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MINISTÉRIO DA SAÚDE

CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS MUNICIPAIS DE SAÚDE


UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

SISTEMAS DE INFORMAÇÃO
EM SAÚDE, USO DE
PRONTUÁRIO ELETRÔNICO E
FERRAMENTAS DE APOIO AO
REGISTRO DAS AÇÕES DOS
AGENTES DE SAÚDE
PROGRAMA SAÚDE COM AGENTE
E-BOOK 11

Brasília – DF
2022  
MINISTÉRIO DA SAÚDE
CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS MUNICIPAIS DE SAÚDE
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

SISTEMAS DE INFORMAÇÃO
EM SAÚDE, USO DE
PRONTUÁRIO ELETRÔNICO E
FERRAMENTAS DE APOIO AO
REGISTRO DAS AÇÕES DOS
AGENTES DE SAÚDE
PROGRAMA SAÚDE COM AGENTE
E-BOOK 11

Brasília – DF
2022  
2022 Ministério da Saúde.
Esta obra é disponibilizada nos termos da Licença Creative Commons – Atribuição – Não Comercial –
Compartilhamento pela mesma licença 4.0 Internacional. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra,
desde que citada a fonte.
A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada, na íntegra, na Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde:
bvsms.saude.gov.br

Tiragem: 1ª edição – 2022 – versão eletrônica

Elaboração, distribuição e informações: Coordenação-geral: Designer educacional:


MINISTÉRIO DA SAÚDE Cristiane Martins Pantaleão – Conasems Alexandra Gusmão – Conasems
Secretaria de Gestão do Trabalho e da Hélio Angotti Neto – MS Juliana Fortunato – Conasems
Educação na Saúde Hishan Mohamad Hamida – Conasems Pollyanna Lucarelli – Conasems
Departamento de Gestão da Educação na Leandro Raizer – UFRGS Priscila Rondas – Conasems
Saúde
Luciana Barcellos Teixeira – UFRGS
Coordenação-Geral de Ações Educacionais
Marcelo A. C. Queiroga Lopes – MS Colaboração:
SRTVN 701, Via W5 Norte, lote D,
Musa Denaise de Sousa Morais – MS Antonio Jorge de Souza Marques –
Edifício PO 700, 4º andar Conasems
Roberta Shirley A. de Oliveira – MS
CEP: 70719-040 – Brasília/DF Josefa Maria de Jesus – SGTES/MS
Tel.: (61) 3315-3394 Katia Wanessa Silva – SGTES/MS
Direção técnica:
E-mail: sgtes@saude.gov.br Marcela Alvarenga de Moraes – Conasems
Hélio Angotti Neto
Marcia Cristina Marques Pinheiro –
Secretaria de Atenção Primária à Saúde: Conasems
Organização:
Departamento de Saúde da Família Rejane Teles Bastos – SGTES/MS
Núcleo Pedagógico do Conasems
Esplanada dos Ministérios Bloco G, Roberta Shirley A. de Oliveira– SGTES/MS
7º andar Rosângela Treichel – Conasems
Supervisão-geral:
CEP: 70058-90 – Brasília/DF Suellen da Silva Ferreira– SGTES/MS
Rubensmidt Ramos Riani
Tel.: (61) 3315-9044/9096
E-mail: aps@saude.gov.br Assessoria executiva:
Coordenação técnica e pedagógica:
Cristina Crespo Conexões Consultoria em Saúde LTDA
Secretaria de Vigilância em Saúde: Valdívia Marçal
SRTVN 701, Via W5 Norte, lote D, Coordenação de desenvolvimento gráfico:
Edifício PO 700, 7º andar Elaboração de texto: Cristina Perrone – Conasems
CEP: 70719-040 – Brasília/DF Edmar Rocha Almeida
Tel.: (61) 3315.3874 Diagramação e projeto gráfico:
E-mail: svs@saude.gov.br Revisão técnica: Aidan Bruno – Conasems
Andréa Fachel Leal– UFRGS Alexandre Itabayana – Conasems
CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS Diogo Pilger – UFRGS Bárbara Napoleão – Conasems
MUNICIPAIS DE SAÚDE – Conasems
Érika Rodrigues De Almeida – SAPS/MS Lucas Mendonça – Conasems
Esplanada dos Ministérios, Bloco G, Anexo B,
Fabiana Schneider Pires – UFRGS Igor Baeta Lourenço – Conasems
Sala 144
José Braz Damas Padilha – SVS/MS
Zona Cívico-Administrativo, Brasília/DF
Kelly Santana – Conasems Fotografias e ilustrações:
CEP: 70058-900
Lanusa Gomes Ferreira – SGTES/MS Biblioteca do Banco de Imagens do
Tel.:(61) 3022-8900
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Núcleo Pedagógico do Conasems
Rubensmidt Ramos Riani – SGTES/MS Imagens:
Rua Professor Antônio Aleixo, 756
Freepik
CEP: 30180-150 Belo Horizonte/MG
Tel: (31) 2534-2640
Revisão ortográfica:
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Porto Alegre - Rio Grande do Sul
CEP: 90040-060 Normalização:
Tel: (51) 3308-6000 XXX – Editora MS/CGDI
Ficha Catalográfica

Brasil. Ministério da Saúde.


Sistemas de informação em Saúde, uso de prontuário eletrônico e ferramentas de apoio ao registro das ações dos Agentes de Saúde
[recurso eletrônico] / Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde. Universidade Federal do Rio Grande do Sul –
Brasília : Ministério da Saúde, 2022.
64 p. : il. – (Programa Saúde com Agente; E-book 11)

Modo de acesso: World Wide Web: xxx


ISBN xxx-xx-xxx-xxxx-x

1. Agentes Comunitários de Saúde. 2. Prontuário eletrônico e registro de informações. 3. Aplicativos e coleta de dados. I. Conselho Nacional
de Secretarias Municipais de Saúde. II. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. III. Título.
CDU 614

Catalogação na fonte – Coordenação-Geral de Documentação e Informação – Editora MS – OS 2022/0xxx


Título para indexação:
Health Information Systems, Use of Electronic Records and and Healthcare Agents 's Supporting Tools to Record of Actions
BEM-VINDA (0)!
Este é o seu e-book da disciplina Sistemas de informação em Saúde,
uso de prontuário eletrônico e ferramentas de apoio ao registro das
ações dos Agentes de Saúde.

Nessa disciplina, você verá que a área da saúde lida com muitos
dados e informações em seu cotidiano. Assim, para apoiar os
profissionais na organização dos processos de trabalho, a partir do
uso qualificado das informações geradas, uma das estratégias
utilizadas é a incorporação de tecnologias como os softwares e-SUS
APS.

Consulte-o sempre que necessário! Lembre-se de acompanhar as


informações apresentadas na aula interativa e de realizar as
atividades propostas, para verificar quais das informações
apresentadas foram assimiladas.

Bons estudos!
LISTA DE SIGLAS E
ABREVIATURAS
ACE | Agente de Combate às Endemias
ACS | Agente Comunitário de Saúde
CNS | Cartão Nacional de Saúde (Cartão SUS)
CADSUS WEB | Cadastro Nacional de Usuários do Sistema Único de
Saúde
CDS | Coleta de Dados Simplificada
CRIE | Centros de Referência em Imunobiológicos Especiais
CPF | Cadastro de Pessoas Físicas
DNV | Declaração de Nascido Vivo
DO | Declaração de Óbito
EAP | Equipes de Atenção Primária
e-SUS APS | e-SUS Atenção Primária à Saúde
ESF | Estratégia de Saúde da Família
PEC | Prontuário Eletrônico do Cidadão
PNI | Programa Nacional de Imunização
PNIIS | Política Nacional de Informação e Informática em Saúde
SG | Síndrome Gripal
SIAB | Sistema de Informação da Atenção Básica
SIM | Sistema de Informação sobre Mortalidade
SINAN | Sistema de Informações sobre Agravos de Notificação
SINASC | Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos
SIS | Sistemas de Informação em Saúde
SISAB | Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica
SISVAN | Sistema de Informação de Vigilância Alimentar e Nutricional
SI-PNI | Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunização
SisPNCD | Sistema do Programa Nacional de Controle da Dengue
SUS | Sistema Único de Saúde
RNDS | Rede Nacional de Dados em Saúde
RES | Registro Eletrônico em Saúde
TIC | Tecnologias da Informação e Comunicação
UBS | Unidade Básica de Saúde
VS | Vigilância em Saúde
LISTA DE FIGURAS
18 | Figura 01 - Integração de interfaces do e-SUS APS com
outros SIS.

57 | Figura 02 - Cadastro de Indivíduos, Famílias e


Domicílios/Imóveis no e-SUS Território.
SUMÁRIO

A POLÍTICA NACIONAL DE INFORMAÇÃO

01
7
E INFORMÁTICA EM SAÚDE (PNIIS) E OS
PRINCIPAIS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO
EM SAÚDE (SIS)

24
PRONTUÁRIO ELETRÔNICO,
FERRAMENTAS DE APOIO PARA O
REGISTRO DE INFORMAÇÃO E
QUALIDADE DOS DADOS EM SAÚDE

39
A ESTRATÉGIA E-SUS APS E SEUS
SOFTWARES E APLICATIVOS PARA
COLETA DE DADOS

59 RETROSPECTIVA

61 BIBLIOGRAFIA
A POLÍTICA NACIONAL DE
INFORMAÇÃO E INFORMÁTICA
EM SAÚDE (PNIIS) E OS
PRINCIPAIS SISTEMAS DE
INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS)
O processo de
Transformação Digital
O mundo está passando por um processo de transformação digital,
ou seja, as tecnologias estão, cada vez mais, presentes em nossas
vidas, seja nos ambientes familiares ou de trabalho. Exemplos disso,
são o uso de aplicativos como o Whatsapp® para troca instantânea
de mensagens, que mudou a forma como nos comunicamos, e as
redes sociais, como o Facebook® e o Instagram®, que transformaram
as interações entre as pessoas, causando um importante impacto
em setores como o comércio e a propaganda.

O processo de transformação digital foi impulsionado pela pandemia,


em 2020, já que empresas, escolas e comércio adaptaram seus
processos de trabalho, com o uso da tecnologia, para manutenção
de medidas de distanciamento social (COMITÊ GESTOR DA INTERNET
NO BRASIL, 2021).

Bem, na Saúde não é diferente, não é mesmo?


A Gerusa, a colaboradora mais experiente da
turma Saúde com Agente, já passou por
diversas mudanças.

8
Quando ela começou a atuar como Agente Comunitária de Saúde (ACS),
há 20 anos, tudo era registrado no papel e sequer havia computadores
nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Ela lembra que as famílias eram
cadastradas na ficha A, e as pessoas com Hipertensão, Diabetes,
Tuberculose, Hanseníase, gestantes e crianças eram acompanhadas
com o uso das fichas B (para cada uma das condições havia uma ficha
específica).

Ao final de cada mês, o enfermeiro da equipe consolidava a produção


(chamado “fechamento do SIAB”), e enviava para a Secretaria de Saúde.
Lá, na secretaria, havia um profissional que fazia a digitação, para,
posteriormente, enviar os dados ao Ministério da Saúde. Os avisos e a
busca ativa das pessoas sempre aconteciam de forma presencial, pois
os telefones celulares não eram comuns, ainda, no Brasil. Como diz a
Gerusa: “- Era uma trabalheira danada!”

As coisas têm mudado na Saúde e de forma rápida, em especial, no uso


de tecnologias e de Sistemas de Informação. Nessa disciplina,
abordaremos sobre isso e trabalharemos o uso dos Sistemas de
Informação em Saúde no registro e no planejamento das ações
desenvolvidas no território.

Apresentaremos conceitos fundamentais, para que você entenda o


momento de transformação que vivemos e a importância da qualidade
dos dados registrados. Porque sim, os dados que vocês, Agente de
Combate às Endemias (ACE) e Agente Comunitário de Saúde (ACS),
produzem durante o trabalho são muito importantes! Vamos demonstrar,
com exemplos, que a maneira como registramos os dados em um
Sistema de Informação em Saúde pode facilitar ou dificultar o nosso
trabalho e o dos outros setores do Sistema Único de Saúde (SUS).
Venham com a gente!

9
Esse cenário é empolgante, mas desafiador! Sabemos que a
informatização traz benefícios e facilidades para os trabalhadores e
as pessoas que usam os Serviços de Saúde. Entretanto, todo processo
de mudança deve estar acompanhado de um movimento educativo
dos trabalhadores envolvidos e dos cidadãos usuários, para
alcançarmos sucesso na digitalização do trabalho (MARIN, 2010).

10
O mundo vem mudando em ritmo acelerado, não é mesmo? O uso
de computadores, da internet e de aplicativos tem facilitado o acesso
das pessoas aos bancos, ao comércio e a outros serviços essenciais.
Na Saúde não é diferente e estamos vivenciando a transformação
digital dos nossos processos de trabalho, ou seja, a forma de
interação entre os trabalhadores da Saúde e a população está
mudando.

Com a advento da pandemia de COVID-19 ocorreu a aceleração da


transformação digital em todo o mundo. O uso de tecnologias foi
fundamental para a manutenção de várias atividades do setor
econômico. Entre os vários exemplos, temos a disponibilidade de
atendimentos públicos por meio eletrônico, a ampliação do uso da
tecnologia para mediar atividades educativas e a possibilidade do
teleatendimento em Saúde (COMITÊ GESTOR DA INTERNET NO BRASIL,
2021).

Você identifica
isso em sua
Como é esse realidade?
processo para
você?

11
Desde 2013, existe uma pesquisa nacional sobre o uso das
Tecnologias de Informação e Comunicação nos Estabelecimentos
de Saúde Brasileiros, também conhecida como TIC Saúde. Sua
edição de 2021 trouxe resultados animadores, vejamos a seguir:

Em 2021, nas Unidades Básicas


de Saúde (UBS) pesquisadas:

94% utilizavam
computadores.

89% utilizavam Sistemas


Eletrônicos de Saúde.

92% acessavam à Internet.

40% utilizavam
notebook ou tablet.

12
Em 2021, nos Estabelecimentos de
Saúde pesquisados (incluindo
públicos e privados):

24% ofereciam visualização


on-line de resultados de exames.

22% ofereciam
agendamento on-line de consultas.

21% ofereciam agendamento


on-line de exames.

16% ofereciam interação


on-line com a equipe médica.

9% ofereciam visualização
on-line do prontuário do paciente.

13
Como podemos observar, a grande maioria das UBS utiliza
computadores e acessam à internet - cenário bem diferente daquele
relatado pela Gerusa, quando começou a atuar como ACS, 20 anos
atrás. Porém, existem diferenças regionais, com melhores resultados,
principalmente, nas regiões sul e sudeste, quando comparados à
região nordeste do Brasil.

A pesquisa demonstrou, também, que os Estabelecimentos Públicos


de Saúde possuem menor acesso à infraestrutura de Tecnologias de
Informação, quando comparados aos privados. (COMITÊ GESTOR DA
INTERNET NO BRASIL, 2021). Assim, mesmo com os avanços
importantes apresentados, é preciso melhorar, e vamos chegar lá!

Para saber mais informações sobre a pesquisa


TIC Saúde - Resumo Executivo 2021 Edição
COVID-19 – Metodologia adaptada, clique no
link ou aponte a câmera do seu celular para o
código QR, ao lado, e faça o download do
material.

14
Em julho de 2021, foi publicada a Política Nacional de Informação e
Informática em Saúde (PNIIS), com a finalidade de nortear os setores
público e privado no processo de integração dos Sistemas de
Informação em Saúde (SIS) e de transformação digital do trabalho.
Assim, faz-se importante destacar alguns princípios fundamentais
mencionados na PNIIS (BRASIL, 2021a):

● Fomentar a produção de
dados e Informações em
Saúde, para proporcionar a
geração de conhecimento e
subsidiar ações de Vigilância
em Saúde, bem como a
formulação de Políticas
Públicas.
● Democratizar os dados e as
Informações em Saúde e
promover o acesso aberto
como direito do cidadão.

● Preservar a autenticidade, a integralidade, a rastreabilidade e


a qualidade das Informações em Saúde.
● Promover o direito dos cidadãos à confidencialidade, à
privacidade, à segurança e à proteção de suas Informações
de Saúde.
● Dar autonomia ao cidadão sobre o compartilhamento de
seus dados de Saúde com os profissionais da área.
● Otimizar os processos de trabalho com a captura única de
informações.
● Integrar nacionalmente os dados em Saúde e a
interoperabilidade dos sistemas.

15
A PNIIS, no geral, propõe um caminho para que tenhamos SIS
melhores para todos: profissionais, administração pública e pessoas
usuárias do SUS. Pensar na tecnologia e nos SIS como aliados para o
nosso trabalho, e não como uma coisa do outro mundo, é essencial.
Naturalmente, costumamos achar complicados alguns conceitos
utilizados na área da Tecnologia da Informação, não é mesmo?

Dados, informação, interoperabilidade, Sistemas de Informação.


Quantos conceitos diferentes, não é verdade? Vamos esclarecer
alguns deles, a seguir, e você vai perceber o quanto eles estão
presentes no seu dia a dia.

Acesse o material complementar e


veja o Quadro 01 - Síntese de
Conceitos Importantes sobre
Sistemas de Informação.
Clique no link ou aponte a câmera do
seu celular para o código QR, ao lado,
e faça o download .

16
Percebeu que os conceitos,
aparentemente complicados, na
verdade, são meios de tornar o nosso
trabalho mais fácil e produtivo?

Um dos principais focos da PNIIS é obter a integração entre Sistemas.


Isso é muito importante, pois como afirmam Coelho Neto e Chioro
(2021), no Brasil, os gestores e profissionais de Saúde convivem com
dezenas de Sistemas que, muitas vezes, captam o mesmo dado de
maneira diferente, o que gera retrabalho e elevam os custos. Esses
inúmeros SIS foram surgindo de acordo com a necessidade de
setores específicos do Ministério da Saúde e das Secretarias de Estado
de Saúde e não conversavam entre si, promovendo uma
burocratização no trabalho das Equipes de Atenção Primária (EAP), da
Estratégia de Saúde da Família (ESF) e da Vigilância em Saúde.

Felizmente, isso tem mudado! Um ótimo exemplo é a Estratégia e-SUS


Atenção Primária (e-SUS APS), que já está completamente integrada
a 12 outros SIS do Ministério da Saúde. Isso representa cerca de 1/3 dos
SIS utilizados pelas equipes da EAP/ESF, o que indica que muito ainda
deve ser feito, mas estamos no caminho (COELHO NETO; CHIORO,
2021).

17
Observe a figura, abaixo,
que representa isso
graficamente:
Figura 01 - Integração de interfaces do e-SUS APS com outros SIS.

Fonte: COELHO NETO; CHIORO, 2021.

18
Bem, após observar a figura 01, você, provavelmente, ficou feliz por
saber que é possível trabalhar com SIS integrados, e assustado com a
quantidade de Sistemas diferentes existentes na área da Saúde.
Uma pesquisa identificou a existência de 54 SIS de base nacional, que
estavam em operação no Brasil, entre 2010 e 2018. A quantidade de SIS
é reflexo da estrutura burocrática e compartimentada do governo e,
também, da complexidade que é o trabalho em Saúde.

Com a evolução do SUS, cada setor interno do Ministério da Saúde


necessitou promover a criação e o desenvolvimento de softwares,
para atender a necessidades e a processos específicos.
Assim, por exemplo, surgiu o Sistema de Informação da Atenção
Básica (SIAB), para monitorar as atividades das equipes da ESF; o
Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA), para controlar a
produção de procedimentos ambulatoriais; o Sistema de Informações
de Monitoramento e Avaliação do Pré-Natal, Parto, Puerpério e Criança
(SIS PRÉ-NATAL), para monitorar o cuidado de gestantes, crianças e
puérperas e o SISVAN, para monitorar o estado nutricional e o
consumo alimentar das pessoas acompanhadas pela ESF etc.
(COELHO NETO; CHIORO, 2021).

Ufa! Quanto Sistema, não é mesmo? E


nem chegamos a citar todos! Isso é só
um exemplo, para que você entenda
que, com o passar do tempo, as
Equipes de Saúde tiveram que lidar
com vários Sistemas diferentes – o que
tornou o trabalho burocratizado e
complexo.

19
Por esse motivo, um dos focos da PNIIS é a integração e
interoperabilidade dos SIS. É uma forma de atender à demanda de
setores específicos da Saúde, que necessitam monitorar dados e
informações sobre algum problema ou condição, e as equipes que
produzem o cuidado, para que não percam seu precioso tempo com
retrabalho ou burocracias.

Com a quantidade de SIS que temos na área da Saúde, é


fundamental pensar na eficiência do nosso trabalho e, para tanto, a
integração é fundamental, não é mesmo? O e-SUS APS é um
importante exemplo desse processo de integração no âmbito da
Saúde Pública.

Nessa disciplina, vamos conhecer um pouco mais sobre esse Sistema,


mas vale a pena a leitura da notícia intitulada: “Integração entre
sistemas nacionais de informação em saúde”, publicada em 08
de dezembro de 2021, no web site da Sociedade Brasileira de Medicina
Tropical. Vamos ler mais sobre isso?

Para acessar o notícia “Integração


entre sistemas nacionais de
informação em saúde”, clique no
link ou aponte a câmera do seu
celular para o código QR, ao lado, e
faça o download do material.

20
Vimos que muitos são os SIS e aprender
sobre eles nos ajuda a entregar melhores
serviços à nossa população. O quadro 02
é um resumo, com informações úteis,
sobre os principais SIS, que são
importantes para o trabalho do ACS e do
ACE. Vamos analisá-lo?

Para acessar o material


complementar Quadro 02 - Síntese
dos Principais Sistemas de
Informação em Saúde de Importância
para a Estratégia Saúde da Família e
Vigilância em Saúde, clique no link
ou aponte a câmera do seu celular
para o código QR, ao lado, e faça o
download.

21
Você deve ter percebido que o trabalho do ACS
e do ACE envolve, direta ou indiretamente,
muitos SIS, e que entender um pouco mais
sobre eles é fundamental, pois ambas as
categorias trabalham com dados e
informações da população que vive em um
território. No momento em que você, em seu
trabalho cotidiano, registra um dado, está
contribuindo com a construção de um conjunto
de informações fundamental para o trabalho de
sua equipe e para o SUS.

Não precisa ser um expert em Informática na Saúde, mas


conhecendo um pouco, e com o suporte de sua equipe e de
profissionais locais, você conseguirá desenvolver um importante
trabalho. De todos os Sistemas vistos, destacamos o e-SUS APS
como o mais relevante para suas ações no território.

Do mesmo modo que os SIS devem ser integrados para obtenção


de melhores resultados, é preciso pensar que a atuação do ACS e
do ACE também deve ser integrada. Um dos modos de fazer isso, é
a adoção de um território único de atuação para ambas as
categorias profissionais e a execução de ações integradas (BRASIL,
2018).

Você já pensou sobre o assunto?


Vamos conhecer uma experiência exitosa de integração?

Apesar de super importante, a integração no trabalho ainda é um


desafio no Brasil, mas existem experiências inspiradoras. O
Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde
(CONASEMS) desenvolve o projeto Webdoc Brasil, aqui tem SUS,
que apresenta vídeos com experiências exitosas na organização
da Saúde em território nacional.

22
Vamos conhecer a
experiência de
integração entre ACS e
ACE no município de
Barra de Santana,
Paraíba.

Com reuniões conjuntas, melhoria da


comunicação entre as categorias e
Educação em Saúde na comunidade foi
possível enfrentar um surto de
Arboviroses no município.
Assista ao vídeo, clicando no link:
Webdoc Brasil, aqui tem SUS - Barra de
Santana (PB), ou apontando a câmera
do seu celular para o código QR, ao lado.
Acesso em: 12 set. 2022.

23
PRONTUÁRIO ELETRÔNICO,
FERRAMENTAS DE APOIO
PARA O REGISTRO DE
INFORMAÇÃO E QUALIDADE
DOS DADOS EM SAÚDE
Na primeira parte dessa disciplina, a gente viu que, nos últimos anos,
houve um importante avanço no uso de Tecnologias de Informação e
Comunicação (TIC) na Saúde Brasileira. O uso de Sistemas de
Registro Eletrônico em Saúde (RES) foi essencial para o
monitoramento epidemiológico da pandemia de COVID-19. Em 2021,
os RES estavam presentes em 88% dos Estabelecimentos de Saúde
brasileiros, em 85% das Unidades Públicas e em 89% das UBS (COMITÊ
GESTOR DA INTERNET NO BRASIL, 2021).

Os dados mostram, que o uso de RES é uma realidade na maioria dos


Estabelecimentos de Saúde Pública no Brasil. No entanto, antes de
prosseguirmos, é necessário esclarecer alguns conceitos. Afinal de
contas, você já deve ter percebido que a informática na Saúde é rica
em siglas, que, em um primeiro momento, parecem complexas, mas
nos ajudam a entender esse universo tão interessante. Vamos
analisar o quadro 03 e entender alguns deles?

Para acessar o material complementar:


Quadro 03 - Síntese de Conceitos
Importantes na Área da Informática na
Saúde, clique no link ou aponte a
câmera do seu celular para o código QR,
ao lado, e faça o download.

25
Na realidade das ESF, o processo de indução ao uso de RES
aconteceu a partir da introdução do e-SUS APS.

Como já vimos na história da Gerusa, até 2013 ainda vigorava o uso


do SIAB. Esse sistema trabalhava com registro de informação
consolidada, ou seja, apenas o quantitativo de atendimentos, de
visitas domiciliares e de procedimentos eram registrados e
informados pelo SIS. Porém, em 2011, com o início das discussões
sobre o Projeto de Saúde Digital (e-Saúde), coordenado pelo
Ministério da Saúde, percebeu-se que o SIAB não conseguiria
responder às necessidades de interoperabilidade entre os Sistemas
dos diversos serviços do SUS.
Já se apresentava a necessidade de captar e compartilhar
informações individualizadas sobre o cuidado, ou seja, implementar
um Sistema de RES na Atenção Primária à Saúde (APS). Assim, a
informatização dos processos de trabalho de Saúde, com o uso de
RES e do PEC, passou a estar na agenda dos gestores municipais,
estaduais e federais do SUS (SOUSA et al., 2019).

Acredita-se que o acesso compartilhado de


informações clínicas relevantes sobre os
problemas e as condições de Saúde pode
melhorar o cuidado que os profissionais
desenvolvem com o cidadão usuário
(MARIN, 2010). As principais vantagens do
uso de prontuários e de Sistemas
Eletrônicos de Registro de Informações em
Saúde estão apresentadas no infográfico, a
seguir:

26
DESAFIOS
VANTAGENS
● Requer adequada
● Ao contrário da informação em
disponibilidade de
papel, a eletrônica pode ser
equipamentos de
acessada por vários profissionais
informática,
ao mesmo tempo e em locais
softwares, rede
diferentes.
elétrica e
conectividade.
● Facilita a legibilidade e a
padronização da informação,
● A qualidade das
além de exigir menos espaço
informações
para arquivamento.
registradas depende
dos usuários do
● Permite realizar pesquisas mais
Sistema, ou seja, dos
rápidas, com uso de relatórios
profissionais.
sobre a Situação de Saúde de
uma população.

● Sistemas de alerta e apoio à


decisão clínica podem evitar
erros e trazer maior segurança
aos pacientes.

● Alguns estudos apontam que


existe uma redução de custos
com uso do PEC.

● Apresenta maior segurança, pois


somente os profissionais
autorizados podem ter acesso
aos dados sensíveis dos
pacientes, diferentemente do
prontuário em papel. Ao analisar os dados
apresentados, podemos
constatar importantes
vantagens com uso de RES e
PEC nos serviços. Porém, o
Fonte: CFM; SBIS, 2012; MARIN, 2010.
processo de informatização de
Unidades sempre traz consigo
alguns desafios.

27
Um dos principais desafios envolve a infraestrutura tecnológica
necessária, que requer investimentos. Alguns municípios brasileiros
ainda não possuem uma rede estável de internet, em especial, a
região norte ou comunidades rurais.

Existem marcantes diferenças econômicas, de financiamento e


territoriais no país, o que reflete na capacidade dos municípios
acessarem infraestrutura e tecnologias. Nesse sentido, a
informatização deve estar na agenda política dos gestores do SUS
(SOUSA et al., 2019).

Você sabia que existe o Programa de Apoio à


Informatização e Qualificação dos Dados da
Atenção Primária à Saúde - Informatiza APS?
Esse programa foi instituído pelo Ministério da
Saúde, em 2019, por meio da Portaria GM n°
2.983 de 11/11/2019, e tem como objetivo
principal promover a informatização de todas
as Equipes da ESF do Brasil, além de qualificar
os dados em Saúde no território nacional.

Outro desafio evidenciado, é a qualidade dos dados e das


informações, pois nossos registros podem estar adequados ou
inadequados, para representar a Situação de Saúde das pessoas. A
qualidade dos dados está relacionada à exatidão com que uma
informação é registrada, de maneira que ela seja capaz de
representar a realidade.

28
Na área da Saúde a qualidade no registro de dados ganha maior
importância, pois as informações provenientes serão utilizadas para
apoiar decisões relacionadas ao cuidado de Saúde das pessoas.
Assim, para um profissional de Saúde conduzir uma situação, de
modo assertivo, ele necessita não somente do acesso aos dados,
mas que eles sejam completos, confiáveis e, principalmente, que
representem a real condição de Saúde das pessoas no âmbito
individual e coletivo (UFMG; BRASIL, 2020).

Vejamos uma situação problema, que reflete a importância da


qualidade de dados em Saúde:

- Olá pessoal, boa tarde!


Vamos iniciar nossa reunião
e, antes de tudo, gostaria de
agradecer a presença de
todos e justificar a ausência
da Bruna, que foi realizar um
exame. Bem, nossa primeira
pauta é sobre os indicadores
do Programa Previne Brasil.

29
Recentemente, estive em uma reunião na
Secretaria de Saúde e os nossos indicadores
relacionados ao atendimento do hipertenso e do
diabético não estão bons. A coordenação de
Atenção Primária do município me passou um
relatório com o quantitativo de hipertensos e
diabéticos por microárea, com metas calculadas,
para nos ajudar a cumprir o indicador.

- Eu não entendo esses indicadores, pois,


nos últimos meses, atendi a muitos
hipertensos e diabéticos e sempre faço
a evolução deles certinha no Prontuário
Eletrônico, inclusive, com o uso do
código de CID para cada caso.

Então, vamos precisar revisar a forma como


estamos registrando as informações.
- Deixe eu te perguntar, Claudinéia:
- Quando o paciente é hipertenso, você tem
registrado a pressão no campo
estruturado específico?

- Não, eu sempre verifico a pressão dos


pacientes, mas anoto junto com o
restante da evolução, lá em
Avaliação, na tela do SOAP. Anotar lá
não conta, não?

30
- Infelizmente, não. Quando você lança o valor da
pressão do paciente lá no campo específico, na
finalização do atendimento é gerado,
automaticamente, um código de aferição de
pressão arterial que é contado para o indicador.

- Hum! Vou ficar atento a isso, a


partir de agora!

- Outra coisa, Bruno, aqui no relatório consta que


temos 35 diabéticos no nosso território, mas estava
fazendo as contas, aqui, de cabeça, e tem mais
pessoas com Diabetes do que as que eu costumo
atender. Por exemplo: o João Paulo, da rua Caetés;
a Maria Joaquina, da rua Sacramento e a Larissa
Rocha, da avenida Amazonas, não são diabéticos e
estão, aqui, no relatório.

- Então, precisamos rever os nossos cadastros,


pessoal! Pode, também, ser um erro do Sistema
que está apresentando esses pacientes como
diabéticos.

- Mas doutora, todos esses pacientes que você


citou tomam Metformina! São todos
diabéticos, não?

31
- Bia, nem sempre quem usa Metformina já está
diabético. Esse medicamento pode ser
indicado para pessoas com sobrepeso, como
medida de prevenção da Diabetes e, também,
para mulheres com Síndrome dos Ovários
Policísticos, que é o caso da Larissa Rocha.

- Pois para mim, doutora, isso é novidade! Como


muitas pessoas não sabem explicar se tem ou
não diabetes, sempre que vou fazer visita e
noto que o pessoal usa Metformina, já sinalizo,
no cadastro, que ela é diabética.

- Eu, também, sempre faço assim!

- Acho que descobrimos uma das causas para o não


cumprimento dos indicadores do Previne Brasil, que
é a qualidade dos dados que estamos informando
para o Sistema! Vamos colocar em nossas
agendas outra reunião, para que possamos revisar
alguns pontos do registro adequado de
informações. Vou tentar agendar com a
Coordenação de Atenção Primária um suporte
sobre isso!

32
A situação apresentada é bem recorrente no trabalho das equipes de
APS, e representativa do quanto é importante estarmos atentos ao
registro das informações com qualidade. Podemos notar, que o
desconhecimento do registro adequado, por parte da médica Flávia,
e o equívoco na realização dos cadastros, pelas ACS Bia e Claudinéia,
contribuíram para o não cumprimento dos indicadores do Previne
Brasil sobre o atendimento a diabéticos e hipertensos.

Você conhece o Programa Previne Brasil?


Trata-se do novo modelo de financiamento da APS, ou seja,
houve uma mudança na forma como o Ministério da Saúde
repassa os recursos para os municípios manterem suas
equipes. Resumidamente, o novo financiamento é baseado
em um tripé: captação ponderada (cadastro da população);
pagamento por desempenho (indicadores como, por
exemplo, o de atendimento de diabéticos, já discutido) e
incentivo para ações estratégicas (como o Informatiza APS,
sobre a qual já comentamos). Conhecer o Programa Previne
Brasil é o primeiro passo, para que a sua equipe obtenha um
adequado desempenho.

33
Os principais problemas de
qualidade dos dados registrados
em Sistemas da Saúde são:

Representatividade dos dados: acontece quando eles não

1 caracterizam a população adequadamente. Na equipe Azul


observamos esse problema, pois o número de diabéticos
cadastrados no Sistema era superior ao que realmente existia no
território.

Ausência ou incompletude das informações: ocorre

2 quando o dado requerido não é informado ou está incompleto.


São os campos deixados em branco! Observamos isso no
registro da médica Flávia, ao atender pacientes hipertensos.

Erros de digitação: muito comuns quando usamos formulários

3
de papel e, posteriormente, digitamos nos Sistemas Eletrônicos.
Esses erros são mais frequentes, quando o profissional que
preenche o formulário de papel não é o mesmo que realiza a
digitação no Sistema.

Arredondamentos ou simplificação de dados: estamos


muito acostumados a arredondar dados no nosso cotidiano, mas

4
um registro arredondado indevidamente pode mudar a conduta
frente a uma situação clínica. A classificação nutricional de uma
criança, por exemplo, pode ser alterada a partir de um
arredondamento (pode passar de peso adequado para
sobrepeso).

Não observar a identificação correta e inequívoca do


cidadão: trata-se de um erro ocasionado por falta de atenção.

5 Acontece, por exemplo, quando existem duas pessoas com o


mesmo nome no território e o ACS atualiza o cadastro de um no
lugar do outro. Isso pode ocasionar sérios problemas! Por esse
motivo, é preciso atenção e cuidado.

Fonte: (UFMG; BRASIL, 2020)

34
Quantas possibilidades de errar, não é mesmo? Como é isso na sua
realidade? Os dados que vocês produzem no cotidiano de trabalho
refletem, adequadamente, a realidade dos seus territórios?

Se a resposta for não, é preciso refletir sobre a forma como estamos


registrando nossos dados. É muito importante termos a consciência
que nenhum Sistema cria dados do nada! Geralmente, os dados que
constam nos relatórios de Saúde, por exemplo, provêm do banco de
dados. E adivinha quem é que alimenta esse banco de dados? Sim,
vocês! Se alimentarmos o Sistema com dados corretos e com a
representatividade necessária, por consequência, teremos relatórios
mais próximos da realidade de trabalho. Apesar dos problemas que
podemos encontrar na qualidade dos dados em Saúde, é possível
melhorar os nossos registros. Veja algumas dicas, disponibilizadas no
quadro 04, clicando no link abaixo.

Para acessar o material


complementar: Quadro 04 - Síntese
das Estratégias para Melhorar a
Qualidade dos Dados Coletados,
clique no link ou aponte a câmera do
seu celular para o código QR, ao lado,
e faça o download .

35
A qualificação dos dados e o uso dos Sistemas Eletrônicos é um desafio
para os Serviços de Saúde. As muitas tarefas a executar, por vezes, tiram o
nosso foco dessa importante atividade e acabam reforçando nossa
sobrecarga.

Quantas vezes foi necessário fazer um levantamento sobre o seu território,


porque o relatório do Sistema de Informação não era representativo?
Uma ação importante é a participação em capacitações, que discutam a
qualificação dos dados e informações que produzimos nos territórios. No
contexto da implantação do Sistema e-SUS APS, é fundamental que todos
os profissionais sejam, permanentemente, capacitados para o registro
qualificado no Sistema, para, assim, diminuir equívocos e promover o seu
bom uso (UFMG; BRASIL, 2020).

Falando em e-SUS APS e relatórios, saiba que vamos discutir um pouco


mais sobre o assunto daqui em diante.

Geralmente, os SIS possuem relatórios que contribuem com a visualização


dos dados registrados de modo sintético e sistematizado, o que permite o
planejamento de ações e o monitoramento do processo de trabalho. Na
equipe Azul, por exemplo, foi possível identificar um problema de
representatividade dos dados com o uso de relatórios do e-SUS APS, um
dos SIS central no trabalho dos ACS e ACE. Vamos detalhar um pouco
mais alguns relatórios disponíveis no Sistema, que vão contribuir com o
acompanhamento das ações de Saúde, e permitir que você enxergue seu
território e veja os resultados do seu esforço em registrar as ações
desenvolvidas no seu cotidiano de trabalho. Os relatórios disponíveis
estão classificados em gerenciais, consolidados, operacionais e de
produção e suas características estão apresentadas no Quadro 05
(BRASIL, 2021b).

Para acessar o Quadro 05 - Síntese dos


Principais Relatórios Disponíveis no
e-SUS APS, clique no link ou aponte a
câmera do seu celular para o código
QR, ao lado, e faça o download.

36
Você deve ter notado que o e-SUS APS traz muitos relatórios
com dados úteis para o seu trabalho, não é verdade? Além
dos relatórios que foram apresentados, destacamos a
existência de outros como: Operacional – Crianças
menores de 5 anos; Operacional – Gestante/Puérpera e
Operacional – Risco cardiovascular. Eles reúnem
informações proveitosas sobre cada grupo e podem
contribuir, muito, para organização do cuidado nas Equipes
da ESF (BRASIL, 2021b).

O uso dos relatórios do e-SUS APS pode facilitar a nossa vida, não
é mesmo? O Sistema é complexo e abrangente e, por esse
motivo, recomendamos consultar o Manual do PEC/CDS, sempre
que julgar necessário. Ele traz informações detalhadas sobre a
emissão de relatórios e, também, o correto preenchimento das
fichas - assunto que vamos estudar na próxima unidade.
Conhecer o manual é essencial para usar o Sistema em todo o
seu potencial. Não precisa decorar tudo que tem nele, mas
tenha-o sempre em mãos para esclarecer alguma dúvida.
Certamente, ele vai te ajudar bastante!
Título: Manual PEC/CDS
Link: https://cgiap-saps.github.io/Manual-eSUS-APS/.
Acesso em: 12 set. 2022.

37
Como vimos, usar os relatórios do e-SUS APS, ou de outros Sistemas,
pode favorecer o nosso trabalho. Um problema que os relatórios
podem apresentar é a inconsistência dos dados e das informações,
ou seja, eles estarem incoerentes, ilógicos e não representarem a
realidade do território. Isso pode acontecer por algum erro técnico
(no software), ou devido à ocorrência de problemas de qualidade no
registro de dados - situação que já estudamos, aqui.
Nossa experiência demonstra que a maioria das inconsistências
presentes nos relatórios está relacionada ao registro da informação.
Por isso, é muito importante implementar, em nosso cotidiano de
trabalho, as estratégias apresentadas no Quadro 04. Afinal de contas,
QR code e assista nossa teleaula! Ou
para obtermos relatórios com informações reais e úteis, é necessário
clique na imagem acima para ser
redirecionada (o).
que o registro nas fichas e nos formulários seja qualificado. Falando
em qualificação do uso das fichas do e-SUS APS, saiba que esse será
o nosso próximo assunto!

38
A ESTRATÉGIA E-SUS APS E
SEUS SOFTWARES E
APLICATIVOS PARA COLETA
DE DADOS
Nós já vimos que a Saúde está caminhando para a digitalização dos
seus processos de trabalho. Também, aprendemos um pouco sobre as
vantagens do uso do RES e PEC, além de discutirmos sobre a
qualificação do registro de dados. Afinal de contas, registros qualificados
geram dados e informações úteis para melhor cuidar das pessoas!

Agora, vamos ver um pouco mais sobre a estratégia e-SUS APS, seus
formulários e suas funcionalidades, que fazem parte do cotidiano de
trabalho dos ACS e ACE. Antes de começar, vamos ver como foi a
implantação do e-SUS APS no contexto de trabalho da Gerusa, da turma
do Saúde com Agente.

Olá, pessoal! Sou ACS, com mais de 20 anos de


experiência, já passei por muita coisa, e vou
compartilhar com vocês como ocorreu a mudança
do antigo SIAB para o e-SUS APS, em minha unidade.

Antes, trabalhávamos apenas com papel, fazendo


anotações nas chamadas fichas B do SIAB, e,
mensalmente, o nosso enfermeiro fazia a reunião de
“fechamento do SIAB”. Em 2014, iniciamos a mudança
para o e-SUS APS e, no começo, foi um Deus, nos
acuda!

Primeiro, porque todas as fichas mudaram, passando


a cobrar da gente mais dados do que aqueles com
que estávamos acostumados a trabalhar. Segundo,
porque precisaríamos cadastrar todas as famílias e
as pessoas no novo Sistema.

- Jesus, quando lembro me dá até arrepios!

Terceiro, por conta da nossa dificuldade com o uso


de computadores.

40
No nosso caso, desde o começo, a Secretaria Municipal de Saúde
comprou computadores, para que nós mesmos pudéssemos digitar
os cadastros e as visitas no Sistema.

- Pois bem, eu não tinha muito contato com a informática, sabe,


nem sabia para onde ia isso!

Precisei fazer um curso de informática básica, para me habituar


com o uso do computador, que, inclusive, era um só para sete ACS
utilizarem. Na época, a gente tinha muita dúvida e não houve um
treinamento específico do governo. Nosso coordenador ia
estudando os manuais do e-SUS APS e ia repassando pra gente.

Com o passar do tempo, a gente foi se acostumando com o uso dos


computadores e do Sistema. O e-SUS APS foi melhorando e alguns
erros que aconteciam foram sendo corrigidos. Hoje, a Secretaria
Municipal de Saúde comprou tablets para todos os ACS e ACE.

- Uma maravilha!

A gente faz a visita e já registra, ali mesmo, sem precisar ficar


levando aquela papelada para, depois, digitar no Sistema. Percebi,
também, que o Sistema é mais completo do que o SIAB, pois a gente
tem a informação de cada pessoa, o que ajuda muito no trabalho.

- Fiquei feliz, pois estou informatizada!

Antes, ao ver um computador, saía correndo! Hoje, adoro as


tecnologias e tenho até Instagram,® que acabo usando como meio
de divulgação das ações aqui da UBS.

- O Whatsapp,® então, nem se fala! Me ajuda demais no dia a dia.


Costumo brincar que, agora, sou uma ACS conectada!

41
A história da Gerusa deixa evidente o quanto foi difícil a transição
do SIAB para o e-SUS APS, para todos os atores envolvidos.
Apesar disso, temos que reconhecer os ganhos significativos que
tivemos, em termos de qualidade e abrangência das
informações. A estratégia e-SUS APS visa informatizar e qualificar
o SUS e torná-lo eletrônico (e-saúde), para melhor gerir as
informações, apoiar os Serviços de Saúde, além de qualificar o
cuidado das pessoas. Vamos conhecer alguns pontos
fundamentais da estratégia e-SUS APS (BRASIL, 2021b):

● Registrar as informações de modo individualizado e,


para tanto, é utilizado o número do CPF ou CNS (sendo
preferencialmente a utilização do CPF), o que permite
acompanhar os atendimentos e os procedimentos
realizados ao longo do tempo, facilitando a
longitudinalidade do cuidado.

● Integrar as informações pela Rede Nacional de Dados


em Saúde (RNDS), que nada mais é que um repositório
de dados sobre a Saúde da população brasileira.

● Reduzir a necessidade de registrar a mesma informação


em SIS diferentes, o que reduz o chamado retrabalho.
● Informatizar as UBS com soluções tecnológicas
adequadas aos processos de trabalho das equipes nos
territórios de atuação.

● Padronizar terminologias e métodos de registro clínico e,


assim, qualificar os dados em Saúde.

● Facilitar a gestão do cuidado com ferramentas


tecnológicas, como o uso de relatórios sobre a Situação
de Saúde dos cidadãos atendidos.

42
Longitudinalidade do cuidado!
Provavelmente, você estudou esse conceito na disciplina
Políticas de Saúde, Política Nacional de Atenção Básica,
Política Nacional de Vigilância em Saúde no Brasil, não é
mesmo? Caso ainda tenha dúvidas sobre o assunto, é
fundamental saná-las, pois compreender esses conceitos
é essencial para entender como o SUS está organizado.
A médica de Família e Comunidade Luisa Portugal possui
um canal no Youtube,® com vários vídeos legais sobre o
assunto. Aqui, vamos sugerir um deles para esclarecer esse
conceito de forma lúdica. Confere lá!

Título: Longitudinalidade
(Atributos essenciais da Atenção
Primária à Saúde)
Clique aqui para acessar o link:
https://www.youtube.com/watch
?v=GcDZuSBV2FE. Acesso em: 12
set. 2022.

43
É importante entendermos que a estratégia e-SUS APS engloba dois
grandes Sistemas, um para armazenamento (Sistema de
Informação), e outro para a coleta de dados (Sistema de software)
(BRASIL, 2021b, 2022b; SOUSA et al., 2019):

O Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (SISAB)

É o SIS que armazena, processa e dissemina as informações


relacionadas à APS. Funciona como uma espécie de arquivo
digital, para onde vão todos os dados produzidos pelas equipes
em seus territórios. Os dados contidos nele são utilizados para
calcular os indicadores do Previne Brasil, e verificar o
cadastramento das pessoas, por exemplo. Trata-se de um SIS
projetado para gerar informações sobre o trabalho das equipes e
fomentar a avaliação da atuação delas.

44
• Os Sistemas de softwares do e-SUS APS coletam os dados que são
enviados ao SISAB e respeita as suas diretrizes, mas, para além disso,
possuem funcionalidades específicas para conduzir os processos de
trabalho das equipes. Isto é, no cotidiano de trabalho as equipes
utilizam os softwares para produzir e registrar o cuidado. Nesse
contexto, existem dois softwares e dois aplicativos.

Sistema de Coleta de Dados Simplificado (CDS):

É um Sistema de transição para as equipes, que não estão plenamente


informatizadas. Trabalha com a lógica de registro do cuidado em
fichas de papel para posterior digitação. Também pode ser utilizado
por equipes plenamente informatizadas, mas que, por algum motivo,
houve uma interrupção temporária do Sistema. Possui 13 fichas (caso
queira conhecê-las, basta clicar sobre o nome de cada uma delas,
que será possível acessá-las):

Ficha de
vacinação
COVID-19.
Acesso em: 12
set. 2022.

45
Ficha de Atendimento
Ficha de Cadastro
Domiciliar - última
Individual - última
atualização: versão
atualização: versão
3.2.
3.2. Acesso em: 12 set.
Acesso em: 12 set.
2022.
2022.
Ficha de Ficha
Atendimento Complementar -
Individual - última última
atualização: atualização:
versão 3.2. Acesso versão 3.2. Acesso
em: 12 set. 2022. em: 12 set. 2022.

Ficha de Atendimento Ficha de Marcadores


Odontológico de Consumo
Individual - última Alimentar - última
atualização: versão atualização: versão
4.3. Acesso em: 12 set. 3.2. Acesso em: 12 set.
2022. 2022.

Ficha de Atividade
Ficha de
Coletiva - última
Procedimentos -
atualização: versão
última atualização:
3.2. Acesso em: 12
versão 3.2. Acesso
set. 2022.
em: 12 set. 2022.

Ficha de Avaliação
Ficha de Vacinação -
de Elegibilidade e
última atualização:
Admissão - última
versão 3.2. Acesso
atualização: versão
em: 12 set. 2022.
3.2. Acesso em: 12 set.
2022.

Ficha de Visita
Ficha de Cadastro Domiciliar e Territorial
Domiciliar e Territorial - última atualização:
- última atualização: versão 4.1. Acesso
versão 3.2. Acesso em: 12 set. 2022.
em: 12 set. 2022.

46
Aplicativo e-SUS Território (e-SUS Território) e e-SUS Atividade Coletiva (e-SUS AC):

É o Sistema que opera em equipes com plena


informatização. Nesse caso, o atendimento das pessoas
usuárias já acontece com o profissional de Saúde,
realizando o registro do cuidado simultâneo no Sistema.
Ocorre quando a funcionalidade PEC está efetivamente
implantada e traz consigo várias vantagens, que foram
discutidas na temática anterior.

Sistema com Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC):

Destinado para o uso em dispositivos móveis (tablets e


smartphones), de modo off-line, para facilitar a coleta de
dados no território, fora do ambiente da UBS.

A partir de agora, vamos detalhar um pouco sobre a


operacionalização do registro de dados pelo ACS e ACE,
com o uso dos softwares e aplicativos do e-SUS APS.
É importante destacar, que cabe à Gestão Municipal da
Saúde definir o melhor fluxo de alimentação do Sistema,
pois é necessário considerar a logística, os recursos
humanos e tecnológicos disponíveis na realidade
municipal. Nesse sentido, a estratégia e-SUS APS é versátil,
considerando que é possível utilizar o Sistema em variadas
realidades, desde o contexto em que a UBS não possui
computadores e acesso à internet estável, até unidades
com computadores suficientes e internet estável
(BRASIL, 2021b, 2022b).

47
Uma dúvida frequente, quando se trata de uso de Sistemas de
Informação na Saúde, diz respeito à responsabilidade por digitar
dados no Sistema. Para esclarecer esse ponto, em 2015, o antigo
Departamento de Atenção Básica (hoje, Secretaria Nacional de
Atenção Primária à Saúde), publicou uma nota técnica sobre o
assunto. Nela, fica clara a recomendação do Ministério da Saúde de
que a digitação da produção seja feita pelo mesmo profissional
responsável pelo atendimento, pois esse registro faz parte do
cuidado (discutimos sobre isso na temática anterior, lembra-se?).
Para saber mais, acesse a nota técnica na íntegra:
Título: Nota Técnica do Departamento de Atenção
Básica/Secretaria de Atenção à Saúde/ Ministério da Saúde.
Link:
http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/documentos/NT_ACS.pdf.
Acesso em: 13 set. 2022.

Aponte a câmera do seu celular


para o QR code e assista nossa
teleaula, ou clique aqui para ser
redirecionado(a).

48
Na disciplina de Geoprocessamento em Saúde, Cadastramento e
Territorialização vimos a importância de conhecermos o nosso
território de atuação. Esse conhecimento nos permite planejar ações e
nos anteciparmos aos problemas, além de desenvolver atividades
intersetoriais para enfrentar os contextos adversos identificados. A
estratégia usada para alcançar isso é a territorialização e a adscrição
territorial. Assim, podemos dizer que o território definido é a base de
atuação dos ACS e ACE, e conhecer os condicionantes e determinantes
de Saúde desse território é tarefa obrigatória. Para tanto, é necessário
realizar um adequado cadastramento, com o mapeamento de
características econômicas, sociais e de Saúde da população que vive
no território. No e-SUS APS esse cadastro está organizado em duas
dimensões: cadastro individual e cadastro domiciliar e territorial
(BRASIL, 2021b; BRASIL, 2017).

Percebemos a importância em conhecer o território


de atuação do ACS e do ACE e, também, que as ações
desses profissionais devem estar integradas.
A definição de territórios de atuação diferentes para
ACE e ACS é um fator que contribui ou dificulta a ação
integrada? Já pensou sobre isso?
Reflita e discuta com o seu preceptor.

49
A dimensão do cadastro individual corresponde ao preenchimento
da Ficha de Cadastro Individual, que reúne informações divididas
nos seguintes blocos:
● informações de cabeçalho;
● identificação do usuário/cidadão;
● informações sociodemográficas;
● questionário autorreferido de Situações/Condições de Saúde;
● cidadão em situação de rua;
● termo de recusa do cadastro individual da atenção básica.
(BRASIL, 2021b)

Apesar de parecer banal, o preenchimento dos cabeçalhos de todas


as fichas do e-SUS APS é de extrema importância! É preciso estar
muito atento a todos os campos:
CNS do profissional: é a identificação do profissional, por meio do
número do CNS;
CBO: é o Código Brasileiro de Ocupações e define a categoria
profissional;
CNES: é o código que identifica a qual Unidade de Saúde o
profissional pertence;
INE: é o código da equipe a qual o profissional pertence;
Data: é a data em que a ficha foi preenchida.
 
QR code e assista nossa teleaula! Ou
Para que as fichas cheguem ao SISAB corretamente, é necessário
clique na imagem acima para ser
redirecionada (o).
que o profissional, que realizou a produção, esteja corretamente
inscrito no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde
(CNES) https://cnes.datasus.gov.br (Acesso em: 13 set. 2022).
As Secretarias Municipais de Saúde possuem profissionais
responsáveis por esse cadastro. É muito importante verificar isso,
antes de qualquer tipo de registro no Sistema.

50
A seguir, vamos destacar alguns pontos importantes de cada bloco que,
na nossa experiência, representam as principais inconsistências no
registro de informações. O objetivo, aqui, não é esgotar essa discussão,
mas focar em pontos essenciais.
No cotidiano de trabalho, é muito importante consultar o Manual do
PEC/CDS sempre que houver dúvida em relação ao preenchimento de
algum campo.

Para acessar o Quadro 06 –


Destaques para o Preenchimento da
Ficha de Cadastro Individual, clique
no link ou aponte a câmera do seu
celular para o código QR, ao lado, e
faça o download do material.

QR code e assista nossa teleaula! Ou


clique na imagem acima para ser
redirecionada (o).

51
Como podemos observar, a Ficha de Cadastro Individual é completa e
investiga situações e condições importantes para a organização do
cuidado no território. Por esse motivo, é muito relevante o seu
preenchimento completo, mesmo que a maioria dos campos não seja
obrigatória. Lembram-se quando discutimos sobre as consequências da
incompletude, ou ausência de informações, na temática anterior? É, aqui,
que devemos estar atentos e não permitir que isso aconteça!

Agora que conhecemos os aspectos principais do cadastro individual, é


importante entender a outra dimensão do cadastramento no território, a
Ficha de Cadastro Domiciliar e Territorial.

A Ficha de Cadastro Domiciliar e Territorial é a segunda etapa do


processo de cadastramento da população do território. Nela é possível
registrar os aspectos sociossanitários dos domicílios, inclusive, de
pessoas em situação de rua. Assim, como anteriormente apresentado,
vamos discutir os pontos de destaque sobre essa etapa cadastral, no
quadro 07, a seguir.

QR code e assista nossa teleaula! Ou


clique na imagem acima para ser
Para acessar o Quadro 07 – redirecionada (o).

Destaques para o Preenchimento da


Ficha de Cadastro Domiciliar e
Territorial, clique no link ou aponte a
câmera do seu celular para o código
QR, ao lado, e faça o download do
material.

52
Você observou que o e-SUS APS permite uma
visão completa do contexto familiar das
pessoas do território e, quando bem utilizado,
reúne dados e informações valiosos para
organização do cuidado em Saúde?

Como já foi mencionado, o cadastramento da população compõe o


novo financiamento da APS com o Programa Previne Brasil. Os
cadastros realizados pelas equipes da ESF, no e-SUS APS, são
enviados ao SISAB, que processa as fichas e valida os registros.

Assim, os dados validados são utilizados para calcular os valores da


captação ponderada e dos indicadores de desempenho (BRASIL,
2022b).

Interessante, não é mesmo?


QR code e assista nossa teleaula! Ou
Lembre-se queclique
vocês,
na imagemACS
redirecionada (o).
/ACE,
acima para ser

são agentes fundamentais para o


cadastro das pessoas no território
e, também, para a atualização dos
cadastros!

53
Para além do cadastramento de pessoas e domicílios, o e-SUS APS
possibilita o registro das visitas domiciliares operacionalizadas pelos ACE e
ACS. Para tanto, o conceito de visita domiciliar foi redefinido e passou a ser
uma atividade exclusiva desses profissionais (BRASIL, 2021b).

O instrumento de registro é a Ficha de Visita Domiciliar e Territorial, que traz


uma visão ampliada do processo de trabalho dos ACS e dos ACE,
detalhando e qualificando o registro. No quadro 08, apresentaremos
alguns pontos fundamentais.

Para acessar o Quadro 08 –


Destaques para o Preenchimento da
Ficha de Visita Domiciliar e Territorial,
clique no link ou aponte a câmera do
seu celular para o código QR, ao lado,
e faça o download do material.
QR code e assista nossa teleaula! Ou
clique na imagem acima para ser
redirecionada (o).

54
É preciso destacar uma situação, que é fonte de dúvida para muitos
profissionais. Quando o e-SUS APS foi implementado, houve uma
mudança na contabilização das visitas realizadas pelos ACS.
Anteriormente, o SIAB trabalhava com a lógica de registro consolidado e
eram contadas as “famílias visitadas” e aquelas acompanhadas pelo
ACS. Como já estudamos, o e-SUS APS está fundamentado na lógica de
individualização do registro, assim, no Sistema, devem ser registrados os
“indivíduos visitados”.

De modo indireto, é possível calcular quantas famílias foram visitadas, a


partir dos vínculos familiares registrados nos cadastros individuais e
domiciliares. Existem exceções quando as opções visita periódica e
cadastramento/atualização são utilizadas, conforme orientação do
quadro 07. Quando o ACS visita um cidadão, que tenha como condição
alguma doença crônica ou ciclo de vida (de acompanhamento regular
da ESF), o registro deve ser feito de forma individualizada, utilizando o
CNS/CPF desse indivíduo (BRASIL, 2021b).

55
O Sistema e-SUS APS possui fichas projetadas para uso e
qualificação do registro da informação dos ACS e dos ACE.
Entretanto, observamos que não são em todas as
realidades que o Sistema é utilizado pelas duas categorias.
O uso pelos ACS é universal, seja pelos softwares do e-SUS
APS ou por outros Sistemas que transmitem dados para o
SISAB. Porém, essa não é a realidade do processo de
trabalho dos ACE em todo o Brasil. Trabalhar com o mesmo
Sistema de Informação pode estreitar os laços de trabalho
entre ACS e ACE. Você já pensou sobre isso?
Discuta o assunto com o seu preceptor!

Como já foi dito, a estratégia e-SUS APS também possui aplicativos


móveis integrados ao Sistema com PEC, para utilização dos
profissionais. O primeiro aplicativo desenvolvido priorizou o processo de
trabalho dos ACS e ACE, denominado e-SUS Território, e é sobre ele que
vamos discutir, agora. O e-SUS Território pode ser utilizado em tablets ou
smartphones e considera aspectos de segurança, usabilidade e
conforto (BRASIL, 2021b).

56
Uma das vantagens do uso do aplicativo é o fluxo facilitado de trabalho
dos profissionais, como demonstrado na figura 02.

Figura 02 – Cadastro de Indivíduos, Famílias e


Domicílios/Imóveis no e-SUS Território.

Fonte: BRASIL, 2021b.


Observação: figuras originais disponíveis em:
https://cgiap-saps.github.io/Manual-eSUS-APS/docs/territorio/territo
rio_01/. Acesso em: 12 set. 2022.

CURSO TÉCNICO ACE E ACS 57


Como podemos notar, com o uso do e-SUS Território, ocorre uma
importante simplificação do processo de cadastramento e
atualização cadastral e de registro das visitas. As vantagens do uso
do aplicativo estão relacionadas à eliminação do uso de fichas de
papel e ao registro paralelo da ação de cadastramento ou visita, o
que pode contribuir com a redução de erros de digitação, com o
tempo de compartilhamento dos dados e com a otimização da
atuação profissional.

O primeiro passo para a utilização do aplicativo é a sincronização


com a instalação do e-SUS APS, para que a base cadastral,
previamente processada pelo Sistema, seja sincronizada com o
equipamento e possibilite o seu uso no território em modo off-line.
Para sincronizar, é necessário o endereço do servidor, o login e a
senha de acesso à instalação do e-SUS APS. As regras de registro de
cadastros domiciliares, individuais e de visitas domiciliares são
similares àquelas já discutidas, aqui (BRASIL, 2021b).

CURSO TÉCNICO ACE E ACS 58


RETROSPECTIVA
Chegamos ao final desse conteúdo! Com o estudo dessa disciplina
entendemos o processo de Informatização da Saúde e as Políticas
Nacionais relacionadas ao tema, como a PNIIS e o programa
Informatiza APS.

Refletimos sobre a importância da qualificação dos registros em


Saúde e discutimos estratégias que podem ser utilizadas no cotidiano
de trabalho para abordar o tema.

Realizamos, também, uma breve revisão sobre a estratégia e-SUS APS


e, por fim, aprimoramos os conhecimentos sobre os principais
instrumentos de registro utilizados pelo ACS e ACE.
 
Você percebeu que os dados, produzidos no seu trabalho, são
fundamentais para a organização do SUS?

Saiba que, ao utilizar estratégias de qualificação de dados, como as


que estudamos, o maior beneficiado será você, que obterá relatórios
confiáveis para organizar o seu trabalho.

Lembre-se de que esses dados, quando registrados de forma correta e


oportuna, podem ser utilizados na visualização de seu território, de sua
produção e para o planejamento das Ações em Saúde. Além disso, é
preciso pensar na atualização desses dados, pois o território é
dinâmico e os Sistemas devem ser alimentados e atualizados
permanentemente.

O nosso desafio é obter dados de qualidade, registrados em todos os


SIS, que possam ser utilizados pelos ACS e ACE e, você, é fundamental
para isso!  

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BIBLIOGRAFIA
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde.
Departamento de Análise de Situação de Saúde. Manual de
Instruções para o preenchimento da Declaração de Nascido Vivo.
Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2011.

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sistema de informações sobre mortalidade. 1. ed. Brasília: Editora do
Ministério da Saúde, 2001.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde.


Departamento de Vigilância Epidemiológica. Sistema de Informação
de Agravos de Notificação–Sinan: normas e rotinas. 2. ed. Brasília:
Editora do Ministério da Saúde, 2007.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Secretaria


de Vigilância em Saúde. Guia Política Nacional de Atenção Básica -
Módulo 1: Integração Atenção Básica e Vigilância em Saúde. Brasília:
Ministério da Saúde, 2018.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS n° 1.768, de 30 de julho de


2021. Altera o Anexo XLII da Portaria de Consolidação GM/MS no 2, de
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https://datasus.saude.gov.br/. Acesso em: 22 maio. 2022a.

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Nacional de Controle da Dengue (SisPNCD). Brasília: Ministério da
Saúde, [s.d.].

62
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setembro de 2017. Anexo XXII da Portaria de Consolidação GM/MS nº 2,
de 28 de setembro de 2017, que dispõe sobre a Política Nacional de
Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a
organização da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de
Saúde (SUS). Diário Oficial da União. 2017a.

COELHO NETO, G. C.; CHIORO, A. Afinal, quantos Sistemas de


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tecnologias de informação e comunicação nos estabelecimentos de
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adaptada. 1. ed. São Paulo: Comitê Gestor da Internet no Brasil, 2021.

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dados em registro de Atenção Primária à Saúde: curso para
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Federal de Minas Gerais. Ministério da Saúde, 2020.

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Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde
bvsms.saude.gov.br

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