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rápicos na Atenção Básica, concebido, desenvolvido e ofertado pela parceria entre o Ministério da Saúde, a Fundação
Oswaldo Cruz e a Universidade Federal do Pará.
O curso completo pode ser acessado em: www.avasus.ufrn.br
Coordenação Geral
Joseane Carvalho Costa
Reitoria
Emmanuel Zagury Tourinho
Vice-Reitoria
Gilmar Pereira da Silva
Pró-Reitoria de Extensão
Nelson José de Souza Júnior
Coordenação Administrativa
Ivanete Guedes Pampolha
2016 Ministério da Saúde | Fundação Oswaldo Cruz | Universidade Federal do Pará
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to pela mesma licença 4.0 Internacional. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra em qualquer suporte ou
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rio da Saúde [www.bvsms.saude.gov.br]. Todo o material do curso também está disponível na RetisFito [www.retisfito.
org.br] e no repositório institucional UFPA Multimídia [www.multimidia.ufpa.br].
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Silvana Cappelleti Nagai Andrea Cristina Lovato Ribeiro bvsms.saude.gov.br
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Coordenação Pedagógica Joseane Carvalho Costa FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ
Andrea Cristina Lovato Ribeiro Lairton Bueno Martins Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e
Nilva Lúcia Rech Stedile Paulo Roberto Sousa Rocha Promoção da Saúde
Silvana Cappelleti Nagai Av. Brasil 4365, Castelo Mourisco, sala 18,
Manguinhos
Coordenação Pedagógica em EaD CEP: 21040-900 – Rio de Janeiro/RJ
Maria Ataide Malcher Consultoria e Revisão em EaD Fone: (21) 3885-1838
Marianne Kogut Eliasquevici Felipe Jailson Souza Oliveira Florêncio Site: http://portal.fiocruz.br/pt-br/vpaaps
Sônia Nazaré Fernandes Resque Maria Ataide Malcher E-mail: vpaaps@fiocruz.br
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Concepção e Avaliação de Recursos Sônia Nazaré Fernandes Resque Este conteúdo está disponível em: www.
Suzana Cunha Lopes retisfito.org.br
Multimídia em EaD
Fernanda Chocron Miranda UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
Suzana Cunha Lopes Direção de Arte Assessoria de Educação a Distância
Acquerello Design Av. Augusto Corrêa, 01, Guamá
Concepção e Comunicação Visual CEP: 66075-110 – Belém/PA
Rose Pepe Ilustração e Grafismos Fone: (91) 3201-8699/3201-8700
Roberto Eliasquevici Andreza Jackson de Vasconcelos Site: www.aedi.ufpa.br
Weverton Raiol Gomes de Souza E-mail: labmultimidia.aedi@gmail.com
ISBN 978-85-65054-41-6
2.1 Exemplos de aplicação de plantas medicinais e fitoterápicos nos tratamentos dos sistemas orgânicos | 19
Uma só planta medicinal é capaz de atuar em diferentes sistemas biológicos e isso só é possí-
vel devido à riqueza em princípios ativos na sua composição. Em relação a esse aspecto, é de
suma importância que você procure compreender os efeitos específicos dos princípios ativos
que são determinados pela característica química das plantas com que estiver trabalhando.
Nesse sentido, este texto visa oferecer a você, profissional de saúde, subsídios para a indica-
ção e prescrição de plantas medicinais e fitoterápicos, por meio do conhecimento das princi-
pais classes de bioativos com atividade terapêutica e toxidez, além de informações tradicio-
nais e científicas atualizadas sobre Fitoterapia aplicada na terapêutica dos diversos sistemas
orgânicos humanos.
Assim, nesta Etapa, serão abordados dois grandes tópicos. Primeiro você será introduzido à
farmacologia de plantas medicinais e fitoterápicos, além da farmacocinética e farmacodinâ-
mica dos diversos grupos de drogas vegetais. Em um segundo momento, poderá ver estudos
de caso em que se faz uso das plantas medicinais e dos fitoterápicos como terapêutica. Além
deste texto, são também disponibilizados outros materiais em diversos formatos com esses
conteúdos, tais como: infográfico, apresentação em slides, vídeo sobre os parâmetros para
indicação e prescrição de fitoterápicos pelos profissionais de saúde e histórias em quadrinhos
com estudos de casos que têm por objetivo auxiliar no desenvolvimento do seu raciocínio
clínico na indicação das plantas medicinais e dos fitoterápicos para o tratamento de enfermi-
dades nos diversos sistemas do corpo humano.
O uso das plantas medicinais está inserido na história da medicina e da farmácia. Se hoje é
possível encontrarmos fitoterápicos que podem servir como medicamento de primeira esco-
lha no tratamento de algumas patologias, esse fato deve-se à recomendação da Organização
Mundial da Saúde de incluir a Fitoterapia como prática na saúde pública. Por isso, observam-
se, em diversos países, investimentos consideráveis, colocando essa terapêutica em um pata-
mar não como prática alternativa, e sim como complementar. Já no Brasil, o marco da efeti-
vação das práticas integrativas e complementares deu-se no ano de 2006, com a implantação
da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) e, em 2008, com
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a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, sendo observada a expansão da
Fitoterapia no serviço de saúde pública e maior engajamento para oferta no Sistema Único de
Saúde.
A partir das informações aqui apresentadas e das atividades desta Etapa 4, você poderá apro-
ximar um pouco mais o conhecimento das plantas medicinais e da Fitoterapia ao seu cotidia-
no profissional.
Bons estudos!
07
1 INTRODUÇÃO À FARMACOLOGIA DE
PLANTAS MEDICINAIS E FITOTERÁPICOS
1.1 Conceitos básicos
Para iniciar seus estudos neste tópico, é importante que você tenha clareza de alguns concei-
tos relacionados à farmacologia de plantas medicinais e de fitoterápicos.
A farmacologia é a ciência que estuda a ação terapêutica dos fármacos no organismo vivo. É
altamente especializada, dividindo-se nas seguintes ramificações: farmacologia geral, farma-
cocinética, farmacodinâmica e toxicologia. O estudo das plantas medicinais e de fitoterápicos
deve se apoiar na farmacologia para o entendimento da ação dos fitofármacos e seus efeitos
terapêuticos.
Nos estudos farmacológicos, devem-se considerar dois fatores preponderantes, que são a to-
xicidade e a atividade farmacológica. Além disso, é relevante atentar para a existência de dois
sistemas terapêuticos: a Alopatia e a Homeopatia. A Fitoterapia faz parte do sistema alopáti-
co (Quadro 01), logo, todos os aspectos que devem ser aplicados para outros medicamentos
desse sistema terapêutico valem, também, para os fitoterápicos.
Quadro 01 Os sistemas de tratamento e medicamentos correspondentes
Sistema Terapia Medicamento Matéria-prima
Vegetal, animal
Homeopatia Homeoterapia Homeoterápico
e mineral
Inorgânica natural
Alopatia Inorgânica Quimioterapia Quimioterápico
e sintética
Alopatia Quimioterapia Orgânica sintética
Quimioterapia Quimioterápico
Orgânica e natural
08
1.2 Planta medicinal e fitoterápico
No estudo da fitofarmacologia é de grande importância saber diferenciar e definir planta me-
dicinal e fitoterápico. Planta medicinal é qualquer planta, ou parte desta, capaz de provocar
um efeito biológico. Pode ser aplicada diretamente na terapêutica ou processada para ob-
tenção de um fitoterápico. Já o fitoterápico é o produto final, apresentado como uma forma
farmacêutica e uma fórmula farmacêutica.
Os princípios ativos que determinam a possível ação farmacológica da planta medicinal e dos
fitoterápicos são os fitofármacos, que podem ser considerados os marcadores farmacológi-
cos desses produtos e/ou marcadores fitoquímicos. Esses elementos são importantes para a
definição do controle de qualidade desses produtos.
09
Quanto à formulação, os fitoterápicos podem ser classificados em:
Simples: se apenas um derivado vegetal ativo compõe a formulação. Como exemplo, tem-
se a tintura de Passiflora edulis, indicado para ansiedade.
Compostos: se mais de um derivado vegetal como princípio ativo compõe a formulação.
Como exemplo, tem-se a tintura composta de Passiflora edulis e Melissa officinalis, indicada
para ansiedade.
Baixo risco de intoxicação: o uso da planta medicinal consolidado ao longo tempo opor-
tuniza que sejam realizadas observações em relação às ocorrências de possíveis intoxicações.
Como exemplo, tem-se a Lantana camara, conhecida como cambará. Enquanto essa planta
provoca intoxicações no gado ao ingeri-la nos pastos, devido à presença de cumarinas, na te-
rapêutica fitoterápica é usada como expectorante. Nesse caso específico, as observações e o
uso ao longo do tempo tornaram possível chegar à concentração ideal da planta para que não
provoque intoxicações ao homem.
Fácil administração: as formas farmacêuticas mais empregadas para as plantas medici-
nais e para os fitoterápicos são de administração oral e tópica, tais como: comprimidos, cáp-
sulas, xaropes, soluções, cremes, géis, pomadas, loções, entre outras.
Fácil disponibilidade: plantas medicinais e fitoterápicos já com uso consagrado pela popu-
lação de determinadas regiões são de fácil acesso.
Efeitos colaterais mínimos: os efeitos são menores principalmente para plantas medici-
nais e fitoterápicos obtidos a partir de espécies que possuem uma longa história de uso tradi-
cional.
Atenção!
O baixo custo das plantas medicinais e fitoterápicos que poderia ser uma vantagem, atual-
mente, tem sido objeto de discussão, uma vez que é possível encontrar no mercado farma-
cêutico produtos fitoterápicos de alto custo comercial, cuja justificativa para a elevação des-
ses preços está baseada nos complexos processos para obtenção de extratos padronizados.
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No que se refere à plantação e colheita, um dos desafios é a manutenção da qualidade desses
produtos relativos à presença dos princípios ativos que definem os possíveis efeitos terapêu-
ticos. Para tanto, é necessária a aplicação de técnicas rigorosas relacionadas à plantação e à
colheita para a obtenção de fitoterápicos de qualidade.
Você poderá
complementar esse
assunto acessando
a apresentação
de slides sobre o
1.4 Aspectos técnicos importantes para a farmacologia de
cultivo de plantas
medicinais e boas
fitoterápicos
práticas agrícolas
na Etapa 2. Para os estudos dos fitoterápicos, você pode considerar como importantes os seguintes
aspectos:
Forma farmacêutica: as formas fitoterápicas podem ser líquidas (extratos, tinturas, xa-
ropes, soluções, emulsões, etc.) e semi-sólidas (pomadas, cremes e géis) e sólidas (cápsulas,
comprimidos e drágeas). Devem ser definidas conforme as características dos marcadores da
espécie medicinal. Sua não observância poderá comprometer a atividade terapêutica.
Fórmula farmacêutica: representa a associação do princípio ativo e os adjuvantes/exci-
pientes, bem como a composição de um medicamento, em que se define a somação, poten-
ciação, sinergismo ou antagonismo dos princípios ativos das espécies vegetais, além da ade-
quada apresentação e boa estabilidade do produto.
Atenção!
É de suma importância o conhecimento das características químicas dos marcadores da es-
pécie medicinal a ser utilizada para evitar a ocorrência de interações farmacotécnicas inviá-
veis, que poderão comprometer o efeito farmacológico/terapêutico do produto.
Plantas empregadas diretamente na terapia: são empregadas sob a forma de droga ve-
getal, in natura ou em associação formando as espécies para infusos ou decocção.
Plantas que constituem matéria-prima para manipulação galênica: oferecem subprodu-
tos a serem utilizados em determinadas formas e formulações farmacêuticas. Como exemplo,
têm-se as mucilagens, importantes para a definição da viscosidade de determinados produtos
11
e que podem ser obtidas diretamente de algumas espécies vegetais, no caso, os aloés.
Plantas que constituem matéria-prima para indústria: apresentam fitofármacos que po-
dem servir de precursores em semi-síntese, por exemplo, os esteroides, para obtenção de
corticoides.
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recer a resposta imune ou que possuem princípios ativos que atuam especificamente sobre
determinados quadros infecciosos. Por exemplo, tem-se Rosmarinus officinalis L. (alecrim),
Allium sativum L. (alho) e Echinacea purpurea L. (equinácia).
Combate a uma infecção: apesar de existirem antibióticos e quimioterápicos altamente
eficientes, encontram-se plantas medicinais que se destacam como adjuvantes no comba-
te de determinados quadros infecciosos. Esse fato é justificado pela presença de princípios
ativos, como as substâncias terpênicas, em sua composição fitoquímica. Pode-se citar como
exemplo as Copaifera sp., com seu óleo-resina, destacado na história de uso tradicional, como
também pela sua comprovação científica em casos de infecções ginecológicas baixas.
Bloqueio temporário de função normal: baseia-se em observações do uso tradicional por
diversas populações. Como exemplo, cita-se o uso das folhas de Inga edulis Mart., por popula-
ções indígenas da Amazônia brasileira, como anticoncepcional. Nesse caso, foi demonstrada
a existência de princípios ativos esteroidais com características hormonais, que podem estar
envolvidos na resposta contraceptiva.
Correção de uma função orgânica desregulada: ocorre com plantas medicinais e deriva-
dos que podem modular determinadas respostas biológicas que se encontram comprometi-
das. É o caso da depressão, que apresenta deficiência nas sinapses serotoninérgicas. Nessa
situação especifica, cita-se a ação de Hypericum perforatum L. sobre as mono-aminoxidases
em casos de depressão.
Atenção!
As plantas medicinais e os fitoterápicos podem ser utilizados de forma complementar na
terapêutica, mas podem também ser utilizados como terapia de primeira opção em deter-
minados casos patológicos, como verá mais adiante neste texto.
13
Antídotos: neutralizam determinados mecanismos de ações específicos. Nessa classe, ci-
tam-se plantas medicinais ricas em taninos, que possuem como característica a capacidade
de precipitar proteínas. Há vários relatos de uso tradicional e pesquisas que demonstram a
ação de espécies vegetais sobre acidentes ofídicos e sobre outros tipos de veneno. É o caso
do óleo essencial de Casearia sylvestris Swartz sobre a ação do veneno de Bothrops alternatus
(ESTEVES et al., 2011).
Independente da origem do medicamento, atente para o fato de que todos, ao serem admi-
nistrados, obrigatoriamente seguirão determinadas vias, caracterizando as seguintes fases:
Atenção!
Para que haja a biodisponibilidade dos princípios ativos de maneira eficiente, é imprescin-
dível que a forma farmacêutica seja adequada, para que esses princípios sofram absorção.
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1.9 Princípios ativos de plantas medicinais e fitoterápicos e suas
afinidades orgânicas
A depender das características dos princípios ativos que se encontram nas plantas medicinais,
é possível prever uma afinidade orgânica. Esse aspecto é definido por sua característica de po-
laridade e pela presença de grupos farmacológicos presentes nessas moléculas que as tornam
capazes de ter afinidade por determinados órgãos e células alvos.
Veja a seguir as afinidades que podem ser encontradas para os principais grupos de
fitofármacos:
Observe no esquema a seguir a espécie medicinal Vitex agnus castus L., conhecida popular-
mente como pimenta-de-macaco.
15
Figura 02 Ação farmacológica do Vitex agnus castus L.
Foto: JC Tavares.
Atenção!
Um aspecto a ser evitado é o uso de droga vegetal pulverizada em formulações fitoterápi-
cas, exceto quando há estudos mostrando a eficácia. Como já citado, há necessidade de pro-
cessos extrativos eficazes. No caso da droga vegetal pulverizada, o processo extrativo pelo
suco gástrico é ineficiente, o que compromete a absorção dos princípios ativos, resultando
em baixa biodisponibilidade. Para que seja usada a droga vegetal pulverizada, é fundamen-
tal a realização da padronização em termos da liberação dos princípios ativos marcadores
da atividade da planta medicinal.
Você que atua na Atenção Básica à Saúde pode observar o frequente uso de plantas e ervas
medicinais pela população. É provável que muitas vezes você se pergunte até que ponto é
Leia também possível validar esse uso. Mas a partir dos estudos neste curso, você deverá perceber como as
sobre a valida-
ção científica de plantas possuem atividade farmacológica e não são “pura crendice”.
plantas medicinais
e fitoterápicos em
apresentação em
No próximo item, um conjunto de exemplos foram selecionados para subsidiar você na aplica-
slides da Etapa 3. ção de plantas medicinais e fitoterápicos nos diversos sistemas orgânicos.
16
2 APLICAÇÃO DE PLANTAS MEDICINAIS E
FITOTERÁPICOS NOS SISTEMAS ORGÂNICOS
No Brasil, 82% da população utilizam produtos à base de plantas medicinais nos seus cuida-
dos com a saúde, seja pelo conhecimento da medicina tradicional indígena, quilombola, entre
outros povos e comunidades tradicionais, seja por meio da medicina popular, de transmissão
oral entre gerações, ou ainda pelos sistemas oficiais de saúde, como prática de cunho cientí-
fico, orientada pelos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) (RODRIGUES;
DE SIMONI, 2010). Como você pode observar, é um conhecimento que encontra respaldo no
sistema oficial de saúde.
Segundo o professor Francisco de Abreu Matos, responsável pela criação do projeto Farmá-
cias Vivas, a Fitoterapia é uma prática que incentiva o desenvolvimento comunitário, a solida-
riedade e a participação social.
Você encontrará
outras informações
sobre Farmácias Reflita!
Vivas nos materias Por que será que isto ocorre? Há resistências ao uso de plantas medicinais e fitoterápicos
das Etapa 5 e 7. como recurso terapêutico? Se sim, por parte de quem? No seu processo de formação, o seu
curso universitário abordou esse tema? Ao longo da sua prática profissional, você já tinha
buscado conhecer mais sobre esse assunto?
Na aplicação das plantas medicinais e fitoterápicos como recursos terapêuticos, cabe enfatizar
a importância dos saberes populares, visto que eles são frequentemente a primeira aborda-
gem diante das patologias e servem de fonte às pesquisas etnobotânicas. O avanço da ciência
na produção de novos medicamentos tem, muitas vezes, como base informações coletadas a
partir do sucesso terapêutico empírico obtido pelo uso de plantas por essas populações. Dessa
maneira, a respeitosa troca de informações entre os usuários do serviço e a equipe de saúde
Você encontrará se mostra fundamental.
mais informações
sobre a importân-
cia da Etnobotâ-
Cada região, com seu bioma característico, possui um repertório de plantas que são mais utili-
nica em um vídeo zadas como primeiro tratamento de patologias específicas. No caso do Brasil, país de dimen-
de animação e
no texto-base da
sões continentais, há ampla oferta de plantas medicinais. É importante que cada prescritor ou
Etapa 1. serviço de saúde se familiarize com as plantas de fácil acesso em sua região. Ao escolher seu
repertório, você deve levar em conta não apenas a ação farmacológica esperada, mas também
a facilidade de acesso a uma determinada planta medicinal ou ao seu respectivo fitoterápico.
Conheça algumas Assim, você deve observar alguns aspectos importantes ao fazer uso de plantas medicinais e
espécies medici-
nais de cada bioma
fitoterápicos:
brasileiro em um
vídeo de animação Nome popular e nome botânico: uma mesma planta pode ter diferentes nomes populares
e no texto-base da
Etapa 2. a depender da localidade em que é encontrada, bem como um mesmo nome pode indicar es-
17
pécies diversas. O seu reconhecimento se dá pela identificação botânica do vegetal.
Qualidade da matéria prima vegetal: depende de boas práticas agrícolas que englobam
desde o cultivo até o beneficiamento primário.
Leia sobre a iden- Parte da planta a ser utilizada: os teores de princípios ativos produzidos por uma planta
tificação botânica
do vegetal em uma não se distribuem de maneira homogênea por suas partes. Podem se concentrar em várias
história em quadri- partes do vegetal, preferencialmente nas flores, nas folhas e nas raízes e, às vezes, nas semen-
nhos da Etapa 2.
tes, nos frutos e nas cascas.
Você encontrará
mais informações Posologia: refere-se à dosagem, ao modo de usar e à duração da administração do fitote-
sobre controle de rápico e da planta medicinal e deve ser bem avaliada.
qualidade em um
vídeo da Etapa 3.
Dessa maneira, os exemplos selecionados mais adiante ajudarão você a refletir sobre os crité-
Você encontrará
mais informações
rios e os cuidados que se deve ter ao prescrever plantas medicinais, entre os quais:
sobre os aspectos
botânicos das Escolha da planta: a planta que pretende usar está disponível na unidade de saúde? Caso
plantas medicinais
em uma apresen- não esteja, é de fácil aquisição?
tação em slides da
Etapa 2. Forma de uso: para essa escolha, você tem que pensar na melhor maneira de extrair os
princípios ativos da planta e também na facilidade de administração nas diversas situações
clínicas. Pode usar a planta em infusão, decocção, tintura, pó, cápsulas, xarope, creme, entre
outras formas.
Posologia: qual a dosagem, qual o intervalo entre as doses e por quanto tempo deve ser
ingerida?
Efeito colateral e interação medicamentosa: a planta pode ter algum efeito adverso? Ela
pode ser administrada junto com medicamentos sintéticos?
Revisão: a prescrição foi eficaz? A forma de usar foi seguida com facilidade pelo usuário? É
necessário prosseguir com o tratamento? Caso seja necessário, manterá a mesma planta ou
escolherá outra que tenha a mesma ação farmacológica? Será que, se for feita uma associa-
ção de plantas, os resultados serão superiores?
Atenção!
Perceba que, em todos os exemplos citados a seguir, é fundamental verificar a possibilidade
de interações medicamentosas com medicamentos alopáticos e devem se conhecer bem as
indicações e contraindicações para cada planta medicinal em questão.
A seguir, você conhecerá como algumas plantas podem ser usadas para o tratamento de en-
fermidades nos diferentes sistemas do corpo humano. Vale frisar que a divisão das plantas por
sistemas orgânicos é apresentada aqui apenas por uma razão didática. Na prática, é bastante
frequente que uma planta, em função de seu fitocomplexo, tenha ação relevante em mais de
um sistema orgânico.
18
2.1 Exemplos de aplicação de plantas medicinais e fitoterápicos
nos tratamentos dos sistemas orgânicos
As prescrições indicadas são sugestões com base nas experiências clínicas desses profissionais
de saúde, com especialização em Fitoterapia. Assim, em cada situação, optou-se por espécies
medicinais sobre as quais existem estudos que dão segurança para essa prescrição.
Os exemplos selecionados para os estudos de casos apresentados mostram de que forma uti-
lizar plantas medicinais e fitoterápicos com eficácia e segurança de várias maneiras e em di-
versas situações, sempre levando em conta o ambiente de assistência na Atenção Básica em
saúde.
Para sensibilizar você, profissional de saúde, para o uso de plantas medicinais e fitoterápi-
cos como forma de ampliação do processo de cuidar, foram também elaborados, para cada
um dos exemplos selecionados, um estudo de caso, com ilustração em forma de história em
quadrinho, que retrata um atendimento em uma Unidade Básica de Saúde. De maneira com-
plementar, após as histórias, são fornecidas informações sobre as plantas medicinais mencio-
nadas, assim como referências e bibliografia para consulta.
Com isso, não se tem a intenção de esgotar os conteúdos abordados, portanto, é de funda-
mental importância que você observe os links e as referências apontadas para que possa apro-
fundar o assunto, tendo em vista que a proposta deste Curso é introduzi-lo sobre a temática e
estimulá-lo a buscar novos conhecimentos e aprofundamentos.
19
locais e de se alojarem, onde permanecem inativos por períodos variáveis de tempo. Existem
duas formas de vírus do herpes simplex: vírus do herpes simplex 1 (HSV-1) e vírus herpes sim-
plex 2 (HSV-2).
a) O vírus do herpes simplex tem que passar através de fluidos corporais (tais como a saliva,
sêmen ou fluido no trato genital feminino) ou em fluido de uma ferida do herpes.
b) O vírus deve ter acesso direto à pessoa não infectada através de sua pele ou membranas
mucosas (como na boca ou na área genital).
c) Quando o vírus do herpes simplex entra no corpo, o processo de infecção ocorre tipicamen-
te como se segue: o vírus entra nas células vulneráveis nas camadas inferiores da pele e tecido
e tenta se reproduzir nos núcleos celulares. Mesmo após a sua entrada nas células, o vírus ge-
ralmente não causa sintomas. No entanto, se o vírus destrói as células hospedeiras quando se
multiplica, aparecem inflamação e bolhas cheias de líquido ou úlceras. Uma vez que o fluido é
absorvido, formam-se as crostas e as bolhas desaparecem sem deixar cicatrizes.
O vírus do herpes simplex 1 (HSV-1) é a causa principal das infecções do herpes que ocorrem
na boca e lábios. O vírus herpes simplex 2 (HSV-2) é a principal causa do herpes genital.
A maioria dos casos de herpes simplex se repete. O local do corpo e o tipo de vírus influencia
na quantidade de vezes de recidiva. O vírus geralmente leva o seguinte curso: o surto de in-
fecção é muitas vezes precedido por um pró-dromo, um grupo precoce de sintomas que po-
dem incluir prurido na pele, dor ou sensação de formigamento anormal no local da infecção.
A pessoa também pode apresentar dor de cabeça, gânglios linfáticos aumentados e sintomas
gripais. O pró-dromo, que pode durar de duas horas a dois dias, cessa quando as bolhas se
desenvolvem. Em cerca de 25% dos casos, a recorrência não vai além da fase de pró-dromo.
Surtos recorrentes apresentam sintomas iguais nos mesmos locais que o ataque principal,
mas tendem a ser mais leves e mais breves. Depois que as bolhas se rompem, podem curar
em seis a dez dias. Ocasionalmente, os sintomas podem não se assemelhar às do episódio
primário, mas aparecer como fissuras e arranhões na pele ou como inflamação em torno da
área afetada.
Em relação ao tratamento, nenhuma droga pode curar o vírus do herpes simplex. A infecção
pode recorrer após o tratamento e, mesmo durante o tratamento, um paciente ainda pode
transmitir o vírus para outra pessoa. Os medicamentos podem, no entanto, reduzir os sinto-
mas e melhorar o tempo de cura.
20
Echinacea purpurea L. Moench (equinácia)
Aloe vera L. (babosa)
Estudos demonstraram que os polissacarídeos encontrados no gel de babosa possuem ativi-
dade imunoestimulante e anti-inflamatória, antiviral, antibacteriana e antifúngica. Porém, o
uso interno do aloe deve ser evitado na gravidez e durante o aleitamento materno, podendo
causar efeito laxativo na criança.
Quando se apresenta o herpes simples, verifique as observações que devem ser consideradas
quanto ao uso dessas espécies medicinais ou fitoterápicos e suas interações medicamento-
sas: a Echinacea purpurea L. pode reduzir os níveis de glóbulos brancos quando administrado
por longos períodos de tempo. Esta espécie medicinal pode interferir com fármacos que são
usados para tratar distúrbios do sistema imunitário.
21
Site do Centro para Doenças Controladas e Prevenção
Acesse em: http://www.cdc.gov/std/herpes
Site do Instituto Nacional Americano de Alergia e Doenças Infecciosas
Acesse em: http://www.niaid.nih.gov
Existem uma série de plantas medicinais e fitoterápicos indicados para os distúrbios mais fre-
quentes relacionados ao Sistema Nervoso, quais sejam a insônia, a ansiedade e a depressão
leve ou moderada.
Leia a história em
quadrinhos sobre
o tratamento de Os estudos com plantas medicinais e fitoterápicos que atuam no sistema nervoso central de-
insônia com a mostram que o mecanismo de ação dessas plantas é semelhante aos medicamentos sintéti-
Fitoterapia nesta
Etapa 4.
cos, com resultados positivos para casos como os citados, além de apresentarem vantagens
em relação ao menor efeito de sintomas colaterais.
Valeriana officinalis L.
Estudos clínicos demonstram que o uso de Valeriana officinalis L. tem resultados positivos
no tratamento de insônia, sendo amplamente recomendada para pessoas com distúrbios do
sono, por apresentar ação hipnótica suave com melhora dos parâmetros ligados ao sono, tais
como tempo de latência, horário de despertar, qualidade do sono e ausência de “ressaca”
matinal.
Curiosidade
A Valeriana officinalis L. é uma planta originária da Europa e do oeste da Ásia, conhecida
desde a antiguidade, sendo recomendada por médicos árabes. No ocidente, seus efeitos te-
rapêuticos são conhecidos desde o Renascimento. Na Segunda Grande Guerra, foi utilizada
para tratar neuroses provocadas após o acontecimento.
A parte da planta utilizada é a raiz, cujos principais componentes químicos são os alcaloides
(valerina, valerianina), sesquiterpenoides (valeranona) e óleos essenciais, com ação depres-
sora do Sistema Nervoso Central. Suas principais indicações e usos são para a irritabilidade
nervosa, insônia e ansiedade (SAAD et al., 2009). Estudos recentes demonstraram que a as-
sociação de valeriana e hipérico (Hypericum perforatum L.) apresentaram resultado superior
ao diazepam no tratamento de ansiedade e em casos de depressão com ansiedade (MÜLLER
et al., 2003).
22
O uso prolongado da Valeriana officinalis L. e em altas doses pode causar cefaleia, agitação,
reações alérgicas cutâneas e dispepsias, além de sedação pronunciada. Cuidados em relação
ao álcool devem ser tomados, uma vez que potencializa os efeitos da Valeriana. Devem ser
evitadas as interações medicamentosas, em especial com os anestésicos. É contraindicada
durante a gravidez e a lactação.
Passiflora incarnata L.
As espécies do gênero Passiflora (P. alata Curtis., P. edulis Sims. e P. incarnata L.) são origi-
nárias da América do Sul e foram levadas para a Europa pelos espanhóis, no século XVII. Eles
aprenderam a utilizar o maracujá com os astecas, que já o empregavam no tratamento de
insônia e nervosismo.
Segundo Lorenzi e Matos (2008), a Passiflora incarnata L. é a mais estudada das espécies e
apresenta em seus componentes químicos: flavonoides, alcaloides indólicos (harmano ou
passiflorina, harmina e harmanol), esteróis, cumarinas, lignanas, taninos e heterosídeos cia-
nogênicos. Os flavonoides estão em concentração de maior expressão nas folhas. Estudos re-
centes demonstram que a propriedade neuroléptica observada com o uso de chás das folhas
de maracujá é devida à ação sinérgica de seus componentes químicos (complexo fitoterápico)
e não somente a um desses componentes individualmente.
23
Segundo Saad e colaboradores (2009, p. 281-282) em relação às contraindicações: “[...] em
geral é bem tolerado. Em doses elevadas pode provocar náuseas, vômitos, cefaleias, taqui-
cardia e parada respiratória. Evitar durante a gravidez e lactação.” Em relação às precauções,
a planta “pode potencializar os efeitos de medicamentos inibidores da MAO. Evitar o uso con-
comitante de sedativos, anti-histamínicos e bebidas alcoólicas”.
Atenção!
Veja as orientações para a preparação do chá de folhas de Passiflora Incarnata L. (maracujá):
A preparação do chá das folhas de maracujá deve ser feita fervendo-se bem as folhas, em re-
cipiente descoberto, para eliminar o excesso de ácido cianídrico, liberado pelos glicosídeos
cianogênicos. Para isso, põe-se para ferver 6-10 g de folhas frescas ou 3-5 g de folhas secas
em água suficiente para uma xícara de chá, que deve ser bebida, de preferência, à noite,
para induzir o sono. Pode-se beber o chá preparado da mesma maneira na dose de duas a
três xícaras ao dia, como tranquilizante.
A preparação do chá é do tipo decocto. Na decocção, geralmente, coloca-se a erva em água
fria que, em seguida, é aquecida até a ebulição, deixando-se ferver por alguns minutos. No
caso das folhas de maracujá (frescas ou secas), o recipiente deve ser mantido descoberto.
A planta medicinal Erythrina mulungu Mart. & Benth. é indicada para os distúrbios do Sistema
Nervoso Central, nos casos de transtorno de ansiedade. Os sintomas da ansiedade são defi-
nidos por uma sensação subjetiva de expectativa e apreensão, medo ou pressentimento que
podem ser acompanhados por preocupações persistentes e excessivas, reais ou não, dimi-
nuindo a concentração, sensação de impaciência e inquietude, provocando insônia, podendo
apresentar quadros de dispneia, palpitação e taquicardia. As causas podem estar relacionadas
a alterações da regulação dos receptores benzodiazepínicos no complexo do receptor A do
ácido gama-aminobutírico (Gaba) (SAAD et al., 2009).
24
As atividades farmacológicas das espécies do gênero Erythrina são determinadas pela produ-
ção de princípios ativos alcaloides, (eritrina) flavonoides e terpenos que promovem uma ação
sedativa do Sistema Nervoso Central e relaxamento da musculatura lisa, sendo indicadas para
estados de agitação, insônia, ansiedade e nevralgias.
Estudo realizado com cobaias submetidas a modelos de diferentes tipos de ansiedade e trata-
das com o extrato hidroalcoólico das inflorescências da E. mulungu demonstrou um resultado
semelhante ao observado com algumas drogas antidepressivas como imipramina e fluoxeti-
na, utilizadas no tratamento de síndrome de pânico. Este estudo sugere que o extrato hidro-
alcoólico de Erythrina mulungu Mart & Benth. pode possuir atividade ansiolítica. Em outro
estudo, em que foram analisados extratos de 25 plantas da medicina tradicional brasileira,
foi demonstrado que o extrato etanólico da casca do caule de Erythrina mulungu apresentou
atividade contra Staphylococcus aureus.
Hypericum perforatum L.
25
A indicação para depressão leve e moderada foi comprovada por vários estudos em huma-
nos e, segundo Linde e colaboradores (2005), foi observado menos efeitos colaterais quando
comparados aos antidepressivos tricíclicos. Entretanto, ainda segundo os autores, o mecanis-
mo de ação do Hypericum perforatum ainda não está totalmente elucidado.
Essa planta, cujas partes utilizadas são as flores, é conhecida com o nome popular de erva-
de-são-joão, hipericão, alecrim-bravo, sendo originária da América do Norte, Europa, Ásia e
regiões temperadas da África.
Atenção!
“O nome popular erva-de-são-joão, tradução literal da designação em língua inglesa St.
John’s wort, pode causar confusão com outras plantas também conhecidas no Brasil como
erva-de-são-joão, que, no entanto, são outras espécies utilizadas para outros fins, como
o Ageratum conyzoides L. (Asteraceae) e Pyrostegia venusta (Bignoniaceae)” (SAAD et al.,
2009, p. 263).
26
St John’s wort for depression: meta-analysis of andomized controlled trials
Autores: K. Linde, M. Berner, M. Egger e C. Mulrow
Publicado em: British Journal of Psychiatry
Ano: 2005
Acesse em: http://bjp.rcpsych.org/content/186/2/99.long
The antidepressant mechanism of Hypericum perfotatum L.
Autores: Tiziana Mennini e Marco Gobbi
Publicado em: Life Sciences
Ano: 2004
Para maiores informações sobre as interações medicamentosas da planta Hypericum
perforatum L., você pode consultar também:
Interações medicamentosas de fitoterápicos e fármacos: Hypericum perforatum e Piper
methysticum
Autores: C.H.G. Cordeiro; Chung M.C., L.V.S. do Sacramento
Publicado em: Revista Brasileira de Farmacognosia
Ano: 2005
Acesse em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-695X2005000300019
Supõe-se, atualmente, uma modulação da percepção da dor no Sistema Nervoso Central por
mecanismos complexos, como filtragem dos sinais neuronais aferentes no sistema. Emoções
fortes ativam as mesmas áreas cerebrais semelhantes às da percepção da dor. Existem publi-
cações em que a dor, em decorrência de experiências de perda ou de rejeição, mostra mais
congruências do que diferenças em relação ao seu processamento afetivo, ou seja, nesse con-
texto, pode ser referida como dor social.
Devido à complexidade da maioria dos quadros associados à dor, deve-se adotar uma abor-
dagem integrada no tratamento, empregando várias práticas integrativas e complementa-
27
res, como Fitoterapia, Acupuntura, Massoterapia, Fisioterapia, Meditação, entre outras. Com
isso, visa-se recuperar o máximo de funcionalidade e independência. Portanto, a Fitoterapia
oferece uma variedade de plantas medicinais que podem complementar um tratamento alo-
pático ou, ainda, ajudar no tratamento preventivo e na promoção da saúde osteomioarticular.
Além dos quadros álgicos, os quadros inflamatórios também se destacam e, com isso, a aten-
ção se volta para a inibição de enzimas chaves do processo inflamatório, como a lipoxigenase
e a ciclooxigenase. Essas considerações levam às qualidades farmacológicas que as plantas
medicinais devem apresentar, principalmente ações anti-inflamatórias, analgésicas e imuno-
moduladoras.
Algumas plantas nacionais já sugerem uma ação sobre esse Sistema Osteomioarticular como
é caso do:
As afecções mais tratadas com Fitoterapia são quadros reumáticos, gotas, contusões, dores
musculares (mialgias), entre outras. Com isso a lista de plantas usadas nesse contexto é longa.
Algumas plantas se destacam devido à sua ação segura sobre alguns quadros.
A principal planta analgésica é a pimenta calabresa (Capsicum frutescens L.), cujo fruto con-
tém elevados teores de capsaicinas promovendo uma analgesia local, usada topicamente.
28
Algumas resinas também se destacam quanto à sua ação anti-inflamatória, principalmente
pela inibição da ciclooxigenase I e II, uma enzima envolvida na produção de moléculas pró-in-
flamatórias no local da dor. A mirra (Commiphora mukul Hook & Stocks) e o olíbano (Boswellia
serrata Roxb.) são dois ilustres representantes de plantas com resinas anti-inflamatórias, am-
bas com uma série de estudos clínicos para afeções reumáticas como osteoartrite.
29
O Sistema Cardiovascular pode apresentar uma série de disfunções. Em relação ao coração,
por exemplo, citam-se: insuficiência cardíaca, endocardite, infarto agudo do miocárdio, coro-
noariopatias, arritmias ou valvulopatias. No sistema vascular, existem, entre outras afecções,
hipertensão arterial sistêmica, doença venosa crônica ou doença arterial periférica.
A Fitoterapia apresenta uma série de plantas medicinais que podem ser empregadas para
o tratamento complementar de problemas cardiovasculares, como é o caso do espinheiro
branco (Crataegus spplaevigata L. ou Crataegus oxyacantha L.), usado mundialmente, ou da
embaúba (Cecropia hololeuca Miq. ou Cecropia glaziovi Snethl.).
O nome popular de algumas plantas já sugere uma ação sobre esse sistema, como no caso da
sete-sangrias (Cuphea balsamona Cham. & Schltdl. ou Cuphea carthagenensis Jacq .F.Macbr.)
ou da cardíaca (Leonurus cardíaca L.), que em algumas regiões também é denominada de
rubi, agripalma ou erva macaé. Outras espécies se tornaram medicamentos alopáticos, como
no caso dos heterosídeos cardiotônicos que apresentam ação cardiotônica, bem como no
caso da digoxina, um princípio ativo detectado na dedaleira (Digitalis lanata L. ou Digitalis
purpurea L.). Esse princípio ativo tem ação inotrópica positiva, ou seja, aumenta a força con-
trátil do músculo cardíaco por inibir a bomba de sódio-potássio (Na+-K+-ATPase), resultando
em um aumento do cálcio intracelular nos cardiomiócitos (células musculares do coração).
Nesse contexto, vale lembrar, também, a estrofantina (Strophanthus gratus Oliver) que, an-
tigamente, constituiu o principal tratamento da insuficiência cardíaca e era considerado um
medicamento emergencial em caso de infarto agudo do miocárdio, principalmente na Alema-
nha, até os anos 1980.
As afeções mais tratadas com Fitoterapia são coronariopatias, insuficiência cardíaca, doença
arterial periférica, hipertensão arterial sistêmica (pressão alta), hipotensão arterial (pressão
baixa) e doença venosa crônica (popularmente chamada de “varizes”).
A Fitoterapia pode ser usada em forma de monodroga, atuando sobre um alvo terapêuti-
co específico, ou pode ser aplicada em forma de um complexo fitoterápico contendo várias
plantas medicinais. A vantagem de um complexo consiste na possibilidade de um tratamento
multi-alvo (multitarget) que geralmente apresenta sinergismo na formulação magistral, per-
mitindo redução da dose de cada componente individual, reduzindo seus efeitos colaterais
individuais possíveis.
A hipertensão arterial sistêmica, por exemplo, constitui um evento poligênico e que envolve
uma série de alvos terapêuticos a serem tratados. Isso pode ser traduzido em várias ações
desejadas buscadas nas plantas como hipotensora, cardiotônica, antiarteriosclerótica, antio-
xidante e hipolipemiante. As plantas medicinais que podem ser empregadas são várias e a
Fitoterapia tem muitos representantes para cada ação farmacológica desejada, ampliando,
significativamente, o seu uso como aliada no tratamento de afeções cardiovasculares.
30
Esse é o caso da hipertensão venosa crônica, que se manifesta em forma de varizes. Segundo
a Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, as varizes são caracterizadas como
veias superficiais anormais, dilatadas, cilíndricas ou saculares, tortuosas e alongadas, caracte-
rizando uma alteração funcional da circulação venosa do organismo, com maior incidência no
sexo feminino. As principais queixas clínicas dos pacientes são: dor tipo "queimação" ou "can-
saço", sensação das pernas pesadas ou ardendo, edema (inchaço) das pernas, principalmente
ao redor do tornozelo (SBACV, s. a.).
Leia a história em
quadrinhos sobre
o uso de plantas
Na Fitoterapia, são usadas plantas venotônicas ou flebotônicas, ou seja, plantas que tonificam
medicinais para a parede das veias afetadas. É possível tanto fazer uso interno de algumas das plantas medi-
varizes e dores cinais, quanto fazer apenas uso tópico. Essa terapêutica pode ser usada de forma preventiva,
nas pernas nesta
Etapa 4. quer para o caso de microvarizes ou para o caso de veias varicosas. O tratamento pode ser
concomitante ao uso de meias elásticas (de compressão) e de medidas cirúrgicas. Isso torna a
Fitoterapia uma opção terapêutica interessante. Trata-se de um uso bem pesquisado e para o
qual existe uma série de fitoterápicos industrializados.
Entre os princípios ativos mais usados nesse caso, citam-se os adstringentes (como catequi-
nas e hamamelitaninos) e as saponinas (como asiaticosídeos e escinas) com ação flebotônica
ou atividade “vitamínica P”, de permeabilidade (como no caso do flavonoide conhecido como
rutina).
31
as afecções muito prevalentes estão a gripe (doença viral), rinite alérgica, laringite, sinusites,
asma e doença pulmonar obstrutiva crônica (BRASIL, 2010).
A Organização Mundial da Saúde criou a “Global Alliance against Chronic Respiratory Disea-
Leia a história em
quadrinhos sobre ses (GARD)” como estratégia para enfrentar esse problema de saúde no plano mundial, pois
o uso de plantas afeta, de modo significativo, a qualidade de vida e traz muito sofrimento às pessoas (WHO,
medicinais para
varizes e dores
2002).
nas pernas nesta
Etapa 4. Segundo o Ministério da Saúde, “a rinite pode ser considerada a doença de maior prevalência
entre as doenças respiratórias crônicas e problema global de saúde pública, acometendo cer-
ca de 20 a 25% da população em geral. Embora com sintomas de menor gravidade, está entre
as dez razões mais frequentes de atendimento em Atenção Primária em Saúde. Ela afeta a
qualidade de vida das pessoas, interferindo no período produtivo de suas vidas, podendo cau-
sar prejuízos pelo absenteísmo ao trabalho e à escola” (BRASIL, 2010, p. 8).
De acordo com estudos recentes, a asma é outra doença respiratória muito comum. O Brasil
ocupa a oitava posição mundial em prevalência da doença, segundo estimativas para crianças
e adolescentes escolares, variando de menos que 10% a mais do que 20% em diversas cidades
brasileiras estudadas, dependendo da região e da faixa etária considerada.
A planta Mikania glomerata Spreng., conhecida como guaco, guaco trepador, cipó-cabeludo,
cipó-catinga, erva-das-serpentes, é originária do Sul e Sudeste do Brasil, onde existem 152
espécies dessa trepadeira sublenhosa de grande porte. Ela é indicada pelo uso tradicional há
séculos em nosso país, com aplicação de suas folhas em forma de chá para inflamação de boca
e garganta, tosse, estados gripais, bronquite e asma. A aplicação local da tintura, em forma de
compressas, é feita para traumatismos, nevralgias e dores reumáticas. Após estudos científi-
cos de comprovação de sua ação sobre vias respiratórias, foi incluída como uma das plantas
indicadas para uso no Sistema Único de Saúde (LORENZI; MATOS, 2008).
Veja um infográfico
sobre o cultivo e o É uma planta que apresenta, dentre seus componentes químicos, cumarinas, taninos, óleo
beneficiamento do
guaco na Etapa 2. essencial (diterpenos e sesquiterpenos), glicosídeos, princípio amargo (guacina), saponinas
e resinas. A atividade broncodilatadora, expectorante e emoliente se deve às cumarinas pre-
32
sentes no extrato hidroalcoólico, efeito que facilita a fluidificação dos exsudatos traqueo-
brônquicos ou estimula sua secreção de maneira que possam ser expulsos pelo reflexo da tos-
se. Atua relaxando a musculatura lisa das vias aéreas, principalmente os brônquios (SOARES
DE MOURA et al., 2002).
A Justicia pectoralis Jacq. é uma planta brasileira, da região amazônica, conhecida como cham-
bá, chachambá, anador, trevo-do-pará e trevo-cumaru, cujas propriedades têm sido reporta-
das pela literatura etnofarmacológica com ação contra reumatismo, cefaleia, febre, cólicas
abdominais, inflamações pulmonares, tosse e expectorante. As partes utilizadas são as folhas.
Curiosidade
A Justicia pectoralis Jacq. recebe o nome de “anador”, que foi dado pela população em re-
Leia a história em ferência a um produto farmacêutico analgésico e antipirético, a base de dipirona. O nome
quadrinhos sobre popular provavelmente faz analogia com a planta pela sua potente ação anti-inflamatória
o uso de plantas
medicinais para
que, diminuindo a inflamação, faz passar a dor (LORENZI; MATOS, 2008). Isso muitas vezes
varizes e dores pode confundir a população. Por isso a importância do reconhecimento da planta pelo seu
nas pernas nesta nome científico.
Etapa 4.
33
Segundo Matos, “embora sua propriedades farmacológicas tenham sido comprovadas, in-
clusive em experiências clínicas, [essa planta] ainda é mal conhecida quimicamente. Contém
cumarina, provavelmente em formaglicosídica, pois seu odor aparece nas folhas somente du-
rante a secagem ou a fervura. É broncodilatadora e anti-inflamatória, útil no tratamento das
crises de asma, da tosse, da bronquite, do chiado no peito e da respiração difícil sem causa
aparente” (MATOS, 1998, p.98).
Malva sylvestris L.
A planta medicinal Malva sylvestris L. é nativa da Europa e conhecida desde a Idade Média. É
citada na literatura etnofarmacológica para suavizar a irritação dos tecidos e reduzir inflama-
ções. As partes utilizadas são: folha, flor e raiz (LORENZI; MATOS, 2008).
É muito aplicada não só em uso tópico contra afecções de pele, contusões, abcessos, furún-
culos e mordidas de insetos, como também na forma de bochechos e gargarejos, contra infla-
mações e lesões da boca e garganta. Essa ação farmacológica se dá pela presença de 10 a 20%
de mucilagem, princípio ativo responsável pela proteção de tecidos inflamados e irritados,
que favorece a cicatrização e recuperação das lesões e mucosas. É uma planta muito utilizada
na odontologia (CORRÊA et al., 1998).
34
Amplie seus estudos
Para aprofundar seus conhecimentos, sugere-se a leitura do artigo a seguir:
Mikania glomerata Spreng. e M. laevigata Sch. Bip. ex Baker, Asteraceae: estudos agro-
nômicos, genéticos, morfoanatômicos, químicos, farmacológicos, toxicológicos e uso
nos programas de fitoterapia do Brasil
Autores: João C. Gasparetto, Francinete R. Campos, Jane M. Budel e Roberto Pontarolo
Publicado em: Revista Brasileira de Farmacognosia
Ano: 2010
Acesse em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-695X2010000400025
Veja a seguir alguns exemplos de plantas medicinais utilizadas na terapêutica para o Sistema
Digestório:
Uma planta medicinal bastante utilizada em casos de dispepsia é Peumus boldus Molina,
conhecida pelo nome popular de boldo-do-chile. Suas atividades farmacológicas estimu-
lam as secreções gástricas e têm efeito antiespasmódico. Capasso e colaboradores (2003)
demonstraram que a boldina é o principal constituinte do grupo fitoquímico de alcaloides,
responsáveis pela atividade colerética do boldo. O boldo utilizado isoladamente em pessoas
com disfunções moderadas do aparelho gastrointestinal melhorou os sintomas da constipa-
ção intestinal, definida pelos sintomas de frequência menor do que três evacuações por sema-
na, fezes endurecidas, esforço para evacuar e eliminação incompleta (CAPASSO et al., 2003).
35
Para o tratamento das dispepsias funcionais, o uso de plantas medicinais com ações
colerética, colagogas, eupépticas e reguladoras do sistema emocional tem apresentado
bons resultados (SAAD et al., 2009).
Curiosidade
Peumus boldus Molina (boldo-do-chile): planta natural dos Andes Chilenos utilizada pelos
incas na Medicina Tradicional. Arqueólogos acharam evidências do uso de boldo datado de
12.500 anos. Em 1987, o boldo do-chile passou a ser utilizado pelos farmacêuticos britânicos
e americanos para o tratamento de disfunções do trato digestivo.
Plectranthus barbatus Andr. [sin. Coleus barbatus (Andr.) Bentham.] (falso boldo, boldo
brasileiro, malva-santa, boldo-de-jardim): nativo da Índia, África, Nepal e Tailândia. Foi in-
troduzido no Brasil no período colonial. Suas atividades farmacológicas confirmaram que
o extrato aquoso das folhas aumenta o trânsito intestinal, protege contra lesões gástricas,
induzidas por álcool e estresse e reduz a secreção gástrica (BATTOCHIO, 2008). Foi uma das
plantas selecionadas para estudo durante o Programa de Pesquisa em Plantas Medicinais
(PPPM) da Central de Medicamentos do Ministério da Saúde.
Psidium guajava L.
O uso de plantas medicinais também é indicado para tratar os casos benignos de diarreias,
como as causadas por alguns tipos de vírus e por excessos alimentares. Um exemplo é a plan-
ta Psidium guajava L. empregada como antidiarreica, por apresentar alto teor do princípio
ativo tanino.
Dentre as plantas medicinais citadas para as afecções do sistema gastrointestinal, uma das
mais estudadas é a Maytenus ilicifolia Mart.ex Reissek., devido a seus efeitos anti-inflamató-
rios e gastroprotetores eficazes que podem representar uma importante opção terapêutica.
Essa planta faz parte da lista de fitoterápicos do Sistema Único de Saúde.
Leia a história em
quadrinhos sobre
o uso de plantas
Carlini e colaboradores (1988) demonstraram a ação antiúlcera gástrica apresentada pela es-
medicinais para pinheira santa e evidenciaram que tanto os taninos quanto os terpenoides, especialmente o
a melhoria da friedenelol, são responsáveis por parte dos efeitos protetores da mucosa gástrica (CARLINI et
atividade digestiva
nesta Etapa 2. al., 1988; PEREIRA et al., 1992).
36
Plantago psyllium L.
Outra planta indicada para o Sistema Digestório é a Plantago psyllium L., amplamente reco-
mendada como laxante suave, encontrada na região do Mediterrâneo, Ásia Ocidental e Índia.
Pesquisas realizadas demonstram que um de seus principais componentes químicos, a muci-
lagem presente de 10 a 30% em suas sementes, em contato com a água, aumenta o seu tama-
nho original de oito a 14 vezes. Com isso, essa propriedade farmacológica da planta diminui o
tempo de passagem do bolo fecal e estimula a peristalse intestinal (SINGH, 2007).
No Quadro 02 a seguir você encontra outros exemplos de plantas medicinais que podem ser
utilizadas em diversas enfermidades do Sistema Digestório:
Quadro 02 Exemplos de plantas medicinais empregadas para enfermidades do Sistema
Digestório
Enfermidade Planta medicinal
Mentha piperita L., Zingiber officinale Roscoe, Foeniculum vulgare
Dispepsia
Mill, Peumus boldus Molina.
37
Comparação da eficácia da aroeira oral (Schinus terebinthifolius Raddi) com omeprazol
em pacientes com gastrite e sintomas dispépticos: estudo randomizado e duplo-cego
Autores: Severino Barbosa dos Santos, André Caires Alvino de Lima, Amanda Renata da Sil-
va Melo, Carolina da Silva Frazão e Guilherme Liausu Cherpak
Publicado em: Gastroenterologia e Endoscopia Digestiva
Ano: 2010
Acesse em: http://files.bvs.br/upload/S/0101-7772/2010/v29n4/a2135.pdf
Plantas medicinais usadas nos distúrbios do trato gastrintestinal no povoado Colônia
Treze, Lagarto, SE, Brasil
Autores: Maria Silene da Silva, Angelo Roberto Antoniolli, Josemar Sena Batista e Clarice
Novaes da Mota
Publicado em: Acta Botanica Brasilica
Ano: 2006
Acesse em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-33062006000400007&script=sci_abstract&tlng=pt
Urtica dioica L.
A hiperplasia benigna de próstata é uma das patologias mais comuns do trato urinário, atin-
gindo 50% da população masculina na faixa dos 50 a 60 anos de idade. As principais queixas
são esforço para urinar, gotejamento, nictúria, urgência e aumento da frequência miccional e
diminuição da força e do calibre do jato ao urinar. (SAAD et al., 2009).
Leia a história em
quadrinhos sobre
o tratamento dessa
Atualmente, uma das plantas medicinais indicadas para hiperplasia benigna de próstata é a
enfermidade com Urtica dioica L. Essa planta possui estudos científicos que comprovam a sua eficácia para esse
planta medicinal tipo de tratamento e sua monografia foi revisada pela Organização Mundial da Saúde (OMS,
nesta Etapa 2.
2002).
38
Seus principais constituintes ativos são flavonoides (quercetina, caempferol e ramnetina), ca-
rotenoides, vitaminas (C, B e K), triterpenoides, esterois, ácidos orgânicos, polissacarídeos,
sais minerais e amina. As atividades farmacológicas estão relacionadas às ações anti-inflama-
tórias, diurético-depurativo, quando empregadas as folhas e ramos. Estudo recente compro-
vou o seu uso seguro no tratamento de rinite alérgica crônica. O extrato de urtica participa da
síntese de prostaglandina, fator que contribui para o efeito anti-inflamatório no organismo
(THORNHILL; KELLY, 2000).
A eficácia do uso de extratos da raiz de Urtica dioica L. foi documentada em vários trabalhos
científicos, em relação à hiperplasia benigna da próstata, a saber:
39
Amplie seus estudos
Para revisar conceitos sobre ginecologia e obstetrícia, sugere-se a consulta à página virtual
da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia.
Acesse em: www.febrasgo.org.br.
A planta medicinal Myacrodruon urundeuva Allemão, conhecida com o nome popular de aren-
diúva, aroeira, aroeira da serra, aroeira do sertão, entre outros, é uma árvore que pode chegar
a dez metros de altura, nativa do Nordeste até São Paulo e Mato Grosso do Sul. É uma das
plantas de uso ginecológico mais frequente e antiga do conhecimento popular do nordeste
do Brasil, sendo dispensada na forma de creme vaginal, desde 1997, nas Unidades Básicas
de Saúde da Prefeitura Municipal de Fortaleza, produzido pelo Programa Farmácia Viva. Seu
amplo emprego na medicina popular nordestina se dá na forma de semicúpito (banho de as-
sento) após o parto.
Atenção!
Conforme Lorenzi e Matos (2008), a denominação aroeira, seguida ou não de adjetivo, é
aplicada a pelo menos oito espécies da família Anacardiacea. A Schinus terebinthifolius Raddi
(aroeira da praia), por exemplo, possui as mesmas propriedades medicinais da Myracrodruon
urundeuva Allemão (aroeira do sertão), que pode ser utilizada para as mesmas indicações,
na região onde a planta ocorre.
A aroeira da praia, Schinus terebinthifolius Raddi, possui relação quimiotaxonômica com a
Myracrodruon urundeuva Allemão, aroeira-do-sertão, principalmente pela presença de tani-
nos e certo grau de correspondência química entre os bioflavonoides presentes na aroeira
da praia e chalconas diméricas da aroeira do sertão.
O Programa de Pesquisa de Plantas Medicinais da Central de Medicamentos (PPPM/
CEME) refere a Schinus terebinthifolius Raddi, em seus estudos, como mais tóxica que a
Myracrodruon urundeuva Allemão e que seu extrato aquoso in vitro apresentou danos oxida-
tivos responsáveis, provavelmente, pela sua genotoxicidade. Nenhuma toxicidade foi de-
tectada em referência à Myracrodruon urundeuva Allemão (CAMPOS, 2008).
Campos (2008) realizou uma pesquisa, em uma Unidade Básica de Saúde, com 18 mulhe-
res com diagnóstico de cervicite e dados colposcópicos inicial e retorno. Essas mulheres fo-
ram submetidas ao tratamento com o creme vaginal de aroeira (Myracrodruon urundeuva
Allemão). Ao término do tratamento, 16 mulheres obtiveram diminuição ou cura da contami-
nação bacteriana ou anormalidade no muco cervical apresentados nos exames. Das 18 mu-
lheres estudadas, nenhuma apresentou reação adversa. Conclui-se que o creme vaginal de
aoreira foi efetivo para o tratamento das patologias diagnosticadas.
40
Estudo farmacológico pré-clínico dos extratos aquoso e hidroalcoólico, a partir da entrecas-
ca de Myracrodruon urundeuva Allemão, apresentou significativa atividade anti-inflamatória,
antiulcerogênica e cicatrizante. O extrato aquoso, no estudo com ratos, por via oral, mostrou
baixa toxicidade, exceto em ratas prenhas, quando administrado por longo tempo (BANDEI-
RA, 2002).
A parte utilizada dessa planta é a entrecasca (parte interna da casca) e, nos estudos de seus
componentes químicos, foram encontrados princípios biologicamente ativos, como compos-
tos fenólicos, dentre eles taninos (chalconas diméricas e urundeuvinas A e B, responsáveis
pela ação anti-inflamatória). Apresenta também óleos essenciais, em suas folhas, em maior
quantidade para alfa-pineno, gama-terpineno e o beta cariofileno (SOUZA, 1991).
Outro ensaio clínico randomizado, duplo-cego e controlado, foi desenvolvido por Amorim
(2003) com gel de aroeira, Schinus terebinthifolius Raddi, para o tratamento de vaginose bac-
teriana, com 48 pacientes selecionadas em dois grupos (25 casos e 23 placebos). Foi obtida a
taxa de cura de 84% no grupo que usou gel vaginal de aroeira e 47,8% no grupo de placebo.
Achados citopatológicos evidenciaram uma maior frequência (43,5%) de bacilos de Dordelein
no grupo que utilizou o gel de aroeira, contra 4,3% no grupo placebo.
Curiosidade
O cultivo da aroeira do sertão numa proposta ecológica
A entrecasca da aroeira do sertão, com a planta já formada, possui como fração ativa chal-
conas diméricas, como citado acima. Um projeto, desenvolvido na Universidade Federal do
Ceará, comprovou que seus brotos e renovos possuem também essa fração ativa. Dessa for-
ma, das próprias mudas extraem-se os mesmos princípios ativos e não é necessário cortar
as árvores formadas.
Curiosidade
Projeto de pesquisa: “Produção de brotos e renovos de aroeira do sertão – Myracrodruon
urundeuva All.: diminuição da pressão antrópica pela coleta predatória de suas cascas, con-
tribuição à conservação da espécie e inclusão social de adolescentes e familiares”
Coordenadora: Prof. Dra Mary Anne Medeiros Bandeira, da Universidade Federal do Ceará.
No Quadro 03, você encontra outros exemplos de plantas medicinais que podem ser utiliza-
das em diversas enfermidades do Sistema Geniturinário:
41
Quadro 03 Exemplos de plantas medicinais empregadas para enfermidades do Sistema
Geniturinário
Enfermidade Planta medicinal
Angelica sinensis (Oliv.) Diels, Cinnamomum zeylanicum Nees.,
Dismenorreia
Matricaria chamomilla L.
Infecções urinárias
de repetição Costus spicatus (Jacq.) Sw., Vaccinium oxycoccos L.
Hiperplasia
prostática Cucurbita pepo L.
42
2.1.8 Sistema Endócrino
Em relação ao Sistema Endócrino, serão apresentadas duas espécies vegetais com ação com-
provada sobre dislipidemias: Allium sativum L. e Cynara scolymus L.. Os exemplos de utiliza-
ção dessas plantas estão sistematizados de forma diferente para facilitar a pesquisa, poden-
do ser adotados em protocolos de plantas medicinais a serem desenvolvidos nos serviços de
saúde públicos.
Leia a história em
quadrinhos sobre
dislepidemias Amplie seus estudos
nesta Etapa 4. Para revisão da fisiopatologia, você pode acessar, nos sítios a seguir, informações específi-
cas que tratam das diretrizes brasileiras de dislipidemias:
V Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose – Departamento de
Aterosclerose da Sociedade Brasiliera de Cardiologia
Autores: H. T. Xavier, M. C. Izar, J. R. Faria Neto, M. H. Assad, V. Z. Rocha, A. C. Sposito, F. A.
Fonseca, J. E. dos Santos, R. D. Santos, M. C. Bertolami, A. A. Faludi, T. L. R. Martinez, J. Dia-
ment, A. Guimarães, N. A. Forti, E. Moriguchi, A. C. P. Chagas, O. R. Coelho, J. A. F. Ramires
Publicado em: Arquivos Brasileiros de Cardiologia
Ano: 2013
Acesse em: http://publicacoes.cardiol.br/consenso/2013/V_Diretriz_Brasileira_de_Dislipidemias.pdf
Dislipidemia
Autores: Gustavo Cunha Garcia e Telma Rodrigues Caldeira
Publicado em: Saúde e Economia
Ano: 2011
Acesse em:
http://portal.anvisa.gov.br/documents/33884/412285/Boletim+Sa%C3%BAde+e+Economia+n%C2%BA+6/a26c1302-a177-4801-8220-1234a4b91260
Allium sativum L.
a) Identificação
Família
Amaryllidaceae
Nomenclatura popular
Alho
b) Indicações terapêutica
Indicado como coadjuvante no tratamento de bronquite crônica, asma, como expectoran-
te (D’IPPOLITO et al., 2005) e preventivo de alterações vasculares (D’IPPOLITO et al., 2005;
RAHMAN; LOWE, 2006). Coadjuvante no tratamento de hiperlipidemia, hipertensão arterial
43
leve a moderada, dos sintomas de gripes e resfriados, além de auxiliar na prevenção da ate-
rosclerose (BRASIL, 2011; WHO, 1999; D’IPPOLITO et al., 2005; RIED et al., 2010, 2008).
c) Contraindicações
Contraindicado para grávidas, pacientes com gastrite, úlcera gastroduodenal, hipertireoidis-
mo, distúrbios da coagulação ou em tratamento com anticoagulantes (GARCÍA et al., 1998;
ALONSO, 1998), histórico de hipersensibilidade e alergia a qualquer um dos componentes do
fitoterápico (WHO, 1999). Não deve ser usado em pré ou pós-operatórios, devendo ser sus-
penso pelo menos dez dias antes de procedimentos cirúrgicos (GARCÍA et al., 1998; ALONSO,
1998).
d) Precauções de uso
Não usar em casos de hemorragia e tratamento com anticoagulantes e anti-hipertensivos
(WHO, 1999). Suspender o uso do fitoterápico duas semanas antes de intervenções cirúrgicas.
Não usar em pessoas com gastrite, úlceras gastroduodenais, hipotensão arterial e hipoglice-
mia. Pode potencializar os efeitos antitrombóticos de fármacos anti-inflamatórios (D’IPPOLI-
TO et al., 2005).
e) Efeitos adversos
Esse medicamento pode causar ardência na cavidade oral e no trato gastrointestinal (D’IPPO-
LITO et al., 2005), mialgia, fadiga, vertigem (HARENBERG et al., 1988), sudorese, bem como
reações alérgicas e asma (ASERO et al., 1998). O uso desse fitoterápico pode causar decrés-
cimo do hematócrito e da viscosidade sanguínea, aumentando o risco de sangramentos
pós-operatórios (JUNG et al., 1991), bem como hematoma epidural espontâneo (ROSE et
al., 1990). Efeitos gastrointestinais, tais como desconforto abdominal, náuseas, vômitos e
diarreia também são possíveis. Odores corporais característicos de alho podem ocorrer com o
uso desse fitoterápico (BERTHOLD et al., 1998).
f) Interações medicamentosas
Foi descrita interação potencial entre Allium sativum L. e varfarina (WHO, 1999; D’IPPOLI-
TO et al., 2005). Esse fitoterápico não pode ser utilizado em associação com anticoagulantes
orais, heparina, agentes trombolíticos, antiagregantes plaquetários e anti-inflamatórios não
-esteroidais, por aumentarem o risco de hemorragias (UCSF LIBRARY). A associação desse
fitoterápico com inibidores da protease pode reduzir as concentrações séricas dessa classe,
aumentando o risco de resistência ao antiretroviral e falhas no tratamento (GALLICANO et
al., 2003; PISCITELLI et al., 2002). Além disso, pode diminuir a efetividade da clorzoxazona
por induzir o seu metabolismo (GURLEY et al., 2002; HOLZGARTNER et al., 1992).
g) Formas farmacêuticas
Tintura, cápsulas com o óleo (BRASIL, 2011; WHO, 1999).
44
Óleo: 2 a 5mg (dose diária) (WHO, 1999).
Pó seco: 0,4 a 1,2g (dose diária) (WHO, 1999).
i) Tempo de utilização
Não foram encontrados dados descritos na literatura consultada sobre o tempo máximo
de utilização. O tempo de uso depende das indicações terapêutica e da evolução do quadro
acompanhada pelo profissional prescritor.
j) Superdosagem
Não foram encontrados dados descritos na literatura consultada sobre problemas decorren-
tes de superdosagem. Em caso de administração de quantidades acima das recomendadas,
suspender o uso e manter o paciente sob observação.
k) Prescrição
Fitoterápico isento de prescrição médica.
Ensaios não-clínicos
Farmacológicos
O mecanismo da hipocolesterolemia e da hipolipidemia envolve a inibição da enzima hepá-
tica hidroximetilglutaril-CoA redutase (HMG-CoA redutase) e o remodelamento das lipopro-
teínas plasmáticas e das membranas celulares (AL-NUMAIR, 2009; BROSCHE; PLATT, 1991).
Em concentrações menores que 0,5mg/mL, o extrato obtido de A. sativum L. inibe a atividade
da HMG-CoA redutase. Entretanto, em maiores concentrações, ocorre a inibição de outras
enzimas em estágios mais tardios da biossíntese do colesterol. Esse mecanismo foi constata-
do in vitro devido, principalmente, aos organosulfurados alicina e alhoeno, presentes no alho.
A atividade anti-hipertensiva foi demonstrada in vivo para A. sativum L. O mecanismo sugere
a diminuição da resistência vascular por relaxamento direto da musculatura lisa (OZTURK et
al., 1994), devido à hiperpolarização causada pela abertura dos canais de K+, o que resulta em
vasodilatação também decorrente do fechamento dos canais de cálcio (SIEGEL et al., 1992).
Toxicológicos
Atóxico de acordo com os dados descritos na literatura consultada (D’IPPOLITO et al., 2005).
Ensaios clínicos
Farmacológicos
Sobre o efeito do A. sativum L. sobre a pressão arterial, uma metanálise revisou um total de
45
11 estudos randomizados e controlados, utilizando entre 600-900mg/dia de comprimidos do
pó seco, com duração média de 12 semanas. Oito desses estudos utilizaram 415 sujeitos de
pesquisa e três utilizaram sujeitos de pesquisa portadores de hipertensão. De sete estudos
que compararam A. sativum L. com placebo, três demonstraram um decréscimo na pressão
sistólica; quatro pesquisas demonstraram redução na pressão diastólica. Os resultados apre-
sentaram evidências para o uso de A. sativum L. na hipertensão (NEIL; SILAGY, 1994c).
Quanto aos efeitos de A. sativum L. sobre os lipídios séricos e lipoproteínas, foram identifica-
das duas metanálises e sete revisões sistemáticas, que apontam para um efeito significativo
do alho na redução do colesterol total e LDL em indivíduos com hipercolesterolemia (RIED
et al., 2013). Tal revisão incluiu 39 ensaios clínicos, que utilizaram o alho como monoterapia
por pelo menos duas semanas. Uma metanálise de 25 estudos randomizados e controlados
foi realizada com a dose diária variando entre 600 a 900mg em comprimidos com pó seco. A
duração média dos estudos foi de 12 semanas. No geral, os sujeitos de pesquisa que recebe-
ram A. sativum L. tiveram, em média, redução de 12% na taxa de colesterol total e diminuição
de 13% na taxa de triglicerídeos séricos, confirmando a ação hipolipemiante de A. sativum L.
(NEIL; SILAGY, 1994a).
Outra metanálise de estudos controlados chegou a conclusões semelhantes quanto aos efei-
tos de A. sativum L. sobre o colesterol (NEIL; SILAGY, 1994b), assim como em outra revisão
sistemática de oito estudos (WARSHAFSKY et al., 1993). Dentre essas pesquisas, sete tiveram
como dose diária entre 600 a 900mg, reduzindo o colesterol sérico e os níveis de triglicerídeos
em 5-20% (WARSHAFSKY et al., 1993). Tratamentos com o pó de A. sativum L., 300mg, três
vezes ao dia, e benzofibrato 200mg, três vezes ao dia, por 12 semanas, foram igualmente
efetivos no tratamento de 98 pacientes com hiperlipidemia primária em um estudo multicên-
trico e randomizado. Ambas as medicações causaram redução estatisticamente significativa
do colesterol total, na lipoproteína de baixa densidade (LDL) e dos triglicerídeos, além de
aumento na lipoproteína de alta densidade (HDL) (HARENBERG et al., 1988). Foi observado
aumento da atividade fibrinolítica em pacientes portadores de aterosclerose depois da admi-
nistração de extrato aquoso, pó e óleos essenciais de A. sativum L. (HARENBERG et al., 1988).
Estudos clínicos demonstraram que o A. sativum L. ativa a fibrinólise endógena e que esse
efeito é detectável nas primeiras administrações e se intensifica quando administrado regu-
larmente (KOCH; LAWSON, 1996). Doses de 600 a 1200mg de pó de A. sativum L. diminuíram
a viscosidade plasmática e os níveis de hematócrito (WARSHAFSKY et al., 1993).
Toxicológicos
Não há relatos de toxicidade nas doses recomendadas (D’IPPOLITO et al., 2005).
Cynara scolymus L.
a) Identificação
Família
Asteraceae
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Nomenclatura popular
Alcachofra
b) Indicações terapêutica
Como colagogo e colerético em dispepsias associadas a disfunções hepatobiliares e no trata-
mento da hipercolesterolemia leve a moderada (WHO, 2009; BRASIL, 20--).
c) Contraindicações
Contraindicado para pacientes com histórico de hipersensibilidade e alergia a qualquer um
dos componentes do fitoterápico ou a outras plantas da família Asteraceae (BRASIL, 20--).
Também é contraindicado em casos de obstrução do ducto biliar, gravidez e lactação (BRA-
SIL, 20--; EMA, 2011; BLUMENTHAL et al., 2000).
d) Precauções de uso
O uso concomitante com diuréticos em casos de hipertensão ou cardiopatia deve ser realiza-
do sob estrita supervisão médica, dada à possibilidade de haver descompensação da pressão
arterial, ou, se a eliminação de potássio é considerável, pode ocorrer potencialização de fár-
macos cardiotônicos (BRASIL, 20--). A ocorrência de hipersensibilidade para C. scolymus L.
foi relatada, devido à presença de lactonas sesquiterpênicas, como a cinaropicrina (BRASIL,
20--). Não existem estudos disponíveis para recomendar o uso em menores de 12 anos ou du-
rante a gravidez (BRASIL, 20--). Não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação
médica (BRASIL, 20--).
e) Efeitos adversos
Efeito laxante em pessoas sensíveis aos componentes do fitoterápico (EMA, 2011).
f) Interações medicamentosas
Redução da eficácia de medicamentos que interferem na coagulação sanguínea, como ácido
acetilsalicílico e anticoagulantes cumarínicos (Ex.: varfarina) (BRASIL, 20--). Potenciais inte-
rações: pode diminuir as concentrações de fármacos no sangue de medicamentos metabo-
lizados pelas CYP3A4, CYP2B6 e CYP2D6, uma vez que a C. scolymus L. é indutora dessas
enzimas.
g) Formas farmacêuticas
Droga vegetal encapsulada, comprimido (droga vegetal), infusão e extrato seco padronizado
(WHO, 2009; EMA, 2011).
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Adultos: 5 a 10 g de planta medicinal fresca ou preparações equivalentes, durante até seis
semanas (WHO, 2009; LIETTI, 1977).
i) Tempo de utilização
Se os sintomas persistirem por mais de duas semanas durante o uso do fitoterápico, um mé-
dico ou um profissional de saúde qualificado deve ser consultado.
j) Superdosagem
Não foram encontrados dados descritos na literatura consultada sobre problemas decorren-
tes de superdosagem. Em caso de administração de quantidades acima das recomendadas,
suspender o uso e manter o paciente sob observação.
k) Prescrição
Fitoterápico isento de prescrição médica.
Ensaios não-clínicos
Farmacológicos
O extrato aquoso seco de folhas inibiu a biossíntese de colesterol em cultura de células de
hepatócitos de ratos. Foi observada inibição moderada da produção dessa substância (aproxi-
madamente 20%) com o extrato na faixa de concentração entre 0,007 e 0,1mg/mL, enquanto
a concentração de 1mg/mL foi capaz de exercer maior inibição (80%). O cinarosídeo e sua
aglicona, luteolina, são os principais responsáveis por essa atividade (GEBHARDT, 1997). Dois
extratos hidroetanólicos de folhas frescas (extrato com 19% de ácidos cafeoilquínicos, admi-
nistrado na dose de 200mg/kg e extrato com 46% de ácidos cafeoilquínicos, administrado
na dose de 25mg/kg) foram administrados por via intraperitoneal em ratos. Foi observado
estímulo da colerese, aumento significativo do resíduo seco da bile e da sua secreção total
(FINTELMANN, 1996).
Toxicológicos
No estudo sobre a toxicidade crônica da Cynara scolymus L. com a utilização da infusão de
folhas secas da planta (15g/200mL), na dose de 250mg/kg, 4 a 6 vezes ao dia, durante seis
semanas em ratos machos, observou-se ausência de sinais toxicológicos para C. scolymus L.
(LIETTI, 1977).
A dose letal média do extrato hidroetanólico das folhas em ratos por via oral e intraperitoneal
é, respectivamente, 2,0g/kg e 1,0g/kg (FINTELMANN, 1996; SANTOS et al., 2007). A dose le-
48
tal média de cinarina em camundongos é 1,9g/kg. Não foram observadas alterações macros-
cópicas, hematológicas ou histológicas após administração intraperitoneal de cinarina (doses
de 50 e 400mg/kg/dia) durante 15 dias em ratos. No entanto, a administração intraperitoneal
de cinarina em ratos durante 40 dias, utilizando-se dose diária entre 100 e 400mg/kg gerou
aumento no peso corporal e dos rins, além de gerar mudanças degenerativas no fígado (PRE-
ZIOSI; LOSCALZO, 1958). Aplicação tópica do extrato de folhas na pele de ratos (1,0 a 3,0g/
kg) por 21 dias não produziu efeitos tóxicos ou cumulativos nos parâmetros hematológicos e
bioquímicos dos animais. Não foi observada irritação dérmica ou ocular em ensaios realizados
em cobaio (HALKOVA, 1996).
Ensaios clínicos
Farmacológicos
Estudos clínicos de Fase IV conduzidos em pacientes com dispepsia ou desordens hepáticas
ou biliares, incluindo estudos com mais de 400 pacientes em tratamentos de 4 a 6 semanas,
demonstraram redução significativa dos sintomas de dor, desconforto abdominal, gases e
náuseas. O medicamento foi bem tolerado, com baixa taxa de efeitos adversos (KRAFT, 1997).
Em estudo clínico randomizado, 20 homens com disfunções metabólicas foram separados em
dois grupos. O grupo teste recebeu 320mg do extrato padronizado de C. scolymus L. (mínimo
2,5% de derivados de ácido cafeoilquínico expressos em ácido clorogênico). A secreção intra-
duodenal biliar aumentou 127,3% após 30 minutos, 151,5% após 60 minutos e 945,3% após
90 minutos. O grupo placebo mostrou variações em proporções muito menores. Não foram
observados efeitos adversos (HAGERS, 2003).
Toxicológicos
Não foram encontrados dados descritos na literatura consultada.
Dentre as disfunções da pele encontram-se as úlceras de pernas, feridas crônicas que não
cicatrizam espontaneamente em um prazo de três meses e costumam apresentar processos
infecciosos. Tornam-se feridas complexas e, normalmente, estão associadas a patologias sis-
têmicas que prejudicam o processo de cicatrização.
49
A ferida é definida como qualquer lesão no tecido epitelial, mucosas ou órgãos com prejuízo
de suas funções básicas. Podem ser causados por fatores extrínsecos, como incisão cirúrgica
e as lesões acidentais por corte ou trauma, ou por fatores intrínsecos, como as feridas produ-
zidas por infecção, as úlceras crônicas, as causadas por alterações vasculares, defeitos meta-
bólicos ou neoplasias.
Estima-se, de acordo com Hess (2002), que 80% dessas úlceras crônicas são provocadas por
insuficiência venosa crônica causando as úlceras venosas que se caracterizam por perda cir-
cunscrita ou irregular da epiderme e derme. Podem atingir também o tecido subcutâneo, aco-
metendo as extremidades dos membros inferiores, geralmente, no terço distal da face medial
da perna, próximas ao maléolo medial, podendo ou não ser acompanhadas por afecções clíni-
cas como o diabetes mellitus e a hipertensão arterial sistêmica.
Essas lesões acometem indivíduos em diferentes faixas etárias, entre a terceira e oitava dé-
cada de vida. Considerando a cronicidade, a dificuldade de cicatrização e também a possibi-
lidade de recidiva, em maior ou menor período de tempo, provocam mudanças no estilo de
vida, perda parcial da capacidade funcional do membro afetado, dor, alterações com a autoi-
magem, além de ser limitante para o exercício de atividades diárias, prejudicando a qualidade
de vida do indivíduo.
Atualmente muitos estudos têm sido desenvolvidos, o que propiciou um aumento do núme-
ro de produtos a serem utilizados para o tratamento de feridas, dentre eles os fitoterápicos.
A aplicabilidade das plantas medicinais e fitoterápicos no tratamento de feridas se dá pela
ação de seus princípios ativos cujos mecanismos de ação se apresentam principalmente como
cicatrizantes, anti-inflamatórios, antissépticos e adstringentes, bactericidas e antifúngicos.
Além das feridas crônicas, a Fitoterapia, por ser utilizada em afecções de pele em geral como
psoríase, eczemas, prurido, infecções dérmicas e processos alérgicos, pode ser aplicada de
forma complementar ao tratamento alopático ou ajudar no tratamento preventivo das lesões
de pele.
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Avaliação do extrato hidroalcoólico de Aroeira (Schinus terebinthifolius Raddi) no
processo de cicatrização de feridas em pele de ratos
Autores: Manoel Lages Castelo Branco Neto, Jurandir Marcondes Ribas Filho, Osvaldo Ma-
lafaia, Marco Antonio de Oliveira Filho, Nicolau Gregori Czeczko, Sonia Aoki, Regina Cunha,
Vinicius Ribas Fonseca, Humberto Marten Teixeira e Luiz Roberto Farion de Aguiar
Publicado em: Acta Cirurgica Brasileira
Ano: 2006
Acesse em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-86502006000800004
Uso da Calendula officinalis na prevenção e tratamento de radiodermatite: ensaio clíni-
co randomizado duplo cego
Autores: Franciane Schneider, Mitzy Tannia Reichembach Danski e Stela Adami Vayego
Publicado em: Revista Escola Enfermagem USP
Ano: 2015
Acesse em: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v49n2/pt_0080-6234-reeusp-49-02-0221.pdf
Uso de cobertura com colágeno e aloe vera no tratamento de ferida isquêmica: estudo
de caso
Autores: Simone Helena dos Santos Oliveira, Maria Julia Guimarães Oliveira Soares e Pas-
calle de Sousa Rocha
Publicado em: Revista Escola Enfermagem USP
Ano: 2010
Acesse em: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v44n2/15
Nesta Etapa 4 do curso, você poderá ler uma história em quadrinhos em que é utilizado o ex-
trato glicólico de Calendula officinais L., cujas partes usadas são as flores secas. Sua ação far-
macológica possui atividade cicatrizante e reepitelizante pelos princípios ativos triterpenos,
mucilagem, carotenos e flavonoide. Esses bioativos acionam o metabolismo das glicopro-
teínas, nucleoproteínas e tecido colágeno, levando à melhor regeneração do tecido tissular.
Veja a história
em quadrinhos
sobre o tratamento O extrato aquoso das flores, quando aplicado sobre as feridas cutâneas, tem um papel indu-
de feridas com tor da microvascularização, contribuindo, assim, para uma cicatrização mais rápida. Também
fitoterápicos nesta
Etapa 4. apresenta também: (1) atividade anti-inflamatória por meio da presença de bioativos, como
flavonoides e óleos essenciais; e (2) atividade antidematosa, por possuir bioativos como os
ésteres de taraxasterol e faradiol. O óleo essencial presente na calêndula tem, ainda, ativi-
dade antisséptica frente a diversos micro-organismos, apresentando atividade bactericida e
fungicida. A partir desse exemplo, você pode verificar algumas possibilidades de tratamento
de feridas com o uso de plantas medicinais e fitoterápicos, que possuem bioativos para cada
ação desejada no tratamento dessas lesões.
51
É importante ressaltar que a Fitoterapia é um método terapêutico que deve ser aplicado por
profissional de saúde qualificado que conheça bem as indicações e contraindicações de cada
planta medicinal a ser utilizada, bem como a possibilidade de interações medicamentosas
com outros medicamentos utilizados pelo usuário do sistema de saúde.
Cabe lembrar que os fitoterápicos são medicamentos que contém exclusivamente maté-
ria prima vegetal e que, atualmente, já são distribuídos na Rede de Atenção Básica - Uni-
dades Básicas de Saúde de alguns municípios brasileiros que desenvolveram programa em
Fitoterapia.
52
Como acontece em outras áreas da saúde, a Fitoterapia ganha espaço como alternativa te-
rapêutica no tratamento dos agravos bucais, sendo uma tendência da Odontologia atual. As
pesquisas com produtos fitoterápicos têm aumentado devido à busca por novos produtos
com maior atividade farmacológica, com menor toxicidade e mais biocompatíveis, além de
apresentarem valores econômicos mais acessíveis à população. A inclusão da Fitoterapia nos
procedimentos odontológicos na rotina da prática clínica constitui-se em um imenso desafio
a ser superado. Com base no uso e conhecimento popular, o importante crescimento mun-
dial da Fitoterapia dentro de programas preventivos e curativos tem estimulado a avaliação
da atividade de diferentes extratos de plantas para o tratamento das afecções bucais mais
comuns na área.
Reflita!
É possível conciliar o cientificismo alopático no uso de medicamentos - já cristalizado na
classe odontológica - com o uso de plantas medicinais pela população, ávida por atendimen-
to e cura de suas queixas bucais?
A Fitoterapia pode ser incorporada aos atendimentos dos serviços públicos de saúde bucal
nos diversos níveis de Atenção?
Como apresentar uma nova opção terapêutica, aliando conceitos e aplicações em conso-
nância com as outras ciências da saúde que compõem as equipes da Estratégia de Saúde da
Família?
De que forma estimular e capacitar os odontológos no uso e prescrição correta das er-
vas, plantas medicinais e fitoterápicos, no tratamento dos agravos bucais, garantindo
segurança, eficácia e eficiência?
A Fitoterapia, apesar do seu uso milenar, ainda é discriminada por grande parte dos profissio-
nais de saúde. Tal fato pode ser atribuído ao pequeno incentivo dado à pesquisa nessa área,
tanto pelo setor público, quanto pelo privado, além do preconceito e falta de conhecimento,
dentre outros fatores. Para o melhor entendimento das questões propostas, deve-se lançar
mão de todos os recursos necessários para o conhecimento, questionamentos e aprofunda-
mento dos saberes voltados para o tema. Por isso, é recomendável a consulta a livros, ma-
nuais, cartilhas e sites de pesquisa, dentre eles o Portal de Pesquisa da Biblioteca Virtual em
Saúde (BVS), além de revistas, artigos científicos, revisões bibliográficas, teses e dissertações.
Também podem ser usadas as monografias de referência das farmacopeias oficiais e protoco-
los de serviços de saúde em Fitoterapia.
É preciso cuidar e manter a saúde bucal, pois dela depende a nutrição do organismo. Estudos
científicos comprovam que a saúde bucal tem íntima relação com a saúde geral, pois a boca
interage com todas as estruturas do corpo. As más condições de higiene bucal podem causar
doenças bucais, que, por sua vez, podem levar a enfermidades ou agravá-las, principalmente
no que se refere às doenças cardiovasculares e diabetes.
53
Infecciosa odontogênica (periapical e periodontal), como abscessos, celulite, osteomie-
lite e outras.
Virótica, como herpes simples, mononucleose, manifestações bucais da AIDS e outras.
Bacteriana, podendo ser citadas as manifestações bucais da sífilis, tuberculose, hansenía-
se, sinusite e outras.
Fúngica e também associada a protozoários, como a candidose, toxoplasmose e outras.
Neoplásica, como tumores benignos e malignos (complicações bucais).
Injúrias químicas e físicas, sendo a mais comum a úlcera traumática.
Imunológicas ou autoimune.
Alérgicas, como a estomatite aftosa recorrente e as reações à administração sistêmica de
drogas, dentre outras.
O preparo das plantas com fins medicinais pode variar de acordo com o uso, com a cultura e
a tradição de um indivíduo ou comunidade. São apresentações farmacêuticas mais comuns
na saúde bucal: soluções aquosas ou hidroalcoólicas, como tinturas, chás e óleos essenciais.
Algumas formas farmacêuticas de uso odontológico são obtidas a partir das tinturas, como o
spray, a pomada orabase e cremes (extrabucal). Também podem se apresentar na forma de
enxaguatório bucal e creme dental. Observa-se ainda o crescente uso dos óleos essenciais
como antissépticos bucais, por exemplo, o mentol da Mentha piperita Briq. (hortelã) e o ti-
mol do Thymus vulgaris L. (tomilho). A Mikania glomerata Spreng. (guaco) em tintura também
exerce a ação antisséptica devido à presença de cumarina.
Dos agravos bucais, os mais prevalentes relacionados ao dente e ao periodonto são, respecti-
vamente, a cárie e a doença periodontal. A cárie é uma patologia multifatorial que necessita
de um fator desencadeante, o biofilme dental. A doença periodontal é iniciada pela gengivite,
caracterizada pela inflamação gengival sem perda de inserção, e é detectada clinicamente
pela presença de sangramento gengival marginal. A doença sem tratamento pode evoluir
para a periodontite, resultando na perda de inserção conjuntiva e de osso alveolar, podendo
acarretar a perda precoce do elemento dental. O biofilme dental é o fator de maior importân-
cia na etiologia da cárie e das doenças periodontais.
Uma das plantas medicinais mais usadas no controle do biofilme dental, segundo estudos
mais recentes, é a Punica granatum L. (romã), que apresenta ação bactericida e bacterios-
tática sobre as bactérias gram-positivas e gram-negativas, devido à presença de taninos.
Outros estudos também indicam o uso de: Malva sylvestris L. (malva); Plantago major L.
54
(tanchagem); Psidium guajava L. (araçá); Schinus terebinthifolius Raddi. (aroeira); e Copai-
fera laugsdorffi Desf. (óleo de copaíba). Essa ação também é atribuída a flavonoides. Como
mencionado anteriormente, o mentol da Menta piperita Briq. (hortelã) e timol do Thymus
vulgaris L. (tomilho) podem ser utilizados como antissépticos bucais. Por sua vez, a Mikania
glomerata Spreng. (guaco), em tintura, também exerce a ação antisséptica e produz um evi-
denciador de biofilme dental com eficiência superior a 90% quando comparados aos produtos
comercializados, como o verde de malaquita, a fucsina e a eritrosina.
Nas periodontopatias, vale destacar que o tratamento mecânico convencional não costuma
erradicar completamente as bactérias periodonto patogênicas, visto que bolsas periodontais,
sulcos, furcas e concavidade são áreas de difícil acesso para os instrumentos periodontais.
Além disso, as bactérias periodontais também podem ser encontradas na mucosa oral, na lín-
gua e nas amígdalas, de forma que, nesses casos, agentes antimicrobianos poderiam suprir as
falhas do tratamento periodontal convencional. Sendo assim, diversas modalidades terapêu-
ticas têm sido estudadas e propostas com o intuito de combater e controlar essa microbiota.
As pesquisas mais atuais têm sido direcionadas para plantas medicinais como a Matricaria
recutita L. (camomila), em bochechos para o controle do biofilme dental e no tratamento da
periodontite. Os resultados estatisticamente demonstram a eficácia na redução dos índices
de sangramento gengival quando comparados àqueles exibidos pela clorexidina a 0,12%. A li-
teratura aponta também a Punica granatum L. (romã) como uma planta com grande potencial
de uso no controle das principais bactérias que colonizam o biofilme dental em pacientes com
gengivite e periodontite (ALBUQUERQUE et al., 2010; SANTOS et al., 2014).
O crescente uso dos óleos essenciais tem demonstrado ação efetiva em estudos far-
macológicos. A variação da atividade biológica dos óleos essenciais é dependente da
composição de seus constituintes químicos como, por exemplo, o citral encontrado no Cym-
bopogon citratus DC. (capim-limão), que apresenta acentuada atividade antifúngica frente
à cepa de Candida albicans, superando os valores de inibição do fármaco padrão, nistatina.
Outros exemplos são com o pineno do Rosmarinus officinalis L. (alecrim), o cineol da Salvia
officinalis L. (sálvia) e o cariofileno da Copaifera sp (copaíba), entre outros. Certamente, esses
55
constituintes químicos são responsáveis pela aplicação biológica como agentes antimicro-
bianos, antifúngicos e antiparasitários de uso potencial na odontologia (ABÍLIO et al., 2014).
Os óleos essenciais de algumas plantas têm atividade contra bactérias causadoras da hali-
tose. O mentol da Mentha piperita Briq. (hortelã) e o timol do Thymus vulgaris L. (tomilho)
são usados na forma de enxaguatórios bucais e chá para bochechos. Na halitose secundá-
ria, vinda de problemas digestivos, pode-se usar o Zingiber officinale Roscoe. (gengibre),
que melhora a eficiência da pepsina e acelera o esvaziamento do estômago, ajudando a
reduzir a halitose.
56
Na prática clínica, o Stryphnodendron adstringents (Mart) (barbatimão) e a Copaifera lan-
gsdorffii Desf. (copaíba) são usados como curativo intra-alveolar no tratamento da alveo-
lite e atuando na cicatrização pós-exodontia, além de ser um excelente hemostático. Em
infecções odontogênicas, principalmente em abscessos, preconiza-se o uso das tinturas
para bochechos de Plantago major L. (tanchagem), Malva silvestris L. (malva), Arctium
lappa L. (bardana), plantas ricas em mucilagem com ação drenadora, facilitando a drena-
gem natural ou cirúrgica.
No tratamento das pericoronarites de grau leve a moderado, podem-se utilizar, com ação
anti-inflamatória, as tinturas em bochechos de Plantago major L. (tanchagem), Calendula
officinalis L. (calêndula), Punica granatum L. (romã) e Stryphnodendron adstringents Mart
(barbatimão).
Os efeitos colaterais das plantas medicinais são pouco frequentes, pelos seguintes
motivos:
57
rios mais estudos. Para outras, entretanto, costuma-se usar como padrão de dosagem
os marcadores bioquímicos (princípios ativos principais para uma determinada ação
terapêutica), como, por exemplo: heperecina, para Hepericum perforatum L. (hipérico);
alicina, para Allium sativum L. (alho); cumarina, para Mikania glomerata Spreng. (guaco);
mentol, para Mentha ssp (hortelã); entre outros.
O grande segredo relativo à toxicidade das plantas está na dose e é nesse contexto que
está a sabedoria e a arte em Fitoterapia. Todas as plantas, a priori, poderiam ser utilizadas
se for considerada a dose certa para cada caso.
O conhecimento da interação das plantas medicinais com outras plantas ou com medica-
mentos alopáticos é de vital importância para o manuseio clínico de pacientes crônicos,
minimizando os riscos de potencialização prejudicial ou antagonização dos recursos me-
dicamentosos envolvidos, assim como melhora a eficácia terapêutica do tratamento em
questão.
Portanto, na saúde bucal, a possibilidade de uso das plantas medicinais é enorme, devi-
do à diversidade de ações farmacológicas. Variados também são os benefícios agregados
pela Fitoterapia ao arsenal das terapêuticas odontológicas no tratamento dos agravos
bucais. Além de outras vantagens, como seu baixo custo e grande efetividade.
Este material e os demais recursos disponibilizados nesta Etapa 4 do Curso visam forne-
cer caminhos e exemplos de aplicação da Fitoterapia nos agravos mais recorrentes nos
atendimentos da Atenção Básica, nas mais diferentes especialidades. A partir do conhe-
cimento empírico e teórico de profissionais de saúde e pesquisadores experientes, foram
apresentadas recomendações e prescrições clínicas que podem auxiliá-lo na prática do
cuidado, tendo a Fitoterapia como terapêutica principal ou complementar. Espera-se que
você seja instigado a aprofundar esses conhecimentos, buscando estudos e relatos de
experiências, além de dialogar com seus pacientes considerando seus saberes populares
e tradicionais.
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