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Com a utilização dos antibióticos de forma inadequada, quer seja na medicina Humana
(automedicação, uso excessivo ou interrupção do tratamento), veterinária ou na agricultura, as
bactérias têm a capacidade de se adaptar e desenvolver mecanismo de resistência aos
medicamentos.
Quando as bactérias são expostas aos antibióticos, algumas podem apresentar mutações
genéticas.
Estas mutações podem:
Alterar a estrutura das moléculas alvo do antibiótico, impedindo que este se ligue e
exerça a sua ação antibacteriana.
Permitir que a bactéria produza enzimas que inativam o antibiótico.
Desenvolver mecanismos capazes de expelir o antibiótico de dentro da célula bacteriana
(mecanismo bomba de efluxo).
Após sofrerem as mutações estas bactérias resistentes têm vantagens de sobrevivência sobre as
mais sensíveis e conseguem multiplicar-se e adaptar-se ao ambiente com a presença de
antibióticos. Esses indivíduos selecionados irão se reproduzir passando para as gerações
seguintes os genes que conferem a maior capacidade de adaptação.
Com o tempo, a quantidade de bactérias resistentes aumenta na população, tornando-se cada vez
mais difícil tratar as infeções bacterianas com os antibióticos disponíveis.
A nível clínico, o consumo inadequado de antibióticos tem consequências nefastas para a saúde,
como a diminuição da eficácia dos tratamentos, o prolongamento das doenças, o crescimento do
número de hospitalizações, e o aumento da mortalidade.
Tudo isto tem grande impacto a nível económico devido aos elevados custos para a sociedade,
na medida em que o tratamento dessas infeções trona-se mais dispendioso.
Em Portugal, estima-se que anualmente se registem 1160 mortes causadas por bactérias
resistentes, sendo considerada a oitava causa de morte.
Também se verificou que durante este período de análise ocorreu um aumento do consumo no
grupo das penicilinas, o grupo mais utilizado e que constitui a primeira linha para o tratamento
de muitas infeções bacterianas.
Atualmente o país com maior consumo de antibióticos é a Grécia (31,9 DHD) e o país com um
menor consumo é a Holanda (11, 3 DHD). Observa-se também que o maior nível de consumo
de antibióticos ocorre nos países do sul da Europa comparativamente com os países do norte da
Europa.
Desta forma, verifica-se que os países do sul da Europa (que apresentam um maior consumo de
antibióticos) são também os países onde o nível de resistência é maior, onde se inclui Portugal,
verificando-se o oposto no norte da Europa.
Dados recentes apontam que a resistência bacteriana é responsável por cerca de 700 000 mortes
anuais no mundo inteiro.
Se nada for feito à escala mundial, em 2050 teremos as infeções bacterianas como a primeira
causa de morte.
Noticia
O estudo feito pela OCDE apontou para 1160 mortes, por ano em
Portugal, causadas por bactérias multirresistentes. A mesma
análise estimou que, em toda a Europa, uma em cada cinco
infeções hospitalares seja provocada por superbactérias.
O uso de antibióticos e as resistências bacterianas: breves notas sobre a sua evolução (scielo.pt)