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na Atenção Primária
à Saúde e sua inserção
nos instrumentos de
planejamento e de
gestão do SUS
Versão preliminar
BRASÍLIA - DF
2023
MINISTÉRIO DA SAÚDE
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
DA
Versão preliminar
BRASÍLIA - DF
2023
2023 Ministério da Saúde.
Esta obra é disponibilizada nos termos da Licença CreativeCommons – Atribuição – Não Comercial –
Compartilhamento pela mesma licença 4.0 Internacional. É permitida a reprodução parcial ou total
desta obra, desde que citada a fonte. A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessa-
da, na íntegra, na Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde: http://bvsms.saude.gov.br.
CDU 616-022.6:578.834
Este material de apoio ao Curso de Promoção da atividade física na atenção primária à saúde e sua
inserção nos instrumentos de planejamento e de gestão do SUS foi desenvolvido por uma equipe de
pesquisadores e técnicos do Centro de Estudos, Pesquisa e Documentação em Cidades Saudáveis
(CEPEDOC), do Grupo de Estudos e Pesquisas Epidemiológicas em Atividade Física e Saúde (GEPAF)
ambos vinculados à Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Aberta do Sistema Único de
Saúde, polo da Universidade Federal de Santa Catarina (UNA-SUS/UFSC) e da Organização Pan-Ameri-
cana de Saúde (OPAS). Contamos nesse percurso com a valiosa participação de profissionais de saúde
de todas as regiões do país que, de forma colaborativa, apoiaram todo o processo de produção, em
suas diferentes fases.
Continuamente ouvimos e reafirmamos que “a atividade física faz bem para a saúde” e que o acesso
deve ser um direito garantido, ou seja, “promove mais saúde”. Entretanto, cabe sempre nos pergun-
tar: faz bem para quem? Quais seus propósitos? Quais as ferramentas apoiam a produção integral do
cuidado em saúde? Como podemos garantir esse acesso?
Esses são alguns elementos que estão presentes nas quatro Unidades deste livro. Estes escritos são
fruto da experiência dos autores e profissionais de saúde que se debruçam a problematizar a pro-
moção da atividade física nas políticas públicas comprometidas com a equidade e a justiça social. A
primeira Unidade discute a importância da promoção da atividade física na agenda global da saúde
pública e no SUS; a segunda traz aportes para compreender as perspectivas econômicas e políticas da
promoção da atividade física e o papel dos gestores do SUS; a terceira Unidade aponta os principais
fatores que devem ser considerados no planejamento e na implementação de ações, programas e po-
líticas de promoção da atividade física, de maneira a ampliar ou promover a efetiva oferta e o acesso
a esse serviço na Atenção Primária à Saúde (APS) e, por último, a quarta unidade traz elementos para
pensar e incluir o monitoramento e avaliação como ferramentas do processo de gestão de ações,
programas e políticas de promoção da atividade física.
Nosso propósito com essa iniciativa é mobilizar gestores e os profissionais da atenção primária do
sistema de saúde e do planejamento para que possam compreender de forma mais abrangente
as razões pelas quais a promoção da atividade física deva ser discutida, diagnosticada, implantada/
implementada, monitorada e avaliada como prioridade no ciclo da política pública e presente nos
diferentes instrumentos de gestão do SUS.
Esperamos que essas reflexões possam ajudá-los/las a viabilizar a oferta de ações, programas e po-
líticas de promoção da atividade física no SUS, assim como de processos de educação permanente
de gestores e profissionais de saúde, a fim de garantir práticas de promoção da saúde vinculadas à
construção da autonomia dos sujeitos, à participação social, à produção da saúde compartilhada e
comprometida com a defesa da vida.
Equipe de Coordenação
O BJETIVO S DE E N S I N O D O CU R S O
Estimular a inclusão da AF na Atenção Primária à Saúde (APS) por meio do registro nos Planos Muni-
cipais e Distrital de Saúde e demais instrumentos de planejamento e gestão, com isso, fomentando
recursos humanos, materiais e financeiros com vistas à ampliação da oferta e do acesso pela popula-
ção usuária do SUS.
Ao final do curso, profissionais e gestores do SUS deverão ser capazes de incluir ações de promoção
da AF nos instrumentos de planejamento e gestão do SUS; trabalhando as etapas de planejamento,
implementação, monitoramento e avaliação, com vistas à ampliação da oferta e do acesso, e inserindo
a promoção da AF no processo de cuidado integral na APS.
S U MÁR I O
UNIDADE 1
A importância da promoção da atividade física na agenda global
da saúde pública e no SUS 10
1.1 | Introdução 12
1.2 | A importância da promoção da atividade física na agenda global
da saúde pública e no SUS 12
1.2.1 | Uma visão ampliada da atividade física 12
1.2.2 | A Promoção da atividade física na agenda da Saúde Pública Global 20
1.2.3 | A importância da promoção da atividade física na agenda do SUS 26
1.2.4 | Benefícios da prática da atividade física na promoção da saúde 35
1.3 | Encerramento 40
1.4 | Referências 41
UNIDADE 2
Perspectivas econômica e política da promoção da atividade física
e o papel dos gestores do Sistema Único de Saúde 46
2.1 | Introdução 48
2.2 | Inclusão da promoção da atividade física nos instrumentos de gestão
e de planejamento da gestão pública e do SUS 49
2.2.1 | Plano Plurianual 49
2.2.2 | Leis orçamentárias 57
2.2.3 | Plano Municipal de Saúde (PMS), Programação Anual
de Saúde (PAS) e Relatório Anual de Gestão (RAG) 60
2.2.4 | Conferências e Conselhos de Saúde 64
2.2.5 | Plano Diretor 66
2.3 | Os papéis dos gestores federais, estaduais, distrital e municipais 67
2.3.1 | Responsabilidades comuns ao Ministério da Saúde, Secretarias
Estaduais, Distrital e Municipais de Saúde 67
2.3.2 | Ministério da Saúde e Secretarias Estaduais e Distrital de Saúde
e do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) 68
2.3.3 | Secretarias Municipais e Distrital de Saúde 69
2.4 | Vale a pena investir em promoção da atividade física 71
2.4.1 | Ampliar a resolutividade da APS por meio do acesso
à prática de atividade física 71
2.5 | A importância de investir em políticas públicas e ações intersetoriais 74
2.6 | Promoção da atividade física como uma agenda positiva
da gestão municipal 75
2.7 | Encerramento 77
2.8 | Referências 78
UNIDADE 3
Do planejamento à ação 82
3.1 | Introdução 84
3.2 | Planejando ações, programas e políticas de promoção da atividade física 84
3.2.1 | Planejamento participativo das ações no SUS 87
3.2.2 | Ferramentas para auxiliar a construção do PES 100
3.2.3 | A importância da intersetorialidade, da participação
e do controle social nas etapas do PES 104
3.3 | O papel dos profissionais de saúde na promoção da atividade
física no cuidado em saúde 109
3.3.1 | Arranjos interdisciplinares, interprofissionais, matriciamento
e suas possibilidades com enfoque no cuidado em saúde 110
3.3.2 | A promoção da atividade física é papel de todos
os profissionais de saúde e da comunidade 111
3.3.3 | A atuação estratégica do profissional de educação física
na saúde para além de sua atuação no núcleo profissional 113
3.4 | Experiências municipais exitosas na perspectiva da gestão,
de implantação de programas e ações de atividade física 114
3.5 | Encerramento 121
3.6 | Referências 123
UNIDADE 4
Monitoramento e avaliação como ferramentas do processo de gestão de ações,
programas e políticas de promoção da atividade física 126
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1.1 | Introdução
Estimativas apontam que as Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs) são a causa de quase ¾ das
mortes no Brasil e no mundo, sendo representadas, especialmente pelas doenças cardiovasculares,
cânceres e doenças respiratórias, cujos determinantes são sociais, ambientais, comerciais e genéticos
(OMS, 2019).
A atividade física está diretamente associada à prevenção e ao tratamento de doenças crônicas, mas,
também, pode promover sociabilidades, sentimento de pertencimento a grupo e/ou comunidade e
novos aprendizados que ampliam o repertório sociocultural das pessoas, e permitem maior autono-
mia para realização de atividades do cotidiano. Deve, assim, ser compreendida com um direito.
Além disso, com o aumento da prática regular de atividade física, os indicadores de saúde poderiam
ser melhores e muitas mortes poderiam ser evitadas, reduzindo, também, os custos em saúde, afinal,
“a atividade física é uma variável importante para a economia de recursos financeiros em saúde pú-
blica” (BUENO, 2016, p. 1007).
Assim, é preciso olhar para o tema com a devida atenção e incluí-lo no planejamento das ações de
saúde a curto, médio e longo prazo. Nesta Unidade, você irá aprender sobre atividade física em uma
perspectiva ampliada, entender os benefícios para a população, passando pela agenda global e pelas
proposições no Sistema Único de Saúde (SUS).
Vamos agora acompanhar a importância da promoção da atividade física na agenda global da saúde
pública e no SUS, para uma visão ampliada sobre o tema e sobre os benefícios dessa prática na pro-
moção da saúde. Acompanhe!
A constituição física dos seres humanos foi produzida por meio dos processos evolutivos para que
houvesse níveis de atividade física muito maiores do que temos hoje. Há dois milhões de anos, os
humanos eram caçadores-coletores e dependiam do movimento corporal ágil e forte para sobreviver.
Há mais ou menos 10.000 anos surgiu a agricultura e ainda precisávamos de força e resistência física
para garantir alimento. Da revolução industrial para cá, há cerca de 200 anos, as máquinas foram
ganhando espaço e substituindo uma boa parte do trabalho físico humano e, atualmente, os modos
de vida estão nos tornando ainda menos ativos fisicamente, especialmente com a entrada da era
digital (SMIRMAUL, 2019).
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PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN1
Atividade física é um tema muito importante quando se pensa em promoção da saúde e prevenção de
doenças. Atualmente, a inatividade física é tida como um dos principais fatores de risco modificáveis
para as Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs) pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Em função disso, existe uma vasta rede de sistemas de vigilância em saúde para rastrear tendências
temporais de atividade física populacional em mais de 122 países (BULL et al., 2020; HALLAL et al.,
2012; TROIANO; STAMATAKIS; BULL, 2020).
Em estudo publicado em 2012, constatou-se que esse número significava 31% da população mundial,
os pesquisadores afirmam que se trata de uma pandemia tendo em vista a alta prevalência, o alcance
global e os efeitos da inatividade física na saúde, com consequências sanitárias, econômicas, ambien-
tais e sociais de longo alcance (KOHL et al., 2012).
O que parece simples de resolver - aumentar a oferta de atividade física e tornar a população mais
ativa - é, na verdade, um fenômeno complexo (TONELLI et al., 2018) que merece atenção quando
da organização da oferta nos serviços na Atenção Primária à Saúde (APS) para que se torne efetiva.
Podemos pensar em duas situações que geram essa complexidade: uma se refere à noção de saúde
de forma ampla, a qual é influenciada por diversos fatores, como cultura, educação, economia entre
outros, dentre eles a temática atividade física; a segunda está relacionada aos diferentes termos utili-
zados na área específica, como a diferenciação conceitual de atividade física e práticas corporais, que
envolve elementos da cultura, ou mesmo dos sentidos, e significados que o fenômeno tem para as
pessoas – neste caso, o corpo em movimento.
Você já deve ter ouvido os termos atividade física, práticas corporais e exercícios físicos como sinônimos,
mas não são. Confira nos quadros abaixo os exemplos.
Exercícios físicos
Atividade física é um termo abrangente e abarca muitas práticas que envolvem o movimento corporal,
mas é importante ressaltar que todo exercício físico é atividade física, mas nem toda atividade física
é exercício físico.
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PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN1
Exercício físico é, então, um tipo de atividade física planejada, estruturada e repetitiva que tem o
objetivo de melhorar ou manter as capacidades físicas e o peso adequado.
SAIBA MAIS
Podemos pensar em muitos exemplos diferentes para falar dos variados sentidos e significados que o
termo atividade física tem para as pessoas, tanto no senso comum, como no âmbito dos profissionais
de saúde. Nas políticas públicas de saúde do SUS, é comum nos depararmos com os termos atividade
física e práticas corporais. De fato, existem diferenças conceituais entre esses termos que são discu-
tidos, especialmente no campo específico da Educação Física e Saúde, mas o importante, quando se
refere à APS, é compreender como eles se articulam com o cuidado em saúde.
Se temos clareza do conceito de saúde como direito humano, o primeiro passo que precisamos ter em
mente é que atividade física não é um fenômeno restrito aos benefícios “biológicos” da saúde (como,
por exemplo, os efeitos conhecidos sobre a hipertensão arterial, o diabetes e a obesidade). Entender
a saúde como direito implica em considerar que os aspectos que produzem saúde estão relacionados
com fatores da estrutura da sociedade: acesso a bens e serviços ou melhores oportunidades para
conduzir a vida, por exemplo, o que nos leva à necessidade de estratégias de ação como a produ-
ção de políticas públicas saudáveis e equitativas. Esses benefícios são muito importantes, ninguém
tem dúvida disso, mas a atividade física também pode ser importante para a saúde mental, para as
sociabilidades (por sua característica gregária, “de juntar pessoas”), para o lazer, para a cultura, para
o sentimento de pertencimento à comunidade ou mesmo como um dispositivo complementar de
acompanhamento da equipe de saúde.
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PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN1
REFLEXÃO
Um grupo que se encontra para a atividade física também se torna um espaço
de trocas culturais, de socialização, de participação social, ou seja, é um espaço
de produção de saúde, em sentido mais amplo e integral. A rotina de cuidado
desses usuários, no que tange manter informações breves e atualizadas, pode
ter no grupo de atividade física um ponto de contato frequente, quando orga-
nizados também nesse sentido. Pensando nos grupos que já acontecem em
sua realidade quais outras ações poderiam ser planejadas aproveitando esses
espaços de encontro e compartilhamento de experiências que possam ampliar
o cuidado e promover mais saúde?
Um segundo passo é entender a atividade física como um direito. Em 2013, por meio da Lei nº 12.864,
de 24 de setembro de 2013, a atividade física foi inserida no artigo 3º da Lei 8.080 como um dos fatores
determinantes e condicionantes da saúde (BRASIL, 1990). Os níveis de saúde expressam a organiza-
ção social e econômica do país. A saúde tem como determinantes e condicionantes a alimentação, a
moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, a atividade física, o
transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais, entre outros (BRASIL, 2013).
A Carta Internacional de Educação Física, Atividade Física e Esporte da Organização das Nações Unidas
para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) propõe que uma abordagem baseada em direitos hu-
manos, deve ser um princípio orientador para os países durante a implementação do plano de ação.
Adotada em 2015 pela Conferência Geral da UNESCO, a Carta declara que todo ser humano tem o direito
fundamental ao acesso à educação física, atividade física e esporte (UNESCO, 2015a).
As condições econômicas e sociais que permeiam a vida das pessoas (por exemplo, mora-
dia e trabalho), bem como às relacionadas ao nascimento e envelhecimento, produzem
maior ou menor carga de doenças.
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PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN1
Os Determinantes Sociais da Saúde (DSS) incluem aspectos sociais, econômicos, comerciais, políticos,
culturais e ambientais. A atividade física é um dos elementos, dentre vários, que determinam e/ou
condicionam a saúde dos povos e dos cidadãos, e a saúde, por sua vez, é um direito constitucional
(FIOCRUZ, 2012). Por essa razão, a atividade física deve estar inserida em uma agenda permanente,
vinculada ao sistema de saúde, em especial à APS, como parte das ações de promoção da saúde que
não podem ser deixadas de lado.
O modo como a tecnologia, o trabalho e a vida urbana afetam o cotidiano limitam as oportunidades
e as possibilidades de praticar a atividade física de forma espontânea. O comportamento sedentário
pode ser representado por todas as atividades, realizadas quando você está acordado, ou seja, sen-
tado, reclinado ou deitado e gastando pouca energia. Por exemplo, quando você está em uma dessas
posições para usar celular, computador, tablet, videogame, assistir à televisão, realizar trabalhos ma-
nuais, jogar cartas ou jogos de mesa, dentro do carro, ônibus ou metrô (BRASIL, 2021a).
REFLEXÃO
E você deve estar pensando: mas essas atividades fazem parte do dia a dia das
pessoas, não é mesmo? Como foi apresentado anteriormente, os modos de
levar a vida contemporânea, especialmente nos centros urbanos, estão nos
deixando cada vez mais parados, ou melhor, com menos oportunidades de
nos movimentarmos ao longo do dia. Quanto tempo você passa em compor-
tamento sedentário em um dia de semana? E no fim de semana? Quais estra-
tégias poderiam ser adotadas para diminuir o comportamento sedentário no
ambiente de trabalho?
A prática insuficiente de atividade física - pessoas adultas, maiores de 18 anos, que praticam menos
de 150 minutos de atividades físicas por semana - é responsável por milhões de mortes no mundo
por DCNTs, o que torna os custos em saúde também enormes (BRASIL, 2021a). Se considerarmos as
pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade, esse cenário não é uma questão de escolha.
A atividade física também pode ser influenciada pela cultura: segundo documento da OMS, em muitos
países, meninas, mulheres, pessoas idosas, grupos vulneráveis, pessoas com deficiência e pessoas
com DCNTs têm menos oportunidades de acesso seguro a programas e espaços para serem ativos
fisicamente (OMS, 2018).
O relatório Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) “Movimento é vida” nos
mostra que a renda e o gênero também fazem diferença no acesso à atividade física: os que mais pra-
ticam atividade física são homens, com renda acima de 5 salários-mínimos, enquanto as que menos
praticam, são mulheres com renda de até meio salário mínimo. Conforme a renda aumenta, é possível
verificar maior acesso à atividade física, mas mesmo dentro da faixa de renda, as mulheres têm menos
acesso (PNUD, 2017).
SAIBA MAIS
Para dados estratificados por estado, você pode consultar o Sistema de Vigilância
de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico
(VIGITEL) em: http://plataforma.saude.gov.br/vigitel/.
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PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN1
Você já deve ter percebido que o termo atividade física, como utilizado no senso comum, abrange
diferentes sentidos e significados para as pessoas. Se saúde é um direito, podemos concluir que o
acesso à prática de atividade física também deve ser. Como poderíamos pensar a atividade física em
articulação com o cuidado integral à saúde? Continue a leitura para ter mais elementos que possam
ajudar a responder esta pergunta. Lembremos do conceito de atividade física do Guia de Atividade
Física para a População Brasileira:
Este conceito está relacionado aos movimentos do corpo, com gasto de energia
maior do que se estivéssemos deitados ou sentados, incluindo interações e contex-
tos em que a atividade física pode acontecer.
Então, podemos desdobrar alguns elementos desse conceito, que nos ajudariam a compreender que
a atividade física pode ser realizada:
▶ em grupo ou individualmente;
▶ com uma intensidade leve, moderada ou vigorosa somados a determinação do tempo e tipo
da atividade podem promover objetivos almejados.
Exige mínimo esforço físico e Exige mais esforço físico, faz Exige um grande esforço
causa pequeno aumento da você respirar mais rápido físico, faz você respirar
respiração e dos batimentos que o normal e aumenta muito mais rápido que o
do seu coração. Numa escala moderadamente os normal e aumenta muito
de 0 a 10, a percepção de batimentos do seu coração. os batimentos do seu
esforço é de 1 a 4. Você vai Numa escala de 0 a 10, a coração. Numa escala de
conseguir respirar percepção de esforço é 5 e 0 a 10, a percepção de
tranquilamente e conversar 6. Você vai conseguir esforço é 7 e 8. Você não
normalmente enquanto se conversar com dificuldade vai conseguir nem
movimenta ou até mesmo enquanto se movimenta e conversar enquanto se
cantar uma música. não vai conseguir cantar. movimenta.
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PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN1
REFLEXÃO
A orientação ou o aconselhamento para essas especificidades devem ser toma-
dos em conjunto com um profissional de saúde. Uma atividade mais voltada
para desenvolvimento de aptidão cardiorrespiratória, outra para melhora de
mobilidade articular de acordo com o grupo que necessita deste direcionamento.
▶ Pode ser feita ao ar livre, em espaços públicos ou comunitários (como gramados, praças, ruas,
ginásios) e em horários diversos, de acordo com as oportunidades e atividades de vida dos
usuários. Você poderá consultar sobre os quatro domínios da atividade física, a saber: trabalho
ou estudo, doméstico, tempo livre e deslocamento, consultando a página 7, do Guia de Ativida-
de Física para a População Brasileira.
Tarefas
domésticas
Comportamento
sedentário
Trabalho
ou estudo
Atividade física de
intensidade leve
Atividade
Física
Deslocamento
Atividade física de
intensidade moderada
Tempo
livre
Atividade física de
intensidade vigorosa
Agora que conseguimos ter mais informações sobre o conceito de atividade física, podemos imaginar,
baseados também nas nossas experiências, alguns exemplos de práticas de atividade física. Já vimos
alguns:
▶ caminhada, que pode ser leve, moderada ou até mesmo se desdobrando em uma corrida leve
(leve porque a corrida por si só já é mais intensa que a caminhada, ou seja, já exige um esforço
a mais);
▶ ginástica, que pode conter exercícios de força muscular, mas também de alongamento e até
mesmo acrescentando passos de dança;
▶ danças circulares ou outras atividades rítmicas e lúdicas que podem fortalecer os valores cole-
tivos e sentimentos de empatia, solidariedade e pertencimento;
▶ Yoga, Lian Gong e outras práticas ligadas à Medicina Tradicional Chinesa;
▶ jogos cooperativos e outras atividades adaptadas.
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PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN1
Essas atividades físicas, colocadas como parte da oferta dos serviços na APS, também podem influen-
ciar na qualidade de vida da população desde que também tenham como objetivo compor o cuidado
integral dos usuários, além dos benefícios mais conhecidos da atividade física (parâmetros físicos de
saúde, como alteração da pressão arterial, ou redução do peso, por exemplo) (FERREIRA et al., 2015).
▶ Benefícios que podem ser chamados de “indiretos”, como a criação de espaços para conversar
sobre outros temas, que podem iniciar processos mais profundos de reflexão sobre a vida e a
saúde, fomentando futuras mudanças.
▶ Novos aprendizados, que não são somente corporais, mas que ampliam o repertório sociocul-
tural das pessoas.
▶ O uso e a apropriação de espaços públicos como parques, praças e ciclovias, que podem pro-
piciar sentimento de pertencimento ao território e à comunidade.
Espaços de fala, de compartilhamento de experiências diversas (em que o ponto de partida é a ativi-
dade física), podem apoiar a criação de vínculos com o território e a unidade de saúde, melhorando a
interação entre profissionais e usuários.
É importante lembrar que as escolhas individuais, no que diz respeito aos hábitos de vida, na verdade,
estão muito mais ligadas a questões sociais como, por exemplo, os grupos a que pertencem, recursos
que acessam e repertório sociocultural. Ou seja, “os indivíduos não são independentes dos seus gru-
pos sociais na escolha dos hábitos de vida” (BARATA, 2009, p. 246).
Por isso, é importante ressaltar que não basta só ofertar alguma atividade para os usuários, mas tentar
entender um conjunto de fatores que se relacionam com as características das pessoas e do território
que vivem nele (horários, rotinas, sentidos e significados, modos de vida) para poder pensar, em conjun-
to com as equipes, na melhor forma para construir a oferta de atividade física nas unidades de saúde.
REFLEXÃO
Pense nisso: não adianta ofertar grupo de ciclismo para pessoas que passam o
dia em um trabalho que necessite esforço físico, como acontece com trabalha-
dores de entrega por aplicativo, que usam bicicleta para realizar as entregas e
passam o dia pedalando. Talvez não faça sentido para esses trabalhadores ade-
rirem a programas em que fariam mais esforço físico. Para o planejamento das
ofertas, inclusive as de atividade física, é necessário considerar os aspectos da
vida da população atendida, bem como os sentidos e significados das práticas.
O conceito de DSS nos lembra que existem problemas de saúde relacionados às condições de vida
e trabalho das pessoas, e estas condições, por sua vez, estão relacionadas aos resultados em saúde.
Por exemplo, sabemos que algumas pessoas têm risco de adoecimento maior do que outras devido à
exposição a condições de maior vulnerabilidade (moradia, trabalho etc.).
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PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN1
Da mesma maneira, as condições de trabalho podem influenciar na prática de atividade física. Po-
deríamos pensar em outros exemplos em que as condições de vida influenciam os resultados em
saúde, mas o que é preciso ressaltar aqui, é que, nem sempre, as pessoas podem escolher mudar
essas condições (pois envolvem condições estruturais coletivas, dadas por políticas públicas – ou a
falta delas). Em suma, os DSS são os fatores sociais, econômicos, comerciais, culturais, étnicos/raciais,
psicológicos e comportamentais que influenciam a ocorrência de problemas de saúde e seus fatores
de risco na população.
E é por isso que ações interprofissionais, intrassetoriais e intersetoriais são importantes no conjunto do
planejamento em saúde, pois outros fatores relativos às condições da vida em sociedade podem influen-
ciar nas decisões dos indivíduos aderirem ou não às ações de promoção da saúde. Não basta somente
oferecer acesso às atividades físicas, mas pensar em como isso pode compor a produção do cuidado.
Alguns países tiveram, em diferentes momentos de suas histórias, agendas próprias de promoção de
atividade física. Existe um movimento global de Saúde Pública visando uma sinergia na promoção da
atividade física como estratégia de promoção de saúde. Atualmente, por exemplo, existe o Plano de
Ação Global sobre Atividade Física, em que a OMS estabeleceu diversas estratégias para reduzir os ní-
veis globais de inatividade física em 15% até 2030, tendo como referência o ano de 2016 (OMS, 2018).
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PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN1
A incorporação da atividade física na OMS passou por diversas fases. Confira uma linha do tempo que
contextualiza essa incorporação até a década de 2010:
Década de 1980
Década de 1990
Anos 2000
Nos anos 2000, foi desenvolvida e aprovada a Estratégia Global em Alimentação, Atividade
Física e Saúde e sua implementação começou nos países membros (OMS, 2017a). Em
2002, o tema do Dia Mundial da Saúde (celebrado no dia 7 de abril) foi a atividade física e
a OMS lançou em São Paulo o dia 6 de abril como o Dia Mundial da Atividade Física. Nessa
década também foram produzidos os primeiros documentos de políticas de atividade
física (SHEPHARD et al., 2002).
Década de 2010
No início da década de 2010, pela primeira vez, a OMS emitiu Recomendações Globais
sobre Atividade Física para a Saúde (OMS, 2010) e, em 2013, a Assembleia Mundial da
Saúde, órgão decisório da OMS, aprovou o Plano de Ação Global de DCNTs, sendo o Brasil
signatário (OMS, 2013). Nesse plano, visando uma redução de 25% da mortalidade prema-
tura por DCNTs até 2025, definiu-se a inatividade física como um dos quatro fatores de
risco que merecem atenção, com olhar ampliado, para que seus níveis possam ser melho-
rados. Os outros três fatores são: consumo de tabaco, consumo nocivo de álcool e alimen-
tação não saudável. Dentre as ações propostas neste plano estão as seguintes:
adoção e implementação de diretrizes nacionais sobre atividade física para a saúde;
desenvolvimento de parcerias e engajamento de todos os atores interessados no
atividade física;
realização de campanhas públicas baseadas em evidências e iniciativas de marke-
ting social para informar e motivar as pessoas sobre os benefícios da atividade física.
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PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN1
Em 2015, na Assembleia Geral da ONU, composta por 193 Estados-membros, foram definidas metas
mundiais para um mundo mais sustentável. Essa agenda, conhecida como Agenda 2030, é centrada
em 17 Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ODS) e, para se ter êxito em atingi-los, é funda-
mental o esforço conjunto entre governos, empresas, instituições e sociedade civil. Em linhas gerais,
esses 17 objetivos, interconectados, visam erradicar a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima
e garantir paz e prosperidade para todas as pessoas. Veja a seguir cada um dos objetivos pactuados.
ÁGUA POTÁVEL ENERGIA LIMPA TRABALHO DECENTE INDÚSTRIA, INOVAÇÃO REDUÇÃO DAS
E SANEAMENTO E ACESSÍVEL E CRESCIMENTO E INFRAESTRUTURA DESIGUALDADES
ECONÔMICO
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PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN1
Provavelmente, o ODS 3 (referente à saúde e bem-estar) deve ter sido o primeiro identificado por
você, uma vez que esse ODS 3 visa assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todas
as pessoas independentemente da idade, a atividade física pode contribuir diretamente com a redu-
ção da mortalidade prematura por DCNTs por meio da prevenção e do tratamento, da promoção da
saúde mental e da promoção do bem-estar.
Especificamente relacionado à atividade física no deslocamento pelo município, por exemplo, a ativi-
dade física pode contribuir para uma redução de mortes e agravos por acidentes de trânsito, proteção
do risco financeiro – já que deslocar-se ativamente pode ser uma alternativa econômica e saudável
de ir de um lugar ao outro – e para a redução da poluição do ar. Todos esses benefícios da prática de
atividade física para a saúde e bem-estar serão tratados detalhadamente um pouco mais à frente em
nosso curso.
Mas, e os outros ODS? Neste momento, você deve estar imaginando: Como a atividade física pode
estar relacionada aos outros tão diversos ODS?. Quem nos explica isso é a própria ONU que, em um
documento publicado em 2018, chamado “Plano de ação global sobre atividade física 2018–2030: mais
pessoas ativas para um mundo mais saudável”, detalhou o papel da atividade física para contribuir
com cada um dos outros 12 ODS dispostos a seguir (OMS, 2018). Abaixo, refletiremos um pouco mais
sobre essas conexões. Acompanhe.
FOME
FOMEZERO
ZEROEE ODS 2
AGRICULTURA
AGRICULTURA
SUSTENTÁVEL
SUSTENTÁVEL
Esse objetivo visa, dentre outras coisas, melhorar a nutrição, sendo que tanto
o sobrepeso quanto a obesidade podem estar relacionados à má-nutrição. A
atividade física contribui tanto com a manutenção do peso saudável, quanto
com a redução/perda de peso daqueles com excesso de peso.
EDUCAÇÃO
EDUCAÇÃODEDE ODS 4
QUALIDADE
QUALIDADE
A melhoria da qualidade educacional e a participação dos estudantes que pra-
ticam atividades físicas levam a uma maior capacidade de concentração e me-
lhora da função cognitiva, contribuindo para melhores resultados escolares/
acadêmicos (UNESCO, 2015b). Além disso, a atividade física nas escolas ajuda
a desenvolver a socialização, as condições físicas, e também, a “educação em
saúde”, fomentando atitudes e hábitos positivos em saúde, aumentando o
prazer e o significado da atividade física (OMS, 2017c). Dada sua importân-
cia, o Guia de Atividade Física para a População Brasileira, lançado em 2021,
contempla recomendações e benefícios da atividade física no contexto da
educação física escolar, orientando que sejam realizadas, pelo menos, três
aulas de 50 minutos por semana de educação física escolar (BRASIL, 2021a).
IGUALDADE
IGUALDADE ODS 5
DE
DEGÊNERO
GÊNERO
Assim como em boa parte dos países, no Brasil também há uma importan-
te questão de gênero no acesso e na participação da atividade física, com
homens mais propensos e com mais oportunidades de serem ativos do que
mulheres (BRASIL, 2021b). Sabendo disso e, pautado no princípio da equida-
de, aumentar o acesso e as condições de manutenção da prática de atividade
física, principalmente no tempo livre, entre meninas e mulheres contribui
para reduzir as desigualdades entre os gêneros.
23
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN1
TRABALHO
TRABALHODECENTE
DECENTE ODS 8
EECRESCIMENTO
CRESCIMENTO
ECONÔMICO
ECONÔMICO
Ao se promover a atividade física, seja por meio de oferta de aulas/interven-
ções (serviços) ou pela criação de estruturas pode-se estimular a criação de
novos empregos tanto para os prestadores diretos dos serviços e programas
como para aqueles envolvidos em serviços de treinamento e desenvolvimen-
to profissional. Além disso, no âmbito da infraestrutura, como por exemplo
a criação de calçadões para caminhada e/ou ciclovias/ciclofaixas, também é
possível oferecer oportunidades de emprego e desenvolvimento econômico.
Por fim, grandes eventos esportivos podem promover o turismo, fortalecendo
as economias locais, aumentando o emprego e contribuindo para o cresci-
mento econômico.
INDÚSTRIA,
INDÚSTRIA,INOVAÇÃO
INOVAÇÃO ODS 9
EEINFRAESTRUTURA
INFRAESTRUTURA
A criação de infraestrutura para caminhada e para o uso de bicicleta, além
de contribuir para o desenvolvimento econômico, tem sido considerada uma
alternativa fundamental para o engajamento tanto em atividades físicas
como no deslocamento. Nesse sentido, além de contribuir para o transporte
sustentável, essas estruturas são importantes para a atividade física e para o
bem-estar humano, incluindo a saúde física e mental. Por fim, é importante
considerar que esses tipos de estruturas, além de sustentáveis, são resilien-
tes, equitativas e acessíveis.
REDUÇÃO
REDUÇÃODAS
DAS ODS 10
DESIGUALDADES
DESIGUALDADES
Geralmente, a atividade física e os esportes estão associados a valores como
justiça, inclusão e empoderamento, que podem encorajar maior contribuição
para os domínios social, econômico e político. Assim, a atividade física leva à
reflexões importantes para fomentar sociedades inclusivas.
CIDADES
CIDADESEE ODS 11
COMUNIDADES
COMUNIDADES
SUSTENTÁVEIS
SUSTENTÁVEIS
Ao considerarmos que a caminhada e a bicicleta são meios de transporte sus-
tentáveis e que podem ser financeiramente acessíveis, especialmente para
aqueles em situações vulneráveis, a melhoria da infraestrutura para caminha-
da e uso da bicicleta, além de contribuir para a prática de atividade física,
também pode melhorar a segurança viária para todos os usuários (PUCHER
et al., 2003). Além disso, não basta só ampliar a extensão dessas estruturas
nos municípios para aumentar a conectividade entre os bairros, também é
necessário melhorar a qualidade, a segurança e a sinalização (OPAS, 2020).
24
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN1
CONSUMO
CONSUMOEE ODS 12
PRODUÇÃO
PRODUÇÃO
RESPONSÁVEIS
RESPONSÁVEIS
Aumentar as oportunidades da caminhada e do uso da bicicleta como meio
de deslocamento contribui para a sustentabilidade e a preservação da natu-
reza por meio da redução do uso de veículos motores e maior conscientização
sobre o impacto ambiental dos indivíduos. Além disso, o engajamento em
atividades físicas na natureza, seja em áreas verdes como parques e praças,
ou áreas azuis, como próximo a rios, lagos ou oceano, e a exposição à nature-
za podem favorecer a valorização desses espaços e o incentivo às atividades
turísticas, promovendo maior procura de espaços semelhantes e preservação
dos espaços existentes (WARD; PARKER; SHACKLETON, 2009). Favorecer a
criação e ampliação de áreas verdes nos municípios também é uma forma de
melhorar a qualidade do ar e de oportunizar práticas de atividade física ao ar
livre com segurança e qualidade de infraestrutura nesses espaços públicos.
AÇÃO
AÇÃOCONTRA
CONTRAAA ODS 13
MUDANÇA
MUDANÇAGLOBAL
GLOBAL
DO
DOCLIMA
CLIMA
Uma política adequada quanto ao uso do solo, como, por exemplo, zonea-
mentos que contemplem tanto áreas residenciais como comerciais, e inter-
venções fiscais, ambientais e educacionais que apoiem os deslocamentos
ativos contribuem para reduzir o uso do automóvel para transporte (SUS-
TAINABLE MOBILITY FOR ALL, 2017). Por meio da redução da demanda por
combustíveis fósseis e suas consequências para o clima global, a atividade
física como forma de deslocamento ajuda a mitigar as mudanças climáticas.
A Agenda Convergente Mobilidade Sustentável e Saúde, liderada pela OPAS,
reúne uma série de evidências, reflexões e propostas de ações para facilitar
a compreensão e orientar os gestores públicos municipais em questões rela-
tivas à mobilidade urbana. Nesse documento, é reforçada a necessidade de
um adensamento da cidade e uma cidade polinucleada, estimulando novas
centralidades econômicas na malha urbana (OPAS, 2020).
VIDA
VIDA ODS 15
TERRESTRE
TERRESTRE
A atividade física em ambientes naturais contribui para seu uso sustentável e
para a valorização, conservação e restauração da natureza. A valorização e a
“apropriação” desses espaços pela comunidade aumentam a demanda pela
preservação do mesmo, contribuindo para garantir a biodiversidade e ajudar
a proteger/prevenir a extinção de espécies ameaçadas.
25
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN1
PAZ,
PAZ,JUSTIÇA
JUSTIÇA ODS 16
EEINSTITUIÇÕES
INSTITUIÇÕES
EFICAZES
EFICAZES
A atividade física e os esportes, especialmente os coletivos, em geral são as-
sociados a valores positivos como inclusão e cooperação, unindo pessoas de
diferentes idades, sexo, status socioeconômico e crenças políticas. Um maior
senso de comunidade por meio da atividade física pode ajudar a reduzir a
violência e os conflitos.
PARCERIAS
PARCERIASEEMEIOS
MEIOS ODS 17
DE
DEIMPLEMENTAÇÃO
IMPLEMENTAÇÃO
Ao propor ações nacionais de promoção de atividade física, como, por exem-
plo, o Programa Academia da Saúde (PAS) e o Incentivo Financeiro de Ativi-
dade Física (IAF) na APS, faz-se necessário o fortalecimento de parcerias de
todas as partes interessadas, incluindo o governo federal, estadual, distrital
e principalmente municipal, bem como a própria sociedade civil. Além disso,
ações intersetoriais podem ser fortalecidas, como, por exemplo, os setores de
saúde e educação, no Programa Saúde na Escola (PSE).
Todas essas conexões mostram o quanto a compreensão da saúde de forma ampliada não fica res-
trita apenas ao ODS 3, sendo necessários diferentes cenários propositivos. Assumir a importância da
atividade física como parte da produção do cuidado em saúde contribui na busca por outros atores
e objetiva a interlocução e a troca de saberes, por meio da articulação de redes interdisciplinares e
multiprofissionais, estimulando a produção e o planejamento de intervenções promotoras de saúde.
REFLEXÃO
Dado esse breve histórico sobre a promoção da atividade física na agenda da
saúde pública global, como você observa o papel da atividade física nas publi-
cações da OMS? Você consegue observar a transição de um interesse leve e
temporário, nas décadas de 1960 e 1970, para um protagonismo importante
nas estratégias e ações globais? Ficou claro para você a consolidação da ativida-
de física como parte importante para o desenvolvimento sustentável no debate
internacional? Por fim, e não menos importante: como esse movimento global
impactou a agenda nacional da atividade física?
Muito embora tenhamos discutido um pouco no item anterior sobre o histórico da promoção da ativi-
dade física na agenda da saúde pública global, é fundamental explorar e entender o papel da atividade
física especialmente no contexto da saúde pública brasileira, principalmente na agenda do SUS.
Após a implementação do SUS, em 1990, teve início o processo de busca pelo rompimento de um
importante paradigma na saúde brasileira, focado principalmente na doença e no tratamento dos
seus agravos. No novo sistema, regido pelos princípios da universalidade, equidade e integralidade,
a APS passou a ganhar maior espaço. Nesse sentido, passou a ser mais valorizado o cuidado integral
com as pessoas, por meio das reflexões e ações acerca da promoção da saúde, em vez de apenas
tratar doenças ou condições específicas.
26
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN1
Realizado por meio de uma assistência abrangente, acessível e baseada na comunidade, o SUS passou
a contemplar um amplo espectro de serviços que vão desde ações de promoção da saúde no territó-
rio, a partir do entendimento dos DSS, até a prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, controle
de doenças e cuidados paliativos. O Sistema busca atuar, inclusive, em outros determinantes, como
os econômicos, os culturais e os ambientais, que normalmente vão além do próprio setor da saúde e
requerem articulações intrassetoriais, intersetoriais e multiprofissionais.
Para entendermos mais sobre a importância da promoção da atividade física na agenda do SUS, dis-
cutiremos políticas e programas do Ministério da Saúde (MS) de 2006 a 2022, conforme a linha do
tempo a seguir.
2006
2008
2011
2015
2016
27
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN1
2017
‡ Revisão da Política Nacional
de Atenção Básica
2021
‡ Consolidação
das Portarias do
Ministério da Saúde • Lançamento do
Guia de Atividade
‡ Revisão do
Física para a
Programa Saúde
População Brasileira
na Escola
• Lançamento das Recomendações para
o Desenvolvimento de Práticas Exitosas
de Atividade Física na APS do SUS
• Lançamento do Guia de Atividade Física
para a População Brasileira:
recomendações para gestores e
profissionais de saúde
2022 • Plano de ações estratégicas para o
enfrentamento das doenças crônicas e
• Incentivo federal de custeio para agravos não transmissíveis no Brasil
implementação de ações de atividade 2021-2030
física no âmbito da APS nos municípios e
no Distrito Federal
• Plano estratégico de difusão,
disseminação e implementação do guia
de atividade física para a população • Políticas Públicas de Atividade Física Análise
brasileira: documento orientativo às de Documentos Governamentais em Âmbito
instituições de ensino superior Mundial
• Plano estratégico de difusão, • Recomendações para Operacionalização da
disseminação e implementação do guia Política Nacional de Promoção da Saúde na
de atividade física para a população Atenção Primária à Saúde
brasileira: documento orientativo para
• Caderno temático e Guia de Bolso do PSE:
Ministérios do Governo Federal
promoção da atividade física
• Plano estratégico de difusão,
• Proteja – Estratégia Nacional para Prevenção
disseminação e implementação do guia
e Atenção à Obesidade infantil: orientações
de atividade física para a população
técnicas
brasileira: documento orientativo às
Secretarias de Estado de Saúde
No ano de 2006 foram instituídos e publicados importantes marcos normativos para a promoção de
saúde e da atividade física na agenda do SUS, como a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), a
Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPICS) e a Política Nacional de Promo-
ção da Saúde (PNPS).
28
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN1
melhorar a qualidade de vida da população (MORETTI et al., 2009). A inserção formal do profissional
de educação física, a partir de recursos federais, no âmbito do SUS, ocorreu somente em 2008, com a
criação dos Núcleos Ampliados de Saúde da Família (NASF). Mas é importante lembrar, também, que
mesmo anteriormente a atividade física já tinha um papel importante na APS, sendo oferecida pelos
profissionais de saúde.
Visando o fortalecimento da promoção da saúde no SUS, foi organizada a vigilância de fatores de risco
e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico, a Vigitel, o que possibilitou o monitoramen-
to de indicadores da prática de atividade física por meio de inquéritos populacionais. Adicionalmente,
foram financiados projetos de atividade física em cerca de 1.500 municípios entre 2005 e 2010 (MALTA
et al., 2014).
Abordaremos a seguir a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB); passando pela Política Nacional de
Promoção da Saúde (PNPS); Programa Saúde na Escola (PSE); Política Nacional de Práticas Integrativas
e Complementares (PNPICS);a equipes multiprofissionais; Programa Academia da Saúde (PAS); Centro
de Atenção Psicossocial (CAPS); culminando no incentivo federal de custeio para implementação de
ações de atividade física no âmbito da APS nos municípios e no Distrito Federal (IAF).
A PNPS, em 2006, já destacava a educação em saúde com ênfase na promoção da atividade física
e das práticas corporais na promoção de hábitos saudáveis de vida. Em 2014, com a revisão dessa
política, destacou-se as práticas corporais e as atividades físicas como um dos oito temas prioritários
(BRASIL, 2018).
29
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN1
Dado esse contexto de articulação política e a agenda nacional de enfrentamento das DCNTs, tendo
a PNPS como norteadora, em 2011 foi criado o Programa Academia da Saúde (PAS). Esse programa,
depois de pouco mais de uma década de existência, pode ser considerado um dos maiores progra-
mas de promoção de saúde já implementados no Brasil. Embora tenha sido instituído em 2011, foi
baseado em experiências exitosas e promissoras, como o Serviço de Orientação ao Exercício (SOE)
da Prefeitura de Vitória (ES) e o Programa Academia da Cidade nos municípios de Recife (PE), Curitiba
(PR), Aracaju (SE) e Belo Horizonte (MG) (MALTA; MIELKE; PEREIRA DA COSTA, 2020). Essas experiências
locais tinham como ponto comum a atividade física e outras ações de promoção da saúde, além da
presença de profissionais de educação física e nutricionistas, dentre outros, com o uso de espaços
públicos e custeio pelo poder público.
Com estrutura e quadro de profissionais diferentes das estruturas tradicionais dos serviços de saúde, o
Programa Academia da Saúde passou a ser um ponto de atenção na rede de serviços, configurando-se
como uma nova porta de entrada na APS, promovendo possibilidades de encontros e aproximações
com os usuários, contribuindo para a promoção da saúde e de modos de vida saudáveis.
A estrutura, também chamada de polo e financiada com recurso federal e das gestões locais, é com-
posta de áreas cobertas e descobertas, com equipamentos para a prática de atividade física, e pode ter
três configurações diferentes, indo da modalidade básica a uma mais ampliada. Além da possibilidade
de construir polos com recurso federal, o programa incorpora também iniciativas municipais/distrital
que foram consideradas similares à proposta, que podem receber o recurso de custeio do Ministério
da Saúde, adequando-se às suas normativas.
Além da estrutura em si, outro fator essencial para o sucesso do Programa são os 13 tipos de profis-
sionais qualificados, que desenvolvem atividades culturalmente inseridas e adaptadas ao território,
contemplando os eixos descritos a seguir.
Os 13 profissionais que podem atuar no PAS são os seguintes: profissional de educação física
na saúde; fisioterapeuta geral; assistente social; terapeuta ocupacional; fonoaudiólogo geral;
nutricionista; psicólogo; sanitarista; educador social; musicoterapeuta; arteterapeuta; artistas
de dança; dançarinos tradicionais populares.
30
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN1
Note que as ações do PAS se baseiam em uma visão ampliada, em que a oferta da atividade física está
interligada à cultura local, em conformidade com as necessidades do território.
Em um relatório de 2019, observou-se que as ações de promoção da atividade física mais frequentes
foram alongamento (76%), ginástica aeróbica (62%) e treinamento funcional (59%) (BRASIL, 2022a). Al-
guns estudos recentes mostram resultados promissores do impacto da criação do PAS na diminuição
de internações por acidente vascular cerebral (AVC), gastos com internações hospitalares por doenças
cerebrovasculares e redução na taxa de mortalidade por hipertensão e por câncer de cólon (LIMA et
al., 2020; RODRIGUES, 2021; RODRIGUES et al., 2021; SILVA, 2021).
SAIBA MAIS
Ainda, com o fortalecimento da pauta da promoção da atividade física, o PSE, instituído em 2007
e atualizado em 2017, tem como objetivo ações de promoção, prevenção e atenção à saúde para
os estudantes da rede pública da educação básica. Surgiu como uma política intersetorial entre o
Ministério da Saúde e o Ministério da Educação, no âmbito das escolas e Unidades Básicas de Saúde
(UBS), realizada pelas Equipes de Saúde e Educação de forma integrada. Assim, a escola se torna um
lócus privilegiado de promoção da saúde, em seu sentido amplo de produção de saúde. Visando o
pleno desenvolvimento desses estudantes, esse programa prevê 13 ações, confira.
Um trabalho, com dados de 2014 a 2020, registrou um crescente número de ações de práticas cor-
porais e atividade física no contexto do PSE. Os autores reforçaram ainda que, no ciclo 2019-2020, o
PSE atingiu em torno de 95% dos municípios brasileiros e foi considerado um importante meio para o
fortalecimento das articulações entre os setores da educação e saúde (MANTA, 2022).
31
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN1
Contudo, os resultados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), de 2019, apontam que
apenas 28,1% dos estudantes brasileiros eram fisicamente ativos (realizaram 300 minutos ou mais
de atividades físicas na semana anterior à pesquisa), sendo 38,6% dos meninos e 18,8% das meninas
(IBGE, 2019).
Nesse sentido, além de aumentar o número de estudantes fisicamente ativos, por meio de práticas
desportivas, lúdicas e jogos, as ações no contexto do PSE devem contribuir com a promoção da saúde
e da educação dos estudantes, em um caráter coletivo, porém potencializando a construção de apren-
dizagens sobre si mesmo (FRAGA; WACHS, 2007). Ademais, esse tipo de ação na escola pode estimular
os alunos a conhecer e refletir sobre as possibilidades de prática de atividade física, a partir de uma
perspectiva histórica e cultural e uma ampliação do saber-fazer na educação (VIANA; MAIA; MORGAN,
2017). Também, há evidências de que a atividade física regular contribui e melhora as habilidades
cognitivas, em função da regulação hormonal e de neurotransmissores (SCHMOLESKY, 2013).
O Guia de Atividade Física para a População Brasileira elenca também uma série de outros benefícios
para a saúde física, motora, psicológica e social dos estudantes. Além disso, ressalta a importância de
uma educação física escolar de qualidade que deve ser preferencialmente ministrada por um professor
de educação física, em pelo menos três aulas semanais de 50 minutos cada, incluindo conteúdos que
possibilitem experiências positivas e abordagens inovadoras ao longo de todos os anos da educação
básica, incluindo a educação infantil.
SAIBA MAIS
Para saber como ter o Programa Saúde na Escola no seu município, acesse:
https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/saps/pse
É importante destacar também o papel das equipes multiprofissionais em ações, programas e polí-
ticas para a promoção da atividade física no SUS. Vimos anteriormente a relação entre os diversos
determinantes de saúde presentes também nos 17 ODS e a promoção da atividade física – lembra de
quantos ODS a atividade física pode colaborar? Dos 17 ODS, a atividade física pode colaborar em 13
deles, o que demanda o envolvimento de todos os profissionais do setor saúde e de outros setores.
Nesse sentido, o Núcleo Ampliado de Saúde da Família (NASF), criado em 2008 e redefinido como
equipe multidisciplinar em 2020, contribuiu de forma significativa para o desafio da integração de
diferentes saberes e produção do cuidado compartilhado. Suas ações e diretrizes consideraram uma
abordagem da determinação social do processo saúde-doença. A equipe do NASF poderia ser com-
posta por:
Posteriormente, outros profissionais foram incluídos como médico veterinário, médico do trabalho,
profissional de arte/educação, entre outros (BRASIL, 2014; 2017).
32
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN1
Após a revisão da PNAB, em 2017, e a implementação do Programa Previne Brasil, em 2019, os profis-
sionais dos NASF foram direcionados à Rede de Atenção à Saúde (RAS) e seus serviços, incluindo a APS,
a exemplo do CAPS, do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST), dos ambulatórios
especializados, entre outras redes. Os CAPS, por exemplo, voltados aos atendimentos de pessoas com
algum grau de sofrimento psíquico ou transtorno mental, passaram a ser beneficiados pela oferta
de atividade física (BRASIL, 2012). O tratamento de reabilitação para usuários de substância psicoa-
tiva, como uso de álcool, crack e outras substâncias, quando aliado com a atividade física, apresenta
benefícios, como controle de ansiedade, depressão, além de promover a socialização, cooperação e
auxiliar na redução de danos (ORBON; MERCADO; BALILA, 2015; RAVINDRAN; SILVA, 2013).
Nesse sentido, existem várias formas pelas quais o profissional de educação física pode atuar, por
meio de programas com esportes, danças, lutas, alongamentos, jogos e brincadeiras, dentre outros.
Ainda, por meio do aconselhamento para a prática de atividade física e que pode ser feito por qual-
quer profissional de saúde, partindo dos modos de vida de cada pessoa e seu contexto de vida.
Assim, de modo a aumentar a oferta de ações de atividade física pelos estabelecimentos de saúde
da APS, foi publicada a Portaria GM/MS nº 1.105, de 15 de maio de 2022, quando o Ministério da
Saúde instituiu o IAF. Essa iniciativa, cujo objetivo é fomentar e estimular a prática de atividade física,
financia, além da contratação de profissionais de educação física na saúde, a readequação de espaços
para a prática de atividade física e a compra de materiais para a qualificação da oferta de ações de
atividade física. Em 2022 foram credenciados 8.230 estabelecimentos de saúde da APS, do SUS, em
4.128 municípios e no Distrito Federal, por meio da Portaria GM/MS nº 2.103, de 30 de junho de 2022.
Vale destacar que o IAF não substitui o PAS, que continua sendo financiado e incentivado pelo Ministé-
rio da Saúde, tanto para os polos já existentes quanto para a implementação de novos polos (BRASIL,
2022c), sendo as duas iniciativas estratégias complementares para o aumento da oferta de atividade
física na APS.
33
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN1
Mais recentemente, o Ministério da Saúde lançou o Programa e-Multi, que instituiu o incentivo finan-
ceiro federal de implantação, custeio e desempenho para as equipes Multiprofissionais na Atenção
Primária à Saúde. A Portaria 635, de 22 de maio de 2023, apresenta os valores do repasse aos estados
e municípios, bem como a relação das 22 especialidades que passam a constituir essas equipes, dentre
eles o profissional de Educação Física na Saúde. Além da ampliação do rol de especialistas que podem
compor a e-Multi, outra novidade do Programa é a possibilidade de atendimento remoto: consultas e
atendimento de demandas gerenciais poderão ser realizadas pelos profissionais de saúde da e-Multi,
por meio da utilização de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). O Programa prevê também
o pagamento por desempenho, com ciclos quadrimestrais de monitoramento dos indicadores acom-
panhados pelo Programa e apuração de resultados a partir de janeiro de 2024.
SAIBA MAIS
Para entender melhor como funciona o Programa e- Multi, acesse o link da Porta-
ria 635, de 22 de maio de 2023: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-gm/
ms-n-635-de-22-de-maio-de-2023-484773799.
Para finalizarmos, fica claro que, assim como na agenda global, a atividade física foi ganhando espaço
na agenda da saúde brasileira. Nesse sentido, em 2021, como vimos anteriormente, o Ministério da
Saúde lançou o Guia de Atividade Física para a População Brasileira, trazendo suas primeiras reco-
mendações e informações sobre atividade física para que a população tenha uma vida mais ativa fisi-
camente, promovendo a saúde e as possibilidades para a melhoria da qualidade de vida.
O Ministério da Saúde atua também na oferta de aconselhamento de atividade física e modos de vida
saudável. Dentre as iniciativas, podemos destacar o ConecteSUS e o Portal Saúde Brasil. O primeiro
consiste em um aplicativo, desenvolvido pelo SUS, que possui uma funcionalidade chamada Peso
Saudável. Nessa funcionalidade, há um programa de 12 semanas com dois eixos, sendo um de alimen-
tação saudável e outro de atividade física, baseado em orientações, desafios e recomendações para
melhoria desses dois aspectos.
LINKS
Outro canal de comunicação do Ministério da Saúde com a população é o Portal Saúde Brasil. Esse
portal surgiu da necessidade de levar aos brasileiros conteúdos informativos e de serviço com base
em cinco pilares:
34
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN1
Informações sobre
Eu quero Eu quero Coronavírus (retirado
2 me exercitar 4 parar de fumar em out/nov de 2022)
LINKS
Os conteúdos apresentados neste site são bastante diversificados e desenvolvidos em vários forma-
tos (textos, podcasts, vídeos, figuras), sendo bastante acessados e compartilhados pela população.
Dentre esses conteúdos, há uma série de informações relevantes e atuais sobre atividade física.
Baseado no que vimos até agora e a partir de seus próprios conhecimentos e experiências, a afir-
mação “atividade física faz bem” provavelmente não causa estranhamento ou soa como inverídica.
Por isso, neste tópico, exploraremos um pouco mais essa questão, aprofundando pontos como: “Faz
bem?”, “Para quem?”, “Em quais aspectos?”, “Quanto de atividade física seria necessário para alcançar
esses benefícios?”, dentre outros pontos. Acompanhe.
35
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN1
Ao refletirmos sobre os dados vistos, fica evidente a importância da atividade física na prevenção de
mortes prematuras. Porém, além de evitar essas possíveis mortes, a atividade física também pode
ser fundamental para promover a qualidade de vida das pessoas. Nesse sentido, os benefícios da
atividade física para a saúde são bem descritos na literatura, incluindo, por exemplo, menor risco
de doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes, câncer de mama e cólon, demência, excesso de
peso e problemas de saúde mental (GUTHOLD, 2018).
Existem algumas evidências que podem nos ajudar a entender esses comportamentos de atividade
física ao longo da vida e que, portanto, podem trazer desdobramentos importantes para a saúde
pública em geral.
Há estudos sobre estilo de vida pregresso que indicam que crianças e jovens fisicamente ativos ten-
dem a ter mais chances de manter esse padrão ativo na vida adulta (VAN SLUIJS et al., 2021). Além
disso, suas práticas de atividade física tendem a ser menos afetadas por outros eventos da vida,
como, por exemplo, entrar na universidade, começar a trabalhar e mudanças na estrutura familiar
(HIRVENSALO; LINTUNEN, 2011). Nesse sentido, o Guia de Atividade Física para a População Brasileira
contempla recomendações e informações do Ministério da Saúde sobre atividade física, em todos os
ciclos de vida, visando a promoção da saúde e as possibilidades para a melhoria da qualidade de vida
(BRASIL, 2021a).
REFLEXÃO
Pare um pouco para refletir sobre suas práticas de atividade física ao longo da
vida. Provavelmente os jogos e as brincadeiras estavam mais presentes em sua
infância do que agora, certo? A esse respeito quais são as suas memórias afe-
tivas? Você acredita que o seu envolvimento com a atividade física ao longo da
vida foi similar ao de outras pessoas da sua geração? Olhar esses aspectos do
ponto de vista da população como um todo é uma tarefa desafiadora. Como es-
sas informações podem compor um diagnóstico de um determinado território?
Antes de falarmos acerca de informações e benefícios da atividade física em cada um desses ciclos de
vida, seria relevante destacarmos que as recomendações de atividade física propostas para a popula-
ção brasileira variam de acordo com o contexto de cada grupo populacional, diferenciando-se quanto
ao tipo de atividade, ao volume e à intensidade.
36
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN1
Para crianças de até um ano, por exemplo, a recomendação é de pelo menos 30 minutos por dia de
barriga para baixo (posição de bruços) enquanto para adultos a recomendação é realizar pelo menos
150 minutos de atividade física moderada ao longo da semana, ou pelo menos 75 minutos de ativida-
de vigorosa, ou uma combinação equivalente. Além disso, recomenda-se atividades de fortalecimento
muscular, envolvendo os principais grupos musculares, em dois ou mais dias da semana.
SAIBA MAIS
Você também pode acessar os Cards Oficiais do Guia de Atividade Física para a
população brasileira no link: https://drive.google.com/drive/folders/
1DkzOWFXcXTZ7Qrd3raEm8ZI-1IlAus2F.
Auxilia no(a):
6 a 17 anos
Auxilia no(a):
37
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN1
Adultos
Auxilia no(a):
Idosos
Auxilia no(a):
38
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN1
Conforme observado, para todas as faixas etárias, a atividade física pode proporcionar benefícios
substanciais para a saúde e a qualidade de vida. Note que, agora, você é capaz de ir além da “simples”
frase: “Atividade física faz bem!”. Ao observarmos os benefícios da atividade física em cada ciclo da
vida, há potencialidades de conexão da atividade física como produção do cuidado em todos os níveis
da atenção à saúde (primária, secundária e terciária).
É importante refletirmos sobre os objetivos da atividade física para crianças e adolescentes, não so-
mente para promover saúde e prevenir doenças, e também sobre o quão importante ela também é
para adultos e idosos, cujos objetivos da atividade física não são apenas para o tratamento de doenças
e agravos. É claro que, como vimos anteriormente, quanto mais ativo fisicamente nos ciclos iniciais
maiores as chances de se manter ativo na vida adulta.
Esse momento de interação, pode oportunizar a formação de laços de amizade, troca de experiências,
conversas sobre diversos assuntos, risadas e diversão. Além disso, como bem colocado no ODS 10
(redução das desigualdades), a atividade física e os esportes estão associados a valores como justiça,
inclusão e empoderamento, que podem encorajar maior contribuição social, fortalecer os sujeitos no
território e gerar comunidades mais solidárias.
39
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN1
Como consequência, nos mais jovens, por exemplo, essa interação social mediada pela atividade física
pode potencializar a noção de coletividade e o exercício da cidadania. Já para idosos e entre aqueles
em sofrimento psíquico pode contribuir para a saúde mental. Um estudo britânico apontou que as-
pectos sociais, como o aumento no número de amizades, são fatores relevantes para a saúde mental,
reduzindo as chances de sintomas de depressão e de ansiedade em 50% (HARVEY et al., 2010).
1.3 | Encerramento
O objetivo desta unidade foi compreender, de forma ampliada, a importância da promoção da ati-
vidade física, entendendo seus benefícios para a população, passando pela agenda global e pelas
proposições no SUS.
Nesta unidade, vimos que a atividade física é um direito e que se relaciona com os determinantes
e condicionantes da saúde, sendo influenciada por diferentes fatores, não sendo, portanto, apenas
uma escolha individual. Conhecemos historicamente sua inserção em agendas globais e nacionais,
entendendo-a como parte fundamental na integralidade do cuidado em saúde a partir de uma visão
ampliada. Exploramos a atividade física como uma importante ferramenta de promoção da saúde, da
qualidade de vida, da prevenção e do tratamento de algumas doenças e agravos. Fica evidente que a
temática da atividade física está em constante mudança e que pesquisas, políticas e programas para
a promoção da atividade física estão em constantes evoluções sendo mais que importante seu estudo
continuado para o desenvolvimento profissional.
Nesse sentido, a próxima unidade é de fundamental importância pois, baseado no conhecimento, nas
políticas e nos programas atuais, trará a você uma série de instrumentos de planejamento e de gestão
para a inclusão da promoção da atividade física no SUS e de como investimentos nessa temática
podem ser vantajosos para o SUS.
40
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN1
1.4 | Referências
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PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
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PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
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PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
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45
UNIDADE 2
PERSPECTIVAS ECONÔMICA E POLÍTICA DA
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA E O PAPEL
DOS GESTORES DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
Fabio Fortunato Brasil de Carvalho
Leticia Aparecida Calderão Sposito
UNIDADE 2
OBJETIVO GERAL
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
2.1 | Introdução
A partir da defesa da saúde como um direito e resultado das condições sociais nas quais as pessoas
estão inseridas, há a necessidade de os serviços e profissionais de saúde contribuírem para a forma-
ção de ambientes favoráveis à promoção da saúde da população, sendo também uma possibilidade
de implementação da promoção da atividade física nos territórios.
Como a saúde é influenciada por diferentes fatores como transporte, educação, alimentação, entre
outros, não podemos perder de vista que vivemos em um contexto de grandes iniquidades, no qual
o acesso a serviços que facilitem a prática da atividade física ainda é escasso e desigual. Assim, a fun-
ção dos serviços e profissionais de saúde é gerar cenários propositivos para que as pessoas tenham
oportunidade de realizar atividades promotoras de saúde. Nesse sentido, o planejamento das ações
é fundamental, em especial ao ser pautado como uma das formas de provocar mudanças nos pro-
cessos de gestão. Com isso, torna-se essencial que as diferentes áreas do setor saúde, em conjunto
com as demais áreas do governo, dialoguem sobre seus objetivos para a saúde da população, seus
propósitos, como podem se articular, com que recursos podem contar, ou seja, é preciso planejar em
conjunto, pois assim ficam registrados os objetivos e compromissos de cada um.
REFLEXÃO
Em relação aos papéis dos gestores do SUS (federal, estaduais/distritais e muni-
cipais), você, estudante, que está conosco, neste momento é importante que se
pergunte: o que pode ser feito pela gestão para implantar e implementar ações,
programas e políticas de promoção da atividade física?
48
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN2
A Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) e a Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS) são
importantes políticas do SUS que referem a atividade física como uma das responsabilidades comuns
a todas as esferas de governo. Entendendo que o principal lócus de oferta da atividade física no SUS
é a APS, podemos compreender a relevância de incluir a promoção da atividade física nos referidos
instrumentos do planejamento da gestão pública e do SUS. Alguns pontos são importantes para for-
talecer a promoção da atividade física no SUS:
▶ no âmbito da Secretaria de Saúde, a existência de uma área técnica de forma a dar visibilidade
ao tema e buscar mais recursos com a finalidade de gerir as ações;
Esses pontos permitirão a definição de processos de trabalho, objetivos tangíveis, contexto institucional
favorável para a organização do trabalho multiprofissional e interdisciplinar, etc. A partir daí, conside-
rando que a gestão do SUS é compartilhada entre os entes federativos, destacaremos nesta unidade de
estudos algumas responsabilidades e possibilidades de ação da gestão da saúde de cada esfera pública,
utilizando como base principalmente a PNAB e a PNPS. Existem responsabilidades comuns ao Ministério
da Saúde (União), às Secretarias Estaduais (Estados) e às Secretarias Municipais de Saúde (Municípios). A
Secretaria Distrital de Saúde (Distrito Federal) compartilha aquelas estaduais e municipais.
O êxito da promoção de atividade física no âmbito municipal, estadual e nacional poderá acontecer a
partir do debate, planejamento e inserção dessa agenda nos diversos instrumentos de gestão. A figura
a seguir ilustra os instrumentos de planejamento e gestão do SUS que serão apresentados nesta
unidade. É importante considerar que, apesar de serem descritos na ordem lógica do macro ao micro,
eles são interdependentes e podem percorrer diversos caminhos para a sua concretização.
O PPA é elaborado para um período de quatro anos – planeja-se no primeiro ano de gestão e aplica-se
nos próximos quatro anos, adentrando ao primeiro ano do próximo mandato. Seu propósito é estabe-
lecer diretrizes, metas e objetivos da gestão pública por meio de propostas apresentadas pela popu-
lação e pelos poderes legislativos (vereadores, deputados estaduais/distritais ou deputados federais e
senadores) e executivo (prefeito, governadores ou presidente), para o desenvolvimento do Município,
49
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN2
Estado, Distrito Federal ou União. É importante que diferentes atores estejam envolvidos, inclusive a
sociedade civil, visto que o seu impacto será sentido diretamente no dia a dia da vida em comunidade.
Podemos dizer a você que o PPA tem relação com os seus planos de trabalho, visto que você atua
diretamente com a população e é um dos responsáveis por fazer acontecer as políticas públicas.
Confira no infográfico abaixo como podem ser planejadas as ações no âmbito municipal.
Como possibilidade de inclusão ao PPA, a gestão pública municipal/distrital pode considerar a inclusão
da oferta de programas e ações de promoção da atividade física nas unidades de saúde e no território
como um todo. Sabemos que os recursos financeiros são sempre uma pauta muito importante na
gestão dos municípios. Nesse sentido, deverão estar descritos além de propostas de políticas públicas
que suportem os problemas da população e as necessidades do território, também, os investimentos
que serão utilizados nos quatro anos seguintes.
50
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN2
Portanto, merece atenção os aspectos e a discussão das propostas e do planejamento do PPA, utili-
zando estratégias mais participativas, com técnicas que consideram os imprevistos e, principalmente,
a capacidade de atingir as metas dentro do período de quatro anos. Como exemplo, a metodologia
SMART (acrônimo em inglês) é uma técnica utilizada para auxiliar no planejamento e na construção
de metas específicas, mensuráveis, realistas, relevantes e temporais e, com isso, contribuir para o
desenvolvimento dos projetos vinculados ao PPA. Lembramos de que esses itens podem não ser
respondidos em uma única sequência.
Metas específicas: uma meta específica favorece a sua ação e evita a descontinuidade, de
modo a alimentar o seu alcance dentro da proposta ou do programa.
• Ofertar ações de promoção da atividade física para população geral, em dez equipamentos
sociais do município (unidades de saúde, centros sociais, igrejas ou outros espaços públicos
abertos como praças, parques, ciclovias e academias ao ar livre, próximos ao território dos
estabelecimentos de saúde).
• A partir da meta sobre a oferta de práticas de atividade física em dez equipamentos sociais,
localizados próximos às unidades de saúde, será preciso mensurá-la, pois o sucesso depen-
derá de grande parte dessa condição.
51
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN2
• Nesse acompanhamento, é importante ter direcionamentos para cada três meses, de modo
que a proposta possa ser atingida em 18 meses, por exemplo. Junto aos direcionamentos,
deve haver uma avaliação continuada dos profissionais em relação à oferta e, a partir deles,
em um primeiro momento (período de implantação), compreender qual a percepção dos
usuários sobre a prática por meio de informações qualitativas, mas que poderão ajudar no
processo de implementação de novos locais, como o horário da atividade, o tipo de atividade
e quais as principais barreiras para que aquela população local possa participar, entre outros.
Alcançável: uma meta poderá ser atingida considerando os recursos disponíveis (humanos,
materiais, financeiros, etc.) e as suas restrições.
• Em debates prévios foi apontado ser possível implementar a oferta de atividade física em dez
equipamentos sociais, considerando os desafios da falta de capacitação sobre a promoção da
atividade física, juntamente com a inadequação de espaços públicos, como praças e parques.
Na sequencia, ficou pactuado e planejado com diferentes atores e setores da prefeitura que
seriam realizadas ações de educação permanente com 50% dos profissionais atuantes na
APS em parceria com a instituição de ensino superior, além de pequenas reformas, reparos
e limpeza em curto a médio prazo, viabilizando a utilização dos espaços. Importante conside-
rar que as restrições políticas podem ser mitigadas com um planejamento mais participativo.
Realista: uma meta deve estar relacionada a uma demanda, um problema local, conjuntamente
a uma agenda governamental, pois isso facilitará a sua inserção.
• A atividade física é um direito que traz benefícios para a saúde e a qualidade de vida. Portan-
to, não ampliar o acesso às pessoas é não permitir que elas desfrutem dessas possibilidades,
sendo um problema a ser enfrentado. Diferentes incentivos como o Programa Academia da
Saúde (PAS), o Incentivo de Atividade Física (IAF) e documentos norteadores, como a PNAB,
a PNPS e o Guia de Atividade Física para a População Brasileira destacam a importância da
promoção da atividade física. Os gestores e demais trabalhadores que atuam no SUS podem
ser embaixadores da agenda da atividade física em seus contextos locais, participando da
construção da agenda junto à comunidade, no cotidiano das ações e em arenas e lugares de
conversa com a maior abrangência possível de atores e setores.
Como puderam verificar a estratégia SMART poderá ser uma ferramenta no estabelecimento de me-
tas sobre a promoção da atividade física. Para não esquecer, deixe o acrômio na sua mesa de trabalho
e sempre que necessário retorne aqui para relembrá-lo. Agora, um assunto que vale atenção é a
intersetorialidade, um dos princípios da PNPS.
No processo de construção do PPA, vale lembrar que a intersetorialidade é um dos princípios da PNPS
e objetiva ampliar a atuação sobre determinantes e condicionantes da saúde, sendo definida como:
52
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN2
Vale lembrar, também, que os princípios e as diretrizes do SUS e da PNPS evidenciam a relevância da
participação dos profissionais de saúde e de outros setores e da população na análise e na formulação
de ações que visem a produção de saúde e do cuidado. Por isso, ressaltamos a participação da popu-
lação e de profissionais de saúde na construção do planejamento em todas as etapas: dos planos de
trabalho em cada equipamento até os planos com diretrizes de ações vinculadas ao orçamento.
Após compreender como o PPA pode ser planejado e quais são os atores e setores envolvidos, é
importante pensar sobre algumas etapas durante o seu processo de construção, no qual você pode
atuar de maneira direta ou indireta. Para tal, ajudaremos fazendo alguns apontamentos:
Transparência
Espera-se que você, enquanto gestor e profissional atuante na área da saúde, possa contribuir para
identificar os objetivos e as prioridades (fragilidades e/ou potencialidades) do território que precisam
ser atendidas a partir de projetos e estratégias e, por esse caminho, construídos a partir do diálogo
com a população. O tema da promoção da atividade física na APS certamente tem enorme potencial
de contribuição nos diálogos sobre saúde, bem-estar e qualidade de vida, e é uma pauta positiva para
a gestão municipal/distrital.
53
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN2
Por exemplo, a promoção da atividade física está relacionada a diferentes ODS da ONU. Como vimos
anteriormente, são 17 ODS, dentre os quais em 13, a depender da sensibilidade e intencionalidade
da gestão, podem ser feitas relações com a promoção da atividade física, com destaque para: saúde e
bem-estar; educação de qualidade; igualdade de gênero; redução das desigualdades; cidades e comu-
nidades sustentáveis; ação contra a mudança global do clima; entre outros.
Outro referencial que pode fortalecer a promoção da atividade física são as agendas urbanas como
as de cidades saudáveis, que reconhecem a complexidade do viver nas cidades de forma integrada,
com vistas a oportunizar acesso e opções mais saudáveis para todas as pessoas. A atividade física,
nesse caso, pode ser promovida por meio do acesso à ciclofaixas e ciclovias interligadas ao transporte
público e aos espaços públicos de lazer, como praças e parques, por exemplo.
SAIBA MAIS
Além da promoção da atividade física nos serviços do SUS, a busca de parcerias (inclusive para a
ampliar a oferta em outros espaços públicos como praças, ciclovias, clubes, ruas de lazer e vias ade-
quadas) pode ampliar as possibilidades e formas de as pessoas serem mais ativas fisicamente, por
exemplo oportunizando o deslocamento ativo.
As escolas abertas nos fins de semana para a prática esportiva de lazer, brincadeiras e jogos também
são opções para ampliar o acesso às atividades físicas. Especificamente sobre a promoção da ativi-
dade física a partir das unidades de saúde, é importante que essa esteja nos Planos Plurianuais para
que tenha visibilidade e seja executada em conformidade com as metas estabelecidas, ou seja, que
seja incluída no cotidiano dos processos de trabalho, e nas arenas municipais, regionais, distritais e
estaduais de formulação de instrumentos de planejamento e de gestão.
Cabe ainda considerar quais redes existem no território, que assumem algum lugar na gestão local,
pois cada ator envolvido possui conhecimentos importantes sobre os problemas e as potencialidades
locais (inclusive organizações sociais, movimentos e coletivos). Assim, espera-se que a Secretaria de
Saúde esteja envolvida diretamente em ações, programas e políticas ao organizar as suas áreas com
responsabilidades e metas claras, além de participar, como convidada, ou liderar a proposição de
projetos e iniciativas com outras secretarias.
Aqui é importante mapear quem são os atores responsáveis e participantes dos programas, quais
os níveis de gestão estão envolvidos, além do municipal, para que seja possível debater e pactuar a
inclusão no Plano Plurianual Por exemplo: o setor saúde pode criar condições para implementar ou
implantar o Programa Academia da Saúde e promover uma articulação para a sua estruturação ou
ampliação em relação à oferta de ações e programas de promoção da atividade física com outras
secretarias como educação, lazer, esporte, cultura, etc., assim como com outros atores do município
do terceiro setor, Sistema S (SESC, SESI, SENAI, SENAC, etc.), entre outros.
54
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN2
Ao considerar a atividade física um direito e fomentá-la na APS do seu município, é possível aumentar
os níveis de atividade física, contribuir para o enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissí-
veis (DCNTs) e melhorar a qualidade de vida da população.
Os programas devem considerar o repasse de recursos para a Secretaria Municipal de saúde vindos
do Ministério da Saúde e da Secretaria Estadual/Distrital de saúde, assim como recursos próprios do
município, e as parcerias intersetoriais para o desenvolvimento de ações e programas. No caso da
promoção da atividade física, os setores da gestão pública podem otimizar recursos orçamentários
para o desenvolvimento de ações, programas e políticas intersetoriais. Como exemplo, é possível
que o município busque por meio das emendas parlamentares o recurso para a construção de polos
do Programa Academia da Saúde que são estabelecimentos de saúde da APS, ou a solicitação de
credenciamento ao Incentivo de Atividade Física (IAF) na APS. Além disso, a integração com outras
áreas da gestão pública poderá estimular a atividade física como forma de deslocamento ativo, seja
de caminhada e/ou uso da bicicleta com a estruturação ou melhoria de calçadas, ciclofaixas e ciclovias.
Aproveitar a semana do dia 6 de abril, na qual comemora-se o Dia Mundial da atividade física.
Vale considerar que caso o município já tenha esses espaços em funcionamento, cabe também a
sua divulgação por meio de eventos públicos a população e que estimulem a promoção da atividade
física, por exemplo: caminhadas coletivas, dia da bicicleta, entre tantas ideias possíveis e que podem
ser realizadas em parceria com os demais setores, como: educação, turismo, cultura e esporte. É
importante considerar que, para além de ter os espaços, é necessário que a população compreenda
as possibilidades de uso.
LINKS
• Instituição: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-gm/ms-n-1.105-de-15-de-
maio-de-2022-400410284
• Credenciamento: https://www.in.gov.br/web/dou/-/portaria-gm/ms-n-2.103-de-30-
de-junho-de-2022-412326237
• Homologação: https://www.in.gov.br/web/dou/-/portaria-gm/ms-n-3.872-de-26-de-
outubro-de-2022-440258107
E – Transparência
Dar visibilidade a todo o processo de gestão e de planejamento nos diversos canais de comunicação,
desde a identificação dos objetivos e a estruturação de ações, programas e políticas, a fim de garantir
a representatividade dos interessados, inclusive na determinação dos recursos utilizados, assim como
a possibilidade de realização do controle e da fiscalização.
55
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN2
REFLEXÃO
Bom, agora é o momento de refletir na prática sobre um problema ou uma ne-
cessidade que possa ser incorporada ao PPA. Vamos pensar em um exemplo do
setor saúde e das condições que devem ser consideradas ao longo do processo,
tudo bem? Acompanhe.
56
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN2
A partir do exemplo ilustrado, sugerimos que você faça uma reflexão sobre uma necessidade e/ou
problema no seu município que poderá ser incorporada ao PPA e pense em uma possível resolução a
partir do modelo lógico usado anteriormente.
Os gestores municipais e o distrital, apesar de terem certa autonomia para gerir os recursos públicos,
devem respeitar uma série de diretrizes e planejamentos. Por exemplo, há investimentos mínimos
em áreas prioritárias como a saúde conforme legislação vigente e, além deles, deve ser seguido o
previsto em três documentos essenciais: o PPA, a Lei Orçamentária Anual (LOA) e a Lei de Diretrizes
Orçamentárias (LDO).
É importante relembrar que o PPA é o documento oficial que transforma as necessidades da popula-
ção em programas e futuras políticas públicas. Para o seu efetivo desenvolvimento, é necessário esta-
belecer o orçamento que atenda a essas necessidades, por meio da LDO e da LOA, ambas instituídas
na Constituição Federal no Artigo 165. Com essas três ferramentas é formado o modelo orçamentário
brasileiro em todas as esferas de governo.
A LDO é planejada anualmente, em âmbito municipal, pelo poder executivo (prefeito) e serve para de-
talhar e organizar os objetivos e metas do PPA para o ano seguinte. A LDO estabelece diretrizes para
a confecção da LOA, contendo metas e prioridades do governo, além das despesas de capital para o
exercício financeiro seguinte, dentre outros. Com isso, a LDO norteará a LOA, que será votada pelo
legislativo (vereadores). A LDO deve ser enviada até abril e a LOA até agosto à Câmara Municipal e à
Distrital. Aqui fica evidente a importância da articulação do poder executivo (prefeito) com o legislativo
(vereadores) para que a promoção da atividade física, enfoque deste curso, seja contemplada em
proposições que constarão nos documentos relacionados ao orçamento municipal e distrital.
LINKS
• LRF: https://www.gov.br/tesouronacional/pt-br/execucao-orcamentaria-e-
financeira/lei-de-responsabilidade-fiscal
De modo geral, após o estabelecimento de metas de médio prazo para as ações e os programas
descritos no PPA, são discriminadas as diretrizes orçamentárias, por meio da LDO, para implementar
esses programas. Já a LOA fixa os gastos públicos que podem ser investidos em cada área e programa
e estabelece de onde virão os recursos para arcar com as despesas decorrentes dos programas.
57
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN2
Em termos práticos, os valores que poderão ser investidos por área e programa dependem do históri-
co de arrecadação, da previsão de arrecadação para o próximo ano e do planejamento do município.
Apesar de não significar que o valor estipulado estará disponível para o desenvolvimento de progra-
mas, vale pontuar que o principal ponto positivo da fixação de valores é poder orientar o gestor de
cada área para que consiga planejar e executar as ações e os programas para o próximo ano.
Assim, por meio da LOA, os governos municipais e o distrital estimam o quanto esperam arrecadar e
receber via transferências governamentais estaduais e federais, e onde os recursos serão investidos,
sendo que a LOA estabelece limites previamente planejados. Sua elaboração se dá com base nas
diretrizes anteriormente apontadas pelo PPA e pela LDO, ambos definidos pelo executivo, a partir de
discussões com os munícipes e com o poder legislativo.
Ou seja, na LOA está contido um planejamento de gastos que define as ações prioritárias para o
município e o distrito federal, levando em conta os recursos disponíveis. Assim, é importante que a
promoção da atividade física seja contemplada na LOA.
Fixa os gastos públicos que podem ser investidos em cada programa e esta-
belece de onde virão os recursos para arcar com as despesas decorrentes.
Nesse sentido, é importante se atentar aos objetivos, às metas e aos recursos que serão investidos em
cada área, de modo que ações e programas possam ser atendidos integralmente dentro do planejado.
Por esse caminho, vamos refletir sobre uma meta que iniciou no PPA e como ela será incorporada. A
seguir confira uma imagem com informações importantes sobre o PPA, LDO e LOA.
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PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN2
Plano Plurianual
O Sistema Orçamentário Brasileiro
possui os seguintes instrumentos: Vigência de quatro anos
Programas/objetivos/metas/indicadores
Elaborado no primeiro ano de mandato
PLANEJAMENTO PLANEJAMENTO
PROMOÇÃO DA AF ENTE FEDERADO
Projetos PPA
LDO
Plano de Ação
LOA
Objetivo: favorecer o acesso à prática de atividade física aos grupos populacionais mais vulneráveis.
Na cidade de Goá, a meta traçada pela prefeitura no PPA para os próximos quatro anos foi garan-
tir o acesso de 30% da população a programas de atividade física nos espaços públicos de lazer. A
equipe de saúde sabe que alguns grupos populacionais, como meninas e mulheres, pessoas mais
velhas, com menor renda e escolaridade e pessoas negras, praticam menos atividade física no
tempo livre ou de lazer e tem como desafio ou objetivo a ampliação do acesso de forma a garantir
a equidade.
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PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN2
Na LDO do segundo ano de gestão, a prefeitura de Goá acrescentou como meta o acesso de 15%
da população a espaços públicos de lazer, como praças, parques e clubes públicos, que favoreçam
a prática de atividade física no tempo livre. Para atender as metas propostas no PPA, previu-se
a parceria da secretaria de infraestrutura, de mobilidade urbana, de ambiente, de turismo, etc.,
e a oferta de programas gratuitos de atividade física em unidades de saúde e centros sociais em
conjunto com a secretaria de esportes e lazer e de assistência social.
Pois bem, esses são alguns pontos para se pensar em relação a essas metas:
▶ Quais são os custos para que 15% da população, em especial os grupos populacionais que
menos praticam atividade física no tempo livre ou de lazer, tenham acesso a espaços públicos?
LINKS
Nesse sentido, para conhecer a LDO e LOA do âmbito federal, acesse: https://www.gov.br/
economia/pt-br/assuntos/planejamento-e-orcamento/orcamento.
Ainda, após conhecer o PPA do seu município, recomendamos que você também busque pela LDO
e LOA. Verifique se há a inserção da temática e discuta junto com as pessoas as necessidades e pro-
blemas referentes à promoção da atividade física que podem ser incluídos no PPA e, posteriormente,
detalhadas em metas na LDO e criadas previsões orçamentárias para atingi-las, por meio da LOA.
2.2.3 | Plano Municipal de Saúde (PMS), Programação Anual de Saúde (PAS) e Relatório
Anual de Gestão (RAG)
Como vimos, os instrumentos de gestão e de planejamento mais gerais da gestão pública são relevantes
por apontarem elementos essenciais para a promoção da atividade física que vamos discutir a seguir.
O Plano Municipal de Saúde (PMS) e suas programações anuais de saúde são orientados e aprovados
pelo Conselho Municipal/Distrital de Saúde. Além disso, esses documentos estão interligados também
ao PPA, LDO e LOA, sendo instrumentos de gestão do SUS e também previstos na Constituição Federal.
O PMS é um instrumento de planejamento para o período de quatro anos e possui a mesma lógica
de funcionamento do PPA, ou seja, planeja-se no primeiro ano de gestão e aplica-se nos próximos
quatro anos, adentrando ao primeiro ano do próximo mandato. A norma legal dispõe sobre o Plano
de Saúde. Entretanto, para efeitos didáticos, vamos nos referir aos Planos de Saúde dos municípios
como Plano Municipal de Saúde (PMS) e ao Plano de Saúde do Distrito Federal como Plano Distrital de
Saúde (PDS). O documento atribui o compromisso do município com o setor saúde, sendo que, por
meio dele, se realiza o diagnóstico dos principais problemas e demandas do município e também se
inserem as metas advindas da conferência municipal de saúde, no qual espera-se que as necessida-
des da população sejam contempladas. Podemos fazer uma analogia desse documento com o PPA,
entretanto, o PMS possui o foco apenas no setor saúde. Portanto, é apropriado e indicado incluir o
planejamento de objetivos e metas referentes à promoção da atividade física no PMS.
60
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN2
Ainda, aliada ao PMS temos a Programação Anual de Saúde (PAS), que é um documento de base anual
e de característica detalhada, que busca operacionalizar o planejamento e as metas do PMS. A PAS
é elaborada no ano em curso e executada no ano subsequente, além de ser atualizada anualmente
para orientar a LDO. Além disso, a Programação deve ser repassada ao sistema online de gestão do
SUS - DigiSUS Gestor - Sistema Digital dos Instrumentos de Planejamento.
Como resultado do PMS e da Programação Anual de Saúde, temos o Relatório Anual de Gestão (RAG),
um documento imprescindível para as atividades de controle e prestação de contas do SUS, no qual
são apresentados os resultados alcançados da atenção integral à saúde a partir da execução da PAS e,
também, orienta eventuais redirecionamentos que se fizerem necessários no PMS.
O Relatório Anual de Gestão (RAG) deverá ser apresentado até o dia 30 de março do ano seguinte
ao da execução financeira, ao respectivo Conselho de Saúde, cabendo ao Conselho de Saúde emitir
parecer conclusivo sobre o cumprimento ou não das normas estabelecidas.
Além disso, é importante considerar que a produção do PMS e da PAS deve ser incorporada pelos
gestores do SUS no sistema eletrônico do Governo Federal. Antigamente, os instrumentos de pla-
nejamento do SUS: PNS, PAS e RAG, ocorriam no Sistema de Apoio à Construção do Relatório de
Gestão (SargSUS), entretanto, atualmente, o DigiSUS Gestor – Sistema Digital dos Instrumentos de
Planejamento, incorporou tais funções. Confira na figura a seguir.
O DigiSUS Gestor é um sistema de informação para estados, Distrito Federal e municípios, desen-
volvido a partir das normativas do planejamento do SUS e da internalização da lógica do ciclo de
planejamento.
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PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN2
A alimentação do Sistema DigiSUS tem início com o registro das variáveis DOMI constantes no PMS e
referente aos quatro anos de gestão. Ainda, deve ser anexado o PMS no sistema e indicado o status
de aprovação pelo Conselho de Saúde: “aprovado”, “não aprovado” ou “em análise”, sendo possível
alterá-lo mediante justificativa.
O preenchimento das variáveis DOMI é essencial para que os componentes da Programação Anual
de Saúde e do Relatório Anual de Gestão sejam disponibilizados, uma vez que o PMS e os demais
instrumentos de gestão estão interligados.
Para fixar e auxiliar na produção do documento, vamos entender o conceito das variáveis
DOMI, sugeridas pelo Manual de Planejamento no SUS (BRASIL, 2016b), disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/articulacao_interfederativa_v4_manual_
planejamento_atual.pdf
Vamos pensar em algumas situações práticas relacionadas à temática deste curso e baseadas nos
itens DOMI que devem ser inseridos no sistema, confira a seguir. Observação importante: para cada
diretriz pode haver um ou mais objetivos, assim como para cada objetivo poderá ter uma ou mais
metas e indicadores.
62
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN2
Exemplo 1:
Valor da meta 60
Meta prevista para 2022 a 2025 2022: 10%, 2023: 30%, 2024: 50% e 2025: 60%
Exemplo 2:
Meta prevista para 2022 a 2025 2022: 30%, 2023: 60%, 2024: 90% e 2025: 100%
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PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN2
Exemplo 3:
Meta prevista para 2022 a 2025 2022: 30%, 2023: 60%, 2024: 90% e 2025: 100%
Para dar continuidade aos estudos, vamos agora conhecer melhor as conferências e os Conselhos de
Saúde.
Vamos iniciar pelas conferências de saúde, uma arena de participação e controle social do SUS, nas
quais são deliberadas diversas pautas com efetivo poder de ação. Uma das mais importantes, em âm-
bito nacional, foi a 8ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1986, cujo relatório final orientou a
criação do SUS com a sua efetiva regulamentação na Constituição Federal de 1988 (artigos 196 a 200).
64
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN2
De maneira pragmática, o objetivo principal das conferências municipais de saúde é avaliar a situação
de saúde do município/distrito federal e pensar em propostas para a melhoria desse setor. As confe-
rências de saúde precisam contar, necessariamente, com a participação de gestores e prestadores de
serviço (25%), profissionais de saúde (25%) e usuários, entidades e movimentos sociais ligados à área
da saúde (50%). A institucionalização das conferências garante a construção de espaços colaborativos
e democráticos, como fóruns importantes de participação social.
Já o Conselho de Saúde possui a mesma paridade de participação obrigatória elencada nas conferên-
cias de saúde e é responsável por monitorar regularmente a prestação de contas do município refe-
rente aos gastos em saúde, deliberar principalmente sobre o PMS e outros instrumentos de gestão
do SUS, identificar e analisar demandas da população e denúncias em geral, entre outras ações que
são deliberadas pelo órgão e homologadas pelo poder executivo (prefeito). O conselho de saúde rea-
liza reuniões periódicas e abertas à população. É relevante que você, gestor e profissional de saúde,
divulgue-as e participe a fim de dialogar com as demandas da população e refletir sobre as ações da
gestão municipal.
Nesse sentido, incentivamos que a promoção da atividade física como uma estratégia de cuidado no
âmbito da APS seja um dos temas instituídos na agenda das reuniões do Conselho e nas conferências
municipais/distrital de saúde, englobando no debate pontos como:
Dentre as características elementares das conferências e dos Conselhos está a possibilidade de am-
pliar a participação da população e atender ao controle social. Dessa maneira, quem usa, quem gere
e quem trabalha no dia a dia do SUS pode colaborar para subsidiar ao longo de todo processo de
UBS
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PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN2
Caso você, Gestor ou profissional, participe do Conselho de Saúde, recomendamos que aproveite a
oportunidade para levantar o tema da promoção da atividade física nas Conferências de Saúde. Mas
aí você se pergunta, por onde eu começo a falar sobre esse assunto?
Esses são materiais produzidos com muitos detalhes e em uma linguagem acessível a todos, e que
poderão ajudar você nos direcionamentos e na condução sobre essa temática.
Após apresentar os instrumentos de gestão mais gerais da gestão pública e os do SUS, abordaremos
o Plano Diretor. Assim como os demais documentos citados anteriormente, ele também está presen-
te na Constituição Brasileira, sendo um Instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão
urbana (descrito no parágrafo 1º do artigo 40). Trata-se de um plano elaborado pelo poder executivo
(prefeito), o qual fica sob a responsabilidade técnica de um arquiteto urbanista. A sua construção e a
sua validação são constituídas por uma equipe multidisciplinar, devendo ser aprovada pela Câmara
Municipal.
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PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN2
Por esse caminho, sabendo que o Plano Diretor é um documento que pensa sobre a forma de construir
e habitar na cidade, nele são incorporados planos e estratégias específicas, dentre os quais os planos
de saneamento e habitação, obras públicas e mobilidade urbana. Esses dois últimos, especificamente,
podem estar relacionados à promoção da atividade física, sobretudo pela melhoria e implementação
de estruturas e espaços como calçadas, praças, parques, ciclovias e ciclofaixas, por exemplo.
Sabemos que a presença e a percepção de estruturas e espaços públicos abertos, como os citados
anteriormente, podem aumentar o deslocamento ativo por meio da caminhada e bicicleta, principal-
mente se essas estruturas estiverem próximas à residência (a 500 metros, por exemplo) e favorecerem
a percepção de segurança do usuário.
Nesse sentido, seria uma boa oportunidade você, estudante, desenvolver parceria com os outros
setores para que a cidade seja pensada também de uma maneira que possibilite aos seus moradores
se movimentarem mais, de forma segura e prazerosa, a partir de mudanças no ambiente urbano e,
consequentemente, favorecendo o aumento nos níveis de atividade física da população. A longo prazo,
isso poderá impactar na saúde, no bem-estar e na qualidade de vida do indivíduo e das comunidades,
visto que a prática do deslocamento ativo está associada à redução de CO2 (dióxido de carbono ou
gás carbônico), contribuindo para a preservação do meio ambiente e convergindo com as agendas
nacionais e internacionais sobre as mudanças climáticas.
Como responsabilidades e possibilidades de ação comuns entre os entes federados para a promoção
da atividade física destacamos os itens a seguir:
Responsabilidades comuns
Alocação de recursos orçamentários e financeiros para que haja contribuição para o financia-
mento tripartite para o fortalecimento da promoção da atividade física no SUS. Se no momento
de interação com esse conteúdo isso não for possível, por exemplo porque o orçamento e a
Programação Anual de Saúde já foram pactuados, é importante que você, gestor, se organize
para propor o debate sobre o tema para que se torne uma possibilidade em breve.
Garantia de infraestrutura adequada e com boas condições para a oferta de programas e ações
de promoção da atividade física.
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PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN2
Como responsabilidades e possibilidades de ação do Ministério da Saúde, gestor federal do SUS, se-
cretarias estaduais e distrital de saúde, gestor estadual e distrital do SUS para a promoção da atividade
física destacamos os itens a seguir, confira.
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PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
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PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN2
Análise e verificação da qualidade e consistência dos dados inseridos nos sistemas de informa-
ção, além de utilizá-los no planejamento das ações e divulgar os resultados obtidos.
Articulação com a gestão estadual, a partir da agenda do Ministério da Saúde, para a construção
de estratégias de formação e educação permanente visando a inclusão da atividade física no
processo de cuidado da APS.
Fomento da mobilização das equipes e dos profissionais de saúde e garantia de espaços para a
participação da comunidade no exercício do controle social.
Os COSEMS são colegiados de Secretarias Municipais de Saúde que representam os gestores munici-
pais, no âmbito estadual, para tratar de agendas referentes ao SUS. Já o Conselho Nacional de Secreta-
rias Municipais de Saúde (CONASEMS) é a representação nacional dos gestores municipais e participa
nas instâncias decisórias e consultivas do SUS. Essas instituições auxiliam os gestores municipais na
formulação de estratégias voltadas ao aperfeiçoamento do contexto local de saúde, primando pelo
intercâmbio de informações e pela cooperação técnica. Assim, também são fóruns importantes para o
gestor municipal pautar debates e iniciativas de promoção da atividade física a partir da compreensão
do processo de formulação de políticas públicas e não somente da execução dos programas e ações.
Por meio da CIB, em âmbito estadual, e da CIT, em âmbito federal, que contam com a participação das
instituições supracitadas, poderão ser realizadas as pactuações para a ampliação da oferta de ações e
programas de promoção da atividade física.
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PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN2
Para concluir o que foi apresentado sobre os papéis dos gestores do SUS, a mensa-
gem que deixamos é: gestor municipal, você não está sozinho para debater, planejar
e implementar ações e programas de promoção da atividade física. Como vimos,
diferentes instituições como o Ministério da Saúde, o CONASS, o CONASEMS e o
COSEMS podem oferecer apoio nesse processo.
2.4.1 | Ampliar a resolutividade da APS por meio do acesso à prática de atividade física
Neste momento, você pode estar se perguntando: “A promoção da atividade física trará impactos
econômicos para seu território?”. Então, prossiga para compreendermos ainda melhor tal resposta!
Uma pesquisa avaliou o custo de internações por DCNTs no SUS atribuível à inatividade física e
verificou que, em 2013, 15% do total de internações hospitalares pelas referidas doenças (doenças
isquêmicas do coração, hipertensão, câncer de cólon e mama, doenças cerebrovasculares, diabetes e
osteoporose) foram atribuídas à inatividade física, resultando em um custo total estimado de mais de
R$ 275 milhões (BIELEMANN et al., 2015). Em outra pesquisa, estimou-se que o impacto da inatividade
física nos custos de internações hospitalares de idosos (60 anos ou mais) com DCNTs (doenças coro-
nárias, diabetes mellitus tipo 2, câncer de mama e cólon) no SUS, de janeiro de 2015 a abril de 2016, foi
mais de R$ 86 milhões (MOREIRA et al., 2017). O Instituto Nacional de Câncer (INCA) identificou que em
2018 os custos oncológicos atribuíveis à inatividade física no lazer, no Brasil, foram de R$ 94,6 milhões
e há a estimativa de que em 2030 o custo chegará a R$ 146,9 milhões. Por outro lado, estima-se que
diminuir em 10% o número de pessoas inativas fisicamente no lazer em 2030 economizaria R$ 20,3
milhões na atenção (hospitalar e ambulatorial) oncológica do SUS em 2040 (INCA, 2022).
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PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN2
2013 Custo
2015 a 2016
2018
Usar o valor relacionado à prevenção de câncer como exemplo nos faz pensar que, nas ações e nos
programas que envolvem a oferta de atividade física, daria para construir mais de 60 polos do Pro-
grama Academia da Saúde e custear mais de 500 desses estabelecimentos por ano (considerando o
valor dos recursos federais de R$ 300 mil para construção e R$ 3 mil mensais para custeio mensal). Ou
custear, por ano, em torno de 850 unidades de saúde com profissionais de educação física por meio
do Incentivo de Atividade Física (IAF). Ainda, poderia ser utilizado para a atenção à saúde relacionada
às DCNTs ou outras ofertas de serviços do SUS, por exemplo.
As variações nos valores estimados se devem às diferenças de dados analisados, o ano em que a ati-
vidade física foi medida na população brasileira e quando os custos foram calculados, com utilização
de correção ou não dos valores gastos nas ações de saúde em âmbito ambulatorial e hospitalar, quais
condições de saúde foram consideradas, se toda a população ou aquela que utiliza exclusivamente os
serviços do SUS, etc.
Fica evidenciado que a atividade física tem muito a contribuir para a economia e
otimização de recursos financeiros do SUS.
▶ o Incentivo de Atividade Física (IAF), que repassa recursos para Unidades de Saúde elegíveis
mediante credenciamento pelo Ministério da Saúde; e
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PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN2
SAIBA MAIS
Para avançarmos um pouco mais nessa relação entre recursos financeiros e atividade física, vamos
fazer um exercício juntos. Reflita e considere o exposto adiante.
Em 2022, o Programa Academia da Saúde, umas das principais formas de oferta de atividade física na
APS, possuía um orçamento de custeio de aproximadamente R$ 50 milhões, valor médio dos últimos
anos, para os aproximadamente 1.800 polos credenciados, contabilizados até dezembro de 2022. E foi
anunciado que o Incentivo de Atividade Física (IAF), em 2022, teria um orçamento de quase R$ 100 mi-
lhões. De acordo a Pesquisa Nacional de Saúde de 2019, aproximadamente 4,3 milhões de brasileiros
participaram de programas de incentivo à atividade física, em 2019 (BRASIL, 2020), programas esses
que não necessariamente são o Programa Academia da Saúde ou ofertados pelo SUS, mas lembre-se
de que este é um exercício e por isso faremos essa aproximação hipotética.
aproximadamente
R$ 50 milhões 4,3 milhões de pessoas 12 meses R$ 0,97 por pessoa
por mês
aproximadamente
R$ 100 milhões 4,3 milhões de pessoas 12 meses R$ 1,94 por
pessoa por mês
Ora, mesmo não existindo parâmetros, ainda que o recurso federal do Incentivo de Atividade Físi-
ca (IAF) seja uma importante sinalização de aumento do investimento, parece ser possível afirmar
73
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN2
que ampliar os investimentos trará maior possibilidade de acesso à população usuária da APS. Aqui
olhamos apenas para os recursos federais e, ainda que o valor possa aumentar, se incluirmos os
orçamentos dos demais entes federativos, estados e principalmente dos municípios, esse quantitativo
nos dá uma pista de que são necessários mais investimentos na promoção da atividade física na APS.
Assim, é necessário investir em programas e ações de promoção da atividade física, eles darão mais
oportunidades para as pessoas que mais precisam, de acordo com o que vimos no início deste tópico,
o que trará um importante retorno (não só de recursos financeiros) para o gestor, conforme veremos
no próximo item.
Ainda que estejamos em um curso para gestores e profissionais do SUS, com enfoque no orçamento,
nos instrumentos e no planejamento setorial da saúde, não podemos perder de vista que o envol-
vimento das outras áreas (de educação, esporte e lazer, assistência social, cultura, entre outros) é
essencial para a mudança do atual cenário brasileiro no qual muitas pessoas ainda têm barreiras
importantes para serem (mais) ativas fisicamente. Assim, não há dúvidas de que o SUS e o setor saúde
têm um importante papel na promoção da atividade física e pode assumir a liderança deste processo,
mas é necessário reconhecer que convergir esforços intersetoriais é uma condição para ampliar a
oferta e o acesso com vistas a aumentar a prática de atividade física pela população brasileira.
Além de programas mais estruturados, vale pensar também em setores como mobilidade e transpor-
te, que podem contribuir com formas seguras de atividade física no deslocamento, por exemplo, com
a construção de ciclovias, adaptações de ciclofaixas, controle de tráfego de veículos automotores ou
até mesmo com iniciativas como as ruas de lazer, quando algumas delas são fechadas para veículos
em determinados dias ou períodos.
Vale lembrar que o SUS disponibiliza formas de financiamento para ações e programas, mas não é o
único setor da gestão pública que o faz.
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PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN2
Para conhecer mais sobre esses investimentos, acesse o documento completo disponível
em: https://ispah.org/wp-content/uploads/2020/12/Portuguese-Translation-Eight-
Investments-That-Work-FINAL.pdf.
Isso contribui para que essas pessoas possam ter maior adesão ao autocuidado, o que extrapola as
ações e os programas de atividade física estritamente curativista e se relaciona com outros temas
importantes para a saúde como a alimentação saudável, entre outros.
Lembramos também que, em geral, os profissionais que trabalham em atividades coletivas possuem
habilidades ligadas à liderança, proatividade, etc., por necessidade e características da própria ativida-
de, o que pode torná-los pessoas carismáticas e com isso contribuir para a ampliação da visibilidade
dessas ações.
75
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN2
Como veremos a seguir, desde a necessidade de recursos orçamentários e financeiros até a prio-
rização de quais unidades de saúde e equipamentos sociais ofertarão as atividades, passarão pelo
planejamento abordado por meio dos instrumentos de gestão gerais e do SUS. Caso a iniciativa não
tenha sido implementada, podemos identificar o que impediu o início das atividades. Caso a iniciativa
não tenha sido incluída nos instrumentos de gestão, vamos pensar juntos o que fazer.
Pensar sobre isso é relevante pois tanto a estruturação quanto a operacionalização serão diferentes.
De forma ideal, programas continuados darão maior possibilidade de participação das pessoas, mas
isso não quer dizer que ações esporádicas não possam ocorrer na forma de eventos.
É importante pensar no que já existe, pois isso dará subsídios para planejar a partir da necessidade do ter-
ritório. Por exemplo, entre dois bairros, um que já oferece um programa da Secretaria de Esporte e Lazer
e outro que não, podemos dizer que a prioridade será daquele que não tem. Em bairros onde já existam
ofertas, pensar em como integrar essas iniciativas. Além disso, qualificar os espaços públicos abertos
como praças, parques, ciclovias, clubes públicos, etc., que oportunizarão a prática de atividade física.
76
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN2
Será necessário calcular todos os custos, desde a eventual contratação de profissionais de saúde,
adequação dos locais onde as atividades serão ofertadas, da aquisição de materiais e insumos, dentre
outros. A partir desses cálculos, a articulação interna com outras Secretarias e externa com o legislati-
vo (vereadores) permitirá a identificação do montante necessário e das fontes dos recursos de forma
a dimensionar as possibilidades de implantação e/ou implementação de ações e programas.
2.7 | Encerramento
Como palavras finais reafirmamos que você, estudante do nosso curso, não está sozinho para debater,
planejar e implementar ações e programas de promoção da atividade física. Como vimos, diferentes
instituições como o Ministério da Saúde, o CONASS, o CONASEMS/ COSEMS podem oferecer apoio
nesse processo. Na Unidade 2 foram abordados desde a inclusão da promoção da atividade física
nos instrumentos de gestão e de planejamento da gestão pública e do SUS, os papéis dos gestores
federais, estaduais, municipais e distrital; o esclarecimento de que vale a pena investir em promoção
da atividade física e até a importância de investir em políticas e ações intersetoriais de promoção da
atividade física, que é uma agenda positiva nas ações da gestão municipal.
77
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN2
Certamente o conteúdo apresentado contribuirá para a promoção da atividade física na APS do SUS;
contudo, o estudo continuado é absolutamente necessário para o desenvolvimento profissional, desde
a consulta a outros materiais sobre os temas até trazê-los para o cotidiano de trabalho, conversando
com colegas de trabalho e buscando aprender juntos.
Na próxima unidade deste curso, que abordará temas do planejamento à ação, vamos apontar os prin-
cipais fatores que devem ser considerados no planejamento e na implementação de ações, programas
e políticas de promoção da atividade física. Em conjunto com o que foi apresentado até aqui, será mais
um importante passo para a ampliação da oferta e do acesso à atividade física na APS do SUS.
Nós, Fabio e Letícia, nos despedimos momentaneamente de vocês, esperamos que nossa conversa
tenha sido proveitosa para você e esperamos encontrá-lo pelos caminhos do SUS, certos de que esta-
mos juntos no desafio de oportunizar uma vida fisicamente (mais) ativa a mais brasileiras e brasileiros.
2.8 | Referências
BRASIL. Câmara dos Deputados. Agência Câmara de Notícias. Cerca de R$ 290 milhões do gasto
anual do SUS decorre de inatividade física, diz estudo da UFF. https://www.camara.leg.br/
noticias/806112-cerca-de-r-290-milhoes-do-gasto-anual-do-sus-decorre-de-inatividade-fisica-diz-
estudo-da-uff/. Acesso em: 03 ago. 2022.
BRASIL. Universidade Federal Fluminense (UFF). Estudo da UFF analisa impacto da inatividade
física nos gastos do SUS com a saúde. https://www.uff.br/?q=noticias/08-10-2021/estudo-da-uff-
analisa-impacto-da-inatividade-fisica-nos-gastos-do-sus-com-saude. Acesso em: 03 ago. 2022.
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PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN2
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de Setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da
saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8080.htm. Acesso em: 20 set. 2016.
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº 8.142, de 28
de Dezembro de 1990. Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de
Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde
e dá outras providências. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8142.htm. Acesso em: 10 set.
2022.
BRASIL. Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Conferências de Saúde - SUS: O que são? Leia mais no
PenseSUS | Fiocruz. https://pensesus.fiocruz.br/conferencias-de-saude. Acesso em: 10 set. 2022.
BRASIL. Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Manual de planejamento no SUS. 1. ed. Brasília:
Editora do Ministério da Saúde, 2016. (Série Articulação Federativa). http://bvsms.saude.gov.br/bvs/
publicacoes/articulacao_interfederativa_v4_manual_planejamento_atual.pdf. Acesso em: 20 set.
2022.
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PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN2
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PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN2
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n. 83, out. 2021, p. 607–21.
81
UNIDADE 3
DO PLANEJAMENTO À AÇÃO
Maria Cecília Marinho Tenório
Margarethe Thaisi Garro Knebel
UNIDADE 3
OBJETIVO GERAL
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
3.1 | Introdução
Após a apresentação do tema atividade física na APS, na Unidade 1, vamos agora discutir como a ges-
tão ocupa lugar fundamental na formulação de ações, o que exige diálogos entre diferentes setores
e atores sociais e atenção às especificidades do território presentes em cada contexto de trabalho.
Nesta Unidade, apresentaremos os elementos e as ferramentas para o planejamento e a gestão no
seu município e destacaremos todos os envolvidos nessa construção, como gestores, profissionais de
saúde e comunidade.
Momento
Momento Momento Momento
tático-
explicativo normativo estratégico
operacional
Também serão apresentadas ferramentas para auxiliar nessa construção. Neste método de plane-
jamento, o diagnóstico, a execução e a avaliação são indissociáveis. Destacamos a importância da
intersetorialidade e da participação da comunidade no controle social, no planejamento, na execução,
no monitoramento e na avaliação das ações.
Planejar significa imaginar o percurso, reduzir incertezas, influir no futuro, descobrir e antecipar res-
postas e auxiliar na tomada de decisão. Nesse contexto, o planejamento em saúde busca interferir
na realidade social para transformá-la em uma direção pensada em conjunto com todos os setores e
atores que contribuem com seus conhecimentos específicos e diferentes leituras da realidade. Não
existem explicações e soluções únicas para a resolução de um problema. A partir desse planejamento,
é possível pensar sobre “o quê, para quê, para quem, com quem, como e de que forma” implantar ou for-
talecer a solução de um problema, como uma iniciativa de promoção da atividade física, por exemplo.
84
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN3
PARA
QUÊ? DE QUE
PARA FORMA?
QUEM?
O QUÊ? COM
COMO? QUEM?
Apresentamos a seguir aspectos que estruturam a Rede de Atenção à Saúde (RAS) e a Política Nacional
de Promoção da Saúde (PNPS) como ações que contribuem para a promoção da atividade física como
cuidado em saúde.
REDES DE
OBJETIVADAS pela provisão de atenção contínua, integral
ATENÇÃO À
de qualidade, responsável e humanizada à saúde
SAÚDE
85
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN3
Alguns pontos de atenção à saúde podem integrar a RAS, como: as Unidades Básicas de Saúde, os
polos do Programa Academia da Saúde (PAS), as Unidades Ambulatoriais Especializadas, os Centros
de Atenção Psicossocial (CAPS), as Residências Terapêuticas, a Rede Hospitalar, dentre outros. Os
hospitais podem abrigar distintos pontos de atendimento como por exemplo ambulatório de pronto
atendimento, unidade de cirurgia ambulatorial, centro cirúrgico e maternidade (BRASIL, 2017).
Como sabemos, a APS é o primeiro nível de atenção à saúde, a porta de entrada do usuário no siste-
ma, o local de primeiro contato com o SUS.
A APS
deve:
Ser voltada para o cuidado dos
problemas mais comuns de saúde.
Na PNPS (BRASIL, 2018), o princípio da integralidade pressupõe a articulação entre os serviços de saúde
e uma atuação intersetorial entre as diferentes áreas que tenham interface com a saúde e a qualidade
de vida das pessoas. Além disso, a integralidade é uma estratégia que respeita as especificidades e as
potencialidades na construção de projetos terapêuticos e na organização do trabalho em saúde, por
meio da escuta qualificada dos trabalhadores e dos usuários, de modo a deslocar a atenção em saúde
da perspectiva biomédica para a dos determinantes sociais do processo saúde-doença.
A fim de assegurar o direito à saúde integral é essencial promover outras ações intersetoriais para a
construção de territórios saudáveis, incluindo ambientes promotores da atividade física, da mobili-
dade e locomoção seguras, espaços de lazer e convivência, locais saudáveis para o desempenho de
atividades laborais e educativas, espaços de manifestação cultural, artística e de lazer etc.
86
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN3
Nesse sentido, a promoção da atividade física pode ser contemplada como ação de promoção da
saúde em diferentes contextos da RAS. Um exemplo disso são as práticas das equipes multiprofis-
sionais e o Programa Academia da Saúde (PAS). Com o novo modelo de financiamento de custeio da
APS instituído pelo Programa Previne Brasil, por meio da Portaria nº 2.979, de 12 de novembro de
2019, o financiamento das equipes multiprofissionais da APS (antigos Núcleos Ampliados de Saúde da
Família e Atenção Básica – NASF), passaram a ser de responsabilidade da gestão municipal, conforme
as necessidades do território. Após essa medida, em maio de 2023 foi instituído o Programa e-Multi,
conforme citado na Unidade 1, retomando o incentivo financeiro federal de implantação, custeio e
desempenho para as equipes Multiprofissionais na Atenção Primária à Saúde. Relembrando, além
da ampliação do rol de especialistas que podem compor a e-Multi, outra novidade do Programa é a
possibilidade de atendimento remoto: consultas e atendimento de demandas gerenciais poderão
ser realizadas pelos profissionais de saúde da e-Multi, por meio da utilização de Tecnologias de In-
formação e Comunicação (TIC). O Programa prevê também o pagamento por desempenho e ciclos
quadrimestrais de monitoramento dos indicadores.
Conforme descrito na Unidade 1, o Programa Academia da Saúde (PAS) foi instituído em 2011, pelo
Ministério da Saúde, por meio da Portaria GM/MS nº 719, de 7 de abril de 2011, a partir de experiên-
cias locais. O Programa teve seus objetivos ampliados para contribuir com a promoção da saúde, a
produção do cuidado e de modos de vida saudáveis e sustentáveis da população por meio de ati-
vidade físicas/práticas corporais, alimentação saudável, práticas integrativas e complementares, da
ampliação da autonomia dos indivíduos sobre as escolhas de modos de vida saudáveis, por exemplo.
Além disso, podemos destacar o papel dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) de promover o
acesso das pessoas em sofrimento mental e com outras demandas de saúde mental, além daquelas
com necessidades decorrentes do uso de substâncias psicoativas, incluindo a atividade física no cui-
dado em saúde.
A Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS) consolidou o compromisso do Estado brasileiro com
a ampliação e a qualificação de ações de promoção da saúde nos serviços e na gestão do SUS, sendo
inserida na agenda estratégica dos gestores e no Plano Nacional de Saúde, fortalecendo as políticas
públicas existentes (BRASIL, 2018).
A PNPS destaca as práticas corporais e atividades físicas como um dos temas prioritários, conceituan-
do esse tema como: “promoção de ações, aconselhamento e divulgação de práticas corporais e de
atividades físicas, incentivando a melhoria das condições dos espaços públicos, considerando a cul-
tura local e incorporando brincadeiras, jogos, danças populares, entre outras práticas” (PNPS, 2018).
REFLEXÃO
Quais são as possibilidades de colocar em prática esse tema prioritário da PNPS
no campo da APS e incluí-lo no planejamento participativo?
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PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN3
LINKS
O planejamento participativo busca interferir na realidade social para transformá-la em uma direção
estabelecida em conjunto com todos os que dele participam. Possibilita decidir coletivamente o quê,
para quê, como e de que forma implementar uma nova iniciativa de promoção da atividade física. Isso
pode otimizar o tempo, os recursos e aumentar a chance de alcançar os objetivos no desenvolvimento
e na implementação dessas ações. Trata-se do processo de criação que pode estabelecer um objetivo
e auxiliar na tomada de decisão, tarefa muito importante na gestão e administração de ações, progra-
mas e políticas de promoção da atividade física.
Para isso, é preciso refletir e escolher um um método de planejamento que possibilite a compreensão
dos conceitos e instrumentos utilizados e contribua para a comunicação e participação de todos aque-
les envolvidos na formulação, operacionalização e institucionalização do planejamento.
REFLEXÃO
Como você e a equipe do seu município têm organizado o planejamento?
Quem são os atores envolvidos?
Que ferramentas vocês utilizam na construção do planejamento?
Não existe um único caminho a ser seguido no processo de planejamento. Uma das possibilidades
de construção colaborativa poderia ser o uso do Planejamento Estratégico Situacional (PES) (MATUS,
1993, 1997).
O PES é bastante utilizado no planejamento na área da saúde nos diferentes níveis de atenção. Ele
considera as articulações entre o presente e o futuro e entre o necessário e o possível. Nesse método,
quem planeja (ator social) desenvolve o processo de planejamento em articulação, diálogo e interação
com outros atores sociais. Este processo deve ser participativo, buscar a incorporação dos pontos de
vista dos vários atores sociais para a compreensão das diferentes demandas, propostas e estratégias
de solução e criar corresponsabilidade e viabilidade do planejamento.
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PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN3
Para estruturar um PES, você e sua equipe deverão fazer uma análise de quatro
diferentes momentos: explicativo, normativo, estratégico e tático-operacional. Esses
momentos não necessariamente estão relacionados de forma contínua. Uma das
vantagens possíveis da utilização do PES é que pode ser organizado em momentos
que não se caracterizam em etapas sequenciais, mas que podem ser trabalhadas e
revisadas conforme a necessidade dos atores envolvidos no planejamento.
Explicativo Normativo
Características
dos momentos
do PES
Estratégico Tático-operacional
A) Momento explicativo
Município de Beira
O município de Beira posssui três distritos com suas Unidades de Saúde. Na área adscrita da Unidade
de Saúde Flores, foi percebida pelos profissionais de saúde a baixa participação da população nas
práticas de atividade física no tempo livre. Com o propósito de ampliar essa participação, o grupo
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PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN3
envolvido no planejamento das ações da Unidade de Saúde revisitou o PMS e não identificou metas
relacionadas a este objetivo e sobre o tema atividade física. Paralelo a isso, a equipe já possuía infor-
mações de outros documentos nacionais e internacionais que apontavam a importância de explicitar
metas relativas à promoção da AF nos instrumentos de governança, como por exemplo nos planos de
gestão.
A partir dessa constatação, a equipe passou a discutir de forma mais ampla como a cidade planejava
a promoção da atividade na produção do cuidado em saúde.
REFLEXÃO
Para a definição do problema, você pode pensar nas seguintes questões:
• Qual o problema que as ações, os programas e as políticas de promoção de
atividade física na APS se propõe a enfrentar?
• Quais as principais consequências do problema?
• Por que esse problema existe? Quais as causas mais importantes?
• Existem outras ações, programas e políticas de promoção de atividade
física na APS (federais, estaduais/distritais, municipais, iniciativa privada,
Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPS), Organiza-
ções Não Governamentais (ONGs), fora do setor saúde que atuam sobre
causas desse problema?
• Quais são as pessoas mais afetadas por esse problema?
• Quem são os representantes locais da comunidade? Como trazê-los para
o diálogo?
• Como as pessoas reconhecem o impacto e a efetividade de ações, progra-
mas e políticas de promoção de atividade física na APS?
Esses dados e essas informações, consideradas fontes primárias, têm origem na participação efetiva
das pessoas que atuam no local como, por exemplo, gestores, profissionais, usuários, trabalhadores
terceirizados, entre outros. Para a coleta dos dados podem ser utilizados diferentes recursos como
entrevistas, rodas de conversa, observação, mapa do território, registros de fontes secundárias (fichas
ou sistemas), entre outros.
90
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN3
Quando o município não conta com dados sobre a população nos sistemas de vigilância cita-
dos, é possível também recorrer às fontes disponíveis no local como, por exemplo, reuniões
das associações de moradores, reuniões escolares, faculdades/universidades, coletivos e
organizações não governamentais que podem já ter algum levantamento de dados sobre a
população-alvo.
DATASUS: https://datasus.saude.gov.br/informacoes-de-saude-tabnet/
VIGITEL: http://plataforma.saude.gov.br/vigitel/
91
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN3
É importante destacar que os municípios podem ter registros próprios, tais como o número de par-
ques, de praças, de pistas de caminhada, de ciclofaixas, informações sobre os profissionais (número,
formação, funções, carga horária, lotação, etc.). Todas essas informações coletadas podem auxiliar no
conhecimento da situação do município para a construção do planejamento.
ONGs e Instituições
CAPS
de Ensino Superior
CRAS
Sistema S
UBS
Clubes
Municipais
Centros de
Convivência
Praças, parques
e ciclovias
Associações
de amigos
de bairro Quadras,
campos de
futebol
▶ Há uma boa distribuição dos equipamentos/serviços públicos de saúde para a prática de ativi-
dade física no seu município?
92
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN3
B) Momento normativo
É importante também estabelecer indicadores potenciais e tangíveis, que contribuam para o monito-
ramento e a avaliação. Os indicadores quali-quantitativos operacionalizam, de forma simples, a iden-
tificação, o acompanhamento e a comunicação da evolução da ação. Devem também ser passíveis
de revisão periódica, de forma a possibilitar o monitoramento e a avaliação da ação e, sempre que
possível, a inclusão no PPA e no PMS.
Ser sensível: deve captar as mudanças Ser relevante: deve ser importante
ocorridas. para a tomada de decisão.
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PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN3
Município de Beira
A equipe da Unidade de Saúde Flores passou a discutir de forma mais ampla como a cidade planejava
a promoção da atividade na produção do cuidado em saúde. Identificaram que Beira desenvolvia algu-
mas ações e programas inovadores no setor de esporte e algumas potentes práticas no setor saúde,
porém com poucas informações registradas e sem sistematização dos momentos de planejamento.
Isso posto, como forma de visibilizar os registros, a equipe identificou o objetivo, resultado e possíveis
indicadores relacionados ao problema identificado.
▶ Qual o público-alvo?
▶ Quais situações (fatores internos e externos) podem dificultar/facilitar o alcance dos resultados?
A seguir apresentamos sugestões de problema, objetivo e indicadores que você poderá usar como
modelo. Confira.
Município de Beira
Objetivo: ampliar a participação da população adscrita na Unidade de Saúde nas atividades físicas no
tempo livre.
Indicadores:
▶ Taxa de pessoas adscrita na Unidade de Saúde que acessaram as práticas de atividade física
após o primeiro aconselhamento dado por um profissional de saúde da Unidade de Saúde.
▶ Média de usuários adscritos na Unidade de Saúde participantes das ações de atividades físicas
oferecidas pelo município.
94
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN3
▶ Frequência semanal de participação dos usuários adscritos na Unidade de Saúde nas ações de
atividade física.
C) Momento estratégico
▶ Meu município tem todos os recursos (materiais, humanos, econômicos, políticos, etc.) neces-
sários para implementar o plano de intervenção?
▶ A proposta é viável?
Para a realização das intervenções de promoção da atividade física é importante considerar os recur-
sos necessários para que seja possível aumentar a chance de alcançar os objetivos. Os recursos são
de diferentes tipos: econômico, organizacional, cognitivo e político. Confira a descrição de cada um
deles a seguir.
95
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN3
Recursos econômicos:
• Você pode refletir com a equipe, neste momento ou anteriormente, onde estão e como captar
os recursos próprios e de outros entes federativos (Incentivo da Atividade Física na Atenção
Primária à Saúde - IAF, Programa Academia da Saúde - PAS, Programa Saúde na Escola - PSE,
Lei de Incentivo ao esporte, Fundos de Desenvolvimento Urbano e/ou de Esporte e Lazer, etc.).
Recursos organizacionais:
Recursos cognitivos:
Recursos políticos:
96
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN3
Município de Beira
Objetivo: ampliar a participação da população adscrita na Unidade Básica de Saúde nas atividades
físicas no tempo livre.
Taxa de pessoas adscritas na Unidade de Saúde • Ficha de Atividade Coletiva do e-SUS (ver Ativi-
que acessaram as práticas de atividade física dade - Atendimento em Grupo ou Avaliação/
após o primeiro aconselhamento dado por um Procedimento Coletivo > Práticas em Saúde -
profissional de saúde da Unidade de Saúde Práticas Corporais e Atividade Física).
• Registro interno realizado pela equipe da Uni-
dade de Saúde.
Média de usuários adscritos na Unidade de • Ficha de Atividade Coletiva do e-SUS (ver Ativi-
Saúde participantes das ações de atividades dade - Atendimento em Grupo ou Avaliação/
físicas oferecidas pelo município Procedimento Coletivo > Práticas em Saúde -
Práticas Corporais e Atividade Física).
• Registro interno realizado pela equipe da Uni-
dade de Saúde.
Frequência semanal de participação dos usuá- • Registro interno da participação semanal reali-
rios adscritos na Unidade de Saúde nas ações zado pela equipe da Unidade de Saúde.
de atividade física
97
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN3
Nível de participação intersetorial (presença • Ficha de Atividade Coletiva do e-SUS (ver Ativi-
nas reuniões, votação, disposição para dar opi- dade - Reunião intersetorial/Conselho Local de
nião e interesse no processo) na construção/ Saúde/ Controle Social).
manutenção das práticas de atividade física • Registro das reuniões, assembleias de votação
e fóruns intersetoriais com a comunidade.
• Registro da existência das ações e programas
intersetoriais de atividade físicas.
D) Momento tático-operacional
Município de Beira
Objetivo: ampliar a participação da população adscrita nas atividades físicas da UBS Flores.
Prazo
Indicadores Ações Responsáveis
(meses)
98
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN3
Prazo
Indicadores Ações Responsáveis
(meses)
99
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN3
Para a construção dos momentos do PES, algumas ferramentas podem ser utilizadas para colaborar
na captação das informações como, por exemplo, a matriz 5W2H, Brainstorming (tempestade de
ideias) e o Modelo Lógico. Qualquer ferramenta de planejamento e gestão tem a possibilidade de
envolver todos os atores interessados garantindo assim a ampla participação.
É importante manter a objetivi- How much Quanto custa para execução da ação?
dade nas respostas, que devem
estar interligadas para ajudar nas definições dos momentos e na visualização dos responsáveis. A
delimitação do tempo disponível para a realização de cada ação deve ser considerada e o incentivo à
participação dos atores envolvidos no processo de planejamento é recomendado.
100
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN3
Deve-se permitir a expressão livre de ideias, sem crítica, censura ou julgamento e registrar todas as
ideias que forem expressas. A partir da discussão do grupo o moderador/relator faz as anotações das
ideias que surgiram, seleciona e prioriza, de maneira participativa, os itens sugeridos, estabelecendo
assim aquelas ideias que serão incluídas no planejamento.
O Modelo Lógico é uma ferramenta interativa que pode ser usada como um quadro de referência
durante todo o planejamento, a implantação, a implementação, o monitoramento e a avaliação das
ações, programas e políticas. Ele busca, de maneira sistemática e visual, caracterizar a cadeia causal
subjacente ao funcionamento do programa. O seu desenvolvimento permite, ao mesmo tempo, orien-
tar a execução do planejamento, descrevendo recursos, atividades, produtos e metas, como também
possibilitar a avaliação das ações e desempenhar a função de modelo para outros programas.
▶ Fazer com que as partes interessadas prestem contas com relação aos processos e resultados
das ações, programas e políticas.
▶ Desenvolver melhor ações, programas e políticas na medida em que todos sabem o que leva a
que, ou seja, é possível identificar a cadeia de causas e efeitos que organiza um programa.
É importante lembrar que não existe uma única forma de criar o Modelo Lógico. Os componentes
básicos estão listados a seguir e devem estar conectados. Ele permite começar do objetivo para o
impacto ou o contrário.
SAIBA MAIS
Caso queira saber mais sobre o uso do modelo lógico, acesse a publicação “Cinco
passos para o monitoramento e avaliação (M&A) das ações de IST, HIV/AIDS e
hepatites virais” (BRASIL, 2017), disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/
publicacoes/cinco_passos_monitoramento_avaliacao_acoes_ist_hiv_aids_hepati-
tes_virais.pdf.
Você, na rotina de planejamento e gestão, poderá construir o Modelo Lógico de forma descrita (a
seguir) ou a partir de elementos gráficos (como, por exemplo, em quadros). Essa ferramenta pode
representar ações e programas em andamento ou futuros.
101
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN3
Atividades
Produtos Resultados iniciais
Eventos, ações,
atividades que serão Produtos diretos do Efeito do programa a
desenvolvidas programa (exemplos: curto prazo (exemplo:
(exemplos: workshops, número de pessoas mudanças no grau de
desenvolvimento de atendidas ou sessões conhecimento, nas
planos de aulas, realizadas, número de atitudes, habilidades e
treinamento, marketing profissionais treinados). nível de conscientização).
social, eventos especiais,
defesa de direitos).
Resultados a Resultados
longo prazo intermediários
Insumos
102
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN3
Atividades
Produtos
Resultados
Objetivo
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PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN3
SAIBA MAIS
Para que as ações do planejamento participativo possam contribuir para o aperfeiçoamento da gestão
do programa e/ou das ações de promoção da atividade física na APS, é muito importante o compro-
metimento dos atores locais com o processo de elaboração do Modelo Lógico, assim como com o
monitoramento e a avaliação dos resultados alcançados e das estratégias empregadas.
REFLEXÃO
Você já utilizou outras estratégias para apoiar o planejamento?
Identifique os pontos positivos e negativos que percebeu em cada uma das
estratégias!
Quais dessas estratégias poderiam ser utilizadas em seu município?
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) reconhece quatro principais sinaliza-
dores que convergem para o êxito nos programas e políticas. São eles:
▶ a intersetorialidade,
▶ o controle social,
▶ a gestão eficiente e
A intersetorialidade, a participação e o controle social são indispensáveis para a política pública. Quan-
do ações, programas e políticas e todas as suas etapas são acompanhados pela população, maiores
são as chances de alcançar os resultados esperados (PNUD, 2017).
104
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN3
Intersetorialidade
O desafio colocado aos atores sociais de planejar ações que promovam a atividade física na APS de-
manda ampla articulação de diferentes setores administrativos, como saúde, educação, meio ambien-
te, transportes e mobilidade. Podemos pensar em diferentes efeitos diretos e indiretos do aumento
do nível de atividade física na abrangência desses setores:
▶ substituição do uso de veículos motorizados individuais pelo uso de meios de transporte ativos
e sustentáveis (exemplo: caminhando, pedalando),
Com isso, é necessário reconhecer a insuficiência da abordagem setorial para o enfrentamento dos
complexos problemas do território.
Também cabe aos gestores incentivar articulações intersetoriais para a melhoria das condições dos
espaços públicos para a realização de atividades físicas, como, por exemplo, a qualificação de parques
e praças, a criação de ciclovias e pistas de caminhadas, o aumento da segurança e da iluminação,
entre outros.
Outras ações intersetoriais visam a mobilização de parceiros por meio de redes horizontais de troca
de experiência entre serviços (ou equipamentos) e entre os municípios:
▶ resgate das atividades físicas nas escolas, universidades e demais espaços públicos,
105
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN3
diferentes fases do curso da vida, com utilização de equipamentos sociais disponíveis no território,
tais como:
▶ associações de bairros.
Essa articulação pode ser realizada desde o processo de planejamento, para que os envolvidos pos-
sam participar ativamente do processo de construção do programa ou ação, a fim de estabelecer
relações de confiança e de responsabilidades compartilhadas.
A ação intersetorial intencional e planejada também pode facilitar a conexão com as Instituições de
Ensino Superior (IES). Essas instituições geralmente conseguem oferecer espaço físico e recursos
humanos – professores, estagiários, apoio técnico e especializado – para fortalecer a relação entre
ensino, pesquisa, extensão, serviços e comunidade, em uma relação colaborativa e horizontal na pro-
dução do conhecimento. Existem casos de programas de promoção da atividade física nos quais as
IES têm oferecido a estrutura física, e a gestão da Unidade de Saúde disponibiliza os demais materiais,
como colchonetes, halteres, entre outros.
Como mencionados na Unidade 2, reforçamos que os instrumentos de gestão como Plano Munici-
pal de Saúde (PMS), Plano Diretor, Plano Plurianual (PPA), Plano de Transporte Urbano/Mobilidade
e outros devem ser revisados de forma articulada e periódica, incorporando a intersetorialidade e
conectando medidas para priorizar a redução das DCNTs decorrentes de poluição do ar e do baixo
nível de atividades físicas, os transportes não motorizados e os coletivos sobre os individuais e as
condições para atividades físicas no deslocamento (OPAS, 2020).
Para que a gestão articule pessoas e instituições no planejamento é necessária a utilização de fer-
ramentas e tecnologias de informação e comunicação. Portais, redes sociais, sites, dentre outros,
devidamente atrativos e atualizados podem viabilizar a articulação de órgãos, conselhos, coletivos e
usuários. Esses espaços favorecem expressões pessoais, interações desburocratizadas, democracia
direta, além de comunicação horizontal e descentralizada.
106
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN3
O controle social é a capacidade que os movimentos sociais e a sociedade civil têm de participar,
intervir, acompanhar e interferir nas ações dos governantes, nos gastos públicos e na execução de
políticas públicas, a fim de estabelecer e monitorar os objetivos, processos e resultados de interesse
da população.
O controle social sobre o SUS foi eixo de debate na VIII Conferência Nacional de Saúde (1986) mas,
somente em 1990, vigorou a lei sobre a participação da comunidade na gestão do SUS (Lei nº 8.142,
de 28 de dezembro de 1990). Há muito tempo o controle social é considerado um dos principais
instrumentos para a democratização do SUS, porém ainda há muitas limitações e dificuldades em
exercer esse mecanismo.
Os Conselhos de Saúde constituem uma instância para o controle social, composta por represen-
tantes do governo, prestadores de serviço, profissionais de saúde e usuários, mas que nem sempre
conseguem cumprir a função de participar da formulação e do controle da política de saúde.
Nas ações de promoção da atividade física na APS, o controle social deve ser fortalecido por meio
da mobilização popular individual e coletiva, para facilitar o acesso da população ao planejamento e,
consequentemente, às informações e aos serviços e direcionar as atividades às reais necessidades e
demandas das pessoas, com significativo impacto na percepção de saúde. São formas de participa-
ção em políticas públicas as conferências e conselhos, orçamento participativo, plenárias temáticas,
audiências públicas e congressos municipais, com o objetivo de discussão coletiva e articulação dos
atores sociais para o planejamento.
Confira a seguir exemplos de ações intersetoriais reais articuladas de modo a resolver problemas so-
ciais e beneficiar a prática de atividades físicas. Vamos apresentá-las para fins ilustrativos, acompanhe.
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PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN3
Sabemos que o trânsito brasileiro faz muitas vítimas anualmente. Dados da OPAS (2012) demonstram
que o pedestre que é atingido por um veículo a 60 km/h tem alta probabilidade de ir a óbito.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a redução dos limites de velocidade das vias, e já
existem campanhas e metas para 2030 para que os países adotem as vias calmas, onde o limite de ve-
locidade é de 30 km/h. Se atingido por um veículo a 30 km/h, um pedestre tem menos de 20% de pro-
babilidade de ir a óbito em decorrência do atropelamento. Podemos fazer o exercício de refletir sobre
o problema em questão e quais setores são afetados e devem ser mobilizados. Acidentes de trânsito
exigem muitos recursos do setor de saúde, transportes, infraestrutura e segurança, por exemplo. E
para aderir à recomendação global de vias calmas de 30 km/h, esses setores precisam dialogar entre
si, trabalhar estrategicamente, planejar juntos e incluir a participação popular, sobretudo em regiões
do país em que o automóvel representa um bem altamente desejado e símbolo de status social. No
Brasil, alguns municípios estão implementando vias calmas de 30 km/h, e essa implementação deve
ser avaliada para verificar se as metas serão alcançadas, tais como:
▶ atrair mais pedestres e ciclistas, pois as pessoas caminham e pedalam mais quando se sentem
seguras;
Exemplo 2: Eventos
É muito interessante investir na ampliação e difusão de eventos de participação que promovam ativi-
dades físicas e defendam sociedades ativas e saudáveis – esses eventos, inclusive, podem fortalecer a
visibilidade política. Os eventos de participação podem ser considerados indicadores. A OMS, em 2022,
avaliou os países também pelo critério de eventos de participação sobre atividade física (OMS - Global
Status Report on Physical Activity 2022). Esse indicador, ao lado de vários outros, auxiliou na formação
108
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN3
do perfil de cada país em relação à promoção da atividade física. Com isso, tem sido recomendado o
fortalecimento, agendamento, planejamento, execução e avaliação dos eventos de participação sobre
atividade física e temas transversais nos municípios, estados e no nível nacional.
A realização de eventos como uma estratégia de sensibilização sobre a importância da atividade física
é uma ação muito comum e reconhecida como uma estratégia importante pela OMS. No Brasil, é
comum a celebração mensal de temas específicos como outubro rosa, novembro azul etc. A Virada
Esportiva em São Paulo organizada pela prefeitura e o Dia do Desafio, organizado pelo Serviço Social
do Comércio (SESC) na última quarta do mês de maio, são exemplos de eventos, que não devem ser a
única estratégia, que conectam à promoção da atividade física.
O Dia Mundial da Saúde é comemorado no dia 7 de abril pela OMS, tendo como objetivo conscientizar
a população a respeito da qualidade de vida e dos diferentes fatores que afetam a saúde, no qual
cada ano um tema é adotado. Em 2019, o tema “Saúde universal: para todas e todos, em todos os
lugares” abrangeu a mobilização de gestores, profissionais, comunidade e mídia/imprensa para pen-
sar e discutir a importância do planejamento e da implementação de políticas e ações com enfoque
multissetorial para abordar os determinantes sociais da saúde e promover o comprometimento de
toda a sociedade com a saúde e o bem-estar. Em 2002, o tema do Dia Mundial da Saúde foi a atividade
física, nesse dia a diretora da OMS lançou, em São Paulo, o Dia Mundial da Atividade Física, tema
que é celebrado até hoje, na data de 6 de abril, e tem estimulado o chamado mês verde, dedicado à
promoção da atividade física.
Os profissionais de saúde têm um papel fundamental na articulação e execução das ações de promo-
ção da atividade física como uma estratégia da integralidade do cuidado. Sendo assim, este aspecto
deve ser considerado nas reflexões da equipe de planejamento e de gestão, estando explícito nos
instrumentos de gestão de forma a ser efetivamente operacionalizado.
109
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN3
É importante reafirmar que as ações de promoção da saúde e da atividade física não se opõem às ações
de cuidado, elas podem se conectar e coexistir. Para tanto, é importante que as ações, os programas
e as políticas se mantenham em uma perspectiva de valorização e defesa da vida, reconhecendo e
respeitando a complexidade e singularidade das pessoas e coletividades, com partilha de responsa-
bilidades entre os envolvidos no processo e com acesso equitativo, o que remete ao direito à saúde
como um benefício da vida em sociedade (BRASIL, 2014) e que desconstrua a centralidade biomédica
no cuidado. Como afirma Carvalho e colaboradores (2020), as ações de cuidado e promoção da saúde
podem ser implementadas de forma articulada no contexto da promoção da atividade física e das
práticas corporais, respeitando-se os objetivos e, também, as intercessões entre elas. Um exemplo
são as ações de promoção da saúde no cuidado nos grupos de hipertensão arterial, diabetes, dor,
entre outras.
110
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN3
A promoção da atividade física envolve informar e motivar os gestores quanto aos diferentes profis-
sionais (por exemplo, nutricionista, ACS, médico, psicólogo, farmacêutico, enfermeiro, fisioterapeuta,
profissional de educação física) e estratégias envolvidas na promoção da atividade física, indicando
possibilidades, tais como:
▶ aconselhar a praticar;
▶ conhecer/perguntar sobre o nível de atividade física e sobre as barreiras para a prática, com-
partilhando soluções para transpor essas barreiras.
Campanhas
Programas de
de educação
saúde na escola
em saúde
Profissionais Programas
de saúde comunitários
Nesse link, você terá acesso detalhado aos oito investimentos que funcionam
para a atividade física, e que têm o objetivo de auxiliar países, estados, municípios
e distritos. Os oito investimentos foram pontuados pela International Society for
Phisical Activity and Health e pela OMS.
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PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN3
física e, desses, somente 9% frequentavam esses programas (FERREIRA et al., 2019). Além disso, é
importante lembrar que, para maior adesão da população e êxito dos programas públicos de promo-
ção da atividade física, a equipe do planejamento deve conhecer as barreiras, ou seja, os fatores que
dificultam a participação nos programas.
Lembramos que o Guia de Atividade Física para a População Brasileira conversa diretamente com a
população em sua linguagem e formato e pode ser disseminado em consultas, grupos, rodas de con-
versa, ações, “dias D”, campanhas, nas escolas, nos conselhos etc. Para que isso ocorra, é necessário
que a equipe multiprofissional seja integrada e sensibilizada para promover atividades físicas. Essa
abordagem também qualifica outros atores, eleva as chances de aumentar os níveis de atividade física
das pessoas e descentraliza as demandas sobre os profissionais de educação física, que nem sempre
estão presentes nas Unidades de Saúde.
SAIBA MAIS
A promoção da atividade física por todos os profissionais de saúde necessita de formação permanente
e/ou continuada dos envolvidos e a atividade física como cuidado em saúde deve ocupar mais espaço
nos processos de educação continuada e permanente, pois é um tema transversal que permanece
como demanda no planejamento. Devemos estimular a articulação com a população nas decisões e
planejamento de ações de promoção da atividade física destacando os sentimentos de pertencimento
e aumento do controle social. Além disso, também devemos priorizar estratégias para aumentar a
adesão e aderência às ações e destacar a importância da motivação, do suporte social e da transposi-
ção de barreiras reportadas pela população.
112
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN3
Exemplos de projetos de intervenção internacionais (BORDE et al., 2017) e alguns nacionais, como o
Movimente (https://movimente.ufsc.br/) utilizaram essa abordagem envolvendo a formação e o empo-
deramento de professores e observaram resultados positivos nos comportamentos de saúde dos es-
colares (exemplo: redução do tempo assistindo televisão ou mais tempo praticando atividades físicas).
SAIBA MAIS
3.3.3 | A atuação estratégica do profissional de educação física na saúde para além de sua
atuação no núcleo profissional
Com a consolidação das políticas de promoção da saúde e abrangência das ações como a promoção
da atividade física na APS, os profissionais de educação física foram inseridos em 2008 nas equipes
multiprofissionais. O Incentivo de Atividade Física (IAF) estimula a contratação de profissionais de
educação física na saúde, cuja dificuldade tem sido apontada como desafio na promoção da atividade
física. O Programa Academia da Saúde (PAS) também insere o profissional de educação física na saúde
ao elencá-lo na lista dos 13 profissionais de saúde que podem atuar no programa, sendo esse o pro-
fissional que mais atua no PAS.
Cabe também destacar outro desafio recorrente que é, em geral, a qualificação insuficiente dos pro-
fissionais de educação física para atuar na saúde pública, em especial na APS. É prioridade investir
na formação e capacitação inicial desses profissionais para a atuação, também, na saúde pública,
gerando demandas de disciplinas curriculares às IES. Reformular a formação profissional com ênfase
nas especificidades da APS no SUS, bem como investir em educação permanente, são recomendações
para fortalecer esse nível de atenção à saúde, assim como criar ou ampliar as relações entre o ensino
das IES e os serviços do SUS.
LINKS
113
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN3
Perceba que a superação dos desafios relacionados com falha de comunicação e articulação do profis-
sional de educação física com os demais na equipe multiprofissional é fundamental para que o fluxo
dentro da Linha de Cuidado aconteça. Para implementação de uma Linha de Cuidado, estratégias de
gestão devem incidir tanto sobre as práticas clínicas e de saúde coletiva como na organização dos
serviços da RAS.
SAIBA MAIS
As experiências exitosas são aquelas que promovem aumento da atividade física dos participantes
por meio de um processo planejado, replicável e sustentável que garante e promove participação e
autonomia (BENEDETTI et al., 2020). Essa definição é apresentada no documento Recomendações para
o Desenvolvimento de Práticas Exitosas de Atividade Física na Atenção Primária à Saúde do Sistema
Único de Saúde (BRASIL, 2021).
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PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
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As palavras em destaque descritas a seguir são consideradas como atributos essenciais às práticas
exitosas, e gostaríamos de aprofundar com você.
▶ Autonomia: A ação promove autonomia dos participantes para o engajamento nas decisões e
conhecimentos que possam contribuir para o autocuidado e corresponsabilidade com a saúde
individual.
▶ Sustentabilidade: A ação é mantida e continuada pelo local com potencial para ser institucio-
nalizada e capaz de aumentar a atividade física dos participantes de modo sustentável.
▶ Replicação: A ação é descrita com clareza e aplicável em outros locais respeitando cada con-
texto.
▶ Participação: A ação promove o engajamento e o vínculo dos usuários com o serviço, e tem
adesão e assiduidade dos participantes.
2 divulgação
A Manter umadas frequência e regularidade
ações de atividade da oferta
física pode das ações
ser realizada pelos ACS, por cartazes no território,
2 Manter uma frequência e regularidade da oferta das ações
pelas redes sociais, por reuniões na Unidade de Saúde, por comunicação boca a boca e pelas equi-
pes de saúde.
3 Realizar O ideal é que sejam adotadas e combinadas três ou mais estratégias de divulgação.
avaliações
3 divulgação
A Realizar avaliações
deve ser contínua no serviço de saúde, pois há grande rotatividade de usuários da
APS e diariamente novos entram no sistema. Além disso, para estimular a cultura do movimento
4 Manter regularidade nas avaliações
cada vez mais
4 estratégias
Manter forte
parana
regularidade sociedade e promover
nas avaliações
o planejamento a conscientização
e implementação de para o estilo de vida ativo, de
forma paralela às ofertas semanais, é
uma ação ou programa de atividade física recomendado incluir nos planejamentos e calendários a
5 Entregar
realização deos resultados
eventos dasàs
alusivos avaliações
datas temáticas que são comemoradas, como o Dia da Atividade
5 Entregar os resultados das avaliações
Física (6 de abril), o Dia Mundial da Saúde (7 de abril), o Dia Mundial sem Carro (22 de setembro) e
1
o
6 DiaDivulgar asa ações
do Profissional
Controlar realizadas
de Educação
assiduidade Física (1 de setembro).
dos participantes
6 Controlar a assiduidade dos participantes
2
7 Manter uma
Monitorar asfrequência
razões das edesistências
regularidade da oferta das ações
7 Monitorar as razões das desistências
3
Os Realizar
8 principaisavaliações
desafios,
Buscar apoio relacionados às ações em si, de promover atividades físicas na APS, são
da gestão
8 seguintes:
os Buscar apoio da gestão
descontinuidade das ações; oferta insuficiente para atender à demanda; e horários
que não atendem
4 Manter bem ànas
regularidade população.
avaliaçõesPara superar esses desafios, é recomendado aumentar a
frequência semanal de oferta das atividades (maior ou igual a duas vezes na semana) em horários
diversificados. O uso de tecnologias como redes sociais, grupos de whatsapp, aulas remotas e
5 Entregar os resultados das avaliações
outros é incentivado como aliado nesse esforço de aumentar a promoção da atividade física.
É4 ideal
Manter
que regularidade
os nas sejam
as participantes
avaliações
avaliados antes e apósdeo período das atividades, segundo o
1 estratégias
Divulgar para o
ações planejamento
realizadas e implementação
cronograma
uma açãodaouoferta dessas.
programa deAatividade
avaliaçãofísica
dos participantes deve estar alinhada ao objetivo da
atividade.
5 EntregarPorosexemplo, se adas
resultados ação tem a intenção de reduzir o Índice de Massa Corporal (IMC) dos
avaliações
2 Manter uma
participantes porfrequência e regularidade
meio da prática da oferta
de exercícios físicos,das ações
é necessário mensurar e acompanhar o IMC
1 Divulgar as ações realizadas
por meio de metodologia válida e reprodutível. Na próxima Unidade deste curso, aprofundaremos
6 tema
Controlar a assiduidade dos participantes
3 Realizar
no de avaliações.
avaliações
2 Manter uma frequência e regularidade da oferta das ações
7 estratégias
Monitorar aspara o planejamento
razões das
nasdesistências
e implementação de
4 uma
Manter regularidade
ação ou programa avaliações
de atividade física
3 Realizar avaliações
8 Buscar apoio da gestão
Entregar os
5 avaliações
As resultados
das ações dedas avaliações
atividade física e dos participantes devem ser realizadas pelo menos
1 Divulgar as ações realizadas
duas vezes ao ano, como veremos
4 Manter regularidade nas avaliaçõesna próxima Unidade deste curso.
6 Controlar a assiduidade dos participantes
2 Manter uma frequência e regularidade da oferta das ações
5 estratégias para o planejamento
Entregar os resultados e implementação de
das avaliações
7 Monitorar as razões das desistências física
uma ação ou programa de atividade
3 Realizar avaliações
O6 s participantes precisam tomar
Controlar a assiduidade nota das suas avaliações, pois isso promove envolvimento, con-
dos participantes
tribui
1 para
8 Divulgar a autonomia
Buscar apoio da gestão
as ações e motivação,
realizadas é uma oportunidade de promover educação em saúde e
4 Manter
estimula a regularidade
busca por nas avaliações
melhores resultados. Compartilhar e discutir os resultados das avaliações
7 Monitorar as razões das desistências
junto da equipe multiprofissional possibilita identificar facilitadores e barreiras percebidas pelos
2 Manter umapara frequência e regularidade da oferta das ações
5 estratégias
participantes
Entregar ospara queo adaptações
planejamento
resultados e implementação
sejam
das avaliações de
planejadas e as metas alcançadas.
8 uma
Buscar apoio da gestão
ação ou programa de atividade física
3 Realizar avaliações
6 Controlar a assiduidade dos participantes
1 Divulgar as ações realizadas
4 Manter regularidade nas avaliações
É7 recomendado
Monitorar aspararazões das desistências
promover ações de atividade física exitosas monitorar:
•2 oManter
númerouma de participantes cadastrados na
frequência e regularidade da ação;
oferta das ações
•58 oEntregar
número os
de resultados dasem
participantes
Buscar apoio da gestão
avaliações
cada sessão;
•3 oRealizar
número e a identificação de participantes com faltas consecutivas; e
avaliações
•6 Controlar
o número de desistências.dos participantes
a assiduidade
Os membros envolvidos na gestão devem estar sensibilizados para a promoção da atividade física.
Sabemos que a falta de apoio político e de reconhecimento da atividade física na APS é um desafio
a ser superado. A gestão voltada para práticas exitosas busca e cria iniciativas para consolidar e
promover as atividades físicas para a população. Também é participativa e conhecedora de todas
as fases de elaboração de políticas e programas, acessa os relatórios e horizontaliza a relação com
a equipe multiprofissional. O apoio da gestão também inclui levar as necessidades e os apelos das
ações de promoção da atividade física para as reuniões intersetoriais e os encontros oficiais de
governança, tais como reuniões técnicas, audiências, assembleias, congressos, e auxilia a institu-
cionalizar o serviço em protocolos, planos, agendas, legislações e diretrizes.
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PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN3
SAIBA MAIS
Agora que conhece as estratégias para desenvolver ações exitosas de promoção de atividade física,
contamos com você para que efetivamente novas ações, programas e políticas sejam planejadas, im-
plementadas, monitoradas e avaliadas. Você sabia que, no Brasil, apenas 5,2% das ações de atividade
física monitoradas na APS foram consideradas exitosas (SANDRESCHI, 2022)? Portanto, sua aderência
é muito importante para que possamos fortalecer a promoção da atividade física na APS do SUS.
O SOE se estabelece por meio de legislação municipal em 1985 e seu primeiro módulo foi implantado
em 1990. É um dos programas pioneiros na promoção da atividade física no SUS e exemplo de uti-
lização dos espaços públicos abertos do município (parques, hortos, praças, orla da praia). Para sua
disseminação, uma unidade móvel atende aos territórios com dificuldades de acesso aos polos fixos
do SOE. As atividades também acontecem o ano todo e no período noturno para contemplar traba-
lhadores. No verão, os horários de atendimento são prolongados e estendidos aos sábados. Essas
estratégias podem, direta ou indiretamente, ampliar o acesso e contribuir para a adesão e aderência
da população.
Os cidadãos de Vitória/ES podem se informar sobre o SOE no site da prefeitura. Foi realizado estudo
para verificar os interesses e as características dos praticantes de exercício em cada local do mu-
nicípio e onde as atividades seriam realizadas. Outro aspecto relevante em relação à participação
da comunidade é a articulação desse serviço com as lideranças comunitárias tanto nos processos
decisórios quanto para mobilização nas atividades. Também, há avaliação permanente do serviço com
a aplicação de questionários, o que permite adequação e aprimoramento das estratégias de forma
alinhada aos interesses da população (REZENDE, 1997).
SAIBA MAIS
Em 2020, foi publicado o artigo sobre os 30 anos do SOE: “30 anos do Serviço
de Orientação ao Exercício em Vitória/ES: pioneirismo nas práticas corporais e
atividades físicas no SUS” (VIEIRA et al., 2020), disponível em: https://seer.ufrgs.
br/Movimento/article/view/103142.
117
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN3
O uso e a potencialização dos espaços públicos de lazer para a oferta de ações para a prática da ativi-
dade física são algumas características desse programa. O programa oferece as seguintes atividades:
▶ Estímulo à participação dos usuários em reuniões, fóruns, seminários promovidos pelo pro-
grama, conferências, instâncias de controles sociais e diversos setores internos e externos à
Secretaria Municipal da Saúde.
Em relação ao processo de planejamento e gestão do programa, vale destacar alguns aspectos im-
portantes: a realização de concurso público específico para o quadro de profissionais responsáveis
pela condução e oferta de atividades físicas, favorecendo a sustentabilidade das ações locais e a
compreensão do profissional de educação física enquanto profissional de saúde pública, mantendo o
alinhamento das atividades planejadas e implementadas com os atributos do SUS e da APS.
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E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN3
Para os profissionais, a gestão priorizou espaços de educação permanente nos quais, além de encon-
tros visando o aumento de conhecimento, eram debatidas as ações importantes do programa, com
garantia de que todos os profissionais envolvidos fossem ouvidos, sejam profissionais da ponta ou da
gestão. Outro aspecto importante foi o aumento da compreensão dos profissionais envolvidos acerca
da importância social do PAC, ampliando o olhar sobre saúde, além da dimensão física.
Para os usuários, a valorização do saber popular em saúde foi um fator que ajudou a criar um
sentimento de pertencimento e autoconfiança. O controle social foi valorizado e considerado um
fator importante para que a população compreendesse os benefícios sociais do programa além dos
referentes à prática de exercícios físicos, e apresentasse a demanda por outros polos do programa
nas comunidades. Por exemplo: requalificação dos espaços de lazer, urbanização do local com sa-
neamento e iluminação pública.
SAIBA MAIS
O Programa Agita São Paulo, lançado em dezembro de 1996, foi implementado por meio de um con-
vênio entre a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo e o Centro de Estudos do Laboratório de
Aptidão Física de São Caetano do Sul (CELAFISCS). O planejamento inicial do Programa contou com
a parceria e assessoria de grupos internacionais experientes em promoção da atividade física, na
ocasião, o Center for Disease Control and Prevention (CDC), o Health Education Authority (Inglaterra)
e o programa Active (Austrália).
O Agita São Paulo ocupou espaço no planejamento quadrienal da Secretaria Estadual de São Paulo e
foi incentivada a implementação dos indicadores de avaliação dos processos e resultados das ações.
Fazia parte da implementação do programa uma agenda de treinamentos regulares com o objetivo de
fortalecer a rede de equipes promotoras da atividade física.
119
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E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN3
O plano de ações do Programa Agita São Paulo combina ações permanentes, realizadas de forma
longitudinal, e ações pontuais, realizadas em datas comemorativas ou voltadas para um público espe-
cífico. Entre as ações permanentes estão a realização de reuniões mensais desde a sua implantação,
a manutenção de um interlocutor do programa nas 17 regionais de saúde do Estado de São Paulo, a
realização anual do fórum de boas práticas, encontros regionais, entre outras atividades.
Exemplos de ações pontuais são o “AGITA Trabalhador” celebrado no dia 1º de Maio para prestar
orientações de saúde e medir o nível de atividade física dos trabalhadores e o “AGITA Mundo” em
celebração ao dia Mundial da Atividade Física, quando há oferta de atividades físicas e incentivo do
estilo de vida ativo. Lembramos, é claro, que quaisquer ações que sejam planejadas e executadas
precisam de indicadores para que seja possível avaliar seus impactos, e no Programa Agita São Paulo
não foi diferente, dado que muitos são os resultados positivos encontrados nesses anos de existência.
Segundo o CDC, o programa foi custo-efetivo, pois todos os recursos investidos no Programa Agita São
Paulo foram recuperados. O Banco Mundial também analisou o programa e concluiu que o modelo
representava um potencial de economia de mais de 300 milhões de dólares ao ano no setor saúde.
No município de São Paulo, o Programa Municipal de Atividade Física Agita Sampa, de natureza per-
manente, foi instituído pela Lei nº 14.409, de 22 de maio de 2007 (Projeto de Lei nº 539/2006 com
regulamentação no Decreto Municipal nº 48.454, de 20 de junho de 2007). A institucionalização do
programa por meio de leis e decretos não garante sua sustentabilidade.
Mesmo sem recursos estaduais para a manutenção, a rede criada entre os municípios participantes,
as instituições e o CELAFISCS se apropriou do programa e mantém sua sustentação. Novamente, ve-
mos que a instituição de leis não garante a sustentabilidade dos programas.
A articulação para o programa envolveu as Universidades de Illinois (USA) e Federal de Pelotas (RS), a
prefeitura de Dona Francisca, a UBS e os ACS. A característica marcante deste programa foi a partici-
pação dos ACS, oito no total, e a utilização de recursos já existentes no município. O planejamento das
ações considerou a realidade local ao selecionar os ACS, que é uma estratégia com maiores chances
de sucesso, pois os ACS são atores essenciais que conhecem os costumes e problemas daquela comu-
nidade e têm a confiança da população local. A exigência foi que os ACS recebessem treinamento para
que se tornassem multiplicadores. Claramente, a valorização e o respeito a esse profissional devem
ser centrais nesta abordagem.
O treinamento dos ACS levou em consideração uma característica marcante da população que é a
religiosidade, dado que a maioria era católica, incluindo conteúdos religiosos nos encontros. Isso
aproximou os idosos das atividades. Esse diagnóstico da população-alvo foi muito relevante e estraté-
gico para que a comunicação e formulação do material fosse adaptada aos interesses dela, tornando
as ações mais significativas.
120
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Como o programa envolvia encontros educacionais individuais e coletivos, os ACS realizam simulações
como parte do treinamento.
Atividades desenvolvidas:
▶ Conversas sobre metas pessoais a curto, médio e longo prazo pessoalmente e por telefone.
O cronograma do programa, que é um item indispensável, continha avaliações dos participantes após
6 e 12 meses para observar as mudanças nos indicadores de saúde, nutrição, atividade física e estres-
se. Além disso, houve outra avaliação com os participantes, ACS e líderes comunitários por meio de
entrevistas, que objetivou conhecer os desafios e as potencialidades encontradas na implementação
do programa. A qualificação dos ACS foi considerada como o resultado a curto prazo do programa,
ao passo que a mudança nos comportamentos de alimentação, atividade física e controle do estresse
dos participantes foram os resultados de médio e longo prazo.
3.5 | Encerramento
Nesta Unidade foram apresentados os principais fatores que devem ser considerados no planejamen-
to e na implementação de ações, programas e políticas de promoção da atividade física, de maneira a
ampliar ou promover a efetiva oferta e o acesso a esse serviço na APS.
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Também apresentamos as ferramentas que podem ser utilizadas para auxiliar na construção do pla-
nejamento. Foi apresentado o modelo lógico como possibilidade de utilização de maneira sistemática
e visual, de referência durante todo o planejamento, implementação e avaliação das ações, programas
e políticas.
Vimos que existem investimentos que funcionam para a atividade física e uma série de práticas exitosas
que promovem aumento da atividade física por meio de um processo planejado, replicável e susten-
tável, que garante e promove participação e autonomia. A equipe de planejamento deve considerar
os recursos necessários para aumentar a chance de alcançar os objetivos. Para isso, é importante
a articulação intersetorial, favorecendo as redes sociais e gerando propostas de programas, ações,
programas e políticas integradas entre todos os envolvidos.
No final da Unidade, você relembrou que não é coerente culpabilizar o usuário pela falta de adesão/
aderência às ações e aos programas oferecidos, pois o envolvimento com a atividade física está muito
além da vontade pessoal.
Nós, Maria Cecília e Margarethe, nos colocamos à disposição e nos despedimos na Unidade 3. Nós
esperamos que você tenha aprendido algo novo e que ela tenha contribuído com o surgimento de
novas ideias para o desafio de gerenciar a APS. Parabenizamos você pelo esforço e comprometimento
com a pauta de promoção da atividade física! Estamos juntos neste desafio, contamos com você!
122
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E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN3
3.6 | Referências
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primária à saúde: elaboração do conceito. Saúde e Pesquisa, v. 13, n. 3, jul./set. 2020. https://doi.
org/10.17765/2176-9206.2020v13n3p503-513.
BORDE, R.; SMITH, J. J.; SUTHERLAND, R.; NATHAN, N.; LUBANS, D. R. Methodological considerations
and impact of school-based interventions on objectively measured physical activity in adolescents: a
systematic review and meta-analysis: Effects of measured PA interventions. Obesity Reviews, v. 18,
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E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN3
CARVALHO, F. B.; GUERRA, P. H.; LOCH, M. R. Potencialidades e desafios das práticas corporais e
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FERREIRA, R. W. et al. Acesso aos programas públicos de atividade física no Brasil: Pesquisa Nacional
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org/10.1590/0102-311X00008618.
LUCINDA, A. Análise e Melhoria de Processos: Uma Abordagem Prática para Micro e Pequenas
Empresas. Simplíssimo Livros Ltda, 2016. 106 p.
MALTA, D. C.; CASTRO, A. M; GOSCH, C. S. et al. A Política Nacional de Promoção da Saúde e a agenda
da atividade física no contexto do SUS. Epidemiol. Serv. Saúde. Brasília, p. 79-86. mar. 2009. http://
dx.doi.org/10.5123/S1679-49742009000100008. Acesso em: 10 set. 2022.
MATUS, C. Adeus, Sr. Presidente. Governantes e governados. São Paulo: FUNDAP; 1997.
REZENDE, L. SOE-Vitória, ES: Sete anos de sucesso com uma ideia simples, eficaz e de baixo custo.
Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 3, p. 84-86, 1997.
124
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN3
UNGHERI, B. O.; ISAYAMA, H. F. Controle e participação social no programa esporte e lazer da cidade
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VASCONCELOS, L. L. C. Redes de atenção à saúde [recurso eletrônico]. Brasília: DARAS, SES Minas
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VIEIRA, A. et al. 30 anos do serviço de orientação ao exercício em Vitória/ES: Pioneirismo nas práticas
corporais e atividades físicas no sistema único de saúde. Movimento, v. 26, p. e26086, 2020. https://
doi.org/10.22456/1982-8918.103142. Acesso em: 28 set. 2022.
125
UNIDADE 4
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO COMO
FERRAMENTAS DO PROCESSO DE GESTÃO
DE AÇÕES, PROGRAMAS E POLÍTICAS DE
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA
Fabio Fortunato Brasil de Carvalho
Luis Carlos de Oliveira
Evelyn Helena Corgosinho Ribeiro
UNIDADE 4
OBJETIVO GERAL
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Nesta Unidade apresentaremos como a atividade física, enquanto a ação de cuidado e a promoção
da saúde podem ser potencializadas e ampliadas em seus benefícios. Iniciaremos com a pergunta
de avaliação, seguida da construção de indicadores e do processo de monitoramento e avaliação
das ações, dos programas e das políticas de promoção da atividade física. A pergunta de avaliação
é relevante para identificar com clareza o que se pretende avaliar e para pactuar coletivamente os
indicadores qualitativos e/ou quantitativos de processo e resultado.
Discutiremos exemplos de informações que poderão ser produzidas, ou coletadas, como o número
de habitantes, de praticantes de atividade física, de condições de saúde, de morbidade, dentre outras
disponíveis.
Em seguida, abordaremos a sistematização das informações e a análise dos dados a partir da organi-
zação das informações coletadas, sejam descritivas ou analíticas. É importante que esses processos
ocorram em momentos coletivos e participativos de análise, garantindo os diferentes pontos de vista,
de maneira que se possa contribuir para a reflexão sobre a transformação dos dados coletados em
informações úteis que possam ajudar a guiar as práticas de saúde.
128
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN4
É importante destacar que reformulações ou novas metas podem ser identificadas e inseridas de acor-
do com as demandas e necessidades no seu território. Assim, cabe reforçar que o aumento do acesso
à atividade física entre pessoas de todas as idades, um dos principais objetivos de ações, programas e
políticas relacionadas ao tema, traz benefícios individuais e coletivos e para o meio ambiente e para a
economia, dentre outras áreas. Desta forma, os processos de monitoramento e avaliação podem ser
essenciais para contribuir na efetivação desse objetivo. Vamos adiante e bons estudos nesta Unidade!
A partir de agora, vamos acompanhar a importância de elaborar uma pergunta norteadora de ava-
liação e estabelecer indicadores de acompanhamento de ações, programas e políticas de promoção
da atividade física, fatores relevantes tanto para o monitoramento quanto para a avaliação. Para tal,
convidamos você a fazer uma reflexão.
Partiremos da ideia de que avaliar faz parte da vida. Por exemplo, no dia a dia
quando fazemos a opção por um caminho e não por outro, esta escolha foi
baseada num processo avaliativo. Mas, como ele já é usual e corriqueiro, não
pensamos nele como uma avaliação. Em geral, ouvir a palavra “avaliação” nos
remete ao período escolar quando por meio de provas e testes havia a tentativa
de aferição do nosso conhecimento. Muitas vezes, vinham com julgamentos
negativos e ficava a ideia de punição ou algo semelhante.
Na área da saúde, em geral, a avaliação é percebida como mais uma etapa do planejamento, como
um procedimento meramente burocrático de prestação de contas, sem conexão com as necessidades
e demandas cotidianas da gestão. Neste curso, nos parece essencial e oportuno ressignificar positi-
vamente o monitoramento e a avaliação. Dito isso, agora convidamos você a compreender o que é
monitoramento e avaliação e como eles se conectam.
Monitoramento
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PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN4
Avaliação
Os resultados e impactos podem ser influenciados por fatores fora do alcance dos profissionais da
saúde, e isso deve estar no radar da avaliação. Por exemplo, podem ser objeto de investigação as
causas das variações em indicadores de resultado, como o aumento ou não (frequência) da prática de
atividade física entre os beneficiários das práticas, as mudanças na percepção das pessoas em relação
às barreiras para a prática e os indicadores de impacto, como taxas de morbidade e mortalidade por
doenças cardiovasculares.
Monitoramento Avaliação
Faz parte do processo de avaliação e Possibilita emitir um juízo de valor acerca da ação,
tem foco em atividades mais rotinei- programa ou política, pois se apoia em visão
ras a partir do acompanhamento, panorâmica de todas as informações coletadas,
registro, anotação e documentação ampliando a compreensão acerca de tudo que foi
de forma sistemática e verificação monitorado. Diferencia-se do monitoramento pela
contínua. Assim, possibilita fazer complexidade (mais sofisticada) da análise realizada.
ajustes e mudar o rumo de uma Assim, determina o mérito ou o valor de uma ação ao
ação em tempo oportuno para buscar entender seus efeitos e compreender seus
subsidiar a tomada de decisão. resultados (de processo e finais) e impacto.
Assim, o ato de monitorar integra o processo de avaliação. De posse de dados e informações obtidas
ao longo do processo de formulação, implementação e operacionalização de ações, programas e
políticas, ficará facilitado o processo avaliativo quando for necessário realizá-lo. Sendo assim, ambos
permitem dar melhores respostas às necessidades e demandas dos envolvidos com vistas tanto a
valorizar o trabalho que foi feito quanto a cocriar uma cultura avaliativa de busca constante por me-
lhorias de ações, programas e políticas.
130
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN4
É importante que você lembre que o processo de monitoramento e avaliação requer recursos huma-
nos e financeiros e, portanto, é necessário prevê-los. Ao debater a promoção da atividade física no
município, deve-se lembrar da necessidade de incluir nos planejamentos as horas de trabalho dos
profissionais dedicados a essas ações e algum recurso financeiro.
A maioria dos municípios não possui um setor específico para o monitoramento e a avaliação. Neste
caso, o monitoramento e a avaliação devem ser incentivados no processo de trabalho de diferentes
áreas, setores e grupos interessados. Uma das possibilidades é constituir Grupos de Trabalho (GT),
que eventualmente podem contar com o apoio da gestão estadual, com os envolvidos no monitora-
mento e na avaliação, o que tem sido uma estratégia metodológica utilizada em iniciativas da área de
educação e da saúde, entre outras.
POR QUÊ?
COMO? QUANTO CU
STA?
Vale lembrar que quando as ações, os programas e as políticas já vêm com estratégias de monito-
ramento e avaliação definidos e indicadores formulados pelo Ministério da Saúde ou Secretarias de
Estado é sempre possível revê-los e ampliá-los.
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PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN4
No decorrer deste curso abordamos a inclusão das iniciativas de atividade física nos instrumentos
da gestão pública e do SUS, como o Plano Municipal e Distrital de Saúde. Discutimos a ampliação da
oferta de ações de promoção da atividade física para a população em geral ou para o grande número
de pessoas (alta prevalência) com sobrepeso e obesidade acompanhadas pelas unidades de saúde.
Você acompanhou também o desafio da baixa participação da população.
Os atores envolvidos poderiam questionar sobre iniciativas em curso ou aquelas que estão sendo
planejadas como, por exemplo: “Por que algumas pessoas participam e outras não?” ou “O que faz
uma pessoa vir e a outra não?”. Assim, criamos duas perguntas: “Quais ações poderiam ser criadas ou
fortalecidas para ampliar o acesso e a permanência das pessoas nessas atividades?” e “Como pode-
mos monitorar e avaliar processos e resultados desejados ou alcançados?”.
Município de Beira
No município de Beira, a equipe de saúde passou a discutir de forma mais ampla como a cidade pla-
nejava a promoção da atividade na produção do cuidado em saúde. O município possui três distritos
e olharemos um deles, que possui três unidades de saúde e em duas delas há a oferta de atividade
física. Atualmente, 20 pessoas participam regularmente das atividades na UBS Flores, 15 na UBS Coli-
nas e em ambas em torno de 10 a 15 esporadicamente, respectivamente são 28 e 20 participantes por
dia na maior parte das vezes, e sabemos que aproximadamente 100 pessoas frequentam a UBS Flores
e 120 na UBS Colinas diariamente. Não há oferta de atividades na UBS Campos. A equipe de saúde
reconhece que o número absoluto de participantes é um avanço, mas deseja ampliar a participação,
incluindo grupos que nunca experimentaram programas estruturados de atividade física.
Usuários que
Participantes
Unidade de Saúde Inscritos frequentam a
por dia
unidade por dia
Flores 35 28 100
Colinas 25 20 120
Campos – – 80
A equipe olhou mais detalhadamente o que estava de fato sendo ofertado nas unidades de saúde em
relação aos horários e às modalidades, o perfil de participantes, o perfil da população atendida nas
unidades de saúde, os recursos humanos (profissionais de saúde envolvidos nas ações), os espaços
nos quais ocorriam as atividades e se a aquisição de insumos era necessária. São ações relacionadas
ao monitoramento, certo?
Você pode se perguntar se a equipe já deveria saber previamente dessas informações pois, caso con-
trário, como as ações estariam ocorrendo? Pois é, operacionalizar ações, programas e políticas sem se
atentar às suas particularidades e, ainda, sem monitorar, pode resultar em desfechos não desejados
e/ou fragilizados, deixados usualmente ao acaso.
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PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN4
O GT, após algumas reuniões, pactuou a pergunta de avaliação, considerando as diferentes perspec-
tivas e conhecimentos dos participantes, cada um com o olhar voltado aos conhecimentos, ações e
necessidades cotidianas:
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PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN4
No próximo item, após refletirmos sobre a pactuação de indicadores, retomaremos o exemplo apre-
sentado. Acompanhe!
Indicadores são parâmetros qualitativos e/ou quantitativos que servem para detalhar em que medida
os objetivos de ações, programas e políticas foram alcançados, em um determinado período, território
e público. De forma mais ampla, podemos dizer que é uma forma de representar quali e quantitati-
vamente fenômenos, ou seja, dimensionar o que ocorre a partir de uma ideia abstrata. Por exemplo,
o indicador Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é uma forma de quantificar fenômenos sociais
sintetizados pela ideia do desenvolvimento humano na perspectiva de renda, educação e saúde,
conforme conceito definido na ONU.
LINKS
Área temática: pode haver classificação em mais Taxa de mortalidade por DCNTs – Doenças Crô-
de uma área: saúde, educação, habitação etc. nicas Não Transmissíveis.
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Indicadores de Monitoramento
Exemplos
de políticas e programas sociais
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Eficácia: cálculo da distância entre o realizado e Taxa de participação; taxa de cobertura popula-
a meta planejada. cional no território.
Município de Beira
Pergunta de avaliação: o que contribuiu ou dificultou o acesso das pessoas às iniciativas das unida-
des de saúde do município de Beira que ofertam atividade física?
Exemplos de indicadores:
• Taxa de pessoas adscritas na unidade de saúde que acessaram as práticas de atividade física após
o primeiro aconselhamento dado por um profissional de saúde da unidade de saúde.
• Média de usuários adscritos na unidade de saúde participantes das ações de atividades físicas
oferecidas pelo município.
• Frequência semanal de participação dos usuários adscritos na unidade de saúde nas ações de
atividade física.
• Nível de participação intersetorial (presença nas reuniões, votação, parcerias estabelecidas, dis-
posição para dar opinião e interesse no processo) na construção/manutenção das práticas de
atividade física.
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PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
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Algumas perguntas podem ser feitas para ajudar na construção dos indicadores:
SAIBA MAIS
Agora, convidamos você a pensar em uma importante pergunta: quais dados primários possuímos a
partir da situação descrita?
As informações das unidades de saúde, das atividades desenvolvidas, como o número de profissionais,
o número de dias e horários na semana nos quais as atividades são ofertadas, o número de usuários
por dia são alguns dos dados primários que irão auxiliar você na resolução do problema.
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Município de Beira
Usuários que
Unidade de Número Participantes
Atividades Profissionais frequentam a
saúde de dias por dia
unidade por dia
Sem
Campos — — — —
atividades
Para responder à pergunta avaliativa “O que contribuiu ou dificultou o acesso das pessoas às iniciativas
das unidades de saúde do município de Beira que ofertam atividade física?” foi inicialmente pensado e
analisado a taxa (percentual) de participação (número de participantes ÷ número de pessoas que
frequentam a unidade por dia x 100).
Taxa de participação:
• Unidades de Saúde Flores = 28%
= 28 (número de participantes) ÷ 100 (número de pessoas que frequentam a unidade) x 100
• Unidades de Saúde Colinas = 17%
= 20 (número de participantes) ÷ 120 (número de pessoas que frequentam a unidade) x 100
REFLEXÃO
Quais outros indicadores você visualiza a partir da sua prática e da realidade
local?
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Município de Beira
▶ Não havia conexão entre as ações, ainda que fossem realizadas em territórios próximos do
mesmo distrito do município Beira.
▶ Na UBS Flores, a oferta de atividade física era realizada por um profissional de educação física
cedido de um programa da Secretaria de Esporte e Lazer, a partir da intervenção de um líder
comunitário, uma vez por semana no início da noite. Já na UBS Colinas, a oferta de atividade
física era realizada por um Agente Comunitário de Saúde (ACS) duas vezes por semana, apenas
pela manhã, e na praça onde a unidade de saúde está situada.
▶ Na UBS Flores, a atividade física ofertada era dança e ocorria no pátio. Na UBS Colinas, era
caminhada sem supervisão profissional, apenas a partir da mobilização (anúncio e convite) do
profissional. Em dias chuvosos as atividades não funcionavam.
▶ Havia pedidos da comunidade, para que as atividades físicas fossem ofertadas em outros ho-
rários, para que mais pessoas pudessem participar.
▶ O perfil de participantes envolvia apenas mulheres com alguma Doença Crônica Não Transmis-
sível (DCNT), possivelmente indicando que a recomendação de participação se dava a partir da
condição de saúde, o que pode ser um fator limitante.
▶ As atividades físicas ofertadas não contavam com nenhum tipo de insumo ou material forneci-
do pela gestão municipal. Os profissionais levavam caixas de som que possuíam.
▶ Na UBS Campos não havia oferta de atividade física, tinha um perfil com muitas pessoas com
DCNTs e interesse da equipe de saúde em iniciar alguma ação de atividade física.
▶ Seria feita uma reavaliação dessa análise inicial após 6 meses.
Pontos positivos:
Pontos negativos:
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E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN4
REFLEXÃO
Quais outros pontos positivos e negativos você imagina que poderiam explicar
o baixo envolvimento dos usuários? E no seu município, é diferente ou há seme-
lhanças com o exemplo citado?
Aqui destacamos que os territórios são o ponto de partida para que o GT possa pensar no planeja-
mento, no monitoramento e na avaliação das intervenções relacionadas à análise das condições de
saúde das populações, pois um olhar atento para sua dinâmica permite a organização do processo de
trabalho com base nas necessidades e demandas de saúde da população.
▶ Na UBS Flores, a aula de dança ocorrerá duas vezes por semana, em um horário que permita
a participação das pessoas, após a jornada de trabalho.
▶ No território da UBS Colinas, além da continuidade da caminhada, a gestão municipal irá soli-
citar a disponibilização de um profissional de educação física da Secretaria de Educação, para
ofertar atividades coletivas de jogos adaptados na escola do bairro.
▶ Um espaço coberto da Secretaria de Assistência Social será disponibilizado para que as ativida-
des da UBS Flores, nos dias chuvosos, possam ser desenvolvidas.
▶ A gestão municipal irá adquirir equipamentos de som para as duas unidades de saúde.
▶ Serão distribuídas, periodicamente, fichas de avaliação das atividades para monitorar a satis-
fação dos usuários e permitir mudanças quando necessárias.
O GT se reuniu algumas vezes e, também, discutiu a opção de utilizar o Modelo Lógico, apresentado
na Unidade 3, para o planejamento.
140
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN4
Município de Beira
Objetivo: ampliar o acesso da população do distrito à atividade física enquanto prática de promoção
da saúde e qualidade de vida.
Insumos/recursos: a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) possui recursos próprios para investir em
melhorias para alcançar o objetivo e incluiu no planejamento pleitear recursos do Ministério da Saúde
por meio do Incentivo de Atividade Física- IAF.
Resultados intermediários: manutenção da prática de atividade física por meio de maior assiduida-
de dos participantes.
Fatores influenciadores: clima, condições de saúde das pessoas, apoio da gestão municipal e maior
engajamento da equipe de saúde ao indicar as atividades.
Vale lembrar que o Modelo Lógico serve como uma referência no processo de planejamento e imple-
mentação de ações, programas e políticas, incluindo o processo de construção do PPA, ou seja, é um
quadro que deve ser revisitado sempre, pois suas informações nos fazem retomar o objetivo inicial,
verificar se o estamos alcançando ou estamos próximos de alcançá-lo, assim como tomar decisões
quanto à reformulação das atividades propostas para que o objetivo seja atingido.
Você, estudante, chegou até aqui e pode ter se perguntado: como a ação, o programa, a política ou a
oferta de atividades físicas já existia, faz sentido pensar e formular um Modelo Lógico?
A construção de um Modelo Lógico pode orientar com relação aos objetivos, às expectativas e às
avaliações já que ele será uma estratégia que sobre as ações que estão sendo desenvolvidas e outras
que eventualmente tenham que ser implementadas. Se a ação, o programa e a política já existem,
serão considerados no Modelo Lógico os fatores importantes para o alcance dos seus resultados,
inclusive para a expansão das ações. Por exemplo, o Programa Academia da Cidade (PAC) de Recife
(PE) se tornou uma experiência reconhecida e uma das iniciativas utilizadas pelo Ministério da Saúde
para a formulação do Programa Academia da Saúde (PAS), após sucessivas avaliações, inclusive com
atores externos ao programa.
141
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN4
Município de Beira
Caminhada
1 2
Colinas Jogos Sem dados 120
1 1
adaptados
Sem
Campos — — — —
atividades
Com isso, os participantes do GT poderiam pensar juntos acerca dos indicadores de monitoramento:
A seguir apresentamos exemplos de indicadores que podem servir de inspiração e indicadores da ficha
do Serviço de Orientação ao Exercício (SOE) de Vitória (ES) e do Programa Academia da Saúde (PAS).
Nome Objetivo
Taxa de satisfação dos usuários com o SOE Avaliar a satisfação do usuário com a
estrutura, atendimento pelo profissional e
atividades ofertadas pelo SOE
Perfil do público atendido pelo SOE Avaliar o perfil dos usuários atendidos pelo
SOE
142
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN4
Componente Descrição
6. Periodicidade Quadrimestral.
A seguir, confira a descrição de alguns componentes-padrão e tipos de indicadores que podem compor
uma Ficha de Qualificação de Indicadores apresentados no Caderno Técnico de Apoio à Implantação
e Implementação do Programa Academia da Saúde (PAS), de 2019.
143
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN4
Componente Descrição
Fonte: Rede Interagencial de Informações para Saúde (2012) apud Ministério da Saúde, Caderno
Técnico de Apoio à Implantação e Implementação do Programa Academia da Saúde (2019).
LINKS
Confira, agora, os tipos de indicadores do Programa Academia da Saúde (PAS) – indicadores de estru-
tura e de resultados – e seus objetivos, seus métodos de cálculo e suas metas.
144
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN4
Fonte: Rede Interagencial de Informações para Saúde (2012) apud Ministério da Saúde, Caderno
Técnico de Apoio à Implantação e Implementação do Programa Academia da Saúde (2019).
SAIBA MAIS
Até aqui demos enfoque às análises e ações relacionadas à oferta de atividades físicas, certo? Mas é
importante destacar que outros enfoques são possíveis, como, por exemplo, os que veremos a seguir.
É possível monitorar o nível de atividade física da população usuária das unidades de saúde por meio
do questionário da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) – inquérito de saúde de base domiciliar, de
âmbito nacional, realizada pelo Ministério da Saúde – que pode ser visto aqui (Módulo P) conforme
mostrado a seguir.
145
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN4
SAIBA MAIS
Método de cálculo:
Percentual de indivíduos de 18 anos ou
mais que praticam no lazer atividades Número de indivíduos de 18 anos ou
físicas vigorosas* por 75 minutos ou mais mais que praticam atividade física × 100
por semana, ou atividades leves ou no lazer no tempo recomendado
moderadas** durante 150 minutos ou
mais por semana. Total de indivíduos de 18 anos ou mais
146
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN4
Continuando com a compreensão de que outros enfoques são possíveis para além da oferta de
atividades física, imaginemos que o desafio identificado nas pessoas usuárias de uma unidade de
saúde é o alto número de pacientes com suspeita e/ou diagnóstico de glicemia em jejum alterada e/
ou diabetes mellitus tipo 2. A demanda é a construção de possibilidades de oferta de atividade física
como parte do cuidado.
Não é esperado que ocorram alterações substanciais nos indicadores de internação, prevalência ou
incidência das DCNTs em curto e médio prazos. Isso não necessariamente significa uma ineficácia de
um programa de atividade física. Nesse caso, o número de adultos com diabetes que aderiram e se
mantiveram no programa já pode ser considerado um efeito positivo das ações do planejamento local.
Por meio desses Painéis de Indicadores podemos acompanhar se e como a população brasileira está
praticando atividade física.
Brasil
Total Capitais
0 5 10 15 20 25 30 35 40
IC: Intervalo de confiança Fonte: Fiocruz. Painel de Indicadores de Saúde – Pesquisa Nacional de Saúde (PNS).
147
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN4
Agora, vamos dar continuidade aos estudos conferindo o acompanhamento dos dados dos sistemas
de informação do Ministério da Saúde e de outras fontes de dados no âmbito do SUS.
Município de Beira
É o sistema de informação da APS vigente para fins de financiamento e de adesão aos programas e
estratégias da Política Nacional de Atenção Básica que propõe o incremento da gestão da informação,
a automação dos processos, a melhoria das condições de infraestrutura e a melhoria dos processos
de trabalho. Com o SISAB é possível obter informações da situação sanitária e de saúde da população
do território por meio de relatórios de saúde, bem como de relatórios de indicadores de saúde por
estado, Distrito Federal, município, região de saúde e equipes e das atividades e atendimentos reali-
zados nas unidades de saúde da APS.
148
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E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN4
No SISAB é possível analisar as atividades coletivas relacionadas à atividade física que o município vem
ofertando. Em agosto de 2022, no Brasil, foram ofertadas pouco mais de 94.000 atividades coletivas
relacionadas às atividades físicas por equipes de APS com mais de 1.330.000 participantes. Você pode
ter acesso a essa informação sobre o seu município.
149
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O Fundo Nacional de Saúde (FNS) é o gestor financeiro dos recursos destinados a financiar as despe-
sas correntes/custeio e de capital/investimento repassados pelo Ministério da Saúde aos órgãos e às
entidades da administração direta e indireta, integrantes do SUS, contribuindo para o fortalecimento
da cidadania, mediante a melhoria contínua do financiamento das ações de saúde. Ainda, é respon-
sável pela gestão do capital tendo como base o Plano Nacional de Saúde e o Planejamento Anual
do Ministério da Saúde, nos termos das normas definidoras dos Orçamentos Anuais, das Diretrizes
Orçamentárias e dos Planos Plurianuais.
Os recursos alocados junto ao FNS são transferidos para os estados, municípios e o Distrito Federal
para que esses entes realizem de forma descentralizada ações e serviços de saúde, bem como para
que invistam na rede de serviços e na cobertura assistencial e hospitalar, no âmbito do SUS.
150
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E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN4
No FNS, por meio dos Painéis de Informações – Repasses Fundo a Fundo, é possível conhecer os
recursos financeiros que o município recebeu. Em 2021, até a data que foi realizada a consulta, foram
repassados R$ 45.612.000,00 de recursos federais do Ministério da Saúde para o custeio do Programa
Academia da Saúde em 1.255 municípios brasileiros.
Outras pesquisas como a PNS (sobre a qual já trouxemos o painel de indicadores) e o sistema de Vigi-
lância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) também
nos ajudam a compreender a situação da população brasileira no tocante à atividade física e podem
fornecer informações relevantes para pensar em indicadores que contribuam para o processo de
monitoramento e avaliação.
É importante dizer que o registro de dados nos instrumentos de gestão, como o Plano
Municipal de Saúde, a Programação Anual de Saúde, o Relatório Anual de Gestão (RAG)
na plataforma digital DigiSUS Gestor – Módulo Planejamento (DGMP), dentre outros,
pode trazer informações imprescindíveis para o monitoramento e a avaliação das
ações de promoção da saúde, e consequentemente da promoção da atividade física.
Município de Beira
Vamos voltar a refletir conjuntamente com o GT do município de Beira e olhar o que foi pactuado em
relação à questão de avaliação: “O que contribuiu ou dificultou o acesso das pessoas às iniciativas
das Unidades de Saúde do município de Beira que ofertam atividade física?”, pensando em algumas
estratégias para apoiar o monitoramento e avaliação:
▶ Acompanhar o SISAB e analisar se houve aumento na participação nas atividades físicas a partir
da mudança de horário, da disponibilidade de novos espaços e de equipamentos adequados.
▶ Verificar se foi feito o registro no CNES do profissional de educação física da secretaria da
educação, que ofertará as atividades coletivas de jogos adaptados na escola do bairro.
151
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN4
Além dos sistemas de informação em saúde existentes, outras avaliações periódicas podem ser uma
possibilidade de acompanhamento. Monitorar a satisfação, por exemplo, permite identificar as po-
tencialidades e fragilidades a partir da percepção dos participantes das atividades propostas. Confira
a seguir algumas indicações de estratégias de monitoramento do Programa Academia da Saúde uti-
lizadas por gestores municipais.
Solicitação de
38% 35% 27%
relatório ao SISAB
Aplicação de questionários
23% 41% 36%
com os usuários
Registra os procedimentos
em planilha eletrônica 33% 32% 35%
Relatório
81% 10% 9%
do SISAB
0 20 40 60 80 100
Desta forma, uma única abordagem metodológica pode ser insuficiente para compreensão das com-
plexas práticas em saúde, o que pode demandar perspectivas quantitativas e qualitativas. Assim, os
sistemas tradicionais de informação em saúde necessitam dessa complementaridade.
▶ Relatos de acolhimento humanizado pelos usuários (afetados pelo problema) que realizam as
atividades físicas nas unidades de saúde.
▶ Análise e reflexão a partir da discussão de caso, Projeto Terapêutico Singular e/ou Matriciamento.
152
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN4
Acompanhe, agora, algumas estratégias para sistematizar, analisar os dados e comunicar os resulta-
dos. Confira características e orientações sobre cada etapa!
Esta etapa requer a análise, interpretação de dados e reflexão sobre os resultados em vários estágios
do monitoramento e avaliação.
A partir das informações e dos dados que foram coletados nos sistemas de informações em saúde e
em outros espaços, será necessário organizar, pensar, debater e analisar as informações coletivamen-
te para garantir os diferentes pontos de vista que contribuam à reflexão sobre as informações úteis
capazes de ajudar na compreensão das práticas e no fortalecimento de ações, programas e políticas
de promoção da atividade física.
Município de Beira
Olhando para o exemplo do município de Beira, que estabeleceu o indicador “Número de ações de ati-
vidade física ofertadas nas unidades de saúde Flores e Colinas e registradas no SISAB”, quais informações
seriam necessárias para analisar as unidades de saúde do distrito? Quantidade de ações de atividades
físicas realizadas nas unidades de saúde Flores e Colinas e registradas no SISAB.
Agora, além do número de ações de atividade física realizadas nas unidades de saúde e registradas no
SISAB, também precisaremos saber: Número de profissionais cadastrados no CNES nas unidades de
saúde Flores e Colinas que realizam ações de atividade física.
A partir daí, o GT calculou a média do número de ações de atividade física ofertadas nas unidades de
saúde Flores e Colinas e registradas no SISAB de cada profissional que oferece essas ações: Número
de ações de atividade física realizadas nas unidades de saúde e registradas no SISAB ÷ Número de
Profissionais cadastrados no CNES nas Unidades de Saúde Flores e Colinas que ofertam ações de
atividade física = 63 ÷ 3 = 21. E, em média, 7 atividades por profissional por mês = 21 ÷ 3.
Então, como ficou a participação das pessoas durante esse período? Confira no quadro!
Caminhada
1 2 26
Colinas Jogos 120
1 1 15
adaptados
Sem
Campos - - - -
atividades
153
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN4
O que nos indicará que houve aumento de 50% nas atividades de dança (aumentou de 28 para 42
pessoas por dia) e de 30% na caminhada (aumentou de 20 para 26 pessoas por dia) e o número de
participantes (15) dos jogos adaptados foi considerado satisfatório.
Os dados apresentados acima permitem ao GT afirmar que as medidas adotadas podem ser conside-
radas promissoras, levando em conta a pergunta de avaliação: “O que contribuiu ou dificultou o acesso
das pessoas às iniciativas das unidades de saúde do município de Beira que ofertam atividade física?”.
Essas medidas contribuíram para a ampliação do acesso e a permanência na prática de atividade física.
Lembre que o monitoramento e avaliação são processosdevem ser atividades perenes, de forma a
acompanhar o que está dando certo ou não e atuar para corrigir ou fortalecer as ações, programas e
políticas.
Olhar para as possíveis interpretações, de acordo com interesses, motivações, saberes e contribuições
de todos os participantes do GT, nos ajuda a entender a importância e magnitude das conquistas que
foram alcançadas:
▶ Gerentes das unidades de saúde e profissionais de saúde: maior satisfação ao ver o fruto do
seu trabalho ser bem avaliado e trazendo benefícios individuais e coletivos para a população
usuária.
REFLEXÃO
A partir do que foi descrito até aqui, como você iniciaria um processo de plane-
jamento, monitoramento e avaliação na Unidade de Saúde Campos a partir da
decisão em implementar a oferta de atividades físicas?
Confira, então, como pode ocorrer o monitoramento e a avaliação de ações intersetoriais. Aproveite
para continuar aprofundando conhecimentos sobre o tema.
Município de Beira
O GT do município de Beira após essas ações iniciais refletiu sobre a possibilidade de ampliação da
formação do GT e das ações específicas do setor saúde para incluir outros setores do município.
Imagine que o GT tenha decidido incentivar o trabalho intersetorial e colaborativo por meio do trans-
porte ativo (isto é, se deslocar, ir de um lugar ao outro por meio da caminhada ou uso da bicicleta,
patins, skate, patinete – equipamentos que não sejam elétricos ou motorizados). Para isso, algumas
ações poderiam ser implementadas por diferentes setores governamentais.
154
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN4
Secretaria de Comunicação
Planejar a criação de infraestrutura para o uso de ciclovias, ciclorrotas, faixas para o uso
de bicicletas ou outros equipamentos não-elétricos e/ou não-motorizados e calçadas –
mantendo-as em condições adequadas para a caminhada e viabilizando a comunicação
entre as principais ruas e avenidas do município. Aqui é importante lembrar que algu-
mas medidas não demandam recursos, obras, processos licitatórios etc. Ruas de lazer,
que são aquelas fechadas para o trânsito de veículos automotores em determinados
dias e horários ou a redução do limite de velocidade em algumas vias, é um exemplo de
ação que não necessariamente demanda novos recursos e obras.
Secretaria de Transporte
Secretaria da Saúde
REFLEXÃO
A partir do exemplo acima, quais indicadores você recomendaria para serem
monitorados e avaliados pelo GT do município de Beira?
155
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN4
▶ Quantidade de medicamentos dispensados nas farmácias das unidades básicas de saúde para
quem iniciou ou aumentou a realização de atividade física no deslocamento.
Lembre-se de que algumas informações e dados necessários para a construção dos indicadores ci-
tados estão nos sistemas de informação da saúde e outros precisam ser criados e pactuados com
outros setores do município. Por exemplo, um questionário que permita identificar quem passou a se
deslocar ativamente a partir do plano para incentivar o transporte ativo irá possibilitar o cálculo per-
centual das pessoas que, na área de cobertura da unidade de saúde, utilizam o transporte ativo para
ir e voltar do trabalho/escola. Também possibilitará o cálculo percentual de pessoas que iniciaram ou
aumentaram a atividade física no deslocamento e conseguiram controlar a hipertensão, o diabetes e/
ou o peso corporal.
Comunicar os resultados se refere a dar retorno aos envolvidos (gestores, profissionais, usuários,
parceiros, dentre outros) acerca do que foi alcançado ou não, de forma a dar subsídios para a tomada
de decisão. Essa comunicação pode ser feita de várias formas: exposição dialogada, relatórios, divul-
gação nas redes sociais, rodas de conversa, apresentação em audiências públicas etc.
É cada vez mais comum que as prefeituras e secretarias municipais de saúde tenham perfis nas redes
sociais digitais, que podem ser os canais de divulgação dos resultados. O objetivo é que eles auxiliem
na reflexão sobre potenciais aspectos positivos e negativos e identificação de caminhos e possibili-
dades de melhoria, que aprimorem as ações, os programas e as políticas de promoção da atividade
física. A divulgação dos resultados também demonstra o compromisso com a transparência da gestão
e dos gestores em atuar em prol da população.
156
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN4
Nos casos em que se espera falar com todos, independente de perfil, é comum acabar
não comunicando com ninguém, pois pessoas diferentes não se identificam com o
mesmo tipo de informação. Assim, é importante adequar a comunicação de acordo com
a audiência. A forma pode ser diferente para um gestor do que para as pessoas partici-
pantes das atividades.
No caso do município de Beira, por exemplo, os resultados farão mais sentido para os
participantes das atividades? E para os usuários das unidades de saúde? Certamente é
desejável que mais pessoas conheçam os resultados, mas a forma de divulgação terá que
ser ampla, mas distinta entre as pessoas que vivenciaram as práticas e aquelas que não
participaram.
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PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN4
Município de Beira
A partir do nosso caso, uma estratégia de comunicação foi pactuada pelo GT e considerou a possibi-
lidade de envolver os setores de comunicação formais e não formais para a criação dos materiais e
para a divulgação dos resultados. A Secretaria de Saúde informará os participantes das atividades e
todas as unidades de saúde do município sobre o êxito das ações implementadas a partir da constitui-
ção do GT, que culminou no aumento da participação das atividades nas unidades de saúde Flores e
Colinas. Tal divulgação se dará por meio de reunião aberta na câmara de vereadores e de live no perfil
da rede social digital.Espera-se que mais usuários das unidades de saúde do município se interessem
em participar das atividades, pois o gestor compreendeu que, além de benefícios para a saúde e
qualidade de vida, as ações melhoram a avaliação da gestão municipal, que já planeja expandir as
atividades para os outros distritos do município.
Assim, espera-se que a comunicação seja mais do que simplesmente transmitir infor-
mações e que estas sejam também um espaço de diálogo entre todos os envolvidos
de forma que possa auxiliar na reflexão sobre potencialidades e fragilidades, bem
como na identificação de caminhos e possibilidades da melhoria e aprimoramento
contínuos das ações, dos programas e das políticas de promoção da atividade física.
Nos processos comunicativos que destacam a importância da atividade física, lembre-se de não culpa-
bilizar ou estigmatizar aqueles que ainda não a praticam, pois já aprendemos ao longo do curso que
pode haver barreiras além das individuais, que dificultam ou impedem as pessoas de se engajarem. É
muito importante o diálogo compreensivo, com escuta e acolhimento das pessoas com dificuldades
de incluir a atividade física na sua rotina, assim como buscar fazer novos e diferentes convites para
que elas possam refletir e, quem sabe, dar uma chance a experimentar a atividade física.
4.2.5 | Criação de espaços coletivos para dar sustentabilidade aos processos participativos
e colaborativos de monitoramento e avaliação
158
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN4
das Cidades Educadoras etc. poderá beneficiar e fortalecer as ações e os programas locais, além de
otimizar recursos humanos e financeiros.
Você, estudante que chegou agora ao final desta Unidade, percebeu que falamos de processos de
monitoramento e avaliação relacionados ao SUS e à APS, mas não podemos nos esquecer de que há
outros sistemas de informação sobre condições de vida e saúde em outros setores públicos ou não-
-governamentais que podem apoiar a implementação de ações, programas e políticas de promoção
da atividade física.
O monitoramento e a avaliação consistem na execução de uma série de ações que devem seguir
uma sequência. Esta sequência inicia com a a formulação de uma pergunta de avaliação, seguindo
para a formação do Grupo de Trabalho; proposição de indicadores (incluindo fontes de consulta, por
exemplo: sistemas de informações em saúde, comunidade beneficiada etc.) e definição de como os
resultados serão comunicados. Avançando, temos a definição das ações para tornar o processo de
monitoramento e avaliação permanentes, considerando a realidade e o contexto do território onde o
planejamento para a promoção da atividade física será realizado.
Monitorar a implementação de ações das estratégias nos planos de promoção da atividade física,
quer seja do Planos Municipais de Saúde (PMS) ou de programas mais específicos de intervenção,
tem uma importância essencial no sentido de fornecer a todos os envolvidos, gestores, profissionais e
população-alvo, as informações necessárias para a manutenção ou até o reforço das ações ou mesmo
uma eventual necessidade de correção da rota das ações.
Nós, Fabio, Luis e Evelyn, nos despedimos de você com um forte abraço, esperamos que tenha gosta-
do e visto possibilidades concretas de aplicação dos conteúdos do curso na sua atuação cotidiana na
gestão e serviços de saúde do SUS. Nos vemos por aí, nas unidades de saúde, nos polos do Programa
Academia da Saúde, enfim, nos territórios nos quais a saúde é produzida diariamente Brasil afora.
159
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
E SUA INSERÇÃO NOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DO SUS UN4
4.4 | Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Sistema de Informação em Saúde para Atenção Básica (Sisab).
https://sisab.saude.gov.br/. Acesso em: 12 out. 22.
BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Painel de Indicadores de Saúde
da Pesquisa Nacional de Saúde. https://www.pns.icict.fiocruz.br/painel-de-indicadores-mobile-
desktop/.Acesso em: 12 out. 22.
WHO – World Health Organization 2022. Global status report on physical activity 2022. https://
www.who.int/publications/i/item/9789240059153. Acesso em: 18 out. 22.
160
ENCERRA ME N TO D O CU R S O
Estamos chegando não só ao final da Unidade 4, mas também do curso de promoção da atividade
física para profissionais e gestores de saúde. Nele passamos por diferentes fases do processo de pla-
nejamento e implementação de ações, programas e políticas de promoção da atividade física na APS.
Resgatamos as palavras finais da Unidade 2: você, estudante do nosso curso, não está sozinho para
debater, planejar e implementar ações e programas de promoção da atividade física. Ao longo do
curso você viu que vale a pena investir nessa área e, acreditamos que mais ferramentas foram acres-
centadas ao seu fazer cotidiano, para que haja êxito em iniciativas e debates sobre o tema.
Agradecemos sua companhia até aqui e esperamos que tenha sido uma caminhada tranquila e agradá-
vel. Saiba que, apesar de aparentemente solitária, na frente de uma tela, estávamos aqui desde o início
debatendo, refletindo, revisando e preparando o conteúdo e a trajetória metodológica deste curso.
161
MI NI CURRÍ CU LO D O S AU TO R E S
Doutora em Ciências pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP - USP),
mestre em Ciências do Movimento Humano (UFRGS) e mestre em Saúde Coletiva (UFRGS). Atualmente
é pesquisadora no Centro de Estudos, Pesquisa e Documentação em Cidades Saudáveis (CEPEDOC) e
faz pós-doutorado na Faculdade de Saúde Pública da USP. Tem interesse em estudos sobre Sistemas
e Políticas Públicas de Saúde, Saúde Urbana, Sociologia da Saúde, Saúde Coletiva, dimensões sociais
das atividades físicas e saúde, determinantes sociais da saúde, implementação de programas de Pro-
moção da Saúde e cidades saudáveis.
Doutor e mestre em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP), assim
como, graduado em educação física pelo Centro Universitário da Cidade (UniverCidade). Atualmente é
Tecnologista em C&T do Ministério da Saúde, lotado no Instituto Nacional de Câncer (INCA). É também,
membro do Grupo de Trabalho de Promoção da Saúde e Desenvolvimento Sustentável da Associação
Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e do Grupo de Trabalho de Atividade Física e Saúde do Colégio
Brasileiro de Ciências do Esporte (CBCE). Tem experiência na área de Promoção da Saúde, atuando
principalmente nos temas de Práticas Corporais e Atividades Físicas, Gestão da Atenção Básica, Saúde
Coletiva e em Prevenção de Câncer.
162
Inaian Pignatti Teixeira
Doutor em Atividade Física e Saúde e mestre em Biodinâmica da Motricidade pela Universidade Esta-
dual Paulista (UNESP), especialista em Fisiologia do Exercício e Ciência do Esporte pela Universidade
Federal de Uberlândia (UFU) e graduado em Educação Física também pela UFU. Fez pós-doutorado na
Escola de Engenharia de São Carlos (USP), na Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP e na
School of Geography and the Environment (University of Oxford). Atualmente é professor no curso de
Educação Física da Universidade do Estado de Minas Gerais (Passos).
Mestra em Ciências da Motricidade pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), licenciada e bachare-
la em Educação Física pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais
(IFSULDEMINAS). É doutoranda na Universidade Estadual Paulista (UNESP) na linha de Intervenção
pelo Movimento na Saúde. Possui experiência na área da Promoção de Atividade Física em popula-
ções de adultos, idosos, bem como, no desenvolvimento de Políticas Públicas para profissionais que
atuam no nível da Atenção Primária à Saúde do Sistema Único de Saúde.
Mestre em Educação Física pela Universidade São Judas Tadeu (USJT) e possui graduação em educação
física pela Escola Superior de Educação Física de São Caetano do Sul. Atua como membro do Grupo de
Pesquisas em Promoção da Atividade Física e Saúde do Programa de Pós-graduação da USJT; consultor
técnico-científico da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo / Programa Agita São Paulo; Instrutor
de pesquisa do Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul (CELAFISCS).
Tem experiência na área de Educação Física, com ênfase em Atividade Física e Saúde, atuando princi-
palmente nos seguintes temas: atividade física do escolar, atividade física do trabalhador e promoção
da atividade física na comunidade.
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Margarethe Thaisi Garro Knebel
Doutoranda em Nutrição em Saúde Pública na Faculdade de Saúde Pública (USP), mestra em Edu-
cação Física pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e possui bacharelado em Educação
Física pela Universidade Federal de Minas Gerais. Colaboradora no Grupo de Estudos e Pesquisas
Epidemiológicas em Atividade Física e Saúde (GEPAF/USP).
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Ouvidoria Geral do SUS
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