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 Perde-te na biblioteca. Exercita-te no escutar. Aprende a ler e a
escrever de novo. Conta-te a ti mesmo a tua própria história. E queima-
a logo que a tenhas escrito. Não sejas nunca de tal forma que não
possas ser também de outra maneira. Recorda-te de teu futuro e
caminha até a tua infância. E não perguntes quem és àquele que sabe a
resposta, nem mesmo a essa parte de ti mesmo que sabe a resposta,
porque a resposta poderia matar a intensidade da pergunta e o que se
agita nessa intensidade. Sê tu mesmo a pergunta. (LAROSSA, Jorge.
Pedagogia Profana: danças, piruetas e mascaradas. 1999 p.41)
 O Memorial é o resultado de uma narrativa da própria experiência retomada a
partir dos fatos significativos que nos vêm à lembrança. Fazer um Memorial
consiste, então, em um exercício sistemático de escrever a própria história, rever
a própria trajetória de vida e aprofundar a reflexão sobre ela. Esse é um
exercício de auto-conhecimento.

 É um relato que reconstrói a trajetória pessoal, mas que tem uma dimensão
reflexiva, pois implica que quem relata se coloca como sujeito que se auto-
interroga e deseja compreender-se como o sujeito de sua própria história. Assim,
é um esforço de organização e análise do que vivemos. Esta diferença entre
vivência e experiência é importante.
 Neste sentido, o Memorial funcionará como uma “ferramenta de suporte” que auxiliará
o(a) aluno(a) em sua formação, dado que ele tem o objetivo de gerar uma reflexão
sistemática, à luz dos conteúdos teóricos, acerca de sua vivência local e os saberes aí
constituídos. Pretende-se que a experiência de escrita e retomada do Memorial ajude o(a)
aluno(a) a refletir sobre seu saber prático e o capacite a se tornar um formulador de novos
caminhos e alternativas, reinventando novos modos de transformação social no local em
que atua. Portanto, o Memorial servirá como uma ferramenta que auxiliará o(a) aluno(a)
na articulação do processo de ação-investigação-educação-ação no decorrer do curso.

 Narrando, reinventa-se o acontecido, projetando o futuro e remodelando o passado. Nesse


sentido, resumindo, o passado afigura-se no presente como forma de reavaliação. O
presente, momento em que se funda o processo da enunciação, da construção do objeto
narrado, dá a tonalidade às lembranças. Nas palavras de Bosi (2001, p. 20): “Lembrar não
é reviver, mas re-fazer. É reflexão, compreensão do agora a partir do outrora, é sentimento,
reaparição do feito e do ido, não sua mera repetição.”
 Nesse processo de escrita, conforme o corpus investigado, o produtor, na construção
de sua narrativa, experiencia o chamado exercício metacognitivo e autoreflexivo, que
se sustenta por um trabalho de avaliação ativa, de regulação e organização de
conhecimentos e saberes implicados na tarefa. Desenvolve-se aí, também, a chamada
autocompreensão do que ele é e do que não é, das aprendizagens e saberes que
construiu ao longo da vida, o que implica a elaboração de um processo de
conhecimento de si e dos significados que atribuiu aos diferentes fenômenos que
mobilizam e tecem a sua vida individual e coletiva (SIGNORINI, 2000).

 Nas palavras de Bosi (2001, p. 20): “Lembrar não é reviver, mas re-fazer. É reflexão,
compreensão do agora a partir do outrora, é sentimento, reaparição do feito e do ido,
não sua mera repetição.”
 BENJAMIN, Walter. O narrador: considerações sobre a obra de Nikolai Leskov.
In:______ . Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da
cultura. 2ª. São Paulo: Brasiliense, 1985. P. 197-221.
 BOSI, Ecléa. Memória e Sociedade: lembranças dos velhos. São Paulo: Companhia
das Letras, 1979, (1ª Edição).
 HAGUETTE, Teresa Maria Frota. Metodologias Qualitativas na Sociologia. Rio de
Janeiro: Vozes, 1990.
 THIOLLENT, Michel. Crítica Metodológica, Investigação Social e Enquête Operária.
São Paulo: Ed. Polis, 1997.

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