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AULA 3

ARTETEAPIA APLICADA À EDUCAÇAO E ARTE-EDUCAÇÃO

2. HISTÓRIA DA ARTE

-“[...] aparecimento do homem (entenda-se: da humanidade) está diretamente associado o


aparecimento das formas simbólicas, isto é, da religião, da língua e da arte. A história de cada
uma dessas formas simbólicas, sobretudo a história da arte, consiste em um conjunto de
depoimentos sobre a própria origem e evolução do ser humano uma coisa não se dissocia da
outra”. (p.4);

O capítulo traz um breve histórico a arte na história a humanidade. Da pintura rupestre às


vanguardas artísticas assim como a arte moderna em geral.

3. ARTETERAPIA, UM NOVO CAMINHO

-“De acordo com a Associação Americana de Arteterapia, é um serviço profissional que utiliza a
arte na comunicação, imagens, num processo artístico/criativo com respostas do
paciente/cliente dentro de uma produção, que o levará a reflexão sobre o seu
desenvolvimento individual, habilidade, personalidade, interesse, preocupação e conflitos.”
(p.6)

-“[...]A prática da Arteterapia é baseada no conhecimento do desenvolvimento humano e nas


teorias psicológicas, que estarão implementadas em todo o modelo de avaliação e tratamento,
incluindo educacional, psicodinâmico, cognitivo, transpessoal e outro processo terapêutico
que signifique a harmonização dos conflitos emocionais, soluções de problemas, redução da
ansiedade, adicionando orientação para a realidade e a elevação da autoestima”. [...] (p.6);

- “[...] Aqui no Brasil, como ainda é um caminho muito novo, duas correntes se sobressaem,
uma no Rio de Janeiro e a outra em São Paulo, a primeira voltada para a psicologia junguiana e
a segunda com uma visão para a Gestalt Terapia”. (p.6);

-“[...] Ângela Philippini (1998, p.5), existem inúmeras possibilidades de conceituar Arteterapia.
Uma delas é considerá-la como um processo terapêutico decorrente da utilização de
modalidades expressivas diversas, que servem à materialização de símbolos. Estas criações
simbólicas expressam e representam níveis profundos e inconscientes da psique, configurando
um documentário que permite o confronto, no nível da consciência, destas informações,
propiciando insights e posterior transformação e expansão da estrutura psíquica”. (p.6);

4. OS SÍMBOLOS

- “A Arte é inerente ao ser humano, desde os seus primórdios, o homem sempre teve
necessidade de se expressar através da Arte. De caráter mágico ou não, as paredes de Lascaux
até a Serra da Capivara (Brasil), os nossos antepassados representaram através dos desenhos o
seu mundo exterior” (p.7);

-“[...] Como definiu o filósofo alemão Ernst Cassirer (1874 – 1945), o homem é um animal
simbólico. Somos seres simbólicos, criamos símbolos, ordenando e interpretando o mundo por
meio de sistemas de representação; isto é, sistemas simbólicos, linguagens. Através desta
linguagem, que pode ser verbal ou não verbal, nós nos comunicamos, interagimos com o
mundo a nossa volta, interpretarmos as realidades desse mundo”. (p.7);
-“[...] Para Vygotsky a formação acontece numa relação dialética entre o sujeito e a sociedade.
E, para Maturana e Varela (2001, p. 11), pode-se dizer que construímos o mundo e, ao mesmo
tempo somos construídos por ele”. (p.7);

-“[...] Segundo Liomar Andrade (2000, p.29), o cérebro executará constantemente um


processo de ideação através do princípio de simbolização. É o ponto de partida de toda a vida
intelectual, seja o pensar, o raciocinar, o fantasiar, o entender, o sonho, o devaneio, a fantasia.
Cada um de nós, é o resultado desta interação ou leitura deste mundo, desta realidade, que
chega até nós. Nós a interpretamos e nós construímos como sujeito”. (p.7-8);

5. ARTETERAPIA E SUA HISTÓRIA

-“A Arte não pode mudar o mundo, mas pode contribuir para a mudança da consciência de
homens e mulheres, que poderiam mudar o mundo. (Herbert Marcuse)”. (p.8);

-“O primeiro relato da utilização da Arte junto à terapia vem do século XIX, com o médico
psiquiatra Max Simon (1876), que publicou pesquisa sobre as manifestações artísticas de
doentes mentais; como também em 1888, o advogado criminalista, Lombroso, que fez análises
psicopatológicas dos desenhos de doentes mentais para classificar as doenças”. (p.9);

-“[...] Já no século XX, Freud, estudou os artistas e suas obras e observou que o inconsciente se
manifestava por meio de imagens e que elas escapavam da censura da mente com mais
facilidade que as palavras. Muitos de seus pacientes, quando relatando seus sonhos ou
fantasias, sentiam dificuldades de traduzirem essas experiências do inconsciente para uma
comunicação verbal e pediam para desenhá-las”. (p.9);

- “Jung, na década de 20, começou a utilizar a arte como parte do tratamento, pedindo a seus
pacientes que desenhassem imagens, sonhos e situações conflituosas. Configurou a Psicologia
Analítica. Para ele a criatividade é uma função psíquica e pode ser usada como componente de
cura - Arte é a expressão mais pura que há para a demonstração do inconsciente de cada um. É
a liberdade de expressão, é sensibilidade, criatividade, é vida. (Jung,1920)”. (p.9);

-“[...] Já no Brasil, 1923, Osório Cesar, como estudante do Hospital do Juquerí, criou a Escola
Livre de Artes Plásticas do Juquerí. Acreditava que o fazer arte já propiciava a cura, porque o
paciente destrói, cria e recria o mundo exterior nas suas representações mentais”. (p.9);

-“Com as transformações culturais surgem as Terapias Expressivas e Arteterapias.


Ultrapassando os estudos psiquiátricos, são aplicadas como método terapêutico em
consultórios, instituições, individualmente ou em grupo, crianças, adultos e outros. A
expressividade ou a arte passa a ser um instrumento técnico e conceitual”. (p.9);

-“[...] Então em 1941, Margareth Naumburg, sistematiza a Arteterapia. No Brasil, em 1946,


Nise da Silveira, criou a sessão de Terapia Ocupacional, um Atelier de Pintura, no Centro
Psiquiátrico D.Pedro II, hoje conhecido como Instituto Municipal Nise da Silveira. E em 1952,
inaugura o Museu do Inconsciente, com 350 mil trabalhos. E em 1977, também no Brasil, surge
a proposta de terapia através da Dança, com Norberto Silva”. (p.9);

-“[...] em 1996, no Rio de Janeiro, surge o Primeiro Curso de Pós-Graduação em Arteterapia. E


finalmente em 1999, foi criada a Associação de Arteterapia do Rio de Janeiro”. (p.9-10);

6. ARTETERAPIA – O PROCESSO
-“A Arte abre os armários, o ar sai do porão e do sótão. Ela traz a cura. (Julian Cameron do seu
livro The Art)”.

-“[...] O processo individual arteterapêutico, consiste na criação de obras artísticas, sem a


preocupação estética e sim expressão de sentimentos. Esta catarse faz com que o indivíduo se
reorganize internamente”. (p.10);

- “[...] O arteterapeuta deverá observar todo o processo de construção do trabalho, como


também seu conteúdo. Para trabalhos em grupos, ou intervalos curtos como workshops, é
sugerido por Ângela Philippini (1998, p.7), utilizar como continentes simbólicos temas ligados à
exploração, expansão e transformação do processo criativo. São reflexões como: Quem sou
eu? Do que necessito? E outras questões existenciais”. (p.10);

- “[...] Mas para Janie Rhyne, com uma visão Gestáltica, sugere uma proposta tanto individual
como grupal, o desenho de fantasias, sonhos, o sentir, pensar, atuar e expressar, que seriam
veículos para a tomada da consciência. (ANDRADE, 2000, p.129)”. (p.10);

7. ARTE EDUCAÇÃO - O INÍCIO

-“A Semana de Arte Moderna (1922), lançou uma semente nas Artes, como também na
educação, porque através dela surgem as ideias de originalidade, imaginação criadora,
comunicação, expressão, e a predominância do psicológico sobre o lógico”. (p.11)

-“[...] Neste período acontece, também, o Movimento Escolanovista, que com sua influência,
inclui a Arte como livre expressão na Escola Primária. Década de 40, fim da II Guerra, início da
Guerra Fria, todos os olhares se voltam para o ser humano”. (p.11);

-“[...] Influenciados tanto por questões culturais quanto por outros exemplos do emprego da
Arte por educadores e psiquiatras, como a Dr. Nise da Silveira, surge no Rio de Janeiro em
1948, a Escolinha de Arte do Brasil (EAB). Fundada por artistas e educadores, como Augusto
Rodrigues, Lucia Valentim, Margaret Spence e Noemia Valera, entre outros, que tiveram como
seu expoente o crítico de Arte e poeta inglês Herbert Read”. (p.11);

-“[...] Herbert Read, baseava-se nas concepções de Platão, Tolstoy, Jung, entre outros. Para
ele, A Arte é o nome que damos a única atividade humana que pode estabelecer uma ordem
universal em tudo que fazemos e produzimos em pensamento e em imaginação. Educação
pela Arte é educação para a paz. (MAGALHÂES, 1988, p.9)”. (p.11-12);

-“[...] Na EAB, segundo a professora Noemia Varela, não havia a preocupação da educação
artística em si, mas através da arte pela arte, vista como básica no processo educativo, havia o
sonho de educar para a liberdade, incentivar e preservar no homem o seu ser poético,
tornando sua personalidade rica em valores e capaz de uma integração numa sociedade livre.
(MAGALHÂES, 1998, p.10)”. (p.12);

-“Primeiramente atendendo crianças e mais tarde adultos, torna-se rapidamente um centro de


treinamento de professores de Arte, influenciando especialmente dois educadores Anísio
Teixeira e Helena Antipoff, psicóloga russa que se dedicou a Educação Especial”. (p.12);

-“[...] Nas Escolas Regulares este movimento irá crescer até que finalmente, com aprovação do
Governo, a Arte Educação é reconhecida pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação
(4.024/1961) e mais adiante, torna-se obrigatória como Educação Artística, para o ensino no 1º
grau e alguns cursos do 2º grau, na Lei 5692/71”. (p.12);
-“[...] No final da década de 80 e meados de 90, começa-se a pensar a Educação Artística não
só como expressão, mas também a sua conceituação como Cultura. A Arte é cognição e,
portanto, deve ser aprendida”. (p.12);

-“. Segundo BARBOSA (1991, p.127), o desenvolvimento da criatividade deixou de ser objetivo,
por ser natureza implícita da produção e compreensão artísticas”. (p.12);

-“[...] Pela Arte - Educação, não se pretende formar artistas e sim cidadãos que possam ser
fruidores, conhecedores e decodificadores da obra de arte, que sejam capazes de decodificar a
Gramática Visual, através da leitura e análise crítica das imagens”. (p.12);

-“Então o ensino da arte fica estruturado em três campos conceituais: criação/ produção,
percepção/análise, conhecimento e contextualização conceitual-histórico cultural da produção
artístico-estética da humanidade” (MARTINS, 1998, p.46). (p.12);

8. A ARTE EDUCAÇÃO NA EDUCAÇÃO ESPECIAL

-“A Escolinha de Arte do Brasil (EAB), também abriu as suas portas para os alunos com
necessidades especiais. A convivência com Ulisses Pernambuco (médico psiquiatra,
reformulador das diretrizes no campo da Psiquiatria Social, valorizou a Arte no processo de
recuperação de doentes mentais), Helena Antipoff (se dedicou a Educação Especial e
incentivou o intercâmbio da EAB com a Sociedade Pestalozzi do Brasil - RJ e o Complexo
Educacional - MG), e colaboradores como a Dr. Nise da Silveira, ajudaram a encontrar suas
diretrizes nessa área, junto com a experiência na Educação Especial da professora Noemia
Varela”. (p.13);

-“A arte como forma de expressão e de comunicação é também muito importante para a
educação da criança surda, constituindo-se num recurso maravilhoso para transmitir os
sentimentos e as emoções; ela pode traduzir muitas vezes o que nem sempre a linguagem
pode fazer. (MAGALHÃES, 1998, p.19)”. (p.13);

-“Também no Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), como única instituição oficial
para a educação de surdos no RJ e no Brasil, cria em 1953, o Curso de Artes Plásticas para os
alunos, com duração de três anos”. (p.13);

9. ARTE EDUCAÇÃO + ARTETERAPIA

“[...] A Arteterapia é uma prática terapêutica e que trabalha com vários saberes, como
educação, saúde, arte e ciência buscando resgatar a dimensão integral do ser humano”. (p.14);

-“Já a arte educação, tem como objetivo a aprendizagem da arte, e o desenvolvimento global
do aluno, emocional e cognitivo, num contexto cultural”. (p.14);

-“Segundo Urrutigaray (2003, p.38), a prática da Arteterapia não se restringe a função


puramente clínica ou psicoterápica. A área educacional, por exemplo, é um grande campo para
sua aplicação. E ainda continua aconselhando os educadores a incentivarem seus alunos a
expressarem as suas emoções, assumindo um papel de agente atuante na formação de suas
personalidades”. (p.14);

-“[...] Através da Arteterapia, o educador encontrará meios para minimizar problemas de


aprendizagem, como também aproveitando o conhecimento da plasticidade dos materiais,
suas técnicas e vivências, empregá-los como possibilidades estruturantes, propiciando
experiências libertadoras para o aluno, em um processo de autorregulação para um
autoconhecimento de si mesmo, delegando ao educador uma dimensão que transcende a
passagem de informação, para direcionar o indivíduo para a vida. (URRUTIGARAY, 2003, p.
39)”, (p.14-15);

10. ARTE-EDUCAÇÃO, NUMA VISÃO TERAPÊUTICA

“Relembrando, a Arteterapia é uma profissão muito recente no Brasil (...) Porém na Educação
Especial, antes da década de 80 já podemos encontrar traços da Arteterapia, na tentativa de
conhecer e resgatar o aluno surdo através das técnicas expressivas, seus materiais e
vivências.” (p.15);

11.A FORMAÇÃO DA ARTE E O CONHECIMENTO ARTÍSTICO

- “A trajetória profissional do educador em arte, enquanto ensino formal vem desde a chegada
de uma equipe de artistas vinda da Europa, chamada Missão Artística Francesa que chegou em
1816. Com a chegada desses artistas surgiram as primeiras escolas de Belas-Artes. Na época se
trabalhava o desenho e a cópia de modelos. A Arte no ensino tradicional era de forma
fragmentada, com nenhuma relação entre a prática e a teoria e que valorizava somente a
técnica”. (p.16);

- “Nas décadas de 50/60 o professor estimulava a livre expressão, uma tendência escolanovista
que deixa de ser uma mera cópia e passa a prática espontâneísta sem compromisso com
conhecimento científico”. (p.16);

- “[...] Em 1971, com a Lei nº 5.692/71, ficou determinado que a disciplina de Educação
Artística abordasse conteúdos de música, teatro, dança e artes plásticas, nos cursos de 1° e 2°
graus, onde a figura do professor único deveria dominar todas essas linguagens de forma
competente”. (p.16)

- “[...] Na escola, eles trabalhavam na concepção tecnicista, onde a arte era centrada nas
técnicas e habilidades, de modo que o aluno deveria ter domínio de vários materiais, os quais
seriam utilizados na sua expressão artística, que era de forma espontânea, sem compromisso
com o conhecimento de linguagens artísticas”. (p.16);

“[...] Com a proposta e criação dos Parâmetros Curriculares Nacionais, a partir da LDB Arte se
fortalece na escola e a torna obrigatória em vários níveis da educação básica: O ensino da arte
constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de
forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos. (NISKIER, 1998, p.83)”. (p.17)

Sobre os conteúdos de Arte nos PCN’S

- “[...] estão norteados por três eixos: produzir, apreciar e contextualizar. Através do produzir o
aluno se expressa, experimentando todas as linguagens artísticas. Apreciando, entra em
contato com a produção histórica e social da Arte, analisando sua própria produção e dos
colegas. De maneira que: O estudo, a análise e a apreciação da arte podem contribuir tanto
para o processo pessoal de criação dos alunos como também para sua experiência estética e
conhecimento significado que ela desempenha nas culturas humanas. (PCNs, 5ª a 8ª série, p.
49)”.
- “cabe ao professor de Arte ter um mínimo de experiências: Prático-teórica, interpretando,
criando e apreciando arte, para desenvolver uma reflexão pedagógica específica para o ensino
das linguagens artísticas. (PCNs, 5ª a 8ª série, p.30)” (p.17);

-“Em relação aos professores, os PCNs do EM referem-se aos profissionais que precisam
aperfeiçoar-se de forma contínua para estar a serviço das escolas ou centros culturais. Onde:
Por causa do direito dos alunos ao exercício e prática de sua sensibilidade de se expressar em
arte e como cidadão, espera-se que seus professores de arte também possam se aperfeiçoar
nesse mesmo exercício, incluindo suas competências profissionais (PCN do EM, p.180)”. (p.17);

- “Para Ernest Fischer (2002 p.57) A arte capacita o homem para compreender a realidade e o
ajuda não só suportá-la, como transformá-la aumentando-lhe a determinação de torná-la mais
humana e mais hospitaleira para a humanidade”. (p18);

- “Precisamos de um ensino de arte por meio do quais as diferenças culturais sejam vistas
como recursos que permitam ao indivíduo desenvolver seu próprio potencial humano e
criativo, diminuindo o distanciamento existente entre a arte e a vida”. (p.18);

12.CONHECIMENTO ARTÍSTICO

- “[...] A arte, no entanto, não reflete uma forma de conhecimento que se encerra em si, pois a
partir dela é possível alcançar novas formas de experiência humana.” (p.19);

-“[...] Edgar Morin a acredita que a arte é um elemento essencial para analisar a condição
humana. No livro A cabeça bem-feita, ele diz que os romances e os filmes põem à mostra as
relações do ser humano com o outro, com a sociedade e o mundo: O romance do século XIX e
o cinema do século XX transportam-nos para dentro da História e pelos continentes, para
dentro das guerras e da paz”. (p.20)

-“[...] E o milagre de um grande romance, como de um grande filme, é revelar a universalidade


da condição humana. Assim, em toda grande obra, seja de literatura, poesia, cinema, música,
pintura ou escultura, há um profundo pensamento sobre a condição humana. Entretanto, essa
maneira de ter contato com o mundo representado pela arte foi marginalizada durante
décadas”. (p.20);

-“A aceitação da arte como conhecimento implica a necessidade de compreender como essa
manifestação se desenvolve. Sabe - se que existe um lado racional na produção artística, mas
também existe um componente não racional e, portanto, difícil de ser verbalizado. Uma das
obras mais relevantes para a compreensão desse processo é o livro Desenhando com o lado
direito do cérebro, de Betty Edwards. Baseando-se em pesquisas científicas sobre a
constituição do cérebro, ela percebeu que, geralmente, o hemisfério esquerdo é dominante na
maioria das pessoas, o que dificulta a livre expressão da criatividade, já que o lado esquerdo é
racional, lógico e analítico, enquanto o lado direito é intuitivo e criador”. (p.20);

- “O conhecimento artístico tem como características centrais a criação e o trabalho criador. A


arte é criação, qualidade distintiva fundamental da dimensão artística, pois criar é fazer algo
inédito, novo e singular, que expressa o sujeito criador e simultaneamente, transcende-o, pois,
o objeto criado é portador de conteúdo social e histórico e como objeto concreto é uma nova
realidade social (PEIXOTO, 2003, p. 39)”. (p.20);

- “[...] Esta característica da arte ser criação é um elemento fundamental para a educação, pois
a escola é a um só tempo, o espaço do conhecimento historicamente produzido pelo homem e
espaço de construção de novos conhecimentos, no qual é imprescindível o processo de
criação. Assim, o desenvolvimento da capacidade criativa dos alunos, inerente à dimensão
artística, tem uma direta relação com a produção do conhecimento nas diversas disciplinas”.
(p.20);

-“[...] A Arte concentra, em sua especificidade, conhecimentos de diversos campos,


possibilitando um diálogo entre as disciplinas escolares e ações que favoreçam uma unidade
no trabalho pedagógico. Por isso, essa dimensão do conhecimento deve ser entendida para
além da disciplina de Arte, bem como as dimensões filosófica e científica não se referem
exclusivamente à disciplina de Filosofia e às disciplinas científicas”. (p.20-21);

- “[...] Considera-se arte o resultado do trabalho humano, cultural e historicamente produzido.


Pela Arte, o ser humano se torna A consciência da existência individual e coletiva do ser
humano se dá pela arte. O conhecimento específico das diversas áreas artísticas é importante
no ensino da arte na escola, ampliando o horizonte perceptivo do raciocínio, da sensibilidade,
do senso crítico, da criatividade, modificando as relações que os indivíduos estabelecem na
sociedade. (p.21)

- “[...] Reconhece-se que os avanços recentes podem levar a uma transformação no ensino de
arte. Entretanto, ainda são necessárias reflexões e ações que permitam a compreensão da arte
como campo do conhecimento, de modo que não seja reduzida a um meio de comunicação
para destacar dons inatos ou a prática de entretenimento e terapia. Assim, o ensino de arte
deixará de ser coadjuvante no sistema educacional para se ocupar também do
desenvolvimento do sujeito frente a uma sociedade construída historicamente e em constante
transformação”. (p.21)

- “O Objetivo do ensino em Arte é o desenvolvimento integral do indivíduo: intelectual,


cultural, emocional, social, perceptivo, físico, estético e criador. Compreender, reconhecer,
dominar e aplicar os elementos formais que integram as linguagens artísticas das Artes Visuais,
Música, Dança e Teatro; Desenvolver e ampliar a percepção do mundo circundante; Conhecer
e contextualizar os conhecimentos culturais dos períodos artísticos estilísticos estudados;
Desenvolver a consciência de patrimônio cultural (material e imaterial); Desenvolver a
capacidade expressiva, individual e coletiva; Reconhecer que as produções culturais (materiais
e imateriais) são frutos das relações sociais e formas de pensamento em um dado
tempo/espaço; Reconhecer-se como ser produtor de cultura material e imaterial; Relacionar
os conhecimentos relativos às diferentes linguagens artísticas, estabelecendo-as como área de
conhecimentos decorrente de processos históricos e tecnológicos e, selecionar, organizar,
interpretar e interagir com informações representadas de diferentes formas para tomar
decisões, construir argumentações consistentes, respeitando a diversidade cultural; Analisar e
compreender as significações (signos) verbais e não verbais, materiais e imateriais que
integram as diferentes realidades culturais; Desenvolver a percepção visual e estética sensível
do meio, para promoção e melhoria do mesmo, seja no aspecto físico ou sociocultural.
Valorizar a identidade e a cultura afro-brasileira, africana e indígena e a contribuição desses
povos na formação artística brasileira”. (p.21-22);

13.TEORIAS DA ARTE

13.1 Representacionalismo – a função arte é a de representar alguma coisa.


-“O representacionalismo é a mais antiga concepção sobre a natureza da arte, sugerindo que a
sua função é a de representar alguma coisa. Platão e Aristóteles concebiam a arte como
imitação ou mimese, ou seja, uma representação naturalista da realidade”. (p.23);

- “[...] . Assim, a pintura imita a natureza, o drama imita a ação humana. Essa concepção já era
problemática na antiguidade. A música instrumental, por exemplo, não parece imitar coisa
alguma. E a pintura moderna tornou essa concepção ainda menos plausível. Um quadro que
intenta copiar a realidade é chamado pejorativamente de. Trompe D'oeil e geralmente visto
como alguma coisa sem valor estético. Esse juízo não pode ser generalizado”. (p.23);

Segunda versão do reperesentacionismo - representação puramente convencional ou


simbólica

-“Uma segunda versão de representativíssimo é a teoria representacional propriamente dita. A


obra de arte não precisa ser uma cópia ou imitação da realidade, ou seja, uma representação
naturalista. Ela pode ser uma representação puramente convencional ou simbólica. Assim, um
quadro cubista, embora pareça muito pouco com aquilo que representa, não deixa por isso de
ser considerado uma obra de arte. Essa versão do representativíssimo é, mesmo assim,
insuficiente”. (p.23);

Neorepresenacionismo - significado semântico

“A terceira versão do representativíssimo é o que já foi chamado de neorepresentacionalismo.


Nessa versão não é mais exigido que a obra de arte represente nada, mas que seja sobre algo,
que possua um tema, um assunto, um significado, que nos diga algo de alguma coisa. Mais
tecnicamente: uma obra de arte precisa ter algum conteúdo semântico”. (p.23);

-“[...] Com efeito, toda obra de arte admite ser interpretada, e se ela admite ser interpretada é
porque ela nos diz algo, e se ela nos diz algo é porque possui algum conteúdo semântico. Esse
conteúdo semântico não costuma ser convencionalmente estabelecido, o que o torna aberto,
polissêmico. Mesmo uma obra de arte que pretenda ser sem significado algum
paradoxalmente acaba por tematizar algo, qual seja, a sua ausência de significado; ela significa
a ausência de significado”. (p.23-24);

- “Pode ser que a teoria neo-representacional da arte seja aplicável a toda e qualquer
manifestação artística. Mesmo assim, ela é bastante pobre como meio de esclarecer o que é
arte, pois o que ela oferece é apenas uma condição necessária e não uma condição suficiente
para a identificação da obra de arte, posto que muita coisa que possui conteúdo semântico
não é arte”. (p.24)

13.2 Formalismo – o que caracteriza a obra de arte é a sua forma e não o seu caráter
representativo.

- “Segundo as teorias formalistas, o que caracteriza a obra de arte é a sua forma e não o seu
caráter representativo. Um paradigma do formalismo é a teoria proposta por Clive Bell em
1914 com o objetivo de defender o neoimpressionismo de pintores como Paul Cézanne6. Para
Bell o que caracteriza as artes plásticas e talvez a música é a presença da forma significante”.
(p.25);

- [...] O conceito de forma significante é simples, não podendo ser definido. Mas na pintura ele
resulta da combinação de formas, linhas e cores. Considere, por exemplo, a Composição em
Vermelho, Amarelo e Azul de Mondrian. O que faz a singularidade dessa pintura é a
inesperada harmonia entre as cores puras, as formas e dimensões de seus retângulos, o que
deve constituir uma forma significante. Característico da forma significante é que ela produz
uma emoção estética em pessoas com sensibilidade para a arte”. (p.25);

- “A teoria da forma significante foi útil como defesa da pintura abstrata ou semiabstrata
surgida desde o final do século XIX. Mas ela possui defeitos sérios. Para Bell a representação
e o contexto não possuem relevância. Mas não é difícil encontrarmos exemplos de obras de
arte nas quais o elemento representacional ou o contexto são importantes. Considere os
autorretrato de Rembrandt, ou ainda, o quadro de Géricault, A Jangada do Meduza. A
composição do quadro é importante, mas o que ele representa também”. (p.25)

- “A dificuldade maior com a teoria de Bell consiste, no entanto, em sua falta de conteúdo.
Para a questão O que é forma significante?, a melhor resposta parece ser: aquela que tende
a produzir no auditório um sentimento estético. À pergunta O que é o sentimento estético?,
a resposta parece ser: aquele que é produzido pela forma significante. A teoria beira a
vacuidade e a circularidade”. (p.25)

13.3 Teoria institucional

-“ A teoria institucional da arte surgiu na década de sessenta, tendo sido sustentada por
George Dickie. Essa teoria enfatiza a importância da comunidade de conhecedores de arte na
definição e ampliação dos limites daquilo que pode ser chamado de arte. Dickie define a obra
de arte como um artefato que possui um conjunto de aspectos que lhe conferem o status de
candidato à apreciação das pessoas da instituição do mundo da arte”. (p.26);

-“ [...] Nesse caso a teoria institucional colapsa em outras concepções acerca do que é a arte.
Suponhamos agora que os entendidos em arte decidam o que deve ser considerado obra de
arte arbitrariamente. Ora, nesse caso não fica claro porque devemos dar qualquer importância
à arte. Uma objeção adicional seria a de que a teoria institucional é viciosamente circular.
Obras de arte são definidas como objetos que são aceitos como tais pelas pessoas que
entendem de arte; e as pessoas que entendem de arte são definidas como as que aceitam
certos objetos como sendo obras de arte”. (p.26);

-“ Há duas objeções principais à teoria institucional. A primeira é que ou os entendidos em arte


decidem o que deve ser considerado uma obra de arte com base em razões ou o fazem
arbitrariamente”. (p.26);

-“ [...] Uma objeção adicional seria a de que a teoria institucional é viciosamente circular.
Obras de arte são definidas como objetos que são aceitos como tais pelas pessoas que
entendem de arte; e as pessoas que entendem de arte são definidas como as que aceitam
certos objetos como sendo obras de arte”. (p.26);

-“ Para Collingwood a imaginação e o pensamento são na produção artística no mínimo tão


importantes quanto a expressão de emoções. É pela imaginação que o artista refina e articula
os seus sentimentos, e é também pela imaginação que o auditório interpreta e compreende os
sentimentos expressos na obra de arte”. (p.26);

- “[... Como resultado, a obra de arte é capaz de produzir no auditório e no próprio artista uma
compreensão maior de seus próprios sentimentos, e com isso uma ampliação e regeneração
de seu autoconhecimento e consciência”. (p.26-27);
-“ É nessa ampliação e regeneração da consciência que Collingwood vê a função da arte.
Nossas emoções frequentemente deixam de ser associadas a certas ideias, posto que tais
associações nos desagradam e assustam. O resultado disso é o que Collingwood chama de
corrupção da consciência, a qual pode se estender à toda uma sociedade, fazendo com que ela
entre em decadência. A arte verdadeira, por promover uma compreensão mais autêntica de
nossa vida emocional, serve de medicina contra a corrupção da consciência”. (p.27);

-“[...] A arte é a medicina comunitária para a pior doença de mente, que é a corrupção da
consciência”. (Collingwood apud, p.27);

- “Refletindo essa maneira de ver, Susanne Langer concluiu que a função essencialmente
pedagógica da arte é a de educação do sentimento:

A maioria das pessoas anda tão imbuída da ideia de que o sentimento é uma amorfa excitação,
totalmente orgânica, em homens como em animais, que a ideia de educar o sentimento, de
desenvolver-lhe o raio de ação e a qualidade, se lhes afigura fantástica, se não absurda. De
minha parte creio que constitui realmente o próprio cerne da educação pessoal”. (p.28)

14.INTERFACES ENTRE CONHECIMENTO ARTÍSTICO E OUTRAS FORMAS DE CONHECIMENTO

-“ A arte é a linguagem natural da humanidade e representa um caminho de conhecimento da


realidade humana. Ostreira (1998, apud PEIXOTO, 2007, p. 182). Ainda cita que ela se faz
presente, juntamente com a ciência, desde as primeiras manifestações humanas, pois, ao
percorrermos a história, percebemos que todos somos criadores, tendo esse poder gerador
dentro de nós, pronto para ser acessado e, assim, fecundar nosso tempo segundo as nossas
próprias potencialidades criativas”. (p.29);

-“Tomando-se as palavras de Vygotsky (2003) por representar em nossas reflexões sobre a


arte, uma visão sócia histórica. Sustenta que a atividade criadora é toda realização de algo
novo, tratando-se de reflexos de algum objeto do mundo exterior, de determinadas
construções do cérebro ou dos sentimentos que vivem e se manifestam no próprio ser
humano (2001, p. 7)”. (p.29);

- “Pontes (2009, p. 45) relata que a situação da arte inserida na escola busca tratar que é
necessário atentar para como a criança se aproxima e age em relação ao aspecto estético e
artístico do conhecimento, essas observações ajudarão o professor saber o que e como propor
experiências e situações que façam avançar as percepções e observações das crianças, bem
como seus repertórios de saberes”. (p.29);

-“ Pires et al (2009, p. 561) pontuam ainda que: Ensinar por meio da arte possibilita produzir
experiências de aprendizagem não padronizáveis pela instrumentalidade da razão,
incentivando processos criativos capazes de forjar sujeitos do saber e da liberdade. Tal intento
se manifesta principalmente pela disposição da arte em produzir, em trazer à existência
vivências susceptíveis de ser e de não ser, cujo princípio reside no artista”. (p.29);

-“[...] Entrelaçar arte e educação significa produzir sentidos de aprendizagem que ultrapassem
o mecanicismo da técnica. (PIRES ET AL, 2009, p. 561).”;

-“[...] A criatividade pura, livre das convenções, que era a meta dos artistas modernistas
acabou também por ser a meta para muitos professores progressistas”.(p.30);
15.LINGUAGEM E DISCURSO ARTÍSTICO

-“ Há um modelo neoplatônico que diz que a Arte é uma representação da ideia de Beleza, que
a Ciência é uma representação da ideia da Verdade e que a Política é uma representação da
ideia de Bondade. A mídia transformou a Arte, a Política e a Ciência em discursos e, hoje
dizemos que o Discurso Artístico tem uma ênfase no sujeito (e no Eu); que o Discurso
Científico, no objeto (e no Ele); e o Discurso Político, no intersubjetivo (e no Nós). É claro que a
arte também tem relações discursivas com o verdadeiro e com a ética (assim como a política e
a ciência têm relações discursivas com o belo), mas este modelo neoplatônico, pela sua
simplicidade e abrangência, apresenta um mapa geral precioso para reflexão e crítica”. (p.31)

-“ Quando me refiro à hermenêutica, estou me referindo a um todo um movimento ainda em


curso, que envolve importantes pensadores bastante diferentes (George Dumezil, Michel
Foucault, Mircea Eliade) – que, no entanto, tem em comum a construção sistemas de
interpretação simbólica conjugando as perspectivas arqueológica e histórica; e
desdobramentos atuais específicos bem originais (como Clifford Geertz na antropologia e John
Thompson na sociologia da mídia)”. (p.31);

-“[...] Sabe-se que para a hermenêutica ricoueriana (principalmente na segunda fase, em que
troca o símbolo pela metáfora como unidade de análise dos discursos) a pintura abstrata, a
música instrumental e o cinema (entre outros suportes audiovisuais) não são passíveis de
análise discursiva, porque não se constituem como textos interpretáveis. Para essa
perspectiva, a arte não é (necessariamente) um discurso”. (p.31-32);

16.DOMÍNIOS ESTÉTICOS: JUIZO ARTISTICO

17.RELAÇÃO ENTRE ARTE E NATUREZA: SÃO TRÊS CONCEPÇÕES.

-“ Arte como imitação: arte dependente da natureza. Nesta concepção encontramos a


inspiração do artista altamente atrelada à cópia de algum elemento pertencente à própria
natureza, que é representado em uma pintura ou escultura. Também é conhecida como arte
morta”. (p. 34);

-“ Arte como criação: arte independente da natureza. A originalidade de uma obra se expressa
no próprio sentimento do artista, de modo que este é comparado a Deus como o criador da
sua obra. O artista busca a perfeição não dos traços, mas dos sentimentos expressos. O
Romantismo é um bom exemplo, no qual a criação estética se desvincula da natureza e
representa sistematicamente a liberdade criativa do homem”. (p.34);

-“ Arte como construção: arte condicionada pela natureza. Nesta perspectiva há uma mistura
conceitual entre homem e natureza. O homem cria uma obra artística na qual ele conjuga os
elementos da natureza e os sentimentos do próprio homem. O melhor exemplo desta
perspectiva é, sem dúvida, a arte abstrata”. (p.34);

17.1 Valores

-“ Acabamos, assim, de evidenciar o caráter relacional do valor: os valores são, mas não são
em si; são sempre valores para alguém, pois sem sujeito não haveria valores. Estes resultam da
relação que se estabelece entre determinados objetos e o sujeito. Tal como refere Hessen
(2001, p. 23), valor é sempre valor para alguém. Valor… é a qualidade de uma coisa, que só
pode pertencer-lhe em função de um sujeito dotado de uma certa consciência capaz de a
registar”. (p.35);
-“ Daqui não se segue, contudo, que os valores sejam apenas subjetivos, pois a valoração
advém de um objeto concreto e real, ou somente objetivos, uma vez que a sua apreciação é
feita segundo o interesse do sujeito, facto que denota uma certa ambivalência na
caracterização dos valores por apresentarem, ao mesmo tempo, uma dimensão objetiva e
subjetiva”. (p.35);

-“[...] mas a todos os homens é possível assinalar, ainda, outras particularidades específicas
dos valores, que é a sua natureza complexa e pluridimensional, tais como o facto de serem:

 Ideais, no sentido em que os valores pertencem ao mundo do pensamento que os pensa, à


imagem dos objetos do pensamento lógico e matemático; não no sentido em que são
absolutos ou transcendentais, teologicamente falando, mas no sentido em que nos remetem
para uma crença ou uma dimensão que nos ultrapassa.

 Irrealidade, na medida em que os valores, embora realizáveis (ex: valores culturais), não são
materiais, palpáveis, no sentido de se poderem tocar ou manusear; e é., não têm existência
objetiva. Não são, portanto, entes em si, à maneira platónica, mas entes de razão. É, nesse
sentido, que ouvimos dizer a expressão: os valores não são; os valores valem (Lotze, 1951,
apud Morente, 1987)

 Apreciáveis: os valores são apreciáveis, estimáveis e admiráveis. Por isso, indignamo-nos


quando os vemos destruídos, (ex: destruição de estátuas milenares de Buda no Afeganistão);

 Inexauríveis, no sentido em que o seu valor não se esgota em nenhuma das suas realizações.
Assim, a bondade não se esgota nos atos considerados bons (Sanabria, 2005);

 Intemporais, pois os valores estão para além do devir temporal; caso contrário, não seriam
valores; Obrigatoriedade (Requisito de), (requierdness), no sentido de imperativo categórico.
Dado que os valores não são neutros, é completamente impossível sermos-lhes indiferentes.
Daí, que sintamos obrigação moral (dever ser) de sobre eles nos pronunciarmos e tomarmos
uma posição;

 Qualidade: O valor constitui uma qualidade preferencial traduzida pelo sujeito face às
características do objeto, mas é uma qualidade sui generis (Frondizi, 1972), pois não tem
qualquer existência real, como acontece com o objeto, muito embora radique nele para se
expressar;

 Apetecibilidade: Esta característica verifica-se, na medida em que os valores não são


indiferentes ao sujeito, mas exercem sobre si uma força atrativa que reside, mais
precisamente, na sua dimensão ideal e significativa;

 Polaridade (ou bipolaridade), de acordo com a qual, a cada valor positivo corresponde um
valor negativo ou antivalor (ex: Á paz opõe-se à guerra; à ideia de bem opõe-se à ideia de mal).

 Objetividade axiológica: os valores são objetivos como as figuras matemáticas, na medida em


que mesmo que tenhamos uma ideia pouco clara da sua representação, conseguimos intuí-la
como sendo algo objetivo (ex: Quando dizemos que um ato foi justo ou injusto, dizemo-lo por
referência ou por comparação com a ideia objetiva de Justiça que todos possuímos);

 Hierarquia, segundo a qual se pretende significar que nem todos os valores valem do mesmo
modo, ou da mesma maneira, variando a sua ordenação, ou lugar, na escala vertical (há
valores que são mais elevados do que outros), segundo o grau de importância ou de
preferência (critério) que o sujeito decidir atribuir-lhes. Pode afirmar-se, então, poderem
existir tantas hierarquias de valores quantos os sujeitos, logrando existir desacordo frequente
entre elas;

Heterogeneidade: Por muito ordenados que os valores estejam e por muito classificados que
sejam e se encontrem agrupados segundo famílias de valores, o certo é que existe uma
diferenciação qualitativa entre eles (ex: A coragem e a saúde não têm certamente o mesmo
valor).

 Caráter unitário ou sistema lógico com que os valores se apresentam, cuja estrutura interna
possui uma consistência coerente no tipo de relações que estabelece entre os diferentes
valores;” (p.35-37);

- 18.ARTE, COMUNICAÇÃO E SOCIEDADE

-“O conceito de obra de arte é uma construção social, não pode ser um trabalho isolado. A arte
possibilita um diálogo com quem a observa, cria situações que podem se tornar desafiantes
para o apreciador e, algumas vezes, os materiais utilizados na própria composição propõem
uma reflexão sobre o significado da arte”. (p.38);

-“ Um novo tipo de sociedade condiciona um novo tipo de arte. Porque a função da arte varia
de acordo com as exigências colocadas pela nova sociedade; porque uma nova sociedade é
governada por um novo esquema de condições econômicas; e porque mudanças na
organização social e, portanto, mudanças nas necessidades objetivas dessa sociedade,
resultam em uma função diferente de arte (KOELLREUTTER, 1997). Contudo, a arte está ligada
aos fatores históricos e sociais, mas dialoga ativamente com nossa sociedade, criando os
estilos de época, e acompanhando a evolução do homem e da tecnologia.”. (p.38);

-“ Muitas vezes, o primeiro contato que os indivíduos têm com a arte é na escola, nas aulas de
arte, obrigatórias no currículo do ensino fundamental. Espera-se que os estudantes, nestas
aulas, vivenciem intensamente o processo artístico, a fim de contribuir significativamente em
seus modos de fazer técnico, de representação imaginativa e de expressividade. Ao mesmo
tempo, espera-se também que aprendam sobre os artistas e obras de arte de diferentes
períodos, complementando assim seus conhecimentos na área”. (p.39);

- “Mas, será possível que o professor de artes trabalhe com as funções terapêuticas do fazer
artístico? O professor pode explorar, estudar e se especializar em arteterapia e, na medida do
possível, conversar sobre as produções de seus alunos, se algum caso chamar sua atenção e
ele não conseguir dar conta em sala, é aconselhável que ele faça o encaminhamento do aluno
para um atendimento psicológico. A arte foi e é sinônimo de expressão de sentimentos,
emoções, revoltas, traumas. Nossa forma de ver a arte ou de fazer arte revela a compreensão
que temos do mundo”. (p.39);

19.O SOCIAL NA ARTE E A ARTE NO SOCIAL: LIÇÕES DA HISTÓRIA SOCIAL DA ARTE

20

- filme da diretora francesa Agnes Jaoui, de 2001, chamado Le Goût des Autres (O Gosto dos
Outros);
-“O poder da arte é o poder da surpresa perturbadora. Mesmo quando parece imitativa, a arte
não reproduz o que há de conhecido no mundo visível, mas o substitui por uma realidade que
é toda dela. Além de representar o belo, cabe-lhe destruir o banal. (...). É como se nosso
aparelho sensorial tivesse passado por uma regulagem. Assim, não surpreende que, às vezes,
fiquemos zonzos” (SHAMA, Simon. O poder da arte. São Paulo: Companhia das Letras, 2010: p.
11)”; (p.43);

21.A ESCOLA PRECISA DE ARTE?

-“Susanne Langer, especialista em filosofia da arte, diz que existem três diferentes linguagens:
A verbal, a científica e a presentacional. A linguagem presentacional é aquela que você não
consegue traduzir em outras linguagens. Ela está presente na arte, que articula a vida
emocional do ser humano”. (p.45);

-“Existe a arte como expressão e a arte como cultura. A arte como expressão, como já disse, é
a capacidade de os indivíduos interpretarem suas ideias através das diferentes linguagens e
formas. A arte como cultura trabalha o conhecimento da história, dos artistas que contribuem
para a transformação da arte”. (p.45);

22.

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