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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO PRIVADO DO KILAMBA

Criado pelo Decreto Presidencial n.º 173/17 de 3 de Agosto. Diário da República n.º 131. I Série

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE


CURSO: ANÁLISES CLÍNICAS

AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE CONHECIMENTO DOS TÉCNICOS DE


LABORATÓRIO SOBRE A BIOSSEGURANÇA NOS
LABORATÓRIOS DE ANÁLISES CLÍNICAS DO HOSPITAL GERAL
DE LUANDA, NO II TRIMESTRE DE 2022

AUTORA: OTÍLIA BOTELHO CAMBOLO


ORIENTADORA: JACYRA ANTUNES S. GOMES, Ph.D

LUANDA
2023
OTÍLIA BOTELHO CAMBOLO

AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE CONHECIMENTO DOS TÉCNICOS DE


LABORATÓRIO SOBRE A BIOSSEGURANÇA NOS
LABORATÓRIOS DE ANÁLISES CLÍNICAS DO HOSPITAL GERAL
DE LUANDA, NO II TRIMESTRE DE 2022

Trabalho de Fim de Curso submetido ao


Instituto Superior Politécnico Privado do
Kilamba, como requisitos à obtenção de Título
de Licenciada em Análises Clínicas, sob
orientação da Jacyra Antunes S. Gomes, Ph.D.

LUANDA
2023
TERMO DE APROVAÇÃO

OTÍLIA BOTELHO CAMBOLO

AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE CONHECIMENTO DOS TÉCNICOS


DE LABORATÓRIO SOBRE A BIOSSEGURANÇA NOS
LABORATÓRIOS DE ANÁLISES CLÍNICAS DO HOSPITAL
GERAL DE LUANDA, NO II TRIMESTRE DE 2022

Trabalho de Fim de Curso submetido ao Instituto Superior Politécnico Privado do


Kilamba, como requisito à obtenção de Título de Licenciada em Análises Clínicas, pela
seguinte banca examinadora:

PRESIDENTE: JORGE ESPINOSA, MS.c

1o VOGAL: YURISILÂNIA FRANCISCO, MS.c

2o VOGAL: JACYRA GOMES, Ph.D.

LUANDA
2023
A paciência é companheira da sabedoria
(Santo Agostinho)
AGRADECIMENTOS

À Deus por cuidar de mim durante o meu ciclo de estudos e pela conclusão da
licenciatura.
A minha orientadora, Prof. Jacyra Gomes, e ao Prof. Jorge Espinosa pela atenção,
disponibilidade, dedicação, orientação metodológica e científica, pela correcção e por todas
as oportunidades que me têm proporcionado; manifesto igualmente, estima e elevada
consideração.
A minha família em geral, e em particular a minha mãe Sra. Joana Augusto Botelho,
pela amabilidade, confiança, apoio incondicional e compreensão durante toda jornada
académica, assim como aos meus irmãos por acreditarem em mim, e pelo seu suporte nos
afazeres académicos.
Ao meu pai, Dr. José Domingos Cambolo, “Em memória” ser-lhe-ei de modo muito
profundo, eternamente grata, pelo seu amor, pela sua educação, pós foste a minha maior
fonte de inspiração e o meu suporte durante toda a minha jornada acadêmica.
As minhas colegas de turma pelo tempo de convivência, especialmente a Luísa
Ironela de Assunção Arsénio e a Maria Teresa Mangovo, minhas companheiras de turma
que estiveram presentes em todos os momentos da minha formação. Obrigada por não
desistirem e acreditarem em vocês mesmas.
A todos os docentes da instituição que tornaram possível a minha formação, muito
obrigada.
Agradeço a todos os que directa ou indirectamente tornaram possível a realização
deste trabalho de conclusão de curso.

O meu muito obrigada!

IV
RESUMO

Os profissionais de laboratórios correm risco de contrair diferentes tipos de doenças


na assistência a saúde perante as várias patologias de fórum contagioso. Portanto, o
objectivo principal deste estudo foi avaliar o nível de conhecimento dos técnicos de
laboratório sobre a biossegurança nos laboratórios de análises clínicas do Hospital Geral de
Luanda, no II trimestre de 2022; para tal, a Metodologia: foi feito um estudo descritivo
transversal com abordagem quantitativa. Nesta pesquisa a amostra representativa foi de (25)
participantes. Quanto aos resultados: Quanto a caracterização dos profissionais do
laboratório, evidenciou-se que a maioria possui entre os 31 e 40 anos de idade, (72%) são
do sexo feminino, e (72%) tem o nível superior de formação. No que concerne a formação
em biossegurança hospitalar, observou-se que a maioria dos inquiridos (96%) possui
formação. Conclusão: portanto, respondendo à pergunta de partida, quanto ao nível de
conhecimento dos técnicos de laboratório sobre a biossegurança no Hospital Geral de
Luanda é alto, pois baseia-se nos princípios fundamentais de biossegurança hospitalar
aplicados de forma geral em qualquer unidade hospitalar onde existe a possibilidade de
contaminação por meio de bactérias e há vários riscos que podem estar associados ao local
de trabalho, principalmente em unidades hospitalares e laboratórios de análises clínicas.

Palavras-chaves: Biossegurança. Laboratório de Análises Clínicas. Hospital Geral de Luanda.

V
ABSTRACT

Laboratory professionals are at risk of contracting different types of diseases in


healthcare due to various contagious pathologies. Therefore, the main objective of this study
was to evaluate the level of knowledge of technicians about biosafety in the clinical analysis
laboratories of the General Hospital of Luanda, in the second quarter of 2022; to this end,
the Methodology: a cross-sectional descriptive study was carried out with a quantitative
approach wad carried out. In this research the representative sample was of (25) participants.
As for the results: As for the characterization of the laboratory professionals, it was
evidenced that the majority are between 31 and 40 years of age. (72%) have a higher level
of education., Regarding training in hospital biosafety, it was obseved that the majority of
respondents (96%) have training. Conclusion: therefore, answering the starting question, as
to the level of knowledge of laboratory technicians about biosafety at the General Hospital
of Luanda is high, because it is based on the fundamental principles of hospital biosafety
applied in general in any hospital unit where there is the possibility of contamination through
bacteria and there are several risks that may be associated with the workplace, mainly in
hospital units and clinical analysis laboratories.
Keywords: Biosafety. Clinical Laboratory. Luanda General Hospital.

VI
ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1: Faixa-etária dos participantes da pesquisa……………………………..………...39


Tabela 2: Sexo dos participantes da pesquisa……………………………………..…….….40
Tabela 3: Nível de escolaridade dos participantes da pesquisa……………………..………41
Tabela 4: Formação em Biossegurança dos participantes da pesquisa……………....……..42
Tabela 5: Exposição de riscos biológicos nos participantes da pesquisa………….....……..43
Tabela 6: Classe de riscos nos participantes da pesquisa……………………………..…….44
Tabela 7: Tipos de resíduos produzidos no laboratório…………...………………..………45
Tabela 8: Dispositivo de segurança no laboratório………………………………..………..46
Tabela 9: Disponibilidade dos EPI’s no sector…………………………………..…………47
Tabela 10: Motivos de esquecimento da luva………………………………..……………..48
Tabela 11: Vacinas apanhadas pelos funcionários…………………..............……………………...49

VII
ÍNDICE DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Faixa-etária dos participantes da pesquisa…………...…………….…………...39


Gráfico 2: Sexo dos participantes da pesquisa……………………………….…...…….….40
Gráfico 3: Nível de escolaridade dos participantes da pesquisa……………………..…..…41
Gráfico 4: Formação em Biossegurança dos participantes da pesquisa………...…..……....42
Gráfico 5: Exposição de riscos biológicos nos participantes da pesquisa…………........…..43
Gráfico 6: Classe de riscos nos participantes da pesquisa…………………….……...…….44
Gráfico 7: Tipos de resíduos produzidos no laboratório…………...……….....……………45
Gráfico 8: Dispositivo de segurança no laboratório………………………....……………..46
Gráfico 9: Disponibilidade dos EPI’s no sector………………………….…………...……47
Gráfico 10: Motivos de esquecimento da luva………………………….……………...…..48
Gráfico 11: Vacinas apanhadas pelos funcionários…………………………….................………...49

VIII
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AT – Acidente (s) de Trabalho


CIPA: Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
EPC – Equipamento (s) de Protecção Colectivo
EPI – Equipamento (s) de Protecção Individual
et al. – vários autores
DP – Doenças Profissionais
HIV – Vírus de Imunodeficiência Humana
Idem – Do mesmo autor já citado
OIT – Organização Internacional do Trabalho
OMS – Organização Mundial da Saúde
ONU – Organização das Nações Unidas
PGRSS: Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde
PPRA: Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
PPRO: Programa de Prevenção de Riscos Ocupacionais
RO – Risco(s) Ocupacional(is)
US – Unidade de Serviço

IX
SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS ........................................................................................................ IV
RESUMO.............................................................................................................................. V
ABSTRACT ........................................................................................................................ VI
ÍNDICE DE TABELAS .....................................................................................................VII
ÍNDICE DE GRÁFICOS .................................................................................................. VIII
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ......................................................................... IX
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO ...................................................................................... 12

1.1. DELIMITAÇÃO DO TEMA ............................................................................. 13


1.2. PROBLEMATIZAÇÃO ..................................................................................... 13
1.3. OBJECTIVOS ..................................................................................................... 14
1.3.1. Geral ...................................................................................................................... 14
1.3.2. Específicos ............................................................................................................ 14
1.4. JUSTIFICATIVA ............................................................................................... 14
CAPÍTULO II – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ....................................................... 15

2.1. SEGURANÇA NO TRABALHO EM SERVIÇO DE SAÚDE ...................... 15


2.2. BIOSSEGURANÇA............................................................................................ 17
2.2.1. Riscos ocupacionais no ambiente de trabalho ...................................................... 18
2.3. CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS ........................................................................ 20
2.3. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO ............................................................... 22
2.3.1. Equipamentos de Protecção Individual (EPI’s) .................................................... 22
2.3.1.1. Protectores faciais ............................................................................................. 23
2.3.1.2. Protectores oculares........................................................................................... 24
2.3.1.3. ................................................................................................................................. 24

2.3.1.3. Protectores auditivos ......................................................................................... 26


2.3.1.4. Luvas ................................................................................................................. 26
2.3.1.5. Avental .............................................................................................................. 28
2.3.1.6. Calçados de segurança ...................................................................................... 29
2.3.2. Equipamentos de Protecção Colectiva (Epc) ........................................................ 29
2.3.2.1. Cabines de segurança biológica (CSB) ............................................................. 30
2.3.2.2. Capela de segurança química ............................................................................ 31
2.3.2.3. Chuveiro de emergência .................................................................................... 31
2.3.2.4. Lava-olhos ......................................................................................................... 31
2.4. HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS.......................................................................... 32
2.5. DIREITOS E DEVERES ....................................................................................... 33
2.5.1. Direitos e Deveres dos Empregadores .................................................................. 34
2.5.2. Direitos dos funcionários: ..................................................................................... 35
2.5.3. Deveres dos funcionários ...................................................................................... 36
2.6. MEDIDAS DE PRECAUÇÕES ................................................................................... 36
CAPÍTULO III- METODOLOGIA ................................................................................. 38

3.1. TIPO E LOCAL DE ESTUDO .......................................................................... 38


3.2. POPULAÇÃO E AMOSTRA ............................................................................ 38
3.3. TÉCNICAS DE COLECTA DE DADOS ......................................................... 38
3.4. PROCEDIMENTOS ÉTICOS........................................................................... 38
3.5. CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO ................................................ 38
3.6. PROCESSAMENTO E ANÁLISES DE DADOS ................................................ 38
CAPÍTULO IV - APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ............. 39

3.1. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 39


CAPÍTULO V – CONCLUSÕES ....................................................................................... 50

5.1. RECOMENDACÕES ......................................................................................... 51


5.2. MEDIDAS DE PREVENÇÃO / BOAS PRÁTICAS LABORATORIAIS .... 52
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................. 53

APÊNDICE ........................................................................................................................ 57

APÊNDICE A – CARTA DE SOLICITAÇÃO DE DADOS ..................................... 58


APÊNDICE B – CARTA DE SOLICITAÇÃO DE DADOS APROVADA ............. 60
APÊNDICE C – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO ...... 61
APÊNDICE D – QUESTIONÁRIO ............................................................................. 62
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO

Os profissionais de laboratórios correm risco de contrair diferentes tipos de doenças


na assistência à saúde perante as várias patologias de fórum contagioso.
Desta forma, é fundamental adoptar os meios de prevenção disponível no manejo
dos diferentes tipos de equipamentos/e ou materiais com suspeitas de doenças contagiosas e
não só. Principalmente os profissionais que actuam nos laboratórios de análises clínicas,
sendo necessário e primordial o uso de equipamentos de protecção.
A Biossegurança é um conjunto de acções voltadas para prevenção, minimização e
eliminação de riscos para a saúde, ajuda na protecção do meio ambiente contra resíduos e
na conscientização do profissional da saúde (Ribeiro, 2017).
Conforme Talhaferro, Barboza & Oliveira (2018. p. 158) «os trabalhadores da área
da saúde, principalmente dos laboratórios, estão expostos a múltiplos riscos no seu ambiente
de trabalho, de natureza química, física, biológica, psicossocial e económica».
De modo geral, pode-se afirmar que a biossegurança aborda um conjunto de
métodos, procedimentos associados a técnicas que podem ser aplicados para a prevenção de
doenças hospitalares e promoção do bem-estar dos profissionais associados a profissão e não
só.
Os agentes biológicos em sua relação com os profissionais de instituições
hospitalares e laboratórios podem causar enfermidades a estes, pelo contacto directo com
pacientes enfermos, a manipulação de objectos contaminados e os produtos sépticos das
secreções dos enfermos.
Por isso são importantes as medidas de biossegurança que se devem ter em todos
os serviços de saúde para evitar a transmissão de enfermidades entre o profissionais e os
pacientes que ali se atendem. A Biossegurança por ser um conjunto de procedimentos,
acções, técnicas, metodologias, equipamentos e dispositivos capazes de eliminar ou
minimizar riscos inerentes às actividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento
tecnológico e prestação de serviços, que podem comprometer a saúde do homem, dos
animais, do meio ambiente ou a qualidade dos trabalhos desenvolvidos, é de fundamental
importância em laboratórios de análises clínicas.
Este trabalho vem com propósito de despertar a atenção dos técnicos de laboratório
sobre os riscos que estão expostos no laboratório sem adopção dos métodos de
biossegurança.

12
O referido trabalho é resultado duma monografia, portanto, esta obedece a
composição de três capítulos fundamentais, sendo que no capítulo I estão os fundamentos
teóricos e no capítulo II, são as opções metodológicas do estado, obviamente onde encontra-
se o método científico do referido trabalho e, por último, III capítulo, a apresentação e
discussão dos resultados obtidos na pesquisa de campo, junto do Hospital Geral de Luanda.

1.1. DELIMITAÇÃO DO TEMA


Delimitou-se este estudo na avaliação do nível de conhecimento dos técnicos de
laboratório sobre a biossegurança nos laboratórios de análises clínicas do Hospital Geral de
Luanda, no II trimestre de 2022.

1.2. PROBLEMATIZAÇÃO
Ainda nesta perspectiva a escolha deste tema deve-se ao facto de se tornar visível nos
dias que ocorrem, a propensão da alta incidência de acidentes ocorridos nos laboratórios, causados
muitas vezes por materiais perfuro-cortantes ou mesmo materiais biológicos.

Portanto, é importante realçar os cuidados que devem ser tomados e medidas que
reduzem ao máximo a exposição aos riscos que afectam a saúde dos profissionais de laboratório
em Angola, que estão em contacto com equipamentos, substâncias químicas e espécimes
biológicos em laboratórios e uma unidade hospitalar.

Mediante o problema exposto, surge à seguinte questão científica: Qual é o nível de


conhecimento dos técnicos de laboratórios sobre a biossegurança nos laboratórios de análises
clínicas do Hospital Geral de Luanda, no II trimestre de 2022?

13
1.3. OBJECTIVOS
1.3.1. Geral
Avaliar o nível de conhecimento dos técnicos de laboratório sobre a biossegurança nos
laboratórios de análises clínicas do Hospital Geral de Luanda, no II trimestre de 2022.

1.3.2. Específicos

 Identificar os aspectos sociodemográficos dos funcionários;


 Descrever o nível conhecimento dos técnicos sobre as medidas de segurança;
 Analisar o nível de conhecimento dos técnicos sobre a Biossegurança nos
laboratórios de análises clínicas do Hospital Geral de Luanda.
1.4. JUSTIFICATIVA
O tema escolhido para o trabalho de pesquisa surgiu no momento da integração
durante o estágio no Hospital Geral de Luanda, no laboratório de análises clínicas em que
fui colocada, tendo observado vários procedimentos que visavam a negligência de normas
universais de biossegurança, suscitou-me o interesse em aprofundar os conhecimentos sobre
o tema, no sentido de desenvolver acções visando a ajudar os profissionais da saúde no que
tange aos procedimentos adequados de biossegurança com o intuito de reduzir o índice de
morbimortalidade ocasionados pelos acidentes de trabalho nos laboratórios.
Além disso, este estudo pode vir a colaborar cientificamente com as boas práticas
em laboratórios de análises clínicas e contribuir para os serviços onde são realizadas as
actividades práticas do programa de sessões de educação para os profissionais de laboratório
e aos profissionais da saúde em geral.
Os laboratórios clínicos apresentam uma série de situações, actividades e fatores
potenciais de risco aos profissionais, os quais podem produzir alterações leves, moderadas
ou graves. Podem causar acidentes de trabalho e/ou doenças nos profissionais e nos
indivíduos a eles exposto.

Os funcionários dos laboratórios clínicos, técnicos e não técnicos estão sujeitos a manipular
produtos e amostras biologicamente contamináveis e de alto risco. A colheita e preparação das fezes,
urinas, sangue, secreções e outros produtos fazem dos laboratórios clínicos, locais de alto risco.
Assim, as medidas de biossegurança deveriam ser bem seguidas. Desta forma, é importante que nos
laboratórios haja condições mínimas de biossegurança, conhecimento das suas normas e o interesse
em aplicá-las no ambiente de trabalho, a fim de preservar a saúde e conscientizar sobre a necessidade
de utilizar a biossegurança como sendo uma necessidade para a protecção da saúde. Com esse estudo,
foram avaliados o nível de conhecimento dos funcionários sobre a aplicabilidade e utilização das
medidas da Biossegurança nos laboratórios.

14
CAPÍTULO II – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. SEGURANÇA NO TRABALHO EM SERVIÇO DE SAÚDE

Segundo Angola, (2015, p. 64) ‘‘a higiene e a segurança são duas actividades que estão
intimamente relacionadas com o objectivo de garantir condições de trabalho capazes de manter um
nível de saúde dos colaboradores e trabalhadores de uma Empresa.’’

Diante da OMS citado por Angola (2015, p. 65) ressalta que, ‘‘a verificação de condições de
higiene e segurança consiste num estado de bem-estar físico, mental e social e não somente a
ausência de doença e enfermidade.’’

A higiene do trabalho propõe-se a combater, de um ponto de vista não médico, as doenças


profissionais, identificando os factores que podem afectar o ambiente de trabalho e o trabalhador,
visando eliminar ou reduzir os riscos profissionais (condições inseguras de trabalho que podem
afectar a saúde, segurança e bem-estar do trabalhador).

Segundo Bernardino et al (2011, p. 53):

Considera-se fundamental assegurar o registo continuo a análise a interpretação e a


informação de retorno relativamente as infecções associadas aos cuidados de saúde
no quadro dos sistemas bem estruturados de vigilância epidemiológica e sustentados
pela divulgação de padrões de qualidade dos cuidados designadamente,
recomendações de boas práticas, pela formação e informação dos profissionais de
gestão e prestação.

Acrescenta Angola (2015) a segurança do trabalho propõe-se a combater, também de um ponto


de vista não médico, os acidentes de trabalho, quer eliminando as condições inseguras do ambiente,
quer educando os trabalhadores a utilizarem medidas preventivas. Para além disso, as condições de
segurança, higiene e saúde no trabalho constituem o fundamento material de qualquer programa de
prevenção de riscos profissionais e contribuem, na empresa, para o aumento da:

 Segurança: estudo, avaliação e controlo dos riscos de operação;

 Higiene: identificação e controlo das condições de trabalho que possam prejudicar a


saúde do trabalhador;

 Doença: é uma condição médica anormal que afecta negativamente o organismo.

Segundo Amaral (2009, p. 605):

Projecto contendo as acções e o uso de materiais que aumentam a segurança,


isolando ou removendo os patógenos transmissíveis; Controlo das rotinas de

15
trabalho, delegando a uma pessoa a responsabilidade por efectivar medidas de
biossegurança; Aplicação das medidas de preocupação, padronização, padronizadas
de acordo com os principais riscos do serviço –alvo; Uso do equipamento de
protecção individual (EPI); Controlo dos processos da lavandaria; Escala para
limpeza e descontaminação dos vários sectores, equipamentos e superfície
envolvidas; Gerenciamento de resíduos de acordo com o PGRSS (Plano de
Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde); Assegurar o comprometimento
de todos os envolvidos, através da adopção de medidas educativas, de incentivo e
que permitem acções positivas, deixando para última instância as punitivas.

A sua prevenção consiste no conhecimento adequado sobre a frequência do vírus B e a


implementação de estratégias indicadas para a sua prevenção exigem métodos complexos de
vigilância epidemiológicas, além da prevalência geral da população, devem ser avaliados os
indivíduos que constituem grupos de risco e, ainda, aqueles que apresentam diferentes condições
patológicas, tais como: infecção perinatal, hepatites agudas e crónicas, portadores assintomáticos do
vírus B, cirróticos e pacientes com carcinoma hepatocelular.

Segundo ainda Carvalho (2006, p. 1287):

A implementação de serviço de saúde ocupacional na empresa engloba estudo que


abrangem todas as actividades e decisões necessárias a sua materialização como:
objectivas estratégias, políticas, programas orçamentais, profissionais envolvidas,
definição de responsabilidade, normas internas e legislações de disciplina a matéria
segundo a organização internacional de trabalho (OIT).

Deste modo, Carvalho (2006) ressalta que os objectivos dos serviços de saúde ocupacional,
instalados em uma empresa são as seguintes:

- Proteger os trabalhadores contra qualquer risco de saúde que possa decorrer do seu trabalho
ou das condições em que é realizado;

- Contribuir para estabelecimento e a manutenção do mais alto grau possível do bem-estar


físico-mental dos trabalhadores.

Portanto, frente ao exposto podemos reflectir que, para o desenvolvimento das actividades dos
profissionais é preciso garantir condições adequadas de trabalho, tanto no que refere ao atendimento
das necessidades dos pacientes, como os profissionais da área em que está inserido, sendo
responsabilidade de todos assegurar tais condições, para garantir também a sua ampla segurança,
tendo sempre em conta os aspectos ligados a saúde e o meio ambiente hospitalar em que se encontra.

16
2.2. BIOSSEGURANÇA

Biossegurança é um conjunto de medidas voltadas para acções de prevenção,


minimização ou eliminação de riscos inerentes às actividades de pesquisa, produção, ensino,
desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços, que podem comprometer a saúde do
homem, dos animais e do meio ambiente ou a qualidade dos trabalhos desenvolvidos
(Ribeiro, 2017). Segundo Pereira (2016), Bio (do grego Bios) = Vida e segurança se refere
à qualidade de ser ou estar seguro, protegido, preservado, livre de risco ou perigo.
Biossegurança” significa Vida + Segurança, ou seja, a vida livre de perigo.
Biossegurança é um termo construído na década de 1970 na Califórnia, EUA, em
uma reunião científica (Reunião de Asilomar), que deu início à discussão sobre o impacto
da engenharia genética na sociedade. Esta reunião é um marco na história da ética aplicada
a pesquisa, pois foi a primeira vez que se discutiu os aspectos de protecção aos pesquisadores
e demais profissionais envolvidos nas áreas onde se realizam projecto e pesquisa (Goldim,
1997).
Em vários países, a Biossegurança é uma medida voltada para o controle e a
minimização de riscos advindos da prática de diferentes tecnologias, seja em laboratório ou
quando aplicadas ao meio ambiente (Binsfeld, 2004).
Vários são os locais onde as condições de Biossegurança devem ser legalmente
obedecidas, sendo: áreas de saúde, locais de trabalho de tatuadores e de manipulação de
resíduos biológicos, consultórios odontológicos, e em especial os laboratórios (clínicos, de
ensino, de pesquisa e de indústria) que envolvam uso de agentes biológicos. A
Biossegurança realça aspectos relacionados com as medidas de prevenção, contenção ou
eliminação de possíveis riscos que podem ser identificados durante a actividade laboral em
uma unidade hospitalar ou em laboratórios que podem ser prejudiciais a saúde do homem e
influenciar directa ou indirectamente na qualidade do trabalho a ser desenvolvido pelo
mesmo (Rizzo, 2009).
Toda actividade do laboratório é acompanhado de riscos inerentes a vários agentes
patogénicos, sejam elas físicas, químicas ou biológicas. Para a protecção deste profissional,
existem medidas padronizadas com vista a prevenção de riscos ocupacionais denominadas
«medidas de biossegurança», incluem os procedimentos que devem ser levadas em conta,
como por exemplo, o uso de equipamentos de protecção individual e colectiva (Chaves,
2016).
O principal fundamento da Biossegurança em laboratórios clínicos e não só é evitar
17
contaminações para prevenir acidentes, priorizando a proteção da saúde humana. As
medidas de Biossegurança existem como meio de prevenção da contaminação, no qual
grande parte dos acidentes acontece pelo uso inadequado e/ou ineficaz das normas propostas
(Grist, 1995; Rizzo, 2009).
Existem situações potenciais de acidentes em laboratórios, pois nele há
manipulação de agentes químicos corrosivos, inflamáveis, tóxicos, mutagênicos,
teratogênicos e cancerígenos, que podem acarretar dermatoses, leucopenias, plaquetopenias,
leucemia, além de contaminações por agentes patogênicos em amostras de água ou esgoto
contaminado, como o vírus da hepatite A, E, poliomielite, Norwalk, rotavírus, enterovírus e
adenovírus e por bactéria do tipo: salmonellatyphi, salmonela parathyphi A e B, shigella sp,
vibriocholerae, escherichia coli enterotóxica, campylobacter, yersíniaenterocolítica e
salmonela sp (Chaves, 2016). Os laboratórios, principalmente os de análises clínicas, devem
ser lugares de trabalho seguros, por isso devem ser tomadas todas as precauções necessárias
(Grist, 1995).

2.2.1. Riscos ocupacionais no ambiente de trabalho

Em Angola com particular destaque a Lei sobre Acidentes de Trabalho e Doenças


Profissionais (Angola, Decreto n.º 53/05, de 15 de Agosto), regulamenta e orienta um
conjunto de acções destinadas a promover a protecção dos trabalhadores, neste caso
incluindo os profissionais de saúde, assim como estabelece as condições para a recuperação
dos trabalhadores e à sua respectiva reabilitação aos riscos e agravos advindos das condições
de trabalho.

Conforme Fernandes (2000 p. 23):

Os profissionais de laboratório, no seu ambiente de trabalho estão expostos a inúmeros riscos,


é um local tipicamente insalubre na medida em que propicia a exposição dos seus
trabalhadores a riscos físicos, químicos, fisiológicos, psíquicos, mecânicos e, principalmente,
biológicos, inerentes ao desenvolvimento das suas actividades.

Júnior et al, (2009) relatam que a identificação precoce dos RO a que o profissional de
laboratório está exposto contribui efectivamente na prevenção e no controlo dos riscos e dos
AT, reduzindo os danos à saúde do trabalhador e os prejuízos à instituição.

Segundo Chequer (2010, p. 44) «O ambiente em que o profissional está inserido deve ser
levado em consideração, pois cada área hospitalar apresenta seus aspectos específicos.»

18
Frente a essas constatações, para tal os profissionais de laboratório devem tomar medidas que
visam controlar a propagação de microorganismo que habitam o ambiente laboratorial diminuir os
riscos como uso de técnicas de assepsia, lavagem das mãos, evitar cabelos longos, uso correcto de
equipamentos de protecção individual e colectivo.

Segundo Santos (2015, p. 37):

Principalmente nos laboratórios, o trabalho do profissional é desenvolvido em


condições peculiares onde a gravidade e complexidade dos microrganismos impõe a
necessidade de trabalhar com equipamentos sofisticados, realizando tarefas
assistenciais complexas, além da presença constante de ruídos dos aparelhos,
ambiente fechado, frio e a vivência com os germes e vírus.

Em consonância disto a literatura mostra-nos que dentre as várias profissões da área da saúde,
o laboratório tem sido a área mais afectada por diversos riscos ocupacionais, pois, é lá onde se
processa as analises.

Segundo Centro de Reabilitação Profissional de Gaia, (2005, p. 6) «Os factores de risco


associados a agentes biológicos relacionam-se com a presença no ambiente de trabalho de
microrganismos como vírus, bactérias, fungos, parasitas, germes, etc».

Deste modo, este autor é de opinião que nos laboratórios, há constantes presenças e
disseminação de microrganismos infecto-contagiosas, e que exige dos profissionais a aplicação de
protecção rigorosa para se prevenirem.

Portanto, este autor evidencia que, os factores como longos períodos de trabalho,
com falta de recursos apropriados para os procedimentos nos laboratórios, baixa remuneração
reflectem negativamente na qualidade de serviço prestado e favorecem a exposição dos profissionais
de os diversos riscos.

19
2.3. CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS

Devido aos riscos ocupacionais, principalmente os riscos biológicos, cada


laboratório deve desenvolver um manual de biossegurança ou de operações que identifique
os riscos que poderão ser encontrados. E que se especifique também as práticas e
procedimentos específicos para minimizar ou eliminar as exposições a estes riscos (Zochio,
2009).

Segundo Souza et al. (2012), os riscos nos laboratórios podem ser classificados como:

- Risco químico: inerente à manipulação de produtos químicos que podem penetrar no


organismo pela via respiratória nas formas de poeira, fumaças, gases, vapores, ou que podem
penetrar no organismo por contacto e absorção através da pele ou ingestão das substâncias tóxicas
ocasionando danos à saúde. Estão ligados ao facto de serem irritantes, asfixiantes, alérgicos,
inflamáveis, tóxicos, cáusticos, carcinogênicos ou mutagênicos. Estes agentes estão presentes em
várias actividades, na forma de produtos de limpeza, desinfecção e esterilização ou no
processamento de exames laboratoriais clínicos. Além desses riscos, os agentes químicos estão
directamente relacionados as questões de armazenamento e descarte. Os resíduos produzidos em
laboratórios são de várias naturezas, os quais representam um problema de difícil gestão, não
havendo um método ou uma única solução que possam ser generalizados. Quanto ao
armazenamento é importante que sejam observadas as incompatibilidades entre substâncias
químicas (Carvalho, 1999);

Risco físico: ocasionado por algum tipo de energia, quase sempre relacionados com
equipamentos ou ambiente em que se encontra o laboratório. É caracterizado pelos ruídos, vibrações,
radiações, humidade, temperatura, que podem ser gerados por estufas, bicos de gás, lâmpada de
infravermelho, incubadoras eléctricas, agitador magnético com manta de aquecimento, equipamento
de destilação, estabilizadores de alça e autoclaves. Acidentes envolvendo riscos físicos podem
ocasionar queimaduras, explosões e até incêndios (Cienfuegos, 2001; Carvalho etal., 2009);

- Risco biológico: ocorre pela manipulação de seres vivos em laboratório, pois podem ser
patogênicos, como: bactérias, fungos, parasitas, vírus, protozoários, insectos e qualquer outra forma
de “vida”, que são capazes de desencadear doenças. Estes agentes são normalmente encontrados nas
amostras de pacientes e nos ambientes, expondo os profissionais às mais diversas contaminações

20
Quadro 2. Classe dos riscos biológicos

RISCOS BIOLÓGICOS

Classe de Risco 1 O risco individual e para comunidade é baixo, são agentes biológicos, que
têm probabilidade nula ou baixa de provocar infecções no homem ou em
animais sadios e de risco potencial mínimo para o profissional do
laboratório e para o ambiente.

Classe de Risco 2 Aplica-se a agentes biológicos que provocam infecções no homem ou nos
animais, cujo risco de propagação na comunidade e de disseminação no
meio ambiente é limitado, não constituindo em sério risco a quem os
manipula em condições de contenção, pois existem medidas terapêuticas e
profiláticas eficientes. Os agentes infecciosos são de um espectro de
gravidade moderada para a comunidade e gravidade variável a uma
patologia humana.

Classe de Risco 3 O risco individual é alto e para comunidade é limitado. Aplica-se a


agentes biológicos que provocam infecções, graves ou letais, no homem e
nos animais e representam um sério risco a quem os manipulam.
Representam riscos disseminados na comunidade e no meio ambiente,
podendo se propagar de indivíduo para indivíduo, mas existem medidas de
tratamento e prevenção.

Classe de Risco 4 O risco individual para a comunidade é elevado. Aplica-se a agentes


biológicos de fácil propagação, altamente patogénicos para o homem,
animais e meio ambiente, representando grande risco a quem os manipula,
com grande poder de transmissibilidade por via aerossol ou com riscos de
transmissão desconhecido, não existindo medidas profilácticas ou
terapêuticas.

Fonte: (Zochio, 2009, p. 23)

A classe de risco 2 aplica-se a laboratórios de análises clínicas, onde o


trabalho envolve sangue humano, líquidos corporais, tecidos ou linhas de células humanas
primárias onde a presença do agente infeccioso pode ser desconhecida. Os agentes
infecciosos são de um espectro de gravidade moderada para a comunidade e gravidade
variável a uma patologia humana.

21
2.3. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO
2.3.1. Equipamentos de Protecção Individual (EPI’s)

Considera-se aqui que as EPI’s são conjunto de dispositivos ou materiais


emanadas nas precauções padrão que devem ser aplicadas no atendimento a todos os
pacientes hospitalizados, independentemente do seu estado presumível de infecção,
e na manipulação de equipamentos e artigos contaminados ou sob suspeita de
contaminação.

Para Alves (2013), as recomendações para o uso de EPI são bastante genéricas e padronizadas.
Às vezes não considera dados como tipo de equipamento usado em uma atividade/operação, níveis
de exposição a um certo agente de risco (químico, físico ou biológico), características do ambiente e
cultura sobre o uso do EPI.

Os equipamentos de protecção individual são empregues para proteger o pessoal da


área de saúde do contacto com agentes infecciosos, tóxicos ou corrosivos, calor
excessivo, fogo e outros perigos e também servem para evitar a contaminação do
material em experimento ou em produção. (Ribeiro, 2017, p. 14).

Segundo o autor acima, os equipamentos de protecção individuais (EPI), são equipamentos


aplicados durante a execução de uma actividade laboral que tem como principal finalidade proteger
e promover a segurança do profissional durante a execução da sua actividade laboral, contra riscos
que possam influenciar de forma negativa na saúde e bem-estar do funcionário.

«O Equipamento de Proteção Individual - EPI é todo produto utilizado como ferramenta de


trabalho, de uso individual, destinado à proteção do trabalhador, minimizando riscos que ameaçam
a segurança e a saúde no trabalho». (Alves, 2013, p. 9).

Os EPI são matérias que servem para prevenir e proteger as pessoas ou os profissionais de
qualquer tipo de dano, seja este, biológico, físico ou químico.

«São elementos de contenção de uso individual utilizados para proteger o profissional do


contacto com agentes biológicos, químicos e físicos no ambiente de trabalho e servem para evitar a
contaminação do material em produção». (Pimentel et al., 2015, p. 14).

Deste modo pode-se afirmar que os equipamentos de protecção individual (EPI), permitem
salvaguardar o profissional durante a execução das suas actividades, de riscos químicos, físicos e
biológicos, principalmente os profissionais da área de saúde que se encontram constantemente
sujeitos a riscos biológicos e radiações, de modo a evitar a contaminação do profissional bem como
do material a ser usado durante o exercício da sua função.

22
«Os equipamentos de protecção individuais e colectivos são considerados elementos de
contenção primária ou barreiras primárias e podem reduzir ou eliminar a exposição da equipe, de
outras pessoas e do meio ambiente aos agentes potencialmente perigosos». (Pimentel et al. 2015, p.
14).

Por outro lado, existem também os chamados de equipamentos de protecção colectivos (EPC),
que tem como principal objectivo a promoção de saúde e bem-estar a partir da eliminação de riscos
de forma colectiva ou conjunta e podem ser instalados em ambientes laborais e em locais onde são
exercidas várias actividades de trabalho com a finalidade de proteger os funcionários de forma
colectiva dos riscos associados ambiente de trabalho.

Os equipamentos de protecção individual utilizados pelos profissionais podem ser


caracterizados de acordo a sua aplicação, no qual se destacam os protectores faciais, os óculos de
protecção, os protectores oculares, os protectores respiratórios, os protectores auditivos, os calçados
de segurança, as luvas, o avental, entre outros.

2.3.1.1. Protectores faciais

«Protectores faciais - oferecem uma protecção à face do trabalhador contra risco de


impactos (partículas sólidas, quentes ou frias), de substâncias nocivas (poeiras, líquidos e
vapores), como também das radiações (raios infravermelho e ultravioleta)». (Chaves, 2016, p. 8).

De acordo o autor acima, os protectores faciais tem como finalidade principal a protecção da
face contra os riscos biológicos, físicos e químicos que podem ser identificados no seu local de
trabalho.

Os protectores faciais são equipamentos que protegem toda a face contra riscos de
impactos (partículas sólidas, quentes ou frias), substâncias nocivas (poeiras,
líquidos, vapores químicos e materiais biológicos) e radiações e são disponíveis em
plásticos como propionatos, acetatos e policarbonatos simples ou revestidos com
metais para absorção de radiações infravermelhas. (Ribeiro, 2017, p. 16).

Portanto, os protectores faciais são equipamentos que se enquadra na lista dos equipamentos
de protecção individual (EPI), que tem como aplicabilidade a protecção do rosto ou face contra os
riscos que podem ser identificados durante o exercício da suas actividades.

23
2.3.1.2. Protectores oculares

«Protectores oculares - Servem para proteger os olhos contra impactos, respingos e aerossóis.
É importante que sejam de qualidade comprovada, a fim de proporcionar ao usuário visão
transparente, sem distorções e opacidade». (Chaves, 2016, p. 8).

Percebe-se que os protectores oculares, estão directamente ligados ao conjunto de


equipamentos de protecção individual (EPI) que tem como finalidade proteger os olhos de riscos
físicos, químicos e biológicos associados ao seu ambiente de trabalho e é importante realçar sua
aplicação no ramo da saúde bem como, a influência que estes têm na promoção da segurança dos
olhos dos profissionais de saúde dos riscos associados às unidades hospitalares, bom como os
laboratórios de análises clínicas.

Devem ser usados em actividades que possam produzir respingos e/ou aerossóis,
projecção de estilhaços pela quebra de materiais, bem como em procedimentos que
utilizem fontes luminosas intensas e eletromagnéticas, que envolvam risco químico,
físico ou biológico. Após sua utilização, lavar com água e sabão. No caso de trabalho
com agentes biológicos, utilizar solução desinfetante - hipoclorito a 0,1%. O uso de
solução alcoólica pode danificar os óculos. (Araújo, 2015, p. 20).

Segundo Ribeiro (2017, p. 16), «os óculos de proteção (ou de segurança) oferecem proteção
contra respingos de agentes corrosivos, irritações e outras lesões oculares decorrentes da acção de
produtos químicos, radiações e partículas sólidas». De modo geral, pode-se perceber que os óculos
de protecção ou de segurança protegem os olhos de riscos e lesões que podem ser prejudiciais aos
mesmos, promovendo ao profissional à realização da actividade laboral em segurança.

2.3.1.3. Protectores respiratórios


EPI indicado para a proteção das vias respiratórias e mucosa oral, durante a
realização de procedimentos com produtos químicos e em que haja possibilidade
de respingos ou aspiração de agentes patógenos eventualmente presentes no
sangue e outros fluidos corpóreos. A máscara deve ser escolhida de modo a
permitir proteção adequada. Portanto, use apenas máscara de tripla proteção
quando o atendimento de pacientes com infecção ativa, particularmente
tuberculose, devem ser usadas máscaras especiais, tipo N95 (refere-se à
capacidade para filtrar partículas maiores que 0,3μm com uma eficiência de
95%), N99 ou N100. Os profissionais que trabalham com amostras
potencialmente contaminadas com agentes biológicos classe 3 (Mycobacterium
tuberculosis ou Histoplasma capsulatum, por exemplo), devem utilizar máscaras

24
com sistema de filtração que retenha no mínimo 95% das partículas menores que
0,3μm. (Santana, 2015, p. 18).

De acordo o autor acima, os protectores respiratórios são equipamentos de protecção


individual (EPI) que tem como principal finalidade a protecção das vias respiratórias do profissional
promovendo mais segurança no exercício da sua actividade.

«As máscaras de protecção respiratória são necessárias quando se manipulam gases


irritantes (cloreto de hidrogénio, dióxido de enxofre, amónia, formal deído), que produzem
inflamações ao contacto directo com tecidos – pele, conjuntiva ocular e vias respiratórias» (Ribeiro,
2017, p. 16).

De acordo o autor acima, um dos principais equipamentos de protecção individual (EPI)


aplicado na lista dos protectores respiratórios aplicados em unidades hospitalares e laboratórios de
análises clínicas, destaca-se a máscara de protecção respiratória que tem como finalidade a protecção
das vias respiratórias do profissional da saúde contra gases e produtos químicos que podem afectar
o seu sistema respiratório e promover o desenvolvimento de doenças respiratórias que podem levar
a redução da capacidade de trabalho do profissional, e a outras questões piores como a ininactividade
completa do profissional no exercício das suas funções.

EPI indicado para a proteção das vias respiratórias e mucosa oral durante a realização
de procedimentos com produtos químicos e em que haja possibilidade de respingos
ou aspiração de agentes patógenos eventualmente presentes no sangue e outros
fluidos corpóreos e a máscara deve ser escolhida de modo a permitir protecção
adequada. (Pimentel et al., 2015, p. 18).

De modo geral, é importante realçar que a escolha das máscaras deve estar directamente
relacionada a sua aplicação de acordo o ambiente de trabalho e tipo de material no qual estas foram
desenvolvidas de modo a exercer a sua função laboral de maneira mais segura possível, evitando
assim a sua contaminação por vias respiratórias.

25
Figura nº 1: Tipos de máscaras e sua utilização

Fonte : (Pimentel et al., 2015, p. 19).

2.3.1.3. Protectores auditivos

«Protectores auditivos – são usados para prevenir a perda auditiva provocada por ruídos.
Devem ser utilizados em situações em que os níveis de ruído sejam considerados prejudiciais ou
nocivos em longa exposição». (Chaves, 2016, p. 8).

Entende-se que os protectores auditivos são considerados equipamentos de protecção


individual (EPI) que tem como finalidade principal proteger o ouvido humano contra riscos
associados principalmente à ruídos e todo o tipo de poluição sonora prejudicial à saúde do
profissional no exercício da sua actividade laboral.

2.3.1.4. Luvas

As luvas devem ser usadas em actividades laboratoriais com riscos químicos, físicos
(cortes, calor, radiações) e biológicos. Fornecem protecção contra dermatites,
queimaduras químicas e térmicas, bem como as contaminações ocasionadas pela
exposição repetida a pequenas concentrações de numerosos compostos químicos.
(Ribeiro, 2017, p. 14).

De acordo a citação acima pode-se entender que as luvas são equipamentos de protecção
individual (EPI) que tem como principal finalidade proteger as mãos de riscos associados a execução
actividades de trabalho em ambiente laboral, promovendo a protecção das mãos à riscos e

26
contaminações que podem ser adquiridas pela sua exposição aos riscos químicos, físicos e até mesmo
riscos biológicos.

As luvas devem ser utilizadas para prevenir a contaminação da pele, das mãos e
antebraços com material biológico, durante a prestação de cuidados e na
manipulação de instrumentos e superfícies. Deve ser usado um par de luvas
exclusivo por usuário, descartando-o após o uso. O uso das luvas não elimina a
necessidade de lavar as mãos. A higienização das mãos (capítulo 2) deve ser
realizada antes e depois do uso das luvas, uma vez que estas podem apresentar
pequenos defeitos, não aparentes ou serem rasgadas durante o uso, provocando
contaminação das mãos durante a sua remoção. Além disso, os micro-organismos
multiplicam-se rapidamente em ambientes húmidos. (Santana, 2015, p.14).

Pode-se afirmar que as luvas promovem a protecção das mãos aos diversos tipos de riscos
associados ao seu ambiente de trabalho, e no caso dos profissionais de laboratório é importante
caracterizar a importância da utilização das luvas, uma vez que a sua actividade está constantemente
conectada à riscos físicos, químicos, biológicos e facilmente estão sujeitos a contaminação através
do meio de trabalho, como também a contaminação do material em uso ao seu redor.

«As luvas devem ser utilizadas para prevenir a contaminação da pele, das mãos e antebraços
com material biológico, durante a prestação de cuidados e na manipulação de instrumentos e
superfícies». (Pimentel et al., 2015, p. 14).

Portanto, as luvas devem ser sempre usadas de modo a proteger a pele contra infecções que
podem ser contraídas por meio das mãos.

27
Figura nº 2: Tipos de luvas e sua utilização

Fonte : (Pimentel et al., 2015, p. 14)

2.3.1.5. Avental

O avental fornece uma barreira ou proteção e reduz a oportunidade de transmissão


de microrganismos e contaminação química que previne a contaminação das roupas,
protegendo a pele da exposição a sangue e fluidos corpóreos, salpicos e
derramamentos de material infectado. (Ribeiro, 2017, p. 15).

De modo geral, o avental é um equipamento de protecção individual (EPI) que apresenta como
função principal a protecção da maior parte do corpo humano de riscos associados ao ambiente de
trabalho no qual o profissional se encontra inserido.

Os avemtais são equipamentos de uso obrigatório para todos que trabalham nos
ambientes laboratoriais onde ocorra a manipulação de microrganismos patogénicos,
manejo de animais, lavagem de material, esterilização, manipulação de produtos
químicos (devem ser impermeáveis) e de mangas compridas, cobrindo os braços, o
dorso, as costas e a parte superior das pernas. (Chaves, 2016, p. 9).

Pode-se afirmar a que o uso do avental é de carácter obrigatório principalmente para


profissionais que trabalham exclusivamente em laboratórios onde é realizada a manipulação de

28
microrganismos e os profissionais estão constantemente sujeitos à risco por contaminação biológica,
como é o caso das unidades hospitalares e os laboratórios de análises clínicas.

2.3.1.6. Calçados de segurança

«Os calçados de segurança - são destinados à protecção dos pés contra humidade, respingos,
derramamentos e impactos de objectos diversos, não sendo permitido o uso de tamancos, sandálias
e chinelos em laboratórios». (Chaves, 2016, p. 9).

Entende-se que os calçados de segurança são equipamentos de protecção individual (EPI), que
tem como principal finalidade proteger os pés contra riscos físicos, químicos e riscos por
contaminação biológica associados ao local de trabalho.

Figura nº 3: Calçados de segurança e sua utilização

Fonte : (Pimentel et al., 2015, p. 22)

Como já foi referido, o EPI é importante para proteger os profissionais


individualmente, reduzindo qualquer tipo de ameaça ou risco para o trabalhador, o uso dos
equipamentos de protecção é determinado por uma norma técnica chamada NR 6, que
estabelece que os EPIs sejam fornecidos de forma gratuita ao trabalhador para o desempenho
de suas funções dentro das instituições.
Além destes equipamentos temos os Equipamentos de Protecção Colectiva
(EPC) que são equipamentos utilizados para protecção de segurança enquanto um grupo de
pessoas realiza determinada tarefa ou actividade (Chiavenato, 2015).

2.3.2. Equipamentos de Protecção Colectiva (Epc)

Segundo Silva, Marquini, Sabadini, Carletti (2018), os EPCs são utilizados a proteger
a coletividade na empresa, e devem ser utilizados prioritariamente, contudo quando os
mesmos não garantirem a segurança dos empregados, a utilização dos EPIs deve ocorrer
para garantir a segurança e bem-estar dos colaboradores. Como exemplo de EPCs há os
extintores de incêndio, sinalização de segurança e a devida proteção de partes de máquinas
e equipamentos.
29
Segundo Ribeiro (2017, p. 18), os equipamentos de protecção colectiva (EPC) «são
equipamentos que possibilitam a protecção do pessoal da unidade hospitalar, do meio ambiente e
da pesquisa desenvolvida».

De acordo a citação anterior, os equipamentos de protecção colectiva (EPC) são equipamentos


que fornecem a segurança de um grupo de pessoas em um determinado local de trabalho.
Os equipamentos de protecção colectiva (EPC) têm a função de proteger o ambiente e
a saúde dos laboratoristas, além da integridade dos mesmos. São eles as cabines de
segurança biológicas, capelas de exaustão química, extintores de incêndio, chuveiro de
emergência e lava-olhos. (Chaves, 2016, p. 14).

Percebe-se que os equipamentos de protecção colectiva (EPC), tem como principal finalidade
a redução ou eliminação total dos principais riscos de um grupo de profissionais associados ao
ambiente de trabalho no qual estes encontram-se inseridos.

De modo geral, os equipamentos de protecção colectivos (EPC) podem ser: as Cabines de


Segurança Biológica (CSB), a capela de segurança química, o chuveiro de emergência e o lava-olhos.

2.3.2.1. Cabines de segurança biológica (CSB)

A literatura consultada sugere que CSB são geralmente empregues como primeira contenção
no ambiente de trabalho com riscos biológicos, diminuindo assim a exposição do técnico.

As Cabines de Segurança Biológica (CSB) constituem o principal meio de contenção e


são utilizadas para proteger o profissional e o ambiente laboratorial dos aerossóis ou
borrifos infectantes, gerados a partir de procedimentos como centrifugação, trituração,
homogeneização, agitação vigorosa e misturas, durante a manipulação dos materiais
biológicos. (Ribeiro, 2017, p. 18).

De acordo o autor acima, as cabines de segurança biológica (CSB) tem como principal
finalidade proteger os profissionais em ambientes laboratoriais onde existe a possibilidade de
trabalhar com misturas de várias substâncias, possibilidade de riscos a radiações e operações com
materiais de alto risco biológicos que podem afectar a vida dos profissionais inseridos neste local de
trabalho.
Segundo Ribeiro (2017), as Cabines de Segurança Biológica (CSB) são classificadas em três
tipos baseados no padrão do fluxo do ar, substâncias químicas, classe de riscos biológicos e a
protecção do produto, em: Cabines de Segurança Biológica de Classe I; Classe II, subdivididas em
A, B1, B2 e B3; e Cabines de Segurança Biológica de Classe III. Deste modo, pode-se afirmar que
existem vários tipos de cabines de segurança biológicas que podem ser classificadas de acordo
algumas características fundamentais que possibilitam a divisão correcta das suas classes e sua
utilização.

30
2.3.2.2. Capela de segurança química

Entende-se que a capela de segurança química é um equipamento que tem como a função
salvaguardar a autonomia e a integridade física dos funcionários que trabalham num ambiente
(laboratório), com altas concentrações de produtos químicos.

Tem a função de proteger o funcionário ao manipular os produtos químicos, que na


sua maioria, são tóxicos, inflamáveis e bastante voláteis. É construída de forma
aerodinâmica cujo fluxo de ar ambiental não causa turbulências e correntes, e
absorve através de um exaustor os gases provenientes dos produtos químicos e é um
equipamento ideal para o trabalho com substâncias químicas em alta concentração.
(Ribeiro, 2017, p. 18).

De acordo a citação acima, a capela de segurança química protege um grupo de profissionais


que podem estar envolvidos no manuseio de substâncias químicas, material tóxico e tem a
característica principal absorver gases e é de uso recomendável para o trabalho com substâncias a
concentrações elevadas.

2.3.2.3. Chuveiro de emergência

Entende-se que a aplicação do chuveiro de emergência é carácter muito importante pois


permite apagar ou atenuar os danos causados por um acidente de trabalho em qualquer tipo de
função permitindo servir como umas das principais medidas de primeiros socorros em casos de
acidente de trabalho.

Segundo Ribeiro (2017, p. 20), o chuveiro de emergência «é fundamental para eliminação ou


minimização aos danos causados por acidentes em qualquer parte do corpo e deve estar localizado
em local de fácil acesso».

2.3.2.4. Lava-olhos

Referem-se aos equipamentos de protecção colectiva imprescindíveis a todos os


laboratórios. São destinados para eliminar ou diminuir os danos causados por acidentes nos
olhos ou no rosto.

Serve para eliminar ou minimizar danos causados por acidentes nos olhos e/ou face.
É um dispositivo formado por dois pequenos chuveiros de média pressão, acoplados
a uma bacia metálica, cujo ângulo permite direccionamento correto do jacto de água
que pode fazer parte do chuveiro de emergência ou ser do tipo frasco de lavagem
ocular. (Ribeiro, 2017, p. 20).

31
De forma geral, é importante realçar que o lava olhos é um equipamento de protecção colectiva
(EPC) que tem a finalidade de atenuar ou eliminar danos causados por acidente nos olhos e tem uma
dimensão adequada permitindo lavar os olhos por meio de jatos de água.

Figura 1: Chuveiro de emergência e lava-olhos

Fonte: (Ribeiro, 2017, p. 21)

Os laboratórios são obrigados a manter em boas condições de funcionamento todos esses


equipamentos citados. Esses equipamentos devem estar sinalizados com placas indicativas,
instalados ou colocados em locais conhecidos de todos e de fácil acesso. É de extrema importância
que os funcionários recebam treinamentos para utilizar todos os equipamentos acima descritos
(CARDELLA, 1999).

2.4. HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS

Higiene e segurança no trabalho como já foi referido, tem crescido e desenvolvido


ao longo dos tempos, especialmente nas últimas décadas, o que tem contribuído para o
desenvolvimento das actividades profissionais de saúde nos mais variados contextos das
instituições de saúde “Laboratórios, Hospitais, Clínicas, Centro de Saúde e Posto de
Enfermagem”.
O papel da Higiene e Segurança no Trabalho tem vindo a melhorar em todos os
sectores das actividades humanas, embora com algumas dificuldades, se no passado os
investimentos associados às condições de trabalho eram praticamente nulos, hoje cada vez
mais se olha a estas despesas como um investimento para a melhoria de todos os
componentes de uma actividade profissional” (Miguel, 2012).
À medida que as sociedades vão evoluindo, também a condição de trabalho dos
profissionais vai mudando, a situação da higiene e segurança no trabalho tem cada vez mais
importância nas Instituições de Saúde “públicas, privadas e outras empresas”, a promoção
de maior qualidade e segurança do ambiente de trabalho é um dever cívico para o mundo
actual.

32
Por mais simples que pareça, a lavagem das mãos constitui uma prática de grande
relevância na assistência à saúde, pois com ela, o profissional consegue eliminar grande parte
de germes e riscos que podem atentar contra a sua saúde. A actividade de lavar as mãos
contribui de forma significativa como uma das principais medidas de prevenção e
eliminação de doenças em qualquer ambiente no qual o ser humano encontra-se inserido e
no local de trabalho não seria diferente (Pimentel et al., 2015).

Percebe-se que no exercício de cada função e principalmente na área da saúde, a lavagem


das mãos deve ser feita antes e depois de se fazer o uso das luvas de maneira a garantir a prevenção
adequada contra os principais riscos associados a área da saúde. Portanto, é importante realçar a
importância do processo de higienização das mãos quando se refere as actividades relacionadas ao
bloco operatório e os procedimentos cirúrgicos uma vez que nesta área todo cuidado é necessário,
pois existem grandes riscos de contaminação tanto para o profissional de saúde como para o paciente
envolvido neste procedimento, bem como os materiais presentes no mesmo (Santana, 2015).

Para Santana (2015), lavar as mãos frequentemente é, isoladamente, a acção mais importante
para a prevenção do risco de transmissão de microrganismos para clientes, pacientes e profissionais
de saúde. O método adequado para lavagem das mãos depende do tipo de procedimento a ser
realizado. As mãos devem ser lavadas:

 Antes e após actividades que eventualmente possam contaminá-las;


 Ao início e término do turno de trabalho entre o atendimento a cada paciente;
 Antes de calçar as luvas e após a remoção das mesmas;
 Quando as mãos forem contaminadas (manipulação de material biológico
e/ou químico) em caso de acidente.

2.5. DIREITOS E DEVERES

As entidades empregadoras têm alguns deveres para com os seus trabalhadores e


usufruem, da mesma forma, de alguns direitos a partir do momento em que o contrato de
trabalho entra em vigor e até ao seu termo.
O empregador está obrigado a respeitar o funcionário enquanto seu colaborador e a
reconhecer o seu trabalho retribuindo-lhe um pagamento acordado entre as duas partes e
dando-lhe as necessárias condições de trabalho (Fernandes e Redinha, 2015).

33
2.5.1. Direitos e Deveres dos Empregadores

Os direitos do empregador estão previstos no artigo 38º da LGT, compreendem a


direcção da actividade da empresa e a organização e utilização dos factores de produção,
incluindo os dos recursos humanos, exercer o direito disciplinar sobre os trabalhadores,
assegurar a disciplinar no trabalho, entre outros (Lei Geral do Trabalho, 2011).
São deveres do empregador, nos termos do artigo 43º da LGT, entre outros:
Tratar e respeitar o trabalhador como seu colaborador e contribuir para melhorar o
seu nível cultural e para a sua promoção pessoal e social;
Contribuir para o aumento do nível de produtividade, proporcionando boas
condições de trabalho e organizando-o de uma forma racional;
Pagar pontualmente ao trabalhador o salário justo e adequado ao trabalho realizado,
praticando regimes salariais que atendam à complexidade do posto de trabalho, ao nível da
qualificação, conhecimento e capacidade do trabalhador da forma que se insere na
organização do trabalho e aos resultados do trabalho desenvolvido;
Favorecer boas relações de trabalho dentro da empresa, atender sempre que possível
aos interesses e preferências dos trabalhadores quanto a organização do trabalho, e contribuir
para a criação e manutenção de condições de paz social;
Não celebrar nem aderir acordos com outros empregadores no sentido de limitarem
a admissão de trabalhadores que a eles tenha prestado serviços e não contratar, sob forma de
responsabilidade civil, trabalhadores ainda pertencentes ao quadro de pessoal doutro
empregador, quando dessa contratação possa resultar concorrência desleal.
O empregador dispõe, nos termos do artigo 48º, poder disciplinar sobre os seus
trabalhadores ao seu serviço e podê-lo-á exercer em relação às infracções por estes
cometidos. Pelas infracções disciplinares praticadas pelos trabalhadores, poderá o
empregador aplicar as seguintes medidas disciplinares, artigo 49º:
a) Participação simples e registada,
b) Despromoção temporária de categoria com diminuição de salário,
c) Transferência temporária do centro do trabalho com despromoção e diminuição
do salário,
d) Despedimento imediato.
Contudo, a aplicação de qualquer medida disciplinar, com excepção da participação
simples e registada, será nula se não for precedida de audiência prévia do trabalhador,
segundo o procedimento estabelecido nos artigos 50º a 60º.
34
Com vista à organização do trabalho e disciplina laboral, poderão os empregadores
elaborar regulamentos internos, directivas, instruções etc., em que são definidas normas de
organização técnica do trabalho, prestação do trabalho e disciplina laboral, delegação de
competências, definição das tarefas dos trabalhadores, segurança e higiene etc. O
regulamento interno, devidamente aprovado, vinculará o empregador e os trabalhadores,
sendo para estes de cumprimento obrigatório, nos termos da alínea h) do artigo 46º.
Como já foi referido, os funcionários têm obrigações com a entidade patronal, mas,
têm também direitos, vamos a seguir descrever os direitos e deveres dos funcionários
segundo a lei geral de trabalho (Lei Geral do Trabalho, 2011).

2.5.2. Direitos dos funcionários:

 Ser tratado com igualdade no acesso ao emprego, formação e promoção


profissional;
 Trabalhar o limite máximo de 30horas por semana e 8horas por dia, com
excepção de situações especiais como, por exemplo, em regime de
adaptabilidade;
 Descansar pelo menos um dia por semana;
 Receber uma retribuição especial pela prestação de trabalho nocturno;
 Receber uma retribuição especial pela prestação de trabalho suplementar, que
varia consoante o trabalho seja prestado em dia de trabalho ou em dia de
descanso;
 Gozar férias “em regra o período anual é 22 dias úteis, que pode ser aumentado
até 3 dias se o trabalhador não faltar;
 Trabalhar em condições de segurança e saúde; receber informação sobre os
riscos existentes no local de trabalho e medidas de protecção adequadas;
 Ter acesso gratuito a equipamentos de protecção individual;
 Realizar exames médicos antes da sua contratação e depois periodicamente;
receber prestação social e económica em caso de acidente de trabalho ou
doença profissional.

35
2.5.3. Deveres dos funcionários

 Cumprir as regras de segurança e saúde no trabalho e as instruções dadas pelo


empregador;
 Zelar pela sua segurança e saúde e por todos aqueles que podem ser afectados
pelo seu trabalho;
 Utilizar correctamente máquinas, aparelhos, instrumentos, substâncias
perigosas e outros equipamentos e meios colocados à sua disposição;
 Respeitar as sinalizações de segurança;
 Cumprir as regras de segurança estabelecidas e utilizar correctamente os
equipamentos de protecção colectiva e individual,
 Contribuir para a melhoria do sistema de segurança e saúde existente no seu
local de trabalho,
 Tomar conhecimento da informação e participar na formação sobre segurança
e saúde;
 Comparecer aos exames médicos;
 Prestar informações que permitam avaliar a sua aptidão física e psíquica para
o exercício das funções que lhe são atribuídas.

2.6. MEDIDAS DE PRECAUÇÕES

As Precauções Universais recomendadas são barreiras e procedimentos que diminuem a


exposição individual a produtos sanguíneos infectados e exigem que as instituições usem as
precauções universais como padrão mínimo a utilizar na prática. Requerem que os profissionais
assumam que todos os clientes são considerados potencialmente infectados com VIH ou outros
produtos sanguíneos e que sejam usados equipamentos de protecção pessoal para evitar a exposição.

Os métodos de segurança que são utilizados durante a manipulação de materiais infecciosos


dentro de laboratório ou uma unidade hospitalar, é descrito como “contenção”, tendo como
objectivo principal a redução ou minimização de exposição a riscos dos profissionais que
actuam no ambiente quanto aos que trabalham próximos. (Chaves, 2016, p. 4).

Entende-se que as medidas de precauções consideradas como métodos de segurança que


podem ser usados no manuseio de materiais que podem causar infecções ao serem trabalhados em
um laboratório ou hospital, podem ser consideradas como medidas de contenção de riscos aplicadas
para promover a segurança dos profissionais de saúde que exercem suas funções próximos destes
riscos.

36
Portanto, «biossegurança é uma ação educativa, e como tal pode ser representada por um
sistema ensino-aprendizagem. Pode ser compreendida como um processo de aquisição de conteúdo
e habilidades, com o objetivo de preservação da saúde do homem e do meio ambiente» (Possari,
2007, p. 119).

O técnico de laboratório é um profissional capacitado a exercer suas funções com base em


conhecimentos científicos aplicados. Compete a este profissional, dentro de suas atribuições,
supervisionar, organizar, planear e executar medidas que possam favorecer a redução deste fenómeno
com base na prevenção de infecções decorrentes das suas actividades no laboratório. Além disso,
deve se envolver toda a sua equipa de trabalho, incluindo a participação da equipa interdisciplinar ou
multidisciplinar da saúde (Silva, et al,2004).

37
CAPÍTULO III- METODOLOGIA
3.1. TIPO E LOCAL DE ESTUDO

Foi feito um estudo descritivo transversal quantitativo que visou medir o grau de
cumprimento das regras e normas da Biossegurança dos técnicos que trabalham nos laboratórios de
análises clínicas do Hospital Geral de Luanda, no II trimestre de 2022.

3.2. POPULAÇÃO E AMOSTRA

A população alvo para este, estudo foi constituída por 50 (cinquenta) técnicos que trabalham
no laboratório de análises clínicas do Hospital Geral de Luanda. Nesta pesquisa a amostra
representativa foi de 25 (vinte e cinco) profissionais.

3.3. TÉCNICAS DE COLECTA DE DADOS

Para colecta de dados, utilizou-se um questionário estruturado (Apêndice D), subdividido


em duas partes: identificação do participante; e dados referentes a Biossegurança.

3.4. PROCEDIMENTOS ÉTICOS

A pesquisa foi analisada e aprovada pela Área Científica do Instituto superior Politécnico
Privado do Kilamba (ISPP-Kilamba) e pela Direcção Geral do Hospital de Luanda. Com a
autorização de ambas as Instituições, os objectivos da pesquisa foram explicados a equipe
multiprofissional que se prontificou em colaborar com o estudo, onde foram assegurados todos os
princípios de sigilo profissional, garantindo a não divulgação de qualquer informação.

3.5. CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO

Os critérios de inclusão dos objectos de estudo foram todos os funcionários dos laboratórios
de análises clínicas do Hospital Geral de Luanda, que aceitaram participar no inquérito. Entretanto,
quanto aos critérios de exclusão, foram todos funcionários que não participaram no inquérito ou
aqueles que estavam ausentes do trabalho durante a realização da pesquisa, por licença de saúde ou
férias.

3.6. PROCESSAMENTO E ANÁLISES DE DADOS

Após a colecta das informações com base nos prontuários, os dados foram processados
através do recurso Excel da Microsoft Office versão 2016 e analisados através de estatística
descritiva (médias e percentuais).

38
CAPÍTULO IV - APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

3.1. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Tabela 1: Faixa-etária dos participantes da pesquisa

Faixa etária n %
20 – 30 anos 6 24
31 – 40 anos 13 52
41 – 50 anos 3 12
>50 anos 3 12
Total 25 100
Fonte: Inquérito. Dados obtidos do Hospital Geral de Luanda (2022).

Gráfico 1: Faixa-etária dos participantes da pesquisa

>50 anos
41 – 50 anos 12% 20 – 30 anos
12% 24%

31 – 40 anos
52%

Fonte: Inquérito. Dados obtidos do Hospital Geral de Luanda (2022).

Como se pode verificar (Gráfico 1), com relação a faixa etária, a maioria dos inquiridos,
52%, possuem idade compreendida entre os 31 e 40 anos de idade; sendo que a minoria, 12%,
distribuídos equitativamente possuem entre os 41 e mais de 50 anos de idade. Os resultados do
estudo concordam com Carrillo-García et al. (2013) o laboratório é uma profissão em que se
verifica o predomínio de indivíduos adulto, este facto considera-se importante, pois a maturidade
do profissional é um factor determinante na aquisição de conhecimento para o saber fazer com
responsabilidade.

39
Tabela 2: Sexo dos participantes da pesquisa.

Sexo n. %
Masculino 7 28
Feminino 18 72
Total 25 100
Fonte: Inquérito. Dados obtidos do Hospital Geral de Luanda (2022).

Gráfico 2: Género dos participantes da pesquisa.

Masculino
28%

Feminino
72%

Fonte: (Tabela 2).

Concernente ao sexo, a tabela e o gráfico nº2 demonstra que a maior parte dos inquiridos, 72%
dos profissionais do laboratório são do sexo feminino e 28% é do sexo masculino. Esses dados
corroboram com os dados encontrados pelo Melo e Nzau (2017), onde também evidenciaram uma
predominância de sexo feminino no laboratório de análises clínicas na maternidade Lucrécia Paim/
Luanda. Por outro lado,esses dados mostram que a profissão nas áreas de saúde é uma actividade
exercida maioritariamente por profissionais do sexo feminino, isso porque as mulheres estão na linha
da frente na área da saúde, pois o papel das mulheres na prestação de cuidados á saúde é enorme. As
mulheres acabam incentivando outras mulheres a se tornarem profissionais da saúde, principalmente
quando alguns pacientes do sexo feminino são atendidas por mulheres.

Não que o sexo masculino não se destacam nesta área, o que acontece é que os homens na sua
maioria são escolhidos de emprego para emprego, e são impulsinados por homens poderosos para
ocupar cargos poderosos.

40
Tabela 3: Nível de escolaridade dos participantes da pesquisa

Nível de escolaridade n. %
Básico 0 0
Médio 7 28
Superior 18 72
Total 25 100
Fonte: Inquérito. Dados obtidos do Hospital Geral de Luanda (2022).

Gráfico 3: Nível de escolaridade dos participantes da pesquisa

Médio
28%

Superior
72%

Fonte: Inquérito. Dados obtidos do Hospital Geral de Luanda (2022).

No que tange à qualificação, quanto a escolaridade (Gráfico 3) alcançou destaque o nível


superior, 72%, e o médio, com 28%, enquanto o nível básico representa 0% dos inquiridos. Esses
dados corroboram com os dados encontrados pelo Melo e Nzau (2017), onde os níveis (médio e
superior) foram os mais destacados. Esses dados também podem ser explicados pelo facto de que a
direcção do Hospital em estudo prioriza os indivíduos com maior nível de escolaridade (ensino
superior) por serem e/ou estarem melhor preparados do que os de ensino médio. Não que os
indivíduos do ensino médio não estão ou não estejam preparados para fazer parte da equipe dos
profissionais de laboratório, o que pudemos observar é que nos dias de hoje qualquer pessoa que
queira ingressar na profissão precisa saber que é uma das áreas da biomedicina, e que é necessário
ter a graduação necessária para poder desempenhar diversas funções durante a sua trajetória
profissional.

41
Tabela 4: Formação em Biossegurança dos participantes da pesquisa.

Formação em Biossegurança n. %
Sim 24 96
Não 1 4
Total 25 100
Fonte: Inquérito. Dados obtidos do Hospital Geral de Luanda (2022).

Gráfico 4: Formação em Biossegurança dos participantes da pesquisa.

Não
4%

Sim
96%

Fonte: Dados obtidos do Hospital Geral de Luanda (2022).

Nesse sentido, 96% dos funcionários (Gráfico 4) mencionaram ter feito formação ou
treinamento sobre biossegurança ou sobre medidas preventivas para a redução dos riscos em seu
ambiente de trabalho, enquanto, 4% relataram não ter participado em palestras e/ou seminários de
biossegurança.

A biossegurança no ambiente hospitalar para nortear acções preventivas relacionadas aos


riscos de acidentes de trabalho (…), os profissionais de saúde devem estar sempre actualizados em
relação a tudo que diz respeito a biossegurança (Fernandes, et al, 2013). Por outro lado, por ser um
dos maiores Hospitais de Luanda, esses dados mostram que a direcção está preocupada com a
biossegurança nos laboratórios. No entantanto, quanto a minoria dos profissiomais, recomenda-se
que se faça a formação em biossegurança para que possam evitar contaminação dentro do laboratório.

42
Tabela 5: Exposição de riscos biológicos nos participantes da pesquisa.

Exposição de riscos biológicos n. %

Sim 20 80

Não 5 20

Total 25 100

Fonte: Inquérito. Dados obtidos do Hospital Geral de Luanda (2022).

Gráfico 5: Exposição de riscos biológicos nos participantes da pesquisa.

Não
20%

Sim
80%

Fonte:Dados obtidos do Hospital Geral de Luanda (2022).

Segundo Gráfico 5, 80% dos funcionários já sofreram de algum tipo de exposição de riscos
biológicos e 20% afirma que não. Segundo Silva e Felli (2002) os ambientes de trabalho em que
actuam os profissionais de laboratório, por sua natureza, concentram uma série de riscos que
podem trazer diversos problemas de saúde aos profissionais que nele trabalham, especialmente aos
técnicos. Esses dados podem ser explicado provavelmente pelo porte do Hospital e
consequentemente, o grande número de pacientes com diversas doenças. Isso faz com que os
profissionais se submetam a vários tipos de riscos.

43
Tabela 6: Classe de riscos nos participantes da pesquisa.

Classe de riscos n. %

Classe 1 3 12

Classe 2 2 8

Classe 3 12 48

Classe 4 8 32

Total 25 100

Gráfico 6: Classe de risco nos participantes da pesquisa.

Classe 1
Classe 4 12% Classe 2
32% 8%

Classe 3
48%

Fonte: Inquérito. Dados obtidos do Hospital Geral de Luanda (2022).

Quanto a classe de risco, 48% dos funcionários (Gráfico 6) afirmam que estão
expostos a classe de risco 3, e a classe de risco 2 (8%). Esses dados corroboram com os
dados do gráfico 5, mostrando que pelo porte do Hospital, os funcionários estão sujeitos a
todo tipo de riscos, inclusive riscos da classe 3 e 4. A classe de risco 3: Aplica-se a agentes
biológicos que provocam infecções graves ou letais, no homem, nos animais e representa
um sério risco a quem os manipula.
A classe 4: Aplica-se a agentes biológicos de fácil propagação, altamente
patogénicos para o homem, animais e o meio ambiente representando grande risco a quem
os manipula.

44
Tabela 7: Tipos de resíduos produzidos no laboratório.

Tipos de resíduos n. %

Químico orgânico 1 4

Radioactivo 3 12

Material perfuro-cortante 10 40

Lixo patológico 7 28

Lixo comum 4 16

Total 25 100

Fonte: Inquérito. Dados obtidos do Hospital Geral de Luanda (2022).

Gráfico 7: Tipos de resíduos produzidos no laboratório.

Lixo comum Radioactivo


16% 12%

Lixo patológico
28% Material
perfurocortante
40%

Fonte: Inquérito. Dados obtidos do Hospital Geral de Luanda (2022).

Quanto aos tipos de exposição dos funcionários (Gráfico 7), 40% afirmam que os tipos de
resíduos produzidos no laboratório são materiais perfuro-cortante, 28% lixos patológico e infeccioso,
e 16% lixo comum, lixo químico orgânico 4% e radioactivo produzem 12%, respectivamente. Esses
dados mostram que os resíduos hospitalares, e os materiais perfuro-cortantes, como agulhas, lâminas
e tubos de ensaio quebrados, ocupam o lugar de destaque no factor perigo. Isso porque são materiais
que entram em contacto com substâncias contaminadas e podem facilmente provocar um corte na
pele de uma pessoa sadia. Os acidentes ocasionados por picadas de agulhas são responsáveis por 80
a 90% das transmissões de doenças infecto-contagiosas entre os trabalhadores de saúde (ANVISA,
2005). No que diz respeito a exposição de riscos biológicos, classe de risco biológico e os tipos de

45
resíduos produzidos pelo laboratório, os resultados encontrados nesse trabalho vai de encontro ao
observado no laboratório da maternidade Lucrécia Paim (Melo & Nzau, 2017).

Tabela 8: Dispositivo de segurança no laboratório.


Dispositivo de segurança n. %

Sim 10 40

Não 15 60

Total 25 100

Fonte: Inquérito. Dados obtidos do Hospital Geral de Luanda (2022).

Gráfico 8: Dispositivo de segurança no laboratório.

Sim
Não 40%
60%

Fonte: Dados obtidos do Hospital Geral de Luanda (2022).

Quanto aos dispositivos de segurança (sinalização, climatização, extintores de incêndio)


60% dos funcionários responderam que não estão adequados e 40% responderam que está adequado
(Gráfico 8). Teixeira, et al (2011) diz que, além das medidas de controlo sobre a saúde ocupacional,
o empregador tem o dever de fornecer e actualizar dispositivos de segurança do laboratório. Os
dados mostram, que provavelmente, pelo facto dos dispositivos não estarem bem adequados dentro
do laboratório, os profissionais e técnicos não fazem o uso dos dispositivos por acharem
desnecessário, ou por não transmiti-los segurança de se fazer o uso por não estarem devidamente
adequados.

46
Tabela 9: Disponibilidade dos EPI’s no sector.

Disponibilidade dos EPI’s n. %

Sempre 5 20

As vezes 20 80

Total 25 100

Fonte: Inquérito. Dados obtidos do Hospital Geral de Luanda (2022).

Gráfico 9: Disponibilidade dos EPI’s no sector.

Sempre
20%

As vezes
80%

Fonte: Inquérito. Dados obtidos do Hospital Geral de Luanda (2022).

Quanto a disponibilidade dos EPI’s no sector, 80% dos funcionários relataram que somente
as vezes há esses EPI’s e 20% respondeu que sempre há (Gráfico 9). Outro aspecto importante que
os funcionários relataram é a forte carência no fornecimento por parte do laboratório de análises
clínicas dos EPI’s (como luvas, máscaras, batas, óculos de segurança, dentre outros). A ausência
desses equipamentos pode trazer muitos riscos à saúde, e a segurança dos profissionais e dos
pacientes (Esses dados corroboram com o gráfico 8). Pois é importante que estejam sempre
disponíveis os EPI´s para melhor prevenção dessess mesmos riscos.

47
Tabela 10: Motivos de esquecimento da luva.

Motivos de esquecimento da luva. n. %

Excesso de trabalho 8 32

Esquecimento 4 16

Negligência 3 12

Carência 10 40

Total 25 100

Fonte: Inquérito. Dados obtidos do Hospital Geral de Luanda (2022)

Gráfico 10: Motivos de esquecimento da luva.

Excesso de
Carência trabalho
40% 32%

Esquecimento
Negligência 16%
12%

Fonte: Inquérito. Dados obtidos do Hospital Geral de Luanda (2022).

Entretanto, para o uso de luvas foi observado algumas actividades em que as mesmas não
estavam sendo utilizadas: por falta ou carência (40%), excesso de trabalho (32%); algumas vezes por
esquecimento (16%) e negligência (12%) (Gráfico 10). Magagnini (2009) os trabalhadores de saúde
se sobrecarregam com vários plantões em turnos alternados, manipulam instrumentos inseguros, bem
como não utilizam EPI adequado. Esses dados mostram que provavelmente pelo fraco abastecimento
dos EPI´s, os técnicos do laboratório esquecem de utilizar as luvas pelos motivos acima citados, e
muita das vezes acabam por utilizar um par de luvas em vários pacientes, sendo que a mesma é para
uso único. A forte carência dos EPI´s tem influenciado nesse sentido.

48
Tabela 11: Vacinas apanhadas pelos funcionários.

Vacinas apanhadas pelos funcionários n. %

Hepatite 8 32

Tétano 7 28

Febre-amarela 3 12

Outra 5 20

Nenhuma 2 8

Total 25 100

Fonte: Inquérito. Dados obtidos do Hospital Geral de Luanda (2022).

Gráfico 11: Vacinas apanhadas pelos funcionários.

Nenhuma
Outra Hepatite
8%
20% 32%

Tétano
28%

Febre-
amarela
12%

Fonte: Inquérito. Dados obtidos do Hospital Geral de Luanda (2022).

Sendo a imunização uma das medidas que está relacionada a biossegurança, o Gráfico 11
demonstra que os funcionários tomaram algumas vacinas hepatite B com 32%, tétano com 28%,
febre amarela 12%, outras vacinas com 20% e por último, nenhuma com 8%. Por outro lado, esses
dados mostram um despreparo e desinteresse dos profissionais uma vez que os mesmo lidam com
vários materiais e amostras contaminadas que podem levar a vários problemas de saúde e até a morte.
Pudemos constatar que os profissionais do laboratório do Hospital Geral de Luanda têm
negligenciado nesse sentido.

49
CAPÍTULO V – CONCLUSÕES
Após os resultados alcançados, chegou-se a seguinte conclusão: Quanto a
caracterização dos profissionais do laboratório, evidenciou-se que a maioria (52%) possui
entre os 31 e 40 anos de idade, (72%) são do sexo feminino,e (72%) tem o nível superior de
formação. No que concerne a formação em biossegurança hospitalar, observou-se que a
maioria dos inqueridos (96%) possui formação, entretanto, destacou-se que os profissionais
têm conhecimento. Portanto, respondendo à pergunta de partida, quanto ao nível de
conhecimento dos técnicos de laboratório sobre a biossegurança no Hospital Geral de
Luanda, concluiu-se dizendo que é alto. Espera-se que os resultados desta pesquisa possam
contribuir com outros estudos no país, bem como subsidiar os serviços de saúde oferecidos
na rede pública e privada, auxiliando no desenvolvimento de medidas que visem à
prevenção, diminuição, controlo dos possíveis riscos que os funcionários podem estar
expostos nos laboratórios do país.

50
5.1. RECOMENDACÕES

1- Direcção do Hospital Geral de Luanda:

 incentive a formação académica dos funcionários;

 treinamento periódicos sobre a biossegurança;

 se preocupe com a vacinação dos técnicos, sobretudo a hepatite B;

 que se disponibilize em quantidade e qualidade os EPI e EPC;

 fiscalização periódica dos profissionais em relação a biossegurança.

2- Instituto Superior Politécnico Privado do Kilamba

 desenvolva mais trabalhos científicos sobre a biossegurança;

 que fiscalize os alunos no cumprimento das normas de biossegurança;

3- Ministério da Saúde: que priorize a saúde, para que nos hospitais e laboratórios não
falte equipamentos adequados e materiais para o cumprimento da biossegurança.

51
5.2. MEDIDAS DE PREVENÇÃO / BOAS PRÁTICAS LABORATORIAIS

 Nenhuma pessoa deve entrar no laboratório sem a bata, cabelos soltos, sapatos
abertos e bermudas;

 É proibido recapear agulhas;

 Não é permitido brincos, maquiagem, anéis, cordões no laboratório;

 Limpe bem o microscópio antes e após o uso para prevenir a contaminação da


mucosa conjuntiva;

 Não levar materiais do laboratório a boca;

 Próteses dentárias não devem ser manipuladas;

 É proibido fumar dentro do laboratório;

 Os materiais utilizados em amostras biológicas devem ser descontaminados por


meio da autoclave ou substâncias químicas;

 Não é permitido manipular lentes de contacto;

 Não levar as mãos ao rosto e cabelo;

 Respeite as sinalizações;

 Toda amostra biológica deve ser considerada infectante;

 Mantenha o laboratório limpo e organizado. Não entre no laboratório utilizando


bolsas ou sacolas. Proibido comer e beber no laboratório;

 Não utilizar vidraria trincadas ou quebradas;

 Não permitir entrada de pessoas não autorizadas.

52
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56
APÊNDICE

57
APÊNDICE A – CARTA DE SOLICITAÇÃO DE DADOS

58
59
APÊNDICE B – CARTA DE SOLICITAÇÃO DE DADOS APROVADA

60
APÊNDICE C – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO

61
APÊNDICE D – QUESTIONÁRIO

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