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Citologia e Histologia - Aula 04

Prof. Mayara Fialho


Histologia :
A histologia é a ciência da estrutura microscópica das células, tecidos e órgãos.
Também nos ajuda a entender a relação entre estrutura e função. Examinando, sob um
microscópio, uma fina fatia de tecido ósseo colorido com técnicas especiais de coloração,
você verá que esses ossos aparentemente simples são, na verdade, um pequeno mundo
complexo, contendo uma matriz de estruturas com várias funções diferentes. Neste artigo,
apresentaremos o mundo microscópico da histologia.
As células juntam à matriz extracelular (um fluido gelatinoso) para formar os
quatro tipos de tecidos encontrados no corpo humano: epitelial, conjuntivo, muscular e
nervoso. Os tecidos se unem em diferentes arranjos para formar os órgãos do nosso
corpo. Os órgãos trabalham juntos em sistemas.
Tecido Epitelial

O tecido epitelial é formado por células justapostas, ou seja, que estão intimamente unidas
umas às outras através de junções intercelulares ou proteínas integrais da membrana. A principal
função do tecido epitelial é revestir a superfície externa do corpo, as cavidades corporais internas e
os órgãos. Ele também apresenta função secretora. São funções do tecido epitelial:

• Proteção e revestimento (pele);


• Secreção (estômago);
• Secreção e absorção (intestino);
• Impermeabilização (bexiga urinária).

A estreita união entre as suas células fazem do tecido epitelial uma barreira eficiente contra a
entrada de agentes invasores e a perda de líquidos corporais.
Tipos de Tecido Epitelial

De acordo com a
sua função, existem  dois
tipos de tecido epitelial: de
revestimento e glandular.

No entanto, pode haver


células com função
secretora no epitélio de
revestimento.
Tecido epitelial de revestimento
Os epitélios são constituídos por uma ou mais camadas de células com diferentes
formas, com pouco ou quase nenhum fluido intersticial (substância entre as células) e vasos
entre elas.
Porém, todo epitélio está situado sobre uma malha glicoproteica denominada lâmina
basal, que tem a função de promover a troca de nutrientes entre o tecido epitelial e o tecido
conjuntivo adjacente.
O tecido epitelial da pele humana apresenta células bastante unidas, sendo este
um epitélio estratificado.
Isso porque a função da pele é evitar a entrada de corpos estranhos no organismo,
agindo como uma espécie de barreira protetora, além de proteger contra o atrito, raios solares
e produtos químicos.
Já o tecido epitelial que cobre os órgãos é simples, pois o tecido não pode ser tão
Tecido epitelial de revestimento

De acordo com as camadas celulares, os epitélios podem

ser classificados em:

• Epitélio Simples: são formados por uma única camada de

células;

• Epitélio Estratificado: possuem mais de uma camada de

células;

• Epitélio Pseudo-Estratificado: são formados por uma única

camada de células, mas possui células com alturas

diferentes, dando a impressão de ser estratificado.


Tecido epitelial de revestimento
Os epitélios também são classificados
quanto à forma das células:
• Epitélio Pavimentoso: possui células
achatadas;
• Epitélio Cúbico: as células apresentam-se
em forma de cubo;
• Epitélio Prismático: as células são
alongadas, em forma de coluna;
• Epitélio de Transição: a forma original das
células é cúbica, mas ficam achatadas devido
ao estiramento provocado pela dilatação do
órgão.
Tecido epitelial glandular

As células do tecido epitelial glandular possuem as mesmas características do


epitélio de revestimento, no entanto, ao contrário delas raramente são encontradas em
camadas. Portanto, suas células são muito unidas e geralmente dispostas em um única
camada.
Os epitélios glandulares são tecidos com função secretora, que constituem órgãos
especializados chamados glândulas.
As células epiteliais secretoras são capazes de sintetizar moléculas, a partir de
moléculas precursoras menores, ou modificá-las.
As células de secreção também podem estar isoladas entre as células do epitélio de
revestimento, ou formando esse epitélio. Por exemplo, revestindo a cavidade
do estômago ou parte do aparelho respiratório.
As glândulas e o tecido epitélio grandular

• Glândulas exócrinas: mantêm-se conectadas ao epitélio, formando um ducto que lança secreções para
alguma cavidade ou para fora do corpo. São exemplos de glândulas exócrinas as glândulas
mamárias e salivares.

• Glândulas endócrinas: não possuem conexão com o epitélio, lançando suas secreções na corrente
sanguínea. São exemplos de glândulas endócrinas a tireoide e a paratireoide.

• Glândulas mistas: alguns autores consideram como glândulas mistas alguns órgãos que lançam suas
secreções tanto na corrente sanguínea como em cavidades abertas. As chamadas glândulas mistas
podem apresentar células que exercem tanto a função endócrina quanto a exócrina ou células
diferenciadas para as duas funções. Um exemplo de glândula mista é o pâncreas. Na sua parte
endócrina, secreta os hormônios insulina e glucagon e lança-os na corrente sanguínea. Já na parte
exócrina, secreta o suco pancreático, que é lançado no intestino delgado.
Tecido Conjuntivo
Tecido Conjuntivo é um tecido de conexão, composto de grande quantidade de matriz
extracelular, células e fibras.
Suas principais funções são fornecer sustentação e preencher espaços entre os tecidos, além
de nutri-los.
Existem tipos especiais de tecido conjuntivo, cada um com função específica. Isso varia,
principalmente, de acordo com a composição da matriz e do tipo de células presentes.
A classificação dos diferentes tecidos conjuntivos pode ser feita de acordo com o material e o
tipo de células que o compõem.
A matriz extracelular, que é a substância entre as células, tem consistência variável. Ela pode
ser: gelatinosa (tecido conjuntivo frouxo e denso), líquida (sanguíneo), flexível (cartilaginoso) ou
rígida (ósseo).
Desse modo, pode ser dividido em tecido conjuntivo propriamente dito e em tecidos
conjuntivos de propriedades especiais, a saber: adiposo, cartilaginoso, ósseo e sanguíneo.
Tecido Conjuntivo Propriamente Dito

Esse tecido, como o nome indica, é o típico tecido de ligação. Ele atua na sustentação e
preenchimento dos tecidos e, dessa forma, contribui para que fiquem juntos, estruturando os
órgãos.

Sua matriz extracelular é abundante,


composta de uma parte gelatinosa
(polissacarídeo hialuronato) e três tipos de
fibras proteicas: colágenas, elásticas e
reticulares.
Existem dois subtipos de tecido
conjuntivo propriamente dito, classificados de
acordo com a quantidade de matriz presente,
são eles:
Tecido Conjuntivo Propriamente Dito
O tecido conjuntivo propriamente dito apresenta as seguintes células:

• Células mesenquimais
Células-tronco multipotentes, a partir das quais se originam as demais células do tecido conjuntivo.
Essas células possuem o formato estrelado ou fusiforme e apresentam prolongamentos, os quais detêm
junções comunicantes com as células vizinhas.

• Fibroblastos
Apresentam um formato estrelado ou alongado, prolongamentos e seu núcleo é bem desenvolvido,
com nucléolos evidentes. Seu retículo endoplasmático rugoso e complexo golgiense são bastante
desenvolvidos. Os fibroblastos têm a função de secretar os componentes da matriz extracelular. Trata-se
das células mais abundantes do tecido conjuntivo.
Tecido Conjuntivo Propriamente Dito
• Macrófagos
Essas células apresentam diferentes formas, dependendo de seu estado funcional.
São originadas a partir dos monócitos produzidos na medula óssea e que depois migram
do sangue para o tecido conjuntivo, onde passam por algumas mudanças, transformando-se em
macrófagos.
Os macrófagos têm função de defesa, fagocitando restos celulares, bactérias e outras
substâncias estranhas presentes no organismo.

• Plasmócitos
São células ovoides, apresentam grande quantidade de retículo endoplasmático rugoso e
são responsáveis pela síntese de anticorpos (glicoproteínas produzidas em resposta à penetração de
moléculas estranhas no organismo). Os plasmócitos são encontrados em maior abundância em
regiões mais suscetíveis à presença de substâncias estranhas e em locais de inflamações crônicas.
Tecido Conjuntivo Denso

Possui grande quantidade de matriz extracelular, com predominância das


fibras colágenas, dispostas sem grande organização. Há poucas células
presentes, entre elas os fibroblastos.
É encontrado abaixo do epitélio, na derme, conferindo resistência às
pressões mecânicas, graças às suas muitas fibras. Também é muito
encontrado nos tendões.
Tecido Conjuntivo Adiposo

O tecido conjuntivo adiposo é composto por matriz extracelular e células


adiposas, os adipócitos.

A matriz é composta de fibras reticulares (colágeno


tipo III) bem finas, que formam redes e não se observam
facilmente ao microscópio. Essa substância intercelular
envolve os inúmeros adipócitos presentes.
Os adipócitos são células que acumulam gordura
no interior. Possuem vasos sanguíneos, especialmente
capilares.
Tecido cartilaginoso
O tecido cartilaginoso é um tipo especializado de tecido conjuntivo originado do
mesênquima. Esse tecido é constituído por dois tipos celulares (condrócitos e
condroblastos) e um material extracelular, denominado matriz. O tecido cartilaginoso
tem uma consistência rígida e apresenta as funções de sustentação de tecidos moles,
revestimento das articulações, entre outras. É classificado em três tipos: cartilagem
hialina, elástica e fibrosa.
O tecido cartilaginoso possui dois tipos celulares, os condrócitos e os condroblastos, e
uma matriz. A matriz é constituída por colágeno, além de macromoléculas de proteoglicanos,
ácido hialurônico e glicoproteínas. A matriz também apresenta uma grande quantidade de
moléculas de água ligadas a glicosaminoglicanos, denominadas água de solvatação, atuando
na absorção de choques.
Tecido cartilaginoso
Os condrócitos são células arredondadas, com um núcleo ovoide,
apresentam retículo endoplasmático e complexo golgiense bem desenvolvidos e
poucas mitocôndrias.

Os condroblastos são células precursoras dos condrócitos e secretoras da


matriz cartilaginosa. Eles se originam a partir de células mesenquimáticas que
se diferenciam, passando a secretar a matriz cartilaginosa. Quando essas
células encontram-se circundadas pela matriz, eles passam a ser chamados de
condrócitos. O espaço entre a célula e a matriz é denominado lacuna.
Tecido cartilaginoso
O tecido cartilaginoso não apresenta vasos sanguíneos, linfáticos ou nervos. Como
o tecido cartilaginoso não é vascularizado, sua nutrição, oxigenação e remoção de
resíduos metabólicos são realizadas pelo pericôndrio, uma camada de tecido conjuntivo
que envolve as cartilagens (exceto as cartilagens fibrosas e articulares).
O pericôndrio apresenta nervos e vasos sanguíneos, bem como células
semelhantes a fibroblastos, os quais se diferenciam em condroblastos, permitindo
um crescimento da cartilagem (crescimento aposicional). Nas cartilagens
de ossos presentes em articulações móveis, a nutrição ocorre por meio do líquido
sinovial.
Classificação do tecido cartilaginoso
O tecido cartilaginoso pode ser classificado, de acordo com sua constituição, em três tipos:

• Cartilagem hialina: é a cartilagem mais comum no organismo. Ela apresenta cor branco-azulada e translúcida e sua
matriz é constituída principalmente por colágeno tipo II, além de ácido hialurônico, glicoproteínas e proteoglicanos. A
cartilagem hialina é encontrada constituindo o esqueleto de embriões e, no adulto, é encontrada na traqueia, fossas
nasais, brônquios, articulação de ossos longos e extremidade das costelas. É importante destacar a sua presença no
disco epifisário, responsável pelo crescimento dos ossos longos.

• Cartilagem elástica: apresenta uma cor amarelada e é constituída por uma grande quantidade de fibras elásticas e poucas
fibrilas colágenas do tipo II. A cartilagem elástica é encontrada no pavilhão auditivo, tuba auditiva, laringe e epiglote.

• Cartilagem fibrosa: é constituída por fibras colágenas do tipo I, apresenta menos ácido hialurônico, proteoglicanos e
glicoproteínas, além de ser a cartilagem mais resistente. Suas fibras colágenas formam feixes, e seus condrócitos apresentam-
se dispostos em fileiras. Diferentemente das cartilagens anteriores, essa não apresenta pericôndrio. Assim, sua nutrição ocorre
por meio do tecido conjuntivo denso ao qual ela está ligada. A cartilagem fibrosa pode ser encontrada em pontos de inserção
entre tendões e ligamentos nos ossos, na sínfise púbica e nos discos intervertebrais.
Tecido ósseo
O tecido ósseo é um tecido conjuntivo especializado constituído por
diversos tipos celulares e uma matriz extracelular mineralizada, denominada
matriz óssea.

Esse tecido é um dos principais


constituintes do esqueleto
humano, sendo caracterizado pela
sua rigidez e dureza.
 Matriz extracelular ou matriz óssea

A matriz extracelular é constituída por uma porção orgânica e uma inorgânica.


A porção orgânica da matriz extracelular é constituída principalmente por fibras colágenas, as
quais apresentam em sua constituição colágeno tipo I, proteoglicanos e glicoproteínas. Já
a parte inorgânica é constituída, principalmente, por íons cálcio e fosfato, além de outras
substâncias em menores quantidades, como potássio, magnésio e bicarbonato. O cálcio e o
fósforo formam cristais, que, juntamente às fibras colágenas, são responsáveis pela rigidez e
resistência dos ossos.
Os ossos são revestidos por endósteo, o qual é constituído normalmente por uma
camada de células osteogênicas (capazes de se diferenciar em osteoblastos), e pelo
periósteo, tecido conjuntivo constituído por fibras colágenas e fibroblastos. O endósteo e o
periósteo estão relacionados com a nutrição e formação de novos osteoblastos.
Células do tecido ósseo

• Osteócitos
Os osteócitos são células achatadas. Essas células estão presentes em
regiões da matriz denominadas lacunas, de onde saem pequenos canais. Essas
células apresentam projeções nesses canais por meio das quais podem comunicar-
se com outros osteócitos por junções comunicantes (estruturas que formam
canais citoplasmáticos que possibilitam a comunicação entre as células). Quando
essas células morrem, são reabsorvidas pela matriz óssea. Os osteócitos
são importantes na manutenção da matriz óssea.
Células do tecido ósseo
• Osteoblastos

Os osteoblastos encontram-se sobre as superfícies ósseas e são as


células responsáveis pela síntese da matriz extracelular ou matriz óssea.
Essas células sintetizam colágeno tipo I, glicoproteínas, proteoglicanos, além
de duas importantes proteínas não colagenosas
denominadas osteocalcina e osteonectina. A osteocalcina é específica do osso e
estimula a ação dos osteoblastos. A osteonectina atua na mineralização,
facilitando a deposição de cálcio. Após sintetizar a matriz e ser aprisionado por ela,
o osteoblasto passa a se chamar osteócito.
Células do tecido ósseo
• Osteoclastos

Os osteoclastos são células grandes, móveis, multinucleadas (apresentam


cerca de 50 núcleos) e responsáveis pelo processo de reabsorção óssea. Nesse
processo, os osteoclastos alteram a configuração da superfície óssea por meio
da liberação de ácidos e enzimas que digerem a matriz orgânica e dissolvem os
cristais de cálcio. Esse processo é coordenado pela ação de algumas substâncias,
como os hormônios calcitonina e o paratormônio.

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