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Universidade Federal Fluminense

Instituto Biomédico
Departamento de Morfologia

Ana Beatriz de Souza Dantas

Relatório: Tecido Epitelial de revestimento

Niterói, 2023
Tecido Epitelial
1. Funções:
● Revestimento: Recobre a luz dos vasos sanguíneos, intestinos e outros;
● Proteção contra agentes infecciosos: A justaposição dificulta a entrada de
patógenos;
● Absorção de íons e moléculas: Como ocorre nos rins e nos intestinos;
● Secreção: Atuação de substâncias, como os hormônios, depende da
secreção de glândulas que possuem origem no tecido epitelial;
● Funções Sensitivas: Íntima interação com o tecido nervoso em algumas
regiões do corpo para a coleta de informações sensoriais, formando os
neuroepitélios.

2. Características:
● Alta densidade celular: como as células estão muito unidas e “coladinhas”
umas às outras, existe uma grande densidade de células quando comparado,
por exemplo, ao tecido conjuntivo onde as células se encontram separadas
entre si pela matriz extracelular;
● Espaço intercelular reduzido: Como as células encontram-se unidas, não
há espaço para a matriz extracelular. Essa adaptação aumenta a resistência
física e dificulta infecções;
● Associado ao tecido conjuntivo: todos os nutrientes estão no tecido
conjuntivo adjacente.

● Avascular: Não possui vasos sanguíneos. Os nutrientes chegam até as


células por difusão a partir do tecido conjuntivo subjacente;
● Polaridade: As células possuem adaptações específicas em seus pólos ou
domínios (basal, apical, lateral e basolateral);
● Alta taxa mitótica: Como é um tecido que sofre abrasão constante, a taxa
mitótica deve ser alta para regenerar o tecido afetado e/ou perdido. e
justamente por isso, é sabido que mais de 90% dos cânceres são de origem
do tecido epitelial de revestimento ou glandular.
● Justaposição: células unidas por junções celulares e moléculas de adesão
3. Origem
● origem em qualquer um dos três folhetos embrionários

4. Membrana Basal
Entre as células epiteliais e o tecido conjuntivo subjacente há uma delgada lâmina de
moléculas chamada lâmina basal:

● Funções:
➔ adesão das células do Tecido Epitelial com o Tecido Conjuntivo subjacente
➔ processo de filtragem de moléculas
➔ regulagem da proliferação celular
➔ polarização celular
➔ diferenciação celular
● Camadas:
➔ Lâmina basal:
Lâmina Lúcida: Camada fina, elétron-transparente, constituída
principalmente de glicoproteínas extracelulares (laminina e entactina),
integrinas e distroglicanos;
Lâmina Densa: Camada mais grossa, elétron-densa, constituída de
colágeno IV, perlacano, heparansulfato e fibronectina.
➔ Lâmina Reticular: Com espessura variável, é produzida pelos fibroblastos e
é constituída principalmente pelo colágeno III. Sua presença aumenta a
adesão do Tecido Epitelial ao Tecido
Conjuntivo.

5. Superfície celular
● Suas células possuem três polos
característicos:
➔ Basal: É a porção da célula voltada
para a membrana basal e o tecido
conjuntivo que lhe dá suporte;
➔ Apical: É a porção oposta ao pólo basal, geralmente voltada para uma
cavidade ou espaço do corpo; onde podemos encontrar as especializações
de membrana.
➔ Lateral: É a porção voltada para as células adjacentes. Nessa região, as
células são unidas por moléculas de adesão celular e complexos funcionais.

6. Junções celulares
● São adaptações do polo basolateral, que aumentam a adesão entre as
células do tecido epitelial. Podem ser de três tipos:
➔ Junção de Oclusão:
Definem a polaridade celular;
controlam a passagem de
substâncias entre células
adjacentes;
Formam um vedamento
impermeável pois há fusão dos
folhetos das membranas
plasmáticas.
➔ Junção de Ancoragem: Também
chamada de Zônula de Adesão,
atua aumentando a união entre as
células, mantendo a integridade do
tecido e evitando o rompimento
lateral pela estabilização do
epitélio. Pode ser classificada em
dois tipos:
Desmossomos: Também
conhecidos como mácula de
adesão, atuam de forma semelhante a soldas ao longo das membranas
celulares laterais,auxiliando na resistência às forças de cisalhamento. Caso
circunde a célula, é possível ver um cinturão de actina na sua composição.
Hemidesmossomos: São formados por metade de um desmossomo,
interagem diretamente com a camada basal da célula, aumentando a sua
fixação na membrana basal.
➔ Junção Comunicante: Também chamadas de Junção GAP, são pequenos
dutos de conexinas que permitem a troca de materiais entre as células
(principalmente íons). É formada por conexóns, estruturas semelhantes a
canais. Esse tipo de comunicação intercelular vai permitir a atividade celular
coordenada.

7. Especializações da Membrana Apical


● Microvilosidades: Projeções digitifomes da superfície apical da célula. São
indicativas de absorção da célula. Nas células que exercem intensa absorção
por sua superfície apical o glicocálice é mais
espesso e o conjunto formado por glicocálice e
microvilos é visto facilmente ao microscópio de
luz, sendo chamado de borda em escova ou
borda estriada.

Corte histológico de intestino delgado. Setas evidenciam a


borda estriada ou borda em escova, formada pelas
microvilosidades e o glicocálix da membrana da célula.
Maior aumento. HE.

● Cílios: são projeções móveis que se originam dos


corpúsculos basais e possuem estruturas próprias formadas por nove pares
de microtúbulos unidos por um par central de proteínas. Atuam no transporte
de substâncias como o muco da traquéia e nos brônquios

● Estereocílios: Apesar do nome nos levar a crer que são estruturas


semelhantes aos cílios, na verdade são microvilosidades especiais,
encontradas somente no epidídimo, ducto deferente. São muito mais longas,
irregulares e rígidas que as outras microvilosidades. são estruturas imoveis
relacionadas com a absorção de certas proteínas da superfície do
espermatozóide.

8. Classificação do tecido epitelial de revestimento


● Quanto ao formato da célula e núcleo:
➔ Pavimentosa: São células achatadas ou planas e núcleo alongado.
Exemplo: revestimento dos vasos sanguíneos

➔ Cúbica: núcleo esférico, sendo células mais volumosas, cuja forma lembra
um cubo ou um hexágono.

➔ Células cilíndricas: são células altas e/ou alongadas e núcleo alongado.

➔ Células transicionais: núcleo que varia de cubóide à cilíndrico, podendo ser


mono ou binucleada. Compõe o epitélio de transição, também conhecido
como urotélio, pois está presente nas vias urinárias (desde a pelve renal até
a bexiga). Esse urotélio sofre uma transição dependendo da força que está
sendo exercida sobre as células que o compõe.
● Quanto a Organização em Camadas:
➔ Simples: células estão dispostas em uma única camada. Esse epitélio é
observado revestindo a porção inicial dos túbulos coletores no rim, os ductos
biliares do fígado e a superfície externa do ovário de mamíferos, inclusive em
humanos.

➔ Estratificado: Tem várias camadas de células. Nem todas as células estão


em contato com a membrana basal, só as da camada basal.

OBS.: Tecido epitelial estratificado pavimentoso queratinizado e não


queratinizado respectivamente:
➔ Pseudoestratificado: as células são diferente uma das outras, seus núcleos
estão em alturas diferentes e todas as células estão apoiadas na membrana
basal. O epitélio pseudoestratificado tem alguns elementos adicionais como
cílios e células caliciformes.

9. Células acidófilas e basófilas.


● Em cortes preparados com colorações rotineiras é possível distinguir dois
tipos de células: acidófilas e basófilas. De modo geral as células acidófilas se
coram por corantes “ácidos” (p. ex.: eosina, floxina, Orange G) enquanto que
as basófilas se coram por corantes “básicos” ou com comportamento
“básico”, p. ex: hematoxilina, hematoxilina crômica).

Fontes:
● 2-20 Tecido epitelial de revestimento, MOL – Microscopia Online, disponivel em
<https://mol.icb.usp.br/index.php/2-23-tecido-epitelial-de-revestimento-2/>. Acesso
em: 11 de setembro de 2023
● Junqueira, Luiz Carlos Uchoa, 1920-2006. Histologia básica I L.C.Junqueira e
José Carneiro. – [12.ed]. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.
● ROSS, M.H.; WOJCIECH, P. Histologia. Texto e Atlas. 7ª edição. Guanabara
Koogan, 2017
● KIERSZENBAUM, B. L. Histologia e biologia celular: uma introdução à patologia.
2º Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.
● JUNQUEIRA, Luiz C.; CARNEIRO, José. Histologia Básica - Texto & Atlas. 13ª
edição. Guanabara Koogan, 2017.

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