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Resumão Cesupa
TEXTO I
(Lucas Felpi)
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TEXTO III
Sozinhos
Primeiro foram levados os negros, depois os operários, os miseráveis e, por fim, os desempregados. O eu lírico do poema “Intertexto”, de
Brecht, não se importou – ele, afinal, era branco, não era operário nem miserável e tinha emprego, aquilo que afeta o “outro”, portanto, não lhe é
relevante. Apesar de o poeta alemão ter morrido em 1956, sua obra parece bastante atual. Ensimesmados, fechamo-nos contemporaneamente sobre
nossas vidas privadas e abandonamos, em grande medida, o interesse pelo fazer político. Afastados do que o torna possível, isto é, do espaço público,
porém, realimentamos a precarização de seu lugar por excelência, tornando a política ainda mais inviável.
Quando o “eu” se torna o centro do mundo, tudo aquilo que se remete ao “outro” é apagado. A sociedade do “self-made man” seduz por meio
da ideia do homem que se fez sozinho e que a si mesmo basta. Cada vez mais convocado a fechar-se em si, então, o indivíduo contemporâneo,
alimentando-se em porções individuais enquanto ouve sua própria playlist com os fones de ouvido, distancia-se da vida coletiva. Aquilo que a constitui
passa para segundo plano, e o sujeito contemporâneo, senhor de seu próprio castelo particular, vê a coletividade como coisa distante demais para o
perturbar.
Quanto mais encastelado, então, mais esse indivíduo legitima o fim do que o entorna. Se já se recolheu no interior da educação particular, as
manifestações contrárias às reorganizações das escolas públicas, por exemplo, só são sentidas caso atrapalhem o trânsito; se anda de carro, aliás, a
deterioração do transporte público não lhe toca; seguro, por fim, pelo plano de saúde, a precariedade do SUS tampouco é sentida como problema dele.
Em seu mundo particular, não se percebe mais tocado por nada daquilo que ocorre do lado de fora. Se percebido, aliás, esse lado de fora, não raro, é
classificado como ameaça. Protegido pela privatização de sua existência, esse sujeito vai perdendo a habilidade de reconhecer-se no outro, no
diferente, inviabilizando, assim, sua participação política: ele quer sua liberdade, mas não concebe que esta possa ter qualquer coisa a ver com aquela
liberdade que querem as mulheres para abortar; ele quer respeito, mas não admite que o respeito exigido por negros e homossexuais possa, de
alguma maneira, ter a ver com o que ele pensa.
Brecht, na última estrofe do poema, alerta: aquilo que levou o “outro” vem, em algum momento, bater também à nossa porta. Nesse momento,
por fim, o indivíduo ensimesmado já não tem a quem gritar: ele se esgoela sozinho e ninguém mais o pode ouvir.
(Redação livro único, Poliedro)
TEXTO IV
TEXTO V
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um mercado que já não suporta mais tanta concorrência e que exige maior qualificação. Tendo em vista a realidade de muitos imigrantes, empresas
clandestinas aproveitam-se da mão de obra vulnerável e barata, sujeitando-a a péssimas condições de trabalho e salários irrisórios.
Por não ter conhecimento das condições em que esses produtos são fabricados, o mercado consumidor continua alimentando o ciclo de
escravidão. Como ainda não é costume, no país, a maioria dos compradores não busca ou exige informações sobre o processo de produção da
mercadoria, não praticando nem estimulando um consumo consciente. Como recentemente veio a público, várias confecções brasileiras de roupas de
grife expõem seus trabalhadores – em grande parte imigrantes sul-americanos – a uma situação análoga à da escravidão. Essa hiperexploração e
degradação é, em sua maioria, vinculada a grandes marcas de produtos de circulação nacional, como a Zara.
Apesar de bem distante das máquinas a vapor e dos navios negreiros, a realidade de muitos trabalhadores parece retroceder no tempo. Cabe
ao governo e, também, à população a exigência de maior fiscalização das condições de produção das mercadorias. Dessa forma, a melhor maneira de
evitar a degradação humana no trabalho é retirar as máscaras de um mercado baseado na exploração.
(Fernanda Rigo Stanzani - com adaptações)
REPERTÓRIOS ESTRATÉGICOS
Crônica “Eu sei, mas não devia”, publicada pela autora Marina Colasanti (1937) no Jornal do Brasil em 1972
MARINA COLASANTI
Marina Colasanti (Asmara, Eritreia, África Oriental, 1937). Escritora, jornalista, artista plástica e tradutora.
Uma das grandes autoras femininas da literatura brasileira, destaca-se por suas obras infantojuvenis que
abordam questões universais de uma maneira simples e poética que agrada a todos os públicos. Mulher de
múltiplos talentos, em sua trajetória trabalha como publicitária, edita e apresenta programas culturais na TV e
também traduz grandes autores da literatura universal.
(www.enciclopedia.itaucultural.org.br)
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INTERPRETAÇÃO E VOCABULÁRIO
Ao Estado
Conceito de “Instituições Zumbi” de Ulrich Beck
As ‘categorias zumbi’ e ‘instituições zumbi’ estão destituídas de plena autoridade frente aos desafios dos novos
tempos. Essas instituições, que podemos chamar de família, escola e sociedade, estão ‘mortas e ainda vivas’. E por que
ainda estão vivas? Porque há quem acredite que devemos sustentar, renovar e (re)organizar tais instituições como as
células mais importantes para a edificação e educação de uma nova sociedade.
(Disponível em: www.periodicos.ufn.edu.br)
À família
À sociedade
Às empresas/ao mercado
Conceito de “Psicopolítica” do filósofo sul-coreano Byung-Chul Han
Para o filósofo, o capitalismo se reinventa a todo o momento, permeado por novas técnicas de poder,
elaboração de novos dispositivos de vida e morte, conduzido pelos parâmetros de liberdade de mercado, de
consumo, enfim, expande o método de aprisionamento político e psicológico, se tornando atraente e amável.
(Disponível em: www.uffs.br)
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EXERCÍCIO
Mecanismos linguísticos:
Segundo/Conforme/Como afirma/Consoante/ Em conformidade com/De acordo com/Com base
Exemplo:
Em conformidade com o postulado de Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, “...”.
O autor:
- dialoga; versa; discorre; escreve; reflete.
PARA A PANDEMIA:
O mito de Sísifo
Exemplo no texto:
Na mitologia grega, Sísifo foi condenado por Zeus a rolar uma enorme pedra morro acima
eternamente. Todos os dias, Sísifo atingia o topo do rochedo, contudo era vencido pela exaustão,
assim a pedra retornava à base. Hodiernamente, esse mito assemelha-se à luta cotidiana dos deficientes
auditivos brasileiros, os quais buscam ultrapassar as barreiras as quais os separam do direito à educação.
Nesse contexto, não há dúvidas de que a formação educacional de surdos é um desafio no Brasil o qual
ocorre, infelizmente, devido não só à negligência governamental, mas também ao preconceito da sociedade.
(Thaís Fonseca Lopes de Oliveira/Enem 2017 – Mato Grosso)
O voo de Ícaro
Exemplo no texto:
Sendo assim, pode-se estabelecer uma analogia entre o universo conectado no qual a
humanidade está inserida e a história de Ícaro, da Mitologia Clássica. No mito, o rapaz é
presenteado com asas, mas voa tão alto, tão perto do sol, que estas derretem-se por
serem de cera. Assim é a humanidade hoje, que dispõe de uma intensificação no fluxo de
capitais, de pessoas e de informação, mas não se vê capaz de aproveitá-la com eficiência, ou
seja, falta-nos a sensatez que faltou em Ícaro e não lhe permitiu respeitar os limites de seu
novo estilo de vida.
(Ingrid de Abreu Woigt. PUC – Campinas)
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(UERJ 2021)
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(UERJ 2020)
REPERTÓRIOS REGIONAIS
MAD MARIA – MÁRCIO SOUZA
Márcio Souza tem recontado a história do Brasil de forma admirável ao longo de sua carreira. Neste livro, ele
relata a construção da ferrovia Madeira-Mamoré, entre 1907 e 1912. Na época os investidores tinham o objetivo de
construir uma estrada que pudesse competir com o Canal do Panamá. A ferrovia integraria uma região rica em látex
na Bolívia com a Amazônia, mas no caminho, encontraria obstáculos descomunais: 19 cataratas, 227 milhas de
pântanos e desfiladeiros, centenas de cobras e escorpiões, árvores gigantescas e milhões de mosquitos
transmissores de malária. Antes de terminadas as obras, 3,6 mil homens estavam mortos, 30 mil hospitalizados e
uma fortuna em dólares desperdiçada na selva. Ao escolher os episódios mais macabros e inacreditáveis dos
registros históricos dos cinco anos da construção da ferrovia e concentrando-os em três meses de pesadelo, Márcio
Souza força o leitor - neste momento já quase um personagem emaranhado na vegetação - a confrontar o inferno.
Márcio Souza nasceu em Manaus em 1946. Formado em Ciências Sociais pela USP, começou a vida profissional no
cinema, como crítico, roteirista e diretor.
(http://www.record.com.br/livro_sinopse.asp?id_livro=23468)
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as coisas que tanto amei,
as coisas que tanto amei.
Araguary, Anapu, Anauerá,
Canaticu, Maruim, Bararoá,
Tajupará, Tauari, Tupinambá.
Surubiu, Surubim, Surucuá,
Jambuaçu, Jacamim, Jacarandá.
Marimari, Maicuru, Marariá.
Xarapucu, caeté, Curimatá,
Anajibu, Cunhantã, Pracajurá.
As coisas que tanto amei,
as coisas que tanto amei.
(Gravado por Paulo André Barata em disco Continental e por Lucinha Bastos em disco promocional da Engeplan, além de trilha musical de filme)
ELEMENTOS COESIVOS