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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC

CRISTINA TAVARES UGÁ

AVALIAÇÃO DE ÍNDICES ERITROCITÁRIOS E CONTAGEM


DE RETICULÓCITOS NA CLASSIFICAÇÃO DE ANEMIAS
EM CÃES

MACEIÓ-AL
2018/01
CRISTINA TAVARES UGÁ

AVALIAÇÃO DE ÍNDICES ERITROCITÁRIOS E CONTAGEM


DE RETICULÓCITOS NA CLASSIFICAÇÃO DE ANEMIAS
EM CÃES
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como
requisito final, para conclusão do curso de Medicina
Veterinária do Centro Universitário Cesmac, sob a
orientação da professora Doutora Isabelle Vanderlei
Martins Bastos e coorientação da professora Mestra
Cláudia Alessandra Alves de Oliveira.

MACEIÓ-AL
2018/01
CRISTINA TAVARES UGÁ

AVALIAÇÃO DE ÍNDICES ERITROCITÁRIOS E CONTAGEM


DE RETICULÓCITOS NA CLASSIFICAÇÃO DE ANEMIAS
EM CÃES

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como


requisito final, para conclusão do curso de Medicina
Veterinária do Centro Universitário Cesmac, sob a
orientação da professora Doutora Isabelle Vanderlei
Martins Bastos e coorientação da professora Mestra
Cláudia Alessandra Alves de Oliveira.

APROVADO EM: 29/05/2018

PROFA. DRA. ISABELLE VANDERLEI MARTINS BASTOS


ORIENTADORA

BANCA EXAMINADORA
PROFA. MA. GIOVANA PATRÍCIA DE OLIVEIRA E SOUZA ANDERLINI
PROFA. MA. MARIA VILMA ROCHA ANDRADE CRUZ
AGRADECIMENTOS

Primeiramente a DEUS, que me deu forças e coragem para enfrentar os


obstáculos apresentados, pelas bênçãos derramadas durante todo o período
acadêmico e por me conceder mais essa conquista em minha vida.
A uma pessoa muito especial que não está mais entre nós a minha querida
sogra Cecília Escolástica Neves Ugá, com a sua insistência fiz o vestibular e hoje
estou aqui terminando a minha graduação.
Aos meus queridos pais que tanto amo Maria Lenira Tavares da Silva e
Jercino Olimpio Braga, onde infelizmente o meu pai não está mais presente, mas sei
que ele estará muito feliz com a minha formação.
Ao meu companheiro Eduardo Neves Ugá que de forma especial e carinhosa
me deu força e coragem, me apoiando nos momentos de dificuldades durante a
minha graduação.
A minha orientadora professora Dra. Isabelle Vanderlei Martins Bastos e
coorientadora professora Mestra Cláudia Alessandra Alves de Oliveira por
acreditarem na minha capacidade, pela paciência, pela dedicação. E acima de tudo,
pelo incentivo, pois muitas vezes foi o empurrão que precisava.
Aos professores em especial Maria Vilma Cruz, Giovana Souza Anderline,
Roberto Rômulo, Kesia dos Santos Carvalho, Rodrigo Antonio Torres Mato, Gilsan
Aparecida de Oliveira e Alice Cristina Oliveira Azevedo, agradeço de coração por
toda orientação, paciência, disponibilidade e confiança que depositaram em mim.
Aos funcionários do curso de Medicina Veterinária, em especial a equipe do
do laboratório, Rubmery Morgana de Araújo Marques Bezerra, Maria de Fátima dos
Santos Silva e Leandro Ademir de Oliveira, eu deixo uma palavra de gratidão por
todo apoio, carinho e inspiração.
As minhas amigas e Veterinárias Andréia Maria Carneiro e Layanne Cristina
Lima Gouveia, um muito obrigada por todas as vezes que estiveram ao meu ao meu
lado durante essa jornada.
Para finalizar agradeço a todos que fizeram parte desta caminhada ao meu
lado.
Que venha o Futuro!
AVALIAÇÃO DE ÍNDICES ERITROCITÁRIOS E CONTAGEM DE
RETICULÓCITOS NA CLASSIFICAÇÃO DE ANEMIAS EM CÃES
EVALUATION OF ERYTHROCITY INDEXES AND RETICULOCYTE COUNTING
IN CLASSIFICATION OF ANEMIA IN DOGS
Cristina Tavares Ugá
Graduanda do Curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário Cesmac
cristina.uga@hotmail.com
Isabelle Vanderlei Martins Bastos
Professora Doutora em Ciência Veterinária
isavmartins@hotmail.com
Cláudia Alessandra Alves de Oliveira
Professora Mestra em Ciência Veterinária
aia.claudiaoliveira@gmail.com
RESUMO

A anemia é um achado frequente na prática clínica, que refere-se a uma diminuição da massa total
eritróide no sangue periférico, comparando com os intervalos de referência obtidos para cada espécie
animal. Objetivou-se avaliar os índices eritrocitários e a contagem de reticulócitos na classificação de
anemias em cães, diferenciando os tipos de anemia de acordo com os parâmetros avaliados, como
índices hematimétricos, contagem de reticulócitos e achados hematológicos, verificando a frequência
dessas anemias. Foram analisadas amostras sanguíneas de cães de ambos os sexos, com idades e
raças variadas, processadas no Laboratório de Análises Clínicas oriundos de atendimento clinico de
rotina na Clínica Escola de Medicina Veterinária do Centro Universitário Cesmac, em Marechal
Deodoro/AL. Foram avaliados 47 animais considerados anêmicos após a análise do eritrograma, dos
quais 26 animais (55%) com anemia leve tendo por base o hematócrito, 39 (83%) animais se
destacaram com anemia normocítica normocrômica. O grau de regeneração com base na contagem
de reticulócitos, 34 animais (72%) com anemia não regenerativa, 13 animais (28%) com anemia
regenerativa. Na avaliação semiquantitativa foram avaliados 31 animais (65,96%), com anisocitose e
policromasia com intensidade (1+ a 4+), onde no mesmo esfregaço foram observados metarrubrícitos
e corpúsculos de Howell - Jolly. Conclui-se que a alta frequência de anemias não regenerativas
demonstra a importância da contagem de reticulócitos associada a análise de achados hematológicos
e dos índices hematimétricos, possibilitando um diagnóstico, prognóstico e tratamento preciso para
cada tipo de anemia.
PALAVRAS-CHAVE: Anisocitose. Policromatófilos. Reticulócitos. VCM.

ABSTRACT

Anemia is a frequent finding in clinical practice, which refers to a decrease in the total erythroid mass
in the peripheral blood, comparing with the reference ranges obtained for each animal species. The
objective was to evaluate the erythrocyte index and reticulocyte count in the classification of anemia in
dogs, differentiating the types of anemia according to the parameters evaluated, such as hematimetric
indexes, reticulocyte counts and haematological findings, and to verify the frequency of these
anemias. Blood samples of dogs of both sexes of different ages and races were analyzed in the
Laboratory of Clinical Analyzes from routine clinical care at the Clinic School of Veterinary Medicine of
Centro Universitário Cesmac, in Marechal Deodoro, Brazil. We evaluated 47 animals considered
anemic after the erythrogram analysis, of which 26 animals (55.32%) with mild anemia based on the
hematocrit, 39 (82.98%) animals were distinguished with normochromic normocytic anemia. The
degree of regeneration based on the reticulocyte count, 34 animals (72.43%) with non-regenerative
anemia, 13 animals (27.66%) with regenerative anemia. In the semiquantitative evaluation, 31 animals
(65.96%) were evaluated, with anisocytosis and polychromasia with intensity (1+ to 4+), in which the
same smear was observed as Howell - Jolly metarrubycites and corpuscles. We conclude that the
high frequency of non-regenerative anemias demonstrates the importance of reticulocytes
counts associated with the analysis of hematological findings and hematometric indices,
making possible a diagnosis, prognosis and precise treatment for each type of anemia.
KEYWORDS: Anisocytosis. Polychromatophiles. Reticulocytes. VCM.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................... 6
2 MATERIAL E METODO........................................................................... 8
2.1 Amostra e amostragem....................................................................... 8
2.2 Processamento da amostra .............................................................. 8
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................... 9
4 CONCLUSÃO .......................................................................................... 13
REFERÊNCIAS .......................................................................................... 14
6

1 INTRODUÇÃO

Os distúrbios anêmicos são considerados umas das principais alterações


hematológicas acometidas tanto em animais como em seres humanos (FIGHERA,
2001). Esses distúrbios raramente são de causas primárias, sendo manifestações
secundárias a outras patologias (GARCIA-NAVARRO, 2005).
A anemia é um achado frequente na prática clínica, que se refere a uma
diminuição da massa total eritróide no sangue periférico, comparando com os
intervalos de referência obtidos para cada espécie animal (CHERVIER et. al., 2012).
O hemograma é o exame mais solicitado e de grande importância na
investigação laboratorial desse distúrbio e quando acompanhado pela contagem de
reticulócitos torna-se mais preciso na classificação das anemias, possibilitando um
entendimento maior sobre a gravidade da doença (GROTTO, 2009).
De acordo com Ristow (2016), a diminuição da concentração sanguínea de
hemácias (Hm) e/ou hemoglobina (Hb) e/ou hematócrito (Ht) de um animal são os
principais índices observados no hemograma para a constatação de uma anemia.
Porém, o Volume Corpuscular Médio (VCM), Concentração de Hemoglobina
Corpuscular Média (CHCM) e a contagem de reticulócitos, bem como as
características hematoscópicas são parâmetros que também devem ser analisados
para que se torne possível a classificação dessa anemia e auxiliar também na
determinação da sua causa.
O VCM é o índice responsável por informar o volume corpuscular médio de
cada hemácia, onde esse valor irá refletir no tamanho médio total das hemácias,
sendo assim classificando as hemácias em macrocítica, microcítica e normocítica
(RISTOW, 2016; VOIGT, 2002).
O CHCM é um parâmetro que irá estimar a concentração de hemoglobina
média total, ou seja, o estado geral das hemácias, sendo classificadas como
hemácias normocrômicas (concentração normal de hemoglobina) ou hipocrômicas
(concentração abaixo de hemoglobina) (VILLIERS; BLACKWOOD, 2010). Assim, a
classificação da anemia pode ser realizada morfologicamente permitindo classificá-
la, como anemia macrocítica hipocrômica, macrocítica normocrômica, microcítica
hipocrômica, microcítica normocrômica, normocítica normocrômica, normocítica
hipocrômica (HAROLD, 2010; MENDONÇA, 2005). Com base na resposta da
7

medula óssea, a partir da contagem de reticulócitos podemos classificar as anemias


em regenerativas e não regenerativas (NEIGER et al., 2002).
Os reticulócitos são hemácias imaturas, que se maturam de 24-48 horas na
medula óssea antes de ir para o sangue periférico por diapedese, e a sua liberação
é controlada por vários fatores, principalmente com a concentração de eritropoietina
(LOPES; BIONDO; SANTOS, 2007). Em cães adultos são encontrados menos de
1% de reticulócitos, sendo que em filhotes é em torno de 7% (D’AVILA, 2011).
Os reticulócitos correspondem aos policromatófilos, e a contagem dessas
células irá indicar a atividade eritropoética da medula óssea, e a sua presença é um
indício de que a resposta medular é bem satisfatória frente a processos hemolíticos,
hemorrágicos ou algumas terapias aplicadas, indicando assim uma anemia
regenerativa. No entanto, a baixa presença de reticulócitos indicará pouca atividade
eritropoética, que pode ser temporária pelo tempo insuficiente para que ocorra a
maturação, ou mesmo permanente, causado por algumas patologias, tornando
assim uma anemia arregenerativa (BORGARTZ, 2014).
Em relação aos achados hematoscópicos, pode-se observar os
policromatófilos, que são hemácias jovens que foram liberadas na circulação
sanguínea, possuem coloração arroxeada devido ao RNA e sua presença no
esfregaço sanguínea indica regeneração, assim como anisocitose que é a variação
de tamanhos diferentes de hemácias, ou seja, hemácias com a morfologia grande,
normal e pequena no mesmo esfregaço (BORGARTZ, 2014). Os corpúsculos de
Howell-Jolly fazem parte da linha imatura das hemácias, onde são pequenas
estruturas basofilicas e grandes quantidades desses corpúsculos é indicativo de
regeneração, assim como os metarrubrícitos, que são hemácias que não sofreram
ainda a maturação e são liberadas na corrente sanguínea, indicando também uma
regeneração (BELO, 2015).
Sendo a anemia uma alteração hematológica muito frequente em cães devido
gravidade para a saúde do animal, é de grande importância inserir na rotina
laboratorial a contagem de reticulócitos juntamente com avaliação dos índices
hematimétricos, pois irá auxiliar o Medico Veterinário a classificar e reconhecer as
principais causas das anemias, instituindo assim o melhor tratamento e o mais
eficaz.
Dessa forma, objetivou-se, avaliar os índices eritrocitários e a contagem de
reticulócitos na classificação de anemias em cães, diferenciando os tipos de anemia
8

de acordo com os parâmetros avaliados, como índices hematimétricos, contagem de


reticulócitos e achados hematológicos, verificando a frequência dessas anemias.

2 MATERIAL E MÉTODO

2.1 Amostra e amostragem

Foram analisadas 47 amostras sanguíneas de cães de ambos os sexos de


diferentes idades, raças variadas e seus cruzamentos, oriundos de atendimento
clínico de rotina na Clínica Escola de Medicina Veterinária do Centro Universitário
Cesmac, em Marechal Deodoro/AL, enviadas para análise hematológica no
Laboratório de Análises Clínicas da mesma instituição. Essa amostragem foi definida
por conveniência, conforme o número de amostras sanguíneas enviadas ao
laboratório para o processamento.

2.2 Processamentos das amostras

Para as análises hematológicas, foram utilizadas amostras sanguíneas de


cães, colhidas em tubos contendo anticoagulante EDTA, enviadas ao Laboratório e
que, após análise inicial dos parâmetros hematológicos (Eritrograma), os resultados
se encontraram abaixo dos valores de referência (anemia) para a espécie canina,
segundo (FELDMAN et. al.; 2000). As amostras foram homogeneizadas e
imediatamente processadas em analisador hematológico veterinário, da marca
Labtest®, modelo SDH-3 VET, para obtenção da contagem de eritrócitos, dosagem
de hemoglobina, hematócrito, VCM e CHCM. A morfologia das hemácias foi
realizada através da análise microscópica em esfregaço sanguíneo, corado com
corante rápido para hematologia, avaliado em objetiva de imersão de 100x. No
mesmo esfregaço, além da morfologia celular, foi verificada a presença de
metarrubrícitos e inclusões celulares, como corpúsculos de Howell-Jolly, e de
alterações como anisocitose e policromasia ou policromatofilia, comumente
utilizados para a classificação das anemias (FIGHERA, 2001).
Em seguida, foi realizada a contagem de reticulócitos, para se determinar o
grau de regeneração das anemias. Para isso, foi utilizada a técnica do corante Azul
de Cresil Brilhante, diluindo-se a amostra sanguínea nesse corante e incubando em
9

banho-maria a 37ºC por 20 minutos, e confeccionando-se esfregaços para posterior


contagem através da microscopia, conforme recomendações do fabricante do kit
Laborclin. Esses esfregaços foram contra-corados em corante rápido para
hematologia para uma melhor visualização dos reticulócitos, que foram contados em
1.000 eritrócitos, em objetiva de imersão (100x). Por fim, foram realizados os
cálculos para se obter a contagem percentual, absoluta e corrigida dos reticulócitos,
utilizando-se as fórmulas abaixo (THRALL et al., 2015):
Contagem percentual de reticulócitos: número total de reticulócitos = %
10
Contagem absoluta de reticulócitos: % reticulócitos x número de hemácias = ml
100
Contagem corrigida de reticulócitos: % reticulócitos x hematócrito = %
45 (valor constante para cães)
Foi realizada análise descritiva das variáveis quantitativas (parâmetros
hematológicos e contagem de reticulócitos), compilando-se os dados em EXCEL.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram estudados 47 cães anêmicos após a análise do hemograma (tabela 1).

Tabela 1 - Valores mínimos e máximos, média e valores de referência dos


parâmetros eritrocitários, índices hematimétricos e reticulócitos de 47
cães anêmicos, 2018.
PARÂMETROS Valor Valor Média Valores
Mín. Máx. Referências
Eritrócitos (x106/uL) 0,63 5,6 3,93 5,5 - 8,5a
Hemoglobina (g/dL) 2,1 12,5 9,31 12 – 18a
Hematócrito (%) 6 37 27,5 37 – 55a
VCM (fL) 60 95,2 69,6 60 – 77a
CHCM (%) 29,6 39 32,3 32 – 36a
Ret. Corrig. (%) 0,20 7,77 0,68 <1,5b
Ret. Absoluta (uL) 12.500 530.000 53.420 < 60.000c
Ret. Absoluta= Contagem Absoluta de Reticulócitos; CCR (Contagem Corrigida de
Reticulócitos). aLOPES; BIONDO; SANTOS, 2007; b THRALL, 2015; cJAIN, 1993.

Com base na determinação de seus hematócritos, segundo a classificação


utilizada por Tvedten (2010), 26 animais (55%) apresentaram anemia leve, 13 (28%)
10

anemia moderada, 6 (13%) anemia intensa ou severa e 2 (4%) anemia muito


intensa, conforme observado no gráfico 1.

Gráfico1 - Frequência do grau de anemia em 47 cães com base na determinação do seu


hematócrito, 2018.

D’Ávila (2011), em estudo semelhante a este, utilizou amostras de 48 cães


anêmicos, sendo 29 fêmeas e 19 machos, entre 10 meses e 16 anos e raças
variadas. Este obteve resultados que corroboram esta pesquisa, onde 20 animais
apresentaram anemia leve, 16 animais anemia moderada, 8 animais anemia severa
e 4 muito severa, afirmando ainda que existem elementos multifatoriais para
desencadear o quadro anêmico. Drumont (2013) obteve também resultados
semelhantes, onde dos 359 animais 323 animais (90%) apresentaram anemia leve e
18 animais (5%) com anemia moderada. Este afirma que a causa deste tipo anemia
leve se dá por processos infecciosos, cirúrgicos e inflamatórios. No entanto nesta
pesquisa, não foram obtidos os dados clínicos dos animais estudados, não sendo
possível identificar a causa da anemia.
Em relação a classificação morfológica das anemias (gráfico 2) 39 (83%)
apresentaram anemia normocítica normocrômica, 2 (4%) anemia normocítica
hipocrômica, 3 (7%) anemia microcítica normocrômica, 2 (4%) anemia macrocítica
normocrômica, 1 (2%) anemia macrocítica hipocromômica. Essa classificação é
realizada através dos índices (VCM e CHCM) e da observação microscópica do
esfregaço de sangue periférico e mais aceita mundialmente Fighera (2001).
Esses resultados encontram-se de acordo com aqueles obtidos por Alonso
(2012) onde esse tipo de anemia normocítica normocrômica pode ser explicado pelo
fato de que muitos hemogramas são realizados em um período onde anemia já
estava estabelecida e sem uma resposta medular. Araújo et. al (2016) afirmam
também que esse tipo de anemia estão relacionadas aos processos inflamatórios e
11

/ou infecciosos e doenças crônicas, onde essas causas também foram observadas
na classificação anterior de anemia leve.

4%
7%
2% Anemi normocítica
4% normocrômica
Anemia normocítica
hipocrômica
83% Anemia microcítica
normocrômica
Anemia macrocítica
normocrômica

Gráfico 2 - Frequência do tipo de anemia em 47 cães com base na determinação do índice


hematimétiros, 2018.

Quanto ao grau de regeneração das anemias que é feita com base na


contagem de reticulócitos, foram observados 34 animais (72%) com anemia não
regenerativa, ou seja, a medula não estava responsiva, seguido de uma anemia
regenerativa com 13 animais (27%), estas foram classificadas em regeneração leve
com 8 cães (17%), regeneração moderada com 3 cães (6%) e uma regeneração
bem marcada 2 cães (4%), conforme observado no gráfico 3.

4%
7%

Não Regenerativo
17%
Regeneração Leve
72% Regeneração moderada
Regeneração Intensa

Gráfico 3 - Frequência de anemia em 47 cães conforme o grau de regeneração medular


após contagem de reticulócitos, 2018.

Os mesmos resultados predominaram nos estudos de Medeiros; Dittrich


(2014), onde foi constada anemia não regenerativa em 68% e regenerativa em 32%.
Borgartz (2014), afirma também que esses animais com anemia não regenerativa
têm pouca atividade eritropoética, devido ao pouco tempo de maturação das
hemácias ou alguma patologia envolvida.
12

Na avaliação semiquantitativa do esfregaço sanguíneo dos animais avaliados,


31 (65,96%) apresentaram anisocitose e policromasia, variando de intensidade (1+ a
4+) (Tabela 2), o que demonstrou ser útil para sugerir a presença ou não de
reticulócitos na circulação, porém, por ser um método de estimativa, não substitui a
contagem de reticulócitos, onde essa avaliação irá depender de alguns fatores,
desde uma boa qualidade do esfregaço e da coloração empregada e do laboratorista
treinado D’Ávila (2011). No entanto, Medeiros; Dittrich (2014) afirma que a contagem
de policromatófilos no esfregaço sanguíneo se torna uma ferramenta de grande
acurácia para diagnosticar uma anemia regenerativa ou não.

Tabela 2: Frequência de cães anêmicos com anisocitose e policromasia, 2018.


PARÂMETROS (1+) (2+) (3+) (4+)
n % n % n % n %
Anisocitose 13 41,93 12 38,70 5 16,12 1 3,22
Policromasia 17 54,83 10 32,25 4 12,90 1 3,22
n= números de animais

Na mesma avaliação do esfregaço sanguíneo foi observado a presença de


metarrubricítos e corpúsculos de Howell-Jolly, numa frequência de 7 animais (15%)
e 4 animais (8%), respectivamente. De acordo com autores como Fighera (2001) e
Tvedten (2010), esses elementos revelam regeneração. Porém os menores valores
percentuais verificados nesta pesquisa apresentaram uma baixa frequência de
metarrubricitos, corpúsculos de Howell-jolly, anisocitose, policromasia e análise dos
índices hematimétricos indicando assim uma anemia não regenerativa, verificada
através da contagem de reticulócitos.
13

4 CONCLUSÃO

Conclui-se que a alta frequência de anemias não regenerativas verificadas


nesse estudo demonstra a importância da contagem dos reticulócitos associada a
análise de achados hematológicos como anisocitose, policromatófilos e inclusões
celulares, obtidos no esfregaço sanguíneo, e dos índices hematimétricos para a
classificação das anemias na rotina da clínica médica de cães. Além de fornecer
uma resposta medular responsiva ou não quanto a sua regeneração, estes
auxiliarão na origem das anemias, possibilitando assim um diagnóstico, prognóstico
e tratamento mais preciso para cada tipo de anemia.
14

REFERÊNCIAS

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