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MINISTÉRIO DA SAÚDE

CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS MUNICIPAIS DE SAÚDE


UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

CONHECENDO E
CONSTRUINDO A SAÚDE
PELO AMBIENTE
PROGRAMA SAÚDE COM AGENTE
E-BOOK 17

Brasília – DF
2023
MINISTÉRIO DA SAÚDE
CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS MUNICIPAIS DE SAÚDE
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

CONHECENDO E
CONSTRUINDO A SAÚDE
PELO AMBIENTE
PROGRAMA SAÚDE COM AGENTE
E-BOOK 17

Brasília – DF
2023
2023 Ministério da Saúde.
Esta obra é disponibilizada nos termos da Licença Creative Commons – Atribuição – Não Comercial –
Compartilhamento pela mesma licença 4.0 Internacional. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra,
desde que citada a fonte.
A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada, na íntegra, na Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde:
bvsms.saude.gov.br

Tiragem: 1ª edição – 2023 – versão eletrônica

Elaboração, distribuição e informações: Coordenação-geral: Designer educacional:


MINISTÉRIO DA SAÚDE Cristiane Martins Pantaleão – Conasems Alexandra Gusmão – Conasems
Secretaria de Gestão do Trabalho e da Hishan Mohamad Hamida – Conasems Juliana de A. Fortunato – Conasems
Educação na Saúde Leandro Raizer – UFRGS Pollyanna Lucarelli – Conasems
Departamento de Gestão da Educação na Luciana Barcellos Teixeira – UFRGS Priscila Rondas – Conasems
Saúde
Marcelo A. C. Queiroga Lopes – MS
Coordenação-Geral de Ações Educacionais
Roberta Shirley A. de Oliveira – MS Colaboração:
SRTVN 701, Via W5 Norte, lote D,
Rodrigo dos Santos Santana – MS Antonio Jorge de Souza Marques –
Edifício PO 700, 4º andar Conasems
CEP: 70719-040 – Brasília/DF Daniela Riva Knauth - UFRGS
Direção técnica:
Tel.: (61) 3315-3394 Josefa Maria de Jesus – SGTES/MS
Rodrigo dos Santos Santana – MS
E-mail: sgtes@saude.gov.br Katia Wanessa Silva – SGTES/MS
Organização: Marcela Alvarenga de Moraes – Conasems
Secretaria de Atenção Primária à Saúde: Marcia Cristina Marques Pinheiro –
Núcleo Pedagógico do Conasems
Departamento de Saúde da Família Conasems
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Supervisão-geral:
7º andar Rosângela Treichel – Conasems
Rubensmidt Ramos Riani
CEP: 70058-90 – Brasília/DF Suellen da Silva Ferreira– SGTES/MS
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CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS Érika Rodrigues De Almeida – SAPS/MS Aidan Bruno – Conasems
MUNICIPAIS DE SAÚDE – Conasems Alexandre Itabayana – Conasems
Fabiana Schneider Pires – UFRGS
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Sala 144
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL


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Normalização:
XXX – Editora MS/CGDI
Ficha Catalográfica

Brasil. Ministério da Saúde.


Conhecendo e construindo a Saúde pelo ambiente [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Secretarias Municipais
de Saúde. Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Brasília : Ministério da Saúde, 2023.
xx p. : il. – (Programa Saúde com Agente; E-book 17)

Modo de acesso: World Wide Web: xxx


ISBN xxx-xx-xxx-xxxx-x

1. Agentes Comunitários de Saúde. 2. Saúde e meio ambiente. 3.Riscos e doenças relacionadas ao ambiente . I. Conselho Nacional de
Secretarias Municipais de Saúde. II. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. III. Título.
CDU 614

Catalogação na fonte – Coordenação-Geral de Documentação e Informação – Editora MS – OS 2023/0xxx


Título para indexação:
Knowing and Building Health Through the Environment
BEM-VINDA (0)!
Este é o seu e-book da disciplina Conhecendo e Construindo a Saúde pelo
Ambiente.

Quando o assunto é ambiente, normalmente, pensamos em áreas naturais,


como florestas, matas, rios e oceanos. Mas o ambiente é muito mais do que
isso, envolve um conjunto de interações físicas, químicas e biológicas, além
de abrigar as cidades com todos os elementos envolvidos, sejam pessoas,
animais, plantas, ar e água, a indústria e o comércio.

Nesta disciplina, vamos estudar conceitos que articulam o campo da saúde


com a discussão ambiental. Frente aos problemas socioambientais do
cotidiano, vamos ver a relação entre a ecologia e a saúde ambiental como
campos que andam sempre juntos.

A relação entre saúde e ambiente fica evidenciada quando se observa a


relação entre a piora das condições de saúde e a falta de saneamento; a
contaminação da água e dos alimentos; a poluição do ar; a produção
ilimitada de lixo e seu manejo inapropriado; além do uso desenfreado de
produtos químicos.

Estude este material com atenção e consulte-o sempre que necessário!


Acompanhe também a aula interativa e realize as atividades propostas
para assimilar as informações apresentadas.

Bons estudos!
LISTA DE SIGLAS E
ABREVIATURAS

ACE | Agente de Combate às Endemias


ACS | Agente Comunitário de Saúde
CAT | Comunicação de Acidente de Trabalho
DPOC | Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica
INSS | Instituto Nacional de Seguridade Social
SINAN | Sistema de Informação de Agravos de Notificação
VISAT | Vigilância em Saúde do Trabalhador
LISTA DE FIGURAS
10 | Figura 1 - Ilha Grande dos Marinheiros - Projeto Resgate da Cidadania
14 | Figura 2 - Menino protege o corpo com sacos de lixo ao retirar petróleo
na praia de Itapuama, em Cabo de Santo Agostinho, Pernambuco
15 | Figura 3 - Jaílson da Silva, 43 anos, eletricista, atuou no Rio Mamucabas,
entre Tamandaré e Barreiros
18 | Figura 4 - Exemplo de primeira camada de informações
22 | Figura 5 - Vista da Favela de Paraisópolis, São Paulo (SP), com o bairro
nobre de Vila Suzana ao fundo
24 | Figura 6 - Desmatamento e queimada na zona rural do município de
Apuí, Amazonas
24 | Figura 7 - Descarte irregular de lixo na praça Júlio Mesquita, São Paulo
(SP)
25 | Figura 8 – Igualdade
25 | Figura 9 – Equidade
27 | Figura 10 - Exemplo de segunda camada de informações
31 | Figura 11 - Favela da Rocinha, Rio de Janeiro (RJ)
32 | Figura 12 - Investigação sobre a Cólera em Londres no século XIX, feita
por John Snow
33 | Figura 13 - Exemplo da terceira camada de informações
35 | Figura 14 - Caminho dos resíduos sólidos
37 | Figura 15 - Doenças transmitidas por vetores relacionados aos resíduos
sólidos
38 | Figura 16 - Fatores ambientais relacionados às doenças transmissíveis
e não transmissíveis
38 | Figura 17 - Variações na qualidade ambiental e as respectivas doenças
associadas a elas
45 | Figura 18 - Doenças relacionadas à água
48 | Figura 19 - Exemplo da quarta camada de informações
55 | Figura 20 - Inter-relacionamento entre dados epidemiológicos e
ambientais
56 | Figura 21 - Combinação das camadas do exemplo de mapa de saúde
e elaboração
56 | Figura 22 - Exemplo de mapa de saúde com todas as camadas
SUMÁRIO

7 ECOLOGIA E SAÚDE AMBIENTAL

19 DESENVOLVIMENTO E QUALIDADE
AMBIENTAL

29 ECOSSISTEMAS E RISCOS AMBIENTAIS

RISCOS À SAÚDE E DOENÇAS


34 TRANSMISSÍVEIS E NÃO TRANSMISSÍVEIS

44 PRINCIPAIS DOENÇAS RELACIONADAS AO


CONSUMO DE ÁGUA

50 RISCOS NO TRABALHO / NOTIFICAÇÃO EM


SAÚDE DO TRABALHADOR

54 AMBIENTE SAUDÁVEL E A CONSTRUÇÃO


DA SAÚDE PELO AMBIENTE

59 RETROSPECTIVA

61 BIBLIOGRAFIA
ECOLOGIA E SAÚDE
AMBIENTAL
O QUE É ECOLOGIA?

Ecologia é a ciência que estuda as relações estabelecidas


entre os seres vivos e destes com o meio ambiente em
que vivem. Portanto, uma abordagem ecológica privilegia
uma concepção de mundo de forma integrada,
interdependente e interligada e pressupõe que os seres
humanos devem ser vistos como parte de uma rede.

Qual é a relação entre ecologia e degradação ambiental?


A degradação ambiental decorre do crescimento desenfreado e da
globalização da economia. Compreender o modelo de desenvolvimento
vigente em nossa sociedade pode nos ajudar a compreender as relações
entre os modos de produção e consumo, o ambiente e a saúde no
contexto social atual.

O sistema produtivo, em todo o seu ciclo, vem deixando marcas no meio


ambiente, expressas pela contaminação dos solos, na qualidade da
água, na contaminação do ar, nos desastres ambientais, atingindo a
todos.

Curso Técnico ACE e ACS 8


9
Agora, precisamos falar
sobre o que é saúde.

A saúde não pode ser pensada apenas como


ausência de doenças, mas sim como uma
condição que depende de muitos fatores, tais
como boa alimentação, habitação adequada,
saneamento básico, emprego para se ter renda,
formas de lazer, possibilidade de fazer atividade
física, entre outros.

É muito comum no cotidiano dos serviços, verificarmos as características


do lugar como parte dos determinantes sociais da saúde. A população
usuária dos serviços de saúde vivencia, no seu território, questões como o
desemprego, a fome e as violências.

Essas questões representam problemas tanto individuais quanto


coletivos. É importante identificá-las para que as equipes de saúde
possam fazer parte da solução desses problemas, através de planos de
cuidados.

Os riscos não atingem igualmente as pessoas, pois a experiência da vida


é única e individual, sempre contextualizada, com múltiplas facetas e
interdependente.

9
Você entendeu o que é
ecologia e saúde? Então,
agora, vejamos o que é
saúde ambiental?
O campo da saúde ambiental compreende a área da saúde pública,
voltada ao conhecimento científico e à formulação de políticas públicas
relacionadas à saúde humana e aos fatores do meio ambiente natural. O
objetivo desse campo é melhorar a qualidade de vida dos seres
humanos com sustentabilidade.

Você sabia que o Primeiro Seminário da Política Nacional de Saúde


Ambiental foi realizado em outubro de 2005?

Nesse evento, a saúde ambiental foi definida como um campo de


práticas, que envolvem vários setores, voltadas aos reflexos dos fatores
ecológicos, geográficos e sociais na saúde humana. Portanto a saúde
ambiental é um campo amplo, que atravessa várias áreas do SUS, bem
como as diversas políticas sociais, e é, também, onde a participação
popular e o controle social têm grande importância.

Que leitura podemos fazer dessa situação?

Nosso cotidiano está diretamente afetado pelas variações do ambiente


onde vivemos com a família, com os amigos, nas atividades de lazer e de
trabalho. Assim, a saúde humana é influenciada não apenas pelos
fatores específicos citados acima, mas também pela interação entre
eles. A saúde vai além das condições físicas, químicas e biológicas, ela
engloba as experiências espirituais, sociais, culturais e religiosas de cada
um no seu contexto.

10
Como vamos, então, definir o ambiente?

Podemos considerar o ambiente como espaço? Lugar onde a vida


acontece? O ambiente é isso mesmo: o lugar, o espaço, os contextos de
vida onde as práticas sociais acontecem.

Sabendo o que é ambiente, agora precisamos conhecer um outro


conceito importante: o de Vigilância em Saúde Ambiental.

Vigilância em Saúde Ambiental consiste em um conjunto de ações que


proporcionam o conhecimento e a detecção de mudanças nos fatores
determinantes e condicionantes do meio ambiente. Esses determinantes
e condicionantes interferem na saúde humana.

A vigilância busca identificar tais determinantes para então conceber


medidas de prevenção e controle dos fatores de risco ambientais
relacionados às doenças ou a outros agravos à saúde. Os problemas de
saúde no território têm relação com múltiplos fatores que necessitam de
ações em rede e multiprofissionais.

Existem forças ativas na comunidade: as escolas, as associações diversas,


os templos religiosos e os espaços de encontro e de resistência popular.
Todas essas forças devem ser acionadas para se conhecer o ambiente e
para se construir medidas de enfrentamento individuais e coletivas dos
eventos ambientais adversos naquele território.

O cuidado com o
ambiente é uma
tarefa de todos!

11
A vigilância em saúde
ambiental tem o potencial de
olhar para as múltiplas
formas de exposição
humana a produtos
poluentes, ou
potencialmente poluentes e
nocivos à saúde humana,
para adotar e recomendar
medidas efetivas de
proteção e solução para os
problemas em conjunto com
outros setores.

As ações podem e devem ser pensadas por todos


os expostos, ou potencialmente expostos, aos
Paradigma variados riscos ambientais. Essa mudança na
Segundo a versão forma de ver os problemas e responder a eles é o
online do famoso que podemos chamar de mudança de paradigma!
Dicionário Houaiss
(https://houaiss.uol.com.br/),
Paradigma é um
exemplo que serve
como modelo; é
um padrão. Tá, mas e aí?

Então, uma mudança de paradigma significa


mudar o jeito como estamos vendo as coisas, isto
é, olhar um mesmo problema de um novo ponto de
vista!

Exatamente! Por isso, vamos relembrar um


acontecimento no Brasil que ilustra bem como os
desastres ambientais afetam a vida das pessoas, e
como são potentes e possíveis as ações de todos
os moradores para enfrentar esses problemas.

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Derramamento de óleo no nordeste
em 2019
Em 2019, “o Brasil foi surpreendido por manchas gigantescas de petróleo
que cobriram o litoral do país desde o Maranhão até o Rio de Janeiro. De
acordo com o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (IBAMA), mais de 3 mil km de litoral foram atingidos
pelo óleo, o maior desastre desse tipo da história no país. No entanto, as
autoridades brasileiras seguem sem saber quem foi o responsável por
essa catástrofe, e nem mesmo quanto petróleo foi jogado no litoral do
país (as estimativas giram entre 5 e 12,5 milhões de litros).”

Especialistas contam “que ainda há petróleo encravado em rochas e


corais e espalhado pelas dunas. E que as “pescadoras que conseguiam
através do seu trabalho entre 800 e 1000 reais antes do crime ambiental,
hoje, enfrentam desafios com a renda de, no máximo, 100 reais por mês
para suprir as necessidades de toda a família.”

Fonte: Climainfo (2021). Disponível em:


https://climainfo.org.br/2021/08/30/dois-anos-depois-derramamento-de-oleo-no-nordeste-segue-um-miste
rio/#:~:text=H%C3%A1%20dois%20anos%2C%20o%20Brasil,tipo%20da%20hist%C3%B3ria%20do%20pa%C3%ADs

Figura 2 - Menino protege o corpo com


sacos de lixo ao retirar petróleo na
praia de Itapuama, em Cabo de Santo
Agostinho, Pernambuco.

Fonte: Malafaia, L. apud. Folha de


Pernambuco, 2020.

CURSO TÉCNICO ACE E ACS 13


Olhar do morador sobre o derramamento de óleo

O “Rio Mamucabas foi uma das áreas mais atingidas pelo óleo. Foi um
pedido de socorro feito pelo meio ambiente que me levou a sair de casa
para trabalhar aqui. A gente está arriscando a vida para remover o óleo.
Foram mais de três toneladas nessa área, só hoje [segunda-feira, 21 de
outubro]. Vi um desespero grande das pessoas para ajudar a vida
marinha e o ecossistema. Também vi as pessoas sem suporte e o
mangue muito poluído, pedindo socorro." (Silva, J. apud. G1, 22 out. 2019)

Figura 3 - Jaílson da
Silva, 43 anos, eletricista,
atuou no Rio
Mamucabas, entre
Tamandaré e Barreiros.

Fonte: PEDROSA, M. apud.


G1, 22 out. 2019

Verifica-se com as narrativas acima, que a vigilância em saúde, também,


pode ser realizada pelas próprias pessoas que são atingidas por eventos
que são prejudiciais à sua saúde e ao ambiente em que vivem, e de onde,
na maioria das vezes, tiram seu sustento. Com mobilização e
participação social, a população atingida pode reivindicar seus direitos
em relação à saúde e ao ambiente em sua volta.

CURSO TÉCNICO ACE E ACS 14


Vamos exercitar no dia a dia uma nova forma de enxergar os
problemas?

A proposta é olharmos para nossos territórios de atuação e refletirmos


sobre as várias formas de perceber o ambiente e os desequilíbrios na
natureza. Verificar como as pessoas no território apresentam suas ideias
e ações para uma melhoria na saúde ambiental.

Vamos identificar a importância de que os conhecimentos, além de


serem válidos, devem fazer sentido no nosso cotidiano de trabalho. O
exercício com vivências em campo é fundamental para a compreensão
das possibilidades práticas nos territórios. Por isso, nosso objetivo é
conhecer as questões ambientais no processo saúde-doença, na
perspectiva da história local contada, vivida e sentida pelos moradores
do lugar, envolvendo, necessariamente, contatos e proximidade com a
comunidade.

A proposta é operacionalizar os conceitos trabalhados, como ecologia e


saúde ambiental, para elaborar camadas de informação sobre o nosso
território num mapa da área de atuação. Para isso, é importante retomar
e articular os conhecimentos adquiridos na Disciplina Organização da
Atenção à Saúde e Intersetorialidade.

Assim, inicia-se nossa primeira camada de informação em saúde e


ambiente no mapa do território!

15
Animados para esta nova elaboração do
mapa? Então vamos lá!

Apresentamos aqui uma forma de pensar o


trabalho em campo, considerando as maneiras de
ver o mundo e as doenças relacionadas ao
ambiente. A promoção da solução dos problemas
ambientais identificados deve envolver outros
setores e serviços no território.

É muito importante que juntos busquemos atingir


objetivos comuns e trabalhemos pela
responsabilização dos causadores dos danos no
ambiente, sejam eles agentes públicos ou
privados. Nesse processo, é fundamental
acolhermos as ideias vindas da comunidade.

Pesquisando, Exercitando e Aprendendo!

A tarefa agora é a seguinte:

1ª etapa:

Na disciplina GEOPROCESSAMENTO EM SAÚDE, CADASTRAMENTO E


TERRITORIALIZAÇÃO, você construiu, juntamente com seus colegas, o
mapa do seu território. Reveja esse mapa construído, pois ele poderá
auxiliar você no desenvolvimento da tarefa proposta aqui.

Os mapas são ferramentas muito importantes para o estudo do


ambiente de determinados territórios. Isso porque eles possibilitam
visualizar e localizar vários elementos num único documento e descobrir
novas informações.

CURSO TÉCNICO ACE E ACS 16


No mapa construído, é possível observar a existência
de um lugar característico e que chame a atenção na
sua comunidade? Se não conseguir observar esse
lugar no mapa construído, pense em uma forma de
descrevê-lo por meio de registros existentes,
fotografias, desenhos, colagens etc. Se possível,
compartilhe suas impressões com seus colegas de
trabalho.
Na percepção de vocês, existe algum contraste?
Algum desequilíbrio ambiental? Como podemos
representar no mapa essa percepção?

Orientação:

Você pode fazer, num papel ou numa cartolina, um desenho de uma


microárea em risco/degradada que você irá escolher.

Veja no exemplo abaixo uma primeira camada de informação de


interesse à saúde ambiental. Nessa primeira camada, vamos desenhar
ou marcar com símbolos alguns pontos fixos do território, como casas,
posto de saúde, campos de futebol, escolas, hospitais ou unidades de
pronto atendimento e templos religiosos.

Figura 4 - Exemplo de primeira camada de informações.

Fonte: Desenho da autora, 2022.

CURSO TÉCNICO ACE E ACS 17


É importante levar em conta que o mapeamento na área da saúde pode
incluir diversas camadas de informação, como vamos ver ao longo
desta disciplina. Exemplos de camadas são: localização de doentes,
situações de saúde específicas, serviços e recursos naturais existentes e
de interesse do setor de saúde.

Aproveite a sala de espera no serviço de saúde, ou por meio de alguma


visita domiciliar, para conversar com as pessoas e perguntar a elas: “Em
sua opinião, que parte da paisagem local e externa à sua moradia
representa melhor seu bairro e modo de vida?” Assim você poderá
enriquecer o seu mapa!

Quando desejamos melhorias na saúde ambiental, a participação


popular é fundamental para o enfrentamento dos problemas, visto que é
a população que vive e sente, no cotidiano, os eventos importantes para
sua saúde e/ou doença.

A integração entre os conhecimentos da equipe de saúde e os saberes


da população usuária dos serviços sobre os problemas de saúde
decorrentes da degradação ambiental é muito necessária! Esse olhar
integrado na abordagem dos problemas de saúde e ambiente na
comunidade coloca em prática outro paradigma de atuação como
aprendemos anteriormente.

CURSO TÉCNICO ACE E ACS 18


19
DESENVOLVIMENTO
E QUALIDADE
AMBIENTAL
Vamos conhecer as relações
entre qualidade ambiental,
impactos socioambientais e
modos de vida nos territórios?
Quando estudamos a saúde e o ambiente, é preciso
Qualidade
conhecer um pouco mais sobre o que é
ambiental
desenvolvimento, seus modelos e suas relações
se refere, nesta
com a sustentabilidade ambiental que se quer.
disciplina, ao
conjunto de boas
É importante chamar a atenção para o
condições para o
entendimento de que sem qualidade ambiental
viver, como: a
não haverá desenvolvimento para as pessoas, os
qualidade do ar
animais e as plantas.
que se respira, da
água que se
A noção de sustentabilidade está submetida às
ingere, dos
práticas na comunidade e aos efeitos
alimentos que se
socioambientais desejados com tais ações.
comem, bem
Podemos falar aqui daqueles que desejam a
como das áreas
sobrevivência do planeta, das comunidades que se
de lazer que se
autossustentam, da diversidade cultural, da
frequentam.
garantia de direitos, do acesso à água e a todos os
bens comuns.

Desenvolvimento que não (des)envolve

O ambiente em que nossa vida acontece, seja ele rural ou


urbano, promove dinâmicas de urbanização que colocam
populações em lugares inadequados para moradias seguras,
com efeitos muito graves sobre sua saúde. A isso, estamos
chamando de um desenvolvimento que não desenvolve as
pessoas, por isso não é sustentável.

20
Nesse sentido, a vida humana saudável pressupõe ter:
• uma casa segura e protegida;
• acesso aos serviços públicos e à água para beber e viver;
• alimento saudável, oriundo de uma forma de produção respeitosa
com o meio ambiente, com as pessoas e seus modos de vida;
• acesso e permanência na escola.

Essas são condições determinantes para que o desenvolvimento da vida


aconteça em sua plenitude e dignidade.

É sabido que, ao mesmo tempo em que existem setores da sociedade


que protegem o patrimônio ambiental, que se preocupam com as
gerações atuais e futuras, há setores que degradam o ambiente com
muita violência em nome do ganho econômico.

Lembre-se:
desenvolvimento nem
sempre significa
crescimento!

Figura 5 - Vista da Favela de Paraisópolis, São Paulo (SP), com o bairro nobre de Vila
Suzana ao fundo.

Ah
Fonte: VILAR, R. 2014.

CURSO TÉCNICO ACE E ACS 21


A fotografia demonstra uma diferença no modo de habitar e ocupar o
espaço urbano, revelando um tipo de desenvolvimento que promove
desigualdade social e riscos à saúde. Construções em áreas impróprias
provocam desmoronamentos de casas, deslizamentos de pedras e
prédios com frequência.

A atuação dos agentes de saúde se dá no contato diário com essas


diferentes realidades sociais, informando, amparando e encaminhando
as pessoas para acompanhamento nos serviços de saúde, conforme
suas necessidades.

Qualidade ambiental como conceito norteador das ações em saúde

A elevação e a manutenção da qualidade ambiental nas cidades, por


exemplo, são responsabilidades dos órgãos de Estado (governos
municipais e estaduais), como também da população que pode acionar
instrumentos legais para garantia de seus direitos constitucionais.

Os derramamentos de produtos químicos, descargas tóxicas,


alagamentos, explosões e incêndios constituem, muitas vezes, eventos
ambientais evitáveis, e o trabalho dos agentes de saúde, por meio das
visitas domiciliares e do acompanhamento das famílias nas
comunidades, ajuda a identificar precocemente essas situações que
podem colocar as pessoas em perigo.
Ampliar a percepção sobre a qualidade do ambiente urbano ou rural
pode subsidiar ações de preservação e melhorias desses ambientes.

Os recursos do planeta são suficientes para atender as necessidades de


todos os seres da terra se forem tratados com respeito ao que é comum
a todos. O cuidado com o meio ambiente e o desenvolvimento são
compatíveis e interdependentes.

CURSO TÉCNICO ACE E ACS 22


A relação da sociedade com o meio ambiente deve ser observada de
maneira atenta e sensível para poder perceber que os danos ao
ambiente e suas consequências acontecem em zonas, muitas vezes, já
impactadas pela poluição e empobrecidas do ponto de vista material,
sendo assim vulneráveis socialmente.

Os fatores sociais influenciam a ocupação dos espaços, a ecologia dos


animais e vetores, alterando o ambiente, promovendo degradação
ambiental e favorecendo a ocorrência de doenças!

Alguns exemplos da degradação ambiental:

• Exploração dos ecossistemas naturais;


• Plantações feitas em regime de monocultura;
• Dano ambiental da paisagem natural a partir da instalação de
grandes empreendimentos como as mineradoras, hidrelétricas,
barragens e etc.;
• Manejo abusivo dos solos;
• Queimadas;
• Uso de agrotóxicos.

Figura 6 – Desmatamento e queimada na Figura 7 – Descarte irregular de lixo na


zona rural do município de Apuí, Amazonas. praça Júlio Mesquita, São Paulo (SP).

Fonte: KELLY, 2020 in: Flickr.com Fonte: NASCIMENTO, 2009 in: Flickr.com

23
Já aprendemos que os riscos ambientais não atingem igualmente as
pessoas. As regiões mais pobres costumam receber as maiores cargas
de poluição ambiental, estabelecendo uma diferença importante nas
condições de saúde existentes nos territórios. Assim, as pessoas pobres
são as maiores vítimas da degradação ambiental, e a equidade passa a
ser um princípio não apenas para o SUS, mas também para a
sustentabilidade socioambiental.

Como assim? Equidade não é a


mesma coisa que igualdade?

Não! Equidade e igualdade são


parecidas, mas essencialmente
diferentes! Observe as imagens
abaixo:

24
Figura 8 – Igualdade. Figura 9 – Equidade.

Fonte: Desenho da Autora, 2022. Fonte: Desenho da Autora, 2022.

Equidade, Lembre-se que um dos princípios do SUS é a


em saúde, equidade. Diferente da igualdade, que busca tratar
significa evitar todos da mesma forma, independentemente da sua
desigualdades necessidade.
no acesso à
saúde, poder Está ficando mais claro que a justiça social e a
ofertar mais ecologia são inseparáveis?
cuidados em
saúde para Tudo está interligado, sendo a questão ambiental
quem mais algo que não pode ser visto apenas como meio
necessita, não ambiente separado das pessoas e dos animais que
deixando de nele habitam. Se nosso trabalho como agentes de
cuidar de toda a saúde é o de enfrentar riscos à saúde, precisamos
população. entender que risco é a provável manifestação de
danos associados aos processos de produção e
reprodução da vida. Risco é um fenômeno social em
constante relação com o seu contexto. Ele pode ser
quantificado, enumerado e contado.

25
Como estamos estudando a exposição humana a
fatores ambientais não desejados, a saúde ambiental
costuma utilizar também a noção de vulnerabilidade,
que pode ser compreendida como um estado ou
situação que coloca a pessoa em condição mais
fragilizada e mais excluída da sociedade. A insegurança
e a instabilidade também podem ser usadas como
sinônimo de vulnerabilidade que, de um modo geral,
visa caracterizar grupos populacionais específicos mais
atingidos por aspectos sociais ou genéticos.

O papel do Agente Comunitário de Saúde (ACS) e do Agente de Combate


às Endemias (ACE), ao identificar no território populações em risco ou
vulneráveis ao risco, é o de buscar alternativas para evitar a exposição
aos poluentes químicos, físicos, sociais ou biológicos, principalmente,
quando não se sabe o tamanho do risco.

26
Para o trabalho de identificação de contextos vulneráveis por parte dos
agentes de saúde, pode-se utilizar o mapeamento (ação de situar no
mapa, de espacializar indicadores de saúde ou de doença) para
visualizar as múltiplas situações ambientais capazes de gerar ou agravar
doenças existentes nas áreas de atuação.

As áreas de atuação na comunidade apresentam diversos fatores de


risco que ultrapassam nossa visão cotidiana dos problemas. Seguindo
com nossos estudos, vamos retomar os conceitos de vigilância em saúde
ambiental, qualidade ambiental, território e saúde.

Em nosso mapeamento, nesta disciplina, a segunda camada de


informação busca dar visibilidade aos demais. Então, siga em frente e
faça a segunda camada do seu mapa!

2ª camada

Figura 10 – Exemplo de segunda camada de informações.

Fonte: Desenho da Autora, 2022.

Ampliando nosso mapa, podemos localizar e situar os parceiros/as


instituições dessa rede no território. Para isso, é importante considerar a
seguinte questão: Quais os coletivos, instituições e serviços que podem
atuar, em conjunto, com o ACS e o ACE, na solução dos problemas de
saúde da comunidade?

27
Para avançarmos no nosso mapeamento, além de indicarmos sinais,
fontes e efeitos da poluição no território, é muito importante
identificarmos qual a rede de trabalho na comunidade que pode ser
construída e/ou acionada para solução dos problemas advindos da
exposição e da presença de riscos envolvendo a saúde e o ambiente.

MAS... O que é REDE? Qual


conceito será usado nesta
disciplina?

A prática na comunidade exige, muitas vezes, uma articulação em rede


composta pela conexão de elementos que têm objetivos distintos, mas
complementares entre si.

Construir as redes no território consiste pensar nas conexões


estabelecidas na sociedade civil como redes associativas das mais
diversas (movimentos de bairro, templos religiosos, clube de mães,
amigos, familiares etc.) que promovem encontros e facilitam a
comunicação entre as pessoas, fortalecendo, assim, a mobilização de
recursos no nível local. A rede deve ser pensada como um sistema amplo
que reúne a comunidade em torno de uma mesma questão para atender
necessidades ou solucionar problemas comunitários.

É comum verificarmos o individualismo como uma prática constante nos


processos de trabalho, pois trabalhar em rede não é coisa fácil, exige
articulação e comprometimento de todas as partes envolvidas. O
trabalho em rede pode ser uma forma dos agentes de saúde
potencializarem a troca de informações, a construção coletiva de
estratégias de enfrentamento e controle de doenças e riscos, tanto
pessoais como sociais.

Você, ACS ou ACE, pode identificar os riscos à saúde


presentes nos territórios de atuação para assim
poder proporcionar o princípio da equidade na
oferta dos cuidados em saúde e com o ambiente!

28
ECOSSISTEMAS E
RISCOS
AMBIENTAIS
Qual a Importância do
ecossistema?
Tanto nos ambientes urbanos como rurais, a ocupação e o crescimento
desordenado dos espaços com desmatamentos e abertura de estradas
foram acompanhados pela falta de infraestrutura de saneamento
ambiental, favorecendo o aumento e a disseminação de várias doenças.

Esses desequilíbrios nos ecossistemas produzem as principais fontes de


poluição nas cidades e no campo, tais como o esgoto, o lixo domiciliar e
os dejetos industriais.

Tanto nas sociedades urbanas como nas rurais, os processos de


produção e consumo criaram modos de vida e relações, extremamente
predatórias, das atividades humanas com a natureza, com o meio
ambiente e as com espécies vivas.

É importante entender que um ecossistema urbano reúne os seres da


terra (plantas, animais e pessoas) num mesmo ambiente urbano.

Mas o que é o urbano?


É um meio com maior densidade de
edificações para moradia e também para
o comércio. Nesse ambiente, a densidade
demográfica, ou seja, a quantidade de
pessoas por quilômetro quadrado é maior,
e os espaços naturais (florestas, matas,
dunas, campos, montanhas, lagos, rios,
mares) são menores.

30
Olhe a imagem a seguir. Procure destacar as diferenças sociais que
convivem nas cidades, ilustradas pela forma como as pessoas ocupam o
espaço urbano. Por um lado, observamos edificações de alto padrão
econômico e, de outro, áreas sem infraestrutura básica, como rede de
esgoto, coleta de lixo e iluminação.

Figura 11 - Favela da
Rocinha, Rio de Janeiro
(RJ).

Fonte: NIJDAM, 2008 in:


Flickr.com

As cidades são espaços ocupados para além das estruturas construídas,


como as casas, as redes de energia e os serviços públicos. Nas cidades,
também, podemos encontrar áreas verdes, parques e praças, ruas
arborizadas, vias verdes, córregos de água urbanos, conhecidos
popularmente como os pulmões do ecossistema urbano. Esses sistemas
urbanos são profundamente impactados pelas modificações constantes
e rápidas provocadas pelas ações humanas.

Uma questão bem importante sobre os ecossistemas rural e urbano é a


capacidade de inter-relação e interdependência entre eles. O
ecossistema rural é uma área de campo onde os seres humanos
interagem com os elementos naturais em uma situação de produção
agrícola e pecuária.

A diferenciação entre urbano e rural vai além do espaço geográfico. Uma


das principais diferenças está nas práticas socioeconômicas da
sociedade, o que muitas vezes envolve a forma como se maneja o solo
urbano. O espaço rural engloba predominantemente atividades
vinculadas ao setor primário (extrativismo, agricultura e pecuária), ao
passo que o espaço urbano costuma reunir atividades vinculadas ao
setor secundário (indústria e produção de energia) e ao setor terciário
(comércio e serviços).

31
Como já vimos no início da construção das camadas de
informação do nosso mapa, alguns indicadores são
importantes para desenvolver uma “leitura” do
ambiente: a infraestrutura de ocupação do lugar
(estradas e ruas, caminhos, referências, sistemas de
esgoto e de água, depósitos de lixo, núcleos
habitacionais) e suas condições naturais (áreas
desmatadas, fauna, flora, relevo e áreas aquáticas).

Retomando aspectos da história das doenças e dos estudos realizados


em epidemiologia, vamos ver, como exemplo, o caso da investigação da
cólera em Londres no século XIX, realizada pelo médico John Snow. A
cólera é uma doença causada por uma bactéria, que produz diarreia
intensa, podendo levar à desidratação e até à morte.

Ao desenhar o mapa, localizando os casos da doença, ele descobriu que


os casos estavam todos próximos a uma determinada bomba d’água.
Assim, ele desconfiou que esta bomba era a fonte de contaminação e
convenceu as autoridades a retirá-la. De fato, os casos de cólera
diminuíram, e ficou então demonstrada a contaminação pela água.

Figura 12 - Investigação sobre a Cólera em Londres no século XIX, feita por John Snow.

Fonte: Desenho da autora, adaptado de Snow (1854) in:. Nogueira e Remoaldo (2010).

32
3ª camada

Então, agora que vimos o mapeamento realizado por John Snow, vamos
nos inspirar para retomar nosso mapeamento e elaborar a terceira
camada de informação. A partir da figura que serve como exemplo
(Mapa 4), pense nas informações do seu território.

Figura 13 - Exemplo da terceira


camada de informações.

Fonte: Desenho da autora, 2022.

Além de identificar focos de água parada, esgoto a céu aberto, por meio
de suas andanças no território, reveja, lembre e discuta com seu
preceptor sobre o seguinte: como são as condições de infraestrutura das
ruas, dos becos e das moradias? O local possui árvores, recuos entre as
casas (que permitam um isolamento externo), roupas estendidas, lagos,
campos ou áreas livres, depósitos de lixo, canaletas de águas servidas (e,
especialmente, notar se transbordam em dias de chuva), caixas d’água,
fossas, aglomerações de adultos e crianças na rua? Presença de
equipamentos públicos (unidade de saúde, creche), templos religiosos e
pequenos comércios (mercadinhos, bares, manicures, outros serviços
que possam atrair fluxo de pessoas)?

Você também pode desenhar no seu mapa


outras coisas que chamem a atenção no seu
território de atuação! Use sua perspicácia e
sua criatividade!

33
RISCO À SAÚDE E
DOENÇAS
TRANSMISSÍVEIS E
NÃO TRANSMISSÍVEIS
O que inclui o saneamento
básico?
O saneamento básico inclui coleta, destinação final e manejo adequado
do lixo, esgotamento sanitário e drenagem pública. Esses são fatores
importantes para a prevenção de doenças. Ao observarmos o esquema
abaixo, verificamos que os caminhos dos resíduos orgânicos sólidos,
quando não tratados adequadamente, poluem o solo, a água e o ar.

Figura 14 - Caminho dos resíduos sólidos.

Fonte: Desenho da autora, 2022.

Entende-se por caminhos dos resíduos sólidos o trajeto


percorrido pelo lixo desde a origem até o seu destino final.

O esquema acima demonstra que os resíduos sólidos, quando colocados


diretamente no solo, entram em decomposição e produzem o chorume
(líquido poluente, de cor escura e forte odor, oriundo de processos de
decomposição físicos, químicos ou biológicos do lixo).

35
Além disso, emitem gases na atmosfera, que são prejudiciais à saúde das
pessoas. Assim, acabam poluindo as águas. Para que isso não aconteça,
é muito importante o tratamento dos resíduos sólidos durante todo seu
processo de decomposição.

A origem do trajeto percorrido pelo lixo representa o ponto de produção


do resíduo. Aqui, nesta disciplina, vamos defini-la como sendo o
momento em que as pessoas consomem os produtos, como embalagens
e alimentos e, posteriormente, descartam no ambiente aquilo que não é
mais útil ao seu viver.

Ao descartar esses materiais, verifica-se, na maioria dos centros urbanos,


a separação na origem dos resíduos orgânicos (restos de comida, borra
de café, papel higiênico usado, etc) daqueles que são recicláveis
(plásticos, papéis, metais, vidro, etc). O destino final desses materiais
recicláveis, enviados por meio de coleta seletiva, pode ser uma unidade
de reciclagem, um centro de triagem ou uma estação de compostagem
de lixo.

O trabalho do Agente Comunitário de Saúde (ACS) e do Agente de


Combate às Endemias (ACE) auxilia a comunidade no reconhecimento
do seu papel nos cuidados com o lixo. Realizar a separação dos materiais
que são recicláveis daqueles que são orgânicos e se decompõem com a
ação do tempo é uma ação possível e necessária junto à comunidade.
Ações simples como essa podem prevenir doenças e proteger o
ambiente.

CURSO TÉCNICO ACE E ACS 37


O perfil epidemiológico brasileiro, como já estudado em outras
disciplinas, quando alterado pelo modelo de desenvolvimento em curso
e pela degradação ambiental, está marcado pela incorporação
crescente de novos agravos à saúde, decorrentes da industrialização e
urbanização tardias e aceleradas, bem como de atividades associadas a
vários setores, como transporte e agricultura. Esses setores, ao mesmo
tempo, propiciaram melhoria da qualidade de vida para muitos, mas
também resultaram no aumento dos níveis de poluição, entre outros
problemas.

Antigos riscos à saúde da população, como alimento e água


inadequados e sem segurança, contaminação microbiológica do
ambiente, assim como falta de saneamento, prevalecem, mas novos
problemas ambientais e de desenvolvimento apareceram, muitos dos
quais parecem ameaçar todo o ecossistema.

Observe abaixo algumas doenças transmitidas por vetores relacionados


aos resíduos sólidos. Algumas delas, você já viu na disciplina NOÇÕES DE
MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA. Assim, as condições precárias de
moradia, o acúmulo de lixo e as águas paradas, por exemplo, favorecem
a ocorrência dessas doenças.

Figura 15 - Doenças transmitidas por vetores relacionados aos resíduos sólidos.

DOENÇAS AGENTE VETORES


Febre Tifoide Salmonella typhi Moscas
Febre Paratifoide Salmonella paratyphi Moscas
Ancilostomíase Ancylostoma duodenale Moscas
Amebíase Entamoeba histolytica Moscas, baratas
Filariose Wuchereria bancrofiti Mosquitos
Febre amarela Arbovírus grupo B Mosquitos
Leptospirose leptospiras Ratos
Peste Yersinia pestis Ratos
Toxoplasmose Toxoplasma gondi Suínos, urubus
Hepatite Infecciosa Vírus Contato com agulhas, plasma

Fonte: Quadro da autora, adaptado de PORTO, (2021).

37
Espera aí! Quer dizer então que o
enfrentamento dos riscos sociais é uma
ação fundamental na reversão de
contextos vulneráveis.

Muitas vezes, existe uma dependência econômica da pessoa em relação


ao setor produtivo que gera o risco. Isso afeta em muito a percepção da
pessoa sobre o risco ao qual está exposta. O exemplo da reciclagem de
lixo demonstra muito essa questão: o reciclador necessita do resíduo
reciclável para promover renda e com isso garantir seu sustento e o da
sua família, mas não se pode esquecer que trabalhar com o lixo pode ser
perigoso e insalubre.

Fatores que influenciam a


ocorrência de doenças
transmissíveis e não
transmissíveis e medidas de
prevenção
São muitos os fatores ambientais inter-relacionados que influenciam na
ocorrência de doenças transmissíveis e não transmissíveis. Alguns deles
estão exemplificados abaixo. Assim, fica mais fácil associar esses fatores
ao cotidiano dos serviços de saúde e aos contextos de vida e trabalho
dos usuários.

38
Muitas vezes, existe uma dependência econômica da pessoa em relação
ao setor produtivo que gera o risco. Isso afeta em muito a percepção da
pessoa sobre o risco ao qual está exposta. O exemplo da reciclagem de
lixo demonstra muito essa questão: o reciclador necessita do resíduo
reciclável para promover renda e com isso garantir seu sustento e o da
sua família, mas não se pode esquecer que trabalhar com o lixo pode ser
perigoso e insalubre.

Figura 16 - Fatores ambientais relacionados às doenças transmissíveis e não


transmissíveis.

EXEMPLOS DE DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS E


FATORES
NÃO TRANSMISSÍVEIS
Habitações precárias, com falta de Dengue, Chikungunya, Zika, Leptospirose.
saneamento e acúmulo de águas paradas.
Habitações precárias, aglomeradas e Tuberculose.
confinadas .
Exposição a poluentes ambientais, Câncer.
tabagismo, exposição a agentes químicos no
trabalho.

Fonte: Quadro da autora, 2022.

Vamos pegar como exemplo a dengue e a leptospirose. O trabalho dos


agentes é muito importante nas ações voltadas para o controle dos
reservatórios dos vetores, os mosquitos e os ratos, que causam essas
doenças. Essas ações devem acontecer de forma integrada e com o
envolvimento dos moradores do local. Ações para a eliminação de
depósitos com água, de focos de lixo e de descarte de materiais em rios ou
arroios são necessárias nas práticas de saúde com a comunidade. A
participação ativa da população, em conjunto com a equipe de saúde,
nessas ações, é muito importante.

Abaixo algumas situações de variação da qualidade ambiental em nosso


cotidiano e seus efeitos na saúde. Conhecer essas situações possibilita a
antecipação e a prevenção de futuros problemas socioambientais.

38
Figura 17 - Variações na qualidade ambiental e as respectivas doenças associadas a eles.

VARIAÇÕES NA QUALIDADE AMBIENTAL DOENÇAS ASSOCIADAS

Transmitidas por vetores e roedores


Desmatamento de grandes áreas
(Dengue, Malária, Chagas, Leptospirose, etc.)
Ruídos intermitentes (ruídos que aumentam Perda auditiva, estresse, taquicardia,
e diminuem rapidamente) cansaço, distúrbios musculares e
emocionais, problemas cardiovasculares,
entre outros.
Lesões na audição, visão, pele e até mesmo
Acidentes com equipamentos
a morte.

Fonte: Quadro da autora, 2022.

Frente aos conceitos estudados, o convite é sempre articular os


conhecimentos adquiridos aqui nesta disciplina com o das outras já
cursadas e os que virão pela frente.

Você pôde perceber que pensar em


saúde é também compreendê-la como
qualidade de vida. Isso tem relação
direta com a variação da qualidade
ambiental!

Vamos sempre considerar que as medidas de prevenção a doenças e/ou


agravos em saúde pública dependem do conhecimento epidemiológico
sobre essas doenças para podermos, com a ajuda da equipe de saúde,
classificá-las e assim definir sua importância e as possibilidades de
intervenção.

39
Até aqui, vimos muitas coisas sobre as doenças infecciosas que podem
ser causadas por fatores ambientais. Mas também é importante saber
que as doenças não transmissíveis ou não infecciosas, como a
hipertensão, o diabetes, a doença pulmonar crônica, a asma, entre
outras, também sofrem grande influência do ambiente.

A poluição do ar, por exemplo, constitui um fator de risco importante para


doenças pulmonares, como a asma e a doença pulmonar obstrutiva
crônica (DPOC), especialmente, nas pessoas idosas e nas crianças.

A poluição do ar também aumenta o risco de doenças circulatórias,


como o infarto do miocárdio, doenças arteriais, entre outras. As pessoas
que vivem em áreas com grande tráfego de carros ou sem
pavimentação nas ruas, convivendo, cotidianamente, com poeiras ou ar
estagnado, correm um grande risco de inflamação das vias respiratórias
e da ocorrência das doenças alérgicas.

Os poluentes que contaminam o ar podem ser provenientes de fontes


fixas (indústria) e móveis (veículos automotores), impactando,
diretamente, na qualidade do ar da comunidade, afetando a saúde
pública. Vocês, ACS e ACE, devem ficar atentos a essas fontes e podem
orientar as pessoas a terem o menor contato possível com essa poluição,
por exemplo, verificando se existe um trajeto com menos poluição para
se percorrer a pé ou mobilizando a população para reivindicar a
pavimentação de uma via.

Pensando na saúde ambiental, as ações no território são voltadas para


controlar os fatores de risco relacionados ao ambiente. Essas ações
podem ser realizadas por meio de esforços individuais, mas, em geral,
são esforços comunitários, com a mobilização de uma rede. Como
exemplo, podemos citar a colocação de cloro na água, o controle
mecânico de reservatórios de vetores de doenças, mutirões de limpeza,
etc.

Agora, vamos falar de uma coisa muito importante: a comunicação.

As ações de prevenção e de controle da exposição aos riscos, assim


como uma vigilância ambiental participativa dependem de uma boa
comunicação. E nisso, vocês, ACS e ACE, têm uma participação
fundamental!

40
Para uma boa comunicação, é importante
usar uma linguagem clara e simples.
Primeiro, precisamos identificar as pessoas
a quem vamos comunicar.

A seguir, definimos o conteúdo das


informações que serão trabalhadas
porque estas devem fazer sentido para
quem as recebe.

São elementos indispensáveis para a comunicação de determinados


riscos ambientais:

• Sobre qual risco, estamos falando.


• Benefícios que podem ser obtidos se os riscos forem reduzidos.
• Alternativas existentes.

Quando elaboramos mensagens para a população, é necessário nos


perguntarmos:

• O que a comunidade quer saber?


• O que a população precisa saber?
• O que você quer que as pessoas saibam?

Vamos exercitar a elaboração de uma


comunicação de risco? O papel dos
agentes é fundamental nestas ações!

42
Elaboração de uma comunicação de risco

1 - Identifique um problema de saúde ambiental no seu território com


a ajuda de seu PRECEPTOR:
Observe o problema, identifique as partes envolvidas e os fatores
ambientais que podem ser determinantes para a situação.

São alguns determinantes ambientais:


Poluição da água e do ar; condições das habitações; segurança
alimentar ou acesso à alimentação, ao descarte e à coleta de
resíduos; esgotamento sanitário.

São partes envolvidas:


Pessoas ou grupos afetados.

2 - Após a definição do problema (QUAL O PROBLEMA?), partimos


para a reflexão sobre as possíveis CAUSAS.

Com suas respostas a essas perguntas iniciais, você pode exercitar e


construir uma comunicação, contendo os seguintes elementos:

• Qual a ação possível?


• Como realizar a ação?
• Com quem realizar a ação?

43
PRINCIPAIS
DOENÇAS
RELACIONADAS AO
CONSUMO DE ÁGUA
Seguindo nossos estudos, não
podemos deixar de estudar a
água como fonte de saúde!

Neste tópico, vamos reforçar


que a água, se não for
protegida, pode veicular
muitas doenças.

Vamos verificar que a quantidade de água


insuficiente para as pessoas é um problema,
pois dificulta a higienização de alimentos,
das habitações, do corpo e, assim, acaba
facilitando a transmissão de doenças.

Muitas doenças transmitidas para os seres humanos se originam de


microrganismos como vírus, bactérias, protozoários e vermes intestinais.
As doenças relacionadas à água são conhecidas como doenças de
veiculação hídrica. É sabido que essas doenças podem ser evitadas
mediante práticas de saneamento, como a coleta e o tratamento de
esgotos e o adequado tratamento das águas que abastecem a
população das cidades. A falta de água e de higiene pessoal pode estar
associada a outros tipos de agravos. Mesmo não sendo estes agravos
transmitidos pela água, estão diretamente relacionados com as suas
condições de abastecimento.

45
Boa parte das doenças relacionadas à falta de saneamento básico possui
ciclo de transmissão fecal-oral, aquele em que agentes causadores
presentes nas fezes humanas ou de animais entram pela boca de uma
pessoa que acaba se contaminando. A falta de água para consumo
humano e para higiene pessoal e a falta de saneamento constituem
fatores determinantes para ocorrência de outras doenças.

Estão relacionadas a esses fatores, a esquistossomose, a malária, a


hepatite e a cólera. Se as pessoas se queixarem de sintomas, como
diarreia, dores abdominais, enjoos e cansaço, isto é um sinal de alerta! Olhe
com atenção a figura 18!

A ocorrência de verminoses está ligada ao meio hídrico, bem como


algumas enfermidades transmitidas por vetores que se relacionam com
a água. É importante lembrar que quando falamos em água, não
estamos nos referindo apenas à água que sai da torneira! Não se
esqueça dos mananciais, dos rios, das nascentes. A figura 18 mostra as
formas de prevenção e de transmissão para cada doença de veiculação
hídrica.
Figura 18 - Doenças relacionadas à água.

FORMAS DE
GRUPO DE FORMAS DE PREVENÇÃO
PRINCIPAIS DOENÇAS TRANSMISSÃO
DOENÇAS

Diarreias e disenterias, como


a cólera e a giardíase
Proteger e tratar as
Transmitidas pela Fornecer água em quantidade
Febre tifoide e paratifoide O organismo águas de
via fecal-oral adequada e promover a higiene
causador da abastecimento e evitar
(alimentos pessoal, doméstica e dos
Leptospirose doença é uso de fontes
contaminados por alimentos.
Amebíase ingerido. contaminadas.
fezes).
Hepatite infecciosa

Ascaridíase (lombriga)
Dengue Associadas à As doenças são Evitar o Proteger Adotar Acabar com
água (uma parte propagadas por contato mananciais medidas depósitos/ coleções
do ciclo da vida do insetos que das . adequada de água que
agente infeccioso nascem na água pessoas s para a servem para
ocorre em um ou picam perto com disposiçã reprodução das
animal aquático, dela. águas o de larvas do mosquito
no caso o infectad esgotos. Aedes Aegypti.
mosquito). as.

Fonte: Quadro da autora, 2022.


46
Vamos conhecer alguns
conceitos importantes de
acordo com as boas práticas
no abastecimento de água?

Lembrando que esses conceitos podem ser


encontrados em: BRASIL. Ministério da saúde.
Secretaria de vigilância em saúde. Boas práticas no
abastecimento de água: procedimentos para
minimização de riscos à saúde. Brasília, DF, 2006b
(seria A. Normas e manuais técnicos.).
Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/boas
_praticas_agua.pdf

Vamos lá:

● Manancial: fonte de onde se retira a água.


● Captação: conjunto de equipamentos e instalações utilizado para a
retirada de água do manancial.
● Adução: transporte de água do manancial ao tratamento ou da
água tratada ao sistema de distribuição.
● Tratamento: unidade onde se processam alterações nas
características da água, com a finalidade de torná-la própria para
consumo humano (potável).
● Reservação: armazenamento da água entre o tratamento e o
consumo.
● Distribuição: condução da água para as edificações e os pontos
de consumo por meio de canalizações instaladas em vias públicas.
● Ligações prediais: derivação da água da rede de distribuição até
as edificações ou os pontos de consumo por meio de instalações
assentadas na via pública até a entrada da edificação.

47
Sabendo que nossa água de beber é captada de um manancial,
identificar as fontes poluidoras, existentes ou potenciais, tais como
lançamento de esgoto sanitário e efluentes industriais nos mananciais e
nas bacias hídricas, nas atividades agrícolas que fazem uso de
agrotóxicos ou pecuária, faz parte de um conjunto de informações
necessárias para o cuidado com a qualidade da água que será
consumida pelas pessoas e animais. Além disso, é importante entender
sobre as doenças relacionadas ao seu uso.

Assim, para exercer seu trabalho em saúde, o agente precisa ter


informações sobre as formas de abastecimento e consumo de água nos
territórios, desde as maneiras mais simples até as mais complexas.

Entende-se por sistema de abastecimento de água para consumo


humano as instalações de obras civis destinadas à produção e à
distribuição canalizada de água para as populações sob a
responsabilidade do poder público. Além dessa forma, temos as soluções
alternativas de abastecimento coletivo de água, como as fontes, poços
comunitários, distribuição por veículos transportadores, instalações em
condomínios horizontais ou verticais, bem como as soluções individuais,
que são aquelas soluções alternativas que atendem apenas a um
domicílio.

Lembra-se do nosso
mapa?

Este exercício possibilita que você visualize várias soluções encontradas


pela população para enfrentar problemas com o abastecimento de
água.

Vamos para a quarta camada de informação do nosso mapa!

48
4ª camada

Vamos localizar no mapa as soluções


alternativas COLETIVAS de abastecimento de
água, se houver?

Existem soluções alternativas INDIVIDUAIS? De onde vem a água que


abastece nossa cidade? Vamos verificar no SEU mapa?

Figura 19 - Exemplo da quarta camada de informações.

Fonte: Desenho da autora, 2022.

49
RISCOS NO
TRABALHO -
NOTIFICAÇÃO EM
SAÚDE DO
TRABALHADOR
Quais são os agravos e as
doenças relacionados ao
trabalho?

É muito importante destacar que a saúde de trabalhadores no


Brasil é tema que deve estar presente em todas as ações de
saúde, por isso também está presente na temática da saúde
ambiental. É sabido que as atividades de trabalho, as
chamadas atividades laborais, estão sujeitas a muitos riscos.
Os fatores de risco no trabalho são classificados em cinco
grupos:

1. Riscos físicos: ruído, vibração, frio, calor, umidade, radiações


ionizantes e não ionizantes, pressões atmosféricas anormais.

2. Riscos químicos: poeiras, fumos, névoas, neblinas, vapores, gases


e líquidos utilizados nos processos produtivos, que podem entrar
em contato com o trabalhador.

3. Riscos biológicos: bactérias, vírus, protozoários, insetos, animais


peçonhentos, etc.

4. Riscos ergonômicos: reúne cargas físicas, como o levantamento


e transporte de peso, o esforço físico, as posturas inadequadas,
as longas jornadas de trabalho, o trabalho em turnos e o trabalho
noturno; as cargas psíquicas como a monotonia, a repetitividade,
a demanda por atenção, a responsabilidade, a pressão por
produtividade, o ritmo de trabalho, as relações com a hierarquia
e os colegas, entre muitos outros relacionados à forma como se
organiza o trabalho.

5. Riscos de acidentes: máquinas, ferramentas e equipamentos


inflamáveis e explosivos; eletricidade, transporte e movimentação
de cargas, etc.

51
Lembre-se: de acordo com o Ministério
da Saúde:

Vigilância em Saúde do Trabalhador


(VISAT) é um componente do Sistema
Nacional de Vigilância em Saúde que visa
à promoção da saúde e à redução da
morbimortalidade da população
trabalhadora, por meio da integração de
ações que intervenham nos agravos e
seus determinantes decorrentes dos
modelos de desenvolvimento e processos
produtivos.

Para o Agente Comunitário de Saúde (ACS) e para o Agente de Combate


às Endemias (ACE), o conhecimento dos riscos possivelmente
relacionados ao trabalho é muito importante para auxiliar no
planejamento de ações de vigilância em saúde e, assim, participar das
intervenções nos ambientes de trabalho e nos territórios. Em conjunto
com a equipe de saúde, os agentes podem registrar os agravos no
sistema de informação específico, o SINAN - Sistema de Informação de
Agravos de Notificação do Ministério da Saúde.

Esse registro pode acontecer nas visitas domiciliares, em instrumento


próprio da unidade de saúde ou na ficha de notificação de agravos do
Ministério da Saúde.

De acordo com o guia de vigilância epidemiológica:

Notificação é a comunicação da ocorrência de determinada doença ou


agravo à saúde feita à autoridade sanitária por profissionais de saúde ou
qualquer cidadão, para fins de adoção de medidas de intervenção
pertinentes. (BRASIL, 2009).

52
Algumas doenças relacionadas ao
trabalho:

• Acidente de trabalho;
• Câncer relacionado ao trabalho;
• Doenças de pele relacionadas ao
trabalho;
• Exposição a material biológico;
• Intoxicações relacionadas ao trabalho.

Os dados sobre acidentes do trabalho (que incluem as doenças


relacionadas ao trabalho) são gerados pelo Ministério do Trabalho, tendo
como fonte de informação a Comunicação de Acidente de Trabalho
(CAT), definida como o instrumento formal de notificação. Entretanto,
como está associada ao Seguro Social, a CAT apenas é emitida para
trabalhadores formais, cujos empregadores são obrigados a contribuir
para o Seguro de Acidentes de Trabalho do Instituto Nacional de
Seguridade Social (INSS). Isso significa que não são registrados os
agravos que acontecem com trabalhadores do mercado informal.

Como Agente Comunitário de Saúde (ACS) ou Agente de Combate às


Endemias (ACE), você pode promover recomendações nos processos de
trabalho, estando atento às práticas saudáveis e de cuidado com o
ambiente. Isso dependerá de um conhecimento sobre a população
trabalhadora do território e das atividades produtivas existentes nos
lugares. Caracterizar o perfil da população usuária trabalhadora pode
ser muito útil para o planejamento de ações e para a organização do
serviço de saúde.

A avaliação dos processos de trabalho e do ambiente onde ela se realiza


nos ajuda a caracterizar os aspectos tecnológicos, sociais, culturais e
ambientais condicionantes da morbidade e mortalidade desses
trabalhadores. Desenvolver ações educativas na atenção primária,
principalmente e particularmente nas situações onde forem
identificados riscos relacionados ao trabalho, bem como proceder com a
notificação desses casos, promove a saúde do trabalhador.

53
AMBIENTE
SAUDÁVEL E A
CONSTRUÇÃO DA
SAÚDE PELO
AMBIENTE
Como você pode intervir nas
causas e não somente nos
efeitos (doenças)
relacionados aos riscos
ambientais?
Território e saúde

Para trabalhar com desenvolvimento territorial saudável e saúde


ambiental, é necessário o levantamento das desigualdades
socioambientais. Como já estudamos, é importante observar como as
pessoas vivem e como elas lidam com os resíduos e os dejetos. A
contaminação da água potável, as intoxicações agudas e crônicas
relacionadas aos agrotóxicos e os múltiplos efeitos (doenças) que
resultam dessas adversidades se tornaram graves problemas de saúde
pública. Embora isso tenha relação com as aglomerações urbanas, é
indiscutível que a poluição ambiental e o crescimento desordenado das
cidades têm impacto na vida e na saúde das pessoas tanto nos espaços
urbanos quanto nos rurais.

Assim sendo, as atividades dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e


dos Agentes de Combate às Endemias (ACE) estão voltadas para
problemas de saúde pública nos territórios de atenção à saúde. Esses
problemas ou riscos são constituídos por muitos fatores, e a boa
comunicação sobre eles é determinante para o encaminhamento de
suas soluções. Nesta disciplina, identificamos que os mapas e a ação de
mapear nos auxiliam na localização dos problemas de saúde e do
ambiente, na identificação das fontes de poluição e na construção da
rede intersetorial de atuação nos territórios de cuidado e atenção à
saúde.

55
Mas afinal... Para quê o ACS e o ACE
devem saber sobre os mapas de
saúde então?

Os mapas de saúde servem,


antes de tudo, para o
inter-relacionamento entre
dados epidemiológicos e
ambientais.

Figura 20 - Inter-relacionamento entre dados epidemiológicos e ambientais.

O CASO ATRIBUTOS INDIVIDUAIS EFEITOS SOBRE A SAÚDE


A doença ou Agravo Características Singulares da Pessoa Desconfortos, injustiças, assédios.

O LUGAR DO CASO DETERMINANTES SOCIOAMBIENTAIS EXPOSIÇÃO


Domicílio habitação, renda, condições ambientais.

Fonte: Desenho da autora, 2022.

O esquema acima procura demonstrar que os dados epidemiológicos


podem caracterizar a pessoa, o lugar e o tempo em que ocorrem as
doenças. Nesta disciplina, todo caso localizado no domicílio está
representado pela doença e por características particulares das pessoas
doentes. Essas características podem estar determinadas, por sua vez,
pela renda familiar, pelas condições da moradia, pela forma como a
pessoa trata seus resíduos. Tudo isso relacionado traz, por fim, efeitos
sobre a saúde.

Nosso exercício final, não compõe sua avaliação final formal, mas sim
busca reunir todo seu aprendizado neste desafio proposto ao longo da
disciplina: produzir, visualizar e finalizar nosso mapa; estabelecer
conexões possíveis entre o lugar dos casos de adoecimento e o seu
contexto permeado das condições e determinantes socioambientais.

56
5ª camada

Nossa última camada de informação: criar as legendas; identificar os


atores sociais, os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e os Agentes de
Combate às Endemias (ACE), a rede de atuação e todos os pontos de
interesse para o trabalho voltado à saúde e ao ambiente.

Figura 21 - Combinação das camadas do exemplo de mapa de saúde e elaboração.

Fonte: Desenho da autora, 2022.

Figura 22 - Exemplo de mapa de saúde com todas as camadas.

Fonte: Desenho da autora, 2022.

57
Para além de sua localização geográfica, o mapeamento de
informações, indicando no espaço as forças sociais em ação, os fluxos e
movimentos humanos nos territórios, nos permite, por meio dessa
experiência, trilhar um caminho de construção dinâmica da saúde pelo
ambiente, visualizando os pontos fixos do território e suas conexões em
rede.

58
RETROSPECTIVA

60
Nesta disciplina, você viu que produzir saúde não é exclusividade do
setor saúde. Estudos indicam que os resultados na saúde da população
alcançados por meio da melhoria na educação, no transporte, na coleta
e no destino dos resíduos, na cultura, no esporte, no lazer, na defesa da
qualidade ambiental, nas práticas de uso do solo, são muito mais
intensos e duradouros do que os resultados de ações focadas nas
doenças.

O trabalho do agente de saúde, em equipe, de forma intersetorial e em


rede, promove comunicação sobre os riscos envolvidos no processo
saúde-doença, bem como sobre as vulnerabilidades a que as
populações estão expostas. Trata-se de nomear os fatores ambientais
nocivos à saúde presentes nos territórios. Esse jeito de pensar o trabalho
tem apresentado maior equidade e melhores resultados na saúde das
pessoas e do ambiente.

Busque informações sobre essa temática para recordar, refletir e ampliar


seus conhecimentos. Participe das atividades propostas, exercite o seu
protagonismo.

No nosso próximo encontro, daremos início aos estudos do módulo


Promoção, Prevenção e Comunicação.

Até breve!

60
BIBLIOGRAFIA
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Brasileiro de Defesa do Consumidor. Guia Didático: Vigilância
Sanitária – alimentos, medicamentos, produtos e serviços de
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MATERIAL COMPLEMENTAR

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https://www.youtube.com/watch?v=une8_pHnroY. Acesso em: 01
dez. 2022.

TENDLER, Silvio. O fio da meada. Youtube. 2019. Disponível em:


https://www.youtube.com/watch?v=x5Hk9PLVwBQ. Acesso em: 01
dez. 2022.

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Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde
bvsms.saude.gov.br

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