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br - 04

Anemia hemolítica
imunomediada
Um guia para diagnóstico na rotina
de cães e gatos

katiane lohn de souza


mariana silva rossi
@hemocitovet
1ª edição
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Sobre nós
Olá! Somos @hemocitovet!
A página foi criada pelas
Médicas Veterinárias e
amigas Katiane e Mariana.
A página nasceu em
janeiro de 2022 com
objetivo de simplificar a
Patologia Clínica tanto
para estudantes, quanto
para colegas que já atuam
na área.
Através da @hemocitovet compartilhamos o que
aprendemos em mais de 12 anos de experiência em
rotina laboratorial.
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Sumário

Introdução 4

O que é anemia? 5

Classificação das anemias 7


Mecanismos de AHIM 14

AHIM 16
Diagnóstico de AHIM 17

Fatores desencadeantes de AHIM 25

Resumindo 29
Achados da rotina mais comuns em
casos de AHIM 30

Conclusão 42
Referências 44
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Introdução
As anemias são um grande desafio diagnóstico na
rotina clínica de cães e gatos, e definir sua (s) causa(s)
é imprescindível para poder definir as estratégias
terapêuticas e avaliação prognóstica.

As anemias hemolíticas estão entre as principais


causas de anemia na rotina clínica de cães e gatos, e
saber diferenciar se são imunomediadas ou não é de
extrema importância para a conduta terapêutica.

Este e-book traz de forma simples e resumida uma


revisão sobre o diagnóstico de anemia hemolítica
imunomediada (AHIM) com base em alguns trabalhos
e principalmente no consenso de diagnóstico de
anemia hemolítica imunomediada em cães e gatos
(ACVIM consensus statement on the diagnosis of
immune-mediated hemolytic anemia in dogs and
cats), publicado em 2019 no Jornal of Veterinary
Internal Medicine por GARDEN, O. A., et al.

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o que é anemia?

Anemia é caracterizada quando há diminuição do


número de hemácias, da concentração de
hemoglobina e/ou do hematócrito em relação aos
valores de referência.

Lembre-se:
Anemia NÃO é diagnóstico!!

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Considerações relevantes ao caracterizarmos um


quadro de anemia:
Hemograma x maquinograma: Preconiza-se
sempre a conferência do hematócrito (Ht) do seu
equipamento de hematologia com o do capilar.
Especialmente nas AHIMs, a leitura do
equipamento pode ser errônea devido a
autoaglutinação das hemácias ou esferocitose.
Os valores de referência variam entre laboratórios
e não representam a totalidade da população.
Lembram da curva de Gauss ou distribuição
normal? Cerca de 2,5% da população saudável
estará acima dos valores e 2,5% estará abaixo dos
valores de referência.
Variações raciais: felinos de algumas raças, p.ex.
Maine Coons, possuem seus valores de Ht maiores
do que as demais raças de gatos.

2,5% 2,5%
Curva de Gauss demostrando distribuição normal em que 95% da
população de indivíduos saudáveis apresenta seus parâmetros
hematológicos dentro de um intervalo de referência

o que é anemia? 6
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Classificação das anemias


Quanto ao tamanho das hemácias e teor de
hemoglobina (Hb)

Levamos em consideração dois principais índices


hematimétricos:

VCM - tamanho das hemácias


microcítica
normocítica
macrocítica

CHCM - concentração média de Hb


hipocrômica
normocrômica
hipercrômica (artefato de hemólise ou
lipemia)

Em Medicina Veterinária utilizamos


principalmente o VCM e o CHCM para determinar
o tamanho da hemácia e concentração de
hemoglobina respectivamente. Na medicina, o
VCM e HCM são mais utilizados, entretanto a
interpretação é semelhante.

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Nas anemias hemolíticas imunomediadas,


frequentemente encontramos anemia macrocítica e
hipocrômica, já que é esperado aumento do
número de hemácias jovens devido à regeneração
medular. A ausência destes achados não deve
descartar o diagnóstico, pois deve-se realizar
contagem de reticulócitos para confirmação da
regeneração. Além disso, aproximadamente 30% dos
animais não apresentam sinais de regeneração
medular no primeiro atendimento, pois não houve
tempo para iniciar a regeneração pela medula óssea,
que inicia em torno de 72 a 96 horas e tem seu pico
de resposta em torno de 7 dias.

As anemias imunomediadas
direcionadas aos precursores (PIMA)
na meda óssea normalmente não
apresentam este padrão!!*
*As PIMAs não serão abordadas neste e-book.

Classificação das anemias


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O RDW (Red cell distribution width) é outro índice


muitas vezes negligenciado, que pode nos trazer
muitas informações sobre anisocitose e, como
consequência, indícios de regeneração medular.

Este parâmetro está disponível apenas em


contadores eletrônicos e indica o grau de variação
do tamanho das hemácias naquela população. Ou
seja, quanto maior o valor do RDW, maior a
diferença de tamanho entre as células. Este índice
costuma estar aumentado nas AHIMs devido à
presença de hemácias maiores pela regeneração
medular e/ou presença de esferócitos.

Diseritropoiese, presença de poiquilocitose, entre


outros, podem alterar o RDW. Desta forma, os
parâmetros devem ser analisados com cautela e
em conjunto com a microscopia, histograma e
todos os outros índices disponíveis.

Classificação das anemias


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Quanto à resposta da medula óssea

Regenerativa: Há resposta efetiva da medula óssea


frente à anemia

Arregenerativa: Não há resposta efetiva da medula


óssea frente à anemia.

A contagem de reticulócitos é a ferramenta indicada


para esta classificação.
Os reticulócitos são hemácias jovens em que ainda
não houve hemoglobinização completa.

Toda hemácia policromatofílica é um reticulócito, porém


nem todo reticulócito é uma hemácia policromatofílica.

Classificação das anemias


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No hemograma, os reticulócitos podem apresentar-


se como hemácias policromatofílicas (de coloração
mais azulada por causa do resquício de organelas
como ribossomos e mitocôndrias). Para contagem
manual destas células é necessário realizar a
coloração com corante supra vital (p. ex. azul de
cresil brilhante).
Nas anemias imunomediadas geralmente
observamos reticulocitose, porém sua ausência não
descarta a possibilidade diagnóstica, já que a
medula leva aproximadamente 96 horas para gerar
algum grau de reticulocitose e muitas vezes o animal
chega para atendimento antes deste período.

Presença de reticulocitose em esfregaço de sangue corado com azul de


cresil brilhante. (Fonte: arquivo pessoal).

Classificação das anemias


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Classificação fisiopatológica

Esta classificação leva em consideração as causas de


base para o desenvolvimento da anemia.

Deficiência, diminuição ou ausência de eritropoiese


(eritropoiese ineficiente, hipoplasia ou aplasia
medular). Podem ser:

primárias (causas intrínsecas à medula óssea).


Ex.: mielofibrose, mielodisplasia, mieloftise,
neoplasia, idiopática, entre outros.

secundárias (causas extrínsecas à medula


óssea).
Ex.: doença renal, desordens endócrinas, doenças
inflamatórias, agentes infecciosos, destruição
imunomediada contra precursores, entre outros.

Neste caso, a medula óssea não reage adequadamente


frente ao desafio, ocorrendo anemia
ARREGENERATIVA!

Classificação das anemias


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Perda de sangue ou hemólise, levando a anemias


regenerativas.

Neste caso, a medula óssea encontra-se funcional e


responde à liberação de eritropoietina pelos rins,
conferindo uma resposta adequada frente à anemia,
caracterizando anemia REGENERATIVA.

AHIM!

Classificação das anemias


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mecanismos de ahim
Primeiramente, é importante entendermos os
mecanimos de hemocaterese que ocorre
normalmente (remoção das hemácias senis da
circulação).

A vida média das hemácias é cerca de 100 dias nos


cães e 60 dias nos felinos. Durante este tempo,
elas circulam pelos tecidos e entram em contato
com diversas substâncias e condições de estresse
oxidativo ao passar pelos pulmões, ou condições
hiperosmóticas ao passar pelos rins até serem
removidas da circulação pelo sistema monocítico
fagocitário no baço e fígado. Além disso, com o
tempo, várias proteínas e imunoglobulinas
(especialmente IgG) se ligam à superficie da
hemácia senil e servem de sinalização para as
células de Kupfer fazerem sua remoção da
circulação.

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Na AHIM ocorre produção de autoanticorpos


patogênicos que se ligam a epítopos da membrana
eritrocitária levando à hemólise. O sistema
complemento pode interagir com os anticorpos
ligados às hemácias, facilitando a hemólise
extravascular ou causando hemólise intravascular
pela formação do complexo de ataque à
membrana.

Esquema demonstrando os mecanismos de hemólise extravascular


(mediada por IgG) e intravascular (mediada por IgM).
Adaptado de STOCKHAM e SCOTT, 2011.

mecanismos de ahim 15
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AHIM
Vários critérios para o diagnóstico de AHIM foram
descritos na literatura. Há pouca padronização
sobre quais critérios são necessários para o
diagnóstico definitivo.

Além disso, a diferenciação da AHIM primária da


secundária, ou seja, associada a fatores
desencadeantes, é um passo muito importante na
avaliação diagnóstica. A resolução destes fatores é
um componente crucial do tratamento. Apesar
disso, não existem diretrizes para a avaliação
diagnóstica dos fatores desencadeantes e faltam
estudos formais das evidências de sua implicação
na AHIM.

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Testes Diagnósticos de ahim

Não fique triste mas....


NÃO existe teste padrão ouro para
diagnóstico de AHIM!!

De forma semelhante ao que acontece na


medicina, testes como o de Coombs para
diagnóstico não são 100% sensíveis e nem 100%
específicos.

Os testes a seguir devem ser


interpretados de forma combinada com
outros métodos diagnósticos e com
resposta à imunossupressão.

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Hemograma

Anemia

Preconiza-se a determinação do Hematócrito (Ht)


ou Volume Globular (VG) através da técnica de
microhematócrito (centrifugação), pois o Ht
calculado sofre importantes interferências de
aglutinação e esferocitose.

Sinais de destruição imunomediada

Esferocitose: Considerada um critério


diagnóstico apenas em cães, já que em felinos
são de difícil reconhecimento. Segundo o
consenso, >5 esferócitos por campo de 1000x
favorece o diagnóstico de AHIM.

Presença de esferócitos em esfregaço sanguíneo de cão com


AHIM. (Fonte: arquivo pessoal).

testes Diagnósticos de ahim 18


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Aglutinação em salina

Utilizada para diferenciar rouleaux de aglutinação


verdadeira.
Segundo o consenso, apesar das alterações no
esfregaço sanguíneo e alterações nos gráficos de
dispersão dos equipamentos sugerirem
aglutinação, essas técnicas não são adequadas
para confirmá-la devido a possibilidade de
sobreposição de rouleaux nos esfregaços e nas
outras potenciais causas de macrocitose no gráfico
de dispersão.
O trabalho publicado por SUN, P,L. e JEFFERY, U. em
2020, indica que a especificidade do teste de
aglutinação em salina para detecção de AHIM
chegou a 97% quando utilizada a diluição de 1:49 e
a sensibilidade a 67% na mesma diluição.

O que vemos na rotina:


Quando o patologista clínico tem bastante experiência, geralmente
não é difícil distinguir aglutinação verdadeira de rouleaux na lâmina.
Por esta razão, apenas realizamos o teste de aglutinação em salina
em alguns casos para confirmação.

testes Diagnósticos de ahim 19


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Prova de aglutinação negativa. (Fonte: arquivo pessoal).

Prova de aglutinação positiva. (Fonte: arquivo pessoal).

Aglutinação em lâmina (Fonte: Rouleaux (Fonte: arquivo


arquivo pessoal). pessoal).

testes Diagnósticos de ahim 20


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Demonstração de autoanticorpos antihemácias:

O Médico Veterinário Robim Coombs, em 1945,


desenvolveu testes diretos e indiretos de
antiglobulina (TAD e TAI) que detectam
autoanticorpos e aloanticorpos subaglutinantes
ligados à superfície de hemácias (lavadas). Em
medicina, um teste de Coombs positivo é
necessário para fechar o diagnóstico de AHIM.

A sensibilidade do teste para cães variou de 61 a


82% e 50 a 82% em felinos, e especificidade de 94 a
100% em cães e 95 a 100% em felinos.

Deve-se ressaltar a necessidade de anticorpos


espécie específicos!

Existem poucos laboratórios comerciais que


oferecem teste de Coombs, entretanto, é uma
ferramenta interessante para o diagnóstico de
AHIM. Além disso, IDALAN, N. et al, 2021 sugere
que este teste ainda pode ser útil no
monitoramento de cães em tratamento para a
doença.

testes Diagnósticos de ahim 21


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Outro teste também disponível é a citometria de


fluxo, que utiliza imunofluorescência, identificando
baixos níveis de opsonização em hemácias,
apresentando elevada sensibilidade (67 a 100%) e
especificidade (87,5 a 92%) para detecção de
imunoglobulinas (IgM e IgG) e complemento.

Evidências de hemólise

Esferocitose:
Em cães, a presença de esferócitos em quantidade
maior que 5% no hemograma deve ser relatada. A
deformidade da membrana da hemácia na AHIM
favorece a remoção desta parte pelo sistema
monocítico fagocitário, originando os esferócitos
(caracterizados pela ausência da biconcavidade das
hemácias normais).

Hiperbilirrubinemia:
Excluindo-se outras causas como alterações
hepáticas, colestase ou sepse, a hiperbilirrubinemia
pode indicar hemólise. Esta é caracterizada pela
presença de icterícia, concentração total de
bilirrubina sérica ou plasmática acima do intervalo
de referência, bilirrubinúria em gatos ou ≥ 2+ de
bilirrubina em tira reagente de urina em cães.

testes Diagnósticos de ahim 22


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Hemoglobinemia/Hemoglobinúria:

Hemoglobinemia é detectada pela presença de


hemólise no plasma, aumento de CHCM ou HCM.
A hemoglobinúria está presente quando não há
indícios de mioglobinúria e a urina apresenta
coloração avermelhada, mas o sobrenadante mantém
a cor vermelha após centrifugação. Também
suspeitamos de hemoglobinúria se há sangue oculto
na fita de bioquímica com ausência de hemácias
íntegras na avaliação microscópica.

Deve-se excluir artefatos que causam hemólise (coleta


dificil, armazenamento inadequado, entre outras...)

testes Diagnósticos de ahim 23


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Hemácias fantasmas:

Indicam destruição intravascular quando observadas


em esfregaço realizado de amostra fresca.

Hemácias fantasmas (Fonte: arquivo pessoal)

testes Diagnósticos de ahim 24


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fatores desencadeantes de AHIM


Agentes infecciosos:

Entre os cães, Babesia gibsoni parece ter potencial


moderado a elevado em causar AHIM. Outros
piroplasmas como outras espécias de babesia não
possuem evidências suficientes que determinem
seu potencial. Doenças causadas por vetores como
Dirofilaria immitis, Ehrlichia spp., Borrelia spp.,
Mycoplasma spp., Bartonella spp., e Leishmania spp.,
além de outros protozoários, como Neospora
caninum, e outras doenças bacterianas possuem
baixas evidências da sua capacidade de levar a
AHIM, mas não devem ser excluídos como causas
potenciais.

Em felinos, Mycoplasma haemofelis parece ter alto


potencial de levar a AHIM, o que não se observa em
M. haemeominutum e M. turicensis. Babesia felis
possui grau de evidência intermediário. Entre as
doenças virais, é baixa a correlação de vírus da
Leucemia Viral Felina (FeLV) como causador de
AHIM.

Embora não seja citada no consenso, outros


trabalhos demonstram que a leptospirose tem
potencial de causar AHIM.
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Neoplasias:

Apesar de AHIM ser caracterizada como síndrome


paraneoplásica em humanos (p. ex. em leucemia
linfocítica crônica), faltam evidências na literatura
veterinária de uma relação causal entre câncer e
AHIM em cães e gatos. Embora não exista
nenhuma evidência de um nexo causal, neoplasias
não podem ser eliminadas como fator
desencadeante potencial para esta doença.

Doenças inflamatórias

Evidência de pancreatite causando AHIM é pouco


significativa em cães e insignificante a baixa em
gatos.
Necrose também é pouco significativa em cães e
em felinos não é relatada.

A falta de evidências na literatura de que algumas alterações


citadas possam levar a AHIM não exclui esta possibilidade! Todas
as doenças devem ser levadas em consideração.

fatores desencadeantes de AHIM 26


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Outros processos inflamatórios generalizados


como lúpus eritematoso sistêmico, parecem
possuir potencial de induzir AHIM, porém são
necessários mais estudos para esta confirmação.

AHIM é relatada em humanos com LLC (Fonte: arquivo pessoal).

fatores desencadeantes de AHIM 27


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Drogas:

A prevalência de AHIM induzida por drogas em


cães e gatos é rara ou subnotificada, porém a falta
de evidências não exclui a possibilidade.

Vacinas

Considerando a ampla prática de vacinação e a


falta de evidências conclusivas de uma associação
com AHIM, as estratégias atuais de vacinação
geralmente são seguras. Os pacientes devem ser
avaliados individualmente quanto aos seus
próprios riscos e benefícios antes da vacinação.
Mais estudos são necessários para determinar se e
quando a AHIM associada à vacina ocorre em cães
e gatos, e para desenvolver melhores métodos
para o diagnóstico da doença associada à vacina.

fatores desencadeantes de AHIM 28


resumindo
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Anemia detectada
2 ou mais sinais de destruição imunomediada
Esferocitose (apenas em cães)
Aglutinação em salina positiva (sem lavagem)
Coombs/Citometria de fluxo positiva
OU
Aglutinação em salina positiva após lavagem

Sim Não

1 ou mais sinais de hemólise 1 ou mais sinais de destruição


Hiperbilirrubinemia (sem hepatopatia) imunomediada
Hemoglobinemia Esferocitose (apenas em cães)
Hemoglobinúria Aglutinação em salina positiva (sem lavagem)
Hemácias fantasmas Coombs/Citometria de fluxo positiva

Sim Não Sim Não

1 ou mais sinais de hemólise


AHIM!!! Não é
Hiperbilirrubinemia (sem hepatopatia)
AHIM!
Hemoglobinemia
Hemoglobinúria
Hemácias fantasmas

Sim Não

Favorece AHIM se outra causa de Não descartar AHIM se outra causa


anemia não for identificada de anemia não for identificada

Adaptado de OLIVEIRA et al, 2019.


29
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achados da rotina mais comuns


em casos de ahim

Fonte: arquivo pessoal

Fonte: arquivo pessoal

Imagens apresentando anisocitose, policromasia (cabeça de seta) e


esferócitos (seta).

30
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achados da rotina mais comuns


em casos de ahim

Fonte: arquivo pessoal

Fonte: arquivo pessoal

Imagens apresentando anisocitose, policromasia, esferócitos,


metarrubrícito (seta) e esquizócito (cabeça de seta).

31
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achados da rotina mais comuns


em casos de ahim

1
Fonte: arquivo pessoal

2 3
Fonte: arquivo pessoal Fonte: arquivo pessoal

1: desvio à esquerda.
2: bastonete com Corpúsculos de Döhle.
3: leucocitose por neutrofilia.

32
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achados da rotina mais comuns


em casos de ahim

Fonte: arquivo pessoal

Fonte: arquivo pessoal

Imagens demonstrando aglutinação em salina positiva.

33
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achados da rotina mais comuns


em casos de ahim

Fonte: arquivo pessoal

Fonte: arquivo pessoal

Imagens demonstrando autoaglutinação microscópica.

34
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achados da rotina mais comuns


em casos de ahim

1 2
Fonte: arquivo pessoal Fonte: arquivo pessoal

1; 2: aspecto de esfregaços
sanguíneos na presença de
intensa autoaglutinação.

3: autoaglutinação
macroscópica.

3
Fonte: arquivo pessoal

35
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achados da rotina mais comuns


em casos de ahim

Fonte: arquivo pessoal

Fonte: arquivo pessoal

Metarrubrícitos (seta) e corpúsculos de Howell-Jolly (cabeça de seta).

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achados da rotina mais comuns


em casos de ahim

Fonte: arquivo pessoal Fonte: arquivo pessoal

Fonte: arquivo pessoal Fonte: arquivo pessoal

Presença de icterícia e hemólise. Achados comuns em pacientes com


AHIM.

37
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achados da rotina mais comuns


em casos de ahim

Fonte: arquivo pessoal

Fonte: arquivo pessoal

Presença de hemácias fantasmas (seta).

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achados da rotina mais comuns


em casos de ahim

Fonte: arquivo pessoal

Reticulocitose. Imagem de esfregaço de sangue com coloração


de azul de cresil brilhante em animal com AHIM.

39
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achados da rotina mais comuns


em casos de ahim

Fonte: arquivo pessoal

Presença de hemácia contendo piroplasma (seta).

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achados da rotina mais comuns


em casos de ahim

1 2
Fonte: arquivo pessoal Fonte: arquivo pessoal

3
Fonte: arquivo pessoal
1. bilirrubinúria.
2. hemoglobinúria.
3. sedimento urinário de paciente com AHIM e hemólise
intravascular. Observe os debris de hemácias (seta)
presentes na urina.

40
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conclusão
Não existe um teste padrão ouro para o diagnóstico
de AHIM. Mesmo testes com elevada sensibilidade e
especificidade, como o teste de Coombs, podem
levar a resultados falso negativos ou falso positivos.

Na rotina, é importante levar em consideração toda


a história clínica do paciente (vacinas, doenças
infecciosas, inflamatórias, uso de medicações,
neoplasias, entre outras), e deve-se sempre associar
sinais clínicos, achados dos exames laboratoriais
citados e resposta à terapia.

Também vemos a necessidade de estudos


adicionais, principalmente para elucidar se existe
relação causal entre neoplasias, medicamentos e
vacinas levando a AHIM em cães e gatos.

Este e-book teve como objetivo resumir e


complementar o consenso de 2019 com informações
da nossa rotina e outros trabalhos cientifícos
relacionados. Entretanto, ele não exclui a
necessidade de consultar toda a literatura citada e
de manter-se constantemente atualizado.

42
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Novos trabalhos com novas informações vem sendo


publicados frequentemente, portanto, não podemos
ficar para trás.

Por fim, reiteramos o compromisso do Hemocitovet


em simplificar a rotina do patologista clínico
veterinário.

Até a próxima!

conclusão 43
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Referências
ALBERIGI, B.R.S., et al. Tromboembolismo pulmonar secundário
à anemia hemolítica imunomediada em um cão com
leptospirose - relato de caso. Revista MV&Z. v.11, n.2, 2013.

CASTILHO, R.C., et al. Anemia hemolítica imunomediada em


cães. Scientific Eletronic Archives. 9:5, 2016.

EVANS, J. Hemocatereisis: what it is, characteristics and how it


works. Disponível em
https://warbletoncouncil.org/hemocateresis-3797 acesso em
23/03/2023.

FURLANELLO, T.; REALE, I. Leptospirosis and immune-mediated


hemolitic anemia: A lethal association. Vet Res Forum, p. 261 -
265, 2019.

HARVEY, J.M. Veterinary Hematology. A diagnostic guide and


color Atlas. 1ed. Missouri: Elsevier, 2010.

IDALAN, N., et al. Comparative study of immunohematological


tests with canine blood samples submitted for a direct
antiglobulin (Coombs’) test. Canine Genet Epidemiol. v.8, n.10,
2021.

OLIVER, A.G. et al. ACVIM consensus statement on the diagnosis


of immune-mediated hemolytic anemia in dogs and cats. J Vet
Intern Med, v. 33, n. 2, p. 313-334, 2019.

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Referências

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Clínica Veterinária. 2ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2011.

SUN, P.L; JEFFERY, U. Effect of dilution of canine blood samples on


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hemolysis. J Vet Intern Med. v. 34, n. 6, p. 2374–2383, 2020.

THRALL, M.A; WEISER, B; ALISSON, R.W.; CAMPBELL, T.


Veterinary Hematology, Clinical Chemistry, and Cytology.
3ed., Hoboken,: Willey, 2022.

VALENCIANO, A.C.; COWELL, R.L.. Diagnostic Cytology and


Hematology. 5ed., Missouri: Elsevier, 2020.

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