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RISCO, VULNERABILIDADE E
DANOS À SAÚDE DA POPULAÇÃO
E AO MEIO AMBIENTE
PROGRAMA SAÚDE COM AGENTE
E-BOOK 25
Brasília (DF)
2023
MINISTÉRIO DA SAÚDE
CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS MUNICIPAIS DE SAÚDE
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
RISCO, VULNERABILIDADE E
DANOS À SAÚDE DA POPULAÇÃO
E AO MEIO AMBIENTE
PROGRAMA SAÚDE COM AGENTE
E-BOOK 25
Brasília (DF)
2023
2023 Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde. Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Esta obra é disponibilizada nos termos da Licença Creative Commons – Atribuição – Não Comercial –
Compartilhamento pela mesma licença 4.0 Internacional. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra,
desde que citada a fonte.
A coleção institucional do Programa Saúde com Agente pode ser acessada, na íntegra, na Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da
Saúde:
bvsms.saude.gov.br
Tiragem: 1ª edição – 2023 – versão eletrônica
Ficha Catalográfica
1. Agentes Comunitários de Saúde. 2. Risco à saúde da população 3. Vulnerabilidade socioambiental e prevenção de desastres.
I. Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde. II. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. III. Título.
CDU 614
Bons estudos!
LISTA DE SIGLAS E
ABREVIATURAS
ACE - Agente de Combate às Endemias
EA – Educação Ambiental
PP - Princípio da Precaução
PV - Princípio da Prevenção
SI - Sistemas de Informação
VA - Vigilância Ambiental
VE - Vigilância Epidemiológica
18
RISCO À SAÚDE DA POPULAÇÃO:
AVALIAÇÃO E PRIORIZAÇÃO DE
RISCOS EM VIGILÂNCIA
46
DESASTRES E RISCOS DE EMERGÊNCIAS EM
SAÚDE PÚBLICA (ESP): AVALIAR, AGIR E
RECUPERAR
52 VULNERABILIDADE SOCIOAMBIENTAL E
PREVENÇÃO DE DESASTRES
59 RETROSPECTIVA
61 REFERÊNCIAS
RISCO E PERIGO:
DIÁLOGO E
REFLEXÕES
POSSÍVEIS
O conceito de risco
é variável, pois
possui múltiplas
possibilidades, a
depender do ponto
de vista que se
pretende abordar.
8
Porto (2000) classifica o risco como qualquer possibilidade de evento,
podendo ser oriundo de diversificadas fontes e com potencial de
causar danos à saúde, reversíveis ou não. Vale ressaltar que o dano
pode ser abordado de diferentes formas, podendo ser em decorrência
de atividades de trabalho e/ou doenças relacionadas ao trabalho
(risco ocupacional), poluição ambiental, desastres naturais, desastres
de origem tecnológica, desastres com material químico perigoso,
desastres antropogênicos, acidentes, dentre outras possibilidades.
9
Figura 1: A diferença entre perigo e risco.
10
No ambiente de trabalho, muitas vezes, não há a possibilidade de se
evitar a exposição, fator esse que contribui, diretamente, para que o
perigo esteja cada vez mais provável de acontecer.
11
Os(As) ACE contribuem na promoção
e na prevenção da saúde,
proporcionando a integração entre as
diferentes vigilâncias.
Pelo seu contato direto com a comunidade onde atua, o(a) ACE deve
conhecer os principais problemas locais, bem como os determinantes
e condicionantes da saúde da população no território onde trabalha. A
fim de realizar essas atribuições, o(a) ACE fica exposto(a), no ambiente
de trabalho, aos riscos de acidentes, tais como queda, agressão por
cães e gatos, agressão por animais peçonhentos, intoxicação por
larvicidas e inseticidas, bem como a outros riscos químicos, físicos e
biológicos. São todas situações de perigo, que se transformam em
risco porque o(a) ACE, em suas atividades, está propenso(a) a
diferentes exposições ambientais.
12
Ainda no ambiente de trabalho, mas pensando pelo lado da exposição
da população, no território, há possíveis riscos, como: desastres
naturais ou antropogênicos, como: o desabamento de estruturas;
alagamento por excesso de chuvas e/ou por acúmulo de lixo; ventos
fortes com destruição de estruturas; altas ou baixas temperaturas;
rompimento de barragens; contaminação por rejeitos, dentre outros.
Esses riscos precisam ser identificados e monitorados para que a
possibilidade de causar impactos à saúde seja reduzida, a partir de
ações eficazes que podem ser realizadas pelo(a) ACE.
13
Vamos observar, na figura 2, o cenário de um dos lixões ainda existentes
no país e refletirmos sobre os impactos ambientais que pode causar.
Figura 2: Foto de lixão (depósito de lixo a céu aberto), com pessoas catando
materiais de valor.
Analisando a figura 2, vê-se que esse cenário já nos é familiar, pois temos
informações do problema e sabemos sobre os danos à saúde ambiental
e à saúde humana que ele pode causar. O perigo existe, pois há, no
território, um agente (lixo) que pode causar danos de várias origens e/ou
favorecer a ocorrência de danos de outra ordem, como, por exemplo, o
acúmulo de larvas e insetos transmissores de doenças.
14
Embora tenhamos esse marco regulatório, como temos um país tão
grande em termos territoriais, a fiscalização eficaz por parte dos
órgãos de controle torna-se um grande desafio, o que requer
contribuição coletiva, fazendo com que a mudança individual seja a
precursora para a mudança coletiva, pois em um país onde o
consumismo impera, a mudança de comportamento torna-se um
fator primordial para que a lei tenha os efeitos esperados.
15
Quais as possibilidades de
ações do(a) ACE frente a
esse cenário?
Sugestões:
1 - Fomentar na sociedade o desenvolvimento de ações alinhadas à
PNRS, sobretudo para a correta destinação de lixo (resíduos sólidos).
2 - Conscientizar a sociedade quanto aos riscos de doenças,
acidentes e intoxicações que as comunidades estão expostas pela
deposição irregular de lixo.
3 - Conscientizar a sociedade quanto ao acondicionamento e
deposição correta do lixo.
4 - Discutir nos órgãos de gestão local e com a equipe da UBS ações
para melhorar a gestão ambiental para o cumprimento da
legislação e a redução do risco, estimulando a compostagem,
reciclagem, reuso e coleta seletiva.
16
Observa-se que são várias as possibilidades de atuação do(a) ACE
no cenário de identificação de risco e perigo no território, a depender
da realidade local, da capacidade de ação e da articulação com a
comunidade e o poder público.
17
RISCO À SAÚDE DA
POPULAÇÃO:
AVALIAÇÃO E
PRIORIZAÇÃO DE
RISCOS EM
VIGILÂNCIA
Para se entender os potenciais riscos à
saúde da população e para que o(a)
ACE consiga aprender as formas de
ação e proteção à saúde da
população, há a necessidade de se
entender os conceitos que permeiam o
risco, como o Princípio da Precaução
(PP) e o Princípio da Prevenção (PV).
19
No Princípio 15 da Declaração RIO/92 (UNITED NATIONS, 1992, p. 6), fica
estabelecido que:
20
No ano de 2020, foi editado no Brasil o decreto nº 10.240, reforçado no
decreto nº 10.396/2022, que relaciona as normas para implementação
da logística reversa, que obriga indústrias fabricantes, importadores,
distribuidores e comerciantes de produtos a promoverem de forma
sustentável o descarte correto e reciclagem dos materiais, resíduos e
embalagens. Essa é mais uma forma de podermos cobrar a
mudança do cenário ambiental relacionado ao descarte e destino
final (BRASIL, 2022a; BRASIL, 2020).
21
Princípio da Prevenção (PV)
22
É sabido que a relação entre a exposição ao agrotóxico e a ocorrência
de doenças se tornou um problema de saúde pública, desenvolvendo
agravos como câncer, doenças respiratórias, doenças mentais,
malformação fetal, intoxicações agudas, dentre outras.
23
Fase Inicial, compreendida como a observação; Fase Análise do risco,
compreendida como a relação existente entre agentes que podem
causar e/ou potencializar um dano; Fase Gestão do risco, que após
identificar os pontos chave na etapa inicial e análise do risco, a equipe
multidisciplinar deve delimitar ações estratégicas para atuação, com
foco na redução dos potenciais danos.
23
24
Vejamos uma
Situação Problema
Em seu território, localizado na região
próxima à Amazônia, instalou-se uma
empresa de extração de minério e uma
usina de cana-de-açúcar. Um ano após
o início das atividades, iniciou-se o
aumento das consultas na Unidade
Básica de Saúde por doenças
respiratórias, fato que se intensificou no
inverno, chegando a um aumento de
200% no número de atendimentos. As
pessoas se queixam do mau cheiro na
cidade, da fumaça e da fuligem que
ficam suspensas no ar. Os trabalhadores
das duas empresas, também, se queixam
das altas exigências e horas excessivas
na jornada de trabalho, bem como do
baixo salário que as empresas oferecem.
25
Os agravos à saúde decorrentes da exposição ambiental podem ter
difícil definição de causa e efeito. Logo, as vigilâncias devem
permanecer sempre atentas a sinais que se façam presentes em
grande parte da população sem causa aparente e que possam estar
relacionados a um novo fator que se instalou no território, como no
exemplo, o caso das indústrias.
26
Que tal falarmos
agora sobre a
integração da
Vigilância em
Saúde?
27
Um dos principais desafios encontrados em nosso cotidiano é a
possibilidade de integração das vigilâncias com a atenção básica,
tendo em vista suas dificuldades de articulação e da proposta
individualizada de atuação em cada setor. Das diferentes
particularidades, o Sistema Nacional de Vigilância Ambiental em
Saúde (Sinvas) tem como principais responsabilidades o controle da
água para consumo humano, controle de vetores, hospedeiros,
reservatórios, animais peçonhentos, desastres naturais e acidentes
com produtos perigosos (BARCELLOS; QUITÉRIO, 2006).
28
Quanto às atividades desenvolvidas pela Vigilância Sanitária (VISA),
observa-se que todos os processos relacionados com a saúde
humana estão sob sua responsabilidade, cabendo à VISA fiscalizar o
controle sanitário, bem como emitir alvarás de fiscalização e controlar
a comercialização de produtos alimentícios, produção e distribuição
de medicamentos, fiscalização de portos, sendo a única dentre as
vigilâncias que possui poder de polícia para interditar e fechar
estabelecimentos que não estejam em consonância com as
recomendações estabelecidas pela vigilância (OLIVEIRA; CRUZ, 2015).
29
Quanto à Vigilância Epidemiológica (VE), observa-se que esta possui
estruturas específicas de funcionamento, atuando na prevenção e no
controle de doenças evitáveis; tem como foco de trabalho a proteção
de fatores de agravos coletivos, em detrimento a problemas
individuais. Entre suas ações, estão a coleta, análise, interpretação e
divulgação de informações sobre problemas de saúde específicos,
desenvolvidas de maneira sistemática e rotineira (CAVALCANTE; LUNA;
ARAÚJO, 2018; BRASIL, 2021).
30
As ações de controle de vetores e consequente redução de casos de
dengue, chikungunya, malária, raiva, mordeduras de animais,
agressão por animais peçonhentos são quesitos primordiais para se
ter um cenário epidemiológico controlado, reduzindo a possibilidade
de danos à saúde da população.
31
O(A) trabalhador(a) ACE deve vislumbrar a VISAT por dois cenários, se
reconhecendo como trabalhador(a), estando dessa forma exposto(a)
a todas as intempéries do ambiente de trabalho e aos riscos de
adoecimento, bem como reconhecendo as condições para outros(as)
trabalhadores(as) de seu território. A descoberta de condições de
trabalho análogas à escravidão, empresas que trabalham em
situações clandestinas, que expõem seus trabalhadores a condições
insalubres e indignas, são elementos que os(as) ACE podem atuar
para contribuir na vigilância desses cenários, seja nas denúncias ou
nas discussões com as equipes da estratégia de saúde da família.
IMUNIZAÇÃO
ZOONOSES
LABORATÓRIOS
DE SAÚDE
PÚBLICA ENDEMIAS
EPIDEMIOLOGIA
VIGILÂNCIA
EM SAÚDE SISTEMA DE
INFORMAÇÃO
EDUCAÇÃO EM
SAÚDE
VIGILÂNCIA
SANITÁRIA
CAPACITAÇÃO
PROMOÇÃO À
SAÚDE
CONTROLE
DA ÁGUA
32
Observa-se que são variadas as possibilidades de integração das
vigilâncias e também das unidades de atenção primária sendo, nesse
caso, e em outros similares, de fundamental importância a atuação
do(a) ACE para contribuir no trabalho conjunto dos atores que
possuem o mesmo objetivo que é proteger e promover a saúde da
população.
31
33
INFORMAÇÕES
AMBIENTAIS E
SISTEMAS COMO
FERRAMENTAS
PARA
MONITORAMENTO
Para que seja pensada
e realizada qualquer
ação de intervenção no
território, há de se ter
acesso a informações
confiáveis que
demonstrem a
realidade do cenário.
Do ponto de vista da gestão do risco, as informações ambientais e
os sistemas de informação existentes assumem importante papel
no tocante à consolidação dos dados, realização e divulgação de
relatórios que demonstrem a realidade e a partir daí, a equipe
multidisciplinar tenha condições de pensar nas questões prioritárias
que ameaçam a vida em comunidade.
35
Figura 6: Principais sistemas de informações ambientais disponíveis para o acesso
da população.
Portal Nacional de
https://pnla.mma.gov.br/
Licenciamento
Ambiental – PNLA
https://www.gov.br/icmbio/pt-br/assuntos/pr
ogramas-e-projetos/portal-da-biodiversidad
Portal da Biodiversidade
e
https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assunto
Serviço Florestal
s/servico-florestal-brasileiro/
Brasileiro
https://www.gov.br/mma/pt-br/assuntos/age
Gestão Territorial,
ndaambientalurbana/gestao-territorial-geren
Gerenciamento Costeiro
ciamento-costeiro-e-gestao-de-substancias
e Gestão de Substâncias
-quimicas
Químicas
Sistema de Informações http://mapas.mma.gov.br/mapas/aplic/sisfra
do Rio São Francisco – n
SisFran
https://www.gov.br/mma/pt-br/assuntos/edu
Educação e cidadania
cacaoambiental
ambiental
Sistema de Informações https://www.mercosur.int/pt-br/sistema-de-in
Ambientais no Mercosul formacao-ambiental-do-mercosul-siam/
–Siam
http://www.obt.inpe.br/prodes/
Observação da terra
Cadastro Nacional de https://www.gov.br/mma/pt-br/assuntos/are
Unidades de asprotegidasecoturismo/plataforma-cnuc-1
Conservação – CNUC
36
Caminhando nessa lógica, iremos refletir sobre as possibilidades de
agravos e, posteriormente, identificar quais são os principais sistemas
de informações disponíveis para que possamos consultar a realidade
dos indicadores ambientais. Partindo desse princípio, podemos refletir,
quem realmente são os agressores do meio ambiente?
37
A Figura 7 permite a identificação de diversos agressores ao meio
ambiente, mostra que de nove (A até I) possibilidades, apenas duas
estão protegendo a natureza. O restante, poluição de automóvel,
contaminação dos rios com lixos afetando os peixes, desperdício de
água, derrubada de árvores, caça de animais e poluição sonora, todas
são situações que degradam o ambiente, enquanto um deles planta
uma muda de árvore e outra faz reciclagem de lixo. A tirinha tem todo
o seu conteúdo voltado para a Educação Ambiental (EA).
38
O desmatamento, a luta por terras indígenas, as queimadas
propositais, também se configuram em questões ambientais
complexas, pois envolve interesses capitalistas, tanto para a utilização
da área territorial para plantações diversas, com foco no agronegócio,
como para a comercialização ilegal de madeiras. Caso específico
disso, temos a degradação da floresta amazônica, que tem sofrido
com os ataques, aumentando assim as ondas de calor e reduzindo o
volume de água e, consequentemente, a oxigenação do nosso
planeta, fazendo com que a natureza fique mais propensa a
desenvolver desastres naturais (MARQUES, 2022).
39
Essa tirinha mostra que cada um de nós, a começar pelas crianças,
pode e tem o dever de cuidar da proteção ambiental. Dá a entender
que as crianças chamaram a atenção do adulto, e ele se conscientizou
e decidiu não mais cortar árvores. Essa tirinha tem uma ligação direta
com a EA, pois demonstra o papel de protagonistas das crianças, bem
como a possibilidade para que o(a) ACE, juntamente com a equipe
multiprofissional, possa começar o trabalho de conscientização
popular pelas crianças, na tentativa de desenvolver cidadãos com
espírito crítico de proteção ambiental para as próximas gerações.
40
Frente a essa discussão, faz-se
os seguintes questionamentos:
41
Para se pensar na construção de informações, deve-se levar em
consideração as diferenças entre dado, indicador e índice.
Compreender as diferenças faz com que tenhamos maior
familiaridade na coleta dos dados e, posteriormente, na interpretação
do indicador e do índice.
42
Observa-se que, não é o foco desta abordagem estimular que o(a)
ACE faça a inserção de dados nos sistemas, mas, sim, que ele possa
entender a dinâmica do funcionamento, com as principais
identificações de possibilidades para a busca de informações para
conhecer o seu cenário.
43
Corvalán, Briggs e Kjellstrom (2000) trouxeram uma denominação de que
para se construir um indicador é necessário que as informações sejam
cientificamente válidas, isto é, haja relações conhecidas entre ambiente e
saúde; seja representativo da realidade; seja construído com dados
confiáveis e acessíveis. Outro ponto é que seja, também, socialmente,
relevante, com a utilização de dados disponíveis a baixo custo; esteja
relacionado a uma questão específica da temática ambiental e que
tenha capacidade de ser entendida e interpretada por diferentes tipos de
usuários.
44
Quais as
possibilidades de
ações do(a) ACE
frente a esse
cenário?
Sugestões:
1. O(a) ACE precisa comunicar a equipe para que a situação seja
conhecida por todos, e as medidas sejam tomadas.
2. O(a) ACE precisa orientar os moradores sobre o que fazer caso
aumente a presença de insetos e de outros animais que possam
implicar riscos à saúde e, caso identifiquem, devem comunicar
ao Meio Ambiente (Limpeza urbana) e à Vigilância Ambiental.
45
DESASTRES E
RISCOS DE
EMERGÊNCIAS EM
SAÚDE PÚBLICA
(ESP): AVALIAR,
AGIR E RECUPERAR
O que é um desastre?
Um desastre, independente da sua origem, não acontece sem que
haja ameaças/sinais. Logo, a estratégia de conhecimento das
realidades do território é um fator primordial para que as equipes de
saúde e a comunidade possam pensar estratégias e monitorar os
riscos, evitando assim que o desastre ocorra ou que a magnitude dos
impactos seja reduzida (FREITAS; MAZOTO; ROCHA, 2018).
DESASTRES NATURAIS
47
DESASTRES DE ORIGEM HIDROLÓGICAS
48
DESASTRES DE ORIGEM
CLIMATOLÓGICOS
49
É válido observar que as situações de desastres causam agravos a
curto, médio e longo prazo, sendo o setor saúde um dos que mais
demandam tempo e recursos para o atendimento das vítimas, o que
reforça a necessidade de construção de planos de ação para
prevenção e atendimento a desastres. A figura 9 mostra as
possibilidades de agravos e sua relação com o tempo, bem como o
direcionamento para atendimento e monitoramento da comunidade,
visando a reabilitação das pessoas e das cidades que foram afetadas
com o desastre.
● Atendimentos a
casos de doenças
transmissíveis e ● Atenção e
não transmissíveis. vigilância de
IMPACTOS
ESCALA TEMPORAL
50
Na situação de ocorrência de um desastre, independente da sua
origem, o(a) ACE pode contribuir no fortalecimento das relações entre
as vigilâncias, atenção primária e outros órgãos como defesa civil,
orientando a população quanto aos fatores que devem ser
observados no decorrer dos dias, tais como o desenvolvimento de
sintomas característicos de contaminação, bem como estimular a
sociedade quanto a sua participação no monitoramento das
condições do ambiente.
46
51
VULNERABILIDADE
SOCIOAMBIENTAL
E PREVENÇÃO DE
DESASTRES
Entender o conceito de
vulnerabilidade passa
pelo entendimento das
facetas que compõem
a complexa arte de ser
humano e viver em
sociedade.
53
O termo vulnerabilidade é comumente utilizado para designar a
suscetibilidade das pessoas a problemas e danos de saúde, bem
como o grau de risco a que está exposta uma população em sofrer
danos por desastres naturais e/ou antropogênicos. A vulnerabilidade
às doenças, à exposição ambiental e seus efeitos sobre a saúde se
distribui de forma individualizada, levando em consideração aspectos
como pobreza, grupos sociais, cultura, escolaridade, dentre outros
fatores que denominam o acesso aos equipamentos sociais
(BERTOLOZZI et al, 2009; OJIMA, 2014; BRASIL, 2022c).
54
Os determinantes comerciais da saúde
têm sido discutidos amplamente pois se
configuram em elementos que podem
aumentar a vulnerabilidade das
pessoas.
55
Quais são as estratégias para
reduzir as vulnerabilidades e os
riscos e fortalecer a população?
56
Um esquema, na figura 10, adaptado de Mata-Lima et al. (2013), mostra
a possibilidade de atuação e gestão do risco para redução de
desastres.
ENQUADRAMENTO
MONITORAR E REVER
IDENTIFICAÇÃO DO RISCO COM
PARTICIPAÇÃO POPULAR.
COMUNICAR E
CONSULTAR
ANÁLISE DO AVALIAÇÃO
RISCO HUMANO E DO RISCO
AMBIENTAL
IMPORTÂNCIA DO RISCO
TRATAMENTO DO RISCO
57
Observa-se, na figura 10, que o processo se inicia com o
enquadramento sobre o que é a condição de risco e qual a
vulnerabilidade socioambiental relacionada; posteriormente, há a
identificação do risco, incluindo a participação popular para que
haja priorização do risco e, principalmente, comprometimento
popular na hora da fiscalização e monitorização. Após elencados os
riscos faz-se a priorização do risco; qual é mais importante e qual
ameaça mais a vida neste momento? Após essa definição,
estratégias são traçadas para a contenção do risco.
58
RETROSPECTIVA
Nesta disciplina, você tomou conhecimento de diversos temas que
compõem o constante pensar saúde, ambiente e suas relações na
ocorrência de doenças.
Agora amplie seu conhecimento! E para te dar uma mãozinha com essa
tarefa, aqui, vai uma dica: assista à teleaula. Ela está repleta de
informações adicionais para você recordar e refletir sobre essa temática.
Até lá!
60
REFERÊNCIAS
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grande vilão do meio ambiente. 2018. Disponível em:
https://envolverde.com.br/residuo-industrial-e-ainda-o-grande-vila
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VÍDEOS RECOMENDADOS
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Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde
bvsms.saude.gov.br
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