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TRANSTORNO ESPECTRO AUTISTA - TEA

Me. Denise Marques Alexandre

GUIA DA
DISCIPLINA
2020
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância

1. HISTÓRICO DO AUTISMO

Objetivo
Desvendar a trajetória histórica do conceito de autismo, podendo assim entender as
mudanças de paradigma em relação as novas formas de compreensão diagnóstica.

Introdução
Atualmente se estima que 70 milhões de pessoas no mundo possuem algum tipo de
autismo. Este transtorno atinge ambos os sexos e todas as etnias, mas tem suas maiores
ocorrências entre o sexo masculino. É de suma importância que seja diagnosticado
precocemente, para que o portador receba tratamento adequado, minimizando assim
prejuízos sociais e de funcionamento cognitivo. Infelizmente a falta de informação ainda é
empecilho para que muitas crianças sejam diagnosticadas e precocemente tratadas.

Perpassando pela literatura é notório perceber que boa parte da população já ouviu
falar sobre autismo, porém a percepção geral é que o autista seja um indivíduo isolado, que
balance o corpo e fixe atentamente para um determinado objeto ou para alguma parte de
seu corpo. Provavelmente essa cena estereotipada ilustra o que muitos abordam de “viver
em um mundo paralelo”. Utilizaremos a imagem retratada nessa descrição para facilitar a
compreensão da etimologia de autismo.

A palavra autismo é proveniente da língua alemã conhecida como “autismus” e foi


utilizada pelo psiquiatra Eugen Bleuler para se referir a um dos critérios adotados em sua
época para a realização de um diagnóstico de paciente esquizofrênico que apresentava o
comportamento de “retirar-se em seu próprio mundo”. O prefixo “autos” derivado do grego
indica a ação de “voltar-se para si mesmo”.

Estes critérios, os quais ficaram conhecidos como “os quatro ‘A’s de Bleuler, são:
 Alucinações;
 Afeto desorganizado;
 Incongruência;
 Autismo.

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Considerado um transtorno de
neurodesenvolvimento, o autismo geralmente
se manifesta nos primeiros três anos de vida e
não existe cura documentada. Os indivíduos
levemente afetados podem ter uma vida
aparentemente normal e serem apenas
considerados peculiares por apresentarem
Fonte da imagem:
comportamentos pouco ajustados. Já os http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/Image/CabecalhoAutismo.
png
indivíduos afetados severamente podem até
mesmo ser incapazes de cuidar de si mesmo. Uma intervenção precoce e intensiva, se feita
até os cinco anos de idade, pode fazer diferenças significativas no desenvolvimento e na
qualidade de vida da criança e da família.

Para estudar o autismo é importante compreender os diferentes aspectos de cada


traço deste transtorno, bem como compreender as transformações diagnósticas que foram
se configurando ao longo do tempo por diversos estudiosos. Observe no esquema abaixo
algumas descobertas:

EUA, 1943
• Dr. Henry Maudsley • Psicólogo Bruno
descreve crianças com Bettelheim.
atraso do • Dr.Leo Kanner estudou um • "As mães geladeiras":
desenvolvimento da grupo crianças com mães frias, sem
linguagem. `transtorno de sentimentos, que levavam
desenvolvimento` os filhos a um isolamento
• Diagnosticou como mental.
Psicose. • Identificou a característica
: Incapacidade de se
relacionar com as
pessoas.
Chicago,
Inglaterra, 1867 1950-60

Fonte da imagem: Desenvolvido pela autora (2018)

Kanner (1943) ao acompanhar 11 crianças, identificou um menino, o qual descrevia


da seguinte forma: “Perambulava sorrindo, fazendo movimentos estereotipados com os
dedos. Girava com prazer qualquer coisa que pudesse apanhar para fazer rotação. Quando
levado a uma sala, desconsiderava completamente as pessoas e se dirigia para um objeto.
” Hanz Asperger (1944) identificou uma criança com características diferentes, a qual

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descrevia assim: “Aprendeu a falar frases muito cedo e a se expressar como um adulto.
Nunca conseguiu se integrar a um grupo de crianças brincando, falando sem timidez,
mesmo com estranhos. Outro fenômeno estranho foi a ocorrência de movimentos
estereotipados”.

Os relatos acima nos


exemplificam que o autismo apresenta
diferentes características, sendo elas,
leves ou mais severas. Este fato fez
com que o autismo fosse
compreendido através de um
espectro. Desta maneira podemos
distinguir autismo e TEA (transtorno do
espectro autista), por intensidade e
frequência dos mesmos sintomas,
sendo eles, pertencentes as Fonte da imagem:
http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/Image/CabecalhoAutismo.png
mesmas áreas: sociocomunicativa e
comportamental.

No passado, o autismo era compreendido com uma forma de psicose, mas a partir
de 1980 foram surgindo novas tecnologias de estudo, que permitiam uma investigação mais
minuciosa do funcionamento do cérebro. Conhecida como década do cérebro contava com
exames como tomografia ou ressonância magnética que permitiam estudar as doenças por
uma perspectiva mais detalhista e cuidadosa.

Somente em 1980 foi denominado como transtorno autista, pois existia uma
dificuldade na escolha do diagnóstico pelo fato de que as características se sobrepunham.
O Autismo também chegou a ser considerado uma subcategoria do TGD (transtornos
globais do desenvolvimento), que caracterizou melhor as particularidades do autismo, mas
ainda gerava diagnósticos confusos.

No século XXI, se institui espectro autista, também referido por desordens do


espectro autista ou ainda condições do espectro autista. Ele é considerado um espectro de
condições psicológicas caracterizado por anormalidades generalizadas de interação social

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e de comunicação, e por gama de interesses muito restrita e comportamento altamente


repetitivo

O TEA (transtorno do aspecto


autista) é resultado de uma pesquisa,
na qual foi descoberto que o autismo
tem características que apareciam
especificamente nos domínios da
comunicação social e comportamentos.
De acordo com o DSM-V (Manual
Diagnostico e Estatístico dos
Transtornos Mentais) foi definido pela
presença de “Déficits persistentes na
comunicação social e na interação
social em múltiplos contextos,
atualmente ou por história previa”.
Fonte da imagem:
http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/Image/CabecalhoAutism
Dessa forma, os pacientes são o.png

diagnosticados apenas em graus de comprometimento, sendo assim, o diagnostico fica


mais completo e amplia possibilidade de tratamento ajustado para cada caso.

Conclusão
Iniciamos nessa unidade a oportunidade de refletir sobre os principais impactos
históricos que foram essenciais na transformação do conhecimento em relação ao
transtorno do espectro autista. De fato, cada contribuição trouxe a possibilidade de ampliar
autonomia no dia-a-dia das pessoas portadoras desse transtorno, bem como de todos
aqueles que atuam e convivem com esse público.

Como educadores, precisamos estar atentos e seguros em relação as terminologias


utilizadas, por isso compreender a construção histórica do TEA nos fortalece em relação as
particularidades do autismo e de tudo aquilo que envolve sua construção de conhecimento.

Observando o desenvolvimento das pesquisas foi possível perceber o quanto tem


se aprimorado através das contribuições históricas, principalmente quando se trata das
questões diagnósticas. Vimos que se precocemente percebidas podem facilitar muitos

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avanços clínicos, fazendo com que os portadores do transtorno possam ampliar sua
autonomia e reduzir os danos.

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2. COMPREENDENDO O AUTISMO

Objetivo
Revelar como a pessoa autista enxerga o mundo, quais são seus comportamentos
e os critérios de funcionalidade para realizar atividades simples e desenvolver o intelecto.

Introdução
Para compreender o desenvolvimento humano é necessário conhecer que
parâmetros são considerados importantes para cada fase da vida, partindo da gestação até
a fase adulta. Quando falamos do autismo, tais parâmetros se tornam essenciais para
identificar precocemente sintomas que configurariam traços do transtorno ou até os casos
mais severos.

Compreender esse transtorno


pode ser relativamente simples quando
estamos dispostos a montar o quebra-
cabeça. Não é por acaso que fazemos a
analogia entre o autismo e o jogo de
quebra cabeça. Assim, como no quebra-
cabeça se olharmos apenas para cada
Fonte da imagem: ht _30MKdLpL1ZTZrb7_jdRbvw
peça, estaremos focando para um dos
sintomas envolvidos, com isso estaríamos avaliando de maneira parcial, sem compreender
o desenho completo e o que o conjunto da obra representa.

Como vimos o conceito de autismo sofreu uma série de mudanças ao longo do


tempo. Sua denominação, sua definição e seu diagnóstico variaram em busca de uma
elaboração conceitual que acolhesse mais adequadamente os casos. O termo autismo
surgiu pela primeira vez oficialmente na Classificação Internacional de Doenças no CID-9
(1975) e esse conceito foi revisado por KRAMER et. al (1979) na qual o autismo foi
concebido como um transtorno do desenvolvimento com os sinais e sintomas clínicos
semelhantes aos descritos atualmente.

A maioria dos estudos e pesquisas evidenciam que acompanhar os marcos do


desenvolvimento facilitam a identificação de algumas alterações na primeira infância, fato

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importantíssimo quando se fala em autismo, pois quanto antes detectarmos as disfunções,


maiores chances de um diagnóstico precoce.

A identificação de sinais precoces do TEA,


ou sinais de alerta, nos primeiros anos de vida
(até 36 meses) é uma das prioridades na
pesquisa sobre TEA, e envolve principalmente
conhecimentos a respeito do desenvolvimento de
aspectos relacionados à cognição social, que
podem se manifestar de forma sutil ao longo do
desenvolvimento (Ozonoff et al., 2010)
Fonte da imagem: ht _30MKdLpL1ZTZrb7_jdRbvw

Nesse sentido alguns autores argumentam que o TEA se configura mais como um
desvio qualitativo do desenvolvimento do que pelo seu atraso (Bosa, 2009; Kupfer et al.,
2009). São desvios que se referem tanto à manifestação atípica de um determinado
comportamento (e.g. estereotipias) quanto à ausência de habilidades que deveriam estar
presentes (e.g. atenção compartilhada) em cada faixa etária.

Atualmente, o critério do manual médico divide o autismo na funcionalidade, ou seja,


na capacidade de realizar atividades simples e desenvolver o intelecto.
 Baixa funcionalidade: mal interagem. Em geral, vivem repetindo
movimentos e apresentam retardo mental, o que exige tratamento pela vida
toda.
 Média funcionalidade: são os autistas clássicos. Têm dificuldade de se
comunicar, não olham nos olhos dos outros e repetem comportamentos.
 Alta funcionalidade: também chamados de aspies, têm os mesmos
prejuízos, mas em grau leve. Conseguem estudar, trabalhar, formar família.
 Síndrome de savant: cerca de 10% pertencem a essa categoria, marcada
por déficits psicológicos, só que detentores de uma memória extraordinária.

Nessa perspectiva, podemos observar o mundo singular dos indivíduos com


autismo, muitas vezes a dificuldade de interpretar os sinais sociais (habilidade social) e as
intenções dos outros impede que as pessoas com autismo percebam corretamente
algumas situações no ambiente em que vivem.

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A tríade de sintomas do funcionamento autístico norteia os principais aspectos


apresentados pelas pessoas com autismo, por exemplo, no que se refere a socialização,
veremos vários níveis de gravidade partindo desde a pessoa que apresenta dificuldades
sutis, chamada de traços do autismo até as que apresentam problemas mais severos se
isolando num mundo impenetrável.

Para todos aqueles com traços ou diagnóstico de autismo, uma coisa é universal: o
contato social é sempre prejudicado. É possível observar que muitos se isolam em seus
"mundinhos" por serem extremamente sensíveis, sendo assim o contato social lhes parece
algo ameaçador.

No que se refere a linguagem as pessoas com autismo apresentam grandes


dificuldades na capacidade de se comunicar pela linguagem verbal e não verbal e, com
isso, permanecem isoladas e distantes em seus mundinhos particulares. Na maioria das
vezes problemas na evolução da linguagem constituem os primeiros sinais de que o
desenvolvimento de uma criança não está́ conforme o esperado e podem sugerir um
funcionamento autístico.

Para completar a tríade do funcionamento autístico, falaremos das disfunções


comportamentais que independem da nacionalidade, raça ou credo desses indivíduos. Os
comportamentos das pessoas com autismo, assim como a socialização e a linguagem,
possuem um espectro de gravidade e são divididos em duas categorias: comportamentos
motores estereotipados e repetitivos e comportamentos disruptivos cognitivos.

Observe o quadro a seguir com a descrição dos comportamentos:

COMPORTAMENTOS MOTORES COMPORTAMENTOS DISRUPTIVOS


ESTERIOTIPADOS COGNITIVOS
pular, balançar o corpo e/ou as compulsões, rituais e rotinas,
mãos, bater palmas, agitar ou insistência, mesmice e interesses
torcer os dedos e fazer caretas circunscritos

Fonte da imagem: Desenvolvido pela autora (2018)

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Os comportamentos estruturam as condutas apresentadas pelas pessoas com


autismo, muitas vezes o que consideramos inadequado socialmente, para o autista é a
forma que ele interpreta o mundo. É comum, por exemplo, uma criança autista, em vez de
pegar o carrinho e brincar como se estivesse em uma rodovia, ficar apenas girando e
olhando a rodinha do brinquedo.

O fato de compreender o autismo amplia a visão que cada pessoa autista é um


mundo que se desabrocha a nossa frente, apesar das dificuldades na interação social, em
maior ou menor grau, vimos nessa unidade que é possível estabelecer caminhos para
compreender o autismo.

Conclusão
Agora que já descobrimos um pouco mais sobre o autismo é possível associar que
ele funcione como um espectro de cores, que iria do branco até́ o preto, passando por todos
os tons de cinza. E de acordo com as variações da tríade de funcionamento autístico que
engloba as áreas social, de comunicação e de comportamento, cada caso apresentaria
uma tonalidade de cinza que estabeleceria um determinado funcionamento.

Como vimos no decorrer da unidade, nem sempre todas essas dificuldades


aparecem juntas no mesmo caso e muitas vezes, os sintomas do autismo podem se
configurar mais como uma vantagem do que como um problema. Afinal, de acordo com
cada tonalidade de cinza se configura um espectro autista ampliando a diversidade de
casos.

Nessa perspectiva, encerramos a unidade com a pergunta: será que o autismo é um


comportamento diferente ou uma forma de existir distinta? Afirmo que nas próximas
unidades iremos aprender um pouco mais sobre essa maneira distinta de existir.

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3. DEFINIÇÃO E DIAGNÓTICO DO TEA

Objetivo
Compreender a definição do Transtorno Espectro Autista e suas características
diagnósticas.

Introdução
O principal objetivo dessa unidade é apresentar uma revisão acerca do que vem a
ser o transtorno do espectro autista e ressaltar os fatores fundamentais que devem ser
considerados durante o processo diagnóstico.

Como vimos, de acordo com a quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de


Transtornos Mentais (DSM-5), de 2013, os critérios para que um caso de Autismo seja
identificado envolvem alguns diagnósticos que variam conforme a área de menor ou maior
prejuízo para o indivíduo.

O diagnóstico de autismo é estabelecido com base em uma lista de critérios


comportamentais que através da observação, descrição e categorização de sinais e
sintomas, auxiliam na identificação da causa, na previsão de sua possível evolução e no
planejamento terapêutico.

Atualmente, acerca do diagnóstico do TEA, tem-se como referência o DSM-5 que


apresenta uma nova classificação abrangendo as seguintes condições:

Interação Social

Comunicação

Comportamento

Fonte: Baseado na APA - American Psychiatric Association (2014)

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Frequentemente as pessoas com TEA apresentam uma ausência de habilidade na


comunicação e na interação social que se manifestam em três características: déficit na
reciprocidade socioambiental, déficit no comportamento não-verbal para a interação social
e déficit no processo de desenvolver ou manter um relacionamento.

Já os padrões restritos no comportamento são manifestados por, pelo menos, dois


destes itens: fala, movimentos motores ou uso de objetos de maneira repetitiva, adesão
excessiva a rotinas, rituais verbais ou não-verbais ou excessiva relutância a mudanças,
interesses fixos e altamente restritos, hiper ou hipo-reatividade a percepção sensorial de
estímulos ou interesse excessivo para estímulos senso-perceptivos.

De acordo com Belisário Filho (2010) esse transtorno se caracteriza pela presença
de um desenvolvimento acentuadamente prejudicado na interação social e comunicação,
além de um repertório marcantemente restrito de atividades e interesses. Para quem
acompanha o ambiente escolar é possível verificar que as manifestações desse transtorno
variam imensamente e os alunos com TEA apresentam diversas formas de ser e agir, com
respostas diferentes entre si.

Desse modo, profissionais da saúde, educação e áreas afins, que tenham a infância
como especialidade, devem estar cada vez mais preparados para se deparar com casos
de autismo nas suas práticas. Embora já existam grandes avanços em relação à
identificação precoce e ao diagnóstico de autismo, muitas crianças, especialmente no
Brasil, ainda continuam por muitos anos sem um diagnóstico ou com diagnósticos
inadequados.

Sendo assim, vale salientar que existem alguns sinais em relação ao


desenvolvimento infantil chamados de risco ou alerta, e para os quais devemos estar
sempre atentos. Caso, você professor, suspeite que seu aluno possa estar dentro da
categoria autista, observe os seguintes comportamentos:
 Redução de contato visual;
 Rigidez no comportamento e rotinas.
 Atraso na aquisição de linguagem;
 Não responder ao ser chamado pelo nome;
 Presença de respostas anormais a barulhos e tato;

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 Produção frequente de vocalizações sem uso funcional;


 Interesses específicos muito exagerados, que comprometem as interações
sociais com colegas;
 Prejuízo da crítica em relação a situações de perigo;
 Capacidade de imaginação, fantasia e criatividade reduzidas;
 Entre outros.

Após a observação, caso algum aluno apresente esses sinais de risco ou alerta,
informe o mais breve possível seus pais e/ou responsáveis para um rápido
encaminhamento para os profissionais de saúde. Lembrem que o diagnóstico precoce
reduz a possibilidade de maiores danos no neurodesenvolvimento desse aluno.

Diagnóstico Clínico do TEA

• Classificação do
indivíduo buscando
Área Médica critérios clínicos.
Encaminhamento
para especialistas.

Médico • Se apoiam nos relatos dos


Psiquiatra ou pais/responsáveis e/ou professores
sobre a observação da crianca e seu
Neuropsiquiatra desenvolvimento comportamental.

Avaliação de • Auxílio para


contribuir com o
Psicólogos e desenvolvimento
Psicopedagogos biopsicossocial.

Fonte: Baseado na APA (2014)

Nesse quadro, o diagnóstico do transtorno mostra-se fundamental tanto para as


famílias, quanto para as próprias pessoas com TEA, norteando tratamentos, intervenções,
e contribuindo para que todos conheçam melhor as características próprias do transtorno.
Hoje, constata-se que, embora as características diagnósticas sejam estudadas há mais de
seis décadas, ainda permanecem inúmeras divergências e questões a serem respondidas
nesse campo de investigação (MELLO, 2003).

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Como vimos na unidade anterior, o autismo funciona como um espectro de cores,


que iria do branco até́ o preto, passando por todos os tons de cinza. As variações transitam
pela tríade de deficiências nas áreas social, de comunicação e de comportamento, mas
nem sempre todas essas dificuldades aparecem juntas no mesmo caso. Há pessoas com
comprometimentos sociais, mas sem problemas comportamentais; e há́ casos de
disfunções comportamentais sem atraso de linguagem, porém em todos os casos as
dificuldades na interação social aparecem, em maior ou menor grau.

De maneira geral, o TEA é


diagnosticado apenas após a idade
média de cinco anos. Entretanto, nessa
fase, as crianças com autismo já́
enfrentam graves problemas de
convivência social e linguagem, o
estabelecimento de comportamentos
repetitivos e rotinas não funcionais
(BOURZAC, 2012).
Fonte da imagem: ht _30MKdLpL1ZTZrb7_jdRbvw

Para compreender melhor, o lado mais leve do espectro (a cor branca ou o tom mais
claro de cinza), encontramos pessoas com apenas "traços" de autismo, que não teriam
todos os comprometimentos, mas apenas algumas dificuldades por apresentarem certas
características autísticas.

Na próxima gradação da escala, ainda mais próximo do tom de cinza mais escuro
do espectro estão os indivíduos de alto funcionamento com autismo, sendo caracterizados
como indivíduos que não apresentam déficits cognitivos, ou seja, retardo mental, mas que
tiveram atraso na linguagem.

Na extremidade desse espectro, no tom que mais se aproxima do preto, está o


autismo grave, ou o autismo associado ao retardo mental e a dificuldades de
independência, o que geralmente é chamado de autismo clássico e, muitas vezes, é como
as pessoas imaginam alguém com autismo que apresenta grande dificuldade de interação
social e não faz contato visual.

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Níveis de Gravidade para o TEA

Nível de Gravidade Comportamentos


Comunicação Social
Repetitivos e Restritos
A inflexibilidade do
comportamento interfere
Crianças desse nível diretamente no
costumam ter dificuldade funcionamento de um ou
para iniciarem uma mais contexto. As crianças
interação social com outras também tem dificuldade
Nível 1 (Leve)
pessoas. Além disso, significativa em trocar de
também podem apresentar atividade e problemas de
pouco interesse por essas organização e
interações sociais. planejamento são
obstáculos à sua
independência.
Nesse nível, as crianças
Caracterizado pela
apresentam um grave
inflexibilidade do
déficit nas suas habilidades
comportamento, a criança
sociais, sejam elas verbais
também tem dificuldade em
ou não. Além disso,
Nível 2 (Médio) lidar com mudanças, além
também possuem prejuízos
de apresentarem
sociais mesmo quando
comportamentos
recebem apoio e limitações
restritos/repetitivos
para iniciar algum tipo de
frequentemente.
interação.
Crianças com Autismo de
nível 3 tem déficits graves Quanto aos
na comunicação verbal e comportamentos, as
não verbal. Também tem crianças em nível 3
Nível 3 (Grave)
dificuldade em iniciar uma possuem os mesmos
interação social ou se abrir apresentados pelas
a alguma que parta de crianças em nível 2.
outras pessoas.
Fonte: https://minutosaudavel.com.br/o-que-e-autismo-sintomas-tipos-infantil-leve-e-mais/#tipos-niveis-autismo

Conclusão
Com base no que vimos, é importante lembrar que os sintomas do TEA se
apresentam de forma heterogênea, ou seja, cada criança possui um jeito muito particular
de ser. Eles variam intensamente quanto ao grau de comprometimento, associação ou não
com deficiência intelectual e com presença ou não de fala.

Podemos dizer que essas variações e o momento do diagnóstico influenciam


demasiadamente o desfecho e a definição da resposta aos tratamentos e sua evolução.
Sabemos que os sintomas existem e com eles uma infinidade de desafios, por isso
precisam ser minimizados, sendo assim, independente do nome que o transtorno tenha ou

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sua origem a grande questão e ampliar as possibilidades de melhora do indivíduo autista.

Como já vimos no decorrer da disciplina, as dificuldades que as pessoas com


funcionamento autístico apresentam são inúmeras, e com variados níveis de
comprometimento, partindo desde os traços com sintomas moderados até́ a falta total de
interação social.

PARA RELEMBRAR!

• Transtorno de Desenvolvimento com


anormalidade de comportamento.
Organização • Identificado antes dos 03 anos de
Mundial da Saúde idade.
• Apresenta limites na interação social
(OMS) e comunicaçção, promovendo um
comportamento restrito e repetitivo.

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4. TEA: CONTEXTUALIZAÇÃO, INCLUSÃO E INTERVENÇÃO

Objetivo
Apresentar dados e questões que implicam o transtorno espectro autista.

Introdução
Compreender o fenômeno do Autismo vem sendo um grande desafio para ciência e
principalmente para os profissionais da área da saúde e da educação que lidam diretamente
com esta demanda tão diversa, pois as manifestações desse transtorno imensamente
dependendo do nível de desenvolvimento e idade.

Segundo OMS, temos em média 70 milhões de pessoas acometidas pelo transtorno


do espectro autista em todo mundo, e cerca de 2 milhões no Brasil. De acordo com
OPAS/OMS, o Brasil em 2017 apontou que uma em cada 160 crianças apresentam o
transtorno do espectro autista. Sabemos que esse tipo de transtorno tem seu início na
infância persistindo na adolescência e na idade adulta. Observe o quadro abaixo que
aponta a prevalência de autismo em 2018:

Fonte:https://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8
&ved=2ahUKEwjH7LO_5_TdAhVEjJAKHVIhDHcQjRx6BAgBEAU&url=http%3A%2F%2Ftismoo.us
%2Fdestaques%2Fcdc-divulga-novos-numeros-utismo-nos-eua-1-para-
59%2F&psig=AOvVaw2KDv5sCN0zOpLqWMHqf-3v&ust=1539018131961186

Para tanto, a intervenção em pessoas com TEA precisa ser acompanhada por ações
mais amplas, tornando ambientes físicos, sociais e comportamentos mais acessíveis,
inclusivos e de apoio. Porém, a realidade é outra, conforme aponta o psiquiatra Estevão
Vadasz, coordenador do Projeto Autismo do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas

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de São Paulo: “A situação dessas pessoas pode ser considerada alarmante. Há cerca de 2
milhões de autistas no país. Desses, 95% estão completamente desassistidos, nem
diagnóstico têm”. (REVISTA SAÚDE, 2015). Ele ressalta ainda, sobre a lei que garante a
eles os mesmos direitos de outros indivíduos com alguma deficiência, mas que ainda não
se concretizou efetivamente.

A lei 12.764 que instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com
TEA, considera as pessoas autistas como pessoas com deficiência dando-lhes assim, os
mesmos direitos nas políticas de inclusão e principalmente no que tange à saúde e
educação. Esta legislação teve muita importância por propiciar para as pessoas com
autismo os mesmos benefícios das leis para as pessoas com deficiência:

1o para os efeitos desta Lei, é considerada pessoa com transtorno do espectro


autista aquela portadora de síndrome clínica caracterizada na forma dos seguintes
incisos I ou II:
I - Deficiência persistente e clinicamente significativa da comunicação e da interação
sociais, manifestada por deficiência marcada de comunicação verbal e não verbal
usada para interação social; ausência de reciprocidade social; falência em
desenvolver e manter relações apropriadas ao seu nível de desenvolvimento;
II - Padrões restritivos e repetitivos de comportamentos, interesses e atividades,
manifestados por comportamentos motores ou verbais estereotipados ou por
comportamentos sensoriais incomuns; excessiva aderência a rotinas e padrões de
comportamento ritualizados; interesses restritos e fixos.
§ 2o A pessoa com transtorno do espectro autista é considerada pessoa com
deficiência, para todos os efeitos legais. (Lei 12.764 - BRASIL, 2012).

No que se refere à Educação, o autista tem direito de estudar em escolas regulares,


tanto na Educação Básica quanto no Ensino Profissionalizante, e, se preciso, pode solicitar
um acompanhante especializado.

“Parágrafo único. Em casos de comprovada necessidade, a pessoa com transtorno


do espectro autista incluída nas classes comuns de ensino regular, nos termos do
inciso IV do art. 2o, terá direito a acompanhante especializado. ” (Lei 12.764 -
BRASIL, 2012).

Neste sentido, deve-se pensar a educação especial como um espaço que favoreça
o desenvolvimento de um trabalho que possibilite aos docentes lidar com as restrições,
limitações e as dificuldades dos alunos com ou sem deficiência. Vimos que a lei em si não
garante a inclusão na prática, e esta não pode ser vista apenas como tarefa do professor,
mas de toda a escola e da rede de ensino.

Transtorno Espectro Autista - TEA 17


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Portanto é necessário ter conhecimento acerca do transtorno, compreender que


aquele aluno processa as informações de maneira diferente, tem resistência a mudanças e
também pode ser mais sensível ao barulho. Neste cenário de Educação Inclusiva a figura
do professor do Atendimento Educacional Especializado, por meio do Trabalho
Colaborativo, se estabelece como um agente participativo no processo de ensino e
aprendizagem destes alunos público alvo da Educação especial

O professor de AEE (Atendimento Educacional Especializado) tem competência para


auxiliar na elaboração das estratégias e planejamento na escola, de recursos e na
organização da rotina de acordo com as necessidades visualizadas para os alunos com
transtorno.

Segundo Pinheiro (2017) o Atendimento Educacional Especializado segue a Política


Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva de 2008, designado
ao atendimento de crianças com necessidades especiais, com deficiência, transtorno de
desenvolvimento ou altas habilidades oferecendo espaços e salas de recurso
multifuncionais. Este serviço identifica, organiza e elabora recursos pedagógicos e de
acessibilidade no intuito de eliminar barreiras que possam impedir a plena participação dos
alunos, considerando suas necessidades específicas.

A partir da Lei 12.764 e da luta de movimentos científicos e sociais, entidades e


associações de pais de pessoas com transtornos do espectro do autismo, conquistaram
direitos, no campo da Saúde, visando a construir equidade e integralidade nos cuidados às
pessoas com TEA. O documento é referente às diretrizes de atenção a reabilitação da
pessoa com Transtorno Espectro Autista, tendo como objetivo oferecer orientações às
equipes multiprofissionais dos pontos de atenção da Rede SUS no atendimento a pessoa
com TEA e de sua família nos diferentes pontos de atenção da Rede de Cuidados à Pessoa
com Deficiência. (Brasil, 2014, p.6)

No que se refere às intervenções o tratamento especializado de uma equipe


multidisciplinar (psiquiatras, psicólogos, fonoaudiólogos, psicopedagogos, educadores),
equoterapia, terapia de integração sensorial e educação física trabalhando de forma
integrada bem como o engajamento familiar.

Transtorno Espectro Autista - TEA 18


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TRATAMENTOS

Equoterapia
Equoterapia, como relata Freire e
Potsch (2005), destacam que as terapias
usando cavalo podem ser consideradas
como um conjunto de técnicas
reeducativas que agem para superar
danos sensoriais, motores e
comportamentais, através de uma
Fonte da imagem:
atividade lúdico-desportiva, que tem como http://enfrentandooautismo.blogspot.com/2012/09/equoterapia-
pode-estimular-fala-e.html
meio o cavalo.

Fonoaudiologia
Na fase de 0 a 2 anos, o
acompanhamento da criança com um
fonoaudiólogo é essencial, pois isso irá
ajudá-la a desenvolver a linguagem não-
verbal. A estimulação pode ser feita através
de jogos e brincadeiras, contação de
histórias e conversas
Fonte da imagem: https://medium.com/tismoo-biotecnologia/a-sutil-
diferen%C3%A7a-entre-o-autismo-e-a-apraxia-de-fala-8a9a48927430

Conclusão
Ao contextualizar questões pertinentes ao Transtorno Espectro Autista, referente à
incidência de pessoas com algum traço autista apresentando dados da OMS, bem como a
lei que regulamenta TEA como deficiência garantindo direitos educacionais e diretrizes de
atenção na rede de saúde, é necessário para compreender o universo que este transtorno
está inserido e suas peculiaridades. Vimos que garantir a inclusão da pessoa com TEA no
âmbito educacional é uma responsabilidade de todos os atores educacionais e como
aprofundar o conhecimento pode propiciar estratégias de intervenção e desenvolvimento
de habilidades permitindo a integralidade da pessoa humana.

Transtorno Espectro Autista - TEA 19


Universidade Santa Cecília - Educação a Distância

Dica de Filme: Sinopse – Jovem autista luta para ter


uma vida normal. Incentivada pelo professor, ela
chega à universidade e usa sua sensibilidade e
habilidade com os animais para criar uma técnica que
revoluciona a indústria agropecuária dos Estados
Unidos.

Transtorno Espectro Autista - TEA 20


Universidade Santa Cecília - Educação a Distância

5. INTERVENÇÕES: LINGUAGEM E COMPORTAMENTAL

Objetivo
Conhecer as intervenções mais indicadas para o tratamento de pessoas com TEA.

Introdução
A intervenção da pessoa com TEA conforme vimos anteriormente é fundamentada
no atendimento especializado multiprofissional abordando as condições heterogêneas e
complexas de cada criança. Deste modo a abordagem terapêutica é composta de várias
estratégias psicoeducacionais, psicológicas, fonoaudiólogas e sensoriais para que a
criança se desenvolva na sua integralidade.

Segundo Silva (2012) o tratamento psicológico consiste no desenvolvimento de


comportamentos funcionais e redução dos comportamentos inadequados e são utilizados
técnicas e métodos fundamentados em princípios comportamentais.

Os modelos mais adotados em pacientes com TEA são o TEACCH (Treatment and
Education of Autistic and related Communication handicapped CHildren), o ABA, e o PECS
(Picture Exchange Communication System) porém com pouca bibliografia no Brasil.

TEACCH - (Treatment and Education of Autistic and


related Communication handicapped Children)
O método TEACCH foi criado nos anos 60 no
Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da
Universidade da Carolina do Norte, EUA. Foi idealizado pelo
Dr. Eric Shoppler e atualmente tem como responsável o Dr,
Gary Meisbov. (Mello, 2007, p. 34). Envolve esferas de
atendimento educacional e clínico e combina diversos
materiais concretos e visuais que ajuda a criança estruturar
seu ambiente e sua rotina.

Para Mello (2007) o método consiste na avaliação do perfil da criança frente seus
pontos fortes e suas dificuldades. Baseia-se na organização do ambiente físico através de
rotinas – organizações de quadros, painéis ou agendas, sistemas de trabalho, de forma a

Transtorno Espectro Autista - TEA 21


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adaptar o ambiente para tornar mais fácil para a criança compreende-lo, assim como
compreender o que se espera dela. (Mello, 2007, p. 35)

Tem como premissa o desenvolvimento da independência mesmo necessitando do


professor para aprendizagem, uma vez que a criança consegue uma estrutura externa, pela
organização de espaço, materiais e atividades, permitindo criar mentalmente estruturas
internas, transformando-as em estratégias, para que possam crescer e se desenvolver de
forma que consigam o máximo de autonomia na idade adulta. (Silva, 2012, p. 153).

Atividade Corte Recorte Educativo TEACCH

ABA – Análise aplicada do Comportamento (Applied Behavior Analysis)


Ivar Lovaas foi o pioneiro na utilização da intervenção ABA nessa população e
atualmente, é uma das abordagens mais indicadas, uma vez da comprovação de sua
eficácia. Tem seus princípios na teoria comportamental e visa observar, analisar e explicar
a relação entre o ambiente, o comportamento humano e a aprendizagem.

Pereira apud Lima (2015) aponta que todo comportamento é aprendido, desde modo
é possível ensinar a criança a exibir comportamentos mais adequados no lugar de
comportamentos – problema. Envolve o ensino intensivo e individualizado das habilidades
incluindo comportamentos sociais, tais como contato visual e comunicação funcional;
comportamentos acadêmicos, como pré-requisitos para leitura, escrita e matemática; além
de atividades da vida diária como higiene pessoal, questões necessárias para que o
indivíduo possa adquirir independência e a melhor qualidade de vida possível. Tem como
base os princípios da Análise do comportamento para aumentar o repertório de
comportamentos funcionais (ex.: reforço positivo, esquemas de reforçamento, imitação,

Transtorno Espectro Autista - TEA 22


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modelagem) e diminuir comportamentos pouco adaptativos (extinção, reforçamento


diferencial). É indicado em todos os contextos que a criança vive como família e escola.

Sistema de Comunicação por da troca de figuras


(PECS).
Para Mello (2007) PECS é um sistema que auxilia
crianças e adultos no desenvolvimento da habilidade de
comunicação. O método faz uso de figuras o que facilita a
comunicação e a compreensão, por estabelecer uma
associação entre a atividade e o símbolo.
Fonte:
https://comunicacaoaa.wordpress.com/pecs
-sistema-de-comunicacao-por-troca-de-
imagens/

Quando uma criança com autismo precisa algo, ela


entrega uma figura que representa o seu desejo. Ex.: ir ao
banheiro, comer, ajuda etc.

Fonte:
http://www.universoautista.com.br/auti
smo/modules/works/item.php?id=14

Transtorno Espectro Autista - TEA 23


Universidade Santa Cecília - Educação a Distância

Integração Sensorial
Para Mello (2007), a teoria da integração
sensorial visa integrar as informações que chegam ao
corpo da criança por meio de brincadeiras, sensações
táteis etc.

A técnica propõe que a integração sensorial atue


no cérebro de forma que este organize a sensação do
nosso corpo e do ambiente para que seja possível usar
o corpo de forma eficaz no ambiente. (Pereira apud
Fonte:
Mailloux, 2015, p. 12). http://descobreaterapiadafala.blogspot.com/
2013/11/carateristicas-sensoriais-no-
autismo.htm

Intervenção Fonoaudióloga
Algumas pesquisas reportam a linguagem oral como a habilidade mais comumente
afetada, ocorrendo perda de palavras em cerca de 20% dos indivíduos com TEA (Backes et
al., 2013; Lord et al., 2004).

O atraso de aquisição de fala e/ou a regressão da mesma em idades até os 3 anos


de vida são sinais frequentes na suspeita do desenvolvimento do autismo e um dos eventos
mais restritivos que geram mais comprometimento na vida da criança com TEA.

A intervenção fonoaudiólogicas tem importância uma vez que a linguagem é o


suporte para o contato social e vias de comunicação com o mundo, assim como permite
construir códigos essenciais para a aprendizagem. Tem como objetivo aumentar a
comunicação verbal e melhorar o desempenho cognitivo.

Equoterapia
Equoterapia é outra sugestão de intervenção conforme aponta Pereira por ser um
método que:

Emprega o cavalo como agente promotor de ganhos a nível físico e


psíquico. Esta atividade exige a participação do corpo inteiro, contribuindo, assim,
para o desenvolvimento da força muscular, relaxamento, conscientização do próprio
corpo e aperfeiçoamento da coordenação motora e do equilíbrio, constituindo-se um
tratamento complementar de apoio à reabilitação neurossensoriomotora, para
crianças com dificuldades ou deficiências físicas, mentais e/ou psicológicas, que
utiliza o cavalo como instrumento de trabalho em uma abordagem, multi e
interdisciplinar. (Pereira, 2015, p. 13).

Transtorno Espectro Autista - TEA 24


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Segundo Grubts (2003), o desenvolvimento


emocional do praticante é favorecido devido à
interação harmônica com o animal (cavalo),
proporcionando a reabilitação no sentido de
segurança, e uma adaptação emocional de modo
geral.
Fonte: https://ludovica.opopular.com.br/blogs/viva-a-
diferen%C3%A7a/viva-a-diferen%C3%A7a-1.925289/o-
impacto-positivo-da-equoterapia-no-tratamento-de-
Conclusão pessoas-com-defici%C3%AAncia-1.1328301

Como podemos perceber a intervenção terapêutica é fundamental no


desenvolvimento da pessoa com TEA possibilitando aprendizagem e adaptações de
comportamentos impróprios. As diversas técnicas utilizadas buscam atuar nas limitações
da comunicação, contato social favorecendo as habilidades sócio cognitiva no processo de
aprendizagem no contexto escolar.

Vimos também que a intervenção precoce pode amenizar e reduzir danos,


principalmente à proteção do funcionamento intelectual e promoção da adaptação. Sendo
assim, consequente melhoria da qualidade de vida, o direcionamento das competências do
indivíduo para sua autonomia e à diminuição da angústia da família.

Transtorno Espectro Autista - TEA 25


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6. APRENDIZAGEM, AUTISMO E TÉCNICAS

Objetivo
Introduzir práticas de aprendizagem e estratégias pedagógicas no processo
educacional da pessoa com TEA.

Introdução
Pensar sobre a inserção do aluno com
TEA no ambiente educacional faz com que
família e escola sejam parceiros
imprescindíveis no que tange à educação da
criança. Sabemos que a presença de alguém
com um transtorno neurológico modifica
completamente a vida de todos lhe rodeiam,
principalmente na família e na escola.
Fonte: https://ludovica.opopular.com.br/blogs/viva-a-
diferen%C3%A7a/viva

Partindo desse pressuposto os contextos de família e escola serão determinantes


para o indivíduo com TEA, nesse sentido o fazer pedagógico deve propiciar ligação entre
as relações sociais junto às estratégias de ensino e as peculiaridades dos alunos com TEA.

As práticas utilizadas dependem da organização do profissional para que essas


estratégias alcancem os alunos, desenvolvendo suas habilidades e competências
contemplando o processo de aprendizagem inclusivo.

Barberini (2016) aponta que para execução das práticas pedagógicas, se faz
necessário a busca de aprimoramento dos professores para atender as necessidades dos
alunos com TEA. Além, de alterar as já existentes para favorecer os alunos autistas, precisa
propor atividades para os outros alunos, uma vez que é na relação com outros pares que o
processo de aprendizagem acontece e a inclusão escolar se efetiva. A autora ressalta ainda
que dentro da sala de aula trabalhar questões da realidade é fundamental para explorar o
raciocínio, avaliação e reflexão.

Transtorno Espectro Autista - TEA 26


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Segundo Melo (2016) a sala de aula


precisa ser um espaço inovador e atrativo
para criança autista estabelecer confiança no
grupo em que está inserida, contendo objetos
que lhe chamem atenção e desperte interesse
no contexto escolar. (Melo, 2016, p. 17). As
estratégias e recursos direcionados aos
processos de ensino de crianças autistas na
sala de aula devem enfatizar a utilização de
Fonte: https://ludovica.opopular.com.br/blogs/viva-a-
recursos visuais, uma vez que tendem diferen%C3%A7a/viva

aprender pelo visual.

De acordo com Cunha (2014) o aluno aprende ao passar pelos estágios em que ele
depende do incentivo e da presença do professor (Diretivo); quando o aluno já possui um
conhecimento prévio e tem iniciativa para realizar atividades (Autonomia); quando este
aprendizado propõe uma experiência transformadora criando uma forma nova de executar
ou manusear materiais (Criativo); e por fim quando consegue socializar o saber adquirido
(Colaborativo).

Ainda de acordo com Cunha (2013), para o professor é fundamental trazer o olhar
do aluno para as atividades que ele está fazendo, enriquecer a comunicação, trabalhar a
função simbólica por meio de livros, contação de histórias, música, artes e outros canais
sensoriais privilegiando os vínculos afetivos. É necessário que aluno possa encontrar
significado nas atividades pedagógicas de forma concreta para estabelecer sentido ao que
está aprendendo.

Transtorno Espectro Autista - TEA 27


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Ex.: Contar 1, 2, 3, 4 pode não fazer sentido, porém pedir para o aluno contar * * * *
(estrela) possa estar relacionado ao seu mundo afetivo.

O material estruturado é uma ferramenta que possibilita o aprendizado por ser um


material adaptado ao currículo escolar. Ao invés de colocar tudo no papel, o professor vai
elaborar de forma concreta para que a criança autista possa visualizar o que vai aprender.
Assim, o professor vai ensinar de forma prática, de forma que o aluno interaja com aquele
aprendizado.

Cunha (2013) ressalta outras ferramentas que podem ser exploradas no processo
de aprendizagem: material sensorial; para firmeza e controle do traço; que visa o
desenvolvimento matemático como encaixes geométricos, jogos e atividades que utilizem
novas tecnologias digitais; que visa o desenvolvimento motor, coordenação motora;
atividades da vida prática; que visa o desenvolvimento da linguagem como jogos coletivos,
livros, pareamento concreto com simbólico; jogos que estimule o raciocínio lógico.

Material Sensorial para o desenvolvimento sensorial

http://www.criandocomapego.com/painel-sensorial-no-estilo-
montessori-para-bebes-e-criancas/

Transtorno Espectro Autista - TEA 28


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Material Dourado para desenvolvimento motor e matemático

http://www.edupp.com.br/2015/05/aplicacao-do-material-
dourado-montessoriano-em-sala-de-aula/

Conclusão
O processo de aprendizagem da pessoa com TEA requer questões que envolva
a inclusão na sua integralidade, bem como estratégias pedagógicas que facilite a
interação social, comportamental e cognitiva. Como podemos observar o aprimoramento
do professor é fundamental para que se desenvolva um trabalho específico e estruturado
de acordo com o currículo, mas a escola como um todo deve estabelecer espaço para
este desenvolvimento

É preciso considerar que a escola, para ser inclusiva, precisa ser um lugar
acolhedor, onde não haja preconceito, e deve ser um espaço que promova o
desenvolvimento das habilidades da criança com o transtorno. Como vimos, os
profissionais devem ser qualificados, conhecedores do espectro autista e a família
devidamente orientada.

Transtorno Espectro Autista - TEA 29


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7. INTERVENÇÕES EDUCACIONAIS E COMPORTAMENTAIS NO


AMBIENTE ESCOLAR

Objetivo
Compreender a importância das intervenções educacionais e comportamentais e os
benefícios do atendimento educacional especializado (AEE).

Introdução
O trabalho com crianças que apresentam TEA exige uma mudança significativa e
diária no contexto escolar. Para que essa transformação aconteça é necessário identificar
as peculiaridades que cada aluno apresenta através de avaliações que mensurem as
competências.

O momento da avaliação é muito importante para o sucesso da intervenção. Deve-


se iniciar uma avaliação detalhada para identificar o nível de desenvolvimento, assim como,
o padrão de dificuldades e limitações do aluno. Toda essa análise permite também ter a
ideia de identificar fatores ambientais que muitas vezes afetam o comportamento da criança
com TEA.

Para implementar as intervenções para o tratamento e acompanhamento das


crianças com TEA é necessário que todos os profissionais envolvidos utilizem avaliações
que possibilitem a escolha das melhores ferramentas para desenvolverem um trabalho
ajustado as peculiaridades de cada aluno.

De acordo com Ferreira (2011) a


avaliação da criança autista é realizada,
principalmente, no nível comportamental, pois
na atualidade ainda não existem marcadores
físicos específicos para este transtorno. Muitas
vezes o diagnóstico vai se fundamentar na
forma como a criança se comporta, ou seja, na
demonstração de comportamentos específicos
do TEA.

Transtorno Espectro Autista - TEA 30


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Como vimos, quanto mais cedo o diagnóstico se efetuar, mais precocemente se


poderá́ intervir, com a possibilidade desta intervenção ter um impacto importante no
desenvolvimento da criança e na sua família (Siegel, 2008). Porém, para iniciar a
intervenção é necessário compreender a diferença entre modificação de currículo e
adaptação curricular. Veja a seguir as diferenças:

Modificação: implica em alterar o conteúdo ensinado


com base nas necessidades e limitações do aluno,
podendo mudar a estrutura de avaliação.

Adaptação: mantém a integridade do conteúdo


repassado e a forma padrão de avaliação.

Segundo Coscia (2010) o professor, ao iniciar o processo de ensino aprendizagem


com uma criança com autismo, terá́ a sensação que ela se recusa a interagir e a aprender
qualquer coisa proposta por ele. Este deverá proporcionar um ambiente adequado, com
intervenções necessárias para que ocorra a comunicação.

Dessa forma, também se torna necessário compreender que pessoas com


Transtorno do Espectro Autista (TEA), muitas vezes, não aprendem de acordo com um
desenvolvimento típico, na maioria das vezes elas precisam de intervenções específicas ou
mediação para o aprendizado.

Os alunos com TEA, em muitos


casos, irão precisar ter alguma alteração
acadêmica, uma vez que problemas como
déficits motores (por exemplo, segurar um
lápis para escrever) e motivação
(realização de determinadas atividades,
participação em algumas aulas) podem
exigir modificações.

Transtorno Espectro Autista - TEA 31


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Belisário Filho e Cunha (2010) observam que esses educandos em muito se


beneficiam com as atividades realizadas pelo Atendimento Educacional Especializado
(AEE), haja visto que se trata de um serviço que contribui para o acesso e a participação
de todos no ambiente escolar (BRASIL, 2011), embora este não deva ser o único serviço
ofertado para esse público.

O plano do AEE deve contemplar:

[...] identificação das habilidades e necessidades educacionais especificas; a


definição e a organização das estratégias, serviços e recursos pedagógicos e de
acessibilidade; o tipo de atendimento conforme as necessidades de cada estudante;
o cronograma do atendimento e a carga horaria, individual ou em pequenos grupos
(BRASIL, 2013, n.p.).

Considerando o exposto, Cintra, Jesuíno e Proença (2010) esclarecem que o AEE


não deve ser confundido com reforço escolar ou mera repetição dos conteúdos curriculares
desenvolvidos na sala de aula. Seu objetivo é constituir um conjunto de procedimentos
específicos que auxiliem no processo de ensino e aprendizagem.

Conclusão
Como vimos, a inclusão está diretamente relacionada com o processo de ensino-
aprendizagem, não basta só́ incluir, a escola deve ofertar um ensino de qualidade e para
isso o professor deve desenvolver metodologias diversificadas e flexíveis para esse público
tão diverso que é o TEA.

É preciso considerar que se torna imprescindível desenvolver avaliações que


oportunizem maior inclusão nos ambientes educacionais. Assim sendo, o programa
educacional para um indivíduo com autismo deve ser baseado nas necessidades únicas
daquela pessoa, para ajudar a determinar que tipo de ambiente de aprendizagem será
melhor para ela.

Para alguns profissionais da educação, a inclusão é vista de forma negativa, por


vezes eles não se sentem preparados para lidar com as necessidades individuais que a
criança com autismo apresenta, por isso a importância de sempre reforçar a importância da
formação do professor para uma melhor prática docente.

Transtorno Espectro Autista - TEA 32


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8. ADEQUAÇÃO E ADAPTAÇÃO CURRICULAR NO AUTISMO

Objetivo
Visualizar propostas que apresentem adequação e adaptação curricular para os
alunos com TEA.

Introdução
Em uma escola inclusiva, o aluno é o foco central de toda ação educacional.
Sabemos que a educação deve oferecer as condições necessárias e suficientes para o
acesso, a permanência e o êxito acadêmico de todos os alunos, sem distinção, nas
múltiplas dimensões (domínio de conhecimentos, socialização, dentre outras competências
humanas) que o envolvem (ECHEITA, 2010).

Compreendemos que a escola inclusiva é aquela que conhece cada aluno, respeita
suas potencialidades e necessidades, com qualidade pedagógica. Para que isso realmente
aconteça, vamos lembrar do documento importante chamado PEI (Programa de Ensino
Individualizado).

O PEI é um instrumento que operacionaliza a adequação do processo de ensino e


de aprendizagem. É dinâmico, revisto e reformulado regularmente, responsabilizando a
escola e os encarregados de educação pela implementação das medidas educativas
adotadas. É um documento desenhado para responder à especificidade das necessidades
de cada aluno.

Como vimos, o PEI é um


instrumento que propõe planejar e
acompanhar o desenvolvimento de
estudantes com dificuldades de
aprendizagem com base nas diretrizes
escolares, o PEI tem como objetivo
orientar o trabalho da escola nas
prioridades a serem ensinadas para seu
aluno que necessita de adaptações curriculares (Taranto, 2015)

Transtorno Espectro Autista - TEA 33


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O professor deve modificar as atividades e materiais para atender às necessidades


dos alunos com TEA, realizando as modificações necessárias para as pessoas com
dificuldades de aprendizagem. As adaptações são necessárias e às vezes podem depender
de peculiaridades de cada paciente, o que dificulta a criação de um protocolo fechado e
restrito à população de TEA.

Como notamos, a família é o primeiro contato para iniciarmos as adaptações, se


necessário já preparar e adaptar a infraestrutura, sala de aula e todos os materiais utilizados
de forma individual. Para aplicar metodologias diferenciadas é importante:

Conversa com a família

Avaliar competências e habilidades


(comunicação, linguagem, escrita)

Elaborar cronograma a partir da avaliação

Avaliar e reavaliar os conteúdos e metas

Em algumas situações, muitos casos,


recebem um Acompanhante Terapêutico (AT) é
uma estratégia que trará muitos benefícios para
o aluno. O AT “é sem dúvida um agente
facilitador deste processo de escolarização,
para mediar o processo de aprendizagem na
instituição” (Gavioli, Ranoya e Abbamonte,
2013)

Além disso, também existem programas para aperfeiçoar o atendimento dos alunos
com TEA e que irão auxiliar aspectos específicos do desenvolvimento. Como vimos na

Transtorno Espectro Autista - TEA 34


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unidade anterior, esse programa é o Sistema de Instrução TEACCH, identificado como


Treatment and Education of Autistic and Related Communication Handicapped Children4
(TEACCH), desenvolvido pelo Dr. Eric Schoppler, nos anos 60 e utilizado em várias partes
do mundo (BOSA, 2007; MELLO, 2007).

De acordo com (BOSA, 2007), esse programa tem como princípio a combinação de
diferentes materiais visuais com foco para o aperfeiçoamento da linguagem, da
aprendizagem e da redução de comportamentos inapropriados do aluno com TEA.

Neste sentido, o TEACCH é um sistema


transdisciplinar com finalidade psicoeducativa,
que individualiza o sujeito, dando a devida
importância as suas dificuldades e limitações,
adaptando o meio físico e facilitando o seu
desenvolvimento com a criação de rotinas e
dicas visuais (fotos e cartões) (KWEE;
SAMPAIO; ATHERINO, 2009)

De acordo com Fonseca e Ciola (2014) são seis os princípios orientadores do


Programa TEACCH, dispostos quadro abaixo:
 Melhoria na capacidade adaptativa;
 Colaboração entre pais e profissionais;
 Avaliação individualizada para a intervenção;
 Ênfase nas habilidades e reforço para capacidade do aluno;
 Terapia Cognitiva-Comportamental;
 Ensino estruturado partindo como fator de organização e previsibilidade.

Conclusão
Todas as experiências aqui relatadas reiteram a importância adaptação curricular e,
consequentemente, do olhar voltado para as necessidades práticas dos alunos com TEA.
Vimos, que todas as ações visam facilitar os processos de ensino aprendizagem para esse
grupo tão peculiar que são os alunos com TEA.

Transtorno Espectro Autista - TEA 35


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O apoio que os materiais adaptados, pautados no programa TEACCH, podem


proporcionar, possibilidades de avanços acadêmicos, sociais e de Comunicação, e como
consequência um suporte para as atividades de vida diária da criança autista.

Por fim, esse tipo de utilização de recursos de comunicação suplementar e


alternativa podem se estender para outras pessoas do convívio com a criança, ampliando
maior oportunidade de desenvolvimento.

Transtorno Espectro Autista - TEA 36


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9. TEA: QUADROS CLÍNICOS E CURIOSIDADES

Objetivo
Conhecer alguns quadros clínicos que fazem referência aos três níveis de gravidade
do TEA e as técnicas que podem ser aplicadas.

Introdução
Atualmente, a Associação Americana de Psiquiatria relaciona o diagnóstico por meio
das características da díade do TEA composta por (a) déficit na interação social e
Comunicação e (b) comportamentos e interesses restritos e repetitivos (APA, 2014).

Para falarmos dos diferentes quadros clínicos é importante relembrar que o


diagnóstico do TEA depende muitos fatores para se estruturar. O primeiro e um dos mais
importantes é conhecer profundamente os TEA identificando seus sinais e sintomas. Para
que isso ocorra é necessário observar o comportamento da criança em todos os ambientes
que ela frequente, incluindo (casa, com os pais, na escola, no parque, etc.)

Muitos profissionais também sugerem que assim que os pais percebam qualquer
alteração na criança, verifiquem fotos, vídeos, gravações realizadas na escola e em
aniversários, pois poderão ter mais clareza em quais comportamentos houveram
alterações. Caso isso aconteça, também é apropriado solicitar relatórios das escolas,
creches e estes responderem com detalhes e com informações significativas. E por fim,
conversar muito com os pais a fim de explicar bem o diagnóstico e a importância de tratá-
lo.

Sabemos que para um


diagnóstico tenha êxito é necessário
que os profissionais tenham muito
conhecimento em relação ao TEA,
também é fundamental que tenha
bastante experiência e entenda
profundamente sobre comportamento
infantil. Além de todos os instrumentos
é necessário estar muito atento a história do paciente desde a sua gestação, questionando
como foi, se fez pré-natal, saúde materna da mãe e muitos outros.

Transtorno Espectro Autista - TEA 37


Universidade Santa Cecília - Educação a Distância

Passada a fase do nascimento, investiga-se o primeiro ano de vida, ou seja, como


era esse bebê em casa: se dormia bem; por quanto tempo foi amamentado; quando sentou,
engatinhou e andou; quando vieram as primeiras palavras. (Silva, 2012)

Para crianças com autismo, sabemos que o diagnóstico precoce é de fundamental


importância. O médico especialista também deve observar se a criança com autismo
apresenta ainda alguma morbidade, isto é, problemas que estão associados ou que
ocorrerem durante o desenvolvimento dessa criança.

Consideramos que a prevalência do transtorno de espectro autista é de


aproximadamente 1% na população geral. O referido Manual DSM-5 (APA, 2014) apresenta
divisão em níveis de gravidade:
 O Nível 1 (Exigindo apoio) é caracterizado por aspectos referentes à déficit na
comunicação social e comportamentos restritos;
 O Nível 2 (exigindo apoio substancial) déficits graves de comunicação verbal
e não verbal;
 O Nível 3 (exigindo apoio muito substancial) é caracterizado por déficits
graves de comunicação verbal e não verbal; interação social mínima.

RELATOS DE CASO
Os relatos de caso foram retirados do livro: SILVA, Ana
Beatriz Barbosa; GAIATO, Mayra Bonifácio; REVELES,
Leandro Thadeu. Mundo Singular: Entenda o autismo. Rio de
Janeiro: Ed. Objetiva Ltda, 2012

Transtorno Espectro Autista - TEA 38


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Primeiro Caso

Paulo Eduardo não desenvolveu a fala. Suas crises de birra reduziram muito
quando começou a trocar figuras para se comunicar. Treinamos com ele os diversos
significados e consequências. Atualmente ele consegue montar algumas frases e até́
fazer pedidos em restaurantes com a troca de figuras. Essa técnica melhorou muito
sua capacidade de se comunicar; não fica tão angustiado quando quer algo e os pais
relatam melhoras inclusive na socialização, já́ que agora se faz entender.
(SILVA, Ana Beatriz Barbosa; GAIATO, Mayra Bonifácio; REVELES, Leandro Thadeu. Mundo Singular: Entenda o
autismo. Rio de Janeiro: Ed. Objetiva Ltda, 2012-pag. 154)

Desfecho Terapêutico e resultados:


 PECS
 Treino de Comportamento Verbal
 Linguagem de Sinais

Segundo Caso

Serginho, de 4 anos, precisava aprender a escovar os dentes. No início, ele


queria apenas morder a escova e chupar a pasta. Nosso primeiro passo foi segurar a
escova de dente junto com ele, colocando nossas mãos sobre a mão dele. Passávamos
a escova por seus dentes apenas uma vez e tirávamos de sua boca, impedindo-o de
mordê-la. Com o tempo, o habito de morder a escova foi diminuindo e hoje ele já́
segura a escova de dente sozinho, precisando apenas de um apoio leve para que
direcionemos os movimentos que devem ser feitos.
(SILVA, Ana Beatriz Barbosa; GAIATO, Mayra Bonifácio; REVELES, Leandro Thadeu. Mundo Singular:
Entenda o autismo. Rio de Janeiro: Ed. Objetiva Ltda, 2012-pag. 153)

Desfecho Terapêutico e resultados:


 ABA
 TEACCH
 PECS
 Tratamento Comportamental

Transtorno Espectro Autista - TEA 39


Universidade Santa Cecília - Educação a Distância

Conclusão
Nossas experiências até aqui retrataram que para superarmos os desafios
encontrados na atuação das pessoas com TEA, precisamos trabalhar em equipe e que
cada um tenha em mente, que deve fazer a sua parte da melhor maneira possível, para
assim potencializar o trabalho do outro.

A cada capítulo vimos a necessidade de criar todo o tipo de parceria, seja com a
família, a escola, e os profissionais de saúde. Vimos, que serão através delas que iremos
desenvolver atividades que promovam mais desenvolvimento e autonomia para nossos
alunos com TEA.

Sabemos que apesar das dificuldades existentes, o processo de inclusão é sim


possível, desde que haja comprometimento e envolvimento por parte de todos, contando
com uma boa formação pedagógica, além do apoio escolar e familiar.

Transtorno Espectro Autista - TEA 40

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