Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A quatro anos atrás, a Assembleia Geral das Nações Unidas assinou uma declaração
para coordenar os Estados-membros em face de uma grande ameaça à saúde. Até a
primeira metade do século XX, a principal causa de morte no mundo eram as infecções
por vírus e bactérias. As vacinas ajudaram os primeiros e os antibióticos reduziram
drasticamente a letalidade das últimas.
Todos os anos, cerca de 700.000 pessoas morrem de infecções causadas por
bactérias resistentes aos medicamentos disponíveis e a previsão é que esse número
cresça gradualmente nos próximos anos.
Nos hospitais, ter bactérias resistentes a muitos antibióticos antes era uma raridade e
agora é frequente.
Em um relatório de 2016, a OMS estimou que até 2050, se nenhuma medida for
tomada, as superbactérias resistentes provocarão cerca de 10 milhões de mortes,
mais do que o câncer, número que as colocaria como a primeira causa de morte global.
Ao contrário do surgimento de um novo vírus mortal, essa ameaça mundial crescerá
gradualmente e ainda há tempo para mitigar seus efeitos.
Sobre o uso desnecessário de antibióticos, em 2019, a Organização Mundial da Saúde
(OMS) afirmou que a chamada resistência microbiana — que ocorre quando doenças
são resistentes aos antibióticos — poderá estar associada a 10 milhões de mortes
anuais no cenário mais dramático para 2050. Com a pandemia da COVID-19, esse
panorama poderá ser acelerado. Outros fatores, além do uso, também contribuem com
essa situação.
Mesmo sem eficácia direta para combater a COVID-19 e sem se verificar infecções
bacterianas, antibióticos ainda são amplamente usados na pandemia do novo
coronavírus (SARS-CoV2). Já havia o problema da resistência microbiana antes. Em
virtude da COVID-19, muitos antibióticos foram receitados. Em um futuro não muito
distante vamos ter um problema mais sério do que já tinhamos.
Pode parecer estranho antibióticos serem citados como tratamento para um vírus,
mas, no caso da COVID-19, eles não impactam diretamente o coronavírus. Os
antibióticos não funcionam contra vírus, eles funcionam apenas em infecções
bacterianas. A Covid-19 é causada por um vírus, portanto os antibióticos não
funcionam.
No caso da COVID-19, os antibióticos são prescritos, em alguns casos, de forma
preventiva. Isso porque muitos pacientes podem apresentar uma eventual infecção
concomitante por alguma bactéria, ou seja, uma coinfecção. No entanto, essa segunda
doença pode passar despercebida, já que não é o foco do tratamento.