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Resistência bacteriana á luz da teoria Neodarwinista

1 – Desenvolvimento da resistência bacteriana (Lara M.)


A teoria sintética da evolução ou Neodarwinismo combina as causas da variabilidade genética
(mutações) com a seleção natural.

O Neodarwinismo é baseado nas teorias de Darwin e considera que as mutações genéticas e a


recombinação genética geram a variabilidade genética entre as espécies. Essa variabilidade
sofre uma seleção natural gerando indivíduos adaptados às condições do meio.

Um exemplo clássico do Neodarwinismo são as bactérias resistentes aos antibióticos. O uso


inadequado de antibióticos elimina bactérias sensíveis, sobrevivendo as bactérias resistentes.
Essas bactérias proliferam, promovendo a sua adaptação aos antibióticos, ou seja, ao meio.

Com a utilização dos antibióticos de forma inadequada, quer seja na medicina Humana
(automedicação, uso excessivo ou interrupção do tratamento), veterinária ou na agricultura, as
bactérias têm a capacidade de se adaptar e desenvolver mecanismo de resistência aos
medicamentos.

Quando as bactérias são expostas aos antibióticos, algumas podem apresentar mutações
genéticas.
Estas mutações podem:

 Alterar a estrutura das moléculas alvo do antibiótico, impedindo que este se ligue e
exerça a sua ação antibacteriana.
 Permitir que a bactéria produza enzimas que inativam o antibiótico.
 Desenvolver mecanismos capazes de expelir o antibiótico de dentro da célula bacteriana
(mecanismo bomba de efluxo).

Após sofrerem as mutações estas bactérias resistentes têm vantagens de sobrevivência sobre as
mais sensíveis e conseguem multiplicar-se e adaptar-se ao ambiente com a presença de
antibióticos. Esses indivíduos selecionados irão se reproduzir passando para as gerações
seguintes os genes que conferem a maior capacidade de adaptação.

Com o tempo, a quantidade de bactérias resistentes aumenta na população, tornando-se cada vez
mais difícil tratar as infeções bacterianas com os antibióticos disponíveis.

2 – Impacto do aumento das taxas de bactérias multirresistentes (Luís)


Portugal é um país com elevado consumo de antibióticos, apesar de uma diminuição no
consumo destes fármacos nos últimos anos.
A resistência bacteriana aos antibióticos é atualmente um dos problemas de saúde pública mais
relevante a nível nacional, pois apresenta consequências clínicas e económicas preocupantes.

A nível clínico, o consumo inadequado de antibióticos tem consequências nefastas para a saúde,
como a diminuição da eficácia dos tratamentos, o prolongamento das doenças, o crescimento do
número de hospitalizações, e o aumento da mortalidade.

Tudo isto tem grande impacto a nível económico devido aos elevados custos para a sociedade,
na medida em que o tratamento dessas infeções trona-se mais dispendioso.

Paralelamente, são necessários investimentos avultados para desenvolver novos antibióticos,


pois é um investimento caro e demorado (mais de 10 anos).

Em Portugal, estima-se que anualmente se registem 1160 mortes causadas por bactérias
resistentes, sendo considerada a oitava causa de morte.

3 – Evolução do problema em Portugal (Martim)


Segundo os dados do relatório ECDC (Surveillance Report), na última década a taxa de
consumo de antibióticos em Portugal apresentou uma tendência de decréscimo, de 26,5 DHD
para 22,7 DHD sendo que, apesar desta redução na utilização de antibióticos, Portugal continua
a apresentar um consumo elevado relativamente a outros países europeus (a média europeia de
consumo é 20,4 DHD), (DHD – dose diária definida por mil habitantes).

Também se verificou que durante este período de análise ocorreu um aumento do consumo no
grupo das penicilinas, o grupo mais utilizado e que constitui a primeira linha para o tratamento
de muitas infeções bacterianas.

4 – Medidas de mitigação (Francisco)


A resistência bacteriana aos antibióticos é um dos problemas de saúde pública mais graves
atualmente, pelo que é importante tomar medidas.

Algumas medidas com vista a previr a disseminação da resistência bacterianas são:


 Promover uma adequada prescrição de antibióticos de forma a reduzir o seu
consumo;
 Sensibilização para reduzir a prática de automedicação e fazer o tratamento de
acordo com as indicações médicas;
 Restringir o consumo de antibióticos na prática veterinária e na produção
animal;
 Desenvolvimento de sistemas de vigilância e controlo da resistência microbiana
por organizações nacionais e internacionais;
 Melhorar o controlo de infeções hospitalares.

5 – Conclusão (Lara S.)


Existe uma grande variabilidade no consumo de antibióticos na Europa.

Atualmente o país com maior consumo de antibióticos é a Grécia (31,9 DHD) e o país com um
menor consumo é a Holanda (11, 3 DHD). Observa-se também que o maior nível de consumo
de antibióticos ocorre nos países do sul da Europa comparativamente com os países do norte da
Europa.

Desta forma, verifica-se que os países do sul da Europa (que apresentam um maior consumo de
antibióticos) são também os países onde o nível de resistência é maior, onde se inclui Portugal,
verificando-se o oposto no norte da Europa.

Dados recentes apontam que a resistência bacteriana é responsável por cerca de 700 000 mortes
anuais no mundo inteiro.

Se nada for feito à escala mundial, em 2050 teremos as infeções bacterianas como a primeira
causa de morte.

Os antibióticos são indispensáveis pelo que têm de ser criteriosamente utilizados.

Noticia

O estudo feito pela OCDE apontou para 1160 mortes, por ano em
Portugal, causadas por bactérias multirresistentes. A mesma
análise estimou que, em toda a Europa, uma em cada cinco
infeções hospitalares seja provocada por superbactérias.
O uso de antibióticos e as resistências bacterianas: breves notas sobre a sua evolução (scielo.pt)

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