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A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE EM CRIANÇAS COM AUTISMO 1

Adriana2

RESUMO

PALAVRAS-CHAVE: Psicomotricidade. Criança. Autismo.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A inclusão no Brasil é uma ação política, social e cultural, é desencadeada em
defesa e todas as crianças que tenham algum tipo de dificuldade física, mental ou intelectual,
no entanto percebe-se algum casos de privação por falta de conhecimento de estarem juntos
de outras crianças.
Mas de acordo com a pesquisa realizada nesse trabalho cientifico, onde o foco são
as crianças autistas, é visto que é importante mantê-las junto e participando de toda e qualquer
atividade sem qualquer tipo de discriminação.
Poderá ser visto nesse trabalho que o autismo demonstra grande dificuldades entre
elas a interação social, pois como será mostrado por Kanner (1943), que a síndrome do
autismo comporta níveis, e que eles fazem com que sejam mais leve ou mais forte. Por outro
lado, será visto que a psicomotricidade tem um papel essencial para trabalhar com crianças
com o autismo, e assim desenvolver a parte afetiva, bem como a sua noção de espaço, noção
de tempo, enfim fazer com que ele possa mesmo de forma menos intensa desenvolver o
intelecto, como é explanado por Duncan (1986) em suas pesquisas aqui expostas.

_______________________
1 artigo cientifico solicitado pela professora orientadora_____ do curso de psicologia, pela instituição Mauricio de Nassau.
2 Acadêmicas do curso de psicologia e fisioterapia da faculdade Mauricio de Nassau.
Muito será falado e mostrado sobre comportamento do autista, bem como se dá o
desenvolvimento da psicomotricidade neles, como ela é importante em seu convívio, e em
suas relações interpessoais. Alguns estudiosos da área foram utilizados para embasar esse
trabalho como, Bee (1997), explicando o que a psicomotricidade faz na criança, entre outros
que serão vistos juntamente com suas pesquisas e teorias.

1. BREVE EXPLANAÇÃO SOBRE A PSICOMOTRICIDADE NO INDIVIDUO.

Muitos estudiosos trataram sobre a parte psicomotora da criança, tendo eles


listado que para cada fase haveria um comportamento, uma maneira de se portar com si
mesmo e com o mundo a sua volta. Aqui será mostrado alguns estudos voltados para essa
explicação.
De acordo com pesquisas a Psicomotricidade é a parte da ciência e tem como foco
ou objeto de estudo o homem, este por sua vez é visto através do seu corpo em movimento,
suas relações com o seu mundo interno e externo. Este estudo está relacionado com as fases e
processos de maturação, suas mudanças psicológicas, onde faz ligações com as aquisições
cognitivas, afetivas e orgânicas. Pode-se afirmar que essas fases estão sustentadas pelos eixos
do movimento, afeto e intelecto.
Para, Bee (1997), para compreender o desenvolvimento, é necessário observar a
mudança, ficar atento que ela ocorre de modo continua de acordo com cada idade, pois, é
através dela, que se observa as particularidades de cada ser humano, isso vai decorrendo do
seu meio de convivência, uma vez que o desenvolvimento é particular de cada indivíduo.
Tudo isso significa dizer que para compreender o desenvolvimento
precisamos ver tanto a mudança como continuidade ao longo de toda
variação de idade, e concepção até a morte. (BEE, 1997 p. 30)

Pode–se inferir da fala da autora acima que a psicomotricidade, é portanto, uma


maneira utilizada para explicar a concepção de movimento organizado e integrado,
continuamente, em função das experiências vividas pelo sujeito cuja ação é resultante de sua
individualidade, sua linguagem e sua socialização mediante os outros, ou meio em que este se
faz inserido.
Psicólogos e sociólogos que estudam o desenvolvimento referem-se a mudança do
ciclo da vida em três categoria básicas de mudanças que ocorrem com a idade: (1) mudanças
partilhadas, referentes à idade, que por sua vez são comuns a todos os indivíduos de uma
mesma espécie, (2) mudanças que são comuns a um subgrupo em particular, nas quais os
elementos crescem juntos, seja em uma determinada cultura, ou geração, desde que estejam
dentro de um mesmo modo de vida, onde as atividades realizadas sejam semelhantes, (3)
mudanças individuais que resultam de eventos singulares, não partilhados, independentemente
de estarem juntos em um mesmo grupo.
A psicomotricidade tem o objetivo de enxergar o ser humano em sua
totalidade, nunca separando o corpo, (sinéstico), o sujeito (relacional) e a
afetividade. Sendo assim, ela busca, por meio da ação motora, estabelecer
equilíbrio desse ser, dando lhe possibilidades de encontrar seu espaço e de
identificar com o meio do qual faz parte. (GONÇALVES, 2012, p. 19).

Dessa maneira, quando se menciona a psicomotricidade, fala-se do ser humano e


suas fases, motoras, cognitivas, afetivas, relações com o meio, de um modo geral trata-se do
desenvolvimento em um conjunto total do indivíduo. No próximo sub tópico, irá ser tratado
desse tema, mas voltado para as crianças com autismos, uma vez que, quando se fala do
desenvolvimento cognitivo, afetivo e emocional é necessário observa-la em todos os âmbitos
do ser humano.
2. CARACTERIZANDO O AUTISMO.
Estudiosos buscaram explicar sobre o que seria realmente o autismo, pois
inicialmente foi mostrado por Kanner (1943), como sendo uma Síndrome Comportamental,
que manifesta-se nos anos iniciais da vida do indivíduo. Durante seu trabalho Kanner (1943),
observou onze crianças, entre meninas e meninos, sendo a primeira observação feita por ele a
um paciente no ano de 1938. A partir desse primeiro pesquisador, começaram a haver mais
estudos voltados a essa síndrome, diversos pesquisadores buscavam entender mais sobre o
assunto, sendo atualmente admitido diversos graus do autismo.
Numerosas teorias tem sido elaboradas buscando linhas diretivas para o
estudo do personalidade. Entre elas a teoria pscodinâmica é fundamental
importância na compreensão da conduta humana. (D’ANDREA, 2006, p.
11).

Com avanço das pesquisas o conceito de autismo sofreu muitas alterações. E


mesmo conhecendo do que se trata, ainda costuma receber diferentes diagnósticos que
diferem da realidade do autista, uma vez que, em sua grande maioria os casos de autismos,
são confundidos medicamente como transtorno obsessivo-compulsivo, personalidade,
esquizofrenia, transtornos de humor, até, deficiência mental isolada. Contudo, hoje em dia
quadro clínico do autismo costuma ser definido e caracterizado como um conjunto de
sintomas e dificuldades, manifestando-se comprometimento do relacionamento social, por
comportamento repetitivo, por dificuldades de linguagem, além da persistência em
determinadas rotinas não funcionais (STELZER, 2010).
O autismo traz como característica uma imensa dificuldade e de acordo com a
demanda algumas limitações na linguagem, em se relacionar com outras pessoas,
impossibilita de compreender expressões faciais que para eles não fazem sentido algum. No
autismo é levado tudo ao pé da letra. Possivelmente o principal aspecto do autista, e algo que
o integra, é a imensa dificuldade de demonstrar os sentimentos, pois, o que é comum, a
questão de um olhar afetuoso, um toque carinhoso, se faz difícil para ele, uma vez que, o
autista não consegue lidar com o contato, seja ele físico ou apenas visual, esse comportamento
causa a ele grande desconforto.

2.1 A psicomotricidade na criança com autismo.

Nos dias atuais percebe-se com frequência a palavra autismo, porem de forma
distorcida da realidade. Desse modo, a sociedade está começa a despertar, ainda que de forma
reduzida, o interesse sobre assunto, no entanto ainda se encontra longe de compreender como
se dá o desenvolvimento a cada fase de sua vida, em suas relação biológica
psicológica(emotiva, afetiva etc.) e o psicomotor de uma criança com esse diagnostico, para
que dessa maneira possa perceber o que realmente é o autismos. É necessário compreender
sobre suas limitações, seu modo de viver e interagir de acordo com o seu momento, dessa
forma a psicomotricidade se ver de extrema importancia para fase da criança.
A psicomotricidade é indispensável no desenvolvimento infantil, desse modo
estimulada precocemente com varias atividades oferecidas a elas, fará que seu desempenho
motor e psíquico trabalhem juntos e evolua gradativamente, em razão disso se reconhece que
existe uma grande interdependência entre os desenvolvimentos motores, afetivos e
intelectuais.
A psicomotricidade é a ação do sistema nervoso central que cria uma consciência
no ser humano sobre os movimentos que realiza através dos padrões motores, como a
velocidade, o espaço e o tempo. Pode-se observar na primeira infância, uma vez que, a criança
entra em contato com a escolarização, aprimorando e conhecendo cada etapa de sua vida e de
seu desenvolvimento.
O início da escolarização formal constitui, por si só, uma mudança notável. É
preciso ter em mente que uma proporção cada vez maior de crianças passa por instituições de
cuidados diários ou pela pré-escola, tendo em vista que elas já tem experiência de estar fora
de casa, durante boa parte do dia, o que pode tonar menos dramática a transição para a escola.
Essa mudança pode ser algo corriqueiro para a maioria das crianças, mas para uma, autista,
isso pode ser visto como algo muito mais desafiador, pois, ao se afastar dos parentes próximos
pode ser muito mais difícil que para a maioria das outras crianças.

Na área da cognição ocorrem mudanças muito mais significativas, durante a


meninice intermediária, sobretudo nos primeiros anos desse período, assim
que a criança inicia a escolarização. (BEE, 1997, p.267).

De acordo com pesquisas realizadas, pode-se observar que a teoria do lobo frontal
aplicada ao autismo sugere que existem muitas características decorridas dessa síndrome,
como por exemplo, inflexibilidade, fazendo que assim seja mais difícil para ela incluir-se a
esse primeiro estágio da escolarização, é nítido que a uma dificuldade em gerar novas
mudanças de fases para elas.
Há também dificuldades no relacionamento interpessoal, que podem ser
explicadas por comprometimento no funcionamento do lobo cerebral frontal como explica
(Duncan, 1986). “Tal área ocupa 1/3 do cérebro humano e é responsável pela execução de
atividades a partir de informações recebidas pelas regiões posteriores do córtex.” (DUNCAN,
1986, p. 65). Desse modo, Wing e Gould (1979) mostram em meios suas pesquisas que o
comprometimento e intensidade são diferentes para cada pessoa, e para o indivíduo autista,
podem ter comprometimento mais intenso de sociabilidade do que comunicação. Pode-se
observar as principais dificuldades dos autistas, que são: dificuldade na comunicação verbal e
não verbal, falha na interação social reciproca e comprimento da imaginação comportamento
e interesse repetitivos.
O termo tem origem no grego: “autos” que significa “próprio” (ZAFEIRIOU
et al., 2007). Clemens Benda (apud BENDER, 1959) destaca que o termo
“idiotia”, de origem grega tem o mesmo significado de “autismo”, de origem
latina, descrevendo uma pessoa que vive em seu próprio mundo, uma pessoa
fechada ou reclusa. (STELZER, 2010, p. 7).

Schwartzman (2010) explica, que antes dos estudos realizados, o autismo ligava-
se somente a fatores psicológicos, que se dava por culpa dos pais, eles tidos como culpados do
desvio psicológico apresentado pelos filhos, visto que o comportamento distante seria a causa
do autismos, tal opinião foi afastada, uma vez que, estudos mostraram que não existe relação
com os progenitores e o autismo, mas, sim que é uma desordem neurológica. Podendo ele
ficar num estágio de semi-consciência agir de maneira descoordenada experimentando os
diversos sentimentos sem compreende-los.
Na busca concreta e mais global das dificuldades em geral do autista, em 1980, a
OMS, propôs níveis para esclarecer essas deficiências, ou limitações psicomotoras, para com
isso ter a consciência de que há uma incapacidade e desvantagem social, uma vez que, para o
autismo é muito difícil manter uma interação com o meio, que para ele existem certas
limitações de acordo com o grau de autismo que este venha a ter. “Em 2001, essa
classificação foi revista e reeditada não contendo mais uma sucessão linear dos níveis, mas
indicando a interação entre as funções orgânicas, as atividades e a participação social.”
(BATISTA, 2006, p. 10).
Contudo, é importante deixar claro, que a psicomotricidade é necessária para o
desenvolvimento humano, no entanto, para um autista e bem mais difícil de ser manifestada
de acordo com a pesquisa realizada, mas que é de suma importância para que essa criança
possa interagir e conseguir se relacionar, pode-se perceber que para o autista o
desenvolvimento não é igual a uma criança que não possui a síndrome, porém, mesmo que ela
seja menos intenso a psicomotricidade está sendo desenvolvida nesse indivíduo, e através dela
a criança autista poderá até aguçar o lado sociável e comunicativo, mas de acordo com os
estudiosos, esse desenvolvimento se daria de forma mais lenta e gradativa.

REFRÊNCIAS
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BATISTA, Cristina Abranches Mota. Educação inclusiva: atendimento educacional


especializado para a deficiência mental. [2. ed.] / Cristina Abranches Mota Batista, Maria
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