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MINISTÉRIO DA SAÚDE

CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS MUNICIPAIS DE SAÚDE


UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

AÇÃO EDUCATIVA DO ACS NA


PREVENÇÃO E CONTROLE DAS
DOENÇAS E AGRAVOS COM ENFOQUE
NAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS
PROGRAMA SAÚDE COM AGENTE
E-BOOK 24

Brasília – DF
2023 
MINISTÉRIO DA SAÚDE
CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS MUNICIPAIS DE SAÚDE
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

AÇÃO EDUCATIVA DO ACS NA


PREVENÇÃO E CONTROLE DAS
DOENÇAS E AGRAVOS COM ENFOQUE
NAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS
PROGRAMA SAÚDE COM AGENTE
E-BOOK 24

Brasília – DF
2023 
2023 Ministério da Saúde.
Esta obra é disponibilizada nos termos da Licença Creative Commons – Atribuição – Não Comercial –
Compartilhamento pela mesma licença 4.0 Internacional. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra,
desde que citada a fonte.
A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada, na íntegra, na Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde:
bvsms.saude.gov.br

Tiragem: 1ª edição – 2023 – versão eletrônica

Elaboração, distribuição e informações: Coordenação-geral: Designer educacional:


MINISTÉRIO DA SAÚDE Célia Regina Rodrigues Gil – MS Alexandra Gusmão – Conasems
Secretaria de Gestão do Trabalho e da Cristiane Martins Pantaleão – Conasems Juliana Fortunato – Conasems
Educação na Saúde Hishan Mohamad Hamida – Conasems Pollyanna Lucarelli – Conasems
Departamento de Gestão da Educação na Isabela Cardoso de Matos Pinto – MS Priscila Rondas – Conasems
Saúde
Leandro Raizer – UFRGS
Coordenação-Geral de Ações Educacionais
Lívia Milena Barbosa de Deus e Méllo – MS Colaboração:
SRTVN 701, Via W5 Norte, lote D,
Luciana Barcellos Teixeira – UFRGS Fabiana Schneider Pires – UFRGS
Edifício PO 700, 4º andar
Josefa Maria de Jesus – SGTES/MS
CEP: 70719-040 – Brasília/DF
Organização: Katia Wanessa Silva – SGTES/MS
Tel.: (61) 3315-3394
Núcleo Pedagógico do Conasems Marcela Alvarenga de Moraes – Conasems
E-mail: sgtes@saude.gov.br
Márcia Cristina M. Pinheiro – Conasems
Supervisão-geral: Rejane Teles Bastos – SGTES/MS
Secretaria de Atenção Primária à Saúde
Rubensmidt Ramos Riani Roberta Shirley A. de Oliveira – SGTES/MS
Departamento de Saúde da Família
Rosângela Treichel Saenz Surita –
Esplanada dos Ministérios, Bloco G, Conasems
Coordenação técnica e pedagógica:
7º andar Carmen Lúcia Mottin Duro
CEP: 70058-90 – Brasília/DF
Cristina Crespo
Tel.: (61) 3315-9044/9096
Diogo Pilger Assessoria executiva:
E-mail: aps@saude.gov.br
Fabiana Schneider Pires Conexões Consultoria em Saúde LTDA
Valdívia Marçal
Secretaria de Vigilância em Saúde
Coordenação de desenvolvimento gráfico:
SRTVN 701, Via W5 Norte, lote D,
Cristina Perrone – Conasems
Edifício PO 700, 7º andar
Elaboração de texto:
CEP: 70719-040 – Brasília/DF
Maristela Inês Osawa Vasconcelos Diagramação e projeto gráfico:
Tel.: (61) 3315.3874
Aidan Bruno – Conasems
E-mail: svs@saude.gov.br
Revisão técnica: Alexandre Itabayana – Conasems
Alayne Larissa M. Pereira - SAPS/MS Bárbara Napoleão – Conasems
CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS
Andréa Fachel Leal – UFRGS Lucas Mendonça – Conasems
MUNICIPAIS DE SAÚDE – Conasems
Camila Mello dos Santos – UFRGS Ygor Baeta Lourenço – Conasems
Esplanada dos Ministérios, Bloco G, Anexo B,
Sala 144 Carmem Lúcia Mottin Duro – UFRGS
Zona Cívico-Administrativo, Brasília/DF Diogo Pilger – UFRGS Fotografias e ilustrações:
CEP: 70058-900 Jéssica Rodrigues Machado – SAPS/MS Banco de Imagens do Conasems
Tel.:(61) 3022-8900 José Braz Damas Padilha – SVS/MS Freepik
Lanusa T. Gomes Ferreira – SGTES/MS
Núcleo Pedagógico do Conasems Michelle Leite da Silva – SAPS/MS Revisão ortográfica:
Patrícia da Silva Campos – Conasems Camila Miranda Evangelista
Rua Professor Antônio Aleixo, 756
CEP: 30180-150 Belo Horizonte/MG Wendy Payane F. dos Santos – SAPS/MS
Tel: (31) 2534-2640
Normalização:
Luciana Cerqueira Brito – Editora MS/CGDI
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
Valéria Gameleira da Mota – Editora
Av. Paulo Gama, 110 - Bairro Farroupilha -
Porto Alegre - Rio Grande do Sul MS/CGDI
CEP: 90040-060
Tel: (51) 3308-6000

Ficha Catalográfica

Brasil. Ministério da Saúde.


Ação educativa do acs na prevenção e controle das doenças e agravos com enfoque nas doenças transmissíveis [recurso eletrônico] /
Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. – Brasília : Ministério
da Saúde, 2023.
xx p. : il. – (Programa Saúde com Agente; E-book 24)

Modo de acesso: World Wide Web:


ISBN xxx-xx-xxx-xxxx-x

1. Agentes Comunitários de Saúde. 2. Ação Educativa em Saúde 3. Vigilância, prevenção e controle das doenças e agravos transmissíveis.
I. Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde. II. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. III. Título.
CDU 614
Catalogação na fonte – Coordenação-Geral de Documentação e Informação – Editora MS – OS 2023/0xxx
Título para indexação:
ACS educational action in the prevention and control of diseases and injuries with a focus on communicable diseases
OLÁ, AGENTE!

Este é o seu e-book da disciplina Ação Educativa do (a) ACS na prevenção


e controle das doenças e agravos com enfoque nas doenças
transmissíveis.

Este material tem por objetivo apresentar um panorama das principais


doenças e agravos infectocontagiosos prevalentes no Brasil, medidas de
vigilância e controle, destacando como o (a) Agente Comunitário de Saúde
(ACS) pode contribuir para a prevenção e para a identificação precoce de
sinais e sintomas de Doenças Transmissíveis.

Analisaremos a importância da educação em saúde, de modo a valorizar


mais a pessoa do que a doença. Demonstraremos que isso pode ser feito
através da promoção de espaços de diálogo, que permitam a livre
expressão das angústias, medos, dúvidas e divulgação dos direitos dos
cidadãos e cidadãs (como grupos de autocuidado, rodas de conversa,
salas de espera, dentre outras). Destaca-se também a importância dos
movimentos sociais e da participação comunitária no enfrentamento das
doenças transmissíveis e na implementação de estratégias de ampliação
da prevenção, do rastreio, do diagnóstico, do tratamento e do
acompanhamento de grupos sociais vulneráveis.

Estude este material com atenção e consulte-o sempre que necessário!


Acompanhe também a aula interativa, a teleaula e realize as atividades
propostas para assimilar as informações apresentadas.

Bons estudos!
LISTA DE SIGLAS E
ABREVIATURAS
ACE - Agente de Combate às Endemias

ACS - Agente Comunitário de Saúde

AIDS - Síndrome da Imunodeficiência Adquirida

ARV - Intervenções Biomédicas baseadas no uso de Antirretrovirais

CTA- Centros de Testagem e Aconselhamento

DIP - Doença inflamatória pélvica

HIV - Vírus da Imunodeficiência Humana

HPV - Papilomavírus humano

IST – Infecção Sexualmente Transmissível

PEP – Profilaxia Pós-Exposição

PrEP – Profilaxia Pré-Exposição

PVHIV - Pessoas que Vivem com HIV

SAE- Serviço de Assistência Especializada

SG - Síndrome Gripal

SR - Sintomático respiratório

SRAG - Síndrome Respiratória Aguda Grave

SUS - Sistema Único de Saúde

TDO - Tratamento Diretamente Observado

TTP - Tratamento para Todas as Pessoas

UPA - Unidade de Pronto Atendimento


SUMÁRIO

6
VIGILÂNCIA, PREVENÇÃO E
CONTROLE DAS DOENÇAS E
AGRAVOS TRANSMISSÍVEIS

24
AÇÃO EDUCATIVA EM SAÚDE COM
ÊNFASE NAS DOENÇAS
TRANSMISSÍVEIS

29 PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO EM
SAÚDE

38 RETROSPECTIVA

40 REFERÊNCIAS
VIGILÂNCIA,
PREVENÇÃO E
CONTROLE DAS
DOENÇAS E AGRAVOS
TRANSMISSÍVEIS
Vamos relembrar as
definições sobre infecção,
doenças transmissíveis,
doenças contagiosas,
doenças e agravos, e outros
conceitos importantes?

Bia, doença transmissível é o


mesmo que doença
contagiosa?

Tião, já ouvi falar


também em doença
infecciosa. Mas vamos
ver os conceitos?

7
INFECÇÃO

É o processo pelo qual um agente biológico penetra,


desenvolve-se ou multiplica-se no organismo de outro ser
vivo.

DOENÇA INFECCIOSA OU DOENÇA


TRANSMISSÍVEL

É aquela causada por um agente infeccioso específico ou


por seu produto tóxico e ocorre pela transmissão deste
agente ou dos seus produtos de uma pessoa, animal ou
reservatório infectado para um hospedeiro suscetível.
Existem doenças infecciosas contagiosas e não
contagiosas.

DOENÇA CONTAGIOSA
Agente infeccioso é transmitido diretamente de outros
humanos ou animais infectados. Portanto, é aquela com
transmissão direta.

DOENÇA NÃO CONTAGIOSA


Quando a transmissão é indireta. Ocorrendo através de
vetores, partículas aéreas ou outros veículos (objetos
contaminados). Exemplo: tétano acidental e malária.

Nem toda doença infecciosa


é contagiosa, mas toda
doença contagiosa é
infecciosa.

8
E qual a diferença
entre Doença e
Agravo?

Doença: Enfermidade ou estado clínico, independente de


origem ou de fonte, que representa – ou pode representar –
um dano significativo para a pessoa.

Agravo: Qualquer dano à integridade física, mental e social da


pessoa, provocado por doenças ou circunstâncias nocivas
(acidentes, intoxicações por substâncias químicas, abuso de
drogas) ou lesões decorrentes de violências interpessoais
(agressões e maus-tratos e lesão autoprovocada) (Ministério
da Saúde, 2014).

A maioria das doenças transmissíveis está associada à pobreza e ao


subdesenvolvimento, ou seja, às vulnerabilidades sociais, ambientais e
econômicas a que determinadas populações e espaços geográficos
estão sujeitas, como a periferia pobre das cidades e as áreas rurais
(ROUQUAYROL; GURGEL, 2013; BARBOSA; RAMALHO, 2021).

Após entender o conceito de doenças


transmissíveis, vamos relembrar como ocorre a
cadeia de transmissão dessas doenças?
Consulte o material complementar. Clique aqui
ou escaneie o QR Code.

9
Bia, na sua área tem
casos de doenças
transmissíveis?

Tem sim, Tião. Vamos


estudar alguns casos de
doenças transmissíveis
juntos?

– Tião, a ciência e a história nos mostram uma concepção ampliada de


saúde que estabelece que os contextos e as determinações do
adoecimento das pessoas estão nas suas condições de vida.
Considerando as doenças transmissíveis e as políticas de vigilância e
promoção da saúde, como nós, ACS, podemos agir para melhorar as
condições de vida e saúde das pessoas no nosso território?

– Bia, temos um dilema! Vamos estudar, compreender, buscar respostas


e agir naquilo que estiver dentro das nossas possibilidades. Esse curso
técnico de Agente Comunitário de Saúde tem sido uma grande
oportunidade. Temos que fazer o nosso melhor!

Vamos começar compartilhando alguns casos que encontramos no


nosso território?

10
CASO 1 –
VIGILÂNCIA E
CONTROLE DA
TUBERCULOSE

Revisando os ciclos de transmissão de algumas doenças

Tião é ACS da Unidade Básica de Saúde (UBS) Vila da Maré e em seu


território está localizado um bar bastante frequentado pelos homens
que são moradores da área. Ultimamente, todas as tardes, ao passar
em frente ao bar, Tião tem observado que o senhor João, um idoso de
65 anos, operário aposentado de uma fábrica de sapatos, que ele
acompanha, sempre está tossindo. Além disso, o senhor João aparenta
também estar mais magro. Atento à identificação de sintomas
respiratórios na sua área, Tião resolve fazer uma visita ao domicílio do
senhor João. A esposa do idoso o recebe e confirma as percepções de
Tião sobre a perda de peso do senhor João. Ela relata, ainda, que ele
tem feito uso de bebida alcoólica e fumado, e está apresentando tosse
persistente há mais de 1 mês, além de febre no final da tarde e suor
noturno. Tião avisa que vai agendar uma consulta para o senhor João
com a enfermeira da sua área e pede para ele comparecer à UBS. Lá, o
idoso é avaliado pela enfermeira Vanessa, que confirma que o caso é
um Sintomático Respiratório e o orienta a coletar duas amostras de
escarro para realização do exame de Bacilo Álcool-Ácido Resistente
(BAAR). Uma das amostras é colhida na mesma hora e a outra na
manhã seguinte, em jejum. A análise confirma a suspeita do ACS Tião,
de que o senhor João possa estar com tuberculose.

11
E qual a diferença entre Doença e Agravo?

Para agirmos no processo


saúde-doença de uma população é
preciso planejar intervenções que
levem em consideração o modo como
essas doenças acontecem. Que tal
começarmos compreendendo as
cadeias de transmissão?

Bia, vamos relembrar a cadeia de


transmissão da tuberculose e
entender melhor o caso
do senhor João?

12
Figura 1 - Cadeia de Transmissão da Tuberculose

Agente
Bactéria Mycobacterium tuberculosis também
(micro-organismo que pode
chamado de bacilo de Koch.
causar a doença)

Reservatório Seres humanos. Outros possíveis reservatórios


E onde
(local qualoaagente
diferença entresão
infeccioso Doença e Agravo?
gado bovino, primatas e outros mamíferos,
se encontra) e aves.

Porta de saída
(via pela qual os
micro-organismos saem da
Secreções respiratórias.
fonte humana para atingir
uma fonte ambiental ou um
hospedeiro suscetível)

Aérea, por inalação de aerossóis de pessoas


com tuberculose ativa que lançam no ar
partículas com bacilo ao falar, espirrar e,
Via de transmissão (forma em
principalmente, ao tossir. A transmissão da
que o agente infeccioso se
tuberculose existe enquanto o indivíduo estiver
transporta do reservatório ao
eliminando bacilos. Com o início do tratamento,
hospedeiro) e período de
a transmissão tende a diminuir e, em geral,
transmissibilidade
após 15 dias de tratamento chega a níveis
 
insignificantes. Medidas de controle de infecção
devem ser implantadas até que haja a
negativação da baciloscopia. 

Porta de entrada
(via pela qual um agente
Trato respiratório.
infeccioso sai do seu
hospedeiro)

Ser humano.
Grupos de risco: pessoas que convivem com o
doente, principalmente na mesma residência.
Hospedeiro suscetível
População carcerária (presídios), população
(indivíduo ou animal vivo, que
em situação de rua, população indígena,
em circunstâncias naturais
pessoas infectadas pelo HIV e
permite a sobrevivência e o
imunossuprimidos estão mais suscetíveis à
alojamento de um agente
doença. Os determinantes sociais, tais como
infeccioso)
renda, habitação, educação, estilo de vida e
uso abusivo de álcool, tabaco ou outras drogas
também influenciam na vulnerabilidade.

Fonte: Elaborado pelo autor

13
A tuberculose tem cura e seu tratamento é
disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Para o sucesso do tratamento, é importante que o
paciente tome os medicamentos de forma regular
(todos os dias, em doses adequadas) e pelo tempo
previsto (mínimo de 06 meses).

Com aproximadamente 15 dias de tratamento, a transmissão da


bactéria do indivíduo doente para outras pessoas é interrompida,
evitando novos casos da doença. As características do Mycobacterium
tuberculosis exigem alguns fundamentos do tratamento
medicamentoso:
● A associação de medicamentos previne a multiplicação de
germes naturalmente resistentes.
● Um longo período de tratamento é necessário para evitar que a
doença ocorra novamente.
● O uso regular dificulta o surgimento de resistência adquirida.
Os medicamentos adequados em doses corretas e o uso por tempo
suficiente, com supervisão da tomada dos medicamentos são os meios
para evitar a persistência da infecção e o desenvolvimento de
resistência às drogas (resistência antimicrobiana) , assegurando, assim,
a cura do paciente.

Mas Tião, o que


é resistência da
bactéria?

14
Bia, vamos
entender o
conceito!

Como é caracterizada a resistência microbiana?

É caracterizada pela capacidade de microrganismos


(bactérias, fungos, parasitas etc.) resistirem à ação de
medicamentos antimicrobianos. O resultado disso é a
diminuição ou a eliminação da eficácia do medicamento para
curar ou prevenir infecções, ou seja, não se obtém o sucesso
esperado com a terapia antimicrobiana.

Assim, se houver abandono do tratamento da tuberculose, poderá haver


resistência aos medicamentos antituberculostáticos (ou seja, que
combatem a tuberculose) e o paciente terá que usar outros
medicamentos para obter a cura desta doença.

Uma das estratégias principais para que a pessoa com tuberculose


tenha adesão ao tratamento é o Tratamento Diretamente Observado
(TDO). O TDO consiste na observação da tomada do medicamento pela
pessoa com tuberculose por um profissional de saúde, como o (a) ACS,
ou por outros profissionais capacitados. Esse regime de tratamento
deve ser realizado em local e horário acordados com a pessoa e com o
serviço de saúde.

15
Princípios para
realização do
TDO:

● O paciente tem o direito de concordar ou de discordar com a


proposta do tratamento diretamente observado.
● O paciente tem o direito de escolher o local onde deverá ingerir o
medicamento e a pessoa que irá supervisionar esta ingestão.
● O fluxo do TDO deve ser orientado na perspectiva de maior
integração entre os profissionais de saúde e as pessoas que estão
com tuberculose, extensivo àquelas do seu relacionamento.

O abandono do tratamento é um dos principais desafios para o controle


da tuberculose, pois os sintomas podem desaparecer no início do
tratamento, e, por isso, os pacientes podem parar de tomar as
medicações e abandonar o tratamento. Se não ingerir os
medicamentos, o paciente irá contaminar outras pessoas e essa
situação pode causar a resistência da bactéria aos medicamentos, o
que pode trazer complicações e até mesmo a morte.

Daí a importância do (a) ACS monitorar o TDO em todos os casos de


tuberculose, fazendo desta estratégia uma oportunidade para ampliar o
seu vínculo com paciente, indo além da simples tarefa de observar a
deglutição dos medicamentos.

O tratamento da tuberculose sensível dura no mínimo seis meses, por


isso é fundamental que o profissional de saúde acolha a pessoa, desde
o diagnóstico até sua alta. A abordagem humanizada e o
estabelecimento de vínculo entre o (a) profissional de saúde e o (a)
usuário auxiliam, tanto no diagnóstico, como na adesão ao tratamento.

16
Outra forma de prevenção da tuberculose é a vacina BCG, ofertada no
E qual a diferença entre Doença e Agravo?
SUS. A vacina BCG protege a criança das formas mais graves da
doença, como a tuberculose miliar e a tuberculose meníngea. A vacina
está disponível nas salas de vacinação das unidades de saúde e em
algumas maternidades.

Essa vacina deve ser ministrada às crianças ao nascer, ou, no máximo,


até os quatro anos, 11 meses e 29 dias. Então, vamos ficar atentos aos
seguintes sinais e sintomas da tuberculose, para poder identificar
precocemente a doença:

Tosse é o sintoma mais


frequente da tuberculose
pulmonar, geralmente
acompanhada de
expectoração (escarro). Além
da tosse, podem surgir: febre
baixa (geralmente no final da
tarde), suores noturnos,
emagrecimento, fraqueza,
cansaço e dores no corpo. Na
tuberculose extrapulmonar
outros sintomas são comuns,
de acordo com o órgão
acometido.

17
A busca ativa de Sintomático Respiratório (SR) é uma importante
estratégia para o controle da tuberculose, uma vez que possibilita a
detecção precoce das formas pulmonares. No entanto, o diagnóstico é
mais amplo do que a busca ativa e deve considerar vários aspectos.

Mas qual o conceito


de Sintomático
Respiratório (SR)?

Para a população geral, é considerado Sintomático


Respiratório (SR) quem tem tosse por três semanas
ou mais. Este deve ser o critério em serviços de
saúde e também durante a estratégia programática
de busca ativa. A pessoa com esses sintomas deve
ser investigada para tuberculose através de exames
bacteriológicos (BRASIL, 2019).

Recomenda-se investigar principalmente: pessoas privadas de


liberdade, pessoas vivendo em situação de rua, pessoas vivendo com
HIV/Aids, pessoas com necessidades de álcool e outras drogas e,
indígenas.

A busca ativa em domicílio deve ser registrada pelo (a) ACS na Ficha de
Visita Domiciliar (Anexo A) ou no aplicativo e-SUS Território. Os SRs
devem ser registrados em um livro de registro no serviço de saúde
(Anexo B) e encaminhados para exame de escarro. Assim, a busca ativa
dos SRs deve ser uma estratégia priorizada pelo (a) ACS.

18
E qual a diferença entre Doença e Agravo?
E sobre o número de casos novos da
tuberculose no Brasil e como ela se
distribui, você sabe? Eu só sei em relação
a minha área e ao meu município.

No boletim epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde, consta


que os estados brasileiros que registraram o maior número de casos
novos, em 2021, foram Amazonas, Rio de Janeiro e Roraima, seguidos do
Acre, Pernambuco, Pará e Rio Grande do Sul.

Para saber mais sobre a tuberculose e


outras doenças transmissíveis, podemos
consultar os Boletins Epidemiológicos do
Ministério da Saúde. Clique aqui ou
escaneie o QR Code.

Outro material que você pode


consultar é o álbum seriado:
“Tudo o que você precisa saber
sobre tuberculose”. Clique aqui
ou escaneie o QR Code.

ACS, você é um profissional-chave para o


controle efetivo da tuberculose em seu
território!

19
VOCÊ SABE O QUE É
CONTROLE?

É um conjunto de ações, programas ou operações contínuas voltadas


para a redução da incidência e/ou prevalência de um dano à saúde em
níveis tais que deixem de constituir um problema de saúde pública
(BRASIL, 2009).

As medidas de controle de doenças transmissíveis podem ser


agrupadas conforme os elos básicos da cadeia de transmissão: agente,
reservatório, porta de saída, via de transmissão, porta de entrada e
hospedeiro suscetível.

Quais são as principais


atribuições do (a) ACS
para a vigilância e
controle da tuberculose e
para o cuidado das
pessoas?

20
Destacam-se
como atribuições
do (a) ACS:

● Divulgar para a sua comunidade a tuberculose como importante


problema de saúde pública atual.
● Orientar a população quanto à transmissão aérea da
tuberculose e às medidas de prevenção que podem ser
adotadas, tais como: manter o ambiente com boa ventilação e
entrada de luz solar; ao tossir, levar o antebraço ou lenço à boca
ou usar máscara comum; evitar aglomerações.
● Estar atento, em todos os encontros com a comunidade, aos
principais sintomas da tuberculose (tosse, febre, emagrecimento
e sudorese noturna), assim como divulgá-los, e fazer o
encaminhamento dos casos suspeitos para a UBS.
● Para interromper a cadeia de transmissão da doença, é
fundamental a descoberta oportuna dos casos de tuberculose
ativa. Sendo assim, a busca ativa de SRs deve ser uma estratégia
priorizada pelo (a) ACS.

21
● Possibilitar, conforme a rede do município, que a primeira amostra
de escarro seja coletada no momento da suspeita de tuberculose.
E qual a diferença entre Doença e Agravo?
Isso permite a diminuição da transmissão e a consequente queda
no número de casos, uma vez que o principal exame diagnóstico é
o exame do escarro.
● Informar que o tratamento para tuberculose está disponível no
SUS, dura no mínimo seis meses e deve ser feito até o final para
promover a cura.
● Realizar busca ativa dos pacientes em tratamento e dos contatos
que não comparecerem ao serviço de saúde quando agendados.
● Estar atento para os efeitos adversos do tratamento para
tuberculose e, caso seja identificado algum, o paciente deve ser
orientado e/ou encaminhado ao serviço de saúde para avaliação.
● Informar às pacientes em idade fértil que a medicação para
tuberculose diminui o efeito do anticoncepcional e orientá-las
para o uso de métodos contraceptivos de barreira, como
camisinha feminina ou masculina, DIU e diafragma.
● Planejar a realização do TDO, a partir do estabelecimento de
vínculo e diálogo com o usuário, o que é importante para evitar o
abandono do tratamento.
● Orientar e encaminhar os contatos ao serviço de saúde para
avaliação clínica e possível diagnóstico e tratamento. Realizar
busca ativa dos contatos, caso estes não compareçam à UBS.
● Acompanhar a situação vacinal das crianças do território e
encaminhar ao serviço de saúde as menores de 5 anos que não
tenham registro da BCG no cartão, ou não tenham cicatriz vacinal
do braço direito.

22
● Manter o território informado sobre a doença, trabalhando com
parceiros da comunidade para o controle e redução de estigma
Ee qual a diferença
preconceito entre Doença
que afetam e Agravo?
as pessoas com tuberculose.
● Utilizar ferramentas de coleta de informações e
acompanhamento do paciente como estratégia de
monitoramento e avaliação (BRASIL, 2017).

Saiba mais sobre a Vigilância e Controle


de algumas Doenças. Consulte o
material complementar. Clique aqui ou
escaneie o QR Code.

25
23
AÇÃO EDUCATIVA EM
SAÚDE COM ÊNFASE
NAS DOENÇAS
TRANSMISSÍVEIS
A educação está presente no
nosso dia a dia. Ela acontece nas
escolas, nas universidades, nos
espaços formais de educação,
mas também em casa, nas
praças, nos serviços de saúde,
entre outros locais.

A educação possibilita que, no contato com outras pessoas, possamos


transformar nossa forma de pensar e agir.

A educação deve contribuir para formar cidadãos e despertar


responsabilidades, devendo ser entendida não apenas como um meio
de adquirir conhecimentos, mas também de transformar a realidade
do sujeito que é educado (PINAFO, et al, 2011).

Quando a educação acontece de modo organizado, com a intenção


de abordar determinados assuntos, com objetivos e público definidos,
considera-se que está sendo realizada uma ação educativa.

Todos nós carregamos memórias de experiências de aprendizagem


significativas. Quais os elementos presentes nessas memórias que as
tornam especiais? Seria o entusiasmo, a paixão, o brilho no olhar que o
educador colocava em suas aulas? E por que será que são esses que
tanto nos marcam? Qual será, de fato, a diferença deste educador
para os demais? Qual a relação que fazemos com o nosso processo de
trabalho? Conseguimos encontrar sentido nas nossas atividades?

25
Para ajudar você a refletir sobre o
processo de ensino-aprendizagem e
os elementos importantes envolvidos
nele, te convidamos a assistir à
animação “O oleiro”.

Clique aqui ou escaneie o


QR Code.

Sinopse

O Potter é uma antiga criatura que dá vida ao barro. Nesta


história, um jovem quer aprender os segredos do Mestre e se
torna seu aprendiz.

Ele aprende que o que produz a transformação é a magia que


vem do coração (sentimento).

A ação educativa no campo da saúde, em particular aquela com


ênfase nas doenças transmissíveis, deve ser pautada pelo diálogo
aberto, participativo e problematizador. Ela deve estar alinhada aos
princípios da Educação Popular em Saúde, que favorece a construção
de intervenções que levem em conta os hábitos e valores das pessoas,
os saberes e as práticas de cuidado das comunidades atendidas. Deste
modo, valoriza a articulação entre ciência e saber popular e a
determinação social da saúde.
26
Educar é fazer pensar, é estimular para a identificação
e resolução de problemas, é ajudar as pessoas a
debater, discutir, instigar a reflexão sobre suas
situações de vida diárias (como a saúde, a doença,
suas dificuldades e possibilidades).

É preciso também desenvolver “empatia”,


colocar-se no lugar do outro para que, ao mesmo
tempo em que aprende novos conteúdos,
desenvolva, ao máximo, sua habilidade de
pensar, decidir e agir.

A comunicação dialógica colabora para o diálogo, a reflexão e o


encontro de saberes, pois para exercer o cuidado é preciso considerar
quem é a pessoa e as histórias que a constroem. É sobre isso que se
baseia a Educação Popular em Saúde como estratégia para a
Promoção da Saúde, uma vez que estimula a integração de saberes e a
horizontalidade das relações.

Tião, quais estratégias


comunicacionais são
usadas em seu território?
Você as utiliza?

27
Para o desenvolvimento de ações de comunicação e educação em
saúde, apontamos, portanto, alguns dispositivos possíveis: rádio local,
jornais locais, murais de escolas e associação comunitária, espaços
públicos, entre outros.

E qual a diferença entre Doença e Agravo?


Além destes, podemos mencionar também as redes sociais como
uma tecnologia a ser utilizada na comunicação entre os
trabalhadores de saúde e o usuário, sendo necessário avaliar cada
contexto social, pois nem todos têm acesso a esses recursos. Dentre
as mídias sociais, o WhatsApp se destaca como potencialidade de
comunicação.

PARA SE
INSPIRAR:
Algumas equipes de saúde
criaram grupos de WhatsApp
com os moradores do território
e estão produzindo “Rádio ZAP
da UBS”. Toda semana a
equipe divulga programa com
informações e dicas de saúde.

Quais outras estratégias de


comunicação você conhece?

28
PRÁTICAS DE
EDUCAÇÃO EM SAÚDE
Bia, pensando nas pessoas acometidas por
doenças transmissíveis nos nossos
territórios, fiquei pensando:
Que ações educativas podemos
desenvolver? Como podemos envolver a
comunidade nessas ações?

Com base na pergunta do Tião, apontamos, aqui, algumas


possibilidades de práticas de educação em saúde:

Grupos de diálogo
● Pensar em grupos diversos e não em grupos de doentes, para romper
com discriminações, preconceitos e estigmas;
● Formação de coletivos para troca de experiências, vivências e saberes
sobre determinados assuntos;
● Ao formar um grupo, convide os familiares das pessoas com doenças
transmissíveis (hanseníase, tuberculose, etc) para quebrar o
preconceito e discriminação e reduzir o estigma coletivo, a fim de trocar
experiências e criar vínculos; convide também pessoas formadoras de
opinião da comunidade.

Rodas de conversa, Roda de quarteirão


● Método educativo de participação coletiva para discutir uma
temática, de modo problematizador e dialógico.
● É um excelente método para trabalhar nas escolas, associações
comunitárias e demais equipamentos sociais.
● Não tem caráter duradouro. É usada mais para assuntos de forma
pontual.
● É uma tecnologia pensada para os movimentos de Educação Popular
em Saúde.

30
Salas de espera
● Funciona como um dispositivo produtivo para ocupar o tempo
ocioso nas instituições, transformando o tempo de espera pelo
atendimento em um momento educacional.
● Por ser usado com álbum seriado, vídeos, cartazes, jogos, e outras
estratégias (UNASUS, 2022).

Destacamos também duas estratégias produzidas no âmbito da


Atenção Primária à Saúde (APS), que têm ajudado os profissionais no
cuidado com as pessoas acometidas por doenças transmissíveis e
outros agravos à saúde:

GRUPO DE AUTOCUIDADO

É um grupo de pessoas com necessidades e interesses semelhantes,


que busca, por meio do conhecimento, desenvolver estratégias para
promoção do cuidado, utilizando recursos da comunidade.

É um espaço que permite o compartilhamento e a troca de


experiências sobre o adoecimento e as formas de enfrentamento do
estigma e da discriminação (BRASIL, 2010).

AUTOCUIDADO APOIADO

Consiste na sistematização de intervenções educacionais e de apoio


e é realizado pela equipe de saúde com o objetivo de ampliar as
habilidades e a confiança das pessoas acometidas por doenças ou
agravos de saúde. O objetivo é que elas aprendam a conviver com a
doença, enfrentando-a e buscando superar suas limitações (UNASUS,
2022).

31
Apoio social às pessoas acometidas por doenças transmissíveis e
seus familiares é um processo dinâmico e complexo, que permite
estabelecer interação entre os serviços de saúde e a comunidade,
E qual a diferença entre Doença e Agravo?
articulando as redes sociais, satisfazendo necessidades de ordem
emocional, instrumental e material e compartilhando recursos,
experiências que facilitem o cuidado integral (REIS, 2014).

Para se apropriar desta


metodologia, acesse o Guia de
apoio para grupos de
Autocuidado em hanseníase.
Clique aqui ou escaneie o QR
Code.

O autocuidado apoiado prevê, o empoderamento e


a construção da autonomia das pessoas para que
tenham a capacidade de gerenciar a sua condição
por meio de avaliação permanente de seu estado de
saúde, pactuação de metas e elaboração de Plano
Terapêutico Singular, utilizando os recursos
disponíveis nos serviços de saúde e na comunidade.

Sabemos que existem inúmeras tecnologias educacionais para


desenvolver as ações de educação em saúde no território. Não
pretendemos esgotar essa discussão aqui, mas despertar a curiosidade
para que, ao pensar em organizar as ações de educação em saúde,
você leve em consideração os princípios da educação popular em
saúde, com destaque para:

32
1. Dialogicidade;
2. Amorosidade;
E qual a diferença entre Doença e Agravo?
3. Respeito aos saberes populares;
4. Uso de linguagem adequada a cada público;
5. Envolvimento da equipe de saúde da UBS;
6. Reconhecimento e utilização dos equipamentos sociais da
comunidade.

Mapa Vivo ou Participativo


É uma estratégia que associa educação em saúde e vigilância
popular. Configura-se como importante ferramenta de planejamento
participativo da APS. Por meio dele, é possível compreender a
dinâmica situacional da saúde de determinada região, território, a fim
de criar estratégias que visem à promoção, proteção e a recuperação
da saúde, além de fomentar subsídios para a tomada de decisão.

Antes de pôr em prática a ação


educativa é importante planejar.
Para pensar na importância do
planejamento assista à animação
do Porquinho e o biscoito:
Clique aqui ou escaneie o QR Code.

Quais são nossos objetivos? O que é importante fazer para o alcance


do que desejamos? No vídeo, o porquinho Ormie queria muito comer
os biscoitos. Mas o que lhe faltou para que ele pudesse conseguir o
seu objetivo?

33
SUGESTÕES DE LEITURA

O professor César Wagner


Góis, referência internacional
em psicologia comunitária,
educação biocêntrica e
planejamento participativo
apresenta várias estratégias Para saber mais
que podem ser trabalhadas clique aqui ou
com grupos sociais ou escaneie o QR Code.
populares, no seu livro Saúde
Comunitária: pensar e fazer
(2008), no capítulo 6: Técnicas
de facilitação.

Você pode ler mais sobre esta estratégia nos seguintes artigos:

● Sentidos e métodos de territorialização na Atenção Primária à


Saúde.
● Oficina Mapa Vivo na atenção básica: estratégia de
planejamento local ao combate ao Aedes aegypti.
● A experiência de mapeamento participativo.

E sobre o monitoramento e
a avaliação das ações
educativas com foco nas
doenças transmissíveis?

34
O ato de avaliar está inserido em
nosso dia a dia. Nós avaliamos e
somos avaliados constantemente.
De fato, o ato de avaliar está inserido
nas nossas vidas mais do que
normalmente julgamos e é
importante que saibamos fazê-lo.
O que significa avaliar?
Em uma busca rápida, recorremos ao dicionário da língua portuguesa e
encontramos que “Avaliação” significa: "ato de avaliar, prática de
averiguar, verificar, comparar determinado objeto para lhe conferir
determinado valor". Pode, também, ser sinônimo de estimativa ou
apreciação.

O foco da avaliação da ação educativa está na formação dos sujeitos


por um lado e, por outro, na transformação dos processos de trabalho e
dos efeitos da ação educativa. Assim, os seguintes pontos são centrais:
● Buscar evidências da percepção dos usuários sobre a ação
realizada; avaliar a aprendizagem.
● Buscar evidências de mudanças no processo de trabalho, da
organização e da inovação nas práticas decorrentes de ações
educativas.
● Se autoavaliar e avaliar o suporte institucional para a realização
das mudanças.

Avaliar práticas de Educação em Saúde como estratégia de Promoção


da Saúde demanda estratégias participativas
Para tanto, apresenta-se como sugestão, um roteiro de como conduzir
uma roda de conversa visando o monitoramento e avaliação de ações
de educação em saúde com foco na prevenção das doenças
transmissíveis para os profissionais da APS.

35
Propor uma roda de conversa com os participantes a partir das
perguntas norteadoras:

● E qual a diferença
monitoramos entre Doença
e avaliamos e Agravo? de nossas ações
o desenvolvimento
com foco na prevenção das doenças transmissíveis no nosso
território?
● Quais estratégias desenvolvemos com e para as pessoas com
doenças transmissíveis?
● Consideramos como as ações desenvolvidas impactam
positivamente na qualidade de vida das pessoas com
doenças transmissíveis?
● Como estamos planejando nossas ações educativas?

Figura 1 - O que é Roda de Conversa.

Roda de conversa é um
espaço dialógico capaz de
proporcionar integração,
comunicação, partilha de
opiniões e sentimentos,
favorecendo a construção e o
compartilhamento de ideias.

Fonte: DIAS et al. 2022 (mímeo)

36
Para refletir
E qual criticamente
a diferença sobre
entre a Avaliação
Doença e Agravo?da Aprendizagem
nos processos educativos, assista à animação:

Clique aqui ou escaneie o


QR Code e assista a cena
do filme Monstros SA.
Treinamento de
habilidades.

Você lembra do filme Monstros


SA? Esta cena mostra o Sr. Bile
no treinamento de habilidades
para assustar crianças. Quais
os elementos importantes da
avaliação da aprendizagem
estavam presentes no
treinamento? Como você
percebe o papel do educador?
Vamos refletir?

37
RETROSPECTIVA
Chegamos ao fim desta disciplina! Após esta jornada, esperamos que
você tenha compreendido a relevância do papel do ACS na vigilância e
no monitoramento das doenças transmissíveis, bem como na vigilância
dos casos suspeitos, e dos fatores de risco e transmissibilidade das
doenças.

Agora aproveite e consulte o material


complementar com a síntese das
principais doenças transmissíveis, com
os sinais e sintomas, formas de
transmissão e estratégias de prevenção.
Clique aqui ou escaneie o QR Code

Amplie seu conhecimento! E para te dar uma mãozinha com essa


tarefa, aqui vai uma dica: assista à teleaula. Ela está repleta de
informações adicionais para você recordar e refletir sobre essa
temática.

Em nosso próximo encontro, daremos início aos estudos da temática


“Ação educativa do (a) ACS na prevenção e no controle das doenças e
agravos com enfoque nas doenças não transmissíveis”.
Até breve!

39
REFERÊNCIAS
ANDRADE, et al. Módulo Teórico 2: Território e Determinantes Sociais em
Saúde. In: BRASIL. Ministério da Saúde. Curso de Atualização para
Análise de Situação de Saúde do Trabalhador -ASST aplicada aos
serviços de saúde. Brasília, 2021.

BARBOSA, J.; RAMALHO, W. Saúde Amanhã - Textos para discussão:


Possíveis cenários epidemiológicos para o Brasil em 2040. Rio de
Janeiro: Fiocruz, 2021. Disponível em:
https://saudeamanha.fiocruz.br/wp-content/uploads/2021/05/BARBOSA
-J-e-RAMALHO-W-2021-Poss%C3%ADveis-cen%C3%A1rios-epidemiol%C3
%B3gicos-para-Brasil-2040-Fiocruz-Saude-Amanha-TD055.pdf. Acesso
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BARBOSA, L. M. M.; MACHADO, C, B. Glossário de Epidemiologia e Saúde.


In: ROUQUAYROL, M,Z,; GURGEL, M. (Org.). Rouquayrol: Epidemiologia &
Saúde. 7ª ed. Rio de Janeiro, MedBook, 2013.

BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde de A a Z. Infecções sexualmente


transmissíveis (ist): O que são, quais são e como prevenir. Disponível
em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/i/ist.
Acesso em: 05 /02/2023.
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria de Consolidação nº 2, de 28 de
Setembro de 2017. Consolidação das normas sobre as políticas
nacionais de saúde do Sistema Único de Saúde [Internet]. Brasília, DF:
Ministério da Saúde; 2017. Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prc0002_03_10_20
17.html. Acesso em 12/12/2022.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde.


Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Cartilha para
o Agente Comunitário de Saúde : tuberculose / Ministério da Saúde,
Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância das
Doenças Transmissíveis. – Brasília: Ministério da Saúde, 2017.

BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de Recomendações para o Controle


da Tuberculose no Brasil. Brasília: Ministério da Saúde, 2019. p. 193 e 194.
Disponível em:
https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/pu
blicacoes-svs/tuberculose/manual-de-recomendacoes-e-controle-da
-ttuberculose-no-brasil-2a-ed.pdf/view. Acesso em 28/02/2023.
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Guia de Vigilância em Saúde. 3ª. ed. –
Brasília, 2019. Disponível em:
https://saude.campinas.sp.gov.br/doencas/Guia_VE.pdf Acesso em
28/02/2023.
 
 

41
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.
Departamento de Atenção Básica. O trabalho do agente comunitário
de saúde. Brasília, 2009.

BRASIL. Ministério da Saúde. Promoção da Saúde: aproximações ao


tema: caderno 1. Brasília, 2021. Disponível em:
https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/sv
sa/promocao-da-saude/promocao_saude_aproximacoes_tema_05_
2021.pdf/view. Acesso em 19/12/2022.

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saúde. In: FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ. A saúde no Brasil em 2030:
diretrizes para a prospecção estratégica do sistema de saúde brasileiro.
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LAGUARDIA, J.; PENNA, M. L. Definição de caso e vigilância


epidemiológica. Inf. Epidemiol. SUS, Brasília , v. 8, n. 4, p. 63-66, 1999 .
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ROUQUAYROL, M. Z.; GURGEL, M. Epidemiologia & Saúde. 7 ed. Rio de


Janeiro: MedBook, 2013.

SANTOS, V. S. Gonorreia. Mundo Educação. Disponível em:


https://mundoeducacao.uol.com.br/doencas/gonorreia.html. Acesso
em 06/02/2023.

43
MATERIAL COMPLEMENTAR

SUGESTÃO DE VÍDEOS

Atividades Comunitárias em Hanseníase


https://www.youtube.com/watch?v=ZfTunvYbFN8&feature=youtu.be
Tema: principais sinais e sintomas da Hanseníase

Documentário Memórias Internas disponível em


https://www.youtube.com/watch?v=vSkIMX1HCiE

Projeto | Aedes aegypti - Introdução aos Aspectos Científicos do Vetor


http://auladengue.ioc.fiocruz.br/

Sintomas da dengue | Coluna #52 - Dráuzio Varella -


https://youtu.be/NWvkpEg1TN0

Tradições do Interior - Instituto Lauro de Souza Lima, disponível no link:


https://youtu.be/Wwze6HiBUME

LEITURA OBRIGATÓRIA

HIV/Aids: o que é, formas de contágio, tratamento e sintomas |


Educação em Saúde do Einstein
https://www.gov.br/aids/pt-br/assuntos/hiv-aids

ILEP Guia Didáctico de Lepra 2: Como reconhecer e tratar reações


hansênicas. International Federation of Anti-Leprosy Associations ,
Fuzikawa PL. ILEP Guia Didáctico. International Federation of Anti-Leprosy
Associations. 2002. Disponível em
https://www.infontd.org/resource/ilep-guia-didactico-de-lepra-2-com
o-reconhecer-e-tratar-reacoes-hansenicas

Lista atualizada de todas as doenças e dos agravos de notificação


compulsória e periodicidade de notificação . Portaria N.º 420, de 2 de
março de 2022, do Ministério da Saúde.
https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-gm/ms-n-420-de-2-de-
marco-de-2022-383578277

Sífilis congênita
https://bitily.me/ZoOeM

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44
Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde
bvsms.saude.gov.br

46

Você também pode gostar