Você está na página 1de 91

MANUAL DE

FORMAÇÃO

UFCD 4478 – TÉCNICAS DE


SOCORRISMO

FORMADORA CLÁUDIA ROSA


Modalidade de Formação 1.08 – Formação para Ativos Empregados e Desempregados

Informação da Ação de Formação Formadora: Cláudia Rosa


Público-alvo:
Carga Horária:25h
Data:
Local de Realização:

Área de Educação e Formação


Unidade de Formação de Curta Duração 4478 – Técnicas de Socorrismo
(UFCD)
Objetivo geral Aplicar técnicas básicas de socorrismo.

Conteúdos Programáticos 1. Socorrismo, técnicas de


socorrismo
2. Exame geral da vítima
(sintomatologia)
3. Plano de ação do
socorrista
4. Choque
5. Asfixia, respiração
artificial
6. Intoxicações
7. Traumatismos
8. Lesões (articulares,
musculares e ósseas)
9. Queimaduras
10. Feridas
11. Hemorragias (pulsação,
garrote)
Índice geral
Introdução – Princípios gerais do socorrismo............................................................................................................6
1. Mala de primeiros socorros.............................................................................................................................7
2. INEM.........................................................................................................................................................10
3. O Sistema Integrado de Emergência Médica..................................................................................................23
4. Cadeia de Sobrevivência..............................................................................................................................26
5. Avaliação do Estado de Consciência.............................................................................................................27
6. Posição Lateral de Segurança......................................................................................................................37
7. Suporte Básico de Vida................................................................................................................................41
8. Obstrução da Via Aérea...............................................................................................................................46
9. Dificuldade Respiratória...............................................................................................................................49
10. Intoxicações............................................................................................................................................51
11. Lesões ambientais...................................................................................................................................58
12. Trauma..................................................................................................................................................62
13. Feridas...................................................................................................................................................72
14. Queimaduras..........................................................................................................................................77
15. Hemorragia.............................................................................................................................................80
16. Afogamento............................................................................................................................................87
Bibliografia.........................................................................................................................................................89

3
Introdução – Princípios gerais do socorrismo

Em todo o tipo de atividades, as pessoas correm riscos inerentes às mesmas e os acidentes ou as


situações de doença súbita podem, em alguns casos, ser evitados através da adoção de medidas
preventivas ou pela simples mudança de hábitos de vida. No entanto, a possibilidade de estes ocorrerem
é sempre uma realidade presente.

Assim, a forma mais eficaz de eliminar ou reduzir nas vítimas as sequelas que resultam destes incidentes,
é através do socorro prestado nos primeiros minutos que sucedem ao incidente. A eficácia deste primeiro
socorro será tanto maior quanto maior for a formação do socorrista.

Os primeiros socorros podem muitas vezes fazer a diferença entre a vida e a morte ou entre as lesões
ligeiras ou agravadas.

O que se pretende no fundo com a formação em primeiros socorros é criar competências na atuação em
situações de emergência com vista à estabilização de uma vítima até à chegada de socorro
especializado.

Figura 1-Princípios gerais do socorrismo

4
1. Mala de primeiros socorros
O local de trabalho é onde passamos uma grande parte do nosso dia. É, por isso, natural que
aconteçam imprevistos de saúde. Quebras de tensão, dores de cabeça e outros mal estares
podem fazer-se sentir em jornada laboral.

Para começar é importante abordar alguns aspetos importantes quando planeia o  Kit de
Primeiros Socorros da sua empresa:

 Saber o número de trabalhadores e a dispersão nos postos de trabalho. Em primeira


instância, deve sempre pensar no número de trabalhadores da sua empresa e a
dispersão nos postos de trabalho. O conteúdo e o número de Kits de Primeiros
Socorros nunca será igual para uma empresa com 10/20 trabalhadores com postos de
trabalho muito próximos e para uma empresa com 50/100 trabalhadores dispersos por
várias secções de trabalho.

 Compreender o tipo de atividade exercida pela empresa. O tipo de atividade exercida é


outro fator a ter em conta. Para trabalhos onde o risco de acidentes é elevado é
necessário um Kit de Primeiros Socorros com materiais diferentes de um destinado à
uma empresa cuja atividade exercida implica baixo risco de acidentes.

 Conhecer a área da empresa. A área da empresa implica, por sua vez, uma maior ou
menor dispersão dos postos de trabalho. Por isso, influencia fortemente a quantidade
de Kits de Primeiros Socorros necessários. Em casos com áreas de trabalho muito
grandes deve tomar uma decisão ponderada acerca da localização do seu Kit para que
seja de fácil acesso para todos os trabalhadores.

 De acordo com o Artigo 75.º da Lei n.º 102/2009 de 10 de Setembro, Regime jurídico da
promoção da segurança e saúde no trabalho, é atribuído às empresas a

5
responsabilidade da prestação de cuidados de primeiros socorros aos trabalhadores que
tenham tido um acidente de trabalho. Porém, a lei é negligente em relação aos
procedimentos a adotar em caso de emergência e até mesmo da localização e conteúdo
do Kit de Primeiros Socorros.

Para que saiba como organizar o kit de primeiros socorros para a sua empresa e para privilegiar
a flexibilidade da mesma, há alguns princípios legislativos que devem ser seguidos. Tais como:

 Autorizar aos Serviços de Saúde do trabalho ou de Saúde Ocupacional das empresas


(ST/SO) a decisão sobre o conteúdo do Kit de Primeiros Socorros, bem como o seu
número e respetiva localização. Este contexto é sempre influenciado pelo número de
trabalhadores, dispersão dos trabalhadores, área da empresa, tipo de atividade e fatores
de risco profissional.
 Promover a integração dos trabalhadores com o curso de primeiros socorros e incentivar
a administração da empresa em ministrar cursos de primeiros socorros para os seus
funcionários.
 Dar a conhecer a localização da mala/caixa/estojo de primeiros socorros a todos os
trabalhadores. Este objeto de prestação de auxílio a outrem deverá estar num local
acessível a todos e devidamente sinalizado e identificado.
 Rever periodicamente o conteúdo da mala/caixa/estojo de primeiros socorros (no
mínimo uma vez por ano). É imprescindível que todos os trabalhadores conheçam
o conteúdo do Kit de Primeiros Socorros e que tenham acesso fácil ao mesmo.
 Prestar atenção às datas de validade e à reposição dos materiais em falta. Considere,
também, juntar ao seu Kit de Primeiros Socorros uma listagem com alguns
procedimentos básicos de tratamento: como desinfetar uma ferida, como tratar uma
fatura antes da chegada dos serviços médicos, entre outros tipos de tratamentos.

O que deve conter na prática um Kit de Primeiros Socorros ?

Respondendo diretamente a esta questão e considerando todas as indicações supra


mencionadas, este kit de auxílio em caso de acidente deve possuir:

Instrumentos

6
 Termómetro
 Tesoura
 Pinça
 Mascara Proteção Facial                                                                     
 Luvas tipo cirúrgica (látex)
 Compressas de diferentes dimensões;
 Pensos rápidos;
 Rolo adesivo;
 Ligadura não elástica;
 Solução anti-séptica (unidose);
 Álcool etílico70% (unidose);
 Soro fisiológico; (unidose);
 Tesoura de pontas rombas;
 Pinça;
 Luvas descartáveis em latex.

7
2. INEM

Missão:

 Garantir a prestação de cuidados de emergência médica


 Visão: Ser uma organização inovadora, sustentável, motivadora e de referência na
prestação de cuidados de emergência médica
 Valores/Competência: Ter um conhecimento profundo na área de emergência médica,
nos seus vários domínios
 Credibilidade: Receber a confiança e o reconhecimento da sociedade
 Ética: Atuar de forma íntegra, paciente e generosa 
 Eficiência: Alcançar os melhores resultados possíveis com os recursos disponíveis

Qualidade: Assumir um compromisso com as necessidades e expetativas dos cidadãos

CODU – Centro de Orientação de Doentes Urgentes

Os Centros de Orientação de Doentes Urgentes são Centrais de Emergência Médica


responsáveis pela medicalização do Número Europeu de Emergência – 112. Os pedidos de
socorro efetuados através do 112, que digam respeito a situações de urgência ou emergência
médica, são transferidos para os CODU. O INEM tem quatro CODU em funcionamento: Lisboa,
Porto, Coimbra e Faro. Compete aos CODU atender e avaliar no mais curto espaço de tempo os
pedidos de socorro recebidos, com o objetivo de determinar os recursos necessários e
adequados a cada caso.

8
O seu funcionamento é assegurado, 24 horas por dia, por equipas de profissionais qualificados
(Médicos e Técnicos) com formação específica para efetuar o atendimento, triagem,
aconselhamento, seleção e envio de meios de socorro.

Para o efeito, os CODU dispõem de um conjunto de equipamentos na área das


telecomunicações e informática que permitem coordenar e rentabilizar os meios humanos e
recursos técnicos existentes.

 Os CODU coordenam e gerem um conjunto de meios de socorro (motas, ambulâncias de


socorro, viaturas médicas e helicópteros).

 Os meios são selecionados de forma criteriosa de acordo com:

 a situação clínica das vítimas


 a proximidade do local da ocorrência
 a acessibilidade ao local da ocorrência

Este serviço assegura o acompanhamento das equipas de socorro no terreno através de


informações clínicas recebidas.

 É ainda possível selecionar e preparar a receção hospitalar dos doentes, com base em critérios
clínicos, geográficos e de recursos da unidade de saúde de destino.

9
Meios de Emergência

Motociclo de Emergência Médica

A partir de Julho de 2004, os motociclos de emergência médica passaram a fazer parte dos
meios do INEM. O motociclo de emergência médica é um meio ágil, vocacionado para o trânsito
citadino, que permite chegar rapidamente ao local onde se encontra o doente.

Este veículo transporta um aparelho de Desfibrilhação Automática Externa, oxigénio, adjuvantes


da via aérea e ventilação, equipamento para avaliação de sinais vitais e glicemia capilar e outros
materiais de Suporte Básico de Vida (SBV).

Este material permite ao Técnico do INEM adotar as medidas iniciais necessárias à estabilização
da vítima, até que estejam reunidas as condições para um eventual transporte.

 Em alguns casos, a intervenção deste meio é a única necessária, dispensando a presença de
uma ambulância de socorro no local.

Ambulância de Socorro

Figura 2- Ambulância de Socorro

10
As Ambulâncias de Socorro (AS) têm como missão assegurar a deslocação rápida de uma
tripulação com formação em técnicas de emergência médica ao local da ocorrência e no mínimo
tempo possível, em complementaridade e articulação com os outros meios de emergência
médica pré-hospitalar bem como o eventual transporte para a unidade de saúde mais adequada
ao estado clínico da vítima.

As AS estão fixadas em Postos de Emergência Médica operados por entidades agentes de


proteção civil e/ou por elementos do Sistema Integrado de Emergência Médica, sendo tripuladas
por elementos pertencentes às respetivas entidades, com formação específica em técnicas de
emergência médica pré-hospitalar, definida e certificada pelo INEM.

11
Ambulância de Emergência Médica

Figura 3- Ambulância de Emergência Médica

As Ambulâncias de Emergência Médica (AEM), anteriormente designadas por Ambulâncias de


Suporte Básico de Vida (SBV), integram uma equipa de dois Técnicos de Emergência Pré-
hospitalar (TEPH) do INEM.

Têm como missão a deslocação rápida de uma equipa de emergência médica pré-hospitalar ao
local da ocorrência, a estabilização clínica das vítimas de acidente ou de doença súbita e o
transporte assistido para o serviço de urgência mais adequado ao seu estado clínico.

As AEM estão sediadas em bases do próprio INEM e dispõem de equipamento diverso de


avaliação, reanimação e estabilização clínica, indispensável ao cumprimento dos algoritmos de
decisão médica definidos pelo INEM e aprovados pela Ordem dos Médicos.

12
Ambulância de Suporte Imediato de Vida

Figura 4- Ambulância de Suporte Imediato de Vida

As Ambulâncias de Suporte Imediato de Vida (SIV) têm por missão garantir cuidados de saúde
diferenciados, tais como manobras de reanimação. A tripulação é composta por um Enfermeiro e
um Técnico de Emergência Pré-hospitalar (TEPH) e visa a melhoria dos cuidados prestados em
ambiente pré-hospitalar à população.

As Ambulâncias de Suporte Imediato de Vida destinam-se a garantir cuidados de saúde


diferenciados, designadamente manobras de reanimação, até estar disponível uma equipa com
capacidade de prestação de Suporte Avançado de Vida. 

Ao nível dos recursos técnicos tem a carga de uma Ambulância de Suporte Básico de Vida,
acrescida de um monitor-desfibrilhador e diversos fármacos. O equipamento das SIV permite a
transmissão de eletrocardiograma e sinais vitais.

Viatura Médica de Emergência e Reanimação


13
A Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) é um veículo de intervenção pré-
hospitalar destinado ao transporte rápido de uma equipa médica ao local onde se encontra o
doente.

A sua equipa é constituída por um Médico e um Enfermeiro e dispõe de equipamento de Suporte


Avançado de Vida.

As VMER atuam na dependência direta dos Centros de Orientação de Doentes Urgentes


(CODU) e têm base hospitalar. 

O seu principal objetivo consiste na estabilização pré-hospitalar e no acompanhamento médico


durante o transporte de vítimas de acidente ou doença súbita em situações de emergência

Helicóptero de Emergência Médica

Os Helicópteros de Emergência Médica são utilizados no transporte de doentes graves entre


unidades de saúde ou entre o local da ocorrência e a unidade de saúde.
14
Estão equipados com material de Suporte Avançado de Vida e funcionam 24 sobre 24 horas,
365 dias por ano.

A suas missões são divididas em:

 Missões Primárias
O helicóptero coloca uma equipa médica e equipamento no local da ocorrência. Em regra, os
doentes são helitransportadas, no entanto podem ser transportadas em Ambulância para o
hospital, acompanhados ou não pela equipa do helicóptero.

 Missões SecundáriasO helicóptero transporta doentes críticos entre unidades de


saúde
 

 Outras Missões
Transporte de órgãos

A tripulação dos helicópteros é constituída pela equipa de pilotos (o comandante e um piloto) e


pela equipa médica (um médico e um enfermeiro). Os médicos e os enfermeiros que prestam
serviço nos Helicópteros do INEM têm formação específica, compreendendo um Curso de
Fisiologia de Voo e Segurança em Heliportos e um curso de Viatura Médica de Emergência e
Reanimação. Têm também experiência em Emergência Pré-hospitalar, em Cuidados Intensivos
e/ou Serviço de Urgência.

15
Unidade Móvel de Intervenção Psicológica de Emergência

Figura 5- Unidade Móvel de Intervenção Psicológica de Emergência

As Unidades Móveis de Intervenção Psicológica de Emergência (UMIPE) são acionadas


pelo Centro de Orientação de Doentes Urgentes do INEM para o local das ocorrências onde seja
considerada necessária a sua intervenção, como é o caso da assistência a vítimas de sinistros
ou a seus familiares e amigos, apoio na gestão destas ocorrências, nomeadamente, o apoio no
início do processo de luto na sequência de morte inesperada e/ou traumática, situações de risco
iminente de suicídio, emergências psiquiátricas que impliquem risco de vida para o próprio ou
para outros e intervenção com vítimas de abuso/violação sexual. 

As UMIPE são ainda integradas nos dispositivos de resposta do INEM a situações de exceção,
nomeadamente, incêndios, inundações, explosões, catástrofes naturais e humanas, entre outras.

16
Transporte Inter-hospitalar Pediátrico

Figura 6- Transporte Inter-hospitalar Pediátrico

O Transporte Inter-hospitalar Pediátrico (TIP) é um serviço que se dedica ao transporte de


recém-nascidos e doentes pediátricos em estado crítico entre Unidades de Saúde. As
ambulâncias que asseguram este serviço dispõem de uma tripulação constituída por um médico,
um enfermeiro e um Técnico de Emergência Pré-hospitalar (TEPH).

Estão equipadas com todo o material necessário à estabilização de doentes dos 0 aos 18 anos
de idade, permitindo o seu transporte para hospitais onde existam unidades diferenciadas com
capacidade para o seu tratamento. O serviço tem uma cobertura nacional e funciona 24 horas
por dia, todos os dias do ano. 

O TIP veio absorver o antigo Subsistema de Transporte de Recém-Nascidos de Alto Risco, que
funciona no INEM desde 1987. As ambulâncias do TIP são um meio ligeiramente diferente dos
restantes, pois não realizam transportes primários (do local da ocorrência para o hospital), mas
sim transportes secundários (entre hospitais).

17
Viatura de Intervenção em Catástrofe

A Viatura de Intervenção em Catástrofe (VIC) é utilizada em situações multivítimas.

No seu interior transporta diverso material de Suporte Avançado de Vida, que permite a
montagem de um Posto Médico Avançado (PMA). 

Este pequeno hospital de campanha está equipado com material igual ao da Viatura Médica de
Emergência e Reanimação (VMER) e permite o tratamento de 8 vítimas muito graves em
simultâneo. 

Este material é composto por monitores-desfibrilhadores, ventiladores, monitores de parâmetros


vitais, seringas-infusoras, diversos fármacos, entre outros.

Para além disso, a VIC está também equipada com uma célula de telecomunicações, que
permite criar uma rede de comunicações entre o local do acidente, os Centros de Orientação de
Doentes Urgentes (CODU) e os hospitais da zona.
18
Hospital de Campanha

O INEM dispõe de hospital de campanha desde 2003.

Trata-se de uma estrutura móvel composta por diversas partes que é armazenada num veículo
longo (contentor) quando está inativa, de forma a permitir fácil transporte por vias terrestre,
marítima ou aérea.

É constituído por 17 tendas insufláveis, com uma área de cerca de 2400 m2, no qual se inclui
além da estrutura hospitalar, a zona de alojamento da equipa e de suporte e a zona de comando
da operação.

Esta estrutura encontra-se dotada de equipamento que lhe garante autonomia logística –
geradores, purificação de águas, iluminação, unidades de climatização, de pressão positiva,
cozinhas de campanha, casas de banho, depósitos de água e combustível, etc.

O hospital de campanha é acionado em situações de catástrofe ou calamidade (de origem


natural ou tecnológica), e em caso de ataque terrorista ou acidente multivítimas.

Ao INEM compete, no âmbito do Ministério da Saúde, coordenar as atividades em situações de


exceção, substituindo as estruturas de saúde que possam ter ficado abaladas ou reforçando-as.

19
O Hospital de Campanha tem a grande vantagem de ser uma estrutura modular que poderá ou
não ser montado na totalidade consoante a situação em questão.

Permitirá assim ser utilizado numa variedade de conceitos alternativos como sejam o de módulo
de intervenção em ambiente internacional integrando uma resposta de carácter humanitário de
cariz bilateral ou multilateral. 

Pode ainda ser acionado como estrutura de cariz pré-hospitalar alargada utilizada como tampão
de segurança, para evacuação em massa de vítimas para zonas distantes, em caso de afetação
das vias de comunicação.

O Hospital de Campanha está dotado das seguintes valências:

 Admissão e Triagem
 Reanimação, dotada de 3 camas com os respetivos ventiladores
 Ambulatório – destinado a doentes com patologias médicas ligeiras
 Pequena cirurgia/ Ortopedia – estabilização e tratamento de fraturas, material de
sutura para lesões da pele
 Serviço de Observação (SO) – 8 camas, vigilância do doente e monitorização de
parâmetros vitais
 Bloco Operatório – equipado com todo o material que permite realizar intervenções
cirúrgicas
 Unidade de Cuidados Intensivos – 5 camas, dotado de equipamento que permite
monitorização intensiva e invasiva e terapêuticas correspondentes
 4 Enfermarias – 10 camas cada
 Imagiologia – permite realizar exames radiológicos e ecográficos
 Laboratório – permite realizar exames hematológicos e de bioquímica
Tem uma capacidade total de 60 camas.

3. O Sistema Integrado de Emergência Médica

20
O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) é o organismo do Ministério da Saúde
responsável por coordenar o funcionamento, no território de Portugal continental, de um Sistema
Integrado de Emergência Médica (SIEM), de forma a garantir aos sinistrados ou vítimas de
doença súbita a pronta e correta prestação de cuidados de saúde.

A prestação de socorros no local da ocorrência, o transporte assistido das vítimas para o hospital
adequado e a articulação entre os vários intervenientes no SIEM (PSP, GNR, INEM, Bombeiros,
Cruz Vermelha Portuguesa e os Hospitais e Centros de Saúde) são as principais tarefas do
INEM. 

Este sistema é ativado quando alguém liga 112, o Número Europeu de Emergência. O
atendimento das chamadas cabe à PSP e à GNR, nas centrais de emergência. Sempre que o
motivo da chamada tenha a ver com a área da saúde, a mesma é encaminhada para os Centros
de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do INEM.

O INEM, através do Número Europeu de Emergência – 112, dispõe de vários meios para
responder com eficácia, a qualquer hora, a situações de emergência médica. 

O INEM recorda que os meios de emergência devem ser apenas utilizados em situações de
risco de vida. Para uma correta avaliação da situação, é fundamental que ligue 112 e colabore
com o INEM, respondendo às perguntas que lhe são colocadas.

O Que Fazer em Caso de Emergência

O Número Europeu de Emergência – 112 é atendido em primeira linha por uma Central de
Emergência da Polícia de Segurança Pública (PSP), que encaminha para o INEM as chamadas
que à saúde digam respeito. Após receber a chamada transferida pela Central 112, o INEM inicia
um processo de localização, triagem e aconselhamento.

 O que fazer?
Informe, de forma simples e clara:

21
 A localização exata e, sempre que possível, com indicação de pontos
de referência. Esta localização é imprescindível para enviar a ajuda
necessária, devendo ser o mais completa possível;
 O número de telefone do qual está a ligar;
 O tipo de situação (doença, acidente, parto, etc.);
 O número, o sexo e a idade aparente das pessoas a necessitar de
socorro;
 As queixas principais e as alterações que observa.

Só assim é possível o INEM enviar os meios de socorro adequados à condição clínica das
vítimas, ajuda que pode passar pelo acionamento de Ambulâncias de Emergência ou Socorro,
Viaturas Médicas de Emergência e Reanimação, Motociclos de Emergência Médica,
Helicópteros de Emergência Médica, entre outros.

 O que não fazer?


 Nunca desligar a chamada de emergência até que lhe digam que o
pode fazer;
 Não fazer chamadas falsas para o 112. Use este número apenas em
caso de emergência.
 

Para ajudar, basta manter a calma e responder às questões colocadas pelos operadores,
seguindo todas as indicações.

Quais os Critérios do INEM para Enviar Meios de Socorro

O INEM tem por missão acudir a situações de emergência médica. A diferença entre os
conceitos de Urgência e Emergência Médica não é apenas uma questão de português: a gestão
dos meios de socorro tem de ser feita de forma criteriosa para que não faltem em situações em
que são realmente necessários.

22
Após receber a chamada transferida pela Central 112, o INEM inicia um processo de localização,
triagem e aconselhamento da ocorrência. Esta triagem é feita com base nas questões colocadas
ao contactante e permite identificar se a situação é urgente ou emergente.

Através dos dados recolhidos no diálogo com o contactante, e recorrendo às aplicações


informáticas disponíveis no Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU), o INEM
consegue avaliar se a situação coloca a vítima em risco de vida e envia para o local o(s) meio(s)
de emergência mais apropriado(s).

Numa situação de urgência, a vítima pode ter necessidade de ser observada numa unidade
hospitalar para receber o tratamento adequado, mas não corre risco de vida imediato. Nestes
casos, a chamada é transferida para o Centro de Contacto SNS24, serviço do Ministério da
Saúde constituído por profissionais qualificados e preparados para aconselhar os doentes sobre
a melhor forma de melhorar o seu estado de saúde.

Este Centro pode aconselhar a deslocação do doente a uma unidade de saúde, sendo dadas
alternativas ao contactante para que seja efetuado um outro tipo de transporte, serviço esse
garantido por entidades como Corporações de Bombeiros, Cruz Vermelha Portuguesa ou
empresas privadas que se dedicam ao transporte de doentes não urgentes.

Já numa situação emergente, a vítima apresenta sinais e sintomas que indicam estar-se perante
uma situação de risco de vida iminente, sendo necessária a prestação de cuidados de saúde
ainda no local e durante o transporte até à unidade de saúde adequada para o um tratamento
eficaz.

Sempre que verificar uma situação de emergência, o INEM envia os meios de socorro
adequados. Por isso, a avaliação correta da situação é fundamental!

23
4. Cadeia de Sobrevivência

A “Cadeia de Sobrevivência” é composta por quatro elos que traduzem o conjunto de


procedimentos vitais para recuperar uma vítima de paragem cardiorrespiratória (PCR).

Os quatro elos da cadeia de sobrevivência são:

 Acesso precoce ao Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM) – 112

O rápido acesso ao SIEM assegura o início da Cadeia de Sobrevivência. Cada minuto sem se
chamar o socorro reduz a possibilidade de sobrevivência da vítima. Por isso, é fundamental ligar
112 e colaborar com o operador.

 Início precoce de Suporte Básico de Vida (SBV)

Para aumentar a probabilidade de sobrevivência de uma vítima de paragem cardiorrespiratória é


fundamental iniciar de imediato manobras de SBV.

 Desfibrilhação Precoce
A maioria das PCR no adulto ocorrem devido a perturbações do ritmo cardíaco. O único
tratamento eficaz é a desfibrilhação, que quando aplicada precocemente alcança uma alta taxa
de sucesso.

 Suporte Avançado de Vida (SAV) precoce


O Suporte Avançado de Vida permite, através de cuidados médicos avançados, conseguir uma
ventilação e uma circulação mais adequadas. Idealmente, o SAV deverá ser iniciado ainda na
fase pré-hospitalar e continuado no hospital. Cada um dos elos da cadeia de sobrevivência é
vital e todos têm a mesma importância. De nada serve o SAV se não ligar 112.

24
5. Avaliação do Estado de Consciência

Os acidentes e as doenças súbitas acontecem quando menos se espera, sendo uma mais-valia
estar preparado para atuar. É por isso importante saber abordar uma vítima e avaliar o seu
estado de consciência.

Perante qualquer situação de emergência, antes de se aproximar da vítima, deve confirmar se


existem condições de segurança no local, para si e para a vítima. Havendo condições de
segurança, aproxime-se e verifique se a vítima responde.

Para tal, abane suavemente os ombros.

 Se a vítima responde significa que está consciente. Tente perceber o que se passou e
se necessário ligue 112.
 Se a vítima não responde, considere que está desmaiada.

25
Caso a vítima não responda, precisa saber se ela respira. Para avaliar se uma vítima respira
deve Ver se o tórax expande, Ouvir a passagem de ar e Sentir a expiração na face.

Siga estes passos:

1. Coloque uma mão na testa e dois dedos da outra mão no queixo da vítima, provocando
uma ligeira extensão da cabeça. Este gesto melhora a passagem do ar para os pulmões.
2. Coloque o seu ouvido perto da boca e nariz da vítima e olhe para o peito dela. Preste
atenção a sons de respiração, se sente o ar da respiração no seu rosto e se observa os
movimentos respiratórios do peito da vítima. Faça isto durante 10 segundos.

Se respira normalmente: Se indicado, coloque a vítima em Posição Lateral de Segurança, avalie


a situação e ligue 112.

Se não respira normalmente: Ligue 112 e inicie manobras de Suporte Básico de Vida
(reanimação).

A perturbação da consciência pode conduzir a uma perda de conhecimento, resultado de uma


interrupção da atividade normal do cérebro.

26
Causas:

 Hipoglicemia (açúcar a menos);


 Epilepsia
 AVC (Acidente Vascular Cerebral);
 Síncope (desmaio);
 Algumas infeções/tumores;
 Hipóxia cerebral (O2 insuficiente);
 Traumatismo crânio-encefálico.

Atuação a nível geral:

 Colocar em ambiente ventilado;


 Elevação dos membros inferiores;
 Manter a temperatura corporal;
 Reavaliar.

Sendo a diabetes uma doença que resulta da difícil absorção do açúcar (glicose) e da sua
utilização na produção de energia, é necessário ter atenção aos valores deste no sangue.

Valores para um adulto:

 80-110 mg/dl, recomendável;


 111-126 mg/dl, tendência para diabetes;
 > 126 mg/dl, diabetes (mínimo de duas análises).

A diabetes por si só não é uma emergência, mas sim uma doença que pode ser evitada ou pelo
menos, as suas consequências minimizadas. No entanto, se não existir cuidado por parte do
doente pode originar uma de duas situações que podem por em risco a vida, a hiperglicemia e a
hipoglicemia. O açúcar é essencial para que as células produzam energia. Para que o açúcar
possa ser utilizado a nível celular tem primeiro que ser digerido. Na digestão do açúcar é
essencial a presença de insulina, produzida pelo pâncreas. Ao nível de açúcar no sangue dá-se
o nome de glicemia. Ao aumento da quantidade de açúcar no sangue dá-se o nome de

27
hiperglicemia. À diminuição acentuada da quantidade de açúcar no sangue dá-se o nome de
hipoglicemia.

Hiperglicemia

Sinais e sintomas:

 Náuseas e vómitos;
 Fraqueza muscular e tonturas;
 Pele avermelhada e seca;
 Sensação de sede;
 Hálito cetónico;
 Aumento da frequência ventilatória;
 Sonolência;
 Confusão mental;
 Desorientação;
 Inconsciência - Coma hiperglicémico.

Atuação:

 Manter uma atitude calma e segura;


 Avaliar e registar sinais vitais;
 Recolher o máximo de informação;
 Manter vigilância dos sinais vitais;
 Vigiar o estado de consciência.

Hipoglicemia

Sinais e sintomas:

 Ansiedade, irritabilidade ou agitação;

28
 Fraqueza muscular;
 Sensação de fome;
 Pulso rápido e fraco;
 Pele pálida, húmida e viscosa;
 Tonturas;
 Náuseas e dor abdominal;
 Tremores e convulsões;
 Desorientação;
 Confusão mental;
 Inconsciência - Coma hipoglicémico.

Atuação:

 Manter uma atitude calma e segura;


 Água açucarada - Vítima consciente;
 Papa de açúcar - Vítima inconsciente;
 Avaliar e registar sinais vitais;
 Recolher o máximo de informação;
 Manter vigilância apertada dos sinais vitais;
 Vigiar o estado de consciência.

Convulsão (Epilepsia)

As convulsões são contrações involuntárias de alguns grupos musculares, ocasionadas por um


aumento da atividade elétrica, numa determinada região cerebral. Várias situações estão na
origem destas crises:

 Epilepsia a mais comum;


 Lesões cerebrais;
 Hipertermia, etc.

29
Existem fundamentalmente dois tipos de crises epiléticas:

 Não convulsivas ou crises de pequeno mal (Caracterizam-se por ausências breves);


 Convulsivas ou crises de grande mal (Caracterizam-se pela contração involuntária e
descoordenada de grupos musculares).

A sintomatologia é mais exuberante nas crises convulsivas ou de grande mal. Muitas vítimas
sentem a aura, isto é, um pré-aviso antes do início da crise que se caracteriza geralmente por:

 Cefaleias;
 Náuseas;
 Ranger de dentes, entre outras.

As crises convulsivas ou de grande mal têm normalmente esta sequência:

 Por vezes um grito violento;


 Um rodar dos olhos para cima;
 Perda de consciência a que se segue uma queda violenta;
 Cianose labial e das extremidades;
 Os dentes cerram-se chegando a haver mordedura da língua;
 Descontrole de esfíncteres;
 Contrações musculares involuntárias;
 As crises duram cerca de 2 a 4 minutos;
 Após o episódio convulsivo a vítima pode ficar inconsciente.

Atuação:

 Manter uma atitude calma e segura;


 Evitar traumatismos associados;
 Proteger extremidades e crânio da vítima;
 Nunca tentar contrariar as contrações;
 Desapertar roupas justas;

30
 Manter a via aérea permeável;
 Registar a duração, tempo de intervalo ,zona atingida e as características das crises
convulsivas;
 Após a crise convulsiva, colocar a cabeça da vítima de lado e aspirar secreções, se

necessário.
 Despistar a hipertermia;
 Avaliar e registar sinais vitais;
 Recolher o máximo de informação;
 Atuar em conformidade com os traumatismos associados;
 Manter vigilância apertada.

31
Acidente vascular cerebral

O acidente vascular cerebral (AVC), vulgarmente designado por trombose, é uma das maiores
causas de morte em Portugal. O AVC deve-se essencialmente ao sedentarismo e hábitos
alimentares associados a muitos fatores desajustados, e que se sobrepõe aos cuidados que
cada indivíduo tem de ter com a saúde.

A melhor medida de combate a este tipo de doença é adotar uma atitude preventiva, ou seja,
assumir uma alimentação saudável, não fumar e sempre que possível praticar desporto, e em
complemento realizar exames médicos regularmente.

O AVC resulta do processo de aterosclerose das artérias cerebrais, ou seja, da acumulação de


gordura na parede das artérias. Esta situação tende a agravar-se com o envelhecimento natural
do corpo. Ao longo da vida as artérias vão perdendo a sua elasticidade, fator que se agrava pelo
desenvolvimento da aterosclerose.

Sinais e sintomas:

 Cefaleias intensas e súbitas (dores de cabeça);


 Perda da força ou do movimento de um dos lados do corpo;
 Desvio da comissura labial (boca de lado);
 Dificuldade em falar ou em articular as palavras;
 Incontinência (principalmente urinária);
 Comportamento repetitivo.

32
Atuação:

 Manter a calma e um ambiente calmo em redor do doente;


 Deitar o doente, colocando-o em PLS;
 Identificar corretamente as queixas do doente, se este tem algum antecedente e se faz
alguma medicação;
 Ligar 112 e transmitir a informação recolhida;
 Indicação do local;
 Número de telefone de contacto;
 Descrever a situação;
 Seguir as instruções dadas pelo operador da central;
 Aguardar pelo socorro;
 Se o doente ficar inconsciente, verificar se existe respiração espontânea eficaz e aplicar
os procedimentos indicados correspondentes ao suporte básico de vida.

Sincope (desmaio)

A perda súbita do conhecimento, vulgarmente conhecida por «desmaio» ou lipotimia, pode ter
várias origens, bem como indicar vários quadros clínicos. Os mais frequentes são:

 A descida súbita da pressão arterial (hipotensão), que dá origem a uma má perfusão


cerebral;
 A descida acentuada do açúcar no sangue.

33
No entanto, pode também indicar situações de maior gravidade, ou seja, quando a perda de
conhecimento esteja associada a:

 Dor torácica;
 Convulsão.

Atuação:

Na maioria dos casos o doente recupera a consciência ao fim de poucos minutos, no entanto,
devem ser adotados os seguintes procedimentos:

 Doente inconsciente
 Verificar a boca e retirar próteses dentárias ou outras substâncias que possam
provocar obstrução;
 Verificar se o doente respira. Se não respira, abandonar o doente e ligar 112
(caso esteja acompanhado mandar ligar 112) e, após o pedido de ajuda estar
garantido, iniciar as manobras de suporte básico de vida;
 Se o doente respira, continuar com os procedimentos;
 Colocar o doente em PLS (procedimento explicado no capítulo 8);
 Tentar saber o que aconteceu;
 Manter o doente quente;
 Ligar 112 e transmitir a informação recolhida:
 Informar:
 Local;
 Número de telefone de contacto;
 Descrever a situação;
 Seguir as instruções dadas pelo
operador de central.
 O doente recuperou a consciência.
Na maioria dos casos, o doente irá recuperar ao fim de alguns minutos. Assim, deve
proceder-se da seguinte forma:

34
 Acalmar o doente;
 Desapertar alguma roupa como, por exemplo, o colarinho da camisa e o cinto
das calças;
 Elevar os membros inferiores (basta a altura de algumas almofadas ou de uma
pequena cadeira);
 Saber quais são as queixas que o doente refere e o que aconteceu;
 Manter o doente quente;
 Ligar 112 e transmitir a informação recolhida:

6. Posição Lateral de Segurança

Se se deparar com uma vítima inconsciente mas a respirar normalmente e se não suspeitar ser
vítima de trauma, deve colocá-la na chamada “Posição Lateral de Segurança” (PLS).

Nesta posição as vias aéreas ficam desimpedidas, garantindo que a queda da língua não impede
a passagem de ar para os pulmões e que, caso existam líquidos, não obstruam as vias aéreas.
Abandone a vítima apenas se necessário para ir chamar ajuda e avalie-a regularmente para
assegurar que não há agravamento do seu estado clínico.

Siga estes passos:


35
 Ajoelhe-se e alinhe o corpo da vítima, que deve ficar com os braços estendidos ao longo
do corpo. Retire-lhe óculos e objetos volumosos dos bolsos.

 Coloque o braço da vítima que está junto a si dobrado, com a palma da mão virada para
cima e ao nível da cabeça.
 Permaneça onde está e pegue na outra mão da vítima. Dobre-lhe o braço por forma a
cruzar o peito e a colocar as costas da mão na face da vítima do seu lado. Após este
movimento, segure do lado oposto ao seu a perna da vítima na zona do joelho, levante-a
e dobre-a.
 Utilize a perna dobrada para ajudar a rolar a vítima para o seu lado. Durante este
movimento mantenha uma mão a apoiar a cabeça da vítima enquanto a faz rolar.
 Certifique-se que a vítima está a respirar.

36
 Ligue 112 e fique atento a alterações do estado da vítima enquanto aguarda pelo

socorro.

Dor torácica

A dor torácica é, sem margem para dúvida, o sintoma que mais preocupações provoca uma vez
que é normalmente associado às situações cardíacas, nomeadamente ao enfarte agudo do
miocárdio. Sendo esta a situação mais frequente, no entanto, não é a única responsável pela
origem da dor torácica, uma vez que no tórax existem outras estruturas anatómicas e órgãos,
como ossos, músculos, grandes vasos sanguíneos, esófago e pulmões, que podem em alguns
casos dar origem à dor. Por este motivo, a avaliação da dor torácica pode ter origem cardíaca ou
origem não cardíaca.

37
A dor torácica de origem cardíaca surge em consequência de um deficiente fornecimento de
oxigénio ao músculo cardíaco. Este fator leva a que este entre em sofrimento (isquemia) tendo
como sintoma a dor. A arteriosclerose é a principal responsável por este fornecimento deficitário
de oxigénio, uma vez que ao diminuir o diâmetro das artérias coronárias, reduzindo a
elasticidade das mesmas, provoca uma situação que facilita a sua obstrução e
consequentemente a interrupção do fluxo sanguíneo.

Sinais e sintomas que podem indicar uma dor de origem cardíaca

 Dor torácica tipo:


 «Facada»;
 Opressão;
38
 Esmagamento;
 Aperto
 Dor que pode irradiar para o membro superior esquerdo, pescoço e mandíbula.
 Náuseas ou vómitos;
 Alterações do ritmo cardíaco;
 Sensação de desmaio;
 Dificuldade em respirar.

Atuação:

 Não deixar o doente efetuar qualquer esforço;


 Colocar o doente numa posição confortável;
 Identificar se é o primeiro episódio, se existem doenças anteriores e se faz medicação;
 Ligar 112 e responder com calma às perguntas que são feitas, fornecendo as
informações recolhidas anteriormente;
 Aguardar pelo socorro.

39
7. Suporte Básico de Vida

A paragem cardiorrespiratória (PCR) é um acontecimento súbito, constituindo-se como uma das


principais causas de morte em todo o mundo. O SBV aumenta substancialmente a probabilidade
de sobrevivência da vítima quando iniciado nos primeiros minutos após a paragem cardíaca, e
consiste essencialmente em duas ações: compressões torácicas e ventilações.

Por isso, após garantir as condições de segurança do local onde se encontra a vítima, verifique
se esta está consciente abanando-lhe suavemente os ombros e chamando por ela. No caso de a
vítima não responder, considere que está desmaiada (inconsciente) avaliando depois se respira,
recorrendo à técnica VOS: Ver se o tórax expande, Ouvir a passagem do ar e Sentir a respiração
na face.

Caso a vítima não respire, ligue de imediato 112 (ou garanta que alguém o faz), recorrendo à
alta voz do seu telemóvel, e se necessário abandonando a vítima.

Depois inicie o SBV até a vítima recuperar ou chegar ajuda diferenciada.

 Como fazer Suporte Básico de Vida?


 Deite a vítima de costas no chão ou sobre uma superfície rígida.
 Coloque as suas mãos sobrepostas com os dedos entrelaçados no meio do peito da
vítima.
 Com os braços esticados e perpendiculares ao corpo da vítima, pressione o peito,
fazendo com que este baixe visivelmente e alivie. Repita 30 vezes este movimento
40
de compressão e descompressão do peito da vítima a um ritmo de 100 a 120 por
minuto.
 Ao fim das 30 compressões efetue duas ventilações através da boca da vítima. Para
isso encha os pulmões de ar e expire para a boca da vítima, tapando-lhe o nariz
com os seus dedos e isolando com os seus lábios os da vítima, para que não exista
fuga do ar. Embora a ventilação boca-a-boca seja relativamente segura, sem casos
de infeção grave descritos, é recomendável a utilização de máscaras de
reanimação. Nos casos em que não seja possível fazer ventilações, faça apenas as
compressões.
 Após ventilar, retome as compressões e siga sempre a sequência de 30
compressões torácicas com 2 ventilações. Mantenha as manobras até à chegada de
ajuda ou a vítima recuperar.

 Particularidades do SBV Pediátrico:

41
 Logo que verifique que o latente/criança não respira normalmente, faça 5
ventilações apenas com a quantidade de ar necessária para expandir
eficazmente o tórax.
 Se não houver sinais de vida deve iniciar de imediato compressões torácicas,
mantendo uma alternância de 15 compressões com 2 insuflações.
 Adapte as compressões ao tamanho da vítima: se bebé até um ano use apenas
2 dedos e se criança até 8 anos apenas uma mão, deprimindo até 1/3 da altura
do tórax.

Compressões torácicas no lactente

Técnica dos dois dedos

Esta é a técnica recomendada para que um socorrista único efetue compressões em lactentes.
O socorrista, mantendo a permeabilidade da via aérea (extensão da cabeça com uma mão),
deve colocar a ponta de dois dedos da outra mão sobre a metade inferior do esterno do lactente
e comprimir o tórax na vertical, de forma a causar uma depressão de cerca de 1/3 da sua altura
(4 cm). Depois de cada compressão, deve aliviar a pressão de forma a permitir ao tórax retomar
a sua forma.

Após cada série de 15 compressões, deve retirar os dedos para fazer a elevação do queixo e
efetuar 2 insuflações eficazes, continuando sucessivamente esta relação de 15:2.

42
Técnica do Abraço

No caso de estarem presentes dois reanimadores, e se a estrutura física da criança o permitir,


deve ser usada preferencialmente a técnica de compressão com os 2 polegares.

Compressões torácicas nas crianças

Nas crianças maiores, o socorrista deve posicionar-se ao lado da criança, e, usando as


referências anatómicas mencionadas anteriormente, coloca a base de uma mão na metade
inferior do esterno (um dedo acima do apêndice xifóide que, percorrendo cada uma das grelhas

43
costais inferiores, se localiza onde as duas se encontram). Deve levantar os dedos de forma a
que só a base da mão faça pressão, para não comprimir as costelas.

De seguida, mantendo o braço esticado, sem fletir o cotovelo, e de forma que o ombro fique
perpendicular ao ponto de apoio da mão, pressiona o tórax cerca de um terço da sua altura (5
cm na criança), usando o peso do seu corpo. Após cada 15 compressões, o reanimador
permeabiliza a via aérea e efetua duas insuflações, mantendo esta relação de 15:2
sucessivamente.

44
8. Obstrução da Via Aérea

A obstrução da via aérea consiste no que habitualmente se designa por “engasgamento”.


Quando se trata de uma obstrução por um corpo estranho a vítima vai ter dificuldade em respirar
porque o ar não chega aos pulmões.

Se a vítima conseguir tossir, ainda passa algum ar para os pulmões e estamos perante
uma Obstrução Ligeira. Se a vítima deixar de conseguir tossir, estamos perante uma Obstrução
Grave da Via Aérea.

Num adulto ou numa criança, o procedimento é basicamente o mesmo, apenas com algumas
adaptações em função da idade da vítima.

Como proceder perante uma obstrução da via aérea?

 Enquanto a vítima conseguir tossir, encoraje a tosse na tentativa de expelir o corpo


estranho;
 Se resolver, avalie a situação e recorra a um serviço de saúde se necessário;
 Se a vítima não conseguir tossir, aplique cinco pancadas nas costas:
 Coloque-se ao lado e ligeiramente por detrás da vítima;
 Passe o braço por baixo da axila da vítima e suporte-a a nível do tórax com uma
mão, mantendo-a inclinada para a frente, numa posição tal que se algum objeto for
deslocado com as pancadas possa sair livremente pela boca;
45
 Aplique até 5 pancadas com a base da outra mão, na parte superior das costas,
entre as omoplatas.
 Se não resolver a obstrução efetue até cinco compressões abdominais:
 Coloque-se por trás da vítima e circunde o abdómen da vítima com os seus braços;
 Feche o punho de uma mão e posicione-o acima do umbigo, com o polegar voltado
contra o abdómen da vítima;
 Sobreponha a 2ª mão por cima da outra e aplique uma compressão rápida para
dentro e para cima;
 Repita até cinco vezes este processo
 Intercale as pancadas nas costas com as compressões abdominais até a situação
se resolver ou a vítima ficar inconsciente;
 Se a vítima ficar inconsciente, ligue de imediato 112 e inicie Suporte Básico de Vida.
 

Qualquer vítima que tenha sido sujeita a este tipo de manobras, deve ser encaminhada ao
Hospital para prevenir algum tipo de lesão associada (ligue 112).

46
 

Particularidades da OVA Pediátrica:

No caso de um bebé (até um ano), realize as pancadas nas costas segurando-o de barriga para
baixo com a cabeça levemente mais baixa do que o tórax, apoiada no seu antebraço e apoie a
cabeça e a mandíbula do lactente com a sua mão;
Substitua as compressões abdominais por compressões torácicas, usando apenas 2 dedos para
comprimir o tórax. Verifique a boca no final de cada ciclo de 5 compressões.

47
9. Dificuldade Respiratória

Quando o frio se faz sentir com maior intensidade, as doenças respiratórias tornam-se mais
habituais e comuns. Idosos e crianças são os grupos etários mais vulneráveis a este tipo de
problemas, que devem ser precavidos. A dificuldade em respirar é uma sensação de respiração
difícil ou desconfortável, que geralmente exige um trabalho respiratório excessivo. É importante
conseguir identificar e corrigir corretamente estas situações, pois podem implicar risco de vida.

Sinais e Sintomas:

48
 Respiração acelerada, ruidosa e sibilante;
 Tosse;
 Incapacidade de falar ou completar frases;
 Incapacidade para pensar com clareza;
 A pele torna-se azul-acinzentada (cianose), sobretudo nas orelhas, lábios e pontas dos
dedos.

Potenciais causas:

 Obstrução das Vias Aéreas;


 Incapacidade de mover o peito, devido a lesões no tórax que impeçam o normal
movimento;
 Oxigénio insuficiente no ar, devido à presença de gases tóxicos;
 Doença crónica, como asma ou alergias, uma infeção, pneumonia, entre outras. 

Como atuar?

 Sente a vítima, colocando-a numa posição direita e confortável;


 Incentive-a a respirar calmamente, inspirando pelo nariz e expirando pela boca;
 Não permita conversas, aconselhando apenas a responder “sim” ou “não” através de
gestos;
 Não permita esforços físicos pois a fadiga vai agravar a situação;
 Se a vítima utilizar habitualmente oxigénio em casa, não aumente o valor administrado;
 Nunca deite uma pessoa com dificuldade respiratória, pois piora a situação.
 Ligue 112

Todas as pessoas que tenham experienciado dificuldade respiratória têm de ser assistidas num
hospital, mesmo aparentando já terem recuperado. É importante certificar que não houve dano
permanente e confirmar a causa que originou a situação.

49
10. Intoxicações

Como proceder em caso de intoxicação?


 
Vivemos rodeados de possíveis tóxicos que utilizamos constantemente nas nossas casas,
garagens, fábricas, no campo. Quando acontece uma intoxicação precisamos de saber como

50
atuar. Os conselhos que aqui lhe deixamos são essenciais para a abordagem a este tipo de
situações e permitem que cada cidadão tenha o conhecimento necessário para atuar em caso de
intoxicação.

 
O que fazer:

 Mantenha a calma. Não se precipite, mas não perca tempo;


 Contacte o Centro de Informação Antivenenos (CIAV);
 Responda às perguntas do médico do CIAV:

 Quem?
 O Quê?
 Quanto?
 Quando?
 Onde?
 Como?

51
 Se não conseguir ligar para o CIAV, ligue 112 ou dirija-se ao hospital mais próximo;
 Leve sempre consigo as embalagens dos produtos que originaram a intoxicação.

Como evitar intoxicações acidentais

A maioria das intoxicações ocorrem de forma acidental, quer seja por descuido ou simplesmente
porque as crianças gostam de brincar com coisas diferentes. A ingestão de produtos químicos
pode colocar crianças ou adultos em risco de vida.

Para evitar intoxicações acidentais:

 Guarde os medicamentos e outros produtos químicos num local seguro e de difícil


acesso às crianças;
 Explique às crianças o risco de se mexer em produtos perigosos e medicamentos;
 Não tome nem dê medicamentos às escuras e não exceda as doses prescritas;
 Não utilize embalagens vazias para guardar outros produtos;
 Não aplique raticidas em locais acessíveis às crianças;
 Leia as instruções de aplicação com cuidado e aplique os produtos cumprindo as regras
de segurança;
 Feche as embalagens e guarde os produtos imediatamente após o uso;
 Não coloque produtos de uso doméstico junto de comidas ou bebidas;
 Não dê embalagens vazias às crianças para brincar;
 Feche as torneiras do gás após a sua utilização e tenha as instalações em bom estado;
 Não tenha instalações de gás na casa de banho;
 Guarde em segurança as bebidas alcoólicas;

52
 Não esqueça que os perfumes, águas-de-colónia e loções para a barba podem ser
soluções alcoólicas, pelo que devem estar devidamente guardados;
 Não tenha plantas tóxicas em casa ou no jardim, tendo crianças pequenas.
 Cuidado com as bagas!

Intoxicação por contacto com os olhos ou com a pele

O contacto com produtos químicos pode resultar em queimaduras graves que precisam de
cuidados urgentes. A gravidade da queimadura depende da substância envolvida e de quanto
tempo esteve em contacto com o corpo.

a) Contacto com os olhos

Determinados produtos podem provocar lesões graves e até cegueira.

Sinais e Sintomas

 Dor e vermelhidão
 Lacrimejo e irritação
 Incapacidade de abrir os olhos
 Pálpebras inchadas
 Perda de visão ou vista turva 

Atuação

 Avalie a situação – segurança, proteção (ex.: luvas), riscos, qual o produto.


 Lave com água corrente durante 15 minutos mantendo as pálpebras afastadas.
 Tape o olho atingido, podendo mesmo tapar os dois por forma a evitar movimentos.
 Ligue para o Centro de Informação Antivenenos – 800 250 250.

b) Contato com a pele

53
A localização das lesões normalmente surge na parte do corpo exposta ao químico. No entanto,
pode ser absorvido pelo organismo e apresentar alterações noutras regiões do corpo.

Sinais e Sintomas

 Vermelhidão e possível formação de bolhas


 Comichão
 Inchaço
 Queimaduras

Atuação

 Avalie a situação – segurança, proteção (ex.: luvas), riscos, qual o produto, queimaduras
(algumas podem não ser visíveis imediatamente).
 Coloque a vítima em segurança – local seguro e bem ventilado.
 Ajude a vítima a retirar roupas contaminadas.
 Lave abundantemente com água corrente durante 15 minutos – tenha cuidado para que
o produto não escorra sobre partes do corpo não afetadas.
 Ligue para o Centro de Informação Antivenenos – 800 250 250.

Intoxicação por Ingestão


 
A ingestão de produtos tóxicos pode ocorrer acidentalmente ou deliberadamente. Em ambos os
casos é uma emergência que pode mesmo colocar em risco a vida. Crianças e idosos tendem a
ser grupos de risco no que respeita a este tipo de intoxicação, quer pela atração que as
embalagens possam representar para as crianças, quer pelo engano na toma dos medicamentos
pelos idosos.

54
 
Sinais e Sintomas:

 Queimaduras ou bolhas, junto da boca


 Fortes dores de barriga
 Vómitos e diarreia com a possibilidade da presença de sangue
 Dificuldade respiratória
 Convulsões
 Alterações da consciência – desmaios, sonolência, agitação

Atuação:

 Recolha informação sobre o produto ingerido, pedindo ajuda à vítima se esta estiver
capaz de falar.
 Acalme a vítima.
 Caso ainda exista alguma substância na boca, peça à vítima para a expelir.
 Dê a beber alguns goles de água ou leite.
 Se a vítima vomitar espontaneamente, incline-a ligeiramente para a frente por forma a
escoar o produto.
 Não provoque o vómito.

55
Intoxicações na Praia e no Campo

Quem não gosta de aproveitar o verão para umas idas à praia? Por isso mesmo é importante
que fique a saber que mesmo nestes locais estamos expostos a possíveis intoxicações, sendo
muito importante preveni-las.

Alguns conselhos para evitar intoxicações na praia:

 Se souber da existência de peixe-aranha, use sandálias. Para aliviar a dor provocada


pela picada dos peixes-aranha deve recorrer-se ao calor, por imersão do membro
afetado em água quente;
 Evite tomar banho em locais com alforrecas. Nestes casos deverá efetuar uma boa
limpeza da zona afetada, lavando com água corrente;
 Não apanhe mariscos em áreas poluídas. O seu consumo pode representar um sério
risco para a sua saúde.
 Muitas pessoas também aproveitam esta época do ano para uns dias de descanso,
rumando até ao campo para carregar baterias. E o campo é fértil em situações que
podem provocar intoxicações, algumas delas podendo representar um verdadeiro risco
para a sua saúde.

Alguns conselhos para evitar intoxicações no campo:

 Evite andar descalço e com sandálias, usando preferencialmente sapatos fechados;


 Os lacraus e as víboras têm uma picada venenosa. Evite o contato com este tipo de
animais;
 Não se aproxime das colmeias;
 Não coma bagas ou sementes de plantas desconhecidas;
 Não apanhe nem coma cogumelos se não os distingue com toda a segurança;
 Use os pesticidas cumprindo todas as regras de preparação e aplicação e respeite os
intervalos de segurança;
 Não deixe abandonadas embalagens de pesticida destapadas, vazias ou vasilhas com
resto de caldas.

56
Picada ou mordedura de animal

Em Portugal existem muito poucos casos de morte relacionados com picadas ou mordeduras de
animais. Os dados mais recentes do Centro de Informação Antivenenos (CIAV) do INEM não
revelam a existência de casos mortais, mas as vítimas nem sempre contactam este Centro de
Informação Toxicológica.

Há picadas ou mordeduras de animais que podem originar um quadro clínico grave:

 Abelha – relacionada com reações alérgicas graves, podendo surgir, na sequência da


picada, um edema (inchaço) da língua e das vias aéreas superiores, com dispneia (falta
de ar), exigindo a intervenção médica urgente.
 Vespas – para além da dor local, geralmente não tem outras consequências.
 Víbora – a mordedura de víbora pode originar uma situação clínica grave. Nos casos
mais graves provoca um edema progressivo do membro atingido que pode levar ao
compromisso circulatório desse membro, exigindo uma intervenção médica urgente.
 Cobras – em geral não implica qualquer toxicidade. No entanto, sempre que alguém seja
mordido ou picado por um ofídio, deve ser contactado o CIAV ou ser observado por um
médico para se despistar a mordedura de víbora.
 Lacrau – a picada do lacrau provoca dor intensa sendo conveniente a observação
médica.
 Centopeia – sem grandes consequências para além da dor local.
 Alforrecas e medusas – pode condicionar reações alérgicas de maior ou menor
gravidade, dependendo da pessoa que é picada.
 Caravela Portuguesa – para além da dor, provoca reações alérgicas por vezes intensas,
sugerindo-se a observação médica.
 Peixe-aranha – provoca fundamentalmente dor, sendo raras as reações alérgicas.

Mas há também medidas que podem ser tomadas de imediato!

Como regra para todos os casos deve aplicar-se gelo no local da picada, imobilizar o membro
atingido e procurar apoio médico nos casos mais graves. No caso do peixe-aranha deve aplicar-
57
se água quente na área atingida. Já nos casos das alforrecas, medusas e caravela portuguesa
deve lavar-se a área atingida com água corrente ou vinagre.

11. Lesões ambientais

Lesões provocadas pelo calor


As lesões pelo calor surgem na sequência da exposição prolongada do indivíduo a temperatura
ambiente elevada. Estas lesões podem ser provocadas quer por calor húmido (exposição do
organismo a elevadas temperatura ambiente mas na presença de humidade na atmosfera) quer
por calor seco (exposição do organismo a elevadas temperaturas ambientes e na ausência de
humidade). As lesões pelo calor, mais comuns, são: o golpe de calor e a insolação
Golpe de calor
Esta situação é causada pela ação do calor mas na presença de humidade atmosférica, ou seja
é uma situação desencadeada pela exposição do indivíduo ao calor húmido. Surge quando o
indivíduo é exposto a ambientes muito quentes e também muito húmidos quando o arejamento é
ineficaz (ex. fundições de metais, padarias e lavandarias). Perante esta situação o organismo
reage com:
 Uma forte desidratação (perda acentuada de líquidos) provocada pela transpiração
excessiva;
 Hipóxia, ou seja, falta de oxigénio, originada sobretudo pelas deficientes trocas gasosas,
por exposição a um ambiente quente e pouco arejado.
Sinais e sintomas:
 Cãibras;
 Vertigens;
 Cefaleias (dores de cabeça);
 Astenia (falta de forças);
 Pulso rápido e por vezes fraco/fino;
 Pele húmida e habitualmente fria;
 Palidez;
 Respiração rápida e superficial;
 Apatia (indiferença pelo que o rodeia);
58
 Hipotensão;
 Inconsciência.
Atuação:
 Retirar a vítima do ambiente quente;
 Administrar água em pequenos goles na vítima consciente e colaborante;
 Elevação dos membros inferiores;
 Avaliar e registar sinais vitais;
 Identificar sinais de choque;
 Prosseguir com o exame da vítima na tentativa de recolha do máximo de informação;

Insolação

Esta situação é causada pela exposição prolongada do indivíduo ao calor em ambiente com
pouca humidade atmosférica, ou seja na presença de calor seco. Surge habitualmente quando
existe uma exposição prolongada a um ambiente quente e bastante seco, como por exemplo, no
caso dos atletas num ginásio ou exposição prolongada ao sol. Na origem desta situação está
habitualmente a falência do mecanismo regulador da temperatura, deixando de haver perda de
calor por cessação súbita da transpiração. Por vezes esta situação surge da evolução do golpe
de calor após a falência do mecanismo da transpiração.

Sinais e sintomas:

 Insolação
 Hipertermia
 Pele vermelha, quente e seca;
 Agitação;
 Convulsões;
 Pulso rápido e fraco;
 Cefaleias (dores de cabeça);
 Menos frequente é o aparecimento de: pupilas dilatadas, vómitos e inconsciência.

Atuação:
59
 Retirar a vítima do ambiente quente;
 Colocação de compressas húmidas nas axilas, testa e virilhas;
 Não administrar líquidos, apenas humedecer os lábios;
 Prosseguir com o exame da vítima na tentativa de recolha do máximo de informação;

Lesões provocadas pelo frio

As lesões pelo frio surgem devido à exposição prolongada do indivíduo a um ambiente muito frio.
O frio causa vasoconstrição (diminuição do diâmetro dos vasos sanguíneos) pelo que a maioria
das lesões tecidulares se devem à deficiente circulação e logo má oxigenação dos mesmos. A
extensão da lesão está diretamente relacionada com a intensidade do frio e tempo de exposição
pelo que as extremidades, tal como os pés, mãos, orelhas, nariz, são as primeiras zonas a
serem afetadas.

Sinais e sintomas :

 Edema (“inchaço”);
 Rubor (vermelhidão);
 Comichão;
 Nos casos mais graves em que já houve congelamento dos tecidos, pode surgir dor
local, cianose e flitenas.

Hipotermia

Outra situação que pode surgir é um abaixamento anormal da temperatura ou seja a


hipotermia. Esta situação, pode acontecer por exposição prolongada ao frio, imersão em
água muito fria, ou qualquer outra situação em que se dê uma baixa acentuada da
temperatura em todo o corpo.

60
Sinais e sintomas:

 Pele pálida;
 Hipotermia (redução da temperatura sanguínea central abaixo de 36ªC);
 Inconsciência;
 Respiração lenta e superficial;
 Pulso fraco/fino;
 Pupilas pouco reativas à luz.

Atuação: Estas lesões não devem ser menosprezadas dado o perigo de destruição dos tecidos e
de lesões irreversíveis do tecido nervoso. Assim, se existe congelamento, deve:

 Mergulhar o membro em água tépida +/- 36 ºC;


 Não esfregar as áreas afetadas, isso pode contribuir para a destruição dos tecidos;
 Envolver a vítima num cobertor;
 Não colocar a vítima junto de uma fonte de calor;
 Ter em atenção que o descongelamento provoca dor intensa, sintomatologia que se irá
agravar à medida que o descongelamento se processa;
 Tratar a queimadura resultante da lesão;

12. Trauma

Os traumatismos das extremidades e dos tecidos moles são frequentes nos traumatizados. As
lesões podem variar entre pequenas escoriações sem gravidade e lesões que ameaçam a vida
do traumatizado. Por tecidos moles entendem-se os tecidos que suportam, rodeiam ou ligam
estruturas ou órgãos e que incluem os músculos, tecidos fibrosos (tendões, ligamentos e
aponevroses), tecidos gordos, vasos e tecido sinovial. A ameaça mais imediata para a vida da

61
vítima com lesões das extremidades e dos tecidos moles resulta, geralmente, de perdas
sanguíneas.

Assim, durante o Exame Primário, a identificação dos traumatismos que causam hemorragias
importantes e o controlo destas são prioritários. As lesões que não comprometem a vida da
vítima deverão ser abordadas durante o Exame Secundário.

Eventualmente, algumas destas lesões pouco importantes apenas serão identificadas após a
exposição. As principais lesões das extremidades e dos tecidos moles são:

 Equimoses e Hematomas;
 Escoriações;
 Feridas;
 Queimaduras;
 Fraturas;
 Lesões articulares (lesões ligamentares, luxações/ sub-luxações e fraturas articulares);
 Esfacelos;
 Amputações.

Equimoses

Lesão de pequenos vasos da pele que não causam grande acumulação de sangue nos tecidos,
habitualmente designadas por nódoas negras.

Hematomas

Quando há lesão de vasos sanguíneos de maior calibre com acumulação de quantidades de


sangue que podem ser significativas. Normalmente, a nível dos tecidos moles, é percetível o
volume provocado pelo
hematoma (“inchaço”).

62
Na presença de hematomas ou equimoses deve fazer aplicações frias sobre o local, para
diminuir o edema, a hemorragia e a dor. Os hematomas encontram-se muitas vezes associados
a fraturas, pelo que ambas as situações beneficiam da imobilização da área afetada. Esta
imobilização evita o agravamento do hematoma e estabiliza a fratura, reduzindo as lesões
provocadas pelos topos ósseos e a dor.

Escoriações

São lesões superficiais geralmente conhecidas por “arranhões“ ou “esfoladelas”. Resultam


normalmente do atrito da pele contra superfícies rugosas. As escoriações são lesões que
sangram pouco mas extremamente dolorosas e, geralmente, são lesões conspurcadas.

Traumatismo Craniano

Os Traumatismos Crânio-Encefálicos (TCE) são uma causa importante de mortalidade e


morbilidade. Afetam sobretudo os extremos da vida (< 5 anos e > 70 anos) e os jovens adultos
(15 – 24 anos). Estima-se que a mortalidade global dos doentes com TCE seja 30 vezes superior
àquela dos doentes com traumatismos graves sem TCE. Qualquer pancada na cabeça é
potencialmente grave. Mesmo uma pancada relativamente ligeira pode afetar o estado de
consciência. O tecido cerebral ou os vasos sanguíneos dentro do crânio podem ser danificados e
63
os efeitos não serem aparentes de imediato. Uma pessoa pode parecer bem mas depois ter uma
dor de cabeça ou até desmaiar.

Nunca abandone uma vítima que tenha sofrido uma lesão na cabeça.

Sinais e sintomas:

 Dor de cabeça moderada, agravando progressivamente;


 Não se recordar de acontecimentos recentes e/ou do acidente;
 Confusão e comportamento estranho;
 A vítima poderá ficar inconsciente;
 Ferida, corte ou hemorragia associadas. 

O que fazer:

 Evite mover a vítima caso esta tenha desmaiado ou sinta formigueiros em alguma parte
do corpo.
 Aplique gelo na região inchada da lesão;
 Avalie a situação para perceber se as queixas vão desaparecendo;
 Se não melhorar, ligue 112.

No caso de existir uma hemorragia na cabeça:

64
 Lave com água ou soro até remover as impurezas visíveis;
 Coloque uma compressa sobre o local da hemorragia, fazendo pressão;
 Coloque uma ligadura à volta da cabeça de forma a garantir que a compressa fica em
pressão e corretamente colocada;
 Leve a vítima para os serviços de urgência ou em casos mais graves ligue 112.

Atenção:

 Lembre-se que em caso de acidente de viação, queda ou suspeita de lesão ao nível da


coluna, não deve movimentar a vítima.
 Se a vítima necessitar de tratamento médico, não lhe dê nada a comer ou beber.
 Se a vítima tiver sede, molhe apenas os lábios com água.

Traumatismo da Coluna

A coluna vertebral suporta o corpo e protege a medula espinal. Um traumatismo na coluna pode
fraturar uma ou mais vértebras ou lesar os músculos. Um trauma grave pode danificar a medula
espinal, o que pode resultar numa lesão grave como a perda permanente de mobilidade em
qualquer parte do corpo abaixo desse ponto.

Se uma pessoa cair desamparadamente, sobre as costas e o pescoço, suspeite sempre de um


traumatismo na coluna. É mais seguro imobilizá-la do que arriscar um dano permanente se a
movimentar.

Assim, nas situações seguintes, nunca deve movimentar a vítima, a menos que esta esteja em
perigo imediato de vida:

 Queda de uma certa altura, por exemplo de um escadote, pelas escadas ou de um


cavalo;
 Acidentes de viação, como atropelamentos, quedas de moto, colisões ou despistes…
 Dores fortes no pescoço ou nas costas;
 Sinais de lesões na cabeça;
 Formigueiros nos membros.
65
O que fazer:

 Tranquilizar a vítima e ligar 112.


 Evitar que ela se mexa ou que a movam.
 Se possível, imobilize a cabeça da vítima, segurando a cabeça exatamente na posição
em que a encontrou.
 Aguardar a chegada dos meios de emergência, conversando e acalmando a vítima.

Ter em atenção que uma vítima que se suspeita de trauma ao nível da coluna não deve, em
momento algum, ser movimentada.

É importante saber que a partir do momento em que se coloca as mãos na cabeça da vítima,
garantindo a sua estabilização, não deve voltar a largar.

Trauma do Membro Superior

Normalmente é necessária uma força considerável para se partir um osso, mas a força pode
também provocar uma luxação, entorse ou até rasgar ou distender um músculo. A menos que se
veja a extremidade de um osso numa ferida ou a deformação seja evidente, é impossível saber

se um osso está partido sem uma radiografia.

Sinais e sintomas:

 Deformidade ou inchaço no ponto da lesão: compare o membro ferido com o membro


são;
66
 Dor que aumenta ao movimento;
 A vítima pode não ser capaz de dobrar o braço;
 Se a vítima estiver a segurar no braço e inclinada para o lado da lesão;
 Se o ombro parecer mais plano que o outro;
 Possível ferida junto do osso partido;
 Extremidade do osso à vista.

Aviso:

Se existir um ferimento, tape-o com uma compressa para o proteger de infeções e controle a
hemorragia. Imobilize sempre a lesão antes de transportar alguém para minimizar o risco de
lesão adicional.

O que fazer:

 Ajude a vítima a sentar-se e apoie o braço, fazendo um ângulo de 90º, suportado pelo
outro braço;
 Coloque uma ligadura que envolva o cotovelo e o antebraço e que fique suportada pela
região do pescoço;
 Se possível, transporte a vítima ao hospital;
 Ligue 112 se necessário.

Trauma do Membro Inferior

Uma lesão na bacia ou num membro inferior é, na maior parte das vezes, provocada por uma
queda, podendo originar luxações, entorses e ossos partidos. Traumatismos na bacia ou no
fémur poderão causar hemorragia interna e estado de choque. 

Compare sempre o membro lesado com o membro são, quando estiver a avaliar a gravidade de
um traumatismo. É mais seguro encarar um traumatismo como se se tratasse de uma fratura.

Entorse

67
Entorse é uma lesão nos tecidos moles (cápsula articular e/ou ligamentos) de uma articulação.

Sinais e Sintomas:

 A dor na articulação é gradual ou imediata.


 A articulação lesada incha.
 Verifica-se imediata ou gradualmente uma incapacidade para mexer a articulação.

O que devo fazer:

 Evitar movimentar a articulação lesionada.


 Aplicar gelo ou deixar correr água fria sobre a articulação.
 Consultar o médico posteriormente.

Podemos suspeitar de uma fratura pelos sinais e sintomas que habitualmente acompanham este
tipo de lesões:

1. Dor: Localiza-se na zona da fratura e é habitualmente intensa, diminuindo muito com a


tração e imobilização da fratura. É o sintoma mais fiel e constante.
2. Impotência funcional: A mobilidade, por vezes, pode estar presente, mas é dolorosa e
muito limitada.
3. Deformação: É frequente a sua existência, mas quando não está presente não exclui a
hipótese de fratura.
4. Crepitação: O movimento anormal dos topos ósseos a nível de uma fratura produz uma
sensação que se pode ouvir e sentir.

68
5. Edema (inchaço): É resultante de uma reação normal do organismo. Encontramos
também frequentemente um aumento do volume na zona da fratura que corresponde ao
hematoma formado pela hemorragia dos topos ósseos e que é tanto maior quanto maior
for o diâmetro do osso.
6. Exposição de topos ósseos: Habitualmente significam que o traumatismo responsável
pela fratura foi de grande violência.

Sinais e sintomas de uma lesão no membro inferior:

 Deformidade ou inchaço no local da lesão


 Uma perna poderá estar virada para fora
 A vítima poderá não conseguir andar sobre a perna lesada
 Dores fortes no local da lesão
 Uma perna mais curta que outra

Como atuar perante uma lesão na perna:

 Apoie a perna ferida, colocando toalhas enroladas de cada lado da perna e não deixe a
vítima andar;
 Solicite a alguém que ligue 112;
 Mantenha a perna imobilizada até à chegada das equipas de emergência.

69
Como atuar perante uma lesão na bacia:

 Ajude a vítima a deitar-se e não a deixe andar;


 Procure confortar a região da bacia com casacos, por exemplo, sem a movimentar;
 Ligue 112 e mantenha as pernas imobilizadas até à chegada do socorro.

Como atuar perante uma lesão no joelho:

 Não deixe a vítima movimentar-se e coloque algo por baixo do joelho, por forma a
manter uma posição confortável;
 Ligue 112 e não deixa a vítima movimentar-se até à chegada das equipas de
emergência.

Aviso:

Não deixe uma vítima com uma lesão num dos membros inferiores andar. A vítima tem de ser
transportada a um hospital de maca. Evite movimentos desnecessários, visto que as
extremidades dos ossos partidos podem danificar algum vaso sanguíneo ou os nervos da área
afetada.

13. Feridas

Pele

A pele é o órgão que reveste o corpo e assegura as relações entre o meio interno e o externo.
As suas funções são múltiplas e diferentes incluindo:

 Proteção dos tecidos e órgãos do corpo dos agentes externos tais como frio e calor.
Funciona como barreira à entrada de microrganismos;
 Regulação da temperatura, facilitando a perda de calor nos dias quentes e a
conservação nos dias frios;

70
 Excreção, eliminando o suor através dos poros (orifícios de saída das glândulas
sudoríparas). Lubrificando os pelos e amaciando a superfície da pele através da
secreção das glândulas sebáceas;
 Sensitiva, captando sinais como o frio, calor e dor através da pele, recebendo
informação das alterações dos meios interno e externo, informação essencial para a
saúde e, muitas vezes, vital para a sobrevivência.

Composição da Pele:

A pele é composta de duas camadas:

 Epiderme - Superficial externa e delgada;


 Derme - Mais espessa e localizada abaixo da epiderme. A epiderme é constituída por
várias camadas de células, sendo a externa formada por células mortas em constante
renovação - camada córnea - particularmente espessa nas áreas de atrito e desgaste
como a palma da mão e a planta dos pés. A derme é constituída por tecido fibroso e
elástico que suporta e alimenta a epiderme e os seus apêndices, contribuindo para a
regulação da temperatura do corpo. Sob a derme, há uma camada de tecido adiposo
subcutâneo, que lhe dá elasticidade e flexibilidade. Na derme encontram-se as glândulas
sudoríparas e sebáceas, folículos pilosos, vasos sanguíneos e as terminações nervosas
sensitivas.

71
Feridas incisas

As feridas incisas são as soluções de continuidade da pele, regulares, que podem ou não
envolver os tecidos adjacentes e são habitualmente conhecidas por “golpes” ou “cortes”.
Normalmente são provocados por objetos cortantes. Apresentam os bordos regulares que,
quando unidos, encerram perfeitamente a ferida.

Feridas contusas

São também soluções de continuidade da pele mas, ao contrário das feridas incisas, são
irregulares. Geralmente são provocadas por objetos rombos. São feridas em que os bordos se
apresentam irregulares implicando normalmente perda de tecido. Este é o principal motivo
porque não se consegue um encerramento completo da ferida.

72
Feridas perfurantes

São lesões produzidas por instrumentos que atuam em profundidade, dissociando um ou mais
planos de tecidos - agulhas, estiletes, picador de gelo, pregos, paus aguçados, esquírolas, balas,
entre outros Os instrumentos perfurantes, lesam os tecidos mediante dois processos:

 Num primeiro momento provocam o deslocamento lateral das fibras que os


constituem;
 Num segundo momento, secciona-os. Se o instrumento perfurante tem a superfície
lisa e um diâmetro muito reduzido, como é o caso das agulhas, as fibras retomam a
posição inicial, devido à sua própria elasticidade, fazendo desaparecer o orifício de
entrada e o trajeto, quase na sua totalidade.

Nos ferimentos por arma de fogo deve procurar sempre um orifício de saída do projétil,
normalmente maior que o orifício de entrada. Neste tipo de traumatismos, podem existir fraturas
e lesões dos órgãos vitais que se encontravam no trajeto do projétil. Não esquecer que o projétil
pode ser desviado por uma estrutura óssea, podendo haver lesões nas mais variadas
localizações, por vezes afastadas do local de entrada do projétil. Não esquecer ainda a
possibilidade de a vítima ter sido atingida por mais que um projétil.

Feridas inciso-perfurantes

Estas feridas caracterizam-se, por reunirem simultaneamente, as particularidades das feridas


cortantes e das feridas perfurantes. Um instrumento corto-perfurante é habitualmente provido de
ponta de um ou mais gumes. É o caso de algumas facas de cozinha, dos punhais e das
73
espadas. Tal como nos ferimentos perfurantes, há que distinguir o orifício de entrada, o canal de
penetração e, por vezes o orifício de saída.

Eviscerações

Resultam da lesão da parede abdominal, com exteriorização das ansas intestinais ou de outras
estruturas intra-abdominais. Esta situação, mesmo que não coloque a vítima em risco de vida
imediato (a lesão da parede pode ser pequena e sangrar pouco) é sempre grave pelas
complicações infeciosas que normalmente acarreta. Assim, a abordagem deste tipo de
traumatismos e a manipulação das vísceras exteriorizadas devem ser feitas com todo o cuidado.
Para além das feridas, por vezes, os OBJETOS que as causam ficam EMPALADOS. Se um
objeto, se encontra empalado, independentemente da sua localização, nunca o tente retirar.
Deve sempre imobilizá-lo. Para proceder à imobilização do objeto, pode utilizar um copo de
papel ou plástico com um orifício no fundo, ou mesmo 2 rolos de ligaduras ou compressas.

Amputações

Nas amputações ocorre secção (por corte, arrancamento ou outro tipo de traumatismo) de um
membro ou de um segmento de um membro. As amputações podem provocar hemorragias
muito importantes e levar à perda irreversível da parte amputada. A parte amputada deve
acompanhar sempre a vítima ao hospital. Deve ser mantida seca, dentro de um saco de plástico

74
fechado, que deve ser colocado dentro de outro e envolto em gelo. Deve seguir para o hospital

fora da vista da vítima.

Esfacelos

São lesões graves dos tecidos moles em que existe perda de substância. Resultam
habitualmente do esmagamento dos membros e, frequentemente, coexistem lesões de todas as
estruturas na zona atingida (cutâneas, músculo-esqueléticas e neurovasculares). Dependendo
da sua extensão e das zonas atingidas, os esfacelos podem condicionar hemorragias
importantes, de difícil controlo. Nas situações mais graves podem colocar a vida da vítima em
risco e levar à amputação do segmento afetado. Geralmente, deixam sequelas significativas.
Perante qualquer esfacelo, a prioridade é o controlo da hemorragia. Devem, ainda, ser feitos
todos os esforços para prevenir infeções. Amputações traumáticas são lesões graves que,
frequentemente, condicionam a perda definitiva do segmento amputado. Além disso,
dependendo do nível da amputação, podem condicionar hemorragias difíceis de controlar que
podem colocar a vida da vítima em risco. Perante qualquer amputação, a prioridade é o controlo
da hemorragia. Com a hemorragia controlada, devem ser feitos todos os esforços para prevenir

75
infeções e para preservar o segmento amputado, na perspetiva de poder ser tentada a sua
reimplantação.

Na presença de uma ferida aberta existem duas preocupações fundamentais, o controlo da


hemorragia e a prevenção da infeção:

 O controlo da hemorragia é feito através dos métodos de controlo de hemorragias


respeitando as suas indicações e contraindicações;
 O controlo da infeção faz-se recorrendo a uma técnica limpa na abordagem à ferida e à
sua proteção contra a entrada de microrganismos.

Assim, na abordagem a uma vítima com ferida deve:

 Lavar as mãos previamente, utilizar sempre material esterilizado, respeitar os princípios


de não contaminação durante o manuseio do material seguindo o princípio: limpeza,
desinfeção e penso:
 Limpeza: a limpeza faz-se mediante a utilização de soro fisiológico com o qual
se lava abundantemente a ferida de modo a remover o máximo de sujidade
possível;
 Desinfeção: é conseguida pela aplicação de um desinfetante dos quais o mais
comum é a iodopovidona. A aplicação de qualquer desinfetante deve ser
antecedida pelo desperdício de uma pequena porção, para assim remover os
microrganismos eventualmente alojados no gargalo do recipiente;
 PENSO: o penso é uma proteção estéril para cobrir uma ferida cujas funções
são ajudar a controlar a hemorragia, proteger a ferida de mais traumatismos,
evitar a entrada de microrganismos na ferida. Um penso não é mais que a
aplicação sobre a ferida de compressas esterilizadas, podendo aquela que está
em contacto direto com a ferida ser ou não embebida em desinfetante. Os
pensos serão fixos no local por meio de adesivo ou ligaduras.

76
14. Queimaduras

As queimaduras são lesões que resultam do contato com o calor ou frio extremo, substâncias
químicas, eletricidade ou radiações. Os acidentes por queimaduras são muito frequentes e na
sua maioria consistem em pequenas lesões que não originam grandes complicações.

No entanto, algumas queimaduras são potencialmente incapacitantes ou fatais, exigindo um


tratamento correto e o mais precoce possível.

Algumas queimaduras, em certos locais do corpo humano, podem não só afetar a funcionalidade
normal do corpo, como serem fatais. O socorro a estas vítimas resume-se essencialmente ao
arrefecimento da queimadura e à prevenção das infeções. As queimaduras estão dividias em
três níveis de gravidade.

Queimadura 1º grau (Menos grave):

 Vermelhidão

77
 Calor
 Dor

Queimadura 2º grau (Gravidade moderada):

 Dor intensa
 Bolhas
 

Queimadura 3º grau (Mais grave):

 Pele acastanhada, negra ou branca


 Destruição de tecidos
 Sem dor

Queimaduras químicas

São as queimaduras provocadas por ação dos ácidos e


bases. Mais comuns na indústria ou no domicílio devido à
presença de muitas substâncias potencialmente
capazes de provocar lesão nos tecidos do organismo.
78
Queimaduras por radiação

São as lesões provocadas por ação das radiações sendo as mais comuns: os Raios X e as
Radiações Nucleares.

Queimaduras elétricas.

A eletricidade consiste num movimento orientado de eletrões, ou seja um movimento de um


ponto para outro de partículas carregadas de energia. Essas partículas provocam queimaduras
quando em contacto com os tecidos humanos. Nas queimaduras elétricas e uma vez que a
eletricidade é um movimento orientado, é importante (ponto de contacto com o corpo), um trajeto
e uma porta de saída (local de saída da carga elétrica do organismo). As queimaduras elétricas
podem ainda interferir com o normal funcionamento do sistema nervoso provocando paragem
respiratória, ou interferir com o ritmo elétrico do coração com consequente paragem cardíaca.

Queimaduras térmicas

Aquelas que são provocadas por ação do calor ou frio. Podemos incluir as provocadas por fogo,
sol, gelo, liquido fervente, entre outras.

Atuação :

 Avalie a situação e garanta as suas condições de segurança;


 Afaste o agente que provoca a queimadura ou em alternativa a vítima do agente;
 Lave e arrefeça abundantemente a zona da queimadura com água tépida (se não estiver
na presença de um químico que reaja na presença da água) até alívio substancial da
dor;
 Cubra as áreas queimadas com compressas humedecidas com soro fisiológico ou água;
 Controle a temperatura corporal, a hipotermia pode acontecer depois do arrefecimento,
Vá para uma divisão aquecida logo que possível;
 Não use compressas aquecedoras, ou fontes de calor para aquecer, uma vez que as
áreas afetadas estão dormentes e poderão queimar facilmente.
79
 Não massaje a área queimada pois pode causar mais danos;
 Não remova as roupas se estas estiverem coladas ao corpo da vítima;
 Não utilize gelo, pasta de dentes, manteiga, azeite, ou outro tipo de produtos para
arrefecer ou hidratar a queimadura pois os mesmos poderão agravar as lesões;
 Caso a queimadura seja ligeira, procure aconselhamento médico.
 Em caso de emergência, ligue 112.

15. Hemorragia

Sempre que o sangue sai do espaço vascular estamos perante uma hemorragia. As hemorragias
sendo uma emergência necessitam de um socorro rápido e imediato. É imperioso que a equipa
de socorro atue de forma rápida e eficaz. A perda de grande quantidade de sangue é uma
situação perigosa que pode rapidamente causar a morte. Um adulto com 75 Kg de peso tem
cerca de 5,5 litros de sangue. A perda de 1 litro de sangue no adulto, de 0,5 litro na criança ou
de 25 a 30 mL num recém-nascido pode levar rapidamente ao choque. A gravidade da
hemorragia depende de vários fatores, como o tipo de vaso atingido (artéria, veia, capilar), da
sua localização e do seu calibre. O corte do principal vaso sanguíneo do pescoço, braço ou coxa
pode causar uma hemorragia tão abundante que a morte pode surgir dentro dos primeiros 3 a 10
minutos iniciais após a lesão.

Hemorragias arteriais

O sangue é vermelho vivo e sai em jato, em simultâneo com cada contração do coração. É uma
hemorragia muito abundante e de difícil controlo.

Hemorragias venosas
80
O sangue é vermelho escuro e sai de uma forma regular e mais ou menos constante. Não
obstante não ser tão grave como a arterial, a hemorragia venosa poderá ser fatal se não for
detetada. De um modo geral, estas hemorragias são mais fáceis de controlar.

Hemorragias capilares

Têm uma cor intermédia (entre o vermelho vivo e o vermelho escuro) e o sangue sai lentamente,
devido à rotura dos minúsculos vasos capilares de uma ferida. Estas hemorragias são de fácil
controlo, podendo parar espontaneamente.

As hemorragias externas podem ser observadas e são facilmente reconhecidas.

As hemorragias internas são de difícil reconhecimento e identificação. É necessário pensar na


hipótese e despistar a situação pelos sinais e sintomas indiretos. Podem ocorrer, numa vítima de
trauma sempre que:

 O mecanismo da lesão possa provocar um impacto forte ao nível do abdómen


provocando lesões no fígado e/ou no baço. O trauma da base do tórax esquerdo pode
indicar fratura de baço, com hemorragia intra-abdominal o que constitui uma emergência
cirúrgica;
 Ocorram lesões torácicas, com suspeita de fratura de costelas;
 Ocorra queda de altura 2 a 3 vezes superior à altura da vítima;
 Ocorram feridas penetrantes provocadas por armas de fogo ou por armas brancas (ex.
facas, navalhas);
 Esteja perante politraumatizados graves com suspeita de fraturas;

81
 As hemorragias internas podem ainda acontecer em situação de doença como é o caso
de uma úlcera no estômago. Neste caso existem habitualmente sinais como
hematémeses ou melenas.

Sinais e Sintomas gerais das hemorragias:

 Saída evidente de sangue (hemorragias externas);


 Ventilação rápida, superficial;
 Pulso rápido e fraco/fino;
 Hipotensão (sinal tardio, pois inicialmente a pressão arterial é normal);
 Pele pálida e suada;
 Hipotermia;
 Mal-estar geral ou enfraquecimento;
 A vítima refere sede;
 Vómitos de sangue;
 Dejeções de sangue;
 Sensação de “zumbidos” nos ouvidos
 Ansiedade e agitação;
 Inconsciência.

Atuação:

 Hemorragia Interna Invisível:

 Arejar o local e desapertar as roupas;

 Animar e moralizar;

 Se Consciente, instalar a vítima em posição de conforto;

 Se Inconsciente, colocar em PLS;

 Manter a temperatura corporal;

82
 Nada de BEBER;

 Evacuar para o hospital.

 Hemorragia Interna Visível:

 Sai pela boca (pulmões – expetoração);


 Sai pela boca (estômago ou esófago);
 Sai pelo nariz (rutura de vasos sanguíneos) – Utilizar toalha humedecida e comprimir
manualmente o local de origem da hemorragia.

 Hemorragia externa

Compressão direta:

 Utilize compressas esterilizadas;

 Nunca retire a primeira compressa;

 Fixe as compressas com ligadura, mantendo a compressão.

83
Compressão indireta:

 Consiste na compressão de uma artéria entre o coração e o local da hemorragia.

84
Elevação do membro:

 Consiste na elevação do membro de forma a utilizar a força da gravidade


para contrariar a corrente sanguínea.

Aplicação do garrote:

 Método a utilizar em situações extremas, nomeadamente aquelas em que


todos os outros métodos foram ineficazes ou no caso de múltiplas vítimas;

85
 O garrote deve ser de material largo e não elástico;

 Deve ser aplicado em contacto direto com a pele;

 Uma vez aplicado não deve ser mais aliviado;

 Para maior segurança deve ser marcada a hora da aplicação do garrote.

Atuação em caso de amputação:

 Estancar a hemorragia por compressão (direta e/ou indireta) ou através de


garrote, dependendo do membro amputado;
 Colocar a parte amputada num saco plástico, e pô-lo num recipiente com
gelo e levar imediatamente para o hospital;
 Escrever as iniciais do nome da vítima e a hora da amputação (ex: MM
18:30).
 Ligue 112 assim que possível.

Atenção:

86
 Procure utilizar luvas para garantir as melhores condições de segurança para si e para a
vítima;
 Caso a vítima se sinta cada vez mais fraca, deite-a e eleve-lhe as pernas ligeiramente
acima do nível do coração (+-30°);
 Se existir algum objeto estranho a perfurar a vítima, não o remova: imobilize-o.

16. Afogamento

Por acidentes de mergulho entendem-se as situações associadas ao mergulho (recreativo,


desportivo ou profissional), resultantes das variações de pressão hidrostática experimentadas
durante o mergulho e dos efeitos dessas variações sobre o comportamento dos gases.

As principais complicações do mergulho com aparelho respiratório autónomo são:


87
 Barotrauma (dos seios perinasais, dos ouvidos e dos pulmões);
 Acidente por descompressão (doença por descompressão e embolia gasosa arterial);
 Edema pulmonar;
 Efeitos tóxicos associados ao aumento da pressão parcial dos gases. As manifestações
clínicas destas complicações podem surgir durante o mergulho ou nas 24 horas
seguintes.

Barotrauma

Por barotraumatismo entende-se o conjunto das lesões resultantes da variação de pressão (ex.
uma subida rápida para a superfície, em mergulhos profundos). Segundo as leis da Física, um
determinado volume de gás varia na razão inversa da pressão, quando sujeito a uma
temperatura constante. Por outro lado o corpo humano contém cavidades que contêm ar ou gás.
O mergulhador, ao estar sujeito a grandes diferenças de pressão, irá sofrer alterações do volume
dos gases contidos nessas cavidades, dando origem, em determinados casos, a lesões graves.

Acidentes tóxicos

Acidentes tóxicos, que ocorram por intoxicação, são motivados por inalação excessiva de
oxigénio, dióxido de carbono ou monóxido de carbono. A intoxicação por oxigénio é mais rara e
ocorre quando a vítima utilizou misturas muito ricas em oxigénio durante longos períodos. As
intoxicações por dióxido de carbono ou monóxido de carbono ocorrem quando o mergulhador
respirou ar contendo os referidos gases em quantidades superiores às toleradas pelo organismo.
Isto ocorre quando as garrafas de ar comprimido utilizadas são cheias por compressores
localizados junto de fontes de dióxido ou monóxido de carbono.

Acidente por descompressão

Doença ou síndroma de descompressão. Esta situação constitui um dos mais graves acidentes
em meio aquático. Com o aumento da pressão ocorrido durante o mergulho, alguns gases
dissolvem-se facilmente no sangue e tecidos. Durante a subida (se não forem cumpridas as
regras de descompressão e esta for demasiado rápida), com a diminuição da pressão, a

88
libertação dos gases dissolvidos não se processa adequadamente e estes passam para o estado
gasoso. Formam-se então bolhas de gás na rede sanguínea e nos tecidos resultando
microembolias gasosas generalizadas.

Edema agudo do pulmão

Esta complicação tem sido observada em mergulhadores jovens, após mergulhos em águas frias
ou temperadas. Não se relaciona com o Barotrauma nem com o Acidente por Descompressão
mas a sua fisiopatologia permanece mal esclarecida.

Socorro da vítima ainda em meio aquático, considerações:

Socorrer em segurança, de nada serve ir salvar uma vítima dentro de água (exceto em situações
muito pontuais) se não se dispõe das condições necessárias para assegurar condições de
segurança para quem presta socorro. Os meios de acesso até à vítima são vários devendo a sua
seleção obedecer à ordem que se segue:

 Lançamento de boia ou corda até à vítima;


 Deslocamento até à vítima através de barco;
 Nadar até à vítima, só deve ser feito em última instância. Retirar da água - considerar a
possibilidade de lesão vertebro-medular associada. Recomenda-se a imobilização
correta e completa da vítima (plano rígido) ainda dentro de água a partir do momento
que o socorrista “tem pé”. Se a vítima flutua de barriga para baixo, deve utilizar ambos
os seus braços para a virar de face para cima sem desalinhar a cabeça e o pescoço. De
seguida, coloca-se sobre um plano rígido por baixo da vítima. • Desobstruir a via aérea e
proceder à imobilização cervical;
 Logo que possível inicie a ventilação;
 As compressões cardíacas externas não se podem fazer na água, mesmo que se tenha
colocado o plano rígido por baixo da vítima;
 Assim que a vítima é retirada da água deve começar de imediato as manobras
reanimação cardiorrespiratório.

89
Bibliografia

AA VV. Emergências médicas: Manual TAS, Ed. INEM, 2012

AA VV. Emergência e Primeiros Socorros em Saúde Ocupacional, Ed.Direcção-Geral da Saúde:


Programa Nacional de Saúde Ocupacional, 2010

AA VV., Requisitos a observar nos gabinetes de estética, ed. Unidade de Saúde Pública de
Matosinhos/Saúde Ambiental, 2015

90
AA VV. Suporte básico de vida: Manual TAS, Ed. INEM, 2012

Alves, Ana Paula et al. Noções de Saúde: Manual do Formando, Projeto Delfim, GICEA - Gabinete de
Gestão de Iniciativas Comunitárias do Emprego, 2000

Baptista, Nelson, Manual de Primeiros-Socorros, Ed. Escola Nacional de Bombeiros, 2005

Sites consultados

Autoridade Nacional de Proteção Civil http://www.prociv.pt/

INEM – Instituto Nacional de Emergência Média http://www.inem.pt

91

Você também pode gostar