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Redação

Profª. Karol Sales

Resumão Cesupa

Este material contém:

1. Textos para se inspirar


2. Repertórios estratégicos
3. Repertórios regionais
4. Elementos coesivos
TEXTOS PARA SE INSPIRAR

TEXTO I

Uma história cantada


A música é um tipo de manifestação cultural que produz ampla influência sobre o cérebro humano, podendo desencadear uma série de
pensamentos e emoções. Quem nunca ouviu a “marcha nupcial” e associou ao ritual do casamento? Ou escutou a “Marcha do Vestibular” e associou a
um resultado de processo seletivo? Presente na sociedade desde a pré-história – como mostram as obras de arte rupestre, por exemplo – a música
possui ampla significação, tornando-se, ao longo do tempo, instrumento de luta política e recurso médico.
O Brasil passou por um período histórico no qual o seu governo estava alicerçado em concepções opressoras, a chamada Ditadura Militar.
Nesse período, com a promulgação do AI5, qualquer informação ou manifestação cultural passava por avaliações por parte do Governo antes de ser
divulgada, podendo ser censurada. Nesse contexto, a música teve um papel fundamental, pois se tornou instrumento de protesto e uma das poucas
formas de mostrar à população, ainda que nas entrelinhas, a realidade que o país vivia. Chico Buarque, Caetano Veloso e Milton Nascimento integram
a longa lista de compositores que tiveram músicas censuradas durante o regime.
Para além do manifesto, as sensações de prazer atreladas ao ato de ouvir música estão associadas à liberação de dopamina pelo cérebro. Por
isso, na atualidade, ela vem sendo utilizada, com sucesso, em terapias de reabilitação cerebral, bem como nas musicoterapias, as quais buscam
desenvolver ou restaurar funções de um indivíduo para o alcance de uma melhor qualidade de vida. No entanto, à música também tem sido atribuídas
habilidades controversas, como a de aumentar a inteligência, popularmente conhecida como “Efeito Mozart”.
Assim, visto que a música possui uma série de finalidades, é inegável sua influência em nossas vidas e ao longo da história. Forma de
expressão, forma de protesto, forma de tratamento. Remédio para o corpo, remédio para a alma. A música é uma história cantada.
(Ana Luiza Fernandes)
TEXTO II

Frase temática FUVEST (2019):


“De que maneira o passado contribui para a compreensão do presente?”

(Lucas Felpi)

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TEXTO III

Frase temática: “As possibilidades do fazer político na sociedade contemporânea”.

Sozinhos
Primeiro foram levados os negros, depois os operários, os miseráveis e, por fim, os desempregados. O eu lírico do poema “Intertexto”, de
Brecht, não se importou – ele, afinal, era branco, não era operário nem miserável e tinha emprego, aquilo que afeta o “outro”, portanto, não lhe é
relevante. Apesar de o poeta alemão ter morrido em 1956, sua obra parece bastante atual. Ensimesmados, fechamo-nos contemporaneamente sobre
nossas vidas privadas e abandonamos, em grande medida, o interesse pelo fazer político. Afastados do que o torna possível, isto é, do espaço público,
porém, realimentamos a precarização de seu lugar por excelência, tornando a política ainda mais inviável.

Quando o “eu” se torna o centro do mundo, tudo aquilo que se remete ao “outro” é apagado. A sociedade do “self-made man” seduz por meio
da ideia do homem que se fez sozinho e que a si mesmo basta. Cada vez mais convocado a fechar-se em si, então, o indivíduo contemporâneo,
alimentando-se em porções individuais enquanto ouve sua própria playlist com os fones de ouvido, distancia-se da vida coletiva. Aquilo que a constitui
passa para segundo plano, e o sujeito contemporâneo, senhor de seu próprio castelo particular, vê a coletividade como coisa distante demais para o
perturbar.

Quanto mais encastelado, então, mais esse indivíduo legitima o fim do que o entorna. Se já se recolheu no interior da educação particular, as
manifestações contrárias às reorganizações das escolas públicas, por exemplo, só são sentidas caso atrapalhem o trânsito; se anda de carro, aliás, a
deterioração do transporte público não lhe toca; seguro, por fim, pelo plano de saúde, a precariedade do SUS tampouco é sentida como problema dele.
Em seu mundo particular, não se percebe mais tocado por nada daquilo que ocorre do lado de fora. Se percebido, aliás, esse lado de fora, não raro, é
classificado como ameaça. Protegido pela privatização de sua existência, esse sujeito vai perdendo a habilidade de reconhecer-se no outro, no
diferente, inviabilizando, assim, sua participação política: ele quer sua liberdade, mas não concebe que esta possa ter qualquer coisa a ver com aquela
liberdade que querem as mulheres para abortar; ele quer respeito, mas não admite que o respeito exigido por negros e homossexuais possa, de
alguma maneira, ter a ver com o que ele pensa.

Brecht, na última estrofe do poema, alerta: aquilo que levou o “outro” vem, em algum momento, bater também à nossa porta. Nesse momento,
por fim, o indivíduo ensimesmado já não tem a quem gritar: ele se esgoela sozinho e ninguém mais o pode ouvir.
(Redação livro único, Poliedro)

TEXTO IV

REDAÇÃO NOTA MÁXIMA – UERJ (2020)


Vidas e cercas
“Eu perguntei a Deus do céu, ai, porque tamanha judiação”. A música “Asa branca”, composta por Luiz Gonzaga, explicita as dificuldades
encontradas por indivíduos marginalizados do Sertão nordestino na busca por uma vida digna. Malgrado sua inserção no âmbito artístico, a obra não
se restringe somente a esse, haja vista a elucidação do contexto depreciativo responsável por incentivar o sentimento de inferioridade por diversos
cidadãos brasileiros, seja por razões socioeconômicas, seja por obstáculos linguísticos.
É fulcral pontuar que o grande abismo entre as classes sociais ratifica a sensação de subordinação. Na obra modernista “Vidas secas”, no
capítulo denominado “festa”, o grande incômodo sentido por Fabiano ao utilizar calçados explicita sua posição alheia a “essa gente da cidade”.
Analogamente ao livro, um contexto de profundas desigualdades entre a qualidade de vida dos sujeitos à margem da sociedade e as benesses
acessadas pelos grupos de maior prestígio, limita-se a capacidade de identificação e, por conseguinte, desabilita-se a instauração de uma relação de
igualdade entre sujeitos desses estratos. Nessa perspectiva, vários cidadãos, assim como Fabiano, sentem-se apartados e ínfimos diante das
assimetrias sociais.
Deve-se destacar, ademais, a influência do desconhecimento do processo argumentativo à manutenção da inferioridade sentida por certos
grupos. Consoante ao filósofo Habermas, a linguagem apresenta-se como a principal ferramenta na reinvindicação de direitos. Desse modo, a
desigualdade no acesso à educação viabiliza que coletividades possuam a dignidade agredida, visto a incapacidade de aclamar suas condições
básicas pela ausência de recursos linguísticos que atendam a essa necessidade. Assim, os cidadãos são subjugados a um sistema que ameaça
sonegar-lhes seus próprios direitos, fomentando a perpetuação de uma péssima qualidade de vida e do sentimento de subordinação.
Torna-se claro, portanto, que as discrepâncias entre classes sociais e a falta de conhecimento sobre retórica viabilizam severos impactos na
autoestima e inclusão de certos indivíduos, danificando seu bem-estar e fomentando a convivência com a sensação de subalternidade. Resta saber se,
tornar-se-ia possível destruir o muro invisível que segrega as realidades cívicas e garantir que o cenário cantado em “Asa branca” transforme-se,
finalmente, em ficcional.
(Julia Barreto)

TEXTO V

REDAÇÃO NOTA MÁXIMA – PUC-CAMPINAS (2012)


Queda de máscaras
A Primeira Revolução Industrial ocorreu na Inglaterra, no século XVIII. Baseada na produção têxtil, os recintos das fábricas eram inapropriados
para o trabalho humano – sem luminosidade, ventilação e segurança suficientes – e somavam-se à inexistência de leis trabalhistas e ao trabalho
infantil. Apesar de, muitos anos depois, surgir uma terceira revolução industrial (tecnocientífica), com a existência de sindicatos e proteção judicial dos
trabalhadores, as reais condições de muitos operários se escondem por trás do luxo e prestígio de grandes marcas e do consumismo inconsciente. O
mercado atual encoberta seu quadro de degradação e de irregularidades com uma aparência agradável e convidativa de seus produtos.
Os países da América Latina sofreram uma industrialização tardia. Essa, por sua vez, gerou uma urbanização rápida e sem planejamento,
chamada de hipertrofia urbana. A situação das cidades e dos trabalhadores que nela vivem torna-se cada vez mais complicada, devido a problemas de
infraestrutura. Buscando melhores condições de vida e salários, muitos cidadãos deslocam-se de suas cidades, estados e, até mesmo, de seus países.
É o que acontece com paraguaios, bolivianos e peruanos que se dirigem ao Brasil devido à situação vivida em suas regiões de origem, mas encontram

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um mercado que já não suporta mais tanta concorrência e que exige maior qualificação. Tendo em vista a realidade de muitos imigrantes, empresas
clandestinas aproveitam-se da mão de obra vulnerável e barata, sujeitando-a a péssimas condições de trabalho e salários irrisórios.
Por não ter conhecimento das condições em que esses produtos são fabricados, o mercado consumidor continua alimentando o ciclo de
escravidão. Como ainda não é costume, no país, a maioria dos compradores não busca ou exige informações sobre o processo de produção da
mercadoria, não praticando nem estimulando um consumo consciente. Como recentemente veio a público, várias confecções brasileiras de roupas de
grife expõem seus trabalhadores – em grande parte imigrantes sul-americanos – a uma situação análoga à da escravidão. Essa hiperexploração e
degradação é, em sua maioria, vinculada a grandes marcas de produtos de circulação nacional, como a Zara.
Apesar de bem distante das máquinas a vapor e dos navios negreiros, a realidade de muitos trabalhadores parece retroceder no tempo. Cabe
ao governo e, também, à população a exigência de maior fiscalização das condições de produção das mercadorias. Dessa forma, a melhor maneira de
evitar a degradação humana no trabalho é retirar as máscaras de um mercado baseado na exploração.
(Fernanda Rigo Stanzani - com adaptações)

REPERTÓRIOS ESTRATÉGICOS
Crônica “Eu sei, mas não devia”, publicada pela autora Marina Colasanti (1937) no Jornal do Brasil em 1972

Eu sei, mas não devia


Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se
acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se
acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no
ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no
ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E,
aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos
números, da longa duração.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A
ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos
do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para
ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema
e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os
olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir
passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um
ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada,
a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não
há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se
de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde
de si mesma.
(www.culturagenial.com)

MARINA COLASANTI

Marina Colasanti (Asmara, Eritreia, África Oriental, 1937). Escritora, jornalista, artista plástica e tradutora.
Uma das grandes autoras femininas da literatura brasileira, destaca-se por suas obras infantojuvenis que
abordam questões universais de uma maneira simples e poética que agrada a todos os públicos. Mulher de
múltiplos talentos, em sua trajetória trabalha como publicitária, edita e apresenta programas culturais na TV e
também traduz grandes autores da literatura universal.
(www.enciclopedia.itaucultural.org.br)

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INTERPRETAÇÃO E VOCABULÁRIO

A crônica discute sobre:


Mediocridade da existência moderna
Trivialização dos conflitos humanos
Normalizar o sofrimento de outrem
Banalização da vida
Invisibilização social
Comercialização das relações humanas
Falta de protagonismo, de insurgência, de revolta, de manifestação
Sociedade de consumo
Efemeridade
Injustiças sociais
Apatia/omissão/prostração/esterilidade

Na crônica, a rotina faz o indivíduo:


- acostumar –se; adaptar-se; habituar-se; acomodar-se; conformar-se.

Ao produzir a crônica, Marina Colasanti:


- dialoga; versa; discorre; escreve; reflete.

Crítica às instituições sociais na argumentação

Ao Estado
Conceito de “Instituições Zumbi” de Ulrich Beck
As ‘categorias zumbi’ e ‘instituições zumbi’ estão destituídas de plena autoridade frente aos desafios dos novos
tempos. Essas instituições, que podemos chamar de família, escola e sociedade, estão ‘mortas e ainda vivas’. E por que
ainda estão vivas? Porque há quem acredite que devemos sustentar, renovar e (re)organizar tais instituições como as
células mais importantes para a edificação e educação de uma nova sociedade.
(Disponível em: www.periodicos.ufn.edu.br)

À família

Conceito de família para Talcott Parsons


Talcott Parsons foi um dos principais sociólogos estadunidenses do século XX. Parsons atuou por 46 anos como
docente e pesquisador na Universidade de Harvard. Principal conceito: estabilização da personalidade do adulto – é a
família que consegue estabilizar a personalidade.
A família é considerada uma “fábrica de produção de personalidade humana”.
(Disponível em: www.pucsp.br)

À sociedade

Livro “Cegueira moral” de Zygmunt Bauman


Na obra, o autor diz que a sociedade atual tem como fim último o próprio eu. A indiferença para com o seu
semelhante é algo extremamente presente na atualidade.
“O mal não está confinado às guerras ou às ideologias totalitárias. Hoje ele se revela com mais frequência quando
deixamos de reagir ao sofrimento de outra pessoa, quando nos recusamos a compreender os outros, quando somos
insensíveis e evitamos o olhar ético silencioso".
(Disponível em: www.fuvest.br)

Às empresas/ao mercado
Conceito de “Psicopolítica” do filósofo sul-coreano Byung-Chul Han
Para o filósofo, o capitalismo se reinventa a todo o momento, permeado por novas técnicas de poder,
elaboração de novos dispositivos de vida e morte, conduzido pelos parâmetros de liberdade de mercado, de
consumo, enfim, expande o método de aprisionamento político e psicológico, se tornando atraente e amável.
(Disponível em: www.uffs.br)

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EXERCÍCIO
Mecanismos linguísticos:
Segundo/Conforme/Como afirma/Consoante/ Em conformidade com/De acordo com/Com base

Exemplo:
Em conformidade com o postulado de Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, “...”.

O autor:
- dialoga; versa; discorre; escreve; reflete.

Para fazer referência à citação (sinônimos):


Reflexão, observação, ideia, opinião, ponto de vista, parecer, perspectiva, frase, pensamento, consideração, ideologia, doutrina, filosofia.

PARA A PANDEMIA:

Conceito de “Espaço em crise” de Michèle Petit


Hoje, é possível dizer que o mundo inteiro é um “espaço em crise”. Uma crise se estabelece de
fato quando transformações de caráter brutal - mesmo se preparadas há tempos -, ou ainda uma
violência permanente e generalizada, tornam extensamente inoperantes os modos de regulamentação,
social e psíquicos, que até então estavam sendo praticados.
Locais afetados por confrontos armados, catástrofes naturais, pobreza, migrações forçadas ou
cenário pandêmico.
Antropóloga francesa

O mito de Sísifo

Exemplo no texto:
Na mitologia grega, Sísifo foi condenado por Zeus a rolar uma enorme pedra morro acima
eternamente. Todos os dias, Sísifo atingia o topo do rochedo, contudo era vencido pela exaustão,
assim a pedra retornava à base. Hodiernamente, esse mito assemelha-se à luta cotidiana dos deficientes
auditivos brasileiros, os quais buscam ultrapassar as barreiras as quais os separam do direito à educação.
Nesse contexto, não há dúvidas de que a formação educacional de surdos é um desafio no Brasil o qual
ocorre, infelizmente, devido não só à negligência governamental, mas também ao preconceito da sociedade.
(Thaís Fonseca Lopes de Oliveira/Enem 2017 – Mato Grosso)

O voo de Ícaro

Exemplo no texto:
Sendo assim, pode-se estabelecer uma analogia entre o universo conectado no qual a
humanidade está inserida e a história de Ícaro, da Mitologia Clássica. No mito, o rapaz é
presenteado com asas, mas voa tão alto, tão perto do sol, que estas derretem-se por
serem de cera. Assim é a humanidade hoje, que dispõe de uma intensificação no fluxo de
capitais, de pessoas e de informação, mas não se vê capaz de aproveitá-la com eficiência, ou
seja, falta-nos a sensatez que faltou em Ícaro e não lhe permitiu respeitar os limites de seu
novo estilo de vida.
(Ingrid de Abreu Woigt. PUC – Campinas)

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(UERJ 2021)

7
(UERJ 2020)
REPERTÓRIOS REGIONAIS
MAD MARIA – MÁRCIO SOUZA
Márcio Souza tem recontado a história do Brasil de forma admirável ao longo de sua carreira. Neste livro, ele
relata a construção da ferrovia Madeira-Mamoré, entre 1907 e 1912. Na época os investidores tinham o objetivo de
construir uma estrada que pudesse competir com o Canal do Panamá. A ferrovia integraria uma região rica em látex
na Bolívia com a Amazônia, mas no caminho, encontraria obstáculos descomunais: 19 cataratas, 227 milhas de
pântanos e desfiladeiros, centenas de cobras e escorpiões, árvores gigantescas e milhões de mosquitos
transmissores de malária. Antes de terminadas as obras, 3,6 mil homens estavam mortos, 30 mil hospitalizados e
uma fortuna em dólares desperdiçada na selva. Ao escolher os episódios mais macabros e inacreditáveis dos
registros históricos dos cinco anos da construção da ferrovia e concentrando-os em três meses de pesadelo, Márcio
Souza força o leitor - neste momento já quase um personagem emaranhado na vegetação - a confrontar o inferno.
Márcio Souza nasceu em Manaus em 1946. Formado em Ciências Sociais pela USP, começou a vida profissional no
cinema, como crítico, roteirista e diretor.
(http://www.record.com.br/livro_sinopse.asp?id_livro=23468)

CHOVE NOS CAMPOS DE CACHOEIRA – DALCÍDIO JURANDIR


Eutanázio pensava que doença do mundo ele tinha era na alma. Vinha sofrendo desde menino. Desde
menino? Quem sabe se sua mãe não botou ele no mundo como se bota um excremento? Sim, um excremento. Teve
uma certa pena pensar assim sobre sua mãe. [...] Ele salto de dentro dela como um excremento. Nunca dissera isso
a ninguém. Depois, a sua própria mãe contava que o parto tinha sido horrível. Os nove meses dolorosos. Sim, um
excremento de nove meses. A gravidez fora uma prisão de ventre.
(JURANDIR, 1991. P. 5)
Dalcídio Jurandir
Em 10 de janeiro de 1909, na Vila de Ponta de Pedras (Ilha do Marajó, PA), nasceu Dalcídio Ramos Pereira, que viria
a se consagrar no campo literário como Dalcídio Jurandir. Tornou-se o autor do conjunto de obras consagradas pelo
Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, em 1972.
O Ciclo do Extremo-Norte reúne dez de seus onze romances: Chove nos Campos de Cachoeira (1941),
Marajó (1947) Três Casas e um Rio (1958), Belém do Grão Pará (1960), Passagem dos Inocentes (1967), Primeira
Manhã (1967), Ponte do Galo (1971), Os Habitantes (1976), Chão dos Lobos (1976) e Ribanceira (1978).

Paranatinga - Paulo André e Ruy Barata


Antes que matem os rios,
e as matas por onde andei,
antes que cubram de lixo,
o lixo da nossa lei,
deixa que cante contigo,
debruçado em peito amigo,
as coisas que tanto amei,
as coisas que tanto amei.
Antes que matem a lembrança
dos muitos chãos que pisei,
antes que o fogo devore
o meu cajado de rei,
deixa que eu cante afinal,
na minha língua geral,

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as coisas que tanto amei,
as coisas que tanto amei.
Araguary, Anapu, Anauerá,
Canaticu, Maruim, Bararoá,
Tajupará, Tauari, Tupinambá.
Surubiu, Surubim, Surucuá,
Jambuaçu, Jacamim, Jacarandá.
Marimari, Maicuru, Marariá.
Xarapucu, caeté, Curimatá,
Anajibu, Cunhantã, Pracajurá.
As coisas que tanto amei,
as coisas que tanto amei.
(Gravado por Paulo André Barata em disco Continental e por Lucinha Bastos em disco promocional da Engeplan, além de trilha musical de filme)

Olhando Belém – Nilson Chaves


O sol da manhã rasga o céu da Amazônia
eu olho Belém da janela do hotel
as aves que passam fazendo uma zona
mostrando pra mim que a Amazônia sou eu

Que tudo é muito lindo


É branco é negro é índio

No rio tietê mora a minha verdade


Sou caipira, sede urbana dos matos
Um caipora que nasceu na cidade
Um curupira de gravata e sapato

Sem nome sem dinheiro


sou mais um brasileiro

Olhando Belém enquanto uma canoa desce o rio


E um curumim assiste da canoa
Um boeing riscando o vazio
Eu posso acreditar que ainda dá pra gente viver numa boa
Os rios da minha aldeia são maiores que os de Fernando Pessoa

Molhando meus olhos de verde floresta


Sentindo na pele o que diz o poeta
Eu olho o futuro e pergunto pra insônia
Será que o Brasil nunca viu Amazônia?

Eu vou dormir com isso


Será que é tão difícil

ELEMENTOS COESIVOS

Tópico frasal: Fundamentação: Repertório Sociocultural: Análise:

2º ARGUMENTO (aditivos): Início de período: Consoante a esse cenário, Nesse contexto,


Por causa de Em conformidade com esse Desse modo,
Além disso, Em virtude de panorama, Dessa maneira,
Aliado a isso, Em decorrência de Em face disso, Dessa forma,
Paralelo a isso, Em razão de Nesse sentido, Logo,
Em uma segunda análise, Em função de Diante disso, Portanto,
2º ARGUMENTO (adversativos):
Isso ocorre em razão de...
Em contrapartida, Esse fenômeno acontece devido a... Esclarecimento:
Por outro lado, Tal fator advém..
Entretanto, Essa nuance é advinda... Isto é
Em outras palavras
2º ARGUMENTO (consecutivos): Início de orações (após a vírgula): A saber
Porque – Porquanto – Pois - Já que - Uma vez Ou seja
Por conseguinte, que - Visto que - De tal forma que - Dado que -
Como resultado, Haja vista que
Com efeito,

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