obrigatório em estagiário. Semanalmente, também ocorreram
Processos Psicossociais e Instituição I, ministrado no supervisões afim de compartilhar as experiências e
nono período do curso de Graduação em Psicologia traçar junto ao supervisor novas perspectivas que
pela Universidade Federal de Goiás (UFG), Campus poderiam ser introduzidas no decorrer dos encontros.
Catalão, cujo objetivo principal é a intersecção entre
conhecimento teórico e vivência prática.

Entre os meses de março e abril de 2019, as 3- RESULTADOS E DISCUSSÃO


estagiárias se prepararam previamente, através de O primeiro encontro consistiu na apresentação
textos que contemplavam a temática da terceira idade, das participantes, por meio do qual fora possível
bem como, a formação de grupos em instituições. recolher informações relevantes sobre estes. Um
Posteriormente, foi realizado uma visita a campo a contrato terapêutico foi estabelecido a medida que se
fim de conhecer as dependências do Centro de determinou uma periodicidade semanal, com dias e
Referência e Assistência Social (CRAS), localizado horários específicos, além de questões éticas
no Municipio de Goiandira, bem como, seu relacionadas ao trabalho do Psicólogo.
funcionamento, funcionários e atividades ofertadas
pela instituição. Entre os participantes que se inseriram no grupo,
foi observado que a faixa etária era diversa, uma vez
A instituição em questão é de ordem pública e que o os integrantes tinham idades entre 58 e 85 anos.
atua na acessibilidade à serviços e ações de proteção A maioria dos participantes já se conheciam de
básica social, aém de possibilitar a articulação entre atividades desenvolvidas dentro da instituição, mas,
as unidades da rede. O espaço esta localizado na principalmente, dos “Encontrões da terceira idade”,
região central onde o fluxo de pessoas é mais definido por eles como bailes que ocorrem
recorrente, possibilitando um maior reconhecimento semanalmente em cidades do Estado de Goiás e
do local. Minas Gerais. Característica esta, que contribuiu para
que novos participantes viessem a participar
As atividades foram desenvolvidas através de posteriormente do grupo de idosos e que fosse
uma experiência com um grupo aberto para a terceira fortalecido ainda mais o vínculo entre eles.
idade. Os encontros aconteceram semanalmente as
quartas, tendo duração de 1 hora, contando com a Ao decorrer dos encontros, buscou-se
participação de 2 a 8 participantes. No total, foram compreender a realidade dos participantes. Em sua
realizados 13 encontros entre os meses de abril de maioria, os membros do grupo residiam na cidade de
2019 e julho de 2019. Goiandira há um período superior à 20 anos, de forma
solo ou na presença do(a) companheiro(a). Todos são
As estagiárias iniciaram as atividades aposentados, no entanto, alguns ainda desempenham
reconhecendo o campo e após optaram pela atividades remuneradas. No que diz respeito aos
divulgação do grupo previamente, ligando para os relacionamentos, aspectos em comum de maior
contatos de listas de oficinas já realizadas, além do incidência foi a experiência da viuvez e a presença de
anual “Dia do idoso”.

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familiares que ainda residem na cidade e suas compartilhassem questões em comum sobre o
adjacências. envelhecimento e ressignificassem questões.
Por meio desse contato, também pode-se O desenvolvimento do grupo permitiu a
perceber o olhar da terceira idade acerca do seu papel construção de um ambiente que não só lhes
social, o meio em que vive e as atribuições que lhe possibilitaram um espaço de fala como também a
são postas. Foi possível compreender que no escuta, queixa esta que se mostrou muito evidente ao
cotidiano deles, algo que causava incômodo é a falta longo dos encontros. O espaço também foi
de paciência e credibilidade da parcela mais jovem da responsável por possibilitar uma ampliação de
população que não dispõe de interesse e tempo para processos reflexivos acerca de questões intrínsecas a
validar o discurso do idoso. Ao longo do tempo , realidade vivida por eles, como o namoro na terceira
pode-se compreender a dialética entre um grupo de idade, a possibilidade de se viver sozinho(a), a
envelhecimento ativo em contraposição ao reconstrução da autonomia, a ocupação de espaços
imaginário social. sociais, a morte, saúde do idoso, entre outros.
Ao longo dos 13 encontros, os integrantes do Os textos estudados pelas estagiárias permitiram
grupo aumentaram, chegando a totalizar 8 observar que as queixas mais recorrentes levantadas
participantes em determinadas datas, sendo estas, pelo grupo, condiziam aos referidos teóricos já
majoritariamente mulheres, que aos poucos foram supracitados no artigo, o que determinou maior auxílo
contatando sua rede de contatos e trazendo mais na compreensão grupal.
mulheres a participar. Tais circunstâncias
possibilitaram que o grupo discutisse o seu Como forma de explorar as vivências do grupo,
funcionamento, refletisse sobre a qualidade de vida as estagiárias acompanharam os idosos em um
no próprio envelhecimento, a autonomia que Encontrão da terceira idade que ocorreu na cidade de
conquistaram ao longo do tempo e o quanto tais Goiandira, a fim de experienciar um tema que se
aspectos eram relevantes para um envelhecimento mostrou muito recorrente durante os encontros: a
ativo. música e a dança. Através deste, fora possível
compreender toda a dinâmica envolvida no processo,
Dadas as diferenças desde a atuação dos mesmos previamente na
entre homens e mulheres organização do evento, como locomoção, divulgação
em seus papéis, e auxílio nas vendas de bebida e comida dentro dos
experiências e encontros, como também, na interação entre os
oportunidades durante o participantes durante os shows e danças.
curso de vida, entende-se
que uma abordagem de Ao longo dos encontros, foi possível através do
gênero é essencial para a auxílio da instituição, promover encontros
efetivação da proposta interativos, como uma festa junina destinada a eles.
política de As músicas utilizadas foram levantadas durante os
envelhecimento ativo, encontros anteriores, uma vez que, traziam suas
reconhecida atualmente preferências musicais com o qual se identificavam,
como uma das principais sendo as mais reccorentes músicas sertanejas antigas,
estratégias para como Teodoro e Sampaio, Trio Parada Dura,
responder à revolução do Milionário e José Rico, Tonico e Tinoco, que
envelhecimento retratavam paixões vividas e retomavam história de
populacional.” (SOUSA vida. A festa contou com comidas e bebidas típicas,
et al., 2018, p.2) além de uma quadrilha improvisada, onde todos os
participantes dançaram através da narração dos
A contemplação de assuntos que permeavam a próprios. No encontro posterior ao evento, foi
vivência dos idosos no grupo revelou-se de extrema possível que discutíssemos a importância de uma
relevância quando concomitante eram trabalhados velhice ativa e questões relativas a qualidade de vida
aspectos como a memória e a afetividade. Para isso, como processo de intervenção.
durante os encontros trabalhamos assuntos como:
brincadeiras da infancia, meios de comunicação nos O encerramento do grupo contou com reflexões
anos anteriores, lembranças da juventude, início da acerca do que foi trabalhado ao longo dos encontros,
tecnologia; bem como sentimentos referentes a solicitando a eles que buscassem na memória quais
momentos que marcaram suas histórias de vida e temas que foram levantados durante as discussões.
como estas ainda impactam no que tornaram-se hoje. Através deste, fora recordados por eles questões
Nesse espaço foi possível que os idosos como viuvez, religião, trabalho na terceira idade,
relacionamentos, tecnologia, brincadeiras de

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infância, machismo, cuidados com a saúde, família, HALBWACHS, M. A memória coletiva. São Paulo:
entre vários outros que foram discutidos ao longo do Ed. Centauro, 2004.
grupo, bem como a ressignificação destes se fizera
OLIVEIRA, R. B. S. Memória Individual e Memória
presente.
Coletiva. Revista Científica Multidisciplinar
4- CONSIDERAÇÕES FINAIS Núcleo do Conhecimento. Ano 02, Ed. 01, Vol. 13,
pp. 339-348 Janeiro de 2017. ISSN: 2448-0959
A possibilidade de refletir sobre aspectos
passados, presentes e futuros dessa faixa etária foi RABELO, D. F; NERI, A. L. Intervenções
enriquecedor e transformador, ao passo que a criação psicossociais com grupos de idosos. Revista
do grupo possibilitou um espaço institucional Kairós Gerontologia, v. 16 n.6, pp.43-63. 2013
dialogado, para a terceira idade, ainda inexistente. RIZZOLLI, D; SURDI, A. C. Percepção dos idosos
Fora possivel reforçar a necessidade de um sobre grupos de terceira idade. Rev. bras. geriatr.
envelhecimento ativo e a descontrução de mitos gerontol., Rio de Janeiro , v. 13, n. 2, p. 225-
relacionados a velhice. 233, Aug. 2010 . Available from
Dessa forma, pode-se identificar ao longo deste <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext
período, que os (as) idosos (as) se apropriaram do &pid=S1809-
espaço do grupo, fazendo com que os (as) 98232010000200007&lng=en&nrm=iso>. access
participantes expusessem suas ideias, queixas e on 12 July 2019. http://dx.doi.org/10.1590/S1809-
dúvidas mais recorrentes; além de compartilharem 98232010000200007.
histórias de vida entre sí, o que resultou em maior SCHMIDT, M. L. S; MAHFOUD, M. H. Memória
vínculo e convivência entre eles. coletiva e experiência. Psicol. USP, São Paulo , v.
4, n. 1-2, p. 285-298, 1993 . Disponível em
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_artt
ext&pid=S1678-
5- REFERÊNCIAS 51771993000100013&lng=pt&nrm=iso>. Acessos
em 12 jul. 2019.
BALDIN, C. B; FORTES, V. L. F. Viuvez feminina: SOUSA, N. F. S; LIMA, M. G; CESAR, C. L. G;
a fala de um grupo de idosas. Revista Brasileira de BARROS, M. B. A. Envelhecimento ativo:
Ciência do Envelhecimento Humano, v. 5, nº. 1, prevalência e diferenças de gênero e idade em
2008. Disponível em: estudo de base populacional. Cad. Saúde Pública
http://www.upf.tche.br/seer/index.php/rbceh/article/ 2018; 34(11):e00173317. Cad. Saúde Pública, Rio
view/257/192. Acesso em: 09/07/2019 de Janeiro ,v. 35, n. 2, eER173317, 2019
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velhos. São Paulo: Companhia das Letras. 1999. <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext
&pid=S0102-
CORREA, M. R; JUSTO, J. S. Oficinas de 311X2019000209001&lng=en&nrm=iso>. access
Psicologia: Memória e experiência narrativa com on 09 July 2019. Epub Mar 14,
idosos. Estudos Interdisciplinares em Psicologia, 2019. http://dx.doi.org/10.1590/0102-311xer173317
Londrina, v. 1, n. 2, p. 249-256, dez. 2010.
RESPONSABILIDADE AUTORAL
EM 2017, Expectativa de vida era de 76 anos.
Agência de notícias IBGE. Disponível em: “O(s) autor(es) é(são) o(s) único(s) responsável(is)
<https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala- pelo conteúdo deste trabalho”.
de-imprensa/2013-agencia-de-
noticias/releases/23200-em-2017-expectativa-de-
vida-era-de-76-anos>. Acesso em: 25 de ago. de
2019.

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CONCATENAÇÃO DO CONHECIMENTO TEÓRICO E PRÁTICO APLICADO EM
ACOMPANHAMENTO DE OBRA

MORAES, Matheus Henrique Morato de, matheus.h.h@hotmail.com 1


CARVALHO, José Vitor Silva de 1
PEREIRA JÚNIOR, Wanderlei Malaquias 1
GUIMARÃES FILHO, Múcio Bonifácio 2
SILVA, Hewerton Renato Fleury 3
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica de Engenharia Civil
2
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Departamento de Infraestrutura
3
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Coordenação de Administração e Finanças

Resumo: Introdução: O acompanhamento de obra é uma das principais atividades as quais um estagiário de
engenharia civil pode executar. Com a necessidade de aliar o conhecimento teórico com a prática e a
importâncias das primeiras experiências da carreira podem definir a linha de atuação do profissional. Este
trabalho discorrerá sobre o relato de experiência do estagiário na Coordenação de Administração e Finanças.
Objetivo: O presente trabalho tem com intuito apresentar a atividades e experiências vivenciadas por um discente
de Engenharia Civil, na Coordenação de Administração e Finanças (CAF) na Universidade Federal de Goiás –
Regional Catalão (UFG-RC), enquanto estagiário. Metodologia: Aplicando uma metodologia prática, tratando-
se de um estudo de caso aplicado em acompanhamento da obra da reforma do Bloco D. Apresentando suas
atividades desempenhas, orçamentações, formulação de cronogramas, projetos, acompanhamento de obras e
outras atividades desempenhadas pelo discente. Resultados: Apresentando os resultados obtidos ao longo do
estágio foram a obtenção de experiencia prática em atividades relacionadas ao acompanhamento de obra,
elaboração de projetos com auxílio de desenho técnico, planejamento e controle de obras (Orçamento e
Quantitativos), avaliação de necessidade de reforma em edifícios, elaboração de quantitativos e orçamentos,
elaboração de cronogramas físicos financeiros e acompanhamento de obras. Considerações finais: Concluindo
com a consideração da experiência vivida pelo graduando como satisfatória, visto que as atividades desenvolvidas
permitiram, de maneira geral, a melhor fixação dos conteúdos e o aprendizado em diversas áreas que são
apresentadas na graduação.

Palavras-chave: Estágio. Obra. Projeto. Quantitativo.

__________________________________________________________________________________________

1- INTRODUÇÃO cidadã do(a) estudante, habilitando (a) para a


atividade profissional.
Assim como prevê a Lei 11.788 (BRASIL, 2008),
o estágio pode ser considerado um ato educativo O processo de formação do engenheiro civil
escolar supervisionado realizado no ambiente de possibilita ao discente atuar em diferentes áreas
trabalho. Tem como intuito a preparação do discente profissionais, tais como a áreas de atuação na
regularmente matriculado e frequentando uma Construção Civil, Estruturas e Fundações, Geotecnia,
instituição de ensino superior. Além disso, o estágio Hidráulica, Infraestrutura e Transporte. Uma vez que
faz parte do projeto pedagógico de todos os cursos, o plano de curso abrange todas as áreas de atuação
integrando o itinerário formativo do educando e supracitadas, o estágio supervisionado sendo bem
sendo responsável pela formação profissional e articulado, permite analisar as oportunidades da
Relatório revisado pelo professor orientador de estágio (Wanderlei Malaquias Pereira Junior)

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educação profissional e apresentar o aprendizado em Figura 1. Organograma estrutura CAF
uma perspectiva continuada.

Segundo a Universidade Federal de Goiás (UFG,


[s.d.]), o principal objetivo é proporcionar ao
educando a possibilidade de complementação
curricular e profissional, dentro das suas capacitações
adquiridas ao longo da sua formação, através de
atividades desenvolvidas. Além disso, é possível
aplicar e observar o conteúdo teórico assimilado
sendo desenvolvido na prática.

Desta maneira, assim como abordado pela Lei de


11.788 (BRASIL, 2008), considera-se a realização do
estágio como uma oportunidade de concatenar o
conhecimento adquirido na graduação com o
conhecimento da prática profissional. O Plano
Pedagógico do Curso do curso de Engenharia Civil da
Universidade Federal de Goiás – Regional Catalão
Fonte: Próprio Autor (2019)
(UFG-RC) possibilita ao profissional formado a
atuação e emissão de responsabilidade técnica por Com observado na Figura 1 a CAF tem
obras de planejamento, projeto, construção e subdivisões, uma vez que o discente é estagiário da
manutenção de obra civis, entre as quais pode-se CAF deve atender demandas relacionadas as outras
englobar construção de edificações, de pontes, de divisões da CAF.
passarela e viadutos, de porto e aeroportos, de
O Departamento de Infraestrutura (DINFRA –
rodovias, de barragens e dos sistema de
Regional Catalão), unidade responsável pela gestão
abastecimento de água e de esgotamento sanitário. do espaço físico dos campi 1 e 2, além de outros
O objetivo deste trabalho é mostrar como foi espaços pertencentes a Universidade Federal de
Goiás – RC, tal como Blocos Didáticos 1 e 2, e todos
possível aliar o conhecimento teórico e prático em
outros blocos e espaços físicos.
estágio realizado na Coordenação de Administração e
Finanças (CAF), da Regional Catalão da Segundo (UFG, [s.d.]) o DINFRA, atua em
Universidade Federal de Goiás (UFG). atividades que envolvam a conservação e ampliação
do espaço físico, tais como: gerência de serviços de
2- METODOLOGIA manutenção, planejamento, desenvolvimento de
O presente trata-se de um estudo de caso projetos, realização e fiscalização de obras,
realizado durante o estágio não obrigatório em obras/reformas de pequeno e grande porte. Uma
Engenharia Civil na Coordenação de Administração reforma que destaca sua importância social e impacto
e Finanças (CAF). O estágio o qual foi realizado entre à comunidade acadêmica foi a troca do telhado do
os meses de março e outubro de 2019. A Coordenação Bloco D, situada na Av. Dr. Lamartine Pinto de
de Administração e Finanças é responsável pelo apoio Avelar, 1120, Setor Universitário - CEP 75704-020,
administrativo à Universidade Federal de Goiás, dentro das dependências da UFG-RC.
fazem parte da sua estrutura as seguintes divisões: As principais atividades foram monitoradas e
supervisionadas pelo Engenheiro Civil do
• Centro de Recursos Computacionais
departamento Múcio Bonifácio Guimarães Filho
CREA 1018055592D-GO, e pelo supervisor de
• Departamento de Administração
estágio o Técnico Administrativo Hewerton Renato
Fleury Silva. Dentre as principais, destacam-se:
• Departamento de Contabilidade e Finanças
• Acompanhamento das atividades de
• Departamento de Infraestrutura fiscalização das etapas da obra;

• Departamento de Material e Patrimônio • Acompanhamento das atividades de


fiscalização dos projetos e documentos gerados pela
construtora contratada;

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• Auxílio nas atividades de medições; sobre o empreendimento, que ocasiona na maior
produtividade no canteiro de obras. Dessa maneira,
• Auxílio na elaboração de planilhas para torna-se mais fácil tomar decisões assertivas,
controle e fiscalização da obra; reduzindo perdas e otimizando processos
construtivos em geral.
• Auxílio nas atividades administrativas do
DINFRA requisitadas pela reforma do Bloco D. Além disso, o autor cita que o planejamento traz
benefícios como o conhecimento pleno da obra, a
3- RESULTADOS e DISCUSSÃO seleção de alocação ótima de recursos, a geração de
registros do histórico da obra e o desenvolvimento de
Os resultados obtidos ao longo do estágio foram
cronogramas. Dessa forma, para ser possível obter a
a obtenção de experiencia prática em atividades
qualidade desejada e, consequentemente a
relacionadas ao acompanhamento de obra, elaboração
produtividade, é necessário levar em consideração
de projetos com auxílio de desenho técnico,
todas a interferências no gerenciamento de um
planejamento e controle de obras (Orçamento e
projeto, tais como: os recursos humanos, os materiais
Quantitativos), avaliação de necessidade de reforma
e os equipamentos, obtendo-se então mão obra dentro
em edifícios, elaboração de quantitativos e
dos padrões de qualidade, prazo, custo e risco
orçamentos, elaboração de cronogramas físicos
(SOUZA, 2000).
financeiros e acompanhamento de obras.
3.2 - Atividade realizadas no estágio
3.1- Conteúdo relacionado às atividades do estágio
As atividades desempenhadas pelo discente de
A seguir serão listadas as definições das
estágio curricular, são apresentadas a seguir. Elas
atividades realizadas no DINFRA-RC. As atividades
relacionam os itens citados anteriormente, que
correspondem ao que é proposto pelo Projeto
assimilados durante a graduação e colocados em
Pedagógico do curso de graduação em Engenharia
prática na forma de execução de atividades no
Civil, contribuindo para a formação profissional.
estágio.
• Desenho técnico
• Avaliação da estrutura da cobertura.
Segundo Bueno e Papazoglou (2008) o Desenho
Além de comuns, os problemas em telhados
Técnico é aquele utilizado por profissionais de
afetam todo tipo de construção, seja ela residencial ou
engenharia e arquitetura e também em indústrias. Os
comercial. Os motivos desses problemas podem ser
desenhos são a linguagem gráfica que expressa as
falhas na execução, mal desempenho dos materiais,
ideias para a construção de projeto prediais,
fenômenos naturais como vento e chuvas muito
arquitetônicos, elétricos, estruturais e outros. Além
fortes, e ainda falta de manutenção periódica. Em
disso contribuem positivamente para o detalhamento
virtude disso, muitas vezes, providências imediatas –
de projetos e seus registros. Todos trabalhos técnicos como reforma – devem ser tomadas. Com a
tem com referências as normas elaboradas e
manifestação de patologias tais como a vazamento,
publicadas pela Associação Brasileira de Normas
infiltração e estados de degradação e decomposição,
Técnicas. As principais normas relacionadas a
faz-se necessário a avaliação do estado do telhado. O
projetos são:
estado do telhado pré-reforma do telhado do Bloco D
NBR 8403 - Aplicação de linhas em desenhos - Tipos por ser observado na Figura 2.
de linhas - Larguras das linhas (ABNT, 1984);
Figura 2. Estado anterior do telhado pré-reforma
NBR 10067 – Princípios gerais de representação em
desenho técnico (ABNT, 1995);
NBR 10068 – Folha de desenho - Leiaute e dimensões
(ABNT, 1987a);
NBR 10126 – Cotagem de desenho técnico (ABNT,
1987b);
NBR 10582 – Apresentação da folha para desenho
(ABNT, 1988);
NBR 13142 – Dobramento de cópia (ABNT, 1999).

• Planejamento e Controle de Obras – Orçamento


e Quantitativo de atividades
De acordo com Limmer (1997) o planejamento
de uma obra é importante para um gestor, pois com
ele é possível adquirir um elevado conhecimento Fonte: Próprio Autor (2019)

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A necessidade de avaliação veio com a O cronograma físico financeiro é uma
verificação do estado de degradação e decomposição representação do avanço construtivo de uma
em que o telhado se encontrava, apresentando determinada obra em relação ao aporte de recursos
problemas de infiltração e falhas de suporte para o financeiros. Ele é elaborado com base nas etapas de
forro de gesso. Após essa avaliação e a constatação trabalho, após a definição do escopo entre contratante
da indispensabilidade da troca da estrutura do telhado e contratada, durante a fase de planejamento da obra.
foi feito um anteprojeto da reforma. A Figura 3 O cronograma físico financeiro conta com maior
representa o esboço do projeto de reforma da detalhamento da periodicidade de execução das
cobertura. etapas, que são divididas, normalmente, em semanas
ou meses. Na concepção e projeto de execução, são
Figura 3. Esboço projeto de reforma levantados dados históricos de trabalhos semelhantes
já realizados e levado em conta seu tempo de duração.
Nessa fase, o prazo de execução de cada atividade é a
informação mais importante para sua completa
elaboração. Com a evolução física da obra, o
cronograma pode sofrer algumas alterações. Deverá
surgir, então, um segundo cronograma, o realizado vs.
planejado. Por ele, é possível verificar o caminho que
o projeto está percorrendo (RIBEIRO, [s.d.]). O
cronograma físico financeiro é apresentado na Figura
5.
Figura 5. Adaptação cronograma físico financeiro
Fonte: Adaptado (DINFRA, 2019) CRONOGRAMA FÍSICO FINANCEIRO
M Ê S
• Organização de planilhas quantitativas dos ITEM SERVIÇOS TOTAIS 1º mês 2º mês 3º mês

serviços a serem realizados na Regional. INSTAL/LIGACAO PROVISORIA ELETRICA 0.60% 100.00%


BAIXA TENSAO P/CANT OBRA,M3-CHAVE
1
100A CARGA 3KWH,20CV EXCL FORN
Assim como visto na disciplina de Gestão da MEDIDOR 1 331.00 1 331.00 0.00 0.00

Produtividade na Construção Civil, o quantitativo das 2 DEMOLIÇÕES GERAIS


5.41% 100.00% 0.00% 0.00%

atividades a serem realizadas foi levantado com o 12 078.00 12 078.00


1.44% 100.00%
0.00
0.00%
0.00
0.00%
TRANSP.DE ENTULHO EM CAÇAMBA
intuito de programar as etapas executivas. Com os 3
ESTACIONARIA COM CARGA MANUAL
3 214.70 3 214.70 0.00 0.00
quantitativos, foi possível elaborar a planilha 0.36% 33.00% 33.00% 34.00%
4 ANDAIME METÁLICO TORRE
orçamentária da reforma e, assim, licitá-la como uma 805.20 265.72 265.72 273.77
ESTRUTURA METÁLICA CONVENCIONAL 27.43% 70.00% 30.00% 0.00%
pequena obra. A Figura 4 apresenta um trecho da 5 EM AÇO DO TIPO USI SAC-300 COM
61 219.50 42 853.65 18 365.85 0.00
planilha citada anteriormente. FUNDO
ALVENARIA TIJOLO FURADO 1/2 VEZ - 9 x 0.87% 0.00% 100.00% 0.00%
6 19 x 19 ( ARG. 1CALH:4ARML+100KG DE
Figura 4. Adaptação planilha orçamentária CI/M3) - PARA RECUPERAÇÃO DE 1 947.12 0.00 1 947.12 0.00
TELHA TERMOACÚSTICA METÁLICA PRÉ- 32.94% 0.00% 30.00% 70.00%
7 PINTADA TIPO SANDUICHE,
COBERTURA AÇO/PUR/AÇO, ESPESSURA DA CAMADA 73 508.80 0.00 22 052.64 51 456.16
RUFO EM CHAPA DE ACO GALVANIZADO 0.45% 0.00% 0.00% 100.00%
TELHA TERMOACÚSTICA METÁLICA PRÉ-PINTADA TIPO 8 NUMERO 24, DESENVOLVIMENTO DE
1 004.33 0.00 0.00 1 004.33
SANDUICHE, AÇO/PUR/AÇO, ESPESSURA DA CAMADA DE 2 200.00 M² 25CM
0.52% 0.00% 0.00% 100.00%
CALHA EM CHAPA DE ACO
POLIURETANO=30MM. INCLUSOS OS ACESSÓRIOS DE FIXAÇÃO E 9 GALVANIZADO NUMERO 24,
DESENVOLVIMENTO DE 50CM 1 162.77 0.00 0.00 1 162.77
ACABAMENTO LATERAL EM AÇO PRÉ-PINTADO TRAPEZOIDAL 390.00 M 0.73% 0.00% 0.00% 100.00%
10 CIMALHA METÁLICA
CUMEEIRA PARA TELHA METALICA 200.00 M 1 631.45 0.00 0.00 1 631.45

RUFO EM CHAPA DE ACO GALVANIZADO NUMERO 24, 350.00 M


Fonte: Adaptado (DINFRA, 2019)
CALHA EM CHAPA DE ACO GALVANIZADO NUMERO 24, 390.00 M
CIMALHA METÁLICA M • Acompanhamento da obra de reforma

Fonte: Adaptado (DINFRA, 2019) Ao chegar em determinado tempo pós-execução


das construções com envelhecimento ou mudanças de
A atividade em questão do estudo foi a troca do ocupação, é fundamental a execução de reformas. A
sistema de cobertura do Bloco D, a cobertura em si é necessidade de reforma também surge em função de
caracterizada por possuir um ou mais planos mudanças econômicas e culturais, que podem
inclinados em relação ao plano horizontal, e possui a determinar processos variados de alteração das
função de vedação contra intemperes. construções (RODRIGUES, [s.d.]). Por isso foi feita
a mudança do material do telhado (tanto estrutura
• Levantamento do cronograma físico financeiro quanto revestimento), como apresentado na Figura 6.

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Figura 6. Representação da estrutura de sustentação Figura 7. Representação da estrutura de sustentação
atual atual
O

Fonte: Próprio Autor (2019)


Assim como a mudança do material da estrutura
(substituição de estrutura de madeira por estrutura
metálica), o projeto também definiu a necessidade da Fonte: Próprio Autor (2019)
mudança da telha. Substituindo a telha cerâmica por
telha isotérmica (popularmente conhecida como
“telha sanduíche”), buscou-se melhor desempenho
termo acústico e, por consequência, economia de
energia (redução do uso de ar condicionado e
ventilador). Outra importante propriedade é a
personalização, já que essas telhas podem ser
encomendadas sob medida. A telha escolhida já
instalada é representada na Figura 7.

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4- CONSIDERAÇÕES FINAIS em desenho técnico - NBR 10067. Rio de Janeiro –
RJ: ABNT, 1995.
A oportunidade de fazer estágio marca uma
grande fase de aprendizado na carreira do futuro ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
profissional. A realização do estágio é, de maneira TÉCNICAS. Desenho técnico - Dobramento de
geral, de grande valia para a construção do cópia - NBR 13142. Rio de Janeiro – RJ: ABNT,
conhecimento. A concatenação da teoria à prática 1999.
torna o conteúdo mais aprofundado e permite uma
melhor assimilação e consolidação do conhecimento. BRASIL. 11.788. LEI No 11.788. 25 set. 2008.
No caso de um órgão público, permite a convivência
com os trâmites e processos legais, sobretudo o BUENO, Cláudia Pimentel; PAPAZOGLOU,
funcionamento do processo de licitação, de tomada de Rosarita Steil. Desenho Tecnico Para
decisões, da elaboração de processos e de Engenharias. Curitiba: Jurua, 2008.
procedimentos de manutenção.
Com isso, é possível considerar a experiência LIMMER, Carl Vicente. Planejamento,
vivida pelo graduando como satisfatória, visto que as orçamentação e controle de projetos e obras. Rio
atividades desenvolvidas permitiram, de maneira de Janeiro: Livros Tecnicos e Cientificos, 1997.
geral, a melhor fixação dos conteúdos e o aprendizado
em diversas áreas que são apresentadas na graduação. RIBEIRO, Marcel. Cronograma físico financeiro
Além disso observa-se, como vantagem, a de obras: o que é e como fazer? [s.d.]. Disponível
possibilidade de ampliação do contato com em: <https://maiscontroleerp.com.br/cronograma-
profissionais da área de maneira mais próxima. fisico-financeiro-de-obras/>. Acesso em: 3 set. 2019.

Assim, os objetivos gerais do estágio - que são, RODRIGUES, Ismael. Reformas em Edifícios – A
por exemplo, a formação profissional e cidadã do importância da Norma NBR 16.280 para a
graduando para o exercício da atividade no âmbito segurança das obras, seus usuários e vizinhança. -
profissional e a aproximação da teoria com a prática - ADVComm. [s.d.]. Disponível em:
foram atingidos. <http://www.advcomm.com.br/reformas-em-
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5-REFERÊNCIAS seguranca-das-obras-seus-usuarios-e-vizinhanca/>.
Acesso em: 3 set. 2019.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS. Aplicação de linhas em desenhos - SOUZA, Ubiraci Espinelli Lemes De. COMO
Tipos de linhas - Larguras das linhas - NBR 8403. MEDIR A PRODUTIVIDADE DA MÃO-DE-
Rio de Janeiro – RJ: ABNT, 1984. OBRA NA CONSTRUÇÃO CIVIL. [s. l.], p. 8,
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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS. Folha de desenho - Leiaute e UFG, Universidade Federal de Goiás. Caderno de
dimensões -NBR 10068. Rio de Janeiro – RJ: Dúvidas Frequentes UFG-RC. [s.d.]. Disponível
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<https://estagio.catalao.ufg.br/up/610/o/D%C3%9A
VIDAS_FREQUENTES.pdf>. Acesso em: 3 set.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
2019.
TÉCNICAS. Cotagem em desenho técnico -NBR
10126. Rio de Janeiro – RJ: ABNT, 1987. b.
RESPONSABILIDADE AUTORAL
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS “Os autores são os únicos responsáveis pelo
TÉCNICAS. Apresentação da folha para desenho conteúdo deste trabalho”.
técnico -NBR 10582. Rio de Janeiro – RJ: ABNT,
1988.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS


TÉCNICAS. Princípios gerais de representação

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O USO DE MATERIAL DIDÁTICO MANIPULÁVEL NO ENSINO DE FRAÇÕES

Costa, Muriell Francisco da, muriell.francisco@gmail.com1


Rosa, Rafaella de Moura2
Barbosa, Fernando da Costa3
1
Discente na Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de
Matemática e Tecnologias
2
Discente na Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de
Matemática e Tecnologias
³ Docente na Universidade Federal de Goiás de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial
de Matemáticas e Tecnologias

Resumo: Introdução: O uso de materiais manipuláveis é um recurso de grande valor para o desenvolvimento da
aprendizagem, como também, o ensino de conceitos, neste caso da disciplina de Matemática. O seu uso, possibilita
facilitar o ensino e aprendizagem nas aulas de matemáticas. Os materiais manipuláveis se tornam capazes de
aproximar os conteúdos teóricos de matemática à uma demonstração prática e que estimula o raciocínio lógico-
dedutivo para a resolução de problemas. Objetivo: Mostrar com esse relato a contribuição do uso dos materiais
manipuláveis na metodologia da aprendizagem de frações em uma turma do 9º ano de uma escola pública da
cidade de Catalão/GO. Metodologia: As aulas ocorreram nas dependências da escola, no qual 10 alunos
escolhidos pela própria coordenação da escola, participaram no contraturno das aulas, de atividades
complementares em Matemática. Utilizou-se do Disco de Frações, material manipulável que aprimora e
aprofunda o estudo de frações e os conceitos inerentes a esse conteúdo. Resultados: Durante a aplicação das
atividades propostas, foi notável a facilidade e compreensão por parte dos alunos ao utilizarem do Disco de
Frações como meio de instrumento de aprendizagem de frações, assim como, suas aplicabilidades juntamente
com suas resoluções. Considerações finais: Todo essa atividade educativa foi realizada dentro do estágio
obrigatório do curso de Licenciatura em Matemática, onde foi proporcionado tanto aos alunos – como aos
estagiários –, a perspectiva de transformar um conteúdo pragmático para todos, em algo capaz de estimular a
fixação de conteúdos precedentes no ensino-aprendizagem da disciplina de Matemática.
Palavras-chave: Matemática. Materiais. Manipuláveis. Frações.
__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO Isto posto, a utilização de objetos reais, –


denominados materiais didáticos manipuláveis ou
Um caminho do processo educativo de crianças e popularmente materiais concretos – proporcionam
adolescentes que se tem observado, é que na aos alunos ao tocar, manipular, constatar e mexer
organização dos conhecimentos, parte principalmente nesses objetos, acabam tornando para elas uma
pela força de vontade do próprio aluno, tal que se faz representação de ideias e/ou conceitos. Na construção
necessário o incentivo ainda mais dessa busca para o do conhecimento é importante perceber o
encadeamento construtivo. Nesse sentido, a educação envolvimento do aluno no processo de aprender,
tem se apropriado de uma nova roupagem, no qual “a assim, é preciso utilizar desses métodos a favor da
educação por meio de atividades lúdicas vem proposta de ensinar com esses materiais para que haja
estimulando as relações cognitivas, afetivas, sociais, uma ludicidade nas resoluções das atividades. Alves
além de propiciar também atitudes de crítica” (2001) afirma sobre a importância da ludicidade
(ALVES, 2001, p. 21). dentro da sala de aula, onde o material concreto

Este relato foi revisado pelo orientador do estágio, Prof. Fernando da Costa Barbosa.

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consolida a fixação de conceitos, motiva os alunos, convidados/selecionados pela própria coordenação da
proporciona a solidariedade entres os alunos, escola.
desenvolve o senso crítico e criativo, bem como
estimula o raciocínio. O processo de escolha dos alunos para
participarem da aula levou em consideração
Por isso e por outros fatores inerentes, os dificuldades de apresentadas na e com a disciplina
materiais didáticos manipuláveis têm se tornado um curricular de Matemática. Assim, com 10 alunos na
importantíssimo recurso didático dentro de uma sala turma e com a presença de 5 estagiários na sala, seria
de aula, principalmente nas aulas de matemática. possível um trabalho mais próximo com o aluno,
Esses materiais têm o intuito de tornar as aulas mais onde, divididos em grupos de 2 alunos, também
compreensíveis, criativas e com a finalidade de ativar buscou-se incentivar o trabalho cooperativo e
uma máxima aproximação entre conteúdos teóricos relações sociais.
de matemática com uma demonstração prática,
através da ação de manipulação do material Desta forma, no dia 31 de maio de 2019, foi
(RODRIGUES; GAZIRE, 2012, p. 187). realizado a aula de estágio presencial, que teve o foco
de trabalhar conteúdos no qual os alunos possuem
Lorenzato (2006) define que os materiais dificuldade no currículo escolar da disciplina de
manipuláveis são caracterizados pelo envolvimento Matemática. O conteúdo foi frações, visto que, num
físico dos alunos numa situação de aprendizagem encontro anterior, através de um questionário
ativa, no qual os recursos didáticos utilizados nas investigativo, foi detectado a dificuldade dos alunos
aulas de matemáticas tendem à um envolvimento de em compreender os cálculos das operações básicas
diversos elementos, oferecendo um suporte na com frações. Assim, planejou-se iniciar um trabalho
organização do processo de ensino e aprendizagem. de revisão dos conceitos fundamentais de frações,
inerente aos cálculos de operação básicas envolvendo
Assim, refletir sobre como utilizar o material os mesmos.
didático manipulável dentro das salas de aula de
matemática, exige um preparativo antecipado do Desta maneira, dividiu-se a aula que
professor. Por isso, uma boa organização das continha 1h30min de duração da seguinte forma:
atividades estimula descobertas, gera soluções de
situações-problemas, além de ser um elemento que • Dez minutos para explorarem o material
ultrapassa a concepção da Matemática que é dada de concreto Disco de Frações, disponibilizado pelo
formada rígida e linear. Dessa forma, o envolvimento laboratório Matemateca da Universidade Federal de
ativo do aluno com a natureza lúdica dos diferentes Goiás, Regional Catalão; este momento foi pensado
modos de trabalhar com os objetos manipuláveis, de modo que se sentissem livres para investigassem
fortalece a visão de que o aluno seja capaz de da maneira que bem desejarem o funcionamento
aprender brincando. desse material. Contudo, foram incentivados a
procurar a lógica matemática presente naquele
O objetivo desse relato é mostrar a contribuição material e se teria alguma relação lógica com algum
dos materiais didáticos manipuláveis no processo de conteúdo específico da matemática;
desenvolvimento da aprendizagem de frações de uma
turma de 9º ano em uma escola pública da cidade de Figura 1
Catalão/GO.

2. METODOLOGIA
Os acadêmicos do sexto período do curso de
Licenciatura em Matemática da Universidade Federal
de Goiás – Regional Catalão, na disciplina de Estágio
Supervisionado I, desenvolveram esse relato
constando as implicações e contribuições do uso de
materiais didáticos manipuláveis para o aprendizado
de frações, como prática de reforço e fixação desse
conteúdo. As atividades foram aplicadas em uma
turma do 9º ano de uma escola pública na cidade de Fonte: Autoria Própria (2019).
Catalão/GO, com especificamente 10 alunos, no qual,
esses alunos se deslocavam para a escola no • Quarenta minutos para um estagiário
contraturno de suas aulas e foram coordenador, na lousa, propor e demonstrar várias
relações de frações com o material que estava diante

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dos alunos, enquanto demais auxiliavam os alunos. Figura 3
Também nesse momento, foi proposto pequenas
atividades de: identificação das partes de uma fração,
notação e pequenos cálculos que envolviam frações,
sendo esses cálculos necessário usar de Mínimo
Múltiplo Comum (MMC). Nesse momento, foi
necessário o uso do material concreto para auxiliar
nos cálculos com frações;
• Outros quarenta minutos para os alunos
responderem a atividades que utilizam do Disco de
Frações. Essa atividade foi retirada da Dissertação de
Mestrado O Uso de Material Concreto para Fonte: Autoria Própria (2019).
Estimular a Aprendizagem do Conteúdo de Frações
numa Turma da Primeira Série do Ensino Médio de
Rodrigues (2016). Dessa maneira, foi possível avaliar que o uso de
material concreto foi satisfatório para continuar as
revisões do estudo de frações com essa turma.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após essa avaliação, um dos estagiários foi à
Com a proposta do primeiro momento de avaliar lousa e trabalhou alguns conceitos fundamentais
o material concreto e buscar compreender o papel sobre frações, como notação, partes da fração e
fundamental presentes naqueles objetos, foi realizado cálculos de adição e subtração com frações, tendo
com êxito, pois observamos que os alunos denominadores iguais ou diferentes. Essa última
perceberam a possível utilização para frações e a parte, foi a mais trabalhosa, no sentido de ser
equivalência de frações. Muitos alunos perceberam a perceptível que muitos alunos não conseguiam fazer
possibilidade de criar “inteiros” com as mesmas corretamente o cálculo do Mínimo Múltiplo Comum
peças, independentes das dimensões das peças (MMC), para adição e subtração de frações com
(Figura 2) denominadores diferentes.
Figura 2 Após toda a revisão e explicação necessária, o
momento mais satisfatório para aquele momento foi
quando um aluno se dirigiu aos estagiários e
questionou sobre a diferença de tamanho de frações.
Resumidamente, ele almejou compreender se um
meio seria maior, menor ou igual à um quarto. Foi
explicado ao aluno usando o disco de frações,
sobrepondo uma peça com a representação de um
meio sobre a peça de um quarto; o aluno conseguiu
compreender que um meio é maior que um quarto e
que um quarto é menor que um meio.
Os estagiários também relembraram os alunos
sobre simplificação de frações, demonstrando que as
Fonte: Autoria Própria (2019). vezes duas frações com números diferentes podem
representar a mesma proporção numérica. Essa
representação também foi demonstrada usando o
Porém, outros alunos já visualizaram a disco de frações.
possibilidade de mesclar peças (Figura 3) com
dimensões diferentes e continuar formando inteiros. A última parte da aula com essa turma foi o
desenvolvimento das atividades retirada de
Rodrigues (2016), onde os alunos deveriam responder
as questões, usando todo o aprendizado estudado
naquele dia e do material concreto. Dado que grande
parte dos alunos estiveram familiarizados com o
material concreto, houve uma facilidade notória dos
alunos em responder as questões, principalmente as
questões que envolviam equivalência de frações.

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Na atividade que envolvia a comparação de duas frações. Apesar desse resultado de sucesso
frações – maior que, menor que e igual –, os alunos tardio, reconhecemos que para esses alunos, esses
conseguiram solucionar as questões apenas pelo fato conceitos já deveriam ter sido aprendidos e já haver
de terem o material concreto disponível à eles, no um processo de abstração maior que não dependesse
qual facilitou gradativamente a comparação do de materiais manipuláveis. Tudo isso abre incógnitas
tamanho das frações. dos motivos que estão levando a problemas de
aprendizagem Matemática a diferentes anos
Para a adição e subtração de frações, o material escolares, as quais precisam ser respondidas em
concreto tornou-se um elemento fundamental para a outras pesquisas.
ultrapassagem de uma concepção de Matemática que
condena o ensino a uma organização rigidamente
linear, assim como Alves (2001) denota em sua obra; 5. REFERÊNCIAS
pois, com o Disco de Frações, o conteúdo de adição
e subtração de frações tornou-se estruturado e ALVES, E. M. S. A Ludicidade e o Ensino de
apresentado de modo progressivo, passo a passo. Matemática: Uma prática possível. Campinas:
À vista disso, levar esse material concreto para o Papirus, 2001.
aprendizado e reforço de frações, além de trabalhar
LOREZANTO, S. (Org). O Laboratório de Ensino
com aspectos cognitivos, também se torna essencial
de Ensino de Matemática na Formação de
para o aspecto afetivo desencadeado pela ação do
material concreto, na aproximação entre alunos, tal Professores. Campinas: Autores Associados, 2006.
como com os professores. Essa aproximação também RODRIGUES, F. C. GAZIRE. E. S. Reflexões sobre
foi notada na turma, pois, anteriormente, os
o uso de material didático manipulável no ensino
professores narraram que os alunos não se envolviam
de matemática: da ação experimental à reflexão.
muito com eles mesmos.
Disponível em: <encurtador.com.br/abVY9>. Acesso
em: 21 ago. 2019.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
RODRIGUES, M. R. R. O Uso de Material
Em linhas gerais, as atividades que foram Concreto para Estimular a Aprendizagem do
planejadas para essa aula foram executadas com Conteúdo de Frações numa Turma da Primeira
sucesso, tendo um nível de foco superando o Série do Ensino Médio. Tese (Mestrado Profissional
planejado. Com essa turma do 8º e 9º ano, o uso do de Matematica em Rede Nacional – PROFMAT) –
material concreto Disco de Frações foi um sucesso,
Universidade Federal do Vale do São Francisco,
pois possibilitou que os alunos fossem capazes de
Campus Juazeiro – BA, 2016.
entender manipulando o que é uma fração, a
equivalência de frações e a adição/subtração de
frações. RESPONSABILIDADE AUTORAL
Foi perceptível que os alunos se interessam mais Os(as) autor(es) são os(as) único(as)
por esse conteúdo, visto que, comparando ao responsáveis pelo conteúdo deste trabalho.
momento anterior, no qual foi realizado o
questionário investigativo, a maioria dos alunos não
conseguiam compreender, por exemplo, a soma de

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RELATO DE EXPERIÊNCIA: ESTÁGIO EM FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE
PSICOLOGIA II
Damasceno, Nathália Silva, nathdamaaas@gmail.com - orientando1
Andrade, Larissa Faria de1
Duarte, Karinne Régis1
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Biotecnologia

Resumo: Introdução: Os alunos e os professores estão mergulhados em diferentes possibilidades interacionais,


e, tais relações, construídas no espaço educacional, implicam em um movimento contraditório e
multidimensional, ao mesmo tempo, visto que os atores estão em um processo contínuo de criação intersubjetiva
de significados. Objetivo: Este trabalho trata-se de um relato de experiência do Estágio em Formação do
Professor de Psicologia II, com o objetivo de apresentar as atividades desenvolvidas, bem como os resultados
da prática de estágio. Metodologia: Foi realizado o acompanhamento de uma das turmas de 3º ano, de uma
escola pública do município de Catalão/GO, na disciplina de Língua Portuguesa. Além disso, duas regências
foram realizadas, em cumprimento às exigências parciais do estágio. O tema das regências foi “Cartas
Argumentativas e Sua Função Social”, que combinava o conteúdo programático de língua portuguesa e
conteúdos da psicologia. Resultados: Os alunos, que se queixaram várias vezes sobre a falta de espaço para se
expressarem, puderam, a partir das cartas, falar e tiveram suas questões ouvidas e legitimadas. Uma reflexão
foi feita acerca do papel que cada um tem no processo de transformação da realidade. Considerações Finais: O
processo de educação se deu a partir das interações que estabelecemos, da escuta que oferecemos e da relação
entre os conhecimentos científicos que foram trabalhados a partir da realidade que os alunos se encontravam,
dando condições de reflexão e uma possível transformação social.
Palavras-chave: Estágio. Professor. Psicologia.
___________________________________________________________________________
1- INTRODUÇÃO
Podemos concluir que a constituição
A educação é um processo feito para e a subjetiva, assim como a educação, é um processo
partir das interações. Nos definimos a partir do permanente de produção de significados. Pensar no
outro, nos processos identificatórios, ou seja, processo educativo implica compreender essas
construímos nossa identidade quando conseguimos possibilidades interacionais e, assim, as questionar.
nos identificar com um semelhante e a partir daí, Segundo Souza (2007, p. 261), quando um
além das semelhanças, identificar, também, as professor está na escola, ele precisa estar ciente de
diferenças. Na sala de aula, os alunos procuram se que essa realidade é um espaço atravessado
identificar uns com os outros e, também, com o
professor. Essa identificação também está ligada à [...] pelas políticas educacionais,
percepção do professor, quando o aluno deixa de ser pela história do local de sua
"invisível". Perceber os alunos é um exercício constituição enquanto instituição e
complexo, visto que o processo educativo, como é enquanto referência educacional e
dado, é feito de forma homogênea, sem considerar de aquisição de conhecimento,
as individualidades (LEITE, 1997). pelos sujeitos que as constituem e
Assim como Tunes, Tacca e Bartholo nela se constituem. (SOUZA,
(2005, p. 693) afirmam, 2007, p. 261).

[...] a principal função da educação As concepções que pautam o fazer escolar


não poderia ser a de prover estão implicadas por interesses governamentais, por
oportunidades para o crescimento e ideologias construídas e legitimadas, dificultando a
expressão do eu, mas, construção de um projeto político pedagógico que
essencialmente, a de nutrir vise o interesse dos alunos e promova a
possibilidades relacionais. emancipação dos mesmos. A escola, guiada, apenas,
(TUNES, TACCA e BARTHOLO, pelas políticas públicas, se torna endurecida, sem
2005, p. 693). autonomia para promover ações reflexivas que
1
Profa. Dra. Karinne Regis Duarte. Orientadora/Coautora. Trabalho revisado pela orientadora de estágio.

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cabem àquela realidade específica e que produzam relacionados à atuação do professor de psicologia,
práticas transformadoras (PENTEADO, GUZZO, supervisões, análise do plano de aula da professora
2010 apud CONSELHO FEDERAL DE regente, leitura do PPC – Projeto Político
PSICOLOGIA, 2013). Pedagógico da escola, observações em sala de aula,
A Psicologia, e enquanto ciência e planejamento e produção do plano de aula referente
profissão, é um campo que oferece inúmeras às regências.
contribuições para se pensar os fenômenos O tema dessas regências foi escolhido a
educacionais. Na interface Psicologia e Educação partir da experiência com os alunos no primeiro
existem importantes autores que trabalharam no semestre, durante o Estágio Curricular Obrigatório I.
sentido de buscar uma democratização do sistema Houve a percepção de que eles não ocupavam lugar
escolar brasileiro. No que diz respeito a educação de fala na escola, portanto, as regências foram
dos jovens, o professor de psicologia do ensino planejadas a fim de promover reflexão sobre o papel
médio tem recursos para trabalhar em direção à social dos estudantes, aparentemente passivo,
superação da alienação, no processo de constituição criando subsídios para uma possível mudança de
de uma cidadania crítica e na possibilidade de uma posicionamento. Então, a partir do contato com o
inserção social transformadora (LEITE, 2007). plano de ensino da professora regente, articulamos o
A Psicologia pode promover discussões tema das regências com o conteúdo programático da
pertinentes às situações às quais os estudantes estão disciplina, “cartas argumentativas”, como uma
expostos, permitindo-os analisar teoricamente os estratégia para que os alunos pudessem se
fenômenos psicológicos, de modo a problematizar posicionar, explicitando suas questões e propondo
visões naturalizantes e individualistas, possibilitando soluções para as mesmas.
uma visão crítica dos contextos sociais e Foi definido o tema das aulas como “Cartas
institucionais nos quais os alunos estão inseridos. Argumentativas e Sua Função Social”, que combina
Deste modo, fica a reflexão: como desenvolvermos o conteúdo programático de língua portuguesa e
uma prática educacional que leve em conta os conteúdos da psicologia. O objetivo geral das
diversos contextos em que os jovens estão inseridos regências foi estudar a estrutura das cartas
e os levem a questionar o atual modelo excludente argumentativas de solicitação e de reclamação e sua
de sociedade (e educação)? É um trabalho que função social ao longo da história, possibilitando
demanda esforço, visto que a Psicologia foi que o estudante, a partir da reflexão e escrita,
marginalizada como área de conhecimento e atuação elaborasse o seu lugar de sujeito ativo.
na educação e que as discussões, que suscitam um Objetivou-se, também, apresentar modelos
repensar do atual modelo de sociedade, estão cada de cartas de solicitação e de reclamação e suas
vez mais impossibilitadas de serem feitas (LEITE, principais funções; formular e verificar hipóteses em
2007). relação ao conteúdo das cartas; refletir sobre o uso
Este trabalho aborda um relato de do instrumento carta em tempos virtuais e sua
experiência do Estágio em Formação do Professor importância ao longo da história; possibilitar
de Psicologia II, do Curso de Psicologia, da práticas de fala e escuta dos estudantes, levando-os a
Universidade Federal de Goiás – Regional Catalão, conhecerem mais sobre si e sobre os outros, as
com o objetivo de apresentar as atividades relações que estabelecem e as problemáticas comuns
desenvolvidas, bem como os resultados do estágio. do grupo, e propiciar a produção de discursos
O estágio foi realizado entre os meses de agosto e articulados à demanda apresentada pelo grupo.
dezembro de 2018, e objetivou, de forma geral, Para tanto, foi planejado utilizar duas cartas
construir conhecimentos sobre a prática docente, argumentativas que abarcassem questões sociais: a
analisar os fenômenos educativos e pensar primeira de reclamação (histórica) e a segunda de
intervenções possíveis a partir da realidade escolar. solicitação (virtual). A programação para a primeira
regência foi a de solicitar voluntários para a leitura
2- METODOLOGIA das cartas em sala; realizar a reflexão estética das
duas cartas (análise de estrutura); refletir eticamente
A escola campo de estágio está situada em a respeito das duas cartas, a partir da análise de
um bairro periférico de Catalão. A instituição conteúdo, formulação e verificação de hipóteses,
funciona nos períodos matutino, vespertino e discussão da função social das cartas, sua utilização
noturno, e possui cerca de mil estudantes histórica e virtual, complementaridade da entre as
matriculados, com idades que variam de 5 a 30 anos. cartas de reclamação e de solicitação. Depois disso,
Foi realizado o acompanhamento de uma das turmas seria feita uma associação entre o assunto trabalhado
de 3º ano e da professora de Língua Portuguesa. e o cotidiano dos estudantes, suscitando questões
Além disso, duas regências foram realizadas, em que poderiam ser trabalhadas através deste
cumprimento às exigências parciais do estágio. instrumento, a partir das queixas anteriormente
Também foram feitos estudos dirigidos de textos trazidas pelo grupo. Por fim, haveria uma seleção,

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com toda a turma, de dois temas principais a serem convocados para o pátio novamente para realização
abordados na segunda aula, e a definição de quatro de um sorteio. É possível perceber que a atividade
grupos de trabalho. do estágio ficou em segundo plano, em relação à
Para a segunda regência, foi proposta uma programação da escola. No entanto, esse espaço está
produção de uma carta por grupo, com tema e sendo construído e, aos poucos, respeitado.
objetivo definidos, com tempo para realização da Em seguida, os alunos retornaram,
tarefa, de vinte minutos; orientação sobre os passos demoraram um pouco para se organizarem
importantes para a escrita da carta através do livro novamente, e então, houve seguimento à regência.
didático de língua portuguesa; auxilio aos estudantes Com a tarefa proposta, os grupos começaram a
no processo de produção; apresentação dos grupos trabalhar. Alguns estavam preocupados com a
sobre o que foi escrito; reflexão sobre o papel de avaliação das cartas a serem produzidas, e outros
cada um no processo de transformação social logo tentaram articular as opiniões sobre os temas. O
(percepção do problema, articulação com o grupo, primeiro grupo foi mais colaborativo, e fez a tarefa
proposta de solução); finalização com a avaliação da toda em conjunto. No segundo, duas pessoas foram
tarefa pelo grupo. Foi programado utilizar data- mais organizadas e estruturaram os argumentos,
show, as duas cartas argumentativas, o livro didático enquanto os demais participavam, brincando um
da disciplina, quadro, piloto e apagador como pouco com o tema. O terceiro grupo estava mais
recursos didático-pedagógicos. desestimulado, duas alunas articularam as ideias, e o
restante não se envolveu na tarefa, apesar de já
3- RESULTADOS e DISCUSSÃO terem demonstrado interesse pelo assunto
As regências foram planejadas para o 1º e anteriormente. O quarto grupo estava mais dividido,
4º horários. Uma semana antes da data marcada para ora alguns participavam, ora outros: as primeiras
execução do plano de aula, toda a grade horária da partes foram discutidas por alguns, e o restante foi
escola foi modificada, e foi preciso uma adaptação elaborado por outra parte do grupo.
para realizarmos as aulas nos 3º e 4º horários. Desse Todo processo de cada grupo foi assistido e
modo, o data-show não foi utilizado como recurso auxiliado, as dúvidas também foram esclarecidas.
pedagógico, pois demandaria muito tempo na Durante a condução da aula, esclarecemos que os
montagem do aparelho, o que prejudicaria o estudantes poderiam utilizar suas vivências como
conteúdo programado. Então, as cartas a serem argumentos, já que a ideia era a de que eles se
analisadas foram impressas e distribuídas para a colocassem, dessem opinião e contassem ao
turma. destinatário da carta as suas experiências e
No dia programado, houveram trocas de sentimentos – visto que os alunos se queixavam de
salas, o que tomou alguns minutos do tempo uma falta de espaço e de uma repressão quando se
destinados às regências. Além disso, a professora posicionavam.
responsável pela turma utilizou mais dez minutos Dayrell (1996) argumenta que, enquanto
para tratar de assuntos da disciplina com os alunos professores de psicologia, precisamos conhecer os
(entrega de tarefas). Só depois disso, as regências estudantes para propor um ensino que esteja de
iniciaram-se, com o acompanhamento da professora acordo com as realidades individuais e coletivas que
regente, e da supervisora de estágio. Um aluno se ali se apresentam. Assim, é possível produzir
voluntariou a ler as duas cartas propostas. Nessa conhecimentos que ultrapassam a escola, unindo os
primeira parte da aula, alguns alunos acompanharam saberes construídos cotidianamente com os saberes
a leitura e fizeram comentários , outros não leram a já estabelecidos. Como afirma Facci (2004):
carta, e alguns dormiram.
Ao final do primeiro horário, a maioria do Mediante a apropriação dos
grupo deu ideias de temas para serem trabalhados na conhecimentos científicos, o aluno
produção de cartas. Eles foram bastante terá condições de se compreender
participativos, votaram nos dois melhores temas e se e analisar a sociedade em que vive,
dividiram em quatro grupos de forma rápida e terá condições de transformar sua
tranquila, assim que foram solicitados. Os dois consciência e, a partir daí engajar-
temas mais votados foram: 1) Capacitação se na transformação da sua
profissional nas escolas e 2) Intolerância Religiosa. realidade. (FACCI, 2004, p. 10).
Foram explicadas a dinâmica e a proposta
da segunda aula, e foi solicitado que eles Após a escrita, um representante de cada
acompanhassem as orientações do livro didático. grupo leu a carta feita. O primeiro grupo produziu
Pouquíssimos estudantes haviam levado o livro de uma carta argumentativa de reclamação sobre o tema
Língua Portuguesa, mas como estavam em grupo, 1 e o grupo 2, que havia ficado responsável por
puderam acompanhar em conjunto. Nesse momento, fazer uma carta argumentativa de solicitação do
houve uma segunda intercorrência: os alunos foram mesmo tema, propôs uma união das duas cartas,

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demonstrando terem entendido a complementaridade aprender. Contudo é importante refletir que esse
dos dois estilos de cartas, questão trabalhada com micro contexto institucional decorre de um macro
eles durante a primeira aula. O mesmo aconteceu contexto: o descaso da sociedade em geral pela
com os outros dois grupos. Ao término das leituras, profissão docente, a precarização do trabalho, o
os alunos se mostraram empolgados com o que excesso de carga horária, os baixos salários, etc.
produziram, elogiaram uns aos outros e propuseram Também foi possível observar uma
uma futura reescrita, unindo as cartas referentes ao desvalorização, ainda que sutil, da atuação enquanto
mesmo tema, e também mencionaram a ideia de estagiárias, pois houveram interrupções nas
entregarem as cartas à coordenação da escola. regências sem aviso prévio e um tempo restrito
Aplicar um conteúdo de outra área de destinado à aplicação das mesmas. Ainda assim, o
conhecimento relacionando-o com a Psicologia e estágio enquanto um campo cheio de possibilidades,
com a demanda dos alunos foi um desafio. Os nos propiciou uma oportunidade de tatear a realidade
alunos, que trouxeram várias vezes queixas sobre a escolar sob uma nova perspectiva, a de profissionais.
falta de espaço para se expressarem e que de tanto Com o embasamento teórico da área, foi
não serem ouvidos já haviam se silenciado, possível perceber que o processo de educação se deu
puderam, a partir das cartas, falar, e tiveram suas a partir das interações estabelecidas, da escuta
questões ouvidas e legitimadas. Na parte final da oferecida e da relação entre os conhecimentos
aula, houve uma reflexão acerca do papel que cada científicos que foram trabalhados e a realidade que
um tem no processo de transformação da realidade, e os alunos se encontravam, dando condições de
o conteúdo programado foi retomado: percepção do reflexão e uma possível transformação social.
problema, habilidade que eles já haviam
desenvolvido, apesar de estarem apáticos diante das 5- REFERÊNCIAS
situações adversas; articulação com o grupo, sendo
reforçada a concepção de coletividade e a CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA.
importância de fazerem parte de um todo; e, por fim, Referências técnicas para Atuação de Psicólogas
a proposta de solução, que os tirou da posição (os) na Educação Básica. Brasília: CFP, 2013
passiva que ocupavam, e os impulsionou a fazerem
algo ativamente para as mudanças que esperavam. DAYRELL, J. A escola como espaço sócio-cultural.
Dayrell (1996) entende que os estudantes In: DAYRELL, J. Múltiplos olhares sobre
são participantes ativos na construção educacional, educação e cultura. Belo Horizonte: UFMG, 1996.
com trajetórias e conhecimentos específicos p.137-161.
acumulados ao longo de suas vidas, e a escola é o
ambiente de acolhimento dessas demandas. A escola FACCI, M. G. D.; et al. Reflexões sobre os
deve ser lugar de desenvolvimento humano, social e caminhos e descaminhos de “ser professor”: uma
cultural. Essa concepção se opõe às estratégias de contribuição da psicologia. Rev. Dep. Psicol., v. 16,
ensino homogêneas, que desconsideram a origem e n. 2, p. 101-119, jul-dez, 2004.
história de vida dos alunos. É necessário olhar o
cotidiano dos sujeitos, suas diferenças e seus LEITE, D. M. Educação e relações interpessoais. In:
processos. PATTO, Maria Helena Souza. Introdução à
Há a necessidade de uma constante reflexão psicologia escolar. São Paulo: Casa do Psicólogo,
por parte dos docentes: quais cidadãos estão sendo 1997.
formados? Alguns sujeitos já foram tão
desacreditados, que não tem motivação para falar, LEITE, S. A. S. Psicologia no Ensino Médio:
dar opinião, participar de tarefas, mesmo que se desafios e perspectivas. Temas em Psicologia, v.
identifiquem com elas. Isso mostra o quanto ainda 15, n 1, p. 11 - 21, 2007.
há o que melhorar na dinâmica de docência e
repensar o processo de ensinagem. Nem todos se SOUZA, M. P. R. A psicologia escolar e o ensino de
sentem envolvidos por todos os assuntos e trabalhos. psicologia: dilemas e perspectivas. Educação
A reflexão sobre a prática docente é o primeiro Temática Digital (ETD), v.8, n.2, p.258-265, jun.
passo para uma escola mais democrática e humana. 2007.

4- CONSIDERAÇÕES FINAIS TUNES, E.; TACCA, M. C.; BARTHOLO, R. S. O


professor e o ato de ensinar. Cadernos de Pesquisa,
O estágio é cheio de possibilidades, mas, v. 35, n 126, set - dez, 2005.
também, é cheio de limitações. Em alguns
momentos foi possível observar que há um descaso
de alguns professores em ensinar e, por
consequência, o descaso de muitos alunos em

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RESPONSABILIDADE AUTORAL

“O(s) autor(es) é(são) o(s) único(s) responsável(is)


pelo conteúdo deste trabalho”.

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Mostra de Graduação

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A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE EM FAMÍLIAS INTER-RACIAIS:
O RACISMO COMO CAUSA DO SOFRIMENTO PSICOSSOCIAL
Ribeiro, Daviane Rodrigues, ribeiro_daviane@hotmail.com
Ferreira, Maria Vitória, mavitoria.ferreira@gmail.com1
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Biotecnologia
(IBiotec)

Resumo: As reflexões apresentadas a seguir são parte do material produzido nas atividades de ensino da
disciplina de Psicoterapia de Casal e Familiar, realizada em 2019.1. A proposta funda-se na articulação de
temáticas contemporâneas às questões familiares, em suas dimensões psicossociais. Com isso, o presente
trabalho tem como intuito discutir sobre a construção das famílias inter-raciais e do impacto que o racismo tem
sobre os sujeitos que constituem estes grupos familiares. Inicialmente realiza-se um apanhado histórico, no qual
envolve o processo de embranquecimento e consequentemente o início das relações inter-raciais. Diante da
visão histórica, apontaremos a construção do sujeito mediante o conceito de socialização e partindo desta
concepção, propõe-se algumas reflexões sobre como o racismo chega nas famílias inter-raciais, mostrando o
impacto psicossocial que o mesmo tem. Assim, estende-se reflexões às dimensões de saúde mental da população
negra, a forma individual de lidar com o racismo, bem como os impactos relativos a ‘mestiçagem’ na formação
de suas identidades.

Palavras-chave: Famílias inter-raciais. Sofrimento psicossocial. Racismo. Identidade.


__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO “Podemos afirmar que práticas de eugenia remontam


ao mundo antigo, principalmente, ao mundo grego,
Para abordar o racismo como causa de um que buscou a purificação e melhoria dos seus
sofrimento psicossocial dentro das famílias inter- cidadãos (...)” (Petean, 2012, p.38).
raciais, é necessário entender todo processo de Além de uma imposição social e ideológica, este
escravização e como no decorrer da história do Brasil embranquecimento também se dava por meio de
se constituíram as relações entre pessoas negras e estupros contra as mulheres negras. A este respeito
brancas. O presente artigo, portanto, tem como Davis (2017), aponta que:
proposta refletir sobre como o racismo aparece nas
famílias inter-raciais e qual o impacto do mesmo para O estupro tem relação direta com todas
seus integrantes. as estruturas de poder existentes em
As relações inter-raciais nasceram de uma determinada sociedade. Essa relação
imposição ao embranquecimento, ou seja, do intuito não é simples, mecânica, mas envolve
de uma “mistura de raças” que fizesse as gerações construções complexas que refletem a
posteriores ficarem cada vez mais brancas. Para interligação da opressão de raça,
Petean (2012, p.37) com o branqueamento pretendia- gênero e classe característica da
se “atingir uma higienização moral e cultural da sociedade. Se nós não
sociedade brasileira”, ou seja, acreditavam que o compreendermos a natureza da
clareamento das pessoas, na constituição do povo violência sexual como sendo mediada
brasileiro, seria condição para o progresso do país. pela violência e poder raciais, classistas
Petean (2012) ainda coloca que na análise dos e governamentais, não poderemos ter
eugenistas, o progresso era próprio de sociedades esperança de desenvolver estratégias
consideradas puras. Portanto, apesar da miscigenação que nos permitam um dia purgar nossa
não preservar “o que existe de melhor em cada raça”, sociedade da violência opressiva
os eugenistas acreditavam que esse era o meio para se misógina. (2017, p.49)
chegar no progresso desejado (Petean, 2012, p. 37).
Sendo assim, a visão eugenista, além de exercer O estupro realizado pelos homens brancos,
violências contra o povo negro para buscar um aparece como sinônimo de poder sobre as mulheres
“progresso”, consequentemente também apaga a negras que além de serem exploradas em sua mão de
identidade e cultura desta população, de forma que os obra, também eram sexualizadas e violentadas.
coloca sempre em uma posição de inferioridade. Ribeiro (2017), apresenta uma ideia a partir de

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Simone Beauvoir e Grada Kilomba sobre o que seria Analisando a história das relações inter-raciais e
a mulher negra pelo olhar da sociedade supremacista entendendo que o grupo familiar é parte e produto de
branca. Beauvoir diz que pelo olhar masculino a processos históricos e sociais, podemos refletir sobre
mulher seria o Outro, similar a esta ideia, Kilomba a posição de inferioridade em que negros e negras são
coloca que a mulher negra seria o Outro do Outro, por colocados dentro de suas relações familiares. Frantz
não serem brancas e nem homens e, portanto, terem Fanon (1980, apud Schucman e Gonçalves, 2017),
suas identidades apagadas. “(...) Mulheres negras coloca que o racismo produz efeitos psicossociais em
nessa perspectiva, não são nem brancas e nem brancos e negros, se distinguindo pela questão de
homens e exerceriam a função de Outro do Outro (...) inferioridade e superioridade. Na população negra os
A mulher negra só pode ser o Outro e nunca si mesma efeitos partem da negação de sua autoimagem, já nos
(...)” (Ribeiro, 2017, p.41). brancos, os mesmos efeitos são designados de forma
De acordo Schucman e Gonçalves (2017), o que se sintam pertencentes de um poder, colocando-
racismo se estabelece como parte da estrutura e é os superiores aos negros.
também estruturante de todos os aspectos da Fanon (1980) em “Peles negras, máscaras
constituição da vida social, portanto, verificar como brancas” irá nos apresentar o complexo de
as hierarquias raciais da sociedade se reproduzem no inferioridade em que os negros estão abarcados.
interior de famílias cujos integrantes se classificam Neste complexo, o autor aponta que se o negro está
diferentemente em relação a raça, torna-se algo submerso ao desejo de ser branco, é porque vive em
comum e identificável a partir de certas formas uma sociedade que torna possível seu complexo de
naturalizadas de relações intrafamiliares: inferioridade, ou seja, em uma sociedade cuja
consistência depende da manutenção desse projeto,
Em minha experiência como afirmando a superioridade de uma raça.
pesquisadora neste campo, não foram A partir dessas concepções, pode-se considerar
poucas as vezes em que ouvi relatos de também que dentro dos grupos familiares se dará
homens e mulheres negros e negras relações de superioridade entre negros e brancos. Nas
rejeitados pelos membros brancos da famílias inter-raciais, apesar de ser uma relação
família. Pessoas que ouviam, tantas íntima e que envolva afetos, este grupo social é
vezes, da mãe e do pai, que o cabelo era formado por pessoas de diferentes raças e que
ruim, o nariz era largo ou a cor era consequentemente, por um viés histórico e político
escura demais. (SCHUCMAN & tende a manifestar relações de poder. Sabendo que o
GONÇALVES, 2017, p.62) racismo é um mecanismo de opressão que só ocorre
por meio de uma relação de superioridade, quando o
Logo, entendemos que as relações inter-raciais identificamos nas constituições familiares, é
nasceram e foram se estabelecendo por meio do poder interessante pensar em como este mecanismo
e da hierarquia social que passaram a ser constitutivas implicará na socialização dos integrantes, abordando
das próprias famílias. A família, para além de um seu impacto psicológico e social.
núcleo padrão, é um grupo que em sua socialização
ocorre o atravessamento da história, dos laços, da 2. METODOLOGIA
cultura e inteiramente da política (Brito, 2013).
De acordo com Berger e Luckman (1976 apud Este trabalho se constitui como um processo de
Brito 2013, p. 78), a socialização “é um processo de síntese conceitual que articula temáticas e questões
construção social do homem” e se divide entre psicossociais contemporâneas a respeito da família,
primária e secundária. A primária seria aquela que visando fomentar a formação e atuação do psicólogo
permitiria o indivíduo a tornar-se um membro da frente a tais problemáticas. Sua produção está
sociedade e a secundária dependendo das instituições vinculada às atividades de ensino desenvolvidas na
em que o sujeito está inserido, o mesmo integra-se a disciplina do curso de Psicologia, Psicoterapia de
uma classe, gênero e religião, passando por vários casal e familiar, realizada em 2019.1.
processos e modificações. A família sendo um grupo É parte da produção desenvolvida como forma
social como qualquer outro, tende a reproduzir e a se avaliativa da disciplina, portanto, articula debates,
constituir visando a estrutura social. orientações e leituras realizadas ao longo da
Nas famílias inter-raciais, Brito (2013) aponta a disciplina com o percurso pessoal da acadêmica, ao
importância do processo de socialização, pois os pais, eleger temática de seu interesse próprio, para ser
mães ou responsáveis (agentes), “transmitem investigada de forma mais pontual, visando
questões referentes às diferenças étnico-raciais; como aprofundamentos.
ocorre esse diálogo e quais os mecanismos que esses O desenvolvimento da proposta de estudo para
agentes utilizam para lutar contra o preconceito e a elaboração do material foi debatido coletivamente,
discriminação racial (...)” (Brito, 2013, p.90). definindo objetivos e referências para o

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desenvolvimento da reflexão que, ao fim, foi racismo, refletiremos sobre como isso chega nas
apresentada em formato de artigo. famílias. Recapitulando sobre Berger e Luckman
(1976) e o processo de socialização, Brito (2013)
3. DISCUSSÕES esclarece em sua pesquisa a importância de enfatizar
“como os elementos socializadores primários se
Para aprofundarmos no impacto psicossocial do comportam frente ao processo de socialização
racismo nas famílias inter-raciais, primeiramente é secundária” (Brito, 2013, p.78), que se resumiria a
importante esclarecer o que é saúde mental e como o entrada do sujeito já socializado em novos setores
racismo pode ser fator com impacto decisivo nessa institucionais.
dimensão da vida dos sujeitos. Brito (2013) relata que o processo de entrada nas
Silva (2004), afirma que saúde mental é o que relações externas, da socialização primária para
determina o estado de equilíbrio psíquico, onde secundária, ocorre quando o socializado se identifica
fatores individuais e ambientais colaboram para esta com seus moderadores, onde seus comportamentos
construção. Os fatores individuais, podem implicar serão reproduções das atitudes de seus responsáveis e
em comportamentos e cuidados com a saúde e os posteriormente, buscará informações em outros
ambientais são fatores sociais e de direitos, como lugares. “Assim, a família pode ser entendida como a
educação, condições de trabalho, redes de apoio, unidade subcultural que prepara a criança para atuar
entre outros. em seu meio e em sua cultura” (Brito, 2013, p.79). Os
Silva (2004), ainda aponta que a grande maioria dois processos de socialização são importantes para a
da população negra vive em situação de sofrimento construção de identidade do sujeito, pois é a partir
mental, o principal fator deste sofrimento seria o desta construção que se estabelece normas e valores
racismo: ao mesmo.
Para pensar a construção de uma consciência
O racismo institucionalizado é racial do sujeito, partindo do pressuposto de que a
determinante no acesso diferenciado família seria inter-racial e que apresentará uma
dos afrodescendentes aos relação hierárquica por conta das relações sociais que
equipamentos sociais e gera conflitos utilizam dos marcadores raciais como forma de
nas relações inter-raciais, provocando produzir e impor desigualdades, pode-se supor, então,
desigualdades na forma de inserção dos que uma família formada por dois agentes (no caso,
grupos racialmente oprimidos, com pai e mãe) de diferentes raças (um negro e um branco)
impactos perversos em sua dinâmica que posteriormente gerariam novos sujeitos,
psíquica. Nesse sentido, o inconsciente considerados “mestiços”, terão suas relações
coletivo marcado pelo racismo e determinadas, ou ao menos atravessadas, pelas
sexismo, manifestado através dos questões raciais e formas de racismo.
preconceitos, estereótipo e Para continuarmos esta reflexão, é interessante
discriminação, é gerador de situações destacar sobre termo “mestiço” que é aqui colocado
de violência física e simbólica, que como resultado de uma “mistura de raças”. Schucman
produzem marcas psíquicas, e Fachim (2016), abordam o lugar do mestiço nas
ocasionam dificuldades e distorcem relações sociais, sendo elas familiares ou não:
sentimentos e percepções de si mesmo.
(SILVA, 2004, p.130) Cabe pensar que o lugar do mestiço
aparece como um nó conceitual das
Para a autora, estas atitudes racistas serão parte discussões e discursos sobre raça,
das estruturas sociais causando desigualdade e uma racismo e antirracismo no Brasil e, não
constante perseguição as pessoas negras. Incorporado à toa, Eduardo de Oliveira e Oliveira,
nas “instituições políticas, educacionais, de saúde e na década 1970, redige um artigo sobre
diferentes equipamentos do Estado” (Silva, 2004, as classificações raciais brasileiras
p.130), o racismo causará impactos tanto sociais intitulado Mulato: um obstáculo
como psicológicos. Dentro de recortes de classe e epistemológico (1974). Para ele o
gênero, o racismo está presente na vida desta mulato é o “obstáculo epistemológico”,
população diariamente, fazendo-os viver dentro de a barreira simbólica que impede a
um estado de tensão emocional “de angústia e de clareza de um mundo social cuja
ansiedade, com rasgos momentâneos dos distúrbios história de escravidão e opressão dos
de conduta e do pensamento, o que os inquieta e os não brancos deveria revelar-se
faz sentir culpa” (Silva, 2004, p.130). determinada por critérios de
Reconhecendo esta dimensão do sofrimento pertencimento “racial”. Em chave
psicossocial que pode ser traduzido como a retirada política, para este sociólogo, o mulato
da saúde mental da população negra por meio do é o traidor dos polos “branco” e

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“negro”; é quem ameniza, desqualifica sobre a discriminação pela tonalidade da pele. Djokic
e dilui a consciência e o conflito (2015) esclarece que o colorismo é um sistema de
raciais. (GRIN, 2002, p. 2004 apud favores, no qual a branquitude permite que sujeitos
SCHUCMAN & FACHIM, 2016, negros com traços mais próximos do europeu possam
p.185) ser aceitos, porém é importante salientar que os
mesmos não são elevados ao patamar que estão os
É importante ressaltar que no trecho apresentado, brancos, ela apenas tolera os “intrusos”. Esta
o autor Oliveira (1994) faz uso do termo “mulato”, “aceitação” pela população branca, mostra que para
que é uma designação racista. Silva (2018) aponta que se enquadrar nos espaços é preciso estar cada vez
o termo é refutado pelo movimento negro por mais próximo de uma padronização europeia.
apresentar questões linguísticas e culturais. De acordo Portanto, Djokic (2015) ainda coloca que com esse
com a primeira questão, mulato possui derivação de sistema de “aceitação”, as pessoas negras de pele
“mula”, ocorrendo uma analogia e inferiorização ao mais clara podem duvidar de sua negritude, enquanto
fato do animal ser uma mistura entre asno e égua e as pessoas negras de pele escura “passam a entender
consequentemente não ter possibilidade de suas vivências mais desveladas do racismo como uma
reprodução. A segunda, liga-se a falsa democracia reafirmação e prova da originalidade de sua
racial que existe no país, onde os corpos, negritude” (GELEDÉS, 2015).
principalmente das mulheres negras, são branqueados Partindo desta discussão, em relação a identidade
e hiperssexualizados (Silva, 2018, p.77). dos mestiços, Schucman e Fachim (2016) apontarão
Por meio das concepções usadas por Oliveira sobre a importância de uma redefinição na identidade
(1994), podemos trazer reflexões acerca dos sujeitos destes sujeitos, que até então são colocados em um
considerados mestiços. Como apontado no início lugar de “negação do negro”. Paralelo a isso, Silva
deste artigo, a mistura de raças partiu de um ideal de (2004) discorre:
branqueamento, ou seja, o mestiço não seria nem
branco e nem negro, o que causaria este “nó Numa sociedade multicultural e
conceitual” que os autores apontam. Muito se racista, o contato constante com o
preocupava na época pós-abolição, sobre a identidade “mundo branco” poderá criar-lhe
futura do país, nesse sentido, Schucman e Fachim transtornos emocionais devido às
(2016) colocam que o mestiço não aparece como uma repetidas frustrações e falta de
categoria racial, mas como um processo para chegar oportunidade e perspectiva para o
ao branco. Logo, com os efeitos deste futuro. O racismo atua negativamente
embranquecimento surgiram fatores negativos para o na esfera intrapsíquica, afetando o eu e
“ser negro”: comprometendo sua identidade. Essa
ocorrência se deve às repetidas
Os efeitos da ideologia do experiências de desvalorização da
embranquecimento e o fato de os auto-imagem, difundidas tanto pelas
estereótipos negativos estarem instituições como pelas relações
associados à cor e à raça negra fizeram interpessoais, e à interiorização do eu
com que os brasileiros mestiços e ideal europeu, branco. (2004, p.131)
grande parte da população com
ascendência africana, de maneira geral, A autora, posteriormente, apresenta o termo
não se classificasse como negros, “autoconceito” que seria a “maneira pela qual a
gerando um grande número de pessoa organiza as percepções sobre si mesma”, esta
denominações para designar as cores organização inicia desde o nascimento e se
dos não brancos, como moreno, pessoa desenvolve ao longo da vida. Com o efeito do
de cor, marrom, escurinho etc. racismo, o autoconceito será negativo e
Portanto, essa forma de classificação desvalorizado, partindo de uma concepção de que a
não raramente eliminou a identificação criança encarará aquilo como algo negativo e
dos mestiços com a negritude e fez com construirá em sua identidade uma negação. Silva
que estes não se classificassem como (2004), ainda destaca que os ataques ao corpo negro
negros, bem como contribuiu para que podem causar processos de desorganização psíquica
permanecessem intactas todas as e emocional, com o “rebaixamento de sua
estereotipias e representações autoestima” (Silva, 2004, p.132).
negativas dos negros. (SCHUCMAN Schucman e Fachim (2017), apresentam
& FACHIM, 2016, p.187) apontamentos sobre esta “negação do negro” nas
famílias inter-raciais que de alguma forma legitimam
Walker (1982) cunhou o termo “Colorismo” e o racismo estrutural. Por meio da pesquisa com uma
buscou apresenta-lo como uma forma de discutirmos família inter-racial, a “Família Alves”, os autores

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indicaram as formas com que cada membro da família deu com violência e apagamento de identidade. De
lida com as questões raciais. acordo com os autores levantados, conseguimos
observar que as relações em famílias inter-raciais se
A primeira singularidade do nosso baseiam historicamente e politicamente nas estruturas
trabalho, no entanto, foi a forma como sociais e usam posições hierárquicas para determinar
Valéria, a mãe da família Alves, superioridade diante daquele que não possui poder
apresentou-nos os membros negros da e/ou não se adequa aos padrões estabelecidos.
família, negando neles qualquer Com as relações de poder e a negatividade
possibilidade de se reconhecerem voltada ao “ser negro”, é visto nas famílias inter-
como negros e negando também para si raciais uma suposta negação dos indivíduos a cor e
este fato (...). (SCHUCMAN & reconhecimento de uma raça. A negação fará com que
FACHIM, 2017, p.444) os sujeitos, focando principalmente nos considerados
“mestiços” fiquem imersos “em um campo de
Após identificar a primeira singularidade no significados construído por uma ideologia racista”
discurso de Valéria, posteriormente surge uma (Schucman e Fachim, 2016, p.203), ou seja, as
suposta reação da negação aqui apresentada por meio identidades destas pessoas serão construídas a partir
do relato de Juliana, que na ausência de Valéria, de estereótipos e preconceitos que se montam em uma
aponta que a “negação do negro por parte da mãe foi ideologia que causará sofrimento psíquico e social a
violenta para a própria percepção de si e aceitação de população negra.
seu corpo”: Destaca-se assim, que a constituição de si a partir
de uma negação, ou seja, a adoção de uma referência
Juliana: Minha mãe falava que eu era do que não se é, para se definir o que é sempre a partir
quase branca, mas que meu nariz não de um lugar de inferioridade e desigualdade, fomenta
era de branco, ela falava rindo. Quando processos de sofrimento psicossociais que irão
eu era pequena, sempre tinha esta impactar profundamente na saúde mental do
sensação de tentar ser algo que não sou, indivíduo e, potencialmente, colaborar para a
uma sensação de corporalmente manutenção e naturalização de padrões sociais
inadequada. E, quando eu tive filho, ela desiguais e racistas.
disse que se eu passasse bastante a mão Neste sentido, destaca-se a pertinência de se
no nariz dele enquanto ele era bebê, pensar e problematizar o racismo também dentro dos
afinando a forma, o nariz podia grupos familiares inter-raciais, mas não só neles.
melhorar, porque ainda era só Demonstrando que medidas favoráveis a uma
cartilagem. (SCHUCMAN & redefinição de referências e relações entre família-
FACHIM, 2017, p.450) sociedade, eu-outro, possam contribuir para
processos de constituição da identidade do ser negro
A partir deste fragmento da entrevista que via afirmação ‘ser negro’ e não só pela via da negação
compõe o material apresentado por Schucman e ‘não ser branco’, fator esse diretamente vinculada a
Fachim (2017), podemos verificar em como o possibilidade de criação e fortalecimento da
racismo está presente nas relações familiares e consciência racial.
consequentemente nas construções das identidades
dos sujeitos. Charles Taylor (1998) apud Schucman e REFERÊNCIAS
Fachim (2016), aponta que não há como um sujeito
se reconhecer de forma positiva se na sociedade em BRITO, A.E.C. Lares negros olhares negros:
que se insere, se produza contra o mesmo. Portanto, identidade e socialização em famílias negras e
há de se pensar o quanto as relações familiares inter-raciais. Londrina, 2013, v. 15, n.2, p. 74-102.
implicam na construção da visão que o sujeito tem de
si mesmo. Nas famílias inter-raciais, os sujeitos que DAVIS, A. Mulheres, cultura e política. São Paulo:
ali se inserem buscam um pertencimento racial na Boitempo, 2017, p.1-196.
construção de suas identidades, porém se deparam
com a negação premeditada de uma estrutura social DJOKIC, A. Colorismo: o que é, como funciona?
que exclui, mata e explora pessoas que não se Geledés, 2015. Disponível em:
encaixam no padrão de uma sociedade que nasce em <https://www.geledes.org.br>. Acesso em: 22 de
berço racista. junho de 2019.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS FANON, F. Pele negra máscaras brancas.


Salvador: EDUFBA, 2008, p. 1-193
As relações entre negros e brancos se construíram
a partir de um processo de embranquecimento que se

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PETEAN, A.C.L. O racismo universalista no Revista de Ciências HUMANAS, v. 51, n. 2, p. 439-
Brasil: eugenia e higienização moral da sociedade. 455.
Revista Eletrônica Cadernos de História, ano 7, n. 2,
2012, p. 35-47. SILVA, L.R. Não me chame de mulata: uma
reflexão sobre a tradução em literatura
RIBEIRO, D. O que é lugar de fala? Belo Horizonte: afrodescendente no Brasil no par de línguas
Letramento: 2017, p.1-113. espanhol-português. Campinas, 2018, Trab. Ling.
Aplic., n (57.1), p. 71-88
SCHUCMAN, L.V; Gonçalves, M.M. Racismo na
família e a construção da negritude: embates e SILVA, M.L. Racismo e os efeitos na saúde mental.
limites entre a degradação e a positivação na I Seminário Saúde da População Negra, 2004, p. 129-
constituição do sujeito. São Paulo, 2017, V.2 (4), 132. Disponível em:
p.61-83. <http://www.mulheresnegras.org/doc/livro%20ledu/
129-132MariaLucia.pdf>. Acesso em: 22 de junho de
SCHUCMAN, L.V; FACHIM, F.L. A cor de 2019.
Amanda: identificações familiares, mestiçagem e
classificações raciais brasileiras. São Paulo, 2016, RESPONSABILIDADE AUTORAL
v. 16, n. 3, p. 182-205.
As autoras Daviane Rodrigues Ribeiro e Maria
SCHUCMAN, L.V; FACHIM, F.L. Minha mãe Vitória Ferreira são as únicas responsáveis pelo
pintou meu pai de branco: afetos e negação da conteúdo deste trabalho.
raça em famílias inter-raciais. Florianópolis, 2017,

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A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO AMBIENTAL EM UMA EMPRESA
MOREIRA, Mirian Sousa, miriansousa94@live.com
FREITAS, Fabrício, fabricio-de-freitas@hotmail.com1
SILVA, Fernando Henrique1
SILVA, Guilherme Otávio Tome1
SILVA, João Victor Alves1
CARMO, Vitor Hugo Borges1
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Gestão e Negócios

Resumo: A gestão ambiental visa a utilização dos recursos naturais de forma consciente; a preservação da
biodiversidade; atender a um ciclo sustentável; reutilização de recursos e a redução de desperdícios; e que
cumpra a legislação ambiental vigente além de entregar a sociedade melhores qualidades de vida. Há algum
tempo, percebe-se que algumas empresas vêm aplicando em seus processos operacionais métodos de gestão
ambiental para tornar a organização mais eficiente e confiável através da redução de custos e aumento de
produtividade, buscando redução de insumos e aumento do reaproveitamento dos recursos naturais, bem como a
prevenção de acidentes. Todavia essa pesquisa tem como objetivo a exposição e conscientização sobre a
importância de uma gestão ambiental dentro de uma organização, por tanto optou-se pelo método de pesquisa
qualitativa e explicativa, utilizando o estudo e análise bibliográfica, utilizando principalmente livros, artigos
científicos e sites governamentais para abordagem e desenvolvimento da pesquisa, os resultados indicam que este
investimento em uma gestão ambiental traz benefícios não só para a organização como para o meio-ambiente e
para a sociedade em geral, pode-se notar maior competitividade para a organização, melhores qualidade de vida,
e a preservação dos recursos naturais.

Palavras-chave: Gestão da segurança. Consciência ambiental. Segurança do trabalho

__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO ou a criação de um planejamento de produtos com


substituição de matérias-primas e substâncias tóxicas
Recentemente a escassez de recursos naturais que entreguem como resultado uma melhoria da
tem sido um problema para as organizações e a qualidade ambiental – CONAMA (1986).
consciência ambiental tem se tornando um fator de O sistema de Gestão ambiental é uma estrutura
destaque para o mercado que vem influenciando cada desenvolvida para que uma organização possa
vez mais as organizações para contribuírem de forma consistentemente controlar seus impactos
coordenada na redução de impactos ambientais significativos sobre o meio ambiente e melhorar
associados aos seus processos de produção. continuamente as operações e negócios.
O desenvolvimento sustentável em relação à A conformidade do sistema com a ABNT NBR
preservação do meio ambiente e a elaboração de 14001 (1996) garante maior controle e a redução dos
indicadores de eco - eficiência como uma ferramenta aspectos ambientais poluidores gerados por essas
para evidenciar as decisões gerenciais em relação à organizações, isso porque está ligada com a frequente
proteção do meio ambiente. revisão dos processos produtivos que visa à melhoria
A proposta desse artigo consiste primeiramente contínua do desempenho ambiental, controlando a
conscientizar sobre o uso consciente de recursos saída de insumos e matéria–prima que representam
naturais, a utilização da Gestão Ambiental no desperdícios de recursos naturais. “Vivemos em uma
planejamento de processos fabris, respeitando a época perigosa. O homem domina a natureza antes
legislação ambiental, evitando a contaminação do que tenha aprendido a dominar a si mesmo”
ambiente e lençóis freáticos de efluentes lançados no (CAVALCANTI, 2009).
meio ambiente. Possuir o certificado do Sistema de Gestão
Conforme a legislação Ambiental, a prevenção Ambiental comprova junto sociedade e ao mercado o
da poluição refere-se a qualquer prática que tenha qual a indústria faz parte, que a organização
como objetivo à redução ou eliminação de poluentes estabelece um conjunto de normas que são destinadas
na própria fonte geradora. Inclui-se a alteração nos a reduzir os efeitos e demais impactos que imponham
processos fabris, em equipamentos e a criação de riscos à preservação da biodiversidade (BRAGA,
procedimentos, tendo a necessidade de reformulação 2005).

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Sendo assim, as empresas que se propõem a dar notório que deve se estimar e determinar os efluentes,
destaque para a gestão ambiental além de dar a fim de evitar que ocorra danos ao meio ambiente,
melhores destinação aos insumos de seus processos, processos ou até denegrir a própria imagem da
visa a preservação ambiental o que favorece a organização por parte da sociedade (PAIVA, 2003).
empresa a obter mais espaço no mercado, tornando Conforme a legislação Ambiental, a prevenção
uma organização mais competitiva além de ser mais da poluição refere-se a qualquer atividade que busque
atrativa para os consumidores e toda sociedade. Nesse à redução ou eliminação de poluentes. Abrange
contexto: “Cabe ao administrador a responsabilidade também a alteração nos processos fabris, em
de minimizar ou evitar que o processo produtivo equipamentos e a criação de procedimentos, tendo a
acarrete impactos ambientais” (CAVALCANTI, obrigação de reformulação ou a criação de um
2009). planejamento de produtos com alteração de suas
A proposta desse artigo consiste primeiramente matérias-primas e que elimine o uso de substâncias
conscientizar sobre a importância de uma boa gestão poluentes, que entreguem como resultado uma
ambiental e o uso consciente de recursos naturais, a melhor qualidade nos processos industriais e de forma
utilização da Contabilidade Ambiental no limpa para o meio ambiente – CONAMA (1986).
planejamento de processos fabris, respeitando a O sistema de Gestão ambiental é uma estrutura
legislação ambiental, evitando a contaminação do desenvolvida para que uma organização possa
ambiente e lençóis freáticos de efluentes lançados no consistentemente controlar seus impactos
meio ambiente. significativos sobre o meio ambiente e melhorar
continuamente as operações e negócios (LEFF,
2. REFERENCIAL TEÓRICO 2001).
A conformidade do sistema com a ABNT NBR
Durante os diversos processos que ocorrem na 14001 (1996) assegura a redução e o controle dos
produção industrial, por fim tem como consequência aspectos ambientais poluidores gerados por essas
a geração de resíduos efluentes, os quais são organizações, isso porque está ligada com a frequente
responsáveis por poluir e contaminar grande parte do revisão dos processos produtivos que visa à melhoria
solo e da água, sendo necessário controlar os níveis contínua do desempenho ambiental, controlando a
desses efluentes que são gerados. Nesse aspecto saída de insumos e matéria–prima que representam
Ramos (2010, p. 83) coloca: desperdícios de recursos naturais (MARTINS, 2006).
Possuir o certificado do Sistema de Gestão
Seja como for, a visão atual de natureza, potencializada Ambiental comprova junto sociedade e ao mercado o
pela tecnologia, herdou o projeto de dominação qual a indústria faz parte, que a organização
assentado no dualismo homem-natureza, na qual a estabelece um conjunto de normas que são destinadas
última é instrumentalizada em benefício do primeiro. a reduzir os efeitos e demais impactos que imponham
Em outras palavras, universalizou-se a postura – que
se tornou dogma – de transformar o conhecimento da
riscos à preservação da biodiversidade. Neste sentido
natureza em instrumento de domínio da mesma. completa Cavalcanti (2009, p. 28):

Cabe ao técnico em segurança desenvolver Onde não há legislação de uso e ocupação do solo, nem
projetos que viabilize de forma simples legislação ambiental, certamente haverá poluição do ar
e água distribuindo doenças pela comunidade afora.
procedimentos para o controle para cada tipo de Sim, pois estas contaminações podem alcançar outras
efluente na indústria. No entanto, com a existência regiões e territórios, via águas dos rios e represas, via
das diferentes composições físicas, químicas e chuva ácida, afetando plantações e águas subterrâneas,
biológicas presente na indústria, devidos as variações enfim a qualidade de vida, pois não há controle. A
na produção as quantidades de resíduos produzidos economia, por sua vez, passará a responder com a
são desiguais em cada etapa, portanto é recomendado fragmentação humana, em que algumas áreas se
que os efluentes sejam separados por categorias, desenvolvem e seus mercados florescem com a
calculados, organizados de forma adequada e tratados globalização.
antes da sua liberação final ao meio ambiente
Sendo assim, além de contribuir com o
(DEZOTTI, 2008).
equilíbrio ambiental e a qualidade de vida da
Conforme a legislação ambiental a NBR
população, as organizações obtêm um considerável
9800/1987, todo efluente líquido é considerado um
diferencial competitivo fortalecendo sua ação no
despejo líquido que foi resultante de um processo
mercado. Donaire (1999) menciona: “Só se pode
industrial, incluindo águas poluídas por refrigeração,
vencer a natureza obedecendo-lhe.”
águas pluviais e esgoto doméstico. Cabe ressaltar o
Com a gestão ambiental a empresa se apresenta
conhecimento do Técnico em segurança do trabalho
socialmente responsável, gerando valor para quem
em relação à legislação ambiental aos efluentes
está próximo e, acima de tudo, conquistar resultados
industrial, que possibilita examinar o contexto com o
positivos. A responsabilidade social no mundo
que a legislação ambiental propõe. De tal modo, é

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globalizado é uma questão de visão, de estratégia e, 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
muitas vezes, de sobrevivência (PORTER, 1999).
O Técnico de Segurança do Trabalho tem a É notório que no início da globalização e também
função de auxiliar os administradores no na consolidação da revolução industrial no Século
gerenciamento do meio ambiente. Para Barsano XIX, aumentou consideravelmente a extração de
(2012), A segurança do trabalho pode ser definida matérias primas provenientes da natureza, sem um
como um conjunto de ações técnicas, administrativas, planejamento sustentável efetivo. As indústrias no
de saúdes e, sobretudo, educacionais e início localizavam –se próximas as fontes, devido à
comportamentais, cuja finalidade é prevenir dificuldade de interligar os sistemas de transporte,
acidentes, reduzindo as condições e procedimentos não houve uma preocupação com despejo dos
inseguros no ambiente de trabalho (BARSANO, resíduos e o manejo das matérias de maneira menos
2012). danosa ao meio ambiente (HOBSBAWM, 2014).
Conforme a posição de Sanches (1997, p. 54): “O Ao longo do século XX, houve um incremento de
enfoque da proteção ambiental, desloca, então a novas tecnologias que permitiram interligar
dimensão ambiental do âmbito da função de produção distâncias relativamente maiores, isso propiciou a
para se tornar parte da função da administração”. obtenção de matéria-prima em áreas distantes não
Portanto, a participação de uma pessoa acessíveis, aumentando ainda mais os impactos no
qualificada é de extrema importância dentro de uma meio ambiente (GALIAZZI, 2005). Em decorrência
organização, pois ela vai ser capaz de produzir da sociedade capitalista e do incremento constante do
interesse para questões ambientais, favorecendo as consumo, houve a inserção do sistema de rodoviárias
classes empresariais a desenvolver em sua e o aumento considerável do número de veículos que
organização, a variável ambiental, não apenas para utilizam combustíveis fosseis. O uso exacerbado dos
estar de acordo com a legislação, mas também por combustíveis fosseis propiciou o surgimento de
estar em busca de uma conscientização ecológica diversos problemas ambientais, como: ilha de calor,
(TINOCO, 2004). efeito estufa, chuva ácida etc. Na década de 80 do
Neste sentido, não deve deixar passar esta século XX, surgiu no mundo a necessidade de se
oportunidade de inserir um modelo de gestão que repensar o uso inadequado dos recursos naturais
pode trazer benefícios a toda sociedade, assumindo visando a preservação do meio ambiente. Devido
uma nova postura como cidadãos e como principalmente, a intensificação do desmatamento e
profissionais perante a sociedade. Porém, existe um do derretimento das calotas polares, aumentando o
grande desafio: fazer uma gestão de qualidade nível dos oceanos e causando crises econômicas,
adequada a um modelo ambiental, que muitas das sociais e éticas (FERREIRA, 2003). Surge a partir
vezes pode ser algo que financeiramente seja dali então, diversos questionamentos, a respeito de
inviável, mas se aplicado de modo inteligente pode criar legislações que foquem em endurecer e
produzir resultados positivos não só para o meio intensificar a fiscalização dos recursos naturais. E
ambiente como também para a própria organização eventualmente criar punições a quem descumprisse
(PENA, 2019). tais pressupostos. Isso ajudou a criar na indústria o
questionamento de como propiciar o
3. METODOLOGIA desenvolvimento sustentável e a preservação
ambiental em alinhamento contínuo. Além de
Este estudo baseou-se em uma estratégia de permitir, a criação de mecanismos que auxiliem a
pesquisa qualitativa e explicativa, utilizando o estudo gestão ambiental a ser mais efetiva (BARSANO,
e análise bibliográfica como pontos introdutivos para 2012).
abordagem e desenvolvimento da pesquisa, com o Os resultados foram elaborados com bases em
objetivo de conectar ideias e explicar os efeitos das fontes de terceiros, utilizando como base as teorias
empresas no meio ambiente e a importância de uma sobre os processos de industrialização, revolução
gestão ambiental. industrial, globalização e os efeitos causados pela
Para alcançar os resultados, os objetos de estudos indústria ao meio ambiente, além de discussões que
foram retirados de fontes secundárias como trabalhos foram realizadas entre os participantes desse artigo
acadêmicos, artigos, livros e afins, que foram sobre os dados apresentados no decorrer deste artigo.
essenciais para a abordagem do tema, a exposição de Sendo assim, foi possível chegar nesses resultados e
normas tais como o CONAMA (1986) e a NBR ISO com base em tais resultados pode-se perceber a
14001 (1996) além do uso de opiniões. vantagem que uma boa gestão ambiental pode trazer
Os dados secundários foram extraídos da para a organização, além de proporcionar uma melhor
internet, e que podem ser encontrados no site da qualidade de vida e a preservação do meio ambiente
ABNT, IBAMA, Google Academy, e em livros e (NEVES, 2019).
artigos já publicados sobre o tema em questão.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 2ed. São Paulo: Atlas; 1999;

O trabalho aqui apresentado teve como FERREIRA, Aracéli Cristina de Souza.


ferramenta de controle, a Gestão Ambiental Contabilidade ambiental. São Paulo: Atlas; 2003.
responsável pela identificação, classificação e
registro de todas as atividades inerentes ao GALIAZZI, Maria do Carmo; FREITAS, José
desenvolvimento das operações relacionadas ao meio Vicente de (org.). Metodologias emergentes de
ambiente no âmbito da empresa. Reis e Queiroz pesquisa em educação ambiental. Ijuí: Editora
(2002, p.23) destacam que, de acordo com a Norma Unijuí, 2005.
ISSO 14004, as atividades de controle operacional
devem apresentar ações preventivas de forma a evitar HOBSBAWM, Eric J. A Era das Revoluções 1789-
a poluição e contaminação dos recursos em novos 1848. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014, p. 59, 79,
projetos prioritários, e a antecipar e atender novos 326-327.
requisitos ambientais.
Há a necessidade de um novo comportamento das LEFF, Enrique. Agroecologia e saber ambiental.
indústrias no que se refere a consciência ambiental e Porto Alegre, v. 3. n. 1. Jan/Mar: 2002. LEFF,
proteção do meio ambiente, visando garantir um Enrique. Saber ambiental: sustentabilidade,
planeta melhor tanto para a geração atual quanto para racionalidade, complexidade, poder. Petrópolis, RJ:
as futuras. Há algum tempo, nota-se que algumas Vozes, 2001.
empresas vêm aplicando em seus processos
operacionais novos métodos de gestão ambiental para MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. 13 ed.
tornar a organização mais eficiente e confiável São Paulo: Atlas, 2006.
através da redução de custos e aumento de
produtividade, buscando redução de insumos e NEVES, Daniel; SOUSA, Rafaela. Revolução
aumento do reaproveitamento dos recursos naturais. Industrial; Brasil Escola. Disponível em:
No entanto, a partir dos dados constata-se a https://brasilescola.uol.com.br/historiag/revolucao-
necessidades de mais estudo na área analisada. industrial.htm. Acesso em 02 de julho de 2019.

REFERÊNCIAS PAIVA, Paulo Roberto de. Contabilidade


Ambiental. São Paulo: Atlas, 2003.
ABNT. Sistemas de gestão ambiental -
Especificação e diretrizes para o uso, NBR ISO PENA, Rodolfo F. Alves. Industrialização e seus
14001. Rio de Janeiro, 1996. efeitos; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/geografia/industrializ
BRAGA, B. et al. Introdução à engenharia acao-seus-efeitos.htm. Acesso em 01 de julho de
ambiental: o desafio do desenvolvimento sustentável. 2019.
2. ed. São Paulo: Pearson, 2005.
PORTER, Michael E. Oncompetition: Estratégias
CAVALCANTI, J. E. Manual de Tratamento de competitivas essenciais. Rio de Janeiro: campus,
Efluentes Industriais Engenho Editora Técnica 1999.
Ltda.2009.
RAMOS, Elisabeth Christmann. O processo de
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - constituição das concepções de natureza: uma
CONAMA. Resolução n.1, de 23 de janeiro de 1986. contribuição para o debate na Educação Ambiental.
Dispõe sobre critérios básicos e diretrizes gerais Revista Ambiente e Educação: 2010. Vol.15, p.67-91.
para a avaliação de impacto ambiental. Disponível
em: TINOCO, João Eduardo Prudêncio; KRAEMER,
<http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm? Maria Elisabeth Pereira. Contabilidade e gestão
codlegi=23>. Acesso em: 21 jun. 2019. ambiental. São Paulo: Atlas, 2004. 303p.

DEZOTTI, M. Processos e Técnicas para o RESPONSABILIDADE AUTORAL


Controle Ambiental de Efluentes Líquidos. E-
papers Serviços Editorias Ltda. 2008. “Os autores são os únicos responsáveis pelo
conteúdo deste trabalho”.
DONAIRE, Denis. Gestão ambiental na empresa.

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A MEDIAÇÃO FAMILIAR E A PSICOLOGIA: RELATO DE
EXPERIÊNCIA
Ribeiro, Daviane Rodrigues, ribeiro_daviane@hotmail.com
Barros, Arthur Victor Gomes da Silva¹
De Paula, Lucas Weilor Batista¹
Dos Santos, Leon Denis Martins¹
Dos Santos, Welen Sandy Franco¹
Opiopari, Bruno Duarte¹
Rocha, Hemerson da Silva¹

¹Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Biotecnologia –


Curso de Psicologia

Resumo: A presente proposta de relato de experiência surgiu da matéria de Terapia de Casal e Familiar
ministrada à turma de sétimo período do curso de Psicologia na Universidade Federal de Goiás – RC, em
2019.1. Como proposta das atividades de ensino, pode-se fazer uma entrevista familiar com o tema da
mediação de conflitos voltado para a família. Tal experiência sustentou a relação teoria-prática, favorecendo
ao processo de formação do psicólogo. O objetivo das entrevistas foi o de perceber as múltiplas dimensões do
discurso familiar e como ele se apresenta no dia-a-dia desta família, além de observar o surgimento dos
conflitos e perspectivas diferentes e, por vezes, divergentes, apresentadas pelos entrevistados. Para tanto,
realizou-se duas entrevistas, uma com Mãe, e posteriormente, com a filha de uma mesma família. As
entrevistas foram dirigidas por dois alunos, que contavam com a ajuda de um roteiro pré-escrito e pensado
para a família a ser entrevistada. A partir da reflexão sobre o material produzido, foi possível compreender
que no núcleo familiar em questão tem apresentado conflitos e contradições potencialmente geradores de
sofrimento psicossocial, fator que indica possibilidade efetiva de atuação do psicólogo como mediador de
conflitos.

Palavras-chave: Mediação Familiar. Resolução de Conflitos. Psicologia

1. INTRODUÇÃO 1.1. Eixo 1 – Conversação e Expressão de


Subjetividade:
Este trabalho foi realizado com a intensão
de explorar o campo da Mediação Familiar na Segundo Costa & Orionte (2010) a
perspectiva da Psicologia Histórico-cultural. Para mediação é um instrumento que visa facilitar a
tanto, foram feitas entrevistas individuais com dois comunicação e assim, possibilitar produção de
membros de uma família que não passou por um novos sentidos na família. Gonzaley Rey (2005)
processo de Mediação. Nesta família, as cita a grande importância da comunicação, por ela
entrevistadas assumem os papéis de mãe-esposa e ser fonte fundamental para a produção de sentidos,
filha-mãe. O grupo familiar completo é composto além de ser uma forma de legitimar a
pela Mãe, pai, Filha e neto. As entrevistas tiveram individualidade dos sujeitos. Então, entende-se que,
por objetivo mapear possíveis conflitos e levantar numa família, o essencial para a convivência
alguns pontos sobre as relações estabelecidas entre subjetiva saudável, seria através do diálogo. Por
os membros da família para, a partir dos dados isso, o Eixo 1 deste trabalho busca analisar o
coletados, discutir o tema Mediação Familiar e silêncio e a falta de expressão da subjetividade pela
apontar caminhos possíveis. família entrevistada, nas figuras da Mãe e da Filha,
pois entendemos que esta é uma demanda
A partir da transcrição das entrevistas e da apresentada por elas.
discussão sobre os dados, estes foram divididos em
três eixos. Eixo 1: “Conversação e expressão de 1.2. Eixo 2 – Contradições:
subjetividade”; eixo 2: “As contradições”; eixo 3:
“A representação de papéis”. Costa e Orionte (2009) afirmam que é na
constituição contraditória da família em que há um

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espaço favorável aos conflitos, desamparos e a gravadas e posteriormente transcritas em
negligência. A família que foi entrevistada documento online.
apresenta um discurso que se contradiz quando se
pergunta sobre assuntos específicos para Mãe e 3. DISCUSSÃO
depois Filha. Mostrando por vezes um discurso
falho, em que se cria um espaço vulnerável e 3.1 - Sobre o eixo 1, para González Rey apud
favorável a conflitos. É possível observar também Costa & Orionte (2010), a produção de novos
que a Filha tenta mudar de posicionamento, fazendo sentidos subjetivos e a qualidade das relações
com que a educação que recebeu, mudasse em familiares estão relacionadas ao sistema de
relação à educação que passa ao seu filho. comunicação e ao grau de intimidade entre os
membros. Sobre isso, o grupo percebe que há pouco
Gonzáles Rey, citado por Costa e Orionte diálogo na família (no sentido do dia-a-dia), devido
(2009), aponta indicadores de sentidos subjetivos a rotina bem movimentada e, segundo a Filha, o Pai
que há de ser comparados e estudados nas não dar muita abertura: “Não. Não, meu tempo é
entrevistas, que são eles: o desamparo e amparo muito corrido [...] E meu Pai é muito fechadão,
afetivo, o sentido da maternidade, o assujeitamento muito na dele, caladão. Num é de muita conversa.
e o protagonismo infantil. Esses indicadores foram Eu falo que ele é antissocial” e, segundo o relato da
notados na fala da Filha, que relada a experiência Mãe é “aquela relação que, levanta cedo, „Bom
de desamparo afetivo ao longo da própria infância, dia!‟, toma café e cada um vai pro seu serviço. De
além do assujeitamento, e as suas tentativas de tarde, a gente reúne de novo. Pouquinho prazo,
mudar isso a partir do momento em que se tornou mas... Aí ela vai pro curso dela à noite, quando ela
Mãe no sentido que a maternidade trouxe a ela. não vai pro curso ela vai pra igreja” (sic).
1.3. Eixo 3 – A Representação de Papéis: Apesar dos conflitos devido à visão
fechada do Pai, tanto a Mãe, quanto a Filha,
Conforme Agnes Heller (1985) existem consideram a família bem unida: (Mãe): “A gente tá
quatro categorias de análise quando nos referimos junto, independente se tá sem conversar, aconteceu
aos papéis sociais, que diferem na relação que o alguma coisa tá todo mundo junto, unido, a gente
sujeito estabelece em aceitação e alienação; a não tem essa visão de família, que assim, um apoiando
aceitação e recusa a assumir um papel ou papéis. As o outro” (sic). Porém, estas tensões diminuíram,
quatro categorias são: “1) identificação; 2) isso porque, depois da Filha fazer terapia (na qual,
distanciamento aceitando as regras de jogo sua principal demanda era não conseguir falar o que
dominantes (incógnito dissimulado); 3) estava sentido, ser retraída e por, guardar tudo,
distanciamento recusando intimamente as regras de sofrer demais), de cursar uma faculdade e com a
jogo dominantes (incógnito oposicionista); 4) saída da adolescência, ou “aborrecência”, como a
recusa do papel” (p.98). Filha mesmo nomeou, ela parou de ir contra as
imposições do Pai, começou a ter mais
2. METODOLOGIA compreensão e aceitação. Ademais, com o
crescimento da Filha e o nascimento do neto, o Pai
As entrevistas foram realizadas a partir de começou também cada vez mais parar de se impor,
um roteiro semi-estruturado, destinado a favorecer porque acredita que agora ela já é velha e sabe se
a compreensão das dinâmicas da família que seria virar (Mãe): “Ele respeita né, assim, „ela vai e
entrevistada. Trata-se de uma família composta por então, quê que eu posso fazer? Ela já é velha, toma
três gerações e que compartilham mesmo espaço conta da vida dela‟” (sic). (Filha): “Eu vejo que ele
doméstico. Assim, a primeira geração é composta não gosta, mas ele já não impõe mais, tipo: É
por Pai e Mãe, a segunda pela Filha e a terceira pelo assim, do meu jeito, pronto e acabou”, já não tem
Neto. No dia 15 de junho de 2019 entrevistou-se a mais essa imposição” (sic). Percebe-se que a falta
Mãe. A entrevista foi realizada por dois alunos e de diálogo também está presente neste contexto.
teve duração de aproximadamente 40 minutos. No Antes não tinha comunicação porque o Pai se
dia seguinte, a Filha foi entrevistada, com duração impunha demais, hoje parece que não há, porque o
de aproximadamente 40 minutos. Pai fica sempre em silêncio em relação às questões
da família.
Foi solicitado previamente para que
pudesse ser feito a gravação de áudio da entrevista A visão da Mãe sobre resolução de
e foi explicitado junto as entrevistadas a intensão de conflitos passa pelo diálogo. Segundo ela, este é a
práticas de ensino, de modo que o material seria base da família e que respeita o espaço da Filha
produzido em total anonimato e com uso para fins (Mãe): “não sou muito entrona” (sic), mas,
exclusivamente acadêmicos. As entrevistas foram

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reconhece no seu relato que os problemas dela são das relações e permite a produção de sentidos
seus também (Mãe): “problema de filho pra Mãe, é subjetivos para formas mais autênticas de vida
problema pra Mãe, né?” (sic), e isso pode dificultar social.
o seu nãoenvolvimento com as questões da Filha.
Sobre resolver problemas, ela se contradiz: antes No relato da Filha é possível perceber um
diz que é por meio do diálogo, mas ao ser incômodo em relação à dificuldade de comunicação
perguntado sobre a melhor forma de resolvê-los, efetiva no grupo familiar. Ela deixa claro que na
responde que um conflito só pode ser resolvido sua adolescência tinha dificuldade de expressar as
quando as pessoas concordam com o que ela fala ou emoções geradas nas relações, mas que hoje ela se
concordam com a sua percepção sobre o problema. sente mais livre para falar de seus incômodos.

A Mãe espera que a Filha ouça o que ela No sentido de dialogar sobre questões
transmite e (Mãe): “resolva da melhor maneira mais sérias, parece haver uma esquiva por parte de
possível” (sic), porém, finaliza dizendo que espera todos, há um respeito mútuo e a tentativa de não
que a Filha diga que ela tinha razão o que pode criar conflitos. Mas, vale lembrar que, segundo a
parecer que, mais uma vez espera que suas Filhas Filha, ainda há conflitos (que a Mãe nomeia como
acatem o que fala, o que pode ser visto como uma pequenos e básicos).
imposição velada. Nota-se, contudo, que a Filha em
seu relato, fala diversas vezes dessa forma de Mais adiante na entrevista, pudemos
imposição, mas, somente seu Pai é referido como perceber um pouco o que a Filha sente em relação
uma pessoa que impõe. A questão da imposição se ao papel desempenhado pelo Pai no presente e
dá também no que a mãe determinou como a aquele que era desempenhado por ele no passado.
resolução de problemas, como segue no relato Na relação entre os dois papéis exercidos por um
(Mãe): “[...] eu falo assim que ela obedece [...] com mesmo sujeito, é possível perceber um abismo no
obediência pra poder dar certo” (sic). relato, ou seja, não há diálogo.

As formas de não-diálogo aparecem no A falta de conversação efetiva causou


relato da Filha quando ela fala que os pais muito malestar para a Filha, como podemos
comunicam desconforto que eles sentem através de observar nos relatos. Deste modo, um processo de
feições somente e perguntando ao neto mesmo com mediação familiar com esta família deveria
ela presente no local, (Filha): “quem que é essa propiciar um ambiente de diálogo e expressão dos
pessoa, de onde sua Mãe conhece?" (sic). (Filha): sentimentos para que cada membro entre em
“Não pergunta pra mim, pergunta pro meu filho” contato com o que o outro experiencia em sua
(sic). O que gera uma contradição com a exposição intimidade, o que é fundamental para a produção de
da Mãe, que citou que não guarda mais as coisas, novos sentidos subjetivos e transformação das
como antes. E também no relato, (Filha): “Então a relações.
gente tenta assim, não brigar só. Ele fala, a gente
escuta e cada um vive sua vida. Ele não vai mudar Alguns acontecimentos na vida da Filha
e eu também não vou mudar” (sic). Parece haver possibilitaram a produção de novos sentidos
uma forma de aceitação que ninguém vai mudar e subjetivos, e certa liberdade para a expressão da
por isso, não há abertura para o diálogo. subjetividade, mas ainda assim, não houve grandes
mudanças no sistema de comunicação da família.
Diante dos apontamentos feitos através
dos relatos da Mãe e da Filha e considerando que 3.2 - Ao analisar a entrevista, podemos ver pontos
quando não há espaço de comunicação aberto à de contradições dos discursos. Quando é
expressão da subjetividade, o convívio e o perguntado à Mãe como ela resolve os problemas
relacionamento da família podem ficar seriamente ou conflitos, ela logo fala (Mã e): “Como? Com
comprometidos (GONZALEY REY, 2005), diálogo, atitudes e oração, que eu acho que tem
podemos entender que a dinâmica familiar que ter oração, senão não resolve muito não, né?”
analisada pode estar tomando o caminho da (sic ), na entrevista com a Filha, ela mostra que em
diminuição progressiva da possibilidade de sua vida inteira, teve pouco diálogo com os pais
produção de novos sentidos. (Filha): “na minha fase de aborrecência a gente
ficava sem conversar, a gente ficava um tempo sem
O diálogo e a participação são conversar.” (sic ), conta que depois mudou, (Filha):
instrumentos fundamentais para que a singularidade “mas agora não, agora a gente conversa, a gente
dos sujeitos tenha espaço para emergir, favorecendo senta e conversa, fala “ó, eu não gostei disso”,
uma qualidade de vida melhor para os membros do “você me magoou e não tá bom” (sic). Mas em
grupo familiar. A conversação efetiva é mediadora

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dado momento da conversa, revela que essa “não, vamo parar de conversar”, ficava sem
mudança aconteceu mais com sua irmã, (Filha): conversar ((risos)).
“Não, eu conversava mais com a minha irmã. Aí
assim, como eles não me entendiam, não sei se era Neste sentido, vemos que a Mãe dá
a minha fase de jovem, eu comecei a ficar mais indícios de uma vida com muita conversa, diálogo,
calada, não brigar mais, às vezes falava, falava resolução de conflitos. Ao mesmo tempo, é possível
poucas coisas” (sic ), e que em relação aos seus ver as marcas da falta de diálogo que foram
pais esse diálogo nunca acontecia, apenas depois de expressas na filha. É possível perceber o
algum tempo a Filha e a irmã começaram a (Filha): assujeitamento que ela carrega em sua vida. Nota-
“entender o jeito deles” (sic), e deixar as coisas se, contudo, que a Filha demonstra uma clara
apenas seguirem. É possível perceber melhor as intensão consciente de hoje em dia, dar a chance de
contradições nos seguintes trechos em que a Mãe fazer com seu filho o que seus pais não fizeram
diz que o diálogo é a base da família e a Filha com ela. Faz questão de ressaltar o protagonismo
afirma a inexistência deste e a troca do diálogo pela infantil que seu filho tem e que ela não teve a
imposição do Pai: chance de vivenciar quanto era criança, ou pelo
menos suas memórias não dão acesso a isso.
Mãe: Aaah, é diálogo, família tem que ter diálogo Orionte (apud Costa e Orionte 2009) diz que a
né, porque... é a base, a base da família é o “afetividade é um dos elementos mais importantes
diálogo, se você não tiver diálogo, não só da para que a criança possa tornar-se visível” (p.25)
família né, tudo assim, todo relacionamento se você Assim, a Filha, agora na posição de Mãe, tenta dar
não tiver um diálogo não funciona, se espera, você a visibilidade que não teve ao filho.
sonha, mas aquele sonho não realiza, porque não
tem um diálogo né ? Observamos nos relatos da Filha que esta
refere ter vivido um desamparo afetivo muito
Filha: Imposição. Era do jeito dele e ponto. grande em sua vida. Em que tudo era na base da
Filha: Sempre foi do jeito dele, e quando a gente imposição do Pai. Não podia conversar, ou mesmo
ficou adolescente começou as brigas, porque ele expressar-se. Enquanto que para a Mãe, há uma
sempre foi do jeitinho dele, não pode ser do meu relação saudável, para a Filha, essa relação só foi
jeito. Foi aí que começou as brigas, porque ele possível ser construída depois de entrar na
queria continuar com a imposição dele. Do que ele faculdade e fazer terapia, e ainda assim, relata não
acha que é certo. ter diálogo com a família. Para a Filha, somente nos
momentos da doença que eles se aproximam e tem
O arranjo contraditório na estrutura um diálogo:
familiar, segundo Costa e Orionte (2009) pode ser o
espaço para o conflito, desamparo e negligência. E Filha: Na hora da doença ((risos)). Na hora da
neste sentido, o “assujeitamento nas relações” doença, porque... meu Pai é terrível, nossa, ele tá
(p.20) pode se estruturar na família que não dialoga ruim lá, de cama, por causa de dengue e não
e não se posiciona. Para González Rey (apud Costa queria ir no médico de jeito nenhum, aí a gente
e Orionte 2009) o posicionamento ativo de um senta, conversa, vai com paciência, com jeitinho, aí
indivíduo é o que permite um posicionamento vai até ele ceder... mas, é mais nesses pontos.
crítico, sendo importante para o desenvolvimento
individual e social do mesmo. (p.21). É possível Filha: Eu acho, a doença, algum problema... uma
observar, um assujeitamento na fala da filha coisa mais séria, eu acho que sim... é na dor que
causado pela inexistência do diálogo. Para a Mãe há ele dá mais abertura ((risos)), acho que ele pensa
diálogo e não tem briga, indo ao contrário do que a assim, que quando tá tudo bem, a gente não precisa
filha pensa: dele, eu acho que é a visão dele.

Mãe: [...] mas assim, aqueles problemão de filho Desta forma, é possível perceber a
brigar com Mãe, tal, isso não tem não, nunca teve constituição contraditória que há na família e que a
graças a Deus, porque isso ai que eu acho que é falta do diálogo contribuiu para os conflitos,
um problemão né, pra ser resolvido. desamparos e negligências. Segundo os relatos da
Mãe, tem diálogo e tudo se resolve por este.
Filha: [...] eu comecei a ficar mais calada, não Sempre conversou com seus filhos e tentou
brigar mais, às vezes falava, falava poucas coisas, entender o que se passava. Para a Filha, este
tipo “ah, hoje só não tô bem, tô com dor de cabeça, diálogo nunca houve, sendo a falta dele, gerador de
alguma coisa, briguei com namorado”, porque desamparos e negligências que ela tenta concertar
antes não tinha nem isso, era só briga e falava na relação e criação do seu filho de seis anos.

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3.3 - Partindo das categorias citadas no eixo 3, Entrevistador: Ei, você acha que, as coisas lá eram
vemos que a posição da Mãe pode ser vista como resolvidas mais na base de uma discussão ou de
uma manifestação do comportamento de uma imposição de uma regra?
identificação. Segundo Heller (1985), a
identificação é a forma direta pela qual a alienação, Filha: Imposição, era do jeito dele é ponto.
o que pode levar a atrofia e a dissolução da
personalidade do indivíduo. Nesses casos a Entrevistador: Não tinha como...
passividade se entranha no comportamento do
indivíduo. Neste caso os comportamentos se Filha: Não.
cristalizam, não há um questionando acerca da
forma de se estar no mundo. O indivíduo se projeta Entrevistador: Mudar nada? Nem conversando?
no mundo a partir de hierarquias de valores que
ditam o “dever-ser” do sujeito, e quando os papéis Filha: Não. Deus me livre. Entrevistador: Por
se cristalizam, “o dever-ser converte-se numa quê?
exigência puramente externa e minha atitude será
uma simples adaptação” (p.95). Dessa forma, Filha: Sempre foi do jeito dele, e quando a gente
vemos na fala da Mãe representações acerca da ficou adolescente começou as brigas, porque ele
família, na resposta a pergunta: E como que você vê sempre foi do jeitinho dele, não pode ser do meu
a sua família? jeito. Foi aí que começou as brigas, porque ele
queria continuar com a imposição dele. Do que ele
Mãe: A minha família é o presente que Deus me acha que é certo.
deu. Assim, em primeiro lugar, né? Eu dei tudo pra
elas, pra ser, como fala? uma cidadã legal, né? As brigas que serviam como uma forma de
Honesta. Ensinei os bons caminhos. Pra mim, é se colocar como sujeito, como um ser singular
sem explicação. Elas são obediente... Igual eu te formas de ver o mundo diferente da dos pais, foram
falei mais cedo aqui: elas me deu gosto, elas nunca “solucionadas” com base na imposição do ponto de
foi, assim, desobediente, elas estudou, mesmo com vista dos pais, principalmente do Pai. Mesmo se
a raízes da simplicidade que eu dei pra elas, né? opondo, querendo ser o que ela almejava ser, a
Então, eu acho que eu superei a família que eu Filha retorna ao estado de identificação com o papel
sonhava ter. que estabeleceu durante toda a vida, como Filha
que se submete ao “poder-ser” instituído pelos pais:
A resposta da Mãe, obscurecida por
representações que escondem a lógica Entrevistador: E hoje? Você acha que você,
dominadordominado, está em contradição com a conseguiu isso?
fala da Filha que exerce a relação de dominada em
relação aos valores dos pais: Filha: Eu consegui, uma certa independência né,
embora eu tô morando ali com eles, porquê eu
Entrevistador: E na posição dos seus pais? O que separei tem dois anos. Quando eu tava morando
você gostaria que tivesse mudado? com o Pai do meu filho, né? Era bem tranquilo,
agora que eu tô aqui de novo, eu vejo um certo
Filha: Que eles tivessem dado esse espaço pra controle, né? Da parte deles, às vezes do horário
gente ser diferente, porque eles criaram a gente do que eu chego, as vezes quando uma pessoa que tá
jeito que eles foram criados, e em uma época ali diferente. Eles já não impõe mais, tipo "essa
totalmente diferente. pessoa não entra aqui", mas eu vejo assim... um
certo desconforto da parte deles.
Em relação à Filha, vemos que ela transita
nas relações familiares entre o comportamento de Entrevistador: Como que eles expressam isso?
identificação e do incógnito oposicionista, onde se
preservam as normas morais dos tempos passados, Filha: Desse jeito que eu te falei, ele não fala nada
o indivíduo não se sente à vontade na realidade, não, mas com feições, e pergunta pro meu filho
sofre por causa dos papéis que tem de "quem que é essa pessoa, de onde sua mãe
desempenhar. Gostaria de manifestar-se, de manter conhece?". Não pergunta pra mim, pergunta pro
contato com os homens. Não é conformista, mas meu filho, aí às vezes ele fala, "Ah é da igreja, é de
não chega a ser revolucionário (HELLER, 1985). tal lugar", mas a gente vê o desconforto né?
Vemos o incógnito oposicionista nas brigas vividas
pela Filha. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

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Perante a análise dos relatos em sua comunicação que, por meio de uma conversação
multiplicidade de conteúdo, a mediação se mostra diferenciada da aprendida no histórico da relação
como um rico instrumento facilitador da acaba por apontar com mais nitidez os conflitos,
desamparos e negligências que se mostram visível
nas contradições tanto da pessoa sobre si, quanto REFERÊNCIAS
entre elas. Esses acontecimentos na sua repetição
culminaram em representações de papéis que COSTA, F. Á. O.; ORIONTE, I. Mediação
dificultam ainda mais uma conversação saudável e familiar e produção de novos sentidos subjetivos
expressão da subjetividade, sendo um ótimo campo na educação de filhos: estratégias para
para tal processo. fortalecimento de famílias em situação de
Tendo em vista que o intuito da atividade vulnerabilidade social e afetiva. IN: SOUSA,
de ensino, apresentada neste relato de experiência, Sônia Margarida Gomes (Org.); RIZZINI, Irene
não pressupunha enquadres específicos para (Org.). O social em questão N. 22 - Infância,
realizar intervenções junto ao grupo familiar juventude e vulnerabilidades. Ed. 22. Rio de
entrevistado procedeu-se com a indicação de Janeiro: PUC Rio, 2009. v.500. p.110.
serviços de Psicologia existentes na Universidade.
GONZALEZ REY, Fernando. Sujeito e
Do ponto de vista dos processos de subjetividade: uma aproximação
ensinoaprendizado, nota-se a relevância do estudo históricocultural. São Paulo: Thomson, 2005.
das dinâmicas familiares em tensão com aportes
teóricos que favoreçam as análises psicossociais do HELLER, A. O Cotidiano e a História. 2° ed. Rio
grupo familiar. Com isso, revê-la os aspectos de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1985.
históricos, coletivos e individuais, que constituem a
dinâmica familiar, em suas formas de diálogo LANE, S. O Processo Grupal, in: Psicologia
mesmo quando ocorrem com silêncios e/ou social: O Homem em Movimento. São Paulo,
silenciamentos, e as implicações que tais dimensões Editora Brasiliense, 1984. P. 78-98.
tem na subjetividade de cada um dos integrantes do
grupo familiar.

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A SEGURANÇA DO PACIENTE INSERIDA NA GESTÃO
DA QUALIDADE DOS SERVIÇOS DE SAÚDE: UMA
REVISÃO INTEGRATIVA

PEREIRA, Nayline Martins, naylinemartins@ufg.br¹

RODRIGUES, Isabela Moraes Peres, isabelamodrigues@gmail.com1

MESQUITA, Françoise.¹
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de
Biotecnologia

Resumo: Objetivo: Nosso objetivo é discutir a sistematização do conhecimento sobre a atuação da


enfermagem com vistas à segurança do paciente, na prestação do cuidado seguro em saúde. Metodologia:
Foram utilizadas as bases de dados: LILACS; PubMed/ MEDLINE e SciELO com publicações entre o
período de 2015 a 2019. Resultados: Seguindo os critérios de inclusão, sete artigos com nível de
evidência IV, contemplaram a temática em questão; sendo 3 artigos em língua portuguesa e 4 artigos em
língua inglesa que abordaram sobre as contribuições da equipe de enfermagem na prestação do cuidado
seguro e a importância da gestão em saúde com vistas à Segurança do Paciente. Conclusão: Foi
evidenciado que o enfermeiro pode exercer importante função na gestão, por possuir uma visão holística do
cuidado, desde o planejamento das ações de enfermagem, a disponibilização de recursos de materiais
adequados, promovendo a segurança do paciente nos serviços de saúde.

Palavras-chave: Saúde. Segurança do paciente. Serviços de enfermagem.

1. INTRODUÇÃO Embora a preocupação com a segurança nos


serviços de saúde tenham ganhado efervescências
A universalidade é um dos princípios nas últimas décadas, desde o século XIX, Florence
doutrinários do Sistema Único de Saúde (SUS), no Nightingale em sua segunda obra de “Notas sobre
qual, respalda o direito de todos os cidadãos ao Hospitais”, defende e reivindica condições
acesso às ações e serviços de saúde. Nesse adequadas à posição das enfermeiras nos cenários
contexto, insere-se a segurança do paciente, sendo hospitalares, sendo responsabilidade pela
ela, uma importante dimensão da qualidade, ambiência, pelas condições de trabalho e tudo que
definida como o direito dos indivíduos de terem o concerne às estratégias de prevenção de erros
risco de um dano desnecessário, associado com o humanos no ambiente hospitalar (CAVALCANTE
cuidado de saúde, reduzido a um mínimo aceitável et al., 2015).
(FREITAS et al., 2014). Desse modo, observa-se a importância do
Devido a gama de definições sobre qualidade papel do enfermeiro, uma vez que, é ele quem
em serviços de saúde, visto que ela não depende supervisiona e detecta com maior rapidez as
de um único fator, mas sim de uma série de mudanças nas condições de saúde dos pacientes
atributos, um grupo de dimensões do Instituto de (MIRANDA et al., 2017). Frente a isso, cabe ao
Medicina dos Estados Unidos (IOM, 1990), enfermeiro garantir o planejamento das ações de
tornou-se importante alicerce para que, os demais enfermagem no que diz respeito à oferta de
países desenvolvessem indicadores de qualidade. recursos materiais apropriados e seguros, além
Tal feito contribuiu posteriormente, para que a disso, pela qualificação da equipe e promoção
Organização Mundial da Saúde (OMS) adaptasse de condições ambientais e de trabalho
esse grupo composto pelas seguintes dimensões adequados para o desenvolvimento do cuidado,
chaves: segurança, efetividade, atenção centrada a fim de garantir a segurança do paciente (DIAS
no paciente, oportunidade/acesso, eficiência e et al., 2014).
equidade (ANVISA, 2013).

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Diante do exposto, este trabalho teve como integrativa foram: 1) seleção da questão
questão norteadora: “Qual o papel do norteadora; 2) definição dos critérios de inclusão e
enfermeiro nos serviços de saúde com vistas à exclusão de estudos; 3) análise crítica do conteúdo
segurança do paciente?”, apresentando como encontrado,identificando diferenças e conflitos; 4)
objetivo sistematizar o conhecimento acerca da interpretação dos resultados e 5) relacionar de
atuação da enfermagem para a segurança do forma clara, os resultados encontrados.
paciente, na prestação do cuidado em saúde. Elencaram-se os seguintes critérios para
inclusão dos artigos : revisão entre o período de
2. MÉTODOS 2015 a 2019 (publicados nos últimos cinco anos);

Foi realizada uma revisão integrativa em que Relacionados com a temática de Segurança do
possibilita a inclusão e análise de pesquisas Paciente e gestão de Enfermagem; Disponíveis
relevantes, sintetizando o estado do conhecimento eletronicamente, gratuitos; Completos e na
do assunto determinado (MENDES, 2008). Tal íntegra; Nos idiomas inglês, português e espanhol;
análise das pesquisas teve uma abordagem Cujos títulos e/ou resumos correspondessem às
fundamentada em prática baseada em evidências buscas com os seguintes descritores em ciências
(PBE), uma vez que, utilizam os resultados de da saúde (DeCS): patient safety; health; nursing
pesquisa, o consenso entre especialistas conhecidos services. As bases de dados utilizadas foram
e a experiência clínica confirmada, excluindo Literatura Latino Americana e do Caribe
experiências isoladas, não sistematizadas, rituais e (LILACS); Literatura Internacional em Ciências
opiniões sem fundamentação (STETLER et al., da Saúde e Biomédica (PubMed/ MEDLINE) e
1998). Biblioteca Científica Eletrônica Online (SCIELO).
Iniciou-se o estudo estabelecendo critérios Os estudos que não atenderam aos critérios de
definidores sobre a coleta de dados, análise e inclusão foram categorizados automaticamente no
exposição dos resultados. Por fim, as etapas critério de exclusão, assim como, aqueles que se
adotadas indicadas para a constituição da revisão repetiram nas bases de dados.
Figura 1: Diagrama de fluxo do processo de seleção dos artigos da amostra, 2019.

Fonte: PEREIRA,RODRIGUES, MESQUITA (2019).

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3. RESULTADOS

Após a avaliação dos artigos LILACS obteve-se os seguintes achados


encontrados nas bases de dados SciELO, relacionados à temática abordada no estudo:
MEDLINE e

Tabela 1. Apresentação dos resultados dos artigos utilizados na revisão integrativa. Catalão – Go, 2019.

ARTIGO ASSUNTO CENTRAL

Cuidado seguro ao paciente: contribuições da Relata a Enfermagem como promotora da Segurança do


enfermagem. Paciente.

Descreve o processo de desenvolvimento da


Colaborar com líderes de enfermagem para
Segurança do Paciente realizado por líderes e
desenvolver práticas de segurança do paciente.
diretores de enfermagem.

Assistência segura: uma reflexão A Segurança do Paciente na visão da gestão da


teórica aplicada à prática. qualidade dos serviços de saúde.

Compreender a influência dos gerentes Explica a capacidade dos gerentes de nível médio nas
médios na implementação da cultura de organizações de saúde em influenciar a mudança na
Segurança do Paciente. cultura de Segurança do Paciente.

As avaliações de RN de excelente qualidade


de cuidado e Segurança do Paciente estão
associadas a chances significativamente mais Investiga as relações entre RN avaliada pela
baixas de mortalidade em pacientes qualidade de atendimento e Segurança do Paciente.
internados por 30 dias: um estudo transversal
nacional de hospitais de cuidados agudos.
Identifica e descreve o papel da equipe de
Contribuição da enfermagem à
enfermagem na contribuição para a Segurança do
Segurança do Paciente: revisão
Paciente.
integrativa.
Nível de pessoal de enfermagem e horas
extras associadas à Segurança do Paciente, Explora a associação entre a equipe de enfermagem
qualidade do atendimento e cuidados e as horas extras com a Segurança do Paciente.
deixados desfeitos em hospitais: um estudo
transversal.

Fonte: PEREIRA, MORAES, MESQUITA (2019).

A amostragem desta revisão integrativa assistência da equipe de enfermagem como


resultou em 07 trabalhos selecionados após a princípios para obter e efetivar a Segurança do
adesão aos critérios de inclusão tendo como Paciente.
retorno: quatro artigos na MEDLINE (58%), dois
no LILACS (28%) e um SciELO (14%). 4. DISCUSSÃO
Relacionados aos anos de publicação foram
achados 57% são do ano de 2017, 29% ano de O papel do enfermeiro frente à gestão é
2016 e 14% do ano de 2015. Sobre o idioma 58% notório em todos os âmbitos de atenção à saúde,
estavam na língua inglesa e 42% em Língua desde Unidade de Atenção Básica, até a instância
Portuguesa. Referentes aos continentes de origem de atenção terciária. Embora as funções
constaram: 43% América Latina, 28% América gerenciais não sejam mais de execução exclusiva
do Norte e 28% Europa. Todos os achados são de da enfermagem, esses profissionais possuem uma
nível de evidência IV. Em todos os artigos houve formação acadêmica com vistas abrangentes para
correlação da sistematização do trabalho, gestão e a gerência de forma que, ainda hoje, são os

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principais atuantes nesse cargo (PNAB et al. disponibilização de recursos adequados e seguros.
2017). Além disso, devem propor qualificação da equipe
Gerenciar e coordenar a fim de efetivar as através de treinamentos que os sensibilizem,
atividades nos serviços de saúde contempla o estimulem e qualifiquem para ter pensamento
enfermeiro e a toda equipe de saúde, pois dessa crítico perante situações cotidianas, relacionadas a
maneira, não há uma sobrecarga de trabalho segurança do paciente e também pela acessão de
apenas em uma classe, efetivando a assistência condições de trabalho e de ambientes adequados
prestada ao paciente. Tal assistência para a realização do cuidado.
consolidada abrange, também, a segurança tanto
do profissional, quanto do paciente em questão RESPONSABILIDADE AUTORAL
(ANVISA et al., 2017).
Em consonância, o monitoramento “Os autores são os únicos responsáveis
promove a segurança como produto dos pelo conteúdo deste trabalho.”
serviços. Um dos métodos que atenuam a
incidência de erros é a comunicação, que se dá REFERÊNCIAS
por meio de anotações entre passagem de
plantão, registro completo nos prontuários e BRASIL. Agencia Nacional de Vigilância
diálogo claro entre o enfermeiro e sua equipe, Sanitária. et al. Assistência Segura: Uma
uma vez que os maiores erros estão Reflexão Teórica Aplicada a Prática.
relacionados ao preparo, administração e Agência Nacional de
dosagem de medicamentos (LEITÃO et al.,
2013).Uma forma de dimensionar a qualidade
dos serviços de saúde, por parte do enfermeiro Vigilância Sanitária. Brasília: Anvisa, p.
gestor, é por meio do agrupamento feito pelo 29-40, 2017.
Instituto de Medicina dos Estados Unidos BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do
(IOM), composto pelos seguintes itens: Ministro. Portaria nº 2.436, de 21 de
equidade, efetividade, segurança, eficiência, setembro de 2017. Aprova a Política
atenção centrada no paciente e Nacional de Atenção Básica, estabelecendo
oportunidade/acesso (IOM, 2004).
As obras selecionadas para o presente estudo a revisão de diretrizes para a organização da
enfatizaram a importância da liderança nos Atenção Básica, no âmbito do Sistema
ambientes de saúde, pois este é um dos fatores Único de Saúde (SUS). Diário Oficial da
mais impactantes associados à mudança União, Brasília, DF, 21 set. 2017. p. 68.
organizacional "radical" em larga escala
(McKnight LL et al.,2013). Outro ponto notório
ao observar os anos de publicação científica sobre CAVALCANTE, A. K. C. B. et al. Cuidado
a temática abordada, 2017 houve o maior número. seguro ao paciente: contribuições da
Esse fator pode ser relacionado ao décimo quinto enfermagem. Revista Cubana de
Congresso Mundial de Saúde Pública, que ocorreu Enfermería, v. 31, n. 4, 2015.
nesse mesmo ano (WCPH, 2017).
CHO, E. et al. Nurse staffing level and
5. CONCLUSÃO overtime associated with patient safety,
quality of care, and care left undone in
No século XXI, a Segurança do Paciente hospitals: a cross-sectional study.
representa uma das maiores dificuldades para a International journal of nursing studies, v.
excelência da qualidade dos serviços de saúde 60, p. 263-271, 2016.
com vistas a reduzir os erros e eventos adversos
que coloquem em riscos à saúde dos pacientes. DE ARRUDA LEITÃO, Ilse Maria Tigre et
Verificou-se, por meio da revisão integrativa, al. Análise da comunicação de eventos
que os profissionais de enfermagem por estarem adversos na perspectiva de enfermeiros
em constante contato com os pacientes, têm papel assistenciais. Revista da Rede de
imprescindível para melhoria da Segurança do Enfermagem do Nordeste, v. 14, n. 6, p.
Paciente na assistência e na gestão em saúde. 1073-1083, 2013.
Identificou-se que os enfermeiros, em
especial os gestores, devem se orientar a partir de DIAS, J. D. et al. Compreensão de
uma visão integral, com a finalidade de prestar enfermeiros sobre segurança do paciente e
um atendimento seguro para o paciente, desde o erros de medicação. Revista Mineira de
planejamento de ações, no tocante a Enfermagem, v. 18, n. 4, p. 866-880, 2014.

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cuidados de enfermagem e satisfação do 103-112, 2013.
paciente atendido em um hospital de ensino.
Revista Latino- Americana de MENDES, Karina Dal Sasso; SILVEIRA,
Enfermagem, p. 454-460, 2014. Renata Cristina de Campos Pereira;
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ADIÇÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL E DA
MINERAÇÃO NAS CAMADAS DO PAVIMENTO FLEXÍVEL
Souza, Paola Mundim, pmundim_souza@hotmail.com
Oliveira, Mariana de, mariana.2797@hotmail.com1
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Engenharia Civil

Resumo: As obras de pavimentação, ao contrário de outras obras de engenharia, possuem uma vida útil pequena,
que varia de 10 a 20 anos, tratando-se de pavimentos flexíveis. Isso faz com que seus processos de manutenção e
reabilitação sejam bastantes recorrentes. Desse modo, esses empreendimentos geram grandes impactos ao meio
ambiente, principalmente no que diz respeito a extração de recursos naturais utilizados nas camadas do
pavimento. Diante disso, o presente artigo refere-se à uma revisão bibliográfica sobre a incorporação de resíduos
da construção civil e da mineração, aos seus agregados constituintes das camadas do pavimento flexível.

Palavras-chave: Pavimentos flexíveis. Resíduos. Construção civil. Mineração.


__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO crescendo para atender a demanda de transporte no


país, já que as demais modalidades ainda são pouco
A matriz de transportes brasileira é liderada pelo utilizadas. Desse modo, levando em consideração os
modal rodoviário, de acordo com a CNT - impactos que a construção e operação das rodovias
Confederação Nacional do Transporte (2015) essa causam ao meio ambiente, percebe-se a necessidade
modalidade é responsável por 95% do transporte de de um desenvolvimento sustentável ligado ao setor de
pessoas e 61% do transporte de cargas no país. Dados transportes. A extração de matérias-primas
recentes apontam que a malha rodoviária brasileira necessárias na construção da rodovia gera, como
possui 1.720.700,31 km de extensão e desse total principal impacto, a escassez dos recursos naturais. A
apenas 213.452,81 km tratam-se de rodovias conscientização de que os recursos disponíveis na
pavimentadas (CNT, 2018). No Brasil, a expansão da natureza são findáveis, tem influenciado o homem a
malha rodoviária se deu na década de 1930, durante o buscar, desenvolver e inclusive valorizar práticas que
governo de Getúlio Vargas, com a criação do Plano proporcionem a economia e o uso racional desses
Rodoviário Nacional elaborado em 1938, que recursos (TRICHÊS et al, 2011).
projetava a implantação de uma rede de transportes Em outro contexto, Ruiz (2017) afirma que a
que integraria o território brasileiro por meio de indústria da construção civil é reconhecida como uma
estradas de rodagem. das principais geradoras de resíduos sólidos em nosso
Para Colavite e Konishi (2015) o progresso de país e no mundo, esses materiais residuais são
uma nação está diretamente relacionado ao setor de provenientes de demolições ou obras em andamento,
transportes, visto que esse objetiva proporcionar por isso são denominados de resíduos de construção
acessibilidade e mobilidade para a sociedade, e demolição ou RCD. Paralelamente, temos que o
representando uma grande importância na economia setor de mineração também é gerador de uma grande
do país. Segundo Simonetti (2010) as rodovias, assim quantidade de resíduos, que caso sejam descartados
como outros empreendimentos viários, afetam muito de forma inadequada podem contaminar rios,
o meio ambiente, ocasionando inúmeros impactos nascentes, o lençol freático e até mesmo o solo. De
ambientais. As principais matérias-primas a serem acordo com Kato (2018), recentemente vários
usadas na construção do pavimento de uma rodovia resíduos oriundos de processos industriais têm sido
são: ferro, petróleo, areia, argila, calcário e outros reaproveitados na construção civil, mais
agregados oriundos de rochas. Para que estas especificamente na execução de pavimentos.
matérias-primas sejam utilizadas, é necessário que Diante do exposto, o presente trabalho visa
sejam extraídas da natureza, passando por um estudar a incorporação dos resíduos da construção
processo de transformação. A intensidade e a forma civil e da mineração, nas camadas do pavimento, uma
com que esses recursos são explorados trazem sérios vez que essa aplicação configura uma alternativa
danos não só ao meio ambiente, mas também às sustentável, abrangendo não só impactos envoltos na
futuras gerações. disposição final desses resíduos na natureza, como
Assim como ocorrido nos últimos anos, acredita- também a preservação dos recursos naturais que
se que o modal rodoviário tende a continuar seriam utilizados na construção do pavimento.

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Figura 1. Corte Transversal- Pavimento Flexível
2. REVISÃO

2.1. Pavimento e suas camadas

Segundo Souza (1980, apud Silva 2011) um


pavimento pode ser conceituado como uma estrutura
de múltiplas camadas constituídas por vários
materiais com diferentes características de
deformabilidade e resistência, construída após a etapa
de terraplanagem. As principais funções de um Fonte: Bernucci et al. (2008, p.10)
pavimento, segundo a NBR 7207 (ABNT, 1982) são
de: distribuir ao subleito e resistir aos esforços Segundo Merighi (2004 apud Sant’ana Filho
verticais gerados pelo tráfego; propiciar melhores 2013), a base é a camada mais importante sob a ótica
condições de rolamento quanto a comodidade e estrutural, sua função é receber e distribuir
segurança; e tornar mais durável a superfície de uniformemente os esforços oriundos do tráfego sobre
rolamento, resistindo aos esforços horizontais ali o qual se constrói o revestimento. Já a camada de
atuantes. rolamento, ou revestimento, é aquela que recebe
De um modo geral, os pavimentos podem se diretamente a ação das cargas provenientes do
dividir em dois tipos, em função do modo como rolamento dos veículos. Além disso, é essa a camada
resistem às cargas, sendo esses o pavimento flexível responsável por proporcionar comodidade e
e o pavimento rígido. Os pavimentos rígidos têm segurança ao tráfego e ainda pela impermeabilização
utilização muito comum nas rodovias de todo o do pavimento.
mundo, enquanto no Brasil os pavimentos flexíveis Para situações em que a espessura de projeto do
possuem maior representatividade (SANT’ANA revestimento for maior que 70 mm, normalmente é
FILHO, 2013). Assim sendo, no presente estudo feito uma subdivisão desta camada. A parte superior
serão abordados os aspectos construtivos acerca dos é o próprio revestimento, que fica em contato direto
pavimentos flexíveis. com os pneus dos veículos, já a camada inferior é
Os pavimentos flexíveis são constituídos de um denominada de camada de ligação ou binder, sendo a
revestimento betuminoso disposto sobre camadas de intermediária entre a base e a camada de rolamento
agregados puramente granulares, sendo que essas (BERNUCCI et al 2008).
camadas na maioria das vezes não resistem bem aos
esforços de tração. A capacidade de suporte desse 2.2. Adição de resíduos da construção civil nas
pavimento depende da distribuição de cargas feita por camadas do pavimento
um conjunto de camadas superpostas, onde as
camadas de maior resistência encontram-se mais De acordo com Balbo (2007) os tipos de resíduos
próximas da superfície de aplicação dessa carga. Em mais comuns, descartados de maneira adequada ou
relação ao dimensionamento dos pavimentos inadequada, são provenientes de construção e
flexíveis tanto as características geotécnicas dos demolição (RCD). A Resolução CONAMA nº 307,
materiais empregados, quanto a determinação da de 05 de julho de 2002, em seu Art. 2º, inciso I, define
espessura de cada camada, irão depender do valor do os resíduos da construção civil como todo entulho
ensaio de Índice de Suporte Califórnia (ISC) e das proveniente de construções, reformas, reparos e
solicitações mínimas de um eixo padrão, de 8,2 demolições de obras de construção civil, assim como
toneladas (MARQUES, 2006). os resultantes da preparação e da escavação de
Todas as camadas que podem vir a constituir um terrenos. O inciso I, do Art. 3º desta mesma resolução,
pavimento flexível, num nível de baixo para cima, determina que os resíduos recicláveis ou reutilizáveis
são: o subleito; reforço de subleito; sub-base; base; como agregados pertencem a Classe A. Segundo a
camada de ligação ou binder; e revestimento ou NBR 15114 (ABNT, 2004) os resíduos sólidos da
camada de rolamento, essas estão ilustradas na Figura Classe A, deverão ser destinados às áreas de
1. reciclagem e estas devem atender aos critérios
especificados nos itens 5.2 ao 5.7 da referida
normativa, que dizem respeito à localização,
isolamento e sinalização, acessos, sinalização e
energia, proteção das águas superficiais, e preparo da
área de operação.
Como alternativa de destinação final, esses
resíduos descartados podem ser incorporados aos
agregados convencionais utilizados na base e sub-

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base dos pavimentos flexíveis. Para que essa mistura reciclado para sua maior empregabilidade nas
não seja de baixa qualidade e interfira no desempenho camadas do pavimento.
e vida útil do pavimento, os resíduos da construção
civil devem passar obrigatoriamente por um processo 2.3. Adição de resíduos da mineração nas camadas
de seleção (BAGATINI, 2011). A maior vantagem do pavimento
para o emprego de agregados reciclados nas camadas
dos pavimentos é a economia proporcionada, em Um dos principais setores que impulsionam a
virtude do fato que esses materiais são geralmente economia de um país é o da mineração, quando
vendidos por preços inferiores quando comparado aos respeitam as exigências ambientais, as empresas do
agregados convencionalmente utilizados na ramo possuem grande contribuição na melhoria da
pavimentação (MOTTA, 2005). qualidade de vida da sociedade do presente, e ainda
Para Oliveira et al (2018) a reciclagem de RCD no bem-estar das futuras gerações. Nos dias de hoje,
consiste em alguns processos de beneficiamento, estima-se que no Brasil são produzidos
como a caracterização do material, triagem, britagem aproximadamente 80 tipos diferentes de minérios,
ou adequação granulométrica e por fim que utilizam diversas tecnologias no processo de
acondicionamento adequado. De acordo com Motta extração e aprimoramento, e todos esses dependem de
(2005) na produção de agregados reciclados é comum uma barragem para armazenar os rejeitos resultantes
verificar a utilização de britagem primária e algumas da atividade (SANT’ANA FILHO, 2013).
vezes britagem secundária, até que o material tenha Nesse contexto é importante enfatizar a diferença
granulometria adequada. O agregado reciclado só entre rejeitos e resíduos, especificados pela Lei
poderá ser utilizado em obras de pavimentação, 12.305 de 2010 que instituiu a Política Nacional de
quando atender aos requisitos estabelecidos na tabela Resíduos Sólidos. Por meio desta, temos que ambos
1 da NBR 15116 (ABNT, 2004). A camada do se referem à materiais descartados resultante de
pavimento na qual esse agregado será utilizado é atividades humanas e a principal diferença se dá em
determinada em função dos parâmetros de capacidade relação as possibilidades da destinação final. Os
de suporte e expansibilidade, definidos na tabela 2 da resíduos sólidos são aqueles que ainda possuem
referida normativa. possibilidades de tratamentos e recuperações,
No estudo de caso realizado por e Ricci e Balbo enquanto os rejeitos são basicamente resíduos que
(2005), verificou-se que a substituição integral após esgotadas todas as possibilidades, não
(100%) dos agregados graúdos e pedrisco por apresentem outra alternativa a não ser uma disposição
agregados de RCD reciclados é viável quanto à final adequada.
resistência, porém apresenta grandes alterações na Segundo a Agência Nacional de Transportes
porosidade e módulo de elasticidade do material. Terrestres – ANTT (2018) os rejeitos da mineração
Com resultados semelhantes, as análises realizadas são depositados em pilhas ou barragens de contenção,
por Motta (2005) comprovaram que os agregados essa armazenagem demanda de uma grande
reciclados, devido a sua maior porosidade, absorvem disponibilidade de área e ainda de recursos
mais água (em torno de 8%) que os agregados financeiros para implantação e manutenção dessas
convencionais (cerca de 2%). Quanto ao Índice de estruturas. Desse modo, o emprego de pelo menos
Suporte Califórnia (ISC) obtido nesse mesmo estudo, uma parcela dos resíduos de mineração em obras de
verificou-se que o agregado reciclado sem pavimentação, configura em uma alternativa
aglomerantes aumentou seu ISC de acordo com o sustentável por dois principais motivos, além de
tempo de cura. Enquanto a brita graduada abranger a redução das áreas para disposição final
compactada resultou em um ISC de 96%, os desses resíduos, também promove a redução da
agregados reciclados com 90 e 180 dias após cura, extração dos agregados naturais que constituem a
resultaram em ICS de 117% e 125%, camada do pavimento.
respectivamente. O resíduo de minério de ferro é um dos principais
Na maior parte dos estudos sobre agregados a serem incorporados aos agregados em obras de
provenientes de RCD, observou-se uma significativa pavimentação. Segundo Silveira (2015) o
divergência quanto aos números alcançados, isso reaproveitamento dos resíduos desse minério,
pode ser decorrente de fatores como o tipo e a consiste inicialmente em um processo de britagem,
resistência do material, a origem do resíduo, técnicas depois os resíduos passam por classificações
construtivas, tipo de britagem no qual ele foi granulométricas, peneiramento, secagem e por fim,
submetido, dentre outros (MATTOS, 2013). Diante pelo processo de concentração por magnetismo. O
disso, ainda não é possível afirmar que o desempenho peneiramento do minério de ferro é realizado, em
desses resíduos empregados na pavimentação será processo úmido, através de peneiras vibratórias,
sempre satisfatório. Constatando assim, a resultando nos seguintes resíduos granulares
necessidade de estudos acerca do tema, que realizem classificados em função do diâmetro: ferro granulado
análises afim de melhorar a qualidade do agregado (6,35mm ≤ Ø ≤ 38,10mm); hematitinha (6,35mm ≤ Ø

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≤ 9,52mm); sinter-feed (Ø ≤ 6,35mm) e lama de em cada região. Atualmente as indústrias brasileiras
lavagem para os demais. Dentre esses resíduos têm dado mais importância a materiais de menor
gerados, a lama de lavagem geralmente se torna custo, desde que, evidentemente, estes não
rejeito, pois as tecnologias que envolvem seu prejudiquem a qualidade da obra.
aproveitamento possuem altos custos A utilização de materiais reaproveitados na
(ARISTIMUNHO; BERTOCINI, 2012). composição de um pavimento, apresenta como
Os materiais com granulometria superior a 1mm, principal adversidade a redução da capacidade de
após secagem seguem para o processo de suporte. Porém de acordo com os estudos analisados,
concentração magnética, enquanto a parcela com a adição de resíduos da construção e rejeitos da
granulometria inferior à 1 mm é extraída por um mineração nas camadas do pavimento têm
sistema de exaustão e coleta. A concentração apresentado características mecânicas similares ou
magnética é dividida em duas etapas, na primeira os até superiores aos agregados comuns. Visto as
resíduos com teores de ferro de até 65.5% serão inúmeras vantagens proporcionadas por essa prática,
descarregados na correia transportadora, já na percebe-se que a grande problemática envolve as
segunda etapa a parcela restante da primeira é empresas do setor de transportes, que fazem dessa,
encaminhada para um separador magnético uma prática pouco difundida no ramo.
recomendado para uso em minerais com baixo
magnetismo. O final deste processo resulta em dois REFERÊNCIAS
tipos de resíduos, os magnéticos e os não magnéticos,
sendo que apenas os não magnéticos podem ser AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES
aproveitados como agregado na construção civil TERRESTRES (ANTT). Recurso de
(SILVEIRA, 2015). Desenvolvimento Tecnológico Rdt: Estudo da
Apaza (2018) concluiu em seu estudo de caso viabilidade técnica de utilização de rejeitos de
que a caracterização física do resíduo de ferro atende minério de ferro em pavimentos rodoviário –
os requisitos técnicos assim como exigido aos Relatório Final. Nova Lima, Minas Gerais, 2018.
agregados convencionais e recomenda que a mistura Disponível
de agregados deve possuir teor máximo de 20% de em:<http://www.antt.gov.br/backend/galeria/arquivo
resíduo de mineração do ferro. No estudo de caso s/RDT_VIA040_REL_FINAL_REJEITOS_DE_MI
realizado pelo ANTT (2018) a adição dos resíduos de NERACAO.pdf>. Acesso em: 28 jun. 2019.
minério de ferro ao solo natural, também foi
satisfatória, sendo considerada válida tanto do ponto APAZA, F.R.; GUIMARÃES, A.C.R.; SOUSA,
de vista técnico quanto ambiental. Os resultados dos M.A.S.; CASTRO, C.D. Estudo sobre a utilização de
ensaios de ISC realizados nesse estudo apontaram que Resíduo de Minério de Ferro em microrrevestimento
a adição de 20 a 30% desses resíduos no solo natural, asfáltico. Revista Transportes, v. 26, n. 2, p. 118-
gera um significativo aumento na resistência dessa 138, 2018. Disponível em:
camada. <https://www.revistatransportes.org.br/anpet/article/
view/1254>. Acesso em: 28 jun. 2019.
3. METODOLOGIA
ARISTIMUNHO, P.B.; BERTOCINI, S.R.
O presente trabalho caracterizou-se pelo uso do Application of iron ore mud in powder form in
método descritivo e exploratório, a pesquisa é de posartland cement presence. Revista IBRACON de
caráter qualitativo pois se deu de forma subjetiva, Estruturas e Materiais, v. 5, n. 2, p. 153-165, 2012.
fazendo uso de narrativas e imagens. Foram utilizadas
referências bibliográficas que compusessem uma ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
estrutura consistente de informação referente ao TÉCNICAS (ABNT). NBR 15114: Resíduos sólidos
pavimento flexível e suas camadas, bem como a da construção civil – Áreas de reciclagem – Diretrizes
incorporação de resíduos da construção civil e da para projeto, implantação e operação. Rio de Janeiro,
mineração, aos seus agregados constituintes. 2004.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS _____ . NBR 15116: Agregados reciclados de


resíduos sólidos da construção civil - Utilização em
A questão do desenvolvimento sustentável é pavimentação e preparo de concreto sem função
extremamente relevante em toda e qualquer obra de estrutural - Requisitos. Rio de Janeiro, 2004.
Engenharia. Na construção de pavimentos isto é ainda
mais marcante, em função do enorme impacto junto _____ . NBR 7207: Terminologia e classificação de
ao meio ambiente em que se caracteriza uma obra de pavimentação. Rio de Janeiro, 1982.
tal magnitude. Os materiais utilizados também devem
variar de acordo com o custo e com a disponibilidade

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Universidade Federal de Minas Gerais, Belo
Horizonte, 2015. RESPONSABILIDADE AUTORAL

SIMONETTI, H. Estudo de impactos ambientais “O autor é o único responsável pelo conteúdo deste
gerados pelas rodovias: sistematização do trabalho”.
processo de elaboração de EIA/RIMA. Porto

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA GERENCIAL: REVISÃO TEÓRICA

Orientador SILVA, André Vasconcelos da, andre.silva.ufg@gmail.com1

SILVA, Larissa Juliana Patrocínio da, larissajps_@hotmail.com1


NAVES, Laura Helena1
OLIVEIRA, Paulo Henrique Santana de1
SOUZA, Rejane Arruda de1
SILVA, Vanessa Gonçalves da1
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Gestão e Negócios

Resumo: Este artigo possuiu como objetivo fazer uma revisão teórica a respeito da administração pública
gerencial e sua evolução. A administração pública gerencial ou nova gestão pública é um modelo normativo pós-
burocrático para a estruturação e a gestão da administração pública baseado em valores de eficiência, eficácia
e competitividade. Tais características tem feito com que os gestores públicos busquem o desenvolvimento de uma
variedade de habilidades e conhecimentos, de modo a poder gerir as organizações públicas de maneira mais
eficaz. A nova reforma, não deixou de lado a burocratização, se valendo desta para manter o controle e evitar os
abusos e a corrupção. Entretanto, o patrimonialismo nunca deixou de fazer parte da cultura administrativa
brasileira, comprometendo a eficiência da prestação do serviço público. A solução para esse problema seria então
mudar a mentalidade dos administradores públicos, para que não mais se considerem os donos da coisa pública,
mas sim que têm o dever funcional de atender aos cidadãos da melhor forma possível. É preciso também que o
usuário do serviço público mude sua mentalidade, se conscientizando de que pode e deve exigir um serviço célere
e eficaz, como deve ser. O modelo burocrático não responde mais às demandas da sociedade contemporânea.

Palavras-chave: Administração pública. Gerencial. Burocrática.


__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO objetivo fazer uma revisão teórica a respeito da


administração pública gerencial e sua evolução.
É possível listar três diferentes modelos de
Administração Pública como: a fase Patrimonialista 2. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DE
(durante a era do Império), Burocrática (na era BUROCRÁTICA A GERENCIAL
Vargas) e gerencial (fase mais recente que está sendo
implementada). Nos dias atuais muito se debate a De acordo com Souza; Prado (2017), na história
falta de distinção por parte dos líderes políticos entre do Brasil, desde a colônia, é possível identificar três
o patrimônio público e o privado em um determinado modelos distintos de Administração Pública: a
governo de determinada sociedade. patrimonialista, a burocrática e a gerencial.
Muito se discute a importância da Administração No que se refere à patrimonialista, os autores
Pública Gerencial, onde revê as características enfatizam que é um modelo baseado no clientelismo,
principais do modelo burocrático, ou seja, as personalismo, nepotismo, típico dos Estados
estruturas rígidas, a hierarquia, a subordinação, o Absolutistas (séculos XVII e XVIII), em que o
controle de procedimentos, passando a direcionar a patrimônio do Monarca se confundia com o
atuação para o controle de resultados pretendidos. patrimônio público, formando um limite muito
Mas também é necessário uma parceria com a próximo na separação entre público e privado
sociedade civil e uma maior autonomia para as (SOUZA; PRADO, 2017, p. 04)
entidades administrativas. A administração pública burocrática foi adotada
Pode-se dizer que a interação é um fator de para substituir a administração patrimonialista, que
grande importância, pois é entre Sociedade e Estado, definiu as monarquias absolutas, na qual o patrimônio
Estado pluriclasse que o indivíduo deixa de ser um público e o privado eram confundidos (BRESSER-
dado estatístico das democracias formais e abrindo-se PEREIRA, 1996).
um espaço do público não-estatal, voltadas à É essencial para o capitalismo a clara separação
administração de interesses gerais, valores centrais, entre o Estado e o mercado; a democracia só pode
como: a ética e a eficiência. Este artigo possui como existir quando a sociedade civil, formada por
cidadãos, distingue-se do Estado ao mesmo tempo em

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que o controla. Tornou-se assim necessário administração pública então vigente (BRESSER-
desenvolver um tipo de administração que partisse PEREIRA, 1998).
não apenas da clara distinção entre o público e o À medida que, no Brasil, a transição democrática
privado, mas também da separação entre o político e ocorreu em meio à crise do Estado, esta última foi
o administrador público (BRESSER-PEREIRA, equivocadamente identificada pelas forças
1996). democráticas como resultado, entre outros, do
A crise do modelo burocrático de administração processo de descentralização que o regime militar
pública, que foi introduzido no País nos anos 30, no procurara implantar (BRESSER-PEREIRA, 1998).
governo Vargas, começou ainda no regime militar, Em segundo lugar, foi a consequência da aliança
devido à sua incapacidade de extirpar as práticas política que essas forças foram levadas a celebrar no
patrimonialistas ou clientelistas da administração processo de transição democrática com grupos
(BRESSER-PEREIRA, 1998). corporativos e clientelistas, enquanto o populismo
A reforma foi iniciada pelo Decreto-Lei 200 econômico se tornava dominante (BRESSER-
numa tentativa de superação da rigidez burocrática, PEREIRA, 1998).
onde toda a ênfase foi dada à descentralização Em terceiro lugar, resultou do ressentimento da
mediante a autonomia da administração indireta pois velha burocracia contra a forma pela qual a
enxergavam uma maior eficiência da administração administração central fora tratada no regime militar:
descentralizada (BRESSER-PEREIRA, 1996). estava na hora de restabelecer a força do centro e a
O decreto-lei promoveu a transferência das pureza do sistema burocrático (BRESSER-
atividades de produção de bens e serviços para PEREIRA, 1998).
autarquias, fundações, empresas públicas e Diante do exposto, e conforme pode ser
sociedades de economia mista, consagrando e verificado em Robson Tavares; Souza (2015), apesar
racionalizando uma situação que já se delineava na de ter sido considerada superior à administração
prática. Nas unidades descentralizadas foram patrimonialista, em que era vista como uma maneira
utilizados empregados contratados pelo regime eficaz de gerar a redução, ou eliminação, de aspectos
privado de contratação de trabalho (BRESSER- como nepotismo, empreguismo e a corrupção, a
PEREIRA, 1996). administração burocrática clássica, mesmo
O Decreto-Lei 200 teve, entretanto, duas garantindo uma administração segura, foi percebida
consequências inesperadas e indesejáveis. De um como lenta, cara e que não estava relacionada aos
lado, ao permitir a contratação de empregados sem princípios que garantiam a cidadania. E, com o
concurso público, facilitou a sobrevivência de Estado capitalista tendo deixado de ser liberal
práticas patrimonialistas e fisiológicas. De outro lado, clássico e se tornou o Estado social, sua ineficiência
ao não se preocupar com mudanças no âmbito da se tornou mais perceptível, visto que o novo modelo
administração direta ou central, que foi vista buscava um setor público que se mostrasse a serviço
pejorativamente como “burocrática” ou rígida, dos cidadãos, ofertando serviços de: “educação,
deixou de realizar concursos e de desenvolver saúde, cultura, pesquisa científica e seguridade”
carreiras de altos administradores (BRESSER- (ROBSON TAVARES; SOUZA, 2015, p.140).
PEREIRA, 1996). A partir dessa necessidade, de ser mais eficiente
Segunda tentativa foi com a Constituição em para o cidadão e para a busca de resultados, é que
1988, porém, contraditoriamente com seu espírito surge o modelo de administração pública gerencial.
burocrático racional-legal, a Constituição de 1988
permitiu que uma série de privilégios fossem 3. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
consolidados ou criados. Privilégios que foram ao GERENCIAL
mesmo tempo um tributo pago ao patrimonialismo
ainda presente na sociedade brasileira, e uma De acordo com Abrucio (2010), o modelo de
consequência do corporativismo que recrudesceu administração pública gerencial surge na metade do
com a abertura democrática, levando todos os atores século XX, como uma estratégia de enfrentamento
sociais a defenderem seus interesses particulares dos desequilíbrios fiscais dos Estados, causadas
como se fossem interesses gerais (BRESSER-
devido às funções econômicas e resultado de
PEREIRA, 1998).
problemas com as mudanças tecnológicas,
O retrocesso burocrático ocorrido em 1988 não
pode ser atribuído a um suposto fracasso da financeiras e comerciais, que surgiram a partir do
descentralização e da flexibilização da administração processo da globalização.
pública que o Decreto-Lei 200 teria promovido. O Conforme Secchi (2001), a administração
retrocesso foi o resultado, em primeiro lugar, de uma pública gerencial ou nova gestão pública (new public
visão equivocada das forças democráticas que management) é um modelo normativo pós-
derrubaram o regime militar sobre a natureza da burocrático para a estruturação e a gestão da
administração pública baseado em valores de

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eficiência, eficácia e competitividade. Tais O modelo democrático de administração público
características tem feito com que os gestores públicos teve por base o modelo gerencial das empresas
busquem o desenvolvimento de uma variedade de privadas, que exige maior organização, porém, não
habilidades e conhecimentos, de modo a poder gerir perdeu o foco da defesa do interesse público, visto
as organizações públicas de maneira mais eficaz que há maiores exigências população com maiores
(LOPES et al., 2018). ações de fiscalização, intervenção e regulação, e para
De forma sintética, pode-se dizer que as tal a mesma deve se voltar a atender o cidadão em
características da administração pública gerencial diferentes esferas sociais, atuando no setor da saúde,
são: educação, lazer, previdência social, relações de
“é orientada para o cidadão e para a obtenção trabalho. Conforme os princípios do modelo de
de resultados; pressupõe que os políticos e os administração pública gerencial, a busca pela
funcionários públicos são merecedores de um melhoria dos serviços públicos é um dos aspectos
grau limitado de confiança; como estratégia, essenciais.
serve-se da descentralização e do incentivo à De forma clara, Bresser-Pereira (1998),
criatividade e à inovação; o instrumento apresentou as características do modelo gerencial:
mediante o qual se faz o controle sobre os a) orientação do Estado para o cidadão usuário
gestores públicos é o contrato de gestão” ou cidadão-cliente;
(ROBSON TAVARES; SOUZA, 2015, p. b) ênfase no controle dos resultados, através
143). de contratos de gestão (ao invés de controle de
Em contrapartida, a administração pública procedimentos);
burocrática se concentra no processo legalmente c) fortalecimento e aumento da autonomia da
definido, em definir procedimentos para contratação burocracia estatal, organizada em carreiras ou
de pessoal, bem como na compra de bens e serviços; "corpos" de Estado, e valorização de seu
não há uma preocupação em superar os quadros de trabalho técnico e político de participar,
ineficiência; e em satisfazer as demandas dos juntamente com os políticos e a sociedade, da
cidadãos, a administração pública gerencial orienta- formulação das políticas públicas;
se para resultados (PEREIRA-BRESSER, 2001). d) separação entre as secretarias formuladoras
Diante de um comparativo, é possível afirmar que de políticas públicas, de caráter centralizado, e
o modelo burocrático é auto-referente, enquanto, as unidades descentralizadas, executoras
conforme citado, o modelo gerencial volta-se para o dessas políticas;
cidadão. Robson Tavares; Souza (2015), diante desse e) distinção entre dois tipos de unidades
comparativo, citam o exemplo de agências, em que descentralizadas: as agências executivas, que
ressaltam que, na agência burocrática as ações são no realizam atividades exclusivas do Estado, por
sentido de suprir suas necessidades e perspectivas, definição monopolista, e os serviços sociais e
sem preocupação com terceiros, já no gerencialismo, científicos de caráter competitivo, em que o
as ações busca satisfazer as necessidades e poder do Estado não está envolvido;
perspectivas do consumidor. f) transferência para o setor público não-
É importante ressaltar que o modelo burocrático estatal dos serviços sociais e científicos
teve importante papel na estruturação das bases do competitivos;
aparelhamento estatal que se tem atualmente, g) adoção cumulativa, para controlar as
contudo, sua rigidez, compromete a eficiência, unidades descentralizadas, dos mecanismos
eficácia e efetividade que se espera da administração (1) de controle social direto, (2) do contrato de
pública moderna, nesse sentido, se justificou a adoção gestão em que os indicadores de desempenho
do modelo gerencial (FERREIRA; REIS; PEREIRA, sejam claramente definidos e os resultados
1997). medidos, e (3) da formação de quase-
Há no modelo gerencial, o reconhecimento do mercados em que ocorre a competição
cidadão como sujeito de direito das ações do Estado administrativa;
e, como tal, merecedor de serviços de qualidade. Para h) terceirização das atividades auxiliares ou de
tanto, de modo a suprir tal necessidade, nesse tipo de apoio, que passam a ser licitadas
administração, deve haver maior envolvimento dos competitivamente no mercado (BRESSER
servidores, assumindo um compromisso para oferecer PEREIRA, 1998 p. 42).
melhores serviços, onde torna-se essencial a O fundamento do modelo gerencial
existência de cooperação entre as partes, gerentes e contemporâneo está nos princípios de confiança e
gerenciados, todos em prol da satisfação do cidadão, descentralização da decisão, demandando formas
cliente. Conclui-se, portanto, que o modelo gerencial flexíveis de gestão que incentive a criatividade e
se desenvolve tendo por base os princípios descentralize funções evitando a antiga rigidez do
democráticos (ROBSON TAVARES; SOUZA, modelo burocrático que impedia a eficiência
2015).

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administrativa requerida pela sociedade em voga. mas sim que têm o dever funcional de atender aos
(SOUZA; PRADO, 2017). cidadãos da melhor forma possível.
De um modo geral, é possível afirmar que a É preciso também que o usuário do serviço
reforma no modelo de administração vem com o público mude sua mentalidade, se conscientizando de
intuito de melhorar o papel do Estado, bem como que pode e deve exigir um serviço célere e eficaz,
trazer melhorias no que tange à relação desse com a como deve ser. O modelo burocrático não responde
sociedade, através de novas formas de
mais às demandas da sociedade contemporânea.
funcionamento, demonstrando uma nova visão e um
novo padrão de funcionamento na administração dos
órgãos públicos. E o que se nota é que, apesar de REFERÊNCIAS
críticas que se apresentam, não se cogita a volta dos
ABRÚCIO, F. L. Desafios Contemporâneos para a
antigos modelos, apenas buscar maior eficácia
Reforma da Administração Pública Brasileira. In B.
naquilo que o modelo propõe.
G. Peters & J. Pierre (Eds.). Administração Pública.
Coletânea. São Paulo, Brasília: UNESP, ENAP.
4. METODOLOGIA
2010. Disponível em:
https://perguntasaopo.files.wordpress.com/2012/05/a
A metodologia utilizada para este artigo foi brucio_2010_desafios-contemporc3a2neos-para-a-
baseada no autor Gil (2008), onde do ponto de vista reforma-da-administrac3a7c3a3o-pc3bablica-
dos objetivos, a pesquisa é descritiva, pois brasileira.pdf. Acesso em: agosto de 2019.
proporciona uma maior familiaridade com o
problema, envolve levantamento bibliográfico. BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos. Administração
Possui natureza básica, abordagem qualitativa e pública gerencial: estratégia e estrutura para um
procedimentos técnicos utilizou-se da pesquisa novo Estado. Brasília: MARE/ENAP, 2001.
bibliográfica.
BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos. Da
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS administração pública burocrática à gerencial.
Revista do Serviço Público, Ano 47, Vol. 120, 1996.
A administração pública no Brasil foi marcada
BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos. Uma reforma
por três momentos distintos: patrimonialismo,
gerencial da Administração Pública no Brasil.
burocratização e gerencialismo. A administração Revista do Serviço Público, ano 49, 1998.
pública burocrática se concentra no processo
legalmente definido, em definir procedimentos para FERREIRA, A. A.; REIS, A. C. F.; PEREIRA, M.
contratação de pessoal; para compra de bens e I. Gestão empresarial: de Taylor aos nossos dias -
serviços; e em satisfazer as demandas dos cidadãos, a evolução e tendências da Moderna Administração de
administração pública gerencial orienta-se para Empresas. São Paulo: Pioneira Thomson Learning,
resultados. 1997.
A burocracia concentra-se nos processos, sem
considerar a alta ineficiência envolvida, porque GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social.
acredita que este seja o modo mais seguro de evitar o 6ª Edição, Editora Atlas, 2008.
nepotismo e a corrupção A reforma gerencial de 1995
LOPES, A. E. M. P. et al. A importância do papel
conseguiu instaurar um novo modelo de
gerencial para administração pública: um estudo de
administração à máquina estatal, que se propunha a caso do gestor da Universidade Federal do Pará
promover o aumento da qualidade e da eficiência dos Campus Bragança – PA. In: Ágora: R. Divulg.
serviços oferecidos pelo Poder Público aos cidadãos. Cient., v. 23, n. 1, p. 95-115, jan./jun. 2018.
A nova reforma, não deixou de lado a
burocratização, se valendo desta para manter o ROBSON TAVARES, A. C.; Souza, SOUZA;
controle e evitar os abusos e a corrupção. Entretanto, M.V.P.; A Percepção Holística da Administração
como sabemos o patrimonialismo nunca deixou de Gerencial no Serviço Público. In: Revista de
fazer parte da cultura administrativa brasileira, Administração Geral. v.1, n.2, p.138-153. 2015.
comprometendo a eficiência da prestação do serviço Disponível em:
público. https://periodicos.unifap.br/index.php/administracao/
A solução para esse problema seria então mudar article/view/2111/1167. Acesso em agosto de 2019.
a mentalidade dos administradores públicos, para que
SECCHI, L. Modelos organizacionais e reformas da
não mais se considerem os donos da coisa pública,
administração pública. Revista de Administração

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Pública, Rio de Janeiro 43(2):347-69, MAR./ABR. https://app.uff.br/riuff/bitstream/1/6362/1/Deisiane%
2009. 20do%20Nascimento%20-
%20Edycarlos%20de%20Souza.pdf. Acesso em
SOUZA, D. N.; PRADO, E. S. Atuação da agosto de 2019.
Administração Pública Gerencial no Brasil Após a
Reforma Bresser (trabalho de conclusão – artigo RESPONSABILIDADE AUTORAL
científico). Volta Redonda, RJ: UFF/ICHS, 2017. “Os autores são os únicos responsáveis pelo
Disponível em: conteúdo deste trabalho”.

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ANÁLISE DE UMA HISTÓRIA DE VIDA ATRAVÉS DA PSICOLOGIA
SOCIAL LATINO-AMERICANA
NETO, Vítor Luiz, vitorluiz.neto@gmail.com¹

PAULINO, Keytli Cardoso; keytlipaulino@hotmail.com²

TEIXEIRA, Isabela Victória²

SANTOS, Uilma Viuhene Soares dos²

MORAES, Bárbara Lúcia²

¹Universidade de Brasília/Instituto de Psicologia/Departamento de Psicologia Clínica

²Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Biotecnologia

Resumo: A Psicologia Social é um dos ramos de estudo que traz um novo olhar sobre a identidade do homem
e que conduz ao raciocínio de que a última se trata de um produto sócio-histórico. O presente trabalho
objetiva apresentar alguns construtos teóricos da Psicologia Social latino-americana acerca da constituição
do sujeito e sua identidade e, através destes, fazer uma análise de uma história de vida. Para a elaboração do
estudo foi realizada uma entrevista de livre estruturação com um sujeito do sexo feminino e com o nome
fictício de Ana, que possui 50 anos e reside em uma cidade do interior de Goiás. Como resultado, obteve-se
uma análise na qual foi possível destacar as ideias apresentadas e constatar que propostas com as mesmas
perspectivas podem contribuir não somente para uma reflexão sobre ideais estabelecidos pela sociedade,
como, também, para a promoção de possibilidades de transformação de princípios cristalizados que impedem
a emancipação do sujeito.

Palavras-chave: Psicologia social latino-americana. História de vida. Constituição do sujeito. Identidade.


Emancipação.

1. INTRODUÇÃO Segundo Lane (1989) as instituições que


constituem a sociedade, sejam elas educacionais,
A Psicologia Social latino-americana elabora jurídicas, políticas ou religiosas, são precursoras dos
uma concepção de sujeito que ultrapassa o ser ideais da comunidade, uma vez que elas são
biológico e trabalha com a compreensão de que há formadas pelos indivíduos e estes, por sua vez,
um ideal de uma sociedade e uma estrutura vigente. internalizam tais proposições que ressoam nas suas
Assim direciona um olhar sobre a própria identidade relações e escolhas individuais. Dentro deste
do homem que leva à examinação desta como um contexto o sujeito pode se apresentar de forma mais
produto histórico-social (BOCK et al., 2007). ativa ou passiva, causando ou não transformação a
Partindo deste entendimento, o presente trabalho esse meio em que convive.
visa discutir e analisar a história de vida de um Se as decisões que cada pessoa toma possuem
sujeito sob a ótica das teorias da Psicologia Social influência dos ideais das instituições das quais
latino-americana que versam sobre a construção da participam, esses reflexos podem ser observados em
identidade e do sujeito histórico, considerando os suas atividades, no plano da ideologia. Essa
conceitos de instituição, alienação e consciência de reprodução ideológica se estende a todos os
Lane (1989); identidade, mesmice e mesmidade de conceitos que o homem forma dentro de si, sejam
Ciampa (1989); metamorfose, identidade política, sobre ele mesmo ou sobre a sociedade. Todavia, não
emancipação e projeto de vida de Dantas e Ciampa se pode afirmar que a sua subjetividade esteja
(2014); política de identidade de Goffman determinada por ideais propagados e que só esse
(1963/1988); e vida cotidiana, suspensão e elevação fator influencia na construção das imagens sociais,
de Heller (1985). Tais concepções estão pois, mesmo que esteja inserido nessas instituições,
apresentadas a seguir. o indivíduo também pode e deve investir em

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reflexões para identificar paradoxos e contradições, permitindo a formação de novas identidades em
tornando-se consciente dessas representações sociais harmonia com as identidades anteriores. Assim está
e de suas atividades (LANE, 1989). constituída a metamorfose (progressiva) e o seu
Seguindo essa lógica, o conceito de alienação é oposto seria o desfavorecer da emancipação do
proposto como uma forma de naturalização das sujeito, fazendo-o retornar a uma mesmice
coisas que descartam seu contexto histórico por (metamorfose regressiva). Assim, o sintagma
aderirem a uma explicação repassada. A mera identidade-metamorfose-emancipação, de acordo
reprodução inconsciente e a improdutividade ou com Ciampa (2010) citado por Dantas e Ciampa
passividade revelam o impedimento da elevação, (2014), diz respeito ao movimento que permite gerar
colocando o sujeito diante da alienação da vida fragmentos de emancipação, proporcionando algo
cotidiana (LANE, 1989). Para superar essa posição, perto de uma vida livre e boa, de modo que a
Lane (1989) traz o conceito de consciência de classe, emancipação em si seria uma autonomia de vida sem
que é definido como um processo que se manifesta influências coercitivas.
quando os sujeitos começam a refletir sobre quais De forma semelhante, Goffman (1963/1988)
são os ideais influenciadores que afetam um mesmo trabalha o conceito de política de identidade
grupo, o que pode contribuir para o movimento da relacionando-o com o de estigma, sugerindo,
conscientização social e de si. O mediador entre a também, que indivíduos estigmatizados são
alienação e a consciência que pode possibilitar a impelidos a tomar uma política de identidade
mudança é a linguagem, pois é através dela que se afirmando um jeito de ser e agir inautêntico e
atribui sentido àquilo que é vivenciado, do mesmo comum a todos (apud DANTAS, 2017). Através
modo em que é através da mesma que esses ideais desses padrões, as políticas de identidade se
cristalizados são perpetuados, explícita ou configuram como instrumentos para monitorar e
implicitamente. dominar as pessoas, e não como algo inato. Além
Nessa perspectiva, a identidade do sujeito é disso, o fator do exogrupo nomeado por Goffman
apresentada em suas próprias narrativas de história (1963/1988), conforme citado por Dantas (2017),
de vida, conforme Ciampa (1989). O narrador se impossibilita as condições necessárias para o
esconde por trás de um personagem, mas se revela surgimento de metamorfoses emancipatórias, porém
através dos outros participantes da narrativa, pois a existem outras políticas de identidade que são
identidade, que é resultado da história coletiva, é dirigidas pela busca à autonomia.
uma representação descrita no modelo de narrativa Contrapondo ao conceito de políticas de
que forma e é formada por outras identidades. A identidade na construção e constituição do sujeito,
representação está sempre em processo de Ciampa (2002, p. 139, apud DANTAS, 2017, p. 6)
construção, assim a identidade é o próprio apresenta o conceito de identidade política: é aquela
movimento de se identificar através de um processo entrelaçada em “lutas pela emancipação de
social. A identificação dada pelos papéis sociais diferentes grupos sociais, que, em sua ação coletiva
"pressupõe um processo anterior de representação revelam velhas ou novas opressões”. A construção
que faz parte da constituição do indivíduo de uma identidade política participa
representado" (CIAMPA, 1989, p. 65). Logo, a significativamente do processo de emancipação, pois
identidade é, simultaneamente, consequência e demanda que o sujeito se associe a grupos que,
condição para esse papel ocupado. embora possuam ideais, não visam as imposições
Embora seja algo inacabado, a identidade destas, e sim a promoção de um “espaço para o
estabelecida anteriormente pelo contexto social em exercício de sua autonomia, por meio do seu
que se está inserida é re-posta pelo cotidiano e ela processo de individuação” (DANTAS; CIAMPA,
acaba sendo vista como um produto e não como um 2014, p. 142). Uma vez construída a identidade
processo de produção. Essa visão de produto resulta política, o caminho da emancipação encontra-se
em uma representação de alguém igual a si mesmo, disponível. Pode-se dizer que na emancipação é
permanentemente, dando condições para a mesmice. possível analisar o projeto de vida (e sua consciência
Mesmice diz respeito a essa identidade posta que é e autonomia) que orienta o modo de exercer a
re-posta sempre, perpetuando uma mesma identidade política de um indivíduo, seu caminho
identificação (CIAMPA, 1989). percorrido, sua atitude em relação a sua vida, o
Há possibilidades de tornar-se uma nova versão quanto é impulsionado pelo seguimento às políticas
representante de si quando se deixa de manter uma de identidade e o quão favorável está à lógica
identidade estabelecida anteriormente para expressar instrumental (DANTAS; CIAMPA, 2014).
outra versão de si mesmo, mas que também não Conforme Dantas e Ciampa (2014), as histórias
deixa de ser o próprio sujeito. Esse “outro que de um homem somadas ao seu projeto de vida
também sou eu” (CIAMPA, 1989 p. 70) é a trazem elementos para avaliar a existência ou não de
mesmidade e expressá-la significa promover a fragmentos de emancipação e, além disso, reforça-se
superação da identidade pressuposta (mesmice), a ideia de que um estudo de identidade não deve

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estar limitado ao passado daquele. A escuta de uma chances de ocorrência da suspensão progressiva, de
fala sobre a história pessoal é a melhor ferramenta modo a conquistar uma emancipação.
para que o pesquisador possa compreender a
construção que esse indivíduo faz e de analisar a 2. METODOLOGIA
existência ou não de um projeto de vida que
contempla a possibilidade de metamorfose. Para a elaboração do trabalho foi realizada uma
A vida cotidiana é constituída por aspectos da entrevista não-estruturada com o propósito de obter
singularidade do sujeito, tais como seus afetos, uma narrativa da história de vida de um sujeito
ideologias, capacidades, habilidades e sentimentos, identificado como Ana com objetivo de preservar
que são atividades homem-genérico resultantes da sua identidade. Ana tem cinquenta anos de idade,
integração social. São essas que permitem que ele sexo feminino, casada, dois filhos, residente em uma
faça “sua própria história, mas em condições cidade do interior de Goiás e trabalha com
previamente dadas” (HELLER, 1985, p. 1) e são, confeitaria de bolos. A entrevista ocorreu em
fundamentalmente, identificáveis pelo pesquisador - fevereiro de 2018, teve duração de aproximadamente
aquele quem verifica as possibilidades na relação uma hora e perpassou temáticas como infância,
atividade-consequência de determinado sujeito, se eventos e mudanças significativas, educação,
caminha ou não no sentido de uma conscientização sexualidade, religião, profissão e planos futuros,
da união particular-genérico, da emancipação iniciando-se imediatamente após o esclarecimento
(HELLER, 1985). dos objetivos do estudo e a assinatura do Termo de
Então, pode-se compreender como suspensão Consentimento Livre e Esclarecido.
do cotidiano o encerramento da alienação para a
tomada de consciência e a preponderância ou não do 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
próprio eu e de suas demandas sobre o compromisso
social, a moralidade, os costumes e quaisquer outras 3.1. História de vida
intimações sociais, pois o que define o sujeito em
suspensão não é a anulação da sua particularidade ou Ana ficou livre para iniciar sua fala, que foi
da genericidade. Então, tanto mais questões bastante fluida. Os assuntos surgiram conforme sua
genericamente humanas estiverem envolvidas no própria condução da narrativa. Começou a contar
processo, mais se saberá quando o sujeito é capaz de sua história de vida falando que nasceu na fazenda
fazer escolhas, planejar e agir partindo da análise de seus pais, onde havia uma lavoura e criação de
consciente do seu eu (HELLER, 1985). gado pequeno. Mudou-se para a cidade com 26 anos,
A elevação é o primeiro momento de saída para quando se casou, dizendo que foi “já de idade”.
atingir a transformação das escolhas e Conheceu seu marido em uma festa de roça
comportamentos cristalizados que foram se tradicional da região. Eles namoraram por dois anos
formando na cotidianidade, juntamente a uma até se casarem oficialmente na Igreja Católica e
análise das situações e de suas consequências. O possuem dois filhos, sendo um jovem de 23 anos e
encerramento da unidade como tendência se dá pela uma jovem de 18.
aliança entre a particularidade e a genericidade, A entrevistada descreveu sua família como
dando origem a uma individualidade unitária a partir muito tradicional e religiosa. Sempre ia às festas
da qual o sujeito pode escolher seu modo de vida e a acompanhada de seus pais e após completar 16 anos
comunidade da qual quer fazer parte (HELLER, de idade passou a ir com seus irmãos. Só pôde
1985). namorar aos 18 anos e conta que não poderia haver
Logo, existem situações em que o plano da ação contatos mais íntimos como beijos ou encontros à
se transforma porque alguma força foi noite. Teve seu primeiro namorado aos 14 anos,
predominante, e é nesse ponto que se inicia a saída quem conheceu na escola; eles tiveram que se
da cotidianidade. Portanto, de acordo com Heller relacionar de forma furtiva. Já nesse momento da
(1985), a elevação é o caminho para a suspensão do entrevista, Ana concluiu que não adiantou nada a
cotidiano, sendo necessário construir algo a partir do educação tradicional e conservadora que seus pais
que é dado para que não haja uma reprodução lhe impunham porque, de qualquer forma, ela
mecânica (mesmice). Em suma, o que se fala aqui é engravidou antes de se casar. Disse que não tinha
de um processo que dá possibilidades para uma com os seus pais a liberdade para conversar sobre
suspensão progressiva (conquista da assuntos como sexualidade e prevenção e que cria
autonomia/emancipação) ou regressiva (retorno à seus filhos de forma diferente de como foi ensinada.
mera reprodução), partindo da hipótese de que o Apesar da gravidez inesperada, Ana relatou que
movimento de analisar princípios ao longo de sua não se arrepende de ter engravidado e que não houve
própria história de vida pode contribuir para a pressão por parte de seus pais para que o casamento
elevação e, por consequência, para o aumento das ocorresse. Ainda que seu pai tenha sido muito rígido

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e sistemático na educação dos filhos, ele se mostrou marido ajuda, apesar de trabalhar em dois serviços: é
muito amigo naquele momento e disse que, se ela motorista na área de saúde e também trabalha na
não quisesse se casar, ele cuidaria dela e de seu filho duplicação de estradas.
da mesma maneira. Mesmo assim, Ana optou pelo Ana é a segunda de quatro filhos, tem dois
casamento. Ela e seu marido ficaram morando por irmãos e uma irmã. Seu irmão mais velho, que
um ano na fazenda e depois migraram para cidade, faleceu por infarto, era advogado e foi trabalhar e
onde moraram por, aproximadamente, dez anos em estudar na cidade ainda em sua juventude. Sua irmã,
uma casa cedida pelo pai dele. conforme já dito, foi estudar na cidade, mas quando
Voltando para a sua infância, Ana disse que a casou, cessou seus estudos. O irmão mais novo
época de seus estudos foi muito penosa. Ela cursou apenas o primeiro grau. Aos filhos homens, o
estudava em um distrito próximo à cidade. Tinha pai imputava os estudos, já às filhas mulheres, era
que ir e voltar a pé. Estudou até a oitava série, não dito que não precisavam.
tendo a oportunidade de concluir seus estudos. Não A entrevistada reconheceu que seu pai foi muito
havia qualquer ônibus disponível para que ela bom para ela e que houve reciprocidade, mas
pudesse fazer o segundo grau na cidade e seu pai acrescentou que guarda uma pequena mágoa, porque
não a deixou morar lá com a sua avó. Ana destaca a sua vida teria sido diferente se ele tivesse
que queria muito ter estudado mais. permitido que ela estudasse, teria mais
Quando sua irmã mais nova terminou o ensino oportunidades. Por esse motivo, ela faz tudo para
fundamental, aproximadamente quatro anos depois que seus filhos possam estudar.
de Ana encerrar os estudos, já havia um ônibus que Disse que conversa com seus filhos e que é
levava as pessoas à cidade. Sua irmã utilizou desse liberal, porém rigorosa em alguns aspectos. Seu filho
recurso por um ano, mas quis interromper os estudos namora faz 7 anos, mas ela não se preocupa porque
por vontade própria. Quando questionada, Ana falou ele é calmo e “tem a cabeça muito no lugar”. A
que o motivo para não continuar os estudos não foi preocupação com a sua filha é maior e fala que esta
falta de insistência da sua parte com seu pai e que namora há 3 anos, que é tranquilo, mas que ela é
ele já não pensava da mesma forma quando a “estressada” e, então, precisa “ficar no pé” dela a
situação foi com a sua irmã. Disse ainda que quando todo instante. Mas diz “a gente conversa tudo,
a irmã começou o ensino médio ela pensava que sobre sexo, sobre tudo” com os dois. Seu marido
estava velha para estudar, que não adiantava tentar participa dessas conversas, mas em menor
acompanhá-la. Relatou que se arrependeu de sua intensidade, por conta do seu trabalho. Ana contou
decisão e que se tivesse estudado sua vida teria sido que preserva mais sua filha e não aceita nenhum dos
outra. dois trazer o(a) namorado(a) para dormir em casa,
Em muitos momentos de seu relato, Ana fez apesar de saber que é normal. Ela não gosta que seu
uma contraposição entre a sua criação e a criação de filho durma na casa da namorada e briga quando isso
seu marido. A família dele, é descrita como liberal. ocorre. Já sua filha em hipótese alguma aceita que
Disse que ele era “meio bagunceiro” e que durma junto com o namorado. “Tudo tem que ser
aproveitou bem a vida. Ana falou que seu assim, mas eu sou liberal”. Enquanto falava, Ana
companheiro teve a oportunidade para estudar e reconheceu que com sua filha há uma maior
desperdiçou, já que o pai sempre o incentivava. interdição. Ela tinha medo de que sua filha
Quando o casal se conheceu ele já tinha uma filha. engravidasse aos 13/14 anos, mas agora a moça é
Após seu casamento e a vinda para a cidade, maior de idade e ela acha que “se a gravidez vier é
Ana fez um curso de computação e vários de porque ela já sabe o que quer”.
confeitaria, área da sua atual profissão, e aproveita Ana diz que antes de seu pai falecer
as novidades sempre que surgem oportunidades. Seu recentemente, no final do ano de 2017, sua rotina era
gosto por cozinhar vem da época da fazenda, na qual mais corrida, já que ela cuidava dele desde o
ela diz que teve que aprender a cozinhar. Ela e sua falecimento da mãe, há 13 anos. Ela disse que está
irmã cuidavam de tudo da casa, “porque tinham que um pouco perdida porque tem um sonho de abrir
aprender”, segundo ela, e às vezes ajudavam até na uma loja para vender pedaços de bolos e bolos
lavoura. pequenos, só que antes não podia porque em sua
Na fazenda cada um dos irmãos tinha sua rotina tinha um compromisso com seu pai. Ela o
função. Sua mãe estipulava entre as mulheres: uma levava ao médico três vezes na semana e cuidava
cuidava da casa a outra lavava a roupa, e na semana dele na fazenda da família. Talvez agora ela vá
seguinte se invertia. Os rapazes ajudavam a cuidar prosseguir com esse projeto.
dos cavalos. “Homem tinha seu serviço e não podia Ela contou que agora vai aproveitar mais a vida,
cuidar de casa, mas hoje não é bem assim, homem porque antes ela recusava oportunidades de viagens
ajuda em casa” e Ana disse que estipula isso dentro por causa de seu pai. Ela já viajou muito,
do seu lar, onde cada um tem a sua função, “não tem principalmente quando seu marido trabalhava de
disso de só a mulher na cozinha”. Disse que seu caminhoneiro, época em que sua mãe e seu pai eram

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saudáveis e um podia cuidar do outro. Quando sua juventude "só mulher cuidava de casa e homem
mãe faleceu, pegou para si a obrigação de cuidar do tinha que trabalhar na roça", enquanto na
pai. “A gente tem que aproveitar a vida porque ela atualidade acha normal homem ajudar em casa.
não leva a nada”, Ana conclui, falando que seu pai Sobre as atividades domésticas, conclui-se que na
deveria ter aproveitado mais a vida enquanto estava época o que houve foi uma suspensão regressiva,
com saúde e mais novo. pois ela estava consciente de que não
Por fim, os planos de Ana são de continuar com necessariamente a mulher deveria assumir essa
as encomendas dos bolos e tentar abrir a lojinha, responsabilidade, mas não se emancipou.
porque é uma coisa que ela sabe e gosta de fazer, Em seguida, Ana relata que seu desejo era ter
mas não tem estabelecido um prazo para realizar continuado a estudar, mas que não tinha coragem
esse sonho. Sua vida ainda está desorganizada para enfrentar o seu pai para que ele pudesse deixá-
porque tem que resolver as pendências da fazenda. la concluir seus estudos na cidade. Esse
Diz que seu pai tinha o desejo de que ela pudesse enfrentamento poderia constituir uma nova
passar o bem para os seus filhos, ensiná-los a identidade, só que ela optou por obedecer ao pai,
preservar para que também ensinassem aos filhos reforçando a identidade posta de filha obediente.
deles. Ela planeja reformar a sede e talvez morar lá, Logo, ela não se libertou das políticas de identidade
futuramente, quando a sua filha iniciar a faculdade. que lhe impunham sobre não precisar estudar por ser
mulher, como dizia o seu pai, e mesmo depois
3.2. Análise quando ele estava mais flexível ela não o fez, porque
se considerava “já de idade”, apresentando,
A identidade de Ana apresenta-se como novamente, a re-posição de sua identidade
mesmice no início da narrativa, uma vez que ela (mesmice).
repôs sua identidade de ser filha, dada Ao se mudar de cidade com sua família, Ana fez
anteriormente, durante 26 anos. Sua condição cursos de curta duração que a qualificam como
posterior, de uma possível mesmidade ao mudar de confeiteira de bolos. Essa superação da mesmice
casa, não necessariamente pode ser vista como através da mesmidade caracteriza uma metamorfose
fragmentos de emancipação, pois a mesmidade se progressiva na vida de Ana, que proporciona a ela
deu em um contexto coercitivo, a gravidez não um meio de renda própria, constituindo fragmentos
planejada. Assim, há uma configuração de uma de emancipação.
metamorfose regressiva, pois há o retorno à Outra questão de análise diz respeito à
condição de alienação: Ana casa-se e adquire uma afirmação de que não havia liberdade para conversar
nova identidade, ser esposa, que passa a ser re-posta. sobre determinados assuntos com seus pais, pois
Quando sua mãe morre, volta a reafirmar a Ana se diz diferente ao buscar ser totalmente o
identidade de filha, pois passa a cuidar de seu pai e oposto. Esta afirmação constituiria uma suspensão,
dedicar a maior parte de seu tempo a ele. Inclusive porém, trata-se de uma suspensão regressiva, pois
gostaria de viajar, mas nunca ia, pois seu pai não embora reforce ser liberal e reconheça nisso uma
gostava de ir junto, o que caracteriza a metamorfose virtude, se contradiz em vários momentos de sua
regressiva. fala, alegando que preserva mais a sua filha por ela
A presença da Igreja Católica como instituição ser mais nova e menos responsável, demonstrando
religiosa se torna presente em seus valores, mas Ana medo de que ela engravide. Contudo, no começo da
não mostrou total alienação às circunstâncias narrativa, Ana diz que de nada adiantou a educação
impostas ao estigma de ser mulher, afirmando que tradicional e conservadora que seus pais lhe
namorava escondido e que se casou grávida. O impuseram porque, de qualquer forma, ela
ambiente escolar foi escolhido para burlar o sistema engravidou antes de se casar. Pode-se observar a
de regras imposto pelos pais, quando na sua fala ela reprodução do mesmo discurso do seu pai na vida de
diz que seu pai permitiria algum namoro apenas sua filha, mas não de forma consciente.
depois dos dezoito anos de idade, mas afirma ter sua É evidente a contradição nessa consciência em
primeira experiência amorosa com quatorze anos na que afirma ter, principalmente em relação à filha,
escola. Além disso, no discurso de Ana fica evidente com quem afirma ser mais rígida porque é impulsiva
o contraste entre a política de identidade de sua e “cabeça quente”, mas já não é tão rígida com o
família, que afirma ser totalmente conservadora, e a filho, pois diz que ele tem a “cabeça fria”. Não
política de identidade da família de seu marido, permite que ambos durmam na casa dos namorados
liberal e “bagunceira”. ou os traga para dormir em casa e quando seu filho
A situação da sua experiência de vida gerou desobedece, fica brava e o repreende, mas sua filha
certa consciência a determinadas regras impostas, em hipótese alguma pode desobedecer a essa regra.
exemplificando isto ao contar sobre a abertura que A contradição em seu discurso se dá no momento
tem com os filhos para falar sobre determinados em que ao ser questionada nesse assunto permanece
assuntos e, também, quando diz que na época da sua com a mesma resposta sem ceder uma verdade, para

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não ter que se deparar com a verdadeira forma de ressignificação e posicionamento frente aos ideais e
alienação fixada em seus valores sobre o papel de atitudes relacionados às identidades compelidas e
uma mulher. Apesar dessa incoerência, mostrou naturalizadas, tais como aquelas relacionadas aos
consciência em relação às atividades que possam ser papéis de gênero e aos estigmas e discriminação de
exercidas pela filha, com o total apoio aos estudos. raça, idade, credo e orientação sexual.
O principal projeto de vida de Ana é abrir sua
lojinha de bolos. Esse projeto proporciona em
REFERÊNCIAS
alguma parte fragmentos emancipatórios, pois
poderá construir a sua história de forma livre, não
BOCK, A. M. B. et al. Sílvia Lane e o projeto
coercitiva e de acordo com o seu anseio. Contudo, a
"Compromisso Social da Psicologia". Psicol. Soc.
justificativa de serem apenas fragmentos é por ela só
Porto Alegre, v. 19, n. spe2, p. 46-56, 2007.
recorrer a essa opção devido a sua condição de não
Disponível em:
possuir escolaridade suficiente para fazer outras
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&p
coisas que desejaria, como prestar concursos, e à
id=S0102-71822007000500018&lng=en&nrm=iso.
morte de seu pai, quem tomava grande parte do seu
Acesso em: 02 de set. 2019.
tempo e esforços diários. Além disso, possui planos
CIAMPA, A. da C. Identidade. In: LANE, S. T. M.;
de viajar mais e zelar pela sede da fazenda em que
CODO, W. (Org.). Psicologia Social: o homem em
seu pai morava, deseja se responsabilizar pelos
movimento. 8. ed. São Paulo: Editora Brasiliense,
cuidados ao que parece o maior patrimônio que
1989. Cap. 6. p. 58-77.
possui de valor sentimental. A identidade política
DANTAS, S. S.; CIAMPA, A. C. Projeto de vida e
que dá suporte a esse propósito é a constatação de
identidade política: um caminho para a
que “deve-se aproveitar a vida porque ela não leva
emancipação. Revista de Psicologia, Fortaleza, v. 5,
a nada”.
n. 2, p. 138-152, jul./dez. 2014. Disponível em:
http://www.periodicos.ufc.br/psicologiaufc/article/vi
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
ew/1482. Acesso em: 02 set. 2019.
DANTAS, S. S. Identidade política e projetos de
Foi possível observar nos relatos da história de
vida: uma contribuição à teoria de Ciampa. Psicol.
vida de Ana como se deu o processo de construção
Soc., Belo Horizonte, v. 29, e172030, 2017.
de identidade em seus variados e simultâneos
Disponível em:
movimentos. Verificou-se diversas atitudes
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&p
propensas à metamorfose, todavia nem sempre de
id=S0102-71822017000100412&lng=en&nrm=iso.
forma progressiva ou que suspendesse
Acesso em: 02 set. 2019.
completamente a vida cotidiana de modo a favorecer
HELLER, A. O Cotidiano e a História. 2 ed. Rio
a emancipação, embora tenha proporcionado alguns
de Janeiro: Paz e Terra, 1985.
fragmentos. Tais episódios apresentaram a
LANE, S. T. M. A Psicologia Social e uma nova
contradição necessária para que,
concepção do homem para a Psicologia. In: LANE,
predominantemente, ocorresse a transformação
S. T. M.; CODO, W. (Org.). Psicologia Social: o
parcial da vida cotidiana, saindo parcialmente do
homem em movimento. 8. ed. São Paulo: Editora
estado de alienação social diante de alguns papéis
Brasiliense, 1989. Cap.1. p. 10-19.
sociais.
_____________. Consciência/alienação: a ideologia
Assim, pode-se pensar que a Psicologia Social
no nível individual. In: LANE, S. T. M.; CODO, W.
latino-americana, através de sua contribuição para
(Org.). Psicologia Social: o homem em
uma visão de sujeito que ultrapasse o nível
movimento. 8. ed. São Paulo: Editora Brasiliense,
individual, torna possível a análise da narrativa de
1989. Cap.4. p. 40-47.
um sujeito para tentar compreender quais são as
_____________. Linguagem, pensamento e
construções sociais que refletem em suas atitudes e
representações sociais. In: LANE, S. T. M.; CODO,
quais as tentativas de emancipação do que é imposto
W. (Org.). Psicologia Social: o homem em
por diversos papéis sociais estabelecidos pelas
movimento. 8. ed. São Paulo: Editora Brasiliense,
instituições.
1989. Cap.3. p. 32-39.
Ademais, pode-se concluir que análises que
sigam estas mesmas perspectivas podem promover
RESPONSABILIDADE AUTORAL
oportunidades para que o próprio sujeito tome
consciência de si e dos aspectos que influenciam seu
“O(s) autor(es) é(são) o(s) único(s) responsável(is)
cotidiano, o que pode colaborar não só para
pelo conteúdo deste trabalho”
fragmentos de emancipação, como também para a

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ANÁLISE QUANTITATIVA E SÓCIO DEMOGRÁFICA DOS
HOMICÍDIOS EM CATALÃO E ADJACÊNCIAS
Rocha Campos, Marcelo, wimarcelo@hotmail.com
Rocha, Guilherme Luiz, guilherme.avep@gmail.com¹
1
Centro Universitário Una/Campus Santa Cruz/Catalão

Resumo: A proposta dessa breve pesquisa é quantificar, categorizar os tipos, meios e vítimas de homicídio na
cidade de Catalão, Goiás. Nos anos de 2016; 2017 e 2018. Verificando quantidade geral de homicídios, depois
separando por gênero, idade, locais do crime e de residência das vítimas, meios utilizados, raça e
proporcionalidade dos homicídios decorrentes de intervenção policial. Para posteriormente discutir sobre os
motivos e sazonalidades constatadas nesta pesquisa.

Palavras-chave: Criminologia. Homicídios. Vítimas. Catalão.

__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO de abordagem macrossociológica e


Ao se estudar o homicídio, devemos analisar de não mais bio psicológica do
forma crítica, as seguintes variáveis do delito: O fenômeno da criminalidade. ”
autor, a Vítima e o Contexto Social. Este estudo visa (BECKER, 1996)
trazer a luz dos conhecimentos os aspectos das
vítimas de homicídios na cidade de Catalão e No entanto, suas teorias não se comprovam
totalmente quando confrontadas com as estatísticas
municípios circunvizinhos, nos anos de 2016, 2017 e
brasileiras, nem com os dados encontrados nesta
2018, assim como as variações sazonais dos delitos
pesquisa documental. Ora, como o crime é um evento
nesse período, meses de maior incidência, local de social, era esperado que houvessem divergências de
maior incidência, sexo e faixa etária das vítimas uma região para outra, quanto mais de um país para
outro. Questões culturais e sociais devem ser
“Estudar Criminologia é buscar consideradas antes de se desenvolver teorias que
melhor conhecer, entre outros ambicionem explicar um fenômeno tão complexo e
temas relacionados, os meios angustiante como a prática de ato culturalmente
formais e informais de combate ao condenável, principalmente de maneira generalizada.
crime. ” (KRUPAT apud FREITAS, Por isso é importante, quando se importa uma
2002, p.35). teoria, considerar as diferenças socioculturais, antes
de implementar políticas públicas de segurança, pois
As questões criminogênicas são alvos de diversas a implementação pode ser um fracasso e a teoria ser
pesquisas no Brasil e no mundo, estudiosos e políticos erroneamente apontada como ineficiente.
tentam entender as razões pelas quais crimes Os dados sobre os homicídios em uma cidade são
acontecem, na intenção de buscar meios de prevenção de fundamental importância para implantação de uma
de infrações penais. política de prevenção de assassinatos, focada e
Tais pesquisas já geraram algumas teorias sobre descentralizada, que busca de forma eficiente reduzir
o porquê o crime acontece. Teoria Ecológica; Teoria os índices de criminalidade e proporcionar a
Espacial; Teoria da Janela Quebrada; Teoria da população local, principalmente às classes mais
Tolerância Zero; Teoria da Rotulação e Teoria Crítica pobres, que são os que mais sofrem com o aumento
são algumas das contribuições que tentam explicar o da violência, uma sensação de segurança e
fenômeno da criminalidade. A Escola de Chicago é a consequentemente aumento da qualidade de vida das
mais proeminente na área com renomados autores pessoas.
sendo citados em todo o mundo ocidental.
“A cidade não é apenas um
“A chamada Escola de Chicago amontoado de homens individuais e
é apresentada como uma das de convenções sociais decorrentes
primeiras correntes de pensamento do agrupamento humano, ela é
dentro da Criminologia, que parte

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também um estado de espírito.” Também foi possível separar por gênero, cor,
(SHECAIRA, 2004, p. 151) idade, estado civil, domicílio, local da violência,
mortes decorridas de intervenções policiais.
Portanto a pesquisa focalizada no município tem
o objetivo de auxiliar as autoridades estaduais e Figura 1. Gráfico de colunas com amostras de homicídios
municipais quanto ao problema da violência, gerais e por gênero dos anos de 2016, 2017 e 2018 da
proporcionando a elas informações capazes de região de Catalão.
fundamentar tomadas de decisões que possam
prevenir que crimes aconteçam.
HO MI CÍ DI O S PO R G Ê NE RO
2. METODOLOGIA
Geral Homem Mulher
O presente Relato de Pesquisa se baseou em

52
consulta ao banco de dados do 8º Núcleo Regional de

46

45
41
Polícia Técnico Científica de Goiás acerca dos

24
20
homicídios ocorridos no município de Catalão nos

4
anos de 2016, 2017 e 2018. Os dados foram

3
sistematizados e agrupados em sexo, idade, região da
2016 2017 2018
cidade e época do ano e armas utilizadas. Dados para
fins comparativos sobre calendário de eventos sociais Fonte: Polícia Técnico Científico de Catalão,
de grande porte na cidade, férias escolares, períodos Goiás. 2019.
chuvosos ou quentes também foram consultados para Figura 2. Gráfico de colunas com os homicídios
fins de comparação. Além de uma revisão separados por cor, nos anos de 2016, 2017 e 2018 em
bibliográfica nos principais autores da temática região e catalão.
criminologia.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
HO MI CÍ DI O S PO R CO R
A região pesquisada engloba quinze municípios Branca Parda Negra
nos anos de 2016 e 2017, composta por uma
população total estimada de 210,435 habitantes
29

25

segundo IBGE (2019) no sítio eletrônico


17

14
13

cidades.ibge.gov.br. Em 2018 a região atendida pela


7
6

4
Polícia Técnico Científica foi reduzida a onze
municípios, nesse ano a população total estimada pelo 2016 2017 2018
IBGE é 164,576 habitantes (2019).
A partir daí foi contabilizado o número de Fonte: Polícia Técnico Científica de Catalão, Goiás.
homicídios na região e feito a estatística para cada 2019
cem mil habitantes, método que visa neutralizar as Figura 3. Gráfico de colunas com os tipos de armas
densidades populacionais, proporcionando uma visão mais utilizados para prática de homicídios, nos anos de
mais realista sobre o nível de violência de um 2016, 2017 e 2018.
determinado lugar, abaixo a tabela dos homicídios no
Brasil, Goiás e região de Catalão nos anos de 2016,
T I PO S DE A RMA S
2017 e 2018.
UT I LI ZA DA S
ANO Homicídios Homicídios Homicídios
Brasil Goiás Catalão e Armas de fogo Armas Brancas Outros meios
região
39
36

2016 30,3/100 25,5/100 24,7/100


13
11

10

mil mil mil


6
5

1
0

2017 31,6/100 43,9/100 21,3/100


mil mil mil 2016 2017 2018
2018 24,7/100 28,8/100 14,5/100
Fonte: Polícia Técnico Científica de Catalão, Goiás,
mil mil mil 2019.

No gráfico acima a legenda “Outros meios” refere


se a esganadura, enforcamento e carbonização das

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vítimas, e as armas brancas incluem: facas, paus e Figura 6. Gráfico de coluna com os meses que
pedras. ocorreram homicídios nos anos de 2016, 2017 e 2018
em Catalão e região.
Figura 4. Gráfico de coluna com os locais que mais
ocorreram homicídios nos municípios atendidos pela
PTC. Homicídios por meses
10
LOCAIS DE MAIOR INCIDÊNCIA DE
HOMICÍDIOS 0
9 2 7 5 3 26 15 3 2 3 3 19 4 0 0 1 0 19 2016 2017 2018
50
0
2016 2017 2018 Jan Fev Mar Abr Mai Jun
Jul Ago Set Out Nov Dez
Zona Rural N. Sh. de Fátima
Cruzeiro C. Branco Fonte: Polícia Técnico Científica de Catalão, Goiás.
Pontal Norte Outros 2019.

Figura 7. Gráfico em formato de pizza expondo o


Fonte: Polícia Técnico Científica de Catalão, Goiás. total de homicídios dos três anos e quantos foram
2019. decorrentes de intervenções policiais.
No gráfico acima, foram listados os bairros com
maiores índices de homicídios, porém no ano de 2018,
não houveram homicídios nesses bairros. A zona rural
HOMICÍDIOS
foi o local onde mais foram cometidos assassinatos e a
legenda “Outros” refere-se a diversos bairros e cidades Diversos Autores Polícia
que aconteceram esses crimes esporadicamente.

Figura 5. Gráfico de coluna com as idades das vítimas 18%


de homicídios atendidos pela Polícia Científica, nos
anos de 2016, 2017 e 2018.
82%

Faixa Etária das Vítimas de


Fonte: Polícia Técnico Científica de Catalão, Goiás.
Homicídio 2019.
20
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ou
0
CONCLUSÕES
2016 2017 2018
Com uma análise do perfil da vítima, assim como
12>16 17>21 22>26 27>31 do espaço-tempo dos homicídios Dolosos e Culposos
32>36 37>41 42>46 >47 ocorridos em Catalão no período de 2016, 2017 e
2018, é possível inferir que:
Fonte: Polícia Técnico Científica de Catalão, Goiás. Homens foram vítimas de mortes violentas do
2019. tipo Homicídio 7,6 vezes mais do que mulheres no
A faixa etária mais exposta ao delito homicídio é ano de 2016. Em 2017 foi de 5 para 1 e em 2018 foi
de 17 a 21 anos de idade. de 10,25 para 1 feminicídio. No entanto o número
absoluto de homicídios diminuiu em todos os anos
analisados.
As mortes envolvendo homens, são em sua
maioria com armas de fogo e os pardos, são, na região
de Catalão as principais vítimas desse tipo de crime.
As informações coletadas junto à Polícia Técnico
Científica de Catalão, Goiás não forneceu dados
sobre motivações dos feminicídios, porém o tipo de
arma mais utilizada foi faca.

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A região correspondente a esta unidade da Polícia informações sobre motivações, condição sócio
Técnico Científica abrangeu um total de quinze familiar e cultural das vítimas, entre outras. As
municípios até 2017, somando uma população principais vítimas são do sexo masculino, com faixa
estimada total de 210,435 pessoas e em 2018 a região etária de 17 a 21 anos de idade e o local de maior
da competência da PTC foi reduzida para onze registro de homicídios é a zona rural.
municípios contabilizando um total estimado de
pessoas de 164,576 pessoas, segundo dados do IBGE Apesar dos dois primeiros anos terem apontado
(2019) no sítio eletrônico https://cidades.ibge.gov.br/ os meses de março, setembro e outubro como bastante
Houve decréscimo do número de Homicídios na violentos, o mesmo não se repetiu em 2018. Os
cidade de Catalão de 2016, 2017 e 2018: 52; 45; 24 motivos podem ser os mais variados, inclusive que
respectivamente. não existe relação de maiores taxas de homicídios
A região de Catalão apresentou quantidade de com meses, temperatura, festas populares e etc.
homicídios abaixo dos dados Nacionais e Estaduais O tipo de arma mais utilizado para a prática do
todos os anos. delito homicídio, são armas de fogo, de todos os tipos:
As estatísticas foram feitas a cada cem mil revolver, pistola, espingarda.
habitantes para se neutralizar densidade populacional
das diferentes regiões do país e medir com maior A arma mais utilizada para o delito feminicídio
realidade o nível de violência de determinado país, são armas brancas, como facas de cozinha.
estado, região e município, conforme a forma de
10% de todos os homicídios ocorridos de 2016 a
cálculo do IPEA.
2018 foram decorrentes de intervenções policiais.
Nos três anos consecutivos, existem meses em
que o número de homicídios é significativamente Por fim, uma análise maior deve ser realizada,
maior, porem não existe um padrão que se repete por considerando um intervalo de tempo mais amplo para
todos os anos, tornando a tese de que existe meses uma melhor análise de dados coletados.
mais violentos que outros sem amparo estatístico.
A região de Zona Rural apresenta maior REFERÊNCIAS
incidência de delitos do tipo Homicídio em ALVAREZ, Marcos César. O homem delinqüente e
comparação com outros bairros. Porém as vítimas não o social naturalizado: apontamentos para uma
moravam nas Zonas Rurais, mas nas periferias das história da criminologia no Brasil. Teoria &
cidades na maioria dos casos. Portanto conclui-se que Pesquisa: Revista de Ciência Política, v. 1, n. 47,
a Zona Rural é o local de execução das vítimas, 2005.
provavelmente por ser isolado e com menores
chances de serem flagrados ou ter testemunha do LOMBROSO, C. O homem delinqüente. Tradução
crime. da 2 ed. Francesa: Maristela Bleggi Tomasini e
O objetivo do autor ao trazer esse artigo é Oscar Antonio Corbo Garcia. Porto Alegre:
contribuir com uma discussão a cerca dos dados Ricardo Lenz, 2001.
coletados em plataformas de segurança pública, PROVENZA, Marcello Montillo. Análise e
organizá-los, sistematizá-los e trazê-los para o campo previsão de séries temporais do homicídio doloso
das ciências sociais e criminológicas, com uma no Rio de Janeiro. Cadernos de Estudos Sociais e
reflexão sobre o contexto social e vitimológico dos Políticos, v. 4, n. 7, p. 63-83, 2015.
delitos de homicídio ocorridos no município de
Catalão e adjacências no período estudado. SHECAIRA, S. S. Criminologia. Revista dos
Tribunais. 6º Edição. São Paulo, SP. 2004.
A análise dos dados constantes nos registros
policiais de crimes violentos no período de 2016,
2017 e 2018, traz algumas informações a serem “O(s) autor(es) é(são) o(s) único(s) responsável(is)
refletidas com maior criticidade, devido a falta de pelo conteúdo deste trabalho”.

Anais · 5o CONPEEX - Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão · RC/UFG · 29/10 a 01/11/2019 · ISSN 2447-4134 · 222
APLICAÇÃO DE ANÁLISE DE SENTIMENTO EM POSTAGENS DO TWITTER
PARA PREVISÃO DO RESULTADO DE ELEIÇÕES POLÍTICAS

Dias, Márcio de Souza, marciosouzadias@ufg.br1


Santos, Larissa Pereira Carneiro dos, larissapcsantos@gmail.com1

1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Biotecnologia

Resumo: A popularização do acesso a mídias sociais na Internet expandiu e acelerou o compartilhamento


de ideias, opiniões, experiências pessoais e informações sobre diversos assuntos e produtos. A intensa
interação entre usuários produz diariamente milhões de mensagens na base de dados do Twitter. Para
extrair a síntese da opinião pública contidas nessas mensagens se fez necessário um processamento
computacional. Por meio de técnicas de Análise de Sentimento é possível identificar a opinião pública
sobre determinado produto/pessoa em mensagens de texto. Na política a identificação e divulgação de uma
opinião podem direcionar estratégias de campanha e até mesmo influenciar outros eleitores indecisos.
Sendo assim, esse artigo propõe a implementação e comparação de técnicas de Análise de Sentimento
baseadas em Machine Learning na base de dados do Twitter para identificar a intenção de voto da
população brasileira nas eleições presidenciais de 2018. Visando a precisão da análise obtida com as
pesquisas de intenção de voto realizadas tradicionalmente e até mesmo com o resultado oficial da eleição.

Palavras-chave: Análise de Sentimento. Redes Sociais. Twitter. Eleições. Machine Learning

________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO caracteres em diversos tópicos todos os dias, em


suma sobre acontecimentos recentes (KWAK et al.,
2010). Um microblogging é um sistema de
A disseminação do acesso à Internet tem transmissão online de troca e criação de conteúdo
ocasionado alterações importantes no desempenho com pequenos elementos como textos discretos,
da comunicação da sociedade mundial. Uma das imagens e vídeos curtos (KAPLAN; HAENLEIN,
consequências desta popularização é a expansão dos 2011). A plataforma Twitter foi lançada em 2006 e
veículos de comunicação online, como as contabilizava 330 milhões de usuários ativos
plataformas de Social Networking Service (SNS), no mensalmente no primeiro trimestre de 2019,
português Serviço de Rede Social, colaborando com segundo The Statistics Portal (2019).
o compartilhamento de ideias, opiniões, experiências
O Brasil se encontra na sexta colocação dos
pessoais e informações sobre diversos assuntos e
países com mais contas ativas no Twitter. Segundo
produtos.
The Statistics Portal (2019), em Abril de 2018 o
O Twitter é um dos SNSs que ganhou destaque Brasil contava com 10,1 milhões de usuários ativos
nos últimos 10 anos e exemplifica bem o na plataforma, que representava aproximadamente
crescimento do interesse da sociedade no uso de 4,83% da população brasileira na mesma época,
veículos de comunicação online. O Twitter é um site conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia
de microblogging onde os usuários leem e escrevem e Estatística (IBGE, 2019).
milhões de mensagens com no máximo 280

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O grande número de usuários no Twitter e a Para analisar a capacidade de o Twitter refletir a
riqueza de conteúdo discutido na plataforma tem realidade das eleições no Brasil, iniciou-se o projeto
chamado a atenção de pesquisadores em geral. A compilando um corpus próprio para a pesquisa com
base de dados do Twitter tem servido para estudos os tweets referentes à eleição presidencial brasileira
desde análise de qualidade de produtos até análises de 2018. A partir de uns corpora de conteúdo
comportamentais da sociedade. A aplicação de específico é possível separar as sentenças em classes
técnicas de Análise de Sentimento (AS) nos dados (positiva, negativa e neutra) que determinem o nível
do Twitter tem permitido calcular o nível de de aceitação do autor do tweet a determinado
popularidade entre o público sobre tópicos candidato e/ou partido. Essas sentenças são usadas
discutidos online. pelos algoritmos de aprendizagem como exemplos
de distribuição de cada classe, representando um
Em particular, a exploração do sentimento padrão. Construído e anotado um corpus é possível
populacional referente a candidatos e partidos modelar modelos preditivos usados nos algoritmos
políticos em postagens do Twitter ou de outros de Machine Learning (ML) que são capazes de
Social Networking Services (SNSs) tem sido uma classificar novas sentenças sem intervenção humana.
recente e destacada linha de pesquisa. Dentre os
trabalhos pioneiros de exploração de sentimentos A geração do corpus seguiu os estágios
políticos com tweets (nome dado as publicações elencados em (ALUÍSIO; ALMEIDA, 2006) como
feitas por usuário no Twitter), temos o trabalho os principais para a compilação de um corpus
(TUMASJAN et al., 2010) que enfrentou o desafio próprio. Sendo esses estágios: seleção dos textos
de identificar a capacidade de mensagens de 140 pertinentes e relevantes à análise principal do
caracteres expressar uma opinião concisa do projeto; a compilação, manipulação e nomeação dos
eleitorado. É possível citar pesquisas feitas sobre arquivos de textos; e por fim a anotação do conteúdo
dados referentes às eleições no Chile compilado.
(MONTESINOS et al., 2015), no Equador
(HIDALGO et al., 2017), no Egito (ELGHAZALY; No estágio de seleção de textos pertinentes
MAHMOUD; HEFNY, 2016), no Reino Unido foram selecionados 191.300 tweets referentes à
(FATTA et al., 2015) e no Brasil (OLIVEIRA; eleição de 2018 e aos candidatos presidenciáveis.
BERMEJO; SANTOS, 2017), mas a coleção de Um script com chamadas HTTP a API
investigações formais sobre o assunto é extensa. disponibilizada pela Twitter foi implementado para
Todavia, pouco ainda foi estudado sobre as técnicas capturar os tweets. Foram selecionados os tweets
de predição de resultados políticos no idioma postados entre as datas 10 de Agosto a 29 de
português brasileiro por meio de AS em dados de Outubro de 2018 e que continham alguma palavra-
SNS. chave referente à eleição. As palavras-chave
escolhidas para a filtragem dos dados foram
Com base na aplicação da AS sobre mensagens hashtags que referenciam os candidatos
de texto curto o objetivo do projeto é identificar a presidenciáveis ou seus partidos e eventos
capacidade da mídia social Twitter refletir o desejo importantes como debates e entrevistas com
da população brasileira na escolha dos seus candidatos. Foram descartados os tweets duplicados
representantes políticos. Partindo das seguintes (capturado mais de uma vez pelo algoritmo) e em
hipóteses de que: a) O conteúdo postado no Twitter idioma distinto do português brasileiro.
possui informações preciosas para estudos de
popularidade de produtos/pessoas; b) As pessoas são A compilação consistiu no armazenamento de
facilmente influenciadas por postagens de outras todos os textos em arquivos no formato “txt”,
pessoas; c) As técnicas de Machine Learning (ML) separados por palavras-chave usadas nas consultas a
podem ser tão eficientes (ou mais) quanto às API do Twitter. Na manipulação do corpus são
pesquisas de boca de urna tradicionais; e d) Os executadas atividades de limpeza e formatação dos
algoritmos de ML possuem alto nível de precisão. textos nas quais são amplamente empregados
métodos de Processamento de Linguagem Natural
(PLN) para retirar e substituir mídias, endereços
para outras fontes textuais, palavras irrelevantes, e
2. NOSSA PROPOSTA demais anotações que não contribuem com o sentido
do texto. O estágio de manipulação prepara o corpus
para o uso de ferramentas de processamento
computacional.

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Finalizando a compilação do corpus o estágio de resultados. A eficácia dos modelos preditivos
anotação consiste na separação manual dos tweets gerados será avaliada por meio do cálculo das
entre as classes que determinam o nível de aceitação métricas de recall, acurácia, precisão e F-measure,
do autor ao candidato referido no texto. Esta etapa é citadas em (DUA; DU, 2011).
fundamental para que o algoritmo de aprendizagem,
por meio de uma ação manual, tenha uma base Para averiguar a eficiência em relação às
correta para treinamento e teste. pesquisas tradicionais serão comparados os níveis de
aceitação e rejeição calculados para cada candidato
Após o corpus ser compilado segue a etapa de com os resultados obtidos pelas pesquisas de
aprendizado computacional, na qual um modelo intenção de voto divulgadas pela imprensa e
preditivo será formado na aplicação de modelos de registradas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
aprendizagem de máquina supervisionados que Para predizer o nível de aceitação dos candidatos na
realizem a análise de sentimento nos tweets eleição os tweets são agrupados conforme o
coletados, determinando a polaridade das mensagens candidato referenciado no texto e é contabilizada a
com base em um conjunto de dados de treinamento. porcentagem de tweets classificados como positivos
O corpus catalogado é dividido em base de pelo modelo preditivo, referentes ao mesmo.
treinamento (80% do corpus) e base de teste e
validação (20% do corpus) de resultados para o
processo de desenvolvimento do modelo preditivo. 3. RESULTADOS ESPERADOS
Listados por Rodrigues et al. (2016) entre os
modelos de Machine Learning (ML)
supervisionados mais aplicados no contexto de Por meio deste trabalho é esperado comprovar
análise sentimentos é possível citar: Máquina de que no Brasil as mídias sociais refletem o desejo da
Vetores de Suporte (Support Vector Machines - população na escolha dos seus representantes
SVM) e Naïve Bayes (NB). políticos. Contemplando uma ferramenta útil para
predição das próximas eleições. Dando destaque à
O classificador SVM realiza classificação riqueza do conteúdo produzido nos Social
binária, dividindo as instâncias de análise em duas Networking Services (SNSs), em especial o Twitter.
classes por meio de um hiperplano (DUA; DU, Espera-se ainda, que este trabalho contribua para
2011). O SVM necessita de uma entrada de avanços nos estudos de Processamento de
treinamento com diversas instâncias já rotuladas Linguagem Natural (PLN) e Análise de Sentimento
para montar o hiperplano de separação conforme (AS) sobre o idioma português brasileiro.
aspectos das classes. É interessante manter a entrada
de treinamento balanceada, com mais ou menos a
mesma quantidade de instâncias para cada classe,
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
para que o algoritmo não fique tendencioso. Após o
treinamento, a cada nova instância o algoritmo irá
analisá-la e compará-la com as instâncias de
treinamento determinando em que parte do A área de pesquisa é recente, com trabalhos
hiperplano a mesma pertence. pioneiros datados em 2010; e contém poucos
trabalhos publicados por se tratar da análise de
O algoritmo de Naïve Bayes trabalha com a eventos esporádicos como as eleições. Existem
independência de características, no qual uma desafios a serem enfrentados como a dificuldade em
característica possui nenhuma relação de realizar comparações de resultados entre trabalhos,
dependência ou influência com outra (DUA; DU, pois se deve levar em consideração a diferença de
2011). A classe de uma instância é definida por meio cultura no uso das mídias sociais e o nível de
de cálculos probabilísticos de ocorrência dessa ambiguidade encontrada no idioma de cada país. A
mesma instância em cada uma das classes possíveis. dificuldade em realizar a coleta de dados úteis para a
análise é outro obstáculo a se considerar. Apesar das
Construído os modelos preditivos dos
dificuldades, a área de estudo possui grande
algoritmos de aprendizagem escolhidos com o uso
potencial, com grande riqueza de informações e é
da base de treinamento, a base de teste é rotulada,
uma crescente tendência de pesquisa.
finalizando a etapa de Análise de Sentimento (AS).
A próxima etapa é a análise e avaliação dos

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REFERÊNCIAS about micro-blogging. Business horizons, Elsevier,
v. 54, n. 2, p. 105–113, 2011.

KWAK, H. et al. What is twitter, a social network or


ALUÍSIO, S. M.; ALMEIDA, G. M. de B. O que é e a news media? In: Proceedings of the 19th
como se constrói um corpus? Lições aprendidas na International Conference on World Wide Web.
compilação de vários corpora para pesquisa New York, NY, USA: ACM, 2010. (WWW ’10), p.
linguística. Calidoscópio, v. 4, n. 3, p. 156–178, 591–600. ISBN 978-1-60558-799-8. Disponível em:
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COUNTRIES with the most Twitter users 2018. The MONTESINOS, L. et al. Sentiment analysis and
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https://www.statista.com/statistics/242606/number- Electronics Engineering, Information and
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Acesso em: 12 abril 2018. 2015 CHILEAN Conference on. [S.l.], 2015. p. 903–
DUA, S.; DU, X. Data mining and machine learning 910.
in cybersecurity. [S.l.]: Auerbach Publications, OLIVEIRA, D. J. S.; BERMEJO, P. H. d. S.;
2011. SANTOS, P. A. dos. Can social media reveal the
ELGHAZALY, T.; MAHMOUD, A.; HEFNY, H. preferences of voters? a comparison between
A. Political sentiment analysis using twitter data. In: sentiment analysis and traditional opinion polls.
ACM. Proceedings of the International Journal of Information Technology & Politics,
Conference on Internet of things and Cloud Taylor & Francis, v. 14, n. 1, p. 34–45, 2017.
Computing. [S.l.], 2016. 11 p. RODRIGUES, R. G. et al. Sentihealth-cancer: uma
FATTA, G. D. et al. Big social data and political ferramenta de análise de sentimento para ajudar a
sentiment: the tweet stream during the uk general detectar o humor de pacientes de câncer em uma
election 2015 campaign. In: IEEE. Smart rede social online. Universidade Federal de Goiás,
City/SocialCom/SustainCom (SmartCity), 2015 2016.
IEEE International Conference on. [S.l.], 2015. p. TUMASJAN, A. et al. Predicting elections with
293–298. twitter: What 140 characters reveal about political
HIDALGO, O. et al. Sentiment analysis applied to sentiment. Icwsm, v. 10, n. 1, p. 178–185, 2010.
the popularity level of the ecuadorian political leader TWITTER: number of monthly active users 2010-
rafael correa. In: 2017 International Conference on 2019. The Statistics Portal, 2019. Disponível em:
Information Systems and Computer Science <https://www.statista.com/statistics/282087/number-
(INCISCOS). [S.l.: s.n.], 2017. p. 340–346. of-monthly-active-twitter-users/>. Acesso em: 20
IBGE | Projeção da população | Nota técnica. agos. 2019.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2018. RESPONSABILIDADE AUTORAL
Disponível em: <
https://www.ibge.gov.br/apps/populacao/projecao/no
tatecnica.html>. Acesso em: 12 abril 2018.
“Os autores são os únicos responsáveis pelo
KAPLAN, A. M.; HAENLEIN, M. The early bird conteúdo deste trabalho”.
catches the news: Nine things you should know

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BIOECONOMIA: A POSSIBILIDADE DA PARCERIA PÚBLICO-PRIVADA COMO
FORMA DE IMPLEMENTAÇÃO DE UM PARQUE INCLUSIVO NA CIDADE DE
CATALÃO - GO.

Almeida, Emerson Gervásio de, emersongervasio@ufg.br


Teles, Natanael Costa1, natanaelc.teles@gmail.com
Sanches, Ânella Camacho2
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Engenharia
2
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Engenharia

Resumo: Tendo em vista a responsabilidade social como um fator primordial e integrante da sociedade, para
um desenvolvimento econômico sustentável as parcerias público-privadas podem ser uma solução para
implementação de projetos sociais visto a atual situação socioeconômica nacional. Essa parceria geraria
benefícios mútuos. Utilizando-se de uma pesquisa exploratória constatou-se a necessidade da implementação
de um parque inclusivo na cidade de Catalão - GO, sendo este projetado com auxílio de softwares, de modo que
sua implementação não cause impactos ambientais negativos. Assim propõe-se a criação de uma parceria
público-privada de modo construir um parque inclusivo que atenda às necessidades da população como um
todo.

Palavras-chave: Inclusão, Público-Privado, Parque, Projeto-piloto.


__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO Catalão - GO, visando o bem-estar de toda a


comunidade independentemente de possuir ou não
Responsabilidade Social é um termo que denota alguma deficiência.
o comprometimento do empresário com um
comportamento ético e com o crescimento 2. DESENVOLVIMENTO
econômico. Este modo de pensar provoca melhorias
na qualidade de vida dos funcionários de suas A diversidade humana é um fator de suma
famílias, da comunidade e da sociedade em geral. A importância na sociedade, e vem ganhando destaque,
empresa é, portanto, um agente no processo de principalmente, quando as diferenças estão
desenvolvimento (VILLELA, 1999). relacionadas a algum tipo de deficiência. Segundo o
A Responsabilidade Social Empresarial é um IBGE (2012), “45.606.048 brasileiros, cerca de
instrumento que permite identificar as práticas de 23,9% da população total, têm algum tipo de
Responsabilidade Social e os aspectos que as deficiência – visual, auditiva, motora e mental ou
envolvem, tais como investimento, impacto, imagem intelectual.”, sendo 7,53% destes com faixa etária
e sustentabilidade. Possuindo alguns indicadores entre 0 e 14 anos.
como: valores, transparência, governança, diálogo, Antes mesmo do surgimento de legislações
participação, respeito aos indivíduos interno e específicas, o Art.1º da Declaração Universal dos
externo; gerenciamento do impacto ambiental, Direitos Humanos de 1948 já assegurava que todas as
respeito às gerações futuras, parceria com pessoas nascem livres e iguais em dignidades e
fornecedores devidamente selecionados, trabalho direitos. Em 1988, a Constituição Brasileira já no Art.
voluntário e liderança social (ALBUQUERQUE, 5º reforça a questão do direito a igualdade, e em seu
2009). Art. 6º reafirma, dentre outros, o direito ao lazer.
Boas práticas no meio empresarial, aliadas ao Reforçando a noção de igualdade já delimitada
bem-estar da sociedade estão ligados a bioeconomia, nos Direitos Humanos surgem os Arts. 4º e 5º do
na qual consiste em uma economia sustentável, Estatuto da Pessoa com Deficiência, que definem que
reunindo os setores que utilizam recursos biológicos toda pessoa com deficiência deve ser protegida de
(seres vivos), oferecendo soluções coerentes, eficazes negligência e discriminação, entre outros, e no Art. 8º
e concretas para os grandes desafios sociais, como a é imputada a responsabilidade de assegurar a
crise econômica, as mudanças climáticas, efetivação dos direitos referentes a vida destas
substituição de recursos fósseis, segurança alimentar pessoas, inclusive ao lazer, ao estado, a sociedade e a
e saúde da população (FIESP, 2019). família.
Dentro do contexto da saúde da população este No estado de Goiás a Lei nº 15.941, de 29 de
artigo, propõe uma parceria público-privada na dezembro de 2006, que trata sobre a acessibilidade
construção de um parque inclusivo na cidade de possui sete artigos. No Art. 1o foi instituído o selo

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“Empresa Inclusiva”, que reconhece méritos às igualdade, que deve ser respeitado e garantido, como
iniciativas empresariais que favoreçam a integração e especificado no Art. 56 do Estatuto da Pessoa com
melhoria da qualidade de vida das pessoas idosas e Deficiência: “A construção, a reforma, a ampliação
daquelas portadoras de necessidades especiais. No ou a mudança de uso de edificações abertas ao público
Art. 2º, tem-se uma complementação ao Art. 1° ou privadas de uso coletivo deverão ser executadas de
incluindo, citando dentre outras, a promoção ou o modo a serem acessíveis”.
patrocínio de eventos culturais ou desportivos Segundo o Plano Diretor de Ordenamento do
dirigidos a esses segmentos. Território e Desenvolvimento Sustentável de Catalão
Em construções, a norma da ABNT NBR 9050 existem 59 parques urbanos e áreas verdes, dos quais
apresenta a ideia de que, promover a acessibilidade 20% foram analisados. Nenhum destes apresenta
em ambientes resume-se em propiciar condições de conformidade com a legislação, possuindo em alguns
mobilidade, com autonomia e segurança, casos somente rampas de acesso e piso tátil.
eliminando-se as variadas barreiras, que é reforçada
pelo Art. 53 do Estatuo da Pessoa com Deficiência, Figura 1. Parque localizado na Represa do Clube do
que define: “A acessibilidade é o direito que garante Povo.
a pessoa com deficiência ou mobilidade reduzida
viver de forma independente e exercer seus direitos
de cidadania e participação social.”
Assim a Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de
2000 sofreu alterações com a criação da Lei 13.443
de 11 de maio de 2017, parágrafo único, e garante o
cumprimento da norma supracitada, definindo que
no mínimo 5% (cinco por cento) de cada brinquedo
e equipamento de lazer existentes nos locais de lazer
devem ser adaptados e identificados, tanto quanto
tecnicamente possível, para possibilitar sua
utilização por pessoas com deficiência, inclusive Fonte: Arquivo Pessoal, 2019.
visual, ou com mobilidade reduzida.
Tendo em vista a necessidade de haver um local
3. METODOLOGIA de lazer que atenda a população como um todo, um
parque inclusivo atenderia a esta demanda surgiu a
Utilizou-se de uma pesquisa exploratória ideia da criação do mesmo.
referente ao tema, que consiste na realização de um O parque Calisto Abraão fora escolhido como
estudo prévio de modo a familiarizar o grupo com o possível sede do projeto piloto, estando localizado na
objetivo investigado durante a realização do Rua Ver. Kavefes Abraão, 404, Bairro São Francisco.
trabalho, o que confere maior proximidade entre os Trata-se de uma área de preservação ambiental local
indivíduos e o universo analisado, bem como auxilia relativamente centralizada, com um movimento
na formulação da hipótese da pesquisa de que não há considerável de frequentadores.
sequer um parque acessível na cidade de Catalão -
GO. Essa pesquisa foi embasada na Constituição Figura 2. Parque Calixto Abraão.
Federal, na legislação do estado de Goiás, tcc’s e
artigos referentes ao tema. Fez-se uma coleta dos
dados referentes a acessibilidade junto à prefeitura
de Catalão – GO e ao IBGE.
Além disto, utilizou-se o software Sketchup
(software de projetos 3D, para fazer-se modelagem
3D) para fazer o layout de uma praça propiciando
acessibilidade para adultos e crianças.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Apesar de existir um número considerável de


pessoas portadoras de deficiência em Catalão - GO, Fonte: Arquivo Pessoal, 2019.
constatou-se que na cidade não existe uma estrutura
pública, destinada ao lazer infantil (Art. 59 do O Parque conta com uma quantidade satisfatória
Estatuto da Criança e do Adolescente) que esteja de vegetação, favorece sua escolha como local de
projetada para receber pessoas que possuam lazer.
dificuldade de mobilidade, o que fere seu direito de

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Figura 3. Local escolhido para possível 6 – Balanço vai-e-vem com espaço para um
implementação do parque inclusivo. cadeirante e uma pessoa sem deficiência; 7 –
Jardim Tátil;
8 – Placa de referência com a disposição dos
brinquedos e escrita em braile;
9 – Casinhas com rampas acessíveis para
cadeirantes; 10 – Bancos.

As rampas que dão acesso às casinhas possuem


inclinação dentro dos padrões estabelecidos pela
NBR 9050, de 8%, com patamares de descanso, e
uma largura que propicia uma movimentação livre.
Fonte: Arquivo Pessoal, 2019. As mesmas têm início na calçada já existente no
lugar, garantindo a mobilidade.
Dispõe de um amplo espaço comum, que Devido à crise financeira que o Brasil está
possibilita sua utilização como base para a criação do passando o que afeta a União, Estados e Municípios,
projeto de um parque com acessibilidade e brinquedos tornar-se difícil o cumprimento da própria lei que
inclusivos, conforme croqui que segue. trata da acessibilidade, devido à falta de recursos
financeiros, nessa problemática a solução pode estar
Figura 4. Croqui representando a disposição dos na parceria público-privada.
brinquedos adaptados no projeto. As Parcerias Público-Privadas (PPP’s) tem seu
início no Brasil como medidas do governo brasileiro
em buscar investimentos do setor privado em setores
carentes de investimentos públicos. A lei que
regulamenta esta parceria é a nº 11.079, de 30 de
dezembro de 2004, que trata e especifica normas
gerais para este contrato administrativo de
concessão, a ser celebrado entre o poder público e a
iniciativa privada. As PPP’s são apresentadas como
a nova estratégia de recuperação de capacidade de
investimento público, numa retórica que destaca a
sua bem-sucedida adoção na área internacional.
Entre os países mais referenciados dessa retórica,
destaca-se o Reino Unido, país responsável pela
concepção e pela adoção original dessa estratégia
Fonte: Próprio Autores, 2019. (PECI; SOBRAL, 2007).
Uma parceria para a construção de uma parque
A disposição dos brinquedos se dá como inclusivo, propicia benefícios não apenas a um
mostrado na Fig. 4, que apresenta um croqui básico grupo vulnerável da sociedade, beneficiando
do projeto, que serão acessados pela calçada ampla também as empresas que pela Lei estadual de Goiás
localizada entre eles, de modo a permitir total n° 15.941, de 29 de dezembro de 2006, recebem um
mobilidade a todos. O piso tátil está presente em todo Selo Inclusivo, que pode ser utilizado em suas
o projeto de modo que um deficiente visual consiga campanhas de marketing, de forma a mostrar para a
acessar todas as partes sem necessidade de auxílio. sociedade seu envolvimento e preocupação com
A disposição dos brinquedos ficou assim questões sociais, propiciando que as marcas sejam
estabelecida: lembradas de modo positivo, como empresas
1 – Flor que auxilia no desenvolvimento do socialmente responsáveis.
firmamento do tronco, tanto de crianças Essa denominação de empresa socialmente
pequenas quanto de pessoas com alguma responsável vem ganhando maior reconhecimento,
deficiência relacionada; tornando-se um fator que pode ser até mesmo
2 – Balanço com um local para cadeirantes; decisivo na escolha de fornecedores e parceiros,
3 – Gangorra adaptada para utilização por visto que mais da metade dos executivos acredita na
cadeirantes e não cadeirantes; contribuição para a reputação da empresa quando
4 – Gira-gira com espaço para cadeirantes; esta assume um compromisso declarado com algum
5 – Painéis de atividade (ábaco, painel sonoro, aspecto social. Em algumas partes do mundo, leva-
jogo da memória); se mais em conta a responsabilidade social do que a
marca corporativa ou desempenho financeiro,
seguido da qualidade de produtos e serviços quando

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há a necessidade de escolha entre empresas modo a apoiar a bioeconomia. Essa preocupação é
(ARGENTI, 2014). realmente indispensável, levando-se em conta a
Quando analisado o aspecto do retorno social atual preocupação quanto a preservação e
institucional, ou melhor, o ganho com práticas de recuperação ambiental.
Responsabilidade Social, percebe-se que este se dá Entretanto, segundo Di Mauro (2013) a
quando a empresa obtém reconhecimento público legalidade da madeira não garante que sua extração
(GUEDES, 2000), de modo a reforçar a é sustentável, podendo apresentar características
possibilidade de agregação de valor ao pontuar a sua predatórias, denso interessante garantir que o
preocupação com o contexto social (ORCHIS et al, fornecedor possua um “Manejo Florestal
2002), criando assim uma janela de marketing Certificado” caracterizado por implementação de
social, assumindo o compromisso de promover critérios socioambientais, além de cumprir as
melhorias na sociedade, e assim fortalecer a determinações para extração legal e se preocupar
imagem, fidelizar a marca da empresa e, com minimizar os impactos gerados.
consequentemente, obter mais ganhos financeiros Ainda no ponto de visto bioeconomico, existe
(HIGUCHI; VIEIRA, 2012). uma outra grande possibilidade, que é a utilização
Outra possibilidade para implementação do de pet granulado como substituto parcial do
parque, seria que as empresas patrocinadoras agregado miúdo utilizado na confecção de calçadas
possuíssem o direito a concessão de quiosques de e acessos, bem como no chumbamento dos
alimentação, como acordo para investir brinquedos e da estrutura de madeira. Essa
financeiramente não apenas na construção, mas na substituição infere na obtenção de um concreto mais
manutenção, conservação e ampliação do parque, leve que o normal e com um preço de custo inferior,
tornando-o cada vez mais agradável a população. O visto que esse material é proveniente de reciclagem,
Central Park, localizado na cidade de New York, e de acordo com os testes realizados por Moura
Estados Unidos da América é um exemplo deste tipo (2017), essa substituição pode chegar a 30% do
de parceria, em 1980 passou a ter uma gestão volume total de agregados miúdos da mistura.
pública-privada, sendo que fora criada uma
organização a Central Park Conservancy (CPC), na 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
qual investiu em torno de 200 milhões de reais em
2018, correspondendo 75% de tudo que é investido Devido a falta de uma estrutura que se adeque as
e a prefeitura de New York investe os 25% restante. necessidades de pessoas com deficiências físicas
O dinheiro investido pela CPC é proveniente de relacionadas principalmente a capacidade de
filantropos, empresas e investidores individuais, locomoção, seria de grande importância e visibilidade
como também diversos voluntários ajudam. O a criação de um parque inclusivo na cidade de Catalão
retorno financeiro ocorre através de publicidade, - GO, visibilidade está não somente para a cidade em
eventos patrocinados e marketing (CPC, 2018), si, mas para qualquer empresa que se disponha a
tendo assim um ambiente agradável, preservando a ajudar no custeamento de sua implementação e
natureza e incentivando as futuras gerações da manutenção.
relevância destas práticas. Suam implementação também serviria de
A preservação ambiental é um fator de suma exemplo para outras práticas sociais, bem como
importância, assim, todos os brinquedos e estruturas parcerias público-privadas, podendo instigar outras
foram projetados de modo que, para sua implantação cidades a reproduzir a iniciativa.
não será necessário desmatar o local, tendo sido
dimensionados para ocupar a área embaixo da copa REFERÊNCIAS
das árvores, o que também permitirá sua utilização
em qualquer horário do dia, mesmo quando a ALBUQUERQUE, J. L. Gestão ambiental e
incidência solar for alta, pois em áreas verdes a responsabilidade social: conceitos, ferramentas e
temperatura é inferior ao seu redor, tendo assim um aplicações. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
ambiente saudável, além do bloqueio dos raios
solares provenientes da folhagem. ARGENTI, P. A comunicação empresarial: a
Toda a madeira e seus subprodutos necessários construção da identidade, imagem e reputação. 6.
para a estruturação e confecção das casinhas deve ed. Rio de Janeiro: Campus, 2014.
ser proveniente de um fornecedor que atenda as
especificações de madeira legal, tais como possuir ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
DOF (Documento de Origem Florestal), além de TÉCNICAS. NBR 9050: Acessibilidade a
todos as demais licenças necessárias de modo a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos
causar o menor dano possível ao meio ambiente, urbanos. Rio de Janeiro, 2004. Disponível em:
incentivar a utilização de madeira proveniente de https://www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/sites/
fontes que se preocupam com a normatização de default/files/arquivos/%5Bfield_g enerico_imagens-

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Disponível em:
http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/caderno RESPONSABILIDADE AUTORAL
sebape/article/view/5026. Acesso em: 20 ago 19.
“Os autores são os únicos responsáveis pelo conteúdo
VILLELA, Milú. Respeito e responsabilidade deste trabalho”.
social. Folha de São Paulo, São Paulo, p.1-3, 26
jul. 1999.

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CÁLCULO DO CUSTO DIRETO EM ORÇAMENTO DE OBRAS: UM
ESTUDO APLICADO
Dornelas, Ricardo Cruvinel, rcd.produtividade@gmail.com1
Sousa, Thais Lopes Lustosa, thaislopeslustosa@gmail.com1

1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Engenharia

Resumo: A orçamentação é uma das principais etapas que antecedem a execução de uma obra e com base no
custo apresentado no orçamento determina-se a viabilidade de implantação do empreendimento. O
orçamentista deve prever, dentre outros, os custos gerados com mão de obra, materiais e equipamentos para
execução da obra. Tais custos são relacionados nas composições de custos unitários e, por sua vez,
representam os custos diretos na orçamentação. A partir disto, o objetivo da presente pesquisa é realizar um
estudo aplicado apresentando o procedimento para cálculo do custo direto das diferentes etapas de execução
de obras para produção de orçamentos. Para tanto, realizou-se uma revisão bibliográfica de caráter
qualitativo acerca das etapas necessárias para definição deste custo. A partir disto, aplicou-se os conceitos
estudados na determinação dos custos diretos de um projeto padrão de casas populares de responsabilidade
da CAIXA. Esta pesquisa permitiu identificar e conhecer os caminhos para o cálculo do custo direto de
serviços da construção civil e compreender a importância de se ter critérios específicos para a sua
determinação. Este conhecimento pode ser uma ferramenta útil na etapa de orçamentação do serviço como
também no melhoria na fase de planejamento de uma obra.

Palavras-chave: Orçamento. Engenharia de Custos. Construção civil. Custos diretos. Composição analítica.

__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO Losso (1995) destaca ainda que muitas


construtoras buscam facilitar a obtenção dos custos
Dada a finalização do projeto de um e, dessa forma, utilizam metodologias de estimativas
empreendimento na construção civil, a realização do já prontas. No entanto, o autor questiona se este
orçamento apresenta-se como um requisito custo encontrado é próximo do real nos projetos e, a
necessário para avaliar a possível concepção e partir disto, indica que os dados orçamentários e
execução da obra (GOLDMAN, 2004). experiência das construtoras podem ser mais
De acordo com Deloitte (2014), em sua pesquisa valiosos que somente multiplicar custos unitários
sobre a gestão orçamentária no setor da construção por quantitativos.
civil, o desvio médio entre as receitas reais e as Neste contexto, o orçamento é o produto obtido
previstas no orçamento chega a 21,70%. Este alto ao se quantificar os insumos necessários para
índice, por conseguinte, indica as prováveis implantação da obra e relacioná-los aos custos
situações de risco para a execução da obra que unitários juntamente com a determinação dos custos
podem gerar atrasos ou até mesmo interrompe-la. indiretos. Além disso, acrescenta-se os lucros
Além disso, Andrade e Souza (2002) em seu almejados e os tributos para formação do preço
estudo notaram que os diferentes critérios escolhidos global do empreendimento.
para realização do orçamento podem apresentar Destaca-se que o orçamento não constitui
diferentes valores de custos. Para produção de apenas a apresentação do preço do empreendimento,
alvenaria, por exemplo, os autores supracitados há ainda outras aplicações relevantes, sendo elas: o
encontraram uma variação de 25,00% dos custos, auxílio ao construtor no planejamento da compra de
que poderiam implicar na divergência de até 3,25% materiais, na identificação dos fornecedores, na
do custo total da obra, já que o custo com a alvenaria avaliação das formas de pagamento e na análise de
representa em torno de 13,00% da obra. Deste modo, métodos de execução a partir do levantamento de
eles destacam a importância de padronizar e avaliar materiais e serviços; o dimensionamento de equipes
o critério utilizado para elaboração do orçamento considerando a quantidade de homem-hora requerida
para minimizar os riscos de erros. durante a implantação da obra; a capacidade de

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revisão de valores e índices uma vez que o (EAP), que consiste em dividir o projeto em pacotes
orçamento pode ser refeito considerando novos de trabalhos que podem ser melhor controlados e
preços de insumos e índices de produção de forma administrados (OBERLENDER, 2000).
simplificada; a geração do cronograma físico e
financeiro; e a análise da viabilidade econômico- 2.1. Estudo das condicionantes
financeira (MATTOS, 2014).
Dada a importância do orçamento para a Dias (2011) afirma que a confiabilidade do
implantação de um empreendimento, justifica-se o orçamento do empreendimento só ocorrerá se
tema apresentado no presente trabalho, cálculo do houver compreensão integral dos detalhes das
custo direto, servindo como um instrumento de condicionantes (projeto e especificações).
estudo para os profissionais da área de estimativa de
custos e, consequentemente, contribuindo na sua 2.1.1. Projetos do empreendimento,
atuação no setor de construção civil. especificações técnicas e visita técnica
A ênfase específica nos custos diretos é adotada
considerando sua grande participação na definição A leitura e interpretação do projeto é o momento
do preço de venda apresentado no orçamento e, da tomada de conhecimento do empreendimento
desta forma, propõe-se nesta pesquisa apresentar os pelo orçamentista. Nesta etapa o profissional estuda
variados aspectos e condicionantes envolvidos na as plantas baixas, cortes, detalhes construtivos,
determinação dos custos diretos. Diante da notas, especificações técnicas, diagramas, tabelas e
necessidade de se obter orçamentos cada vez mais quadros, sendo que a maior ou menor análise destes
precisos no setor da construção civil, este trabalho projetos é função da complexidade da obra
tem como objetivo geral apresentar uma revisão (XAVIER, 2008).
bibliográfica acerca do processo analítico de As especificações técnicas são documentos que
orçamentação dos custos diretos e sua aplicação em apresentam a caracterização dos materiais,
um projeto padrão de casa popular da CAIXA equipamentos, mão de obra e elementos
(2006). construtivos. Dagostino e Peterson (2011)
acrescentam ainda que as especificações
2. PROCESSO ORÇAMENTÁRIO acompanham os desenhos e incluem informações
sobre como licitar os projetos e as obrigações
O orçamento consiste, em suma, na previsão do contratuais do contratante.
preço global de um empreendimento, e pode ser A visita técnica no local em que será executado
classificado segundo o grau de detalhamento dos o empreendimento é comumente prevista no edital
projetos em: estimativa de custo, orçamento de licitação dos órgãos contratantes. Mattos (2017)
preliminar e orçamento analítico. acrescenta que a visita técnica consiste em uma
Segundo Tisaka (2011), a elaboração do avaliação do local da obra sob o aspecto técnico e
orçamento é feita com base no levantamento de logístico. Além disso, a visita é uma
quantidades de materiais, equipamentos e mão de complementação da análise do projeto e é
obra devidamente relacionados com as composições importante na realização do orçamento (DIAS,
de custos unitários realizadas ainda na etapa de 2011).
projeto e acrescentando-se os Benefícios e Despesas
Indiretas (BDI). 2.2. Composição de custos
Ainda de acordo com Tisaka (2011), o custo
direto consiste na adição entre todos os custos A composição de custos define os custos
gerados com insumos que são utilizados diretamente necessários para a execução de um serviço ou
nos serviços de produção da obra, incluindo-se as atividade da obra, especificando os insumos com
despesas de toda infraestrutura necessária para sua suas respectivas quantidades, custos unitários e
execução. Por outro lado, os custos indiretos podem totais (MATTOS, 2014).
ser entendidos como os custos que ocorrem
independentemente dos serviços produzidos em 2.2.1. Identificação dos serviços, levantamento
campo e que não foram incluídos nas composições quantitativo e custos diretos
de custos unitários dos serviços (MATTOS, 2014).
Finalmente, os benefícios esperados A etapa de identificação dos serviços trata da
representam um auxílio, o qual é incluso no preço de listagem de todos os serviços envolvidos na
verba, para o construtor cumprir totalmente suas execução do empreendimento e colocados em
obrigações previstas no contrato (SILVA, 2006). grupos de acordo com uma ordem lógica (TISAKA,
Para o planejamento de execução e produção do 2011).
orçamento de qualquer projeto é necessário
desenvolver uma Estrutura Analítica do Projeto

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O levantamento quantitativo é a etapa em que se Tabela 1. EAP do serviço de “Paredes e painéis” do
deseja saber quanto de cada serviço deverá ser feito. projeto padrão de casas populares da CAIXA.
De acordo com Mattos (2014), esta é uma das fases Item Descrição
que intelectualmente mais exigem do profissional no 4 Paredes e painéis
processo de orçamentação. Cabe destacar que a Alvenaria 1/2 vez de blocos de concreto
credibilidade do levantamento é função de elencar, 4.1 9x19x39 assentados com argamassa de
de forma correta, o que consta nos projetos e cimento cal e areia traço 1:0,5:8
especificações técnicas (BADRA, 2012). Vergas e contra-vergas p/ vãos de
O custo global direto da obra equivale a esquadrias em blocos de concreto tipo
somatória do custo unitário de cada serviço 4.2 calha 9x19x19, cheios de concreto 20 MPa,
multiplicado pela sua respectiva quantidade. Para incl. armação com 2 barras de ferro
fins de memorial do orçamento é preciso demonstrar corridos diam. 5,0 mm, conforme projeto
como foram obtidos os custos unitários (JESUS E Fonte: CAIXA, (2006)
BARROS, 2009). Estes custos são, de acordo com
Dias (2011), as despesas necessárias para produção Para o levantamento quantitativo das paredes é
de uma unidade de serviço seguindo o estabelecido necessário identificá-las, conforme a Fig. 1.
nas especificações técnicas e no projeto. Além disso,
os custos unitários dos insumos normalmente Figura 1. Identificação das paredes
envolvidos na produção de um serviço são a mão de
obra, o material e o equipamento (MATTOS, 2014).

3. METODOLOGIA

Este estudo consistiu na realização de uma


revisão bibliográfica sobre as etapas realizadas na
orçamentação para o cálculo dos custos diretos. A
pesquisa de natureza qualitativa descritiva foi
baseada na estruturação proposta por Mattos (2014)
e na análise de livros, artigos, boletins técnicos,
cursos, apostilas e legislação vigente. A partir do
estudo determinou-se os custos diretos aplicados a
um projeto de residência padrão popular de
responsabilidade da CAIXA, com ênfase para o
serviço de “Paredes e painéis” no presente artigo.
Fonte: Adaptado de CAIXA, (2006)
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir disto, faz-se a multiplicação do
Para determinação do custo direto será comprimento x altura para determinar a área de
considerado o projeto da CAIXA (2006). Sendo que alvenaria do projeto, conforme apresentado na Tab.
a EAP contempla: serviços preliminares, fundações, 2.
estrutura, paredes e painéis, cobertura, esquadrias,
instalações elétricas e hidráulicas, revestimentos, Tabela 2. Área de alvenaria.
pisos, pintura e vidros. A Tab. 1 exibe o Parede Comprimento Altura Área
detalhamento do serviço de “Paredes e painéis”, o (m) (m) (m²)
qual terá a determinação do custo direto apresentada PAR 01 5,59 2,50 13,98
detalhadamente no presente trabalho. A partir disto, PAR 02 2,09 2,50 5,23
a próxima etapa consiste no levantamento PAR 03 2,09 2,50 5,23
quantitativo. PAR 04 2,69 2,50 6,73
PAR 05 5,59 2,50 13,98
PAR 06 6,23 2,50 15,58
PAR 07 1,10 2,50 2,75
PAR 08 6,32 2,50 15,80
PAR 09 6,32 2,50 15,80
Total 95,05
Fonte: Próprios autores, (2018)

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É preciso ainda analisar os vãos existentes na Figura 2. Vergas e contravergas
alvenaria e verificar se é necessário descontar na
área total, conforme a sugestão apontada na Tab. 3.

Tabela 3. Regras práticas para o levantamento


quantitativo.
Vão na alvenaria < 2 m² → não se desconta a
aberturaa
Vão na alvenaria ≥ 2 m² → desconta-se o que
exceder a 2,0 m² a
Fonte: CAIXA, (2006)
Nota: aa análise é feita vão por vão, e não pela soma dos
vãos.
Fonte: Mattos, (2014) Para as demais paredes o levantamento
quantitativo de vergas e contravergas é feito de
Deste modo, a área dos vãos existentes em cada maneira análoga. Assim, a Tab. 5 indica o resultado
parede está apresentada na Tab. 4. obtido no levantamento do projeto.

Tabela 4. Vãos existentes na alvenaria. Tabela 5. Quantitativo de vergas e contravergas.


Área dos vãos (m²) Vergas e contravergas (m)
Parede Portas Janelas Parede Total
Porta Janela
P1 P2 P3 J1 J2 J3 unitário
PAR 01 PAR 01 1,56 1,56
PAR 02 PAR 02
PAR 03 PAR 03
PAR 04 PAR 04
PAR 05 1,68 1,20 PAR 05 1,17 3,12 4,29
PAR 06 0,36 PAR 06 1,17 1,17 2,34
PAR 07 1,26 PAR 07 1,17 1,17
PAR 08 1,47 PAR 08 2,34 2,34
PAR 09 1,20 PAR 09 1,56 1,56
Fonte: Próprios autores, (2018) Total geral 13,26
Fonte: Próprios autores, (2018)
Como pode ser observado na Tab. 4, nenhum
vão apresenta área maior que 2 m² e, portanto, Deste modo, para o serviço de “Paredes e
nenhuma área será descontada do total da alvenaria. painéis” tem-se os resultados para o levantamento
Ou seja, a área de alvenaria equivale a 95,05 m². quantitativo indicados na Tab. 6.
Já o levantamento quantitativo de vergas e
contravergas é feito em medidas lineares com base Tabela 6. Quantitativo de alvenaria, vergas e
no projeto. Por exemplo, para o caso da parede PAR contravergas.
05 (ver Fig.2) existe: a) Verga na porta, composta Descrição
Quantidade
por 3 blocos de concreto, cuja dimensão do Paredes e painéis
comprimento equivale a 39 cm por bloco. Portanto, Alvenaria 1/2 vez de blocos de
a extensão da verga é igual a 1,17 metros; e b) concreto 9x19x39 assentados com
95,05 m²
Contravergas em duas janelas, compostas por 4 argamassa de cimento cal e areia
blocos de concreto cada, sendo a dimensão do traço 1:0,5:8
comprimento no bloco equivalente a 39 cm. Ou seja, Vergas e contravergas p/ vãos de
a extensão das duas contravergas é de 3,12 metros. esquadrias em blocos de concreto
Deste modo, a parede PAR 05 possui um tipo calha 9x19x19, cheios de
13,26 m
comprimento total de vergas e contravergas concreto 20 MPa, incl. armação com
equivalente a 4,29 metros. 2 barras de ferro corridos diam. 5,0
mm, conforme projeto
Fonte: Próprios autores, (2018)

A partir disto, é realizada a cotação dos custos


diretos para a composição analítica de serviço. Para
o projeto da CAIXA (2006), será utilizado o sistema
SINAPI (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e
Índices da Construção Civil), sendo neste caso,

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considerado o relatório disponibilizado das cotações Tabela 9. Custo direto para execução do serviço
do estado de Goiás com referência do mês de março “Paredes e painéis” (conclusão).
do ano de 2018 (03/2018). Salienta-se que os Custo Custo
relatórios considerados são os desonerados, ou seja, Descrição Qtde. unit. total
aqueles que não consideram a contribuição de 20% (R$) (R$)
do INSS sobre a folha de pagamento. Neste sentido, Contraverga
tem-se o indicado na Tab. 7. moldada in loco
com utilização de 7,41
Tabela 7. Custo direto para execução do serviço de 23,29 172,58
blocos canaleta para m
“Paredes e painéis” conforme o relatório do SINAPI. vãos de até 1,5 m
Custo de comprimento
Cód. Descrição UN.
(R$) Total 5996,28
Alvenaria de blocos de Fonte: Próprios autores, (2018)
concreto estrutural
14x19x39 cm, (espessura Portanto, verificou-se que para executar os
14 cm), fbk = 4,5 MPa, serviços de “Paredes e painéis” será dispendido R$
89470 M2 59,36
para paredes com área 5.996,28 com custo direto para produção da
líquida menor que 6m², alvenaria, vergas e contravergas.
sem vãos, utilizando
colher de pedreiro. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Verga moldada in loco
com utilização de blocos O presente trabalho propôs o estudo sobre os
93190 M 26,85
canaleta para janelas com custos diretos e o cálculo do mesmo para o projeto
até 1,5 m de vão padrão de casas populares da CAIXA (2006). Os
Contraverga moldada in resultados foram satisfatórios na medida em que
loco com utilização de apontam as dificuldades em produzir o valor do
93198 blocos canaleta para vãos M 23,29 custo direto, isto porque normalmente os orçamentos
de até 1,5 m de apresentados não apresentam os critérios adotados
comprimento para o levantamento quantitativo. Dentre as
Fonte: CAIXA, (2018) dificuldades e divergências encontradas na
realização deste procedimento verificou-se:1. Há
Finalmente, a Tab. 8 apresenta o custo direto divergências entre o levantamento quantitativo
total para a execução dos serviços de “Paredes e indicado pela CAIXA (2006) e o realizado neste
painéis” do projeto da CAIXA (2006). trabalho. Isto ocorre porque há diferentes formas de
realizar a mensuração da quantidade de serviço. Por
Tabela 8. Custo direto para execução do serviço exemplo, de acordo com Andrade e Souza (2002),
“Paredes e painéis” (continua). para o serviço de alvenaria pode-se orçar a área
Custo Custo bruta da alvenaria ou a área líquida da alvenaria ou
Descrição Qtde. unit. total ainda uma situação intermediária. 2. É importante
(R$) (R$) que o orçamentista compreenda as diferentes etapas
Alvenaria de blocos de execução da obra e as considerações do projeto.
de concreto Isto porque pode haver nomenclaturas diferentes
estrutural 14x19x39 para o mesmo serviço indicados na composição dos
cm, (espessura 14 relatórios do SINAPI.3. Ao realizar o levantamento
cm), fbk = 4,5 MPa, 95,05 quantitativo o orçamentista deve adotar um critério
59,36 5642,17
para paredes com m² no qual não ocorra a contagem duplicada dos
área líquida menor insumos para diferentes serviços. 4. Pode não haver
que 6m², sem vãos, compatibilidade entre as indicações de projeto e as
utilizando colher de composições analíticas de serviço extraídas de
pedreiro. sistemas referenciais de preços.5. Podem faltar
Verga moldada in informações nos projetos de modo que influencie na
loco com utilização precisão do orçamento produzido.
5,85 A partir destes resultados, infere-se que o
de blocos canaleta 31,03 181,53
m profissional orçamentista precisa: a) criar critérios
para portas com até
1,5 m de vão para identificação dos serviços e levantamento
quantitativo que permitam o entendimento de
terceiros, para fins de auditoria, por exemplo; b) ter
capacidade técnica para leitura e compreensão das

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características do projeto; c) saber realizar
adaptações nas composições existentes dos sistemas GOLDMAN, P. Introdução ao planejamento e
referenciais, quando necessário, e/ou criar suas controle de custos na construção civil brasileira.
próprias composições analíticas de serviço; d) 4. ed. São Paulo: Pini, 2004. 176 p.
compreender os serviços envolvidos na execução de
um empreendimento segundo uma ordem lógica; e) JESUS, C. R. M. de; BARROS, M. M. S. B. de.
saber utilizar os relatórios de sistemas referenciais Custos e orçamentos na construção civil. São
de preços para cotação e criar bancos de dados Paulo: EPUSP, 2009. 16 p. Boletim Técnico da
próprios com cotações realizadas diretamente com Escola Politécnica da USP, Departamento de
fornecedores; e f) tomar decisões em relação a falta Engenharia de Construção Civil.
de informações nos projetos e/ou especificações
técnicas no processo de estimar os custos dos LOSSO, I. R. Utilização das características
serviços na orçamentação. geométricas da edificação na elaboração de
estimativas preliminares de custos: estudo de caso
REFERÊNCIAS em uma empresa de construção. Dissertação
(Dissertação em engenharia civil) – Universidade
ANDRADE, A. C.; SOUZA, U. E. L. Diferentes Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 1995. 146
abordagens quanto ao orçamento de obras p.
habitacionais: aplicação ao caso do assentamento
da alvenaria. In: Anais... do IX Encontro Nacional MATTOS, A. D. Como preparar orçamento de
de Tecnologia do Ambiente Construído – Foz do obras: dicas para orçamentistas, estudo de caso,
Iguaçu: ENTAC, 2002. 713-721 p. exemplos. 2. ed. São Paulo: Pini, 2014. 277 p.

BADRA, P. A. L. Guia prático de orçamento de ______. Erro 1 nos orçamentos de obra: deixar de
obras: do escalímetro ao BIM. São Paulo: Pini, fazer visita técnica ao local da obra. BuildIn –
2012. 266 p. Construção & Informação. Disponível em:
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CAIXA. Cadernos Caixa projeto padrão: casas nao-deixe-de-fazer/>. Acesso em: 27 dez. 2017.
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Desenvolvimento Urbano), 2006. 36 p. Disponível OBERLENDER, G. D. Project management for
em: <https://abenc-ba.org.br/wp- engineeringandconstruction. 2. ed. McGraw-Hill,
content/uploads/2017/04/Modelo-Padr%C3%A3o- 2000. 368 p.
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______. Relatórios do custo de composições. 2018. benefícios e despesas indiretas em orçamentos de
Disponível em: obras de construção civil. São Paulo: Edgard
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TISAKA, M. Orçamento na construção civil:
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DELOITTE. Deloitte apresenta pesquisa sobre obras. São Paulo: FUPAM – Fundação para a
gestão orçamentária no setor de Construção Pesquisa Ambiental, 2008. 67 p.
Civil. São Paulo: Deloitte, set. 2014. Disponível em:
<https://www2.deloitte.com/br/pt/footerlinks/pressre RESPONSABILIDADE AUTORAL
leasespage/pesquisa-construcao-civil.html>. Acesso
em: 01 fev. 2018. “Os autores são os únicos responsáveis pelo
conteúdo deste trabalho”.
DIAS, P. R. V. Engenharia de custos: metodologia
de orçamentação para obras civis. 9. ed. 2011. 219 p.

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CARACTERIZAÇÃO MORFOMÉTRICA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO
VERÍSSIMO, GOIÁS

SARMENTO, Antover Panazzolo, antoverps@ufg.br¹


CARVALHO, José Vitor Silva de, josevitor_carvalho@outlook.com1

1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Engenharia Civil

Resumo: Este trabalho se desenvolve com o intuito de caracterizar a morfometria da bacia hidrográfica do Rio
Veríssimo, localizada na região sudeste do estado de Goiás. Por meio deste estudo, faz-se possível o
entendimento dos recursos naturais da bacia, facilitando a criação ou complemento de um plano de gestão. A
caracterização foi realizada por meio de dados obtidos juntamente a órgãos públicos. O gerenciamento,
tratamento e análise destes dados foram efetuados mediante aplicação da ferramenta de Sistema de Informações
Geográficas (SIG), onde obteve-se Modelos de Elevação Digital (MDE), análise de declividades, extração de
dados de área, perímetro, comprimentos referentes à hidrologia da bacia entre outros

Palavras-chave: Bacias Hidrográficas. Morfometria. Hidrologia.

__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO das finalidades do sistema de gerenciamento, nos


termos do art. 44, inciso IX, trata-se da promoção de
estudos necessários para gestão dos recursos hídricos
O estudo das características físicas, ou por meio das agências de água.
morfométricas de uma bacia hidrológica tem
fundamental importância para o entendimento da Em decorrência da extensão das bacias
dinâmica ambiental local e regional (VILLELA; hidrográficas, o gerenciamento dos recursos hídricos,
MATTOS, 1975). Por meio deste entendimento, quando feitos de forma manual, tornam-se bastante
torna-se mais fácil a gestão dos recursos naturais, árduos. Deste modo, busca-se ferramentas que
principalmente no que se diz respeito a preservação e possam facilitar a análise de dados com maior
manutenção aliados ao desenvolvimento sustentável. facilidade quando aplicados à grandes extensões.
Rocha (2003) elucida que o Sistema de Informações
Collischonn e Dornelles (2013) simplificam a Geográficas (SIG), trata-se da ferramenta mais
definição de bacia hidrográfica como um sistema adequada ao gerenciamento de recursos naturais,
físico sujeito a entradas de água por meio da devido a suas propriedades de integração e
precipitação em uma determinada área, que geram manipulação de inúmeras quantidades de dados.
saídas de água através de escoamentos ou
evapotranspiração em um único ponto de saída Neste sentido, objetiva-se a realização da
denominado exutório. caracterização morfométrica da bacia hidrográfica do
Rio Veríssimo, localizada na região sudeste do estado
O gerenciamento das bacias é regido pela Lei n° de Goiás, mediante aplicação da ferramenta SIG, com
9.433 (BRASIL, 1997), que institui a política intuito de contribuir com informações relevantes à
nacional de recursos hídricos, e a criação do sistema futuros estudos e até mesmo à sua gestão.
nacional de gerenciamento de recursos hídricos. Uma

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2. METODOLOGIA Figura 2. Municípios que compõem a bacia hidrográfica
do Rio veríssimo.

Caracterização da área de estudos

A bacia hidrográfica do Rio Veríssimo é afluente


da bacia do Rio Paranaíba e compõe a alta bacia do
Paraná (Figura 1). Esta situa-se na região sudeste do
estado de Goiás, abrangendo os municípios de
Anhanguera, Campo Alegre de Goiás. Catalão,
Corumbaíba, Cumari, Goiandira, Ipameri e Nova
Aurora (Figura 2).

Figura 1. Localização da bacia hidrográfica do Rio


veríssimo.

Fonte: Próprios Autores (2019).

Figura 3. Hidrografia da bacia hidrográfica do Rio


veríssimo.

Fonte: Próprios Autores (2019).

Fonte: Próprios Autores (2019).


O principal rio da bacia é o Rio Veríssimo, que
nasce nas coordenadas: de longitude 47° 50' 55" W, e
latitude de 17° 23’ 29" S e foz com longitude de 48° Segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), a
20' 23" W, e latidude de 18° 22’ 06" S. A hidrografia bacia hidrográfica encontra-se em processo de
que compõe a bacia encontra-se representada na Fig. degradação dos mananciais devido às atividades de
3. mineração provenientes do município de Catalão e à

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atividade de substituição de parte da floresta por A base de dados vetoriais e matriciais utilizadas
pastagens e atividade agrícola. para elaboração dos mapas e desenvolvimento da
caracterização morfométrica da bacia foram retirados
As principais utilizações do solo da bacia, do Sistema Estadual de Geoinformação – SIEG, da
conseguinte o Instituto Brasileiro de Geografia e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária –
Estatística – IBGE (2014), podem ser observador por EMBRAPA, e também dados do IBGE. Para
meio da Fig. 4. Segundo Vanzela et al. (2010), o uso realização da análise e tratamento de dados obtidos
e ocupação do solo exerce grande influência sobre o assim como para geração das declividades, modelo de
escoamento superficial e quantidade de sedimentos elevação digital e ordenação dos rios, utilizou-se de
no leito dos mananciais, podendo alterar as ferramentas SIG.
características da água dos mananciais.
Em relação aos relevos da bacia, elaborou-se o
Modelo Digital de Elevação - MDE (Figura 5) através
Figura 4. Uso e ocupação do solo da bacia hidrográfica do de dados matriciais disponibilizados pelo programa
Rio Veríssimo no ano de 2014 a partir de dados do IBGE. Brasil em relevo desenvolvido pela EMBRAPA. De
acordo com Villela e Mattos (1975), as características
do relevo de uma bacia são de fundamental
importância sobre fatores meteorológicos e
hidrológicos, pois a velocidade de escoamento é
determinada pela declividade da bacia, e a
temperatura, evaporação e precipitação comportam-
se em função da altitude.

Figura 5. Modelo Digital de Elevação da Bacia


Hidrográfica do Rio Veríssimo.

Fonte: Próprios Autores (2019). Fonte: Próprios Autores (2019).

2.1. Caracterização morfométrica da bacia As declividades da bacia hidrográfica do Rio


Veríssimo, de acordo com as classificações da
EMBRAPA, encontram-se na Fig. 6.

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Figura 6. Declividades do terreno da Bacia Hidrográfica A
do Rio Veríssimo. Kf = (2)

A densidade de drenagem expressa a relação


entre o comprimento de todos os cursos de água
(Lcursos) em km e sua área total (A) em km² (Equação
3). Pode ser entendido como a capacidade de
drenagem de uma bacia. O índice varia de valores
menores ou iguais a 0,5 km/km² em bacias com
drenagem pobre até algum valor igual ou acima a 3,5
para bacias em que há um bom sistema de drenagem.

Lcursos
Dd = (3)
A

Fonte: Próprios Autores (2019). A sinuosidade do rio principal (Sin) trata-se da


relação entre o comprimento do rio principal (L) em
km e o comprimento de um talvegue (Lt) ou distância
vetorial entre os pontos extremos do curso em km
Para prosseguimento da caracterização
(Equação 4). Quanto mais o coeficiente se afastar de
morfométrica da bacia, utilizou-se a bibliografia
1, mais sinuoso será o rio.
especializada de Villela e Mattos (1975) na
determinação dos seguintes parâmetros: fator de
forma, coeficiente de compacidade, densidade de
drenagem e índice de sinuosidade do rio principal. L
Sin = (4)
O coeficiente de compacidade ou índice de Lt
Gravelius (Kc) é determinado pela Eq. 1 e relaciona a
forma da bacia com a circunferência de um círculo.
Quanto mais próximo de 1, mais circular é a bacia, e Villela e Mattos (1975) ressalta também a
esta será mais propensa a enchentes. importância se ordenar os cursos de água de uma
bacia (Figura 7), pois reflete o grau de ramificação
dentro da mesma. Para a caracterização, utilizou-se o
P critério de Strahler, onde considera-se os canais
K c = 0, 28 (1) formadores como de ordem 1, e o encontro de dois
A canais de ordem 1 formam um canal de ordem 2 e
assim sucessivamente.

Sendo P o perímetro da bacia (km), e A a área da


Figura 7. Ordenação dos rios da Bacia Hidrográfica do Rio
bacia em km².
Veríssimo segundo critério de Strahler.
O fator de forma (Kf) corresponde à relação entre
a área (A) em km² e o comprimento axial da bacia ou
comprimento do maior curso d’água (L) em km
(Equação 2). Este fator também determina a
propensão a enchentes. Quanto menor for o fator,
mais estreita será a bacia, e também estará menos
sujeita a enchentes.

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Altitude mínima (m) 508,00

Altitude máxima (m) 980,00

Altitude média (m) 778,58

Coeficiente de compacidade
1,49
(km/km)

Fator de forma (km²/km²) 0,09

Densidade de Drenagem
0,85
(km/km²)

Fator de sinuosidade
1,85
(km/km)

Ordem da Bacia (Strahler) 6°

Fonte: Próprios Autores (2019).

Fonte: Próprios Autores (2019).


Em relação às declividades, o tipo de relevo mais
encontrado na bacia trata-se do relevo Ondulado,
conforme apresentado na Tabela 2. A divisão do uso
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO e ocupação do solo pode ser observada na Tabela 3.
Onde nota-se a forte presença na agricultura e
A bacia hidrográfica do rio Veríssimo apresenta pastagens na região da Bacia.
4.533,73 km² de área de drenagem e perímetro de
359,02 km. Seu rio principal consta com 222,70 km
de extensão, e 120,10 km de distância vetorial entre Tabela 2. Resultados da declividade do terreno da
os pontos da nascente e da foz. O comprimento total bacia segundo classificação da EMBRAPA.
de drenagem de todos os cursos de água corresponde
a dimensão de 3.861,60 km. Constatou-se ainda Relevo Área (%)
ordenação de drenagem da bacia de 6° ordem. Plano 15,80
Mediante análise de dados geradas pelos mapas Suavemente Ondulado 38,56
elaborados, e aplicação das Equações 1, 2, 3 e 4, fez-
se possível a elaboração da Tab. 1. Ondulado 41,20

Fortemente Ondulado 4,40


Tabela 1. Resultados dos parâmetros morfométricos. Montanhoso 0,04
Parâmetros Resultados Fortemente Montanhoso 0,00
Área de drenagem (km²) 4.533,73 Fonte: Próprios Autores (2019).

Perímetro (km) 359,02

Comprimento do Rio Tabela 3. Porcentagem do uso e ocupação do solo em


222,70
Principal (km) relação a Bacia Hidrográfica do Rio Veríssimo.

Comprimento total de Uso e Ocupação do Solo Área (%)


3.861,60
drenagem (km)
Áreas Artificiais 0,31%
Comprimento do Talvegue
120,10 Áreas Agrícolas 16,71%
(km)

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Pastagem com Manejo 25,49% a afirmação de que a vegetação local apresenta fortes
intervenções antrópicas.
Área Agrícola com 0,40%
remanescente florestal

Silvicultura 0,16% REFERÊNCIAS

Vegetação florestal com 0,18%


áreas agrícolas ANA – Agência Nacional de Águas. Diagnóstico da
Bacia Hidrográfica do Rio Paranaíba. Companhia
Pastagem Natural 27,22% Brasileira de Projetos e Empreendimentos. 2010.
Parte A. 71 p. Disponível em:<
Vegetação campestre com 29,49%
http://cbhparanaiba.org.br/uploads/documentos>.
áreas agrícolas
BRASIL. Lei n° 9.433 de 8 de janeiro de 1997.
Corpo d’água continental 0,04% Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos e
Fonte: Próprios Autores (2019). cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de
Recursos Hídricos. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9433>.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS COLLISCHONN, W.; DORNELLES, F. Hidrologia


para engenharia e ciências ambientais. Porto
Alegre: ABRH, 2013. 21 p.
A partir dos resultados, pode-se concluir em
relação à bacia hidrográfica do rio veríssimo que o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
coeficiente de compacidade obtido (1,49 km/km), é Cartas e Mapas do Brasil. [s.d.]. Disponível em:
um valor nem tão próximo, nem tão distante da <ftp://geoftp.ibge.gov.br/../>.
unidade, portanto, não se pode determinar se a bacia EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa
está propensa a enchentes somente por este Agropecuária. Centro Nacional de Pesquisa de Solos.
parâmetro. Brasil em relevo. 2005. Disponível em:<
O fator de forma determinado mostrou-se um https://www.cnpm.embrapa.br/projetos/relevobr/>.
valor bastante pequeno (0,09 km²/km²), ou seja, a ROCHA, J. V. O sistema de informações
bacia é considerada estreita. Desta forma, maior será geográficas no contexto do planejamento
o tempo de concentração das chuvas, e portanto, integrado de bacias hidrográficas. São Paulo:
menos sujeitas a picos de enchente, pois será difícil UNICAMP. 2008. Disponível em:< www.unicamp.br
uma mesma chuva intensa abranger toda bacia. A /fea / ortega / livro / c20-sigpibh-jansle>.
densidade de drenagem da bacia (0,85 km/km²)
obtida pode ser considerada uma drenagem regular, SIEG – Sistema Estadual de Geoinformação. SIG
pois está um pouco acima de 0,5 km/km². Shapfiles. [s.d]. Disponível
em:<http://www.sieg.go.gov.br/siegdownloads/>.
O sistema de drenagem da bacia pode ser
considerado bastante ramificada, devido a esta ser de VANZELA, L. S. et al. Influência do uso e
6° ordem. A sinuosidade do rio pode ser considerada ocupação do solo nos recursos hídricos do Córrego
alta, ou meandrante com bastante irregularidades em Três Barras, Marinópolis. Revista Brasileira de
sua forma; O terreno da bacia do Rio Veríssimo pode Engenharia Agrícola e Ambiental. 2010. vol. 14, n. 1,
ser considerado ondulado, sendo 41,20% da área da 55-64 p. Disponível em:<
bacia nesta característica, com 38,56% suavemente http://www.scielo.br/pdf/rbeaa/v14n1/v14n01a08>.
ondulado e tendo uma pequena parte plana (15,80%).
VILLELA, S.M., MATTOS, A. Hidrologia
Conclui-se também por meio do uso e ocupação Aplicada. São Paulo: McGraw – Hill do Brasil, 1975,
do solo da bacia, que o solo da região é quase que 2 Cap.
exclusivamente utilizado para áreas agrícolas e
RESPONSABILIDADE AUTORAL
pastagens, correspondendo ao percentual de 98,92%
Os autores são os únicos responsáveis pelo conteúdo
da área da bacia. Esta informação ajuda a corroborar
deste trabalho.

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CINEMATOGRAFIA DA RESISTÊNCIA: O CINEMA DE LÚCIA MURAT E A
TRAJETÓRIA DAS MULHERES QUE RESISTIRAM A DITADURA CIVIL-
MILITAR

GRISOLIO, Lilian Marta, lilian.grisolio@gmail.com


ALENCAR, Angelina Maria Santos de, angelinalencar@gmail.com

1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de História e Ciências
Sociais
Resumo: A presente pesquisa em desenvolvimento tem como objetivo refletir sobre a trajetória de mulheres que
integraram as organizações de guerrilha armada contra a ditadura civil-militar imposta ao Brasil em 1964. Para
a realização da pesquisa, utilizamos como fonte desse estudo as produções cinematográficas: "Que Bom Te Ver
Viva" (1989) e "A memória que me contam" (2012), da cineasta brasileira Lúcia Murat, que além de diretora, foi
também integrante da luta armada contra a ditadura civil-militar que se manteve em vigência por 21 anos. A
partir da seleção, classificação e análise dos filmes citados, a proposta é investigar o diálogo existente entre o
Cinema e a História e desvelar o protagonismo das mulheres que lutaram contra o autoritarismo vigente nesse
período histórico, buscando compreender como sobreviveram a repressão militar.

Palavras-chave: Cinema. Ditadura. Repressão. Mulheres. Resistência.

__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO
Protagonizando um cenário político
O presente trabalho ainda em assustador de retrocessos e caça de direitos, o Brasil
desenvolvimento tem como proposta refletir sobre a tem nos mostrado mais do que nunca a necessidade
trajetória de mulheres que integraram as organizações de barrar o esquecimento de um período tão
de guerrilha armada contra a ditadura civil-militar truculento da nossa história. O desrespeito aos
imposta ao Brasil em 1964. Estas mulheres que direitos humanos é cada vez mais flagrante nos
sobreviveram à repressão truculenta das forças discursos e até mesmo nas ações do atual governo
armadas fizeram parte da linha de frente que se opôs brasileiro. Um recorrente discurso amplamente
e lutou para combater o autoritarismo vigente nesse divulgado é o de que não haveria ocorrido o golpe
período. civil-militar e que as perseguições, torturas e
assassinatos cometidos pelo Estado foram ações
Para a realização desse estudo, utilizamos necessárias para combater os subversivos no período.
como fonte de análise duas produções fílmicas da Desse modo, a proposta de analisar as experiências
cineasta brasileira Lúcia Murat: “Que Bom Te Ver históricas das mulheres que integraram as
Viva” (1989) e “A memória que me contam” (2012). organizações de guerrilha armada e que até hoje são
Além de diretora, Murat foi também integrante da luta muito pouco exploradas pelas produções intelectuais,
armada no período abordado. Através das obras é essencial para a construção da memória histórica
citadas acima, buscamos refletir sobre a relação sobre o período. Sendo assim, é de grande relevância
Cinema-História e desvelar a história e o que a temática proposta por este trabalho seja
protagonismo dessas mulheres que lutaram exaustivamente estudada e difundida.
diretamente ao lado dos conhecidos personagens
masculinos contra a ditadura que se manteve em
vigência por mais de duas décadas perseguindo, 2. METODOLOGIA
reprimindo e caçando a liberdade e os direitos de
quem se opusesse a sua permanência. A partir da seleção das películas, foram

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transcritas e classificadas por temas as falas de ambos arte na era da reprodução de massa, e como essa
os filmes. Da análise das falas e testemunhos, reprodução fez com que o valor cultural da obra fosse
emergiram as questões que objetivamos refletir, substituído por seu valor de exibição.
buscando resgatar a trajetória do protagonismo
feminino dentro das organizações de guerrilha e como Pensamos que o cinema enquanto veículo de
estas mulheres sobreviveram a repressão das forças comunicação e expressão, apesar de ter sido negado
armadas, a prisão e a tortura. O desvelamento e por muito tempo como fonte documental pela
difusão da história dessas mulheres que lutaram história, configura-se como um potente veículo para
contra o autoritarismo e sobreviveram ao terror e propagação de ideias e valores. Desse modo,
truculência do Estado durante este período, além de entendemos o cinema como fonte possível e fértil
fundamental para o resgate da memória do período, é para a construção do conhecimento histórico sobre o
essencial para a construção de uma sociedade menos período em estudo. lembrando que muitas vezes os
opressora. espectadores encontram seu primeiro contato com
temas históricos através dos filmes, o cinema com sua
Por se tratar de uma fonte audiovisual e diversidade temática e de gêneros desperta grande
partindo do reconhecimento dos avanços que o interesse no público e amplia as possibilidades de
cinema tem proporcionado ao debate histórico nas recursos para a análise histórica. Contudo, mesmo
últimas décadas, é essencial para a elaboração desse com os desafios ainda encontrados no uso desse
trabalho o uso das contribuições de Marc Ferro, recurso, vale ressaltar que Marc Ferro, um dos
Robert Rosenstone, Marcos Napolitano e outros precursores da proposta em abranger as produções
teóricos da relação Cinema-História, para fomentar a fílmicas como fontes de investigação da história,
discussão e buscar compreender como é possível afirma:
utilizar produções cinematográficas, contemporâneas
ou não, como fonte para o fazer historiográfico. Os historiadores já recolocaram em seu legítimo
Sendo assim, analisamos o roteiro e os testemunhos lugar as fontes de origem popular, primeiro as
dos filmes entendendo-os como produções artístico- escritas, depois as não escritas: o folclore, as artes e
culturais que auxiliam na representação da realidade as tradições populares. Resta agora estudar o filme,
histórica e revivem memórias de um período que não associá-lo com o mundo que o produz. Qual é a
deve ser esquecido. hipótese? Que o filme, imagem ou não da realidade,
documento ou ficção, intriga autêntica ou pura
Os trechos dos filmes selecionados para invenção, é História. E qual o postulado? Que aquilo
análise dialogam com extenso referencial teórico que não aconteceu (e por que não aquilo que
produzido sobre a temática da ditadura e as questões aconteceu?), as crenças, as intenções, o imaginário
de gênero, como as obras 1964 – História do regime do homem, são tão História quanto a História.
militar brasileiro (2018), do historiador Marcos (FERRO, 2010, p.32).
Napolitano; 1964 – o golpe que derrubou um
presidente, pôs fim ao regime democrático e instituiu Ferro, como dito acima, é um dos pioneiros
a ditadura no Brasil (2014), de Angela de Castro do estudo da relação Cinema-História e produziu na
Gomes e Jorge Ferreira; as inúmeras contribuições da década de 1970 uma reflexão sobre como as imagens
historiadora Ana Maria Colling, como sua dissertação – principal recurso das produções cinematográficas –
de mestrado intitulada Choram Marias e Clarices: são fontes possíveis para o fazer histórico. A partir de
uma questão de gênero no regime militar brasileiro então, cada vez mais teóricos têm se dedicado à
(1994); entre outras produções intelectuais sobre o investigação acadêmica de produções
período. cinematográficas e suas relações históricas e sociais.
Nesse sentido, partindo do reconhecimento de que os
filmes são fonte fértil para a elaboração de análises
3. DISCUSSÃO históricas e sociais, este trabalho se fundamenta em
extenso referencial teórico para produzir a análise dos
A História por muito tempo resistiu em filmes da cineasta Lúcia Murat buscando desvendar o
reconhecer o recurso audiovisual como fonte, diálogo existente entre suas produções e a realidade
principalmente por se tratar de um instrumento de histórica do contexto em estudo, especialmente após
consumo de massas. Assim sendo, contou com a promulgação do Ato Institucional Nº 5.
teóricos que se debruçaram sobre o tema produzindo
extenso estudo voltado para a discussão do uso das O contexto da ditadura civil-militar que se
fontes audiovisuais no debate histórico. Um inicia em 1964 com o golpe de estado que depôs o
importante referencial para esse debate é o autor então presidente João Goulart, é normalmente
Walter Benjamin (1993) que na obra Magia e dividido em 3 fases. A primeira fase vai de 1964 a
Técnica, Arte e Política desenvolve a análise sobre a 1968 e caracteriza o período de reafirmação e

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estabilização do regime militar. A segunda fase simples: havendo terroristas, os militares entram em
inicia-se com a promulgação do AI-5 em 1698 e cena, o pau canta, os presos falam, e o terrorismo
caracteriza a fase da ditadura que ficou também acaba. Como se vangloriou o general Emilio
conhecida como os "anos de chumbo". A terceira fase Garrastazú Medici, mais de dez anos depois de ter
inicia-se a partir de 1974, após a derrubada de deixado o poder: “Era uma guerra, depois da qual
expressiva parte das organizações guerrilheiras e é foi possível devolver a paz ao Brasil. Eu acabei com
conhecida como o período de reabertura política. o terrorismo neste país. Se não aceitássemos a
guerra, se não agíssemos drasticamente, até hoje
O período que este trabalho investiga teríamos o terrorismo”. (GASPARI, 2002, p. 14)
localiza-se principalmente na segunda fase, momento
em que a oposição passa a ser perseguida e reprimida Em relação ao objeto deste trabalho, como
de forma mais explícita pelo governo ditatorial. A pontua bem a historiadora Ana Maria Colling (2004),
promulgação do Ato Institucional Nº5, em dezembro a história da repressão e da violência militar no Brasil
de 1968, inaugurou a fase mais terrível e truculenta durante o período da ditadura é contada como na
da repressão militar contra a oposição ao regime. O história de forma geral, a partir do olhar masculino.
ato, entre outras medidas, suspendia a garantia de Assim como os sujeitos frequentemente reconhecidos
habeas corpus nos casos de crimes políticos, podendo e lembrados desse período, são majoritariamente
manter o preso incomunicável por até 10 dias. homens. Sobre essa exclusão da mulher na história,
Assegurava ao Presidente da República direitos Colling (2004) explica:
absolutos, como o de fechar o Congresso Nacional
por tempo indeterminado e decretar estado de sítio A distinção entre o público e o privado estabelece a
sem autorização do congresso. Além de proibir e separação do poder. O silêncio sobre a história das
criminalizar oficialmente qualquer tipo de mulheres advém de sua não participação na arena
manifestação política. Acusados de promover o pública, espaço da política por excelência. Nesse
terrorismo, os integrantes das organizações de sentido a história da repressão durante o período da
guerrilha armada passam a ser denominados ditadura militar é uma história de homens. A mulher
"subversivos" pelas forças da repressão e os atos militante política não é encarada como sujeito
decretados posterirormente ao AI-5 possuem histórico, sendo excluída do jogo do poder.
características de endurecimento do regime, (COLLING, 2004, p. 2/3)
autorizando às forças armadas o uso práticas violentas
de repressão a qualquer pessoa que se opusesse ao Denominadas “subversivas”, as mulheres
governo. que enfrentaram o regime ditatorial desempenharam
um papel duplamente divergente, pois ao mesmo
Apesar de todas as práticas autorizadas e tempo em que integravam a oposição direta ao
legalizadas pelos atos institucionais, diversas práticas governo autoritário, também rompiam com o
ilegais de coerção são utilizadas ao longo dos anos aprisionamento ao ambiente doméstico
seguintes, como a tortura física e psicológica. Uma historicamente destinado a elas. Rompendo assim
referência para esse assunto é o livro A Ditadura com esse papel social e traçando uma trajetória de
Escancarada, de Elio Gaspari (2002), que explora o ocupação dos espaços públicos de decisões políticas,
período posterior a promulgação do AI-5, que ao longo da história eram ocupados
descrevendo as práticas de tortura usadas pelos majoritariamente por homens.
agentes da repressão e o extermínio das organizações
de guerrilha armada: As mulheres que testemunham nos filmes
analisados neste trabalho, são sobreviventes da
A tortura tornou-se matéria de ensino e prática perseguição e das atrocidades cometidas pelas forças
rotineira dentro da máquina militar de repressão armadas. Sobreviventes do encarceramento político e
política da ditadura por conta de uma antiga da tortura legitimada pós- AI-5, é possível perceber
associação de dois conceitos. O primeiro, genérico, através dos depoimentos dessas mulheres, que as
relaciona-se com a concepção absolutista da torturas físicas e psicológicas que sofriam tinham
segurança da sociedade. Vindo da Roma antiga (“A sempre conotações sexuais, que diziam respeito a sua
segurança pública é a lei suprema”), ele desemboca condição de mulher. Nesse sentido, a tortura sofrida
nos porões: “Contra a Pátria não há direitos” pelas mulheres nesse período se configura também
informava uma placa pendurada no saguão dos como violência de gênero a partir do momento em
elevadores da polícia paulista.1 Sua lógica é que constatamos nos testemunhos a ocorrência de
elementar: o país está acima de tudo, portanto tudo assédio e violência sexual, como estupros, introdução
vale contra aqueles que o ameaçam. O segundo de objetos nos órgãos genitais, entre outras
conceito associa-se à funcionalidade do suplício. A atrocidades realizadas durante as sessões de tortura.
retórica dos vencedores sugere uma equação Dois testemunhos dessas violências foram

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encontrados nos depoimentos das ex-guerrilheiras cerca de dois meses depois para o Presídio Talavera
Rosalinda Santa Cruz e Regina Toscano, no filme Bruce – antiga penitenciária de Bangu – onde
Que Bom Te Ver Viva: permanece presa por três anos e meio. Sobre as
experiências vividas durante a ditadura e o seu
Eu me senti inteiramente amedrontada, o que eu me trabalho como cineasta, em depoimento cedido a
lembro daquele momento é o sentimento de solidão, Lúcia Nagib em 2002, Murat expressa:
de medo, de total desproteção, diante da, daquele
homem, daqueles homens. E que eles então me Boa parte do trabalho que faço se refere, direta ou
levaram pra uma sessão de tortura não era nenhum... indiretamente, a essa experiência. Toda essa
o que tava em jogo não era informação, o que tava violência me marcou profundamente. A violência
em jogo era a minha desestruturação, era a minha passou a ser tema reiterado em minha reflexão sobre
rebeldia, era o fato de eu ter me rebelado contra a a vida. Passei a pensar que, se sobrevivi a tanta
autoridade e a prepotência deles, né. Então depois violência, o resto é lucro. Até hoje não consigo
deles terem me batido muito com telefone, choque planejar nem lidar com o futuro. Tenho a sensação
elétrico, pau-de-arara, choque na vagina né, sempre de ser uma sobrevivente, embora essa sensação
despida. Eu cheguei a um momento em que eu pedi venha se amenizando com o passar do tempo.
"me matem" né, eu quero morrer, eu não tô (MURAT, 2002, p. 323)
aguentando. Eu lembro do olhar, do riso dele, disse
assim pra mim: “eu não te mato, não me interessa lhe A filmografia da cineasta e ex-guerrilheira é
matar. Eu vou te fazer em pedacinhos, eu vou lhe marcada por sua visão crítica sobre a sociedade e
torturar o quanto eu quiser, inclusive eu lhe mato se principalmente por suas experiências de vida. Murat
eu quiser”. Então esse, esse nível assim de parece ter buscado sua “válvula de escape”
impotência diante do torturador, de toda impunidade, justamente na produção de seus filmes que sempre
da capacidade que ele podia realmente fazer isso, promovem a reflexão sobre algum problema social,
quer dizer, ele podia ficar dias e dias e meses comigo ou como no caso das obras escolhidas como fonte
né, fazendo todo tipo de experiências que ele pudesse desse trabalho, buscam manter viva a memória de um
fazer. E a minha resistência eu não sabia o limite tempo que ela experenciou e que não deve ser
dela. Sabia que ela tinha um limite, que era o limite esquecido pela sociedade brasileira.
do meu corpo, da minha dor, da minha força. E eu
acho que isso é o que está, é o caminho pra questão O cinema foi, num certo sentido, uma maneira de
da loucura. passar toda a minha experiência. Não sei se passar
(transcrição do depoimento de Rosalinda no filme pra frente ou por pra fora. Acho que é mais jogar
Que Bom Te Ver Viva - 00:48:23) para fora, vomitar e falar sobre tudo isso, uma
maneira de sobreviver a toda aquela história.
(MURAT, 2002, p. 324)

É, eu fui presa no dia 6 de março né, de 1970. Nos dois filmes analisados há personagens
Acabando de fazer uma panfletagem numa fábrica, que representam o alter ego da diretora. Sendo assim,
ali no Jacarezinho, né. Houve uma perseguição. Nós Murat, assim como as mulheres que testemunham em
éramos 7 pessoas em dois carros diferentes né. E “Que Bom Te Ver Viva” e as representadas em “A
houve uma perseguição de várias viaturas né, da memória que me contam” também é objeto desse
polícia. Inclusive na nossa fuga a gente subiu pra trabalho, uma vez que a marca de suas memórias e
uma pedreira e o próprio corpo de bombeiros ajudou experiências são encontradas em ambas as produções.
a polícia a nos tirar de lá. A violência começou já
desde essa pedreira né, onde eu fui despida e
procuraram até dentro da minha xoxota mesmo se eu 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
tinha alguma arma, coisa que eles sabiam que não
teria mesmo. Acho que era um negócio muito mais
pra me degradar né. [...] O texto aqui apresentado é parte da produção
de uma monografia em desenvolvimento. As falas
(transcrição do depoimento de Regina no filme Que selecionadas das fontes estão em processo de análise
Bom Te Ver Viva - 00:37:26) e estudo. No entanto, até o momento, concluímos que
na atual conjuntura do Brasil e do mundo uma das
A cineasta Lúcia Murat, diretora das obras questões essenciais para a construção de uma
que analisamos neste trabalho também foi vítima do sociedade de fato emancipada, seja os estudos de
terror do Estado durante a ditadura. Presa em 1971, é gênero. Nesse sentido, compreendemos que se faz
enviada para o DOI-CODI, onde sofre todo tipo de necessário romper com o silêncio que historicamente
tortura física e psicológica, sendo transferida somente ecoa à sombra da história das mulheres, refletindo

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sobre as questões de gênero, os papéis socioculturais GASPARI, Elio. A ditadura escancarada. São
impostos aos sexos e sua influência sob a sociedade. Paulo: Companhia das Letras, 2002.
Pretendemos, portanto, romper com o silenciamento
e a invisibilidade da história das mulheres que MURAT, Lúcia. Hormônio, radicalidade e
lutaram pelo combate à ditadura e pela restituição do felicidade. In: CENTENO, Ayrton. Os vencedores:
regime democrático no Brasil. a volta por cima da geração esmagada pela ditadura
de 1964. São Paulo: Geração Editorial, 2014, p. 359-
384.
REFERÊNCIAS
MURAT, Lúcia. In: NAGIB, Lúcia. O cinema da
BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e retomada: depoimentos de 90 cineastas dos anos
política. Obras escolhidas, v. 1, 3ª ed. São Paulo: 90. São Paulo: Editora 34, 2002, p. 322-326.
Brasiliense, 1987.
BERNARDET, Jean-Claude. O que é cinema. São NAPOLITANO, Marcos. 1964 – História do
Paulo: Brasiliense, 1985. Regime Militar Brasileiro. São Paulo: Contexto,
2014.
COLLING, Ana Maria. Choram Marias e
Clarices: uma questão de gênero no regime NOVA, Cristiane. O cinema e o conhecimento da
militar brasileiro. Dissertação (Mestrado) - Curso história. In: O Olho da História: Revista de História
de Pós-Graduação em História, Departamento de Contemporânea. Salvador, v. 2, n.3, 1996.
Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, UFGRS,
Porto Alegre, 1994. ROSENSTONE, Robert. A História nos Filmes, os
Filmes na História. São Paulo: Editora Paz e Terra,
________. As mulheres e a Ditadura Militar no 2010.
Brasil. VIII Congresso luso, afro, brasileiro de
ciências sociais, Coimbra, 2004. FONTES FÍLMICAS

MURAT, Lúcia. QUE BOM TE VER VIVA.


FERRO, Marc. O Filme: Uma contra-análise da Direção: Lúcia Murat. Rio de Janeiro: Taiga Filmes,
sociedade? In: LE GOFF, Jacques; NORA, Pierre 1989.
(org.). História: novos objetos. R.J: Francisco Alves,
1975. MURAT, Lúcia. A MEMÓRIA QUE ME
CONTAM. Direção: Lúcia Murat. Rio de Janeiro:
________. Cinema e História. São Paulo: Paz e Taiga Filmes, 2012.
Terra, 2010.

FERREIRA, Jorge; GOMES, Angela de Castro. RESPONSABILIDADE AUTORAL


1964 – o golpe que derrubou um presidente, pôs
fim ao regime democrático e instituiu a ditadura. As autoras são as únicas responsáveis pelo conteúdo
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2014. deste trabalho.

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CONCEITOS GEOMÉTRICOS DOS ALUNOS DAS TURMAS DO 3º ANO DO
ENSINO MÉDIO DE UMA ESCOLA PÚBLICA: DADOS E DILEMAS

Passos, Lucas dos Santos, lucassantospassos@gmail.com1


Carvalho, Tiago Martins Pereira de, tiagomartins_199@hotmail.com1
Melo, Geovana Magalhães de, magalhaesgeovana9@gmail.com1
Ribeiro, João Lucas da Silva, jlsilva566@gmail.com1

1
Instituto Federal Goiano/Campus Urutaí

Resumo: As problemáticas e dificuldades no processo de ensino e aprendizagem de geometria na disciplina de


matemática na educação básica têm sido bem documentadas por diversos autores. Essas problemáticas e
dificuldades têm sido até sinalizadas por documentos oficiais nacionais, destacando-se a importância de se
trabalhar geometria desde as séries iniciais. Nesse sentido, o presente trabalho apresenta uma pesquisa, de
abordagem quanti-qualitativa, sobre a apropriação de conceitos geométricos, desenvolvida durante a
disciplina de Práticas Orientadas para o Ensino de Geometria do Curso de Licenciatura em Matemática do
Instituto Federal Goiano – Campus Urutaí, e aplicada com as turmas de 3º ano do Ensino Médio do Colégio
Estadual Rodrigo Rodrigues da Cunha, em Pires do Rio, Goiás, em meados do segundo semestre de 2019.
Como tal, essa pesquisa objetiva-se mapear a aprendizagens de conceitos fundamentais de geometria e sobre
geometria da referida turma. Metodologicamente, foi empregado um questionário fechado de 10 questões em
torno da geometria, confeccionado e adaptado a partir do questionário “O que você sabe”, proposto na
introdução do livro paradidático A geometria na sua vida (Editora Ática, 2003), da série Saber Mais, cujo
consultor é Nílson José Machado. Os resultados finais apontam para dados positivos, mas, ao mesmo tempo,
contraditórios, no nível mais profundo e fundamental dos conceitos geométricos. Esses resultados são
conjugados com alguns pressupostos discutidos durante a disciplina de Práticas Orientadas para o Ensino de
Geometria, sobretudo em relação ao próprio caráter fragmentado e difuso da geometria, que tem gênese em
um movimento histórico-epistemológico específico.

Palavras-chave: Matemática. Geometria. Conceitos.

__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO problemáticas e dificuldades têm sido até sinalizadas


por documentos oficiais nacionais, como os
Parâmetros Nacionais Curriculares (PCN),
As problemáticas e dificuldades no processo de destacando-se a importância de se trabalhar
ensino e aprendizagem de geometria na disciplina de geometria desde as séries iniciais para despertar no
matemática na educação básica têm sido bem aluno um tipo especial de pensamento que se
documentadas por diversos autores (LORENZATO, relaciona com o espaço (BRASIL, 1998). Além
1995; MIGUEL; FIORENTINI; MIORIM, 1992; disso, os documentos oficiais destacam que o
NACARATO; PASSOS, 2003; PAVANELLO, trabalho com a geometria envolve também outros
1993; RÊGO; RÊGO, VIEIRA, 2012). Essas conhecimentos de outros campos da matemática,

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como o de números e medidas, e pode levar a um durante a disciplina de Práticas Orientadas para o
pensamento mais organizado e integrador (BRASIL, Ensino de Geometria, do Curso de Licenciatura em
1998). Com efeito, a geometria é reconhecida como Matemática do Instituto Federal Goiano – Campus
um conhecimento bastante produtivo, tida como uma Urutaí, e desenvolvida no Colégio Estadual Rodrigo
forma de conhecimento mais natural e mais Rodrigues da Cunha, situada no município de Pires
adaptável, e que pode integrar conhecimentos do Rio (Goiás), durante o segundo semestre do ano
aritméticos e algébricos (LORENZATO, 1995; de 2019. Dessa forma, a presente pesquisa integrou
NACARATO; PASSOS, 2003). uma das atividades da referida disciplina de
graduação, disciplina esta que ainda está
Todavia, como começamos a dizer, as acontecendo, e um dos propósitos era de integrar
problemáticas e dificuldades em torno do ensino de cada vez mais teoria e prática, tomando medidas
geometria são muitas, o que, evidentemente, como essa, que possibilitam os licenciandos de
acomete seu ensino e sua aprendizagem. Para fazerem pesquisas no ambiente natural, coletar e
começar o campo matemático da geometria sofreu conhecer dados reais. A escolha da escola se deu
um esvaziamento ao longo do tempo mais do que o justamente porque, dado que todo o alunado da
campo aritmético e o campo algébrico disciplina já estar participando do Programa
(LORENZATO, 1995; MIGUEL; FIORENTINI; Residência Pedagógica (Capes), o estar fazendo
MIORIM, 1992; NACARATO; PASSOS, 2003; majoritariamente nessa escola. Nessa escola, optou-
PAVANELLO, 1993; RÊGO; RÊGO, VIEIRA, se pelas turmas do 3º ano do Ensino Médio, que
2012). Assim, os próprios conteúdos de geometria contam com duas turmas, o 3º ano “A”, com 27
foram secundarizados nos currículos de matemática alunos, e o 3º ano “B”, com 19 alunos. A escolha
e nos livros didáticos (LORENZATO, 1995; desse nível de escolaridade se deveu ao fato de se
NACARATO; PASSOS, 2003). Além disso, a tratar da última série da educação básica, que é
formação de professores de matemática durante um também a última série oferecida por esse colégio
tempo deixou de tratar dos conteúdos de geometria, estadual. Assim, a pesquisa é capaz de mensurar
fazendo com que os professores saíssem dados de alunos da última série da educação básica
despreparados para lidar com os conteúdos de de uma escola pública.
geometria da escola (LORENZATO, 1995;
NACARATO e PASSOS, 2003). Evidentemente, os Metodologicamente, a pesquisa constitui-se de
conteúdos geométricos podem ter suas dificuldades um questionário fechado, simples e adaptado, de 10
intrínsecas, mas isso não inviabiliza seu ensino e questões em torno da geometria a partir do
aprendizagem (LORENZATO, 1995; NACARATO questionário “O que você sabe”, proposto na
e PASSOS, 2003). introdução do livro paradidático A geometria na sua
vida (Editora Ática, 2003), da série Saber Mais. A
Nesse sentido, o presente trabalho apresenta escolha desse questionário se deu por compor um
uma pesquisa sobre a apropriação de conceitos dos livros que está sendo trabalhado durante a
geométricos, desenvolvida durante a disciplina de disciplina e, além disso, pela excepcionalidade e
Práticas Orientadas para o Ensino de Geometria do qualidade do material, cuja consultoria é de Nílson
Curso de Licenciatura em Matemática do Instituto José Machado, professor da Universidade de São
Federal Goiano – Campus Urutaí, e aplicada com as Paulo e autor de vários livros paradidáticos que,
turmas de 3º ano do Ensino Médio do Colégio como tal, auxiliam a prática dos professores da
Estadual Rodrigo Rodrigues da Cunha, em Pires do educação básica. É claro, vale ressaltar que tal
Rio, Goiás, em meados do segundo semestre de questionário tem a característica particular de oscilar
2019. Como tal, essa pesquisa se insere na grande entre o formal e o lúdico, apresentando alternativas
temática antes explicitada e objetiva-se mapear o que fogem do campo conceitual específico da
nível de conhecimentos de conceitos fundamentais geometria, para inserir opções controvertidas e
de geometria e sobre geometria da referida turma. ilógicas. No entanto, acreditamos ainda assim que
esse trabalho serve para o tipo de pesquisa proposta
e que ele pode mensurar a apropriação dos conceitos
2. METODOLOGIA geométricos. De fato, mesmo que o questionário
tenha esse aspecto lúdico, ele ainda permanece como
um questionário que toca em questões de geometria
Como mencionamos, o trabalho que ora se
e sobre geometria, ou que cercam a geometria.
apresenta trata-se de uma pesquisa construída
Assim, o questionário segue sendo capaz de desafiar

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o aluno quanto a conceitos mais básicos e essenciais sobretudo sobre a classe de questões e continuidade
do campo geométrico. Obviamente, a adaptação do ou descontinuidade entre os acertos.
questionário foi feita no sentido de inserir mais uma
alternativa a cada questão (no original são três Cabe esclarecer ainda que a presente pesquisa,
alternativas, em nossa versão foi acrescentada mais como resultado de um trabalho experimental de
uma) e torná-las mais equilibradas quanto a esse graduação, trata-se apenas de um estudo piloto que
aspecto. prepara terreno para projeto de pesquisa maior para
mapear os conhecimentos de conceitos geométricos
As 10 questões estavam assim divididas: a de alunos da educação básica. Mesmo assim, a
primeira trata sobre o que a geometria estuda; a presente pesquisa foi realizada seguindo os
segunda sobre quem se dedicou primeiro à princípios mais amplos da ética em pesquisa
geometria; a terceira sobre o que são polígonos; a educacional, sobretudo em relação ao resguardo de
quarta sobre qual a diferença entre círculo e seus sujeitos participantes.
circunferência; a quinta sobre o que são poliedros; a
sexta sobre em que se diferencia o par esfera/cone
do par prisma/pirâmide; a sétima sobre o que é um 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
poliglota; a oitava sobre quantos lados têm um
triângulo; a nona sobre para que serve a geometria; e
a décima sobre o que é um ângulo obtuso. Dessa No primeiro gráfico, Gráfico 1, a seguir, é
forma, a primeira, a segunda e a nona questão são apresentado o número de acertos referentes a turma
questões sobre a geometria, isto é, que envolve sua do 3º ano “A”:
história e seu significado cultural. A terceira, a
quarta, a quinta, a sexta, a oitava e a décima são
perguntas de geometria, quer dizer, perguntas Gráfico 1. Acertos dos alunos do 3º ano “A” (n=27).
específicas de conteúdos matemáticos geométricos. 30 26 25 25
A sétima questão, por sua vez, trata-se de uma 24
25
questão idiossincrática, que desafia o aluno quanto a
20 18
um significado comum e um significado geométrico, 16 16 16
14
dado a grafia da palavra. Dessa forma, trata-se de 15
um questionário em torno da geometria, tanto com 10
questões sobre geometria quanto questões de 5 3
geometria, além de uma questão idiossincrática. A
0
importância desse questionário está em justamente
06
01
02
03
04
05

07
08
09
10
contemplar e mapear esses diferentes níveis
conceituais. Fonte: Dados próprios (2019).

No presente trabalho, os dados são apresentados


Observe-se que mais da metade dos alunos
estatisticamente, mas considerando uma abordagem
acertaram a Questão 01 (n=18; 66,7%), Questão 02
quanti-qualitativa (SOUZA e KERBAUY, 2017),
(n=24; 88,9%), Questão 03 (n=16; 59,3%), Questão
que pretende considerar tanto o geral quanto o
04 (n=16; 59,3%), Questão 05 (n=26; 96,3%),
particular do conjunto dos dados. A abordagem
Questão 06 (n=25; 92,6%), Questão 07 (n=16;
quanti-qualitativa caracteriza-se por reconhecer que
59,3%), Questão 08 (n=14; 51,9%) e Questão 09
tanto o quantitativo quanto o qualitativo se
(n=25; 92,6%), embora os dados sejam bastante
complementam e devem ser levados em conta na
variados. Nesse agrupamento, a questão com maior
pesquisa e na análise (SOUZA e KERBAUY, 2017).
número de acertos foi a Questão 05, que versa sobre
Assim, tal abordagem considera que o quantitativo e
o que são poliedros, com 26 acertos totais (96,3%), o
qualitativo formam um continuum, não uma
que significa que, do total, apenas 1 aluno (3,7%)
oposição, como tem permanecido em algumas
não acertou a questão. Assim, mesmo que as
concepções de pesquisa, sobretudo na pesquisa
dificuldades em torno do conceito de poliedros
educacional (SOUZA e KERBAUY, 2017). No
sejam bem documentadas pelas pesquisas da área,
nosso caso, os dados são estatisticamente
inclusive da distinção entre poliedros e corpos
apresentados e analisados, ao mesmo tempo em que
redondos (PROENÇA e PIROLA, 2011), os alunos
se buscam também as relações entre dados,
em questão demonstram ter clareza quanto a essa
definição, obviamente dentro de um campo de

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alternativas simples e lúdicas. Entretanto, veja-se Percebe-se que mais da metade da turma
que a Questão 06, que versa sobre a distinção entre o acertaram a Questão 02 (n=16; 84,2%), Questão 03
par esfera/cone e o par prisma/pirâmide, conta com (n=15; 78,9%), Questão 04 (n=16; 84,2%), Questão
25 acertos (92,6%), número próximo de acertos e 05 (n=17; 89,5%), Questão 06 (n=13; 68,4%),
que demonstra que os alunos não só tem clareza do Questão 07 (n=17; 89,5%), Questão 08 (n=16;
conceito, como da distinção e exemplificação de 84,2%) e Questão 09 (n=16; 84,2%). Dessa forma,
poliedros e de corpos redondos. as questões com maior número de acertos foram a
Questão 05 e Questão 07, que igualmente
No geral, quanto à questão com menos acertos, acumularam 17 acertos (89,5%). Quanto à Questão
evidencia-se a Questão 10, que versa sobre o que é 05, como no caso anterior, os alunos demonstram
um ângulo obtuso, com apenas 3 respostas corretas então ter clareza quanto ao conceito de poliedros.
(11,1%), o que, curiosamente, demonstra uma Entretanto, nesse caso, repare-se que, embora a
grande taxa de erros em torno de uma questão quantidade de acertos à Questão 06 seja maior do
geométrica tão simples. Como se sabe, a noção de que a metade da quantidade de alunos (n=13;
ângulo e de distinção de ângulo são noções 68,4%), o decaimento dos acertos é maior do que na
fundamentais de geometria (cf. DOLCE e turma do 3º ano “A”, contabilizando uma queda de 4
POMPEO, 2005), mas relativamente simples. acertos (21,1%) quando comparada com os acertos
Assim, esse dado se torna mais curioso quando a da Questão 05. Assim, existe uma margem mais
noção de ângulo pode ser considerada mais simples considerável de alunos (21,1%) que tem clareza
do que a noção de poliedros, que foi acertada com quanto à definição de poliedros, mas não quanto à
grande êxito, mencionada no parágrafo anterior. De classificação e distinção de poliedros e corpos
fato, a noção de ângulo não só antecede a de redondos, o que é sintomático de uma contradição,
poliedros como também a noção de poliedros como bem aparece em Proença e Pirola (2011).
depende, em certa medida, da de ângulo (cf. DOLCE Quanto à Questão 07, trata-se de uma questão que
e POMPEO, 2005). Além disso, como se sabe, a pergunta alternativa e controvertida que pergunta
noção de ângulo que, pertencente à Geometria Plana, sobre o que é um poliglota. Embora seja uma
tende a ser mais trabalhada nas escolas, do que a de questão tão idiossincrática, veja que mesmo assim
poliedros, pertencente à Geometria Espacial. Ainda, desafia os alunos quanto à oscilação de um
na tabulação dos dados, observamos ainda que significado cotidiano qualquer e um estritamente
grande parte dos errantes (n=21; 77,8%) da Questão geométrico. Tanto é que no 3º ano “A” a taxa de
10, consideraram que ângulo obtuso refere-se a “um erros foi de 40,7% (n=11), enquanto que no 3º ano
ângulo de 90º” (alternativa a) e não a “um ângulo “B”, a taxa de erros foi apenas de 10,5% (n=2). No
mais aberto que o ângulo reto” (alternativa d, que é a caso do 3º ano “A”, 37% dos errantes (n=10)
alternativa correta). Do ponto de vista conceitual, assinalaram a alternativa “ d” da referida questão,
isso significa que os alunos cometem um erro crasso considerando que um poliglota trata-se de “uma
diante de uma questão simples, confundindo pirâmide de base octogonal”.
completamente os conceitos.
No 3º ano “B”, as questões com menos acertos,
Em relação aos resultados do 3º ano “B”, os ou acertos abaixo da metade da quantidade de
dados são apresentados no Gráfico 2, abaixo: alunos, foram, visivelmente a Questão 01 e a
Questão 10. Quanto à Questão 01, que pergunta
sobre o que a geometria estuda, o número de acertos
Gráfico 2. Acertos dos alunos do 3º ano “B” (n=19). foi apenas de 15,8% (n=3), o que significa que
20 84,2% (n=16) não acertaram uma questão essencial
17 17
16 16 16 16 sobre a geometria. Curiosamente, os mesmo 84,2%
15
15 13 consideraram que a geometria estuda apenas “área e
9 volume das figuras” (alternativa b) e não “as figuras
10
e os corpos geométricos” como um todo (alternativa
d, que é a alternativa correta). O mesmo acontece
5 3
com os errantes do 3º ano “A”, que contabilizam
0 33,3% (n=9), e os mesmos assinalaram a alternativa
b, apresentando uma noção mais utilitária e, em
01
02
03
04
05
06
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09
10

certo sentido, mais técnica da geometria, do que uma


Fonte: Dados próprios (2019).
compreensão ampla. Quanto a Questão 10, que

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corresponde ao mesmo caso do 3º ano “A”, 52,6%
dos alunos (n=10), não acertaram uma questão tão
simples sobre um conceito de geometria, como o de 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
ângulo obtuso. Como na outra turma, grande parte
da quantidade de erros (n=8; 42,1%) dessa última O objetivo desse trabalho era mapear o nível de
questão se concentra na alternativa “a”, que é a de conhecimentos de conceitos geométricos dos alunos
ângulo de 90º. dos 3º ano de uma escola pública. De modo geral,
O Gráfico 3, a seguir, traz a taxa de acertos das pode-se dizer que os dados das duas turmas
duas turmas simultaneamente: estudadas apresentam resultados positivos. De fato,
a turma do 3º ano “A” apresentou uma média geral
de acertos de 67,8%, enquanto que a turma do 3º ano
“B” apresentou uma média geral de 72,8%. É claro,
Gráfico 3. Comparação da taxa de acertos das turmas do 3º
ano “A” e 3º ano “B”.
houve também questões, em ambas as turmas, com
quantidade de acertos inferior a metade da
100%
quantidade de alunos, em questões básicas de
80% geometria ou sobre geometria. No entanto, em um
60% nível mais profundo, ao articular o quantitativo e o
40% qualitativo, foi possível perceber erros crassos e
20% contradições constitutivas. Por exemplo, de que os
0%
alunos podem demonstrar uma compreensão de um
conceito mais avançado, mas não de um mais
10
01

02

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08

09

simples; de que podem compreender um conceito,


3º "A" 3º "B"
mas não sua correlação com outros conceitos ou
Fonte: Dados próprios (2019). exemplificação. Assim, trata-se de um problema
mais profundo, que não está apenas no nível linear
das definições, mas no nível mais profundo, vertical
A princípio, como vínhamos discutindo, parecia e multifacetado dos conceitos, tal como na teoria de
que a turma do 3º ano “A” tinha um melhor Vergnaud (1990).
desempenho do que a turma do 3º ano “B”. No
entanto, diante desse último gráfico, é possível Obviamente, existem muitas variáveis, inclusive
concluir que a turma do 3º ano “A” apresenta uma combinadas, que podem estar envolvidas nesse
taxa total de acertos de 67,8%, enquanto a turma do fenômeno de desorganização dos conceitos
3º ano “B” apresenta uma taxa total de acertos de geométricos. Uma das razões que temos discutido na
72,8%, o que, na verdade, são taxas positivas e disciplina de Práticas Orientadas para o Ensino de
próximas. Os dois juntos, por exemplo, contabilizam Geometria é de caráter histórico-epistemológico, que
uma média de 70,8%. É claro, como podemos ver tanto antecede como pode comprometer o nível da
por esse último gráfico, existem pontos de cognição dos alunos. Isso porque mais do que a
convergência entre essas duas turmas (como é o caso Aritmética e a Álgebra, a Geometria tem uma
da Questão 02, Questão 05 e Questão 09), mas constituição na história da matemática difusa e
também exigem pontos de divergência, enquanto fragmentada, sobretudo a partir do Movimento da
que a taxa de uma cresce e da outra decresce, Matemática Moderna, na década de 1960 (MIGUEL;
embora a quantidade de acertos não seja FIORENTINI; MIORIM, 1992; PAVANELLO,
necessariamente menor do que a metade dos alunos 1993). Tal movimento partia do princípio de que a
das respectivas turmas (como é o caso da Questão modernização da matemática e de seu ensino
01, Questão 03, Questão 04, Questão 06, Questão ocorreria através de uma algebrização das estruturas
07, Questão 08 e Questão 10). Para além de uma matemáticas, o que provocou o abandono e a
comparação entre as turmas, como mostramos, o que secundarização do campo geométrico (MIGUEL;
se evidencia também é uma heterogeneidade dos FIORENTINI; MIORIM, 1992; PAVANELLO,
dados e uma presença de contradições conceituais. 1993). É claro, a partir de um determinado período
Assim, é possível dizer que as duas turmas mais recente, as tentativas de educadores e
alcançaram bons resultados, mas, como mostramos, organizadores dos currículos tem tentado resgatar a
permanecem, mais a fundo, algumas contradições geometria no ensino de matemática (RÊGO; RÊGO;
nas respostas dos alunos. VIEIRA, 2012). Entretanto, é preciso ter em mente
que essas tentativas tentam apenas valorizar o campo

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geométrico em detrimento do campo algébrico, a perspectiva da prática pedagógica e da formação de
mesma problemática se perpetuará, apenas com a professores. São Carlos: EdUFSCar, 2003.
inversão dos termos (MIGUEL; FIORENTINI;
PAVANELLO, R. M. O abandono do ensino da
MIORIM, 1992). Em grande medida, sabemos que
geometria no Brasil: causas e consequências.
esses esforços resultarão em conteúdos de geometria
Zetetiké, v. 1, n. 1, p. 7-17, 1993.
fragmentados nos currículos e nos livros didáticos, e
que esse movimento histórico-epistemológico se PROENÇA, M. C.; PIROLA, N. A. O conhecimento
refletirá na condição pré-cognitiva dos alunos. de polígonos e poliedros: uma análise do
desempenho de alunos do ensino médio em
exemplos e não-exemplos. Ciência & educação,
REFERÊNCIAS Bauru, v. 17, n. 1, p. 199-217, 2011.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. RÊGO, R. G.; RÊGO, R. M.; VIEIRA, K. M.


Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática. Laboratório de ensino de geometria. Campinas:
Brasília: MEC/SEF, 1998. Autores Associados, 2012.

DOLCE, O.; POMPEO, J. N. Fundamentos da SOUZA, K. R.; KERBAUY, M. T. M. Abordagem


matemática elementar 9: geometria plana. 8. ed. quanti-qualitativa: superação da dicotomia
São Paulo: Atual, 2005. quantitativa-qualitativa na pesquisa em educação.
Educação e Filosofia, Uberlândia, v. 31, n. 61, p.
LORENZATO, S. Porque não ensinar Geometria? 21-44, jan./abr. 2017.
Educação Matemática em Revista. v. 3, n. 4, p. 3-
13, 1995. VERGNAUD, G. La théorie des champs
conceptuels. Recherches en Didactique des
MACHADO, N. J. (Cons.). A geometria na sua Mathématiques, v. 10, n. 23, p. 133-170, 1990.
vida. São Paulo: Ática, 2003.
MIGUEL, A.; FIORENTINI, D.; MIORIM, M. A.
Álgebra ou Geometria: para onde pende o pêndulo? RESPONSABILIDADE AUTORAL
Pro-posições, v. 3, n. 1(7), p. 39-54, mar. 1992. Os autores são os únicos responsáveis pelo conteúdo
NACARATO, A. M.; PASSOS, C. L. B. A deste trabalho.
geometria nas séries iniciais: uma análise sob a

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CONTABILIDADE PÚBLICA: LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL COMO
FERRAMENTA PARA O CONTROLE DOS GASTOS PÚBLICOS

BRASILEIRO, Simone Hilário da Silva, simone_hilario@yahoo.com.br


NASCIMENTO, Kenia, kenia_nascimento10@hotmail.com1
OLIVEIRA, Andressa Carneiro1
MOREIRA, Mirian Sousa2
1
Centro Universitário Una
2
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Gestão e Negócios

Resumo: A Contabilidade Aplicada ao Setor Público visa o gerenciamento e controle do Patrimônio Público. É
fundamental para averiguar se as despesas orçadas estão em confronto com as receitas previstas. O sistema
orçamentário e o processo de planejamento são essenciais para garantir o bom funcionamento da gestão e
trabalhar sempre com resultados positivos. Tudo que se é orçado foi previamente planejado de acordo com as
leis e diretrizes que regulamentam as ações a serem executadas. Todo o processo orçamentário da gestão pública
é baseado nos instrumentos de planejamento e orçamento que colaboram com o equilíbrio das contas públicas e
estabelecem metas a serem cumpridas ao longo a gestão. A Lei de Responsabilidade Fiscal veio para nortear a
responsabilidade dos gestores em relação às finanças públicas, buscando equilíbrio e transparência na gestão,
sendo uma importante ferramenta para o controle dos gastos.

Palavras-chave: Orçamento. Gestão Pública. Transparência.

__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO realizadas, tendo em vista, que as receitas tiveram um


déficit no ano de 2016 e para manter um equilíbrio
Com o agravamento da crise econômica no Brasil das contas públicas, as despesas devem ser elaboradas
e escândalos envolvendo o descontrole dos gastos com base no repasse da receita.
públicos, as questões orçamentárias passaram a ter A escolha do tema desta pesquisa se dá em
destaque no cenário político-econômico atual. O relação à pouca exploração do mesmo, o qual traz
descontrole nos gastos do governo revelou as relevantes informações para compreendermos a
deficiências no planejamento orçamentário do país, gestão pública fiscal e a forma com que é conduzida
bem como a falta de conhecimento da sociedade diariamente, muitas vezes deixando de obedecer às
acerca da administração dos recursos públicos. diretrizes necessárias para a utilização do dinheiro
O controle dos gastos públicos vem sendo um dos público. Todavia, vem sendo retratado nos noticiários
principais desafios da gestão pública, onde uma gama de fraudes nos governos, abrindo espaço
frequentemente os gestores da União, Estado e para uma discussão ampla e complexa. Assim sendo,
Municípios se deparam com receitas acentuadamente surge a necessidade de aprofundar no tema e verificar
mais altas que as despesas, colocando em risco a através de análises a aplicação e execução da
gestão e o fornecimento de serviços de qualidade à legislação que rege o orçamento público.
sociedade. Para isso, a Contabilidade se mostrou Tem-se como objetivo geral avaliar a relação da
como uma ferramenta eficaz para manter o equilíbrio Contabilidade Pública enquanto ferramenta de
financeiro através da aplicação e execução da Lei de Gestão Orçamentária, com a finalidade de reduzir
Responsabilidade Fiscal. A Contabilidade se trata de gastos desnecessários e controlar o orçamento
uma das principais ferramentas de gestão financeira, público. Objetivando também, demonstrar de que
pois faz uma análise detalhada dos resultados obtidos, forma os instrumentos de planejamento e orçamento
contribuindo com a tomada de decisões. podem auxiliar a sociedade no controle dos gastos
A aplicabilidade da Lei de Responsabilidade públicos, e, identificar a contribuição da Lei de
Fiscal e o Planejamento do orçamento público pode Responsabilidade Fiscal nas decisões dos Gestores
facilitar a adoção de medidas para o controle dos Públicos, verificando se a receita orçada está em
gastos públicos, de forma a conscientizar o leitor, sintonia com a despesa realizada e se a prestação de
encontrando assim, uma melhora do cenário contas está sendo feita em conformidade com a
econômico do Brasil, o qual enfrenta crises diversas legislação. Toda essa análise será feita com os dados
devido o mal planejamento das despesas a serem obtidos no Portal da Transparência, o qual, deve

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conter todos os gastos e receitas do Município, despesas, administrem ou guardem bens a ela
embasado na Lei de Responsabilidade Fiscal, que pertencentes ou confiados”. Isso evidencia a
garante também a transparência das movimentações importância da Contabilidade Pública na gestão e
do Setor Público. manutenção do orçamento, no fornecimento de
Perante essas informações pretende-se avaliar informações relevantes para a tomada de decisões.
qual a importância da Lei de Responsabilidade Fiscal Conforme Araújo e Arruda (2004) as principais
na Contabilidade Aplicada ao Setor Público e de que características da Contabilidade Pública está em sua
forma os Instrumentos de Planejamento contribuem área de ação que compreende as esferas municipal,
com a redução dos gastos públicos. estadual e federal, tem por objetivo selecionar,
estudar, registrar, interpretar, orientar, controlar,
2. CONTABILIDADE PÚBLICA resumir e demonstrar os atos e fatos que afetam o
patrimônio dessas esferas e, se trata de um importante
A Contabilidade Pública se designa como a instrumento de planejamento e controle da gestão
fração da Contabilidade responsável por gerenciar e governamental.
controlar o Patrimônio Público, é responsável por
avaliar a gestão do orçamento e monitorar as Receitas 3. METODOLOGIA
e Despesas. As Despesas Públicas tiveram um
crescimento significativo ao longo dos anos, Trata-se de uma pesquisa qualitativa visando
aumentando assim a Participação do Estado na abordar os principais aspectos da Lei de
Economia e muitas vezes trazendo conflitos internos Responsabilidade Fiscal e seu impacto no Orçamento
aos gestores. A principal função dos gestores é da Gestão Pública. Para a revisão bibliográfica,
responder de forma adequada às demandas da abordou-se obras que tiveram suma importância para
sociedade, que anseia por bens e serviços públicos de a compreensão do tema e nortear o caminho para
qualidade e administrar de forma transparente os encontrar respostas dos questionamentos. A obra de
recursos públicos. Kohama e Silva (2010) abordam de forma clara a
Para Araújo e Arruda (2004, p.32): Contabilidade Pública e suas vertentes, Íudicibus
(2000) explicita os objetos da Contabilidade e sua
A contabilidade pública é uma especialidade da utilização como ferramenta de planejamento; a obra
contabilidade, que, baseada em normas próprias, de Oliveira (2008) faz referência ao Orçamento
está voltada ao registro, ao controle e a avaliação Financeiro e suas aplicações de acordo com as
do patrimônio público e suas respectivas jurisdições. Silva (2011) nos mostra uma visão ampla
variações, abrangendo aspectos orçamentários,
financeiros e patrimoniais, constituindo valiosos
da Contabilidade Governamental. A utilização da Lei
instrumentos para o planejamento e o controle da Complementar 101/2000 foi norteadora para a
administração governamental. elaboração dos fundamentos deste trabalho, pois trata
Fica evidente, que a contabilidade pública é com clareza de tudo que é permitido e tudo que é
voltada à toda gestão governamental, sendo vedado no que se refere à Responsabilidade Fiscal na
ferramenta importante na elaboração e execução do gestão Pública.
orçamento, para fins de produzir resultados
fidedignos que norteiam os gestores nos processos de 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
tomada de decisões.
Um grande diferencial entre a contabilidade 4.1 Orçamento Público e Planejamento
pública e a privada, é que, enquanto na área privada é
vedado apenas o que a lei proíbe, na pública é O Orçamento Público está intimamente ligado à
permitido realizar somente aquilo que a lei determina. ideia de controle dos recursos disponíveis e de que
(Kohama, 2010) forma esses recursos serão dispostos à sociedade. É
Um dos objetivos das administrações públicas através do orçamento que se tem um reflexo das
vem sendo equilibrar os gastos públicos e não deixar disponibilidades do caixa público, e como isso irá
que estes suprem as receitas, e para isso a refletir nas contas patrimoniais conseguinte.
Contabilidade é uma das principais ferramentas de Silva (2011, p. 178) aborda que: “O processo de
apoio à gestão, tendo como aliada a Lei elaboração e discussão dos instrumentos de
Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, planejamento governamental deve ser capaz de
nomeada como Lei de Responsabilidade Fiscal expressar com maior veracidade a responsabilidade
(LRF), a qual estabelece normas e diretrizes de do Governo para com a sociedade, visto que o
finanças públicas. orçamento deve indicar com clareza os objetivos
De acordo com Iudícibus (2000, p.35). “A perseguidos pela nação da qual o governo é intérprete.
Contabilidade Pública tem por objetivo evidenciar ”
perante a fazenda pública a situação de todos quantos, Dessa forma, é indispensável que os Governos,
de qualquer modo, arrecadem receitas, efetuem tanto de esfera Federal, Estadual e Municipal, tenham

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clareza dos objetivos a realizar ao longo da gestão e (PPA), Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Lei
efetuar todo o planejamento necessário para a do Orçamento Anual (LOA), esses instrumentos são
execução dos procedimentos administrativos. O de fundamental importância para obter um bom
orçamento permite que o gestor/planejador tenha os planejamento financeiro e uma gestão equilibrada; é
pés no chão em relação às disponibilidades de através deles que o poder público arrecada seus
recursos, evitando ultrapassar os limites que as leis recursos e planejam onde serão aplicados.
orçamentárias estabelecem. Os instrumentos de planejamento orçamentário
Ainda na visão de Silva (2011) pode-se são embasados na Lei Orgânica que os assegura e
compreender que o planejamento precede a garante sua execução. São leis elaboradas e
elaboração do orçamento para que assim, se aprovadas, seguindo todas as etapas do processo
estabeleça uma compatibilidade entre as ações e os legislativo, devem ser seguidas pelos gestores, tanto
meios disponíveis para que essas sejam colocadas em no momento da arrecadação de recitas, quanto no
práticas, pois se houvessem recursos ilimitados, não momento da realização das despesas. É por meio
seria necessário ter um planejamento prévio. desses instrumentos que o poder público arrecado os
O orçamento público deve ser realizado de forma recursos e escolhe onde serão aplicados.
extremamente cautelosa, avaliando se as receitas
previstas serão capazes de suprir as despesas orçadas, 4.2 Plano Plurianual (PPA)
visando manter o equilíbrio e não gerar descontrole
nas contas públicas. O plano plurianual na visão de Kohama (2010, p.
Através do orçamento são conhecidos todos os 35) “é um plano de médio prazo, através do qual
recursos que o governo dispõe para atender as procura-se ordenar as ações do governo que levem ao
demandas da sociedade. Por meio dele é possível atingimento dos objetivos e metas fixados para um
acompanhar a execução dos programas do governo, período de 4 anos”, é através do PPA que se
tendo como base o planejamento governamental, estabelece as diretrizes, objetivos e metas da
permite ainda que, o Estado organize de forma administração pública para com as despesas de capital
ordenada seu plano de atuação a ser colocado em e delas decorrentes, tem como função nortear as
prática. demais leis orçamentárias e definir o planejamento
Todavia, o orçamento não está limitado somente das ações governamentais. Com o PPA, é definido o
ao planejamento das ações governamentais, é de planejamento das atividades do governo, de forma
suma importância na gestão e controle, com a organizada, para assim garantir melhor desempenho
finalidade de verificar se o que está sendo executado durante a execução.
está em conformidade com o planejado, bem como O PPA é uma lei ordinária, editada a cada quartos
avaliar se as ações estão atendendo a demanda da anos. O PPA deve ser enviado ao Poder Legislativo
sociedade. até dia 31 de agosto do primeiro ano de cada mandato
Visto pela ótica do Direito Administrativo, e rem validade para um período de quatro exercícios
Chiavenato (2004) define o planejamento como uma financeiros, ou seja, quatro anos, devendo expressar
função administrativa que define objetivos e decide em suas pautas, a visão estratégica da gestão pública,
quais recursos e tarefas serão necessários para realizá- abrangendo aas despesas de capital de dela
los corretamente. decorrentes, e as despesas relativas a programas já
Do ponto de vista público, o planejamento é existentes.
compreendido como um conjunto de ações que visam Aborda os programas e metas governamentais de
a elaboração de um plano para alcançar as metas longo prazo, e as metas fiscais a serem atingidas,
estabelecidas, e cumprir com os objetivos de interesse serve como norteador dos demais instrumentos de
geral, atendendo as demandas da sociedade. Além planejamento orçamentário. Tem como função,
disso, o planejamento funciona também, como orientar as demais leis orçamentárias, servindo como
ferramenta de uma gestão participativa e transparente, guia para a elaboração da LDO, da LOA, e dos demais
haja vista que a sociedade deverá ser envolvida programas da gestão (ARAÚJO; ARRUDA, 2004)
durante todo o processo.
É importante ressaltar que o planejamento é 4.3 Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)
considerado apenas a primeira etapa em todo e
qualquer processo de gestão, pois através dele serão
A LDO tem como função estabelecer as metas e
traçados os desejos e expectativas e o futuro projetado
diretrizes da administração pública e orientar a
(QUINTANA, 2011).
elaboração do orçamento. O parágrafo 3º do artigo 4º
Atualmente, o processo orçamentário está
da Lei Complementar nº101/2000 (LRF) diz o
definido pela Constituição Federal de 1988, que
seguinte: “A lei de diretrizes orçamentárias conterá
estabeleceu três instrumentos de Planejamento
Anexo de Riscos Fiscais, onde serão avaliados os
Governamental diretamente ligados à Lei de
passivos contingentes e outros riscos capazes de
Responsabilidade Fiscal: Lei do Plano Plurianual

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afetar as contas públicas, informando as providências entidades da administração direta e indireta,
a serem tomadas, caso se concretizem”. É, pois, excluído os investimentos das empresas, os
fundamental na execução da gestão pública, pois órgãos, fundos e entidades vinculados ao sistema
abrange aspectos que possam impactar de forma de seguridade social, o orçamento de investimento
das empresas públicas em que a Administração
negativa as contas públicas. Dispõem também, sobre detenha a maioria do Capital Social com direito a
as alterações na legislação tributária. voto. Detalha, também, as fontes de recursos e a
Uma das principais funções da LDO é selecionar, programação de suas aplicações e investimentos,
dentre os programas estabelecidos no PPA aqueles discriminando as receitas e despesas operacionais
que terão prioridade de serem executados, a fim de evidenciar o déficit ou superávit
possibilitando estabelecer os critérios necessários à resultante, e o orçamento da seguridade social que
correta utilização dos recursos no orçamento. Se trata compreende as ações integradas dos poderes
de um elo entre o PPA e a LOA, enquanto o PPA públicos e destinadas a assegurar os direitos
funciona como um plano de governo, e a LOA relativos à saúde, previdência e assistência social
de todos os contribuintes.
viabiliza as execuções previstas, a LDO define a
priorização dos gastos.
A LDO, desempenha um relevante papel em A LOA deverá ser enviada ao Poder Legislativo
torno dos desafios que serão enfrentados durante o até o dia 31 de agosto do exercício anterior ao que se
exercício, visando focar somente nas prioridades da refere, contendo todo o planejamento orçamentário,
gestão, para manter o equilíbrio do caixa público, as fontes de recursos que irá se obter as receitas, e a
lidando e prevenindo riscos, utilizando os recursos da discriminação das despesas previstas, sua elaboração
forma mais adequada. deverá respeitar as normas previstas na Lei de
Com a aprovação da Lei de Responsabilidade Responsabilidade Fiscal. Portanto, a lei orçamentária
Fiscal, a LDO ganhou novas atribuições, destacando propriamente dita, com vigência para um ano.
o Anexo de Metas Fiscais que visa demonstrar a
política fiscal para os próximos exercícios, e o Anexo 4.5 Lei de Responsabilidade Fiscal
de Riscos Fiscais visando avaliar os passivos
contingentes e outros riscos capazes de afetar as A Lei Complementar nº 101, conhecida por Lei
contas públicas, desempenhando um relevante papel de Responsabilidade Fiscal, foi criada em 4 de maio
em torno dos desafios que serão enfrentados durante de 2000 tendo como principal enfoque estabelecer
o exercício, visando focar somente nas prioridade da normas e diretrizes para nortear a responsabilidade
gestão, para manter o equilíbrio do caixa público, dos gestores em relação às finanças públicas,
lidando e prevenindo riscos, utilizando os recursos da buscando equilíbrio e transparência na gestão.
forma mais adequada. O parágrafo 1º do artigo 1º da Lei Complementar
nº 101 (BRASIL, 2000) diz o seguinte:
4.4 Lei Orçamentária Anual (LOA)
A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a
ação planejada e transparente, em que se previnem
A LOA, tem por finalidade programar as ações a os riscos e corrigem desvios capazes de afetar o
serem executadas, visando alcançar os objetivos equilíbrio das contas públicas, mediante o
estipulados. Trata-se de uma lei constituída pelo cumprimento de metas de resultados entre receitas
orçamento fiscal, orçamento da seguridade social e o e despesas e a obediência a limites e condições no
orçamento de investimento das empresas. O que tange a renúncia de receita, geração de
Orçamento Anual é o projeto elaborado seguindo despesas com pessoal, da seguridade social e
tudo o que foi estabelecido no Plano Plurianual e nas outras, dívida consolidada e mobiliária, operações
Diretrizes Orçamentárias. Nele compreende o de crédito, inclusive por antecipação de receita,
concessão de garantia e inscrição em Restos a
Orçamento Fiscal que demonstra a ação
pagar.
governamental dos Poderes Legislativo, Executivo e
Judiciário, é elaborada pelo Poder Executivo,
A LRF se tornou peça fundamental na
seguindo as metas e prioridades designadas no PPA,
administração pública, ela é a base para a
nele devem ser orçadas todas as despesas a serem
contabilidade pública, executando-a de forma
realizadas no exercício.
adequada, o orçamento público conseguirá cumprir as
No conceito de Oliveira (2008, p. 344):
metas e fornece o suporte necessário à população.
Segundo Kohama (2010), é de responsabilidade
O Orçamento Anual é o projeto elaborado
seguindo o que foi estabelecido no Plano dos governos a execução da ação planejada e
Plurianual e nas Diretrizes Orçamentárias. Nele transparente na gestão fiscal, isso pode ser obtido
compreende o Orçamento Fiscal que demonstra a através da adoção de um Sistema de Planejamento do
ação governamental dos Poderes Legislativo, Orçamento, e a referida lei dá o suporte necessário
Executivo e Judiciário, seus fundos, órgãos e para adoção desses mecanismos. Tem o propósito de

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corrigir os rumos da administração pública, limitando através dos instrumentos PPA, LDO e LOA
os gastos às receitas mediante técnicas de programando a execução orçamentária para o alcance
planejamento governamental. das metas prioritárias. A transparência coloca à
A LRF é fundamentada em quatro pilares que disposição da sociedade a prestação das contas
norteiam o alcance de seus objetivos. O públicas.
planejamento, responsável por dar suporte para O controle, por sua vez, fiscaliza todas
programar a execução orçamentária e realização das atividades internas da administração pública a fim de
metas prioritárias. A transparência, que permitirá que verificar se estão em conformidade com as normas. A
a sociedade participe de audiências públicas e tenha responsabilidade impõe ao gestor o cumprimento da
acesso à divulgação das informações gerenciais. O lei, sob pena de responder por seus atos e sofrer
controle, fundamenta-se na fiscalização das sanções inseridas na própria lei. O planejamento é a
atividades administrativas. E por último, não menos ferramenta básica para o andamento da gestão
importante, a responsabilidade do cumprimento da pública.
lei, sob pena de responder legalmente por seus atos e Em Relação à receita pública, a LRF estabelece
sofrer as penalidades que são impostas. que o processo de previsão, arrecadação e renúncia,
Trouxe inovações no processo de discussão e deve seguir normais técnicas e legais fundamentadas,
elaboração do planejamento no setor público analisando os três anos anteriores estimando os anos
reforçando os mecanismos de controle e seguintes. Para as despesas, o art. 15 e 16,
transparência da aplicação dos recursos, garantindo fundamentou-se que todo aumento que não possua
responsabilidade pela gestão fiscal, com ação estimativa de impacto no orçamento, seja considerado
planejada e transparente que objetiva prevenir riscos irregular ou lesivo ao patrimônio, para as despesas
e corrigir desvios que afetam o equilíbrio das contas obrigatórias, deverão ser estimadas e os impactos
públicas. A LRF veio fazer com que haja mais devidamente avaliados. (BRASIL, 2000)
responsabilidade por parte do Administrador Público,
A lei criou metas para controle de receitas e despesas, 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
com o intuito de inibir os gastos desnecessários, pois
para efetuar uma nova despesa o governante deverá A Lei de Responsabilidade Fiscal trata sobretudo
indicar a fonte de recurso, ou de onde conseguirá a do planejamento e da transparência na gestão pública.
receita necessária para fazer os gastos, o que deverá Conforme abordado verifica-se a essencialidade de
ser previamente orçado e planejado. fazer um orçamento de forma planejada para evitar
Transparência e responsabilidade são os pilares que ocorra algum desequilíbrio nas contas públicas,
da Lei de Responsabilidade Fiscal, o Art. 48 da ou seja, não deixar que as despesas ultrapassem as
referida lei prevê o seguinte: receitas que entraram nas fontes de recurso, para que
assim não se instale uma situação de déficit
Art. 48. São instrumentos de transparência da orçamentário.
gestão fiscal, aos quais será dada ampla Os Instrumentos de Planejamento são
divulgação, inclusive em meios eletrônicos de intimamente ligados à Lei de Responsabilidade Fiscal
acesso público: os planos, orçamentos e leis de e garantem que o orçamento seja planejado seguindo
diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e
o respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido
as diretrizes da administração pública, visando
da Execução Orçamentária e o Relatório de sempre a melhor aplicabilidade da Receita e
Gestão Fiscal; e as versões simplificadas desses contenção das Despesas, tendo a obrigatoriedade de
documentos. prestar contas aos Órgãos Superiores e efetuar a
Parágrafo único. A transparência será assegurada transparência das movimentações ocorridas, tudo
também mediante incentivo à participação isso, visando avaliar se os gastos estão de acordo com
popular e realização de audiências públicas, a legislação vigente.
durante os processos de elaboração e de discussão O Planejamento Plurianual, a Lei de Diretrizes
dos planos, lei de diretrizes orçamentárias e Orçamentária e a Lei Orçamentária Anual quando
orçamentos.
elaboradas na íntegra e executadas com excelência,
garantem uma gestão equilibrada, com menor grau de
A lei oferece condições para que haja riscos e que atende bem às demandas da sociedade.
transparência da aplicação dos recursos públicos, e Planejar o orçamento com base em todas as diretrizes
assegura a participação da sociedade na discussão dos e instrumentos, utilizando a Contabilidade Pública
planejamentos orçamentários em audiências públicas, como Ferramenta de gestão orçamentária é garantia
tudo isso possibilitando o acompanhamento direto do de sucesso no controle dos gastos.
povo na execução do orçamento.
Além da transparência e responsabilidade, a LRF
REFERÊNCIAS
apoia-se em outros pilares: o planejamento e o
controle. O planejamento dá suporte à gestão fiscal,

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ARAÚJO, Inaldo da Paixão Santos e ARRUDA, OLIVEIRA, Regis Fernandes de. Curso de Direito
Daniel Gomes. Contabilidade Pública: da teoria à Financeiro. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
prática. São Paulo: Saraiva, 2004. p. 30-45. 2008. p. 342-354.
BRASIL. Lei Complementar 101. Diário Oficial da QUINTANA, Alexandre Costa. Contabilidade
União, Brasília, 4 maio 2000. Pública: de acordo com as novas normas brasileiras
de contabilidade aplicada ao setor público e a lei de
CHIAVENATO, Idalberto. Administração Geral e responsabilidade fiscal. São Paulo, Editora Atlas,
Pública. Rio de Janeiro: Editora Elsevier, 2006. p. 2011. p. 150-236.
10-30.
SILVA, L. M. Contabilidade Governamental: Um
IUDICIBUS, Sérgio de. Teoria da Contabilidade. Enfoque Administrativo da Nova Contabilidade
6. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2000. p. 33-47. Pública. 9. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2011. p. 93-
KOHAMA, Heilio. Contabilidade Pública: Teoria 162.
e Prática. 11. ed. São Paulo: Editora RESPONSABILIDADE AUTORAL
Atlas, 2010. p. 42-159.
“Os autores são os únicos responsáveis pelo
conteúdo deste trabalho”.

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EMOÇÃO E ATRAÇÃO POR TRAGÉDIAS COMPARTILHADAS NAS REDES
SOCIAIS: Uma revisão de literatura

SOUZA, NATÁLIA OLIVEIRA DE ¹, natalia.osouza3@gmail.com


MARQUES, LAIANE GABRIELLE ², laygabrielle@gmail.com
SILVA, JACKELINY DIAS DA³, jackelinydias@hotmail.com

¹ Graduanda em Psicologia, na faculdade UNA/Catalão


² Graduanda em Psicologia, na faculdade UNA/Catalão
³ Psicóloga e Mestranda pela Universidade Federal de Goiás

Resumo: A era digital trouxe grandes possibilidades e avanços para a sociedade, ampliando a perspectiva
de inovação e ultrapassando barreiras como o tempo. Em segundos ou até no momento em que ocorre uma
tragédia ou evento a notícia é disseminada tão rapidamente que ao tempo daquela, surgem outros milhares.
O presente artigo busca compreender como a mídia digital e as redes sociais têm atraído surpreendentemente
mais usuários e o que esse fenômeno tem provocado emocionalmente nas pessoas instigando-as com fascínio
a seguir e acompanhar trajetórias dos personagens envolvidos em determinadas tragédias. A análise foi
realizada através de pesquisas com artigos selecionados por meio de bases reconhecidas nacional e
internacionalmente, sendo estas: Google Scholar GOOGLE ACADÊMICO, Scientific Electronic Library
Online (SCIELO) e Biblioteca Virtual em Saúde (BIREME). Constata-se que a mídia digital exerce forte
influência diretamente nas emoções e na ação das pessoas, principalmente quando uma tragédia ocorre em
grande proporção, envolvendo muitas vidas ou ocorre de forma brutal, sendo estas visualizadas com
naturalidade, sem empatia e banalizadas entre os usuários das redes.

Palavras-chave: Tragédia, Mídias Digitais, Repercussão, Impactos Emocionais, Redes Sociais.

___________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO Obter saúde mental é importante para que as


etapas e processos de desenvolvimento do ciclo
O que se espera da mídia digital é um papel da vida seja concluído sem severos impactos
investigativo e aprofundado em relação a algum psicológicos. As redes sociais têm comandado a
acontecimento. Porém segundo Lima (2018) em saúde mental das pessoas, principalmente as que
alguns casos aponta-se que a mídia busca por são vítimas. Algumas não conseguem se
seus próprios interesses de apresentar a notícia entender ou se aceitar com tantos julgamentos de
em primeira mão, repassando informações sem outras pessoas e tiram a própria vida, familiares
critérios ou cautela apenas para receber de vítima falecidas que têm fotos e vídeos dos
monetização. Também trabalham com interesses entes queridos expostas no momento de um
econômicos e políticos. A divulgação feita por acidente ou suicídio que circulam pelo país todo.
parte das emissoras afeta diretamente os
seguidores das redes sociais. Sabendo-se a importância da internet e suas
consequências na atualidade, na maioria das
Nesse contexto, observa-se que com o fácil vezes exercendo uma grande pressão nas pessoas
acesso a internet algumas alterações de que telam fazem utilização, o presente artigo tem
comportamentos aparecem principalmente de a intenção de apresentar uma revisão de literatura
forma social, a comunicação face a face ou a que informa e demonstra, como os meios de
aceitação de uma opinião diferente sem violência comunicação tem contribuído para impactos
passa a ser uma dificuldade nesta nova emocionais através de tragédias compartilhadas
sociedade. A naturalidade com tragédia gera falta no mundo virtual.
de empatia, falta de respeito com o sofrimento do
outro, sendo vítima ou familiares. (ABREU;
EISENSTEIN; ESTEFENON, 2013).

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEORICA (2015) a definição de personalidade foi muito
Santos e Santos (2014, p.310) traz a seguinte debatida por vários teóricos, mas que é aceito
explanação sobre redes sociais “consideramos as dizer que se trata de um padrão de traços
redes sociais digitais como um meio de permanentes e características únicas que consiste
possibilidades, estabelecido a partir dos na individualidade de cada pessoa.
elementos virtuais e das relações entre os
indivíduos usuários”. As Redes Sociais Digitais Neto e Cordás (2011) explica que a decima
são o meio mais veloz e eficiente de levar a edição da Classificação Internacional de
informação e compartilhamento de dados, sendo Doenças (CID-10) da Organização Mundial da
uma aliada dos usuários para se manterem Saúde, demonstra três etiologias para o
atualizados e inter-relacionados com o mundo e transtorno da personalidade: o transtorno
as pessoas. decorrente de doença; lesão ou disfunções
Lima (2018, p. 31) expõe como a mídia e as cerebrais que são caracterizados através ou após
redes sociais tem se relacionado com as descobertas de tumores, epilepsia, acidente
tragédias: vascular cerebral, entre outras, transtornos
Sendo assim, a mídia exerce uma função específicos são representados por fatores
crítica na comunicação e compreensão ambientais e tem como característica marcantes
das tragédias e as suas implicações. A padrões de comportamento, problemas
mídia é uma das principais ferramentas de interpessoais, transtorno por uma alteração
mitigação das autoridades em tragédias e permanente que tem a possibilidade de existir
os meios de comunicação exercem tarefas após uma experiência catastrófica ou uma doença
de envolver os diferentes atores, psiquiátrica.
impulsionar ações de socorro e
contribuição e gerar confiança entre os 3. METODOLOGIA
atingidos. Pantti, Karin e Cottle (2012)
diferem desse ponto de vista. Eles Segundo Koller, Couto e Hohendorff (2014)
acreditam que em um grande desastre, a a revisão de literatura surge através de leitura
mídia sempre trabalha em cima não só dos crítica de textos publicados e pesquisas.
seus próprios interesses, mas também dos Caracterizam-se por avaliar de modo crítico
interesses econômicos e políticos da elite. materiais já publicados à partir de um problema
visualizado e com levantamento de pesquisas, a
Formiga e Souza (2012, p.5), explica que “o fim de um progresso na pesquisa do tema
individualismo e o coletivismo são definidos abordado.
como síndromes culturais”, onde nessas
perspectivas as pessoas compartilham suas Sendo assim, optou-se realizar no presente
ações, interações sociais, valores, crenças, estudo uma revisão de literatura, com o intuito
partindo do pressuposto que pela quantidade de através de levantamento de dados esclarecer uma
informações disseminadas pelos usuários nas questão de interesse dos pesquisadores que está
mídias digitais, isso ao passar do tempo se torna ligada totalmente com a sociedade moderna, a
banal, sem nenhuma empatia ou compaixão da qual é “Por quê as tragédias atraem seguidores
dor do outro. no mundo digital?”

De acordo com Feist, Feist e Robert (2015), A partir de buscas de dados que foi realizado
seres humanos não são sozinhos, existe uma por bases reconhecidas como: Scientific
vasta variabilidade e diferenças de um indivíduo Eletronic Library Online (SCIELO), Google
para outro. O grau dessa diferença tanto física, Scholar (GOOGLE ACADÊMICO), Biblioteca
quanto psicológica é imensa, existem pessoas Virtual em Saúde (BIREME). As pesquisas
introvertidas, extrovertidas, ansiosas, calmas ou foram realizadas em agosto de 2019. No método
de fácil estimulação social. de seleção dos descritores, foram utilizadas
palavras de buscas como: Mundo digital,
O termo “personalidade” é referido para tragédias digitais, redes sociais, influências.
algo que vai além do papel que as pessoas
desempenham. Segundo Feist, Feist e Robert Como critério de inclusão foram escolhidos
artigos disponíveis pelas plataformas de formato

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completos, publicado nos últimos 7 anos, no A Dinâmica da Notícia SOUSA, Maira de 2014
idioma português, que se ligava ao tema virtual. nas Redes Sociais na Cassia evangelista
Como critério de exclusão foram descartados Internet: Uma
categorização das Ações
artigos que não estivessem disponibilidade
Participativas dos
completa, em língua estrangeira e que não se Usuários no Twitter e
ligava ao tema proposto. no facebook

Refletindo sobre as VERMELHO, Sonia 2014


O levantamento inicial de trabalhos feitos
Redes Sociais Digitais Cristina VELHO,
em banco de dados para serem selecionados para Ana Paula Machado
corroborar com este trabalho utilizando alguns BONKOVOSKI,
dos critérios citados anteriormente, Amanda PIROLA,
Alisson
principalmente utilizando já o filtro de seleção
que permitiu artigos de 7 anos de publicação e O Marketing Esportivo LIMA, Roger de 2018
que fossem trabalhos disponíveis por completos e a Midiatização de Oliveira
em suas bases de dados, os resultados foram Tragédias: O Caso da
Associação
identificados na base GOOGLE ACADÊMICO
Chapecoense de futebol
8 trabalhos, com dados da SCIELO 16 trabalhos
e na BIREME 4 trabalhos. Transtornos da SETTE, Catarina 2019
Personalidade Possenti
Para a outra etapa de seleção de artigo foi Histriônico e Narcisista:
Perfil Prototípico e
utilizado um refinamento de conteúdo de acordo
Relações com dados
com a intenção da pesquisa e os últimos critérios passivos do Facebook
de exclusão os resultados identificados foram 4
trabalhos na base GOOGLE ACADÊMICO, 3
Org. pelos autores (2019).
trabalhos na base SCIELO e 1 trabalho na base
BIREME.
Com base nesses artigos selecionados foi
possível obter uma análise do tema de maneira
O quadro a seguir apresenta uma exposição
geral, buscando confrontar os dados obtidos de
de artigos selecionados para composição da
acordo com a intenção da pesquisa.
Fundamentação teórica:
Para uma análise dos dados recolhidos
Tabela 1. Checklist de artigos e teses utilizados
desses artigos foram separados em três
para Revisão de Literatura, em ordem de
categorias: 1. O que as tragédias provocam
publicação.
emocionalmente nas pessoas?; 2. A repercussão
das tragédias na mídia digital; 3. Atração em
seguir e acompanhar personagens de uma
TÍTULO AUTOR (ES) ANO tragédia.
A influência das Redes BARROS, Artur de 2012
Sociais e seu Papel na Alvarenga CARMO, 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Sociedade Michelle Fernanda
Alves SILVA, Análise dos trabalhos classificados na categoria:
Rafaela Luiza da 4.1. O Que As Tragédias Provocam
Emocionalmente Nas Pessoas?
Vivendo esse mundo ABREU, Cristiano 2013
Digital Nabuco de Observando-se o exposto por Vermelho et al
EISENSTEIN, (2018), a divulgação das informações como a
Evelyn
tragédia que ocorreu com o time de futebol do
ESTEFENON,
Susana Graciela clube Chapecoense, a presença da mídia e a
Bruno divulgação de mensagens instantâneas na
internet, contribuiu não somente de forma
rentável para as emissoras, mas também em
adquirir seguidores desta tragédia no mundo
virtual. Quanto maior for a midiatização maior as

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chances de crescimento financeiro. A diminuição relacionam. (ABREU; EISENSTEIN;
midiática ou digital faz uma associação de ESTEFENON 2013, p.101)
naturalidade em relação a comoção após um
tempo de uma tragédia. O compartilhamento de arquivos em áudio e
vídeo tem a capacidade de proporcionar um
De acordo com Vermelho et al (2018), efeito de frieza em relação à vida do próximo,
entende-se como natural o processo de pois as reações das pessoas durante algum
permanência da notícia à medida que há uma acontecimento na maioria das vezes são de
acomodação das emoções em relação a tragédia, fotografar ou filmar para ganhar créditos
sendo percebido como algo normal. midiáticos, não respeitando a vida e os
sentimentos dos envolvidos.
Observa-se segundo Sette (2019), que há
pessoas que apresentam padrões de A falta de empatia e de respeito em relação
comportamento como representações de diversos ao sentimento de perda, dor, sofrimento do outro,
estilos, onde a personalidade poderá funcionar de pode acarretar traumas e consequências
maneira mal adaptada implicando na capacidade psicológicas graves devido à exposição ao qual
de conviver socialmente e desenvolver-se. Um está sendo sujeito. De acordo com Abreu,
transtorno mais comum que pode ocorrer Eisenstein e Estefenon (2013) a crescente
constantemente é o da Personalidade Narcisista utilização de celulares e da internet tem
pode demonstrar padrão invasivo de grandeza, ocasionado negativamente influências gerando
falta de empatia e precisa de admiração. violência intencional e repetitiva como agressões
físicas e principalmente psicológicas, sendo um
A mídia digital atualmente consegue obter e fenômeno já conhecido que acompanha o
repassar informações de forma imediata, com desenvolvimento do ser humano desde as
isso as notícias chegam de forma instantâneas às cavernas.
pessoas, permitindo que um acontecimento que
acabara de acontecer se torne conhecido 4.2. Repercussão Das Tragédias Na Mídia
mundialmente. Segundo Barros, Carmo e Silva Digital
(2012) às redes sociais tem o poder de
transformar a sociedade ditando modo de se As notícias disseminadas pela internet têm
comportar, influenciando opiniões através de uma eficácia de propagação instantânea, o
compartilhamento rápidos de notícias. usuário lê e vê a notícia praticamente em tempo
real, Sousa (2015 apud JENKINS, FORD e
Contextualizando com esses fatos, destaca- GREEN, 2013, p. 02) essas notícias são
se a seguir a proporcionalidade que a internet tem moldadas, adaptadas, compartilhadas,
ocupado espaço na vida das pessoas: reformuladas e copiadas, não apenas de forma
isolada, mas abrangendo toda a sociedade de
Se considerar que a internet ganhou ainda internautas.
mais mobilidade por meio dos acessos
permitidos pelos aparelhos de telefonia Segundo Sousa (2014) o Brasil é um dos
celular (e também pelos chamados países com maior participação ativa nas redes
tablets), não é de espantar que o acesso à sociais, refletindo um alto consumo de conteúdo
rede mundial de computadores ocorra de jornalístico. Dessa forma vê-se que conteúdos
maneira viral e descontrolada. Para se ter trágicos são compartilhados rapidamente e com
uma noção, o planeta conta hoje com a riquezas de detalhes para que as informações
marca de 7 bilhões de habitantes, cheguem com mais eficiência aos internautas e a
enquanto já́ são contabilizadas 6,39 toda população.
bilhões de linhas telefônicas móveis. Isso
quer dizer que a tecnologia já chegou a De acordo com Sousa (2014), conteúdos
locais onde nem a água potável se fez trágicos tendem a ser disseminados com maior
presente. Portanto, a relação das pessoas velocidade pela curiosidade e facilidade de
com a tecnologia invariavelmente propagação, e por ser em sua maioria,
influencia e influenciará cada vez mais a envolvimento com mortes de grande
maneira como os indivíduos se proporcionalidade. Pessoas famosas, mortes

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trágicas inesperadamente, tragédias com grande de usuários com quem compartilhar uma
número de mortos, são as notícias preferidas para conexão”. (VERMELHO et al, 2014, p. 186,
serem difundidas e com grandes apelos apud BOYD & ELLISON, 2007)
emocionais disfarçados de boa intenção.
A facilitação de comunicação segundo Lima
Com a diminuição de jornais impressos, a (2018) permite que as pessoas tenham mais
internet se tornou a ferramenta mais utilizada em liberdade de expressão em suas opiniões, com
todos os níveis de usuários, sendo parte destes, isso um desafio para a saúde mental surge.
os jornalistas digitais os quais utilizam o Comentários e opiniões são direcionadas para
sensacionalismo para que suas reportagens usuários, podem causar impactos emocionais
alcancem cada vez mais leitores e assim, esses graves e em alguns casos irreversíveis causando
poderão compartilhar e abrir discussões tragédias de grande proporção, suicídios
polêmicas, atraindo ainda mais leitores. (Sousa, individuais ou em massa e/ou
2014). difamação/calúnias em vítimas já falecidas.

Conteúdos que remontam a tragédias e Portanto, a internet é uma ferramenta de uso


imagens de forte impacto têm sido apreciada para informações instantâneas, deve-se ter
pelos usuários da internet, evidenciando um novo cuidado com a utilização como qualquer outro
fenômeno que envolve o anseio, desejo e atração instrumento, principalmente devido às
por cenas impactantes, levando em muitos casos exposições de imagens, vídeos, áudios,
a apreciação dessas imagens ao invés de denotar preocupando-se com as opiniões e influências
um sentimento de empatia, dor e comoção pelo que estas podem causar psicologicamente e
sentimento da vítima. fisicamente em determinado usuário.

4.3. Atração Em Seguir E Acompanhar 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS


Personagens De Uma Tragédia
Os trabalhos encontrados demonstram os
De acordo com Abreu, Eisenstein e principais fatores sobre os impactos das
Estefenon (2013), a dependência da internet e da tragédias, como as notícias são repassadas por
tecnologia está cada vez mais presente na emissoras e por usuários em redes virtuais, a falta
sociedade moderna, afetando tanto indiretamente de empatia e respeito com a vida de uma vítima
quanto diretamente a vivência social, cultural e e/ou da família, de como a saúde mental tem sido
comportamental entre as pessoas, definindo um afetada com o imediatismo da internet.
novo transtorno psiquiátrico, devido a grande
exposição a internet. A vida da sociedade moderna está cada vez
mais rápida e isso requer cuidados com a saúde
Segundo Vermelho el al (2014), a tecnologia mental, visto que obter e compartilhar
possibilita flexibilidade de comunicação e informações de forma instantâneas está afetando
limitação de lugares e tempo, com apenas uma socialmente os comportamentos das pessoas.
rede social consegue-se manter contato com Indica-se novas pesquisas sobre esse tema, já que
alguém distante ou ter acesso a uma informação não se encontra muitos trabalhos publicados.
específica de forma imediata, pessoas estão
sendo chamadas de nativos da era digital ou Há uma limitação de trabalhos na área da
nativos da cibercultura, que fazem parte de um psicologia que aborde esses temas de mídias
modelo imediatista. sociais e tragédias interligadas com as emoções,
personalidade e sentimentos das pessoas, visto
Lembram que o ser humano é, antes de tudo, que cada vez mais a tecnologia está inserida
um ser social e defendem que as “redes sociais”, persistentemente na rotina diária das pessoas.
no ambiente digital, são ferramentas que estão
simplesmente potencializando essa tendência e Portanto, é necessário obter um estudo
alterando completamente as possibilidades de aprofundado sobre como essas pessoas se sentem
comunicação. “Seja por meio de sites de perante as situações de perdas, tragédias e
serviços, que permitem aos indivíduos construir catástrofes para contribuição nas inferências no
um perfil público, articular, ver e pesquisar listas campo da ciência psicológica.

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Trabalho de Conclusão de Curso (Graduando em RESPONSABILIDADE AUTORAL
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Biblioteconomia e Comunicação, Universidade “O(s) autor(es) é(são) o(s) único(s)
Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre. responsável(is) pelo conteúdo deste trabalho”.
2018.

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ERRO DE MEDICAÇÃO ASSOCIADA A SOBRECARGA DE
TRABALHO: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

PEREIRA, Nayline Martins, nailineptu@gmail.com1


SANTOS, Larissa Azevedo dos, lara.159gts@gmail.com1
CAMPOS, Michelle Silva1
SOUZA, Bruna Magalhães1
COSTA, Maria Fernanda Gomes Troncha1
MORAES, Isabela Rodrigues Peres1

1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Biotecnologia

Resumo: Está trabalho tem o objetivo de sistematizar o conhecimento produzido acerca da sobrecarga de
trabalho dos enfermeiros e sua influência nos erros de medicação, visto que nos últimos anos os eventos
envolvendo erros de medicação teve um crescimento evidente, além de ser um dos eventos adversos mais
frequentes durante a prestação do cuidado, e têm recebido atenção dos profissionais, das instituições e das
autoridades sanitárias no mundo todo, pois contribuem para o aumento da morbidade, da estadia hospitalar,
impõem custos ao sistema de saúde e afetam a qualidade da assistência prestada ao paciente. Para tal, foi
realizada uma revisão integrativa de literatura nas bases de dados LILACS, MEDLINE E BDENF, de
publicações dos últimos cincos anos, 2015 a 2019, que buscou responder a questão norteadora: “Como a
sobrecarga de trabalho da equipe de enfermagem tem influenciado os erros de medicação?”. Obtendo como
resultado de busca 10 artigos que preencheram os critérios de inclusão e foram utilizados para análise dos
dados. Constatou-se que um grande percursor para os erros de medicação se deve a grande e exaustiva carga
de trabalho gerada pela escassez dos recursos humanos da equipe de enfermagem. Isto posto, infere-se então
que as condições de trabalho da equipe de enfermagem, destacando-se a alta carga de trabalho, os números
elevados de pacientes e procedimentos realizados por um único profissional, são fatores contribuintes para o
acometimento de erros de medicação.

Palavras-chave: Segurança do paciente. Erro de medicação. Enfermagem.


________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO que compõem a administração de fármacos são


importantes para a eliminação ou diminuição da
O processo de terapia medicamentosa consiste probabilidade de erros, que vão desde a prescrição,
na prescrição, dispensação e administração de compra dos fármacos, seu armazenamento,
agentes farmacológicos terapêuticos, envolvendo dispensação, preparo e administração propriamente
diversos profissionais de diferentes áreas da saúde dito (SOUZA VS et al., 2018).
até a sua chegada ao paciente. A prescrição é Nos últimos anos, os eventos envolvendo erros
responsabilidade do profissional médico, a de medicação teve um crescimento evidente, onde
dispensação se dá por parte do farmacêutico e o erros por parte da equipe de enfermagem
processo de preparo e administração é correspondem a 46,4%, sendo 35,5 % no momento
responsabilidade da equipe de enfermagem da administração do medicamento, 32,4%
composta por enfermeiros, técnicos e auxiliares cometidos por médicos na fase de prescrição e
(SOUZA VS et al., 2018). 19,6% por parte de farmacêuticos na etapa de
Devido a esse mecanismo ser composto por dispensação (MORRUDO et al., 2019).
uma cadeia complexa de profissionais distintos e Assim, os erros de medicação fazem parte dos
que envolve uma série de eventos, ela acaba sendo eventos adversos mais frequentes durante a
suscetível a erros em todo o processo, ou seja, a prestação do cuidado. O mesmo é caracterizado por
começar da primeira etapa até o seu curso final, um incidente que resulta em dano ao paciente.
podendo gerar danos letais aos pacientes. As etapas Porém, além de eventos adversos, os erros de

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medicação pode ser um near miss: incidente que sendo esse um dos indícios da má remuneração do
não atingiu o paciente e incidente sem danos: servidor. Os fatos mencionados geram um grande
incidente que atingiu o paciente (ANVISA, 2016). desgaste emocional, influenciando diretamente nas
Nesse sentido, esses eventos adversos são atividades prestadas pelos funcionários (SILVA et
analisados pelo Protocolo de Londres sob a al., 2015)
perspectiva dos fatores organizacionais, a partir do Diante do exposto, é evidente a necessidade
modelo de Acidente Organizacional de James de se conhecer melhor essa problemática, o objetivo
Reason. Assim, o protocolo estabelece fatores do presente estudo é sistematizar o conhecimento
contribuintes para esse acidente organizacional, tais produzido acerca da sobrecarga de trabalho e sua
como: alta carga de trabalho e fadiga; interrupções influência nos erros de medicação nos últimos anos.
frequentes, sistemas inadequados de comunicação,
mau planejamento, conhecimento insuficiente, entre 2. METODOLOGIA
outros (ANVISA, 2017).
Nesse sentido, esses eventos adversos são Refere-se à revisão integrativa de literatura,
analisados pelo Protocolo de Londres sob a cuja finalidade foi sintetizar evidências disponíveis
perspectiva dos fatores organizacionais, a partir do em artigos sobre erros nas etapas de medicação
modelo de Acidente Organizacional de James oriundas do excesso de trabalho da equipe de
Reason. Assim, o protocolo estabelece fatores enfermagem. Para a construção da RI, procederam-
contribuintes para esse acidente organizacional, tais se, as seguintes etapas: 1) Determinação dos
como: alta carga de trabalho e fadiga; interrupções objetivos e da pergunta norteadora, sendo ela:
frequentes, sistemas inadequados de comunicação, “Como a sobrecarga de trabalho da equipe de
mau planejamento, conhecimento insuficiente, entre enfermagem tem influenciado nos erros de
outros (ANVISA, 2017). medicação?”; 2) Estabelecimento de critérios de
Com base nessa abordagem é relevante inclusão e exclusão (seleção da amostra); 3)
destacar o impacto da sobrecarga de trabalho sobre Definição das informações extraídas para análise;
os profissionais de saúde, sobretudo da 4) Leitura crítica 5) Análise, organização dos
enfermagem. Esse fato é decorrente da escassez dos resultados; 6) Discussão e apresentação dos
recursos humanos, sendo um dos fatores resultados (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO,
contribuintes para o acometimento de erros dentro 2008).
do serviço (ANVISA, 2017). Para realizar o levantamento dos artigos na
Vale ressaltar que todos os envolvidos na literatura, realizou-se uma busca nas bases de
implementação da terapia medicamentosa, como a dados: Literatura Latino-Americana e do Caribe de
indústria farmacêutica, de produtos e equipamentos Ciências da Saúde (LILACS), Medical Literature
hospitalares, os estabelecimentos e os profissionais Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE)
de saúde são responsáveis pela prevenção dos e Bases de Dados de Enfermagem (BDENF).
possíveis desacertos, no que diz respeito à Utilizou-se os Descritores em Ciências da Saúde
medicação e por promover um cuidado seguro e de (DeCS): “Patient Safety” and “Medication Error”
qualidade. No entanto, na área da saúde, é a equipe and “Nursing”. E o marcador booleano “AND”.
de enfermagem quem realiza o processo de Consideraram-se como critérios de inclusão
administração do medicamento, sendo assim, é artigos que contemplavam a temática proposta,
sobre esses profissionais que recai mais fortemente disponíveis na íntegra, nos idiomas: português,
a responsabilidade pelos erros (YAMANAKA et inglês e espanhol, que foram publicados e
al., 2007). indexados nas referidas bases de dados nos últimos
Outro fator preocupante é abordado por Scherer cincos anos (período 2015 a 2019). Os artigos que
et .al (2016) em seu estudo, no qual enfatiza que não contemplava nos critérios e se repetiram nas
um mesmo profissional se torna responsável por bases de dados foram excluídos (MENDES;
grande quantidade de pacientes e procedimentos SILVEIRA; GALVÃO, 2008)
durante a jornada de trabalho, levando a uma Para seleção dos dados dos artigos foi utilizado
exorbitância do mesmo e facilitando que essas o instrumento proposto por Ursi (2010) para
cadeias de erros sejam perpetuadas. assegurar que a totalidade dos dados relevantes
Outros indicativos para essa sobrecarga é fossem coletados, minimizando o risco de erros na
destacado por Alves et. al (2018), na qual aponta transcrição, servindo como garantia da precisão na
como precursores dessa problemática a falta de checagem das informações (SOUZA MT et al.,
infraestrutura adequada no ambiente, incumbências 2010). Esse processo do estudo utilizado e as etapas
fora do ambiente de trabalho, falta de quantitativo de filtragem estão detalhados na Figura 1.
adequado de profissionais. Nesse mesmo estudo, o Após a leitura e investigação crítica dos estudos
autor aponta que 38,1% dos funcionários dispõem foram selecionados 10 artigos para compor a
de empregos extras para complementar a renda, amostragem dos resultados. Ao final desse

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processo, foi possível estabelecer dois eixos 3. RESULTADOS
temáticos devido à semelhança de informação
encontrada: sobrecarga de trabalho da equipe de A amostra desta revisão integrativa resultou, ao
enfermagem e erro de medicação mais frequente. final da análise, em 10 artigos selecionados, sendo
representadas de forma resumida na Figura 01.
Figura 1. Fluxograma da seleção dos artigos, Ao analisar a quantidade de publicações por
segundo as bases de dados. ano de divulgação notou-se que: no ano de 2015
foi publicado um artigo (10%), três em 2016 (30%),
três em 2017 (30%), um em 2018 (10%) e dois no
ano de 2019 (20% ). Em relação ao idioma,
percebeu-se 30% (3 artigos) das publicações
apresentava-se nas línguas portuguesa e inglesa,
30% (3 artigos) em português, 30% (3 artigos)
inglês e 10% (1 artigo) dos estudos estavam
disponíveis em inglês, português e espanhol.
No que diz a respeito, as bases de dados que
foram indexados, quatros estavam disponíveis na
BDENF (40%), quatros no LILACS (40%) e
apenas dois se encontravam na MEDLINE (20%).
Analisando o país de origem das publicações,
constatou-se que predominante eram estudos
brasileiros (80%), e o restante da amostra eram
provenientes do Chile (10%) e Irã (10%), ambos
com apenas uma publicação cada, assim
completando a amostragem de 100%.
Fonte: dados da pesquisa, 2019. Para melhor compreensão dos dados obtidos
dos estudos avaliados, sistematizou as informações
na tabela 02.

Tabela 2: Quadro com os resumos dos resultados e conclusão retirados após a leitura dos artigos na
íntegra.
Título Síntese dos resultados Conclusão
O estudo oportunizou o reconhecimento
Contribuição da A maioria dos participantes já vivenciou
de elementos da carga de trabalho que contribuem
carga de trabalho algum tipo de erro de medicação em sua
para a ocorrência de erros de
para a ocorrência unidade de trabalho, sendo os erros de dose os
medicação na enfermagem, o que poderá subsidiar
de erros de mais frequentes e o quantitativo de pessoal o
a construção das estratégias necessárias para a
medicação na fator que mais contribui para ocorrência
minimização da ocorrência dos erros de
enfermagem de erros de medicação.
medicação e segurança do paciente.

Sentimentos e 70% dos participantes relataram ter São consideradas ações fundamentais para a
condutas de cometido erros de medicação. As categorias prevenção de erros de medicação: Informatização
trabalhadores de temáticas construídas foram: Sentimentos e das prescrições; identificação correta e completa
enfermagem diante condutas diante do erro de medicação e Ações dos pacientes; A educação permanente em saúde ;
do erro de preventivas para a ocorrência de erros de O acréscimo no quantitativo de recursos
medicação medicação humanos e a padronização de diluições de
medicamentos.
A taxa global de incidentes foi de 71,1%. Foi
Ocorrência de
encontrada uma alta correlação positiva entre
incidentes de A carga de trabalho foi elevada em todas as
as variáveis de carga de e a taxa de quedas As
Segurança do unidades, exceto na unidade de cuidados
taxas de erro de medicação, incidentes de
Paciente e Carga intermédiários. Apenas a taxa de quedas foi
contenção mecânica e auto remoção de
de Trabalho de associada com a carga de trabalho.
dispositivos invasivos não foram
Enfermagem
correlacionadas com a carga de trabalho.

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A atuação ética do enfermeiro frente aos erros
Considera-se imprescindível
Atuação ética do de medicação inclui a tomada de decisão em
a educação permanente dos profissionais para a
enfermeiro frente relação às intercorrências com o paciente;
prevenção e redução de erros de medicamentos,
aos erros de ações educativas com a equipe de
possibilitando a segurança do paciente e
medicação enfermagem; registro do erro e aplicação de
qualificação do serviço.
penalidades.

Na etapa de preparo, foram identificados os


seguintes erros: não higienização
Tanto na etapa do preparo quanto na de
Tipos e frequência das mãos (70,29%) e não usar técnica
administração dos medicamentos, os erros mais
de erros no asséptica (80,85%). Na etapa de
frequentes foram a não higienização das mãos e o
preparo e na administração, 81,18% não higienizaram
não uso de técnica asséptica, apontando para a
administração de as mãos, e 84,81% não usaram a técnica
necessidade de desenvolvimento e implantação
medicamentos asséptica. Em 31,35% das observações, existia
de programas de educação centrados na segurança
endovenosos mais de uma medicação no mesmo horário
do paciente.
para o mesmo paciente; destas 17,89% eram
compatíveis, 56,84% incompatíveis e 25,26%
não foram testadas.
Constatou-se fragilidade na conceituação do erro;
a percepção do sentimento de medo não
relacionado à punição; a presença das
Sentimentos 1) Deficiência na conceituação do erro. 2)
competências, de responsabilidade e
experimentados Sentimentos negativos associados ao erro.
de comunicação usadas frente ao erro e a aplicação
por equipes de 3) Condutas adotadas perante erro de
de barreiras e estratégias preconizadas para
enfermagem acerca medicação.
prevenção do erro. Sugere-se a implantação da
dos erros de 4) Estratégias de prevenção contra os erros de
sensibilização contínua focada em segurança como
medicação medicação.
estratégia para alcançar aprendizado, disseminar as
condutas assertivas dos profissionais e promover
ações para aliviar os sentimentos dos envolvidos
O erro humano
na assistência de enfermagem pode ser
relacionado à abordagem do sistema, através Os erros identificados interferem
O erro humano no das falhas ativas e condições latentes. As na assistência de enfermagem e recuperação da
cotidiano da falhas ativas são representadas pelos erros na clientela, podendo causar danos. Entretanto, são
assistência de administração de medicamentos e não tratados como ocorrências comuns e inerentes ao
enfermagem em elevação das grades dos leitos. As condições cotidiano. Enfatiza-se a necessidade de
terapia intensiva latentes podem relacionar-se às dificuldades reconhecimento destas ocorrências, estimulando
na comunicação entre a equipe a cultura de segurança na instituição.
multiprofissional, falta de normas e rotinas
institucionais e ausência de recursos materiais

As consequências dos erros foram


consideradas negativas nos casos de
demissões, troca de setor, impacto
Os resultados deste estudo poderão encorajar a
emocional/moral. Entretanto, desmistificou-se
Erros na terapia implementação de uma cultura de segurança mais
que erros trazem somente consequências
medicamentosa e as consistente nas instituições de saúde, não
negativas, pois situações como o diálogo,
consequências para personificando o erro a quem o cometeu
oferta de educação permanente, autocrítica do
a enfermagem diretamente.
trabalhador e melhor atenção no
preparo/administração dos medicamentos
exemplificam que o erro pode reverter-se para
a melhoria das práticas de cuidado.
Administração de
medicamentos -
carga de trabalho Há fragilidades no processo que podem contribuir
A administração de medicamentos tem
de enfermagem e para erros de administração de medicamentos,
impacto na carga de trabalho dos profissionais
segurança do relacionados ao número de doses e ao número de
e na segurança do paciente.
paciente em pacientes atribuídos a cada profissional.
enfermarias
clínicas

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A prevalência de EM foi de 17,0% (intervalo
de confiança de 95%, 13,7 a 20,3%). Os tipos
mais comuns de EMs foram administrar
medicamentos no momento errado (24,0%),
erros de dosagem (16,8%) e administrar
Medication errors Nosso estudo documentou uma alta prevalência de
medicamentos ao paciente errado (13,8%).
among nurses in EMs entre enfermeiras no oeste do Irã. Uma carga
Uma carga de trabalho pesada e o tipo de
teaching hospitals de trabalho pesada foi considerada a barreira mais
trabalho por turnos foram considerados as
in the west of Iran: importante para relatar EMs entre enfermeiros.
principais causas de EMs pela equipe de
what we need to Assim, estratégias apropriadas (por exemplo,
enfermagem. Nossos achados mostraram que
know about redução da carga de trabalho da equipe de
45,0% dos enfermeiros não relataram MEs.
prevalence, types, enfermagem) devem ser desenvolvidas para
Uma carga de trabalho pesada devido a um
and barriers to abordar MEs e melhorar a segurança do paciente
alto número de pacientes foi a razão mais
reporting. em ambientes hospitalares no Irã.
importante para não relatar ME entre os
enfermeiros. Ser do sexo masculino, ter um
segundo emprego não relacionado e trabalhar
com turnos fixos aumentou significativamente
o ME entre os enfermeiros.
Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

4. DISCUSSÃO administração de 5,23 a quantidade média de doses


por paciente.
Foram divididos os resultados em dois eixos Já no estudo de Magalhães et. al (2015), é
temáticos, como citado anteriormente para realizar salientado que a demanda de administração de
a discussão: medicamentos torna-se cada vez mais acentuada,
impactando diretamente na sobrecarga de trabalho.
4.1. Sobrecarga de trabalho dos profissionais de Outros fatores como: as múltiplas tarefas assumidas
enfermagem pelo enfermeiro e o aumento significativo na
quantidade de pacientes internados, compromete a
Um importante dado analisado no estudo de eficácia do serviço de gerenciamento das
Aires; Barlem; Souza et al. (2016), de um modo medicações como, por exemplo, o aprazamento.
amplo, é que todas as instituições que Outro ponto notório é que dos dez artigos
compreenderam sua pesquisa, apresentam um averiguados, sete deles correlacionaram o erro
número reduzido de funcionários prestando como um potencial indicador de fragilidades
assistência. Tal fator contribui veementemente para presentes no setor, dentre elas a falta de tempo hábil
o aumento da incidência de erros ao paciente, além para realização de educação permanente, devido à
de comprometer a saúde do profissional. Em sobrecarga de trabalho. Sendo a educação
consonância a isso, o estudo de Magalhães et. al. permanente e o reconhecimento do erro alicerces
(2017), evidencia que a melhora nas condições de para vislumbrar a falha como uma oportunidade de
trabalho dos profissionais de enfermagem geram aprendizagem, não somente com vistas punitivas.
consequências positivas à saúde do paciente, pois Isto posto, é evidente a importância do
há maior atenção e menor sobrecarga, colaborando balanceamento adequado entre a demanda de
para a redução de eventos adversos, como: o pacientes e quantidade de atuantes na equipe de
surgimento de lesões por pressão, quedas, sepses, enfermagem disponível para prestar assistência aos
além de uma redução considerável nos erros de mesmos. Sendo este, um fator que compromete a
medicação. qualidade e a segurança do cuidado, propiciando ao
No estudo de Kreling e Magalhães et. al. erro.
(2017) acerca da administração de medicamentos e
a carga de trabalho da enfermagem, evidencia que, 4.2. Erros de medicação mais frequentes
a sobrecarga de trabalho sendo levada em
consideração ao número de medicamentos a serem De acordo com Mendes et. al. (2018) a
administrados, além das múltiplas atividades ao ocorrência do erro de medicação, que pode
longo do turno de trabalho, interfere na dinâmica da transcorrer do momento do preparo até a
segurança do paciente, sendo um elemento que administração do mesmo, pode gerar incapacidade
corrobora para o erro. Em sua pesquisa, a autora do paciente, além de prolongar a institucionalização
verificou que a média de gerenciamento da do mesmo, ocasionando a necessidade de novos
medicação por profissional técnico em procedimentos que intervenham nos eventos
enfermagem, era de 34,50, tendo como correto à adversos, prevenindo maiores prejuízos ao cliente.

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Ainda de acordo com Mendes et al. (2018) a de entrar em discussão com toda equipe, para que
durante o preparo das medicações, foram em conjunto, possam contribuir para a diminuição
identificados os seguintes erros: falta de dos erros de medicação, atentando-se desde o
higienização das mãos antes do preparo (70,2%); preparo até a administração dos fármacos, além de
não utilização de técnica asséptica no preparo elevar a supervisão da enfermagem durante todo o
(80,8%); diluição da medicação em volume menor processo (MORRUDO, 2019).
do que o recomendado pelo fabricante (1,6%). Na Nesse sentido a autora Magalhães et. al (2015),
etapa de administração, as falhas identificadas relata que os erros de medicação podem de fato
foram: não higienização das mãos antes da acontecer em qualquer fase desse sistema,
administração (81,1%); não utilização de técnica entretanto essas falhas podem ser detectadas e
asséptica na administração (84,8%) e velocidade de evitadas nas etapas iniciais do processo, com o uso
administração incorreta (4,0%). A não identificação da tecnologia para promover uma eficácia no
correta da medicação e não conferência da cuidar. Além disso, afirma que, a enfermagem
identificação do paciente antes da administração do como um todo, devido a sua interprofissionalidade,
medicamento, também foram erros encontrados em deve estar à frente do processo medicamentoso.
observações de Mendes et al. (2018).
Outrossim, um método bastante eficaz para a 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
prevenção do erro de medicação é a notificação do
fato ocorrido. Um estudo realizado no Irã por Fathi A escassez de recursos humanos é uma
et. al. (2017), relata que todos os hospitais do país característica inerente e perpetuada por anos
possuem um sistema de notificação para relatar os quando se analisa as condições de trabalho da
fatos ocorridos. Menciona-se ainda que 45% dos enfermagem. Esses aspectos são fatores geradores
enfermeiros não notificam os incidentes, devido da sobrecarga de trabalho dos profissionais,
algumas barreiras, como a sobrecarga de trabalho deixando assim, os indivíduos propensos a cometer
devido ao grande número de pacientes presentes no erros em decorrência dessa realidade no momento
hospital. Não distante dessa realidade, em um da assistência ao cliente. Esses aspectos estão
estudo realizado por Santi et al. (2016), os autores intimamente ligados ao acontecimento de falhas no
destacam que no Brasil o erro raramente é processo de terapia medicamentosa colocando em
comunicado, principalmente, se o mesmo envolver risco a saúde e segurança dos pacientes.
mais de um indivíduo. Torna-se necessário, então, repensar ações,
Em consonância com esse autor, Siqueira et. al. condutas, avaliando os déficits dos sistemas de
(2016) em seu estudo aponta que o erro é algo saúde e da qualidade das condições de trabalho,
inesperado, definido pelas falhas no momento do principalmente da equipe de enfermagem, visando à
planejamento e na execução do procedimento. construção de medidas efetivas que possam
Ademais, o erro acaba por integrar o âmbito melhorar as circunstâncias aqui elencadas. Tendo
judicial, no qual é caracterizado como negligência, em vista, a redução a um mínimo considerável de
imprudência ou imperícia. ocorrência, não só no que tange aos erros de
Segundo Duarte et. al. (2015) esses erros medicações, mas sim, de qualquer evento adverso
podem ser analisados através do “Modelo do associado a essa a condição.
Queijo Suíço” no qual propõem-se que, na Ressalta-se ainda, a necessidade de fomentar
ocorrência da falha, o que é relevante não é quem a a realização de estudos avaliando tais erros e
cometeu de fato, mas porque as defesas falharam, características no contexto da Atenção Primária à
levando ao surgimento desse incidente. Preconiza- Saúde, levando em consideração a importância
se uma integridade do mecanismo, entretanto, os desse sistema como porta de entrada de toda a
mesmos possuem lacunas, que separadamente estrutura dos serviços de saúde; também como
podem ser inofensivas, mas quando combinadas ambiente foco e central da imunização da
levam a ocorrência de um evento mais grave. Para comunidade e, ainda, administração de alguns
que essas falhas sejam prevenidas é necessário que medicamentos, que não deixam de estar passíveis
haja uma discussão acerca do erro por todos os de erros. Aspecto como esses, foram observados a
profissionais que compõem o sistema de partir da elaboração da presente RI, como uma
medicação, almejando uma melhora para a lacuna das pesquisas já realizadas.
segurança dos pacientes que fazem o uso do Torna-se, essencial, portanto, que não só os
serviço, como é relatado no estudo de Mangilii et. profissionais envolvidos na assistência direta mais
al (2017). em conjunto com a equipe gestora construam um
Ademais, alguns enfermeiros acabam omitindo ambiente propício para se planejar, analisar e
os fatos nos casos em que o paciente apresenta uma aprender com os eventos adversos ocorridos no
reversão. Concomitantemente a esses estudos, uma decorrer do cotidiano das unidades de saúde de
alternativa encontrada por alguns profissionais, foi todos os níveis de atenção. Tendo como finalidade

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a qualidade no cuidado prestado, a garantia da FATHI A. Medication errors among nurses in
segurança do paciente e de todos os seus direitos. teaching hospitals in the west of Iran: what we
need to know about prevalence, types, and
RESPONSABILIDADE AUTORAL barriers to reporting. Epidemiol Health. 2017.

“Os autores são os únicos responsáveis pelo KRELING, A; MAGALHÃES, A. M. M.


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ESTUDO DA VIABILIADE DA UTILIZAÇÃO DE RESIDUOS NA PRODUÇÃO DE
BLOCOS ECOLÓGICOS

Dornelas, Ricardo Cruvinel, rcd.produtividade@gmail.com


Sanches, Ânella Camacho1, anella.camachos@gmail.com
Teles, Natanael Costa2
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Engrenharia
2
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Engrenharia

Resumo: Os blocos ecológicos são uma alterativa aos blocos cerâmicos e de concreto, atenuando a necessidade
de extração de matéria prima da natureza, bem como propiciando a utilização de resíduos provenientes de
vários setores para sua fabricação. Neste artigo será feito um estudo comparativo entre a utilização de quatro
tipos de resíduos no processo de fabricação de blocos ecológicos por meio de uma revisão bibliográfica de
quatro artigos, bem como analisar suas propriedades mecânicas, de forma a demonstrar um melhor resultado
quando há a utilização de grits quando comparado aos demais.

Palavras-chave: Solo-cimento. Resíduo. Blocos Ecológicos.


__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO quantidade de água, que são prensados e não passam


por nenhum processo de cozimento, tal como o bloco
Atualmente a preocupação com os impactos cerâmico, e é curado a sombra. Esses blocos possuem
ambientais vêm aumentando gradativamente e visto um formato que se assemelha a peças de “lego”,
que o ramo da Construção Civil trabalha com a diminuindo a quantidade de argamassa para seu
exploração dos recursos naturais em todo seu ciclo assentamento.
produtivo (RUSSO, 2007) também contribui para a Os blocos ecológicos podem ser melhorados com
poluição do ar, da água e a modificação de adições de resíduos provenientes de outros setores da
ecossistemas (INEE, 2001). Este setor é responsável indústria. Dentre estes, tem-se a casca de arroz, a
pela geração de resíduos provenientes de seus utilização da braquiária, do grits e de montículos de
processos, os quais, no Brasil, possui cerca de 80% de cupim, visando substituir parte da matéria prima
sua composição de tijolos, areias e argamassas de utilizada em sua confecção.
acordo com Lucena (2005), tendo então se tornado Assim, este artigo tem como objetivo realizar um
um dos principais ramos na busca por formas de estudo comparativo entre quatro tipos de resíduos no
reduzir os impactos gerados em função de suas processo de fabricação de blocos ecológicos.
atividades.
Dentre as maneiras alternativas de construção e 2. DESENVOLVIMENTO
de aproveitamento de resíduos diversos, apresenta-se,
de modo promissor, a utilização de blocos solo- Os resíduos foram escolhidos devido a sua
cimento (também chamado de bloco ecológico) este grande relevância no cenário nacional, visto que o
tipo de bloco se diferencia bastante dos demais blocos Brasil é um grande produtor agropecuário. Sendo que,
atualmente utilizados por possuir um processo de em sua maioria não há um descarte correto dos
assentamento com menor impacto ambiental e resíduos sendo despejados diretamente na natureza.
diminuir significativamente o uso de outros insumos
(tais como argamassa). Outros benefícios também 2.1. Casca de Arroz e Braquiária
podem ser citados, tais como: reduzir gastos
posteriores com climatização (devido a seu formato A casca de arroz é um resíduo proveniente da
que cria “colunas” de ar dentro da estrutura, o qual é produção agrícola e ostenta um alto teor de Sílica em
um bom isolante térmico), como também reduzir a sua composição, enquanto que a braquiária é um tipo
geração de resíduos e pode apresentar características de capim do gênero Brachiaria, abundante na região
similares a dos tijolos maciços e blocos cerâmicos centro-oeste, ocupando cerca de 50% de todos os
quando produzido de maneira adequada. (ABCP, pastos (MACEDO, 2005).
2000). A possibilidade da utilização de resíduos em Em 2008 fora realizado um experimento
sua fabricação diminui a quantidade necessária de utilizando-se a casca de arroz e de braquiária na
matéria prima a ser extraída, bem como torna-se uma composição dos blocos. Os resíduos foram triturados
solução útil para destinação de certos materiais. e peneirados, na sequencia foram imersos em solução
O bloco solo-cimento consiste basicamente de de cal hidratada comum CH III, concentrada a 5%,
uma mistura de solo, cimento e uma pequena por um prazo de 24 horas, secados em estufa por um

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período de 48 horas, à temperatura de 80 °C 2.2. Montículo de Cupim
(MILANI; FREIRE, 2006), o que pode ser
minimizado por meio de alguns tratamentos, sendo Os montículos de cupim, cujo nome científico é
que o tratamento que apresentou o melhor resultado Cornitermes cumulans são formados em solos que
foi a lavagem com uma solução de cal, que remove apresentam uma certa quantidade de argila, ou outro
extrativos que solubilizam na água e interferem no material coloidal como material salivar e fecal,
processo de hidratação do cimento (FERREIRA et utilizados de modo a cimentar as partículas do solo.
al., 2008). Em 2006 fora conduzido um experimento com o
Adotou-se o teor de 10% da combinação cimento intuito de averiguar a resistência a compressão de
e resíduo (% em relação à massa do solo seco), de tijolos solo-cimento fabricados com o montículo do
modo a reduzir o uso do aglomerante. Por cupim Cornitermes cumulans e neossolo
conseguinte, fora realizado os tratamentos de modo quartzarênico, cimento Portland CPII F-32, e traço de
que os traços variassem de 9:1:0 a 9:0.6:0.4 de referência para a fabricação de tijolos de solo cimento
solo:cimento:resíduo. Traços com proporção de 1:10, sendo uma parte de cimento e dez partes de solo,
resíduos acima de 9:0.9:0.1 afetaram negativamente a como informa o Guia da Associação Brasileira de
trabalhabilidade e a compactação da mistura, de Cimento Portland (ALBUQUERQUE, 2006).
modo que a melhor combinação se deu quando a Após a confecções dos tijolos aferiu-se as massas
porcentagem dos resíduos era de 10%, tanto para destes, tendo em média 2382,83g. Os valores das
casca de arroz quanto para a casca da semente de cargas de ruptura foram obtidos para os tijolos, em
braquiária (FERREIRA et al., 2008). ensaios realizados com a prensa hidráulica, com
Os corpos de prova foram moldados de acordo precisão 1,0 kgf. A resistência à compressão desse
com a NBR 10832 (ABNT, 1989). Após preparada a tipo de mistura deve ser igual ou maior que 1,0 MPa,
mistura de solo-aditivo, os tijolos foram moldados no o que ocorreu em quase todos os tratamentos do
teor de água ótimo de compactação normal de experimento, apenas um tratamento teve valor
Proctor, adicionando-se, aos poucos, a água de inferior a 1,5 MPa, os demais tratamentos tiveram
amassamento até obter uniformidade de mistura para valores de resistência maiores que 1,5 MPa. O tempo
colocação nas fôrmas. Para garantir que os tijolos de cura é um fator crucial no aumento da resistência,
fossem submetidos à pressão de compactação sendo a mesma proporcional aos dias de cura. Os
semelhante à do Proctor normal, procedeu-se ao tijolos fabricados com o montículo do cupim
controle da prensagem dos tijolos relacionando-se a Cornitermes cumulans apresentam diminuição da
massa do tijolo com a massa do corpo-de-prova, absorção de água com o aumento da idade de cura, ao
admitindo-se que ambos tivessem a mesma massa contrário dos que utilizaram apenas neossolo. A
específica aparente seca máxima e a mesma umidade diminuição da absorção com a idade, normalmente
ótima. A resistência média obtida das amostras com corresponde a um maior aumento da resistência à
10% de resíduos foi de 2,205 onde observou-se que à compressão.
medida que se aumentou o teor de resíduo vegetal, os
valores de resistência à compressão simples 2.3. Grits
diminuíram significativamente. Verificou-se que,
independentemente da idade e do tipo de resíduo O grits trata-se de um resíduo gerado no processo
(casca de arroz ou de braquiária), os melhores de kraft na indústria da celulose, é seu descarte gera
resultados em termos de desempenho mecânico alto interesse econômico e ambiental. Todos esses
foram alcançados pelos tratamentos com materiais não possuem aplicações viáveis, e alguns
porcentagens de 10%. (FERREIRA et al., 2008) deles podem ser tornar problemáticos devido a
Comparando-se os resíduos, a adição da casca de dificuldade de sua destinação final. SIQUEIRA e
arroz proporcionou valores de resistência à HOLANDA (2015), utilizaram a possibilidade da
compressão simples mais elevados do que aqueles adição do grits na composição do bloco solo-cimento,
proporcionados pela casca de braquiária, nos teores e constataram que essa utilização diminuía a
correspondentes, em todas as idades de cura. Outro necessidade da utilização de cimento na mistura, além
aspecto benéfico da presença de fibras em materiais de apresentar melhora nas características mecânicas,
baseados em terra crua, desde que o seu tais como a resistência a compressão que apresentou
comportamento mecânico não seja comprometido, é aumento de 15% quando comparado ao traço base.
a obtenção de um produto de menor condutividade Essa adição altera as propriedades químicas e
térmica, promovendo, assim, a redução da mineralógicas dos blocos, visto que o grits é rico em
transferência de calor e menor consumo energético minerais cálcicos, o que possibilitou a substituição de
para o controle da temperatura interna das até 20% da quantidade de cimento empregada a
edificações. mistura, e ainda reduziu a absorção do produto.

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3. METODOLOGIA de prova, onde * caracteriza o traço
solo:cimento:resíduo, e ** representa a base de
Mediante pesquisa bibliográfica foram comparação de cada um dos tipos.
escolhidos quatro artigos contendo experimentos de A Tabela 2 apresenta a comparação entre os
melhoramento que serão analisados, sendo estes o valores de Índice de Plasticidade (IP), Resistência a
melhoramento com a adição de casca de arroz, compressão simples (Mpa) e Absorção de água.
melhoramento com a adição de braquiária,
melhoramento com a substituição do solo por Tabela 2 – Comparação das características dos
montículos de cupim e o melhoramento com a adição blocos solo-cimento e solo-cimento-resíduo
de grits. Nº IP Resistência a Absorção
(%) compressão de água
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO simples (Mpa) (%)
01 9,5 5,13 20,40
A Tabela 1 apresenta os dados provenientes dos 02 9,5 5,89 18,02
artigos analisados, nela encontram-se as 03 9,5 5,55 17,56
especificações de traço, tipo de cimento, tipo de solo, 04 9,5 5,62 21,68
utilizados em cada um dos experimentos. 05 NP 3,07 11,42
06 NP 2,25 12,97
Tabela 1 – Especificação das características dos 07 NP 1,52 13,78
blocos solo-cimento e solo-cimento-resíduo 08 NP 1,21 16,42
Nº Tipo de Tipo de Traço Tipo de 09 NP 1,03 18,51
Cimento Bloco (s:c:r)* Solo 10 11,4 2,16 12,33
01 CP III 1 - Grits** 9:1:0 Argila 11 11,4 1,17 12,71
40RS Fraca 12 11,4 0,91 15,14
02 CP III 2 - Grits 9:0,9:0,1 Argila 13 11,4 0,69 19,96
40RS Fraca 14 ---- 1,64 14,10
03 CP III 3 - Grits 9:0,8:0,2 Argila 15 ---- 1,68 12,32
40RS Fraca Fonte: Próprios autores, 2019.
04 CP III 4 - Grits 9:0,7:0,3 Argila
40RS Fraca
05 CP III 5- 9:1:0 Arenoso Para uma melhor visualização das variações de
40RS Resíduos** cada um dos tipos de bloco e seus traços, os dados da
06 CP III 6 - Resíduo 9:0,9:0,1 Arenoso Tabela 2 foram plotados na Fig. 1, de modo a
40RS c. arroz apresentar a variação da resistência em função do
07 CP III 7 - Resíduo 9:0,8:0,2 Arenoso traço.
40RS c. arroz
08 CP III 8 - Resíduo 9:0,7:0,3 Arenoso Figura 1. Resistência em função do traço
40RS c. arroz
09 CP III 9 - Resíduo 9:0,6:0,4 Arenoso
40RS c. arroz
10 CP III 10 - Resíduo 9:0,9:0,1 Argiloso
40RS c. braq.
11 CP III 11 - Resíduo 9:0,8:0,2 Argiloso
40RS c. braq.
12 CP III 12 - Resíduo 9:0,7:0,3 Argiloso
40RS c. braq.
13 CP III 13 - Resíduo 9:0,6:0,4 Argiloso
40RS c. braq.
14 CP II 14 - 8:1:0 Arenoso
F-32 Neossolo
15 CP II 15 - Cupim 8:1:0 Silto
F-32 Argiloso Fonte: Próprios Autores, 2019.
Fonte: Próprios autores, 2019.
Na Fig. 2 estão descritas as variações de absorção
Assim, é possível perceber a variação do tipo de em relação ao tipo e traço do bloco, presentes na
cimento utilizado, bem como as diferenças no tipo de Tabela 2.
solo empregado na confecção de cada um dos corpos

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Figura 2. Absorção de água em função do traço No tocante a absorção de água, se os pontos de
partida de ambos os blocos fossem os mesmos (bloco
referência único para ambos) seria possível visualizar
o fato de que, enquanto a adição de resíduos aumenta
a absorção do bloco, a adição de grits reduz essa
absorção.
O grits tende a diminuir a esta característica com
sua adição na composição dos blocos até certa
proporção, na qual é de 2% da composição total, pois
diminui a porosidade do bloco.
Uma menor absorção de água é desejada, porque
está diretamente relacionada à impermeabilidade dos
blocos, ao acréscimo imprevisto de peso à parede
saturada e à durabilidade. Esta absorção é
influenciada pela porosidade dos blocos sendo mais
alta para blocos mais porosos. Assim é importante
encontrar o ponto de equilíbrio já que a absorção na
Fonte: Próprios Autores, 2019. quantidade certa favorece a penetração dos
aglomerantes que ao endurecer tornam monolítico o
Ao comparar alguns dos dados apresentados nos conjunto blocos, argamassa, revestimento. Entretanto
artigos analisados, percebe-se que suas alterações quando a absorção é muito alta pode comprometer as
influenciam de maneiras diferentes as propriedades reações químicas necessárias ao endurecimento, além
mecânicas dos blocos solo-cimento, e variam também de comprometer a resistência dos blocos, visto que,
de acordo com a porcentagem de material após a absorção, em algum momento à expulsão desta
acrescentado, como mostrado na Tabela 1. água, criando canalículos, que amentam a porosidade
Analisando-se as Fig. 1 e 2, é possível perceber do bloco e reduzem sua resistência como demostrado
uma grande diferença desde o bloco utilizado como nas fig. 1 e 2.
padrão, o que dificulta a comparação entre os Quando se trata do bloco solo-cimento feito
experimentos. apenas com Neossolo ou Montículos de cupim e o
Na figura 1 evidencia-se que os valores de aglomerante, é difícil realizar uma comparação com
resistência a compressão simples diferem muito, aqueles que apresentam adição de outros materiais em
desde o traço base. Entretanto, se estes valores fossem sua composição, e esta somente seria possível, se
sobrepostos, partindo de um mesmo valor de fosse realizado um experimento que unisse ambas as
resistência inicial, seria possível perceber que possibilidades.
enquanto os valores de resistência dos blocos com A casca de arroz e a braquiária também podem
adição de casca de arroz ou a casca da semente da ser utilizadas não como aglomerantes, mas como
braquiária apresentam um decaimento em sua enchimento de modo a substituir uma porcentagem do
resistência, no bloco com a adição de grits, em solo, independentemente dos aglomerantes, o que
contrapartida, tem-se um aumento de resistência, no possibilitaria uma perca de peso no bloco solo-
primeiro traço atingindo o máximo valor, e após isso cimento. Se utilizado desta forma, seria mantida a
ocorre um decaimento da resistência, mas mesmo quantidade de aglomerante a ser utilizado, o que
com este decaimento está ainda se mantem acima do talvez melhorasse os resultados obtidos nos testes de
valor inicial. resistência.
O grits neste contexto apresenta as melhores Além disto, é importante atentar para a NBR
características, com o aumento de resistência a 8491 – Tijolos maciços de
compressão enquanto os blocos confeccionados com solocimento/Especificação, que estabelece o valor
adição de casca de arroz e braquiária apresentaram mínimo de resistência a compressão aceitável de 2,0
redução desta mesma resistência. Os blocos Mpa, e a absorção máxima de água de 20%, de modo
confeccionados com neossolo e montículo de cupim a garantir que estes se mantenham dentro dos limites.
não permitem uma comparação com os demais, visto Entretanto, para dados mais precisos, seria
que sua implementação substituiu completamento o necessário repetir todos os experimentos, utilizando-
solo, não havendo acréscimos gradativos. Entretanto, se o mesmo solo e o mesmo tipo de cimento, para de
quando comparados entre si mostram uma fato quantificar as diferenças apresentadas.
estabilidade no valor de resistência, o que indica que
segundo esse parâmetro o montículo poderia ser 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
utilizado como substituição para o neossolo sem
percas. Os blocos ecológicos com adição de resíduos
mostram-se como uma alternativa viável para

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utilização na construção civil. Independente do braquiária e seus efeitos nas propriedades físicas
material utilizado, seja ele o grits, a casca de arroz, a e mecânicas de tijolos de solocimento. Eng. Agríc.
braquiária e o montículo de cupim. Embora o bloco v.28 n.1 Jaboticabal jan./mar. 2008.
com adição de grits apresente um melhoramento de
INEE, Instituto Nacional de Eficiência Energética. A
características superior, os demais resíduos também
eficiência energética e o novo modelo do setor
podem ser adotados, mediante mais estudos. A
energético. Rio de Janeiro: INEE, 2001.
substituição do solo por montículos de cupim também
é muito interessante, e deve ser explorada. LUCENA, L. F. L.; NEVES, G. A.;
Devem ser realizados mais experimentos a fim de NASCIMENTO, J. D.; OLIVEIRA, D. F.
quantificar, de maneira sistémica, os resultados Diagnóstico da geração de resíduos da construção
obtidos, de preferência, partindo-se de um único civil no Município de Campina Grande. In:
ponto de comparação. Além disto a utilização deste SIMPÓSIO BRASILEIRO DE GESTÃO E
tipo de material (resíduo) na confecção de blocos ECONOMIA DA CONSTRUÇÃO, 4.,
torna-se relevante, pois diminui a necessidade de ENCONTRO LATINO-AMERICANO DE
utilização de alguns materiais e propicia a criação de GESTÃO E ECONOMIA DA CONSTRUÇÃO, 1.,
uma destinação mais adequada e de baixo impacto Porto Alegre. Anais. Porto Alegre, 2005.
para resíduos que poderiam ser descartados
MACEDO, M. C. M. Pastagens no ecossistema
diretamente na natureza
cerrados: Evolução das pesquisas para o
desenvolvimento sustentável. In: REUNIÃO
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3.ed.rev.atual. São Paulo, ABCP, 2000. 16p. (BT- no.360 São Paulo out./dez. 2015.
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manual. Rio de Janeiro, 1992. 8 p. Acesso em: em 09 mai 19.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS. NBR 8491: tijolo maciço de solo- RESPONSABILIDADE AUTORAL
cimento: especificação. Rio de Janeiro, 1984.
“Os autores são os únicos responsáveis pelo
FERREIRA, R.C.; GOBO, J. C. C.; CUNHA, A. H.
conteúdo deste trabalho”.
N. Incorporação de casca de arroz e de

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ESTUDO DAS MACRÓFITAS COMO ADUBO ORGÂNICO

Sarmento, Antover Panazzolo, antoverps@ufg.br


Castro, Mateus Ferreira de, mateusferreirac98@gmail.com1
Perini, Paula Campos, pcamposperini@gmail.com1

1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Engenharia

Resumo: Tendo em vista que o excesso de proliferação das macrófitas nos reservatórios causa um prejuízo à
geração de energia, faz-se necessário uma destinação adequada a essas. Com isso, neste projeto serão expostas
algumas características gerais das macrófitas, suas subdivisões, suas características e sua importância social,
econômica e biológica, além de sintetizar o processo de compostagem. Sendo este o recurso utilizado para o
reaproveitamento da matéria orgânica (macrófita), dando um fim sustentável a esta, aproveitando-a como
adubo orgânico.
Palavras-chave: Compostagem. Matéria Orgânica. Macrófitas.

__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO aproveitamento da massa de Egeria densa, uma


espécie de macrófita, como adubo orgânico,
Segundo Esteves (1998), as macrófitas apontam resolvendo o problema de descarte e,
adaptações que permitem seu crescimento em um concomitantemente, incorporando nutrientes ao solo,
gradiente que compreende desde solos saturados até aumentando, com isso, a produção agrícola.
submersos na coluna d’água. Por definição,
macrófitas aquáticas são originalmente vegetais 2. METODOLOGIA
terrestres que sofreram transformações adaptativas
para colonizar ambientes aquáticos, sendo Segundo Fernandes e Silva (1999), pode-se
classificadas em emersas, submersas, com folhas caracterizar os sistemas de compostagens como
flutuantes e flutuantes livres. tratando-se de um procedimento biológico de
De acordo com Nascimento (2002), em muitos tratamento de resíduos. Esses processos podem ser
reservatórios de usina hidroelétrica ocorre a simples ou bastante tecnificados. No entanto, a
proliferação de plantas aquáticas (macrófitas), as compostagem apresenta uma particularidade que
quais se desprendem e concentram-se nas grades de possibilita a obtenção de um bom composto
contenção das turbinas, prejudicando, assim, a independentemente do nível tecnológico utilizado à
geração de energia. Diante disso, necessita-se a sua aquisição, uma vez que os resíduos sejam
retirada desse material dos reservatórios, porém há apropriados e o processo biológico aconteça em
dúvidas sobre como descartá-lo corretamente. condições ideais.
A compostagem é um recurso para reaproveitar A literatura costuma dividir os processos de
os resíduos sólidos, cujo material orgânico é compostagens em Sistemas de Leiras Revolvidas
decomposto por microrganismos na presença de (windrow), Sistema de Leiras Estáticas Aeradas
oxigênio até o ponto em que poderá ser armazenado (stactic pile) e Sistemas Fechados ou retardadores
e aplicado ao meio ambiente. A sua realização tem biológicos (In-vessel). Ao analisar a tecnologia que
como vantagem o baixo custo e benefícios à natureza, será adotada, com o objetivo de optar-se por um
produzindo composto fertilizante natural. desses processos, averiguou-se os parâmetros
Perante o exposto, uma das opções de descarte econômicos e técnicos. Observou-se que o método
seria a agregação ao solo como adubação orgânica. mais adequado seria a composteira do tipo leira
Segundo Sampaio (2007), recomenda-se o revolvida, uma vez que trouxe bons resultados para a

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obtenção de adubo orgânico a partir da biomassa a) As emersas são plantas enraizadas no
macrófita (ANTUNES, 2009). sedimento apresentando as folhas acima da lâmina de
As macrófitas aquáticas serão retiradas água, tendo como exemplos Echinochloa e Typha;
manualmente das usinas hidrelétricas, lagos e/ou rios, b) As flutuantes livres são plantas que se
com auxílio de rede e/ou peneira. desenvolvem flutuando livremente no espelho
Antunes (2009), em seu estudo da utilização da d’água, seus exemplos são Eichhornia, Limnobium e
macrófita como adubo orgânico, utilizou-se de Lemna;
resíduo sólido domiciliar e obteve-se bons resultados, c) As com folhas flutuantes são plantas
com C/N em torno de 12/1 e Matéria Orgânica enraizadas desenvolvendo-se com folhas flutuando
próxima de 37%, sendo o recomendável 30/1 por na lâmina de água, tendo como exemplos Nymphaea
KIEHL (2004) e 40% pela legislação, e Nymphoides;
respectivamente. Objetivando alcançar estes d) As submersas enraizadas são plantas
parâmetros, será utilizado uma proporção enraizadas crescendo submersas, tem como exemplos
intermediária, no tratamento T1, relativo aos Vallisneria e Nitella;
estudados por Antunes em sua pesquisa, bem como e) As submersas livres são plantas que
acréscimo de serragens no tratamento T2 almejando apresentam raízes pouco desenvolvidas, flutuando
a relação de C/N ideal. submersas em águas tranquilas, presas as estruturas
Referente ao resíduo sólido domiciliar (RSD), de outras plantas aquáticas, a exemplo tem-se
trata-se da fração orgânica, ao qual será substituído Utricularia.
pela comida que é desperdiçada no Restaurante
Universitário (RU) da UFCat (Universidade Federal 3.2. Características das macrófitas
de Catalão) pelos discentes, bem como as cascas dos
legumes. São algumas características das macrófitas
Para o estudo será utilizado duas leiras de, aquáticas (BORNETTE; PUIJALON, 2009):
aproximadamente, 1,0 x 1,0 x 0,50 m em formato de a) A concentração de nutrientes afeta a riqueza
monte e dois tratamentos, sendo o tratamento T1 – de espécies, pois maior diversidade é observada para
30% de volume de macrófita e 70% de volume de níveis intermediários de acúmulo de nutrientes;
RSD; tratamento T2 – 30% de volume de macrófita, b) Apresentam folhas finas e largas,
30% de volume de RSD e 40% de serragens. aumentando a superfície de contato para a fixação do
Antunes (2009) orienta, em virtudade da CO2;
umidade, que o material seja triturado 15 dias após o c) Um dos principais meios de dispersão de
início do processo, haja vista que a literatura plantas aquáticas, são as inundações. A eficiência de
recomenda-se que as partículas tenham tamanhos de dispersão depende da flutuação das sementes e da
até 5 cm. Será necessário a medição de temperatura capacidade das plantas de voltarem a crescer a partir
da leira, o que determinará a necessidade ou não de de fragmentos;
ser regada e feito manualmente o revolvimento da d) Muitas espécies se desenvolvem por meio de
leira. propagação vegetativa;
Segundo PROSAB (1999), o tempo de maturação e) A presença de aerênquima aumenta o fluxo
do composto é estimado em 90 dias, após esse de oxigênio em direção à raiz;
período será realizado uma coleta do material f) Podem produzir substâncias alelopáticas.
seguindo a norma NBR 10007 (ABNT, 2004) e
armazenadas em sacos plásticos etiquetados. 3.3. Importância das macrófitas aquáticas
Posteriormente, serão submetidos a estudos
laboratoriais a fim de determinar-se seus parâmetros, As plantas aquáticas desempenham funções-
tais como pH, quantidade de matéria orgânica, chave nos ciclos biogeoquímicos, como na
relação de C/N, quantidade de carbono e nitrogênio mobilização de fósforo e na produção de carbono
total. orgânico, influenciando diretamente a dinâmica e a
hidrologia dos sedimentos, através de seus efeitos
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO sobre o fluxo de água dos ecossistemas.
3.1. Tipos de macrófitas Ademais, são fornecedores de habitats e
nutrientes para alguns animais, importante para vidas
As macrófitas aquáticas podem ser classificadas mais vulneráveis para as altas intensidades de
em emersas, submersas, com folhas flutuantes e radiância, uma vez que dificulta a entrada de luz.
flutuantes livres (ESTEVES 1998): Como são diretamente relacionados ao

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funcionamento do ecossistema aquático, o cuidado Figura 1 Curva da variação da temperatura do resíduo
com a preservação é de suma importância para a durante a compostagem
preservação da biodiversidade.
Além disso, precisam de grande porção
nutricional para seu crescimento, as macrófitas são
utilizadas para a recuperação de lagos e rios poluídos,
bem como no tratamento de esgoto doméstico da
região dos lagos do Rio de Janeiro do município de
Araruama, visto que suas raízes podem absorver
grandes massas de substâncias tóxicas, além de reter
as mais finas partículas suspensas.
Como também, fornece materiais de relevância
econômica para sociedade, uma vez que podem ser Fonte: Kiehl, (2004)
utilizadas como matéria prima para fabricação de
tijolos, para construção, de remédios, instrumentos 3.4.2 pH
domésticos, tal como fertilizante de solo.
Conforme Kiehl (1985), matéria orgânica é
3.4. Macrófita como adubo orgânico naturalmente ácida (pH entre 4,5 e 6,0). Durante a
fase inicial (mesofílica), ocorre a produção de ácidos
Conforme Abreu Jr. (2005), o interesse nos orgânicos que causam a redução do pH para 5,0 a 5,5.
resíduos orgânicos utilizados na agricultura está Logo após, o pH aumenta, provocado pela
fundamentado nos elevados teores de carbono e de decomposição microbiana dos ácidos orgânicos e
nutrientes contidos nos compostos orgânicos, o pela volatilização destes e da amônia mineralizada do
aumento destes pode ocasionar avanços nas nitrogênio orgânico (FINSTEIN, 1975).
propriedades químicas e físicas e, consequentemente, Há o aumento de perdas de amônia, quando a
crescimento da produtividade e qualidade dos reação entra na zona de alcalinidade, e quando o pH
produtos agrícolas. Porém, para isso faz-se necessário atinge valores superiores a 8,0, parte do nitrogênio
o estudo de alguns parâmetros, como temperatura, transforma-se em amonical, que pode perder-se na
pH, teor de umidade, relação carbono/nitrogênio atmosfera (KIEHL, 1985).
(C/N) e tamanho das partículas.
3.4.3 Teor de umidade
3.4.1 . Temperatura
De acordo com Fienstein (1975), ao longo do
A temperatura é um parâmetro imprescindível processo de compostagem há a produção de água,
durante a compostagem, uma vez que a fermentação assim como sua evaporação, que estão associados à
aeróbica é um processo exotérmico (FINSTEIN, temperatura e aeração, que devem estar em níveis
1975), ou seja, que há liberação de energia na forma ótimos, para obter-se um bom desempenho do
de calor. Além disso, sabe-se que a temperatura processo (GOLUEKE, 1976).
intervém na velocidade de decomposição, na As leiras sem revolvimentos para promover a
quantidade e na qualidade das substancias húmicas aeração e com excesso de umidade entram em um
formadas (BIANCHINNI Jr., 1982). processo de fermentação anaeróbica, provocando
Segundo Kiehl (1985), a curva da temperatura uma série de problemas, ligados ao odor e à liberação
por tempo é dividida em quatro estágios: mesofílico, de gases poluentes. Pode-se reduzir estes problemas
termofílico, resfriamento e maturação. Sendo que o revolvendo-se a leira, transformando o processo
composto parte da sua temperatura ambiente, passa anaeróbico em aeróbico e introduzindo um ar rico em
rapidamente pela fase mesofílica, sobe para oxigênio na leira, que possuía alto teor de gás
termofílica, onde mantém-se por determinado tempo. carbônico.
A temperatura retorna à fase mesofilica, que,
também, mantém-se por um tempo, geralmente, 3.4.4 Relação carbono/nitrogênio (C/N)
maior que na fase anterior. Após esse tempo, por volta
A relação C/N representa o equilíbrio dinâmico
de quatro meses, tem-se a cura completa do
de microrganismos, sendo que a mais recomendada
composto, onde sua matéria está humificada e com
para uma compostagem mais eficiente deve estar
temperatura próxima à ambiente.
entre 26 e 35, isso deve-se ao fato dos
microrganismos absorverem o carbono e o nitrogênio

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em uma relação C/N 30:1. Ou seja, das 30 partes do BORNETTE, G.; PUIJALON, S. Macrophytes:
carbono, dois terços são eliminadas na forma de ecology of aquatic plants. In: Encyclopedia of Life
dióxido de carbono e um terço são convertidas da Sciences (ELS). Chichester: John Wiley & Sons,
forma mineral para orgânica, posteriormente 2009. p. 1-9.
transformando-se em húmus.
Ao final do processo a relação de C/N deve estar- ESTEVES, F. A. Fundamentos de Limnologia. Ed.
se cerca de 10:1, se aumentada, o tempo de Interciências/FINEP. Rio de Janeiro, R. J; 1998.
574p.
compostagem será maior, visto que faltará nitrogênio
para os microrganismos. Por outro lado, se a relação
FERNANDES, F. et al, Manual prático para
foi menor, os microrganismos irão eliminar o excesso compostagem de biossólidos, Londrina, PR -
de nitrogênio na forma de amônia, até atingir a Programa de Pesquisa em Saneamento Básico, UEL,
relação adequada (30:1). 1999.

3.4.5 Tamanho das partículas FREUDENRICH, C. HowStuffWorks - Como


funciona a compostagem. Disponível em:
As dimensões ideais de partículas para montar <ttp://casa.hsw.uol.com.br/compos tagem1.htm>.
uma leira de compostagem devem estar entre 1 e 5 Acesso em 10 ago. 2018.
centímetros (BIDONI e POVINELLI, 1999). Pode
ocorrer compactação, se as partículas forem muito LIMA, M. R. Atributos de solos e macrófitas
finas, ou expansão, se as partículas forem muito aquáticas flutuantes: uma contribuição à
grossa, tendo que triturá-las antes da montagem das sustentabilidade agrícola e ambiental na bacia do
leiras. Rio Iraí (PR). 2005. 204 f. Tese (Doutorado em
Quanto menor a partícula, maior a superfície Produção Vegetal) – Departamento de Fitotecnia,
capaz de ser atacada e digerida pelos microrganismos, Fitossanitarismo, Universidade Federal do Paraná.
2005.
além de maior velocidade na decomposição da
matéria orgânica.
MASSUKADO, L. M. Desenvolvimento do
processo de compostagem em unidade
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS descentralizada e proposta de software livre para
o gerenciamento municipal dos resíduos sólidos
Este projeto tem como finalidade mensurar a domiciliares, 2008. 182 f. Tese (Doutorado –
aplicabilidade da compostagem como possibilidade Programa de Pós Graduação em Ciências da
de destino final dos resíduos orgânicos de macrófitas Engenharia Ambiental) – Escola de Engenharia de
aquáticas e produzir um composto orgânico a partir São Carlos, Universidade de São Paulo, 2008.
destes, verificando sua viabilidade, financeira e
biológica. Buscando determinar o melhor tratamento NASCIMENTO, P. R. F. Produção de biomassa de
para obter-se um composto que apresente os Egeria densa Planchon, nos reservatórios da
parâmetros ideais de C/N e matéria orgânica. Hidroelétrica de Paulo Afonso – Bahia. 2002. 46 f.
Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal Rural
de Pernambuco. 2002.
REFERÊNCIAS
ACAMPBELL, S. Manual de compostagem para
POMPÊO, M.L.M. & Moschine-Carlos, V.,
hortas e jardins: como aproveitar bem o lixo
Macrófitas Aquáticas e Perifíton, Aspectos
orgânico doméstico. São Paulo: Editora Nobel,
Ecológicos e Metodológicos, RiMa Editora, 2003.
1995. 135p.
PROSAB. Manual prático para a compostagem de
ANTUNES, Renata Pinassi. Análise do potencial de
biossólidos. UEL - Universidade Estadual de
uso das macrófitas aquáticas do sistema de áreas
Londrina, 91 p, 1999. Disponível em: <
alagadas construídas da ETE da Comunidade de
https://www.finep.gov.br/images/apoio-e-
Serviços Emaús (Ubatuba, SP) como adubo orgânico.
financiamento/historico-de-
2009. 87 f. Trabalho de Conclusão de Curso (pós-
programas/prosab/Livro_Compostagem.pdf >.
graduação) - Escola de Engenharia de São Carlos, São
Acesso em 10 out. 2018.
Carlos, 2009.

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RESPONSABILIDADE AUTORAL
“Os autores são os únicos responsáveis pelo
conteúdo deste trabalho”.

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ESTUDO DO SEQUENCIAMENTO DA PRODUÇÃO APLICADO A
UMA EMPRESA DO RAMO TÊXTIL COM AMBIENTE FLOWSHOP
PARA A MINIMIZAÇÃO DO MAKESPAN

Rosa, Vanessa Aparecida de Oliveira, vanessaaor@ufg.br1

Avelar, Mariana Marçal, mariana.m.avelar@gmail.com1


Dias, Rayanne Silva, raay_dias@hotmail.com1
Marçal, Thainara Danielle Barbosa, thainaradanielle13@gmail.com1
Diniz, Thais Nunes, thaisnuunes@hotmail.com1
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Engenharia

Resumo: Em meio à crise econômica enfrentada nos últimos anos, o setor têxtil foi um dos grandes destaques no
Brasil. Neste contexto, a aplicação de técnicas de planejamento e controle da produção são vitais para o aumento
da competitividade das organizações. Dentre estas técnicas, o sequenciamento da produção trata de ordenar e
alocar tarefas (jobs) que serão executados em recursos fabris de capacidade limitada. Portanto, este trabalho tem
como objetivo aplicar métodos heurísticos de sequenciamento da produção a fim de minimizar o makespan. A
presente pesquisa foi desenvolvida a partir de uma pesquisa exploratória, de abordagem quantitativa. Foram
aplicadas as heurísticas de CDS e de Gupta. Os resultados mostram que a sequência J2-J1-J5-J3-J4 propõe uma
produção otimizada, reduzindo o tempo total de fluxo e de espera das máquinas.

Palavras-chave: Sequenciamento. Heurística de Gupta. Heurística CDS.


__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO finais, além de englobar a maioria das operações


(SEBRAE; SP & IPT, 2001).
Em meio à crise econômica enfrentada nos No estado de Goiás a confecção é um dos setores
últimos anos, o setor têxtil foi um dos grandes que mais cresceu na indústria e tornou-se referência
destaques no Brasil em 2018. Apesar de encerrar o nacional nos últimos anos, com um total de 49.307
ano de 2018 com uma queda de 1,6%, o faturamento novas empresas até 2017, crescimento de 22,3%
cresceu 4,1% comparado a 2017, que foi de US$ 45 (SINVEST, 2018).
bilhões. Ainda, a expectativa é de crescimento de 3% Em virtude dos bons resultados do cenário
no ano de 2019, principalmente na geração de mercadológico atual supracitado, é de fundamental
empregos com equilíbrio nas contas públicas, sendo importância a realização de análises e estudos
este ramo o segundo maior empregador da indústria exploratórios dos processos produtivos de indústrias
de transformação, segundo dados da Associação de confecção. Neste sentido, o sequenciamento da
Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT, produção é uma ferramenta importante que atua
2018). estrategicamente na programação da produção,
A cadeia produtiva têxtil é subdividida em três buscando garantir que esta seja eficaz e atenda a
segmentos principais: fiação, tecelagem e confecção. demanda do mercado (NORTEGUBISIAN, 2018)
A fiação corresponde à preparação de fibras e Segundo Pinedo (1995), o sequenciamento da
filamentos para a tecelagem. A tecelagem se constitui produção, ou scheduling, lida com a alocação de
de dois processos produtivos distintos: tecelagem de operações em recursos. É um processo de tomada de
tecidos planos e malharia. A confecção é a última decisão com o objetivo de otimizar um ou mais
etapa da cadeia têxtil, que comumente engloba o objetivos de desempenho, como diminuir o número
desenho, a confecção de moldes, o risco, o corte e a de pedidos atrasados, tempo de processamento dos
costura. A confecção é considerada o principal pedidos, entre outros.
segmento da cadeia têxtil, uma vez que se caracteriza Um sequenciamento bem elaborado é vital para a
pela grande variedade de matéria-prima e produtos competitividade das empresas. Uma boa
programação dos pedidos pode evitar desperdício de

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tempo, estoque, mão de obra entre outros, permitindo visando a otimização de um ou mais objetivos,
que os esforços da empresa na produção estejam funcionando como um processo de tomada de
coordenados a fim de atender efetivamente os seus decisão.
objetivos.
Neste contexto, este trabalho tem como objetivo 2.1 Sequenciamento da Produção
aplicar métodos heurísticos de sequenciamento da
produção em uma empresa de confecção de Buscando atender as ordens de produção, o
camisetas, a fim de minimizar o makespan, o que sequenciamento da produção é a ferramenta que
implica numa melhor utilização dos recursos. busca garantir o atendimento a demanda de mercado,
programando recursos para serem executados de
2. REFERENCIAL TEÓRICO acordo com as ordens de produção. Assim, a
eficiência de um sequenciamento, não pode ser
O planejamento e controle da produção tem como garantida apenas pelo planejamento e um programa
objetivo comparar o programado ao realizado, a partir bem executado, segundo Tubino (2000), a eficiência
de um conjunto de dados que produzem informações, de um sistema produtivo está diretamente ligada a um
adicionando ao processo administrativo, maior processo dinâmico de sequenciamento, capaz de
qualidade, flexibilidade e melhor custo. De acordo responder eficientemente a falhas, como alterações
com Chiavenato (2008), o PCP baseia-se na previsão nas especificações de um item, adiantamento ou
de vendas a partir da capacidade de produzir e no que acréscimos nos pedidos dos clientes, ritmo de
a empresa busca oferecer ao mercado, assim o PCP trabalho lento, etc.
tem como função a programação de máquinas, Dessa forma, o sequenciamento da produção tem
matérias-primas e mão de obra que atendam a como função programar os recursos, identificando a
capacidade de produção e a previsão de vendas. melhor alocação dos mesmos, podendo reduzir o
Segundo Tubino (2009), quando se busca atraso nas tarefas ou o tempo de processamento,
responder perguntas como, o quanto produzir, quais assim, se um conjunto de n tarefas, deve ser
os recursos utilizados para produzir, o momento de programado em m máquinas, há (n!) m modos
início e término da produção, a quantidade a produzir, possíveis de programar as tarefas, além disso, os
o layout que proporciona o melhor fluxo de insumos, programas podem ser mudados com a adição de
utiliza-se o Planejamento e controle da produção, novas tarefas (VOLLMANN et. al., 2006).
ferramenta capaz de gerenciar todo esse processo Fuchigami (2013) define que a programação da
produtivo, relacionando finanças, produção e produção, é, portanto, a alocação das atividades
marketing, tornando o processo mais eficiente e (operações), nos recursos (máquinas), seguindo
eficaz. prazos de início e término de cada operação, assim
Dessa forma o PCP é parte importante do define-se, jobs (tarefas), como os elementos inter-
processo decisório, de acordo com Corrêa et. al. relacionados por restrições de precedência a serem
(2008), para se atingir os objetivos estratégicos processados compostos por partes elementares
estabelecidos pela empresa, o PCP é responsável por: (Operações), que é a atividade elementar a ser
 Planejamento das necessidades de capacidade processada, e máquinas que é o recurso escasso capaz
produtiva; de processar a operação.
 Planejamento dos recursos comprados; Kazama (2011), destaca que nos problemas de
 Planejamento do estoque de matéria-prima, programação existem cinco principais ambientes:
produtos semiacabados e finais;  Máquina Única: apenas uma máquina disponível
 Programação das atividades de produção, ao processamento.
garantindo que os materiais sejam utilizados na  Máquinas paralelas: várias máquinas disponíveis
hora e na quantidade certa; ao processamento, porém as tarefas não precisam
 Capacidade de garantir informações sobre a passar por todas as máquinas do estágio de
situação dos recursos (pessoas, equipamentos...) produção.
e das ordens de compra e produção;  Flow Shop: existe uma sequência pré-definida de
 Capacidade de garantir os menores prazos aos máquinas onde as tarefas necessitam passar por
clientes; cada uma das “m” máquinas.
 Capacidade de reagir eficazmente.  Job Shop: cada operação possui sua própria
Uma forma de garantir o cumprimento desse sequência pré-definida de máquinas, não
planejamento é utilizando a otimização do necessitam passar por cada uma “m” máquinas e
sequenciamento da produção, também conhecido ainda podem passar mais de uma vez pela mesma
como Scheduling, que de acordo com Pinedo (1995), máquina.
é o processo responsável pela alocação de recursos
escassos para atividades com tempo excedente,

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2.2 Regras de Sequenciamento 𝐴𝑗 (1)
𝑆(𝑗) =
𝑚𝑖𝑛1≤𝑖≤𝑚−1 (𝑃𝑖𝑗 + 𝑃𝑖+1,𝑗 )
Tubino (1997) salienta que para cumprir prazos 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑗 = 1, 2, … , 𝑛.
ou reduzir custos de produção, pode-se estabelecer
uma ordem de prioridade na fila de processamento,
são as regras de sequenciamento, que tem como Na qual:
objetivo organizar o processamento de pedidos,
priorizando tarefas. 1 𝑠𝑒 𝑝𝑖𝑗 ≤ 𝑝1 𝑗 (2)
𝐴𝑗 = {
Algumas delas são citadas por Vollmann et al., −1 𝑐𝑎𝑠𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟á𝑟𝑖𝑜
(2006):
 R (Random- aleatório): escolhe-se qualquer Onde “m” é o número de máquinas e “n” é o
tarefa com a mesma probabilidade; número de tarefas.
 FCFS (first come/first served – primeiro a Heurística de Johnson (1954): Johnson
chegar/primeiro a sair): Prioriza as tarefas na comprovou uma solução para um ambiente composto
ordem que chegam ao centro de trabalho; por n tarefas processadas em apenas 2 diferentes
 SPT (shortest processing time – tempo de máquinas, a qual, primeiro, define-se o tempo de
processamento mais curto): Essa regra busca processamento (TP) de cada tarefa, depois o menor
reduzir o material em processo, o fluxo médio e TP. Se pertencente a máquina 1, a tarefa deve ser
o atraso da tarefa; colocada na primeira posição, se for da máquina 2, a
 EDD (earliest due data – data devida mais cedo): tarefa deve ser colocada na última posição e assim
Busca reduzir o atraso na tarefa; sucessivamente. Porém, as tarefas que já estiverem
 CR (critical ratio – razão crítica): Calcula o ocupando alguma posição devem ser desconsideradas
índice de prioridade; (FUCHIGAMI, 2016).
 LWR (least work remaining – mínimo trabalho Heurística CDS (1970): criada por Campbell,
restante): é uma extensão do SPT, considerando Dudek e Smith, neste algoritmo a melhor sequência é
todo o tempo de processamento; escolhida a partir de um conjunto de sequencias
 FOR (fewest operations remaining – menos também oriundas do uso de índices de prioridade,
operações restantes): Considera o número de onde o número total de etapas é dado por m – 1. A
operações sucessivas; primeira etapa consiste em aplicar o algoritmo de
 ST (slack time – tempo de folga): extensão da Johnson considerando somente a primeira e a última
EDD, calcula e organiza as atividades a partir da máquina. As demais etapas levam em conta a soma
menor folga; dos tempos de processamento das (m – 1) primeiras
 ST/O (slack time for operation – tempo de folga máquinas e das (m – 1) últimas máquinas. Calcula-se
por operação): divide o tempo de folga pelo o makespan para a sequência de cada etapa, e
número de operações restantes; considera-se como solução ótima a sequência que
 NQ (next queue – próxima fila): baseia-se na obtiver o menor makespan.
utilização da máquina, selecionando a tarefa que
estiver na menor fila; 3. METODOLOGIA
 LSU (least setup – menor preparação): seleciona
a tarefa que minimiza o tempo de troca na A presente pesquisa foi desenvolvida a partir de
máquina. uma pesquisa exploratória, realizada em uma empresa
Além das regras de sequenciamento, tem-se de médio porte atuante na área de confecção de
também as heurísticas que buscam atender os camisetas, localizada no interior de Goiás.
objetivos das empresas, como por exemplo a redução Para o desenvolvimento deste trabalho, utilizou-
do makespan, o número de tarefas atrasadas, atraso se uma abordagem quantitativa, assim as informações
máximo ou tempo de fluxo. Em um ambiente flow podem ser traduzidas em números e quantificadas. A
shop, existem duas heurísticas importantes, capazes coleta de dados se deu por meio de um questionário
de minimizar o makespan máximo de forma semiestruturado, apresentando maior flexibilidade
simplificada em um ambiente com muitos processos, nas perguntas sem comprometer a quantificação dos
são elas: Heurística de Gupta e CDS. dados. Foi utilizada a pesquisa experimental por este
Heurística de Gupta (1971): a sequência tipo de pesquisa abordar um objeto de estudo e
adotada como solução do problema é alcançada variáveis que seriam capazes de influenciá-lo.
diretamente a partir da ordenação das tarefas segundo (MATIAS-PEREIRA, 2010).
índices de prioridade, avaliados em função dos A entrevista foi realizada em uma empresa de
tempos de processamento das tarefas, conforme a Eq. confecção de camisetas, que produz os tamanhos
(1) e (2) (GIGANTE, 2010). PBL, MBL, GBL, PP, P, M, G e GG. A empresa
localiza-se na região central de Goiás. Durante a

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entrevista foram solicitadas informações a respeito Tabela 2 – Makespan pela heurística CDS
dos principais produtos confeccionados, bem como as HEURÍSTICA SEQUÊNCIA MAKESPAN
máquinas e atividades que fazem parte de seu CDS (MIN)
processo produtivo e seu tempo de processamento. ETAPA 1 J5-J1-J2-J4-J3 9,8
Além de outras informações pertinentes, como o
tempo de setup das máquinas, a periodicidade da ETAPA 2 J5-J1-J2-J4-J3 9,8
demanda, dentre outras informações. ETAPA 3 J2-J1-J5-J3-J4 9,4
De acordo com os dados fornecidos, constatou-se
Fonte: Dados da pesquisa (2019)
que empresa apresentava um ambiente flow shop,
pois as máquinas eram distintas e encontravam-se em
A fim de comparar os resultados obtidos pela
série, ou seja, a precedência do processo deveria ser
sequência da heurística anterior, foi calculada a
considerada. As tarefas eram processadas em todas as
sequência obtida pela aplicação da heurística de
máquinas. A opção por este tipo de layout de
Gupta. Tal método apresentou os resultados
produção se dá pelo fato de que a produção de
apresentados na Tab. (3).
camisetas apresenta um alto volume e baixa
variedade.
Tabela 3 – Makespan (em minutos) obtido pela heurística
Após a coleta e análise dos dados, foi utilizado o de Gupta
software Microsoft Excel® para manipulação das
SEQUÊNCIA
informações e aplicação das heurísticas com o intuito MAKESPAN
de obter a menor duração total da programação, ou J2 J1 J5 J3 J4
seja, o menor valor para o makespan. C𝑀𝐴 0,5 1,0 1,5 2,1 2,7
C𝑀𝐵 0,8 1,3 1,8 2,4 3,0
4. RESULTADOS C𝑀𝐶 2,2 3,7 5,3 6,7 8,1
C𝑀𝐷 3,4 5,1 6,4 8,0 9,4
Para realização da aplicação do estudo, as tarefas Fonte: Dados da pesquisa (2019)
realizadas foram divididas de acordo com os
diferentes tamanhos de camisetas produzidos pela
O makespan obtido pela heurística de Gupta
empresa, da seguinte forma: i) JOB 1 – PP; ii) JOB 2
resultou em 9,4 min, sendo o mesmo valor da etapa 3
– P; JOB 3 – M; iii) JOB 4 – G; iv) JOB 5 – GG.
da heurística CDS com a mesma sequência
Já a divisão das máquinas foi realizada de acordo
encontrada. Logo, confirmou-se que a sequência J2-
com o processo pelo qual cada tarefa deverá passar.
J1-J5-J3-J4 propõe uma produção otimizada,
A fabricação das camisetas consiste em quatro etapas.
reduzindo o tempo total de fluxo e de espera das
O tempo de processamento (em minutos) dos jobs de
máquinas.
acordo com cada máquina é apresentado na Tab. 1

Tabela 1 – Tempos de processamento (em minutos) de cada 5. CONCLUSÃO


tarefa em cada máquina
Jobs O objetivo deste trabalho foi aplicar métodos
Máq. Descrição heurísticos de sequenciamento da produção para
J1 J2 J3 J4 J5
MA Unir ombros 0,48 0,51 0,61 0,58 0,47 minimizar o makespan em um ambiente flowshop de
Passar o viés uma confecção, otimizando a utilização dos recursos
MB 0,29 0,28 0,30 0,32 0,26 disponíveis.
da gola
Costurar Para tanto, foi utilizada a heurística CDS, que é
MC mangas e 1,54 1,40 1,44 1,52 1,58 um algoritmo de fácil aplicação, que forneceu, na
laterais etapa 3, o menor makespan (9,4 minutos). Este
MD Fazer barra 1,37 1,23 1,27 1,13 1,14 mesmo resultado foi obtido na aplicação da heurística
Fonte: Dados da pesquisa (2019) de Gupta, que apresenta uma maior complexidade de
aplicação. Porém, ambas obtiveram a sequência J2-
J1-J5-J3-J4 e, consequentemente, o mesmo makespan
Cada job deve passar por todas as máquinas,
(9,4 minutos) para confecção de um lote contendo
sendo que o mesmo deve respeitar a sequência das
uma unidade de cada tamanho de camiseta. Desta
máquinas, não podendo, por exemplo, passar pela
forma, conclui-se que o objetivo do trabalho foi
máquina B sem antes ter passado pela máquina A.
alcançado.
Após o tratamento dos dados foi aplicada a
Dessa forma é possível melhorar o atendimento
heurística CDS, cujo resultados obtidos estão na Tab.
ao cliente, entregando o produto com um menor
(2). De acordo com essa aplicação foi observado que
tempo, sendo assim um diferencial competitivo.
a sequência mais adequada foi a da etapa 3, que
Uma perspectiva importante para pesquisas
obteve o menor makespan.
futuras seria examinar os resultados obtidos por uma

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análise estatística e mais detalhada, ressaltando a produção flowshop permutacional: classificação
necessidade que, definindo o melhor sequenciamento de suas fases construtivas. São Carlos, 2011. 99
de programação da produção, traria melhores pág. Trabalho de Conclusão de Curso – Escola de
resultados para as empresas, aplicando melhor os seus Engenharia de São Carlos, Universidade de São
recursos produtivos. Paulo.

REFERÊNCIAS LUSTOSA, L. [et al]. Planejamento e Controle da


Produção. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.
ABIT- Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de
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FERNANDES, R, O, P - Estudo de em dois anos no Estado. Disponível em:
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FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa 2019.
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TUBINO, Dálvio Ferrari. Manual de
FUCHIGAMI, H. Y. (2013), Introdução ao Planejamento e Controle da Produção. 2a ed. São
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Paulo: Atlas, 2009
FUCHIGAMI, H. Y. Introdução ao
sequenciamento da produção. Aparecida de TUBINO, Dálvio Ferrari. Manual de Planejamento
Goiânia: UFG, 2016. Material didático, versão 7.0 e Controle da Produção. São Paulo: Atlas, 2000.

GIGANTE, R. L. Heurística Construtiva para a VOLLMANN, Thomas E. et al – Sistemas de


Programação de Operações Flow Shop, 2010. planejamento e controle da produção para o
Permutacional. Dissertação (Mestrado em gerenciamento da cadeia de suprimentos. 5. Ed. –
Engenharia de Produção). Escola de Engenharia de
Porto Alegre: Bookman, 2006.
São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos,
2010.
RESPONSABILIDADE AUTORAL
KAZAMA, E.K. Heurísticas construtivas para “Os autores são os únicos responsáveis pelo
programação de operações em sistemas de conteúdo deste trabalho”.

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ESTUDO NUMÉRICO DA INTERAÇÃO DINÂMICA SOLO-
ESTRUTURA EM BARRAGEM DE GRAVIDADE

França Júnior, Davidson de Oliveira, davidson.francajunior@gmail.com


Rosa, Giovanna Aparecida Alves, giovanna_alves.rs@hotmail.com1
Ribeiro, Rhayanne Rafaela Rodrigues, rhayanne2008@gmail.com1
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Engenharia

Resumo: Na concepção de projetos de barragens é importante considerar a segurança da estrutura a eventos


dinâmicos, visto que possuem um elevado potencial de risco devido à possibilidade de ruptura, com
consequências não só estruturais, mas também econômicas, sociais e ambientais. Determinar a resposta
estrutural de uma barragem é extremamente complexo, pois envolve aspectos relacionados à interação solo-
estrutura (ISE). Decorrente do exposto, neste trabalho são estudadas as vibrações livres desacopladas e
acopladas solo-estrutura da barragem de gravidade de Koyna, localizada na Índia. As frequências naturais e
deformadas modais são investigadas através de uma discretização numérica utilizando o método dos elementos
finitos (MEF) por meio do software ANSYS®. Os resultados obtidos pelo MEF são comparados com valores
disponíveis na literatura por Chopra (2012) para um solo muito rígido, a título de validação da abordagem
numérica aqui realizada. Uma vez que a modelagem numérica apresentou eficácia, pôde-se flexibilizar a rigidez
do solo e verificar a influência deste parâmetro na resposta dinâmica da barragem. Portanto, este trabalho
enriquece ainda mais a literatura com resultados sobre a barragem de Koyna e fornece aos projetistas
brasileiros uma melhor compreensão de simulação de problemas acoplados em barragens.

Palavras-chave: Barragens. Interação solo-estrutura. Método dos elementos finitos.


__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO estrutura, o que significa, em outras palavras, que leva


em consideração a região de vínculo entre o solo e a
As barragens são estruturas geralmente de grande fundação. Tal efeito é altamente complexo quanto à
porte, que podem ter distintos usos e finalidades, aplicação em projetos estruturais, o que faz com que
conforme sua localização, o que reflete diretamente na maioria dos casos a base de apoio seja admitida
na necessidade da região de sua implantação. Ao se como um meio rígido, o que é possível de ocorrer em
tratar de barragens, é imprescindível que sejam solos imensamente rígidos, porém para solos mais
garantidas condições minuciosas de segurança, pois o flexíveis, tal adoção torna-se errônea, pois não se
rompimento de tais estruturas pode gerar pode desconsiderar o efeito desta interação.
consideráveis prejuízos, direta ou indiretamente.
Neste sentido, ao se tratar de vibrações, uma
Para que se garanta tais condições de segurança, parcela razoável da energia vibracional de uma
a barragem deve se mostrar apropriadamente estável estrutura apoiada de modo elástico, como uma
quanto aos carregamentos de projeto, definidos barragem, poderá ser direcionada ao apoio (solo) por
mediante análise estática e dinâmica da estrutura. dissipação, por meio de irradiação de ondas
Levando em conta a análise dinâmica, pode-se absorventes e pela ação de amortecimento intrínseco
destacar três meios mais relevantes na efetivação das do material de propagação.
investigações: a estrutura propriamente dita, o solo de
apoio e o fluido do reservatório, que juntos compõem Segundo França Junior (2019), a complexidade
o sistema interação solo-estrutura (ISE), interação da ISE está no fato de se tratar de um problema de
fluido-estrutura (IFE) e os três meios juntos interação propagação de ondas em um meio ilimitado, que
solo-estrutura-fluido (ISEF). Neste trabalho é exige uma solução. O grau de complexidade aumenta
abordado exclusivamente a ISE. quando assume o solo como um meio semi-infinito,
como na modelagem em elementos finitos. Além
A interação solo-estrutura refere-se à disso, o solo possui propriedades heterogêneas
consideração na análise estrutural do efeito horizontalmente e em profundidade, em virtude de
decorrente do conjunto formado pelo solo e pela

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descontinuidades que acarretam mudanças de direção 2. FORMULAÇÃO NUMÉRICA
na propagação das ondas (refração e reflexão). Assim,
na etapa de análise estrutural dinâmica deve-se A análise pelo método dos elementos finitos
considerar a ISE para obtenção das respostas, (MEF) de problemas de interação solo-estrutura é
aproximando de forma mais precisa ao fenômeno fundamentada na equação clássica dinâmica para dois
real. meios, sendo o primeiro a estrutura e o outro o solo.
A equação de movimento da estrutura é dada por:
A dinâmica de barragens compôs, ao longo dos
anos, o estudo de diversos pesquisadores, mesmo que [M E ]{U} + [CE ]{U} + [ KE ]{U} = {FEe} (1)
a área ainda careça de estudos. Westergaard (1933)
foi um dos primeiros a pesquisar sobre o tema e a Onde:
averiguar o comportamento do sistema sob
consideração da interação fluido-estrutura diante de [ K E ] =  [ Bu ]T [CE ]  [ Bu ]  dVE (2)
submissão a excitações sísmicas. Deve-se destacar VE
Chopra (1978), que constatou que a resposta
[M E ] =  [ Nu ]  [ Nu ]  dVE
T
dinâmica das estruturas de barragens era dependente (3)
do modo fundamental de vibração. Além de tais VE
estudos, considerados clássicos, outras abordagens
foram desenvolvidas por demais estudiosos, em que Onde [KE] é a matriz de rigidez da estrutura, [CE]
se verificou a influência do fluido e/ou do solo em a matriz de amortecimento da estrutura, [ME] a matriz
termos de suas propriedades físicas, como visto em: de massa da estrutura. O vetor de forças {Fe} é um
Hall e Chopra (1982), Hall (1986 e 1988), Silva vetor de forças externas em que para análise em
(2007), Ribeiro (2010), Mendes (2013), Looke e vibrações livres é admitido igual a zero, bem como a
Chopra (2018), Silveira (2018), entre outros. matriz de amortecimento da estrutura, também
adotada como nula. [Nu] são as funções de forma
Para este trabalho, será abordada a barragem de utilizadas para discretizar os componentes de
Koyna, localizada na Índia. Será efetuado um estudo deslocamentos. De maneira análoga a equação de
das vibrações livres desacopladas e acopladas do movimento da estrutura, o solo também é discretizado
sistema solo-estrutura da barragem por meio do como um meio elástico e têm equação de movimento
método dos elementos finitos (MEF), apontando as dada por:
situações mais críticas com relação aos valores das
frequências naturais e as deformadas modais da [M s ]{U} + [Cs ]{U} + [ Ks ]{U} = {F S } (4)
estrutura analisada para os quatro primeiros modos.
Os valores obtidos pelo MEF serão validados por Em que:
meio de conferência com o que se encontra disponível
na literatura, em Chopra (2012). [ K S ] =  [ Bu ]T [C s ]  [ Bu ]  dVS (5)
Vs
Após a validação dos dados processados, a
análise numérica será estendida para a flexibilização
do solo (minimizar a rigidez) e será verificada a [ M S ] =   [ Nu ]T  [ Nu ]  dVS (6)
influência deste parâmetro na resposta dinâmica da Vs
barragem, constatando resultados que não foram
investigados por Chopra (2012). Portanto, além de
contribuir com mais resultados para a literatura, este Onde [KS] é a matriz de rigidez do solo, [CS] a
trabalho irá fornecer um melhor entendimento matriz de amortecimento do solo e [MS] a matriz de
voltado à analise estrutural e que pode ser aplicado massa do solo. O vetor de forças {Fs} é um vetor de
forças externas aplicado ao solo e, para análise em
para avaliar a resposta dinâmica em barragens
vibrações livres, é admitido também como zero,
brasileiras, visto que há pouco estudo desenvolvido assim como a matriz de amortecimento do solo. Para
neste ramo em território nacional, o que pode vir a se resolver o problema acoplado solo-estrutura, admite-
tornar uma contribuição para considerações em se as duas equações de movimento juntas, em que os
projetos de futuras barragens. deslocamentos da estrutura e do solo no contato solo-
estrutura são iguais, originando assim submatrizes de
acoplamento solo-estrutura (elementos finitos de
contato). O grandioso desenvolvimento numérico

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deixa de ser mencionado por não ser objetivo deste
trabalho.
3. BARRAGEM DE KOYNA

A barragem de Koyna é constituinte do complexo


hidrelétrico de Koyna, localizada no estado de
Maharashtra, na Índia. De acordo com Silveira e
Pedroso (2018), o concreto da barragem de Koyna
possui propriedades físicas, tais como: massa
específica (ρe) equivalente a 2643 kg/m³, módulo de
Young (Ec) de 31027 MPa, coeficiente de Poisson (ν)
igual a 0,20.

Com relação ao solo, as propriedades físicas de


destaque para este estudo foram assumidas com a
massa específica (ρS) igual à zero, sendo tal feito para
evitar o problema de propagação de ondas (refração e (b)
reflexão) na malha de elementos finitos. Ao impor a Fonte: SANDRP (2013) e Silveira (2018).
massa do solo igual a zero, somente a matriz de
rigidez acopla no sistema, então somente a Para a modelagem numérica o elemento Plane
flexibilidade do solo de apoio é levada em 183 compõe a biblioteca do software ANSYS®,
consideração e não há influência dos modos de sendo um elemento de alta ordem, que possui de seis
vibração do solo (frequências do solo) interferindo a oito nós, em que cada nó possui dois graus de
nos modos da estrutura (frequências da barragem). O liberdade, sendo estes equivalentes às translações nas
valor da rigidez foi calibrado até os elementos finitos direções nodais x e y. É um elemento plano adequado
isoparamétricos reproduzirem o mesmo caso da para malhas irregulares e é usado como um elemento
barragem sob solo rígido (apoio rígido na plano (no caso de plano de tensões, plano de
modelagem). A partir da modelagem validada o deformações, ou plano de deformações generalizado)
parâmetro de rigidez foi minimizado aos poucos e ou em elementos assimétricos. No presente estudo,
captado frequências naturais para solo mais flexível. este elemento será empregado na discretização da
A Fig. 1 ilustra a barragem. estrutura e do solo de apoio (o solo também é
modelado como um meio elástico).
Figura 1. Barragem de Koyna, na Índia. (a) barragem e (b)
seção transversal e dimensões. De acordo com Silveira (2018), o elemento
Conta172 representa no ANSYS® o contato do solo
com a estrutura para caracterizar a interface solo-
estrutura e sua interação, estabelecendo a ligação
entre os elementos dos dois meios em suas
superfícies. Tal elemento representa o deslizamento
entre a área “alvo” e a área deformável, sendo
aplicável em problemas bidimensionais e
apresentando as mesmas características geométricas
que o elemento sólido em que se conecta pela face.
Vale salientar que este tipo de elemento finito assume
apenas compressão, visto que a barragem atua
comprimindo o solo em uma situação real. Os
modelos numéricos da barragem são apresentados na
Fig. 2.
(a)

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Figura 2. Modelos numéricos. (a) barragem efeitos dinâmicos do sistema em vibrações livres
desacoplada e (b) barragem acoplada com solo. seriam advindos apenas da estrutura.

Tabela 1. Frequências naturais da barragem e do


sistema acoplado solo-estrutura em rad/s.
Mod Barrage Chopr Erro Barragem e Erro
o m a (%) solo (%)

1 19,53 19,27 1,34 19,31 0,22


2 52,36 51,5 1,64 51,25 0,49

3 68,97 67,56 2,05 67,92 0,53

4 102,52 99,73 2,72 100,11 0,38


Fonte: Autoria própria.

Figura 3. Modos de vibração: (a) barragem


(a)
desacoplada e (b) interação solo-estrutura.

(b)
(a)
Fonte: Autoria própria.

Vale ressaltar que o refinamento da malha foi


realizado, sendo apresentados os modelos numéricos
que convergiram com os valores apresentados por
Chopra (2012).

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Tab. 1 e a Fig. 3 a seguir, apresentam as


frequências naturais para os modos de vibração da
barragem desacoplada e acoplada com solo, ambas
com solo idealizado como rígido. No caso do solo
modelado com a estrutura, foi observado que os
resultados obtidos foram semelhantes aos (b)
encontrados quando se analisa apenas a estrutura da
Fonte: Autoria própria.
barragem, como já explicitado. Inicialmente, a
modelagem do solo levou em conta, além da Com base na Tab. 1 e Fig. 3 nota-se que os
densidade nula, um módulo de Young (Es) igual a resultados foram satisfatórios e a modelagem
2.1011 MPa. Tal módulo constitui um valor arbitrário, numérica reproduziu as tendências esperadas. As
para que, assim a rigidez do solo fosse alta de tal frequências naturais e respectivas deformadas modais
forma que as frequências naturais (ω) e as deformadas tiveram erros pequenos em relação a Chopra (2012) e
modais não sofressem influência do solo, ou seja, os Silveira e Pedroso (2018). A partir da modelagem

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válida, a flexibilização do solo foi realizada e os CHOPRA, A. K. “Earthquake resistant design of
resultados podem ser visualizados na Fig. 4 abaixo. concrete gravity dams”. n: Journal of The Structural
Division, ASCE, v. 104, n. ST6, p. 953-971, jun.
Figura 4. Frequências naturais da barragem com a 1978.
flexibilização do solo de apoio.
FRANÇA JÚNIOR, D. O. Modelagem analítica-
numérica-experimental de problemas de interação
solo-fluido-estrutura em cascas cilíndricas sob ação
de sismo. 2019. 52 f. Seminário (Doutorado em
Estruturas e Construção Civil) – Departamento de
Engenharia Civil e Ambiental, Universidade de
Brasília, Brasília, 2019.
HALL J. F., CHOPRA A. K. Hydrodynamic effects
in the dynamic response of concrete gravity dams,
Earthquake Eng. Struct. Dyn.,345 (1982).

Fonte: Autoria própria. HALL, J. F. The dynamic and earthquake behaviour


of concrete dams: review of experimental behaviour
Os modos de vibração com a fundação and observational evidence. Soil Dynamics and
flexibilizada são apresentados na Fig. 5 a seguir. Earthquake Engineering, v. 7, n. 2, p. 58-121, 1988.
Figura 5. Modos de vibração acoplados ISE com solo LOKKE, A., CHOPRA A. K., Direct finite element
flexibilizado. method for nonlinear earthquake analysis of ‐
dimensional semi‐unbounded dam–water–
foundation rock systems. Earthquake Engineering &
Structural Dynamics, Vol 47, Issue 5. February
2018.
MENDES, N. B. Estudo comparativo analítico-
numérico de aspectos da interação fluido-estrutura
Rígida Flexível
em cascas com aplicações a barragens em arco.
Fonte: Autoria própria. 2013. 318 f. Dissertação (Mestrado em Estruturas e
Construção Civil) – Departamento de Engenharia
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Civil e Ambiental, Universidade de Brasília,
Com as análises é possível observar que à medida Brasília, 2013.
em que o solo vai se tornando mais flexível as RIBEIRO, P. M. V. (2010). Soluções Analíticas para
frequências naturais vão diminuindo. Como resultado Cavidades Acústicas Bidimensionais com Aplicação
disso, as amplitudes de deslocamento da barragem ao Estudo de Problemas de Interação Dinâmica
com solo mais flexível são maiores. Portanto, fica Barragem Reservatório. Tese de Doutorado em
nítido que em uma situação de projeto é essencial Estruturas e Construção Civil, Publicação E. TD-
investigar o tipo de solo e contabilizar o seu efeito 004A/10, Departamento de Engenharia Civil e
quando a flexibilidade, pois as menores frequências Ambiental, Universidade de Brasília, Brasília, DF,
naturais são as mais importantes e, no caso de um 306p.
movimento de terra em solo flexível (ação dinâmica
qualquer), estes modos de vibração poderão ser mais SILVA, S. F. Interação dinâmica barragem-
facilmente excitados e a estrutura entrar em reservatório: modelos analíticos e numéricos. 2007.
ressonância mais facilmente, quando se compara com 220 f. Tese (Doutorado em Estruturas e Construção
o solo rígido. Civil) – Departamento de Engenharia Civil e
Ambiental, Universidade de Brasília, Brasília, 2007.
SILVEIRA, I. V. Estudo da influência da crosta
REFERÊNCIAS
local no comportamento sísmico do sistema
CHOPRA, A. K. Dynamics of Estructures: Theory barragem gravidade-reservatório-fundação. 2018.
and Applications to Earthquake Engineering. 4. ed. 148 f. Dissertação (Mestrado em Estruturas e
Berkeley: University Of California At Berkeley, Construção Civil) – Departamento de Engenharia
2012. 944 p. Civil, Universidade de Brasília, Brasília, 2018.

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SILVEIRA, I. V.; PEDROSO, L. J. Análise da WESTERGAARD, H. M. Water pressures on dams
resposta sísmica envolvendo a interação barragem- during earthquakes. Trans. ASCE, v. 95, p. 418-433,
reservatório-fundação em barragens gravidade de 1933.
concreto. In: Jornadas Sudamericanas de Ingeniería
RESPONSABILIDADE AUTORAL
Estructural, 38., 2018b, Lima. Anais [...]. Lima:
Universidade de Brasília, 2018. “Os autores são os únicos responsáveis pelo
conteúdo deste trabalho”.

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ESTUDO SOBRE EFLUENTES E RESÍDUOS REALIZADO NA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS – REGIONAL CATALÃO

Fernandes, Nilson José, nilsonfernandes@ufg.br


Veiga, Ananda Gianotto, nanda.gianotto@gmail.com1

1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Engenharia

Resumo: As questões ambientais vêm ganhando ênfase a cada dia. Notadamente as pessoas perceberam que a
qualidade de vida provém das condições ambientais em que vivem. Com contribuição a estes aspectos de
preservação, instituições em todo o mundo elaboram relatórios de sustentabilidade para a implementação de
práticas ambientais. A Global Reporting Initiative (GRI) é uma organização de destaque na área de
sustentabilidade. O presente trabalho teve como objetivo analisar por meio dos indicadores ambientais, de
acordo com o guia G4 da GRI, os efeitos que os efluentes e resíduos podem causar ao meio ambiente, em
especial na Universidade Federal de Goiás – Regional Catalão (UFG/RC). A pesquisa de forma geral resultou
em análises quali-quantitativas, em que foi possível identificar por meio de entrevistas semiestruturadas e
dados coletados, as oportunidades de melhorias no consumo de água, na geração de resíduos do restaurante
universitário e na disposição final dos lixos comum e biológico.

Palavras-chave: GRI. Indicadores Ambientais. Efluentes e Resíduos. Universidade.

_________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO Porém, com a evolução e mecanização da


produção, algumas consequências vão ganhando
Atualmente, a comunidade tem se tornado mais ênfase, como o desmatamento, a contaminação dos
envolvida com a proteção do meio ambiente. As solos, a poluição das águas e do ar, a extinção de
pessoas reconhecem que têm tratado mal o Planeta, várias espécies animais e vegetais, entre outros. A
seja pela utilização inadequada de seus recursos, seja fim de minimizar tais impactos, foi criada a Global
pelo descuido para com os ciclos naturais. Conforme Reporting Initiative (GRI), que atualmente é uma
cita Barbieri (2012), essa preocupação com o meio organização de destaque na área de sustentabilidade.
ambiente ocorre na medida em que este traz Esta propõe o uso de relatórios de sustentabilidade,
problemas para as pessoas. Assim, a importância de para que as organizações desenvolvam a
boas práticas ambientais nas organizações vem implementação de práticas ambientais e, então,
ganhando destaque a cada dia. contribuam para o desenvolvimento sustentável.
Os indivíduos vêm percebendo que a qualidade Sabe-se que em um meio institucional estão
de vida depende das condições do ambiente em que presentes vários indicadores ambientais, como: a
vivem e do ambiente de trabalho. Já as organizações energia, a água, os efluentes e resíduos, a
descobriram que ao adotarem boas práticas biodiversidade e as emissões. Assim, este trabalho se
ambientais podem prevenir problemas e economizar justifica devido aos efeitos que os efluentes e
recursos financeiros. Dessa forma, May (2010) resíduos podem causar no meio ambiente, em
afirma que as empresas compreenderam que o custo especial na Universidade Federal de Goiás –
financeiro e reputacional associado ao passivo Regional Catalão, com base na seção G4 da GRI
ambiental são superiores aos investimentos em meio (GLOBAL REPORTING INITIATIVE - GRI,
ambiente, pois influenciam a percepção da opinião 2015). Este trabalho se limita apenas à categoria
pública sobre eles. ambiental mencionada até o presente momento. Lara
(2012) cita em seu estudo que as Instituições de

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Ensino Superior devem colocar em prática o que água. Sabe-se que a água potável está se tornando
ensinam, fazendo com que seu ambiente seja um cada vez mais escassa e pode afetar diversos
modelo de gestão sustentável de sucesso para a processos que dependem desse bem (GRI, 2015).
comunidade. As quantidades de água que são retiradas de um
sistema podem afetar o meio ambiente ao baixar o
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA nível do lençol freático, reduzir volume de água
disponível para uso ou, ainda, alterar a capacidade
Conforme Diamond (2005), as organizações têm de um ecossistema de desempenhar suas funções.
se interessado cada dia mais em zelar pelo meio Essas mudanças causam impactos na qualidade de
ambiente e por obter conhecimento sobre temas vida das pessoas, acarretando em consequências
relacionados à sustentabilidade, uma vez que ações socioeconômicas (GRI, 2015).
sustentáveis impactam diretamente em seus setores. A fim de evitar que ocorra a prática de
Dessa forma, o incentivo por ações ambientalmente desperdícios, criou-se o CONAMA (Conselho
corretas tem aumentado expressivamente. Seguindo Nacional do Meio Ambiente), órgão consultivo e
essa linha, as universidades, na qual assumem um deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente
importante papel na formação social de alunos, (SISNAMA), no qual dentre suas competências,
professores e pesquisadores, estão se adequando às destaca-se a de estabelecer normas, critérios e
práticas sustentáveis, a fim de conscientizar a padrões relativos ao controle e à manutenção da
comunidade acadêmica. qualidade do meio ambiente, relacionado ao uso
Para atender a crescente demanda preocupada racional dos recursos ambientais, principalmente os
com o meio ambiente, pesquisadores e estudiosos da hídricos (BRASIL, 20--).
área vêm elaborando guias e manuais, com o intuito
de auxiliar indústrias, instituições de ensino e a 2.2. Efluentes e Resíduos
população em geral a assumirem responsabilidades
perante aos impactos ambientais. Nesta pesquisa, Para Hempe e Noguera (2012), o conhecimento
foram integradas estas ferramentas à universidade da natureza do efluente é essencial tanto para o
mencionada, a fim de nortear e especificar passo a projeto e análise de instalações de tratamento,
passo os procedimentos necessários para realizar o quanto para a tomada de decisão em relação a uma
estudo. fonte considerada poluidora. Cabe ressaltar que os
A Universidade Federal de Goiás – Regional efluentes são os resíduos provenientes de indústrias,
Catalão é um local representativo para a sociedade esgotos e redes pluviais, lançados no meio ambiente,
instalada em seu entorno, dessa forma, é necessário na forma de líquidos ou gases. Já os resíduos são
que a instituição evidencie a importância da emissão todas as partículas, não somente sólidos como
de relatórios de sustentabilidade realizados por ela. também líquidos e gases que sobram de processos
A Global Reporting Initiative é uma organização derivados das atividades humanas e animais, e de
internacional que auxilia empresas, governos e processos produtivos como matéria orgânica
outras instituições a compreender e comunicar o (TIMOFIECSYK; PAWLOWSKY, 2000).
impacto dos negócios em questões de Dentre os indicadores abordados por efluentes e
sustentabilidade. Suas diretrizes ajudam a identificar resíduos relacionados à água encontram-se: descarte
os impactos das operações da organização sobre o total de água; número e volume de vazamentos
meio ambiente, economia e sociedade civil. Já os significativos; identificação, tamanho, status de
indicadores representam as melhores práticas de proteção e valor da biodiversidade de corpos d’água;
relato dos impactos econômicos, ambientais e e habitats relacionados significativamente afetados
sociais dos negócios (GRI, 2015). por descargas e drenagem de água realizada pela
O estudo em questão abordou os aspectos organização (GRI, 2015).
ambientais contidos na seção G4 da GRI, cujas Já os indicadores relacionados apenas aos
diretrizes estão relacionadas com os impactos efluentes e resíduos encontram-se: peso total de
causados pelas organizações em relação ao meio resíduos; peso de resíduos transportados,
ambiente (GRI, 2015). A categoria ambiental trata importados, exportados ou tratados considerados
sobre os efeitos associados a efluentes e resíduos perigosos nos termos da convenção da Basiléia
observados na UFG/RC, conforme descritos nos epercentual de carregamentos de resíduos
itens a seguir. transportados internacionalmente (GRI, 2015).
O volume e a qualidade da água descartada pela
2.1. Água instituição estão relacionados diretamente com
impactos ecológicos e custos operacionais. Ao
O esforço sistemático para monitorar e melhorar melhorar a qualidade da água descartada, ou reduzir
o uso eficiente de água na organização está seus volumes, diminuem-se os impactos da
diretamente vinculado aos custos de consumo de organização em seu entorno. Dados sobre a geração

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de resíduos ao longo dos anos pode indicar o quanto demais visitas tiveram como intuito realizar a coleta
a organização se esforçou para reduzi-los. Sua de dados, como gasto mensal de água, resíduos do
redução contribui diretamente na diminuição dos restaurante universitário, quantidade de sacos de lixo
custos dos materiais, beneficiando o descarte. Pode utilizados mensalmente na organização, entre outros.
ser classificado em resíduo perigoso e não perigoso, O período de coleta de dados está detalhado para
e assim, deve ser verificado antes do descarte (GRI, cada departamento analisado, conforme descrito nos
2015). resultados.
O vazamento de substâncias químicas, óleos,
combustíveis, entre outros materiais podem causar 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
impactos negativos para a organização afetando o
solo, a água, o ar, a biodiversidade e a saúde Após a realização de entrevistas
humana. Para evitar que esse indicador ocorra é semiestruturadas com os responsáveis de cada
necessário sempre estar em monitoramento. É departamento foi feito o levantamento de dados, o
preciso identificar o peso total de resíduos perigosos qual é exposto em breve. Os tópicos que seguem
transportados entre fronteiras internacionais e que apresentam respectivamente os resultados
entraram nos limites da organização. O transporte alcançados da pesquisa para os indicadores de
inadequado destes pode causar danos à saúde efluentes e resíduos no Campus I da Universidade
humana e ao meio ambiente, além de má reputação Federal de Goiás – Regional Catalão.
da organização (GRI, 2015).
Já o último indicador fornece informações para 4.1. Água
indicadores quantitativos, referente ao descarte e
escoamento de água que afetam habitats aquáticos e O consumo de água na UFG/RC sempre foi
podem causar impactos significativos na contabilizado por funcionários da companhia local
disponibilidade de recursos hídricos (GRI, 2015). Os de abastecimento de água (SAE – Superintendência
indicadores foram devidamente verificados e Municipal de Água e Esgoto). Porém, devido acordo
analisados conforme a demanda da instituição. entre as partes, a universidade cedia para a SAE uma
área para o estabelecimento de um ponto de
3. METODOLOGIA distribuição de água na região e, em contrapartida, a
SAE fornecia água sem custos para a instituição.
O estudo em questão caracteriza-se como uma Com uma mudança de gestão na SAE, a
abordagem quali-quantitativa, ou mista, pois para contabilização da água na universidade passou a ser
mensurar os dados, foi necessário realizar entrevistas efetivamente cobrada. Assim, instalaram-se
semiestruturadas com os responsáveis de cada setor hidrômetros pelo Campus a fim de registrar
(CRESWELL, 2010). Quanto à natureza, classifica- precisamente o consumo de água. A análise
se como aplicada, uma vez que tem como intuito detalhada do estudo foi realizada no período
gerar conhecimentos para aplicação prática, compreendido entre setembro e dezembro de 2018.
relacionados à solução de problemas específicos Quanto aos problemas relacionados aos
(GERHARDT; SILVEIRA, 2009). efluentes líquidos identificados na instituição,
O estudo tem caráter exploratório e descritivo. podem-se citar: vazamentos em canos, bebedouros,
Exploratório, pois visa proporcionar maior torneiras e em vasos sanitários. Verificou-se que a
familiaridade com o problema; e descritivo, pois tem caixa d’água em frente à biblioteca vaza
como objetivo a descrição das características de constantemente quando está cheia, além de falhas de
determinada população (GIL, 2009). Por fim, em manutenção como torneiras de bebedouros e vasos
relação aos procedimentos técnicos, trata-se de uma que não vedam corretamente. Ademais, notou-se que
pesquisa bibliográfica, no qual são utilizadas fontes os usuários normalmente não informam a
bibliográficas como base de informações, a fim de manutenção quando observam estes problemas. Não
validar os dados encontrados (SANTOS, 2004). foi possível mensurar a quantidade de água dos
A organização na qual se realizou a pesquisa foi vazamentos.
a Universidade Federal de Goiás – Regional Catalão. Os indicadores EN22, EN24 e EN26 relatam
A instituição comporta mais de 3.400 alunos, com sobre descarte total de água, número e volume total
um corpo docente de328 professores em média, e de vazamentos significativos e valor da
apresenta uma área de 89.992,50 m². O campus foi biodiversidade de corpos d’água e habitats
fundado em 1983 e atualmente está na 11ª (décima relacionados e afetados por descartes realizados pela
primeira) gestão. organização. Nestes são citados sobre o descarte e
O primeiro contato com os responsáveis de cada escoamento de água e os impactos que isso pode
setor dentro da instituição ocorreu por meio de uma ocasionar para a organização, como custos
entrevista semiestruturada, a fim de obter as financeiros e riscos de uma ação regulatória em
informações necessárias para iniciar o estudo. As

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decorrência de não conformidade com a legislação Conforme o indicador EN23 a redução de
ambiental. resíduos ao longo de vários anos pode indicar o nível
Em relação aos indicadores supracitados, cabe a de progresso alcançado pela organização realizado
equipe de manutenção se atentar aos reparos a serem pelos seus esforços. Indica, também, possíveis
realizados, evitando o gasto mensal desnecessário melhorias na eficiência e produtividade dos
com a perda de água. Para auxiliá-los e facilitar na processos e pode indicar redução financeira.
realização dos reparos, seria conveniente se Dessa forma, sugere-se para as responsáveis
houvesse treinamentos para toda a UFG/RC de como pelo local em questão, um melhor remanejamento do
solicitá-los por uma Ordem de Serviço (O.S.), bem volume de produção, a fim de evitar tamanhos
como uma campanha de conscientização para a desperdícios. Para realizar essa mudança na
comunidade em geral, esclarecendo sobre o quantidade produzida, recomenda-se um estudo de
desperdício e as consequências que isso pode previsão de demanda, fundamentado nos dados já
ocasionar futuramente. coletados, porém com tendência decrescente, já que
houve muitas sobras em períodos anteriores. Após a
4.2. Restaurante Universitário (RU) realização deste estudo e a implementação do novo
modelo de produção, certamente terá redução no
O RU da Regional Catalão é responsável pela resto ingesta e no custo de preparo das refeições.
alimentação diária dos estudantes e funcionários do
Campus. No local é oferecido almoço e jantar de 4.3. Lixos
segunda à sexta, exceto feriados e período de férias.
Os resíduos gerados no ambiente são armazenados A universidade, por apresentar um grande
em latões que um proprietário rural busca contingente de pessoas, produz um volume
diariamente para alimentar os animais de sua considerado de lixo comum diário. Esse resíduo,
propriedade. contendo basicamente copos plásticos, canudos,
O cardápio servido no restaurante contém pratos guardanapos de papel, papéis, embalagens e artigos
quentes, como arroz, feijão de caldo, um tipo de não orgânicos são embalados em sacos plásticos
carne ou vegetariano, uma guarnição e saladas pretos de 20, 60, 100 e 200 litros, a depender da
diversas. É servido também sobremesa e suco. A necessidade.
depender do cardápio diário, as nutricionistas do A coleta do lixo universitário é realizada por
local fazem o cálculo para a quantidade média de uma empresa terceirizada da própria cidade, na qual
pessoas que se alimentam tanto no almoço quanto no busca os resíduos da UFG/RC, incluindo o lixo
jantar, a fim de evitar desperdícios. No entanto, comum produzido pela cantina e pelo restaurante
mesmo assim há sobras de alimentos. universitário, duas vezes na semana. Sabe-se que a
As sobras diárias são pesadas e alocadas em quantidade de lixo produzida diariamente é variável,
recipientes para que o proprietário vá buscar. Os e a empresa terceirizada não realiza a pesagem do
pesos vão para uma planilha, na qual se faz uma caminhão antes e depois de fazer a coleta dos
média mensal ao final de cada período para verificar resíduos no Campus. Dessa forma, a única
a quantidade de sobras. Os dados de agosto até informação que se tem é a quantidade de pacotes de
dezembro de 2018 encontram-se a seguir, exceto no sacos de lixo média gasta no período correspondido
período de férias, em que o restaurante não opere. entre agosto e dezembro de 2018.
Para o período descrito têm-se as quantidades de
Tabela 1. Média mensal de resto ingesta do pacotes contendo 100 sacos de lixos, expressas nas
Restaurante Universitário na UFG/RC Tabelas 2 e 3.
Ago/ Set/ Out/ Nov/ Dez/
Meses Tabela 2. Quantidade demandada de pacotes de
2018 2018 2018 2018 2018
Sobra sacos de lixo de 20 litros na UFG/RC
Mensal 798,50 892,80 998,85 890,35 274,00 Ago/ Set/ Out/ Nov/ Dez/
Mês
(Kg) 2018 2018 2018 2018 2018
Fonte: Veiga, (2019) Quanti
05 - - 12 08
dade
Diante a Tab.1 pôde-se notar que mesmo com os Fonte: Veiga, (2019)
cálculos realizados, conclui-se que ao final dos
meses as sobras foram expressivas. Salienta-se que
dezembro apresentou uma quantidade baixa, devido
ter apenas duas semanas letivas, e as nutricionistas
recomendaram diminuir a preparação de alimentos
nesse período, pois a maioria dos alunos já não
estariam frequentando o RU.

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Tabela 3. Quantidade demandada de pacotes de No departamento de Ciências Biológicas, a
sacos de lixo de 60 litros na UFG/RC responsável esclareceu sobre o manuseio de
Ago/ Set/ Out/ Nov/ Dez/ equipamentos como vidrarias, perfurocortantes e
Mês materiais contaminantes. Cada item é separado em
2018 2018 2018 2018 2018
Quanti caixas de papelão etiquetadas e recolhidas por
34 01 23 - - responsáveis terceirizados da prefeitura municipal de
dade
Fonte: Veiga, (2019) 15 em 15 dias.
No departamento de Enfermagem, a técnica
Para o período analisado não foram utilizados esclareceu sobre o manuseio de perfurocortantes e
sacos de lixo de 100 litros e 200 litros, porém há medicamentos no local. Os perfurocortantes são
histórico dessa demanda na instituição. A quantidade alocados em caixas de papelão apropriadas e uma
expressiva utilizada em agosto se explica pela empresa terceirizada da prefeitura municipal recolhe
demanda na “volta às aulas”, em que o número de conforme a demanda. Já os medicamentos injetáveis
pessoas frequentando a organização nos inícios de utilizados pelos alunos para testes em bonecos, e os
períodos é superior em relação ao longo do semestre, medicamentos em comprimido são descartados em
e/ou eventos ocorridos nesse período. lixo comum, no qual a empresa terceirizada da
Além dos lixos citados, tem-se também no cidade recolhe juntamente com os demais lixos da
Campus a produção de lixo orgânico, como: folhas, instituição.
galhos, cortes de gramas e entulhos. Para o Esses medicamentos coletados juntamente com
recolhimento desses materiais é utilizado o copos plásticos, papéis, entre outros lixos comuns,
caminhão disponibilizado pela própria universidade, podem tornar-se nocivos ao meio ambiente se não
e levados até o aterro da cidade. Como são alocados de modo correto. Dessa forma, seria viável
carregados diretamente no caminhão, não há como se o departamento em questão retornasse esses
mensurar o volume de resíduos produzidos, pois materiais para uma empresa responsável em coletar
nem sempre o caminhão vai cheio e não se faz a e realizar a destinação correta dos medicamentos;
pesagem do mesmo, apenas tem-se conhecimento da evitando assim qualquer tipo de contaminação.
existência destes na UFG/RC. Conforme o indicador EN25, que trata de
Tanto em relação à coleta de lixo comum resíduos transportados, importados, exportados ou
realizada pela empresa terceirizada, quanto à coleta considerados perigosos conforme a convenção da
de lixo orgânico feita pela própria universidade, Basiléia, afirma que o transporte inadequado de
seria necessário que a manutenção inspecionasse a resíduos perigosos, sobretudo para países que
quantidade de lixo que a instituição produzisse a carecem de infraestrutura e legislação nacional para
cada período. Assim, quando os caminhões seu tratamento, pode causar danos à saúde humana e
entrassem para realizar a coleta seria verificado ao meio ambiente. Dessa forma, é preciso cuidado
visualmente a quantidade em média que ele estaria com esse tipo de material, a fim de evitar quaisquer
carregando e após a coleta seria verificado problemas tanto para os seres humanos quanto para
novamente, para se ter uma base de quanto a o meio ambiente.
UFG/RC produz de lixo comum e orgânico
periodicamente. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tendo como base o indicador EN23, citado no
tópico anterior, recomenda-se que alunos e a O desenvolvimento deste estudo possibilitou
comunidade acadêmica em geral reduzam seus lixos análise em relação aos efeitos dos efluentes e
recicláveis utilizando copos e garrafas reutilizáveis, resíduos na Universidade Federal de Goiás –
diminua a utilização de canudos, substitua a Regional Catalão. Com o propósito de detectar os
utilização de guardanapos de papel por guardanapos pontos a serem melhorados, realizaram-se
de tecido por serem reutilizáveis, entre outras ações entrevistas semiestruturadas em diversos setores
sustentáveis. Práticas como essas farão com que o dentro do Campus, em seguida coletaram-se os
volume de lixo produzido atualmente na dados necessários e, por fim, analisaram-se
universidade reduza consideravelmente, tendo em atendendo aos objetivos do estudo.
vista que o maior volume é de copos descartáveis. Para cada setor foi realizado considerações e
identificado as oportunidades de melhorias
4.4. Lixo Biológico pertinentes. Em relação à água da universidade, foi
notificado o desperdício indevido. Seja ele vindo de
A produção de lixo biológico na universidade é caixa d’água, canos quebrados, bebedouros,
originada pelos departamentos de Ciências descargas, entre outros. Problemas como esses
Biológicas e Enfermagem. O volume de lixo gerado devem ser solucionados rapidamente, diminuindo
por estes não é expressivo. assim as perdas. Para isto, recomenda-se que toda a
instituição seja instruída de como solicitar Ordens de

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Serviço (O.S.), a fim de auxiliar a equipe de DIAMOND, Jared. COLAPSO: como as sociedades
manutenção, e que sejam realizadas campanhas de escolhem o fracasso ou o sucesso. 2. ed. Rio de
conscientização para a comunidade em geral. Janeiro: Record, 2005. 685 p.
Em relação ao restaurante universitário da
GERHARDT, Tatiana Engel; SILVEIRA, Denise
regional, pôde-se constatar que as sobras mensais
Tolfo. Métodos de Pesquisa. Porto Alegre: Ufrgs,
totalizam um valor considerável. Dessa forma,
2009. 120 p. Disponível em:
cabem às nutricionistas responsáveis do local
<http://www.ufrgs.br/cursopgdr/downloadsSerie/der
realizar um estudo mais aprofundado, com o
ad005.pdf>. Acesso em: 29 abr. 2019.
objetivo de investigarem quais devem ser as
melhorias a serem efetivadas e provisionarem a GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de
quantidade de refeições que irão produzir Pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009. 175 p.
diariamente, evitando assim, perdas.
HEMPE, Cléa; NOGUERA, Jorge Orlando Cuellar.
Em relação ao lixo comum, recolhido por uma
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E OS RESIDUOS
empresa terceirizada da cidade, salienta-se que a
SÓLIDOS URBANOS. Revista Eletrônica em
maioria do volume recolhido por ela é composta por
copos plásticos distribuídos nas refeições do Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental, Santa
restaurante universitário e na cantina. Para diminuir Maria-rs, v. 5, n. 5, p.682-695, 2012. Disponível em:
<file:///D:/Downloads/4117-20864-2-PB.pdf>.
esse volume, recomenda-se incentivar os alunos e a
Acesso em: 18 maio 2019.
comunidade acadêmica em geral a usar copos e
garrafas reutilizáveis. Além de reduzir custo para a GLOBAL REPORTING INITIATIVE (GRI). G4:
universidade, é um meio de contribuir com o meio Manual de Implementação. 2 ed. São Paulo: GRI,
ambiente. 2015. Disponível em:
Já em se tratando do lixo biológico, os <https://sinapse.gife.org.br/download/global-
departamentos devem estar sempre atentos em reporting-initiative-g4-manual-de-implementacao>.
relação ao transporte de material contaminante, pois Acesso em: 22 abr. 2019.
este pode causar danos à saúde humana e ao meio
ambiente. Salienta-se a importância do departamento LARA, Pedro Túlio de Resende.
de Enfermagem reavaliar o processo de descarte dos SUSTENTABILIDADE EM INSTITUIÇÕES DE
medicamentos, uma vez que o lixo comum não é o ENSINO SUPERIOR. Monografias Ambientais,
melhor local a ser descartado, visto que pode Santa Maria, v. 7, n. 7, p.1646-1656, jun. 2012.
contaminar o meio ambiente. Disponível em:
Assim, o projeto contribuiu para a análise de <https://periodicos.ufsm.br/remoa/article/viewFile/5
efluentes e resíduos no Campus I da Universidade 341/3308>. Acesso em: 24 abr. 2019
Federal de Goiás – Regional Catalão, no qual se MAY, Peter H.. Economia do Meio
puderam constatar alguns pontos a serem Ambiente: Teoria e Prática. 2. ed. Rio de Janeiro:
melhorados pelos gestores dos departamentos. O Elsevier, 2010. 379 p.
estudo em questão tem o intuito de contribuir para
que futuramente a UFG/RC se torne uma referência TIMOFIECSYK, Fabiana do Rocio;
em sustentabilidade. PAWLOWSKY, Urivald. MINIMIZAÇÃO DE
RESÍDUOS NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS:
REFERÊNCIAS REVISÃO. Boletim do Centro de Pesquisa de
Processamento de Alimentos, Curitiba-pr, v. 18, n.
BARBIERI, José Carlos. Gestão Ambiental 2, p.221-236, dez. 2000. Disponível em:
Empresarial: Conceitos, modelos e instrumentos. 3. <https://revistas.ufpr.br/alimentos/article/viewFile/1
ed. São Paulo: Saraiva, 2012. 358 p. 212/1012>. Acesso em: 18 maio 2019.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. O que é SANTOS, Antonio Raimundo dos. Metodologia
CONAMA?. 20--. Disponível em: Científica: a construção do conhecimento. 6. ed.
<http://www2.mma.gov.br/port/conama/>. Acesso Rio de Janeiro: DP&A, 2004. 166 p.
em: 12 jul. 2019
RESPONSABILIDADE AUTORAL
CRESWELL, John W. Projeto de
pesquisa: Métodos qualitativo, quantitativo e misto. “O(s) autor(es) é(são) o(s) único(s) responsável(is)
3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010. 296 p. pelo conteúdo deste trabalho”.

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IMPORTÂNCIA E DESAFIOS: INDICADORES DO CONTROLE
VETORIAL DA DOENÇA DE CHAGAS NO SUDESTE GOIANO

Machado, Maria Amélia Cândida, mariaameliacm@gmail.com1


Oliveira, Heliana Batista, helianalia@gmail.com1
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Biotecnologia

Resumo: A Doença de Chagas é uma parasitose causada pelo protozoário flagelado, Trypanosoma cruzi,
constitui um grave problema de saúde em regiões tropicais e subtropicais O presente trabalho objetivou
averiguar a importância e as dificuldades enfrentadas pelo programa de controle vetorial da doença na zona
rural de Catalão. Foi realizado um estudo quantitativo e qualitativo dos indicadores entomológicos obtidos a
partir das atividades desenvolvidas pela Regional de Saúde Estrada de Ferro – Macrorregião Centro Sudeste de
Goiás no período de 2000 a 2018. Os dados fornecidos foram analisados quanto ao local de captura dos
triatomíneos (intradomiciliar ou peridomiciliar), estágio evolutivo e infecção pelo protozoário Trypanosoma
cruzi. Durante o período de 2000 a 2010 no município de Catalão foram capturados 310 triatomíneos dos quais
81,6% foram examinados. Os dados referentes Região de Saúde Estrada de Ferro durante o período de 2015 a
2018 foram capturados 56 triatomíneos, sendo 16,4% examinados. As espécies de maior destaque foram
Panstrongylus megistus e o Triatoma sordida. Dois exemplares examinados estavam contaminados por T. cruzi.
A Doença de Chagas representa um grande desafio no Brasil. Neste contexto, as ações de educação em saúde
juntamente com a vigilância entomológica devem se centralizar, a fim de evitar o processo de domiciliação de
triatomíneos característicos de ambiente silvestre como ainda de impedir que vetores já confirmados se tornem
o principal disseminador da Doença de Chagas.

Palavras-chave: Doença de chagas. Triatomíneo. Vigilância epidemiológica. Panstrongylus megistus

________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO A forma vetorial é a principal e mais


conhecida forma de transmissão da DC, porém, há
O Trypanosoma cruzi, parasita flagelado registros de outras formas de contaminação descritas
que ocasiona a Doença de Chagas (DC), responsável na literatura. Dentre ela se encontra a transmissão
por problema de saúde em grande magnitude em pela via oral, a materno-fetal, sangue e
regiões tropicais e subtropicais (WHO, 2010). Tal hemoderivados, transplantes de órgão ou acidentes
doença se constitui em dois estágios evolutivos que com material biológico (BRASIL, 2017). Essas
permite sua identificação, no início denomina-se a formas de transmissão na presença de espécies de
fase aguda e posterior a frase crônica da doença, a triatomíneos com potencial vetorial, tem contribuição
qual leva-se algum tempo a ser diagnosticada. Com significativa para continuidade do ciclo parasitário da
características assintomáticas na fase aguda, são raros tripanossomíase (DIAS; NETO; LUNA, 2011).
os pacientes que apresentas sintomas nas duas Os “barbeiros” ou “chupões”, como os
primeiras semanas de contaminação e quando há triatomíneos são conhecidos popularmente no Brasil,
manifestações clínicas desaparecem rapidamente. A são os insetos vetores da DC. Esses invertebrados são
fase crônica tem seus sintomas aparentes após anos hematófagos da subfamília Triatominae (Hemiptera:
de infecção, podendo levar até vinte anos para o Reduviidae) (BRASIL, 2017; MAEDA; KNAX;
aparecimento do quando clínico, acometendo os GURGEL-GONÇALVES, 2012). A transmissão
sistemas digestório (megaesôfago e megacólon), vetorial se consolida durante o repasto sanguíneo do
cardíaco ou neurológico (TEIXEIRA; OLIVEIRA, triatomíneo para um hospedeiro ou reservatório. O
2015). Na fase crônica, na maioria dos casos, o inseto defeca logo em seguida a ingestão de sangue
diagnóstico da DC é realizado ocasionalmente por do hospedeiro vertebrado, decorrente do aparelho
inquéritos sistemáticos, por ser assintomática ou com digestório curto. As fezes na presença de
sintomatologia inespecíficos o diagnóstico da doença tripanossomos em formas evolutivas infectantes
nessa fase é dificultado (RIBEIRO; ROCHA, 1998). (tripomastigotas metacíclicas) penetram o orifício

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ocasionado pela picada ou ativamente pelas mucosas Cruz de Goiás, Três Ranchos e Urutaí
(NEVES, 2005). (SECRETÁRIA ESTADUAL DE SAÚDE, 2018).
No ano de 2006 o Brasil conseguiu sua Em decorrência das modificações
validação da interrupção da transmissão vetorial do T. resolutivas sobre a responsabilidade do controle
cruzi pelo Triatoma infestans, inseto que no passado vetorial da DC, algumas mudanças sobre coleta e
foi considerado o principal vetor da DC. O último análise de vetores foram observadas nas últimas duas
estado endêmico da doença a receber o certificado foi décadas. No intuito de realizar um levantamento
a Bahia, já outros estados brasileiros já haviam epidemiológico da infestação de triatomíneos na zona
recebido tal certificação em momentos anteriores rural dos municípios pertencentes à RSEF-MCSG, os
(SILVA, 2006; PAHO, 2007). Na ausência do T. dados referentes ao vetor e sua localização foram
infestans outras espécies de triatomíneos vêm fornecidos pelo Departamento de Controle de Vetores
apresentando um potencial vetorial para DC, de Catalão (DECOVE), órgão vinculado a Secretária
reforçando aa importância da continuidade constante Municipal de Saúde de Catalão, correspondente ao
do controle vetorial da doença (ROCHA et al, 2014). período de 2001 a 2010. A posteriori foram analisadas
O controle vetorial da DC, com as informações das capturas dos insetos referentes ao
abrangência nacional, se consolidou com os avanços período de 2015 até 2018, dados esses sobre o
resultantes do controle da malária, e os excedentes de controle vetorial que estavam vinculados à RSEF-
recursos foram re-alocados para o controle da MCSG. Porém entre os anos 2011 a 2014 não foram
endemia chagásica (SILVEIRA, 2011). O Programa encontradas informações, devido as mudanças
de Controle de Doença de Chagas (PCDCh), em normativas e o reflexo dessas em longo prazo na
1999, formulou a descentralização das ações de organização e atribuição das gerências regionais. No
controle de endemias e promoveu a transferência das entanto apenas sete municípios reiniciaram as
responsabilidades para os Estados e municípios por atividades relacionadas ao controle vetorial de
meio da Portaria nº. 1.399 13 do Ministério da Saúde, Chagas. São: Anhanguera, Corumbaíba, Davinópolis,
de 15 de dezembro de 1999 (BRASIL, 1999). Em Nova Aurora, Ouvidor, Palmelo e Três Ranchos
meio a essas mudanças administrativas, os Em presença das documentações os dados
municípios se responsabilizaram pelas demandas foram analisados e categorizados em dois grupos
relacionas a saúde de sua população no âmbito geral sendo um o município de Catalão e outro grupo
(VILLELA et al, 2007). Tais ações resultaram na referente a RSEF-MCSG. Para cada um desses
municipalização dos programas de controle de grupos os dados fornecidos foram analisados quanto
endemias e sob a coordenação das Gerências ao local de captura dos triatomíneos (intradomiciliar
Regionais de Saúde (GRS). Estas gerências ou peridomiciliar), estágio evolutivo e infecção pelo
pertencem à Secretaria Estadual de Saúde (SES) e protozoário Trypanosoma cruzi.
estão sediadas em municípios de maior importância
política ou econômica (SECRETÁRIA ESTADUAL 3. RESULTADOS e DISCUSSÃO
DE SAÚDE, 2018).
Perante a significante importância que o A vigilância entomológica para DC no
controle vetorial para a interrupção da transmissão da município de Catalão, durante o período de janeiro
DC e das modificações resolutivas sobre a 2001 a dezembro 2010 realizou vistorias em 289
responsabilidade do mesmo, o presente estudo localidades rurais e 11645 UD foram vistoriados, nos
objetivou pesquisar dados referentes à coleta de ambientes intradomiciliar e peridomiciliar. De todas
triatomíneos na Região de Saúde Estrada de Ferro – as UD vistoriadas 107 estavam positivas para
Macrorregião Centro Sudeste de Goiás nas últimas presença triatomíneos. Sendo capturados 310
duas décadas, juntamente com delimitação da triatomíneos dos quais 253 foram examinados,
importância e os desafios encontrados nas atividade representando 81,6% do total. Nem todos os insetos
de controle da DC. capturados estavam em condições para serem
analisados, por inquérito de T. cruzi, pois muitos
2. METODOLOGIA morreram ou se encontravam com intestino seco.
Dentre os triatomíneos capturados durante
A Região de Saúde Estrada de Ferro – o período de janeiro 2001 a dezembro 2010 na zona
Macrorregião Centro Sudestes de Goiás (RSEF- rural de Catalão, sete espécies foram identificadas:
MCSG) se constitui em 18 municípios. São eles: Panstrongylus diasi, Panstrongylus geniculatus,
Anhanguera, Caldas Novas, Campo Alegre de Goiás, Panstrongylus megistus, Rhondnius neclectus,
Catalão, Corumbaíba, Cumari, Davinópolis, Triatoma circumaculata, Triatoma pseudomaculata e
Goiandira, Ipameri, Marzagão, Nova Aurora, Triatoma sordida. Comparando os indivíduos
Ouvidor, Palmelo, Pires do Rio, Rio Quente, Santa capturados no ambiente intradomiciliar e
Tabela 1. Diferença de infestação peridomiciliar e intradomiciliar de triatomíneos capturados e examinados no
período de 2001 a 2010, na Zona Rural do município de Catalão - GO

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Intradomiciliar Peridomiciliar Total

Espécies capturado examinado capturado examinado capturado examinado


n % n % n % n % n % n %
Panstrongylus diasi 1 0,3 0 0,6 2 0,6 1 0,3 3 1,0 1 0,3
Panstrongylus geniculatus 2 0,6 0 0,0 5 1,6 3 1,0 7 2,3 3 1,0
Panstrongylus megistus 14 4,5 11 3,5 252 81,3 212 68,4 266 85,8 223 71,9
Rhondnius neclectus 1 0,3 2 0,6 22 7,1 13 4,2 23 7,4 15 4,8
Triatoma circumaculata 4 1,3 4 1,3 0 - 0 0,0 4 1,3 4 1,3
Triatoma pseudomaculata 0 - 0 0,0 1 0,3 1 0,3 1 0,3 1 0,3
Triatoma sordida 1 0,3 1 0,3 5 1,6 5 1,6 6 1,9 6 1,9
Total 23 7,4 18 6,5 287 92,6 235 75,8 310 100 253 82,3
Org. Maria Amélia Cândida Machado, (2018).

peridomiciliar observa-se uma maior infestação pela foram examinados, representando 16,4% do total. A
espécie P. megistus representando 85,8% dos impossibilidade de realização de exames em todos os
indivíduos capturados (Tabela 1). exemplares de insetos capturados está associada ao
As espécies capturadas foram classificadas transporte, do deslocamento dos triatomíneos da
quanto ao estágio evolutivo, sendo 178 (57,4%) RSEF-MCSG para o laboratório que se localiza na
adultos e 132 (42,6%) ninfas. Ambos os estágios capital do estado, Goiânia. O estudo realizado por
foram encontrados com maior frequência no Dias, Dias e Nobrega (2015) no entorno de Brasília
ambiente peridomiciliar. Do número total de sobre inquérito epidemiológico da DC detectou esse
exemplares capturados, 286 (92,6%) encontravam-se mesmo obstáculo quanto a transporte e logística dos
no peridomicílio e 24 (7,7%) no ambiente triatomíneos capturados nas UD, pois foi possível
intradomiciliar. examinar apenas 40% dos exemplares.
Durante o período de 2015 a 2018 o A “Tabela 2” apresenta os triatomíneos
PCDCh foi realizado o controle vetorial em sete capturados no ambiente peridomiciliar e
municípios de forma passiva ou ativa na RSEF- intradomiciliar no período de 2015 a 2018, na Zona
MCSG (Anhanguera, Corumbaíba, Davinópolis, Rural dos municípios jurisdicionados RSEF-MCSG,
Nova Aurora, Ouvidor, Palmelo e Três Ranchos). A classificados em quatro espécies: P. diasi, P.
vigilância entomológica vistoriou 370 localidades megistus, R. neclectuse T. sordida. Comparando os
rurais e 1328 UD foram vistoriados, no ambiente indivíduos capturados no ambiente intradomiciliar e
intradomiciliar e peridomiciliar, sendo 15 UD peridomiciliar verificou-se uma maior infestação da
estavam positivas para presença triatomíneos. espécie P. megistus representando 50% dos
Capturando 56 triatomíneos dos quais 10 exemplares indivíduos capturados.

Tabela 2. Diferença de infestação peridomiciliar e intradomiciliar de triatomíneos capturados e examinados no


período de 2015 a 2018, na Zona Rural dos municípios jurisdicionados a Região de Saúde Estrada de Ferro –
Macrorregião Centro Sudestes de Goiás.
Intradomiciliar Peridomiciliar Total
Espécies capturado examinado capturado examinado capturado examinado
n % n % n % n % n % n %
Panstrongylus diasi 1 1,8 1 0,6 0 0 0 0 1 1,8 1 0,6
Panstrongylus megistus 7 12,5 0 0 21 37,5 9 16,1 28 50,0 9 5,0
Rhondnius neclectus 0 0 0 0 1 1,8 0 0 1 1,8 0 0
Triatoma sordida 12 21,4 0 0 14 25,0 0 0 26 46,4 0 0
Total 20 35,7 1 0,6 36 64,3 9 16,1 56 100,0 10 5,6
Org. Maria Amélia Cândida Machado, (2018).
Os resultados mostram que das sete o mais capturado pela vigilância entomológica da
espécies de triatomíneos coletados nas UD durante o doença de Chagas em toda RSEF-MCSG. Os baixos
período de 2001 a 2018, P. megistus se destaca como

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índices de infecção natural por T. cruzi em P. Uma vez que essa espécie encontra-se na região
megistus, comparado com outros estudos realizados central do Brasil (Silveira, 2011).
no estado de Goiás, demonstram que esta não é a Dos 18 municípios que pertencem a RSEF-
espécie que mais se destaca quando encontrada nos MCSG, havia informações acerca dos dados sobre
domicílios, mas se encontra entre a terceira e quarta triatomíneos e DC em apenas sete. A carência de
mais capturada conforme os registrados por Oliveira dados dos outros municípios, pode ser explicada por
e Silva (2007) e Silva et al (1995). não ter havido captura de triatomíneos por parte dos
Em relação ao estágio evolutivo, durante funcionários dos municípios, ausência de insetos
os anos de 2015 a 2018 na RSEF-MCSG, 43 presente no domicílio nestas localidades, ou mesmo a
(76,79%) insetos capturados eram adultos e 13 simples falta de registro junto à RSEF-MCSG. Estas
(23,21%) ninfas. Ambos os estágios evolutivos foram são possibilidades passíveis de ocorrer, aliadas ainda
encontrados com maior frequência no peridomicílio. com a preocupação com outras doenças transmitidas
Do número total de exemplares capturados 64,29% por vetores.
encontravam-se no peridomicílio e 35,71% no A inexistência de um sistema de
intradomiciliar. informação de armazenamento de dados em todos os
Como já ressaltado, nem todos os municípios dificultou os acessos às informações
triatomíneos capturados estão viáveis para análise referentes ao PCDCh no sudeste goiano. A mudança
laboratorial para pesquisa de formas evolutivas de T. de gestão administrativa dos municípios também é
cruzi no intestino. Mesmo assim, dois triatomíneos um dos aspectos que contribui para o não
foram classificados como positivos para o armazenamento continuo desses dados Villela et al,
protozoário causador da DC. Ambos são pertencentes 2005).
à espécie P. megistus. Um exemplar foi capturado no O risco de transmissão vetorial de T. cruzi
ano de 2006 na zona rural do município de Catalão e para os humanos no sudeste goiano pode ser
o outro no ano de 2015 na zona rural do município de considerado baixo devido às boas condições de vida
Ouvidor. Esse dado reforça os trabalhos realizados das maiorias dos habitantes da região. No entanto, a
por Silveira (2011) e Villela et al (2009) que a espécie presença de espécimes de P. megistus infectados com
de P. megistus tem uma alta suscetibilidade de T. cruzi nos domicílios mostra que o risco de infecção
infecção ao T. cruzi, boa capacidade de adaptação a ainda existe no estado de Goiás. Assim, é essencial
diversos habitats e hospedeiros, sendo ainda continuar vigilância entomológica, intensificando-a
considerada uma das principais espécies de vetor da nos municípios de maior ocorrência e o
DC. fortalecimento dos Postos de Informação de
O registro de triatomíneos colonizando Triatomíneos (PIT) como incentivo da comunidade,
intradomicilio evidencia o risco de infecção humana. com base em ações, para a participação ativa na
Um estudo sobre a ocorrência de triatomíneos vigilância entomológica. 4, 14 Desta forma, a detecção
sinantrópicos no Distrito Federal nos anos de 2002 a de triatomíneos sinantrópicos seria mais eficiente,
2010 também registrou a colonização destes locais reduzindo as chances de colonização desses insetos
com as espécies P. megistus, T. pseudomaculata, T. em unidades domiciliares da RSEF-MCSG.
sórdida, P. geniculatus, R. neglectus e P. diasi. Sendo
P. megistus a espécie com maior taxa de infecção 4. CONCLUSÃO
natural por T. cruzi, como observado no presente
estudo realizado na RSEF-MCSG (MAEDA; KNAX; A Doença de Chagas ainda representa um
GURGEL-GONÇALVES, 2012). grande desafio público no Brasil e um problema de
Ninfas forram capturadas tanto no saúde emergente. Neste contexto, as ações de
ambiente intradomiciliar e no peridomiciliar educação em saúde juntamente com a vigilância
evidenciam o processo de domiciliação das espécies, entomológica devem se centralizar na promoção da
como já registrado sobre P. megistuse e T. sordida qualidade de vida da população, a fim de evitar o
(Villela et al, 2005). Outras espécies de triatomíneos processo de domiciliação de triatomíneos
encontradas no município de Catalão foram P. característicos exclusivamente de ambiente silvestre
geniculatus, T. sordida e R. neglectus, nenhum desses como ainda de impedir que vetores já confirmados se
insetos capturados estavam positivos para o tornem o principal disseminador da DC e assumindo
protozoário T. cruzi, sugerindo uma origem silvestre como habitat exclusivamente o ambiente doméstico.
(VILLELA et al, 2005; VILLELA et al, 2009; A continuidade do programa, tabulação e
GURGEL-GONÇALVES; BEZERRA; CUBA, registro dos dados coletados, assim como a
2015). Porém em todo na RSEF-MCSG o T. sordida conscientização dos gestores municipais sobre a
foi o segundo mais capturado tanto no ambiente importância do controle vetorial, são os pilares para a
intradomiciliar e peridomiciliar destacando sua constante diminuição dos números de casos de
capacidade de domiciliação no decorrer dos anos. doença de Chagas na região e em todo território
nacional.

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triatomíneos sinantrópicos capturados no Estado de
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RESPONSABILIDADE AUTORAL
“Os autores são os únicos responsáveis pelo conteúdo
deste trabalho”.

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INFLUÊNCIA DO ESTILO DE VIDA SOBRE AS DORES
MUSCULOESQUELÉTICAS EM PROFISSIONAIS DE LIMPEZA DA UFG/RC
Díaz, Jalusa Andréia Storch – orientadora, jalusastorch@yahoo.com.br1
Pena, Felipe Graciano, felipegpena@outlook.com1
Borges, Bruno Martins, brunomatins80@gmail.com1
Santos, Cristiane da Silva, crisfrutal@hotmail.com1

Borges, Neila Maria Mendes, neilamariamendes@gmail.com 1


1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Biotecnologia-
IBIOTec

Resumo: O propósito deste estudo foi verificar a influência do estilo de vida sobre a presença de dores
musculoesqueléticas em profissionais de limpeza da UFG/RC. O delineamento metodológico selecionado foi uma
pesquisa de campo descritiva epidemiológica. Participaram 19 mulheres, com faixa etária de 30 a 50 anos, sendo
elas auxiliares de serviços gerais de limpeza da UFG/RC. Foi utilizado um roteiro de anamnese como instrumento
de coleta de dados visado reconhecer os seguintes aspectos: dados pessoais; estilo de vida; histórico de doenças
crônicas pessoais e familiares; presença de dores musculoesqueléticas e histórico de tratamentos para analgesia;
e, sinais vitais em repouso. Os dados foram analisados pela abordagem quantitativa descritiva. Os resultados
apontaram que as participantes apresentam um estilo de vida desfavorável, especialmente para o uso compulsivo
de álcool (50%), tabaco (66,6%), alimentação inadequada (50%) e sedentarismo (50%). Quanto a presença de
dores musculoesquelética, foram encontradas queixas de lombalgia (100%), dorsalgia (36,6%) e dores nos
ombros (16,6%). Constatamos que o estilo de vida inadequado, especialmente relacionado ao sedentarismo e a
má alimentação, apresentaram uma associação direta com as dores musculoesqueléticas na coluna vertebral e
nos ombros durante a execução das funções laborais. Ao final, acreditamos que a adoção de um estilo de vida
favorável atrelado melhorias dos postos de trabalho, parecem ser medidas interessantes para prevenção das dores
musculoesqueléticas e promoção da qualidade de vida no trabalho.

Palavras-chave: Estilo de vida. Trabalhadores. Dor musculoesquelética.

______________________________________________________________________________________
trabalho (MONTEIRO, ALEXANDRE,
1. INTRODUÇÃO RODRIGUES, 2006). Contudo, a vunerabilidade das
dores musculoesqueléticas está associada na relação
Este estudo trata-se de um recorte oriundo de um com os fatores intrínsecos (individuais) e extrínsecos
trabalho final de conclusão de curso para obtenção do (características do ambiente de vida diária e do
título de licenciado em Educação Física. Sua área de trabalho), os quais resultam em quadros clínicos com
concentração esteve focada nas ações da Educação sintomatologia bastante específica: dor
Física sobre a Saúde Ocupacional. musculoesquelética localizada e comumente
As dores músculoesqueléticas relacionadas ao associada ao final da amplitude de movimento
trabalho são uma das causas mais significativas de articular, desconforto físico no final do dia, fadiga
limitação funcional na população adulta em vários excessiva, parestesia ou paralisia, perda da
países. Nos trabalhadores brasileiros, os distúrbios funcionalidade e edema local (CHAFIN,
osteomusculares são considerados um grave problema ANDERSSON, MARTIN, 2001).
da saúde pública, tal como as lombalgias, tendinites e Diagnósticos comuns associados as dores
doenças psíquicas associadas a função ocupacional musculoesqueléticas são as lombalgias, tendinites e
(MONTEIRO, ALEXANDRE, tenossinovites, doenças degenerativas articulares
RODRIGUES, 2006). (osteoartrites e osteoartroses) e ósseas (osteopenia e
Pesquisadores têm identificado a relação dos osteoporose), alterações musculares (mialgias,
sintomas músculoesqueléticos com a função laboral e contraturas, espasmos) e disfunções psicossociais
os segmentos corporais mais utilizados na função do (Síndrome de Burnout, Estresse, Depressão
relacionada ao trabalho) (COUTO, 2002).

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Do ponto de vista fisiopatológico a dor musculoesqueléticas em profissionais de limpeza da
musculoesquelética é classificada como nociceptivas UFG/RC.
(somática) e não nociceptivas (neuropática ou
psicogênica). A dor é tratada como um sintoma de 2. METODOLOGIA
doença associado à lesão. No entanto, pessoas que
passam por situações em que a lesão está presente Este estudo apresenta o delineamento da pesquisa de
podem relatar, dependendo do significado que campo descritiva epidemiológica. Participaram 19
atribuem ao quadro, diferentes níveis de intensidade mulheres, com faixa etária de 30 a 50 anos, sendo elas
da sensação dolorosa, podendo ser mascaradas auxiliares de serviços gerais de limpeza terceirizadas
durante o trabalho e até mesmo sendo minimizadas que prestam serviços à UFG/RC. A característica
pela sensação de medo de perder o emprego geral do trabalho é a realização de atividades
(MCBETH, JONES, 2007). repetitivas de limpeza. O estudo transcorreu no
Quando a dor musculoesquelética persiste por campus da UFG/RC durante os meses de fevereiro a
um período de três a seis meses, ela passa a ser junho de 2019.
definida como dor crônica. No contexto do trabalho, Os critérios de inclusão das participantes foram:
após sofrer normalmente vários episódios agudos, o ser mulher acima de 18 anos e desempenhar a função
trabalhador com dor musculoesquelética gera um de profissional de limpeza na UFG/RC por pelo
circulo vicioso de dor-recuperação-recidivas de menos seis meses consecutivos. Em contrapartida,
lesões, gerando perda funcional de níveis leves até serão excluídas da presente pesquisa.
graves e incapacitantes. Como instrumento de coleta de dados aplicamos
As dores musculoesqueléticas podem ainda ser um roteiro de anamnese com o intuito de caracterizar
potencializadas pela manutenção de um estilo de as participantes em relação aos seguintes quesitos:
vida desfavorável por parte do trabalhador. O estilo a) dados pessoais;
de vida é considerado um fator de risco extrínseco b) estilo de vida;
que representa o conjunto de ações cotidianas que c) histórico de doenças crônicas pessoais e
refletem nas atitudes e nos valores das pessoas, familiares;
ou seja, a maneira como as pessoas vivem e as d) dores musculoesqueléticas e histórico de
escolhas que elas fazem determinam a condição da tratamentos para analgesia;
própria saúde. Os elementos que constituem o estilo e) sinais vitais em repouso.
de vida são: boa alimentação, prática de atividade
física regular, comportamentos adequados Quanto aos procedimentos de coleta de dados,
relacionados a redução do etilismo, tabagismo e inicialmente foi um realizado um contato com os
controle do estresse, além do bom relacionamento responsáveis pela empresa que terceiriza o serviço das
social (PÕLLUSTE et al., 2016). profissionais de limpeza do campus da UFG/RC e o
Estudos demonstram que os fatores do estilo de gestor de recursos humanos da UFG/RC.
vida como tabagismo, estresse e obesidade Mediante o parecer favorável, as participantes foram
desempenham papel importante na etiologia esclarecidas sobre os procedimentos do estudo por
multifatorial da dor musculoesquelética (MCBETH, meio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
JONES, 2007; HAUKKA et al., 2012) e têm sido (TCLE) e por uma reunião de esclarecimento sobre a
comprovado que o tabagismo, uso de álcool e pesquisa (Foto 01). Posteriormente foi aplicado o
sobrepeso na adolescência predispõe à dor roteiro de anamnese para coleta dos resultados.
musculoesquelética na idade adulta (PÕLLUSTE et
al., 2016). Foto 01 - Apresentação do projeto de pesquisa para as
Pautando-se no entendimento de que o estilo de participantes
vida é um fator extrínseco importante a ser
considerado no desenvolvimento das dores corporais
associadas ao trabalho, pautamos nosso estudo nas
seguintes perguntas norteadoras: as profissionais
responsáveis pela limpeza na UFG/RC apresentam
um estilo de vida adequado? O estilo de vida dessas
profissionais poderá estar atrelado ao
desenvolvimento de dores musculoesqueléticas?
Para responder a esse questionamento, o
objetivo geral deste estudo foi verificar a influência
do estilo de vida sobre a presença de dores
Fonte: dados dos pesquisadores (2019)

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Os dados foram analisados utilizando
abordagem quantitativa descritiva (THOMAS, 3.2 Caracterização do histórico de doenças
NELSON, SILVERMAN, 2012), com apresentação crônicas pessoais e familiares
de tabelas para a confirmação dos resultados. As participantes foram indagadas sobre a
presença de doenças crônicas e obtivemos como
3. RESULTADOS resposta a pré-hipertensão e hipertensão arterial
(33,6%) e cefaléia crônica (16,6%).
Os dados apresentados na sequência referem-se a Quanto aos antecedentes
aplicação do instrumento de pesquisa um Roteiro de familiares de doenças crônicas foram
Anamnese, destinado a caracterizar o estilo de vida e relatados a hipertensão arterial (33,6%) e diabetes
sua relação com dores musculoesqueléticas nas mellitus (33,6%).
participantes.
Primeiramente, os dados pessoais apontaram que 3.3 Caracterização das dores musculoesqueléticas
todas as participantes são do sexo feminino (100%), e tratamentos para analgesia
com idade de ±28,6 anos. As dores musculoesqueléticas
foram classificadas pela região
3.1 Caracterização do Estilo de Vida anatômica corporal acometida (Quadro 02):
Os quesitos avaliados sobre o estilo de vida das
participantes foram hábitos de vida relacionados ao Tabela 2 – Caracterização das dores ocupacionais
uso regular de álcool e cigarro, alimentação e prática pelas profissionais de limpeza da UFG/RC
regular de exercícios físicos (Quadro 01). Dores musculoesqueléticas referidas %
pelas participantes
Tabela 1 – Caracterização do estilo de vida das Dores na coluna lombalgia 100%
profissionais de limpeza da UFG/RC Dores na coluna torácica 36,6%
Componente do Estilo de Vida % Dores nos ombros 16,6%
Uso regular de álcool 50% Fonte: dados dos pesquisadores (2019)
Uso regular de cigarros 66,6%
Alimentação inadequada (não realizam 50% Averiguamos que todas as colaboradoras do
o consumo diário de 5 porções de frutas setor de limpeza da UFG/RC apresentam dores
e verduras) musculoesqueléticas, afetando predominantemente a
Sedentarismo 50% coluna lombar (100%), cujas queixas geravam dores
Fonte: dados dos pesquisadores (2019) nas atividades laborais, nas atividades de vida diária e
nos momentos de repouso. Elas atribuem a origem a
Em relação aos hábitos de vida, 50% mencionou essas dores principalmente pela não realização de
fazer consumo de bebida alcóolica e destas, 33,3% exercícios físicos regulares (50%) e dieta inadequada
fazem uso do álcool de uma a duas vezes por mês e (50%).
16,6% uma vez por semana. Encontramos que 66,6% Questionadas sobre a realização de cirurgias
das participantes são tabagistas com consumo médio obtivemos a cesária (33,6%) e laqueadura (33,6%),
de três cigarros/dia. cujas cicatrizes podem resultar em baixa mobilidade
Quanto ao quesito alimentação, as participantes tecidual e refletir em dores lombares. Também
foram questionadas sobre o consumo de pelo menos encontramos que 50% delas fazem uso de
cinco porções de frutas e/ou verduras diários em suas medicamentos regulares para controle da hipertensão
refeições e encontramos que 33,3% raramente se arterial (16,6%), estimulantes de sono (16,6%) e
alimentam com essas porções e 50% não costumam cefaléias/enxaqueca (16,6%), não apresentando uma
agregar frutas e verduras na dieta diária. relação direta com as dores musculoesqueléticas.
Sobre a realização de exercícios físicos regulares Ao final da nossa avaliação, averiguamos os
encontramos que 50% consideram-se fisicamente sinais vitais das participantes em que a pressão média
ativas e dentre os exercícios foram apontados a em repouso foi de ±121/82 e a frequência cardíaca de
caminhada (16,6%), bicicleta (16,6%) e zumba repouso média foi de 78bpm, cujos parâmetros são
(16,6%). De outra parte, encontramos que 16,6% das considerados normais para pessoas acima de 18 anos,
participantes nunca realizaram nenhum exercício segundo as diretrizes da Sociedade Brasileira de
físico regular ao longo de toda a vida, 16,6% Cardiologia (SBC, 2016).
consideram-se sedentárias há um ano e 16,6% há mais
de dois anos. 4. DISCUSSÃO

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A proposta do presente estudo foi verificar a 2016). Já o tabagismo têm fortes correlações com
influência do estilo de vida sobre a presença de dores dores lombares crônicas, estando especialmente
musculoesqueléticas em profissionais da limpeza da associado a degeneração discal, decorrente de uma
UFG/RC. Verificamos que todas as participantes nutrição modificada do disco intervertebral devido ao
referiram a presença de dores musculoesqueléticas na déficit vascular ou anóxia. Estas alterações são
coluna lombar e atribuem este fato a um estilo de vida facilitadas pelo fato de que o tabaco proporciona a
inadequado, especialmente associado a falta de entrada de várias substâncias tóxicas que danifica
exercícios físicos e alimentação inadequada. vasos sanguíneos, dificultando o transporte de
Atrelado a esses fatores somam-se o consumo oxigênio contribuindo assim para a degeneração e
regular de bebidas alcóolicas e cigarros, além do morte tecidual. Atrelado a isso favorece perda da
histórico de algumas cirurgias (como cesárea e massa óssea (osteopenia e osteoporose), aumentando
laqueadura) que poderiam influenciar na menor a fraqueza da coluna vertebral, pois músculos
mobilidade da coluna lombar devido às aderências enfraquecidos (sarcopenia) aumentam a chance de
cicatriciais oriundas destes procedimentos. Fazemos dores e lesões ósseas, musculares e articulares
inferências também a presença de doenças crônicas (PÕLLUSTE et al., 2016).
como hipertensão arterial e diabetes mellitus, as quais Uma associação bastante comum as dores
podem colaborar com a piora dos sintomas dolorosos musculoesqueléticas está atrelado a obesidade e suas
musculoesqueléticos. consequências crônicas como a hipertensão arterial e
O perfil trabalhador doente brasileiro concentra diabetes mellitus, atreladas a fatores de estilo de vida
maior proporção de mulheres, com tendência individual e a hereditariedade. Pozzobon et al., (2019)
significativa para as doenças crônicas. Sabe-se que as citam que a hipertensão arterial e a diabetes mellitus
mulheres referem morbidades e auto percepção do tipo 2 têm uma relação forte com as dores
negativa sobre o próprio estado de saúde com maior musculoesqueléticas, visto que grande parte de seus
frequência do que os homens (MONTEIRO, portadores são obesos e sedentários.
ALEXANDRE, RODRIGUES, 2006). Ser diabético significa ter 35% chances de
O aumento das dores musculoesqueléticas desenvolver dor lombar e cervical ao longo da vida. A
associados em mulheres trabalhadoras deve-se ao fato hiperglicemia e dislipidemias causam danos aos
de apresentar características de trabalho com maior tecidos corporais que reduzem o fluxo sanguíneo
exposição a fatores físicos e psicossociais, além das muscular e geram maior possibilidade de aumentar a
diferenças hormonais intrínsecas ao sexo, e a dupla inflamação das cartilagens articulares, degeneração
jornada de trabalho, devido ao papel histórico discal, problemas crônicos na coluna vertebral, perda
atribuído às mulheres de serem as responsáveis pelo da massa muscular e indução da sarcopenia
cuidado dos filhos e do lar (MONTEIRO, (POZZOBON et al., 2019).
ALEXANDRE, RODRIGUES, 2006; MCBETH, Outro aspecto importante a se denotar é a relação
JONES, 2007; VIEIRA, entre dores musculoesqueléticas, dentre elas na
ALBUQUERQUEOLIVEIRA, BARBOSA- lombares e a correlação com cicatrizes cirúrgicas
BRANCO, 2011). abdominais. Souza et al. (2018) mencionam que as
Quando falamos da relação sobre o estilo de vida fáscias que recobrem os músculo, além de suas
sobre as dores musculoesqueléticas, encontramos que funções mecânicas, têm uma importante função
o sedentarismo está relacionado direta ou proprioceptiva, exteroceptiva e nociceptiva,
indiretamente com estas queixas, de modo a mandando informações constantes ao segmento
considerá-lo como um subproduto da combinação medular e as áreas corticais. Alterações neste sistema
aptidão física deficiente e uma ocupação laboral que podem afetar os indivíduos através de dores crônicas
gere altas demandas de força muscular (PÕLLUSTE e problemas posturais, afetando especialmente a
et al., 2016). Estudos epidemiológicos envolvendo musculatura paravertebral (CHAFIN, ANDERSSON,
países como os EUA, Reino Unido, Escandinávia, MARTIN, 2001).
Canadá e Brasil atestam que dores De modo geral, as funções laborais estão
musculoesqueléticas, principalmente as dores nas associadas a movimentação repetitiva de
costas, afetam cerca de 75% da população na maioria determinados segmentos corporais e uso elevado de
das nações industrializadas e cerca de 72% desses força musculares de segmentos específicos, além da
acometimentos tem relação direta com o sedentarismo necessidade de executar posturas inadequadas, que
(MCBETH, JONES, 2007). podem gerar dores a longo prazo (CHAFIN,
O uso compulsivo do álcool por mulheres têm ANDERSSON, MARTIN, 2001).
sido investigado como significativo, especialmente No campo da Educação Física, entendemos que
associado aos processos inflamatórios teciduais que a prevenção das dores musculoesqueléticas de origem
ele ocasiona em usuários crônicos (PÕLLUSTE et al., ocupacional é de suma importância e que a adoção de

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mudanças favoráveis no estilo de vida, tal como a ao perfil dos colaboradores parecem ser medidas
prática regular de exercícios físicos aeróbicos de interessantes para prevenção das dores e
moderada intensidade e exercícios físicos de promoção da qualidade de vida nos postos de
intensidade elevada, podem colaborar com a redução trabalho.
destas queixas, seja no contexto do trabalho, como AGRADECIMENTOS
também nas atividades de vida diária. Agradecemos a todas as servidoras de limpeza da
Segundo Chafin, Andersson, Martin (2001), as UFG/RC que fizeram parte deste estudo.
dores associadas ao trabalho podem ser prevenidas por
meios de intervenção pautados em ações
organizacionais e cognitivas. REFERÊNCIAS
Medidas organizacionais devem ser tomadas no CHAFIN, D. B.; ANDERSSON, G. B. J; MARTIN,
ato de transmitir o conteúdo, uma boa elaboração de B. J. Biomecânica Ocupacional. Belo Horizonte:
um planejamento, organizar o tempo do trabalho, Ergo, 2001.
acrescentar intervalos de descanso, conjuntura do
trabalho em equipe, situações que deixam a COUTO, H. A. Como implantar ergonomia na
organização do trabalho mais coerente para saúde do empresa. A prática dos comitês de ergonomia.
trabalhador. Em seguida, a parte cognitiva refere a Belo Horizonte: Ergo, 2002.
trabalho mental do indivíduo com relacionamento
com equipamentos ou máquinas em que se requer um JOHNSTON, V. et al. Interactive effects from
desempenho diferenciado, o envolvimento do homem selfreported physical and psychosocial factors in the
com o maquinário, contribuindo e prevenindo workplace on neck pain and disability in female office
possíveis danos ao sistema musculoesquelético dos workers. Ergonomics, v.53, n.4, p.:502-513, 2010.
colaboradores (CHAFIN, ANDERSSON, MARTIN,
2001; COUTO, 2002). MCBETH, J.; JONES, K. Epidemiology of chronic
musculoskeletal pain. Best Pract Res Clin
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Rheumatol, v.21, n.3, p.:403-25, 2007.

Ao final deste estudo verificamos que o estilo de MONTEIRO, M.S.; ALEXANDRE, N.C.A.;
vida inadequado, especialmente relacionado ao RODRIGUES, C.M. Doenças músculo-esqueléticas,
sedentarismo e a má alimentação foram referidos trabalho-esqueléticas, trabalho e estilo de vida entre
pelas participantes como fatores que apresentam trabalhadores de estilo de uma instituição pública de
associação direta com as dores musculoesqueléticas saúde. Rev. esc. enferm. USP, v..40, n.1, São Paulo,
na coluna vertebral e nos ombros durante a execução Mar. 2006.
das funções laborais.
Outros fatores atrelados a esse processo dizem PÕLLUSTE, K., et al. Adverse lifestyle and
respeito ao uso compulsivo de álcool e tabaco, a healthrelated quality of life: gender differences in
presença de cicatrizes em região abdominal e a patients with and without chronic conditions. Scand J
associação com doenças crônicas do tipo hipertensão Public Health, v.44, p.:209–16, 2016.
arterial e diabetes mellitus.
Entendemos que esta pesquisa realizou uma
POZZOBON, D. et al. Is there an association between
avaliação generalista e que demandaria de um estudo
diabetes and neck and back pain? A systematic review
quase-experimental com maior controle das variáveis
with meta-analyses. Plos One, fev., 2019.
relacionadas ao estilo de vida para atribuir
quantitativamente a significância desses elementos
SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA –
sobre as dores referidas nas profissionais de limpeza
SBC. 7ª Diretriz Brasileira de hipertensão arterial.
da UFG/RC.
Arq. Bras. Card., v. 107, n.3, sup.3, 2016.
De outra parte, estamos convencidos de que a
adoção de um estilo de vida favorável, especialmente
VIEIRA, E. R.; ALBUQUERQUE-OLIVEIRA, P.R.;
atrelado a atividades físicas regulares, boa
BARBOSA-BRANCO, A. Work disability benefits
alimentação, abandono do tabaco e álcool, além do
due to musculoskeletal disorders among Brazilian
controle do estresse e bom convívio social, podem ser
private sector workers. BMJ Open, v.21, 2011.
elementos importantes para prevenção de dores
musculoesqueléticas. Tal comportamento associado a
ações de melhorias dos postos de trabalho, com RESPONSABILIDADE AUTORAL
mudanças organizacionais e cognitivas que se ajustem “Os autores são os únicos responsáveis pelo conteúdo
deste trabalho”.

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LITERATURA COMO FONTE DE (R)EXISTÊNCIA: HOMOFOBIA
FAMILIAR NA NARRATIVA JUVENIL UM MILHÃO DE FINAIS
FELIZES (2018), DE VITOR MARTINS1

Carrijo, Silvana Augusta Barbosa. E-mail: silvana.carrijo@gmail.com2


Amorim, Yuri Pereira de. E-mail: yuriamorim123@hotmail.com2
2
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Letras e
Linguística

Resumo: Partindo do pressuposto de que a literatura é uma área de conhecimento capaz de versar sobre temas
tabus de forma poética e plurissignificativa, o presente estudo objetiva discorrer sobre a homofobia familiar
vivenciada por Jonas no romance juvenil “Um milhão de finais felizes”, escrito por Vitor Martins em 2018. A
metodologia empregada para produção e desenvolvimento do artigo foi a descritivo-analítica, isto é, após leitura
do livro, foi selecionado material teórico que abordasse a temática de gênero e sexualidade, concomitantemente
com estudos voltados ao campo literário; em sequência, foram recolhidos trechos do exemplar que aludissem ao
âmbito da intolerância familiar; por fim, foram feitas às análises, percorrendo um trajeto dedutivo e
interpretativo. O referencial teórico adotado perpassou trabalhos elaborados por AZEVEDO (2004), CANDIDO
(2004), MOTT (2002), FACCO (2009) e outros. Os resultados obtidos foram: notabilidade ao grupo LGBTQ+
(lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, “quuers” e mais), classe frequentemente desrespeitada; colaboração às
pesquisas literárias que exploram o campo da homo(sexualidade) e valorização à obra de Vitor Martins, que
desenvolve um enredo significativo e poético.

Palavras-chave: Literatura Juvenil. “Um milhão de finais felizes”. Intolerância familiar.


__________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO narrativa do adolescente. Escrito por Vitor Martins e


lançado pela editora Globo Alt em 2018, o romance,
desenvolvido por um narrador autodiegético, exibe a
Na cultura ocidental contemporânea, assuntos história de Jonas, um garoto lidando com o
voltados ao campo de gênero, sexualidade e descobrimento de sua sexualidade e dividindo o
identidade tem ganhado cada vez mais espaço dentro tempo entre o trabalho e a escrita de seu primeiro
da sociedade. Uma das instâncias que tem discorrido livro, Piratas gays. A história revela ainda a vida de
sobre a temática tem sido a literatura, que ao fazer um pai extremamente opressor e de uma mãe
manuseio dos diversos recursos estéticos da língua, intensamente religiosa.
apresenta ao leitor, via discurso de ficção, a realidade Sob essa perspectiva, para o desenvolvimento do
de muitos sujeitos LGBTQs+3 (lésbiscas, gays, artigo, foram utilizados estudos propostos por
bissexuais, transexuais, queers e mais), classe Azevedo (2004), Candido (2004), Mott (2002),
demasiadamente marginalizada. Mais do que isso, a Facco (2009) e Borrilo (2010), quer dizer, trabalhos
linguagem literária, ao abordar conflitos inerentes ao que versam sobre a temática de literatura e de
grupo, proporciona que os leitores passem pelo (homo)sexualidade. Com relação à preferência pelo
processo de identificação e purificação, no que se tema, ele se firma em três motivos: o primeiro, pelo
relaciona a esfera da humanização. fato de que, ainda hoje, a homossexualidade (e outras
Desse modo, o presente trabalho tem como sexualidades) continua, regularmente, sendo vista
finalidade discursar sobre a intolerância suportada pelo viés do preconceito e do desrespeito; o segundo,
pelo personagem principal em Um milhão de finais para expor a escrita poética de Vitor Martins (2018),
felizes. Mais detalhadamente, objetiva-se apresentar que ao mesmo tempo que denuncia a homofobia,
os modos pelos quais a homofobia perpassa a possibilita momentos de catarse e reconhecimento; o

1Algumas considerações, revistas para o presente texto, foram inicialmente desenvolvidas em AMORIM, Yuri Pereira de; CARRIJO, Silvana
Augusta Barbosa. A literatura sai do armário: o luto simbólico e a intolerância familiar em "Um milhão de finais felizes", artigo publicado
na Revista Interfaces, disponível em: https://revistas.unicentro.br/index.php/revista_interfaces/article/view/6038/4133.
3Os autores utilizam essa nomenclatura, pois acreditam dar visibilidade às mais diversas sexualidades e identidades.

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último, para expressar que a literatura promove e Sob essa perspectiva, Ricardo Azevedo (2004)
oportuniza pesquisas em variadas áreas, sendo uma em seu texto Formação de leitores e razões para a
delas, no setor da sexualidade. literatura, após apresentar algumas distinções entre
À lume dessa apresentação, o texto encontra-se a linguagem didática e a linguagem literária,
esquematizado da seguinte forma: na primeira seção, expondo a inclinação de cada uma (a primeira para
foi dissertado sobre a importância da literatura com a objetividade e a segunda para com a
enquanto elemento formador de indivíduos críticos e subjetividade), elucida que, a ficção, ao usufruir dos
empáticos; no segundo item, foi apresentada a recursos estéticos e linguísticos da língua, costuma
metodologia utilizada neste trabalho; no terceiro tratar de temas inerentes à condição humana de
tópico, o foco voltou-se à questões sobre homofobia, maneira plurissignificativa, assunto ignorado pelos
conjuntamente com análises do corpus; em textos informativos, em razão de seu compromisso
sequência, foram feitas às considerações finais, com a transparência e com a clareza.
expondo a relevância do assunto no meio acadêmico; Desse modo, ainda em conformidade com o
por fim, fez-se os agradecimentos. autor supracitado, a história inventada pode
transcorrer sobre uma série de assuntos metafísicos,
tais como: a busca do autoconhecimento, a tentativa
2. METODOLOGIA de compreender nossa identidade, a morte, a
sexualidade, e tantos outros (AZEVEDO, 2004).
Para o desenvolvimento do trabalho, foi Assim, em conformidade com essa concepção,
empregada a metodologia descritivo-analítica de se faz relevante associar às ideias do teórico às de
cunho interpretativo e dedutivo, sendo que outros Candido (2004), quando o autor, em seu texto O
leitores podem conceber e constituir análises direito à literatura, desenvolve o conceito de
distintas das propostas pelos autores deste estudo. literatura humanizadora. Para o crítico literário, a
Logo, para alcançar os resultados, o artigo se pautou humanização é:
em três etapas, que serão descritas à frente.
[...] o processo que confirma
No primeiro instante, partindo da hipótese de no homem traços que
que a homossexualidade ainda é vista como reputamos essenciais, como o
sexualidade desviante, o texto fez a leitura do livro exercício da reflexão, a
juvenil Um milhão de finais felizes (2018), bem aquisição do saber, a boa
disposição para com o
como de aporte teórico que aludisse ao campo da próximo, o afinamento das
literatura, enquanto fonte de humanização e de emoções, a capacidade de
estudos sobre intolerância à homossexualidade, na pensar nos problemas da vida,
tentativa de validar a suposição supracitada. o senso de beleza, a percepção
da complexidade do mundo e
Em sequência, após seleção e revisão do dos seres, o cultivo do humor.
material coletado, foram elegidos trechos da obra de A literatura desenvolve em
Vitor Martins (2018) que melhor abordassem a nós a quota de humanidade na
homofobia familiar sustentada por Jonas. medida em que nos torna mais
compreensivos e abertos para
Na última etapa, foram feitas as análises do a natureza, a sociedade, o
material recolhido, expondo duas concepções de semelhante (CANDIDO,
homofobia: a verbal e a física. 2004, p. 180).

Dessa forma, em contato com o texto literário, o


3. RESULTADOS E DISCUSSÃO leitor, ao mesmo tempo que conhece conflitos
relativos aos personagens de ficção, passa a ter
empatia e identificação com o próximo, respeitando
3.1 A literatura tocando a alma suas dores e limitações. Para além do outro, ele passa
a ter entendimento de seus embates, outrora não
O discurso de ficção, ao fazer manejo de assimilados de forma satisfatória.
diversas estratégias literárias, na tentativa de atingir Tendo discorrido sobre a importância do texto
diferentes leitores, mais do que desenvolver o senso literário no processo de humanização do sujeito, faz-
crítico e criativo do indivíduo, oportuniza que ele se necessário, antes de partirmos para a próxima
passe por instantes de reflexões, identificação e seção, examinar alguns elementos estéticos
catarse, se tornando um sujeito melhor para consigo manejados por Vitor Martins (2018) responsáveis
e para com o outrem. Sendo assim, o presente tópico por imprimir literariedade a sua obra. Um dos
objetiva discorrer sobre o processo de humanização componentes que merecem destaque é a escolha da
ocasionado e suscitado pelo texto de literatura. narração autodiegética. Ao optar pela escrita em
primeira pessoa, o autor permite que o leitor se torne

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íntimo de Jonas, afinal, todos os conflitos rodeiam a preconceito, define a homofobia como uma “atitude
trajetória do personagem. de hostilidade contra as/os homossexuais: portanto,
A preferência por esse modo de narração homens ou mulheres”. Para além desse
permite ainda que os indivíduos que acompanham o entendimento, o autor explica que a homofobia se
roteiro do protagonista passem a ter conhecimento manifesta quando o sujeito possui medo de que a
de suas dores, paixões, medos, opiniões e realidade, homossexualidade passe a ser reconhecida e
logo, muitos podem e se identificam com o respeitada dentro da instância coletiva. Logo, tal
adolescente, já que os seus conflitos se assemelham comportamento é enunciado via injúrias, insultos e
aos de muitos jovens da realidade. Outra agressões (BORRILO, 2010).
característica envolvente empregada por Martins em Portanto, a homofobia pode ser apreendida
Um milhão de finais (2018), é a combinação de como o medo ou ódio voltado àqueles que se
vocábulos, transformando acontecimentos habituais relacionam com indivíduos do mesmo sexo,
em passagens poéticas. Uma dessas cenas ocorre podendo ser proferida de diversas maneiras, tanto
quando Jonas, após ter um diálogo com uma amiga verbais quanto físicas.
sobre sua sexualidade, voltando para casa, tem o Para além disso, ao ponderar sobre a repressão
seguinte pensamento: contra sujeitos homossexuais, se faz essencial
entender que, para o grupo LGBTQ+, diferente das
Algumas pessoas na rua outras minorias, o preconceito começa dentro de
começam a tirar os guarda-
casa. Nas palavras de Mott (2002):
chuvas de suas bolsas, mas
ninguém abre ainda porque a
Enquanto para os membros
chuva não começou. É assim
das demais minorias sociais, a
que eu me sinto por dentro. Eu
família constitui o principal
sei que a tempestade vai
grupo de apoio no
começar a qualquer momento,
afastamento da discriminação
mas ainda é cedo para me
praticada pela sociedade
proteger. Não tem uma gota
global, no caso dos
sequer caindo, mas o céu não
homossexuais é no próprio lar
me engana. Eu sei que vai
onde a opressão e a
chover a qualquer instante
intolerância fazem-se sentir
(MARTINS, 2018, p. 254).
mais fortes (MOTT, 2002, p.
147).
Nesta parte do enredo, tendo sido estabelecido
um laço entre Jonas e o leitor, a narrativa promove o Sendo assim, ainda que a realidade seja
processo de humanização supramencionado, pois os desfavorável para outras classes marginalizadas,
sujeitos, mais do que refletirem sobre a condição do para os homossexuais (e LGBTQs+ em geral) é pior,
personagem, simpatizam-se com ele, torcendo para pois, para eles, não é comum ter apoio familiar.
que o garoto consiga resolver seus confrontos de Lúcia Facco (2009, 75), em seu exemplar Era uma
forma serena. vez um casal diferente: a temática homossexual na
Desse modo, tendo debatido sobre o poder da educação literária infanto-juvenil, explica que
literatura, parte-se agora para elucidação de teorias “muitas famílias expulsam os jovens de casa e, em
que servirão de base para análises do corpus deste casos extremos, podem chegar a mata-los”.
artigo. Desta forma, havendo relatado algumas
consequências da homofobia e seu efeito no cenário
3.2 Para além do final feliz: percorrendo as familiar, o texto parte para as análises.
nuances da homofobia familiar Certo dia, Jonas, voltando para casa com um de
seus melhores amigos (Danilo), recorda de um
episódio envolvendo o seu pai (Alberto), no qual,
Tendo em vista que o texto literário está apto a este solicitava ao filho que retirasse uma gravata,
discursar sobre temáticas do cotidiano real de forma devido à cor:
poética e sensível, esta seção se dedicará a refletir
sobre a homofobia familiar vivenciada pelo Estávamos perto da formatura
personagem principal em Um milhão de finais felizes do terceiro ano e eu tive uma
discussão feia com meu pai
(2018). porque comprei uma gravata
Para tanto, antes de ir ao encontro das análises, lilás e ele não queria me
o tópico refletirá sobre a concepção de homofobia e deixar usar aquela “cor de
seu efeito dentro do ambiente familiar. É preciso viadinho”. Danilo sempre foi
muito bom para escutar, mas,
reforçar que o estudo fará exposição de dois modos na cabeça dele, o
de intolerância: a verbal e a física. comportamento do meu pai
Perante essa compreensão, Borrilo (2010, p. 13) não fazia o menor sentido.
em seu livro Homofobia: história e crítica de um Provavelmente porque os pais
dele são muito diferentes dos

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meus (MARTINS, 2018, p. estratégias literárias para atingir o indivíduo que
120). folheia a história do adolescente.
Neste momento, ao se recordar do pai, o Assim, para concluir o tópico, é pertinente
adolescente expõe algumas características de explicar que durante toda a narrativa, o pai de Jonas
Alberto: um homem com personalidade intolerante e permanece o mesmo, desrespeitando e ignorando à
prepotente. Assim, ao dizer que o filho não deveria sexualidade do filho. Por outro lado, a mãe passa a
utilizar a cor lilás por ser considerada de ‘viadinho’, aceitá-lo, empenhando-se para respeitar e
ele não só conduz a categoria de cores à esfera compreender sua sexualidade.
biológica, como sustenta a marginalização sofrida 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
pelos sujeitos homossexuais, os colocando em uma
situação pejorativa. Com base na obra analisada, Um milhão de
Portanto, Jonas vivencia o primeiro tipo de finais felizes (2018), foi possível alcançar os
homofobia por parte do pai: a de cunho de verbal. resultados esperados, ao mesmo tempo que as
Apesar de não desferir nenhum ataque físico ao justificativas iniciais foram validadas, constatando
filho, Alberto desdenhou os homens gays, os que a literatura, mais do que criar enredos
tratando com descaso. plurissignificativos e poéticos, consegue denunciar
Concebida a análise de homofobia verbal, práticas da realidade, como ocorre no enredo de
busca-se agora apresentar a de aspecto físico. Jonas, Jonas, elaborado por Vitor Martins.
certa noite, ao se despedir de Arthur (seu namorado) Desse modo, é admissível afirmar que o texto
com um beijo, próximo à sua residência, vai embora. literário não só fomenta o debate de temas restritos e
Dentro de casa, ele é surpreendido com os pais à sua de cunho social, como beneficia a humanização do
espera, após terem presenciando a troca de carinho sujeito-leitor, que passa a ter conhecimento de
entre o protagonista e o companheiro. conflitos do outro e dele próprio. Assim, o presente
O adolescente, em aflito, suplica para que eles texto, simultaneamente com a busca de aspectos
conversem em outra ocasião, quando todos significativos no texto literário produzido por
estiverem calmos, no entanto, sua solicitação não é Martins (2018), explanou as consequências da
atendida e, em meio à discussão, Alberto, não homofobia familiar, dando enfoque aos filhos
satisfeito em insultar o filho, acaba desferindo um acometidos por ela.
tapa em seu rosto: Sob essa perspectiva, tendo verificado os
[...] Essa família aqui tem elementos supracitados e alcançado a hipótese
vergonha de você. Eu não te inicial, de que a homossexualidade, regularmente, é
quero como família. Sua desrespeitada e colocada em situação de
bicha!
inferioridade, o trabalho se torna pertinente para o
E ao som da última ofensa,
sua mão desce com força no meio acadêmico, pois, além de valorizar a literatura
meu rosto. Não é um tapa enquanto função humanizadora, fornece
barulhento. É silencioso e acessibilidade aos estudos de gênero e sexualidade.
forte, com a intenção de
causar dor. Com o impacto, os
óculos saem do meu rosto e AGRADECIMENTOS
caem no canto da sala. Sinto o
rosto queimando no lugar Agradecemos, pois, ao fomento à pesquisa por
onde sua mão me acertou. parte da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Tenho vontade de revidar,
mas sei que bater no meu Pessoal de Nível Superior (CAPES).
próprio pai não ajudaria em
nada nessa situação REFERÊNCIAS
(MARTINS, 2018, p. 266-
267).
AZEVEDO, Ricardo. Formação de leitores e razões
Neste momento, o leitor não só tem contato com para a literatura. São Paulo, 2004. Disponível em:
a homofobia familiar de caráter físico, como passa http://www.ricardoazevedo.com.br/wp/wpcontent/u
pelo processo de purificação, isto é, ao acompanhar, ploads/Formacao-de-leitores.pdf. Acesso em: 29
por meio de leituras, o trajeto de Jonas, ele cria um ago. 2019.
vínculo de intimidade com o personagem. Quando o
pai o machuca, o leitor desenvolve a catarse, BORRILO, Daniel. Homofobia: história e crítica de
descarregando uma série de sentimentos para com um preconceito. Belo Horizonte: Autêntica, 2010.
Alberto, tais como: raiva, mágoa, tristeza, entre
CANDIDO, Antonio. O direito à literatura.
outros.
In:______. Vários escritos. São Paulo: Duas
Desse modo, o romance, concomitantemente
Cidades, 2004.
com reflexões acerca da homofobia, utiliza-se de

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FACCO, Lúcia. Era uma vez um casal diferente: a
temática homossexual na educação literária
infantojuvenil. 1. ed. São Paulo: Summus Editorial,
2009. 295 p. v. 1.

MARTINS, Vitor. Um milhão de finais felizes. 1. ed.


Rio de Janeiro: Globo Alt, 2018. 352 p. v. 1.

MOTT, Luiz. Por que os homossexuais são os mais


odiados dentre todas as minorias?. In: CORRÊA,
Mariza et al. Gênero & Cidadania. São Paulo:
Coleção Encontros, 2002. Disponível em:
http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/
?down=50798. Acesso em: 30 ago. 2019.

RESPONSABILIDADE AUTORAL

“O(s) autor(es) é(são) o(s) único(s)


responsável(is) pelo conteúdo deste trabalho”.

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MAQUETE TÁTIL DE FENÔNEMOS FISICOS PARA ALUNOS COM
DEFICIÊNCIA VISUAL

PEREIRA/ Ana Rita, anaritapr@gmail.com


PAULA, Wellington Barboza, bwellington308@gmail.com
SILVA, Marciel Ferreira Olimpio1
FILHO, Mironaldo Batista Mota2

1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Física
2
Instituto Federal Goiano/Campus Catalão

Resumo: Recorrente ao aumento exponencial de pessoas com deficiência matriculados em instituições de


ensino regular e a escassez de materiais que atendam as suas necessidades, torna-se cada vez mais urgente uma
implementação nas práticas pedagógicas utilizadas em sala de aula que atendam a esses alunos. Com isso, é
primordial e urgente o avanço das metodologias de ensino - aprendizagem que englobem didaticamente a todos
os discentes com deficiências e sem, criando e adaptando novos métodos e materiais a serem utilizados. A partir
de estudos e observações, surgiu o programa Mundo sem Luz, ou seja, uma alternativa de implementação e
construção de maquetes tátil-visuais, que podem ser utilizados tanto para alunos videntes (reforçando a imagem
de determinado assunto em sua mente) como para alunos com deficência visual (que ao ter contato com um objeto
que ele não tem conhecimento de como seja, passa a criar um mapa mental sobre determinada coisa a partir do
tato), atendendo assim as individualidades de ambos os casos. A utilização das maquetes táteis traz um dinamismo
na construção de um conceito fisico, e proporciona verdadeiramente a inclusão do aluno, bem como favorece a
imaginação de quem está desenvolvendo o projeto, colocando dinâmica nas aulas e incluindo todos os alunos no
processo de ensino.

Palavras-chave: deficiência visual. Inclusão. Ensino de física.

__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO construção de seus modelos mentais e no


entendimento dos conceitos físicos.
Segundo a Constituição Brasileira, nos seus
A questão é: “Como ensinar física a um artigos 205 e 206, presentes no capítulo III, que se
aluno cego?’’ Primeiramente é preciso entender que referem sobre a educação, cultura e desporto, a
todos os indivíduos, como seres sociais, aprendem de educação é um direito de todos e dever do Estado e
maneiras diferentes, tendo alguma deficiência ou não. da família, devendo ser ministrado em igualdade de
No caso das pessoas com DV, é imprescindível usar condições para o acesso e permanência na escola
estratégias de ensino diferenciadas que as auxiliem na (BRASIL, 1988). Dessa forma, é importante que as

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metodologias existentes sejam compatíveis com as Educação de Pessoas com Deficiência Visual
necessidades dos alunos presentes dentro das salas de (ICEVI), tal deficiência possui dois grupos: baixa
aula e assim permitam que a aprendizagem seja visão (ou visão subnormal) e cegueira.
possível de forma uniforme. Enfatiza ainda que as No Brasil, segundo dados do IBGE de 2010,
necessidades dessas crianças e jovens devem ser existem mais de 6,5 milhões de pessoas que
atendidas, através de uma organização específica e da apresentam alguma deficiência visual grave. Desse
capacitação dos professores, para a integração desses total: cerca de 530 mil pessoas são cegas e mais de
alunos nas salas comuns. E nesse sentido as 6.056.000 pessoas possuem grande dificuldade
instituições de ensino público devem atuar como permanente de enxergar (baixa visão ou visão
espaço de mudanças e agir para a inserção efetiva subnormal). Ou seja, temos mais de meio milhão de
desses alunos em seu ambiente. brasileiros que são cegos e assim vivem num mundo
Atualmente possuímos órgãos “sem luz”. Fazemos essa analogia, “vivendo num
governamentais nacionais e internacionais que ao se mundo sem luz”, porque o ano de 2015 foi escolhido
referirem a inclusão usam o termo integração. Se pela ONU como o Ano Internacional da Luz.
antigamente trabalhava-se no ponto de vista que todos Devido a essa realidade, várias propostas
são iguais (pensamento integrador), no presente, têm surgido nos últimos anos para abordar os diversos
torna-se necessário o enfoque no diferente (ideia temas do conhecimento de forma a tornar o ensino e
inclusiva). Como tratar a diferença no cotidiano se, na a aprendizagem efetivos (SANTOS & MANGA,
escola, ainda se trabalha com ideia de integrar e não 2009; SCHWAHN & ANDRADE NETO, 2011). No
incluir? Segundo Camargo: entanto essas propostas, apesar de serem importantes,
não devem apenas focar em um tipo de deficiência
“Na lógica da inclusão, elas precisam considerar o maior número de
as diferenças individuais possibilidades. Um material didático originalmente
são reconhecidas e pensado para alunos com deficiência visual pode se
aceitas e constituem a tornar, por exemplo, um excelente recurso para
base para a construção alunos com deficiência auditiva.
de uma inovadora Porém, o Ensino das Ciências Naturais se
abordagem pedagógica” apoia fortemente no uso de representações visuais. Na
(CAMARGO, SILVA sala de aula, o professor dificilmente consegue
2003). dissociar a explicação de um fenômeno físico de uma
representação no quadro. Nas aulas de Física, em
A integração das pessoas com deficiência especial, uma característica muito comum é o uso
nas classes regulares se faz presente a partir da visão desenhos, diagramas, gráficos, tabelas, além de outras
sociointeracionista de Vygotsky, onde o representações visuais. São recursos não verbais que
conhecimento é construído na interação entre o aparecem junto a textos para potencializar a
sujeito e o objeto, mas mediado socialmente. Nessa compreensão e assimilação do estudante. Contudo,
concepção, a interação entre alunos com e sem essas representações visuais não suprem a
deficiência num mesmo ambiente é de suma necessidade de aprendizado do aluno com DV,
importância, pois possibilita a troca de experiências dificultando dessa maneira, o aprendizado do
entre os mesmos. Segundo o Censo de 2014 estudante.
(BRASIL, 2014), existem matriculados na educação “[...] é compreensível
básica no Brasil, cerca de 900 mil alunos com que os estudantes com
necessidades educacionais especiais, sendo que deficiência visual
destes, cerca de 699.000 estão matriculadas nas tenham grandes
escolas regulares. dificuldades com a
Dentre as deficiências existentes vamos sistemática do Ensino de
focar a deficiência visual (DV). A deficiência visual Física atual visto que o
está associada ao estado irreversível da diminuição da mesmo invariavelmente
capacidade visual de uma pessoa, ocasionada por fundamenta-se em
fatores congênitos ou ambientais, que se mantém referenciais funcionais
mesmo após a realização de procedimentos clínicos, visuais” (CAMARGO,
cirúrgicos e/ou com o uso de auxílios ópticos. SILVA, 2003).
Segundo as propostas da Organização Mundial da
Saúde (OMS) e o Conselho Internacional de

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Embora um aluno DV tenha uma maneira Se colocar no lugar do aluno D.V e imaginar
diferente de compreender o mundo, sua capacidade como ele de fato vai perceber o fenômeno físico é
de aprender não é inferior. Temos que incluí-lo e para extremante relevante, tocar, sentir, ver com os olhos
isso faz-se necessário utilizar ferramentas que fechados, a partir dos sentidos, além da visão. A
atendam às suas especificidades, mudando o seu percepção de um vidente é diferente dos alunos com
referencial observacional para o tátil, auditivo ou D.V, dessa forma, precisa -se atentar que a maneira
sinestésico. como ele enxerga está além dos seus olhos, portanto,
Azevedo afirma: ensinar física a um aluno com deficiência visual,
“Sabemos que o aluno precisa distorcer a física visual para uma física
portador de deficiência sensorial tátil e auditiva. Os materiais necessários
visual enxerga o mundo para a criação pode ser qualquer produto que seja
com as mãos, isto é, maleável, leve, possua texturas e seja possível a
utilizando o sentido do formação de relevos.
tato, assim é importante
que o material didático 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
seja desenvolvido em
alto relevo” O processo de ensino – aprendizagem é um
(AZEVEDO, 2012). direito de todos, e é primordial que sejam
providenciados recursos didáticos para ensinar alunos
Logo os professores devem criar ou adaptar que tenham quaisquer deficiências, bem como
materiais para propiciar, ao aluno com deficiência monitores, em escolas públicas e privadas, que
visual, a observação e/ou representação dos auxiliem o professor a passar o conteúdo, facilitando
fenômenos físicos abordados, de forma a auxiliá-lo a o processo de ensino.
entender as explicações sobre o assunto estudado. O projeto “Mundo Sem Luz” é umas das
Isso pode ser feito utilizando, por exemplo, material ações da Experimentoteca de Física da UFG –
em alto relevo, escrita em Braille, quadros Regional Catalão, onde é um laboratório que atua na
magnéticos e material de baixo custo (AZEVEDO, popularização e discussão da ciência na região de
2012; CAMARGO, 2007). Catalão. Nesse espaço são pensadas, elaboradas e
montadas diversas maquetes para serem suporte aos
professores de escolas regulares em seu trabalho com
2. METODOLOGIA alunos DV.
O trabalho se desenvolve com a participação
Este trabalho é oriundo de uma vasta de alunos com DV, para o melhor aprimoramento do
investigação teórica de pesquisas dentro da área de material produzido, que nos ajuda dizendo se de fato
ensino de ciências e metodologias inclusiva, que está acessível o material e o que se deve melhorar.
auxiliem na formação educacional de alunos com Todos os produtos realizados ficam no espaço e são
deficiência visual, incluindo baixa visão e cegueira. utilizados em sala de aula, quando se tem a
O objetivo foco da procura para desenvolver a necessidade.
atividade, são estudos que contenham relatos da Apesar de a maquete ser considerada um
criação de maquetes táteis que descrevam recurso didático voltado apenas para alunos com
simbolicamente fenômenos físicos, visto que a deficiência visual, elas têm grande importância como
abordagem principal do trabalho é a criação de recurso visual no ensino de surdos e videntes, pois,
produtos que contribuam na formação cognitiva na como já dito, sua comunicação é gestual-visual e tátil,
escola tanto de alunos com D.V quanto alunos ou seja, através da maquete é possível visualizar o
videntes em relação a conteúdos de física. fenômeno primeiro e assim compreender os conceitos
A criação da maquete tátil de um fenômeno propostos de forma adequada posteriormente ou
físico, para ser elaborada, necessita primeiramente do paralelamente a manipulação da maquete. Vale
estudo de um determinado conceito físico que deseja lembrar que mesmo para os surdos e videntes que
ser feito. Observar minuciosamente como é utilizam a libras na comunicação, recursos visuais são
fisicamente o comportamento, quais são suas elementos muito importantes para complementar essa
características e se é possível a representação de comunicação, dessa maneira, se torna claro que
forma original. Pois é de suma importância que no maquete tátil, inclui todas as diversidades, além de ser
momento da criação do material se tenha em mente um ótimo apoio educacional dentro de sala de aula.
que os usuários percebam o que se deseja passar.

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Verifica-se que um aluno com deficiência Ao CNPQ, ao Instituto TIM, a UFG e a FAPEG pelo
visual obtém mais informações ao explorar as apoio financeiro.
maquetes em relevo: pois auxilia-lo na construção de
seus modelos mentais acerca dos fenômenos físicos. A todos do laboratório Experimentoteca de física, que
Por exemplo, quando um indivíduo nasce cego, ele auxiliam na montagem das maquetes táteis.
não possui memória visual nenhuma; ele estabelece
padrões através de tato e da audição. Um grande REFERÊNCIAS
desafio para os docentes é criar esse padrão, de ANDRADE, M.L.; LIBARDI, H. Inscrições
maneira coerente, para que o aluno entenda o que está didáticas adaptadas para estudantes cegos:
sendo ministrado. Porque dentro da sala de aula é exemplo em uma unidade didática de circuitos
importante todos os sentidos para captar a mensagem elétricos. XXII Simpósio Nacional Ensino de Física-
do conteúdo, mas aparentemente o da visão é o que RJ, Rio de Janeiro:2011.
predomina.
AZEVEDO, A. C. Utilizando material didático
adaptado para deficientes visuais. Produto
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Educacional. Programa de Pós-Graduação em Ensino
de Física. Rio de Janeiro, UFRJ; 2012.
Há uma carência enorme de profissionais
dentro do ambiente escolar para auxiliar e orientar BRASIL, Lei de Diretrizes e Bases da Educação,
alunos que sofrem problemas como depressão, Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Disponível
ansiedade, autismo ou alguma deficiência física ou em: <portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf>.
mental, resultando em um acréscimo notável de Acesso em: 01/03/2019.
adolescentes que abandonam os estudos ou que se BRASIL, Ministério da Educação. Censo escolar.
suicidam. É dever do Estado garantir livre acesso, 2014. Disponível em
indiferente de raça, religião ou classe social; bem <http://www.inep.gov.br/basica/censo/Escolar/Sinop
como deve-se proporcionar estruturas de ensino para se/sinopse.asp>. Acesso em 01/03/2019.
alunos com deficiência.
Por isso é importante confeccionar as CAMARGO, E. P., Ensino de óptica para alunos
maquetes em auto – relevo, pois além de ajudar a criar cegos: possibilidades – 1ª edição – Curitiba, PR:
um padrão mental a respeito de determinado CRV, 2011. ------, Ensino de Física para alunos cegos
fenômeno físico, também contribui para o ou com baixa visão. Física na Escola, v. 8, n. 1, 2007.
entendimento da matéria. Mas o uso das maquetes
CAMARGO, E. P., SILVA, D., Atividade e
táteis - visuais auxilia também o aprendizado dos
Material Didático para o ensino de Física de
alunos videntes, tanto na construção do projeto onde
Alunos com Deficiência Visual: Queda dos objetos,
estudamos todos os aspectos físicos e materiais
In: Anais eletrônicos: Atas do IV Encontro Nacional
daquele material, quanto no entendimento dos
de Pesquisa em Educação em Ciência, Bauru - SP,
conceitos representados, o que contribui para
2003
melhorar a qualidade e o interesse pelo ensino da
Física. SANTOS, C.R.; MANGA, V. P.B.B., Deficiência
Para finalizar, ressaltamos a importância de visual e ensino de biologia: pressupostos inclusivos.
se acreditar na inclusão como linha para garantir a Revista FACEVV, n. 3, p. 13- 22, 2009.
valorização da diversidade humana. Com ela,
podemos fazer com que todos tenham a capacidade
de aprender, convivendo juntos em um mesmo espaço RESPONSABILIDADE AUTORAL
democrático, igualitário e justo, que deve ser a escola
pública.
“O(s) autor(es) é(são) o(s) único(s) responsável(is)
pelo conteúdo deste trabalho”.
AGRADECIMENTOS

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MOBILIDADE URBANA E APLICATIVOS DE TRANSPORTE: UM
OLHAR SOBRE CATALÃO/GO
Almeida, Emerson Gervásio de, emersongervasio@ufg.br
Oliveira, Nadyne Furquim Goulart de, nadyfurquim@gmail.com1
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Engenharia

Resumo: A mobilidade urbana é responsável por garantir o deslocamento das pessoas e de mercadorias em
qualquer espaço urbano, e isso deve ocorrer de maneira segura e sem que haja prejuízos. Com o passar dos anos,
ocorreu um grande crescimento populacional nas cidades e com ele as condições de locomoção da população
foram deixando a desejar, uma vez que este crescimento não foi acompanhado com mudanças na área de
planejamento urbano e mobilidade urbana, o que acabou gerando problemas de trânsito e também na forma como
a população se locomove. A população que não possui carro próprio se locomove através de transporte público,
em cidades menores, como no caso de Catalão e esse transporte ocorre por ônibus coletivo, que acabam não
atendendo toda a população, por falta de investimento suficiente. Uma saída para esta situação são os aplicativos
de transporte, que vêm como uma alternativa para as pessoas que não têm seu próprio meio de locomoção, que
não se sentem satisfeitos com os serviços públicos oferecidos e que procuram se locomover com mais segurança
e sem gastar tanto por isso. Buscando o melhor desenvolvimento do trabalho, a metodologia utilizada foi baseada
em um estudo de caso, no qual foi feita uma revisão bibliográfica concisa visando mostrar os problemas acerca
do tema apresentado.

Palavras-chave: Mobilidade urbana. Planejamento urbano. Aplicativos de transporte. Catalão.


__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO tema, como por exemplo os congestionamentos, que


nos grandes centros urbanos aparece gradativamente.
No decorrer dos anos com o aumento da Mas não é apenas nos grandes centros
população nas cidades e principalmente nos grandes urbanos que aparecem problemas relacionados a
centros urbanos, juntamente com crescente número mobilidade urbana. Em cidades médias, como por
de empresas fabricantes de automóveis que exemplo Catalão, a falta de mobilidade urbana pode
incentivam cada vez mais as pessoas a adquirirem seu ser percebida através do aumento no número de
próprio meio de transporte, a preocupação com a carros que circulam na cidade, principalmente no
mobilidade urbana vem ganhando cada vez mais centro, que geram congestionamentos em horários de
espaço no âmbito brasileiro. Essa situação ressalta um picos, e também através do transporte público que não
contexto de descrédito financeiro com relação aos agrega todos os bairros e acaba prejudicando a
transportes públicos, que têm investimentos população que precisa dele para se locomover
insuficientes, assim como as estruturas de locomoção (MARQUES, ROSA, 2015).
a pé e dessa forma ocorre a exaltação do carro como Tendo em vista o que foi explicado, o
a melhor forma de se locomover, o que acaba gerando presente trabalho irá discorrer sobre mobilidade
problemas como congestionamento. urbana e os problemas enfrentados em cidades de
A mobilidade urbana refere-se às condições médio porte como Catalão – GO, e também
de deslocamento da população e de mercadorias no apresentar soluções para que esta questão seja
espaço geográfico das cidades. O termo é geralmente resolvida, como os aplicativos de transporte que
utilizado para referir-se ao trânsito de veículos e surgiram como uma alternativa para as pessoas que
também de pedestres, seja através do transporte não possuem veículo próprio e que não estão
individual, como carros e motos e também através do satisfeitas com o transporte público oferecido.
uso de transportes coletivos como ônibus e metrôs Outro fator importante relacionado a
(FERRAZ, 2004). mobilidade urbana e aplicativos de transporte é a
Compreender a importância da mobilidade economia financeira e a diminuição na emissão de
urbana é muito importante, uma vez que o atual gases poluentes, uma vez que o usuário de aplicativos
cenário não garante a locomoção da população. Se de transporte deixará de utilizar seu carro próprio, o
não houver interesse nesta área, cada vez mais haverá que acarretará em uma redução de gastos e também
o aparecimento de problemas relacionados a este ajudará a reduzir a quantidade de gases poluentes
lançados no meio ambiente (TYGEL, 2011).

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2. REVISÃO dificulta e coloca em risco a locomoção dos mesmos
(YAMAWAKI e SALVI 2013).
Neste tópico será feita uma revisão teórica Mas não são apenas em cidades grandes que
sobre planejamento urbano, detalhando um pouco o transporte público é importante. Em cidades
sobre transporte público, sobre mobilidade urbana médias, ou seja, cidades com população em torno de
também e sobre os aplicativos de transportes e as 100 mil habitantes, este transporte é de suma
vantagens que eles podem propiciar na cidade de importância pois na grande maioria é ele que garante
Catalão – Go. a locomoção da população, principalmente dos que
moram em áreas mais afastadas e que não tem
2.1. Planejamento Urbano condições de ter o próprio meio de transporte. Esse
exemplo se aplica à cidade de Catalão que é objeto de
Definir planejamento urbano deve-se ter em estudo deste trabalho.
mente que este termo agrega outros termos como Dessa forma, vendo a importância do
desenho urbano, urbanismo e gestão urbana, ou seja, transporte público para percorrer grandes distâncias,
não se pode pensar ou definir planejamento urbano será feito um estudo mais aprofundado do mesmo.
isoladamente, uma vez que este engloba
conhecimentos e metodologias que abrangem 2.1.1. Transporte Público
aspectos da sociologia, economia, geografia, De maneira geral, o transporte público é
engenharia, direito e administração. Ambos visam o definido como um meio de locomoção que é utilizado
estudo da cidade por inteiro, considerando as por muitas pessoas simultaneamente, o que gera um
características físicas, sociais, culturais e econômicas. custo unitário baixo, e sendo o veículo utilizado
Dentre as diferenças apresentadas entre eles, o pertencente a uma empresa. Neste modo de
urbanismo está mais ligado a área de arquitetura, uma locomoção não existe flexibilidade de uso, ou seja, os
vez que este visa as características físico-territoriais itinerários e horários são fixos e as viagens não são
das cidades (DUARTE, 2007). porta-a-porta, tendo o usuário se adaptar a ele
Seguindo o mesmo autor, planejamento (VASCONCELLOS, 2013).
pode ser definido como um conjunto de medidas Ferraz (2004) afirma que a falta de
tomadas para que sejam atingidos os objetivos planejamento compromete a eficiência e a qualidade
almejados, tendo em vista os recursos disponíveis e do transporte coletivo, o que acaba prejudicando a
os fatores externos que podem influir no processo. qualidade de vida da comunidade, podendo provocar
Dessa forma, pode se dizer que o planejamento uma desordem econômica e legal do sistema. Dessa
localiza, reconhece as propensões naturais, ou seja, forma fica claro que a qualidade e eficiência do
local e regionais, estabelecendo as regras de ocupação transporte público nas cidades devem ser
de solo, define as principais estratégias e políticas do contempladas com uma visão ampla do sistema de
município e esclarece as proibições, restrições e transporte e do ambiente urbano. Um transporte
limitações que devem ser observadas para que se público com qualidade e eficiência depende da
possa aumentar a qualidade de vida da população compreensão de cinco requisitos: planejamento,
residente no município. conscientização, gestão, legislação e capacitação.
Outro fator importante para o planejamento Mesmo sabendo que o transporte público
urbano é a distribuição dos usos no território. Uma urbano apresenta suas desvantagens, é de suma
vez que o planejamento urbano age no sentido de importância que ele ainda exista e que continue
concentrar atividades similares, resultará em atendendo a população. Cabe ao poder público de
movimentos pendulares de tráfego, que gera uma cada município buscar benefícios como melhorar a
intensificação de fluxos em um sentido pela manhã e qualidade dos ônibus, abaixar o preço da viagem,
no sentindo inverso ao final do dia. Ou seja, para de porque mesmo não atendendo a necessidade de toda
reduzir deslocamentos, deve haver uma mescla de a população, o transporte público ainda pode ser uma
atividades residenciais e comerciais, juntamente com saída para melhorar a mobilidade urbana nas cidades.
a distribuição de equipamentos públicos
(YAMAWAKI e SALVI 2013). 2.2. Mobilidade Urbana
Tendo em vista o que foi apresentado, em
Brasília se viu uma necessidade maior de transporte
Desde a segunda metade do século passado,
público, uma vez que a maioria dos trabalhadores
houve um crescimento populacional bastante
residiam na periferia e os grandes polos de serviço se
significativo nos centros urbanos, o que acarretou em
localizava mais ao centro, sendo assim as distâncias a
uma transformação rápida no Brasil, ou seja, o país
serem percorridas eram enormes. A locomoção a pé
que tinha uma significativa parte da população com
não é muito viável, uma vez que a capital possui
raízes rurais, passou a ser um país majoritariamente
superquadras no Plano Piloto e ao circular pela cidade
urbano, impactando diretamente as condições de
percebe-se a falta de passeios para os pedestres, o que

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mobilidade da população. Em 2016 foi feito um planejamento da mobilidade urbana nas cidades
estudo que afirma que cerca de 85% da população brasileiras (RUBIM; LEITÃO, 2013).
vivia em centros urbanos, sendo que existem 36 Em meio a todos os problemas citados em
cidades com mais de 500.000 habitantes na rede relação a mobilidade urbana, uma saída encontrada
urbana brasileira, além de quarenta Regiões foram os aplicativos de transporte. Esses aplicativos
Metropolitanas (RMs) ou regiões integradas de surgiram como uma alternativa para pessoas que não
desenvolvimento econômico (Rides) instituídas, 4 possuem carro próprio e que estão insatisfeitas com o
nas quais vivem cerca de 80 milhões de brasileiros transporte público oferecidos em suas cidades.
(mais de 40% da população) (COSTA, 2016). No ano de 2018, tendo em vista as mudanças
Um dos principais problemas gerados é a que ocorreram nos municípios, como surgimento dos
falta de mobilidade urbana. Para Kneib (2012), aplicativos de transporte, foi sancionada a Lei n°
mobilidade urbana está relacionada a capacidade das 13.640/2018 que define o transporte remunerado
pessoas em se deslocarem nas cidades, ou seja, se elas privado individual de passageiros, definição que não
enfrentam congestionamentos, se o transporte público existia na Lei de mobilidade urbana. A definição traz
atende as necessidades da população, entre outros. que esse transporte apresenta serviço remunerado de
Carvalho (2016) afirma que a mobilidade urbana é de transporte de passageiros, não aberto ao público, para
grande importância para o desenvolvimento urbano e a realização de viagens individualizadas ou
qualidade de vida da população, uma vez que compartilhadas solicitadas exclusivamente por
condições de deslocamentos das pessoas e das usuários previamente cadastrados em aplicativos ou
mercadorias nos centros urbanos são essenciais para outras plataformas de comunicação em rede.
a sociedade. Mas por outro lado, acaba gerando Tendo em vista tudo que foi apresentado a
alguns pontos negativos como acidentes, poluição e cerca de mobilidade urbana, o objetivo deste trabalho
congestionamentos, afetando especialmente a vida é compreender os problemas em relação a mobilidade
dos mais pobres, que geralmente moram em regiões urbana no município de Catalão – Goiás. Este
mais distantes das oportunidades urbanas. município localiza-se no sudeste goiano e, possui
De acordo com o Instituto de Pesquisa uma área correspondente a 3778 km². Segundo o
Econômica Aplicada (IPEA) , o nascimento da último CENSO 2018, a população de Catalão (GO) é
indústria automotiva no país, em meados do século de 106.618 pessoas.
passado, foi um dos fatores que impulsionou a forte Apesar de todo crescimento populacional e
urbanização brasileira, o que acabou despertando no econômico apresentado nos últimos anos em Catalão
brasileiro a vontade de possuir o seu próprio veículo, - GO, não houve, por parte dos gestores e
fazendo com que as famílias pudessem ocupar áreas administradores públicos, os mesmos compromissos
mais distantes do território, mesmo que estas áreas com o planejamento da cidade, bem como com um
não contassem com infraestrutura viária e urbana conjunto de políticas públicas direcionadas à
adequada. Ou seja, o carro próprio fazia com que a melhoria da qualidade da vida da população de forma
população pudesse viajar mais, e quando quisesse, efetiva. Com essa falta de planejamento no
sem a dependência dos sistemas de trilhos, bondes e munícipio, a mobilidade urbana fica prejudicada e um
trens, sendo que estes, não davam esta flexibilidade dos fatores que mais a prejudica é o transporte
de operação que caracterizava a incipiente público, que tem sido um direito social pouco
modalidade rodoviária. priorizado pelos gestores e administradores da cidade
Já neste século, mais de 50% dos domicílios (MARQUES; ROSA, 2015).
do Brasil possuem um meio de locomoção, seja ele Seguindo os mesmos autores, as várias
um automóvel ou uma moto. A frota brasileira de reclamações do serviço prestado, como ônibus
veículos apresenta grande crescimento, graças à considerados velhos, sem condições de rodagem,
política de incentivos adotada pelo governo desde a superlotados, sujos, tarifa muito cara, a falta de
década de 1930. Nos últimos dez anos, o número de cobertura de toda a área urbana da cidade de Catalão,
automóveis no país cresceu 138,6%, enquanto a e de sensibilidade dos funcionários da empresa com
população brasileira teve expansão de apenas 12,2% deficientes e idosos , mostram que o transporte
no mesmo período (RUBIM; LEITÃO, 2013). público do município tem sido fortemente criticado
Tendo em vista toda essa problemática em pelos usuários e movimentos sociais da cidade. Esse
torno da falta de mobilidade urbana nas cidades transporte público de baixa qualidade faz com que a
brasileiras, o governo federal interveio através da população não o utilize da maneira que deveria ser.
criação de uma lei acerca do tema. Em janeiro de Uma saída para esta situação são os
2012, e após quase 17 anos de tramitação no aplicativos de transporte que surgiram como uma
Congresso Nacional, o Brasil passou a ter uma alternativa para as pessoas que não estão satisfeitas
Política Nacional de Mobilidade Urbana (PNMU). com os serviços de transporte público oferecidos, que
Instituída pela Lei n°.12.587/2012, a Política define não possuem carro próprio, e que precisam se
as diretrizes que devem orientar a regulamentação e o locomover de forma segura, seja para o trabalho, ou

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para lazer. A seguir serão apresentados alguns Tendo em vista a necessidade de um
aplicativos de transportes, como o Uber que é o mais aplicativo de transporte na cidade em questão,
conhecido mundialmente, e também os aplicativos empresas acabaram levando outros aplicativos para
disponíveis no município de Catalão. Catalão, como Via Urbana, Me Leva e Karona –
Mobilidade Urbana.
2.2.1. Aplicativo Uber
2.2.2. Via Urbana
A primeira aparição da Uber no mercado
O Via Urbana surgiu na cidade de
mundial foi em 2009, nos Estados Unidos. Ela surgiu
Uberlândia – MG e se expandiu para as cidades mais
como um serviço de e-hailing, a fim de conectar
próximas, que é o caso de Catalão. O aplicativo
executivos à motoristas particulares de luxo, sendo
chegou na cidade em fevereiro e já bastante utilizado
que essa é uma das características essenciais do
por da população.
serviço, que assim se propõe até hoje: a Uber não se
Para utilizá-lo primeiramente deve ser feito
apresenta como uma empresa de transporte, mas sim
o cadastro, que é feito rapidamente e de forma
como uma companhia de tecnologia, que liga pessoas
simples, criando um login e uma senha, em seguida
à motoristas particulares. Os termos da versão
deve-se inserir o local de destino e selecionar a forma
brasileira são similares a versão americana,
de pagamento (em Catalão está disponível a opção de
afirmando que a Uber não presta serviços de
pagamento apenas em dinheiro), depois o aplicativo
transporte ou logística, nem funciona como
mostra os dados do motorista escolhido, como
transportadora, e que todos esses serviços de
modelo do carro, placa e também o tempo que ele
transporte ou logística são prestados por prestadores
gastará para encontrar o passageiro. Ao final da
terceiros independentes que não são empregados (as)
corrida, o passageiro pode avaliar o serviço prestado
e nem representantes da Uber, nem de qualquer de
pelo motorista, sendo a nota máxima cinco estrelas.
suas afiliadas (TSCHÁ, 2016).
No Brasil a Uber surgiu em 2014, em quatro
2.2.3. Me Leva
capitais: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e
Brasília. Hoje no Brasil são mais de 50 cidades que O aplicativo Me Leva é uma empresa goiana
usufruem do serviço, sendo que esse número é ainda de tecnologia comprometida com a mobilidade
maior, pois nas RMs apenas as cidades maiores urbana, que fornece além de serviços de viagem, o
aparecem na contagem no site do aplicativo. serviço de entrega de encomendas. A filosofia da
No site da empresa Uber (2019) é empresa é levar mais praticidade para a vida das
apresentado o passo a passo para que possa ser pessoas e levar o crescimento para todos os cantos da
realizada uma viagem com total segurança através do cidade. O aplicativo foi criado em abril de 2018, mas
aplicativo. Primeiramente o usuário abre o aplicativo começou a operar em Catalão em fevereiro deste ano.
e insere seu destino na caixa “Para onde?” na parte De acordo com o site da empresa, o
superior da tela, toca nas opções de viagem para ver aplicativo funciona da seguinte maneira, após ser
o tempo de espera, tipo de carro e preço e, depois de feito o cadastro, o usuário deve selecionar a opção
confirmar o local de partida, toca em Solicitar. Em “Viagem” e inserir seu destino, e a localização atual
seguida o aplicativo encontra um motorista para o do celular sugere a localização atual. Feito isso, o
usuário e o motorista que está nas proximidades usuário visualiza o trajeto e ele pode substituir o
recebe e aceita a solicitação de viagem do usuário, percurso por rotas de sua preferência, e em seguida
então quando estiver faltando um minuto para a aparece o valor a ser cobrado pela viagem. Após essa
chegada do motorista, o usuário recebe um aviso. O etapa aparecerá o modelo do carro, cor, placa, nome
próximo passo é o usuário ir de encontro com o e foto do motorista, se o usuário concordar com o
motorista e assim o motorista e o usuário confirmam motorista apresentado, ele deve confirmar a viagem.
os nomes um do outro e o destino. Depois, o motorista Só entre no veículo se ele estiver de acordo com as
inicia a viagem. Posteriormente o motorista leva o informações do aplicativo. O usuário deve aguardar o
usuário até o destino, sendo que o app oferece motorista no lugar indicado. O pagamento pode ser
instruções detalhadas de trajeto ao motorista. Assim, feito em dinheiro ou cartão de crédito ou débito.
ele só precisa se concentrar em dirigir para que o
usuário aproveite uma viagem confortável. 2.2.4. Karona – Mobilidade Urbana
A cidade de Catalão – Goiás, que será objeto
de estudo neste trabalho, está entre essas cidades que O aplicativo Karona – Mobilidade Urbana
o aplicativo ainda está indisponível. De acordo com o foi desenvolvido e criado no município de Catalão e
IBGE em 2018 a população de Catalão era superior a apresenta grande semelhanças quando comparado ao
100 mil habitantes, o que a encaixa nos quesitos Via Urbana. O mesmo começou a operar em Catalão
necessários para contar com a comodidade do a pouco tempo, desde o final do mês maio, mas já é
aplicativo. utilizado pela população da cidade.

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A principal diferença entre o Karona e o Via Figura 2 - Tipos de pesquisa científica
Urbana é que no primeiro já tem a opção de realizar o
pagamento via cartão de crédito e débito (o cartão não
é cadastrado no aplicativo, o pagamento é feito na
máquina de cartão que o motorista tem). Outra
diferença é que o mesmo possui a opção de agendar
uma corrida para outro horário, para que não corra o
risco de ficar sem o transporte.

3. METODOLOGIA

De acordo com Prodanov e Freitas (2013) a


Fonte: Prodanov e Freitas (2013, p. 51).
metodologia é uma área responsável por estudar,
compreender e avaliar os vários métodos disponíveis
Analisando a Figura 2 pode-se afirmar que o
para a realização de uma pesquisa acadêmica, sendo
presente trabalho é uma pesquisa aplicada do ponto
que ela examina, descreve e avalia métodos e técnicas
de vista da sua natureza, uma vez que ele objetiva
de pesquisa que possibilitam a coleta e o
gerar conhecimentos para aplicação prática dirigidos
processamento de informações, visando ao
à solução de problemas específicos, que no caso são
encaminhamento e à resolução de problemas e/ou
os problemas gerados pela falta de mobilidade urbana
questões de investigação. Ou seja, pode-se dizer que
e também envolve verdades e interesses locais, uma
ela é a aplicação de procedimentos e técnicas que
vez que se trata de um problema real na cidade de
devem ser observados para construção do
Catalão – GO.
conhecimento na área de estudo, com o propósito de
Já em relação aos objetivos, se encaixa como
comprovar sua validade e utilidade nos âmbitos da
uma pesquisa explicativa já que o que foi proposto foi
sociedade.
explicar os porquês das coisas e suas causas, por meio
Com tudo que foi apresentado no decorrer da
dos registros, de pesquisa, da análise, da classificação
revisão teórica, e seguindo o raciocínio de Yin
e da interpretação dos fenômenos observados,
(2001), pode-se ver através da Figura 1 que este
visando identificar os fatores que determinam ou
trabalho se encaixa como uma pesquisa científica
contribuem para a ocorrência dos fenômenos citados
relacionada com estudo de caso.
ao longo do texto (GIL, 2008).
Figura 1 - Situações relevantes para diferentes estratégias A classificação considerando os
de pesquisa procedimentos, resulta como uma pesquisa
bibliográfica, uma vez que foi elaborada a partir de
material já publicado, constituído principalmente de:
livros, revistas, publicações em periódicos e artigos
científicos, jornais, boletins, monografias,
dissertações, teses, material cartográfico, internet,
com o objetivo de colocar o pesquisador em contato
direto com todo material já escrito sobre o assunto da
pesquisa (PRODANOV e FREITAS, 2013, p.54).
A partir da pesquisa bibliográfica, existem
mais quatro opções de classificação, como
apresentado na Figura 2. Dessa forma, para Prodanov
e Freitas (2013) este trabalho também se classifica
Fonte: Yin (2001, p. 24). como um estudo de caso, já que para esta definição é
Pode-se afirmar isso uma vez que a forma da afirmado que se deve envolver o estudo profundo e
questão de pesquisa explica como foi feita e a razão exaustivo de um ou poucos objetos de maneira que
por ter sido feita, ou seja, o porquê de ser realizada. permita o seu amplo e detalhado conhecimento. Outro
Já em relação aos eventos comportamentais, este fator que auxilia nesta definição proposta é que o
trabalho não sobre interferência desse tipo de evento estudo de caso possui uma metodologia de pesquisa
e também pode-se confirmar que focaliza em classificada como aplicada, na qual se busca a
acontecimentos contemporâneos, uma vez que aplicação prática de conhecimentos para a solução de
mobilidade urbana e aplicativos de transportes são problemas sociais, o que concorda com o que foi
assuntos que ganharam destaque recentemente. definido anteriormente. Gil (2008) ainda
A Figura 2 apresenta os tipos de pesquisas complementa afirmando que as pesquisas com esse
científicas de acordo com Prodanov e Freitas (2013). tipo de natureza estão voltadas mais para a aplicação

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de conhecimentos em uma realidade circunstancial, FERRAZ, A. C. C. P. Transporte público
relevando o desenvolvimento de teorias. urbano. 2. ed. ampl. e atual São Carlos, SP: RiMa,
2004.
4. RESULTADOS ESPERADOS
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social.
Tendo em vista tudo que foi exposto e 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
apresentado neste trabalho, os resultados esperados
visam mostrar que a mobilidade urbana em Catalão KNEIB, E. C. Mobilidade urbana e qualidade de
não está em perfeito estado, ou seja, tem muito o que vida: do panorama geral ao caso de Goiânia, 2012.
melhorar, tanto no quesito de planejamento urbano Universidade Federa de Goiás, Goiania, GO.
quanto na mobilidade. Outro fator importante
apresentado é o transporte público em Catalão, que MARQUES, G. P.; ROSA, O. O Transporte
infelizmente não abrange todos os bairros, o que Público em Catalão. Revista Nacional de
acaba não atendendo a toda população. Uma solução Gerenciamento de Cidades, [s. l.], v. 3, n. 17, 2015.
bastante interessante são os aplicativos de transporte Disponível em:
apresentados. https://www.amigosdanatureza.org.br/publicacoes/in
Sabendo dos aplicativos disponíveis na dex.php/gerenciamento_de_cidades/article/view/100
cidade, espera-se poder definir qual é o melhor e que 6. Acesso em: 18 jun. 2019.
mais agrada toda a população, visando assim poder
suprir as necessidades da população que precisa de Me Leva, 2019. Disponível em:
uma opção a mais de meio de transporte segura e https://www.melevabr.com.br/index.php. Acesso
confiável. em: 2 jun, 2019.

REFERÊNCIAS MELLO, C. A. O Futuro da Mobilidade Urbana e


o Caso Uber. Revista de Direito da Cidade, [s. l.], v.
BRASIL. Lei n° 12.587, de 3 de janeiro de 2012. 8, n. 2, 2016. Disponível em: http://www.e-
Institui as diretrizes da Política Nacional de publicacoes.uerj.br/index.php/rdc/article/view/22029
Mobilidade Urbana; revoga dispositivos dos . Acesso em: 28 maio. 2019.
Decretos-Leis nºs 3.326, de 3 de junho de 1941, e
5.405, de 13 de abril de 1943, da Consolidação das TYGEL, D. O que é economia solidária, Fórum
Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei Brasileiro de Economia Solidária, 2011.Disponível
nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e das Leis nºs em: https://cirandas.net/fbes/o-que-e-economia-
5.917, de 10 de setembro de 1973, e 6.261, de 14 de solidaria. Acesso em: 16 ago. 2019.
novembro de 1975; e dá outras providências.
Publicada em 04/01/2012. Disponível em: UBER, Como a Uber funciona, 2019. Disponível
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011- em: https://www.uber.com/br/pt-br/about/how-does-
2014/2012/Lei/L12587.htm. Acesso em: 15 maio uber-work/. Acesso em: 10 jun. 2019.
2019.
VACONCELLOS, E. A. de. Políticas de
Transporte no Brasil: A construção da mobilidade
BRASIL. Lei n° 13.640, de 26 de março de 2018. excludente, 2013. Barueri, SP.
Altera a Lei nº 12.587, de 3 de janeiro de 2012, para
regulamentar o transporte remunerado privado Via Urbana, 2019. Disponível em:
individual de passageiros. Publicada em 27/03/2018. http://meuapp.mobi/viaurbana/. Acesso em: 4 jun.
Disponível em: 2019.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-
2018/2018/Lei/L13640.htm#art2. Acesso em: 23 YAMAWAKI, Y. SALVI, L. T. Introdução à
maio 2019. gestão do meio urbano, 2013 – 2 ed. Curitiba, PR.
COSTA, M. A. O Estatuto da Cidade e a Habitat
III: um balanço de quinze anos da política urbana no YIN, R. K. Estudo de caso: Planejamento e
Brasil e a nova agenda urbana / Brasília: Ipea, 2016. Métodos, 2001 – 2 ed. Porto Alegre, RS.

DUARTE, F. Planejamento urbano. Curitiba: RESPONSABILIDADE AUTORAL


IBPEX, 2007. “A autora é a única responsável pelo conteúdo deste
trabalho”

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NOVO SIMPLES NACIONAL: CONTEXTO E MUDANÇAS NO ANO DE 2018

BRASILEIRO, Simone Hilário da Silva, simone_hilario@yahoo.com.br


OLIVEIRA, Andressa Carneiro, andressaaoliveira98@gmail.com1
MOREIRA, Mirian Sousa2
1
Centro Universitário Una
2
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Gestão e Negócios

Resumo: O presente trabalho contextualiza o Regime Tributário Simples Nacional e os tipos de empresas que dele
fazem parte, explicitando quais os limites mínimos e máximos de faturamento para o enquadramento. Abrange
também, os aspectos relevantes da Lei Complementar 123/2006, cuja lei rege o Simples Nacional, e as mudanças
trazidas pela Lei Complementar 155/2016, que visa uma melhoria dos benefícios e do tratamento diferenciado que
as Microempresas e Empresas de Pequeno Porte possuem. Essas empresas são responsáveis pela maior parte de
geração de renda e empregos em nosso país. As mudanças foram significativas e vieram para incentivar ainda mais
o crescimento dos pequenos negócios, os quais tem grande representatividade na economia do Brasil. Baseado em
artigos, legislação, livros e sites, o conteúdo do trabalho informa sobre as principais modificações de forma clara
e relevante.

Palavras-chave: Regime tributário. Microempresas. Empresas de pequeno porte. Legislação. Unificação.


__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO estabelecidos para se enquadrar na referida


legislação.
O Regime Especial Unificado de Arrecadação de No ano de 2018 a LC 123/2006 sofreu inúmeras
Tributos e Contribuições devidos pelas alterações que abarcam o limite de enquadramento no
Microempresas (MP) e Empresas de Pequeno Porte Regime Tributário, desburocratização nos processos
(EPP) – Simples Nacional é um regime tributário que de licitação, novos métodos de cálculo e valores de
unifica 8 impostos dos Entes Federativos em uma só alíquota. O regime tributário sofreu mudanças
guia com vencimento mensal, previsto pela Lei significativas em razão da LC 155/2016 que entrou
Complementar nº 123/2006, aplicável às em vigor em 01//01/2018.
Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (MPE)
que passou a vigorar em 01/07/2007. Um dos 2. MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE
objetivos da criação do Simples Nacional está em PEQUENO PORTE
oferecer um tratamento diferenciado e Simplificado
às MPE incentivando seu crescimento, fator As Microempresas e as Empresas de Pequeno
importante para a economia do país no que diz Porte possuem uma enorme representatividade
respeito ao recolhimento de impostos e geração de econômica no país, devido à alta carga tributária
novos empregos. brasileira e a dificuldade de concorrência com as
Com o intuito de incentivar as MP e EPP com a empresas maiores, a Constituição Federal de 1988
simplificação de suas obrigações tributárias foi instituiu o princípio geral da atividade econômica, o
Publicada a LC 123/2006, cuja denominação é tratamento diferenciado, favorecido e simplificado
Estatuto da Microempresa e Empresa de Pequeno para as Microempresas e Empresas de Pequeno Porte
Porte, com o intuito de oferecer tratamento – art. 170, IX e art. 179 da CF/1988. O art. 170 abarca
diferenciado e favorecer às MPE com a unificação de o tratamento diferenciado para os pequenos negócios
seus impostos de competência da União, Estado e que estão instalados no Brasil. Já o art. 179 estabelece
Munícipio e benefícios em processos licitatórios. Para que os Entes Federativos – União, Estados, Distrito
usufruir dos benefícios tributários as MPE devem ser Federal e os Municípios fornecerão tratamento
optantes pelo Simples Nacional. diferenciado às Empresas de Pequeno Porte,
Além das microempresas e empresas de pequeno simplificando suas obrigações administrativas,
porte, é necessário frisar que o Simples Nacional tributárias e previdenciárias.
abrange também os Microempresários Individuais, O SEBRAE (2014, p. 22) classifica como
que são as pessoas que trabalham por conta própria e microempresa aquela que possui até nove
se legalizam como pequeno empresário, porém funcionários quando a atividade for de serviço e
devem estar dentro dos limites de faturamento comércio e até dezenove funcionários quando a
atividade for industrial.

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O SEBRAE (2014, p. 22) classifica como simplificada e unificada de arrecadação e
empresa de pequeno porte aquela que possui de dez a recolhimento dos impostos e contribuições de
quarenta e nove funcionários quando a atividade for competência da União, Estado e Município, os quais
de serviço ou comércio e de vinte a noventa e nove são: Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica
funcionários quando a atividade é industrial. (IRPJ); Imposto sobre Produtos Industrializados
Com a Lei Complementar nº 155 de 27 de (IPI); Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
outubro de 2016 a receita bruta superior de (CSLL); Contribuição para o Financiamento da
enquadramento das EPPs foi alterada para de R$ Seguridade Social (COFINS); Contribuição para o
3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais) PIS/Pasep; Contribuição Patronal Previdenciária
permanecendo a receita inferior ou igual a R$ (CPP); Imposto sobre Operações Relativas à
4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais). Circulação de Mercadorias e Sobre Prestações de
O Microempreendedor Individual (MEI) passa de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal
um limite de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais) para e de Comunicação (ICMS); Imposto sobre Serviços
R$ 81.000,00 (oitenta e um mil reais) por ano. As de Qualquer Natureza (ISS). Todos esses impostos
Microempresas e Empresas de Pequeno Porte são serão recolhidos mensalmente mediante uma única
pequenos negócios que possuem grande importância guia de recolhimento.
para nosso país, sua participação na economia vem Para ingressar no Regime Tributário Simples
crescendo de forma acentuada e gerando inúmeros Nacional é necessário que a empresa se enquadre na
benefícios socioeconômicos. Por isso a importância definição de Microempresa ou Empresa de Pequeno
em incentivar o crescimento das MPE com um Porte, cumprir todos os requisitos previstos em Lei e
tratamento diferenciado. formalizar a opção pelo Simples Nacional. A
solicitação para ser optante do Simples Nacional
3. METODOLOGIA poderá ser feita somente no mês de janeiro, até seu
último dia útil, se isso não ocorrer as empesas
A pesquisa trata-se de uma abordagem descritiva, interessadas deverão esperar o mês de janeiro do ano-
explicativa e exploratória, cujo principais métodos calendário seguinte. Para empresas que em início de
utilizados para se chegar aos dados obtidos foram suas atividades o prazo de solicitar a opção é de até
através da consulta nas Leis 123/2006 e 155/2016 que 30 dias a partir do deferimento de sua inscrição, desde
regem o Regime Tributário Simples Nacional, além que não tenha passado 180 dias de cadastro no CNPJ.
de pesquisas em artigos científicos, consultas em A partir do momento em que a empresa opta pelo
livros dos autores Meireles (2007), Coutinho (2007), Simples Nacional ela só poderá solicitar sua exclusão
Di Pietro (2005), e Coêlho (2012), os quais abordam no ano-calendário seguinte, a não ser que faça a
em suas obras temas relacionados com o contexto do solicitação de exclusão ainda no mês de janeiro. Para
Simples Nacional. Foi realizado também pesquisas realizar a opção pelo Simples Nacional é necessário
em sites ricos em dados e informações, como Sebrae, que a MP e EPP tenha inscrição no CNPJ, inscrição
Receita Federal do Brasil e Simples Nacional, Estadual e/ou Municipal.
visando obter conteúdos que abrangem os temas Não são todas as atividades empresariais que
mencionados de forma relevante. Trata-se de uma podem optar por esse Regime Tributário Unificado,
expansão acerca do assunto, a fim de buscar entender ramos como o da fabricação de bebidas alcoólicas,
a aplicação do regime e seu impacto às MPE. cigarros e refrigerantes foram impedidos de adotar o
regime, porém, com as modificações que a LC
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 155/2016 trouxe, alguns desses ramos terão
benefícios exclusivos. Os Art. 3º, II, §§ 2º e 4º, e Art.
4.1 Simples Nacional 17 da Lei Complementar nº 123, de 2006, abordam as
empresas e atividades empresariais que estão
O Simples Nacional é um Regime Tributário que impedidas de optar pelo Simples Nacional.
visa o recolhimento unificado de 8 impostos dos
Entes Federativos a fim facilitar o processo de 4.2 Lei Complementar N° 123, de 14 de dezembro
pagamento dos tributos devidos. Entrou em vigor no de 2006
dia 01/07/2007 mediante a Lei Complementar 123, de
14/12/2006 que instituiu o Estatuto Nacional da A Lei Complementar número 123 de 14 de
Microempresa e Empresa de Pequeno Porte. Com dezembro de 2006 instituiu o Simples Nacional,
esse regime as empresas pagam os impostos das três também conhecido como Supersimples, seu objetivo
esferas do governo em uma única guia e sujeita é a unificação do recolhimento de impostos e
apenas a uma alíquota. contribuições aos Entes Federativos (União, Estados
O Simples Nacional, não se trata de um imposto e Municípios) e garantir o cumprimento das
novo, pois não gera nenhuma obrigação tributária obrigações acessórias e tratamento diferenciado para
além daquelas já existentes. Trata-se de uma forma

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MP e EPP, e ainda fornecer benefícios na participação concorrência; Convite: os interessados são
de processos de licitação. convidados e escolhidos em número mínimo de 3
Segundo Braga (2007) a Lei Complementar licitantes do ramo pertinente ao seu objeto; Concurso:
123/2006, foi criada para resolver problemas de é uma modalidade de licitação mais utilizada na
desigualdades entre grandes, pequenas e médias seleção de projetos, onde se busca a melhor técnica e
empresas, criando assim um ambiente favorável ao não o melhor preço; Leilão: atua sobre a venda bens
crescimento dos pequenos negócios para que um dia inservíveis e penhorados para a Administração
se tornem grandes. As disposições dessa Lei são de Pública, de mercadorias legalmente apreendidas;
âmbito nacional, ou seja, sua aplicabilidade envolve Pregão: atua sobre a aquisição de bens e serviços
todo o Brasil. Trata-se de uma Lei que incentiva a comuns.
desoneração e desburocratização dos processos de O processo licitatório passa pelas seguintes fases:
abertura, funcionamento e fechamento de empresas, edital – levar ao conhecimentos dos interessados,
o acesso ao crédito e ao mercado. Cria uma gama de todos os aspectos que a regem a modalidade
oportunidades para que as MPE aumentem seu licitatória; habilitação – momento em que é
crescimento, com isso há um aumento na geração de certificado todas as condições do processo licitatório;
empregos e estimula a economia (SEBRAE, 2008). julgamento - momento em que é feito a análise para
A lei 123/2006 destaca a unificação no verificar se os interessados estão de acordo com o
recolhimento de tributos, na qual será efetuado em proposto no edital; homologação – após o
guia única o pagamento dos impostos devidos, por julgamento, as propostas são enviadas à autoridade
meio de um percentual reduzido que incidirá sobre o superior a fim de finalizar a contratação e adjudicação
faturamento mensal (BRAGA, 2007). No ano de 2018 – é o ato me que se declara o vencedor da licitação, o
a LC 123/2006 sofreu inúmeras alterações que qual cumprirá o contrato.
abrangem o limite de enquadramento no Regime A Lei Complementar 123/2006 oferece
Tributário, novos métodos de cálculo e valores de tratamento diferenciado e favorecido aplicado às
alíquota, facilidade para exportação e licitações, Micro e Pequenas Empresas nas licitações públicas,
dentre outras que serão citadas no presente artigo. O esse benefício é aplicado independente da
regime tributário sofreu mudanças significativas em modalidade de licitação. A LC 123/2006 trouxe
razão da LC 155/2016 que entrou em vigor em consigo algumas inovações nos processos licitatórios,
01//01/2018. Tais mudanças ocorreram para facilitar nos artigos 42 e 43 da referida lei, no que diz respeito
ainda mais o enquadramento nesse regime, à regularidade fiscal (BRASIL, 2006). Outra
oferecendo assim, mais benefícios aos optantes. Com inovação da Lei Complementar no 123/2006 é o
o aumento significativo do limite de faturamento, tratamento favorecido e diferenciado no tocante ao
mais empreendedores que antes eram impedidos critério de desempate, expresso no § 1º e § 2º, do
poderão optar pelo regime Simples Nacional. artigo 44. O artigo 47, da Lei Complementar nº
123/2006, ainda permite que os entes públicos editem
4.3 Licitação e os Benefícios Trazidos Pela Lei leis próprias que tragam formas de favorecimento das
123/2006 MPE, além daquelas já previstas em seu texto.

De acordo com o artigo 37, XXI da Constituição 4.4 Mudanças na Legislação do Simples Nacional
Federal de 1988, a licitação é regra para a Com a Lei Complementar N° 155, de 27 de
Administração Pública, na aquisição e na contratação outubro de 2016
de serviços (BRASIL, 1988). Segundo Coutinho
(2007) a licitação é um procedimento administrativo O regime tributário Simples Nacional sofreu
que visa selecionar a melhor proposta para o Setor mudanças significativas em razão da LC 155/2016
Público, aquela que oferece maior custo-benefício, de que entrou em vigor em 01//01/2018. Essas mudanças
acordo com as normas constitucionais e legais vão desde a faixa das alíquotas e abrangem os limites
vigentes. A escolha da modalidade de licitação, se dá de enquadramento no regime. O regime passou por
de acordo com o valor do objeto a ser licitado, com uma reformulação e poderá trazer benefícios para
isso, a Administração Pública não poderá usar os muitos empresários e contribuir com o crescimento
mesmos procedimentos licitatórios para todos os dos pequenos negócios. Segundo o Sebrae, cerca de
objetos. 12 milhões de empresas fazem parte do Simples
As modalidades de licitação previstas na Nacional. Essas mudanças ocorreram para facilitar
legislação brasileira (Lei nº 8.666/93 e Lei nº ainda mais o enquadramento ao programa.
10.520/02) são: Concorrência: é a modalidade de Baseado na nova legislação que rege esse regime
licitação que visa ter um maior número de tributário, será citado as principais mudanças
participantes para garantir um bom negócio para a ocorridas e que impactará o mercado. O
Administração; Tomada de Preço: É a licitação para Microempreendedor Individual (MEI) passa de um
contratos de valor inferior ao estabelecido para a limite de R$ 60 mil para R$ 81 mil anual, com uma

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média mensal de R$ 6,75 mil. A Empresa de Pequeno Nacional passam de 6 para 5. O número de faixa de
Porte (EPP) passa de R$ 3,6 milhões para R$ 4,8 alíquotas aplicadas no faturamento cai de 20 para 6.
milhões anuais, com uma média mensal de R$ 400 As tabelas ficaram subdivididos em 5, cujo
mil. Para se enquadrar em Microempresa não houve faturamento varia de R$ 180.000,00 a R$
alterações, permanecendo com receita igual ou 4.800.000,00 e as alíquotas incidentes dependem de
inferior a R$ 360 mil anual, correspondendo a R$ 30 cada segmento empresarial.
mil mensal. O aumento no teto de faturamento das
EPP de R$3,6 milhões para R$4,8 milhões anuais as Tabela 1. Empresas de comércio
seguintes vantagens: possibilita que quem já faz Faturamento em 12 Parcela a
Alíquota
parte do Simples Nacional possa faturar mais e meses deduzir
permite que empresas que faturam mais de R$3,6 Até R$ 180.000,00 4,00% 0
milhões e menos que R$4,8 milhões possam aderir De R$ 180.000,01 a R$
ao Simples, sendo que antes eram obrigados a optar 7,30% R$ 5.940,00
360.000,00
por outro regime. Embora o novo limite de De R$ 360.000,01 a R$
enquadramento tenha sito aumentado, para 9,50% R$ 13.860,00
720.000,00
faturamentos acima de R$ 3,6 milhões o ICMS e o De R$ 720.000,01 a R$
10,70% R$ 22.500,00
ISS não estão contemplados no recolhimento único 1.800.000,00
do Simples Nacional, estes impostos deverão ser De R$ 1.800.000,01 a R$
14,30% R$ 87.300,00
apurados e pagos em guia própria. 3.000.000,00
A LC 155/2016 trouxe a simplificação dos De R$ 3.600.000,01 a R$ R$
19,00%
processos de exportação e licitação para as empresas 4.800.000,00 378.000,00
do Simples Nacional. Para os processos licitatórios, Fonte: Dados da pesquisa, 2018.
a comprovação de regularidade fiscal foi facilitada.
Não será mais necessário apresentar certidões Tabela 2. Fábrica/indústrias e empresas industriais
negativas para participar de licitações, somente a Faturamento em 12 Parcela a
Alíquota
empresa vencedora no momento de assinatura do meses deduzir
contrato deverá apresentar a declaração, e se não Até R$ 180.000,00 4,00% 0
estiver tudo certo, haverá um prazo de 5 dias úteis De R$ 180.000,01 a R$
para regularização da documentação. Já para a 7,90% R$ 5.940,00
360.000,00
exportação haverá uma redução de custos tendo em De R$ 360.000,01 a R$
10,00% R$ 13.860,00
vista que quando uma empresa do Simples Nacional 720.000,00
contratar uma empresa de logística internacional, elas De R$ 720.000,01 a R$
11,20% R$ 22.500,00
poderão operarem por meio eletrônico de maneira 1.800.000,00
simplificada. De R$ 1.800.000,01 a R$
14,70% R$ 85.000
Com o novo Simples Nacional, a fiscalização 3.000.000,00
De R$ 3.600.000,01 a R$ R$
deve aumentar, a mudança permite a troca de 30,00%
4.800.000,00 720.000,00
informações entre a Receita Federal, Estadual e
Fonte: Dados da pesquisa, 2018.
Prefeituras, assim, qualquer alerta a respeito de
dados não equivalentes, as chances de fiscalização
Tabela 3. Empresas que oferecem serviços de
crescem. Para evitar qualquer transtorno com
instalação, de reparos e de manutenção; agências de
relação às fiscalizações, o empresário deve ter as
viagens, escritórios de contabilidade, academias,
obrigações com o governo e as movimentações
laboratórios, serviços advocatícios, empresas de
financeiras em dia. Para assuntos trabalhistas,
medicina e odontologia
metrológico, sanitário, ambiental, de segurança, de
Faturamento em 12 Parcela a
relações de consumo e de ocupação de solo, quando meses
Alíquota
deduzir
o fiscal verificar que a atividade ou situação for de
baixo risco haverá um prazo para regularização sem Até R$ 180.000,00 6,00% 0
que haja multa. Outra mudança é a possibilidade da De R$ 180.000,01 a R$
11,20% R$ 9.360,00
unificação do FGTS e do INSS com uma data única 360.000,00
para vencimento. Isso já é uma preparação ao e- De R$ 360.000,01 a R$
13,50% R$ 17.640,00
Social, que será um facilitador na declaração da folha 720.000,00
de pagamento das empresas. De R$ 720.000,01 a R$
16,00% R$ 35.640,00
1.800.000,00
A forma de tributação da folha de pagamento,
De R$ 1.800.000,01 a R$ R$
será de acordo com o faturamento da empresa, se a 21,00%
3.000.000,00 125.640,00
folha de pagamento for maior ou igual a 28% do De R$ 3.600.000,01 a R$ R$
faturamento, a empresa será tributada na nova Tabela 33,00%
4.800.000,00 648.000,00
3, se for inferior a 28%, a tributação será na forma da Fonte: Dados da pesquisa, 2018.
Tabela 5 da LC 123/2006. As tabelas do Simples

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Tabela 4. Empresas que fornecem serviço de Alíquota Efetiva = (Rbt12 x Alíquota) – PD
vigilância, limpeza, obras, construção de imóveis Rbt12
Faturamento em 12 Parcela a
Alíquota Após encontrar o valor da alíquota efetiva, faz-se
meses deduzir
Até R$ 180.000,00 4,50% 0 o seguinte cálculo o valor devido de recolhimento:
De R$ 180.000,01 a R$ Valor a recolher = Receita bruta do mês x Alíquota
9,00% R$ 8.100,00
360.000,00 efetiva
De R$ 360.000,01 a R$
10,20% R$ 12.420,00
720.000,00
Sobre a forma de cálculo da Alíquota Efetiva
De R$ 720.000,01 a R$
1.800.000,00
14,00% R$ 39.780,00 prevista no Art. 18 da LC 155/2016:
De R$ 1.800.000,01 a R$ R$
22,00% Art. 18. O valor devido mensalmente pela
3.000.000,00 183.780,00
microempresa ou empresa de pequeno porte
De R$ 3.600.000,01 a R$ R$
33,00% optante pelo Simples Nacional será determinado
4.800.000,00 828.000,00
mediante aplicação das alíquotas efetivas,
Fonte: Dados da pesquisa, 2018. calculadas a partir das alíquotas nominais
constantes das tabelas 57 das Tabelas 1 a 5 da Lei
Tabela 5. Fábricas/indústrias e empresas industriais Complementar, sobre a base de cálculo de que
Faturamento em 12 Parcela a trata o § 3º deste artigo, observado o disposto no
Alíquota
meses deduzir § 15 do art. 3º. § 1º Para efeito de determinação da
Até R$ 180.000,00 15,50% 0 alíquota nominal, o sujeito passivo utilizará a
receita bruta acumulada nos doze meses anteriores
De R$ 180.000,01 a R$
18,00% R$ 4.500,00 ao do período de apuração. § 1º A.
360.000,00
A alíquota efetiva é o resultado de: RBT12xAliq-
De R$ 360.000,01 a R$ PD/ RBT12, em que:
19,50% R$ 9.900,00
720.000,00 I – RBT12: receita bruta acumulada nos doze
De R$ 720.000,01 a R$ meses anteriores à apuração;
20,50% R$ 17.100,00
1.800.000,00 II – Aliq: Alíquota nominal constante das Tabelas
De R$ 1.800.000,01 a R$ 1 a 5 da Lei Complementar;
23,00% R$ 62.100,00
3.000.000,00 III – PD: Parcela a deduzir constantes da Tabela 1
De R$ 3.600.000,01 a R$ R$ a 5 da Lei Complementar.
30,50%
4.800.000,00 540.000,00
Fonte: Dados da pesquisa, 2018. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nota-se que, para alguns segmentos Tendo em vista que as Microempresas e
empresariais, dependendo da tabela a qual estão Empresas de Pequeno Porte são de suma importância
inseridas as alíquotas incidentes são um pouco para a economia nacional, é necessário que haja um
elevadas, o que torna inviável optar pelo regime, pois tratamento diferenciado e favorecido a esses
assim, terão um valor maior a recolher de seus pequenos negócios, visando ainda mais o seu
impostos. crescimento e contribuindo assim com os cenários
Desde o dia 01/01/2018, passou a vigorar as econômicos.
tabelas citados acima com suas respectivas alíquotas, Na maioria dos casos, o Simples Nacional é o
baseado nas mudanças trazidas pela Lei melhor regime tributário para as MPE, porém, deve-
Complementar 155/2016. As modificações nas se analisar de forma específica cada empresa,
Tabelas 1, 2, 3, 4 e 5 advindas pela LC 155/2016 vem verificando a qual tabela da LC 123/2006 ela
com o intuito de simplificar o cálculo do valor a pertence, o valor gasto com a folha de pagamento e
recolher pelas empresas. Em relação aos antigos quais são as alíquotas incidentes sobre o seu
valores das alíquotas, teve um aumento com a LC faturamento, para que assim possa ser tomada a
155/2016, um fato negativo ao contribuinte, pois a melhor decisão de qual o regime tributário mais
empresa passa a recolher um valor maior dos seus vantajoso para a MP ou EPP.
impostos, porém o intuito da mudança no Simples Vale ressaltar, que para alguns segmentos de
Nacional não é a diminuição do valor das alíquotas, atividades, nem sempre o Simples Nacional é o
mas sim uma simplificação desses impostos com a melhor regime tributário. Mesmo que a empresa se
finalidade de incentivar o crescimento das MPE. encaixe no enquadramento para ser optante do regime
A alíquota a ser paga pelo contribuinte dependerá Simples Nacional, ela deverá contar com a ajuda de
de um cálculo que leva em consideração a receita um contador para que seja realizada uma análise e um
bruta acumulada nos doze meses anteriores e o bom planejamento tributário a fim de verificar qual o
desconto fixo. O resultado do cálculo foi denominado melhor regime a se optar, visando sempre o aumento
como alíquota efetiva: de seus lucros e o crescimento de seu negócio

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A LC 155/2016 veio com objetivo principal de BRASIL, Secretaria da Receita Federal. Perguntas
garantir o crescimento das MPE. O aumento do teto e Respostas Simples Nacional. Disponível em:
de faturamento das MPE foi extremamente positivo, http://www8.receita.fazenda.gov.br/SimplesNaciona
uma vez que as empresas tinham medo de ultrapassar l/Arquivos/manual/PerguntaoSN.pdf Acesso em: 05
o teto estabelecido, por receio de serem set. 2018.
desenquadradas do Simples Nacional e ingressar no
Lucro Presumido e assim sofrer uma tributação muito COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de
mais onerosa. Direito Tributário. 12ª ed. rev. e atual. Rio de
Baseado nesses fatos, conclui-se que essas Janeiro: Forense, 2012.
modificações trouxeram enormes incentivos para que COUTINHO, A. D. Manual de Licitações e
o empreendedor perca o receio de fazer o seu negócio Contratos Administrativos. 2. ed. rev. e ampliada.
alavancar e buscar assim maior faturamento. Outra – Rio de Janeiro: Ferreira, 2007.
mudança positiva que se deu com o advento da LC
155/2016 foi a desburocratização dos processos DI PIETRO, M. S. Z. Direito Administrativo. 18.
licitatórios, fornecendo benefícios para as MPE, para ed. São Paulo: Atlas, 2005.
que assim a concorrências com as demais empresas
seja feita de forma legal. MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo
brasileiro. São Paulo: Malheiros, 2007.
REFERÊNCIAS
SEBRAE, Sobrevivência das Empresas no Brasil,
BRAGA, R. de A. Manual Comentado da Lei 2016. Disponível em:
Geral da Microempresa e da Empresa de https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae
Pequeno Porte, 2007. Disponível em: /Anexos/sobrevivencia-das-empresas-nobrasil-
http://www2.desenvolvimento.gov.br/arquivo/sdp/pr relatorio-2016.pdf Acesso em: 05 set. 2018.
oacao/micpeqempresa/lei_geral.pdf Acesso em: 13
SEBRAE. Participação das Micro e Pequenas
set. 2018.
Empresas na Economia Brasileira, jul. 2014.
BRASIL, 1988. Constituição da república Disponível em:
federativa do brasil de 1988. Disponível: http://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/C Estudos%20e%20Pesquisas/Participacao%20das%2
onstituicao.htm Acesso em: 06 set. 2018. 0micro%20e%20pequenas%20empresas.pdf Acesso
em: 07 set. 2018.
BRASIL, 2006. Lei Complementar nº 123, de 14
de dezembro de 2006. Disponível em: SEBRAE. Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e
http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/leis/LCP/Lcp Pequenas Empresas. Capacitação Lei Geral
123.htm Acesso em: 08 set. 2018. Municipal. 2008.

BRASIL, 2016. Lei Complementar nº 155, de 27 SEBRAE. Simples Nacional: mudanças para
de outubro de 2016. Disponível em: 2018. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/Lcp15 http://m.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/UFs
5.htm Acesso em: 13 set. 2018. /AM/Banner/arquivo_1512481714.pdf Acesso em:
13 set. 2018.
BRASIL, Secretaria da Receita Federal. O que é o
Simples Nacional? Disponível em: RESPONSABILIDADE AUTORAL
http://www8.receita.fazenda.gov.br/SimplesNaciona
l/Documentos/Pagina.aspx?id=3 Acesso em: 10 set. “Os autores são os únicos responsáveis pelo
2018. conteúdo deste trabalho”.

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O LÚDICO NO ENSINO DE GEOGRAFIA: práticas e vivências em
Catalão (GO)

ROSA, Odelfa, rosaodelfa@gmail.com

SANTOS, Leonoura Katarina, leonourakatarina@hotmail.com1

1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Geografia

Resumo: A presente pesquisa tem por objetivo apresentar uma reflexão sobre a mediação didática significativa
por meio do uso de recursos lúdicos-pedagógicos incorporados ao Ensino de Geografia. A proposta
metodológica do uso destes recursos surge como forma de mitigar o fracasso escolar e o eixo tradicional de
ensino adotado nas aulas de Geografia. Dessa forma, as discussões sobre a inserção de metodologias lúdico-
pedagógicas fomentaram e embasaram esta pesquisa que ocorreu ao longo entre 2017-2019. Realizando-se em
dois momentos distintos: o 1° na condição de bolsista/discente como parte do subprojeto do PIBID de
Geografia: Metendo as mãos nas estratégias de ensino de Geografia. Ao qual foi realizado no Colégio Estadual
Maria das Dores Campos, em Catalão-GO (2017-2018). O 2° momento na experiência de estagiária nos
Estágios Supervisionados em Geografia I,II,III no Instituto de Educação Matilde Margon Vaz, em Catalão-GO
(2018-2019), ambos efetivados com os alunos do Ensino Fundamental II. A metodologia ocorreu de forma
qualitativa e quantitativa, sendo realizada a partir da pesquisa bibliográfica, documental e de campo. Com
efeito, nas experiências adquiridas durante o período da pesquisa nas escolas observou-se a fragilidade com
que a Geografia e vem sendo conduzida, e a emergência da elaboração de propostas metodológicas dinâmicas.
Isto posto, a partir dessa conjectura foram elaborados os jogos, músicas, e demais atividades lúdico-
pedagógicas, para mediar de forma holística os conteúdos geográficos. Todas as atividades obtiveram ótimos
resultados, demostrando as contribuições significativas dos recursos lúdicos.

Palavras-chave: Ensino. Geografia. Lúdico. PIBID. Estágio.


__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO de Geografia, mostrando que é possível levar ao aluno


o conhecimento geográfico de forma divertida.
Ao longo da graduação e fazendo parte do PIBID Somando o método lúdico de forma assertiva ao
- Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à processo de construção do conhecimento e
Docência, bem como, ao decorrer dos ESGs - principalmente fazer a correlação do cotidiano do
Estágios Supervisionados do Curso de Geografia, da aluno com o conteúdo em debate, pois o aluno é o
UFG/RC, desenvolveu-se algumas propostas sujeito ativo na mediação didática, e não há
metodológicas lúdico-pedagógicas, realizadas no conhecimento trazido por ele que não seja crucial
Ensino Fundamental II do Colégio Estadual Maria para formação de conceitos.
das Dores Campos e no Instituto de Educação Matilde Nesta perspectiva, tomando como base a busca de
Margon Vaz na cidade de Catalão (GO). Almejando- novos meios que auxiliem as práticas pedagógicas no
se a partir destas, proporcionar aos alunos o “aprender Ensino de Geografia, assim como, elucidar a
a apreender” a ciência geográfica. importância dos recursos lúdicos para a construção do
Com efeito,1 esta pesquisa visa mostrar como uso saber, a presente pesquisa buscou responder a
de recursos não-convencionais como os jogos e seguinte pergunta: Será que os recursos diferenciados
brincadeiras potencializam a aprendizagem não-convencionais, como as atividades e jogos
significativa na Educação Geográfica. Ressaltando a lúdicos, podem contribuir para a mediação didática
prática lúdica como ímpar em relação as significativa no Ensino de Geografia,
problemáticas e dificuldades encontradas no Ensino especificamente os alunos do Ensino Fundamental II?

Professora Dr. Odelfa Rosa, Docente do Instituto de


Geografia da UFG/Regional Catalão. Orientadora do
Trabalho de Conclusão de Curso.

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Este problema exposto se configura pois, a Geografia, cujo o foco
prática de ensino, tem deveras passado por notória e principal está posto na
enfadonha, como já apontava Lacoste (1997) décadas aprendizagem significativa
atrás. O que foi observado tanto nas intervenções do dos discentes que estão em
atuação nas escolas;
PIBID, como nos Estágios Supervisionados do Curso Construção e utilização de
de Geografia. bonecos de pano, como
Desta forma, se faz, e é preciso a inserção de atividade
novos recursos didáticos, que possibilitem uma estimuladoras/promotoras
relação dinâmica e mediadora entre aluno e professor. de pesquisas de 164
É então na busca de novas metodologias inovadoras conteúdos geográficos.
que os recursos lúdicos entram como uma ferramenta Desenvolvimento e
singular. Assim, a busca por meios diferenciados de produção de materiais de
ensino para auxiliar na construção do conhecimento apoio e cartilhas didáticas,
pelos bolsistas e supervisor;
geográfico, que visem estimular a curiosidade dos Preparação de atividades
alunos, motivando-os e envolvendo-os nas aulas de práticas vinculadas aos
Geografia, não enfatizando apenas o livro didático, e conceitos geográficos;
ressaltando a ludicidade como forma singular e participação em
construtiva tornou-se a justificativa deste trabalho, seminários, de âmbito
que realizou-se entre 2017-2019, em dois momentos regional ou nacional para
distintos: o 1° na condição de bolsista/discente como discutir, aprender e
parte do subprojeto do PIBID de Geografia: Metendo contribuir com
as mãos nas estratégias de ensino de Geografia, ao experiências ao
aperfeiçoamento das
qual foi realizado no Colégio Estadual Maria das iniciativas patrocinadas
Dores Campos (2017-2018). O 2° momento na pela Capes.
experiência de estagiária nos ESGs I,II,III no Instituto (CAPES/PIBID, 2016
de Educação Matilde Margon Vaz (2018-2019). Apud. VERISSÍMO, 2018,
Assim sendo, o objetivo desta pesquisa é apresentar P.164)
uma reflexão sobre a mediação didática significativa
por meio do uso metodológico de recursos lúdicos- Ressaltando assim um ensino sinificativo, e
pedagógicos entrelaçados ao Ensino de Geografia. levando para as escolas parceiras uma Geografia não
enciclopédica e decorativa conforme mostra o livro
2. PIBID E ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM didático, como bem aponta Oliveira (2003, p.135) “O
GEOGRAFIA: A LUDICIDADE COMO livro didático tornou-se a “bíblia” dos professores e
ESTRATÉGIA DE ENSINO nem sempre as editoras colocaram no mercado livros
com um mínimo de seriedade e veracidade
As experiências e atividades desenvolvidas com cientifica”. Proporcionando aulas com uso de
a intervenção do PIBID de Geografia da UFG/RC recursos não convencionais, ou até convencionais
iniciaram-se em março de 2017, com a inclusão da entretanto de uma forma dialógica, utilizando
bolsista no Subprojeto: Metendo a Mão nas métodos que colocam o aluno como ativo,
Estratégias de ensino de Geografia. Com a proposta questionador e formador de conceitos, e não apenas
de iniciação à docência, e formação de professores como um receptor de inúmeras informações sem
qualificados que pudessem desenvolver as significado. Isto posto, as propostas metodológicas
habilidades e competências juntamente com os foram elaboradas de maneira que perpassasse o
escolares. Foram planejadas diversas atividades Ensino Tradicional, com planos de aulas que
lúdico-pedagógicas com o propósito de promover um abarcavam, o meio e vivência dos alunos como parte
Ensino renovador, que dialogue sobre a importância singular para mediação dos conteúdos,
de apreender Geografia. As cargas horárias questionamentos, discussões sobre as explanações e
cumpridas pelos bolsistas inclusos no subprojeto uso de jogos e atividades lúdicas. Pois, como aponta
somavam-se 20 horas semanais, as quais se Pinheiro (2013):
realizaram tanto no espaço escolar quanto no
universitário, este último para elaboração das aulas e O professor de Geografia
materiais didáticos, como: jogos, bonecos, fantoches comprometido para uma
dentre outras atividades lúdico-pedagógicas. educação geográfica
significativa, ou seja, uma
Verissímo (2018) complementa as informações sobre
educação que proporcione a
o subprojeto acrescentando: instrumentalização dos
alunos para a análise do
Desenvolvimento e espaço ao qual estão
estratégias de ensino de inseridos encontrará na

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proposta do Lúdico, uma exercidas foram observar as aulas de um professor de
importante ferramenta Geografia, instalações físicas da escola, os recursos
metodológica para a pedagógicos disponíveis, as metodologias praticadas
mediação entre aluno e pelos docentes, correlacionando todas as observações
espaço geográfico {...} a
atividade lúdica no ensino
com o PPP-Projeto Político Pedagógico da Unidade
de Geografia proporciona o Escolar, para assim, planejar materiais e adotar
prazer e divertimento metodologias que comportem as carências da escola.
durante as aulas, ao passo Sendo sempre aluno o principal sujeito dinâmico na
em que ajuda a desenvolver prática didática.
no educando habilidades Isto posto, os Estágios Supervisionados em
cognitivas e motoras; Geografia proporcionam o contato com a realidade na
atenção e percepção; qual o professor de Geografia se estabelece. E
capacidade de reflexão; principalmente é a parte significativa onde os
conhecimento quanto à
posição do corpo; direção a
discentes desenvolvem e apreendem meios para a
seguir e outras habilidades prática educativa e a diversidade da sala de aula, deste
importantes para o modo, na experiência dos ESGs foram elaboradas
desenvolvimento da pessoa várias atividades que fomentaram a formação
humano {...}. Para que haja profissional e ressignificação do ensino, como
uma maior motivação por destaque para as atividades e jogos lúdicos. Desta
parte dos alunos, na medida forma a tanto nas perspectivas do PIBID quanto dos
em que os consideramos estágios a ludicidade foi eixo principal de pesquisa e
como sujeitos do processo investigação.
na construção de conceitos,
habilidades e valores a
ludicidade se coloca como 3. METODOLOGIA
ferramenta indispensável
no processo de ensino e A metodologia de pesquisa é de caráter
aprendizagem. Sendo ela qualitativo e quantitativo versando-se em três
promovida por meio de vertentes: bibliográfica, documental e de campo.
brincadeiras, dinâmicas de Pesquisa Bibliográfica: Para a pesquisa bibliográfica
grupo, recortes e colagens, foram utilizados livros, revistas, artigos e teses sobre
atividades com músicas etc. Educação, Ensino de Geografia e a importância
capazes de manter o
diálogo entre aluno e
ludicidade no processo formativo dos alunos
pensamento geográfico. baseando-se em autores como: Almeida (1995);
(PINHEIRO, 2013, p.27) Antunes (2006); Bertazzo & Silva (2014); Brougère
(2000); Cavalcanti (2008); Freire (2000); Kishimoto
Já os Estágios Supervisionados iniciaram-se no (1994); Libâneo (1994); Lopes (2011); Perrenoud
1º semestre de 2018, De acordo com a RESOLUÇÃO (2000) Piaget (1875), Pontushka (2007); Oliveira
- CEPEC Nº 1321 de 03 de outubro de 2014, a matriz (1989); Vygotsky (1987) e Vesentini (1994).
curricular do Curso de Geografia da Unidade Pesquisa Documental: A segunda parte da
Acadêmica Especial de Geografia da Regional pesquisa é referente a pesquisa documental nas
Catalão, em seu PPC apresenta o Estágios escolas por meio da análise do Projeto Político
Supervisionados divididos em quatro etapas, I (64h). Pedagógico das duas escolas e coleta de dados como:
II (96h), III (160 h) e IV (96h) que compõem o total estrutura do ambiente escolar, recursos didáticos e
de 416 horas teórico-práticas. audiovisuais, salas de aulas e de vídeo, computadores,
Então ao longo desse período os graduandos são número de alunos por série e números de alunos com
apresentados a bibliografias e discussões que necessidades especiais. Análise das propostas
fomentam uma Geografia Escolar significativa, curriculares da Secretária Estadual de Educação,
inovadora e holística como embasamento de uma Cultura e Esporte do Estado de Goiás (SEDUCE).
prática dinâmica, que leve ao aluno a reflexão e Análise do PPC do curso de Licenciatura em
criticidade no estudo do espaço geográfico, ensejada Geografia da UFG/RC. E para fim de compreender a
de questionamentos. Pois, é competência do professor leis que regem a formação de professores e
de Geografia instigar e provocar o pensamento, não estagiários no Brasil consultou-se os sites do Governo
se restringindo a conceitos prontos e desinteressantes. Federal, os editais de Iniciação à Docência, portal
Atendendo a estas atribuições o ESG I fomentou o eletrônico do Ministério da Educação (MEC), Pró-
arcabouçou e discussões teóricas no Ensino de Reitoria de Graduação (PROGRAD), e da CAPES.
Geografia, bem como, a elaboração de recursos Pesquisa de Campo: Nesta fase foram realizados
didáticos. No ESG II e III (2° semestre de 2018/ 1° os procedimentos primordiais para concretização da
semestres de 2019) as principais realizações a serem pesquisa, sendo a etapa mais minuciosa e importante

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a qual entrecruzou-se a teoria com a prática.  Explicação sobre desenvolvimento e regras
Ocorrendo por meio de intervenções diretas em sala dos jogos;
de aula, com a consolidação dos procedimentos  Jogos e brincadeiras;
metodológicos que permeiam a práxis, sendo assim,  Resolução de dúvidas;
realizadas todas as atividades lúdico-pedagógicas.  Atividades de verificação de aprendizagem.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Durante a pesquisa, foram desenvolvidas


atividades e jogos que contribuem e auxiliam para
A partir da premissa de efetivar no Ensino de construção formativa do aluno são elas:
Geografia uma mediação didática significativa em
prerrogativas de aprendizagem, investigação,  Aulas com fantoches a “ Fantochaula
pesquisa e questionamentos, foram elaborados jogos, Musical”;
atividades musicais e demais atividades lúdico-  Bingos Diversos (Geografia Geral,
pedagógicas como meio de auxiliar e mitigar o Geologia, Cartografia e dentre outros);
fracasso escolar, adicionando novos nuances aos  Caça-Palavras (Diversos);
saberes geográficos. Como também proporcionar aos  Campo de Futebol/ brincadeira para a
alunos das escolas as quais realizaram-se a pesquisa alfabetização cartográfica;
um ensino reflexivo, crítico e qualitativo partindo  Cruzadinhas;
para o conhecimento científico por meio da  Jogos de Perguntas e Respostas;
ludicidade.  Jogos de Tabuleiro (Diversos);
Entrelaçando-se pela construção teórica trazida  Músicas;
por vários autores que dialogam sobre o Ensino de  Racha-Cuca Geográfico, Geológico e
Geografia como Pontuschka (2007), Cavalcanti Cartográfico;
(2005) Almeida & Passini (1998), que entendem e  Quiz Geográfico com temáticas especificas
inferem sobre a importância de construir-se os para cada aula (América Latina, América do
conceitos a partir do cotidiano dos alunos e de seus Norte, América do Sul, Cartografia,
conhecimentos preliminares. Fazendo uso de Geologia, Meio Ambiente e
questionamentos atribuídos ao método da Maiêutica, Sustentabilidade, Agroecologia,
não levando conceitos prontos, e sim construindo os Reciclagem, Clima e Tempo, Domínios
saberes juntamente com os alunos. Morfoclimáticos do Brasil, Indústria,
Dito isto, tanto por parte do PIBID de Geografia Cidade e Campo e dentre outros).
da Regional Catalão, quanto ao decorrer dos Estágios
Supervisionados foram desenvolvidas com o apoio Salienta-se que ao termino de cada atividade e
dos orientadores e demais bolsistas várias propostas jogos, os resultados eram aparentes, satisfatórios e
metodológicas, para as turmas do Ensino qualitativos, os alunos por deveras indagavam qual
Fundamental II. Estendendo-se ainda para atividades seria a “brincadeira” da próxima aula de Geografia.
realizadas dentro do Campus da Regional Catalão. Questionando, refletindo e dialogando inebriados
As atividades lúdicas sempre foram elaboradas com a ludicidade, como infere Luckesi (2000) em
de forma que incluíssem todos os alunos, seguindo perspectivas de plenitude em suas experiências
uma metodologia planejada de forma minuciosa, com lúdicas.
uma aula prévia para debater, questionar e construir Considera-se que os resultados obtidos ao longo
os conceitos geográficos, levando em consideração o da pesquisa alcançaram satisfatoriamente os
que os alunos já obtinham de conhecimento sobre o objetivos almejados, devido as considerações que
assunto. Após as aulas prévias e resolução das todas as atividades obtiveram excelentes resultados,
dúvidas dos alunos, as atividades e jogos eram demonstrando de forma concisa a ruptura com a
realizados, quando finalizados sempre havia mais um tradicional monotonia dos livros didáticos.
espaço para solucionar as dúvidas dos escolares e Ressaltando que a mediação didática significativa se
posteriormente uma nova atividade para fomentar faz via cooperação mútua entre o aluno e o professor,
tudo o que foi debatido durante as aulas e os jogos, e é indispensável para um ensino qualitativo, crítico e
bem como, para obter o resultado da mediação renovador.
didática, melhorando a cada atividade as práticas de
ensino. Desta forma, as aulas comtemplavam os
seguintes requisitos: 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

 Perguntas Diagnóstico e questionamentos; As atividades realizadas durante a pesquisa


 Discussão sobre os conteúdos propostos; buscaram comprovar a eficácia dos jogos, atividades
 Uso da maiêutica; e brincadeiras lúdicas, apresentando-as como
facilitadoras na mediação didática, propiciando o

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conhecimento de forma criativa, dialógica e LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo:
descontraída, levando-nos as reflexões que se é Cortez, 1994.
possível apreender Geografia de maneira divertida.
Em suma destaca-se importância da ludicidade LOPES, V.G. Linguagem do corpo e Movimento.
no Ensino de Geografia, pois em meio a aulas que se Curitiba, PR, 2006.
apresentam, muitas vezes, desmotivadas e
complicadas ela incorpora significado e destreza a LOPES, Antônia Osima. Aula Expositiva:
mediação didática. Levando os alunos a um olhar Superando o Tradicional. In: VEIGA, Ilma Passos
diferente da ciência geográfica deixando evidente que Alencastro (org). Técnicas de ensino: por que não?
os problemas inerentes ao ensino não estão nos - 21° ed. Campinas-SP: Papirus, 2011.
conteúdos e sim nas metodologias adotadas. LUCKESI, Cipriano Carlos. Desenvolvimento dos
Concluindo que a alfabetização geográfica dar-se a estados de consciência e ludicidade. In Interfaces
partir do diálogo e da práxis, e quando associa-se a da Educação. Cadernos de Pesquisa – Núcleo de
ludicidade se torna significativa e facilitadora para Filosofia e História da Educação, Programa de Pós-
compreensão holística da sociedade e da natureza. Graduação em Educação, UFBA, vol. 2, no. 1, 1998,
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Cecília França] 4ed. Campinas: Papirus, 1997. a formação docente: a concepção dos alunos
bolsistas do curso de Geografia, da Universidade
Federal de Goiás – Regional Catalão. 2018. 229 f.

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Dissertação (Mestrado em Geografia) - Universidade
Federal de Goiás, Catalão, 2018. RESPONSABILIDADE AUTORAL

VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente: o “Os autores Leonoura Katarina Santos e Odelfa Rosa
desenvolvimento dos processos psicológicos são os únicos responsáveis pelo conteúdo deste
superiores. Michael Cole et AL (Org.). 4 Ed. São trabalho”.
Paulo: Martins Fontes,1987.

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PATOLOGIAS EM REVESTIMENTOS ARGAMASSADOS DE UMA
EDIFICAÇÃO
Dornelas, Ricardo Cruvinel, rcd.produtividade@gmail.com
Silva, Anna Luisa Alves Cordeiro, annaluisa.acs@hotmail.com1
Oliveira, Mariana de,mariana.2797@hotmail.com1
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Engenharia Civil

Resumo: As edificações são projetadas e executadas de forma a garantir um bom desempenho e conforto aos
usuários. Espera-se então que elas atendam, durante a sua utilização, as suas funções básicas de durabilidade,
segurança e conforto, evitando assim as manifestações patológicas. As patologias nas edificações além de
causarem desconforto ao usuário, comprometem a segurança da estrutura, e em alguns casos são aviso de um
possível colapso. Devido a importância do tema, o presente artigo tem por objetivo apresentar um referencial
teórico sobre patologias nas edificações, com foco nas manifestações patológicas em revestimentos
argamassados. A metodologia utilizada caracteriza-se por uma pesquisa com natureza descritiva exploratória e
possui caráter qualitativo pois se deu de forma subjetiva, sem obtenção de resultados numéricos. Por fim, o
presente trabalho servirá como base para a realização de um estudo de caso (avanço da pesquisa) visando a
aplicação prática dos conceitos adquiridos.

Palavras-chave:Patologia. Revestimentos. Argamassados. Manifestações. Patológicas.


__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO diferencial importante neste segmento. Em virtude


da relevância do tema, o presente trabalho propõe
As edificações são projetadas e construídas para uma revisão teórica sobre os principais tipos de
desempenhar funções fundamentais para o patologias em revestimentos argamassados, no
desenvolvimento da sociedade e independentemente intuito de proporcionar aos leitores maior
de suas designações, visam suprir algumas entendimento acerca do tema.
relevantes necessidades do usuário, como moradia,
trabalho, educação, dentre outras (SILVA, 1996). 2. REVISÃO
Para que haja harmonia entre o indivíduo e o
ambiente, as edificações que o abrigam devem se 2.1. Patologia das construções
tornar cada vez mais confortáveis, sólidas, seguras e
duráveis. O termo patologia de edificações, ao contrário
Segundo Watt (2008), as edificações do que muitos pensam, não é de origem recente. Há
representam vários níveis de ação e interação entre o mais de quatro mil anos atrás, na Mesopotâmia, já
homem e seus arredores, em qualquer forma que era possível encontrar indícios desse tipo de
existe a construção, ela é uma resposta física das ocorrência expressas no Código de Hammurabi, que
pessoas, do local e do ambiente. Assim, pode se possuía cinco regras severas para prevenir defeitos e
dizer que as patologias de uma edificação além de falhas nas construções.
possuírem origem devido aos processos Para Figueiredo (2003), essas leis sugerem que
construtivos, podem ainda ser consequências de naquela época pode ter ocorrido uma grande
algumas ações do usuário ou até mesmo do ambiente repercussão a respeito da qualidade das construções,
que a cerca. Ioshimoto (1988) ainda reforça essa o que acarretou na criação do Código Hammurabi,
ideia dizendo que a incidência dessas patologias está levando-o a ser considerado como o primeiro tratado
relacionada com o controle da qualidade sobre patologias das construções. Essa evidência é
empreendido nas etapas de concepção, execução, uma notável representação de que o termo patologia
operação e manutenção, assim como se relaciona das edificações não se refere apenas a falhas
com a compatibilidade entre essas etapas. construtivas, mas trata principalmente de uma
De acordo com Silva (1996) é imprescindível questão de responsabilidade (CIB, 1993).
estudar as causas e os sintomas das patologias de Segundo Nazario e Zancan (2011), a palavra
forma a subsidiar o diagnóstico e a aplicação de patologia apresenta origem grega e para melhor
medidas corretivas apropriadas. Mais que isto, a entendimento de seu significado, pode ser
formação de profissionais com conhecimentos fragmentada em duas partes, nas quais phatos
aprofundados em patologia das edificações é um significa doença e logia significa estudo. De maneira

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análoga, Cremonini (1988) conceitua a expressão projetos ou durante a execução. As patologias que
patologia das edificações como a área da engenharia tem sua origem na fase de projeto ocorre muitas
que estuda a razão pela qual os edifícios e seus vezes devido a falta de especificação das
componentes passam a apresentar um desempenho características do revestimento, como falta da
insatisfatório. Para diagnosticar e propor o quantidade das camadas de fixação, regularização e
tratamento adequado para cada tipo de patologia é acabamento. Já na fase de execução, é identificado a
de fundamental importância a análise de falta de treinamento na mão de obra (BARROS et
características como durabilidade e vida útil, al., 1997).
desempenho e manutenção da edificação. Rhod (2011) apresenta as principais patologias
As manifestações patológicas nas edificações em revestimentos como os destacamentos e
podem ter origem em diferentes etapas, sendo elas descolamentos, as trincas, fissuras e gretamento, as
desde o projeto até mesmo execução e utilização. manchas, eflorescências, bolor, vesículas, entre
Essas patologias podem apresentar diferentes tipos, outros. Dessa forma, algumas dessas patologias vão
que são classificados de acordo com o local de ser estudadas ao longo deste artigo.
incidência. Dentre as principais patologias discutidas
nas bibliografias temos as patologias em concreto 2.3. Caracterização das principais patologias dos
armado, patologias em fundações, patologias em revestimentos argamassados
alvenarias e patologias em revestimentos
argamassados. No presente trabalho, serão 2.3.1 Destacamento ou descolamento
abordadas algumas das patologias em revestimentos
argamassados, sua caracterização, causas e Bauer (1997) apresenta os deslocamentos como
diagnóstico. a separação de uma ou mais camadas do
revestimento de argamassa. Ele é gerado pela perda
2.2. Patologia dos revestimentos argamassados de aderência ocasionada pelo aumento das tensões,
que faz com que ocorra uma ruptura na interface
Segundo Deutsch (2011), os acabamentos têm entre as camadas do revestimento e a base do
como função principal a proteção dos elementos substrato (estrutura, alvenaria, etc) (BARROS et al.,
estruturais e da alvenaria de vedação, protegendo 1997).
assim a edificação das intempéries aumentando a sua As causas mais comuns de descolamentos de
vida útil. argamassa, são apresentados por Thomaz e Chimelo
De acordo com Santos (2014), a parte que diz (1993), e Leal (2003) como o traço inadequado, fato
respeito ao revestimento em um edifício, engloba que produz uma argamassa com pouca elasticidade,
desde os revestimentos argamassados aos incapaz de absorver as movimentações da
revestimentos cerâmicos. Sendo que, o revestimento estrutura/alvenaria, ou resulta ainda em um material
argamassado, segundo Costa (2013), é constituído com pouco aglomerante, que tem sua aderência
de multicamadas que recobrem a superfície de prejudicada. O uso de materiais com alto teor de
concreto ou alvenaria, e a torna própria para receber finos, gerando um revestimento com baixa
o acabamento final, como pintura, cerâmica, porosidade, o uso de aditivos plastificantes, a
pastilhas, etc. aplicação da argamassa sobre uma superfície suja,
Sabbatini (1990) apresenta que as principais ou muito lisa, a qual prejudica a aderência do
funções do revestimento são as de: proteção das revestimento à base, entre outros.
vedações e da estrutura contra a ação de agentes São causas dos descolamentos também, a
agressivos; aumento da durabilidade e redução dos aplicação da argamassa em excesso, gerando uma
custos de manutenção nos edifícios; auxílio nas camada com um peso próprio que dificulta a adesão
funções de vedação, como de isolamento térmico e com o substrato, o ato de não chapar corretamente a
acústico, estanqueidade à água, segurança contra o argamassa na parede, deixando espaços vazios, e a
fogo; dar o acabamento final à estrutura; cumprir as pintura feita precocemente.
funções estética e de valorização econômica do Os descolamentos podem ser com empolamento,
edifício. em placas e com pulverulência. Os deslocamentos
Assim, é observado que os revestimentos devem com empolamentos são gerados quando a superfície
ter as características de proporcionar a aderência, do reboco forma bolhas, as quais aumentam de
absorção de deformações, a resistência mecânica, tamanho e se tornam quebradiças. Esse tipo de
permeabilidade e a durabilidade. patologia pode ser causado pela infiltração de
A execução dos revestimentos é feita em umidade, traço inadequado do revestimento,
diversas etapas, desde o projeto à execução, assim, incidência do sol, ou aquecimento por outras fontes
as manifestações patológicas desse subsistema, (fogão, aquecedores, tubulação de água quente, etc.),
segundo Barros et al. (1997) apresentam as sendo a forma de reparo através da renovação da
principais causas durante a fase de elaboração dos pintura ou camada de reboco. (MILITO, 2009).

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Os descolamentos em placas são caracterizados movimentação ajudam a dissipar as tensões que
pela perda de aderência das placas cerâmicas do chegam aos revestimentos, diminuindo a chance do
substrato, o qual ocorre quando as tensões passam da aparecimento dessas patologias. Além de outra causa
capacidade de aderência das ligações entre a placa conhecida como a retração da argamassa de fixação,
cerâmica e a argamassa ou emboço. As causas dessa que ocorre quando a argamassa de fixação é dosada
patologia são traço inadequado da argamassa, na obra, causando retração excessiva pela perda da
deformação lenta da estrutura, variações de água de amassamento, podendo tornar a superfície
temperatura, forma de aplicação do revestimento, da placa convexa e tracionada, com o consequente
entre outros (MILITO, 2009). A renovação do aparecimento das trincas, fissuras e gretamento.
revestimento pode ser feita através de um
apicoamento da base, aplicação de chapisco ou ainda 2.3.3 Mofo, Bolor e Eflorescência
outro artifício para melhoria da aderência.
Essa patologia é característica de uma Os fungos são organismos filamentosos com
argamassa friável, em que o sinal de pulverulência grande capacidade de reprodução, que ocorre através
se trata de uma desagregação da argamassa ao ser de estruturas chamadas esporos, analogamente os
pressionada manualmente (SEGAT, 2005). Bauer esporos podem ser considerados como as sementes
(1997) apresenta as seguintes causas: a pintura das plantas superiores, que quando depositadas num
executada precocemente, argamassa mau ambiente de condições propícias ao seu
proporcionada ou utilizada após prazo de utilização desenvolvimento, germinam originando um novo
(tempo de pega do cimento) e o excesso de materiais indivíduo.
pulverulentos no agregado. Segundo Milito (2009), Nas edificações, esses microrganismos
o reparo se dá através da renovação da camada de provocam a decomposição de diferentes tipos de
reboco. componentes, especialmente os revestimentos ou
materiais orgânicos depositados sobre ele (ALUCCI;
2.3.2 Trincas, fissuras e gretamento FLAUZINO; MILANO, 1988). Segundo Souza
(2008) a formação e proliferação dos fungos,
ocorrida geralmente em ambientes úmidos e
As fissuras e trincas são manifestações passíveis a infiltração, ocasionam uma manifestação
patológicas causadas por tensões de tração que patológica denominada bolor ou mofo. Para Alucci,
ocorrem em materiais frágeis, como o concreto e a Flauzino e Milano (1988), o fator preponderante
cerâmica. O processo acontece quando os materiais para o desenvolvimento do bolor ou mofo nas
são submetidos a um esforço maior do que a sua edificações está associado à existência de água, seja
resistência pode aguentar, o que faz com que surjam ela no estado líquido ou gasoso, que torna os
falhas no material e consequentemente uma abertura ambientes úmidos e propícios para proliferação. A
(OLIVEIRA, 2012). presença dessa umidade pode ocorrer nos
No que diz respeito a essa patologia Barros et al. componentes internos e externos da edificação,
(1997) diz que as trincas são rupturas em que as suas decorrentes de infiltrações, condensação do vapor de
aberturas são maiores que 1mm. E Milito (2009) água, umidade proveniente do solo, umidade
complementa que as fissuras são rompimentos com a proveniente, dentre outros.
abertura inferior a 1 mm e o gretamento se trata de Visto que a umidade está constantemente
uma série de aberturas inferiores a 1 mm em várias relacionada as causas dessa patologia, as medidas
direções na superfície do revestimento. para evitar sua ocorrência se iniciam nas etapas de
Campante e Baía (2003), apresentam as projeto da edificação e permanecem até a etapa de
principais causas para esses problemas nos manutenção preventiva. As principais medidas
revestimentos. A dilatação e retração do preventivas incluem prever a ventilação, insolação e
revestimento que ocorre quando há variação de iluminação adequadas, desde o projeto; evitar fatores
temperatura ou de umidade, pode gerar um estado de que gerem riscos de condensação e evitar riscos
tensões internas que, se ultrapassarem o limite de inerentes a infiltração em pisos, tetos e paredes
resistência, provocam trincas e fissuras. A (FERRAZ, 2016).
deformação excessiva da estrutura cria sobre o Segundo Roscoe (2008), a palavra eflorescência
edifício um quadro de tensões, as quais são vem de eflorescentia, que possui origem do latim.
transmitidas para a alvenaria e desta para os Souza (1997) define como depósitos de aspecto em
revestimentos. crostas ou pulverulento, que alteram a superfície dos
Campante e Baía (2003) acrescentam também revestimentos conferindo-o tonalidades
que a ausência de detalhes construtivos podem ser a principalmente esbranquiçada. Quimicamente, a
causa desse tipo de patologia. Detalhes como vergas eflorescência é composta por sais de metais
e contravergas nas aberturas de janelas e portas, alcalinos, como sódio e potássio, e metais alcalino-
pingadeiras nas janelas, platibandas e juntas de ferrosos, como cálcio e magnésio, podendo ser

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solúveis ou parcialmente solúveis em água. O foram utilizados livros, artigos, boletins técnicos,
processo de formação dessa patologia acontece em normas, dentre outras fontes que compusessem uma
duas etapas, na primeira os sais são dissolvidos estrutura consistente de informação referente as
através da saturação pela ação da água da chuva ou patologias em edificações. Acerca desse tema,
do solo, já na segunda etapa essa solução migra para apresentou-se os conceitos gerais, uma breve
a superfície e por consequência da evaporação da apresentação dos tipos de manifestações patológicas
água, resulta na formação de um depósito salino existentes, detalhando as patologias em
(UEMOTO, 1988). revestimentos argamassados, que são o foco do
De acordo com Uemoto (1988) é possível trabalho.
apontar três fatores principais que contribuem para a
formação dessa patologia, são esses: o teor de sais 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
solúveis presentes nos materiais ou componentes do
revestimento; a presença de água e a pressão O presente artigo terá sequência em um estudo
hidrostática, que propicia o transporte da solução de caso no Trabalho de Conclusão de Curso 2. Nele
para a superfície. Esses três fatores são de igual será utilizado o método de Lichtenstein para uma
importância e devem existir integralmente para que análise e identificação das principais manifestações
ocorra esse fenômeno, ou seja, se uma dessas patológicas em revestimentos argamassados
condições for eliminada não haverá eflorescência. encontradas nas edificações do Campus I, da
Apesar de atípico, a cristalização de sais pode Universidade Federal de Goiás, Regional Catalão.
ainda resultar em um outro fenômeno denominado Objetivando assim que sejam entendidas as causas, e
criptoflorescência, a diferença entre esse e a a partir disso, as patologias sejam devidamente
eflorescência se dá em função da profundidade dos diagnosticadas.
depósitos salinos em relação à superfície do
revestimento. Enquanto a eflorescência, seja ela de 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
caráter pulverulento ou em crosta, ocorre na
superfície dorevestimento, a criptoflorescência é É observada a importância do estudo das
oculta pois ocorre a uma certa profundidade, sem patologias que ocorrem nas edificações, uma vez
aflorar na superfície (CARASEK, 2010).A que através dele pode-se conhecer os métodos de
deterioração superficial da argamassa, causada pela prevenção, as causas e os possíveis diagnósticos em
criptoflorescência, é resultado de uma longa uma eventual correção. Além de assim saber que as
exposição do revestimento à agentes químicos patologias podem ser originadas tanto nas etapas de
agressivos, como o anidrido carbônico e o anidrido projeto quanto na execução. Dessa forma, espera-se
sulfuroso, encontrados na água da chuva devido à que o trabalho contribua para os processos futuros
poluição, ou por soluções com ácido clorídrico de manutenções corretivas a serem realizados pela
utilizadas na lavagem dos revestimentos (SEGAT, unidade responsável do Campus.
2005).
Em síntese, o revestimento interior e exterior REFERÊNCIAS
está sujeito, ao longo de sua vida útil, à ação de
diversos agentes agressivos, com destaque ao ataque ALUCCI, M.P., FLAUZINO, W.D., MILANO, S.
por sais. Diante disso, Uemoto (1988) destaca que Bolor em edifícios: causas e recomendações.
desde a etapa de execução até o uso de uma Tecnologia de Edificações. São Paulo: Pini, IPT –
edificação deve-se observar condições como a Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de
umidade do solo, o acúmulo de água da chuva antes São Paulo, Coletânea de trabalhos da Div. de
de finalizada a cobertura da obra, a infiltração de Edificações do IPT, 1988. p.565-570.
água através de paredes e fissuras, o vazamento de
encanamentos de água, esgoto, água pluvial, bem BARROS, M. M. B.; TANIGUTI, E. K.; RUIZ, L.
como vapor e água utilizados na limpeza. Pois essas B.; SABBATINI, F. H. Tecnologia construtiva
condicionantes, quando evitadas, podem resultar racionalizada para produção de revestimentos
numa medida preventiva à manifestação de cerâmicos verticas. São Paulo: USP, 1997.
eflorescências e criptoflorescências, beneficiando a
estética e o desempenho da edificação. BAUER, R.J.F. Patologia em revestimentos de
argamassa inorgânica. In: II SIMPÓSIO
3. METODOLOGIA BRASILEIRO DE TECNOLOGIA DAS
ARGAMASSAS, Salvador, 1997. P.2.
A pesquisa tem natureza descritiva exploratória
e possui caráter qualitativo pois se deu de forma CAMPATE, E. F.; BAÍA, L. L. M. Projeto e
subjetiva, sem obtenção de resultados numéricos. execução de revestimento cerâmico. São Paulo:
Este estudo consiste em um referencial teórico, onde Onome da Rosa, 2003.

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1/Patologias%20Ocasionadas%20Pela%2
0Umidade%20Nas.pdf. Acesso em: 20 jun. 201 “Os autores são os únicos responsáveis pelo
conteúdo deste trabalho”.
THOMAZ, E.; CHIMELO, J. P. Cupins e
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1993.

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POSSIBILIDADES DE INTERVENÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA
SÍNDROME DE PATAU
DIAZ, Jalusa Andréia Storch, Professor/Orientador, email: jalusastorch@yahoo.com.br
MESQUITA, Lucas Martins, email: lucas_mesquita08@hotmail.com
RODRIGUES, Leandro Gomes, email: leandrog.rodrigues@hotmail.com
PIRES, Rosana Farias Lima, email: rosanaflp27@gmail.com
ARRUDA, Leomar Cardoso, email: leocardoso_2005@hotmail.
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Biotecnologia-
IBIOTec

Resumo: A Síndrome de Patau trata-se de uma doença genética resultante da trissomia no cromossomo 13 e gera
comprometimentos físico-motores e intelectuais nas crianças. Este estudo foi fruto de um trabalho construído na
na disciplina de Biologia e Educação, do curso de Educação Física e contou com a parceria do Grupo de Pesquisa
GEPEFA. O objetivo deste trabalho será de descrever as possibilidade de intervenção da Educação Física para
crianças com Síndrome de Patau. Trata-se de uma pesquisa com o delineamento do estudo de caso, realizado com
os pais de uma criança com Síndrome de Patau. Utilizamos como instrumento um formulário eletrônico com
dados sobre a gravidez, concepção e da inserção da criança na escola. Os resultados demonstraram que as
possibilidade de trabalho da Educação Física para a Síndrome de Patau reside na importância de promover o
desenvolvimento neuropsicomotor a partir de estímulos dos elementos psicomotores (esquema corporal; noção
espaço-temporal; lateralidade; praxia global e fina; coordenação motora; equilíbrio; tônus, postura e ritmo), os
quais podem fornecer uma melhor integração sensorial. Evidenciamos a necessidade do professor de Educação
Física orientar os pais de crianças com Síndrome de Patau sobre as atividades lúdicas que devem ser realizadas
no contexto domiciliar para promover a independência e autonomia. Concluímos que a Síndrome de Patau é um
tema pouco explorado na área de Educação Física, mas entendemos que a nossa área poderá auxiliar no processo
do desenvolvimento neuropsicomotor a partir da adaptação de atividades lúdicas que estimulem os elementos
psicomotores e promovam a melhor integração sensorial.

Palavras-chave: Síndrome de Patau. Educação Física. Desenvolvimento neuropsicomotor. Elementos


Psicomotores. Integração sensorial.
__________________________________________________________________________________________
1. INTRODUÇÃO mãos e às vezes dos pés, anomalias nos sistemas
cardiovascular, renal e sistema nervoso central,
A Síndrome de Patau é uma doença genética deformação no trato urogenital, defeitos cardíacos
decorrente de uma trissomia no cromossomo 13. congênitos, irregularidades craniofaciais,
Manica, et. al., (2000) citam que as trissomias microcefalia e hipotonia, cujos fatores interferem
decorrem da não separação de cromossomos diretamente no desenvolvimento neuropsicomotor
homólogos ou de duas cromátides irmãs durante a dessas crianças.
meiose, no processo de formação dos gametas. A A trissomia no cromossomo 13 é menos
trissomia no cromossomo 13, designada como frequente do que as trissomias em outros
Síndrome de Patau é resultante de uma trissomia cromossomos, sendo que a maioria dos conceptos
livre, de translocação cromossômica ou por com essa trissomia morrem ainda no período
mosaicismo. embrionário. Das que nascem, apenas um pequeno
Essa trissomia foi descoberta em 1960 por Klaus número de crianças com a Síndrome de Patau
Patau, posteriormente a descoberta da Síndrome de sobrevivem ao primeiro ano e há poucos casos
Edwards, um outro tipo de trissomia envolvendo o relatados de sobrevida longa (MANICA et al., 2000).
cromossomo 18 e de achados clínicos muito Em relação aos dados epidemiológicos e estatísticos
semelhantes (MANICA et al., 2000). a incidência da Síndrome de Patau é de 1:10.000-
Manica, et. al., (2000) e Zen et al., (2008) 20.000 nascidos vivos no mundo (ZEN, et al. 2008).
comentam que tal alteração genética causa expressões Existe uma possibilidade muito baixa, mas não
fenotípicas, resultando em um quadro clínico insignificante, de uma criança com Síndrome de
específico, no qual o indivíduo portador da síndrome Patau ter uma sobrevida relativamente longa,
possui marcantemente fissura labiopalatina (lábio sobretudo se não forem detectadas malformações
leporino), deficiência de crescimento, polidactilia das cardíacas e cerebrais graves. Alguns relatos de

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sobrevida longa podem ser citados, como por Ferreira, Sakurada e Griep (2013) apontam a
exemplo: “uma menina de 11 anos com trissomia grande importância de programas de intervenção,
livre do 13 e sem malformações cardiovasculares e como é o caso do Programa de Assistência e
cerebrais graves; uma menina de 19 e um menino de Internação Domiciliar (PAID) do município de
11 anos, ambos negros, com trissomia livre do 13” Cascavel-PR, a qual é composta por uma equipe
(MANICA, et al. 2000). multidisciplinar de serviço, possuindo profissionais
Os autores Manica, et. al. (2000) apontam que como médicos, nutricionistas, enfermeiros,
existem vários meios para encontrar anormalidades odontologistas, pedagogos, técnicos de enfermagem e
fetais durante a gravidez, desde os métodos de assistentes sociais que promovem a saúde e a
rastreamento, como a ultrassonografia, dosagem de educação de crianças com deficiência em situação
alfafetoproteína e outros marcadores, até análise de domiciliar.
cariótipos. Os professores atuantes na EFA e EFE possuem
Partindo do exposto, o presente estudo teve o um grande papel para inclusão dos alunos com
objetivo de descrever as possibilidade de intervenção deficiência – tal como as crianças com Síndrome de
da Educação Física para crianças com Síndrome de Patau, na qual trabalharão mais especificamente com
Patau. Secundariamente buscou-se entender o atividades lúdicas, recreativas, pedagógicas e de
processo de concepção e gestação da criança com iniciação esportiva, almejanto contribuir na melhora
Síndrome de Patau e fornecer idéias para auxiliar os do desenvolvimento neuropsicomotor, englobando
pais a contribuir com o desenvolvimento aspectos a noção espaço-temporal, esquema corporal,
neuropsicomotor dos filhos com Síndrome de Patau coordenação motora, fortalecimento muscular,
no contexto domiciliar. mobilidade, habilidades motoras e funcionais
prevendo uma melhor realização de atividades de
2. REVISÃO DE LITERATURA vida diária (STORCH, 2013).
Portanto, é de grande importância que a área da
Por conta das múltiplas anormalidades causadas Educação Física e seus profissionais possam
pela Síndrome de Patau, os portadores apresentam um contribuir com o melhor desenvolvimento de crianças
desenvolvimento motor atrelado a limitações físico- com deficiências oriundas de diversas etiologias, tais
motoras, intelectuais e sociais. Conforme Ferreira, como das Síndromes, focalizando seus esforços para
Sakurada e Griep (2013), a clínica situa-se em contribuir para um melhor desenvolvimento motor,
alterações abdominais, sendo de anormalidades intelectual, social e físico, integrando essa criança
renais 30% a 60% e hérnia umbilical 40% a 83%, com a família e sociedade, de modo a ressaltar suas
incidências de pescoço curto 9% a 100% e problemas potencialidades (STORCH, 2013).
cardiovasculares 80 a 94%, cujos diagnósticos
costumam ser na maioria das vezes as causas de 3. METODOLOGIA
óbitos nestas crianças, tendo relação direta com
malformações do sistema cardiovascular, graves Esse estudo foi concebido por meio de uma
problemas cerebrais e as anomalias desenvolvidas atividade de pesquisa desenvolvida na disciplina de
durante o desenvolvimento embrionário. Biologia e Educação, do curso de Educação Física,
Diante disso, percebe-se os quão delicados são os durante o primeiro semestre de 2019, cujas ações
cuidados com essas crianças com deficiência também estiveram vinculadas ao Grupo de Estudos e
múltiplas que chegam a frequentar as escolas Pesquisas em Exercícios Físicos e Adaptações –
regulares ou instituições de ensino especial. Para GEPEFA, do curso de Educação Física da UFG/RC.
estes casos torna-se necessário a adaptação de O delineamento metodológico selecionado foi o
estratégias de ensino e aprendizagem e no campo da estudo de caso sobre a Síndrome de Patau(THOMAS,
Educação Física chamamos este campo de Educação NELSON, SILVERMAN, 2012), cujo tema foi
Física Adaptada (EFA) ou Educação Fìsica Especial selecionado pela raridade de achados científicos no
(EFE), ou seja, visa implementar as ações da campo da Educação Física, justamente por se tratar de
Educação Física adaptada às necessidades e uma Síndrome rara que afeta 1:10.000-20.000
dificuldades de seus alunos (SILVA e FERREIRA, nascidos vivos (MANICA et al., 2000).
2001). A amostra foi constituída por duas pessoas, sendo
No campo da EFA ou EFE, o professor deve dar uma mãe (P1) e um pai (P2) de uma criança com
prioridade ao desenvolvimento neuropsicomotor, diagnóstico clínico da Síndrome de Patau, do sexo
com vistas à promover a aquisição de habilidades masculino, com seis anos, residente no estado de São
básicas utilizando abordagens multissensoriais que Paulo e que será inserido em uma instituição de
proporcionarão experiências em que o aluno possa ensino especializado.
ver imagens, manipular objetos com diferentes O instrumento de coleta de dados utilizado foi
texturas e ouvir sons (SILVA e BRANCO, 2018). um formulário eletrônico enviado por uma página

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social do pais, composto dos seguintes come de tudo, faz birra, ama sertanejo não vive sem,
questionamentos: não sei o que seria de mim sem o sertanejo, interage
a) Pergunta aplicada a mãe (P1) com a finalidade muito bem procuro estimular muito”.
de saber como o transcurso da gestação; e) Ele vai para escola? Se sim, como é a
b) Pergunta aplicada para mãe (P1) e o pai (P2), inclusão (Questionados a P1 e P2)? “Estou na fase
com o intuito de reconhecer como os pais foram de preparação para colocá-lo na escola, estou
informados sobre a síndrome do filho; pensando na Associação de Pais e Amigos dos
c) Pergunta aplicada a P1 a fim de entender como Excepcionais (APAE) da cidade acho que será
foi o momento do nascimento do filho (parto); melhor”.
d) Pergunta aplicada a P1 e P2 visando f) Se não vai para escola, quais são os motivos
reconhecer como o desenvolvimento motor do filho (Questionados a P1 e P2)? “Ele não foi ainda para a
atualmente; escola porque eu achei melhor esperar ele se
e) Pergunta aplicada a P1 e P2 a fim de desenvolver mais para a própria segurança dele, mas
reconhecer se o filho frequenta regularmente a escola agora ele está mais preparado para ir”.
ou instituição de ensino especializado;
f) Atrelado a questão “e”, caso a criança não 5. DISCUSSÃO
frequente a escola, quais seriam os motivos.
A partir dos resultados obtidos, os dados foram A observação inicial bem como a entrevista com
analisados qualitativamente por meio da narrativa os pais das crianças com Síndrome de Patau nos
analítica (THOMAS, NELSON, SILVERMAN, mostrou a importância do bom acompanhamento e
2012). Quanto aos cuidados éticos, os participantes diagnóstico clínico da doença, desde o momento da
foram orientados em relação a pesquisa e sendo gestação, parto e os primeiros meses de vida da
esclarecidos que as informações seriam utilizadas criança, bem como a necessidade de um
apenas para fins científicos, resguardando a acompanhamento de equipe multiprofissional para
identidade dos participantes. preparar a inserção da criança em uma instituição de
ensino especializada.
4. RESULTADOS O acompanhamento e apoio ofertado aos pais de
crianças com síndromes é de extrema importância,
Os resultados abaixo relatados respeitarão a pois isto irá oportunizar o entendimento sobre a
sequência dos questionamentos apresentados no item clínica da Síndrome, as limitações e complicações,
supracitado metodologia. O formulário eletrônico foi além das possibilidade do desenvolvimento
enviado a uma página social do pais de um aluno com neuropsicomotor da criança, com o intuito de
Síndrome de Patau e conteve seis perguntas fornecer diretrizes para uma estimulação que seja
destinadas as quais estão detalhadas abaixo: iniciada já no ambiente domiciliar e promova a
a) Como foi sua gestação (pergunta aprendizagem dos futuros atos motores da criança
direcionada a P1)? “Minha gestação foi tranquila, (CAMPBELL, PALM, 2004).
tive um pequeno sangramento logo no momento que Capacitar os pais de crianças que apresentam
descobri a gravidez, um dia depois do teste de transtornos neuropsicomotores permite que eles
farmácia, daí a médica já pediu ultrassom logo e me assumam um papel ativo de interação com o filho(a)
disse que estava tudo ok e que eu não me com síndrome, cuja orientação permitirá que as
preocupasse”. brincadeiras feitas no ambiente domiciliar possam
b) Como soube que seu filho (a) possuía esta explorar a sensorialidade da criança no espaço que ela
síndrome (questionados a P1 e P2)? “Só está inserida, de modo a promover o desenvolvimento
descobrimos depois que o nosso filho nasceu com e aprendizagem (STORCH, 2013).
insuficiência respiratória, que precisou de UTI ao Todo o aprendizado da sensorialidade pode ser
nascer, ficou 40 dias internado, teve que entubar, fez obtido pela estimulação psicomotora, cujo
o cariótipo ainda na UTI, depois que teve alta o significado atribui a interrelação entre o pensamento
resultado chegou. Era Patau”. e o movimento, ou seja, estudo como objeto o homem
c) Como foi na hora do nascimento e sua relação com o movimento, nas possibilidades de
(questionado a P1)? Foi uma surpresa para todos atuar, agir com o outro, com o espaço e consigo
nós, nasceu muito cansada roxinha, um chorinho mesmo, promovendo aquisições orgânicas, afetivas e
fraco, precisou ser transferida, só conseguimos vaga cognitivas (SOCIEDADE BRASILEIRA DE
no outro dia, lutou bravamente para viver e o meu PSICOMOTRICIDADE,2000 apud JAKUBOVICZ,
Deus cuidou de tudo. O parto foi tudo certo nasceu 2002).
de parto normal, a médica fez tudo certinho, foi Neste contexto as orientações advindas de um
devido as condições dela mesmo. profissional de Educação Física em uma instituição
d) Como seu filho (a) está hoje (questionados de ensino especializado são de suma importância.
a P1 e P2)? “Ele está ótimo, senta, rola, fica em pé Uma vez que a criança com Síndrome é inserida

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nestes espaços, a Educação Física Adaptada ou realizar, tornando esse processo de aprendizagem
Educação Física Especial pode estruturar um significativo a criança com Síndrome de Patau.
ambiente facilitador e adequado para o aluno, Segundo Cintra, Veiga e Oliveira (2015 p.165) é
oferecendo experiências de estimulação psicomotoras partir da inclusão promovida nas escolas regulares e
que poderão resultar em melhora no desenvolvimento também de modo parcial nas instituições de ensino
neuropsicomotor destes alunos (SILVA, FERREIRA, especial que a Educação Física poderá colaborar com
2001). a estimulação de atividades lúdicas, com a finalidade
Ao receber um aluno com Síndrome é necessário de promover o desenvolvimento neuropsicomotor de
primeiramente que o professor estude a doença crianças com comprometimentos motores, físicos,
genética – tal como a Síndrome de Patau, sociais e intelectuais.
reconhecendo sua clínica, suas implicações O trabalho do profissional de Educação Física na
fisiológicas e funcionais. Em um segundo momento é Síndrome de Patau também deve ser direcionado a
importante que o professor de Educação Física avalie fornecer aos pais informações sobre a Síndrome,
esse aluno do ponto de vista neuropsicomotor, sobre o estágio de desenvolvimento neuropsicomotor
reconhecendo suas capacidades em relação aos que a criança se encontra, além dos seus desafios e
seguintes elementos psicomotores: a)esquema potencialidades, visto que os pais são os responsáveis
corporal; b)noção espaço-temporal; c)lateralidade; d) pelo desenvolvimento da autonomia do filho. Assim,
praxia global e final; e)coordenação motora (óculo- promover orientações sobre a continuidade da
manual e óculo-podal); f) equilíbrio; g) tônus e estimulação psicomotora no ambiente domicilar,
postura; h) ritmo) (STORCH, 2013). proporcionando atividades e brincadeiras que
Em seguida o professor de educação propõem um trabalhem os elementos psicomotores por meio da
planejamento das atividades psicomotoras, integração sensorial dos cinco sentidos humanos -
respeitando as particularidades, dificuldades e visão, audição, tato, olfato e gustação, podem ser
potencialidades do aluno com Síndrome. Isto deve elementos importantes que contribuam com a
envolver a adaptação do aluno ao meio que está estimulação da criança e casa. Incentivar a autonomia
inserido (na sala de aula, na piscina, no gramado, em da criança, sua independência, atender seus desejos e
um tatame, etc..), a fim de promover descobertas do incluir a criança nas atividades em sociedade também
ambiente e interagir com ele no maior grau de parecer ser um bom caminho a se percorrer.
independência possível.
Storch (2013, p.29) recomenda que o professor de 6. CONCLUSÃO
Educação Física que trabalha com crianças com
deficiência deve propor “objetos, materiais, sons e Apesar dos poucos estudos relacionados a
criar um ambiente adaptado” que permita a criança Educação Física e a inclusão de alunos com Síndrome
explorar todos os seus sentidos remanescentes ao de Patau, pautamos nossa escrita a partir de textos
máximo, a fim de promover novas sinapses que sobre deficiências e a partir delas constatamos ser
favoreçam o incremento do desenvolvimento notório a influência da Educação Física no processo
neuropsicomotor. de estimulação psicomotora, podendo utilizar essa
Em seguida, o professor deverá proporcionar um ferramenta para permitir um melhor desenvolvimento
ambiente lúdico a criança com Síndrome, sem das crianças que frequentam as instituições de ensino
atividades massantes e cansativas, mas utilizar especializadas.
atividades que despertem o interesse da criança a Verificamos que as possibilidade de trabalho do
partir dos elementos psicomotores. Ao final, deverá campo da Educação Física para crianças com
adaptar as estratégias, métodos e meios de ensino, Síndrome de Patau reside na importância de
seja na escola regular ou na instituição de ensino promover o desenvolvimento neuropsicomotor por
especializada, as quais são determinadas pela relação meio dos estímulos fornecidos pelos elementos
objetivo-conteúdo aplicado em aula, os quais deverão psicomotores (esquema corporal; noção espaço-
ser planejados, sistematizados e avaliados em função temporal; lateralidade; praxia global e fina;
da criança e dos propósitos a serem alcançados coordenação motora; equilíbrio; tônus, postura e
(STORCH, 2013). ritmo), que fornecem uma melhor integração
Assim, cabe ao professor de Educação Física sensorial da criança, a partir de estímulos dos cinco
tornar-se um facilitador do processo de ensino- sentidos humanos - visão, audição, tato, olfato e
aprendizado nas instituições de ensino especial, gustação.
preparando os pais e as crianças que farão uso destes Também evidenciamos a necessidade do
espaços para melhorar seu desenvolvimento professor de Educação Física orientar os pais de
neuropsicomotor. Compete também ao professor de crianças com Síndrome de Patau,a respeito de
Educação Física reconhecer as limitações do seu atividades lúdicas a serem realizadas no contexto
aluno para adaptar atividades que o aluno consiga

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domiciliar, que estimulem o aprendizado psicomotor MANICA, J., L., L. et al. Síndrome de patau. Porto
e promovam a independência e autonomia da criança. Alegre, 2000. Disponível em: <https://s1.amazonaw
Além disto, encontramos que a área da Educação s.com/academia.edu.documents/12454514/SINDRO
Física pode contribuir para o aprimoramento e ME_DE_PATAU_1.pdf?AWSAccessKeyId=AKIAI
crescimento dos fatores sociais e intelectuais das WOWYYGZ2Y51UL1A&Expires=1557196129&Si
crianças com Síndrome de Patau, através das gnature=NSvrUaLl1Wo5T92gpRBXhp9HQU4%1D
atividades planejadas, seja no contexto das escolas &response-content-
regulares ou nas instituições de ensino especializado, disposition=inline%1B%20filename%1DSINDROM
com vistas a promoção da a saúde e a qualidade de E_DE_PATAU_1.pdf>, Acesso em: 26 abr. 2019.
vida destas crianças.
RODRIGUES, M. Manual teórico prático de
AGRADECIMENTOS: Educação Física Infantil. São Paulo: Cone, 1993.

Agradecemos aos pais das criança com Síndrome SILVA, D., R., da; FERREIRA, J., S., Intervenções
de Patau investigada neste estudo, os quais se na Educação Física em crianças com síndrome de D
prontificaram prontamente a colaborar com esta own. Rev. da Educação Física/UEM, Maringá, v.1
pesquisa. Agradecemos também aos alunos: Bruno 1, n.1, p.18, 2001.
Rogério Santos, João Vitor Pereira dos Santos, Victor Disponível: <http://ojs.uem.br/ojs/index.php/RevEd
Emílio Rodovalho e Victor Hugo Pereira Rodrigues, ucFis/article/view/1784> Acesso em: 16 abr. 1019.
do sexto período de Educação Física, os quais
colaboraram com o desenvolvimento desse trabalho SILVA, J., D; BRANCO, P., de S., B. Os desafios d
na disciplina de Biologia e Educação. Agradecer a inclusão de uma estudante com síndrome de pat
também aos colegas do Grupo de Estudos e Pesquisa au na rede municipal de são luís – ma. In: CONG
em Exercícios Físicos e Adaptação, do curso de RESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 5.,1018, Pe
Educação Física da UFG/RC que colaboraram com a rnambuco. Anais...Pernambuco:Centro de Convençõ
estruturação científica deste trabalho. es de Pernambuco, 1018. p.1-6.

STORCH, J. A. Programa de Estimulação


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br/upload/arquivo/1418919019.pdf> Acesso em: 16 São Paulo, v. 26, n. 1, 2008. Disponível em: <https://
abr. 1019. www.redalyc.org/pdf/4060/406018926015.pdf>,Ace
sso em: 26 abr. 2019.
JAKUBOVICZ, R. Avaliação, Diagnóstico e
Tratamento em Fonoaudiologia: RESPONSABILIDADE AUTORAL:
Psicomotricidade, Deficiência de Audição, Atraso de
Linguagem Simples e Gagueira Infantil, RJ: Editora “Os autores supramencionados no início deste
Revinter, 2002. trabalho são os únicos responsáveis pelo conteúdo
e veracidade dos dados apresentados”.

Anais · 5o CONPEEX - Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão · RC/UFG · 29/10 a 01/11/2019 · ISSN 2447-4134 · 351
PRÁTICAS EM SAÚDE: ANÁLISE DA SÉRIE UNIDADE BÁSICA SOB A
PERSPECTIVA DA PSICOLOGIA HOSPITALAR
Campos, Maurício, e-mail: mcampos1975@yahoo.com.br

Siqueira, Gabriella de Carvalho, e-mail: gabriellasiqueiracarvalho@gmail.com


Martins, Gabriella Layssa Nunes, e-mail: gabriella.layssa@hotmail.com
Barbosa, Efigenia de Fátima, e-mail: efigeniabarbosa00@gmail.com
Silva, Laura Rafaella Ramos, e-mail: lauraramss@icloud.com
Nascimento, Júlia Paz, e-mail: juliapazn@gmail.com
Silva, Fernanda Caixeta, e-mail: Fernanda.caixeta@icloud.com

Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Biotecnologia

Resumo: Este trabalho apresenta uma reflexão teórica acerca da série Unidade Básica, que foi ao ar em
setembro de 2016 pelo canal Universal, a partir da análise do terceiro episódio da série, onde fora
representada a realidade vivida por profissionais e usuários de umas das portas de entrada do Sistema Único de
Saúde (SUS), a Unidade Básica de Saúde. Durante a análise destacaram-se questões como a prática
profissional no SUS, a humanização no processo de cuidado e o sofrimento dos usuários. Através da revisão
bibliográfica tornou-se possível analisar como essas questões permeiam as condições de saúde da população
brasileira e os serviços a ela prestados nesta área.

Palavras-chave: SUS. Unidade Básica. Saúde.

__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO hipóteses, desde complicações nos rins até casos de


abusos pelo avô materno. Mostrando assim, a
importância de conhecer a família e a comunidade,
A história acontece em uma periferia de São antes de procurar doenças raras. O desfecho
Paulo, quando um médico oferece naquele ambiente acontece quando um médico que trabalha naquela
uma medicina preventiva juntamente com os agentes Unidade Básica de Saúde há mais tempo, conversa
comunitários, se familiarizando com os pacientes e com a mãe daquela criança, e depois de conversas
indo até suas residências para oferecer atendimento. informais com o pai e o avô, a orienta a contar a
O conflito, então, se dá com a chegada de outra verdade. Nesse caso, a mãe estava procurando meios
médica, que é contra a medicina preventiva e a de voltar o seu relacionamento com o marido, e o
aproximação de paciente-médico, buscando apenas sangue que era presente na urina da filha era um
diagnosticá-los e tratá-los, sem uma mínima relação meio daquele pai “voltar para casa”, assim como
de pessoa para pessoa. aconteceu com ela antes, quando a mãe também era
uma criança. A mãe é então diagnosticada com a
Uma criança está urinando sangue há algum Síndrome de Münchhausen.
tempo, a mãe a leva para o hospital em busca de um
diagnóstico e a médica procura resultados voltados
apenas para aquele corpo biológico. Pede exames
invasivos e não se relaciona com a história daquela
criança, que vem passando pela separação dos pais
recentemente. Durante o vídeo, surgem várias

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2. METODOLOGIA a paciente é submetida a um exame invasivo nos
rins. Tendo uma conclusão negativa do exame,
Para elaborar as reflexões apresentadas neste pode-se levantar diversas discussões quanto a
trabalho, foi utilizado como recurso metodológico a invasão dos corpos através de práticas médicas do
análise do terceiro episódio da série brasileira tipo. No caso especificado, devido à idade, seu pai a
Unidade Básica (2016). A análise do material acompanha durante a realização da biópsia, e
levando em consideração que essa invasão do corpo
televisivo se deu a partir dos pressupostos teóricos
pode ser intitulada como violência, esta traz
discutidos em sala de aula na disciplina de
consequências para a vida do indivíduo que a sofre
Psicologia Hospitalar, no primeiro semestre de 2019. e, nesse caso, também para o acompanhante. Dessa
forma, a construção de estruturas dentro do ambiente
hospitalar, que permitam a melhor condição de
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
atendimento, acolhimento e auxílio se torna
extremamente importante, pois a compreensão do
É importante, primeiramente, refletir a situação paciente diante do que acontece com seu corpo é
existencial do indivíduo que se encontra nesse colocada em xeque. Assim, a construção de um
ambiente de saúde. Repensar o processo de ambiente capaz de reparar psiquicamente os efeitos
hospitalização com uma maior humanização é dessa violência vai além da demanda de uma escuta
primordial, já que como visto no episódio da série, e para o sujeito que enuncia suas dores, uma vez que
em nossa própria realidade, muitas vezes os não é o único afetado, mesmo que de forma indireta.
profissionais de saúde realizam um atendimento em
Sendo assim, tanto no episódio apresentado,
que não há conversa, contato visual, informações
quanto na realidade que enfrentamos nas unidades
precisas e explicativas e, principalmente, não há
básicas de saúde por todo o país, pode-se perceber
contextualização da história/vida que o indivíduo
um descaso diante de interpretações e intervenções
está inserido. Todos esses são problemas que podem
sociais junto aos pacientes, o que causa uma falha
atrapalhar na relação profissional de sáude-paciente,
em operações simples de diagnósticos, e de outros
no diagnóstico, na hospitalização e até mesmo na
exames médicos que podem e são incompletos pela
recuperação desse paciente. Na série há uma médica
falta de dados sociais que interferem nesse aspecto,
(Laura) que em uma fala reforça a “necessidade” de
como por exemplo, a ausência de saneamento básico
diagnosticar a criança, ou seja, um olhar
na comunidade em que o examinando está inserido,
patologizante para o sujeito. Na consulta, como já
ou questões familiares como abuso sexual ou
dito, não há olhar, não é perguntado nada e nem
violência psicológica e física. Nessa perspectiva, o
mesmo se fala com a criança, a mãe é que se
acompanhamento psicológico pretende visualizar as
encarrega disso. Sua subjetividade como indivíduo é
posições em que o sujeito está inserido e também a
totalmente anulada tanto pela mãe quanto pela
promoção de dispositivos que auxiliem na escuta do
médica. Porém, a médica também anula a
sujeito para além de sua história singular,
historicidade daquela mãe e, consequentemente, da
considerando a trama política e cultural que lhe
família ao todo, pois como é descoberto depois, ela
atravessa.
estaria mentindo sobre a saúde da criança para obter
atenção do pai, seu ex-marido. Torna-se preciso trabalhar estratégias que
permitam que o profissional da saúde olhe para o
Nisto, reflete-se a desumanização da médica,
paciente e considere o contexto de suas relações
sendo perceptível também as desvantagens obtidas
sociais. Dessa forma, busca-se diminuir a concepção
pela falta de um psicólogo no ambiente, pois, se ali
de “cura”, dando lugar a uma reflexão acerca do
estivesse, teria um contato mais acolhedor com a
processo de adoecimento referente a sua
família para que fosse entendido o contexto que
integralidade.
estavam passando naquele momento, sendo isso
também saúde. Tem-se pela grande massa, que a O objetivo é, portanto, tirar a concepção de que
prática médica tradicional da saúde é a única via somente as patologias são relevantes, uma vez que,
para a saúde, entretanto, o papel do psicólogo, dos para alguns profissionais, não existam pessoas e sim
agentes de saúde e outros profissionais sociais é apenas doenças. Assim como abordado na série, a
primordial para que haja um atendimento de todas as paciente interpretada por uma criança, é tratada
demandas dos pacientes, considerando nesses dessa forma, no centro do ego medicinal, no qual, o
indivíduos as esferas biopsicossociais. foco da médica que a atende é somente achar a
possível doença rara, enquanto ignora todos os
Diante da problemática proposta pelo episódio
outros fatores que estão em volta da criança. A
apresentado, no qual a médica procura uma doença
relação médico-paciente torna-se mecânica e
rara como diagnóstico de uma criança de nove anos,

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sistemática, enquanto o contexto social é indivíduo ou de uma população a um fator de risco
desconsiderado. É necessário pensar na diversidade ou causal antes que se desenvolva um mecanismo
de subjetividades, trazer aquilo que é/foi marcante patológico (Jamoulle, 2000; Jamoulle et al., 2002).
para o paciente de certa forma, como pode afetá-lo e Nessa fase de prevenção ainda não existem
qual a repercussão à medida que reflete em sua problemas de saúde e visa-se evitá-los. A fase
rotina, se no discurso do paciente é narrado suas secundária buscar encontrar a doença no paciente
condições psíquicas ou cotidianas, possivelmente dá ainda em uma fase precoce, onde o profissional atua
para entender as desordens orgânicas. Portanto, de forma a controlar possíveis outros efeitos. A
precisa-se respeitar as singularidades e todo o prevenção terciária implica o tratamento (e controlo)
contexto que está em volta da “enfermidade”. Ou das doenças crónicas (Fowler e Gray, 1983; Alwan,
seja, o adoecimento físico também adoece o sistema 1997). Há, portanto, nessa fase, uma tentativa de
como todo. atenuação do sofrimento referentes a quadros já
instaurados da doença.
Sendo assim, GORAYEB (2001) contribui:
Ao identificarmos na série a importância do
Por psicologia médica se entende o estudo trabalho junto à comunidade, que está ligado a
das situações psicológicas envolvidas na atenção primária, ressaltamos a importância do
questão mais ampla de saúde do paciente,
trabalho dos Agentes Comunitários de Saúde. Esses
com destaque para o aspecto da saúde
orgânica. Os aspectos psicológicos são são responsáveis por fazer a mediação entre a
vistos e tratados como associados à comunidade e a equipe de saúde da família. Vemos
questão de saúde física, não devendo desta que a inserção desse profissional que mora na
ser dissociados. Não se trata de diminuir a comunidade em que trabalha é de grande valia frente
importância da psicologia, mas sim de ao vínculo que constrói junto aos moradores que
adequá-la, para uma maior eficiência formam a comunidade, o que contribui também para
(GORAYEB, 2001, p.264). que essa relação ajude no levantamento de demandas
da população. Torna-se, então, tarefa do agente
Passa-se uma impressão de que para a comunitário, orientar as famílias em relação a
medicina, a questão psíquica não importa. Dessa utilização dos serviços de saúde abertos a população,
forma, não se minimiza o sofrimento alheio, e sim, manter a equipe informada sobre famílias em
media-se, é necessário autorizar o paciente a sofrer, situação de risco e talvez o que seja sua maior tarefa
a medida que o sofrimento faz parte do processo. A e instrumento de trabalho, fazer o acompanhamento
saúde é colocada em questão através de várias domiciliar de cada uma das famílias da localidade a
compreensões, sendo assim, não é suficiente receber ele atribuída. Pode-se perceber durante a trama que
resultados de exames aparentemente saudáveis, o essa não é a função desempenhada pelo agente
profissional médico precisa estabelecer um vínculo comunitário daquela comunidade, esse é
com aquilo que exerce, a psicologia contribui no representado por um personagem que serve mais
ambiente hospitalar ao acolher os pacientes e como um informante da comunidade ao invés de
equipes, com a finalidade de entender a repercussão desenvolver o que lhe compete.
dos sofrimentos e sintomas, e não se tornando
invisível diante as necessidades. Dessa maneira, é importante salientar que o
saber médico não pode ser o único a ser levado em
Tais apontamentos abrem espaço para consideração, principalmente no que diz respeito ao
pensarmos, para além do saber médico, a vídeo em questão. A equipe é composta apenas pelos
importância e necessidade da promoção de saúde em médicos e agentes comunitários, sendo que esse
seus três níveis: Primário, Secundário e Terciário. último é desvalorizado pela médica, visto como
Pensados como forma de descentralizar o tratamento aquele que “quer bater perna” no bairro. E mesmo
a saúde e diminuir esperas em centros de alta sendo alertada sobre ter considerado a doença em
complexidade, que acabavam tendo que atender primeiro lugar, ela acredita na necessidade de fazer
casos de baixa complexidade e rápido atendimento, um exame invasivo na criança.
desejam oferecer um atendimento e
consequentemente um melhor tratamento a Como diz GORAYEB (2015),
população. A atenção primária é composta pela
Unidade básica de saúde (UBS), considerada a porta Da mesma forma, cabe ao anestesista a
de entrada do SUS, Agentes comunitários de saúde explicação do ripo de anestesia, seus riscos
(ACS), equipe de saúde da família (ESF) e pelo e efeitos. Ao Psicólogo cabe induzir a
equipe a ser informativa e disponível ao
Núcleo de apoio a saúde da família (NASF). A
paciente. Depois disco, cabe-lhe apoiar o
prevenção primária inclui o conjunto das atividades paciente, ouvir suas angústias, reduzi-las,
que visam evitar ou remover a exposição de um

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com procedimentos específicos se detentor do saber, assumindo uma posição de
necessário (GORAYEB, 2015, p. 268). onipotência diante ao adoecimento do paciente e ao
próprio paciente e, assim:
E o que se vê no vídeo são médicos e
anestesistas focados no corpo, e esquecendo que ali (...) passa a ser visto como um amontoado
há uma criança assustada, que nunca havia passado de órgãos, como uma máquina que 'deu
por um exame parecido antes. Por isso, lança-se uma defeito' e que precisa ser reparada segundo
reflexão: qual o tipo de saúde que a equipe de um o que a Ciência do médico diz. É esta
hospital veio construindo ao longo dos anos? crença na 'verdade científica' que faz com
que o médico acredite que pode, ou
Nesse caminho, faz-se importante mesmo deve, se dar ao direito de invadir a
autonomia do indivíduo para lhe impor a
considerar a atuação do psicólogo, tanto no hospital
'verdade'. Ou, ao menos, o discurso da
quantos na UBS. E é interessante pensar não apenas 'verdade científica' é o que lhe serve de
os casos de doença, mas identificar os casos de um álibi para o exercício de poder sobre o
possível adoecimento mental e os de saúde, podendo paciente (MARTINS, 2004, p. 25).
auxiliar na prevenção, junto da equipe, assim como
dizem AZEVÊDO e CREPALDI (2016): Sofia apresentou sintomas que atingiam o
funcionamento tido como normal desse corpo e,
No Brasil, a Psicologia da Saúde está assim, a médica Laura utilizou todo o seu saber
fundamentada no princípio da científico sobre sintomas e doenças para
integralidade, uma concepção dinâmica
reestabelecer o funcionamento desse corpo que
que enfatiza a inter-relação de aspectos
envolvidos no processo saúde e doença adoeceu. Por meio dos discursos e ações
(Mattos, 2003) e na interdisciplinaridade propagados pela personagem Laura, a série
(AZEVEDO; CREPALDI, 2016, p. 575). mostra que a Medicina brasileira possui o ideal
de saúde entrelaçado à ausência de doença,
CONSIDERAÇÕES FINAIS seguindo o modelo cartersiano em que o corpo é
uma máquina e necessita ser consertado quando
Em diversos momentos da série, abordada nessa há algo que não está funcionando (MARTINS,
análise, a personagem Laura elabora um discurso 2004). O desenrolar do episódio, indica a
que evidencia como a prática médica deve ser importância de construir práticas e saberes em
realizada, exemplificado nos trechos a seguir: “sou saúde que considerem integralmente o paciente.
médica, analiso sintoma e faço uma análise Para que de fato seja possível assistir os
científica” e “ela precisa de um diagnóstico”. A indivíduos que buscam uma unidade de saúde.
preocupação da médica é, exclusivamente, descobrir
o que está provocando os sintomas de Sofia e, a
partir disso, poder medicá-la e estabelecer a cura da REFERÊNCIAS
paciente. Laura se preocupa com os sintomas, não
com a paciente enquanto um sujeito.
AZEVÊDO, A. V. S.; CREPALDI, M. A. A
Essa prática médica tradicional abordada na psicologia no hospital geral: aspectos históricos,
série, ainda vigente no país, desconsidera as conceituais e práticos. Campinas: Estudos de
contribuições de outras áreas do conhecimento, com Psicologia, 2016, 33(4), p. 573-585.
exceção de enfermeiros e auxiliares de enfermagem
(GORAYEB, 2015). O atendimento era, FOWLER, G.; GRAY, M. — Opportunities for
essencialmente, realizado pelo médico, o qual é prevention in general practice. In GRAY, M.;
responsável por estabelecer um diagnóstico baseado FOWLER, G., ed. lit — Preventive medicine in
nos sintomas do paciente e, assim, indicar quais os general practice. Oxford : Oxford University Press,
procedimentos que este deveria seguir, como realizar 1983. 20-32.
exames ou iniciar o uso de medicamentos, de modo
que o paciente é sempre passivo a essas decisões. GORAYEB, Ricardo. A prática da psicologia
“A compreensão nesta época, e, lamentavelmente, hospitalar. Londrina: APICSA, 2001, p. 263-278.
em algumas práticas ainda vigentes hoje, era a de
que se o doutor prescreveu, o paciente seguiria as JAMOULLE, M., et al. Working fields and
instruções fornecidas pelos profissionais, e se prevention domains in general practice/family
curaria” (GORAYEB, 2015, p. 3). medicine (Draft version 0.6) [Em linha]. Actual. 18
Set. 2000. [Consult. 25 Mai. 2004]. Disponível em
O caráter hegemônico, cientificista e positivista http://docpatient.net/mj/prev.html.
do médico faz com que ele aja como o único

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MARTINS, A. Biopolitics: medical
powerandpatientautonomy in a new
conceptionofhealth, Interface - Comunic.,Saúde,
Educ., v.8, n.14, p.21-32, set.2003-fev.2004.

RESPONSABILIDADE AUTORAL

“Os autores são os únicos responsáveis pelo


conteúdo deste trabalho”.

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PREVISÃO DE DEMANDA POR MÉTODO QUANTITATIVO
EM UMA EMPRESA DO RAMO ALIMENTÍCIO

Rosa, Vanessa Aparecida de Oliveira, vanessaaor@ufg.br

Soares, Bruno Gonçalves, b.soares.gon@gmail.com1


Interamnense, Cid Gustavo Alves da Silva, gustavo-torreao@hotmail.com1
Neto, Elismar da Silva, elismar-neto@hotmail.com1
Camargo, Jéssica Cristina, jessica_cmrg@hotmail.com1

1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Engenharia

Resumo: Para sobreviverem em um mercado cada vez competitivo, as empresas devem atender à demanda dos
clientes no momento certo, na quantidade certa, atendendo ainda os critérios de custo e qualidade. Neste sentido,
a previsão de demanda nas organizações torna-se de vital importância, pois a partir dela é possível planejar a
capacidade produtiva, mão de obra, produção e estoques, compras e vendas. Diante do exposto, este artigo tem
como objetivo desenvolver um modelo quantitativo de previsão de demanda para uma hamburgueria. Quanto à
metodologia, o estudo é classificado como aplicado, de abordagem quantitativa, e o procedimento um estudo de
caso. O trabalho foi realizado em cinco etapas: i) coleta dos dados históricos de venda; ii) escolha do produto
por meio da curva ABC; iii) análise da série temporal; iv) escolha do método de previsão e realização de
previsões; v) validação do modelo. Os resultados mostraram que o método da suavização exponencial simples
forneceu os menores valores de erro e apresentou o sinal de rastreamento dentro dos limites estabelecidos, sendo
este, portanto, o método mais adequado para a realização das previsões.

Palavras-chave: Previsão de demanda. Série temporal. Média móvel simples. Suavização exponencial simples.

___________________________________________________________________________
1. INTRODUÇÃO possuem capacidade de entrega satisfatória, sendo
que esta insuficiência é o resultado das empresas
As organizações de serviço foram por muito ofertarem para um público muito diverso
tempo gerenciadas de forma personalista, com base (KRAJEWSKI; RITZMAN, 1994).
na intuição e talento pessoal de empresários e Para atacar o problema entre a oferta e a
gerentes. Entretanto, nos últimos anos, devido as demanda, as organizações de serviço podem deixar
facilidades estruturais para a criação de empresas no de lado a previsão da demanda baseada apenas no
ramo de serviço, juntamente com uma nova senso comum e na intuição do gestor, e passar a
conjuntura globalizada, as organizações estão utilizar ferramentas matemáticas e estáticas que
pressionadas cada vez mais por uma forte possuem a capacidade de prever as necessidades
concorrência (PALADINI et al., 2005). futuras do mercado. Estas ferramentas são utilizadas
Porém, a crescente concorrência não é o único para estimar futuras demandas em um intervalo de
adversário. Devido a sua proximidade com o cliente, tempo específico e assim programar a produção atual
a produção de serviço sofre com um caráter (KRAJEWSKI; RITZMAN, 1994).
imediatista que dificulta o planejamento adequado da Neste contexto, este artigo tem como objetivo
produção (SLACK et al., 2002). Para sobreviver desenvolver um modelo quantitativo de previsão de
neste novo cenário, é importante que as empresas demanda para um hamburgueria. Este trabalho se
elevem a capacidade de seus processos para atender justifica uma vez que um modelo adequado de
as necessidades de seus clientes. previsão de demanda possibilita um melhor
Entre as necessidades latentes dos clientes se atendimento das necessidades dos clientes, maior
destacam a procura por uma larga oferta de produtos estabilidade na produção e controle mais eficaz dos
e entrega eficiente. Entretanto, muitas empresas não estoques.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO Para a escolha do método quantitativo a ser
utilizado na previsão deve-se analisar o
2.1. Planejamento e Controle da Produção comportamento da série temporal, a fim de identificar
o padrão de demanda, sendo os mais comuns:
Os sistemas de planejamento e controle da  Média: a demanda real apresenta valores em torno
produção (PCP) evoluíram juntamente com os de uma média constante;
conceitos de administração advindos dos estudos da  Tendência: ocorre quando a série apresenta
primeira revolução industrial, na primeira década do comportamento crescente ou decrescente
século XX, até atingir as características atuais. Em se sistemáticos, ao longo do tempo;
tratando de um sistema produtivo, qualquer  Sazonalidade: ocorre quando padrões cíclicos de
ramificação deste conceito necessita de atividades de variação de uma série se repetem a cada
planejamento e controle, sendo que operações que determinado intervalo de tempo, chamados de
possibilitam maior grau de contato com o consumidor oscilações regulares.
são mais difíceis de serem controladas devido à
natureza imediata de suas intervenções. Por outro Dentre os métodos quantitativos de previsão de
lado, as operações de um sistema de alto nível de demanda podem-se destacar: média móvel simples;
imprevisibilidade são consideradas mais difíceis de suavização exponencial simples; suavização
planejar (SLACK et al., 2002). exponencial dupla; método de Winters;
Segundo Slack et al. (2002), o planejamento e decomposição da série temporal.
controle tem o propósito de garantir que a produção A média móvel simples consiste em um modelo
ocorra eficazmente de modo a satisfazer a demanda de previsão de demanda média em que busca-se obter
dos consumidores. Isto é, definir o quê, quando e a previsão de valores de um período Ft com base na
quanto será produzido, e monitorar para corrigir os média móvel dos n períodos anteriores, como
desvios de produção, de forma a assegurar a apresentado na Eq. (1). O valor de n deve ser
qualidade dos processos e produtos, dentro do prazo determinado conforme o comportamento dos dados,
estabelecido. tendo em vista que, se n for grande o ajuste dos dados
Dentre as ferramentas do PCP, a previsão de serão mais suavizados, porém as tendências de curto
demanda é definida por Martins e Laugeni (2005) prazo não serão possíveis de serem visualizadas
como a determinação da demanda futura por meio da (MARTINS; LAUGENI, 2005).
aplicação de métodos qualitativos ou quantitativos, a
fim de que os recursos produtivos sejam gerenciados 𝐴𝑡−1 +𝐴𝑡−2 +𝐴𝑡−3 +⋯+𝐴𝑡−𝑛
de maneira a atender a demanda dos clientes. De 𝐹𝑡 = (1)
𝑛
acordo com Gonçalves (2004), uma administração de
recursos bem dirigida permite que a organização Por sua vez, o método da suavização exponencial
obtenha uma melhor gestão dos seus estoques, custos simples consiste em fazer uso de observações
e investimentos. passadas e ponderá-las com pesos decrescentes
exponencialmente para a previsão de dados futuros,
2.2. Previsão de Demanda conforme Eq. (2).

De acordo com Tubino (2009), uma boa previsão 𝐹𝑡 = 𝐹𝑡−1 + 𝛼 ( 𝐴𝑡−1 − 𝐹𝑡−1 ) (2)
de demanda é capaz de antecipar com uma certa
precisão a demanda futura. Ela é a base do Em que:
planejamento estratégico de vendas, produção e  Ft = previsão exponencialmente suavizada para
finanças de qualquer empresa, pois a partir dela é o período t;
possível planejar a capacidade produtiva, mão de  Ft-1 = previsão exponencialmente suavizada para
obra, produção e estoques, compras e vendas. o período anterior;
Os métodos de previsão podem ser divididos em  At-1 = demanda real no período anterior;
dois grupos: qualitativos e quantitativos. Os métodos  α = constante de suavização.
qualitativos baseiam-se na opinião de gerentes,
vendedores e consumidores. Por sua vez, os métodos Quanto mais alto for o valor da constante de
quantitativos integram a abordagem de séries suavização (0 < α < 1), mais próxima a previsão
temporais, consistindo na utilização de conceitos estará da demanda real no período anterior.
matemáticos e estatísticos. Nas séries temporais, é
realizada uma análise estatística dos dados anteriores 2.3. Erros de Previsão
para prever um panorama futuro, isto é, são utilizados
dados históricos visando a análise e identificação de De acordo com Tubino (2009), o erro de previsão
padrões (TUBINO, 2009). pode ser definido como a diferença entre o valor real

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e o valor previsto. Dentre as medidas de erro, podem- 3. METODOLOGIA
se citar: EQM (Erro Quadrático Médio), DAM
(Desvio Absoluto Médio) e EPAM (Erro Percentual O presente estudo é classificado como aplicado,
Absoluto Médio). pois tem como objetivo gerar conhecimento para
O EQM consiste em uma medida de erro que soluções de problemas gerenciais recorrentes da
atribui um peso maior aos desvios menores e vice- atividade de uma hambúrgueria, a fim de diminuir os
versa, conforme apresentado na Eq. (3). níveis de estoque de matéria-prima e melhorar o nível
de serviço ao cliente. Para tanto, foram aplicados os
(𝐷𝑎𝑡𝑢𝑎𝑙 −𝐷𝑝𝑟𝑒𝑣𝑖𝑠𝑡𝑎 )2 conceitos de previsão de demanda.
𝐸𝑄𝑀 = ∑𝑛𝑡=1 𝑛
(3) Quanto à abordagem, o presente estudo pode ser
classificado como quantitativo, devido às análises
Em que: dos dados de vendas e aplicação de um método
 Datual = demanda ocorrida no período; quantitativo de previsão de demanda. Para Fonseca
 Dprevista = demanda prevista para o período; (2002), na pesquisa quantitativa as amostras
 n = número de períodos. geralmente são grandes e consideradas
representativas da população, sendo os resultados
Por sua vez, o DAM é utilizado para medir a tomados como se constituíssem um retrato real de
dispersão dos dados, sendo definido como a soma dos toda a população alvo da pesquisa.
desvios absolutos dividida pela quantidade de Quanto aos procedimentos, a presente pesquisa
períodos (n) (Eq. (4)). classifica-se como estudo de caso, que foi realizado
em uma hamburgueria situada no sudoeste goiano.
𝐷𝑎𝑡𝑢𝑎𝑙 −𝐷𝑝𝑟𝑒𝑣𝑖𝑠𝑡𝑎 O procedimento de construção do trabalho foi
𝐷𝐴𝑀 = ∑𝑛𝑡=1 𝑛
(4)
realizado em cinco etapas, a saber: i) coleta dos dados
históricos de venda; ii) escolha do produto por meio
Em se tratando do EPAM, esta medida de erro da classificação ABC; iii) análise da série temporal;
(Eq. (5)) estabelece a relação entre os valores de iv) escolha do método de previsão e realização de
demanda e o erro absoluto, de maneira que represente previsões; v) validação do modelo.
a média percentual da divisão entre erro de previsão Para a coleta dos dados foram feitas visitas in
e o valor real. loco e entrevistas semiestruturadas com o gestor. Por
meio do banco de dados da empresa, foram coletadas
𝐷𝑎𝑡𝑢𝑎𝑙 −𝐷𝑝𝑟𝑒𝑣𝑖𝑠𝑡𝑎
𝐷𝑎𝑡𝑢𝑎𝑙
informações referentes as quantidades vendidas de 5
𝐸𝑃𝐴𝑀 = ∑𝑛𝑡=1 𝑥 100 (5) tipos de hambúrgueres artesanais, compreendida
𝑛
entre os meses de janeiro a novembro do ano de 2018.
De acordo com Quivy e Campenhoudt (1995), na
2.4. Classificação ABC etapa de coleta de dados o importante não é somente
coletar informações que deem conta dos conceitos
A classificação ABC é uma ferramenta que (através dos indicadores), mas também obter essas
auxilia na identificação de itens que justificam informações de forma que se possa aplicar
atenção e necessitam de um tratamento adequado em posteriormente o tratamento necessário para testar as
sua administração. É baseada na análise de Vilfredo hipóteses. O tratamento dos dados foi feito no
Pareto, na Itália, em 1897, que durante um estudo software Microsoft Excel 2010®.
estatístico sobre a renda das pessoas observou que em
uma parcela de 20% da população se concentrava a 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
maior parte da riqueza, cerca de 80% (VIANA,
2010). 4.1. Análise dos Dados
Segundo Pinto (2002), a curva ABC trata da
classificação dos materiais em relação a sua A partir dos dados coletados de venda total de
importância, seja em termos de quantidade utilizada, todos os cinco hambúrgueres no período considerado,
valor agregado ou outro critério que a empresa foi feita a análise de Pareto a fim de selecionar aquele
considerar como importante. A regra de classificação que apresentava a maior demanda. Os resultados são
é: apresentados na Fig 1.
 Itens A: 20% de itens que representam cerca de Como pode-se observar na Fig. 1, o sanduíche 1
80% do valor; representa 38% da demanda total, sendo, portanto,
 Itens B: 30% de itens que representam cerca de aquele de maior importância relativa para a empresa.
10% do valor; Logo, este foi o produto escolhido para se realizar o
 Itens C: compreendem cerca de 50% dos itens, estudo da demanda.
que representam apenas 10% do valor.

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Figura 1. Análise de Pareto das vendas de sanduíches Figura 3. Demanda real e demanda prevista pelo método da
média móvel simples

Fonte: Dados da pesquisa (2019)


Fonte: Dados da pesquisa (2019)
A próxima etapa consistiu em analisar o
comportamento da série temporal. A Fig. 2 apresenta Como pode-se observar na Fig. 3, como o valor
a demanda do sanduíche 1 ao longo do tempo, no de n é baixo, a demanda prevista para o período t
período compreendido entre janeiro a dezembro de segue o mesmo comportamento da demanda real do
2018. período t – 1.
A Tabela 1 apresenta os valores das medidas de
Figura 2. Série temporal da demanda do sanduíche 1 erro para o modelo da média móvel simples.

Tabela 1. Valores de erro para o método da média móvel


simples
EQM 20928,6
DAM 106,6
EPAM 11,4
Fonte: Dados da pesquisa (2019)

Para verificar a acuracidade do modelo foi feito


um gráfico do sinal de rastreamento (SR) (Fig. 4).
Segundo Martins e Laugeni (2005), sempre que este
sinal estiver compreendido entre -3 (limite inferior
Fonte: Dados da pesquisa (2019)
(LI)) e 3 (limite superior (LS)) o modelo de previsão
pode ser considerado adequado para a série temporal
Observa-se na Fig. 2 que a série temporal não que está sendo analisada.
apresenta elementos de tendência ou sazonalidade.
Logo, foram selecionados os métodos da média Figura 4. Sinal de rastreamento para o método da média
móvel simples e da suavização exponencial simples móvel simples
para a realização da previsão de demanda. Os
resultados obtidos foram comparados e escolheu-se
aquele modelo que apresentou os menores valores de
erro de previsão. Ressalta-se que uma vez validado
o modelo, este pode ser aplicado para os outros itens
que apresentam um comportamento da série
temporal similar.

4.2. Previsão e validação dos modelos de previsão

A Figura 3 apresenta a demanda real e a previsão


de demanda utilizando-se o método da média móvel Fonte: Dados da pesquisa (2019)
simples, com n igual a 2. Por exemplo, para fazer a
previsão do mês de março de 2018, considerou-se a Como pode-se observar na Fig. 4, o modelo da
somatória da demanda real dos meses de janeiro e média móvel simples não é adequado, pois no período
fevereiro de 2018, e dividiu-se o resultado por 2. 10 o limite inferior foi extrapolado pelo sinal de
rastreamento.

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O segundo modelo aplicado foi aquele da Os valores de erros menores juntamente com a
suavização exponencial simples. Para a definição do análise do sinal de rastreamento feita anteriormente
melhor valor da constante de suavização (α), foi justificam a escolha do modelo de suavização
utilizada a ferramenta Solver do Microsoft Excel®, exponencial simples para a realização das previsões.
para minimizar o desvio absoluto médio (DAM). O
resultado foi um valor de α igual a 0,63. Os resultados 4. CONCLUSÃO
da previsão de demanda são apresentados na Fig. 5.

Figura 5. Demanda real e demanda prevista pelo método da O trabalho realizado demonstrou que a aplicação
suavização exponencial simples de ferramentas matemáticas para a previsão de
demanda pode auxiliar o gestor de qualquer negócio
na tomada de decisões importantes, possibilitando
um melhor atendimento das necessidades dos
clientes, maior estabilidade na produção e controle
mais eficaz dos estoques.
Ainda, verificou-se que através da análise do
comportamento da série temporal foi possível aplicar
e validar um modelo de previsão de demanda, que
permite determinar a quantidade a ser vendida do
produto no curto prazo.
Por fim, conclui-se que é de extrema
importância o uso de uma base de dados adequada
Fonte: Dados da pesquisa (2019) para que se obtenha resultados condizentes com o que
se busca. Um número adequado de dados passados
A Tabela 2 apresenta os valores das medidas de torna o estudo estatisticamente mais confiável, uma
erro para o modelo da suavização exponencial vez que permite uma melhor visualização do
simples, e a Fig. 6 o gráfico do sinal de rastreamento. comportamento da demanda ao longo do tempo.
Para trabalhos futuros, sugere-se o estudo da
Tabela 2. Valores de erro para o método da suavização série temporal de outros produtos, a fim de aplicar e
exponencial simples validar o modelo matemático mais adequado.
DPM 14978,3
DAM 87,3 REFERENCIAS
EPAM 9,3
Fonte: Dados da pesquisa (2019) FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa
científica. Fortaleza: UEC, 2002. Apostila.
Figura 6. Sinal de rastreamento para o método da média
móvel simples GONÇALVES, P. S.; Administração de materiais.
Rio de Janeiro: Campus, 2004.
KRAJEWSKI, L. J.; RITZMAN, L. P. Operations
Management, Strategy and analisys. 5. Ed.
Addison Wesley, Reading, MA 1994.
MARTINS, P. G.; CAMPOS, P. R. Administração
de materiais e recursos patrimoniais. São Paulo:
Saraiva, 2009.
MARTINS, P. G.; LAUGENI, F. P. Administração
da produção. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
Fonte: Dados da pesquisa (2019) PALADINI, E.P.; et al. Gestão da qualidade: teoria
e caso. 12. Ed. Rio de Janeiro. 2005
Como pode-se observar na Tab. 2, os valores de
erro para o modelo da suavização exponencial PINTO, C. V. - Organização e Gestão da
simples são menores que aqueles obtidos pelo método Manutenção. 2. ed. Lisboa: Edições Monitor, 2002.
da média móvel simples (Tab. 1). QUIVY, R.; CAMPENHOUDT, L. V. Manuel de
Por sua vez, a Fig. 6 mostra que o sinal de recherche en sciences sociales. Paris: Dunod, 1995.
rastreamento ficou compreendido entre -3 e 3, logo,
o modelo é adequado.

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SLACK, N.; CHAMBER, S.; HARLAND, C.
HARRISON, A.; JOHNSTON, R.; Administração
da Produção. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
VIANA, J. J. Administração de materiais: um
enfoque prático. São Paulo: Atlas, 2010.

RESPONSABILIDADE AUTORAL

“Os autores são os únicos responsáveis pelo conteúdo


deste trabalho”.

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PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA PRODUÇÃO ENXUTA: UM ESTUDO DE
CASO EM UMA EMPRESA DE MANUFATURA

Calife, Naiara Faiad Sebba. naiaracalife@hotmail.com


Bernardes, Vinícius Silva Lemos, viniciusbbernardes@hotmail.com
Moraes, Eduarda Rezende de, dudarzd@outlook.com.
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Engenharia

Resumo: A produção enxuta cada vez mais difundida nos processos produtivos objetiva através de ferramentas,
filosofias e programas a eliminação de desperdícios que não agregam valor ao produto, reduzindo custos, lead
time de produção, aumento da qualidade do produto, melhoria no atendimento ao cliente e cultura
organizacional. Diante disso, este trabalho tem por objetivo identificar as atividades que não agregam valor e
os principais desperdícios no processo produtivo de uma marmoraria e sugerir melhorias ao mesmo. Para isso,
realizou-se o Mapeamento de Fluxo de Valor atual, identificou-se os principais gargalos e desperdícios do
processo e sugeriu-se ferramentas lean que possam reduzi-los ou até mesmo eliminá-los. Os principais
desperdícios identificados foram falta de padronização, falta de organização, demora na entrega aos clientes e
falta de controle no processo como um todo. Para melhoria desses desperdícios foram sugeridas
implementações de ferramentas como: padronização do trabalho e do processo, 5S, Kanban e Kaizen, as quais
podem eliminar estoque, melhorar o tempo de entrega e tornar o processo mais eficiente.

Palavras-chave: Produção enxuta. Eliminação de desperdício. Sistema Toyota de Produção. Lean


manufacturing.

__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO ações que agregam valor com a realização das


A indústria vive constantes transformações, atividades sem interrupções e de modo mais eficaz.
assim em meados da década da 50, implantou-se nas
empresas um novo sistema de produção, criado no Segundo Corrêa e Gianesi (2012) no início dos
Japão após a Segunda Guerra Mundial, chamado anos 70, as empresas ocidentais estavam encurraladas
Toyotismo o qual visa a eliminação de desperdícios, pela concorrência estrangeira tão desenvolvida e com
de modo a extinguir o que não agrega valor ao os seus produtos sem defeitos, inovadores e
produto e ao processo, a fim de diminuir os custos, confiáveis. Em um cenário de tantas mudanças e
reduzir o lead time de produção e, consequentemente, necessidades de se inovar, o Sistema Toyota de
melhorar a qualidade e o desempenho dos processos Produção surgiu com o princípio de alcançar
e dos produtos. melhores resultados através de estratégias e de
ferramentas para eliminação de desperdício de tempo
À frente da dinamicidade do mercado que está e de produtos, e acrescer o lucro. Princípios como
cada vez mais competitivo, com produtos novos e especificação do valor, identificação da cadeia de
inovadores, com preços baixos e clientes mais valor, fluxo de valor, produção puxada e busca da
exigentes, torna-se inevitável e, ao mesmo tempo, perfeição são fundamentais para a subtração de
desafiador para a indústria aperfeiçoar seu sistema desperdícios em uma companhia que almeja que a
produtivo, acompanhando o desenvolvimento do produção enxuta seja eficiente (WOMACK e
mercado. Sendo assim, a temática de Produção JONES,2004).
Enxuta é de suma importância para as mesmas,
atraindo a atenção de todos que a compõem. Ainda segundo Womack e Jones (1998) o foco da
produção enxuta é desperdício, ou seja, em atividades
De acordo com Womack e Jones (2004), o que absorvem recursos e não criam valor. Os
pensamento enxuto (Lean Thinking) é essencial para desperdícios podem se expressar em 7 categorias
a eliminação do desperdício, pois é uma maneira de distintas: produtos que não atendem as necessidades
especificar valor, alinhar na melhor sequência as dos clientes, etapas de processamento que poderiam

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ser dispensadas, erros que exigem correção, tempo • Usar sistemas puxados para evitar
ocioso advindo de atividades anteriores que não superprodução;
foram cumpridas no prazo estabelecido, produção de • Nivelar carga de trabalho (trabalhar
itens que não atendem as necessidades dos clientes, como a tartaruga, não como a lebre);
acúmulo de mercadorias nos estoques, movimentação • Construir uma cultura de parar e
de pessoas e produtos de um lugar para o outros sem resolver os problemas, usando a qualidade
necessidade. logo na primeira tentativa;
• Tarefas padronizadas é a base para
Visto isso, o presente estudo de caso se justifica
a melhoria contínua e a capacitação dos
para aplicação de ferramentas, filosofias e programas
funcionários;
que visam a eliminação de desperdícios e
aperfeiçoamento do processo produtivo que • Usar controle visual para que
culminam na agregação de valor ao produto, redução nenhum problema fique oculto;
do lead time de produção e processamento de • Usar somente tecnologia confiável
pedidos, redução de estoques intermediários, e completamente testada que atenda aos
aumento da qualidade do produto, treinamento de funcionários e processos;
funcionários e busca incessante de melhoria do • Desenvolver líderes que
processo. compreendam completamente o trabalho,
que vivam a filosofia e a ensinem aos
Portanto, o objetivo do presente estudo de caso é outros;
identificar os principais desperdícios no processo • Desenvolver pessoas e equipes
produtivo de uma empresa de manufatura e sugerir excepcionais que sigam a filosofia da
ferramentas Lean para eliminar esses desperdícios, empresa;
promover a melhoria na qualidade dos produtos, • Respeitar sua rede de parceiros e de
aumentar a velocidade de entrega aos clientes, fornecedores desafiando-os e ajudando-os a
acrescendo o lucro e reduzindo custos. melhorar;
• Ver por si mesmo para
compreender completamente a situação
2. REFERENCIAL TEÓRICO (genchi genbutsu);
Segundo OHNO (1988) o sistema de produção • Tomar decisões lentamente por
enxuta baseia-se em observar o lead time a partir do consenso;
momento em que o cliente realiza o pedido até o • Tornar-se uma organização de
momento em que o produto é entregue, a fim de aprendizagem através da reflexão
reduzir o lead time, eliminar desperdícios e processos incansável (hansei) e da melhoria continua
que não agregam valor ao produto e a empresa, e (kaizen).
como resultado há um aumento da flexibilização, da
qualidade, da segurança, da capacidade de inovação e Conforme OHNO (1997) para uma aplicação
da velocidade de entrega de produtos ao consumidor. efetiva da produção enxuta é de grande importância a
identificação dos desperdícios para promover o
Conforme Macedo (2013) a proposta principal da
aumento da eficiência da operação. Dentre os
filosofia lean contempla técnicas que garantem
desperdícios podemos citar: desperdício de
vantagem competitiva para as empresas que a
superprodução, de tempo, de transporte, de
aderem. Velocidade de entrega, flexibilidade,
processamento, de estoque disponível, de
qualidade nos produtos, confiabilidade de seus
movimentação e de produção de produtos defeituoso.
processos e redução de custos são os principais
benefícios advindos dessa prática. No mercado há diversas ferramentas e filosofias
para serem aplicadas nas empresas de acordo com
LIKER (2005) apresenta em seu livro uma
suas necessidades de modo a detectar e evitar os
sinopse dos quatorzes princípios que constituem o
desperdícios para aumentar sua qualidade e seus
modelo Toyota. São eles:
lucros. Mapeamento de Fluxo de Valor (MFV),
métricas lean, padronização, 5S, redução de setup,
• Basear as decisões administrativas Total Productive Maintenance (TPM), gestão visual,
em uma filosofia de longo prazo, mesmo poka-yoke, kaizen e kanban são alguns exemplos.
em detrimento de metas financeiras de curto
prazo; Torna-se difícil a análise e a proposição de
• Criar um fluxo de processo melhorias em um sistema produtivo sem uma
contínuo para trazer os problemas à tona; padronização. Os ganhos produtivos de uma indústria
provenientes da padronização são a estabilidade e o

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fluxo contínuo de uma linha de produção como dito utilização, organização, limpeza, higiene e
por Rodrigues (2014). autodisciplina.
Slack (2009) afirma que o mapa de fluxo de 3. METODOLOGIA
valor é a ferramenta que proporciona visão detalhada Para realização do presente estudo de caso,
sobre os processos e operações que de fato agregam primeiro adotou-se uma revisão bibliográfica sobre o
valor à organização. Lacerda (2013) e Castro (2007) tema abordado: produção enxuta e seus desperdícios.
relatam como benefícios da utilização do mapa de Logo após, para identificar as etapas gargalos e os
fluxo de valor: a possiblidade de visualização desperdícios do processo produtivo de fabricação de
sistêmica dos processos dentro de uma organização, a mármores e granitos realizou-se o Mapeamento de
padronização da linguagem usada, a exposição dos Fluxo de Valor do processo atual da empresa. Para
fluxos, o tempo entre os processos e os recursos isso foram realizadas visitas in loco e entrevistas
empregados contribuindo para uma boa tomada de semi-estruturadas com os supervisores do processo
decisão. produtivo. Além disso, foram levantados os tempos
de cada etapa do processo para se ter em mãos o lead
De acordo com a filosofia Kaizen e como diz time do mesmo. Após análise do MFV atual e
Slack (2009) sempre é possível melhorar, ou seja, identificação dos desperdícios foram sugeridas
buscar sempre atingir o melhor dentro de uma ferramentas lean que possam reduzir esses
empresa, sendo uma incessante busca pela perfeição, desperdícios. Posteriormente realizou-se o MFV
não se deve passar nenhum dia sem que alguma futura com as sugestões de melhorias e apresentou-se
melhoria tenha sido implementada, seja ela na à empresa, destacando os benefícios e ganhos a serem
estrutura da empresa ou nos indivíduos que a adquiridos caso a proposta seja implementada.
compõem, melhorias estas empregadas de maneira
gradual.
4. ANÁLISE DOS RESULTADOS E
Bartz (2013) relata como primordial
PROPOSTA DE MELHORIA
procedimento usado para a diminuição do nível de
4.1 Mapa de Fluxo de Valor Atual
estoques é o sistema Kanban, responsável por
controlar toda a produção e movimentação por meio O processo produtivo da empresa em questão tem
de cartões e, consequentemente, controla os estoques início com o fechamento da compra do produto pelo
de maneira visual inibindo assim muitas formas de cliente, realizando um croqui do desenho do produto,
retrabalho. vistoria do ambiente para coleta de medidas a serem
aderidas ao croqui e posteriormente o desenho é
O 5S é um programa de gestão da qualidade
passado para a produção que conduzirá o corte da
criado no Japão com o intuito de aprimorar a
peça, montagem e acabamento. Com o produto pronto
organização, limpeza, padronização e bem-estar
é realizada a entrega e montagem no local escolhido
físico dos funcionários da empresa em questão bem
pelo consumidor. Para uma melhor visualização do
como aperfeiçoar não somente a produção da
processo da empresa analisada executou-se o
empresa, mas também o ambiente corporativo. Para
mapeamento de fluxo de valor atual como mostra a
Slack (2009) o 5s é baseado em cinco sensos:
figura 1, visto isso constatou-se a falta de
Figura 1. Mapa de fluxo de valor atual

Anais 5o CONPEEX
Fonte:· Vinicius Bernardes, 2017.de Pesquisa, Ensino e Extensão · RC/UFG · 29/10 a 01/11/2019 · ISSN 2447-4134
- Congresso · 365
padronização na qual as peças não possuíam padrões os resultados obtidos através da implementação da
de qualidade e dimensionamento padrão, falta de filosofia.
organização, por meio de movimentações
desnecessárias, insumos em locais indesejados, 4.4 Kanban
demora na entrega aos clientes, estoques Feita uma análise do mapa de fluxo de valor
intermediários provenientes da produção empurrada, constatou-se uma produção empurrada na qual é
falta de controle no processo como um todo na qual enviada uma ordem de produção ao setor responsável,
muitas etapas produtivas não possuíam um lead time que produz os itens e depois os “empurra” para a
definido para a produção de seus produtos. Para a próxima etapa do processo produtivo o que resulta em
resolução de tais problemas sugeriu a aplicação de estoques intermediários, o que não agrega valor ao
ferramentas e filosofias como a padronização, o produto.
kaizen, o kanban e o 5S para realizar melhorias no
processo produtivo. Na expectativa de eliminação deste estoque
intermediário e transformação da produção
4.2 Padronização empurrada em produção puxada é sugerida a
A padronização de um serviço é fundamental no instalação de uma folha de serviço com base nos
processo produtivo devido a facilidade de determinar produtos que se deseja produzir. Iniciando do setor
o tempo de produção de cada produto de maneira a final e partindo para o setor inicial, dXe modo que o
aperfeiçoar a produção, reduzir o lead time e setor final, por exemplo a finalização conduz a folha
aumentar seu lucro. de serviço para os setores de montagem e corte
expresso “reto”, determinando quais produtos deseja
Para padronização da produção, sugeriu analisar ter a sua disposição na quantidade e na data indicada.
os desenhos emitidos para escolha da linha de
produção a ser encaminhada com o intuito de obter os 4.5 5S
formatos mais vendidos para os clientes. Feito isso, O programa 5s é proposto mediante a
estabelecer a divisão dos serviços de produção por reorganização do layout de produção, na expectativa
setor de atuação, dimensões do produto, de redução da movimentação desnecessária e
especificação do serviço e material empregado na melhoria na disposição de insumos e de materiais nos
produção. locais desejados, na higiene e na limpeza do ambiente
4.3 Kaizen de trabalho.

Fora aconselhado para a empresa a utilização da 4.6 Mapa de Fluxo de Valor Futuro
filosofia Kaizen de melhoria contínua para organizar O mapeamento do fluxo de valor futuro auxilia
práticas e a produtividade do ambiente de trabalho no desenvolvimento da situação futura do sistema de
por meio de reuniões trimestrais responsáveis pela produção enxuta, diante disso sugeriu o emprego de
análise de medidas efetuadas e seu impacto no ferramentas lean no processo como um todo visando
sistema produtivo, assim como acompanhar e analisar o aumento da eficiência do processo, como
Figura 2. Mapa de fluxo de valor futuro. exemplificado na figura 2.

Fonte: Vinicius Bernardes, 2019.

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Os mais adversos benefícios podem ser CORRÊA, Henrique L.; GIANESI, Irineu G. N. Just
adquiridos por meio da implementação do mapa de in Time, MRP, OPT: um enfoque estratégico. 2.ed. –
fluxo de valor em uma empresa como a padronização São Paulo: Atlas, 2012.
do processo, o aumento da qualidade dos produtos, a
redução do lead time, mudança da cultura GASPAR, Cyro Augusto. Mapeamento do fluxo de
organizacional, diminuição de estoques e aumento valor: aplicações e melhorias. Techoje, Savassi, 26
das mudanças comportamentais em todos os setores. dez. 2013.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ou LACERDA, S.S. Proposição de melhorias na fase de


CONCLUSÕES pré-construção uma universidade pública utilizando
do mapeamento do fluxo de valor: estudo de caso.
Portanto, o mapa de fluxo de valor atual
UNICAMP,2013.
elaborado é incumbido por apontar prováveis etapas
que não agregam valor ao produto e possíveis LIKER, Jeffrey K. O Modelo Toyota: 14 princípios
problemas, no estudo de caso em questão. Foi de gestão do maior fabricante do mundo. Porto
constatado a presença de falta de padronização, Alegre: Bookman, 2005.
ausência de takt time definido, movimentação
desnecessária, formação de estoques intermediários MAFRA, Ricardo; SANTOS, Antônio José dos.
provenientes da produção empurrada adotada na Aplicação de conceitos de manufatura enxuta na
empresa, demora na entrega aos clientes, falta de indústria de Panificação e Confeitaria: caso de
organização, falta de controle sobre o processo. pequena empresa de panificação de Joinville, Brasil.
Espacios, Caracas, Venezuela, 2015.
A elaboração do mapa de fluxo de valor futuro
indicando as ferramentas lean a serem implementadas MAXIMIANO, Dayane Carvalho. Produção enxuta:
na empresa, almeja o aumento da segurança dos aplicação de alguns conceitos na empresa mrs
funcionários, a redução da movimentação logística. 2014. 53 p. (Graduação em Engenharia de
desnecessária, o aumento da higiene e limpeza do Produção) - Faculdade de Engenharia, Universidade
local por meio do programa 5s. Já com o Kanban Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2014.
espera-se redução dos estoques intermediários entre
os setores, designação do produto para a linha de OHNO, Taiichi. O Sistema Toyota de Produção: além
produção, melhor divisão das linhas de produção. da produção em larga escala. Porto Alegre: Bookman,
Com a padronização procura dimensionamento 1997.
correto dos produtos, aumento da qualidade do QUEIROZ, Jose Antônio de; RENTES, Antônio
produto, redução do tempo de atendimento aos Freitas; DE ARAUJO, Cesar Augusto Campos.
pedidos dos clientes. Por fim, com o Kaizen é Transformação enxuta: aplicação do mapeamento do
provável de mudanças na cultura organizacional fluxo de valor em uma situação real. ENEGEP,
frisando sempre a melhoria continua de processos. Florianópolis, 3 nov. 2004.
Assim sendo, seguindo todas a sugestões obtém ROCHA, Diogo Vieira. Utilizando os princípios da
melhoria no sistema produtivo, redução de custos, manufatura enxuta para aumentar a performance
redução do lead time, aumento da qualidade de operacional de uma empresa do setor siderúrgico.
serviços, redução no tempo de atendimento ao cliente 2014. 54 p. (Engenharia de Produção) - Universidade
e como consequência aumento da lucratividade da Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2014.
empresa tão almejado por todas.
SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R.
Como trabalhos futuros, sugere-se a Administração da produção. 3 ed. São Paulo: Atlas,
implementação das ferramentas sugeridas e 2009.
verificação dos reais ganhos obtidos.
SAURIN, Tarcísio Abreu; FERREIRA, Cléber
REFERÊNCIAS Fabrício. Avaliação qualitativa da implementação de
BARTZ, A.P.B.; WEUSE, A.D. RUPPENTHAL, práticas da produção enxuta: estudo de caso em uma
J.E. Aplicação da manufatura enxuta em uma fábrica de máquinas agrícolas. Gestão e Produção,
indústria de equipamentos agrícolas. Ingeniare: São Carlos, ano 2008, v. 15, n. 3, p. 1-14, 14 set. 2008
Revista chilena de ingeniería, vol. 21 Nº 1, p. 147-
158, 2013. WERKEMA, Cristina. Lean Seis Sigma: introdução
às ferramentas do lean manufacturing. 2.ed. – Rio de
CASTRO, A.C.S. Estudo para implementação do Janeiro: Elsevier, 2011.
mapeamento do fluxo de valor em uma indústria
RESPONSABILIDADE AUTORAL
automobilística. Juiz de Fora:UFJF, 2007.

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“Os autores são os únicos responsáveis pelo conteúdo
deste trabalho”.

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RELATO DE EXPERIÊNCIA DA ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL
PSICÓLOGO NA UNIDADE DE PRONTO ATENDIMENTO (UPA)

Ribeiro, Daviane Rodrigues, ribeiro_daviane@hotmail.com


Silva, Raíssa Ellen Pereira, raissaellenps@gmail.com
De Andrade, Jordanna Leonel
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Biotecnologia

Resumo: O presente trabalho tem por objetivo apresentar o relato de experiência das atividades realizadas na
disciplina de Estágio Básico II do curso de Psicologia. Tendo em vista a possibilidade de articulação entre a
rede de saúde pública do município de Catalão e a Universidade, foram realizadas observações não
sistemáticas na Unidade de Pronto Atendimento Jamil Sebba (UPA). Além das articulações pertinentes com
dimensões do processo de desenvolvimento humano – foco da disciplina de estágio em questão – as atividades
visaram também a possibilidade de proporcionar espaço de análise de situações cotidianas e práticas
instituições para o desenvolvimento de propostas de intervenções às possíveis demandas identificadas.
Compreende-se que essa proposta favorece a relação teoria-prática necessária à formação acadêmica, bem
como a aproximação dos estudantes da realidade vivida pela população que busca serviços de saúde nas
instituições públicas. Através das visitas realizadas observou-se que a UPA recebe demandas que muitas vezes
ultrapassam suas possibilidades de atuação, principalmente no que se refere às queixas próprias ao campo da
saúde mental. O relato a seguir, buscará discorrer sobre como se deu tal percepção e realizar algumas
reflexões a respeito de formas possíveis de compreender tal problemática

Palavras-chave: Unidade de Pronto Atendimento. Sistema Único de Saúde. Saúde mental

__________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO de complexidade intermediária, ou seja, de


acordo com o Ministério da Saúde, é a porta de
entrada para o terceiro nível do SUS dentro do
Desenvolver a capacidade de observação que é chamado de Rede de Atenção as
dos aspectos individuais, interpessoais e Urgências (RAU) a qual articula o serviço de
institucionais, configura entre as necessidades atendimento móvel de urgência (SAMU),
básicas para o processo de formação do atenção domiciliar e hospitalar. No entanto, na
psicólogo. Neste sentido, a disciplina de Estágio especificidade da UPA observada, identificou-se
Básico II, proporcionou a possibilidade de os que ela tem servido também como porta de
alunos participarem enquanto observadores da entrada para a rede de saúde em geral, ou seja,
rotina da Unidade de Pronto Atendimento mesmo para casos mais claramente destinados a
(UPA) do município de Catalão- Go. Permitindo atenção primária. Sendo a única UPA do
maior aproximação das questões relacionadas ao município, tem funcionamento 24 horas por dia,
Sistema Único de Saúde (SUS), os seus níveis contribui diretamente na atenção destinada a
de atenção, a rotina dos profissionais, e população, diminui as filas dos prontos socorros
identificar formas em que o campo da dos hospitais e favorece para um processo de
psicologia/atuação do profissional psicólogo distribuição de demandas de modo mais
poderia contribuir nesse contexto. eficiente e não inteiramente concentrado nas
A Unidade de Pronto Atendimento de unidades hospitalares.
Catalão foi inaugurada em junho de 2016 e se
destina a concentrar os atendimentos de saúde

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Contemporâneo ao período de realização do porte 3, ou seja, segundo o Ministério do
estágio, a UPA estava passando por um Planejamento teria que ter no mínimo de 15
momento de atendimento de um volume maior leitos de observação, abrangendo uma
que o rotineiro. Essa situação estava associada população de 200 mil a 300 mil habitantes, em
ao fato do pronto socorro da Santa Casa de Catalão, contudo, a estrutura funciona como
Misericórdia de Catalão estar fechado. Assim, porte 2, a qual tem que ter no mínimo 11 leitos.
devido ao maior número de atendimentos, a Parte das questões que impedem o
maioria dos entrevistados alegaram demora funcionamento da UPA como porte 3, são de
excessiva, além de os profissionais relatarem infraestrutura. O teto de um setor da unidade
certa sobrecarga de trabalho e maior cansaço desabou, salas destinadas a observação infantil e
laboral. outras para isolamento, estão interditadas há oito
meses (referente ao período de observação do
Mesmo considerando tal cenário atípico estágio) por recomendação do Corpo de
observado no período de estágio, notou-se que Bombeiros, Defesa Civil, Vigilância Sanitária e
apesar do SUS ser estruturado em três níveis de CREAS. Dessa forma, até o momento da
atenção à saúde, considerando complexidade e realização do estágio, a ala de observação ficou
capacidade de atuação de cada nível, ficou restrita a apenas seis leitos em uma única sala,
evidente que a população em geral desconhece a destinada ao mesmo tempo para crianças e
forma de articulação da rede, favorecendo adultos de ambos os sexos. No que se refere a
assim, ao aumento de demandas para a UPA. equipe de profissionais, ao todo são 20 médicos
Também foram pontos relevantes para a contratados para unidade, nos dias observados,
observação em questão, a forma como se tinham em média 4 médicos, além deles a
apresentavam as demandas de saúde mental no unidade deve contar com enfermeiro, técnico/
contexto da Unidade, como eram atendidos e auxiliar de enfermagem, técnico de radiologia,
direcionados pelos profissionais. auxiliar de serviços gerais, auxiliar
administrativo. Assim, os responsáveis por
atender os pacientes estão sob domínio da
2. DESENVOLVIMENTO equipe de enfermagem e os médicos. Observou-
se que além das críticas as questões estruturais e
de gestão dos recursos do município proferidas
Ao longo das observações notou-se que a pelas pessoas atendidas na unidade, também
população não compreende qual a real função de eram recorrentes críticas à forma como se
uma UPA, bem como de outras unidades que davam alguns atendimentos. Assim, se de um
compõem a rede, como é o caso das Unidades lado os pacientes se queixam da demora em
Básicas de Saúde (UBS). Situação está que ficou serem atendidos, rapidez e pouca atenção
evidente ao constatar que parte do volume de oferecida pelos profissionais no momento do
atendimento da UPA correspondia a demandas atendimento, por outro lado, os próprios
de cunho ambulatorial e exames de rotina que profissionais viviam a tensão de ter que
poderiam e deveriam ser acompanhados em trabalhar de modo acelerado para conseguir
nível da UBS. Os pacientes, contudo, acabam prestar atendimento a todos.
indo diretamente para a UPA, o que favorece ao
cenário de superlotação. Ou seja, muitos casos Além dessas questões observadas, as
atendidos não se enquadram na urgência, estagiárias também notaram que, ao se
aumentando o fluxo de pacientes. Uma situação apresentarem como tais, receberam inúmeros
observada, que ilustra essa problemática, foi de relatos e demandas específicas de saúde mental.
uma pessoa que chegou a UPA em busca de um Relatos a respeito de estados depressivos, crises
procedimento de lavagem do ouvido. Por ser um relacionais e familiares, casos de suicídio, foram
caso relativamente simples e sem caráter de alguns diretamente direcionados as estagiárias
urgência, seria uma situação ambulatorial que ao longo das observações realizadas, além de
poderia ser atendido de modo satisfatório em outras que eram percebidas ao longo dos casos
alguma UBS. É valido lembrar que a Política atendidos na Unidade. Reconhecendo a natureza
Nacional de Atenção às Urgências (2003) define observacional do estágio e nível de formação em
que a assistência deve ser dada àqueles que questão, as estagiárias apenas realizaram
portam de quadros agudos, que podem levar esclarecimentos e indicações de serviços tanto
sofrimentos, sequelas e até a morte. da Universidade quanto da rede de saúde,
destinados a acolher tais questões.
De acordo com informações colhidas com a Assim, ficou evidente que a população
coordenação da unidade, a UPA da cidade é apresentava/apresenta quadro de desinformação

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em relação a rede de saúde e, ainda, demandas encontrar algum profissional da área psi na
específicas de saúde mental, que na ausência de UPA, acabavam articulando demandas que
reconhecimento de sua importância e poderiam e deveriam ser acolhidas pelos
necessidade de acolhimento, acabam, por vezes, profissionais e serviços de saúde mental.
não sendo adequadamente acolhidas ou Somando-se ao desconhecimento da forma
direcionadas a locais que poderiam oferecer de funcionamento articulado da rede, que como
atendimento qualificado. Esses pontos serão o já apresentado, finda por contribuir para a
foco das reflexões deste relato de experiência. superlotação da UPA, refletiu-se sobre a
necessidade de realizar intervenções
direcionadas ao esclarecimento da população da
3. METODOLOGIA cidade, publicização dos serviços oferecidos e
maior eficiência na forma de acolher e
As visitas foram realizadas na UPA entre direcionar os casos com demandas de saúde
maio e junho, em turnos na parte da manhã. Os mental.
grupos de estudantes eram organizados de modo Em um primeiro momento, questionou-se a
a cobrirem as atividades para procederem pertinência de um psicólogo como parte da
observações, tanto na parte externa de recepção, equipe da UPA. Contudo, ao problematizarmos
quanto na parte interna, onde ocorriam os esta possibilidade, notou-se que no cenário de
atendimentos. O registro das observações e desconhecimento e superlotação do serviço, a
reflexões despertadas, foram registradas em presença de um profissional de psicologia
diário de campo, questões foram debatidas e poderia se tornar mais um foco favorável a
estudos teóricos realizados em atividades de procura da UPA em casos não necessariamente
supervisão junto a professora responsável pelo atendidos nesse nível da rede. Além de
estágio. Ao final, foi produzido relatório de reconhecer que existem possibilidades
atividades com a definição de uma possibilidade específicas de ofertar serviços de pronto-socorro
de intervenção na unidade. O recorte do estágio, psiquiátrico que não nas unidades de pronto
dentro do nível de formação acadêmica, não atendimento em geral.
prevê a realização das intervenções propostas, É por esse motivo, que intervenções no
como já dito, o foco era no desenvolvimento da sentido de educar a população a respeito da
capacidade de observação, leitura de demandas rede, favorecendo a maior clareza sobre os
e formulação de propostas. serviços existentes, bem como contribuir junto
aos profissionais da Unidade para terem
melhores condições de reconhecer e encaminhar
4. DISCUSSÃO demandas de saúde mental, tornou-se uma
possibilidade que aparenta ser mais eficiente.

Notou-se que a própria presença dos A realização de intervenções que fomentem o


estudantes de psicologia na UPA, teve um valor conhecimento da população a respeito da rede,
interventivo a medida em que incitou os poderia favorecer a maior autonomia desses
pacientes a apresentarem demandas específicas sujeitos, contribuindo ainda, para uma melhor
do campo da saúde mental. Tais demandas não distribuição das demandas nos diferentes
necessariamente configuram o motivo primeiro serviços ofertados pela rede de saúde do
e evidente que levava estes pacientes a município.
buscarem a serviço da UPA, contudo, no contato
com os estagiários, os relatos destacavam No que se refere as questões de saúde
elementos de algumas dimensões de sofrimento mental, vale salientar que favorecer situações de
psicossocial apresentados por aqueles sujeitos. formação continuada para os profissionais das
As estagiárias realizaram buscas de diferentes áreas, pode contribuir para a
informações sobre a rede de saúde da cidade e qualidade dos serviços prestados. Notou-se que
foi constatado que existem cinco profissionais os profissionais relatam inabilidades e
da psicologia contratados e vinculados as UBS desconforto nos atendimentos de questões
da cidade de Catalão. Contudo, poucos pacientes relativas à saúde mental, ficando ansiosos e se
da UPA pareciam ter qualquer noção a respeito sentido despreparados para tal. Seria pertinente,
da possibilidade de encontrar suporte portanto, favorecer momentos de trocas de
psicológico nos serviços públicos. Em certo experiências, aprendizados de técnicas básicas e
sentido, refletiu-se sobre o fato de que a saúde conhecimentos psicológicos para tais
mental parece não figurar como uma profissionais. Isso poderia reduzir a ansiedade e
preocupação primeira da população, contudo, ao insegurança frente a casos de demandas

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psicológicas, bem como favorecer a formas de uma grande centralização nas práticas
atenção mais articuladas (Brasil, 2013) e não só biomédicas e na instituição hospitalar/ou de
com vistas à aplicação de medicamentos para maior complexidade, no que se refere ao
reduzir crises e mal-estares pontuais – que acaba atendimento da população. Ao longo das
sendo o maior recurso usado por esses reflexões propostas, procurou-se destacar que
profissionais na UPA. parte desse fator é sustentado pelo
desconhecimento da população que, ao nosso
Evidentemente que a presença do psicólogo ver, se soma com um certo imaginário
na Unidade poderia contribuir para tais equivocado de que as UBS não se prestam a
questões. Contudo, dentro do cenário observado, oferecer certos serviços.
optou-se por considerar formas não
centralizadas de fomentar acesso aos serviços de Esses elementos colaboram no
saúde, inclusive no âmbito da saúde mental. Se fortalecimento de uma certa cultura de
por um lado, cabe a equipe ser capaz de desvalorização da atenção primária que se torna
reconhecer situações em que se fazem um grande problema e afeta drasticamente o
necessário os encaminhamentos para a rede de funcionamento dos outros níveis do SUS. Isso
assistência Social (CRAS e CREAS) e para a ficou evidente ao longo da observação, quando
rede de saúde mental (CAPS). Por outro, é de os pacientes acabavam esperando por tempo
fundamental importância que a própria prolongado para receber atendimento na UPA,
população tenha conhecimentos sobre as quando poderiam ser satisfatoriamente atendidos
unidades que compõem a rede de saúde, com nas UBS. Somado ao desconhecimento das
mínima clareza a respeito de quais questões são normas de classificação dos casos, que implica
mais pertinentes para cada uma delas, como é o na celeridade do atendimento, muitos pacientes
caso das diferenças de assistência existentes se mostravam até exaltados quanto algum caso
entre as unidades básicas de saúde e a UPA. era colocado em sua frente, sem entender a
questão da hierarquia relacionada a gravidade
É importante salientar que existem questões para prioridade do atendimento. Contribuindo
que ultrapassam apenas a dimensão individual assim, para um ambiente de maior tensão e
de buscar tais informações. Isso porque, na desgaste tanto para a população atendida, quanto
realização do estágio, também não encontrando para os profissionais da unidade.
informações de fácil acesso nas páginas on-line
da Prefeitura ou Secretaria de Saúde, também Tais elementos reafirmaram a necessidade
não tivemos acesso a documentos informativos a de promover práticas educativas em saúde,
respeito. Ao buscarmos informações por direcionadas ao melhor conhecimento da rede
telefone, fomos informadas que seria necessário por parte da população. Sendo destacado o fato
comparecer na Secretaria. Somente ao de que o SUS prevê a participação popular em
chegarmos lá é que fomos informadas que para sua lógica de funcionamento, o que inclui que a
ter acesso a questões sobre quantidade de UBS, própria população disponha de formas de
UPA, CRAS, CAPS, bairros onde se exercer cidadania ao colaborar com o
localizavam, média populacional atendida, ou funcionamento dos serviços, seja por meio de
mesmo quantidade profissionais prestando dispositivos de controle e fiscalização, seja por
atendimento na rede, seria necessário enviar um meio de conhecimentos apropriados do
e-mail e aguardar resposta. Refletimos sobre o funcionamento da rede favorecendo a trocas de
fato de ter um percurso de dificuldade informação dentro da própria comunidade a
considerável para ter acesso a informações que respeito da atuação de cada serviço oferecido.
poderiam (e deveriam) ser públicas.
Considerando a grande parcela de população Desse modo, ressalta-se a necessidade de
rural em Catalão, além da população dentro da articular conhecimentos em saúde que
própria cidade que não necessariamente tem promovam a mudança de perspectivas e focos,
acesso a recursos das quais as acadêmicas para além do aspecto curativo e em direção a
dispunham, questionou-se como poderia ser práticas de promoção e prevenção em saúde.
difícil para a população obter informações tão Isso inclui tanto as demandas de caráter mais
básicas sobre a rede. restrito ao campo biomédico, quanto aquelas
que se localizam de modo mais complexo na
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS dimensão psicossocial.
Assim, considera-se que as contribuições da
A articulação do cenário observado com os psicologia para o contexto observado podem ir
estudos realizados, evidenciou que ainda existe além da atenção individualizada clínica tão

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tradicional na formação e atuação do psicólogo.
Na verdade, colocam-se como desafios ao
estudante e profissional da psicologia, pensar REFERÊNCIAS
em formas de intervenção e atuação mais
comunitárias, fortalecendo os saberes populares,
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de
as práticas comunicativas e educativas. Além de
Atenção à Saúde. Departamento de Atenção
contribuir de modo mais específico ofertando
Básica. Saúde mental/Ministério da Saúde,
conhecimentos sobre questões psicossociais para
Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de
a população e profissionais de saúde em geral.
Atenção Básica. Departamento de Ações
Buscar meios para isso, se torna um caminho
Programáticas Estratégicas. Cadernos de
possível para a promoção e prevenção também
Atenção Básica, n. 34. Brasília: Ministério da
no campo da saúde mental.
Saúde. 2013. Disponível em:
Ficou evidente que fomentar meios de <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cad
proporcionar conhecimentos e esclarecer a ernos_atencao_basica_34_saude_mental.pdf >.
população e, também, fortalecer mecanismos de Acesso em: 25 junho 2019.
acesso a informações são de grande importância De Freitas, M.D.F.Q . Inserção na comunidade
para o município. Sendo importante destacar e análise de necessidades: reflexões sobre a
que mesmo as estagiárias tiveram grandes prática do psicólogo. Psicologia: reflexão e
dificuldades em obter informações básicas sobre crítica, v. 11, n. 1, p. 0, 1998.
a rede de saúde do município. Destacando,
portanto, a necessidade de medidas por parte das OLIVEIRA, Saionara Nunes de; RAMOS,
instituições da cidade para melhor promover o Bianca Jacqueline; PIAZZA, Marina; PRADO,
acesso a estas informações. Marta Lenise do; REIBNITZ; Kenya Schmidt;
SOUZA, Adalbi Cilonei. Unidade de Pronto
Enfim, importante ressaltar que a parceria Atendimento – UPA 24h: Percepção da
entre o serviço e a UFG-RC possibilitou que Enfermagem. Florianópolis, vol. 24(1), p. 238-
pudéssemos abrir nossas visões e horizontes 244, Jan- Mar 2015. Disponível em:
para novas áreas em que poderíamos atuar, bem <http://www.scielo.br/pdf/tce/v24n1/pt_0104-
como locais em que o psicólogo poderia se 0707-tce-24-01-00238.pdf>. Acesso em: 25
inserir, observando também como as teorias que junho 2019.
estudamos todos os dias em sala de aula
realmente podem ser utilizadas na prática. YAMAMOTO, Oswaldo H. 50 Anos de
Colocando de modo evidente, que a psicologia Profissão: Responsabilidade Social ou Projeto
tem a contribuir e deve se posicionar de forma Ético-Político. 2012. Disponível em:
ética-política frente as questões sociais. <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_artt
ext&pid=S1414-98932012000500002>. Acesso
AGRADECIMENTOS
em: 25 junho 2019.
RESPONSABILIDADE AUTORAL
Nossos agradecimentos à professora
orientadora Daviane Ribeiro e à diretoria e
funcionários da Unidade de Pronto Atendimento “O(s) autor(es) é(são) o(s) único(s)
de Catalão pela colaboração com o presente responsável(is) pelo conteúdo deste trabalho”.
estudo.

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RELATO DE EXPERIÊNCIA: REFLEXÕES SOBRE A MORTE A
PARTIR DE UMA VISITA AO CEMITÉRIO
CAMPOS, Maurício, mcampos1975@yahoo.com.br¹
TEIXEIRA, Isabela Victória, isabelateix19@gmail.com¹
MENDES, Gabriela Ferreira¹
PAULINO, Keytli Cardoso¹
SILVA, Tatiane Pinto da¹

1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Biotecnologia

Resumo: O cotidiano está rodeado de notícias sobre morte, contudo, há certo receio em falar sobre os aspectos
envolvidos neste processo. O presente estudo configura-se como uma reflexão que aborda os sentidos visíveis
para a morte, por meio da observação realizada em um cemitério da cidade de Catalão-GO. O trabalho é um
estudo qualitativo, de análise descritiva. A experiência da visita ao cemitério foi relacionada a discussões
oriundas da disciplina de Psicologia Hospitalar. Observou-se e ponderou-se que a escolha de todas as
características e rituais pós-morte, não necessariamente relacionam-se à subjetividade da pessoa que morreu.
A desigualdade social vivenciada no país é explicitada também no cemitério, refletindo uma condição estrutural
do Brasil. As frases das lápides remetem à memória sempre viva e às saudades sentidas pelos familiares. A forte
presença de elementos ligados à religião indica o papel desta como o maior discurso que promove uma
explicação sobre a morte. Túmulos de casais frequentemente retratam em fotos momentos de beijos, remetendo
ao amor da relação. Por último, constatou-se que em nossa sociedade a morte da criança é tida como uma
inversão à ordem “natural” das coisas. A atividade prática mobilizou intensamente o campo afetivo do grupo
de discentes, além de provocar reflexões relevantes e essenciais para a prática profissional. Diante da falta de
diálogo sobre o tema e do temor recorrente frente a finitude inevitável da vida, ressalta-se a necessidade de
promoção de ações que tenham como foco tal discussão.

Palavras-chave: Morte. Luto e Psicologia.

__________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO tempo em que não se fala em relação a morte, ela


apresenta-se muito próxima, sempre presente em
O cotidiano está rodeado de notícias sobre alguma parte do dia-a-dia, pois esta é algo inevitável.
morte, principalmente pelos meios de veiculação em
massa. Contudo, há certo receio geral de falar sobre O presente trabalho é uma proposta da disciplina
os aspectos envolvidos neste processo. Na mídia, o de Psicologia Hospitalar do curso de Psicologia da
foco está no acontecimento e nos números, sendo Universidade Federal de Goiás – Regional Catalão.
que não ganham notoriedade as questões de A discussão concernente a este componente
enfretamento e particularidades do processo, tais curricular percorreu um caminho desde a
como o ritual pós-morte, cores, roupas, o que fazer humanização no ambiente hospitalar, corpo e saúde,
com os pertences, luto, entre outros. Além da falta de e bioética, até temáticas como dor, morte e o
espaço nos meios de comunicação, pode-se pensar processo de luto. Então, visando questionar o
que os demais aspectos da morte também não são silenciamento sobre assuntos que permeiam a morte,
discutidos entre as pessoas, quase não existindo inclusive dentro do próprio campo da Psicologia,
espaço para conversar sobre as atitudes que devem pensou-se na ida ao cemitério como experiência rica
ser tomadas com o próprio corpo, configurando um em apreender detalhes acerca de como o coletivo lida
dos assuntos que a sociedade costuma evitar, sendo com a perda. Logo, o estudo configura-se como uma
inclusive evitado em diálogos entre membros de uma reflexão que aborda os sentidos visíveis para a morte
mesma família. Kovács (2005) afirma que ao mesmo por meio da observação das sepulturas e tem como

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objetivo descrever e pensar sobre que foi visto e utilizadas: cinza, preto, bege, branco e marrom.
sentido em tal experiência. Apenas alguns túmulos foram construídos com
outras cores mais vivas, como o verde e o azul,
2. METODOLOGIA porém, ainda assim as cores são mais próximas de
tons pastéis.
O trabalho é um estudo qualitativo, de análise Como há um contrato coletivo invisível no qual
descritiva. Trata-se de uma reflexão acerca de uma não se permite conversar sobre a morte, a escolha de
visita realizada por quatro discentes do sétimo todas as características e rituais pós-morte não
semestre do curso de Psicologia da Universidade necessariamente indica uma subjetividade da pessoa
Federal de Goiás – Regional Catalão a um cemitério que morreu. É interessante que não há muitas cores,
da cidade de Catalão-GO. A atividade de ida ao o que pode estar relacionado novamente com a pouca
campo teve duração aproximada de duas horas e foi visibilidade dada a este momento, assim, há a
realizada no dia 17 de junho de 2019, na qual foi utilização de cores consideradas “neutras” ou
percorrido todo o espaço observando a totalidade de “tristes”, podendo retratar o luto pela pessoa
túmulos, destacando os que mais chamaram a falecida. Além disso, deve-se considerar que muitas
atenção por meio de registro fotográfico. Feito isso, famílias optam pelos planos funerários, logo, a
as imagens foram separadas em categorias de modo padronização dos túmulos também está relacionada
a facilitar a análise, sendo estas: características aos modelos oferecidos pelas empresas.
arquitetônicas, limpeza e cuidado, desigualdade Outro ponto observado foi a limpeza e cuidado
social, frases, marco da religião, famílias, casais e de alguns túmulos em contraponto com o abandono
crianças. A experiência foi discutida de acordo com de outros. Haviam jazigos com flores e pouca
a bibliografia obrigatória e textos complementares sujeira, o que nos fez levantar a hipótese dos entes
debatidos na disciplina de Psicologia Hospitalar. queridos e amigos irem ao cemitério com frequência
Optou-se por não divulgar qualquer imagem visando ou do coveiro receber alguma quantia em dinheiro
a preservação dos sujeitos e da família. para cuidar deles. Ao lado de um dos túmulos, havia
um rodo, provavelmente utilizado para a limpeza.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Em relação aos jazigos “abandonados”, alguns
apresentavam plantas mortas, pinturas descascadas,
De acordo com Kovács (2005, p. 485), “estamos o capim invadiu a parte do cimento, cercas tinham
rodeados por um tecido cultural que determina, até caído e os vidros das capelas estavam quebrados.
certo ponto, como viveremos e como morreremos”.
Pode-se também pensar as condições
Além desta influência sobre a vida e o processo de
econômicas e sociais das pessoas que morrem
morrer, pode-se pensar que há uma determinação
através da observação de seus túmulos e lápides. Por
cultural também no âmbito pós-morte, uma vez que
se tratar de um cemitério municipal, a desigualdade
a impossibilidade de discutir a respeito da morte traz
é clara: enquanto algumas famílias erguem grandes
uma padronização acerca dos modos de conduzir os
túmulos, com amplas capelas que se caracterizam em
momentos posteriores ao falecimento. Como o
sua extensão até mesmo como cômodos, com mesa
cemitério visitado foi o primeiro a ser construído na
e cadeiras, outras pessoas mal têm uma lápide, sendo
cidade, há diversas gerações enterradas e pode-se
difícil encontrar a identificação do sujeito enterrado.
perceber certa semelhança entre dois principais
Reflete uma condição estrutural do país, onde alguns
grupos com relação ao período histórico: túmulos do
dispõem de muitos recursos, e outros de quase
século passado e os túmulos atuais e/ou que foram
nenhum; e nesse sentido, há de se refletir que o
reformados.
processo de cuidado saúde-doença e a causa da
Os túmulos mais antigos apresentam padrões morte também são atravessados pelos vieses
arquitetônicos bem delimitados: possuem degraus, econômicos, de raça e gênero.
uma pequena torre, esculturas (vários com imagens
A partir destas considerações, pode-se ver no
de santos da Igreja Católica), uma cruz e em alguns
cemitério jazigos de famílias tradicionais e
há uma pequena cerca em volta. Já os túmulos atuais,
influentes em Catalão, como os Margon e os Fayad.
embora alguns apresentem arquiteturas mais
A família Margon, conhecida pela liderança na
elaboradas, são cobertos com algum tipo de rocha,
política, deu início ao processo de industrialização
cerâmica ou apenas cimento; possuem uma forma
do município, por meio da chegada do imigrante
geométrica mais específica; e possuem uma igreja
europeu João Margon em 1910, e seu membro mais
em miniatura, ou, em alguns casos, são construídos
influente, Haley Margon, foi prefeito da cidade,
em forma de uma capela. Pode-se pensar,
vereador, deputado federal, ministro interino da
certamente, que há uma influência do contexto
Agricultura e secretário da Indústria e Comércio de
histórico sobre as formas dos túmulos. Além disso,
Goiás (PIDIM, 2018). Já os Fayad, junto com as
outro fator que chama a atenção são as cores
famílias Nicolau Abrão e Safatle, são comerciantes,

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profissionais liberais ou fazendeiros que Kovács (2005) traz diversos questionamentos que
impulsionaram o desenvolvimento de Catalão perpassam o pensamento humano acerca de nossa
(SOARES, 2006). Estes jazigos são, evidentemente, origem e morte, se há uma vida após o falecimento
os que mais se destacam no cemitério, pelo seu porte, ou se realmente há um fim da jornada. Nesse sentido,
altura e arquitetura: degraus, imagens esculpidas em vive-se como se a morte não existisse, ou quando
tamanho real, pequenos jardins, mesa com fotos, existe, é só para certas idades e para casos de
entre outras características. determinadas doenças. A religião é um dos discursos
que promovem uma possível explicação sobre a
Em claro contraste com os mausoléus das morte, em que muitas consideram que esta não
famílias tradicionais catalanas, vê-se túmulos muito significa o fim do espírito/alma.
simples, as lápides, se existentes, são cruzes fincadas
no chão; o nome do sujeito e as datas de nascimento Há um túmulo de um homem, Antero, que é
e falecimento, quanto feitas, são à mão, com tinta ou considerado santo pela população. De acordo com
diretamente no cimento. Se não, a identificação que Silva (2013), Antero se tornou um símbolo para os
resta é o número da localização. Desse modo, moradores da cidade, que passaram a fazer preces e
verifica-se que a vivência da morte de um ente está orações a ele. Na década de 1930, Antero morou por
implicada às condições financeiras para o funeral, o algum tempo em Catalão. Sendo farmacêutico,
enterro, o caixão, o translado, o jazigo e a lápide. Ou jornalista e escritor, tinha muito contato com a
seja, para além da dor incontestável da morte de um população pobre da cidade. Porém, seu amigo
familiar, deve-se também preocupar com os altos próximo, que era um fazendeiro, morreu, e Antero
gastos, o que gera ainda mais sofrimento e foi tido como principal suspeito, sendo preso e
fragilidade à família. E mais sofrimento ainda se esta flagelado. Após nenhuma confissão que fosse
não possui o dinheiro necessário para o formato de suficiente para sua condenação, Silva (2013) conta
enterro desejado pelo sujeito ou pelo grupo familiar, que os coronéis da cidade queriam justiça, portanto,
ou até mesmo o suficiente para o mínimo que deve grupos de pessoas invadiram a cadeia, amarraram
ser feito. Seguindo esta perspectiva, Brum (2006, p. Antero e saíram pela cidade, torturando-o em
37) elabora que “não há nada mais brutal do que não público.
ter de seu nem o espaço da morte. [...] A tragédia
suprema do pobre é que nem com a morte escapa da É desconhecido como foi exatamente esse
vida”. processo popular de considerar Antero um santo,
porém, Silva (2013) traz que desde sua morte é
No que concerne às frases encontradas nos frequente que muitas pessoas visitem seu túmulo,
jazigos, muitas falam das saudades sentidas pela principalmente na data de finados. A população diz
família e amigos, bem como dizem que o falecido que um dos seus milagres coletivos é que, através das
jamais será esquecido. Existem diversas lápides com constantes orações a Antero após sua morte, os
trechos religiosos, a maioria proveniente de citações coronéis que dominavam a política de Catalão
bíblicas, mas também percebe-se a presença de perderam as eleições. Com esses movimentos, há o
frases de autores espíritas. Em muitas, há a hábito de fazer preces, e como forma de
consideração da morte do falecido como algum agradecimento ou pagamento, em seu túmulo são
acontecimento repentino, o que remete às depositadas peças de roupas, símbolos de empregos,
contribuições de Franco (2009) sobre ter que terços, entre outros objetos. Além disso, em seu
compreender e vivenciar mortes inesperadas, o que túmulo há uma grande cruz contendo dois principais
pode ocasionar dificuldades para elaboração do luto instrumentos de sua tortura: um alicate e um martelo.
e a existência de sentimentos de choque e horror
exacerbados. Semelhantemente à presente Assim, observa-se que, após mais de 80 anos de
constatação, no estudo realizado por Meneghel, sua morte, há ainda uma extrema devoção a Antero,
Abbeg & Bastos (2003), foi conduzida uma visita a de forma que ainda há vários restos de velas
um cemitério de Porto Alegre no ano de 1999, na queimadas e vários objetos deixados em seu túmulo.
qual um dos elementos analisados foram as frases, as Pode-se pensar, portanto, que um dos modos de lidar
quais refletiam o processo de luto, retratavam com a morte é através da elaboração de que ela não
despedidas e desconsolos. Elas foram feitas em existe por completo, mas sim que ela é uma
placas de metal e nas esculturas, no caso das famílias passagem para uma nova etapa, de acordo com
mais ricas; e em flores de papel, bilhetes e corações diversas religiões, ao passo que a população vivencia
de cartolina nos túmulos de pessoas pobres. a experiência de continuar dirigindo pedidos e
bênçãos às pessoas mortas. Além disso, as frases das
Outro ponto observado nos túmulos do lápides também anunciam a relação de certa
cemitério é a grande presença da religião, para além continuidade da vida.
das frases supracitadas. Muitas sepulturas possuem
esculturas de Jesus Cristo ou de alguns santos.

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A respeito das pessoas enterradas, existem vigente de linearidade da vida, cada família irá reagir
túmulos com apenas um sujeito, outros onde estão de forma distinta e construir formas de lidar com a
enterrados vários integrantes da família e alguns morte infantil de acordo com os seus valores e
jazigos com casais. Em relação aos últimos, existem práticas. A maneira como esta se dá também
fotos nos túmulos dos casais trocando beijos, abraços influencia no processo. A morte violenta é de difícil
e dançando. Possivelmente a família quis retratar o elaboração pelos enlutados, pelo impedimento da
amor e carinho que permeava a relação desses realização dos rituais tradicionais, na maioria das
sujeitos. Um jazigo que chamou atenção tinha os vezes, e pela mobilização exorbitante de emoções de
dizeres “Nem a morte nos separa” e a foto de uma raiva, horror e choque, nos âmbitos familiar e social
mulher e um homem. Diferentemente dos outros (FRANCO, 2009). Observou-se no cemitério alguns
casais, esses não possuíam fotografias em conjunto, túmulos de crianças. Não se pôde deixar de notar as
seus retratos eram separados, expressando uma datas das mortes e o tempo de vida de cada uma
espécie de contradição entre o binômio delas. Umas foram enterradas com os familiares,
juntos/separados. Em relação a frase, ela pode ser outras enterradas sozinhas.
interpretada como uma tentativa de permanecer
unidos e a crença no amor além da vida. O cemitério é a materialização das muitas
tentativas de elaboração da interdição feita pela
Além disso, deve-se refletir sobre a morte da morte. Porém, é preciso que estas elaborações
criança, que representa, na sociedade atual, uma possam ser feitas, para além dos muros desta
inversão à ordem “natural” das coisas. Nascemos, instituição. A psicologia tem papel fundamental
crescemos, trabalhamos, casamos e morremos – esta nestes processos, pois através dos fazeres deste
é lógica que permeia o pensamento contemporâneo. campo do saber é possível propiciar espaços de
Contudo, esta concepção é recente, pois, segundo escuta que de forma preventiva, auxiliem na
Ariès (1975), a partir da Idade Média, a passagem da elaboração das perdas trazidas pela morte.
criança pela sua família era breve e insignificante
porque ela era vista como um homem jovem. Se esta 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
criança morria – o que era o esperado, o denominado
tempo de espera para ver se a criança iria “vingar” – Através da visita, foi possível ampliar o contato
a regra geral era não se abater muito por isso, porque das futuras psicólogas com a temática da morte e
outra criança poderia substitui-la. Dessa forma, observar algumas características singulares e que se
muitas delas permaneceram sem nome, caídas no repetem no processo de morrer. A importância da
esquecimento, afundadas em seu anonimato. Logo, atividade prática se deu na medida em que mobilizou
o sentimento de infância e de família são construtos o campo afetivo do grupo, além de provocar
da Modernidade, processo este atravessado por reflexões relevantes e essenciais para a prática
questões econômicas, sociais e culturais. profissional. A riqueza do material coletado e
observado despertou emoções significativas nas
O século XX trouxe consigo avanços discentes, inclusive, potencializando a inspiração e
significativos na ciência médica, com vistas ao criatividade de uma das alunas para a produção de
aumento da qualidade de vida, bem como o advento um poema, posteriormente. Várias percepções foram
da pílula anticoncepcional, que emancipou a mulher constatadas dentro do grupo, como: alento por ver
de sua fertilidade. Assim, de forma inversamente várias flores, a importância de se pensar na finitude
proporcional, houve uma brusca queda dos índices da vida, o abismo entre a morte para camadas sociais
de natalidade e o aumento exponencial da distintas e movimentação pessoal sobre o medo de
expectativa de vida. Desde então, espera-se que a morrer.
morte venha exclusivamente ao idoso. Ter um bebê Ressalta-se como limitações do trabalho o
é, na maioria das vezes, um evento cheio de número de visitas realizadas, já que em apenas uma
expectativas, desde a descoberta da gravidez, do visita é possível que vários elementos não tenham
sexo, o nascimento; os primeiros passos, as sido captados, além do fato das temáticas analisadas
primeiras palavras, o desmame, o desfralde, o terem sido captadas por meio da visita a um único
primeiro dia na escola. A maioria dos casais da cemitério, sendo ele municipal. Nesse sentido, as
atualidade têm um planejamento familiar e preferem autoras convidam outros estudos que tenham a
ter um, no máximo dois filhos; e nesse sentido, a mesma proposta para que sejam contrapostos os
morte destes, especialmente sendo criança, é assuntos emergentes com relação à morte por meio
avassaladora, é desestruturante, é o inesperado. da observação dos túmulos, considerando outros
Conforme citado anteriormente, a infância e a contextos locais e sociais. Por meio da visita ao
família, ainda na atualidade, são permeadas e campo, dos diálogos em sala e da reflexão oriunda
influenciadas por condições históricas, econômicas, do presente estudo, compreende-se que é
sociais e culturais. Apesar de um pensamento imprescindível que tal discussão tenha um alcance

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expressivo e que o silêncio vigente em relação a RESPONSABILIDADE AUTORAL
morte decaia. Uma vez que falar sobre a morte é
também falar sobre a vida, é preciso pensar em “O(s) autor(es) é(são) o(s) único(s) responsável(is)
estratégias para lidar com a finitude inevitável de si pelo conteúdo deste trabalho”.
e do outro.

REFERÊNCIAS

ARIÈS, P. História social da criança e da família.


2 ed. Rio de Janeiro: LCT, 1975.
BRUM, E. A vida que ninguém vê. Porto Alegre:
Arquipélago Editorial, 2006.
FRANCO, M. H. P. Luto como experiência vital. In:
SANTOS, F. S. (Org.) Cuidados Paliativos,
discutindo a Vida, a Morte e o Morrer. 1 ed. São
Paulo: Atheneu, 2009, v. 1 p. 245 – 255. 2009.
KOVÁCS, M. J. Educação para a morte. Psicol
cienc. prof. Brasília, v. 25, n. 3, p. 484-497, 2005.
Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&
pid=S1414-
98932005000300012&lng=en&nrm=iso. Acesso
em: 3 jul. 2019.
MENEGHEL, S. N.; ABBEG, C.; BASTOS, R. "Os
vivos são sempre e cada vez mais governados pelos
mortos": um estudo exploratório sobre
desigualdades no morrer. Hist. cienc. saude-
Manguinhos [online]. 2003, vol.10, n.2, pp.683-
702. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&
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59702003000200009&lng=en&nrm=iso. Acesso
em: 3 jul. 2019.
PIDIM. Haley Margon Vaz: semeador do futuro,
atuante no presente. Jornal O Catalão, 2018.
Disponível em:
http://blogdopidim.com.br/2018/05/05/haley-
margon-vaz-semeador-do-futuro-atuante-no-
presente/. Acesso em: 1 jul. 2019.
SILVA, J. S. Rastros, crenças e memória:
expressões de devoção em Catalão-GO. Caderno
de Pesquisa Cdhis, Uberlândia, v. 26, n. 2, p.269-
287, jul. 2013. Disponível em:
http://www.seer.ufu.br/index.php/cdhis/article/view
/27034. Acesso em: 3 jul. 2019.
SOARES, V. C. O. Histórias e superstições:
narrativas e experiências de transformações da
cultura popular em Catalão (GO). 2006.
Dissertação (Dissertação em história) – Instituto de
História. Universidade Federal de Uberlândia,
Uberlândia.

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RESOLVENDO SISTEMA POLINOMIAL COM BASE DE GRÖBNER
Jairo Menezes e Sousa, jairoms@ufg.br
Willian Pessoa de Abreu, willianpessoadeabreu@yahoo.com.br
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Matemática
Instituto Federal Goiano/Campus Catalão

Resumo: O presente trabalho tem como objetivo apresentar a base de Gröbner, um subconjunto gerador
de um ideal em um anel de polinômios, e mostrar uma de suas aplicações praticas, resolver sistemas
polinomiais complexos de serem resolvidos usando os métodos tradicionais como a substituição ou
eliminação gaussiana, por exemplo.
Palavras-Chaves:Sistema Polinomial. Base de Gröbner. Ideais. Multiplicador de Lagrange.

1. I NTRODUÇÃO Resolvendo as derivadas parciais temos o seguinte


sistema polinomial:
"Uma caixa retangular sem tampa deve ser feita 
com 12m2 de papelão. Determine o volume máximo 
 w(2z + y) − yz = 0

dessa caixa." w(2z + x) − xz = 0
(4)
O presente enunciado trás um problema simples 
 w(2x + 2y) − xy = 0

que pode ser visto frequentemente em fabricas, maxi- 2xz + 2yz + xy − 12 = 0
mizar a eficiência de um produto com o menor custo
Assim obtemos um sistema polinomial com 4 va-
de fabricação possível, neste caso o maior volume que
riáveis e 4 polinômios, talvez com engenhosidade por
a caixa pode armazenar com a quantidade de material
parte do leitor o mesmo consiga resolver tal sistema
já pré-estabelecida.
usando algum método tradicional de resolução de sis-
Com este problema em mente, desenvolveremos
tema. Mas gostaria de apresentar a solução desse
ele para assim o leitor ver a aplicação pratica da base
sistema usando Base de Gröbner.
de Gröbner e a facilidade que ela pode propiciar na
resolução de sistemas polinomiais mais complexos.
3. O RDEM M ONOMIAL

2. M ODELANDO O PROBLEMA Antes de ser apresentado o que é uma base de


Gröbner, discorre-se alguns conceitos importantes
Sejam x,y e z o comprimento, a largura e a altura, para o seu desenvolvimento, o primeiro deles é a defi-
respectivamente, da caixa em metros. Seu volume nição de ordem monomial, um fator importante para
pode ser calculado por: generalização do algoritmo da divisão de polinômios.

V = xyz (1) Definição 3.1 O conjunto de todos os monômios de


K[x1 , ..., xn ] será denotado por Mn , ou seja,
Porem como a área de papelão deve ser 12m2 ( )
n
existe uma restrição para as dimensões x,y e z que
podem ser descritas pela seguinte equação:
Mn = ∏ xiαi ; α1 , ..., αn ∈ N
i=1

A = 12 = 2xz + 2yz + xy = g(x, y, z) (2) O monômio x10 · ... · xn0 será denotado por 1.

Onde xy é a área do comprimento pela largura, yz Definição 3.2 Uma ordem monomial  sobre Mn é
é a área da largura pela altura e xz é a área do compri- uma relação de ordem total que satisfaz:
mento pela altura. Observe que xy não é multiplicado 1. se m1 , m2 ∈ Mn são tais que m1  m2 , então
por 2 pois a caixa não tem tampa. m1 m3  m2 m3 para todo m3 ∈ Mn .
Utilizando o método dos multiplicadores de La- 2. Todo subconjunto não vazio de Mn admite um
grange para determinar o valor máximo de Eq.(1) com menor elemento com respeito à .
a restrição Eq.(2) olhamos para os valores x,y,z e w tais
que ∇V = w∇g e g(x, y, z) = 12. Isso gera as equações: Reformulando a segunda condição da definição
acima chega-se no seguinte lema:

Lema 3.3 Seja  uma ordem monomial em


Vx = wgx Vy = wgy Vz = wgz 2xz+2yz+xy = 12 K[x1 , ..., xn ], então qualquer sequência decres-
(3) cente(com respeito à ) de monômios é finita.

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Este lema é interessante pois vai garantir que o • De acordo com a ordem Lexicográfica Graduada
algoritmo da divisão tenha uma sequencia finita de Reversa:
passos.
Agora veremos como exemplo as três ordens mo- f = 3x3 y3 z2 + 5x2 y3 z2 − xy2 z3 + 2x3 y2 z3
nomiais mais usadas.
Definição 3.4 (Ordem Lexicográfica L ) Dado dois 4. I DEAIS
β
monômios ∏ni=1 xiαi , ∏ni=1 xi i ∈ Mn , dizemos que
Nesta seção será introduzido um subconjunto de
n n
β um anel de polinômios com algumas particularidades,
∏ xiαi L ∏ xi i
denominados ideais.
i=1 i=1

se αk = βk para todo k ∈ 1, ..., n, isto é, ∏ni=1 xiαi = Definição 4.1 Seja A um anel. Dizemos que um sub-
β
∏ni=1 xi i , ou existe i ∈ 1, ..., n tal que αi < βi e α j = β j conjunto não vazio I ⊆ A é um ideal se:
para todo j < i. 1. f + g ∈ I para quaisquer f , g ∈ I.
Definição 3.5 (Ordem Lexicográfica Graduada 2. h · f I para todo f ∈ I e todo h ∈ A.
β
LG ) Dado dois monômios ∏ni=1 xiαi , ∏ni=1 xi i ∈ Mn ,
dizemos que Segue da definição acima que {0} e A são ideais
n n
β de A chamados de ideais triviais.
∏ xiαi LG ∏ xi i
i=1 i=1
se: Definição 4.2 Seja A um anel e I ( A um ideal. Di-
zemos que:
• gr(∏ni=1 xiαi ) < gr(∏ni=1 xiαi ) ou
• gr(∏ni=1 xiαi ) =gr(∏ni=1 xiαi ) e α 1. I é ideal primo, se para todo ab ∈ I temos que
∏ni=1 xi i L
β a ∈ I ou b ∈ I.
∏ni=1 xi i .
2. I é ideal maximal, se para todo ideal J ⊆ A tal
Definição 3.6 (Ordem Lexicográfica Graduada que I ⊆ J ⊆ A temos que J = I ou J = A.
ReversaLGR ) Dado dois monômios ∏ni=1 xiαi ,
β
∏ni=1 xi i ∈ Mn , dizemos que Num anel de polinômios K[x] um ideal I pode
ser gerado por um único elemento e são chamados de
n n
β ideais principais.
∏ xiαi LGR ∏ xi i
i=1 i=1

se: Proposição 4.3 Todo ideal I de K[x] é da forma I =


hgi para algum g ∈ K[x].
• gr(∏ni=1 xiαi ) < gr(∏ni=1 xiαi ) ou
• gr(∏ni=1 xiαi ) =gr(∏ni=1 xiαi ) e existe k ∈ 1, ..., n
Mas será que isto vale para K[x1 , ..., xn ]? ou que
tal que αk > βk e α j = β j par todo j > k.
pelo menos um ideal num anel de polinômios em va-
Antes de ser efetuada a divisão entre dois polinô- rias variáveis seja finitamente gerado? A resposta para
mios, os mesmos precisam estar ordenados em al- a segunda pergunta é sim, e tal resultado é conhecido
guma ordem monomial para o algoritmo funcionar, como Teorema da Base de Hilbert que diz o seguinte:
quando é realizado a divisão entre dois polinômios Se I é um ideal de K[x1 , ..., xn ], então I é finitamente
de apenas uma variável tal ordenamento é natural, gerado.
sendo o monômio de maior grau o primeiro da se- Uma outra pergunta interessante a se fazer é como
quencia. Mas quando a divisão passa utilizar polinô- decidir se um elemento f ∈ K[x1 , ..., xn ] também per-
mios com mais variáveis tais ordenamentos não são tence a um ideal I ⊂ K[x1 , ..., xn ]? Solucionar tal ques-
assim tão imediatos, verifiquemos como o polinômio tionamento leva a um dispositivo chamado pseudo-
f = 2x3 y2 z − xy2 z3 + 3x3 y3 z2 + 5x2 y3 z2 ∈ Q[x, y, z] divisão que ajuda a responder a questão em casos
pode ser ordenados de varias maneiras diferentes. onde I é um ideal principal ou monomial. Que em
linhas gerais é pegar o polinômio f que gostaria de
• De acordo com a ordem Lexicográfica:
saber se pertence ao ideal I e dividir ele por todos os
f = 3x3 y3 z2 + 2x3 y2 z + 5x2 y3 z2 − xy2 z3 elementos gerador do ideal de acordo com a ordem
monomial fixada, caso o resto seja 0, então f também
• De acordo com a ordem Lexicográfica Graduada: pertence ao ideal, porém a reciproca não seria verda-
deira, se o resto é diferente de 0 não implicaria que f
f = 3x3 y3 z2 + 5x2 y3 z2 + 2x3 y2 z − xy2 z3 não pertença ao ideal.

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5. BASE DE G RÖBNER !
n n n
β γ
Uma Base de Gröbner é um tipo particular de um MMC ∏ xiαi , ∏ xi i = ∏ xi i
i=1 i=1 i=1
subconjunto gerador de um ideal I em um anel de
polinômios R. Tal argumento foi primeiramente apre- onde γi = max {αi , βi } para todo i = 1, ..., n.
sentado pelo matemático alemão Gröbner, e permitia
facilmente decidir se um elemento pertencia ou não ao A ideia principal do algoritmo se encontra na defi-
ideal dado. Porém não havia um método sistemático nição seguinte.
para computar tal subconjunto, o método para compu-
tar uma base de Gröbner se deu 15 após a descoberta Definição 5.4 Fixada uma ordem monomial em Mn
de tais conjunto desenvolvido por um de seus alunos e dados elementos f , g ∈ K[x1 , ...xn ] \ {0}, o S-
Bruno Buchberger, que formulou um algoritmo para polinômio ou S-processo de f e g, que denotamos
obter os mesmos chamado de Algoritmo de Buchber- S(g, f ) é o polinômio
ger.  
f g
S( f , g) = MMC(ml( f ), ml(g)) · −
Definição 5.1 Sejam I ⊂ K[x1 , ..., xn ] um ideal e  tl( f ) tl(g)
uma ordem monomial fixada. Um subconjunto não
vazio e finito G de I é uma Base de Gröbner para I, Proposição 5.5 Fixada uma ordem monomial  so-
com respeito à , se para todo f ∈ I existe g ∈ G de bre Mn , temos que um conjunto G = {g1 , ..., gs } ⊂
modo que o monômio líder de g divida o monômio K[x1 , ..., xn ] é uma Base de Gröbner para o ideal
líder de f, isto é, ml(g)|ml( f ). I = hg1 , ..., gs i com respeito à  se, e somente se, o
resto da pseudo-divisão de todo S-polinômio S(gi , g j )
Por exemplo, o ideal I = hgi ⊆ K[x1 , ..., xn ] tem pelos elementos de G é nulo.
seus elementos dá forma f = gh com h ∈ K[x1 , ..., xn ],
assim é fácil verificar que G = {g} é uma Base de Por fim chegamos ao algoritmo de Buchberger.
Gröbner para I com respeito a qualquer ordem mono-
mial pois g|gh. Teorema 5.6 Algoritmo de Buchberger Fixada uma
ordem monomial e dado {g1 , ..., gs } ⊂ K[x1 , ..., xn ],
Teorema 5.2 Fixe uma ordem monomial . Dados I
podemos obter uma Base de Gröbner G para o ideal
um ideal não nulo de K[x1 , ..., xn ] e G = {g1 , ..., gs } ⊂
I = hg1 , ..., gs i aplicando o seguinte algoritmo:
I, então são equivalentes:
1. G é uma Base de Gröbner para o ideal I com
A LGORITMO DE B UCHBERGER
respeito a ordem monomial ;
2. hml(I)i = hml(G)i, onde ml(I) e ml(G) indi- E NTRADA : {g1 , ..., gs } ⊂ K[x1 , ..., xn ];
cam o conjunto dos monômios líderes de todos os / G1 := {g1 , ..., gs } E i := 1;
D EFINA : G0 := 0,
elementos de I e G respectivamente; E NQUANTO Gi−1 6= Gi FAÇA
3. f ∈ I se, e somente se, o resto da pseudo- S E EXISTIREM f , h ∈ Gi TAIS QUE O RESTO
divisão de f pelos elementos de G é zero; r DA PSEUDO - DIVISÃO DE S( f , h) POR Gi É
4. f ∈ I se, e somente se, podemos escrever f = NÃO NULO
s
∑i=1 qi · gi com ml( f ) = max {ml(qi )ml(gi )}. E NTÃO
1≤i≤s
Gi+1 := Gi ∪ {r};
Note que para determinar se um elemento f ∈ S ENÃO
K[x1 , ..., xn ] pertence ou não a I, basta computar o Gi+1 := Gi ;
resto da pseudo-divisão de f pelos elementos de G. i := i + 1;
Mas como computar G? Será que todo ideal admite S AÍDA : G := Gi BASE DE G RÖBNER PARA I.
G? A resposta para ambas perguntas é sim, veremos
agora como computar G utilizando o algoritmo de Com todos os ingredientes apresentados para a
Buchberger. computação de uma Base de Gröbner voltemos ao
problema inicial para resolve-lo.
5.1. Algoritmo de Buchberger
Agora será introduzido os ingredientes para o pro- 6. R ESOLVENDO O S ISTEMA USANDO BASE DE
cedimento que permitirá obter uma Base de Gröbner a G ROEBNER
partir de um conjunto finito de geradores de um ideal.
Para resolver a Eq.(4) O primeiro passo é calcu-
Definição 5.3 O mínimo múltiplo comum ou sim- lar a Base de Gröbner G com respeito a uma ordem
plesmente MMC, de dois monômios ∏ni=1 xiαi , monomial para o ideal I gerado pelos polinómios que
β
∏ni=1 xi i ∈ Mn é o monômio compõe o sistema.

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Neste caso o ideal I é: Figura 3: Calculando a base de Gröbner

I = hw(2z + y) − yz, w(2z + x)−xz, w(2x + 2y) − xy,


2xz + 2yz + xy − 12i

Para calcular a base de Gröbner utilizaremos o


Singular um Sistema de Computação Algébrico que
pode ser utilizada online, tal programa fará todo o
processo do algoritmo de Buchberger apresentado, Fonte: Autor
definir a ordem monomial, calcular os S-polinômios,
realizar as pseudos-divisões, e encontrar a Base de
Gröbner reduzida. Para ver o Resultado utiliza-se o comando "G;"

Já no Singular, que pode ser acessado pelo en- Figura 4: Resultado Final
dereço "https://www.singular.uni-kl.de:8003/", pri-
meiro definimos o anel de polinómios r com as 4
indeterminadas w, x, y e z usando o comando "ring
r=0,(w,x,y,z),dp;". O "0"no comando indica que o
anel de polinômios r será definido sobre um corpo de
característica zero e a sigla "dp"indica que a ordem
monomial será a lexicográfica graduada reversa.

Figura 1: Definindo o anel de Polinômios

Fonte: Autor

A base de Gröbner G é um conjunto de geradores


Fonte: Autor
para o ideal I, ou seja, o sistema Eq.(4) possui as
mesmas soluções que o sistema gerado por G:


 y − 2z = 0


Agora definimos o Ideal I do anel r com o co- x − 2z = 0
mando "ideal I"Observe que a sintaxe usada no singu- (5)

2w −z = 0
lar os polinômios do anel precisam estar desenvolvi-  2
z −1 = 0
dos.
A Equação(5) é um sistema equivalente ao ori-
ginal, cuja solução é quase que imediata, resolvendo
Figura 2: Definindo o Ideal I do anel de Polinômios z2 = 1 temos que z = 1 ou z = −1, como z é a altura
da caixa então z = 1 e substituindo nas duas primeiras
equações do sistemas leva a y = 2 e x = 2, assim o
problema foi resolvido e as dimensões da caixa de
papelão seria 2 metros de comprimento, 2 metros de
largura e 1 metro de altura.
Fonte: Autor
7. C ONCLUSÃO

Esta seria uma aplicação pratica da Base de Gröb-


ner na resolução de um sistema polinomial complexo,
Por fim usando o comando "ideal G = groeb- o exemplo aqui usado foi deveras simples, mas a sua
ner(I);"é calculado a base de Gröbner Reduzida do aplicação pode se aplicar em sistemas mais interessan-
ideal I. tes com muito mais variáveis e polinômios.

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Vale ressaltar que esta não é sua única aplicação,
resolver sistemas polinomiais, tal ferramenta pode ser
utilizada também para validar construções em origami
e até mesmo provar teoremas de Geometria euclidiana
se considerar a folha de papel como o plano euclidi-
ano.

R EFERÊNCIAS

HERNANDES, E. M. Um primeiro contato com


base de Gröbner. 28o Colóquio Brasileiro de
Matemática.IMPA.(p.27-136).Rio de Janeiro, Brasil.
2011.
STEWART, J. Cálculo, Tradução da 7o edição norte-
americana Volume 2. Cengage Learning. (p.860-862).
São Paulo, Brasil. 2013.

R ESPONSABILIDADE AUTORAL

“O(s) autor(es) é(são) o(s) único(s) responsá-


vel(is) pelo conteúdo deste trabalho”.

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SOBRE A MORTE E A VIVÊNCIA DO LUTO: ANÁLISE DE UMA
VISITA AO CEMITÉRIO PELA PSICOLOGIA HOSPITALAR
Campos, Maurício, mcampos1975@yahoo.com.br
Ribeiro, Ana Carolina Marques1, anacmarques27@gmail.com
Belchior, Daniela Caldeira1
Ferreira, Maria Vitória1

1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Biotecnologia

Resumo: Este trabalho tem como objetivo analisar a visita ao Cemitério Municipal da cidade de Catalão-GO,
tendo como embasamento os textos utilizados na disciplina ‘’Psicologia Hospitalar’’, assim como as
discussões realizadas em sala de aula. Foi possível perceber como a temática da morte tende a ser negada em
nossa sociedade, silenciada, o que pode contribuir para o aumento do sofrimento daqueles que passam pelo
processo de luto, já que não há espaço de fala sobre o assunto. Outro ponto interessante foi perceber como
alguns túmulos do cemitério fazem alusão à casas, com portas e janelas, demonstrando aparente desejo de
manter as pessoas que faleceram, vivas. Com a realização deste trabalho, pudemos perceber que a morte se
constitui como um tabu, não passível de discussões, mas que está bastante presente no nosso cotidiano, e que
assim como existem diferentes formas de morrer, existem também diferentes formas de vivenciar o luto, de
processar as perdas, visto que um falecimento por doença, por exemplo, pode gerar um tipo diferente de luto
do que o de uma morte violenta.

Palavras-chave: Morte. Luto. Negação.


__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO social, o espaço que dado ao luto nos diferentes


momentos históricos e o lugar que ele ocupa em
As visitas técnicas ocorreram nos dias 14 de nossa cultura na contemporaneidade.
junho e 01 de julho no Cemitério Municipal da
cidade de Catalão com o intuito de observar seu 2. ANÁLISE
funcionamento e estrutura para que fosse produzida
uma análise da vivência da perda, com o objetivo Relacionando de forma um pouco mais
de posteriormente relacionar com os textos específica a visita ao cemitério com o texto
trabalhados na disciplina de Psicologia Hospitalar. “Educação para a Morte” de Kovács, é possível
A morte e o morrer estão envoltos em uma névoa perceber a negação da morte, tendo-a como um
de tabus para a cultura ocidental. Ela provoca tabu em nossa sociedade, algo sobre o qual não se
questionamentos da ordem do desconhecido, deve nunca falar, e quando surge o assunto,
costuma surgir também o incômodo e o
impassíveis de resolução: de onde vem a vida? Para
constrangimento. A morte se constitui como algo
onde vai o sujeito após morrer? Por que viver e,
inerente à vida, mas mesmo assim, é um tópico a
consequentemente, por que morrer? Essa discussão ser evitado a qualquer custo, pois como não há um
é compartilhada pelas diversas áreas do diálogo sobre o assunto, sua elaboração enquanto
conhecimento, mas não parece haver uma resposta processo natural da vida fica bastante prejudicado,
que satisfaça a todas as pessoas. sendo mais confortável a negação.
Então, o que fazer diante do buraco que leva a No cemitério, essa forma de lidar com a
imergir no desconhecido? A partir daí entra o morte ficou bastante clara, já que há uma aparente
estudo do luto: é a forma como uma perda é tentativa de manter a pessoa viva por meio da
vivenciada, elaborada e significada, a fim de configuração dos túmulos, sendo que muitos destes
aprender a viver com a falta do ente querido. Falar se assemelham à casas, com portas, janelas,
da morte é também falar sobre a relação com o cortinas e azulejos decorados, tudo para dar a
tempo, a finitude, a castração, o modo como a impressão de que a pessoa falecida está, de alguma
forma, ali, pois lidar com o fato de que pode ser que
cultura ocidental lida com o interdito. Também
sobre a história individual, a história do grupo

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ela simplesmente não exista mais é muitas vezes experiência de luto na comunidade,
insuportável. não apenas restrito ao âmbito familiar
Na visita, assim como no texto, foi ou social mais próximo. (FRANCO,
possível perceber que ao mesmo tempo em que a 2009)
morte está escancarada em nossa frente, seja nos
jornais, na televisão, ou em cemitérios de muros Paralelo a isso, sendo as mortes violentas
baixos e sempre abertos para visitas, - e no caso de ou de massa geradoras de experiências difíceis
Catalão, no centro da cidade -, não se tem uma boa relacionadas a elaboração do luto, podemos refletir
relação com ela (morte), sendo difícil inclusive para sobre uma das histórias que surgiram ao visitarmos
profissionais de saúde e educação lidar com o o cemitério. A história que iremos apresentar é a de
assunto, por um distanciamento proposital da Antero da Costa Carvalho, atualmente considerado
temática, havendo confusão e medo sobre se devem um santo na cidade, seu túmulo possui uma grande
ou não explicar sobre a morte de um parente para cruz e recebe muitas visitas dos moradores locais.
seu filho, ou como agir quando há um suicídio de De acordo Jaciely Soares Silva e Márcia
um aluno na escola. Pereira Santos (2011), Antero mudou-se para
Esse pacto de silêncio que impera em Catalão na década de 1930 e sendo farmacêutico
nossa sociedade sobre a temática da morte pode ser prático, começou a exercer a profissão na cidade,
causador de muito sofrimento principalmente para conquistando a confiança dos moradores e
quem está lidando mais de perto com ela, como é o afastando os mais importantes (famílias ricas e
caso de alguém com doença terminal, ou de alguém políticos), por ser considerada uma ameaça aos
que perdeu um ente querido muito próximo. Como mesmos:
não há espaço de fala sobre o assunto, muitas vezes
não há espaço para expressão da dor vivida, ou nem Segundo o escritor Cornélio Ramos
mesmo a legitimação do sentimento de luto, o que (1997), Antero chegou a Catalão por
pode agravar ainda mais o sofrimento, por meio de indicação de sua mulher, Amélia
seu silenciamento. Nazar, natural da Síria e ex-moradora
Foi bastante interessante perceber como de Catalão. Em tese sua vinda se deu
alguns túmulos, olhados de certos ângulos, se por causa de alguns conflitos com
confundem com o restante das construções da morados de Campo Alegre-GO e por
cidade, numa aparente tentativa de mistura da vida problemas com a Justiça local, os
e morte como uma coisa só, de desaparecimento quais não se têm como especificar.
desta como algo separado; de certa forma ela passa Ao chegar a Catalão foi acolhido pelo
a não existir, e o que não existe, não carece de grupo situacionista. Aos poucos
discussão sobre. Essa observação nos pareceu Antero foi conquistando espaço e
bastante como um esforço em “apagar” a morte, confiança dos moradores, logo a
pelo menos na arquitetura da cidade. fama de bom farmacêutico cresceu
Ao expor questões sobre o luto, para que o dando-lhe prestígio. “Seu nome
mesmo possa ser entendido e ampliado, Maria começou a crescer passando
Helena Pereira Franco (2009) apresenta temas que naturalmente a empanar o brilho de
estão no foco do interesse dos pesquisadores outros, a constituir uma ameaça’’
contemporâneos. A autora aponta que as questões (Diário Dito e Feito, 2002). (SILVA
da vida na atualidade, quando relacionadas a morte, & SANTOS, 2011, p.256)
levam para diversos temas importantes e que
consequentemente, podem nos fazer compreender Em 1936, Antero é acusado de assassinar o
as relações dos sujeitos com o luto. Um dos pontos fazendeiro Albino Felipe do Nascimento, que por
levantados pela a autora foram as mortes violentas ser uma pessoa conhecida, gerou comoção na
ou em massa: cidade. Os moradores ficaram revoltados e com
sede de vingança, se revoltaram contra o
As mortes violentas ou em massa são farmacêutico. Antero sendo retirado da cadeia pela
geradoras de experiências de difícil população, é arrastado pela rua atualmente
elaboração pelos enlutados, pela nomeada como Vinte de Agosto e acaba falecendo
incerteza (muitas vezes, não existe com uma faca atravessando seu peito.
corpo ou não é possível a Existem muitas hipóteses que surgiram por
identificação e/ou reconhecimento) tal acusação, Silva e Santos (2011) comentam que o
que impede a realização dos rituais autor Cornélio Ramos (1997) aponta em seu livro,
organizadores da tradição cultural, que a acusação poderia ter surgido de uma possível
pelos intensos sentimentos de raiva, traição entre Antero e a esposa de Albino Felipe ou
horror, choque, somados a uma também por questões políticas, pois o farmacêutico

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ganhara muita visibilidade na cidade. Porém, o aceitação da morte e o índice de mortalidade que
crime nunca foi solucionado e a acusação, portanto, aumenta nos seis meses após a perda. Prigerson
não comprovada. (2008b) apud Franco identifica que as pessoas que
apresentam Transtorno do Luto Prolongado (TLP)
Apesar de toda a violência, o crime possuem alguns sinais desta não aceitação, como
que teve sob acusado Antero da ideação suicida, depressão, ansiedade, piores
Costa Carvalho, nunca foi condições de qualidade de vida, entre outros. De
esclarecido. O mistério continua acordo com a constatação da autora Prigerson de
bailando no ar através do tempo. que “o luto tem a função de intermediar a relação
Como já mencionado, a história de entre a perda e a morbidade” propõe a pensarmos
Catalão, tal como é contada que além de o TLP ser um mediador, ele também
especialmente pelos historiadores poderá satisfazer os requisitos para ser um
locais, itinerantes ou acadêmicos transtorno mental.
aponta que a cidade se desenvolveu
num ambiente de violência. Matar Como Prigerson (2008a e 2008b)
alguém, seja por motivos banais, defende essa proposta, ela a
vinganças, ou quebra de “contratos”, fundamenta no seguinte arrazoado: a
não era algo anormal à sociedade fenomenologia e os sintomas desse
catalana das primeiras décadas do transtorno são distintos daqueles
século XX. (SILVA & SANTOS, encontrados em outros transtornos já
2011, p.258) presentes no DSM-IV, como
depressão maior; os fatores de risco e
A história relatada entra no modelo de a etiologia são também distintos e o
mortes violentas, e, portanto, geradoras de difíceis resultado do Transtorno de Luto
lutos. Ocorrendo de uma forma não esperada, Prolongado é associado como
mortes como a de Antero, podem ocasionar variável independente a disfunção e
diversos sentimentos nos enlutados, tanto familiares intenso sofrimento; há pouquíssima
como na comunidade e muitas dessas resposta em tratamento com
manifestações ocorrem pelo fato de não esperarem antidepressivos. Assim sendo, o
ou não aceitarem aquela morte, tanto é que anos Transtorno de Luto Prolongado difere
depois a população colocou Antero como um santo de outros transtornos psiquiátricos ao
que protege a cidade. compor um conjunto de sintomas
Concomitante a isso, pesquisas muito próprios, com pouca
descobriram que quando o sujeito está enfrentando sobreposição a outros diagnósticos
o luto, seu cérebro ativa as regiões responsáveis por (...). (FRANCO, 2009)
buscar recompensa ou satisfação, o que pode
interferir com a adaptação da perda. Nos túmulos Em relação às técnicas de intervenção
observados existiam muitas mensagens de conforto, necessárias a serem desenvolvidas para as pessoas
mas que também, em nossa interpretação, se que não aceitam o luto, a autora diz que essas
aproximava de uma recompensa. Por exemplo, técnicas devem ser direcionadas para pacientes com
quando colocam a pessoa falecida como aquela que riscos sociodemográficos e circunstanciais, ou seja,
terá a função de proteção. pessoas que não possuem apoio familiar, social e
Em relação a outros tipos de mortes, a financeiro. Tratando sobre essas famílias que não
autora aponta que considerando os dados possuem apoio, no Cemitério Municipal, o coveiro
epidemiológicos, no mundo ocidental, a maioria nos alertou que ali se encontravam pessoas que
das mortes ocorre na terceira idade e que metade da possuíam um poder aquisitivo maior, famílias ricas
população feminina está viúva depois dos 65 anos. e figuras importantes da cidade. Apesar de termos
Foram vistos muitos túmulos com pessoas que observado esse apontamento, vimos também que
viveram por longos anos e morreram na terceira existiam muitos túmulos que não recebiam atenção
idade, também observamos algumas fotos de casais, ou cuidados em relação aos outros.
que morreram em datas próximas e possuíam A morte sendo um acontecimento, em
fotografias juntos, alguns até trocando beijos e nossa cultura, que demanda dinheiro para bancar
carinhos. todas as burocracias existentes, é preciso que
Pensando nos casais que morreram estejamos atentos e pensemos nas pessoas que são
próximos uns dos outros, podemos refletir em como invisibilizadas até depois da morte e em seus
o luto apareceu para essas pessoas que familiares desamparados. Portanto, as intervenções
permaneceram e que posteriormente vieram a terapêuticas devem ser acessadas principalmente
falecer. A autora comenta, portanto, sobre a pelas pessoas sem apoio social e financeiro, pois

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pode ser fundamental em um momento de tantas experiências como trabalhadores. Foi de
perdas significativas, como o luto. fundamental importância para que pudéssemos
realizar este trabalho.
3. METODOLOGIA
REFERÊNCIAS

O presente trabalho foi construído após a FRANCO, M.H.P. Luto como experiência vital.
realização da observação participativa no Cemitério 2009, p. 1-13.
Municipal de Catalão. As visitas tiveram o intuito
de complementar as discussões sobre morte e luto KOVÁCS, M.J. Educação para a Morte.
na disciplina de Psicologia Hospitalar, ministrada Psicologia ciência e profissão, 2005, 25 (3), p. 484-
pelo professor Dr. Maurício Campos. Realizamos 497.
as visitas em dois dias, 14 de julho e 01 de junho de
2019, e colhemos algumas fotografias que SILVA, J. S.; SANTOS, M.P. Devoção
serviriam de suporte para a análise e conversamos popular em Catalão: “Santo Antero”.
com os dois coveiros que trabalham no local. Departamento de História da Universidade Federal
Após a visita, realizamos um relatório, do Rio Grande do Norte. 2011, p. 255-271.
usando as informações colhidas e todo conteúdo
que havíamos estudado na disciplina. Além do
relatório, também participamos de uma discussão
em sala, para que todos os grupos pudessem
compartilhar suas observações e também ouvirmos
como cada integrante se sentiu diante da atividade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a realização deste trabalho, podemos


perceber que a morte se constitui como um tabu na
sociedade, algo que não é passivo de discussões,
mas que ao mesmo tempo está tão presente no
nosso dia a dia. Sendo um assunto pouco falado,
sua elaboração fica comprometida e muitas vezes o
enlutado precisa lidar sozinho com suas questões, o
que pode ser muito mais doloroso.
Dessa forma, como defende Kovács, é
imprescindível que haja uma educação para a
morte, como oficinas, palestras, grupos de
discussões que tratam de forma aberta sobre o tema,
principalmente para pessoas que estão lidando de
maneira mais próxima com a morte, como é o caso
de profissionais de saúde, doentes terminais e
pessoas enlutadas.
Por fim, vale lembrar que o luto não se
constitui como processo único, ou seja,
experenciado de uma só maneira, estando
intimamente ligado ao tipo e época que a morte
ocorreu. Sendo assim, é importante ressaltar que as
diferentes mortes podem ocasionar modos distintos
de luto, como a morte violenta ou em massa, que
por ser repentina pode desencadear maneiras
específicas de vivenciar a dor e o sofrimento da
perda.

AGRADECIMENTOS

Gostaríamos de agradecer aos coveiros do


Cemitério Municipal de Catalão, por nos receberem
e compartilharem suas vivências, histórias e

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UM ESTUDO SOBRE CRESCIMENTO E ABERTURA DO E-
COMMERCE
MOREIRA, Mirian Sousa, miriansousa94@live.com
PINHEIRO, Guilherme Antônio, guilhermepinheiro528@gmail.com1
SANTOS, Matheus José Vaz2
NEIVA, Matheus Rodrigues 3
1,2,3
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Gestão e
Negócios

Resumo: O objetivo desse trabalho é busca mostrar dados estatísticos, o crescimento e o custo-benefício para
abrir um negócio online, além de demonstrar um meio de começar o próprio negócio sem ter que abrir uma
empresa física, gastando menos dinheiro e menos tempo para iniciar as atividades na própria empresa virtual
além de analisar e concluir as principais vantagens e desvantagens para quem deseja adentrar a esse tipo de
negócio. O método utilizado estrutura-se em referências relacionadas ao tema, como: artigos, livros e sites para
melhor entendimento sobre o tema, sendo uma pesquisa baseada em dados secundários. Primeiramente foi
explicado os conceitos de comércio eletrônico para entender melhor sobre o que será discutido. Depois foi
apresentado dados de pesquisas feitas pela Ebit e pela PagBrasil sobre o mercado e-commerce no Brasil e também
foi apresentado as vantagens e desvantagens deste mercado. Com isso esse artigo se baseia na pesquisa
qualitativa, tendo em vista que serão analisadas referências a respeito do tema abordado. Após a análise, será
discutido os resultados obtidos com a pesquisa observando se realmente o e-commerce é um método de negócio
viável para um possível empreendedor que tem como empecilho a falta de capital para investir em uma loja física.
Então, apesar do e-commerce ter seus benefícios, podemos enfatizar algumas desvantagens que podem ser um
empecilho para entrar nesse conceito, uma das desvantagens que se destaca, é o fato de alguns produtos serem
de difícil comercialização por meio online, como os perecíveis, além disso alguns produtos como perfumes, que
você precisa utilizar do olfato para se interessar é outro tipo de produto que não é muito vantajoso vender online.
Palavras-chave: Crescimento. Empresa virtual. E-commerce.
__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO Sendo assim, essa pesquisa busca mostrar em


dados estatísticos, o crescimento e o custo-benefício
Um estudo feito pela MindMiners, em parceria para abrir um negócio online, o conceito de e-
com o PayPal, realizado entre 31 de agosto e 11 de commerce e demonstrar um meio de começar o
setembro de 2017, contou com a participação de 300 próprio negócio sem ter que abrir uma empresa física,
pessoas, apontou que 66% dos brasileiros querem gastando menos dinheiro e menos tempo para iniciar
abrir a própria empresa e segundo esse estudo 64% as atividades na própria empresa virtual além de
desses indivíduos ainda não buscaram ajuda para analisar e concluir as principais vantagens e
iniciar a empresa, além disso 49% disse que o fator desvantagens do comercio eletrônico.
que mais atrasa a abertura de um empreendimento é a
falta de capital, e isso atrasa a tomada de decisão do 2. REFERENCIAL TEÓRICO
futuro empreendedor.
Diante disso, nota – se que a maioria das pessoas 2.1. Conceito de Comércio eletrônico
que pretendem abrir um negócio, se deparam com a
falta de dinheiro para realizar o investimento, e, com Vários são os conceitos de comercio eletrônico
isso, o atraso para iniciar seu negócio. Partindo desses que contribuem para que esse assunto seja entendido
empecilhos, pode – se afirmar que, como o capital é de maneira mais fácil, com isso Teixeira (2015, p.26)
fundamental para abertura de uma empresa, quanto diz que comercio eletrônico é definido como uma
menor for o custo-benefício menor será o extensão do comercio convencional, sendo por meio
investimento e o tempo gasto para iniciar o trabalho. digital em que as operações de venda, compra e
Neste sentido surge a pergunta: Frente a falta de prestação de serviços são feitas com o suporte de
suporte financeiro para abertura de empresa física, equipamentos e programas de informática, por meio
havendo a possibilidade de abertura em forma de e- dos quais se possibilita a negociação a conclusão e até
commerce, por quais motivos os empreendedores a execução do contrato no caso de bens intangíveis.
desistem de adentrar ao mundo dos negócios? Já Albertin (2000) definiu que o e-commerce é a
realização da cadeia de valor dos processos de

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negócio em um âmbito eletrônico, por meio da estão comprando.”
aplicação intensa de tecnologias de comunicação e
informação, atendendo assim aos objetivos do Imagem 1. E-commerce brasileiro 2018 em números
negócio. Os processos podem ser feitos de maneira
completa ou parcial, incluindo as transações negócio-
a-negócio, negócio-a-consumidor e intra-
organizacional, em uma infraestrutura predominante
publica de baixo custo e de fácil e livre acesso.

2.2. Dados e análises sobre o e-commerce

Lunardi apud Ebit (2018) citou que em 2017 o


faturamento do e-commerce foi de R$ 47,7 bilhões.
Representando um aumento de 7,5% em relação a
2016, quando foi registrado R$ 44,4 bilhões [...] A
EBIT faz uma previsão de que haja um aumento
nominal também de 12% no mercado para 2018, em
que o faturamento deve chegar a R$ 53,5 bilhões. Isso
se dá por causa da recuperação da economia
brasileira, da consolidação das vendas em
dispositivos móveis e do fortalecimento das
transações nos marketplaces.
Segundo E-Commerce Brasil (2019) um
levantamento realizado pelo NZN Intelligence (2019)
74% das pessoas preferem a modalidade de compra
online em comparação com as compras realizadas em
lojas físicas. O estudo também aponta que, para os
26% que preferem ir até o estabelecimento, é devido
a alguns fatores que ainda impedem que a modalidade Fonte: PAGBRASIL, 2018
online seja eleita. Pois 40% apontou falta de
confiança em passar dados de cartões e dados Pensando na atualidade, segundo E-Commerce
pessoais, 25% apontou que não faz compras online Brasil apud Associação Brasileira de Comércio
pelo medo de não receber o item adquirido, 10% Eletrônico (ABComm), o comercio eletrônico poderá
relatou uma possível enganação em relação ao ter aumento nas vendas de R$ 79,9 bilhões em 2019.
pagamento e, por fim, 7,5% não aderem a esse
comércio por alegar nunca ter encontrado preços 2.3. Vantagens e desvantagens do Comércio
satisfatórios. Eletrônico
A PagBrasil et al. (2018) realizou uma pesquisa
onde analisa o consumidor brasileiro com relação ao É notável que os negócios na internet
e-commerce, caracterizando que os consumidores do atualmente, em 2019 vem crescendo
brasil gostam de comprar produtos online, a pesquisa principalmente pela comodidade e facilidade de
revela que os produtos eletrônicos foi um dos mais administração. Então é perceptível as vantagens
vendidos em 2017. 50% dos consumidores usam as que existem.
plataformas multimarcas para comprar online. Um Segundo SEBRAE (2004) as principais
pouco menos da metade dos compradores online vantagens que o e-commerce proporciona são:
realizaram compras internacionais em 2017. Embora  A loja funciona 24 horas por dia, a
52% dos consumidores ainda prefira comprar de sites semana toda. Não importa o tempo: se é
locais de e-commerce, vale enfatizar que 8% de todos feriado ou fim de semana, você não se
os compradores escolheram por comprar omite a vender, assim oferecendo
exclusivamente em sites internacionais no ano de comodidade ao cliente que faz o pedido
2018. Relacionado aos desafios enfrentados pelas a qualquer hora de forma on-line.
empresas transfronteiriças, 44% dos consumidores  Oferece um conjunto eficiente de
apontaram que os prazos de entrega longos são a informações sobre a localização e
razão de não concluírem uma compra, em identificação do produto, comentários
contrapartida, a falta de segurança foi responsável por de consumidores, informações sobre
31% do abandono do carrinho. Esses números preço e frete, e tempo de entrega.
claramente mostram que os consumidores brasileiros  Você não precisa se preocupar com
precisam de mais confiança nas lojas on-line de onde gastos comuns numa loja "real" como

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aluguel e outras despesas, tendo baixo imediatamente, e por isso são
custo operacional. cautelosos ao comprar pela internet.
 Redução dos custos de comunicação e
transação podendo eliminar 3. METODOLOGIA
intermediários do canal de distribuição.
 Divulgação da marca, pois a internet O método utilizado estrutura-se em referências
amplia o tempo de exposição da marca, relacionadas ao tema, como: artigos, livros e sites
mostrando que a empresa está para melhor entendimento sobre o tema, sendo uma
preparada para atender seus clientes na pesquisa baseada em dados secundários.
era da informação. Primeiramente foi explicado os conceitos de
comércio eletrônico para entender melhor sobre o que
No e-commerce uma das vantagens que se pode será discutido. Depois foi apresentado dados de
observar é a eficiência na maneira com que se faz a pesquisas feitas pela Ebit e pela Pagbrasil sobre o
publicidade, neste sentido, Lastres et al (1999 p.87) mercado e-commerce no Brasil e também foi
pontua que “Comparado às técnicas tradicionais de apresentado as vantagens e desvantagens deste
marketing direto, utilizando correspondência mercado
impressa e telemarketing, a publicidade via Internet Com isso esse artigo se baseia na pesquisa
pode ser mais eficiente e econômica. Os milhares de qualitativa, tendo em vista que serão analisadas
folhetos distribuídos a clientes desinteressados referências a respeito do tema abordado.
podem ser substituídos por uma ferramenta Após a análise, será discutido os resultados
inteligente e interativa, capaz de compreender melhor obtidos com a pesquisa observando se realmente o e-
as preferências do consumidor.” commerce é um método de negócio viável para um
Galinari et al (2015 p.139) explica que uma das possível empreendedor que tem como empecilho a
fontes do diferencial de produtividade do e-commerce falta de capital para investir em uma loja física.
para empresas brasileiras, está na redução de custos,
trabalho e capital que o ele proporciona em relação ao 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
varejo off-line. Comparando ao varejo off-line o e-
commerce propicia um menor investimento em ativos É observável que com o crescimento da
físicos, como edificação de lojas, estacionamentos e tecnologia, a internet foi se evoluindo e tornando mais
compra de mobiliário. Por operar com um número de fácil o acesso a informação, contribuindo também
funcionários relativamente para o ramo dos negócios online, que se iniciaram
Contudo como no varejo convencional, o ainda nos anos 70, e atualmente, no Brasil está se
comércio eletrônico também tem suas desvantagens, consolidando e mostrando potencial para ser
que são necessárias, a citação para uma análise mais predominante no mercado.
crítica a respeito disso. A partir dos dados pesquisados conclui-se que o
Então, segundo Atitude e Negócio (2018) as e-commerce pode ser uma solução para os brasileiros
desvantagens do e-commerce são: que pretendem abrir uma empresa mas não tem o
 Convencer que os produtos têm a capital necessário (49%), pois como Galinari et al
qualidade esperada pelo cliente. (2015 p.139) escreveu, o diferencial do comércio
 Se o cliente não tem a percepção de eletrônico está na redução de custos trabalho e capital
tocar, pode ser que tenha dúvidas de que ele propicia em relação ao comércio
como ficará, por exemplo, com um convencional, além disso não será preciso a princípio
sapato ou roupa, e isso ainda gera investir em edificações e imóveis para realizar o
desconfiança aos clientes que estão trabalho na loja virtual.
acostumados a experimentarem os Outro fato que se pode destacar é o a previsão de
produtos antes de comprar. faturamento de R$ 79,9 bilhões que o e-commerce
 Alguns itens são de difícil pode alcançar em 2019. Levando em consideração
comercialização por serem perecíveis que CE cresceu 15%, enquanto o varejo tradicional
ou pelo valor não ser capaz de cobrir cresceu apenas 2,3% no País.
alguns custos, como os de frete, por Mas apesar do e-commerce ter seus benefícios,
exemplo. podemos enfatizar algumas desvantagens que podem
 A desconfiança do consumidor ao ser um empecilho para entrar nesse conceito, uma das
disponibilizar dados para pagamento desvantagens que se destaca, é o fato de alguns
pela internet. produtos serem de difícil comercialização por meio
 A entrega do pedido é outra online, como os perecíveis, além disso alguns
desvantagem, pois o cliente tem o produtos como perfumes, que você precisa utilizar do
costume de comprar e receber o produto olfato para se interessar é outro tipo de produto que
não é muito vantajoso vender de forma online. Então

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nota-se que o e-commerce não tem capacidade para LUNARDI, Guilherme. 12 dados que comprovam o
atender a todos os empreendedores, tendo em vista crescimento do e-commerce no Brasil E-commerce
que os que pretendem vender certos tipos de Brasil 12/06/2018. Disponível em: <
consumação, não terão o resultado esperado. https://www.ecommercebrasil.com.br/artigos/12-
dados-que-comprovam-o-crescimento-do-e-
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS commerce-no-brasil/> Acesso em: 29/06/2019

Neste trabalho foi apresentado informações sobre OLIVEIRA, Filipe. 66% DOS BRASILEIROS
o e-commerce e o quanto ele pode contribuir para as QUEREM ABRIR O PRÓPRIO NEGÓCIO
pessoas que querem adentrar ao mundo do PARA TER MAIS LIBERDADE E
empreendedorismo. Dando enfoque aos conceitos, às AUTONOMIA Revista Pequenas Empresas Grandes
vantagens e desvantagens além de dados de Negócios 31/10/2017. Disponível em:
crescimento anuais. Com isso, auxiliando pessoas que <https://revistapegn.globo.com/Empreendedorismo/
querem iniciar um negócio. Contudo analisando as noticia/2017/10/66-dos-brasileiros-querem-abrir-o-
desvantagens se concluiu que nem todos os proprio-negocio-para-ter-mais-liberdade-e-
empreendedores conseguem se destacar nesse autonomia.html> Acesso em: 29/06/2019
mercado.
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Anais · 5o CONPEEX - Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão · RC/UFG · 29/10 a 01/11/2019 · ISSN 2447-4134 · 391
UM ESTUDO SOBRE ENERGIA RENOVÁVEL E PLACAS
FOTOVOLTAICAS

MOREIRA, Mirian Sousa, miriansousa94@live.com


CUNHA, Lídia Freire, lidiafreire@icloud.com1
SILVA, Beatriz Santos, biasanntossilva@gmail.com1
SOARES, Frederico Dantas, fredericodantas20@gmail.com1
NUNES, Robson Caique Lucas, robson21caique@gmail.com1
MONTEIRO, Anna Carolina de Melo, annacmmonteiro@gmail.com1

1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Gestão e
Negócios

Resumo: Este artigo tem como objetivo analisar os benefícios existentes no investimento de placas fotovoltaicas
e mostrá-la como uma forma de energia renovável, limpa e sustentável. Utilizamos uma metodologia qualitativa
para analisar alguns pontos que mostram o quanto o investimento nesta tecnologia fotovoltaica pode ser
benéfico. O Brasil detém uma alta incidência de radiação solar, que favorece e potencializa este tipo de
investimento, e tem sido crescente a redução de taxas e surgimento de linhas de créditos específicas para
fomentar o crescimento da energia fotovoltaica. A partir do desenvolvimento da pesquisa, percebe-se que o
valor inicial de investimento ainda é oneroso e tem sido um obstáculo para que a tecnologia seja ainda mais
difundida.

Palavras chave: Solares. Energia. Placas fotovoltaicas.

1. INTRODUÇÃO ausência do prometido desenvolvimento


econômico das regiões onde as obras foram
realizadas e nos decorrentes conflitos entre as
O Brasil figura entre as 24 nações que populações ribeirinhas e os empreendedores
produzem 90% da energia disponível no mundo (GIONGO; MENDES; SANTOS, 2015).
(ANEEL, 2015) e é um dos maiores construtores O avanço tecnológico, principalmente na área
de barragens mundiais; estas redes de de energia solar, vem gerando alternativas à
hidroeletricidade brasileiras correspondem a cerca geração e expansão da eletricidade de forma
de 85% da energia elétrica consumida renovável e não poluente. Há algum tempo, essas
(EVERTON; HEMERSON; HUMBERTO; energias alternativas descentralizadas, por meio de
PATELLA, 2016). Os grandes empreendimentos recursos renováveis, têm sido utilizadas para
feitos na construção de usinas hidrelétricas têm melhorar a qualidade e o alcance do atendimento a
estado vinculados a um desenvolvimento comunidades rurais mais isoladas e às áreas mais
econômico, sustentável e a um modelo de fonte de remotas – regiões antes privadas de fácil acesso as
energia renovável e limpa. No entanto, alguns redes elétricas – sanando, assim, um dos principais
estudos apontam incoerências presentes nestes desafios vistos em países subdesenvolvidos
discursos como os impactos socioambientais, a (MARINI; ROSSI, 2005).

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Segundo dados da ONU – Organização das processo esse que se denomina on-grid,
Nações Unidas – a energia solar recebeu mais enquanto o armazenamento dessa energia
investimentos que qualquer outro tipo de fonte excedente em baterias é conhecido como off-grid.
energética – mais de US$ 160,8 bilhões. Trata-se
da terceira fonte de energia renovável mais Um estudo realizado pela Anap Brasil (2015)
importante em termos de capacidade instalada, analisou os relatórios de empresas especializadas
atrás apenas da hidráulica e eólica. em sistemas fotovoltaicos. E apurou que esses dois
sistemas são benéficos, devido a redução do custo
O objetivo deste artigo é analisar os benefícios de energia elétrica gerada através de usinas
existentes no investimento de placas fotovoltaicas hidrelétricas, porém segundo a análise de caso
enquanto tecnologia de geração de energia realizada pela mesma instituição revelou que o
renovável, limpa e sustentável. sistema off-grid aponta ser 59 % mais caro do que
o sistema fotovoltaico on-grid.
O sistema fotovoltaico é um sistema de
2. REFERENCIAL TEÓRICO energia que tem um custo de aquisição elevado,
mas que compensatório a longo prazo, pois torna-
se um recurso alternativo (ANAP BRASIL, 2015).
Segundo a Internacional Energy Agency
(IEA), em 2014, a energia solar fotovoltaica é uma Segundo o site da empresa Voltatec Energia,
tecnologia capaz de gerar energia renovável e em um sistema fotovoltaico on-grid residencial na
limpa – que em sua produção não gera emissões de região de Caxias do SUL/RS de 5,94 KWp (kilo-
gases de efeito estufa (GEE) e não produz outros Watt-pico) terá uma economia anual de R$ 7.200 –
poluentes como óxidos de enxofre e nitrogênio; sendo que o retorno do investimento inicial
além disso, não utiliza água potável para deste sistema acontece em quatro anos e meio. O
resfriamento – como acontece nas usinas mesmo levantamento revela que um sistema
termoelétricas. fotovoltaico de 3,24 KWp terá uma economia
A energia fotovoltaica é gerada a partir de luz anual de R$ 4.090.
solar, em que o processo de conversão é realizado O Brasil tem um grande potencial de
por meio de painéis solares que têm células irradiação solar, principalmente em comparação
fotovoltaicas, geralmente feitas de silício ou outro com a Europa. No entanto, o referido continente
material semicondutor (PORTAL SOLAR 2019) investiu muito mais em energia solar fotovoltaica,
Quando os raios solares incidem sobre essas contabilizando a instalação de mais de 106 GW
células, os elétrons presentes no material (gigawatts) de energia fotovoltaica enquanto o
semicondutor absorvem fótons e este contato faz Brasil tem cerca de 1 GW instalado.
com que os elétrons produzam movimentos No mercado de energia fotovoltaica, os
gerando eletricidade. E quanto maior for a radiação números têm sido crescentes e revelam um
solar maior será a quantidade de eletricidade ranking, em que a Alemanha desponta como maior
disponível (PORTAL SOLAR, 2017). produtora, seguida pela China, Japão e Estados
Segundo a Agência Nacional de Energia Unidos (PORTAL SOLAR, 2017).
Elétrica (Aneel), Resolução Normativa n° Em 2018 foi anunciada uma linha de crédito
428/2012, em vigor desde 17 de abril de 2012, de R$ 228 milhões provenientes do Fundo
estabelece que o consumidor brasileiro pode gerar Nacional sobre Mudança do Clima (Fundo Clima)
sua própria energia elétrica a partir de fontes vinculado ao Ministério do Meio Ambiente
renováveis e posteriormente fornecer a energia (MMA), criando assim uma expectativa de
excedente para a rede de distribuição de sua incentivar o mercado brasileiro a investir em
localidade. instalações de painéis solares em pequenas
No caso do sistema fotovoltaico, a energia propriedades, com maior relevância nas zonas
excedente é fornecida para a empresa de rurais. Segundo o ministro Edson Duarte, este tipo
distribuição de energia da região, sendo essa de investimento irá ajudar na expansão da cadeia
energia mais tarde transformada em créditos para produtiva de energia fotovoltaica no Brasil.
ser compensada pela empresa em até cinco anos – Ocorreu ainda uma redução na taxa de juros,
possibilitando as pessoas físicas e microempresas
de se beneficiarem (TOLENTINO, 2019).

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Em 2015 a Resolução Normativa n° 687/2015 amenizar os constantes conflitos entre
alterou o art.2° da Resolução Normativa n° comunidades ribeirinhas e investidores
482/2012, onde passa a vigorar a autorização de (ANTONIOLLI et al., 2018).
empreendimentos múltiplos de unidades
consumidoras, abrindo caminho para um novo Como mostrado no artigo, o Brasil tem uma
desenvolvimento de modelo de negócios. Partes alta incidência de radiação solar, se tornando um
interessadas agora podem se unir em consórcios ou país com fortes possibilidades de sucesso.
cooperativas, visando a economia com gastos em Observa-se que bancos autárquicos e privados têm
energia elétrica por meio da sua própria produção criado linhas de crédito e redução de taxa de juros
de energia – produção esta realizada através de um para empréstimos que incidam em investimentos
sistema de micro ou minigeração distribuída em energia fotovoltaica. Mas, apesar dos
(ANTONIOLLI et al., 2018). incentivos tímidos e das normativas
governamentais, ainda há uma barreira no hiato
entre o valor a ser investido e o início do retorno
para os consumidores que optam por este tipo de
3. METODOLOGIA energia. A maior parte dos investidores é da classe
industrial e/ou de empresas de médio-grande porte.
E o que se espera é que a tecnologia da energia
Esta pesquisa foi realizada com base em dados fotovoltaica esteja presente em empresas de todos
secundários extraídos da internet, artigos já os portes, em residências e em propriedades rurais
publicados sobre o tema em questão e pesquisa (TOLENTINO, 2019).
bibliográfica – esta última constituída com base na
coleta de dados de artigos científicos e livros e em De acordo com Portal Solar (2017), a fonte
sua análise de conteúdo (GIL, 2008). solar fotovoltaica representará 10% de toda a
matriz elétrica brasileira até 2030. Esta projeção
Os dados coletados foram obtidos através de foi apresentada pela EPE – Empresa de Pesquisa
Análise de Conteúdo, utilizada frequentemente em Energética – do Governo Federal, e ainda
pesquisas qualitativas. Segundo Caregnato e Mutti apresentaram o Brasil como o 10% em ranking de
(2006) a Análise de Conteúdo, surgiu inicialmente países que têm investido nas placas fotovoltaicas
para analisar materiais jornalísticos e ganhou força como fontes energéticas nos últimos meses.
entre 1940 e 1950, onde mais tarde se estendeu
para várias áreas, utilizada como técnica para a
interpretação de dados a respeito de determinado 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
tema. (VERGARA, 2005).
O método de pesquisa utilizado é o qualitativo,
este processo busca realizar um levantamento de Com base nos resultados obtidos podemos
dados e interpretar as informações obtidas através dizer que apesar dos fatores positivos ao
da pesquisa realizada. “O surgimento da pesquisa investimento em energia fotovoltaica e sua
qualitativa deu-se quando os antropólogos, que considerável expansão, a mesma ainda não é tão
estudavam indivíduos, tribos e pequenos grupos difundida por apresentar um alto investimento
ágrafos, perceberam que os dados não podiam ser inicial nos equipamentos que compõe o sistema
quantificados, mas sim interpretados”. fotovoltaico. Entretanto, aos poucos, a tecnologia
(MARCONI; LAKATOS, 2006, p.270). está conquistando muitos investidores e essa
realidade deve mudar favoravelmente.
O Governo tem trabalhado na criação de
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO incentivos, por meio de linhas de créditos e
medidas para a baixa na taxa de juros, além de
incentivar pessoas físicas e microempresas a
Segundo os estudos realizados e apresentados investirem nessa fonte de energia – não só pela
na literatura, verificou-se que, principalmente para economia, mas também por questões ambientais:
o meio ambiente, a geração de energia através das por ser renovável, limpa e sustentável. Essas
placas solares fotovoltaicas é benéfica por medidas irão aumentar a procura por energia
apresentar redução na emissão de gases de efeito fotovoltaica, incentivando os futuros gestores a
estufa (GEE) e outros poluentes. Irá causar uma escolher esse investimento, mesmo tratando-se de
redução nos impactos socioambientais, além de retornos a longo prazo.

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A partir da leitura e busca de informações Desenvolvimento, saúde e meio ambiente:
sobre o tema, notou-se a importância de contradições na construção de
aprofundar sobre o mesmo, com isso, sugere-se hidrelétricas. Serviço Social & Sociedade, São
estudo futuros sobre a temática. Paulo, p. 501-522, jul/set. 2015.

HEMERSON, Luiz Pase; HUMBERTO, José da


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Camila Pires Cremasco; FILHO, Luís Roberto energias renováveis. 2018. Disponível em:
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. Acesso em: 17 mai. 2019. RESPONSABILIDADE AUTORAL

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de “Os autores são os únicos responsáveis pelo
pesquisa. 4ª edição. São Paulo. Atlas, 2008. conteúdo deste trabalho”.

GIONGO, Carmem Regina; MENDES, Jussara


Maria Rosa; SANTOS, Fabiane Konowaluk.

Anais · 5o CONPEEX - Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão · RC/UFG · 29/10 a 01/11/2019 · ISSN 2447-4134 · 395
UMA REVISÃO SOBRE OS ASPECTOS DE PROJETO DE PEÇAS PRÉ-
FABRICADAS

PEREIRA JUNIOR, Wanderlei Malaquias, wanderlei_junior@ufg.br1


MORAES, Matheus Henrique Morato de Moraes, matheus.h.h@hotmail.com 1
GONÇALVES FILHO, Geraldo Magela 1
DIMAN, Rafael 1
COSTA, Gustavo Gonçalves da 1
ALMEIDA, Sylvia Regina Mesquita de 2
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica de Especial de Engenharia
2
Universidade Federal de Goiás/Escola de Engenharia Civil e Ambiental

Resumo: Dada a ampla aplicabilidade do concreto pré-moldado nos diversos ramos da engenharia civil, e em
consonância com o ideal de eficiência da sociedade moderna - produzir melhores resultados empregando menos
material - o presente trabalho visa rever as fases do projeto de peças pré-fabricadas e suas peculiaridades a
partir do processo produtivo, no transporte, armazenamento e montagem, focando nas fases transitórias na qual
será submetido, situações essas que não ocorrem no concreto moldado in loco. Para tanto, será apresentado de
forma geral as situações transitórias aliadas as verificações de estado limite último e de serviço, mostrando e
detalhando as condições de içamento para cada tipo de peça. A partir do exposto, é possível concluir que o
concreto pré-moldado é a solução para diversos problemas atuais e possui espaço no mercado, principalmente
brasileiro, requerendo assim um estudo aprofundado por parte dos novos engenheiros.

Palavras-chave: Pré-moldado. Projeto. Fase transitória. Peças Pré-fabricada.

__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO processo de pré-moldagem em um local fora do seu


uso (VASCONCELOS, 2002a).
O avanço tecnológico tem tornado a sociedade
cada vez mais preocupada com o tempo e espaço, As peças pré-moldadas apresentam inúmeras
otimizando o tamanho dos objetos, tornando-os mais vantagens em relação as peças moldadas in loco. O
eficientes e funcionais. Seguindo essa visão, a concreto pré-moldado possui maior controle
construção civil tem evoluído para a execução de tecnológico por ser produzido em um ambiente
construções mais ágeis e com ampla mecanização. similar ao ambiente industrial, sendo que esse permite
Uma das soluções encontradas no âmbito da o maior controle tecnológico. Outra vantagem se diz
construção é utilização de peças em concreto pré- respeito a eliminação do conjunto de cimbramento
moldado. visto que as peças ao fim da produção já estão com a
resistência necessária para seu posicionamento no
Não é possível precisar a data em que se começou sistema estrutural.
a utilização precisa de quando começou a ser utilizada
a pré-moldagem, mas é possível correlacionar seu Portanto a utilização das peças pré-moldadas
surgimento a descoberta do concreto armado. Devido mostra-se viável para esse ambiente de
ao fato de que o próprio concreto armado faz uso do industrialização da construção e otimização do
processo produtivo (DUARTE et al.,2017).

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Logo esse artigo de revisão tem como objetivo Entre 1970 a 1980: essa fase foi marcada pela
apresentar os conceitos relativos ao projeto e rejeição social a esse tipo de edificação, oriunda de
fabricação de peças pré-moldadas. alguns acidentes com edifícios construídos em
painéis pré-fabricados. Dado a esse fato, houve
2. DEFINIÇÕES GERAIS SOBRE O também a revisão no conceito da construção pré-
PROJETO DE PEÇAS PRÉ-FABRICADAS fabricada;
É considerado como um elemento pré-moldado Pós 1980: dada a rejeição social e a deterioração
aquele que é previamente executado fora do local de funcional, ocorreu a demolição de conjuntos
utilização definida na estrutura NBR 9062 (ABNT, habitacionais executadas com sistemas pré-
2017). Esse conceito, apesar de parecido, não deve ser fabricados. Além disso, nesta fase houve também o
confundido com o de peça pré-fabricada, que é estabelecimento do sistema de produção aberto, em
executado industrialmente, mesmo em instalações que os componentes se tornaram compatíveis, mesmo
temporárias em canteiro de obras, sob condições de origens diversas.
rigorosas de controle de qualidade.

Histórico Debs (2017) afirma que o pré-moldado continua


sendo empregado na Europa e nos Estados Unidos,
A técnica de pré-modelar foi base para o com constante aprimoramento no processo de
desenvolvimento do concreto armado, tanto que as execução dos elementos estruturais, favorecendo o
primeiras peças feitas dessa forma, como o barco de sistema de ciclo aberto de produção
Lambot em 1848 e os vasos de Monier em 1849,
foram elementos pré-moldados. A primeira narrativa
Aplicações
da utilização desse processo construtivo foi em 1891
durante a execução do cassino Biarritz, na França,
São amplas as possibilidades de emprego do
onde as vigas foram os elementos pré-moldados
concreto pré-fabricado na engenharia, suas aplicações
(DEBS, 2017). Entretanto a aplicação do pré-
vão desde peças isoladas até sistemas mais complexos
moldado ganharia força apenas 6 décadas depois no
como edifícios industriais, comerciais, habitacionais,
continente Europeu, devastado pela Segunda Guerra
em equipamentos urbanos de multiuso como
Mundial e com ampla necessidade de construção em
hospitais e terminais de transporte. Existe a
larga escala para se recompor (ORDOÑEZ, 1974)
possibilidade de empregar o concreto pré-moldado na
O emprego de elementos pré-moldados no Brasil construção pesada, como nas pontes, viadutos,
em uma obra de grande vulto aconteceria apenas em revestimento de túneis, galerias, obras portuárias e de
1926, na construção do hipódromo da Gávea, no Rio usinas destinadas a geração de energia solar (DEBS,
de janeiro. O projeto foi executado pela construtora 2017). As aplicações do concreto pré-moldado são
dinamarquesa Christiani – Nielsen, cuja execução das diversas visto que agilidade de execução é sua
estacas nas fundações e cercas no perímetro reservada principal característica, a Figura 1 apresenta uma
ao hipódromo, além de outros elementos, foram pré- construção de um galpão com estruturas pré-
fabricados em um canteiro minuciosamente projetado moldadas.
para atender as necessidades construtivas
Figura 1. Construção de galpão Pré-moldado em
relacionadas a essa técnica.(VASCONCELOS,
Santana de Parnaíba
2002b)

É possível dividir o emprego dos pré-fabricados


ao decorrer do tempo em três fases (SALAS, 1988):

Entre 1950 a 1970: período com necessidade de


construir diversos edifícios, dada a devastação
causada pela Segunda Guerra Mundial. Nesse período
as construções foram constituídas por componentes
provenientes de um mesmo fornecedor, gerando o
Fonte: (OFICINA DE TEXTOS, [s.d.])
que ficou conhecido por ciclo fechado de produção;

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Outro exemplo de aplicação pode ser visualizada na moldado in loco. Tais parâmetros estão normalmente
Figura 2 a execução de uma ponte em Minas Gerais ligado as fases transitórias de projeto.
com uma estrutura pré-moldada
A fase transitória é inerente ao concreto pré-
Figura 2. Lançamento de vigas pré-moldadas em moldado e é dita como uma etapa intermediária ao
ponte sobre o Rio Pará na MG-050 uso da estrutura e que pode se tornar critica levando a
peça a um Estado Limite (BORGHI et al. 2018).
Segundo Lewick (1968) Krahl et al. (2015) e Mota
(2005), deve-se levar em conta as diferentes fases
como a fabricação nas pistas, armazenamento,
transporte e montagem dos elementos.

Uma das preocupações dessas fases transitórias


diz respeito a determinação dos esforços atuantes na
estrutura que são diferentes dos que ocorrem em
situação de serviço. A seguir são expostas algumas
considerações a respeito desses critérios.

Para a NBR 9062 (ABNT, 2017), os dispositivos


de içamento, também para manuseio e montagem,
que estiverem em contato direto com a superfície do
Fonte: (G37, 2019) elemento ou ancorados no concreto necessitam, para
3. O processo produtivo da peça pré-fabricada considerações de projeto uma solicitação de cálculo
no mínimo igual a quatro vezes a solicitação obtida
A descrição do processo produtivo das peças de para o peso próprio do elemento.
concreto pré-fabricado pode ser divididas em 3 fases
Sheppard e Phillips (1989) levantam algumas
(MAIA, [s.d.]): atividades preliminares, execução e
possibilidades de içamento nos elementos pré-
atividades posteriores.
fabricados prismáticos e suas solicitações de flexão
As etapas introdutórias são constituídas pela oriundas de cada caso.
preparação dos materiais, onde os mesmos são
O primeiro caso em condições e elevação de
armazenados, matérias primas tais como agregados e
vigas e painéis de laje e transporte de pré-moldados
aglomerantes, sucedida pela dosagem e mistura do
em geral. Onde tem-se uma distribuição favorável dos
concreto e finalizando com o preparo da armadura.
esforços de flexão, a condição é apresentada na
Sucedendo para o transporte dos materiais até o local
Figura 3.
de produção. Chegando a execução da forma e
armadura, prosseguindo para a aplicação de concreto Figura 3. Içamento de vigas e painéis
e de a cura do mesmo, finalizando com a liberação da
força de protensão, caso seja utilizado, e com a 0,5gL 0,5gL
retirada do elemento da fôrma (desmoldagem).
g
Concluindo, com as atividades posteriores,
correlacionadas ao transporte interno do elemento – M-
caso seja produzido em fábricas e não in loco, isto é, M+
0,2 L 0,6 L 0,2 L
a retirada da peça do local de desmoldagem para a
área de armazenamento ou acabamento. Contudo, o L
período de armazenamento da peça deve ser o
mínimo possível para não haver comprometimento do Fonte: Adaptado (SHEPPARD; PHILLIPS, 1989)
armazenamento de novas peças.
As solicitações de flexão propostas por Sheppard
4. AS FASES TRANSITÓRIAS E PROJETO e Phillips (1989), na distribuição favorável dos
DE PEÇAS PRÉ-FABRICADAS esforços de flexão são mostrados na Equação (1(1):
O projeto de peças em concreto pré-fabricado 𝑀+ = 0,025. 𝑔. 𝐿2
leva uma série de particularidades que não são (1)
𝑀− = −0,025. 𝑔. 𝐿2
consideradas nos projetos tradicionais para concreto

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Para o transporte geral de peças pré-moldadas a As solicitações de flexão propostas por Sheppard
NBR 9062 (ABNT, 2017) recomenda a utilização de e Phillips (1989), no içamento de pilares são
um coeficiente de amplificação dinâmica, para caso mostrados na Equação (3):
os quais a analise dinâmica não possa ser efetuada.
1 𝐿2
O coeficiente denominado βa, faz uma 𝑀+ = (1 − ) . 𝑔.
2𝑎 2 (3)
consideração de forma aproximada a executar uma
𝑀− = −0,56. 𝑏 2 . 𝑔. 𝐿2
análise estática equivalente, o coeficiente βa pode
variar de 0,8 à 3 dependendo das condições da Para fases transitórias de vigas é pilares podem
solicitar ações dinâmicas no manuseio , transportes e ser realizadas análises paramétricas, determinando
montagem dos elementos assim como descrito no assim valores limites de esbeltez entre outras
item 5132 está norma NBR 9062 (ABNT, 2017) . características das peças. além na verificação de
limites para propriedades geométricas é necessário
Posteriormente o caso de desforma de elementos avaliação de vigas é pilares em suas diferentes
e transporte de peças pré-moldadas. Onde tem-se uma situações transitórias avaliando suas considerações de
distribuição uniforme das reações, a condição é falha de execução conforme Ribeiro (2017) e Krahl et
apresentada na Figura 4. al. (2015).
Figura 4. Desforma de elementos Concluindo com o caso de elevação de pilares e
gL/3 gL/3 gL/3 painéis verticais. Onde tem-se uma distribuição
favorável dos esforços de flexão, a condição é
g
apresentada na Figura 6.

M-
Figura 6. Içamento de pilares e painéis verticais com
M+ esforços favoráveis a flexão
0,15 L 0,35 L 0,35 L 0,2 L
0,7gL 0,3gL
L
0,3L
Fonte: Adaptado (SHEPPARD; PHILLIPS, 1989) g

M-
As solicitações de flexão propostas por Sheppard M+
e Phillips (1989), na distribuição favorável dos 0,3L 0,7L
esforços de flexão distribuição uniforme das reações L
são mostrados na Equação (2):
Fonte: Adaptado (SHEPPARD; PHILLIPS, 1989)
𝑀+ = 0,006. 𝑔. 𝐿2
(2) As solicitações de flexão propostas por Sheppard
𝑀− = −0,012. 𝑔. 𝐿2 e Phillips (1989), no içamento de pilares são
Em seguida o caso de elevação de pilares e mostrados na Equação (4):
painéis verticais. Onde tem-se uma possibilidade de
𝑀+ = 0,043. 𝑔. 𝐿2
prumar os elementos com mais facilidade, a condição
(4)
é apresentada na Figura 5. 𝑀− = −0,56. 𝑏 2 . 𝑔. 𝐿2

Figura 5. Içamento de pilares e painéis verticais De qualquer forma em qualquer projeto de


gL/2 gL(1-1/2a) estruturas de concreto deve-se verificar o Estado
Limite Último (ELU) e o Estado Limite de Serviço
g
(ELS) das peças sejam estejam elas em situação de
uso ou situação transitória, garantindo assim
M- resistência, estabilidade e segurança conforme
M+
bL aL
previsão da NBR 6118 (ABNT, 2014) e NBR 9062
(ABNT, 2017).
L
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Fonte: Adaptado (SHEPPARD; PHILLIPS, 1989)
É perceptível a utilização de elementos pré-
moldados na construção civil visando a economia de
recursos naturais, além de proporcionar maior

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velocidade construtiva. Portanto os elementos pré- DUARTE, Elieber Lucas; ELMIR, José C. Júnior;
fabricados surgiram como uma nova possibilidade PITOL, Aline Paula. AS PRINCIPAIS
construtiva. VANTAGENS E DESVANTAGENS DA
UTILIZAÇÃO DE ELEMENTOS PRÉ-
Os materiais pré-moldados possuem um vasto FABRICADOS DE CONCRETO E SEUS
campo de aplicações, sendo utilizados de formas PROCESSOS DE FABRICAÇÃO. [s. l.], v. 8, n. 1,
distintas, desde elementos de vigas até o uso em p. 7, 2017.
elementos de fundações como as estacas pré-
fabricadas. Outra grande versatilidade está ligada a G37. Nascentes das Gerais dá sequência ao
possibilidade de utilização aliada ao processo de lançamento de vigas da nova ponte sobre o rio
protensão, visando ampliar a capacidade de Pará na MG-050. - Portal G37 - Portal Jornal
Blog Notícias de Divinópolis e do Centro-Oeste de
desempenho em serviço dos elementos.
Minas Gerais. 2019. Disponível em:
Portanto a conjuntura que embasa o estudo de <https://www.g37.com.br/c/nascentes-das-gerais-da-
peças pré-moldados torna-se pertinente de forma a sequencia-ao-lancamento-de-vigas-da-nova-ponte-
ampliar o conhecimento acerca desse método sobre-o-rio-para-na-mg-050/nascentes-das-gerais-
da-sequencia-ao-lancamento-de-vigas-da-nova-
construtivo, além de demonstrar a necessidade da
ponte-sobre-o-rio-para-na-mg-050>. Acesso em: 8
ampla discussão sobre os aspectos projetuais das
set. 2019.
peças pré-fabricadas.
KRAHL, P. A.; LIMA, M. C. V.; EL DEBS, M. K.
AGRADECIMENTOS Recommendations for verifying lateral stability of
precast beams in transitory phases. Revista
Ao grupo de Pesquisa GPEE - Grupo de Pesquisa IBRACON de Estruturas e Materiais, [s. l.], v. 8,
n. 6, p. 763–774, 2015.
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disponibilidade.
LEWICKI, Bohdan. Edificios de viviendas
prefabricadas con elementos de grandes
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Procedimento: NBR 6118. Rio de Janeiro – RJ: MAIA, Camila Silva. PRODUÇÃO EM FÁBRICA
ABNT, 2014. DE CONCRETO PRÉ-MOLDADO E A
MANUFATURA ENXUTA: ESTUDO DE CASO.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS [s. l.], p. 22, [s.d.].
TÉCNICAS. Projeto e execução de estruturas de
concreto pré-moldado: NBR 9062. Rio de Janeiro MOTA, Joaquim Eduardo. Projeto da Estrutura Pré-
– RJ: ABNT, 2017. Moldada de Edifício do Instituto do Câncer do do
Estado do Ceará. In: 1o ENCONTRO NACIONAL
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PRÉ-MOLDADA DE CONCRETO PARA PONTE
EM FASES TRANSITÓRIAS [ Analysis of lateral OFICINA DE TEXTOS. As características do
stability of precast concrete beams for bridges in concreto pré-moldado | Comunitexto. [s.d.].
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edição revista e ampliada ed. [s.l.] : Oficina de RIBEIRO, Luísa Santos. Análise da fissuração e
Textos, 2017. das condições de vinculação de vigas pré-
moldadas de concreto: estudo de caso. 2017.
Universidade Federal de Uberlândia - Faculdade de
Engenharia Civil, Uberlândia - MG, 2017.

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SALAS, S. J. Construção industrializada: pré- VASCONCELOS, Augusto Carlos De. O concreto
fabricação. São Paulo, SP: Instituto de pesquisas no Brasil. São Paulo, SP: Studio Nobel, 2002. b.
tecnológicas, 1988.
RESPONSABILIDADE AUTORAL
SHEPPARD, David A.; PHILLIPS, William R.
Plant-cast precast and prestressed concrete. [s.l.] “Os autores são os únicos responsáveis pelo
: McGraw-Hill, 1989. conteúdo deste trabalho”

VASCONCELOS, Augusto. O Concreto no Brasil:


pré-fabricação, monumentos,fundações. Volume
III. 2002a.

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USO DE MONTÍCULO DE CUPIM PARA TIJOLOS DE SOLO
CIMENTO E ADOBE
Dornelas, Ricardo Cruvinel1, rcd.produtividade@gmail.com
Massirer, Larissa Beatriz Dieckow2, massirerlarissa@gmail.com
Moraes, Benedito Jaime Melo Junior3, benedito1502@gmail.com
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Engenharia
2
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Engenharia
3
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Engenharia

Resumo: Tendo em vista a quantidade de montículos de cupins distribuídos no Cerrado, este trabalho visa
encontrar uma destinação a esses ninhos de cupim. Considerando também a necessidade da construção civil
em explorar matéria prima e o seu impacto ambiental resultante de suas ações, obteve-se então como
alternativa a fabricação de tijolos de solo-cimento e adobes como uma substituição mais ecológica aos
materiais requisitados em construções. Para isso, foram feitos ensaios de compressão para testar a
resistência desses materiais usando o montículo de cupim em lugar do solo, obtendo-se então resultados
satisfatórios. Além disso, avaliou-se a viabilidade de usar resíduos de cerâmica moídos para substituir
parcialmente o uso do cimento, que também concluiu-se resultados positivos.

Palavras-chave: Montículo de cupim. Tijolos de solo-cimento. Adobes. Resíduo da Construção Civil.


________________________________________________________________________________________
__
1. INTRODUÇÃO Utilizando dos mesmos conceitos de fabricação
do bloco ecológico de solo-cimento, este artigo tem
como objetivo mostrar que é possível dar uma
Distribuídos em extensas áreas de pastagens, destinação a esses montículos de cupins na
comuns na paisagem do cerrado, encontram-se construção civil.
montículos de cupins, que contribuem para a
degradação das pastagens, dificultam o seu cuidado e
também restringem o número de animais por hectare 2. DESENVOLVIMENTO
nestas áreas. Entre as espécies, dois tipos de cupins
em questão causam mais danos e prejuízos, que são:
a espécie construtora dos ninhos epígeos e aqueles Os cupins são insetos que vivem em sociedades
que consomem folhas vivas, pois competem por formando colônias, chamadas de montículos.
espaço e alimento com o gado. (CZEPAK et al. Diversos autores no meio acadêmico ainda discutem
2003). se a presença de montículos realmente causam algum
Tendo-se em vista essa problemática, malefício à pastagem, ou remetem apenas sua
considerando a vasta diversidade de cupins e sua presença à estética, o qual leva a um terreno com uma
abundância no cerrado (CZEPAK et al. 2003), um grande quantidade de montículos tender a perder
destino bastante viável para se dar aos montículos de valor comercial (BEEFPOINT, 2007).
cupins seria a confecção de blocos ecológicos para A incidência de montículos de cupim na região
habitações unifamiliares de interesse social. Pois, o de Goiás é de cerca de 73 cupinzeiros por hectare, o
processo de fabricação desses blocos divergem dos que corresponde a 0,4% da área útil (CZEPAK et al.
outros tipos, como o do bloco cerâmico e o de 2003). Tornando assim de grande interesse a busca
concreto. Primeiro ponto vantajoso é que os materiais por formas de utilizar esses montículos em
necessários para fabricar-os são somente solo, confecções de materiais de construção civil, por
cimento e humidade, ou seja, é de fácil confecção. exemplo, para a substituição do uso do solo/terra.
Além disso, para o seu endurecimento (cura), Algumas das possibilidades incluem a fabricação
necessita-se somente de água (os blocos podem ser de blocos ecológicos e de adobes. O uso de montículo
molhados manualmente, por regadores ou aspersão). de cupim para a construção do bloco apresenta como
(ECHO, 2013). Assim, elimina a necessidade de solução verde evitando o desgaste do solo e usando-o
madeira como combustível para os fornos e a em obras. A trituração do solo do cupim pode ser feita
consequente emissão de CO2 na atmosfera. (RUSSO, até chegar à uma granulometria próxima ao solo
2007). original do terreno, o qual também será incorporado

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em uma mistura (COUTO et al. 2009). A argila NBR-8491 (ABNT, 1984), intitulada: “Tijolo maciço
presente neste solo precisa estar em 20% e areia de de solo-cimento: especificação”.
40% a 50% para poder moldar os tijolos.
(MARTINEZ, 1979). 2.2. Adobe
Outro destino bastante viável para esses
2.1. Bloco solo-cimento montículos é a confecção de tijolo de adobe, material
O bloco de solo-cimento é uma alternativa a ser a muito tempo utilizado pela humanidade. Pois, sua
pensada pois agride muito menos o ambiente em composição é feita a partir de terra crua, palha, água
comparação ao bloco cerâmico. Pois são feitos apenas e fibras naturais, tornando uma vantagem ecológica a
de solo, cimento e humidade e ao contrário do sua produção, na qual é necessária uma quantidade de
processo de cura do bloco cerâmico, o de solo- água cerca de sessenta vezes menor do que a de
cimento não precisa ser levado ao forno. concreto, e o bloco também é reutilizável.
Um experimento feito na Universidade Estadual O experimento realizado por Segantini (COUTO
do Mato Grosso do Sul (UEMS) testou a resistência et al 2009) teve como objetivo determinar a
de blocos solo-cimento feitos com o montículo do quantidade de montículo de cupim que pode ser
cupim da espécie Cornitermes cumulans. Os blocos substituído pelo solo na fabricação do tijolo de adobe.
foram misturados com o cimento Portland CPII F-32, Desta forma, foram determinados seis traços distintos
da marca CAUÊ, em uma razão de 1:8 (uma parte de nos quais cada tijolo receberia uma substituição de
cimento e oito partes de cupim em massa). solos tabelada com acréscimos de 20%, os quais
(ALBUQUERQUE, L. Q. C. de et al, 2008). seriam levados em seguida para o teste de resistência
Primeiramente, o montículo do cupim foi à compressão simples.
triturado de maneira manual, sobre uma lona plástica Após um período de cura de 14 dias os testes
e foi sujeito ao processo de separação e iniciaram, e foi determinado que a partir do 4 ° traço
uniformização da granulometria, seguindo as normas os valores de resistência a compressão superaram 2
da ABNT. Depois misturou-se cimento e água até Mpa para um corpo de prova de (12 x 12 x 24) cm, e
alcançar a consistência indicada no guia da ABCP para 100% foi denotado o maior valor de 2,79 MPa.
([19-]) e a amostra foi levada ao laboratório de solos
da UEMS, onde definiu-se pelo método gravimétrico 3. METODOLOGIA
uma taxa de umidade de 11%.
O experimento realizado na UEMS foi feito em Metodologia é o estudo do método ou
DIC (Delineamento Inteiramente Casualizado) com o procedimento que se dá para alcançar certo objetivo
esquema fatorial 2x2. Primeiramente foi analisado a ou respostas. A metodologia define como a pesquisa
resistência a compressão com o auxílio de uma prensa será feita. Este artigo trata-se de uma revisão
hidráulica (com precisão de 1,0 kgf) testando 2 blocos bibliográfica de estudos anteriormente concluídos por
(feitos com o montículo) com diferentes níveis de outros pesquisadores.
composição, repetindo 9 vezes cada. Além disso,
avaliou-se o quanto de água é absorvida pelos blocos, 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
as medidas e as massas dos mesmos.
Para realizar os ensaios de carga de ruptura, os Ao analisar os blocos feitos com montículos de
corpos de prova passaram por algumas preparações cupim, notou-se um aumento pronunciado de matéria
prévias. Primeiramente, foram partidos ao meio, orgânica, alumínio (Al), fósforo (P), cobre (Cu),
paralelamente à sua menor direção, e tiveram as suas manganês (Mn) e ferro (Fe). De acordo com Moreira
partes de faces lisas superpostas com uma fina & Siqueira (2002), os seres que vivem no solo são de
camada de cimento entre elas. Depois da finalização certa forma responsáveis pelos fatores bioquímicos.
da cura, os corpos foram submergidos em tanque de Portanto, essas alterações na composição do solo
água por 15 minutos (para absorverem um pouco de analisado pode estar diretamente ligada as atividades
água sem que removessem a pasta de cimento). Após bioquímicas dos cupins que ali habitam.
uma semana, os corpos de prova foram envolvidos A partir dos ensaios com a prensa hidráulica
por uma camada de gesso e então, iniciaram-se os obtém-se os valores das cargas de rupturas, e a partir
ensaios de carga de ruptura. (ALBUQUERQUE, L. deles, encontram-se a resistência à compressão.
Q. C. de et al, 2008). Foram fabricados dois exemplos de corpos de prova
Todas as avaliações e testes seguiram as feitos com o montículo de cupim e cimento deixados
recomendações das normas da Associação Brasileira em diferentes períodos de cura para realizar os testes
de Normas Técnicas. Os ensaios físicos e mecânicos de compressão. O corpo de prova 1 com a idade de
cumpriram com a norma NBR-8492 (ABNT, 1982), cura de sete (07) dias teve uma resistência de
intitulada: “Tijolo maciço de solo-cimento - compressão de 1,15 MPa e um ganho de resistência
determinação da resistência à compressão e da de 46,1%. Já o corpo de prova 2 com a idade de cura
absorção de água: método de ensaio” e com a norma de vinte e oito (28) dias teve uma resistência de

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compressão de 1,68 MPa e um ganho de resistência aproximar das condições de armazenamento sujeitos
de 46,1%. Normalmente, um fator que determina a nos canteiros de obra para esse experimento. Sendo
resistência mecânica de tijolos solo-cimento é o teor assim, apesar dos tijolos estarem protegidos das ações
de cimento, porém, neste experimento foram usadas do vento e do sol, eles ainda estavam expostos ao ar,
as mesmas proporções de cimento, portanto, neste que faz com que a resistência à compressão tenda a
caso esse fator não teve influência nos resultados. diminuir por conta da perda de água pela evaporação.
Conclui-se então que um fator determinante para a
resistência de compressão foi o aumento da idade da Houve uma diminuição de 11,76% na absorção
cura dos tijolos. de água nos tijolos, o que é um resultado bastante
De acordo com os estudos de Naves (1988), a satisfatório, pois a redução da absorção de água com
resistência a compressão de misturas de solo-cimento a idade de endurecimento, geralmente está ligado a
deve ser maior ou igual que 1,0 MPa para
um acréscimo na resistência à compressão. Além
componentes construtivos, algo que se concretizou
disso, a argila e silte presentes em maior proporção
em ambos tratamentos. Em compensação, Milani &
Freire (2006), consideraram 1,5 MPa como o valor nos montículos de cupim provavelmente contribuem
mínimo a ser atingido para que a mistura de solo, com uma maior plasticidade junto com o cimento.
cimento de cascas de arroz fosse aceitável em seus
Em comparação com os tijolos feito de adobe, a
testes de resistência mecânica. Neste caso, somente o
segundo tratamento passaria nessa condição. sua capacidade de concentrar a umidade ajuda na
diminuição da temperatura do ambiente do qual é
TABELA 1: Resistência à compressão dos tijolos feito, porém esse mesmo fator ressalta em quais locais
corpo de prova 1 e 2: podem ser utilizados, limitando a construção de obras
à locais de baixa umidade. A partir de sua acessível
produção, o uso do adobe é uma solução para
construções de lares populares.

Dessa forma, o aumento da resistência mecânica


dos tijolos de solo-cimento se deu com a diminuição
da absorção de água em função do aumento da idade
Para ter como comparação, tijolos de adobe de cura.
submetidos à um teste de resistência de compressão
simples apresentaram o maior valor de 2,79 MPa para Além disso, com relação ao bloco de solo-
blocos que possuíram uma maior quantidade de cimento, um experimento realizado por Rivanildo
montículo de cupim e de dimensões (12 x 12 x 24) Dallacort et al (2002) teve como objetivo determinar
cm. (COUTO et al. 2009). Já em outro experimento a quantidade que pode ser substituída de cimento por
um bloco de terra artesanal de adobe de (23 x 11 x resíduo de cerâmica moída sem comprometer a
5,5) cm apresentou resistência à compressão de 2,38 resistência a compressão do bloco. Para isso, 81
MPa. (CORRÊA, A. A. R. et al, 2006). Pode-se então corpos de prova foram separados a partir de uma
perceber que o tijolo de adobe feito com a terra de distribuição tabelada de substituição do cimento pelo
montículo de cupim como substituto para o solo resíduo, teor de material ligante e porcentagem de
convencional possui um ganho considerável em sua umidade.
resistência a compressão.
Após os ensaios de compressão simples foram
TABELA 2: Comparação entre a resistência do determinados os valores percentuais de 25 a 57% de
adobe feito com e sem o montículo: substituição do material, apresentando resistência à
compressão superiores a 2 MPa, com umidade de
13,8% e para teores de ligamento de 6 a 8%.

A conversão parcial do cimento também pode ser


aplicada ao solo de montículo de cupim uma vez que
este não detém características que impedem sua
inserção ou que haja de maneira prejudicial à forma,
Morales et al. (2002) observou em seus estudos estrutura e tempo de vida da construção.
que há um considerável aumento na resistência com
tempo de cura superiores a 28 dias. Esse aumento se
dá em parte ao processo gradual de hidratação do
cimento. É importante ressaltar que buscou-se

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ou CAMPOS, Ibererê. Solo-cimento solução para
CONCLUSÕES economia e sustentabilidade. Fórum da construção,
2008. Disponível em:
A partir dos experimentos realizados para os <http://www.forumdaconstrucao.com.br/conteudo.p
blocos de solo-cimento, analisou-se que é possível hp?a=23&Cod=124>. Acesso em 20 de ago. de
substituir gradualmente o cimento pelo resíduo de 2019.
cerâmica moída. Como também, o solo pelo solo de
montículo de cupim. Especula-se então a CZEPAK, Cecilia. Ocorrência de espécies de
possibilidade de substituir em um mesmo bloco o solo cupins de montículo em pastagens no estado de
pelo cupinzeiro e o cimento, pelo resíduo de cerâmica Goiás. UFG, 2003. Disponível em:
moída sem comprometer a resistência à compressão.
<https://repositorio.bc.ufg.br/xmlui/bitstream/handle
Estrutura-se que esta revisão bibliográfica subsidiará
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uma pesquisa aplicada no laboratório de materiais da
UFG – Regional Catalão. %202003.pdf?sequence=5&isAllowed=y>. Acesso
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s/45330674/v30n3a17.pdf?response-content-
disposition=inline%3B%20filename%3DAvaliacao_ PENSAMENTO VERDE. As vantagens e
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Algorithm=AWS4-HMAC-SHA256&X-Amz- em: <https://www.pensamentoverde.com.br/
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cimento/aplicações/solo-cimento. Disponível em:
<https://www.abcp.org.br/cms/basico-sobre- RESPONSABILIDADE AUTORAL
cimento/aplicacoes/solo-cimento/>. Acesso em: 19 Os atores Larissa Beatriz Massirer e Benedito
de ago. de 2019. Jaime Melo Moraes Junior são os únicos responsáveis
pelo conteúdo deste trabalho.

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VIOLÊNCIA CONTRA MULHER E SEUS EFEITOS PSICOSSOCIAIS – UM
RELATO DE EXPERÊNCIA

RIBEIRO, Daviane Rodrigues, ribeiro_daviane@hotmail.com


MIURA, Kayanna Harumi, kayanna_@hotmail.com1
PIRES, Ana Paula Dias, anapaula.dpires@gmail.com 1
SILVA, Laura Rafaela Ramos, lauraramss@icloud.com1
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Instituto de Biotecnologia

Resumo: O trabalho tem como objetivo propor reflexões e questionamentos acerca das tensões que
envolvem o tema da violência contra mulher, perpassando por questões conceituais da Lei Maria da Penha, o
diálogo entre autores que discutem sobre a naturalização do papel social do “ser mulher” e as incorporações
que advém desse papel, incluindo a questão do estupro marital. No que tange a metodologia do trabalho, este se
constrói enquanto um relato de experiência a partir da realização das atividades de ensino propostas em
disciplina do curso de Psicologia, Psicoterapia de casal e familiar, ministrada em 2019.1. Trata-se de reflexões
realizadas a partir de uma entrevista de livre estruturação realizada com K., 40 anos, mulher, mãe de três filhos,
que em sua história relata situações de violência das quais já foi vítima. A partir da entrevista é proposto um
diálogo entre os autores estudados e a realidade apresentada pela entrevistada. Nesse sentido, a discussão e os
resultados desse trabalho são consequência dos questionamentos realizados pelas acadêmicas durante e a partir
do relato de K., proporcionado inúmeras problematizações seja no âmbito da violência doméstica, como na
construção dos afetos nas relações, articulada ainda às violências ocorridas no âmbito institucional.
Palavras-chave: Violência doméstica. Mulher. Lei Maria da Penha. Instituição.
__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO métodos contraceptivos, o forçar a parceira a


O objetivo deste texto é, a partir de um relato engravidar, dentre outros; 4)Patrimonial, entendida
de experiência, germinar a possibilidade de como condutas de destruição, retenção e subtração
questionamentos e tensões sobre a violência contra a dos objetos pertencentes a mulher, como documentos
mulher. Essa proposta é fruto de discussões realizadas pessoais, bens e recursos econômicos; e 5) Moral,
na disciplina de matriz curricular do curso de compreendida como atos que configurem difamação,
Psicologia da UFG – Regional Catalão, Universidade injúria e calúnia. Apesar da lei trazer consigo tais
Federal de Catalão em implementação, intitulada especificações, entendemos que apesar destas
“Psicoterapia de Casal e Familiar”. Nessa disciplina separações proporcionarem maior detalhamento dos
realizamos uma entrevista com K., mulher, 40 anos, diferentes tipos de violência, deve-se ter claro,
mãe de três filhos e vítima de violência. contudo, que a violência tem um impacto global na
De acordo com o art. 5° da Lei 11.340/06, vida do sujeito, de modo que uma “violência física”
nomeada Lei Maria da Penha, carrega em si a “violência psicológica”, por exemplo.
O advento da Lei Maria da Penha pode ser
configura violência doméstica e considerado como uma tentativa de inserção do
familiar contra a mulher qualquer ação Estado nas esferas antes consideras privadas. Apesar
ou omissão baseada no gênero que lhe de se estabelecer como um processo importante e
cause morte, lesão, sofrimento físico, indispensável no combate a violência contra a
sexual ou psicológico e dano moral ou mulher, ainda se constata o crescimento desse tipo de
patrimonial (BRASIL, 2006). violência no Brasil. Conforme Souza e Sousa (2015):

A lei reconhece cinco formas de violência, Embora nas últimas décadas tenha
1) Física, compreendida como qualquer tipo de havido incremento das formas de
conduta que coloque em perigo a integridade da combate à violência, a ampliação dos
mulher e sua saúde corporal; 2) Psicológica, direitos, a construção de documentos e
entendida como qualquer ato que provoque danos as discussões sociais tenham
emocionais que prejudiquem o desenvolvimento privilegiado e mobilizado a condição
pleno da mulher, como por exemplo humilhações, de ser mulher no Brasil, as políticas
chantagens e ameaças; 3) Sexual, compreendida públicas não dispõem de garantias
como qualquer conduta constrangedora de presenciar, plenas às mulheres em situação de
participar ou manter uma relação sexual que a mulher violência doméstica e suas famílias
não deseja, bem como a proibição de utilização de [...]. (p. 62-63).

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Neste sentido, coloca-se como necessário ir se torna incapaz de reconhecer, nomear e se
para além do marco legislativo que esta lei representa. posicionar contra a tais formas de violência. Entre
Coloca-se como exigência, portanto, reconhecer e essas facetas, estaria a questão do estupro marital. Um
problematizar as relações sócio-culturais de poder e assunto pouco discutido, mas muito recorrente, que
de dominação masculina sobre os corpos femininos segundo Barbosa e Tessmann (2013 p. 4) se
que favorecem ao contexto social e relações caracteriza como “a violência sexual empregada
interpessoais, propiciadoras de práticas de violência contra a mulher na constância da união conjugal,
contra a mulher. Como questão tangencial a este praticada pelo seu próprio cônjuge, mediante
relato, torna-se imperativo compreendermos a violência física ou moral”. Esse tipo de
diferença sexual enquanto diferença política, que comportamento se coloca dentro da violência
historicamente torna-se um elemento constituinte de psicológica e sexual, sendo a última caracterizada
um processo de desigualdade, que estabelece a nesse caso pela exigência da relação sexual por meio
discriminação entre o “domínio e a sujeição” de chantagem ou o uso de coerção para que haja uma
(PATEMAN, 1993). Quer dizer, as mulheres são gravidez.
incorporadas à normatividade como “subordinadas Nazar e Koller (2006, p. 10) trazem que “a
naturais” do masculino. Reconhecer este processo é vergonha de que deveria ser portador aquele que a
condição de partida para realizar leituras e agrediu volta-se contra a mulher e a silencia,
intervenções em situações de violência contra a tornando-a parte da rede que sustenta a dominação”.
mulher que visem a tensão entre o público e o O silenciamento da mulher agredida é tão intenso que
privado, a família e a sociedade, o indivíduo e seus ela internaliza a culpa pelo abuso como se fosse dela,
pares, evitando assim, olhares reducionistas e responsabilizando-se pela violência sofrida.
individualizantes.
3. METODOLOGIA
2. PORMENORES DA VIOLÊNCIA CONTRA No que diz respeito ao plano metodológico,
A MULHER este texto se configura enquanto relato de
Há uma variedade extensa de reflexões e experiência, possuindo como aporte a entrevista de
abordagens que buscam, de maneira causal, rastrear a estruturação livre realizada com K.
violência doméstica contra a mulher. Desse modo, é De acordo com Cunha (2007), a entrevista
interessante buscar algumas contribuições que nos pode ser classificada de acordo com sua estrutura
ajude na delimitação das questões relacionadas a formal, sendo elas a entrevista estruturada, semi-
violência contra a mulher que são focalizadas neste estruturada e entrevista livre. Como supracitado,
relato. neste trabalho nos permitimos a estruturação livre,
É importante questionar sobre como as legitimando aquilo que K. apresentava a nós, de
determinações do contexto social, que atuam como forma livre e espontânea ao relatar sua história de
mediações e são internalizadas pelo ser humano, vida e situações de violência sofrida. Perguntas
podem estabelecer papéis sociais cristalizados, realizadas ao longo da entrevista tiveram o intuito de
“como, por exemplo, o papel da mulher enquanto melhor esclarecer informações, sequências temporais
formas de ser e agir” (LANE, 1984, p. 83). As e detalhamento das situações experienciadas.
naturalizações destes papeis representa um risco a
própria existência individual, uma vez que os papéis 3.1 ENTREVISTA
se impõem “como tendo uma realidade própria, K., mulher, 40 anos, mãe de três filhos,
exterior aos indivíduos que têm de submeter a eles, reside atualmente na cidade de Uberlândia – MG,
incorporando-os” (LANE, 1984, p. 83). Ao onde passou boa parte de sua vida. Mora com o filho
naturalizar e criar formas cristalizadas de ser mulher, mais velho, P., 24 anos e a filha de M., 12 anos. O
são impostos padrões que reproduzem sempre o filho P, possui paralisia cerebral decorrente da
mesmo, retira-se a constituição do ser e de suas violência física sofrida por K. ao longo da gestação
relações do campo social e histórico, revestindo-a do filho (sic).
forçosamente de um caráter imutável. No que se K. engravidou aos 16 anos e por isso foi
refere a violência contra a mulher Navaz e Koller expulsa de casa pelo pai. Após o episódio, procurou o
(2006, p. 89), sintetizam tal processo ao afirmarem pai de seu filho, que reagiu terminando o namoro e
que a violência “fica, assim, banalizada, minimizada, mandando K. abortar, mas ela recusou. Sem lugar
negada e naturalizada pela cultura sexista”. para morar, ela ficou na casa de uma amiga e
Pode-se considerar que os papéis sociais posteriormente sua ex-sogra a levou para morar com
cristalizados, deslocados do campo de o pai da criança. Com esse marido, K. teve seu
problematizações psicossociais, favorecem para o segundo filho, P.D., e depois de 8 anos de
apagamento de inúmeras facetas da violência relacionamento se separou.
praticada contra as mulheres, além de implicar em um Em seguida se muda para cidade de Catalão,
processo de silenciamento em que a própria mulher retorna os estudos ao ingressar na Educação para

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Jovens e Adultos (EJA) e, posteriormente, na desse aqui me bateu com taco de sinuca...” (sic).
Universidade. Aos 25 anos, quando estava levando Cabe questionar, então, de que forma os filhos
seu filho mais velho em Uberlândia para um aparecem sendo aqueles que carregam, seja nos traços
tratamento, se relacionou com outro homem e passou físicos, nas semelhanças sutis, as características
a morar com ele. O segundo marido exigia que K. desses agressores. Reflete-se sobre a vinculação que
engravidasse, cometendo diversas ameaças. Desse ela tem com esses filhos e até que ponto eles também
relacionamento, nasce M., que passa a ser novamente não estão ligados por um afeto que se instaura através
um objeto de chantagem e ameaça para ter o controle e a partir da violência, simbólica ou física. Sobre essa
de K. Por fim, K. foge para Catalão com seus 3 filhos, ligação entre a família em questão é possível refletir
onde conheceu seu atual companheiro. sobre a existência de sentimento de culpa
K, portanto, teve 3 relações denominadas perpassando essas relações entre mãe e filhos. Em que
por ela de casamentos ou uniões. Na primeira relação medida K. não se culpa sobre as violências que ela e
teve dois filhos, P e P.D., na segunda relação, teve a seus filhos sofreram. Será que os filhos também
filha M. Atualmente encontra-se no terceiro podem culpá-la?
relacionamento, assim, ao considerar tais relações, Ademais, K. aponta em sua narrativa uma
incluindo a atual, K. deixa evidente que, mesmo situação em que o seu marido, por meio de ameaças,
atualmente estando em um relacionamento que a coagiu a ficar grávida, sendo explícito no discurso
considera satisfatório, sua referência de família está de K. que a mesma em momento nenhum pensava em
restrita aos seus três filhos. uma gravidez por todo o contexto violento em que
Ao longo de seu relato, K, demonstra que a estava submetida. Contudo, o companheiro em
violência por ela sofrida ultrapassa os limites do questão, realizou inúmeras ameaças contra a vida dos
privado e doméstico. Formas transformadas e filhos de K., forçando-a se submeter às relações
repositoras da violência sofrida no espaço doméstico sexuais exigidas. Nota-se que no relato da situação, a
se estenderam à instituição policial, ou mesmo, entrevistada não apresenta consciência de que o
produziram efeitos quando K. necessitou de utilizar episódio de violência sexual teve a gestação como
recursos junto ao Ministério Público e na consequência. Nesse sentido, são recorrentes os
Universidade na qual ela estudou. casos de mulheres que estão submetidas a estupros
Ao mesmo tempo, a entrevistada diariamente, mas que, por esse abuso sexual estar
relatou diversos momentos em que pode contar com vinculado a uma relação conjugal não são enunciados
lugares e pessoas que a acolheram e, permitiram a enquanto tal. É levando em consideração a autoridade
possibilidade de construção de sua autonomia, cultural que o homem tem sobre a mulher em
principalmente enquanto mãe, mulher e cuidadora. diferentes instâncias. A discussão sobre ser ou não um
estupro, surge a partir de uma culpabilização da
4. DISCUSSÃO mulher, que está vinculada a posse do corpo desta ao
A violência inicia-se no contexto familiar homem, utilizando da justificativa do contrato do
nuclear, quando o pai de K. a expulsa de casa em casamento, em que esse sujeito tem direito ao acesso
decorrência da gravidez, antes mesmo de ser possível ilimitado ao corpo do outro. No que concerne ao
que ela nomeie e identifique esse ciclo, não só de artigo 5º da Lei Maria da Penha, compreende-se como
violências físicas, mas psicológicas, que geram violência sexual, manter relações sexuais que a
traumas e a consequente repetição. A negligência e o mulher não deseja, além de forçar que esta engravide.
silenciamento da família diante das violências que K. conheceu o pai de sua filha quando tinha
eram expostas por K. se tornam ponto central na 25 anos, indo morar junto a este, destacando que
entrevista sendo possível questionar sobre qual a havia alguns “detalhes”, tais como ameaçar se
relação que se instala dentro desses afetos. É suicidar caso houvesse um término, os quais ela
interessante indagar sobre os momentos de violência conseguiu identificar e que diziam respeito a
que ela nomeia: a violência no núcleo familiar se deu novamente uma relação de abuso. É interessante
apenas com o marido? Como se constitui as relações questionar, a partir disso. sobre qual é o momento em
construídas entre pai e filha para que este primeiro que ela consegue, de fato, nomear esses detalhes de
chegasse a expulsá-la de casa? A violência, ainda não um relacionamento que se torna abusivo, através de
simbolizada enquanto tal, se estabelece uma violência psicológica que se faz presente em
primordialmente nessa relação. Em que medida não discursos e chantagens que a culpabilizam pelo fim
se constrói nessas relações o imperativo de se de um relacionamento. É possível perceber numa
confundir amor, cuidado e agressão? linha temporal elaborada por ela, que esses “detalhes”
Em alguns momentos do discurso de K. as se tornam mais visíveis, e passam a ser identificados
expressões utilizadas por ela para se referenciar a seus e nomeados por ela com mais clareza, no processo de
filhos despertaram estranhamento, como nos transformação que ela passa quando volta a estudar,
seguintes momentos: “Essa aí [aponta para a filha], nesse momento na EJA.
o pai dela me catava assim...”, “Esse aqui, o pai

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Para além dos detalhes apontados por K., processo de formação e busca de autonomia
identificou-se na sua fala uma questão que diz empreendido por K.
respeito a uma performance desse marido, que era K., acrescentou que em decorrência da
“amoroso” (sic), “simpático” (sic), mas em alguns tratativa recebida pela docente em questão, passou a
momentos tinha um “rompimento de caráter” (sic). apresentar ainda maiores dificuldades no processo de
Em alguns trechos da entrevista, há uma aprendizado, relatando situações de pânico e mal-
tentativa de K. de simbolizar e nomear a violência a estar frequentes ao ter que lidar com a docente e nos
ela cometida. É necessário que ela justifique e que processos de avaliações acadêmicas.
apresente um motivo para as agressões, tal No conjunto das violências sofridas e
justificativa funda-se no uso de bebidas alcoólicas. A nomeadas pela entrevistada, nota-se também a
entrevistada destaca uma suposta mudança de atitude emergência de relações, pessoas e espaços em que ela
quando os homens fazem uso de bebida alcoólica, obteve suporte e reconhecimento. Tais espaços e
buscando assim, certa justificativa para as práticas pessoas foram significativos para sua tomada de
agressivas manifestadas por eles. K, consegue se consciência e busca por maior autonomia. K, relata
reconhecer como vítima dos processos de violência um conjunto de pessoas, maioria mulheres, que
sofridos, contudo, nota-se uma maior dificuldade em podem ser compreendidas como uma rede de suporte
sustentar que violências não são justificáveis. que atuaram de modo mais ou menos direto ao longo
Em diversos momentos da narrativa da do percurso vivido pela entrevistada. Foi
entrevistada, é possível identificar outras violências minimamente acolhida pela mãe de uma antiga amiga
que vão além do contexto familiar e doméstico, no momento em que foi expulsa de casa; a diretora da
assumindo um caráter mais propriamente de violência escola onde fez EJA que possibilitou a continuação
institucional (Polícia, Ministério Público e a própria de seus estudos; uma professora do curso acadêmico
Universidade). Segundo relatado por K., seu segundo realizado por K.. e a monitora auxiliar que permitiam
marido, abusou sexualmente de um de seus filhos. Ao sua expressão e não o seu silenciamento, ofertando
buscar ajuda junto a polícia, K. foi negligenciada, e a auxilio para suas dificuldades acadêmicas. K.
situação se estendeu ao ponto das autoridades também indicou lugares e possibilidades que, de certa
policiais, questionarem a própria criança sobre se essa forma, dizem de sua voz e reconhecimento individual
não estaria contando mentiras a respeito do então e coletivo, tanto nos espaços contraditórios da
companheiro da mãe. Segundo K. o policial Universidade, quanto na imagem que possui do
questionou se o abuso sexual não foi apenas uma assentamento Glória, local que K. indicou, ao fim da
“brincadeira” (sic). Assim, a entrevistada relata que entrevista, como uma possibilidade de vida no futuro.
mesmo tendo feito “a queixa” (sic), “boletinho de
ocorrência” (sic), não obteve suporte, pois “eles não CONSIDERAÇÕES FINAIS
faziam nada pra me proteger e proteger eles” (sic). A Lei Maria da Penha então, reconhece e
Nenhum tipo de apuração adequada foi realizada e a compreende como violência contra mulher, as
tentativa de denúncia foi ignorada/silenciada. violências físicas, psicológicas, sexuais, patrimoniais
K, também relatou situações de violência e morais. A partir disso, buscamos nesse trabalho,
sofridas em âmbito educacional, no espaço da situar e refletir sobre as dimensões e denominações
Universidade na qual estudou. Para a entrevistada, o definidas pela Lei junto a história de vida de K., a fim
encontro com a Universidade representou uma de propor uma discussão que seja problematizadora
possibilidade de conquista de autonomia e a do alcance dessa política pública no contexto que
emancipação, mas ao contrário, se estabeleceu, em ultrapassa o espaço comum e social, mas, inclui
certos momentos, apenas como mais uma forma de situações vivenciadas no âmbito privado e simbólico
submetê-la a lógicas de violências e humilhação. K., das relações.
relata a experiência vivida com uma professora, que Além disso, procuramos pôr em evidência o
se referia a K. como uma aluna incapaz. Segundo K., caráter sócio histórico e cultural, no que diz respeito
a professora afirmou que ela, “não merece estar numa as relações de poderes e de dominação, estabelecidas
federal” (sic), que “as federais são pra alunos de elite por uma ideologia patriarcal. Refletir sobre como
e lá não é meu lugar” (sic). Nota-se que a violência essas condutas se estabelecem enquanto responsáveis
sofrida na Universidade diz de uma violência por internalizar e cristalizar papéis que são assumidos
simbólica, onde suas consequências não são visíveis socialmente.
através de hematomas físicos, mas numa ruptura com É importante ressaltar que, embora a Lei
a ideia de suporte e acolhimento que deveria haver Maria da Penha seja uma enorme conquista das
nesse ambiente de formação. Contudo, na experiência mulheres pela busca de seus direitos, ainda cabe
de K., a relação com essa professora, mais uma vez questionar sobre a real efetividade dessa política
repôs a situação de ser questionada e negada como um pública no Brasil, no que concerne, de fato, a
sujeito de direitos, fato que se tornou um obstáculo no desnaturalização e superação da violência contra
mulher.

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REFERÊNCIAS CARNEIRO, Alessandra Acosta; FRAGA, Cristina
Kologeski. A Lei Maria da Penha e a proteção legal
BRASIL. Lei n° 11.340, de 07 de agosto de 2006. Lei à mulher vítima em São Borja no Rio Grande do
Maria da Penha. Brasília, Disponível em: Sul: da violência denunciada à violência
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004- silenciada. Serv. Soc. Soc., São Paulo , n. 110, p.
2006/2006/Lei/L11340.htm. Acesso em: 23 de maio 369-397, June 2012 . Available from
de 2019. <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext
&pid=S0101-
LANE, S.T.M. “Uma Análise Dialética do Processo
66282012000200008&lng=en&nrm=iso>. access
Grupal”. Cadernos PUC – Psicologia, nº11, Educ.,
on 21 Aug. 2019. http://dx.doi.org/10.1590/S0101-
Cortez Editora, 1981.
66282012000200008.
PATEMAN. Carole. O contrato sexual. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 1993.
RESPONSABILIDADE AUTORAL
SOUZA, T. M. C.; SOUSA, Y. L. R. Políticas
Públicas e violência contra a mulher: a realidade As autoras são as únicas responsáveis pelo conteúdo
do sudoeste goiano. SPAGESP - Sociedade de deste trabalho.
Psicoterapias Analíticas Grupais do Estado de São
Paulo. Revista da SPAGESP, 2015, pp. 59-74.

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A TEORIA CLÁSSICA E SUA APLICAÇÃO NO ATUAL MERCADO DE
TRABALHO
MOREIRA, Mirian Sousa, miriansousa94@live.com
CAMARGO, Beatriz Magalhães, beatrizmagalhaescamargo@gmail.com 1
SILVA, Daiany Nunes1
SOUSA, Geane Muricy1
GUIMARÃES, Ivanna Rosa Pereira1
MACHADO, Jéssica Kerolaine Pereira1

¹Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Gestão e Negócios

Resumo: Este artigo tem como objetivo evidenciar os principais pontos da Teoria Clássica e se seus conceitos
ainda se aplicam no atual mercado de trabalho. É abordado no decorrer desse estudo conceitos gerais propostos
por Jules Henri Fayol e estudos de outros autores sobre a abordagem da teoria na modernidade. Foi realizado
uma pesquisa qualitativa por meio de dados secundários, utilizando obras bibliográficas como alicerce para o
referencial e para construção de resultados, trazendo consigo a conclusão de que a teoria se configura como fator
essencial para os preceitos modernos, podendo ser adaptada para contextos de necessidades das organizações
contemporâneas.

Palavras-chave: Teoria Clássica. Fayol. Administração. Organização.

1. INTRODUÇÃO toda ação coletiva organizada, ele também


identificou a importância da administração, percebeu
Henri Fayol, engenheiro francês nascido em o caráter e finalidade da função e o impacto de seus
1841, identificou a necessidade de bons chefes em efeitos, sendo assim um autor de grande importância
todos os âmbitos da vida social, sendo a organização para o desenvolvimento, crescimento e consolidação
de esforços essencialmente necessária durante a da Administração, tendo salientável relevância para
Primeira Grande Guerra, a partir nasceu o fayloismo, os estudos da área e para o desenvolvimento das
uma doutrina administrativa que buscava a formação organizações desde sua época até a atualidade.
de chefes (FAYOL, 1989). A partir disso, esse estudo tem como objetivo
evidenciar os principais pontos da Teoria Clássica e
Minha doutrina administrativa, tem por objetivo se seus conceitos ainda se aplicam no atual mercado
facilitar a gerência de empresas, sejam de trabalho.
industriais, militares ou de qualquer índole. Seus
princípios, suas regras e seus processos devem, 2. TEORIA CLÁSSICA DA
pois, corresponder tanto às necessidades do
Exército como às indústrias (FAYOL, 1989,
ADMINISTRAÇÃO DE HENRI FAYOL
p.10).
2.1. Conceito de Administração
Fayol pertenceu à época do grande
desenvolvimento industrial, séc. XIX, e como As organizações são grupos estruturados de
engenheiro, trouxe soluções para exploração de pessoas que se juntam para alcançar objetivos
minas e gestão geral de empresas, levando a eficácia comuns. Surgem como resposta à necessidade dos
econômica por meio de seus métodos, atestando indivíduos de alcançar metas que, isoladamente, não
assim, sua assertividade. Os temas evocados por conseguiriam atingir em virtude da complexidade e
Fayol, como a definição das funções do da variedade das tarefas inerentes ao trabalho a se
administrador em prever; organizar; comandar; efetuar (SOBRAL; PECI, 2008, p.4-5).
coordenar e controlar possuem surpreendente
Administração se refere a uma função que se
atualidade, apresentando textos modernos e desenvolve sob o comando de outro, de um
inovadores com uma nova maneira de abordagem serviço que se presta a outro. A tarefa da
acerca de assuntos organizacionais (FAYOL, 1989). administração é interpretar os objetivos
As afirmações de Fayol foram de grande propostos pela empresa e transformá-los em ação
contribuição para o desenvolvimento administrativo, empresarial. (CHIAVENATTO, 1982, p.3).
tanto em contribuições para as atividades da
indústria, do setor terciário, produção econômica e

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O papel do administrador pode ser entendido Fayol (1989) define seis funções essenciais que
como a coordenação de processos, recursos e existem em todas as empresas, sejam elas mais
membros que garante o direcionamento de esforços simples ou mais complexas.
para os objetivos e metas organizacionais, guiando a
empresa de forma a alcança-los, sendo de vital 1) Funções técnicas: funções relacionadas com a
importância para o crescimento e desenvolvimento produção de bens e os serviços que a empresa presta.
das empresas, seu sucesso ou insucesso (SOBRAL;
PECI, 2008). A função técnica, por exemplo, não pode
Sendo assim, o funcionamento diário de uma subsistir sem matérias-primas e sem mercados
organização se baseia no alcance de suas metas e para seus produtos, sem capitais, sem garantias e
objetivos de forma a conseguir resultados eficientes sem previsão. (FAYOL, 1989, p.24).
e eficazes, buscando a concretização da motivação
de existência que descreve sua missão trabalhando 2) Funções Comerciais: tem relação com compra,
em conjunto para o crescimento objetivado na visão, venda e permutação (troca).
e atuando de acordo com os valores que regem o
A prosperidade de uma empresa industrial
ambiente organizacional, inserindo assim modelos, depende tanto da função comercial quanto da
técnicas ou teorias com o intuito de promover a função técnica; se o produto não se vende, temos
organização (SOBRAL; PECI, 2008). a ruína. (FAYOL, 1989, p.24).

2.2. Contexto da Teoria Clássica 3) Funções Financeiras: tem relação com a procura
e gerência de capitais.
Em 1916, surge na França a Teoria Clássica da
Administração, como uma resposta a necessidade do Muitas empresas que poderiam ter tido vida
contexto da época que passava pelo impacto do próspera morreram porque determinado
desenvolvimento advindo da Revolução Industrial, momento lhes faltou dinheiro. (FAYOL, 1989,
propondo apresentar a forma mais eficiente e eficaz p.24).
de se administrar empresas com conceitos na
unidade de comando, autoridade e responsabilidade 4) Funções de Segurança: referente a proteção e
entre outros. (CHIAVANETO, 2000). preservação de pessoas e de bens da empresa.
O fundador da Teoria Clássica foi Henri Fayol,
um engenheiro de minas que fez sua carreira em uma É o olho do patrão o cão de guarda, numa
empresa de metalúrgica e carbonífera. Ele nasceu em empresa rudimentar; é a polícia e o exército num
Estado. É, de modo geral, toda medida que dá à
1841 em Constantinopla e faleceu em Paris, em empresa a segurança e ao pessoal a tranquilidade
1925. (CHIAVANETO, 2000). de espírito que anto precisa. (FAYOL, 1989,
p.25).
2.3. Base da Teoria Clássica
5) Funções Contábeis: responsável pelos registros
Henry Fayol inaugurou uma nova visão do contábeis, como balanços, custos, inventários e
funcionamento das organizações com abordagem estatísticas.
anatômica e estrutural, contrapondo a visão da
Teoria Científica de Frederick Taylor. De acordo “Deve dar informações exatas, claras e precisas
com Matos e Pires (2006), a teoria científica tinha sobre a situação econômica da empresa.”
como foco a produtividade, fundamentando-se em (FAYOL, 1989, p.25)
métodos científicos e racionais, ela trabalhava a
disciplina dos funcionários visando a ideia de tempo 6) Funções Administrativas: se relaciona com as
e movimentos. outras funções juntas, ficando acima delas. As
A Teoria Clássica tinha enfoque na estrutura funções administrativas abrangem os elementos
organizacional e a inter-relação entre setores da da administração, ou seja, as funções do
empresa, buscando a máxima eficiência. Tal administrador, que são:
abordagem tinha visão ampliada da estrutura da Prever: idealizar o futuro e planejar um
organização como um todo, caracterizando o papel esquema de ação.
do administrador em conduzir a empresa utilizando Organizar: é a estrutura que possibilita
de cinco elementos que visam à máxima eficiência: transformar planos em ações. Fayol (1989) diz
prever; organizar; comandar; coordenar e controlar que é dotá-la de todas as coisas úteis para que
(CHIAVANETO, 2001). ela funcione.
Comandar: conduzir o pessoal para tirar o
2.4. Funções Básicas da Empresa melhor proveito de suas habilidades.

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Coordenar: é a união de todas as atividades e Esse princípio pode assim ser expresso: Um só
esforços. chefe e um só programa para um conjunto de
operações que visam o mesmo objetivo. É a
Controlar: verificar que tudo ocorra como o condição necessária da unidade de ação, da
planejamento, ou seja, ter certeza de que as ordens e coordenação de forças, da convergência de
regras estão sendo cumpridas. esforços. (FAYOL, 1989, p.49).

6) Subordinação do Interesse Particular ao


[...], a administração não é nem privilégio Interesse Geral:
exclusivo nem encargo pessoal do chefe ou dos
dirigentes da empresa; é uma função que se “[...] o interesse de um agente ou de um
reparte, [...], entre a cabeça e os membros do grupo de agentes não deve prevalecer sobre o
corpo social. (FAYOL, 1989, p.26)
interesse da empresa [...]” (FAYOL, 1989, p.49).

2.5. Princípios de Fayol 7) Remuneração do Pessoal:

“A Administração – como toda ciência – deve [...] é o prêmio pelo serviço prestado. Deve ser
se basear em leis ou em princípios.” equitativo, e, tanto quanto possível, satisfazer ao
mesmo tempo ao pessoal e a empresa, ao
(CHIAVENATO, 2000, p.86). Fayol escolheu o
empregador e ao empregado. (FAYOL, 1989,
termo “princípios”, para dar nome aos princípios da
p.50).
administração, porque ele acreditava que essa
palavra evitaria qualquer tipo de rigidez no
8) Centralização:
entendimento e aplicação dos mesmos. Os princípios
foram criados como previsão científica para gerar
[...] é um fato de ordem natural; em todo
resultados mais satisfatórios à empresa. organismo, animal ou social, as sensações
Segundo Fayol (1989), os 14 Princípios convergem para o cérebro ou direção e do
Gerais da Administração são: cérebro ou direção partem as ordens que
movimentam todas as partes do organismo.
1) Divisão do Trabalho: (FAYOL, 1989, p.56).

“Permite reduzir o número de objetivos 9) Hierarquia:


sobre s quais devem ser aplicados a atenção e o
esforço.” (FAYOL, 1989, p.44). “Constitui a hierarquia a série dos chefes
que vai da autoridade superior aos agentes
2) Autoridade e Responsabilidade: inferiores.” (FAYOL, 1989, p.57).

“Consiste no direito de mandar e no poder 10) Ordem:


de se fazer obedecer.” “Não se concebe a autoridade
sem a responsabilidade, isto é, sem a sanção – É conhecida a fórmula de ordem material: Um
recompensa ou penalidade – que acompanha o lugar para cada coisa e cada coisa em seu lugar.
exercício do poder.” (FAYOL, 1989, p.45). A fórmula de ordem social e idêntica: Um lugar
para cada pessoa e cada pessoa em seu lugar.
(FAYOL, 1989, p.59).
3) Disciplina:
11) Equidade:
A disciplina consiste, essencialmente, na
obediência, na assiduidade, na atividade, na
Para que o pessoal seja estimulado a empregar no
presença e nos sinais exteriores de respeito
exercício de suas funções toda a sua boa vontade
demonstrados segundo as convenções
e o devotamento de que é capaz, é preciso que ele
estabelecidas entre a empresa e seus agentes.
seja tratado com benevolência; a equidade resulta
(FAYOL, 1989, p.46).
da combinação da benevolência com a justiça.
(FAYOL, 1989, p.61)
4) Unidade de Comando:
12) Estabilidade do Pessoal:
“Para a execução de um ato qualquer um
agente deve receber ordens de somente um chefe.” Um agente precisa de tempo para iniciar-se em
(FAYOL, 1989, p.47). uma nova função e chegar a desempenhá-la bem
– admitindo que seja dotado das aptidões
5) Unidade de Direção: necessários. Se ele for deslocado assim que sua
iniciação acabar ou antes que ela termine não terá

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tido tempo de prestar serviço apreciável. descritivos, relatando elementos existentes na
(FAYOL, 1989, p.61). realidade estudada.

13) Iniciativa: 4. RESULTADOS


Conceber um plano e assegurar-lhe o sucesso é 4.1 A teoria clássica e sua relevância nos
uma das mais vivas satisfações que o homem referenciais modernos
inteligente pode experimentar; é, também, um
dos mais fortes estimulantes da atividade
Boa parte da teoria clássica das organizações
humana. (FAYOL, 1989, p.62).
sobreviveu. Por exemplo, o conceito de que as
habilidades dos administradores se aplicam a
14) União do Pessoal: todos os tipos de atividades em grupo no mínimo
aumentou de importância. O conceito de que
A harmonia e a união do pessoal de uma empresa certos princípios identificáveis são básicos ao
são grande fonte de vitalidade para ela. É comportamento administrativo eficaz, e de que
necessário, pois, realizar esforços para esses princípios podem ser ensinados, também
estabelecê-la. (FAYOL, 1989, p.62). continua sendo válido. As críticas à teoria
clássica das organizações dizem que ela era mais
3. METODOLOGIA adequada no passado, quando as organizações
estavam num ambiente relativamente estável e
previsível, do que no presente, quando os
O presente artigo com objetivo de averiguar se ambientes são mais turbulentos (...). As
a Teoria Clássica elaborada por Fayol ainda possui orientações da organização clássica também têm
aplicação no mercado atual ou se encontra sido criticadas como sendo generalizadas demais
ultrapassada. A pesquisa objetiva analisar para as organizações complexas de hoje em dia,
cientificamente os fatores que envolvem onde a especialização cada vez maior fez com
que as linhas de autoridade ficassem indistintas
determinado assunto (PRADOV, 2013). (STORNER; FREEMAN, 2009, p.28).
Foram utilizados os seguintes procedimentos
técnicos para fundamentação, coleta e análise de 4.2 Funções da administração
dados: do ponto de vista da natureza, a pesquisa é
básica, segundo Pradov (2013), pois envolve gerar De acordo com Sobral e Peci (2008), áreas
conhecimento útil acerca do assunto abordado, com funcionais da organização representam tarefas
base em interesses e verdades universais. especializadas que são desempenhadas na
Quanto aos objetivos, configura-se como organização, sendo as mais comuns os presente no
descritiva, pois se propõe apenas a descrever os fatos seguinte organograma (Figura 1), que possui pontos
observados, sem interferências diretas dos resultados e estrutura diferente comparado ao organograma de
por parte do pesquisador. “Tal pesquisa observa, Fayol (Figura 2):
registra, analisa e ordenam dados, sem manipulá-los,
isto é, sem interferência do pesquisador.” Figura 1: As principais áreas funcionais da
(PRADOV, 2013, p. 52) organização.
A maneira pelo qual foram obtidos os dados
necessários para o delineamento da pesquisa, foram
fontes bibliográficas. Sendo de acordo com Pradov
(2013), uma pesquisa elabora por meio de materiais
já publicados, tendo sido utilizados livros de autores
com propriedade no assunto, dando importância para
veracidade das informações e averiguando possíveis
incoerências e contradições.
Foi delimitado obras desenvolvidas a partir de
2000, pois essas foram consideradas obras
modernas, sendo fonte de análise de como a
administração moderna tem abordagem acerca da Fonte: Adaptado de Sobral e Peci (2008, p. 10).
Teoria Clássica.
De acordo com Pradov (2013), a pesquisa é
qualitativa, envolvendo a interpretação de Figura 2: As seis funções básicas da empresa para
fenômenos e atribuição de significado aos mesmos, Fayol
sem necessidade de dados estatísticos e de
interferência do pesquisador, o ambiente é a fonte
direta dos dados, e tais dados coletados são

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Postura de espectador: transferência de
autoridade, aversão à mudança, reduzido espírito de
iniciativa de riscos;
Aversão ao conflito: falta de intervenção em
confrontos, relações mais relevantes que a realização
e foco em competições cooperativas;
Formalismo: controle por meio de leis e regras,
excessiva dependência de normas e regulamentos
Fonte: Adaptado de Chiavenato (2000, p.84) com elevada normalização e formalização,
estabilidade na relação entre líderes e liderados;
O autor Chiavenato (2000), afirma que as Lealdade pessoal: A comunicação segue canais
funções definidas por Fayol estão ultrapassadas, de lealdade, interligação entre grupas e relações
atualmente as mesmas recebem o nome de áreas da preferíveis ao desempenho e realização;
administração: Paternalismo: líder como pai protetor,
desigualdade de poder, cargos escolhidos por meio
[...] as funções administrativas recebem o nome de relações pessoais e distância hierárquica;
de área da administração geral; as funções Flexibilidade: adaptação, criatividade e
técnicas recebem o nome de áreas da produção, agilidade em resolver problemas e se ajustar a
manufatura ou operações; as funções comerciais, mudanças;
de área de vendas/marketing. As funções de Impunidade: falta de reconhecimento, baixa
segurança passaram para um nível mais baixo. E, motivação e falta de punição aos ineficientes.
finalmente, surgiu a área de recursos humanos ou Certas características, quando comparadas aos
gestão de pessoas. (CHIAVENATO, 2000, p.83)
princípios estabelecidos por Fayol para as posturas
que devem ser adotadas no que tange a
4.3 Os elementos da função administrativas
administração, entram em certo desacordo, como:
Impunidade ≠ Equidade; Personalismo e
Para Sobral e Peci (2008) a administração foi
Paternalismo ≠ Subordinação dos interesses
definida por Fayol:
individuais; Postura de espectador ≠ Autoridade e
[...] como um processo dinâmico que
Responsabilidade; Concentração de Poder ≠
compreenderia cinco funções interligadas: Iniciativa, Divisão de Trabalho e Espírito de Equipe.
prever, organizar, comandar, coordenar e Já outras possuem características que se
controlar. Ainda hoje, livros e manuais de complementam quando comparadas: Formalismo +
administração são organizados de acordo com Ordem e Disciplina; Flexibilidade + Iniciativa;
essas funções. A única diferença é que as funções Concentração de poder + Hierarquia e Concentração.
de comandar e coordenar foram agregadas para Ademais, Sobral e Peci também destacam a
formar uma nova função: dirigir – que está surpreendente atualidade dos princípios de Fayol
associada aos processos de gestão de pessoas na
desenvolvidos à quase um século, como o olhar
organização (SOBRAL; PECI, 2008, p. 7).
contingencialista do autor ao reconhecer que o nível
de centralização vai depender de circunstâncias e
Apesar de serem distintas, as quatro funções,
interesses, e que o principal questionamento quanto
agora agrupadas em: controlar; planejar; organizar e
a esses princípios vem do cenário econômico vivido
dirigir, se relacionam e são interdependentes, sendo
por Fayol, em que as organizações verticais e
assim os gestores devem ter domínio de seus efeitos
centralizadas da época se diferem das características
(SOBRAL; PECI, 2008).
das organizações contemporâneas (SOBRAL; PECI,
2008).
3.3 O estilo brasileiro de administrar segundo
Barros e Prates versus os princípios de Fayol
5. CONCLUSÕES FINAIS
O estilo brasileiro de administrar é definido por
Após o desenvolvimento e análise bibliográfica
Barros e Prates (1996, apud SOBRAL e PECI, 2008)
do tema proposto, foi concluído que a Teria Clássica
com as seguintes características:
da Administração desenvolvida por Henry Fayol,
Concentração de poder: autoridade é vista
ainda se faz relevante nos tempos atuais, a base
como forma de estabelecer e manter a ordem de
teórica administrativa disponibilizada por ele serve
forma autocrática;
de ponto de partida para conceitos moderno.
Personalismo: estilo carismático de liderança
Apesar de certas características serem vistas
pautado nas relações pessoais;
como ultrapassadas por alguns autores, acreditados
que isso se dá pelas mudanças organizacionais que

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ocorrem naturalmente com o tempo, e a CHIAVENATO, Idalberto. Administração de
flexibilidade das empresas á cerca da necessidade de empresas: uma abordagem contingencial. São
mercado, que conseguem utilizar esses princípios Paulo: McBraw-Hill, 1982.
adaptando-os ao objetivo da organização.
Ou seja, apesar do tempo, das mudanças, CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria
modernizações e adaptações que ocorreram desde que geral da administração. 6ed. Rio de Janeiro:
a teoria foi desenvolvida, a mesma ainda se faz Campus, 2000.
essencial para o desenvolvimento do setor
administrativo, salientando também que o autor CHIAVENATO, Idalberto. Teoria Geral da
possui grande prestígio na área acadêmica, sendo Administração. Rio de Janeiro: Elsevier, 2001.
estudado dentro do âmbito universitário.
Durante o levantamento bibliográfico, foi PRODANOV, Cleber Cristiano; FREITAS, Ernani
considerado acessível o conteúdo do assunto em Cesar de. Metodologia do trabalho científico
livros, muitos autores abordam de forma clara e [recurso eletrônico]: métodos e técnicas da
eficiente os conceitos da teoria, tendo também a obra pesquisa e do trabalho acadêmico. – 2.ed. – Novo
desenvolvida pelo próprio Fayol. E a posteriori, Hamburgo: Feevale, 2013.
encontramos certa dificuldade na análise da
atualidade de aplicação da teoria, considerando que STONER, Jame A. F., FREEMAN R. Edward.
ao partir da visão de autores modernos, os mesmos se Administração. 5.ed. - Rio de Janeiro: LTC, 2009.
contradizem em diferentes pontos.
Ademais, o objetivo proposto foi visto como SOBRAL, Felipe; PECI, Alketa. Administração:
alcançado, já que com o resultado da pesquisa foi teoria e pratica no contexto brasileiro. São Paulo:
possível relacionar a teoria clássica ao modelo de Pearson Prentice, 2008.
administração adotado pela maioria das organizações
da atualidade. RESPONSABILIDADE AUTORAL

REFERÊNCIAS “As autoras são as únicas responsáveis pelo


conteúdo deste trabalho”.
FAYOL, Henri. Administração Industrial e Geral:
previsão, organização, comando, coordenação,
controle. 10ed. São Paulo: Atlas, 1989.

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EXIGÊNCIAS LEGAIS AMBIENTAIS PARA A EXECUÇÃO DE
PROJETOS EM OBRAS CIVIS

Almeida, Emerson Gervásio, emersongervasio@ufg.br


Soares, Gilberto Teixeira, gilbertoteixeira_@hotmail.com1

1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Engenharia

Resumo: A cadeia produtiva da construção, conhecida por construbusiness, é um dos principais poluidores do
meio ambiente, sendo responsável por cerca de 75% do consumo dos materiais extraídos da natureza, gerando
toneladas de resíduos de construção. Para inserir a construção civil no panorama de Bioeconomia nacional é
necessário que ela comece a se preocupar com o impacto de suas atividades tanto no meio ambiente quanto na
quantidade de recursos e resíduos que ela consome e gera, respectivamente. Seguindo este ideal, o presente
trabalho buscou analisar toda a legislação ambiental brasileira que afeta diretamente a execução de projetos em
obras civis e traçar um panorama da atual situação da cidade de Catalão verificando o nível de atendimento das
leis federais e estaduais em Catalão, e assim pautar a discussão ambiental na construção civil de Catalão. A
pesquisa se deu em caráter exploratório mediante verificação das legislações afetas a obras civis. Foram
acessados periódicos, portais governamentais e outras fontes que trouxeram informações pertinentes à temática
ambiental. Seguir-se-á em um estudo de caso, com uma análise das leis do município de Catalão, verificando se
estas atendem aos preceitos federais e estaduais. Assim, espera-se obter como resultado desse estudo uma falta
no cumprimento de algumas exigências legais federais e estaduais. O trabalho ainda pretende fomentar a
discussão da implementação de uma agenda de compromissos voltada à prefeitura de Catalão, tendo a UFG como
farol, garantindo que o município se adeque e se torne um expoente no estado de Goiás quanto a preocupação e
sustentabilidade ambiental.

Palavras-chave: Lei. Construção civil. Fiscalização. Projetos. Ambiental.

__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO Souza (2006) diz que a indústria da construção


civil é um dos mais importantes setores da economia
brasileira, pois é a responsável por aproximadamente
A preocupação ambiental é um assunto recente 18% do PIB brasileiro, além de gerar 4 milhões de
na história humana, podemos remetê-la ao período empregos diretos. Contudo, esta grande participação
pós Segunda Guerra Mundial, em que o homem viu e produção na economia trazem consigo uma série de
que o grande poder bélico das nações poderia impactos sejam eles ambientais, socioeconômicos ou
degradar o meio ambiente à sua volta. Antes disso políticos.
pouco se falava em preservação da fauna e da flora,
ou em temas voltados à economia de água ou Portanto, como a construção civil é um
reciclagem de materiais. importante setor da economia brasileira, ela deve

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adequar-se aos novos conceitos de desenvolvimento As exigências ambientais federais são
sustentável, como o de Bioeconomia, que tem por extremamente abrangentes valendo-se de diversas
objetivo trazer soluções plausíveis para os desafios leis, decretos e resoluções. O MMA possui
atuais de desenvolvimento sustentável, como atualmente 492 resoluções preconizadas pelo
substituição de combustíveis fósseis, aproveitamento Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA).
de materiais, mudanças climáticas, dentre outros. Deste total a maioria está vigente, porém outras já
foram revogadas por outras resoluções mais atuais.
Para se ter um exemplo, segundo Dornelas e Além disso, existem ainda várias políticas nacionais
Souza (2008) a construção civil sozinha consome que versam sobre assuntos direcionados ao meio
cerca de 75% dos recursos extraídos na natureza ambiente e suas áreas afins, mostrando, portanto, a
(dentre eles o petróleo), além de gerar milhares de boa quantidade de leis ambientais que o Brasil possui
toneladas de resíduos sólidos provenientes do não (DORNELAS 2005, p. 4, apud CZAPSKI e
aproveitamento posterior destes resíduos. Por muito MACHADO, 1999).
tempo estas sobras da construção foram sendo
descartadas de forma indiscriminada na natureza, Neste estudo serão focadas apenas as leis,
gerando sérios problemas de poluição e contaminação decretos e resoluções CONAMA que atingem
da água, fauna e flora. diretamente o setor da construção civil.

Portanto, este trabalho tem por objetivo fazer


uma análise sobre a legislação ambiental brasileira 2.1. Constituição Federal de 1988
que afeta diretamente a construção civil, e verificar o
nível de cumprimento destas leis no município de
Catalão, visto que, é um grande desafio para os A Constituição da República Federativa do Brasil
municípios brasileiros atenderem a toda essa gama de de 1988 (CF), sendo a lei suprema do país, também
exigências, e conhecer esse cenário na cidade de versa sobre a preservação dos recursos ambientais e
Catalão é um fator importante para o dispõe, de uma forma geral, como devem ser
desenvolvimento sustentável local. utilizados os recursos naturais.

Segundo a Constituição Federal (1988), em seu


artigo 225:
2. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL EM NÍVEL
FEDERAL Todos têm direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum
do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se
No Brasil o principal órgão federal que rege sobre ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
legislação ambiental é o Ministério do Meio preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
Ambiente (MMA), criando as normativas do que se é
Portanto, todo cidadão, organização ou empresa
licito ou ilícito acerca dos recursos ambientais
que utilizar o meio ambiente de forma danosa, sem a
brasileiros, e com o apoio do Instituto Brasileiro do devida preocupação com a preservação ambiental
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis estará ferindo a CF.
(IBAMA), fiscaliza se essas diretrizes estão sendo
cumpridas.

Após a definição dessas diretrizes o projeto de lei 2.2. Resoluções CONAMA


deve passar pelo poder legislativo, representado
Congresso Nacional, para aprovação. Posteriormente O Conselho Nacional do Meio Ambiente
esta lei é enviada ao poder executivo que pode ou não (CONAMA) é uma repartição subordinada ao MMA,
sancionar tal lei, por meio da assinatura do Presidente sendo um importante instrumento de regulamentação
da República. da atividade extrativista, do setor de indústria (neste
engloba-se a construção civil) e comércio, pois, por
Segundo Dornelas (2005, p. 4, apud CZAPSKI e meios de suas resoluções regulamenta as ações lícitas
MACHADO, 1999) o Brasil é um país com boas leis ou não, relacionadas ao meio ambiente, prevendo
ambientais, porém esta legislação abrangente poucas ainda punições para quem desobedecer a tais
vezes é cumprida de maneira correta. Assim, o estudo normativas. O CONAMA é composto por diversas
e conhecimento das leis podem tornar tudo o que foi classes da sociedade e nos diferentes níveis
teorizado em papel em direitos razoavelmente úteis. hierárquicos. O conselho, de uma forma sintética, é

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formado por representantes das esferas federal, Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento
estadual e municipal, além do setor empresarial e da Sustentável (SEMAD). Com o apoio das repartições
sociedade civil. estaduais do IBAMA, a SEMAD define as resoluções
e envia projeto de leis e decretos estaduais para a
A Tabela 1 traz um resumo de todas as resoluções defesa e proteção do meio ambiente e promove uma
CONAMA exigidas para a construção civil. utilização sustentável do mesmo no Estado de Goiás.

Da mesma forma que as leis federais, as estaduais


Tabela 1. Resumo das resoluções CONAMA. passam por um rito de aprovação. Inicialmente são
levados ao plenário da Assembléia Legislativa do
RESOLUÇÃO CONAMA Nº Estado de Goiás (ALEGO) todos os projetos de lei,
001/1986 que passam por uma votação dos deputados estaduais,
e caso aprovada vão para a sanção ou veto do
004/1984 governador do estado. Em caso de sanção a lei é
007/1987 publicada no Diário Oficial do Estado de Goiás
(DOEGO).
302/2002
307/2002 A Tabela 3 remete ao resumo de todas as leis
estaduais que versam sobre este assunto.
357/2005
430/2011
448/2012 Tabela 3. Resumo das Leis Estaduais.

Próprio autor, (2019). LEI / DECRETO ESTADUAL Nº


4.932/1998
9.308/2018
2.3. Leis Federais 14.248/2002
14.384/2002
Nos seguintes tópicos serão explicitadas as leis 18.102/2013
federais que afetam a construção civil. Estas são 18.104/2013
apreciadas pelo Congresso Nacional (Câmara dos 20.097/2018
Deputados e Senado Federal) e caso aprovadas 20.114/2018
passam para a sanção ou veto presidencial, e em caso Próprio autor, (2019)
de sanção, ela é publicada no Diário Oficial da União
(DOU), e passa valer em todo território nacional, 3. METODOLOGIA
respeitado o período de Vacatio Legis.

A Tabela 2 mostra um resumo com todas as leis Inicialmente foi realizada uma pesquisa
federais inseridas no contexto da construção civil. exploratória minuciosa para definir a quantidade de
leis existentes relacionadas a construção civil. Para
Tabela 2. Resumo das Leis Federais. isso, consultou-se portais governamentais e bases de
LEI FEDERAL Nº dados públicos, além de periódicos que pudessem
6.766/1979 trazer informações adicionais pertinentes à temática.
6.902/1981 Neste momento, adicionou-se ao trabalho as
6.938/1981 diretrizes que afetam diretamente a construção civil,
9.605/1998 e descartadas aquelas que não compreendem o
12.305/2010 ambiente da área supracitada.
Próprio autor, (2019)
Para tal, nos sites oficiais dos governos federal e
estadual, foram indexados termos de busca
2.4. Legislação ambiental do estado de Goiás relacionados à construção civil e a temática
ambiental. Este artifício foi utilizado na intenção de
No âmbito de legislação ambiental o órgão filtrar apenas as leis importantes para este trabalho,
responsável pela gestão dos recursos ambientais, em além de diminuir o horizonte de legislação a ser
conjunto com o Governo federal, é a Secretaria de analisada.

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Todo esse processo foi feito para as leis federais, em atender tais leis, cabendo então a prefeitura
estaduais e municipais. Por conseguinte, será feito um exercer a função de fiscalizadora, e sabendo disso,
estudo de caso para comparar as leis federativas e entende-se que, devido a influências políticas e
estaduais com as de caráter municipal, a fim de fiscalização escassa, muitos empreendimentos
confirmar o nível de cumprimento do município de acabem em desacordo com algumas legislações.
Catalão quanto aos dispositivos legais federais e
estaduais.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS OU
CONCLUSÕES
4. ESTUDO DE CASO DA LEGISLAÇÃO
AMBIENTAL DO MUNICÍPIO DE Existe uma eminente necessidade de mudar a
CATALÃO forma de gerir os recursos naturais e também criar
uma consciência ambiental nos gestores tanto
federais, estaduais quanto municipais.
Quanto ao assunto leis em nível municipal é
válido destacar que, sendo Catalão uma cidade de Para tal é necessário um aumento nas
médio porte, esta não possui muitas leis que versem fiscalizações maior incentivo a preservação
sobre a sustentabilidade na construção civil. O único ambiental, para que possamos garantir um maior
meio de consulta a tais leis é o site da prefeitura de desenvolvimento sustentável.
Catalão. A legislação ambiental não está bem
definida em um local de fácil acesso, sendo assim, Por fim, é também notório que a modificação da
caso algum cidadão queira consultar se existe alguma forma de gerir os resíduos pode trazer novos
lei específica, este deverá verificar todo o aparato de horizontes de atuação da prefeitura gerando mais
leis municipais, a fim de encontrar o que deseja. possibilidades, oportunidades e empregos,
alavancando cada vez mais a cadeia da Bioeconomia
O órgão responsável pela gestão e fiscalização no estado de Goiás.
dos recursos ambientais municipais é a Secretaria
Municipal de Meio Ambiente de Catalão
(SEMMAC). REFERÊNCIAS
A Tabela 4 remete ao resumo de todas as leis
municipais usadas neste trabalho, e suas principais BRASIL. Constituição (1988). Constituição da
finalidades quanto à construção civil. República Federativa do Brasil. Brasília, DF:
Senado Federal, 1988.
BRASIL. Lei nº 6.766, de 19 de dezembro de 1979.
Tabela 4. Resumo das leis municipais e suas Dispõe sobre o parcelamento do uso do solo urbano
finalidades. e dá outras providências. Diário Oficial [da]
República Federativa do Brasil, Brasília, DF,
LEI MUNICIPAL Nº
19dez. 1979. Disponível em:
3.598/2018
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6766.ht
Complementar m. Acesso em 27 jun. 2019.
3.439/2016
2.215/2004 BRASIL. Lei nº 6.902, de 27 de abril de
Próprio autor, (2019) 1981.Dispõe sobre a criação de Estações Ecológicas,
Áreas de Proteção Ambiental e dá outras
providências. Diário Oficial [da] República
Como proposta de continuidade, o presente Federativa do Brasil, Brasília, DF, 27abr. 1981.
trabalho será focado na análise minuciosa das leis Disponível
supracitadas e gerar um relatório de propostas e em:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L690
compromissos a serem implementados pelo 2.htm. Acesso em 27 jun. 2019.
município de Catalão.
BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de
Este estudo de caso está ancorado na proposição 1981.Dispõe sobre a Política Nacional do Meio
de que a princípio não haja grande preocupação dos Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e
construtores e empresas do ramo da construção civil aplicação, e dá outras providências. Diário Oficial
[da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF,

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02set. 1981. Disponível obras no campus da USP. 2007. 15 p. Escola
em:https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1980- Politécnica da Universidade de São Paulo, São
1987/lei-6938-31-agosto-1981-366135- Paulo, 2007.
publicacaooriginal-1-pl.html. Acesso em 27 jun.
2019. SOUZA, Ubiraci Espinelli Lemes de: Como
aumentar a eficiência da mão-de-obra. Manual de
BRASIL. Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. gestão da produtividade na construção civil. 1ª
Dispõe sobre as sanções penais e administrativas edição. São Paulo: Editora Pini, 2006. 122 p. ISBN
derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio 85-7266-174-3.
ambiente, e dá outras providências. Diário Oficial
[da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE.
13 fev. 1998. Disponível em: Ministério do Meio Ambiente. Resolução n.001, de
http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/leis/L9605.ht 23 de janeiro de 1986. Dispõe sobre critérios básicos
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ambiental. Diário Oficial [da] República
BRASIL. Lei nº 12.305, de 02 de agosto de 2010. Federativa do Brasil, Brasília, DF, 17 fev. 1986.
Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; Disponível em:
altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e http://www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?
dá outras providências. Diário Oficial [da] codlegi=23. Acesso em 18 jun. 2019.
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ago. 2010. Disponível em: CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE.
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BRASIL, NORMA REGULAMENTADORA Nº 15, Federativa do Brasil, Brasília, DF, 20 jul. 1984.
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Anais · 5o CONPEEX - Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão · RC/UFG · 29/10 a 01/11/2019 · ISSN 2447-4134 · 421
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jun. 2019. http://www.gabinetecivil.goias.gov.br/decretos/num
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17 de março de 2005. Dispõe sobre a classificação GOIÁS. Lei nº 14.248, de 29 de julho de 2002.
dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu Dispõe sobre a Política Estadual de Resíduos
enquadramento, bem como estabelece as condições e Sólidos e dá outras providências.Diário Oficial do
padrões de lançamento de efluentes, e dá outras Estado de Goiás, 05ago. 2002. Disponível em:
providências. Diário Oficial [da] República http://www.gabinetecivil.goias.gov.br/leis_ordinaria
Federativa do Brasil, Brasília, DF, 18 mar. 2005. s/2002/lei_14248.htm. Acesso em 07 jul. 2019.
Disponível em:
http://www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm? GOIÁS. Lei nº 18.102, de 18 de julho de 2013.
codlegi=459. Acesso em: 18 jun. 2019. Dispõe sobre as infrações administrativas ao meio
ambiente e respectivas sanções, institui o processo
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. administrativo para sua apuração no âmbito estadual
Ministério do Meio Ambiente. Resolução n. 430, de e dá outras providências.Diário Oficial do Estado
13 de maio de 2011. Dispõe sobre as condições e de Goiás, 23 jul. 2013. Disponível em:
padrões de lançamento de efluentes, complementa e http://www.gabinetecivil.goias.gov.br/leis_ordinaria
altera a Resolução no 357, de 17 de março de 2005, s/2013/lei_18102.htm. Acesso em 07 jul. 2019.
do Conselho Nacional do Meio Ambiente-
CONAMA. Diário Oficial [da] República GOIÁS. Lei nº 18.104, de 18 de julho de 2013.
Federativa do Brasil, Brasília, DF, 16 mai. 2011. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa, institui
Disponível em: a nova Política Florestal do Estado de Goiás e dá
http://www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm? outras providências.Diário Oficial do Estado de
codlegi=646. Acesso em: 18 jun. 2019. Goiás, 23 jul. 2013. Disponível em:
http://www.gabinetecivil.goias.gov.br/leis_ordinaria
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. s/2013/lei_18104.htm. Acesso em 07 jul. 2019.
Ministério do Meio Ambiente. Resolução n. 448, de
18 de janeiro de 2012. Altera os arts. 2º, 4º, 5º, 6º, GOIÁS. Lei nº 20.097, de 28 de maio de 2018.
8º, 9º, 10 e 11 da Resolução nº 307, de 5 de julho de Institui, no Estado de Goiás, o “Selo Verde
2002, do Conselho Nacional do Meio Ambiente- Ambiental”.Diário Oficial do Estado de Goiás,
CONAMA. Diário Oficial [da] República 29mai. 2018. Disponível em:
Federativa do Brasil, Brasília, DF, 19 jan. 2012. http://www.gabinetecivil.goias.gov.br/leis_ordinaria
Disponível em: s/2018/lei_20097.htm. Acesso em 07 jul. 2019.
http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?c GOIÁS. Lei nº 20.114, de 04 de junho de 2018.
odlegi=672. Acesso em: 18 jun. 2019. Dispõe sobre os prazos de tramitação e conclusão
GOIÁS. Decreto nº 4.932, de 30 de julho de 1998. dos processos administrativos instaurados para o fim
Cria a Delegacia Estadual de Investigações sobre de licenciamento ambiental de atividades
Infrações Contra o Meio Ambiente e Costumes e dá econômicas sujeitas a este tipo de autorização no
outras providências. Diário Oficial do Estado de Estado de Goiás e sobre outras avenças.Diário
Goiás, 05 ago. 1998. Disponível em: Oficial do Estado de Goiás, 06jun. 2018.
http://www.gabinetecivil.goias.gov.br/decretos/num Disponível em:
erados/1998/decreto_4932.htm. Acesso em 07 jul. http://www.gabinetecivil.goias.gov.br/leis_ordinaria
2019. s/2018/lei_20114.htm. Acesso em 07 jul. 2019.

GOIÁS. Decreto nº 9.308, de 12 de setembro de


2018. Dispõe sobre a metodologia para a definição RESPONSABILIDADE AUTORAL
do grau de impacto ambiental para fins de
“O(s) autor(es) é(são) o(s) único(s) responsável(is)
cumprimento da compensação ambiental de que
pelo conteúdo deste trabalho.
trata a Lei nº 14.247, de 29 de julho de 2002, e dá
outras providências.Diário Oficial do Estado de

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A INFLUÊNCIA DO MARKETING NAS COMPRAS

MOREIRA, Mirian Sousa, miriansousa94@live.com


PIRES, Maria Eduarda Backes, duda-backes@hotmail.com1
LEONEL, Marla Martins1
BARRA NETO, André1
LUCAS, Sulamita da Silva1

1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial em Gestão e
Negócios

Resumo: Este artigo tem por finalidade evidenciar algumas formas em que o Marketing influencia na hora da
compra da sociedade de modo geral. Será abordado frente a perspectiva qualitativa a respeito do Marketing,
Marketing Digital e o Neuromarketing. Assim como, também será apontado algumas técnicas utilizadas por
comerciantes com o intuito de fidelizar clientes e consequentemente levá-los a satisfação de seus desejos. A partir
das buscas, foi possível concluir que principalmente o Marketing Digital tem se destacado, por conta da era
tecnológica e o uso da internet frequente, propiciando dessa forma, uma propagação veloz de conteúdo.

Palavras-chave: Marketing. Neuromarketing. Marketing Digital. Consumidores.

__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO maioria das empresas atualmente fazem suas apostas


no marketing, seja ele tradicional, digital ou o mais
Marketing é o conjunto de métodos que estudam novo Neuromarketing, sendo assim os consumidores
as necessidades de mercado. Estuda os produtos, o são atraídos quando menos esperam e acabam
modo que chama mais a atenção dos clientes, o comprando mais do que pretendia, o que não
público que será atingido. Tendo como objetivo a precisavam ou compram apenas para suprir o desejo
obtenção de maiores lucros, não somente vender de ter aquilo que nem estava necessitando no
(KOTLER, 1993). momento (ARIANO, 2015).
O Marketing Digital tem como objetivo aumentar O Neuromarketing apesar de ser o mais novo tipo
a popularidade da marca, acertar os consumidores de de marketing está em alta. Empresas o utilizam para
maneira ágil e assertiva. Nos últimos anos tem sido o influenciar psicologicamente os consumidores,
meio mais utilizado por empresas. As empresas que fazendo uso de cores, sons, formas e entre outros
apostam neste tipo de Marketing também saem (ARIANO, 2015).
ganhando, pois tem sido um meio muito utilizado por Esse artigo tem como objetivo evidenciar
várias empresas e marcas. O Marketing Digital algumas formas de como o Marketing influencia na
consiste em fazer divulgações online, e já que se faz hora da compra da sociedade de modo geral, trazer
presente uma era em que todos possuem internet essa uma pesquisa bibliográfica a respeito do Marketing,
divulgação fica ainda mais fácil, trazendo assim Marketing Digital e o Neuromarketing e por último
maior visibilidade (AGÊNCIA KAIZEN, 2018). apontar algumas técnicas utilizadas por comerciantes
Neuromarketing é a interação da psicologia, com o intuito de fidelizar clientes e
marketing e neurociência. É a forma de estado e consequentemente levá-los a satisfação de seus
prática do marketing. É a técnica utilizada por desejos.
empresas através dos sons, cores, imagens, textos. A A partir disso e com o propósito de contribuir

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cientificamente, esse estudo foi pautado em pesquisas objetivo de estudo. Para Astolfi et al (2009) o
já desenvolvidas na área e tem como questão: “Como Neuromarketing é considerado o uso de imagens para
o Marketing tem influenciado nas compras dos explicar o comportamento de consumidores, fazendo
indivíduos?” que com imagens, sons, textos, faz com que o
indivíduo tenha preferência por esta marca. Na
2. REFERENCIAL TEÓRICO maioria das vezes os consumidores vão às compras e
acabam comprando mais do que estava na sua lista,
O Marketing é a técnica de criar explorar e gerar esse tipo de impulso pode ser explicado pelas técnicas
valores para satisfazer as necessidades do mercado, de Neuromarketing.
para isso é necessário elaborar estratégias que será
utilizada nas vendas para atrair a atenção dos 2.1 Fatores Que Influenciam Comportamento Do
consumidores. Segundo Kotler (1993) o marketing Consumidor
analisa preço, distribuição, comunicação e produto,
com isso o principal objetivo é garantir uma venda Segundo Kotler (1993) deve-se conhecer o
que seja satisfatória para ambas as partes. cliente antes de adquirir estoque e para isso deve-se
Os 4P’s do Sucesso (KOTLER, 1993): atentar aos seguintes fatores, já que os mesmos
• Produto ou serviço (o que é ofertado); influenciam na compra dos indivíduos.
• Praça (onde o produto ou serviço vai ser • Fatores culturais;
divulgado); • Fatores sociais;
• Preço (o valor monetário do produto/serviço – é • Fatores pessoais;
o P que traz a receita da empresa); • Fatores psicológicos.
• Promoção (é a divulgação do produto, suas ações Os fatores culturais estão relacionados ao meio
promocionais). no qual o indivíduo está inserido. Os fatores culturais
Kotler (1993) ainda afirma que o Marketing é a são os que “exercem a mais ampla e profunda
ciência e a arte de explorar, criar e entregar valor para influência sobre o comportamento do consumidor”
satisfazer as necessidades de um mercado-alvo com (KOTLER, 1993, p.209). Eles são subdivididos em
lucro. cultura, subcultura e classe social. Tomamos por
exemplo, um certo grupo que utilizam somente
Marketing identifica necessidades e desejos não determinada marca, independente de valores.
realizados. Ele define, mede e quantifica o Os fatores sociais estão relacionados ao círculo
tamanho do mercado identificado e o potencial de social, amigos, família, colegas de trabalho. Bôas
lucro. (KOTLER, 1993) (2015) também salienta que a influência se dá
conforme o ciclo de vida do produto sobre o prisma
Já o Marketing Digital é a união das estratégias da aquisição e da marca. Pois, influenciam na tomada
do marketing com o ambiente virtual, o objetivo é de decisão entre o produto A ou B. Tomamos por
gerar relacionamentos mais próximos, aumentar a exemplo, um filho que convence os pais a dar um
visibilidade de marcas, projetos ou pessoas de novo vídeo game porque o amigo tem, ou, um amigo
maneira ágil e assertiva. Segundo estudos feitos pela que apareceu com um novo modelo de smartphone.
States of Sales, atualmente o Marketing digital é a Kotler (1993) aponta que quanto aos fatores
técnica mais utilizada no meio social, estudos pessoais, a necessidades de consumo variam de
apontam que pessoas que investem nessa área pessoa para pessoa. De acordo com a fase da vida,
crescem cerca de 18% ao ano (AGÊNCIA KAIZEN, características como idade, estilo de vida,
2019). personalidade e condições financeiras, devem ser
Segundo Adolpho (2011) assim como o levadas em consideração na hora da análise.
Marketing Tradicional o Marketing Digital também Já os fatores psicológicos estão diretamente
possui os seus P’s de sucesso, sendo eles: ligados a crenças do cliente, ao que o indivíduo pensa
• Pesquisa e deseja inconscientemente. Podemos dizer também
• Planejamento que os fatores psicológicos estão relacionados a
• Produção motivação, percepção e aprendizagem
• Publicação (HONORATO, 2004).
• Promoção
• Propagação 3. METODOLOGIA
• Personalização
• Precisão Esse artigo caracteriza-se como qualitativo e foi
No entanto, de acordo com Almeida e Arruda construído a partir de dados secundários. Por meio de
(2014) o Neuromarketing é a mais recente forma de sites, artigos, pesquisas disponibilizadas sobre o
estado e prática de marketing. Pode ser a mais tema. As informações coletadas foram analisadas por
abrangente ou a menos abrangente em termos de meio de uma análise de conteúdo.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.2 Marketing no McDonalds

4.1 Algumas Ferramentas Utilizadas para Segundo Lima et al (2007), McDonald’s é a


Analisar o Comportamento do Consumidor maior empresa de fast food do mundo, presente em
119 países, a rede possui mais de 36 mil restaurantes,
Pesquisas De Mercado – Consiste em construir onde trabalham 2 milhões de funcionários que
um questionário e enviar a seu cliente por meio de e- alimentam diariamente mais de 70 milhões de
mail ou por links disponibilizados por meio de redes clientes.
sociais, para que respondam e essas respostas ajudem Os restaurantes temáticos são uma grande jogada
na satisfação do cliente e os fatores influenciadores de Marketing, pois atrai as crianças e
(LIPINSKI, 2017). consequentemente seus pais às levam, tendo assim
Landing Pages – São pequenos formulários que sempre mais consumidores. Para responder às
são preenchidos por consumidores, com expectativas de uma vida mais saudável, foi
recompensas, como cupom de desconto ou algo implementado ao cardápio saladas, frutas junto aos
exclusivo da loja (LIPINSKI, 2017). Mc Lanches, e sempre estão sendo adquiridos novos
Dados Digitais – Forma de conhecer o público ingredientes ao cardápio para atrair a atenção dos
de uma forma indireta. Tendo conhecimento dessas clientes (LIMA et al, 2007).
informações pode-se desenvolver estratégias de Segundo a revista online Época Negócios (2018)
venda e melhorar o seu relacionamento com os foram acrescentados textos em negrito e cores vivas
consumidores (LIPINSKI, 2017). como amarelo e vermelho às propagandas, as o
CRM - Por meio de softwares juntar dados e amarelo reforça os sentimentos de conforto e
históricos dos seus clientes, suas compras. confiabilidade, segundo o jornal Metro, do Reino
Reclamações, sugestões. Segundo A gestão do Unido só de você avistar o logo de uma dessas redes,
relacionamento com o consumidor está relacionada a já faz com que seu corpo produza uma sensação de
estratégias e ações para conhecer o seu cliente e felicidade e bem-estar, já o vermelho segundo o Daily
antecipar as necessidades dele (LIPINSKI, 2017). Mail, pode estar associado ao sentimento de
Redes Sociais - Essas não devem ser utilizadas fome. “Conscientes ou não, as cores têm conotações
somente para a venda e exposição do produto. Visite e fazemos julgamentos imediatos com base nisso”,
perfis, interagir com o público, não deixar ninguém disse ao Metro Nikki Hesford, consultora de
sem resposta. Além disso, visite o perfil das pessoas marketing e fundadora do Business Academy.
que interagem com a sua marca e até mesmo das
empresas concorrentes (LIPINSKI, 2017). Figura 1: Mc Lanche
O marketing digital continua em constante
crescimento e aprimoramento de técnicas.
Estabelecimentos que utilizam essa técnica, afirmam
que cresce ao ano 18% de suas vendas. O marketing
digital oferece vários meios da empresa interagir com
o público. Segundo Rabelo (2017) empresas afirmam
que os benefícios do uso das redes sociais são:

Tabela 1: Benefícios das redes sociais


77,4% Divulgação da Marca Fonte: Google Imagens
Engajamento da Audiência
63,2% 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Aumento do Tráfego no Esta pesquisa teve como objetivo evidenciar
50,3% Blog/Site algumas formas de como o Marketing influencia na
hora da compra da sociedade de modo geral, trazer
Ampliação de Vendas e uma pesquisa bibliográfica a respeito do Marketing,
48,5% Números de Clientes Marketing Digital e o Neuromarketing e por último
Fonte: Rabelo, 2017 apontar algumas técnicas utilizadas por comerciantes
com o intuito de fidelizar clientes e
As redes sociais mais conhecidas e mais consequentemente levá-los a satisfação de seus
populares para essa prática são: YouTube, Instagram, desejos.
Facebook, Snapchat, WhatsApp, LinkedIn. Pode-se perceber que atualmente o Marketing
Digital está em evidência, está sendo utilizado por
várias marcas e empresas. Isso de deve ao fato de

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estarmos na era digital, o que facilita a divulgação e a https://www.audaces.com/fatores-culturais-e-
visibilidade dos conteúdos, desse modo, o canal mais sociais-influenciam-o-comportamento-dos-
utilizado para essas divulgações são as redes sociais, consumidores/>. Acesso em: 29 de junho de 2019.
além das influências de família, amizades e outros
ÉPOCA NEGÓCIOS ONLINE. Por que empresas
meios.
de fast food têm logos com cores vibrante.
O Neuromarketing que é mais novo no mercado,
Disponível em:
também tem ganhado muitas pessoas com seu
<https://epocanegocios.globo.com/Empresa/noticia/
processo de marketing, fazendo com que as pessoas
2018/09/por-que-empresas-de-fast-food-tem-logos-
se deixem levar facilmente por propagandas
com-cores-vibrantes.html> Acesso em: 29 de junho
chamativas, e consequentemente agem por impulso
de 2019.
na hora da compra.
Assim, as limitações encontradas para o HONORATO, Gilson. Conhecendo o marketing.
desenvolvimento do trabalho foi o tempo limitado, no Barueri: Manole, 2004.
entanto, sugere-se que outros estudos sejam
construídos com o intuito de aprofundar sobre o tema LIMA, Anderson Aparecido, et al. Estudo da
em estudo. utilização do marketing pela empresa
Mcdonald’s. Disponível em:
https://www.ebah.com.br/content/ABAAAAB3YAA
REFERÊNCIAS
/trabalho-final?part=2. Acesso em: 29 de junho de
2019.
ADOLPHO, Conrado. Os 8 Ps do Marketing
Digital: o Seu Guia Estratégico de Marketing LIPINSKI, Jéssica. As feramentas de Marketing
Digital. São Paulo: Novatec, 2011. Digital mais usadas por empresas brasileiras em
2017. Resultados digitais. 2017. Disponível em: <
AGÊNCIA KAIZEN. Marketing Digital.
https://resultadosdigitais.com.br/blog/ferramentas-
Disponível em:
de-marketing-digital/>. Acesso em: 29 de junho de
<https://www.agenciakaizen.com.br/marketing-
2019.
digital/>. Acesso em 29 de junho de 2019.
ALMEIDA, Carlos Felipe Cavalcante; KOTLER, Philip. Administração de marketing:
análise, planejamento, implementação e controle.
ARRUDA, Danielle Miranda de Oliveira. O
Tradução Ailton Bomfim Brandão. 3º ed. São Paulo:
neuromarketing e a neurociência do
Editora Atlas, 848 p., 1993.
comportamento do consumidor: o futuro por
meio da convergência de conhecimentos. MCDONALD’S. McDONALD’S Brasil.
Ciências & Cognição, Vol 19(2), 278-297, 2014. Disponível em: <
ARIANO, Erica. Neuromarketing para curiosos – https://www.mcdonalds.com.br/company/mcdonalds
Parte 6: Visão. Disponível em: -brasil>. Acesso em: 29 de junho de 2019.
<http://www.ideiademarketing.com.br/2015/01/02/n RABELO, Agnes. Panorama mundial das redes
euromarketing-para-curiosos-parte-6-visao/> Acesso sociais: 91 estatísticas que você precisa saber.
em: 29/junho/2019 Inteligência corporativa rockcontent. 2017.
ASTOLFI, Laura, et al. The Track of Brain Activity Disponível em: <
during the Observation of TV Commercials with the https://inteligencia.rockcontent.com/estatisticas-de-
High - Resolution EEG Technology. redes-sociais/>. Acesso em: 29 de junho de 2019.
Computational Intelligence and Neuroscience,
volume 2009, 1-7, 2009.
RESPONSABILIDADE AUTORAL
BÔAS, Eduardo Vilas. Fatores culturais e sociais
influenciam o comportamento dos consumidores. “Os autores são os únicos responsáveis pelo
Audaces, 2015. Disponível em: < conteúdo deste trabalho”.

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APLICAÇÃO DE HEURÍSTICAS DE SEQUENCIMENTO
DA PRODUÇÃO EM AMBIENTE FLOW SHOP:
ESTUDO DE CASO EM UMA SERRALHERIA

Rosa, Vanessa Aparecida de Oliveira, vanessaaor@ufg.br1

Song, Júlia Thiazu, juliatsong@gmail.com¹


Santiago, Priscila Kaori Oikawa, priscilaoikawa@gmail.com¹
Júnior, Ronan Machado da Silva, ronanmachado25@gmail.com¹
Caixeta, Tatiane de Castro, tatianeccaixeta@gmail.com¹

¹ Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Engenharia

Resumo: O Planejamento e Controle da Produção envolve diversas atividades de decisão, dentre elas o
sequenciamento da produção, que trata de ordenar e alocar tarefas (jobs) que serão executados em recursos
fabris de capacidade limitada. Neste contexto, o presente artigo tem como objetivo aplicar métodos heurísticos
de sequenciamento da produção em uma serralheria, com o ambiente de programação flowshop, a fim de
minimizar o makespan. Quanto ao procedimento, a pesquisa classifica-se como um estudo de caso, de
abordagem quantitativa. Para o sequenciamento dos jobs foram aplicadas as heurísticas CDS e Gupta. Os
resultados mostraram que ao aplicar as heurísticas, obteve-se que a sequência J3 - J2 - J5 - J4 - J1 apresentou
o menor makespan, de 40,75 horas.

Palavras-chave: Sequenciamento. Makespan. Heurísticas.


__________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO Ainda para Slack et al. (2002), a programação da


produção é responsável pelo sequenciamento das
No Brasil o mercado de serralheria está ordens produtivas, definindo a ordem em que as
principalmente ligado ao setor de construção civil, tarefas deverão iniciar e terminar. Ou seja, é ela que
que podem atender desde pessoas físicas até determina a ordem dos lotes de materiais com o
pessoas jurídicas. Dados do Instituto Aço Brasil objetivo de diminuir o tempo de fluxo, os atrasos
(IABr) mostra um aumento de 2,3% de 2016 para e/ou o makespan (tempo para conclusão de todas as
2017 na produção de ferro nas siderúrgicas. A tarefas para se chegar ao produto final).
previsão da Câmara Brasileira da Indústria da O sequenciamento da produção pode ser
Construção (CBIC), em 2018, era de que a aplicado em diversos ambientes de programação,
expansão atingisse 2,5%. Já em relação ao como por exemplo, o flowshop. O flowshop é
fornecimento para clientes físicos, de acordo com a caracterizado por todos os itens feitos em uma linha
pesquisa da Associação Nacional dos Comerciantes ter a mesma sequência de operações nas diversas
de Material de Construção (ANAMACO), o máquinas. As técnicas de sequenciamento podem
aumento é de 6% de 2016 para 2017, prevendo um apresentar métodos de solução que são exatos ou
crescimento de 8,5% para 2018 (SEBRAE, 2018). heurísticos. Dentre estas heurísticas pode-se citar
No contexto deste sistema produtivo, a função heurística de Johnson, heurística CDS (Campbell,
de Planejamento e Controle da Produção (PCP) tem Dudek e Smith) e heurística de Gupta.
o objetivo de planejar e controlar a produção de Neste contexto, o objetivo deste artigo é aplicar
forma que a empresa atinja os requisitos de métodos heurísticos de sequenciamento da
produção do modo mais eficiente possível produção em uma serralheria, com o ambiente de
(BONNEY, 2000). No curto prazo, o PCP se ocupa programação flowshop, a fim de minimizar o
da chamada programação detalhada da produção, makespan. Este trabalho se justifica, uma vez que a
onde está inserido o sequenciamento. atual conjuntura do mercado de serralheria
Para Pinedo (2010), o sequenciamento da demanda uma melhor utilização do tempo e dos
produção é a habilidade de alocar e ordenar tarefas recursos produtivos, para aumento da
que são executadas em recursos fabris limitados. competitividade entre seus concorrentes.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO gráfico deve proporcionar uma representação do
que está acontecendo na operação.
Segundo Tubino (2006) as atividades do Em um ambiente flow shop, quando o objetivo
Planejamento e Controle da Produção (PCP) são é reduzir o makespan, podem ser utilizadas
exercidas nos três níveis hierárquicos de uma heurísticas como a de de Johnson, Gupta e CDS
empresa. No nível estratégico são definidas as (Campbell, Dudek e Smith).
políticas estratégicas de longo prazo da companhia, A heurística de Johnson, segundo Fuchigami
em que é elaborado o plano agregado de produção. (2016), é composta por duas máquinas distintas,
No nível tático são preparados os planos de médio devendo-se observar o menor tempo de
prazos para a produção, sendo definido o plano processamento. Se o menor tempo for da máquina
mestre da produção e o planejamento das 1, o job deve ser colocado no início, caso esteja na
necessidades de materiais. E no nível operacional, máquina 2, deve ser alocado no final. Em seguida,
de curto e curtíssimo prazo, elabora-se o deve-se retirar esse job da lista de ordens a serem
sequenciamento e liberação de ordens de compras, processados e volte no primeiro passo até acabarem
fabricação e montagem, dentre outras atividades da os jobs.
programação detalhada da produção. A heurística de Gupta, segundo Gigante (2010),
Segundo Moreira (1998), os principais utiliza a heurística de Johnson para alocar em
objetivos do PCP são: fazer com que as máquinas e ordem crescente de um índice predeterminado para
as pessoas operem com os níveis desejados de as tarefas, seguindo a lógica da Eq. (1):
produtividade, com melhor aproveitamento dos
recursos disponíveis; reduzir os estoques e os 𝐴𝑗
𝑆(𝑗) = min(𝑃𝑖𝑗 +𝑃𝑖+1𝑗) , para j = 1, 2, ... (1)
custos operacionais; manter e melhorar o nível de
atendimento aos clientes.
Na programação da produção as decisões a Sendo:
serem tomadas são designação/alocação e o
sequenciamento dos processos produtivos, ou seja, Aj = 1 𝑠𝑒 𝑝𝑖𝑗 ≤ 𝑝1𝑗
quais os recursos que serão utilizados, em qual −1 caso contrário
sequência e quantidade, e as datas de início e fim
das tarefas (jobs) (MOREIRA, 1998). Por sua vez, a heurística de CDS, de acordo
O principal objetivo do sequenciamento é com Gigante (2010), apesar de conter mais de duas
otimizar os processos de forma que minimiza ou máquinas, segue a mesma lógica do algoritmo de
maximiza os indicadores de desempenho de Johnson. Sendo que no primeiro passo, utiliza-se
programação. Segundo Pinedo (2010) esses apenas o tempo de processamento da primeira e
indicadores são: tempo de espera, tempo de fluxo, última máquina e aplica-se o algoritmo. Em
tempo de atraso, número de ordens atrasadas e o seguida, será a soma da primeira e última máquina,
makespan (tempo necessário para conclusão de e da segunda e penúltima máquina. E os próximos
todas as tarefas abertas). passos seguem a Eq. (2) apresentada a seguir.
Os principais ambientes de programação são:
 Máquina única: quando apenas uma única
máquina é responsável pelo processo;
 Máquinas em paralelo: duas máquinas em
(2)
paralelo que realizam a mesma função, o job
passa pela qual estiver disponível;
O número de passos é dado por 𝑚 − 1
 Máquinas em série (flow shop): Todos os jobs
iterações, onde m é o número de máquinas e n é o
devem seguir o mesmo roteiro, ou seja, existe número de tarefas.
uma sequência pré-definida de máquinas. Calculando o maskespan para a sequência de
 Job shop: cada tarefa tem sua sequência, e os cada passo j, a solução que apresentar o menor
jobs podem passar pela mesma máquina mais makespan será considerada a solução ótima.
de uma vez.
Uma importante ferramenta visual para 3. METODOLOGIA
programação da programação é o Gráfico de Gantt,
que permite visualizar o início e fim das atividades Quanto ao procedimento, a pesquisa classifica-
e seu progresso (BARROS, 2002). Vale ressaltar se como um estudo de caso, que foi realizado em
que é um auxílio no sequenciamento e no controle, uma serralheria situada no sudoeste goiano. A
porém não é uma ferramenta de otimização. empresa atua tanto na cidade onde se localiza,
Segundo Slack, Chambers e Johnston (2002), o quanto nas cidades vizinhas. Dentre o seu portfólio
de produtos os principais itens são portões

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basculantes, de correr, de elevação, portões sociais, Quadro 2. Descrição das operações e respectiva
grades para fachadas, mezaninos e coberturas nomenclatura
metálicas para casas e empresas.
Operação Máquina
Como a empresa trabalha com itens totalmente Cortar as barras metálicas na medida do
personalizados, seguindo modelos e preferências 1
projeto
particulares de cada cliente, torna-se impossível Montar e soldar os componentes
levantar todos os produtos produzidos com as suas 2
metálicos
respectivas particularidades. Assim, para prosseguir Acabamento/lixamento 3
com a análise, foram escolhidos cinco produtos, Pintura 4
chamados neste trabalho como “jobs”. Estes cinco Fonte: Próprios autores (2019)
jobs representam as categorias de produtos que
mais são vendidos pela empresa, sendo A primeira operação (Máquina 1) consiste na
responsáveis pela parcela mais significativa do separação e corte das barras metálicas de acordo
faturamento. Outro aspecto que deve ser pontuado é com o tamanho e modelo do projeto apresentado
que cada um dos jobs representa o produto padrão pelo cliente. A segunda operação (Máquina 2)
daquela categoria, ou seja, a dimensão e modelo consiste na montagem dos componentes metálicos e
que tem maior demanda. a soldagem dos mesmos. A terceira etapa (Máquina
A presente pesquisa possui abordagem 3) refere-se ao acabamento e lixamento dos
quantitativa. A coleta de dados se deu no mês de ressaltos, rebarbas, quinas e pontos de solda. Na
maio de 2019. Para a obtenção dos dados foi última etapa, pintura, é feita a aplicação de um
realizada uma visita na empresa para conhecer o fundo preparador (Máquina 4).
processo de fabricação, sendo coletados os tempos A Tabela 1 apresenta o tempo de
de processamento e data de entrega dos jobs. O processamento dos jobs em cada máquina. O tempo
tratamento dos dados foi feito no software de setup (tempo de preparação) está incluso no
Microsoft Excel 2010®. Para o sequenciamento dos tempo de processamento. Supõe-se também que
jobs foram aplicadas as heurísticas de CDS e uma vez iniciado o trabalho, este é processado até o
Gupta, e os resultados foram comparados para seu término, sem interrupções. Como a execução
identificar aquela que resultou em menor das tarefas exige uma quantidade de tempo
makespan. significativa, foi representada em horas (h) para
melhor visualização.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Tabela 1. Tempo de processamento dos jobs
Os cinco jobs escolhidos para o presente estudo
são apresentados no Quadro 1.

Quadro 1. Relação dos produtos e respectiva


nomenclatura

Fonte: Dados da pesquisa (2019)

Para o sequenciamento dos jobs primeiramente


Fonte: Próprios autores (2019) utilizou-se a heurística CDS (Campbell, Dudek e
Smith), sendo os resultados das etapas apresentados
Todos os jobs listados aqui obedecem a uma nas Tab. 2, 4 e 6. Para as sequencias encontradas
sequência de produção do tipo flow shop, ou em em cada etapa foram calculados os tempos de fluxo
linha, onde existe uma sequência definida de (Tab. 3, 5 e 7), obtendo-se o tempo do makespan
operações, de tal forma que a operação seguinte só para cada uma das etapas da heurística CDS.
começa quando se conclui a anterior. Para o
Tabela 2. Heurística CDS – Etapa 1
presente estudo, cada operação foi aqui chamada de
“máquina”, conforme apresentado no Quadro 2. Por
exemplo, a operação de “cortar as barras” foi
chamada de Máquina 1.

Fonte: Próprios autores (2019)

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Tabela 3. Tempo de fluxo – Etapa 1 (CDS) o makespan, que também é de 40,75 horas, são
apresentados na Tab. 9.

Tabela 8. Heurística de Gupta

Fonte: Próprios autores (2019)

Tabela 4. Heurística CDS – Etapa 2


Fonte: Próprios autores (2019)

Tabela 9. Tempo de fluxo – Heurística de Gupta

Fonte: Próprios autores (2019)


Fonte: Próprios autores (2019)
Tabela 5. Tempo de fluxo – Etapa 2 (CDS)
Logo, ao analisar as heurísticas apresentadas,
obteve-se que a sequência J3 - J2 - J5 - J4 - J1
apresentou o menor makespan, de 40,75 horas, para
ambas as heurísticas.
Com o auxílio do software Lekin foi feito o
gráfico de Gantt para a sequência J3 - J2 - J5 - J4 -
Fonte: Próprios autores (2019)
J1, apresentado na Fig. 1. Para fazer o gráfico,
devido a limitações do software (que aceita apenas
Tabela 6. Heurística CDS – Etapa 3 números inteiros e no máximo com três dígitos),
fez-se necessário multiplicar o tempo de
processamento por dez e arredondar para um
número inteiro.

Figura 1. Gráfico de Gantt (sequência: J3-J2-J5-J4-J1

Fonte: Próprios autores (2019)

Tabela 7. Tempo de fluxo – Etapa 3 (CDS)

Fonte: Próprios autores (2019)

5. CONCLUSÕES
Fonte: Próprios autores (2019) A partir dos resultados obtidos nesse trabalho,
conclui-se que a empresa consegue minimizar o
A partir dos resultados apresentados nas Tab. 2 makespan a partir da aplicação dos métodos
a 7, as sequências obtidas nas etapas 1 e 3, pela heurísticos de sequenciamento.
aplicação da heurística CDS, foram as que Foi possível encontrar o tempo mínimo de
forneceram o menor valor de makespan (40,75 h). processamento, no valor de 40,75 horas, pelas duas
Posteriormente aplicou-se a heurística de heurísticas analisadas, já que a sequência de jobs se
Gupta, sendo o resultado apresentado na Tab. 8. A manteve a mesma, o que mostra que o objetivo do
partir do valor de Aj obteve-se a seguinte sequência trabalho foi atingido.
de jobs: J3 - J2 - J5 - J4 - J1. Os tempos de fluxos e

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Dessa forma a inserção dessas heurísticas no
planejamento da produção possibilita uma execução
otimizada dos itens fabricados pela empresa.
O estudo propicia, portanto, contribuição para o
setor empresarial, ao mostrar a importância do
correto sequenciamento da produção na melhoria
do indicador de desempenho makespan. Na área
acadêmica, o trabalho auxilia na compreensão do
assunto tratado em sala de aula como sendo prático
e eficaz para aplicação em uma situação real.

REFERÊNCIAS

BARROS, N. M. M. Mapas de Gantt e Redes


PERT. Escola Secundária de Emídio Navarro:
2002.

BONNEY, M. Reflections on production


planning and control (PPC). Revista Gestão &
Produção. Vol. 7, número 3, p.181-207, 2000.

FERNANDES, F. C. F. A Pesquisa em gestão da


produção: evolução e tendências. Rio de Janeiro:
ENEGEP, 1999.

FUCHIGAMI, H. Y. Introdução ao
sequenciamento da produção. Aparecida de
Goiânia: UFG, 2016. Material didático, versão 7.0

GIGANTE, R. L. Heurística Construtiva para a


Programação de Operações Flow Shop
Permutacional. Dissertação (Mestrado em
Engenharia de Produção). Escola de Engenharia de
São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos,
2010.

MOREIRA, Daniel Augusto. Introdução a


Administração da Produção e Operações. São
Paulo: Pioneira, OHNO, Taiichi. O sistema Toyota
de produção: além da produção em larga escala.
Porto Alegre: Bookman, 1997
PINEDO, M. Scheduling: theory, algorithms and
systems. New Jersey, Prentice-Hall. 4ª ed. 2010

SLACK, N., CHAMBERS, S., JOHNSTON, R.


(2002), Administração da Produção. 2ª Edição.
São Paulo, Atlas.

TUBINO, D. F. Manual de planejamento e


controle da produção 2. ed. São Paulo: Atlas,
2006.

RESPONSABILIDADE AUTORAL

“Os autores são os únicos responsáveis pelo


conteúdo deste trabalho.”

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PROCESSO DE GESTÃO DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO: UM ESTUDO
APLICADO

Dornelas, Ricardo Cruvinel, rcd.produtividade@gmail.com


Aguiar, Marcelo Henrique de Souza, marcelohenrique-sa@outlook.com1
Boaventura, Vinícius Martins, vinyboaventura@yahoo.com.br1
Metsavaht, Yan de Pádua Castro, yanmetsavaht@gmail.com1

1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Engenharia

Resumo: O presente trabalho foi desenvolvido na Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão e teve por
objetivo realizar visitas a uma loja de materiais de construção e coletar informações acerca de instruções de
manuseio durante o transporte, carga, descarga e o armazenamento destes materiais abordando precauções
como proteção de sol e chuva proteção contra deslizamento de sacos de cimento, métodos de pagamento aceitos,
preços e outras curiosidades. Por fim, foram comparadas as informações obtidas com as da Associação
Brasileira de Normas Técnicas. Percebeu-se que alguns materiais de construção são manuseados e/ou estocados
sem atender alguns requisitos de normas, no entanto, em função da alta rotatividade destes produtos, sua
qualidade não é afetada significativamente.

Palavras-chave: Materiais; Construção; Manuseio; Preços.

__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO Séculos se passaram até que a humanidade


chegasse em um patamar muito acima dos seus
ancestrais, com materiais de ponta que foram sendo
Desde as mais primitivas civilizações, o homem aprimorados e desenvolvidos com o auxílio das mais
sempre buscou melhorar tudo aquilo que lhe cercava, diferenciadas tecnologias. Tecnologias essas que
por necessidade ou conforto, de maneira a possuir foram surgindo através de materiais vindos da própria
uma vida cada vez mais sofisticada e com tudo de natureza e se popularizaram através de grandes
melhor que o planeta tem a oferecer através dos seus movimentos e Revoluções Industriais.
recursos naturais.
A minúscula parcela do processo de evolução do
A priori, os materiais eram empregados pelos homem citada já é o suficiente para que se possa
humanos da maneira como eram encontrados na perceber o quão importante é a Engenharia Civil, já
natureza, sendo apenas adaptados e/ou modelados que ela tem como finalidade e fornece ao mundo
para sua função específica, como por exemplo as inúmeros serviços que influenciam diretamente na
pedras, barro e madeira, e de acordo com a disposição das estruturas físicas da sociedade, através
necessidade do homem, novos materiais foram sendo das construções de quaisquer obras, como prédios,
criados com características mais adequadas às casas, pontes, aeroportos, rodovias e ferrovias,
exigências do ser humano, como a resistência, sistemas cruciais para o alojamento, trabalho,
duração e os padrões estéticos, como o concreto. deslocamento e interação de pessoas de regiões
diferentes. Até as mais simples construções envolvem

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conceitos estudados por qualquer aspirante ou Nos tópicos a seguir serão citados alguns
profissional da Engenharia Civil. materiais que são vendidos no local juntamente com
suas características.
O objetivo deste trabalho é conhecer o processo
de gestão de materiais de construção de uma loja
específica da cidade de Catalão-GO. 3.1. Cal

A cal é composta por óxido de cálcio e óxido de


2. CARACTERÍSTICAS E GESTÃO DOS magnésio e obtida através do aquecimento da pedra
MATERIAIS calcária em temperaturas próximas a 1000°C.

3.1.1 Aplicação
A Eldorado Materiais Para Construção, loja
objeto deste estudo, está situada na Rua 99-A, nº 65, A cal é utilizada na preparação de argamassa e
Qd. 05, Lt. 21 – Bairro Eldorado, CEP 75.710-885, emboço de paredes, sendo esta uma das últimas
em Catalão-Goiás e tem como nome de registro etapas realizadas em uma obra.
“MCA MATERIAIS PARA CONSTRUÇÃO
LTDA”. O proprietário é o senhor Mário de Castro e 3.1.2 Armazenamento
o gerente responsável pela unidade em questão é o Deve ser armazenada sobre estrados, em área
senhor Walter Prado. Os telefones para contato são coberta, ambiente seco e arejado.
(64) 3411-3062, (64) 3443-1561 e (64) 98147-2728.
Hoje a empresa conta com 23 funcionários e uma 3.1.3 Norma aplicável
filial localizada no município de Ouvidor-Goiás (rua
Neste caso aplica-se a NBR 7175 (2003): Cal
Maria Mesquita, n°85, centro). A loja está há 8 anos
hidratada para argamassa – Requisitos.
no mercado (desde 2011).
3.2 Areia e brita
Quanto a metodologia de compra do
estabelecimento, ele adquire seus materiais
diariamente, sempre em larga escala, tendo um Areia pode ser definida como sendo um conjunto
sistema de carregamento tanto manual quanto por de grânulos de natureza mineral, presente nos leitos
máquinas, para assim, de acordo com o porte e dos rios e mares, além de praias e desertos. Já as britas
característica do material serem empilhados no chão, são agregados artificiais de tamanho graúdo vindo do
prateleiras ou montes em seu depósito. basalto.
A Eldorado conta como um amplo espaço físico, 3.2.1 Aplicação
além de um depósito situado no bairro Flamboyant
(este para materiais como brita, areia e blocos A principal aplicação destes materiais em obras é
cerâmicos). Na loja em si, têm produtos diversos da na preparação de concretos.
construção civil à venda, enfileirados em prateleiras e
3.2.2 Armazenamento
um mostruário de cerâmicas, porcelanatos e
esquadrias, havendo ainda depósito amplo no fundo A Eldorado possui um depósito separado de sua
da loja, onde encontram-se canos, argamassas, loja física onde ficam armazenados materiais como a
materiais elétricos além de outros materiais vendidos areia e brita.
pelo estabelecimento.
3.2.3 Norma aplicável
Sobre as vendas, o gerente informou que o
transporte até o local que o cliente deseja é feito pela Neste caso aplica-se a NBR 7211 (2009):
loja utilizando caminhões truck, toco e ¾, Agregados para concreto.
pertencentes a própria loja, diminuindo gastos e
3.3 Cimento
aumentando a qualidade do serviço.

3. PRINCIPAIS MATERIAIS DISPONÍVEIS


Material de extrema importância e muito
utilizado em construções, o cimento é um pó fino
aglomerante formado por água, areia, brita, cal etc.

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3.3.1 Aplicação cúbicos de tábuas de madeira separados pelas
dimensões.
Utilizado em várias etapas e em todas onde se
utiliza o concreto. 3.4.3 Armazenamento

3.3.2 Compra A Eldorado transporta esse material em paletes e


seu descarregamento é feito com a utilização de
O cimento Portland é adquirido em paletes com empilhadeiras. Seu armazenamento é feito no
40 sacos de 50 kg ou 50 sacos de 40 kg envoltos com depósito localizado no fundo da loja em paletes e em
filme resinite para evitar deslocamento durante o local coberto de chuva para evitar que a madeira
transporte que é feito em carretas (neste transporte o “empene”.
material é coberto com lona).
3.4.4 Norma aplicável
3.3.3 Armazenamento
Neste caso aplica-se a NBR 9532 (1987): Chapas
O cimento é descarregado utilizando de madeira compensada.
empilhadeiras e armazenado em pilhas de até 2
paletes com 8 sacos de altura em local protegido de
sol e chuva e dispostos de maneira que os sacos mais
velhos são vendidos primeiro para evitar o 3.5 Bloco cerâmico
endurecimento do produto, conforme mostra a figura Os blocos cerâmicos, conhecidos popularmente
1. como tijolos, são blocos originados da argila
Figura 1. Armazenamento de cimento da loja. vermelha e cozido em fornos a temperatura de 950ºC.

3.5.1 Aplicação

A principal aplicação dos blocos cerâmicos é na


estrutura da construção (alvenaria), sendo o material
mais usado nas construções.

3.5.2 Armazenamento

O armazenamento desse material, conforme


Fonte: Acervo pessoal. mostra a figura 2, é feito em um depósito fora da loja,
exposto ao ar livre e em contato direto com o chão.
3.3.4 Norma aplicável
Figura 2. Armazenamento de bloco cerâmico.
Neste caso aplica-se a NBR 11578 (1997):
Cimento Portland composto.

3.4 Madeira

Material produzido a partir do tecido formado


pelas plantas lenhosas com funções de sustentação
mecânica
Fonte: Acervo pessoal.
3.4.1 Aplicação

Bastante utilizado na construção civil como 3.5.3 Norma aplicável


formas, matéria prima para esquadrias etc.
Neste caso aplica-se a NBR 15270 (2017): Bloco
3.4.2 Compra cerâmico para alvenaria de vedação.

Aquisição feita através de pinos com variadas


dimensões como 0.3 m x 0.025 m x 3.0 m, 0.25 m x
3.6 Revestimento cerâmico
2.5 m x 3.0 m, 0.15 m x 0.025 m x 3.0 m, dentre
outros, sendo composto por paletes com metros

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As cerâmicas para revestimento variam muito na Existem muitas maneiras de aplicação, mas
sua composição, mas a mais comum é a de argila. sempre é feita a limpeza da superfície e passadas mais
Depois é prensada e cozida em fornos de alta de uma mão para que a cor fique firme na superfície
temperatura elas são esmaltadas e decoradas de e cumpra bem sua função.
formas variadas.
3.8.2 Armazenamento
3.6.1 Aplicação
O armazenamento de tintas na loja é feito no
Esse material pode ser aplicado em chão, galpão ilustrado pela figura 3, que é conjugado com a
paredes, fachadas, coberturas e mais. Sua aplicação é loja física.
feita com argamassa colante e utilizando ferramentas
Figura 3. Armazenamento de tintas e outros produtos.
específicas para não estragar o material e não ficar
feio depois de aplicado, já que é, na maioria das
vezes, um material de decoração.

3.6.2Armazenamento

Esse material é estocado em um galpão


conjugado com a loja, mas cada tipo de peça é
exposto em um corredor na loja em prateleiras,
estantes e na parede mesmo.
Fonte: Acervo pessoal.
3.6.3 Norma aplicável

Neste caso aplica-se a NBR 13818 (1997): Placas 3.8.3 Norma aplicável
cerâmicas para revestimento.
Neste caso aplica-se a NBR 11702 (2011): Tintas
para construção civil – Tintas para edificações não
3.7 Bloco de concreto industriais – Classificação.

Os blocos de concreto têm um processo de 3.9 Telhas cerâmicas


fabricação bem menos complexo que os cerâmicos, As telhas cerâmicas também são consideradas
podendo ser em máquinas hidráulicas ou blocos cerâmicos, porém com formatos e finalidades
pneumáticas. diferentes.
3.7.1 Aplicação 3.9.1 Aplicação
Geralmente aplicados na parte estrutural, por ter As telhas cerâmicas têm papel fundamental em
uma resistência maior que os blocos cerâmicos. uma construção e é um dos materiais com uso
3.7.2 Armazenamento específico.

Esse material é armazenado no mesmo local e 3.9.2 Armazenamento


situação que os blocos cerâmicos. Esse material também é armazenado no mesmo
3.7.3 Norma aplicável local que os blocos cerâmicos e de concreto.

Neste caso aplica-se a NBR 15961 (2011): 3.9.3 Norma aplicável


Alvenaria Estrutural – Blocos de concreto. Neste caso aplica-se a NBR 15310 (2009):
Componentes cerâmicos - Telhas - Terminologia,
requisitos e métodos de ensaio.
3.8 Tintas
3.10 Telha Fibrocimento
Existem vários tipos de tintas, cada uma com uma
composição, para diversas finalidades, umas das Atualmente as telhas são feitas com fibra de
principais são o revestimento e decoração. polipropileno, pois anteriormente eram feitas com
amianto até que pesquisas comprovaram que essa
3.8.1 Aplicação substância causa uma doença pulmonar.

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3.10.1 Aplicação Tabela 1. Nível de atendimento dos materiais
Nível de atendimento
Geralmente são utilizadas em coberturas de NBR
galpões e edifícios. Material
Aplicável
3.10.2 Armazenamento
Cal 7175 x
As telhas de fibrocimento são armazenadas na Areia e Brita 7211 x
frente do estabelecimento, onde também é a garagem
da loja.
Cimento 11578 x
Madeira 9532 x
3.10.3 Norma aplicável Bloco
15270 x
Neste caso aplica-se a NBR 7581 (2012): Telha cerâmico
ondulada de fibrocimento. Revestimento
13818 x
cerâmico
Bloco de
15961 x
3.11 Argamassa concreto
Tintas 11702 x
Geralmente é uma mistura entre agregados,
Telha
aglomerantes e água. Podem conter aditivos também. 15310 x
cerâmica
3.11.1 Aplicação Telha
7581 x
Geralmente aplicada em revestimento ou como
fibrocimento
“cola” para cerâmicas de revestimento. Argamassa 13281 x
Org. Metsavaht, (2019)
3.11.2Armazenamento

Esse material é armazenado ao lado da loja, no


Figura 4. Legenda para Tabela 1.
galpão conjugado.

3.11.3 Norma aplicável

Neste caso aplica-se a NBR 13281 (2005):


Argamassa para assentamento e revestimento de
paredes e tetos - Requisitos.

Fonte: Metsavaht (2019)


4. ANÁLISE E DISCUSSÃO
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante o trabalho, foram analisados 11


materiais distintos a fim de averiguar seu correto Uma atividade sobre determinado assunto que
manuseio nas lojas de materiais de construção. A envolve visitas a locais onde são utilizados artigos
tabela 1 representa os resultados encontrados relacionados a tal tema traz aos integrantes muito
especificamente da loja estudada e a figura 4 serve conhecimento que geralmente não se obtém em sala
como legenda à tabela. de aula. É possível caracterizar e diferenciar as
propriedades dos diversos materiais de construção
civil, bem como, o seu comportamento quando
submetido a ação de agentes externos. Seguindo os
ensinamentos de Bauer (2008), as principais
propriedades dos materiais, que os diferem uns dos
outros, são: extensão; massa; peso; volume; massa
específica; peso específico; densidade; porosidade;
dureza; tenacidade; elasticidade; desgaste;
durabilidade; ductibilidade; maleabilidade ou
plasticidade.

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No tocante aos materiais abordados, foram Portland composto - Especificação. Rio de Janeiro,
apresentados aspectos relativos à sua importância, 1997.
manuseio, características e a sua aplicação. A loja
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
possui um local depósito de tamanho médio no fundo
TÉCNICAS (ABNT). NBR-11702: Tintas para
do estabelecimento principal e um outro depósito
construção civil – Tintas para edificações não
separado localizado no bairro Flamboyant onde
industriais – Classificação. Rio de Janeiro, 2011.
armazenam os materiais em grande escala. Os
materiais são divididos por tipo e marca, as diversas ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
prateleiras do estoque estão enumeradas e TÉCNICAS (ABNT). NBR-13281: Argamassa para
especificadas para se ter melhor facilidade de assentamento e revestimento de paredes e tetos -
encontrar o material quando necessário. Requisitos. Rio de Janeiro, 2005.

Relacionado à essa organização e a armazenagem ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS


dos materiais, consideramos que este é um dos pontos TÉCNICAS (ABNT). NBR-13818: Placas cerâmicas
fortes e positivos da empresa. O armazenamento é para revestimento. Rio de Janeiro, 1997.
feito de modo a não haver danificações e perdas de ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
materiais, todavia, alguns são estocados TÉCNICAS (ABNT). NBR-15270: Bloco cerâmico
erroneamente, levando-se em consideração as normas para alvenaria de vedação. Rio de Janeiro, 2017.
e especificações existentes. Por exemplo, os tijolos e
telhas são colocados diretamente no chão e ao ar livre, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
que pela normatização devem ser mantidos sobre TÉCNICAS (ABNT). NBR-15310: Componentes
estrados em local coberto. Outro exemplo é o cerâmicos - Telhas - Terminologia, requisitos e
cimento, estocado encostado na parede, a qual métodos de ensaio. Rio de Janeiro, 2009.
transfere umidade e danifica o material. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS (ABNT). NBR-15961: Alvenaria
Estrutural – Blocos de concreto. Rio de Janeiro, 2011.
AGRADECIMENTOS
BAUER, L.A.F. Materiais de Construção. v.2. 5ª
ed. Rio de Janeiro. LTC, 1994.
Ao professor Ricardo Cruvinel Dornelas, por CARASEK, H. Argamassas. In: ISAIA, G. C. (Ed.)
propor a realização do presente artigo e a equipe da Materiais de Construção Civil e Princípios de
loja estudada pela disponibilidade e atenção. Ciências e Engenharia de Materiais. Ipsis Gráfica e
Editora, São Paulo,2007. Cap. 26. p. 863 – 904.
CIPLAN. Cimento. 2011. Disponível em:
REFERÊNCIAS
http://www.ciplan.com.br/pt/produtos/cimento.
Acesso em: 22/11/17.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS FREITAS, J. A. Materiais de Construção.
TÉCNICAS (ABNT). NBR-7175: Cal hidratada para Universidade Federal do Paraná, 2013. Disponível
argamassas - Requisitos. Rio de Janeiro, 2003. em:http://www.dcc.ufpr.br/mediawiki/images/6/6b/T
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS C030_Aglomerantes_x.pdf. Acesso em: 22/11/18.
TÉCNICAS (ABNT). NBR-7211: Agregados para GUEDES, M.F. Caderno de encargos. 4ª edição.
concreto - Especificação. Rio de Janeiro, 2009. Aditivos. São Paulo, 2005. p. 31-35.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS HAGEMANN, Sabrina Elicker. Apostila de
TÉCNICAS (ABNT). NBR 7.581: Telhas onduladas Materiais de Construção Básicos. 2011. Instituto
de fibrocimento. Rio de Janeiro, 2014. Federal Sul-Rio-Grandense, Universidade Aberta do
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS Brasil: Pelotas – RS.
TÉCNICAS (ABNT). NBR-9532: Chapas de
madeira compensada - Especificação. Rio de Janeiro, RESPONSABILIDADE AUTORAL
1987.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
“Os autores são os únicos responsáveis pelo
TÉCNICAS (ABNT). NBR-11578: Cimento
conteúdo deste trabalho”.

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Mostra do PIBID

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A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO PARA A IMERSÃO DOS ALUNOS NO
PROCESSO DE LETRAMENTO LITERÁRIO

Vaz, Andressa Dias, andressa.vaaz@gmail.com¹


Santos, Gabriela Assunção²
Rodrigues, Vânia³
Carrijo, Silvana Augusta Barbosa4
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Letras e Linguística
²Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Letras e
Linguística
³Escola Municipal Nilda Margon Vaz
4
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Letras e Linguística

Resumo: Esse trabalho tem por finalidade relatar a importância do lúdico na participação dos alunos no
processo de letramento literário, além de pontuar como o professor, na figura do mediador, pode utilizar esse
mecanismo para otimizar o processo de ensino-aprendizagem de literatura. As atividades relatadas foram
realizadas durante a execução do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência –PIBID/ Letras-
Inglês da Universidade Federal de Goiás – Regional Catalão, no qual os graduandos aplicaram, juntamente
com a professora supervisora, Sequências Didáticas para alunos das turmas de 6º, 7º e 8º anos do Ensino
fundamental II. Essas sequências Didáticas tiveram como metodologia a exposição oral e multimidiática de
conteúdos, atividades de leitura e produção textual, atividades lúdicas e produção artística, como teatros e
desenhos. A partir das Sequências Didáticas desenvolvidas em sala de aula, foi possível observar, nas aulas que
contaram com ludicidade, um clima mais harmônico entre a turma e os professores e os alunos se mostraram
mais receptivos e mais empenhados com aquilo que era proposto. Assim sendo, constatou-se que o emprego de
atividades lúdicas pode atuar como um subsídio para se promover o letramento literário com crianças e
adolescentes, visto que esse tipo de atividade é bem recebido pelos alunos, despertando seu interesse pelos
assuntos e questões apresentadas e aprimorando sua capacidade cognitiva e sua formação leitora.

Palavras chave: Letramento literário. Lúdico. Ludicidade. PIBID.

_____________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO com atividades pedagógicas criativas, dinâmicas e


O presente trabalho visa a relatar a experiência lúdicas no ensino da Literatura para alunos de
de bolsistas e professora supervisora do Programa turmas de 6º, 7º e 8º anos do Ensino fundamental.
Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Este artigo trata daquilo que foi observado na
PIBID/ Letras-Inglês da Universidade Federal de condução das aulas: o desenvolvimento de
Goiás – Regional Catalão, que tem como subprojeto brincadeiras como ferramentas para aprimorar o
“Literatura na sala de aula: estratégias de leitura e ensino de literatura e o processo do letramento
escrita para o processo de letramento literário” 1, literário na sala de aula. Segundo Almeida;
coordenado pelos professores Silvana Augusta Gonçalves (2014, apud RODRIGUES. et al, 2015,
Barbosa Carrijo e Antônio Fernandes Júnior e p. 38812) “é importante resgatar os tempos, os
desenvolvido numa escola municipal em Catalão- espaços e os companheiros de brincadeiras para se
GO de setembro de 2018 a junho de 2019. Tal ter pessoas mais felizes, criativas, solidárias e
experiência proporcionou aos envolvidos o contato humanizadas”. Por esse viés, tem-se que a escola é
um lugar propício para proporcionar essa interação
1 Subprojeto aprovado conforme Chamada Pública lúdica como forma de aprendizado para crianças e
para Apresentação de Propostas ao Programa adolescentes.
Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência
(PIBID) – CAPES – Edital n. 7/2018.

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Assim sendo, é importante divulgar relatos que aprendizado para a vida, já que “é uma fonte de
exponham a necessidade dessa prática e como ela fruição permanente, necessária e enriquecedora”
pode contribuir de forma bastante positiva com a (ZYNGIER, 1997, p. 11).
experiência escolar tanto dos alunos como dos Apesar disso, sabe-se que o ensino de literatura
professores. e a formação de leitores é um desafio para a escola,
A finalidade desse trabalho, portanto, é relatar a mas segundo Zilberman (1998, p. 14), “[...] a sala de
importância do lúdico na participação dos alunos no aula é um espaço privilegiado para o
processo de letramento literário, atentando-se às desenvolvimento do gosto pela leitura, assim como
considerações de Antônio Cândido (1998) e Zyngier um importante setor para o intercâmbio da cultura
(1997) sobre a importância da literatura para o ser literária, não podendo ser ignorado, muito menos
humano e aos escritos de Rodrigues, et al. (2015) e desmentida a sua utilidade”. Ou seja, o processo de
Campêlo, et al. (2016) sobre lúdico e ludicidade. letramento literário deve ter a sala de aula como
Será discutido ainda, baseado em Matos (2013), cenário, unindo o ensino ao prazer do aprendizado
como o professor, na figura do mediador, pode por meio de estratégias diversas.
utilizar esse mecanismo para otimizar o ensino-
aprendizagem.
3. 1 O Pibid
2. METODOLOGIA:
O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação
Esse relato de experiência se baseia na vivência à Docência –PIBID proporciona o fortalecimento da
da aplicação das Sequências didáticas produzidas formação docente, uma vez que os alunos bolsistas
para o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação têm oportunidade de vivenciar as experiências do
à Docência –PIBID/ Letras-Inglês da Universidade cotidiano da sala de aula, participando de
Federal de Goiás – Regional Catalão, cujo intervenções metodológicas e pedagógicas,
subprojeto se intitula “Literatura na sala de aula: construção e execução de projetos, aprendendo a
estratégias de leitura e escrita para o processo de enfrentar e buscar soluções para eventuais
letramento literário”, coordenado pelos professores problemas que possam surgir. Além disso o
Silvana Augusta Barbosa Carrijo e Antônio Programa também contribui para que os professores
Fernandes Júnior e desenvolvido, numa escola supervisores, regentes das turmas, possam refletir
municipal de Catalão-GO, em sua primeira parte, de sobre suas práticas e aprimorá-las, principalmente
setembro de 2018 a junho de 2019. através do acesso às inovações da universidade.
Os alunos do Ensino Fundamental selecionados No curso de Letras-Inglês da Universidade
para participarem do programa pertencem às turmas Federal de Goiás – Regional Catalão, o Programa
de 6º, 7º e 8º anos do Ensino fundamental II. O tem como subprojeto “Literatura na sala de aula:
critério de inclusão foi o interesse em participar. estratégias de leitura e escrita para o processo de
As aulas foram planejadas com o intuito de letramento literário”, que é uma ótima oportunidade
formar leitores e a metodologia utilizada contou com para que os bolsistas coloquem em prática visões
exposição oral e multimidiática de conteúdos, sobre a literatura como a supracitada, de Antônio
atividades de leitura e produção textual, atividades Cândido (1998). Tal experiência nos proporcionou o
lúdicas e produção artística, como teatros e contato com atividades pedagógicas criativas,
desenhos. dinâmicas e lúdicas no ensino da Literatura para
alunos de turmas de 6º, 7º e 8º anos do Ensino
3. O PROCESSO DE LETRAMENTO fundamental.
LITERÁRIO Dessa forma, observa-se a importância das
leituras e estudos de textos propostos pelos
A literatura está presente no cotidiano do ser coordenadores do projeto e das reuniões semanais do
humano e “aparece claramente como manifestação grupo do PIBID, que ajudaram a fundamentar o
universal de todos os homens em todos os tempos. nosso projeto. Também foram de grande importância
Não há povo e não há homem que possa viver sem os estudos sobre as teorias das Sequências Didáticas,
ela, isto é, sem a possibilidade de entrar em contacto que segundo Dolz; Noverraz e Schnewly (2004, p.
com alguma espécie de fabulação” (CÂNDIDO, 97) “tem, precisamente, a finalidade de ajudar o
1998, p. 174). Essa afirmação se comprova a partir aluno a dominar melhor um gênero de texto,
do momento em que observamos que desde o permitindo-lhe, assim, escrever ou falar de uma
nascimento, o literário nos é exposto em filmes, maneira mais adequada numa dada situação de
peças teatrais, nas contações de histórias, cantigas comunicação”, aliados à experiência da professora
etc. Devido a isso, a literatura tem papel importante supervisora que já atua com essas sequências há
na formação do ser humano, e mais que apenas uma alguns anos.
matéria escolar, deve ser considerada um

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4. O LÚDICO E A LUDICIDADE
No Pibid, foram desenvolvidas três sequências
No período de aplicação das Sequências didáticas com os gêneros literários: contos/lendas de
Didáticas, observou-se que as aulas incrementadas terror, fábulas e poemas, cujo objetivo era despertar,
com o recurso da ludicidade se mostraram mais nos alunos, o gosto pela literatura, de forma lúdica,
bem-sucedidas, afinal as crianças estão o tempo todo com fruição e criatividade, possibilitando o processo
recorrendo à criatividade e à imaginação para do letramento literário em sala de aula. A seguir é
brincar, e essa diversão é muitas vezes aliada ao relatado como foram desenvolvidas as atividades
cognitivo ou seja, quando crianças, nós aprendemos propostas no planejamento e como elas contribuíram
brincando. Por que não trazer isso para a prática para o alcance dos objetivos do projeto.
docente?
Rodrigues et al. (2015) apresentam a etimologia 5. 1 Sequência didática 1: contos/lendas de
da palavra lúdico que vem do latim (ludus) e terror
significa brincar. Esse conceito refere-se a jogos,
brinquedos e brincadeiras, atividades que podem ser Essa sequência didática foi desenvolvida em
descritas, categorizadas e classificadas. Já a quatro aulas, com contação das histórias “A
ludicidade é um fenômeno no qual os conteúdos simpatia” e “Uma lágrima na parede” do livro, Sete
lúdicos são absorvidos pelo indivíduo através das histórias de gelar o sangue (2015) de Antônio
experiências vividas. Ora, se a ludicidade está Schimeneck, e também do conto “A velhinha do
realmente presente na vida dos seres humanos e está cemitério” disponível na internet (2016). A contação
ligada à sua capacidade cognitiva, “é importante aconteceu de forma bastante lúdica, na biblioteca,
resgatar os tempos, os espaços e os companheiros de que foi ambientada com música de suspense ao
brincadeiras para se ter pessoas mais felizes, fundo e elementos presentes nos contos, como:
criativas, solidárias e humanizadas” (ALMEIDA; vasos de cravos-de-defunto, uma réplica do quadro
GONÇALVES, 2014, apud RODRIGUES. et al, do Crianças chorando (1970) de Giovanni Bragolin,
2015, p. 38812) tornando a escola um lugar árvores secas, caixão, aranhas, morcegos, caveiras,
prazeroso para o aprendizado e o ensino mais etc. Na oportunidade, também foi realizada uma
atrativo e dinâmico. festa de Halloween na qual os alunos participaram
da confecção das ornamentações, vestiram fantasias,
4. 1 O trabalho do professor com a ludicidade pintaram o rosto e se divertiram ouvindo lendas de
terror e participando de brincadeiras típicas do dia
Outra questão a ser ressaltada, é o papel do das bruxas.
educador como mediador do conhecimento, já que
cabe a ele incentivar e conduzir as atividades lúdicas 5. 2 Sequência didática 2: fábulas
com a turma. Para isso, como diz Matos (2013), é
preciso que o mesmo compreenda bem seus alunos, A sequência didática sobre fábulas foi
os conteúdos e o processo educacional em si, pois só desenvolvida em cinco aulas. A atividade envolveu
assim o seu modo de ensinar contribuirá leitura, contação e produção de fábulas diversas e a
positivamente na sociedade. ludicidade se deu através da produção de teatro de
Feito isso, o professor deve selecionar varetas em que os alunos tiveram que criar, desenhar
atividades que despertem o maior interesse possível e construir as personagens (animais) de varetas e
nos alunos, utilizando-se de brincadeiras, jogos, apresentar o teatro para o grupo. Houve ainda
músicas e outros recursos que corroborem para um brincadeiras com ditados populares que serviram
aprendizado prazeroso. A respeito disso, Matos como mote para a criação de novas fábulas.
(2013) apresenta a seguinte reflexão:
5. 3 Sequência Didática 3: poemas
É através do lúdico que o educador pode
desenvolver atividades que sejam Essa sequência foi desenvolvida em dez aulas,
divertidas e que, sobretudo ensine os que visavam à compreensão do gênero poema,
alunos a discernir valores éticos e morais, expressão dos sentimentos e produção poética.
formando cidadãos conscientes dos seus
deveres e de suas responsabilidades, além
Dentre essas aulas, seis contaram com atividades
de proporcionar situações que [sic] haja lúdicas como brincadeiras em roda, atividades
uma interação maior entre professores e envolvendo musicalidade, e atividades extraclasse
alunos, em uma aula diferente e criativa, como teatro e visita a um parque da cidade, entre
sem ser rotineira (MATOS, 2013, p. 134). outras. Uma das brincadeiras de roda foi a do poema
presente, na qual os alunos foram sorteados para
5. A PARTICIPAÇÃO DOS ALUNOS NAS trocar poemas entre si. A atividade musical tinha
ATIVIDADES LÚDICAS PROPOSTAS como objetivo trabalhar a construção de rimas pelos

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estudantes, e isso foi feito por meio de uma criativas e dinâmicas para o letramento literário, a
adaptação da canção popular “Quem roubou pão na formação de leitores críticos e para despertar o
casa do João” (autoria desconhecida), na qual prazer e o gosto pela leitura. Além disso, o uso de
substituiu-se o verbo roubou por comprou. Fora da atividades lúdicas pode atuar como um subsídio para
sala de aula, os alunos tiveram contato com técnicas se trabalhar a literatura com crianças e adolescentes,
e dinâmicas teatrais e realizaram um piquenique visto que esse tipo de atividade é bem recebido pelos
poético no Parque Calixto Abrão (Catalão-GO), que alunos, despertando seu interesse pelos temas e
contou com oficinas e brincadeiras sobre poemas. questões apresentadas e aprimorando sua capacidade
cognitiva e estética.
6. A IMPORTANTE FATURA DO LÚDICO: Esse trabalho buscou relatar as experiências da
DOS RESULTADOS ALCANÇADOS professora supervisora, juntamente com as
pibidianas, com o lúdico, como se deu o seu
O PIBID proporciona aos graduandos a emprego e quais foram os benefícios por ele
oportunidade de aprender, a partir da observação e agregados no desenvolvimento de Sequências
da prática, como se dá funcionamento da sala de Didáticas que visaram a promover o letramento
aula, como os alunos recebem o conteúdo e as literário.
atividades propostos e como estar constantemente
melhorando sua conduta e o aprendizado. Desta REFERÊNCIAS
forma, foi constatado, no desenvolvimento das
Sequências Didáticas, que os alunos ficam mais BRAGOLIN, G. Crianças chorando. 1970. 1 tela.
receptivos e entusiasmados quando a aula permite Disponível em: http://bragolin.weebly.com/original-
que eles aprendam se divertindo e que a união do paintings.html. Acesso em: 05 out. 2018.
texto literário com atividades lúdicas, como jogos,
brincadeiras e intervenções dinâmicas, contribui CAMPÊLO, F. R. G. et al. Pibid: contribuições do
para que os alunos se envolvam mais nas atividades. ludo literário no desenvolvimento do gosto pela
Por se tratar de um trabalho especifico com a leitura. In: CONGRESSO NACIONAL DE
literatura, percebeu-se que é importante estar EDUCAÇÃO, 3., 2016, Fortaleza. Anais III
constantemente encorajando os alunos a exercitar a CONEDU. Fortaleza: Editora Realize, 2016.
imaginação e buscar atividades que coloquem em Disponível em:
prática o conteúdo, de forma que eles usem a http://www.editorarealize.com.br/revistas/conedu/tra
criatividade para produzir e assim, divertindo-se e balhos/TRABALHO_EV056_MD1_SA5_ID392_17
trabalhando artisticamente, entendam o gênero que 082016201759.pdf Acesso em: 19, ago. 2019.
foi trabalhado. Além disso, observou-se também a
proximidade que esse diferente cenário cria entre CÂNDIDO, A. O direito à literatura. In: ______.
alunos, estagiários e professores, e entre os colegas Vários escritos. 4 ed. São Paulo/ Rio de Janeiro:
de sala, facilitando o processo ensino- Duas cidades/ Ouro sobre azul, 2004. Disponível
aprendizagem. em:
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4208284/m
7. CONCLUSÕES od_resource/content/1/antonio-candido-o-direito-a-
leitura.pdf Acesso em: 18, ao.2019.
Considerando-se o objetivo do Pibid de formar
docentes qualificados para lidar com os desafios da CONTOS e lendas do halloween: A velhinha do
educação e, especificamente desse subprojeto, de cemitério. Astrocentro, 2016. Disponível em:
contribuir com o processo do letramento literário na https://www.astrocentro.com.br/blog/espiritual/ccont
sala de aula, torna-se necessário buscar estratégias o-e-lendas-halloween/ Acesso em: 05,out. 2018.
que fomentem o processo de formação leitora dos
alunos e da formação docente dos graduandos, além DOLZ, J.; NOVERRAZ, M.; SCHNEUWLY, B.
da formação continuada dos professores Sequência Didática para o oral e a escrita:
supervisores. A partir das Sequências Didáticas apresentação de um procedimento. In: DOLZ, J.;
desenvolvidas em sala de aula, foi possível observar, NOVERRAZ, M.; SCHNEUWLY, B. Gêneros orais
nas aulas que contaram com ludicidade, um clima e escritos na escola, Campinas, SP: Mercado de
mais harmônico entre a turma e os professores, por Letras, 2004, p. 95-128.
meio do qual os alunos se mostraram mais
receptivos e mais empenhados com aquilo que era MATOS, M. M. O lúdico na formação do educador:
proposto contribuições na educação infantil. Cairu em
Assim sendo, constatou-se que a ludicidade Revista. Jan 2013, Ano 02, n° 02, p. 133-142.
pode ser empregada como importante ferramenta Disponível em:
didático-pedagógica, resultando em atividades https://www.cairu.br/revista/arquivos/artiart/2013_1/

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09_LUD_FOR_EDU_133_142.ppd Acesso em: 17,
ago. 2019. SCHIMENECK, A. Uma lágrima na parede. In:
______. 7 Histórias de gelar o sangue. Porto
QUEM roubou pão na casa do João. Infantil: Temas Alegre: Besouro Box, 2015.
diversos. Disponível em: ZILBERMAN, R. Literatura Infantil na Escola.
https://letrasweb.com.br/temas-diversos/quem- 10° ed. São Paulo: Editora Global, 1998.
roubou-pao-na-casa-do-joao.html Acesso em: 20,
out. 2018. ZYNGIER, S. O lúdico, o imaginário e o pragmático
RODRIGUES, L. K. O. et al. A ludicidade na no ensino de literatura. Fragmentos. Florianópolis
literatura infanto-juvenil: o brincar como ferramenta v. 7 n.1 p.009-016 jul./dez. 1997. Disponível em:
e incentivo à leitura. In: CONGRESSO NACIONAL https://periodicos.ufsc.br/index.php/fragmentos/artic
DE EDUCAÇÃO, 12., 2015, Curitiba. Anais XII le/viewFile/6000/5549 Acesso em: 18, ago. 2019.
EDUCERE. Curitiba: Pontifícia Universidade
Católica do Paraná, 2015. Disponível em: RESPONSABILIDADE AUTORAL
https://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2015/21001_
9537.pdf Acesso em: 19, ago. 2019. “Os autores são os únicos responsáveis pelo
conteúdo deste trabalho”.
SCHIMENECK, A. A simpatia. In: ______. 7
Histórias de gelar o sangue. Porto Alegre: Besouro
Box, 2015.

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A IMPORTÂNCIA DO PROGAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE
INICIAÇÃO À DOCÊNCIA (PIBID) NA FORMAÇÃO DE FUTUROS
PROFESSORES
Santos, Heliany Pereira dos. helianyps@yahoo.com.br, Professora da Licenciatura em Educação Física
da UAE de Biotecnologia, UFG/RC. Orientadora do bolsista do PIBID1

Aires, Jamilson, Jamil.aires@hotmail.com, Monitor PROVEC 2018-2019, Monitor PROBEC 2019-


2020 e PIBID 2018-2019, respectivamente1
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/UAE de Biotecnologia – Licenciatura em Educação
Física.

Resumo: Este trabalho apresenta um pouco da vivência com a Docência enquanto acadêmico do Curso de
Educação Física da Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão na escola Municipal Nilda Margon Vaz, a
partir da proposta do PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência) cujo objetivo principal
é aprender a ser professor. A definição do método utilizado buscou refletir sobre as possibilidades de ensinar
Jogos e Brincadeiras Populares na Educação Infantil a partir da abordagem Crítico Superadora. As aulas
foram desenvolvidas no 2º ano do ensino fundamental (turma mista) duas vezes por semana durante
aproximadamente 1:30 min. Percebemos que no início houve certa dificuldade quanto a ser professor e
ministrar aulas, sentindo-se acanhado com a presença do professor regente na sala, mas aos poucos superamos
os obstáculos e adquirimos mais confiança em ser professor e também par orientar os alunos e alunas nas
atividades previstas. Como conclusão percebemos que a intervenção do PIBID está cumprindo um importante
papel em propiciar o ensino do conteúdo de Jogos e Brincadeiras Populares na educação infantil com
qualidade, bem como na formação de professores para atuar na educação básica.

Palavras-chave: Programa Institucional de bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) 1. Formação de.


Professores 2. Jogos e Brincadeiras 3.
_________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO parágrafo acima e sendo reafirmado aqui,


aprendemos mais quando ensinamos. É fundamental
Ser professor é conseguir transmitir ao outro, o que os professores tenham uma certa segurança de si
aluno um conhecimento científico elaborado com a e do que está ensinando, porque é essa segurança
finalidade de acúmulo de conhecimento produzido que transmite ao aluno o respeito e a confiança.
histórico e culturalmente pela humanidade. Para Quando o professor não garante a transmissão de um
tanto é necessário que passemos por um processo de conteúdo sistematizado ele anula sua posição e
formação, sendo assim a educação se concretiza e autoridade como professor, lembrando que o
materializa com essa relação do professor com o professor deve ser generoso e humilde e não o dono
aluno. Para educar não é necessário ter uma da verdade.
graduação ou curso específico, pois podemos ser Às vezes ser professor ou mesmo exercer o
educadores, porém para sermos professores é magistério significa também mostrar que não se sabe
necessário um processo formativo que pode ocorrer tudo, então quando um aluno pergunta algo que ele
em qualquer momento da vida, mas o essencial é não sabe, o professor deve ter maturidade e
que passamos um determinado conhecimento humildade suficiente para dizer que também não
sistematizado à outra pessoa, e nesse processo sabe, mas que vai pesquisar e assim ele está dando
aprendemos mais. crédito ao aluno que ele é um professor que busca
No dizer de Freire (2002) O professor e aluno conhecimento, pois isso é melhor que dá uma
são sujeitos ativos no processo de ensino e resposta falsa. O processo de ensinar exige
aprendizagem, um não existe sem o outro, ambos compreender que a educação é uma forma de
são peças fundamentais nessa engrenagem. Mesmo intervenção no mundo para a transformação, não
que o professor seja um grande pesquisador ou podemos ter como embasamento os conhecimentos
estudioso de determinados assuntos, se ele não tiver mecanicistas porque reduzem o reflexo da nossa
alguém como aluno ele nunca irá se desenvolver em consciência, portanto, é sempre bom criar e
seu total potencial porque como foi dito no transformar porque às vezes se aprende mais nessa

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transformação e até aproxima mais o aluno do Uma das manifestações desse fluxo de
professor. modernização encontra-se no conjunto de
Segundo Freire (2002) O processo de ensinar 26 iniciativas que dão forma a programas
exige consciência de que tudo é inacabado, ou seja, governamentais implementados pelo MEC
e destinados à formação de professores,
dizer que o homem é um ser inacabado porque entre os quais se insere o Programa
sempre estará em processo de transformação, só a Institucional de Bolsa de Iniciação à
educação é permanente. Ensinar exige autoridade e Docência (PIBID). O volume das ações em
não autoritarismo, quando o professor tem desenvolvimento no país permite afirmar
autoridade ele tem domínio sobre o que ensina. que o Poder Público tem sido pródigo na
Quando o professor se dirige ao aluno nestes termos, formulação de políticas destinadas a esse
ele também o estimula a buscar e ampliar o segmento profissional. (FARIAS,
conhecimento, sem que se sinta oprimido e sim ROCHA, 2012, p. 05).
aceito e importante no grupo e o estímulo a
emancipação do aluno é necessário nessa troca. Destacamos que o PIBID é muito importante
Ainda, de acordo com Freire (2002) ensinar para a formação inicial de futuros docentes porque
exige segurança, por isso é preciso ter competência ele os prepara para o exercício do magistério antes
profissional e ser generoso, saber que não se sabe mesmo de chegarem aos estágios obrigatórios
tudo e com isso poder aprender com o aluno, porém previstos para a Licenciatura, onde também dá uma
ser professor exige comprometimento, exige contribuição para a carreira de futuros professores.
compreender a educação como uma forma de
intervenção no mundo, exige liberdade e autoridade Articulação entre teoria e prática,
capacitação em serviço, aproveitamento da
ao mesmo tempo, para o autor a liberdade é formação e de experiências de ensino e
importante, mas é necessária a autoridade do desenvolvimento de competências são
professor dentro da sala de aula, autoridade esta algumas das palavras-chave da reforma e
distinta de autoritarismo, pois exige saber escutar da política destinada à formação de
não apenas falar, não ser um transmissor apenas, ter professores no contexto brasileiro nesses
uma postura dialógica e dialética para que abrir a dois últimos decênios (1990 a 2010),
escuta aos saberes do aluno e às vezes as aflições visando alinhá-la às exigências da
que os rondam, exige reconhecer a educação como realidade social. Havemos de esperar que
algo ideológico e reconhecer as forças que exercem tais elementos conceituais se manifestem
nas ações encaminhadas pelo Poder
poder sobre a mesma, reconhecer que a educação
Público, entre os quais se encontra o
está cheia de interesses burgueses e fazer com que Programa Institucional de Iniciação à
seja realmente uma ferramenta na transformação do Docência (PIBID) […] (FARIAS
cidadão. Se houver consciência dessa condição será ROCHA, 2012, p. 06 e 07).
capaz de fazer a transformação social, exigindo
disponibilidade para novos e abertos diálogos e Segundo Farias (2006) o sucesso do PIBID
também o querer bem dos alunos. para deixar forte a formação inicial de futuros
Conforme a citação anterior essa atitude docentes é promover o trabalhar de forma integrada
também provocará um profissional mais atuante e aos anseios da escola, incluindo mudanças na sala de
consciente do seu papel social, buscando garantir os aula e na forma de aprendizagem dos alunos.
seus direitos profissionais e em conseqüência uma Quando se distancia as Universidades das
educação de qualidade. escolas instala-se um problema no modelo de
O PIBID é oriundo de uma aposta do Governo formação de futuros professores/as. Podemos ver
Federal visando promover uma ampliação na que os cursos de formações de docentes ficam
formação inicial de professores no país, essa ação ligados aos modelos que idealizam alunos e
envolve atitudes que valorizam e reconhecem a professores e desse cenário.
licenciatura como importante para a formação de
professores. Um dos objetivos do PIBID é estimular [...] resulta nosso interesse em conhecer e
o magistério através de intervenções em escolas acompanhar algumas iniciativas recentes
públicas onde os alunos do projeto, chamados em políticas públicas no Brasil, que vêm
pibidianos/as em conjunto com os docentes da tentando aproximar os diferentes espaços
instituição de ensino superior e que receberá o de formação e promover a inserção dos
alunos de licenciatura em escolas públicas,
programa tenham oportunidades de aprofundar
ainda durante a formação inicial. Essa
conhecimentos relativos e específicos nas diversas prática estreita as relações entre teoria e
áreas de formação. A iniciativa do programa prática, sugerindo novas possibilidades de
segundo Farias e Rocha (2012, p. 05). formação, com maior articulação entre os
espaços de aprendizado da docência.
(AMBROSETTI, et al, 2013, p.153).

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Então aproximar acadêmicos da licenciatura e nos propomos a desenvolver com eles. Destacamos
o campo escolar é de suma importância, pois é lá que nesse processo de conquista, o professor
que se aprende a ser professor e não ficar só na supervisor torna-se figura importantíssima
teoria e/ou atividades restritas a Universidade, pois: auxiliando-nos e orientando-nos nas atitudes e
posturas cabíveis em cada situação vivida
Escola é lugar de aprender. E de ensinar. É cotidianamente.
também lugar de tomar merenda, de jogar Para a definição da metodologia a ser utilizada
futebol, de fazer fila, de ficar triste ou se nas aulas buscamos embasamento teórico em três
alegrar. As crianças escrevem, somam ou
subtraem, copiam, perguntam. Elas
eixos básicos: infância, ludicidade e corpo. Em
brigam, choram, se machucam. Fazem atendimento a esses eixos a abordagem que mais se
grandes amigos. O professor explica a aproxima dos objetivos traçados é a critico
lição, lê histórias, pega na mão da criança superadora, pois segundo Silva (2005), é papel de o
que começa a escrever. Ele também grita, professor fazer uma intervenção qualitativa
fica bravo, perde a calma. Tem que fazer orientada nesse processo com o objetivo de fazer
chamada, corrigir prova, preparar aula, com que a criança supere a tendência de agir de
preencher papelada. As crianças às vezes forma “solitária” e aprenda se relacionar
têm fome, às vezes estão doentes, às vezes interativamente com seus pares e com outros mais
estão sadias e felizes. De onde elas vêm?
Do bairro ao lado, da favela ali em cima,
experientes.
do outro lado da avenida, do sítio a alguns Para o Coletivo de Autores (2002) a Educação
quilômetros. Falta lápis e, por vezes, até o Física é uma disciplina que na escola deve propor
sapato. Trinta (ou quarenta?) em cada sala. atividades relacionadas com a cultura corporal de
Lousa nova, lousa gasta. Carteiras meio movimento em que o jogo e a ludicidade aparecem
quebradas. O diretor se preocupa com a como eixos centrais no processo formativo do
reforma do prédio, orienta e fiscaliza os aluno/a.
professores, tem um monte de papel para Ao definirmos essa abordagem percebemos
assinar, é homenageado na formatura. Na também, que a mesma também se relaciona com o
escola tem mais gente: merendeira,
que está proposto na Base Nacional Comum
servente, secretário, inspetor... O salário
está baixo. A vida está dura. Mas escola é Curricular (BNCC), documento que orienta o edital
lugar de ensinar e de aprender do PIBID que propõe aulas voltadas para a
(FONTANA; CRUZ, 1997, p.3). “formação humana e integral orientada pelos
princípios éticos, políticos e estéticos, visando à
Portanto, é lugar de aprender a ser professor e a construção de uma sociedade justa, democrática e
lidar com as adversidades da vida e das pessoas. inclusiva.” (BRASIL, 2017, p. 07).
Como o objetivo é aprender a ser professor é A turma definida é do 2° ano do Ensino
importante aprender como proceder dentro da sala Fundamental, cujo horário previsto é na segunda
de aula na forma do mesmo, então a oportunidade feira das 13:48 às 14:36 e na quarta das 15:45 às
oferecida pelo PIBID nos ajudarão a atingir esse 16:27. A turma é composta por 22 alunos sendo 11
objetivo. meninos e 11 meninas, todos/as moradores das
proximidades da escola.
2. METODOLOGIA As intervenções na escola iniciaram em
29/05/2019, e a proposta de aulas foi definida a
A escola definida para a intervenção é uma partir das experiências do próprio professor
escola municipal localizada na cidade de pibidiano sob a orientação do professor supervisor
Catalão/GO, situada na parte sul e configura-se em relação à definição dos conteúdos a serem
como uma região periférica. Nela estudam muitos tratados. Para a elaboração das aulas, buscou-se
alunos carentes financeiramente sendo ofertados ainda, ouvir as experiências dos próprios alunos/as
desde o Ensino Fundamental - Anos Iniciais ao para a elaboração das aulas subseqüentes.
Ensino Fundamental - Anos Finais, tem 13 salas de A primeira aula caracterizou-se pela
aulas, são uma média de 75 funcionários sendo que apresentação entre professor e alunos/as, já a partir
50 ou 60 professores e os outros compõem o quadro da segunda aula o objetivo foi ampliar o repertório
de funcionários e aproximadamente 730 alunos. As motos e estimular a vivência de jogos e brincadeiras
intervenções acontecem na segunda e na quarta no populares. Inicialmente definimos as atividades
horário de Educação física. A turma inicialmente foi coelhinho sai da toca, casamento chinês, tocar o
apresentada como difícil e com comportamentos cego, pega-pega sobre as linhas da quadra e corre
exaltados, porém estava posto o desafio, pois nosso cotia.
papel enquanto professores não é conter ou controlar Após a nona aula reiniciamos as aulas na
os alunos/as, e sim conquistá-los aproximando-nos e escola com uma atividade de pintura onde foi
transmitindo competência e segurança naquilo que priorizada uma representação das ferias vividas a

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partir de desenhos. Após a décima aula retornamos 4. REFERÊNCIAS
com a proposição de jogos e brincadeiras populares,
na oportunidade propomos atividades como corre AMBROSETTI, Neusa Banhara, et al.
cotia, bandeirinha e carimbada, ambas adaptadas a Contribuições do PIBID para a formação inicial de
idade dos alunos/as. professores: o olhar dos estudantes. Educação em
Perspectiva, Viçosa, v. 4, n. 1, p. 151-174, jan./jun.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS 2013).
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular.
O que observemos a partir do programa PIBID Ministério da Educação, 2017.
é que o mesmo abre possibilidades de futuros FARIAS, Isabel Maria Sabino de. ROCHA, Cláudio
docentes adquirirem muitas compreensões sobre a César Torquato. PIBID: Uma política de formação
forma de construção do aprendizado, estreitando as docente inovadora? Revista Cocar. Belém, v. 6,
relações entre universitários e ambiente escolar, n.11, p. 41-49 | jan-jul 2012. Universidade Estadual
oportunizando experiências ricas para a formação do Ceará.
profissional. FARIAS, Isabel Maria Sabino de. Inovação e
Considerar, portanto, que o PIBID transforma e mudança: implicações sobre a cultura dos
ressignificar a formação do docente buscando professores. 2002. Tese (Doutorado em Educação).
relacionar a teoria e a prática, porque as experiências Faculdade de Educação, UFC, Fortaleza, 2002.
vivenciadas na escola contribuem para a solução de ________. Inovação, Mudança e Cultura Docente.
muitos dos problemas das escolas, de alguns Brasília: Líber Livro, 2006.
professores e participantes do programa, FONTANA, R. A. C. e CRUZ, M. N. da. Psicologia
preparando-os para solucionar ou lidarem melhor e trabalho pedagógico. São Paulo: Atual, 1997.
com as circunstancias apresentadas fazendo a FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes
mediação necessária no processo de ensino. necessários à prática educativa-21ª Edição- São
Avaliamos subjetivamente que as aulas Paulo. Editora Paz e Terra, 2002.
ministradas atingiram os objetivos propostos, pois é SILVA, Eduardo Jorge S da. A Educação Física
notória a ampliação dos conhecimentos relacionados como componente curricular na Educação Infantil:
ao tema jogos e brincadeiras populares. Tal elementos para uma proposta de ensino. Revista
afirmação pode ser comprovada no aumentando do Brasileira de Ciências do Esporte, Campinas, v.26,
repertorio motor das crianças. Dessa forma e a partir n.3, p. 127-142, maio, 2005.
da abordagem teórico/metodológica utilizada,
consideramos que os alunos/as conseguiram aliar a RESPONSABILIDADE AUTORAL
vivencias entre jogos e brincadeiras com a aquisição
de um conhecimento significativo para a idade. “O(s) autor(es) é(são) o(s) único(s) responsável(is)
pelo conteúdo deste trabalho”.
AGRADECIMENTOS

A Professora Heliany Pereira dos Santos, pela


paciência e incentivo durante o andamento do
programa PIBID.

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A INSERÇÃO DE ATIVIDADES EXPERIMENTAIS NO ENSINO DE
CIÊNCIAS: EXPERIMENTAÇÃO COMO METODOLOGIA
FACILITADORA DE APRENDIZAGEM EM NÍVEL FUNDAMENTAL

Silva Junior, Domingos Lopes, domingosjr@gmail.com


Avelar, Patrícia Firmino de, patriciafavelar@gmail.com 1
Barros, Natália Cristina Araújo, naaharaujo065@hotmail.com 1
Godinho, Gabriel Henrique, gabriel_legal132@hotmail.com 1
Lamin, Lucas Matheus Cardoso, xbx4pjx@outlook.com 1
Lopes, Lucas Borges, lucasborgeslps18@hotmail.com 1
Santos, Rosana Sales dos, rohsallys01@gmail.com 1
Rodrigues, Maria Aparecida, coisasdeliciosas@yahoo.com.br 2
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Física
2
Colégio Estadual Dona Iayá/Catalão – Goiás

Resumo: O presente trabalho está sendo desenvolvido na cidade de Catalão – GO, e tem como objetivo
compreender a experimentação como metodologia facilitadora de aprendizagem analisando sua aplicação em
uma turma de nível fundamental, de um colégio público na cidade de Catalão - Goiás, e avaliando sua eficácia
para compreensão de conteúdos aplicados aos alunos. Trata-se de uma abordagem qualitativa visando a não
utilização de métodos estatísticos para colher dados, e sim, procurando entender, descrever e explicar os fatos
estudados em campo. Podendo vir a ser uma oportunidade, para educadores e gestores que trabalham ou
venham a trabalhar no mundo da Educação e para alunos que carecem de aprimoramento no método de buscar
conhecimentos, de obterem informações sobre a experimentação como metodologia facilitadora na
aprendizagem.
Palavras-Chaves: Experimentação. Aprendizagem. Física.

_________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO também tem um grande desafio cada vez mais


imposto sobre os professores e a escola em si, o de
O ensino da Física, dentro dos colégios, ter a competência em desenvolver aluno com
encontra dificuldades para despertar o interesse nos capacidade em participar e se relacionar em um
alunos usando somente os métodos tradicionais, mundo global, onde precisa ter habilidade de ser
como por exemplo, a grande “matematização” da criativo, flexível e de encontrar com rapidez
Física fazendo com que o aluno apenas decore soluções para as possíveis barreiras que possam
fórmulas sem entender o porquê de usá-las e de surgir em seus caminhos.
onde elas surgiram, não o motivando para aprender Tornando então, indispensável, que os
buscando conhecimentos através de pesquisas e professores estejam capacitados e utilizem de
diálogos em grupo dentro da sala de aula. É metodologias capazes de preparar seus alunos,
necessário buscar alternativas que interagem os procurando fazer com que eles pensem e
alunos entre si, mostrando a Física de uma forma procurarem soluções para os problemas em sala de
que o aluno consiga vê-la no seu dia-a-dia, para aula, treinando cada vez mais suas capacidades de
mantê-lo motivado a obter conhecimentos diante da obterem conhecimento em grupos e/ou sozinhos,
curiosidade despertada dentro da sala de aula. para atualizar e aprofundar seus conhecimentos.
É de suma importância ressaltar que as Cada vez mais, os professores possuem
metodologias utilizadas em disciplinas que uma grande dificuldade em mudar essa realidade
envolvem Ciências têm caráter “robotizado”, como dentro do cenário que envolve a educação pública,
citado acima a grande “matematização” utilizando pois essa mudança vai além da metodologia
fórmulas sem demonstrar o verdadeiro por que de utilizada pelos professores, há uma necessidade de
usá-las, não preocupando em relacionar Ciência mudança nos hábitos dos alunos para que eles
como algo presente em nosso dia a dia. (SILVA, participem ativamente das aulas. Tornar as aulas
SOUSA, 2016) mais interativas utilizando experimentos e fazer
A Educação, principalmente dentro dos com que os alunos participem se interagindo entre
colégios públicos, além de precisar seguir todo um si, é uma alternativa que pode funcionar
esquema programático durante o ano letivo, despertando ânimo, interesse, curiosidade e

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motivação nos alunos, para que possam obter ainda O objetivo geral deste trabalho é
mais conhecimento dentro da sala de aula. compreender a experimentação como metodologia
A maneira de ensinar física precisa ser facilitadora de aprendizagem analisando sua
reestruturada, da mesma maneira que a conduta dos aplicação em uma turma de nível fundamental, de
alunos diante das aulas, havendo a necessidade de um colégio público na cidade de Catalão - Goiás,
estudar e buscar conhecimentos fora da sala de avaliando então, sua eficácia para a compreensão
aula. de conteúdos aplicados aos alunos.
Conforme Schewahn e Oaigen:
Embora atividades experimentais aconteçam 2.2 Objetivos Específicos
pouco, tanto em espaços destinados para este fim
ou mesmo nas salas de aulas, a maioria dos ● Analisar os conceitos de experimentação;
professores acredita que esta pode ser a solução a ● Compreender a importância da relação
ser colocada em prática. (SCHEWAHN; OAIGEN, professor - aluno e aluno - aluno dentro de
2009, p. 02). uma sala de aula juntamente com o uso de
Observando os aspectos aqui citados, para atividades experimentais;
incentivar os alunos criarem interesse e curiosidade ● Analisar ao final da aplicação se a
em entender e aprender a Física no mundo em que metodologia escolhida gerou resultados
estão, estimular a autonomia, procurar uma positivos diante das perspectivas
alternativa para fazer com que eles coloquem em observadas dentro da sala de aula,
prática seus conhecimentos e a interação professor juntamente com a professora orientadora
- aluno/aluno - aluno, que buscamos encaixar a presente durante a aplicação da
experimentação como metodologia facilitadora de metodologia.
aprendizagem, visando responder ao máximo de
necessidades que o ensino dentro de um colégio 3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
público possui, estando cada vez mais rígido e
heterogêneo dentro de um mundo bastante As atividades experimentais devem ser
competitivo. implantadas em salas de aulas buscando alcançar
Diante deste contexto, foi proposto o alguns objetivos e também, desenvolver
seguinte problema de pesquisa: De que forma a habilidades importantes nos alunos. Tais
experimentação pode contribuir para o ensino da habilidades e objetivos foram ditas por Nedelsky
Física dentro dos conhecimentos já obtidos em (1965) durante décadas atrás, porém, perduram até
ciências, no ensino em nível fundamental em um os dias atuais.
colégio público na cidade de Catalão - Goiás? Conforme Schwahn e Oaigen:
Os objetivos e habilidades propostos por Nedelsky,
1.1 Justificativa para laboratórios, de modo geral estão listados
resumidamente, abaixo:
Em busca de possíveis soluções para o a) Conhecimento/compreensão verbal e
problema proposto, esta pesquisa pode vir a ser matemático (informação sobre leis e
uma oportunidade, para educadores e gestores que princípios, teorias, fatos);
trabalham ou venham a trabalhar no mundo da b) Generalização empírica;
Educação e para alunos que carecem de c) Conhecimento e compreensão do laboratório;
aprimoramento no método de buscar d) Habilidade de aprender a partir de observação
conhecimentos, de obterem informações sobre a e da experimentação. (SCHWAHN; OAIGEN,
experimentação como metodologia facilitadora na 2009, p. 5).
aprendizagem. Analisando o que foi citado por Shwahn e
No meio acadêmico espera-se que esta Oaigen (2009) podemos observar a importância do
pesquisa desperte o interesse de alunos e último item, onde ressalta a habilidade de aprender
professores sobre este tema de modo que outros a partir de observação e da experimentação, que
estudos venham a serem feitos, o que é necessário deve ser implantado no ensino básico público com
porque a quantidade de estudos sobre a o intuito de auxiliar os alunos para melhor absorção
experimentação para o ensino da Física ainda é do conteúdo a ser trabalho.
pequena. A difusão do assunto também favorecerá A grande maioria dos colégios públicos
a formação de profissionais capacitados, dos quais não possui laboratórios de Química, Física ou
o mercado necessita. Biologia, sendo necessária a aplicação de
atividades experimentais dentro de salas de aulas,
2. OBJETIVOS dificultando então o desenvolvimento dos objetivos
e habilidades que Nedelsky sugere em seus
2.1 Objetivo Geral estudos. (SHWAHN, OAIGEN, 2009)
Durante a formação acadêmica dos
professores, sempre é visível a importância e

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vontade em aplicar uma metodologia que seja utilizando a experimentação de forma conjunta a
eficaz dentro de suas respectivas turmas escolar, teoria e não de forma fragmentada, buscando
porém os professores após terem sido licenciados, amenizar a dificuldade da aprendizagem que
pouco discutem e buscam tal aplicação em seus surgem diante de alguns conceitos.
colégios, seguindo toda a aula programática e
robotizada que dificulta o aprendizado em Ciências 4. METODOLOGIA
como um todo.
A experimentação busca justamente Esta fase busca qualificar a pesquisa
despertar motivação nos alunos, em aprender e apontando qual a metodologia utilizada, tende a
buscar conhecimentos fora do âmbito natural garantir a exatidão científica do trabalho. Essa
dentro do colégio, consequentemente causará pesquisa será desenvolvida com o objetivo de
motivação nos educadores em ensinar, buscar analisar a experimentação como metodologia
novas atividades experimentais, novos métodos de facilitadora de aprendizagem no ensino de ciências
ensino, novos recursos podendo abrir um leque em nível fundamental, aplicada em um colégio
maior para suas habilidades adquiridas dentro do público na cidade de Catalão - Goiás e podendo vir
meio acadêmico. servir de exemplo para futuros trabalhos, para
Ao aplicar atividades experimentais profissionais do ramo da Educação inseridos no
juntamente com seu método de ensino, os mercado e até mesmo alunos.
professores conseguem com que a experimentação A metodologia é uma palavra decorrida de
torne uma metodologia facilitadora de “método”, do latim “methodus” cujo significado é
aprendizagem, contribuindo para o “passagem ou acesso para a concretização de algo”,
desenvolvimento de seus alunos. Conforme ou seja, para alcançar um determinado fim ou obter
Amaral: certo conhecimento.
[...] ajudar a compreender as possibilidades e os Este trabalho visa produzir conhecimentos
limites do raciocínio e procedimento cientifico, científicos através de pesquisa. O conjunto
bem como suas relações com outras formas de constitui a metodologia. A classificação dessas
conhecimento; criar situações que agucem os técnicas e procedimentos cria vários tipos de
conflitos cognitivos no aluno, colocando em pesquisa que podem ser combinados entre si para
questão suas formas previas de compreensão dos se alcançar os objetivos determinados. A
fenômenos estudados; representar, sempre que importância em se estudar, entender e explicar o
possível, uma extensão dos estudos ambientais tema, aplicando em uma turma específica de nível é
quando se mostrarem esgotadas as possibilidades uma pesquisa qualitativa com finalidade explicativa
de compreensão de um fenômeno em suas que, conforme Bruchêz; d’Avila; Castilhos e Olea:
manifestações naturais, constituindo-se em uma [...] Visa entender, descrever e explicar fenômenos
ponte entre o estudo ambiental e o conhecimento sociais de modos diferentes, através da análise de
formal. (AMARAL,1997, p. 14). experiências individuais e grupais, exame de
interações e comunicações que estejam se
desenvolvendo, assim como da investigação de
Por fim, vale ressaltar que as atividades documentos (texto, imagens, filmes ou músicas) ou
experimentais devem ser utilizadas para o ensino trações semelhantes de experiências e integrações
de Ciências em qualquer tipo de colégio, seja [...] (BRUCHÊS; D’AVILA; CASTILHOS;
particular ou público, de acordo com as OLEA, p.03)
possibilidades que são oferecidas, levando em Ao longo do projeto serão aplicados
considerações algumas características que deve experimentos em uma turma de nível fundamental,
sempre conter, conforme salienta Higa e em um colégio público na cidade de Catalão – GO,
Boaventura: visando analisar a eficácia da inserção destas
[...] formatos múltiplos (caráter aberto, atividades experimentais para um melhor
demonstrativo, com alguns passos delineados); aproveitamento do conteúdo por parte dos alunos.
reflexão sobre o teor de verdade do conhecimento Durante todo o ano letivo de 2019, às
obtido, sobre a não padronização das etapas do terças-feiras durante a aula de Protagonismo
procedimento cientifico, da influencia de fatores Juvenil, iremos aplicar experimentos e decorrer um
externos; respeitar os procedimentos escolhidos e pouco dos conceitos físicos aplicados, para que seja
resultados obtidos pelos alunos; surgir como possível despertar interesse e fazer com que eles
decorrência da problematização de aspectos coloquem em prática conhecimentos já obtidos até
teóricos estudados ou conhecimentos prévios do então, mostrando a Física e seus conceitos de uma
aluno. (HIGA; BOAVENTURA ,2012, p. 8). forma mais visível no dia-a-dia, tornando o
O foco das atividades experimentais, conteúdo mais interessante e próximo da realidade.
então, deve estar na facilitação de aprendizagem da No primeiro contato com a turma,
teoria, ilustrando e complementando o conteúdo decorremos sobre a importância de se estudar
que está sendo trabalhado em sala de aula, ciência ressaltando ser uma disciplina tão

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importante quanto matemática e português, porém, debaixo demonstrando que a bexiga começa a
poucos dão a devida importância. Mostrando ainda, encher, demonstrando aos alunos que isso acontece
que a ciência tem respostas para inúmeros devido a expansão do ar que está no interior da lata,
fenômenos no nosso dia-a-dia, como por exemplo, o que significa que ele aumenta seu volume
como age a força da gravidade? Por que temos precisando de um lugar maior para ocupar, saindo
estações do ano? Por que ficamos arrepiados então de dentro da lata e começando a encher a
quando sentimos frio? Demonstrando então, que a bexiga, pois o ar começa a se dilatar saindo de
ciência nos dá respostas para questões envolvendo dentro da lata.
o ambiente, saúde, corpo humano, dentre vários Para demonstrar a dilatação térmica dos
outros assuntos que engloba nosso universo. sólidos, submetemos a chave do cadeado no fogo
No primeiro experimento, aplicamos a de várias velas até que a mesma se aquecesse
atividade experimental com o motor caseiro a bastante, em seguida ela não consegue ser
vapor, utilizamos para os materiais uma lata de encaixada no cadeado. Os alunos entenderam,
alumínio com um pequeno furo e água em seu então, que ao aquecer a chave o material foi
interior, colocada em um suporte feito com quatro dilatado, aumentando seu tamanho, não se
pregos e por baixo da lata um recipiente com fogo encaixando dentro do cadeado por estar com um
que visa à transformação de energia térmica em volume maior, e ao ser resfriada a chave volta ao
energia mecânica, utilizando o vapor de água seu tamanho normal podendo ser colocada dentro
proveniente da água colocada dentro da lata, que é do cadeado, mostrando então, que ela realmente se
liberado assim que água se aquece. Demonstrando dilata e expande seu volume.
aos alunos que a água ao ser aquecida produz um Para entender vários fenômenos que
vapor, sendo liberado pelo pequeno furado feito na acontecem no nosso dia-a-dia, utilizamos em nosso
lata, ao ser liberado é capaz de girar uma hélice quarto experimento os conceitos básicos das Leis
feita com material de alumínio, fixada em frente à de Newton. Conceituamos as três leis utilizando
lata. exemplos e envolvendo os alunos durante a
Ainda utilizando a água, procuramos explanação.
demonstrar no segundo experimento que a água é Utilizando após a conceituação, uma
capaz de absorver o calor. Aplicamos na turma o atividade experimental com uma garrafa de
experimento chamado balão a prova de fogo, onde plástico, barbante e uma borracha, foi demonstrada
foram utilizadas duas bexigas, uma cheia somente aos alunos que a força é proporcional a aceleração,
com ar, outra com um pouco de água e ar, uma vela presente na segunda Lei de Newton. Ao amarrar
e um recipiente para fixar a vela em sua superfície. uma ponta do barbante na garrafa e a outra ponta na
Ao submeter à bexiga cheia somente de ar borracha, podemos girar a parte presa na borracha
no calor proveniente do fogo da vela, ela estoura sendo possível visualizar a garrafa sendo elevada
instantaneamente, pois ar presente no interior da ao ter o movimento circular do barbante preso na
bexiga aquece rapidamente se expandindo e não borracha, criando uma aceleração na borracha, ao
tendo lugar suficiente para ocupar, estoura o látex diminuir o movimento da borracha, a garrafa então
da bexiga. Ao contrário do que acontece na vai abaixando ao ter sua força diminuindo, até
segunda etapa quando submetemos a bexiga com entrar em repouso com a aceleração ficando nula.
um pouco de água e ar ao calor, a água presente no A terceira Lei de Newton foi possível ser
interior da bexiga absorve o calor proveniente do compreendida utilizando apenas uma pequena bola
fogo, de forma que o látex não esquente tanto ao de borracha, que ao ser soltada de dentro da mão
ponto de estourar a bexiga. Então, com uma em uma altura mediana, em direção ao solo, a bola
superfície pouco dilatada e uma pressão controlada, toca no chão e volta para cima na mesma altura que
a bexiga que contém água em seu interior, ao ser foi soltada, demonstrando a ação e reação dita
colocada sobre o fogo se queima, mas resiste sem durante a aplicação dos conceitos das três Leis de
se romper. Newton, tendo a força da terceira Lei com o mesmo
Durante a terceira atividade, aplicamos módulo, mesma direção, sentidos opostos e
três experimentos para mostrar como funciona a atuando sobre corpos diferentes, no caso a bola e o
dilatação térmica gasosa, dilatação térmica sólida e chão.
um específico da pressão atmosférica. Para o Durante o segundo semestre do ano letivo
experimento da dilatação térmica gasosa utilizando vamos procurar trabalhar alguns conceitos básicos
uma bexiga, uma lata de alumínio e uma vela, no da Física para englobar os temas de cargas
sólido foi preciso de um cadeado com chave e elétricas, astronomia, gravidade, magnetismo,
velas, e para pressão atmosférica utilizamos uma equilíbrio estático, e, eletrostática.
garrafa de vidro, um recipiente com água e uma
vela. 5. RESULTADOS
Ao executar a atividade experimental que
envolve a dilatação térmica dos gases, foi colocada
uma bexiga na boca da lata, aquecendo sua parte

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Utilizando ao longo de todo o ano letivo Vale ressaltar que dentro do cenário dos
atividades experimentais, com a turma de nível colégios públicos no Brasil, há uma grande
fundamental, esperamos conseguir aplicar alguns dificuldade em recursos e programações didáticas
conceitos básicos da Física através de atividades para tornar o ensino menos “robotizado” para o
experimentais para que, além de conhecimento, ensino de ciências, então, trazemos a
possa servir de estímulo para o ano seguinte, experimentação como metodologia facilitadora de
procurando mostrar que a Física vai além de ensino como sendo um trunfo no ensino público,
fórmulas e da “robotização do ensino de Ciências”, onde não temos tantas possibilidades e alternativas
estando presente na vida de cada um todos os dias, para aplicações alternativas de conceitos básicos.
por mínimo que seja. Alem desta problemática citada acima,
Aplicamos alguns conceitos da Física, por esperamos também, que este trabalho possa servir
meio de experimentos, no primeiro semestre do ano para educadores e gestores que trabalham ou
letivo, sendo eles a transformação de energia venham a trabalhar no mundo da Educação e para
térmica em energia mecânica, vaporização da água, alunos que carecem de aprimoramento no método
calor específico, dilatação térmica gasosa e sólida, de buscar conhecimentos, de obterem informações
pressão atmosférica e também, as Leis de Newton, sobre a experimentação como metodologia
durante o segundo semestre do ano letivo estão facilitadora na aprendizagem.
previstos para serem aplicados os experimentos que
englobam a gravidade, astronomia, cargas elétricas, 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
magnetismo e também, equilíbrio estático, todos
visando além de conhecimento, a geração de O objetivo geral deste trabalho foi
estímulo para o ano seguinte. compreender a experimentação como
Cada experimento foi aplicado com a metodologia facilitadora de aprendizagem
turma tendo seus seguintes conceitos explanados analisando sua aplicação em uma turma de
sempre interligados com a aplicabilidade dos nível fundamental, de um colégio público na
mesmos em nosso dia a dia, e sempre que possível cidade de Catalão - Goiás, avaliando então, sua
procuramos deixar a própria turma manusear os eficácia para a compreensão de conteúdos
experimentos, despertando a curiosidade e vontade aplicados aos alunos.
em cada para assim tornar a aprendizagem mais Diante disso, com base na análise dos
fácil e significativa, estando previsto para o conceitos já aplicados na turma através de
segundo semestre a continuidade deste projeto com atividades experimentais, pode-se afirmar que
a mesma turma, de nível fundamental. os objetivos, tanto geral, quanto específicos
Até o momento, os experimentos foram atingidos. Uma vez que foi possível ver
aplicados tiveram uma repercussão positiva na a interação dos alunos através das atividades
turma, podendo observar interesse da parte de experimentais aplicadas até o momento.
alguns alunos em como funciona e o que está por O primeiro objetivo especifico foi analisar
trás dos experimentos, inclusive citando exemplos os conceitos de experimentação, onde houve
do dia a dia de acordo com o tema aplicado, o que é um levantamento bibliográfico e detalhado na
de suma importância para o ensino de ciências em fundamentação teórica. Foi possível identificar
geral, os alunos precisam entender que ciências está em trabalhos já feitos e pesquisas, que a
em tudo que fazemos todos os dias em nossas experimentação realmente é válida para
vidas, e com as atividades experimentais eles estão aplicação de conceitos, envolvendo a turma
mostrando conhecimento, citando exemplos e para despertar curiosidade e interesse em obter
alguns procurando entender em que pode ligar os conhecimento sobre as atividades
conceitos trabalhos em sala de aula em nosso dia a experimentais aplicadas.
dia. O segundo objetivo especifico –
Alguns experimentos fazem com que a compreender a importância da relação
turma tenha mais curiosidade do que outros, como professor - aluno e aluno - aluno dentro de uma
por exemplo o motor a vapor caseiro e também, os sala de aula juntamente com o uso de
experimentos das dilatações térmicas, onde houve atividades experimentais – foi atingido.
bastante envolvimento de alguns alunos durante a Compreendemos que a relação entre
explanação e execução das atividades professores e alunos e/ou alunos e alunos, é de
experimentais. suma importância para um bom
Visto que a turma ainda não entrou com as desenvolvimento da aula e de atividades
Ciências de modo separado, é preciso ter cautela e experimentais, quanto mais leve a relação
vocabulário em que possam entender o que está dentro de uma sala de aula com respeito,
sendo aplicado, ressaltando novamente a atenção e dedicação, melhores são os
importância de atividades experimentais, fazendo resultados das atividades aplicadas.
com que os alunos pensem e procurem soluções O terceiro e último objetivo especifico -
para desenvolver tais atividades. analisar ao final da aplicação se a metodologia

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escolhida gerou resultados positivos diante das uma formação continuada. Revista Thema,
perspectivas observadas dentro da sala de aula, volume 15, nº 03, p. 1164 a 1174, 2018.
juntamente com a professora orientadora presente
durante a aplicação da metodologia – foi atingido. HIGA, I.; OLIVEIRA, O. A experimentação nas
Compreendemos que houve um resultado positivo pesquisas sobre o ensino de Física: fundamentos
diante da turma trabalhada, no começo da aplicação epistemológicos e pedagógicos. Educar em
ninguém interagia com os assuntos trabalhados, no Revista, Universidade Federal do Paraná, n. 44,
decorrer das aplicações os alunos foram começando 75-92 p. abr. 2012.
a interagir, as vezes perguntar, dar sugestões,
ressaltar um assunto relacionados e obtivemos HORNES, A.; GALLERA, J.; SILVA, S.. A
alguns relatórios relevantes sobre as atividades Aprendizagem Significativa no Ensino de Física.
aplicadas. Universidade Federal do Paraná, Paraná, PR, 2009.
Por fim, espera-se que esse trabalho contribua
de forma efetiva para o entendimento de LEIRIA, Talisson Ferreira; MATARUCO, Sônia
experimentação no ensino de ciências para pessoas Maria Crivelli. O papel das atividades
que trabalham na educação, e para os estudantes experimentais no processo ensino-aprendizagem
que necessitam de informações sobre o tema. de Física. EDUCERE, Congresso Nacional de
Espera-se também que o mesmo possa contribuir Educação, out. 2015.
para novos trabalhos aplicados a essa área de
pesquisa, complementando este ou até mesmo LIMA, J. A utilização da robótica no ensino da
estudando e apontando novas vertentes. Então, física: metodologia de aprendizagem
considerando a vital importância da significativa no ensino médio. Colégio Estadual
experimentação para o ensino de ciências, pode ser Américo Simas, Lauro de Freitas, BA.
sugerido a realização de futuras pesquisas que
sejam voltadas para a melhoria da utilização de MORAIS, E. A. A experimentação como
atividades experimentais no ensino de ciências em metodologia facilitadora da aprendizagem de
colégios públicos. Ciências. Universidade Estadual do Norte do
Paraná – UENP, Paraná, Versão Online, ISBN 978-
7. REFERÊNCIAS 85-8015-080-3, Cadernos PDE.

AMARAL, I. A. Conhecimento formal, PACHECO, T.; DAMASIO, F. Aprendizagem


experimentação e estudo ambiental. Ciência & significativa crítica para introduzir conceitos
Ensino, n. 3, 10-15 p., dez. 1997. físicos nos anos iniciais do ensino fundamental.
Instituto Federal de Educação, Ciência e
BRUCHÊZ, A; D’AVILA, A. A. F.; Tecnologia de Santa Catarina, Araranguá, SC,
FERNANDES, A. M.; CASTILHOS, N. C.; 2013.
OLEA, P. M. Metodologia de Pesquisa de
Dissertações sobre Inovação: Análise SCHAWAHN, M. C. A.; OAIGEN, E. R..
Bibliométrica. XV mostra de Iniciação Científica Objetivos para o uso da experimentação no
– UCS, dez. 2015. ensino de Química: a visão de um grupo de
licenciandos. Encontro Nacional de Pesquisa em
CASTRO, A. O ensino significativo da Educação em Ciências, Florianópolis, nov. 2010.
termodinâmica no ensino médio. Faculdade
Internacional de Curitiba, Curitiba, PR. SILVA, A.; SOUSA, J. A experimentação como
facilitadora do processo de ensino aprendizagem
CUNHA, W.; JUNIOR, A.; SILVA, W. O uso de de Física. Instituto de Educação, Ciência e
vídeos como ferramentas auxiliares no ensino de tecnologia do Pará, Pará, PA, 2016.
física. Instituto Federal de Tocantins, Tocantins,
TO. 8. RESPONSABILIDADE AUTORAL

FERREIRA, D.; VILLANI, A. Uma reflexão Os autores são os únicos responsáveis pelo
sobre prática e ações na formação de conteúdo deste trabalho.
professores para o ensino de Física. Revista
Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências,
São Paulo, v. 2, n. 2, set. 2002.

GUIMARÃES, L.; CASTRO, D.; LIMA, V.;


ANJOS M. Ensino de Ciências e
experimentação: reconhecendo obstáculos e
possibilidades das atividades investigativas em

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A TEORIA E PRÁTICA NA FORMAÇÃO DOCENTE: VIVÊNCIAS PIBIDIANAS

Fonseca, Jucileia da Silva, jucileiafonseca@gmail.com

1
Dias, Luis Paulo da Silva, luispaulo.0641@gmail.com

1
GUIMARÃES, Camila da Silva
a

2
RESENDE, Thais Regina Alves de
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Letras e
Linguística

Resumo: Em estudos recentes tem-se discutido sobre o processo de formação docente dos estudantes de
licenciatura, e o principal questionamento que se faz é referente à relação entre a teoria e prática. A luz disto,
neste trabalho discutiremos sobre o processo de formação docente, e como o PIBID – Programa Institucional
de Bolsa de Iniciação à Docência, contribui para a formação do aluno de licenciatura. O Corpus deste trabalho
será constituído por relatos de experiência de três Pibidianos e de uma professora supervisora, relatos esses que
foram registrados em diários de campo. Para a realização desse trabalho nos pautamos nas pesquisas de Carol
Filho (1996), Leite (2011), Gama (2007), Fávero (2001) entre outros. Os resultados obtidos demonstram como
o PIBID proporcionou a compreensão do processo complementar de construção docente aliando aspectos
teóricos e práticos.

Palavras-chave: Teoria e Prática. Pibid. Formação Docente.

1. INTRODUÇÃO Nesta perspectiva, o presente trabalho tem como


finalidade discutir a relação entre a teoria e prática
na formação docente, e o Pibid como uma
Em várias áreas do conhecimento, pode-se
ferramenta importante no processo de formação do
perceber a presença de dois elementos que possuem
professor e o enriquecimento da prática docente da
uma relação intrínseca, sendo estes, a teoria e a
professor formado, a partir de relatos de experiência
prática. É por meio da prática e das relações sociais
de alguns alunos e de uma professora supervisora
estabelecidas em sala de aula que o licenciando
participantes do programa, que vem sendo
aplica o conhecimento teórico adquirido no decorrer
desenvolvido na Escola Municipal Pedro Netto
de sua formação. Sendo a prática trabalhada nos
Paranhos.
estágios supervisionados, e nas disciplinas que
trabalham práticas de ensino, bem como em
programas voltados para a prática docente. É neste
contexto que se insere o Programa Institucional de METODOLOGIA
Bolsa de Iniciação Docência – PIBID, que A metodologia utilizada para a elaboração deste
possibilita ao aluno de licenciatura, um contato mais trabalho foi pautada nas vivências dos Pibidianos
efetivo e não tardio com as práticas docentes. durante a aplicação de uma sequência didática sobre
o gênero textual poema, na Escola Municipal Pedro

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Netto Paranhos. A sequência didática foi aplicada A luz disso, percebe-se que o graduando
por sete alunos do PIBID para um quantitativo de, necessita do contato direto com a teoria para
em média, dezessete alunos do 6º ano, com a planejar sua prática e enriquecê-la e vice-versa.
orientação da professora supervisora do nosso Porém, somente nos anos finais dos cursos de
grupo, efetiva nesta unidade. A partir destas licenciatura o aluno tem um contato direto com o
vivências podemos perceber de modo mais preciso universo da escola, tendo uma carga teórica, que é
as concepções de teoria e prática, bem como a sua importante, mas até o momento sem nenhuma
importância para a formação de todo professor, prática docente. Entendemos que é nesta fase final
inclusive o de literatura. Foram vários desafios, da graduação que, segundo os PCCS dos cursos de
todos registrados no diário de campo dos Pibidianos, licenciatura, está programado este primeiro contato
que serviu de base à escrita deste resumo. com a docência, mas, pensamos que esse contato
deve ser trabalhado tanto no início da formação
quanto no final. É nesse momento que ilustramos a
1. RESULTADOS E DISCUSSÃO importância do PIIBID, que tem como proposta a
iniciação do graduando nas práticas docentes antes
do estágio supervisionado. Nessa Perspectiva o
Ao realizar uma breve análise nos currículos dos PIBID tem o objetivo de “Incentivar a formação de
cursos de licenciaturas, percebe-se que a instituição docentes em nível superior, contribuir para a
responsável pelo processo de formação dos futuros valorização do magistério e contribuir para a
docentes faz uma divisão entre disciplinas de teoria articulação entre teoria e prática necessárias à
e prática, sendo a última trabalhada somente no formação dos docentes, elevando a qualidade das
estágio curricular, nos anos finais da graduação. ações acadêmicas nos cursos de licenciatura”
Nesse contexto, insere-se o PIBID com o intuito de (Portaria nº 260, p. 3, 2010).
possibilitar ao aluno de licenciatura um contato com
as práticas docentes desde o início de sua formação, Nessa ótica, o PIBID permite ao graduando
fazendo com que os alunos da graduação relacionem que acaba de iniciar a sua jornada dentro da
as teorias aprendidas em sala de aula com métodos e licenciatura, entender como é a realidade a ser
práticas de ensino. enfrentada, dentro do processo de que, a teoria nem
sempre pode ser aplicada como é mostrada, e da
Ao adentrar no curso de graduação o aluno quebra de idealização onde se propõe que todo aluno
se depara com inúmeras disciplinas com uma imensa está preparado e nivelado para receber o conteúdo
carga teórica, por se tratar de disciplinas basilares. em sua totalidade real de prática.
Contudo, ainda se faz necessário que o estudante
que inicia o curso compreenda a realidade da sala da A partir dos apontamentos acima, foram
aula e, ainda, a importância de se atentar para a selecionados algumas falas de alunos bolsistas do
teoria que lhe é proposta. Entendendo como ambos PIBID, sendo estas extraídas dos diários de campo
os termos se completam no meio educacional afirma produzido por eles, e de uma professora supervisora
FILHO (1996): do programa.

Assim sendo, quando tomamos teoria e Para iniciarmos essa discussão começamos
prática em sentido amplo, podemos afirmar com a seguinte fala da graduanda que - por razões de
que não há prática sem teoria, nem teoria privacidade - resolvemos intitular Pibidiana 1:
sem prática. Isso equivale a dizer, também, “Inicialmente tudo correu bem, se falarmos sobre o
que toda a atividade humana envolve algum planejado, mas concluímos o planejado para aquele
grau de reflexão. Não obstante, é preciso dia antes do previsto e tivemos de improvisar um
considerar que a combinação entre prática, pouco”. É evidente que a teoria que provém da
teoria e reflexão pode assumir formas muito sequência didática não foi o bastante para suprir a
diversas, variando de uma prática quase necessidade da aula proposta, mostrando-se presente
automatizada, com vaga consciência dos a necessidade de realizar alguma atividade que não
conceitos que a embasam, a uma teorização constava no planejamento para aquele dia, porém
quase sem relação com a realidade que dialogasse com o que já havia sido trabalhado,
concreta. (FILHO. C. K., 1996, p. 111) adiantando o conteúdo da próxima intervenção na
escola. Isso demonstrou a necessidade de o professor

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estar sempre preparado para situações inesperadas complexa, aqui nos deparamos com um momento de
ou imprevistos em sala de aula. dificuldade do aluno com um assunto que espera-se
ser de total domínio, no caso a leitura básica mas, na
Agora, para sequenciar a nossa discussão,
sala de aula o graduando se depara com a dura
apresentaremos a análise da fala da Pibidiana 2: "[...]
realidade dos desníveis de ensino. Existem nas
pedimos para que através dos gibis, criassem
classes, principalmente em questões de letramento,
poemas com onomatopeias. Durante a realização dos
uma verdadeira dificuldade em trabalhar quando não
trabalhos, um aluno estava meio confuso, sem
se sabe nem mesmo as dificuldades dos alunos. As
ideias, com dificuldade na leitura, então sentei com
propostas teóricas, apenas, não preparam este futuro
ele um pouco afastada dos outros alunos, pois o
professor para trabalhar com esse diferenças, que
mesmo estava com medo dos colegas rirem da sua
muitas vezes são extremas.
leitura. Foi incrível como ele conseguiu desenvolver
calmamente a atividade proposta, no ritmo dele, e Por fim, a professora supervisora
expliquei-lhe que não precisava de pressa, que ele acrescenta sua fala para corroborar as discussões
conseguiria. Por fim fez um bom trabalho." Nesta aqui propostas: “A docência é surpreendente e traz
situação, vemos a presença da relação professor e novos desafios e descobertas a cada dia. Nenhum
aluno que proporciona uma experiência profissional está pronto e acabado ao concluir a
complementar na caminhada do graduando. Uma graduação. Aliando a teoria à prática o
vez que, não é apenas do conteúdo e produto em professor/educador vai construindo, desconstruindo
resposta ao mesmo que ocorre o processo de ensino e reconstruindo seu fazer didático-pedagógico no
e aprendizagem, não se traduz em mera transmissão chão da escola, no exercício cotidiano da docência.
de conhecimento, e sim do contato mediador e do Os pibidianos compreenderam que é necessário
diálogo que por da troca de experiências, anseios e partir da realidade dos alunos e respeitar suas
valores de ambas as partes, permite ao professor particularidades para possibilitar-lhes efetivas
auxiliar de forma mais adequada e eficaz a cada oportunidades de construção de conhecimento e de
aluno. desenvolvimento de suas potencialidades. Desse
modo, o programa Pibid possibilitou também uma
E, agora, destacamos e, em seguida
reflexão sobre a minha prática e o meu
discutiremos o conteúdo do depoimento do
aprimoramento profissional, por meio dos estudos
Pibidiano 3: “Nesta aula, um aluno me deixou
teóricos e da orientação junto aos pibidianos na
inquieto, pois ao olhar para ele percebi que ele não
elaboração e execução de um plano de aulas com
estava lendo [...] só olhando para a folha, logo
metodologias diversificadas e atividades
pensei “não posso ensinar ele a ler nessa altura do
interessantes e lúdicas sobre o gênero textual
campeonato”. [...] Então, iniciamos uma atividade
poema.” Nesse sentido, reforça-se a importância do
lúdica, escrevemos vários trava-línguas no quadro e
Pibid para a formação docente, seja inicial ou
pedimos para que cada aluno fizesse a leitura e
continuada, e sua contribuição para a aprendizagem
como se tratava de uma atividade de leitura, o aluno
dos estudantes da escola parceira, a destacar sua
que não estava lendo no início da aula começou a
formação leitora.
ficar nervoso e falava que não participaria. Senti-me
preocupado, chamei-o para conversar fora da sala de É possível perceber pelos depoimentos analisados
aula e ao pedir-lhe para ler o trecho de um poema, acima, que as várias experiências na sala de aula
percebi que estava tendo dificuldade em diferenciar retratam imprevistos, situações inusitadas,
as consoantes q e g. Logo, tentei explicar de uma considerando-se a inicial experiência docente,
maneira engraçada a diferença entre a sonoridade e a resultando em momentos de indescritível
representação escrita das duas consoantes e aprendizado. Uma aula não pode ser articulada sem
retornamos à sala de aula. Percebi que, ao contrário uma carga teórica, mas a mesma não é como um
de como estava antes, demonstrou-se muito animado relógio, é inconstante e cheia de contratempos com
para participar da atividade. Então, convidei-o para os quais o graduando tem que ser preparado a lidar
ir até o quadro e ler um trava-línguas. Ele leu desde o início do caminho acadêmico. Dentro do
empolgado e como reconhecimento pelo seu PIBID, essa mostra de prática é abordada, e ainda
esforço, ganhou dois chocolates. Esse momento foi mais focada em um tema pouco retratado entre as
único para mim, fiquei muito feliz.” O relato do dificuldades dos alunos, que é a literatura. Como
Pibidiano 3 traz uma questão um pouco mais afirma Fávero (2001, p. 65) “[...] não é só com o

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curso que o indivíduo se torna profissional. É, Docência – PIBID. 30 de dezembro de 2010-
sobretudo, comprometendo-se profundamente como CAPES. Disponível em:
construtor de práxis que o profissional se forma http://www.capes.gov.br/educacao-basica/capespibi
[...]”. d. Acesso em: 27 de maio de 2013

2. CONSIDERAÇÕES FINAIS FÁVERO, M. de L. de A. Universidade e estágio


curricular: subsídios para discussão. In ALVES,
N. (org.). Formação de Professores-pensar e fazer.
O trabalho realizado tem mostrado um resultado Coleção Questões da Nossa Época; V.1.SP: Editora
positivo, mas não se deve creditar todo processo Cortez, 2001.
apenas ao contato direto com a escola, devemos FILHO. Carol. olyniak. Teoria, Prática e reflexão
sempre lembrar que o PIBID não vem como um na Formação do Profissional em Educação Física.
projeto apenas para trazer o graduando para mais Palestra proferida no V Simpósio Paulista de
próximo da sala de aula, mas sim, para Educação Física. São Paulo, 1996. Disposto em:
compreendermos dentro dessa premissa como a http://www.rc.unesp.br/ib/efisica/motriz/02n2/2n2_
teoria e a prática se complementam. O caminho ART08.pdf, acesso em 02 de junho de 2013.
acadêmico é muito longo quando falamos dessa GAMA, Renata Prenstteter. Desenvolvimento
complexa e essencial relação. Cabe ao graduando profissional com apoio de grupos colaborativos: o
prontificar-se em procurar por oportunidades, como caso de professores de matemática em início de
a participação no programa PIBID, para carreira. Tese (Doutorado) – Faculdade de
compreender com maior clareza a grandeza da Educação, Universidade Estadual de Campinas,
realidade escolar. UNICAMP, 2007.
Tendo se estendido em um vasto terreno de
proposições, e até mesmo afirmações, não há como RESPONSABILIDADE AUTORAL
fecharmos esta temática, há ainda muito a ser
discutido. Contudo para formular melhor o contexto
em que se é retratada a temática aqui iniciada, “O(s) autor(es) é(são) o(s) único(s)
finalizamos com uma citação de Gama (2007): a responsável(is) pelo conteúdo deste trabalho”.
essência do trabalho colaborativo é a “[...] prática
coletiva centrada no estudo, na investigação e na
reflexão sobre a prática [...] nas escolas, objetivando
a construção de conhecimentos voltados ao
desenvolvimento profissional e pessoal dos
professores [...]” (p. 146).

AGRADECIMENTOS

Prestam-se agradecimentos à: Coordenação de


Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES) pela oportunidade cedida aos bolsistas.

E aos coordenadores e supervisores do Programa


Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência
(PIBID) pela instrução e supervisão, promovendo
melhor aprendizado e aproveitamento dos momentos
de prática e do bom uso das teorias.

REFERÊNCIAS
BRASIL. Portaria nº 260. Normas Gerais do
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à

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APRENDIZAGEM DA DOCÊNCIA NO ÂMBITO DO PIBID:
DESENVOLVENDO A LEITURA E A ESCRITA

FONSECA, Juciléia, jucileiafonseca@gmail.com


PIRES, Adrielly Cássia Rosa, adricassia2012@hotmail.com¹
ROSA, Michael Douglas de Jesus Pereira,
michaeldouglasjpr@hotmail.com1
RODRIGUES, Maikon Douglas Silva, Dgmaikon@outlook.com2
¹
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de 2019
Resumo: Este trabalho tem como objetivo apresentar os resultados da primeira experiência com a docência, do
programa PIBID – Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência. Tal experiência propiciou uma
nova etapa na carreira docente, principalmente, para nós, estudantes de licenciatura, que ainda não cursamos
as disciplinas de estágio nem somos professores, mas alunos do início do curso de graduação em Letras. O
trabalho possibilitou que nós tivéssemos contato com a realidade dos alunos do Ensino Fundamental da rede
pública e pudéssemos transmitir conhecimentos e valores por meio da literatura, com foco em poema/poesia,
sob a orientação da professora supervisora. Com isso, conhecemos a rotina da escola e da sala de aula, com
seus desafios cotidianos, e compreendemos o real papel do professor.
Palavras-chave: PIBID. Docência. Literatura. Poema. Professor

1. INTRODUÇÃO Destarte, os discentes foram preparados


teoricamente pelos coordenadores Silvana Carrijo e
O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação Antônio Fernandes e durante o trajeto do projeto
à Docência – PIBID, tem a finalidade à formação tiveram a oportunidade de vivenciar e desenvolver,
inicial de professores nos cursos de licenciatura das em grupo e em parceria com a professora
instituições de educação superior. Assim, os supervisora, a prática e a primeira experiência como
acadêmicos são inseridos nas escolas adotadas pelo docente. Na primeira fase do projeto os discentes,
subprojeto, onde ampliam suas experiências no juntamente com a supervisora Juciléia Fonseca,
processo de ensino e aprendizagem de literatura escolheram o gênero textual poemas como conteúdo
infanto-juvenil, tendo em conta seu contato com o para o trabalho a ser realizado em sala de aula, com
cotidiano escolar. ênfase nos encantos da poesia, e durante todo o
semestre esse tema foi lapidado.
O subprojeto denominado Literatura em sala de
aula: estratégias de leitura e escrita para o processo 2. A IMPORTÂNCIA DA LEITURA PARA A
do letramento literário é formado por vinte e cinco FORMAÇÃO DE UM INDIVÍDUO
alunos acadêmicos bolsistas e voluntários do curso EMANCIPADOR
de Letras Português/Inglês, dois coordenadores do De acordo com (FREIRE, 1996), “a educação
subprojeto e três professoras supervisoras, sendo não transforma o mundo. Educação muda as
estas professoras oriundas do sistema público de pessoas. Pessoas transformam o mundo”. Os
ensino. Desse modo, proporciona aos alunos, a professores, como mediadores de conhecimento,
oportunidade de planejamento e participação em detêm poder em suas palavras e um importante papel
experiências metodológicas e práticas docentes de na vida dos alunos, como mediador e educador,
caráter inovador e interdisciplinar, que busquem a proporcionado ao aluno além de uma boa formação
superação dos desafios relacionados ao processo de um maior
ensino-aprendizagem.

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desenvolvimento humano. Através de sua experiência afirma que, a
profissional e do seu conhecimento de mundo, ele Leitura fora da escola está fortemente
compartilha seus saberes com o aluno, condicionada pela maneira como ela nos
desenvolvendo, assim, por meio de uma troca de ensina a ler. Os livros, como os fatos,
experiências, entre aluno e professor, que jamais falam por si mesmos. O que os
impulsionado a construção de conhecimentos. fazem falar são os mecanismos de
interpretação que usamos, e grande parte
Nesse sentido, o trabalho com a poesia contribui deles são aprendidos na escola.
nesse processo devido à sua capacidade de (COSSON, 2006, p. 26).
humanizar e sensibilizar o ser humano. A literatura Nesse sentido, o professor como mediador
é de suma importância na formação do indivíduo de conhecimento, às vezes, não consegue ensinar,
emancipador e leitor, construindo novos significados por exemplo uma gramática, literatura ou
e uma nova forma de expressar as diversas emoções simplesmente uma regra de três, mas se ele não
e visões de mundo dos indivíduos e grupos, além de conseguir transmitir valores excepcionais, por
ser uma forma de conhecimento. Tal relevância é exemplo contra o preconceito racial, social e sexual,
destacada por Candido (2004), quando diz ele perde toda a sua credibilidade. A sala de aula não
é um espaço fácil e cabe ao professor acalmá-lo na
Toda obra literária é antes de mais medida do possível. Para tanto, é imprescindível, o
nada uma espécie de objeto, de objeto respeito mútuo na relação professor-aluno.
construído; e é grande o poder
humanizador desta construção, Teoria e prática, embora sejam elementos
enquanto construção (CANDIDO, distintos, são partes de uma mesma moeda, são
2004, p.177, grifo do autor). dialeticamente complementares. A teoria surge a
Em consequência desse fator, enquanto partir da prática, em função da prática e sua verdade
indivíduos autônomos são capazes de organizar a é verificada na própria prática.
mente e sentimentos e como resultado a sua visão de 2.1 Planejamentos e observações das aulas
mundo. Além do mais, ministradas
Candido defende a função formadora
e, por isso, transformadora da
As primeiras aulas de um professor são
literatura, seja porque “enriquece a essenciais,3 é por meio delas que ele vai conhecer
nossa percepção e a nossa visão de seus alunos e identificar suas diferentes realidades e,
mundo, seja por satisfazer uma das preparando-se para conviver bem com essas
necessidades mais básicas do ser diferenças. Por isso, num primeiro momento, foram
humano: a fantasia”. (CANDIDO, realizadas observações da rotina da escola para
1995, p. 248 apud BRANDILEONE; conhecer o ambiente escolar, as práticas educativas e
OLIVEIRA, 2017)1 os indivíduos envolvidos nesse processo de ensino-
Não obstante, a literatura age em função da aprendizagem. Em um segundo momento, foi
formação de sujeitos autônomos e capazes de planejada uma sequência didática - constituída de
interpretar o seu mundo. O poema e a poesia, como oito aulas - embasada em teorias metodológicas
instrumentos humanizadores, participam desse oferecidas pelos coordenadores e orientados pela
papel. Isso ocorre desde a antiguidade e pode ser professora supervisora, com o intuito de desenvolver
considerada como uma necessidade entre os homens. o tema poema/poesia. Na primeira aula, foi realizada
Através das palavras, podem alimentar e vivenciar uma dinâmica lúdica de auto apresentação e um
suas experiências, seus sonhos, desejos, medos, diagnóstico em relação ao conhecimento prévio dos
ansiedades e suas emoções. Conforme (MEIRELES alunos sobre leitura, literatura e poema, e uma roda
(2001, apud BRANDILONE; OLIVEIRA, 2017), de leitura de poemas, o que propiciou momentos de
“em uma de suas crônicas, a poesia, enquanto diálogo e interação.
objeto de beleza, é fundamental à vida e negar a A escola participante do projeto possui uma
fruição desse bem é incompressível2. sala de leitura aconchegante e com um bom acervo
Inicialmente, como proposta da elaboração de livros literários, onde foi realizada a primeira
de uma sequência didática, os pibidianos escolheram atividade, com os vinte alunos participantes. No
o gênero poema para ser trabalhado com os alunos início os pibidianos estavam inseguros, mas com o
do 6º ano do Ensino Fundamental. No poema, como auxílio da professora supervisora, no decorrer do
em qualquer texto, tem como figura a humanização e processo foram superando essa insegurança e a
a capacidade de criar seres pensantes, se trabalhada timidez. O resultado foi bastante positivo, e os alunos
de forma correta. Nesse ínterim, COSSON (2006) se mostraram

1
CANDIDO, Antonio (1995). O direito à literatura. In:
CANDIDO, Antonio. Vários Escritos. 3. ed. São Paulo: Duas 3
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=8-
Cidades.
2 1mO3p9Bg8&t=60s. Acesso dia 20 agosto de 2019.
MEIRELES, Cecília. Crônicas de educação 1: obra em prosa.
Anais · 5o CONPEEX
Apresentação - Congresso
e planejamento editorialdede
Pesquisa, Ensino
Leodegário A. ede
Extensão · RC/UFG · 29/10 a 01/11/2019 · ISSN 2447-4134 · 465
Azevedo Filho. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001 (5 v.).
interessados pela participação obtida na roda de aprendizagem sobre rimas); brincadeira da batata
leitura. quente (com uma caixa cheia de quadrinhas com o
último verso por completar a critério do aluno com uma
Nas três primeiras aulas, foram introduzidas rima.), buscando despertar o prazer pela leitura e pelo
as reflexões sobre o que é poesia e poema, com fazer poético.
música, vídeos, textos impressos, desafios e
atividades lúdicas. Após essa introdução sobre Ao final da sequência didática, realizou-se
poesia e poema, foram apresentadas atividades sobre um evento, o qual foi denominado “Poesia no
variados tipos de poemas, tais como as quadrinhas, Parque”, para promover o encontro entre os alunos
e, respectivamente, algumas figuras de linguagem das duas escolas envolvidas na produção de
como onomatopeia, aliteração, assonância, quadrinhas. Nessa ocasião, aproveitou-se a
comparação e metáfora, explorando a linguagem e a oportunidade para expor os trabalhos dos alunos em
sonoridade.
varais de poesias, escrita de poesias em pipas,
Na aula seguinte, os alunos realizaram uma oficina de leitura, declamação e dobraduras, jogo das
produção de quadrinhas que seriam enviadas aos rimas, quiz de conhecimentos sobre os conteúdos
alunos de outra escola municipal, também trabalhados, criação de poema dadaísta, brincadeira
participante do projeto, os quais responderiam, de roda, música e finalizou-se com um lanche
posteriormente aos alunos da escola que iniciou a coletivo.
atividade. Assim, com base nos conhecimentos
2.2 Dificuldades vivenciadas na sala de aula como
construídos sobre quadrinhas, os alunos ficaram
docente
entusiasmados e criaram suas próprias quadrinhas
auto apresentando-se e estas produções foram Qualquer um pode dar aula, mas poucos podem
encaminhadas aos alunos da outra escola e vice- ser professor4. A relação entre professor e aluno foi
versa, por intermédio das professoras supervisoras. gradativamente se constituindo a cada aula e a maior
dificuldade de início foi controlar a euforia dos
Nas aulas consecutivas, para dar ênfase ao alunos participantes.
que foi discutido em sala, os alunos foram levados à
sala de leitura com o objetivo de explorar livros de Durante todo o projeto, os pibiadianos tiveram
poemas, histórias em quadrinhos, canções e outros um grande avanço em relação ao que foi proposto a
gêneros que possuíssem o tipo de figura de ser trabalhado, visto que, na produção final o
linguagem trabalhada no dia. Assim, eram instigados resultado demonstrado do aprendizado dos alunos,
a ler em voz alta para os colegas, declamar, cantar, foi bastante satisfatório. Nesse meio tempo, houve
encenar, ilustrar, participar de brincadeiras de roda, alguns obstáculos relativos a exposições de
preconceito de gênero, orientação sexual e
entre outras atividades individuais ou em grupos,
misoginia, diante dos quais os pibidianos tiveram que
visando reforçar e fixar os conteúdos ensinados.
tomar algumas atitudes, por meio do diálogo e da
Em síntese, durante todo processo de exemplificação crítica e reflexiva, destacando o quão
aprendizagem os pibidianos, estimularam os alunos a é importante ser tolerante e ter respeito ao próximo,
não apenas na escolas, mas em todos os lugares e
se tornarem catadores de poesias, pesquisando
situações do dia a dia em sociedade. A escola é o
poemas e outros textos poéticos em seu ambiente
espaço para educação que valoriza diferenças e a
cotidiano, com a ajuda de pessoas de sua família e responsabilidade social em plantar boas sementes no
outras pessoas da comunidade. Além disso, foram presente para que futuramente possam florescer.
desafiados a criarem poemas, inclusive poemas-
imagem, brincando com as palavras e expressando 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
suas emoções e sentimentos, como uma forma de
conhecer melhor a si mesmo e ao mundo em que A docência é permeada de diversos desafios,
vivemos. Desse modo, tornou-se possível mas apesar de todas as dificuldades, descobriu-se
que ser professor é mais do que compartilhar
diagnosticar os pontos positivos e negativos de cada
conhecimento, é ter o papel de contribuir para a
da escrita, intervindo de forma a levá-los a refletir e formação de indivíduos pensantes e tolerantes. Além
perceber se estavam escrevendo corretamente e de ter a capacidade de lidar com inúmeros
ainda se estavam empregando os recursos poéticos problemas e transpassar seus conhecimentos, é
de forma adequada. Entrementes, no decorrer de necessário se reinventar todos os dias como portador
algumas aulas foram realizadas algumas atividades da maestria.
lúdicas, tais como: desenhos (sobre poesias
concretistas); trava línguas (com objetivo na

4
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=8-
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· RC/UFG · 29/10 a 01/11/2019 · ISSN 2447-4134 · 466
Por fim, compreende-se que a literatura pode ser
usada como instrumento de transformação do
indivíduo e de sua sociedade, mudando sua percepção
sobre a vida e o mundo a sua volta. E cabe ao
professor usar, para tal fim, esse aparato de ensino.
Assim sendo, por meio dos resultados satisfatórios
obtidos, dos desafios vivenciados e superados, dos
saberes partilhados e construídos, pode-se afirmar que
o trabalho foi bem realizado e considerar que
contribui-se para a formação de leitores mais
sensíveis aos encantos da poesia e da literatura em
geral. Assim, finalizou-se as atividades do primeiro
semestre, com a certeza de que ser docente é um
exercício de invenção e reinvenção constante.
4. REFERÊNCIAS
BRANDILONE, Ana Paula Franco Nobile;
OLIVEIRA, Vanderleía da Silva. O lugar do PNDE
e do PIBID na e para a formação de leitores. DOI:
https://dx.doi.org/10.1590/2316-40185020 19 págs.

CANDIDO, Antônio, 1918. Vários escritos.


Antônio Candido. 4ª ed. reorg pelo autor. Rio de
Janeiro: Ouro sobre azul. São Paulo: Duas Cidades.
2004. 272 pág.
COSSON, Rildo. Letramento Literário: teoria e
prática. 1ª Edição. São Paulo: Contexto, 2007.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia:
Saberes necessários à prática educativa. 25.
ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
NUNES, Ginete Calvacante. Poesia e Letramento
Literário no Ensino Fundamental. Id on Line
Revista Multidisciplinar e de Psicologia.
Leandro Karnal. Qual a Postura Ideal do
Professor? Disponível
em:
https://www.youtube.com/watch?v=8-
1mO3p9Bg8&t=60s. Acesso dia 20 agosto de 2019.

RESPONSABILIDADE AUTORAL
Os autores são os únicos responsáveis pelo
conteúdo deste
trabalho.

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AULAS EXPERIMENTAIS DE FÍSICA COM BAIXO CUSTO PARA
INTERVENÇÃO CIENTÍFICA NA REDE PÚBLICA DE EDUCAÇÃO

Silva Junior, Domingos Lopes, domingosjr@gmail.com1


Schneider, Ruan Carlo, ruancschneider@gmail.com1
Alves Araújo, Ruan1
Vaz de Araújo, Thaís1

1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Física

Resumo: Neste trabalho destaca o uso de experimentos para ensinar física para discentes de nível médio, o
projeto aqui apresentado tem como objetivo aplicar atividades experimentais de baixo custo para criar nos
alunos um pensamento crítico sobre os fenômenos de seu cotidiano, além de elevar o índice de aprovação. As
atividades foram realizadas quinzenalmente em uma escola de ensino público da cidade de Catalão-Go, em
parceria com a professora efetiva, aplicamos o modelo de aulas laboratoriais nos terceiros anos do ensino
médio. Este padrão tem sido cada vez mais estudado e acompanhado já há algumas décadas, porém, sem
consenso entre os pesquisadores para qual a ser recomendada. Induzidos por esses trabalhos, assumimos o
critério de observação comportamental, definidos pela evolução na habilidade de solucionar problemas e
curiosidades do seu dia-a-dia, além disto, resultados e testes aplicados pela própria instituição. Deste modo,
sucedeu o projeto que amenizou as dúvidas, introduziu o conhecimento de forma que contextualiza a realidade
e amplia seus interesses pela a mesma.

Palavras-chave: Atividade experimental. Ensino público. Solucionar problemas. Conhecimento científico

__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO alunos de modo geral estão tendo acesso a um


ensino de física excessivamente presos à
“matematização” e a aplicação de fórmulas
A prática do ensino experimental de física é alvo (FREIRE, 2007, p.3) . O Programa Institucional de
de debates desde 1970, sendo o primeiro SNEF Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) permite aos
(SIMPÓSIO NACIONAL DE ENSINO DE graduandos do curso de Licenciatura em Física uma
FÍSICA) reuniu diversos pesquisadores da área na investigação de metodologias que possam contribuir
cidade de São Paulo. Ainda hoje, é imprescritível para a melhoria do ensino.
notarmos as adversidades que professores de física
enfrentam ao desenvolver o conhecimento de ciência O ensino com experimentos não é algo restrito
juntos aos seus alunos de ensino médio com recurso somente a área de física, mas podemos observar nas
confortável, que revela as circunstâncias (ALVES, demais ciências da natureza, matemática, ciências
2005). É costumeiro que alunos e professores humanas, ciências biológicas entre outros, todos
concordem que é indispensável as habilidades enfatizando o ensino e aprendizado dos discentes.
matemáticas na física, não é a única e, tampouco
esta se resume a isto. Com isso, verifica-se que os

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A educação é vista de maneira geral sem interativas, nas quais o próprio irá construir os
utilidade pela maioria dos alunos, pois a única saberes.
preocupação que possuem é ganhar nota e seguir
para a próxima etapa acadêmica. Este tipo de ensino Deu-se a ideia da coleta de dados após o estudo
mecânico (WERNECK, 2006, p.5), baseado no ato de um antropólogo chamado Malinowski, onde o
de decorar, logo cai no esquecimento, como aponta mesmo atribui suas pesquisas por meio das
pesquisas e os problemas mais frequentes, por sua atividades qualitativas, mesmo a prática quantitativa
vez, comprometem o desenvolvimento de um sendo tão necessária no meio científico. A partir da
pensamento crítico e lógico. (WERNECK, 2006, década de 1970, a Etnologia aplicada na educação
p.8) vem ganhando visão neste âmbito. Mostrado como
um método inovador de extração de dados, ela
Em recorrência do que foi apresentado, nosso destaca a observação de um grupo e suas ações
trabalho é levar experimentos de baixo ou sem comportamentais de interação (JARDIM, 2013, p.3).
nenhum custo econômico para as salas de aula, onde Sendo assim, é um ótimo gatilho para abranger a
consigam contextualizar os fenômenos apresentados teoria de Vygotsky, que implica nas relações
em sala, nas aulas teóricas com o cotidiano, interpessoais com desenvolvimento intelectual
estimulando o interesse pelo conteúdo amenizando (WERNECK, 2006. p.21), além do construtivismo
os problemas confrontados nas escolas de ensino de Piaget que trata o conhecimento como uma
médio por docentes e discentes, além de uma futura construção, a partir da ação do sujeito, numa
redução na evasão dos cursos de física das interação com o objeto do conhecimento
instituições federais. (SANCHIS, 2010, p.4).

Diferente da pesquisa de Malinowski, a coleta


de dados por meio quantitativo, já que por sua vez
2. METODOLOGIA possui grande flexibilidade e adaptabilidade,
portanto, se torna algo necessário neste projeto, pois
Com base na teoria de ensino e aprendizagem de trabalhamos com análise de rigorosos números,
Vygotsky formulamos uma metodologia que pode transformando-os em estatísticas para poder apontar
auxiliar as aulas teóricas aplicadas no dia-a-dia, a evolução, falhas e resultados satisfatórios que
objetivando facilitar o entendimento junto a uma fortalecem aquilo que deve ser mantido.
interação e contato direto com a realidade
experimental e social (GASPAR, 2005, p.8). Uma
prática que por sua vez valoriza a economia, pois, 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
com essa contínua desvalorização da profissão do
docente, existe problemas nos quais temos que Com o passar do primeiro bimestre, dividimos a
enfrentar diariamente, como a ausência de sala em grupos e notamos a necessidade de aplicar o
laboratório ou simplesmente a falta de recursos método de observação e analisarmos suas ações
tecnológicos para trabalharmos. comportamentais de interação entre si. O
construtivismo fala que o aluno constrói seu próprio
Observando os alunos desde o início do ano, conhecimento e com isso temos a compreensão da
notamos o quanto é importante a experimentação, importância da opinião daqueles que participam.
pois ela consegue unir a teoria com a prática,
funcionando como motivador e facilitador dos A partir do primeiro experimento ministrado em
conteúdos que estão em pauta. sala, observamos uma mudança significativa do
comportamento dos alunos, o nível de participação
Além de trabalharmos o contexto de Vygotsky, em sala, tanto nas aulas práticas quanto teóricas
utilizamos o conceito de Jean Piaget (1896-1980), aumentou drasticamente segundo nossa mentora.
que consiste na construção do aprendizado que se dá Para nos auxiliar a visualizar essa modificação, nós,
por meio das interações entre sujeitos e o meio juntamente com a professora aplicamos relatórios
(SANCHIS, 2010, p.1), já que os efeitos físicos avaliativos para medirmos o grau de entendimento
podem ser notados no dia-a-dia. Este tipo de individual.
aprendizado se dá pelo conjunto dos futuros
docentes com seus alunos, ou seja, nos tornamos Durante o segundo semestre torna-se evidente as
mediadores do conhecimento, criando condições mudanças dos discentes, de modo com que seus
para que o discente vivencie situações e atividades avanços nos quesitos de comunicação, elaboração e

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pensamentos críticos auxiliaram nas suas vidas da aplicação de fórmulas, o que gera desmotivação
pessoais. entre eles. Também é possível afirmar que estes
experimentos de baixo custo contém tanto a
Para que conseguíssemos alcançar nosso capacidade de construir mentes críticas e intervir
objetivo com o projeto de intervenção científica em cientificamente tanto quanto aqueles com maiores
escola pública elaboramos um exame para os recursos disponíveis. Defendendo o potencial dessa
educandos, no intuito de avaliar nossa metodologia e metodologia nas escolas públicas, torna-se comum o
ver se realmente estava surtindo efeito. Como o desenvolvimento dos discentes gerando resultados
tempo é curto, fizemos um questionário apenas de semelhantes ou até melhores aqui apresentados.
perguntas teóricas sobre os experimentos passados
em sala e os resultados obtidos a partir dele nos
deixou surpresos.
REFERÊNCIAS
A questão com maior porcentagem de acerto
somou 92,3%, o experimento aqui em questão é o
“cabo de guerra elétrico”, utilizamos os seguintes ALVES, Vagner Camarini; STACHAKA, Marilei.
materiais presentes na tabela 1: Bexigas, lata de A importância de aulas experimentais no processo
alumínio e fita adesiva. ensino aprendizagem em física: “Eletricidade”. A
importância de aulas experimentais, Rio de
Tabela 1. materias “cabo de guerra elétrico” janeiro, p. 1-4, 2005.
Materiais:
GASPAR, Alberto; MONTEIRO, Isabel Cristina de
Bexigas; Castro. Atividades experimentais de
Lata de alumínio; demonstrações em sala de aula: uma análise
Fita adesiva. segundo o referencial da teoria de Vygotsky, São
Org. Ruan Alves, (2019) Paulo, SP, v. 10, n. 2, p. . 227-254, 2005.

Outra questão com maior porcentagem de acerto foi JARDIM, Juliana Gomes. O uso da etnografia na
sobre o experimento “jogo da velha”, os materias pesquisa em educação. O uso da Etnografia,
aqui em questão presentes na tabela 2 são: Copos Curitiba,PR, p. 7225-7231, 2013.
descartáveis e uma fita adesiva. Revisamos neste o FREIRE, Janaína C.A, RICARDO, Elio C. A
conteúdo de força, que se diz respeito a um agente concepção dos alunos sobre a física do ensino
capaz de modificar o estado de repouso ou de médio: Um estudo exploratório. – Revista
movimento de um determinado corpo. Esta questão Brasileira de Ensino de Física, v. 29, n. 2, p. 251-
teve uma média de 88,5% de acertos. 266, 2007.
Tabela 2. materias “jogo da velha” NEVES, Rita de Araujo; DAMIAN, Magda
Materiais: Floriana. Teorias da aprendizagem, Pelotas,RS, v.
Copo descartável; 1, n. 2, p. 1-9, 2006.
Fita adesiva. WERNECK, Rita Rudge. Sobre o processo de
Org. Ruan Alves, (2019) construção do conhecimento: O papel do ensino e
da pesquisa – Rio de Janeiro, v.14, n.51, p. 173-
Analisando o ponto de vista dos alunos, houve uma 196, 2006.
aprovação significativa com este tipo de didática e a
proposta que apresentamos a eles. É fato que não SANTOS, Emerson Izidoro dos; PIASSI, Luís Paulo
sabemos com exatidão como os discentes reagiriam de Carvalho; FERREIRA, Norberto Cardoso.
futuramente caso torne-se permanente esse projeto Atividades experimentais de baixo custo como
no ensino médio, por isso uma pesquisa e estratégia de construção da autonomia de
atualização neste meio torna-se essencial. professores de física: uma experiência em formação
continuada. Atividades experimentas de baixo
4. CONCLUSÕES custo, São Paulo,SP, p. 1-16, 2004.
SANCHI, Isabelle de Paiva.; Mahfoud, Miguel.
Analisando os resultados, observamos a importância Coonstrutivismo : Desdobramentos teóricos e no
das atividades experimentais em sala de aula, visto campo da educação. Programa de Pós-Graduação
que estes alunos nunca saíram da “matematização” e

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em Psicologia – Universidade Federal de Minas.
Gerais – UFMG, v. 4, n. 1, 2010.

RESPONSABILIDADE AUTORAL
“O(s) autor(es) é(são) o(s) único(s) responsável(is)
pelo conteúdo deste trabalho”.

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AULAS EXPERIMENTAIS DE FÍSICA PARA INTERVENÇÃO
CIENTÍFICA
Silva Junior, Domingos Lopes, domingosjr@gmail.com
Barbosa, Gabriel Fonseca, gabrielbarbosaf@live.com¹
Guimarães, Leidiane de França¹
Guimarães, Vitoria de França²
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Física

Resumo: Destaca o uso de experimentos para ensinar a ciência da natureza para discentes de nível médio. O
trabalho aqui apresentado tem como objetivo provocar nos alunos a interpretação crítica de tais fenômenos em
seus cotidianos, elevar o interesse, além de melhorar o índice de aprovações. Em um período de cada quinze
dias o projeto foi posto em prática em uma escola militar na cidade de Catalão - Go, em acordo com a professora
titular e conteúdo ministrado, propomos uma didática com materiais de baixo custo, todo desenvolvimento
realizado com turmas do terceiro ano do ensino médio. O modelo de aula laboratorial em ensino básico
encaminha-se pesquisando e testando já há algumas décadas, porém, sem consenso entre os pesquisadores para
qual a ser recomendada, aplicada e seguida como modelo padrão. Inspirados nestes trabalhos desfrutamos da
autonomia de avaliar por uma perspectiva incomum. Para a obtenção de resultados assumimos como critérios
a observações do comportamento dos alunos, definidos pela sua evolução em habilidades de manipular,
questionar, investigar, solucionar problemas e curiosidades, além disto, resultados de testes aplicados pela
própria instituição. Deste modo, o projeto amenizou as dúvidas, introduziu o conhecimento cientifico de forma
que contextualiza a realidade e amplia seus interesses por ela.
Palavras-chave: Trabalho. Experimento. Modelo.

__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO O teor educativo das matérias, muitas vezes são


considerados de maneira superficial ou sem utilidade
pelos discentes, pois muitos preocupam apenas com
Historicamente é fácil notarmos as dificuldades o resultado final e têm o desejo de passarem para a
que professores de física enfrentam ao desenvolver o próxima etapa acadêmica. O ensino tradicional
conhecimento da ciência juntos aos seus alunos de mecânico obriga os alunos a decorar, (Alves e
ensino médio com recurso confortável, que estejam Stachak,2005, p.1), sendo assim, logo cai no
disponíveis nas circunstâncias. É costumeiro que esquecimento e os problemas mais frequentes de
professores e alunos concordem que a física é desinteresse comprometem no desenvolvimento do
desafiadora ao ser lecionada, diante desse fato houve raciocínio lógico.
certa comodidade, que acaba demonstrando
desinteresse na aprendizagem. O Programa Em virtude dos fatos mencionados acima, o
Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência trabalho aqui proposto, procura experimentos de
(PIBID) busca em conjunto aos graduandos em baixo custo que consiga contextualizar o fenômeno da
licenciatura em física aulas que ultrapassem o natureza com o cotidiano e estimule o interesse
comum. (SANTOS, PIASSI, FERREIRA, 2004, p.4),
amenizando os problemas confrontado nas escolas de
Os experimentos são utilizados por muitas ensino médio por docentes e discentes.
instituições no ensino, não apenas de física, mas
também das demais ciências da natureza. Desse 2. METODOLOGIA
modo, enfatizando a importância de expandirmos
essa opção de ensino a todos.
Nós, alunos da licenciatura em física, fomos
inseridos em uma realidade para efetuar a pesquisa no

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intuito de favorecer o ensino da física ou minimizar No segundo bimestre, as desenvolturas dos
problemas recorrentes, além, de ganharmos alunos foram mais evidentes, assim, a percepção de
experiência como professores, enxergamos a seus avanços nos quesitos de se comunicarem e
necessidade de optar por mais de uma diligência para elaborarem hipóteses. Também foi possível notar a
a coleta de dados. mudança no interesse e, até mesmo, na disposição dos
discentes em participarem da aula ao comprar com o
O meio do desenvolvimento do projeto foi o período anterior. É importante ressaltar que a
ambiente acadêmico. O que nos fez oportuna a coleta etnografia aplicada na educação deve ser utilizada de
dos dados pela etnografia aplicada na educação, além, forma cuidadosa no processo de transição para a
da coleta quantitativa que é abundante no ramo educação, se privando de seus conceitos que
científico. distanciam do sentido original. (Jardim, 2013,
p.7226).
A etnografia aplicada na educação encaminha-se
ganhando espaço em pesquisas acadêmicas deste Como o objetivo do trabalho aqui proposto é a
1970 (Jardim, 2013, p.7226). Caracterizado pelo seu intervenção científica, elaboramos uma teste para os
inovador modo de extrair dados, possibilitando uma educandos, como o cotidiano não nos obriga a utilizar
análise conceitual, pois, ela se destaca em da matemática pra compreender a física, o teste
observações de grupos, como se comportam e conteve apenas questões teóricas, e chegamos em
interagem entre si (Jardim, 2013, p.7227). Assim, de resultados, certamente, interessantes.
maneira que some positivamente com a teoria de A questão com maior porcentagem de acertos
aprendizagem de Vygotsky que implica nas relações frisou em 95,7%, o experimento aqui em questão é o
interpessoais como desenvolvimento intelectual Cabo de guerra elétrico. Que é utilizado de materiais
(GASPAR, MONTEIRO,2005, p.231) de baixo custo representados na tab. 1.
A pesquisa quantitativa, diferentemente da Tabela 1. Materiais para o Cabo de guerra elétrico
etnográfica, implica na análise de dados
rigorosamente numéricos. Transformando-os em Materiais:
estatística que deixa notório as mudanças, sejam elas Balões;
positivas ou negativas, o que possibilita apontar Fita adesiva;
falhas e resultados satisfatórios que fortaleça aquilo Latinha de alumínio.
que deve ser mantido. Org. Gabriel Fonseca (2019)

Com base nos fatos apresentados percebe-se a Outra questão que nos surpreendeu foi em
importância da unificação das extremidades de relação ao experimento nomeado de Foguete de
métodos de pesquisa, pois, filtrar resultados de garrafa pet, que não apenas envolve física como
diferentes fontes reforça e possibilita conclusões que também química. Esta questão ficou com 84,8% de
provavelmente não pactuaria, pois, não haveria esta acertos, além disto, houve a maior empolgação ao
ferramenta para comparação. efetuar desse experimento no que se compara aos
demais. Observando conforme tabela 2, esse
experimento é bastante acessível e simples.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 2. Materiais para o Foguete de garrafa pet

No decorrer do primeiro bimestre já notamos a Materiais:


necessidade de utilizar a etnografia para melhores Duas garrafas pet (de preferência mesmo
resultados. Como mencionado, ela tem a capacidade tamanho);
de entender o problema no sentido de ‘dentro pra Vinagre;
fora’, em vista disso, compreendemos a importância Bicabornato de sódio;
da opinião daqueles que participam. Filtro de café descartável;
Até esse tempo, houve certa dificuldade em Barbante;
apontar as mudanças que já tinham sido observadas, Fita isolante.
pois estávamos no primeiro contato com os discentes. Org. Gabriel Fonseca (2019)
Para auxiliar a nossa percepção, ao fim do
experimento solicitamos que os alunos fizessem um Mais análises interessantes são que as
relatório, deste modo, conseguimos constatar seus questões com menor taxa de certos não chegaram a
avanços. 30%, admitimos não encontrar o motivo exato desta
taxa alta de erro que soma 70%, de fato este é um
ponto negativo que nos preocupa

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Para além disso, houve uma aprovação importância de aulas experimentais, Rio de janeiro,
significativa entre os alunos no que se refere a nova p. 1-4, 2005.
didática proposta a eles, é questionável esta afirmação
pelo fato de não sabermos como os discentes CLARO, LUIS CARLOS. As atividades
reagiriam caso as propostas se tornassem experimentais de física na escola de ensino integral:
permanentes no ensino médio. uma análise crítica. As Atividades experimentais de
física, Piracicaba, SP, p. 13-124, 2017.
4. CONCLUSÕES
GASPAR, Alberto; MONTEIRO, Isabel Cristina de
Castro. Atividades experimentais de demonstrações
Pela observação dos aspectos analisados em sala de aula: uma análise segundo o referencial da
comprovasse a importância das aulas experimentais. teoria de Vygotsky. Uma análise segundo o
Deste modo, é possível afirmar com clareza que os referencial da teoria de Vygotsky, São Paulo, SP, v.
experimentos de baixo custo contêm tanta capacidade 10, n. 2, p. 227-254, 2005.
de favorecer a construção do conhecimento e intervir
cientificamente quando aqueles com maiores custos. JARDIM, Juliana Gomes. O uso da etnografia na
pesquisa em educação. O uso da Etnografia,
Defendemos também o potencial dessa didática, Curitiba,PR, p. 7225-7231, 2013.
de maneira que ela se torne comum nas escolas sendo
desenvolvidas por discentes com mais experiência, e NEVES, Rita de Araujo; DAMIAN, Magda Floriana.
assim, podendo lograr resultados semelhante ou até Teorias da aprendizagem, Pelotas,RS, v. 1, n. 2, p.
melhores que os que aqui foram apresentados. 1-9, 2006.

Com isso, esse trabalho alcança mais um de seus SANTOS, Emerson Izidoro dos; PIASSI, Luís Paulo
aspectos que é auxiliar aos alunos na construção de de Carvalho; FERREIRA, Norberto Cardoso.
aulas práticas que escapam do comum e oferecem Atividades experimentais de baixo custo como
grande proveito didático estratégia de construção da autonomia de
professores de física: uma experiência em formação
REFERÊNCIAS continuada. Atividades experimentas de baixo
custo, São Paulo,SP, p. 1-16, 2004
ALVESA, Vagner Camarini; STACHAKA, Marilei. RESPONSABILIDADE AUTORAL
A importância de aulas experimentais no processo “O(s) autor(es) é(são) o(s) único(s) responsável(is)
ensino aprendizagem em física: “Eletricidade”. A pelo conteúdo deste trabalho”.

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COMO MOTIVAR ADOLESCENTES NA PRÁTICA DA EDUCAÇÃO FÍSICA
ESCOLAR SOB O OLHAR DE UM DISCENTE DO PROGRAMA INSTITUCIONAL
DE BOLSAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA
Santos, Heliany Pereira, helianyps@yahoo.com.br
Rosa, Gabrielle dos Santos, gabrielledossantosrosa@yahoo.com.br
Santos, Raquel de Almeida, rq.almeida48@gmail.com

1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Biotecnologia
2
Campus Catalão

Resumo: : O presente trabalho é um relato de experiências proporcionadas pelo Programa Institucional de


Bolsas de Iniciação à Docência do curso de Educação Física presente na Regional Catalão, foi realizado com
alunos do nono ano do ensino fundamental II, trata-se do desafio de motivar adolescentes à prática de educação
física escolar, pois essa fase implica no período em que estão em constante mudanças, tanto biológicas quanto
psicológicas. É dever do professor saber que a Educação Física não trabalha somente com o campo biológico
pois, acima de tudo somos seres culturais. Também é dever do professor saber lidar, entender e intervir
pedagogicamente para tornar essas mudanças menos conflitantes tornando a relação professor-aluno mais
estreita. Podendo assim trabalhar a motivação para a prática da Educação Física Escolar a partir da inclusão
do cooperativismo e da ludicidade às aulas

Palavras-chave: Motivação. Adolescência. Ludicidade. Cooperativismo.

__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO sexual e social e pelos


O trabalho foi desenvolvido com a turma do esforços do indivíduo
nono ano do ensino fundamental II do CEPI da em alcançar os objetivos
PMG Dr. Tharsis Campos a partir das vivências relacionados às
proporcionadas pelo PIBID do Curso de expectativas culturais da
licenciatura em Educação Física da sociedade em que vive.
Universidade Federal de Goiás-Regional A adolescência se inicia
Catalão, programa esse que tem o objetivo de com as mudanças
inserir o aluno de licenciatura à prática da corporais da puberdade e
docência. Esse texto busca relatar as termina quando o
experiências vivenciadas no primeiro contado indivíduo consolida seu
do discente de Educação Física com sua área de crescimento e sua
trabalho e o desafio de motivar os adolescentes à personalidade, obtendo
prática da Educação Física Escolar. Para isso é progressivamente sua
preciso entender o que é adolescência, independência
motivação, ludicidade e cooperativismo. econômica, além da
“Adolescência é o integração em seu grupo
período de transição social.” (TANNER,
entre a infância e a vida 1962 apud Eisenstein.
adulta, caracterizado 2005 p. 1)
pelos impulsos do
desenvolvimento físico, A adolescência é um período de grandes
mental, emocional, mudanças e principalmente de incertezas, quando
pensamos a prática de atividade física já ligamos essa

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prática ao corpo, e adolescentes tendem a ter vida do sujeito” (RAU,
dificuldades para lidar com esse assunto pois, há uma 2013. p.31)
grande mudança em relação ao físico nessa fase.
Além da mudança que gera medo e incertezas, a Por isso a ludicidade é tão importante para a
cobrança da sociedade em relação ao estereótipo motivação do aluno, aprender brincando é uma forma
perfeito tende a fazer com que adolescentes tenham leve de estimular o aluno a agir de forma efetiva nas
receio de trabalharem seus corpos, fazendo com que aulas de educação física.
eles se privem de realizar experimentações no campo Quando observado o uso esporte na educação
da Educação Física escolar. Podemos perceber que física escolar uma parcela de alunos não se deixa
essas privações acontecem principalmente com o vivenciar experimentações nessa área pelo fato de ser
sexo feminino, pois a cobrança exacerbada de um bastante competitivo. O esporte hoje, é reconhecido
corpo perfeito é bem maior que no sexo masculino. como um fenômeno que está presente na sociedade
Isso faz com que as adolescentes se auto excluam da uma vez que experiência formas de lazer, passatempo
prática da Educação Física Escolar. e atividade profissional (WEINBERG e GOULD,
Está aí a grande dificuldade do professor. Como 2001), apesar de ser chamado como “fenômeno” o
motivar esses alunos que se privam de fazer esporte com caráter competitivo é limitante e
experimentações nas aulas de Educação Física? segregador o que faz com que parte dos alunos não
faça experimentações em torno desse assunto.
“A motivação é
conceituada como o 2. METODOLOGIA
processo que leva as Quando deparados com alunos que não querem
pessoas a uma ação ou participar das aulas, tem-se a impressão que são
inércia em diversas alunos desinteressados, porém é preciso entender
situações. Este processo que ele não é uma página em branco onde deposita
pode ser ainda o exame os saberes, como diz Freire (2013). Na verdade, é
das razões pelas quais se necessário que se entenda a historicidade refletida
escolhe fazer algo, e em todo comportamento presente. Assim, então,
executar algumas tarefas através da criação de meios para motivá-los a
com maior empenho do participar com efetividade nas aulas de Educação
que outras (CRATTY, Física começasse a inserir o entendimento na
1984 apud Malavasi; sociedade acadêmica que esses alunos, e no caso em
Both 2005. p. 1) tela, na fase da adolescência estão em uma fase de
transição e que fatores biológicos e psicológicos
Fazer com que os alunos “escolham” participar influenciam na participação efetiva das aulas. Isso
de forma efetiva nas aulas, não é uma tarefa simples, pode ser observado durante visitas realizadas no
ações como tirar o foco da competitividade e inserir o nono ano do ensino fundamental II do CEPI da PMG
cooperativismo às aulas tendem fazer com que uma Dr. Tharsis Campos, e a partir dessas observações
parcela maior de alunos participe efetivamente das foram elaborados planos de aulas que pudessem
aulas. A introdução da ludicidade as aulas também é motivar a participação de grande parte dos alunos da
uma ferramenta de grande valia. turma em questão.
Foram criadas estratégias para tornarem as aulas
“A ludicidade se mais lúdicas com menos foco em competitividade,
define pelas ações do para que fosse despertado o cooperativismo e o
brincar que são interesse de todos na participação das aulas.
organizadas em três A primeira estratégia foi tirar o foco competitivo
eixos: o jogo, o do esporte e passar para o foco do cooperativismo, a
brinquedo, e a ferramenta utilizada foi o voleibol, pois o voleibol é
brincadeira. Ensinar por um esporte de cooperação onde cada ação depende
meio da ludicidade é de uma ação anterior. O voleibol sentado, foi uma
considerar que a nova forma de vivenciar o voleibol de forma
brincadeira faz parte da cooperativa e na perspectiva de um deficiente físico
vida do ser humano e
que, por isso traz
referenciais da própria

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com o objetivo de estimular a solidariedade, a das provas era muito
inclusão e a cooperação entre os alunos. íngreme [...] Este fato
A segunda estratégia foi utilizar da ludicidade ocorriam também em
para propiciar uma maior interação dos alunos e função da cidadania para
estimular a cooperação entre eles com o uso do os gregos estar ligada a
voleiar com balões, onde os alunos vivenciaram função de guerrear,
brincar com balões de forma direcionada e atividade vedada para as
objetivada, a fim de entenderem melhor os mulheres, gerando com
fundamentos do voleibol. isso praticamente a
A terceira estratégia foi de resgatar brincadeiras exclusão feminina da
tradicionais a fim de propiciar uma maior vida pública, cabendo a
sociabilização entre os alunos, a construção de elas somente o papel de
brinquedos foi a escolha, um brinquedo chamado ser mãe de cidadãos”.(
balangandã que mostrou aos alunos uma forma de OLIVEIRA, CHEREN,
brincar que foi substituída por brinquedos TUBINO 2008,p.118)
tecnológicos.
A quarta estratégia foi motivar os alunos a Deste modo, percebe-se que alguns
participarem de uma aula de esporte de aventura na comportamentos mesmo que de maneira involuntária
qual eles foram desafiados a enfrentar o medo ao ainda estão associados a aspectos implantados pela
caminhar e se equilibrar no slack line. sociedade ocasionadas a não inclusão dessas meninas.
No Colégio inerente a intervenção foram constatadas
alguns desses comportamentos de exclusão,
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO entretanto não originados por uma atitude machista
dos alunos, muito pelo contrário, eles incentivam a
Uma das questões apresentadas e a fonte de prática por elas, mas sim pela própria restrição das
observação deste trabalho é o comportamento do não praticantes de maneira a ser demonstrado pelas
aluno quando inserido nas aulas de Educação Física, imagens a seguir:
principalmente quando colocado em evidência a
participação das meninas.
Segundo observações realizadas durante a
prática do PIBID no colégio referencial notou-se uma
grande resistência pela não prática das atividades
propostas pela maioria das meninas. Quando
indagadas o porquê, algumas relataram que não
estavam dispostas, outras informaram que o tempo
estava muito quente para praticar o exercício, outras
usavam situações hormonais como cólicas e o
restante não faziam simplesmente porque não
queriam.

É comum, quando se abre a análise para uma


visão geral, que a participação de meninas em Figura I Fonte: cedida pela escola
qualquer modalidade esportiva ainda é um tabu,
principalmente cultural, a ser superado vindo da
concepção antiquária de que o esporte ainda é feito
para homens e a mulher exerce o papel de
coadjuvante.

A não participação da mulher no esporte vem


desde a Grécia Antiga em que ela era proibida até
mesmo como telespectadora.

“poderiam ter danos


fisiológicos, já que o
acesso ao Stadium, local

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sujeito feminino ao
domínio do poder
masculino”( SILVA,
2010, p. 560)

Completa assim preconizando que:

“faz-se necessário
pensar em uma
estratégia de intervenção
que não parta de uma
perspectiva reducionista
que exclua pessoas de
FiguraII Fonte: cedida pela escola praticarem de seus
direitos como seres
Nota-se o isolamento das meninas durante a humanos. [...]
realização das atividades propostas pelo Programa. Reconhecer as
como pode-se perceber elas se auto-excluem e diferenças é questionar
limitam suas vivências os conceitos
homogêneos, estáveis e
Na imagem abaixo nota-se nitidamente o
interesses antonimos, os meninos participando da permanentes que
excluem o que é
atividade proposta pelo professor e a auto-exclusão
das meninas ao fundo. É necessário que o profissional diferente dos padrões
normativos.” (SILVA,
de Educação física quando deparado a um fator como
2010, p.560)
este saiba se posicionar e traçar estratégias para
executar a quebra desses tabus acadêmicos. Ou seja, é importante que o professor saiba dar o
suporte necessário para que seu aluno tenha liberdade
e confiança para ser quem ele realmente é para que
assim ele se sinta confortável para participar das
atividades.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ou
CONCLUSÕES

Durante o período das aulas proporcionadas pelo


PIBID, foi possível aplicar os conhecimentos que
obtivemos no curso de Educação Física, o que nos
deu o princípio norteador para o primeiro contato com
nossa área de trabalho. A motivação dos alunos foi
um grande desafio que conseguimos transpor após

Figura III Fonte: cedida pela escola

“a violência que a
mulher sofre no seu dia a
dia, incorporada e
enraizada no imaginário
social coletivo da nossa
sociedade, de homens,
mas também de
mulheres, que legitimam
a subordinação do

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utilizarmos das ferramentas que tínhamos em mãos,
como podemos comprovar nas imagens abaixo:

FiguraIV Fonte: cedida pela escola Figura VI Fonte: cedida pela escola
Nessa imagem podemos ver a participação das
alunas nas aulas, o que gerou grande satisfação ao Após essa experiência cumprimos os objetivos
ver que o trabalho estava tendo acertos, é dever do que nos tínhamos proposto, uma vez que as imagens
professor saber estimular a vontade de aprender das nos ajudam a mostrar que houve um grande aumento
alunas, criar ações que possam despertá-las. da participação dos alunos nas aulas de Educação
Transformando as alunas até então dispersas em Física, durante a realização das aulas passamos a
ativas. Quando trabalhado voleibol sob uma nova entender que o professor deve saber estimular a
perspectiva, ele se torna uma ferramenta para o vontade de aprender do aluno, criar ações para que
professor, sem a competitividade integrada a prática, essa vontade desperte, para torna-lo um aluno ativo e
a aula se tornou menos desgastante, mais lúdica e a aula satisfatória para ambos os lados.
com grande participação das alunas.

A aula do balangandã reviveu na memória dos REFERÊNCIAS


alunos brincadeiras que caíram no esquecimento da ASSOCIAÇÃO EISENSTEIN, Evelyn.
sociedade tecnológica que estamos vivendo, fazendo Adolescência: definições, conceitos e critérios .
os alunos em geral repensar suas práticas na Adolescência e Saúde. 2005;
sociedade em que eles estão imersos.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Editora
Paz e Terra. Rio de Janeiro, 2013.
OLIVEIRA Gilberto, CHEREM Eduardo, TUBINO
Manoel. A inserção histórica da mulher no
esporte. Revista bras. Ciência e Movimento, 2008
RAU, Maria Cristina Trois Dorneles. A ludicidade
na educação: uma atitude pedagógica. Editora
Ibpex Segunda edição. Curitiba, 2013
SILVA, Sérgio Gomes. Preconceito e
discriminação: as bases da violência contra a
mulher. Psicol. cienc. prof. vol.30 no.3
Brasília,2010.
Figura V Fonte: cedida pela escola SOARES, Carmen Lúcia. Educação Fisica Escolar:
Conhecimentos e Especificidades Rev. paul. Educ.
A aula do esporte de aventura fez com que os Fis., São Paulo, supl.2, p.6-12,1996
alunos desafiassem o medo, nessa imagem percebe-
se a cooperação entre os alunos, o que torna a TRESCA Rosemary Pezzetti ROSE Dante de Junior.
experiencia do PIBID satisfatória. Estudo comparativo da motivação intrínseca em
escolares praticantes e não praticantes de dança

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Revista Bras. Ciên. E .Mov, Brasília volume 8 RESPONSABILIDADE AUTORAL
pagina 9-13, Janeiro 2000 “O(s) autor(es) é(são) o(s) único(s) responsável(is)
pelo conteúdo deste trabalho”.
WEINBERG, R., & GOULD, D. Fundamentos da
Psicologia aplicada ao exercício e ao esporte.
Porto Alegre: ARTMED. 2001

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CONTRIBUIÇÃO DO PIBID GEOGRAFIA PARA O ENSINO
FUNDAMENTAL
DA ESCOLA PROFESSORA ZUZU, MUNICIPIO DE CATALÃO (GO)
Matos, Patrícia Francisca, patriciafmatos@yahoo.com.br
BORGES, Genivaldo Clemente, borges.perfeito@gmail.com1
SANTOS, Luciane Ferreira1
RIBEIRO, Edineia Santos2
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Geografia

1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Geografia
Resumo:

O objetivo deste trabalho foi contribuir para o desenvolvimento intelectual dos alunos nas aulas de Geografa
da Escola Estadual Professora Zuzu localizada no Bairro das Américas; Av. Das Américas, SN Catalão GO
Ensino Regular Fundamental, juntamente com os licenciandos do programa institucional de Bolsas de Iniciação
à Docência (PIBID) da Universidade Federal de Goiás Regional de Catalão (UFG-RC). As atividades que
foram propostas tinham como intuito mostrar aos alunos que eles poderiam vivenciar os conhecimentos da
disciplina de Geografia de um outro modo, a partir de associação de figuras para localização dos estados
brasileiros e vídeos com abordagens sobre fontes energéticas. Antes de iniciarmos as atividades foi estudado
todo o conteúdo em sala de aula, depois deu se início as atividades com alunos do 8º ano para colocar em
pratica as atividades propostas pelos bolsistas, assim foi possível trabalhar os conceitos práticos em locais
propícios para realização das atividades/biblioteca, na escola, assim os alunos puderam aprender a matéria
sem perder o foco do conteúdo do livro e estariam aprendendo e desenvolvendo seus conceitos de forma pratica
e interativa. A partir deste momento os alunos(a) podem estar aptos a formar com clareza a construção de seus
próprios conceitos críticos a partir do entendimento adquirido.

Palavras-chave: 1.Geografia 2.Pibid 3.Aluno 4.Aprendizado 5.Escola.

__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO O Curso de Geografia da Universidade Federal


de Goiás/Regional Catalão, iniciou o
desenvolvimento do PIBID no ano de 2013. Em 2018
O presente trabalho é uma apresentação sobre os contemplou três escolas, sendo todas do Ensino
doze meses de atuação dos alunos bolsistas e tem por Fundamental, vinte quatro bolsistas, três supervisores
finalidade descrever a importância bem como parte da escola e um coordenador. Uma das escolas é a
das experiências do Programa Institucional de Bolsa Escola Professora Zuzu, nas séries de 7ª, 8ª e 9ª anos.
de Iniciação à Docência – PIBID, criado em 2007,
coordenado pela Diretoria de Educação Básica da Os primeiros meses de atuação foi feito através
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de de observações pedagógicas, proporcionando
Nível Superior (CAPES), tem como objetivo conhecer e compreender o cotidiano escolar e a
incentivar a formação de docentes em nível superior dinâmica em sala de aula; auxilio/monitoria, com a
para atuarem na rede de ensino, elevando a qualidade finalidade de auxiliar nas aulas de Geografia, e,
dos graduandos dos cursos de licenciatura. posteriormente, o desenvolvimento das intervenções
e mediações por meio de oficinas, elaboração de

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recursos didáticos, exposições de vídeos, atividades Participação nas atividades da escola;
lúdicas, entre outras. acompanhar as aulas do 7º e 8º ano em sala de aula,
revendo atividades, isto possibilita relembrar
A escolha da metodologia sempre é feita, conceitos e definições vistas no passado quando
observando a aprendizagem, mediação e troca de cursara esta disciplina no Ensino Fundamental, ao
conhecimento. Assim, considera-se que todas as acompanhar a explanação da professora de Geografia
atividades desenvolvidas pelo PIBID/Geografia têm que discorre através do livro didático.
sido positivas, em função do interesse dos alunos com
o conteúdo, principalmente com o uso de Os livros didáticos da escola abordam temas da
metodologias “novas”, possibilitando aulas mais Geografia Física com conteúdo quantitativos e
participativas. Também está sendo muito proveitoso quantitativos apresentando mapas e gráficos que
para os pibidianos, conviverem diretamente com a apontam para dados estatísticos e imagens que aborda
realidade escolar, enfrentando desafios, sobretudo, a diversidade de paisagem população de diversas
em relação a falta de infraestrutura da escola. regiões.

Numa abordagem em sala de aula no final do ano


em novembro de 2018 foi apresentado temas sobre
2. PARTICIPAÇÃO E OBSERVAÇÃO NAS recursos energéticos no qual foi passado para os
AULAS alunos PIBID fazerem a primeira participação direta
O acompanhamento das aulas e as participações com os alunos das serie 7º e 8º ano para a fixação de
se deram por meio das salas do 7º e 8º ano, desta conteúdos já abordos nas aulas anteriores os quais
forma teve-se início por meio de observação e tratavam não só dos recursos energéticos, mas
posteriormente, através de elaboração de atividades também dos problemas causados (degradação,
lúdicas e com apresentação de vídeos que foram poluição, radiação, assoreamento, etc.) na produção e
escolhidos após pesquisas no laboratório Ensino da exploração destes recursos.
UFG/RC. “Ninguém caminha sem aprender a A leitura do mundo
caminhar, sem aprender a fazer o caminho precede a leitura da
caminhando, refazendo e retocando o sonho pelo qual palavra, daí que a posterior
se pôs a caminhar”. (FREIRE, 1997, p.155) leitura desta não pode
prescindir da continuidade
Acompanhar as atividades da professora em sala da leitura daquele (A
de aula bem como a observância dos detalhes das palavra que eu digo sai do
aulas e participação dos alunos foi um fator mundo que estou lendo,
motivador para preparar uma possível atividade para mas a palavra que sai do
posterior apresentação. Nesse período foi possível mundo que eu estou lendo
entender a forma como os alunos interagem e vai além dele). (...) Se for
absorvem o conteúdo ministrado pelo professor. capaz de escrever minha
palavra estarei, de certa
As aulas do primeiro e segundo horário matutino; forma transformando o
são marcadas pela sonolência e o que influência mundo. O ato de ler o
negativamente participação dos alunos na disciplina. mundo implica uma leitura
Diante dessa dificuldade coube trabalhar com dentro e fora de mim.
dinâmicas envolvendo didática que despertasse e Implica na relação que eu
motivasse a participação coletiva de todos alunos que tenho com esse mundo.
passaram a demonstrar interesse pelos temas (FREIRE, 1992, p.11)
abordado em sala de aula. Na didática da primeira apresentação foram
levados vídeos sobre as principais fontes de energia e
As participações também ocorreram na
as formas de produção como: Usinas hidrelétrica,
observação da aplicação e correção das atividades na
sala de aula ministrada pela professora de Geografia eólica, termonuclear, bioenergética, termoelétrica e
painéis fotovoltaicos(solar)
a partir do livro didático.
O vídeo como material
didático oferece grandes
2.1. Experiências Com Vídeos possibilidades
pedagógicas, no entanto o

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educador precisa estar A alegria não chega
atento e ter uma boa apenas no encontro do
percepção do que o vídeo achado, mas faz parte do
oferece para enriquecer o processo da busca. E
trabalho pedagógico e ensinar e aprender não
principalmente analisar pode dar-se fora da
criticamente, enfocando os
procura, fora da boniteza e
aspectos positivos e
da alegria
negativos que este
enquanto recurso pode (FREIRE, 2004, p. 142).
contribuir para
desenvolver um bom Assim podendo interagir professor e alunos,
trabalho em sala de aula. durante boa parte de manhã no ambiente da biblioteca
(NUNES, 2012, p. 12-13) onde juntos obteve-se e recapitulou-se
Nesta atividade a professora permitiu a conhecimentos antes ministrados em sala de aula.
participação na elaboração de questionários e a Pode-se desta forma ajudar alunos que tiveram
participação no acompanhamento do alguma dificuldade na aprendizagem da matéria, e
desenvolvimento dos alunos através da correção das estavam precisando de revisão da matéria para a
avaliações que foram elaboradas sobre os temas prova.
apresentados nos vídeos e atividades de sala de aula.

2.2. Slides Sobre a Ocupação do Território 3. METODOLOGIA


Brasileiro, Colonização, Tráfico Negreiro

Conhecimento e pratica na segunda apresentação As atividades foram executadas por meio de


março de 2019; foi elaborado slides sobre a ocupação participação em sala de aula e na biblioteca da escola
do território brasileiro, colonização, tráfico negreiro, com elaboração de material didático com apoio dos
e as principais campanhas ou entradas no território das orientadoras e através da internet no laboratório
brasileiro estas para explorarão e conhecimento das da UFG/RC para apoio na elaboração das atividades
regiões a serem demarcadas e conquistadas através da a serem aos alunos para ajuda-los na formulação de
tentativa de escravizar o índio encontrar metais e ideias e compreensão do que estava sendo abordado e
pedras preciosas. que seria posteriormente usado pelo professora em
O trabalho teve por finalidade abordar os suas avaliações e como forma de recuperação para os
principais temas das salas de aulas para fixação e alunos que não alcançaram resultado satisfatório nas
revisão para avaliação nesta apresentação foi avaliações feitas naqueles bimestres.
colocado testos que respondiam a questões do Uso de tecnologia e recurso multimídia; A escola
questionário de revisão da disciplina para dar apoio disponibilizou TV, Datashow, e computador para a
ao que foi ensinado em sala pela professora. execução das atividades o que proporcionou conforto
2.3. Quebra-cabeça tranquilidade na execução da atividade proposta o
recurso ambiente foi primordial para o sucesso do que
Quebra-cabeça é um jogo onde os alunos foi apresentado.
deveriam resolver um problema proposto nesse caso
montar um mapa do Brasil com estados e suas Aplicação com trabalho de grupo (mapa do
capitais. Nesse tipo de jogo, o raciocínio é bem mais Brasil) em forma de quebra cabeça com alunos
importante que a agilidade e a força física, atividade interagindo proposta localizar o estado e acrescentar
em grupo proporcionou interação entre alunos pode- estado e capital assim montar o mapa com estados
se verificar através do desafio o esforço brasileiros e também suas capitais.
possibilitando a memorização e verificar a
concentração uso do raciocínio para montar mais 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
rápido e assertivo surgindo discussão e criatividade
para identificar as partes do mapa e a localização de A cada participação nas atividades com os alunos da
suas capitais. Escola Estadual Professora Zuzu, sobretudo, nas
dinâmicas e didáticas usada verificou-se que o
resultado foi positivo uma vez que absolveram grande

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parte do que foi abordado com resultados positivos por colocá-lo no ambiente escolar no âmbito da sala
nas avaliações elaboradas pela professora de de aula e dar a ele a oportunidade de acompanha a
Geografia e os alunos tiveram maior interação com a rotina escolar junto a um professor que tem muita
disciplina e consequentemente passaram a ter um experiência na profissão e no convívio com os alunos.
melhor rendimento nas notas quando avaliados. As Para os bolsistas PIBID é possível ter a
reuniões da equipe do PIBID no laboratório para oportunidade de vivenciar o cotidiano e o espaço
preparação de atividade para futuras apresentação são escolar e participar, planejar das atividades com os
boas formas de somar ideias para planejar atividades alunos e o professor orientador da escola.
e discutir certas dinâmicas a serem abordadas para
uma próxima atividade a ser desenvolvida para ser AGRADECIMENTOS
apresentada.

Extraordinário somatório de ideias possibilita um A orientadora do Pibid Professora: Dra. Patrícia


crescimento intelectual que leva o grupo a se Matos pelo incentivo e apoio na metodologia de
desenvolver interagindo e formulando pensamentos estudo e por nos preparar para estar sala de aula bem
que poderão ser colocados em pratica futuramente no como na preparação das atividades. e também a
exercício da profissão; seja com conteúdo ou Professora Dra. Odelfa Rosa pelas orientações
dinâmicas que serão colocadas em pratica. fornecidas na elaboração de algumas atividades
contribuindo com grandes ideias que fortalece nosso
Outro componente é o cine PIBID; com conhecimento.
apresentação de filmes baseados em fatos reais e
documentários de escolas escolhidos por parte dos REFERÊNCIAS
graduandos participantes e das orientadoras ajudam a ______. A importância do ato de ler: em três
somar ao conhecimento realidade da educação e sua artigos que se completam. São Paulo: Cortez:
problemática no contesto público ou privado mostram Autores Associados, 1992
a realidade de centros urbanos e da periferia que
trazem fatos da vida real de uma forma lúcida e FREIRE, 1992, p.11 A importância do ato de ler
profunda para aqueles que estão inseridos no campo https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/geografia/o
da educação -uso-video-como-recurso-didatico-no-ensino-
geografia.htm (NUNES, 2012, p. 12-13)
Diversas orientações fornecidas pela Professora
Dra. Patrícia Matos; complementam e favorecem a Quebra-cabeça - Ferramenta para o Aprender.
um pensamento crítico e dinâmico sobre os temas Disponível em: >
possíveis de serem trabalhados bem como o que pode http://psicopedagogialudica.blogspot.com/2013/10/a
ser levado ou não para uma apresentação em sala seja prender-com-quebra-cabeca.html
com metodologia a serem trabalhadas ou métodos de
RESPONSABILIDADE AUTORAL
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este programa de iniciação pedagógica para
“O(s) autor(es) é(são) o(s) único(s) responsável(is)
graduandos da licenciatura é de grande importância
pelo conteúdo deste trabalho”.

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DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIAS ASSISTIVAS PARA
ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS

Silva Junior, Domingos Lopes, domingosjr@gmail.com


Tsujii, Guilherme Hiroki, gtsujii.academico@gmail.com1
Silva, Michele Cristina
Alves, Jean Paulo
De Paula, Wellington Barboza

1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Física

Resumo: Este trabalho tem como objetivo principal conhecer e explorar o que são as Tecnologias Assistivas
(TA) e seus impactos na vida das pessoas com deficiências. Conhecer as dificuldades enfrentadas e
aprendermos formas de melhorar a experiência escolar desses alunos e ajudar no seu desenvolvimento
cognitivo. Alunos com necessidades especiais por vezes não são incluídas na educação de forma correta, muitas
vezes deixados de lado, tratados de maneira invisível, seja por falta de recursos ou de não especialização dos
professores. A TA tem como função facilitar a vivência dos deficientes, utilizando aparelhos, softwares,
equipamentos. A utilização desses recursos pode mudar completamente a vida de pessoas com deficiência,
porém, por vezes é difícil alcançar que todos tenham. Portanto uma maneira de minimizar esse problema é a
confecção artesanal de materiais para amparar no aprendizado de todos com deficiência. A proposta do
trabalho é demostrar a confecção própria de um suporte de teclado e uma varinha de cabeça desenvolvida pelos
alunos do PIBID (Programa de Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência) para auxiliar um aluno com
deficiência física, que tem dificuldade em coordenação motora. Podemos entender que a inclusão é ainda bem
complicada e carece de avanços na pesquisa, educação e conscientização das pessoas para dar-se a atenção
necessária ao tema, entretanto é possível almejar um avanço nessa área, tendo em vista que há crescimento nas
pesquisas e interesse na inserção desses, principalmente nas grandes cidades e capitais .

Palavras-chave: Educação Inclusiva, Tecnologia Assistiva, Necessidades educativas especiais.

__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO buscar melhorias para alcançar a todos esses


jovens. Este trabalho busca apresentar qual a
necessidade das Tecnologias Assistivas (TA) e o
O ensino de alunos com deficiência nos quanto são capazes de melhorar a vida de pessoas
dias de hoje ainda é bastante complicado, a com deficiência.
realidade das escolas do Brasil é que não existem
programas eficazes na inclusão desses alunos na Entretanto observando a realidade das
educação. A falta de capacitação e preparação dos escolas brasileira percebemos que existem diversas
colégios e até a falta de recursos é muito comum e dificuldades no ensino regular dos alunos, com isso
preocupante. Portanto cabe a nós como sociedade a inclusão de alunos com deficiência se torna ainda

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mais difícil. Sant’Ana (2005) ressalta que mesmo isso de forma simples, muitas vezes é necessário o
os profissionais que recebem algum tipo de uso de TA. Porém existem obstáculos a serem
orientação afirmam que não é o suficiente para enfrentados para utilizá-las, como recursos
suprir a demanda e que o ideal seria a financeiros, encomendas, entre outros.
implementação de uma equipe especializada que Porém existem formas de se produzir esses
atue em conjunto com os alunos e professores. equipamentos de formas artesanais melhorando a
vivência do aluno. Serão apresentados alguns dos
Mas o que são Tecnologias Assistivas? recursos utilizados que podem ser feitos facilmente.
Apesar da popularidade no meio acadêmico esse Além do desenvolvimento e confecção de uma
termo ainda é bastante recente e tem sido varinha de cabeça e um suporte de teclado realizado
desenvolvido, porém podemos definir como sendo por nós alunos do PIBID em um Colégio da rede
qualquer equipamento, metodologia e estratégia estadual em Catalão-GO.
que auxilia pessoas com deficiência. Foi trabalhado com os alunos do AEE
(Atendimento Educacional Especializado) práticas
A utilização de de ensino de física utilizando recursos de TA, como
recursos de Tecnologia tabletes para alunos com baixa visão conseguir
Assistiva, entretanto, ampliar imagens, textos e figuras, além de oferecer
remonta aos primórdios recursos de leitor automático, suportes de EVA
da história da para lápis, lápis especiais, suportes para folhas entre
humanidade ou até outros.
Ao decorrer das práticas de ensino viu-se a
mesmo da pré-história.
possibilidade e necessidade de oferecer um recurso
Qualquer pedaço de de acessibilidade ao computador, tendo em vista
pau utilizado como que um dos alunos possuía muita dificuldade
uma bengala motora para escrita.
improvisada, por Portanto para a confecção do suporte e a
exemplo, caracteriza o varinha de cabeça foram utilizados os seguintes
uso de um recurso de materiais:
Tecnologia Assistiva.
(GALVÃO FILHO, Tabela 1: Materiais utilizados
2009, p. 1). Suporte de Teclado Varinha de cabeça

Portanto cabe a todos envolvidos na Tábua 44cm x 16cm Interior de capacete de


educação e bem-estar desses alunos buscarem construção
adquirir e oferecer Tecnologias Assistivas, para Tábua 44cm x 10,5cm Tudo de alumínio
utilização em sua vida pessoal e no aprendizado, Teclado Cola Epoxi
para assim poder pluralizar em todo o meio público Colmeia de acrílico Chapa de ferro
e tornar uma sociedade inclusiva e que tenha um Cola de madeira
amparo a todas que necessitam. Folha de EVA

Conforme Bersch (2008) existem Figura 1 Teclado com Colmeia de acrílico e suporte de
diferentes categorias de TA que auxiliam na madeira.
locomoção, comunicação, vida diária, próteses,
projetos arquitetônicos, funções visuais, funções
auditivas, esporte e lazer. Mesmo essas diversas
categorias, todas influenciam diretamente ou
indiretamente no aprendizado dos alunos.

2. METODOLOGIA

Ao trabalhar com alunos com deficiência nos


deparamos com diversas dificuldades e a adaptação
é a chave para a inclusão. Adaptar a aula e os
conteúdos para suprir a necessidade do aluno é Fonte: Foto Autoral.
essencial, entretanto nem sempre é possível fazer

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Figura 2 Varinha de Cabeça 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Como resultado obteve-se melhoras na


adaptação e facilidade dos alunos em interagir com
os conteúdos apresentados, entretanto é sabido que
a caminhada para real inclusão é extensa, porém ao
ver as possibilidades de confecções dos
equipamentos, crescimento de pesquisas e artigos
nesse âmbito, é animador o que se pode esperar na
inclusão nos próximos anos. Devemos almejar que
toda a escola esteja preparada para receber alunos
especiais, desde a coordenação, administração,
direção, docentes, salas e banheiros adaptados entre
outras preparações e enquanto não houver isso nas
escolas então os alunos não estarão completamente
inclusos no ensino.
Sant’Ana (2005) relembra que o
preconceito e o número elevado de alunos podem
ser visto como pontos negativos para o
desenvolvimento desses alunos pois atrapalha em
suas relações interpessoais. Com isso é trabalho do
professor, pais e sociedade desmistificar e
normalizar o tratamento destinado as pessoas com
Fonte: Foto Autoral. deficiências. Sanches (2006) afirma que Educação
inclusiva nos dias de hoje necessite que o aluno
Tanto o teclado, suporte e a varinha de conviva com os outros, não deixando de suprir suas
cabeça são usados como TA de acessibilidade ao necessidades.
computador como recursos de entrada.
Quando pensamos em educação inclusiva,
Por meio dos "recursos devemos esperar que o aluno mesmo com suas
de entrada" são necessidades especiais seja inserido no meio
introduzidos comandos escolar assim como os demais, portanto deve-se
e instruções no esperar que ele desenvolva, evolua e domine os
computador. conteúdos, dentro é claro dos parâmetros a ele
Habitualmente utiliza- estabelecidos. Sanches (2006) adverte que a
se o teclado e o mouse educação inclusiva não significa baixas
para esta função, mas expectativas em relação ao aluno. A educação
esses instrumentos destinada a eles deve, assim como aos outros
requerem habilidades estudantes, oferecer desafios e conquistas que
motoras, como o uso possibilitem o aprendizado.
das mãos e dos dedos e
habilidades visuais, É possível concluir que falta bastante para
como a localização das termos o ideal na educação desses jovens, que a
teclas, a posição do luta para inclusão é de caráter administrativo,
cursor no monitor e a politico, social e financeiro. Cabe a nós como
visualização de áreas sociedade evoluir para que inserção destes seja feita
ou botões que deverão de forma adequada para melhorar a experiência de
ser ativados. vida dessas pessoas, para que se sintam
(BERSCH, 2007, p.13) confortáveis na escola e sociedade.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Vale dizer também o que não é uma TA. As


Tecnologias Assistivas são todas aquelas que

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auxiliam diretamente o usuário, elas pertencem a
ele enquanto utilizadas, por exemplo, ao usar uma
bengala essa se torna um equipamento do usuário.
Entretanto coisas como equipamentos médicos não
são considerados TA, visto que este está auxiliando
o médico e não o portador de necessidades
especiais.

Através dos conteúdos apresentados aqui é


possível que façamos reflexões sobre a educação
especial, o quão longe estamos da real inclusão?
Mesmo que pareça distante podemos perceber que é
possível, apesar das dificuldades, oferecer
melhorias para esses alunos. Coisas simples que
realizadas com pouco recurso financeiro podem ser
extremamente impactante na vida deles e nos como
sociedade podemos fazê-las.

A escola e os professores primeiramente devem


ter noção das dificuldades e ter acesso as
informações sobre como se trabalhar com alunos
especiais, é necessário ajuda de especialistas,
divulgações de trabalhos no ramo e incentivo a
pesquisa para que assim surja mais e mais
profissionais capacitados a receber esses alunos.

5. REFERÊNCIAS

Bersch, R. D. C. R., & Pelosi, M. B.


(2007). Tecnologia assistida: recursos de
acessibilidade ao computador. SEESP.

Bersch, R. (2008). Introdução à tecnologia


assistiva. Porto Alegre: CEDI, 21.

Sant’Ana, I. M. (2005). Educação inclusiva:


concepções de professores e diretores. Psicologia
em estudo, 10(2), 227-234.

GALVÃO FILHO, T. A. A Tecnologia Assistiva:


de que se trata? In: MACHADO, G. J. C.;
SOBRAL, M. N. (Orgs.). Conexões: educação,
comunicação, inclusão e interculturalidade. 1 ed.
Porto Alegre: Redes Editora, p. 207-235, 2009.

Sanches, I., & Teodoro, A. (2006). Da integração à


inclusão escolar: cruzando perspectivas e
conceitos. Revista Lusófona de educação, (8), 63-
83.

6. RESPONSABILIDADE AUTORAL

Os autores são os únicos responsáveis pelo


conteúdo deste trabalho.

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EXPERIMENTAÇÃO PEDAGÓGICA DO PIBID EDUCAÇÃO
FÍSICA:ATLETISMO NO ENSINO FUNDAMENTAL

Pinheiro, Maria do Carmo Morales1, carmopin@gmail.com


Santos, Luciene da Conceição Lima2, lucienylimaa@gmail.com
Gomes, Isabela Cândido Vasconcelos2, xapelindinha@gmail.com
1
Professora da Licenciatura em Educação Física da UAE de Biotecnologia, UFG/RC.
2
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/UAE de Biotecnologia/ Acadêmicas da Licenciatura
em Educação Física.

Resumo:O presente trabalho apresenta um relato de experiências teórico-metodológicas vivenciadas por


acadêmicas do Curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade Federal de Goiás – Regional
Catalão (UFG/RC), a partir do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), período
2018-2020. Nesse segmento, o objetivo deste é relatar e refletir o conjunto de vivências experienciadas ao
longo do trabalho pedagógico desenvolvido em uma turma de terceiro ano da primeira fase do Ensino
fundamental, de uma instituição Municipal de Educação Básica da cidade de Catalão-GO.Para nos
conduzirna concepção e organização das experimentações pedagógicas,usamos a ferramenta ‘sequenciador
de aulas’ como norteador do trabalho a ser desenvolvido. A partir dele buscamos trabalhar o conteúdo
Atletismo com base no conceito de ‘cultura corporal’, utilizando como eixo temático ‘corpo, infância e
ludicidade’. Nossas experimentações pedagógicas tiveram como objetivo principal: proporcionar a
apropriação sistematizada do universo do Atletismo, possibilitando a ampliação e o enriquecimento do acervo
cultural das crianças (aspecto motor, conhecimento corporal, simbologias) por meio da ludicidade. Para isso,
tivemos reuniões periódicas de elaboração e orientação a respeito da atuação docente, e subsídios em
referenciais críticos de leituras e audiovisuais. Ao final desse momento inicial de experimentações
pedagógicas, concluímos que o Atletismo pode sim, ser trabalhado na primeira fase do Ensino Fundamental,
desde que se considereas especificidades culturais e sócio cognitivas do público ao qual as atividades serão
voltadas. Para além disso, o PIBID nos proporcionou uma rica e vasta experiência formativa, possibilitando-
nos uma melhor compreensão do exercício do magistério.

Palavras-chave:PIBID. Educação Física. Experimentação Pedagógica. Ensino Fundamental. Atletismo.


__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO oferece bolsas de iniciação à docência


O presente trabalho apresenta um relato de proporcionando uma antecipação da vinculação de
experiências teórico-metodológicas vivenciadas por potenciais futuros professores com olatente ambiente
acadêmicas do Curso de Licenciatura em Educação de trabalhofuturo, estimandouma aproximação
Física da Universidade Federal de Goiás – Regional desses com as atividades de ensino nas escolas
Catalão (UFG/RC), a partir do Programa públicas, pressupondo que tal atitude “[...] pode
Institucional de Bolsas de Iniciação à levá-los ao comprometimento e à identificação com
Docência(PIBID), no primeiro semestre de 2019. o exercício do magistério”(FELÍCIO, 2014, p. 419).

O PIBID é uma iniciativa política de formação A respeito desse tema, Rausch e Frantz (2013, p.
inicial de docentes, que visa, principalmente, a 622), afirmam que o programabusca
valorização do magistério, a partir da aproximação
[...] estimular a integração da Educação
entre Instituições de Ensino Superior (IES) e escolas
Superior com a Educação Básica,
Públicas de Educação Básica. estabelecendo projetos de cooperação que
melhorem a qualidade do ensino nas escolas
Criado pelo Decreto n.7.219 (BRASIL,2010), e
da rede pública, elevar a qualidade das ações
desenvolvido pela Coordenação de Aperfeiçoamento
pedagógicas voltadas à formação inicial de
de Pessoal de Nível Superior (CAPES), o PIBID professores nas licenciaturas das instituições

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de Educação Superior e fomentar práticas O sequenciador de aulas é considerado uma
docentes e experiências metodológicas de ferramenta utilizada no amparo ao planejamento do
caráter inovador, bem como tornar a escola trabalho pedagógico, que organiza sistematicamente
pública espaço de reflexão e crescimento na
os objetivos, conteúdos e a metodologiade um
construção do conhecimento docente.
conjunto de aulas em tabelas ou quadros, de maneira
Neste texto, faremos o recorte da que se possa “[...] organizar tempos pedagógicos e
experimentação pedagógica iniciada no mês de maio estratégias de ensino a serem utilizadas e ao mesmo
do ano de 2019, realizada nas terças-feiras, nos dois tempo dá um panorama geral da disciplina” (SILVA,
últimos horários de aulas (15h45min às 17h15min), et. al, 2012, p.163). Destacamos, porém, que não se
com a turma do terceiro ano da primeira fase do trata de uma ferramenta reduzida ao aspecto técnico
Ensino Fundamentalda Escola Centro de Atenção de ordenação do conhecimento, pois, além disso,
Integrado a Crianças (CAIC) São Francisco de visa um trabalho docente capaz de registrar e
Assis. A referida turma é composta por 26 alunos na expressar as noções de totalidade e especificidades
faixa etária de 8 a 10 anos de idade. das aulas, articuladas umas às outras, de modo a
possibilitar uma visão de conjunto, atendendo a
Para auxiliar o trabalho pedagógico umaperspectiva mais ampliada e crítica da Educação
desenvolvido no primeiro semestre de 2019, além Física.
das experiências acadêmicas adquiridas até o
presente momento,tivemos reuniões periódicas de A partir da elaboração do sequenciador que
elaboração e orientação a respeito da atuação norteou nosso trabalho pedagógico durante o
docente, e subsídios em referenciais críticos de período que assumiríamos o papel de docentes de
leituras, bem como audiovisuais. Educação Física da turma do terceiro ano, pudemos,
então, iniciar as intervenções teórico-metodológicas
Quanto ao reconhecimento da escola-campo, dentro do campo de atuação.
fizemos uma visita ao CAIC São Francisco de Assis
para observarmos o espaço físico, acessar
documentos e realizar a entrevista com as pessoas
2. A INSTITUIÇÃO
responsáveis pela instituição: Direção e
A Escola Centro de Atenção Integrado a Criança
Coordenação Pedagógica. As informações daí
(CAIC) São Francisco de Assis, é uma instituição
extraídas foram analisadas no Diagnóstico da escola-
que atende uma população periférica, ou seja,
campo. Na referida visita, estiveram
economicamente empobrecida, que se localiza no
presentes:Pibidianos, professoras-coordenadoras do
Bairro Jardim Primavera, da cidade de Catalão/GO.
PIBID, diretora e coordenadora pedagógica da
Possui como entidade mantenedora a Prefeitura
instituição, além da professora de Educação Física,
Municipal de Catalão/GO. A instituição possui
que é professora-supervisora do PIBID-Educação
cargos de direção e coordenação, esta subdividida
Física.
em séries ou blocos de séries. A Instituição conta
Nos encontros e reuniões de estudo e com um quadro de 37 professores, e com 635 alunos
organização do trabalho pedagógico, discutíamos matriculados atualmente (2019).
qual ou quais conteúdos abordar para aquela turma;
O CAIC é uma escola pública municipal que, se
simultaneamente, fizemos algumas observações
comparada a outras escolas desse perfil, possui uma
durante as aulas de Educação Física regidas pela
ótima estrutura física. Conta com uma quadra
professora-supervisora para conhecermos melhor a
poliesportiva coberta, bem estruturada e conservada;
turma e entendermos como se desenvolvia o trabalho
campo de futebol; playground, área arborizada (que
pedagógico com aquele grupo de alunos.
vem sendo degradada pela prefeitura, assim como
A partir daí, pudemos, então, elaborar um em outros espaços da cidade); sala de dança e
sequenciador de aulas, uma ferramenta criada por práticas corporais; biblioteca; laboratório; sala de
Palafox, Camargo e Amaral (2000), que compunham jogos; uma sala para atender alunos com deficiência
o Núcleo de Estudos em Planejamento e (sala de Atendimento Educacional Especializado –
Metodologias do Ensino da Cultura Corporal A.E.E.); sala de professores; sala de planejamento;
(NEPECC), da Universidade Federal de Uberlândia sala da direção; sala da orientação; secretari;
(UFU), a partir de um trabalho desenvolvido na refeitório; pátio; banheiros dentro e fora da quadra;
Rede Pública Municipal de Ensino da cidade de almoxarifado (para guardar materiais de Educação
Uberlândia. Física e outros); além das salas de aulas.

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A escola abraça a causa da Educação Inclusiva, [...] pela promoção da saúde, e pelo
de modo que haja a inclusão, participação e desenvolvimento da personalidade da criança e
integração de alunosque possuam quaisquer do organismo, contribuindo para o
desenvolvimento do sistema cardiovascular e
deficiências ou transtornos. Atualmente estão
nervoso e para aperfeiçoar as qualidades
matriculados dezesseis alunos com diferentes
físicas fundamentais.
deficiências no CAIC, sendo que todos possuem
laudo e, por isso, têm garantida a presença de uma Entendemos que o Atletismo é um
pessoa cuja função é dar Apoio Pedagógico. conhecimento com o qual as crianças se sentiriam à
vontade para aprender, pois, por mais que elas não
O Apoio Pedagógico é um mediador da tenham acessado esse como um conteúdo escolar, os
dinâmica didático-pedagógica entre aluno e
movimentos básicos aí contidos, são os mais
professor, que auxilia o aluno com deficiência nas naturais da cultura corporal. Por isso, o gesto técnico
atividades de classe; ele também pode participar dos
não era exigido, afinal, estávamos lidando com
planejamentos pedagógicos, dando ideias para crianças, e não com robôs.
contribuir no processo de aprendizagem de seus
Apoiados. Para Soares et. al (1992, p. 51), o Atletismo na
primeira fase do Ensino Fundamental (I Ciclo, 1ª a
Outro ponto importante a ser ressaltado, é que a 3ª série), deve ser ensinado a partir de jogos que
partir do ano letivo de 2019, a disciplina de possibilitem o conhecimento do próprio corpo e das
Educação Física passou a ser obrigatória na primeira
ilimitadas possibilidades de ação que a criança é
fase do Ensino Fundamental da Rede Municipal de capaz de elaborar nessa fase de desenvolvimento.
Educação de Catalão, motivo pelo qual é ministrada
por um/a professor/a formado/a na área específica. Buscamos trabalhar o conteúdo Atletismo a
Isso significa que as crianças matriculadas nessa partir do conceito de ‘cultura corporal’,que, para
fase, começaram a tomar contato mais sistemático Soares et al (1992, p.26) constitui:
com os conhecimentos da Cultura Corporal, de que a
[...] a materialidade corpórea [que] foi
Educação Física trata, somente neste momento.
historicamenteconstruída e, portanto,
existeuma cultura corporal, resultado de
3. O TRABALHO PEDAGÓGICO: ORGANI- conhecimentossocialmente produzidos e
historicamente acumulados pela humanidade
ZAÇÃO E ELABORAÇÃO CONTÍNUAS
quenecessitam ser retraçados e transmitidos
O trabalho pedagógico em questão foi para os alunos na escola.
desenvolvido no primeiro semestre de 2019, sendo Adotamos como eixo de intervenção o tema
que as intervenções iniciaram no mês de corpo, infância e ludicidade, uma vez que se trata de
maio.Trabalhamos com o terceiro ano do Ensino uma experimentação pedagógica realizada sobre e
Fundamental, turmacomposta por 26 alunos entre 8 com o corpo de crianças, o que pede a presença da
e 10 anos de idade, regularmentematriculados. ludicidade como abordagem e linguagem que
Os conteúdos introduzidos, inicialmente pela aproxima do mundo infantil. Assim, buscamos
professora-supervisora, nas turmas de terceiro ano, desenvolver o Atletismo olhando e tratando o corpo
foram jogos e brincadeiras. Esta deu total liberdade e infantil como “corpo experiência” (KOHAN, 2008),
autonomia para que nós, bolsistas do PIBID, ao invés de “corpo-verdade”, de modo que o
escolhêsemos o próximo conhecimento a ser tratado relacionamento que fosse estabelecido por nós para
com suas turmas. Frente a isso, nós optamos por com as crianças, e pelas crianças consigo
trabalharo Atletismo, tendo em vista que essetrata de mesmas,estivesse amparado pela produção de novas
um universo composto por movimentos básicos para experimentações e experiências, e não pela
quaisquer aprendizagens corporais: correr, saltar, transmissão de verdades que se estabelecem no
arremessar e lançar. Essas práticas foram criadas corpo para homogeneizá-lo. Assim, poderíamos pôr
pelos homens em determinadas situações/desafios e em xeque as verdades que o corpo carrega consigo,
são consequências da elaboração e evolução cultural. para provocar uma abertura ao novo e inusitado.Isto
é, experimentamos o trato da cultura corporal a
Segundo Marques e Iora (2009, p.5), o atletismo partir de uma relação de experiência da criança com
utilizado como instrumento de ensino auxilia no o seu próprio corpo, tendo como subsídio a infância,
desenvolvimento das capacidades psicomotoras sem querer silenciá-los (corpo e infância) em suas
especificidades, estranhezas e espontaneidades.

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Para melhor efetivação dessas ideias, e em e elaborar com mais clareza a aula que acabara de
acordo com o sequenciador de aulas, tivemos como ser realizada.
objetivo principal: a apropriação sistematizada do
universo do Atletismo, possibilitando a ampliação e Desse modo, seria possível, não somente expor
o enriquecimento do acervo motor e cultural, bem acontecidos em relação aos alunos, mas também as
como do conhecimento corporal,por meio nossas ações e atitudes como professoras, refletindo
daludicidade. Como objetivos específicos, elegemos: e sempre buscando compreender o processo de
a) proporcionar, por meio de atividades lúdicas, um constituição do ‘ser’ professor.
contato amistoso com o Atletismo; b) assimilar os Pretendíamos possibilitar o acesso ao Atletismo
diversos movimentos que possivelmente já de maneira lúdica, com atividades que
eramconhecidos (andar, correr, saltar, arremessar) proporcionassem: 1) trabalhar aspectosda
com as caracteriscas referentes ao Atletismo; c) psicomotricidade como lateralidade, equilíbrio,
possibilitar o contato com uma atividade pouco espaço-tempo, ritmo; 2) reforçar valores éticos e
desenvolvida no ambiente escolar, e, tampouco, sociais, como o respeito consigo mesmo e com os
disseminada midiaticamente,utilizando colegas, almejando o melhor convívio; 3) desafiá-los
diversificados materiais que já fizessem parte do emocionalmente para superarem-se a si mesmos; 4)
universo das crianças, como bolas, corda, bambolê, aprender a sistematizar esse conteúdo como parte da
entre outros. nossa cultura.
Na busca de alcançar tais objetivos, foram feitas As aulas foram organizadas em uma sequência
diversas reuniões, considerações e reflexões frenteao que iria de atividades mais simples até as mais
trabalho em curso, para que partilhássemos e complexas, de modo que todos ou, ao menos, a
discutíssemos experiências, angústias, desafios e maioria, participasse e interagisse. Usamos materiais
conquistas. Sendo assim, todos os bolsistas do divertidos, como: bolas, cones, cordas, bambolês; e
PIBID, professoras-orientadoras e professores- tivemos a sensibilidade de levar materiais que eles já
supervisores se reuniam periodicamente a fim de conhecessem para, a partir disto, adaptaras
manifestar suas distintas impressões, sensações e atividades da melhor forma possível.
pontos de vista em relação ao desenrolardas
experimentações pedagógicas. Portanto, esses Dispusemos do total de doze aulas, sendo duas
encontros foram de extrema importância para aulas seguidas por dia. Dividimos o conteúdo em
(re)elaborar as experimentações pedagógicas em eixos temáticos, de modo que abordássemos
curso, seus aspectos positivos e negativos, seus algumas categorias do Atletismo. Foram usadas duas
impactos para as crianças, mas também para a aulas para diagnóstico da turma e introdução
formação inicial e continuada de professores. Caso histórica do conteúdo,além da apresentação da
as intervenções não estivessem acontecendo da marcha atlética; quatro aulas para corridas, de
maneira prevista no sequenciador, era nesses velocidade,de revezamento, com barreiras e com
encontros que recebíamos apoio e estímulo para obstáculos; duas aulas para saltos, em distância e
exercitar nossa autonomia eredirecionar o triplo; e quatro aulas para arremesso de peso e
planejamento de modo a fortalecero processo de lançamento de disco.
ensino-aprendizagem das crianças e para
Assim que demos nosso ‘pontapé’ inicial,
(re)aprender a ser professoras.
quando de fato tivemos que começar, decidimos que
Para registrar as experimentações iriamos fazer uma primeira aula para nos apresentar.
pedagógicas,além de fotografias, foram feitos As crianças começaram a se apresentar a partir de
relatórios de cada aula, como parte do sequenciador. perguntas por nós elaboradas, tais como: “O que
Assim, podíamos ter acesso ao vocês entendem por Educação Física?” “Vocês
planejamento(sequenciador) e também aos frutos gostam dessa disciplina?” “O que vocês já
daquela aula, como uma espécie de mapa diário do aprenderam?”. Com base nisso, tentamos estabelecer
nosso processo pedagógico. Nos relatórios, vínculos com as crianças. Nesse primeiro contato,
buscávamos expressar como ocorrera a aula notamos bastante agitação e entusiasmo nos alunos;
proposta, destacando dificuldades, empecilhos, erros que, aparentemente, se mostravam daquela forma
e acertos, aprendizagens, conquistas e desejos. Para por sermos as novas ‘tias’ da Educação Física.
tal, nós,professoras-bolsistas do PIBID, nos
Buscávamos dividir as aulas em duas etapas.
reuníamos logo após as intervenções afim de pensar
Tínhamos como proposta inicial de todas as aulas a

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introdução teórica do tema, pressupondo que, mais jogos para atletismo” (COICEIRO, 2011);
de 50% da turma não conhecia e/ou não havia tido “Atletismo: corridas” (FERNANDES, 2003);
nenhum ou pouco contato com o conteúdo. Para “Atletismo se aprende na escola” (MATTHIESEN,
isso, utilizávamos como método, a descrição sucinta 2012); “Metodologia do ensino de Educação Física”
de forma escrita e sistematizada no quadro, para que (SOARES et. al, 1992); dentre outros.
pudessem escrever em seus cadernos; distribuíamos
desenhos e gravuras, acompanhados de pequenos A avaliação dos alunos focou a participação, a
textos explicativos, que líamos em grupo, para que interação e o envolvimento com as atividades
em seguida as crianças pudessem colorir e/ou fazer a propostas. Sempre que possível, durante ou ao final
atividade proposta nos textos que acompanhavam os da aula,nos reuníamos parapensar juntos as
desenhos e as gravuras; e recursos audiovisuais, atividades feitas, de maneira que os alunos também
como vídeos animados e ilustrativos sobre o expressavam suas impressões, sensações e pontos de
Atletismo. vista, fosse de modo verbal ou por meio de
desenhos.
Em seguida, iniciávamos as atividades de
experimentação corporal, elaboradas para a aula,
momento em que íamos a quadra e/ou campo. Em 4. PERCEPÇÕES E INTERPRETAÇÕES
alguns casos, iniciávamos ainda em sala, como foi o
caso da atividade que denominamos ‘arremesso ao Logo no início das intervenções, quando apenas
cesto’. Nela, os alunos teriam que fazer bolinhas de observávamos as aulas, íamos notando e anotando
papel e arremessá-las no cesto, para isso, características inerentes a elas.
ressaltamos que não se tratava de uma competição,
Ao iniciarmos as experimentações
de quem acertava ou não o alvo.Tal atividade foi
pedagógicas,levávamos os materiais e cuidávamos
utilizada em uma das aulas com o tema ‘arremesso e
de tudo para que saísse como o planejado: o eixo
lançamento’.
temático tratado, as atividades, tanto escritas como
Todas as crianças se envolveram na atividade, praticas, tudo foi muito bem pensado. Mas, para
esse momento revelou-se como elemento essencial nosso desânimo, algumas das aulas não ocorreram
para a exteriorização corporal do vocabulário como queríamos: os alunos se dispersavam, não
psicomotor das crianças, tendo o brincar como eixo tinham interesse e inúmeras vezes se abstinham do
primordial. Pois era isso que se subentendia por eles, respeito com os colegas e professoras.
um momento que ainda em sala eles puderam fazer o
Também encontramos dificuldades em ter a
que mais lhes era reprimido: brincar, e, sobretudo, se
atenção deles; por mais chamativa e diferente que a
divertir. Aqueles que acertavam, comemoravam com
atividade fosse, por diversas vezes eles encontravam
danças, saltos e gritarias, individuais e grupais, e
algo mais atraente, como por exemplo, o tênis do
nós, é claro, entrávamos no clima, comemorando e
colega. É fato que essa dificuldade também se deu
dançando junto com eles.
pelo motivo da localização da quadra, que é onde a
Além dessa atividade, fizemos muitas outras, maioria das atividades ocorriam. A quadra fica em
como a “amarelinha tripla”; uma amarelinha com um local que dá acesso aos banheiros, e os alunos de
apenas 3 passos/saltos e uma aterrisagem, feita com outras turmas precisam passar dentro da quadra.
figuras geométricas, que indicariam o que deveria Nesse meio tempo, os nossos alunos se desprendiam
ser feito, utilizamos de triângulos, quadrados e totalmente da atividade proposta, dando mais
círculos, confeccionados com EVA, onde foram atenção aos coleguinhas do que à nossa aula.
escritas as letras ‘E’ e ‘D’, para indicar que
Ainda assim, temos clareza que a experiência
deveriam pular com as pernas Esquerda ou Direita,
vivida até o momento não trouxe somente
as figuras foram coladas no chão, com a ajuda das
dificuldades e impasses, pois, tais empecilhos nos
crianças, que a todo momento se faziam presentes
fizeram crescer e amadurecer tanto profissional
em todo o processo. Por iniciativa própria buscavam
quanto pessoalmente. Pudemos compreender parte
organizar os colegas, o espaço e os materiais
darealidade de uma escola pública de periferia,
utilizados na aula.
tivemos diversos desafios, mas também tivemos a
As atividades foram pensadas de modo singular oportunidade de sanar essas dificuldades,
para o público alvo. Adaptávamos atividades tiradas entendendo o real sentido de que ‘é errando que se
de referenciais teóricos como: “100 exercícios e aprende’.

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Também aprendemos que uma criança não é FELÍCIO, H. M. dos S. O PIBID como “terceiro
imutável nem padronizável; não existe uma regra ou espaço” de formação de professores. Rev.
uma cartilha de como as crianças devem ser. Então, DiálogoEducacional, v.14, n.42, p.415-434,
afirmamos que mesmo com tantas dificuldades, se mai/ago, 2014. Disponível em:
nada tivesse acontecido como aconteceu, essa https://www.redalyc.org/pdf/1891/189131701006.pd
experiência não seria tão intensa como foi. f. Acesso em: 15 ago. 2019.
Pensamos que mais do que nunca, nós, Pibidianas,
aprendemos muitocom eles, tanto quanto eles FERNANDES, J. L. As corridas com barreiras. In:
conosco. _____. Atletismo. São Paulo: EPU, 2003. 99-100.

É possível, sim, tratar o Atletismo nas aulas de KOHAN, W. A escola, a disciplinarização dos
Educação Física noEnsino Fundamental, desde que corpos e as práticas pedagógicas. In: SALTO PARA
se considereas crianças com as quais se lida e quais O FUTURO. O corpo na escola. Ano XVIII,
atividades serão mais atraentes eadequadas para esse Boletim 04, p.15-19,Abr./2008. Disponível em:
público. É preciso respeitar a singularidade de cada www.tvbrasil.org.br/salto. Acesso em: 19 ago. 2019.
um, pois encontraremos alunos com realidades MARQUES, C. L. S.; IORA, J. A. Atletismo
totalmente diferentes, mesmo quecom idades iguais Escolar. Rev. Movimento, v.15 , n.2 , p.103-118,
ou muito próximas. Portanto, não é razoável abr/jun. 2009. Disponível em:
comparar alunos/crianças, pois háuma incrível https://www.redalyc.org/pdf/1153/115315433007.pd
diversidade a ser explorada, ao invés de silenciada. f. Acesso em: 29 ago. 2019.

MATTHIESEN, S. Q. et al. (Orgs.). Atletismo se


5. CONCLUSÕES aprende na escola. São Paulo: Editora Fontoura,
2012. 144p.
Diante da complexidade do primeiro contato dos
alunos com a disciplina sistematizada de Educação PALAFOX, G. H. M., CAMARGO, A. S. F.,
Física e os vários níveis de desenvolvimento de cada AMARAL, G. A. (Orgs.). Textos Compilados:
um, pensamos que houve êxito nas aulas, cujas Construindo Estratégias de Ensino: Teoria e
particularidadesindicam erros, acertos, desafios e Prática. Uberlândia: Universidade Federal de
dificuldades. Essa percepção nos sensibilizou para Uberlândia, 2000.
ressignificar, construir, dialogar e reformular nossas RAUSCH, R. B.; FRANTZ, M. J. Contribuições do
estratégias, buscando novos caminhos para que as PIBID à formação inicial de professores na
aulas se adaptassemao público alvo, em busca compreensão de licenciados bolsistas. Rev. Atos de
dequalidade no processo de aprendizagem. Pesquisa em Educação, v. 8, n. 2, p. 620-641,
A inserção na escola, com participação efetiva do mai/ago 2013. Disponível em:
planejamento até a avaliação, proporcionou enxergar https://gorila.furb.br/ojs/index.php/atosdepesquisa/ar
melhor o ‘ser professor’. Comodocentes,vimosnossa ticle/view/3825/2425. Acesso em: 15 ago 2019.
mudançadurante o semestre: insegurança e SILVA, B. O. et. al. O sequenciador de aulas como
expectativa excessiva foram, aos poucos, ajustadas e possibilidade de organização e sistematização dos
cederam lugar à paciência e calma tão necessárias ao conteúdos da disciplina de Educação Física. Rev.
trabalho pedagógico. Estamos convictas que o Didática Sistemática, v. esp., n. 1, p.153-167, 2012.
PIBID nos qualificou de modo singular, como uma Disponível em:
oportunidade valiosa, ao mesmo tempo em que https://periodicos.furg.br/redsis/article/view/2752.
mereceu um trabalho árduo e continuo. Acesso em: 15 ago 2019.

SOARES, C. L. et al. Metodologia do Ensino de


REFERÊNCIAS Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992.

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. RESPONSABILIDADE AUTORAL


Brasília: MEC, 2017. “O(s) autor(es) é(são) o(s) único(s) responsável(is)
pelo conteúdo deste trabalho”
COICEIRO, G. A. 1000 exercícios e jogos para
Atletismo. Rio de Janeiro: Sprint, 2011.

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HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA CIÊNCIA NO ENSINO DE FÍSICA

JUNIOR, Domingos L. S, domingosjr@gmail.com


PAULA, Wellington B, bwellington308@gmail.com1
TSUJII, Guilherme R².
ALVES, Jean Paulo³.

1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Física

2
Instituto Federal Goiano/Campus Catalão

Resumo: O ensino pesquisa maneiras para que o estudante desenvolva conhecimento e entendimento
sobre determinado assunto no seu cotidiano ou mesmo em sala de aula, entretanto é bastante dificultado quando
não conseguimos despertar nos alunos a vontade de aprender e a curiosidade sobre o tema a ser estudado. Um
dos grandes problemas do ensino de física provem do fato de desistirem de aprender muito antes de ter contato
com a matéria, recorrente do estigma de que a física é uma matéria praticamente impossível de entendimento,
dessa maneira, para um professor conseguir que o aluno tenha vontade de aprender é necessário vencer essas
barreiras. A história da ciência (HC) pode ser uma ferramenta muito poderosa para cativar e desenvolver o
aprendizado nos alunos, visto que é muito fácil relacionar a evolução da física, tecnologia e das pesquisas com o
dia a dia, contar como foi descoberto e aprimorado coisas do cotidiano, desperta o interesse no discente, ajuda
o professor a quebrar obstáculos da física “monstro”, e consequentemente muda o aprendizado mecânico,
decorar fórmulas e resolver exercícios, entretanto quando relacionamos a física ao cotidiano se torna possível o
entendimento do aprendiz dos conceitos por trás das equações, consequentemente ajudando em todo o seu
processo de assimilação do conteúdo. É de suma relevância que os alunos entendam e desenvolvam o
conhecimento técnico e matemático da física, porém, é muito importante a contextualização do conhecimento,
mostrar o desenvolvimento da física, dificuldades, acertos e erros dos pesquisadores, humaniza a ciência e motiva
os alunos.

Palavras-chave: Educação. História da Ciência. Práticas Educativas. Física.

__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO interpretar esses fenômenos em seu cotidiano.


Algumas dificuldades enfrentadas pelos professores é
o sistema educacional no Brasil, ou seja, os alunos são
O ensino de ciências no Brasil enfrenta ensinados durante anos para que possam ser
diversas dificuldades, entre elas entender o cotidiano aprovados no Exame Nacional de Ensino Médio
dos mais diferentes níveis, desde uma simples receita (ENEM), ou algum vestibular, para aqueles que
de bolo até as mais avançadas das tecnologias, o querem se manter na vida acadêmica, portanto, o
objetivo do ensino de ciências nas escolas é ensino durante todos os anos do aluno na escola é
exatamente propiciar ao aluno a capacidade de

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voltado para resolver possíveis problemas que e isso tudo pode ser útil para o crescimento intelectual
aparecerão nestes exames. do aluno. A Física pode ser dividida em teórica e
Segundo Bonadiman e Nonenmacher (2007) experimental, ou seja, descrever e comprovar
a falta da capacidade de integrar o aluno ao seu fenômenos da natureza, fazer com que o aluno
cotidiano, se dá, muitas vezes, por falta de exemplos, participe desses dois mundos é necessário para a
conversas e curiosidades. Entretanto não é tão compreensão da física. Uma forma de deixar os
simples resolver esse problema, poderíamos pensar alunos mais próximos dessas duas realidades é
em levar experimentos junto às aulas, realizar através da história da ciência e evolução da física.
seminários, feiras de ciência entre outros métodos que
proporcionaria uma eficácia na formação educacional
do docente, porém, nota se que os professores do 2. METODOLOGIA
ensino médio, possuem muitas aulas durante o dia em
diversas turmas e o exaustivo plano de ensino exigido
O objetivo do trabalho realizado em sala de
pelo Ministério da Educação (MEC), ou até mesmo
aula pelo PIBIB, é a apresentação do conteúdo,
falta de verba na escola, resulta na dificuldade de
utilizando HC que demonstre a Evolução da Física,
preparar ou planejar aulas que contenham várias
correlacionando com problemas cotidianos. A
metodologias contraceptivas na educação.
apresentação dos conteúdos é feita de forma
Por meio desse alto índice de desinteresse e
expositiva, utilizando de recursos visuais como
reprovação argumentado pelo trabalho do Bonadiman
desenhos, slides entre outros meios didáticas.
e Nonenmacher (2007) no Ensino de Física, foi
Para-se ter ciência do saber natural dos
pensado que uma metodologia para ser executada no
alunos relacionado a Física, serão aplicados dois tipos
PIBID capaz de suprir esse déficit na área da
de questionários simples, ou melhor dizendo, um
educação, trata-se de trabalhar com a história da
questionário relacionado ao aprendizado de
ciência (HC) na classe de aula, ou seja, contar o
determinados conteúdos e a melhora que a história da
processo histórico de cada conceito estudado em sala
física pode proporcionar no entendimento de um
e sua importância para o entendimento da matéria.
conteúdo, esse que será aplicado antes e depois da
Esse recurso recorre de diversos pontos fortes para
abordagem histórica, além de um segundo
aplicação em sala de aula, isto é, não gasta recursos
questionário sobre o pensamento dos alunos referente
financeiros, portanto é possível que se aplique em
ao método de HC, o quanto ajuda, gostam ou se
qualquer escola, instiga o aluno a pensar e conhecer
instigam a procurar entender, se dá o significado
ao seu redor, pois entender como foi descoberto ou
necessário para os cálculos além de ouvir sugestões
inventado algum aparelho tecnológico é sempre
acerca da metodologia.
interessante, dá ao aluno um significado nos
Como o objetivo é mudar os olhares dos
conteúdos estudados, podendo até fazer com que se
alunos em relação à física e faze-los entender que a
interesse em prosseguir a vida acadêmica em alguma
mesma faz parte de seu cotidiano, estando presente
área de aplicação da física ou da própria física, a
em tudo que o circundei-a, assim sendo, o trabalho
preparação do professor seria a mesma de uma aula
será feito em paralelo aos conteúdos ministrados
normal.
pelos professores que lecionam aulas de física nas
A aplicação desse método já é utilizada por
turmas de ensino médio, dessa forma será
alguns livros didáticos, ou até mesmo a maioria,
apresentado na sala de aula um conhecimento
entretanto com a falta de tempo em aplicar os
histórico acerca do conteúdo trabalhado pelo
conteúdos, muitos professores optam por pular o
professor juntamente de pequenas demonstrações ao
ensino de história da física e aplicar ainda mais
seu cotidiano.
exercícios, porém a história da física ajuda a ensinar
A aplicação metodológica sucederá
os conceitos para o aluno que além de facilitar na
utilizando questionários antes e depois da
resolução de exercícios (pois é muito mais fácil
apresentação histórica, com o propósito de observar e
resolver algo que se está entendendo, do que
avaliar se o entendimento histórico afeta
simplesmente relações numéricas) ainda constrói um
positivamente no aprendizado do aluno e ajuda na
conhecimento contínuo no aluno.
melhor exposição do conteúdo pelo professor, além
O objetivo é levar aos alunos a capacidade
de uma observação juntamente da escola das notas
de associar o conteúdo estudado, os exercícios
dos alunos em testes, trabalhos e avaliações aplicadas
aplicados em sala, com seu cotidiano, de forma que
pelo colégio.
tenha baixo custo de tempo e dinheiro, podendo assim
um professor facilmente aplicar o método em sala de
aula. A física está presente no dia a dia e por meio da 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
física o ser humano é capaz de entender o universo ao
seu redor, é instigado a questionar sobre os
acontecimentos da natureza, as causas, consequências

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Todo trabalho realizado em sala do primeiro A experiência em sala de aula nos coloca a
ao terceiro ano do ensino médio teve um significativo par da vivência de uma realidade educacional
desempenho no aprimoramento cognitivo dos brasileira pública, nos dando um olhar crítico a
discentes. Os alunos se afeiçoaram nos conteúdos, formas e métodos pedagógicos realizados em sala de
buscando entender e demonstrando interesse, algo aula para tratar do ensino de exatas. Proporcionou a
que se tinha bem pouco antes de realizar a formação de ideias e a elaboração de novas condutas
implementação do HC paralelo ao trabalho do como um futuro educador, e o simples fato de
professor durante as aulas e o docente conseguiu perceber que o aluno estava de fato aprendendo o
alcançar nos estudantes um nível de entendimento na conteúdo, trouxe uma realização extrema de ser um
matéria de forma agradável e as notas extremamente educando.
satisfatórias. Devemos também tomar cuidado em relação
É esperado uma melhora no interesse pelo à inserção da história da ciência, isto é, tentar planejar
conteúdo de ciências, afastando visões estereotipadas ela de forma responsável e bem aplicada, assim como
da física e ainda uma melhora no aprendizado geral realizar um experimento sem um planejamento de
da turma, podendo ser notadas em testes, avaliações e aula, não possibilita o aluno a entender de fato o
questionários. Espera-se também que haja melhora conteúdo, o mesmo acontece com a HC. É
nos resultados dos questionários aplicados em sala recomendável que os alunos vejam as curiosidades,
antes e depois da apresentação histórica de um histórias, pesquisadores, em conjunto ao que estão
conteúdo. aprendendo no seu ano letivo, aplicar histórias muito
Nas observações, foi possível notar que desconexas ao conteúdo que estão estudando pode
alguns professores de ciência não possuem interesse causar o desinteresse pelo o estudo ‘’obrigatório’’ e
no método HC como forma de auxiliar em suas aulas, também dificulta o aluno a enxergar um significado
demonstrando descaso e chegando ao ponto de no aprendizado histórico e a associar com seu
argumentar que estratégias como essa, não auxiliam cotidiano.
em nada. É preocupante professores pensar dessa Por fim, como o entendimento da história é
maneira, em outras palavras, temos pesquisadores na de suma importância para a compreensão de cada
área da educação lutando para obter uma educação contexto no processo evolutivo da humanidade e da
mais inclusiva, contraceptiva, que os alunos tenham ciência, no aprendizado dentro de sala de aula, o
um ótimo desempenho cognitivo, porém, de outro resultado tem a mesma equivalência. Mostrar ao
lado, obtemos alguns professores não considerando a estudante o passado e a evolução da ciência, cria
evolução da educação, e levando em conta somente o estruturas mais fortes no seu processo particular de
método tradicional de ensino, que muitas vezes formação cognitiva e assimilação de todo o conteúdo
desconsidera as particularidades dos alunos em ministrado para seu aprendizado, dessa forma,
aprender. embasado em alguns conceitos de Vigotski (2001) o
Nota-se que práticas simples como essa, são aluno gera autonomia na vontade de aprender,
significativas para transformação da educação, a buscando seu auto aprendizado.
simples ação de contar uma história pode aguçar no
aluno o querer estudar e entender o conteúdo de forma
muito importante para si mesmo, realizar o ato de 5. AGRADECIMENTOS
despertar dentro de si o cientista ou pesquisador Agradeço ao programa do PIBID pela oportunidade
autônomo, ação que vários teóricos educacionais nos de aprendizado, a Escola Maria Das Dores, por ter nos
propõem, como uma estratégia significativa no dado os amparos necessário para que pudéssemos
processo de aprendizado do aluno e que deveria ser desenvolver nosso trabalho, ao Prof. Dr. Domingos,
levado em conta quando se refere a arte de ensinar. coordenador e orientador do programa do PIBID pelo
ótimo acompanhamento e orientação.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A metodologia “História da Ciência” 6. REFERÊNCIAS


realizado com as turmas do Ensino Médio em
parceria com os professores de Física, demonstrou
que a educação na área de Física precisa de uma
BONADIMAN, Helio; NONENMACHER, Sandra
preocupação maior, uma atenção mais especial, e
B. O Gostar e o Aprender no Ensino de Física:
todo tipo de metodologias unidas, pode afetar todos
Uma Proposta Metodológica, cad. bras. ens. fís., v.
os alunos de maneira significativa, melhor dizendo,
24, n. 2: p. 194-223, ago. 2007.
respondendo as suas necessidades e peculiaridades de
aprendizado.

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BURBULES, Nicholas C; LINN, Marcia C. Science teaching of physics and chemistry. Science &
education and philosophy of science: congruence or Education, v. 12, n. 7, p. 703-717, 2003.
contradiction? International Journal of Science
Education, v. 13, n. 3, p. 227-241, 1991. TEIXEIRA, Elder S; GRECA, Maria L; FREIRE,
Olival. The history and philosophy of science in
MARTINS, Milene R; BUFFON, Alessandra D. A physics teaching: A research synthesis of didactic
História da Ciência no currículo de Física do interventions. Science & Education, v. 21, n. 6, p.
Ensino Médio. ACTIO: Docência em Ciências, v. 2, 771-796, 2012.
n. 1, p. 420-437, 2017.
VIGOTSKI, Lev S. Pensamento e Linguagem. São
PEREIRA, Nádia V. História da física&58; uma Paulo: Martins Fontes, 2001.
proposta de ensino a partir da evolução de suas
ideias. Research, Society and Development, v. 4, n. 4, RESPONSABILIDADE AUTORAL(Times New
p. 251-269, 2017. Roman, negrito, tamanho 10, MAIÚSCULAS)
(espaço simples entre linhas, tamanho 10)
SOLBES, Jordi; TRAVER, Manel. Against a
negative image of science: history of science and the “O(s) autor(es) é(são) o(s) único(s) responsável(is)
pelo conteúdo deste trabalho”.

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MONITORIA DE GEOLOGIA GERAL PARA O CURSO DE ENGENHARIA DE
MINAS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Tunussi, Cibele, ctunussi@gmail.com


Tunussi, Cibele1
Pacheco, Marcos Henrique, marcoshe_pacheco@hotmail.com 1
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Engenharia.

Resumo: Este trabalho visa apresentar um relato de experiência das atividades desenvolvidas na monitoria
acadêmica, realizada no segundo semestre de 2018 para duas turmas da disciplina de Geologia Geral do curso
de Engenharia de Minas, da Universidade Federal de Goiás – Regional Catalão. O intuito do projeto é
transmitir o conhecimento do monitor de forma a amparar os estudantes egressos na disciplina, fazendo com
que o aprendizado seja mútuo entre o monitor e os alunos que procuram esta oportunidade, além de auxiliar o
professor em suas atividades. Os atendimentos aos alunos foram realizados no prédio da biblioteca da Regional
Catalão e no Laboratório de Mineralogia que se localiza no 2º piso do Bloco O, em horários pré estabelecidos.
Com a monitoria, as aulas ganharam mais um recurso para auxiliar o professor, os estudantes conquistaram
um apoio na resolução de dúvidas e problemas além de desenvolver um trabalho de aulas práticas com a análise
visual macroscópica de minerais e rochas. Ao término, concluiu-se que a presença de monitores no auxílio as
atividades acadêmicas contribuiu significativamente para o desenvolvimento do conteúdo apresentado, notando
que os alunos se empenharam bastante na busca pelo conhecimento já que havia um incentivo e motivação dos
monitores para com os alunos, as notas das atividades avaliativas e o índice de aprovação da disciplina
comprovam o ótimo trabalho realizado, apesar da baixa procura dos alunos fora das aulas presenciais. Para o
monitor, a realização deste trabalho foi extremamente satisfatória e prazerosa, superando todas as expectativas.

Palavras-chave: Docência. Monitor. Aulas Práticas. Geociências.

__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO O interesse pelos fenômenos geológicos atuais


foi pouco estimulado até meados do século XVIII no
Brasil. A geologia tomou proporções de destaque,
A geologia é a ciência que estuda a história geral principalmente para entendimento da formação das
da Terra, suas estruturas, composição e até mesmo mineralizações e dos depósitos minerais e também
seus processos internos e externos que trouxeram, ao dos seus métodos prospectivos. A partir desse
longos dos anos, a evolução do planeta para as conhecimento geológico que se faz a interface com o
condições de vida atual. Para tanto, tem-se hoje curso de Engenharia de Minas.
diversas formações geológicas e estruturas rochosas
que indicam vestígios das transformações as quais o O programa de monitoria da Universidade
sistema foi submetido. As rochas são verdadeiras Federal de Goiás abre oportunidades a cada semestre
memórias que concentram fatos que podem ajudar a para que os estudantes possam se candidatar para
humanidade entender a origem da vida e a vagas de monitor, desde que já tenham sido
ambientação dos seres vivos. (GROTZINGER, J.; aprovados na disciplina de interesse (BRASIL, 2016).
JORDAN, T, 2006; LEINZ; AMARAL, 2001). Em julho de 2018 foram abertas novas vagas, com 1
vaga para monitor remunerado para a disciplina de

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Geologia Geral com orientação da Profª. Ma. Cibele Goiás e do Brasil, e estudo dos minerais e rochas. Para
Tunussi docente do curso de Engenharia de Minas. as aulas práticas, faz-se o uso de lupas de bolso e
Atualmente o curso tem o direito a uma bolsa lupas binoculares de bancada para melhor análise
semestral de monitoria remunerada, podendo aplicá- desses minerais e das rochas. As aulas práticas
la a qualquer disciplina ofertada pelos professores do extraclasse, em sua grande maioria, foram
departamento. O projeto é uma ótima oportunidade de acompanhadas pela professora orientadora e pela
realização de uma atividade complementar, vivência técnica do laboratório, geóloga Ma. Florença das
e aprendizado para docência. Graças Moura.

Este trabalho tem por objetivo relatar a


experiência obtida pelo monitor ao assumir essa
função, realizando uma troca de conhecimentos e 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
buscando sempre a melhor forma de auxiliar os
interessados pelos atendimentos. A disciplina de Geologia Geral foi ofertada
O processo de monitoria teve o intuito de durante o segundo semestre de 2018 em duas turmas
selecionar um monitor para auxiliar os alunos da com o total de 57 alunos.
disciplina de Geologia Geral, apresentando-os Em um primeiro momento foram organizados
conceitos geológicos e reforçando o conhecimento atendimentos no piso inferior do prédio da biblioteca
adquirido em sala de aula, assim como noções básicas do campus para solucionar dúvidas e atividades
de descrição macroscópica de rochas ígneas, propostas em sala a serem desenvolvidas durante a
metamórficas e sedimentares. De suma importância semana. Em um segundo momento foram realizados
também o auxílio ao professor em preparações de atendimentos no laboratório de Mineralogia do curso
atividades para os alunos. de engenharia de minas, com o intuito de apresentar
amostras de rochas. Estes atendimentos foram
marcados em diversos horários de acordo com a
2. METODOLOGIA demanda e o espaço físico do laboratório que
comporta poucas pessoas de uma só vez. Através
destes encontros, os alunos tiveram maior contato a
Para a monitoria acadêmica da disciplina de prática da disciplina, possibilitando-os a um melhor
Geologia Geral, foi realizado um Plano de Trabalho entendimento do conteúdo teórico visto.
pelo orientador em conjunto com o monitor. Das 12
horas que o monitor deve dedicar às atividades de As etapas das atividades realizadas começaram
monitoria, foram destinadas 6 horas semanais para com um levantamento prévio das rochas disponíveis
atendimento aos estudantes de baixo rendimento na no acervo didático do laboratório. Após o
aprendizagem. O local de atendimento foi no prédio levantamento das amostras, estas foram separadas por
da biblioteca da Regional Catalão e no laboratório de filiação genética (Rochas Ígneas, Rochas
mineralogia do curso de Engenharia de Minas para as Metamórficas e Rochas sedimentares) qualificando-
dúvidas de aulas práticas, em horários pré- as. A partir dessas rochas disponíveis, foi
estabelecidos. As demais horas de atividades desenvolvido para a disciplina um trabalho sobre
desenvolvidas pelo monitor, foram para reuniões com análise visual macroscópica, dessas amostras para
a orientadora (2 horas semanais) e o planejamento de entendimento e compreensão de sua composição,
atividades (4 horas semanais). É importante destacar estruturas observadas e ambiente formador,
que a disciplina consiste em aulas teóricas e práticas, possibilitando a integração de conceitos apresentados
na aplicação de avaliações em sala de aula e trabalhos nas aulas teóricas da disciplina de Geologia Geral.
relacionados ao conhecimento de descrição
macroscópica de minerais, rochas ígneas, Partindo deste pressuposto, foram selecionadas 28
metamórficas e sedimentares, assim como uma amostras distribuindo-as por sorteio para atividade
descrição ampla sobre o ambiente e processo de desenvolvida em duplas de alunos que se dispuseram
formação das rochas. a apresentar um trabalho com informações detalhadas
da rocha em questão. Das 28 amostras, 10 são
Para o desenvolvimento de tais atividades, exemplares de rochas Ígneas, 10 de Rochas
adotou-se a leitura, pesquisa e revisão de livros Metamórficas e 8 de Rochas Sedimentares. A Tabela
orientados no plano de ensino da disciplina, assim 1 apresenta as rochas selecionadas para que os
como estudos de mapas geológicos do Estado de estudantes pudessem realizar um trabalho avaliativo

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fazendo uma seleção de forma que todos os grupos auxílio na resolução das questões desenvolvidas na
pegassem uma rocha em que pudessem observar o experiência de monitoria.
máximo de características geológicas possíveis.
Os alunos gostaram muito da experiência de
utilização de lupas de bolso e de lupas binoculares de
bancada, possibilitando observar as características
Tabela 1. Nome das amostras de rochas Ígneas, dos minerais presentes nas rochas e das estruturas
Metamórficas e Sedimentares selecionadas para observadas, muitas vezes difíceis de serem vistas a
trabalho avaliativo. olho nu.
Rocha Rocha
Rocha Ígnea
Metamórfica Sedimentar

Granito Ardósia Folhelho Figura 1. Algumas amostras rochas utilizadas para análise
macroscópica nas atividades de monitoria
Riolito Micaxisto Siltito

Granada
Basalto Arenito
micaxisto

Conglomera-
Gabro Quartzito
do

Arenito
Anortosito Augen gnaisse
micáceo

Quartzo
Diabásio Mármore conglomera-
do Fonte: Autoria própria.

Diorito Biotita gnaisse Siltito 2

Cordierita 4. CONCLUSÕES
Sienito Folhelho 2
hornfels
Sabe-se que a geologia é uma ciência muito
Gabro 2 Filito
importante e bastante ampla em se tratando dos
Silimanita conhecimentos empregados em um curso de
Basalto 2 engenharia de minas, logo torna-se extremamente
granada gnaisse
gratificante empregar oportunidades de monitoria
Org. Autoria própria. para disciplinas nesse segmento, sabendo que esta
área carece de um maior apoio dos estudantes em
comparação a outros pilares do curso.
Como complemento dessa atividade prática,
foram criadas algumas questões juntamente com a Com isso, a oportunidade foi de grande
professora orientadora e outros dois monitores aprendizado e sucesso, pois proporcionou ao
voluntários da disciplina, a respeito dos três tipos de professor um apoio para preparação e organização de
rochas (Ígneas, Sedimentares e Metamórficas) que atividades, auxiliou os estudantes em dúvidas e
poderiam ser inseridas no trabalho avaliativo e que questões práticas da disciplina como descrição visual
estabelecessem as relações de integração das das amostras e entendimento do funcionamento de
informações abordadas na disciplina em aulas uma lupa de bancada, além de estimular o monitor a
teóricas. Fez-se também uma análise de mapas sempre buscar melhorias e formas de passar o
Geológicos e pesquisa extraclasse das possíveis conhecimento adiante, sendo portanto, produtiva e
ocorrências dessas rochas no Estado de Goiás, suas satisfatória. Outro ponto positivo foi a oferta uma
relações no ambiente de formação e estudo da escala vaga remunerada, o que possibilitou um auxílio
de tempo geológico. financeiro para o monitor melhor colocado na prova
seletiva além de mostrar o incentivo do curso para
A Figura 1 mostra algumas amostras das rochas esta área de aprendizado.
utilizadas na atividade para descrição macroscópica e

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A monitoria contribuiu para que o monitor aprovado em primeiro lugar no processo de seleção e
entendesse o seu papel na edificação do elo ensino- contemplado com a mesma.
aprendizagem, fazendo com que ele tenha o
sentimento de dever cumprido atuando com
responsabilidade juntamente com o docente em seu REFERÊNCIAS
processo de formação como engenheiro. Esta
gratificação traz ao estudante monitor da disciplina a
felicidade de poder contribuir para o curso e de se BRASIL. Universidade Federal de Goiás. Resolução
desempenhar ao máximo para as práticas de ensino CEPEC 1418/2016. Regulamenta o Programa de
que, com certeza, abrirão portas de oportunidades Monitoria dos Cursos de Graduação da Universidade
futura. Federal de Goiás (UFG), e revoga a Resolução
CEPEC Nº 1190.
GROTZINGER, J.; JORDAN, T. Para entender a
AGRADECIMENTOS Terra. Porto Alegre: Bookman, 2006.
LEINZ, V.; AMARAL, S.E. Geologia Geral. 14. ed.
Os autores agradecem à Coordenação de São Paulo: Conpanhia Editora Nacional, 2001. 399p.
Graduação (COGRAD) da Regional Catalão (UFG) e
ao curso de Engenharia de Minas pela
RESPONSABILIDADE AUTORAL
disponibilização da única bolsa de monitoria
remunerada do curso à disciplina de Geologia Geral,
sendo o discente Marcos Henrique Pacheco “Os autores são os únicos responsáveis pelo
participante do Programa de Monitoria edital 2018/2, conteúdo deste trabalho”.

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O HUMANISMO E O ENSINO DE FÍSICA POR MEIO DA PRÁTICA
EXPERIMENTAL
SILVA JUNIOR, Domingos Lopes da, domingosjr@gmail.com1
COSTA, Keila Apolinário Vieira, keila_bibica@yahoo.com1
MELO, Lyandro Barbosa Vieira de, lyandro-vieira1@hotmail.com1
SANTOS, Thiago Sebastião Oliveira 1
LAUXEN, José Felipe Santos1
CRUZ, Joana Carla Evangelista 1
SILVA, Josianne Ribeiro da1
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Física

Resumo: O texto a seguir visa demonstrar o desenvolvimento de aulas, baseadas no Humanismo de Carl
Rogers e Jean-Jacques Rousseau, aplicadas no período de 07/02/2019 a 18/07/2019 em uma escola da rede
pública estadual de Catalã pelo PIBID – Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência. As
informações descritas a seguir demonstram aspectos teóricos do humanismo, justificativas sobre a escolha da
base teórica bem como um exemplo de atividade prática realizada.

Palavras-chave: Rogers. Humanismo. PIBID. Prática Laboratório.

_______________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO física é algo impossível de aprender e que não passa


de uma série de equações impossíveis de decorar e
Com a metodologia humanista, espera-se entender. Buscamos, por meio de um método
conseguir adaptar conceitos pedagógicos e aplica-los alternativo ao ensino tradicional, trabalhar a física de
ao ensino de física, tendo como base os ideais modo mais compreensível. Vale ressaltar que em
teóricos (o ensino com foco no aluno; aprendizagem momento algum o ensino tradicional é criticado e/ou
autoiniciada por meio da descoberta e da curiosidade abandonado neste projeto. Saviani (2013) já destaca
do aluno; mais liberdade para os alunos, no sentido o fato de que o método tradicional de ensino é o
de estudar de acordo com suas inclinações) de Carl método que perdura no Brasil desde o início da
Rogers, Jean-Jacques Rousseau e integrantes do colonização do país.
movimento Escola Nova.
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Essa transposição didática da Pedagogia para a
Física proporcionará uma visão crítica da ação A aprendizagem centrada no aluno tem como
docente exercida por uma disciplina pertencente as objetivo principal dar liberdade e facilitar condições
ciências exatas. Com essa visão crítica, espera-se para que os alunos consigam guiar-se para além dos
facilitar a aceitação da Física entre os alunos de métodos tradicionais de ensino. Assim, o próprio
séries finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio aluno traça algumas diretrizes para seu
por meio da incitação à descoberta da carreira desenvolvimento acadêmico a partir do momento
científica, propiciando aos alunos uma vivência com que em que a aprendizagem surge de forma
o método científico e uma visão de como a Física espontânea no aluno ao relacionar a física com sua
ocorre no dia a dia e quais suas utilidades. rotina e ao compreender as utilidades desta ciência.

2. JUSTIFICATIVA Para Rogers (1975), faz-se necessário que


utilizemos meios práticos que estimulem e facilitem
A escolha do método teórico proposto ocorreu uma aprendizagem significativa e autoconfiante e
pela necessidade de quebrar a ideia de que “física é que os alunos sejam avaliados de forma qualitativa e
matemática” (não levando em consideração as autodirigida, ou seja, que iniciem por si mesmos
características específicas das duas áreas), que a uma reflexão acerca do conhecimento adquirido.

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Algo importante a ressaltar nesse método de teóricas da disciplina) que demonstrem e reforcem o
ensino é que, ao contrário do que a grande maioria conteúdo teórico.
das pessoas pensam, a forma de liberdade defendida
pela teoria não implica em anarquia. A sensação de Utilizando o humanismo como base teórica, foi
liberdade nos alunos é apenas um gatilho para que dado aos alunos liberdade e espaço suficientes para
eles iniciem (ou encontrem inspiração para) um que tivessem por si mesmos a vontade de se
estudo. Segundo Nascimento (2010), a ação ativa do aproximar, perguntar, pesquisar e até mesmo
professor substitui a passividade do ensino construir experimentos de física. Vale ressaltar,
tradicional e o aluno, agora livre, passa a relacionar também, que as atividades são realizadas em grupos,
conceitos estudados com sua vida diária e começa a fator presente na teoria humanista e que tem como
analisar de forma crítica o que é aprendido em sala. função o fortalecimento de vínculos que agem como
diretrizes para uma aprendizagem autoiniciada.
O professor, apesar de não ser mais o centro do
sistema de ensino, continua a manter a função mais 4.1. Exemplo de Atividade Realizada
importante do conjunto: ser agente transportador e
inspirador de conhecimento e perspectiva 4.1.1. Introdução
acadêmica. Delizoicov (2005) assume o pressuposto
de que o professor desempenha seu papel docente Por Halliday, Resnick & Walker (2013), sabe-se
tanto ao adotar práticas consistentes com os que a matéria sofre alteração em seu estado e em
resultados de pesquisa como ao manter práticas suas dimensões. Sabe-se também que essas
tradicionais de ensino. variações estão diretamente ligadas ao aumento ou
diminuição da energia térmica (calor) do corpo em
Apesar de ter sido formulado, principalmente, análise, o que ocasiona uma variação de volume que
nos Estados Unidos e na Inglaterra, o humanismo pode vir a provocar trincas e deformações neste
pode ser uma metodologia muito útil para o ensino mesmo sólido.
de ciências em qualquer lugar desde que sejam
formuladas alterações que se adequem às Na Engenharia e na Física faz-se extremamente
características do local em questão. No Brasil, por importante o estudo da dilatação. É através desse
exemplo, fator importante para o bom desempenho estudo que se determina, na construção civil, a
da corrente humanista é promover a alfabetização posição ideal de uma junta de dilatação e a
científica desde o início da formação acadêmica. deformação e resistência de parte de uma estrutura.
Enquanto nos Estados Unidos e na Inglaterra os
4.1.2. Objetivos
alunos aprendem, desde as séries iniciais, seu papel
como estudante e o “por que e para quê” da ciência, Este experimento consiste na análise da
no Brasil ainda se cultiva a noção de estudar por dilatação volumétrica de sólidos por meio do uso do
obrigação e só é percebida a importância e o papel kit Anel de Gravesande.
da ciência a partir dos anos finais da Educação
Básica e, até mesmo, a partir do ingresso no Ensino 4.1.3. Material Utilizado
Superior. No caso de trabalhos realizados com
alunos de ensino médio, tal alfabetização torna-se  Esfera e anel de latão (com cabo);
algo mais complexo de ser executado, uma vez que
precisa ocorrer em paralelo com o conteúdo e com  Fio de cobre;
as cobranças e anseios de um ingresso no ensino
superior.  Alicate;

4. METODOLOGIA  Velas;

Nas aulas ministradas durante o primeiro  Isqueiro;


semestre letivo de 2019 pelo Programa Institucional
de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), optou-se  Béquer com água fria.
por uma metodologia de raiz humanista que visa
provocar no aluno a vontade de estudar e entender a 4.1.4. Procedimento Experimental
física por meio da curiosidade que surge nos alunos
ao presenciarem a execução de algum experimento. Dividiu-se a turma em cinco grupos com cinco
ou seis integrantes, tendo os alunos total liberdade e
Foi trabalhado a disciplina de Prática de autonomia para escolha dos colegas com base em
Laboratório, com duas turmas do Segundo Ano do suas afinidades e círculo de amizades. Após isso,
Ensino Médio, que consiste em aplicar experimentos cada grupo recebeu um kit composto por uma esfera
(em horário próprio e em paralelo com as aulas e um anel (feitos de latão), ambos contendo um cabo

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para apoio. Logo após distribuir os kits, foram Aqui, semelhante ao afirmado por Max Weber, a
entregues, também, pedaços de fio de cobre de educação enobrece o homem.
aproximadamente 30 cm de comprimento e 1,5mm
de diâmetro. Por meio do conhecimento, que se estende aos
saberes científicos e aos valores humanos, é que será
Com o material em mãos, primeiramente os formada a identidade de um indivíduo. Logo, a
alunos passaram a esfera pelo anel, à temperatura forma que o processo educacional é apoiado pela
ambiente, com facilidade. Em seguida, repetiram o família e executado pela escola se mostra um ponto
procedimento anterior aquecendo (utilizando velas), importantíssimo para o êxito educacional. Guedes
de forma alternada, a esfera e o anel. Após isso, (2015) demonstra a veracidade existente na teoria
utilizando o fio de cobre desencapado, os alunos rogeriana e nos mostra também, que apesar de haver
montaram anéis semelhantes aos anéis de latão muita resistência, a teoria humanista não é algo
apresentados na e repetiram o procedimento anterior. impossível de se adotar e replicar em diferentes
Para repetirem o processo com diferentes materiais ambientes.
e, para terem mais tempo para interpretação dos
resultados, os alunos resfriavam os objetos Ao ensinar física, a importância do
aquecidos a fim de obter uma temperatura inicial conhecimento, dedutivo e/ou empírico, torna-se mais
baixa antes de repetir o processo de aquecimento. expressiva ainda. O preparo, a forma de se
relacionar com os alunos, a criatividade
4.1.5. Discussão e Conclusão experimental e a vontade de mudar e inovar são
essenciais no ensino de física. Prova disso reside em
Por meio do procedimento experimental uma pessoa dizer que odeio a Física simplesmente
realizado os alunos puderam perceber por si mesmos por não compreender uma fórmula matemática que
as alterações que ocorrem em um objeto ao sofrer lhe fora apresentada brutamente, sem uma
uma variação de temperatura. demonstração prática e vinculação da teoria com o
cotidiano do aluno.
Ao passar a esfera pelo anel de latão, estando
ambos em temperatura ambiente, a esfera não É necessário que realizemos uma reflexão em
enfrentou nenhuma resistência. Quando a esfera foi relação à Física sobre como ensinar, por que ensinar,
aquecida, em virtude do aumento de seu volume, quando ensinar e para quem ensinar física. Assim,
não foi possível atravessar a esfera no anel. poderemos e conseguiremos determinar exatamente
Entretanto, ao esquentar o anel e a esfera onde e quando agir para combater os problemas do
simultaneamente, foi possível passar a esfera pelo ensino de física.
interior do anel sem nenhuma resistência.
REFERÊNCIAS
Após resfriar as peças com a água fria e repetir o
mesmo procedimento descrito no parágrafo acima, DELIZOICOV, Demétrio; Resultados da
desta vez utilizando o anel de cobre, os alunos Pesquisa em Ensino de Ciências: comunicação ou
perceberam diferenças na forma como os materiais extensão?; Florianópolis; Caderno Brasileiro de
reagiam, em pares (latão-latão, latão-cobre), ao Ensino de Física; 2005;
aquecimento.
GUEDES, A.M.A. et al; Implicações da teoria
Portanto, possibilitou-se aos alunos a humanista de Carl Rogers no processo de ensino
oportunidade de observar em sala de aula os efeitos e aprendizagem de física: um relato de
do aumento das dimensões de objetos em razão do experiência; Petrolina; 2015;
aquecimento ou resfriamento de um corpo e as
aplicações práticas do estudo de diferentes formas de HALLIDAY, D., RESNICK, R., WALKER, J.;
dilatação no cotidiano. Fundamentos de Física, vol. 2; Rio de Janeiro,
LTC, 2013;
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
NASCIMENTO; Tiago Lessa; Repensando o
O comprometimento de uma escola vai muito Ensino da Física no Ensino Médio; Fortaleza;
além de ministrar aula para os alunos pois envolve 2010;
diversos fatores que variam de um aluno para outro e
que necessitam de atenção. A educação, que no geral ROGERS, Carl Ransom; Liberdade para
pode ser vista como uma “apropriação dos princípios Aprender; 3ª Edição; Belo Horizonte; Interlivros;
teóricos metodológicos”, além de propiciar 1975;
conhecimento ao aluno, dá-lhe condições de utilizar
o que aprendeu como forma de interação social.

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SAVIANI, Dermeval; História das Ideias RESPONSABILIDADE AUTORAL
Pedagógicas no Brasil; 4ª Edição; Campinas;
Autores Associados; 2013; “Os autores são os únicos responsáveis pelo
conteúdo deste trabalho”

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O LÚDICO E EXPERIMENTAL NO ENSINO E APRENDIZAGEM DE FÍSICA NAS
ESCOLAS PÚBLICAS.
Silva Junior, Domingos Lopes, domingosjr@gmail.com
Gondim, Lorraine Aguiar, lorraineaguiargondim@outlook.com
Vieira, Vinicio Alexandre
Santos, Gustavo Dias
Oliveira, Vinicios Pereira

Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Física

Resumo: O artigo apresenta uma proposta de formação e aplicação para a promoção da aprendizagem e bem-
estar dos docentes e discentes no processo ensino-aprendizagem, em particular no ensino de física desenvolvido
em colégios da rede pública de ensino médio e fundamental, por licenciados em Física da Universidade federal
de Goiás - regional Catalão, participantes do PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência).
A linha de investigação e intervenção foi desenvolvida em 5 sessões que objetivaram didáticas que poderiam
contribuir para o desenvolvimento de certas competências importantes trabalhando para prevenir ou resolver
situações onde ocorre grande dispersão da atenção, e insere-se em um trabalho de desenvolvimento mais
prazeroso para os mesmos, onde é abordado o ensino de física a partir das metodologias lúdicas e experimentais,
onde tem como principal intuito desenvolver aulas mais produtivas envolvendo interação entre alunos e
professores, tudo isso utilizando ainda conceitos indispensáveis da didática tradicional. Desenvolvendo aulas
dinâmicas, como as principais sendo apresentadas nesse artigo: A aula das Cores e o jogo Newton’s Game, como
proposta de aulas elaboradas para a diversão e compreensão das teorias com a prática em seu cotidiano.
Palavras-chave: Docência. Ensino. Lúdicas. Experimentais. Física.
__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO que, embora pertença à área das


ciências exatas, o professor não
pode ficar exigindo apenas o
O ensino tradicional nas escolas públicas conhecimento matemático da
brasileiras, enfrenta grandes barreiras e desafios em física. A contextualização da
se dar uma aula produtiva, de grande qualidade, ciência física é uma obrigação, uma
despertar o interesse dos alunos e conseguir a vez que tudo que ocorre na natureza
está relacionado ao conhecimento
compressão de grande parte da turma. Com isso o
de física. É importante, pois, que o
desenvolvimento de jogos e confecções de professor, em sala de aula, exercite
experimentos favorece ao interesse dos alunos em a contextualização da física,
geral. desafiando o aluno a relacionar o
Na disciplina de Física já é normal os alunos que aprende com aquilo que
terem um receio de que a matéria é a mais difícil de observa no seu dia-a-dia”.
todas as outras por alguns comentários, com esse (SOUZA e HEINECK, p.5,
projeto despertamos o interesse deles mostrando que 2006).
a Física não é tão difícil quanto parece. E com as
Os obstáculos que foram enfrentados pelos
atividades dentro de sala e fora, ajudam a despertar
curiosidades que antes não havia. alunos foram encontrar um meio de relacionar as
“Considerando que a física é uma atividades dentro de sala de aula com o próprio
ciência da natureza, como tal deve cotidiano que eles têm, ou seja entender que a teoria
ser questionada. Assim, entende-se está relacionada com a prática em que eles vivem, e

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com isso entra também como sendo um dos aprendizagem vem na bagagem sendo a consequência
contratempos sendo enfrentados. de estímulos criados pelos jogos.
Com os jogos e as confecções de experimentos o “Toda atividade lúdica trabalhada
aprendizado chega a ser prazeroso, compreensivo e em sala de aula deve ser criada com
melhorando até a disciplina em sala de aula pelo o objetivo prévio de ensinar,
possuindo características que
interesse adquirido e a interação de alunos com os
desencadeiem o processo de
professores.
aprendizagem” (JUNIOR, p.109,
“Desta forma, percebe-se que por
meio da Física Experimental os 2019).
alunos são incentivados a
raciocinar e a adquirir
competências de aplicação dos 3. ATIVIDADES
conhecimentos adquiridos nas aulas
teóricas para analisar e resolver
problemas” (GRASSELLI, 3.1 Aula das Cores.
GARDELLI, p.5. 2014). 3.1.1 Objetivo:
Conhecer o fenômeno do Arco-Íris, o porquê
e como que ele acontece, confeccionar o disco de
2. METODOLOGIA Newton e a experiência do Arco-Íris de gelatina.

3.1.2 Materiais:
Com o projeto nas escolas públicas, nosso
interesse foi abordar duas metodologias, a Lúdica e a CD, papel, lápis de cor, cola, tesoura,
Experimental, como vimos que poderíamos aguçar o barbante, copos, gelatina com as cores do Arco-Íris,
interesse dos alunos por meio de jogos e colher e açúcar.
experimentos decidimos então incluir esses métodos
de forma prazerosa. 3.1.3 Procedimento:
A ferramenta utilizada para a educação de Física Primeiramente explicamos o conceito de que
foi as práticas de experimentações e jogos como um a luz branca reflete as 7 cores (vermelho, laranja,
mecanismo que gera o interesse para a aprendizagem amarelo, verde, azul, anil e violeta). Que o branco é a
com observação e a exploração, assim os alunos combinação de todas as cores com o conceito de
podendo desenvolver mutualmente suas habilidades e reflexão. Explicamos também sobre o Arco-Íris, um
compreendendo a teoria com a vivência. arco multicolorido, composto de sete cores, causado
“É fato que, quando o professor pelo fenômeno óptico e meteorológico que, através da
se utiliza de metodologias refração da luz solar sobre as gotas de água suspensas
diferenciadas para apresentar no ar após uma chuva, forma um espectro de luzes ou
um conceito, pois pode cores.
incentivar seu aluno a construir
seu próprio conhecimento de
E finalmente confeccionamos o disco de
maneira prazerosa, sem
Newton. Fizemos dois furos em volta do buraco do
obrigação, estimulando-o a ser
CD com ângulo de 180 ֯ entre o furo principal do CD,
perceptor e protagonizar seu
após circulamos a folha no tamanho do CD,
próprio processo de
dividimos a circunferência em 7 triângulos, todas
aprendizagem” (CATELAN e
com o mesmo tamanho, “como uma pizza”, e
RINALDI, p.311, 2018).
colorimos cada triângulo com as cores na ordem:
O uso de atividades experimentais e lúdicas para (vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, azul anil e
o ensino de Física vem sendo um meio de ensino violeta). Após colamos circunferência com as sete
retratados como uma maneira eficaz para ensinar e cores no CD e passamos o barbante nos dois furos e
ultrapassar as dificuldades da matéria. fizemos alguns nós (amarramos) nos furos para que o
No uso de jogos, tem uma importância grandiosa barbante não deslizasse entre os furos e amarramos a
para o ensino de Física, sendo na competição que leva ponta do barbante, conforme a figura 2. Para a
os alunos a instigar esse sentimento e com isso a realização da experiência coloque o dedo no final do
barbante de maneira em que o CD fique reto
verticalmente e portanto enrole o CD até o barbante

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ficar todo enrolado e depois só puxar o barbante com Figura 2: Disco de Newton.
força, e assim o disco rodando com velocidade alta
ele ficará o mais próximo da cor branca.

O experimento do arco-íris no copo é


bastante simples, pegamos 7 copos limpos e
dividimos a mesma quantidade de água e colocamos
em cada copo uma cor de gelatina diferente, depois
dividimos o açúcar (para a cor violeta colocamos 7
colheres de açúcar, para o azul anil 6 colheres, azul 5
colheres, verde 4 colheres, amarelo 3 colheres, laranja
2 colheres e vermelho 1 colher de açúcar), após em
outro copo limpo colocamos as cores em ordem da
cor com mais quantidade de açúcar para a menor
quantidade, no copo de forma laminar para que elas
não se misturem uma com as outras, para que as cores
não se misturem podem colocar a água de gelatina
com a cor respectiva com uma colher. E assim
formando o Arco-Íris no copo, conforme a figura 1.

Figura 1: Representação do Arco-Íris no copo. Fonte: Autoria própria.

3.2 Newton’s Game.

3.2.1 Objetivo:

Conhecer as 3 leis de Newton e jogar o jogo


Newton’s Game confeccionado pelo grupo docente.

3.2.2 Material:

Tabuleiro, perguntas referentes as 3 leis de


Newton de seu gosto e dados.

3.2.3 Procedimento:

Explicamos as 3 leis de Newton.

A primeira lei remete sobre a Inércia: Todo corpo


continua em seu estado de repouso ou de movimento,
a menos que seja forçado a mudar aquele estado por
Fonte: Autoria própria. forças aplicadas sobre ele.

A segunda lei remete sobre a dinâmica: A


mudança de movimento é força aplicada diretamente
proporcional ao produto de sua massa e aceleração.

A terceira lei diz sobre ação e reação: A toda


ação há sempre uma reação oposta e de igual
intensidade, as direções de dois corpos são sempre
iguais e em sentidos opostos.

Após a explicação começamos o jogo, que


tem como objetivo de acabar o trajeto de 39 casas com
13 desafios com o símbolo (D?), de perguntas
relacionadas com as três leis de Newton.

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O grupo ganhador ganhou chocolates e a despertando a curiosidade e o entusiasmo dos
turma toda ganhou pirulitos de comemoração ao mesmos para as aulas seguintes.
esforço e conhecimento adquirido.
As notas dos alunos foram melhoradas
As regras do jogo são fáceis, consiste em até consequentemente a relação com os professores
10 jogadores, quando algum jogador cair na casa em também.
que contém o desafio (D?), terá que respondê-la, mas
se a resposta for incorreta não jogará a próxima As curiosidades entre os alunos foram
rodada, só é permitido jogar continuamente se acertar aguçadas, e quando vamos nas escolas nos tratam
as perguntas. com carinho e educação, perguntam quando vão ser
os próximos encontros.
Os desafios podem ser elaborados pelo
professor que executar o jogo com seus alunos, com
isso poderá executar as perguntas de acordo com o 5. CONCLUSÕES
andamento da turma que está acompanhando.

A elaboração de atividades lúdicas e


Figura 3: Newton's Game. experimentais nem sempre é um método de sucesso.
Há fatores externos que contribuem muito para que
seja possível a realização dessas atividades. Uma sala
de aula muito cheia pode resultar em excessiva
hiperatividade ou má disciplina, assim como uma sala
com poucos alunos pode não ter o mesmo ânimo na
decorrência do desenvolvimento das atividades caso
o planejamento seja preciso em relação da quantidade
de participantes. Mas também podemos destacar o
quão é necessário que ocorra esse tipo de abordagem
no ensino de Física, já que isso desperta bastante o
interesse pelo ensino através do lúdico e do
experimental.
Inicialmente percebia-se que os alunos tinham
um certo receio de Física por se tratar de uma matéria
com bastante conteúdo e muitas fórmulas. Ao
decorrer das atividades esse receio foi desaparecendo
e foi tornando mais fácil a administração das aulas.
Fonte: Autoria própria. Do ponto de vista da pesquisa, esse tema abrange um
referencial rico para a investigação a respeito do
lúdico e da experimentação no ensino de Física para
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO também a comunidade carente de recursos para aulas
práticas.
Feita a síntese do processo das atividades,
6. REFERÊNCIAS
nota-se um grande interesse vindo da parte dos alunos
em relação ao conteúdo proposto nas aulas. É
perceptível a grande mudança no comportamento e na CATELAN, S. S., e RINALDI, C. A atividade
vontade de aprender significativamente a disciplina experimental no ensino de ciências naturais:
de Física. contribuições e contrapontos. Cuiabá: Experiências
em Ensino de Ciências V.13, No.1, 2018. p.306-320
É importante considerar que se tratando de
uma escola com poucos recursos, os alunos se GRASSELLI, E. C., e GARDELLI, D. O ensino da
surpreenderam ao saber que conseguem aprender sem Física pela experimentação no ensino médio: Da
as famosas aulas expositivas e cheias de fórmulas teoria à pratica. Paraná: Os desafios da escola
utilizando materiais de fácil acesso. pública paranaense na perspectiva do professor PDE
V.1, 2014. p.1-22
A medida que os alunos foram participando
das atividades, tornaram-se frequentes nas aulas,

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JUNIOR, C. R. S. O estudo e conceitos de Física na Fundo: Experiências em Ensino de Ciências V.2,
primeira fase do ensino fundamental utilizando 2006. p.1-9.
ferramentas lúdicas. Goiânia: Experiências em
Ensino de Ciências V.14, No.2, 2019. p.108-123.

SOUZA, T. C. F., HEINECK. R. Pesquisando os 7. RESPONSABILIDADE AUTORAL


diferentes métodos avaliativos da aprendizagem e O(s) autor(es) é(são) o(s) único(s)
o emprego de seus recursos didáticos na responsável(is) pelo conteúdo deste trabalho.
perspectiva dos educadores de Física. Passo

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O PIBID COMO FERRAMENTA DE EMANCIPAÇÃO NA
FORMAÇÃO DOCENTE: IMPLICAÇÕES PEDAGÓGICAS

ROSA, Odelfa. rosaodelfa@gmail.com


SILVA, Bianca Barros da. bianca_bsilva002@hotmail.com
ALVES, Bruna Cristina Ferreira. bruna.cristina.ferreira.alves@gmail.com

1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Geografia

Resumo: O presente trabalho tem como objetivo salientar a importância do Programa Institucional de Bolsas
de Iniciação à Docência (PIBID) na formação do docente em Geografia, a partir de vivências nas escolas da
rede pública de ensino onde foram acompanhadas aulas de Geografia no Ensino Fundamental II,
possibilitando aos alunos do programa a produção de conhecimentos que consistem no ensinar Geografia nas
escolas utilizando da didática enquanto ciência, esta que transmuta por entre as fissuras e mazelas do ensino
público. Com o intuito de ampliar os saberes e dar condições para que seja possível a construção de
conhecimentos geográficos sistematizados e críticos, levando em consideração as particularidades dos
sujeitos inseridos nestas escolas. Assim, o trabalho consiste na exposição da condição intermediária do
licenciando mediante conteúdos geográficos do ensino universitário e o contato com os desafios da realidade
escolar.

Palavras-chave: Formação docente. PIBID. Teoria e prática.

__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO dinâmicas que dificultam o processo de atuação


O presente trabalho tem como objetivo do professor, quando este não tem condições de
salientar a importância do Programa vivenciar a realidade da escola básica, impondo
Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência uma concepção dualística entre o saber e fazer
(PIBID) na formação do docente em Geografia, na sala de aula. Para Guiomar N. de Mello:
a partir de vivências em escolas da rede pública
A principal questão reside no fato
de ensino.
de haver uma significativa
O PIBID, implementado pelo
distância entre o perfil da escola e
Ministério da Educação (MEC) desde 2007,
do professor necessário e o perfil
baseia-se na oferta de experiências práticas aos
existente para enfrentar as
estudantes de licenciatura que caminham para a
demandas desse novo cenário
primeira metade dos cursos. O programa propõe
(MELO. 2004, p. 99)
minimizar o distanciamento entre estudos e
pesquisas científicas na área de atuação e
A partir dessa discussão, é possível
contribui para a democratização do ensino no
repensar a formação do professor e as relações
país, tendo em vista o rompimento da
de poder socialmente estabelecidas num espaço
exclusividade científica, que historicamente se
e tempo específico. Assim, o processo inicia-se
distancia da realidade escolar disposta nas
no acompanhamento das aulas de Geografia no
escolas públicas, contribuindo para ampliação
Ensino Fundamental II e no decorrer dos
dos conhecimentos e saberes da sociedade.
trabalhos junto ao professor regente, a
É nesse sentido que, a relação entre o
elaboração de atividades a serem desenvolvidas
campo da universidade e da escola sofre com
em sala, possibilitando aos alunos do programa

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a produção de conhecimentos que consistem no 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
ensinar Geografia nas escolas utilizando da A aproximação entre a realidade vivenciada
didática enquanto ciência que transmuta por na universidade pública, em contato com as
entre as fissuras e mazelas do ensino público, a demandas da escola pública no Brasil, é fator de
fim de ampliar os saberes e dar condições para extrema importância para a comunidade escolar
que se construam conhecimentos geográficos e, essencialmente, para a formação crítica do
sistematizados e críticos, tomando como base
professor em geografia, pois, a partir dessas
as particularidades dos sujeitos inseridos nestas
experiências, torna-se possível criar condições
escolas, como aponta Pereira:
de repensar as práticas pedagógicas existentes
[....] parece ser o papel na rede básica, juntamente com suas
do professor bem mais complexo deficiências.
do que a simples tarefa de Salienta-se que, no que tange o momento
transmitir o conhecimento já histórico no qual estes profissionais devem
produzido. O professor, durante exercer suas carreiras, com o desmonte e
sua formação inicial ou precarização intensiva do professorado,
continuada, precisa compreender percebe-se que o ensino passa a ser por muitas
o próprio processo de construção vezes frustrante, tanto para os discentes como
e produção de conhecimento para os docentes. Estes sofrem com falta de
escolar, entender as diferenças e remuneração e reconhecimento da significância
semelhanças do processo de
de seu trabalho, o que corrobora com grande
produção do saber científico e do
saber escolar, conhecer as parte do aparelhamento pedagógico.
características da cultura escolar, Para pensarmos as dinâmicas sociais
saber a história da ciência e a estabelecidas no nosso contexto, é preciso
história do ensino da ciência com refletir sobre as questões presentes na atuação e
que trabalha e em que pontos elas formação desses profissionais no espaço-tempo
se relacionam. (2000, p. 47). no qual está inserido, ou seja, pensar a formação
prevista no atual contexto que está vivendo, já
Portanto, o trabalho expõe a condição que os sujeitos do processo de ensino e
intermediária do licenciando mediante aprendizagem vivenciam subjetivamente e
conteúdos geográficos do contexto universitário materialmente períodos diferenciados. É nesse
e de frente com os desafios da realidade escolar. sentido que Gatti (2010) salienta que “as
licenciaturas objetivem relações intrínsecas à
2. METODOLOGIA
realidade do ensino.”
Na produção teórica estabelecidas nesse
Sendo assim, é necessário que a relação
trabalho utilizou-se de pesquisas bibliográficas,
pedagógica se constitua a partir de formas que
além da fundamentação histórica e cultural do
possibilitem um trabalho onde esses alunos se
sistema de ensino da rede básica. Além disso, a
reconheçam no contexto espacial e temporal que
maior das considerações advém do processo de
estão inseridos. A realidade social evidenciada
experiências vivenciadas em sala de aula no
pelos alunos em sala de aula demonstra a
período de 2018 a 2019, através do PIBID que
necessidade de inovação e atribuição do
permite a elaboração e uma maior bagagem
professorado quando este se insere.
teórico-prática para atuação no campo.
É fundamental que a realidade explícita seja
levada em consideração para elaboração do
plano de aula, e que as pesquisas na área de
didática sejam continuamente potencializadas
em função das demandas apresentadas pela
sociedade brasileira. Estes são fatores que
alavancam o ensino, de maneira que se torne
algo prazeroso, a fim de difundir conhecimentos
científicos e de maneira que seja dialogado com
a realidade dos alunos. Objetivo este, que
transpassa a condição de inserção ao mercado
de trabalho e/ou obtenção de diploma. A sala de
aula, de modo orgânico e específico, conduz

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também o movimento da luta de classes, a estratégias de repensar sua práxis. O momento
consciência de si no território, na instituição teórico acadêmico vivenciado pelas autoras
escolar e, consequentemente, na sociedade. deste trabalho, juntamente com a atuação
Pensar a condição do espaço produzido e das paralela ao PIBID demonstram que, a partir das
relações históricas, faz com que o professor aprendizagens adquiridas no contexto escolar
juntamente aos alunos perceba-se num processo enquanto bolsistas, tornou-se possível
de ressignificações desses lugares e papéis. fundamentar e oxigenar teorias que estavam sob
Entende-se a complexidade de pensarmos o estudos e pesquisa. Isto reflete-se na forma de
saber/fazer em sala de aula em relação a aprender os conteúdos científicos do campo da
complexidade do saber ensinar, pois, este, Geografia e Pedagogia, espelhando também na
demanda fatores que estão além da prática desenvolvida na escola.
compreensão material de vida e se sobrepõem as A discussão evidenciada nos campos de
condições técnicas. formação de professores, por vezes, de modo
Dessa forma, o programa PIBID viabiliza a superficial não explana o que de fato a escola
oportunidade dos bolsistas ao adentrar a escola, brasileira está diante, pois é socialmente
maneiras de re-pensar estratégias pedagógicas atribuído a cada momento histórico da
que caibam ao movimento histórico atual e sociedade especificidades da prática do
construa significados nos educandos, de professor. As exigências da sociedade e o
maneira transformadora. Possibilita então, o momento histórico de profundas mudanças no
contato com diversas realidades de escolas campo da formação e atuação profissional
brasileiras daqueles que estão no processo de ser contribuem para uma constante avaliação da
tornarem professores de Geografia. Além de atual situação da profissionalização docente,
que, amplia as possibilidades de pensar a considerando a formação como um processo de
Geografia escolar, assim como, as realidades e auto formação, de reelaboração dos saberes
enfrentamentos ocorridos no âmbito do sistema adquiridos na graduação em confronto com a
público de ensino no Brasil. prática vivenciada no cotidiano escolar.
Uma formação capaz de conduzir
reflexões que permitam a análise
Esta precária condição de do contexto sócio histórico e da
existência das escolas públicas realidade da educação básica.
brasileiras, em maior ou menor (MARTINS, 2012, p. 54)
proporção dependendo do estado Portanto, a realidade social na qual estamos
e/ou município onde se localizam, inseridos, reflete a intensificação das
apresentam o cenário da profunda desigualdades sociais gerada pela qualificação
desigualdade social vivida pela cada vez mais especifica de técnicas para o
população brasileira na atual fase mundo do trabalho, da revolução midiática
de desenvolvimento capitalista. ocorrida no processo do desenvolvimento
(SIMAS, 2018, p. 91) tecnológico e as relações de poder impostas à
luta de classes nesse novo momento que o país
Nesse sentido, o projeto se consolida como vivencia.
uma política pública de grande valor a estes O programa de iniciação à docência PIBID,
futuros professores que, a partir das vivências fomentado pela Coordenação de
em sala de aula há uma possibilidade de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
expansão dos olhares sobre a prática do ser (CAPES) possibilita, durante o processo de
professor no contexto de precariedades, formação de professores, que estes possam
principalmente, no sistema de ensino da rede dimensionar as questões pedagógicas e
básica e, assim como, colabora com a maneira aprimorar as suas técnicas em função da
que se percebe a relação entre o saber ensinar e autonomia do professor e de seus alunos.
o processo de ensino sistematizado da geografia Com base nesse contexto de pesquisa e
escolar. atuação dos pibidianos, percebem-se
Tais conhecimentos proporcionados durante problemáticas relacionadas diretamente com o
o processo de formação universitária do ensino de Geografia, assim como, os entraves
professor mediante a realidade que o espera, é do sistema educacional tanto a nível superior
fator fundamental para a produção de efetivas quanto na rede básica. A escassez de materiais

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apropriados às dinâmicas pedagógicas e verbal, escrita, plástica e outros. (LIBÂNEO,
didáticas no ensino, em função do cansaço dos 1990, p. 65).
profissionais já em campo, da dinâmica escolar Portanto, a função do professor se dá
por vezes enfraquecida em decorrência da enquanto um processo de formação desses
precariedade, nos permite a elaboração de novas alunos, sendo eles, o centro das perspectivas do
reflexões sobre o papel do professor, assim ensino com base em metodologias ativas que
como o das instituições. Como afirma Libânio direciona o formato da dinâmica de ensino e
(2007), sobre a necessidade de rever os aprendizagem e, consequentemente, na
processos e os métodos para o educar, ensinar e constituição de autonomia deles.
aprender. Além de que, se atentar que a Assim, a experiencia da realidade escolar
educação não ocorre apenas nos moldes paralela à formação de professores contribui
institucionais, mas, é fruto de relações que vão fundamentalmente nos aspectos teóricos e
além. técnicos da atuação deste, contrapondo assim,
modelos ultrapassados de ensino que
inviabilizam uma prática significativa para os
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS alunos e professores.
Diante dessas inúmeras contribuições
vivenciadas a partir da experiência no programa
PIBID, percebemos então que, o ensino em A atribuição desse sentido pelos
Geografia tem relevância no que tange, também, licenciandos sobre a experiência
aos níveis de tecnologização, pois esta tem da docência evidencia que, ao
condições próprias de lidar com conhecimentos analisarem as estratégias
relacionados a mecanismos hoje muito pedagógicas utilizadas,
utilizados pelos alunos, como por exemplo ultrapassam a dimensão técnica,
aparelhos de telefone móveis que indicam a muitas vezes fundamentadas nas
qualquer momento sua localização e/ou repetições, reforçando a
aplicativos que possibilitam uma infinidade de compreensão de que “saber
realizações instantâneas a nível global. ensinar não é transferir
conhecimento, mas criar
Isto dá-se no primeiro momento como uma possibilidades para a sua própria
barreira ao professorado, que se percebe, de produção ou construção”
certo modo, fora desse contexto no âmbito da (FREIRE, 1998, p.52)
sala de aula. No entanto, repensar nossas
práticas requer justamente reelaboração de
técnicas em didática e domínio daquilo em que
os alunos trazem como uma demanda.
Pensar o processo de ensino e aprendizagem
em sua totalidade a partir do método dialético,
nos condiciona ao entendimento de que o ato de
ensinar requer técnicas e saberes específicos, ou
seja, faz parte da construção dos conhecimentos
de uma sociedade e reflete pela condição dela.
Com isso, o processo de ensino e
aprendizagem deve ser orientado pelo viés da
didática, pois esta fundamenta a partir de
metodologias ativas o papel do professor
enquanto mediador dos conhecimentos,
servindo como ponte para construção de
autonomia dos saberes intelectuais e técnicos.
Não se trata apenas de aprender fazendo, no
sentido de trabalho manual ou ações de
manipulações de objetos. Trata-se de colocar o
aluno em situação que seja mobilizada à sua
atividade global e que se manifeste em atividade
intelectual, atividade de criação, de expressão

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REFERÊNCIAS

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes MARTINS. R. E. W, Contribuições para


necessários à prática educativa. 7. ed. São iniciação à docência: A Experiência do PIBID –
Paulo: Paz e Terra, 1998. Geografia da FAED/UDESC1, 2012 Revista de
GATTI, B. A. Formação de professores para o Ensino em Geografia, Uberlândia-MG
Ensino Fundamental: instituições formadoras e MELLO, G. N. de. Educação escolar brasileira:
seus currículos. São Paulo: Fundação Victor o que trouxemos para o século XXI. Porto
Civita, 2010. (Estudos & Pesquisas Alegre: Artmed, 2004.
Educacionais, 1). PARÂMETROS CURRICULARES
LIBÂNEO, J. C. A escola com que sonhamos é NACIONAIS: Geografia. Secretaria da
aquela que assegura a todos a formação cultural Educação Fundamental. Brasília, 1998, 156 p
e científica para vida pessoal, profissional e PEREIRA, J. E. D. Formação de professores:
cidadã. In: COSTA, Marisa Vorrober (Org.) A pesquisas, representações e poder. Belo
escola tem futuro? Rio de Janeiro: Lamparina, Horizonte: Autêntica, 2000.
2007. p. 23-50 SIMAS. D. C. V A Geografia que se pretende e
LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez a Geografia que se ensina: Os desafios do
(Coleção Magistério. Série Formação de PIBID na prática do ensino de Geografia nas
Professores) escolas públicas brasileira. 2018, * Mestranda
do PPG em Geografia da UERJ

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O PIBID NO PROCESSO DE TORNAR-SE PROFESSORA DE EDUCAÇÃO FÍSICA
Pinheiro, Maria do Carmo Morales;carmopin@gmail.com1
Oliveira, Sara Rayane;sararayaneoliv@gmail.com2
Storck, Caroline Matos;cstoorck@gmail.com2
1
Docente do Curso de Educação Física – UAE de Biotecnologia/Universidade Federal de
Goiás/Regional Catalão (UFG/RC);
2
Acadêmicas da Licenciatura em Educação Física da UAE de Biotecnologia – UFG/RC;
Resumo: O presente texto aborda os enfrentamentos vivenciados por bolsistas do Programa de Iniciação à
Docência (PIBID) do Curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade Federal de Goiás/Regional
Catalão (UFG/RC), com o objetivo de expor as dificuldades da formação docente inicial que o PIBID nos
oportuniza junto à uma das escolas parceiras, mas também as conquistas nas tentativas de superação dessas
mesmas dificuldades. Para isso, apresentamos a realidade escolar que nós, professoras em
formação,encontramos: uma educação que educa por condicionamentos que controlam e tolhem os alunos.
Tal realidadecontradiz o que estudamos na Universidade: a defesa de uma educação aberta, que valoriza a
individualidade e o que cada aluno tem de melhor. Ao longo das aulas caímos no condicionamento da escola,
e repetimos o mesmo processo com os nossos alunos, sem enxergar a realidade e o caminho que estaríamos
trilhando. Para reconhecermosesse processo, o PIBID foi crucial como mediador de outras possibilidades de
ver a situação e nela agir. As reuniões semanais, leituras sugeridas, discussões e relatos dospibidianosnos
proporcionaram a possibilidade de ressignificar, reconstruir e experimentar novas possibilidades pedagógicas
com aqueles alunos, centrada, sobretudo, no exercício diário do direito à fala e à escuta (FREIRE, 2011). A
experiência no PIIBID trouxe uma melhor compreensão do exercício da docência, através de um ensino
dialógico, extraindo o melhor de todos nós, sobretudo e aprender diariamente com cada criança na realidade
da escola.

Palavras-chave:Pibid. Professora. Docência. Educação Física.

__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO O texto trilha nosso caminho pedagógico no


período de Maio à Agosto de 2019 na Escola
Este trabalho tem como objetivo relatar nosso Municipal Nilda Margon Vaz, onde nos deparamos
enfrentamento como professoras de Educação Física com uma realidade que o PIBID costuma
com a realidade escolar, a partir do Programa problematizar em termos de perspectiva educativa.
Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Em função disso, apresentamos as dificuldades
(PIBID), destacando nossas primeiras experiências encontradas no ambiente escolar, e todo nosso
com a docência. O programa nos proporciona processo de reelaboração na tentativa de construir
experimentações relevantes na elaboração de uma experimentação pedagógica potente quanto à
soluções para alguns dos problemas pedagógicos do liberdade de expressão, capacidade de diálogo,
espaço escolar, potencializando nossa formação compreensão e produção de saberes.
inicial. Neste texto, apontamos alguns desses
problemas e as dificuldades encontradas no
ambiente escolar, mas, também, a necessidade de
mudar a perspectiva de ensino tradicional que 2. O PIBID EDUCAÇÃO FÍSICA E SUA
condiciona e, muitas vezes, aprisiona nossos alunos, DINÂMICA DE TRABALHO
o que ativa a sensação de que a instituição educativa De acordo com a Portaria do CAPES
segue oprimindo e pressionando nossos pequenos (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
desde cedo. Nível Superior)Gab. Nº45 (2018, p.2) o PIBID é um
programa da CAPES que tem por objetivo incentivar
a formação inicial e continuada de profissionais do

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ensino básico, numa ação que articula a participação O exercício de falar e ouvir nessas reuniões
de estudantes dos Cursos de Licenciatura das aperfeiçoa a prática pedagógica na iniciação a
Universidades Públicas nas escolas da Educação formação à docência, sem contar que os professores
Básica sob a supervisão de professores da das escolas parceiras do Programa acabam
Universidade. Além disso, o programa tem como participando de uma formação continuada a partir
objetivo principal aumentar a qualidade da formação dos estudos propostos.
dos professores nos cursos de licenciatura, através
da integração do Ensino Superior e da Educação
Básica. 3. ESCOLA MUNICIPAL NILDA MARGON
O PIBID Educação Física da Universidade VAZ: UM DIAGNÓSTICO INICIAL
Federal de Goiás/Regional Catalão (UFG/CAC) O PIBID do curso de Licenciatura em Educação
começou a funcionar em outubro de 2018, contando Física da UFG/CAC é realizado em três escolas,
já com a parceria de três escolas públicas (duas como já citado, mas no caso de nossa experiência
municipais e uma estadual), a saber: Escola focaremos apenas na Escola Municipal Nilda
Municipal Nilda Margon Vaz, São Francisco de Margon Vaz, situada no Bairro Castelo Branco, em
Assis (CAIC) e Centro de Ensino Integral da Polícia Catalão/GO, onde atuamos.
Militar de Goiás – Unidade Catalão.
No mês de abril/2019 aconteceu nossa primeira
Atualmente o projeto é desenvolvido por 22 visita à escola, com ointuito de conhecermos a
(vinte e dois) bolsistas de iniciação à docência (ID), instituição e a ela sermos apresentados. Sendo assim,
3 (três) professores supervisores e 2 (duas) fizemos um passeio na escola para vermos os
professoras coordenadoras de área, distribuídos nas espaços e estruturas da mesma, quando observamos
3 (três) escolas parceiras do Programa, todas na área que a escola não é muito grande nem tampouco
urbana de Catalão. dispõe de muitos espaços mais livres. Ela é
São promovidas reuniões para discussão de constituída por 10 salas de aula, um hall de entrada
textos, debates, seminários e encaminhamentos para com sala de espera, direção, secretaria, coordenação,
os bolsistas. Nestes encontros são tratados o sala de professores, biblioteca/videoteca, depósito,
planejamento pedagógico, o andamento das aulas dois banheiros, cozinha com depósito e também um
nas escolas e os relatos dos discentes bolsistas sobre pátio coberto com bancos (refeitório), quadra
as vivências nas mesmas. Por meio dessa troca de poliesportiva coberta e apenas com um pequeno
experiências é que são abordados pontos que portão de entrada. Apresenta, ainda, um prédio
precisam melhorar e mudanças a serem feitas nas anexo à escola que foi uma Unidade Básica de
aulas como forma de promover o ensino Saúde (UBS), na qual hoje funciona o Programa
aprendizagem dos bolsistas e dos alunos das escolas. Mais Educação, que consiste em promover reforço
Através dos saberes expostos, as coordenadoras aos alunos com dificuldade de aprendizagem.
promovem leituras de textos que discutem e se Depois de conhecer a estrutura física da escola, foi
relacionam com as vivências expostas nas reuniões, realizada uma entrevista com a Diretora da escola, a
a fim de construir uma visão crítica dos professores Coordenadora Pedagógica e com nosso professor
em formação. supervisor. Nessa entrevista, buscamos conhecer e
entender o Projeto Político Pedagógico da escola e,
Portanto essa reunião semanal é um instrumento nele, o cenário das aulas de Educação Física e seu
formativo, visto que os bolsistas de iniciação à papel na escola.
docência recebem orientações para dar segmento nas
aulas. Pensa-se em conjunto em uma prática de A escola trabalha com Ensino Fundamental I e
educação libertadora a ser construída com os alunos II, nos turnos matutino e vespertino, acolhendo em
da escola campo de trabalho. A educação libertadora média 730 alunos. Quanto ao quadro de
proposta por Paulo Freire (2011) em seu livro funcionários, há o total de 75 funcionários
Pedagogia do Oprimido indicauma práxis educativa distribuídos em diversas funções e que trabalham
capaz de libertar o homem de toda situação de nos dois turnos da escola; o corpo docente é
opressão, ao qual se encontra sujeitado, através da constituído por 50/60 professores, em média, dentre
libertação de sua consciência, tornando-o um sujeito efetivos e temporários. Apesar de a escola não ter
crítico e reflexivo. estrutura arquitetônica adaptada para pessoas com
deficiência, a mesma também recebe alunos com

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deficiência. No entanto, entre os alunos matriculados escola tem um projeto de atletismo, que é trabalhado
até o momento da nossa visita, não havia nenhum por um professor da área especifica, funcionando
aluno com deficiência física, mas havia laudos com como espaço para o treinamento de alunos que têm
dificuldades de aprendizagem, algumas das quais, interesse de participar de competições. Porém,
mais severas. Os alunos que possuem laudo são identificamos que este era o único conteúdo que a
acompanhados por professores de apoio de Escola trabalhava além dos esportes, sendo o foco
deficiência, no entanto, não foi informado o número principal os esportes. Por um lado, essa paixão nos
preciso de alunos que precisam desse alegrou, mas também preocupou um pouco, pois
acompanhamento e nem as suas deficiências nosso processo de formação inicial na docência nos
específicas. oferece o conceito de cultura corporal que amplia
muito a visão da Educação Física como área de
O planejamento escolar é bimestral e atualmente produção, sistematização e veiculação de
tem sido feito pela Secretaria de Educação do conhecimentos. O conceito de cultura corporal, o
município, a partir de um levantamento de qual defendemos e utilizamos para nortear nossa
conteúdos aplicados por todas as escolas e enviados prática pedagógica, ensina que a Educação Física
para a Secretaria de Educação. Há uma devolutiva já não é só esporte, pois dentre os conhecimentos com
com o conteúdo do próximo bimestre, onde no ponto os quais lida, estão a dança, a ginástica, as lutas e os
de encontro o quadro docente da escola planeja jogos e brincadeiras, além de tematizar a saúde, o
como esse conteúdo será trabalhado no bimestre. A lazer, o trabalho, as questões de gênero e etnia, tão
Escola é localizada em um bairro periférico de ligadas ao corpo e suas trajetórias sociais e históricas
Catalão. A maior parte dos alunos (senão todos) (SOARES et al, 1992). No momento da entrevista,
mora na periferia da cidade, e grande parte passa por dialogamos acerca disso com a Diretora, que frente a
necessidades, a citar principalmente dificuldades esse debate, pareceu estar aberta a novas
econômicas, havendo relatos de alunos que não possibilidades, pontuando a importância de sermos
possuem tênis para fazer a aula de Educação Física. responsáveis e de contribuirmos na vida dos alunos
A Escola já foi roubada algumas vezes, e nesses da escola.
episódios o local alvo de maior bagunça e dano foi a
cantina, pois roubaram os lanches. A Diretora Depois do nosso primeiro contato com a escola,
afirmou que quando ela tomou posse do cargo, teve passamos uma semana (duas vezes na semana)
muita dificuldade com os alunos e seus observando as aulas do nosso professor supervisor,
pais/responsáveis, pois os alunos eram muito nesse caso, a turma do 3° ano C. O conteúdo então
indisciplinados. ministrado era jogos e brincadeiras.

A diretora nos disse que com o tempo ela Percebemos que os alunos eram
conseguiu melhorar a relação dos alunos e seus orientados/condicionados a fazer duas filas já na
pais/responsáveis com a escola, pois antes de ela porta da sala (do lado de fora): uma fila era para os
assumir esse cargo, os pais dos alunos eram muito meninos e a outra para as meninas. Um detalhe é que
distantes da escola e muitos nem sabiam o que nossa turma tem mais meninos do que meninas.
acontecia com seus filhos, quais suas notas, Depois de todos os alunos estarem em filas o
desempenho e aprendizagem. A partir de um professor os conduz até a quadra. Chegando à
trabalho de diálogo, implantado a partir de sua quadra alguns tiravam os sapatos (as vezes deixavam
chegada, os pais tem um horário de atendimento na sala e iam descalços para a quadra) e depois,
com a diretora para tirar qualquer dúvida em relação condicionados a um apito, formavam uma roda em
a escola, ao filho e tomam ciência do processo de cima da demarcação do meio da quadra. Em seguida
desenvolvimento de suas crianças. Os pais e/ou faziam o alongamento em sequência, já decorado e
alunos que não se acostumam com o modo atual de automaticamente executado. O professor apitava e
condução da Escola, geralmente não permanecem na eles faziam um gesto, apitava novamente e faziam o
mesma, segundo a diretora. próximo gesto, e assim sucessivamente até o fim do
alongamento, ao término do qual recebiam novas
Em relação à Educação Física, a Escola instruções em relação à brincadeira que seria
demonstra respeito pela área, sendo que a diretora trabalhada no dia. Dado o horário, os alunos
afirmou ser apaixonada por esportes: para ela, o recebiam ordem sonora (do apito) para formar as
esporte é fundamental na vida do ser humano. Além filas novamente e voltar para a sala de aula. As aulas
dos esportes, a Escola traz outros conteúdos da são ordenadas pelo som do apito; se as crianças
cultura corporal como o atletismo. Para isso, a

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dispersam, basta um apito e elas se calam e se totalmente ‘adestrados’ do início ao fim da aula, e ao
voltam para o professor. Nas quintas-feiras, a aula é tirar aquele condicionamento eles ficaram
interrompida mais cedo, pois no meio da aula é o desorientados. É uma angústia que estes alunos
horário do lanche, por tanto a aula é reduzida. trazem: não ter espaço para crescer e se expressar,
eles ficam presos dentro destas condições postas
pela escola, tal como as crianças dentro dos vidros
4. EXPERIÊNCIAS E DIFICULDADES PARA na obra de Ruth Rocha (2003); sufocados e
NOS TORNARMOS PROFESSORAS querendo respirar. Mas onde? Nas aulas de
Educação Física. Nelas é possível sair dos vidros.
Em nossa segunda semana na Escola, fomos
apresentadas como as novas professoras de No decorrer das aulas quando mal percebemos,
Educação Física. As crianças são muito carinhosas: nos tornamos aquilo que criticamos: estávamos
toda semana, quando entramos na sala, vários alunos usando o apito, o grito e o medo para dar aula. Era
se levantam para vir nos abraçar, algo que, inclusive, como um apelo desesperado de professoras novatas
nos emociona. Mantivemos o conteúdo de jogos e que estão tentando se adaptar à uma realidade que
brincadeiras para nossas primeiras aulas, e depois desejam ver transformada, mas que, diante dessa
começamos com o conteúdo dança. impossibilidade, é como se as sugasse para dentro.
No ambiente escolar todos os professores nos
Todo nosso planejamento e metodologia, ou seja, orientavam: “Vocês tem que pegar firme com eles!”,
a nossa concepção educativa confrontava o que “Se vocês não se impuserem, não vão controlar
havíamos observado nas aulas daquela escola. Em eles!”, “Se vocês falarem baixo, eles não te ouvem”.
nossa formação acadêmica ao longo das disciplinas e E foi assim que, em duas semanas, nos tornamos as
dentro do PIBID construímos uma bagagem docentes que o Programa Institucional de Iniciação à
referente a uma educação crítica, reflexiva e Docência questiona de frente, porque para o PIBID a
sensível; uma Educação de Paulo Freire: formação de professores precisa avançar na direção
Libertadora! Mas toda nossa construção teórica era de uma docência comprometida com a humanização
como flores, e nem tudo são flores. de crianças e jovens, ou seja, novas gerações mais
sensíveis, críticas, e que se apropriem de seu tempo
O contato com o ‘novo’, o ‘desconhecido’ nos
histórico como protagonistas dele, e não,
assustou: o modo como as crianças se comportam, o
condicionados a ele. O problema é que mesmo nos
tipo de procedimentos que elas estão acostumadas a
tornando o que a escola queria, as aulas ainda não
responder e os condicionamentos que são postos a
fluíram. Nossa sensação é de que, cada vez mais,
elas. São alunos educados por meio do medo, do
piorava, pois alunos gritavam, professoras gritavam,
grito, da punição e do condicionamento a essas
apito soava; o ambiente e o clima relacional se
práticas. Não temos aqui a intenção de ‘demonizar’ a
tornarammais agressivo, improdutivo, desagradável
escola, mas, também não queremos isentá-la da
e triste.
responsabilidade que tem acerca da realidade com a
qual nos deparamos. Uma realidade que, para ser Foi durante as reuniões semanais do programa,
enfrentada, não está escrita em nenhum livro de através de orientações da professora coordenadora e
receitas de como mudar essa automatização dos das experiências compartilhadas com os colegas
conhecimentos e do modo de ser, não houve um pibidianos,que entendemos que precisávamos mudar
manual de instruções orientando sobre como fazer o nosso modo de olhar e, assim, dar aula. Não era
trabalho pedagógico dos nossos ‘sonhos’. apenas planejar o conteúdo da dança e executar uma
aula perfeita, sem empecilhos de nenhuma ordem,
A nossa primeira aula foi muito difícil.
pois as crianças são vivas, estão em movimento
Inicialmente tentamos não seguir a metodologia que
(corporal e subjetivo), portanto, se manifestam, e,
a escola aplicava, nem repetir os condicionamentos
assim, criam dificuldades, e nós precisávamos
já conhecidos pelas crianças. Tentamos não usar
aprender a lidar com isso. Para isso, era necessário
apito nem o grito, mas os alunos se dispersavam
descobrir a individualidade de cada aluno que ali
muito e não escutavam o que estávamos falando. As
estava; aquelas crianças tinham uma concepção de
primeiras semanas na Escola foram muito
Educação Física como momento de recreação,
frustrantes, porque o desejo em nós de fazer
porém, com todos os condicionamentos já
diferente ia morrendo a cada aula. O desânimo vinha
destacados aqui. O novo contexto nos trazia uma
à tona, e a vontade de seguir o padrão posto naquela
realidade que precisava de nossa sensibilização, para
realidade nos seduzia, pois nossos alunos estavam

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que pudéssemos compreender e identificar qual a gente já estava desesperado de tanto ficar
melhor forma de realizar o trabalho pedagógico que preso e começava a correr, a gritar, a bater uns
desejávamos. nos outros (ROCHA, 2003, s/p.).

Em uma das aulas abrimos espaço para as Nos ressignificamos mais uma vez e decidimos
crianças falarem o porquê elas se comportavam não fazer mais o uso do apito, simplesmente porque
daquela maneira, e a maioria das falas indicou: “A lançamos mão de uma prática dialógica, para
Educação Física é a única hora que podemos correr e aprender a escutar e falar, algo tão fundamental aos
brincar”; “Nas outras aulas a professora não deixa a seres humanos (FREIRE, 2011). A partir desse
gente levantar da cadeira”; “Na Educação Física a diagnóstico, adotamos alguns combinados com
gente quer extravasar”. Isso nos trouxe um nossos alunos: eles têm 5 minutos livres para correr,
sentimento de surpresa, não tínhamos noção que eles pular, gritar e fazer o que quiserem. Depois do
sentiam essa “prisão” dentro da sala de aula e tempo livre, nós os reunimos na quadra e falamos a
conseguiam expor com tanta clareza, pois, fim das atividade programada. Mesmo com 5 minutos que
contas, a aula de Educação Física era como válvula eles têm livre, ainda tivemos dificuldades para
de escape para liberar essas energias acumuladas, a seguir com a aula planejada. Duas de nossas aulas
vontade de correr, de gritar, de saltar, enfim, de ser aconteceram na sala de aula, pois eles não
criança. Segundo Freire e Scaglia (2009, p.7): conseguiam se organizar e/ou escutar as professoras.
Além disso, em algumas das aulas precisamos da
Cremos que a educação física traz para o intervenção do professor supervisor para os alunos
debate em educação diversas propostas. Uma respeitarem e escutarem o que estávamos tentando
delas é libertar os alunos do confinamento em dizer. Frente a tanta dificuldade para com o
sala de aula. Não é possível pretender que as
andamento das nossas aulas na turma, começamos a
crianças mantenham a atenção após horas de
imobilidade corporal. Criança tem de ser
parar a aula para conversar com os alunos e a escutar
tratada como criança, e a escola terão de se eles para entender o que estava acontecendo.
adaptar a isso.
Mesmo com todas as adaptações e negociações,
A Escola em que estamos atuando é um as aulas não são perfeitas, e a maior mudança
ambiente claustrofóbico, muito fechado; para aconteceu em nós, professoras em formação, que
entrarmos é preciso que a recepcionista destranque a diante desse enfrentamento ao encarar a escola e
porta e, da mesma forma, para quando nós vamos entender sua realidade, aprendemos que a aula nunca
sair, além de não haver um espaço aberto e amplo será perfeita e nem sempre vai acontecer como
para as crianças se movimentarem à vontade. Além planejado. Foi um processo de autoconhecimento e
disso, precisam obedecer aos inúmeros de empatia ao nos colocarmos como aquelas
condicionamentos comportamentais a que estão crianças e estabelecermos uma dinâmica relacional
submetidos. Assim, os alunos se sentem presos e com elas que nos traz um aprendizado para a vida.
oprimidos, pois estão a todo o momento sendo Para Ostetto (2009, p.129):
vigiados e muitas vezes impedidos de se
Para o professor, que exerce uma profissão
movimentarem, enfim, de se expressar essencialmente relacional, é particularmente
corporalmente. Só aí entendemos que precisávamos importante esse movimento de vaivém: estar
acolher o olhar das crianças, que mudou nossa com o outro, ver o outro – as crianças, os
compreensão, para, então, mudar nosso modo de dar colegas, as famílias, o mundo ao redor – e
aula. Criança não tem de ser controlada, ela vai agir enxergar-se. Trata-se de algo necessário e ao
como criança e não é papel do professor reprimí-la. mesmo tempo delicado. Não é uma coisa que
Frente a isso buscamos leituras para nos ajudar a se aprenda em uma lição, em um livro ou um
manual de técnicas. É fundamentalmente
diagnosticar o que levava as crianças a
atitude que se aprende estando com o outro, os
aderiremcertas atitudes durante as aulas, tais como
outros, na dinâmica do cotidiano educativo.
agressividade. Frequentemente havia ofensas, uns Logo, é tarefa para a vida inteira.
batiam nos outros. Nos parece ser possível afirmar
que a agressividade desses alunos é reflexo dessa Ao longo das aulas deixamos de lado o medo do
‘prisão’ e desse controle a que ficam submetidos, tal desconhecido, e mesmo com frustrações encaramos
como propõe o texto Quando a escola é de vidro: o desafio que está posto. Faremos o melhor que
conseguirmos no tempo que temos para que nossos
A gente só podia respirar direito na hora do
alunos aprendam a partir de novas perspectivas,
recreio ou na aula de educação física. Mas aí a
sobretudo, a de considerar o corpo e suas

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inquietudes como parte integrante do processo eles tem de melhor. É um enfrentamento diário, um
educativo, e, que, por isso, merece ser acolhido. processo de ressignificação e experimentação; o que
não der certo, experimentaremos de novo,
ressignificando, outra vez, esse admirável processo
5. CONCLUSÃO de construção das Professoras de Educação Física.

Consideramos que ao adentrar na sala de aula, o


docente em formação carrega consigo toda uma REFERÊNCIAS
bagagem teórica construída na sua trajetória
acadêmica. Todo esse conhecimento se materializa COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE
no contexto escolar, onde colocamos em prática o PESSOAL DE NIVEL SUPERIOR/CAPES –
que produzimos na universidade.O PIBID é um Portaria CAPES n° 45 de 12 de março de 2018.
espaço de formação, que sobrepõe os muros da Disponível em
universidade, articulando uma relação com a escola <https://www.capes.gov.br/images/stories/download
pública de uma maneira mais igualitária, pois a ideia /legislacao/15032018-
é que haja, realmente, troca de saberes e fazeres. Por Portaria_0638961_Portaria_45_Regulamento_PIBI
meio do processo de ensino aprendizagem, ele D_e_Residencia_Pedagogica_SITE.pdf>. Acesso
proporciona experiências para os bolsistas em: 18 de ago. de 2019.
aprimorarem os saberes necessários ao exercício da
docência e produzir novos significados e sentidos na FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 50. ed. São
Paulo: Paz e Terra, 2011.
sua formação.
FREIRE, J. B.; SCAGLIA, A. J. Educação como
As aulas desenvolvidas não só contribuíram para
prática corporal. São Paulo: Scipione, 2009.
a construção de conhecimentos dos alunos na escola
pública, mas, também fazem parte da formação OSTETTO, L. E. O estágio curricular no processo
acadêmica de tod@s nós, professor@s em formação. de tornar-se professor. In: OSTETTO, L. E.
(Org.).Educação Infantil: saberes e fazeres na
A nossa contrariedade com a escola nos assustou
formação de professores. 3. ed. Campinas: Papirus,
no primeiro contato, ativou em nós a sensação de 2008. p. 127-144.
que a instituição educativa segue oprimindo e
pressionando nossos pequenos desde cedo. Nos ROCHA, R. Este admirável mundo louco. 2. ed.
trouxe um sentimento de culpa e incapacidade São Paulo: Salamandra, 2003.
dianteda frustração de não conseguir a aula perfeita,
aquela dos nossos ‘sonhos’, e, com isso, nos tornou SOARES et al. Metodologia do Ensino da
iguais, parte de um ‘todo’ que nos engolia naquele Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992.
jogo de condicionamento. Mas a universidade nos
RESPONSABILIDADE AUTORAL
ensinou que poderíamos sonhar em fazer uma “O(s) autor(es) é(são) o(s) único(s) responsável(is)
educação diferente, aberta à produção infantil, pelo conteúdo deste trabalho”
juvenil, e capaz de extrair de crianças e jovens o que

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O QUE APRENDI SENDO MONITOR DA DISCIPLINA DE
FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS E SÓCIO HISTÓRICO DA
EDUCAÇÃO?
OLIVEIRA, Manoel Messias. Professor/orientador. e-mail messiasfilo@hotmail.com1
JUNIOR, Romildo Rodrigues Neves. romildoufg@hotmail.com2
1
Universidade Federal de Goiás/RegionalCatalão/Unidade Acadêmica Especial de Educação
2
Universidade Federal de Goiás/RegionalCatalão/Unidade Acadêmica Especial de Biotecnologia

Resumo: Este trabalho constitui o relato de experiência das atividades de monitoria acadêmica realizadas na
disciplina Fundamentos Filosóficos e Sócio Histórico da Educação do curso de Pedagogia, para ser submetido
ao V Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão da Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão.
Objetivou-se relatar as atividades desenvolvidas durante a realização da monitora na disciplina do curso de
Pedagogia da Universidade Federal de Goiás/ Regional Catalão. As atividades relacionadas à monitoria
consistiram em encontros que visavam sanar as dúvidas dos alunos, reuniões com o professor orientador,
discussão do trabalho final da disciplina com os discentes, planejamento do Plano de Ensino, auxílio nas aulas
teóricas, nas verificações de aprendizagens e na organização de trabalhos acadêmicos. A experiência da
monitoria possibilita ao monitor um crescimento na área acadêmica, o despertar de um interesse voltado para a
docência além da enorme gratidão por parte dos estudantes resultando no crescimento pessoal do monitor.

Palavras-chave: Monitoria, atividade, experiência, docência.

1. INTRODUÇÃO
A importância da monitoria vai para além
A Monitoria é a modalidade de ensino da simples finalidade de obtenção de um
aprendizagem, dentro das necessidades de formação título/certificado. Sua relevância se extrapola, seja
acadêmica, é destinada aos discentes regularmente no aspecto pessoal de ganho de experiência do
matriculados na Instituição de Ensino. A monitoria Monitor, seja na contribuição dada aos discentes
constitui-se de uma proposta que auxilia o professor monitorados e, especialmente, na relação de troca de
nas atividades em todas as etapas dos processos conhecimentos, durante o programa, entre professor
pedagógicos e ao mesmo tempo proporciona-se ao orientador e aluno monitor.
aluno uma expansão dos conhecimentos na área A monitoria objetiva despertar o interesse
específica despertando-se assim o interesse para a pela docência, mediante, o desempenho de
docência, desenvolvendo aptidões e habilidade no atividades ligadas ao ensino, possibilitando a
campo de ensino (Assis et al., 2006). experiência da vida acadêmica, por meio da
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação participação em diversas funções, como o
Nacional de 1969 (Lei nº 5692/69) prevê os planejamento de atividades com o professor
requisitos e o papel de monitor (BRASIL, 1996, Art. orientador, o auxilio aos alunos e em específico
84). Ele deve ser um aluno da graduação que tenha aqueles que apresentam baixo rendimento na
concluído a disciplina a ser auxiliada e, além disso, disciplina, auxilio ao professor nas aulas teóricas, na
tenha sido aprovado numa seleção mediada por verificação de aprendizagem e trabalhos,
provas específicas sobre aquele conteúdo. O organização de eventos acadêmicos, além de
Programa de Monitoria da Universidade Federal de possibilitar a apropriação de habilidades em
Goiás (UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS, atividades didáticas de ensino.
2013) objetiva a cooperação do monitor com os Segundo Maltoso et al. (2014) os alunos
docentes e discentes no ensino e aprendizagem, que exercem o trabalho de monitoria, de forma
incentivando o monitor aos hábitos de estudos, amadora experimentam os primeiros júbilos e contra
interesse e habilidades pessoais e acadêmicas, tempos da profissão de professor universitário pelo
também estimulando os estudantes para a carreira de fato de estar em contato direto com alunos, na
docência. condição também de acadêmico, propicia situações
extraordinárias e únicas, que incluem a alegria de

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contribuir, pedagogicamente, com o aprendizado dos 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
alunos.
Para que tal prática aconteça é necessário que o No decorrer do processo de monitoria, foi
monitor tenha uma afinidade para com a disciplina perceptível alguns obstáculos, como o conflito entre
que está se propondo ser monitor, pois assim os horários disponíveis do monitor e dos alunos,
poderão realizar de modo efetivo suas atividades bem como a dificuldade em conciliar as atividades
favoravelmente com o professor e os alunos. da graduação com as desempenhadas na monitoria.
No entanto, o exercício de desempenhar o
2. METODOLOGIA papel de aluno monitor pode proporcionar uma
experiência muito gratificante em relação ao
A experiência de trabalhar como monitor na compartilhamento de aprendizagem, tanto com os
disciplina de Fundamentos Filosóficos e Sócio alunos quanto com o professor responsável da
Histórico da Educação ocorreu em Catalão-GO, no disciplina, além de auxiliar na descoberta de
período do mês de abril a agosto de 2016, competências e habilidades, que resultarão nos
correspondendo ao semestre de 2016/1. As primeiros passos rumo à docência.
atividades de monitoria foram realizadas na Diante do exposto, foi possível
Regional Catalão, da Universidade Federal de Goiás, percebermos que a monitoria deve ser considerada
no período matutino e noturno, observando-se a uma ferramenta para fortalecer o processo ensino
carga horária total exigida, de 12 horas semanais. A aprendizagem na graduação, assim como possibilitar
carga horária de cada atividade e os locais para a diminuição da ansiedade que o aluno carrega
realização das mesmas variavam conforme as mediante a carreira docente, desanuviando os
atividades a serem desenvolvidas. As aulas percalços que a academia apresenta.
proferidas pelo professor ocorreram nas quintas e
sextas-feira no período da manhã e noite. Sempre 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
que houve a impossibilidade da presença do monitor
em sala de aula, este compensou com estudos Esse relato de experiência demonstrou a
dirigidos como a re-leitura dos textos discutidos na importância do programa de monitoria na UFG que
disciplina. vem sendo utilizada de forma eficiente como um
Antes de iniciar as atividades da monitoria instrumento que auxilia os alunos, buscando
acadêmica, foi assinado um termo de compromisso melhorar a aprendizagem das disciplinas e
por parte do aluno-monitor e desenvolvido um plano preparação de futuros docentes. A experiência obtida
de trabalho juntamente com o docente orientador nessa monitoria fez com que o monitor se
Prof. Me. Manoel Messias de Oliveira, responsável interessasse ainda mais pela carreira de professor e
pela disciplina, onde distribuímos a carga horária o motivou a seguir esse caminho com ímpeto de ser,
obrigatória de doze (12) horas semanais a serem no futuro, um bom profissional acadêmico. De
cumpridas pelo monitor. Esse termo de acordo com DANTAS (2014) a monitoria poderá
compromisso foi entregue a Coordenação de contribuir para a formação do aluno-monitor em seus
Graduação (COGRAD) da Regional Catalão. As primeiros passos rumo a docência.
reuniões com o professor-orientador ocorreram em Ser monitor não é somente auxiliar os
datas que foram estabelecidas por ambas as partes. estudantes no conteúdo, mas também acolhê-los em
Nas reuniões discutiu-se o método avaliativo que momentos difíceis da disciplina, é fazer a mediação
seria aplicado, o Plano de Atividades da monitoria, o aluno-professor, e acima de tudo transmitir as
cronograma da disciplina que seria seguido ao longo informações de modo didático para que os estudos
do semestre e métodos de melhor atendimento aos se tornem algo prazeroso de se fazer.
alunos que apresentavam dúvidas do conteúdo.
Foram disponibilizados pelo monitor, seus horários, AGRADECIMENTOS
contatos e locais de encontro para os alunos. Esses
encontros de auxílio ocorreram na biblioteca da Gostaríamos de agradecer ao professor-
Regional Catalão e nas salas de aula. orientador Manoel Messias de Oliveira pela
Durante as atividades da monitoria, foi confiança e orientação durante o período no qual a
prioridade do monitor acompanhar os estudantes monitoria se deu.
para auxiliar no campo teórico e para sanar dúvidas.
Para constatar que as atividades estavam sendo REFERÊNCIAS
desenvolvidas pelo monitor, era necessário até o dia
15 de todo mês ao longo do semestre, encaminhar à ASSIS, F; Borsatto, A. Z; Silva, P. D. D; Peres, P. L;
COGRAD uma folha de frequência que o professor Rocha, P. R; Lopes, G. T. Programa de monitoria
orientador assinava, ratificando o exercício das acadêmica: percepções de monitores e
obrigações do monitor na disciplina.

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orientadores. 2006. Disponível em: < experiência. Rev. Científica da escola da saúde. n.
http://www.revenf.bvs.br> Acesso em 05 de jul. de 2, Abr./Set., 2014.
2017.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS.
Nacional: Lei nº 9.394/96, de 20 de dezembro de Resolução CEPEC n.1190 de 2013. Programa de
1996. Monitoria. Goiânia, 3 de Maio de 2013. 7p.
DANTAS, O. M. Monitoria: fonte de saberes à Disponível em:
docência superior. Rev. bras. Estud. pedagog. <http://www.monitoria.prograd.ufg.br/pages/50614
(online), Brasília, v. 95, n. 241, p. 567-589, set./dez. programa-de-monitoria>. Acesso em: 05 de jul. de
2014. Disponível em: 2017.
http://www.scielo.br/scieo.php?script=sci_arttext&pi
d=S217666812014000300007&lang=pt. Acesso em:
RESPONSABILIDADE AUTORAL
05 de jul. de 2017.
“O(s) autor (es) é(são) o(s) único(s) responsável(is)
MATOSO, L. M. L. A importância da monitoria
pelo conteúdo deste trabalho”.
na formação acadêmica do monitor: um relato de

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PIBID NO ENSINO FUNDAMENTAL: ESTRATÉGIAS PARA O
APRENDIZADO DE GEOGRAFIA EM CATALÃO-GO

LOPES, Ana Cleide, Nunes, Anageografia2018@gmail.com 1


ROSA, Odelfa, rosaodelfa@gmail.com 2

1,2
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Geografia
Resumo:

O objetivo deste trabalho foi contribuir de forma positiva para o desenvolvimento intelectual dos alunos nas aulas
de Geografia da escola Estadual Maria das Dores Campos, localizada na cidade de Catalão Goiás juntamente
com os licenciando do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) da Universidade Federal
de Goiás, Regional Catalão (UFG-RC). As atividades que foram propostas tinham como intuito de mostrar aos
alunos que eles poderiam estar aprendendo os conhecimentos da disciplina de Geografia de um outro modo, como
foi ensinado a fazer o mapa mental. Antes de iniciarmos as atividades foi estudado todo o conteúdo e sua teoria
em sala, depois deu se início as saídas dos alunos do 8º ano para colocar em pratica a atividade proposta pela
bolsista, assim foi possível trabalhar os conceitos práticos em determinados locais, em proximidade da escola e
também em outros ambientes vizinhos, assim os alunos poderiam aprender a matéria sem perder o foco do
conteúdo do livro, e estariam aprendendo e desenvolvendo seus conceitos de forma pratica e prazerosa. A partir
deste momento os alunos (a) podem estar aptos a formar com clareza a construção de seus próprios conceitos
críticos.

Palavras-chaves: 1 Geografia 2. PIBID 3. Alunos 4. Mapa mental.

__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO constituem como importantes ferramentas na


melhoria do processo de ensino e aprendizagem, ao
O presente trabalho fala de como pode haver passo que contribuem para o desenvolvimento e
formas de se trabalhar o conteúdo ofertado para a interesse dos alunos pela disciplina de Geografia.
disciplina de Geografia de uma maneira dinâmica,
onde os alunos possam ter mais participação e No ensino de Geografia o uso deste recurso
envolvimento com as aulas. A ideia foi apresentada didático pode ser muito utilizado pois ajuda os alunos
em sala de aula para os alunos e todos aceitaram, pois a enriquecer os seus conhecimentos nesta disciplina.
sentiam se a necessidade de compreender aulas sobre Observamos certas dificuldades dos alunos neste
mapa, principalmente o mapa mental. Que é nada conteúdo de Geografia. Após essas iniciativas os
mais que um mapa da sua mente, a maneira de alunos começaram ter uma melhor simpatia pela
transferir para o papel tudo o que a sua visão alcança matéria através das atividades realizadas. Veio a ideia
e do seu dia a dia, e fazer em forma de desenhos ou de como esta pibidiana poderia contribuir com o
diagrama segundo o inglês Tony Buzan, sendo que desenvolvimento intelectual dos alunos, que a partir
recursos didáticos utilizados no espaço escolar se

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de agora conseguem entender com mais clareza a 2. METODOLOGIA
construção de um mapa mental passo a passo.
O projeto foi executado em 6 etapas, onde
Foi importante ver o quanto a bolsista fez a cada atividade tinha a intenção de ajudar os alunos a
diferença na escola pública, que é carente de muitos entender como construir o seu mapa mental e de que
recursos, mais que com a disposição dela como aluna forma seriam feitas essas aulas:
em formação superior, foi fundamental esse contato
com os alunos. Sendo que foi possível estudar com os A) O primeiro passo, foi entender a teoria e as
alunos o uso de novas metodologias de ensino e explicações de como se faz um mapa mental. Como
procurou relacionar os conteúdos que são trabalhados seria feita as saídas da sala de aula, os dias as regras
em sala de aula com o seu dia a dia e aproximando os para não perder o foco da atividade, já que era o
da teoria com a pratica. Os alunos podem se sentirem primeiro contato deles com esse tipo de aula, o tema
privilegiados em poder conviverem e dividirem seu e explicar para estes alunos o porquê de fazer esse tipo
cotidiano lado a lado da pibidiana e tirou muitas de atividade e da sua real importância de estar
dúvidas a respeito da disciplina e entender que o aprendendo a construir o seu mapa mental, ter uma
ambiente escolar é um lugar de aprendizado, mais melhor ideia de localização e conhecerem melhor o
também de alegria, formação intelectual e um bairro onde vivem.
aprendizado dinâmico.

A bolsista juntamente com o professor procuraram


elaborar ações que viessem contribuir com as aulas de
B). Foram feitas algumas aulas sobre este trabalho
Geografia que saíssem do habitual e despertasse o
explicando o quanto as atividades feitas fora da sala
interesse dos alunos para a disciplina. Para isso foram
seriam importantes para eles construírem seus
necessárias algumas saídas da sala de aula, onde estas
próprios conceitos e aprenderem a observar, para
aulas foram aplicadas em ambientes abertos, onde os
assim poderem contribuir de alguma forma com a
alunos tiveram oportunidade de observar mais de
sociedade na qual estão inseridos e com o próprio
perto o local visitado e assim conseguissem construir
desenvolvimento intelectual.
seu mapa mental e começarem a partir deste
momento, criar suas ideias e seus conceitos sobre a
cidade onde vivem e verem o quanto a Geografia C) A atividade foi realizada com a observação da
pode ajuda-los a se tornarem cidadãos participantes mata, que fica localizada no setor universitário, local
da sociedade no qual estão inseridos. este onde é bastante visitado pelas pessoas que fazem
suas caminhadas cotidianas, sendo assim no decorrer
da visita os alunos puderam comtemplar a paisagem
A mediação proposta nesse sentido, visa
do lugar e ver o quanto tem muitas arvores, o verde
ampliar as possibilidades do aluno em compreender
das plantas e os macacos, lugar tranquilo de uma
determinados conteúdos tanto da natureza teórica
paisagem natural, mais que as atitudes do homem
quanto pratica, como entender o espaço onde eles
contra a natureza estar deixando o lugar sujo e que
moram e de como eles podem aprender de uma forma
estar esquecido pelos seus representantes políticos.
diferente as aulas de Geografia sem perder o foco do
livro didático. Portanto o aluno torna-se o sujeito
atuante no processo de ensino aprendizagem, D). Todo esse percurso foi feito em duas horas com
deixando de ser um receptor passivo. as pausas para explicação e comentários dos alunos
de porque as atitudes errôneas do homem destroem o
seu próprio lar, que a natureza é importante e deve
A ciência Geográfica desempenha um papel
ser cuidada, que o meio ambiente tem que ser
fundamental na explicação das questões cotidianas e
cuidado porque precisamos dele para a nossa
que envolvem o homem e a sua relação com o meio a
sobrevivência.
qual está inserido, por isso os alunos das escolas
públicas e Estaduais são carentes de novos arranjos
que sejam capazes de corresponder as necessidades E). Nesta aula, os alunos trouxeram os mapas prontos
destes alunos de ensino fundamental a se apoderarem de casa por que tiveram um tempo maior para pensar
dos conhecimentos e ao mesmo tempo serem capazes e colocar no papel, as suas representações, e assim
de reformularem seus próprios conceitos. poderem expor seus mapas mental de forma
explicativa e interagir com toda a classe sobre os seus
desenhos, alguns preferiram transferir para o quadro
e assim com dinamicidade transferiam o que
aprenderam para os outros colegas e professores

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tornando a aula um ciclo de diálogos e discussões. Os professores mediadores de conhecimentos, mais
Que só enriqueceram seus conhecimentos. considerando as particularidades dos seus
estudantes, já que a construção do conhecimento é
F) para encerrarmos as atividades um processo pessoal e que implica diferentes etapas,
sobre o mapa mental, foi feita uma roda de acordo com cada indivíduo. (VALLS,
de conversa e os alunos poderam expor MAURI,2004).
tudo o que aprenderam sobre as
atividades feitas e de como elaborar um Nessa direção é importante dizer que o
mapa mental. A partir do ato de recurso didático utilizado pelo docente dentro e fora
observar o que existe ao seu redor e com da sala de aula se mostra como uma ferramenta de
isso ter possibilidades de questionar grande valor e indispensável para uma melhor
algumas ações do homem com o próprio aprendizagem dos alunos. São importantes as aulas
ambiente de vivencia, os alunos interativas entre alunos e professores, no ensino de
conseguiram compreender e dedicarem Geografia, visto que estas atividades realizadas,
mais na disciplina e com mais dedicação foram essenciais, porque através delas, os alunos,
a gostarem de Geografia, e dialogar com sentem a real necessidade dos conhecimentos em
o professor, tirar suas dúvidas se tornar Geografia. Segundo STRAFORINE 2008:
mais próximo do professor e da bolsista “proporcionar a construção de conceitos que
e a formar seus próprios conceitos possibilitem, ou ainda preocupar-se com o futuro
críticos. através do inconformismo com o presente”
(STRAFORINE, 2008, p.g 51).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO A partir daí os alunos começam a formar e


apropriar se de conceitos, de modo críticos de forma
Nesse sentido o professor é visto como que possa contribuir ativamente para a sociedade a
sujeito capaz de fornecer os meios necessários qual faz parte. Essa formação compreende a inserção
para que os seus alunos possam atingir os níveis de uma nova cultura onde o professor (a), possa
de desenvolvimentos mental necessário. Como perceber assim como o aluno (a) entre outros atores
afirma Libâneo (2009): do âmbito escolar partindo da ideia de sujeito de
direitos e deveres, segundo FREIRE (1996).
Em termos práticos,
significa que o Por este motivo, a função do professor
professor fornece aos enche-se cada vez mais de uma responsabilidade
alunos as condições fundada na mediação entre o mundo vivenciado pelo
para o domínio dos aluno e os conteúdos estabelecidos para o seu
processos mentais para aprendizado, de acordo com a série que esteja
a interiorização dos frequentando.
conteúdos, formando
em sua mente o O ato de entender o desconhecido se torna
pensamento teórico- agradável aos alunos, a matéria que antes não lhes
científico”. (Libâneo, chamavam a atenção agora se torna interessante, e as
ano 2009, p, g.3). aulas são de extrema importância para os alunos e
também para o seu desenvolvimento intelectual.
O nosso papel como docentes é ajudar os alunos a se
desenvolverem intelectualmente de forma prazerosa O ato de estudar, de
onde eles se sintam confortáveis e confiantes em ensinar, de aprender, de
desenvolverem suas opiniões e pensamentos críticos. conhecer é difícil,
Eles são os sujeitos principais nesse processo de sobretudo exigente, mas
aprendizagem. O professor precisa ter como foco, o prazeroso, como sempre
desenvolvimento de seus alunos para que assim estes nos adverte Georges
possam construir seus conhecimentos de uma forma Snyders. É preciso,
que seja capaz deles aprenderem e levar para toda a pois, que os educandos
sua formação como profissionais e como pessoa. descubram e sintam a
alegria nele embutida,
que dele faz parte e que
está sempre disposta a
tomar todos quantos a

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ele se entregue
(FREIRE, 1999, P.83).
AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer a CAPES, pela


Por tanto estudar também se torna prazeroso oportunidade da bolsa ofertada para o curso de
no momento em que há uma entrega por parte dos Geografia em Licenciatura. Agradecer também a
alunos e com o incentivo dos professores e juntos escola Maria das Dores Campos pela oportunidade e
iniciam as trocas de conhecimentos onde apartir
a permissão de poder retirar os alunos da sala e a
destas interações o aprendizado se torna importante
colaboração do professor em poder fazer parte das
para a vida escolar de cada membro participante deste
grupo escolar. atividades feitas dentro e fora da escola.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS

LIBANEO, J, C. Teoria histórico-cultural


A atividade aqui realizada não teria tanto sucesso e metodologia de ensino: para aprender a pensar
sem a contribuição dos alunos da escola Maria das geograficamente. In: XII, encontro de
Dores Campo que aceitaram as ideias da pibidiana do Geógrafos da América Latina (EGAL), abril/2009,
programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Universidad de la Republica, Montevideo, Uruguay.
Docência (PIBID), Universidade Federal de Goiás
Regional Catalão (UFG, RC), que foi extremamente VALLS, E, M, T. O ensino e a
significante esta parceria que possibilitou uma nova aprendizagem da Geografia, da história e das
ciências sociais: uma perspectiva psicológica. In:
experiência que foi bastante enriquecedora de
COLL; Cesar, Palácio, J. e Marchesi, A. (org.)
conhecimentos, essa atividade veio colaborar com a
Desenvolvimento psicológico e Educação.
dinamização de ensino/aprendizagem da escola Psicologia da Educação. Vol.2.2 eds. Porto alegre:
pública de ensino fundamental, na qual auxiliou Artes Medicas, 2004.
bastante no processo de formação da bolsista.
STRAFIORINE, R. Ensinar Geografia: o
As metodologias abordadas tiveram que ser desafio da totalidade-mundo nas series iniciais.
pensadas e estudadas antes de ser aplicada pelo 2ed. Annablume: São Paulo,2008
licenciando, com a ajuda dos professores e dos
alunos da Instituição. Importante frisar que o FREIRE, P. Pedagogia da autonomia. 15.
trabalho feito com os alunos usando as abordagens Ed. São Paulo: paz e Terra, 2000.
para se fazer o mapa mental, não está desvinculado
do material didático usado nas aulas de Geografia
pelo professor.
RESPONSABILIDADE AUTORAL
Porquanto só o recurso em si, não funciona
sem a teoria, haja vista que é necessário se “O(s) autores (são) a(s) única(s) pessoas
aprofundar nos estudos de métodos diversificados, responsáveis pelo conteúdo deste trabalho”.
principalmente aqueles que fundamentam a ciência
Geográfica e que aceleram o processo de ensino e
aprendizagem dos alunos.

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PIBID: OPORTUNIDADES QUE TRANSFORMAM VIDAS

Fernandes Junior, Antônio, toniferjr@gmail.com


José Pereira, Alef, alealefrinho@gmail.com
Borges Duarte, Ianka
Rosa de Aráujo, Mirele

1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Letras e Linguística

Resumo: O propósito desse trabalho é apresentar a oportunidade que o Programa Institucional de Bolsa de
Iniciação à docência (PIBID) oferece aos alunos de Licenciatura, proporcionando aos mesmos a oportunidade
de aprender colocando em prática o que aprendem em sala de aula. É a partir da vivencia de três bolsistas
neste projeto que será apresentado seu relato de experiência mostrando um pouco a trajetória, desde as
leituras, criação da sequência didática e a execução desta atividade em sala de aula. Juntos apresentam o que
aprenderam e como isso o que impactou suas vidas além de como a leitura e educação deve ser para todos.

Palavras-chave: PIBID, Poesia, Oportunidade, Experiência, Docência.

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1. INTRODUÇÃO O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à
Docência é segmentado em três etapas, se iniciando
O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à com as aulas de observação, que foram o início da
Docência (PIBID) propicia a inclusão do estudante participação dos bolsistas no programa, começando
de licenciatura ao início à experiência de uma a frequentar a escola para apenas observar a
prática docente. professora supervisora ministrar a aula, e, ao mesmo
tempo que observavam, adquirem inúmeras
A docência é uma atividade que vai além do experiências para aplicar nas aulas a serem
domínio do conteúdo a ser ministrado. O trabalho do ministradas futuramente.
docente não se resume apenas à transmissão de
conhecimento, mas na transformação de sujeitos e O trabalho escolhido para levar para sala de aula
na troca de conhecimentos. foi o de sequência didática, que foi elaborado
juntamente com os participantes da equipe, e com o
Também é notório a falta de aulas criativas, auxílio da professora supervisora. Juntos, a equipe
lúdicas com os adolescentes, pois é considerável concluiu excepcionalmente o plano de aula que seria
ressaltar que essas atividades são importantes para trabalhado durante um semestre, pelo qual, foram
trabalhar a empatia, a criatividade e o interesse sobre elaboradas as onze aulas a serem ministradas.
o assunto dado, o que torna a participação dos
As aulas forma ministradas após o término da
alunos mais ativa. Sendo o ideal propor trabalhos
elaboração da sequência didática, logo se colocou
diferentes permitindo que o humor, dentre outras em prática tudo que foi adquirido de conhecimento
atividades, se faça presente no contexto educacional. diante o acompanhamento das aulas de observações.
E assim, foram finalizadas as três etapas compostas
Sendo assim o programa qualifica esses pelo PIBID.
estudantes a se tornarem futuros professores que
sejam antes de tudo humano, além de ser a primeira Enfatiza-se que o propósito do PIBID é
porta para que eles conheçam à docência colocando encaminhar os bolsistas para a sala de aula como
em prática o conhecimento aprendido em sala de docentes, dando a oportunidade de iniciar a carreira
aula. profissional enquanto graduandos.

Desta forma, pretende-se neste trabalho 3. METODOLOGIA


apresentar um relato de experiência de três alunos
bolsistas participantes do Programa Institucional de Para a conclusão deste trabalho foram utilizadas
Bolsa de Iniciação à Docência da Universidade as experiências obtidas no PIBID. Os trabalhos
Federal de Goiás - Regional Catalão sobre seus foram realizados em turmas de 6, 7, e 8 anos
aprendizados neste programa. reunidas ambas na escola Municipal Nilda Margon
Vaz da cidade de Catalão-Go. Neste período foi
2. PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSA trabalhado o gênero poema e poesia relacionado com
DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA (PIBID) sentimento, e consequentemente as respectivas
subjetividades dos alunos, envolvendo poemas de
O Programa foi elaborado em 2007 pelo diversos autores brasileiros. Foram trabalhadas
Ministério de Educação e executado pela CAPES, atividades com rima, diferença de estrofes e versos,
com o intuito de oportunizar os estudantes de quadrilhas, denotação, conotação, figuras de
licenciatura do nível superior das universidades linguagem, teatro, atividades lúdicas, dentre outros.
federais e estaduais. Espera-se que este trabalho possa servir de suporte
para um melhor entendimento das questões que
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal permeiam a profissão do docente em sala de aula e
de Nível Superior (CAPES) surgiu em 11 de julho de que possa sanar possíveis dúvidas quanto a iniciação
1951, com a finalidade de atender as à docência.
primordialidades dos empreendimentos que se
destinam ao desenvolvimento do país.

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4. RELATO DE EXPERIÊNCIA DOS Após as visitas e observações os Bolsistas
ALUNOS DO PROGRAMA PIBID NAS conheceram e criaram uma sequência didática a ser
ETAPAS E PREPARAÇÃO E PRÁTICA ministrada por eles. Contendo onze aulas, utilizaram
DOCENTE a poesia para incentivar os alunos a criarem o hábito
de ler e se expressarem por meio da poesia. A poesia
Os Bolsistas, em primeiro momento, passaram expande cabeças e corações, quando impacta acaba
por algumas etapas antes de coordenarem as aulas. abrindo uma porta que até determinado momento
Fizeram visitas e relatórios de observação nas não conhecíamos (CECILIA, 2014, p. 211).
escolas, leram artigos, livros e em suas reuniões
semanais discutiam sobre suas leituras e trocavam Com a produção da sequência didática os
experiências. Leituras que contribuíram para um bolsistas aprenderam a importância de um
maior conhecimento acerca do uso da literatura para planejamento prévio das aulas, viram em prática o
o letramento, a importância da leitura e quão trajeto que um professor passa para chegar em sala
enriquecedora ela é na vida de todos os seres com aulas de qualidade. Leram bastante para terem
humanos. apoio teórico e assim conseguir uma sequência que
trouxesse algum resultado, além de entenderem a
Nesse sentido, foram oportunas as leituras de importância de serem leitores antes de incentivarem
Antonio Candido (1989), para quem a literatura é seus alunos a serem.
um direito básico do ser humano, pois para ele a
literatura humaniza a partir do momento em que nos Com aulas lúdicas, declamações, teatro, troca de
faz vivenciar diferentes realidades e é essencial na cartas em formato de quadrinhas com outra escola,
formação dos sujeitos. Assim, como todo ser música e outras atividades foi trabalhado a estrutura,
humano precisa de seu alimento para sobreviver, musicalidade, sensibilidade, a importância da poesia
também precisa ter acesso a literatura pois ela nos e de como ela é para todos além de mostrar que eles
transforma e deve ser um direito básico de todas as podem sim fazer poesias. A poesia é um gênero que
pessoas. exprime muito os sentimentos humanos e essa
sequência teve desde o início a finalidade de fazer
A etapa de observação foi de suma importância com que os alunos usassem ela para expressar o que
para eles. Pela primeira vez viram a aula por outro está no interior de cada um deles, além, de melhorar
ângulo, não como alunos, mas como futuros suas escritas, leitura e aumentar o gosto por esse
professores. Sua visão da sala de aula agora é outra, gênero tão temido.
observando a professora ministrar se pegam
pensando no futuro e em como será quando estiver Ao longo das aulas os bolsistas passaram por
ali, sendo os professores. algumas dificuldades técnicas, tais como, falta de
equipamentos, espaços e algumas vezes a própria
Em suas observações e conversas com a falta de interesse e atenção dos alunos. Observando
professora supervisora percebem as dificuldades esses acontecimentos chegaram à conclusão de que
enfrentadas pelos professores para criar aulas que aulas mais lúdicas, na qual os alunos tinham mais
façam com que os alunos se interessem. Muitas das participação, faziam com que eles se interessassem
vezes, atividades diferentes, que saiam desse mais e a participação mais produtiva.
formato robotizado em que os alunos chegam em
sala, se sentam e assistem as aulas, sem ter uma É importante que os professores e futuros
participação, não são colocadas em prática pela falta professores entendam que seus alunos são antes de
de infraestrutura causada pela pouca verba destinada tudo seres individuais, que tem formas individuais
para a educação. Além de uma boa estrutura, falta de aprendizado e que muitas das vezes uma forma de
também incentivo e valorização dos professores que ensino não vai ter sucesso com todos na sala. É
lutam todos os dias para passar conhecimento da dever do professor observar e criar um espaço de
melhor forma para essas crianças. aprendizado em que todos saiam dali com algo a
mais.

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Apesar ser difícil para um professor que muitas O projeto faz com que os alunos de licenciaturas
das vezes trabalha dando aula em várias turmas dar conheçam a realidade e consequentemente venham a
aulas mais lúdicas, por precisarem ser mais trabalhar o seu lado crítico ao criarem novos meios
trabalhadas e terem um planejamento maior, é de obter um ensino de qualidade enfrentando as
importante que se intercale [como que?] as aulas dificuldades impostas pela realidade educacional no
para que os alunos não deixem de se interessar e que Brasil.
não se cansem da escola, tendo maiores rendimentos
nas atividades.

A sequência chegou ao fim com um piquenique, REFERÊNCIAS


realizado em um mesmo espaço com os alunos de
outro grupo de bolsistas, onde em uma tarde
divertida eles brincaram, recitaram poemas com PIBID: SAIBA O QUE É, SUA IMPORTÂNCIA E
oficinas de atividades do gênero poético. Todos já OS PRINCIPAIS EVENTOS! Entenda o que é
ficaram empolgados com a volta do PIBID no PIBID e sua importância para a pesquisa
próximo semestre. brasileira. Disponível em:
https://blog.even3.com.br/o-que-e-pibid/. Acesso em:
Para os bolsistas essa experiência tem um 20 ago. 2019.
significado muito grande. Colocar em prática o que
COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE
se aprende na faculdade já faz com que eles
PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR. Coordenação de
aprendam a identificar problemas no percurso da
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.
aprendizagem e consigam ter ideias para soluciona- Disponível em: https://pt.wikipedia.org. Acesso em: 20
los, por já terem uma bagagem e aprenderem com ago. 2019.
professores que já estão na área a um tempo. O
aprendizado, a vivência, a saída da zona de conforto CANDIDO, Antônio. Direitos Humanos e literatura.
de muitos, principalmente por já ter um contato In: A.C.R. Fester (Org.) Direitos humanos E… Cjp /
desde cedo com sua área de trabalho, trouxe ao Ed. Brasiliense, 1989.
grupo outra visão da profissão e até mesmo do curso
de licenciatura. SEIXAS, HELOISA. O prazer de ler / Heloisa
Seixas – Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2011.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Linguagem – estudos e pesquisas/ Revista de Pós-
Graduação Stricto Sensu, Mestrado em Estudos da
Participar do Programa Institucional de Bolsas Linguagem, Unidade Acadêmica Especial de Letras
de Iniciação à Docência é de uma importância impar e Linguística da Regional Catalão - UFG. – Vol. 19,
no desenvolvimento de futuros professores. Ter um n. 1 (jan./jun. 2015). – Catalão Universidade Federal
contato com uma sala de aula não como aluno, mas de Goiás, Regional Catalão, Departamento de
como um docente logo ao entrar no curso superior Letras, 1997.
dá aos alunos uma experiência que talvez não teriam
RESPONSABILIDADE AUTORAL
durante o curso todo.

Ele não só apresenta como também os ensina a “O(s) autor(es) é(são) o(s) único(s) responsável(is)
criarem didáticas que vão auxilia-los para o resto de pelo conteúdo deste trabalho”.
suas vidas profissionais. Os participantes têm a
oportunidade de crescer não apenas pelo lado
profissional, mas também como ser humano.
Entender as dificuldades dos outros, conhecer
realidades diferentes das suas que os fazem pensar
em questões que talvez nunca pensaram.

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PRÁTICAS DE LEITURA E REESCRITA DO TEXTO LITERÁRIO: ATUAÇÃO
DO PIBID

Cardoso, João Batista, jbccard@gmail.com

Rocha Filho, Ulysses, ulysses.rochafilho@gmail.com

Leite, Matheus, matheus121leite@gmail.com¹

Lima, Laila Lorrane, lailalorranelima@gmail.com¹

Ribeiro, Kayce Ane Santos, kayce.santos93@gmail.com¹

¹ Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Letras e


Linguística – Graduando em Letras - Português

Resumo: Este subprojeto PIBID- LETRAS PORTUGUÊS, denominado como Práticas de Leitura e Reescrita
do Texto Literário, possui o objetivo de introduzir os estudantes da Universidade Federal de Goiás/Regional
Catalão, graduandos do curso de Letras Português, à docência, especificamente este grupo, no Colégio
Estadual Maria das Dores Campos. Objetivamos, então, experimentar e lecionar aulas de Língua Portuguesa
com enfoque nos Gêneros Textuais, juntamente com a (re)elaboração de escrita, arquitetando o pensamento
crítico dos estudantes de ensino fundamental 9° ano. Dessa forma, através da leitura e produção de cartas,
crônicas e contos de autores diversos, utilizaremos os aportes teóricos de KLEIMAN (2001), BOSI (1970) e
BAKHTIN (2003). Problemáticas foram encontradas, exemplificaremos este fato: uma parcela estudantil
mostrou-se desinteressada devido ao contexto pessoal e estudantil em que estava inserida. Portanto,
consideremos que este resultado – semestral – mostrou-se satisfatório para o ensino e demanda estudantil do
projeto em parceria com a escola.

Palavras-chave: Ensino. Aprendizagem. Leitura. Criticidade. PIBID.

________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO maneira, poderão ter significativamente um


enriquecimento intelectual e cultural sendo utilizada
A leitura é um importante recurso, tanto no
como hobby – que eleva a compreensão cultural do
aspecto de desenvolvimento social quanto intelectual,
indivíduo.
presente na maior parte deste meio. Sendo
imprescindível no âmbito educacional, vez que a Através da publicação do jornal A Gazeta,
leitura institui contribuições para o pensamento material escrito pela Dra. Luísa Karlberg: “Os
crítico dos alunos. Posto isso, a literatura contribui benefícios da leitura são cientificamente
com a interpretação de textos e auxilia no comprovados. Pesquisas indicam que crianças que
desenvolvimento do criticismo dos alunos. Desta têm o hábito da leitura incentivado durante toda a vida

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escolar desenvolvem seu senso crítico e mantêm seu No início do semestre letivo, adentramos com o
rendimento escolar em um nível alto. O gênero textual “carta”: agora, caminhando ao fim do
analfabetismo, um dos grandes obstáculos da semestre letivo percebemos que esta produção fora a
educação no Brasil está sendo combatido com a que mais acolheu os alunos. Com atividades e
educação de jovens e adultos, mas a tecnologia está exemplificações sobre este tema, empregamos a
afastando nossas crianças dos livros”, visto que, nesta “Carta de Pero Vaz de Caminha”, que se mostrou
era tecnológica os acessos ao universo midiático bastante conhecida devido a sua abordagem nas aulas
intensificaram-se fortemente, seja pela evolução dos de História desses alunos. Logo, a sua interpelação
produtos que realizam esta conexão, e pela forma de tornou-se mais atingível – mesmo que essa produção
se organizar a sociedade: tal superficialidade citada anteriormente pertença ao gênero cânone da
apresenta-se mais gentilmente à esses jovens nesta era literatura brasileira/portuguesa.
líquida, uma característica da satisfação momentânea.
Propomos então, após o detalhamento e a
Em prol deste pensamento, desenvolveu-se este elucidação das características, a produção em grupo
projeto do PIBID (Programa Institucional de Bolsa de entre os alunos. Nesta atividade os discentes dessa
Iniciação à Docência) tendo como tema práticas de escola estadual, mostraram-se condizentes ao
leitura e reescrita do texto literário. O intuito deste esperado pelos professores iniciantes, coordenador e
projeto é instigar os alunos à leitura, com auxílio de orientador adjunto do projeto: produziram para um
textos literários, tanto contemporâneos quanto aos colega de sala uma carta com tema livre. Alguns
cânones, e, por meio destes, ressignificar a melhoria realizaram a leitura da sua respectiva produção e, com
da interpretação, leitura e escrita dos alunos, de modo debates, conversas e profissionalismo, de seus
que isso seja refratado, através de análises e críticas educadores, sentiram-se orgulhosos e aptos para
na produção de textos e nas discussões, os aspectos engrandecer sua visão de mundo.
da vida, por exemplo: as relações humanas; o
Posteriormente, no gênero “crônica”, tivemos
ecossistema, etc.
como primeira atividade a leitura de “Ganhei o
Drummond”. Texto de linguagem acessível que traz
expressões conhecidas e desconhecidas pelos alunos:
2. METODOLOGIA
partimos daqui, questionando-os sobre essas
expressões dentro do contexto específico – neste
Tendo como base o estudo dos Gêneros Textuais
caso, a crônica – e qual o sentido proposto empregado
MARCUSCHI (2004), os iniciantes à docência
por elas textualmente.
realizaram estudos dinâmicos, nos quais, os
estudantes do Colégio Estadual Maria das Dores Posteriormente, introduzimos nas aulas as
Campos participaram ativamente nas aulas. Alguns, características deste gênero literário: a estética
com o apoio dos professores iniciantes, interessaram- presente no texto, o conteúdo das crônicas, tendo
se em realizar a leitura dos materiais em voz alta para como alicerce outras produções artístico-literárias de
toda a turma durante as aulas e participaram, forma a exemplificar o núcleo abordado. Mas, antes
suscintamente, quanto à criticidade, entendimento e pedimos aos estudantes que escrevessem em seus
interpretação variada dos textos disponibilizados. cadernos um pequeno texto para que pudéssemos

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introduzi-los a este gênero, demos algumas seja exaltado o amor, a amizade, o respeito, a
características e dicas, e após isso, vimos que eles compaixão e empatia – singelos – com o próximo.
produziram textos agradáveis, dando continuidade ao
assunto lecionado.

3. RESULTADOS e DISCUSSÃO:
Obtivemos então, um resultado aceitável, visto
que, inicialmente, apresentavam-se como Uma das formas de avaliar os estudantes do
insuficientes e carentes de ânimo para o aprendizado ensino fundamental (9° ano) fora a utilização das
da disciplina de Língua Portuguesa, talvez, por atividades citadas anteriormente – prática de escrita,
possuírem a visão de que essa referida matéria possa leitura e produção – em que, os professores iniciantes,
ser “chata” e/ou desagradável e impertinente, visão avaliaram atribuindo notas não-significativas às
essa que é sempre questionada e debatida pelos atividades entregues e, também, aquelas realizadas
professores iniciantes deste grupo com o intuito de nos cadernos dos estudantes – acompanhadas,
qualificar profundamente a própria docência, quanto corrigidas e vistadas. O grupo de docentes em
ao ensino de Língua Portuguesa e ao letramento iniciação decidira não avaliar efetivamente às
literário COSSON (2012). atividades propostas, mesmo na situação empírica em
que obtiveram um resultado satisfatório, poucos
Por conseguinte, aprofundamos os estudos
alunos obtiveram notas inferiores à média da escola –
seguintes ao gênero textual “conto” utilizando como
6 (seis) pontos. Também fora considerado a verdade
referência o “Um Apólogo” do escritor da literatura
do horário de aulas, sendo esse de duas por semana,
brasileira Machado de Assis (1839-1908).
assim como, a escassa realização de leitura dos
Extremamente prazeroso tanto para os docentes
referidos estudantes, visto que, devido à falta de
iniciantes tanto aos alunos em formação, este texto
materiais e/ou pela adequação dos estudantes às
remete a época clássica da literatura brasileira: o
tecnologias hodiernas, os professores iniciantes
chamado Realismo. Foi utilizado, portanto, para
tiveram que corresponder a essa demanda, através de
demonstrar tamanha preciosidade que é a literatura de
interações e discussões, visando o ensino destes
nosso país, e, também, para elucidar os estudos deste
jovens de forma efetiva e qualitativa através de
gênero textual.
atividades dinâmicas – rodas de conversa, uso de
Agora, em final de semestre, a proposta é que os Datashow nas aulas, etc.
professores iniciantes exerçam atividades acerca do
Aqui, propomos nesta ocasião, de forma a levar a
tema “Bullying” na sala de aula. Pois, é inimitável a
literatura à diferentes circunstâncias, a realização de
relevância desta abordagem para os alunos, tanto para
um projeto denominado “DOE UMA HISTÓRIA”,
elaborar assuntos de diversidade e de respeito dentro
em que, nós, professores em iniciação do Programa
do ambiente escolar e em suas respectivas vidas.
Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência –
Propusemos então, com o auxílio do orientador e
PIBID recolheremos, com a ajuda dos outros
coordenador deste projeto, a produção de cartas
graduandos da Universidade Federal de
incentivando um colega a escrever para o outro,
Goiás/Regional Catalão, livros, - em que suas
também para a professora, sendo que nessa produção,
histórias possuam caráter infanto-juvenil – e,

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distribuir no colégio estadual mencionado, com o diretamente com os alunos com o apoio – já presente
intuito de incentivar adolescentes e as crianças a – dos docentes da Universidade Federal de Goiás do
trazer e manter perto de si, um dos bens mais curso de Letras Português.
preciosos da humanidade: a leitura.

AGRADECIMENTOS
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO:
Gratulamos de forma generosa o professor
Mediante os fatos explicitados, é de extrema doutor João Batista Cardoso e o professor doutor
importância, ainda, salientar que nós, professores em Ulysses Rocha Filho, pela dedicação, apoio e
iniciação do curso de Letras Português obtivemos incentivo aos PIBIDianos com uma orientação e
uma experiência de excelência pessoal e profissional participação inigualável tanto na ação de forma
com os alunos do colégio citado. Ao irmos para a sala efetiva quanto nas reuniões e demandas escolares e
de aula estamos abertos a tudo e a todos: universitárias acerca deste projeto.
problemáticas enquanto a estrutura escolar,
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
desempenho e dedicação dos estudantes, e talvez, do
próprio grupo de docentes iniciantes.

ASSIS, Machado de. Contos Consagrados. 2.ed.


Logo, é de grande relevância acentuar que, os
São Paulo: Ediouro, 2003
desafios foram muitos, desde a condução das aulas,
até a leitura, interpretação e produção textual e BAKHTIN, Mikhail. Os gêneros do discurso. In:.
exaltação do criticismo dos alunos, quanto ao Estética da Criação Verbal. 4. ed. São Paulo:
aproveitamento dos temas propostos. Mas, temos de Martins Fontes, 2003, p. 261-306.
afirmar que toda a situação servira para o
engrandecimento de lecionar e levar àqueles seres BOSI, Alfredo. História da concisa da literatura

humanos, uma nova história, abordagem e brasileira. São Paulo: Cultrix, 1970.

pensamentos reflexivos sobre suas vidas e como eles


BRASIL, Secretaria de Ensino Fundamental. (1998a)
a conduzem, suas escolhas, dificuldades e incertezas,
Parâmetros Curriculares Nacionais, 3o e 4o ciclos
através de momentos de descontração como fizemos
do Ensino Fundamental: Introdução aos
no fim do semestre letivo: denominado “CAFÉ
Parâmetros Curriculares Nacionais. Secretaria de
LITERÁRIO”, momento este em que propomos a
Educação Fundamental - Brasília - MEC/SEF.
classe, a degustação de bolos, sucos, café, bolachas e
____________. (1998b). Parâmetros Curriculares
leituras imprescindíveis de infanto-juvenil: contos
Nacionais de Língua Portuguesa, 3o e 4o Ciclos do
fantásticos.
Ensino fundamental. Secretaria de Educação

Portanto, discussões acerca foram realizadas para Fundamental - Brasília - MEC/SEF.

que a cada semestre de vigência do PIBID, os


BUNZEN, Clecio; MENDONÇA, Márcia (orgs).
professores principiantes se adequem às necessidades
Português no ensino médio e formação do
propostas tanto pelo projeto mencionado –
professor. São Paulo: Parábola, 2009.
teoricamente -, quanto à aplicação em sala de aula,

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CADERMATORI, Ligia. O que é literatura ROJO, R.; MOURA, E. (Org.).
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Ática, 1995. STEFANIU, Luciana Fracasse & OLIVEIRA,
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COSSON, Rildo. Letramento Literário. Teoria
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COSTA. Sérgio Roberto. Dicionário de gêneros 2017

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Editora, 2014.
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MARCUSCHI, Luiz Antônio. Gêneros _____. Como e por que ler a literatura infantil
Textuais: definição e funcionalidade. In: brasileira. Rio de Janeiro: Objetiva, 2005.

DIONISIO, Ângela Paiva et al. Gêneros textuais


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e ensino. Rio de janeiro: Lucema, 2004.
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MARTHA, Alice Áurea Penteado(org). Leitor, moderna/amp/. Acesso em04 de setembro de
Leitura e Literatura – teoria, pesquisa e 2019.

prática: conexões. Maringá: Eduem, 2008.

PERISSÉ, Gabriel. Literatura & Educação.


RESPONSABILIDADE AUTORAL
Belo Horizonte, Autêntica, 2006.

RIGGS, Ransom. Contos peculiares. Gávea: Rio “O autor, os coautores, o coordenador e o


de Janeiro: Intrínseca, 2016. orientador são os únicos responsáveis pelo
conteúdo desse trabalho.”

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

REGIONAL CATALÃO

COORDENAÇÃO GERAL DE ESTÁGIOS

[PRÁTICAS DE LEITURA E REESCRITA DO TEXTO LITERÁRIO: PIBID]

AUTORIA – até 5 incluindo o orientador


Nome completo Assinatura
João Batista Cardoso João Batista Cardoso
Ulysses Rocha Filho Ulysses Rocha Filho
Kayce Ane Ribeiro Santos Kayce Ane Ribeiro Santos
Laila Lorrane Lima Laila Lorrane Lima
Matheus Leite Matheus Leite

CONTRIBUIÇÃO DE AUTORIA
Concepção do estudo: João Batista Cardoso; Ulysses Rocha Filho
Revisão crítica do conteúdo:
Revisão e aprovação final da versão final:

APROVAÇÃO DE COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA, em caso de pesquisa: ( )Sim ( x )Não

CONFLITO DE INTERESSES: Não há conflito de interesses.

CONSENTIMENTO DE USO DE IMAGEM: ( )Não ( X )Sim ( )Tem autorização

AUTOR CORRESPONDENTE
Nome: Matheus Leite, matrícula nº 201903404
E-mail: matheus121leite@gmail.com

Elaborado por VERA, 2019

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RECREIO ESCOLAR: O BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL

SANTOS, Heliany Pereira dos. helianyps@yahoo.com.br


LOBO, Matheus Oliveira. ma.atheus@live.com - orientando1
OLIVEIRA, Guilherme Borges de. booorgez@gmail.com - orientando2

1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Biotecnologia-
Licenciatura em Educação Física, Bolsista PIBID 2018-2019
2
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Biotecnologia-
Licenciatura em Educação Física, Bolsista PIBID 2018-2019

Resumo: O presente trabalho é o resultado de intervenções pedagógicas pensadas e desenvolvidas através do


PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO À DOCENCIA-PIBID, iniciada durante o mês de
maio de 2019, e que ainda vem sendo realizadas na escola municipal CAIC- São Francisco de Assis em Catalão-
GO, que tem por objetivo promover um recreio prazeroso, apresentando, aos alunos envolvidos, variadas formas
de brincadeiras e uma maior socialização entre os alunos e o espaço (escola), a fim de que haja uma interação
social entre as crianças, através de brincadeiras e atividades lúdicas, que além de trabalhar com questões físicas
e motoras, trabalham também conceitos de cooperação, amizade e de respeito, oferecendo aos alunos, que
optarem por brincar com a gente, um recreio participativo. Nosso objetivo é mostrar a importância do recreio
escolar e da sua importância para a construção de experiencias educativas e culturais. Essa construção advém
de jogos e brincadeiras que expressam o desejo e a vontade humana. O recreio embora seja o tempo livre das
crianças é também um dos momentos de maior aprendizado entre os alunos, mas será que o tempo, destinado a
recreação escolar, vem sendo aproveitado da melhor maneira? Sendo assim a escola deve ofertar não só um
espaço amplo e agradável, mas também propor atividades lúdicas, pois na brincadeira há a possibilidade de
“reorganizar experiências” e, desta forma construir conhecimento de forma afetiva, cognitiva e motora.

Palavras-chave: Recreio escolar. Interação social. Criança. Brincadeira. Ludicidade.

__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO possam socializar entre si e com o espaço escolar.


Pensando nisso tentamos, através das brincadeiras,
O presente estudo tem como objetivo relatar promover uma maior interação entre as crianças
os percalços que nos levaram a desenvolver um participantes do projeto. O foco do PIBID
trabalho pedagógico, na escola municipal CAIC- (PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE
SÃO FRANCISCO DE ASSIS, localizada na cidade INICIAÇÃO À DOCÊNCIA) é nos proporcionar,
de Catalão-GO. Nossa proposta é voltada para o enquanto bolsistas do projeto, um primeiro contato
recreio escolar onde trabalhamos, no período com a escola, possibilitando assim uma
vespertino, com os alunos do 1°, 2° e 3° anos do experimentação da profissão dentro de sala de aula. A
ensino fundamental I. Nesse sentido, nosso trabalho nossa proposta, a princípio, era estar na sala de aula,
visa intervir, de forma pedagógica, no recreio escolar mas mesmo sendo realizada no horário do recreio
desses alunos com o intuito de desenvolver ainda atende as ideias propostas pelo programa.
brincadeiras e atividades lúdicas a fim de que eles

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Este texto visa apresentar o trabalho iniciado se dá por meio de encontros semanais agendados para
no mês de maio de 2019, e que ainda vem sendo que haja uma discussão entre os alunos participantes
realizado na escola municipal CAIC- SÃO do projeto e os professores-coordenadores e com os
FRANCISCO DE ASSIS, durante o recreio, nas professores-supervisores. Esses encontros servem
quartas e quintas feiras. A nossa proposta pedagógica para que possamos, em conjunto, abordar assuntos
não se encaixa na ideia de um “recreio dirigido” ou referentes a nossa área de atuação, a fim de entender
de um “recreio monitorado”. Por mais que se a importância do nosso curso, não somente para a
assemelhe na ideia base desses projetos, o intuito da escola, mas para a sociedade em geral. Usamos como
nossa proposta é de levar jogos e brincadeiras e/ou base para essa discussão documentos como a BNNC
atividades lúdicas, com objetivos pensados, para as (BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR), o
crianças, mas de maneira livre e aberta pois PCN (PARAMETROS CURRICULARES
respeitamos a autonomia dos alunos de optarem ou NACIONAIS), leituras de obras importantes do
não por participar das brincadeiras e atividades Paulo Freire que nos nortearam acerca da educação
propostas, uma vez que nosso projeto ocorre no no país a partir dos métodos que ele, enquanto
período do recreio e, para as crianças, esse é um pesquisador, pensou para o sistema educacional e
momento livre. A proposta definida para atuação é várias outras leituras.
aberta para que os alunos tenham a liberdade de
escolher participar das atividades que levamos nos As escolas participantes do projeto oferecem
dias de intervenção. Desta forma entendemos o o ambiente escolar para que nós, juntamente com o
recreio enquanto espaço e tempo destinado para as professor supervisor, possamos pensar e elaborar o
crianças a fim de que elas descansem durante o conteúdo com as crianças, de maneira que elas
intervalo entre as aulas, ou gastem energia através de possam compreender a importância da profissão e
brincadeiras e interação tanto com o espaço escolar sentir, em seus corpos, os impactos positivos da nossa
quanto com as crianças envolvidas nesse mesmo participação, enquanto professores, em suas vidas.
recreio. O recreio se torna, portanto, o único momento Antes de iniciarmos a intervenção,
no qual elas podem utilizar da imaginação para criar realizamos uma visita na escola na presença das
ou recriar formas novas de brincar e se divertir através professoras orientadoras, a professora supervisora
de brincadeiras individuais ou coletivas. que atua na escola como professora de Educação
2. O PIBID E A ESCOLA Física e junto a ela estava a diretora e a coordenadora
pedagógica. Tal visita serviu para conhecermos os
O PIBID (PROGRAMA INSTITUCIONAL espaços da escola e também as dinâmicas cotidianas
DE BOLSAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA) é que a cerca. Foi realizada uma entrevista com as
uma ação da Política Nacional de Formação de representantes da escola a fim de levantar dados
Professores do Ministério da Educação (MEC) que importantes sobre a escola e seu funcionamento.
visa proporcionar aos discentes, na primeira metade Esses dados serviram de base para que pensássemos
do curso de licenciatura, uma aproximação prática formas de trabalhar com as crianças utilizando do
com o cotidiano das escolas públicas de educação espaço escolar e de recursos pedagógicos que
básica e com o contexto em que elas estão auxiliariam a desenvolver atividades com os alunos
inseridas.(CAPES,2008). que participassem da nossa proposta. Essa análise nos
trouxe dados importantes sobre a estrutura da escola,
Vem a ser um programa que oferece, aos sobre os alunos que ali estudam, informações da
alunos da licenciatura, uma iniciação à docência. Ou própria instituição e o que ela vem fazendo para
seja, oferece aos participantes do programa um melhorar a relação aluno-professor e aluno escola.
primeiro contato com o ambiente escolar já no papel
de professor para que observem, de perto, o cotidiano Percebemos através da fala das
das escolas e o sistema público de educação. representantes da escola que, durante os anos, o CAIC
vem se modificando positivamente para atender as
O PIBID proporciona para os alunos das necessidades dos alunos que ela atende,
licenciaturas, que estejam na primeira metade do principalmente os alunos que demandam de alguma
curso, um estudo sobre o sistema de ensino no País a atenção ou cuidado especial devido a alguma
fim de que nós, enquanto futuros professores, deficiência, seja ela física ou intelectual. A escola
entendamos o nosso papel de educador e o que conta com a presença de 16 alunos com diferentes
podemos fazer, enquanto profissionais que buscam deficiências, todos esses possuem laudos médicos.
uma educação emancipatória. Para que esse contato Esse dado foi importante pois, a partir dele e do
aconteça é preciso conhecer documentos que conhecimento das particularidades de cada aluno
norteiam a nossa profissão de educador e alguns podemos pensar e propor atividades inclusivas.
documentos mais específicos que dependem da área
de atuação de cada profissional. Esse aprofundamento

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3. O RECREIO É importante salientar a importância e a
necessidade, para os alunos, desse intervalo entre as
O recreio do colégio CAIC constitui-se em aulas, para que eles possam descansar e descontrair
um único intervalo, com duração de 15(quinze) com os colegas. Sendo assim a escola deve ofertar
minutos, entre as horas-aulas do dia. Nesse tempo os não só um espaço amplo e agradável, mas também
alunos ficam livres para poder interagir e socializar propor atividades lúdicas, pois na brincadeira há a
com as demais crianças da sua faixa etária, seja na possibilidade de “reorganizar experiências” e, desta
forma de brincadeiras coletivas, através de algum forma construir conhecimento de forma afetiva,
brinquedo ou algum objeto cabível de imaginação ou cognitiva e motora.
brincando e interagindo com o espaço que lhes foi
destinado, respeitando as regras de convivência No CAIC, o espaço externo é extenso,
estipulada pela escola, que seja não correr para não se diversificado e mal aproveitado, contendo uma
machucar ou machucar o colega; não gritar ou se quadra coberta, duas quadras de grama, um espaço
“pendurar” em árvores ou estruturas que despertem com um teatro de arena e muita área verde com
sua imaginação, pois estas ações, quando árvores. No horário do recreio são disponibilizadas
desrespeitadas, colocam o(s) aluno(s) de castigo, para os alunos algumas bolas para que eles possam
punição essa que retira o direito deles de se divertirem brincar, no entanto apenas alguns grupos de alunos se
em seu tempo “livre”. apropriam para jogar futebol nos campos de grama. O
recreio é monitorado e inspecionado por um
O recreio é um dos raros momentos em que coordenador da própria escola. Seu papel é monitorar
as crianças estão livres, onde se encontram, aprendem o recreio, mantendo um certo controle para que os
e produzem a sua cultura lúdica. E por isso é tão alunos não se machuquem. Antes e após irem para o
aguardado pelas crianças e, motivo de tristeza, recreio, os alunos são organizados por filas de acordo
quando cancelado (FRANZ; PERUZO; com as turmas. Esse sistema, dissipa a euforia ao
RODRIGUES, 2015) entrarem no horário do recreio, evitando
complicações como quedas, colisões e preservando a
O período vespertino, onde atuamos, atende
integridade física dos alunos. Porém, a metodologia
do primeiro ao terceiro ano do ensino fundamental I
que é usada para obter o “controle” físico pode se
e com isso, para a integridade dos próprios alunos, o
dizer que é um tanto quanto inadequada por propagar
recreio é divido em três partes para cada ano do
um sistema que necessita que o movimento corporal
fundamental, facilitando o convívio e organizando a seja contido de maneira a respeitar as regras da
faixa etária dos mesmos. Em cada recreio tem em sociedade.
média de 100 a 120 alunos. O primeiro recreio é
composto pelos alunos dos segundos ano, em seguida A partir dessas informações pensamos
os alunos dos terceiros ganham a quadra e o espaço formas de oportunizar brincadeiras saudáveis que
escolar para brincar. O último recreio fica por conta desenvolvem valores humanos, como respeito,
dos menorzinhos da escola, os alunos do primeiro amizade, trabalho em equipe, entre outros. Sendo
ano. assim, proporcionamos atividades que tornam o
espaço escolar mais prazeroso a partir de jogos,
Dallaqua (2015) define o recreio e as
brincadeiras e/ou atividades que oferecem um maior
intencionalidades dele para os agentes da ação,
aproveitamento do recreio.
alunos, professores e diretores, para ele:
O recreio na realidade da escola atual é visto
pelo professor como merecido descanso após 4. METODOLOGIA
um período de duas ou três aulas; pelo aluno
como período livre para se alimentar, gritar, Antes de darmos início ao trabalho na
brincar, correr, ou simplesmente se aquietar, escola, foram realizadas algumas visitas para que
etc., a bel prazer, carregados cada qual com houvesse um maior conhecimento do público com o
determinada cultura social e familiar qual iriamos trabalhar, a fim de conhecê-los e
exercendo influência uns sobre os outros. sabermos como aproveitavam o recreio e as
Fazem o que querem dentro da limitação brincadeiras que realizavam durante os minutos
espaço/tempo que lhes é oferecido, porém, destinados ao seu “tempo livre”. Nessas observações
desprovidos de alguma materialidade ou de foi possível perceber que entre todos os recreios, tanto
atenção pedagógica, sendo exatamente nesse do 1°, 2° e 3° anos haviam crianças correndo,
período que há maior incidência de acidentes, algumas brincando com bola e algumas que apenas
trombadas, arranhões, brigas, pequenos furtos, andavam em grupinhos pela escola.
roubos, bullying, etc. (DALLAQUA, 2015a,
O Recreio Escolar Como Parte do PPP). Para Kishimoto (2010) o brincar para a
criança, torna-se uma prática social, pois sendo o

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brincar um ato social, a mesma não brinca sozinha, se a atividade do dia envolve o futebol. Com isso,
ela necessita de um brinquedo, um objeto, um colega, propomos outras formas de diversão apontando
uma história, um professor que media essa relação e outros caminhos além daquele convencional.
um ambiente favorável parra que essa riqueza da
imaginação infantil apareça, e o ambiente escolar O número de alunos presentes em cada
precisa ser estimulante para que as crianças interajam recreio também foi uma questão no início, pois na
entre si e com o ambiente, pois, nossa primeira intervenção chegamos a ter em média
de 60 a 75 crianças brincando com a gente. E para
A criança, mesmo pequena, sabe nós, que nunca tivemos um contato como professor
muitas coisas: toma decisões, escolhe o ter essa quantidade de alunos, no primeiro dia, nos fez
que quer fazer, interage com pessoas, refletir sobre como iriamos dar continuidade nas
expressa o que sabe fazer e mostra, em brincadeiras, pois teríamos que pensar atividades que
seus gestos, em um olhar, uma palavra, pudessem ser realizadas por um número grande de
como é capaz de compreender o mundo alunos sem que se perdesse o foco da brincadeira. No
(KISHIMOTO, 2010, p. 1). decorrer das nossas intervenções esse número
abaixou e temos em média 30 alunos que participam
Pensando nisso, promovemos uma maior conosco da atividade. Nesse sentido nosso trabalho,
interação no brincar das crianças quando nós, além de envolver um número grande de crianças, tem
professores, brincamos com elas entrando em seu que ser desenvolvido de forma inclusiva a fim de que
mundo e no seu universo. Partindo disso, percebemos todas as crianças presentes no recreio, independentes
a importância da socialização entre elas, uma vez que de suas características físicas ou de suas limitações
muitas não se conheciam e uma aproximação de (sejam elas físicas ou mentais), possam participar.
forma espontânea talvez não pudesse acontecer. Com Levamos, nos dias de intervenção,
isso viemos com a proposta de trabalhar com elas brincadeiras que intencionaram além da interação
“Jogos e Brincadeiras” a fim de que os 15 minutos de
social e da ludicidade com possibilidades de diversão,
recreação fossem aproveitados de maneira lúdica,
a aquisição e ampliação do repertório motor, para que
sadia e formativa.
nos dias que não estivéssemos na escola, os alunos,
Por sermos estudantes de Educação Física, e de maneira autônoma, brincassem e aproveitassem o
essa ser uma das matérias preferidas dos alunos, recreio com as brincadeiras e com atividades que eles
tivemos uma aceitação de 100% das crianças que se gostam. Nesse sentido, Kishimoto (2010) aponta que
mostraram dispostas a participarem das atividades a brincadeira é uma ferramenta que auxilia na
propostas durante o tempo que permanecemos na aprendizagem e no desenvolvimento da criança.
escola. É importante porque dá o poder à
Embora tenha tido essa aceitação por parte criança para tomar decisões, expressar
dos alunos e também da escola, nós encontramos sentimentos e valores, conhecer a si, os
algumas dificuldades, principalmente com o tempo. outros e o mundo, repetir ações
O nosso projeto, mesmo acontecendo no horário do prazerosas, partilhar brincadeiras com
recreio, acaba não tendo os 15 minutos inteiros para a o outro, expressar sua individualidade
realização das atividades propostas. Isso porque e identidade, explorar o mundo dos
ocorre as vezes do Coordenador do recreio, no objetos, das pessoas, da natureza e da
momento em que os alunos descem para a quadra, cultura para compreendê-lo, usar o
junta-los para conversar sobre o comportamento que corpo, os sentidos, os movimentos, as
eles vêm tendo dentro de sala de aula, a fim de que várias linguagens para experimentar
eles fiquem quietos e respeitem o professor para não situações que lhe chamam a atenção,
serem punidos ficando sem recreio. E tem o fato dos solucionar problemas e criar
alunos usarem o tempo do recreio para se alimentar. (KISHIMOTO, 2010, p. 1).
Ou seja, quando são liberados, boa parte dos alunos
aproveitam esse tempo para lanchar. É através da brincadeira que a criança se
desenvolve e o brincar envolve processos educativos
Outra dificuldade que tivemos foi com a de formação, pois possibilitam que haja um
quebra do padrão que a Educação Física ganhou autoconhecimento, pois brincando conhecem seus
durante os anos, onde seu foco fica unicamente e corpos e seus limites; conhecem o outro por
exclusivamente voltado para o ensino de esportes, e a partilharem das vivências proporcionadas pela
bola é o material usado para garantir esse infância e conhecem as diferentes culturas presentes
aprendizado. E chegando na escola nos deparamos em nosso país, sejam elas culturas locais, regionais ou
com essa cultura de que Educação Física é só esporte nacionais, pois, ao brincar, a criança aprende a
com bola, quando somos questionados pelos alunos compartilhar emoções passando por processos

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naturais de sentimentos como alegria/tristeza após motoras e psicomotoras que, através das atividades,
ganhar/perder em uma brincadeira; empatia e respeito estimulam uma maior atenção e interação com os
pelo outro, a criança aprende, acima de tudo, a demais colegas.
conviver com o outro e com o grupo, criando relações
de respeito, de parceria e de amizade. Enxergamos que o ambiente escolar e a
própria escola, enquanto instituição, deve
proporcionar às crianças meios para que elas
interajam com o espaço físico e com as demais
5. CONCLUSÃO: crianças, oferecendo a elas diferentes propostas de
brincar, seja através de objetos e/ou estruturas com os
quais elas possam interagir. Nesse sentido apontamos
A efetivação desse projeto pedagógico, a responsabilidade que a escola tem de oferecer
realizado na escola municipal CAIC, localizada em diferentes meios e possibilidades para que as crianças
Catalão-GO, durante o horário do recreio, tem possam aproveitar as inúmeras formas de diversão
ajudado os alunos a terem uma maior socialização presente na escola, e principalmente no seu momento
entre si, onde eles se percebem enquanto sujeitos da de liberdade.
ação e entendem que brincadeiras em conjunto,
baseadas no respeito, no companheirismo ajudam
nesse processo interativo, possibilitado um REFERÊNCIAS
aprendizado para além do espaço escolar, pois se
aprende, através das brincadeiras coletivas, conceitos
de amizade e de respeito que vão para além dos muros CAPES. Pibid - Programa Institucional de Bolsa de
da escola; além de proporcionar uma troca de saberes Iniciação à Docência. Disponível em:<
entre aluno-professor e professor-aluno. https://www.capes.gov.br/educacao-
basica/capespibid/pibid>. Acesso em: 01 de set.
O PIBID foi importante para que houvesse 2019.
esse contato entre o teórico, aprendido durante os
anos da faculdade e os assuntos estudados em reunião DALLAQUA, Antonio Luiz. O Recreio Escolar
entre professor-coordenador, professor-supervisor e Como Parte do PPP. Disponível em: <
alunos participantes do projeto, e a pratica, momento https://direcionalescolas.com.br/o-recreio-escolar-
no qual adentramos ao ambiente escolar para efetivar, como-parte-ppp/>. Acesso em: 01 ago. 2019.
de fato, aquilo que foi estudado.
FRANZ, Edilaine; PERUZO, Joice; RODRIGUES,
Esse contato entre nós, enquanto Lílian Beatriz Schwinn. a cultura do brincar no
professores, e a escola nos fez perceber que esse
recreio escolar Edilaine Franz. X Congresso
espaço contribui para a formação dos alunos não
Nacional de Educação – EDUCERE. Paraná:
somente dentro das salas de aula, mas em todo o
ambiente enquanto estrutura pedagógica. Sendo PUCPR, 2015 p. 41265 – 41274.
assim, nosso projeto, mesmo não sendo realizado KISHIMOTO, T.M. Brinquedos e brincadeiras na
todos os dias, também faz parte do quadro de ações
Educação Infantil. Brasília: MEC, 2010. Texto de
responsáveis por proporcionar aprendizado nas
Consulta Pública.
crianças.
O nosso trabalho tem gerado impactos WERNECK, Christianne L.; ISAYAMA, Helder F.
positivos, não somente para a escola e para os alunos, (ORG.). LAZER, RECREAÇÃO E EDUCAÇÃO
mas também para nós, enquanto profissionais, pois FÍSICA. BELO HORIZONTE: AUTENTICA, 2004.
nos traz felicidade poder entrar no universo infantil
através de brincadeiras que enfatizam o lúdico, mas
que também alcança objetivos específicos, como a RESPONSABILIDADE AUTORAL
preservação da infância. Com isso trabalhamos, “O(s) autor(es) é(são) o(s) único(s) responsável(is)
através de jogos e brincadeiras, as questões físicas, pelo conteúdo deste trabalho”.

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RELATO DE EXPERIÊNCIA DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS PELO
PIBID/GEOGRAFIA NE ESCOLA ESTADUAL PROFESSORA ZUZU EM
CATALÃO/GO

MATOS, Patrícia Francisca de, patriciafmatos@yahoo.com.br

MARQUES, Gabriel Stéfano de Oliveira, gabrielstmarques@hotmail.com


JESUS, Geovanna Viana de
MARTINS, Jéssica Rayanne Bernardes

Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial Instituto de Geografia

Resumo: O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) é uma ação da Política
Nacional de Formação de Professores do Ministério da Educação (MEC) que visa proporcionar aos discentes
dos cursos de licenciatura uma aproximação prática com o cotidiano das escolas públicas da educação básica
e com o contexto em que elas estão inseridas. Este estudo trata-se de um relato de experiência vivenciado por
três bolsitas do PIBID/Geografia, realizado na escola Professora Zuzu, localizada na cidade de Catalão-GO,
com objetivo de descrever as dificuldades encontradas pelos graduandos bolsistas na escola, ainda
compartilhar as experiências e obstáculos.

Palavras-chave: Docência. Licenciatura. Dificuldades. Experiência.


__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO profissional da educação promovido pelos cursos de


licenciatura, que propicia interação entre Ensino
O Programa Institucional de Bolsas de Superior e Ensino Básico, interação essa que é de
Iniciação à Docência (PIBID) é um projeto mantido suma importância para a formação do licenciando,
pela CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de bem como estar inserido no cotidiano de escolas da
Pessoal de Nível Superior), vinculado ao MEC. rede pública de educação, obtendo novas
Foi criado em 2007, com as ciências experiências e práticas docentes de caráter inovador
especificas Física, Biologia e Matemática, ampliou- e interdisciplinar.
se no ano de 2009, atendendo toda a educação básica
visando a valorização também do Magistério e de 2. INTERVENÇÕES E O PROJETO NA
outras ciências. ESCOLA
No curso de Geografia da Universidade
Federal de Goiás - Regional Catalão (UFG-RC), o O processo de ensino-aprendizagem está
atual projeto do PIBID iniciou-se em agosto de 2018 diretamente relacionado com a análise voltada para
com 24 bolsistas e 6 voluntários com parceria de três metodologias que potencializam o aprendizado, uso
escolas de Catalão - Escola Estadual Professora de recursos pedagógicos e tecnológicos, inovação no
Zuzu; Instituto de Educação Matilde Margon Vaz e ensino, juntamente com as práticas interdisciplinares
a Escola Estadual Maria das Dores Campos. No que buscam identificar problemas e tornar o
presente trabalho será abordado as experiências na processo positivo, tanto para a turma, quanto para o
Escola Estadual Professora Zuzu no 7° e 8° ano do docente. (DAROS, 2008)
Ensino Fundamental do turno matutino. As atividades/intervenções realizadas na
Com intuito de incentivar os graduandos escola pelo PIBID tem o objetivo de propor
para a formação docente em nível superior para a metodologias, otimizando os recursos utilizados,
Educação Básica, o PIBID busca a valorização do

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dinamizando e flexibilizando as ações que resultam 2) Palestra sobre “Efeitos socioambientais
no bom desempenho dos alunos. da atividades mineradoras em Catalão” com a
Para Cavalcanti (2004, p. 133): exposição de vídeo para mostrar esses efeitos a nível
Para superar o formalismo local e global, amostras de rocha do Museu de
didático no ensino da Rochas do Curso de Geografia da UFG/RC para
Geografia é preciso, entre conhecer e compreender os minérios. Para uma
outras coisas, que seus agentes Geografia enfocada na realidade dos alunos é
– professor e alunos – estejam preciso conforme Callai (2003, p. 58) “permitir que
realmente envolvidos no ele se perceba como participante do espaço que
processo de ensino o que estuda, onde os fenômenos que ali ocorrem são
requer do professor a resultados da vida e do trabalho dos homens e estão
organização de atividades inseridos num processo de desenvolvimento”.
levando em conta as Nesse contexto, foi abordado o caso do
necessidades individuais e rompimento da barragem de Brumadinho-MG
sociais dos alunos, as relacionando com as possibilidades de ocorrer no
condições concretas em que o município de Catalão.
ensino se realiza e os modos
mais adequados de tratamento Imagem 2: Palestra sobre a poluição ambiental das
dos conteúdos para que os atividades mineradoras.
alunos estejam em atividade
intelectual permanente e
possam, assim, construir seu
conhecimento.

3. METODOLOGIA

Mesmo com poucos recursos financeiros e


uma grande demanda por parte da coordenadora
supervisora e pibidianos, encontramos possibilidades
para a realização das atividades planejadas. Várias Autora: Vaneza Cubas, (2009).
atividades já foram realizadas com intuito de
proporcionar o conhecimento dos conteúdos; Outra atividade foi uma dinâmica, com a
dinâmicas lúdicas, exposições de vídeos, construção temática Migrações e Agropecuária – conduzimos as
de maquetes, monitorias, palestras, entres outras. turmas para o ambiente externo, já que inicialmente
Das atividades desenvolvidas vamos não estavam tão animados com a atividade, então o
destacar algumas que consideramos que obteve mais grupo teve que ser criativo e buscar por inovações,
resultados positivos. 1) Conteúdo Regionalização do fazer diversas perguntas, colocá-las em uma
Brasil, confeccionamos um banner das caixinha e propor a brincadeira “batata quente”, com
macrorregiões com base na divisão feita pelo IBGE a turma em círculo a bola ia passando de mão em
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mão até que parasse em alguém que teria que retirar
desenvolvemos dinâmica dividindo a turma em dois uma pergunta da caixinha e responder se possível.
grupos para responder questões sobre as regiões do Essa atividade fugia da rotina, mas demandava
Brasil, posteriormente localizar no mapa. criatividade e novas estratégias para que pudesse
agregar no conhecimento e tornasse positivo o
Imagem 1: Intervenções aplicadas na escola. processo de ensino-aprendizagem e facilitasse a
relação aluno-mediador. Importante mencionar que
nessa atividade não teve custos.
Por fim, uma prática muito utilizada é a
exposição de vídeos curtos (no máximo 30 minutos).
Sempre após a exposição dos vídeos é realizado o
debate, relacionando com o conteúdo. Após
assistirem um vídeo documentário, realizaram uma
atividade de fixação de forma dinamizada, com tema
sobre Fontes Energéticas e Energias Renováveis,
complementado com perguntas onde os graduandos
Autora: Vaneza Cubas, (2019). auxiliavam os alunos, fazendo com que a turma
despertasse o interesse e facilitasse a aprendizagem.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO entender o cotidiano dos mesmos para ampliação do
conhecimento, relacionar a prática com a teoria, de
Para desenvolver as atividades enfrentamos modo que o ensino estejam o mais próximo da
algumas dificuldades principalmente em relação a realidade do aluno, trazendo uma proposta
falta de material pedagógico na escola. A Escola diferenciada, desenvolvendo metodologias que
Estadual Professora Zuzu, carece de infraestrutura. envolvam seu dia a dia com situações que convivem,
Os pavilhões das salas são de placa de concreto; interagindo com o conteúdo a ser mediado em sala
salas pequenas que não permitem circulação de ar, o de aula, de forma simples, mas elaborada, tendo
que intensifica o calor com janelas pequenas e falta como objetivo principal o conhecimento.
de ventiladores ou ar-condicionado; as quadras para
esportes não são cobertas e/ou não possui uma AGRADECIMENTOS
estrutura adequada; a escola não tem um ambiente
arborizado para aplicação de atividades lúdicas Agradecemos à Coordenação de Aperfeiçoamento
externas (fora da sala de aula); a biblioteca, que de Pessoal de Nível Superior – CAPES, pelos
recebeu recentemente uma reforma, é pequena, recursos financeiros disponibilizados para a
portanto não comporta uma turma com muitos realização do projeto PIBID.
alunos; o laboratório de informática que deveria ser
de uso dos alunos encontra-se em desuso, pois não REFERÊNCIAS
tem manutenção técnica; falta de recursos
pedagógicos, que dificulta a aplicação de atividades ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
lúdicas e dinâmicas; também não possui espaço de TÉCNICAS. Informação e documentação –
recreação. citações em documentos – apresentação: NBR
Outros obstáculos podem ser destacados 10520. Rio de Janeiro, ago. 2002. 24 p.
como a indisciplina por parte dos alunos; falta de
interesse para cumprir as atividades; limitações que CAVALCANTI, Lana de Souza. Geografia, escola
a escola tem em realizar determinadas atividades, e construção de conhecimentos. Campinas, São
como trabalhos de campos. Paulo: Papirus, 2004.
Os professores, assim como os discentes,
também enfrentam adversidades no ambiente CALLAI, Helena Copetti. O Ensino de Geografia:
escolar, a falta de recursos pedagógicos, material Recortes espaciais para análise. In:
didático e verba para custeá-los, é enfrentado por Castrogiovanni, Antônio Carlos. Kaercher, Nestor
todos os profissionais da educação. Sendo assim, é André, et al (org). Geografia em sala de aula. Porto
explicito que no sistema educacional da escola pela Alegre: Editora da UFRGS 2003.
qual o grupo do PIBID em questão atua, a falta de
recursos financeiros destinados à projetos, recursos DAROS, T. Por Que Inovar na Educação?.
pedagógicos, materiais didáticos, atividades fora do CAMARGO, F.; DAROS, T. A Sala de Aula
ambiente escolar, etc. essa situação afeta Inovadora: Estratégias Pedagógicas para Fomentar
diretamente os alunos e o ensino-aprendizagem. o Aprendizado Ativo. Porto Alegre: Penso, 2008.
Cap. 1, p. 3-7.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
SILVA, Eunice Isaias; PIRES, Lucineide Mendes
O presente relata as experiências do grupo (Org.). Desafios da didática de geografia. Goiânia:
de pibidianos, diante da oportunidade de trocar Ed. da PUC Goiás, 2013.
experiências no âmbito da graduação com o Ensino
Básico, mostra as dificuldades de atuar como RESPONSABILIDADE AUTORAL
docentes em escolas da rede pública estadual, “Os autores são os únicos responsáveis pelo
buscando ampliar o conhecimento e agregar no conteúdo deste trabalho”.
aprendizado dos alunos beneficiados.
Com base no vivenciamento dentro da sala
de aula com os alunos, é de grande relevância

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RELATO DE EXPERIÊNCIA: O PIBID COMO FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES
NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
Santos, Heliany Pereira dos, helianyps@yahoo.com.br
Cedro da Silva, Heuller Ruan, heuller05@gmail.com1
Gabriel Marques, Lucas, gabrielm400m@gmail.com1
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de
Biotecnologia/Curso de Educação Física
Resumo: O presente trabalho visa elucidar um relato de experiência vivido no âmbito da Educação física
como auxilio de formação de professores por meio do programa institucional de Bolsa de Iniciação à
Docência (PIBID). O objetivo deste trabalho propõe-se mostrar a real importância dos aspectos lúdicos, dos
aspectos corporais e das relações de infância como forma de trabalho, afim de esclarecer como estas
percepções auxiliam na maior compreensão de vida e consequentemente de estado social de nossas crianças.
O presente trabalho utilizou-se de um método de pesquisa qualitativo, onde fora realizado no Centro de
Atenção Integrado a Criança (CAIC) São Francisco de Assis, tendo como entidade mantenedora a Prefeitura
Municipal de Catalão, visando ao realizar um total de 10 aulas ocorridas durante 5 semanas; a enfatizar que
a abordagem critico-superadora diluída em várias perspectivas pedagógicas, dentre elas os jogos e as
brincadeiras, passam mostrar como a percepção lúdica, corporal e a de infância determinará
prioritariamente no maior envolvimento social de alunos para/com a vida para/com os professores. Bem como
proporcionará de forma congruente, um aprendizado natural prezado ao único e simples ato do brincar,
transformando o aluno a desenvolver um posicionamento social envolto da criticidade, da curiosidade e da
criatividade.

Palavras-chave: PIBID. LUDICIDADE. CRITICIDADE. CRITICO-SUPERADORA. INFÂNCIA.

__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO essencial, que são as práticas corporais relacionados


a percepção de ludicidade, ou seja, acentuando a
O presente trabalho tem como intuito evidenciar percepção longeva do termo lúdico; abrangendo-se as
a importância do PIBID como relato de experiência nossas origens, nossas primeiras experiências de vida,
no processo educativo formativo na Educação Física responsáveis pelas nossas primeiras representações
escolar. O trabalho foi desenvolvido a partir de, 10 em sociedade e consequentemente nossas primeiras
aulas ministradas durante o ano letivo de 2019 para o manifestações culturais.
programa institucional de bolsa de iniciação à
docência (PIBID), desenvolvido no Centro de Dito isso buscamos construir juntamente com os
Atenção Integral a Criança (CAIC) como forma de alunos em sala de aula uma pequena pesquisa sobre o
evidenciar a importância metodológica estabelecida que os pais gostavam de brincar, e o que eles
na formação destes alunos, afim de, por meio da gostavam de fazer em sua infância, para que assim
utilização do conteúdo de jogos e brincadeiras como pudéssemos elaborar uma sequência de atividades
manifestação corporal, cultural e lúdica na educação correlacionadas e com significado social e cultural
física escolar. para os mesmos, visto que a intencionalidade do
Na atual conjuntura da educação física escolar, trabalho era proporcionar uma experiência construída
vemos uma carência acentuada a áreas relacionadas a através do que eles vivenciam cotidianamente. A
proposição dos jogos e brincadeiras abrangendo aos proposição construída desta experiência foi embasar
aspectos lúdicos em sala de aula, do ensino básico ao as nossas aulas em brincadeiras culturais abrangendo-
médio, visto que, a educação física ainda estende-se a se a as distinções e discussões de ludicidade; de corpo
hegemonia do “senso comum”, abrangendo-se na e de infância. Bem como abordando aspectos
grande maioria a esportes como o voleibol, o futebol, envoltos do acervo histórico social e cultural dos pais
o basquetebol e o handebol; tratados como principais sobre a sua percepção de infância e ludicidade vivida.
conteúdos e consequentemente esquecem do

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2. CONCEITOS E por estes motivos que realçamos a importância
deste conteúdo como ferramenta necessária e
Segundo o dicionário Aurélio (2018), a palavra facilitadora do processo educativo, visto que,
brincadeira significa ação de brincar e divertimento. incondicionalmente as crianças ao brincar, crescem,
Assim, nos relacionamos diretamente com algumas evoluem, amadurecem e se sensibilizam a todo tempo
questões, sendo elas referente ao que as brincadeiras em seu meio social educativo, sem esquecer
proporcionam na formação educacional de nossos primordialmente de serem apenas crianças.
alunos, abrangendo-se aos aspectos de infância e
ludicidade. Visto que, “Há várias maneiras Há de se enfatizar também, aspectos importantes
motivadoras de a criança aprender com satisfação acerca da relevância da abordagem de conteúdo na
através de uma comunicação significativa, resultante formação das crianças; tal qual como são as
dos brinquedos e das brincadeiras...” (PICCOLO; concepções de infância e de ludicidade. Posto isso,
2009, p.95). perceberemos que por meio do estímulo lúdico se
garantirá maior motivação sem perder a percepção de
Bem como evidenciaremos o quão é necessário infância enriquecida no processo de aprendizagem.
a brincadeira nas compreensões lúdicas de formação Ludicidade segundo dicionário Aurélio (2018),
corporal das crianças, bem como maior significa “uma característica ou propriedade do que é
amadurecimento acerca do mesmo em sociedade. lúdico, do que é feito por meio de jogos, brincadeiras,
Pois, dito isso atividades criativas” ou seja, o temo lúdico abrange
áreas do ponto a partir da sua linguagem expressiva,
“Podemos considerar que o lúdico é um importante a partir do desenvolvimento corporal e do simples ato
recurso pedagógico para a definição de e abordagem do brincar lúdico.
ações pedagógicas adequadas e a
utilização de jogos e brincadeiras em O ato de brincar pode antes de mais nada
diferentes situações educacionais é um conquistar, confiar e alimentar questões relacionadas
meio para estimular as aprendizagens aos entendimentos da criança acerca das percepções
específicas dos alunos”. (BIAZOTTO; cotidianas de infância, bem como enfatizar questões
2014, p.19;) para a vida em curto prazo como à longo prazo.

Ou seja, por meio da brincadeira, as crianças Posto isso, perceberemos quanto o valor lúdico
desenvolveram aspectos relacionados a linguagem, proposto na escola são eficazes, visto que, quando
desenvolveram a atenção, exploram as suas falamos de estudar, trabalhar e desenvolver, seja por
expressões corporais e melhoraram aspectos meio das transmissões de experiências
relacionados a sua própria espontaneidade, não professor/aluno, seja por meio das transmissões de
apenas para o agora; e sim, para toda a vida. Veremos experiências aluno/professor, remetem e elucidam
como se educa e como se brinca, ao mesmo tempo em como “O simples brincar com o corpo e o toque
que se aprende; em sala de aula. afetivo de quem cuida da criança são fatores para que
ela tome consciência de si...” (WALLON, 1941/1995
E necessário que haja certa compreensão e apud PICCOLO, 2009, p. 97).
principalmente dedicação ao que está sendo
trabalhado em sala, principalmente neste momento Ou seja, o termo lúdico equivale usualmente á
como participante do PIBID (Programa institucional um dos aspectos mais trabalhados em sala de aula;
de iniciação à docência), visto que passaremos por um visto que, ele transforma, ele enriquece, ele
momento de formação e amadurecimento em nossa transborda; ele aderi fontes de conduta capazes de
carreira. Relatamos um momento que preza um transformar os seres pelo simples ato do brincar
adulto como adulto e ao mesmo tempo parte criança; lúdico, em seres transformadores.
aquela criança que brinca e que aprende
concomitantemente. 3. METODOLOGIA

“As atividades lúdicas, nas suas diversas expressões, O Centro de Atenção Integrado a Criança
como: correr, pular, desenhar, pintar, (CAIC) São Francisco de Assis tem como entidade
cantar, recitar, interpretar, tocar, mantenedora a Prefeitura Municipal de Catalão e
dançar e outras, colocam a criança que localiza-se na Rua Tenente Coronel João C. Neto, no
brinca como um agente sensibilizador bairro Jardim Primavera. Sendo assim uma escola
de emoções e de comportamentos, em localizada numa zona periférica da cidade, ou seja,
qualquer ambiente em que estiver”. encontra-se numa das áreas mais pobres e carentes da
(PICCOLO; 2009, p.95). cidade. A carência destes alunos que residem na
região, foi presenciada durante todo o tempo do

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programa, crianças necessitadas de atenção, crianças consequentemente desenvolver paralelamente o
carentes de carinho, crianças que precisam da raciocínio, trabalhar em conjunto, respeitar o
presença de afeto; fatores que regularmente se próximo, melhorar o domínio corporal, melhorar o
mostram presentes e diariamente nos enriquecem de senso locomotor, pois ao brincar a criança transforma
desafios e de desafios. o ato em “...um momento de investigação, pesquisa,
descoberta e construção de conhecimento sobre si
Posto isso, o programa foi realizado com os mesma e sobre o mundo, dentro de um contexto de
alunos da terceira série do ensino fundamental na faz de conta que mostra o real”(BIAZOTTO, 2014,
escola Centro de Atenção Integral a Criança (CAIC), p.21).
onde teve duração de cinco semanas com um total de
dez aulas regidas. Foi abordado o tema de jogos e Essa perspectiva visa elucidar o que os jogos e
brincadeiras com o intuito de indagar a percepção as brincadeiras em compreensão lúdica propicia ao
lúdica e corporal diluídas em várias perspectivas para desenvolvimento, e para a vida. Estes momentos para
a prática pedagógica para/com estes alunos. Dentre a criança são de descobertas, são de conhecimento, e
elas propusemos uma incursão nos jogos populares, sobretudo são de formação.
jogos cooperativos e jogos desportivos, para que
assim pudéssemos evidenciar como a percepção Por isso o início das intervenções caracterizou-
lúdica, corporal e a de infância enfatiza se por muitas dificuldades e em todo momento
prioritariamente no maior envolvimento social da aconteceram pedidos de atividades voltadas para os
turma e desenvolvimento do senso corporal dos esportes tradicionais por parte dos alunos. Durante
mesmos abrangendo aspectos relativos a infância início do programa percebemos portanto, um certo
como por exemplo as brincadeiras, pois “Os jogos clamor por parte dos alunos em eles próprios
trazem situações de problemas onde cada indivíduo definirem os conteúdos da aula.
deve encontrar um caminho correto para chegar ao
final, com isso, a criança aprende a desenvolver Entre os meninos o maior pedido era o futebol
diferentes estratégias a partir de cada desafio criado ou algo relacionado com bola, o que perdurou até o
nos jogos”. (CARVALHO, 1992, pág.56 apud final do semestre; onde estavam sempre querendo que
BIAZOTTO; 2014; pág.25). aceitássemos a proposta deles, porém entendíamos e
enfatizamos a importância dos jogos e brincadeiras e
Assim sendo, elucidaremos a abordagem as possibilidades que elas poderiam propiciar; sendo
teórico-metodológica como forma de trabalho algo novo em seu aprendizado sentíamos a
utilizando-a como espelhamento de abordagem no necessidade de poder contribuir e elucidar que o
currículo educativo escolar, bem como, com entendimento que se pode fazer livremente na vida
embasamentos na construção social destes alunos. torna-se mais agradável e mais significativo.
Visto que, na abordagem critico-superadora
constataremos que os alunos assimilem de forma Já entre as meninas não havia tanta cobrança por
crítica a sua cultura corporal, abrangendo a sua determinado esporte, tudo que passávamos de novo
formação histórica e social correlacionando os jogos ou remodelado de outras fontes, elas aceitavam de
e as brincadeiras aos aspectos lúdicos e aos temas bom grado e eram de certa forma, mais animadas com
atuais superando a realidade social a que os mesmos o todo e com o percurso pedagógico proposto, com
estão inseridos. certo entusiasmo com o aprender, realizando até o
final tudo que estava sendo abordado, mostrando
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO satisfação ao conhecer e ao realizar.

O objetivo principal das aulas e da definição do Periodicamente conseguimos perceber por meio
conteúdo foi fugir dos esportes convencionais, visto das realizações das aulas, que houve uma maior
que as crianças são submetidas a prática dos mesmos evolução acerca das relações estabelecidas entre os
sem o desenvolvimento e preparo ideais, sejam eles alunos e os professores; visto que os aspectos lúdicos
cognitivos e/ou corporais. com embasamento teórico voltado aos jogos e as
brincadeiras, exerceram para as crianças e na sua
Apenas se visa um passa tempo em forma de aprendizagem, perfis mais bem empenhados, bem
lazer, sendo que na verdade deveriam abordar como mais participativos e eficientes em seus
pedagogicamente todas as formas e trejeitos afazeres diários.
encontrados de cada indivíduo, se fazendo de suma
importância para o desenvolvimento da criança, visto 4.1 PERCALÇOS ENFRENTADOS
que abordando características individuais podemos
auxiliar na melhor e maior compreensão do seu Houve períodos da realização deste trabalho,
desenvolvimento motor, fazendo-o que passamos por percalços incessantes. Pois criança

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esbanja energia o tempo todo, querem correr, pular, significativo e natural prezando o simples ato de
rolar, e também, em alguns momentos, apenas brincar, valorizando o desenvolvimento da
crianças. Todavia em muitos momentos elas nos criticidade, a curiosidade e a criatividade destes
“enlouqueceram”, bem como, em muitos momentos alunos para/com o professor.
não quiseram fazer a atividade proposta; contudo,
pudemos exercer nosso papel de professor e REFERÊNCIAS
consequentemente de mediador para intervir naquela
situação explicitando o que a atividade buscava e o
que ela acentuava na formação corporal, sensorial, ALMEIDA, Anne. Ludicidade como instrumento
cultural e social. pedagógico. Disponível: http://www. cdof. com.
br/recrea22. htm. Acesso em, v. 10, 2009.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
BIAZOTTO, Lilian. A brincadeira e o
É essencial enfatizarmos a importância que o desenvolvimento da criança na educação infantil.
uso do lúdico exerce na formação da criança e como 2014.
os jogos e as brincadeiras estão realmente envoltos
desta perspectiva. Além de Fazer parte do acervo Bomtempo, E. (1999b) Brinquedo e Educação: na
histórico e cultural do professor ao valorizar os escola e no lar. Psicologia Escolar e Educacional. V.
principais e mais distantes aspectos pertencentes a 3, n. 1, 61-69.
criança e a infância; o professor que valoriza o brincar
CARVALHO, A.M.C. et al. (Org.). Brincadeira e
como o pular, o correr, o “atentar”, propicia a criança
se preparar, se estruturar e desenvolver de forma cultura: viajando pelo Brasil que brinca. São Paulo:
natural sua capacidade de julgamento, sua capacidade Casa do Psicólogo, 1992.
de responder as regras, sua capacidade de
CÓRIA-SABINI, Maria Aparecida; DE LUCENA,
fundamentar importantes valores, de formular e
Regina Ferreira. Jogos e brincadeiras na educação
praticar valores éticos e morais tanto na sua
aprendizagem atual quanto para a aprendizagem infantil. Papirus Editora, 2004.
futura. DE LIMA, Márcia Regina Canhoto et al. RELATO
DE EXPERIÊNCIA: O PIBID NA FORMAÇÃO DE
Bem como, é importante valorizar que o aluno
PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA
por meio da sua vivência corporal e de seu resgate
histórico, possam fazer uma leitura crítica da sua FCT-UNESP. Iniciação & Formação Docente, v. 1, n.
realidade, encaminhando possibilidades de 1, 2014.
compreender as possibilidades a que estão
GARIGLIO, José Ângelo. A ludicidade no" jogo" de
intermetidos, sendo assim achando formas de buscar
relações trabalho/escola. Movimento
a sua transformação.
(ESEFID/UFRGS), v. 2, n. 3, p. 27-33, 1995.
Além do mais o PIBID proporcionou abertura GIMENES, Beatriz Piccolo. O resgate do brincar na
de conhecimento, abertura de formação profissional, formação de educador. Boletim-Academia Paulista
bem como pessoal, pois ao ser professor
de Psicologia, v. 29, n. 1, p. 81-99, 2009.
confrontamos nossos alunos, buscando neles a trazer
conhecimento pedagógico, buscando neles a MACEDO, Lino de; PETTY, Ana Lúcia Sicoli;
questionar de forma crítica suas concepções PASSOS, Norimar Christie. Os jogos e o lúdico na
corporais, assim sendo trazendo conhecimento aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2005.
cientifico; bem como incentivar um aprendizado

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ROMPENDO AS FRONTEIRAS DO CONSUMISMO E DESCOBRINDO A
EXISTÊNCIA HUMANA POR MEIO DA LITERATURA

Fernandes Júnior, Antônio, tonyferjr@gmail.com


D’ Aguiar Siqueira de Lemos, Igor, igordaguiar@hotmail.com
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Letras e Linguística

Resumo: O objetivo deste trabalho é discutir o papel da literatura no reconhecimento existencial do ser humano.
Nesse sentido, o cerne deste estudo é explicitar os afetos que o ser humano desenvolve ao estar presente nas
tessituras do sistema social, pois no contexto pós-contemporâneo as conjunturas civilizatórias fazem sangrar os
sentidos que constituem o corpo subjetivo e/ou reflexivo que se torna então completo por via dos efêmeros excessos
produzidos pelo mercado de consumo, tais como, segurança, bem estar, dentre outros (Bauman, 2008). A
perspectiva literária, como forma artística de expressão humana, rompe com as fronteiras do consumismo, ao
educar, esteticamente, o ser humano, por via da percepção literária que contribui para equilibrar o caos interior
dos sujeitos leitores. Esse equilíbrio humano reverbera no contexto social (Cândido, 2004), pois ao estabelecer
contato com a literatura, o leitor incursiona em experiências criativas, que auxiliam no desenvolvimento da vida
social, descobre um bom inventário criativo de formas de vida, tanto pelas histórias narradas quanto pelo como são
elaboradas artisticamente. Esses gestos possibilitam o descobrimento de novos caminhos, saberes e realidades que,
aliados a criatividade do texto, rompem as fronteiras que a pós-modernidade insere nos corpos subjetivos.
Palavras-chave: Consumismo. Equilíbrio. Literatura.

INTRODUÇÃO retoma os aspectos humanos que acordo com Antonio


Candido:
Este trabalho possui como fio condutor a confirma no homem
mediação literária e sua relação com a formação de aqueles traços que
leitores e se insere no PIBID (Programa Institucional reputamos essenciais,
de Bolsas de Iniciação à Docência), por via deste como o exercício da
contexto discorrerá os âmbitos do consumismo e o reflexão, a aquisição do
papel de resgate humano que a literatura possui por saber, a boa disposição
meio de sua estética artística. para com o próximo, o
afinamento das emoções,
O PIBID permite a inserção de alunos da a capacidade de penetrar
graduação em sala de aula da rede pública de ensino, nos problemas da vida, o
a perspectiva do programa é a ambientação do futuro senso da beleza, a
professor nos espaços escolares, como também, percepção da
engendrar elos comunicativos entre a Universidade e complexidade do mundo
a sociedade. Por via deste diálogo é possível conectar e dos seres, o cultivo do
perspectivas diversas sobre a temática literária. humor. (CANDIDO,
O trabalho literário desenvolvido no PIBID nos 2004, p.180)
auxilia a romper com as tentativas do Estado Estimular o fluxo da leitura de obras literárias
Civilizatório de tornar o ser humano consumista. Em evoca os constituintes que constrói o sentido de
diálogo com Bauman (2008) a sociedade pós- humanidade nos indivíduos, sendo então via de
moderna edificou a busca pelo novo e fez com que os transgressão para equilibrar o caos que permeia as
indivíduos buscassem a completude por meio de relações humanas, pois a normatização dos indivíduos
exarcebações da felicidade, supressão do medo e restringe o alcance que o ser humano pode sentir por
ressignificação artificial dos sentidos humanos meio da expressão estética e artística que a literatura
decorrido do consumismo, porém a literatura rompe assegura.
com as fronteiras do consumismo, pois humaniza e

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A importância da literatura tem perdido espaço o contrário - por
no contexto pós-moderno, pois o consumismo, exemplo, os poderes que
segundo Bauman (2008), desarticula a essência o governam -, e de que
humana, isto é, a imaginação ou criatividade, e torna poderia ser melhor, mais
a vida um ciclo de ações humanas sem autonomia próximo dos mundos que
para reflexão sobre a própria existência. Na pós- a nossa imaginação e a
modernidade, os indivíduos estão expostos a nossa palavra são capazes
comunicações que subvertem o gosto de sentido, ou de inventar. (LLOSA,
seja, nutre a alma de vazios efêmeros. Nas palavras 2010)
de Zygmunt Bauman:
Perante essa assertiva, a literatura perpassa o
Pode-se dizer que o indefinido, ou seja, a experiência que o ser humano
“consumismo” é um tipo teve em épocas passadas e continuará a possuir no
de arranjo social decorrer do tempo, isto é, os afetos que as relações
resultante da reciclagem humanas provocam no caos social estão
de vontades, desejos e estremunhadas na literatura. Ao perscrutar a leitura de
anseios humanos um texto literário, as sensitividades que equilibram o
rotineiros, permanentes e, senso estético perpassam o âmago do leitor,
por assim dizer, “neutros regurgitando os haustos que acometem os seres
quanto ao regime”, humanos na contextualidade antropológica dos
transformando-os na tempos.
principal força
propulsora e operativa da
sociedade, uma força que 1. METODOLOGIA
coordena a reprodução
sistêmica, a integração e
a estratificação sociais, O PIBID é um programa do Ministério da
além da formação de Educação que contempla o curso de Letras com dupla
indivíduos humanos, habilitação para a Língua Portuguesa e Língua
desempenhando ao Inglesa da Universidade Federal de Goiás, Regional
mesmo tempo um papel Catalão, as atividades são elaboradas e desenvolvidas
importante nos processos em conjunto, ou seja, dois professores da
de auto-identificação universidade orientam as abordagens teóricas e
individual e de grupo, práticas. Nas redes de ensino público foram inseridos
assim como na seleção e três professores para supervisionar as entradas nos
execução de políticas de ambientes escolares feitas pelos graduandos e, cada
vida professor atua em uma escola diferente. A conjuntura
individuais.(BAUMAN, de ação é realizada por três grupos e as temáticas das
2008, p.41) intervenções têm como perspectiva a mediação
literária com intuito de formação de leitores.
Essa proposição é transgredida pelo contato com
o texto literário, e com a arte em geral, pois leva o Ao longo das atividades do PIBID, bem como as
individuo a refletir sobre a sua condição social e o leituras sobre a formação de leitores, nos auxiliou a
mundo em que vive. Por isso, Mario Vargas Llosa trazer a reflexão com o intuito de relacionar a defesa
afirma que da leitura do texto literário, e sua função
humanizadora, conforme defende Candido, para
a melhor contribuição da contrapor a lógica consumista vigente na pós-
literatura ao progresso modernidade. Portanto, nossa reflexão se pauta numa
humano [...] recordar-nos metodologia de leitura e discussão a partir da
(involuntariamente, na proposta de humanização de literatura, defendida por
maior parte dos casos) de Antonio Candido, em diálogo com a perspectiva pós-
que o mundo se acha moderna, discutida por Bauman. Trata-se de trabalho
mal-acabado, de que de reflexão teoria e crítica sobre a temática
mentem os que sustentam supracitada.

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sensitividades humanas em suas variações
existenciais. O PIBID propiciou o encontro entre
2. RESULTADOS E DISCUSSÃO sujeitos que presenciam a literatura como expressão
artística, estética e de intervenção no espaço social,
Ao adentrar no âmbito literário foi possível ou seja, a leitura literária, ao ser acionada pelos
evidenciar o objetivo que transcende a formação de leitores, humaniza-os, produzindo novas percepções
professores, ou seja, a humanização produzida dentro das relações sociais. Para desenvolver as atividades
e fora da escola. O contato reflexivo com a literatura literárias em sala de aula foi fundamental o
possibilita a abertura de perspectivas mais lúcidas aprofundamento de leituras literárias e teóricas, que
sobre a organização do caos humano, de permitiram olhar para novos caminhos presentes nas
autoconhecimento e leitura crítica sobre a realidade. obras literárias e no espaço escolar. Os ensejos para a
Assim, auxilia no enfrentamento do avanço do formação de professores edificou bem os devidos
consumismo, equilibra os conflitos humanos e, por enfrentamentos que se deve fazer com o uso da
meio da expressão artística, desenvolve o senso literatura, tanto nos meios escolares como fora deles,
estético nos leitores. Para Antonio Candido, a arte da pois, o ponto de encontro entre mortos e vivos será a
escrita é: imortal poética que a literatura inscreve por meio de
encontros entre as pessoas e os livros. Nesse sentido,
uma necessidade a função humanizadora da literatura, e o seu aspecto
universal que deve ser transgressor, funciona como uma forma de resistência
satisfeita sob pena de ao consumismo preconizado pelo contexto pós-
mutilar a personalidade, moderno.
porque pelo fato de dar
forma aos sentimentos e
à visão do mundo ela nos 4. REFERÊNCIAS
organiza, nos liberta do
caos e, portanto, nos BAUMAN, Zygmunt. O medo líquido. Rio de
humaniza. Negar a Janeiro: Jorge Zahar, 2008.
fruição da literatura é CANDIDO, Antonio. O direito à literatura. In:
mutilar nossa Vários escritos. 4ª ed. São Paulo/Rio de Janeiro:
humanidade (CANDIDO, Duas Cidades/Ouro sobre Azul, 2004, p. 169-191
2004, p.186) LLOSA, Mario Vargas. Em defesa do romance. In:
Revista Piauí. N. 37. Out. 2010. P. 64-69. Disponível
A afirmação acima é fundamental para nossa em:
reflexão, pois defendemos a importância da literatura, http://revistapiaui.estadao.com.br/edicao_37/artigo_1
e da arte, para nossa formação cultural, social e 159/Em_defesa_do_ romance. aspx Acesso em:
política. Portanto, contribui para o enfrentamento dos 09/09/2019
excessos advindos do contexto pós-moderno. A arte SCIENCE, Chico; NAÇÃO ZUMBI. Da lama ao
de ler entre as linhas da estética literária, adentrando caos. Rio de Janeiro: Chaos; Sony Music, 1994. CD.
no efeito da expressão que a escrita poética causa no .
ínterim do ser humano, nos remete aos versos de RESPONSABILIDADE AUTORAL
Chico Science (1994), quando cantou: “Que eu me
organizando posso desorganizar”. Esses versos são “Os autores são os únicos responsáveis pelo conteúdo
transgressores pois rompem os padrões exigidos pelo deste trabalho”.
mercado de consumo e coloca o leitor ou ouvinte para
refletir sobre a sua condição no mundo. A literatura
proporciona a organização das sensitividades para,
logo em seguida, permear o tecido social com
desorganização crítica e identitária.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo de evidenciar a literatura como forma


de enfrentamento ao consumismo é resgatar as

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PIBID E O USO DE ATIVIDADES LÚDICAS NO PROCESSO DE
ENSINO NA GEOGRAFIA
ROSA,Odelfa, rosaodelfa@gmail.com

SILVA, Deise, deise_pinheirovida@hotmail.com1

PEREIRA, Danilo, danilopufg@gmail.com2


1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão

Resumo: O presente artigo faz parte de um trabalho elaborado pelos bolsistas do programa PIBID
(Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência). Destina-se como objetivo a elaboração de
materiais lúdicos na disciplina Geografia alinhado a uma reflexão e problematização com base na
mediação e conhecimento desenvolvido no Ensino Fundamental II, 8° ano “A” na escola Maria das
Dores Campos, cidade de Catalão, Goiás. Trazendo assim uma nova metodologia de ensino, visando à
formação do aluno e com maior participação e interesse por ele, aplicando o conteúdo de uma forma
sócio interativa. A Importância de materiais didáticos e lúdicos nas aulas de Geografia vêm se
modificando com o passar dos anos, e usando com base em estudos bibliográficos fornecendo respaldo
para mudanças no método elaborado pelo docente.

Palavras-chave: PIBID, Materias Lúdicos, Mediação, Reflexão, Problematização


__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO Segundo SANTOS (1997), “a palavra lúdico vem


do latim ludus e significa brincar”. Neste brincar
A construção de estratégicas das atividades estão incluídos jogos, brinquedos e divertimentos e é
elaboradas ao ensino escolar necessita de estratégias relativo também à conduta daquele que joga e se
englobando novas práticas metodológicas que diverte.
alinham influências do mundo digital e do cotidiano Para aplicar um jogo educativo em sala de aula
do aluno, portanto, deve-se fazer com que o ensino- necessita alguns cuidados para que seu uso seja bem-
aprendizagem na área de Geografia possa se interligar sucedido no processo de ensino-aprendizagem de
com demais áreas de conhecimento e identificar os Geografia. Nota-se que o recurso lúdico a ser
limites e obstáculos para desenvolver uma educação elaborado pelo professor dever está alinhado ao tema
geográfica contextualizada, considerando as atuais e o que o mesmo seja planejado primeiramente para
tendências didático-pedagógicas. um melhor entendimento e objetivos a serem
O artigo levanta questões alinhadas ao interesse alcançados pela atividade.
no desenvolvimento pleno do aluno em sala de aula, Entende-se que estimular o aluno a levar suas
no colégio estadual Maria das Dores Campos, cidade experiências socioculturais para a sala de aula,
de Catalão, Goiás, deste modo, levanta-se as enriquece a discussão de um determinado conteúdo,
seguintes indagações: Quais estratégias utilizar para agregando a problematização com elementos do dia a
deixar as aulas mais atrativas? O entendimento do dia, possibilitando novas maneiras de compreender a
ambiente sociocultural do aluno pelo professor matéria.
ajudará mediar o diálogo com a turma? Os alunos Frente ao panorama que a eficácia é posta,
focam sua atenção em aulas meramente descritivas? no entanto, é notória a importância da ludicidade para
Propõe alternativas de recursos lúdicos no estimular a expressão das ideias e reflexões do aluno,
processo de ensino e aprendizagem de Geografia, possibilitando, segundo PIAGET (1975), “à
atividade utilizando a ressignificação das práticas transformação da vivência concreta do aprendiz em
tradicionalistas de ensinos descritivos e enfadonhos, abstrata”, ou seja, despertando atenção e
viabilizando, assim, a inserção do lúdico como compreensão.
proposta de educação geográfica comprometida em Para VIGOTSKY (1989, p.84), “As crianças
despertar a capacidade cognitiva do aluno, tomando formam estruturas mentais pelo uso de instrumentos
por conhecimento seu título significativo de agente e sinais”. A brincadeira, a criação de situações
transformador do espaço social. imaginárias surgem da tensão do indivíduo e a

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sociedade. O lúdico liberta a criança das amarras da propor que o educando seja capaz de fazer suas
realidade”. escolhas e de uma forma lúdica e agradável.
Estudar Geografia é um fator importante na vida
social dos alunos. Ajuda-os a entender a necessidade 2. METODOLOGIA
de conhecer o nosso espaço geográfico e a
compreender melhor o mundo. Mas, às vezes, a Os procedimentos metodológicos abordam
maneira que está sendo ensinada nas escolas, faz com aspectos qualitativos e quantitativos, aplicados no
que o aluno perca o interesse e crie dificuldades na colégio Maria das Dores Campos, na cidade de
aprendizagem. Catalão, Goiás, aos alunos do 8° ano “A” do ensino
O projeto proposto objetiva em utilizar materiais fundamental II no período matutino. A turma é
lúdicos que estão na fase de produção e estudo para composta por 20 alunos.
melhor compreensão e diversificação das estratégias Busca-se observar o espaço físico da escola, a
na forma de ensino na aula de geografia, como a dinâmica sócio interativa dos agentes para tornar a
construção de jogo da memória e fantoches, tornando atividade lúdica mais satisfatória. O entendimento
as aulas mais interessante trabalhando de uma forma com o professor também se torna de grande
que busque o interesse do aluno. importância para que seja planejada uma aula com
ALMEIDA (2002, p. 58) corrobora com essas objetivos claros e harmoniosos.
ideias destacando: “(...) que o projeto rompe com as O projeto destina-se na elaboração de um Jogo da
fronteiras disciplinares, tornando-as permeáveis na Memória, com o seguinte tema: “Regionalização do
ação de articular diferentes áreas de conhecimento, continente americano”. A América Latina é
mobilizadas na investigação de problemáticas e concebida a partir de duas principais divisões
situações da realidade”. regionais: uma obedece ao critério da localização e
Isso não significa abandonar as disciplinas, mas posição geográfica, outra obedece a critérios culturais
integrá-las no desenvolvimento das investigações, e econômicos. A primeira divide o continente em
aprofundando-as verticalmente em sua própria América do Sul, Central e do Norte. A segunda divide
identidade, ao mesmo tempo, que estabelecem em América Latina e Anglo-saxônica.
articulações horizontais numa relação de Tendo como critério a posição física dos
reciprocidade entre elas, a qual tem como pano de continentes no que se refere às suas respectivas
fundo a unicidade do conhecimento em construção”. latitudes e respeitando, ainda, as divisões político-
A geografia é uma disciplina que trata vivenciar nacionais, a América é dividida em América do
os fatos e compreender o espaço. A geografia está em Norte, Central e do Sul. A América do Norte é
nosso meio desde a pré-história, com os nômades, que composta por Estados Unidos, Canadá e México.
não tinham moradias fixa, e escreviam suas próprias A América Central é formada por Belize, Costa
rotas. Sendo assim, ele passou não só construir o Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua,
espaço geográfico mais também a compor e Panamá, Antígua e Barbuda, Bahamas, Barbados,
dinamizá-lo, conforme nos orienta ANDRADE Cuba, Dominica, República Dominicana, Granada,
(2008). Haiti, Jamaica, Santa Lúcia, São Cristóvão e Névis,
A sala de aula é desafiadora para o professor, e as São Vicente e Granadinas, Trinidad e Tobago.
vezes essa sala se torna uma sala enfadonha vista que Já da América do Sul fazem parte: Brasil,
se trabalha pelo ato de decorar textos e copiar as Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia, Peru, Chile,
atividades do livro no caderno. Porém com a Colômbia, Equador, Venezuela, Guiana, Guiana
metodologia de ensino correta essa realidade pode Francesa e Suriname.
mudar. Além da posição latitudinal, nota-se também a
O que temos em prática é uma educação que já configuração dos formatos do continente americano,
não satisfaz os alunos, que desmotivados, devido a notadamente marcado por duas grandes porções de
forma em que lhe é imposto o conteúdo, não os atrai terras ligadas por outra parte menor. Além disso,
para fazer com que ele possa não ser só um simples nessa divisão, cada parte encontra-se sobre uma placa
receptor mais também um aluno como agente ativo e tectônica distinta.
participativo do processo da sua aprendizagem e o
professor como agente na mediação entre o aluno e a A divisão sociocultural da América divide esse
busca por novos conhecimentos. continente em América Anglo-Saxônica e América
Evidentemente, o professor e seus materiais Latina. Na primeira região, encontram-se apenas
pedagógicos, como mediadores da aprendizagem, Estados Unidos e Canadá; na outra, todos os demais
precisam estar articulados com o a vivência e países do continente americano. É comum ouvir que
compreensão do aluno. É necessário romper com o os principais critérios dessa divisão são o idioma e a
tradicionalismo na forma de mediar as aulas, diversidade étnica.
devemos levar o aluno a estingar seus conhecimentos O Jogo da memória “Regionalização do
e querer conhecer o seu espaço, a sua comunidade e continente americano” está em fase de elaboração

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para ser aplicado em sala aula do 8º ano do Ensino 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Fundamental II no qual deverá ser produzido, 20
peças de madeira que contém: 10 com dicas de países Existem várias dificuldades vivenciadas pelos
que compõe o continente americano, 3 a respeito da professores de Geografia e dos alunos nos dias atuais,
língua falada, 2 com assuntos relacionados a as principais dificuldades enfrentadas é fazer com que
economia e 5 imagens de clima e vegetação. o aluno tenha prazer e boa compreensão no conteúdo
A atividade tem como objetivo promover o exposto, os fatores que auxiliam ao processo de
raciocínio lógico; revisar o conteúdo de aprendizagem.
regionalização, clima e vegetação do continente Portando esse trabalho tem como finalidade
americano através da associação de textos e imagens; mostrar que a interação do professor com os alunos é
propiciar um aprendizado lúdico e aumentar o fundamental para um bom desempenho escolar e de
interesse pelo tema. extrema importância para o desenvolvimento destes
Para elaboração do jogo, será necessário dentro e fora da escola.
também a confecção dos seguintes materiais: O emprego das estratégicas e do lúdico nas aulas
de geografia tem se mostrado de grande valor,
20 tacos mdf – medidas 12cm/ alt. 6cm/ larg, 4 principalmente pelo fato de não ser aquele
folhas de papel foto - para impressão de imagens e estudo/ensino maçante, próprio da geografia
dicas, Papel contact – transparente e personalizado, tradicional. Estudar a geografia de maneira menos
Livro didático e imagens retiradas da internet. expositiva e mais interativa.
É significativamente, mais prazeroso, pois a
Confeccionar os fantoches junto com a turma e interação entre aluno e conteúdo se torna mais eficaz
colocar cada grupo para apresentar um determinado do ponto de vista didático. A utilização do conteúdo
tema, explicando como se compõe a mais lúdico favorece o ensino, pois contribui para o
divisão: América do Norte, América Central e melhor ensino/aprendizagem do aluno.
América do Sul. No entanto, o continente americano As aulas práticas, interativas e lúdicas, nas quais
também pode ser dividido em América Anglo- os professores trabalharem mais do que somente a
saxônica e América Latina. teoria, mas principalmente a inserção do educando
Utilizar mapas como artes visuais como tática como agente modificador do meio ambiente e de seus
para atrair atenção do aluno. É uma ótima hora para recursos.
espalhar lápis, giz, tintas, cola e papel na mesa e Neste sentido, cabe a todos envolvidos no corpo
deixar a criatividade surgir e assim compreender a escolar trazer ferramentas que contribuam para o
divisão geográfica das terras no globo terrestre. ensino da geografia com conteúdo contextualizados e
que possam, de forma efetiva, agregar valores para a
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES formação de cidadãos críticos e reflexivos

O seguinte projeto está em processo de REFERÊNCIAS


desenvolvimento sendo revisitadas referências
bibliográficas que auxiliem na construção teórica. Os ALMEIDA. Como se trabalha com projetos
materiais necessários para a construção do jogo da (Entrevista). Revista TV escola, 2002.
memória também passam pela fase de criação com o
objetivo de ser aplicado brevemente pelos pibidianos ANDRADE, M. Geografia: ciência da sociedade.
no colégio Maria das Dores Campos. Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2008.
O que observamos nesta revisão bibliográfica
deixa muito evidente que a elaboração do ANTUNES, C. Novas maneiras de ensinar, novas
conhecimento através de ensino lúdico tem seus formas de aprender. Porto Alegre: Artmed, 2002.
resultados, e bem como a sua absorção está
diretamente ligada ao processo que leva o conceito, “DIVISÕES REGIONAIS DA AMÉRICA”.
isto é, que transmite as concepções do educador para Disponível em:
o aluno, independentemente do tema contemplado. https://alunosonline.uol.com.br/geografia/divisoes-
Figura-se assim o método de ensino lúdico, regionais-america.html. Acesso em 15 agosto de
método este que ampara-se nos conceitos de ensinar 2019.
e aprender e demonstra-se uma ferramenta de imensa PIAGET, J. A formação do símbolo na criança.
utilidade, posto que é algo que acompanha o aluno, Rio de Janeiro, RJ: Zahar, 1975.
sem a necessidade de grandes esforços para despertar
nela a vontade em querer se comprometer com a SANTOS, S. O lúdico na formação do educador.
causa final de conhecer, conceituar, aprender e Petrópolis-RJ: Vozes, 1997
porque não dizer ensinar.

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VYGOTSKY. L. S. A formação social da mente. “O(s) autor(es) é(são) o(s) único(s) responsável(is)
São Paulo: Martins Fontes, 1989. pelo conteúdo deste trabalho”.

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LETRAMENTO LITERÁRIO E ENSINO DA CULTURA INGLESA
ATRAVÉS DO HALLOWEEN

Carrijo, Silvana, silvana.carrijo@gmail.com


Guimarães, Giovana, guimaraessgiovana@gmail.com¹
Botelho, Thaís¹
Duarte, Amanda¹

¹Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Letras e


Linguística

Resumo: Esse relato visa a apresentar atividades de letramento literário e ensino da cultura inglesa realizado
por integrantes do subprojeto PIBID, do Curso de Letras Português e Inglês, intitulado “Literatura na sala de
aula: estratégias de leitura e escrita para o processo de letramento literário”1 implementado em turmas de 7°
ano do Ensino Fundamental, de um colégio público local, em que se objetivou a formação leitora através do
ensino da origem celta do Halloween abordando, inclusive, sobre sua disseminação pela Europa e América,
além dos significados que rodeiam os símbolos dessa comemoração para a sala de aula. Visando a uma
melhor efetuação da aula, foi utilizada a metodologia sócio-interativa teorizada por Vygostky em sua obra: “A
formação social da mente” (2007), segundo a qual o professor é um mediador entre os conhecimentos que os
alunos obterão. Além disso, foram apresentados contos de horror clássico, visto que o Halloween é
comumente associado ao macabro. Entre os resultados obtidos, observamos que apesar dos estudantes
conhecerem as festas e as comemorações do Halloween realizadas no dia 31 de outubro, eles não
apresentaram possuir um conhecimento acerca das origens dessa celebração ou mesmo dos símbolos
relacionados a ela: bruxas, fantasmas, abóbora, vampiro. Além de propiciar aos estudantes o conhecimento
necessário para compreender a história e cultura do Halloween, também foi realizada uma produção oral de
um conto coletivo entre os estudantes, produzido durante o final da aula, tendo em vista que um dos grandes
objetivos do subprojeto é o fomento do processo de letramento literário e formação do leitor de literatura da
Educação Básica.

Palavras-chave: Halloween. Letramento Literário. Literatura inglesa. PIBID.

_______________________________________________________________________________________

1
Subprojeto aprovado conforme Chamada Pública para Apresentação de Propostas ao Programa Institucional de
Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) – CAPES – Edital n. 7/2018.

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1. INTRODUÇÃO demonstrou interesse pelo conto, e nenhum
reconhecimento prévio da história. Ao finalizar,
anunciamos que se tratava de um conto do autor
O presente trabalho resulta da experiência de americano Edgar Allan Poe e o introduzimos em
intervenção docente de alguns discentes do Curso de uma breve apresentação com auxílio de slides que
Letras Português e Inglês da Regional Catalão-UFG, falavam sobre a vida e a obra deste escritor.
que atuam no subprojeto PIBID, intitulado
“Literatura em sala de aula: estratégias de leitura e Com o intuito de despertar o interesse dos
escrita para o processo do letramento literário”, com alunos pela leitura, levamos diferentes edições
intuito de promover o incentivo a literatura através contendo compilados de narrativas do autor que
de atividades lúdicas, introduzindo a cultura inglesa passaram de mão em mão pelos estudantes ao longo
para os alunos do ensino Fundamental II, turma de da aula.
sétimo ano de uma escola pública na cidade Catalão
do estado de Goiás. A seguir foi reproduzida uma animação do
conto de oito minutos que, inesperadamente, falhou
A aula ministrada no dia 31 de outubro de 2018 quando estava sendo executado. Para prosseguir com
dispôs da celebração internacional do Halloween a aula, uma das integrantes do grupo interferiu com
para contextualizar histórica e culturalmente as perguntas a respeito de como se daria a sequência e
raízes dessa comemoração que se vê imersa em a conclusão da história. Foi um momento de
vários países, incluindo aqueles não anglo- interação em que os estudantes demonstraram
saxônicos, como o Brasil. interesse pela obra e domínio da narrativa, que já
havia sido contada anteriormente.
A justificativa pauta-se no fato de que o
subprojeto em questão tem como finalidade precípua Em outro momento, contamos a história da
o letramento literário e a formação do leitor da origem do Halloween, remetendo à cultura celta e
Educação Básica, além da formação docente dos como ela foi disseminada pela Europa e,
graduandos em Letras. Para a realização deste posteriormente, para a América. Também foi
projeto, pautamo-nos em aportes teóricos como explicada a simbologia por trás de elementos
Nelly Novaes Coelho (1987) e Antônio Cândido clássicos dessa comemoração como o gato preto,
(2004). O objetivo geral foi contribuir para a fantasma, bruxas, abóbora, cemitério e o Jack da
formação do leitor por meio da cultura inglesa, lanterna.
introduzindo a origem do Halloween e os
significados por trás das simbologias com as quais Para finalizar a aula, levamos em consideração
essa comemoração é comumente associada. Schneuwly (2004, p. 128) ao afirmar que “nem toda
atividade de produção deve, forçosamente, dar lugar
a uma aprendizagem tão sistemática quanto a que se
tem em vista nas sequências, e que deve ser deixado
2. PRÁTICA EM SALA DE AULA um espaço para atividades mais informais e menos
exigentes em termos de tempo” e propusemos que a
Foram agrupadas duas turmas de sétimo ano turma criasse a sua própria história de terror
para o desenvolvimento da aula em questão, coletivamente.
utilizando dois horários que totalizaram uma hora e Os minutos restantes foram dedicados a esta
quarenta minutos de duração. produção em que um dos alunos dava início à
Em um primeiro instante, os estudantes história e o próximo a continuava, complementando
reuniram-se em um meio círculo na sala para conforme sua criatividade até que todos tivessem
facilitar a interação entre alunos-pibidianos. contribuído para a construção da história. Uma das
Introduzimos o assunto com breves questionamentos condições estabelecidas era que os estudantes
acerca do que a classe sabia sobre histórias de terror deveriam empregar na narrativa alguns dos símbolos
e sobre o Halloween. Failla (2016, p. 90) aponta que do Halloween que já haviam sido abordados
“revela-se cotidianamente uma necessidade de não anteriormente. Em adição, utilizamos elementos
ler apenas para si mesmo, mas com outros jovens, audiovisuais: luz apagada, música de suspense e
compartilhando a leitura idealizada, buscando lanternas.
identificações, coletivizando a fruição.”. Nessa etapa, um dos grandes desafios foi manter
Pensando nisso, utilizamos o conto “Gato Preto” uma ordem na história para que houvesse coerência
(1843) de Edgar Allan Poe, relatando-o como uma e estimular a participação de todos os alunos, pois
lenda de terror conhecida por uma das pibidianas. muitos deles demonstravam timidez quando chegava
Durante a narrativa percebemos que a turma sua vez de contribuir com a criação da narrativa.
Além disso, procuramos incentivá-los fomentando

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ideias que poderiam ser utilizadas na história ou assim, conseguimos avaliar as dificuldades e
incentivar os colegas a ajudar aqueles com facilidades, além da criatividade da turma em criar
dificuldade. A desorganização foi outro fator que as próprias histórias e desenvolver um trabalho em
dificultou a execução da atividade, mas apesar dos grupo.
contratempos, a história e a aula foram finalizadas
com sucesso. Consideramos que a recepção dos alunos com a
temática foi positiva, visto que ao final das
atividades, vários estudantes conversaram com os
responsáveis por ministrar a aula, elogiando o tema
3. METODOLOGIA abordado e as dinâmicas praticadas em sala.

A metodologia escolhida que melhor


beneficiaria a aula foi a sócio-interativa de Lev 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Vygotsky: A formação social da mente (2007, p. 87-
106), pois no contexto da educação, almeja o ato do
professor em assumir o papel de mediador para Concluímos que a iniciativa do PIBID é de
estimular avanços que não ocorreriam grande importância para a formação do discente
espontaneamente. como futuro professor e também para os alunos de
escolas públicas, visto que “[...] A literatura deve ser
Para a realização do projeto, o nosso corpus foi encarada como um saber necessário e não reduzido a
pautado nos seguintes aportes teóricos: Coelho apêndice da disciplina de língua portuguesa, quer
(1987); Santino (1994); (Silva) (2006) e utilizamos pela sobreposição à simples leitura no ensino
como corpus literário o livro de Edgar Allan Poe, fundamental, quer pela redução da literatura à
Medo clássico: coletânea inédita de contos do autor história literária no ensino médio”.
(2017). (BRANDILEONE, OLIVEIRA, 2017) Logo, a
literatura pode abordar múltiplas temáticas e, como
foi retratado no presente relato, inclusive
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO comemorações populares, pois abrange variados
aspectos culturais e históricos da sociedade.

Dentre os resultados, verificaram-se Esse primeiro contato com a turma não deixou
contribuições com o processo de letramento literário apenas os estudantes animados, como também nós,
dos alunos das turmas do Ensino Fundamental com os futuros professores, pibidianos, visto que a
que trabalhamos, através da demonstração da origem recepção positiva do trabalho fomentou ideias do
do Halloween, associação dos símbolos da que poderá ser trabalhado em aulas e sequências
celebração aos seus significados e, por fim, a criação didáticas futuras, levando em consideração as
de um conto oral com a turma que estimulou o estratégias bem sucedidas e também os problemas
trabalho coletivo. ocorridos e nossas percepções de como evitá-los em
outras aulas ministradas.
Através da aula ministrada, percebemos que
apesar do Halloween ser muito conhecido, os alunos
participantes possuíam pouco conhecimento acerca REFERÊNCIAS
das verdadeiras origens e acepções dessa
comemoração e assim, conseguimos não só explicar
os aspectos gerais do Halloween, como também BRANDILEONE, Ana Paula Franco Nobile e
desmistificar ideias equivocadas sobre comemoração OLIVEIRA, Vanderléia da Silva. O lugar do PNBE
celta ter ligação com elementos obscuros e e do PIBID na e para a formação de leitores.
macabros. Estud. Lit. Bras. Contemp. [online]. 2017, n.50,
p.311-329
Entre as dificuldades encontradas, observamos
os imprevistos com o datashow, falta de atenção da CANDIDO, Antonio. Vários Escritos. 4ª ed. Rio de
turma em certos momentos e a dificuldade de Janeiro: Ouro sobre azul. São Paulo: Duas cidades,
despertar a atenção de toda a turma continuamente, 2004.
do começo ao final da aula. Todavia, foi possível a
COELHO, Nelly Novaes. O Conto de Fadas. 1ª
conclusão da aula sem maiores impedimentos.
ed. São Paulo: Ática, 1987.
A produção do conto oral foi de extrema FAILLA, Zoara (Org.). Retratos da leitura no
importância, visto que esse foi nosso primeiro Brasil. 4 ed. Rio de Janeiro: Sextante, 2016. p. 90.
contato com a sala na posição de professores, e

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POE, Edgar Allan. Medo clássico: coletânea inédita brasileiros. 2ª ed. Rio de Janeiro: Ciência Moderna;
de contos do autor. Tradução de Marcia Heloisa 2006.
Amarante Gonçalves. 1° ed. Rio de Janeiro:
VIGOTSKI, Lev Semionovich. A formação social
DarkSide Books, 2017.
da mente. 7ª ed. São Paulo: Martins Fontes; 2007. p.
SANTINO, Jack, Editor. Halloween and Others 87-106.
Festivals: Death and Life. 1° ed. Knoxville: The
University of Tennessee Press, 1994.
SCHNEUWLY, Bernard. Et al. Gêneros orais e
escritos na escola. In: Dolz, Joaquim et al. (Orgs.). RESPONSABILIDADE AUTORAL
Sequências didáticas para o oral e a escrita:
Apresentação de um procedimento. Campinas, SP:
Mercado de Letras, 2004. p. 128. As autoras são as únicas responsáveis pelo
SILVA, Alexander Meireles da. Curso complete de conteúdo deste trabalho.
Literatura e Cultura Inglesa para estudantes

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MONITORIA EM CLIMATOLOGIA DINÂMICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Rodrigues, Rafael de Ávila, Rafael.avila.roodrigues@gmail.com

Santos, Natália Souza, natysouza77@hotmail.com1


1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Geografia

Resumo: Este trabalho constitui o relato de experiência das atividades de monitoria acadêmica realizadas na
disciplina de Climatologia Dinâmica, do curso de Geografia para ser submetido ao V Congresso de Pesquisa,
Ensino e Extensão da Universidade Federal de Goiás – III Mostra de Monitoria Acadêmica. Está sendo cursada
no primeiro ano da graduação de Geografia, no segundo semestre letivo, sendo núcleo obrigatório para a
modalidade bacharelado. A monitoria é uma modalidade de ensino e aprendizagem que contribui para a
formação integrada do aluno nas atividades de ensino, pesquisa e extensão dos cursos de graduação. A
monitoria tem o papel de desenvolver habilidades e interesse do aluno monitor para carreira acadêmica, da
mesma forma os alunos monitorados têm um suporte nas dificuldades e dúvidas que possam vir a ter em virtude
da disciplina cursada. O monitor auxilia em aulas práticas, exercícios de fixação e dúvidas. Com a prática
dessas atividades, o monitor amplia seus conhecimentos através de diálogos e leituras de textos obtendo
experiências ao auxiliar os alunos.

Palavras-chave: Climatologia Dinâmica; Monitoria; Geografia.

__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO

dedicação no acompanhamento de alunos de


A disciplina de Climatologia Dinâmica, baixo rendimento.
ministrada no Departamento de Geografia da
Universidade Federal de Goiás, é composta de aulas A monitoria é a modalidade de
teóricas e práticas, compostas por temáticas como: ensinoaprendizagem dentro das necessidades da
Dinâmica atmosférica planetária; gênese do clima; formação acadêmica destinada aos alunos da
Sistemas produtores do tempo: centros de ação: Universidade. O Programa de Monitoria tem como
positivo e negativo; massas de ar; mudanças e objetivos despertar nos alunos envolvidos o interesse
variações climáticas considerando tempo geológico e pela docência e pelo desempenho das atividades
tempo histórico; etc. ligadas ao ensino, por meio da participação em
diversas funções da organização e desenvolvimentos
De acordo com Nascimento (2010), o monitor é o das disciplinas dos cursos e da apropriação de
graduando que auxilia o professor orientador na habilidades em atividades didáticas (Prograd, 2018).
elaboração e correção de atividades e os discentes em
dificuldades nas matérias específicas trabalhadas em O programa de monitoria acadêmica gera
sala de aula, também é aquele que realiza tarefas nas grandes oportunidades para os graduandos em
áreas de ensino e pesquisa. Podendo atuar apenas no diversas áreas na Universidade Federal de Goiás
âmbito das disciplinas já cursadas. (UFG). É feito um processo seletivo e o aluno deve
atender a todas as normas requisitadas: média em
Assim, os monitores têm como atribuições todas disciplinas maior ou igual a 6,0; e jornada de
auxiliar em atividades didáticas, auxiliar o professor trabalho de 12 horas semanais.
no desenvolvimento e planejamento de aulas; auxiliar
os trabalhos aplicados pelo professor e acompanhar Pode-se afirmar que a monitoria é um instrumento
atividades dentro e fora da sala de aula; demonstrando de ensino e aprendizagem para todos os envolvidos no
uma boa eficácia na transmissão do conhecimento e processo formativo: docente e discentes, em especial
ao discente monitor. Além de desenvolver a
competência pedagógica no aluno/monitor que
participa do programa e auxiliar os discentes na
produção do conhecimento, ajudando-os a melhorar

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seu desempenho na disciplina envolvida (Schneider estudado na graduação e amplia seu conhecimento a
2006). respeito da Climatologia.
Para Schneider (2006), o trabalho de monitoria é
compreendido como uma atividade formativa de 3. METODOLOGIA
ensino que entre outros objetivos pretende: a)
contribuir para o desenvolvimento da competência Na Universidade Federal de Goiás, Regional
pedagógica; b) auxiliar os acadêmicos na apreensão e Catalão, a disciplina de climatologia dinâmica, do
produção do conhecimento; c) possibilitar ao curso de Geografia, sendo uma matéria de núcleo
acadêmico monitor certa experiência com a orientação possui um programa de monitoria disponível para os
do processo ensino aprendizagem. discentes que cursam a matéria, sendo um total de 12
horas semanais dedicadas à atividade. O monitor
esclarece as dúvidas de aulas práticas e teóricas. A
monitoria foi oferecida no segundo semestre de 2019.
2. RELATO DE EXPERIÊNCIA
(RESULTADOS) Um ponto de importante destaque é ressaltar que
durante a monitoria há um compartilhamento de
informações, tanto as que parte da monitora que já está
Percebe-se que o Programa de Monitoria oferece a frente dos alunos ingressantes, do
uma oportunidade de melhora de rendimento a alunos professor/orientador que auxilia, dialoga e media o
com dificuldades na disciplina, visto que a monitoria conhecimento entre a monitora e os alunos, como
não é algo obrigatório para os alunos, assim abre a também por parte dos alunos que trazem suas
oportunidade para sanar dúvidas e maiores concepções e suas vivências. Além da experiencia do
rendimentos na disciplina. monitor em um exercício de docência.
O objetivo principal da monitoria foi de promover Os encontros da monitoria portanto consistem em
assistência ao processo de ensino e aprendizagem, sob esclarecer dúvidas e auxiliar o professor na orientação
a supervisão do professor orientador, atuando com formativa dos alunos, em um planejamento de
benefícios principalmente em três frentes: atividades, feito pelo aluno, juntamente com o
aprendizado individual, auxílio ao professor e amparo orientador;
aos alunos de baixo rendimento.
No início da disciplina o monitor realizou revisão
bibliográfica em livros e textos sobre os assuntos a) Auxiliar estudantes
abordados pela disciplina, para assim ter mais de baixo
embasamento teórico para a orientação dos discentes rendimento;
de Climatologia Dinâmica. Foram disponibilizadas 8 b) Auxiliar o professor(a) nas aulas
horas semanais, sendo dois dias da semana, cada um práticas e teóricas;
com 4 horas, para atendimento aos discentes, sendo c) Auxiliar o professor(a) no processo
que as 4 horas semanais restantes que totalizam 12 de verificação de aprendizagem;
horas obrigatórias, foram direcionadas para reuniões d) Auxiliar o professor(a) na
com a orientadora. organização de trabalhos e eventos
acadêmicos;
Os atendimentos foram realizados para o
esclarecimento de dúvidas nos exercícios de fixação, e) Auxiliar o professor(a) na
auxílio na confecção de trabalhos e revisões anteriores orientação de alunos em trabalhos e
às avaliações. Envolvendo com maior frequência, eventos acadêmicos.
assuntos sob sistemas atmosféricos; Cartas sinóticas e
imagens de satélite: leitura e análise; Variação das Além destas já estabelecidas no plano pela
condições climáticas no tempo geológico; e COGRAD – Coordenação de Graduação, o orientador
circulação geral da atmosfera. Principalmente quando pode especificar outras atividades que queira está
a temática da aula se tratava de dados meteorológicos realizando com o monitor nos atendimentos. Desde
e/ou climáticos, aonde utilizava-se de sites como: que se encaixem nas doze horas semanais de trabalho
INMET, CLIMATEMPO, CPTEC, EARTH NULL da monitoria, não podendo de nenhuma maneira
SCHOOL etc. exceder esta quantidade de horas.
Evidente que há dúvidas que o monitor não possa
resolver, deixando claro a vitalidade da presença do 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
docente em sala de aula. Durante o período de
vigência da monitoria, o monitor revê os assuntos já

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A participação do programa de monitoria UFG). Bolsa de Monitoria. Disponível em:
possibilitou obter maior conhecimento sobre os http://monitoria.prograd.ufg.br/pages/49344-bolsade-
assuntos relacionados à disciplina de Climatologia monitoria.
além de progressão acadêmico-científica.
De acordo com Edital do programa de monitoria RESPONSABILIDADE AUTORAL
da Universidade Federal de Goiás, observa-se que as
atividades realizadas durante o semestre atendem aos
objetivos do programa de monitoria, possibilitando “Os autores são os únicos responsáveis pelo conteúdo
assim ao monitor o desenvolvimento de capacidades deste trabalho”
de análise e crítica, incentivam o estudante monitor a
adquirir hábitos de estudo, interesse e habilidades para
a docência
Assim, conclui-se que o papel do monitor é de
fundamental importância para o maior rendimento dos
discentes, principalmente no auxílio de trabalhos, por
já ter passado pela mesma experiência anteriormente.
Para o monitor, é uma oportunidade de obter mais
conhecimento na área de atuação da monitoria, além
de despertar o interesse pela carreira docente,
contribuindo para a formação acadêmica do monitor.

REFERÊNCIAS

SCHNEIDER, M.P.S.P. Monitoria: instrumento


para trabalhar com a diversidade de conhecimento
em sala de aula. In Revista Eletrônica Espaço
Acadêmico, v. Mensal, p.65.2006. Disponível em:
Acessado em 2019.

UFG. Universidade Federal de Goiás. RESOLUÇÃO


CEPEC N° 1190 DE 2013. Cria o
Programa de Monitoria da UFG, fixa os objetivos e
estabelece as estruturas de funcionamento da
Monitoria na UFG, e revoga a Resolução CEPC N°
242/85. Disponível em:
https://monitoria.prograd.ufg.br/up/483/o/Resolucao
_CEPEC-1190_-
_Aprova_Programa_de_Monitoria_da_UFGRevoga_
242_-_PROGRAD.pdf. Acesso em: 2018.
NASCIMENTO, C.R; SILVA, M. L. P.; SOUZA, P.
X. Possíveis Contribuições das Atividades de
Monitoria na Formação dos EstudantesMonitores
do Curso de Pedagogia da Universidade Federal de
Pernambuco – UFPE. Pernambuco: Universidade
Federal de Pernambuco,
2010. Disponível em:
https://www.ufpe.br/ce/images/Graduacao_pedagogi
a/pdf/2010.1/possveis%20contri
buies%20das%20atividades%20de%20monitoria%2
0na%20forma.pdf. Acesso em:2019.
PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO (PROGRAD-

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Mostra do PROLICEN

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A CONSTRUÇÃO DAS CONCEPÇÕES E ESTIGMAS DA
SEXUALIDADE NA ADOLESCÊNCIA
Machado, Gleyce Alves, machadoga@gleyce.bio.br
Oliveira, Elane Andrade de, elaneandrade.oliver@gmail.com1
Vigário, Ana Flávia1
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Biotecnologia.
Resumo: O objetivo desta pesquisa foi identificar as concepções de alguns alunos sobre a sexualidade na
adolescência. Foi feito um levantamento bibliográfico sobre as mudanças físicas, psicológicas e
comportamentais que ocorrem na adolescência para a elaboração do plano de trabalho e a observação da
rotina escolar, para que pudéssemos perceber o cenário e os alunos da escola, as formas de interações entre
alunos e professores, além da prática pedagógica. Um questionário contendo perguntas objetivas e discursivas
foi aplicado em duas turmas de ensino médio (1° e 2° ano do turno matutino). Ao total, participaram da pesquisa
30 alunos/as. Todos/as assinaram o Termo de Assentimento, conforme aprovado pelo Comitê de Ética. Foram
feitas a análise quantitativa das questões objetivas e a análise de conteúdo das questões abertas. Todas as
respostas foram digitadas no Excel, para facilitar a análise dos dados. Foi perceptível que os sujeitos da
pesquisa têm dúvidas quanto ao assunto de gênero e sexualidade, demonstrando a necessidade de continuação
do projeto, para que os alunos/as alcancem uma aprendizagem significativa. Além disso, quanto à questão da
violência sofrida por homossexuais, travestis, transexuais e pessoas de outros gêneros, a maioria das respostas
afirmou que devemos aceitar as escolhas das pessoas e que a homofobia é falta de respeito, pois devemos aceitar
as diferenças existentes entre os seres humanos.
Palavras-chave: Adolescência, Educação, Gênero, Sexualidade.

__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO experimentações dessa faixa etária possibilitam uma


maior exposição às violências e aos comportamentos
A adolescência compreende uma fase de de riscos, tais como o abuso de álcool e de outras
mudanças físicas, psicológicas e comportamentais. drogas, que podem resultar em uma maior
Essa fase, segundo a UNICEF (2011), tem início suscetibilidade às infecções sexualmente
entre os 10 e 14 anos de idade e final entre os 15 e 19. transmissíveis e em uma gravidez não desejada”
(OPAS/OMS, 2017).
Nessa fase, as transformações físicas começam a
desabrochar, com uma rápida aceleração do Nesse sentido, apesar de ser um assunto que está
organismo, seguida pela evolução dos órgãos sexuais evidente nos meios de comunicações, a temática
e das especificidades sexuais secundárias. Nesse sobre sexualidade continua sendo uma questão
patamar, as mudanças físicas fundamentais já necessária na educação, de forma a conscientizar os
ocorreram normalmente, mesmo que o corpo ainda adolescentes, por exemplo, de que uma relação sexual
esteja em transformação. O cérebro continua a se desprotegida pode acarretar sérias doenças
estabelecer e a se reorganizar, tornando o indivíduo sexualmente transmissíveis e que uma gravidez
apto para exercer a capacidade de fazer sua própria precoce pode, muitas vezes, levar a conflitos
psicológicos com familiares, abandono dos estudos e
análise e reflexão, chegando a ter mais clareza e
dificuldade para ingressar no mercado de trabalho
certeza sobre sua identidade e concepções.
(BRITO, 2017).
A Organização Mundial da Saúde e a Portanto, é fundamental priorizar a educação
Organização Pan-Americana da Saúde (2017) sexual, pois há uma preocupação com a
mencionaram em publicação que “a adolescência é vulnerabilidade dos adolescentes, tendo em vista os
uma época de descobertas, onde as pessoas casos de gravidez na adolescência, que estão sujeitos
geralmente buscam autonomia sobre decisões, a complicações “tais como hemorragia, sepse,
emoções e ações. Trata-se, dessa forma, de um obstrução do trabalho de parto e complicações
momento de exploração intensa das identidades decorrentes de abortos inseguros”, que são “a
sexuais e de gênero” e que “as buscas e principal causa de morte entre meninas de 15 a 19

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anos”, de acordo com a (OMS, 2017). Em relação à Neste trabalho, foi aplicado o questionário sobre
DSTs, a Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo gênero e sexualidade apenas após a observação
aponta que “as ocorrências de sífilis por transmissão participante da rotina escolar, que foi feita um dia por
sexual cresceram 603% em seis anos. O salto foi de semana durante todo o 2º semestre letivo de 2018 e
2.694 casos em 2007 para 18.951 casos em 2013. Em parte do 1º semestre de 2019, nas turmas de ensino
outros estados, o panorama não é menos preocupante. médio da escola já citada. Nessa observação, foram
Em 2013 e 2014, Acre, Pernambuco e Paraná
estabelecidos momentos de contato com o cotidiano
registraram crescimento de 96,1%, 94,4% e 63,1%,
escolar em situações variadas, como visitas de
respectivamente” (BERNARDO, 2018).
observação e participação em eventos das escolas,
Um projeto de intervenção, com uma abordagem para que os/as pesquisadores/as pudessem perceber o
estratégica para trabalhar a temática da sexualidade cenário e os/as alunos/as da escola, as formas de
na adolescência no eixo educacional, poderá interações entre alunos/as e professores/as e como a
colaborar para uma maior sensibilização e prática pedagógica ocorre no local. Foram registradas
conscientização sobre sexualidade, além de discutir a dinâmica da sala de aula, momentos de intervalos
sobre questões sociais, culturais, emocionais e das aulas, recreio, horários de entrada e saída dos
comportamentais.
alunos.
A princípio, no projeto de ensino do Prolicen
(Programa de Bolsas de Licenciatura) tinha os No questionário, constavam perguntas
seguintes objetivos: identificar as concepções dos discursivas, que tinham o intuito de entender as
alunos sobre sexualidade na adolescência; discutir percepções dos alunos sobre o assunto, e questões
aspectos sociais, emocionais, culturais e fechadas, com alternativas.
comportamentais da adolescência; conscientizar os
alunos sobre sexualidade na adolescência; discutir O instrumento de coleta de dados utilizado – o
sobre os riscos de uma gravidez precoce e das questionário – foi aplicado em duas turmas de Ensino
doenças sexualmente transmissíveis; apresentar a Médio da escola, sendo uma turma de 1º ano, com 18
gravidez como processo biológico e os aspectos alunos/as, e outra de 2º ano, com 12 alunos/as. No
sociais e culturais envolvidos; ajudar os alunos a questionário havia 12 questões, entre objetivas e
compreender as questões de gênero e da sexualidade; discursivas. Todos/as os/as participantes assinaram o
e criar e desenvolver sequências didáticas com Termo de Assentimento da pesquisa, de acordo com
atividades práticas. Entretanto, devido às paralisações o projeto aprovado no Comitê de Ética pelo Parecer
das atividades nas escolas e às diferenças de nº 2.611.472. Os questionários receberam códigos
calendário entre a Universidade e as escolas públicas, alfanuméricos, para preservação da identidade dos
cujas dissonâncias impossibilitaram maiores sujeitos da pesquisa. As respostas foram digitadas em
incursões no cotidiano escolar, foi necessário ater
uma planilha Excel para facilitar a análise dos dados.
somente à identificação das concepções dos
estudantes sobre questões relacionadas à sexualidade, A partir das respostas, foram realizadas a análise
ao corpo e à saúde na adolescência. quantitativa das questões objetivas e a análise de
2. METODOLOGIA conteúdo das questões abertas. Essa análise de
conteúdo foi baseada nos princípios de Bardin (2011,
O projeto de pesquisa foi aceito e aplicado no p. 125), o qual afirma que a análise de conteúdo se
colégio público Instituto de Educação Matilde organiza em três etapas: “a pré-análise; a exploração
Margon Vaz, de Catalão/GO, por se tratar de uma do material; o tratamento dos dados, a inferência e a
instituição que já recebe licenciandos da UFG para interpretação”. Os resultados estão apresentados na
Estágio Curricular Obrigatório. Quando a pesquisa seção a seguir.
foi apresentada para essa Escola, a Direção firmou o
Termo de Anuência, previsto pelo Comitê de Ética, 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
permitindo que a pesquisa fosse realizada com as
turmas de Ensino Médio, turno matutino. No plano de Participaram desta pesquisa um total de 30
trabalho constava que o projeto seria realizado em pessoas, com idade média de 16 anos, todos/as
duas escolas da rede pública, mas não foi possível moradores/as de Catalão, Goiás. Dessa amostra, 19
devido aos motivos citados ao final da Introdução. pessoas moram com mais de duas pessoas da família;
Como contrapartida, em vez de o projeto ser aplicado seis vivem com apenas um familiar; dois estudantes
somente em uma série do ensino médio, como moram com o/a respetivo/a namorado/a; e uma
previsto anteriormente, foi aplicado em duas. pessoa mora sozinha.

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Na primeira questão, foi perguntado se eles/as Eles sofrem muito, as pessoa não respeita.
tinham dúvidas sobre identidade de gênero e (1B18)
sexualidade e quais seriam essas dúvidas. Todos/as
os/as participantes afirmaram não ter dúvidas sobre Acho ridículo pois você não tem controle por
esses temas. Contudo, é necessário destacar a quem você vai sentir atração. E quando você vira gay
seguinte resposta: outra coisa você não está virando alienígena. (2A03)

Não tenho dúvidas sobre os termos mais Duas pessoas não responderam a essa questão, e
utilizados (LGBTQ+), mas tenho dúvidas sobre não- duas pessoas apresentaram respostas vagas, que
binários. (1B13) fugiam ao tema que foi pedido.

Essa afirmação indica que as classificações A terceira questão de caráter fechada, perguntava
utilizadas pelos grupos LGBTQI+ (lésbicas, gays, sobre os métodos contraceptivos que os/as alunos/as
bissexuais, travestis e transexuais, queer, intersexuais utilizam ou já utilizadas. Foram encontrados os
e outras variantes) geram dúvidas devido à seguintes dados: 12 alunos/as usavam pílula
diversidade de identidades possíveis que podem ser anticoncepcional; dez usavam preservativos
assumidas por uma pessoa. Entretanto, foi percebido masculinos, cinco já utilizaram injeção; cinco
que a vasta possibilidade de identidades tem sido afirmaram que nunca utilizaram métodos
representada na sigla LGBTQI+, buscando dar contraceptivos; e uma pessoa tinha utilizado o DIU.
visibilidade e voz aos sujeitos tão marginalizados e Não foram encontradas respostas de pessoas que já
apagados em uma sociedade heteronormativa e tivessem usado preservativos femininos e adesivo.
machista (REIS, 2018). Na quarta pergunta, foi perguntado sobre a
Na questão seguinte, foi perguntada a opinião frequência de uso de preservativos, foram
dos/as alunos/as sobre a violência sofrida por encontradas nove respostas em que as pessoas
homossexuais, transexuais, travestis e pessoas de indicaram que nunca utilizam ou utilizaram
outros gêneros. Na resposta, 11 pessoas da amostra preservativos; nove em que as pessoas indicaram que
indicaram que nós devemos aceitar a escolha da utilizam uma vez ou outra; apenas sete em que
pessoa e respeitar as diferenças, como comprovam as indicaram que utilizam todas as vezes; e três em que
seguintes falas: indicaram que utilizam preservativos dependendo
do/a parceiro/a.
Acho que tem que deixar a pessoa ser do jeito que
ela quer. Se ela tá feliz já importa. (1B17) Na quinta questão, perguntamos se ele/as ficam
acanhados/as quando vão a algum estabelecimento
Não concordo com nenhum tipo de agressão, comprar preservativos. Foram obtidas as seguintes
pois eu acho que todos tem o direito de ser feliz com respostas: 16 dos/as participantes não ficam
suas escolhas. Todos temos que respeitar o gosto de acanhados/as; cinco ficam pouco acanhados/as; e
cada um. (2A09) cinco ficam muito acanhados/as; apenas uma resposta
afirmando que fica muito pouco acanhado/a. Como
Dez pessoas da amostra indicaram que a opinião justificativa, foram apresentadas as respostas a seguir.
delas sobre a violência implica que a homofobia é
falta de respeito, é não aceitar as pessoas como elas Pois é um meio de se prevenir, e não tem precisa
são e as diferenças entre os seres humanos, como ter vergonha. (2A05)
pode ser comprovado nas respostas a seguir:
Porque é normal. É uma coisa que vou usar para
Que é uma falta de respeito com a sociedade, preservar minha saúde, não tem por que ter
devemos respeitar e tratar normalmente cada pessoa vergonha. (2A07)
com seu próprio gênero escolhido. (1B12)
A fia fica me olhando. (2A12)
Assim como qualquer ato de violência é
inaceitável e tem que haver punição e reeducação da A seguinte questão foi fechada. Perguntamos
sociedade. (2A04) quais doenças sexualmente transmissíveis eles/as
conheciam. Dentre as respostas, 27 pessoas da
Outras pessoas, ainda, relacionam esse tipo de amostra conheciam a Aids; 19, HPV; 18, herpes; 18,
agressão a sentimento de tristeza e sofrimento, como sífilis; 16, gonorreia; 16, candidíase; sete, clamídia; e
apresentado a seguir. uma, linfogranuloma venéreo. Não houve resposta
para cancro mole.

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A sétima pergunta questionou se eles sabiam Dentre as 26 respostas, duas pessoas afirmaram
como o vírus HIV é transmitido. Do total, 26 pessoas já ter um/a filho/a:
marcaram a opção ‘sexo sem camisinha com a pessoa
infectada’; 14, ‘compartilhamento de seringas’; 11, Já tenho um. Particularmente, sigo minha vida
‘contato direto com o sangue’; cinco, ‘beijo’; quatro, normalmente, porém com mais responsabilidades.
‘contato íntimo com preservativo’; três, ‘partilha de (2A07)
roupa íntima’; e uma, ‘durante a amamentação’. Não Mudou minhas amizades, não saio mais como
houve resposta para a opção ‘aperto de mão’. Uma saía antes, não frequento os mesmos lugares de antes.
pessoa não respondeu a esta pergunta, e duas pessoas (1B10)
disseram que conheciam outras formas de
transmissão, como pode ser visto nas falas a seguir: Duas pessoas apresentaram respostas vagas, que
não atendia à proposta da pergunta. Apenas uma
Contato com secreção do infectado. (2A04) pessoa disse que nada mudaria na sua vida:
Através do contato direto com secreção. (2A05) Nada, porque ter um filho não é doença. (1B08)
A questão oito perguntava o que ele/as fariam Somente uma pessoa não respondeu a essa
caso tivessem um/a filho/a agora. Dentre as respostas, pergunta.
23 alunos/as disseram que teria ou cuidaria da
criança. Dentre essas respostas, duas escreveram o Na questão seguinte, foi perguntado a eles/as
seguinte: quem os/as apoiaria e ajudaria a criar seu/sua filho/a.
Como resposta, 17 pessoas disseram que a família ou
Eu já tenho um filho, e eu cuido dele com todo o pai da criança; dez pessoas disseram que a mãe ou
amor e carinho que eu posso. (1B10) a avó. Apenas três pessoas não responderam a essa
Já tenho um. Particularmente, sigo minha vida pergunta.
normalmente, porém com mais responsabilidades. Foi perguntado o que pensavam sobre o abordo
(2A07) na questão onze. Do total, 19 alunos/as acham errado
Ainda sobre essa pergunta, três pessoas disseram e não concorda com o aborto, como pode ser
que não saberia o que fazer caso tivessem um/a identificado nas respostas abaixo:
filho/a. Apenas uma pessoa não respondeu a esta Eu não sou a favor. Pois eu acho que o feto não
pergunta; uma pessoa apresentou resposta vaga tem culpa. (1B02)
quanto ao tema pedido; e duas disseram que
abortariam, como pode ser visto a seguir: Completamente errado, está matando uma vida,
não importa se a pessoa quer ter o filho ou não.
Sinceramente, abortaria. Eu não tenho condições (1B12)
de ter um filho agora, não só financeiramente, e acho
melhor não ser mãe do que ser uma mãe ruim. (1B13) Não deveria existir o aborto, pois existe muitos
métodos para não engravidar. (2A08)
Abortaria. (2A02)
Sou contra ao aborto, pois a vários métodos de
Na questão nove, foi perguntado aos prevenir durante a relação sexual. (2A09)
participantes o que mudaria na vida deles/as com a
chegada de um filho/a. Dos 30 participantes da Outras cinco pessoas disseram que concordam
pesquisa, 26 responderam que sua vida mudaria, às com o aborto, conforme as respostas a seguir:
vezes por completo, como exemplificam os trechos
Eu sou a favor da legislação, pois eu acho que as
abaixo:
mulheres devem ter o direito de escolher o que fazer
Eu iria me tornar mais responsável eu acho, iria com seu corpo. Inclusive, como eu disse antes é
afetar bastante meus estudos. (1B12) melhor não ser mãe do que ser uma mãe ruim. Deve
ser muito ruim ver seu filho passando dificuldades e
Tudo. Desde a vida acadêmica até a social. não ter suporte para ajudar. Além do mais, não acho
(1B13) adoção muito viável, pois tem crianças demais
Tudo, responsabilidade, estabilidade financeira, abandonadas. O aborto acontece de qualquer forma,
o tempo, tudo iria mudar. (2A11) a legislação só tornaria isso seguro e menos
traumático. (1B13)

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Um direito que todas as mulheres deveriam ter, Duas pessoas disseram que é falta de vergonha na
pois não dá para proibir o aborto, mas estão cara ou burrice. Apenas uma pessoa apresentou
proibindo o aborto seguro. Todos temos consciência resposta fora de contexto; uma pessoa disse que não
do que fazemos e sabemos das consequências. (2A04) sabe; e, por fim, uma pessoa disse que não tem
explicação para o abandono.
Outras duas pessoas disseram que concordam
com o aborto, mas somente em caso de estupro: Os resultados acima descritos traduzem a
importância de discutir a temática de gênero e
Depende do caso e de como for. Se for caso de sexualidade na escola. Da mesma forma, Silva (2019,
estupro, tudo bem, agora se for feito por vontade p. 427) afirma que
mesmo, acho errado. (1B17)
As temáticas de gênero e sexualidade na escola
Apoio apenas quando é estupro. (2A06) estão envoltas em vários entrelaçamentos. Na escola,
Apenas duas pessoas não responderam a essa se há não muito tempo o debate sobre sexualidade era
pergunta, e uma pessoa respondeu que depende da restrito a questões biológicas e de saúde, hoje
pessoa: Depende da opinião e da pessoa (2A03). percebemos a necessidade de se incluir questões
voltadas para a diversidade. Assim, a discussão sobre
Na última questão, foi perguntado sobre o que a construção sócio histórica das relações de gênero e
leva uma pessoa (independente do gênero) a sexualidade passam a habitar o espaço escolar,
abandonar seu/sua filho/a. Como resposta, 12 pessoas tornando-se disparadoras de dúvidas, conflitos e
disseram que a condição financeira, a idade ou possibilidades de trabalho docente. Não se trata de
mesmo não querer responsabilidades com a criança: dizer que somente agora a escola está permeada pela
diversidade, e sim de que esse fator passa a ser objeto
Não ter condição de cuidar de um filho. (1B01)
de análise do campo de estudo educacional.
Falta de condições financeiras, desequilíbrio
Nessa perspectiva, adentramos uma seara
psicológico, ou só não se importar muito mesmo com
bastante rica e conflituosa ao deparar com professores
a criança. (1B13)
que, nem sempre, estão (ou se sentem) preparados,
Porque a pessoa pode ser muito nova ter um seguros e dispostos a discutir tais assuntos. Diversos
mente de criança. (2A10) autores (SILVA, 2019; LIONÇO; DINIZ, 2009;
LOPES, 2008; LOURO, 1999, 2004) falam sobre
Três pessoas responderam que é o egoísmo; três essa temática no âmbito escolar e a invisibilidade
pessoas não responderam a essa pergunta; duas dada a ela, o que gera silenciamentos e passividades.
pessoas disseram que é por falta de apoio da família Tais comportamentos acabam por fomentar discursos
ou incapacidade de cuidar da criança: e práticas homofóbicos, sexistas, machistas e
heteronormativos.
Maioria das vezes é por causa da família que não
apoia. E também a incapacidade de manter e educar. 4. CONCLUSÕES
(2A05)
A partir da análise dos dados dos questionários, é
Falta de apoio. (2A08) possível concluir que os/as alunos/as dessa instituição
apresentam dúvidas sobre a questão de gênero, apesar
Duas pessoas responderam que é a crueldade:
de todos deixarem explícito que não as têm. Quanto
Isso pra mim é uma coisa desumana porque na às percepções dos/as alunos/as em relação ao corpo e
hora do sexo é bom mais na hora que vem as à saúde na adolescência, é necessário destacar a
consequências da diversão ninguém tem importância do projeto desenvolvido como forma de
responsabilidade. (1B13) discutir aspectos individuais e coletivos para a
qualidade de vida, bem como para esclarecer mitos e
Muito sem coração. (1B18). tabus que ainda persistem na sociedade, como a
questão da vergonha ao comprar ou adquirir métodos
Outras duas pessoas disseram que é a depressão
contraceptivos, pois é a forma de evitar doenças
ou o medo:
sexualmente transmissíveis e uma gravidez
Uma depressão desespero talvez. (1B09) indesejada.

A falta de pensar no que está a fazer. Medo de Por fim, é de suma importância que os demais
ser incapaz. (1B11) objetivos propostos sejam realizados, dando

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continuidade a este projeto, para que todas as dúvidas LIONÇO, Tatiana; DINIZ, Débora. Qual a
sejam sanadas, de forma a ajudar na promoção da diversidade sexual dos livros didáticos brasileiros?
melhoria da saúde na adolescência.
In: LIONÇO, Tatiana; DINIZ, Débora. (Org.).
REFERÊNCIAS
Homofobia e educação: um desafio ao silêncio.
BARDIN, Laurence. Análise do conteúdo. Trad. Luís Brasília: Letras Livres, 2009.
Antero Reta e Augusto Pinheiro. São Paulo: Edições
70, 2011. LOPES, Luiz P. M. Sexualidades em sala da aula:

BERNARDO, André. Doenças sexualmente discurso, desejo e teoria queer. In: MOREIRA, A. F.;

transmissíveis não param de crescer. 2018. CANDAU, V. M. (Org.). Multiculturalismo:

Disponível em: https://saude.abril.com.br/bem- diferenças culturais e práticas pedagógicas.

estar/numero-de-infeccoes-sexualmente- Petrópolis: Vozes, 2008. p. 125-148.

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Ministério da Saúde lançam publicação sobre saúde e Ensaios sobre sexualidade e teoria queer. Belo
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d>. Acesso em: 15/04/18
cial-cidadania/gravidez-precoce-ainda-e-alta-
mostram-dados. Acesso em: 15 abr. 2018. RESPONSABILIDADE AUTORAL

“O(s) autor(es) é(são) o(s) único(s) responsável(is)


pelo conteúdo deste trabalho”.

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CONSIDERAÇÕES SOBRE A NOVA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR,
O NOVO ENSINO MÉDIO E O ENSINO DE GEOGRAFIA

Costa, Carmem Lúcia, clcgeo@gmail.com


Eufrasio, Gustavo Henrique Camargo1
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial Instituto de Geografia

Resumo: O presente trabalho é resultado de uma pesquisa desenvolvida através do PROLICEN (2018-2019).
Na contemporaneidade a educação brasileira vive momentos temerosos, alianças capitalistas e
mercadológicas emergem como formas de condução de suas políticas visando reformulações gerenciais e
curriculares, isto posto, evidencia-se a Base Nacional Comum Curricular e a Reforma do Ensino Médio como
exemplificações a fim de manter uma lógica dependente e benéfica ao capital, diante disso a pesquisa se
dedicou a realização de um plano metodológico privilegiando análises documentais e bibliográficas, buscando
compreender os textos constitucionais, legais e normativos que marcam as políticas educacionais atuais, além
disso, recorreu a teóricos(as) que atuam com estudos na área de educação e ensino em Geografia. A partir
das análises realizadas concorda que há uma continuidade das desigualdades por meio das atuais mudanças
para educação básica, isto foi uma síntese adquirida diante da tentativa de compreender o processo de
construção e implementação da Base, assim como, suas consequências, ascendendo uma escola deficitária,
onde o(a) estudante não possui direito à educação e nem à emancipação, evidencia-se um aprisionamento do
saber. Formas que comprovam esse empobrecimento da escola são visíveis quanto a desobrigação do ensino
de Geografia, diante disso, mostrar sua importância e seu poder subjetivo de libertação das amarras
alienantes comprova que a reestruturação curricular e o ataque violento às ciências humanas é um ato
político que beneficia, unicamente, as classes hegemônicas cuja preservação do capital é o ideal que
carregam.
Palavras-chave: BNCC. Ensino Médio. Geografia.
__________________________________________________________________________________________
1. INTRODUÇÃO a construção do documento, tanto aos processos
quanto ao discurso que carrega, mostra uma intensa
necessidade de desmonte da educação – deveras
Os processos históricos marcam as mudanças
precarizada – comprovando que o capital, conforme
que ocorrem no cotidiano das pessoas e da
Simões (2017) aponta, visa a educação como alvo de
sociedade, diante disso e analisando as políticas
reproduzir suas consequências mais nefastas, a
educacionais em quatro períodos distintos (Era
desigualdade.
Vargas, Ditadura Militar, Governo FHC e período
pós-golpe) percebe que a similaridade entre as Nessa lógica de precarização e fragmentação da
proposições para educação são evidentes, em educação pública emerge outras políticas que
especial, o anseio por um ensino tecnicista, precário atingem – também – a educação, a Emenda
e desigual. Em se tratando do período atual (desde o Constitucional que congela os gastos públicos em 20
golpe em 2016) o país vive um período de intensos anos e o Escola sem Partido são ferramentas que
retrocessos intensificados pela ofensiva neoliberal e desestabilizam, ainda mais, a funcionalidade e a
as alianças com o capital (GIROTTO, 2017), importância da escola pública, do(a) docente e do
consequentemente, a educação tornou alvo, a Base verdadeiro processo de ensino e aprendizagem.
Nacional Comum Curricular e a Reforma do Ensino Enfraquecer um espaço social e de todos(as) é uma
Médio são concretudes desse cenário. forma perversa de aprisionamento dos sujeitos
(MARCUSE, 1982), além de possibilitar a alienação
Pensar um novo modelo de currículo e de gestão
e a não eficácia do conhecimento puro e racional;
(em se tratando do Ensino Médio) é um dos
diante disso, apontar a Geografia como ciência
discursos carregados pelos defensores dessas
importante e necessária de estar presente no
mudanças, a preocupação com a evasão e com
currículo obrigatório do Ensino Médio é
baixos índices de desempenho são justificativas
fundamental, pois seu objetivo é desvendar as
pontuadas desde 2015 até o presente momento
relações e dinâmicas que existem no espaço
(FERRETI; RIBEIRO DA SILVA, 2017). Todavia,
(CALLAI, 2000), isto posto, é proporcionar a(o)

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aluna(o) um olhar atento, reflexivo e crítico aos professores(as) que não estão atuando no cotidiano
espaços. escolar (BRASIL, 2018).
Transformar a educação em uma ferramenta de
2. METODOLOGIA emancipação não é o objetivo, visto que, ela está
inserida em um contexto capitalista, privatista e
mercadológico, pois o dinheiro é regulador das
Como forma de concretizar esse estudo buscou ações (SANTOS, 2003), dessa forma, a desigualdade
por apoiar a pesquisa em seu caráter documental, é uma das consequências que insurgem. Pensando,
recorrendo as legislações, normas e resoluções que especialmente, sobre o Ensino Médio é passível de
embasam as políticas educacionais brasileiras compreensão que a formação integral é perdida, pois
(BRASIL, 2017; 2018); além de recorrer a a eletividade de conteúdos e disciplinas – apenas –
teóricas(os) que se dedicam ao estudo da educação, condiciona um ensino deficitário, vide a formulação
do ensino e da Geografia, tais como, Bell Hooks, dos itinerários formativos (BRASIL, 2017).
Denis Richter, Gaudêncio Frigotto, Helena Callai, Consequências negativas são visíveis, algumas são
Lana Cavalcanti, José Vesentini. pontuadas a seguir:
Analisando a oferta dos itinerários formativos é
observado que não é obrigatório a oferta de todos na
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO escola, sendo facultado (cf. BRASIL, 2017) a cada
instituição definir quais ofertar (dessa forma, podem
Durante a década de 1990 percebemos que o ofertar apenas 1 itinerário por escola), isso enfatiza o
cenário político foi infestado pelos ideais neoliberais quão deficitário o ensino tornará, pois em
(YANAGUITA, 2011), protagonizados por municípios que possuem apenas 1 escola para
governos alinhados as demandas do mercado, Ensino Médio ocorrerá um colapso, visto que a livre
precarizações e privatizações foram corriqueiros. escolha do que estudar (um dos lemas do novo
Atualmente, percebe-se similaridades onde a forte modelo) será colocada em xeque, isto posto, o
presença do capital paira sobre as decisões jurídicas argumento apresentado por Castilho (2017) é
e políticas, isto posto, a atenção se direciona ao assertivo e bem-vindo ao se analisar a Reforma do
cenário educacional e o ataque que sofre desde 2016, Ensino Médio como uma política carregada de
com a BNCC e o novo Ensino Médio. falácias.
Recontruir um ensino médio, para vida e para o Outro grave problema que emerge é não possuir
trabalho, com oportunidade de realizar cursos conhecimento básico nas antigas 13 disciplinas, isso
técnicos são algumas das justificativas que o cenário só será possível à Língua Portuguesa e Matemática –
de mudanças traz, no entanto, o que percebe é uma obrigatórias durante todo Ensino Médio – (BRASIL,
intensa investida e necessidade de territorializar o 2017), diante disso, serão formados alunos(as) que
capital na educação pública brasileira (GIROTTO, não possuirão nenhum contato com conteúdo das
2018), prova disso é o fomento por meio do grupo ciências humanas e aqueles(as) que não terão
Todos pela Educação, composto por diversas contato com conteúdo das ciências da natureza, isso
empresas ligadas aos múltiplos ramos do mercado representa, em consonância com Marcuse (1982)
(RAMOS, FRIGOTTO, 2016), diante disso, uma fragmentação do saber, corroborando para
enxergar as políticas educacionais na atualidade cidadãos sem senso crítico-social, sendo acríticos e
significa evidenciar um território pautado por despolitizados.
conflitos de interesse e poder.
Essa inferiorização que as ciências humanas
A BNCC emerge como fruto desse capital sofrem demonstra um ataque forte ao pensar, assim,
investido, construída e aprovada em 4 anos um recorte é feito quanto à Geografia, pois sua
(BRASIL, 2018), um curto período – em se tratando retirada é uma forma de legitimar a preservação das
de uma política de currículo com abrangência desigualdades e a passividade frente as dinâmicas
nacional e sendo destinada a toda educação básica, o espaciais excludentes, diante disso seu ensino
que comprova que a rapidez de seu processo deveria ser primordial, sua potencialidade em
privilegia interesses que vão além da educação relação a compreensão do espaço é necessária,
verdadeira e eficaz, tornando claro que o caráter proporcionar a(o) aluna(o) uma visão além daquilo
mercadológico impera (GIROTTO, 2018), que é posto sob os olhos é muito poderoso, isto
sujeitando a mudanças que não consideram os(as) evidencia que a ciência geográfica tem a capacidade
protagonistas do chão da escola na construção do de ir além, compreendendo o espaço com um novo
documento normativo, a própria Base torna claro olhar (RICHTER, 2011), olhar este carregado de
isto, pois os redatores são, majoritariamente, criticidade, indagações e percepções favoráveis ao

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bem social (VESENTINI, 1999; orientadora, Carmem Costa, que auxiliou no
CASTROGIOVANNI, 2000). desenvolvimento dessa pesquisa, direcionando
caminhos e possibilidades que fossem assertivos,
Apreender o espaço significa enxergar as além de proporcionar contato com diversos
tensões que são impetradas nele temáticas que pesquisa. Agradeço, também, a(os)
(CASTROGIOVANNI, 2000), ou seja, sua companheiras e companheiros de caminhada
historicidade, suas dinâmicas e suas relações (amizades de dentro e fora do meio universitário)
(SANTOS, 2006). Isto posto, o ensino de Geografia que foram e continuam sendo de bom grado,
é importante, pois ele proporciona essa leitura auxiliando nas discussões, nos momentos de
subjetiva dos lugares, com isso, estudar Geografia é dificuldade e nos de alegria.
estudar a trajetória da realidade do sujeito e dos
espaços e lugares que presencia (VESENTINI,
1994), isto é, o ensino geográfico está pautado no REFERÊNCIAS
desenvolvimento da cidadania dos(as) estudantes, de
sua relação com o espaço e do desenvolvimento do
mesmo (CAVALCANTI, 2002), desde sua BRASIL. Lei nº 13.415, de 16 de fevereiro de 2017.
concepção. Altera a Leis nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996,
que estabelece as diretrizes e bases da educação
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ou nacional. Brasília, DF: Diário Oficial da União,
CONCLUSÕES 2017.
______. Ministério da Educação. Base Nacional
Enxergar a construção das atuais políticas Comum Curricular. Brasília, DF: MEC, 2018.
educacionais é dar visibilidade a relação harmoniosa CALLAI, H. C. Estudar o lugar para compreender o
entre o Estado e o capital (GIROTTO, 2017), dessa mundo. In: CASTROGIOVANNI, A. C. (org.).
forma, vemos uma subordinação de espaços públicos Ensino de Geografia: práticas e textualizações no
ao benéficio dos interesses capitalistas, cotidiano. Porto Alegre: Mediação. 2000.
corroborando para que a educação pública seja um
espaço de reprodução do capitalismo e de suas CASTILHO, D. Reforma do Ensino Médio:
consequências (SIMÕES, 2017). desmonte na educação e inércia do enfrentamento
retórico. Revista Eletrônica de Diálogo e
O real objetivo da educação que, de acordo com Divulgação em Geografia, n. 4, vol. 1, 2017.
Hooks (2013), deveria ser a emancipação dos(as)
alunos(as), simplesmente é deixada de lado. Isso CASTROGIOVANNI, A. C. Apreensão e
comprova o que Meszáros (2008) aponta, se o compreensão do espaço geográfico. In:
capital está presente na educação é impossível que ______________, A. C. (org.). Ensino de
esta efetive sua função social revolucionária, ou seja, Geografia: práticas e textualizações no cotidiano.
essa aliança do capital com o viés educacional Porto Alegre: Mediação. 2000.
atenua, ainda mais, as intempéries desiguais, CAVALCANTI, L. S. Geografia e práticas de
precárias e alienantes. ensino. Goiânia: Alternativa, 2002.
Essa arquitetura montada para territorialização FERRETI, C. J.; RIBEIRO DA SILVA, M. Reforma
do capital sobre a educação evidencia, de modo do ensino médio no contexto da medida provisória n.
completo, que a retirada das humanidades se trata de 746/2016: estado, currículo e disputas por
um ato político-ideológico (GIROTTO, 2018), visto hegemonia. Revista Educação e Sociedade,
que, a função das disciplinas que a compõe é, Campinas, v. 38, n. 139, 2017.
justamente, incentivar o pensamento crítico,
GIROTTO, E. D. Dos PCNS a BNCC: O ensino de
analítico e em favor da sociedade (PONTUSCHKA,
Geografia sob o domínio neoliberal. Revista GEO
2007), diante disso, pensar contra o capital e suas
UERJ, n. 30, Rio de Janeiro, 2017.
dinamizações não é bem-vindo no cenário que é
consolidado atualmente. _______, E. D. Entre o abstracionismo pedagógico e
os territórios de luta: a base nacional comum
AGRADECIMENTOS curricular e a defesa da escola pública. Revista
Horizontes, v. 36, n. 1, 2018.
Este trabalho é resultado de mais de um ano de HOOKS, B. Ensinando a transgredir: a educação
pesquisa via PROLICEN, diante disso, agradeço a com prática de liberdade. São Paulo: WMF Martins
CNPQ e a UFG por proporcionarem a possiblidade Fontes, 2013.
de efetivação da pesquisa com auxílio financeiro.
Dedico este espaço para agradecer a minha

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MARCUSE, H. A ideologia da sociedade SIMÕES, R. A. A ação criminosa das ONGs – A
industrial. O homem unidimensional. Rio de privatização da escola pública. Rio de Janeiro:
Janeiro: Zahar, 1982. Consequência, 2017.
PONTUSCHKA, N. N. A geografia: pesquisa e VESENTINI, J. W. Ensino de Geografia e luta de
ensino. In: CARLOS, A. F. (org.). Novos rumos da classes. In: OLIVEIRA, A. U. (org.). Para onde vai
geografia. São Paulo: Contexto, 2007. a Geografia?. São Paulo: Contexto, 1994.
RAMOS, M. N.; FRIGOTTO, G. Medida Provisória _________, J. W. Educação e ensino de geografia:
746/2016: a contra-reforma do ensino médio do instrumentos de dominação e/ou libertação. In:
golpe de estado de 31 de agosto de 2016. Revista CARLOS, A. F. A. (org.). Geografia na sala de
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Geografia: concepções e propostas para o trabalho Brasil nos anos 1990. In: Simpósio Brasileiro e II
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Administração da Educação. São Paulo, 2011.
SANTOS, M. Por uma outra globalização: do
pensamento único à consciência universal. Rio de
Janeiro: Record, 2003.
RESPONSABILIDADE AUTORAL
______, M. A natureza do espaço: técnica e tempo,
razão e emoção. São Paulo: EDUSP, 2006.
“O(s) autor(es) é(são) o(s) único(s) responsável(is)
pelo conteúdo deste trabalho”

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ENSINO DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA E AFRICANA E OS
IMPACTOS DA LEI 10.639/03 NOS CURSOS DE LICENCIATURA EM
LETRAS DA UFG/REGIONAL CATALÃO
PAULA, Maria Helena de, mhp.ufgcatalao@gmail.com1
FELÍCIO, Carolina Faleiros, cffelicio4@gmail.com2
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Letras e
Linguística/Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem
2
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Letras e
Linguística

Resumo: Em 2003 foi aprovada a Lei 10.639, que tornou obrigatório o ensino da história e da cultura afro-
brasileira e africana em todos os níveis da educação. Passaram-se 16 anos e pesquisas demonstram que a
aplicação da Lei, de fato, não ocorre. Portanto, o objetivo desse estudo foi de verificar a aplicação da Lei
10.639/03 nos cursos de Licenciatura em Letras da UFG/RC, a partir da leitura do Projeto Pedagógico dos cursos
e dos horários semestrais de oferta de disciplinas, nos últimos dez anos. Também se objetivou propor estratégias
para real aplicação da Lei, não só por sua obrigatoriedade, mas pela necessidade de combater o racismo e os
estereótipos negativos sobre a população negra internalizados na sociedade. Espera-se que as questões
levantadas nesta pesquisa possam auxiliar na formação docente dos alunos, levando discussões críticas sobre a
temática da Lei 10.639/03 e proporcionando um ensino das relações étnico-raciais. Além de instigar novas
pesquisas sobre a história e a cultura afro-brasileira e africana e a formação docente.

Palavras-chave: Lei 10.639/03. Licenciatura. Cultura afro-brasileira e africana.


__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO aos seus alunos as diversas contribuições para a


constituição e formação identitária brasileira.
Ao pensar no ensino da história e da cultura afro-
brasileiras e africanas, nos deparamos com 2. METODOLOGIA
conteúdos superficiais voltados para o período de
colonização e da escravidão no Brasil, pouco se Inicialmente, teve-se acesso ao Projeto Político
estuda sobre a história e a cultura deste povo na Pedagógico do Curso (PPC) e à matriz curricular dos
constituição da identidade brasileira. Sendo assim, cursos de Letras oferecidos pela UAELL na
em 2003 foi a aprovada a Lei 10.639, que alterou a UFG/RC, para realizar uma análise desses
lei 9.394/96, tornando obrigatório, em todos os documentos a fim de verificar quais disciplinas
níveis da educação, o ensino da história e da cultura poderiam efetivar o disposto na Lei 10.639/03.
afro-brasileira e africana. Em 2008, a Lei foi alterada Após elencar as disciplinas, verificou-se a
pela Lei 11.645, que acrescentou a obrigatoriedade quantidade de vezes que foram ofertadas nos cursos
do ensino da cultura e da história dos indígenas. de Letras, o que foi possível com a disponibilização
Assim, a pesquisa investiga a aplicação da feita pela UAELL dos horários confeccionados de
referida Lei nos cursos de Licenciatura em Letras da 2010 a 2019. Posteriormente, iniciou-se a pesquisa
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão em sites específicos para coletar materiais que
(UFG/RC), além de elaborar propostas e estratégias abordassem sobre a Lei 10.639/03.
para a devida aplicação da Lei 10.639/03. As A pesquisa bibliográfica foi realizada nos sites
propostas serão apresentadas futuramente para o do Domínio Público, do Banco de Teses da Capes e
Colegiado da Unidade Acadêmica de Letras e no Google Acadêmico, onde encontrou-se uma
Linguística (UAELL), ensejando contribuir com variedade de estudos e materiais relacionados com a
discussões em torno da formação do professor de Lei e a sua aplicação nos diversos níveis da
Língua Portuguesa, visto que os futuros docentes educação. Além da pesquisa online, realizou-se a
precisam ter conhecimentos da história e da cultura leitura de literatura voltada para o racismo e para a
afro-brasileira e africana para, de fato, disseminarem história e a culturas africanas e afro-brasileiras, em

1 Docente do Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem na Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão.


2 Aluna bolsista do Programa de Bolsas de Licenciatura (PROLICEN-IC, 2018-2019).

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livros disponíveis na biblioteca da UFG/RC e no brasileira e africana, destacando a luta dos negros no
acervo particular das autoras deste trabalho. Brasil, as contribuições nas áreas social, econômicas
O levantamento bibliográfico permitiu observar e políticas. A Lei também instituiu a inclusão no
que são levantadas diversas questões sobre a calendário escolar do “Dia Nacional da Consciência
aplicação da Lei 10.639/03. Vários estudos analisam Negra”, comemorado em 20 de novembro.
a representação do sujeito negro e da mulher nos
livros didáticos, verificam a aplicação da Lei nas 4. A LICENCIATURA EM LETRAS DA
escolas de educação básica, elaboram melhores UFG/RC
maneiras de aplicar a Lei em sala de aula e abordam
sobre a formação dos professores. São oferecidos dois cursos de Licenciatura em
Letras na UFG/RC: Letras com habilitação em
3. A LEI 10.639 DE 2003 Português, implantando em 1986 e ofertado no
período noturno; e Letras com habilitação em
A criação da Lei 10.639/03 deve-se, Português e Inglês, implantado em 2009 e disponível
principalmente, às lutas do Movimento Negro no período matutino. Os PPCs dos dois cursos
Brasileiro. Conforme aponta Domingues (2007), passaram por modificação e foram aprovados em
após a Proclamação da República e diante da 2011, e possuem pouca diferenciação no que diz
marginalização da população negra, esta começou a respeito à grade curricular das disciplinas que os
instituir movimentos de mobilização e a criar grupos alunos devem cursar.
para tratar das questões raciais no Brasil. Conforme os PPCs, o curso possibilita que os
De acordo com o autor, no século XX surgem alunos desenvolvam diversas capacidades por meio
diversos grupos e jornais focados em combater o da linguagem e, que ao seu final, estarão aptos para
preconceito e tratar de questões dos mais diversos lecionar e aplicar em suas aulas os conhecimentos e
âmbitos relacionados à população negra práticas adquiridos no decorrem da graduação. Além
(DOMINGUES, 2007). Em 1931, é fundada na disso, o curso busca promover “ações que
cidade de São Paulo uma das entidades negras mais identifiquem e valorizem as diferenças, levando em
importante do século XX, a Frente Negra Brasileira conta o saber dos alunos, as experiências vividas”
(FNB). A FNB buscava o fortalecimento da (UFG/RC, 2011a, p. 13), mostrando-se preocupado
identidade coletiva do negro no Brasil e tentava em formar docentes que possam repensar e
soltar-se “das ideias de submissão e do apagamento transformar a realidade social.
da história e da cultura a qual o negro continuava Importa ressaltar que os cursos estão divididos
sendo submetido” (AQUINO, 2016, p. 31). em três núcleos: núcleo comum, constituído por
Em 1944, no Rio de Janeiro, é fundado outro disciplinas obrigatórias às habilitações e
importante grupo: O Teatro Experimental do Negro caracterizam a identidade de um curso de Letras;
(TEM). A proposta inicial era formar um grupo núcleo específico que diz respeito às disciplinas
teatral constituído por atores negros, mas acabou optativas e obrigatórias de cada habilitação; núcleo
ampliando-se e atuando em diversas áreas: imprensa, livre que são as disciplinas optativas que o aluno
com a publicação do jornal Quilombo; na educação, pode optar por cursar ou não.
oferecendo cursos de alfabetização, organizando A leitura dos PPCs permitiu elencar quinze
congressos, dentre outros (DOMINGUES, 2007). disciplinas que poderiam cumprir com o disposto na
O TEN foi extinto em 1968 e dez anos depois é Lei 10.639/03, são elas: Morfologia do Português,
fundando o Movimento Negro Unificado (MNU), Fonologia do Português, Sintaxe do Português,
um marco na história dos protestos e reinvindicações Estudo do Léxico, Estudos Diacrônicos do
das organizações negras, visto que “desenvolveu-se Português, Sociolinguística, Linguística
a proposta de unificar a luta de todos os grupos e Antropológica, Literatura Brasileira (1, 2, 3),
organizações antirracistas em escala nacional” Literatura Infantil (1, 2), Literaturas em Língua
(DOMINGUES, 2007, p. 114). Portuguesa, Cultura Brasileira e Análise do
O MNU atuou em diversas áreas da sociedade, Discurso.
dentre elas a educacional, que ganhou força com as Desse total, oito são obrigatórias no curso de
reinvindicações feitas pelo movimento. E em 1999 Letras/Português, as outras são optativas. Do curso
surge o projeto de Lei nº 259 dispondo sobre a de Letras/Português-Inglês, três disciplinas são
obrigatoriedade do ensino que atendesse a população obrigatórias. O primeiro quadro abaixo apresenta os
negra. anos em que as disciplinas foram ofertadas no curso
O projeto resultou na criação da Lei 10.639 de Letras/Português com bases nos horários
aprovada em 09 de janeiro de 2003. A lei sancionada disponibilizados pela UAELL, já o segundo expõe as
prevê que todos os estabelecimentos de ensino disciplinas ofertadas no curso de Letras/Português-
devem incluir em suas grades curriculares e Inglês.
atividades o ensino sobre a História e a Cultura afro-

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Quadro 1. Disciplinas ofertadas no curso de e tradições afro-brasileiras e africanas, apresentações
Letras/Português e sessões de comunicações orais para divulgar as
Disciplina Natureza Ano pesquisas realizadas por aluno e docentes.
Mor. do Português Obrigatória Todos Até o momento realizou-se apenas a edição de
Fon. do Português Obrigatória Todos 2017, caso o evento viesse a acontecer novamente
Sint. do Português Obrigatória Todos seria considerável o impacto na formação dos
Lit. Brasileira 1 Obrigatória Todos futuros professores de Letras da UFG/RC.
Lit. Brasileira 2 Obrigatória Todos Em abril de 2018, o Laboratório de Estudos do
Lit. Brasileira 3 Obrigatória Todos Léxico, Filologia e Sociolinguística (LALEFIL) da
Lit. Infantil 1 Obrigatória Todos UAELL ofertou o Curso de Língua e Cultura
Lit. Infantil 2 Optativa 2017 Kimbundu, ministrada pelo professor Ezequiel
Bernardo, da Universidade Onze de Novembro,
Estudos do Léxico Optativa 2015, 2019
Cabinda (Angola) e falante nativo desta língua
Lin. Antropológica Optativa 2016
bantu. Vinte e seis (26) pessoas (alunos e docentes
Sociolinguística Optativa 2013
da graduação e pós-graduação da UFG/RC e
Fonte: UAELL comunidade externa) participaram do curso, que teve
duração de uma semana e abordou as características
Quadro 2. Disciplinas ofertadas no curso de
desta língua de Angola e discutiu as influências do
Letras/Português-Inglês
Kimbundu para a cultura e o português do Brasil.
Disciplina Natureza Ano Importa mencionar o projeto intitulado Em
Sociolinguística Obrigatória Todos busca da memória perdida: estudos sobre a
Lit. Brasileira 1 Obrigatória Todos escravidão em Goiás, coordenado pela Prof.ª Dr.ª
Lit. Brasileira 2 Obrigatória Todos Maria Helena de Paula, que desenvolve pesquisa
Lit. Infantil 1 Optativa 2010 desde 2010. Um dos principais objetivos do projeto
Lit. Infantil 2 Optativa 2017 é resgatar, analisar e divulgar os manuscritos sobre a
Estudos do Léxico Optativa 2013, 2019 escravidão em Goiás. Vários estudos já foram
Lin. Antropológica Optativa 2014, 2019 realizados em diferentes perspectivas: históricas,
Análise do discurso Optativa 2010 sociolinguísticas e lexicais. Já foram concluídas
Fonte: UAELL teses, dissertações e iniciações científicas, além da
publicação de vários livros e artigos. Uma estratégia
Percebe-se que as disciplinas ofertadas todos os para divulgar amplamente essas pesquisas, seria de
anos são de caráter obrigatório, demonstrando que a organizar colóquios com a participação dos
melhor maneira de aplicar e discutir os conteúdos integrantes do projeto supracitado, bem como de
previstos pela Lei 10.639/03 seria por meio delas. outros projetos desenvolvidos na UAELL que
As disciplinas de Cultura Brasileira e contemplem a Lei.
Literaturas em Língua Portuguesa são as únicas que Promover eventos e cursos que tratam sobre
disponibilizam bibliografias que contemplam a Lei história, língua e cultura afro-brasileiras e africanas
10.639/03, revelando que podem oferecer diversas é importante, não só para a comunidade acadêmica
contribuições para os alunos, mas as mesmas ainda como também para a comunidade externa.
não foram ofertadas pela UAELL. Portanto, seria Compartilhar essas informações geram o respeito e,
interessante que pelo menos uma das disciplinas consequentemente, quebram estereótipos e
fosse obrigatória nos dois cursos de Licenciatura em preconceitos sobre aquilo que se passa a conhecer.
Letras da UFG/RC. Provavelmente, para aqueles que participaram, as
ações supracitadas muito contribuíram para as suas
5. ESTRATÉGIAS formações. Idealmente todos deveriam participar,
mas não é o que ocorre uma vez que essas atividades
5.1 Africanidades não são institucionalizadas ou obrigatórias.

Em 2017, a Coordenação de Pesquisa e Pós- 5.2 Relações Étnico-Raciais


Graduação (CPPG) e a UAELL realizaram o evento
I Seminário Internacional de Africanidades, com os A primeira estratégia para aplicação da Lei
objetivos de refletir sobre os aspectos da cultura 10.639/03 seria a criação da disciplina Ensino para
afro-brasileira e africana, valorizar a cultura e a as relações étnico-raciais, atendendo a Resolução
identidade africana como contribuidoras para a atual CNE/CP 01/2004, que prevê que as instituições de
cultura brasileira e debater temas sobre a história, a ensino superior incluam em suas atividades
literatura e as tradições afro-brasileiras e africanas. curriculares a Educação das Relações Étnico-Raciais
O evento contou com rodas de conversa sobre e temáticas referentes aos afrodescendentes.
religiões de matriz africana, questões étnico-raciais

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O acréscimo da disciplina pode contribuir com
o combate ao racismo estrutural e institucional 5.3 Literatura
presente na sociedade. Conforme aponta Almeida
(2018, p. 24), o conceito de raça foi construído A disciplina optativa Literatura em Língua
socialmente e é utilizado para “neutralizar as Portuguesa, até o momento não foi ofertada em
desigualdades, justificar a segregação e o genocídio” nenhum dos cursos de Licenciatura em Letras da
de determinados grupos. O racismo é um sistema que UFG/RC. Ela deveria ser obrigatória, uma vez que é
tem como fundamento a raça que se manifestará nas uma das matérias com foco na literatura africana e
práticas sociais, levando a privilégios ou afro-brasileira. Para complementar a bibliografia da
desvantagens para as pessoas (ALMEIDA, 2018). disciplina citada, seria pertinente os textos de
O preconceito e a discriminação reforçam os Campos (2008) e Moreira e Fonseca (2007),
estereótipos negativos sobre a população negra, que discutindo sobre como a história é construída dentro
intensificaram-se com a abolição da escravatura: da literatura, utilizando-se da oralidade, do passado
sem a inclusão dessa população nas estruturas e da nação, e como as literaturas africanas possuem
sociais, a mesma passou a ocupar espaços sociais características identitárias, evidenciando as
desprestigiados, assim, segundo Moraes (2013, p. tradições, culturas e religiões de um povo.
20), “crescia o número de mães solteiras, As disciplinas de Literatura Brasileira (1, 2, 3)
desempregadas, debilitados pelo vício no álcool, são obrigatórias e podem proporcionar um estudo
praticantes de prostituição e de criminalidade”. mais aprofundado de obras literárias e textos
O imaginário negativo também está presente teóricos, o que seria eficiente para a formação de
nas instituições, que configuram o racismo professores visando ao disposto na Lei 10.639/03.
institucional. Conforme Moraes (2013), esse Nas disciplinas, seria significativo trabalhar com
racismo mostra-se por meio da filtragem racial, uma obras literárias de Cruz e Sousa, Solano Trindade,
delas foi a busca por desenvolvimento econômico Conceição Evaristo, Maria Firmina dos Reis,
após a abolição, em que os proprietários junto com o Carolina Maria de Jesus, dentre outros. Além das
Estado estimularam a imigração europeia, ao mesmo discussões teóricas feitas por Souza e Lima (2006),
tempo em que enfraqueciam e eliminavam a que apresentam diversos escritos afro-brasileiros e
participação da população negra na economia. os aspectos da literatura afro-brasileira.
Ainda, conforme Almeida (2018, p. 29), as Nas disciplinas de Literatura Infantil (1, 2),
instituições “passam a atuar em uma dinâmica que seria interessante apresentar obras que os futuros
confere, ainda que indiretamente, desvantagens e docentes pudessem trabalhar com os alunos,
privilégios a partir da raça”, estabelecem uma levando-os a se identificarem como sujeito negro e
relação de poder, dominadores e dominados, e o conhecer as culturas afro-brasileira e africana.
grupo que detém o poder terá o controle de Algumas obras literárias voltadas para o público
determinados grupos, configurando que “as infantil são: O cabelo de Lelê (2007), Bia na África
instituições são racistas porque a sociedade é (2007) e Menina bonita do laço de fita (2000).
racista” (ALMEIDA, 2018, p. 36, grifos do autor). O conhecimento, o estudo e a inclusão de
Portanto, o racismo está presente em toda a literaturas africanas e afro-brasileira mostra-se
organização da sociedade, nas relações sociais, necessário, visto que raras vezes “fizeram parte dos
políticas, econômicas, “o racismo é sempre conteúdos que eram objeto de ensino da escola
estrutural” (ALMEIDA, 2018, p. 15). formal e, quando o eram, esta tratou de deixar pouco
Esse imaginário também se refletirá na esclarecida a origem étnica” dos autores (BUENO,
educação, que quase nunca dá espaço para a história, 2015, p. 53). Isso ocorre, por exemplo, com
a cultura e a contribuição da população negra para o Machado de Assis que frequentemente não é
Brasil. Assim, percebe-se a importância da criação e reconhecido como um escritor afro-brasileiro.
aplicação da Lei 10.639/03 nas instituições de As sugestões de inclusões bibliográficas não
ensino, bem como da disciplina Educação para as devem substituir as já existentes na matriz curricular
relações étnico-raciais nos cursos de licenciatura em dos cursos de Letras da UFG/RC, as quais devem ser
Letras. complementares, oportunizando novos aprendizados
A disciplina deverá referir sobre as questões aos alunos da graduação e aos docentes, focando no
raciais, o conhecimento da legislação e dos reconhecimento das culturas afro-brasileiras e
documentos oficias que dizem respeito ao tema, para africanas, bem como nas suas literaturas e escritores.
deles, enquanto futuros professores, pensar em como
superar as barreiras e problemas referentes à 5.4 Linguística e Análise do Discurso
abordagem étnico-racial na Educação Básica. As
discussões devem subsidiar os alunos subsídios na As disciplinas da área da Linguística –
elaboração de estratégias de um ensino étnico-racial Morfologia do Português, Fonologia do Português,
nas aulas de Língua Portuguesa. Sintaxe do Português, Estudo do Léxico, Estudos

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Diacrônicos do Português, Sociolinguística e grade curricular dos cursos de Licenciatura em
Linguística Antropológica – possibilitam que o Letras da UFG/RC que são específicas para o ensino
aluno conheça vários processos existentes na Língua de literaturas de expressão portuguesa não são
Portuguesa. ofertadas. Outras que são obrigatórias não
Para Petter e Fiorin (2017), poucos estudiosos apresentam em suas bibliografias estudos que
dedicam-se aos estudos da Linguística Africana e as discutam, por exemplo, sobre as relações das línguas
influências na Língua Portuguesa brasileira, o que africanas com o português brasileiro.
torna necessária as discussões voltadas para as Portanto, aqui apresentadas serão levadas à
contribuições das línguas africanas. A obra UAELL para que, se aprovadas, possam compor o
organizada pelos autores deve compor a bibliografia rol de bibliografias dispostas na matriz curricular das
das disciplinas acima, pois seus vários estudos Licenciaturas em Letras. A inclusão desses
contribuem para a compreensão da influência dessas referenciais irá contribuir para a aplicação da Lei
línguas no português falado no Brasil. 10.639/03 e com a formação dos docentes.
A pesquisa de Manoel (2017) também deve Essas estratégias podem trazer diversas
compor a bibliografia linguística, uma vez que contribuições, como a valorização das culturas afro-
valoriza a tradição das Congadas da cidade de brasileiras, a desconstrução de estereótipos
Catalão-Go, uma festa de cultura afro-brasileira, negativos e o respeito.
centenária e religiosa, repleta de significados sociais, Ainda há um longo caminho, posto que as
históricos e culturais para seus participantes. O práticas de racismo estão muito internalizadas na
estudo permite discutir as inter-relações entre a sociedade, mas a educação mostra-se um veículo
língua e a cultura. Além disso, os docentes podem indispensável no combate aos estereótipos e ao
promover discussões a partir dos estudos realizados racismo. Espera-se que a pesquisa contribua com os
por integrantes do Lalefil, muitas pesquisas estão vários estudos existentes sobre a Lei 10.639/03, além
relacionadas com o léxico e a escravidão negra em de instigar novas pesquisas desenvolvidas na
Goiás, permitindo estudar a história e a cultura de um UAELL voltadas para a mesma temática.
povo, assim como fizeram Almeida (2017), Duarte-
Silva (2013) e Pires (2015). REFERÊNCIAS
Já a disciplina de Análise do Discurso
possibilita discussões voltadas para várias esferas da ALMEIDA, M. A. R. de. Nas trilhas dos
sociedade. Com estudos voltados para as condições manuscritos: estudo lexical sobre a escravidão
de produção e os efeitos de sentido produzidos pelos negra em Catalão-GO (1861-1887). 2017. 533f.
discursos, a disciplina permite que os docentes Dissertação (Mestrado em Estudos da Linguagem),
tenham certa autonomia com relação aos materiais Unidade Acadêmica Especial de Letras e
utilizados em sala de aula. Linguística, Universidade Federal de Goiás,
Em vista disso, mostra-se relevante Catalão, 2017.
proporcionar discussões, por exemplo, com as
músicas da rapper Karol Conka, que tratam sobre o ALMEIDA, S. L. de. O que é racismo estrutural?
feminismo negro, o racismo e o empoderamento Belo Horizonte: Letramento, 2018.
feminino, e do rapper Emicida, que, por meio das
figuras de linguagem, traz para suas músicas as AQUINO, L. S. O ensino de literaturas africanas
denúncias sociais e a realidade da população negra. e afro-brasileira na matriz curricular do curso
Essas músicas podem oportunizar, a partir de de Letras, câmpus Araguaína. 2016, 111f.
teóricos da análise do discurso, debates a respeito de Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do
condições de produção, contexto histórico, dito e não Tocantins, Campus Universitário de Araguaína,
dito, entre outros. Além disso, a análise feita por Araguaína, 2016.
Oliveira (2018) das músicas do rapper Emicida pode
contribuir significativamente para a disciplina, BELEM, V. O cabelo de Lelê. São Paulo:
proporcionando debates e instigando os alunos a Companhia Editora Nacional, 2007.
pensarem a condição do negro na sociedade.
BRASIL. Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003.
6. CONCLUSÕES Brasília: Ministério da Educação, 2003. Disponível
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Com o desenvolvimento da pesquisa observa- s/2003/l10.639.htm. Acesso em: 24 jul. 2019
se que a UAELL cumpre seu papel em formar
professores para o ensino de língua portuguesa, mas ______. Projeto de Lei nº 259. Brasília: Câmara
com relação ao ensino da história e da cultura afro- dos Deputados, 1999. Disponível em: https://www.
brasileira ainda há muito a fazer para se chegar na camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra
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s/PUA_ARQ_ARQUI20121019162329.pdf.
Acesso em: 27 jul. 2019.

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ERA UMA VEZ O OUTRO LADO DA HISTÓRIA: ANÁLISES DO
CONTO “O JUDEU NO MEIO DOS ESPINHOS” DOS IRMÃOS
GRIMM

Carneiro Simão Bellizzi Fabianna, fabianna_bellizzi@yahoo.com.br

Camargo da Silva, Aline de Fátima, alinef.camargo@hotmail.com1

Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Letras e


Linguística
Resumo: Não obstante o conto “O judeu no meio dos espinhos” (2012), dos autores Irmãos Grimm ser
destinado ao público infantil, evidencia-se, após uma análise minuciosa, que o mesmo denota certos
conteúdos antijudaicos e xenofóbicos, ilustrando com escárnio a posição de ser judeu dentro de uma
sociedade. Ora, é cediço que ao longo da História as comunidades judaicas vêm sofrendo com infaustas
perseguições em vários âmbitos, a destacar: prática religiosa, costumes, hábitos e identidade cultural. Nesse
diapasão, o presente artigo tem o escopo de apontar como a falta de conhecimento sócio-histórico e cultural
a respeito de uma determinada nacionalidade pode acarretar na disseminação deturpada acerca do outro.
Por fim, visamos enfatizar o relevante papel da Literatura nesse processo de maturação e formação de
exames críticos sobre as relações humanas, essencial na construção de um conceito sobre a alteridade, pois,
é sempre bom advertir que por detrás de toda temática do Era uma vez..., há sempre um contexto, há sempre
uma interdiscursividade e há sempre um outro. Para isso, a fundamentação teórica será embasada e
apresentada nas contribuições teóricas de Antônio Cândido (1995), Selma Calazans Rodrigues (1988), Léon
Poliakov (2005).

Palavras-chave: Literatura Fantástica. Contos infantis. Representações antijudaicas.

1. INTRODUÇÃO protagonista Martinho após pedir demissão de seu


trabalho e pôr-se a viajar pelo mundo, depara-se
No decorrer dos séculos o povo judeu com um anão que o convence a entregar-lhe todo
tem sido alvo de perseguições descabidas o seu salário. Admirado pela caridade do homem,
fomentadas por discursos ilógicos de alguns povos. o anão concede-lhe então três desejos. Sem
Tanto a História quanto a própria Literatura pestanejar, Martinho pede primeiro uma
denunciam com exatidão os vários tratamentos espingarda, depois um violino que obrigue a
desumanos e antissemitas dedicados as dançar todos que o escutarem e por fim, que
comunidades judaicas espalhadas pelo mundo. ninguém possa recusar o que ele pedir. Logo após,
ele cruza com um judeu que tinha "(...) uma barba
O Conto "O Judeu no meio dos espinhos" muito comprida, parecendo um bode". (GRIMM,
não foge à regra como se verifica numa Jacob. GRIMM, Wilhelm, 2012, s.p), que penará
observação mais acurada. Apesar de pertencer ao nas mãos de Martinho.
universo infantil, o enredo jorra explicitamente
frases antijudaicas que beiram a uma violência Há de convir, portanto, que a relevância
descomunal, corroborando as condições da Literatura não está concentrada apenas no
degradantes conferidas aos judeus entrepostos no acúmulo de vocábulos, qual seja, sua função
meio social. Afinal, é importante destacar que, os quando bem compreendida, perpassa a
Irmãos Grimm por meio da literatura decodificação das palavras, uma vez que, a
manifestaram parte do folclore, religião e cultura mesma é o reflexo das relações humanas, que por
de seus antepassados germânicos. sua vez, são repletas de discrepantes tensões
sociais. As narrativas, desta feita, ganham vozes
No Conto, especificamente, o as quais revelam na maioria dos casos, gritos e/ou

1
Graduanda do curso de Letras Língua Portuguesa e Inglesa. E-mail: alinef.camargo@hotmail.com. Este
trabalho vincula-se ao Programa da Iniciação Científica PIBIC – Prolicen, da Universidade Federal de
Goiás/Regional de Catalão, sob a orientação da Prof.ª Dr.ª Fabianna Simão Bellizze Carneiro.

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anseios de minorias sufocadas pelo ódio, (...) existência humana e o seu
preconceito, medo e ignorância vividos num meio transmissor é a palavra, a
determinado período sócio, histórico e cultural. linguagem - exatamente o meio do
qual tudo necessita para ser
Por esse viés, as obras literárias da nomeado e existir
vertente fantástica tornar-se-iam um vasto campo verdadeiramente para todos os
homens. (COELHO, 2012, p. 127)
para o aprimoramento de questões tocantes a
(grifos da autora).
alteridade, haja vista que, o seu caráter
humanizador incita o leitor a refletir sobre a Assim, nesse panorama encontra-se os
condição do outro rotulado como insólito e escritos dos Irmãos Grimm, ávidos estudiosos e
anormal para os ditames valorativos sociais. A pesquisadores da língua alemã, outrossim, autores
Literatura rompe o discurso hegemônico da de variados contos infantis eivados de crenças,
intolerância em voga, pois, “desenvolve em nós a folclores, personagens mágicos, simbologias e
quota da humanidade na medida em que nos torna arquétipos, que perambulam seus enredos em
mais compreensivos e abertos para (...) a alguns aspectos da vertente fantástica, onde "(...)
sociedade, o semelhante”. (CÂNDIDO, 2004, p. os valores culturais vigentes constituem o clima
180). mental para o seu agir." (COELHO, 2012, p. 128).
Partindo desse pressuposto, a Literatura Nesse sentido, o judeu relatado no conto
Fantástica converte-se num excelente recurso para supra, ao contrário de Martinho, não possui um
a criação de debates dentro das salas de aula nome próprio, que o demarca como cidadão
acerca do multiculturalismo desmantelando portador de direitos e garantias fundamentais. A
enunciados de cunho discriminatório, antissemitas sua identidade é extinta por adjetivos ultrajantes.
e xenofóbicos persistentes na atualidade. É mister O homem por ser judeu não é digno de clemência,
aludir que a diversidade cultural também reclama sua imagem é conspurcada, malévola, ameaçadora,
o seu devido espaço no contexto escolar cujo é e por isso deve sofrer as supostas consequências
atravessado por outros discursos. que já ocasionara a humanidade, como
exemplifica um dos trechos a seguir:
2. O SER JUDEU NA LITERATURA
"- Ai, tem piedade de mim! -
A presença judaica na Literatura mundial gritava o judeu - Não toqueis mais
é por vezes enfatizada por múltiplos estereótipos e esse maldito violino; parai com isso.
estigmas que sobejamente anulam sua Senhoria, não tenho vontade de
personalidade como um ser detentor de direitos dançar.
jurídicos e civis. Há uma perda significativa do
status de humano para ser considerado uma Mas o criado não parava, pensando
criatura abjeta e desprovida de compaixão pelo lá consigo.
próximo. - Este judeu esfolou tanta gente
durante a sua vida, deixa que os
Extensos documentos artísticos e espinhos o esfolem também."
literários testificam que o imaginário social atrela (GRIMM, Jacob. GRIMM,
o povo judeu a práticas de feitiçaria e usura, Wilhelm, 2012, s.p) (grifo nosso).
dentre outros apelos pejorativos, logo, não
havendo "(...) quase gênero, trovas, sátiras, Tal pensamento antissemita é gritante
legendas ou baladas, de onde os judeus estejam noutro excerto, onde o judeu desesperado com a
ausentes ou não sejam descritos em cores ridículas exacerbada brutalidade de Martinho recorre ao
ou odiosas..." (POLIAKOV, 2007, p. 106). juiz em busca de seus direitos esbulhados. O
magistrado, por seu turno, age com jocosidade
Por conseguinte, o antijudaismo alavanca antes de favorecer ao judeu dizendo que jamais
na medida em que a Literatura conquista a vira "(...) um judeu entregar, voluntariamente,
simpatia das massas populares, porquanto, ela a bolsa." (GRIMM, Jacob. GRIMM, Wilhelm,
sorve das águas culturais para desenvolver suas 2012, s.p). (grifo nosso).
histórias, dar nome aos seus personagens,
disseminar práticas e engendrar novas formas de Para investigar as ideologias e agitações
visualizar o mundo no qual se insere, pois sua antijudaicas germânicas que figuraram no
matéria-prima reside na contexto histórico, sócio e cultural dessa época,
faz-se necessário um estudo mais aprofundado,

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dado que, as obras literárias são "(...) obrigadas a como, textos teóricos a respeito da literatura
tomar em consideração os desejos ou os fantasmas fantástica. Após o levantamento crítico, dar-se-á
desta sociedade..." (POLIAKOV, 2007, p. 3). início as questões do Judaísmo ligadas à temática
da alteridade e como trabalhá-las na educação
3. ALTERIDADE: UMA NECESSIDADE A infantil. A partir do corpus da obra "A guerra no
SER DEBATIDA DENTRO DAS SALAS DE Bom Fim", do escritor brasileiro Moacir Scliar,
AULA BRASILEIRA será possível desenvolver trabalhos em prol da
literatura comparada, intertextualizando-o com
Em decorrência do crescimento da demais obras que retratam o tema do genocídio
diversidade étnica, religiosa e cultural proveniente, judaico pelas vias da vertente do fantástico, que,
na maioria dos casos, pelos fluxos migratórios, e por conseguinte virá enriquecer o presente
diante do execrável aumento dos casos de trabalho.
xenofobia e antissemitismo no globo terrestre,
urge a proposição de debates referentes a Portanto, este estudo embasará nas
compreensão deste outro e também de sua cultura. teorias literárias de críticos como, dentre outros,
Jean Delumeau, Tzevan Todorov, Georges Duby,
Para tanto a escola deve buscar Selma Calazans Rodrigues, Maria Tatar, Yi-Fu
alternativas nas quais a realidade se associe com a Tuan, Julia Kristeva, Regina Zilberman, Rildo
aprendizagem, já que ela é o local no qual o Cosson, Magda Soares, Theodor Adorno, Hanna
discente terá os seus primeiros contatos com Arendt, Zygmunt Baumant, Antonio Candido,
terceiros que se diferem do seu âmbito familiar. Maria Luiza Tucci Carneiro, Marcio
Inconteste que não somente é ampliado o Seligmann-Silva.
vocabulário, mas também, a interação social com
demais pessoas. 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Emerge, então, um moderno jeito de Espera-se que esta pesquisa possibilite
refletir a educação respaldada na formação participação em diversos eventos acadêmicos no
humana, que assume novas diretrizes e desafios entorno de Goiás e em outros Estados, com o
para a atuação pedagógica do professor, sem intuito de que se possa levar nossos estudos para
descartar as já vigentes, haja vista que a este conhecimento do público acadêmico, outrossim,
competiria, avocar os alunos a desenvolverem agregar textos de pesquisadores distintos para a
reflexões e posições críticas através de confecção do presente trabalho. Por meio de uma
provocações dialógicas. proposta interdisciplinar, pretende-se que os
produtos deste estudo (comunicações, pôsters e
Importante notar que a alteridade sempre artigos) não fiquem restritos ao universo de Letras,
foi uma disciplina olvidada no locus escolar, já mas também sejam apresentados em eventos de
que não é o seu principal objeto de estudo. cursos como Pedagogia, História e Ciências
Poupam-se, desta feita, atividades que Sociais. Por fim, espera-se entregar um trabalho
demonstrem as riquezas escondidas por detrás das final que tenha como base a questão da alteridade
linguagens, que são responsáveis em articular a na literatura fantástica, que por sua vez, norteie
movimentação de identidades direcionadas ao docentes em suas estratégias de trabalho com seus
outro, ou seja, ao reconhecimento de si pelo outro, alunos.
seja social, seja cultural.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
À luz disso, o letramento literário, sob o
viés fantástico, seria viável para a resolução desta De acordo com o explanado acima é
celeuma, pois, a leitura promove o abrir "(...) uma possível ratificar a magistral importância da
porta entre meu mundo e o mundo do outro. (...) prática literária dentro da sala de aula, e bem
Abrir-se ao outro para compreendê-lo, ainda que como, a enorme utilidade do gênero fantástico
isso não implique aceitá-lo, é o gesto para o desenvolvimento dessa dinâmica sobre a
essencialmente solidário exigido pela leitura de alteridade. Cabe salientar que ao enredar-se por
qualquer texto." (COSSON, 2011, p. 27). esse universo detalhado do insólito, estranho e de
coisas as quais usualmente se diferem dos
4. METODOLOGIA parâmetros sociais, surgem hesitações dada a
polissemia apresentada pelos textos literários que
Precipuamente a pesquisa focará nos “(...) apresentam espaços vazios, ou seja, espaços
elementos introdutórios acerca da alteridade, bem abertos à interpretação do leitor. (...) que ele

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mesmo preencherá de acordo com o seu
imaginário." (RODRIGUES, 1988, p.70).

Sob essa perspectiva, o Conto em


questão, por se tratar de um tema tão delicado
como o antissemitismo, dá margens para que o
aluno possa elaborar alternativas, discussões sobre
a dignidade que cada um carrega
independentemente da sua nacionalidade, bem
como, construir o próprio senso crítico e visão
original acerca da linguagem utilizada para a
representação do judeu. Enfim, ser-lhe-ia
oportunizado considerar “o mundo inteiro como
uma terra estrangeira” (GARCIA-CANCLINI
apud SAID, 2015, p. XXXVIII). (grifos do autor),
e consequentemente, humanizar a aprendizagem
transpondo-a para fora dos muros da sala de aula.

REFERÊNCIAS

CANDIDO, Antônio. Vários Escritos. 3ª ed. rev. e


ampl. São Paulo: Duas Cidades, 1995.

COSSON, Rildo. Letramento Literário teoria e


prática. 2 ed., 3ª reimpressão. - São Paulo:
Contexto, 2014.

GARCIA-CANCLINI, Nestor. Culturas Hibridas:


estratégias para entrar e sair da modernidade;
tradução Heloísa Pezza Cintrão, Ana Regina
Lessa; tradução da introdução Gênese Andrade. ─
4ª ed. 7 reimp. ─ São Paulo: Editora da
Universidade de São Paulo, 2015.

GRIMM. Jacob, GRIMM. Wilhelm. Contos


maravilhosos infantis e domésticos. Trad.
Christine Röhrig. Vol. 1 & 2. São Paulo Cosac
Naify, 2012. s.p.

POLIAKOV. Léon. De Cristo aos Judeus da


Corte: história do anti-semitismo, I. 2. ed. - São
Paulo: Perspectiva, 2007.

_______________. A Europa Suicida:


1870-1933: história do anti-semitismo IV. São
Paulo: Perspectiva. 2007.

RODRIGUES, Selma Calazans. O fantástico. São


Paulo: Ática, 1988.

RESPONSABILIDADE AUTORAL

A autora é a única responsável pelo


conteúdo deste trabalho.

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O imaginário utópico aplicado à construção do
conhecimento nas escolas

Bruna Caroline Machado Gomes1


Rogério Bianchi de Araújo 2

Resumo

Esse relatório tem como desígnio apresentar as observações, análises, reflexões e


práticas das questões que norteiam a pesquisa do Programa de Licenciatura –
PROLICEN, com o projeto “O imaginário utópico aplicado à construção do
conhecimento nas escolas”. Esse projeto tem como objetivos destacar o papel da
utopia na contemporaneidade nas escolas, além de relatar as experiências vividas
pela discente na escola pública incentivando os alunos a pensarem utopicamente, a
partir de uma criação imaginária, o futuro. O referencial respalda-se na obra Utopia
de Thomas More (2005), na obra O que é utopia de Teixeira Coelho (1981), no
texto Notas sobre a Utopia de Marilena Chauí (2016) e, também, na obra O
Princípio da Esperança de Ernst Bloch (2005).

Palavras-chave

Educação. Escola. Imaginação Utópica. Utopia.

Introdução

O presente relatório visa apresentar a experiência de práticas realizadas nas


regências do Programa de Licenciatura – PROLICEN, por meio do projeto “O imaginário
utópico aplicado à construção do conhecimento nas escolas”. Esse projeto foi pensado a
partir da estadia do professor-orientador da pesquisa na Universidade do Porto, entre
setembro de 2014 e setembro de 2015, para a realização de pesquisa pós-doutoral, sobre a
orientação da profa. Dra. Fátima Vieira. Nesse período, ele pode ter contato com o projeto
“PAN-utopia 2100: Uma Utopia Interativa” que oferecia um fórum para reflexão sobre o
futuro, sobre o ano 2100, data suficientemente distante para que se possa traçar planos,
soluções e conquistar sonhos. Por meio de um convite, para as escolas integrarem a Liga
das Escolas Utópicas, o projeto propunha aos alunos a construção de uma sociedade
alternativa, em uma ilha imaginária.

1
Orientanda, Unidade Acadêmica Especial de Biotecnologia, brunamachadoufg@gmail.com.
2
Orientador, Unidade Acadêmica Especial de História e Ciências Sociais – revisado pelo orientador.

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Com a intenção de desenvolver um projeto semelhante aqui, na cidade de Catalão-
GO, que compreendesse a mesma proposta de enaltecer a construção de uma educação
voltada para a cidadania ativa, estruturada por uma esperança transformadora que tem no
horizonte a construção de um mundo melhor nascem estas experiências a partir da
realidade encontrada na escola. Assim, esse projeto tem como objetivo destacar o papel da
utopia na contemporaneidade, mais particularmente sobre o papel da universidade,
especificamente dos cursos de licenciatura e das escolas para fomentar o pensamento
utópico. E, também se constituí como objetivo desse trabalho incentivar os alunos a
pensarem utopicamente, a partir de uma criação imaginária, o futuro.
A utopia como referência dos questionamentos acerca do papel das licenciaturas e
das escolas, para além da utopia como o não lugar, o ainda não existente, precisa ser
pensada como um horizonte a ser perseguindo. Segundo a teórica Sargisson (2000), nos
espaços utópicos não está mais presente a perfeição e um ideal, a utopia é visualizada
como transgressão. Assim, a utopia não se refere apenas a uma visão de uma sociedade
futura, mas uma capacidade, talvez disposição, para usar conceitos amplos de ver a
realidade e suas possibilidades.
Diante disso, a proposta inicial, que consta no plano de trabalho, era abordar
alunos do ensino público e privado visando à criação de uma ilha utópica, como forma de
possibilitar o pensamento utópico. Entretanto devido alguns problemas enfrentados na
execução do plano, tais como a sobrecarga de atividades que as escolas tinham no período
inicial da pesquisa, a impossibilidade de realizar as visitas no segundo semestre de 2018,
houve a necessidade de realizar modificações no calendário do plano de trabalho para
melhor adequar-se ao calendário escolar dos estudantes, assim, as visitas às escolas
iniciaram no primeiro semestre de 2019.
Além disso, em virtude do tempo disponível para a prática, o ultimo semestre da
pesquisa, o projeto teve que ser modificado, focando na educação pública, diminuindo a
quantidade de visitas à escola, a quantidade de encontros com as turmas e, ainda, a forma
como seria construída a utopia. Desse modo, o plano de trabalho sofreu alterações, no que
se refere à prática na escola, possíveis de serem previstas e registradas no relatório parcial.
A partir das alterações supracitadas, parte-se de imaginar o outro mundo possível
com alunos do ensino médio de uma escola pública em Catalão no estado de Goiás, o
Colégio Estadual Dona Iayá. Ao entrar em contato com a diretora do Colégio, ela mostrou-
se bastante animada com a ideia propondo um encontro no início do primeiro semestre
letivo dos estudantes, em 2019, onde poderíamos expor o projeto à coordenadora

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pedagógica da escola e, também, realizar um cronograma.
Nessa reunião ao propormos a execução do projeto com todas as turmas do
ensino médio à coordenadora pedagógica, ela disse que dentre os estudantes do ensino
médio apenas poderia participar do projeto, em virtude de disponibilidade de tempo, as
turmas dos primeiros e segundo anos, uma vez que os terceiros anos estavam engajados em
outras atividades. Ademais, ela também conversou com a professora das disciplinas de
História, disciplina ao qual ligaria ao projeto, que disponibilizou um encontro por turma
que duraria por volta de 50 minutos.
Assim, pretendia-se buscar em sala de aula, juntamente com os alunos e o
professor, desenvolver o conceito de utopia contextualizado as vivências deles, e trabalhar
elementos necessários para a criação de um imaginário utópico a respeito de um tema
especifico: as relações de trabalho no futuro. Nesse sentido, a experiência aqui descrita
teve como principal objetivo, construir um imaginário sobre o futuro, por meio da prática
em sala de aula na aplicação de exercícios, reflexivos e textuais, que permitam essa
construção e, ainda, refletir, nesse relatório, sobre os conteúdos produzidos pelos alunos
pensando sobre o impacto na vida das pessoas em relação a presença ou ausência do
trabalho, ou das relações de trabalho no ano de 2200.

Desenvolvimento

O termo utopia foi desenvolvido por Thomas Morus, um dos principais filósofos do
século XVI, dando nome ao seu romance que possuía características sociais e organização
política que eram ideias, contrapondo com a realidade da época. Tratava-se de uma descrição
imaginativa de uma sociedade que tinha leis justas, e instituições que eram comprometidas
com o bem-estar coletivo.
Assim com Thomas Morus temos uma utopia, em gênero literário, como uma
construção imaginativa, especulativa, atemporal, a uma visão de sociedade. Desde então esse
termo vem ganhando novos moldes, alguns reducionistas, considerando-a como algo que não
tem espaço para sua concretização. Embora etimologicamente a palavra utopia signifique
“não lugar”, trata-se de lugar que não existe, em um determinado momento, mas que pode vir
a existir.
Afastando de uma perspectiva reducionista, negativa que associa a utopia como
algo impossível, o autor Teixeira Coelho (1981) a apresenta de uma forma mais ampla, como
um projeto que é possível de ser alcançado:

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Mas a imaginação necessária à execução daquilo que deve vir a existir não é
a imaginação digamos comum (...). Tem de ser uma imaginação exigente,
capaz de prolongar o real existente na direção do futuro enquanto projeção
de um presente a partir daquilo que neste existe e é passível de ser
transformado (COELHO, 1981, p. 08).

O nome para essa imaginação, segundo ele, é a imaginação utópica. Assim, pensar
a educação nesses termos é um desafio a ser encarado, pois frente aos paradigmas
homogeneizantes e reducionistas impostos às escolas, cabe a essa instituição se reinventar
frente a isso, transformar-se e melhorar a partir do real existente. Criar um novo paradigma
em que reine as aberturas de horizontes utópicos, para além das hegemonizações impostas
pela globalização econômica. Tendo como premissa esse campo imaginação que pretende
superar os limites frequentemente medíocres da realidade, e penetrar no mundo do possível,
adentramos no mundo da ação educacional para refletir as práticas educacionais de modo a
incentivar o uso da perspectiva utópica e o imaginário dos alunos.
Iniciamos os encontros na escola com as turmas do ensino médio, quatro turmas do
primeiro ano e duas turmas do segundo ano e com uma aula de 50 minutos disponível por
turma. Dessa forma, para melhor aproveitamento do tempo, o encontro foi dividido em dois
momentos. No primeiro momento foram feitas as apresentações à turma, sobre o projeto de
pesquisa, a partir disso foi iniciada a conversa com os alunos sobre o conceito de utopia,
buscando rastrear se havia alguém na sala que conhecia o termo, ou se já havia entrado em
contado com alguma obra (filme, livros, música, entre outras) que passavam por essa
perspectiva. Em seguida, o conceito de utopia, imaginação utópica foi desenvolvido com a
turma por meio da obra A Utopia de Thomas Morus, de modo a contextualizar com a
realidade vivenciada por eles para aproximá-los do conceito.
A partir disso, passamos para o segundo momento do encontro, onde os alunos
foram convidados a construir um imaginário a partir da seguinte interpelação: “Imagine que
você está vivendo no Brasil no ano de 2200. Construa uma utopia sobre as relações de
trabalho nesse futuro”. Foram apresentados alguns aspectos que poderiam, ou não, aparecer
nas construções individuais, tais como: o local de trabalho, os modos de trabalho,
empregabilidade, tecnologia, aposentadoria, sistema econômico, a organização do trabalho, a
renumeração, relação entre patrão e empregado e entre trabalhadores.
A sugestão foi de que essa construção poderia ser de forma textual, narrativa,
poética; ou por meio de desenhos, mas que eles, os alunos, poderiam ficar a vontade sobre a
forma pela qual eles iriam usar para se expressar. Assim que eles terminaram foi pedido para
que eles entregassem os textos, desenhos e foi ressaltado que eles não precisariam se

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identificar, uma vez que apenas seria utilizado para fins de pesquisa. Diante disso, foram
construídas narrativas escritas, poesia e alguns desenhos entregues ao final de cada encontro.
Os encontros ocorreram nas aulas de história e a professora sempre estava presente
buscando contribuir através de comentários, exemplificações a respeito do tema que estava
sendo exposto. No entanto, as interferências da professora no decorrer de cada encontro
tornaram-se recorrentes ela comentava e justificava dizendo que os meninos poderiam não
estar entendo a proposta, uma vez que, segundo ela, era bastante complexa para os alunos
daquele ano – primeiro e segundo ano do ensino médio. Assim que entravamos em cada sala
ela conversava com a turma dizendo que havia as escolhidos, pois ela julgava que os alunos
teriam capacidade intelectual para representar a escola nesse projeto.
Em diversos momentos, através do diálogo foi preciso desconstruir algumas ideias
que eram passadas para os alunos por meio da professora, tais como a ideia de que eles eram
incapazes de fazer essa projeção sobre o futuro, que o presente é bastante ruim, e a ideia de
que o futuro só poderia ser ruim, negativa. Em alguns encontros ela trouxe um relato pessoal
sobre a experiência de sua profissão como professora, relatando que tudo só tem piorado a
violência, os salários. Em outros encontros ela também interrompeu a explicação e disse que
seria bem mais interessante que os alunos imaginassem sobre o ano de 2049, em vez de 2200,
uma vez que estaria mais acessível para eles.
O exercício realizado, a partir dessas exposições, foi de contrastar essa realidade
com a de um futuro ideal possível, de forma a possibilitar a construção de um imaginário
utópico. Outro desafio encarado foi de deixar o conceito de utopia acessível para os alunos,
uma vez que, conforme já explanado, o conceito é superestimado têm-se a necessidade de um
amparo teórico para se realizar nas construções dos meninos – sendo necessário repensar os
métodos de exposição da proposta.
A partir das construções dos alunos – 134 redações e dois desenhos – foi possível
perceber diversos elementos que divergiram da proposta, uma utopia sobre as relações de
trabalho no futuro, tais como a substituição do trabalho humano por máquinas acarretando no
desemprego, baixos salários, a substituição da mão de obra humana. A extinção de profissões
de áreas da medicina, engenharia, de trabalhos manuais também é bastante recorrente. Assim
como a presença de robôs na sociedade, os robôs aparecem como um problema, uma vez que
eles farão tudo no lugar dos humanos.
No que se refere ao meio ambiente, de acordo com boa parte dos textos, a ideia de
que ele estará destruído, desmatado, prevalece. A água aparece como um recurso escasso, em
virtude das práticas realizadas atualmente, como o desperdício. As arvores, as plantações

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aparecem como raros nesse novo cenário. Assim, é possível perceber uma atual descrença em
relação à preservação ambiental.
Alguns elementos se destacam como aspectos de um imaginário utópico, como a
possibilidade de cura para todas as doenças, em virtude do avanço tecnológico; um mundo
mais justo; igualdade econômica; o avanço da tecnologia de forma a possibilitar a autonomia
do ser humano; a consciência em relação ao cuidado com a natureza contrasta com a maioria.
Embora esses elementos tenham nos permitido perceber um desejo de mudança do presente
em relação ao futuro, na maioria das construções há uma frustrante ausência de projetos ou de
manifestações utópicas.

Considerações Finais

No decorrer de cada encontro, onde buscou-se incentivar o uso da perspectiva


utópica e o imaginário dos alunos, foi possível perceber elementos que demonstraram a
dificuldade com a imaginação, mais especificamente a imaginação utópica. As falas dos
alunos relatando que eles não conseguiam pensar sobre esse futuro, ou criá-lo, aparecem
como o principal elemento, resultando em textos curtos, alguns interminados. Houve alunos
que decidiu não participar, deitando a cabeça sobre a mesa, outros alunos disseram não estar
interessados e que estavam com preguiça, mas que tentariam escrever um pouco, e grande
parte dos que se propuseram a participar sentiram dificuldade em imaginar a possibilidade de
um futuro distante e incerto, segundo eles.
Através da leitura das produções dos alunos também foi possível perceber que não
houve uma construção sobre sistemas de trabalhos alternativos, que não sejam relacionados
ao sistema econômico vigente, a lógica do mercado. A substituição do trabalho humano por
máquinas foi um elemento recorrente nas redações, a quase unanimidade quanto à presença de
robôs e inteligência artificial. A presença de robôs aparece, ainda que resultado do avanço da
tecnologia, de forma negativa nas construções, pois o robô é a figura que substitui o trabalho
humano, criando novas formas de desempregos, extinção de profissões, impedindo o ser
humano de agir sobre mundo por meio do trabalho.
Embora a intenção para as construções fosse criação de uma utopia, os elementos
presentes e recorrentes nas redações demonstraram que a proposta não havia sido incorporada
de modo que os textos, em sua maioria, eram distopias. Pensando nessa descrença aparente
nos textos a respeito do futuro, uma desmotivação de elaborar sobre o que viria a ser, aparece
como uma face do niilismo passivo, o que poderia justificar a predominância do pessimismo,

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do vazio que aparece nos textos e até a falha na construção da utopia.
De acordo com Freitas Neto (2017), a ausência de imaginação é um modo de
impedir novas construções sobre o futuro e sobre o passado. Segundo ele, o esgotamento ou a
incapacidade de construção de um futuro é o que imobiliza, criando uma sensação de
impotência no presente. Assim como também um pensamento pessimista e conformista busca
adequar e adaptar o indivíduo a um mundo ao tal como está, um mundo do trabalho que cada vez mais
busca a eficiência, eficácia e promove, por meio da competição entre as pessoas, uma busca
implacável pelo lucro. Em alguns textos é possível perceber que esses elementos são tratados, quando
eles trazem que na relação entre patrão e empregado, o patrão irá ter muito mais lucro com as
máquinas e os robôs.
Assim, faz-se necessário pensar nesses aspectos levantados e levantar outros, de modo a
refletir sobre essas produções, uma vez que a proposta de uma perspectiva utópica é a capacidade de
mobilizar os imaginários e deve ser incentivada nas escolas. Outra questão a ser levantada e
refletida é que nas construções da maioria desses alunos, entre 15 e 18 anos, a marca foi a
falta dessa perspectiva utópica.
De modo a concluir esse relatório, mesmo não esgotando a temática, é ressaltada a
importância desse projeto de iniciação cientifica na licenciatura da discente, que a possibilitou
participar e interagir no processo educativo com a escola, os alunos e os professores. Por meio do
projeto foi possível estabelecer um contato, necessário, entre a escola e a universidade que produziu
debates e reflexões. No último encontro, de despedida, a coordenadora afirmou que a escola sempre
estará de portas abertas para próximos projetos e, se possível, esse projeto com outras turmas.

Referências

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Campina Grande: EDUEPB, 2016. Um convite à utopia collection, vol. 1, pp. 29-45.
ISBN: 978-85-7879-488- 0. Available from: doi: 10.7476/9788578794880.0002.

COELHO, Teixeira. O que é utopia. 3. ed. São Paulo: Brasiliense, 1981.

BLOCH, Ernst. O Princípio Esperança, Vol. 1. Rio de Janeiro: Contraponto, 2005.

FREITAS NETO, José Alves de A. Sobre Utopias e Desencantos: a potência da


imaginação na construção histórica. Jornal da Unicamp, 2017. Disponível em: <
http://www.unicamp.br/unicamp/ju/artigos/jose-alves-de-freitas-neto/sobre-utopias-e-
desencantos-potencia-da-imaginacao-na>

MORE, Thomas. A Utopia. Tradução de Pietro Nasseti. São Paulo: Martin Claret, 2005.

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SARGISSON, Lucy. Utopian Bodies and the Politics of Transgression. London: Editora
Taylor Print on Dema, 2000.

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Anexos – Certificados de participação em atividades científicas

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O LIVRO DIDÁTICO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA – INGLÊS –
UMA ANÁLISE ATRAVÉZ DO SISTEMA DE AVALIATIVIDADE

Vieira, Welison de Camargo, welisoncv@hotmail.com


Almeida, Fabíola Aparecida Sartin Dutra

V Mostra do Programa de Licenciatura – PROLICEN

Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Letras

Resumo: Com enfoque no mapeamento de dissertações, teses e monografias que discutem o livro didático (LD)
de Língua Estrangeira – Inglês, foram selecionadas pesquisas acerca desse recurso, que visam resolver
problemas de linguagem na sala de aula. Foram analisadas as escolhas léxico-gramaticais utilizadas pelos
autores desse material ao referirem-se ao LD. Trazendo à tona a opinião desses pesquisadores sobre o LD, o
sistema de avaliatividade foi utilizado a fim de mapear as avaliações realizadas, com o objetivo de
compreender como pesquisas sobre o livro didático de Língua estrangeira - Inglês discutem e avaliam tal
recurso. A Metodologia empregada é de cunho quanti-qualitativo, utilizando procedimentos de coleta de dados
que resultarão em dados numéricos que serão posteriormente analisados por meio de métodos estatísticos a luz
da Linguística Sistemico-Funcional (HALLIDAY, 1994). Como resultado, além de realizar o mapeamento
das pesquisas sobre o livro didático disponibilizados na internet, esperava-se ampliar os estudos sobre análise
do discurso de base sistêmico-funcional, mais especificamente, o sistema de Avaliatividade, bem como, levar
em consideração a abordagem do livro didático assim como de suas respectivas avaliações quanto ao
ensino de língua estrangeira voltado para a realidade brasileira.

Palavras-chave: Ensino. Inglês. Análise. Livro, Didático.


_________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO Partiremos desse corpus para a análise, pois,


buscamos avaliar as relações sociais idealizadas pelo
Esta pesquisa tem como se encarregou do avaliador, bem como suas intenções ao dar o parecer
mapeamento de dissertações, teses e artigos que bem como suas intenções ao dar o parecer no
discutem o livro didático de língua estrangeira (LE) – momento em que conclui sua pesquisa para que,
Inglês, âmbito da formação de professores de línguas e observando suas escolhas léxico-gramaticais
posicionando-se dentro do arcabouço teórico da possamos compreender as possibilidades de atribuir
linguística aplicada (LA). Foram selecionadas as significados e construir representações do processo
pesquisas que se valem do livro didático (LD) de (LE) de aprendizagem de Língua Inglesa. Desta maneira,
para resolver problemas de linguagem na sala de aula por meio da análise desses elementos é possível
de Inglês. Mais ainda, foram analisadas as escolhas identificar como os pesquisadores compreendem o
léxico-gramaticais utilizadas por esses pesquisadores processo de ensino, aprendizagem e a forma como
ao referirem-se ao (LD), a fim de compreender compreendem uma língua estrangeira, mais
aspectos metodológicos que facilitam ou dificultam a especificamente, o Inglês. Dentro do arcabouço do
aprendizagem. Sistema de Avaliatividade, focamos no Subsistema
Como base teórica para esta pesquisa, faz-se uso Atitude e suas categorias Afeto, Julgamento e
da teoria Linguística Sistêmico- Funcional Apreciação.A partir do Subsistema Atitude, que,
(HALLIDAY, 1994/2004) com o foco no Sistema de conforme Almeida (2010) é responsável pela
Avaliatividade (MARTIN E WHITE, 2005) no âmbito expressão positiva e/ou negativa das avaliações
da Metafunção Interpessoal. Com isso, analisando os linguísticas, avaliamos por meio de suas escolhas
“resultados finais” ou “conclusões” de cada pesquisa, linguísticas os elementos presentes nas
é possivel compreender a avaliação de seus autores e a “considerações finais” dos pesquisadores.
forma que expressam opiniões, julgamentos e atitudes, Relacionam-se aos três outros sistemas básicos de
em outras palavras “interacional e pessoal, sentimento, afeto, julgamento e apreciação, e por
constituíndo um componente da linguagem que serve meio deles é possível compreender diante de qual
para organizar e expressar tanto o mundo interno tipo de atitude os participantes se posicionam acerca
como o mundo externo do indivíduo” (NEVES, 1997, do material avaliado.
p.13).
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2. METODOLOGIA Avaliações de Afeto

A pesquisa se encontra dentro do âmbito da LA que Retomando os conseitos anteriormente discutidos,


se insere na área de pesquisa de base sistêmico- exemplificaremos os termos que se encaixam na
funcional. A análise se baseia no sistema de categoria “afeto” que como já foi visto, é um recurso
avaliatividade, contemplando a metafunção semântico que se refere às emoções baseadas nos
interpessoal da língua, de acordo com os princípios da sentimento do falante. Os gêneros textuais trabalhados
LSF. A escolha do material a ser utilizado se deu em conjunto com a escrita acadêmica parecem
através de uma análise criteriosa dos componentes dificultar a observação de demonstrações dessa
que mais correspondem as necessidades da categoria avaliativa. Ainda assim, podemos ver que a
pesquisa. Neste aspecto, nosso objetivo é atender as avaliação seguinte se insere no subtipo segurança;
perguntas propostas na elaboração do projeto,
assim, visando manter a característica quanti- (Exemplo 1): [...] “criam” atividades que apenas
qualitativa do mesmo, o corpus é composto por 5 repetem as de manuais tradicionais. O que é bastante
conclusões/considerações finais escolhidas entre preocupante, pois, como já foi apontado, não existe
15 trabalhos previamente selecionados, compostos uma avaliação do PNLD sobre os LDs de língua
por dissertações, teses e artigos de iniciação inglesa,
cientifica.
Os dados foram encontrados mediante pesquisa na Observa-se que se trata de uma avaliação direta e
internet pelos termos abordados pelo projeto, um dos explícita "bastante preocupante" é o atributo utilizado
fatores que levaram a escolha dos mesmos foi o quão pelo falante para demonstrar preocupações ou mesmo
recentes as pesquisas eram, dando preferência para as dúvidas em relação a ensino do inglês através do
mais atuais. Sendo assim, suas fontes variam, recurso avaliado. Desta forma, “bastante” é
podendo ser observadas no quadro abaixo: diretamente relacionado ao texto como intensificador e
conectando-se ao subtipo “In/segurança”.

Avaliações de Julgamento

Esse tipo de avaliação como já introduzido, diz


respeito ao comportamento humano, relacionados à
ética e a moral. Abaixo é possível observar como isso
pode ser materializado no texto:

(Exemplo 2): Pudemos verificar, por meio do


percentual de 100% de atividades estruturais presentes
nos livros, que o ensino de língua estrangeira ainda se
encontra muito enraizado à orientação normativo-
prescritiva.
3. RESULTADOS
Esse exemplo traz consigo a avaliação por parte do
Para a análise dos dados, foi utilizada a versão 6.0
autor quanto a sua pesquisa de que todas as atividades
do programa WordSmith Tools para Windows. Após a
observadas serem estruturais. Desta forma, podemos
organização dos dados pelo software foi realizada a
dizer que “verificar por meio do percentual de 100%”,
seleção e identificação dentre as categorias avaliativas
é uma forma para que o autor possa reforçar e
de atitude, posteriormente dividindo-as nas
comprovar seu julgamento da veracidade da
subcategorias: afeto, julgamento e apreciação.
informação apresentada anteriormente por ele em seu
Tomaremos como ponto de partida a divisão de
texto. Mais ainda, vemos de forma indireta como o
termos chave encontrados nos textos e que
autor se posiciona com relação a esse modelo de ensino
posteriormente serão discutidas conforme os quadros
“prescritivo”
a seguir de acordo com sua relevância para responder
Avaliações de Apreciação
as perguntas da pesquisa. Sendo assim, foram
selecionadas no material base, 6 situações distribuidas
Já a avaliação pela categoria Apreciação, diz respeito
entre as categorias em que mais se encaixam.
as impressões de objetos e fenômenos relacionados
geralmente ao bem-estar social. Podemos observar uma
maior predominância desta categoria, isso parece estar
relacionado principalmente a característica estrutural
dos gêneros trabalhados. A avaliação seguinte, retoma
alguns pontos interessantes de termos já utilizados em
outros exemplos, contudo, agora embuidos de outra
carga de sentido como podemos ver nos exemplos a
seguir:

(Exemplo 3): a colecao analisada teve uma proposta de


Anais · 5o CONPEEX - Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensãometodologia
· RC/UFG · adequada
29/10 a 01/11/2019 · ISSN 2447-4134 · 604
Esse exemplo traz novamente a categoria julgamento Este relacionamento mostrou-se atribuído de diversas
porém neste caso o autor da pesquisa reconhece a questões pessoais para cada pesquisador, que por sua
dentro da subcategoria capacidade, que a coleção vez, as projetou em seus conceitos de material
analisada pelo mesmo possui as caracteristicas didático ideal uma vez que encontramos
consideradas por ele importantes ou mesmo identificadores implícitos de fatores emocionais
“adequadas” para suplir o proposito do material. inseridos de forma muito bem elaborada nos
trabalhos. O trabalho exercido nestes textos bem
A avaliação abaixo se refere ao subtipo In/satisfação, como a pesquisa atrelada a ele proporcionou o
se relaciona aos sentimentos de aprovação e/ou conhecimento de como as escolhas linguísticas são
satisfação para com algo em relação a um feitas para expressar as avaliações do falante e o
determinado uso ou contexto: quão elas podem ser tão bem elaboradas que muitas
vezes carregam uma enorme gama de significados
(Exemplo 4): O atual contexto educacional parece atrelados, capazes de compor características
não propiciar condicoes adequadas para que os extremamente próprias de seus autores. Graças a essa
professores possam utiliza-los. pesquisa, foi possível vivenciar uma pequena parte
do conhecimento teórico e metodológico da
Observa-se que essa avaliação esta ligada a visão do Gramática Sistêmico-Funcional, mais
autor para com o seu atual contexto educacional, especificamente o Sistema de Avaliatividade,
podendo não ser aplicavel caso o mesmo varie. Ainda podendo perceber pela Metafunção interpessoal
assim, é interessante observar que “parece não como são complexamente bem elaboradas as escolha
propiciar” traz ao mesmo tempo uma carga de léxico-gramaticais exercidas constantemente pela
insatisfação para com o material didatico analisado, sociedade com o intuito de se expressar afim de que
combinada a uma carga de Incerteza atribuida ao sejam transmitidas não só as informações cruciais,
termo “parece”. mas toda a carga socio-ideológico-cultural carregada
pelos interlocutores e realizada propositalmente ou
(Exemplo 5): (quanto ao ensino) O desenvolvimento não através do texto em uma dada situação de
dessas práticas não era feito de forma eficiente pelos comunicação. Desta forma, as análises dos
livros didaticos. recursos léxico-gramaticais da pesquisa nos
mostraram que as escolhas avaliativas
Podemos observar neste exemplo que o autor desta representam uma grande preocupação com
pesquisa comenta sobre o impacto direto que um relação ao caminho que o ensino de língua trilha
material tem sobre a aula. Ainda que possamos em nosso país. As análises nas conclusões das
caracterizar a avaliação como afeto, de subcategoria pesquisas nos mostraram que as escolhas
capacidade, é possivel ver que o autor tambem imbui lexicais retratam uma representação positiva quanto a
o texto com sua propria carga quanto a apreciação importância do ensino da língua inglesa em conjunto
negativa do desenvolvimento das praticas citadas por com uma perspectiva concreta e realista dos
ele. Dessa forma, também vemos agir no texto as resultados que são esperados em relação as
forças de reação-qualidade que contemplam possibilidades que contemplam a construção de uma
subcategorias ligadas a Apreciação. educação inclusiva e voltada para o contexto do
aluno uma vez que, o ensino de língua é
(Exemplo 6): Analisar um livro didático demanda indissociavelmente atrelado ao ensino da literatura e
cuidados interpretativos e conhecimento dos até mesmo da cultura que a língua carrega.
conceitos propostos pelos autores e teóricos da área
da linguagem. Não é tarefa fácil, pois envolve um Sendo assim, é necessário que ao se produzir
universo de conhecimentos oriundos das mais vastas material didático para o ensino de língua, seja
áreas do conhecimento humano. tomado muito cuidado na estruturação dos exercícios
Neste ultimo exemplo, é possivel observar a e a forma em que este recurso liga a língua
avaliação da tarefa como algo dificil ou mesmo estrangeira com situações contextualizadas e que
complexo, caracterizando-a na subcategoria da reflitam corretamente o uso da mesma em situações
composição de complexidade. O autor faz a reais de comunicação, para que possam atingir o
associação da tarefa com relação a suas proprias esperado grau de relevância para com os estudantes.
convicções acerca da mesma e descreve seus motivos Finalizamos este trabalho com a esperança que ele de
posteriormente. alguma forma possa contribuir para a formação de
professores de língua e induzir pesquisadores a se
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS aprofundarem nessa área que a cada dia torna-se mais
fundamental para o desenvolvimento e
Esta pesquisa propôs identificar o uso de aperfeiçoamento do ensino de línguas.
elementos avaliativos da categoria de atitude
presentes nas conclusões encontradas em teses,
dissertações e pesquisas de iniciação científica que
discutem acerca do livro didático de ensino de Inglês.
Caracterizamos a presença constante dos subtipos
afeto e julgamento, determinando suas interações
sociais,
Anais · 5oprincipalmente em relação
CONPEEX - Congresso a interação
de Pesquisa, Ensinoentre
e Extensão · RC/UFG · 29/10 a 01/11/2019 · ISSN 2447-4134 · 605
aluno e professor.
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O TEMA “REVOLUÇÃO” NOS LIVROS DIDÁTICOS DE HISTÓRIA

Costa, Frederico, fred.costalves@gmail.com


Grisolio, Lilian
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de História e Ciências
Sociais
Resumo: O presente artigo apresenta resultados da pesquisa em andamento sobre como é trabalhado as
revoluções no livro didático – O tema “Revolução” nos livros didáticos de história. Os objetivos da pesquisa
são: Olhar de forma crítica sobre o recurso didático mais utilizado pelos professores em sala de aula;
Compreender a importância do livro didático para o ensino, sua função social, levando em conta suas
características de produto e mercado; Perceber os impactos do seu uso no ensino de história e suas diferentes
formas de abordagem de um mesmo tema. Partindo dessa premissa, procurou-se mais referências que abordem
o tema para que possa seguir com as etapas da pesquisa. Atualmente, é o Programa Nacional do Livro Didático
– PNLD – que faz essa distribuição, além das análises dos livros, desempenhando grande importância na
educação brasileira. Portanto, todas as escolas são amparadas pelo PNLD, para fazer suas escolhas do livro
que será adotado. Assim, entender o histórico do livro didático, os critérios para sua elaboração, seleção,
circulação, distribuição é fundamental ao estudo. Por fim, partimos para a análise do conceito revolução e as
formas como é apresentado nos diferentes livros. Conforme as autoras Maria Auxiliadora Schmidt e Marlene
Cainelli. As autoras em suma apresentam de forma crítica a linha quase única que se trabalha a história nos
livros didáticos, que se justifica pela manutenção da hegemonia burguesa.

Palavras-chave: Revoluções; Ensino de história; Livro didático

__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO voltando sua racionalidade para consecução deste


O projeto “O tema ‘revolução’ nos livros didáticos objetivo. (MEDEIROS, 2005, p. 160)
de História”, analisa dois livros didáticos de
diferentes escolas, focando em como é trabalhado O plano de se estudar o tema “revoluções” nos
as revoluções Russa e Industrial nos livros didáticos livros didáticos, surgiu com a comemoração aos
de história do 3º ano do ensino médio. Para isso, 100 anos da revolução Russa, e os contatos com
construímos um contexto histórico e a história do diferentes estudiosos do tema, os quais nunca antes
livro didático, e seu impacto na educação brasileira. tive a oportunidade de ler. Agora com as recentes
Após isso, analisamos os dois livros didáticos, de mudanças no currículo escolar o ensino médio, e
duas escolas de Catalão, sendo uma privada e outra tentativas de impor o projeto “escola sem partido”,
conveniada católica. Buscamos neles observar sentimos que é de grande importância estudar como
como são apresentados os temas como Revolução são trabalhados temas importantes para a
Russa e Revolução Industrial, tentando entender se compreensão histórica. Temas como o golpe de
há uma linha de pensamento favorecida pelo autor 1964, chamado de Revolução até mesmo pelo
do livro, para que o livro seja melhor Presidente eleito Jair Bolsonaro, demonstra a
comercializado, não buscando a educação dos carência do povo brasileiro, em reconhecer as
alunos e alunas para obtenção da consciência revoluções, sendo confuso entender o que é
histórica, como cita Medeiros: realmente uma revolução. “Hoje, mesmo com
diversos avanços tecnológicos, o livro didático é o
Como procurei definir no capítulo dois, as centro da aula em 75% do tempo nas aulas da
condições materiais de produção dos manuais educação básica, além das tarefas de casa que são
didáticos de História submetem sua feitura não às feitas no mesmo em 90% das vezes, demonstrando
possibilidades de produção de consciência a importância do recurso didático nas salas de aula”
histórica, mas ao movimento de aquisição de bens, (SILVA, 2012).

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Historicamente, o livro didático foi uma para serem trabalhadores, somente explicando o
importante ferramenta de padronização da básico do mundo para que entendam sua função:
educação, principalmente durante a ditadura militar, trabalhar para consumir aquilo que todos
e vem sendo grande ferramenta para delimitar a consomem, por que é assim que é o mundo.
educação, para gerar empregados “úteis”, limitados
somente ao ensino raso das escolas. Mesmo com A educação escolar se caracteriza pela mediação
esse limite imposto pelo sistema educacional, com o didáticopedagógica que se estabelece entre
livro didático como aliado, a ausência de formas de conhecimentos práticos e teóricos. Dessa forma,
ensino alternativas, ou até mesmo de discussões que seus procedimentos e conteúdos devem adequar-se
fogem ao livro didático, vem sendo esquecidas das tanto à situação específica da escola e ao
propostas do MEC, como a proposta de escola sem desenvolvimento do aluno quanto aos diferentes
partido, que visa acabar com a “doutrinação” do saberes a que recorrem. (VERCEZE, SILVINIO,
professor dentro de sala de aula. Esta pesquisa, 2008, p. 85)
procura entender a ideologia dentro dos livros
didáticos, presente de forma tão subjetiva que até O livro didático, ainda assim, dentro da sala de aula
mesmo os professores ficam presas a ela. Será que é é um importante recurso didático, onde o aluno
possível que os livros didáticos sejam imparciais ao pode utilizá-lo para buscar informações aprendidas
apresentar temas históricos? na sala de aula, em sua casa, ou até mesmo
identificar elementos citados pelos professores em
Contudo, o intuito deste trabalho é analisar de figuras presentes no livro. Um auxiliador dentro da
forma crítica Livros didáticos de diferentes escolas,
sala, se tornou muitas vezes o centro das aulas,
buscando entender como é trabalhado a Revolução
Russa e Inglesa, levando em conta que o Livro determinando o que o professor deve ensinar e em
didático é um produto, e o conteúdo dele é feito qual momento deve ser ensinado. George Orwell,
para venda. Portanto, analisarei se os autores cita em seu livro 1984, a frase que pode talvez
produzem o livro para ser um material didático ou definir a tamanha polêmica que envolve a escolha
um produto. dos livros didáticos. “Quem controla o passado,
controla o… Quem controla o passado, controla o
futuro. Quem controla o presente, controla o
2. METODOLOGIA passado.”
Ao analisar o tema “revoluções” nos livros A pesquisa em questão busca analisar o
didáticos de história, busca-se compreender como é tema “revolução” em dois materiais de escolas
feito a divisão das mesmas ao longo do terceiro ano, diferentes de Catalão. Contudo é preciso entender o
o contexto em que é trabalhada e qual a profundidade contexto da pesquisa e os caminhos em que ela
que certos pontos se aprofundam, utilizando de percorre, onde leis que tentam impor uma aula sem
conceitos que Jörn Rüsen utiliza para análise de livros “ideologia”, e importante entender que já há uma
didáticos, como: ideologia presente nos livros didáticos, e que muitas
-A estrutura didática; vezes, nem mesmo os professores percebem e
-A relação com a prática da aula; perpetuam essa frente única de se ver os eventos
históricos. O que busca a Elite, é impor ainda mais
-A pluridimensionalidade que se apresentam os
sua corrente ideológica, não dando espaço para que
temas analisados os alunos vejam o mundo de forma diferente, não
Contudo, ao dar uma olhada nos livros da escola expressem ideias diferentes dos pais, os quais não
Nossa Senhora Mãe de Deus, de cunho católico, tiveram tanto acesso que hoje tem os filhos, com a
que utiliza o material Uno, o do colégio internet e os diversos e modernos canais de
Universitário, que utiliza o material Poliedro, propagação de informações.
ambos trabalham as revoluções de forma simplista e
rasa, mas com o material Uno reservando maior A breve pesquisa nos trouxe alguns resultados,
parte a elas, com um maior destaque e maiores que explicam a grande disputa pelo mercado de livros
informações. didáticos, e sua distribuição por poucas editoras. A
má formação de professores no país, impulsiona
Ao observar de forma preliminar os livros citados, é ainda mais as aulas regidas apenas por estes livros.
perceptível que ambos trabalham em uma linha Em escolas públicas e até particulares, é comum ver
parecida, e que são moldados para um aluno padrão, professores graduados em, por exemplo, história, dar
sem muita distinção de classe e gênero, buscando aulas de geografia, sociologia e até mesmo de alguma
padronizar seus hábitos e sua cultura, o formando língua estrangeira. Assim, o livro didático é a base das

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aulas de um professor que foi obrigado a dar aula em Quando analisado as revoluções, como a
outra matéria, a qual não é formado. Revolução Russa, é necessário buscar certos pontos
nos livros, como é citado no artigo “Revolução
Com o contato com dois livros didáticos, um da Russa e livros didáticos: mais motivos para
escola conveniada de vertente católica Nossa lamentar do que para celebrar” de Jane Santos da
Senhora Mãe de Deus, e do colégio particular Silva e Lair Amaro dos Santos Faria:
Universitário, é notável que ambos os livros são
focados para o ENEM (exame nacional do ensino No que se refere a esse último tópico, aguarda-
médio), onde seguem linhas cronológicas se que sejam trabalhadas as seguintes habilidades e
metodistas, onde um fato histórico é estudado de competências: Comparar os movimentos sociais que
forma isolada, e ocasiona outro, que mais uma vez é contribuíram para mudanças em processos de
estudado de forma individual. disputas pelo poder; Analisar os diferentes processos
de produção e circulação de riquezas e suas
A educação como mercadoria, faz com que implicações socioespaciais; Identificar as diferenças
os que tenham maior capacidade financeira, possa de movimentos revolucionários socialistas: Rússia e
controlar seu acesso e como é feita. Em uma escola Cuba. (FARIA, SILVA, 2017, p. 66)
com uma infraestrutura precária, com jovens sem
uma perspectiva, algo a almejar no futuro, com Os autores Jane Santos da Silva e Lair Amaro dos
professores mal pagos e muitas vezes, sem receber, Santos Faria, também buscam críticas aos livros
sonhar com uma sala de aula com debates críticos e didáticos, em suas bases bibliográficas, onde: “as
com recursos didáticos que vão além do livro bibliografias tendem a ser reducionistas e limitam-
didático pode parecer difícil, mas é necessário. É se a analisar a URSS como se fizesse parte de ‘um
necessário que os livros didáticos mostrem a nossa capítulo do debate sobre o totalitarismo’, deixando
realidade e preparem os alunos para ela, e não para de encará-la ‘como uma tentativa de construção de
algo que querem que ele seja. um Estado de natureza social distinta do
capitalismo’” (SADER, 2000, p. 42). Portanto, ao
A produção de livros didáticos que separar desta maneira os temas históricos, o autor
trabalham a história de forma diferente dos dos livros aqui analisados, coloca certa dificuldade
aprovados pelo PNLD (Plano Nacional do Livro para compreensão do tema analisado.
Didático), são censurados, onde, somente os livros
aprovados por este Plano Nacional, podem ser Assim, é possível concluir que os livros didáticos
utilizados em escolas aprovadas pelo Ministério da carregam muito mais teses de seus próprios autores
Educação. Projetos de lei como “escola sem e suas ideologias, do que fontes históricas de
partido”, tiram ainda mais autonomia do professor, pesquisa:
e colocam mais peso sobre os livros didáticos
escolhidos pelo Estado. Assim, o ciclo de poder se Livros didáticos, mais do que apoio para o
processo ensino/ aprendizagem de História,
perpetua nas mãos dos que comandam a “senzala”
transportam discursos ideológicos de seus autores.
da “casa-grande”, restringindo a educação somente
Com efeito, labora em erro quem dissocia o
aquilo que eles querem que ensine. material didático, do qual os livros didáticos
Colocando o aluno contra o professor, constituem um componente fundamental, de seu
nesta crescente onda anti-intelectual que cresce no papel como “instrumento de controle do ensino por
parte dos diversos agentes do poder”
país, fontes não científicas, contestam até mesmo os
(BITTENCOURT, FARIA, SILVA 2008, p. 298).
livros didáticos, onde anos atrás, a pesquisa de
células-tronco para criação de vacinas era 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
contestada, hoje todas as vacinas são contestadas. A
regressão intelectual, distancia o professor do aluno.
A internet permite a ele um acesso a diversas A indústria livresca hoje, no Brasil, tem como
informações. É preciso que o professor encaminhe o 60% dos seus lucros voltados para produção do
aluno para que ele acesse as informações livro didático (SILVA, 2012), mostrando que é um
produto bastante lucrativo, e que se é um produto, é
significativas, e que crie um senso crítico no aluno,
moldado para melhor atender aos seus
para que ele saiba categorizar as informações que compradores. A partir de 1964, o governo militar
tem acesso. sancionou uma lei (n° 53583) a qual padronizava os
livros didáticos utilizados em escolas,
implementando uma nova história, a qual se

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contrapunha a história positivista ensinada até o vistas. Ao professor cabe ensinar o aluno a
momento. (CARDOSO, 2016). A partir deste levantar problemas e a reintegrá-los num conjunto
momento, o ensino de história passa a ter a função mais vasto de outros problemas, procurando
de construir um sentimento patriota, tendo o livro transformar, em cada aula de História, temas em
didático como base para o ensino dos professores de problemática. (BITTENCOURT, 2012, p. 57).
história, mantendo essa tradição até os dias atuais
(BOURGNION, 2010). Assim, como afirma o professor Luiz
Carlos Bento:
A educação tecnicista, casa perfeitamente com
livro didático, que entra com “a função de facilitar o Portanto nesse contexto observamos que a escola, e
ensino, de modo que qualquer pessoa pudesse em especial, o profissional de História, exercem
utilizá-lo para ‘ensinar tudo a todos’. Essa pessoa – funções formativas importantíssimas para o
o professor – não precisaria de uma formação desenvolvimento de uma consciência histórica
aprofundada dos conhecimentos necessários ao capaz de fazer com que os indivíduos sejam
exercício da função. Bastariam, a ele, os capazes de se entender temporalmente e de pensar
conhecimentos essenciais à utilização dos manuais a construção histórica de suas vidas de uma forma
didáticos, tanto do professor quanto do aluno.” mais qualificada e abrangente. (CARLOS, 2013, p.
(COMENIUS, 2006), formando de forma rápida e 7)
barata um mercado de trabalho qualificado. Ao analisar os livros didáticos, é notável, logo
O método de Comenius ultrapassou as no começo que os livros apresentam somente uma
novas tecnologias, se mantendo presente sem versão do fato ao aluno e ao professor, onde o
poucas alterações, fazendo jus as suas propostas de mesmo já indica as conclusões que o aluno deve
formar de forma simples e superficial, tudo aquilo chegar. A abordagem do tema “Revolução
que um jovem precisa saber para ingressar no Industrial” por parte do livro em questão, coloca os
mercado de trabalho, somente isso. fatos históricos como meras consequências naturais
dos fatos anteriores, afastando os ideais burgueses e
Esse método compreendia o ensino somente das
coisas úteis de uso imediato, por meio da a burguesia como classe, dando a eles um papel
experiência direta, esclarecendo suas finalidades e coadjuvante, e a revolução foi algo que aconteceu
com um único e imutável método, para todas as naturalmente. O afastamento da burguesia como
ciências, todas as artes e todas as línguas, o que agente principal da Revolução, é demonstrado nesta
denota o caráter utilitarista e mecânico de sua passagem: “O aumento da acumulação do capital
proposta: “[...] instruir bem os jovens não significa exigiu que industriais buscassem a mão de obra de
atulhar suas mentes com um amontoado de mulheres e crianças” (BRAILCK, MOTA, 2017, P.
palavras, frases, sentenças, opiniões extraídas dos 17), onde segundo as autoras, utilizando uma
autores, mas, pelo contrário, desenvolver o citação de Paul Mantoux, justifica a escolha da mão
entendimento das coisas [...]” (COMENIUS, 2006, de obra infantil.
p. 189).
Paul Mantoux, um estudioso da manufatura do
O livro didático poderia ser facilmente século XVIII, primeira fase da Revolução
substituído por computadores com acesso à internet, Industrial, relata que o trabalho das crianças era
ou as vezes até mesmo um passeio fora de sala para muitas vezes preferido, devido à docilidade destas
que os alunos possam ver pessoalmente as coisas à sua maior facilidade no aprendizado, à
que aprendem nos livros, mas de forma mais submissão no cumprimento das ordens e aos
completa. Porém, com os livros rendendo tanto às salários menores que recebiam.(BRAILCK, MOTA,
editoras, é dificilmente substituído. 2017, p. 18)

Ser professor de história no Brasil, é uma O livro apresenta de maneira detalhada as


tarefa difícil, pois em um país com tantos transformações sociais ocorridas, mas não coloca os
problemas sociais, devemos abrir os olhos dos homens como agentes da história, colocando
alunos e correr daqueles que querem vê-los com os somente como coadjuvantes, onde a classe
olhos fechados. Contudo: Burguesa, só vai ter um papel fundamental no
Módulo 8, onde discute-se a revolução Francesa,
O professor de História pode ensinar o aluno a contudo, não é a classe que rege a história, não
adquirir as ferramentas de trabalho necessárias; o ficando claro o por que de os fatos acontecerem.
saber fazer, o saber fazer bem, lançar os germes do
histórico. Ele é responsável por ensinar o aluno a No módulo 11 é trabalhado a Revolução Russa,
captar e a valorizar a diversidade dos pontos de que é apresentada para compreensão da Guerra Fria

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nos próximos módulos. Lênin e Trotsky são postos que seguiram aqueles revolucionários, e de que
a frente da Revolução Russa, com o papel de líderes forma deturparam o pensamento de Marx, e
que movem o povo com suas ideias revolucionárias, atingiram o comunismo de Stalin.
e contra a industrialização tardia na Rússia. Em
nenhum momento, o livro traz as ideias de Marx e Assim, ao compararmos os dois livros, de
Engels, para comparar ou olhar de forma crítica a uma escola católica conveniada, e da escola
Revolução. A noção maniqueísta de bem e mal, de universitário, percebe-se, acima das diferenças, a
certo e errado, rege toda história apresentada no noção Comeniana de produção dos livros didáticos
livro UNO. em ambos, onde apresentam muita informação de
forma rasa, e na busca pela pluralidade de ideias,
O Livro Poliedro, utilizado na escola deixam o aluno perdido em meio de informações
particular Universitário, possui 4 exemplares incompletas, onde o professor não terá tempo de
distribuídos ao longo do ano, onde cada exemplar é complementá-las, devido ao curto prazo que tem
dividido ao meio entre história do Brasil e História para concluir o material. Assim, o livro deixa de ser
do Mundo, que tem como autor, Gilberto Elias um manual didático para o professor, e passa a
Salomão. dominá-lo, pois torna-se um estipulador de metas a
serem cumpridas.
O Livro 2, apresenta 6 capítulos, onde no
último, chamado de “O fim do antigo Regime e a A noção de Revolução em ambos os livros se
montagem do mundo burguês”, trabalha em duas equipara, trazendo que, revolução é aquilo que
páginas a Revolução Industrial, apresentando a transforma a ordem estabelecida, e coloca novos
mesma como ápice da consolidação da hegemonia fatores que moldam o novo sistema. Contudo, não
burguesa, apresentando as lutas sociais dos fica claro a noção dos agentes revolucionários, e
trabalhadores, sem demonstrar as ideologias criadas que a história é escrita por seres humanos,
a partir disso, como o comunismo e o anarquismo, propondo uma história moldada por fatores
onde a Revolução Industrial, segundo o autor, pode naturais, que mudam constantemente a história
ser chamada assim, pois “É o conjunto dessas humana, colocando os humanos como
transformações, decisivas para humanidade, que coadjuvantes.
permite chamar este processo de revolução”
(SALOMÃO, 2017, p. 130).
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os ideais surgidos na Europa com a
A história escrita nos livros didáticos, demonstra
Revolução Francesa e Industrial, é trabalhada no
a complexidade da transmissão do conhecimento
Livro 3, distante dos acontecimentos que estão
histórico, e o poder que a formação da consciência
relacionados, e de maneira rasa, não explicando as
histórica tem. A transformação da educação em
contradições entre elas, e a relação com os fatos que
produto, faz com que seja fácil moldá-la para seu
fizeram com que existissem. Deixando a Revolução
mercado consumidor. O grande capital, molda a
Russa para o Livro 4 e último, distante da Primeira
consciência histórica, e hoje, com o avanço do
Guerra e a revolução Industrial quase um semestre,
conservadorismo no Brasil, a retirada dos valores da
levando em conta que os livros têm o prazo de dois
história como ciência, é de grande importância para
meses para serem trabalhados.
frear as conquistas e a liberdade que ela vem
Contudo, “[...]a Revolução Russa não pode ser conquistando.
estudada de maneira isolada, sem pesar sua inter- Estudar o tema “revolução” nos livros didáticos
relação com outros processos concomitantes na de história, trouxa mais perguntas a respeito do
Europa e na Ásia e sem refletir nos seus impactos futuro da educação de história no país. Em meio a
mundiais.”(BITTENCOURT, FARIA, SILVA produção deste artigo, busquei entender como
2008, p. 298). funciona a produção dos livros didáticos, e entender
se há diferença entre a escola católica conveniada e a
Portanto, No livro 4 a Revolução Russa, privada.
assim como no Livro UNO, ela vem como contexto Portanto, a produção dos livros didáticos,
para Guerra Fria, ignorando Eric Hobsbawn, e voltados para venda em massa, deve ser olhado de
trabalhando a revolução de maneira isolada, e de forma crítica, pois, o livro até hoje é de grande
maneira que não fica claro os motivos e razões para impacto nas salas de aula, e o material utilizado
revolução, e não é explicado para o aluno, os ideais pelos professores é de constante disputa, seja

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ideológica, seja pela venda, tornando a educação, SILVA, Marco Antônio, A Fetichização do Livro
um cabo de guerra. Didático no Brasil, Educ.
Real., Porto Alegre, v. 37, n. 3, p. 803-821, set./dez.
REFERÊNCIAS 2012.
PANIAGO, Maria Lúcia. “Livro” didático : a SILVA, Jane Santos; FARIA, Lair Amaro dos
simplificação e a vulgarização do conhecimento.
Santos: Revolução Russa e livros didáticos: mais
São Paulo : Instituto Lukács, 2013.
motivos para lamentar do que para celebrar Jane
CARVALHO, Everton Marques. A abordagem
política e econômica nos livros didáticos de história Santos da Silva1 Lair Amaro dos Santos Faria,
adotados por escolas públicas do recôncavo da Revista educação e emancipação, v.10, n.3,
Bahia para o quinto ano do ensino fundamental, p.
99-109 Vol. 2, n. 3, 2014 set./dez. 2017.

BENTO, Luiz Carlos. O saber histórico e o ensino


de história : uma reflexão sobre as possibilidades
do ensino escolar da história. Fatos & Versões - RESPONSABILIDADE AUTORAL
Revista de história, v.5, n. 10, 2013 “Os autores Costa, Frederico e Grisolio, Lilian são os
únicos responsáveis pelo conteúdo deste trabalho”.

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PÁGINAS ENVELHECIDAS PELO TEMPO OU COM FRESCOR DE
VIÇO NOVO? - ANÁLISE DA ESCOLARIZAÇÃO DA LEITURA
LITERÁRIA POR MANUAIS DIDÁTICOS DE LÍNGUA PORTUGUESA.
PIRES, Elenita Aparecida da Silva, elenitaa.s.pires@gmail.com1
CARRIJO, Silvana Augusta Barbosa, silvana.carrijo@gmail.com2
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Letras e
Linguística
2
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Letras e
Linguística
Resumo: Pensando em questões que permeiam o ensino de literatura infantil e juvenil através do livro didático
de língua portuguesa, faz-se necessário o exame dos modos e procedimentos pelos quais a leitura literária vem
sendo efetivada por tais manuais. O corpora desta pesquisa é composto por dois manuais didáticos destinados à
educação básica, pertencentes à lista de livros que foram selecionados pelo PNLD entre os anos 2017 a 2019, o
primeiro intitulado Português Contemporâneo: Diálogo, reflexão e uso (2016), dos autores William Roberto
Cereja, Carolina Dias Vianna e Christiane Damien, indicado para o 1º ano do ensino médio, de
responsabilidade da Editora Saraiva, e o segundo, o livro Universos: língua portuguesa (2015), organizado por
Camila Sequetto Pereira, Fernanda Pinheiro Barros e Luciana Mariz, indicado para o 9º ano do ensino
fundamental. Tais livros foram disponibilizados aos estudantes de uma escola da rede pública estadual de
ensino da cidade de Catalão – GO no ano letivo de 2019. O intuito desta pesquisa foi o de chamar a atenção
para algumas questões relacionadas aos textos literários nestas duas coleções de livros didáticos, avaliados
pelo PNLD/2017, 2018,2019, também como fomentar o debate acerca da escolarização da leitura literária,
especialmente no âmbito da escola pública, enfocando algumas questões sociais e alguns temas de relevância
tais como questões concernentes à memória e à cultura, verificando como elas são (ou não) contempladas nos
manuais analisados.
Palavras-chave: Livro didático; Literatura infantil e juvenil; Leitura literária. Memória. Cultura.

________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO preservada enquanto tema relevante e se e como os


textos são utilizados numa perspectiva lúdica para
Discussões acerca da importância da despertar o gosto pela leitura por parte dos alunos.
literatura permeiam vários âmbitos, principalmente o As análises realizadas buscam identificar
escolar, pois é onde a maioria tem um contato, por como são apresentados os textos em relação à
um espaço de tempo maior, com o texto literário em memória, cultura e manipulação dos textos literários
diferentes formas e níveis. O contato não só com a nos livros didáticos, como as propostas de atividades
leitura, mas também com a literatura em um sentido dialogam com o texto literário, se estes se encontram
geral, proporciona maior conhecimento de questões na integra ou em pequenos excertos, se abordam
ligadas ao próprio ser humano. A literatura é uma uma diversidade na questão de gênero literário e se
forma de o indivíduo criar sua própria identidade, são contempladas referências textuais canônicas ou
encontrar um lugar de fala e pensamento crítico não da literatura infantil e juvenil.
perante a sociedade. A importância de uma boa abordagem dos
Para desenvolvimento de tal pesquisa, textos literários advinda dos livros didáticos é, sem
analisamos duas obras destinadas ao ensino básico dúvida, crucial na formação inicial básica,
da rede pública de educação, a primeira destinada ao ampliando não só a formação cognitiva e intelectual
nono ano (ensino fundamental), a segunda, destinada dos alunos, mas também o repertório linguístico
ao primeiro ano (ensino médio) a fim de investigar: destes, fomentados os jovens rumo à aquisição de
como são abordados os textos de literatura infantil e uma significativa bagagem literária e despertando-
juvenil nos manuais didáticos distribuídos pelo lhes o gosto pela leitura que amplia seus horizontes
PNLD 2017/2018/2019, como são representados os estéticos e culturais. A inadequada escolarização da
textos, como são explorados para abordagem pós- leitura literária pode criar aversão tanto pela leitura
leitura, se a questão da memória está sendo como pelo conhecimento, exemplo são os casos de

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uso de frases soltas retiradas de textos literários uma memória literária coletiva, de modo que cada
usados, muitas vezes, apenas para ensinar normas período literário, sua história e estilo se tornem
gramaticais com objetivo único de testar acessíveis a leitores de variadas épocas . No entanto,
conhecimento e/ou avaliar desempenho em um ao lado de textos canônicos, o aluno deve entrar em
único assunto. contato também com textos contemporâneos e ainda
não chancelados pela crítica, ou seja, com uma
diversidade de textos, para que ele possa
2. DESENVOLVIMENTO compreender que a cultura é um fenômeno plural e
dinâmico e não algo monolítico.

Segundo Gonçalves (2015), até o ano de


1996 não existiam parâmetros estabelecidos para 3. ABORDAGEM DOS TEXTOS
avaliação dos manuais didáticos e dicionários LITERÁRIOS PELO MANUAL
escolares a serem distribuídos no Brasil. Para DIDÁTICO.
assegurar tal qualidade das obras a serem
distribuídas no país, foi criado pelo Ministério da Para as analises aqui apresentadas,
Educação (MEC) o Programa Nacional Do Livro utilizamos como corpora dois manuais didáticos
Didático (PNLD). As obras em questão deviam estar pertencentes à lista de livros didáticos selecionados
de acordo com o que era regulamentado pelo PNLD pelo PNLD entre os anos 2017 a 2019, o primeiro
e deveriam atender aos projetos pedagógicos das intitulado Português Contemporâneo: diálogo,
escolas, tais obras eram adquiridas e distribuídas reflexão e uso (2016), dos autores William Roberto
pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Cereja, Carolina Dias Vianna e Christiane Damien,
Educação (FNDE). indicado para o 1º ano do ensino médio, de
A literatura infantil e juvenil percorreu responsabilidade da Editora Saraiva, e o segundo,
um longo percurso até tornar-se a vasta área de indicado para o 9º ano do ensino fundamental, o
textos e possibilidades que temos hoje. Os primeiros livro Universos: língua portuguesa (2015),
textos destinados às crianças e jovens apresentavam organizado por Camila Sequetto Pereira, Fernanda
predominantemente o intuito conformador e Pinheiro Barros e Luciana Mariz. Tais livros foram
moldador de apenas leitores não questionadores, o disponibilizados aos estudantes de uma escola da
cunho didático-moralizante criticado por grandes rede pública estadual de ensino da cidade de Catalão
pesquisadores desta área era recorrente na maioria – GO, no ano letivo de 2019.
dos textos até a era lobatiana, considerada Ambos manuais analisados possuem uma
precursora de inovação, crescimento e avanço na estrutura de divisão de unidades e capítulos bastante
boa produção que permite o aprimoramento do similar. Os dois livros possuem quatro unidades, que
pensamento infantil, trazendo em sua maioria, são compostas por três capítulos, subdividindo-se
crianças no centro de histórias, seres inanimados e posteriormente em demais tópicos.
suas reinações, ludismo sendo trabalhado em sua
forma mais ampla. 3.1 ANALISE DO CORPUS 1 -
Os textos e obras literárias são de crucial UNIVERSOS: LÍNGUA PORTUGUESA
importância não só na formação inicial de leitores, (2015)
mas na vida e desenvolvimento de crianças e jovens,
acarretando consequentemente uma boa formação de Assim como na maioria dos livros
leitores e pessoas, ampliando horizontes e fronteiras didáticos, as páginas iniciais deste livro destinam-se
cognitivas, propiciando sempre à criança romper as a sua apresentação aos alunos aos quais se destina
barreiras da fantasia, criar uma memória, buscar em uma parte direcionada ao conhecimento das
inserção no meio, tudo advindo do contato da unidades que compõem o livro em sua totalidade.
criança com seleções que lhe permita tal ruptura Antes do sumário, há breves excertos explicando as
com arcaísmos e achismos errôneos que fariam seções que irão aparecer ao longo de cada capitulo
sobre a literatura infantil e juvenil, considerando-a compondo o LD, como por exemplo, o boxe
muitas vezes, um gênero de menor valor. denominado de Mais gramática que indica que o
Os textos literários presentes nos manuais aluno deve realizar atividades complementares a fim
didáticos ofertados aos alunos são, em sua maioria, de aprofundar mais os conceitos que foram
textos já bastante reconhecidos ou considerados estudados e as atividades integradas em que o aluno
textos canônicos, assinados por autores consagrados deverá exercitar o que as autoras denominam de as
e chancelados por reconhecida parcela da crítica habilidades de leitura e testar conhecimentos sobre
literária. Sem dúvidas, é de crucial importância o outras disciplinas.
contato de alunos com legado clássico de sua No manual didático destinado ao 9° ano do
cultura, pois esse contato corrobora a perpetuação de ensino fundamental há quatro tópicos fixos em todos

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os capítulos: “Antes da leitura”, ”Durante a escolarização dos textos literários promovido pelos
leitura”, ”Texto”, “Depois da leitura” e um tópico livros didáticos distribuídos em uma das escolas do
variável, “Oficina de textos”. município de Catalão-GO selecionados para análise,
como amostragem do trabalho realizado com o texto
3.1.2 ANALISE DO CORPUS 2 - literário, via livro didático, na educação básica.
PORTUGUÊS CONTEMPORÂNEO: Para além das muitas precariedades
DIÁLOGO, REFLEXÃO E USO (2016). apresentadas por tantos manuais didáticos, não
ignorando, são claro, os pontos positivos e os
Em sua apresentação, este manual didático avanços que livros didáticos apresentam em suas
convida o aluno a conhecer seu livro didático que especificidades, há sem duvidas, inúmeras
será um companheiro durante todo o ano letivo, maneiras para manipular um texto literário de
assim como os outros que constituem o PNLD este forma atrativa, tais como as apresentadas por
manual passou por critérios rigorosos para ser Rildo Cosson (2011), com o intuído de tornar as
inserido no programa. Ele apresenta seus boxes e atividades de lectoescrita interessantes aos
seções que irão compor os vários capítulos e explica jovens, atividades:
o que será feito nos mesmos, como por exemplo o [...] como paráfrases,
boxe conexões que busca estabelecer relações entre parodias, alterações do
as estéticas literárias com quadrinhos, canções ou registro narrativo
alguma pintura ou escultura. Também há a seção (transformar passagens
Fique conectado que apresenta filmes, músicas, narrativas em diálogos,
museus e igrejas relacionados aos objetos culturais descrições em poemas,
apresentados, mostrando ao aluno as diversas formas diálogos em monólogos
da arte literária e que a mesma não se prende apenas etc.), mudança do ponto
ao texto escrito, mas em outras diversas formas e de vista, do narrador e
contextos de produção. da voz poética,
O segundo corpus é dividido em quatro subtração ou acréscimo
unidades, são elas: 1-Rumores da língua e da de uma personagem e
Literatura: 2- Engenho e Arte; 3- Palavras em alteração do local ou da
Movimento: 4- Palavra e Razão. Dentro destas época da narrativa. Há
unidades há ainda outras subdivisões: Literatura, também atividades de
Língua e Linguagem, Produção de texto e Por dentro criação como fundir
do Enem e do Vestibular. dois ou mais textos, usar
um texto como modelo
4. METODOLOGIA para um novo texto
(mote ou glosa),
continuar um poema ou
Para as analises utilizamos como corpora dois a narrativa a partir do
manuais didáticos pertencentes à lista de livros ponto final dado pelo
didáticos selecionados pelo PNLD entre os anos autor, destacar uma
2017 a 2019, o primeiro intitulado Português personagem para
Contemporâneo: diálogo, reflexão e uso (2016), dos descrever uma história
autores William Roberto Cereja, Carolina Dias paralela, criar um
Vianna e Christiane Damien, indicado para o 1º ano contexto para a
do ensino médio, de responsabilidade da Editora enunciação do poema ou
Saraiva, e o segundo, indicado para o 9º ano do criar um poema para ser
ensino fundamental, o livro Universos: língua dito por um
portuguesa (2015), organizado por Camila Sequetto personagem, preencher
Pereira, Fernanda Pinheiro Barros e Luciana Mariz. com descrições os
As análises realizadas buscavam identificar como silêncios do texto e
são apresentados os textos em relação à memória, responder a um poema
cultura e manipulação dos textos literários nos livros como dialogo entre dois
didáticos, como as propostas de atividades dialogam eus poéticos. Há ainda
com o texto literário. as práticas de escrita
mais tradicionalmente
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES associadas ao estudo da
literatura,
Um dos resultados esperados com esta compreendendo as
pesquisa era a reflexão sobre o processo de atividades de analise

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como uma pesquisa (MORTATTI, 2016, p.
sobre o tema do livro, a 86).
biografia do autor e da
história da obra, a Após esta pesquisa, a concepção sobre os
comparação entre duas livros didáticos foi ampliada e ganhou nova
ou mais obras ou a ressignificação. Este material perpassa a ideia de
mesma obra em apoio ao professor em sala, acaba por tornar-se o
diferentes meios, o primeiro contato com a literatura de inúmeros jovens
estudo de personagens que, ainda hoje, com todos os avanços de politicas
similares em diferentes públicas e também apoios tecnológicos, vivem em
em diferentes textos, o condições precárias, tendo no âmbito escolar, o
estabelecimento de único refúgio, a única refeição, tanto para o corpo,
relações entre poemas, a como para a alma, através da literatura presente nos
aplicação de conceitos manuais didáticos.
para ampliar a O ato de formar leitores não deve ficar
significação do texto restrito apenas aos jovens em idade escolar, todos
[...] (COSSON, 2011. estamos em constante aprendizado e a literatura tem
pág. 288-289). papel crucial na formação também dos adultos. A
necessidade de acreditar e ter contato com algum
CONSIDERAÇÕES FINAIS tipo de fabulação, de lúdismo faz parte da vida do
ser humano. E é papel do professor ser influenciador
Embora nossa amostragem tenha sido e instigador da busca pelo gosto da leitura, para isso,
reduzida, considerando o curto espaço de tempo de faz-se necessário que este professor seja também um
um ano desta iniciação científica, podemos concluir, leitor, conhecedor e com domínio do que se passa
em consonância com o pensamento de Mortatti aos alunos, não se restringir às conhecidas fichas de
(2016), a existência dos inegáveis problemas da leitura, que pouco têm a acrescentar de
utilização do livro didático em sala de aula, mas conhecimento. Corroboro com a afirmação de
também, e justamente em vista de tais problemas, Delaine Cafiero e Hércules Toledo Corrêa quanto ao
em consonância com a mesma pesquisadora, papel do professor perante o uso do livro didático
defendemos: em sala de aula, pois o mesmo é detentor deste
o legítimo direito de material de apoio e deve possuir clareza e um bom
professores e alunos planejamento didático ao usá-lo:
serem sujeitos de seus Cabe ao professor
respectivos processos de encontrar maneiras de
ensino e aprendizagem – realizar um trabalho que
assim como de suas seja efetivamente o de
vidas –, o direito de formar leitores,
todos nós, professores e dispondo-se da seleção
pesquisadores, de textos da coleção
pensarmos e adotada, encontrando
imaginarmos que outros em cada texto as suas
caminhos e que outros especificidades e
tipos de material respeitando as diferentes
impresso poderiam leituras dos alunos, com
propiciar, de fato e com suas singularidades.
sentido, o prometido Para tanto, o professor
acesso ao mundo também precisa ser ele
público da cultura mesmo um leitor de
letrada e a um corpo textos literários, capaz
básico de de fruir diferentes tipos
conhecimentos, de literatura e assim
contribuindo para se poder desenvolver no
romper com a aluno a habilidade de
perpetuação da cultura leitura nesse tipo de
da mediocridade e da texto. (CAFIERO;
burocratização das CORRÊA, 2003, p.
relações de ensino- 297).
aprendizagem escolares

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A manipulação de textos literários que Carvalho Pereira Gonçalves.– Goiânia: Gráfica
lidam com o tema da memória, não só individual, UFG, 2015. 96 p.
mas também coletiva é de importantíssima
necessidade de serem apresentadas aos alunos, KARNAL, Leandro. Histórias e crianças. In:______.
principalmente para as novas gerações que estão O mundo como eu vejo. São Paulo: Contexto, 2018,
surgindo nesta sociedade cada vez mais tecnológica p.87-90.
onde é possível obter informações em tempo cada
vez mais recorde. É de crucial importância
MORTATTI, Maria do Rosário Longo. Vale a pena
mergulhar em eras desconhecidas que fazem parte usar o livro didático em sala de aula? In:
da cultura de diferentes povos, e a literatura como MORTATTI, Maria do Rosário Longo. Diálogos
diversas artes, está sempre presente deixando um apócrifos: sobre educação, ensino de língua e
enorme legado cultural. literatura. São Paulo: Editora UNESP, 2016, p. 85-
86.
REFERÊNCIAS
PEREIRA, Camila Sequetto. Universos: língua
ANDO, Marta Yumi. Os caminhos da literatura portuguesa, 9° ANO: Anos Finais: Ensino
infanto-juvenil. 2006. pág. 58-83. In: ANDO, Marta fundamental/ Camila Sequetto Pereira, Fernanda
Yumi. Do texto ao leitor, do leitor ao texto. Um Pinheiro Barros, Luciana Mariz; Organizadora
estudo sobre Angélica e O Abraço de Lygia Bojunga Edições SM; obra coletiva concebida, desenvolvida
Nunes. Dissertação. Paraná, 2006. e produzida por Edições SM; - 3° ed.- São Paulo:
Edições SM, 2015. – (Universos)
CAMENIETZKI, Eleonora. Pausa para um dedo de
prosa... ROJO, Roxane. O perfil do livro didático de língua
(uma história de livros, literatura e salas de aula). portuguesa para o ensino fundamental (5ª A 8ª
In: literatura infantil e juvenil e prática docente/ SÉRIES). In: ROJO, Roxane; GOMES BATISTA,
organizadoras Rosa Gens, Lonor Wenerck dos Antônio Augusto (Org.). Livro didático de língua
Santos, Georgina Martins. - Rio de Janeiro: Ao portuguesa, letramento e cultura da escrita. 2. ed.
Livro Técnico,2010. Campinas: Mercado de Letras, 2003. cap. 2, p. 69-
99.
CEREJA, W.R. e MAGALHÃES. Português
contemporâneo: diálogo, reflexão e uso. 9. ed. São ZILBERMAN, Regina. A literatura infantil na
Paulo: SARAIVA, 2016. 272 p. escola/ Regina Zilberman. - 11.ed. ver.atual. e
ampl.- São Paulo: Global, 2003.
COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e
prática. 2. ed. São Paulo: CONTEXTO, 2013. 139 ZILBERMAN, Regina. O que é que a literatura
p. tem? In: ZILBERMAN, Regina. Como e por que
ler a literatura infantil brasileira/ Regina
COSSON, Rildo. A prática do letramento literário na Zilberman. - Rio de Janeiro: Objetiva, 2005. 181p.
sala de aula. In: nas trilhas do letramento
literário: entre teoria, prática e formação RESPONSABILIDADE AUTORAL
docente/ Adair Vieira Gonçalves, Alessandra Santos
Pinheiro (organizadores). – Campinas, SP: Mercado
das Letras; Dourados, MS: Editora da Universidade “As autoras são as únicas responsáveis pelo
Federal da Grande Dourados. 2011. conteúdo deste trabalho”.

GONÇALVES, Sheila de Carvalho Pereira.


Lexicografia escolar: reflexões iniciais/ Sheila de

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PRODUÇÃO DE MATERIAL CARTOGRÁFICO NAS SÉRIES INICIAS
DO ENSINO FUNDAMENTAL NO MUNICÍPIO DE CATALÃO (GO)
Lima, João Donizete donizeteufg@gmail.com
Rosa, Odelfa rosaodelfa@gmail.com
Macedo, Robério Francisco de, roberiomaced@outlook.com1
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Geografia. Bolsista
do Programa Prolicen.
Resumo: A Cartografia no âmbito da Geografia escolar está relacionado, a necessidade de conhecer a
superfície terrestre, como principal objeto de estudo desta Ciência propiciando a orientação e identificação no
espaço geográfico que se atua. Nesse sentindo, o presente trabalho tem como objetivo construir o Atlas
Geográfico do Município de Catalão (GO), um material didático pedagógico destinado ao Ensino
Fundamental. Esse material visa diversificar o trabalho do professor nas aulas de Geografia, sendo que sua
adoção poderá permitir uma visualização em modo reduzido do espaço local. Os caminhos adotados para sua
elaboração realizou-se a pesquisa bibliográfica e documental para a parte escrita, logo após a organização
de alguns dados, a pesquisa de campo para o registro de imagens que ilustre o atlas compõe os procedimentos
metodológicos. Os resultados até o momento ainda está em fase de construção, pretende-se ao final da criação
do atlas, disponibilizar o material impresso para as escolas, e assim, avaliar a sua implementação nos espaços
escolares.

Palavras-chave: Cartográfico. Atlas. Escolar.

__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO As escolas públicas caminham sob a ausência de


uma infraestrutura satisfatória para a comunidade
No período correlato entre a década de 1990 até escolar, ainda, a falta de materiais para se trabalhar
a atualidade, compreende-se a atuação de os conteúdos exigidos pelos currículos das redes
políticas educacionais para educação básica no estaduais, requer dos professores, o máximo de
Brasil e em especial, para o ensino fundamental. criatividade possível para tornar suas aulas atrativas.
A criação e reforma de algumas políticas tais como; Nessa condição, entre as áreas do conhecimento que
o Plano Nacional de Educação (PNE) são trabalhadas durante o Ensino Básico, destaca-se
aprovado em 2001, a Lei de Diretrizes e Bases da aqui a Cartografia no âmbito da Geografia escolar.
Educação — LDBE (1996), os Parâmetros A Geografia escolar insere-se a partir da
Curriculares Nacional — PCNs (1998), Plano de segunda etapa do Ensino Básico, desde as séries
Desenvolvimento da Educação PDE (2007) e iniciais do Ensino Fundamental até o Ensino Médio.
a Base Nacional Comum Curricular — Refletir sobre o papel da Geografia na escola é
BNCC (2018) formam um conjunto de dispositivos significativo para os alunos, pois, através desta
legais no qual traçam metas e objetivos para o Ciência se é permitido realizar uma
desenvolvimento da aprendizagem dos alunos de leitura e compreender o mundo no qual ocupa,
toda educação básica. Além do mais, programas propiciando ao sujeito a capacidade de modificar
vinculados ao Ministério da Educação como; o a sua realidade no qual está inserido e que possa
Programa Mais Educação — PME (2007), tem-se exercitar a sua cidadania. Em conjunto com a
ainda o Programa Institucional de Bolsa de disciplina de Geografia, a Cartografia é responsável
Iniciação à Docência — PIBID (2007), criado no por oferecer as bases necessárias para a
ensino superior, mas que suas ações se dirige para o leitura e compreensão do espaço geográfico, este
Ensino Básico, soma-se ao anseio para uma que é um dos principais objetos de estudo da
educação de qualidade. ciência geográfica. Nessa perspectiva, Callai (2005,
Isso posto, embora se reconheça os avanços na p. 229) ao discorrer sobre a Geografia nos
política educacional brasileira, é no contato direto anos iniciais do Ensino Fundamental denota que
com a realidade da escola pública que se revela as “Aprender a pensar o espaço. E, para isso, é
dificuldades encontradas por professores e alunos. necessário aprender a ler o espaço”. Isso é possível,

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a partir da leitura do espaço vivido pelo Como parte dos procedimentos adotados para a
sujeito, no entanto, os livros didáticos trabalhados elaboração do Atlas Escolar do Município de
em sala de aula, não trazem a discussão do Catalão, realizou-se o levantamento bibliográfico e
espaço vivido pelos alunos. documental em fontes primárias e secundárias,
A ausência de materiais e recursos didáticos que acerca da construção de atlas escolares, buscando
permitam um ensino-aprendizagem em outros projetos já desenvolvidos como Atlas
atrativo e significativo para os alunos, levam os Escolar Municipal de Goiânia (2015), Atlas Escolar
professores a buscarem o modelo tradicional de Uberlândia (2011), assim como outras propostas
de aula, de poucos materiais ilustrativos no tocante na qual se menciona Bueno (2008), Machado-Hess
ao lugar de vivência de professores e alunos. (2012). De modo paralelo buscou-se ainda, a
Isso nos leva a pensar uma Geografia distante da observação no campo da escola afim de que se possa
realidade do aluno, desvinculando o global aproximar o que está sendo desenvolvido com o
com o local. Por outro lado, o ensino de Geografia público alvo, os alunos e professores da rede de
articulado a leitura do espaço vivido através de uma ensino do Município de Catalão (GO). Por seguinte,
linguagem cartográfica, permite para uma leitura após a organização de alguns dados, a pesquisa de
compreensível das campo para o registro de imagens que ilustrem o
representações do espaço geográfico. Dessa forma, atlas fizeram parte dos procedimentos adotados até o
em meio a realidade observada em algumas presente momento da pesquisa assim, foram
escolas da rede pública estadual da cidade de visitados locais da cidade como o Morro da
Catalão (GO), os professores da rede básica de Saudade, e a Igreja Matriz na fotografia. 1. No
ensino lidam em sua prática docente com um tocante a parte gráfica, o responsável pela
limitado número de matérias cartográficos para o elaboração visual, é atribuída ao coordenador da
estudo da realidade local. Tendo em vista, que tal área e ao novo bolsista vinculado ao projeto no qual
estudo não é versado pelos livros didáticos desenvolve a construção dos mapas a serem
adotados por essas escolas, a inópia de recursos e anexados ao atlas.
materiais que trabalhem numa escala local, no caso,
o município de Catalão (GO), podem prejudicar a Fotografia 1. Patrimônio histórico de Catalão
aprendizagem dos alunos?
Diante do problema de pesquisa levantado,
surge o presente subprojeto intitulado “Produção de
Material Cartográfico nas Séries Inicias do Ensino
Fundamental no Município de
Catalão (GO)” do qual me levou a participar
contemplado pelo Edital PROGRAD/PRPI 2018
(PIBIC-PROLICEN/PIVIC-PROLICEN), iniciado
em 25 de julho de 2018. É preciso ressaltar
que essa pesquisa é a continuidade do subprojeto
iniciado pelo Edital PRPI N.01/2017 no qual
estavam vinculados outros bolsistas. Nesse período,
buscou-se fazer o levantamento
bibliográfico acerca da construção de atlas escolares,
Foto: MACEDO, R. F. de. 2019.
buscando em outros projetos já
desenvolvidos como Atlas Escolar Municipal de
As fotografias observadas compõem os aspectos
Goiânia (2015), Atlas Escolar de Uberlândia
históricos e socioculturais, identificados como
(2011), assim como outras propostas na qual se
símbolos da cidade. Nas fotos, na parte esquerda
menciona Bueno (2008), Machado-Hess
superior, é apresentado a estação ferroviária de
(2012). De modo paralelo buscou-se ainda, a
Catalão, tombada como patrimônio histórico
observação no campo da escola a fim de que se
municipal. A sua direita está um dos cartões postais
possa aproximar o que está sendo desenvolvido com
da cidade, o morrinho da Saudade, e na parte
o público alvo, os alunos e professores da
inferior, a igreja matriz. Além do mais, a bandeira e
rede de ensino do Município de Catalão (GO). Por
hino municipal integram esse tópico. Nos aspectos
seguinte, o registro fotográfico de alguns
físicos da cidade de Catalão estará; a divisão
pontos da cidade fazem parte da organização
administrativa municipal, bairros e distritos de
ilustrativa que deverá compor o Atlas escolar.
Catalão, meios de transporte, comércio, indústria e
ensino. Por seguinte será apresentado a relação
2. METODOLOGIA
campo-cidade onde tratará das comunidades rurais e
atividades produtivas no campo. Por fim, os aspectos

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físicos do município trata do relevo, vegetação, dos diferentes recortes desse espaço e na escala que
clima e hidrografia. Após isto, as referências interessa para o ensino e pesquisa” (PCN, 1998,
consultadas para a construção do atlas encerra sua p.76). Nesse entendimento, o município e o lugar em
apresentação. que o aluno vive estão estreitamente ligados a sua
realidade com a realidade mundial (ROSA, 2008).
De modo significativo, Almeida e Passini
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO (2015) denota o papel do professor em conduzir os
alunos apropriarem-se dos conceitos sobre o espaço.
O espaço geográfico, palco de constantes Isso pode ser possível, através das representações
transformações causadas pela ação do homem em gráficas em uma linguagem cartográfica que facilite
seu meio, resultam nas diferentes paisagens na qual a compreensão dos fenômenos estudados. Conforme
se percebe pelos sentidos. Ainda, dão novos está exposto nos PCNs (1998, p. 76-77):
significados aos lugares. Catalão tem sua história O aprendizado por meio de
registrada na primeira metade do século XVIII com diferentes formas de
as ocupações ocorridas no interior do território representações e escalas
goiano. O seu crescimento se deu a partir de cartográficas deverá estar
diferentes atividades produtivas mais que de forma contemplado nesse momento
gradativa (LIMA, 2003). No avançar do tempo, o em que se inicia o aluno nos
resgate histórico se faz importante para entender o estudos geográficos. A
processo de construção da cidade, sua origem, os cartografia pode oferecer uma
conflitos e interesses não foram apagados pelo variedade enorme de
tempo. Dentro dessa ótica, o Atlas escolar do representações para o estudo
Município de Catalão busca apresentar aos seus dos lugares e do mundo.
leitores, sua história escrita pelas mãos de autores Fenômenos naturais e sociais
regionais e da localidade. Bueno (2008) considera poderiam ser estudados de
que entender o lugar necessita o conhecimento forma analítica e sintética. É
geográfico e da História. interessante ensinar os alunos a
Figura 1 - História de Catalão no atlas escolar realizar estudos analíticos de
fenômenos em separado
mediante os mapas temáticos,
tais como: clima, vegetação,
solo, cultivos e agrícolas,
densidades demográficas,
indústrias etc. Ao mesmo
tempo, realizar analogias entre
esses fenômenos e construir
excelentes sínteses.
Fonte: Macedo, R. F. de. 2019. Com isso, o projeto de construção do atlas
escolar, buscar nesse sentindo trabalhar de tal modo,
Em primeiro momento, buscou-se iniciar a que estabeleça entre os conteúdos uma relação de
construção do atlas com uma apresentação para a análise, reflexão e síntese do fenômeno estudado. O
apreciação dos alunos partindo do micro para o atlas segue a divisão de elaboração apresentando
macro. Logo após, o aluno ou professor, poderá desde elementos históricos culturais, até
adentrar ao atlas onde conhecerá o município a partir socioeconômicos de modo que se possa observar,
de sua história. Para Callai (2009, p.132), analisar e interpretar o espaço geográfico (BUENO,
“aprendendo a pensar o espaço, a partir do lugar, 2008).
poderemos descobrir o mundo, tendo a possibilidade
de construir com os alunos um método de análise 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
espacial que favoreça a construção da cidadania”.
Nessa perspectiva, a Cartografia que poderia ser Diante das especificidades apresentadas e
utilizada para organizar a vida dos sujeitos tornou-se reflexões construídas pelo pensamento de alguns
uma técnica de dominação dos territórios autores que embasaram o presente trabalho, é
(CASTROGIOVANNI, 2009). possível analisar que com as mudanças ocorridas em
De acordo com os Parâmetros Curriculares meio a técnica informacional, buscar por uma
Nacionais – PCN’s de Geografia para as séries Geografia que propicie aos alunos um significado
iniciais do ensino fundamental II “A cartografia expressivo para a sua vida, representa um passo
torna-se recurso fundamental para o ensino e a importante no papel desta ciência frente aos
pesquisa. Ela possibilita ter em mãos representações

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paradigmas de uma Geografia decorativa e professores: um estudo de caso em Sena
descritiva que pouco atrai a significância dos alunos. Madureira/AC. Tese (Título de Doutor em
Com isso, a iniciativa de construção de matérias Ciências). Universidade Estadual de Campinas.
cartográfico para a rede de educação do município Campinas. Instituto de Geociências. Campinas, SP,
de Catalão GO, nos pões na condição de propiciar 166f., 2008.
uma Geografia propositiva na qual intervém na
realidade educacional. A participação no subprojeto, CALLAI, H. C.; CASTROGIOVANNI, A. C.
Produção de Material Cartográfico nas Séries Inicias (Org.). Estudar o lugar para compreender o mundo.
do Ensino Fundamental no Município de Catalão In: Ensino de Geografia: práticas e textualizações
(GO) possibilita aos colaboradores e principalmente no cotidiano. 7 ed. Porto Alegre: Mediação, 2009. p.
aos bolsistas, o crescimento profissional e uma 83-131
formação capaz de intervir sobre o ambiente escolar
permitindo buscar novas estratégias para superar os __________Aprendendo a ler o mundo: a
desafios da educação. geografia nos anos iniciais do ensino
Os resultados até o momento ainda está em fase fundamental. Cedes, Campinas, vol. 25, n. 66, p.
de construção, pretende-se ao final da criação do 227-247, mai/ago. 2005.
atlas, disponibilizar o material impresso para
escolas, e assim, avaliar a sua implementação nos CASTROGIOVANI, Antônio Carlos. et a Ensino
espaços escolares. Após esse diagnostico será de Geografia: Práticas e textualização no
possível refletir sobre os impactos do seu uso em cotidiano. 2. ed. Porto Alegre: Mediação, 2009.
sala de aula divulgando através de eventos
científicos os resultados alcançados com a LIMA, V. B. Os caminhos da
experiência realizada. urbanização/mineração em Goiás: o estudo de
Nesse sentindo, o Atlas em construção visa Catalão (1970-2000). Dissertação (Mestrado em
propiciar aos alunos uma visualização em modo Geografia) – Instituto de Geografia, Universidade
reduzido do espaço local, através de elementos Federal de Uberlândia, Uberlândia-MG, 2003.
gráficos e atividades práticas do conteúdo
cartográfico para o ensino fundamental. MACHADO-HESS, Elizabeth de Souza. Uma
Dessa maneira, o intuito de criar um material proposta metodológica para a elaboração de
didático pedagógico complementar aos livros Atlas Escolares para os anos iniciais do Ensino
didáticos, visa diversificar o trabalho do professor Fundamental: o exemplo do município de
nas aulas de Geografia, tendo em vista que a Sorocaba/SP. 2012. 225f. Tese (Doutorado) –
Cartografia está sempre presente nos conteúdos Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas,
curriculares e a adoção do atlas escolar permite uma USP, São Paulo, 2012
aproximação entre o conhecimento empírico e
cientifico do aluno. ALMEIDA, Rosângela Doin de; PASSINI, Elza
Yasuko. O espaço geográfico: ensino e
5. AGRADECIMENTOS representação. 15 ed. São Paulo: Contexto, 2015.

Ao Programa PROLICEN/UFG-RC pelo auxílio ROSA, O. Geografia e Pedagogia: o professor dos


financeiro. Aos orientadores do projeto prof. Dr. anos iniciais do Ensino Fundamental em Catalão
João Donizete e Odelfa Rosa. (GO). (Tese de Doutorado) UFU: Uberlândia, MG,
2008.
REFERÊNCIAS
RESPONSABILIDADE AUTORAL
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de
Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares “Os autores: Robério Francisco de Macedo, João
Nacionais: Geografia. Brasília: MEC/SEF, 1988. Donizete Lima e Odelfa Rosa são os únicos
responsáveis pelo conteúdo deste trabalho”.
BUENO, M. A. Atlas escolares municipais e a
possibilidade de formação continuada de

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APONTAMENTOS INICIAIS SOBRE A DIMENSÃO AMBIENTAL EM
CURSOS DE CIÊNCIAS DA NATUREZA DA UFG//RC
1
Nunes, Simara Maria Tavares, simaramn@gmail.com
1
Molina, Edna Aparecida, ednaapmm@hotmail.com
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Educação
Resumo: Neste trabalho serão relatados os resultados iniciais de um Projeto financiado pelo Programa Bolsas
de Licenciatura (Prolicen), onde se analisou a abordagem da Dimensão Ambiental nos cursos de Licenciatura
em Ciências da Natureza (Física, Química, Biologia e Educação do Campo) da Universidade Federal de
Goiás/Regional Catalão (UFG/RC). Para o desenvolvimento deste trabalho tivemos como foco a pesquisa
qualitativa, utilizando como instrumentos de coleta de dados a análise documental dos Projetos Pedagógicos de
tais Cursos (PPC). O que se percebe através da análise dos PPC é que apesar de toda a legislação existente
demonstrando a necessidade de discussões da temática, a questão ambiental ainda precisa ser melhor analisada
e melhor incorporada aos Currículos de tais Cursos.

Palavras-chave: Ciências da Natureza. Dimensão Ambiental. Formação Docente.

__________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO nos diferentes cursos de licenciatura por meio de


O objetivo da Educação segundo a Legislação experiências diversificadas e de uma abordagem que
Educacional e a recém aprovada Base Nacional envolvesse os vários aspectos desse tema.
Comum Curricular (BNCC) é a formação integral do Assim, com a percepção da importância de uma
sujeito. Para a BNCC, a Educação deve afirmar formação inicial docente em sintonia com a
valores e estimular ações que contribuam para a discussão da temática ambiental, desenvolveu-se
transformação da sociedade, tornando – a mais este trabalho que avaliou a abordagem da Dimensão
humana, socialmente justa e, também, voltada para a Ambiental nos cursos de Licenciatura em Ciências
preservação da natureza (BRASIL, 2018). Assim, da Natureza (Física, Química, Biologia e Educação
este documento propõe - se a discutir o papel do do Campo) da Universidade Federal de
conhecimento científico e tecnológico na Goiás/Regional Catalão (UFG/RC). O objetivo foi
organização social, nas questões ambientais, na avaliar se os Cursos de Ciências da Natureza da
saúde humana e na formação cultural, analisando as UFG/RC tem cumprido seu papel de propiciar uma
relações entre Ciência, Tecnologia, Sociedade e formação inicial docente na perspectiva ambiental,
Ambiente (BRASIL, 2018). capacitando seus egressos para o trabalho com a
Para que de fato ocorram essas discussões na temática ambiental em sua futura atuação docente.
educação básica é necessário que o profissional
docente seja devidamente preparado para conduzir
seus alunos à autonomia, consciência crítica e 2. METODOLOGIA
responsabilidades sociais e ambientais. A Política Para o desenvolvimento deste trabalho tivemos
Nacional de Educação Ambiental (BRASIL, 1999), como foco a pesquisa qualitativa, utilizando-se como
afirma que a capacitação de recursos humanos instrumentos de coleta de dados a análise
voltar-se-á para a incorporação da dimensão documental. Para Bogdan e Biklen (1994), uma
ambiental na formação, especialização e atualização investigação qualitativa busca analisar os fenômenos
dos educadores de todos os níveis e modalidades de em toda a sua complexidade e em seu contexto
ensino. Afirma ainda que a dimensão ambiental deve natural, privilegiando sua compreensão a partir do
constar dos currículos de formação de professores, ponto de vista dos sujeitos investigados. Na
em todos os níveis e em todas as disciplinas. abordagem qualitativa ou interpretativa encontra-se
Carvalho (2001), afirma que os cursos de formação
a asserção de que a experiência humana é medida
inicial de professores poderiam investir em uma
pela interpretação, de que existem múltiplas formas
estrutura curricular muito mais flexível e dinâmica
que facilitasse o tratamento das questões ambientais de interpretar as experiências, em função das
interações com outros, e de que a realidade não é

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mais do que o significado de nossas experiências, ela 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
é socialmente construída (BOGDAN; BIKLEN, Neste trabalho, relatar-se-á os resultados da
1994). análise dos Projetos Pedagógicos dos Cursos de
Esta pesquisa faz parte do Projeto de Pesquisa Licenciatura em Ciências da Natureza (Química,
intitulado “Ensino de Ciências: realidade e formação Física, Biologia e Educação do Campo) quanto à
de professores”, aprovado pelo Comitê de Ética em presença da dimensão ambiental na formação dos
Pesquisa da Universidade Federal de Goiás, sob o futuros professores. A seguir, serão discutidos os
Parecer consubstanciado CEP de número resultados obtidos e analisados.
2.210.132. O local em que se desenvolveu essa
pesquisa foi a Universidade Federal de Goiás,
Regional Catalão. Mais precisamente, o objeto deste
projeto foram os Cursos de Licenciatura em Ciências
da Natureza (Física, Química, Ciências Biológicas e
Educação do Campo) desta Instituição. Durante a
aprovação do Projeto foi estabelecido contato com a
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão,
que após conhecimento da proposta, concedeu o
Termo de Anuência.
Inicialmente foi realizada a leitura e análise
documental dos Projetos Pedagógicos dos Cursos
(Cursos de Licenciatura em Física, Química,
Ciências Biológicas e Educação do Campo) a fim de
se avaliar se os licenciandos destes Cursos estão
recebendo subsídios de dimensão ambiental em suas
respectivas formações para posteriormente
trabalharem com a Dimensão Ambiental em suas
práxis pedagógicas. Para isso, os PPCs foram lidos
integralmente, sendo selecionados os trechos que
apresentavam os seguintes descritores: Enfoque
ambiental, Educação Ambiental; Dimensão
Ambiental; CTS; Meio Ambiente; Questões
Ambientais; Degradação Ambiental;
Sustentabilidade; Conservação.
Assim, para se investigar o currículo e, mais
especificamente, os Projetos Pedagógicos de Curso
(as atividades de ensino, extensão e pesquisa),
utilizou-se como ferramenta para coleta de dados a
análise documental. A análise documental constitui
uma técnica importante na pesquisa qualitativa, seja
complementando informações obtidas por outras
técnicas, seja desvelando aspectos novos de um tema
ou problema (LUDKE; ANDRÉ, 1986). A mesma se
caracteriza por ser uma fonte natural de dados e
possue uma série de vantagens, pois é de baixo
custo, possue muitas informações e os documentos
podem sem consultados e estudados várias vezes
(LUDKE; ANDRÉ, 1986). Caulley apud Ludke;
André (1986) relatam que a análise documental tem
como objetivo identificar informações em
documentos a partir de alguma problemática, ou
seja, de questões ou hipóteses levantadas.

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3.1 Análise do Projeto Pedagógico do Curso de as disciplinas envolvem discussões pertinentes e são
Licenciatura em Física complementadas com as atividades complementares,
O Projeto Pedagógico do Curso de Licenciatura avaliações e outros suportes necessários ao bom
em Física da UFG/RC (datado de março de março de desempenho dos discentes na área específica. Há
2013) afirma que a importância das Ciências nas uma preocupação muito grande por parte da
Questões Ambientais será trabalhada na Disciplina instituição em oportunizar aos alunos
Evolução da Física, (Disciplina Obrigatória). Porém, reconhecimento e mérito acadêmico.
quando se analisa a ementa de tal disciplina, No texto preparatório da Primeira Conferência
(conforme ementa citada abaixo), tal discussão não Nacional “Por uma Educação Básica do Campo”
se revela: “A natureza das leis e teorias Físicas; escrito por Fernandes; Cerioli; Caldart (2004): “[...]
ciência e realidade; a concepção do universo; a um dos problemas do campo no Brasil hoje é a
ciência e as teorias físicas na antiguidade; o ausência de políticas públicas que garantam seu
nascimento de uma nova física; a revolução desenvolvimento em formatos adequados à melhoria
científica nos séculos XVI e XVII; a Física nos da qualidade de vida das pessoas que ali vivem e
séculos XVIII e XIX; a consolidação da Física trabalham. [...] precisamos de políticas específicas
Clássica; a Física e as revoluções tecnológicas; A para romper com o processo de discriminação, para
Física no século XX; origens e desenvolvimento da fortalecer a identidade cultural negada aos diversos
Física Moderna; Mecânica Quântica; teoria da grupos que vivem no campo, e para garantir
relatividade; Física Nuclear e energia nuclear atendimento diferenciado ao que é diferente, mas
(Ementa da disciplina Evolução da Física).” que não deve ser desigual (FERNANDES;
Assim, além de não cumprir com o que CERIOLI; CALDART, 2004, p. 49).
estabelece a Legislação educacional quanto à Assim, o Curso, ao dar o adequado suporte
transversalidade da discussão da temática ambiental pedagógico para a formação de Educadores do
no currículo (BRASIL, 1999), a disciplina citada Campo, colabora com políticas públicas para a
como o tempo / lugar de discussão da questão questão dos problemas do Campo.
ambiental não apresenta tal temática em sua ementa. Porém, quando se faz a análise da Dimensão
Outro trecho do projeto (Princípios norteadores Ambiental no Currículo proposto pelo Projeto
para a formação do profissional), cita a Física Pedagógico, já temos outra percepção. A Política
Ambiental, mas sem explicar do que se trata tal Nacional de Educação Ambiental (PNEA)
definição. Assim, ao se analisar o Projeto (BRASIL, 1999) é um dos marcos legais do Curso.
Pedagógico do Curso de Licenciatura em Física, Porém, essa Lei preconiza que como parte do
percebe-se que apesar do mesmo afirmar que processo educativo mais amplo, todos têm direito à
cumprirá com a legislação e trabalhará com a educação ambiental e a Dimensão Ambiental deve
Educação Ambiental, não se observa a discussão da estar presente, de forma transversal, em todas as
temática ambiental em nenhum momento do Projeto disciplinas do Curso.
Pedagógico. Portanto, o documento, que é o Nos objetivos do Curso, demonstra-se uma
norteamento do currículo proposto aos futuros preocupação em formar professores aptos a atuar na
docentes, não contempla a questão ambiental, Educação do Campo e aptos a formarem seus
deixando falha a formação dos futuros docentes, que futuros alunos na perspectiva de uma sociedade
assim não são formados para trabalhar em uma sustentável. Essa discussão / preocupação da
perspectiva ambiental. sustentabilidade do Campo também aparece na
formação ética do profissional e no Perfil do
3.2. Análise do Projeto Pedagógico do Curso de egresso. A preocupação com o desenvolvimento
Licenciatura em Educação do Campo sustentável também é citada na descrição das
Após o estudo e análise do Projeto Pedagógico atividades complementares, que citam ainda outros
do Curso de Licenciatura em Educação do Campo, temas transversais a serem trabalhados nestas
criado na instituição em 2013 e com início em atividades. Inclusive, dentre as atividades citadas
2014/1, pôde ser identificado que o mesmo está como válidas, encontra-se a visita a Reservas
condizente com a formação do licenciando para o ambientais.
campo de trabalho na educação para o campo. O No campo da Extensão e Pesquisa, o Curso
Curso oferece todo suporte teórico-científico para conta com dois grupos de Extensão e Pesquisa
que o futuro professor venha a desempenhar suas (GEPEEC e NEPCampo - Grupo de Estudos,
atividades no campo, como a devida metodologia, Pesquisa e Extensão em Ensino de Ciências e
acompanhamento de profissionais qualificados onde Núcleo de Extensão e Pesquisa em Educação e

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Desenvolvimento do Campo). Nas descrições das utilizar de forma responsável o conhecimento
ações de ambos os grupos, revela-se o objetivo de químico e pedagógico, levando – se em conta as
ambos de suscitar debates sobre desenvolvimento implicações no meio ambiente. Assim, afirma que o
sustentável. profissional formado pelo curso deve ter
O PPC do Curso cita estar em sintonia com a comprometimento com a preservação do meio
Política de Extensão e Cultura da Instituição e para ambiente. Para isso, afirma a necessidade de
isso tem como metas “Estimular e apoiar projetos na atualização constante em educação ambiental.
área de educação ambiental e o desenvolvimento O Projeto afirma que a educação ambiental será
sustentável”. Revela ainda compromisso em trabalhada de forma transversal no currículo, sendo
financiar (destinar recursos orçamentários) para a abordada no conteúdo de disciplinas obrigatórias do
realização de projetos de educação ambiental. Mas Curso de Licenciatura em Química (Introdução ao
não há como se avaliar a realização de tal objetivo. Curso de Química, Química Ambiental, Química e
Na análise do ementário de disciplinas apenas Sociedade,) optativas (Projetos em Química,
quatro delas apresentam citações da dimensão Processos Químicos, Ensino de Química sob a
ambiental (Políticas e Gestão da Educação do Perspectiva do Movimento CTS) e Núcleos Livres
Campo, Introdução às Ciências da Natureza e ofertados na UFG). Desta forma, o conceito de
Educação do Campo, Questão Agrária e Agricultura transversalidade não é atendido, como poderá ser
Familiar e Ciência, Tecnologia e Sociedade. Duas visto abaixo.
delas (Introdução às Ciências da Natureza e Dentre as competências e habilidades do
Educação do Campo e Ciência, Tecnologia e egresso, propõe-se a formar o licenciando para
Sociedade) citam trabalhar a relação entre a Ciência, compreender e avaliar criticamente os aspectos
a Tecnologia, a Sociedade e o Ambiente. ambientais das aplicações da Química na sociedade.
Assim, o PPC afirma que irá trabalhar a Quatro disciplinas do Currículo (Química
dimensão ambiental em atividades de Ensino, Ambiental, Química e Sociedade, Educação
Pesquisa e Extensão, além de orientar para que a Ambiental e Políticas de Educação Ambiental),
temática seja trabalhada nas Atividades abordam o tratamento dos resíduos gerados nas aulas
Complementares. Porém, ao se analisar as práticas. Inclusive, há a proposição de uma
disciplinas, apenas três citam a temática em suas disciplina optativa (tratamento de Resíduos
ementas. Químicos) que aborda a geração e o tratamento dos
resíduos. Mas por se tratar de uma Disciplina
3.3. Análise do PPC do Curso de Licenciatura em optativa, não há certeza de sua oferta e nem de seu
Química alcance entre os alunos. Apesar disso, considera-se
O projeto Pedagógico do Curso afirma que após um avanço a preocupação com os resíduos.
avaliação do Curso de Licenciatura em Química pelo A disciplina de Instrumentação para o Ensino de
MEC (2010), o projeto sofreu alteração para incluir Química II apresenta a preocupação de que os
a Educação Ambiental na ementa de suas licenciandos vivenciem atividades pedagógicas
disciplinas. Para isso, traz entre seus requisitos legas visando o conhecimento da educação ambiental, mas
as políticas de Educação Ambiental. sem apresentar maiores detalhes de como isso será
Dentre os objetivos gerais, o projeto intenciona realizado.
proporcionar uma formação docente ancorada nos A disciplina Química Ambiental traz em sua
princípios da responsabilidade social e ambiental. ementa a discussão dos principais problemas
Assim, entre os objetivos específicos, busca formar ambientais e da Educação Ambiental. Porém, ao se
os licenciandos para atuarem de forma crítica na analisar a Orientação Metodológica da disciplina,
identificação e resolução de problemas, dentre os percebe-se que a preocupação é mais na atuação
quais, os ambientais. enquanto bacharel e não como professor de
O PPC ainda afirma que tendo em vista o perfil Química.
de atuação profissional, o Curso deve garantir uma O Curso apresenta a disciplina de Ciências-
ampla fundamentação teórica / prática sobre as Tecnologia e Sociedade, movimento que surge em
diversas áreas de Química e suas relações com o critica a Crise Ambiental causada pelo
meio ambiente, a sociedade, o cotidiano e a vida. desenvolvimento Científico e Tecnológico. Pode
Como princípios norteadores para a prática assim ser uma disciplina que proporcione subsídios
profissional pretende conscientizar os licenciandos teóricos de uma Educação Ambiental Crítica.
de seu papel como agentes transformadores da A disciplina de Química Verde propõe a
realidade em que vão atuar, de forma que possam definição, contexto histórico e princípios da Química

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Verde. Porém, não é voltada para a área pedagógica, Hoje, as questões relativas à Ciência e à
de formação do professor, mas sim para a área Tecnologia e suas importâncias na definição das
técnica de Química. condições da vida humana, extrapolam o âmbito
Concluindo, apesar de nos Requisitos legais se acadêmico para se converterem em centros de
afirmar que a Educação Ambiental será trabalhada atenção e de interesse do conjunto da sociedade
de forma transversal ao currículo, encontram-se (BAZZO, 2003). Segundo este autor: “Ciência,
poucas disciplinas com a menção da temática, dentre Tecnologia e Sociedade configuram uma tríade mais
elas está a disciplina de Química Ambiental e complexa que uma simples série sucessiva, e sua
Química e Sociedade que abordam as ementas sobre combinação obrigam a analisar suas relações
Educação Ambiental recíprocas com mais atenção do que implicaria a
ingênua aplicação da clássica relação linear entre
3.4. Análise do PPC do Curso de Licenciatura em elas (BAZZO, 2003).”
Ciências Biológicas Acredita-se que o desenvolvimento de
Um dos objetivos propostos no PPC do Curso de habilidades e competências que se adquiri com o
Licenciatura em Ciências Biológicas é o ensino de Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS)
desenvolvimento, apoio e o estímulo à atividades contribuem para a formação da pessoa crítica,
voltadas às pesquisas na trataviva de soluções das despertando no aluno a busca do saber e da interação
dificuldades socioambientais e na biodiversidade. A na relação do homem com o meio natural,
elaboração do projeto tem por base o Decreto Nº desenvolvendo e aplicando conhecimentos sobre a
4.281, de junho de 2002, que instituiu a Política problemática ambiental. Assim, com a práxis de
Nacional de Educação Ambiental (BRASIL, 2002). CTS na educação ambiental podemos ter um aluno
O projeto abre um leque de opções de atuação, mais crítico, participante, e que possa tomar decisões
não somente para a docência, mas também a e assumir plenamente seu papel no meio social.
habilitação para estudos do meio ambiente. Entre os Para Zuin et. al, (2008), a concepção CTS
princípios norteadores para a formação profissional, preocupa-se com a divulgação e a popularização de
aparecem a preocupação com a compreensão de que conhecimentos técnico-científicos para que cada vez
estes futuros professores deverão orientar seus mais os cidadãos, de posse dessas informações, se
alunos acerca da importância de se preservar os transformem em agentes atuantes na sociedade,
recursos naturais dentro de um contexto social e defendam suas próprias opiniões e se tornem, assim,
ambiental de respeito à vida. Para isso, o Projeto protagonistas de mudanças capazes de influenciarem
afirma que o futuro professor deve formar seus na tomada de decisões. “Ao contrário da “ciência
alunos para atuarem como agentes transformadores pura”, a abordagem Ciência-Tecnologia Sociedade
na sociedade, inclusive no aspecto ambiental, dentre (CTS) possui uma relação muito mais próxima com
outros. De forma a capacitar os licenciandos para tal os saberes da população que não pertence aos meios
ação, o Projeto afirma que entre as competências e acadêmicos. Dentro dessa concepção, a ciência
habilidades do egresso este deve ser formado no também deixa de ser exclusividade de um público
princípio da responsabilidade ambiental. restrito que se relaciona diretamente com ela para
Posto tais objetivos e habilidades apresentados fazer parte do cotidiano da população não acadêmica
no Projeto, analisou-se as ementas das disciplinas a (ZUIN et al, 2008, p. 57).”
fim de se verificar tais competências em andamento. O Curso apresenta uma disciplina de Educação
A disciplina de Didática cita a relação Ciência – Ambiental, que além de trabalhar a definição e o
Tecnologia – Sociedade – Ambiente dentre seus histórico de Educação Ambiental, ainda busca
conteúdos programáticos. Tal discussão, baseada estabelecer uma relação teoria – prática através da
numa crítica ao desenvolvimento científico e elaboração e apresentação de projetos de Educação
tecnológico que interfere na sociedade e causa a Ambiental. Porém, tal disciplina é ofertada no
crise ambiental, pode trazer reflexões sobre a Primeiro Período do Curso, quando os alunos não
Dimensão Ambiental. Estes estudos sobre Ciência, apresentam nem maturidade científica e nem
Tecnologia e Sociedade (habitualmente identificados pedagógica para o devido aproveitamento do seu
pelo acrônimo CTS) apresentam-se como uma conteúdo.
análise crítica e interdisciplinar da Ciência e da Dentre as Bibliografias das disciplinas, têm-se
Tecnologia num contexto social, com o objetivo de sete (7) livros que discutem a Educação Ambiental.
compreender os aspectos gerais do fenômeno Dentre as Referências, aparecem a Política Nacional
científico-tecnológico (BAZZO, 2003). de Educação Ambiental (PNEA) (BRASIL, 1999) e
o Decreto que a Regulamenta (BRASIL, 2002).

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Assim, como pode ser visto, apesar dos
objetivos de se formar o licenciando dentro de uma AGRADECIMENTOS
perspectiva de responsabilidade ambiental, pouca Ao Programa Bolsas de Licenciatura (Prolicen)
ênfase foi dada nas disciplinas propostas. Apesar de pela Bolsa concedida que permitiu a realização desta
terem grandes objetivos, não se forma licenciando pesquisa.
numa perspectiva de responsabilidade ambiental, ou
seja, há pouca ênfase nessa discussão.
REFERÊNCIAS
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ou BAZZO, W. A., LINSINGEN, I. V., PEREIRA, L.
CONCLUSÕES T. V. Introdução aos Estudos CTS (Ciência,
Através desta pesquisa, buscou-se analisar a Tecnologia e Sociedade). Madri: Organização dos
presença da Dimensão Ambiental nos Projetos Estados Ibero-Americanos Para A Educação, A
Pedagógicos de Cursos de formação inicial docente Ciência E A Cultura, 2003.
da Área de Ciências da Natureza da Universidade BOGDAN, R. & BIKLEN, S. K. Investigação
Federal de Goiás / Regional Catalão. O que se qualitativa em educação: uma introdução à teoria e
percebe é que apesar de toda a legislação existente aos métodos. Porto, Portugal: Editora Porto, 1994.
demonstrando a necessidade de tais discussões, a BRASIL. Base Nacional Comum Curricular.
questão ambiental ainda precisa ser melhor analisada Brasília: MEC/Secretaria de Educação Básica, 2018.
BRASIL. Decreto nº 4281, de 25 de junho de 2002.
e melhor incorporada aos Currículos de tais Cursos.
Regulamenta a Lei no 9.795, de 27 de abril de 1999,
Segundo as análises realizadas, o Curso de
que institui a Política Nacional de Educação
Física não apresenta a discussão da temática Ambiental, e dá outras providências. Brasília: MEC,
ambiental em seu Projeto Pedagógico de Curso. Já o SEF, 2002.
Curso de Licenciatura em Educação do Campo BRASIL. Política Nacional de Educação Ambiental.
aponta a temática ambiental como um de seus Lei No 9.795, de 27 de Abril de 1999.
pilares e afirma que irá trabalhar a questão ambiental CARVALHO, L. M. A Educação Ambiental e a
de forma transversal ao currículo. Porém, na análise formação de professores. In: Panorama da
das ementas não se pode afirmar a presença Educação Ambiental no Ensino Fundamental.
transversal de tais discussões. Mas de forma Secretaria de Educação Fundamental – Brasília:
positiva, o Curso apresenta atividades de pesquisa e MEC, SEF, 2001.
extensão com a temática ambiental. O Curso de FERNANDES, B. M., CERIOLI, P. R., CALDART,
Licenciatura em Química afirma em seu Projeto R. S. Primeira Conferência Nacional “Por Uma
Educação Básica do Campo, 2004. Texto
Pedagógico de Curso a preocupação de cumprir com
preparatório”. In: ARROYO, Miguel Gonzalez;
a exigência da discussão ambiental. Porém, apesar CALDART, Roseli Salete; MOLINA, Mônica
dos esforços, ainda não demonstra trabalhar a Castagna. Por uma educação do campo. Petrópolis:
temática de forma transversal ao currículo. Por fim, Vozes, 2004.
O Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas LÜDKE, M., ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em
também demonstra preocupação de uma formação Educação: Abordagens Qualitativas. São Paulo:
inicial docente dentro de uma perspectiva de E.P.U., 1986.
responsabilidade ambiental. Porém, poucas ZUIN, V. G., FREITAS, D., OLIVEIRA, M. R. G.,
disciplinas demonstram de fato a abordagem da PRUDÊNCIO, C. A. V. Análise da perspectiva
temática. ciência, tecnologia e sociedade em materiais
Assim, apesar da percepção de todos os Cursos didáticos. Ciênc. cogn. vol.13 no.1 Rio de
analisados de que a temática ambiental deve permear Janeiro mar. 2008.
os currículos de formação de professores, a
discussão ambiental ainda não aparece de forma
RESPONSABILIDADE AUTORAL
transversal aos currículos analisados.
“As autoras são as únicas responsáveis pelo
conteúdo deste trabalho”.

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Mostra de Residência Pedagógica

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MUNDO DAS CORES E SENSAÇÕES: ENTENDENDO A NATUREZA DA LUZ

Silva, Brenda Ribeiro, brendarsilva7@gmail.com1


Silva, Marciel Ferreira Olimpio da1
Silva, Leonardo Machado1
Carneiro, Alessandro de Souza1
Graça, Ana Paula da2
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Física
2
Colégio Estadual Doutor David Persicano/Catalão

Resumo: Introdução: Este trabalho busca explicar a natureza eletromagnética da luz, como ocorre sua interação
com a matéria e como enxergamos as coisas, para o ensino fundamental. Objetivo: Apresentar fenômenos físicos
de maneira a desmistificar estereótipos com relação à física, afirmar o aluno como formador da própria sabedoria
com base nos seus conhecimentos prévios e realizar experimentos que auxiliará a chegar às respostas dos
questionamentos levantados no inicio da aula. Metodologia: O trabalho foi executado na cidade de Catalão,
estado de Goiás, com turmas do ensino fundamental, na matéria de Ciências da Escola Estadual Doutor David
Persicano, durante o programa Residência Pedagógica. A aula foi desenvolvida em três partes, na primeira
buscou o conhecimento prévio dos alunos ao instiga-los com perguntas relacionadas ao tema, a segunda uma
apresentação com os conceitos físicos que respondia as questões levantadas, a terceira com o auxílio de um kit,
realizou-se experimentos que possibilitava presenciar os fenômenos discutidos. Resultados: Percebe-se através
de uma avaliação subjetiva que a aula fora do padrão (quadro e giz), prende mais a atenção dos alunos, estes
ficam concentrados e participativos com relação à discussão das questões e ativos durante a realização dos
experimentos. Conclusão: Portanto, ações como esta leva o aluno a ser proativo com respeito ao seu próprio
conhecimento, o que trabalha na direção de formar uma sociedade autônoma, consciente e capaz de superar os
obstáculos. Para o aluno interventor, realizar aulas fora dos padrões tradicionais tem um peso significativo para
sua formação.

Palavras-chave: Aprendizagem significativa. Ondas Eletromagnéticas. Ensino de Física.


__________________________________________________________________________________________

1- INTRODUÇÃO na maioria das vezes a forma como são conduzidas as


aulas de Física inviabiliza para uma grande parte dos
Com a preocupação de formar pessoas alunos a relação entre os fenômenos estudados e o seu
autônomas, seguras em suas escolhas, que sejam cotidiano, causando então um sentimento de
recíprocas, capazes de assimilar conhecimentos, inutilidade a respeito da disciplina, o que reflete na
respeitar e superar as diferenças sociais. Deve-se queda de aprendizagem.
propiciar uma aprendizagem de competências de Porém, uma parte considerável dos alunos
cunho integral. Nessa perspectiva as Ciências tem um reconhece a necessidade do aprendizado da Física.
papel relevante, haja visto que as mudanças ocorridas “Menegotto; Rocha Filho, (2008) aponta que os
e as que ainda estão por vir na sociedade, são alunos percebem a utilidade deste saber, para o
provocadas pelo desenvolvimento e evolução das desenvolvimento da sociedade, para sua formação
mesmas. profissional e cultural”. Por outro lado, a Física ainda
Assim, o estudo das Ciências busca sanar a é tratada com estereótipos, é vista como um
crescente necessidade do domínio das tecnologias “monstro” por uma quantidade considerável de
para a compreensão e solução dos problemas da alunos, um empecilho para ser superado no ensino
sociedade. O estudo da Física tem um papel médio e cursos de graduação.
fundamental, pois dá para o estudante a oportunidade Há autores que evidenciam a “indisposição dos
de entender a natureza. Ou seja, a Física é um alunos a estudos de disciplinas científicas antes
instrumento para a compreensão do mundo. Porém,
__________________________________________

Trabalho revisado pelo orientador do estágio/residência pedagógica.

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mesmo de ter um contato formal em decorrência de nesse ponto de vista, essa aprendizagem é como
crenças já pré-estabelecidas (MENEZES, 1998)”. retemos os dados de um pacote de informações e cita
Frente a este cenário é imprescindível buscar que esse é o processo mais importante na
novas tecnologias, estratégias, métodos de ensino e aprendizagem escolar”.
aplicá-los. Porém, é importante atentar-se aos É importante reiterar que
resultados, as respostas dos alunos a esses novos a aprendizagem
estímulos. Assim, esta intervenção está associada ao significativa se
ensino de Física, especificamente Óptica Física, onde caracteriza pela
é estudada a natureza eletromagnética da luz e os interação entre
fenômenos associados. conhecimentos prévios e
Pode-se entender o interesse e a necessidade de conhecimentos novos, e
trabalhar o tema ao notar que vivemos lidando que essa interação é não-
diretamente com os fenômenos causados pela luz no literal e não-arbitrária.
cotidiano. Mas, não é por ser um fenômeno de fácil Nesse processo, os
visualização que se trata de um fenômeno de baixa novos conhecimentos
complexidade. Por outro lado, podemos citar adquirem significado
diversos exemplos comuns de aplicação: fibra ótica, para o sujeito e os
cirurgias a laser, cortes a laser, iluminação pública, o conhecimentos prévios
sol, como enxergamos os objetos, etc. adquirem novos
Logo, a importância de trabalhar o fenômeno significados ou maior
com os estudantes, já que os seus conceitos e teoria se estabilidade cognitiva.
tornarão conhecimentos prévios de outros campos (MOREIRA, 2010, p.2).
relevantes para a compreensão da natureza e de outros Um exemplo, para um aluno que é apresentado
saberes presentes no currículo pedagógico de séries ao saber que a luz é um fenômeno eletromagnético,
subsequentes. esse novo conhecimento se torna uma “ideia ancora”,
Portanto, este trabalho tem o objetivo de dando assim, estabilidade cognitiva para o estudante
apresentar fenômenos físicos de maneira a associar outros fenômenos que correlaciona com o
desmistificar os estereótipos com relação à Física e efeito eletromagnético.
colocar o aluno como formador do seu próprio Portanto, durante a execução das intervenções
conhecimento a partir de seus conhecimentos prévios, buscou-se a interação entre os conhecimentos prévios
através de uma aula que abordará os seguintes temas, “subsunçor” dos alunos adquiridos no dia a dia ou em
a natureza eletromagnética da luz, como ocorre sua aulas passadas para realizar a interação com os novos
interação com a matéria e como enxergamos as conhecimentos, de forma não-literal e não-arbitrária.
coisas, em turmas do Ensino Fundamental. Para que assim os novos saberes adquiram significado
para o aluno e os “subsunçores” adquiram novas
2- METODOLOGIA interpretações e maior solidez cognitiva.
A intervenção se baseou na proposta de trabalho
Discentes do curso de Licenciatura em Física da intitulada, “Mundo das Cores e Sensações”, de posse
UFG - Universidade Federal de Goiás, Regional do conhecimento do objetivo traçou-se uma
Catalão. Vinculados ao programa Residência sequência para apresentar os temas. Inicialmente,
Pedagógica, tem trabalhado, acompanhando, apresentou-se o fenômeno a partir de imagens e com
observando e intervindo na disciplina de Ciências no reflexões como, qual a utilidade da luz para nossa
Colégio Estadual Doutor David Persicano, a partir do vida? O que você já leu, assistiu ou ouviu sobre ondas
primeiro semestre letivo de 2019 e continuando no eletromagnéticas? Já pensou em como descrever a
segundo semestre. luz, qual a sua natureza, forma? O que sabe sobre as
O trabalho com a turma tem buscado facilitar a cores primárias? Se um objeto é branco que cores ele
visualização e abstração dos fenômenos físicos, ou absorve ou reflete, e se é preto o que ocorre?
seja, torná-los concretos e auxiliar a percepção das Em um segundo momento, após instigar os
relações com assuntos vivenciados ou já estudados, alunos foi apresentada em uma aula expositiva,
seja na própria matéria de Física ou de ciências. utilizando slides a configuração espacial das ondas
Com foco na aprendizagem significativa, isto é, eletromagnéticas, como a luz interage com a matéria
quando uma nova informação ou ideias se conectam e como enxergamos os objetos . No terceiro
de maneira substantiva e não arbitrária com as que o momento, foi apresentado o kit “UMA
aprendiz já possui domínio. Apoia-se na teoria de FANTÁSTICA VIAGEM AO MUNDO DAS
“Ausubel (2000), onde ele denomina de subsunçor ou CORES E SENSAÇÕES” do projeto
ideia âncora, uma estrutura cognitiva já existente, “AVENTURAS NA CIÊNCIA”, desenvolvido por
uma marca significativa, um conceito, um modelo um grupo de cientistas, o qual deu o norte da aula,
mental ou uma imagem na pessoa que aprende. Ainda pois, o conteúdo do kit foi manipulado pelos alunos

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para montar experimentos que os ajudassem a grupos para realizar e observar os experimentos. O
responder as questões levantadas no início da aula. que sugere que precisamos de aulas ainda mais
Realizaram-se os experimentos após os alunos interessantes.
serem divididos em dois grupos, cada um com um kit A intervenção apresentou aos alunos do Ensino
e auxiliados pelos residentes, monitores. Os alunos Fundamental que “Física não é um monstro de sete
utilizaram quatro fontes de luz, led, três nas cores cabeças podendo ser interessante, deixar o dia a dia
primárias (verde, vermelho e azul) e uma na cor cheio de novidades e colorido, fazendo uma relação
branca, filtros de transição (material plástico importante no que diz respeito a desmistificar a ideia
transparente), e objetos coloridos (giz de cera). Sendo de que ser um cientista é coisa de ficção, distante da
assim, puderam somar as cores primárias, observar a nossa realidade, quando na verdade basta apenas ter
cor dos objetos iluminados e os efeitos dos objetos curiosidade e iniciativa para realizar experimentos
que transmitem luz. simples. Pois cientistas são pessoas que possuem
medos, sente alegria, insegurança, confiança, ou seja,
3- RESULTADOS e DISCUSSÃO é um ser humano falível como qualquer outro
(MARTINS, 2003; ZANETIC, 2005; PEDUZZI,
Segue abaixo fotos dos momentos da aula e da 2008)”.
pratica experimental dos grupos. A partir dos questionamentos levantados, dos
fenômenos apresentados e observados durante os
experimentos, os alunos tem a oportunidade de
aprender partindo do que já sabe, utilizando a
estrutura cognitiva prévia já existente de outras aulas
ou modelos observados no cotidiano para construir a
aprendizagem significativa de novos conhecimentos,
que se tornaram base para novos estudos, descobertas
futuras.
Resumindo, o aluno
aprende a partir do que já
sabe. É a estrutura
cognitiva prévia, ou seja,
conhecimentos prévios
(conceitos, proposições,
idéias, esquemas,
modelos, construtos,...)
hierarquicamente
organizados, a principal
variável a influenciar a
aprendizagem
significativa de novos
conhecimentos.
(MOREIRA, 2010,
p.18).

4- CONCLUSÃO

Por se tratar de uma intervenção no ensino


fundamental, o intuito além de preparar os estudantes
Fonte: Marciel Ferreira, (2019).
e desconstruir os preconceitos referentes ao assunto,
buscou-se observar os resultados relativos à aula de
Por meio da estratégia da aula desenvolvida, que forma subjetiva, ou seja, o interesse não era buscar
foge do sistema tradicional, quadro e um professor do respostas objetivas, quantitativas. Buscava-se deixar
começo ao fim da aula discursando sobre um assunto o grupo livre para mostrar seus pontos de vista, sua
como o detentor do saber. Notou-se que, houve um motivação, comportamento, interação com ao tema
comportamento diferente por parte dos alunos, estes estudado frente à forma apresentada.
se concentraram e foram participativos, discutindo Durante a intervenção, notou-se que, partindo do
sobre as questões apresentas a respeito do tema e conhecimento prévio do aluno no campo conceitual
ativos durante a realização dos experimentos, exceto do tema tratado, facilita o processo de aprendizagem
uma aluna, que inicialmente não se aproximou dos do mesmo, pois, ficou evidente o interesse em
participar da aula. O estudante está receptivo a

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experiências, a vivenciar a aula, quer participar da
construção do seu próprio conhecimento e não MENEZES, L. C. Trabalho e Visão de Mundo:
somente ser visto como um paciente que recebe ciência e tecnologia na formação de professores.
informações prontas. Revista Brasileira de Educação. São Paulo. Edusp: 7,
Contudo, entende-se que seja necessário realizar 1998.
testes quantitativos para reforçar o uso dessas
práticas. Sendo assim, nas próximas intervenções MENEGOTTO, J. C., ROCHA FILHO, J. B.,
serão adicionados questionários para avaliar a Atitudes de estudantes do ensino médio em relação
percepção sobre o fenômeno a ser estudado, tanto no à disciplina de Física. Revista Electrónica de
inicio quanto no final das atividades. Enseñanza de las Ciencias, Vol. 7, Nº 2, 2008.
Embora bastante discutido na atualidade, o
ensino escolar não tem uma organização que MOREIRA, M. A.; O que é afinal aprendizagem
privilegia estes conhecimentos prévios e tampouco a significativa. Porto Alegre: UFRGS, 2010.
experimentação como pratica de ensino e
aprendizagem no ensino fundamental e médio. PEDUZZI, L. O. Q.; Textos: Evolução dosconceitos
Portanto, ações como estas devem ser discutidas, pois da Física, Publicação interna, UFSC,2008.
direciona o aluno a ser proativo com respeito ao seu ZANETIC, J. Física e cultura. Ciência e
próprio conhecimento. O que levaria a uma sociedade Cultura,vol.57, nº.3, p.21-24, 2005.
autônoma, consciente e capaz de superar os
obstáculos existentes em sua época. RESPONSABILIDADE AUTORAL

“O(s) autor(es) é(são) o(s) único(s)


AGRADECIMENTOS responsável(is) pelo conteúdo deste trabalho”.

Ao programa Residência Pedagógica. Aos


Professores e funcionários do Colégio Estadual
Doutor David Persicano, bem como os seus alunos. A
professora doutora Ana Rita Pereira por emprestar os
seus estimáveis materiais da Experimentoteca de
Física-UFG. Aos parceiros e parceiras de Residência
Pedagógica.

5- REFERÊNCIAS

AUSUBEL, D.P. (2000). The acquisition and


retention of knowledge. Dordrecht: Kluwer
Academic Publishers.

AVENTURA NA CIÊNCIA; Uma Fantástica


Viagem ao Mundo das Cores e Sensações. Mais
informações no site. www.educaremcomphania.com.
MARTINS, J. S. O trabalho com projetos
depesquisa: do ensino fundamental ao ensino
médio. Campinas, SP: Papirus, 2003.

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AULA CONSTRUTIVISTA NO ENSINO DE FÍSICA

Neto, Eduardo Batista, email- eduardobatista_3@hotmail.com 1


Carneiro, Alessandro de Souza 1
Vaz, Clayton Pirez 2
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Física
2
CEJA- Colégio Estadual de Jovens e Adultos

Resumo: Introdução: A experiência em sala de aula mostra características do ensino tradicional de física, que
não produzem um ensino de qualidade. Na tentativa de buscar uma nova pratica pedagógica, utilizou-se das
ideias do psicólogo bielo-russo, Lev. Vygotsky (1896-1934), para desenvolver aulas construtivistas e ensinar
física. Objetivos: Educar a habilidade para adquirir novos conhecimentos, melhorar a intuição dos alunos
sobre como ocorrem os fenômenos físicos, colocar o aluno como agente do seu conhecimento. Metodologia: O
trabalho foi executado em um Colégio Estadual de Catalão, Goiás, pelo o aluno do curso Licenciatura em
Física, bolsista do programa Residência Pedagógica. No colégio ministrou o conteúdo de vetores e cinemática
por meio da exposição e desafios. Resultados: Os alunos buscaram responder os exercícios propostos
“copiando” a solução dos desafios. Em todas as aulas os alunos apresentavam o mesmo padrão: eles resolviam
os desafios com dicas e sugestões, mas não conseguiam abstrair os conceito e as ideias para resolverem os
exercícios propostos. Conclusão: O novo modelo de aula proposto pelo projeto mostrou que os alunos se
aproximam mais do professor, que buscam tentar aprender, mas apresentam algumas dificuldades. Em uma
aula como essa, o professor se deparará com alunos que ainda não aprenderam a pensar por si mesmos, e
demonstrarão um nível muito baixo de abstração, lógica, e matemática. Na aula construtivista o aluno da o
primeiro passo, para ser o agente do seu conhecimento, e recebe uma educação voltada para sua habilidade em
adquirir novos conhecimentos.
.
Palavras-chave: Professo, alunos, desafio.
__________________________________________________________________________________________

1- INTRODUÇÃO professor-aluno é definida pela autoridade do


professor sobre o aluno. Somente o professor tem o
O ensino tradicional de física tem mostrado um conhecimento para ensinar, e o aluno de receber esse
resultado negativo na aprendizagem e no conhecimento. E a aprendizagem acontece por meio
desenvolvimento dos alunos. Na sala de aula o da repetição de conceitos, a recapitulação do que foi
professor faz uma apresentação expositiva do aprendido sempre que for necessário e a resolução
conteúdo a utilizando o quadro e giz enquanto os de exercícios.
alunos ficam observando e copiando o que o Essa forma de ensino exclui a síntese da
professor diz ou escreve. Nesse formato de aula os natureza- cultura que ocorre no ser humano, “isto é,
alunos apresentam dificuldades para compreender os uma integração de características hereditárias e
conceitos científicos e a linguagem (matemática) da adquiridas, aspectos individuais e sociais, elementos
disciplina. do estado de natureza e cultura” (COTRIM, 2006, p.
As causas das dificuldades alunos podem ser 13).
encontradas no ensino tradicional. O papel da escola O psicólogo bielo-russo, Lev. Vygotsky (1896-
na concepção da pedagogia tradicional e promover 1934) compreendeu essa questão e procurou estudar
uma formação intelectual, se restringindo apenas na o desenvolvimento psicológico e cultural do ser
cultura deixando de lado os problemas sociais. Os humano, apresentando um modelo educacional que
conteúdos do ensino são conhecimentos acumulados representou um avanço na pedagógica. Para
com o tempo, e são passados como verdades compreender as ideias de Vygotsky, é importante
absolutas. Nessa perspectiva os conhecimentos entender quatro princípios: interação, mediação,
prévios do aluno não esta presente, estando apenas o internalização e zona de desenvolvimento proximal
que esta no currículo. A metodologia de ensino é a (ZDP).
exposição oral e foco principal e a resolução de A interação é um conceito que representa a
exercícios e a memorização de equações. A relação relação do sujeito com o meio. Para Vygotsky, o
Trabalho revisado pelo orientador do estágio/residência pedagógica.

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aluno além de agir ele precisava interagir. Porque é  Segmento orientado;
nas relações de troca com o meio que o  Segmento nulo;
conhecimento acontece.  Segmentos opostos;
“Mediação é em termos genéricos, é o processo  Direção e sentido;
de intervenção de um elemento intermediário numa  Segmentos equipolentes;
relação; a relação deixa, então, de ser direta e passa  Vetor igual;
a ser mediada por esse elemento” (KHOL, 2001, p.
 Vetor nulo;
26). O elemento intermediário da relação do homem
 Vetores opostos;
com o mundo é linguagem simbólica. É por meio
 Vetor unitário;
dela que o ser humano é capaz de aprender,
reelaborar o que já aprendeu e promover um novo  Versor ;
conhecimento.  Adição de vetores: comutativa,
A internalização é o processo pelo qual um associativa, etc.
conceito cultural que anteriormente era  Diferença de vetores;
desconhecido passa adquirido pelo ser humano. Por  Multiplicação por um numero real
exemplo: uma criança ao apontar para um objeto k ≠ 0: módulo , direção e sentido.
pode ser interpretado pela mãe como ação pegar o
objeto, então a criança internaliza esse conceito. Para cinemática os temas escolhidos foram:
O ultimo principio a ZDP é a distância entre o  Localização;
que aluno já sabe do que ele não sabe. Para  Movimento e repouso;
Vygotsky esse é um dos princípios mais importantes  Espaço e deslocamento escalar;
porque ele determina as possibilidades da  Velocidade escalar;
aprendizagem do aluno.  Aceleração escalar.
Para mudar o ensino de física é necessária uma Ministrou-se na escola na primeira semana aula
nova educação, uma que retire o aluno da sua com o tema Vetores, e na outra semana cinemática.
posição passiva dentro de aula e o faça mais ativo, Apresentou-se o tema, e a cada tópico, fez-se um
que o torne agente do seu conhecimento. Assim, o desafio sobre assunto para os alunos. O desafio
papel do professor nesse processo é de mediador, o consistia em uma situação problema que envolvesse
agente responsável pela mediação entre o o objeto de estudo: Se vocês fossem matemáticos e
conhecimento e o aluno, orientando-o para que precisassem criar um símbolo que representasse
consiga tornar o seu conhecimento potencial em direção, sentido e modulo qual símbolo vocês
conhecimento real. utilizariam? por que na multiplicação de um vetor
Na busca por essa educação, planejou-se um por número real k diferente de zero, k não pode ser
projeto que tornasse as aulas tradicionais em aulas zero?.
construtivistas. Portanto, como objetivos Para a resposta dos desafios, o professor interviu
estabeleceu-se: educar a habilidade dos alunos para sugerindo dicas, sugestões, exemplos semelhantes a
adquirir novos conhecimentos, melhorar a intuição uma característica dos desafios. No primeiro
dos alunos sobre como ocorrem os fenômenos exemplo, a dica para ajudar o aluno a responder,
físicos, Colocar o aluno como agente do seu qual símbolo utilizar, foi dizer: imaginem que você
conhecimento. esta perdido em uma floresta, e precisam de uma
direção, um sentido, um lugar para ir, qual objeto
2- METODOLOGIA vocês utilizariam? No outro exemplo por ser mais
abstrato, foi necessário dizer: em qual caso temos
Aluno do curso Licenciatura em Física, bolsista um vetor nulo? e porque nesse caso não podemos
do programa Residência Pedagógica. Durante o multiplicar por zero? Quando as respostas ficavam
período de duas semanas esteve em um Colégio muito distantes da solução dos problemas o
Estadual de Catalão, Goiás. Nas aulas aplicou-se professor intervia sugerindo mais dicas para que os
uma prática pedagógica baseada nas ideias Lev. alunos conseguissem chegar às respostas.
Vygotsky. Na segunda semana, repetiu-se a mesma pratica
Primeiramente, escolheu dois temas para se para o conteúdo de cinemática. Os desafios foram:
trabalhar nas aulas: vetores e cinemática. Para em uma corrida de atletismo quem chega primeiro?
elaboração das aulas utilizou-se o livro Geometria como determinamos quem foi mais rápido? Uma
analítica plana e o livro fundamentos de física. placa de transito informa 160km/h na estrada, qual o
Depois, selecionou os tópicos mais importantes de seu significado físico ?
cada tema, e fez os planos de aula para cada um. Feito as apresentações com os desafios aplicou
Para realização das aulas utilizou quadro, giz e plano exercícios. Os exercícios estavam fundamentados
de aula. nas mesmas ideias dos desafios, mas não exigia dos
Os temas selecionados em Vetores foram: alunos uma aplicação direta de dados nas equações,

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exigia que os alunos utilizassem criatividade e apresentar a falta de domínio sobre o conteúdo,
abstração para resolverem. Depois das tentativas especialmente na matemática.
dos alunos, os exercícios foram respondidos junto A mediação do professor foi fundamental para
com eles, passo a passo, mostrando-se como as colocar os alunos como agente do seu próprio
ideias e conceitos se aplicavam nos problemas. conhecimento. Quando o professor mostrava a
situação do problema para os alunos e os perguntava
3- RESULTADOS e DISCUSSÃO: como poderiam resolver aquele problema, os alunos
começavam a pensar, e a analisar o que o professor
Os resultados tem caráter qualitativo, pois dizia. Com as dicas os alunos interagiam mais com o
foram obtidos por meio de observações feitas pelo professor e ficavam entusiasmados em resolverem o
professor. Notou-se que, os alunos buscaram problema.
responder os exercícios propostos “copiando” a
solução dos desafios. É natural que eles façam isso, Por fim, pode-se concluir que, na aula
pois a primeira reação de qualquer pessoa quando construtivista o aluno dará o primeiro passo para ser
não conhece algo é tentar apoiar-se em algo que já o agente do seu conhecimento, e recebe uma
conhece. Quando os alunos perceberam que educação voltada para sua habilidade em adquirir
“copiar” a solução do desafio anterior não era o novos conhecimentos.
bastante buscaram pensar por si mesmos nas
soluções. AGRADECIMENTOS
Quando os alunos não conseguiam pensar nos
caminhos das respostas o professor intervia dando Agradeço a Coordenação de Aperfeiçoamento
dicas e sugestões. Essa atitude foi fundamental, uma de Pessoal de Nível Superior- CAPES, pelo apoio é
vez que, o papel principal do professor e mediar à o incentivo em desenvolver um projeto que contribui
reação do aluno com o seu conhecimento. As dicas com a formação de futuros docentes, possibilitando
facilitavam encontrar um caminho e estimulava os uma mudança significativa na educação atual.
alunos. É importante destacar que nas sugestões e
dicas o professor mostre-se entusiasmado com as 5- REFERÊNCIAS
atitudes dos alunos em tentarem resolver o problema
para que eles incorporem o seu entusiasmo e HALLIDAY, David; RENISCK, Robert; WALKER,
continuem tentando. Jearl. Fundamentos de física. 10. ed. Rio de
Observou-se que, em todas as aulas os alunos Janeiro: Editora LTC, 2016.
apresentavam o mesmo padrão: eles resolviam os VIGOTSKI, L. S. Psicologia pedagógica.Tradução
desafios com dicas e sugestões, mas não conseguiam de Paulo Bezerra. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes,
abstrair os conceito e as ideias para resolverem os 2004.
exercícios propostos. Esse resultado mostra que o OLIVEIRA, Marta Khol. Vygotsky aprendizado e
conhecimento matemático, como também o da física desenvolvimento um processo sócio-histórico. São
ainda não se tornaram um conhecimento real, ou Paulo: Scipione, 2001.
seja, os alunos ainda não tem domínio sobre eles. COTRIM, Gilberto. Fundamentos da filosofia. São
Quando os alunos ficavam como agente do seu Paulo: Saraiva 2006.
próprio conhecimento eles ficam com dúvidas sobre STEINBRUCH, A. & WINTERLE, P. Geometria
suas respostas. Por vezes perguntavam ao professor analítica plana. 2ª. ed. São Paulo: Makron Books,
se o que eles estavam fazendo estava correto. Nesse 1991.
caso, o professor tentou fazer com que os alunos
pensassem nas suas respostas e no que o problema RESPONSABILIDADE AUTORAL
dizia. Desta maneira, sempre que os alunos tinham
dúvidas eles mesmos tinham que alcançar as Os autores são os únicos responsáveis pelo
respostas pensando e refletindo sobre o que eles conteúdo deste trabalho.
tinham escrito.

4- CONCLUSÃO:
Em uma aula construtivista, o professor se
deparará com alunos que ainda não aprenderam a
pensar por si mesmos, e demonstrarão um nível
muito baixo de abstração, lógica, e matemática. A
interação da aula farão os alunos mais ativos,
curiosos, e ansiosos. Mas no seu desenvolvimento,
mesmo depois de algumas aulas eles continuarão a

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INTRODUÇÃO AO CONHECIMENTO BÁSICO DE FÍSICA NO
ENSINO FUNDAMENTAL
Santos, Elvis Victor da Silva, elvisvssantos@gmail.com1
Carneiro, Alessandro de Souza1
Graça, Ana Paula da2
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Física
2
Colégio Estadual Dr. David Persicano

Resumo: Introdução: Foi proposta uma iniciação ao conteúdo básico de Física para alunos do Ensino Básico,
utilizando algumas ideias de Lev Vygotsky no momento de se planejar a aula. Objetivo: introduzir
antecipadamente os alunos do Ensino Fundamental ao conhecimento Inicial de Física, de maneira a explorar a
criatividade e vigor dos alunos em aprender. Metodologia: A vivência se deu na Escola David Persicano, em
Catalão, setembro de 2019 e fez parte do programa residência pedagógica. A intervenção consistiu em aula
epositiva. Mas, buscou-se que fosse diferente do que são aulas usuais, onde o professor apenas transmite as
informações. Resultados: Os alunos puderam confrontaraquilo que faz parte de seu senso comum em relação a
coisas do seu cotidiano que são parte da Física. Isso auxilia a consolidar o conhecimento daquilo que pode ser
comprovado cientificamente, pois é um processo de investigação da constituição do mesmo. Além disso, aprenderam um
conteúdo muito importante para analisar a situação de movimento de corpos, que é as Leis de newton.
Considerações Finais: Essa atividade buscou instigar o interesse dos alunos em Física, introduzindo aos alunos
o que é a essência desta disciplina, que é o conhecimento da natureza física do mundo e como isso pode auxili á-
los no seu cotidiano. Uma das dificuldades dessa aula seria encontrar uma maneira de fazer os alunos
exercitarem sua iniciativa de querer conhecer as coisas e sua busca independente por conhecimento, assim
como sugeriu Lev Vygotsky em uma passagem de seu livro “Psicologia Pedagógica.”

Palavras-chave: Física. Introdução.

_________________________________________________________________________________________

1- INTRODUÇÃO: conteúdos que são parte da Física, atualmente.


Tratou-se, então, de um personagem histórico:
O objetivo deste projeto é apresentar aos Aristóteles. Ele viveu na Grécia Antiga. Suas ideias
alunos o conhecimento científico básico da Física, foram muito difundidas até muito tempo depois de
propondo que saibam qual é a origem deste ramo do sua morte, e muitas de suas ideias, por mais falhas
conhecimento e um pouco de seu histórico até que possam parecer, levaram muito tempo para
conteúdos que se aceitam como verdadeiros, serem “depostas”. Entre essas ideias, haviam muitas
atualmente. Deseja-se que alunos conheçam não relacionadas ao movimento de corpos, parte da
somente fórmulas de Física, mas entendam a origem Mecânica. Para esmiuçar uma de suas ideias sobre o
deste campo de conhecimento e com o que ele se movimento de corpos, introduziu outro personagem
ocupa. O método que se usou para expor o conteúdo histórico: Isaac Newton (1643 d. C. – 1727). Ele foi
foi inspirado em algumas ideias de Lev Vygotsky o primeiro a solucionar o problema de movimento
(1896 d.C. – 1924 d.C.), que foi um psicólogo russo de corpos, e ficou resumida nas Leis de Newton.
e apresentou teses relacionadas à aprendizagem do Essas Leis foram utilizadas para mostrar aos alunos
aluno e até sobre o papel do educador neste como elas podem analisar qualquer problema de
processo. movimento de corpos.
Essa estratégia de ensino busca uma nova forma Comparar ideias aristotélicas com a Física que
de introdução ao conteúdo de Mecânica, que é muito Newton expôs ao mundo, que apresenta limites, mas
importante para o campo da Física. A ideia é que os que tem coerência com a realidade, pode prover um
alunos possam aprender a desenvolver seu próprio conhecimento mais sólido ao aluno do que
raciocínio, baseado no conhecimento que foi simplesmente conhecer as ideias de Newton, e saber
transmitido a eles, quando se depararem com como aplicar. Confrontar os conceitos desenvolvidos
problemas de Física. Mostrou-se que a origem da por Aristóteles e aqueles desenvolvidos por Newton,
Física reside na Filosofia, ramo de conhecimento ajudará os alunos a analisar aquele conhecimento
que surgiu na Grécia Antiga e se ocupava de

Texto revisado pelo orientador Alessandro de Souza Carneiro


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que absorveram ao longo da vida, para que Vygotsky observa que há a necessidade de ser
descubram o que de verdadeiro há neles. transmitido aos alunos certo nível de conhecimento,
mas também é essencial trabalhar a autonomia do
aluno com o objetivo de o próprio poder buscar e
2- METODOLOGIA empregar conteúdos. Na aula ministrada aos alunos,
buscou-se não só apresentar conteúdos essenciais
As atividades relatadas foram desenvolvidas na aos alunos, mas também auxiliá-los a empregá-los
Escola Estadual David Persicano, no mês de nas interpretações de situações reais da Física. A
setembro de 2019, e fizeram parte do programa aula foi iniciada mostrando aos alunos um pouco do
Residência Pedagógica, para alunos do curso de contexto da Idade Antiga. Neste período o ser
Licenciatura em Física. O procedimento consistiu no humano começava a elaborar, ainda rusticamente, o
preparo de informações acerca do tema para a futura seu conhecimento acerca do mundo. Iniciava o
difusão em sala de aula para os alunos que eram alvo desenvolvimento de seu entendimento de campos
do programa. como os de Astronomia e Matemática, em
Neste material, foi relatado como o homem sociedades como o Egito Antigo e Babilônia Antiga,
começou a explorar o mundo, intelectualmente, na para fins práticos.
Antiguidade, e como isto levou ao desenvolvimento Na Grécia Antiga também se desenvolveu
da Física, ainda bem rusticamente. Depois, mostrou-se conhecimento. Ao se desprender um pouco do
ideias, relacionadas à Mecânica, de um dos expoentes misticismo daquela época, gregos da Antiguidade
desta área de conhecimento e deste período que foi desenvolveram uma maneira de entender como
Aristóteles. Apresentou-se alguns significados funciona o mundo, que ficou conhecida como
relacionados à Física, de maneira mais informal, como Filosofia. Dentro deste campo, procurava-se
o que é aceleração, deslocamento, tempo, velocidade. entender fenômenos naturais como o movimento de
O intuito disso foi o de munir os alunos de um corpos por exemplo. Assim, começou o estudo pelo
conhecimento que permita compreender o que se homem da Física, ou seja, de conhecimentos
seguiria. relacionados à matéria e energia no mundo. Essa
Os conceitos aristotélicos foram, então, exposição de parte da história da Física tenta
confrontados com o que Isaac Newton desenvolveu estimular o interesse dos alunos. Muitas vezes, os
em seu tempo, já séculos depois. Após isso, alunos são apresentados a conteúdos durante as aulas
evidenciou-se para os alunos como a Física evoluiu de cujos contextos onde surgiram tal conhecimento não
algo que se poderia dizer intuitivo e, por vezes, conhecem. Assim, ao saberem a origem da Física,
equivocado, para leis que não contradizem o que se vê podem ter noções mais claras a respeito deste campo
em testes práticos. científico.
Para os alunos terem uma ideia mais sólida
sobre o que era a Física neste período, introduziu-se
3-RESULTADOS e DISCUSSÃO: a figura de Aristóteles, pensador da Grécia Antiga,
juntamente com ideias que desenvolvera no campo
Como já foi dito antes, as ideias que auxiliaram da Física. Porém, antes disso, foi preciso esclarecer
a preparação da aula sobre a qual este trabalho trata alguns termos que se fariam necessários para
tem relações com ideias de Lev Vygotsky. Em sua entender o conteúdo que se seguiria. A razão disso,
época, ele observou uma tendência de se substituir o deveu-se ao fato de se tratar de alunos que nunca
modelo que ele chamava de “velha escola”, no qual tiveram contato com a Física e, por isso, poderiam
considerava que o professor tinha “o papel de atribuir significados para estes termos que não
simples fonte de conhecimento”, ou seja um mero correspondem aqueles que estes termos têm nos
transmissor de conhecimento. Tal modelo estaria estudos de Física.
dando vez a um outro modelo, que Vygotsky aprova. Então, apresentou Aristóteles e suas ideias.
Ele identificou que a tendência de sua época era um Uma delas diz respeito ao movimento de uma flecha
modelo que explorasse “a energia ativa do aluno.” sendo disparada. Aristóteles tentou propor qual seria
A ideia de Vygotsky sobre esse modelo pode a razão pela qual a flecha se moveria depois de ser
ser melhor compreendida ao se analisar o seguinte diaprada por um arco, uma vez que, no ar, ela não
trecho de eu livro denominado “Psicologia estaria sendo empurrada por nenhuma força.
Pedagógica”: Perguntou-se aos alunos como eles explicariam isso.
Essa parte foi interessante pois eles puderam exercer
“Para a educação atual não é tão importante sua imaginação, e sua inventividade, suscitando
ensinar certo volume de conhecimento quanto maior interesse neste assunto. Os alunos tinham uma
educar a habilidade para adquirir esses ideia de porquê a flecha se move depois de
conhecimentos e utilizá-los.” (VYGOTSKY, disparada, mas não conseguiram expressar com
2004, p. 448)
precisão. Foi proposto analisar tal situação e, para

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tal, introduziu-se a figura de Isaac Newton. Ele foi O planejamento da aula objetivou munir os
um físico que viveu no século XVII e desenvolveu alunos de um certo nível de conhecimento, e
conhecimento crucial para compor esta aula e incentivá-los a conhecer mais sobre Física,
solucionar esse problema cujo qual Aristóteles mostrando para eles que, mesmo que nunca tivessem
tentou responder. estudado nem um conteúdo de Física antes, estavam
Isaac Newton foi o primeiro a solucionar o mais familiarizados com a Física do que pensavam.
problema de movimento de corpos elaborando um A maneira segundo a qual o roteiro da aula foi
sistema de conhecimento que ficou conhecido como desenvolvido é similar a algumas ideias de Lev
Leis de Newton. Apresentou-se aos alunos este Vygotsky, apresentadas em seu livro "Psicologia
conteúdo e como els faz parte do cotidiano das Pedagógica". Nele, Vygotsky observa a necessidade
pessoas. Então, demonstrou-se aos alunos como este de que essa energia e vontade que os alunos
sistema permite analisar um problema de movimento demonstram deve ser explorada, assim como se deve
de corpos, como o problema da flecha em tentar ajudar os alunos a desenvolver uma certa
movimento ao ser disparada. Qualquer corpo que independência dos ensinamentos do professor. Ou
possua massa tem a tendência de entrar em seja, o aluno deve aprender a buscar seu
movimento uma vez que forem empurrados por uma conhecimento. É difícil dizer o quão efetiva foi a
força suficientemente forte. Esta parte é importante aula em atingir esses objetivos, pois são variáveis de
para os alunos poderem aprender por conta própria a difícil apreciação. O maior desafio de propor aulas
empregar o conhecimento que eles obtém de Física. dessa forma é analisar sua efetividade. Mas, pode-se
Assim eles podem entender a relação que há entre a dizer que os alunos mostraram interesse em relação
realidade e o conteúdo de Física que eles veem na à aula entenderam como as Leis de Newton podem
escola. ser aplicadas à realidade.
Há algumas ideias que Vygotsky enunciou em
seu livro “Psicologia Pedagógica” que podem AGRADECIMENTOS
auxiliar na atividade do professor, seja no campo da O autor é grato à Coordenação de
Física, ou em qualquer outro. O aluno que estuda a Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
Física não pode se ater apenas ao conhecimento que (CAPES) pelo suporte financeiro dado ao trabalho.
lhe é transmitido. Ele precisa entender os conceitos Agradeço à orientação do professor Alessandro de
que esse campo de estudo traz, mas também como Sousa Carneiro e à supervisora Ana Paula de Graça
aplicá-los em situações reais. Assim, é também pela contribuição e oportunidade.
requerido que o aluno seja mais ativo, também.

5-REFERÊNCIAS
4- CONSIDERAÇÕES FINAIS:
VYGOTSKY, L. S. Psicologia Pedagógica ;
A partir desta intervenção, os alunos tradução do russo e introdução de Paulo Bezerra. 2.
conseguiram entender no que consiste o problema de ed. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
movimento de corpos, que é parte muito importante
da Física. Os alunos, ao se depararem com o PIRES, A. S. T. Evolução das Ideias da Física. 2.
problema, acreditavam ser muito simples explicar ed. São Paulo: Editora Livraria da Física, 2011.
por que tal situação acontecia daquela forma. De
fato, eles tinham noção de como era, mas não HALLIDAY, D.; RESNICK, J. R.; WALKER, J.
conseguiram desenvolver com precisão sua Fundamentos de física, volume I: mecânica ;
explicação dessa situação. Assim, passaram a saber tradução e revisão técnica Ronaldo Sérgio de Biasi.
quais eram as dificuldades deste problema antes de Rio de Janeiro: LTC, 2012.
serem confrontados com a solução, que são as Leis
de Newton. Desta forma, os alunos puderam RESPONSABILIDADE AUTORAL
perceber o valor que este conteúdo tem, pois, por
vezes, não é mostrado um pouco do contexto que “O(s) autor(es) é(são) o(s) único(s) responsável(is)
permeia as Leis de Newton e os alunos não pelo conteúdo deste trabalho”.
conseguem mensurar sua importância histórica. Os
alunos também puderam conhecer como as Leis de
newton conseguem explicar situações das mais
simples que observamos todos os dias.

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ACOMPANHAMENTO PEDAGÓGICO PARA ALUNOS DO ENSINO SUPLETIVO

Pereira Rodrigues Júnior, Erivaldo, erivaldojrjd@gmail.com1


Ferreira Vaz, Brendow1
De Souza Carneiro, Alessandro1
Pires de Avelar Vaz, Clayton2
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Física
2
Centro de Educação de Jovens e Adultos Professora Alzira de Sousa Campos

Resumo: Introdução: o projeto está sendo conduzido no Centro de Educação de Jovens e Adultos Professora
Alzira de Sousa Campos (CEJA), e tem como objetivo contribuir para melhor formação dos estudantes que atuam
no ensino supletivo, além de poder servir também como uma investigação acerca deste método de ensino.
Objetivo: investigar os déficits de conhecimento de cada aluno e atuar na correção dos mesmos. Metodologia: a
principal metodologia aplicada consiste em uma forma particular de monitoria. Incialmente foi feita uma pesquisa
socioeconômica para melhor conhecer alguns dos alunos da instituição, além de encontrar dados auxiliariam a
conhecer as dificuldades dos mesmos dentro e fora do ambiente escolar. De início foi aplicada uma forma
particular monitoria individual e ministradas algumas aulas acerca dos conteúdos em que a maior parte da turma
apresentasse dificuldade. Resultados: Até agora foi percebida uma evidente melhora no interesse a matéria por
parte dos alunos, além dos mesmos apresentarem também maior independência na resolução dos exercícios
aplicados tanto pelo professor responsável por ministrar a disciplina tanto quanto pelos exercícios que foram
trabalhados nesse projeto. Considerações finais: A condução do trabalho tem se mostrado satisfatória, já que foi
notada uma melhora aparente por parte dos autores em relação a disposição dos alunos para com a participação
no projeto, mas a inclusão de todos os estudantes tem se mostrado complicada devido ao fato do projeto estar
sendo desenvolvido em uma instituição de ensino supletivo, onde a evasão de alunos é alta.

Palavras-chave: Pedagógico. Ensino. Supletivo.


__________________________________________________________________________________________

1- INTRODUÇÃO porém, pode-se ocorrer de os autores acabarem por


fazer uma contribuição para a área da pesquisa, já que
Este projeto didático está sendo desenvolvido no pelo fato de que o projeto está sendo desenvolvido em
Centro de Educação de Jovens e Adultos Professora uma instituição que se utiliza exclusivamente da
Alzira de Sousa Campos (CEJA), que se trata de uma metodologia do ensino supletivo, por onde se formam
instituição que tem como modelo de ensino o milhões de estudantes a cada semestre (ANUATTI
supletivo, cujo foco didático se concentra no ensino NETO, 2000), e levando em consideração o fato de
para jovens e adultos, que tem como obtivo obter o que temos poucas pesquisas acerca deste método de
diploma do ensino médio em um tempo abreviado ensino, partimos do princípio de que esse trabalho
quando comparado ao ensino regular (FREITAS, também possa vir a contribuir para o âmbito da
1997). A partir das observações feitas anteriormente, pesquisa acerca de métodos de didáticos, quando
percebemos que o público alvo atuante no supletivo levamos em conta o fato de que o desenvolvimento de
tem uma metodologia particular de ensino, que uma pesquisa nesta área estará agregando de forma
consiste basicamente no aprendizado em um curto direta com as poucas pesquisas na área do ensino
intervalo de tempo. Partindo desse pressuposto, pode supletivo que temos atualmente.
ocorrer que em alguma parte do processo de Como o trabalho será desenvolvido com alunos
aprendizado desses estudantes, criem-se lacunas em que em sua grande parte estão voltando a estudar após
algumas partes do conhecimento adquirido pelos determinado período de hiato da escola, e muitas
alunos, visto que as turmas comportam alunos que vezes de qualquer tipo de educação formal, este
não tem muito tempo disponível para estudar durante projeto irá contribuir de forma direta para o
seu dia a dia além de estarem submetidos a um melhoramento no aprendizado desses estudantes, já
processo de ensino de curto período de tempo, o que que os mesmos terão, além do conhecimento
se faz necessário uma devida intervenção para buscar repassado pelo professor responsável por ministrar as
solucionar, pelo menos em parte, este problema. aulas obrigatórias na instituição onde o projeto está
O foco principal desse trabalho se encontra na sendo desenvolvido, os mesmos terão também um
condução de um projeto de orientação pedagógica, ou auxilio extra durante às aulas.
seja, se trata primariamente de um projeto de ensino,

Texto revisado pelo orientador Alessandro de Souza Carneiro


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2- METODOLOGIA após o término do ensino supletivo, já os que
pretendem continuar, estão interessados em fazer
A principal proposta desse projeto consiste em um cursos técnicos e graduação. Cerca de 22% dos alunos
caso particular de monitoria, sendo a principal já desistiu do ensino supletivo pelo menos uma vez, o
metodologia que está sendo trabalhada a do cansaço após o trabalho e dificuldade em se adaptar
atendimento individual à cada aluno, priorizando os com a volta aos estudos, foram as principais
estudantes que apresentam a característica de justificativas para as desistências.
permanecer a um longo tempo sem qualquer contato Concluímos também que as idades dos alunos
com o ensino formal. Posteriormente é pretendida variam desde 16 até 47 anos. Além de que a maioria
também a formação de pequenos grupos com objetivo dos estudantes trabalha em tempo integral e possuem
principal de colaboração mútua entre os alunos, além independência financeira, sendo os responsáveis
de que também serão feitas discussões relacionadas à parcialmente ou integralmente pelo sustento de suas
disciplina de física e ciências em geral. Foram famílias, acarretando na falta de tempo para descanso
também ministradas aulas especiais, com intuito de e estudos, por exemplo, alguns desses estudantes tem
analisar o conhecimento prévio e o conhecimento já apenas um dia de folga no trabalho, e acabam por usar
adquirido de cada um dos estudantes, onde foram esse dia para descanso, recreação ou para resolver
avaliados os principais déficits apresentados pelos problemas pessoais, disponibilizando pouco ou em
mesmos, para que, posteriormente sejam muitas das vezes nenhum tempo para o estudo
desenvolvidos materiais específicos para extraclasse.
complementar a formação desses alunos.
Neste projeto possivelmente não será envolvido Tabela 1 - Principais resultados da pesquisa
nenhum tipo de atividade experimental com os socioeconômica realizada
estudantes, visto que a maioria dos alunos que se Média
atuam no ensino supletivo além de possuírem pouco Renda mensal média da família
tempo em sala de aula, possuem também tempo livre R$ 2.100,00
dos entrevistados
limitado em seu dia a dia, o que acaba por dificultar o Alunos que trabalham 87%
desenvolvimento desse tipo de atividade, sendo que
Período médio trabalhado por dia 8h
também devemos considerar que o período de tempo
para a conclusão de cada série por parte dos Alunos que pretendem continuar
24%
estudantes do supletivo é metade do tempo do que os estudos
para o ensino regular, o que acaba por dificultar a Tempo gasto de forma recreativa
5h
execução desse tipo de atividade, além do mais deve na internet
também levar em consideração que que o foco deste Taxa geral média de evasão dos
22%
projeto se encontra no aprendizado teórico. alunos
Fonte: Feita pelos autores, 2019
3-RESULTADOS e DISCUSSÃO
A pesquisa mostrou também que o tempo gasto
No início da execução desse projeto foi feita uma em redes sociais ou com uso recreativo da internet, é
pesquisa socioeconômica com 28 alunos de todas as em média quase 5 horas diárias, até mesmo os alunos
séries com o objetivo de obter dados para o auxílio de de maior idade, por mais que quase todos
alguns dos objetivos desse trabalho. A pesquisa foi disponibilizassem um tempo menor do que os alunos
feita de forma anônima e não obrigatória. No mais jovens, ainda eram muito próximos ao tempo da
questionário haviam as seguintes perguntas: a idade média.
do aluno, a renda mensal de sua família, se trabalha, Considerando o caráter de nosso projeto, as
qual o tempo diário gasto no trabalho, se pretendiam condições de rotatividade das turmas do ensino
continuar os estudos depois do termino do ensino supletivo, e também devido à grande evasão de
supletivo, quanto tempo os mesmos passam em redes muitos dos alunos da escola onde este projeto está
sociais ou com uso recreativo da internet, quanto sendo ministrado, ainda não é possível apresentar
tempo passam estudando e se era a primeira vez do resultados claros acerca de toda à abrangência das
aluno no ensino supletivo, tendo em vista que muitos propostas desse trabalho, mas algumas mudanças já
desistem de concluir o ensino médio utilizando essa foram notadas como está descrito na seção à seguir.
forma de ensino, além do que foi perguntado também
os motivos pelos quais alguns estudantes voltaram ao 4- CONSIDERAÇÕES FINAIS
ensino formal, os resultados do questionário estão se
encontram na Tabela 1. Como esperado grande parte dos alunos agora
Com os resultados dessa pesquisa foi possível possuem um maior domínio dos conteúdos, já que
verificar que: a maior parte dos alunos trabalha em para os conteúdos em que os estudantes estiveram
tempo integral e não pretende continuar os estudos com maior dificuldade, foram realizadas consultorias

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individuais, e para os conteúdos principais em que a
maioria da turma estava com dificuldade de
compreensão, foi ministrada uma aula com o foco
maior na experiência do aluno com o conteúdo
estudado. Além de terem desenvolvido as
competências necessárias para compreender os
conteúdos, tanto para os exercícios propostos, quanto
aos problemas do seu dia a dia que se referirem à
física.
Os alunos foram constantemente avaliados, e foi
notada uma melhora satisfatória na compreensão dos
alunos em relação ao entendimento dos exercícios
propostos, bem como na sua resolução, e que
gradualmente foram se tornando mais evidentes à
medida que foram aplicados os testes.
Porém inicialmente foi difícil convencer os alunos
a buscarem por ajuda para a resolução dos exercícios
e também em relação à compreensão das aulas
ministradas, pois por mais que se dispuseram por
conta própria a frequentarem as aulas, e realizarem às
atividades propostas, os mesmo se demonstravam
desanimados à tentar realizar algumas das atividades
propostas, sendo que muitas das vezes à principal
queixa era a de que não conseguiriam realizar tais
atividades pelo período em hiato da escola em que os
mesmos permaneceram, mas com um pouco de
insistência e com os próprios alunos percebendo sua
evolução, aos poucos foram se mostrando mais
interessados para a realização de algumas atividades.

AGRADECIMENTOS

Os autores são gratos à Coordenação de


Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES) pelas bolsas concedidas aos alunos
Erivaldo P. R. Júnior e Brendow Ferreira Vaz. Assim
como aos professores orientadores pelo trabalho
prestado.

5-REFERÊNCIAS

[1] - FREITAS, Maria Virgínia de. Jovens no ensino


supletivo: na escola e na rua. Em: XXI Congresso
da Associação Latino Americana de Sociologia.
São Paulo. 1997.

[2] - ANUATTI NETO, Francisco; FERNANDES,


Reynaldo. Grau de cobertura e resultados
econômicos do ensino supletivo no Brasil. Revista
Brasileira de Economia, v. 54, n. 2, p. 165-187,
2000.

RESPONSABILIDADE AUTORAL

“O(s) autor(es) é(são) o(s) único(s) responsável(is)


pelo conteúdo deste trabalho”.

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O ENSINO DE FÍSICA ATRAVÉS DA ESPECTROSCOPIA

Silva, Marciel Ferreira Olimpio da, marcielolimpio@gmail.com¹


Reis, Christiano Landi dos¹
Silva, Ludmilla Lourenço da¹
Carneiro, Alessandro de Souza¹
Vaz, Clayton Pires de Avelar²
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Física
2
Instituição Estadual CEJA Prof.ª Alzira de Souza Campos/Catalão

Resumo: Introdução: Este trabalho busca por entremeio de aulas experimentais e vídeos demonstrativos,
capacitar e mensurar a evolução de alunos do ensino médio, sobre conceitos de física correlacionados à
espectroscopia. Objetivo: Desenvolver e melhorar a percepção dos alunos em relação aos fenômenos físicos
presentes no cotidiano e como relacioná-los com temas apresentados em aula. Metodologia: Trabalho
executado na cidade de Catalão, estado de Goiás, com turmas do 2ª e 3º ano do ensino médio da Instituição
Estadual CEJA (Centro de Educação de Jovens e Adultos Prof.ª Alzira de Souza Campos), no programa
Residência Pedagógica. Desenvolvido em quatro etapas, a primeira consiste na aplicação de um questionário
para mensurar a capacidade intelectual dos alunos; a segunda em uma aula que correlacione fenômenos físicos
com acontecimentos do cotidiano; a terceira envolve a realização do experimento que relacione ao conteúdo
lecionado e finalmente a aplicação do segundo questionário para mensurar o conhecimento adquirido.
Resultados: Dos resultados dos questionários foram montados dois gráficos, inicialmente 40% do total de
alunos acertaram apenas uma questão, 17% duas questões, e 28% três questões. Posteriormente, 43% do total
acertaram três questões, 26% duas questões e 15% uma questão. Logo, da análise dos dados percebe-se
significativa melhora após a intervenção. Conclusão: Portanto, apesar das condições apresentadas para
trabalho, o experimento auxiliou a compreensão do tema proposto por ter uma abordagem mais intuitiva que o
método convencional se tratando do assunto de espectroscopia. Não podendo deixar de citar que essa
experiência também auxilia na formação do futuro profissional docente.

Palavras-chave: Espectroscopia, Residência Pedagógica, Questionário, Ensino de Física.

__________________________________________________________________________________________

1- INTRODUÇÃO produzem muitas dúvidas e dificultam o


entendimento do tema proposto.
Há alguns temas presente na física na qual Richard Feynman veio ao Brasil e escreveu um
grande parte das pessoas sequer sabe que está trecho em seu livro “Deve ser brincadeira, Sr.
presente em seu cotidiano, a espectroscopia é um Feynman! (2000)” na qual observou que durante as
desses temas, onde se relaciona a interação entre a aulas, os alunos apenas copiavam sem ao menos
radiação eletromagnética e a matéria que pode ser questionar algo quando o professor ensinava, ele
representada através das cores. Esta relação está percebeu que se prendiam muito aos conceitos, mas
presente desde a visualização de um objeto qualquer que não sabiam o significado por trás daquela
até os raios ultravioletas que chegam à Terra. Porém, definição, isto gerava grande confusão entre os
ainda é um mundo majoritariamente desconhecido alunos, pois saíam da sala de aula sem entender o
por pessoas que não são da área. conteúdo.
É um fato que as crianças e adolescentes trazem
para dentro da sala de aula concepções a respeito de 2- METODOLOGIA
conceitos físicos que aprendem no cotidiano, noções
que algumas vezes são parcialmente erradas ou que
__________________________________________

Trabalho revisado pelo orientador do estágio/residência pedagógica.

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Este trabalho foi desenvolvido na cidade de Confecção:
Catalão, estado de Goiás, no projeto de Residência
Pedagógica, com turmas do 2° e 3° ano do ensino Com auxílio de um suporte colocou-se a fonte
médio da Instituição Estadual CEJA (Centro de de luz, a lente, a fenda e a rede de difração alinhada
Educação de Jovens e Adultos Prof.ª Alzira de e a certa distância para que a projeção do espectro na
Souza Campos). tela ficasse visível.
O conteúdo dos questionários foi formulado de
forma a auxiliar o conteúdo que o professor Explicando o experimento:
ministrava em sala de aula, tendo ideia de que os
alunos não teriam todo o conhecimento sobre o Com todos os objetos alinhados a certa
assunto, colocaram-se perguntas relacionadas ao distância, o feixe da fonte de luz atinge a lente
cotidiano dos alunos, perguntas teóricas e outras que direcionando para onde a luz irá, ao entrar em
necessitariam utilizar fórmulas matemáticas contato com a fenda a luz é direcionada novamente
dadas.Como o tema proposto é espectroscopia, de forma mais precisa para a rede de difração.
procuraram-se em livros e artigos, “(AMORIM, Nesta rede de difração haverá a decomposição
2014; HALLIDAY, RESNIK, WALKER, 2009; da luz branca resultando em todos os comprimentos
MEDEIROS, 2005; OLIVEIRA, SARAIVA, 2004)” de onda do espectro visível, nesse caso em duas
fontes confiáveis, questões relacionadas ao tema e projeções coloridas nos extremos e ao centro a soma
então construir e posteriormente aplicar dois destas cores, que é o branco. A forma da projeção
questionários; o primeiro questionário tinha como das cores depende da forma da rede de difração, em
objetivo mensurar o domínio do aluno sobre o tema um prisma haveria apenas uma projeção, por
proposto; o segundo questionário seria aplicado após exemplo.
o intermédio das nossas aulas, o qual busca chegar a
resultados diferentes da aplicação do primeiro Questionário 1: Modelo aplicado em sala de aula
questionário. E em última instância os resultados antes da intervenção.
seriam comparados e verificados para observar se a 1) Sobre a cor do céu, é correto dizer que:
intervenção foi satisfatória. a) A luz reflete no fundo do mar e volta para a
atmosfera dando coloração.
1.1 Experimento b) O comprimento de onda da cor azul é menos
frequente e por isso tem maior chance de se
Espectro Contínuo espalhar na atmosfera.
c) O comprimento de onda da cor azul é mais
Materiais utilizados: frequente e por isso tem maior chance de se
espalhar na atmosfera.
• 1 Fonte de luz; Resposta: C
• 1 Lente; 2) O sol emite radiação no comprimento de onda:
• 1 Fenda; a) Amarela.
• 1 Rede de difração; b) Branca.
• Suporte de metal; c) NDA.
• Tela para projeção; Resposta: B
3) A espectroscopia é o tema que relaciona:
Figura 1. Diagrama do experimento 1 cujo tema é a) A interação entre campos gravitacionais que
espectroscopia.
podem ser representados através das cores.
b) A interação entre a radiação eletromagnética e a
matéria que pode ser representado através das
cores.
c) A interação entre forças elétricas e magnéticas
gerando campo magnético ao redor da Terra que
pode ser representado através das cores.
Resposta: B
4) O comprimento de onda depende
exclusivamente:
a) Da frequência.
b) Do período.
c) Da amplitude.
Resposta: A

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Questionário 2: Modelo aplicado depois da
intervenção com o experimento.
1) O espectro continuo consiste em:
Acertos dos Alunos
a) Um espectro onde há listras negras presentes. Nenhuma
b) Um espectro onde não há listras negras questão
presentes. 6%
9% 1 Questão
c) NDA.
Resposta: B 40%
2) A luz branca é: 28% 2 Questões
a) O conjunto de todos os comprimentos de onda do
17%
espectro eletromagnético. 3 Questões
b) A ausência de todos os comprimentos de onda do
espectro eletromagnético.
c) NDA. 4 Questões
Resposta: A
3) A espectroscopia é o tema que relaciona: Fonte: Christiano Landi, (2019).
a) A interação entre campos gravitacionais que
podem ser representados através das cores. Apesar de ser trivial para quem está dentro do curso
b) A interação entre a radiação eletromagnética e a de física, apresentamos conceitos sobre radiação
matéria que pode ser representado através das relacionando cores, temperaturas e até mesmo
cores. suposições de objetos com perfeita
c) A interação entre forças elétricas e magnéticas emissão/absorção, a primeira instância não
gerando campo magnético ao redor da Terra que compreendiam alguns termos formais, porém depois
pode ser representado através das cores. de explicar com alguma analogia ou de forma
Resposta: B didática, começaram a entender e correlacionar com
4) Considerando uma estrela avermelhada com o fatos que presenciam todos os dias.
comprimento de onda 𝜆 = 7𝑥10−7 , encontre a O objetivo do experimento é tentar
temperatura desta estrela através da Lei de Wien melhorar a capacidade dos alunos em conciliar o
0,0028976
𝜆= : teórico com a prática, todo o processo de relação que
𝑇
a) 3013 𝐾. o aluno faz com seu cotidiano é o primeiro passo
b) 4000 𝐾. para construir seu próprio conhecimento e até
c) 4139 𝐾. mesmo ser um autodidata.
Resposta: C Mas ainda era necessário verificar se houve
alguma melhoria nessa capacidade, com isso
aplicou-se o segundo questionário, agora
3- RESULTADOS e DISCUSSÃO envolvendo um processo matemático básico, apesar
de haver apenas 9 alunos no momento da aplicação,
Durante a aplicação do trabalho, grande parte com os resultados foi elaborado um gráfico Fig. 3.
dos alunos demonstrou interesse à proposta por ser
algo diferente do que era apresentado em sala de Figura 3 – Comparação entre a aplicação do
aula. O questionário foi aplicado para 13 alunos do primeiro e o segundo questionário.
segundo ano do ensino médio, com os resultados foi
elaborado um gráfico Fig. 2, o questionamento Acertos dos Alunos
principal dos alunos se referia a qual utilidade teria
este questionário e qual sua finalidade no cotidiano.
Após o intermédio com a aplicação do Nenhuma
4% 12%
experimento, a compreensão e capacidade de Questão
correlacionar o conteúdo com o cotidiano melhorou, 15% 1 Questão
pois houve interesse por parte dos alunos que 43%
discutiram durante as aulas sobre ideias com relação
26% 2 Questões
ao tema para tentar obter maior eficiência nos
conceitos e entendimentos.
3 Questões
Figura 2 – Resultado dos alunos do 2° ano sobre
espectroscopia. 4 Questões

Fonte: Christiano Landi, (2019).

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4- CONCLUSÃO 5- REFERÊNCIAS

Ao comparar os gráficos, Fig. 2 e Fig. 3 AMORIM, A. M. Ciência no Singular.


percebe-se significativa melhora com relação ao IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA,
tema após a intervenção. Fica perceptível quando 2014.
observamos a taxa de acertos entre 1~3 questões. No
primeiro questionário 40% do total de alunos RICHARD P. FEYNMAN. Só pode ser
acertaram apenas 1 questão, 17% acertaram 2 brincadeira, sr. Feynman!. 1 ed. editora UNB,
questões e 28% acertaram 3 questões; enquanto no 2000.
segundo questionário obteve-se uma taxa de acertos
de 43% em 3 questões, de 26% em 2 questões e 15% HALLIDAY, RESNICK, WALKER. Fundamentos
em uma questão. Logo, nota-se que o número de de Física. Vol. 2. 8 ed. Editora LTC, 2009.
acertos em apenas uma questão diminuiu.
O que é considerado uma melhora da habilidade MEIDEIROS, A. A Física na Escola, 1 ED., VOL.
dos alunos em correlacionar o tema proposto nas 6. 2005.
aulas e no experimento, o que valida a atuação no
colégio e ressalta a importância de atividades não- OLIVEIRA, K., AND SARAIVA, M. F.
tradicionais, quadro e giz e interações entre aluno- Astronomia e Astrofísica. SÃO PAULO:
professor. LIVRARIA DA FÍSICA, 2004.

AGRADECIMENTOS
RESPONSABILIDADE AUTORAL
Agradecemos ao Programa Residência
Pedagógica pela oportunidade e pela bolsa “O(s) autor(es) é(são) o(s) único(s)
concedida. Assim como aos nossos professores responsável(is) pelo conteúdo deste trabalho”.
orientadores e funcionários do colégio pelo trabalho
e apoio prestado.

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RELATO DE EXPERIÊNCIA
A IMPORTÂNCIA DO REFORÇO EM AULAS DE CIÊNCIA NAS ESCOLAS
PÚBLICAS

Silva, Rafael Bernardino, email: rafaelpdr59@gmail.com¹


Silva, Lucas Jardel Alves¹
Orientador: Carneiro, Alessandro de Souza¹.
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Física.

Resumo: Introdução: O professor da rede pública de ensino enfrenta cargas horárias enormes, péssima
remuneração, salas de aula com a quantidade de estudantes muito maior que a ideal e muitas vezes falta de
material para ministrar uma aula. Todos esses fatores contribuem para uma dificuldade do aluno em aprender de
forma correta e concisa. Objetivo: Este artigo tem por finalidade relatar a importância da aula de reforço com
alunos do 9° ano de uma escola pública da cidade de Catalão – Goiás, e como a prática agrega conhecimento
para quem está inserido em uma atividade curricular obrigatória. Metodologia: Durante o período de 8 meses os
alunos do programa Residência Pedagógica, vinculados a disciplina de estágio 3 participaram de aulas de
ciências de uma escola pública. Usando um dia da semana foi realizado aulas de reforço com duas turmas de
alunos afim de solucionar as dificuldades enfrentadas pelos mesmos diante ao conteúdo estudado em sala.
Resultados: Usando as provas semestrais como objeto de análise, o resultado obtido se mostrou satisfatório, os
alunos assistidos pelo projeto obtiveram êxito com as aulas de reforço aumentando suas notas e a compreensão
do conteúdo das aulas. Considerações Finais: Com atitudes simples se pode alcançar grandes resultados, esse
projeto conseguiu solucionar um problema que existe em todas as escolas do país. Espera-se que projetos como
esse se torne frequentes para conseguirmos mudar a realidade de muitos outros estudantes.

Palavras-chave: Prática de ensino. Residência pedagógica. Aula de reforço.

1. INTRODUÇÃO quarenta alunos, assim um único professor terá que se


desdobrar para sanar todas as dúvidas dos mesmos no
Uma pesquisa realizada por um site de notícias, decorrer da aula, sabe-se que muitas vezes as
mostra que quando se trata de ensino básico o Brasil indagações não são respondidas de forma satisfatória.
se encontra em penúltimo lugar em uma lista de 40 Entretanto, não se pode atribuir esses problemas
países pesquisados. Os dados são de Diego Pinto apenas ao professor, pois muitos fatores influenciam
(2019) disponibilizados no blog Lyceum, relatam a nesse cenário, tal como algum tipo de deficiência
péssima posição do país em relação aos demais em congênita ou falta de interesse do aluno.
três áreas da educação, são elas a matemática, ciência
e leitura. Essa pesquisa deixa claro que a educação Segundo Veigas (2018), existem três problemas
nacional possui uma qualidade muito abaixo da principais que podem dificultar o aprendizado do
esperada para alunos do ensino fundamental e médio, aluno em sala de aula e são eles: O déficit de atenção,
todavia os professores, que são os responsáveis por hiperatividade e os problemas de relacionamento
levar o conhecimento aos alunos encontram familiar. Entretanto existem outros fatores
dificuldades que se mostram de várias formas e a secundários que podem interferir também no
principal delas é a má remuneração fazendo que os rendimento escolar e muitas vezes os pais, por falta
mesmos tenham muitas turmas para ensinar, de informação negligenciam os cuidados com seus
deixando-os esgotados, refletindo assim na qualidade filhos e essa é uma das causas de alunos em sala de
das aulas. aula que mal conseguem escrever o próprio nome.

Uma saída de acordo com o site IPED (Instituto Pensar que existem alunos matriculados nos
Politécnico de Ensino a Distância) para tentar últimos anos do ensino fundamental, mas que não
melhorar os estudos são as aulas de reforço, pois um sabem ler ou escrever evidencia uma grave realidade,
aluno que apresenta dificuldades de aprendizagem escolas são proibidas de reprovar seus alunos por
durante as aulas regulares, ao ter acesso a um reforço critério de insuficiência em leitura, Martins (2006)
escolar, passa a ter mais chances de ter uma formação atenta para a Lei 9.394/96 a Lei de Diretrizes e Bases
mais completa. Essa saída se mostra eficaz quando se da Educação Nacional (LDB) que não reconhece a
leva em conta que uma sala de aula possui em média alfabetização como nível ou subnível de ensino,

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assim as escolas ficam proibidas de reprovar alunos físicos e químicos abordados pelo professor a vida
que não sabem ler. Diante disso, alguns alunos cotidiana.
chegam às salas de aula com uma grande dificuldade
de ler e escrever tornando quase nula a capacidade de
compreender o conteúdo dado pelo professor. 1 4. RESULTADOS e DISCUSSÃO

O sistema de provas escolares serve para


determinar se o aluno domina o conteúdo dado pelo
professor durante o semestre, assim ao chegar o
2. OBJETIVO período de provas da escola selecionada pelo projeto
houve a comprovação de que os alunos participantes
Esse artigo é relata como a aula de reforço tem a das aulas de reforço atingiram média exigida e em
capacidade de melhorar a compreensão e assimilação alguns casos houve médias superiores 8, tendo em
das matérias e conteúdos ensinados em duas salas de vista que as notas, somadas e divididas por 2 devem
9° ano do ensino fundamental. Os objetos de estudo ser maiores ou iguais a 6 para ser aprovado nos
foram alunos de faixa etária e realidade social exames semestrais. Cabe salientar que não foram
diferentes, esse relato de experiência está vinculado a todos os alunos da série assistida pelo projeto que
disciplina de estágio 3 do curso de licenciatura em frequentaram as aulas, participaram em média quatro
física pela Universidade Federal de Goiás – Regional alunos por aula o que estava bem abaixo das
Catalão. expectativas no início das aulas.

3. METODOLOGIA Essa baixa taxa de alunos por aula mostra que a


falta de interesse dos alunos pode ser muitas vezes, a
Essa atividade de intervenção como é chamada maior barreira para o aprendizado, como relata o
nas aulas da disciplina de estágio 3, foi realizada estudo realizado pelo site EducaBras (2016) a maioria
durante 8 meses, período esse em que os alunos dos alunos veem a escola com algo chato e preferem
devidamente matriculados no curso de licenciatura ficar em casa utilizando aplicativos de celulares ou
em física cadastrados no projeto de Residência assistindo televisão ao participar de aulas ou
Pedagógica ministraram aulas de reforço escolar em atividades relacionadas ao ensino.
uma escola da rede pública de ensino da cidade de Inicialmente houve rejeição dos alunos às aulas
Catalão – Goiás. Os estagiários acompanharam todas de reforço, durante as primeiras iniciativas os alunos
as aulas de ciências de duas turmas de 9° ano com não frequentavam o reforço e quando indagados os
alunos na faixa etária de 12 a 16 anos de idade, mesmos respondiam que era perda de tempo. Essa
durante dois dias na semana no período matutino. dificuldade de aceitação fora antes pensada e para que
isso não viesse a ocorrer novamente algumas reuniões
Salienta-se que durante as aulas os estagiários com as turmas foram feitas tendo o professor como
ofereceram aulas práticas com experimentos físicos a incentivador, mostrando que só teriam a ganhar
pedido do professor da disciplina de ciências, usando frequentando o reforço escolar. Alunos que possuíam
essa abordagem os alunos da escola em questão facilidade com o conteúdo começaram a participar
passaram a demonstrar um maior interesse pelo das aulas e segundo eles havia um interesse em
conteúdo das aulas, havendo uma maior interação compreender melhor as aulas.
entre aluno e conceito teórico. Essas aulas práticas
foram realizadas na quadra da escola e contou com No decorrer do semestre as aulas de reforço
todos os alunos das duas turmas assistidas pelo começaram a ganhar novos integrantes, mas o
projeto separadamente. As aulas de reforço foram número ainda estava abaixo das expectativas, as duas
ofertadas no período vespertino, na biblioteca da turmas contam com 35 alunos, e desses apenas seis
escola, o tempo das aulas não foi estipulado, participaram do reforço. Após as primeiras provas
entretanto as aulas se enceravam quando se percebia semestrais realizou-se uma reunião com os
que as dúvidas e dificuldades foram sanadas. O participantes das aulas para entregar as provas
método aplicado foi o de relacionar o conteúdo das realizadas por eles e a surpresa dos mesmos foi
aulas com auxílio do livro “Investigar e conhecer: imensa ao perceber que suas médias aumentaram
ciências da natureza” ao dia a dia dos alunos, assim após o acompanhamento do reforço escolar.
se tornou mais fácil a compreensão dos fenômenos Estudos realizados por professores em cidades da
região sudoeste de Minas Gerais, comprovam que o

1
Este artigo foi revisado pelo professor
orientador.

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reforço escolar aumenta a compreensão dos alunos CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO.
nas disciplinas de nono ano do ensino fundamental, Parecer CNE/CEB n° 24/2008, de 2 de dezembro de
de acordo com a professora Priscilla Maria de Souza 2008.
Brito licenciada em matemática, a atividade de
reforço só tem a somar para a vida escolar dos EDUCABRAS. O Desinteresse dos alunos no
estudantes e deve ser encorajada por todos os brasil. Disponível em:
professores que notam dificuldades de aprendizado https://www.educabras.com/blog/o-desinteresse-dos-
em seus alunos. alunos-no-brasil/. Acesso em: 22 out. 2019

IPED. Importância do reforço escolar para


5. CONSIDERAÇÕES FINAIS crianças. Disponível em:
https://www.iped.com.br/materias/reforco-
escolar/importancia-reforco-escolar-criancas.html.
O reforço escolar é um direito do aluno de acordo Acesso em: 6 set. 2019.
com o parecer CNE/CEB n° 24/2008, aprovado em 2
de dezembro de 2008 pelo Conselho Nacional de LEI DE DIRETRIZES E BASES. LEI n° 9.394, de
Educação e tem um grande impacto na aprendizagem 20 de dezembro de 1996.
o aluno, muitas dúvidas aparecem quando se aborda
um conceito novo em sala de aula. Reproduzir o que LOPES.S. Investigar e conhecer: ciências da
se acredita ter entendido é de suma importância e se natureza, 9° ano/ Sônia Lopes – 1, ed – São Paulo:
faz necessário nas escolas do país, muitos professores Saraiva, 2015.
não possuem tempo no decorrer do semestre para ter
uma aula apenas com revisão de conteúdo e MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Escola torna
demonstrações mais detalhadas de um assunto mais atraentes as aulas de matemática e
especifico, assim o papel do monitor de apresentar português. Disponível em:
outras vias de pensamento é fundamental, somado a http://portal.mec.gov.br/component/tags/tag/33245.
capacidade gigantesca que jovens possuem de “ver Acesso em: 9 nov. 19.
por outros olhos” cria-se uma metodologia poderosa
para a compreensão de qualquer assunto. De acordo NOVOS ALUNOS. Dificuldades de aprendizado:
com o site sobre educação Novos Alunos (2018), o o que a escola deve fazer?. Disponível em:
reforço escolar realizado por um monitor torna mais https://novosalunos.com.br/dificuldades-de-
eficiente o trabalho docente, ele dará assistência ao aprendizado-o-que-a-escola-deve-fazer/. Acesso em:
aluno enquanto a aula segue seu curso normal. 8 set. 19.
Deixando assim evidente que o papel do monitor
somado ao conteúdo didático tem grande impacto e PINTO. D.O. Ranking da educação mundial:
contribui de forma positiva na aprendizagem. entenda os dados do Brasil. Disponível em:
https://blog.lyceum.com.br/ranking-de-educacao-
mundial-posicao-do-brasil/. Acesso em: 4 set. 2019.
REFERÊNCIAS
VIEGAS. A. 3 problemas que atrapalham seus
alunos a aprender mais e como ajuda-los.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS Disponível em: https://www.somospar.com.br/3-
TÉCNICAS. Informação e documentação – problemas-que-atrapalham-os-seus-alunos-a-
citações em documentos – apresentação: NBR aprender-mais-e-como-ajuda-los/. Acesso em: 5 set.
10520. Rio de Janeiro, ago. 2002. 24 p. 2019.

BENEVIDES. O GLOBO. MEC recomenda que RESPONSABILIDADE AUTORAL


escolas deixem de reprovar. Disponível em:
https://oglobo.globo.com/sociedade/educacao/mec-
recomenda-que-escolas-deixem-de-reprovar- O(s) autor(es) é(são) o(s) único(s)
2824055. Acesso em: 5 set. 2019. responsável(is) pelo conteúdo deste trabalho.

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Lista de Autores

ABREU, W. P. de, 379 CAMPOS, M. R., 219 FERNANDES, K. D. B., 56, 129,
AGUIAR, G. V. de, 150 CAMPOS, M. S., 268 150
AGUIAR, M. H. de S., 436 CAMPOS, N. P. C. de, 120 FERNANDES, N. J., 297
AIRES, J., 449 CARDOSO, J. B., 536 FERREIRA, E. L., 34
ALENCAR, A. M. S. de, 245 CARMO, V. H. B., 187 FERREIRA, F. G., 61
ALMEIDA, E. G., 417 CARNEIRO, A. C. P., 15 FERREIRA, L. F. G., 39
ALMEIDA, E. G. de, 227, 323 CARNEIRO, A. de S., 628, 633, FERREIRA, M. V., 180, 384
ALMEIDA, F. A. S. D., 603 637, 640, 643, 647 FILHO, A. N. Z., 52
ALMEIDA, P. S., 92, 101 CARNEIRO, F. S. B., 589 FILHO, F. M. de O. F., 10
ALMEIDA, S. R. M. de, 396 CARNEIRO, M. A. C., 6, 120 FILHO, G. M. G., 396
ALVES, B. C. F., 513 CARRIJO, S., 565 FILHO, M. B. G., 165
ALVES, J. P., 485, 496 CARRIJO, S. A. B., 314, 443, 613 FILHO, M. B. M., 319
ALVES, M. Z., 110 CARVALHO, J. V. S. de, 138, FILHO, U. R., 536
AMORIM, Y. P. de, 314 165, 239 FONSECA, J., 464
ANDRADE, J. L. de, 369 CARVALHO, T. M. P. de, 250 FONSECA, J. da S., 459
ANDRADE, L. F. de, 61, 175 CASTRO, M. F. de, 281 FONSECA, U. I. D., 23
ANDRADE, P. A., 427 CONCEIÇÃO, L. J. da, 23 FREITAS, F., 187
ARÁUJO, M. R. de, 531 CORREA, L. A., 154
ARAÚJO, R. A., 468 CORREA, M., 48 GERVÁSIO, E. de A., 557
ARAÚJO, R. B. de, 593 COSTA, C. L., 579 GODINHO, G. H., 453
ARAÚJO, T. V. de, 468 COSTA, F., 607 GOMES, B. C. M., 593
ARAUJO, D. C., 34 COSTA, G. G. da, 396 GOMES, I. C. V., 489
ARAUJO, J. de B., 133 COSTA, K. A. V., 504 GONÇALVES, R. C. M., 557
ARGENTA, A. L. D. P., 138 COSTA, L. O., 67 GONDIM, L. A., 508
ARRUDA, L. C., 347 COSTA, M. F. da, 171 GRAÇA, A. P. da, 628, 637
ASSIS, M. P. de, 133 COSTA, M. F. G. T., 268 GRISOLIO, L., 607
AVELAR, M. M., 286 CRUZ, J. C. E., 504 GRISOLIO, L. M., 245
AVELAR, P. F. de, 453 CRUZ, M. F. R. da, 92 GUIMARÃES, C. da S., 459
CUNHA, G. S., 10, 18, 125 GUIMARÃES, G., 565
BARBOSA, E. de F., 352 GUIMARÃES, I. R. P., 411
CUNHA, J. B. B. da, 39
BARBOSA, F. da C., 171 GUIMARÃES, L. de F., 472
CUNHA, J. F. R., 105
BARBOSA, G. A., 145 GUIMARÃES, V. de F., 472
CUNHA, L. F. da, 392
BARBOSA, G. F., 472
BARBOZA, J. M. S., 129 INTERAMNENSE, C. G. A. da
DÍAZ, J. A. S., 18, 48, 56, 92, 101,
BARROS, A. V. G. da S., 191 S., 357
125, 309
BARROS, N. C. A., 453
DAMASCENO, N. S., 175 JÚNIOR, A. F., 554
BATISTA, I. F., 133
DIAS, L. P. da S., 459 JÚNIOR, D. de O. F., 291
BELCHIOR, D. C., 384
BERNARDES, V. S. L., 363 DIAS, M. de S., 223 JÚNIOR, D. L. da S., 504
BERTAZZO, C. J., 145 DIAS, M. G., 56 JÚNIOR, R. M. da S., 431
BOAVENTURA, V. M., 436 DIAS, R. S., 286 JÚNIOR, R. R. N., 524
BORGES, B. M., 309 DIAZ, J. A. S., 347 JÚNIOR, W. M. P., 165, 396
BORGES, G. C., 481 DIMAN, R., 396 JARDIM, G. S. F., 133
BORGES, N. M. M., 309 DINIZ, L. M. B., 133 JESUS, G. V. de, 547
BOTELHO, T., 565 DINIZ, T. N., 286 JUNIOR, A. F., 531
BRASILEIRO, S. H. da S., 256, DORNELAS, R. C., 233, 276, JUNIOR, D. L. S., 453, 468, 472,
329 341, 402, 436 485, 496, 508
BRICK, L. R., 15 DUARTE, A., 565 JUNIOR, E. P. R., 640
BRINGEL, Y. L., 133 DUARTE, I. B., 531 JUNIOR, R. R. N., 114
BUSSE, A. C. S., 10 DUARTE, K. R., 175
LAMIN, L. M. C., 453
CAIXETA, T. de C., 431 EGÍDIO, A. I. A., 56 LAUXEN, J. F. S., 504
CALIFE, N. F. S., 363 EUFRASIO, G. H. C., 579 LEITE, M., 536
CAMARGO, B. M., 411 EZIQUIEL, I. S., 44 LEMOS, I. D. S. D., 554
CAMARGO, J. C., 357 LEONEL, M. M., 423
CAMPOS, M., 61, 77, 160, 352, FELÍCIO, C. F., 583 LIMA, J. D., 618
374, 384 FERNANDES, J. S., 15 LIMA, K. M. de, 23
LIMA, L. F., 6 NEIVA, M. R., 388 RASMUSSEM, L. G., 133
LIMA, L. F. de, 120 NETO, A. B., 423 REIS, C. L. dos, 643
LIMA, L. L., 536 NETO, A. C. da F., 87 RESENDE, T. R. A. de, 459
LOBO, M. O., 542 NETO, A. C. F., 10 RIBEIRO, A. C. M., 384
LODOVICO, B. V., 15 NETO, E. B., 633 RIBEIRO, C. G., 83
LOPES, A. C. N., 527 NETO, E. da S., 357 RIBEIRO, D. R., 180, 191, 369,
LOPES, L. B., 453 NETO, J. P. P., 52 406
LOURENÇO, A. M., 154 NETO, V. L., 213 RIBEIRO, E. S., 481
LUCAS, S. da S., 423 NEVES, M. V. O. das, 23 RIBEIRO, G. de C., 10
LUIZ, M. R. S., 61, 160 NUNES, R. C. L., 392 RIBEIRO, J. L. da S., 250
NUNES, S. M. T., 67, 622 RIBEIRO, K. A. S., 536
MACEDO, R. F. de, 145, 618 RIBEIRO, M. L. de L., 23
MACHADO, G. A., 572 OLIVEIRA, Â. C., 15 RIBEIRO, R. R. R., 291
MACHADO, J. K. P., 411 OLIVEIRA, A. C., 256, 329 ROCHA, G. L., 77
MACHADO, M. A. C., 303 OLIVEIRA, E. A. de, 572 ROCHA, G. L. da, 219
MACHADO, M. P., 129 OLIVEIRA, G. B. de, 542 ROCHA, H. da S., 191
MARÇAL, T. D. B., 286 OLIVEIRA, H. B., 303 RODRIGUES, I. M. P., 197
MARIANO, A. L. C., 129 OLIVEIRA, M. A. de, 39 RODRIGUES, I. X., 160
MARQUES, G. S. de O., 547 OLIVEIRA, M. de, 202, 341 RODRIGUES, L. G., 347
MARQUES, L., 83 OLIVEIRA, M. M., 524 RODRIGUES, M. A., 453
MARQUES, L. G., 262, 550 OLIVEIRA, N. F. de, 61 RODRIGUES, M. D. S., 464
MARRA, V. N., 39 OLIVEIRA, N. F. G. de, 323 RODRIGUES, M. S., 557
MARTINS, B., 18 OLIVEIRA, P. H. S. de, 208 RODRIGUES, R. de Á., 569
MARTINS, G. L. N., 352 OLIVEIRA, S. R., 518 RODRIGUES, V., 443
MARTINS, G. R. G., 39 OLIVEIRA, V. P., 508 ROSA, G. A. A., 291
MARTINS, J. R. B., 547 OPIOPARI, B. D., 191 ROSA, G. dos S., 475
MARTINS, N., 18
ROSA, M. D. de J. P., 464
MASSIRER, L. B. D., 402 PACHECO, M. H., 500
ROSA, O., 335, 513, 527, 561,
MATOS, P. F., 481 PAIXÃO, L. A. A. da, 150
618
MATOS, P. F. de, 547 PASSOS, L. dos S., 250
ROSA, R. de M., 39, 171
MELO, D. V. N. de, 23 PAULA, L. W. B. de, 191
ROSA, V. A. de O., 286, 357, 431
MELO, G. M. de, 250 PAULA, L. W. B. L. de, 77
MELO, L. B. V. de, 504 PAULA, M. H. de, 583
PAULA, M. V. de, 10, 87 SAMPAIO, R. A. S., 1
MENDES, G. F., 61, 374
PAULA, W. B., 319, 496 SANCHES, Â. C., 227, 276
MENDONÇA, R. S., 10
PAULA, W. B. de, 485 SANCHES, Â. N. C., 87
MESQUITA, F., 197
PAULINO, K. C., 213, 374 SANTANA, P. G., 18
MESQUITA, L. M., 347
PAULINO-PEREIRA, F. C., 114 SANTIAGO, P. K. O., 431
METSAVAHT, Y. de P. C., 436
PENA, F. G., 309 SANTOS, A. L. dos, 145
MILANEZI, B. P., 154
MIRANDA, A. R. P., 1 PEREIRA, A. J., 531 SANTOS, C. da C., 23
MIURA, K. H., 406 PEREIRA, A. R., 319 SANTOS, C. da S., 1, 309
MOARES, B. J. M. J., 402 PEREIRA, D., 561 SANTOS, E. V. da S., 637
MOLINA, E. A., 622 PEREIRA, M. S. S., 1 SANTOS, G. A., 443
MONTEIRO, A. C. de M., 392 PEREIRA, N. M., 30, 56, 92, 101, SANTOS, G. D., 508
MORAES, B. L., 213 125, 197, 268 SANTOS, H. P., 475
MORAES, E. R. de, 363 PERINI, P. C., 281 SANTOS, H. P. dos, 449, 542, 550
MORAES, I. R. P., 268 PILGER, C., 6, 18, 26, 30, 56, 92, SANTOS, J. P. N. dos, 95
MORAES, M. H. M. de, 138, 165 101, 120, 125, 150 SANTOS, L. A. dos, 268
MORAES, M. H. M. de M., 396 PINHEIRO, G. A., 388 SANTOS, L. D. M. dos, 191
MORAIS, L. S. R. de, 138 PINHEIRO, M. do C. M., 44, 489, SANTOS, L. da C. L., 489
MORAIS, P. de C., 10 518 SANTOS, L. F., 481
MOREIRA, L. G., 15 PIRES, A. C. R., 464 SANTOS, L. K., 145, 335
MOREIRA, M. S., 187, 256, 329, PIRES, A. P. D., 406 SANTOS, L. P., 1
388, 392, 411, 423 PIRES, E. A. da S., 613 SANTOS, L. P. C. dos, 223
MOTA, J. L., 26 PIRES, M. E. B., 423 SANTOS, M. J. V., 388
PIRES, R. F. L., 347 SANTOS, N. S., 569
NASCIMENTO, J. P., 352 POLICENO, N. B., 34 SANTOS, R. de A., 475
NASCIMENTO, K., 256 PRADO, P. do, 95 SANTOS, R. R., 34
NASCIMENTO, R. C. G., 110 SANTOS, R. R. dos, 39
NAVES, E. T., 6, 71, 120, 129 QUADROS, T. L., 34 SANTOS, R. S. dos, 453
NAVES, L. H., 208 QUEIJA, C. C. S., 427 SANTOS, T. S. O., 504
SANTOS, U. V. S. dos, 213 SILVA, L. J., 34 SOUSA, T. L. L., 233
SANTOS, W. S. F. dos, 191 SILVA, L. J. A., 105, 647 SOUSA, V. R. de, 39
SARMENTO, A. P., 239, 281 SILVA, L. J. P. da, 208 SOUTO, A. F., 110
SCHNEIDER, R. C., 468 SILVA, L. L. da, 643 SOUZA, B. M., 268
SILVA, A. de F. C. da, 589 SILVA, L. M., 628 SOUZA, J. M., 34
SILVA, A. L. A. C. e, 341 SILVA, L. P., 71 SOUZA, L. R. B., 114
SILVA, A. L. N., 6, 120 SILVA, L. R. da, 87 SOUZA, N. O. de, 262
SILVA, A. V. da, 208 SILVA, L. R. R., 352, 406 SOUZA, P. M., 202
SILVA, B. B. da, 513 SILVA, M. C., 485 SOUZA, R. A. de, 208
SILVA, B. R., 628 SILVA, M. F. O., 319 STORCK, C., 48
SILVA, B. S., 392 SILVA, M. F. O. da, 628, 643 STORCK, C. M., 518
SILVA, D., 561 SILVA, R. B., 105
SILVA, D. M., 129 SILVA, R. B. da, 647 TEIXEIRA, I. V., 213, 374
SILVA, D. N., 411 SILVA, R. E. P. da, 369 TELES, N. C., 227, 276
SILVA, D. S. da, 26, 30 SILVA, R. M. da, 87 TOSTA, G. de S., 61
SILVA, E. V., 26 SILVA, T. P. da, 374 TSUJII, G. H., 485
SILVA, E. V. da, 30, 92, 101, 125 SILVA, V. G. da, 208 TSUJII, G. R., 496
SILVA, F. C., 352 SILVA, Y. C. da, 125 TUNUSSI, C., 154, 500
SILVA, F. H., 187 SILVA, Y. R. B. e, 15
SILVA, G. O. T., 187 SILVANO, V. R. G. L., 6, 120 VASCONCELOS, F. P., 61
SILVA, H. R. C. da, 95, 550 SIQUEIRA, G. de C., 352 VAZ, A. D., 443
SILVA, H. R. F., 165 SOARES, B. G., 357 VAZ, B. F., 640
SILVA, J. A. da, 87 SOARES, F. D., 392 VAZ, C. P., 633
SILVA, J. C., 15 SOARES, G. T., 417 VAZ, C. P. de A., 640, 643
SILVA, J. D. da, 262 SONG, J. T., 431 VEIGA, A. G., 297
SILVA, J. D. R., 34 SOUSA, C. da C. S. de, 23 VIEIRA, V. A., 508
SILVA, J. R. da, 504 SOUSA, G. M., 411 VIEIRA, W. de C., 603
SILVA, J. V. A., 187 SOUSA, J. M. e, 379 VIGÁRIO, A. F., 572

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