Você está na página 1de 32

A Atuação do Psicólogo com o

Transtorno do Espectro Autista


Psicologia Clínica Escrito por: Beatriz Salvador De Oliveira, Daniela
Nascimento, Gabriel Melchior, Geiscislaine Laís Martins, Jean Pablo
Esteves, Jeane Oliveira Santos, Natália Caroline, Nathália Ferrari,
Rhayenne Dellamaris
Agosto/2014 53.679 visualizações

4.6 Avaliação 4.60 (5 Avaliações)

(Tempo de leitura: 26 - 52 minutos)

Resumo: Buscou-se neste trabalho discutir o Autismo e


seus enfoques de identificação e tratamento. A palavra autismo
vem do grego “autos” que significa a “de si mesmo” ou
“próprio” e começou a ser usada em 1906. O autismo se
apresenta como uma anormalidade específica à condição
cerebral, de origem complexa, assumindo-se como um transtorno
no seu desenvolvimento comportamental.Este trabalho é
resultado de uma pesquisa de natureza bibliográfica de caráter
qualitativo. Ao longo do desenvolvimento do artigo pode ser
percebido os inúmeros programas e métodos que existem para
lidarem com o Transtorno do Espectro do Autismo. As técnicas
ABA e TEACCH, cada qual com suas características, mas
podendo trabalhar em conjunto; são amplamente utilizadas e
respaldadas não somente pelos profissionais que as
desenvolveram, mas também pelas instituições que fazem delas
instrumentos de capacitação e socialização autista.

Palavras-chave: Autismo, Asperger, Transtorno do


Espectro Autista, Psicologia Clínica

1. Introdução

Neste trabalho busca-se discutir o Autismo e seus enfoques


de identificação e tratamento. A palavra autismo vem do grego
“autos” que significa a “de si mesmo” ou “próprio” e começou a
ser usada pelo autor Plouller em 1906. É sabido que o autismo é
um distúrbio de desenvolvimento, com etiologias múltiplas, de
origem neurobiológica, o que implica uma abordagem sobre os
diferentes aspectos comportamentais ligado ao Autismo e seus
processos de identificação. Busca-se discutir o Autismo e seus
enfoques de identificação e tratamento partindo de sua
conceituação desde os primeiros estudos feitos no início do
século XX com os desafios de compreender suas manifestações,
às descobertas que enfatizam os tratamentos nos dias atuais.

O autismo se apresenta como uma anormalidade específica


à condição cerebral, de origem complexa, assumindo-se como
um transtorno no seu desenvolvimento comportamental. As suas
manifestações comportamentais variam de acordo com fase em
que o indivíduo se encontra e suas capacidades, embora as suas
características gerais, presentes em todos os estádios de
desenvolvimento, são perturbações no âmbito social em sua
imaginação e convivência.

É necessário abordar os diferentes aspectos


comportamentais ligado ao Autismo e seus processos de
identificação. Dessa forma, será explicitado o Autismo em sua
fase mais importante, diagnosticada na infância, investigando os
quadros característicos. Enfatiza-se a importância do tratamento
precoce, a fim de amenizar os sintomas do Transtorno do
Espectro do Autismo no que se diz respeito à linguagem e ao
desenvolvimento no decorrer da vida da criança. Serão expostas
as diferenças e semelhanças entre o Autismo Clássico e a
Síndrome de Asperger, que por sua vez não pode ser identificada
nos primeiros anos de vida. A Síndrome de Asperger só pode de
fato ser identificada depois dos 6 anos de idade, pois esses
indivíduos não possuem déficits cognitivos aparentes.

Demonstra-se a visão que psicólogos e psiquiatras


defendem a respeito dessa disfunção, qual é a correlação
existente entre o autismo, genética, meio ambiente e sociedade.
A dificuldade encontrada pelos pesquisadores ao investigarem
sobre esse tema que hoje é de suma relevância para a busca de
uma sociedade igualitária, juntamente com sua forma de atuação
e tratamento adequados, levando-se em conta as diferentes
correntes de estudos psicológicos, sendo elas a comportamental,
psicanalítica, gestalt e humanista.

Será enfatizada a importância do diagnóstico precoce e as


estratégias de controle utilizadas para minimizar os impactos
sofridos pelo indivíduo que por sua vez tornam-se seres
agressivos e rebeldes em contato com um mundo até então
desconhecido por eles. Se faz importante entender os processos
de socialização do autista, na importância da família dentro do
contexto terapêutico e como a cultura influencia os
procedimentos do tratamento. Os desafios que surgem face à
questão do Transtorno do Espectro do Autismo, principalmente
num contexto em que a presença de uma criança no meio
familiar, mobiliza atenção e esforço em prol de sua socialização.
Dentro de uma interdisciplinaridade de tratamento, levando em
consideração a idade, o sexo, o grau de déficit cognitivo e os
outros fatores inerentes que norteiam a vida do paciente e a
importância da integração entre os profissionais que cuidam do
mesmo caso.

Com isso, será apresentada a atuação do profissional


de Psicologia no tratamento do Autismo, sua forma de atuação,
levando-se em conta as diferentes correntes de estudo
psicológicas, tendo um enfoque nessa revisão bibliográfica nas
buscas de pesquisa e tratamento cognitivo/comportamental para
indivíduos com tais sintomas. O papel do psicólogo se explicita
em meio ao diagnóstico, de forma a identificar os atos que
divergem de uma normalidade, estando este a atuar segundo sua
linha empregada, visando uma integração não somente familiar,
mas social aos autistas.

2. Metodologia
Este trabalho é resultado de uma pesquisa de natureza
bibliográfica de caráter qualitativo. Para tal, foram feitos
levantamentos de publicações ou bases de dados em termos
descritos pelo SCIELO e BVS-psi (1996-2013), utilizando os
seguintes descritores para busca dos artigos: “Autismo”,
“Atuação do Psicólogo com crianças Autistas”, “Mães de
Autistas”, “Transtorno do Espectro Autista” e “Socialização do
Autista”. Todavia, para a construção da interdisciplinaridade o
tema foi discutido entre o grupo de alunos na qual foi elaborada
a sistematização do assunto a ser abordado juntamente com o
auxílio dos professores do segundo módulo de Psicologia.

3. Histórico do Autismo, sua Etiologia e Relações


Interpessoais

3.1 Origem etimológica e definição


A palavra "autismo", originada do grego autos - eu próprio
-, é utilizada para definir um tipo de transtorno global do
desenvolvimento, sendo este último um "grupo de transtornos
caracterizados por alterações qualitativas das interações sociais
recíprocas e modalidades de comunicação e por um repertório de
interesses e atividades restrito, estereotipado e repetitivo. Estas
anomalias qualitativas constituem uma característica global do
funcionamento do sujeito, em todas as ocasiões" (CID 10). O
conceito de "espectro do autismo" abrange indivíduos que
apresentam essas anormalidades, seja leve ou grave, e inclui o
Transtorno Autista como um transtorno prototípico, além do
Transtorno de Asperger, Transtorno de Rett, Transtorno
Desintegrativo da Infância e dos Transtornos Globais do
Desenvolvimento Sem Outra Especificação (TONELLI, 2011).
A Organização Mundial de Saúde, através da Classificação
Internacional de Doenças caracteriza o autismo com os seguintes
aspectos:
a) um desenvolvimento anormal ou alterado, manifestado antes da idade de
três anos, e b) apresentando uma perturbação característica do
funcionamento em cada um dos três domínios seguintes: interações sociais,
comunicação, comportamento focalizado e repetitivo. Além disso, o
transtorno se acompanha comumente de numerosas outras manifestações
inespecíficas, por exemplo fobias, perturbações de sono ou da alimentação,
crises de birra ou agressividade (auto-agressividade). (OMS – CID-10)
Para Santos e Souza (2005), o autismo é considerado uma
síndrome relacionada ao comportamento e que possui
características de distúrbio de desenvolvimento, que afetam as
capacidades físicas, sociais e linguísticas e relacionamento
anormal com objetos, eventos e pessoas. Pesquisas apontam que
fatores biológicos são determinantes em quase todos os casos de
autismo, mesmo que ainda não se tenha definido um marcador
biológico específico.

De acordo com Frith (1994), existe uma enorme


diversidade neste transtorno, encontrando-se sujeitos com
bloqueios comportamentais intensos, á medida que outros são
afetuosos e fáceis de lidar. Alguns mostram dificuldades no
aprendizado bastante específicas que prejudicam seu
desempenho principalmente no âmbito escolar, enquanto que
outros conquistam elevado grau universitário e assim sucesso
acadêmico, enquanto que outros encontram o seu “lugar” na
sociedade e sentem-se razoavelmente integrados, mas outros
ficam isolados, e a cada dia sentem-se mais excluídos e
desintegrados na sociedade.

3.2 Histórico do Autismo


Em 1911, Eugen Bleuer (1857-1939), atribui o termo
autismo inicialmente a determinados sintomas que se
contradizem com a definição que Leo Kanner viria a contrapor
logo depois, de acordo com Rivera (2007 apud Rutter, 1984, pp.
1-26). Expressou com esse nome, a inclusão abrupta à fantasia
em que alguns pacientes se encontravam, o que Bleuer afirmava
que esses transtornos esquizofrênicos e a conduta intencional de
evitar relações sociais se davam por conta própria do doente.

Em 1943, o autismo foi descrito pelo psiquiatra austríaco


Leo Kanner através do artigo intitulado "Distúrbios Autísticos do
Contato Afetivo", publicado na extinta revista The Nervous
Child, onde apresenta uma observação de um grupo de crianças
na qual onze delas manifestavam comportamentos parecidos.
Logo, o autismo foi visto como uma doença específica,
relacionada ao segmento da esquizofrenia (PEREIRA, 1999).

Segundo Baron e Cohen apud Sousa et al (1990, p.408)


apesar de o assunto ter surgido em 1943, houve depois disto,
uma ausência de estudos durante os vinte anos seguintes. O fato
ocorreu pois na época, Kanner descreveu o autismo como uma
alteração puramente emocional, o que foi bem aceito pelos
psicanalistas. Somente no inicio da década de 60 houve uma
mudança na forma de percepção quanto ao autismo, e então os
psicólogos começaram a considerá-lo como uma desordem
cognitiva. Para Timo; Maia; Ribeiro (1992, apud Klinger;
Rogers p.157-186; 2000, p.79-107), o autismo era compreendido
como um distúrbio básico de processos cognitivos e linguísticos,
fugindo de uma análise que implique na contribuição social e
afetiva para a síndrome.

Em 1997 observou-se um aumento na proporção de


indivíduos com a síndrome de autismo onde a cada 500
indivíduos um possui a síndrome, entretanto para Marques
(1993) o autismo até a data presente, era considerado uma
doença rara, pois atingia uma a cada 1.200 pessoas. O autismo é
mais comum em pessoas do sexo masculino com uma incidência
de quatro vezes mais em relação ao gênero feminino e parece
não associar-se a quaisquer fatores sejam econômico racial e
social. Porém acredita-se que está relacionado à genética.
(SANTOS; SOUSA apud DUNLAP et.al. 1999).
É sabido que o autismo é um distúrbio de desenvolvimento,
com etiologias múltiplas (ASSUMPÇÃO, 1995), de origem
neurobiológica (GILBERG & COLEMAN, 1992 apud BOSA e
CALLIAS, 2000), não necessariamente relacionando a
problemas na interação mãe-bebê, e sim com fatores ambientais,
com vacinas e diversas outras hipóteses já levantadas a respeito
da doença.

O autismo é uma doença congênita, não temos o poder de criar filhos


autistas, eles nascem com esta deficiência, que pode se manifestar desde seu
nascimento (sendo o autismo clássico) ou até o dois anos de idade
(MOREIRA, 2001).
De acordo com o DSM IV-TR (2002) este transtorno de
desenvolvimento afeta 1:1000 crianças, tendo incidência maior
no sexo masculino (3:1/4:1).

3.3 Aspectos genéticos que


proporcionam o desencadeamento do
autismo
Sabe-se que as manifestações autísticas são tidas como
fontes de estudos e indagações do conhecimento científico,
servindo se aparato para estudos nas áreas biológicas/gênicas que
vêm desencadeando uma série de estudos que proporcionam uma
resposta mais válida e coerente a respeito dessa doença.

Segundo vários estudos efetuados pela investigadora do


Instituto de Ciências da Gulbenkian, uma das observações mais
consistentes no Autismo é o aumento anômalo dos níveis de
serotonina com graves conseqüências a nível do
neurodesenvolvimento e do funcionamento do Sistema Nervoso
Central (VILELA; DIOGO; SEQUEIRA, 2009).
Apesar de se saber que o autismo afeta o funcionamento
cerebral, continua por se conhecer a sua causa específica. De
fato, a maioria dos autores defende uma etiologia multifatorial,
sendo que cada uma dessas múltiplas causas pode manifestar-se
em diferentes formas ou subtipos de autismo. A partir de tal
afirmação, os autores Vilela; Diogo; Sequeira (2009) afirmam:

O comportamento autista tem sido relatado nas patologias clínicas do lobo


temporal. As disfunções das regiões temporais podem explicar grande parte
dos sintomas clínicos (déficit perceptivo, emocional e cognitivo) observados
no autismo. Além disso, as regiões associativas temporais estão
estreitamente conectadas aos sistemas sensoriais associativos frontais,
parietais e límbico.
O lobo temporal é necessário para o processamento de
inúmeros estímulos internos e externos que atuam no sistema
nervoso (SN) por meio dos órgãos dos sentidos, principalmente
os órgãos sensoriais visuais e auditivos. O lobo temporal é
também fundamental para o processamento dos estímulos, dando
origem às experiências vivenciadas em nosso mundo. Sabe-se
que o comportamento autista está associado a diversas
disfunções cerebrais,que atuam em diferentes regiões do mesmo,
tais como a ativação anormal auditiva, que segundo os autores
Vilela; Diogo; Sequeira (2009), está associada ao córtex
temporal esquerdo, essa região temporal também está associada a
organização cerebral da linguagem. “Esta ativação anormal do
hemisfério esquerdo pode estar envolvida, nos prejuízos de
linguagem e na resposta comportamental inadequada aos sons
dos autistas (VILELA; DIOGO; SEQUEIRA, 2009).”

Estudos realizados pelos autores citados acima, constatam


que os indivíduos que possuem o Transtorno do Espectro
Autista, realizam maiores atividades na região temporo-
occipitais, salientando que os mesmos possuem diferentes
ativações cerebrais e podem ser essas diferentes atividades que
caracterizam a forma distinta de seu comportamento.
As buscas para a causa do autismo são contínuas, em
pesquisa realizada foi descoberto que em uma família que já há
uma criança com a síndrome de autismo, esta probabilidade é
aumenta de 3% para 8% (GADIA apud SHAO, FISHER et al,
2002). Em uma análise feita nos genomas descobriu-se ligações
entre a doença e alguns cromossomos, sendo eles 2,7, 1 e 17 os
mais efetivos. A ligação se torna ainda maior a respeito dos
cromossomos 2 e 7 tratando-se de autistas que possuem déficits
severos de linguagem. A explicação relatada para esta
experiência é a seguinte:

“O gene responsável por esse transtorno severo de linguagem foi


identificado como um fator de transcrição putativo. Outro gene localizado no
cromossomo 7 com uma possível associação com o autismo é que o gene que
codifica a reelina. Essa proteína extracelular serve de guia para a migração
neuronal durante o desenvolvimento cerebral, principalmente do córtex
cerebral, do cerebelo do hipocampo e do tronco cerebral (GADIA et al apud
PERSICO et al, LAI et al 2004.)”
Todavia, sabe-se que os estudos relacionados à genética
ainda são poucos para a grande curiosidade e extensão do
assunto. O autismo é um transtorno genético muito complexo e
de acordo com as pesquisas já realizadas há entre 5 e 100 loci
(local fixo de um cromossomo onde está localizado um gene)
podem estar relacionados ao TEA. Ainda assim, sabendo que
vários cromossomos estão ligados com a síndrome, não há
nenhuma resposta definitiva (GADIA et al apud VUKUCEVIC
et al).

3.4 Como identificar um indivíduo


autista
O autismo se caracteriza como um dos transtornos mais
desafiadores para a clínica Psiquiátrica e Psicológica. Seu
diagnóstico é por observação, e o manejo clínico é complicado
porque geralmente o autista não estabelece vínculo ou
respondem de maneira mais ou menos esperada as tentativas de
interação do terapeuta (ESEQUIAS, 2010).

Quando nos referimos a indivíduos autistas devemos considerar as suas


características singulares, no entanto “A personalidade autista é altamente
distinta apesar das amplas diferenças individuais.” De fato, os autistas
distinguem-se de quaisquer outros, não apenas pelo nível do distúrbio de
contato e das capacidades intelectuais, mas também pela sua personalidade
e interesses peculiares, geralmente originais e variados (SANTOS; SOUZA
apud ASPERGER, 1994, p. 67).
O diagnóstico deve ser dado por profissionais
especializados e de diversas áreas da saúde para que não haja
discrepâncias na nomeação de tal transtorno, pois, quanto mais
cedo este for identificado, maiores são as chances de o
tratamento obter resultados benéficos ao indivíduo.

De acordo Amato et.al. (2011) apud Lord C., a questão do


diagnóstico envolve, desde a distinção entre a suspeita de surdez
por algumas famílias, associada à ausência de linguagem de
algumas crianças autistas, até as discussões a respeito dos limites
que podem ser determinados entre os grandes distúrbios do
desenvolvimento, como os do espectro do autismo, os distúrbios
específicos de linguagem e os transtornos de hiperatividade e
déficit de atenção.

Dentre os vários sintomas apresentados por indivíduos


autistas, encontra-se o desenvolvimento anormal ou desajustado
antes do terceiro ano de vida, nas seguintes áreas: interação
social, retardo na linguagem, falta de reciprocidade social ou
emotiva, sendo praticamente incapaz de expressar seus
sentimentos, possui falha na imaginação e preocupa-se em
realizar atividades rotineiras e não funcionais etc.

Para Aarons e Gittens (1992) o conjunto de características


que definem os indivíduos autistas resume-se por: incapacidade
desenvolver relações com outros indivíduos, atraso na aquisição
da linguagem, uso não-comunicativo da linguagem verbal
(mesmo depois do seu desenvolvimento), ecolalia, jogo
repetitivo e estereotipado, boa memória de repetição e aparência
física normal.

Segundo os autores Vilela; Diogo; Sequeira (2009), as


aptidões cognitivas dos indivíduos autistas, possuem um nível
menor e/ou desigual em relação ao nível de inteligência:

Em crianças com a perturbação artística, o nível da linguagem receptiva


(compreensão da linguagem) são inferiores ao da linguagem expressiva
(vocabulário). Os sujeitos com esta perturbação podem apresentar uma
ampla gama de sintomas comportamentais tais como a hiperatividade,
redução no campo de atenção, impulsividade, agressividade,
comportamentos auto-agressivos e birras, especialmente, nas crianças mais
jovens.
Torna-se possível salientar que esses indivíduos respondem
de forma agressiva a sons e luzes, apresentando também
resistência ao sono além de criarem uma dieta restrita,
prendendo-se somente a alguns tipos de alimentação. Na
adolescência ou inicio da vida adulta podem deprimir-se quando
conscientes do seu grave déficit cognitivo. De forma sucinta as
características mais comuns do Autista são:

Tem dificuldade em estabelecer contacto com os olhos; Parece surdo, apesar


de não o ser; Pode começar a desenvolver a linguagem, mas repentinamente
ela é completamente interrompida; Age como se não tomasse conhecimento
do que acontece com os outros; Por vezes ataca e fere outras pessoas mesmo
que não existam motivos para isso; Costuma estar inacessível perante as
tentativas de comunicação das outras pessoas; Não explora o ambiente e as
novidades e costuma restringir-se e fixar-se em poucas coisas; Apresenta
certos gestos repetitivos e imotivados como balançar as mãos ou balançar-
se; Cheira, morde ou lambe os brinquedos e ou roupas; Mostra-se insensível
aos ferimentos podendo inclusive ferir-se intencionalmente (VILELA;
DIOGO; SEQUEIRA, 2009).
A partir da realização de pesquisas científicas, constatou-se
que o autismo não é um distúrbio do contato afetivo, e sim um
distúrbio do desenvolvimento. A partir de tal fato, constitui-se o
autismo como uma síndrome comportamental, por ser definida
com base nos padrões exigidos pela sociedade. O autismo não é
uma doença, nem tão pouco é contagioso, não havendo indícios
de que se adquira através do contato com o meio, é uma
disfunção cerebral que afeta o funcionalismo do cérebro
(SOUZA; SANTOS).

3.5 Síndrome de Asperger


Esta Síndrome foi identificada em 1944, mas só foi
oficialmente reconhecido como critério de diagnóstico no DSM-
IV em 1994. Como resultado, muitas crianças foram mal
diagnosticadas com síndromes como Autismo, Perturbação
Obsessivo – Compulsivo, etc. É uma desordem pouco comum,
contudo importante na prevenção do processo psicológico de
crianças, que tardiamente é diagnosticado devido à falta de
conhecimento por parte dos profissionais, nomeadamente dos
professores e educadores (VILELA; DIOGO; SEQUEIRA,
2009). Por sua vez, essa síndrome não poderia ser identificada
nos primeiros anos de vida como ocorre com o Autismo, pois
neste período as crianças desenvolvem uma linguagem altamente
correta do ponto de vista gramatical.

Apesar de existirem algumas semelhanças com o Autismo, as pessoas com


Síndrome de Asperger geralmente têm elevadas habilidades cognitivas (pelo
menos Q.I. normal, às vezes indo até as faixas mais altas) e por funções de
linguagem normais, se comparadas a outras desordenas ao longo do
espectro (TEIXEIRA, 2000).
As principais características que distinguem a Síndrome de
Asperger do Autismo são as habilidades “normais” da
inteligência e da linguagem. A preservação destas habilidades
pode, por vezes, “enganar” o diagnóstico e este ser tardio
(VILELA; DIOGO; SEQUEIRA, 2009). Mesmo que estes
indivíduos não apresentem déficits cognitivos, torna-se
necessário que os mesmos recebam uma educação especializada
e de qualidade para que possam controlar seu comportamento e
direcione suas habilidades a determinadas áreas que possuam
maior integralidade.

Pessoas com essa Síndrome têm necessidade de fazer


amigos e realizar diálogos monólogos principalmente com
adultos, mas muitas vezes acabam afastando as pessoas ao seu
redor por sua grande excentricidade e vulgaridade na abordagem
das mesmas. Os autores Vilela; Diogo; Sequeira (2009)
explicitam que indivíduos com a Síndrome de Asperger são
capazes de descrever corretamente de uma forma cognitiva e
formalista, as emoções, sentimentos e intenções das demais
pessoas, mas sem nunca saberem para que servem essas
informações. Não conseguindo assim uma interação com o
outro.

De acordo com o autor Vilela (2009), as características


mais evidentes da Síndrome de Asperger são:

Atraso na fala, desenvolvimento fluente da linguagem verbal antes dos 5


anos. Dificuldade na linguagem mais rebuscada, ecolalia (repetição do que
ouvem eco) de palavras ou frases; Interesses restritos escolhem um assunto
de interesse. Casos mais comuns é o interesse exagerado por coleções e
cálculos; Presença de habilidades não muito comuns, tais como cálculos
mentais, memorização de grandes seqüências (mapas de cidades), ouvido
musical absoluto, entre outros; Incapacidade de interpretar metáforas,
mentiras, ironias, frases com duplo sentido; Dificuldades no uso do olhar,
expressões faciais, gestos e movimentos corporais, como a comunicação não
verbal; Pensamento concreto; Dificuldade para entender ou expressar
emoções e dentre outros.
Por fim, ao observar as características citadas acima, torna-
se necessário salientar que o diagnóstico só pode ser dado como
tal, depois dos 6 anos de idade, diferentemente do Autismo que
se midiatiza aos 3 anos de idade. Além do mais, essas crianças
podem possuir perfis de super dotados, pois, possuem
habilidades cognitivas acentuadas e elevadas. O autista está
isolado no seu próprio mundo. O sujeito com Asperger está no
nosso mundo, porém vivendo o seu estilo próprio de forma
isolada (VILELA; DIOGO; SEQUEIRA, 2009)

3.6 As interfaces de mães e da família


de autistas
De acordo com Smeha e Cezar (2011), ao engravidar, a
rotina da mãe sofre mudanças, principalmente se esta for uma
primeira gestação. Enquanto a gravidez perdura, os pais criam
expectativas e fantasias com o filho esperado. Quando estes se
deparam com uma criança que possui alguma limitação
significativa, abre-se uma distância entre o filho perfeito, onde
os genitores depositam seus sonhos e ideais como forma de
concretizá-los, e o filho da realidade; o que tornam essas
expectativas extremamente frágeis, já que a criança fantasiada
não existe. Smeha e Cezar (2011 apud Buscaglia, 2006) afirmam
que ao enfrentarem com essas limitações, a sensação da família é
de encarar o desconhecido, causando sofrimento, confusão,
frustrações e medo, tornando o ato da paternidade e maternidade
uma experiência complexa, mesmo com todo o auxílio
profissional que esses pais venham a ter.

Segundo Borges (2010, apud Buscaglia, 2006), deparar-se


com as limitações do filho, em qualquer família, é sempre um
encontro com o desconhecido. Encarar essa nova e inesperada
realidade causa preocupação, angustia sofrimento e medo.
Tornando assim a maternidade e a paternidade complexa, mesmo
tendo apoio total de familiares e profissionais qualificados, as
cargas de maiores responsabilidade sobre caem sobre os pais.

Diante disso, caracteriza-se esse diagnostico como um


transtorno de inicio precoce, com causas diversas e que
compromete o processo do desenvolvimento infantil (BORGES,
2010 apud FACION; MARINHO; RABELO, 2002). Estudos
elaborados pela Associação Psiquiátrica Americana (APA, 2002;
p. 32), explica:

O autismo está entre os “transtornos globais do desenvolvimento” e seu


comprometimento está pressente em três áreas do desenvolvimento:
habilidades de interação social recíproca, habilidades de comunicação e
comportamento, interesses e atividades com padrões restritos e repetitivos
(APA, 2002; p.32).
Desta maneira, para se adequar aos limites e necessidades
precisas da criança com autismo, a família necessita de
constantes alterações em seus costumes diários (BORGES, 2010
apud FÁVERO; SANTOS, 2005; SCHIMIDT; DELL’AGLIO;
BOSA, 2007). Considerado então que há necessidade de
acompanhamento no comportamento de crianças autistas,
somando o grau de gravidade que se apresenta no mesmo, podem
constituir estresse em grande escala aos familiares (BORGES,
2010 apud SHIMIDT; BOSA, 2007). Estudos estão sendo
comprovados atestando a presença de estresse nas famílias de
indivíduos portadores do autismo, destaca-se também, o impacto
que as crianças com este diagnóstico criam sobre seus familiares,
em consequência ao tempo e esforço que são essenciais para dar
conta da sobrecarga de cuidados exigidos pelos mesmos.

Ao perceber que o filho, em decorrência do autismo,


apresenta uma variedade de limitações as mães procuram por
soluções na tentativa de abrandar o efeito do autismo. Afirmam
Borges (2010, MANNONI 1999; JERUSALINSKY 2007):

Os pais demandam incansavelmente diagnósticos, avaliações e indicações


por que anseiam que seja “curado” o filho que apresenta algum
comprometimento, pois a criança que não corresponde ao ideal fragiliza
o narcisismo desses pais, já que o futuro sonhado por eles para o filho se
apresenta no plano do improvável. (MEIRA,1996; JERUSALINSKY, 2007, p.
44).
Os pais percebem que as pessoas ficam incomodadas com
a presença de um autista e segundo Borges (2010 apud
MANNONI 1999), “qualquer ofensa ao filho é sentida pela mãe
como se fosse dirigido a ela própria” com isso, elas sacrificam-se
inteiramente aos cuidados do filho. Mediante a isso Borges
(2010, apud Núñes 2007), afirma que “a mãe dedica todo seu
tempo e sua energia para cuidar do filho, sacrificando-se como
mulher e esposa”.

Destaca-se ainda que este caminho e cuidados não possam


ser trilhados sozinhos pois, as mães necessitam contar com a
ajuda de demais pessoas ou instituições para adquirir
conhecimentos específicos para que não fique sobrecarregada
com os cuidados do filho.

As redes sociais, como a família ampliada, a comunidade, a escola e a


equipe de profissionais, são fontes de auxilio e informações diante das
advertências sentidas pelos pais em decorrência da situação limitante do
filho (CASTRO; PICCININI, 2002; p. 49).
E para a contribuição do tratamento Borges (2010, apud
Owen 2007), afirma que é necessário um trabalho em equipe
interdisciplinar, aliando a psicoterapia á farmacologia. Borges
(2010, apud Bossa 2006), por sua vez afirma que o tratamento se
torna eficaz quando a equipe técnica possui habilidades para
trabalhar junto a família do autista.

Devido a esse fator, a principal fonte de apoio vem da


família. Os maridos auxiliam principalmente com o sustento
financeiro. De acordo com Borges (2010, apud Núñes 2007), a
mulher fica em casa para cuidar do filho, e cabe ao marido
trabalhar fora e encarregar do sustento financeiro. Outra fonte de
apoio não menos importante vem na presença de irmãos e dos
avós. Para Borges (2010, apud Castro e Piccinini 2002), os avós
são grandes provedores de apoio e auxilio diante da situação
atípica da criança. Segundo Borges (2010, apud Núñes 2007), a
relação entre irmãos é um importante recurso de socialização,
pois possibilita trocas e interações sociais.
Na opinião de Relvas (1996), a família é o primeiro
ambiente onde a criança se integra e onde vai constituir a sua
personalidade. É o primeiro contato social que ampara e se
responsabiliza por instituir necessidades afetivas, biológicas,
preventivas e sociais.

A família exerce neste ciclo um papel de consolidação,


através da socialização, que busca elaborar nos indivíduos a
aceitação, de forma a que se habituem à nova estrutura complexa
da qual fazem parte. De acordo com Pereira-Silva e Dessen
(2003, p.503)

As interações estabelecidas no microssistema família são as que trazem


implicações mais significativas para o desenvolvimento da criança, embora
outros sistemas sociais (ex.: escola, local de trabalho dos genitores, clube)
também contribuam para o seu desenvolvimento (PEREIRA-SILVA e
DESSEN, 2003, p.503)
De acordo com Colnago (1991) é no convívio dos
familiares que as crianças passam pelas primeiras experiências e
interiorização de valores e padrões sociais, e se a família não se
encontrar numa situação estável, as interações entre os pais,
filhos e sociedade, podem ser prejudicados. Sendo a família para
Sigolo (2004, p.189) “um espaço de socialização infantil", ela se
constitui como "mediadora na relação entre a criança e a
sociedade". As relações familiares desenvolvem os padrões de
comportamentais, hábitos, atitudes e linguagens, usos de valores
e costumes são transmitidos e as bases da subjetividade, da
personalidade e da identidade são desenvolvidas.

Defende Relvas (1996) que as famílias são cercadas por


limites, que se assemelham como membranas que por sua vez
permitem a passagem seleta de informações, tanto entre a família
e o meio como entre os diversos sistemas familiares. Diante de
tais perspectivas é possível identificar a importância da família
no desenvolvimento de uma criança autista, sendo o ponto de
partida para este desenvolvimento e aceitação do diagnóstico,
onde podemos considerar enfaticamente o período mais
complexo na relação familiar, pois é necessário uma
desmistificação de conceitos pré-estabelecidos e a adaptação a
uma nova realidade.

Segundo Marques (2000), a maior parte dos pais denotam


preocupações comuns fronte ao desenvolvimento dos filhos.
Porém os pais das crianças com o Transtorno do Espectro
Autista manifestam preocupações específicas e quando postos
diante o diagnóstico do autismo demonstram um sentimento de
perda, devido ao fato de não corresponderem às expectativas
criadas. No entanto, existe sempre uma recusa de que há algo
errado, ponderando que até o momento os filhos sempre foram
“saudáveis”.

De acordo com Siegel (1997, apud Marques 2000), de um


modo geral, os pais destas crianças apresentam maior adaptação
e envolvimento com os filhos quando tomam ciência mais cedo
do diagnóstico. Segundo Gayhardt (1996, apud Pereira & Serra,
2005) a adaptação da família ao Transtorno do Espectro Autista
se desenvolve por um esquema de sentimentos onde se inicia
após o diagnóstico. Pois existe um período de choque e negação
que se identifica pela sensação de perda. A imagem da criança
idealizada se desmorona e é necessário o reconhecimento das
limitações da criança, surge um elevado grau de realismo, onde
acabam por criar poucas expectativas diante a capacidade dos
filhos provocando uma super proteção.

Os pais atribuem a culpa a si mesmo ou à outras causas


diante dessa situação em que os filhos se encontram. A
vergonha acomete à família a evitar a freqüentar locais públicos
por não conseguirem controlar alguns comportamentos dos filhos
e acabam causando um isolamento para evitar uma rejeição dos
mesmos. Já a reflexão e esperança ocorrem à medida que os pais
começam à compreender as características do autismo e
percebem a necessidade e a forma como podem ajudar o seu
filho a desenvolver-se. Há uma busca ativa em termos
terapêuticos para investir no desenvolvimento do indivíduo. A
aceitação é referida como o momento onde a família compreende
e investe no auxilio ao filho buscando o tratamento, a sua
integração social e cultural.

Em síntese consiste em um processo de adequação,


referindo à noção das transições de uma família comum para
enfrentamento das dificuldades acarretadas pela síndrome.
Constata-se que as famílias requisitam de um período de tempo
para vivenciarem todo um conjunto de sentimentos que
possibilitam enfrentar de forma positiva as limitações do autista.

A família além da adaptação manifesta-se também


essencial para o autismo, quando nos referimos ao tratamento
psicológico de acordo com Honing (1982, apud Marques, 2000),
os familiares são as pessoas mais conscientes das dificuldades e
capacidades das crianças autistas para além de que são os
primeiros a fornecer uma base emocionalmente concreta,
reforçando assim a necessidade do seu envolvimento no processo
de intervenção além de apresentarem grande importância no
momento da integração da criança na vida escolar.

Partindo desses pressupostos é possível delinear a família


como um viés de extrema essencialidade para o autista sendo ela
o ponto de partida e apoio para o seu desenvolvimento em
diversas perspectivas.

3.7 Inserção dos indivíduos autistas


na educação
A socialização é uma grande referência para pais de
autistas. Perante a busca de tratamentos para o filho já
diagnosticado autista cabe a eles integrar a criança á sociedade,
com a entrada do filho a escola. Integrar a criança á comunidade,
explica Borges (2010, apud JERUSALINSKY 2007), é um
momento gerador de crise, pois já nas primeiras saídas em locais
onde estão outras crianças, é perceptível para os pais o
surgimento da rejeição social e este preconceito ao autismo é
perceptível pelas mães quando estão à procura das escolas para o
filho.

A partir de pesquisas feitas em decorrência ao Transtorno


do Espectro Autista, Carla Vasques (2003, p.61) cita que:

A simples matrícula destes alunos não é suficiente para garantir efeitos


potencializadores de desenvolvimento e aprendizagens. Pelo contrário, a
inserção em certos espaços pode promover, inclusive, o rechaço da própria
escolarização como um todo.
A inclusão de autistas nas escolas certamente
produzirá ansiedade, preocupação, medo, hesitação em toda
comunidade escolar, principalmente se esta instituição for de
ordem pública, sem os devidos acompanhamentos que este
sujeito necessita para seu desenvolvimento e interação social. A
partir da consciência das limitações desses indivíduos é
justificável propor uma mudança curricular, efetuar um recurso
de aula próprio ao aluno autista conforme experiências
apresentadas já por várias tentativas significativas onde o
colégio, associado aos outros profissionais que consisti uma rede
de aprendizagem, conseguir resultados construtivos nesse
método de escolarização.

Não há um método preciso de trabalho com crianças


autistas nas escolas, cada qual deve ser respeitado conforme sua
diferença, o apoio familiar, a mudança curricular, tudo isso é
importante para a construção destes processos inclusivos.

3.8 Políticas públicas voltadas para


indivíduos autistas
Efetuaremos um resgate histórico e bibliográfico no
subgrupo de Políticas Públicas voltadas para indivíduos que
possuam o Transtorno do Espectro Autista no âmbito da garantia
de direitos e das práticas clínicas voltadas para essa população;
da mesma maneira, agregando diferentes saberes, pretendemos
ser propositivos em relação ao rumo dessas políticas públicas, de
modo que elas possam operar com o campo da subjetividade dos
mesmos e das pessoas que os cercam.

Seguindo essa linha, o Ministério da Educação, juntamente


com outros órgãos educacionais, instituíram a Lei nº
12.764/2012 voltada à Política Nacional de Proteção dos Direitos
da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, atendendo aos
princípios da Política Nacional de Educação Especial na
Perspectiva da Educação Inclusiva (MEC/2008) e ao propósito
da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. De
acordo com essa mesma lei, pessoas que possuem o Transtorno
do Espectro Autista são consideradas deficientes e detêm de leis
favoráveis ao seu desenvolvimento social. Dentre as diretrizes de
execução dessa lei destacam-se medidas que tratem da efetivação
do direito à educação:

I - a intersetorialidade no desenvolvimento das ações e das políticas e no


atendimento à pessoa com transtorno do espectro autista;
II - a participação da comunidade na formulação de políticas públicas
voltadas para as pessoas com transtorno do espectro autista e o controle
social da sua implantação, acompanhamento e avaliação;
[...]
V - o estímulo à inserção da pessoa com transtorno do espectro autista no
mercado de trabalho, observadas as peculiaridades da deficiência e as
disposições da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e
do Adolescente);
VII – o incentivo à formação e à capacitação dos profissionais
especializados no atendimento á pessoa com transtorno do espectro autista,
bem como pais e responsáveis.

A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva


da Educação Inclusiva tem por objetivo:
A transversalidade da educação especial desde a educação infantil até a
educação superior; Atendimento Educacional Especializado; Continuidade
da escolarização nos níveis mais elevados de ensino; Formação de
professores para o atendimento educacional especializado e demais
profissionais da educação para a inclusão escolar e dentre outros.
É importante ressaltar que a formação dos profissionais da
educação possibilitará a construção de conhecimento para
práticas educacionais que propiciem o desenvolvimento sócio
cognitivo dos estudantes com Transtorno do Espectro Autista.

Sendo assim, diante das políticas educacionais


apresentadas, torna-se possível inferir, que a política está inerte
em todos os cidadãos tanto na elaboração de direitos, como na
efetuação do deveres sociais, a partir de então, para que
possamos exercer de fato a nossa cidadania de forma
democrática temos que fazer valer essas leis promulgadas de
forma eficaz. Ao analisarmos a lei instituída pelo Ministério da
Educação, podemos visualizar o outro lado da moeda na qual
verificamos a dificuldade de inserção de indivíduos com tais
transtornos no meio social, visto que possuímos precariedade no
nosso sistema educacional.

Alguns especialistas estabelecem que os autistas têm


direito de estudar em escolas regulares, tanto na Educação
Básica quanto no Ensino Profissionalizante, e, se preciso, pode
solicitar um acompanhante especializado, essa descrição, esta
instituída no art. 2o Último Parágrafo da Política Nacional de
Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro
Autista.

Existem diversos artigos intitulados em prol ao


desenvolvimento educacional desses indivíduos autistas. O
lançamento dessa Política marca o Dia Mundial de
Conscientização do Autismo anualmente em 2 de Abril. A data
foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 18
de Dezembro de 2007 para esclarecer, informar e chamar a
atenção da sociedade para as pessoas que têm esse transtorno.
4. Atuação do Psicólogo com Autistas

4.1 Autismo visto nos variados pontos


de vista psicológicos
A preocupação dos pais com o comportamento de seus
filhos aparece em seus primeiros anos de vida, sendo esse um
período importante para se detectar quaisquer anormalidades que
envolvam o desenvolvimento. Esse pode ser prejudicado caso
haja algum prejuízo cognitivo e a probabilidade de
desenvolverem um atraso de linguagem e comportamentos de
auto-agressão é maior. Problemas na comunicação e socialização
permanecem no indivíduo por toda a vida, no entanto, com o
passar da idade esse quadro pode ser amenizado se o paciente
receber os cuidados adequados. Não há evidências de que um
tipo de intervenção surte efeito positivo em todos os pacientes e
nem que seja capaz de curar o autismo. Contudo, há tratamentos
diferentes para as várias especificidades da doença, que
dependem de idade, do grau de déficit cognitivo, do
comprometimento da linguagem e de sintomas gerais, além do
aspecto familiar, do suporte social e etc (BOSA, 2006).

Conforme aborda Souza et al. (2004), o psicólogo deve


estar inserido no diagnóstico da pessoa autista, pela importância
analítica que deve possuir do comportamento entendido como
normal para a averiguação dos sintomas apresentados que
destoam nesses pacientes, sendo assim vital em um estudo
multidisciplinar de cada caso. Bosa (2006) afirma que o
tratamento deve ser estruturado de acordo com a idade do
indivíduo. Em crianças, preocupa-se com a formação da
linguagem e da interação social, enquanto que nos adolescentes o
foco são as habilidades sociais e o desenvolvimento da
sexualidade. Enfatiza-se a importância dos muitos profissionais
que lidam com essa patologia e com as diversas abordagens do
mesmo, mas leva-se em consideração que a interação entre os
mesmos como equipe e em contato com a família se faz
necessária.

Na busca de uma recuperação funcional do autista,


encontram-se diferentes formas de abordagem, sejam pelas
correntes de análise psicanalítica, individual e cognitiva. Souza
apud Windholz (1995) aponta que a terapia comportamental
seria a mais completa no tratamento, embora o autor ainda
busque a referência de uma abordagem adaptável, com a
aplicação da psicoterapia, psicanálise e orientação, como aborda
Gauderer, pela característica limitada que o mesmo vê em cada
um dos enfoques de tratamento, estando cada uma
complementando a outra conforme o curso do processo
terapêutico (SOUZA, 2004 apud GAUDERER, 1997).

Sabendo-se das variadas vertentes psicológicas, a


abordagem psicanalítica parte de um pressuposto inicial de
estudo visando um diagnóstico precoce. Visani (2012, apud
Laznik, 2000) defende uma identificação através da relação entre
mãe e filho, sendo essa, a de maior interação com o lactante
desde o seu nascimento, capaz de perceber as reações que a
criança transmite à sua genitora. A mãe pode não desempenhar
seu papel adequadamente, seja ela em sua incapacidade materna
de envolver-se emocionalmente, frustrando a expectativa do
filho quando este lhe pede um retorno. (DORIA; MARINHA e
FILHO, 2006). O psicólogo assim teria o papel de investigar, na
ausência da capacidade por parte dos pais em assumir o papel do
outro primordial, sendo esse um termo adotado por
pesquisadores lacanianos e tende a se preocupar com o
comportamento dos genitores no decorrer do processo, confirma
Dora, Marinho e Filho (2006). Nota-se dificuldade por parte dos
pais em reconhecer a dificuldade no relacionamento com a
criança, podendo assim comprometer a técnica terapêutica. É a
partir dessas características na estrutura do relacionamento
familiar que se pode traçar os elementos fundamentais para
levantar a hipótese de autismo. Dessa forma, o psicanalista
trabalha com as funções materna e paterna para que se surta
resultados positivos na terapia com a criança autista. Na
inabilidade por parte dos pais em fornecer uma troca em uma
investigação psicanalítica, cabe ao profissional exercer essa
função, observando as manifestações que a criança produz
(VISANI, 2012), e assim contribuindo para uma melhoria das
relações socio-afetivas (DORA; MARINHO e FILHO, 2006).

4.2 Abordagem Comportamental


Na aplicação do estudo para o tratamento do autismo,
segundo Soares (2012), terapeutas comportamentalistas utilizam-
se das teorias behaviorista e funcionalista de Watson e Carr,
direcionado às famílias com paciente autista. Dessa maneira,
investigam-se as resultantes enfrentadas no dia a dia
direcionados pelo condicionamento clássico e operante,
modelagem e mudança cognitiva. Essa busca visa a alterar, por
via direta da família, os comportamentos disformes apresentados
pelo paciente.

Essa abordagem define um modelo, que consiste em:


aquisição, fluência, manutenção, generalização e adaptação,
sendo moldáveis segundo o grau de aprendizagem apresentado
pelo autista. O estímulo, meio de controle para se reforçar
determinado comando, é utilizado para designar métodos de
instrução, analisando ao se obter o comportamento almejado, o
seu reforço (SOARES, 2012). Para Soares et. al. (2012, Apud,
Dunst Trivet; 2005), um auxílio efetivo é conquistado quando se
capacita a família a enfrentar os problemas e aplicar as corretivas
necessárias, possibilitando um controle da criança assim como
do grupo familiar.

A utilização de terapia comportamental possibilita às


crianças portadoras da síndrome uma interação com objetos e
jogos, que auxiliam em seu raciocínio e resolução de problemas.
Tais práticas devem ser constantemente monitoradas de maneira
única para cada paciente visando uma compreensão se
determinada atividade está apresentando resultados às suas
necessidades e às dos pais (Soares et. al. (2012, apud Pimentel,
2005). Por essas práticas, a reeducação através da terapia não é
implicada somente ao paciente, mas também aos pais/família,
uma vez que esses necessitam estar atentos às mudanças
apresentadas pelo tratamento e observação da progressão
alcançada. O auxílio do psicólogo é fundamental para a instrução
da família, tornando-os ativos no processo de decisão e
percepção para o auxílio de seus filhos autistas (SOARES,
2012).

4.2.1 Teoria da Mente (ToM - Theory of Mind)

A capacidade automática e espontânea de atribuir estados


metais a si próprio ou ao próximo é chamada de Teoria da Mente
(ToM). A impossibilidade desse ato se denomina como "cegueira
mental" e impede o indivíduo de interagir socialmente. Estudos
indicam que portadores de autismo ou de transtornos mentais,
como a esquizofrenia, o transtorno esquizotípico de
personalidade e o transtorno bipolar, possuem limitação no que
se diz respeito a habilidade mental de compreensão de seus
comportamentos. Podem apresentar baixo processamento das
emoções, reconhecimento de faces, controle do olhar, capacidade
de imitar, comunicação gestual, compreensão de ironias e
metáforas e reconhecimento dos próprios pensamentos e do
próximo, assim dizendo que pessoas que portam esses
transtornos são inabilitadas à Teoria da Mente. Essa expressão
foi criada pelo primatologista Premack e pelo psicólogo
Woodruff ao questionarem se assim como os humanos, os
chimpanzés também possuiriam a mesma capacidade
(TONELLI, 2009).

Os autores tentaram demonstrar essa ideia a partir de um


experimento com primatas a fim de saber se esses animais eram
capazes de interpretar certos comportamentos humanos (JOU e
SPERB, 1999). Sobre a nomenclatura desse processo, Premack e
Woodruff explicam:
Ao dizer que um indivíduo tem uma teoria da mente, queremos significar que
o indivíduo atribui estados mentais a si próprio e aos outros (seja da mesma
espécie ou de outra). Um sistema de inferência desse tipo é,
apropriadamente, visto como uma teoria, primeiro, porque esses estados não
são observáveis diretamente e, segundo, porque o sistema pode ser usado
para fazer predições, especificamente, sobre o comportamento de outros
organismos (JOU e SPERB, 1999).
Denomina-se ToMi (Teoria da Mente Implícita) a
habilidade automática de processar informações provindas de um
ambiente social e de inferir estados mentais. Já a capacidade de
otimizar o convívio com outras pessoas, dá-se o nome de ToMe
(Teoria da Mente Explícita). Acredita-se que ToMi e ToMe
recrutem circuitos neurais distintos, e ToMe é mais lenta no
ponto de vista da eficácia, o que não permite um
processamento online da informação social. Baron-Cohen, Leslie
e Frith (1986) estudaram crianças com Síndrome de Down e
Autistas, comparando suas capacidades interpretativas com
crianças normais, apresentando-as a vinhetas ilustradas que
indicavam situações exigindo habilidades ToM e vinhetas que
não exigiam. A pesquisa mostrou que crianças autistas
demonstravam pobreza de compreensão das vinhetas que
exigiam mentalização o que mostrava que seu desempenho era
inferior ao de crianças normais e portadoras de Síndrome de
Down. Atualmente sabe-se que nem todos os autistas apresentam
esse desempenho inferior quando expostos ao mesmo teste, mas
compreende-se que a maioria demonstra atraso nas habilidades
ToM em relação à crianças sem nenhum transtorno. A resposta
para isso pode ser explicado pelo prejuízo no que se diz respeito
ao ToMi, fazendo com que os autistas contem apenas com
capacidades ToMe, as quais exigiriam mais tempo para um
desenvolvimento completo, uma vez que exigem aprendizado
(TONELLI, 2009).

De acordo com Caixeta e Nitrini (2001), a psicologia


cognitiva, a do desenvolvimento e a evolucionista se
interessaram pela Teoria da Mente e abordaram esse conceito
cada qual à sua maneira, aproveitando para entender certos
aspectos até então não entendidos dentro dessas abordagens
psicológicas. A Teoria da Mente passou a designar um ramo da
Psicologia Cognitiva Social que se dedica a estudar a capacidade
humana em compreender, atribuir e interferir em estados mentais
aos outros e a si próprio. A Psicologia Cognitiva Social se
envolve com os estudos da cognição no que se diz respeito à
geração de representações mentais relacionados ao convívio
social, partindo do princípio de que o indivíduo seja capaz de
elaborar um modelo mental do que ocorre com outra pessoa em
determinado momento (TONELLI, 2009).

4.2.2 TEACCH: Enfoque no


Comportamental e na Psicolinguística
O programa TEACCH (Tratamento e Educação para
Autistas e Crianças com déficits relacionados à Comunicação),
tem por base uma abordagem Behaviorista e Psicolinguística.
Busca através da investigação de condutas e tratamento
utilizando estímulos visuais compensar os déficits ocasionados
pela síndrome, interagindo pensamento e linguagem, dotando-o
de uma característica funcional e prática (KWEE et al., 2009).
Baseia-se nas características de aprendizado do paciente e
promove sua independência, sendo responsável pelo suporte
flexível e específico no indivíduo que apresenta Transtorno do
Espectro do Autismo e sua respectiva família. (University of
North Carolina, 2013). Conforme afirma Moreira (2005, Apud,
Leon e Lewis (1997), o que sustenta o programa TEACCH são
os seguintes aspectos: espaços físicos bem definidos com sua
função de uso; utilização de comunicação visual, seja com
murais ou cartões informativos.

Foi observado por Moreira (2005) que na utilização do


método TEACCH, em análise de três crianças, há um aumento
no desenvolvimento apresentado no decorrer do ano, sendo
preservado o conhecimento adquirido. O método auxilia a
criança lidar com tolerância às situações que geram confusões,
alterando assim certas tendências comportamentais. Tratar cada
individualmente, pois apesar de apresentarem um mesmo
diagnóstico, o tratamento deve ser direcionado à subjetividade de
cada criança.

4.2.3 Análise do
Comportamento Aplicada (Applied
Behavior Analysis: ABA)
O método ABA (Applied Behavioral Analisys), seguindo
princípios da Análise do Comportamento, é aplicado em âmbito
educacional, proporcionando uma atenção especial a esses
pacientes. Sua aplicação consiste logo com a criança pequena,
que não elimina seu uso em jovens e adultos. Sua terapêutica é
individual e requer envolvimento tanto dos pais como em
ambiente escolar. Têm como característica não ser punitiva,
gerando sempre ações que positivem o esforço e objetivos
alcançados pelos pacientes, contemplando assim atividades
sociais, educacionais, de linguagem, cuidados pessoais, motoras
e suas brincadeiras (LEAR, 2004).

A técnica de premiação e estímulo quanto aos resultados


alcançados, é sustentado pelo método Ensino de Tentativas
Discretas (Discrete Trial Teaching: DTT). O método DTT
consiste em apresentar as atividades de aprendizado aplicadas
pelo professor, em pequenas abordagens seguidas de várias
tentativas, mesmo que o profissional auxilie no processo,
fazendo assim um reforço positivo, bonificando a criança com o
sucesso alcançado com o que foi proposto (LEAR, 2004).

Ivar Loobas é um psicólogo que utilizou os princípios das


técnicas de ABA e DTT em conjunto, publicando em 1987 os
resultados encontrados. Quantitativamente, em um grupo de 19
crianças, 47% que foram contempladas com o tratamento
alcançaram níveis normais de capacidade funcional tanto
educacionalmente como intelectualmente, apresentando QI
dentro da normalidade e desempenho escolar na primeira série
em nível padrão em escolas públicas. Outros 40% apresentaram
leve retardo e necessitaram de frequentar classes especiais para
aprendizado de linguagem. Os participantes remanescentes do
tratamento apresentaram retardo severo. De maneira
comparativa, em um grupo de 40 crianças não sujeitas à
terapeutica, somente 2% atingiram níveis normais de capacidade
intelectual e educacional. Outras 45% apresentaram retardo leve
e 53% apresentaram retardo severo (LEAR, 2004).

5. Considerações Finais

Percebe-se a grande importância no conhecimento do


Transtorno do Espectro do Autismo, visto que trata-se de uma
condição muito falada atualmente. Os profissionais da saúde se
empenham a fim de trazer a esses indivíduos formas de
tratamento que se adequem às suas especificidades emocionais e
físicas, a fim de inseri-los em sociedade.

Discutiu-se ao decorrer desse trabalho, sobre o que levou a


caracterizar o Autismo ao que ele é hoje, sua formação histórica,
biológica e genética e o papel do profissional da Psicologia
atribuindo certas técnicas terapêuticas no processo. A presença
do psicólogo se faz necessária para atentar-se aos aspectos
psíquicos do indivíduo, já que sentem dificuldade em
expressarem e entenderem sobre seus próprios sentimentos e
atribuí-los também aos outros. Não só por isso, mas para bem se
ajustarem e se incluírem no âmbito familiar e social, trazendo a
família para trabalhar ativamente na manutenção do tratamento.

A proposta psicanalítica se encontra bem fundamentada, no


que se diz respeito à teoria abordada quanto ao surgimento desse
transtorno com o indivíduo e pode ser facilmente encontrada
enquanto se realiza quaisquer pesquisas relacionadas ao
Autismo. Das abordagens psicológicas, essa é a que mais se
destaca em âmbito teórico. Verificou-se uma variedade maior de
artigos científicos tratando da abordagem psicanalítica, tendo em
suas observações, a citada conexão entre causa e problema.

Embora a pesquisa bibliográfica possa aparentar ser mais


rápida e elaborada numa linha de raciocínio psicanalítico, devido
ao grande número de artigos científicos que concerne à respeito,
e que aqui tenha sido apresentada alguns pontos gerais no que
concerne à psicologia num âmbito maior, o trabalho se embasa
levemente em uma abordagem comportamental, a partir do
momento em que se encontram mencionados programas,
métodos, atividades e dinâmicas que fazem parte da teoria
Behaviorista.

Entretanto, a pesquisa nesse sentido foi contemplada com


uma base teórica restrita para tal, e para que a busca dos métodos
utilizados fossem eficazes, foi-se necessário recorrer ao conteúdo
disposto por instituições que estudam e tratam o autismo e
basear-se nos fundamentos e técnicas apresentadas por elas,
enquadrando o psicólogo numa posição de expositor desses
meios e fazendo uso de atividades que requerem certas
habilidades e cuidados para que todo o processo seja eficaz.

Pode ser percebido os inúmeros programas e métodos que


existem para lidarem com o Transtorno do Espectro do Autismo.
As técnicas ABA e TEACCH, cada qual com suas
características, mas podendo trabalhar em conjunto; são
amplamente utilizadas e respaldadas não somente pelos
profissionais que as desenvolveram, mas também pelas
instituições que fazem delas instrumentos de capacitação e
socialização autista.

Inferiu-se a grande importância da utilização desses


métodos e como a abordagem comportamental se insere em um
tratamento como esse. A ideia central deve distanciar-se do
discurso de que o indivíduo autista deve permanecer patológico.
Os autistas são pessoas com necessidades especiais tanto no
domínio escolar, como social e familiar, com isso, é necessária
devida atenção específica e exaustiva para que possam
permanecer em sociedade de forma mais feliz e aceitado
possível.

Conclui-se assim, que a Psicologia sendo uma área do


conhecimento que abrange diversos cenários do
desenvolvimento humano, é de extrema importância que ela se
faça presente em casos de autismo, utilizando-se dos métodos
necessários e comprovadamente eficazes que proporcionem um
tratamento efetivo. Não só isso, mas também a importância de
políticas públicas que insiram a criança ou o sujeito autista de
forma a não excluí-lo dos meios da educação e da cultura, com a
finalidade de trazê-lo à uma realidade completamente possível a
ele.

Você também pode gostar