Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CLÍNICA MÉDICA
Cardiologia
José Paulo Ladeira
SOBRE O AUTOR
Caro aluno,
Bons estudos!
SUMÁRIO
1. Hipertensão arterial 4.6 Tratamento .......................................................... 38
sistêmica – conceitos 4.7 Outros fatores de risco para
fundamentais........................... 10 aterosclerose e doença cardiovascular...... 39
1.1 Introdução................................................................. 11
5. Eletrofisiologia.................... 41
1.2 Classificação.......................................................... 12
5.1 Atividade elétrica cardíaca
1.3 Avaliação.................................................................. 13
(intrínseca às células miocárdicas) ................ 42
1.4 Estratificação de risco 5.2 Eletrofisiologia.................................................... 43
cardiovascular............................................................... 17
5.3 Mecanismos de formação do
1.5 Hipertensão arterial resistente e impulso elétrico.......................................................... 44
causas secundárias................................................... 17
5.4 Condução do impulso cardíaco............... 44
2. Hipertensão arterial
sistêmica – tratamento.......... 18 6. Arritmias cardíacas........... 46
6.1 Avaliação do eletrocardiograma.............. 47
2.1 Tratamento não medicamentoso............. 19
6.2 Bradiarritmias...................................................... 49
2.2 Tratamento medicamentoso..................... 20
6.3 Taquiarritmias...................................................... 52
3. Emergências 6.4 Cardioversão elétrica..................................... 54
hipertensivas............................25 6.5 Antiarrítmicos .................................................... 55
HIPERTENSÃO
ARTERIAL
SISTÊMICA –
CONCEITOS
FUNDAMENTAIS
José Paulo Ladeira
1
Você sabe quais são os
exames para avaliação
da HAS de início recente
em um indivíduo sem
sintomas e sem fatores
de risco cardiovascular,
exceto história familiar?
1.1 INTRODUÇÃO
A Hipertensão Arterial (HA) é uma condição clínica caracterizada como elevação dos níveis pres-
sóricos de maneira sustentada (≥ 140 e/ou 90 mmHg), comumente associada a outros fatores
de risco, como dislipidemia, obesidade abdominal, intolerância a glicose e diabetes mellitus. No
Brasil, contribui para metade das mortes por doença cardiovascular (DCV), impactando de maneira
pronunciada na perda da produtividade do trabalho e na renda familiar e gerando um custo oneroso
ao SUS em razão da alta taxa de internações hospitalares em decorrência das suas complicações.
Os fatores de risco para HA englobam, além da associação a outros distúrbios metabólicos, idade,
sendo mais prevalente em indivíduos idosos, sexo e etnia, ingesta excessiva de sal e consumo
crônico de álcool, sedentarismo, fatores socioeconômicos, incluindo nível de escolaridade, e
alterações genéticas.
A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), quando suspeitada, necessita de confirmação diagnós-
tica, que se faz com a medição da Pressão Arterial (PA) em consultório ou fora dele, utilizando-se
para isso métodos validados para o estabelecimento do diagnóstico, que incluem a Medição
Residencial da PA (MRPA) ou Monitorização Ambulatorial da PA (MAPA). História pessoal e
familiar, exame físico e investigação clínica e laboratorial fazem parte da propedêutica inicial
no paciente com HAS. Identificação de causa secundária, com outras doenças associadas, bem
como investigação de Lesões de Órgão-Alvo (LOA), também faz parte da avaliação comple-
mentar em grupos específicos.
12 | CAPÍTULO 1 - HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA – CONCEITOS FUNDAMENTAIS
1.2 CLASSIFICAÇÃO
Os valores de referência para o diagnóstico de HAS variam de acordo com o método aplicado.
Quando considerada a medida inicialmente aplicada em consultório, deverá ser validada por
medições repetidas e confirmada por MAPA ou MRPA.
Considera-se normotensão quando as medidas de consultório são ≤ 120 x 80 mmHg e as
medidas fora dele (MAPA ou MRPA) confirmam os valores considerados normais para cada
método. Já HA controlada é aquela que, sob tratamento anti-hipertensivo, mantém valores
controlados tanto no consultório como fora dele.
Pré-hipertensão é a condição caracterizada por PA Sistólica (PAS) entre 121 e 139 e/ou PA
Diastólica (PAD) entre 81 e 89 mmHg. De acordo com os valores crescentes da PA, a HAS será
classificada em estágios I, II ou III, ou hipertensão sistólica isolada, como segue no Quadro 1.1
a seguir e na Figura 1.1.
Outras classificações incluem a hipertensão do avental branco, que é a situação em que é
observada elevação da PA dentro do consultório, porém com valores normais, quando reali-
zadas medidas de MAPA ou MRPA. A HAS mascarada é o contrário: níveis pressóricos normais
dentro do consultório e anormais quando realizadas medidas de PA fora dele. E hipertensão
sistólica isolada, definida como PAS aumentada com PAD normal.
Figura 1.1 - Possibilidades de diagnóstico, de acordo com a medida causal de pressão arterial,
monitorização ambulatorial da pressão arterial e medidas domiciliares
1.3 AVALIAÇÃO
Na anamnese inicial, o paciente deve ser interrogado sobre história familiar, uso de medicamentos
que interfiram na PA, estilo de vida e situação socioeconômica. Devem ser identificados fatores
de risco para DCV, assim como comorbidades que sugiram uma causa secundária para a HA.
No exame físico, além da PA em ambos os braços, é importante que se pese e se obtenha a
altura para cálculo do Índice de Massa Corpórea (IMC) e se tenha a medida da circunferência
abdominal. O exame físico inclui ausculta cardíaca e palpação de pulsos. A identificação inicial
de sinais de LOA, como lesões retinianas à fundoscopia, e a de déficits neurológicos que
sugiram acidente vascular encefálico prévio ajudam a classificar os pacientes com aumento
do risco cardiovascular global, bem como a selecionar aqueles que necessitam de melhor
estratificação de risco.
A avaliação laboratorial com exames de rotina, conforme descrito a seguir, deve fazer parte da
propedêutica inicial de todo paciente hipertenso, ajudando também a identificar aqueles com
LOA, como nos casos com diminuição do ritmo de filtração glomerular em pacientes nefropatas.
CARDIOLOGIA | 17